práticas leitoras multimidiais: a experiência do sarau

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práticas leitoras multimidiais: a experiência do sarau
PIBID – PRÁTICAS LEITORAS MULTIMIDIAIS: A EXPERIÊNCIA DO
SARAU LITERÁRIO MUSICAL
PIBID - MULTIMEDIA READING PRACTICES: THE EXPERIENCE OF THE
LITERARY-MUSICAL SARAU
Fabíola Sucupira Ferreira Sell – UDESC
Margarete B. Rodrigues – E.E.B. COMENDADOR ROCHA
Cristyane M. S. Silva - UDESC
Dilsimar da Silva - UDESC
RESUMO:
O PIBID da pedagogia a distância da UDESC vem desenvolvendo desde
2011 um trabalho voltado para as novas tecnologias através da criação de um blog
no qual se divulga de maneira eficaz os trabalhos realizados na escola de Educação
Básica Comendador Rocha/Laguna/SC. Durante o ano de 2012, o PIBID organizou,
no âmbito escolar o I Sarau Literário Musical, com a participação da comunidade
lagunense. Devido à grande aceitação do Sarau pela comunidade escolar e de seus
resultados tanto pedagógicos, por parte dos alunos e dos professores envolvidos,
como cultural e social, por parte da comunidade lagunense, o grupo envolvido
decidiu por reeditar o evento, em sua segunda edição. Sendo assim, em 2013
organizamos o II Sarau Literário Musical da escola Comendador Rocha. Este artigo
relata a experiência vivenciada pelo grupo PIBID, pela comunidade escola e pela
comunidade lagunense com o trabalho desenvolvido na escola que culminou nestes
dois eventos.
PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores, iniciação à docência, práticas
leituras multimidiais, múltiplos letramentos.
ABSTRACT:
The Institutional Program of Teaching Initiation Scholarships (PIBID) of the
distance education pedagogy licentiateship course at University of the State of Santa
Catarina (UDESC) has been developing since 2011 a work focused on new
technologies by creating a blog in which the activities done at Basic Education
School Comendador Rocha/Laguna/SC are effectively published. During 2012, PIBID
organized in the school the First Literary-Musical Sarau, with the participation of the
city community. Due to the wide acceptance of the Sarau by the school community
and of its results – both educational, for the students and teachers involved, as well
as cultural and social, for the city community – , the group involved decided to reedit
the event. So in 2013 it was organized the Second Literary-Musical Sarau of the
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 School Comendador Rocha. This article reports the experience lived by PIBID group,
the school community and the city community involving the work done at school that
culminated in these two events.
KEYWORDS : Teacher training, initiation to teaching, multimedia reading practices,
multiple literacies.
Introdução
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- PIBID teve seu
início em agosto de 2011 e desde então, vem desenvolvendo um importante
trabalho a partir de uma experiência pedagógica entre a Universidade do Estado de
Santa Catarina - UDESC e a Escola de Educação Básica Comendador Rocha. A
referida escola pertence à Rede Pública Estadual de Ensino e conta com
aproximadamente 1.100 alunos do Ensino Fundamental.
Todo o trabalho vem sendo direcionado para os alunos das séries iniciais
deste estabelecimento, e tem como principal foco as ações que envolvem a prática
de leituras multimídias e a valorização da troca de saberes entre a escola,
universidade, licenciados e professor formador.
As atividades realizadas durante este período foram pautadas em ações
sociais interativas e que oportunizaram a vivência entre a teoria e a prática dentro de
uma proposta de trabalho interdisciplinar.
A sistematização dos trabalhos se deu inicialmente por meio da observação
diagnóstica, de leituras multimídias, de pesquisa, de discussões e da elaboração de
um plano de ensino, cujo tema central foi “Convivência”, finalizando com a
aplicabilidade do referido plano dirigido às turmas 401 e 403 das séries iniciais.
