relatório do simpósio consensus
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RELATÓRIO DO SIMPÓSIO CONSENSUS Simpósio 2015 CONSENSUS sobre Dislipidemia Aterogénica Congresso ESC Londres – 31 de agosto 2015 GLCHO150010 Congresso ESC 2015 Reino Unido. Simpósio Satélite Patrocinado por Mylan Relatório do Simpósio CONSENSUS UM CONSENSUS sobre Dislipidemia Aterogénica E m doentes diabéticos do tipo 2 e na síndrome metabólica, a dislipidemia aterogénica representa um conjunto de anomalias nos lípidos e nas lipoproteínas, incluindo o aumento dos triglicéridos, aumento do número de partículas pequenas e densas de LDL e baixo colesterol HDL, associados a uma maior taxa de mortalidade e de acidentes cardiovasculares graves. Este CONSENSUS resume o atual entendimento dos especialistas europeus sobre a dislipidemia aterogénica.1 Carlos Aguiar, Eduardo Alegria, Riccardo C. Bonadonna, Alberico L. Catapano, Francesco Cosentino, Moses Elisaf, Michel Farnier, Jean Ferrières, Pasquale Perrone Filardi, Nicolae Hancu, Meral Kayıkçıoğlu, Alberto Mello e Silva, Jesus Millan, Željko Reiner, Lale Tokgözoğlu, Paul Valensi, Margus Viigimaa, Michal Vrablik, Alberto Zambon, José Luis Zamorano, Roberto Ferrari Alberico L. Catapano, Milão, Itália Presidente da Sociedade Europeia de Aterosclerose A necessidade de um documento de CONSENSUS provém do facto de sabermos há muito tempo que, para além do LDL-C, existem outras frações lipídicas que possuem uma característica que se torna mais aterogénica. As questões específicas abordadas neste CONSENSUS assentam no papel das lipoproteínas ricas em triglicéridos e do HDL-C na determinação da doença cardiovascular GLCHO150010 2 Relatório do Simpósio CONSENSUS 3 Dislipidemia Aterogénica: qual a sua origem? A resistência à insulina e a obesidade abdominal são os principais motores da DA1,2,3 A dislipidemia aterogénica é uma das causas principais de morbilidade e mortalidade em doentes com diabetes tipo 2. O excessivo risco de doença cardiovascular em diabéticos deve-se a diferentes fatores de risco, incluindo fatores não modificáveis como a idade, o sexo e a genética, e fatores de risco comuns como a hipertensão, os lípidos, a hiperglicemia e o tabagismo. O risco cardiometabólico geral não se resume a uma anomalia isolada a mais; é gerado por uma complexa interligação entre estes fatores e os componentes da síndrome metabólica, incluindo a obesidade. Atherogenic dyslipidaemia ± ↑ LDL-C ↑ Small, dense LDL Atherogenic Lipid Triad As características anormais da dislipidemia aterogénica podem surgir anos antes da diabetes mellitus tipo 2 ↑ TG-rich Lp(TRLs) ↑ Large VLDL particles ↓ HDL-C Small, dense HDL As partículas pequenas e densas de LDL são mais aterogénicas do que as partículas normais de LDL porque transportam mais partículas Apo B para a mesma quantidade de colesterol total O mesmo conjunto de enzimas que reduzem o LDL-C conduzem a partículas pequenas e densas de LDL e estão muitas vezes relacionadas com o aumento dos TG e o baixo nível de HDL-C. É uma máquina que funciona em conjunto e produz os 3 componentes da dislipidemia aterogénica, o que significa que existe uma importante interrelação entre todas as anomalias observadas na dislipidemia aterogénica Carlos M. Tavares Aguiar Lisboa, Portugal GLCHO150010 Austin MA et al. JAMA 1988;260:1917-1921 Relatório do Simpósio CONSENSUS O não HDL-C é o 1º alvo terapêutico depois do LDL-C em diabéticos com DA Lipoproteínas ricas em triglicéridos: um componente essencial da dislipidemia aterogénica1,4,5 E studos genéticos corroboram fortemente a teoria segundo a qual as elevadas concentrações de lipoproteínas ricas em triglicéridos ou colesterol remanescente, marcados pela elevação dos triglicéridos, são fatores de risco causais da doença cardiovascular e da mortalidade por todas as causas. Os distúrbios subjacentes são a produção excessiva no fígado de VLDL com altas quantidades de TG e a depuração retardada de lipoproteínas ricas em triglicéridos. A dislipidemia aterogénica é uma afeção frequente (cerca de 35-50%) também em doentes com diabetes tipo 2 tratados com estatinas, mantendo-se um elevado risco residual nestes doentes. Non-HDL cholesterol = Total Cholesterol - HDL-C HDL Antiatherogenic lipoproteins LDL IDL VLDL Atherogenic lipoproteins Non-HDL-C target: <3.3 mmol/L (<130 mg/dL) in high risk patients <2.6 