Quimioterapia aplicada a parasitas
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Quimioterapia aplicada a parasitas
Quimioterapia aplicada a parasitas Quimioterapia Administração de agentes químicos para o tratamento ou para o controle de doenças http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewp rofile&friendid=122837325 As duas filhas de Asclépios, deus grego da Medicina Higéia pregava a saúde como resultante da harmonia dos homens e dos ambientes, por ações preventivas e coletivas Panacéia padroeira da medicina curativa, realizada por meio de encantamentos, de preces e de pharmakon (fármacos, remédios) A importância do desenvolvimento de quimioterápicos para o controle de doenças parasitárias Segundo dados de 2004 da OMS: doenças infecciosas e parasitárias são responsáveis por aproximadamente 16% da mortalidade no mundo Doenças causadas por protozoários Malária: 300-500 milhões de novos casos e 1,5-2,7 milhões de mortes ao ano Doenças causadas por helmintos Esquistossomose: atinge 210 milhões de pessoas Desenvolvimento de novas drogas A miltefosina (hexadecilfosfocolina) inicialmente descrita como agente anti-tumoral, também é eficaz no tratamento da Leishmaniose Viceral humana (altera fluidez da membrana do parasita e apoptose. Induz produção de citocinas e de espécies reativas de nitrogênio e oxigênio no hospedeiro) Por exemplo, genomas Características desejáveis de agentes quimioterápicos utilizados no controle de doenças parasitárias 1. O fármaco deve ser de fácil administração - Administração oral; - Número de doses e duração do tratamento 2. Não deve causar ou deve causar poucos efeitos colaterais no hospedeiro Reações adversas, mesmo que inofensivas, devem ser evitadas 3. O agente anti-parasitário deve ser específico ao parasito sem prejudicar o hospedeiro Drugs Fut 2006, 31(9): 793 ISSN 0377-8282 Copyright 2006 Prous Science DOI: 10.1358/dof.2006.031.09.1025669 Principais passos para o desenvolvimento de novas drogas Estabelecimento de um ensaio in vitro que seja de fácil execução, reprodutível e rápido. Uma vez elucidado o mecanismo de ação, é necessário demonstrar: 1 – A ação in vivo da droga; 2 – Alta seletividade e baixa toxicidade da droga. Principal desafio para o desenvolvimento de quimioterápicos para o tratamento de doenças parasitárias Dificuldade: parasitas são eucarióticos assim como o hospedeiro Necessidade de conhecimento de diferentes aspectos do parasita Aspectos celulares e fisiológicos Aspectos bioquímicos e moleculares Biologia do parasita Interações parasita-hospedeiro/parasita-vetor Alvos moleculares dos parasitos Ribossomos: síntese de proteínas Estruturas peculiares Flagelos e cílios: transporte/movimento DNA e RNA: replicação e transcrição Microtúbulos: tráfego de vesículas e organelas Membrana plasmática Metabolismo em geral Sistema mitocondrial: respiração celular Mecanismos de ação de quimioterápicos 1. Formação de radicais livres tóxicos; 2. Interferência no metabolismo de folato; 3. Interferência no metabolismo de pirimidinas; 4. Interferência no metabolismo de purinas; 5. Interferência em reações de metilação; 6. Interferência na síntese de poliaminas; 7. Interferência no metabolismo de carboidratos; 8. Ação sobre microtúbulos; 9. Efeitos neuromusculares (metazoários); 10. Alterações na membrana plasmática; 11. Outros alvos. http://www.drugbank.ca/drugs/ 1. Formação de radicais livres Metronidazol (Flagyl): age contra Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Trichomonas vaginalis. Metronidazol Nitro-ânion (radical livre) Ligação ao DNA: altera a conformação da dupla hélice e bloqueia replicação Nitrofurano (Nifurtimox): age contra Trypanosoma cruzi Nifurtimox NADPH/NADH nitrorredutase (SOD = superoxide dismutase; T(SH)2 = reduced trypanothione, TS2 = oxidized trypanothione; TR = trypanothione reductase) 2. Interferência no metabolismo de folato Folatos: importantes na síntese de novo das pirimidinas (citosina, timina e uracila) Sulfonamidas (Sulfadoxina e Sulfadiazina): inibem a síntese de diidrofolato Pirimetamina inibe a diidrofolado redutase, bloqueando a síntese de tetraidrofolato Sulfadoxina e Sulfadiazina Pirimetamina Sulfodiazina Ação contra Apicomplexa Sulfodiazina + Pirimetamina: Fansidar Ação contra Plasmodium, Toxoplasma 3. Interferência no metabolismo de pirimidinas Hidroxinaftoquinonas (Cloroquina): inibem a síntese de novo pirimidinas X Cloroquina Derivados sintéticos Afinidades diferentes, o que acaba tornando um composto mais efetivo que outro em doses terapêuticas BW720C é efetivo em doses terapêuticas de 2,5 mg/kg quando comparado a parvaquona cuja dose é 20 mg/kg. (Theileria em gado) 4. Interferência no metabolismo de purinas Nenhum protozoário é capaz de sintetizar purinas de novo, ou seja, requerem uma fonte exógena de purinas (também observado para Schistosoma mansoni) dependem de rotas de salvamento de purinas Allopurinol (Allopur, allozym): inibição de enzimas essenciais do metabolismo de purinas (utilizado contra leishmanias) Drogas cuja ação ocorre sobre ácidos nucleicos: A velocidade de replicação e o metabolismo do parasita é maior que do hospedeiro: danos maiores