1. Referencial teórico
Para o desenvolvimento desta proposta de trabalho, assume-se uma
perspectiva
de
ensino
fundamentada
na
interdisciplinaridade,
com
temas
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 162 transversais, como proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Nessa
perspectiva, o desenvolvimento do subprojeto voltou-se para a relação entre práticas
de letramento escolares e textos midiáticos, tendo em vista os conteúdos
curriculares dos anos iniciais de ensino. Mais especificamente, o deslvolvimento das
atividades propostas teve como foco as práticas leitoras multimidiais, ou seja, as
experiências vivenciadas por professores e alunos nas escolas envolvendo
diferentes linguagens (cf. MORTATTI, 2007, p. 159).
Desta forma, estamos entendendo leitura aqui como “toda atividade capaz de
fazer sentido e de despertar o interesse do leitor, permitindo-lhe fazer relações com
o que ele já conhece, não importando a natureza verbal ou não verbal do texto”
(TEIXEIRA, 2007, p.25).
Kleiman e Moraes (1999) apontam que de acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) os conceitos de interdisciplinaridade e de
transversalidade são de importância fundamental para que as práticas pedagógicas
voltadas para o ensino da leitura compreendam esta como ações sociais interativas.
A interdisciplinaridade, segundo as autoras, “refere-se a uma abordagem
epistemológica dos objetos de conhecimento questionando a segmentação entre os
diferentes campos de saber produzida por uma visão compartimentada (disciplinar),
que apenas informa sobre a realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida,
historicamente se constituiu” (KLEIMAN; MORAES, 1999, p. 22). Neste modelo de
fragmentação disciplinar, o sujeito aceita passivamente o que é oferecido como
conhecimento estável da realidade.
Já a transversalidade diz respeito justamente à crítica da fragmentação e
linearidade do conhecimento, questionando a alienação e o individualismo no saber
disciplinar. Como a língua é um espaço de representações, concepções e valores
socioculturais e também pode ser vista como um instrumento de intervenção social,
o trabalho com textos verbais e não-verbais sócio-historicamente contextualizados
oferece as possibilidades de se trabalhar com os temas transversais em projetos
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 163 interdisciplinares, uma vez que a língua permeia as mais deferentes situações de
ensino e aprendizagem na produção e troca de conhecimentos em tomas as áreas e
temas. (cf. BRASIL, 1997, p.36)
Vinculada a esta proposta está a concepção de escola como espaço social,
onde estudantes e professores tomam parte de um processo educativo atravessado
por discursos diversos contraditórios/complementares (sobre educação, disciplina,
liberdade, autoridade, ciências, autonomia, tecnologias...), que não são apenas parte
de um processo de repetição, mas configuram, na escola, novos espaços de dizer,
ou seja, a escola como espaço dinâmico onde se constroem olhares e
interpretações sobre o mundo. Deve ser considerado também que em nossa
sociedade o acesso a conhecimentos está relacionado a questões de poder, como
aponta Freire (1982, p.27): “não é possível pensar, sequer, a educação, sem que se
esteja atento à questão do poder”. Assim, a escola deve possibilitar aos sujeitos a
construção de um olhar para o mundo que seja mais amplo, que está relacionado à
possibilidade de questionar e de transformar relações sociais, à apropriação de
conceitos, à compreensão das condições históricas e sociais de produção de
conhecimentos, às implicações da ciência e tecnologia na sociedade atual, à
interlocução com conhecimentos que contribuam para ampliar a compreensão do
mundo e do contexto social em que os sujeitos estão inseridos.
Rojo (2009) sustenta que existem letramentos, entendido no plural, uma vez
que se está diante de um conjunto muito variado de práticas sociais as quais
envolvem sistemas de signos que não se restringem à escrita e que se estendem a
outros tipos de linguagens.
Assim, se focamos a questão em seus aspectos ligados às práticas
pedagógicas, pode-se dizer que “um dos principais objetivos da escola é justamente
possibilitar que seus alunos possam participar das várias práticas sociais que se
utilizam da leitura e da escrita (letramentos) na vida da sociedade, de maneira ética,
crítica e democrática” (ROJO, 2009, p.109). O meio de se conseguir isso, segundo
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 164 Rojo, é fazer com que a educação linguística hoje leve em conta três tipos de
letramento: os letramentos múltiplos, os letramentos multissemióticos e os
letramentos críticos e protagonistas.
