breves considerações sobre o contato entre os ceramistas do litoral

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breves considerações sobre o contato entre os ceramistas do litoral
Cuadernos del Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano - Series Especiales
Nº1 (2). AÑO 2013
ISSN 2362-1958
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS CERAMISTAS DO
LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.
Marcus Antonio Schifino Wittmann1
ABSTRACT
This article pretends to make some considerations about the analysis of the phenomena of contact and
the ethnicity of two indigenous groups, the Guarani and the Kaingang, of the north coast of Rio Grande
do Sul, Brazil. In order to do that archaeological, anthropological and historical informations about
those ethnic groups will be considered.
RESUMEN
En este artículo se pretende hacer algunas consideraciones sobre el análisis de los fenómenos de contacto
y la etnicidad de dos grupos indígenas, los Guaraní y los Kaingang, de la costa norte de Río Grande
do Sul, Brasil. Para hacerlo consideraremos informaciones arqueológicas, antropológicas e históricas
acerca de estos grupos étnicos.
INTRODUÇÃO
O padre Jerônimo Rodrigues, quando
passou dois anos entre os Guarani na dita Missão
dos Carijós, definiu o mais famoso dos indígenas
da região como um “grande ladrão, salteador de
brancos, e grande vendedor de seus parentes (...)”
(Rodrigues 1940: 222). É a partir de relatos como
esse que o presente artigo pretende fazer breves
considerações sobre a análise e sobre as fontes que
nos informam a respeito dos fenômenos de contato
decorrente do encontro entre grupos indígenas,
sendo estes os Guarani e os Kaingang, no litoral
norte do estado do Rio Grande do Sul. Porém,
nesse trabalho o foco principal se dará à cultura
Guarani, por ser mais detalhada, homogênea e
numerosa em termos de fontes.
O escopo da pesquisa é a análise do
sistema de trocas e da etnicidade entre grupos
indígenas e entres estes e os europeus, já que
todos os relatos de cronistas foram escritos por
estes últimos, através das informações sobre esses
fatores no registro acerca dos guarani. Para isso
foram selecionados dados de diferentes fontes,
tanto de relatos de missionários e viajantes, quanto
arqueológicas e antropológicas, além do uso de
teorias referentes, principalmente, às duas últimas.
Devemos ressaltar que diferentes campos
discursivos denominam de formas variadas o grupo
indígena comumente conhecido como Guarani. E
é neste ponto que reside nosso grande problema:
De qual forma estudar o contato do “Guarani” com
o “outro”, se a definição do primeiro não é clara?
Para isso, determinamos arbitrariamente o objeto/
sujeito da pesquisa como “os Guarani”, sendo eles
tanto a tradição arqueológica Tupiguarani quanto
as parcialidades etnografadas do tronco-lingüístico
Tupi-Guarani que habitam ou habitavam a área de
estudo, os Carijós e os Arachãs. Quando possível,
ou seja, quando é descrito nas fontes, usamos essa
denominação mais precisa, quando não o é, o
termo genérico “Guarani” foi utilizado.
HISTÓRICO DAS TEORIAS
Um breve histórico de algumas teorias
referentes ao estudo dos fenômenos de contato
e etnicidade na antropologia e na arqueologia
se faz necessário para criarmos um panorama
de como esses fenômenos foram pensados e,
Acadêmico do curso de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, bolsista CNPq/PIBIC
(orientador: Prof. Dr. Klaus Hilbert). Correio eletrônico: [email protected]
1
120
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS...
principalmente, interpretados nos diferentes
registros, especialmente na arqueologia brasileira.
A partir disso definimos o nosso entendimento
desses fenômenos dentro dos diferentes registros
propostos à análise. Assim escolhemos dois
conceitos principais o de etnicidade, para
entendermos como um grupo étnico se identifica
e como seria sua relação com outros grupos, e o
de reciprocidade, abrangendo o escopo da troca de
bens dentro de um mesmo grupo e intergrupal.
