GenARE - Relatório Final - Green Islands
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GenARE - Relatório Final - Green Islands
GenERATIONS OF AZOREANS AND RENEWABLE ENERGY A COMPARATIVE STUDY RELATÓRIO FINAL Dezembro 2011 Rosa Neves Simas (Coord.) Licínio Vicente Tomás Margarida Damião Serpa Carlos João Gomes Ana Moura Arroz 1 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 2 “Não herdamos a Terra dos nossos antepassados; tomamo-la de empréstimo aos nossos filhos.” “We do not inherit the Earth from our ancestors; we borrow it from our children.” (Unknown) Project: Generations of Azoreans and Renewable Energy 2 Índice Página SINÓPSE DO RELATÓRIO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1. INTRODUÇÃO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 2. OBJECTIVOS_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 3. METODOLOGIA _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4. REALIZAÇÃO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4 5 7 8 9 FASE DE INQUÉRITO: 4.1. ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.1.1. Material Informativo _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.1.2. Selecção das Famílias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.1.3. Guião das Entrevistas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.1.4. Entrevistas às Famílias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.1.5. Transcrição e Análise das Entrevistas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.2. INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.2.1. Elaboração do Questionário _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.2.2. Definição da Amostragem _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.2.3. Administração do Questionário _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.2.4. Elaboração da Base de Dados _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.2.5. Processamento da Informação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 9 9 9 10 10 11 11 11 12 12 12 12 FASE DE INTERVENÇÃO: 4.3. INQUÉRITO FACE À INTERVENÇÃO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.3.1. Concurso Geração Verde _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.3.2. Parcerias com Empresas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.3.3. Realização do Concurso Geração Verde _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.3.4. Entrega dos Prémios Geração Verde _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 4.3.5. Balanço Final da Intervenção _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 13 13 14 14 14 15 5. RESULTADOS FINAIS _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 5.1. Energia Renovável no Contexto Global de Ilhas _ _ _ _ 5.1.1. Ambiente e Energia nos Problemas Actuais _ _ _ _ 5.1.2. Conceito de Natureza e a Escala NEP _ _ _ _ _ _ _ 5.2. Consumo Energético numa Dinâmica Geracional _ _ _ _ 5.2.1. Práticas de Consumo Energético _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 5.2.2. Informação e Conhecimento sobre Energia _ _ _ _ 5.2.3. Responsabilização e Cidadania Ambiental _ _ _ _ _ 5.2.4. Impacto Geracional no Consumo Energético _ _ _ 15 15 15 26 40 40 52 78 93 LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1 0 7 BIBLIOGRAFIA _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 112 3 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 4 SINÓPSE DO RELATÓRIO Como parte do Projecto Green Islands, que visa estudar e promover a poupança e o uso das energias renováveis nos Açores, o Projecto GenARE (Generations of Azoreans and Renewable Energy) foi pensado numa conjuntura que combina a dimensão espacial e a dimensão temporal – espacial, porque é um projecto situado no arquipélago dos Açores, um laboratório natural isolado durante séculos mas hoje plenamente inserido nas tendências da cultura ocidental, e temporal, porque essa situação geográfica resulta num espécie de palimpsesto que conjuga três gerações – a geração mais velha (“avós”) que se lembra perfeitamente de crescer e viver sem electricidade; a geração intermédia (“pais”) que viveu a transição para o uso pleno da electricidade; e a geração jovem (“filhos”) que não concebe viver sem estar ligada à panóplia de aparelhos eléctricos e electrónicos que fazem parte do mundo contemporâneo. Inserido como está na realidade açoriana, o Projecto GenARE baseia-se, primeiro, na Fase de Inquérito, através de Entrevistas a Famílias e Inquérito por Questionário, às perspectivas, ideias e práticas destas três gerações em relação às questões energéticas. Os resultados deste Inquérito levam à Fase de Intervenção, que tem como objectivo a maior aderência e participação da população na poupança energética e no uso das energias renováveis na Região dos Açores. Esta acção concentrase, numa dinâmica geracional, na realização do Concurso Geração Verde. Este Relatório Final apresenta os resultados da Fase de Inquérito. Muito resumidamente, os dados colhidos indicam que as questões ambientais e energéticas têm uma expressão mínima no quadro dos problemas actuais apontados pelas três gerações, indicando que qualquer iniciativa ou campanha para promover a eficiência energética deve sublinhar a poupança, na factura mensal e no uso diário. A tendência generalizada entre as gerações de assumir posições mais amigas do ambiente e da natureza aponta para o abrandamento gradual da posição antropocêntrica que tem dominado a cosmovisão do povo açoriano ao longo do tempo. Dado que persiste a noção de que os Açores são uma região “protegida” dos problemas ambientais, iniciativas sobre a eficiência energética devem sublinhar a perspectiva ecocêntrica, ajudando a população a perceber a dinâmica dos ecosistemas e do planeta terra no seu todo. Sendo as práticas ligadas à micro-produção de energia quase inexistentes entre a população, este é claramente um sector promissor para as empresas do ramo. A geração jovem é considerada mais informada e preparada para resolver as questões ambientais e energéticas, levando as pessoas a expressar um certo optimismo em relação à futura resolução dos mesmos. No seu todo, estes resultados apontam para as vantagens da adopção de uma dinâmica geracional dos mais jovens partilharem os seus conhecimentos com as gerações mais velhas, e para a existência de esperança e confiança nas novas tecnologias e modos de vida. 4 1. INTRODUCÃO Apesar de a investigação relacionada com as ciências naturais e o desenvolvimento tecnológico ser essencial ao Projecto Green Islands, também merece especial atenção a dimensão sociocultural, para que se consiga a envolvência da população dos Açores e se atinja o impacto desejado na sociedade e economia. Dada a ligação intrínseca entre o meio físico (e a sua degradação) e o desenvolvimento da cultura humana no planeta, qualquer projecto dedicado às questões ambientais é hoje chamado a admitir “the fundamental premise that human culture is connected to the physical world, affecting it and affected by it.”1 Por isso, investigação sobre energia e desenvolvimento sustentável tem o dever de ser interdisciplinar. Pensando bem, as preocupações ecológicas da actualidade são, em primeiro lugar, uma manifestação de valores culturais, locais e globais, que as sociedades defendem, pretendendo que as questões sejam resolvidas, em princípio e na prática. Como tal, o ambiente natural é hoje visto como um legado comum da humanidade que une os saberes e as ciências e passa de geração em geração. Numa perspectiva das ciências naturais, a configuração geográfica do arquipélago dos Açores aparece como um laboratório natural e privilegiado de investigação científica. Todavia, esta visão sobre a realidade açoriana é parcial e limitada. De facto, estas mesmas ilhas podem ser vistas, naturalmente, como um laboratório sociocultural dado que, através da sua história, os Açores estiveram, até há poucas décadas, à margem dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos que foram moldando a civilização ocidental ao longo do tempo. Como resultado, a população açoriana actual é constituída pelas seguintes gerações: ۞ uma geração mais velha (avós) que se lembra bem da experiência de viver sem electricidade e da adaptação a esta nova realidade. ۞ uma geração intermédia (pais) que se formou à luz das alterações sociais e tecnológicas introduzidas pela adopção da electricidade e que presenciou a subsequente adopção da energia eléctrica pela população. ۞ uma geração mais jovem (filhos) que considera todo o equipamento e parafernália ligados à energia eléctrica como absolutamente normal e essencial ou, nas palavras de alguns jovens, “a minha vida pára”. 1 Glotfelty, Cheryll and Fromm, Harold (1996). The Ecocriticism Reader: Landmarks in Literary Ecology. Athens and London: University of Georgia Press: xix. 5 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 6 A justaposição de experiências de vida tão diversas, mas também coincidentes, faz da sociedade açoriana um campo especialmente fértil para pesquisar, numa altura em que as questões ambientais estão cada vez mais na ordem do dia. Em termos sociológicos, o Project GenARE foi concebido para estudar e comparar as variáveis e o impacto, na sociedade açoriana, de duas perspectivas sobre o Ambiente: uma visão tradicional baseada no antropocentrismo, que coloca o ser humano no “center of value or meaning” e os recursos naturais ao serviço da humanidade, e que está profundamente enraizada no mundo ocidental, em oposição à recente postura ecológica alicerçada no que se poderá chamar biocentrismo, ou seja, “the conviction that humans are neither better nor worse than other creatures (animals, plants, bacteria, rocks, rivers) but simply equal to everything else in the natural world.”2 Pensando bem, a transição entre uma e outra constitui uma alteração paradigmática de dimensões apreciáveis, que tem sido transmitida à população em geral através dos media e às camadas mais jovens através do ensino. O estudo destas questões no contexto açoriano faz falta – e, por isso, faz parte integrante do Projecto GenARE. Ao longo dos séculos, a sobrevivência da população dos Açores tem dependido dos fenómenos e recursos naturais – o clima, a terra, o mar. Neste contexto, as gerações que se seguiram ao povoamento inicial desenvolveram uma relação de grande proximidade com a Natureza que perdura nos nossos dias. Efectivamente, a crescente exposição aos fenómenos da contemporaneidade e às questões ambientais começa apenas há uma geração, o que significa que a sociedade açoriana continua a ser predominantemente rural e enraizada no cultivo da terra, privilegiando a sobrevivência humana e o domínio sobre a Natureza. Simultaneamente, a religião dominante do povo açoriano foi e continua a ser o Cristianismo, e o texto basilar da tradição judaico-cristã, a Bíblia, diz logo no início, no Livro de Génesis: “So God created man in his own image … And God blessed them and said unto them: Be fruitful and multiply, replenish the earth and subdue it, and have dominion over the fish of the sea, and over the fowl of the air, and over every living thing that moveth upon the earth…And God said: Behold; I have given you every herb bearing seed, which is upon the face of the earth, and every tree, in which is the fruit of a tree yielding seed; to you it shall be for meat.”3 À luz de um discurso desta natureza, o Cristianismo tem sido visto como uma religião de cariz antropocêntrico, que “not only established a dualism of man and nature, but also insisted that it is God’s will that man exploit nature for his proper ends”.4 2 Campbell, Sue Ellen, “The Land and Language of Desire: Where Deep Ecology and Post-Structuralism Meet” in Western American Literature (Nov. 1999): 199-211: 208. 3 Genesis: The First Book of Moses, Verses 27-30, taken from The Dartmouth Bible: An Annotated Version of the King James Bible. Boston: Houghton Mifflin Company, 1950. 4 White, Lynn, “The Historical Roots of Our Ecological Crisis” in Science (10 March 1967): 1203-7. 6 2. OBJECTIVOS Neste contexto sociocultural, o GenARE associa a componente humana aos outros componentes do Projecto Green Islands, apresentando: 1) um estudo comparativo das perspectivas de três gerações de açorianos sobre as questões ambientais e as energias renováveis 2) uma fase de intervenção para promover o conhecimento e envolvimento da população dos Açores, num esforço concertado para contribuir para a dinâmica do Green Islands. Na vida das gerações, os valores vão mudando, em sintonia com as práticas correntes e os constrangimentos históricos que caracterizam cada geração.5 Como tal, o desenvolvimento sustentável é uma questão geracional, moldada pelo entendimento que cada pessoa tem do presente, em relação ao futuro. À luz desta dinâmica sociocultural, o Projecto GenARE pretende indicar os níveis de sensibilização social e cidadania ambiental da população açoriana, especialmente no âmbito das energias e da crescente atenção dada ao bem-estar ambiental, uma preocupação que nem ocorria às gerações passadas. O GenARE pretende: ۞ Caracterizar os valores e atitudes de três gerações de açorianos face ao ambiente e às energias alternativas, no contexto dos problemas actuais, focando o balanço que os intervenientes fazem da situação actual, das projecções para o futuro e da sua receptividade à alteração de práticas. ۞ Comparar o ponto de vista de diferentes gerações de açorianos vivendo nas diversas localidades e ilhas do arquipélago, em termos dos seus consumos energéticos habituais, suas rotinas e necessidades diárias, e suas percepções de obstáculos ao uso de energias sustentáveis. ۞ Coligir e analisar a linguagem utilizada pela população para transmitir a sua postura, pessoal e colectiva, face à realidade ambiental e às exigências energéticas da actualidade, tendo em conta o papel da língua na tomada de decisões e no comportamento humano. ۞ Contribuir para a consciencialização da população e a mudança de atitudes / práticas no que concerne os custos / benefícios das fontes renováveis no contexto local e global, à luz do dictum / ditado popular: “Think globally, but act locally.”6 5 Attias-Donfut, Claudine (1988). Sociologie des Générations: L’empreinte du temps. Paris: PUF. 6 Levitt, Theodor in David Lands (1999) Mondialisation and Global Culture, Lisboa: FCG. 7 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 8 3. METODOLOGIA Estudos de cariz sociocultural devem ser alicerçados em metodologias e práticas de investigação rigorosas e coerentes. Num esforço para garantir o rigor máximo e uma margem de erro mínima, a Equipa GenARE dotou o Projecto com vários instrumentos diagnósticos e etapas de investigação e intervenção, que passamos a descrever em detalhe: 1) Fase de Inquérito – abrange a recolha e análise de informação através de a) entrevistas em profundidade a três gerações de famílias nas quarto ilhas em estudo, e b) questionário a administrar entre um segmento alargado da população. 2) Fase de Intervenção – baseia-se na intervenção junto da população do arquipélago através da sua participação no Concurso Geração Verde, realizado em pareceria com empresas locais do ramo. Na Fase de Inquérito, o Projecto GenARE decorre em 4 ilhas dos Açores: São Miguel (3 localidades), Terceira (2 localidades), Santa Maria (1 localidade) e Pico (1 localidade). A selecção destas 4 ilhas, num contexto de nove ilhas totais, resultou da análise das características gerais de todas as ilhas do arquipélago no contexto das fontes energéticas, actualmente em uso e em desenvolvimento, e da vivência que tipifica as variadas zonas de cada ilha. Este processo resultou na escolha de: Santa Maria, onde o recurso à energia eólica já é apreciável; São Miguel, que beneficia de uma variedade de fontes energéticas: geotérmica e hídrica (Ribeira Grande), uma combinação de fontes convencionais, eólica e hídrica (Nordeste) e biomassa (Lagoa); Terceira, que conjuga a energia convencional e eólica com projectos experimentais (Angra e Praia); e Pico, onde a dependência se baseia na energia convencional, com um pouco de eólica e uma experiência conturbada desenvolvida para capturar a energia das vagas do mar. No contexto dos grandes desafios ambientais que a humanidade enfrenta actualmente, as energias sustentáveis têm merecido destaque entre as possibilidades mais promissoras de solução. Contudo, é demasiadamente fácil assumir, erradamente, que as pessoas têm a mesma percepção e entendimento da questão, e que a informação está a ser transmitida de uma forma homogénea e equitativa. Cientes destes equívocos, os elementos da Equipa GenARE prosseguem com o seu trabalho, adoptando métodos de análise e intervenção alicerçados na produção científica e na acção concertada que o tema merece. Como tal, este é um esforço que visa: 1) diagnosticar os conhecimentos e pareceres que as gerações têm do assunto, e 2) intervir na criação e implementação de estratégias de sensibilização baseadas nas dinâmicas geracionais. 8 4. REALIZAÇÃO FASE DE INQUÉRITO 4.1. ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE 4.1.1. Material Informativo A Equipa GenARE iniciou os seus trabalhos com a consulta bibliográfica do vasto leque de literatura pertinente ao projecto, tarefa que continua, necessariamente, e que irá acompanhar todo o projecto, como é óbvio. Tendo em conta a importância da componente humana para o Projecto GenARE, a equipa deu logo atenção à elaboração de material informativo para ser distribuído entre as pessoas contactadas. Este esforço resultou num poster e panfleto que dão a conhecer o modus operandi e os objectives do Project junto da população. Paralelamente, foi criado um logo GenARE, conforme vem ilustrado abaixo e incluído nos anexos deste Relatório Anual. (Attachments 1 e 2) POSTER GenARE: Attachment 1 LOGO GenARE: PANFLETO GenARE: Attachment 2 4.1.2. Selecção das Famílias A selecção das famílias a entrevistar em cada ilha e localidade dependeu de contactos feitos com as forces vivas (padres, professores/as, assistentes sócias, e líderes comunitários) e com entidades (Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e associações locais). A Equipa GenARE, tendo em consideração a dimensão geográfica e populacional das quarto ilhas em estudo, a relação meio urbano e rural das localidades, e a diversidade de fontes energéticas, convencionais e alternativas, nessas ilhas e localidades, seleccionou as 14 famílias a entrevistar: 2 famílias em Santa Maria, 6 em São Miguel, 4 na Terceira e 2 no Pico. As três gerações de cada família resulta em 14 indivíduos de cada geração (i.e., 14 avós, 14 pais e 14 filhos), o que dá um total de 42 pessoas a serem entrevistadas nesta fase do projecto, como vem indicado a seguir, no Quadro Selecção das Famílias: 9 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page10 Quadro Selecção das Famílias Santa Maria São Miguel Terceira Pico Total Localidades 1 3 2 1 7 Famílias 6 x 3 4 x 3 2 x 3 14 Gerações por Famlia 2 x 3 x _3_ Total Participantes 6 18 12 6 42 Ilhas dos Açores 4.1.3. Guião de Entrevistas A preparação para as Entrevistas às Famílias também incluiu a elaboração de um Guião de Entrevistas que abrange as questões pertinentes para o estudo em curso. Após ponderação cuidada, a Equipa GenARE seleccionou e preparou as seguintes áreas e tópicos de inquérito: O Ambiente e a Natureza no Quadro dos Problemas Actuais; Conceitos e Perspectivas sobre a Natureza; O Papel e o Impacto das Gerações; Responsabilização pela Resolução dos Problemas Ambientais; Informação sobre o Consumo e a Eficiência Energética; Conhecimento de Práticas de Sustentabilidade; Fontes de Informação e Confiança; Consumo Energético na Família; Disponibilidade para Reorientar o Comportamento; e Sugestões para Reduzir o Impacto Ambiental e Consumo Energético. Os subtemas destas grandes questões estão enquadrados nas perguntas que constituem o referido instrumento de inquérito construído pela Equipa GenARE, o Guião de Entrevistas. (Attachment 3) GUIÃO DE ENTREVISTAS GenARE: Attachment 3 4.1.4. Entrevistas às Famílias Esta etapa do Projecto, que se realizou nas 7 localidades escolhidas e situadas nas 4 ilhas em estudo (Santa Maria, São Miguel, Terceira e Pico), fundamentou-se na recolha qualitativa de 42 entrevistas em profundidade. Para melhor se familiarizar com as respectivas localidades e realidades, os membros da Equipa GenARE repartiram a responsabilidade e procederam às respectivas entrevistas em profundidade, tarefa que teve sempre em conta as três gerações de cada uma das 14 famílias, como vem indicado na Lista de Famílias. (Attachment 4) LISTA DAS FAMÍLIAS GenARE: Attachment 4 10 4.1.5. Transcrição e Análise das Entrevistas O GenARE Research Assistant, Nelson Farinha, desempenhou a exigente tarefa que resultou na transcrição das Entrevistas às Famílias. Todavia, das 42 entrevistas feitas, problemas foram detectados nas gravações de uma das famílias do Pico, a última da Lista de Famílias GenARE. Foram feitos todos os esforços possíveis para recuperar as mesmas com diverso equipamento áudio, mas os técnicos da RDP-Açores, a quem recorremos, atribuíram o problema à interferência de algum telemóvel e não conseguiram a dita recuperação. Deliberou-se, no entanto, que a falta da informação contida nessas entrevistas não iria prejudicar o Projecto e que os dados contidos nas 39 restantes entrevistas eram suficientes para assegurar esta fase do estudo. A Equipa GenARE empenhou-se em analisar cuidadosamente os dados reunidos nas 39 entrevistas transcritas. No entanto, o andamento deste trabalho, moroso de si, foi prejudicado pelo anúncio inesperado do Research Assistant Nelson Farinha, que informou a equipa no fim de Novembro 2010 que iria abandonar o Projecto, alegando questões pessoais. Apesar deste imprevisto, a Equipa GenARE esforçou-se para prosseguir com a aplicação do Modelo de Análise (Attachment 5) e elaborar os resultados, incluindo a Síntese dos Resultados (Attachment 6), apresentados detalhadamente no Relatório Anual de Janeiro 2011. MODELO DE ANÁLISE GenARE: Attachment 5 SÍNTESE RESULTADOS ENTREVISTAS: Attachment 6 A Equipa GenARE resolveu não preencher a vaga de Research Assistant, tendo executado as tarefas necessárias à realização do Questionário, através de a contratação da NORMA-Açores, para aplicar o mesmo, e de duas tarefeiras para introduzir os dados, como vem à frente explicado: 4.2. INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO 4.2.1. Elaboração do Questionário A elaboração do Questionário GenARE acompanhou de perto os resultados obtidos nas entrevistas às famílias. Ao envolver uma amostragem representativa e mais alargada em cada uma das ilhas, esta etapa da Fase de Inquérito garante uma margem de erro mínima, e um grau de confiança de 95%. (Attachment 7) QUESTIONÁRIO GenARE: Attachment 7 11 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page12 4.2.2. Definição da Amostragem A definição da amostragem da população para a efectiva aplicação do Questionário GenARE foi elaborada por Licínio Tomás, membro da Equipa mais conhecedor do estudo das gerações. Tendo em conta o universo populacional das quatro ilhas em estudo, este investigador sintetiza os seus resultados desta forma: “Para um Universo populacional de 59 535 indivíduos abrangidos, com mais de 10 anos de idade, o tamanho da amostra resultante no conjunto das freguesias escolhidas é de 1129. Num intervalo de confiança a 95% ( ou seja, significância de .05), o erro médio máximo associado aos resultados deste nível amostral é de 3,23%” como vem indicado no documento Amostragem GenARE (Attachment 8). Ao mesmo tempo, Licínio Tomás elaborou o quadro das Quotas referentes às Freguesias em estudo (Attachment 9). AMOSTRAGEM GenARE: Attachment 8 QUOTAS FREGUESIAS GenARE: Attachment 9 4.2.3. Administração do Questionário Tendo o universo populacional definido, a Equipa GenARE fez todos os esforços, junta da Administração da Universidade dos Açores, para se proceder à selecção e subsequente contratação de uma empresa do ramo para efectuar a administração do Questionário GenARE à amostragem definida, tendo sido convidada para o efeito a empresa Norma-Açores. Seguem em anexo os documentos referentes ao Caderno de Encargos (Attachment 10) e ao Convite proposto pela Universidade dos Açores (Attachment 11) para a realização do mesmo. Em várias reuniões com o director da Norma-Açores, foram definidos e acordados os elementos a ter em conta aquando da aplicação do questionário a um universo total de 1129 indivíduos das três gerações residentes nas quatro ilhas em estudo. CADERNO DE ENCARGOS: Attachment 10 CONVITE DA ADMINISTRAÇÃO: Attachment 11 4.2.4. Elaboração da Base de Dados Estando a decorrer a aplicação do Questionário pela Norma-Açores, a Equipa construiu a Base de Dados do estudo em curso. 