Apolipoproteína Partícula madura de HDL Colesterol não
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Apolipoproteína Partícula madura de HDL Colesterol não
Apolipoproteína Partícula madura de HDL Colesterol não esterificado Colesteril éster LDL IDL Quilomícron VLDL Uma cascata de partículas Lipoproteínas são uma mistura heterogênea de partículas de vários tamanhos que têm diferentes composições e concentrações internas VOCÊ TEM UMA NOVA TAREFA Monitorar o perfil lipídico O perfil padrão fornece mais detalhes do que se pode imaginar quanto ao risco de doença cardiovascular das pacientes Thomas Dayspring, MD Alan Helmbold, DO O Dr. Dayspring é diretor do Instituto North Jersey de Lipidologia na Menopausa, em Wayne, NJ, e especialista pela Sociedade Americana de Medicina Interna e pela Sociedade Americana de Lipidologia Clínica. O Dr. Helmbold é membro da área de Cardiologia do Brooke Army Medical Center, em Fort Sam Houston, Texas, e especialista pela Sociedade Americana de Medicina Interna e pela Sociedade Americana de Lipidologia Clínica. O Dr. Dayspring participa do Conselho Consultivo da LipoScience. O Dr. Helmbold informa que não tem relacionamentos financeiros relevantes para este artigo. A crescente mais um item à sua lista cada vez maior de responsabilidades: monitorar o risco de aterosclerose de suas pacientes. Esta tarefa costumava ser restrita a clínicos gerais e cardiologistas, mas, como os ginecologistas estão cada vez mais atuando como clínicos gerais, você precisa aprender a reconhecer e diagnosticar as muitas expressões clínicas da aterosclerose nas suas pacientes que estão envelhecendo. Uma parte essencial desse conhecimento é a compreensão aprofundada de cada um dos parâmetros de concentração de lipídios referidos no perfil padrão. Este artigo faz uma revisão desses parâmetros, explica como interpretá-los de modo individual e combinados, e introduz um novo paradigma: a análise das concentrações de partículas de lipoproteínas como uma forma mais precisa de determinar o risco. Utilizado em sua totalidade, o perfil lipídico fornece uma significativa quantidade de informações sobre a presença ou ausência de concentrações patológicas de lipoproteínas. É bem grande o número de médicos que se concentra somente no colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) e ignora o resto do perfil. Deixar de considerar as outras variáveis é uma das razões pelas quais a doença aterosclerótica é subdiagnosticada e subtratada nos EUA em muitos pacientes – especialmente mulheres.1 NESTE ARTIGO Como ler um perfil lipídico em 6 passos rápidos página 4 Valores lipídicos desejáveis para mulheres página 5 Perfis lipídicos semelhantes, graus de risco diferentes página 7 Por que as lipoproteínas são importantes Só existe uma certeza na aterosclerose: esteróis – predominantemente colesterol – entram na parede arterial, onde são oxidados, internalizados pelos macrófagos e transformados www.obgbrasil.com.br OBG Management | 2009 | Vol.I No.1 3 Abstracts de artigos selecionados do OBG Management Como ler um perfil lipídico em 6 passos rápidos 1. Verifique o nível de triglicérides (TG). Quando >500 mg/dl, há indicação de tratamento, e sua redução tem prioridade sobre todas as outras concentrações lipídicas. Se está <500 mg/dl, vá para o Passo 2. 2. Verifique o nível de colesterol de lipoproteínas de baixa densidade (LDL-C). Acima de 190 mg/dl requer tratamento medicamentoso, independentemente de outros achados. Em níveis mais baixos, a necessidade de tratamento é baseada no risco geral de doença cardiovascular (DCV) da paciente. Recomendações de estilo de vida saudável como parte do tratamento são sempre indicadas. 