GenARE - Relatório Final - Green Islands

Transcrição

GenARE - Relatório Final - Green Islands
 GenERATIONS OF AZOREANS
AND RENEWABLE ENERGY
A COMPARATIVE STUDY
RELATÓRIO FINAL
Dezembro 2011
Rosa Neves Simas (Coord.)
Licínio Vicente Tomás
Margarida Damião Serpa
Carlos João Gomes
Ana Moura Arroz
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“Não herdamos a Terra dos nossos antepassados;
tomamo-la de empréstimo aos nossos filhos.”
“We do not inherit the Earth from our ancestors;
we borrow it from our children.”
(Unknown)
Project: Generations of Azoreans and Renewable Energy
2
Índice
Página
SINÓPSE DO RELATÓRIO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
1. INTRODUÇÃO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
2. OBJECTIVOS_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
3. METODOLOGIA _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4. REALIZAÇÃO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
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FASE DE INQUÉRITO:
4.1. ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.1.1. Material Informativo _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.1.2. Selecção das Famílias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.1.3. Guião das Entrevistas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.1.4. Entrevistas às Famílias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.1.5. Transcrição e Análise das Entrevistas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.2. INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.2.1. Elaboração do Questionário _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.2.2. Definição da Amostragem _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.2.3. Administração do Questionário _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.2.4. Elaboração da Base de Dados _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.2.5. Processamento da Informação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
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FASE DE INTERVENÇÃO:
4.3. INQUÉRITO FACE À INTERVENÇÃO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.3.1. Concurso Geração Verde _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.3.2. Parcerias com Empresas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.3.3. Realização do Concurso Geração Verde _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.3.4. Entrega dos Prémios Geração Verde _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
4.3.5. Balanço Final da Intervenção _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
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5. RESULTADOS FINAIS _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
5.1. Energia Renovável no Contexto Global de Ilhas _ _ _ _
5.1.1. Ambiente e Energia nos Problemas Actuais _ _ _ _
5.1.2. Conceito de Natureza e a Escala NEP _ _ _ _ _ _ _
5.2. Consumo Energético numa Dinâmica Geracional _ _ _ _
5.2.1. Práticas de Consumo Energético _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
5.2.2. Informação e Conhecimento sobre Energia _ _ _ _
5.2.3. Responsabilização e Cidadania Ambiental _ _ _ _ _
5.2.4. Impacto Geracional no Consumo Energético _ _ _
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LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1 0 7
BIBLIOGRAFIA _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 112
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SINÓPSE DO RELATÓRIO
Como parte do Projecto Green Islands, que visa estudar e promover a
poupança e o uso das energias renováveis nos Açores, o Projecto GenARE
(Generations of Azoreans and Renewable Energy) foi pensado numa
conjuntura que combina a dimensão espacial e a dimensão temporal –
espacial, porque é um projecto situado no arquipélago dos Açores, um
laboratório natural isolado durante séculos mas hoje plenamente inserido
nas tendências da cultura ocidental, e temporal, porque essa situação
geográfica resulta num espécie de palimpsesto que conjuga três gerações
– a geração mais velha (“avós”) que se lembra perfeitamente de crescer e
viver sem electricidade; a geração intermédia (“pais”) que viveu a
transição para o uso pleno da electricidade; e a geração jovem (“filhos”)
que não concebe viver sem estar ligada à panóplia de aparelhos eléctricos
e electrónicos que fazem parte do mundo contemporâneo.
Inserido como está na realidade açoriana, o Projecto GenARE baseia-se,
primeiro, na Fase de Inquérito, através de Entrevistas a Famílias e
Inquérito por Questionário, às perspectivas, ideias e práticas destas três
gerações em relação às questões energéticas. Os resultados deste
Inquérito levam à Fase de Intervenção, que tem como objectivo a
maior aderência e participação da população na poupança energética e no
uso das energias renováveis na Região dos Açores. Esta acção concentrase, numa dinâmica geracional, na realização do Concurso Geração Verde.
Este Relatório Final apresenta os resultados da Fase de Inquérito. Muito
resumidamente, os dados colhidos indicam que as questões ambientais e
energéticas têm uma expressão mínima no quadro dos problemas actuais
apontados pelas três gerações, indicando que qualquer iniciativa ou
campanha para promover a eficiência energética deve sublinhar a
poupança, na factura mensal e no uso diário. A tendência generalizada
entre as gerações de assumir posições mais amigas do ambiente e da
natureza aponta para o abrandamento gradual da posição antropocêntrica
que tem dominado a cosmovisão do povo açoriano ao longo do tempo.
Dado que persiste a noção de que os Açores são uma região “protegida”
dos problemas ambientais, iniciativas sobre a eficiência energética devem
sublinhar a perspectiva ecocêntrica, ajudando a população a perceber a
dinâmica dos ecosistemas e do planeta terra no seu todo. Sendo as
práticas ligadas à micro-produção de energia quase inexistentes entre a
população, este é claramente um sector promissor para as empresas do
ramo. A geração jovem é considerada mais informada e preparada para
resolver as questões ambientais e energéticas, levando as pessoas a
expressar um certo optimismo em relação à futura resolução dos
mesmos. No seu todo, estes resultados apontam para as vantagens da
adopção de uma dinâmica geracional dos mais jovens partilharem os seus
conhecimentos com as gerações mais velhas, e para a existência de
esperança e confiança nas novas tecnologias e modos de vida.
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1. INTRODUCÃO
Apesar de a investigação relacionada com as ciências naturais e o
desenvolvimento tecnológico ser essencial ao Projecto Green Islands,
também merece especial atenção a dimensão sociocultural, para que se
consiga a envolvência da população dos Açores e se atinja o impacto
desejado na sociedade e economia. Dada a ligação intrínseca entre o
meio físico (e a sua degradação) e o desenvolvimento da cultura humana
no planeta, qualquer projecto dedicado às questões ambientais é hoje
chamado a admitir “the fundamental premise that human culture is
connected to the physical world, affecting it and affected by it.”1
Por isso, investigação sobre energia e desenvolvimento sustentável tem o
dever de ser interdisciplinar. Pensando bem, as preocupações ecológicas
da actualidade são, em primeiro lugar, uma manifestação de valores
culturais, locais e globais, que as sociedades defendem, pretendendo que
as questões sejam resolvidas, em princípio e na prática. Como tal, o
ambiente natural é hoje visto como um legado comum da humanidade
que une os saberes e as ciências e passa de geração em geração.
Numa perspectiva das ciências naturais, a configuração geográfica do
arquipélago dos Açores aparece como um laboratório natural e
privilegiado de investigação científica. Todavia, esta visão sobre a
realidade açoriana é parcial e limitada. De facto, estas mesmas ilhas
podem ser vistas, naturalmente, como um laboratório sociocultural dado
que, através da sua história, os Açores estiveram, até há poucas décadas,
à margem dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos que foram
moldando a civilização ocidental ao longo do tempo. Como resultado, a
população açoriana actual é constituída pelas seguintes gerações:
۞ uma geração mais velha (avós) que se lembra bem da experiência
de viver sem electricidade e da adaptação a esta nova realidade.
۞ uma geração intermédia (pais) que se formou à luz das alterações
sociais e tecnológicas introduzidas pela adopção da electricidade e que
presenciou a subsequente adopção da energia eléctrica pela população.
۞ uma geração mais jovem (filhos) que considera todo o equipamento
e parafernália ligados à energia eléctrica como absolutamente normal e
essencial ou, nas palavras de alguns jovens, “a minha vida pára”.
1
Glotfelty, Cheryll and Fromm, Harold (1996). The Ecocriticism Reader: Landmarks in
Literary Ecology. Athens and London: University of Georgia Press: xix.
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A justaposição de experiências de vida tão diversas, mas também
coincidentes, faz da sociedade açoriana um campo especialmente fértil
para pesquisar, numa altura em que as questões ambientais estão cada
vez mais na ordem do dia. Em termos sociológicos, o Project GenARE foi
concebido para estudar e comparar as variáveis e o impacto, na
sociedade açoriana, de duas perspectivas sobre o Ambiente: uma visão
tradicional baseada no antropocentrismo, que coloca o ser humano no
“center of value or meaning” e os recursos naturais ao serviço da
humanidade, e que está profundamente enraizada no mundo ocidental,
em oposição à recente postura ecológica alicerçada no que se poderá
chamar biocentrismo, ou seja, “the conviction that humans are neither
better nor worse than other creatures (animals, plants, bacteria, rocks,
rivers) but simply equal to everything else in the natural world.”2
Pensando bem, a transição entre uma e outra constitui uma alteração
paradigmática de dimensões apreciáveis, que tem sido transmitida à
população em geral através dos media e às camadas mais jovens
através do ensino. O estudo destas questões no contexto açoriano faz
falta – e, por isso, faz parte integrante do Projecto GenARE.
Ao longo dos séculos, a sobrevivência da população dos Açores tem
dependido dos fenómenos e recursos naturais – o clima, a terra, o mar.
Neste contexto, as gerações que se seguiram ao povoamento inicial
desenvolveram uma relação de grande proximidade com a Natureza
que perdura nos nossos dias. Efectivamente, a crescente exposição aos
fenómenos da contemporaneidade e às questões ambientais começa
apenas há uma geração, o que significa que a sociedade açoriana
continua a ser predominantemente rural e enraizada no cultivo da terra,
privilegiando a sobrevivência humana e o domínio sobre a Natureza.
Simultaneamente, a religião dominante do povo açoriano foi e continua a
ser o Cristianismo, e o texto basilar da tradição judaico-cristã, a Bíblia,
diz logo no início, no Livro de Génesis: “So God created man in his own
image … And God blessed them and said unto them: Be fruitful and
multiply, replenish the earth and subdue it, and have dominion over the
fish of the sea, and over the fowl of the air, and over every living thing
that moveth upon the earth…And God said: Behold; I have given you
every herb bearing seed, which is upon the face of the earth, and every
tree, in which is the fruit of a tree yielding seed; to you it shall be for
meat.”3 À luz de um discurso desta natureza, o Cristianismo tem sido
visto como uma religião de cariz antropocêntrico, que “not only
established a dualism of man and nature, but also insisted that it is God’s
will that man exploit nature for his proper ends”.4
2
Campbell, Sue Ellen, “The Land and Language of Desire: Where Deep Ecology and
Post-Structuralism Meet” in Western American Literature (Nov. 1999): 199-211: 208.
3
Genesis: The First Book of Moses, Verses 27-30, taken from The Dartmouth Bible: An
Annotated Version of the King James Bible. Boston: Houghton Mifflin Company, 1950.
4
White, Lynn, “The Historical Roots of Our Ecological Crisis” in Science (10 March 1967): 1203-7.
6
2. OBJECTIVOS
Neste contexto sociocultural, o GenARE associa a componente humana
aos outros componentes do Projecto Green Islands, apresentando:
1) um estudo comparativo das perspectivas de três gerações de
açorianos sobre as questões ambientais e as energias renováveis
2) uma fase de intervenção para promover o conhecimento e
envolvimento da população dos Açores, num esforço concertado para
contribuir para a dinâmica do Green Islands.
Na vida das gerações, os valores vão mudando, em sintonia com as
práticas correntes e os constrangimentos históricos que caracterizam
cada geração.5 Como tal, o desenvolvimento sustentável é uma questão
geracional, moldada pelo entendimento que cada pessoa tem do
presente, em relação ao futuro. À luz desta dinâmica sociocultural, o
Projecto GenARE pretende indicar os níveis de sensibilização social e
cidadania ambiental da população açoriana, especialmente no âmbito das
energias e da crescente atenção dada ao bem-estar ambiental, uma
preocupação que nem ocorria às gerações passadas. O GenARE pretende:
۞ Caracterizar os valores e atitudes de três gerações de açorianos face ao
ambiente e às energias alternativas, no contexto dos problemas actuais,
focando o balanço que os intervenientes fazem da situação actual, das
projecções para o futuro e da sua receptividade à alteração de práticas.
۞ Comparar o ponto de vista de diferentes gerações de açorianos vivendo
nas diversas localidades e ilhas do arquipélago, em termos dos seus
consumos energéticos habituais, suas rotinas e necessidades diárias, e
suas percepções de obstáculos ao uso de energias sustentáveis.
۞ Coligir e analisar a linguagem utilizada pela população para transmitir a
sua postura, pessoal e colectiva, face à realidade ambiental e às
exigências energéticas da actualidade, tendo em conta o papel da língua
na tomada de decisões e no comportamento humano.
۞ Contribuir para a consciencialização da população e a mudança de
atitudes / práticas no que concerne os custos / benefícios das fontes
renováveis no contexto local e global, à luz do dictum / ditado popular:
“Think globally, but act locally.”6
5
Attias-Donfut, Claudine (1988). Sociologie des Générations: L’empreinte du temps.
Paris: PUF.
6
Levitt, Theodor in David Lands (1999) Mondialisation and Global Culture, Lisboa: FCG.
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3. METODOLOGIA
Estudos de cariz sociocultural devem ser alicerçados em metodologias e
práticas de investigação rigorosas e coerentes. Num esforço para garantir
o rigor máximo e uma margem de erro mínima, a Equipa GenARE dotou o
Projecto com vários instrumentos diagnósticos e etapas de investigação e
intervenção, que passamos a descrever em detalhe:
1) Fase de Inquérito – abrange a recolha e análise de informação
através de a) entrevistas em profundidade a três gerações de famílias
nas quarto ilhas em estudo, e b) questionário a administrar entre um
segmento alargado da população.
2) Fase de Intervenção – baseia-se na intervenção junto da população
do arquipélago através da sua participação no Concurso Geração Verde,
realizado em pareceria com empresas locais do ramo.
Na Fase de Inquérito, o Projecto GenARE decorre em 4 ilhas dos Açores:
São Miguel (3 localidades), Terceira (2 localidades), Santa Maria (1
localidade) e Pico (1 localidade). A selecção destas 4 ilhas, num contexto
de nove ilhas totais, resultou da análise das características gerais de todas
as ilhas do arquipélago no contexto das fontes energéticas, actualmente
em uso e em desenvolvimento, e da vivência que tipifica as variadas
zonas de cada ilha. Este processo resultou na escolha de: Santa Maria,
onde o recurso à energia eólica já é apreciável; São Miguel, que beneficia
de uma variedade de fontes energéticas: geotérmica e hídrica (Ribeira
Grande), uma combinação de fontes convencionais, eólica e hídrica
(Nordeste) e biomassa (Lagoa); Terceira, que conjuga a energia
convencional e eólica com projectos experimentais (Angra e Praia); e Pico,
onde a dependência se baseia na energia convencional, com um pouco de
eólica e uma experiência conturbada desenvolvida para capturar a energia
das vagas do mar.
No contexto dos grandes desafios ambientais que a humanidade enfrenta
actualmente, as energias sustentáveis têm merecido destaque entre as
possibilidades mais promissoras de solução. Contudo, é demasiadamente
fácil assumir, erradamente, que as pessoas têm a mesma percepção e
entendimento da questão, e que a informação está a ser transmitida de
uma forma homogénea e equitativa. Cientes destes equívocos, os
elementos da Equipa GenARE prosseguem com o seu trabalho, adoptando
métodos de análise e intervenção alicerçados na produção científica e na
acção concertada que o tema merece. Como tal, este é um esforço que
visa: 1) diagnosticar os conhecimentos e pareceres que as gerações têm
do assunto, e 2) intervir na criação e implementação de estratégias de
sensibilização baseadas nas dinâmicas geracionais.
8
4. REALIZAÇÃO
FASE DE INQUÉRITO
4.1. ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE
4.1.1. Material Informativo
A Equipa GenARE iniciou os seus trabalhos com a consulta bibliográfica do
vasto leque de literatura pertinente ao projecto, tarefa que continua,
necessariamente, e que irá acompanhar todo o projecto, como é óbvio.
Tendo em conta a importância da componente humana para o Projecto
GenARE, a equipa deu logo atenção à elaboração de material informativo
para ser distribuído entre as pessoas contactadas. Este esforço resultou
num poster e panfleto que dão a conhecer o modus operandi e os
objectives do Project junto da população. Paralelamente, foi criado um
logo GenARE, conforme vem ilustrado abaixo e incluído nos anexos deste
Relatório Anual. (Attachments 1 e 2)
POSTER GenARE: Attachment 1
LOGO GenARE:
PANFLETO GenARE: Attachment 2
4.1.2. Selecção das Famílias
A selecção das famílias a entrevistar em cada ilha e localidade dependeu
de contactos feitos com as forces vivas (padres, professores/as,
assistentes sócias, e líderes comunitários) e com entidades (Câmaras
Municipais, Juntas de Freguesia e associações locais). A Equipa GenARE,
tendo em consideração a dimensão geográfica e populacional das quarto
ilhas em estudo, a relação meio urbano e rural das localidades, e a
diversidade de fontes energéticas, convencionais e alternativas, nessas
ilhas e localidades, seleccionou as 14 famílias a entrevistar: 2 famílias em
Santa Maria, 6 em São Miguel, 4 na Terceira e 2 no Pico. As três
gerações de cada família resulta em 14 indivíduos de cada geração (i.e.,
14 avós, 14 pais e 14 filhos), o que dá um total de 42 pessoas a serem
entrevistadas nesta fase do projecto, como vem indicado a seguir, no
Quadro Selecção das Famílias:
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Quadro Selecção das Famílias
Santa
Maria
São
Miguel
Terceira
Pico
Total
Localidades
1
3
2
1
7
Famílias
6
x
3
4
x
3
2
x
3
14
Gerações por Famlia
2
x
3
x
_3_
Total Participantes
6
18
12
6
42
Ilhas dos Açores
4.1.3. Guião de Entrevistas
A preparação para as Entrevistas às Famílias também incluiu a elaboração
de um Guião de Entrevistas que abrange as questões pertinentes para o
estudo em curso. Após ponderação cuidada, a Equipa GenARE seleccionou
e preparou as seguintes áreas e tópicos de inquérito: O Ambiente e a
Natureza no Quadro dos Problemas Actuais; Conceitos e Perspectivas
sobre a Natureza; O Papel e o Impacto das Gerações; Responsabilização
pela Resolução dos Problemas Ambientais; Informação sobre o Consumo e
a Eficiência Energética; Conhecimento de Práticas de Sustentabilidade;
Fontes de Informação e Confiança; Consumo Energético na Família;
Disponibilidade para Reorientar o Comportamento; e Sugestões para
Reduzir o Impacto Ambiental e Consumo Energético. Os subtemas destas
grandes questões estão enquadrados nas perguntas que constituem o
referido instrumento de inquérito construído pela Equipa GenARE, o Guião
de Entrevistas. (Attachment 3)
GUIÃO DE ENTREVISTAS GenARE: Attachment 3
4.1.4. Entrevistas às Famílias
Esta etapa do Projecto, que se realizou nas 7 localidades escolhidas e
situadas nas 4 ilhas em estudo (Santa Maria, São Miguel, Terceira e Pico),
fundamentou-se na recolha qualitativa de 42 entrevistas em profundidade.
Para melhor se familiarizar com as respectivas localidades e realidades, os
membros da Equipa GenARE repartiram a responsabilidade e procederam
às respectivas entrevistas em profundidade, tarefa que teve sempre em
conta as três gerações de cada uma das 14 famílias, como vem indicado
na Lista de Famílias. (Attachment 4)
LISTA DAS FAMÍLIAS GenARE: Attachment 4
10
4.1.5. Transcrição e Análise das Entrevistas
O GenARE Research Assistant, Nelson Farinha, desempenhou a exigente
tarefa que resultou na transcrição das Entrevistas às Famílias. Todavia,
das 42 entrevistas feitas, problemas foram detectados nas gravações de
uma das famílias do Pico, a última da Lista de Famílias GenARE. Foram
feitos todos os esforços possíveis para recuperar as mesmas com diverso
equipamento áudio, mas os técnicos da RDP-Açores, a quem recorremos,
atribuíram o problema à interferência de algum telemóvel e não
conseguiram a dita recuperação. Deliberou-se, no entanto, que a falta da
informação contida nessas entrevistas não iria prejudicar o Projecto e que
os dados contidos nas 39 restantes entrevistas eram suficientes para
assegurar esta fase do estudo.
A Equipa GenARE empenhou-se em analisar cuidadosamente os dados
reunidos nas 39 entrevistas transcritas. No entanto, o andamento deste
trabalho, moroso de si, foi prejudicado pelo anúncio inesperado do
Research Assistant Nelson Farinha, que informou a equipa no fim de
Novembro 2010 que iria abandonar o Projecto, alegando questões
pessoais. Apesar deste imprevisto, a Equipa GenARE esforçou-se para
prosseguir com a aplicação do Modelo de Análise (Attachment 5) e
elaborar os resultados, incluindo a Síntese dos Resultados (Attachment
6), apresentados detalhadamente no Relatório Anual de Janeiro 2011.
MODELO DE ANÁLISE GenARE: Attachment 5
SÍNTESE RESULTADOS ENTREVISTAS: Attachment 6
A Equipa GenARE resolveu não preencher a vaga de Research Assistant,
tendo executado as tarefas necessárias à realização do Questionário,
através de a contratação da NORMA-Açores, para aplicar o mesmo, e de
duas tarefeiras para introduzir os dados, como vem à frente explicado:
4.2. INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO
4.2.1. Elaboração do Questionário
A elaboração do Questionário GenARE acompanhou de perto os resultados
obtidos nas entrevistas às famílias. Ao envolver uma amostragem
representativa e mais alargada em cada uma das ilhas, esta etapa da
Fase de Inquérito garante uma margem de erro mínima, e um grau de
confiança de 95%. (Attachment 7)
QUESTIONÁRIO GenARE: Attachment 7
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4.2.2. Definição da Amostragem
A definição da amostragem da população para a efectiva aplicação do
Questionário GenARE foi elaborada por Licínio Tomás, membro da Equipa
mais conhecedor do estudo das gerações. Tendo em conta o universo
populacional das quatro ilhas em estudo, este investigador sintetiza os
seus resultados desta forma: “Para um Universo populacional de 59 535
indivíduos abrangidos, com mais de 10 anos de idade, o tamanho da
amostra resultante no conjunto das freguesias escolhidas é de 1129. Num
intervalo de confiança a 95% ( ou seja, significância de .05), o erro médio
máximo associado aos resultados deste nível amostral é de 3,23%” como
vem indicado no documento Amostragem GenARE (Attachment 8). Ao
mesmo tempo, Licínio Tomás elaborou o quadro das Quotas referentes às
Freguesias em estudo (Attachment 9).
AMOSTRAGEM GenARE: Attachment 8
QUOTAS FREGUESIAS GenARE: Attachment 9
4.2.3. Administração do Questionário
Tendo o universo populacional definido, a Equipa GenARE fez todos os
esforços, junta da Administração da Universidade dos Açores, para se
proceder à selecção e subsequente contratação de uma empresa do ramo
para efectuar a administração do Questionário GenARE à amostragem
definida, tendo sido convidada para o efeito a empresa Norma-Açores.
Seguem em anexo os documentos referentes ao Caderno de Encargos
(Attachment 10) e ao Convite proposto pela Universidade dos Açores
(Attachment 11) para a realização do mesmo. Em várias reuniões com o
director da Norma-Açores, foram definidos e acordados os elementos a
ter em conta aquando da aplicação do questionário a um universo total de
1129 indivíduos das três gerações residentes nas quatro ilhas em estudo.
CADERNO DE ENCARGOS: Attachment 10
CONVITE DA ADMINISTRAÇÃO: Attachment 11
4.2.4. Elaboração da Base de Dados
Estando a decorrer a aplicação do Questionário pela Norma-Açores, a
Equipa construiu a Base de Dados do estudo em curso.
4.2.5. Processamento da Informação
Para efectuar o processamento da informação contida nos questionários,
duas tarefeiras foram contratadas. Lúcia Pacheco e Marisa Vale dividiram
os 1129 questionários e procederam à introdução dos resultados na Base
de Dados GenARE, um processo moroso que se prolongou até Setembro
12
deste ano e que obrigou aos necessários ajustes na Base de Dados. Logo
que a introdução dos resultados ficou completa, a Equipa debruçou-se
sobre a análise dos mesmos, à luz da subsequente realização da Fase de
Intervenção e da elaboração do presente Relatório Final.