mmol/L (<100 mg/dL) in very high risk patients High risk paetients: all patients with T2DM Very high risk: patients with T2DM and CV disease or chronic kidney disease and those >40 years without CV disease but a least one other CV disease risk factor or markers of target organ damage. A dimensão das partículas de LDL e a Apo-B não é medida na prática clínica O não HDL-C representa o colesterol nas partículas de LDL e nas remanescentes ricas em triglicéridos, ou seja, a soma do teor de colesterol em todas as partículas que contêm Apo-B: VLDL, IDL, LDL O não HDL-C é fácil de calcular e melhora a avaliação do risco CV em doentes de alto risco Aguiar et al. Atherosclerosis Supp 19 (2015); 1-12 Željko Reiner, Zagreb, Croácia As lipoproteínas ricas em triglicéridos, contendo remanescentes de quilomicrons e remanescentes de lipoproteínas de muito baixa densidade, contribuem significativamente para o risco cardiovascular relacionado com os lípidos. Estas lipoproteínas são heterogéneas e metabolicamente dinâmicas, especialmente no estado pósprandial. Michel Farnier, Dijon, França A medição dos TG passou a ser uma medição alternativa das LRT. Porém, a medição do colesterol existente nas LRT é um índice preferível do teor de colesterol aterogénico nas LRT. Na prática clínica de rotina, a medição específica das lipoproteínas não é uma opção, pelo que se tem proposto o colesterol remanescente, calculado como não HDL-C. GLCHO150010 4 Relatório do Simpósio CONSENSUS 5 A dislipidemia aterogénica conduz a um maior risco cardiovascular6,7,8 A vanços recentes na compreensão da fisiopatologia da dislipidemia aterogénica, tais como: • Metabolismo das LRT, • A desregulação da síntese dos TG na diabetes mellitus tipo 2 ou no papel intracelular da ApoC3 na segregação das VLDL veio salientar a necessidade de nos concentramos em novos tratamentos assentes nos mecanismos subjacentes da DA. Veio também renovar o nosso interesse em diferentes formas de tratamento para a redução dos lípidos em doentes com DA, para além da monoterapêutica com estatinas, para atingir efeitos ótimos. Impactos sinérgicos dos TG elevados e HDL-C baixos nos acidentes coronários SYNERGISTIC IMPACT WITH HIGH TG AND LOW HDL-C FOR CORONARY EVENT MACROvascular study: Brigham & Women’s Hospital Os níveis elevados de TG e reduzidos de HDL-C têm efeitos sinérgicos prejudiciais TG quintile (mmol/L) HDL-C quintile (mmol/L) [≤0.8] [0.8 -1.2] [1.2 -1.5] [1.5 -2.1] [>1.4] 1.0 0.9 0.8 0.6 [>2.1] [1.1 -1.4] 1.3 1.3 1.2 1.2 1.2 [0.9 -1.1] 1.8 1.9 2.0 2.2 2.4 [0.8 -0.9] 2.3 2.8 3.4 4.1 5.0 [≤0.8] 3.1 4.2 5.6 7.6 10.3 0.6 Hospital-based, case-control study with optimal matching in the strata of LDL cholesterol, gender, ethnicity, and age; cases (n=175) had incident CHD, and the controls (n=175) had diagnoses unrelated to CHD. Observam-se taxas mais elevadas de DC mesmo com TG moderadamente elevados ou níveis reduzidos de HDL-C *Average LDL-C 2.0 mmol/L (80 mg/dl) Carey et al. Am J Cardiol 2010;106:757–763 Maior risco CV em doentes que atingem os níveis de LDL-C mas não atingem os níveis de não HDL-C Lipid abnormalities and CV risk Non-HDL-C as the emerging target for the treatment of CV risk LDL-C, mmol/L Non-HDL-C, mmol/L ≥2.6 ≥3.4 ≥2.6 ≥3.4 <2.6 ≥3.4 21% 2% Enquanto marcador de risco, o não HDL-C é semelhante ou inclusivamente melhor do que o LDL-C 32% 0 5 10 15 20 25 30 35 Increased risk of major CV events compared with reference (LDL-C <2.6 and non-HDL-C <3.4 mmol/L) Patients who achieved target LDL-C levels had a 32% increased risk of CV events if they had not attained non-HDL-C target levels. CI, confidence interval; CV, cardiovascular; HDL-C, high-density lipoprotein cholesterol; HR, hazard ratio; LDL-C, low-density lipoprotein cholesterol Boekholdt et al. 2012 Mylan 2015 GLCHO150010 Os doentes que atingiram os níveis-alvo de LDL-C teriam um risco aumentado em 32% de acidente CV se não atingissem os níveis-alvo de não HDL-C Increased CV risk in patients achieving LDL-C levels but not non-HDL-C levels Relatório do Simpósio CONSENSUS Fenofibrato: a forma de personalizar o tratamento em doentes com DA persistente com uma estatina9,10 Uma redução substancial na taxa de acidentes CV fatais e não fatais graves com um fenofibrato e uma estatina É neste contexto que o papel do fenofibrato em combinação com uma estatina continua a ser matéria de especial