3. Verifique o colesterol de lipoproteínas de alta densidade (HDL-C). O risco é maior quando <50 mg/dl, o limiar para mulheres. Não presuma que HDL-C alto sempre significa baixo risco de DCV. 4. Calcule a razão do colesterol total (TC)/HDL-C (um substituto da razão apoB/apoA-I). Há risco aumentado se >4,0. 5. Calcule o nível do não-HDL-C (TC menos HDL-C). Quando >130 mg/ dl (ou >100 mg/dl em mulheres com risco muito alto), o tratamento se justifica. Dados mais recentes revelam que este cálculo é sempre igual ou melhor do que o LDL-C para prever o risco de DCV. O não-HDL-C é menos importante se o TG é >500 mg/dl. 6. Calcule a razão TG/HDL-C para estimar o tamanho do LDL. Se a razão é >3,8, a probabilidade de LDL pequeno é de 80%. (LDL pequeno geralmente tem LDL-P muito alto). VIA RÁPIDA A melhor estimativa de concentração lipídica da apoB é o valor calculado de não-HDL-C em células de espuma (foam cells), a marca histológica da aterosclerose. Com o acúmulo das células espumosas, formam-se estrias gordurosas e, em última instância, também a placa complexa. • Os lipídios associados a doença cardiovascular (DCV) são: • colesterol • esteróis não-colesterol, como sitosterol, campesterol e outros de origem principalmente vegetal ou de moluscos • triacilglicerol, ou triglicérides (TG) • fosfolipídios. Por serem insolúveis em soluções aquosas como o plasma, os lipídios precisam ser “transportados” no interior de partículas revestidas de proteína, chamadas lipoproteínas. As proteínas de superfície que conferem estrutura e solubilidade às lipoproteínas são chamadas apolipoproteínas. Um conceitochave é que, com suas apolipoproteínas de superfície e o núcleo de colesterol, certas lipoproteínas são potenciais agentes de aterogênese, por transportarem esteróis para dentro da parede arterial.2 4 OBG Management | 2009 | Vol.I No.1 Para estimar o risco de DCV, é necessária uma análise cuidadosa de todas as concentrações lipídicas padrão e suas várias proporções, bem como uma previsão da potencial presença de lipoproteínas aterogênicas. O sucesso na prevenção ou no tratamento da aterosclerose requer a limitação da presença de lipoproteínas aterogênicas. Um novo paradigma está a caminho A aterogenicidade das partículas de lipoproteína é determinada tanto pela concentração das partículas como por outras variáveis, inclusive o tamanho das partículas, a composição lipídica e apolipoproteínas de superfície distintas. Lipoproteínas com diâmetro inferior a 70 nm são impulsionadas para o interior da artéria principalmente por gradientes de concentração, independentemente da composição lipídica ou do tamanho das partículas.3 Uma recente Declaração de Consenso da Associação Americana de Diabetes e do Colégio Americano de Cardiologia observou que a análise quantitativa dessas lipoproteínas potencialmente aterogênicas é um dos melhores determinantes do risco de DCV relacionados com lipídios/lipoproteínas.4 As concentrações de partículas lipoproteicas surgiram não apenas como excelentes preditores de risco, mas também como alvos de tratamento.5–7 Devido a fatores como custo, reembolso de terceiros, variação na disponibilidade dos exames e falta de conhecimento para interpretá-los, poucos médicos solicitam rotineiramente a quantificação de lipoproteínas. Historicamente, o risco de DCV e os alvos do tratamento têm sido baseados nas concentrações lipídicas (a quantidade de lipídios transportada no núcleo das lipoproteínas) referidas no perfil