Segundo Rojo (2009), os letramentos múltiplos compreendem tanto as
práticas sociais de leitura e de escrita das culturas locais de seus agentes
(professores, alunos e comunidade escolar), conhecidos como letramentos
vernaculares, como as práticas de leitura e de escrita valorizadas, universais e
institucionais. Já os letramentos multissemióticos são entendidos como uma
ampliação da noção de letramento, envolvendo outras linguagens para além da
escrita, no campo na imagem, do som, das cores, do design, etc., que surgem a
partir das novas práticas comunicativas possibilitadas pelas TICs.
Complementando esta concepção, temos ainda os letramentos críticos e
protagonistas, que dizem respeito ao “trato ético dos discursos em uma sociedade
saturada de textos e que não pode lidar com eles de maneira instantânea, amorfa e
alienada” (ROJO, 2009, p. 108). Ou seja, os letramentos críticos devem levar em
conta que as práticas sociais de leitura e de escrita estão situadas em contextos
sócio históricos, os quais envolvem determinados valores políticos, éticos e culturais
que devem ser levados em conta de forma crítica e participativa quando se
produzem sentidos a partir destas práticas de leitura e de escrita.
Uma vez que o letramento está ligado a práticas sócio históricas, o significado
dos letramentos, ou seja, a valoração dada a um determinado tipo de letramento,
como afirma Rojo (2009), também varia de acordo com o tempo, a cultura e inclusive
dentro de uma mesma cultura. Ou, ainda, como afirma Matencio, “o acesso à
palavra escrita é cultural e dependente do valor associado às práticas de leitura e
escrita ao longo da sociabilização dos falantes” (Matencio, 2008, p. 43). Ora, uma
das maneiras pela qual o indivíduo constrói a sua sociabilidade é frequentando
espaços escolares.
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 165 Não obstante, estudos na área do letramento têm demonstrado que a escola
de maneira geral acaba por valorizar certos tipos de letramentos, cujas práticas
sociais às quais estão ligados são aquelas valorizadas e aceitas pela sociedade, tais
como o letramento escolar, o jurídico, o acadêmico, o literário, etc. (Confira, por
exemplo, SCHOLZE; RÖSING, 2007) Um dos mais valorizados é o chamado
letramento escolar, aquele voltado para as práticas de leitura e de escrita de
gêneros textuais escolares, tais como anotações, resumos, contos, ensaios,
narrações, questionários, instruções, etc. (Cf. Rojo, 2009, p. 108).
Por outo lado, as “práticas de letramento cotidianas ou artísticas das culturas
locais e populares” (ROJO, 2009:11) ou ainda as práticas comunicativas cotidianas
possibilitadas pelas TICs, tais como as comunidades virtuais, as redes sociais e
informais, costumam ser, de modo geral, desvalorizadas e ignoradas pelas
instituições escolares (Cf. Rojo, 2009, p. 106). No máximo são utilizadas como
exemplo de gêneros textuais os quais apresentam uma variedade linguística
peculiar, como é o caso do MSN, mas que de maneira geral acaba sendo ‘banido’ do
rol de gêneros trabalhados na escola.
Nesta
perspectiva
dos
múltiplos
letramentos,
a
proposta
que
ora
apresentamos teve como principal objetivo trabalhar diferentes práticas sociais que
envolviam a leitura, a escrita e a oralidade a partir de ações que estimulassem o
gosto pela leitura, de forma envolvente, motivando a comunidade escolar para
práticas de letramento prazerosas e significativas, com ênfase na valorização dos
aspectos culturais regionais.
2. A PROPOSTA DO SARAU
Durante o período de observação, todo o trabalho esteve centrado no
reconhecimento da prática pedagógica do ambiente escolar, com a finalidade de
traçar um diagnóstico do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 166 existente, e, sobretudo, de acompanhar e conhecer as práticas leitoras existentes da
referida escola.
Paralelo a este trabalho, aconteciam momentos de formação e de
fundamentação teórica, através de pesquisas e de leituras multimídias, seguidos de
discussões de grupos nas quais foi possível estabelecer relação entre as questões
práticas observadas no cotidiano da escola e as prováveis soluções indicadas pelos
autores estudados.