interesse. Os resultados clínicos e de segurança de estudos observacionais e de longa duração publicados oferecem evidências suficientes para corroborar os benefícios clínicos de acrescentar um fenofibrato ao tratamento de doentes com níveis elevados de triglicéridos e baixos níveis de HDL-C. A taxa de efeitos hepáticos e musculares adversos graves em ensaios clínicos foi semelhante no grupo de terapêutica combinada fenofibrato-sinvastatina e de monoterapêutica com sinvastatina. ACCORD-LIPID Combination therapy: fenofibrate + simvastatin 20 SMV Uma redução de 4,95% no risco absoluto de morte CV, enfarte do miocárdio e AVC (NNT5=20) em doentes com TG elevados e HDL-C baixo1 SMV+Fenofibrate 17.32% 15 Events, % 10 4.95% ARR NNT5=20 16.3% 7.6% ARR NNT5=13 12.37% 10.11% 10.11% 8.8% 5 mg/dL 0 TG<204 and/or HDL>34 TG≥204 + HDL≤34 LDL<100 + non-HDL≥130 Patients on statin at baseline Major CV event (1º endpoint): CV death, nonfatal MI or nonfatal stroke ACCORD Study Group. N Engl J Med 2010; 362: 1563. Food and Drug Administration (FDA) Endocrinologic and Metabolic Drugs Advisory Committee. Trilipix (ACCORD) Advisory Committee Meeting. 2011 May Uma redução de 7,6% no risco absoluto de morte CV, enfarte do miocárdio e AVC (NNT5=13) em doentes com uma estatina, no cenário base com não HDL-C≥130 mg/dl e LDL-C<100 mg/dl2 Principais resultados de segurança do ACCORD Lípidos1 Efeito Miosite ou rabdomiólise Fenofibrato sinvastatina (n=2765) Sinvastatina (n=2753) Valor p 4 (0,1%) 3 (0,1%) NS Todos pensámos que as estatinas resolviam todos os problemas, mas não é verdade. É verdade para alguns doentes, mas para os diabéticos com HDL-C persistentemente reduzido ou TG elevados uma terapêutica combinada com fenofibrato, apenas fenofibrato por razões de segurança, e sinvastatina oferece um benefício acrescido Alberto Zambon, Pádua, Itália GLCHO150010 6 Relatório do Simpósio CONSENSUS 7 Pontos principais e CONSENSUS Risco CV • Níveis elevados de LDL-C e de TG estão associados a um aumento do risco de acidentes CV • TG elevados e níveis reduzidos de HDL-C têm um impacto sinérgico negativo no risco CV • As lipoproteínas remanescentes e as suas implicações para o risco CV merecem uma maior atenção clínica • O não HDL-C, responsável por todas as lipoproteínas aterogénicas, pode ser um melhor marcador do risco CV do que o LDL-C Controlo de doentes com DA • As estatinas podem reduzir o risco CV em todos os doentes, mas os doentes tratados com estatinas podem continuar em risco de acidente CV, ou seja, mantém-se o risco CV residual, dependendo do seu perfil lipídico • Na prática clínica, o não HDL-C e os TG sem jejum podem ajudar a avaliar o risco CV, e os níveis-alvo de não HDL-C devem merecer maior atenção no controlo do risco CV em doentes com DA • Os ensaios clínicos, as análises de subgrupos e as metanálises demonstram o benefício do tratamento com fibratos em doentes com DA • Os doentes com TG elevados e HDL-C baixo podem beneficiar da terapêutica combinada de fenofibrato-estatina • Defende-se a cuidada seleção de doentes adequados para a terapêutica com fenofibrato-estatina e a vigilância do risco potencial de pancreatite • É necessário dar maior atenção à prevenção secundária A questão prática do CONSENSUS consiste em definir um tratamento adequado para os doentes que sofrem de DA. A combinação de uma estatina com um fenofibrato provou ser segura e é um tratamento adequado para esses doentes. Jose Luis Zamorano Gomez Madrid, Espanha 1. 2. 3. 4. 5. 6. Aguiar et al. Atherosclerosis Supp 19 (2015) 1-12 Austin MA et al. JAMA. 1988; 260:1917-1921. Taskinen et al. Atherosclerosis 2015; 239: 483-95 Reiner I et al. Europe Heart J. 2011: 32:1769-818 McPherson R. et al. J Am Call Cardiol 2013, 61:437–9 Carey et al. Am J Cardiol 2010;106:757–763 7. 8. 9. 10. Miller and Coll.. J Am Coll. Cardial 2008 19;51(7):724-30 Castelli et al. JAMA 1986;256:2835–2838 ACCORD Study Group. N Engl J Med 2010; 362: 1563. Food and Drug Administration (FDA) Endocrinologic and Metabolic Drugs Advisory Committee. Trilipix (ACCORD) Advisory Committee Meeting. 2011 May 19 GLCHO150010 Referências bibliográficas Para quaisquer questões ou comentários, por favor contacte-nos para: Mylan EPD Hegenheimermattweg 127-1 4123 Allschwil Switzerland www.mylan.com Direitos de autor© 2015 Mylan. 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