lipídico. As Diretrizes do Programa Nacional de Educação sobre Colesterol, Painel de Tratamento de Adultos III (NCEP ATP-III)8,9 e da Prevenção de DCV em Mulheres10,11 da American Heart Association (AHA) utilizam concentrações lipídicas, tais como colesterol total (CT), LDL-C, colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) e TG, como estimativas ou substitutos de concentrações de lipoproteínas (TABELA 1). Entretanto, está chegando rapidamente o dia em que as concentrações de lipoproteínas poderão substituir o perfil lipídico na prá- Valores lipídicos desejáveis para mulheres TABELA 1 Lipídio Nível (mg/dl) Colesterol total <200 Colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL) <100 Colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL) ≥50 Triglicérides <150 Colesterol não-HDL <130 PARA PACIENTES DE RISCO MUITO ALTO LDL-C <70 Colesterol não-HDL <100 Fonte: American Heart Association tica clínica. É de crucial importância que os clínicos adquiram uma sólida compreensão da fisiologia e patologia das lipoproteínas.7,12 Também é essencial adquirir a maior capacidade possível para prever com precisão patologias das lipoproteínas, utilizando todos os parâmetros de concentração lipídica presentes no perfil lipídico. Como as lipoproteínas são analisadas As lipoproteínas podem ser fracionadas em seus componentes utilizando-se qualquer uma de várias tecnologias, como ultracentrifugação, eletroforese, análise do conteúdo de apolipoproteína e espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN). Destas, apenas as duas últimas fornecem informações sobre as concentrações de partículas.13,14 A análise do conteúdo de apolipoproteína revela duas categorias principais de partículas: • alfa-lipoproteínas, ou HDL, que contêm de duas a quatro moléculas de apolipoproteína A-I (apoA-I) • beta-lipoproteínas, um grupo coletivo contêm apo-B são LDL. Embora a medição da apoB resulte na quantificação de todas as beta-lipoproteínas, ela é principalmente um substituto da concentração de partículas de LDL (LDLP).15 Concentrações individuais de partículas, determinadas pela espectroscopia de RMN, são referidas como VLDL-P, IDL-P, LDL-P e HDL-P (ver “Glossário”, na página 8).14 Vários estudos epidemiológicos que incluíram ambos os gêneros descobriram que os melhores preditores de risco são: • níveis elevados de apoB ou LDL-P e níveis reduzidos de apoA-I ou HDL-P • uma razão apoB/apoA-I ou LDL-P/ HDL-P alta.6,13,14 Uma vez ajustados os dados de concentração de lipoproteína (apoB ou LDL-P), a maioria das outras características das lipoproteínas, como conteúdo lipídico, tamanho ou composição das partículas, não apresentou relação estatisticamente significativa com o risco de doença cardiovascular.16,17 Como usar as medidas dos lipídios para estimar as lipoproteínas O colesterol total representa o conteúdo de colesterol de todas as lipoproteínas em 1 dl de plasma. Uma vez que as beta-lipoproteínas são consideravelmente maiores do que as alfa-lipoproteínas, aproximadamente 75% do colesterol total são transportados nas partículas que contêm apo-B, tornando o CT um substituto da apoB. RÁPIDA Tanto as diretrizes do NCEP ATP-III como as da Mulher da AHA usam a razão colesterol total/ HDL como um potente preditor de risco O VLDL-C, variável frequentemente ignorada, não é medido, mas calculado pela fórmula de Friedewald, dividindo o TG por cinco. Este cálculo presume – com frequência erroneamente, à medida que os níveis de triglicérides sobem – que o TG consiste apenas de partículas de VLDL e que o VLDL contém em sua composição cinco