para o parasita do que para o hospedeiro 5. Interferência em reações de metilação Metilação: importante no controle da expressão gênica e do tRNA metilado na síntese proteica Sinefungin: análogo de adenosina conhecido por inibir metiltransferases (antimalárico) 6. Interferência na síntese de poliaminas Poliaminas: presentes em todos os organismos vivos empacotamento do DNA, proliferação e diferenciação celular Difluorometil-ornitina (DFMO): inibe irreversivelmente a ornitina descarboxilase P. falciparum e Trypanosoma brucei - câncer X 7. Interferência no metabolismo de carboidratos Via glicolítica Ácido salicil-hidroxâmico (SHAM): oxidase de tripanossomatídeos. X inibe a glicerol 3- fosfato Nas formas sanguíneas de Trypanosoma, a regeneração do NAD+ a partir de NADH depende da conversão de dehidroacetona fosfato (DHAP) em glicerol-3-fosfato (GAP) pela glicerol 3-fosfato oxidase Impede a regeneração do NAD+ e a continuidade da glicólise → morte do parasita Antimoniais: inibem a fosfofrutoquinase (Schistosoma; Leishmania) Suramin: inibe a glicerol-3-fosfato desidrogenase (Trypanosoma) Mersalen: inibe piruvato quinase (Trypanosoma) Via das Pentoses Primaquina e Cloroquina (usada nos anos 30) afetam a glicose-6-fosfato desidrogenase X Primaquina Cloroquina Efeito colateral: anemia → descontinuação do uso como quimioterápico 400 milhões de pessoas têm deficiência da G6PD 8. Ação sobre microtúbulos Ação dos benzimidazóis (albendazol, benzimidazol), os principais antihelmínticos. Bloqueio do transporte de vesículas e da movimentação de organelas subcelulares. Em protozoários: também alteram função dos flagelos e divisão celular. Benzimidazóis: inibem polimerização da tubulina Taxol: estabiliza microtúbulos e impede a desmontagem necessária para a motilidade do flagelo 9. Efeitos neuromusculares Apenas para animais metazoários (helmintos e artrópodes) Vertebrados: receptores colinérgicos nicotínicos nas junções neuromusculares Nervos inibitórios GABAérgicos (ácido g-aminobutírico (GABA) como transmissor) encontram-se confinados no sistema nervoso central (protegidos pela barreira hemato-encefálica). Artrópodes: ácido L-glutâmico é neurotransmissor excitatório e GABA neurotransmissor inibitório Nematóides: sinapses colinérgicas e GABAérgicas estão distribuídas ao longo de todo o corpo do organismo. Avermectinas: agonistas de GABA e assim causar paralisia Levamisole: penetra a cutícula dos nematóides e age sobre os receptores colinérgicos das junções neuromusculares, paralisando o verme, que é eliminado pelo peristaltismo do intestino do hospedeiro (eliminação de Ascaris pelas fezes) Praziquantel: aumenta o influxo de cálcio, afetando a contração muscular de Schistosoma . Praziquantel Ca2+ Greenberg Int. J. Parasitol., 35:1-9, 2005 Drogas cuja ação consiste num bloqueio de motilidade devem ter ação prolongada a ponto de dar tempo de se eliminar o parasita. Em cestóides Praziquantel: bloqueia a tomada de glicose e aumenta a excreção de lactato Albendazol: inibe a absorção de glicose Ambas as drogas levam à diminuição do estoque de glicogênio 10. Alteração da permeabilidade seletiva da membrana plasmática Anfotericina B: interage com esteróides, especialmente ergosterol, da membrana de Leishmania e de fungos, criando um canal transmembranar que permite o extravasamento de conteúdo celular. 11. Outros alvos Atovaquona (análogo de ubiquinona): inibe respiração celular Tetraciclinas: inibe (Plasmodium) síntese de proteínas mitocondriais Quelantes de íons metálicos: tornam metais essenciais como o ferro indiponíveis, interferindo, por exemplo, na ação de metaloproteases. Fenoloxidases: enrijecimento do ovos de Schistosoma (disulfuram: inibe especificamente estas enzimas, causando a produção de ovos anormais. Artemisina: alvo desconhecido (produção de radicais livres?) Pontos importantes Estrutura celular: o parasito tem o alvo de ação da droga? Biologia do animal: peculiaridades das fases do ciclo de vida, sexos distintos, etc. Oxamniquina: mata diferencialmente machos de Schistosoma e assim a fêmea sem os fatores produzidos pelo macho sofre uma regressão no sistema reprodutivo e interrompe a oviposição Uso indiscriminado das drogas ou a exposição a doses sub-letais de um agente antiparasitário leva à seleção de parasitas resistentes ao agente. Constante necessidade de desenvolvimento de novos fármacos. Mecanismos envolvidos com resistência a antiparasitários 1- conversão da droga para uma forma inativa; 2- alteração da permeabilidade da membrana à droga, diminuindo influxo e/ou aumentando a excreção. 3- ativação de vias metabólicas alternativas. 4- alteração do alvo da droga, diminuindo a afinidade da droga. 5- aumento da concentração do alvo, diminuindo as consequências metabólicas. Bibliografia sugerida Gutteridge W.E. Chemotherapy In Modern Parasitology: A Textbook of Parasitology (Cox F.E.G.), 2ª. edição, Publications,Oxford, 1993, pp. 219-242. Blackwell Scientific Rey L. Bases da Parasitologia Médica, 2ª. edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2002. Nelson, D. L., Cox, M.M. Lehninger Principles of Biochemistry, 3ª. Edição, Worth Publishers, NY, USA, 2000.