No último ano da década de 1960, Fredrik
Barth publica uma obra que mudaria os rumos não
apenas dos estudos sobre etnicidade, mas também
os de antropologia e arqueologia. No livro Grupos
Étnicos e suas Fronteiras “(...) o ponto central da
pesquisa torna-se a fronteira étnica que define o
grupo e não a matéria cultural que ela abrange”
(Barth 1998: 195). Logo a definição de grupo
étnico depende não apenas das diferenças culturais
ou de um sentimento de pertença, mas do próprio
grupo étnico. Ou seja, os integrantes do grupo
definem-se, através de traços (como vestuário,
língua, habitação) e valores fundamentais (padrões
de moralidade e de julgamento), os quais eles
mesmos decidem como relevantes ou não.
Porém é apenas na década de 1990
que Sîan Jones procura interligar o conceito de
etnicidade, como proposto por Fredrik Barth, com
a arqueologia. Na tentativa de responder como se
pode relacionar entidades culturais do passado,
as culturas arqueológicas, com grupos étnicos e
povos do passado e da atualidade (Jones 1997:
106). O método proposto pressupõe um novo
entendimento sobre grupo étnico e etnicidade,
os quais são caracterizados não apenas por uma
identificação mas, também, pela diferença cultural,
a qual pode ser reconhecida na cultura material,
assim o uso tanto de fontes históricas quanto
arqueológicas é defendido pela autora. Uma
tentativa de assimilação desse entendimento mais
amplo de etnicidade na arqueologia brasileira foi
analisada na obra de André Soares (1997), onde
critica a forma “pronapiana”2 de correlacionar
cultura material da tradição Tupiguarani em sítios
Referente ao Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas, o PRONAPA.
2
com ocupação do grupo étnico guarani. O que
levaria a um não entendimento do ñande reko (o
modo de ser guarani), o qual pregava um sistema de
cacicado e cunadazgo a partir da troca de mulheres
e a relação, hostil ou não, com outros grupos, o
que poderia levar a “culturas guaranizadas”.
Em 2008, Diana DiPaolo Loren lança
um trabalho sobre as relações de contato entre os
indígenas norte-americanos, a cultura africana e os
povos europeus nos séculos XVI e XVII (Loren
2008). Apropriando-se de teorias da antropologia,
da arqueologia e da semiótica mostra que a relação
entre identidade e cultura material é complexa e
ambígua, não podendo ser diminuída para um
termo como aculturação, por exemplo, afinal o
uso e a funcionalidade de objetos, não dependendo
de seu material, expressa identidade social em
práticas diárias. O significado dado por um
indígena para uma roupa européia ou um machado
de pedra é diferente daquele dado por um europeu
para os mesmo artefatos em um mesmo contexto
histórico.
O outro conceito chave para a pesquisa
é o de reciprocidade. Proporcionando assim uma
análise social do papel da troca nas sociedades
indígenas e não apenas econômica. Em 1924
Marcel Mauss elabora o conceito de reciprocidade,
nas obras Esboço de uma teoria geral da Magia e
Ensaio sobre a Dádiva (Mauss 2003). Para melhor
entendimento do mesmo é de vital importância
outro conceito, o de fato social total: entendendo
que todo e qualquer fato tem ligações com todos
os fatores da sociedade, seja econômico, político,
ritualístico e social, o fato social total possui um
caráter tridimensional, sendo as três dimensões:
a “sociológica, com seus múltiplos aspectos
sincrônicos; a dimensão histórica ou diacrônica;
e enfim, a dimensão fisio-psicológica” (LéviStrauss 2003: 24). E como esse caráter só ocorre
em indivíduos, Mauss propõe não o estudo da
dádiva ou da magia, mas dos indivíduos que a
efetuam, através da análise de sua sociedade, de
seu contexto histórico e de suas características
culturais.
O conceito de reciprocidade, segundo
Mauss é um atributo essencial para as relações
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humanas nas sociedades não capitalistas3, onde
o “dar” transforma o “receber” num “retribuir”.
Transcendendo o caráter puramente econômico os
bens recebidos e retribuídos não são apenas objetos
físicos, mas também imateriais, como prestígio e
cargos, sendo o papel sociológico o mesmo que o
dos bens materiais (Lévi-Strauss 2003: 34).