vezes mais TG do que moléculas de colesterol. de quilomícrons, lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), lipoproteínas de densidade intermediária (IDL) e LDL, cada qual contendo uma única molécula de apolipoproteína B (apoB). Um nível desejável de TG é <150 mg/ dl, sendo o VLDL-C normal igual a 150/5 ou <30 mg/dl. Em função da diferença muito grande das meias-vidas (quilomícrons, 1 hora; VLDL, 2-6 horas; IDL 1-2 horas; LDL, 2-3 dias), a grande maioria (90 a 95%) das partículas que Embora o VLDL-C seja um substituto fraco da apoB,15 dados do Estudo Framingham sobre o Coração mostraram que é um bom preditor de partículas remanescentes de VLDL.18 www.obgbrasil.com.br VIA O LDL-C também é um substituto da apoB OBG Management | 2009 | Vol.I No.1 5 Abstracts de artigos selecionados do OBG Management Todavia, já que a grande maioria das betalipoproteínas é LDL, o LDL-C (especialmente se elevado) é um substituto melhor da apoB do que o VLDL-C, e é o principal fator de risco de DCV e alvo de tratamento apontado por todas as atuais diretrizes. da partícula é uma função do tamanho da partícula e seu conteúdo de TG. Para a maior parte, o HDL-C total é indicativo do colesterol transportado nas partículas de HDL2 maiores e maduras (H4, H5); pacientes com HDL-C baixo tipicamente carecem dessas partículas de HDL maduras e lipidadas. Em geral, o valor de LDL-C é calculado usando-se a fórmula: Uma vez que o HDL é lipidado e depois deslipidado rápida e repetidamente, não há relação entre o nível de HDL-C e o complexo e dinâmico processo denominado processo de transporte reverso de colesterol. Não existe nenhuma relação constante entre os tamanhos do HDLC, da apoA-I, da HDL-P ou do HDL com a funcionalidade da partícula de HDL, isto é, com a capacidade do HDL de se lipidar ou deslipidar, de transportar o colesterol apropriadamente ou exercer numerosas outras funções antiaterogênicas nãolipídicas.20,21 LDL - C = CT - (HDL-C + VLDL-C) Por solicitação especial, os laboratórios podem medir diretamente o LDL-C. Essa opção é bastante útil quando os níveis de TG estão altos, tornando a fórmula de Friedewald menos precisa (TABELA 2).19 Para pontos de corte da população e objetivos desejáveis de tratamento para as concentrações de lipídios e lipoproteínas, ver FIGURA. HDL-C e apoA-I são inversamente relacionados a risco cardiovascular Os dados epidemiológicos indicam fortemente que tanto o HDL-C quanto a apoA-I têm relação estreita e inversa com o risco de DCV.6 As partículas de HDL são um conjunto heterogêneo de: • apoA-I lipidado • HDL pré-beta muito pequeno • espécies de HDL3 e HDL2 mais maduras, lipidadas (HDL3 menor do que HDL2). A nomenclatura RMN identifica as espécies menores de HDL como H1 e H2, e as espécies maiores como H4 e H5.14 As espécies menores de HDL também contêm apoA-II. Embora o HDL possa adquirir colesterol de qualquer célula, inclusive células espumosas da parede arterial, a maior parte da lipidação do HDL ocorre no fígado ou no intestino delgado proximal, sendo depois transportado para os tecidos esteroidogênicos, adipócitos ou de volta ao fígado. Geralmente, o HDL transporta pouco TG.20 A única concentração de lipídios que pode servir como substituta de apoA-I ou HDL-P é a do HDL-C, em relação ao qual se presume que um HDL-C mais alto indica apoA-I mais alta e vice-versa. Na realidade, a correlação entre apoA-I e HDL-C varia porque cada partícula de HDL pode ter de duas a quatro moléculas de apoA-I, e o volume de colesterol no interior 6 OBG Management | 2009 | Vol.I No.1 Foco nas concentrações de partículas