FASE DE INTERVENÇÃO
4.3. INQUÉRITO FACE À INTERVENÇÃO
Tendo completado a Fase de Inquérito, a Equipa GenARE procedeu à
análise global dos resultados, apresentados em pormenor na segunda
parte deste Relatório Final, face à elaboração de ideias para a Fase de
Intervenção. Em jeito de brainstorming, foram pensadas e debatidas as
ideias e possíveis estratégias, metas, parcerias e actividades a efectuar
(Attachment 12). No entanto, a grande questão a ponderar prendeu-se
com o tempo, que parecia escasso para a variedade de estratagemas
pensados. Por isso, a Equipa decidiu concentrar-se na realização de uma
grande iniciativa que tivesse por base a dinâmica geracional do projecto.
Tendo em conta que a Fase de Intervenção deverá abranger as 9 ilhas do
arquipélago, num esforço concertado para promover uma mais eficaz
sensibilização e mobilização da população açoriana, a Equipa escolheu a
proposta que visa a realização de um concurso para promover a poupança
energética e o uso das energias alternativas, dando a essa iniciativa o
nome Concurso Geração Verde.
IDEIAS PARA INTERVENÇÃO GenARE: Attachment 12
4.3.1. Concurso Geração Verde
Com a iniciativa do Concurso, a Equipa GenARE pretende promover uma
dinâmica geracional efectiva na sociedade açoriana, em geral, e no seio
das famílias, em particular, através da candidatura de agregados
familiares, de duas ou mais gerações, das suas poupanças energéticas. O
Concurso Geração Verde é uma campanha para incentivar e promover a
adopção de atitudes, estratégias, e comportamentos ecologicamente mais
sustentáveis. Pretende-se desafiar as famílias a repensar os seus hábitos
de consumo energético e premiar aquelas que, ao conciliar usos e
costumes de diferentes gerações, num esforço conjunto, consigam reduzir
o consumo de energia eléctrica na sua habitação. Os detalhes desta
iniciativa compõem o Regulamento do Concurso (Attachment 13).
REGULAMENTO CONCURSO: Attachment 13
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4.3.2. Parcerias com Empresas
Cedo a Equipa GenARE percebeu que qualquer intervenção efectiva para
promover a eficiência energética, junto da sociedade, teria forçosamente
contar com as empresas locais do ramo. São estas que têm a experiência
e o know-how, e são estas que estão apostadas na evolução e aplicação
dos equipamentos e das tecnologias disponíveis hoje. Estas não podem
ser, como tantas vezes são, esquecidas ou mesmo excluídas no âmbito
dos projectos de investigação. Por isto, a iniciativa de contactar as
empresas locais, para propor parcerias no âmbito do Projecto GenARE e
do Concurso Geração Verde, afigura-se como um passo basilar na cabal
execução do projecto, apontando para o êxito e esmero que se pretende.
De facto, nas várias reuniões realizadas, todas as empresas contactadas
mostraram-se bastante sensíveis e receptíveis à Proposta da Parceria.
Tendo recebido resposta afirmativa à nossa Carta propondo uma Parceria
(Attachment 14), contamos com o apoio e a colaboração de, por ordem
alfabética, Atlantigás, Disrego, EDA, GO4theGLOBE, NextEnergy e RIAC.
CARTA PARCERIA GenARE: Attachment 14
4.3.3. Realização do Concurso Geração Verde
Tendo sido impossível completar a Fase de Inquérito antes do final deste
ano de 2011, a Equipa GenARE vê-se obrigada a concentrar a Fase de
Inquérito na realização do Concurso Geração Verde, solicitando a
prorrogação do tempo de Projecto GenARE até Junho de 2012. Tendo
concebido e construído os parâmetros da iniciativa, como vem explanado
nesta secção do presente Relatório Final e nos documentos a ele
anexos, a Equipa GenARE pretende realizar o Concurso entre Janeiro e
Junho de 2012, estruturando a iniciativa da seguinte forma:
Janeiro e Fevereiro 2012 – divulgação dos resultados do Estudo GenARE e
promoção do Concurso Geração Verde e fase de entrega de candidaturas,
através do Formulário de Inscrição (Attachment 15).
Março a Maio 2012 – período a concurso relativo aos consumos.
Junho 2012 – sessão de entrega dos Prémios Geração Verde.
FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO: Attachment 15
4.3.4. Entrega dos Prémios Geração Verde
Pretende-se que esta sessão, especialmente concebida para distinguir as
empresas parceiras do Projecto GenARE, demonstre a importância das
parcerias universidade – tecido empresarial, ao premiar a poupança
energética dos agregados familiares, através da entrega dos prémios
oferecidos pelas empresas parceiras (Attachment 16).
COMPROMISSO EMPRESAS: Attachment 16
14
4.3.5. Balanço Final da Intervenção
A Equipa GenARE compromete-se a entregar, por escrito, o Balanço Final
da Intervenção através do Concurso Geração Verde, até 30 Junho 2012.
5. RESULTADOS DO INQUÉRITO
Esta parte do Relatório Final apresenta os resultados do estudo efectuado
durante a Fase de Inquérito, sintetizados no Attachment 17 em anexo.
SÍNTESE RESULTADOS GenARE: Attachment 17
5.1. ENERGIA RENOVÁVEL NO CONTEXTO GLOBAL DE ILHAS
A população dos Açores, vivendo num arquipélago abundante em beleza
natural, sente muitas das preocupações ambientais da actualidade. Os
dados reunidos pela Equipa GenARE apontam para os vários parâmetros
que caracterizam essas preocupações, que são forçosamente moldadas
pelo tempo e pelo espaço – pela geração – em que cada pessoa vive.
Igual importância merece a linguagem utilizada pelas pessoas para
comunicar as suas perspectivas e inquietações. Nesta segunda parte do
Relatório Final, apresentamos os resultados globais obtidos na Fase de
Inquérito às gerações da população açoriana, 1) contextualizando as
questões ambientais e energéticas no quadro mais alargado dos
problemas da actualidade (Margarida Damião Serpa); 2) situando
as gerações no contexto do conceito de Natureza e da Escala NEP –
New Ecological Paradigm Scale (Rosa Neves Simas); 3) descrevendo as
práticas de consumo energético das gerações (Ana Moura Arroz); 4)
sintetizando os conhecimentos das pessoas sobre as questões
energéticas e ambientais (Carlos João Gomes); e 5) explanando as
perspectivas colhidas no que concerne a responsabilização e cidadania
ambiental das pessoas, e a dinâmica geracional no contexto das
energias (Licínio Vicente Tomás). Segue-se o trabalho preparado
pelos membros da Equipa GenARE, conforme vem acima indicado.
5.1.1. AMBIENTE E ENERGIA NOS PROBLEMAS ACTUAIS
A nossa abordagem ao tema da energia no quadro dos problemas da vida
actual, através de inquérito por questionário, pretendeu perceber, num
âmbito alargado, o peso das preocupações das diferentes gerações em
relação aos problemas energéticos se comparadas com as demonstradas
face a problemas de outro tipo, bem como o local de incidência desses
problemas, as suas causas, prioridades na sua resolução e confiança em
15
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page16
diferentes estratégias de solução dos mesmos. Assim, solicitou-se aos
inquiridos que se pronunciassem sobre os três problemas mais graves da
actualidade, iniciando pelo mais intenso e considerando diversos itens que
remetiam para problemas da vida actual em diferentes áreas. A
apresentação dos dados far-se-á através de gráficos ilustrativos do
comportamento de cada geração considerando os diferentes itens em
estudo e, em termos globais, serão comentadas as situações de
diferenças estatisticamente significativas entre gerações, com níveis de
confiança de 95% e de 99%. Será suprimida a informação relativa às
situações de “outros” e/ou “não sabe/não responde” sempre que
corresponderem a casos residuais. Este assunto também foi objecto da
nossa atenção investigativa no estudo cuja recolha de dados foi efectuada
mediante entrevistas (Simas, Tomás, Serpa, Gomes e Arroz, Relatório
Anual, 2010). No final da presente análise, procuraremos estabelecer
algumas relações entre os resultados de ambos os estudos.
Problemas Actuais em 1ª Posição
Passando à análise dos dados recolhidos mediante questionário relativo
ao primeiro problema indicado como o mais grave, no Gráfico 1observase que as questões energéticas são as que têm o peso menos expressivo,
a par das também baixas preocupações com os problemas ambientais.
Estes últimos são mais destacados pela geração dos netos7 e os
energéticos pela dos avós.
Gráfico 1: A energia no quadro do problema actual mais grave por geração
A nível energético, a maior preocupação situa-se no aumento do consumo
de electricidade e/ou custos de energia e, em termos ambientais, as
principais preocupações são a poluição atmosférica e/ou o aquecimento
global do nosso planeta, aspectos que se situam mais na incidência do
problema do que no equacionar dos problemas já existentes a este nível.
É curioso observar que a geração dos avós aponta maiores inquietações
com as questões energéticas, possivelmente pelos custos que supõe, uma
7
Ao longo do texto poderão utilizar-se as expressões de “netos”, “filhos” e “avós” para
as gerações “menos de 30 anos de idade”, “entre 30 e 54 anos de idade” e “55 ou mais
anos de idade”, respectivamente. Trata-se de uma forma obviada de nos referirmos às
diferentes gerações, admitindo, no entanto, que não existe total coincidência entre as
idades e as designações de parentesco agora mencionadas.
16
vez que esta é a geração que menos expressa preocupação com os
problemas ambientais.
Do lado oposto ao peso atribuído às questões energéticas e ambientais,
estão as preocupações com os problemas políticos, os mais evidenciados,
apresentando a geração de 30 a 54 anos de idade as pontuações mais
elevadas, seguindo-se as relativas aos problemas sociais, lideradas pelos
netos. O problema político indicado de forma muito expressiva, para
todas as gerações, é a má gestão dos dinheiros públicos, incluindo
subsídios mal atribuídos. Convém realçar que, embora, na actualidade, o
problema financeiro esteja a afectar a sociedade portuguesa de forma
intensa, a percepção das diferentes gerações não o realça como o mais
grave, mas sim, sobretudo, parte das suas causas, por exemplo a gestão
indevida de dinheiros públicos, e das suas consequências, em especial as
relacionadas com o desemprego. A geração dos pais é a que realça os
problemas económicos. Por fim, é a geração dos avós a que manifesta
mais preocupação com as questões da saúde e educacionais.
Globalmente, verificam-se diferenças estatisticamente significativas
(p≤0.01) entre as gerações. Sintetizando, os dados mostram-nos que a
geração com menos de 30 anos de idade destaca os problemas sociais e
ambientais; a geração entre os 30 e os 54 anos de idade acentua os
políticos e económicos; a geração com 55 ou mais anos de idade realça os
de saúde, educacionais e energéticos.
Quanto ao local de ocorrência do problema mais preocupante, é sentido
de forma muito expressiva no local onde os inquiridos moram (Gráfico 2)
e de modo menos incisivo na Região Autónoma dos Açores.
Gráfico 2: Local de incidência do problema mais grave por gerações
Estes dados merecem-nos dois comentários básicos. Por um lado,
mostram-nos que os inquiridos admitem estar a viver estes problemas de
gravidade extrema ou a ter conhecimento directo deles. Por outro lado,
revelam uma ideia benévola em relação aos problemas existentes na
Região Açores, porque expressam maior gravidade na zona de residência.
A nível geral, não se verificam diferenças estatisticamente significativas
entre as gerações, mas é a geração dos avós a que enfatiza a existência
17
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page18
de problemas no local de residência. Para as outras duas localidades, as
oscilações nas posições dos inquiridos são reduzidas.
As causas apontadas para o problema mais grave são sobretudo devidas
à acção dos governos (Gráfico 3), sendo salientadas sobretudo pelas
gerações dos netos e dos pais. Ganham também algum destaque
justificações ligadas ao individualismo das pessoas, principalmente pelos
avós, à abundância e excessos de hoje em dia, sobretudo pelos pais, e à
acção de cada um de nós, também mais sublinhada pelos avós. A acção
de forças superiores à vontade humana e das empresas e dos mercados
são as justificações menos assinaladas, embora, em termos geracionais,
os pais realcem mais esta última. Em termos globais, observam-se
diferenças estatisticamente significativas (p≤0.01) entre as gerações.
Nesta análise das causas, as situações de “outra” e de “não sabe/não
responde” têm alguma expressão, o que pode ser revelador da
complexidade, incerteza e/ou falta de opinião formada sobre o assunto.
Gráfico 3: Causas do problema mais grave por geração
Os inquiridos também se pronunciaram acerca da prioridade de solução
dos problemas apontados. No Gráfico 4, observa-se que deve ser dada
prioridade aos problemas sociais, posteriormente aos políticos e só depois
aos económicos. Sem se considerar a situação de “Outros”, os problemas
energéticos surgem como os menos prioritários em solucionar, próximos
dos educacionais que ocupam o penúltimo lugar.
Gráfico 4: Prioridade na solução do problema mais grave por geração
18
No geral, não se registam diferenças estatisticamente significativas entre
as gerações, mas os netos acentuam a urgência em resolver os
problemas sociais e os ambientais, os pais salientam os políticos e os
económicos e os avós sublinham os de saúde, os educacionais e os
energéticos. Importa realçar a preocupação da geração mais nova com os
problemas sociais e ambientais e a dos avós com os problemas de saúde,
surgindo em crescendo com a idade.
A confiança nas estratégias de resolução do problema de gravidade
extrema (Gráfico 5) incide claramente no desenvolvimento de políticas
governamentais e, de forma algo expressiva, na produção e fiscalização
de leis. Seguem-se a confiança na disponibilização de infra-estruturas e
incentivos e a mudança de práticas das pessoas, em situação
aproximada. Quase não se equacionam estratégias ligadas à divulgação
de informação e, de forma pouco expressiva, à educação. Estes dados
configuram a confiança em estratégias de natureza tendencialmente
exógena ao indivíduo, mais orientadas por acções de natureza política, no
sentido de um Estado providência, do que de cidadania baseada na
corresponsabilização. Globalmente, existem diferenças estatisticamente
significativas (p≤0.01) entre as gerações, sobretudo no sentido em que
os pais confiam especialmente nas estratégias de natureza política.
Gráfico 5: Confiança na solução do problema mais grave por geração
Problemas Actuais em 2ª Posição
Passamos à análise dos problemas que, nas preocupações dos inquiridos,
ocuparam o segundo lugar de gravidade. No Gráfico 6, observa-se que o
problema que ganha maior visibilidade em segundo lugar de gravidade é
de tipo social, fundamentalmente a falta de trabalho e/ou crise de
19
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page20
emprego, sobretudo pela geração dos 30 aos 54 anos de idade. Depois
das inquietações com os problemas sociais, surgem, em decrescendo, as
preocupações com os económicos, mais indicadas pela geração dos netos,
com os políticos, com os de saúde, de forma acentuada pela geração dos
avós, e com os ambientais, mais salientadas pelos netos. Globalmente,
observam-se diferenças estatisticamente significativas entre as gerações.
Sem se considerar a situação de “outros”, as preocupações com os
problemas energéticos são as menos aludidas e as educacionais
continuam com baixas menções.
Gráfico 6: A energia no quadro do 2º problema mais grave por geração
Estes problemas são mencionados como ocorrendo sobretudo a nível local
e inclusivamente mais na Região Açores do que no exterior (Gráfico 7).
Estes dados permitem-nos continuar a pensar que os açorianos têm uma
ideia idílica dos Açores, embora não de forma tão eloquente como no
problema de gravidade extrema. Atendendo ao local de residência para o
segundo problema de gravidade, a nível geral, não se observam
diferenças estatisticamente significativas entre as gerações.
Gráfico 7: Local de incidência do 2º problema mais grave por geração
A acção dos governos volta a ser o motivo indicado de forma muito
expressiva para a justificação do segundo problema de maior gravidade
(Gráfico 8), confirmando-se o seu peso explicativo, especialmente para
os pais. Em geral, observam-se diferenças estatisticamente significativas
(p=0.05) entre as gerações.
20
Gráfico 8: Causas do 2º problema mais grave por geração
A justificação menos apontada tem a ver com a acção de forças
superiores à vontade humana, o que denota, em termos globais, o
reconhecimento da responsabilidade da acção do homem, e não do acaso,
sobre o que ocorre no mundo, sendo a geração mais jovem a que revela
algum misticismo na compreensão da realidade, por apresentar as
pontuações mais elevadas. Os motivos ligados ao individualismo das
pessoas também são salientados pela geração dos netos. Já a acção das
empresas e dos mercados é destacada pela geração dos pais.
Quanto à prioridade de solução dos segundos problemas mais graves
(Gráfico 9), recai claramente nos sociais que, à semelhança do verificado
em relação ao problema mais grave, acentua a necessidade de paz social
no dia-a-dia, especialmente nas gerações dos netos e a dos avós. Seguese a prioridade de solução dos problemas económicos, mais valorizada
pelos netos, e a dos políticos, sobretudo pela geração dos pais.
Gráfico 9: Prioridade na solução do 2º problema mais grave por geração
21
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page22
A prioridade de resolução dos problemas de saúde surge em quarto lugar.
Os problemas educacionais continuam a não ser muito prioritários, o que
faz algum sentido se se atender às posições assumidas pelos
entrevistados no respeitante à natureza das estratégias de solução dos
problemas mais graves (a educação ocupa o penúltimo lugar) e ainda
menos os ambientais, mais acentuados pela geração dos netos. Em
termos globais, não se registam diferenças estatisticamente significativas
entre as gerações. Os problemas energéticos continuam a ser os menos
urgentes em solucionar.
Quanto à confiança nas estratégias de resolução do segundo problema
mais grave (Gráfico 10), a acção política continua a emergir como a
mais relevante, sobretudo pela geração dos pais. Logo a seguir, a
produção e fiscalização de leis é mais realçada pela geração dos netos. As
estratégias ligadas à mudança de práticas, ao investimento em infraestruturas, incentivos e apoios adequados e à educação apresentam
valorização aproximada. A confiança nas estratégias ligadas à divulgação
de informação é a menos expressiva. Em termos globais, verificam-se
diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05) entre as gerações.
Gráfico 10: Confiança na solução do 2º problema mais grave por geração
Problemas Actuais em 3ª Posição
Finalmente, esta análise das preocupações acerca dos problemas da vida
actual conclui-se com o estudo dos dados ligados aos problemas indicados
em terceiro lugar de gravidade. Os dados do terceiro problema confirmam
a estabilidade das preocupações em relação aos dois problemas mais
graves, apresentados anteriormente, no sentido em que tanto os políticos
como os sociais continuam a ser muito aludidos (Gráfico 11), adquirindo
os económicos, agora, mais visibilidade do que anteriormente.
22
Gráfico 11: A energia no quadro do 3º problema mais grave por geração
Em termos gerais, observam-se diferenças estatisticamente significativas
(p≤0.01) entre as gerações. As preocupações sociais são mais
expressivas na geração dos avós. Os problemas económicos atingem
elevado número de alusões, sobretudo da geração entre os 30 e os 54
anos de idade. As preocupações políticas e as ambientais são mais
acentuadas pela geração dos netos e as de saúde, ocupando a quarta
posição nos problemas elencados em terceiro lugar de gravidade, pelos
avós. As preocupações com menor grau de expressão são as educacionais
e as energéticas, ambas com maior valorização pelos avós.
Continua a admitir-se que estes problemas ocorrem sobretudo no local de
residência (Gráfico 12), ou seja, há forte probabilidade de os inquiridos
se verem afectados pelos mesmos. É a geração dos avós a que mais
evidencia esta zona de incidência dos problemas. Também se volta a
recuperar com mais intensidade a ideia de que, na Região Açores, os
problemas não são particularmente graves, sobretudo pelas gerações dos
avós. Relativamente aos problemas fora da Região Açores, é a geração
dos pais a que mais evidencia esta situação. Globalmente, não se
registam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações.
Gráfico 12: Local de incidência do 3º problema mais grave por geração
A principal causa continua a estar sobretudo relacionada com a acção dos
governos, o que mostra ser uma justificação recorrente dos entrevistados
23
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page24
(Gráfico 13), em especial pela geração dos pais. No entanto, também
são mencionadas com algum relevo a acção de cada um de nós, mais
pelos avós, o individualismo das pessoas, mais pelos netos, e a
abundância e excessos de hoje em dia. A acção das empresas e dos
mercados, bem como as forças superiores à vontade humana são as
menos mencionadas. A nível geral, não se verificam diferenças
estatisticamente significativas entre as gerações.
Gráfico 13: Causas do 3º problema mais grave por geração
Quanto à prioridade na solução dos problemas em terceiro lugar de
gravidade (Gráfico 14), as preocupações sociais continuam a liderar, de
forma mais acentuada pela geração dos 30 aos 54 anos de idade.
Seguem-se, de forma decrescente, as questões políticas, também pelos
pais, as económicas, mais pelos netos, as de saúde e as educacionais,
ambas pelos avós, e as ambientais, pelos netos. Em termos globais,
também não se registam diferenças estatisticamente significativas entre
as gerações. No quadro da análise deste estudo, os problemas
energéticos continuam a ser os menos prioritários em resolver.
Gráfico 14: Prioridade na solução do 3º problema mais grave por geração
A confiança nas estratégias de solução dos problemas em terceiro lugar
de gravidade continua a ser a intervenção ao nível de políticas
governamentais (Gráfico 15). Reconhece-se, também, com alguma
expressão e de modo decrescente, as alusões à confiança na mudança de
práticas das pessoas, na produção e fiscalização de leis e na educação.
24
Gráfico 15: Confiança na solução do 3º problema mais grave por geração
Globalmente, observam-se diferenças estatisticamente significativas
(p≤0.01) entre as gerações, sendo de realçar o fato de serem os avós
quem mais aponta para estratégias ligadas às políticas governamentais.
Síntese do Ranking dos Problemas Actuais
Fazendo um balanço destes resultados acerca da energia no quadro dos
problemas da actualidade, conclui-se que os problemas energéticos
ocupam, de forma consistente, a última posição de gravidade dos sete
problemas mais mencionados pelos inquiridos. Ou seja, os açorianos
tendem a não encarar os problemas energéticos como muito graves e,
como tal, não os colocam em posição prioritária de resolução. Emergem,
por ordem de maior gravidade, os problemas políticos, os sociais e os
económicos, mas a ordem de prioridade de resolução coloca os sociais em
primeiro lugar, depois os económicos e só depois os políticos. Os
energéticos surgem em último lugar.
Os inquiridos também tendem a situar os problemas mais graves no local
de residência e a admitir que as causas destes problemas têm a ver com
a ineficácia da acção dos governos, ao mesmo tempo que confiam
sobretudo em estratégias ligadas às políticas dos governos para os
superar. Assim, há propensão a admitir que as causas dos problemas
estão nos outros e que a resolução depende sobretudo dos outros, sendo,
negligenciada a cidadania baseada na corresponsabilização.
A geração com menos de 30 anos de idade destaca-se por salientar a
gravidade dos problemas sociais e ambientais e por dar prioridade de
25
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page26
solução aos sociais; a geração entre os 30 e os 54 anos de idade por
realçar os problemas políticos e económicos e enfatizar as estratégias
ligadas à política dos governos como forma de se solucionarem os
problemas; a geração com 55 ou mais anos de idade por acentuar os
problemas de saúde, educacionais e energéticos, sublinhar a prioridade a
dar na resolução dos problemas de saúde e relevar o individualismo das
pessoas como causa dos problemas.
Estabelecendo uma comparação entre estes resultados do inquérito por
questionário e os alcançados no estudo por entrevista, observa-se que há
coincidência, no sentido em que as preocupações pelas questões da
energia também surgem em último lugar e as preocupações por
problemas educacionais ligados ao confronto de valores inter-geracionais
também são baixas. As diferenças mais acentuadas situam-se ao nível da
valorização dos problemas do ambiente que surgiram, então, em primeiro
lugar, e agora revelam baixa expressão, talvez por a divulgação de
informação para solicitação de potenciais entrevistados se ter feito no
âmbito de um projecto ligado ao ambiente. Também há a considerar o
facto de a recolha de dados mediante entrevista ter ocorrido em 2010 e
os dados por questionário, recolhidos a partir Junho de 2011, estarem
mais afectados pelo acentuar da crise financeira que Portugal atravessa,
que se tornou mais visível, a partir de Maio de 2010, com a intervenção
do Fundo Monetário Internacional no nosso país. Os dados de agora
também confirmam as preocupações evidenciadas pelos avós
relativamente à saúde e dos pais no referente aos problemas políticos e
económicos. Infirmam o realce dado aos problemas sociais, então mais
aludidos por pais e avós, e aos energéticos pelos netos, passando agora a
ser mais destacados pelos avós.