Com a definição de reciprocidade outros
pensadores contribuíram para estender seu
alcance. Em 1949 Lévi-Strauss lança As Estruturas
Elementares do Parentesco (Lévi-Strauss 1976),
onde aborda o conceito de reciprocidade de Marcel
Mauss através do estudo do tabu do incesto nas
comunidades indígenas da América do Sul. Assim,
trabalha com “ciclos de reciprocidade”, no qual a
troca de mulheres em um sistema de parentesco
teria uma funcionalidade, assim como a troca de
bens materiais ou imateriais, e a troca de palavras.
Englobando, assim, o social, o econômico, o
ideológico e o comunicacional, constituindo-se
assim num fato social total.
No início da década de 1970 Marshall
Sahlins retoma a discussão proposta por Mauss
e Lévi-Strauss sobre reciprocidade, analisando-o
dentro do sistema social de uma sociedade tribal.
Adiciona assim os conceitos de reciprocidade
generalizada, reciprocidade equilibrada e
reciprocidade negativa (Sahlins 1974). O primeiro
seria como uma “doação”, onde a retribuição não
é obrigatória, podendo ser feita a médio ou longo
prazo. Como uma relação mãe-filho, dentro de
um grupo familiar. Já a reciprocidade equilibrada
se dá dentro da estrutura do grupo, onde o ato de
retribuir deve ser com um bem igual ou superior
ao dado. E a reciprocidade negativa, no âmbito
inter-grupal, pressupõe uma retribuição a baixo do
“valor” dado, ou um roubo, um saque ou até uma
subjugação econômica, política ou cultural.
No campo arqueológico brasileiro
podemos citar as teorias e metodologias da
arqueologia histórico-cultural e da escola
Americana como pontos chave para o entendimento
da interpretação da cultura material dada pelo
Nas sociedades capitalistas ocorrem trocas, vínculos
temporários, diferentemente da reciprocidade que é um
vínculo contínuo.
3
Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas.
Essas teorias defendiam o fator cultural como
passível de evolução ao longo do tempo em um
certo espaço definido, evolução essa caracterizada
pela mudança na cultura material, através de
implementos tecnológicos trazidos pela difusão ou
devido ao ambiente ecológico ao qual os grupos
humanos deveriam se adaptar.
Betty Meggers e Clifford Evans,
coordenadores do PRONAPA, entre outros
arqueólogos brasileiros, organizaram o registro
arqueológico através do método Ford de seriação,
adequando-o ao cenário sul-americano (Meggers
e Evans 1970), no qual encontrariam mudanças
tipológicas nos artefatos de tradições e fases
arqueológicas4 através do tempo, criando assim
um panorama cronológico e de dispersão dessas
tradições arqueológicas no território brasileiro.
No que se refere ao contato entre tradições
esse era analisado, e ainda o é em algumas
pesquisas, através dos artefatos guias de cada
uma, principalmente cerâmica, ou seja, sítios com
cerâmicas de diferentes tradições são considerados
sítios de contato.
É através das teorias de etnicidade
e reciprocidade que pretendemos perceber o
problema do contato entre os ceramistas no litoral
norte do Rio Grande do Sul. Procurando tanto nas
fontes arqueológicas quanto nas históricas dados
relativos à etnicidade desses grupos (na cultura
material, principalmente cerâmica, áreas de
ocupação, habitação, caça, coleta, etc.) e à troca e
relações de contato entre eles (troca de mulheres,
de mercadorias, valores dados aos bens, etc.).
Entendemos que cada cultura, cada indivíduo e
determinados artefatos inseridos em cada contexto
possuem suas especificidades dentro do campo
social, cultural, econômico, político e ideológico.
E que a troca e/ou as relações desses com outras
culturas e outros indivíduos geram mudanças ou
Tradições Arqueológicas eram definidas por meio
de características tipológicas da cultura material
encontrada em certo território e dentro de certo período
cronológico. Essas tradições eram divididas em Fases
Arqueológicas, as quais possuíam modificações
tecnológicas e abrangiam um período cronológico
menor.
4
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BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS...
manutenções nesses campos, através da inserção
de sujeitos, objetos e palavras diferentes, advindas
de cada contexto.