lipoproteicas Para prever com precisão máxima o risco de DCV relacionada aos lipídios, deve-se determinar quais pacientes têm valores elevados de lipoproteínas aterogênicas, usando concentrações reais de partículas. Na maioria das práticas, os números de partículas lipoproteicas têm de ser estimados examinandose todas as concentrações e razões lipídicas (não simplesmente o LDL-C). O CT e especialmente o LDL-C são substitutos de apoB e LDL-P, mas a melhor estimativa de concentração lipídica de apoB é o valor calculado de não-HDL-C. Subtraindo-se o HDL-C do CT, é possível identificar o colesterol não nas partículas de HDL, mas em todas as partículas de apoB potencialmente aterogênicas. Em suma, o não-HDL-C é igual a VLDL-C mais LDL-C. Essa equação produz um substituto melhor de apoB ou LDL-P do que o LDL-C sozinho.18 Se uma paciente alcançou seu objetivo de LDL-C, mas ainda apresenta um nível alto de não-HDL-C, podemos presumir que ainda existe um número excessivo de partículas de apoB e que estão contribuindo para o risco residual. Sendo o LDL a espécie predominante de apoB, o não-HDL-C é o melhor preditor de concentração lipídica para LDL-P.15 Uma vez que nem os exames de CT nem os de HDL-C exigem que o(a) paciente esteja em jejum, o não-HDL-C é exato nos que não estavam em jejum, o que o torna um recurso muito prático de detectar o risco de DCV.8 No Women’s Health Sudy, que incluiu principalmente mulheres saudáveis, o não-HDL-C previu o risco de doença coronária tão bem quanto a apoB, mas não tão bem quanto o LDL-P.22,23 Em análises independentes do Framingham Offspring Study, publicadas separadamente, o LDL-P foi um preditor de risco melhor do que o LDL-C e a apoB.15, 24 As diretrizes do NCEP ATP-III introduziram o não-HDL-C como objetivo secundário de tratamento em pacientes com TG >200 mg/dl. Dados posteriores indicam que o nãoHDL-C é sempre um preditor melhor do risco do que o LDL-C, independentemente dos níveis de TG.18 A Diretriz para Mulheres da AHA foi a primeira a estabelecer um nível desejável de não-HDL-C (130 mg/dl) independente do valor de TG.10 Sendo a concentração normal de VLDL-C igual a 30 mg/dl, o objetivo do nãoHDL-C é 30 mg/dl acima do objetivo desejado de LDL-C. Por exemplo, se o valor desejado de LDL-C for 100 mg/dl, o objetivo para o nãoHDL-C será 130 mg/dl. Se o objetivo desejado de LDL-C for 70 mg/dl – como em uma paciente de risco muito alto – o objetivo para o não-HDL-C será de 100 mg/dl (FIGURA).9,11 Resistência à insulina reduz precisão do perfil lipídico A capacidade de predizer as concentrações de partículas de lipoproteínas usando o perfil lipídico torna-se muito menos precisa em situações associadas com resistência à insulina e síndrome metabólica, em pacientes com distúrbios no eixo TG-HDL. Nas mulheres, esses distúrbios caracterizam-se por elevação do TG >150 mg/dl e redução do HDL-C <50 mg/dl, com níveis de LDL-C limítrofes ou normais.25 À medida que o TG começa a elevar-se acima de 120 mg/dl, aumenta a secreção hepática de partículas de VLDL ricas em TG. Uma vez que o VLDL-TG é hidrolisado pela lipase de lipoproteína em células musculares e de gordura, em um processo denominado lipólise, o VLDL diminui e se transforma em IDL. Finalmente, a não ser que seja eliminado pelos receptores hepáticos de LDL, o IDL é novamente lipolisado pela lipase hepática e se transforma www.obgbrasil.com.br Duas pacientes, perfis lipídicos semelhantes: Por que só uma tem risco maior? Duas mulheres na pré-menopausa são submetidas à avaliação do perfil lipídico básico, com estes resultados: LIPÍDIO