4.2.5. Processamento da Informação Para efectuar o processamento da informação contida nos questionários, duas tarefeiras foram contratadas. Lúcia Pacheco e Marisa Vale dividiram os 1129 questionários e procederam à introdução dos resultados na Base de Dados GenARE, um processo moroso que se prolongou até Setembro 12 deste ano e que obrigou aos necessários ajustes na Base de Dados. Logo que a introdução dos resultados ficou completa, a Equipa debruçou-se sobre a análise dos mesmos, à luz da subsequente realização da Fase de Intervenção e da elaboração do presente Relatório Final. FASE DE INTERVENÇÃO 4.3. INQUÉRITO FACE À INTERVENÇÃO Tendo completado a Fase de Inquérito, a Equipa GenARE procedeu à análise global dos resultados, apresentados em pormenor na segunda parte deste Relatório Final, face à elaboração de ideias para a Fase de Intervenção. Em jeito de brainstorming, foram pensadas e debatidas as ideias e possíveis estratégias, metas, parcerias e actividades a efectuar (Attachment 12). No entanto, a grande questão a ponderar prendeu-se com o tempo, que parecia escasso para a variedade de estratagemas pensados. Por isso, a Equipa decidiu concentrar-se na realização de uma grande iniciativa que tivesse por base a dinâmica geracional do projecto. Tendo em conta que a Fase de Intervenção deverá abranger as 9 ilhas do arquipélago, num esforço concertado para promover uma mais eficaz sensibilização e mobilização da população açoriana, a Equipa escolheu a proposta que visa a realização de um concurso para promover a poupança energética e o uso das energias alternativas, dando a essa iniciativa o nome Concurso Geração Verde. IDEIAS PARA INTERVENÇÃO GenARE: Attachment 12 4.3.1. Concurso Geração Verde Com a iniciativa do Concurso, a Equipa GenARE pretende promover uma dinâmica geracional efectiva na sociedade açoriana, em geral, e no seio das famílias, em particular, através da candidatura de agregados familiares, de duas ou mais gerações, das suas poupanças energéticas. O Concurso Geração Verde é uma campanha para incentivar e promover a adopção de atitudes, estratégias, e comportamentos ecologicamente mais sustentáveis. Pretende-se desafiar as famílias a repensar os seus hábitos de consumo energético e premiar aquelas que, ao conciliar usos e costumes de diferentes gerações, num esforço conjunto, consigam reduzir o consumo de energia eléctrica na sua habitação. Os detalhes desta iniciativa compõem o Regulamento do Concurso (Attachment 13). REGULAMENTO CONCURSO: Attachment 13 13 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page14 4.3.2. Parcerias com Empresas Cedo a Equipa GenARE percebeu que qualquer intervenção efectiva para promover a eficiência energética, junto da sociedade, teria forçosamente contar com as empresas locais do ramo. São estas que têm a experiência e o know-how, e são estas que estão apostadas na evolução e aplicação dos equipamentos e das tecnologias disponíveis hoje. Estas não podem ser, como tantas vezes são, esquecidas ou mesmo excluídas no âmbito dos projectos de investigação. Por isto, a iniciativa de contactar as empresas locais, para propor parcerias no âmbito do Projecto GenARE e do Concurso Geração Verde, afigura-se como um passo basilar na cabal execução do projecto, apontando para o êxito e esmero que se pretende. De facto, nas várias reuniões realizadas, todas as empresas contactadas mostraram-se bastante sensíveis e receptíveis à Proposta da Parceria. Tendo recebido resposta afirmativa à nossa Carta propondo uma Parceria (Attachment 14), contamos com o apoio e a colaboração de, por ordem alfabética, Atlantigás, Disrego, EDA, GO4theGLOBE, NextEnergy e RIAC. CARTA PARCERIA GenARE: Attachment 14 4.3.3. Realização do Concurso Geração Verde Tendo sido impossível completar a Fase de Inquérito antes do final deste ano de 2011, a Equipa GenARE vê-se obrigada a concentrar a Fase de Inquérito na realização do Concurso Geração Verde, solicitando a prorrogação do tempo de Projecto GenARE até Junho de 2012. Tendo concebido e construído os parâmetros da iniciativa, como vem explanado nesta secção do presente Relatório Final e nos documentos a ele anexos, a Equipa GenARE pretende realizar o Concurso entre Janeiro e Junho de 2012, estruturando a iniciativa da seguinte forma: Janeiro e Fevereiro 2012 – divulgação dos resultados do Estudo GenARE e promoção do Concurso Geração Verde e fase de entrega de candidaturas, através do Formulário de Inscrição (Attachment 15). Março a Maio 2012 – período a concurso relativo aos consumos. Junho 2012 – sessão de entrega dos Prémios Geração Verde. FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO: Attachment 15 4.3.4. Entrega dos Prémios Geração Verde Pretende-se que esta sessão, especialmente concebida para distinguir as empresas parceiras do Projecto GenARE, demonstre a importância das parcerias universidade – tecido empresarial, ao premiar a poupança energética dos agregados familiares, através da entrega dos prémios oferecidos pelas empresas parceiras (Attachment 16). COMPROMISSO EMPRESAS: Attachment 16 14 4.3.5. Balanço Final da Intervenção A Equipa GenARE compromete-se a entregar, por escrito, o Balanço Final da Intervenção através do Concurso Geração Verde, até 30 Junho 2012. 5. RESULTADOS DO INQUÉRITO Esta parte do Relatório Final apresenta os resultados do estudo efectuado durante a Fase de Inquérito, sintetizados no Attachment 17 em anexo. SÍNTESE RESULTADOS GenARE: Attachment 17 5.1. ENERGIA RENOVÁVEL NO CONTEXTO GLOBAL DE ILHAS A população dos Açores, vivendo num arquipélago abundante em beleza natural, sente muitas das preocupações ambientais da actualidade. Os dados reunidos pela Equipa GenARE apontam para os vários parâmetros que caracterizam essas preocupações, que são forçosamente moldadas pelo tempo e pelo espaço – pela geração – em que cada pessoa vive. Igual importância merece a linguagem utilizada pelas pessoas para comunicar as suas perspectivas e inquietações. Nesta segunda parte do Relatório Final, apresentamos os resultados globais obtidos na Fase de Inquérito às gerações da população açoriana, 1) contextualizando as questões ambientais e energéticas no quadro mais alargado dos problemas da actualidade (Margarida Damião Serpa); 2) situando as gerações no contexto do conceito de Natureza e da Escala NEP – New Ecological Paradigm Scale (Rosa Neves Simas); 3) descrevendo as práticas de consumo energético das gerações (Ana Moura Arroz); 4) sintetizando os conhecimentos das pessoas sobre as questões energéticas e ambientais (Carlos João Gomes); e 5) explanando as perspectivas colhidas no que concerne a responsabilização e cidadania ambiental das pessoas, e a dinâmica geracional no contexto das energias (Licínio Vicente Tomás). Segue-se o trabalho preparado pelos membros da Equipa GenARE, conforme vem acima indicado. 5.1.1. AMBIENTE E ENERGIA NOS PROBLEMAS ACTUAIS A nossa abordagem ao tema da energia no quadro dos problemas da vida actual, através de inquérito por questionário, pretendeu perceber, num âmbito alargado, o peso das preocupações das diferentes gerações em relação aos problemas energéticos se comparadas com as demonstradas face a problemas de outro tipo, bem como o local de incidência desses problemas, as suas causas, prioridades na sua resolução e confiança em 15 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page16 diferentes estratégias de solução dos mesmos. Assim, solicitou-se aos inquiridos que se pronunciassem sobre os três problemas mais graves da actualidade, iniciando pelo mais intenso e considerando diversos itens que remetiam para problemas da vida actual em diferentes áreas. A apresentação dos dados far-se-á através de gráficos ilustrativos do comportamento de cada geração considerando os diferentes itens em estudo e, em termos globais, serão comentadas as situações de diferenças estatisticamente significativas entre gerações, com níveis de confiança de 95% e de 99%. Será suprimida a informação relativa às situações de “outros” e/ou “não sabe/não responde” sempre que corresponderem a casos residuais. Este assunto também foi objecto da nossa atenção investigativa no estudo cuja recolha de dados foi efectuada mediante entrevistas (Simas, Tomás, Serpa, Gomes e Arroz, Relatório Anual, 2010). No final da presente análise, procuraremos estabelecer algumas relações entre os resultados de ambos os estudos. Problemas Actuais em 1ª Posição Passando à análise dos dados recolhidos mediante questionário relativo ao primeiro problema indicado como o mais grave, no Gráfico 1observase que as questões energéticas são as que têm o peso menos expressivo, a par das também baixas preocupações com os problemas ambientais. Estes últimos são mais destacados pela geração dos netos7 e os energéticos pela dos avós. Gráfico 1: A energia no quadro do problema actual mais grave por geração A nível energético, a maior preocupação situa-se no aumento do consumo de electricidade e/ou custos de energia e, em termos ambientais, as principais preocupações são a poluição atmosférica e/ou o aquecimento global do nosso planeta, aspectos que se situam mais na incidência do problema do que no equacionar dos problemas já existentes a este nível. É curioso observar que a geração dos avós aponta maiores inquietações com as questões energéticas, possivelmente pelos custos que supõe, uma 7 Ao longo do texto poderão utilizar-se as expressões de “netos”, “filhos” e “avós” para as gerações “menos de 30 anos de idade”, “entre 30 e 54 anos de idade” e “55 ou mais anos de idade”, respectivamente. Trata-se de uma forma obviada de nos referirmos às diferentes gerações, admitindo, no entanto, que não existe total coincidência entre as idades e as designações de parentesco agora mencionadas. 16 vez que esta é a geração que menos expressa preocupação com os problemas ambientais. Do lado oposto ao peso atribuído às questões energéticas e ambientais, estão as preocupações com os problemas políticos, os mais evidenciados, apresentando a geração de 30 a 54 anos de idade as pontuações mais elevadas, seguindo-se as relativas aos problemas sociais, lideradas pelos netos. O problema político indicado de forma muito expressiva, para todas as gerações, é a má gestão dos dinheiros públicos, incluindo subsídios mal atribuídos. Convém realçar que, embora, na actualidade, o problema financeiro esteja a afectar a sociedade portuguesa de forma intensa, a percepção das diferentes gerações não o realça como o mais grave, mas sim, sobretudo, parte das suas causas, por exemplo a gestão indevida de dinheiros públicos, e das suas consequências, em especial as relacionadas com o desemprego. A geração dos pais é a que realça os problemas económicos. Por fim, é a geração dos avós a que manifesta mais preocupação com as questões da saúde e educacionais. Globalmente, verificam-se diferenças estatisticamente significativas (p≤0.01) entre as gerações. Sintetizando, os dados mostram-nos que a geração com menos de 30 anos de idade destaca os problemas sociais e ambientais; a geração entre os 30 e os 54 anos de idade acentua os políticos e económicos; a geração com 55 ou mais anos de idade realça os de saúde, educacionais e energéticos. Quanto ao local de ocorrência do problema mais preocupante, é sentido de forma muito expressiva no local onde os inquiridos moram (Gráfico 2) e de modo menos incisivo na Região Autónoma dos Açores. Gráfico 2: Local de incidência do problema mais grave por gerações Estes dados merecem-nos dois comentários básicos. Por um lado, mostram-nos que os inquiridos admitem estar a viver estes problemas de gravidade extrema ou a ter conhecimento directo deles. Por outro lado, revelam uma ideia benévola em relação aos problemas existentes na Região Açores, porque expressam maior gravidade na zona de residência. A nível geral, não se verificam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações, mas é a geração dos avós a que enfatiza a existência 17 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page18 de problemas no local de residência. Para as outras duas localidades, as oscilações nas posições dos inquiridos são reduzidas. As causas apontadas para o problema mais grave são sobretudo devidas à acção dos governos (Gráfico 3), sendo salientadas sobretudo pelas gerações dos netos e dos pais. Ganham também algum destaque justificações ligadas ao individualismo das pessoas, principalmente pelos avós, à abundância e excessos de hoje em dia, sobretudo pelos pais, e à acção de cada um de nós, também mais sublinhada pelos avós. A acção de forças superiores à vontade humana e das empresas e dos mercados são as justificações menos assinaladas, embora, em termos geracionais, os pais realcem mais esta última. Em termos globais, observam-se diferenças estatisticamente significativas (p≤0.01) entre as gerações. Nesta análise das causas, as situações de “outra” e de “não sabe/não responde” têm alguma expressão, o que pode ser revelador da complexidade, incerteza e/ou falta de opinião formada sobre o assunto. Gráfico 3: Causas do problema mais grave por geração Os inquiridos também se pronunciaram acerca da prioridade de solução dos problemas apontados. No Gráfico 4, observa-se que deve ser dada prioridade aos problemas sociais, posteriormente aos políticos e só depois aos económicos. Sem se considerar a situação de “Outros”, os problemas energéticos surgem como os menos prioritários em solucionar, próximos dos educacionais que ocupam o penúltimo lugar. Gráfico 4: Prioridade na solução do problema mais grave por geração 18 No geral, não se registam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações, mas os netos acentuam a urgência em resolver os problemas sociais e os ambientais, os pais salientam os políticos e os económicos e os avós sublinham os de saúde, os educacionais e os energéticos. Importa realçar a preocupação da geração mais nova com os problemas sociais e ambientais e a dos avós com os problemas de saúde, surgindo em crescendo com a idade. A confiança nas estratégias de resolução do problema de gravidade extrema (Gráfico 5) incide claramente no desenvolvimento de políticas governamentais e, de forma algo expressiva, na produção e fiscalização de leis. Seguem-se a confiança na disponibilização de infra-estruturas e incentivos e a mudança de práticas das pessoas, em situação aproximada. Quase não se equacionam estratégias ligadas à divulgação de informação e, de forma pouco expressiva, à educação. Estes dados configuram a confiança em estratégias de natureza tendencialmente exógena ao indivíduo, mais orientadas por acções de natureza política, no sentido de um Estado providência, do que de cidadania baseada na corresponsabilização. Globalmente, existem diferenças estatisticamente significativas (p≤0.01) entre as gerações, sobretudo no sentido em que os pais confiam especialmente nas estratégias de natureza política. Gráfico 5: Confiança na solução do problema mais grave por geração Problemas Actuais em 2ª Posição Passamos à análise dos problemas que, nas preocupações dos inquiridos, ocuparam o segundo lugar de gravidade. No Gráfico 6, observa-se que o problema que ganha maior visibilidade em segundo lugar de gravidade é de tipo social, fundamentalmente a falta de trabalho e/ou crise de 19 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page20 emprego, sobretudo pela geração dos 30 aos 54 anos de idade. Depois das inquietações com os problemas sociais, surgem, em decrescendo, as preocupações com os económicos, mais indicadas pela geração dos netos, com os políticos, com os de saúde, de forma acentuada pela geração dos avós, e com os ambientais, mais salientadas pelos netos. Globalmente, observam-se diferenças estatisticamente significativas entre as gerações. Sem se considerar a situação de “outros”, as preocupações com os problemas energéticos são as menos aludidas e as educacionais continuam com baixas menções. Gráfico 6: A energia no quadro do 2º problema mais grave por geração Estes problemas são mencionados como ocorrendo sobretudo a nível local e inclusivamente mais na Região Açores do que no exterior (Gráfico 7). Estes dados permitem-nos continuar a pensar que os açorianos têm uma ideia idílica dos Açores, embora não de forma tão eloquente como no problema de gravidade extrema. Atendendo ao local de residência para o segundo problema de gravidade, a nível geral, não se observam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações. Gráfico 7: Local de incidência do 2º problema mais grave por geração A acção dos governos volta a ser o motivo indicado de forma muito expressiva para a justificação do segundo problema de maior gravidade (Gráfico 8), confirmando-se o seu peso explicativo, especialmente para os pais. Em geral, observam-se diferenças estatisticamente significativas (p=0.05) entre as gerações. 20 Gráfico 8: Causas do 2º problema mais grave por geração A justificação menos apontada tem a ver com a acção de forças superiores à vontade humana, o que denota, em termos globais, o reconhecimento da responsabilidade da acção do homem, e não do acaso, sobre o que ocorre no mundo, sendo a geração mais jovem a que revela algum misticismo na compreensão da realidade, por apresentar as pontuações mais elevadas. Os motivos ligados ao individualismo das pessoas também são salientados pela geração dos netos. Já a acção das empresas e dos mercados é destacada pela geração dos pais. Quanto à prioridade de solução dos segundos problemas mais graves (Gráfico 9), recai claramente nos sociais que, à semelhança do verificado em relação ao problema mais grave, acentua a necessidade de paz social no dia-a-dia, especialmente nas gerações dos netos e a dos avós. Seguese a prioridade de solução dos problemas económicos, mais valorizada pelos netos, e a dos políticos, sobretudo pela geração dos pais. Gráfico 9: Prioridade na solução do 2º problema mais grave por geração 21 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page22 A prioridade de resolução dos problemas de saúde surge em quarto lugar. Os problemas educacionais continuam a não ser muito prioritários, o que faz algum sentido se se atender às posições assumidas pelos entrevistados no respeitante à natureza das estratégias de solução dos problemas mais graves (a educação ocupa o penúltimo lugar) e ainda menos os ambientais, mais acentuados pela geração dos netos. Em termos globais, não se registam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações. Os problemas energéticos continuam a ser os menos urgentes em solucionar. Quanto à confiança nas estratégias de resolução do segundo problema mais grave (Gráfico 10), a acção política continua a emergir como a mais relevante, sobretudo pela geração dos pais. Logo a seguir, a produção e fiscalização de leis é mais realçada pela geração dos netos. As estratégias ligadas à mudança de práticas, ao investimento em infraestruturas, incentivos e apoios adequados e à educação apresentam valorização aproximada. A confiança nas estratégias ligadas à divulgação de informação é a menos expressiva. Em termos globais, verificam-se diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05) entre as gerações. Gráfico 10: Confiança na solução do 2º problema mais grave por geração Problemas Actuais em 3ª Posição Finalmente, esta análise das preocupações acerca dos problemas da vida actual conclui-se com o estudo dos dados ligados aos problemas indicados em terceiro lugar de gravidade. Os dados do terceiro problema confirmam a estabilidade das preocupações em relação aos dois problemas mais graves, apresentados anteriormente, no sentido em que tanto os políticos como os sociais continuam a ser muito aludidos (Gráfico 11), adquirindo os económicos, agora, mais visibilidade do que anteriormente. 22 Gráfico 11: A energia no quadro do 3º problema mais grave por geração Em termos gerais, observam-se diferenças estatisticamente significativas (p≤0.01) entre as gerações. As preocupações sociais são mais expressivas na geração dos avós. Os problemas económicos atingem elevado número de alusões, sobretudo da geração entre os 30 e os 54 anos de idade. As preocupações políticas e as ambientais são mais acentuadas pela geração dos netos e as de saúde, ocupando a quarta posição nos problemas elencados em terceiro lugar de gravidade, pelos avós. As preocupações com menor grau de expressão são as educacionais e as energéticas, ambas com maior valorização pelos avós. Continua a admitir-se que estes problemas ocorrem sobretudo no local de residência (Gráfico 12), ou seja, há forte probabilidade de os inquiridos se verem afectados pelos mesmos. É a geração dos avós a que mais evidencia esta zona de incidência dos problemas. Também se volta a recuperar com mais intensidade a ideia de que, na Região Açores, os problemas não são particularmente graves, sobretudo pelas gerações dos avós. Relativamente aos problemas fora da Região Açores, é a geração dos pais a que mais evidencia esta situação. Globalmente, não se registam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações. Gráfico 12: Local de incidência do 3º problema mais grave por geração A principal causa continua a estar sobretudo relacionada com a acção dos governos, o que mostra ser uma justificação recorrente dos entrevistados 23 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page24 (Gráfico 13), em especial pela geração dos pais. No entanto, também são mencionadas com algum relevo a acção de cada um de nós, mais pelos avós, o individualismo das pessoas, mais pelos netos, e a abundância e excessos de hoje em dia. A acção das empresas e dos mercados, bem como as forças superiores à vontade humana são as menos mencionadas. A nível geral, não se verificam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações. Gráfico 13: Causas do 3º problema mais grave por geração Quanto à prioridade na solução dos problemas em terceiro lugar de gravidade (Gráfico 14), as preocupações sociais continuam a liderar, de forma mais acentuada pela geração dos 30 aos 54 anos de idade. Seguem-se, de forma decrescente, as questões políticas, também pelos pais, as económicas, mais pelos netos, as de saúde e as educacionais, ambas pelos avós, e as ambientais, pelos netos. Em termos globais, também não se registam diferenças estatisticamente significativas entre as gerações. No quadro da análise deste estudo, os problemas energéticos continuam a ser os menos prioritários em resolver. Gráfico 14: Prioridade na solução do 3º problema mais grave por geração A confiança nas estratégias de solução dos problemas em terceiro lugar de gravidade continua a ser a intervenção ao nível de políticas governamentais (Gráfico 15). Reconhece-se, também, com alguma expressão e de modo decrescente, as alusões à confiança na mudança de práticas das pessoas, na produção e fiscalização de leis e na educação. 