5.1.2. CONCEITO DE NATUREZA E A ESCALA NEP
Cada época, cada sociedade cria e/ou recria a sua própria imagem da
Natureza, numa dinâmica geracional que espelha as relações que com ela
estabelece. Ou seja, a forma como o ser humano age perante a Natureza
decorre da diversidade dos conceitos e sentimentos, das perspectivas e
representações que dela foram tendo as sucessivas gerações das
comunidades humanas dos diferentes lugares da Terra. Pensando na
dimensão socioeconómica da questão, Maria Lucinda Fonseca e Francisco
Ferreira (2001) afirmam que a evolução observada na interacção Ser
Humano – Natureza é, simultaneamente: “produto e gerador de novos
valores, crenças e formas de organização social e económica, actuando
como agente de transformação da Natureza e, simultaneamente,
desenvolvendo mecanismos de adaptação às mudanças do ambiente
natural induzidas pelos seres humanos no meio em que vivem.”8
8
Beckert, Cristina (2001). Natureza e Ambiente: Representações na Cultura Portuguesa.
Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa: 57.
26
Como é evidente, a população que actualmente vive no arquipélago dos
Açores participa nesta dinâmica social e geracional. Todavia, ao contrário
do passado, a rapidez com que se introduzem mudanças na sociedade
contemporânea levou as gerações actuais a “viverem” experiências muito
distintas, num espaço de poucas décadas. Isto leva a que os impactos dos
“novos valores, crenças e formas de organização social e económica”
sejam mais marcantes no dia-a-dia da população açoriana.
Simultaneamente, o país e a lei portuguesa, que rege os Açores, têm
acompanhado esta mudança paradigmática na forma de encarar a
natureza e o meio ambiente que nos rodeiam, mudança esta intimamente
ligada às dimensões sociais e culturais da existência humana. Por
exemplo, de acordo com a Lei de Bases Portuguesa do Ambiente de 1987,
o ambiente é definido como sendo “o conjunto dos sistemas físicos,
químicos e biológicos e das suas relações e dos factores económicos,
sociais e culturais, com efeitos direitos ou indirectos, mediatos ou
imediatos, sobre os seres vivos e a qualidade de vida do ser humano”9.
Como é evidente, a dimensão sociocultural da existência humana
fundamenta sempre a percepção que temos da natureza e do ambiente.
Igualmente relacionados com olhares sobre a natureza e o ambiente, os
três conceitos base formulados ao longo do tempo são: antropocentrismo,
biocentrismo e ecocentrismo. O mais tradicional, “o antropocentrismo
caracteriza-se por uma visão instrumental da natureza” em que “a acção
humana de controlo e domínio da natureza com o objectivo de exploração
dos seus recursos está legitimada”10. Recentemente, “o biocentrismo
rompe com a perspectiva da mera atribuição de valor instrumental aos
seres vivos, e a Vida é transformada no centro de todo o valor, tanto
mais que a maior parte dos serves vivos não revela qualquer utilidade
para o ser humano”11. Focando a dinâmica ecológica, “o ecocentrismo
caracteriza-se pela atribuição de um valor não meramente instrumental
aos ecossistemas, unidades geradoras da diversidade biótica e
fundamentais ao funcionamento global da Terra”12.
Não obstante a dinâmica ambientalista que caracteriza os conceitos bio- e
eco- cêntricos, os avanços são lentos e as denúncias muitas. Referindo-se
às questões energéticas da actualidade, por exemplo, Imre Szeman
9
Silva, Emiliana e Rosalina Gabriel (2007). As Atitudes Face ao Ambiente em Regiões
Periféricas. Angra do Heroísmo: FCT & Universidade dos Açores.
10
Almeida, António (2007). Educação Ambiental: A Importância da Dimensão Ética.
Lisboa: Livros Horizonte: 31.
11
Idem, 59.
12
Idem, 81.
27
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page28
denuncia “a fundamental gap to which we have hitherto given little
thought” e situa a energia no contexto conceptual, explicando:
This gap is the apparent epistemic inability or unwillingness to
name our energy ontologies, one consequence of which is the
yawning space between belief and action, knowledge and
agency; we know where we stand with respect to energy,
but we do nothing about it. The perverse outcome of the
drama of individual and collective maturity in which we have
placed our hope since Kant is a perpetual present shaped by
inaction and bad faith.13
São várias as ilusões que subsistem. Uma é referida pela sigla NIMBY,
letras que traduzem, em inglês, a atitude “Not In My Back Yard”14, ou
seja, a ideia de que os problemas e as soluções pertencem aos outros,
atitude ilustrada nos Açores, por exemplo, pela noção prevalente de que o
arquipélago está protegido e/ou afastado dos problemas ambientais.
Outra ilusão que teima em persistir considera as fontes energéticas
abundantes e/ou ilimitadas. Ao desconstruir esta noção, Szeman diz:
The fiction of surplus in which we subsist shapes not only the
belief that there will always be plenty of energy to go around but
also the complementary idea that easy Access to energy plays
(at best) a secondary role in history by comparison with human
intellect and the adventure of progress; it is not just energy that
constitutes a limit but also our present understanding of its social
role and significance.15
O significado atribuído à energia está interligado com os conceitos de
natureza que um povo alimenta. Nesta parte do Relatório, portanto,
vamos considerar aspectos que têm a ver com os conceitos de natureza
apontados pelas pessoas inquiridas por questionário entre a população dos
Açores, posicionando os resultados no contexto do novo paradigma
ambiental e do que se convencionou chamar em inglês a New Ecological
Paradigm (NEP) Scale16, i.e., a Escala NEP em português. Elaborada no
contexto do novato movimento ambiental de então, a Escala NEP tornouse um instrumento de referência no contexto da investigação na área das
questões ambientais. Mas antes de situarmos os resultados no âmbito
desta escala, vamos considerar três aspectos preliminares ligados à
concepção que as pessoas têm das questões ambientais em relação ao
contexto cultural dos Açores.
Szeman, Imre. “Literature and Energy Futures” in PMLA Journal, (March 2011), Vol.
126, Nº 2: 324.
14
Introduzida no contexto anglófono, NIMBY é utilizado na literatura internacionalmente.
15
Idem.
16
Instrumento de investigação na área ambiental desenvolvido por Dunlap e Van Liére.
13
28
Conceitos de Natureza entre a População dos Açores
Respondendo a uma pergunta aberta, as pessoas inquiridas por
questionário indicaram uma grande variedade de noções para definir o
que é a natureza (Gráfico 16). No entanto, entre essa panóplia de ideias
apresentadas, alguns sintagmas assumem uma posição de destaque.
Gráfico 16: Conceitos de Natureza entre Açorianos
Ar Fresco
Vegetação/Matas Árvores/Plantas
Mar/Oceano
Água/Lagoas/Rios
Cultivações
17,9
Pessoas/Seres Humanos
Animais
Tudo o Que Vive
Ns/Nr
45,8
Outro
A coisa mais bela
3,5
A nossa casa
A nossa mãe
Algo insubstituível
20,1
Ambiente
Fonte de energia
Tudo o que o Homem não construiu
Planeta terra
No contexto dos Açores, de entre umas 15 categorias/noções de natureza
indicadas pelos inquiridos, o sintagma mais apontado é “Ar Fresco”
(46% nas gerações filhos e avós, e 44% na dos pais), resultados que
parecem indicar uma noção vaga relacionada com algo intangível e
evanescente. O conceito que aparece a seguir, representando menos de
metade do anterior, prende-se com a noção que foi mais verbalizada
durante a Fase de Entrevistas, ou seja, a noção de verduras contida nas
palavras “Vegetação/Matas/Árvores/Plantas”, indicada por 20,1%
das três gerações, mais nos filhos (24%), depois nos avós (21%) e, por
fim, nos pais (16%). A percentagem de 21% nos pais aparece na terceira
noção de natureza indicada: “Tudo o que Vive”, conceito que merece a
aprovação de 17,9% nas três gerações, 17% nos filhos e 15% nos avós.
Tendo em conta que a população em estudo vive em ilhas, no meio do
Atlântico Norte e afastadas dos continentes, é notável que a menção de
“Mar/Oceano” tenha ocorrido nuns escassos 3,5% dos inquiridos, sem
diferenças significativas entre as gerações.
29
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page30
Grau de Respeito pela Natureza de Açorianos vs Turistas
Durante as últimas décadas, a natureza e o ambiente natural do
arquipélago têm sido crescentemente utilizados para promover os Açores
como destino turístico de excelência. Esta aposta numa natureza intacta e
bela pressupõe, por parte da população endógena, cuidado e respeito pelo
ambiente natural das ilhas que compõe o arquipélago. Ao mesmo tempo,
depois de ser pouco visitada e conhecida no exterior, a região tem
beneficiado da recente aposta no sector do Turismo, que tem trazido aos
Açores um crescente número de pessoas estrangeiras vindas de várias
partes do globo, visitantes com outras ideias, culturas, e experiências de
vida. Como tal, achamos importante sondar a noção que as pessoas dos
Açores têm a cerca do seu comportamento e da forma como tratam a
natureza, comparativamente com o trato das pessoas de fora que visitam
o arquipélago. Os resultados apontam para um desfasamento acentuado
entre a avaliação que as pessoas fazem do seu comportamento, por um
lado, e a visão idílica que os anúncios turísticos promovem lá fora.
Vejamos o balanço que os açorianos fazem do seu nível de respeito pela
natureza, quando o comparam com o nível de respeito que atribuem aos
turistas. Quando levados a comparar os açorianos e os visitantes, em
termos de respeito pela natureza (Gráfico 17), a maioria (67%) das três
gerações acha que “os estrangeiros / turistas são mais respeitadores”
(tendência mais acentuada em relação inversa à idade: filhos-69%, pais67% e avós-63%); 22% acha que o nível de respeito é igual e apenas 7%
pensa que o povo açoriano é mais respeitador. Estes resultados são
assoladores na avaliação que as pessoas dos Açores fazem da forma como
tratam a natureza, indicando que a população local considera que o seu
comportamento fica bastante aquém dos hábitos dos outros povos. Aliás,
este resultado já tinha transparecido na fase de entrevistas.
Gráfico 17: Grau de respeito pela natureza de Turistas vs Açorianos
80,0
70,0
60,0
50,0
Mais
Igual
40,0
Menos
NS/NR
30,0
20,0
10,0
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
30
Total
Conceito de Natureza e a Religião
Muito diferentes dos dados colhidos por entrevista são os resultados
colhidos por questionário no que concerne a existência, ou não, de uma
relação entre o conceito de natureza e a religião de um povo. Enquanto
as pessoas entrevistadas expressaram a sua concordância com esta
relação, por questionário a maioria (60%) discordou da existência de tal
relação (Gráfico 18). Por geração, as percentagens de discordância são
mais elevadas nas gerações mais jovens (filhos-66%, pais-61% e avós50%), enquanto as da concordância aumentam com a idade (filhos-20%,
pais-26% e avós-31%). Esta terá sido das diferenças mais acentuadas
entre os resultados do inquérito por entrevista e os dados do inquérito
por questionário do Estudo GenARE apresentados neste Relatório.
Gráfico 18: Existe relação entre o Conceito de Natureza e a Religião
70,0
60,0
50,0
40,0
Sim
Não
NS/NR
30,0
20,0
10,0
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
Conceitos da Escala NEP
No contexto da Escala NEP (New Ecological Paradigm Scale), os
resultados indicam que a perspectiva antropocêntrica ainda se mantém
entre a população açoriana, embora ideias e atitudes mais próximas do
ecocentrismo parecem transparecer crescentemente. Sugerindo esta
tendência, perceptível nas três gerações, a grande maioria está de acordo
com as afirmações da Escala NEP que põem em causa a acção humana na
natureza e exprimem sensibilidade ecológica e ambiental. Comentando a
acção humana na natureza, por exemplo, a clara maioria (87%) das três
gerações concorda que “A acção humana na natureza muitas vezes
produz consequências desastrosas” (Gráfico 19), sendo a percentagem
da geração filhos (90%) a que mais se destaca, contrabalançando os 82%
da geração avós e dando a média final de 87%, média igual à
percentagem da geração pais. No contexto de uma viragem para o novo
31
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page32
paradigma ecocêntrico, este resultado é o mais saliente, mas acompanha
outros que se seguem. Menção especial vai para os níveis baixíssimos de
pessoas indiferentes e em desacordo, níveis reduzidos que caracterizam
os 5 gráficos que se seguem, todos indicativos de uma visão ecocêntrica e
de uma grande sensibilidade ecológica.
Gráfico 19: “A acção humana na natureza muitas vezes produz
consequências desastrosas”.
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
Concorda
60,0%
Indiferentes
50,0%
Discorda
Ns/Nr
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
Total
Em consonância com o resultado anterior, a clara maioria (85%) das três
gerações pensa que “O ser humano está a abusar severamente do
ambiente” (Gráfico 20). Como acontece no gráfico acima apresentado,
as percentagens aumentam quanto mais jovem é a geração: 89% na
geração filhos, 85% na geração pais, e 79% na geração avós.
Gráfico 20: “O ser humano está a abusar severamente do ambiente”.
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
Concorda
60,0%
Indiferentes
50,0%
Discorda
Ns/Nr
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
32
Total
Igualmente indicativo da tendência entre a população açoriana de rejeitar
a visão antropocêntrica, que vê o ser humano no centro da criação, e de
assumir conceitos e tendências mais ecocéntricas, vendo a natureza como
a peça central e o ser humano como dependente desta, 78% das três
gerações considera que: “Apesar das suas capacidades, o ser humano
ainda está sujeito às leis da natureza” (Gráfico 21). Aqui a geração pais
(80%) ultrapassa, por pouco, os filhos (78%) e os avós (75%).
Gráfico 21: “Apesar das suas capacidades, o ser humano ainda está
sujeito às leis da natureza”.
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
Concorda
50,0%
Indiferentes
Discorda
40,0%
Ns/Nr
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
Total
Também expressando sensibilidade e preocupação com as questões
ambientais, a maioria (72%) das três gerações acha que “Se as coisas
continuarem como até aqui, uma catástrofe ecológica será inevitável”
(Gráfico 22). Mais uma vez, é a geração filhos que mais partilha desta
visão inquietante (76%), seguida dos pais (72%) e avós (65%).
Gráfico 22: “Se as coisas continuarem como até aqui, uma catástrofe
ecológica será inevitável”.
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
Concorda
50,0%
Indiferentes
Discorda
40,0%
Ns/Nr
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
33
Total
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page34
Ainda dentro dos resultados que apontam para a mudança de um
paradigma antropocêntrico para uma visão mais ecocêntrica, a grande
maioria (83%) das três gerações concorda que “O equilíbrio da natureza é
frágil e facilmente alterável e deve ser respeitado” (Gráfico 23). De
novo, é a geração filhos que mais partilha desta ideia (86%), seguida dos
pais (84%) e dos avós (78%), em ordem inversa à idade.
Gráfico 23: “O equilíbrio da natureza é frágil e facilmente alterável e
deve ser respeitado”.
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
Concorda
60,0%
Indiferentes
50,0%
Discorda
Ns/Nr
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
Total
O respeito pelas espécies animais e vegetais que compõe o ecossistema
parece estar bem patente na grande maioria (89%) das três gerações que
concorda com a afirmação “Tal como a espécie humana, as espécies
animais e vegetais têm o direito de existir” (Gráfico 24). Em sintonia
com os resultados anteriores, as percentagens aumentam em relação
inversa ao decréscimo da idade: filhos-91%, pais-90% e avós-84%.
Gráfico 24: “Tal como a espécie humana, as espécies animais e vegetais
têm o direito de existir”.
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
Concorda
60,0%
Indiferentes
50,0%
Discorda
Ns/Nr
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
34
Total
Entre as três gerações, portanto, a dos filhos afigura-se como a que está
mais em sintonia com o novo paradigma que coloca a natureza e o bemestar ambiental no centro das preocupações, seguindo-se a geração pais
e depois a geração avós. No entanto, existem tensões e contradições que
se evidenciam nas três gerações, como acontece com as posições
tomadas em relação à afirmação “O progresso e o desenvolvimento têm
de prosseguir de qualquer maneira” (Gráfico 25). Relativamente a esta
postura claramente antropocêntrica, porque coloca o progresso e o
desenvolvimento da cultura humana acima de qualquer preocupação com
o meio ambiente, as percentagens oscilam e os níveis de indiferentes e
“Não sabe/Não responde” começam a aumentar. Todavia, os níveis totais
de consonância (42,4%) e dissonância (32,7%) estão em destaque, com
47% dos filhos, 40% dos pais e 39% dos avós a concordar e, a discordar,
31% dos filhos, 37% dos pais e 28% dos avós. Aqui, a geração pais
mostra-se mais amiga do ambiente.
Gráfico 25: “O progresso e o desenvolvimento têm de prosseguir de
qualquer maneira”.
50,0%
45,0%
40,0%
35,0%
Concorda
30,0%
Indiferentes
25,0%
Discorda
Ns/Nr
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
Total
Outro resultado que evidencia a tensão existente entre uma visão mais
antropocêntrica e outra mais ecocêntrica nas gerações inquiridas, prendese com as respostas dadas à expressão de confiança total na agência
humana que está contida na afirmação “A capacidade inventiva do ser
humano permitirá sempre a vida no planeta Terra” (Gráfico 26). No
contexto desta questão, as percentagens em consonância e em
dissonância oscilam: dos filhos, 38% concorda e 31% discorda; dos pais,
48% concorda e 22% discorda; dos avós, 45% concorda e 15% discorda.
Como acontece ao longo dos resultados, o nível de respostas “Não sabe/
Não responde” é superior na geração avós e inferior na geração filhos.
35
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page36
Gráfico 26: “A capacidade inventiva do ser humano permitirá sempre a
vida no planeta Terra”.
60,0%
50,0%
40,0%
Concorda
Indiferentes
30,0%
Discorda
Ns/Nr
20,0%
10,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
Total
No entanto, o exemplo que mais evidencia a tensão antropocentrismo vs
ecocentrismo, patente na visão das gerações, surge em relação à
declaração “O ser humano acabará por conhecer o funcionamento da
natureza suficientemente bem para a controlar” (Gráfico 27), quando os
níveis das várias respostas se aproximam. Na geração filhos, 34%
concorda e 36% discorda com a afirmação. A geração pais está também
dividida entre a concordância (33%) e a discordância (35%), enquanto a
geração avós divide-se entre os que concordam (27%), discordam (31%),
estão indiferentes (22%), e Não sabem/Não respondem (19%). Os totais
espelham a tensão entre a concordância (32%) e a discordância (34%).
Gráfico 27: “O ser humano acabará por conhecer o funcionamento da
natureza suficientemente bem para a controlar”.
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
Concorda
Indiferentes
20,0%
Discorda
Ns/Nr
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Menos de 30
30-54
55 ou +
36
Total
A divergência entre as gerações, especialmente entre a mais jovem e a
mais velha, está patente nas respostas dadas à declaração da supremacia
do ser humano sobre a natureza contida na afirmação “O ser humano foi
criado para controlar a natureza” (Gráfico 28). Aqui, a concordância,
claramente expressando a visão antropocêntrica, aumenta com a idade:
27% nos filhos, 35% nos pais e 43% nos avós. Em relação inversa, a
discordância, indicativa de uma perspectiva ecocêntrica, diminui com o
aumento da idade: 54% nos filhos, 43% nos pais e 30% nos avós. Estes
resultados poderão indicar que a geração mais velha continua a ser a
mais influenciada pela cosmovisão da tradição judaico-cristã, traduzida
nos Açores pelo Catolicismo, enquanto as gerações mais jovens vão
sendo mais influenciadas pelo novo paradigma ambiental.
Gráfico 28: “O ser humano foi criado para controlar a natureza”.
60,0
50,0
40,0
Concorda
Indiferentes
30,0
Discorda
Ns/Nr
20,0
10,0
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
Total
A propensão para haver divergências entre as gerações, nomeadamente
entre as gerações dos extremos, está também patente nas respostas à
declaração “A tão falada crise ecológica, associada à acção humana, tem
sido muito exagerada” (Gráfico 29). Mais uma vez, as percentagens de
concordância aumentam com a idade (filhos-33%, pais-35% e avós-40%)
e as da discordância diminuem com a idade (filhos-43%, pais-37% e
avós-26%), levando a um equilíbrio quase perfeito entre as percentagens
totais das três gerações: 35,6% concorda e 36,8% discorda. Os níveis de
pessoas que se mostram indiferentes são muito próximos e as
percentagens de respostas “Não sabe/Não responde” aumentam com a
idade/geração, como vem acontecendo ao longo dos dados.
37
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page38
Gráfico 29: “A tão falada crise ecológica, associada à acção humana, tem
sido muito exagerada”.
50,0
45,0
40,0
35,0
Concorda
30,0
Indiferentes
25,0
Discorda
Ns/Nr
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
Total
E, por fim, esta mesma divergência entre as gerações, especialmente
entre a mais nova e a mais velha, acontece em relação à postura
antropocêntrica “O ser humano tem o direito de modificar a natureza
segundo as suas necessidades” (Gráfico 30). Enquanto os níveis de
concordância (41%) e discordância (40%) são quase idênticos, de novo,
as respostas das gerações mais jovens apontam para a gradual aceitação
de uma postura mais ecocêntrica, enquanto as posições assumidas pela
geração mais velha situam-na mais na acepção antropocêntrica. Assim,
as percentagens de concordância são 39%-filhos, 41%-pais e 45%-avós;
os resultados da discordância são 45%-filhos, 40%-pais e 29%-avós.
Gráfico 30: “O ser humano tem o direito de modificar a natureza
segundo as suas necessidades”.
50,0
45,0
40,0
35,0
Concorda
30,0
Indiferentes
25,0
Discorda
Ns/Nr
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
38
Total
Globalmente, estes resultados parecem indicar que uma mudança
paradigmática, de uma visão antropocêntrica para uma postura mais
ecocêntrica e ambientalmente sustentável, está em curso no seio da
população dos Açores. A tendência generalizada entre as gerações de
assumir algumas posições mais amigas do ambiente e, especialmente, a
propensão das gerações mais jovens em manifestar perspectivas que são
mais ecocêntricas, parecem apontar para o abrandamento gradual da
posição antropocêntrica que tem dominado a cosmovisão do povo
açoriano ao longo do tempo.
Considerada por muitos como sendo mais realista, em termos dos
verdadeiros desafios e problemas que enfrentamos, esta visão acarreta o
perigo iminente de poder conduzir a uma postura mais pessimista entre
as gerações jovens, o que parece transparecer em relação à questão que
diz: “A natureza conseguirá sempre ultrapassar os efeitos negativos da
industrialização” (Gráfico 31). Embora os níveis de concordância sejam
próximos nas três gerações (21%, 25% e 24%, respectivamente),
denotando esperança relativa no poder da natureza para se regenerar
apesar dos malefícios trazidos pela dinâmica humana da industrialização,
a visão mais pessimista, veiculada pela discordância com a afirmação, é
mais acentuada entre filhos (48%) e pais (45%) do que avós (33%),
dando níveis totais de 23,1% a concordar e 43,4% a discordar.
Gráfico 31: “A natureza conseguirá sempre ultrapassar os efeitos
negativos da industrialização”.
60,0
50,0
40,0
Concorda
Indiferentes
30,0
Discorda
Ns/Nr
20,0
10,0
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
39
Total
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page40
5.2. CONSUMO ENERGÉTICO NUMA DINÂMICA GERACIONAL
5.2.1 PRÁTICAS DE CONSUMO ENERGÉTICO
Cientes de que o modo como os individuos relatam as suas práticas e as
interpretam mantem com os comportamentos realizados uma correlação
longe de perfeita em muitos domínios, considerámos que o recurso às
representações dos sujeitos sobre o modo como lidam com os recursos
energéticos representava neste estudo uma dimensão incontornável na
medida em que nos transportaria para o universo dos seus significados e
interpretações sobre a própria conduta – variável bastante relevante
quando se pretendem promover mudanças comportamentais com vista a
uma maior sustentabilidade no âmbito dos recursos energéticos. Portanto,
estes dados devem ser menos interpretados como uma representação
fiável dos consumos energéticos realizados do que como uma boa
estimativa das avaliações pessoais sobre esses consumos.