DADOS ARQUEOLÓGICOS
O discurso arqueológico utilizado no
Brasil, proveniente do PRONAPA, utiliza a
nomenclatura de tradições e fases, as quais são
diferenciações dentro de um grande corpo tecnotipológico, regional e cronológico. Uma delas é a
tradição arqueológica Tupiguarani, a qual podemos
caracterizar no Rio Grande do Sul geralmente pela
presença de cerâmica roletada5 com decoração
pintada policrômica (vermelho, preto e/ou branco)
ou decoração plástica corrugada6 (para outros tipos
de decoração ver Brochado e La Salvia 1989).
Outra tradição arqueológica importante em nosso
trabalho é a tradição Taquara, pois há diversos
sítios Tupiguarani com presença desse tipo de
cerâmica. Podemos caracterizá-la pela cerâmica
sem roletes com decoração plástica com marca
de cestaria7, impressão de corda ou ungulada8.
Informação importante para nosso trabalho é a
de que os portadores da tradição arqueológica
Taquara possuem uma continuidade étnica com as
populações indígenas conhecidas como Guaianá
ou Kaingang e os Xokleng (Rogge 2005: 15-16;
Rosa 2007: 48), ou seja, pertencentes à família
lingüística Jê.
Outra diferença substancial entre as duas
tradições sãos suas áreas geográficas de ocorrência.
A cerâmica Guarani é produzida através da técnica
de roletes sobrepostos, a qual pode ser facilmente
reconhecida em fragmentos encontrados nos sítios
arqueológicos.
6
Para usar a definição de Brochado e La Salvia
(1989): “Corrugado, tem como expressão decorativa a
DOBRA – é a ação lateral do dedo sobre a superfície
cerâmica, pressionando uma parte da argila, por arraste,
e formando uma crista de forma semilunar como
resultado do acúmulo da argila arrastada” (Brochado e
La Salvia 1989: 35 [grifo dos autores])
7
A massa de argila era moldada nas cestas de fibra
vegetal, deixando uma decoração característica deste
método.
8
“(...) tem como expressão decorativa a UNGULAÇÃO
– é a ação frontal da unha, na forma de um arco, com
sentido e formato de quem aplica” (Brochado e La
Salvia 1989: 35 [grifo dos autores].
5
A tradição arqueológica Tupiguarani encontra-se
desde o Mato Grosso até as imediações do Rio da
Prata, seguindo sempre um padrão de instalação
amazônico, ou seja, vales quentes e úmidos, perto
de florestas tropicais e subtropicais, e encostas
de planaltos, nunca aparecendo nas serras acima
de 700m (Kern 1994: 104-106). Já a tradição
arqueológica Taquara encontra-se nas áreas mais
altas do planalto, nas florestas de araucária e nos
vales de rios, tendo sazonais presenças nas áreas
litorâneas9 (Kern 1994: 86).
A área de pesquisa abrange uma zona
de fronteira geográfica entre o cordão costeiro e
a encosta da Serra Geral e também uma zona de
fronteira étnica pré-colonial entre o sistema social
ocupacional Guarani e o Kaingang, atestado pelo
registro arqueológico. O de fala Tupi-guarani
ocupando as partes mais baixas das encostas e
os vales dos rios, procurando climas quentes e
úmidos, e os de fala Jê em altitudes maiores, em
zonas de florestas de araucária e em climas mais
frios. Para angariar informações sobre sítios
arqueológicos e a cultura material dos mesmos na
área de estudo os trabalhos utilizados foram o de
Wagner (2004), compilando informações sobre
sítios arqueológicos escavados desde a década
de 1960, e o de Rogge (2005) e Rogge e Schmitz
(2010), com dados de escavações mais recentes.
Temos, assim, um panorama do que foi feito na
arqueologia sul-rio-grandense sobre essas duas
tradições, contendo a descrição da cultura material,
dos sítios arqueológicos e algumas datações.
A cultura material cerâmica encontrada
nesses sítios pode ser da tradição Tupiguarani
e da tradição Taquara. Porém há um outro tipo,
a cerâmica euro-indígena10 (Tochetto 1991).