Colesterol total (CT) LDL-C HDL-C VLDL-C Triglicérides (TG) Não-HDL-C Razão TC/HDL-C Razão TG/HDL-C PACIENTE 1 180 100 60 20 100 120 3,0 1,6 PACIENTE 2 180 100 40 40 200 160 4,5 5,0 LDL-C, colesterol de lipoproteína de baixa densidade HDL-C, colesterol de lipoproteína de alta densidade VLDL-C, colesterol de lipoproteína de densidade muito baixa Ambas têm os mesmos valores desejáveis de CT e LDL-C. Entretanto, uma análise mais profunda revela razão anormal de CT/HDL-C e nível anormal de não-HDL-C na paciente 2. Este achado indica risco mais alto de DCV. Além disso, a razão TG/HDL igual a 5,0 da paciente 2 é altamente sugestiva de LDL pequeno de fenótipo B. Essa designação significa que esta paciente terá de 40 a 70% mais partículas de LDL para transportar seu LDL-C do que a paciente 1, que aparenta ter LDL de tamanho normal.27 O VLDL-C elevado da paciente 2 indica a presença de remanescentes de VLDL, que aponta para risco acima daquele conferido pelo LDL-C.7 O médico típico verificaria apenas o CT ou o LDL-C, deixando de perceber o risco aumentado (apoB alta) na paciente 2. Pistas óbvias para a patologia de lipoproteínas são o TG elevado e o HDL-C reduzido (distúrbio do eixo TG-HDL). Além do TG elevado e do HDL-C reduzido, é provável que a paciente 2 também tenha cintura aumentada, discreta hipertensão e, possivelmente, glicemia de jejum alterada – três parâmetros adicionais da síndrome metabólica.7,10,25 em partículas de LDL. Em função de sua meiavida mais longa, essas partículas de LDL se acumulam, elevando ainda mais a apoB e a LDL-P. Na presença de VLDL e quilomícrons ricos em TG, ocorre uma remodelação adicional das partículas patológicas. Por meio de uma proteína de transferência de lipídios chamada proteína de transferência de ésteres de colesterol (CETP), algumas das moléculas de TG presentes em lipoproteínas ricas em TG são trocadas por ésteres de colesteril no LDL e HDL. Essa transferência lipídica cria LDL e HDL ricos em TG e pobres em colesterol, permitindo que uma nova lipólise de TG pela lipase hepática gere OBG Management | 2009 | Vol.I No.1 7 Abstracts de artigos selecionados do OBG Management Lipídios e lipoproteínas: Glossário Variável Por quê? Triglicérides (TG) A concentração de triacilglicerol no interior de todas as lipoproteínas que transportam TG em 100 ml ou 1 dl de plasma Colesterol total (CT) Conteúdo de colesterol de todas as lipoproteínas em 1 dl de plasma Colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL) Conteúdo de colesterol de todas as partículas de lipoproteína de densidade intermediária (IDL) e LDL em 1dl de plasma Colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL) Conteúdo de colesterol de todas as partículas de HDL em 1 dl de plasma Colesterol de lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) Conteúdo de colesterol de todas as partículas de VLDL em 1 dl de plasma Remanescente C Conteúdo de colesterol de todos os remanescentes em 1 dl de plasma Colesterol de lipoproteína (a) [Lp(a)] Conteúdo de colesterol de partículas de LDL com ligação a apo(a) Concentração de Lp(a) Concentração de apo(a) em 1 dl de plasma Colesterol não-HDL Colesterol no interior de todas as partículas apoB em 1 dl de plasma Número de partículas de LDL em 1 l de plasma (expresso em nmol/l) LDL-P Isso representa partículas de LDL de todos os tamanhos LDL-P pequeno Número de partículas pequenas e intermediárias de LDL em 1 l de plasma (nmol/l) HDL-P Número de partículas de HDL em 1 l de plasma (μmol/l). O HDL-P também é referido como HDL-P grande, intermediário e pequeno (μmol/l) VLDL-P