Que consumos caracterizam em média os agregados familiares
inquiridos? E que perfis de consumo e de poupança energética
encontramos a partir das representações dos usos de cada recurso? Os
inquiridos com 55 anos ou mais interpretarão os seus padrões de
consumo como distintos e mais sustentáveis do que as gerações mais
jovens ou não se encontram diferenças significativas entre os
consumidores açorianos? Estas representam algumas das interrogações
que dinamizaram esta caracterização.
Uma grande diversidade de consumos energéticos, representando
despesas que vão desde menos de 20 euros a mais de 100 euros
por mês, caracteriza a população inquirida. Os gastos com a gasolina
lideram as despesas apontadas, com mais de um terço dos inquiridos a
indicar que despende 80 ou mais euros por mês. Inversamente, é o gás
que menos afecta o orçamento familiar com 7 em cada 10 pessoas a
gastar menos de 40 euros (Gráfico 32).
Gráfico 32: Despesa mensal com recursos energéticos
40
Mais surpreendente é o facto das despesas com a água e a energia
eléctrica serem percebidas como muito semelhantes, situando-se em
ambos os casos, para mais de metade das pessoas, entre os 20 e os 59
euros, ainda que se perceba um ligeiro agravamento no que respeita à
energia eléctrica, facto que não se afigura estar muito ajustado à
realidade, dado a diversidade de preços de ambos os recursos. Por outro
lado, o consumo mensal de energia eléctrica da geração avós é
globalmente menor do que o das restantes gerações, uma vez que se
apresentam percentualmente menos representados nos escalões de
consumo mais elevados e mais representados nos escalões de consumo
mais reduzidos, ao passo que nos indivíduos dos 30 aos 54 se constata a
tendência inversa (Gráfico 33; χ2=20.598, gl=10, p<0,05).
Gráfico 33: Despesa mensal de energia eléctrica por geração
Diferenças análogas se constatam nos consumos mensais de água
(χ2=58,331, gl=10, p<0,001) ou, embora de uma forma menos clara,
também nos consumos de combustível (χ2=29.802, gl=10, p<0,005) e
de gás (χ2=26.869, gl=10, p<0,005), como podemos observar nos
Gráficos 34a, 34b e 34c do Gráfico 34, respectivamente, que parecem
indiciar um consumo mais parcimonioso por parte das gerações mais
velhas ou, pelo menos, representações de maior contenção.
Gráfico 34: Classes de consumo mensal por geração
a) Água
b) Combustível
41
c) Gás
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page42
No que respeita ao consumo de energia eléctrica, e focando os
equipamentos mais comuns nos agregados familiares inquiridos
(Gráfico 35) constata-se a predominância de utilitários de apoio à
realização de tarefas domésticas, no âmbito quer da limpeza (cf. máquina
de lavar roupa, ferro de engomar e aspirador), quer da preparação e
confecção de alimentos (cf. frigorifico, micro-ondas e arca congeladora).
Todos eles presentes em mais de 7 em cada 10 agregados familiares, a
sua frequência consegue ser igualada ou mesmo suplantada por
tecnologias de informação e comunicação como a televisão, o telefone
e/ou telemóvel e o computador. O secador de cabelo é o único
equipamento nos dez mais frequentes que é vocacionado aos cuidados
pessoais.
Gráfico 35: Equipamentos eléctricos de que dispõem em casa
Entretanto, não fazem parte da generalidade dos lares inquiridos,
electrodomésticos como a máquina de fazer pão ou o robot de cozinha, a
máquina de lavar loiça e outros equipamentos de exterior, uma vez que
se encontram em menos de 40% dos casos.
Mas a posse de alguns equipamentos não é independente da geração em
causa (Gráficos 36a a 36f), com os mais velhos a evidenciar maior
parcimónia tecnológica, como é o caso da posse de computador, internet
ou consola (χ2=190.931, gl=4, p<0,001), de cafeteira e/ou chaleira
eléctrica (χ2=21.635, gl=4, p<0,01), do forno eléctrico (χ2=34.440,
gl=4, p<0,001), da máquina de secar roupa (χ2=8.783, gl=4, p<0,001),
do secador de cabelo (χ2=53.447, gl=4, p<0,001) ou do aspirador
(χ2=15.329, gl=4, p<0,01).
42
Gráfico 36: Equipamentos eléctricos de que dispõem por geração
Gráfico 36a: Proprietários de
computador, consolas
e/ou internet por geração
Gráfico 36b: Proprietários de
cafeteira e/ou chaleira eléctricas
por geração
Gráfico 36c: Proprietários de forno
eléctrico por geração
Gráfico 36d: Proprietários de
máquina de secar roupa por geração
Gráfico 36e: Proprietários de
secador de cabelo por geração
Gráfico 36f: Proprietários de
aspirador por geração
Noutros casos o consumo é independente do grupo geracional a que
pertence o indivíduo, quer porque se tratam de consumos generalizados a
todas as idades que estão presentes em pelo menos 9 em cada 10
indivíduos – como seja o telefone ou o telemóvel (χ2=3.042, gl=4,
p>0,05), a televião (χ2=7.763, gl=4, p>0,05), o frigorífico (χ2=7.093,
gl=4, p>0,05), a máquina de lavar roupa (χ2=8.783, gl=4, p>0,05), o
micro-ondas (χ2=2.492, gl=4, p>0,05) ou o ferro de engomar
(χ2=2.726, gl=4, p>0,05) – quer porque, mesmo com menor incidência,
se distribuem transversalmente às gerações – como seja a máquina de
lavar loiça (χ2=3.799, gl=4, p>0,05), o rádio ou os sistemas Hi-Fi
(χ2=7.330, gl=4, p>0,05), a arca congeladora (χ2=4.930, gl=4,
p>0,05), a máquina de cozer pão e/ou o robot (χ2=5.860, gl=4, p>0,05)
e os equipamentos de exterior (χ2=7.888, gl=4, p>0,05).
43
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page44
Estar na posse de um conjunto de equipamentos e recursos nem sempre
significa que o seu uso seja efectivo, daí que para caracterizar os
consumos energéticos se tenha sondado a frequência com que cada
um é utilizado e explorado a sua centralidade relativamente às
necessidades dos indivíduos. Observando o Gráfico 37, os três bens
considerados de maior necessidade são o frigorífico, a máquina de lavar
roupa e a televisão, encontrando-se bem destacados relativamente ao
telefone ou telemóvel e ao computador ou consola, que se seguem com
frequências muito inferiores.
Gráfico 37: Equipamentos considerados de maior necessidade
A importância que lhes é atribuída não é, contudo, idêntica de umas
gerações para outras, como podemos ver no Gráfico 38. Enquanto que a
máquina de lavar roupa (χ2=20.613, gl=2, p<0,001) e o frigorífico
(χ2=38.167, gl=2, p<0,001) são sobretudo valorizados pela geração
activa, em defesa da televisão mobilizam-se sobretudo os mais novos
(χ2=8.688, gl=2, p<0,05).
Gráfico 38: Os três equipamentos de maior necessidade por geração
44
Menos estruturada é a distribuição dos equipamentos que as pessoas
admitem poder dispensar (Gráfico 39). Mais de três quartos dos
equipamentos contemplados apresentam frequências abaixo dos 10% e
Gráfico 39: Equipamentos considerados de menor necessidade
o secador de cabelo, que reúne a maior frequência, não chega aos 20%.
De alguma forma, esta dispersão – também suportada na independência
das distribuições relativas às diferentes gerações em presença dos três
equipamentos que mais frequentemente se dispensariam – secador de
cabelo (χ2=2.988, gl=2, p>0,05), rádio ou sistemas HiFi (χ2=0.893,
gl=2, p>0,05) e ferro de engomar (χ2=5.157, gl2, p>0,05) – sugere a
inexistência
de
equipamentos
considerados
supérfluos
pela
generalidadade dos inquiridos. O caso
do ferro de engomar é
interessante na medida em que pode evidenciar alguma dinâmica de
mudança nas práticas domésticas, dado que, se bem que representa um
dos electrodomésticos mais comuns nas casas dos inquiridos (cf. Fig. 4),
é também um dos que mais facilmente seria dispensado.
A promoção de práticas de consumo energético mais sustentáveis exige
que, para além de inventariar os equipamentos, se caracterizem os seus
modos de utilização, de modo a descortinar orientações colectivas e
detectar eventuais comportamentos de desperdício a corrigir. Neste
sentido, explorámos o recurso a água quente na realização de actividades
como tomar banho, lavar roupa e loiça e a prática de usar água corrente
45
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page46
quando se lavam os dentes ou a loiça (Gráfico 40). Enquanto que 9 em
cada 10 pessoas tomam sempre ou muitas vezes banho de água quente,
não chegam a metade as que usam água quente com frequência na
lavagem da loiça e o número decresce significativamente para menos de
10% quando em causa está o tratamento da roupa.
Gráfico 40: Hábitos no consumo de água na higiene pessoal e doméstica
Refira-se que o número de não respostas relativas ao tratamento da
roupa e da loiça corresponde sobretudo a inquiridos que não devem ter a
seu cargo as referidas tarefas e que são sobretudo homens (oito em cada
dez na lavagem da roupa e nove em cada dez na lavagem da loiça) e/ou
jovens (correspondem a metade ou cerca de metade na lavagem da
roupa e da da loiça, respectivamente). No que respeita ao desperdício de
água, que nos cuidados pessoais dentários caracteriza o comportamento
frequente de um terço dos inquiridos, é sobretudo na lavagem da loiça
que se agrava, dado que representa a prática frequente de mais 40% dos
inquiridos e que se afigura um comportamento em consolidação junto das
gerações mais jovens (Gráfico 41; χ2=17.462, gl=8, p<0,05).
Gráfico 41: Deixar a água a correr enquanto se lava a loiça por geração
46
À excepção desta particularidade, as diversas formas exploradas de
utilização da água não divergem significativamente entre gerações.
Mas em que medida é que estes hábitos se reflectirão de facto nos
consumos de recursos energéticos efectivos do agregado familiar?
Testando a associação entre as verbas dispendidas em água e em energia
eléctrica com as respostas às três primeiras e duas últimas questões,
respectivamente, ou mesmo com agregações das respostas em
“esporadicamente versus frequentemente” a essas mesmas questões,
constata-se a inexistência de associações significativas entre o consumo e
estas práticas em concreto, levando-nos a supor que uma correlação
significativa entre consumo e desperdício exija a consideração de vários
outros comportamentos em simultaneo.
PADRÕES DE POUPANÇA ENERGÉTICA
Mais de oito (84,7%) em cada dez pessoas inquiridas consideram que no
seu agregado familiar se desenvolvem práticas de poupança energética,
mas essa representação manifesta-se independente quer da geração a
que pertencem (χ2=5,136, gl=2, p>0,05), quer dos consumos
energéticos mensais que declaram ao nível da energia eléctrica
(χ2=6,246, gl=5, p>0,05), da água (χ2=9,275, gl=5, p>0,05) e do
combustível (χ2=7,263, gl=5, p>0,05). Apenas no que respeita ao
consumo de gás se constatam maiores gastos por parte dos agregados
em que se admite não existirem práticas de poupança energética (cf.
Figura 16; χ2=23,172, gl=5, p<0,001). Apenas uma franja de dois em
cada dez (19,8%) inquiridos não aderiu ainda às tarifas bi ou tri-horárias
de consumo de energia eléctrica, que representam assim a principal
estratégia de poupança, mais económica do que energética, adoptada.
Gráfico 42: Práticas de poupança no consumo mensal de gás por escalão
47
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page48
No entanto, os comportamentos mais e menos frequentes que
caracterizam as experiências de poupança energética dos inquiridos em
casa (Gráficos 43) e no local de trabalho (Gráfico 44) apontam para
uma poupança mais expressiva no local de trabalho do que em casa,
no que respeita à maioria dos itens comparáveis nos dois contextos.
Gráfico 43: Frequência de práticas de poupança energética em casa
Gráfico 44: Frequência de práticas de poupança energética no trabalho
(Gráfico 45). Se este dado contraria expectativas iniciais que,
suportando-se numa vantagem económica linear e imediata para o
próprio, permitiam antever comportamentos de poupança mais proactivos
no contexto familiar, ele sugere uma tensão entre os universos privado e
público nas práticas de sustentabilidade energética, em que a visibilidade
pública parece pressionar o comportamento. De qualquer forma, e
mesmo acreditando na fiabilidade de representações relativas à
calafetagem de janelas, instalação de lâmpadas de baixo consumo e até
ao recurso a alternativas não poluentes de produção de energia
48
alegadamente instaladas (Gráfico 44), desconhece-se em que medida os
inquiridos são responsáveis pela sua implementação.
Gráfico 45: Práticas de poupança energética em casa vs no trabalho
B) Práticas de poupança no trabalho
A) Práticas de poupança em casa
A tensão entre os universos privado e público a que aludimos parece ser
reforçada quando nos debruçamos sobre os comportamentos de
poupança mais e menos frequentes fora do contexto de trabalho (Gráfico
43). O princípio da parcimónia orienta estratégias de poupança mais ou
menos clássicas vocacionadas para a redução de gastos que podem
mesmo desafiar o conforto, como na substituição do banho de imersão
pelo duche (82,8%) ou na redução do seu tempo de duração(70,9%), ou
reportar-se a cuidados tão variados como o de apagar luzes
desnecessárias (90,9%), o de utilizar a máquina de lavar roupa apenas
com carga completa (83,6%), o de reduzir e reutilizar sacos de plástico
(74,0%) ou o de evitar desperdícios energéticos derivados da abertura
frequente de frigoríficos e congeladores (69,6%9, para mencionar apenas
as estratégias reportadas por pelo menos três quartos dos inquiridos
como usadas sempre ou frequentemente.
Mas, entre as estratégias de poupança energética menos utilizadas (a que
apenas recorrem um quarto ou menos dos inquiridos) encontram-se
práticas que respeitam sobretudo a questões de mobilidade que, para
além de ainda não serem comuns no contexto sociocultural dos Açores, se
associam a indicadores externos de estatuto social, como sejam: a opção
por carros hibridos e eléctricos (4,5%), a partilha de viaturas (24,3%) ou
mesmo recorrer aos transportes públicos (23,6%). Menos frequentes são
ainda o recurso a sensores que permitem regular a intensidade da luz
(6%) e, particularmente, a substituição de fontes de energia
convencionais por novas fontes como a micro-geração eólica ou a solar
(1,4%), sugerindo maior divulgação destas propostas.
49
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page50
Muitas das estratégias de poupança mais e menos frequentes entre os
inquiridos encontram-se associadas à geração a que pertencem: com os
mais novos a manifestarem-se menos parcimoniosos do que os mais
velhos em questões relativas à redução de desperdícios de energia
eléctrica (cf. Gráficos 46a e 46b) e de água (Gráfico 46c), mas com os
mais velhos a revelarem menores investimentos económicos na
prevenção deste tipo de desperdícios (Gráfico 46d) e com o grupo dos
pais a recorrerem mais a veículos próprios do que o grupo dos filhos ou
dos avós (Gráficos 46e e 46f).
Gráfico 46: Estratégias de poupança em casa por geração
b) Evitar abrir o frigorífico e o
congelador (χ2=15.190, gl=6, p<0,05)
a) Apagar luzes desnecessárias
(χ2=14.160, gl=6, p<0,05)
c) Tomar duche rápido
(χ2=17.778, gl=6, p<0,01)
d) Instalar portas e janelas de
alumínio (χ2=26.212, gl=6, p<0,001)
e) Utilizar transportes públicos
(χ2=20.662, gl=6, p<0,005)
f) Andar a pé e/ou de bicicleta
(χ2=20.030, gl=6, p<0,005)
50
Idênticas tendências se verificam na maioria das estratégias de
poupança accionadas em contexto profissional (Gráfico 47a a 47f), dado
que apenas se mostraram independentes da geração os comportamentos
de apagar luzes desnecessárias (χ2=2.227, gl=2, p>0,05) e proceder à
separação de resíduos (χ2=5.156, gl=2, p>0,05).
Gráfico 47: Estratégias de poupança no local de trabalho por geração
a) Utilizar lâmpadas económicas
(χ2=17.460, gl=2, p<0,001)
b) Utilizar sensores de luz eléctrica
(χ2=21.998, gl=2, p<0,001)
c) Abrir estores ou persianas para
obter a luz solar
(χ2=8.466, gl=2, p<0,05)
d) Desligar os aparelhos electrónicos
depois de os usar
(χ2=8.337, gl=2, p<0,05)
e) Usar energias alternativas (painéis
solares ou micro-geração eólica)
(χ2=28.721, gl=2, p<0,001)
f) Calafetar portas e janelas
(χ2=22.418, gl=6, p<0,001)
51
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page52
5.2.2. INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO SOBRE ENERGIA
A energia eléctrica tornou-se num dos bens de consumo fundamentais
para as sociedades modernas. A contrapartida dos benefícios
proporcionados pelo desenvolvimento científico-tecnológico e por factores
associados à qualidade de vida é o crescimento constante do consumo de
energia. Resultante deste crescimento, temos os impactes ambientais que
dependem em grande parte da fonte de energia usada na produção da
electricidade. Assim, um dos maiores desafios deste século passa pela
promoção do desenvolvimento sustentável. Torna-se cada vez mais
necessário actuar de forma economicamente viável, numa perspectiva
socialmente justa e ambientalmente correcta. As organizações e as
pessoas per si precisam de adoptar práticas sustentáveis. Neste sentido,
é necessário uma aposta clara em políticas responsáveis que promovam o
uso de recursos renováveis e tomem medidas que fomentem acções que
protejam o meio ambiente e a sociedade. Ou seja, os problemas que nos
ameaçam exigem não só soluções por parte dos peritos, mas também
exigem informação, tomadas de consciência, mudanças de atitude, acção
por parte dos políticos e dos grandes grupos económicos mas, sobretudo,
por parte dos cidadãos. Face à gravidade da situação é necessário que os
cidadãos tenham consciência do que está em causa. Uma sociedade
informada e com uma boa gestão do conhecimento pode facilitar a
aplicação de medidas com vista ao desenvolvimento sustentável.
Em relação ao grau de informação e de conhecimentos sobre as questões
ambientais e energéticas (Quadro 1), há diferenças estatisticamente
significativas entre as três gerações (α < 0,005). Assim, enquanto que a
maioria da geração mais jovem (56,7%) diz encontrar-se medianamente
informada, a maioria da geração mais idosa (51,3%), acima dos 55 anos,
inclusive, afirma estar pouco informada ou totalmente desinformada. Da
geração intermédia, 48,1% refere estar medianamente informada.
Quadro 1: Grau de conhecimento sobre questões ambientais e energéticas
GERAÇÃO
GRAU
Totalmente
Informado
Bem Informado
Medianamente
Informado
Pouco Informado
Totalmente
desinformado
NS/NR
Total
Menos 30
30-54
55 ou +
Total
,7%
2,6%
11,9%
7,5%
12,2%
56,7%
48,1%
37,5%
48,8%
21,4%
29,1%
38,6%
28,4%
2,4%
5,3%
12,7%
5,9%
1,4%
2,1%
3,0%
2,0%
100,0%
100,0%
2,6%
3,7%
15,5%
52
100,0%
100,0%
Na apreciação das três gerações, a televisão é a fonte de informação/
conhecimento (Gráfico 48) mais apontada: 44,2% na geração menos de
30 anos, 43% na geração dos 30 aos 54 anos e 42,7% na geração acima
dos 55 anos. Imediatamente a seguir vem a internet com 27,8%; 19,5%
e 13,5%, respectivamente da geração mais nova para a mais idosa. Na
geração mais jovem a escola aparece em terceiro lugar com 26,4%,
enquanto que as outras duas gerações classificam em terceiro lugar a
informação obtida através de livros, revistas e jornais: 14,4% para a
geração do meio e a geração acima dos 55 anos com 11,2%.
Gráfico 48: Fonte de informação/conhecimento
Associações ambientais
Associações em geral
Amigos ou familiares
Família
Geração 55 ou +
Escola
Geração 30-54
Panfletos/Material de divulgação
Menos de 30
Livros, Revistas e Jornais
Internet
TV
0
10
20
30
40
50
No entanto, as três gerações não consideram a televisão o meio mais
eficaz para transmitir informação e educar as pessoas sobre as questões
ambientais e energéticas (Gráfico 49). Enquanto que os respondentes da
geração mais jovem entendem que o meio mais eficaz para transmitir a
informação e educar as pessoas sobre as questões ambientais e
energéticas são as associações em geral (51,3%), o mesmo acontece
com a geração acima dos 55 anos (44,9%), a geração do meio com a
mesma percentagem (51,3%) entende que são as associações ambientais
que de forma mais eficaz transmitem essa informação e conhecimento.
Gráfico 49: Fonte de informação/conhecimento mais eficaz
Associações ambientais
Associações em geral
Amigos ou familiares
Família
Geração 55 o
Escola
Geração 30-5
Panfletos/Material de
divulgação
Geração Men
Livros, Revistas e Jornais
Internet
TV
53
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page54
Quanto à origem da electricidade e do gás que é consumido em casa das
pessoas, entre os 1129 inquiridos, a maioria (80,3% e 79,3%) não sabe
ou não responde a esta questão, enquanto que sobre a electricidade,
5,7% diz que esta provém do petróleo bruto e apenas 4,6% refere a
geotermia. Em relação ao gás, 12,2% indica o gás natural e 3,1% a
perfuração como sendo as principais origens (Gráfico 50).
Gráfico 50: Origem da electricidade e gás que consome em casa
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
Electricidade
30,0
Gás
20,0
10,0
0,0
Quando questionados se entendem que a fonte de electricidade indicada
tem tendência a diminuir ou a acabar, a maioria dos inquiridos nas três
gerações não sabe ou não responde (Gráfico 51). Este valor é mais
elevado na geração com mais idade (76,4%).
Gráfico 51: Tendência para fonte de electricidade diminuir ou acabar
90,0
80,0
70,0
60,0
76,4
65,2
58,1
50,0
Sim
40,0
Não
30,0
Ns/Ns
20,0
10,0
20,5
14,4
21,5
20,4
11,2
12,4
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
Dos que responderam sim à questão anterior, 57,3% nos mais jovens
entendem que a origem da electricidade pode esgotar totalmente. Na
geração intermédia 48% dos inquiridos entende que se pode esgotar
totalmente e na geração mais idosa, apenas 25,7% se situa neste grau. A
maioria dos inquiridos da geração mais velha (57,1%) é de opinião que a
origem da electricidade pode diminuir um pouco (Quadro 2).
54
Quadro 2: Grau de diminuição da fonte de electricidade
GERAÇÃO
RESPOSTA
Esgotar totalmente
Diminuir um pouco
Não diminui nem aumenta
30-54
55 ou +
57,3%
48,0%
25,7%
48,5%
31,3%
40,8%
57,1%
39,3%
3,1%
1,0%
Não diminui
Total
1,7%
1,0%
2,9%
0,9%
2,0%
2,9%
1,3%
8,3%
7,1%
11,4%
8,3%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Não diminui mas cresce
NS/NR
Total
Menos de
30
Por outro lado, verifica-se nas três gerações que a grande maioria dos
inquiridos não sabe ou não responde quando lhe é perguntado qual é a
origem da electricidade e do gás que consomem em sua casa (Gráficos
52 e 53). Das três gerações, a geração mais velha considera-se a menos
conhecedora, seguindo-se a geração mais jovem e, depois, a geração
intermédia, resultados que indicam claramente o baixo nível de confiança
existente na população em geral.
Gráfico 52: Origem da electricidade consumida em casa
Origem da Electricidade
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Geração Menos de 30
Geração 30-54
Geração 55 ou +
55
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page56
Gráfico 53: Origem do gás consumido em casa
Origem do Gás
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Geração Menos de 30
Geração 30-54
Geração 55 ou +
Perante a pergunta: "A produção de electricidade a partir da fonte
indicada pode afectar o ambiente?" (Quadro 3), a maioria da geração
avós (57,2%) não sabe ou não responde, 23.8% refere que afecta muito
e 16% entende que não afecta nada. Na geração mais jovem, 42,6% não
sabe ou não responde, 24,7% entende que afecta muito, e 13,9% diz que
não afecta nada. Na geração do meio, 37,4% não sabe ou não responde,
27% diz que afecta muito e 19,4% entende que não afecta nada.