24 Gráfico 15: Confiança na solução do 3º problema mais grave por geração Globalmente, observam-se diferenças estatisticamente significativas (p≤0.01) entre as gerações, sendo de realçar o fato de serem os avós quem mais aponta para estratégias ligadas às políticas governamentais. Síntese do Ranking dos Problemas Actuais Fazendo um balanço destes resultados acerca da energia no quadro dos problemas da actualidade, conclui-se que os problemas energéticos ocupam, de forma consistente, a última posição de gravidade dos sete problemas mais mencionados pelos inquiridos. Ou seja, os açorianos tendem a não encarar os problemas energéticos como muito graves e, como tal, não os colocam em posição prioritária de resolução. Emergem, por ordem de maior gravidade, os problemas políticos, os sociais e os económicos, mas a ordem de prioridade de resolução coloca os sociais em primeiro lugar, depois os económicos e só depois os políticos. Os energéticos surgem em último lugar. Os inquiridos também tendem a situar os problemas mais graves no local de residência e a admitir que as causas destes problemas têm a ver com a ineficácia da acção dos governos, ao mesmo tempo que confiam sobretudo em estratégias ligadas às políticas dos governos para os superar. Assim, há propensão a admitir que as causas dos problemas estão nos outros e que a resolução depende sobretudo dos outros, sendo, negligenciada a cidadania baseada na corresponsabilização. A geração com menos de 30 anos de idade destaca-se por salientar a gravidade dos problemas sociais e ambientais e por dar prioridade de 25 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page26 solução aos sociais; a geração entre os 30 e os 54 anos de idade por realçar os problemas políticos e económicos e enfatizar as estratégias ligadas à política dos governos como forma de se solucionarem os problemas; a geração com 55 ou mais anos de idade por acentuar os problemas de saúde, educacionais e energéticos, sublinhar a prioridade a dar na resolução dos problemas de saúde e relevar o individualismo das pessoas como causa dos problemas. Estabelecendo uma comparação entre estes resultados do inquérito por questionário e os alcançados no estudo por entrevista, observa-se que há coincidência, no sentido em que as preocupações pelas questões da energia também surgem em último lugar e as preocupações por problemas educacionais ligados ao confronto de valores inter-geracionais também são baixas. As diferenças mais acentuadas situam-se ao nível da valorização dos problemas do ambiente que surgiram, então, em primeiro lugar, e agora revelam baixa expressão, talvez por a divulgação de informação para solicitação de potenciais entrevistados se ter feito no âmbito de um projecto ligado ao ambiente. Também há a considerar o facto de a recolha de dados mediante entrevista ter ocorrido em 2010 e os dados por questionário, recolhidos a partir Junho de 2011, estarem mais afectados pelo acentuar da crise financeira que Portugal atravessa, que se tornou mais visível, a partir de Maio de 2010, com a intervenção do Fundo Monetário Internacional no nosso país. Os dados de agora também confirmam as preocupações evidenciadas pelos avós relativamente à saúde e dos pais no referente aos problemas políticos e económicos. Infirmam o realce dado aos problemas sociais, então mais aludidos por pais e avós, e aos energéticos pelos netos, passando agora a ser mais destacados pelos avós. 5.1.2. CONCEITO DE NATUREZA E A ESCALA NEP Cada época, cada sociedade cria e/ou recria a sua própria imagem da Natureza, numa dinâmica geracional que espelha as relações que com ela estabelece. Ou seja, a forma como o ser humano age perante a Natureza decorre da diversidade dos conceitos e sentimentos, das perspectivas e representações que dela foram tendo as sucessivas gerações das comunidades humanas dos diferentes lugares da Terra. Pensando na dimensão socioeconómica da questão, Maria Lucinda Fonseca e Francisco Ferreira (2001) afirmam que a evolução observada na interacção Ser Humano – Natureza é, simultaneamente: “produto e gerador de novos valores, crenças e formas de organização social e económica, actuando como agente de transformação da Natureza e, simultaneamente, desenvolvendo mecanismos de adaptação às mudanças do ambiente natural induzidas pelos seres humanos no meio em que vivem.”8 8 Beckert, Cristina (2001). Natureza e Ambiente: Representações na Cultura Portuguesa. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa: 57. 26 Como é evidente, a população que actualmente vive no arquipélago dos Açores participa nesta dinâmica social e geracional. Todavia, ao contrário do passado, a rapidez com que se introduzem mudanças na sociedade contemporânea levou as gerações actuais a “viverem” experiências muito distintas, num espaço de poucas décadas. Isto leva a que os impactos dos “novos valores, crenças e formas de organização social e económica” sejam mais marcantes no dia-a-dia da população açoriana. Simultaneamente, o país e a lei portuguesa, que rege os Açores, têm acompanhado esta mudança paradigmática na forma de encarar a natureza e o meio ambiente que nos rodeiam, mudança esta intimamente ligada às dimensões sociais e culturais da existência humana. Por exemplo, de acordo com a Lei de Bases Portuguesa do Ambiente de 1987, o ambiente é definido como sendo “o conjunto dos sistemas físicos, químicos e biológicos e das suas relações e dos factores económicos, sociais e culturais, com efeitos direitos ou indirectos, mediatos ou imediatos, sobre os seres vivos e a qualidade de vida do ser humano”9. Como é evidente, a dimensão sociocultural da existência humana fundamenta sempre a percepção que temos da natureza e do ambiente. Igualmente relacionados com olhares sobre a natureza e o ambiente, os três conceitos base formulados ao longo do tempo são: antropocentrismo, biocentrismo e ecocentrismo. O mais tradicional, “o antropocentrismo caracteriza-se por uma visão instrumental da natureza” em que “a acção humana de controlo e domínio da natureza com o objectivo de exploração dos seus recursos está legitimada”10. Recentemente, “o biocentrismo rompe com a perspectiva da mera atribuição de valor instrumental aos seres vivos, e a Vida é transformada no centro de todo o valor, tanto mais que a maior parte dos serves vivos não revela qualquer utilidade para o ser humano”11. Focando a dinâmica ecológica, “o ecocentrismo caracteriza-se pela atribuição de um valor não meramente instrumental aos ecossistemas, unidades geradoras da diversidade biótica e fundamentais ao funcionamento global da Terra”12. Não obstante a dinâmica ambientalista que caracteriza os conceitos bio- e eco- cêntricos, os avanços são lentos e as denúncias muitas. Referindo-se às questões energéticas da actualidade, por exemplo, Imre Szeman 9 Silva, Emiliana e Rosalina Gabriel (2007). As Atitudes Face ao Ambiente em Regiões Periféricas. Angra do Heroísmo: FCT & Universidade dos Açores. 10 Almeida, António (2007). Educação Ambiental: A Importância da Dimensão Ética. Lisboa: Livros Horizonte: 31. 11 Idem, 59. 12 Idem, 81. 27 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page28 denuncia “a fundamental gap to which we have hitherto given little thought” e situa a energia no contexto conceptual, explicando: This gap is the apparent epistemic inability or unwillingness to name our energy ontologies, one consequence of which is the yawning space between belief and action, knowledge and agency; we know where we stand with respect to energy, but we do nothing about it. The perverse outcome of the drama of individual and collective maturity in which we have placed our hope since Kant is a perpetual present shaped by inaction and bad faith.13 São várias as ilusões que subsistem. Uma é referida pela sigla NIMBY, letras que traduzem, em inglês, a atitude “Not In My Back Yard”14, ou seja, a ideia de que os problemas e as soluções pertencem aos outros, atitude ilustrada nos Açores, por exemplo, pela noção prevalente de que o arquipélago está protegido e/ou afastado dos problemas ambientais. Outra ilusão que teima em persistir considera as fontes energéticas abundantes e/ou ilimitadas. Ao desconstruir esta noção, Szeman diz: The fiction of surplus in which we subsist shapes not only the belief that there will always be plenty of energy to go around but also the complementary idea that easy Access to energy plays (at best) a secondary role in history by comparison with human intellect and the adventure of progress; it is not just energy that constitutes a limit but also our present understanding of its social role and significance.15 O significado atribuído à energia está interligado com os conceitos de natureza que um povo alimenta. Nesta parte do Relatório, portanto, vamos considerar aspectos que têm a ver com os conceitos de natureza apontados pelas pessoas inquiridas por questionário entre a população dos Açores, posicionando os resultados no contexto do novo paradigma ambiental e do que se convencionou chamar em inglês a New Ecological Paradigm (NEP) Scale16, i.e., a Escala NEP em português. Elaborada no contexto do novato movimento ambiental de então, a Escala NEP tornouse um instrumento de referência no contexto da investigação na área das questões ambientais. Mas antes de situarmos os resultados no âmbito desta escala, vamos considerar três aspectos preliminares ligados à concepção que as pessoas têm das questões ambientais em relação ao contexto cultural dos Açores. Szeman, Imre. “Literature and Energy Futures” in PMLA Journal, (March 2011), Vol. 126, Nº 2: 324. 14 Introduzida no contexto anglófono, NIMBY é utilizado na literatura internacionalmente. 15 Idem. 16 Instrumento de investigação na área ambiental desenvolvido por Dunlap e Van Liére. 13 28 Conceitos de Natureza entre a População dos Açores Respondendo a uma pergunta aberta, as pessoas inquiridas por questionário indicaram uma grande variedade de noções para definir o que é a natureza (Gráfico 16). No entanto, entre essa panóplia de ideias apresentadas, alguns sintagmas assumem uma posição de destaque. Gráfico 16: Conceitos de Natureza entre Açorianos Ar Fresco Vegetação/Matas Árvores/Plantas Mar/Oceano Água/Lagoas/Rios Cultivações 17,9 Pessoas/Seres Humanos Animais Tudo o Que Vive Ns/Nr 45,8 Outro A coisa mais bela 3,5 A nossa casa A nossa mãe Algo insubstituível 20,1 Ambiente Fonte de energia Tudo o que o Homem não construiu Planeta terra No contexto dos Açores, de entre umas 15 categorias/noções de natureza indicadas pelos inquiridos, o sintagma mais apontado é “Ar Fresco” (46% nas gerações filhos e avós, e 44% na dos pais), resultados que parecem indicar uma noção vaga relacionada com algo intangível e evanescente. O conceito que aparece a seguir, representando menos de metade do anterior, prende-se com a noção que foi mais verbalizada durante a Fase de Entrevistas, ou seja, a noção de verduras contida nas palavras “Vegetação/Matas/Árvores/Plantas”, indicada por 20,1% das três gerações, mais nos filhos (24%), depois nos avós (21%) e, por fim, nos pais (16%). A percentagem de 21% nos pais aparece na terceira noção de natureza indicada: “Tudo o que Vive”, conceito que merece a aprovação de 17,9% nas três gerações, 17% nos filhos e 15% nos avós. Tendo em conta que a população em estudo vive em ilhas, no meio do Atlântico Norte e afastadas dos continentes, é notável que a menção de “Mar/Oceano” tenha ocorrido nuns escassos 3,5% dos inquiridos, sem diferenças significativas entre as gerações. 29 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page30 Grau de Respeito pela Natureza de Açorianos vs Turistas Durante as últimas décadas, a natureza e o ambiente natural do arquipélago têm sido crescentemente utilizados para promover os Açores como destino turístico de excelência. Esta aposta numa natureza intacta e bela pressupõe, por parte da população endógena, cuidado e respeito pelo ambiente natural das ilhas que compõe o arquipélago. Ao mesmo tempo, depois de ser pouco visitada e conhecida no exterior, a região tem beneficiado da recente aposta no sector do Turismo, que tem trazido aos Açores um crescente número de pessoas estrangeiras vindas de várias partes do globo, visitantes com outras ideias, culturas, e experiências de vida. Como tal, achamos importante sondar a noção que as pessoas dos Açores têm a cerca do seu comportamento e da forma como tratam a natureza, comparativamente com o trato das pessoas de fora que visitam o arquipélago. Os resultados apontam para um desfasamento acentuado entre a avaliação que as pessoas fazem do seu comportamento, por um lado, e a visão idílica que os anúncios turísticos promovem lá fora. Vejamos o balanço que os açorianos fazem do seu nível de respeito pela natureza, quando o comparam com o nível de respeito que atribuem aos turistas. Quando levados a comparar os açorianos e os visitantes, em termos de respeito pela natureza (Gráfico 17), a maioria (67%) das três gerações acha que “os estrangeiros / turistas são mais respeitadores” (tendência mais acentuada em relação inversa à idade: filhos-69%, pais67% e avós-63%); 22% acha que o nível de respeito é igual e apenas 7% pensa que o povo açoriano é mais respeitador. Estes resultados são assoladores na avaliação que as pessoas dos Açores fazem da forma como tratam a natureza, indicando que a população local considera que o seu comportamento fica bastante aquém dos hábitos dos outros povos. Aliás, este resultado já tinha transparecido na fase de entrevistas. Gráfico 17: Grau de respeito pela natureza de Turistas vs Açorianos 80,0 70,0 60,0 50,0 Mais Igual 40,0 Menos NS/NR 30,0 20,0 10,0 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + 30 Total Conceito de Natureza e a Religião Muito diferentes dos dados colhidos por entrevista são os resultados colhidos por questionário no que concerne a existência, ou não, de uma relação entre o conceito de natureza e a religião de um povo. Enquanto as pessoas entrevistadas expressaram a sua concordância com esta relação, por questionário a maioria (60%) discordou da existência de tal relação (Gráfico 18). Por geração, as percentagens de discordância são mais elevadas nas gerações mais jovens (filhos-66%, pais-61% e avós50%), enquanto as da concordância aumentam com a idade (filhos-20%, pais-26% e avós-31%). Esta terá sido das diferenças mais acentuadas entre os resultados do inquérito por entrevista e os dados do inquérito por questionário do Estudo GenARE apresentados neste Relatório. Gráfico 18: Existe relação entre o Conceito de Natureza e a Religião 70,0 60,0 50,0 40,0 Sim Não NS/NR 30,0 20,0 10,0 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + Conceitos da Escala NEP No contexto da Escala NEP (New Ecological Paradigm Scale), os resultados indicam que a perspectiva antropocêntrica ainda se mantém entre a população açoriana, embora ideias e atitudes mais próximas do ecocentrismo parecem transparecer crescentemente. Sugerindo esta tendência, perceptível nas três gerações, a grande maioria está de acordo com as afirmações da Escala NEP que põem em causa a acção humana na natureza e exprimem sensibilidade ecológica e ambiental. Comentando a acção humana na natureza, por exemplo, a clara maioria (87%) das três gerações concorda que “A acção humana na natureza muitas vezes produz consequências desastrosas” (Gráfico 19), sendo a percentagem da geração filhos (90%) a que mais se destaca, contrabalançando os 82% da geração avós e dando a média final de 87%, média igual à percentagem da geração pais. No contexto de uma viragem para o novo 31 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page32 paradigma ecocêntrico, este resultado é o mais saliente, mas acompanha outros que se seguem. Menção especial vai para os níveis baixíssimos de pessoas indiferentes e em desacordo, níveis reduzidos que caracterizam os 5 gráficos que se seguem, todos indicativos de uma visão ecocêntrica e de uma grande sensibilidade ecológica. Gráfico 19: “A acção humana na natureza muitas vezes produz consequências desastrosas”. 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% Concorda 60,0% Indiferentes 50,0% Discorda Ns/Nr 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + Total Em consonância com o resultado anterior, a clara maioria (85%) das três gerações pensa que “O ser humano está a abusar severamente do ambiente” (Gráfico 20). Como acontece no gráfico acima apresentado, as percentagens aumentam quanto mais jovem é a geração: 89% na geração filhos, 85% na geração pais, e 79% na geração avós. Gráfico 20: “O ser humano está a abusar severamente do ambiente”. 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% Concorda 60,0% Indiferentes 50,0% Discorda Ns/Nr 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + 32 Total Igualmente indicativo da tendência entre a população açoriana de rejeitar a visão antropocêntrica, que vê o ser humano no centro da criação, e de assumir conceitos e tendências mais ecocéntricas, vendo a natureza como a peça central e o ser humano como dependente desta, 78% das três gerações considera que: “Apesar das suas capacidades, o ser humano ainda está sujeito às leis da natureza” (Gráfico 21). Aqui a geração pais (80%) ultrapassa, por pouco, os filhos (78%) e os avós (75%). Gráfico 21: “Apesar das suas capacidades, o ser humano ainda está sujeito às leis da natureza”. 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% Concorda 50,0% Indiferentes Discorda 40,0% Ns/Nr 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + Total Também expressando sensibilidade e preocupação com as questões ambientais, a maioria (72%) das três gerações acha que “Se as coisas continuarem como até aqui, uma catástrofe ecológica será inevitável” (Gráfico 22). Mais uma vez, é a geração filhos que mais partilha desta visão inquietante (76%), seguida dos pais (72%) e avós (65%). Gráfico 22: “Se as coisas continuarem como até aqui, uma catástrofe ecológica será inevitável”. 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% Concorda 50,0% Indiferentes Discorda 40,0% Ns/Nr 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + 33 Total MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page34 Ainda dentro dos resultados que apontam para a mudança de um paradigma antropocêntrico para uma visão mais ecocêntrica, a grande maioria (83%) das três gerações concorda que “O equilíbrio da natureza é frágil e facilmente alterável e deve ser respeitado” (Gráfico 23). De novo, é a geração filhos que mais partilha desta ideia (86%), seguida dos pais (84%) e dos avós (78%), em ordem inversa à idade. Gráfico 23: “O equilíbrio da natureza é frágil e facilmente alterável e deve ser respeitado”. 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% Concorda 60,0% Indiferentes 50,0% Discorda Ns/Nr 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + Total O respeito pelas espécies animais e vegetais que compõe o ecossistema parece estar bem patente na grande maioria (89%) das três gerações que concorda com a afirmação “Tal como a espécie humana, as espécies animais e vegetais têm o direito de existir” (Gráfico 24). Em sintonia com os resultados anteriores, as percentagens aumentam em relação inversa ao decréscimo da idade: filhos-91%, pais-90% e avós-84%. Gráfico 24: “Tal como a espécie humana, as espécies animais e vegetais têm o direito de existir”. 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% Concorda 60,0% Indiferentes 50,0% Discorda Ns/Nr 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + 34 Total Entre as três gerações, portanto, a dos filhos afigura-se como a que está mais em sintonia com o novo paradigma que coloca a natureza e o bemestar ambiental no centro das preocupações, seguindo-se a geração pais e depois a geração avós. No entanto, existem tensões e contradições que se evidenciam nas três gerações, como acontece com as posições tomadas em relação à afirmação “O progresso e o desenvolvimento têm de prosseguir de qualquer maneira” (Gráfico 25). Relativamente a esta postura claramente antropocêntrica, porque coloca o progresso e o desenvolvimento da cultura humana acima de qualquer preocupação com o meio ambiente, as percentagens oscilam e os níveis de indiferentes e “Não sabe/Não responde” começam a aumentar. Todavia, os níveis totais de consonância (42,4%) e dissonância (32,7%) estão em destaque, com 47% dos filhos, 40% dos pais e 39% dos avós a concordar e, a discordar, 31% dos filhos, 37% dos pais e 28% dos avós. Aqui, a geração pais mostra-se mais amiga do ambiente. Gráfico 25: “O progresso e o desenvolvimento têm de prosseguir de qualquer maneira”. 50,0% 45,0% 40,0% 35,0% Concorda 30,0% Indiferentes 25,0% Discorda Ns/Nr 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + Total Outro resultado que evidencia a tensão existente entre uma visão mais antropocêntrica e outra mais ecocêntrica nas gerações inquiridas, prendese com as respostas dadas à expressão de confiança total na agência humana que está contida na afirmação “A capacidade inventiva do ser humano permitirá sempre a vida no planeta Terra” (Gráfico 26). No contexto desta questão, as percentagens em consonância e em dissonância oscilam: dos filhos, 38% concorda e 31% discorda; dos pais, 48% concorda e 22% discorda; dos avós, 45% concorda e 15% discorda. Como acontece ao longo dos resultados, o nível de respostas “Não sabe/ Não responde” é superior na geração avós e inferior na geração filhos. 35 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page36 Gráfico 26: “A capacidade inventiva do ser humano permitirá sempre a vida no planeta Terra”. 60,0% 50,0% 40,0% Concorda Indiferentes 30,0% Discorda Ns/Nr 20,0% 10,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + Total No entanto, o exemplo que mais evidencia a tensão antropocentrismo vs ecocentrismo, patente na visão das gerações, surge em relação à declaração “O ser humano acabará por conhecer o funcionamento da natureza suficientemente bem para a controlar” (Gráfico 27), quando os níveis das várias respostas se aproximam. Na geração filhos, 34% concorda e 36% discorda com a afirmação. A geração pais está também dividida entre a concordância (33%) e a discordância (35%), enquanto a geração avós divide-se entre os que concordam (27%), discordam (31%), estão indiferentes (22%), e Não sabem/Não respondem (19%). Os totais espelham a tensão entre a concordância (32%) e a discordância (34%). Gráfico 27: “O ser humano acabará por conhecer o funcionamento da natureza suficientemente bem para a controlar”. 40,0% 35,0% 30,0% 25,0% Concorda Indiferentes 20,0% Discorda Ns/Nr 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% Menos de 30 30-54 55 ou + 36 Total A divergência entre as gerações, especialmente entre a mais jovem e a mais velha, está patente nas respostas dadas à declaração da supremacia do ser humano sobre a natureza contida na afirmação “O ser humano foi criado para controlar a natureza” (Gráfico 28). Aqui, a concordância, claramente expressando a visão antropocêntrica, aumenta com a idade: 27% nos filhos, 35% nos pais e 43% nos avós. Em relação inversa, a discordância, indicativa de uma perspectiva ecocêntrica, diminui com o aumento da idade: 54% nos filhos, 43% nos pais e 30% nos avós. Estes resultados poderão indicar que a geração mais velha continua a ser a mais influenciada pela cosmovisão da tradição judaico-cristã, traduzida nos Açores pelo Catolicismo, enquanto as gerações mais jovens vão sendo mais influenciadas pelo novo paradigma ambiental. Gráfico 28: “O ser humano foi criado para controlar a natureza”. 60,0 50,0 40,0 Concorda Indiferentes 30,0 Discorda Ns/Nr 20,0 10,0 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + Total A propensão para haver divergências entre as gerações, nomeadamente entre as gerações dos extremos, está também patente nas respostas à declaração “A tão falada crise ecológica, associada à acção humana, tem sido muito exagerada” (Gráfico 29). Mais uma vez, as percentagens de concordância aumentam com a idade (filhos-33%, pais-35% e avós-40%) e as da discordância diminuem com a idade (filhos-43%, pais-37% e avós-26%), levando a um equilíbrio quase perfeito entre as percentagens totais das três gerações: 35,6% concorda e 36,8% discorda. Os níveis de pessoas que se mostram indiferentes são muito próximos e as percentagens de respostas “Não sabe/Não responde” aumentam com a idade/geração, como vem acontecendo ao longo dos dados. 37 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page38 Gráfico 29: “A tão falada crise ecológica, associada à acção humana, tem sido muito exagerada”. 50,0 45,0 40,0 35,0 Concorda 30,0 Indiferentes 25,0 Discorda Ns/Nr 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + Total E, por fim, esta mesma divergência entre as gerações, especialmente entre a mais nova e a mais velha, acontece em relação à postura antropocêntrica “O ser humano tem o direito de modificar a natureza segundo as suas necessidades” (Gráfico 30). Enquanto os níveis de concordância (41%) e discordância (40%) são quase idênticos, de novo, as respostas das gerações mais jovens apontam para a gradual aceitação de uma postura mais ecocêntrica, enquanto as posições assumidas pela geração mais velha situam-na mais na acepção antropocêntrica. Assim, as percentagens de concordância são 39%-filhos, 41%-pais e 45%-avós; os resultados da discordância são 45%-filhos, 40%-pais e 29%-avós. Gráfico 30: “O ser humano tem o direito de modificar a natureza segundo as suas necessidades”. 