Número de partículas de VLDL em 1l de plasma (nmol/l) IDL-P Número de partículas de IDL em 1 l de plasma (nmol/l) Tamanho do LDL Diâmetro da espécie de LDL predominante: • Padrão ou fenótipo A refere-se a partículas de LDL predominantemente grandes, flutuantes • Padrão ou fenótipo B refere-se a partículas de LDL predominantemente pequenas, densas LDL e HDL menores. Este último é tão pequeno que pode passar pelos glomérulos renais e ser excretado, levando a reduções de HDL-P, apoA-I e HDL-C. Neste processo também são criados remanescentes de quilomícrons e VLDL menores, aterogênicos, ricos em colesterol, diagnosticáveis por VLDL-C elevado. Pacientes com esta patologia apresentam como característica TG elevado, HDL-C reduzido, LDL-C variável e razão TG/HDL-C aumentada (>3,8), indicativos de número excessivo de partículas pequenas de LDL (apoB e LDL-P altas) e número reduzido de partículas de HDL (razão apoB/A-I alta).26, 27 Uma situação desse tipo, característica de distúrbios do eixo TG-HDL, explica grande parte do risco associado a níveis crescentes de TG, sendo muito comum em mulheres em prémenopausa com quadros resistentes à insuli- 8 OBG Management | 2009 | Vol.I No.1 na, como diabetes tipo 2 ou síndrome de ovário policístico, e em mulheres na menopausa que têm resistência à insulina e doença arterial coronariana. 1 Nem sempre há correlação entre LDL-C e LDL-P Uma vez que o volume de uma lipoproteína é função do seu raio ao cubo (V = 4/3πr3),14 um(a) paciente com LDL pequeno precisará de 40 a 70% mais partículas de LDL para transportar determinada quantidade de LDL-C. Em pacientes desse tipo, frequentemente há pouca correlação entre os valores de LDL-C e LDL-P ou apoB. Independentemente do LDL-C, a apoB, o LDL-P ou nãoHDL-C costumam ser elevados.28 Este risco, que não pode ser previsto observando-se apenas o LDL-C, é a principal razão pela qual as diretrizes defendem o uso do não-HDL-C ou da razão CT/HDL-C.8, 11. Em resumo, uma grande parte do risco de DCV observado em pacientes com baixo HDL-C decorre do aumento associado do número de partículas de apoB, a maioria compostas de LDL pequeno, e do aumento de partículas remanescentes.15,21,28 Este ponto crucial explica por que o tratamento de quadros de baixo HDL-C deve sempre ter como primeiro alvo a apoB ou o LDL-P (LDL-C e não-HDL-C), em vez de apoA-I ou HDL-C (TABELAS 3 e 4). 8,9 Alguns conselhos Os fatores que levam à aterogênese são números aumentados de lipoproteínas contendo apoB e integridade endotelial comprometida. ApoB e LDL-P são os exames laboratoriais disponíveis que quantificam mais precisamente o número de partículas aterogênicas. Os substitutos de concentração lipídica que devem ser usados para prever melhor a apoB e o risco de DCV são: TABELA 2 Como são determinadas as concentrações lipídicas CT = apoA-I-C + apoB-C CT = HDL-C + LDL-C + VLDL-C + IDL-C + Quilomícron-C + Lp(a)-C + Remanescente-C Em pacientes em jejum e em condições normais, não há quilomícrons nem remanescentes (quilomícrons ou partículas de VLDL menores) e nenhuma ou muito poucas partículas de IDL. Essas são lipoproteínas pós-prandiais. A maioria das pacientes não tem patologia de Lp(a). Por isso, a fórmula de concentração lipídica fica mais simples: CT = HDL-C + LDL-C + VLDL-C O VLDL-C é estimado por TG/5 (presume que todo o TG está em VLDL e que o VLDL TG: composição de colesterol é de 5:1). Por isso: CT = HDL-C + LDL-C + TG/5 LDL-C = CT – (HDL-C + TG/5) Não-HDL-C = CT – HDL-C Na realidade, os valores de LDL-C calculados ou medidos diretamente no perfil lipídico padrão representam