Deixou a fé católica e foi missionária mórmon... Até que defendeu o

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Deixou a fé católica e foi missionária mórmon... Até que defendeu o
Não havia
objecções
respostas
convincentes
às suas
Deixou a fé católica e foi missionária
mórmon... Até que defendeu o Papa
frente ao seu chefe
Entrou no mormonismo procurando gente acolhedora, virtuosa e protectora, mas quando ela
tentou estender essa fé descobriu que não se sustinha na Bíblia nem respondia aos anseios
do seu coração.
Actualizado 23 Janeiro 2013
Pablo J. Ginés / ReL
Yasmin Oré Ramírez, hoje com 28 anos de idade, nasceu e cresceu em Lima, Peru,
numa família de tradição católica... Até que uma amiga a convidou para os mórmons.
Recolhemos o seu testemunho na primeira pessoa, tal como o conta a ReL, porque
explica qual é o processo pelo qual se entra neste grupo, como captam novos membros,
como os treinam e os enviam para as ruas e casas.
A minha família era católica, ainda que os meus pais não estavam então casados pela
igreja, por uns problemas de pautas de baptismo queimadas ou perdidas. Deixaram o tema e
casaram-se pelo civil. Deram-me uma educação católica: fiz a secundária no colégio
Presentación de María, de religiosas, recebi os sacramentos, a comunhão e a confirmação.
Aos 19 anos estudava direito, ia à missa e inclusive cantava no coro, mas a minha
formação e a minha fé era muito superficial.
Eu tinha ouvido falar de seitas demoníacas e satanistas, e o meu papá me prevenia contra os
Testemunhas de Jeová que tocavam à porta com frequência. Mas ninguém me havia
falado dos mórmons
A amiga e o acolhimento
Eu tinha uma amiga no meu colégio de monjas que era mórmon. Disse-me: "acompanha-me
um domingo para veres a minha igreja". Assim um domingo faltei à missa para ir com ela
ver a sua igreja. E gostei. As pessoas eram muito acolhedoras: todos o eram, as
senhoras, as raparigas da minha idade, os rapazes.
Tinham reuniões para jovens em que falavam sobre as virtudes. A outros jovens talvez lhes
parecesse aborrecido, mas eu era uma rapariga com poucas amizades. Não gostava de ir a
festas, as festas não me enchiam. Por outro lado, esta gente, que parecia tão pura,
virtuosa e inocente, enchia-me.
Hoje que sou católica e adulta sei que temos que enfrentar o mal que há no mundo e nas
nossas vidas, mas então, com 19 anos, eu não queria enfrentar a realidade, não queria determe. Eu queria protecção, um ambiente seguro, um grupo acolhedor e virtuoso que me
protegesse. Os mórmons ofereciam-me isso.
Dois rapazes jovens falando de Deus
Eles enviaram dois jovens missionários a visitar-me na minha casa e dar-me palestras dois
dias por semana. Eram dois rapazes da minha idade, de 19 anos, um peruano e outro dos
EUA. Eu dizia aos meus pais que eram cristãos e amigos da minha amiga e que vinham
falar de Cristo e de Deus. Eles, demasiado confiantes, deixavam-nos sós no salão.
Eu estava impressionada de que dois rapazes de 19 anos, da minha idade, me falassem de
Deus com paixão. Mais ainda, estavam dedicando 2 anos da sua vida jovem só a isso, a
falar de Deus. Surpreendia-me e admirava: não conhecia ninguém na Igreja católica que
fizesse isso.
Mr. Smith e o "verdadeiro" cristianismo
Nas primeiras palestras, falam-te do Livro de Mórmon. Dizem-te que o ensinamento
pleno cristão se tinha perdido desde a morte do apóstolo João, e que não se
recuperou até que um anjo revela ao profeta Joseph Smith, em 1830, onde está o Libro de
Mórmon com todos os ensinamentos perdidos.
Usam sempre as mesmas citações da Bíblia para apoiar o Livro de Mórmon. Os
mórmons ensinam, segundo o seu livro, que Jesus, ao ressuscitar, apareceu e ensinou
aos povoadores da América. Isso apoiam-no na Bíblia quando Jesus disse: "tenho outras
ovelhas que não são deste redil". Para justificar que além da Bíblia esteja o Livro de
Mórmon citam Ezequiel 37, 15-17, que fala de "uma vara de Judá" e "um vara de José, ou
Israel", que Deus tem de unir. Eles dizem que essas duas varas são dois livros: a Bíblia e
as escrituras de Mórmon. E sobre o profeta Smith citam Amós 3,7: "o Senhor não fará
nada sem revelar os seus segredos aos seus servos os profetas".