50,0 45,0 40,0 35,0 Concorda 30,0 Indiferentes 25,0 Discorda Ns/Nr 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + 38 Total Globalmente, estes resultados parecem indicar que uma mudança paradigmática, de uma visão antropocêntrica para uma postura mais ecocêntrica e ambientalmente sustentável, está em curso no seio da população dos Açores. A tendência generalizada entre as gerações de assumir algumas posições mais amigas do ambiente e, especialmente, a propensão das gerações mais jovens em manifestar perspectivas que são mais ecocêntricas, parecem apontar para o abrandamento gradual da posição antropocêntrica que tem dominado a cosmovisão do povo açoriano ao longo do tempo. Considerada por muitos como sendo mais realista, em termos dos verdadeiros desafios e problemas que enfrentamos, esta visão acarreta o perigo iminente de poder conduzir a uma postura mais pessimista entre as gerações jovens, o que parece transparecer em relação à questão que diz: “A natureza conseguirá sempre ultrapassar os efeitos negativos da industrialização” (Gráfico 31). Embora os níveis de concordância sejam próximos nas três gerações (21%, 25% e 24%, respectivamente), denotando esperança relativa no poder da natureza para se regenerar apesar dos malefícios trazidos pela dinâmica humana da industrialização, a visão mais pessimista, veiculada pela discordância com a afirmação, é mais acentuada entre filhos (48%) e pais (45%) do que avós (33%), dando níveis totais de 23,1% a concordar e 43,4% a discordar. Gráfico 31: “A natureza conseguirá sempre ultrapassar os efeitos negativos da industrialização”. 60,0 50,0 40,0 Concorda Indiferentes 30,0 Discorda Ns/Nr 20,0 10,0 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + 39 Total MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page40 5.2. CONSUMO ENERGÉTICO NUMA DINÂMICA GERACIONAL 5.2.1 PRÁTICAS DE CONSUMO ENERGÉTICO Cientes de que o modo como os individuos relatam as suas práticas e as interpretam mantem com os comportamentos realizados uma correlação longe de perfeita em muitos domínios, considerámos que o recurso às representações dos sujeitos sobre o modo como lidam com os recursos energéticos representava neste estudo uma dimensão incontornável na medida em que nos transportaria para o universo dos seus significados e interpretações sobre a própria conduta – variável bastante relevante quando se pretendem promover mudanças comportamentais com vista a uma maior sustentabilidade no âmbito dos recursos energéticos. Portanto, estes dados devem ser menos interpretados como uma representação fiável dos consumos energéticos realizados do que como uma boa estimativa das avaliações pessoais sobre esses consumos. Que consumos caracterizam em média os agregados familiares inquiridos? E que perfis de consumo e de poupança energética encontramos a partir das representações dos usos de cada recurso? Os inquiridos com 55 anos ou mais interpretarão os seus padrões de consumo como distintos e mais sustentáveis do que as gerações mais jovens ou não se encontram diferenças significativas entre os consumidores açorianos? Estas representam algumas das interrogações que dinamizaram esta caracterização. Uma grande diversidade de consumos energéticos, representando despesas que vão desde menos de 20 euros a mais de 100 euros por mês, caracteriza a população inquirida. Os gastos com a gasolina lideram as despesas apontadas, com mais de um terço dos inquiridos a indicar que despende 80 ou mais euros por mês. Inversamente, é o gás que menos afecta o orçamento familiar com 7 em cada 10 pessoas a gastar menos de 40 euros (Gráfico 32). Gráfico 32: Despesa mensal com recursos energéticos 40 Mais surpreendente é o facto das despesas com a água e a energia eléctrica serem percebidas como muito semelhantes, situando-se em ambos os casos, para mais de metade das pessoas, entre os 20 e os 59 euros, ainda que se perceba um ligeiro agravamento no que respeita à energia eléctrica, facto que não se afigura estar muito ajustado à realidade, dado a diversidade de preços de ambos os recursos. Por outro lado, o consumo mensal de energia eléctrica da geração avós é globalmente menor do que o das restantes gerações, uma vez que se apresentam percentualmente menos representados nos escalões de consumo mais elevados e mais representados nos escalões de consumo mais reduzidos, ao passo que nos indivíduos dos 30 aos 54 se constata a tendência inversa (Gráfico 33; χ2=20.598, gl=10, p<0,05). Gráfico 33: Despesa mensal de energia eléctrica por geração Diferenças análogas se constatam nos consumos mensais de água (χ2=58,331, gl=10, p<0,001) ou, embora de uma forma menos clara, também nos consumos de combustível (χ2=29.802, gl=10, p<0,005) e de gás (χ2=26.869, gl=10, p<0,005), como podemos observar nos Gráficos 34a, 34b e 34c do Gráfico 34, respectivamente, que parecem indiciar um consumo mais parcimonioso por parte das gerações mais velhas ou, pelo menos, representações de maior contenção. Gráfico 34: Classes de consumo mensal por geração a) Água b) Combustível 41 c) Gás MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page42 No que respeita ao consumo de energia eléctrica, e focando os equipamentos mais comuns nos agregados familiares inquiridos (Gráfico 35) constata-se a predominância de utilitários de apoio à realização de tarefas domésticas, no âmbito quer da limpeza (cf. máquina de lavar roupa, ferro de engomar e aspirador), quer da preparação e confecção de alimentos (cf. frigorifico, micro-ondas e arca congeladora). Todos eles presentes em mais de 7 em cada 10 agregados familiares, a sua frequência consegue ser igualada ou mesmo suplantada por tecnologias de informação e comunicação como a televisão, o telefone e/ou telemóvel e o computador. O secador de cabelo é o único equipamento nos dez mais frequentes que é vocacionado aos cuidados pessoais. Gráfico 35: Equipamentos eléctricos de que dispõem em casa Entretanto, não fazem parte da generalidade dos lares inquiridos, electrodomésticos como a máquina de fazer pão ou o robot de cozinha, a máquina de lavar loiça e outros equipamentos de exterior, uma vez que se encontram em menos de 40% dos casos. Mas a posse de alguns equipamentos não é independente da geração em causa (Gráficos 36a a 36f), com os mais velhos a evidenciar maior parcimónia tecnológica, como é o caso da posse de computador, internet ou consola (χ2=190.931, gl=4, p<0,001), de cafeteira e/ou chaleira eléctrica (χ2=21.635, gl=4, p<0,01), do forno eléctrico (χ2=34.440, gl=4, p<0,001), da máquina de secar roupa (χ2=8.783, gl=4, p<0,001), do secador de cabelo (χ2=53.447, gl=4, p<0,001) ou do aspirador (χ2=15.329, gl=4, p<0,01). 42 Gráfico 36: Equipamentos eléctricos de que dispõem por geração Gráfico 36a: Proprietários de computador, consolas e/ou internet por geração Gráfico 36b: Proprietários de cafeteira e/ou chaleira eléctricas por geração Gráfico 36c: Proprietários de forno eléctrico por geração Gráfico 36d: Proprietários de máquina de secar roupa por geração Gráfico 36e: Proprietários de secador de cabelo por geração Gráfico 36f: Proprietários de aspirador por geração Noutros casos o consumo é independente do grupo geracional a que pertence o indivíduo, quer porque se tratam de consumos generalizados a todas as idades que estão presentes em pelo menos 9 em cada 10 indivíduos – como seja o telefone ou o telemóvel (χ2=3.042, gl=4, p>0,05), a televião (χ2=7.763, gl=4, p>0,05), o frigorífico (χ2=7.093, gl=4, p>0,05), a máquina de lavar roupa (χ2=8.783, gl=4, p>0,05), o micro-ondas (χ2=2.492, gl=4, p>0,05) ou o ferro de engomar (χ2=2.726, gl=4, p>0,05) – quer porque, mesmo com menor incidência, se distribuem transversalmente às gerações – como seja a máquina de lavar loiça (χ2=3.799, gl=4, p>0,05), o rádio ou os sistemas Hi-Fi (χ2=7.330, gl=4, p>0,05), a arca congeladora (χ2=4.930, gl=4, p>0,05), a máquina de cozer pão e/ou o robot (χ2=5.860, gl=4, p>0,05) e os equipamentos de exterior (χ2=7.888, gl=4, p>0,05). 43 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page44 Estar na posse de um conjunto de equipamentos e recursos nem sempre significa que o seu uso seja efectivo, daí que para caracterizar os consumos energéticos se tenha sondado a frequência com que cada um é utilizado e explorado a sua centralidade relativamente às necessidades dos indivíduos. Observando o Gráfico 37, os três bens considerados de maior necessidade são o frigorífico, a máquina de lavar roupa e a televisão, encontrando-se bem destacados relativamente ao telefone ou telemóvel e ao computador ou consola, que se seguem com frequências muito inferiores. Gráfico 37: Equipamentos considerados de maior necessidade A importância que lhes é atribuída não é, contudo, idêntica de umas gerações para outras, como podemos ver no Gráfico 38. Enquanto que a máquina de lavar roupa (χ2=20.613, gl=2, p<0,001) e o frigorífico (χ2=38.167, gl=2, p<0,001) são sobretudo valorizados pela geração activa, em defesa da televisão mobilizam-se sobretudo os mais novos (χ2=8.688, gl=2, p<0,05). Gráfico 38: Os três equipamentos de maior necessidade por geração 44 Menos estruturada é a distribuição dos equipamentos que as pessoas admitem poder dispensar (Gráfico 39). Mais de três quartos dos equipamentos contemplados apresentam frequências abaixo dos 10% e Gráfico 39: Equipamentos considerados de menor necessidade o secador de cabelo, que reúne a maior frequência, não chega aos 20%. De alguma forma, esta dispersão – também suportada na independência das distribuições relativas às diferentes gerações em presença dos três equipamentos que mais frequentemente se dispensariam – secador de cabelo (χ2=2.988, gl=2, p>0,05), rádio ou sistemas HiFi (χ2=0.893, gl=2, p>0,05) e ferro de engomar (χ2=5.157, gl2, p>0,05) – sugere a inexistência de equipamentos considerados supérfluos pela generalidadade dos inquiridos. O caso do ferro de engomar é interessante na medida em que pode evidenciar alguma dinâmica de mudança nas práticas domésticas, dado que, se bem que representa um dos electrodomésticos mais comuns nas casas dos inquiridos (cf. Fig. 4), é também um dos que mais facilmente seria dispensado. A promoção de práticas de consumo energético mais sustentáveis exige que, para além de inventariar os equipamentos, se caracterizem os seus modos de utilização, de modo a descortinar orientações colectivas e detectar eventuais comportamentos de desperdício a corrigir. Neste sentido, explorámos o recurso a água quente na realização de actividades como tomar banho, lavar roupa e loiça e a prática de usar água corrente 45 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page46 quando se lavam os dentes ou a loiça (Gráfico 40). Enquanto que 9 em cada 10 pessoas tomam sempre ou muitas vezes banho de água quente, não chegam a metade as que usam água quente com frequência na lavagem da loiça e o número decresce significativamente para menos de 10% quando em causa está o tratamento da roupa. Gráfico 40: Hábitos no consumo de água na higiene pessoal e doméstica Refira-se que o número de não respostas relativas ao tratamento da roupa e da loiça corresponde sobretudo a inquiridos que não devem ter a seu cargo as referidas tarefas e que são sobretudo homens (oito em cada dez na lavagem da roupa e nove em cada dez na lavagem da loiça) e/ou jovens (correspondem a metade ou cerca de metade na lavagem da roupa e da da loiça, respectivamente). No que respeita ao desperdício de água, que nos cuidados pessoais dentários caracteriza o comportamento frequente de um terço dos inquiridos, é sobretudo na lavagem da loiça que se agrava, dado que representa a prática frequente de mais 40% dos inquiridos e que se afigura um comportamento em consolidação junto das gerações mais jovens (Gráfico 41; χ2=17.462, gl=8, p<0,05). Gráfico 41: Deixar a água a correr enquanto se lava a loiça por geração 46 À excepção desta particularidade, as diversas formas exploradas de utilização da água não divergem significativamente entre gerações. Mas em que medida é que estes hábitos se reflectirão de facto nos consumos de recursos energéticos efectivos do agregado familiar? Testando a associação entre as verbas dispendidas em água e em energia eléctrica com as respostas às três primeiras e duas últimas questões, respectivamente, ou mesmo com agregações das respostas em “esporadicamente versus frequentemente” a essas mesmas questões, constata-se a inexistência de associações significativas entre o consumo e estas práticas em concreto, levando-nos a supor que uma correlação significativa entre consumo e desperdício exija a consideração de vários outros comportamentos em simultaneo. PADRÕES DE POUPANÇA ENERGÉTICA Mais de oito (84,7%) em cada dez pessoas inquiridas consideram que no seu agregado familiar se desenvolvem práticas de poupança energética, mas essa representação manifesta-se independente quer da geração a que pertencem (χ2=5,136, gl=2, p>0,05), quer dos consumos energéticos mensais que declaram ao nível da energia eléctrica (χ2=6,246, gl=5, p>0,05), da água (χ2=9,275, gl=5, p>0,05) e do combustível (χ2=7,263, gl=5, p>0,05). Apenas no que respeita ao consumo de gás se constatam maiores gastos por parte dos agregados em que se admite não existirem práticas de poupança energética (cf. Figura 16; χ2=23,172, gl=5, p<0,001). Apenas uma franja de dois em cada dez (19,8%) inquiridos não aderiu ainda às tarifas bi ou tri-horárias de consumo de energia eléctrica, que representam assim a principal estratégia de poupança, mais económica do que energética, adoptada. Gráfico 42: Práticas de poupança no consumo mensal de gás por escalão 47 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page48 No entanto, os comportamentos mais e menos frequentes que caracterizam as experiências de poupança energética dos inquiridos em casa (Gráficos 43) e no local de trabalho (Gráfico 44) apontam para uma poupança mais expressiva no local de trabalho do que em casa, no que respeita à maioria dos itens comparáveis nos dois contextos. Gráfico 43: Frequência de práticas de poupança energética em casa Gráfico 44: Frequência de práticas de poupança energética no trabalho (Gráfico 45). Se este dado contraria expectativas iniciais que, suportando-se numa vantagem económica linear e imediata para o próprio, permitiam antever comportamentos de poupança mais proactivos no contexto familiar, ele sugere uma tensão entre os universos privado e público nas práticas de sustentabilidade energética, em que a visibilidade pública parece pressionar o comportamento. De qualquer forma, e mesmo acreditando na fiabilidade de representações relativas à calafetagem de janelas, instalação de lâmpadas de baixo consumo e até ao recurso a alternativas não poluentes de produção de energia 48 alegadamente instaladas (Gráfico 44), desconhece-se em que medida os inquiridos são responsáveis pela sua implementação. Gráfico 45: Práticas de poupança energética em casa vs no trabalho B) Práticas de poupança no trabalho A) Práticas de poupança em casa A tensão entre os universos privado e público a que aludimos parece ser reforçada quando nos debruçamos sobre os comportamentos de poupança mais e menos frequentes fora do contexto de trabalho (Gráfico 43). O princípio da parcimónia orienta estratégias de poupança mais ou menos clássicas vocacionadas para a redução de gastos que podem mesmo desafiar o conforto, como na substituição do banho de imersão pelo duche (82,8%) ou na redução do seu tempo de duração(70,9%), ou reportar-se a cuidados tão variados como o de apagar luzes desnecessárias (90,9%), o de utilizar a máquina de lavar roupa apenas com carga completa (83,6%), o de reduzir e reutilizar sacos de plástico (74,0%) ou o de evitar desperdícios energéticos derivados da abertura frequente de frigoríficos e congeladores (69,6%9, para mencionar apenas as estratégias reportadas por pelo menos três quartos dos inquiridos como usadas sempre ou frequentemente. Mas, entre as estratégias de poupança energética menos utilizadas (a que apenas recorrem um quarto ou menos dos inquiridos) encontram-se práticas que respeitam sobretudo a questões de mobilidade que, para além de ainda não serem comuns no contexto sociocultural dos Açores, se associam a indicadores externos de estatuto social, como sejam: a opção por carros hibridos e eléctricos (4,5%), a partilha de viaturas (24,3%) ou mesmo recorrer aos transportes públicos (23,6%). Menos frequentes são ainda o recurso a sensores que permitem regular a intensidade da luz (6%) e, particularmente, a substituição de fontes de energia convencionais por novas fontes como a micro-geração eólica ou a solar (1,4%), sugerindo maior divulgação destas propostas. 49 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page50 Muitas das estratégias de poupança mais e menos frequentes entre os inquiridos encontram-se associadas à geração a que pertencem: com os mais novos a manifestarem-se menos parcimoniosos do que os mais velhos em questões relativas à redução de desperdícios de energia eléctrica (cf. Gráficos 46a e 46b) e de água (Gráfico 46c), mas com os mais velhos a revelarem menores investimentos económicos na prevenção deste tipo de desperdícios (Gráfico 46d) e com o grupo dos pais a recorrerem mais a veículos próprios do que o grupo dos filhos ou dos avós (Gráficos 46e e 46f). Gráfico 46: Estratégias de poupança em casa por geração b) Evitar abrir o frigorífico e o congelador (χ2=15.190, gl=6, p<0,05) a) Apagar luzes desnecessárias (χ2=14.160, gl=6, p<0,05) c) Tomar duche rápido (χ2=17.778, gl=6, p<0,01) d) Instalar portas e janelas de alumínio (χ2=26.212, gl=6, p<0,001) e) Utilizar transportes públicos (χ2=20.662, gl=6, p<0,005) f) Andar a pé e/ou de bicicleta (χ2=20.030, gl=6, p<0,005) 50 Idênticas tendências se verificam na maioria das estratégias de poupança accionadas em contexto profissional (Gráfico 47a a 47f), dado que apenas se mostraram independentes da geração os comportamentos de apagar luzes desnecessárias (χ2=2.227, gl=2, p>0,05) e proceder à separação de resíduos (χ2=5.156, gl=2, p>0,05). Gráfico 47: Estratégias de poupança no local de trabalho por geração a) Utilizar lâmpadas económicas (χ2=17.460, gl=2, p<0,001) b) Utilizar sensores de luz eléctrica (χ2=21.998, gl=2, p<0,001) c) Abrir estores ou persianas para obter a luz solar (χ2=8.466, gl=2, p<0,05) d) Desligar os aparelhos electrónicos depois de os usar (χ2=8.337, gl=2, p<0,05) e) Usar energias alternativas (painéis solares ou micro-geração eólica) (χ2=28.721, gl=2, p<0,001) f) Calafetar portas e janelas (χ2=22.418, gl=6, p<0,001) 51 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page52 5.2.2. INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO SOBRE ENERGIA A energia eléctrica tornou-se num dos bens de consumo fundamentais para as sociedades modernas. A contrapartida dos benefícios proporcionados pelo desenvolvimento científico-tecnológico e por factores associados à qualidade de vida é o crescimento constante do consumo de energia. Resultante deste crescimento, temos os impactes ambientais que dependem em grande parte da fonte de energia usada na produção da electricidade. Assim, um dos maiores desafios deste século passa pela promoção do desenvolvimento sustentável. Torna-se cada vez mais necessário actuar de forma economicamente viável, numa perspectiva socialmente justa e ambientalmente correcta. As organizações e as pessoas per si precisam de adoptar práticas sustentáveis. Neste sentido, é necessário uma aposta clara em políticas responsáveis que promovam o uso de recursos renováveis e tomem medidas que fomentem acções que protejam o meio ambiente e a sociedade. Ou seja, os problemas que nos ameaçam exigem não só soluções por parte dos peritos, mas também exigem informação, tomadas de consciência, mudanças de atitude, acção por parte dos políticos e dos grandes grupos económicos mas, sobretudo, por parte dos cidadãos. Face à gravidade da situação é necessário que os cidadãos tenham consciência do que está em causa. Uma sociedade informada e com uma boa gestão do conhecimento pode facilitar a aplicação de medidas com vista ao desenvolvimento sustentável. Em relação ao grau de informação e de conhecimentos sobre as questões ambientais e energéticas (Quadro 1), há diferenças estatisticamente significativas entre as três gerações (α < 0,005). Assim, enquanto que a maioria da geração mais jovem (56,7%) diz encontrar-se medianamente informada, a maioria da geração mais idosa (51,3%), acima dos 55 anos, inclusive, afirma estar pouco informada ou totalmente desinformada. Da geração intermédia, 48,1% refere estar medianamente informada. Quadro 1: Grau de conhecimento sobre questões ambientais e energéticas GERAÇÃO GRAU Totalmente Informado Bem Informado Medianamente Informado Pouco Informado Totalmente desinformado NS/NR Total Menos 30 30-54 55 ou + Total ,7% 2,6% 11,9% 7,5% 12,2% 56,7% 48,1% 37,5% 48,8% 21,4% 29,1% 38,6% 28,4% 2,4% 5,3% 12,7% 5,9% 1,4% 2,1% 3,0% 2,0% 100,0% 100,0% 2,6% 3,7% 15,5% 52 100,0% 100,0% Na apreciação das três gerações, a televisão é a fonte de informação/ conhecimento (Gráfico 48) mais apontada: 44,2% na geração menos de 30 anos, 43% na geração dos 30 aos 54 anos e 42,7% na geração acima dos 55 anos. Imediatamente a seguir vem a internet com 27,8%; 19,5% e 13,5%, respectivamente da geração mais nova para a mais idosa. Na geração mais jovem a escola aparece em terceiro lugar com 26,4%, enquanto que as outras duas gerações classificam em terceiro lugar a informação obtida através de livros, revistas e jornais: 14,4% para a geração do meio e a geração acima dos 55 anos com 11,2%. Gráfico 48: Fonte de informação/conhecimento Associações ambientais Associações em geral Amigos ou familiares Família Geração 55 ou + Escola Geração 30-54 Panfletos/Material de divulgação Menos de 30 Livros, Revistas e Jornais Internet TV 0 10 20 30 40 50 No entanto, as três gerações não consideram a televisão o meio mais eficaz para transmitir informação e educar as pessoas sobre as questões ambientais e energéticas (Gráfico 49). Enquanto que os respondentes da geração mais jovem entendem que o meio mais eficaz para transmitir a informação e educar as pessoas sobre as questões ambientais e energéticas são as associações em geral (51,3%), o mesmo acontece com a geração acima dos 55 anos (44,9%), a geração do meio com a mesma percentagem (51,3%) entende que são as associações ambientais que de forma mais eficaz transmitem essa informação e conhecimento. Gráfico 49: Fonte de informação/conhecimento mais eficaz Associações ambientais Associações em geral Amigos ou familiares Família Geração 55 o Escola Geração 30-5 Panfletos/Material de divulgação Geração Men Livros, Revistas e Jornais Internet TV 53 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page54 Quanto à origem da electricidade e do gás que é consumido em casa das pessoas, entre os 1129 inquiridos, a maioria (80,3% e 79,3%) não sabe ou não responde a esta questão, enquanto que sobre a electricidade, 5,7% diz que esta provém do petróleo bruto e apenas 4,6% refere a geotermia. Em relação ao gás, 12,2% indica o gás natural e 3,1% a perfuração como sendo as principais origens (Gráfico 50). Gráfico 50: Origem da electricidade e gás que consome em casa 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 Electricidade 30,0 Gás 20,0 10,0 0,0 Quando questionados se entendem que a fonte de electricidade indicada tem tendência a diminuir ou a acabar, a maioria dos inquiridos nas três gerações não sabe ou não responde (Gráfico 51). Este valor é mais elevado na geração com mais idade (76,4%). Gráfico 51: Tendência para fonte de electricidade diminuir ou acabar 90,0 80,0 70,0 60,0 76,4 65,2 58,1 50,0 Sim 40,0 Não 30,0 Ns/Ns 20,0 10,0 20,5 14,4 21,5 20,4 11,2 12,4 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + Dos que responderam sim à questão anterior, 57,3% nos mais jovens entendem que a origem da electricidade pode esgotar totalmente. Na geração intermédia 48% dos inquiridos entende que se pode esgotar totalmente e na geração mais idosa, apenas 25,7% se situa neste grau. A maioria dos inquiridos da geração mais velha (57,1%) é de opinião que a origem da electricidade pode diminuir um pouco (Quadro 2). 