LDL-C + IDL-C + Lp(a)-C. Entretanto, como os laboratórios geralmente não separam as partículas de IDL e de Lp(a) (sem um significativo acréscimo no custo), apenas o LDL-C total é informado. • CT (a não ser que o HDL-C esteja muito alto) • LDL-C • Não-HDL-C • razão TC/HDL-C • razão TG/HDL-C. Como o LDL é, de longe, a mais numerosa das partículas de apoB existentes no plasma, ele é o principal agente da aterogênese. Todavia, apoB e LDL-P não estão correlacionados com LDL-C quando as partículas de LDL são pequenas, ricas em TG e pobres em colesterol, ou simplesmente pobres em colesterol (como observado em algumas pacientes com níveis baixos de LDL-C).7,15 Tanto as Diretrizes do NCEP ATP-III quanto as da Mulher da AHA usam a razão CT/HDL como poderoso preditor de risco. Entretanto, como objetivo de tratamento, essas diretrizes recomendam a normalização do LDL-C e, depois, do não-HDL-C.8,11 Na realidade, a normalização do não-HDL-C também resolve a questão do LDL-C. Por exemplo, suponhamos que uma paciente tenha LDL-C <100 mg/dl, mas não-HDL-C >130 mg/dl ou razão CT/HDL-C >4. Esses dados indicam risco residual e sugerem a presença www.obgbrasil.com.br FIGURA Pontos de corte percentuais da população e objetivos para LDL-C, LDL-P, ApoB e não-HDL-C Objetivo para pacientes de risco muito alto Objetivo para Objetivo para pacientes de pacientes de risco alto risco baixo LDL-C LDL-C mg/dL 20th 50th 80th Pontos de corte da população (NCEP ATP III) LDL-P LDL-P nmol/L 20th 50th 80th Pontos de corte da população (Estudo MESA) ApoB ApoB mg/dL 20th 50th 80th mg/dL Não-HDL-C OBG Management Pontos de corte da população (NHANES) | 2009 | Vol.I No.1 Não-HDL-C 9 Abstracts de artigos selecionados do OBG Management TABELA 3 Marcadores lipídicos de lipoproteínas pequenas de baixa densidade Colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) <50 mg/dl Triglicéride (TG) >130-150 mg/dl Razão colesterol total/HDL-C > 4,0 com colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) normal Razão TG/HDL-C >3,8 em mulheres LDL-C sem características notáveis, mas nãoHDL-C elevado TABELA 4 Marcadores lipídicos de lipoproteínas remanescentes Triglicéride (TG) >150-200 mg/dl Colesterol de lipoproteína de densidade muito baixa >30 mg/dl Colesterol de lipoproteína de baixa densidade sem características notáveis com colesterol de lipoproteína de não-alta densidade (HDL-C) elevado HDL-C baixo em pacientes resistentes à insulina Razão de colesterol total/HDL-C elevada e TG >150 mg/dl de um número elevado de partículas de apoB. O tratamento para normalizar o não-HDL-C ou, ainda melhor, a razão apoB/LDL-P, é justificado. O fator indicativo da presença de risco residual, mesmo quando LDL-C é normal, é a redução de HDL-C e a elevação de TG e do não-HDL-C. 1. Lloyd-Jones DM, O’Donnell CJ, D’Agostino RB, et al. Applicability of cholesterol-lowering primary prevention trials to a general population. The Framingham Heart Study. Arch Intern Med. 2001;161:949-954. 2. Biggerstaff KD, Wooten JS. Understanding lipoproteins as transporters of cholesterol and other lipids. Adv Physiol Educ. 2004;28:105-106. 3. Nordestgaard BG, Wooten R, Lewis B. Selective retention of VLDL, IDL and LDL in the arterial intima of genetically hyperlipidemic rabbits in vivo. Molecular size as a determinant of fractional loss from the intima-inner media. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 1995;15:534-542. 4. Brunzell JD, Davidson M, Furberg CD et al. Lipoprotein management in patients with cardiometabolic risk. 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