Fazer perguntas é bom
Eu nessa época escrevia um diário, que ainda conservo. Apontei uma ideia que me passou
pela cabeça: "se esse Livro de Mórmon é outro testamento, porque não há provas
arqueológicas, porque não há papiros dele ou pergaminhos dele, como com a Bíblia?"
Eles ensinam que o anjo levou o livro de lâminas de ouro que José Smith tinha lido e traduzido
ao inglês. Mas porque Deus fez algo tão diferente ao que fez com a Bíblia? Dava-me
vergonha perguntar-lhes isso porque eles eram tão amáveis!
À pergunta de porque não temos os textos que o anjo revelou a José Smith, eles
respondem citando São Paulo: "a fé é certeza do que não vemos", e também citando o
seu próprio livro: "há muitas coisas de Deus que não as vais ver".
Na realidade, como comprovei depois sendo missionária mórmon, aos jovens missionários
mórmons não lhes ensinam muitas respostas às objecções. Muito rápido respondem a tudo
com esta frase: "Convidamos-te a que ores a Deus esta noite e que Ele te fale e verás que é
verdade o que ensinamos".
E orei nessa noite. E não senti nada, Deus não me disse nada. E o escrevi assim no meu
diário, sinceramente.
Mas a eles, sugestionada ou pelo que seja, lhes disse: "sim, sinto que é verdade".
Eu queria pertencer a eles. Só me pediam para ser boa, e eu queria ser boa, e pensava
que a Igreja verdadeira seria simplesmente a obediência às coisas boas, virtuosas, e
pareciam ser eles.
Era 2005, acabava de morrer João Paulo II, saía Bento XVI como novo Papa, e alguns me
diziam que se era feio, para eu olhar, como ia seguir eu na Igreja Católica.
Rebaptizada mórmon
No fim, nessa fase, depois de 4 ou 5 palestras, convidam-te a baptizar-te como mórmon.
Para isso, fazem-te antes uma entrevista prévia. Tens de dizer que crês no Libro de
Mórmon e que aceitas o profeta Joseph Smith. Também te preguntam si mataste
alguém, si abortaste, si tiveste relações sexuais. Creio que eles não querem aceitar
qualquer pessoa que teve uma vida muito pouco virtuosa, excepto se são parentes de
alguém. Podem rejeitar-te. Parece-me que as pessoas com inclinações homossexuais
as rejeitam a todas ou quase todas, por exemplo.
A mim aceitaram-me e organizámos o meu baptismo mórmon. O meu papá não veio:
disse-lhes que éramos católicos "da Virgem e do Senhor dos Milagres". Da minha
família só veio a minha mamã e a minha madrinha do baptismo católico! Hoje digo que
barbaridade, não? A minha mãe chorava: "filha, mas se eu te dei os sacramentos na
Igreja católica". E eu respondia-lhe: "preferes que vá à discoteca cada sábado, por aí?"
Com isso a pressionava. Eles me viam feliz, e viam que os jovens mórmons pareciam
gente boa. Era uma falsa escolha: ou eles, ou o mundo da noite e as discotecas.
No baptismo mórmon entras numa piscinazinha de corpo completo, com uma túnica
branca. Tu escolhes que homem te baptiza: eu escolhi os dois missionários que conhecia.
Deitam-te para trás, como fazem os baptistas e outros protestantes, e te submergem e
dizem: "em nome do pai, do filho e do espirito santo", mas, atenção, porque eles não
pensam que é um único Deus; para eles são 3 deuses distintos. A Joseph Smith
apareceram-lhe o Pai e o Filho num bosque, há um desenho típico que o ilustra, como dois
corpos distintos. Cada vez que no Antigo Testamento se diz que Moisés viu a cara de Yavé,
ou que Deus assinalou com o seu dedo, ou deu as costas ao povo, etc... eles interpretam
que Deus Pai tem corpo, com dedos, cara, costas, etc...
Quanto começas a ir aos mórmons animam-te a passar com eles muito tempo. Fazem-te estar
cómodo, é como ter outra família. Eles não acreditam que Deus habita em ti e te transforma e
faz santo. Não, eles crêem que por suas próprias forças serão perfeitos, que já o estão
sendo, porque cada um vai ser um deus. E claro, essa perfeição é impossível, mas essa é a
fachada que tentam dar.