A partir disso, partiu-se para a elaboração do plano de ensino, período este
de muita produção, criatividade e autonomia em que a razão principal da elaboração
do planejamento foi de atender às necessidades da escola por meio de atividades
envolventes e motivadoras, utilizando-se de todos os recursos tecnológicos
possíveis e disponíveis na escola.
Na etapa de aplicação do plano de ensino, o trabalho fi desenvolvido com
duas turmas da escola, nas quais as pibidianas estavam inseridas: a turma 401 e a
turma 403.
As atividades desenvolvidas na turma 401 foram: hora do conto; leitura
dinâmica em sala ambiente; abordagem do tema “Convivência”; produção de texto
individual e coletiva; criação de blog; apresentação de livros e escritores; leitura,
interpretação e abordagem das diferentes linguagens; valorização de artistas e
escritores lagunenses; elaboração do roteiro de visita; visitação, produção de texto
(relatório); apresentação dos relatórios para classe; postagem no blog.
Para darmos início ao tema Convivência, escolhemos uma história cujo título
é “O MENINO E O VIOLÃO EMPOEIRADO”, que foi contada pelos professores de
forma lúdica e envolvente através de bonecos de fantoche. Sendo que alguns
materiais da história foram surgindo de dentro de uma caixa enquanto os
professores iam conduzindo o desfecho dos acontecimentos. A história foi contada
por uma gravação de áudio feita pelos professores, onde faziam as vozes dos
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 167 personagens do livro. Utilizamos sons ambientes e roupas especiais (caracterização
de vovó Naninha e vovô Pepe) para que todos se envolvessem e compreendessem
a mensagem contida na história apresentada.
Na sequência, fizemos uma interpretação oral da história ouvida, a
apresentação do livro e conversamos sobre o tema convivência enfatizada na
história.
Finalizamos com uma produção escrita individual referente o seu
entendimento relacionado ao tema trabalhado e a história ouvida.
Durante esta atividade os alunos tiveram a oportunidade de contar suas
histórias, relatar o que gostaram ou o que não gostaram da história que ouvida. Logo
após efetuamos a adequação linguística, a socialização do texto com os colegas e a
postagem no blog.
A atividade seguinte se deu através da apresentação de uma coleção de
livros da série Escala Educacional, Pintura, Escultura e Teatro, das autoras Núria
Rosa e Rosa M. Curto, ela foi lida inicialmente pelos professores e posteriormente
pelos grupos.
Os livros apresentam em seus conteúdos diferentes possibilidades artísticas
para expressar a imaginação do autor a partir de uma história escrita. Esta atividade
foi
executada na biblioteca a fim de estimular o uso adequado e desfrutar melhor
do local, orientando-os como proceder com funcionários, livros e outros materiais
disponíveis ali, tirando assim, o estigma de que bibliotecas são lugares de castigos
ou de tempo ocioso.
A partir da coleção apresentada, iniciamos uma conversa informal referente
às diferenças linguagens da expressão humana.
Levantamos a seguinte questão: Quais são os artistas de nossa cidade?
Vocês conhecem suas obras?
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 168 Num segundo momento, escolhemos um pintor, um artista teatral e um
escritor para realização de encontros e de conhecer suas obras. Foram eles:
Bonifácio Vieira (escritor), Thiago Santiago (dramaturgo) e Osmar Cook
(pintor). Durante estes encontros os estudantes fizeram perguntas previamente
elaboradas em sala de aula. As visitações aconteceram em diferentes grupos, locais
e datas agendados pelos professores. Ao final desses encontros fizemos a
realização de relatórios e apresentação para o grande grupo e postagem no blog.
Já as atividades desenvolvidas na turma 403 foram: abordagem do tema
“Convivência” a partir da exibição do filme “Meu nome é rádio”; conversação,
entendimento e discussão do filme apresentado; apresentação de diversos poemas
de diferentes autores; produção textual: gênero poético, criação do blog e postagem
de comentários; pesquisa, elaboração e organização de um sarau literário musical.
A partir do filme apresentado fizemos uma abordagem acerca do tema
convivência. Dando continuidade, iniciemos uma conversa informal sobre o que eles
sabem a respeito de poesia ou se já ouviram ou leram alguma. Em seguida,
presenteamos a turma com a leitura de diversas poesias e então sugerimos que eles
escrevessem suas próprias poesias. Após, motivamos os alunos a postarem no
blog comentários sobre as atividades realizadas.