54 Quadro 2: Grau de diminuição da fonte de electricidade GERAÇÃO RESPOSTA Esgotar totalmente Diminuir um pouco Não diminui nem aumenta 30-54 55 ou + 57,3% 48,0% 25,7% 48,5% 31,3% 40,8% 57,1% 39,3% 3,1% 1,0% Não diminui Total 1,7% 1,0% 2,9% 0,9% 2,0% 2,9% 1,3% 8,3% 7,1% 11,4% 8,3% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Não diminui mas cresce NS/NR Total Menos de 30 Por outro lado, verifica-se nas três gerações que a grande maioria dos inquiridos não sabe ou não responde quando lhe é perguntado qual é a origem da electricidade e do gás que consomem em sua casa (Gráficos 52 e 53). Das três gerações, a geração mais velha considera-se a menos conhecedora, seguindo-se a geração mais jovem e, depois, a geração intermédia, resultados que indicam claramente o baixo nível de confiança existente na população em geral. Gráfico 52: Origem da electricidade consumida em casa Origem da Electricidade 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Geração Menos de 30 Geração 30-54 Geração 55 ou + 55 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page56 Gráfico 53: Origem do gás consumido em casa Origem do Gás 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Geração Menos de 30 Geração 30-54 Geração 55 ou + Perante a pergunta: "A produção de electricidade a partir da fonte indicada pode afectar o ambiente?" (Quadro 3), a maioria da geração avós (57,2%) não sabe ou não responde, 23.8% refere que afecta muito e 16% entende que não afecta nada. Na geração mais jovem, 42,6% não sabe ou não responde, 24,7% entende que afecta muito, e 13,9% diz que não afecta nada. Na geração do meio, 37,4% não sabe ou não responde, 27% diz que afecta muito e 19,4% entende que não afecta nada. Quadro 3: Grau de impacto da produção eléctrica no ambiente RESPOSTA Não afecta nada Afecta muito pouco Afecta pouco Afecta alguma coisa Afecta muito NS/NR Total GERAÇÃO Total Menos de 30 30-54 55 ou + 13,9% 19,4% 13,0% 6,0% 2,9% 6,0% 4,0% 4,3% 4,8% 6,8% 9,4% 9,4% 8,4% 24,7% 27,0% 15,9% 23,8% 42,6% 37,4% 57,2% 43,5% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 16,0% 3,4% Respondendo de uma forma geral sobre o impacto da produção de electricidade (Quadro 4), apenas 37% na geração mais nova, 39,9% na geração intermédia e 29,2% na mais idosa, entende que a produção de electricidade a partir da fonte indicada pode prejudicar o ambiente. A 56 maioria dos respondentes na geração dos 55 anos ou mais (57,2%) não sabe ou não responde. Na geração de menos de 30 anos, 41,1% não sabe ou não responde e, na geração entre os 30 e 45 anos, 38,4% não sabe ou não responde, sendo esta falta de informação e/ou opinião o resultado mais saliente. Quadro 4: A produção de electricidade pode prejudicar o ambiente? GERAÇÃO RESPOSTA Menos de 30-54 55 ou + 30 Sim Não NS/NR Total Total 37,0% 39,9% 29,2% 36,6% 22,0% 21,7% 14,6% 20,3% 41,1% 38,4% 56,2% 43,1% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% No que concerne o impacto ambiental da produção eléctrica (Quadro 5), a maioria dos inquiridos, nas três gerações (66% na geração mais jovem, 68,9% na geração intermédia, e 53,2% na geração mais idosa) entende que o grau com que a produção de electricidade a partir da fonte indicada pode prejudicar o ambiente é bastante ou muitíssimo alto. Quadro 5: Grau em que produção eléctrica prejudica o ambiente GRAU Muito Pouco Pouco Razoavelmente Bastante Muitíssimo NS/NR Total GERAÇÃO Total Menos de 30 30-54 1,9% 3,4% 8,7% 5,9% 12,8% 8,2% 12,6% 14,3% 17,0% 14,1% 35,9% 42,0% 38,3% 39,0% 30,1% 26,9% 14,9% 26,0% 10,7% 7,6% 17,0% 10,4% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 57 55 ou + 2,2% MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page58 Das questões anteriores sobre a produção de electricidade associadas aos Quadros 3, 4 e 5, parece existir uma falta de consciência por parte das pessoas sobre a gravidade dos possíveis impactes ambientais, e que estes vão depender em grande parte da fonte de energia usada na geração da electricidade. O recurso a fontes não renováveis como o petróleo, o gás natural, o carvão mineral e o urânio, implica maiores riscos ambientais a nível local como global. As fontes de energia renováveis, como o Sol, a água, o vento e a biomassa são consideradas formas de geração mais limpas, embora também possam afectar o meio ambiente, dependendo do uso desses recursos. Perante a questão “Acha que o consumo de energia vai aumentar a partir deste momento?” (Gráfico 54), a maioria na geração jovem (50,6%), 51,1% na geração pais e 41,4% na geração mais idosa diz que sim. Gráfico 54: O consumo de energia vai aumentar? 60,0 50,0 40,0 Sim 30,0 Não 20,0 NS/NR 10,0 0,0 Menos de 30 30-54 55 ou + Geração Quando questionados sobre o grau de aumento dos consumos de água, gás, electricidade, combustíveis e produtos agrícolas que haverá no futuro (Gráfico 55), a maioria dos inquiridos das três gerações entende que esse aumento poderá acontecer num nível bastante acentuado ou num nível razoável/médio, em relação à água, gás e electricidade. O mesmo acontece em relação aos produtos agrícolas na opinião das gerações mais novas, onde a maioria classificou a possibilidade de se verificar um aumento dos consumos como sendo razoável/médio e bastante. A percentagem dos respondentes da geração dos 55 anos ou mais situou-se nos 43,4%. Em relação aos combustíveis, a percentagem na geração dos 30 aos 45 anos, que respondeu razoável/médio e bastante, foi 47,7% e na geração dos mais idosos situou-se nos 44,2%. A geração mais nova parece mostrar-se mais preocupada, uma vez que 50,4% classifica de bastante e muito elevado a possibilidade de haver um aumento no consumo dos combustíveis. 58 Gráfico 55: Grau de aumento dos consumos no futuro Futuro > consumo Água Nenhum Pequeno Razoavel/ Médio Bastante Muito Elevado NS/NR Futuro > consumo Gás Nenhum Pequeno Razoavel/ Médio Bastante Muito Elevado NS/NR Futuro > consumo Electricidade Nenhum Pequeno Razoavel/ Médio Bastante Muito Elevado NS/NR Futuro > consumo Combustivéis Nenhum Pequeno Razoavel/ Médio Bastante Muito Elevado NS/NR Futuro > consumo Produtos Agrícolas 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 Nenhum Pequeno Razoavel/ Médio Bastante Muito Elevado NS/NR Geração Menos de 30 Geração 30-54 Geração 55 ou + Nas três gerações, a maior percentagem (27,1%) entende que a região dos Açores não vai ser afectada pela falta de energia porque a energia dos Açores já é renovável e vai sê-lo ainda mais (Quadro 6). Esta resposta surge em 28,2% da geração jovens, 29,3% da geração intermédia, e 21,8% na geração mais idosa. No que concerne esta questão, é importante salientar as percentagens na geração jovem (21,1%) e na geração pais (19,7%) que remete os problemas que possam vir a surgir para “daqui a uns anos”. Entre os inquiridos da geração mais velha, 20,3% acha que “não há falta de energia nos Açores” e 21,4% não sabe ou não responde, resultado consistentemente mais elevado nesta geração. 59 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page60 Quadro 6: A Região Açores vai ser afectada pela falta de energia? GERAÇÃO RESPOSTA Sim, há cada vez menos petróleo. 30-54 55 ou + 10,9% 11,7% 8,3% 10,6% 5,7% 5,9% 3,4% 5,2% 21,1% 19,7% 13,9% 18,8% 7,6% 8,5% 10,5% 8,6% 14,9% 13,7% 20,3% 15,7% 28,2% 29,3% 21,8% 27,1% ,7% ,5% ,4% ,5% 10,9% 10,8% 21,4% 13,3% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Sim, já se nota muito a sua falta. Sim, mas só daqui a uns anos. Não, os Açores estão afastados. Não há falta de energia nos Açores. Não, a energia dos Açores já é verde. Outro/ Qual? NS/NR Total Total Menos de 30 A maioria dos inquiridos, nas três gerações, diz não conhecer qualquer associação em prol do ambiente. A geração mais idosa apresenta a percentagem mais elevada (76,7%). A Quercus é a associação mais conhecida entre as três gerações. De seguida, o Greenpeace e os Amigos dos Açores são as associações indicadas pelos mais jovens. Na geração do meio aparecem Os Verdes e os Amigos dos Açores (Gráfico 56). Gráfico 56: Conhece alguma associação em prol do ambiente? 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% Geração Menos de 30 40,0% Geração 30-54 Geração 55 ou + 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Sim Não Ns/NR A maioria dos participantes no estudo não sabe ou não responde quando inquiridos sobre a % de energia proveniente de Fontes Renováveis que chega a sua casa. 80,7%, 79,4% e 89,9% respectivamente (Quadro 7). 60 Quadro 7: Percentagem de energia de fontes renováveis em casa GERAÇÃO % 0 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 75% 80% 85% 90% NS/NR Total Menos de 30 3,1% 2,6% 4,2% 1,7% 2,1% 0,7% 0,5% 0,2% 1,7% 30-54 2,5% 2,5% 5,0% 1,8% 2,5% 0,7% 1,1% 0,2% 1,1% 0,2% 0,9% 0,2% 0,7% 0,2% 0,2% 55 ou + 0,7% 1,9% 2,2% 0,4% 0,7% 1,1% 0,4% 0,4% 1,5% Total 80,9% 0,2% 0,2% 79,4% 89,9% 2,3% 2,4% 4,1% 1,4% 2,0% 0,8% 0,7% 0,3% 1,4% 0,1% 0,8% 0,1% 0,5% 0,1% 0,1% 0,4% 0,1% 0,1% 82,5% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 0,9% 0,7% 0,7% 0,4% 0,4% Sobre se sabe que a factura de electricidade da EDA contém informação sobre a % de energia proveniente de fontes renováveis que chega a casa, a maioria dos inquiridos nas três gerações, 63,1%, 63,2% e 63,7% respectivamente, geração mais jovem, geração do meio e geração mais idosa, diz não saber. A resposta não sabe ou não responde corresponde a 21,7%, 21,5% e 25,8% respectivamente. Tais valores podem ser um indicativo da falta de conhecimento/informação ou mesmo dificuldade em compreender a composição da factura de electricidade (Gráfico 57). Gráfico 57: Sabe que a factura da EDA indica % de fontes de energia? 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% Geração Menos de 30 Geração 30-54 30,0% Geração 55 ou + 20,0% 10,0% 0,0% Sim Não NS/NR 61 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page62 Conhecimento sobre Fontes de Energia Sobre as fontes de energia que conhecem, se são renováveis ou não, e se as fontes renováveis existem nos Açores, as respostas das pessoas inquiridas situam-se nas seguintes categorias: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) Conhece Conhece / Renovável Conhece / Existe nos Açores Conhece / Renovável / Existe nos Açores Renovável Renovável / Existe nos Açores Existe nos Açores Em relação à produção energético através da biomassa, a maioria, nas três gerações (51,9% na geração mais nova, 60,9% na geração do meio e 77,8% na geração mais idosa) não sabe ou não responde. Dos respondentes que dizem conhecer a biomassa como fonte de energia, 16,2% situam-se na geração menos de 30 anos, 11,6% na geração dos 30 aos 45 anos e 9,4% na geração dos 55 anos ou mais. Os valores não são muito diferentes para as duas gerações mais novas quando dizem, simultaneamente, conhecer a biomassa como sendo fonte de energia e renovável (16,6% e 11,3% respectivamente). Na geração mais idosa o valor é de 5,3% (Gráfico 58). Gráfico 58: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Biomassa 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Biomassa 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Considerando estes resultados sobre a biomassa como fonte de energia, por ilha, verifica-se que é em Santa Maria que existe a maior percentagem de respondentes que afirma conhecer a biomassa como fonte de energia (29,9%). Nas restantes ilhas, a maioria dos respondentes não sabe ou não responde: 64,3% em São Miguel; 64,3% na Terceira, e 60,1% no Pico (Gráfico 59). 62 Gráfico 59: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Biomassa 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Ilha São Miguel Biomassa 3 - Conhece / Existe nos … Ilha Terceira 4 - Conhece / Renovável / … Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos… 7 - Existe nos Açores NS/NR Na geração mais idosa, 42,6% identifica o carvão como fonte de energia, enquanto que 41,6% não sabe ou não responde. A maioria dos inquiridos nas gerações mais novas (56,4% e 52,4%, respectivamente) identifica o carvão como fonte de energia (Gráfico 60). Gráfico 60: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Carvão 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Carvão 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Nas quatro ilhas onde foi aplicado o questionário, a maioria dos inquiridos (Gráfico 61) diz conhecer o carvão como fonte de energia (50,7% em São Miguel; 55,6% na Terceira; 51,3% no Pico, e Santa Maria51,3%). Não se verificou nenhuma resposta em relação à opção 6) Renovável/Existe nos Açores. Na opção 7) Existe nos Açores, São Miguel aparece com apenas 0,2%, havendo 0% de respostas nas restantes ilhas. 63 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page64 Gráfico 61: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Carvão 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Carvão 3 - Conhece / Existe nos Açores Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR A energia eólica (Gráfico 62) é reconhecida como fonte de energia renovável que existe nos Açores pela maioria dos inquiridos das duas gerações mais novas (64,1% e 63%). Na geração mais idosa este valor corresponde a 43,7%, enquanto que 30,2% diz não saber ou não responde e 11,7% conhece a energia eólica como fonte de energia e como sendo uma fonte existente nos Açores. Gráfico 62: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Eólica 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Eólica 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Sobre a energia Eólica por ilha (Gráfico 63), em São Miguel é onde se verifica a maior percentagem de pessoas que não responde ou não sabem (26,6%). Em Santa Maria apenas 1,6% não sabe ou não responde. A maioria das pessoas, em todas as ilhas, reconhece a energia eólica como fonte de energia renovável e que existe nos Açores (São Miguel, 52,8%; Terceira, 68,0%; Pico, 55,4% e Santa Maria com 75,8% é a ilha com a percentagem maior). 64 Gráfico 63: Conhecimento sobre Fontes de energia (por ilha) – Eólica 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Gás Natural 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR No que respeita ao gás natural (Gráfico 64), a maioria dos inquiridos das gerações mais novas (51,1% e 53,5%) identificam-no como uma fonte de energia, enquanto que na geração mais idosa este valor é de 43,8%. O resultado não sabe ou não responde com a frequência de 23,8% na geração jovem, 23,5% na intermédia, e 41,8% na mais idosa. Gráfico 64: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Gás Natural 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Gás Natural 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Os resultados referentes à energia eólica por ilha (Gráfico 65) indicam que a Terceira e São Miguel são as que apresentam maior percentagem de pessoas que não sabem ou não respondem (31,1% e 28,6%). Nas quatro ilhas, à excepção da ilha Terceira (46,7%), a maioria das pessoas afirmou conhecer o gás natura como fonte de energia (50,6% em São 65 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page66 Miguel; 54% no Pico; e 50,5% em Santa Maria). Foi em Santa Maria (17,2%) que ocorreu a maior percentagem de respondentes conhecedores que o gás natural é fonte de energia e que existe na região. Gráfico 65: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Gás Natural 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável 3 - Conhece / Existe nos Açores Gás Natural Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR No que concerne a geotermia, a maioria dos respondentes nas duas primeiras gerações (57,3% e 52,2% respectivamente) diz conhecer que a energia geotérmica é uma fonte de energia renovável e que existe nos Açores. É de salientar que a percentagem é apenas de 39,3% na geração mais idosa (Gráfico 66). Gráfico 66: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Geotermia 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Geotérmica 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR 66 Por ilha (Gráfico 67), verifica-se que em São Miguel e em Santa Maria a maioria diz conhecer a geotermia como fonte de energia renovável existente nos Açores (56,4% e 55,75 respectivamente), enquanto que na Terceira, o valor é de 48,2% e no Pico de 36,7%. Santa Maria é a ilha que apresenta a maior percentagem de respondentes na opção 1) Conhece (17,0%) e é onde existe a menor percentagem de pessoas que não sabe ou não responde (5,7%). A Terceira (34,7%) e o Pico (32,5%) foram as ilhas onde se registaram a maior percentagem de pessoas que não responderam ou não sabem. Em São Miguel, onde a geotermia tem maior implementação, este valor foi de 22,9%. Gráfico 67: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Geotermia 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Geotérmica 3 - Conhece / Existe nos Açores Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Globalmente falando, e tendo em conta simultaneamente as opções: 1) Conhece, 2) Conhece / Renovável, 3) Conhece / Existe nos Açores, e a opção 4) Conhece / Renovável / Existe nos Açores, verifica-se que é em Santa Maria (92,5%) onde existe a maior percentagem de pessoas que afirmam conhecer a geotermia como fonte de energia. Apesar da maior implementação da produção geotérmica em São Miguel, esta ilha fica nos 71,5%, enquanto o Pico fica nos 66%, e a Terceira nos 65,3%. A energia hídrica (Gráfico 68), na geração mais nova, é conhecida como fonte de energia renovável existente nos Açores por 34,3% dos inquiridos, 26,2% diz não saber ou não responde e 24,5% afirma apenas conhecer como fonte renovável. Na geração dos 30 aos 50 anos, estes valores são 32,9%, 35,3% e 16,9% respectivamente. A maioria dos respondentes na geração mais idosa diz não saber ou não responde (52,7%), enquanto que 21,8% conhece a energia hídrica como fonte de energia renovável e existente nos Açores. 67 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page68 Gráfico 68: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Hídrica 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Hídrica 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Santa Maria, com 47,8%, é onde há mais pessoas que afirmam conhecer a energia hídrica como fonte renovável e em simultâneo existe nos Açores. De novo, Santa Maria, com 10,9%, foi a ilha com a percentagem mais baixa de pessoas que não sabem ou não respondem (Gráfico 69). Gráfico 69: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Hídrica 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Hídrica 3 - Conhece / Existe nos Açores Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Em relação às marés e ondas do mar (Gráfico 70), 40,2% da geração mais nova afirma conhecer que esta fonte de energia é renovável e que existente nos Açores, 18,8% conhece-a como fonte renovável e 11,8% diz apenas conhecer, enquanto 23,6% diz não saber ou não responde. Para a geração do meio, os valores são: 37,9%, 14,1%, 8,6% e 33%, respectivamente. A maioria dos inquiridos na geração mais velha (51,6%) diz não saber ou não responde, 20,5% conhece que são fonte de energia renovável e existente nos Açores, e 10% afirma conhecer. 68 Gráfico 70: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Marés e Ondas 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Marés e Ondas 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR A ilha do Pico, com 54,9%, é onde há o maior número de pessoas que diz conhecer as Marés e Ondas do Mar como sendo fonte de energia renovável existente nos Açores. A este valor pode estar associado o facto de ter existido nesta ilha uma das primeiras experiências em Portugal do aproveitamento da energia das marés. São Miguel, com 38,6%, e a Terceira, com 35,2%, apresentam os valores mais altos de pessoas que não respondem ou não sabem (Gráfico 71). Gráfico 71: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Marés e Ondas 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Marés e Ondas 3 - Conhece / Existe nos Açores Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR 69 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page70 Em relação à energia nuclear, a maioria dos inquiridos das gerações mais novas (57,7% e 50,9% respectivamente), afirmam conhecer esta fonte de energia, enquanto não sabe ou não responde aparece em 32,7% e 39,8%, respectivamente. Na geração mais idosa, 60% afirma não saber ou não responde, enquanto 35% diz conhecer a energia nuclear como fonte de energia (Gráfico 72). Curiosamente, é de salientar que, apesar de apenas níveis residuais relacionarem a produção nuclear com os Açores, estes níveis situam-se mais na geração menos de 30. Gráfico 72: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Nuclear 0,0 10,020,030,040,050,060,070,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Nuclear 3 - Conhece / Existe nos Açores Geração Menos de 30 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração 30-54 Geração 55 ou + 5 - Renováveis 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Por ilha (Gráfico 73), na Terceira, a maioria das pessoas que participaram no estudo (58,9%) diz conhecer esta fonte de energia. Na ilha de São Miguel o valor é de 48,5%, no Pico é de 47,8% e em Santa Maria é de 48,7%. É em Santa Maria que mais pessoas pensam que a energia nuclear existe nos Açores. Gráfico 73: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Nuclear 0,0 10,020,030,040,050,060,070,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Nuclear 3 - Conhece / Existe nos Açores Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR 70 No que concerne o petróleo bruto e crude (Gráfico 74), a maioria dos inquiridos nas duas gerações mais novas (59% e 56,9%) referem conhecer esta fonte energética, enquanto 24,2% e 28%, respectivamente não sabe ou não responde. Na geração mais idosa, 44,7% diz conhecer esta fonte de energia e 40,7% não sabe ou não responde. Gráfico 74: Conhecimento sobre Fontes de Energia – Petróleo Bruto/Crude 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 1 - Conhece Petróleo Bruto/Crude 2 - Conhece/Renovável 3 - Conhece / Existe nos Açores 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Geração Menos de 30 Geração 30-54 5 - Renováveis Geração 55 ou + 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Por ilha (Gráfico 75), a maioria dos inquiridos diz conhecer o Petróleo Bruto/Crude como fonte de energia, verificando-se os seguintes valores: São Miguel, 53,1%; Terceira, 63,3%; Pico, 54,2% e Santa Maria, 50,0%. Gráfico 75: Conhecimento sobre Fontes de Energia (por ilha) – Petróleo Bruto/Crude 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 1 - Conhece Petróleo Bruto/Crude 2 - Conhece/Renovável 3 - Conhece / Existe nos Açores Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR 71 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page72 Em termos gerais, os resultados obtidos por ilha (Gráfico 76) parecem indicar que os respondentes da ilha de Santa Maria são os que melhor estão informados sobre as fontes de energia renováveis existentes nos Açores, com 69,8%; seguem-se os respondentes da ilha Terceira com 59,6%, depois os participantes da ilha do Pico com 59,2% e por fim os de São Miguel com 57,8%. Gráfico 76: Conhecimento sobre energias renováveis nos Açores (por ilha) 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 1 - Conhece 2 - Conhece/Renovável Qual? 3 - Conhece / Existe nos Açores Ilha São Miguel 4 - Conhece / Renovável / Existe nos Açores Ilha Terceira Ilha Pico 5 - Renováveis Ilha Santa Maria 6 - Renovável / Existe nos Açores 7 - Existe nos Açores NS/NR Somando os resultados obtidos por ilha indicando as fontes de energia renováveis existentes nos Açores (Quadro 8), os valores são: 75,4% em Santa Maria, 72,3% no Pico, 63,6% em São Miguel e 63,4% na Terceira. Santa Maria tem a menor % de respostas não sabe/não responde (1,6%). Quadro 8: Conhecimento sobre Energias renováveis nos Açores (por ilha) RESPOSTA Conhece Ilha São Miguel