São muito exigentes no controle da sexualidade: qualquer encíclica católica sobre o tema
é muito mais humana, mais compreensiva. Eles são mais exigentes, controlam-te demasiado,
como um robot. As raparigas as animam a estudar, sim, mas o ideal que planeiam é que
em seguida se casem e que tenham muitos filhos.
Muitos manuais para estudar
Uma vez baptizado, dão-te muitos manuais para estudar, algo que fazes cada
domingo na sua escola dominical. A minha experiencia, e o vi com outras pessoas pouco
dada aos estudos, é que nos primeiros meses ao menos há muito interesse e se lêem os
livros. Eles ofereciam também um serviço para ajudar a encontrar eajuda às pessoas.
Em seguida dão-te um "chamamento", que é um cargo, no meu caso era uma função
com jovens. Um ano depois fizeram-me missionária de bairro: nos teus tempos livres
acompanhas os missionários nas suas visitas às pessoas interessadas, que no seu
vocabulário se chamam "investigadores". Os acompanhantes servem para fazer-se amigos
dos "investigadores" (quer dizer, as pessoas não mórmons), convidá-las, estender laços, etc...
Também aprendi a rezar ao estilo mórmon, seguindo um tríptico que o explicava. Há que fazer
uma breve oração ao levantar-te, outra ao deitar-te e outra em cada refeição. A estrutura é
sempre igual: "Pai Celestial, te damos graças por tal coisa, te pedimos tal outra, no nome de
Jesus Cristo". Nas refeições, dás graças pela comida. Diz-se sempre "Pai Celestial",
não "Pai-nosso".
O culto mórmon
No domingo há uma reunião de umas três horas. Chamam-na "reunião sacramental". Juntamse todos os membros de uma zona. Não há um oficiante mas sim um par de conferencistas
ou discursistas, os que lhes toque esse dia. Um fala do fácil, outro do dízimo (um tema
muito insistente). Outro dia podem falar do baptismo dos mortos ou da "selagem", como
chamam ao matrimónio. No final, sempre alguém "dá testemunho", mas isso não consiste em
contar a sua experiência mas sim simplesmente em expor, de uma forma muito
repetitiva, que dê segurança, semana atrás de semana, que crês em Joseph Smith,
no Livro de Mórmon e na sua igreja.
Depois tocou-me ser missionária no estrangeiro. É algo que todos têm de fazer: 2
anos os homens; um e meio, as mulheres. Realiza-se pouco antes de acabar os teus
estudos. Olhar-te-ia muito mal se não o fazes. Normalmente cada um casa-se depois,
às raparigas as animam a casar-se com jovens que já missionaram, porque são mais
maduros na fé.
Os missionários mórmons são, sobretudo, esses rapazes e raparigas jovens. Também há
adultos já jubilados que vão como missionários uns anos ao estrangeiro. E há além disso
matrimónios maiores, às vezes pré-jubilados, que podem ser presidentes de missão. Não
há missionários "de por vida". Tampouco há "pastores". O mais parecido é o "bispo", mas
não se mantém com os dízimos, mas sim com um ofício. Os dízimos são para manter as
"capelas" (centros locais) e o resto vai todo para a central nos Estados Unidos. Por isso
no há escândalos de pastores com veículos ou gostos luxuosos.
Pagar as missões à tua filha
Em 2006, eu levava já um ano e meio de membro, e o meu namorado era um mórmon
peruano que já havia sido missionário. Ficámos em que eu faria a missão e talvez logo
nos casaríamos. Ele animou-me a ir à missão. É caro: parte o pagas tu, outra parte os
teus pais e outra a igreja. Eu tinha poupanças de 500 euros, muito para Peru, que gastei
nisto. Os meus pais deviam comprometer-se a 100 euros mensais. A minha mãe
chorava: tiravam-lhes a filha e ainda tinha que pagar por isso. E havia que comprar
muita roupa e materiais, gastos que impacientavam a minha mamã. "É uma vez na vida",
dizia-lhe eu.
Primeiro mandaram-me para a Colômbia quase um mês a formar-me. Era como um
internato onde estávamos muitos rapazes e raparigas do Peru, Colômbia, Venezuela...