Depois, lançamos um desafio de criar um sarau a partir de todo o material
produzido. Desta forma, iniciamos uma conversação sobre o que é um sarau e se
alguém já assistiu um. Após a conversa mostramos um exemplo de sarau, ilustrando
com imagens colhidas do Youtube. Então, desafiamos todos a organizar juntos um
sarau na nossa escola.
E então, finalizamos esta etapa de atividades e passamos para a outra etapa
que foi a organização do Sarau, com elaboração de convites, divulgação e
realização do mesmo no pátio interno da escola. E no evento contamos com a
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 169 participação de músicos, poetas, escritores, convidados especiais e, sobretudo, a
declamação das poesias criadas pelos alunos.
É importante ressaltar que durante todo o desenvolvimento das atividades os
alunos foram convidados a utilizarem a ferramenta do blog para socialização das
suas experiências relacionadas com o trabalho.
3.Resultados e considerações finais
Durante o período de desenvolvimento dos trabalhos do PIBID na escola,
percebemos que, pouco a pouco, fomos conquistando espaço e a credibilidade de
todas as pessoas que compõem os seguimentos da Unidade Escolar, e também dos
alunos que demonstraram muita alegria e prazer na execução das atividades
propostas.
Porém, vale lembrar que não foram somente os avanços cognitivos que foram
observados
durante
este
processo.
Foram,
principalmente,
as
questões
interpessoais estabelecidas durante as execuções das atividades. A valorização da
biblioteca, dos livros, dos autores, escritores e tudo que envolve as práticas de
leitura também foram bastante observados. O intercâmbio na rede social e o prazer
de interagir na mídia foram bastante visíveis por nós. O destaque se deu através da
criatividade em produzir seu próprio texto e apresentá-lo num sarau. Bem como o
contato de escritores, atores e músicos de nossa cidade. Tudo isso fez com que o
aluno se sentisse muito feliz e realizado. Tudo isso foi evidenciado e valorizado
através dos registros fotográficos, das observações efetuadas, e principalmente, os
depoimentos obtidos no decorrer das atividades efetuadas.
Hoje, percebe-se na escola um grande interesse e envolvimento no sentido
de assegurar a continuidade das atividades desenvolvidas pelo grupo do PIBID,
devido à empolgação e o desejo das crianças, dos professores e de toda a
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 170 comunidade escolar por este trabalho. Esse interesse já se efetivou com a edição do
II Sarau Literário Musical, o resultado do trabalho desenvolvido pela equipe PIBID na
EEB Comendador Rocha e que proporcionou a socialização das atividades
desenvolvidas pelos alunos do 4º ano, com a declamação de seus poemas, bem
como a apresentação de artistas locais para a comunidade escolar, o que
enriqueceu culturalmente cada um dos participantes.
Além disso, o trabalho com a autoestima das crianças da escola foi visível, a
partir do depoimento dos participantes, que se sentiram capazes não só de escrever
seus próprios poemas, como de recitar em público, como mostram os comentários
dos alunos postados no blog:
“Eu adorei participar do sarau vai ser difícil esquecer esse dia
emocionante.Eles aplaudindo todas as apresentações principalmente a
declamação do poema.Eu adorei cantar as músicas,adorei participar do
sarau com todos os meus colegas.” (Turma 403, julho de 2013)
"Eu gostei da música, eu gostei do poema, gostei de ver tudo foi muito legal
os poemas deu tudo certo nos cantamos as música foi tão legal, isso é a
paz forte eu gostei muito do sarau." (Turma 403 - julho de 2013)
Além
disso, um dos resultados mais gratificantes desse projeto é proporcionar
autoconfiança a essas crianças envolvidas no projeto, como mostra o depoimento
abaixo:
"Participar deste sarau me deixou muito feliz e orgulhosa por saber que sou
capaz de fazer e recitar uma poesia,falando sobre a paz, que é o que o
mundo mais precisa.Quero agradecer a toda a equipe do PIBID, a
professora Margarete e a todos os meus colegas que participaram desse
lindo evento cultural." (Turma 401, julho de 2013)
"Eu amei fazer o sarau porque eu me senti mudada , solta , e fiquei muito
feliz porque eu fiz uma coisa que pode mudar todas as pessoas . Eu gostei
de cantar e de declamar o meu poema . Isso me deixou muito emocionada
porque todos me aplaudiram , eu amei participar com todos os meus
colegas e convidados!" (Turma 403 - julho de 2013)
As ações desenvolvidas para a realização do Sarau envolveram o trabalho da
língua oral e escrita em contextos reais de uso, nos quais os alunos sabem o que
escrevem, por que razão escrevem e para quem escrevem, num trabalho que
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 171 envolve habilidades da oralidade, da leitura e da escrita numa perspectiva
interdisciplinar. É importante frizar que a prática da interdisciplinaridade evidencia a
dimensão social da oralidade, da leitura e da escrita, as quais deixam de ser um
mero fim em si mesmo, para ganhar significados no cotidiano do aluno, a partir do
encadeamento dos conhecimentos específicos de cada disciplina curricular.