Terceira 10,1% 8,2% Pico 6,3% Santa Maria 2,4% Total 8,1% 1,0% 0,0% 0,0% 0,8% 0,6% 0,4% 0,0% 0,0% 1,6% 0,4% 59,6% 59,2% 69,8% 59,9% 10,5% 19,8% 11,5% 5,0% 0,4% 3,8% 13,1% 0,0% 0,0% 3,2% 0,8% 6,0% 0,3% NS/NR 16,2% 15,4% 11,0% 1,6% 13,3% Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Renováveis Existe nos Açores Conhece / Renovável / Existe nos Açores Conhece / Renovável Conhece / Existe nos Açores Renovável / Existe nos Açores 57,8% 9,1% 72 13,0% Sobre se as pessoas, por ilha e na globalidade, têm informação sobre as diferentes fontes de produção energética, no contexto dos Açores, (Quadro 9), verifica-se que a maioria dos inquiridos na ilha do Pico diz não ter esse tipo de informação (60,5%). Quadro 9: Informação sobre fontes de produção energética (por ilha) Ilha São Miguel Fontes energéticas Terceira Pico Total Santa Maria Sim 43,6% 29,2% 36,4% 17,6% 36,0% Não 49,8% 48,2% 60,5% 45,8% 50,8% 6,6% 22,6% 3,1% 36,6% 13,2% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% NS/NR Total A maioria dos inquiridos em São Miguel (53,5%) e no Pico (51%) referem não estar informados sobre as tarifas bi- e tri-horárias disponibilizadas pela EDA. Em relação a Santa Maria e Terceira, as percentagens rondam os 45% (Quadro 10). Quadro 10: Informação sobre tarifas bi- e tri-horárias (por ilha) ILHA CONHECIMENTO SOBRE TARIFAS BI- e TRI-HORÁRIAS Sim Não NS/NR Total São Miguel Terceira 43,4 53,5 3,1 100,0 35,4 45,5 19,1 100,0 Total Pico 47,4 51,0 1,5 100,0 Santa Maria 22,9 45,8 31,3 100,0 39,9 50,4 9,8 100,0 Das pessoas que responderam conhecer as diferentes tarifas, verifica-se que apenas 18,1% em São Miguel, 16,4% na Terceira, 17,4% no Pico e 4,6% em Santa Maria indicaram que já tinham aderido às tarifas bi- e trihorárias da EDA (Quadro 11). Quadro 11: Aderência às tarifas bi- e tri-Horárias (por ilha) Ilha Tarifas bi e tri-horárias_Aderência Total Sim Não NS/NR São Miguel Terceira Pico 18,1 16,4 67,7 53,5 14,2 30,1 100,0 100,0 73 Total Santa Maria 17,4 4,6 38,5 63,4 44,1 32,1 100,0 100,0 16,0 58,9 25,1 100,0 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page74 Em relação à informação sobre a existência de piquetes de urgência, só em São Miguel a maioria diz não estar na posse dessa informação. Na ilha do Pico a maioria entende que tem essa informação (Quadro 12). Quadro 12: Informação sobre piquetes de urgência (por ilha) ILHA INFORMAÇÃO PIQUETES URGÊNCIA Total São Miguel Terceira Pico Santa Maria 39,2 55,5 34,2 46,7 53,1 45,9 23,7 45,0 38,7 50,6 5,3 19,1 1,0 31,3 10,7 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Sim Não NS/NR Total No que respeita o conhecimento sobre a possibilidade dos utentes/ clientes fornecerem energia à EDA (Quadro 13), a maioria nas diferentes ilhas mostra-se como não tendo conhecimento dessa possibilidade. Na ilha de Santa Maria é onde se obteve uma maior percentagem de inquiridos que não sabe ou não responde (37,4%), seguida pela ilha da Terceira (24,7%). Quadro 13: Conhecimento de que pode fornecer energia à EDA (por ilha) ILHA CONHECE QUE PODE FORNECER ENERGIA à EDA São Miguel Sim Não NS/NR Total 24,9 69,6 5,5 100,0 Total Terceira Pico 18,8 56,5 24,7 Santa Maria 28,6 68,4 3,1 13,0 49,6 37,4 22,8 64,1 13,2 100,0 100,0 100,0 100,0 Em relação à etiqueta de eficiência energética que foi criada com o objectivo de informar o consumidor, no momento da compra, sobre a classificação da poupança energética dos electrodomésticos (Quadro 14), apenas 27,7% dos inquiridos da geração mais idosa conhece a classificação mais eficiente e 61,4% diz não saber ou não responde. Nas gerações mais novas 56,8% na mais jovem e 51,4% na do meio identificam a etiqueta de eficiência energética. Verificamos, assim, que existem muitas pessoas que desconhecem que a classificação da eficiência energética indica se um electrodoméstico consegue realizar as suas funções utilizando mais ou menos energia, sendo assim menos ou mais eficiente, respectivamente. Esta etiqueta, para além da eficiência no consumo de energia, apresenta informação sobre outras características dos equipamentos como por exemplo o ruído que produzem. 74 Quadro 14: Classificação da eficiência energética dos equipamentos GERAÇÃO CLASSE A+ A B C D E NS/NR Total Menos de 30 56,8% 7,5% ,9% ,2% ,5% ,2% 33,7% 100,0% 30-54 51,4% 9,6% 2,1% ,2% 0% ,9% 35,8% 100,0% Total 55 ou + 27,7% 47,8% 8,2% 8,5% 1,1% 1,4% ,4% ,3% ,4% ,3% ,7% ,6% 61,4% 41,1% 100,0% 100,0% Os dados obtidos por ilha (Quadro 15) indicam que em Santa Maria os resultados são os mais altos (63,4%). Os resultados obtidos na ilha da Terceira e no Pico mostram que quase metade dos inquiridos não sabe ou não respondeu a esta questão (49,0%). Quadro 15: Classificação da eficiência dos equipamentos (por ilha) Classificaçã AA A B C D E NS/NR Total São Miguel 46,5 12,0 1,8 0,4 0,6 0,7 38,0 100,0 Total Ilha Terceira Pico Santa Maria 45,9 43,4 63,4 47,8 4,3 4,1 9,2 8,5 0,4 2,0 0,8 1,4 0,0 0,5 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,3 0,4 1,0 0,0 0,6 49,0 49,0 26,7 41,1 100,0 100,0 100,0 100,0 Finalmente, no que concerne a reciclagem, os resultados obtidos indicam que 66,7% das pessoas em São Miguel, 70.8% na Terceira, e apenas 28,1% no Pico e 10,7% em Santa Maria, dizem fazer reciclagem. Síntese do Conhecimento sobre Questões Energéticas De seguida sintetizam-se algumas das ideias principais resultantes da análise efectuada às questões relacionadas com os conhecimentos dos inquiridos sobre questões energéticas e ambientais. As pessoas parecem mostrar-se pouco sensíveis às questões ambientais e pouco conscientes dos riscos associados à actual dependência do petróleo, à insegurança da oferta e à necessidade de mudança do paradigma energético. A geração avós é a que se acha menos informada sobre as questões ambientais e energéticas, enquanto a geração mais jovem é 75 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page76 vista, pelas três gerações, como a mais conhecedora. Qualquer iniciativa ou campanha para informar a população sobre as energias renováveis deve contar com a dinâmica geracional de forma a existir partilha de conhecimentos entre as três gerações e em particular, um maior envolvimento da geração mais nova para que possa partilhar os seus conhecimentos com as gerações dos pais e avós. Assim, os resultados mostram que os participantes no estudo, entendem, estar mal informados e têm poucos conhecimentos sobre questões ambientais e energéticas. Os principais meios apontados para obtenção de informação sobre as questões ambientais e energéticas são a televisão e a internet e os meios que as pessoas entender ser os mais eficaz na difusão dessa informação são as associações em geral e as associações ambientais. Estes dados não deixam de ser estranhos na medida em que apenas 3,3% na geração mais nova, 4,3% na geração intermédia e 1,5% da geração mais idosa refere as associações em geral como meio onde obtiveram a informação e conhecimento das questões ambientais e energéticas o mesmo acontecendo para as associações ambientais (6,1%, 2,5& e 2,2%, respectivamente). Por outro lado, a escola como instituição educativa aparece relegada para um plano secundário no que respeita a fonte de informação e conhecimento. Das fontes de energia renováveis, apenas 10% conhece a geotermia e 8% a eólica, enquanto que a maioria (65%) não responde ou admite que não conhece qual a origem da electricidade que consome. A grande maioria (82%) não sabe que percentagem da energia que consome tem fonte renovável nem sabe que a factura mensal da EDA contém esta informação, onde é possível saber a quantidade de energia renovável e não renovável associada ao seu consumo. Estes dados são preocupantes na medida em que a produção de electricidade em fontes de energias renováveis em Janeiro de 2011 representaram mais de 50% do consumo de energia nos Açores17. Tendo como referência o ano de 2010, as fontes de energia renováveis representaram um total de 28% da produção eléctrica dos Açores, tendose verificado um aumento de 10,8% entre 2009 e 2010. A produção de electricidade em centrais geotérmicas, hídricas e eólicas existentes nas ilhas, foram as que contribuíram mais para esse aumento. Por outro lado, verifica-se um desconhecimento de que na região a produção de electricidade tendo como fonte a geotermia tem um peso considerável. Em particular na ilha de São Miguel, sendo este o único sítio de Portugal em que é explorada (http://www.energiasrenovaveis.com). A maioria não responde ou admite não saber se a fonte da energia que consome pode diminuir ou acabar (63%), ou se o seu consumo pessoal afecta o ambiente (43%); no entanto, 49% acha que o consumo de 17 Dados relativos a Janeiro de 2011 em: http://www.energiasrenovaveis.com. 76 energia vai aumentar no futuro. A maioria (61%) mantém a ideia de que a Região está protegida, ou porque a energia dos Açores já é renovável ou porque as ilhas estão afastadas dos grandes centros, ou então porque a eventualidade de problemas só se irá notar daqui a uns anos. É necessário que a população em geral esteja informada que o uso de fontes não renováveis potencia a maiores riscos ambientais, enquanto que as fontes de energia renováveis são consideradas as formas de geração mais limpas que existem, embora também possam afectar o meio ambiente, dependendo das formas de utilização desses recursos. Por outro lado, o uso de energia no consumo doméstico, na maioria das vezes, passa despercebido “de forma invisível” ao usuário. A maioria das pessoas tem apenas uma vaga ideia do valor real associado ao consumo de energia, desconhecendo formas e estratégias para reduzir os consumos (Steg, 2008). O uso de tecnologia dos renováveis pode ser importante na medida em que pode tornar visível esse consumo, contribuindo para uma maior consciencialização e controlo dos consumos de energia. O uso de aparelhos de medida com visores de forma a tornar visível o consumo instantâneo pode ser uma medida que contribuirá para a redução dos consumos da electricidade e fundamentalmente, para a mudança de hábitos e comportamentos nas pessoas. A combinação da tecnologia com outros incentivos à poupança pode funcionar como uma ferramenta informativa e educativa. Muitos estudos mostram que a leitura em tempo real pode servir como estimulante para a mudança de comportamentos (Ueno, Sano, Sacki & Tsuji, 2006; Petersen, Shunturov, Janda, Platt, Weinberger, Murray & College, 2005; Matsukawa 2004). Por outro lado, é importante ter em conta o tipo de informação que é veiculada, na medida que existem estudos que apontam que a informação sobre estes assuntos distribuída em folhetos muitas vezes é vaga e não tida em conta pelas pessoas como útil (Brandon & Lewis, 1999). No que diz respeito à classificação do consumo energético dos electrodomésticos, 48% sabe que AA indica maior poupança mas 41% admite que não sabe ou não responde, sendo a geração mais jovem a mais conhecedora do significado desta classificação. A eficiência energética dos equipamentos no momento de compra deve ser um factor importante a ter em conta. Por fim, no que respeita ao conhecimento que as pessoas parecem ter em função das respostas dadas, denota-se uma falta de informação. Neste 77 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page78 sentido, é fundamental que a informação passe para o público em geral, sem equívocos e de forma pro-activa. A falta de informação pode ser um elemento catalisador para a indisponibilidade para a mudança. Qualquer iniciativa ou campanha deve sublinhar e reforçar a perspectiva ecocêntrica, procurando ajudar as pessoas dos Açores a perceberem a lógica da ecologia e a dinâmica dos ecosistemas e do planeta terra no seu todo. Uma informação pró-activa passa necessariamente pela integração das temáticas associadas às questões energéticas e ambientais nos currículos escolares nacionais. Já a algumas décadas que têm vindo a ser feitos muitos estudos e projectos quer na escola como na sociedade que são desenvolvidos sob este tema da energia e das suas problemáticas levados a cabo quer em Portugal como no estrangeiro (Polis18 (sd); Gil & Mota, 2006; Martin & O'Toole, 2002; Grant & Littlejohn, 2001; Newson , 997; Nicholson, 1996; Seutville & Reggle, 1995; Kroll, 1992; Desinger, 1990; Rowland, 1985; Hamilton, 1983) 5.2.3. RESPONSABILIZAÇÃO E CIDADANIA AMBIENTAL O termo cidadania entrou expressivamente no léxico da modernidade, e pressupõe acções responsáveis para com os outros, para com as instituições, para com os espaços públicos e para com o ambiente. Mas, todos o sabemos também, o plano da cidadania não reside na questão exclusiva da igualdade de direitos e de obrigações, mas pressupõe uma forma de mentalidade precisa e de conduta responsável. Ora, o domínio das mentalidades pode também ser responsável por hábitos desejáveis ou indesejáveis. No dizer do historiador Michel Vovelle (1987), constituem “prisões de longa duração” que, ou fundamentam práticas arreigadas a uma certa visão do mundo, ou nos impedem de ver outra forma de actuar diferente da habitual. Foi-se generalizando, entre nós, porém, mais tardiamente que noutros estados, a ideia de que todos têm responsabilidades para com a comunidade, tal como esta tem para connosco. Existe sempre um grau de consciência variável das acções e condutas, assim como das motivações. Entre a dimensão simbólica e as práticas da quotidianidade, as condutas humanas ganham sentido ao procurarem responder às necessidades variadas tendente a assegurar a integridade e sobrevivência. O papel de relevo que hoje em dia se atribui à educação e, de forma particular – no caso que mais que nos interessa – à educação cívica assim 18 O Programa POLIS foi uma intervenção de política pública com grande visibilidade no domínio da requalificação urbana e valorização ambiental das cidades em Portugal. O POLIS teve início formal em 15 de Maio de 2000 (Resolução do Conselho de Ministros n.º 26/2000), após a preparação do programa por um Grupo de Trabalho (criado em 18 de Novembro de 1999, por iniciativa e na dependência directa do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território). 78 como à educação ambiental, justifica a necessidade de perceber que tipos de conteúdos a educação veicula neste domínio. Curiosamente, pela análise que empreendemos das respostas, é notório que a escola faculta hoje muita informação a qual nem sempre consegue ser factor suficiente para mudar atitudes. Mas não é aceitável – nem poderia sê-lo – resumir-se as atitudes perante o ambiente apenas a uma questão educacional, e isto, porque inúmeras soluções de sobrevivência que se afastam do percurso da natureza tais como a aplicação das biotecnologias ou a criação e produções intensivas obrigam, de qualquer modo, a repensarmos colectivamente o restauro dos ecossistemas. Desde os recursos vegetais, animais e ictíacos, aos minerais e energéticos, percebemos hoje que as transformações das necessidades globalizadas colocam uma parte substancial de entre eles em risco de esgotamento (Mela et al., 2001). O entendimento destes fenómenos releva um requisito incontornável para o equacionamento da sustentabilidade futura da nossa maneira de viver, não constituindo, contudo, factor suficiente de mudança por si só. Muito do que hoje se procura promover, em matéria de educação ambiental, passa pelo restauro e preservação dos ecossistemas e dos seus recursos, atingida que foi a fase onde esse equilíbrio se torna instável, ameaçado e de sustentabilidade duvidosa. Não sendo fácil de ponderar-se, no imediato, nem o impacto da cultura nem o da geração no dispositivo do agir colectivo, tomaremos em consideração os indicadores mais pragmáticos de actuação das gerações, numa lógica da coabitação das mesmas, quer no quadro da vida actual, quer no quadro da vida familiar. Será também na perspectiva das gerações e da dinâmica geracional que retomaremos, mais adiante, as questões da sustentabilidade energética, dado constituir o tema-força que moveu o presente projecto de estudo. Em rigor, os estudos não podem deixar de redefinir os conceitos que utilizam e o de cidadania parece-nos central neste capítulo. Cidadania é o facto de um indivíduo, família ou grupo ser reconhecido como membro de uma cidade ou de um estado-nação, alimentando um projecto comum de vida colectiva em que espera tomar parte (Le Pors, 2011). É uma perspectiva que concebe sobretudo que os indivíduos têm deveres a cumprir perante a vida política na sua conduta social dentro da comunidade de que se é membro, mas é simultaneamente também uma concepção de que existe um interesse comum que deve ser preservado, assente no princípio de igualdade em deveres de cada um perante o conjunto. 79 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page80 Cidadania é, portanto, um conceito que diz respeito a certos valores sociais que relevam a responsabilidade de todos para com todos de que decorrem direitos e obrigações que nos vinculam à observância de regras tendentes à promoção e defesa de direitos fundamentais no existir colectivo em três domínios fundamentais: civis, políticos e económicosociais (T. H. Marshall, 1963). A novidade é que são extensíveis a todos os domínios da acção humana incluindo o ambiental. O civismo, ou se preferirmos, a adesão a um certo tipo de valores que promulgam a construção da cidadania activa é o resultado de um longo processo mas como referem Madec & Murard (1995), as palavras-placebo fazem esquecer que a situação actual é o resultado da história, ou melhor, de longos processos históricos actuantes na organização de uma sociedade. Relembremos que no entendimento de autores como Mark J. Smith (1998), entre outros, a relação que existe entre sociedade e natureza é diferente da relação que existe entre indivíduos e Natureza, por exemplo. Efectivamente, não obstante o impacto de valores e de práticas na forma como dispomos e usamos os recursos o facto é que a organização das sociedades no rumo que encetaram dita os parâmetros da actuação geral e as regras normativas do viver colectivo no mundo moderno (Lefébvre, 1968). Parece, pois, aceite que o tipo de funcionamento e de vínculos colectivos, no qual estamos inseridos por via do processo civilizacional, dita não as opções que fazemos, mas sim principalmente o leque das escolhas de que dispomos para optar. A distância crítica indispensável para compreender o funcionamento e a articulação dos valores da modernidade – em que a cidadania é se revela nuclear – face às opções de vida em grande parte vistas inerentes à condição socioeconómica, surge aqui como um meio de abordagem de que a análise não pode prescindir ao debruçar-se sobre os quadros de dados empíricos resultantes do estudo por questionário. Há, deste modo, um percurso de leitura e de interpretação dos dados que não poderá perder de vista algumas linhas mínimas de referência. Uma delas suscita ter presente que preside à visão dos problemas, que se concebem, uma certa responsabilização de entidades identificáveis que tendem a apontar para a esfera pública e de gestão das actividades da vida colectiva. Em relação às entrevistas, já tínhamos anteriormente referido a responsabilização que se tende a fazer dos poderes públicos locais como Câmaras e Juntas de Freguesia ou o próprio governo local. Na presente secção reaparecem estas mesmas instâncias (Gráfico 77) como focos de creditação de confiança no que diz respeito à resolução esperada para os problemas identificados em matéria energética. 80 Gráfico 77: Entidades responsáveis por resolver as questões energéticas, por geração Menos de 30 NS/NR 30-54 55 ou + Total Outro Nenhum Os próprios cidadãos Empresas e Indústrias Org. Intern./ONU/ONG´S União Europeia Governo Nacional Governo Regional Câmara Municipal Junta de Freguesia 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 De acordo com a distribuição apresentada, destacámos que estas instâncias referidas correspondem também às entidades de maior proximidade e interface, representando o poder local que são referidas como potenciais entidades sobre quem recai a escolha de confiança para solucionar este tipo de problemas. Com efeito, as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia e o Governo Regional constituem as instâncias mais citadas. O entendimento de uma possibilidade de intervenção remota, a par da distância física face ao continente longínquo, permite perceber que o Governo da Republica não seja referido por mais de 7% dos inquiridos e que as entidades privadas como as empresas e indústrias não ultrapassam 4%. Perante esta primeira distribuição das intenções de responsabilização pela resolução de problemas ambientais, é ainda importante notar-se que a confiança perante o poder local (consideradas em conjunto Freguesias e Câmaras municipais) aumenta ao longo da idade e, por conseguinte, com a geração de pertença. As gerações mais velhas são as que mais apontam esta entidade. Inversamente, as instâncias europeias parecem suscitar pouca confiança a estas mesmas gerações mais velhas (apenas 6% na geração mais idosa), enquanto suscitam maior confiança entre a geração mais jovem, como iremos referir de seguida. 81 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page82 Quadro 16: Confiança nas entidades responsáveis, por geração GERAÇÃO Menos de 30 Poder Local (Junta+Câmara) Governo Regional Governo Nacional União Europeia Org. Intern./ONU/ONG´S Empresas e Indústrias Os próprios cidadãos Nenhum Outro Ns/Nr Total (Poder Local + Gov. Regional) 36,0 17,5 7,1 15,9 6,9 5,2 1,2 8,3 1,8 0,9 100,0 (53,6) 30-54 55 ou + 38,8 19,0 8,7 11,7 4,6 4,8 0,9 10,3 0,0 0,9 100,0 (57,8) 46,1 16,5 3,4 6,0 2,2 2,6 1,5 16,5 1,7 3,7 100,0 (62,5) Total 39,5 17,9 6,8 11,9 4,9 4,4 1,2 11,0 1,1 1,6 100,0 (57,3) É facto que mais de metade dos inquiridos confia prioritariamente no poder local ou Governo Regional, valores que revelam, inclusive, à semelhança de outros itens já referenciados, uma certa dependência face aos mesmos. No entanto, no plano da cidadania, os indivíduos são raras vezes entendidos como devendo ter uma posição relevante ou uma participação activa na resolução deste tipo de questões. Por outro, ainda mais frequentemente do que o Governo Nacional ou do que outras instituições, é a categoria “Nenhum” que é referida, indiciando assim um descrédito numa possível resolução. Assim, se existe alguma unanimidade e sentido de uniformização das respostas dadas é quanto a atribuir-se a responsabilidade às Câmaras Municipais, item que contém em qualquer dos grupos cerca de 21% das referências verbalizadas. Para além disto, verificamos ainda que cerca de um em cada quatro (25%) dos inquiridos mais velhos imputam responsabilidades às Juntas de Freguesias, contrastando com os mais jovens que são os que mais frequentemente apontam as instâncias Europeias (15,9%). No entanto, a variável habitat ou zona de residência introduz aqui mais variação do que as próprias gerações. As simpatias e escolhas políticas deverão ter a sua quota-parte de influência na expressão destes resultados apurados como se depreende do Gráfico seguinte. Assim, a importância do poder local na resolução de problemas e, mais ainda, na implementação de medidas e na fixação de objectivos ou de rumos colectivos tendentes a apontar saídas e a definir opções de organização societária susceptíveis de terem um impacto mais directo na vida familiar é, pois, ainda mais efectiva. As particularidades de uma realidade configurada em espaços descontínuos fazem de cada ilha um universo impar. 