Treinamento do jovem missionário mórmon
Ensinavam-nos como convencer as pessoas, com uns vídeos, como falar, que fazer se te
sai mal. Era muito pesado, mas eu estava contente. Ensinavam-te as escrituras que
temos comentado e como responder às perguntas dos "investigadores" (as pessoas
não mórmons).
Os mórmons não querem que lhes refutes muito; o mórmon dá as suas citações, e se
lhe fazem perguntas dizem o de "suspeita e verás que é verdade". Eles dizem que
não tem que perder tempo refutando doutrinas. Apenas tentam tapar dúvidas com a
Bíblia ou o Livro de mórmon. Ensinavam-nos a falar só de Joseph Smith, da nova
revelação completa, do Livro de Mórmon.
Explicavam-nos que o ensinamento cristão se perverteu com Constantino no século IV,
que se corrompeu o cristianismo. Logo aprendi que isto o tomaram de outros protestantes.
Ali ensinaram-nos que Calvino e Lutero apenas "prepararam" o caminho para a recuperação
do cristianismo, que chega com Joseph Smith.
A companheira inflexível
Cheguei de missionária a Guayaquil, Equador, em Março de 2007. Puseram-me uma
companheira chilena, da minha idade, muito seguidora das regras e exigente, que não
admitia nenhum descuido nem cansaço. Era filha de mórmons, com 9 irmãos, crescida
em família mórmon, não como eu. Os missionários vão em pares, a todas as horas
excepto ao banho. Espanta perigos, mas também "tentações".
Cada dia às 6 e meia da manhã levantávamo-nos para estudar o que falaríamos na rua. Às 9 e
meia saíamos, tratávamos as pessoas, de pé, caminhando, com o calor de Guayaquil. Um
descanso para almoçar, e continuar até à noite. De noite ajoelhávamo-nos rezávamos
pedindo mais "investigadores". Se nos brigávamos entre nós, esse era um momento
para pedirmos perdão. Ainda que a segunda-feira fosse dia de descanso e outros missionários
fizessem turismo, ela punha-me a estudar.
E assim, sendo missionária em Guayaquil, quebrou-se a minha confiança na fé mórmon.
A anciã católica resistente
A primeira "queda" foi por uma senhora de uns 75 anos, que era muito católica, ainda que
um dos seus filhos fosse evangélico e o outro bispo mórmon. Este bispo insistia e a minha
companheira se tinha encaprichado em conquistá-la, e levava-lhe sobremesas e
a visitávamos muito.
Quando um católico se põe muito firme, haviam-nos ensinado que há que insistir em que a
Igreja católica já não era de Cristo, que não o era desde Constantino, que tudo era mau
desde então: as imagens, a Virgem, o baptismo de crianças, etc...
E a minha companheira insistia tanto que eu recordei o meu próprio passado
católico e emocionei-me. E o disse a ela, a companheira chilena, chorando: “se
convenço esta senhora sinto que estou traindo algo meu”, disse. A minha
companheira ficou de pedra. “É normal, faz puco que és membro, és de família católica,
eu falarei com a senhora”, respondeu ela. Não serviu de nada: a senhora chegou à
entrevista baptismal por insistência do seu filho e sem convencimento, mas como disse
que não pensava nem deixar de fumar (algo importante), a rejeitaram. E a deixámos.
Evangélicos e testemunhas, muita Bíblia!
O caso é que descobri que quase não tínhamos argumentos nem respostas. Os
Testemunhas de Jeová nos punham a cabeça abaixo, não aceitavam nem a Joseph Smith
nem o seu livro e não estávamos preparadas para refutar-lhes nada. E também os
evangélicos nos refutavam e eu pensava: somos missionárias, treinadas, mas não
sabemos responder a coisas supostamente básicas da Bíblia? E comecei a duvidar. Essa
era a minha segunda "queda", ver que não tínhamos respostas. E chorei outra vez: “estou
duvidando da fé”.
A missão, que devia reforçar a minha fé mórmon, a estava destruindo. Perguntava-me:
"estarei fazendo bem ao querer mudar-lhes a sua fé? Tenho direito a mudar a sua vida?
Se basta eu duvido!"
Eu já me tinha começado a fixar em coisas: que os mórmons quase não usam a Bíblia, que
haviam tido poligamia num passado recente, que havia doutrinas ocultas. E eu dei-me conta
que gostava e me emocionavam as campanhas nas igrejas católicas, e ver as pessoas
que saiam em procissão, devota do Divino Menino. E a Virgem. Perguntava-me: "como vou
dizer que isto é mau e pagão!"