Esta é descrita como cerâmica Tupiguarani com
implementos da cultura européia, geralmente asas
e alças. Todavia, não há relatos para o litoral de uma
cerâmica híbrida entre os dois grupos indígenas11,
9
Para uma visualização da localização de alguns sítios
dessas tradições no estado do Grande do Sul ver o mapa
confeccionado por Rogge (2005, p. 125).
10
Também conhecida como Neo-brasileira.
11
Pedro Mentz Ribeiro, em sua tese de Doutorado,
analisando os registros arqueológicos do vale do Rio
Pardo, nomeia um tipo de cerâmica como “aculturada”,
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o que nos leva a pensar qual era a relação entre
os portadores dessas duas tradições arqueológicas.
Rogge (2005: 67), ao analisar os sítios do balneário
Quintão, no litoral central do Estado, mostra-nos
que as cerâmicas das duas tradições geralmente
estão presentes e associadas12 em sítios densos,
com espessas lentes de conchas associadas a
fogueiras. Para ele isso poderia ser explicado
através do comércio dos vasilhames cerâmicos
e/ou através da troca de mulheres, gerando uma
integração econômica e cultural (Rogge 2005: 73,
86). Mulheres estas que produziriam, em menor
escala, os seus próprios estilos cerâmicos.
Porém, no que tange as informações sobre
os sítios e suas estruturas notamos que há poucas
informações a respeito disso, devido ao método de
escavação, geralmente em pequenas áreas através
de níveis artificiais de 10cm, mas também pelo
solo arenoso e a ação do vento na região. Assim
os sítios arqueológicos são entendidos apenas
pela seriação da cultura material, deixando de
lado sua dispersão no espaço e estruturas de
casas, de queima, etc. Logo, esses sítios são
denominados através da tradição correspondente
a cultura material encontrada, assim os sítios de
contato são aqueles com artefatos de mais de uma
tradição arqueológica. Uma das únicas exceções
à nomenclatura é a usada por Rogge (2005: 67)
para denominar sítios, geralmente concheiros, no
litoral, como “acampamentos de pesca sazonais”,
que seriam produtos de ocupações pouco intensas
e apenas em períodos específicos, geralmente para
a pesca e coleta de moluscos. Assim dificilmente
conseguimos inserir as informações arqueológicas
desses sítios dentro de modelos teóricos de uma
organização social Guarani, como já propostos
por diferentes autores (Souza 1987, Noelli 1993,
sendo esta uma mistura entre as tradições arqueológicas
Tupiguarani e Taquara (Ribeiro 1991: 319-320). Porém,
se baseia apenas no material usado como antiplástico,
nos parecendo assim um argumento fraco para
evidenciar um hibridismo étnico na cultura material.
12
Soares (1997, p. 172) nos adverte que esses elementos
da cultura material encontrados associados em diversos
sítios podem tanto ser resultado do contato interétnico,
mas também de limitações metodológicas das coletas e
escavações.
Soares 1997).
Em relação à cronologia da ocupação
ceramista na área de estudo foram localizadas
seis datações radiocarbônicas, todas para sítios
Tupiguarani, sendo quatro delas na região de
Osório. O marco temporal se estende de 1016±110
C14 AP (SI-413; Brochado et al. 1969 apud Rogge
2005) à 481±200 C14 AP (SI-410; Brochado 1973
apud. Rogge 2005). Como se vê a cronologia para
a região ainda é limitada, sendo pouco numerosa e
com uma variação nas datações muito grande.
FONTES HISTÓRICAS
Antes de tratarmos propriamente das
fontes históricas escolhidas para a análise devese fazer considerações sobre o método utilizado
para a apreciação das mesmas, já que estas são
documentos históricos passíveis de críticas.
Para isso foi selecionado o método proposto por
Florestan Fernandes (1975) ao analisar os relatos
sobre a guerra na sociedade Tupinambá. Essa obra
é a que traz uma descrição mais sistemática de
como proceder com as fontes históricas, embora
possamos citar obras como a de Heléne Clastres
(2007), sobre o profetismo Tupiguarani, Carlos
Fausto (1992), sobre as características sociais dos
Tupinambá, Meliá et al. (1987) e Meliá (1988),
expondo críticas à alguns relatos sobre a cultura
Guarani, também como parâmetro para análise.