Quadro 3: Grau de impacto da produção eléctrica no ambiente
RESPOSTA
Não afecta nada
Afecta muito pouco
Afecta pouco
Afecta alguma coisa
Afecta muito
NS/NR
Total
GERAÇÃO
Total
Menos
de 30
30-54
55 ou +
13,9%
19,4%
13,0%
6,0%
2,9%
6,0%
4,0%
4,3%
4,8%
6,8%
9,4%
9,4%
8,4%
24,7%
27,0%
15,9%
23,8%
42,6%
37,4%
57,2%
43,5%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
16,0%
3,4%
Respondendo de uma forma geral sobre o impacto da produção de
electricidade (Quadro 4), apenas 37% na geração mais nova, 39,9% na
geração intermédia e 29,2% na mais idosa, entende que a produção de
electricidade a partir da fonte indicada pode prejudicar o ambiente. A
56
maioria dos respondentes na geração dos 55 anos ou mais (57,2%) não
sabe ou não responde. Na geração de menos de 30 anos, 41,1% não
sabe ou não responde e, na geração entre os 30 e 45 anos, 38,4% não
sabe ou não responde, sendo esta falta de informação e/ou opinião o
resultado mais saliente.
Quadro 4: A produção de electricidade pode prejudicar o ambiente?
GERAÇÃO
RESPOSTA Menos de
30-54
55 ou +
30
Sim
Não
NS/NR
Total
Total
37,0%
39,9%
29,2%
36,6%
22,0%
21,7%
14,6%
20,3%
41,1%
38,4%
56,2%
43,1%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
No que concerne o impacto ambiental da produção eléctrica (Quadro 5),
a maioria dos inquiridos, nas três gerações (66% na geração mais jovem,
68,9% na geração intermédia, e 53,2% na geração mais idosa) entende
que o grau com que a produção de electricidade a partir da fonte indicada
pode prejudicar o ambiente é bastante ou muitíssimo alto.
Quadro 5: Grau em que produção eléctrica prejudica o ambiente
GRAU
Muito Pouco
Pouco
Razoavelmente
Bastante
Muitíssimo
NS/NR
Total
GERAÇÃO
Total
Menos
de 30
30-54
1,9%
3,4%
8,7%
5,9%
12,8%
8,2%
12,6%
14,3%
17,0%
14,1%
35,9%
42,0%
38,3%
39,0%
30,1%
26,9%
14,9%
26,0%
10,7%
7,6%
17,0%
10,4%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
57
55 ou +
2,2%
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page58
Das questões anteriores sobre a produção de electricidade associadas aos
Quadros 3, 4 e 5, parece existir uma falta de consciência por parte das
pessoas sobre a gravidade dos possíveis impactes ambientais, e que estes
vão depender em grande parte da fonte de energia usada na geração da
electricidade. O recurso a fontes não renováveis como o petróleo, o gás
natural, o carvão mineral e o urânio, implica maiores riscos ambientais a
nível local como global. As fontes de energia renováveis, como o Sol, a
água, o vento e a biomassa são consideradas formas de geração mais
limpas, embora também possam afectar o meio ambiente, dependendo
do uso desses recursos.
Perante a questão “Acha que o consumo de energia vai aumentar a partir
deste momento?” (Gráfico 54), a maioria na geração jovem (50,6%),
51,1% na geração pais e 41,4% na geração mais idosa diz que sim.
Gráfico 54: O consumo de energia vai aumentar?
60,0
50,0
40,0
Sim
30,0
Não
20,0
NS/NR
10,0
0,0
Menos de 30
30-54
55 ou +
Geração
Quando questionados sobre o grau de aumento dos consumos de água,
gás, electricidade, combustíveis e produtos agrícolas que haverá no futuro
(Gráfico 55), a maioria dos inquiridos das três gerações entende que
esse aumento poderá acontecer num nível bastante acentuado ou num
nível razoável/médio, em relação à água, gás e electricidade. O mesmo
acontece em relação aos produtos agrícolas na opinião das gerações mais
novas, onde a maioria classificou a possibilidade de se verificar um
aumento dos consumos como sendo razoável/médio e bastante. A
percentagem dos respondentes da geração dos 55 anos ou mais situou-se
nos 43,4%. Em relação aos combustíveis, a percentagem na geração dos
30 aos 45 anos, que respondeu razoável/médio e bastante, foi 47,7% e
na geração dos mais idosos situou-se nos 44,2%. A geração mais nova
parece mostrar-se mais preocupada, uma vez que 50,4% classifica de
bastante e muito elevado a possibilidade de haver um aumento no
consumo dos combustíveis.
58
Gráfico 55: Grau de aumento dos consumos no futuro
Futuro >
consumo Água
Nenhum
Pequeno
Razoavel/ Médio
Bastante
Muito Elevado
NS/NR
Futuro >
consumo Gás
Nenhum
Pequeno
Razoavel/ Médio
Bastante
Muito Elevado
NS/NR
Futuro >
consumo
Electricidade
Nenhum
Pequeno
Razoavel/ Médio
Bastante
Muito Elevado
NS/NR
Futuro >
consumo
Combustivéis
Nenhum
Pequeno
Razoavel/ Médio
Bastante
Muito Elevado
NS/NR
Futuro >
consumo
Produtos
Agrícolas
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
Nenhum
Pequeno
Razoavel/ Médio
Bastante
Muito Elevado
NS/NR
Geração Menos de 30
Geração 30-54
Geração 55 ou +
Nas três gerações, a maior percentagem (27,1%) entende que a região
dos Açores não vai ser afectada pela falta de energia porque a energia
dos Açores já é renovável e vai sê-lo ainda mais (Quadro 6). Esta
resposta surge em 28,2% da geração jovens, 29,3% da geração
intermédia, e 21,8% na geração mais idosa. No que concerne esta
questão, é importante salientar as percentagens na geração jovem
(21,1%) e na geração pais (19,7%) que remete os problemas que
possam vir a surgir para “daqui a uns anos”. Entre os inquiridos da
geração mais velha, 20,3% acha que “não há falta de energia nos Açores”
e 21,4% não sabe ou não responde, resultado consistentemente mais
elevado nesta geração.
59
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page60
Quadro 6: A Região Açores vai ser afectada pela falta de energia?
GERAÇÃO
RESPOSTA
Sim, há cada vez menos petróleo.
30-54
55 ou +
10,9%
11,7%
8,3%
10,6%
5,7%
5,9%
3,4%
5,2%
21,1%
19,7%
13,9%
18,8%
7,6%
8,5%
10,5%
8,6%
14,9%
13,7%
20,3%
15,7%
28,2%
29,3%
21,8%
27,1%
,7%
,5%
,4%
,5%
10,9%
10,8%
21,4%
13,3%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Sim, já se nota muito a sua falta.
Sim, mas só daqui a uns anos.
Não, os Açores estão afastados.
Não há falta de energia nos Açores.
Não, a energia dos Açores já é verde.
Outro/ Qual?
NS/NR
Total
Total
Menos
de 30
A maioria dos inquiridos, nas três gerações, diz não conhecer qualquer
associação em prol do ambiente. A geração mais idosa apresenta a
percentagem mais elevada (76,7%). A Quercus é a associação mais
conhecida entre as três gerações. De seguida, o Greenpeace e os Amigos
dos Açores são as associações indicadas pelos mais jovens. Na geração
do meio aparecem Os Verdes e os Amigos dos Açores (Gráfico 56).
Gráfico 56: Conhece alguma associação em prol do ambiente?
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
Geração Menos de 30
40,0%
Geração 30-54
Geração 55 ou +
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Sim
Não
Ns/NR
A maioria dos participantes no estudo não sabe ou não responde quando
inquiridos sobre a % de energia proveniente de Fontes Renováveis que
chega a sua casa. 80,7%, 79,4% e 89,9% respectivamente (Quadro 7).
60
Quadro 7: Percentagem de energia de fontes renováveis em casa
GERAÇÃO
%
0
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
55%
60%
65%
75%
80%
85%
90%
NS/NR
Total
Menos de
30
3,1%
2,6%
4,2%
1,7%
2,1%
0,7%
0,5%
0,2%
1,7%
30-54
2,5%
2,5%
5,0%
1,8%
2,5%
0,7%
1,1%
0,2%
1,1%
0,2%
0,9%
0,2%
0,7%
0,2%
0,2%
55 ou +
0,7%
1,9%
2,2%
0,4%
0,7%
1,1%
0,4%
0,4%
1,5%
Total
80,9%
0,2%
0,2%
79,4%
89,9%
2,3%
2,4%
4,1%
1,4%
2,0%
0,8%
0,7%
0,3%
1,4%
0,1%
0,8%
0,1%
0,5%
0,1%
0,1%
0,4%
0,1%
0,1%
82,5%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
0,9%
0,7%
0,7%
0,4%
0,4%
Sobre se sabe que a factura de electricidade da EDA contém informação
sobre a % de energia proveniente de fontes renováveis que chega a casa,
a maioria dos inquiridos nas três gerações, 63,1%, 63,2% e 63,7%
respectivamente, geração mais jovem, geração do meio e geração mais
idosa, diz não saber. A resposta não sabe ou não responde corresponde a
21,7%, 21,5% e 25,8% respectivamente. Tais valores podem ser um
indicativo da falta de conhecimento/informação ou mesmo dificuldade em
compreender a composição da factura de electricidade (Gráfico 57).
Gráfico 57: Sabe que a factura da EDA indica % de fontes de energia?
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
Geração Menos de 30
Geração 30-54
30,0%
Geração 55 ou +
20,0%
10,0%
0,0%
Sim
Não
NS/NR
61
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page62
Conhecimento sobre Fontes de Energia
Sobre as fontes de energia que conhecem, se são renováveis ou não, e se
as fontes renováveis existem nos Açores, as respostas das pessoas
inquiridas situam-se nas seguintes categorias:
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Conhece
Conhece / Renovável
Conhece / Existe nos Açores
Conhece / Renovável / Existe nos Açores
Renovável
Renovável / Existe nos Açores
Existe nos Açores
Em relação à produção energético através da biomassa, a maioria, nas
três gerações (51,9% na geração mais nova, 60,9% na geração do meio
e 77,8% na geração mais idosa) não sabe ou não responde. Dos
respondentes que dizem conhecer a biomassa como fonte de energia,
16,2% situam-se na geração menos de 30 anos, 11,6% na geração dos
30 aos 45 anos e 9,4% na geração dos 55 anos ou mais. Os valores não
são muito diferentes para as duas gerações mais novas quando dizem,
simultaneamente, conhecer a biomassa como sendo fonte de energia e
renovável (16,6% e 11,3% respectivamente). Na geração mais idosa o
valor é de 5,3% (Gráfico 58).
Gráfico 58: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Biomassa
0,0
20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Biomassa
3 - Conhece / Existe nos
Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável /
Existe nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos
Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Considerando estes resultados sobre a biomassa como fonte de energia,
por ilha, verifica-se que é em Santa Maria que existe a maior
percentagem de respondentes que afirma conhecer a biomassa como
fonte de energia (29,9%). Nas restantes ilhas, a maioria dos
respondentes não sabe ou não responde: 64,3% em São Miguel; 64,3%
na Terceira, e 60,1% no Pico (Gráfico 59).
62
Gráfico 59: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Biomassa
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Ilha São Miguel
Biomassa
3 - Conhece / Existe nos …
Ilha Terceira
4 - Conhece / Renovável / …
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos…
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Na geração mais idosa, 42,6% identifica o carvão como fonte de energia,
enquanto que 41,6% não sabe ou não responde. A maioria dos inquiridos
nas gerações mais novas (56,4% e 52,4%, respectivamente) identifica o
carvão como fonte de energia (Gráfico 60).
Gráfico 60: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Carvão
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Carvão
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Nas quatro ilhas onde foi aplicado o questionário, a maioria dos inquiridos
(Gráfico 61) diz conhecer o carvão como fonte de energia (50,7% em
São Miguel; 55,6% na Terceira; 51,3% no Pico, e Santa Maria51,3%).
Não se verificou nenhuma resposta em relação à opção 6)
Renovável/Existe nos Açores. Na opção 7) Existe nos Açores, São Miguel
aparece com apenas 0,2%, havendo 0% de respostas nas restantes ilhas.
63
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page64
Gráfico 61: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Carvão
0,0
10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Carvão
3 - Conhece / Existe nos Açores
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
A energia eólica (Gráfico 62) é reconhecida como fonte de energia
renovável que existe nos Açores pela maioria dos inquiridos das duas
gerações mais novas (64,1% e 63%). Na geração mais idosa este valor
corresponde a 43,7%, enquanto que 30,2% diz não saber ou não
responde e 11,7% conhece a energia eólica como fonte de energia e
como sendo uma fonte existente nos Açores.
Gráfico 62: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Eólica
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Eólica
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Sobre a energia Eólica por ilha (Gráfico 63), em São Miguel é onde se
verifica a maior percentagem de pessoas que não responde ou não sabem
(26,6%). Em Santa Maria apenas 1,6% não sabe ou não responde. A
maioria das pessoas, em todas as ilhas, reconhece a energia eólica como
fonte de energia renovável e que existe nos Açores (São Miguel, 52,8%;
Terceira, 68,0%; Pico, 55,4% e Santa Maria com 75,8% é a ilha com a
percentagem maior).
64
Gráfico 63: Conhecimento sobre Fontes de energia (por ilha) – Eólica
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Gás Natural
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável / Existe nos
Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
No que respeita ao gás natural (Gráfico 64), a maioria dos inquiridos
das gerações mais novas (51,1% e 53,5%) identificam-no como uma
fonte de energia, enquanto que na geração mais idosa este valor é de
43,8%. O resultado não sabe ou não responde com a frequência de
23,8% na geração jovem, 23,5% na intermédia, e 41,8% na mais idosa.
Gráfico 64: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Gás Natural
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Gás Natural
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Os resultados referentes à energia eólica por ilha (Gráfico 65) indicam
que a Terceira e São Miguel são as que apresentam maior percentagem
de pessoas que não sabem ou não respondem (31,1% e 28,6%). Nas
quatro ilhas, à excepção da ilha Terceira (46,7%), a maioria das pessoas
afirmou conhecer o gás natura como fonte de energia (50,6% em São
65
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page66
Miguel; 54% no Pico; e 50,5% em Santa Maria). Foi em Santa Maria
(17,2%) que ocorreu a maior percentagem de respondentes
conhecedores que o gás natural é fonte de energia e que existe na região.
Gráfico 65: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) –
Gás Natural
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
3 - Conhece / Existe nos Açores
Gás Natural
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
No que concerne a geotermia, a maioria dos respondentes nas duas
primeiras gerações (57,3% e 52,2% respectivamente) diz conhecer que a
energia geotérmica é uma fonte de energia renovável e que existe nos
Açores. É de salientar que a percentagem é apenas de 39,3% na geração
mais idosa (Gráfico 66).
Gráfico 66: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Geotermia
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Geotérmica
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
66
Por ilha (Gráfico 67), verifica-se que em São Miguel e em Santa Maria a
maioria diz conhecer a geotermia como fonte de energia renovável
existente nos Açores (56,4% e 55,75 respectivamente), enquanto que na
Terceira, o valor é de 48,2% e no Pico de 36,7%. Santa Maria é a ilha que
apresenta a maior percentagem de respondentes na opção 1) Conhece
(17,0%) e é onde existe a menor percentagem de pessoas que não sabe
ou não responde (5,7%). A Terceira (34,7%) e o Pico (32,5%) foram as
ilhas onde se registaram a maior percentagem de pessoas que não
responderam ou não sabem. Em São Miguel, onde a geotermia tem maior
implementação, este valor foi de 22,9%.
Gráfico 67: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) –
Geotermia
0,0
10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Geotérmica
3 - Conhece / Existe nos Açores
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe nos
Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Globalmente falando, e tendo em conta simultaneamente as opções: 1)
Conhece, 2) Conhece / Renovável, 3) Conhece / Existe nos Açores, e a
opção 4) Conhece / Renovável / Existe nos Açores, verifica-se que é em
Santa Maria (92,5%) onde existe a maior percentagem de pessoas que
afirmam conhecer a geotermia como fonte de energia. Apesar da maior
implementação da produção geotérmica em São Miguel, esta ilha fica nos
71,5%, enquanto o Pico fica nos 66%, e a Terceira nos 65,3%.
A energia hídrica (Gráfico 68), na geração mais nova, é conhecida como
fonte de energia renovável existente nos Açores por 34,3% dos
inquiridos, 26,2% diz não saber ou não responde e 24,5% afirma apenas
conhecer como fonte renovável. Na geração dos 30 aos 50 anos, estes
valores são 32,9%, 35,3% e 16,9% respectivamente. A maioria dos
respondentes na geração mais idosa diz não saber ou não responde
(52,7%), enquanto que 21,8% conhece a energia hídrica como fonte de
energia renovável e existente nos Açores.
67
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page68
Gráfico 68: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Hídrica
0,0
10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Hídrica
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Santa Maria, com 47,8%, é onde há mais pessoas que afirmam conhecer
a energia hídrica como fonte renovável e em simultâneo existe nos
Açores. De novo, Santa Maria, com 10,9%, foi a ilha com a percentagem
mais baixa de pessoas que não sabem ou não respondem (Gráfico 69).
Gráfico 69: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Hídrica
0,0
10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Hídrica
3 - Conhece / Existe nos Açores
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe nos
Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Em relação às marés e ondas do mar (Gráfico 70), 40,2% da geração
mais nova afirma conhecer que esta fonte de energia é renovável e que
existente nos Açores, 18,8% conhece-a como fonte renovável e 11,8%
diz apenas conhecer, enquanto 23,6% diz não saber ou não responde.
Para a geração do meio, os valores são: 37,9%, 14,1%, 8,6% e 33%,
respectivamente. A maioria dos inquiridos na geração mais velha (51,6%)
diz não saber ou não responde, 20,5% conhece que são fonte de energia
renovável e existente nos Açores, e 10% afirma conhecer.
68
Gráfico 70: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Marés e Ondas
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Marés e Ondas
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
A ilha do Pico, com 54,9%, é onde há o maior número de pessoas que diz
conhecer as Marés e Ondas do Mar como sendo fonte de energia
renovável existente nos Açores. A este valor pode estar associado o facto
de ter existido nesta ilha uma das primeiras experiências em Portugal do
aproveitamento da energia das marés. São Miguel, com 38,6%, e a
Terceira, com 35,2%, apresentam os valores mais altos de pessoas que
não respondem ou não sabem (Gráfico 71).
Gráfico 71: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) –
Marés e Ondas
0,0
10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Marés e Ondas
3 - Conhece / Existe nos Açores
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe nos
Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
69
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page70
Em relação à energia nuclear, a maioria dos inquiridos das gerações
mais novas (57,7% e 50,9% respectivamente), afirmam conhecer esta
fonte de energia, enquanto não sabe ou não responde aparece em 32,7%
e 39,8%, respectivamente. Na geração mais idosa, 60% afirma não saber
ou não responde, enquanto 35% diz conhecer a energia nuclear como
fonte de energia (Gráfico 72). Curiosamente, é de salientar que, apesar
de apenas níveis residuais relacionarem a produção nuclear com os
Açores, estes níveis situam-se mais na geração menos de 30.
Gráfico 72: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Nuclear
0,0 10,020,030,040,050,060,070,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Nuclear
3 - Conhece / Existe nos Açores
Geração Menos de 30
4 - Conhece / Renovável /
Existe nos Açores
Geração 30-54
Geração 55 ou +
5 - Renováveis
6 - Renovável / Existe nos
Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Por ilha (Gráfico 73), na Terceira, a maioria das pessoas que
participaram no estudo (58,9%) diz conhecer esta fonte de energia. Na
ilha de São Miguel o valor é de 48,5%, no Pico é de 47,8% e em Santa
Maria é de 48,7%. É em Santa Maria que mais pessoas pensam que a
energia nuclear existe nos Açores.
Gráfico 73: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Nuclear
0,0 10,020,030,040,050,060,070,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Nuclear
3 - Conhece / Existe nos Açores
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
70
No que concerne o petróleo bruto e crude (Gráfico 74), a maioria dos
inquiridos nas duas gerações mais novas (59% e 56,9%) referem
conhecer esta fonte energética, enquanto 24,2% e 28%, respectivamente
não sabe ou não responde. Na geração mais idosa, 44,7% diz conhecer
esta fonte de energia e 40,7% não sabe ou não responde.
Gráfico 74: Conhecimento sobre Fontes de Energia –
Petróleo Bruto/Crude
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
1 - Conhece
Petróleo Bruto/Crude
2 - Conhece/Renovável
3 - Conhece / Existe nos
Açores
4 - Conhece / Renovável /
Existe nos Açores
Geração Menos de 30
Geração 30-54
5 - Renováveis
Geração 55 ou +
6 - Renovável / Existe nos
Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Por ilha (Gráfico 75), a maioria dos inquiridos diz conhecer o Petróleo
Bruto/Crude como fonte de energia, verificando-se os seguintes valores:
São Miguel, 53,1%; Terceira, 63,3%; Pico, 54,2% e Santa Maria, 50,0%.
Gráfico 75: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) –
Petróleo Bruto/Crude
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0
1 - Conhece
Petróleo Bruto/Crude
2 - Conhece/Renovável
3 - Conhece / Existe nos Açores
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
71
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page72
Em termos gerais, os resultados obtidos por ilha (Gráfico 76) parecem
indicar que os respondentes da ilha de Santa Maria são os que melhor
estão informados sobre as fontes de energia renováveis existentes nos
Açores, com 69,8%; seguem-se os respondentes da ilha Terceira com
59,6%, depois os participantes da ilha do Pico com 59,2% e por fim os de
São Miguel com 57,8%.
Gráfico 76: Conhecimento sobre energias renováveis nos Açores (por ilha)
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
1 - Conhece
2 - Conhece/Renovável
Qual?
3 - Conhece / Existe nos Açores
Ilha São Miguel
4 - Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Ilha Terceira
Ilha Pico
5 - Renováveis
Ilha Santa Maria
6 - Renovável / Existe nos Açores
7 - Existe nos Açores
NS/NR
Somando os resultados obtidos por ilha indicando as fontes de energia
renováveis existentes nos Açores (Quadro 8), os valores são: 75,4% em
Santa Maria, 72,3% no Pico, 63,6% em São Miguel e 63,4% na Terceira.
Santa Maria tem a menor % de respostas não sabe/não responde (1,6%).
Quadro 8: Conhecimento sobre Energias renováveis nos Açores (por ilha)
RESPOSTA
Conhece
Ilha
São
Miguel
Terceira
10,1%
8,2%
Pico
6,3%
Santa
Maria
2,4%
Total
8,1%
1,0%
0,0%
0,0%
0,8%
0,6%
0,4%
0,0%
0,0%
1,6%
0,4%
59,6% 59,2%
69,8%
59,9%
10,5%
19,8%
11,5%
5,0%
0,4%
3,8% 13,1%
0,0%
0,0%
3,2%
0,8%
6,0%
0,3%
NS/NR
16,2%
15,4% 11,0%
1,6%
13,3%
Total
100,0%
100,0% 100,0%
100,0%
100,0%
Renováveis
Existe nos Açores
Conhece / Renovável / Existe
nos Açores
Conhece / Renovável
Conhece / Existe nos Açores
Renovável / Existe nos Açores
57,8%
9,1%
72
13,0%
Sobre se as pessoas, por ilha e na globalidade, têm informação sobre as
diferentes fontes de produção energética, no contexto dos Açores,
(Quadro 9), verifica-se que a maioria dos inquiridos na ilha do Pico diz
não ter esse tipo de informação (60,5%).
Quadro 9: Informação sobre fontes de produção energética (por ilha)
Ilha
São Miguel
Fontes
energéticas
Terceira
Pico
Total
Santa Maria
Sim
43,6%
29,2%
36,4%
17,6%
36,0%
Não
49,8%
48,2%
60,5%
45,8%
50,8%
6,6%
22,6%
3,1%
36,6%
13,2%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
NS/NR
Total
A maioria dos inquiridos em São Miguel (53,5%) e no Pico (51%) referem
não estar informados sobre as tarifas bi- e tri-horárias disponibilizadas
pela EDA. Em relação a Santa Maria e Terceira, as percentagens rondam
os 45% (Quadro 10).