Além disso, o trabalho com as habilidades linguísticas do aluno numa
perspectiva interdisciplinar não só colabora para o desenvolvimento de múltiplos
letramentos, como também aponta para o fato de que o trabalho com a língua deve
ir além da disciplina de língua portuguesa, uma vez que a língua perpassa todas as
áreas de conhecimento.
Isso corrobora o que prevê os PCN no que diz respeito a formar o cidadão
crítico e consciente. Segundo os PCN, a escola deve ser “um espaço de formação e
informação, em que a aprendizagem de conteúdos deve necessariamente favorecer
a inserção do aluno no dia-a-dia das questões sociais marcantes e em um universo
cultural maior” (BRASIL, 1997, p. 34).
4. Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua
portuguesa. Brasília, DF: MEC – SEF, 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
KLEIMAN, Angela; MORAES, Silvia. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos
projetos da escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1999. (Coleção ideias sobre
linguagem)
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. "Letrar é preciso, alfabetizar não basta... mais?" In:
SCHOLZE, L. E RÖSING, T. (Orgs). Teorias e práticas de letramento. Brasília: Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, p. 155-168,.2007.
ROJO, Roxane. Letramentos Múltiplos, escola e inclusão social. – São Paulo:
Parábola Editorial, 2009.
TEIXEIRA, Eliana. "Práticas leitoras multimidiais: no contexto do Centro de
Anais do IX Encontro do Grupo de Pesquisa Educação, Artes e Inclusão – 01 e 02 de outubro/2013 Florianópolis – CEART/UDESC – ISSN: 2176-­‐1566 172 Referência de Literatura e Multimeios". In: SCHOLZE, L. E RÖSING, T. (Orgs).
Teorias e práticas de letramento. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, p. 83-95, 2007.
Fabíola Sucupira Ferreira Sell
Licenciada em Letras-Alemão (1995) e bacharela em Letras-Libras (2012), ambos
pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestre (1998) e doutora (2003) em
Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina, professora efetiva na
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), lotada no Centro de Educação
a Distância, membro do grupo de pesquisa Educação, Arte e Inclusão, coordenadora
do subprojeto Práticas leitoras multimidiais do Programa de Iniciação a Docência –
PIBID.
Margarete B. Rodrigues
Graduada em Educação Artística (2002) pela Universidade do Estado de Santa
Catarina - UDESC, Pós-Graduada em Metodologia e Prática Interdisciplinar do
Ensino pela FUCAP (2003), professora efetiva da E.E.B. Comendador Rocha,
Laguna/SC, supervisora do Programa de Iniciação a Docência – PIBID, subprojeto
Práticas Leitoras multimidiais.
Cristyane M. S. Silva - UDESC
Acadêmica do curso de pedagogia a distância, bolsista IC do Programa de Iniciação
a Docência – PIBID, subprojeto Práticas Leitoras multimidiais.
Dilsimar da Silva - UDESC
Acadêmica do curso de pedagogia a distância, bolsista IC do Programa de Iniciação
a Docência – PIBID, subprojeto Práticas Leitoras multimidiais.
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