82 Apesar das rivalidades entre municípios – aspecto que está precisamente correlacionados com o facto desta instância ser um forte aglutinador identitário – cremos ser de toda a pertinência salientar que, no caso concreto do Pico, será a forma de vivência e de entendimento da realidade municipal a constituir o factor explicativo mais sobre a responsabilidade imputada ao poder local em detrimento do governo regional e, nesta precisa dimensão contrasta fortemente com a realidade de Santa Maria em que a dimensão local parece se apagar perante a confiança creditada ao Governo Regional. Gráfico 78: Entidades responsáveis pelas questões energéticas, por ilha NS/NR SMiguel Outro Terceira Pico S.Maria Nenhum Os próprios cidadãos Empresas e Indústrias Org. Intern./ONU/ONG´S União Europeia Governo Nacional Governo Regional Câmara Municipal Junta de Freguesia 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 A figura anterior (Gráfico 78) é um indicador muito elucidativo da organização do estado das representações políticas a nível de cada ilha em particular no contexto do arquipélago. Dado que as questões de entendimento político e de se reportarem problemas a entidades tidas como privilegiadas para a sua resolução afigura-se um elemento estrutural condicionador do nível das práticas individuais, cremos ser previamente neste contexto que se deverão equacionar as respostas em função da geração. Não raras vezes, de facto, a municipalização da gestão energética e dos resíduos sólidos urbanos constitui a face mais identificável da responsabilização colectiva face às questões ambientais mais próximas dos cidadãos. No entanto, o prestígio de que as Câmaras Municipais 83 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page84 usufruem é diferenciado de ilha para ilha (Gráfico 79). Neste sentido, convém, pois ter presente a repartição destes valores por ilha, cuja distribuição comparada das referências às Câmaras apresenta uma diferença muito significativa, como se depreende do gráfico seguinte: Gráfico 79: Confiança nas Câmaras para resolver as questões energéticas, por geração e ilha 40,0 35,0 30,0 Menos de 30 25,0 30-54 20,0 55 ou + 15,0 Total 10,0 5,0 0,0 São Miguel Terceira Pico Santa Maria Com efeito, são os marienses que menos esperam da Câmara. Nesta ilha, o grupo de meia-idade constitui o grupo de indivíduos em que apenas 10,9% confiam na Câmara para resolver este tipo de problemas específicos. No conjunto, uma leitura dos dados por ilha, traduz a forma peculiar como, precisamente, a nível local se expressam escolhas, coesão e rivalidades. O papel dos municípios e o grau de coesão da vida comunitária seria de inegável contributo para podermos penetrar mais no âmago da explicação acerca das disparidades observadas. Conhecimento de que, naturalmente, não dispomos. No entanto, não o ignoremos; a questão política e a forma de exercício do poder político não são nem anódinas nem desprovidas de lógica própria. Com base numa certa dinâmica e tradição, que se expressa a nível do município, o poder local sempre constituiu um forte nódulo de disputa e de tensão, ora canalizando descontentamentos e insatisfações, ora creditando confiança na sua acção mas sempre actuando como foco de identidade e de referência particularmente vincada no contexto insular, como alguns estudos parecem relevá-lo (Medeiros et al, 2001). Ao mesmo tempo, a maior responsabilização do governo regional (Gráfico 80) verifica-se entre as três gerações de Santa Maria, enquanto os valores menores acontecem na Terceira 84 Gráfico 80: Responsabilização do Governo Regional, por geração e ilha 45,0 40,0 35,0 30,0 Menos de 30 25,0 30-54 20,0 55 ou + Total 15,0 10,0 5,0 0,0 São Miguel Terceira Pico Santa Maria Há, assim, uma realidade politico-local em cujo contexto de relacionamento social se deverão ponderar os resultados. No que diz respeito ao seu papel e à sua acção voluntária, o reconhecimento de que não fazem o suficiente e poderiam ter tido uma intervenção mais efectiva nas questões ambientais é a nota dominante. Como vem demonstrado no Gráfico 81, cerca de 30% dos inquiridos refere que tanto as câmaras como o governo regional ficaram aquém das expectativas, sendo que a percentagem é mais elevadas nas gerações mais jovens. Gráfico 81: Avaliação da acção das Câmaras e do Governo Regional, por geração Câmaras Municipais Governo Regional 85 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page86 Apesar dos níveis de confiança serem diferenciados entre entidades de referência, tanto relativamente às Câmaras Municipais como relativamente ao Governo Regional, notamos cerca de 55,5% dos respondentes que considram que estas entidades ou “não fizeram nada” ou “não fizeram o suficiente” para encontrar soluções que venham a reduzir o consumo energético (Gráfico 81). Passando para o Gráfico 82, as respostas “fazem nada” ou “não fazem o suficiente” predominam na acção das Empresas, comparando com uma minoria que aprova. De qualquer modo, os cidadãos ou, se preferirmos, os indivíduos no desempenho do seu papel de cidadania são os mais negativamente avaliados. Com efeito, cerca de 60% considera que as instâncias em questão não “fazem nada” ou “não fazem o suficiente”. À excepçao de uma pequena minoria, não se reconhece assim assinável envolvimento dos indivíduos em matéria de cidadania activa em prol do ambiente. Como já foi referido, os mesmos valores se observam relativamente às empresas, cujo entendimento da acçao efectiva é deficientemente percebida. Gráfico 82: Avaliação da acção das Empresas e dos cidadãos, por geração Empresas Cidadãos Também à excepção de uma pequena minoria, não se está diposto a pagar mais para proteger o ambiente, com uma inflexibilidade que aumenta com a idade e a geraçaõ de pertença. O papel dos Governantes é ainda particularmente citado quando se pede para identificarem a quem cabe informar e pugnar pela resolução deste tipo de questões. Neste contexto, e antecipando cenários futuros, importa ainda perceber em que medida se sentem afectados pela falta ou escassez de energia. Já actualmente, o registo recolhido indica que as gerações mais novas, sentem prenúncios de escassez quer pela falta efectiva quer pela 86 necessária contenção ou antecipação de restrições de consumo, o que acontece em cerca de 22,2% (Gráfico 83). Gráfico 83: A forma como vive contribui para a falta de energia, por geração Um total de 17,5% dos indivíduos inquiridos considera que a sua forma habitual de viver o dia-a-dia contribui para afectar a escassez ou mesmo a falta global de energia. Sem qualquer dúvida, uma tal posição pressupõe uma visão abrangente e não circunscrita deste tipo de questões. No entanto, a variação segundo as gerações é muito significativa e a correlação é nítida. As variáveis geracionais e percepção de contribuir para afectar a falta de energia estão inversamente correlacionadas, à medida que a idade aumenta diminui tal intuição. Em sentido inverso, aumenta o entendimento do modo de vive habitual não afectar a escassez geral de energia. Note-se, porém, que a categoria de respostas mais significativas é aqui a ausência de opinião ou a menção de nada saber acerca do assunto; dado indiciador, em nosso entender, do forte desconhecimento sobre este processos de equilíbrio geral em matéria ambiental. Contudo, dentre da pequena parcela dos que considera que contribuem de algum modo para afectar e aumentar a tendência de escassez, apenas 14,7% entendem ser num grau razoável ou muito forte (Quadro 17). Também aqui a categoria de não respostas e dos sem opinião é muto expressiva. 87 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page88 Quadro 17: Grau de impacto do seu modo de vida na falta de energia GERAÇÃO Menos de 30 Muito Pouco Pouco Razoavelmente Bastante Muitíssimo Ns/Nr Total (Razoavelmente ou mais) 27,4 16,1 9,2 4,5 0,9 41,8 100,0 (14,7) 30-54 55 ou + 25,4 17,4 6,9 4,8 0,0 45,5 100,0 (11,7) 16,9 19,9 3,7 0,7 0,0 58,8 100,0 (4,5) Total 24,1 17,5 7,0 3,7 0,4 47,3 100,0 (11,1) No entendimento dos indivíduos, os que tendem a pensar que o seu comportamento contribui para os processos de afectação mais global, também se concebe que caminhamos em direcção a um esgotamento dos recursos energéticos, do ponto de vista geral. Efectivamente, apesar da falta de opinião, nestas matérias ser notória (49,8%), o que é facto é que os mais novos tendem expressivamente a considerar que o rumo actual caminha no sentido do esgotamento dos recursos energéticos. Gráfico 84: O actual modelo de consumo vai esgotar os recursos energéticos, por geração Em consonâncias com estes valores, nas gerações dos mais novos, sensivelmente, metade dos inquiridos declarara que se caminha para um esgotamento a prazo dos recursos energéticos. Nas gerações mais velhas, essa noção de intensidade é menor como o ilustra o Quadro 18. 88 Quadro 18: Grau de esgotamento dos recursos energéticos, por geração GERAÇÃO Menos de 30 Muito Pouco Pouco Razoavelmente Bastante Muitíssimo Ns/Nr Total (Razoavelmente ou mais) 28,6 22,3 26,2 18,8 4,2 0,0 100,0 (49,1) 30-54 55 ou + 31,9 26,5 17,7 18,0 4,7 1,3 100,0 (40,4) 25,8 31,9 31,3 9,2 0,6 1,2 100,0 (41,1) Total 29,3 25,9 23,9 16,5 3,7 0,7 100,0 (44,1) A coerência de entendimento tende a demonstrar que se pensam os recursos energéticos no quadro mais amplo dos recursos naturais (Gráfico 85). Deste modo, e no seguimento das constatações anteriores, continuamos a registar valores elevados de não respostas ou ausência de resposta verbalizada dado o desconhecimento concreto destas questões. Contudo 35% dos mais jovens e 19,1% dos mais velhos acham que se enveredou por um caminho de consumo que levará ao esgotamento dos recursos naturais globalmente considerados. Este tipo de cenário é menos admitido pelas gerações mais velhas que negam tal perspectiva evolutiva em 26,2% dos casos. Gráfico 85: O actual modelo de consumo vai esgotar os recursos naturais, por geração Se considerarmos conjuntamente razoavelmente bastante e muitíssimo, um aspecto digno de nota, é que 55,7% dos mais jovens, respondentes a este item, tem noção que se caminha razoavelmente, bastante ou de forma muito acelerada para uma degradação e esgotamento dos recursos naturais (Quadro 19). Idêntica noção, manifestam 31,5% das gerações mais velhas que têm 55 ou mais anos. 89 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page90 Quadro 19: Grau de esgotamento dos recursos naturais, por geração GERAÇÃO Menos de 30 Muito Pouco Pouco Razoavelmente Bastante Muitíssimo Ns/Nr Total (Razoavelmente ou mais) 6,0 36,4 31,6 17,8 6,3 1,8 100,0 (55,7) 30-54 55 ou + 15,1 39,2 20,6 17,4 5,5 2,3 100,0 (43,4) 39,2 26,5 15,1 12,7 3,6 3,0 100,0 (31,3) Total 16,3 35,5 24,0 16,6 5,4 2,2 100,0 (46,0) Perante tais considerações e formas de entendimento, não custa admitir que se preconizem maneiras de poupança energética. Mas reina a noção – já instalada entre os inquiridos – de que se já poupa tudo o que é possível poupar até ao momento. Um acréscimo de esforço na poupa e na contenção de consumo são dificilmente concebidos para o caso particular de cada um. Com efeito, analisando o Quadro 20, que reflecte alguns comportamentos perspectivados face à poupança, verificamos que a propensão manifesta à poupança é um dado efectivo à medida que se consideram as gerações mais novas visto que cerca de 42% dos inquiridos com mais de 55 anos referem não poder poupar mais do que o que já poupam. Com efeito, sabemos que nesta geração existem hábitos de poupança mais seriamente enraizados e o exercício de poupança já é realizado em larga escala. Mas não há, no entanto, diferença geracional significativa entre os que declaram poder poupar alguma energia consumindo menos. De qualquer modo, se encararmos estas respostas como possibilidades de mudança, 56,4% considera que ainda pode desenvolver melhorias no sentido de poupar mais alguma energia. Quadro 20: Comportamentos face à poupança de energia, por geração GERAÇÃO Menos de 30 Não pode poupar mais nada/ já poupa tudo o que pode Pode poupar alguma energia, consumindo menos Pode poupar muita energia, consumindo muito menos Ns/Nr Total Total 30-54 55 ou + 23,8 34,3 41,9 32,2 58,7 56,3 52,8 56,4 11,2 6,6 2,6 7,4 6,4 100,0 2,7 100,0 2,6 100,0 4,1 100,0 No entanto, o esforço no sentido de um incremento da poupança sendo desejável, pode não ser suficiente e as populações têm do facto nítida 90 consciência. No caso, em que tenha de se aumentar o preço, quer como forma de desincentivo ao consumo quer como consequência de ter de se cuidar mais do ambiente, apenas 34% se dizem % dispostos a pagar mais na factura de electricidade enquanto 57,4% negam esta possibilidade (Gráfico 86). Gráfico 86: Disponibilidade para pagar mais por energias renováveis, por geração O efeito geracional é também aqui um factor importante a ser tido em conta dado que as respostas evoluem em sentido inverso à geração de pertença. Já a quota de acréscimo que estariam dispostos a pagar os que efectivamente o declaram (Quadro 21) não são muito avolumadas. Pois para a grande maioria dos Indivíduos, o aumento não pode ir além de 5% (62,1% ou de 10% (19,7%). O efeito geracional é também aqui um factor importante a ser tido em conta dado que as respostas evoluem em sentido inverso à geração de pertença. Já a quota de acréscimo que estariam dispostos a pagar os que efectivamente o declaram não são muito avolumadas. Pois para a grande maioria dos Indivíduos o aumento não pode ir além de 5% (62,1% ou de 10% (19,7%). Quadro 21: Percentagem de aumento que estaria disposto a pagar em proveito do ambiente, por geração GERAÇÃO PERCENTAGEM 5% 10% 15% 20% Mais de 20% Ns/Nr Total Menos de 30 52,7 26,7 11,5 1,8 0,6 6,7 100,0 91 30-54 55 ou + 68,6 14,7 6,4 4,5 1,3 4,5 100,0 68,8 15,0 1,3 1,3 1,3 11,3 100,0 Total 62,1 19,7 7,5 2,7 1,0 6,7 100,0 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page92 Já no que diz respeito às medidas de poupança energético (Quadro 22), não há uma valorização diferencial, estatisticamente significativa, por geração. A medida mais apontada é de carácter prático nas tarefas do dia-a-dia e prende-se com o cuidado a ter no apagar as lâmpadas eléctricas desnecessárias na iluminação da habitação, ainda que seja uma medida sobretudo mais preconizada pelos mais velhos. Quadro 22: Medidas de poupança mais apontadas, por geração GERAÇÃO Menos 55 ou 30-54 de 30 + Informação sobre energia convencional Informação sobre energia renovável Informação sobre o consumo energético dos equipamentos Multas e/ou formas coercivas para quem não cumprir Legislação e regulamentação para o consumo de energia Paredes duplas, isolamento térmico, etc. na construção Usar sensores para acender ou regular a luz Ter cuidado em apagar lâmpadas desnecessárias Utilizar lâmpadas económicas Adquirir aparelhos de classe A/A+ Tomar duche rápido/ Tomar duche em vez de banho Reutilizar sacos ou usar saco reutilizável para fazer compras Separar lixo e reciclar Reduzir consumos/Não deixar aparelhos em standby Aderir à tarifa bi ou tri-horária e distribuir consumo Produzir e usar energias alternativas/ Painéis solares, etc. Partilhar viatura/car pooling Adquirir carros híbridos/eléctricos Utilizar transporte público Andar a pé e/ou de bicicleta Ns/Nr Total Total 1,9 16,6 2,5 14,0 1,5 6,4 2,0 13,2 8,3 8,5 6,0 7,8 5,7 3,9 2,6 4,3 5,0 3,2 3,4 3,9 1,7 4,1 2,2 2,8 2,8 2,8 4,5 3,2 15,6 8,1 5,5 21,8 9,4 4,8 29,2 11,2 2,2 21,2 9,3 4,4 2,4 2,5 3,4 2,7 0,9 8,1 1,4 6,0 1,1 4,5 1,2 6,4 2,1 1,1 2,6 1,9 0,5 0,9 0,7 0,7 5,5 0,5 1,9 1,9 2,4 2,8 100,0 6,2 0,7 0,7 0,9 1,8 2,5 100,0 4,5 5,5 0,4 1,1 1,3 2,8 3,7 100,0 0,4 1,1 5,2 7,1 100,0 No entanto, o reconhecimento da necessidade de se obter mais informação sobre as energias mais renováveis é uma medida apontada em 1º lugar por 13,2% dos inquiridos, ainda que seja uma sobretudo mais preconizada, esta, pelas gerações mais jovens. Convém, referir-se que estas são também medidas já praticadas pela larga maioria dos inquiridos, em mais de 60% dos casos. 92 De resto, deixarem-se as luzes acedas sem motivo ou justificação é das razões mais invocadas para o consumo energético. Porém, raramente os motivos têm uma especificidade geracional. A não ser o uso (e até abuso) do computador ou das consolas de jogos ligadas, todas as outras razões s transversais a todas as gerações de avós, pais e filhos. Existe, sem qualquer dúvida, um impacto geracional no consumo energético assim como existe uma propensão diferencial para o consumo que diminui com a geração de pertença e inversamente aumenta a capacidade de poupança e de contenção energética. Independentemente do que se faz e do se possa vir a desenvolver em matéria de cidadania ambiental é reconhecida necessidade de mais e melhor informação. No palco da cidadania moderna, joga-se muito do prestígio social de que cada indivíduo ou actor usufrui e que acumula como um capital e a consideração dos outros passa a ser entendida nas práticas de cada um. As dimensões de poupança e os cuidados de protecção ambiental individuais e familiares são hoje fortemente encorajados e percebidos pelos indivíduos que os adoptaram na estrita medida das suas possibilidades concretas de meios, informação, rendimentos etc. Efectivamente, constatamos que um volume já significativo dos nossos inquiridos conhece as siglas ou designações que se vulgarizaram com o intuito de reduzir o impacto da acção humana de consumo sobre a delapidação dos recursos, tais como reutilizar e reduzir. No entanto, é necessário ter-se em conta que é o entendimento de vantagens pessoais na ponderação de custos/benefícios directos que está subjacente à lógica comportamental dos sujeitos. Por exemplo, o isolamento de paredes e calefacção de portas e janelas, ainda que tecnicamente recomendável, será ponderado nos seus custos benefícios. 5.2.4. IMPACTO GERACIONAL NO CONSUMO ENERGÉTICO As consequências sociais dos impactos ambientais, inteligíveis numa leitura de conjunto, são dificilmente apreendidas pelos indivíduos no seu dia-a-dia. E, no entendimento de Goldblatt (1996, 53), muito menos é percebido, que “a origem dessas consequências possa remontar, ou não, à sua própria conduta económica ou demográfica”. Não nos parece, contudo, só uma questão de consequências da conduta económica mas sim o resultado de uma uniformização das condutas humanas, das opções de desenvolvimento e do próprio rumo civilizacional. Entendimento que confere outros contornos a estas questões. Nesta visão, o uso da energia e o futuro da mesma constituem apenas uma singela dimensão. 93 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page94 A produção eléctrica requer recursos naturais, uns renováveis e outros não. O uso dos recursos não renováveis constituiu durante a base do progresso tecnológico fundamentando também a forma de funcionamento quotidiano. Porém, deveremos hoje aceitar a evidência de que “a utilização maciça de uma fonte de energia não-renovável é claramente irresponsável” (Bobin, 1999:78). É por esta razão que as apostas de desenvolvimento futuro se centram inequivocamente não só na procura e viabilização de utilização de energias renováveis mas também, concomitantemente, na promoção de uma mudança de hábitos que a integrem de forma duradoura nas práticas mais elementares do proceder no quotidiano. Não custará admitir que o maior desafio que hoje se coloca às sociedades humanas seja, para além da manutenção do equilíbrio ecossistémico (Goldsmith, 1993), a alteração profunda da forma de satisfação da estrutura de necessidade e de funcionamento humano (Hannigan, 1995). Não é possível viver sem energia mas esta necessita, hoje mais do que nunca, de ser reinventa tal como boa parte da maneira como comunicamos, como nos deslocamos ou alimentamos (Smith, 1998). Na sua diversidade de formas, a energia faz parte do quotidiano das comunidades humanas. Se hoje questionamos o futuro da energia convencional e se as sociedades se lançam desesperadamente na procura de soluções alternativas para garantir a sustentabilidade dos sistemas energéticos é porque emerge a consciência difusa da finitude dos recursos que julgávamos ilimitados (Bobin, 1999). Esta feição de consciência acaba por condicionar a natureza das relações do ser humano com o meio e a organização das sociedades na sua configuração e nos modos de vida. Muito do que se tem escrito acerca das práticas de consumo energético, pode agora ser repensado ou reapreciado perante o estudo da postura de cada geração. Efectivamente, cremos ter sido de toda a pertinência uma primeira relativização dos dados gerais em função da repartição de idade funcional dos indivíduos. Tanto nas suas referências como nas práticas que privilegiam, os membros de uma geração tendem a orientar-se por valores que caracterizam uma dada conjuntura histórica (Attias-Donfut, 2000). São os valores, enquanto sistemas organizados de princípios colectivos e de crenças generalizadas, expressos em escalas do desejável (Sumpf & Hughes, 1979), (Attuel, 1993), que condicionam os modos de vida e as opções dos membros das comunidades que os partilham. Não concebemos alternativas, no nosso dia-a-dia, à utilização dos electrodomésticos ou ao uso generalizado dos meios de transporte automóveis. Disto, qualquer umas das três gerações em presença parece estar consciente. Contudo, a grande diferença tende a salienta-se ao nível do entendimento das necessidades de uso e da frequência de utilização. Por outras palavras, as gerações mais velhas, por instrução, 94 aprendizagem ou experiência vivida, são herdeiras de uma educação em que a noção de poupança está sempre presente qualquer que seja o domínio considerado. As limitações que as gerações mais idosas se autoimpõem, a par de menores necessidades de acesso à diversidade tecnológica e do uso mais restrito de equipamentos pessoais e domésticos, convergem para configurar modos de vida substancialmente contrastantes. A forma como as diferentes gerações concebem a sua participação para os problemas gerais que hoje afectam as sociedades, pode ser perspectiva neste mesmo domínio da escassez energética. Foi o que tentamos reconstituir. Relembremos alguns dados decorrentes das suas verbalizações expressas, sem considerar os não respondentes que, conforme já foi anteriormente analisado constituía a categoria dominante. De acordo, com o entendimento da sua interferência no processo geral que ameaça o equilíbrio ambiental, podemos dizer que os inquiridos não se sentem muito implicados (Quadro 23), isto é, consideram maioritariamente que a sua conduta não afecta a escassez de energia ou em nada contribui para que possa vir a faltar (65,3%). Outra constatação digna de nota, é que este sentimento ou convicção aumenta com a idade (diferenças estatisticamente muito significativas; p<.000), sendo que 3 em cada 4 dos indivíduos com mais de 55 anos refere não afectar a questão da escassez energética. Quadro 23: A forma como vive contribui para a escassez de energia (Respostas expressas) GERAÇÃO RESPOSTA Sim Não NS/NR Total Menos de 30 Total 30-54 55 ou + 37,0 28,8 12,2 27,9 57,4 66,1 76,4 65,3 5,6 5,1 11,4 6,8 100,0 100,0 100,0 100,0 No entanto, também é facto que destes que consideram influenciar, pela sua conduta, o domínio de questões em apreço, são os mais novos que reconhecem, em mais de 60% dos casos, uma contribuírem razoavelmente para esta escassez, sendo a geração dos pais que mais consciencializada está quanto à sua implicação na afectação e escassez. 95 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page96 Em consonância com tais atitudes, confirma-se também uma maior consciencialização face à atitude consumista dos filhos e netos que evidenciam hoje maior dependência tecnológica e energética. É opinião unânime de que são os novos que mais problemas criam (Gráfico 87); visão extensível a este domínio sensível da energia como se depreende da leitura do gráfico que se segue. Gráfico 87: Geração que criou mais problemas Porém, esta “maior dependência tecnológica e energética” implica também reunir um maior leque de conhecimentos (Gráfico 88). Este memo aspecto é reconhecido por uma grande proporção dos inquiridos que salientam o maior conhecimento dos mais novos e pais, filhos e, eventualmente, netos (quando considerando a opinião dos avós). Gráfico 88: Geração que tem mais conhecimentos Porém, esta “maior dependência tecnológica e energética” implica também reunir um maior leque de conhecimentos. Este mesmo aspecto é reconhecido por uma grande proporção dos inquiridos que salientam o maior conhecimento dos mais novos nos seus papéis de pais, filhos e, eventualmente, netos (quando considerando a opinião dos avós). 