Quadro 10: Informação sobre tarifas bi- e tri-horárias (por ilha)
ILHA
CONHECIMENTO
SOBRE TARIFAS
BI- e TRI-HORÁRIAS
Sim
Não
NS/NR
Total
São
Miguel
Terceira
43,4
53,5
3,1
100,0
35,4
45,5
19,1
100,0
Total
Pico
47,4
51,0
1,5
100,0
Santa
Maria
22,9
45,8
31,3
100,0
39,9
50,4
9,8
100,0
Das pessoas que responderam conhecer as diferentes tarifas, verifica-se
que apenas 18,1% em São Miguel, 16,4% na Terceira, 17,4% no Pico e
4,6% em Santa Maria indicaram que já tinham aderido às tarifas bi- e trihorárias da EDA (Quadro 11).
Quadro 11: Aderência às tarifas bi- e tri-Horárias (por ilha)
Ilha
Tarifas bi e tri-horárias_Aderência
Total
Sim
Não
NS/NR
São Miguel Terceira Pico
18,1
16,4
67,7
53,5
14,2
30,1
100,0
100,0
73
Total
Santa Maria
17,4
4,6
38,5
63,4
44,1
32,1
100,0
100,0
16,0
58,9
25,1
100,0
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page74
Em relação à informação sobre a existência de piquetes de urgência, só
em São Miguel a maioria diz não estar na posse dessa informação. Na ilha
do Pico a maioria entende que tem essa informação (Quadro 12).
Quadro 12: Informação sobre piquetes de urgência (por ilha)
ILHA
INFORMAÇÃO
PIQUETES
URGÊNCIA
Total
São
Miguel
Terceira
Pico
Santa
Maria
39,2
55,5
34,2
46,7
53,1
45,9
23,7
45,0
38,7
50,6
5,3
19,1
1,0
31,3
10,7
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
Sim
Não
NS/NR
Total
No que respeita o conhecimento sobre a possibilidade dos utentes/
clientes fornecerem energia à EDA (Quadro 13), a maioria nas diferentes
ilhas mostra-se como não tendo conhecimento dessa possibilidade. Na
ilha de Santa Maria é onde se obteve uma maior percentagem de
inquiridos que não sabe ou não responde (37,4%), seguida pela ilha da
Terceira (24,7%).
Quadro 13: Conhecimento de que pode fornecer energia à EDA (por ilha)
ILHA
CONHECE QUE
PODE FORNECER
ENERGIA à EDA
São
Miguel
Sim
Não
NS/NR
Total
24,9
69,6
5,5
100,0
Total
Terceira Pico
18,8
56,5
24,7
Santa Maria
28,6
68,4
3,1
13,0
49,6
37,4
22,8
64,1
13,2
100,0 100,0
100,0
100,0
Em relação à etiqueta de eficiência energética que foi criada com o
objectivo de informar o consumidor, no momento da compra, sobre a
classificação da poupança energética dos electrodomésticos (Quadro 14),
apenas 27,7% dos inquiridos da geração mais idosa conhece a
classificação mais eficiente e 61,4% diz não saber ou não responde. Nas
gerações mais novas 56,8% na mais jovem e 51,4% na do meio
identificam a etiqueta de eficiência energética. Verificamos, assim, que
existem muitas pessoas que desconhecem que a classificação da
eficiência energética indica se um electrodoméstico consegue realizar as
suas funções utilizando mais ou menos energia, sendo assim menos ou
mais eficiente, respectivamente. Esta etiqueta, para além da eficiência no
consumo de energia, apresenta informação sobre outras características
dos equipamentos como por exemplo o ruído que produzem.
74
Quadro 14: Classificação da eficiência energética dos equipamentos
GERAÇÃO
CLASSE
A+
A
B
C
D
E
NS/NR
Total
Menos de 30
56,8%
7,5%
,9%
,2%
,5%
,2%
33,7%
100,0%
30-54
51,4%
9,6%
2,1%
,2%
0%
,9%
35,8%
100,0%
Total
55 ou +
27,7%
47,8%
8,2%
8,5%
1,1%
1,4%
,4%
,3%
,4%
,3%
,7%
,6%
61,4%
41,1%
100,0%
100,0%
Os dados obtidos por ilha (Quadro 15) indicam que em Santa Maria os
resultados são os mais altos (63,4%). Os resultados obtidos na ilha da
Terceira e no Pico mostram que quase metade dos inquiridos não sabe ou
não respondeu a esta questão (49,0%).
Quadro 15: Classificação da eficiência dos equipamentos (por ilha)
Classificaçã AA
A
B
C
D
E
NS/NR
Total
São Miguel
46,5
12,0
1,8
0,4
0,6
0,7
38,0
100,0
Total
Ilha
Terceira
Pico
Santa Maria
45,9
43,4
63,4
47,8
4,3
4,1
9,2
8,5
0,4
2,0
0,8
1,4
0,0
0,5
0,0
0,3
0,0
0,0
0,0
0,3
0,4
1,0
0,0
0,6
49,0
49,0
26,7
41,1
100,0
100,0
100,0
100,0
Finalmente, no que concerne a reciclagem, os resultados obtidos indicam
que 66,7% das pessoas em São Miguel, 70.8% na Terceira, e apenas
28,1% no Pico e 10,7% em Santa Maria, dizem fazer reciclagem.
Síntese do Conhecimento sobre Questões Energéticas
De seguida sintetizam-se algumas das ideias principais resultantes da
análise efectuada às questões relacionadas com os conhecimentos dos
inquiridos sobre questões energéticas e ambientais. As pessoas
parecem mostrar-se pouco sensíveis às questões ambientais e pouco
conscientes dos riscos associados à actual dependência do petróleo, à
insegurança da oferta e à necessidade de mudança do paradigma
energético. A geração avós é a que se acha menos informada sobre as
questões ambientais e energéticas, enquanto a geração mais jovem é
75
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page76
vista, pelas três gerações, como a mais conhecedora. Qualquer iniciativa
ou campanha para informar a população sobre as energias renováveis
deve contar com a dinâmica geracional de forma a existir partilha de
conhecimentos entre as três gerações e em particular, um maior
envolvimento da geração mais nova para que possa partilhar os seus
conhecimentos com as gerações dos pais e avós. Assim, os resultados
mostram que os participantes no estudo, entendem, estar mal informados
e têm poucos conhecimentos sobre questões ambientais e energéticas.
Os principais meios apontados para obtenção de informação sobre
as questões ambientais e energéticas são a televisão e a internet e os
meios que as pessoas entender ser os mais eficaz na difusão dessa
informação são as associações em geral e as associações ambientais.
Estes dados não deixam de ser estranhos na medida em que apenas
3,3% na geração mais nova, 4,3% na geração intermédia e 1,5% da
geração mais idosa refere as associações em geral como meio onde
obtiveram a informação e conhecimento das questões ambientais e
energéticas o mesmo acontecendo para as associações ambientais (6,1%,
2,5& e 2,2%, respectivamente). Por outro lado, a escola como instituição
educativa aparece relegada para um plano secundário no que respeita a
fonte de informação e conhecimento.
Das fontes de energia renováveis, apenas 10% conhece a geotermia e
8% a eólica, enquanto que a maioria (65%) não responde ou admite que
não conhece qual a origem da electricidade que consome. A grande
maioria (82%) não sabe que percentagem da energia que consome tem
fonte renovável nem sabe que a factura mensal da EDA contém esta
informação, onde é possível saber a quantidade de energia renovável e
não renovável associada ao seu consumo.
Estes dados são preocupantes na medida em que a produção de
electricidade em fontes de energias renováveis em Janeiro de 2011
representaram mais de 50% do consumo de energia nos Açores17. Tendo
como referência o ano de 2010, as fontes de energia renováveis
representaram um total de 28% da produção eléctrica dos Açores, tendose verificado um aumento de 10,8% entre 2009 e 2010. A produção de
electricidade em centrais geotérmicas, hídricas e eólicas existentes nas
ilhas, foram as que contribuíram mais para esse aumento. Por outro lado,
verifica-se um desconhecimento de que na região a produção de
electricidade tendo como fonte a geotermia tem um peso considerável.
Em particular na ilha de São Miguel, sendo este o único sítio de Portugal
em que é explorada (http://www.energiasrenovaveis.com).
A maioria não responde ou admite não saber se a fonte da energia que
consome pode diminuir ou acabar (63%), ou se o seu consumo pessoal
afecta o ambiente (43%); no entanto, 49% acha que o consumo de
17
Dados relativos a Janeiro de 2011 em: http://www.energiasrenovaveis.com.
76
energia vai aumentar no futuro. A maioria (61%) mantém a ideia de que
a Região está protegida, ou porque a energia dos Açores já é renovável
ou porque as ilhas estão afastadas dos grandes centros, ou então porque
a eventualidade de problemas só se irá notar daqui a uns anos.
É necessário que a população em geral esteja informada que o uso de
fontes não renováveis potencia a maiores riscos ambientais, enquanto
que as fontes de energia renováveis são consideradas as formas de
geração mais limpas que existem, embora também possam afectar o
meio ambiente, dependendo das formas de utilização desses recursos.
Por outro lado, o uso de energia no consumo doméstico, na maioria das
vezes, passa despercebido “de forma invisível” ao usuário. A maioria das
pessoas tem apenas uma vaga ideia do valor real associado ao consumo
de energia, desconhecendo formas e estratégias para reduzir os
consumos (Steg, 2008).
O uso de tecnologia dos renováveis pode ser importante na medida em
que pode tornar visível esse consumo, contribuindo para uma maior
consciencialização e controlo dos consumos de energia. O uso de
aparelhos de medida com visores de forma a tornar visível o consumo
instantâneo pode ser uma medida que contribuirá para a redução dos
consumos da electricidade e fundamentalmente, para a mudança de
hábitos e comportamentos nas pessoas. A combinação da tecnologia com
outros incentivos à poupança pode funcionar como uma ferramenta
informativa e educativa.
Muitos estudos mostram que a leitura em tempo real pode servir como
estimulante para a mudança de comportamentos (Ueno, Sano, Sacki &
Tsuji, 2006; Petersen, Shunturov, Janda, Platt, Weinberger, Murray &
College, 2005; Matsukawa 2004). Por outro lado, é importante ter em
conta o tipo de informação que é veiculada, na medida que existem
estudos que apontam que a informação sobre estes assuntos distribuída
em folhetos muitas vezes é vaga e não tida em conta pelas pessoas como
útil (Brandon & Lewis, 1999).
No que diz respeito à classificação do consumo energético dos
electrodomésticos, 48% sabe que AA indica maior poupança mas 41%
admite que não sabe ou não responde, sendo a geração mais jovem a
mais conhecedora do significado desta classificação. A eficiência
energética dos equipamentos no momento de compra deve ser um factor
importante a ter em conta.
Por fim, no que respeita ao conhecimento que as pessoas parecem ter em
função das respostas dadas, denota-se uma falta de informação. Neste
77
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page78
sentido, é fundamental que a informação passe para o público em geral,
sem equívocos e de forma pro-activa. A falta de informação pode ser um
elemento catalisador para a indisponibilidade para a mudança. Qualquer
iniciativa ou campanha deve sublinhar e reforçar a perspectiva
ecocêntrica, procurando ajudar as pessoas dos Açores a perceberem a
lógica da ecologia e a dinâmica dos ecosistemas e do planeta terra no seu
todo. Uma informação pró-activa passa necessariamente pela integração
das temáticas associadas às questões energéticas e ambientais nos
currículos escolares nacionais. Já a algumas décadas que têm vindo a ser
feitos muitos estudos e projectos quer na escola como na sociedade que
são desenvolvidos sob este tema da energia e das suas problemáticas
levados a cabo quer em Portugal como no estrangeiro (Polis18 (sd); Gil &
Mota, 2006; Martin & O'Toole, 2002; Grant & Littlejohn, 2001; Newson ,
997; Nicholson, 1996; Seutville & Reggle, 1995; Kroll, 1992; Desinger,
1990; Rowland, 1985; Hamilton, 1983)
5.2.3. RESPONSABILIZAÇÃO E CIDADANIA AMBIENTAL
O termo cidadania entrou expressivamente no léxico da modernidade, e
pressupõe acções responsáveis para com os outros, para com as
instituições, para com os espaços públicos e para com o ambiente. Mas,
todos o sabemos também, o plano da cidadania não reside na questão
exclusiva da igualdade de direitos e de obrigações, mas pressupõe uma
forma de mentalidade precisa e de conduta responsável. Ora, o domínio
das mentalidades pode também ser responsável por hábitos desejáveis ou
indesejáveis. No dizer do historiador Michel Vovelle (1987), constituem
“prisões de longa duração” que, ou fundamentam práticas arreigadas a
uma certa visão do mundo, ou nos impedem de ver outra forma de actuar
diferente da habitual.
Foi-se generalizando, entre nós, porém, mais tardiamente que noutros
estados, a ideia de que todos têm responsabilidades para com a
comunidade, tal como esta tem para connosco. Existe sempre um grau de
consciência variável das acções e condutas, assim como das motivações.
Entre a dimensão simbólica e as práticas da quotidianidade, as condutas
humanas ganham sentido ao procurarem responder às necessidades
variadas tendente a assegurar a integridade e sobrevivência.
O papel de relevo que hoje em dia se atribui à educação e, de forma
particular – no caso que mais que nos interessa – à educação cívica assim
18
O Programa POLIS foi uma intervenção de política pública com grande visibilidade no
domínio da requalificação urbana e valorização ambiental das cidades em Portugal. O
POLIS teve início formal em 15 de Maio de 2000 (Resolução do Conselho de Ministros n.º
26/2000), após a preparação do programa por um Grupo de Trabalho (criado em 18 de
Novembro de 1999, por iniciativa e na dependência directa do Ministro do Ambiente e do
Ordenamento do Território).
78
como à educação ambiental, justifica a necessidade de perceber que tipos
de conteúdos a educação veicula neste domínio. Curiosamente, pela
análise que empreendemos das respostas, é notório que a escola faculta
hoje muita informação a qual nem sempre consegue ser factor suficiente
para mudar atitudes.
Mas não é aceitável – nem poderia sê-lo – resumir-se as atitudes perante
o ambiente apenas a uma questão educacional, e isto, porque inúmeras
soluções de sobrevivência que se afastam do percurso da natureza tais
como a aplicação das biotecnologias ou a criação e produções intensivas
obrigam, de qualquer modo, a repensarmos colectivamente o restauro
dos ecossistemas. Desde os recursos vegetais, animais e ictíacos, aos
minerais e energéticos, percebemos hoje que as transformações das
necessidades globalizadas colocam uma parte substancial de entre eles
em risco de esgotamento (Mela et al., 2001). O entendimento destes
fenómenos releva um requisito incontornável para o equacionamento da
sustentabilidade futura da nossa maneira de viver, não constituindo,
contudo, factor suficiente de mudança por si só. Muito do que hoje se
procura promover, em matéria de educação ambiental, passa pelo
restauro e preservação dos ecossistemas e dos seus recursos, atingida
que foi a fase onde esse equilíbrio se torna instável, ameaçado e de
sustentabilidade duvidosa.
Não sendo fácil de ponderar-se, no imediato, nem o impacto da cultura
nem o da geração no dispositivo do agir colectivo, tomaremos em
consideração os indicadores mais pragmáticos de actuação das gerações,
numa lógica da coabitação das mesmas, quer no quadro da vida actual,
quer no quadro da vida familiar. Será também na perspectiva das
gerações e da dinâmica geracional que retomaremos, mais adiante, as
questões da sustentabilidade energética, dado constituir o tema-força que
moveu o presente projecto de estudo.
Em rigor, os estudos não podem deixar de redefinir os conceitos que
utilizam e o de cidadania parece-nos central neste capítulo. Cidadania é o
facto de um indivíduo, família ou grupo ser reconhecido como membro de
uma cidade ou de um estado-nação, alimentando um projecto comum de
vida colectiva em que espera tomar parte (Le Pors, 2011). É uma
perspectiva que concebe sobretudo que os indivíduos têm deveres a
cumprir perante a vida política na sua conduta social dentro da
comunidade de que se é membro, mas é simultaneamente também uma
concepção de que existe um interesse comum que deve ser preservado,
assente no princípio de igualdade em deveres de cada um perante o
conjunto.
79
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page80
Cidadania é, portanto, um conceito que diz respeito a certos valores
sociais que relevam a responsabilidade de todos para com todos de que
decorrem direitos e obrigações que nos vinculam à observância de regras
tendentes à promoção e defesa de direitos fundamentais no existir
colectivo em três domínios fundamentais: civis, políticos e económicosociais (T. H. Marshall, 1963). A novidade é que são extensíveis a todos
os domínios da acção humana incluindo o ambiental.
O civismo, ou se preferirmos, a adesão a um certo tipo de valores que
promulgam a construção da cidadania activa é o resultado de um longo
processo mas como referem Madec & Murard (1995), as palavras-placebo
fazem esquecer que a situação actual é o resultado da história, ou
melhor, de longos processos históricos actuantes na organização de uma
sociedade. Relembremos que no entendimento de autores como Mark J.
Smith (1998), entre outros, a relação que existe entre sociedade e
natureza é diferente da relação que existe entre indivíduos e Natureza,
por exemplo. Efectivamente, não obstante o impacto de valores e de
práticas na forma como dispomos e usamos os recursos o facto é que a
organização das sociedades no rumo que encetaram dita os parâmetros
da actuação geral e as regras normativas do viver colectivo no mundo
moderno (Lefébvre, 1968).
Parece, pois, aceite que o tipo de funcionamento e de vínculos colectivos,
no qual estamos inseridos por via do processo civilizacional, dita não as
opções que fazemos, mas sim principalmente o leque das escolhas de que
dispomos para optar. A distância crítica indispensável para compreender o
funcionamento e a articulação dos valores da modernidade – em que a
cidadania é se revela nuclear – face às opções de vida em grande parte
vistas inerentes à condição socioeconómica, surge aqui como um meio de
abordagem de que a análise não pode prescindir ao debruçar-se sobre os
quadros de dados empíricos resultantes do estudo por questionário.
Há, deste modo, um percurso de leitura e de interpretação dos dados que
não poderá perder de vista algumas linhas mínimas de referência. Uma
delas suscita ter presente que preside à visão dos problemas, que se
concebem, uma certa responsabilização de entidades identificáveis que
tendem a apontar para a esfera pública e de gestão das actividades da
vida colectiva. Em relação às entrevistas, já tínhamos anteriormente
referido a responsabilização que se tende a fazer dos poderes públicos
locais como Câmaras e Juntas de Freguesia ou o próprio governo local. Na
presente secção reaparecem estas mesmas instâncias (Gráfico 77) como
focos de creditação de confiança no que diz respeito à resolução esperada
para os problemas identificados em matéria energética.
80
Gráfico 77: Entidades responsáveis por resolver as questões energéticas,
por geração
Menos de 30
NS/NR
30-54
55 ou +
Total
Outro
Nenhum
Os próprios cidadãos
Empresas e Indústrias
Org. Intern./ONU/ONG´S
União Europeia
Governo Nacional
Governo Regional
Câmara Municipal
Junta de Freguesia
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
De acordo com a distribuição apresentada, destacámos que estas
instâncias referidas correspondem também às entidades de maior
proximidade e interface, representando o poder local que são referidas
como potenciais entidades sobre quem recai a escolha de confiança para
solucionar este tipo de problemas. Com efeito, as Câmaras Municipais, as
Juntas de Freguesia e o Governo Regional constituem as instâncias mais
citadas. O entendimento de uma possibilidade de intervenção remota, a
par da distância física face ao continente longínquo, permite perceber que
o Governo da Republica não seja referido por mais de 7% dos inquiridos e
que as entidades privadas como as empresas e indústrias não
ultrapassam 4%.
Perante esta primeira distribuição das intenções de responsabilização pela
resolução de problemas ambientais, é ainda importante notar-se que a
confiança perante o poder local (consideradas em conjunto Freguesias e
Câmaras municipais) aumenta ao longo da idade e, por conseguinte, com
a geração de pertença. As gerações mais velhas são as que mais apontam
esta entidade. Inversamente, as instâncias europeias parecem suscitar
pouca confiança a estas mesmas gerações mais velhas (apenas 6% na
geração mais idosa), enquanto suscitam maior confiança entre a geração
mais jovem, como iremos referir de seguida.
81
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page82
Quadro 16: Confiança nas entidades responsáveis, por geração
GERAÇÃO
Menos
de 30
Poder Local (Junta+Câmara)
Governo Regional
Governo Nacional
União Europeia
Org. Intern./ONU/ONG´S
Empresas e Indústrias
Os próprios cidadãos
Nenhum
Outro
Ns/Nr
Total
(Poder Local + Gov. Regional)
36,0
17,5
7,1
15,9
6,9
5,2
1,2
8,3
1,8
0,9
100,0
(53,6)
30-54
55 ou +
38,8
19,0
8,7
11,7
4,6
4,8
0,9
10,3
0,0
0,9
100,0
(57,8)
46,1
16,5
3,4
6,0
2,2
2,6
1,5
16,5
1,7
3,7
100,0
(62,5)
Total
39,5
17,9
6,8
11,9
4,9
4,4
1,2
11,0
1,1
1,6
100,0
(57,3)
É facto que mais de metade dos inquiridos confia prioritariamente no
poder local ou Governo Regional, valores que revelam, inclusive, à
semelhança de outros itens já referenciados, uma certa dependência face
aos mesmos. No entanto, no plano da cidadania, os indivíduos são raras
vezes entendidos como devendo ter uma posição relevante ou uma
participação activa na resolução deste tipo de questões. Por outro, ainda
mais frequentemente do que o Governo Nacional ou do que outras
instituições, é a categoria “Nenhum” que é referida, indiciando assim um
descrédito numa possível resolução.
Assim, se existe alguma unanimidade e sentido de uniformização das
respostas dadas é quanto a atribuir-se a responsabilidade às Câmaras
Municipais, item que contém em qualquer dos grupos cerca de 21% das
referências verbalizadas. Para além disto, verificamos ainda que cerca de
um em cada quatro (25%) dos inquiridos mais velhos imputam
responsabilidades às Juntas de Freguesias, contrastando com os mais
jovens que são os que mais frequentemente apontam as instâncias
Europeias (15,9%).
No entanto, a variável habitat ou zona de residência introduz aqui mais
variação do que as próprias gerações. As simpatias e escolhas políticas
deverão ter a sua quota-parte de influência na expressão destes
resultados apurados como se depreende do Gráfico seguinte.
Assim, a importância do poder local na resolução de problemas e, mais
ainda, na implementação de medidas e na fixação de objectivos ou de
rumos colectivos tendentes a apontar saídas e a definir opções de
organização societária susceptíveis de terem um impacto mais directo na
vida familiar é, pois, ainda mais efectiva. As particularidades de uma
realidade configurada em espaços descontínuos fazem de cada ilha um
universo impar.
82
Apesar das rivalidades entre municípios – aspecto que está precisamente
correlacionados com o facto desta instância ser um forte aglutinador
identitário – cremos ser de toda a pertinência salientar que, no caso
concreto do Pico, será a forma de vivência e de entendimento da
realidade municipal a constituir o factor explicativo mais sobre a
responsabilidade imputada ao poder local em detrimento do governo
regional e, nesta precisa dimensão contrasta fortemente com a realidade
de Santa Maria em que a dimensão local parece se apagar perante a
confiança creditada ao Governo Regional.
Gráfico 78: Entidades responsáveis pelas questões energéticas, por ilha
NS/NR
SMiguel
Outro
Terceira
Pico
S.Maria
Nenhum
Os próprios cidadãos
Empresas e Indústrias
Org. Intern./ONU/ONG´S
União Europeia
Governo Nacional
Governo Regional
Câmara Municipal
Junta de Freguesia
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
A figura anterior (Gráfico 78) é um indicador muito elucidativo da
organização do estado das representações políticas a nível de cada ilha
em particular no contexto do arquipélago. Dado que as questões de
entendimento político e de se reportarem problemas a entidades tidas
como privilegiadas para a sua resolução afigura-se um elemento
estrutural condicionador do nível das práticas individuais, cremos ser
previamente neste contexto que se deverão equacionar as respostas em
função da geração.