E num encontro com o bispo mórmon disse-lhe: “sinto que minto quando falo” e disse que
queria deixar a missão. Pedi à minha companheira: "Diz ao presidente da missão que volto
para o meu país, que me sinto um robot".
Defendendo o Papa
O presidente da missão tentou dissuadir-me para que não partisse. Mas eu não lhe disse
simplesmente "adoro a minha família" ou "estou cansada". Eu defendi a Igreja católica.
Disse-lhe que já não queria falar mal da Igreja católica, que eu pensava bem do Papa, e
que na Igreja católica há santos e gente boa. E isso o zangou.
Ele insistiu, que a Igreja e o Papa são a Rameira das escrituras, que os meus sentimentos
vinham do demónio, que se voltasse ao catolicismo a minha vida seria um desastre em
todos os sentidos. Durante uma semana cada noite a minha companheira tentava
convencer-me; davam-lhe instruções de como convencer-me. Disse-lhe: “sai do meu
quarto que me confundes”. E nesses dias, depois de vários anos, comecei a rezar à
Virgem, a pedir-lhe que me protegesse, porque a minha companheira se punha muito sectária
e tinha medo de que chegasse a bater-me. Disse-me: "quanto chegue ao Peru com a minha
família o do mormonismo vai-se acabar". Já sabia que não poderia encaixar.
De volta a casa: um ano de insistência
No final pagaram-me o voo para o Peru. E fui para a minha casa. Ali os mórmons
enviaram o meu namorado, os amigos, o meu melhor amigo. Eu duvidava. Voltar? Mas
agora eles davam-me medo, não segurança. Já o meu irmão me tinha dito: é uma seita.
Insistiram quase um ano. Mas eu não os recebia, nem ao meu antigo namorado: não
queria recair por amizade. Os meus pais disseram-me: corta com todos eles. Os meus pais
cobraram a força que antes não haviam tido.
Estive um bom tempo isolada em minha casa, só com a Internet, lendo de gente que saía
de seitas. Falei com o pároco da mamã, mas só me disse: “Benvinda, não te sintas mal”. Não
me deu mais formação. Eu necessitava uma atenção especial, acabava de sair de um grupo
muito fechado e intenso.
Os meus pais se estavam convertendo, avivando a sua fé católica nas catequeses do
Caminho Neocatecumenal, mas tampouco eles davam-me respostas. Eu acreditava que a
Igreja católica era verdadeira, e que a evangélica também o era, porque lia muitos
testemunhos de ex-mórmons na Internet que eram evangélicos. Não havia nenhum
“carisma” católico que me limpasse da minha experiência mórmon. Mas os pastores
evangélicos tampouco me inspiravam confiança.
Os que sabiam de seitas
E um dia a minha mãe me deu um folheto sobre seitas dos Apóstolos da Palavra
(www.apostolesdelapalabra.org), um apostolado católico muito baseado na apologética, na
defensa da fé. Procurei a sua morada. “Vivem aqui na esquina”, disseram-me. Cheguei
em bicicleta, e ali estavam as Irmãs dos Apóstolos. A minha história as assombrou. "Nunca
nos havia chegado alguém com esta necessidade. Vem connosco aos sábados”, convidaramme. E fui às suas palestras: entendi o ensinamento católico sobre as imagens, Deus, a
natureza de Cristo, deram-me livros, tudo bem explicado. E agora, quando vinham os
mórmons, já não os evitava: os enfrentava, pegava na Bíblia, os refutava.
Maria e uma vida nova
Hoje, olhando o passado, creio que o que mais me ajudou foi a presença da Virgem
Maria, que reconheci depois. Ao voltar ao catolicismo, vi películas sobre ela, rezei-lhe…
Maria, creio, é o que mais me alegrou recuperar, e ela me atraiu através das suas
imagens.
Publiquei o meu testemunho em algumas webs católicas, e conheci pela Internet quem
hoje é meu esposo. Ele também havia estado próximo dos mórmons por um amigo seu e
a mim me ajudou com argumentos e amizade. Ele é espanhol, de León. Depois de três
anos de namoro "cibernético" casámo-nos em Lima e agora vivemos em Madrid.
Somos catequistas de crianças da Primeira Comunhão na paróquia de San Romualdo. E
lhes damos pequenos ensinamentos de uma fé razoável, para defender a fé da Igreja de
todo o tipo de ataques.
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