Fernandes (1975) propõe um método que
abrange dois tipos de análise: a quantitativa e a
qualitativa. Na primeira, através da estatística,
procura-se a freqüência e a extensão da variedade
de informações, dentro de uma mesma obra e
em comparação a outras. Logo, pode se notar os
principais interesses dos autores ao escrever o
relato, e procurar fontes que se contradizem ou
se negam. Já na segunda a apreciação se faz dos
conhecimentos etnológicos propriamente ditos.
Analisando a autoridade dos escritores, sabendo
quem eles são, de onde vem, qual o objetivo do
relato, a quem se dirige, onde e em qual situação
estão escrevendo, sobre quem e quando o estão.
A junção dessas duas análises nos propicia uma
visão abrangente dessas fontes, podendo assim
retirar as informações delas com um senso crítico
mais apurado.
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BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS...
As fontes históricas para o litoral norte do
Rio Grande do Sul são escassas. Assim as fontes
aqui analisadas consistirão de dois cronistas: Álvar
Nuñez Cabeza de Vaca (1999) e o Pe. Jerônimo
Rodrigues (1940). Devemos nos atentar a alguns
fatos referentes aos escritos: a localidade da qual
escrevem é diferente, ambos estão no litoral de
Santa Catarina, porém Cabeza de Vaca rumará para
o Paraguai e Rodrigues para a Lagoa dos Patos, no
Rio Grande do Sul; do primeiro para o segundo
relato se passam 62 anos, Cabeza de Vaca escreve
de 1542 a 1543 e Pe. Jerônimo Rodrigues de 1605
a 1607; o primeiro é mandado para a região a
fim de resgatar tropas no Rio da Prata, logo seu
contato com as populações autóctones resumese a conseguir mantimentos e conhecer rotas e
caminhos; já o segundo procura evidenciar ou não
a possibilidade de ser criada uma missão jesuítica
na área, atentando-se a comida proveniente da
região e à hospitalidade e religiosidade dos Carijós.
O livro “Comentários”, que narra o trajeto
a pé das tropas do adelantado Alvar Nuñez Cabeza
de Vaca da ilha de Santa Catarina até a cidade de
Assunção, foi escrito pelo escrivão Pero Hernandez,
o qual narra os acontecimentos de forma factual.
Durante o caminho pelo peabirú13 que ligava o
litoral de Santa Catarina com os Andes, o qual as
tropas de Cabeza de Vaca usaram para chegar ao
Paraguai, entram em contato com diversos grupos
de Guaranis, os quais sempre os recebem com
hospitalidade, levando mantimentos e recebendo
em troca presentes, principalmente roupas. Uma
das principais reivindicações de Alvar Nuñez é
que apenas os mais experientes deveriam entrar em
contato com os indígenas especialmente com os
chefes, os quais recebem a maioria dos presentes,
mantendo assim uma boa relação recíproca entre
eles. Pero Hernandez escreve que a “notícia sobre
esse tratamento corria por toda a parte, de modo
que os índios vinham trazer o que possuíam e eram
pagos por isso” (Cabeza de Vaca 1999: 119), ou
seja, à época parece já haver um sistema social
Guarani na região, pois a comunicação se estende
por diversas aldeias, formando assim um tekoá,
e não há relatos sobre outros grupos étnicos na
13
Caminhos que ligavam as costas atlânticas e pacíficas.
região, o que parece mostrar um domínio político,
econômico e até bélico dos guarani no peabiru que
ligava o litoral de Santa Catarina até o Paraguai.