Não raras vezes, de facto, a municipalização da gestão energética e dos
resíduos sólidos urbanos constitui a face mais identificável da
responsabilização colectiva face às questões ambientais mais próximas
dos cidadãos. No entanto, o prestígio de que as Câmaras Municipais
83
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page84
usufruem é diferenciado de ilha para ilha (Gráfico 79). Neste sentido,
convém, pois ter presente a repartição destes valores por ilha, cuja
distribuição comparada das referências às Câmaras apresenta uma
diferença muito significativa, como se depreende do gráfico seguinte:
Gráfico 79: Confiança nas Câmaras para resolver as questões energéticas,
por geração e ilha
40,0
35,0
30,0
Menos de 30
25,0
30-54
20,0
55 ou +
15,0
Total
10,0
5,0
0,0
São Miguel
Terceira
Pico
Santa Maria
Com efeito, são os marienses que menos esperam da Câmara. Nesta ilha,
o grupo de meia-idade constitui o grupo de indivíduos em que apenas
10,9% confiam na Câmara para resolver este tipo de problemas
específicos. No conjunto, uma leitura dos dados por ilha, traduz a forma
peculiar como, precisamente, a nível local se expressam escolhas, coesão
e rivalidades.
O papel dos municípios e o grau de coesão da vida comunitária seria de
inegável contributo para podermos penetrar mais no âmago da explicação
acerca das disparidades observadas. Conhecimento de que, naturalmente,
não dispomos. No entanto, não o ignoremos; a questão política e a forma
de exercício do poder político não são nem anódinas nem desprovidas de
lógica própria.
Com base numa certa dinâmica e tradição, que se expressa a nível do
município, o poder local sempre constituiu um forte nódulo de disputa e
de tensão, ora canalizando descontentamentos e insatisfações, ora
creditando confiança na sua acção mas sempre actuando como foco de
identidade e de referência particularmente vincada no contexto insular,
como alguns estudos parecem relevá-lo (Medeiros et al, 2001). Ao
mesmo tempo, a maior responsabilização do governo regional (Gráfico
80) verifica-se entre as três gerações de Santa Maria, enquanto os
valores menores acontecem na Terceira
84
Gráfico 80: Responsabilização do Governo Regional, por geração e ilha
45,0
40,0
35,0
30,0
Menos de 30
25,0
30-54
20,0
55 ou +
Total
15,0
10,0
5,0
0,0
São Miguel
Terceira
Pico
Santa Maria
Há, assim, uma realidade politico-local em cujo contexto de
relacionamento social se deverão ponderar os resultados. No que diz
respeito ao seu papel e à sua acção voluntária, o reconhecimento de que
não fazem o suficiente e poderiam ter tido uma intervenção mais efectiva
nas questões ambientais é a nota dominante. Como vem demonstrado no
Gráfico 81, cerca de 30% dos inquiridos refere que tanto as câmaras
como o governo regional ficaram aquém das expectativas, sendo que a
percentagem é mais elevadas nas gerações mais jovens.
Gráfico 81: Avaliação da acção das Câmaras e do Governo Regional, por
geração
Câmaras Municipais
Governo Regional
85
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page86
Apesar dos níveis de confiança serem diferenciados entre entidades de
referência,
tanto
relativamente
às
Câmaras
Municipais
como
relativamente ao Governo Regional, notamos cerca de 55,5% dos
respondentes que considram que estas entidades ou “não fizeram nada”
ou “não fizeram o suficiente” para encontrar soluções que venham a
reduzir o consumo energético (Gráfico 81).
Passando para o Gráfico 82, as respostas “fazem nada” ou “não fazem o
suficiente” predominam na acção das Empresas, comparando com uma
minoria que aprova. De qualquer modo, os cidadãos ou, se preferirmos,
os indivíduos no desempenho do seu papel de cidadania são os mais
negativamente avaliados. Com efeito, cerca de 60% considera que as
instâncias em questão não “fazem nada” ou “não fazem o suficiente”. À
excepçao de uma pequena minoria, não se reconhece assim assinável
envolvimento dos indivíduos em matéria de cidadania activa em prol do
ambiente. Como já foi referido, os mesmos valores se observam
relativamente às empresas, cujo entendimento da acçao efectiva é
deficientemente percebida.
Gráfico 82: Avaliação da acção das Empresas e dos cidadãos, por
geração
Empresas
Cidadãos
Também à excepção de uma pequena minoria, não se está diposto a
pagar mais para proteger o ambiente, com uma inflexibilidade que
aumenta com a idade e a geraçaõ de pertença. O papel dos Governantes
é ainda particularmente citado quando se pede para identificarem a quem
cabe informar e pugnar pela resolução deste tipo de questões.
Neste contexto, e antecipando cenários futuros, importa ainda perceber
em que medida se sentem afectados pela falta ou escassez de energia. Já
actualmente, o registo recolhido indica que as gerações mais novas,
sentem prenúncios de escassez quer pela falta efectiva quer pela
86
necessária contenção ou antecipação de restrições de consumo, o que
acontece em cerca de 22,2% (Gráfico 83).
Gráfico 83: A forma como vive contribui para a falta de energia, por
geração
Um total de 17,5% dos indivíduos inquiridos considera que a sua forma
habitual de viver o dia-a-dia contribui para afectar a escassez ou mesmo
a falta global de energia. Sem qualquer dúvida, uma tal posição
pressupõe uma visão abrangente e não circunscrita deste tipo de
questões. No entanto, a variação segundo as gerações é muito
significativa e a correlação é nítida.
As variáveis geracionais e percepção de contribuir para afectar a falta de
energia estão inversamente correlacionadas, à medida que a idade
aumenta diminui tal intuição. Em sentido inverso, aumenta o
entendimento do modo de vive habitual não afectar a escassez geral de
energia. Note-se, porém, que a categoria de respostas mais significativas
é aqui a ausência de opinião ou a menção de nada saber acerca do
assunto; dado indiciador, em nosso entender, do forte desconhecimento
sobre este processos de equilíbrio geral em matéria ambiental.
Contudo, dentre da pequena parcela dos que considera que contribuem
de algum modo para afectar e aumentar a tendência de escassez, apenas
14,7% entendem ser num grau razoável ou muito forte (Quadro 17).
Também aqui a categoria de não respostas e dos sem opinião é muto
expressiva.
87
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page88
Quadro 17: Grau de impacto do seu modo de vida na falta de energia
GERAÇÃO
Menos
de 30
Muito Pouco
Pouco
Razoavelmente
Bastante
Muitíssimo
Ns/Nr
Total
(Razoavelmente ou mais)
27,4
16,1
9,2
4,5
0,9
41,8
100,0
(14,7)
30-54
55 ou +
25,4
17,4
6,9
4,8
0,0
45,5
100,0
(11,7)
16,9
19,9
3,7
0,7
0,0
58,8
100,0
(4,5)
Total
24,1
17,5
7,0
3,7
0,4
47,3
100,0
(11,1)
No entendimento dos indivíduos, os que tendem a pensar que o seu
comportamento contribui para os processos de afectação mais global,
também se concebe que caminhamos em direcção a um esgotamento dos
recursos energéticos, do ponto de vista geral. Efectivamente, apesar da
falta de opinião, nestas matérias ser notória (49,8%), o que é facto é que
os mais novos tendem expressivamente a considerar que o rumo actual
caminha no sentido do esgotamento dos recursos energéticos.
Gráfico 84: O actual modelo de consumo vai esgotar os recursos
energéticos, por geração
Em consonâncias com estes valores, nas gerações dos mais novos,
sensivelmente, metade dos inquiridos declarara que se caminha para um
esgotamento a prazo dos recursos energéticos. Nas gerações mais velhas,
essa noção de intensidade é menor como o ilustra o Quadro 18.
88
Quadro 18: Grau de esgotamento dos recursos energéticos, por geração
GERAÇÃO
Menos
de 30
Muito Pouco
Pouco
Razoavelmente
Bastante
Muitíssimo
Ns/Nr
Total
(Razoavelmente ou mais)
28,6
22,3
26,2
18,8
4,2
0,0
100,0
(49,1)
30-54
55 ou +
31,9
26,5
17,7
18,0
4,7
1,3
100,0
(40,4)
25,8
31,9
31,3
9,2
0,6
1,2
100,0
(41,1)
Total
29,3
25,9
23,9
16,5
3,7
0,7
100,0
(44,1)
A coerência de entendimento tende a demonstrar que se pensam os
recursos energéticos no quadro mais amplo dos recursos naturais
(Gráfico 85). Deste modo, e no seguimento das constatações anteriores,
continuamos a registar valores elevados de não respostas ou ausência de
resposta verbalizada dado o desconhecimento concreto destas questões.
Contudo 35% dos mais jovens e 19,1% dos mais velhos acham que se
enveredou por um caminho de consumo que levará ao esgotamento dos
recursos naturais globalmente considerados. Este tipo de cenário é menos
admitido pelas gerações mais velhas que negam tal perspectiva evolutiva
em 26,2% dos casos.
Gráfico 85: O actual modelo de consumo vai esgotar os recursos naturais,
por geração
Se considerarmos conjuntamente razoavelmente bastante e muitíssimo,
um aspecto digno de nota, é que 55,7% dos mais jovens, respondentes a
este item, tem noção que se caminha razoavelmente, bastante ou de
forma muito acelerada para uma degradação e esgotamento dos recursos
naturais (Quadro 19). Idêntica noção, manifestam 31,5% das gerações
mais velhas que têm 55 ou mais anos.
89
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page90
Quadro 19: Grau de esgotamento dos recursos naturais, por geração
GERAÇÃO
Menos
de 30
Muito Pouco
Pouco
Razoavelmente
Bastante
Muitíssimo
Ns/Nr
Total
(Razoavelmente ou mais)
6,0
36,4
31,6
17,8
6,3
1,8
100,0
(55,7)
30-54
55 ou +
15,1
39,2
20,6
17,4
5,5
2,3
100,0
(43,4)
39,2
26,5
15,1
12,7
3,6
3,0
100,0
(31,3)
Total
16,3
35,5
24,0
16,6
5,4
2,2
100,0
(46,0)
Perante tais considerações e formas de entendimento, não custa admitir
que se preconizem maneiras de poupança energética. Mas reina a noção
– já instalada entre os inquiridos – de que se já poupa tudo o que é
possível poupar até ao momento. Um acréscimo de esforço na poupa e na
contenção de consumo são dificilmente concebidos para o caso particular
de cada um.
Com efeito, analisando o Quadro 20, que reflecte alguns
comportamentos perspectivados face à poupança, verificamos que a
propensão manifesta à poupança é um dado efectivo à medida que se
consideram as gerações mais novas visto que cerca de 42% dos
inquiridos com mais de 55 anos referem não poder poupar mais do que o
que já poupam. Com efeito, sabemos que nesta geração existem hábitos
de poupança mais seriamente enraizados e o exercício de poupança já é
realizado em larga escala. Mas não há, no entanto, diferença geracional
significativa entre os que declaram poder poupar alguma energia
consumindo menos. De qualquer modo, se encararmos estas respostas
como possibilidades de mudança, 56,4% considera que ainda pode
desenvolver melhorias no sentido de poupar mais alguma energia.
Quadro 20: Comportamentos face à poupança de energia, por geração
GERAÇÃO
Menos
de 30
Não pode poupar mais nada/
já poupa tudo o que pode
Pode poupar alguma energia,
consumindo menos
Pode poupar muita energia,
consumindo muito menos
Ns/Nr
Total
Total
30-54
55 ou +
23,8
34,3
41,9
32,2
58,7
56,3
52,8
56,4
11,2
6,6
2,6
7,4
6,4
100,0
2,7
100,0
2,6
100,0
4,1
100,0
No entanto, o esforço no sentido de um incremento da poupança sendo
desejável, pode não ser suficiente e as populações têm do facto nítida
90
consciência. No caso, em que tenha de se aumentar o preço, quer como
forma de desincentivo ao consumo quer como consequência de ter de se
cuidar mais do ambiente, apenas 34% se dizem % dispostos a pagar
mais na factura de electricidade enquanto 57,4% negam esta
possibilidade (Gráfico 86).
Gráfico 86: Disponibilidade para pagar mais por energias renováveis, por
geração
O efeito geracional é também aqui um factor importante a ser tido em
conta dado que as respostas evoluem em sentido inverso à geração de
pertença. Já a quota de acréscimo que estariam dispostos a pagar os que
efectivamente o declaram (Quadro 21) não são muito avolumadas. Pois
para a grande maioria dos Indivíduos, o aumento não pode ir além de 5%
(62,1% ou de 10% (19,7%). O efeito geracional é também aqui um
factor importante a ser tido em conta dado que as respostas evoluem em
sentido inverso à geração de pertença. Já a quota de acréscimo que
estariam dispostos a pagar os que efectivamente o declaram não são
muito avolumadas. Pois para a grande maioria dos Indivíduos o aumento
não pode ir além de 5% (62,1% ou de 10% (19,7%).
Quadro 21: Percentagem de aumento que estaria disposto a pagar em
proveito do ambiente, por geração
GERAÇÃO
PERCENTAGEM
5%
10%
15%
20%
Mais de 20%
Ns/Nr
Total
Menos de
30
52,7
26,7
11,5
1,8
0,6
6,7
100,0
91
30-54
55 ou +
68,6
14,7
6,4
4,5
1,3
4,5
100,0
68,8
15,0
1,3
1,3
1,3
11,3
100,0
Total
62,1
19,7
7,5
2,7
1,0
6,7
100,0
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page92
Já no que diz respeito às medidas de poupança energético (Quadro 22),
não há uma valorização diferencial, estatisticamente significativa, por
geração. A medida mais apontada é de carácter prático nas tarefas do
dia-a-dia e prende-se com o cuidado a ter no apagar as lâmpadas
eléctricas desnecessárias na iluminação da habitação, ainda que seja uma
medida sobretudo mais preconizada pelos mais velhos.
Quadro 22: Medidas de poupança mais apontadas, por geração
GERAÇÃO
Menos
55 ou
30-54
de 30
+
Informação sobre energia convencional
Informação sobre energia renovável
Informação sobre o consumo energético
dos equipamentos
Multas e/ou formas coercivas para quem
não cumprir
Legislação e regulamentação para o
consumo de energia
Paredes duplas, isolamento térmico, etc.
na construção
Usar sensores para acender ou regular a
luz
Ter cuidado em apagar lâmpadas
desnecessárias
Utilizar lâmpadas económicas
Adquirir aparelhos de classe A/A+
Tomar duche rápido/ Tomar duche em
vez de banho
Reutilizar sacos ou usar saco reutilizável
para fazer compras
Separar lixo e reciclar
Reduzir consumos/Não deixar aparelhos
em standby
Aderir à tarifa bi ou tri-horária e distribuir
consumo
Produzir e usar energias alternativas/
Painéis solares, etc.
Partilhar viatura/car pooling
Adquirir carros híbridos/eléctricos
Utilizar transporte público
Andar a pé e/ou de bicicleta
Ns/Nr
Total
Total
1,9
16,6
2,5
14,0
1,5
6,4
2,0
13,2
8,3
8,5
6,0
7,8
5,7
3,9
2,6
4,3
5,0
3,2
3,4
3,9
1,7
4,1
2,2
2,8
2,8
2,8
4,5
3,2
15,6
8,1
5,5
21,8
9,4
4,8
29,2
11,2
2,2
21,2
9,3
4,4
2,4
2,5
3,4
2,7
0,9
8,1
1,4
6,0
1,1
4,5
1,2
6,4
2,1
1,1
2,6
1,9
0,5
0,9
0,7
0,7
5,5
0,5
1,9
1,9
2,4
2,8
100,0
6,2
0,7
0,7
0,9
1,8
2,5
100,0
4,5
5,5
0,4
1,1
1,3
2,8
3,7
100,0
0,4
1,1
5,2
7,1
100,0
No entanto, o reconhecimento da necessidade de se obter mais
informação sobre as energias mais renováveis é uma medida apontada
em 1º lugar por 13,2% dos inquiridos, ainda que seja uma sobretudo
mais preconizada, esta, pelas gerações mais jovens. Convém, referir-se
que estas são também medidas já praticadas pela larga maioria dos
inquiridos, em mais de 60% dos casos.
92
De resto, deixarem-se as luzes acedas sem motivo ou justificação é das
razões mais invocadas para o consumo energético. Porém, raramente os
motivos têm uma especificidade geracional. A não ser o uso (e até abuso)
do computador ou das consolas de jogos ligadas, todas as outras razões s
transversais a todas as gerações de avós, pais e filhos. Existe, sem
qualquer dúvida, um impacto geracional no consumo energético assim
como existe uma propensão diferencial para o consumo que diminui com
a geração de pertença e inversamente aumenta a capacidade de
poupança e de contenção energética. Independentemente do que se faz e
do se possa vir a desenvolver em matéria de cidadania ambiental é
reconhecida necessidade de mais e melhor informação.
No palco da cidadania moderna, joga-se muito do prestígio social de que
cada indivíduo ou actor usufrui e que acumula como um capital e a
consideração dos outros passa a ser entendida nas práticas de cada um.
As dimensões de poupança e os cuidados de protecção ambiental
individuais e familiares são hoje fortemente encorajados e percebidos
pelos indivíduos que os adoptaram na estrita medida das suas
possibilidades concretas de meios, informação, rendimentos etc.
Efectivamente, constatamos que um volume já significativo dos nossos
inquiridos conhece as siglas ou designações que se vulgarizaram com o
intuito de reduzir o impacto da acção humana de consumo sobre a
delapidação dos recursos, tais como reutilizar e reduzir. No entanto, é
necessário ter-se em conta que é o entendimento de vantagens pessoais
na ponderação de custos/benefícios directos que está subjacente à lógica
comportamental dos sujeitos. Por exemplo, o isolamento de paredes e
calefacção de portas e janelas, ainda que tecnicamente recomendável,
será ponderado nos seus custos benefícios.
5.2.4. IMPACTO GERACIONAL NO CONSUMO ENERGÉTICO
As consequências sociais dos impactos ambientais, inteligíveis numa
leitura de conjunto, são dificilmente apreendidas pelos indivíduos no seu
dia-a-dia. E, no entendimento de Goldblatt (1996, 53), muito menos é
percebido, que “a origem dessas consequências possa remontar, ou não,
à sua própria conduta económica ou demográfica”. Não nos parece,
contudo, só uma questão de consequências da conduta económica mas
sim o resultado de uma uniformização das condutas humanas, das opções
de desenvolvimento e do próprio rumo civilizacional. Entendimento que
confere outros contornos a estas questões. Nesta visão, o uso da energia
e o futuro da mesma constituem apenas uma singela dimensão.
93
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page94
A produção eléctrica requer recursos naturais, uns renováveis e outros
não. O uso dos recursos não renováveis constituiu durante a base do
progresso tecnológico fundamentando também a forma de funcionamento
quotidiano. Porém, deveremos hoje aceitar a evidência de que “a
utilização maciça de uma fonte de energia não-renovável é claramente
irresponsável” (Bobin, 1999:78). É por esta razão que as apostas de
desenvolvimento futuro se centram inequivocamente não só na procura e
viabilização de utilização de energias renováveis mas também,
concomitantemente, na promoção de uma mudança de hábitos que a
integrem de forma duradoura nas práticas mais elementares do proceder
no quotidiano.
Não custará admitir que o maior desafio que hoje se coloca às sociedades
humanas seja, para além da manutenção do equilíbrio ecossistémico
(Goldsmith, 1993), a alteração profunda da forma de satisfação da
estrutura de necessidade e de funcionamento humano (Hannigan, 1995).
Não é possível viver sem energia mas esta necessita, hoje mais do que
nunca, de ser reinventa tal como boa parte da maneira como
comunicamos, como nos deslocamos ou alimentamos (Smith, 1998).
Na sua diversidade de formas, a energia faz parte do quotidiano das
comunidades humanas. Se hoje questionamos o futuro da energia
convencional e se as sociedades se lançam desesperadamente na procura
de soluções alternativas para garantir a sustentabilidade dos sistemas
energéticos é porque emerge a consciência difusa da finitude dos recursos
que julgávamos ilimitados (Bobin, 1999). Esta feição de consciência acaba
por condicionar a natureza das relações do ser humano com o meio e a
organização das sociedades na sua configuração e nos modos de vida.
Muito do que se tem escrito acerca das práticas de consumo energético,
pode agora ser repensado ou reapreciado perante o estudo da postura de
cada geração. Efectivamente, cremos ter sido de toda a pertinência uma
primeira relativização dos dados gerais em função da repartição de idade
funcional dos indivíduos. Tanto nas suas referências como nas práticas
que privilegiam, os membros de uma geração tendem a orientar-se por
valores que caracterizam uma dada conjuntura histórica (Attias-Donfut,
2000). São os valores, enquanto sistemas organizados de princípios
colectivos e de crenças generalizadas, expressos em escalas do desejável
(Sumpf & Hughes, 1979), (Attuel, 1993), que condicionam os modos de
vida e as opções dos membros das comunidades que os partilham.
Não concebemos alternativas, no nosso dia-a-dia, à utilização dos
electrodomésticos ou ao uso generalizado dos meios de transporte
automóveis. Disto, qualquer umas das três gerações em presença parece
estar consciente. Contudo, a grande diferença tende a salienta-se ao nível
do entendimento das necessidades de uso e da frequência de utilização.
Por outras palavras, as gerações mais velhas, por instrução,
94
aprendizagem ou experiência vivida, são herdeiras de uma educação em
que a noção de poupança está sempre presente qualquer que seja o
domínio considerado. As limitações que as gerações mais idosas se autoimpõem, a par de menores necessidades de acesso à diversidade
tecnológica e do uso mais restrito de equipamentos pessoais e
domésticos, convergem para configurar modos de vida substancialmente
contrastantes.
A forma como as diferentes gerações concebem a sua participação para
os problemas gerais que hoje afectam as sociedades, pode ser
perspectiva neste mesmo domínio da escassez energética. Foi o que
tentamos reconstituir. Relembremos alguns dados decorrentes das suas
verbalizações expressas, sem considerar os não respondentes que,
conforme já foi anteriormente analisado constituía a categoria dominante.
De acordo, com o entendimento da sua interferência no processo geral
que ameaça o equilíbrio ambiental, podemos dizer que os inquiridos não
se sentem muito implicados (Quadro 23), isto é, consideram
maioritariamente que a sua conduta não afecta a escassez de energia ou
em nada contribui para que possa vir a faltar (65,3%). Outra constatação
digna de nota, é que este sentimento ou convicção aumenta com a idade
(diferenças estatisticamente muito significativas; p<.000), sendo que 3
em cada 4 dos indivíduos com mais de 55 anos refere não afectar a
questão da escassez energética.
Quadro 23: A forma como vive contribui para a escassez de energia
(Respostas expressas)
GERAÇÃO
RESPOSTA
Sim
Não
NS/NR
Total
Menos
de 30
Total
30-54
55 ou +
37,0
28,8
12,2
27,9
57,4
66,1
76,4
65,3
5,6
5,1
11,4
6,8
100,0
100,0
100,0
100,0
No entanto, também é facto que destes que consideram influenciar, pela
sua conduta, o domínio de questões em apreço, são os mais novos que
reconhecem, em mais de 60% dos casos, uma contribuírem
razoavelmente para esta escassez, sendo a geração dos pais que mais
consciencializada está quanto à sua implicação na afectação e escassez.
95
MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area
page96
Em consonância com tais atitudes, confirma-se também uma maior
consciencialização face à atitude consumista dos filhos e netos que
evidenciam hoje maior dependência tecnológica e energética. É opinião
unânime de que são os novos que mais problemas criam (Gráfico 87);
visão extensível a este domínio sensível da energia como se depreende da
leitura do gráfico que se segue.
Gráfico 87: Geração que criou mais problemas
Porém, esta “maior dependência tecnológica e energética” implica
também reunir um maior leque de conhecimentos (Gráfico 88). Este
memo aspecto é reconhecido por uma grande proporção dos inquiridos
que salientam o maior conhecimento dos mais novos e pais, filhos e,
eventualmente, netos (quando considerando a opinião dos avós).
Gráfico 88: Geração que tem mais conhecimentos
Porém, esta “maior dependência tecnológica e energética” implica
também reunir um maior leque de conhecimentos. Este mesmo aspecto é
reconhecido por uma grande proporção dos inquiridos que salientam o
maior conhecimento dos mais novos nos seus papéis de pais, filhos e,
eventualmente, netos (quando considerando a opinião dos avós).