96 No entanto, a resolução dos problemas é sobretudo atribuída à categoria mais laboriosa dos pais, e, isto, em qualquer geração (Gráfico 89). Em qualquer das gerações questionadas, encontramos expressa a resposta de que são as gerações de adultos activos e de meia-idade as que mais contribuem para a resolução dos problemas ambientais. Com efeito, cerca de 41% reporta a maior contribuição dos problemas para a geração dos pais e eles próprios se atribuem esta resposta. No entanto, a resolução dos problemas é sobretudo atribuída à categoria mais laboriosa dos pais. Ou seja, em qualquer, das gerações questionadas, encontramos expressa a resposta de que são as gerações de adultos activos e de meia-idade as que mais contribuem para a resolução dos problemas ambientais. Gráfico 89: Geração que contribui mais para a resolução dos problemas Mas, se entendermos que as questões ambientais se integram e têm cabimento dentro de um plano mais abrangente de questões que compreendem a utilização e formas de uso de gás e de água, então podemos constatar uma avaliação semelhante deste tipo de consumos. Também aqui, o contributo diferencial das gerações é notório, sendo particularmente importante a forma como perspectivam a evolução. Todos tendem a considerar que no seu agregado familiar, o consumo doméstico se tem mantido (Gráfico 90), sendo esta a percepção e tendência de resposta mais generalizada. Já as representações apontarem para um aumento do consumo parece uma perspectiva inversamente admitida à medida que consideramos as gerações dos mais novos para os mais velhos. Na categoria dos mais novos, a percepção de que terá aumentado ou se mantido não revela diferenças estatisticamente significativas. Idêntica observação se pode fazer com as reapresentações da diminuição que, consideradas entre gerações não revelam diferenças notórias. A estagnação do consumo que é de facto o tipo de resposta mais pontuada, e isto, tem particular relevo nas gerações mais idosas, onde cerca de 60% têm essa percepção. 97 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page98 Gráfico 90: Variação do consumo doméstico de electricidade (últimos 3 anos) A avaliação que se faz relativamente ao consumo doméstico de gás (Gráfico 91), em igual período, é muito semelhante à que se referiu ao consumo de electricidade. Com efeito, as representações de estagnação parecem ser as mais comuns e mais salientes nas gerações mais velhas. Gráfico 91: Variação do consumo doméstico de gás (últimos 3 anos) O mesmo se verifica relativamente ao consumo doméstico de água no agregado familiar (Gráfico 92) em que todas as tendências apontam no memo sentido. As perspectivas de diminuição não são, no total, referidas por mais de 10% dos inquiridos, qualquer que seja a geração de pertença e na geração mais nova não chegam sequer a este limiar. Gráfico 92: Variação do consumo doméstico de água (últimos 3 anos) 98 As tendência de manutenção do habitual nível de consumo de água, parece ser também das tendências mais comuns ainda que mais salientes nas gerações mais velhas. De qualquer modo, igualmente raras são as declarações de resposta que concebem uma diminuição e o entendimento de ter havido um agravamento é mencionado por cerca de um terço do total inquirido. Em contrapartida, há uma ideia já firmada sobre quem compreende, respeita e preserva mais o ambiente e a natureza (Gráfico 93) que não apresenta qualquer diferença estatisticamente significativa na sua repartição das respostas dadas em função da geração. De facto, depreendemos das repostas que há um entendimento bastante generalizado da responsabilidade social das gerações de meia-idade, quer em termos da sua contribuição para a actual situação, quer em termos da sua contribuição para possíveis soluções, as quais deverão, naturalmente e em conjunto, ser encontradas. Gráfico 93: Quem mais respeita e preserva o ambiente, por geração Nesse sentido, as gerações mais novas ou mais velhas parecem manifestar o mesmo entendimento acerca da contribuição para se ter chegado a este estado da situação ambiental e energética. Toda a situação tem um custo. Implícita e inconscientemente há a percepção de que os níveis de conforto das gerações mais jovens. Se muito se espera da geração de meia-idade também é certo que se sabe que esta foi a geração que mais custeou a mudança, que a impulsionou e assegurou a transição. 99 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 100 Contudo, são os mais jovens que se tendem a ter por responsáveis face ao avolumar dos problemas nas questões ambientais (Gráfico 94). Entendimento que as outras gerações corroboram. Gráfico 94: Quem mais tem contribuído mais aumentar os problemas ambientais Se questionaremos quem tem mais empenho na resolução de tais questões (Gráfico 95), verificamos, de acordo como que dissemos anteriormente e à semelhança do que já ficou expresso que se remete para a geração de meia-idade as expectativas de resolução ou pelo menos, de maior empenho na procura de uma via de resolução. Gráfico 95: Quem se tem mais empenhado na resolução dos problemas ambientais Apesar das respostas firmadas e das percepções diferenciadas já referidas, existe o sentimento claro do dever e da incumbência subjacente ao direito de cidadania de cada Indivíduo (Gráfico 96). Efectivamente, quando questionadas sobre quem terá o dever de resolução as respostas invariavelmente apontam para a resposta “todos”, expressando 100 inequivocamente que se concebe ser uma responsabilidade geral e de cada um em cerca de 60% dos casos inquiridos. Gráfico 96: Quem tem mais o dever de resolver os problemas ambientais No entanto, as atitudes de preservação ambiental (Gráfico 97) são mais detectadas nas gerações que se identificaram como sendo as mais responsáveis pela resolução: as de meia-idade. Gráfico 97: Quem está mais em conformidade com a preservação ambiental Sabemos que as gerações possuem um grau muito desigual de informação. Em matéria de informação possuída sobre estas questões a maioria é levada a interpretar que serão as gerações mais novas as detentoras de grande parte do manancial informacional. Dado a difusão da cobertura escolar, televisiva e de das novas formas de disseminação da informação e do conhecimento, não custa admitir que se atribua aos mais novos o facto de estar mais informado, anda que se saiba que deter 101 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 102 informação pode não coincidir com acção mais interventiva. Em matéria do grau de conhecimento, quer sobre questões ambientais, quer sobre questões energéticas, como nos mostra o Gráfico 98, os mais novos são sempre os mais mencionados, sendo contudo menos a diferença geracional de conhecimento no que se refere às questões energéticas. Efectivamente, se em questões ambientais 53,9% referem que os filhos têm mais conhecimentos do que os pais e avós, já em questões são 48,4% os que assim o entendem e 40,9% consideram serem os pais mais do que os filhos a deter mais conhecimento sobre as questões energéticas. Gráfico 98: Mais conhecimentos sobre questões ambientais e energéticas AMBIENTAIS ENERGÉTICAS Já a avaliação acerca da preparação para se lidar, futuramente, com as questões ambientais e energéticas denota uma perspectiva muito optimista acerca do entendimento da preparação das novas gerações (Gráfico 99). A larga maioria dos entrevistados, qualquer se já a sua geração de pertença considera os mais novos muito mais bem preparados que os seus progenitores e antecessores para lidar com estas questões. Gráfico 99: Grau de preparação dos mais jovens para resolução das questões ambientais 102 Em conformidade com estes resultados, 64,1% acredita que as gerações mais novas estão ou “bem preparadas ou muito melhor preparadas” para lidar com questões desta natureza. Por conseguinte, a expectativa optimista de que estas novas gerações venham a inverter a tendência é também ela muito vincada entre os entrevistados. Perspectiva comummente partilhada por todas as gerações alvo de inquirição, apesar do relativamente menor convencimento das gerações mais velhas sobre esta possibilidade, como o demonstra o Gráfico 100. Gráfico 100: Previsão sobre actuação da geração mais jovem na resolução dos problemas ambientais Em frente de uma tal ventilação da informação estatística, sobressaem as diferenças geracionais em matéria de expectativas que sobre cada uma recai. A unanimidade ou a não diferenciação geracional das respostas é sobretudo a tónica dominante nas questões de entendimento sobre quem tem mais conhecimentos e acção e responsabilização acerca das questões ambientais e energéticas perante as quais todos reconhecem ter um importante papel a desempenhar. Nesse sentido, cremos chegado a hora de procurar uma breve síntese destas observações. Conclusão As sociedades humanas caminharam para um artificialismo das suas formas de vida em que o entendimento dos processos naturais que suprem às necessidades vitais foi progressivamente apagado e, na 103 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 104 prática, é ignorado, a ponto de se desligarem uso e origem dos recursos utilizados. Como tal, o domínio da natureza foi um longo projecto inerente à própria sobrevivência e expansão da espécie humana, ainda que as concepções mais recentes de cidadania incorporem uma ética ambiental face à amplitude da pressão humana e às formas como estão edificadas as sociedades e estruturados os hábitos sociais e individuais. A socialização desenrola-se hoje num ambiente de mutação acelerada em que se torna difícil fixarem-se quais os factores mais decisivos entre os actuantes sobre as condutas induzidas a longo prazo. Ainda que possamos demonstrar a interferência de inúmeras variáveis situacionais na utilização e o uso continuado que se faz da corrente eléctrica, não poderemos totalmente identificar a influência da inserção sociocultural de tais práticas nem da mobilidade espacial, caso tenha ocorrido. Mesmo não controlando muitas das variáveis de socialização nem de organização social das comunidades estudadas nos indivíduos entrevistados, assumimos inteiramente a opção de reagrupar os indivíduos segundo a geração, pelo posicionamento similar no seu percurso de vida, como ficou explicitado na primeira parte, com base no critério de idade, dispensandonos de retomar aqui tal argumentação. Convém destacar, porém, que assistimos, na actualidade, a formas de uniformização mundial dos hábitos correntes num processo sem precedentes o qual é comummente usual designar como globalização; processo que ganhou força e se intensificou nas últimas décadas. Apesar dos ritmos de transformação diferenciais entre comunidades, é no mínimo notória uma maior generalização das preocupações assim como da forma de encarar a sua resolução a par da alteração verificada na estruturação dos sistemas de valores de massas, pelo menos nos mais comuns às sociedades ocidentais (Inglehart, 1990: 161). Reinventar ou redefinir valores em consonância com as exigências do tempo presente é um desafio e um novo imperativo qualquer que seja a necessária redefinição do futuro energético como hoje se entende (Krupp, F. & Horn, M., 2008). Os sistemas de valores facultam um fundamento e legitimação às práticas. Em termos globais, serão as opções colectivas em matéria de modelos de vida e de desenvolvimento as principais responsáveis pelo nível de consumo energético. Ter-se noção deste facto, parece uma observação cada vez mais comum mas que não remedeia a questão do consumo e da sustentabilidade – nem o poderia. Efectivamente, particularmente o modo de viver ocidental é ávido de cada vez maiores quantidades de energia. O conforto mínimo e o bem-estar, que temos por elementares de acordo com os valores da modernidade, assim o ditam. A maior parte das instituições de controlo ambiental reconhece que o progresso industrial, social e económico e o consumo energético caminharam a par. Não raras vezes, este último é tomado como indicador 104 real do desenvolvimento económico-social de um país. Particularmente manifesto ao longo do último século, a procura de energia aumenta quando o modo de vida urbano-industrial se torna norma generalizada um pouco por todo o lado, independentemente das características culturais e organizacionais do meio. Dai também que as políticas sociais sejam cada vez mais políticas urbanas Madec & Murard (1995) e assentem nos princípios de cidadania. Naturalmente, desta concepção decorre uma definição alargada de cidadania que cremos ser a que mais beneficia para os intentos da presente análise. Porém, desde há muito se sabe que, quer na sua forma de acesso, quer nas quantidades em que nos são revelados e que sabemos existirem, não há recursos propriamente ilimitados. Tal passa a ser admitido pelos indivíduos como um facto ou como um novo dado que deverá, nomeadamente, condicionar a forma de representação ambiental. Mas é para além de uma representação também uma realidade e um desafio que socialmente impõem escolhas políticas ligadas à cidadania ambiental. A consciência, ainda que difusa, destas questões adquire, no entanto, mais sentido de intervenção; começando por estimular mais a procura de compreensão e entendimento. O entendimento dos benefícios advindos de uma redução do uso e do desenvolvimento de outros critérios mais fundamentados de utilização cria uma atmosfera propícia ao debate e emergência de novas práticas que serão sedimentadas no quotidiano das vivências configurando uma cultura e uma forma de actuação. Aspectos de percepção, como tantos outros, têm-se vindo a disseminar ao longo do tempo, ganhando relevo na continuidade dos saberes acumulados, os quais são transmitidos de geração em geração. Do ponto de vista das mundividências, é atribuído aos mais novos a responsabilidade por maiores consumos energéticos que nem sempre o entendimento expresso pelos indivíduos inquiridos liga aos problemas ambientais. Se há uma relação pouco evidente no entendimento sobre as ligações entre estas questões é no domínio da relação da questão energética e da ambiental. Do mesmo modo, podemos dizer que ainda subsistem questões que são erradamente percebidas e outras mal entendidas, particularmente saliente nas questões de consumo e eficiência de electrodomésticos e familiar. Ainda mais difusas são as noções em termos dos impactos ambientais; aspecto transversal às gerações. Por conseguinte, há também uma fraca noção de cidadania ambiental e de consciência cívica. Porém, a consciência de poupança e de dividendo imediatos na eficiência energética ou na utilização de tarifas e aparelhos é melhor percebida e constitui o tema que de longe mobiliza mais o empenho e fixa as 105 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 106 atenções. Mas como dissemos a propensão à poupança é o aspecto mais saliente de diferenciação geracional. As vidas dos mais velhos de experiência feita e de esforços que incorporam restrições e comportamentos de poupança generalizam muito facilmente este tipo de atitudes ao domínio energético em termos de poupança no acto de consumo. Se o conhecimento e uma maior informação são pontos fortes reconhecidos às gerações mais novas, a real responsabilidade de lidar com as actuais questões e com desafios presentes é reportada para a geração da meia-idade enquanto que as gerações de idade mais avançada são vistas como tendo menor incumbência, responsabilidade e de se empenhar na procura de soluções. Optimisticamente, são creditadas fortes expectativas nas gerações mais novas por via do maior conhecimento de que são depositários. Deste modo, é facto que quanto mais se avança na idade, em termos de inquirição das gerações, mais elas se mostram distantes das novas formas de conhecimento que rege o mundo actual. As suas experiências de vida permanecem ancoradas num conjunto de referências em que estas questões ou não se colocavam ou não eram sentidas e, naturalmente também, não se colocando com as mesma acuidade não poderiam ser sentida nas vivências do quotidiano. Pela Equipa GenARE Rosa Neves Simas, Coordenadora Ponta Delgada, 30 Dezembro 2011 106 ÍNDICE DE GRÁFICOS E QUADROS 5.1. ENERGIA RENOVÁVEL NO CONTEXTO DE ILHAS 5.5.1. Ambiente e Energia nos Problemas Actuais 1º Problema considerado mais grave: Gráfico 1: A energia no quadro do problema actual mais grave 16 Gráfico 2: Local de incidência do problema mais grave 17 Gráfico 3: Causas do problema mais grave 18 Gráfico 4: Prioridade na solução do problema mais grave 18 Gráfico 5: Confiança na solução do problema mais grave 19 2º Problema considerado mais grave: Gráfico 6: A energia no quadro do 2º problema mais grave 20 Gráfico 7: Local de incidência do 2º problema mais grave 20 Gráfico 8: Causas do 2º problema mais grave 21 Gráfico 9: Prioridade na solução do 2º problema mais grave 21 Gráfico 10: Confiança na solução do 2º problema mais grave 22 3º Problema considerado mais grave: Gráfico 11: A energia no quadro do 3º problema mais grave 23 Gráfico 12: Local de incidência do 3º problema mais grave 23 Gráfico 13: Causas do 3º problema mais grave 24 Gráfico 14: Prioridade na solução do 3º problema mais grave 24 Gráfico 15: Confiança na solução do 3º problema mais grave 25 5.1.2. Conceito de Natureza e a Escala NEP Conceito de Natureza Gráfico 16: Conceitos de Natureza entre Açorianos 29 Gráfico 17: Grau de Respeito pela Natureza de Turistas vs Açorianos 30 Gráfico 18: Relação entre Conceito de Natureza e a Religião 107 31 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 108 Açorianos na Escala NEP Gráfico 19: “A acção humana na natureza produz consequências” 32 Gráfico 20: “O ser humano está a abusar do ambiente” 32 Gráfico 21: “O ser humano está sujeito às leis da natureza” 33 Gráfico 22: “Uma catástrofe ecológica será inevitável” 33 Gráfico 23: “O equilíbrio da natureza é frágil e merece respeito” 34 Gráfico 24: “As espécies animais e vegetais têm direito de existir” 34 Gráfico 25: “O progresso tem de prosseguir de qualquer maneira” 35 Gráfico 26: “A capacidade humana permitirá sempre a vida na Terra” 36 Gráfico 27: “O ser humano irá conhecer e controlar a natureza” 36 Gráfico 28: “O ser humano foi criado para controlar a natureza” 37 Gráfico 29: “A tão falada crise ecológica tem sido exagerada” 38 Gráfico 30: “O ser humano tem o direito de modificar a natureza” 38 Gráfico 31: “A natureza ultrapassará os efeitos da industrialização” 39 5.2 CONSUMO ENERGÉTICO NUMA DINÂMICA GERACIONAL 5.2.1. Práticas de Consumo Energético Gráfico 32: Despesa mensal com recursos energéticos 40 Gráfico 33: Despesa mensal de energia eléctrica por geração 41 Gráfico 34: Classes de consumo mensal por geração 41 Gráfico 35: Equipamentos eléctricos de que dispõem em casa 42 Gráfico 36: Equipamentos eléctricos de que dispõem por geração 43 Gráfico 37: Equipamentos considerados de maior necessidade 44 Gráfico 38: Os três equipamentos de maior necessidade por geração 44 Gráfico 39: Equipamentos considerados de menor necessidade 45 Gráfico 40: Hábitos consumo de água na higiene pessoal/doméstica 46 Gráfico 41: Deixar água a correr enquanto lava louça por geração 46 Gráfico 42: Práticas de poupança no consumo mensal de gás 47 Gráfico 43: Frequência de práticas de poupança energética em casa 48 Gráfico 44: Frequência de práticas de poupança no trabalho 48 Gráfico 45: Práticas de poupança energética em casa vs no trabalho 49 Gráfico 46: Estratégias de poupança em casa por geração 50 Gráfico 47: Estratégias de poupança no trabalho por geração 51 108 5.2.2. Informação e Conhecimento sobre Energia Quadro 1: Grau de conhecimento sobre ambiente e energia 52 Gráfico 48: Fonte de informação / conhecimento 53 Gráfico 49: Fonte de informação / conhecimento mais eficaz 53 Gráfico 50: Origem da Electricidade e gás que consome em casa 54 Gráfico 51: Tendência para fonte de electricidade diminuir ou acabar 54 Quadro 2: Grau de diminuição da fonte de electricidade 55 Gráfico 52: Origem da electricidade consumida em casa 55 Gráfico 53: Origem do gás consumido em casa 56 Quadro 3: Grau de impacto da produção eléctrica no ambiente 56 Quadro 4: A produção de electricidade pode prejudicar o ambiente? 57 Quadro 5: Grau em que produção eléctrica prejudica o ambiente 57 Gráfico 54: O consumo de energia vai aumentar? 58 Gráfico 55: Grau de aumento dos consumos no futuro 59 Quadro 6: A Região Açores vai ser afectada pela falta de energia? 60 Gráfico 56: Conhece alguma associação em prol do ambiente? 60 Quadro 7: Percentagem de energia de fontes renováveis em casa 61 Gráfico 57: Sabe que a factura da EDA indica % de fontes de energia? 61 Conhecimento sobre Fontes de Energia Gráfico 58: Conhecimento sobre fontes de energia – Biomassa 62 Gráfico 59: Conhecimentos sobre Biomassa (por ilha) 63 Gráfico 60: Conhecimento sobre fontes de energia – Carvão 63 Gráfico 61: Conhecimentos sobre Carvão (por ilha) 64 Gráfico 62: Conhecimento sobre fontes de energia – Eólica 64 Gráfico 63: Conhecimentos sobre energia Eólica (por ilha) 65 Gráfico 64: Conhecimento sobre fontes de energia – Gás Natural 65 Gráfico 65: Conhecimentos sobre Gás Natural (por ilha) 66 Gráfico 66: Conhecimento sobre fontes de energia – Geotermia 66 Gráfico 67: Conhecimentos sobre Geotermia (por ilha) 67 Gráfico 68: Conhecimento sobre fontes de energia – Hídrica 68 109 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 110 Gráfico 69: Conhecimentos sobre energia Hídrica (por ilha) 68 Gráfico 70: Conhecimento sobre fontes de energia – Marés e Ondas 69 Gráfico 71: Conhecimentos sobre Marés e Ondas (por ilha) 69 Gráfico 72: Conhecimento sobre fontes de energia – Nuclear 70 Gráfico 73: Conhecimentos sobre energia Nuclear (por ilha) 70 Gráfico 74: Conhecimento sobre fontes de energia – Petróleo/Crude 71 Gráfico 75: Conhecimentos sobre Petróleo/Crude (por ilha) 71 Gráfico 76: Conhecimento sobre renováveis nos Açores (por ilha) 72 Quadro 8: Conhecimento sobre renováveis nos Açores (por ilha) 72 Quadro 9: Informação sobre fontes de produção energética (por ilha) 73 Quadro 10: Informação sobre tarifas bi- e tri-horárias (por ilha) 73 Quadro 11: Aderência às tarifas bi- e tri-horárias (por ilha) 73 Quadro 12: Informação sobre piquetes de urgência (por ilha) 74 Quadro 13: Conhecimento de que pode fornecer energia (por ilha) 74 Quadro 14: Classificação da eficiência energética dos equipamentos 75 Quadro 15: Classificação da eficiência dos equipamentos (por ilha) 75 5.2.3. Responsabilização e Cidadania Gráfico 77: Entidades responsáveis por resolver questões energéticas 81 Quadro 16: Confiança nas entidades responsáveis 82 Gráfico 78: Entidades responsáveis (por ilha) 83 Gráfico 79: Confiança nas Câmaras ( por ilha e geração) 84 Gráfico 80: Responsabilização do Governo Regional (ilha e geração) 85 Gráfico 81: Avaliação da acção das Câmaras e Governo Regional 85 Gráfico 82: Avaliação da acção das Empresa e dos Cidadãos 86 Gráfico 83: A forma como vive contribui para a falta de energia 87 Quadro 17: Grau de impacto da sua vida na falta de energia 88 Gráfico 84: Consumo actual vai esgotar os recursos energéticos 88 Quadro 18: Grau de esgotamento dos recursos energéticos 89 Gráfico 85: Consumo actual vai esgotar os recursos naturais 89 Quadro 19: Grau de esgotamento dos recursos naturais 90 Quadro 20: Comportamentos face à poupança de energia 90 Gráfico 86: Disponibilidade para pagar mais por renováveis 91 Quadro 21: Percentagem de aumento disposto a pagar 91 Quadro 22: Medidas de poupança apontadas, por geração 92 110 5.2.4. Impacto Geracional no Consumo Energético Quadro 23: A forma como vive contribui para a escassez energética? 95 Gráfico 87: Geração que criou mais problemas 96 Gráfico 88: Geração que tem mais conhecimentos 96 Gráfico 89: Geração que contribui mais para resolução dos problemas 97 Gráfico 90: Variação no consumo doméstico de electricidade 98 Gráfico 91: Variação no consumo doméstico de gás 98 Gráfico 92: Variação no consumo doméstico de água 98 Gráfico 93: Quem mais respeita e preserva o ambiente 99 Gráfico 94: Quem mais tem aumentado os problemas 100 Gráfico 95: Quem se tem mais empenhado na resolução 100 Gráfico 96: Quem tem mais o dever de resolver os problemas 101 Gráfico 97: Quem está mais em conformidade com a preservação 101 Gráfico 98: Conhecimento das questões ambientais e energéticas 102 Gráfico 99: Grau de preparação dos mais jovens para resolução 102 Gráfico 100: Previsão sobre a actuação da geração mais jovem 103 111 MIT-PORTUGAL PROGRAM | Sustainable Energy Systems Focus Area page 112 BIBLOGRAFIA ACOT, P. 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