Já os Guarani, ou Carijós na nomenclatura
usada pelo Pe. Jerônimo Rodrigues, observados
à época deste já haviam sofrido diversas ações
dos brancos em busca de mão de obra indígena
e se mantêm em contato com, no mínimo, dois
diferentes grupos étnicos indígenas: os Arachãs,
que são da família lingüística Tupi-guarani e que
Rodrigues define como parentes dos Carijós; e os
Tapuia, nomenclatura usada tanto pelos Guarani
quanto pelos Tupinambá para definirem outros
grupos, geralmente inimigos. Os primeiros,
segundo Rodrigues, habitavam a região conhecida
hoje como litoral central e sul e tinham muito mais
contato “antigamente” com os Carijós do litoral,
relação essa diminuída pela ação predatória dos
brancos e dos irmãos Tubarão (“Feiticeiros”
carijós com estreitas ligações comerciais com os
europeus), mesmo que este ainda tragam para o
litoral algodão, redes, fios, arcos, flechas e tipóias
(Rodrigues 1940: 229-230). O padre não define
que tipo de relação há entre eles, se essa ação dos
Arachãs de levar esse material para o litoral é uma
doação, já que afirma que a população litorânea
é “muito pobre”, ou uma troca, embora, pela
continuidade do relato pareça ser uma relação
recíproca, pois cita “contas” (conchas) que eles
buscam ao longo da costa e que seriam muito
valiosas para os Arachãs, e com as quais os Carijós
conseguem o que querem destes. Já os Tapuias
ficam de 9 a 10 léguas de distância da localidade
dos Carijós, não especificando a direção. Com
estes há um confronto em parte de “saltos”
mensais, nos quais há a troca de bens, e em parte
belicosos, para matarem e capturarem este para os
rituais antropofágicos (Rodrigues 1940:236). Os
Tapuia não entram na troca de parentes e pessoas
feitas com os brancos, preferindo os Carijós os
sacrificarem a os usarem no câmbio nos navios
europeus.
É a partir dessas informações e as relações
de trocas descritas que podemos inferir sobre o
contato entre grupos indígenas no litoral norte
do Rio Grande do Sul, por exemplo: no relato da
missão dos Carijós o Padre Jerônimo Rodrigues
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escreve sobre o feiticeiro de nome Tubarão:
“Este índio é o afamado Tubarão,
o qual não é principal, nem tem gente, mas
tem grande fama entres estes [os Carijós]
por ser feiticeiro e ter três ou quatro
irmãos, todos feiticeiros, e todos eles são
grandíssimos tiranos e vendedores, e de
quem os brancos fazem muito caso, porque
estes lhe enchem os navios de peças (...)”
(Rodrigues 1940: 222).
O prestígio dele pode ser visto através dos
objetos que possuía. Segundo Rodrigues, as trocas
de parentes ou pessoas que fazia com os brancos
rendiam “roupetas e calções de damasco, raxetas,
meias de agulha, camisas, chapéus forrados, anéis,
cadeias de tiracolo de alquimia e todo gênero de
ferramentas, contarias e resgates” (Rodrigues
1940: 243). A maioria desses bens eram peças de
vestimentas, as quais esse indígena usava, e com as
quais angariava prestígio frente aos colonizadores.
O uso de roupas ocidentais pelos indígenas
não é necessariamente um traço de aculturação,
mas sim de transformar o não-familiar em familiar
(Loren 2008), transformando assim seu significado
e até seu uso. Segundo Egon Schaden: Para él [o
Guarani] las ropas de tipo europeo se hicieron tan
necesarias como lo son para nosotros. No tanto
por serviles de protección contra el frío y la lluvia,
pues el rigor de la temperatura no les preocupa de
forma tan manifiesta, sino porque sus relaciones
con gente extraña exigen que el indio se presente
vestido (…) Vistiéndose a la europea, el Guaraní
tiene la aparencia de civilizado; evita así críticas y
burlas, y más fácil es conservar valores culturales
a las que de manera alguna quiere renunciar
(Schaden 1998: 47).