96
No entanto, a resolução dos problemas é sobretudo atribuída à categoria
mais laboriosa dos pais, e, isto, em qualquer geração (Gráfico 89). Em
qualquer das gerações questionadas, encontramos expressa a resposta de
que são as gerações de adultos activos e de meia-idade as que mais
contribuem para a resolução dos problemas ambientais. Com efeito, cerca
de 41% reporta a maior contribuição dos problemas para a geração dos
pais e eles próprios se atribuem esta resposta. No entanto, a resolução
dos problemas é sobretudo atribuída à categoria mais laboriosa dos pais.
Ou seja, em qualquer, das gerações questionadas, encontramos expressa
a resposta de que são as gerações de adultos activos e de meia-idade as
que mais contribuem para a resolução dos problemas ambientais.
Gráfico 89: Geração que contribui mais para a resolução dos problemas
Mas, se entendermos que as questões ambientais se integram e têm
cabimento dentro de um plano mais abrangente de questões que
compreendem a utilização e formas de uso de gás e de água, então
podemos constatar uma avaliação semelhante deste tipo de consumos.
Também aqui, o contributo diferencial das gerações é notório, sendo
particularmente importante a forma como perspectivam a evolução.
Todos tendem a considerar que no seu agregado familiar, o consumo
doméstico se tem mantido (Gráfico 90), sendo esta a percepção e
tendência de resposta mais generalizada. Já as representações apontarem
para um aumento do consumo parece uma perspectiva inversamente
admitida à medida que consideramos as gerações dos mais novos para os
mais velhos. Na categoria dos mais novos, a percepção de que terá
aumentado ou se mantido não revela diferenças estatisticamente
significativas. Idêntica observação se pode fazer com as reapresentações
da diminuição que, consideradas entre gerações não revelam diferenças
notórias. A estagnação do consumo que é de facto o tipo de resposta
mais pontuada, e isto, tem particular relevo nas gerações mais idosas,
onde cerca de 60% têm essa percepção.
97
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Gráfico 90: Variação do consumo doméstico de electricidade (últimos 3 anos)
A avaliação que se faz relativamente ao consumo doméstico de gás
(Gráfico 91), em igual período, é muito semelhante à que se referiu ao
consumo de electricidade. Com efeito, as representações de estagnação
parecem ser as mais comuns e mais salientes nas gerações mais velhas.
Gráfico 91: Variação do consumo doméstico de gás (últimos 3 anos)
O mesmo se verifica relativamente ao consumo doméstico de água no
agregado familiar (Gráfico 92) em que todas as tendências apontam no
memo sentido. As perspectivas de diminuição não são, no total, referidas
por mais de 10% dos inquiridos, qualquer que seja a geração de pertença
e na geração mais nova não chegam sequer a este limiar.
Gráfico 92: Variação do consumo doméstico de água (últimos 3 anos)
98
As tendência de manutenção do habitual nível de consumo de água,
parece ser também das tendências mais comuns ainda que mais salientes
nas gerações mais velhas. De qualquer modo, igualmente raras são as
declarações de resposta que concebem uma diminuição e o entendimento
de ter havido um agravamento é mencionado por cerca de um terço do
total inquirido.
Em contrapartida, há uma ideia já firmada sobre quem compreende,
respeita e preserva mais o ambiente e a natureza (Gráfico 93) que não
apresenta qualquer diferença estatisticamente significativa na sua
repartição das respostas dadas em função da geração. De facto,
depreendemos das repostas que há um entendimento bastante
generalizado da responsabilidade social das gerações de meia-idade, quer
em termos da sua contribuição para a actual situação, quer em termos da
sua contribuição para possíveis soluções, as quais deverão, naturalmente
e em conjunto, ser encontradas.
Gráfico 93: Quem mais respeita e preserva o ambiente, por geração
Nesse sentido, as gerações mais novas ou mais velhas parecem
manifestar o mesmo entendimento acerca da contribuição para se ter
chegado a este estado da situação ambiental e energética. Toda a
situação tem um custo. Implícita e inconscientemente há a percepção de
que os níveis de conforto das gerações mais jovens.
Se muito se espera da geração de meia-idade também é certo que se
sabe que esta foi a geração que mais custeou a mudança, que a
impulsionou e assegurou a transição.
99
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100
Contudo, são os mais jovens que se tendem a ter por responsáveis face
ao avolumar dos problemas nas questões ambientais (Gráfico 94).
Entendimento que as outras gerações corroboram.
Gráfico 94: Quem mais tem contribuído mais aumentar os problemas
ambientais
Se questionaremos quem tem mais empenho na resolução de tais
questões (Gráfico 95), verificamos, de acordo como que dissemos
anteriormente e à semelhança do que já ficou expresso que se remete
para a geração de meia-idade as expectativas de resolução ou pelo
menos, de maior empenho na procura de uma via de resolução.
Gráfico 95: Quem se tem mais empenhado na resolução dos problemas
ambientais
Apesar das respostas firmadas e das percepções diferenciadas já
referidas, existe o sentimento claro do dever e da incumbência subjacente
ao direito de cidadania de cada Indivíduo (Gráfico 96). Efectivamente,
quando questionadas sobre quem terá o dever de resolução as respostas
invariavelmente apontam para a resposta “todos”, expressando
100
inequivocamente que se concebe ser uma responsabilidade geral e de
cada um em cerca de 60% dos casos inquiridos.
Gráfico 96: Quem tem mais o dever de resolver os problemas ambientais
No entanto, as atitudes de preservação ambiental (Gráfico 97) são mais
detectadas nas gerações que se identificaram como sendo as mais
responsáveis pela resolução: as de meia-idade.
Gráfico 97: Quem está mais em conformidade com a preservação
ambiental
Sabemos que as gerações possuem um grau muito desigual de
informação. Em matéria de informação possuída sobre estas questões a
maioria é levada a interpretar que serão as gerações mais novas as
detentoras de grande parte do manancial informacional. Dado a difusão
da cobertura escolar, televisiva e de das novas formas de disseminação
da informação e do conhecimento, não custa admitir que se atribua aos
mais novos o facto de estar mais informado, anda que se saiba que deter
101
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102
informação pode não coincidir com acção mais interventiva. Em matéria
do grau de conhecimento, quer sobre questões ambientais, quer sobre
questões energéticas, como nos mostra o Gráfico 98, os mais novos são
sempre os mais mencionados, sendo contudo menos a diferença
geracional de conhecimento no que se refere às questões energéticas.
Efectivamente, se em questões ambientais 53,9% referem que os filhos
têm mais conhecimentos do que os pais e avós, já em questões são
48,4% os que assim o entendem e 40,9% consideram serem os pais mais
do que os filhos a deter mais conhecimento sobre as questões
energéticas.
Gráfico 98: Mais conhecimentos sobre questões ambientais e energéticas
AMBIENTAIS
ENERGÉTICAS
Já a avaliação acerca da preparação para se lidar, futuramente, com as
questões ambientais e energéticas denota uma perspectiva muito
optimista acerca do entendimento da preparação das novas gerações
(Gráfico 99). A larga maioria dos entrevistados, qualquer se já a sua
geração de pertença considera os mais novos muito mais bem preparados
que os seus progenitores e antecessores para lidar com estas questões.
Gráfico 99: Grau de preparação dos mais jovens para resolução das
questões ambientais
102
Em conformidade com estes resultados, 64,1% acredita que as gerações
mais novas estão ou “bem preparadas ou muito melhor preparadas” para
lidar com questões desta natureza. Por conseguinte, a expectativa
optimista de que estas novas gerações venham a inverter a tendência é
também ela muito vincada entre os entrevistados. Perspectiva
comummente partilhada por todas as gerações alvo de inquirição, apesar
do relativamente menor convencimento das gerações mais velhas sobre
esta possibilidade, como o demonstra o Gráfico 100.
Gráfico 100: Previsão sobre actuação da geração mais jovem na resolução
dos problemas ambientais
Em frente de uma tal ventilação da informação estatística, sobressaem as
diferenças geracionais em matéria de expectativas que sobre cada uma
recai. A unanimidade ou a não diferenciação geracional das respostas é
sobretudo a tónica dominante nas questões de entendimento sobre quem
tem mais conhecimentos e acção e responsabilização acerca das questões
ambientais e energéticas perante as quais todos reconhecem ter um
importante papel a desempenhar. Nesse sentido, cremos chegado a hora
de procurar uma breve síntese destas observações.
Conclusão
As sociedades humanas caminharam para um artificialismo das suas
formas de vida em que o entendimento dos processos naturais que
suprem às necessidades vitais foi progressivamente apagado e, na
103
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104
prática, é ignorado, a ponto de se desligarem uso e origem dos recursos
utilizados. Como tal, o domínio da natureza foi um longo projecto inerente
à própria sobrevivência e expansão da espécie humana, ainda que as
concepções mais recentes de cidadania incorporem uma ética ambiental
face à amplitude da pressão humana e às formas como estão edificadas
as sociedades e estruturados os hábitos sociais e individuais.
A socialização desenrola-se hoje num ambiente de mutação acelerada em
que se torna difícil fixarem-se quais os factores mais decisivos entre os
actuantes sobre as condutas induzidas a longo prazo. Ainda que
possamos demonstrar a interferência de inúmeras variáveis situacionais
na utilização e o uso continuado que se faz da corrente eléctrica, não
poderemos totalmente identificar a influência da inserção sociocultural de
tais práticas nem da mobilidade espacial, caso tenha ocorrido. Mesmo não
controlando muitas das variáveis de socialização nem de organização
social das comunidades estudadas nos indivíduos entrevistados,
assumimos inteiramente a opção de reagrupar os indivíduos segundo a
geração, pelo posicionamento similar no seu percurso de vida, como ficou
explicitado na primeira parte, com base no critério de idade, dispensandonos de retomar aqui tal argumentação.
Convém destacar, porém, que assistimos, na actualidade, a formas de
uniformização mundial dos hábitos correntes num processo sem
precedentes o qual é comummente usual designar como globalização;
processo que ganhou força e se intensificou nas últimas décadas. Apesar
dos ritmos de transformação diferenciais entre comunidades, é no mínimo
notória uma maior generalização das preocupações assim como da forma
de encarar a sua resolução a par da alteração verificada na estruturação
dos sistemas de valores de massas, pelo menos nos mais comuns às
sociedades ocidentais (Inglehart, 1990: 161). Reinventar ou redefinir
valores em consonância com as exigências do tempo presente é um
desafio e um novo imperativo qualquer que seja a necessária redefinição
do futuro energético como hoje se entende (Krupp, F. & Horn, M., 2008).
Os sistemas de valores facultam um fundamento e legitimação às
práticas. Em termos globais, serão as opções colectivas em matéria de
modelos de vida e de desenvolvimento as principais responsáveis pelo
nível de consumo energético. Ter-se noção deste facto, parece uma
observação cada vez mais comum mas que não remedeia a questão do
consumo e da sustentabilidade – nem o poderia. Efectivamente,
particularmente o modo de viver ocidental é ávido de cada vez maiores
quantidades de energia. O conforto mínimo e o bem-estar, que temos por
elementares de acordo com os valores da modernidade, assim o ditam.
A maior parte das instituições de controlo ambiental reconhece que o
progresso industrial, social e económico e o consumo energético
caminharam a par. Não raras vezes, este último é tomado como indicador
104
real do desenvolvimento económico-social de um país. Particularmente
manifesto ao longo do último século, a procura de energia aumenta
quando o modo de vida urbano-industrial se torna norma generalizada
um pouco por todo o lado, independentemente das características
culturais e organizacionais do meio. Dai também que as políticas sociais
sejam cada vez mais políticas urbanas Madec & Murard (1995) e
assentem nos princípios de cidadania. Naturalmente, desta concepção
decorre uma definição alargada de cidadania que cremos ser a que mais
beneficia para os intentos da presente análise.
Porém, desde há muito se sabe que, quer na sua forma de acesso, quer
nas quantidades em que nos são revelados e que sabemos existirem, não
há recursos propriamente ilimitados. Tal passa a ser admitido pelos
indivíduos como um facto ou como um novo dado que deverá,
nomeadamente, condicionar a forma de representação ambiental. Mas é
para além de uma representação também uma realidade e um desafio
que socialmente impõem escolhas políticas ligadas à cidadania ambiental.
A consciência, ainda que difusa, destas questões adquire, no entanto,
mais sentido de intervenção; começando por estimular mais a procura de
compreensão e entendimento. O entendimento dos benefícios advindos
de uma redução do uso e do desenvolvimento de outros critérios mais
fundamentados de utilização cria uma atmosfera propícia ao debate e
emergência de novas práticas que serão sedimentadas no quotidiano das
vivências configurando uma cultura e uma forma de actuação. Aspectos
de percepção, como tantos outros, têm-se vindo a disseminar ao longo do
tempo, ganhando relevo na continuidade dos saberes acumulados, os
quais são transmitidos de geração em geração.
Do ponto de vista das mundividências, é atribuído aos mais novos a
responsabilidade por maiores consumos energéticos que nem sempre o
entendimento expresso pelos indivíduos inquiridos liga aos problemas
ambientais. Se há uma relação pouco evidente no entendimento sobre as
ligações entre estas questões é no domínio da relação da questão
energética e da ambiental. Do mesmo modo, podemos dizer que ainda
subsistem questões que são erradamente percebidas e outras mal
entendidas, particularmente saliente nas questões de consumo e
eficiência de electrodomésticos e familiar. Ainda mais difusas são as
noções em termos dos impactos ambientais; aspecto transversal às
gerações. Por conseguinte, há também uma fraca noção de cidadania
ambiental e de consciência cívica.
Porém, a consciência de poupança e de dividendo imediatos na eficiência
energética ou na utilização de tarifas e aparelhos é melhor percebida e
constitui o tema que de longe mobiliza mais o empenho e fixa as
105
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106
atenções. Mas como dissemos a propensão à poupança é o aspecto mais
saliente de diferenciação geracional. As vidas dos mais velhos de
experiência feita e de esforços que incorporam restrições e
comportamentos de poupança generalizam muito facilmente este tipo de
atitudes ao domínio energético em termos de poupança no acto de
consumo. Se o conhecimento e uma maior informação são pontos fortes
reconhecidos às gerações mais novas, a real responsabilidade de lidar
com as actuais questões e com desafios presentes é reportada para a
geração da meia-idade enquanto que as gerações de idade mais
avançada são vistas como tendo menor incumbência, responsabilidade e
de se empenhar na procura de soluções. Optimisticamente, são
creditadas fortes expectativas nas gerações mais novas por via do maior
conhecimento de que são depositários.
Deste modo, é facto que quanto mais se avança na idade, em termos de
inquirição das gerações, mais elas se mostram distantes das novas
formas de conhecimento que rege o mundo actual. As suas experiências
de vida permanecem ancoradas num conjunto de referências em que
estas questões ou não se colocavam ou não eram sentidas e,
naturalmente também, não se colocando com as mesma acuidade não
poderiam ser sentida nas vivências do quotidiano.
Pela Equipa GenARE
Rosa Neves Simas, Coordenadora
Ponta Delgada, 30 Dezembro 2011
106
ÍNDICE DE GRÁFICOS E QUADROS
5.1. ENERGIA RENOVÁVEL NO CONTEXTO DE ILHAS
5.5.1. Ambiente e Energia nos Problemas Actuais
1º Problema considerado mais grave:
Gráfico 1: A energia no quadro do problema actual mais grave
16
Gráfico 2: Local de incidência do problema mais grave
17
Gráfico 3: Causas do problema mais grave
18
Gráfico 4: Prioridade na solução do problema mais grave
18
Gráfico 5: Confiança na solução do problema mais grave
19
2º Problema considerado mais grave:
Gráfico 6: A energia no quadro do 2º problema mais grave
20
Gráfico 7: Local de incidência do 2º problema mais grave
20
Gráfico 8: Causas do 2º problema mais grave
21
Gráfico 9: Prioridade na solução do 2º problema mais grave
21
Gráfico 10: Confiança na solução do 2º problema mais grave
22
3º Problema considerado mais grave:
Gráfico 11: A energia no quadro do 3º problema mais grave
23
Gráfico 12: Local de incidência do 3º problema mais grave
23
Gráfico 13: Causas do 3º problema mais grave
24
Gráfico 14: Prioridade na solução do 3º problema mais grave
24
Gráfico 15: Confiança na solução do 3º problema mais grave
25
5.1.2. Conceito de Natureza e a Escala NEP
Conceito de Natureza
Gráfico 16: Conceitos de Natureza entre Açorianos
29
Gráfico 17: Grau de Respeito pela Natureza de Turistas vs Açorianos 30
Gráfico 18: Relação entre Conceito de Natureza e a Religião
107
31
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108
Açorianos na Escala NEP
Gráfico 19: “A acção humana na natureza produz consequências”
32
Gráfico 20: “O ser humano está a abusar do ambiente”
32
Gráfico 21: “O ser humano está sujeito às leis da natureza”
33
Gráfico 22: “Uma catástrofe ecológica será inevitável”
33
Gráfico 23: “O equilíbrio da natureza é frágil e merece respeito”
34
Gráfico 24: “As espécies animais e vegetais têm direito de existir”
34
Gráfico 25: “O progresso tem de prosseguir de qualquer maneira”
35
Gráfico 26: “A capacidade humana permitirá sempre a vida na Terra” 36
Gráfico 27: “O ser humano irá conhecer e controlar a natureza”
36
Gráfico 28: “O ser humano foi criado para controlar a natureza”
37
Gráfico 29: “A tão falada crise ecológica tem sido exagerada”
38
Gráfico 30: “O ser humano tem o direito de modificar a natureza”
38
Gráfico 31: “A natureza ultrapassará os efeitos da industrialização”
39
5.2 CONSUMO ENERGÉTICO NUMA DINÂMICA GERACIONAL
5.2.1. Práticas de Consumo Energético
Gráfico 32: Despesa mensal com recursos energéticos
40
Gráfico 33: Despesa mensal de energia eléctrica por geração
41
Gráfico 34: Classes de consumo mensal por geração
41
Gráfico 35: Equipamentos eléctricos de que dispõem em casa
42
Gráfico 36: Equipamentos eléctricos de que dispõem por geração
43
Gráfico 37: Equipamentos considerados de maior necessidade
44
Gráfico 38: Os três equipamentos de maior necessidade por geração 44
Gráfico 39: Equipamentos considerados de menor necessidade
45
Gráfico 40: Hábitos consumo de água na higiene pessoal/doméstica
46
Gráfico 41: Deixar água a correr enquanto lava louça por geração
46
Gráfico 42: Práticas de poupança no consumo mensal de gás
47
Gráfico 43: Frequência de práticas de poupança energética em casa
48
Gráfico 44: Frequência de práticas de poupança no trabalho
48
Gráfico 45: Práticas de poupança energética em casa vs no trabalho
49
Gráfico 46: Estratégias de poupança em casa por geração
50
Gráfico 47: Estratégias de poupança no trabalho por geração
51
108
5.2.2. Informação e Conhecimento sobre Energia
Quadro 1: Grau de conhecimento sobre ambiente e energia
52
Gráfico 48: Fonte de informação / conhecimento
53
Gráfico 49: Fonte de informação / conhecimento mais eficaz
53
Gráfico 50: Origem da Electricidade e gás que consome em casa
54
Gráfico 51: Tendência para fonte de electricidade diminuir ou acabar 54
Quadro 2: Grau de diminuição da fonte de electricidade
55
Gráfico 52: Origem da electricidade consumida em casa
55
Gráfico 53: Origem do gás consumido em casa
56
Quadro 3: Grau de impacto da produção eléctrica no ambiente
56
Quadro 4: A produção de electricidade pode prejudicar o ambiente?
57
Quadro 5: Grau em que produção eléctrica prejudica o ambiente
57
Gráfico 54: O consumo de energia vai aumentar?
58
Gráfico 55: Grau de aumento dos consumos no futuro
59
Quadro 6: A Região Açores vai ser afectada pela falta de energia?
60
Gráfico 56: Conhece alguma associação em prol do ambiente?
60
Quadro 7: Percentagem de energia de fontes renováveis em casa
61
Gráfico 57: Sabe que a factura da EDA indica % de fontes de energia? 61
Conhecimento sobre Fontes de Energia
Gráfico 58: Conhecimento sobre fontes de energia – Biomassa
62
Gráfico 59: Conhecimentos sobre Biomassa (por ilha)
63
Gráfico 60: Conhecimento sobre fontes de energia – Carvão
63
Gráfico 61: Conhecimentos sobre Carvão (por ilha)
64
Gráfico 62: Conhecimento sobre fontes de energia – Eólica
64
Gráfico 63: Conhecimentos sobre energia Eólica (por ilha)
65
Gráfico 64: Conhecimento sobre fontes de energia – Gás Natural
65
Gráfico 65: Conhecimentos sobre Gás Natural (por ilha)
66
Gráfico 66: Conhecimento sobre fontes de energia – Geotermia
66
Gráfico 67: Conhecimentos sobre Geotermia (por ilha)
67
Gráfico 68: Conhecimento sobre fontes de energia – Hídrica
68
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110
Gráfico 69: Conhecimentos sobre energia Hídrica (por ilha)
68
Gráfico 70: Conhecimento sobre fontes de energia – Marés e Ondas
69
Gráfico 71: Conhecimentos sobre Marés e Ondas (por ilha)
69
Gráfico 72: Conhecimento sobre fontes de energia – Nuclear
70
Gráfico 73: Conhecimentos sobre energia Nuclear (por ilha)
70
Gráfico 74: Conhecimento sobre fontes de energia – Petróleo/Crude 71
Gráfico 75: Conhecimentos sobre Petróleo/Crude (por ilha)
71
Gráfico 76: Conhecimento sobre renováveis nos Açores (por ilha)
72
Quadro 8: Conhecimento sobre renováveis nos Açores (por ilha)
72
Quadro 9: Informação sobre fontes de produção energética (por ilha) 73
Quadro 10: Informação sobre tarifas bi- e tri-horárias (por ilha)
73
Quadro 11: Aderência às tarifas bi- e tri-horárias (por ilha)
73
Quadro 12: Informação sobre piquetes de urgência (por ilha)
74
Quadro 13: Conhecimento de que pode fornecer energia (por ilha)
74
Quadro 14: Classificação da eficiência energética dos equipamentos
75
Quadro 15: Classificação da eficiência dos equipamentos (por ilha)
75
5.2.3. Responsabilização e Cidadania
Gráfico 77: Entidades responsáveis por resolver questões energéticas 81
Quadro 16: Confiança nas entidades responsáveis
82
Gráfico 78: Entidades responsáveis (por ilha)
83
Gráfico 79: Confiança nas Câmaras ( por ilha e geração)
84
Gráfico 80: Responsabilização do Governo Regional (ilha e geração)
85
Gráfico 81: Avaliação da acção das Câmaras e Governo Regional
85
Gráfico 82: Avaliação da acção das Empresa e dos Cidadãos
86
Gráfico 83: A forma como vive contribui para a falta de energia
87
Quadro 17: Grau de impacto da sua vida na falta de energia
88
Gráfico 84: Consumo actual vai esgotar os recursos energéticos
88
Quadro 18: Grau de esgotamento dos recursos energéticos
89
Gráfico 85: Consumo actual vai esgotar os recursos naturais
89
Quadro 19: Grau de esgotamento dos recursos naturais
90
Quadro 20: Comportamentos face à poupança de energia
90
Gráfico 86: Disponibilidade para pagar mais por renováveis
91
Quadro 21: Percentagem de aumento disposto a pagar
91
Quadro 22: Medidas de poupança apontadas, por geração
92
110
5.2.4. Impacto Geracional no Consumo Energético
Quadro 23: A forma como vive contribui para a escassez energética? 95
Gráfico 87: Geração que criou mais problemas
96
Gráfico 88: Geração que tem mais conhecimentos
96
Gráfico 89: Geração que contribui mais para resolução dos problemas 97
Gráfico 90: Variação no consumo doméstico de electricidade
98
Gráfico 91: Variação no consumo doméstico de gás
98
Gráfico 92: Variação no consumo doméstico de água
98
Gráfico 93: Quem mais respeita e preserva o ambiente
99
Gráfico 94: Quem mais tem aumentado os problemas
100
Gráfico 95: Quem se tem mais empenhado na resolução
100
Gráfico 96: Quem tem mais o dever de resolver os problemas
101
Gráfico 97: Quem está mais em conformidade com a preservação
101
Gráfico 98: Conhecimento das questões ambientais e energéticas
102
Gráfico 99: Grau de preparação dos mais jovens para resolução
102
Gráfico 100: Previsão sobre a actuação da geração mais jovem
103
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