Os relatos etnográficos mais atuais trazem
algumas informações sobre relações culturais entre
os dois troncos lingüísticos, a saber: Nimuendaju
(1987: 28) relata a tolerância religiosa14 Guarani
frente ao sistema de crenças Kaingang. Wagley e
Galvão (1946) ao analisarem o parentesco Tupiguarani em diversos grupos, afirmam que nos
Tapirapé do Brasil central há influência de grupos
Jê ou Bororo. Salzano et al (1997) através de
análise genética entre os Guarani e os Kaingang
atuais de seis localidades no Rio Grande do Sul e
em Santa Catarina afirma que a distância genética
entre eles é muito grande. Seriam prezadas relações
intra-populacional e não inter-tribais nesses
grupos, porém, em trabalho posterior (Salzano
2009) afirma que o grupo Tupi-Guarani Aché,
do Paraguai, possui entre 35%-40% de herança
gênica Jê. Valéria Assis (2006) demonstra que o
aprendizado da técnica do trançado Mbýa pelos
Kaingang não consiste em uma mera cópia, porém
que pequenas diferenças no estilo tecnológico
permitem distinguir etnicamente os grupos; além
disso, relata a disputa entre eles pelo espaço para
venda de artesanatos no Brique da Redenção de
Porto Alegre. Maria Cristina dos Santos (2009),
em trabalho sobre uma reserva indígena onde os
Guarani e Kaingang residem, afirma que há uma
relação de respeito pelas tradições e costumes
de cada grupo, mas também um sentimento de
desprezo e desconsideração de um para com o
outro.
CONCLUSÃO
A análise das formas e técnicas na
manufatura de peças cerâmicas poderia evidenciar
algum tipo de contato e troca de modo de fazer
(Monticelli 2007: 113), assim como o estudo dos
diferentes anti-plásticos para cada função e forma
cerâmica produzida pelos Guarani (Neumann
2008) além disso a maior recorrência da decoração
pintada se dá quando há necessidade de afirmar
fronteiras territoriais e culturais, como é o caso
do sul do Brasil (Prous 2011: 54). Infelizmente,
não há um estudo aprofundado sobre as coleções
cerâmicas do litoral norte do Rio Grande do Sul.
Os sítios aqui registrados por meio dos trabalhos de
Wagner (2004), Rogge (2005) e Rogge e Schmitz
(2010) possuem pouco além da quantificação dos
fragmentos cerâmicos, a reconstituição de alguns
vasilhames e as dimensões dos sítios. Porém, a
falta de uma cerâmica híbrida15 entre as tradições
14
“(...) a estória deve ter seu fundamento” teria dito
um pajé sobre a mitologia Kaingang (NIMUENDAJU,
1987, p. 28).
15
Esse conceito é um tanto quanto problemático. As
características que poderiam evidenciar mistura de
126
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS...
arqueológicas Tupiguarani e Taquara (Rogge 2005,
p. 36) na região poderia ser interpretada como um
tipo de resistência étnica, afinal maior recorrência
de decoração pintada nos vasilhames se dá quando
há necessidade de afirmar fronteiras territoriais
e culturais, como é o caso do sul do Brasil
(Prous 2011: 54). Trocas recíprocas e relações
de parentesco entre esses grupos não gerou uma
modificação no modo de representar esteticamente
as vasilhas cerâmicas. Embora as técnicas usadas
pelas oleiras Guarani sejam bastante estudadas, o
mesmo não ocorre no referente às oleiras Kaingang.
Talvez um estudo relacionando as decorações
plásticas e a cosmologia desse povo pudesse trazer
novas evidências que corroborassem a análise.
As relações de contato inter-étnico,
principalmente no período pré-colonial, são
de difícil interpretação, seja pelas fontes
arqueológicas ou históricas. Porém pode-se deduzir
algumas informações através da crítica a ambos
os registros, e utilizando métodos alternativos
aos utilizados anteriormente. Levando em conta
os processos deposicionais e pós-deposicionais
que podem ocorrer nos sítios arqueológicos,
além de uma análise mais intensa da dispersão da
cultura material e de estruturas de atividade, o que
demanda escavações em áreas maiores; análise
da cultura material através de análises químicas
determinando sua procedência; da disseminação
destes sítios na região, além de um maior número
de datações, poderíamos entender o papel desses
sítios em um sistema social Guarani, seja baseado
no campo da ecologia ou do político-econômico.
Tal empreitada fica como objetivo para pesquisas
futuras dentro dessa problemática.
Grande do Sul, Porto Alegre.
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