Anais • V FAVE • volume 1
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Anais • V FAVE • volume 1
FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. – SOEGAR III Semana de Iniciação Científica III Semana de Medicina Veterinária II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio – EPE. IV Feira de Negócios, Integração Social e Cultura. VOLUME 1 2012 APRESENTAÇÃO É com grande orgulho que, entre os dias 25 a 29 de setembro de 2012, a Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, através da comissão organizadora, realizou o V FAVE (Fórum Acadêmico) da Faculdade Vértice – Univértix, que inclui a III Semana de Iniciação Científica, III Semana de Medicina Veterinária, IV Feira de Negócios e Integração Social e II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio (EPE). O evento teve como objetivos: (1) promover intercâmbio entre acadêmicos e professores da Univértix e de outras instituições; (2) valorizar a produção do conhecimento científico; (3) divulgar as produções científicas dos diversos cursos de graduação da Univértix e (4) integrar-se à sociedade, valorizando o comércio, a cultura e as demais manifestações artísticas e culturais do município e região. Ao longo dos dias de evento, mais de 40 profissionais de renome de várias instituições de Minas Gerais e de outros estados do Brasil ministraram palestras e cursos. Mais de 150 trabalhos científicos foram recebidos pelo comitê e apresentados no evento em forma de comunicação oral e pôster. As empresas apoiadoras do V FAVE se multiplicam a cada ano e a exposição de máquinas e equipamentos foi mais um diferencial. Recebemos também, no evento, professores e acadêmicos de outras instituições. Além disso, o V FAVE é um evento que contou com a participação da sociedade, principalmente através de produtores rurais. Isso se deve ao fato de a Instituição acreditar que o cumprimento de sua especificidade apenas se concretizará se ela caminhar ao lado da sociedade. Engajada em seu compromisso de oferecer ensino de qualidade, a Univértix, com seus quase cinco anos de existência, almejou, com o V FAVE, marcar sua história de produção científica, já que entendemos que a pesquisa é interface do ensino. Não podemos deixar de mencionar ainda a satisfação que a Univértix tem no V FAVE, de estar contando novamente com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Diante do exposto, reiteramos que com o V FAVE esperamos contribuir para a sensibilização quanto à necessidade das habilidades de pesquisa como instrumento para o desenvolvimento profissional permanente. Considerando o número de trabalhos recebidos pelo evento optamos por dividir o anais em dois volumes. Assim, o volume 1 integra os trabalhos do GT (Grupo de Trabalhos) 1 aos artigos do GT 4 e o volume 2 inclui os resumos do GT 4 ao GT 8. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento - Coordenadora do V FAVE Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A PALAVRA DO DIRETOR É com grande honra que recebi a incumbência de redigir um texto para essa publicação. A Iniciação Científica tem grande importância e envolvimento com o desenvolvimento do Ensino Superior por ambos possuírem como principio e missão a fecundação e proliferação do conhecimento, utilizando a pesquisa para atingir esse objetivo. Atividades como o V Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX amadurecem o estudante, contribuindo para que este possa se tornar um formando com habilidades mais refinadas. Nesta “cápsula de conhecimento” não incluímos apenas a nossa Faculdade e estudantes puramente, pois a Univértix é mais que uma Instituição de ensino e o estudante é mais que um aluno dedicado. Ambos consistem em agentes modificadores da comunidade que os circunda. A comunidade, portanto, também está inserida na cadeia de conhecimento e participa ativamente desse processo. Na edição deste ano, o V FAVE nos brindou com um conjunto de palestras de altíssimo nível coroadas pela presença e apoio fundamental da FAPEMIG. Através da difusão do conhecimento gerado nos bancos acadêmicos, sendo devidamente aplicado e bem aproveitado por todos os envolvidos, damos nossa contribuição para a construção de um País melhor e mais justo, com condições de competir num futuro próximo com grandes potências mundiais, mas de sobremaneira, criando melhores condições para nossa própria população que poderá ter acesso a tecnologias mais baratas e tratamentos eficazes. É na prática da Iniciação Científica que o estudante pode testar técnicas e teorias aprendidas em sala de aula, ampliar e experimentar seu cabedal de conhecimentos. Defrontar-se com o problema “vivo”, real, fora de um ambiente restritamente controlado e teórico de uma sala de aula da faculdade, ao mesmo tempo em que está seguro de que os erros cometidos também compõem o processo de aprendizado e evolução. Este estudante estará então melhor qualificado e melhor adequado para as situações a serem encaradas fora da faculdade. D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes - Diretor Geral da Univértix Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. João Batista Gardingo Diretor Presidente Sebastião Gardingo Diretor Executivo FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes Diretor geral Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues Coordenador do curso de Agronomia Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca Coordenadora do curso de Administração Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves Ciências Contábeis Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira Coordenador do curso de Educação Física Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Coordenadora do curso de Enfermagem Profº Alcino Costa Neto Coordenador do curso de Engenharia Civil Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari Coordenadora do curso de Farmácia Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado Coordenador do curso de Medicina Veterinária Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo Coordenadora das atividades complementares de Graduação Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Coordenadora de Extensão Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho Coordenador de Pesquisa Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira Diretor da Escola Técnica Vértix Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. João Batista Gardingo Diretor Presidente Sebastião Gardingo Diretor Executivo FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes Diretor geral Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues Coordenador do curso de Agronomia Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca Coordenadora do curso de Administração Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves Ciências Contábeis Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira Coordenador do curso de Educação Física Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Coordenadora do curso de Enfermagem Profº Esp. Alcino Costa Neto Coordenador do curso de Engenharia Civil Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari Coordenadora do curso de Farmácia Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado Coordenador do curso de Medicina Veterinária Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo Coordenadora das atividades complementares de Graduação Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Coordenadora de Extensão Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho Coordenador de Pesquisa Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Diretor da Escola Técnica Vértix COMITÊ ORGANIZADOR Coordenação geral M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Coordenação Setorial Esp. Ana Lígia de Souza Pereira M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes M.Sc. Renata Aparecida Fontes Estagiários Aline Mendes Mageste Bruno Gonçalvez Freitas Danilo Aguiar Batista Darlene de Fátima Garcia Elias Barbosa Rodrigues Fernanda Oliveira Vieira Gláucia Camila Pimenta Larissa Condé Matos Marcelo de Souza César Marynna Kelly Pinto Campos Rafael Fialho Assanuma da Silva Ronnys Muller da Silva Freitas Tassyane Ferreira Silva COMITÊ CIENTÍFICO Coordenação M.Sc. Renata Aparecida Fontes Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Comitê científico D.Sc. Gilberto Valente Machado D.sc. Júlio Cláudio Martins D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes D.Sc. Rogério Oliva Carvalho M.Sc. Cínthia Mara De Oliveira Lobato Schuengue M.Sc. Daniel Vieira Ferreira M.Sc. Érika Stoupa Martins M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari M.Sc. Gleiciely Santos Silveira M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento M.Sc. Leililene antunes soares M.Sc Alberto Yukio Chaya M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva M.Sc. Flávio Coutinho Longui M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes M.Sc. Renata Aparecida Fontes M.Sc. Rodrigo Ataíde Dos Santos Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Esp. Elder Machado Dutra Esp. Janine Lopes de Carvalho Esp. Joyce Perígolo Breder Esp. Luciano Montes Justino Esp. Marcelo de Carvalho Mendes Esp. Renata de Abreu e Silva Esp. Viviane Gorete Silveira Mouro Esp. Renata Pessoa Bifano Grd. Cristiano Oliveira Ferrari Grd.Leonardo da Silva Gonçalves Grd. Pedro Henrique Queiroz de Souza Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Grd. Suellen Magalhães Ferrari Revisão de Língua Portuguesa Esp. Renata de Abreu e Silva CORPO DOCENTE DA GRADUAÇÃO D.Sc. Alexandre Sadri Capucho D.Sc. Gilberto Machado Valente D.Sc. Irlane Bastos Costa D.Sc. Júlio Cláudio Martins D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues D.Sc. Rogério Oliva Carvalho M.Sc Alberto Yukio Chaya M.Sc Cinthia M. Lobato M.Sc Daniel M. Leite M.Sc Flávia Batista Barbosa de Sá M.Sc Flávio Coutinho Longui M.Sc Leililene Antunes Soares M.Sc Rodrigo Ataíde dos Santos M.Sc Welerson Viana M.Sc. Andréia Almeida Mendes M.Sc. Bruna Waddington de Freitas M.Sc. Bruno Santos C. de Andrade M.Sc. Daniel Vieira Ferreira M.Sc. Érica Stoupa Martins M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari M.Sc. Flávio Coutinho Longui M.Sc. Gabriela Chaves Mendes Justino M.Sc. Gleiciely Santos Silveira M.Sc. Guanayr Jabour Amorim M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 M.Sc. Jefferson Souza Fraga M.Sc. José Carlos Nolasco da Cunha M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento M.Sc. Marcelo Silva dos Santos M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira M.Sc. Marcus Vinícius Coutinho Cossi M.Sc. Maria Aparecida Salles Franco M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz M.Sc. Pablo Herthel de Carvalho M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes M.Sc. Renata Aparecida Fontes Esp. Alcino de Oliveira Costa Neto Esp. Ailton Moreira Magalhães Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Esp. Carlos Eduardo Toledo Esp. Celso Abreu de Araújo Esp. Clésio Gomes de Jesus Esp. Cristina Maria Lobato Pires Esp. Débora Spatini Bernardo Esp. Deisy Mendes Silva Esp. Elder Machado Dutra Esp. Érica Estanislau Muniz Esp. Fábio Florindo Soares Esp. Ivonaldo Aristeu Gardingo Esp. Janine Lopes de Carvalho Esp. José Célio Klen Esp. Joyce Perígolo Breder Esp. Luciano Montes Justino Esp. Kátia Imaculada Moreira de Oliveira Esp. Luciano Aguiar Otoni Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Esp. Marcelo de Carvalho Mendes Esp. Maria Aparecida Schröder Dutra Esp. Renata de Abreu e Silva Esp. Renata Pessoa Bifano Esp. Ricardo Ker Elias Esp. Rosélio Marcos Santana Esp. Tadeu Hipólito da Silva Esp. Tatiane de Cássia Fernandes Martins CORPO DOCENTE DOS CURSOS TÉCNICOS Carlos Coelho Cristiano Oliveira Ferrari Leonardo da Silva Gonçalves Max de Andrade Coelho Pedro Henrique Queiroz de Souza Suellen Magalhães Ferrari Marcos Paulo de Oliveira Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 SUMÁRIO CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA 18 ARTIGO 19 EXPLICAÇÃO DO “PIÃO MAGNÉTICO” COMO OCORRE A LEVITAÇÃO MAGNÉTICA? 20 CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 29 RESUMOS 30 A ARTÉRIA AXILAR E SEUS RAMOS, DIRETOS E INDIRETOS, NA IRARA (Eira barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae) 31 CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae) ORIGEM E ORDENAÇÃO DOS RAMOS DA 34 ARTÉRIA AXILAR NO CACHORRO-DO-MATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora: Canidae) 37 ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIGINÁRIOS DA ARTÉRIA AXILAR NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae) 40 ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIUNDOS DA ARTÉRIA AXILAR NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 – Carnivora: Felidae) 43 CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA IRARA (Eira barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae) 46 CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NO CACHORRODO-MATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora: Canidae) 49 ORIGEM E CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DOS COMPONENTES DO PLEXO BRAQUIAL NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 – Carnivora: Felidae) 52 EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.) E DE ABÓBORA (Cucurbita pepo L.) SOBRE OVOS DE Oesophagostomum sp., HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 55 AÇÃO DAS SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.) E DE ABÓBORA (Cucurbita pepo L.) SOBRE LARVAS DE TERCEIRO ESTÁDIO DE Oesophagostomum sp., HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS 59 EFEITO DE INSETICIDAS BOTÂNICOS À BROCA PEQUENA DO FRUTO DO TOMATEIRO 63 INFLUÊNCIA DE DIFERENTES DENSIDADES DE LAGARTAS DE BROCA PEQUENA DO FRUTO DO TOMATEIRO 67 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CONTROLE DE HYPOTHENEMUS HAMPEI EM CAFEEIROS DE MONTANHA USANDO ARMADILHAS COM CAIROMÔNIO 70 ENGENHARIAS 72 ARTIGO 73 GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE MATIPÓ/MG 74 CIÊNCIAS DA SAÚDE 84 ARTIGOS 85 VISÃO DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE AS RESPONSABILIDADES DO PROGNÓSTICO DO PACIENTE DEPENDENTE DE ÁLCOOL 86 A CONTAMINAÇÃO DO TRABALHADOR RURAL COM AGROTÓXICOS E O DESENVOLVIMENTO DE NEOPLASIAS 97 INCIDÊNCIA DE CÂNCER NO MUNICÍPIO DE SERICITA 107 ATENÇÃO A CRISE NO CAPS I DE SANTA MARGARIDA 117 PRIMEIROS SOCORROS NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ATUAÇÃO DO PROFESSOR 129 PERFIL DOS FREQUENTADORES DA ACADEMIA DO ITALOGARD CLUB DE MATIPÓ-MG 140 PERFIL DAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA DA CIDADE DE MATIPÓMG 152 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 AVALIAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE SAÚDE DE MATIPÓ/MG 164 RELAÇÃO DO PESO CORPORAL E PESO DA MOCHILA DE ALUNOS DO 6º ANO UMA ESCOLA DE ABRE CAMPO - MG 171 PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS DA CIDADE DE ABRE CAMPO – MG 180 ÍNDICE DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DE UMA CRECHE EM UM MUNICIPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA 190 TABAGISMO ENTRE ACADÊMICOS DOS CURSOS DA ÁREA DE SAÚDE DA FACULDADE VÉRTICÉ - UNIVÉRTIX PREVALÊNCIA DA 200 AUTOMEDICAÇÃO ENTRE OS PACIENTES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO BOA VISTA MUNICÍPIO DE MATIPÓ – MG ÍNDICES DE 209 PARTOS NORMAL E CESARIANO DE MULHERES RESIDENTES NA CIDADE DE MATIPÓ MG 220 PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE INFANTIL EM CRIANÇAS DE 05 A 10 ANOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DE RIO CASCA - MG O USO 233 DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL DA ZONA DA MATA MINEIRA 243 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEMFRENTE AO PORTADOR DE SÍNDROME DE DOWN E SUA FAMÍLIA 257 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DESCONTROLE PRESSÓRICO DE PACIENTES DA ESF DO BAIRRO BOA VISTA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG. 269 ESTRESSE EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE PEQUENO PORTE DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS 279 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ABORDAGEM SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DO LESTE MINEIRO 289 PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ALUNOS DA ESCOLA DE FUTEBOL “CHUTE CERTO” DO DISTRITO DE PADRE FIALHO, MUNICÍPIO DE MATIPÓ - MG 301 CONHECIMENTO SOBRE DST/AIDS ENTRE ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE MATIPÓ-MG 311 BENEFÍCIOS DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA A TERCEIRA IDADE EM UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA 320 ATIVIDADE FÍSICA PARA O DIABETES MELLITUS: IMPLICAÇÕES PARA O GRUPO DE DIABÉTICOS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) DE ABRE CAMPO-MG ÍNDICE DE 334 ENTEROPARASITOSES EM UMA INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA 347 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS CUIDADORES DE IDOSOS COM MAL DE ALZHEIMER 359 ESTUDO DESCRITIVO DO CONSUMO DE PSICOFÁRMACOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE HOSPITALAR DO LESTE MINEIRO 375 FATORES QUE DIFICULTAM A ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI- HIPERTENSIVO ENTRE PACIENTES HIPERTENSOS DE UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DA CIDADE DE PEDRA BONITA-MG 383 PERFIL DE ADULTOS HIPERTENSOS EM UNIDADE BASICA DE SAÚDE ESF KELÉ DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG. ESTUDO DESCRIVO DE FATORES 399 RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES PÓSTRATAMENTO 411 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A INFLUÊNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE TREINADO FRENTE AO SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO PRECOCE E EXCLUSIVIDADE ATÉ OS SEIS MESES DE IDADE DO LACTANTE 426 A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO RELACIONADO COM POSSÍVEL DESMAME PRECOCE EM MULHERES RESIDENTES EM UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA 438 FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM FUNCIONARIOS DE UMA DISTRIBUIDORA ALIMENTÍCIA DA ZONA DA MATA MINEIRA 452 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO DOMICILIAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 466 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ MG 480 DESCRIÇÃO DOS FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO 494 ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DIANTE DA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG. 507 AVALIAÇÃO DA ADESÃO À DIETA DE PACIENTES COM Diabetes Mellitus DE UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA 518 A PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA SOB A ÓTICA DAS MULHERES ATENDIDAS PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA 529 FATORES CAUSADORES DE ESTRESSE OCUPACIONAL NA FUNÇÃO GERENCIAL DE PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM EM UMA EMPRESA MULTINACIONAL DE UM MUNICIPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA 539 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ANÁLISE SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO DAS MÃES SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ O 6º MÊS: UM ESTUDO REALIZADO NA CIDADE DE RIO CASCA-MG RISCOS OCUPACIONAIS AOS QUAIS 552 ESTÃO EXPOSTOS OS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO DE UMA SUBESTAÇÃO DE ENERGIA EM UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA 562 COMPREENSÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE SOBRE A VISITA DOMICILIAR NO MUNICIPIO DE MATIPÓ-MG 574 RELATO DE CASO - Diabetes mellitus GESTACIONAL 586 RELATO DE CASO – ESCABIOSE EM UMA ADOLESCENTE 594 RELATO DE CASO - DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO EM UMA CRIANÇA 599 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 GT 01 CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ARTIGO Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 EXPLICAÇÃO DO “PIÃO MAGNÉTICO” COMO OCORRE A LEVITAÇÃO MAGNÉTICA? Rodrigo Salgado Gomes de Oliveira, Leonardo Noberto de Oliveira, Felipe Coelho Clemente Cardoso. Graduandos em Engenharia Civil da Faculdade Vértice – UNIVERTIX. Erica Estanislau Muniz Faustino. Graduada em Física. Especialista em Ensino de Física. Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX. Débora Spatini Bernado. Graduada em Arquitetura e Urbanismo. Especialista em Iluminação e Design de Interiores. Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX. Mariana de Faria Gardingo Diniz. Graduada em Biologia. Especialista em Gestão Ambiental. Mestre em Engenharia dos Materiais Processos Químicos e Metalúrgicos. Doutoranda em Engenharia Ambiental. Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX. [email protected] RESUMO O trabalho tem como base os fundamentos do eletromagnetismo, no que se refere ao estudo de campo magnético, seus reflexos na aplicação tecnológica e no aprendizado dos efeitos magnéticos ao nível colegial. Efeitos esses que vão desde o conceito de campo magnético, passando por forças magnéticas sobre espiras de corrente, até a lei de Faraday e suas aplicações. O projeto, em questão, tem a finalidade de fazer levitar um disco de Newton através de seu eixo central com o auxílio de campos magnéticos criados com ímãs permanentes. Esses ímãs farão partes em um dispositivo onde será mostrada a levitação do disco por efeito magnético. Ainda, utilizando-se deste dispositivo com alguns complementos será demonstrado experimentalmente o torque sobre espira de corrente e a Lei de Faraday, comumente chamada lei da indução magnética. PALAVRAS-CHAVE: Eletromagnetismo, Imã, Supercondutividade. INTRODUÇÃO Uma fascinante demonstração sobre eletromagnetismo é a “levitação magnética” de um imã. De acordo com Walker ET al., (2003) essa demonstração vem da primeira referência que temos sobre magnetismo de Tales de Mileto. Para Tales Mileto, os habitantes da Magnésia, região da Grécia conhecia um mineral que tinha a propriedade de atrair pedaços de ferro ou do mesmo mineral. Documentos chineses sugerem que o magnetismo já era conhecido por volta de 2000 a.C. Os gregos antigos observaram fenômenos elétricos e magnéticos possivelmente por volta de 700 a.C. À existência de forças magnéticas foi conhecida a partir das Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 observações de que as partes de uma pedra natural chamada magnetita eram atraídas pelo ferro. Em 1600 o inglês William Gilbert descobriu que a eletrificação não estava limitada ao âmbar, mas era um fenômeno geral. Apenas na primeira parte do século XIX os cientistas estabeleceram que a eletricidade e o magnetismo fossem fenômenos relacionados. Em 1820, Hans Oersted descobriu que uma agulha de bússola, que é magnética, é desviada quando é colocada perto de uma corrente elétrica (MARION E THORNTON, 2002). Segundo Walker et al., (2003), em 1831, Michael Faraday na Inglaterra e quase simultaneamente, Joseph Henry nos Estados Unidos mostraram que, quando se move um fio condutor perto de um imã (ou, de maneira equivalente, quando o imã é movido perto de um fio condutor), uma corrente elétrica é observada no fio. Em 1873, James Clerk Maxwell baseou-se nessas observações e em outros fatos experimentais para formular as leis do eletromagnetismo do ponto de vista matemático como as conhecemos hoje as chamadas equações de Maxwell. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De acordo com Serway e Jewett (2000), o ímã, também conhecido como magneto, é uma substância que possui a capacidade de atrair substâncias magnéticas (ferro ou outros metais). Os ímãs podem ser classificados a partir da duração de seu campo magnético, como permanente ou temporal, e de acordo com a sua natureza, natural ou artificial (WALKER, et al, 2003). O Ímã natural é encontrado na natureza e composto por minério de ferro (óxido de ferro). Este tipo de ferro magnético é denominado magnetita. O Ímã artificial é um ferromagnético que é submetido a um intenso campo magnético. Ao atritá-lo com um imã natural ou pela ação de corrente (eletroímã) adquire propriedade magnética. A capacidade magnética deste imã pode superar a do imã natural. (HALLIDAY, et al, 2004) O Ímã temporal, temporariamente magnetizado por uma fonte de ondas eletromagnéticas. O ímã temporário se comporta como um ímã permanente quando está dentro de um campo magnético forte. Esses ímãs são feitos com materiais paramagnéticos (normalmente ferro com baixo teor de carbono); por isso que, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 quando o campo magnético é removido, o imã perde rapidamente o magnetismo. O Ímã permanente é formado por aço, a fim de manter permanentemente seu poder magnético. Em alguns casos, pode ser utilizado para sua composição o alnico (liga de ferro, alumínio, níquel e cobalto) ou ferrite (cerâmica). No entanto, uma forte descarga elétrica, um impacto de grande magnitude, ou uma aplicação de uma elevada quantidade de calor pode causar perda da magnetização do ímã. A alta temperatura, o ímã permanente perde seu magnetismo temporariamente, readquirindo quando resfriado.(HALLIDAY, et al, 2004) Já que o campo elétrico entre os ímãs é produzido por cargas elétricas, seria natural que o campo magnético fosse produzido por cargas magnéticas. Para Rocha (2002), entretanto, embora a existência de cargas magnéticas seja prevista em algumas teorias, essas cargas até hoje não foram observadas experimentalmente. Como são produzidos então os campos magnéticos? Os campos magnéticos podem ser produzidos de duas formas. A primeira forma é usar partículas eletricamente carregadas em movimento, como uma corrente elétrica em um fio, para fabricar um eletroímã. A corrente produz um campo magnético que pode ser usado, por exemplo, para controlar o disco rígido de um computador ou para transportar sucata de um lugar para outro (NUSSENZVEIG, 1998). A outra forma de produzir campos magnéticos é usar partículas elementares, como os elétrons, que possuem um campo magnético intrínseco. De acordo com Walker, et al (2003), o campo magnético é uma propriedade básica de muitas partículas elementares, do mesmo modo como a massa e a carga elétrica são propriedades básicas. Em certos materiais os campos magnéticos dos elétrons se combinam para produzir um campo magnético nas vizinhanças do material. Esta combinação é o motivo pelo qual um ímã permanente, usado no experimento em questão, possui um campo magnético permanente. A existência de um campo magnético em uma dada região pode ser demonstrada com uma agulha de bússola, a qual se alinhará na direção do campo. Por outro lado, segundo Serway e Jewett (2000), quando uma partícula carregada com carga q e velocidade v entra em uma região onde existe um campo magnético B, ela é desviada transversalmente de sua trajetória sob a ação de uma força Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 magnética que é proporcional à carga da partícula, à sua velocidade, à intensidade do campo magnético e ao seno do ângulo entre a direção da velocidade da partícula e a direção do campo. Surpreendente ainda é o fato de que esta força, chamada de Força de Lorentz, é perpendicular tanto à velocidade quanto ao campo magnético: (1) (2) Onde θ é o ângulo entre as direções da velocidade v e do campo magnético B. Para determinar o sentido da força F, utiliza-se a regra da mão direita, como mostrado na Figura 1. Se a partícula q é positiva, a força F tem o mesmo sentido de v x B. Se a partícula é negativa, a força F tem o sentido oposto ao de v x B. Figura1: Regra da mão direita para campo magnético (Fonte: centro de referência virtual do professor) A partir da equação (1), define-se o vetor Indução Magnética B, como mostrado na equação abaixo: (3) Como no caso do campo elétrico, o campo magnético pode ser representado através de linhas de campo. As regras são: a direção da tangente a uma linha de campo magnético em qualquer ponto fornece a direção de B, quanto mais intenso o campo, mais próximas estão as linhas, e vice-versa (ROCHA, 2002). Na Figura 2, estão representadas as linhas de campo magnético nas proximidades de um ímã em forma de barra. Todas as linhas passam pelo interior do ímã e formam curvas fechadas. O campo magnético externo é mais intenso perto das extremidades do ímã, o que se reflete em um menor espaçamento das linhas. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 2: Linhas de campo em um ímã. (Fonte: Halliday, et al, 2004) As linhas de campo entram no ímã por uma das extremidades e saem pela outra. A extremidade pela qual as linhas saem é chamada de polo norte do ímã; a outra extremidade, pela qual as linhas entram, recebe o nome de polo sul. Conforme Walker et al., (2003), como o ímã tem dois pólos, dizemos que possui um dipolo magnético. Seja qual for à forma dos ímãs, quando colocamos dois ímãs próximos um do outro, observa-se que: Pólos magnéticos de nomes diferentes se atraem e pólos magnéticos do mesmo nome se repelem. Suponha que um ímã em forma de barra seja partido em vários pedaços, como mostrado na Figura 3. É natural esperar que, com isso fossem produzidos pólos magnéticos isolados, ou seja, monopólios magnéticos. Entretanto, isso jamais acontece, mesmo que o ímã seja separado em fragmentos do tamanho de átomos e os átomos sejam separados em núcleos e elétrons. Figura 3: Divisão de um ímã. (Fonte: Sant’Anna, et al, 2010) Na verdade, todos os fragmentos assim obtidos possuem um polo norte e um polo sul. De acordo com Nussenzveig (1998), a lei de Gauss para campos magnéticos é um modo formal de afirmar que os monopolos magnéticos não existem. De acordo com essa lei, o fluxo magnético φ através de qualquer superfície gaussiana fechada é zero: Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 (4) A superfície não pode envolver uma “carga magnética”, já que essa entidade não existe. A estrutura magnética que pode existir e, portanto, pode ser envolvida por uma superfície gaussiana é o dipolo magnético, que contém tanto uma fonte como um dreno para as linhas de campo (WALKER et al., 2003). Assim, o fluxo para fora da superfície é necessariamente igual ao fluxo para dentro da superfície, e o fluxo total é sempre zero. A lei de Faraday-Lenz relaciona a forca eletromotriz induzida, e não a corrente induzida, com a taxa de variação do fluxo magnético no tempo (ROCHA, 2002). Esta lei afirma que a forca eletromotriz induzida tem valor igual ao modulo da derivada temporal do fluxo magnético e sinal contrario ao da taxa de variação do fluxo. A expressão matemática da lei e a seguinte: Nessa equação, o sinal negativo expressa o fato de a forca eletromotriz induzida se opor a taxa de variação do fluxo magnético. Em tal procedimento esta implícito que a corrente induzida tem o mesmo sinal da forca eletromotriz induzida. Se isto sempre fosse verdade, o pião não levitaria, como provaremos adiante. A Figura 4 representa uma espira que, ao conduzir uma corrente variável no tempo, produz ao seu redor uma indução magnética variável. Em outra espira, que se encontra próxima, ocorrera uma variação temporal do fluxo magnético. Segundo Marion e Thornton (2002), a taxa de variação no tempo do fluxo magnético que a corrente variável da primeira espira produz sobre a segunda, tem o mesmo sinal da taxa de variação no tempo da corrente . Desta forma, de acordo com a lei de Faraday-Lenz, na segunda espira há uma forca eletromotriz induzida sinal contrário ao da taxa de variação no tempo da corrente , com . O sentido da forca eletromotriz induzida esta indicado na Figura 4. Quando a corrente portanto sua taxa de variação e negativa), a forca eletromotriz induzida decresce (e, e positiva Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 (tem o mesmo sentido de ). Quando a corrente aumenta (e, portanto sua taxa de variação e positiva), a forca eletromotriz induzida contrario ao de e negativa (tem sentido ). Figura 4. Sentido da força eletromotriz. (Fonte: Halliday, 2004) METODOLOGIA O experimento foi desenvolvido pelos alunos e professores do curso de Engenharia Civil da Faculdade Vértice de Matipó/MG. Para a realização foram utilizados os seguintes materiais: - Imãs de Neodímio de 10 mm de diâmetro por 4 mm de espessura; - Imãs de auto falante de carro; - suporte para CD; - cola; - tesoura; - fita adesiva dupla face; - transferidor. O Pião Magnético é composto por duas partes distintas: uma base (que é colocada sobre a mesa de trabalhos) e um pião com eixo alongado. A base e o pião são essencialmente dois ímãs, porém, colocados de tal forma que os pólos de mesmo nome se repelem. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 5. Polaridade do imã. (Fonte: Sant’Anna, et al, 2010) RESULTADO E DISCUSSÃO De acordo com os dados observados, o princípio de funcionamento é similar ao de um pião comum. É quase impossível que um pião comum, sem girar, fique equilibrado sobre sua ponta metálica e não caia. Entretanto, enquanto está girando, o equilíbrio se mantém. Ao diminuir a velocidade esse pião comum começa 'a balançar a cabeça' até que, finalmente, cai. Exatamente isso é o que ocorre com o Pião Magnético. Surgem, quatro forças magnéticas sobre os pólos magnéticos do pião, duas de repulsão e duas de atração, com respeito aos pólos dos ímãs da base e uma força gravitacional (seu peso), com respeito á Terra. A dependência com a distância dessas forças magnéticas faz com que (devido ao modo como os ímãs são dispostos) a resultante delas se oponha á força gravitacional e, assim, o pião levita sobre a base. Entretanto, qualquer que seja a mínima inclinação em relação á vertical (e isso é impossível de evitar), tais pares de forças magnéticas criam momentos (binários, torques) que tendem a tombar o pião, levando-o para baixo. É impossível mantê-lo levitando 'estaticamente'. Para evitar que isso ocorra o pião deve estar descrevendo um movimento de rotação, já que, nessa condição, o momento atua de forma giroscópica e o eixo do pião não tomba, mantendo-se mais ou menos na mesma direção que aquela do campo magnético resultante. O aspecto da estabilidade é muito delicado no pião. Definitivamente, o sistema apenas funciona dentro de limitada faixa de alturas, algo entre 3 e 4 cm contados desde o centro da base. A altura final para o equilíbrio depende principalmente do peso do pião e das forças de campo devidas á base. Existem outros fatores, como a temperatura (que afeta a magnetização dos ímãs) que podem alterar a estabilidade de equilíbrio. Relativamente á frequência de rotação, a faixa estável encontra-se entre 20 e 26 Hz (rps), ficando completamente instável abaixo dos 18 Hz e acima dos 30 Hz. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir de um aparato experimental simples, sem a necessidade de um laboratório específico, é fácil demonstrar que o peso do ímã fica equilibrado pela força magnética. Através da exclusão do campo magnético, que não pode penetrar no supercondutor, produz-se a levitação. A demonstração deste fenômeno pode ser usada como ponto inicial para posteriores aprofundamentos dos conceitos físicos envolvidos no eletromagnetismo. Esta abordagem de ensino experimental propicia ao professor o inicio de uma troca de conhecimentos com os alunos, estimulando os processos de ensino e aprendizagem. A introdução do tema supercondutividade servirá para melhorar a divulgação de tópicos de Física contemporânea nos currículos atuais, proporcionando ao aluno contato com tecnologias consideradas de fronteira do conhecimento humano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HALLIDAY, David, RESNICK, Robert, KRANE, Kenneth. Física 3. 5º ed., Rio de Janeiro, LTC, 2004. MARION, Jaine, THORNTON, Sehton. Classical Dynamics of particles and systems. 4ª ed., 2002. NUSSENZVEIG, Hich Maike. Eletromagnetismo, vol. 3, 1ª ed., Blucher. 1998. ROCHA, Fabio Souza. Estudo Experimental e Teórico das Propriedades Magnéticas e Supercondutoras dos Compostos Borocarbetos da Série Y(Ni1xMnx)2B2C. Tese de Doutorado, Instituto de Física, UFRGS, 2002. SANT’ANNA, Blaidi, MARTINI, Gloria, REIS, Hugo Carneiro, SPINELLI, Walter. Conexões com a Física. Vol. 3, 1º edição, Moderna, 2010. SERWAY, Roy, JEWETT, Jhon Wilson. Princípios de Física, Eletromagnetismo, vol. 3, 5ª edição, Thomson. 2000. SYMON, Kerhi Roy, Mecânica, 5º edição, Campus. 2001. WALKER Jhonn, HALLIDAY David, RESNICK Robert, Fundamentos da Física, Eletromagnetismo, vol. 3, 8ª edição, LTC. 2003. WALKER Jhonn, HALLIDAY David, RESNICK Robert. Fundamentos da Física, Mecânica, vol. 1, 7ª edição, LTC. 1993. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 GT 02 CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RESUMOS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A ARTÉRIA AXILAR E SEUS RAMOS, DIRETOS E INDIRETOS, NA IRARA (Eira barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae) Pedro Augusto Mendes Junior, Fábio Gardingo Heleno de Oliveira e Josinéia Souza Silva – Graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membro torácico; Eira barbara. INTRODUÇÃO A irara (Eira barbara), também conhecida no Brasil pelo nome de “papa-mel”, é um mamífero carnívoro, da família dos mustelídeos, sendo a única espécie representante do gênero Eira. Apresenta pelagem cinza escuro e suas orelhas são curtas e arredondadas. Seu corpo é esguio, o pescoço alongado e as pernas compridas. Habita as florestas e campos abertos e, apesar de se alimentarem de frutos e mel, são principalmente carnívoras: caçam roedores e aves, além de ovos. Considerando a importância da anatomia comparativa e, em especial, da necessidade de se acrescentarem dados relacionados à morfologia de animais silvestres da fauna brasileira, o presente trabalho tem por objetivo a descrição do padrão vascular arterial no membro torácico da espécie em apreço, a partir da artéria axilar até a região da articulação úmero-rádio-ulnar. Diferentes autores se reportam ao tema, em carnívoros domésticos (EVANS e CHRISTENSEN, 1979; GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994). METODOLOGIA Foi utilizado um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira Barbara) encontrado em óbito às margens da rodovia BR 282, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, o espécime teve a sua artéria carótida comum esquerda canulada, sendo essa via injetada com solução de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 látex corado em vermelho, utilizando-se seringas e pressão moderada, até que, pela observação do preenchimento das artérias sublinguais, constatou-se a satisfatória ocupação do sistema vascular arterial. Em seguida, ainda com o uso de seringas e agulhas, promoveu-se a infiltração, por injeção, de solução aquosa de formol a 15%, de todos os tecidos moles e cavidades corporais, visando a fixação e consequente conservação do espécime. Após os procedimentos descritos, o exemplar foi submerso em solução aquosa de formol a 10% e ali mantido até a sua dissecação. Esta última pautou-se pela incisão mediana e afastamento da pele nas regiões torácica e dos membros torácicos, incisão transversal dos músculos peitorais, superficial e profundo, e seu recuo, expondo-se assim a artéria axilar e, mediante sua dissecação e de seus ramos, observou-se o padrão vascular arterial na região de interesse. A partir de então, mediante a elaboração de desenhos esquemáticos e registros fotográficos, documentou-se o padrão anatômico das artérias em apreço, com vistas à exposição dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira barbara), objetivando registrar o padrão vascular arterial nas regiões axilar e braquial da espécie, verificou-se que a artéria axilar, após cruzar a margem cranial da primeira costela envia, como primeiro ramo, no sentido cranial, a artéria torácica externa. Em seguida, no sentido caudal, emite a artéria toracodorsal, destinada ao músculo grande dorsal. Distal a esta última, agora no sentido lateral, envia uma grossa artéria subescapular e, neste mesmo nível, porém no sentido cranial, a artéria circunflexa umeral cranial. Distalmente a esta, já no terço médio do braço, a agora denominada artéria braquial emite, no sentido cranial, a artéria braquial profunda e, antes de atingir a região da articulação úmeo-rádio-ulnar, envia a artéria bicepital e, em seguida, porém no sentido caudal, a artéria ulnar colateral. Após o envio desta última, a artéria braquial cruza a articulação, tornando-se artéria mediana, destinada ao antebraço e mão. Considerando os relatos de Evans e Christensen (1979), relativos ao cão doméstico (Canis familiaris), e de Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao cão e ao gato doméstico (Felix catus), Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 o presente relato coaduna-se apenas em parte, quando se consideram a ordenação e orientação territorial dos ramos, diretos e indiretos, da artéria axilar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira barbara), e em atenção ao interesse da anatomia comparativa, julga-se poder afirmar que a ordenação, assim como a direção de alguns dos ramos da artéria axilar, não permitem correlação morfológica com as descrições relativas aos carnívoros domésticos. REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae) Daiana Dutra Alves, Cátia Domingos Pires e Joyce Fialho Lopes – Graduandos em Medicina Veterinária Faculdade Vértice- UNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Leopardus pardalis. INTRODUÇÃO A jaguatirica (Leopardus pardalis) é um felino de porte médio e hábitos noturnos, se alimenta basicamente de aves e roedores, sendo encontrada em toda a América do Sul. Do ponto de vista de sua morfologia, é um dos animais mais desconhecidos da fauna brasileira, apesar da importância desse conhecimento para o incremento de pesquisas que busquem a sua preservação na natureza. Considerando a importância crescente da medicina veterinária de animais silvestres, e a escassez de dados disponíveis na literatura especializada relativos à morfologia de animais da fauna brasileira, concomitante ao interesse da anatomia comparativa, o presente trabalho visa oferecer dados sobre a origem e organização anatômica dos componentes do plexo braquial da jaguatirica, o que virá subsidiar procedimentos de anestesia, bem como a interpretação de quadros que envolvam lesões, dos membros torácicos. Segundo Evans e Christensen (1979), o plexo braquial é formado pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e primeiro torácico, em proporções variáveis tanto entre indivíduos como dentre as espécies, e distribuído de diferentes maneiras. Tal afirmativa é compartilhada por diferentes autores (GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e LIEBICH, 2004). METODOLOGIA Foi utilizado um espécime adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), encontrado em óbito às margens da rodovia BR 282, e disponibilizado pela Polícia Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, o exemplar foi injetado com solução aquosa de formol a 10%, pelo método de infiltração, com o uso de seringas e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades corporais, em seguida submerso em solução semelhante, em recipiente compatível, por um período de 72 horas antes do início da dissecação. A dissecação foi pautada pela incisão mediana ventral das regiões cervical e torácica, seguida do afastamento da pele e incisão transversal e afastamento dos músculos peitorais. Desta maneira, o acesso ao plexo braquial foi concretizado, procedendo-se a identificação dos seus componentes, assim como as conexões e distribuição dos mesmos. Após a dissecação de ambos os plexos braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se desenhos esquemáticos elucidativos, bem como registros fotográficos, com vistas à exposição e publicação dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um espécime adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), com vistas a registrar a configuração anatômica do plexo braquial, observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7 e C8 foram as únicas responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6 fornece ramo para o músculo braquiocefálico e, em seguida, origina o nervo supraescapular; o nervo musculocutâneo tem origem exclusiva do C7. Este último, entretanto, envia uma espessa conexão, que se une à raiz C8, constituindo um grande tronco, do qual surgem os nervos subescapulares (duplo), axilar, radial e toracodorsal, assim como um tronco que se subdivide em nervos ulnar, mediano e cutâneo caudal do antebraço. Em comparação com os relatos de Evans e Christensen (1979) e Getty (1986), relativos aos carnívoros domésticos, e de Anderson e Anderson (1994) e König e Liebich (2004), voltados para o cão (Canis familiaris), o presente relato não se coaduna, em nenhum aspecto, culminando com a não participação da raiz T1 naquele contexto. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), e em atenção ao interesse da anatomia comparativa, julga-se poder afirmar que a constituição do plexo braquial tem características próprias, não guardando semelhança aos relatos referentes aos carnívoros domésticos, até mesmo por não apresentar participação da raiz T1 naquela formação. REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos. Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ORIGEM E ORDENAÇÃO DOS RAMOS DA ARTÉRIA AXILAR NO CACHORRODO-MATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora: Canidae) Joyce Fialho Lopes, Hélio Augusto Chicareli Gomes e Daiana Dutra Alves – graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flávio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membros torácicos; Cerdocyon thous. INTRODUÇÃO O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) é um mamífero da família dos canídeos, amplamente distribuído pela América do Sul. Tais animais, noctívagos, medem cerca de 65 cm de comprimento, com pelagem cinza-clara de base amarelada e faixa dorsal negra, que se estende da nuca à ponta da cauda. São onívoros e oportunistas e sua dieta consiste de frutas, ovos, artrópodes, répteis, pequenos mamíferos e carcaças de animais mortos. Também são conhecidos pelos nomes de aguaraxaim, graxaim, graxaim-do-mato e lobinho. Considerando o interesse da anatomia comparativa, assim como a busca de informações, de cunho morfológico, que possam subsidiar discussões de interesse funcional, o presente trabalho tem por objetivo apresentar dados relativos ao padrão de origem e ordenação dos ramos arteriais oriundos, direta ou indiretamente, da artéria axilar. Dados semelhantes, referentes aos carnívoros silvestres estão ausentes na literatura especializada, porém, são encontrados quando relativos ao cão doméstico (Canis familiaris) (EVANS e CHRISTENSEN, 1979), ou reportando-se aos carnívoros domésticos em geral (ANDERSON e ANDERSON, 1984; GETTY, 1986). METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um exemplar adulto, macho, de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. O espécime teve o seu sistema vascular arterial injetado, a partir da artéria carótida comum, com solução corada de Neoprene látex, buscando evidenciar desta forma o comportamento anatômico das artérias, em especial a origem, ordenação e distribuição de seus ramos. A seguir, procedeu-se a fixação do espécime, mediante injeções de solução aquosa de formol a 10% e imersão em tanque contendo a mesma solução. As observações foram realizadas após dissecação da região axilar e, seguindo distalmente pelo membro torácico, até a região do cotovelo (articulação úmero-rádio-ulnar). Após os procedimentos de dissecação, foram elaborados desenhos esquemáticos, representativos das artérias de interesse, assim como registros fotográficos. Vale ressaltar que a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após os procedimentos de preparo e fixação de um exemplar, macho adulto, de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), com vistas ao registro do padrão vascular arterial nas regiões axilar e braquial da espécie, observou-se que a artéria axilar, após cruzar a margem cranial da primeira costela envia, como primeiro ramo e no sentido cranial, a artéria torácica externa. Imediatamente distal àquela, porém no sentido caudal, envia a artéria toracodorsal, destinada ao músculo grande dorsal. Após um curto percurso distal, a artéria axilar se bifurca, originando as artérias braquial e subescapular; esta última envia, como primeiro ramo e no sentido cranial, a artéria circunflexa umeral cranial. A artéria braquial, nas imediações do terço médio do braço envia, no sentido caudal, a artéria braquial profunda; antes de atingir a região da articulação úmeo-rádio-ulnar, a artéria braquial emite, em um tronco comum, as artérias bicepital e braquial superficial. Imediatamente distal àquele tronco, verificaram-se, numa origem bem próxima e no sentido caudal, as artérias ulnar colateral e cubital transversa. Em seguida, já como artéria mediana, cruza a articulação, destinando-se ao antebraço e mão. Considerando os relatos de Evans e Christensen (1979), referindo-se ao cão doméstico (Canis familiaris), e de Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao cão e ao gato doméstico Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 (Felix catus), o presente registro apresenta grande semelhança, quanto à ordenação dos ramos arteriais, às descrições exaradas para o cão doméstico, e destoando no que se refere ao gato. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão vascular arterial, no que se refere aos ramos colaterais, diretos e indiretos, oriundos da artéria axilar do cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) se assemelha, em boa parte, àqueles dados relativos ao cão doméstico (Canis familiaris), porém diverge, visivelmente, das descrições referentes ao gato (Felis catus). REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIGINÁRIOS DA ARTÉRIA AXILAR NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae) Daiana Dutra Alves, Cátia Domingos Pires e Hélio Augusto Chicareli Gomes – Graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membro torácico; Leopardus pardalis. INTRODUÇÃO A jaguatirica (Leopardus pardalis) é um felino de porte médio e hábitos noturnos, se alimenta basicamente de aves e roedores, sendo encontrada em toda a América do Sul. Do ponto de vista de sua morfologia, é um dos animais mais desconhecidos da fauna brasileira, apesar da importância desse conhecimento para o incremento de pesquisas que busquem a sua preservação na natureza. Considerando a importância de se atrelar o conhecimento da anatomia à sua aplicação prática e, neste caso, em atenção à premência das informações sobre a anatomia dos animais silvestres, da fauna brasileira, o presente trabalho tem por objetivo o registro do padrão de ramificação das artérias oriundas da artéria axilar da jaguatirica, com vistas à análise comparativa com os carnívoros domésticos. Diversos autores descrevem o padrão vascular arterial em carnívoros domésticos, como Evans e Christensen (1979), Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994). METODOLOGIA Foi utilizado um exemplar adulto, macho, encontrado em óbito às margens da rodovia BR 116, no km 672, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. No laboratório, o espécime teve o seu sistema vascular arterial injetado, via artéria carótida comum esquerda, com solução corada de neoprene látex, visando facilitar tanto a dissecação quanto o reconhecimento das artérias e seus territórios de distribuição. Em seguida promoveu-se a sua fixação em solução aquosa de formol a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 15%, pelo método de injeção nos tecidos moles corporais, e imersão em tanque contendo solução aquosa de formol a 10%, por período mínimo de 72 horas. Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, promoveram-se o afastamento da pele das regiões torácica ventral e dos membros torácicos, assim como foram afastados, após incisão, os músculos peitorais. Tais procedimentos permitiram a visualização da artéria axilar, em ambos os membros torácicos, seguida da dissecação e reconhecimento dos seus ramos, diretos e indiretos, assim como identificada a orientação territorial dos mesmos. O registro dos aspectos anatômicos de interesse pautou-se pela elaboração de desenhos esquemáticos, assim como pela tomada de fotografias, visando à documentação e exposição dos resultados. Vale ressaltar que a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um espécime adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), visando identificar o padrão de ramificação adotado pelos ramos das artérias axilar e braquial, observou-se que a artéria axilar, após cruzar a margem cranial da primeira costela envia, como primeiro ramo, no sentido cranial, a artéria torácica externa. A seguir, no sentido lateral, bifurca-se em artéria subescapular e braquial. A artéria subescapular emite, como primeiro de seus ramos, a artéria circunflexa umeral cranial. Por sua vez, a artéria braquial envia, no sentido caudal, a artéria toracodorsal, endereçada ao músculo grande dorsal. Distal a esta, já no terço médio do braço, a artéria braquial emite, no sentido lateral, a artéria braquial profunda e, antes de atingir a região da articulação úmeo-rádio-ulnar, envia a artéria bicepital e, em seguida, agora no sentido caudal, a artéria ulnar colateral. Após o envio desta última, a artéria braquial cruza a articulação, tornandose artéria mediana, destinada ao antebraço e mão. Cotejando os presentes registros com as descrições de Evans e Christensen (1979), relativos ao cão doméstico (Canis familiaris), e de Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao cão e ao gato doméstico (Felix catus), nota-se forte semelhança no que se refere ao gato, porém, destoando em grande parte das descrições relativas ao cão, em Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 especial quando se consideram a ordenação e orientação territorial dos ramos, diretos e indiretos, da artéria axilar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), e em atenção ao interesse da anatomia comparativa, julga-se poder afirmar que a ordenação, assim como a direção de alguns dos ramos da artéria axilar, permite, em parte, uma correlação morfológica com as descrições relativas ao gato doméstico (Felix catus), diferindo, no entanto, no referente ao cão (Canis familiaris). REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIUNDOS DA ARTÉRIA AXILAR NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 – Carnivora: Felidae) Douglas de Ornelas Silva, Gabriela Moreira Pinto e Cleverson Tavares Peron – Graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membros torácicos; Puma yagouaroundi. INTRODUÇÃO O gato-mourisco (Puma yagouaroundi) é um mamífero da família dos felídeos, encontrado nas Américas desde os Estados Unidos até a Argentina. Um macho adulto mede em torno de 60 cm de comprimento corporal, 45 cm de cauda e pesa em torno de seis quilos. Tem orelhas e pernas curtas e sua pelagem tem aspecto cinza escuro, com eventuais pontos claros. É conhecido em diversas regiões do Brasil como gato-maracajá, gato-preto ou maracajá-preto. Tem hábitos noturnos, porém prefere áreas abertas, como beiras de rios e lagos, onde se alimenta de aves, mamíferos e ovos. Tendo em vista o interesse da anatomia comparativa, assim como a busca de informações, de cunho morfológico, que possam subsidiar discussões de interesse funcional, o presente relato pretende esclarecer o padrão adotado pelas artérias originárias, direta ou indiretamente, da artéria axilar. Informações semelhantes relativas aos carnívoros domésticos são encontrados na literatura, como em Evans e Christensen (1979), Getty (1986), reportando-se aos carnívoros domésticos, e Anderson e Anderson (1984), referindo-se ao cão. METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um exemplar adulto, macho, encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. O espécime teve o seu sistema cardiovascular injetado com solução corada de Neoprene látex, buscando Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 evidenciar assim o padrão de distribuição, irrigação e drenagem dos seus vasos sanguíneos; em seguida procedeu-se a sua fixação, mediante injeções de solução aquosa de formol a 10% e imersão em tanque contendo a mesma solução. As observações foram realizadas após dissecação da região axilar e, seguindo distalmente pelo membro torácico, até a região do cotovelo (articulação úmero-rádioulnar). Após os procedimentos de dissecação, foram elaborados desenhos esquemáticos, representativos das artérias de interesse, assim como registros fotográficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, macho, de gato mourisco (Puma yagouaroundi), com vistas ao registro do padrão vascular arterial nas regiões axilar e braquial da espécie, observou-se que a artéria axilar, após cruzar a margem cranial da primeira costela emite, como primeiro ramo, no sentido caudal, a artéria torácica externa. Distalmente, porém no sentido lateral, bifurca-se, resultando as artérias braquial e subescapular; esta última envia, como primeiro ramo e no sentido caudal, a artéria toracodorsal, destinada ao músculo grande dorsal. A artéria braquial, emite, como primeiro ramo cranial, a artéria circunflexa umeral cranial e, imediatamente distal, a artéria braquial profunda, esta no sentido lateral. Antes de atingir a região da articulação úmeo-rádio-ulnar, a artéria braquial envia a artéria bicepital e, no mesmo nível desta, porém em sentido caudal, a artéria ulnar colateral. Em seguida, já como artéria mediana, cruza a articulação, destinando-se ao antebraço e mão. Considerando os relatos de Evans e Christensen (1979), referindo-se ao cão doméstico (Canis familiaris), e de Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao cão e ao gato doméstico (Felix catus), o presente registro apresenta grande semelhança, quanto à ordenação dos ramos arteriais, às descrições exaradas para o gato doméstico, e destoando no que se refere ao cão. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão vascular arterial, no que se refere aos ramos colaterais, diretos e indiretos, oriundos da artéria axilar do gato-mourisco (Puma yagouaroundi) se Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 assemelha, em parte, àqueles dados relativos ao gato doméstico (Felis catus), porém diverge, visivelmente, das descrições referentes ao cão (Canis familiaris). REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA IRARA (Eira barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae) Pedro Augusto Mendes Junior, Josinéia Souza Silva e Fábio Gardingo Heleno de Oliveira – Graduandos em Medicina Veterinária Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Eira barbara. INTRODUÇÃO A irara (Eira barbara) é um mamífero carnívoro, da família dos mustelídeos, sendo a única espécie representante do gênero Eira. Apresenta pelagem cinza escuro e suas orelhas são curtas e arredondadas. Seu corpo é esguio, o pescoço alongado e as pernas compridas. Habita as florestas e campos abertos e, apesar de se alimentarem de frutos e mel, são principalmente carnívoras: caçam roedores e aves, além de ovos. Considerando a importância crescente da medicina veterinária de animais silvestres, e a escassez de dados disponíveis na literatura especializada relativos à morfologia de animais da fauna brasileira, concomitante ao interesse da anatomia comparativa, o presente trabalho tem por objetivo a oferta de informações sobre a configuração anatômica dos componentes do plexo braquial da irara, o que poderá subsidiar procedimentos de anestesia, bem como a interpretação de quadros que envolvam lesão dos membros torácicos. Segundo Evans e Christensen (1979), o plexo braquial é formado pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e primeiro torácico, em proporções variáveis tanto entre indivíduos como dentre as espécies, e distribuído de diferentes maneiras. Tal afirmativa é corroborada por diferentes autores (GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e LIEBICH, 2004). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Foi utilizado um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira Barbara), encontrado em óbito às margens da rodovia BR 282, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, o espécime foi injetado com solução aquosa de formol a 10%, pelo método de infiltração, com o uso de seringas e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades corporais, em seguida submerso em solução semelhante, em recipiente compatível, por um período de 72 horas antes do início da dissecação. A dissecação foi pautada pela incisão mediana ventral das regiões cervical e torácica, seguida do afastamento da pele e incisão transversal e afastamento dos músculos peitorais. Desta maneira, o acesso ao plexo braquial foi concretizado, procedendo-se a identificação dos seus componentes, assim como as conexões e distribuição dos mesmos. Após a dissecação de ambos os plexos braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se desenhos esquemáticos elucidativos, bem como registros fotográficos, com vistas à exposição e publicação dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira barbara), objetivando registrar a configuração anatômica do plexo braquial, observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7, C8 e T1 foram as responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6, após fornecer conexões para o C7 e ramo para o músculo braquiocefálico, origina dois nervos supraescapulares, que penetram entre os músculos supraespinhoso e subescapular. O nervo subescapular, único, é formado a partir da raiz C7, que também patrocina os nervos axilar e musculocutâneo. A raiz C8, após oferecer conexões para as raízes vizinhas, origina um espesso nervo radial; da contribuição de C8 e T1 surge um tronco que, inicialmente, origina o nervo toracodorsal, em seguida os nervos cutâneo caudal do antebraço, o nervo ulnar e o nervo mediano. Em comparação com os relatos de Evans e Christensen (1979), Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), relativos ao cão doméstico (Canis familiaris), o presente trabalho coaduna-se Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 apenas em parte, quando se consideram a origem, ordenação e conexões, em ambos os antímeros, dos componentes formadores do plexo braquial na irara. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira barbara), com vistas ao interesse da medicina de animais silvestres da fauna brasileira, e à importância da anatomia comparativa, julga-se poder afirmar que a constituição, ordenação e conexões observadas no plexo braquial se assemelham apenas em parte às descrições feitas, na literatura especializada, para o cão doméstico. REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos. Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NO CACHORRO-DOMATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora: Canidae) Caíque Celofe F. S. Melo, Amarildo Monteiro Esperança Jr e Daiana Dutra Alves – Graduandos em Medicina Veterinária Faculdade Vértice- UNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Cerdocyon thous. INTRODUÇÃO O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) é um mamífero da família dos canídeos, amplamente distribuído pela América do Sul. Tais animais, noctívagos, medem cerca de 65 cm de comprimento, com pelagem cinza-clara de base amarelada e faixa dorsal negra, que se estende da nuca à ponta da cauda. São onívoros e oportunistas e sua dieta consiste de frutas, ovos, artrópodes, répteis, pequenos mamíferos e carcaças de animais mortos. Também são conhecidos pelos nomes de aguaraxaim, graxaim, graxaim-do-mato e lobinho. Considerando a importância crescente da medicina veterinária de animais silvestres, e a escassez de dados disponíveis na literatura especializada relativos à morfologia de animais da fauna brasileira, concomitante ao interesse da anatomia comparativa, o presente trabalho tem por objetivo a oferta de informações sobre a configuração anatômica dos componentes do plexo braquial do cachorro-do-mato, o que poderá subsidiar procedimentos de anestesia, bem como a interpretação de quadros que envolvam lesão dos membros torácicos. Segundo Evans e Christensen (1979), o plexo braquial é formado pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e primeiro torácico, em proporções variáveis tanto entre indivíduos como dentre as espécies, e distribuído de diferentes maneiras. Tal afirmativa é corroborada por diferentes autores (GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e LIEBICH, 2004). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um exemplar adulto, macho, de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. Para a obtenção dos atuais resultados, o exemplar foi injetado com solução aquosa de formol a 10%, pelo método de infiltração, com o uso de seringas e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades corporais, em seguida submerso em solução semelhante, em recipiente compatível, por um período de 72 horas antes do início da dissecação. A dissecação foi pautada pela incisão mediana ventral das regiões cervical e torácica, seguida do afastamento da pele e incisão transversal e afastamento dos músculos peitorais. Desta maneira, o acesso ao plexo braquial foi facilitado, procedendo-se a identificação dos seus componentes, assim como as conexões e distribuição dos mesmos. Após a dissecação de ambos os plexos braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se desenhos esquemáticos elucidativos, bem como registros fotográficos foram realizados, com vistas à exposição e publicação dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após os procedimentos de preparo e fixação de um exemplar, macho adulto, de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), objetivando registrar a configuração anatômica do plexo braquial, observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7, C8 e T1 foram responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6 envia um pequeno ramo para o músculo braquiocefálico e, em seguida, um nervo supraescapular, que penetra entre os músculos supraespinhoso e subescapular. O nervo subescapular, duplo, é formado pela raiz C7, que também contribui para a formação dos nervos axilar e musculocutâneo. A raiz C8 envia conexões para as raízes vizinhas e origina o nervo radial; as raízes C8 e T1, após trocarem conexões, originam os nervos toracodorsal, cutâneo caudal do antebraço, o nervo ulnar e o nervo mediano. Quando comparados às descrições de Evans e Christensen (1979), Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), relativos ao cão doméstico (Canis familiaris), o presente relato coaduna-se em boa parte, quando se consideram a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 origem, ordenação e conexões, em ambos os antímeros, dos componentes formadores do plexo braquial no cachorro-do-mato. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após realizados estudos em um exemplar adulto, macho, de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), com vistas ao interesse da anestesia de animais silvestres da fauna brasileira, sem descuidar do interesse da anatomia comparativa, julga-se poder afirmar que a constituição, ordenação e conexões observadas no plexo braquial da espécie em apreço se assemelham em parte considerável às descrições exaradas, na literatura especializada, relativas ao cão doméstico. REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos. Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ORIGEM E CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DOS COMPONENTES DO PLEXO BRAQUIAL NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 – Carnivora: Felidae) Cleverson Tavares Peron, Caíque Celofe F. S. Melo e Amarildo Monteiro Esperança Jr - Graduandos em Medicina Veterinária Faculdade VérticeUNIVÉRTIX. Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Puma yagouaroundi. INTRODUÇÃO O gato-mourisco (Puma yagouaroundi) é um mamífero da família dos felídeos, encontrado nas Américas desde os Estados Unidos até a Argentina. Um macho adulto mede em torno de 60 cm de comprimento corporal, 45 cm de cauda e pesa em torno de seis quilos. Tem orelhas e pernas curtas e sua pelagem tem aspecto cinza escuro, com eventuais pontos claros. É conhecido em diversas regiões do Brasil como gato-maracajá, gato-preto ou maracajá-preto. Tem hábitos noturnos, porém prefere áreas abertas, como beiras de rios e lagos, onde se alimenta de aves, mamíferos e ovos. Tendo em vista o interesse da anatomia comparativa, assim como a busca de informações, de cunho morfológico, que possam subsidiar discussões de interesse funcional, o presente trabalho visa oferecer dados sobre a origem e organização anatômica dos componentes do plexo braquial do gato-mourisco, o que poderá subsidiar procedimentos de anestesia, bem como a interpretação de quadros que envolvam lesões dos membros torácicos desses animais. Segundo Evans e Christensen (1979), o plexo braquial é formado pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e primeiro torácico, em proporções variáveis tanto entre indivíduos como dentre as espécies, e distribuído de diferentes maneiras. Tal afirmativa é compartilhada por diferentes autores (GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e LIEBICH, 2004). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um espécime adulto, macho, de gato-mourisco (Puma yagouaroundi), encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG. O exemplar foi injetado com solução aquosa de formol a 10%, pelo método de infiltração, com o uso de seringas e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades corporais. Após aquele procedimento, o animal foi submerso em solução semelhante, em recipiente compatível, por um período de 72 horas antes do início da dissecação. A dissecação foi realizada mediante incisão mediana ventral das regiões cervical e torácica, seguindo-se o afastamento da pele e incisão transversal e recuo dos músculos peitorais. Desta forma, o acesso ao plexo braquial foi facilitado, permitindo a identificação dos seus componentes, assim como as conexões e distribuição dos mesmos. Após a dissecação de ambos os plexos braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se desenhos esquemáticos elucidativos, bem como foram realizados registros fotográficos, com vistas à exposição e publicação dos resultados. É oportuno ressaltar que a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, macho, de gato mourisco (Puma yagouaroundi), visando registrar a configuração anatômica do plexo braquial, observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7, C8 e T1 foram as responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6 fornece ramo para o músculo braquiocefálico e, na sequência, constitui o nervo supraescapular; o nervo musculocutâneo tem origem exclusiva do C7. Este último, por sua vez, apresenta conexões com as raízes vizinhas (C6 e C8) e emite, separadamente, dois nervos subescapulares; em seguida, constitui os nervos axilar e radial. Da raiz C8, que apresenta conexões com C7 e T1, emite os nervos ulnar, mediano e cutâneo caudal do antebraço; a raiz T1 emite o nervo toracodorsal. Quando comparados com os registros de Evans e Christensen (1979) e Getty (1986), relativos aos carnívoros domésticos, e de Anderson e Anderson (1994) e König e Liebich (2004), voltados Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 para o cão (Canis familiaris), o presente relato se assemelha, em grande parte, às descrições relativas ao gato doméstico. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os achados consignados após dissecação de um exemplar adulto, macho, de gato-mourisco (Puma yagouaroundi), voltados ao interesse da anatomia comparativa, permitem afirmar que a constituição do plexo braquial tem características semelhantes às descrições, encontradas na literatura especializada, referentes ao gato doméstico (Felix catus), o que aponta para a possibilidade de uniformização de procedimentos, quando for o caso, entre as duas espécies. REFERÊNCIAS ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy. Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994. EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979. GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986. KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos. Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004. SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart: Enke.p. 284-287, 1992. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.) E DE ABÓBORA (Cucurbita pepo L.) SOBRE OVOS DE Oesophagostomum sp., HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS Tassyane Ferreira Silva - Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista da FAPEMIG – Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Rogério Oliva Carvalho – Graduado em Medicina Veterinária, mestre e Doutor em Medicina Veterinária. Professor e Coordenador de pesquisa da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Guilherme Pereira de Souza e Nívia de Assis Dias - Graduandos em Medicina Veterinária– Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Mamão; abóbora; ovos; Oesophagostomum; bovinos. INTRODUÇÃO A criação de bovinos é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial. Segundo IBGE (2012), o rebanho nacional atingiu a marca de 209 milhões de cabeças em 2010, passando a ter o segundo maior rebanho de bovinos do mundo. Além disso, desde 2004, assumiu a liderança nas exportações, com um quinto da carne comercializada internacionalmente, vendendo para mais de 180 países (BRASIL, 2012). Em saúde animal, umas das principais causas do baixo desempenho e perda de peso são as endoparasitoses (ARAÚJO E SAMPAIO, 2000). O combate as verminoses é um dos grandes problemas encontrados na bovinocultura, sendo atualmente realizado por meio do uso de anti-helmínticos sintéticos. Porém, esse procedimento apresenta algumas dificuldades, como altos custos, perigo de contaminação ambiental e preocupação do consumidor com relação aos resíduos das drogas nos produtos de origem animal, tais como carne e leite (CHAGAS, 2004). Bovinos criados em pastagem natural estão mais suscetíveis à contaminação desses endoparasitas principalmente pela ingestão de ovos presentes no ambiente (ARAÚJO E SAMPAIO, 2000). Com base nessas dificuldades vem crescendo os estudos que buscam alternativas para o controle dos helmintos, uma delas é a utilização de plantas com atividade anti-helmíntica (FURTADO, 2005). O uso de plantas representa uma alternativa sustentável à quimioterapia convencional, e os interesses em suas propriedades antiparasitárias têm aumentado (CHAGAS, 2004; FURTADO, 2005, 2006; GITHIORI et al.,2006; Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ATHANASIADOU et al., 2007). Este trabalho teve por objetivo pesquisar in vitro o efeito do extrato de sementes de mamão e de abóbora sobre ovos de Oesophagostomum sp. de bovinos. METODOLOGIA As sementes de abóbora e mamão foram colocadas em estufas durante 36 horas, trituradas em multiprocessador e armazenadas em frascos âmbar a temperatura ambiente. Para obtenção do extrato aquoso, foram utilizadas 1g de sementes secas e trituradas, e sobre estas foram vertidas 10mL de água fervente. Após uma hora de infusão, foi feita a filtração obtendo um extrato na concentração de 100mg/mL. O extrato inicial foi diluído para obter uma solução na concentração de 10mg/mL. Os ovos foram obtidos através de fezes de bovinos naturalmente infectados utilizando uma técnica de flutuação em solução salina (NaCl) hipersaturada, o sobrenadante foi filtrado (malhas de 250mn/μm), o material retido foi submetido a três lavagens consecutivas com água destilada sob centrifugação (2.000rpm/2min). Na última lavagem o sedimento foi mantido com um pequeno volume de líquido e diluído para atingir a concentração de 2,5x103 ovos/mL. No teste foram utilizados três tubos de ensaio para cada tratamento e para o controle. Nos tubos de grupos tratados foram adicionados 200µL da suspensão de ovos e 200µL de extrato aquoso das sementes de abóbora e de mamão nas concentrações de 10mg/mL e 100mg/mL. No grupo controle os tubos receberam 200µL suspensão de ovos e 200µL água destilada. Os tubos de ensaio foram incubados em estufa à 26°C, no escuro, durante 72h. Após este período, o conteúdo dos tubos, dos grupos de tratamento e do grupo controle, foram dispostos em lâminas de vidro e analisados em microscópio óptico para determinar a quantidade de ovos larvados. Para a análise estatística, os dados foram submetidos à análise e variância (ANOVA) seguido do teste de comparação de médias de Tukey a nível de significância de 1% e 5%. A avaliação da eficácia dos tratamentos sobre a redução do desenvolvimento de larvas no interior dos ovos foi feita pela seguinte fórmula:- % eficácia = [(Média de ovos larvados do grupo controle – Média de ovos larvados do grupo tratado)/ Média de ovos larvados do grupo controle] x100. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados pelo Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados mostraram média de 12 ovos contendo larva no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de 100mg/mL, 84 ovos no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de 10mg/mL, 3 ovos no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de mamão na concentração 100mg/mL, 10 ovos no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de mamão na concentração 100mg/m e 260 ovos no grupo controle (água destilada). A média de ovos larvados em todos os grupos tratados foi significativamente menor que no grupo controle (P>0,01), não havendo diferença entre os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de abobora na concentração de 100mg/mL e os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de mamão nas duas concentrações (100 e 10mg/mL) (P>0,05). Os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração 100mg/mL e 10mg/ml apresentaram percentuais de eficácia de 90,51% e 67,56%, respectivamente. Para os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de mamão na concentração 100mg/mL e 10mg/mL, as eficácias foram de 98,72% e 96,15%, respectivamente. Este foi o primeiro relato da utilização de extratos de aquoso de sementes de abobora e de mamão sobre ovos de Oesophagostomum sp. de bovinos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os extratos aquosos de abóbora e mamão nas concentrações testadas, foram capazes de reduzir o desenvolvimento embrionário nos ovos de Oesophagostomum sp. de bovinos. Podendo ser uma alternativa no controle deste nematóide de bovinos. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS: ARAÚJO, J.V.; SAMPAIO, W.M. Effects of temperature, mineral salt and passage through gastrointestinal tract of calves on alginate formulation of Arthrobotrysrobusta-a nematode – trapping fungus. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.9, n.1, p.55-60, 2000. ATHANASIADOU, S.; GITHIORI J.; KYRIAZAKIS, I. Medicinal plants for helminth parasite control: facts and fiction. Animal. v.1, n.9, p.1392–1400, 2007. BRASIL. Ministério da Agricultura, 2012. Bovinos. Disponível http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/bovinos-e-bubalinos. Acesso 09.ago.2012. em: em: CHAGAS, A.C.S. Controle de parasitas utilizando extratos vegetais. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, supl.1, p.156-160, 2004. FURTADO, S.K., Negrelle, R.B., Miguel, O.G., Zaniolo, S.R., Kapronezai, J., Ramos S.J., Sotello, A. Efeito de Carica papaya L. (caricaceae) e Musa paradisiaca linn. (musaceae) sobre o desenvolvimento de ovos de nematódeos gastrintestinais de ovinos. Arquivos do Instituto Biológico, v.72, p.191-197, 2005. GITHIORI, J.B.; ATHANASIADOU, S.; THAMSBORG, S.M.Use of plants in novel approaches for control of gastrointestinal helminths in livestock with emphasis on small ruminants.Veterinary Parasitology, v.139, n.4, p.308-320, 2006. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2012. Produção pecuária municipal 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=20 02&id_pagina=1 Acesso em: 10.ago.2012. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 AÇÃO DAS SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.) E DE ABÓBORA (Cucurbita pepo L.) SOBRE LARVAS DE TERCEIRO ESTÁDIO DE Oesophagostomum sp., HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS Tassyane Ferreira Silva - Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista da FAPEMIG – Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Rogério Oliva Carvalho – Graduado em Medicina Veterinária, mestre e Doutor em Medicina Veterinária. Professor e Coordenador de pesquisa da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Guilherme Pereira de Souza e Nívia de Assis Dias - Graduandos em Medicina Veterinária– Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Mamão; abóbora; Oesophagostomum; larvas; bovinos. INTRODUÇÃO O Brasil tem o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, sendo o país que mais exporta carne, comercializando para mais de 180 países (IBGE, 2012; BRASIL, 2012). Porem, a pecuária brasileira sofre com os prejuízos causados pelas doenças parasitárias que provocam diminuição na produção, altos custos com tratamentos profiláticos e curativos e, em casos extremos, por causar a morte dos animais (ARAÚJO et al., 2006). Os animais se infectam ao ingerirem larvas de terceiro estádio (L3) presentes na pastagem. Os animais infectados funcionam como fontes de contaminação ambiental, pois eliminam nas fezes os ovos dos nematóides, que irão se desenvolver até a forma infectante (L3) (OLIVEIRA-SEQUEIRA e AMARANTE, 2001). Atualmente, o controle das parasitoses é realizada com a utilização de anti-helmínticos sintéticos que apresenta algumas desvantagens como altos custos, perigo de contaminação ambiental, e preocupação do consumidor com os resíduos das drogas nos produtos de origem animal, tais como carne e leite (CHAGAS, 2004; CAMURÇA-VASCONCELOS, 2006). Novas alternativas vêm sendo estudadas no controle dos helmintos sendo a utilização de plantas com atividade anti-helmíntica uma alternativa promissora, que pode contribuir para aumentar os lucros da criação, uma vez que reduz o uso de anti-helmínticos convencionais, além de estender a vida útil dos produtos químicos disponíveis (VIEIRA et al., 1999; FURTADO, 2005). O presente trabalho teve por objetivo pesquisar in vitro a atividades anti-helmíntica das sementes de mamão e de abóbora Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 sobre as larvas infectantes (L3) de Oesophagostomum sp. de bovinos. METODOLOGIA As sementes de abóbora e mamão foram colocadas em estufas durante 36 horas, trituradas e armazenadas em frascos âmbar a temperatura ambiente. Para obtenção do extrato aquoso, foi utilizada 1 g de sementes secas e trituradas, e sobre estas foram vertidos 10 ml de água fervente. Após 1 hora de infusão, foi feita a filtração formando-se um extrato na concentração de 100 mg/mL. O extrato inicial foi diluído para obter uma solução na concentração de 10 mg/mL. No teste foram utilizados extratos na concentração de 10mg/mL e 100mg/mL. Para obtenção das larvas de terceiro estádio (L3) foram feitas coprocultura de fezes de animais naturalmente infectados a 25ºC por 15 dias, seguido da utilização do funil de Baermann, colocando água aquecida a 45°C e aguardando 12h. Após este período foi preparada uma solução contendo 500 larvas (L3) por mL. Para observar a inibição das larvas de terceiro estádio foram adicionados 1mL de solução contendo 500 L3/mL em placas de petri, de 5 mm de diâmetro, sendo três placas para cada grupo. Nas placas dos grupos de tratamento foram adicionados 1mL do extrato aquoso das sementes de abóbora e de mamão nas concentrações de 10mg/mL e 100mg/mL, e nas placas do grupo controle foram adicionadas 1 mL de água destilada. As placas foram encubadas a 25°C por 3 horas e posteriormente foram analisadas no microscópio óptico para determinar a quantidade de larvas imóveis. Para a análise estatística, os dados foram submetidos a análise e variância (ANOVA) seguido do teste de comparação de médias de Tukey a nível de significância de 1% e 5%. Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados pelo Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados mostraram média de 82,22 larvas imóveis no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de 100mg/mL, 16,67 no Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 grupo tratado com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de 10mg/mL, 67,78 larvas no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de mamão na concentração 100mg/mL, 33,89 larvas no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de mamão na concentração 10mg/mL e 5,00 larvas no grupo controle (água destilada). O grupo tratado com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de 10mg/mL não diferiu do controle (P>0,05), os demais grupos diferiram do grupo controle (P<0,01). Entre os grupos tratados não houve diferença entre os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de abobora e de mamão na concentração de 100mg/ml sendo igualmente eficazes. Este foi o primeiro relato a ação de sementes de abobra e de mamão sobre larvas infectantes de Oesophagostomum sp. de bovinos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização da sementes de abobora na concentração de 100mg/mL e da sementes de mamão nas concentração testadas (10mg/mL e 100mg/mL) foram eficazes no controle das larvas infectantes (L3) de Oesophagostomum sp. de bovinos. Podendo ser uma alternativa promissora no controle desta helmintose em bovinos. REFERÊNCIAS ARAÚJO, J.V.; ASSIS, R.C.L.; CAMPOS, A.K.; MOTA, M.A. Efeito antagônico de fungos predadores dos gêneros Monacrosporium, Arthrobotrys e Duddingtonia sobre larvas infectantes de Cooperia sp. e Oesophagostomum sp., Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.3, p.373-380, 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura, 2012. Bovinos. Disponível http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/bovinos-e-bubalinos. Acesso 09.ago.2012. em: em: CAMURÇA-VASCONCELOS, A.L.F. Avaliação da atividade anti-helmíntica dos óleos essenciais de Lippia sidoides e Croton zehntneri sobre nematóides gastrintestinais de ovinos. 2006. 83f. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias) – Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Estadual do Ceará. CHAGAS, A.C.S. Controle de parasitas utilizando extratos vegetais. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, supl.1, p.156-160, 2004. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2012. Produção pecuária municipal 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=20 02&id_pagina=1 Acesso em: 10.ago.2012. OLIVEIRA-SEQUEIRA, T. C. G.; AMARANTE, A. F. T. Parasitologia Animal: Animais de Produção. Rio de Janeiro: EPUB, 148 p., 2001. VIEIRA, L. S.; CAVALCANTE, A. C. R.; PEREIRA, M. F; DANTAS, L. B.; XIMENES, L. J. F. Evaluation of anthelmintic efficacy of plants available in Ceará State, North– East Brazil, for the control of goat gastrointestinal nematodes. Revue de Médecine Vétérinaire, Toulouse, v.150, n.5, p. 447-452. 1999. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 EFEITO DE INSETICIDAS BOTÂNICOS À BROCA PEQUENA DO FRUTO DO TOMATEIRO Dalton de Oliveira Ferreira, Rodrigo Soares Ramos, Thadeu Carlos de Souza e Lucas de Paulo Arcanjo- Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de Viçosa. Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, mestre em Fitotecnia, doutor em Entomologia e Professor e Coordenador da disciplina Entomologia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa. Pablo da Costa Gontijo – Graduado em Agronomia, mestre em Entomologia e doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Lavras. Nilson Rodrigues Silva – Graduado em Agronomia, mestre em Fitotecnia e doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Viçosa. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: esculentum. Neoleucinodes elegantalis,Solanaceas, Lycopersicon INTRODUÇÃO A broca pequena do fruto Neoleucinodes elegantalis Guenée (Lepidoptera: Crambidae) é uma das principais pragas de Solanáceas, tais como: tomate (Lycopersicon esculentum), berinjela (Solanum melongena) e jiló (Solanum gilo) (ZUCCHI et al., 1993). Suas larvas broqueiam os frutos podendo causar perdas de 45 a 90% da produção (LEIDERMAN & SAUER, 1953; PICANÇO et al., 2007). Atualmente uma das táticas mais utilizadas é o controle químico através de pulverização de inseticidas organo-sintéticos. Esses produtos são os mais utilizados por apresentarem normalmente alta eficiência, facilidade de obtenção e simplicidade de aplicação no campo (XAVIER, 2009). O uso intenso destes inseticidas tem causado efeitos adversos a saúde humana e ao meio ambiente. Tais problemas causaram um aumento na procura por inseticidas botânicos. Estes apresentam como uma alternativa viável por apresentarem rápida degradação biológica, menor persistência no ambiente o que pode reduzir o impacto desses produtos a organismos benéficos, ao homem e ambiente. O registro é a principal dificuldade de comercialização dos inseticidas botânicos no mercado, por não se tratar de uma única substância e sim de um complexo de origem vegetal (MENEZES, 2005). O objetivo deste trabalho foi avaliar a mortalidade de larvas de N.elegantalis expostas a seis inseticidas botânicos e seus efeitos na formação de pupas. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA O trabalho foi realizado na Universidade Federal de Viçosa, no laboratório de Manejo Integrado de Pragas. Nos bioensaios foram utilizadas larvas de N. elegantalis provenientes de criação massal mantidas em laboratório. Foram utilizados frutos de jiló previamente vistoriados, para evitar contaminações de insetos do campo. Estes frutos estavam isentos de tratamento químico, adquiridos no comércio local, com peso médio de 24 gramas cada. Na condução dos bioensaios foram utilizadas lagartas N.elegantalis de primeiro instar (recém eclodias dos ovos). Os tratamentos foram compostos por seis repetições, com 20 jilós tratados por repetição, acondicionados em bacias plásticas (38 x 24 x 7 cm) forradas com papel toalha. Estas bacias foram mantidas em ambiente com temperatura controlada em 25±1°C e umidade a 70±10% e colocadas a cinco centímetros de distância, como forma de evitar interferências entre as parcelas. Para confecção dos bioensaios, frutos de jilós utilizados foram imersos em calda inseticida nos seguintes tratamentos: Natualho (30mL/100L), Rotenat (0,5mL/100mL), Óleo de Andiroba (1mL/100mL), Óleo de Citronela (1mL/100mL), Natuneem (0,2mL/100mL), Eucaliptol (1mL/100mL) e na testemunha usou-se apenas água destilada. Após secagem dos frutos, foram transferidas quatro lagartas por fruto. A transferência foi realizada com auxílio de um pincel com cerdas. A avaliação das pupas foi realizada 20 dias após a transferência. Estas foram sexadas e o peso de machos e fêmeas foi quantificado separadamente. Os frutos doentes foram avaliados e descartados eliminando-se assim a repetição. Após a coleta dos dados, estes foram submetidos ao teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Usando o programa estatístico SAEG (Fundação Arthur Bernardes - UFV - Viçosa, 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se diferentes índices de mortalidade de larvas N. elegantales nos tratamentos. As maiores mortalidades foram encontradas para óleo de eucalipto e rotenona, seguidos por extrato de alho e óleo de andiroba. E as menores mortalidades foram observadas para óleo de citronela e nem, embora estes tenham se diferido da testemunha. Uma das causas de mortalidade pode ser devido aos Metabólitos secundários de plantas. Estes podem ter efeitos sobre insetos como Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 inibidores de alimentação ou de quitina ou perturbadores de crescimento, desenvolvimento, reprodução, dia pausa e comportamento (MENEZES, 2005). Não houve diferença significativa entre o peso de pupas para os diferentes inseticidas testados. Embora haja variação entre o peso de pupas de machos e fêmeas, estas diferenças não foram significativas a p<0,05. Parte desta variação de peso das pupas pode ser explicada por alterações no metabolismo fisiológico destas lagartas. Pupas menores apresentam menor tecido de reserva (FREITAS, 2008) o que pode comprometer a capacidade de reprodução destes indivíduos na fase reprodutiva, tal alteração pode comprometer o valor adaptativo desta espécie atingindo gerações futuras de N. elegantalis. Este é um aspecto importante no manejo de pragas, pois estas alterações podem, além de diminuir o número de descendentes, deixá-los mais susceptíveis as defesas da planta e aos inimigos naturais. Todos os produtos testados são comercializados como inseticidas botânicos, mas não foram testados para N.elegantalis. Todos os produtos obtiveram mortalidade superior a 50% para a praga. Embora os pesos das pupas não apresentem diferenças significativas, verificou-se uma alteração fisiológica referente aos tratamentos, que poderiam ser analisados em trabalhos posteriores. Concluiu-se que todos os inseticidas causaram mortalidade em N.elegantalis. Os mais eficientes no controle do inseto foram rotenona e óleo de eucalipto. REFERÊNCIAS FREITAS, SRQ de. Bioatividade de extratos aquosos de Eucalyptus sp. L´Hér. (Myrtaceae) Melia azedarach L.(Meliaceae) sobre Musca domestica L.(Díptera, Muscidae). Pelotas, RS. 2008. LEIDERMAN, L. E H.F.G. SAUER A broca pequena do fruto do tomateiro Neoleucinodes elegantalis (Guenee, 1854 ). Biológico, 19:182-186. 1953. MENEZES, E. L. A.; Inseticidas botânicos: seus princípios ativos, modo de ação e uso agrícola. Seropédica, RJ. Embrapa/Documento 205/p.19-20, 49-50. 2005 PICANÇO, M.C.; BACCI, L.; SILVA, E.M.; MORAIS, E.G.F.; G.A.; N.R. Manejo integrado das pragas do tomateiro no Brasil. In: D.J.H.; VALE, F.X.R. (Ed.).Tomate: tecnologia de produção. Viçosa: UFV. p355. 2007. SAEG Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes UFV - Viçosa, 2007. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 XAVIER, MV. Impactos de inseticidas botânicos sobre Apis mellifera, Nannotrigona testaceicornis e Tetragonisca angustula (Hymenoptera:Apidae) Viçosa, MG: , (Tese doutorado). 2009. ZUCCHI, R.A.; SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O. Guia de Identificação de Pragas Agrícolas. Piracicaba: FEALQ. 139p. 1993 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 INFLUÊNCIA DE DIFERENTES DENSIDADES DE LAGARTAS DE BROCA PEQUENA DO FRUTO DO TOMATEIRO Dalton de Oliveira Ferreira, Rodrigo Soares Ramos, Reginaldo de Castro Souza Junior e Geverson Aelton Resende Silva- Graduandos em Agronômia na Universidade Federal de Viçosa. Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronômia, mestre em Fitotecnia, doutor em Entomologia e Professor e Coordenador da disciplina Entomologia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa. Pablo da Costa Gontijo – Graduado em Agronômia, mestre em Entomologia e doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Lavras. Nilson Rodrigues Silva – Graduado em Agronomia, mestre em Fitotecnia e doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Viçosa. [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Neoleucinodes elegantalis, Competição, Canibalismo. INTRODUÇÃO A broca pequena do fruto, Neoleucinodes elegantalis, (Guenée, 1854) (Lepidoptera:Crambidae), é uma importante praga de solanáceas. Ela causa danos expressivos a essas culturas broqueando frutos e consequentemente reduzindo sua qualidade comercial. As fêmeas colocam seus ovos nas bases dos frutos. Quando os ovos eclodem, as larvas imediatamente perfuram o fruto, deixando uma cicatriz, identificando que o mesmo está sendo atacado (FERNÁNDEZ & SALAS, 1985). Apesar da N. elegantalis ovipositar um número superior a 50 ovos por fruto de jiló, em laboratório, foi observado que o número de pupas que se originam de cada fruto é muito inferior. Assim o nosso objetivo foi investigar porque o numero de pupas N. elegantalis que se origina de cada fruto de jiló é reduzido, trabalhando com as hipóteses de canibalismo, dentro e fora do fruto. METODOLOGIA Este bioensaio foi realizado no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal de Viçosa. Para confecção deste trabalho foram utilizadas larvas provenientes de criação massal. Foram utilizados frutos de jiló isentos de tratamento químico, adquiridos no comércio local, com peso médio de 24 gramas cada. Colocou-se oito frutos em bandejas plásticas de 30 x 23,5 cm. Estas foram mantidas à temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10% e fotoperíodo de 14 horas. Para evitar interferência de lagartas provenientes do campo, os frutos foram Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 vistoriados e as amostras contaminadas foram descartadas. Frutos com sintomas de doenças fúngicas também foram descartados. Os tratamentos foram pelas densidades de: 1, 2, 3, 6, 12 e 24 lagartas/fruto. A transferência foi realizada com auxilio de um pincel com cerdas. Foram infestados 16 frutos por tratamento onde cada um constituiu uma repetição em delineamento inteiramente casualizado. Após 24 horas foram contados o número de furos de entrada deixados pelas lagartas para verificação da mortalidade das larvas. Em seguida esses foram individualizados em potes plásticos forrados com papel toalha. Foi então contado o número de pupas viáveis, pupas não viáveis (pupas deformadas) e lagartas mortas. Os frutos doentes foram descartados eliminando-se assim a repetição. Determinou-se também a massa das pupas viáveis. Os dados de furos de entrada e número de pupas emergidas de cada fruto foram submetidos à análise de regressão. O peso das pupas viáveis foram submetidos à ANOVA e comparadas pelo teste Scott-Knott a p<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que o incremento do número de furos de entrada por fruto foi proporcional ao aumento do número de lagartas transferidas por fruto. Como a mortalidade de larvas ocorreu na mesma proporção em todos os tratamentos, pode ser descartada a hipótese de canibalismo, pois tratamentos com apenas uma larva por fruto também apresentaram mortalidade. Possivelmente parte dessa mortalidade pode ser causada pelo stress mecânico da transferência. Observa-se que o número de pupas originadas por fruto apresenta um pico de crescimento em função do aumento da densidade de lagartas por fruto, mas após atingir o ápice, este valor decresce em função do aumento desta densidade. O ponto máximo de crescimento desta curva pode ser um indicativo de que a população atingiu a capacidade suporte do fruto quanto ao fornecimento de alimento (BEGON et al., 2006). Tal fato pode ter influência direta no número de pupas formadas, pois a diminuição ou a falta de alimento pode causar a mortalidade de lagartas, logo o aumento de sua densidade por fruto pode ter aumentado a competição intra-específica. Houve diferença entre as médias das massas das pupas viáveis. Os tratamentos com maior peso médio foram os infestados com um, dois, três e seis larvas por frutos, não diferindo entre si. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Já os tratamentos com 12 e 24 larvas por fruto apresentaram menores médias. A presença de canibalismo dentro do fruto é descartada pela menor média das massas das pupas. Essa menor massa é um indicativo de falta de alimento que fez com que as larvas não conseguiram alimento suficiente para alcançar seu desenvolvimento pleno. Se o canibalismo tivesse ocorrido essas larvas não teriam deficiência de nutrientes e conseguiriam atingir seu peso normal. Trabalhando com Chrysomya megacephala (Fabricius) (Diptera, Calliphoridae) Von Zuben (2000) julgou essa redução do peso das pupas como um dos principais efeitos da competição intra-específica. Logo podemos concluir que o canibalismo pode até existir em N. elegantalis, porém não é o principal fator que regula a população desses insetos em frutos. A principal causa de mortalidade foi a falta de alimento para as larvas, mostrando que há competição intra-específica por alimento. REFERÊNCIAS. BEGON, M., TOWNSEND, C.R. & HARPER. J.L. Ecology: from individuals toecosystems. 4 ed. Blackwell Publishing: Oxford. 2006. FERNÁNDEZ, S.; SALAS, A.J. Estudios sobre la biologia del perforador del fruto Del tomate Neoleucinodes elegantalis Guenee (Lepidoptera: Pyraustidae). Agronomía Tropical. 35(1-3):77-82. 1985. PRICE, P.W.; BOUTON, C.E.; GROSS, P.; MCPHERON, B.A.; THOMPSON, J.N.; WEIS, A.E. Interactions among three trophic levels: Influence of plants on interactions between insect herbivores and natural enemies. Annu. Rev. Ecol. Syst. 11: 41–65. 1980. VON ZUBEN C.J.V., STANGENHAUS G., GODOY W.A.C. Competição larval em Chrysomya megacephala (F) (Diptera: CaLIiphoridae): efeitos de diferentes níveis de agregação larval sobre estimativas de peso, fecundidade e investimento reprodutivo. Rev Bras Biol 60: 195-203. 2000. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CONTROLE DE HYPOTHENEMUS HAMPEI EM CAFEEIROS DE MONTANHA USANDO ARMADILHAS COM CAIROMÔNIO Ronaldo Chiles Barcelos Júnior – Graduando do 7º período do curso de Agronomia, Bolsista da FAPEMIG – Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Orismário Lúcio Rodrigues – Graduado em Agronomia, Doutor em Fitotecnia, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: A Broca do café, H. hampei, armadilhas, cairomônio RESUMO A Broca do café, H. hampei (Coleoptera: Scolytidae), constitui praga-chave da cultura do cafeeiro, tanto pelos prejuízos causados, como também pela dificuldade de controle, uma vez que esta praga é um broqueador. O controle tem sido, tradicionalmente, feito pelo uso de inseticidas. Apesar deste sistema ser predominante, no Brasil, sua adoção acarreta problemas econômicos, sociais e ambientais. Uma forma de reduzir esses problemas é investir na implementação de programas de manejo integrado de pragas (MIP), onde a decisão de controle leva em consideração a densidade populacional da praga, confrontando-a com os índices de tomada de decisão. Dentro dos programas de manejo o uso de armadilhas é a maneira mais fácil e menos onerosa para levantamento da maioria das pragas. O seu uso para o monitoramento de H. hampei tem sido recomendado, porém falta embasamento cientifico para comprovar a sua eficácia. Dentre os fatores que podem afetar a eficiência do uso de armadilhas, tem se a distância entre armadilhas e a distribuição espacial dos insetos. Com a determinação da distância entre armadilhas será possível estabelecer o plano amostral, tanto o plano convencional, quanto o plano de amostragem seqüencial. Como a eficiência de captura das armadilhas com cairomônio, é fortemente afetada pela distância entre armadilhas e pela distribuição espacial dos insetos é preciso que essa relação seja conhecida. Várias metodologias experimentais foram tradicionalmente usadas para se determinar a distância ótima entre armadilhas com cairomônio, todas com a limitação de desconsiderar a interação entre o inseto, seu habitat e a dependência espacial entre Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 as amostras. Nesse contexto o uso da geoestatística, como metodologia de análise, possibilita determinar a distribuição espacial e a distância entre armadilhas com maior precisão que os métodos até então utilizados por incorporar o fator espaço e a interações entre o inseto e seu habitat nessa determinação. Esta pesquisa esta sendo conduzida em cultivos comerciais de cafeeiros (Coffea arabica) no município de Matipó, MG. É monitorada a intensidade de ataque da broca ao café com o uso de armadilhas de cairomônio contendo Etanol / methanol 1:3 + benzaldeido conforme metodologia descrita por Fernandes et al. (2009). As armadilhas estao instaladas a 60 cm do solo. As armadilhas, contendo o cairomônio, são trocados a cada 15 dias de exposição. Semanalmente, são capturados os insetos e recolhidos para posterior contagem em laboratório conforme metodologia descrita por (VILLACORTA et al., 2002). REFERÊNCIAS VILLACORTA, A; POSSAGNOLO, A. F.; SILVA, R.Z.; RODRIGUES, P.S. Um modelo de armadilha com semioquímico para o manejo integrado da broca do café Hypothenemus hampei (Ferrari) no Paraná. In: Simpósio de pesquisa dos cafés do brasil, 2., 2002. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 GT 03 ENGENHARIAS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ARTIGO Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE MATIPÓ/MG Bruno Gonçalves de Freitas, Tiago Dias Amorim. Graduando em Engenharia Civil da Faculdade Vértice – UNIVERTIX. Mariana de Faria Gardingo Diniz. Graduada em Biologia. Especialista em Gestão Ambiental. Mestre em Engenharia dos Materiais Processos Químicos e Metalúrgicos. Doutoranda em Engenharia Ambiental. Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX. [email protected] RESUMO A cadeia produtiva da construção civil é responsável por uma quantidade considerável de resíduos, depositados em encostas de rios, logradouros públicos, criando locais de deposições irregulares. Esses resíduos comprometem a paisagem urbana, dificultam o tráfego e a drenagem urbana, além de causar a multiplicação de vetores de doenças e degradação de áreas urbanas, o que afeta a qualidade de vida da sociedade como um todo. Mediante ao problema apresentado a proposta de pesquisa teve como objetivo principal elaborar uma proposta de gestão de resíduo de construção civil para o município de Matipó/MG, baseada no diagnóstico e legislação pertinente. Identificamos na cidade oito obras sendo executadas na área central e uma obra na saída da cidade, totalizando nove obras principais de grande impacto da cidade. Foram identificadas cinco áreas centrais como locais de disposição irregular. De acordo com os dados coletados foi elaborado um prémodelo de gestão para o município. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos, Construção Civil, Gestão Ambiental. INTRODUÇÃO Um grande problema relacionado à construção civil é a geração de resíduos. Os resíduos de construção e demolição (RCD) ocupam grande volume para disposição final. Considerando que 13% das cidades brasileiras pesquisadas no censo de saneamento possuem aterros sanitários, 7% possuem aterros especiais e que, apenas, 5% possuem usinas de reciclagem, deve-se propor e programar métodos de tratamento de resíduos (IBGE, 2010). Nos últimos anos, o interesse por políticas públicas para os resíduos gerados pelo setor da construção civil tem se acirrado com a discussão de questões ambientais. Desperdiçar materiais, seja na forma de resíduo, seja sob outra natureza, significa desperdiçar recursos naturais, o que coloca a indústria da construção civil no centro das discussões na busca pelo desenvolvimento sustentável nas suas diversas dimensões (SOUZA et al., 2004). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A cidade de Matipó/MG se encontra em plena expansão mobiliária, resultado de alguns fatores, como o desenvolvimento da cafeicultura nas últimas décadas, com consequente crescimento do comércio local e mais recentemente a implantação da Faculdade Vértice – UNIVERTIX – a partir de 2007. Todo esse desenvolvimento vivido ainda hoje vem contribuindo a ampliação do setor construção civil. A gestão ambiental de resíduos da construção no município não vem acompanhada esse crescimento, é muito comum encontrar por toda a cidade depósitos deste material em calçadas e loteamentos vagos a espera de um destino. Na cidade ainda não existe nenhuma empresa que recolha e reaproveite este resíduo gerado nas construções, atualmente essa tarefa é realizada pela prefeitura, que o encaminha a área destinada ao descarte dos resíduos domésticos do município. Mediante ao problema apresentado a proposta de pesquisa tem como objetivo geral realizar um diagnóstico da situação do município e elaborar um modelo de proposta de gestão de resíduo de construção civil para o município de Matipó/MG, baseada no diagnóstico e legislação pertinente. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A sustentabilidade ambiental e social na gestão dos resíduos sólidos constróise por meio de modelos e sistemas integrados que possibilitem a redução dos resíduos gerados pela população. Esta redução dá-se com a implantação de programas que permitem também a reutilização desse material e, por fim, a reciclagem, para que possam servir de matéria-prima para a indústria, diminuindo o desperdício e gerando renda (GALBIATI, 2005). A literatura indica que uma parte fundamental da discussão sobre sustentabilidade refere-se ao ambiente construído e à atuação da indústria da construção civil. A atividade da construção civil tem grande impacto sobre o meio ambiente em razão do consumo de recursos naturais; da geração de resíduos decorrentes de perdas, desperdício e demolições, bem como do desmatamento e de alterações no relevo. De acordo com análise de Brasil (2005), sobre as características das "cidades sustentáveis" brasileiras, a indústria da construção foi indicada como um setor a ser aperfeiçoado. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Conforme Donat et al. (2008) o governo brasileiro criou uma série de medidas como uma tentativa de amenizar a situação decorrente dos grandes volumes de entulhos. Como instrumento legal, em janeiro de 2002 foi criado pelo CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, a Resolução nº 307, estabelecendo assim, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos provenientes da construção civil. Na cidade de São Paulo, até o ano indicado, a legislação municipal limitava-se a proibir a disposição de RCD em vias e logradouros públicos, atribuindo ao gerador a responsabilidade pela sua remoção e destinação (SCHEIDER & PHILIPPI, 2004). No âmbito municipal foi introduzida uma nova regulamentação para o setor da construção civil, por meio da resolução do Conama 307/02 (Conselho Nacional de Meio Ambiente) (Brasil, 2002), a qual disciplina a destinação dos resíduos de construção. A orientação principal desta resolução é disciplinar o segmento de forma a estimular a não geração de resíduos, inicialmente classificando os geradores de resíduos em "grandes geradores" (construtoras) e "pequenos geradores" (particulares). Uma questão importante refere-se aos locais onde serão depositados esses resíduos, principalmente nos grandes centros urbanos, onde as áreas são escassas e o volume gerado é considerável; o que consequentemente, acaba ocasionando transtornos à população, além de requerer investimentos elevados para adequar o processo à legislação. Conforme a resolução nº. 307/02 do Conama (BRASIL, 2002), define-se gerenciamento de resíduos como o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implantar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos. O gerenciamento dos resíduos oriundos da construção não deve ter ação corretiva, mas sim uma ação educativa, criando condições para que as empresas envolvidas na cadeia produtiva possam exercer suas responsabilidades sem produzir impactos socialmente negativos (SCHEIDER, 2000). É de responsabilidade dos municípios a solução para os pequenos volumes de RC, que geralmente são dispostos em locais inapropriados. Quanto aos grandes volumes, devem ser definidas e licenciadas áreas para o manejo dos resíduos, em Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 conformidade com a resolução nº. 307/02 (BRASIL, 2002), cadastrando e formalizando a presença dos transportadores dos resíduos e fiscalizando as responsabilidades dos geradores, inclusive quanto ao desenvolvimento de projetos de gerenciamento. METODOLOGIA A presente proposta trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, (RODRIGUES, 2007) nesse tipo de pesquisa são utilizadas técnicas padronizadas de coleta de dados, onde fatos são observados, computados, analisados, divididos em classe e interpretados, sem que haja interferência do pesquisador. A área de referência escolhida para o presente estudo foi à cidade de Matipó MG, um município considerado de pequeno porte, situado na região sudeste do estado das Minas Gerais, que se encontra em plena expansão mobiliária, resultado de alguns fatores, como o desenvolvimento da cafeicultura nas últimas décadas, com consequente crescimento do comércio local. Estrutura metodológica desenvolvida 1º Etapa - Coleta de dados sobre os principais aspectos das obras que estão sendo executadas no município. Para coleta de dados foi aplicado um questionário com o objetivo principal de coletar informações básicas sobre cada obra. 2º Etapa - Estrutura de um pré-modelo de gestão para resíduos de construção. Nessa etapa foi montada uma estrutura de um pré-modelo de gestão para Resíduos da Construção na cidade de Matipó/MG. Foram adotadas as diretrizes previstas na resolução nº. 307/02 (BRASIL, 2002) para a formulação do modelo de gestão RC, as quais serão descritas e analisadas separadamente com uma visão de gerenciamento de sistemas integrados. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram identificadas na cidade oito obras sendo executadas na área central e uma obra na saída da cidade, totalizando nove obras principais de grande impacto da cidade. Foram identificadas cinco áreas centrais como locais de disposição irregular de resíduos da construção no município de Matipó-MG. Dos cincos locais identificados, um é o “lixão” do município onde boa parte ou quase todos os resíduos da cidade são destinados irregularmente, os outro quatro destinos são pontos localizados no meio da via urbana. Durante a coleta de dados foi observado que na grande maioria das obras os materiais são descartados de forma irregular, isso se da pela falta de estrutura da cidade por não ter nenhum tipo de serviço especializado em relação à reciclagem de materiais da construção civil, e também pelo baixo conhecimento dos funcionários e descaso dos proprietários que não vêem importância no descarte adequado desses entulhos gerados. Junto com os dados coletados, foi analisado o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de dois municípios vizinhos de Matipó-MG, pois a cidade ainda não tem nenhum modelo proposto que poderia ser utilizado para análise. Os agentes envolvidos na gestão municipal dos RCD são os geradores de resíduos, prestadores de serviços, como os transportadores, os proprietários de áreas que as cedem para o recebimento de RCD e o poder público, onde cada um tem suas responsabilidades previstas pela legislação. Após análise dos resultados e dos planos vizinhos juntamente coma legislação vigente, foi elaborado um pré-modelo de gestão de RCD, o qual segue os mesmos passos da proposta, com maior nível de detalhamento visando seguir as diretrizes da legislação vigente. Os passos do pré-modelo de gestão de resíduos da construção e demolição são os seguintes: 1) Construir os procedimentos do Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O poder público municipal deverá criar um departamento responsável pelo resíduo de construção civil do município, com o número de funcionários proporcional ao número de habitantes e à densidade demográfica do município. 2) Realizar os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil Os grandes geradores e transportadores de RCD são as empresas que necessitam realizar os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC). Essas devem apresentar ao órgão responsável pelo RCD da Prefeitura Municipal de Matipó-MG, os procedimentos necessários para transporte, manejo, transformação e destinação do Resíduo de Construção e Demolição. (ANDRADE, et al, 2000). 3) Licenciamento das áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos O licenciamento, nas áreas de beneficiamento e de disposição final de RCD, tem o objetivo de avaliar os impactos ambientais causados pelo empreendimento, estabelecendo-se condições para que tal atividade cause o menor impacto possível ao meio ambiente. (POLETO, 2010) Deverão ser indicadas as unidades de destinação para cada classe/tipo de resíduo e o responsável pela sua destinação. Todas as unidades devem ser autorizadas pelo poder público para essa finalidade, auxiliando a empresa, na forma de informações, para promover o licenciamento para áreas de beneficiamento e disposição final dos resíduos. (CONAMA, 2002) 4) Proibir a disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas O poder público poderá formular uma lei municipal proibindo a disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas. Esta lei deverá prever multas às empresas que não a cumprirem, como também ao proprietário do terreno. 5) Cadastrar áreas possíveis de recebimento, triagem e armazenamento, para destinação posterior dos resíduos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 As áreas possíveis de recebimento, triagem e armazenamento dos Resíduos de Construção e Demolição podem ser cadastradas pela pessoa interessada, proprietária da área, a receber material de resíduo de construção e demolição para um aterramento, um jardim, ou qualquer uso de interesse do proprietário do imóvel. A entrega da carga será acompanhada pela fiscalização e pelo setor municipal. A pessoa interessada deverá registrar o cadastro de sua área, juntamente com seu pedido no departamento municipal de RCD, sem nenhum custo. Quem estiver em busca da reutilização dos Resíduos de Construção e Demolição poderá usar como instrumentos de registro para cadastrá-las, informações como, por exemplo: área, data, endereço e bairro. (CONAMA, 2002) 6) Incentivar a reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo Realizar ações no tratamento e destinação dos resíduos da construção civil com o objetivo de minimização da geração dos RCD. (CONAMA, 2002). Disponibilizando novamente esse material no ciclo produtivo, primeiramente no próprio canteiro de obra, sendo encaminhado depois para um reaproveitamento através de uma maquina recicladora, onde deverá ser criado um local destinado a receber materiais de construção em condições de uso, os quais são vendidos a um valor irrisório. 7) Definir critérios para o cadastramento de empresas coletoras Alguns critérios foram definidos para o cadastramento das empresas coletoras, dentre eles: empresa, endereço, telefone, veículos utilizados, equipamentos utilizados, hora e frequência da coleta. (BERNARDES, 2003) 8) Ações de orientação e educação ambiental para os agentes envolvidos Sugere-se a adoção de algumas atividades, como por exemplo: montar grupos de trabalho, orientar agentes envolvidos, realizar reuniões e desenvolver atividades de educação ambiental. (ANDRADE, et al, 2000) 9) Ações de fiscalização, atividades de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Depois de realizado o processo de gestão dos RCD por parte da administração pública e dos agentes privados, deve-se implantar um programa de fiscalização. Este deve garantir o funcionamento das ações propostas, sendo um importante instrumento de gestão e mobilização social. (BERNARDES, 2003) 10) Programar atividades educativas com o objetivo de reduzir a geração de RCD e possibilitar a sua segregação Descrever atividades de sensibilização, mobilização e educação ambiental para os trabalhadores da construção civil e comunidade, visando atingir as metas de minimização, reutilização e segregação dos resíduos sólidos na origem, bem como seus corretos acondicionamentos, armazenamento e transporte, sendo dessa forma, montado o Plano de Comunicação e Educação Ambiental. (POLETO, 2010) 11) Implantar áreas de manejo de RCD Nessas áreas os espaços devem ser diferenciados, para a recepção dos resíduos que tenham de ser triados como os resíduos: de construção, volumosos e os secos provenientes da coleta seletiva. Sua remoção realizar-se-á por circuitos de coleta, com equipamentos adequados a cada tipo de resíduo. (CONAMA, 2002) CONSIDERAÇÕES FINAIS As informações apresentadas demonstram que no setor da construção civil existe uma acentuada geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD); por outro lado, faltam políticas municipais e estaduais que possam atuar juntamente com políticas federais e que criem estruturas de apoio, adequadas às empresas coletoras e transportadoras de RCD. A falta de informação da população também é um fator relevante que pode intervir no correto descarte dos RCD gerando impacto ambiental. Constata-se que a cidade de Matipó-MG ainda não obedece às características mencionadas na resolução n°. 307/02 do Conama, sobre o gerenciamento dos resíduos, reciclagem ou reaproveitamento, tendo o prazo vencido. Quando se comparam os dados obtidos na aplicação do questionário, constatase que as pessoas envolvidas nos processos estão despreparadas, precisando de algum tipo de capacitação. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Diariamente são depositados um volume não calculado de resíduos da construção em um terreno chamado de “lixão”, além de outros quatros pontos identificados como destino inadequados dos resíduos, sendo que este volume de resíduo poderia ser administrado nos processos e diretrizes apresentados neste artigo, que visam à minimização do descarte em locais inadequados e à redução do volume de aterros pela reciclagem do maior número possível dos resíduos, contribuindo para a redução do impacto ambiental gerado pela atividade de construção e demolição de obras. Para isso acontecer é necessário o poder público municipal criar um setor responsável pela geração do resíduo de construção civil do município. Este setor será responsável por apresentar e explicar o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, em sua íntegra, conforme os trâmites legais, para todas as empresas de transporte e coleta de resíduos existentes no município. REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes, TACHIZAWA, Takeshy, CARVALHO Ana Barreiros. Gestão Ambiental. Makron Books do Brasil Editora. 2000. BERNARDES, Mateus Martins de Souza. Planejamento e controle da produção para empresas de construção civil. Rio de Janeiro, LTC, 190 p. 2003. BERNARDES, Antônio. Quantificação e classificação dos resíduos da construção e demolição na cidade de Passo Fundo. Passo Fundo, RS. Dissertação de Mestrado. Universidade de Passo Fundo, 92 p. 2006. BRASIL. 2002. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 307. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 GT 04 CIÊNCIAS DA SAÚDE Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 VISÃO DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE AS RESPONSABILIDADES DO PROGNÓSTICO DO PACIENTE DEPENDENTE DE ÁLCOOL Jaqueline Dias e Magalhães e Wagner Pereira Machado de Andrade Graduados em Enfermagem, Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade UNIVÉRTIX. Ana Lígia de Souza Pereira – Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Neiler Soares Vieira de Oliveira - Graduado em Enfermagem, Especialista em Saúde Mental. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Atualmente o uso abusivo de álcool constitui um grande problema de saúde pública. O uso de álcool é um fenômeno muito complexo e é determinado por fatores genéticos, psicológicos e sociais. Sendo assim o objetivo do presente estudo foi verificar a visão da equipe de saúde sobre as responsabilidades do prognóstico do paciente dependente de álcool. Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada com uma equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF) da cidade de Rio Casca, na Zona da Mata Mineira. Verificou-se certo despreparo dos profissionais de saúde frente ao paciente dependente de álcool, além do despreparo, receio em atender esse paciente. Considera-se que a capacitação de profissionais de saúde para atuar junto a esta clientela deva ocorrer de forma abrangente. PALAVRAS-CHAVE: Alcoolismo; Enfermagem; Saúde. INTRODUÇÃO Atualmente o uso abusivo de álcool constitui um grande problema de saúde pública. Estima-se que 185 milhões de pessoas acima de quinze anos já consumiram drogas ilícitas, ou seja, 4,75% da população mundial. Além disso, cerca de 10% da população dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas, independente da idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo (GONÇALVES e TAVARES, 2007). Segundo Bressan e Stamm (2007) o uso abusivo de álcool é um fenômeno muito complexo e é determinado por fatores genéticos, psicológicos e sociais. Estudos demonstram que entre a população jovem e os adolescente o índice de consumo de álcool é alarmante. Com isso a Organização Mundial de Saúde (OMS) Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 considera há muitos anos, o consumo abusivo de álcool como doença (SOUZA et al., 2005). Levantamentos revelam que o alcoolismo é responsável por 50% das internações psiquiátricas, 20% em unidade de gastrenterologia e 90% das internações por dependência de drogas em hospitais psiquiátricos brasileiros. Pessoas com problemas relacionados ao álcool são hospitalizadas quatro vezes mais que a população em geral (PILLON e LUIZ, 2004). Como o álcool está associado a momentos de lazer e recreação, as pessoas tendem a aumentar a quantidade do uso no intuito de tornar esses momentos ainda mais prazerosos. Nesse sentido, o abuso dessa droga tornou-se um dos principais problemas de saúde pública no mundo (RONZANI e FURTADO, 2010). É destacado que os jovens, principalmente durante o ensino médio e o superior, estão ainda mais expostos aos problemas relacionados ao álcool (BRESSAN e STAMM, 2007). O relacionamento entre profissional e cliente deve ajudar a construir um ambiente que possa facilitar o tratamento. A percepção que o enfermeiro tem do paciente é o principal determinante da qualidade e da quantidade do cuidado de enfermagem que será prestado. Quando o enfermeiro possui uma atitude negativa, o paciente pode, em contrapartida, desenvolver uma postura hostil ou contraterapêutica (VARGAS e LABATE, 2006). Sendo assim, diante da atuação do enfermeiro em relação ao paciente dependente de álcool é importante e necessário analisar as atitudes do profissional de enfermagem com o mesmo. Dessa forma, a questão norteadora deste trabalho foi qual a visão da equipe de saúde sobre as responsabilidades do prognóstico do paciente dependente de álcool. Com o objetivo de verificar a visão da equipe de saúde sobre as responsabilidades do prognóstico desse paciente dependente de álcool. A partir dos resultados obtidos será possível então contribuir para que os profissionais de enfermagem ao lidarem com o paciente alcoólatra entendam que suas atitudes poderão interferir no relacionamento e tratamento do alcoolista. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Enfermagem e o paciente alcoolista Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 É importante ressaltar a diferença entre paciente alcoolista e paciente alcoólatra. Andrade e Espinheira (2011) apontam o paciente alcoólatra como: O alcoólatra não é a bebida em si, mas aquela pessoa que bebe mal, isto é, de modo abusivo, desregrado, que a leva à condição de ser socialmente identificada popularmente como "alcoólatra", ou seja, quem "idolatra", "adora" e se tornou dependente do álcool (p.3). Os mesmos autores apontam o paciente alcoolista como: Este termo foi proposto por alguns pesquisadores como uma alternativa menos carregada de valoração, isto é, de estigma. Segundo eles, isto não reduziria a pessoa a uma condição, como a de alcoólatra, mas o identificaria como uma pessoa que tem como característica uma afinidade com alguma coisa, com alguma idéia (p.3) Os termos "alcoólatra" e "alcoolista" continuam a serem usados, quase que indistintamente, por diferentes autores, mas sempre equivalendo a "dependente de álcool". Esta seria a expressão mais adequada cientificamente (ANDRADE e ESPINHEIRA, 2011). O enfermeiro é um dos profissionais mais adequados para acompanhar o tratamento do alcoolista, pois é ele que acolhe o paciente dentro do estabelecimento de saúde. Assim, o relacionamento entre as partes deve favorecer a construção de um ambiente que possa influenciar a decisão do paciente, suas atitudes e ainda gerar grande impacto na relação com o paciente e consequentemente nos resultados do tratamento. Contudo, uma análise das atitudes desses profissionais é necessária, uma vez que estas poderão interferir no relacionamento e tratamento do alcoolista (VARGAS e LABATE, 2006). O enfermeiro nos serviços de saúde deverá estar atento às possibilidades de detectar precocemente o uso de álcool e outras drogas, a fim de reduzir os possíveis danos, devendo sensibilizar o usuário a buscar alternativas de tratamento, conforme preconiza a política de saúde definida para o campo em questão (GONCALVES e TAVARES, 2007). Gonçalves e Tavares (2004) ainda ressaltam que é papel da rede extrahospitalar acolher as demandas dos usuários de álcool e outras drogas, posto que a internação psiquiátrica deva funcionar como último recurso. É indispensável que as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) esteja preparadas para acolher a demanda desta clientela. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O paciente deve ser entendido e abordado, isso é a chave da intervenção terapêutica que tem como foco principal o ser humano na compreensão e tratamento do problema ou desconforto. Nessa visão, o uso da substância química é visto como o agente gerador de malefícios, que precisa ser tratado de alguma maneira, mas, inegavelmente, o indivíduo deve receber os aportes necessários para alcançar o seu equilíbrio. Nesse sentido, o enfermeiro pode auxiliar nessa instrumentalização, incentivando e apoiando os usuários a assumirem a responsabilidade pela melhora na qualidade de sua vida em todos os níveis (PILLON e LUIZ, 2004). O mecanismo de negação, muitas vezes, apresenta-se sob a forma de recusa do cuidado, bem como do tratamento, pois, o dependente de álcool não se considera um doente, é provável que o alcoolista não aceite o cuidado oferecido. Além disso, o mecanismo de racionalização que consiste em minimizar os problemas ocasionados pelo álcool e a projeção da responsabilidade pelo comportamento abusivo, mecanismos comuns neste tipo de paciente, podem levar o enfermeiro a interpretar tais comportamentos como recusa da ajuda e, conseqüentemente, independência em relação ao profissional (VARGAS e LABATE, 2005). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva, este tipo de trabalho possui como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência (GIL, 2008). A pesquisa foi realizada com uma equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF) no bairro Bela Vista da cidade de Rio Casca, na Zona da Mata Mineira. Este município possui 14.197 habitantes e sua principal fonte de renda é oriunda da plantação de cana de açúcar IBGE (2010). A população do estudo foi constituída de todos os profissionais de Saúde, ou seja, os enfermeiros, médicos, dentistas, técnico e auxiliares de enfermagem cadastrados na ESF, o município possui quatro unidades de ESF. Para a coleta de dados foi realizado um agendamento prévio com os participantes para interferir o mínimo possível na rotina de trabalho. Essa participação foi voluntariamente mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O instrumento de coleta de dados constituiu-se de um questionário padronizado já testado por Silveira (2010). Os dados foram coletados no mês de setembro de 2011. A partir dos dados coletados utilizou-se o programa Microsoft Office Excel 2007, para discutir os resultados obtidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram desta pesquisa 12 funcionários de um ESF que residem na cidade de Rio Casca/MG. Em relação à faixa etária 58% têm entre 25 e 30 anos e os demais 42% possuem entre 31 e 50 anos, quanto ao gênero 58% do sexo feminino e 42% do sexo masculino. Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2011. Característica N= 12 % Gênero Feminino 7 58 Masculino 5 42 Faixa Etária 20 – 39 anos 10 83 40 – 59 anos 2 17 Estado Civil Solteiro 8 67 Casado 3 25 Viúvo 0 0 Divorciado 1 8 Formação profissional Auxiliar de 5 41 Enfermagem Enfermeiro 5 42 Médico 1 8,5 Dentista 1 8,5 Em relação à profissão desses participantes, 42% são enfermeiros, 41% auxiliar de enfermagem e 17% médico (TABELA 1). Desses entrevistados, 83% já tiveram convívio com usuário de álcool e drogas e 17% não tiveram esse convívio com o usuário. Apenas 38% da população do estudo referiam sentir-se motivados a trabalhar com pacientes que fazem uso nocivo de álcool. O paciente alcoolizado possui características que, geralmente, irritam e afastam o profissional. Além disso, são pacientes considerados de difícil manejo (VARGAS e LABATE, 2004). É difícil para os profissionais de saúde compreender em a mescla de fatores que se fazem Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 presentes no alcoolismo como doença e assim sentirem-se motivados a lidar com pacientes nesta situação é um desafio (VARGAS e LABATE, 2005). A população investigada referiu sobre a aprovação ou não de alguns comportamentos dos pacientes. Dos resultados encontrados 91,6% dos investigados desaprovam totalmente o consumo de bebidas alcoólicas e 100% o ato beber e dirigir. Os profissionais de saúde têm um importante papel na detecção precoce do abuso de substâncias psicoativas. É importante fornecer aos profissionais de saúde treinamento e instrumentos adequados para que eles possam, de fato, atuar na prevenção primária e secundária do uso abusivo de álcool e outras drogas. A modificação de comportamentos alcançada com medidas de prevenção pode trazer benefícios não só para a saúde das pessoas, mas também economizar gastos do setor de saúde (HENRIQUE et al., 2004). Os investigados referiram também sobre sua impressão em relação à responsabilidade dos pacientes quanto ao aparecimento e evolução de diversos problemas de saúde. Os entrevistados acreditam que o paciente é totalmente responsável pelo aparecimento/evolução do alcoolismo em 91,6% das vezes. Parte considerável dos entrevistados considera que o paciente é totalmente responsável pela solução dos problemas de saúde, inclusive o alcoolismo (91,6%). Especificamente em relação ao alcoolismo, 66,6% da população referiu não acreditar que o paciente dependente de álcool possui alguma doença mental e 75% destes acreditam que este tipo de paciente pode ser perigoso ou cometer algum ato violento contra outra pessoa. Um estudo feito por Vargas e Labate (2005) realizado com profissionais de enfermagem de um hospital geral mostra que, para esses profissionais, na maioria das vezes, o paciente dependente de álcool não é visto como um doente igual aos demais. A visão que se tem desse indivíduo é a de um indivíduo aproveitador e sem caráter, que, quando chega à emergência o dependente de álcool, tem consciência dos seus atos. Sendo assim, não merece ser atendido naquele espaço. A percepção sobre o problema do uso de álcool está muito associado à como a sociedade encara o mesmo. Portanto, quando um paciente recebe o diagnóstico de dependente de álcool, além dos aspectos médicos ou psicológicos que caracteriza Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 tal diagnóstico, a percepção social sobre esse problema influência como o paciente vai ser visto a partir de então pela sociedade. Portanto, numa sociedade em que o alcoolismo ou uso de drogas apresenta uma forte conotação moralizante, o estigma social se torna um grande problema para o usuário (RONZANI e FURTADO, 2010). Ronzani e Furtado (2010) ressaltam ainda que muitas vezes os profissionais de saúde possuem a mentalidade de que o vício está associado a uma fraqueza de caráter. Com isso, a forma da abordagem dos usuários é influenciada por esta visão. Tal tipo de abordagem pode acabar por reforçar a perspectiva moralizante e a internalização de alguns estereótipos e estigmas atribuídos aos usuários de drogas. Em relação às reações emocionais que o paciente alcoólatra pode provocar nos participantes a maioria possui medo (83,3%), irritação (75%), vontade de se afastar (75%) e 50% dos profissionais referem-se indiferentes a este tipo de paciente. Em um estudo feito por Gil (1985) citado por Vargas e Labate (2005) realizado com alunos de Enfermagem levantou que, os principais motivos que levam o aluno do último ano do curso de Enfermagem a aceitar ou rejeitar o paciente dependente de álcool, foi encontrado que, na concepção da maioria dos estudantes, os dependentes de álcool são chatos, irritantes, nojentos, enganadores, falsos e mentirosos. Além disso, não desejam realmente se recuperar, são inconsequentes e irresponsáveis, são covardes, não lutam por si, não assumem o tratamento e exigem mais que os outros pacientes. Para os profissionais investigados o alcoolismo ocorre devido a algum problema genético (50%), fatores estressantes na vida (50%) e por algum desequilíbrio químico no cérebro (33,3%). Além disso, eles não acreditam que esta doença ocorre devido à fraqueza do caráter (41,6%), a maneira que a pessoa foi criada (50%) e pela vontade de Deus (91,6%). Em relação à motivação destes profissionais em tratar o problema do paciente dependente de álcool, 91,6% sentem-se motivados a participar do processo de cuidado (FIGURA 1). Além disso, a maioria da equipe de saúde investigada acredita tanto na recuperação (66,6%) quanto na adesão ao tratamento do paciente dependente de álcool (66,6%) (FIGURA 2). É importante evidenciar a complexidade do trabalho do Enfermeiro junto a usuários de álcool e outras drogas. De fato, realizar um atendimento aberto não é tarefa fácil, exigem alternativas e propostas Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 inovadoras, e, principalmente, sensibilidade para que o gesto de cuidar aproxime, ao invés de afastar (GONÇALVES e TAVARES, 2007). Figura 1: Motivação da população referida quanto ao tratamento de pacientes alcoólatras . Figura 2: Proposições sobre a recuperação e adesão ao tratamento pelo paciente alcoólatra. De acordo com Vargas e Labate (2005) a tarefa mais difícil, no manejo com o alcoolista, é fazê-lo entender e reconhecer-se como uma pessoa doente, que necessita de ajuda para parar de beber. Outra razão que pode ser apontada é relacionada ao preconceito que envolve o alcoolismo e suas complicações. Talvez seja esse o motivo da desmotivação de alguns entrevistados. De acordo com Gonçalves e Tavares (2007) ao se aproximar do dependente de álcool para oferecer ajuda, o enfermeiro pode ter consigo a expectativa de alcançar seus objetivos, principalmente no que se refere à adesão ao tratamento e à colaboração com a equipe. Uma vez que isso não ocorra de imediato, essa atitude pode ser interpretada por esse profissional como uma resistência à ajuda e isso Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 levaria, além do distanciamento, à insatisfação do enfermeiro ao realizar esse trabalho. Nos serviços de saúde, os profissionais da área devem estar atentos às possibilidades de detectar precocemente o uso de álcool, a fim de reduzir os possíveis danos, devendo sensibilizar o usuário a buscar alternativas de tratamento, conforme preconiza a política de saúde definida para o campo em questão (GONCALVES e TAVARES, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabe-se da relevância do problema de álcool na saúde pública, sendo assim considera-se que o preparo de profissionais de saúde para atuar junto a esta clientela deva ocorrer de forma abrangente. Muitos programas tradicionais de tratamento do alcoolismo têm como foco fatores motivacionais, explicando ao paciente porque ele deveria se abster do consumo de álcool. Entretanto, eles não fornecem as habilidades necessárias, uma vez que não mostram ao paciente como não beber, como deixar um velho hábito e controlar sua ocorrência no futuro. Observou-se que mesmo o usuário deixando de ser dependente, a visão que os demais possuem quanto ao seu estado alcoólatra não muda. Pois esse usuário foi rotulado com essa dependência, perdendo o respeito e o perfil de ser humano qualquer. Verificou-se despreparo dos profissionais de saúde frente ao paciente alcoolizado, além do despreparo, e um receio desse profissionais em atender tal paciente, o que não pode acontecer na área, pois é através dos profissionais de saúde que esse paciente deve encontrar atenção, tratamento e acolhimento. É necessário, sobretudo que esses profissionais estejam preparados para atender esses pacientes. O CAPS - AD (Centro de Atenção Psicossocial) pode ser um alternativo na recuperação do paciente dependente de álcool. REFERÊNCIAS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ANDRADE, Tarcisio Matos de; ESPINHEIRA, Carlos Geraldo D'Andrea. A presença das bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas na cultura brasileira. Disponível em: http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/biblioteca/documentos/Veja_tambm/3268 17.pdf Acesso em: 16.nov.2011. ALINE, Poliana Patrício; LOURENÇO, Lélio Moura; RONZANI, Telmo Mota. Estudo comparativo das habilidades sociais de dependentes de álcool. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 83-88, jan./abr. 2006 BRASIL. Ministério da Saúde. A política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas. (Série E. Legislação de Saúde). Brasília: Ministério da Saúde, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Álcool e redução de danos: uma abordagem inovadora para países em transição. 1. ed. em português, ampl. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRESSAM, Liamari; STAMM, Mariestela. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A CONTAMINAÇÃO DO TRABALHADOR RURAL COM AGROTÓXICOS E O DESENVOLVIMENTO DE NEOPLASIAS Maria Helena de Oliveira Soares Filha – Graduada em Enfermagem, Mestranda em Educação. Adriana Acipreste Souza – Graduada em Enfermagem. Irlane Bastos Costa- Graduada em Agronomia. Mestre e Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] . RESUMO Este trabalho se propõe a discutir o tema da eficiência e da adequação dos equipamentos de proteção individual (EPI) utilizados na aplicação de agrotóxicos, bem como os efeitos maléficos dos agrotóxicos para a saúde humana. Realizou-se um estudo bibliográfico onde se constatou, nos estudos realizados por diversos autores, forte relação entre os agrotóxicos e desenvolvimento de neoplasias malignas – câncer. As pesquisas também apontam como principal causa da contaminação por agrotóxicos o desrespeito às normas de aplicação do produto e a não utilização adequada do EPI. Outro ponto importante que foi questionado nos trabalho foi à ineficiência dos EPI em proteger o trabalhador rural mesmo quando utilizado corretamente. PALAVRAS-CHAVE: Câncer; Agrotóxicos; Trabalhador Rural; EPI. INTRODUÇÃO Agrotóxicos são produtos químicos usados na lavoura, na pecuária e mesmo no ambiente doméstico: inseticidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas, herbicidas, bactericidas, vermífugos, entre outros. Na agricultura são utilizados desde o preparo do solo e das sementes para o plantio até as etapas de armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas. Contribuem no controle de pragas, nematóides, fungos, bactérias, plantas daninhas; ou atuam como desfolhantes, dessecantes, estimuladores ou inibidores de crescimento. Para aumentar a produção e não perder safras de frutas, grãos e hortaliças, muitos agricultores têm sido induzidos a utilizar grande variedade de agrotóxicos. Levando ao uso indiscriminado de produtos agrícolas, os chamados agrotóxicos, colocando em risco a saúde dos produtores e consumidores, além de ocasionar sérios danos ao meio ambiente (ARAÚJO et al., 2000). O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (SINDAG) constatou que no ano de 2005 existia no mundo cerca de 20 grandes Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 indústrias com um volume de vendas da ordem de 20 bilhões de dólares por ano e uma produção de 2,5 milhões de toneladas de agrotóxicos, sendo 39% de herbicidas, 33% de inseticidas, 22% de fungicidas e 6% de outros grupos químicos. No Brasil, o volume de vendas era de 2,5 bilhões de dólares por ano, com uma produção de 250 mil toneladas de agrotóxicos. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (SINDAG) no ano de 2001 o Brasil foi o oitavo país consumidor destes produtos, com 3,2 kg/ha de agrotóxicos. À sua frente estavam à Holanda, Bélgica, Itália, Grécia, Alemanha, França e Inglaterra. Ainda de acordo com o SINDAG, em 2003, existiam no Brasil 648 produtos em linha de comercialização, sendo 34,4% de inseticidas, 30,8% de herbicidas, 22,8% de fungicidas, 4,9% de acaricidas e 7,1% de outros grupos químicos. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi realizar um estudo bibliográfico visando avaliar os efeitos danosos dos agrotóxicos na saúde humana, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de neoplasias malignascâncer. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste trabalho realizou-se uma pesquisa bibliográfica. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA É fato que os trabalhadores rurais não fazem uso adequado do equipamento de proteção individual conforme exigência da lei. A legislação brasileira sobre EPI é a Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6)5. A NR-6 considera EPI todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. A NR-6 condiciona o uso e a comercialização de EPI à obtenção de um Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e define os procedimentos para o fabricante interessado em comercializar EPI. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Embora muitos trabalhadores rurais utilizem o equipamento de proteção individual (EPI), estes nem sempre são utilizados de forma correta. Muitos utilizam apenas botas e chapéus (SILVA, 2001). A utilização do Equipamento de proteção de forma inadequada é frequente, pois é tido pelos agricultores como incômodo e inadequado para o clima quente (LEVIGARD, 2001 e PERES e MOREIRA, 2003). Outra importante questão que tem sido levantada quanto aos EPI é que os Estudos sobre EPIs, de modo geral, não enfatizam os problemas de projeto destes produtos. São estudadas, sobretudo as contaminações sofridas pelos trabalhadores e pelo meio ambientes (VEIGA et. al, 2007). O estudo realizado por Veiga et al, (2007) evidenciaram que os equipamentos utilizados na agricultura, além de não protegerem integralmente o trabalhador, ainda agravaram os riscos e perigos, pois, nos casos estudados, tornaram-se fontes de contaminação por agrotóxicos. Os métodos de limpeza expuseram os trabalhadores rurais a contaminações imediatas, para aqueles que fizeram a limpeza, e para aqueles que tiveram contato com a área onde foi realizada a limpeza. O trabalhador ainda se contaminou ao vestir e despir um EPI contaminado. Sendo assim, os autores recomendam que a metodologia e a concepção utilizadas no projeto de EPIs devem ser reavaliadas, devendo ser estimulados estudos sobre desenvolvimento tecnológico nesses equipamentos. A possibilidade de contaminação do trabalhador rural dependerá da qualidade do EPI. Segundo Peres e Moreira (2003) alguns cuidados básicos não são realizados durante a pulverização, como não fumar, tomar café ou beber água, o que dá maior dimensão ao problema. Tais negligências são responsáveis pela intoxicação por via oral (PERES e MOREIRA, 2003). Peres e Moreira, (2003), apresentaram oito fatores importantes relacionados com a intoxicação por agrotóxicos: falta de treinamento, o não uso da roupa protetora, o descumprimento da obrigatoriedade da apresentação do receituário agronômico, o uso excessivo de agrotóxicos, a utilização de produtos proibidos, a presença de crianças e adolescentes no campo, a não fiscalização da aviação agrícola e a ausência de articulação institucional. Embora os estudos indiquem que a maioria dos casos de intoxicação por agrotóxicos ocorra principalmente, devido ao descumprimento das normas de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 segurança para a sua aplicação, há também irregularidades no armazenamento e distribuição dos produtos, consequentemente a ausência de políticas públicas de controle que também favorecem o aparecimento de casos de intoxicação (LEVIGARD, 2001). Um fator que dificulta e camufla os riscos causados pela exposição aos agrotóxicos é que muitos sintomas como dor de cabeça e problemas estomacais são encarados como processos naturais, independente da atividade exercida. Por isso, muitos trabalhadores não relacionam agrotóxico com os sintomas. A cefaléia, vertigem, fadiga, insônia, náusea, vômitos, ruídos crepitantes respiratórios e dispnéia; assim como sintomatologia sugestiva de distúrbios cognitivos (dificuldade de concentração, esquecimento, confusão mental etc.); motores (fraqueza, tremores, cãibras, miofasciculação); e disfunção neurossensorial (formigamento, parestesia, visão turva e outros distúrbios visuais) também podem facilmente serem confundidos (SOARES, 2003). Alguns tipos de agrotóxicos tem se tornado ilegais e seu uso proibido no exterior e também no Brasil. A Convenção de Estocolmo, assinada por cerca de 120 países, estabeleceu o banimento de doze substâncias cloradas. No Brasil, com a entrada em vigor da Lei No. 7.802 de 11/07/1989 – Lei dos Agrotóxicos – os produtos contendo substâncias carcinogênicas, teratogênicas ou mutagênicas passaram a ter seus registros proibidos (ARAÚJO et al , 2000). Não somente as pessoas que manipulam os agrotóxicos estão sujeitas a adquirir doenças causadas por estes produtos químicos, mas, também, a população como um todo. Um exemplo clássico é que muitos produtores rurais não seguem corretamente a dosagem recomendada na embalagem ou pelo técnico responsável, expondo a lavoura ao excesso de produto que poderá contaminar o fruto que será comercializado, ou, até mesmo o solo; sendo lixiviado e alcançando o lençol freático. Outras formas de contaminações indiretas por agrotóxicos dizem respeito às pulverizações em dias de ventos fortes o que ocasionará o deslocamento do produto a longas distancias atingindo pessoas e casas ao derredor (BUENO,2000) e o período de carência a que os alimentos precisam ser submetidos antes de serem disponibilizados ao mercado. Quase não é possível notar a existência de resíduos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 irregulares de defensivos agrícolas pela aparência ou sabor dos alimentos. Outro agravante é o uso de agrotóxicos não autorizados pela legislação brasileira. Um fator que contribui para agravar os males provocados pelos agrotóxicos à saúde humana é a precocidade com que os agricultores iniciam suas atividades no campo. Uma pesquisa realizada por Araújo et al., (2007) verificou que os agricultores iniciavam no campo em torno dos 13 anos, porém em alguns casos, mais precocemente, entre sete e oito anos de idade. A média de exposição ficou em torno de vinte anos, deixando claro que a maior parte da amostra era constituída, por um grupo de agricultores jovens. Os trabalhadores atuam no plantio, controle das pragas e na colheita, participando em todas as fases do processo de produção sem interrupção sazonal. As atividades de mistura, aplicação e transporte dos agrotóxicos envolvem a todos, incluindo mulheres e crianças, que no decorrer das aplicações ajudam o aplicador, ficando expostas na mesma intensidade e na maioria das vezes sem qualquer tipo de proteção (LEVIGARD, 2001). Quanto à orientação para aplicação dos pesticidas, muitos lavradores preferem estabelecer os próprios métodos de formular e aplicar, isso significa, na maioria dos casos, uso menos criterioso destes produtos (BUENO 2002). AÇÃO DOS AGROTÓXICOS NO CORPO HUMANO As principais vias de penetração no corpo do ser humano são: por ingestão, pela respiração e por absorção dérmica. A penetração pela pele vai variar com a formulação empregada, temperatura, umidade relativa do ar, regiões do corpo (verso das mãos, pulsos, nuca, pés, axilas e virilhas absorvem mais), tempo de contato, existência de feridas, etc. (GARCIA, 2001). A ação dos agrotóxicos no ser humano é devastadora e fatal, provocando desde náuseas, tonteiras, dores de cabeça ou alergias a lesões renais e hepáticas, cânceres, alterações cromossômicas, e outras patologias (WILSON e OTSUKI, 2004). Essa ação pode ser imediatamente após o contato com o produto (efeitos agudos) ou depois de algum tempo, semanas ou anos, denominados efeitos crônicos (KOIFMAN e HATAGIMA, 2003). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Estudo desenvolvido em Minas Gerais pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho, Fundacentro, constatou que no ano de 2003, 50,3% dos indivíduos analisados se encontravam ao menos moderadamente intoxicados e, ainda relatou o aparecimento de cânceres como de mama, pâncreas, rim ou mesmo de pele (BUENO, 2004). No Brasil, Silva (2001) relata a ocorrência de taxas elevadas de infertilidade e câncer de testículo em municípios com alta produção agrícola nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul; avaliou também alterações nas características do esperma de adolescentes saudáveis e alto índice de mortalidade por câncer de pâncreas, fígado, laringe, bexiga e tumores hematológicos em homens e mulheres de uma população residente nos arredores de uma antiga fábrica de agrotóxicos em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Pela amplitude da utilização dos defensivos agrícolas no modelo de produção de alimentos, há estimativas de associação entre exposição e o desenvolvimento de câncer. Nos Estados Unidos da América estima-se que anualmente ocorram cerca de 6.000 a 10.000 casos de câncer associados com agrotóxicos. Essa associação está mais bem caracterizada nos cânceres de pulmão, de mama, dos testículos, da tireóide, da próstata, do ovário, e do sistema hematopoiético (PIMENTEL, 2006). No Brasil, Meyer et al. (2003) mostraram uma alta taxa de mortalidade para câncer de estômago, esôfago, laringe, câncer oral e leucemias em agricultores expostos a agrotóxicos na região Serrana do Rio de Janeiro. Já Koifman e Meyer (2002) também verificam alta taxa de mortalidade para o câncer de mama, ovário e próstata, em amostra de grupos populacionais expostos a agrotóxicos no período de 1985 a 1990. O crescimento do índice de câncer por exposição aos agrotóxicos pode estar relacionado ao uso inapropriado desses produtos nas lavouras. É fato que os trabalhadores rurais em sua grande maioria não fazem uso correto do EPI (equipamento de proteção individual). Muitos trabalhadores rurais manipulam os agrotóxicos indevidamente, ou seja, sem luvas, máscaras ou roupas apropriadas. Tal fato expõe o trabalhador ao contato direto com os produtos químicos, seja por via cutânea ou mucosa como: narinas, olhos, boca e feridas. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Estudos têm sido realizados em Belo Horizonte visando determinar a associação entre a exposição de trabalhadores rurais a agrotóxicos e o desenvolvimento do câncer tumor de Wilms (SHARPE et al., 1995 apud KOIFMAN; HATAGIMA, 2003). Matos, Vilensky e Boffetta (1998) analisaram os riscos de câncer de pulmão associados às exposições ocupacionais em países em desenvolvimento. Estas pessoas desenvolviam atividades diversas ligadas às indústrias de bebidas, plásticos, químicos, couro, vidro, agricultura, entre outras. O resultado foi que os agricultores apresentaram chance 2,4 vezes maior de adquirir câncer de pulmão do que os não expostos a este fator. PROIBIÇAO DOS ORGANOFOSFORADOS E SEUS EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE HUMANA No ano de 2009 foi sancionada a Lei nº 11.936 de 15/05/2009, que proíbe a fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e o uso do diclorofeniltricloroetano – DDT (herbicida organoclorado amplamente utilizado no mundo após a segunda guerra mundial). No Brasil, o DDT teve sua retirada do mercado em duas etapas: em 1985, teve sua autorização cancelada para uso agrícola; e em 1998, foi proibido para uso em campanhas de saúde pública. O DDT é hoje parte integrante de quase todos os ecossistemas. Das plantas passa para os animais que as comem, dos animais herbívoros passa para os animais carnívoros que se alimentam dos herbívoros e assim por diante. Das algas passa para os peixes que delas se alimentam e desses para outros peixes, inclusive para pássaros que se alimentam de peixes. Toda essa seqüência de acúmulo de DDT está relacionada com o fato de ser uma substância praticamente não biodegradável. A resistência de insetos à biodegradação dos organoclorados promove o acúmulo no meio ambiente. Experimentos realizados com animais mostraram a carcinogenicidade do DDT (SMITH e GANGOLLI, 2002). Assim, diversos governos ao invés de fazer uso de agrotóxicos organoclorados passaram a utilizar os organofosfatados e carbamatos (SUNGUR e GUVEN, 2001; MILESON et al., 1998). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 No caso de contaminação humana, o DDT e outros organoclorados agem como neurotóxicos, e também na função endócrina. Constatou-se que indivíduos que contêm altas concentrações de Dieldrin (organoclorado) no sangue possuem maior quantidade do hormônio estimulador da tireóide – TSH, apresentando quadro de hipotireoidismo (RATHORE et al., 2003). Estudos epidemiológicos de exposição ao DDT verificaram um aumento de câncer de mama em mulheres com altas taxas plasmáticas de DDE, um metabólito do DDT. Essa ação está relacionada com a ligação deste componente a receptores de estrógeno, mimetizando a ação deste hormônio (JAGA et al., 2000). Outras ações causadas pelo efeito estrogênico de organoclorados incluem: diminuição da quantidade de sêmen e câncer de testículo nos homens; indução de anormalidades no ciclo menstrual e aborto espontâneo em mulheres; diminuição do peso ao nascer e alteração no amadurecimento sexual (CARLSEN et al. apud MEYER et al., 1999; TOFT et al., 2004). Certas substâncias que agem sobre o sistema endócrino, com larga distribuição no ambiente através dos agrotóxicos, estão contidas em herbicidas como o 2,4-D e a Atrazina; fungicidas como o Hexaclorobenzeno e o Maneb; e inseticidas como o Dieldrin, Mirex e Paration, possíveis disruptores endócrinos, ao passo que suas moléculas poderiam mimetizar hormônios humanos, assumindo o papel que seria desempenhado por estes (MEYER et al. 1999). Diversos casos de contaminação ocupacional por organofosfatados têm sido relatados, sendo o envenenamento bastante letal (SUNGUR e GUVEN, 2001). Foi constatada a morte de crianças prematuras, quando mulheres foram expostas em longo prazo aos inibidores da acetilcolinesterase (HEEREN et al., 2003). CONSIDERAÇOES FINAIS Nos estudos realizados por diversos autores verificou-se forte relação entre os agrotóxicos e desenvolvimento de neoplasias malignas – câncer. As pesquisas também apontam como principal causa da contaminação por agrotóxicos o desrespeito às normas de aplicação do produto e a não utilização adequada do EPI. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Outro ponto importante que tem sido questionado é a ineficiência dos equipamentos de proteção individual em proteger o trabalhador rural mesmo quando utilizados corretamente. Verifica-se a necessidade de políticas públicas que possam atuar de forma eficiente em toda cadeia de produção dos agrotóxicos e dos equipamentos de proteção individual fiscalizando, criando e ou aprimorando as normas de fabricação, comercialização, transporte, armazenamento e utilização daqueles pelos agricultores. Há necessidade de mobilização das prefeituras, órgão públicos de saúde, escolas, etc, no que diz respeito à conscientização dos agricultores (patrão e empregados) da importância de se cumprir corretamente as instruções técnicas apresentadas pelos fabricantes de agrotóxicos e EPIs; alertando-os das consequências do não cumprimento das mesmas. REFERÊNCIAS ARAÚJO A. J, ROSÁRIO MLS, ROLDAN R, et al., organizadores. Meio Ambiente, Saúde e Trabalho, CUT-RJ, Comissão de Meio Ambiente. 1ª ed. Rio de Janeiro; 2000. Disponível em: http://www.sindipetro.org.br/extra/cartilha-cut/index.htm. Acessado em 01/10/2011. BUENO, Wilson da Costa. Veneno no prato, açúcar na pauta. A comunicação a serviço do lobby dos agrotóxicos. (2000) Disponível em: file:///C:/Documents%20and%20Settings/WindowsXP/Meus%20documentos/Downlo ads/Bueno.htm. Acesso em 02/09/2011 GARCIA E. G. Segurança e saúde no trabalho rural: a questão dos agrotóxicos. FUNDACENTRO, São Paulo, 2001. HEEREN GA, Tyler J e Mandeya A. 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Lei 7.082 de 11 de julho de 1989.Disponível em: file:///C:/Documents%20and%20Settings/WindowsXP/Meus%20documentos/Downlo ads/lei7.802.htm. Acesso em: 02/08/2011. LEVIGARD YE. A interpretação dos profissionais de saúde acerca das queixas do nervoso no meio rural: uma aproximação ao problema das intoxicações por agrotóxicos [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ): Escola Nacional de Saúde Pública; 2001. MATOS M, VILENSKI M e BOFFETTA P. Environmental and occupational cancer in Argentina: a case controllung cancer study. Cadernos de Saúde Pública, 1998. MEYER, A. et al. Cancer mortality among agricultural workers. from Serrana Region, state of Rio de Janeiro, Brazil Environmental Research, Basel, v. 93, n. 3, p. 264-71, nov. 2003. PIMENTEL, L. C. F. O inacreditável emprego de produtos químicos perigosos no passado. 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Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar a incidência de câncer no município de Sericita - MG. A coleta dos dados foi realizada no mês de outubro de 2011 junto a Secretaria de Saúde do Município. Somente foi possível obter os dados referentes aos anos de 2007 a 2010. Os dados coletados foram: tipos de câncer incidentes em cada ano, número de pacientes registrados para cada tipo de câncer e classificação do câncer em maligno ou benigno. De posse dos dados fez-se uma análise estatística descritiva utilizando gráfico de colunas. Os resultados obtidos foram: há grande oscilação nos tipos de câncer registrados no Município de um ano para outro; o ano que registrou maior variedade de câncer foi o ano de 2008, com 25 tipos diferentes de câncer registrados; e o ano com menor variedade de câncer registrados foi o ano de 2009, com apenas 9 tipos diferentes de câncer registrados. PALAVRAS-CHAVE: Incidência de câncer; Fatores carcinogênicos; Sericita. INTRODUÇÃO Neoplasia ou câncer é o conjunto de manifestações clínicas patológicas caracterizadas pela perda do controle do crescimento celular e o ganho de capacidade de invadir tecidos adjacentes ou de espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo (RIBEIRO; SALVADORI; MARQUES, 2003). O grau de malignidade do câncer baseia-se na extensão destas células à invasão e disseminação distante (TADOKORO, 2008). As neoplasias malignas são classificadas geneticamente como uma doença multicausal ou multifatorial, isso quer dizer que sua determinação depende tanto de condicionantes biológicos quanto psico-sócio-ambientais. Dentre os carcinógenos químicos estão os agrotóxicos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, entre outros que podem induzir o câncer por mecanismos variados como genotoxicidade e promoção de tumores envolvendo mediadores hormonais; imunológicos e a produção de moléculas oxidantes (peróxidos) (RODVALL; DICH; WIKLUND, 2003). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Meyer et al. (2003) mostraram uma alta taxa de mortalidade para câncer de estômago, esôfago, laringe, câncer oral e leucemias em agricultores expostos a agrotóxicos na região Serrana do Rio de Janeiro. Em 2004, o Brasil registrou 141 mil óbitos por câncer.Devido aos atuais padrões de vida adotados em relação ao trabalho, nutrição e consumo em geral expõem os indivíduos a fatores ambientais mais agressivos, relacionados a agentes químicos, físicos e biológicos resultantes de um processo de industrialização cada vez mais evoluído (INCA,2006). O processo de carcinogênese, de modo geral, ocorre lentamente. Em certos casos, o período para o surgimento das manifestações clínicas de uma neoplasia maligna pode ser computado em anos. Segundo Silva, (INCA, 2011) estima-se que a incidência de câncer no Brasil para o ano de 2012 será de 520 mil novos casos, sendo os mais incidentes: câncer de pele não melanoma, próstata, mama e pulmão. O Ministério da Saúde vai fechar o ano de 2011 com investimento de R$ 2,2 bilhões para a área de atenção oncológica. Este aumento de recursos serviu para ampliar e melhorar a assistência aos pacientes atendidos nos hospitais públicos e privados que compõe o SUS, sobretudo para os tipos de câncer como fígado, mama, linfoma e leucemia aguda (INCA,2011). A principal motivação para desenvolver o estudo deste tema foi à constatação do elevado índice de câncer registrado na cidade de Sericita. Diante do exposto, o objetivo deste estudo é avaliar a incidência de câncer no município de Sericita. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Importante causa de doença e morte no Brasil, desde 2003, os cânceres se encontram na segunda causa de morte na população, representando quase 17% dos óbitos de causa conhecida, notificados em 2007 no Sistema de Informações sobre Mortalidade. Sendo que a grande maioria de estados e municípios brasileiros, não realizam notificação ao sistema de vigilância epidemiológica (DATASUS, 2011). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os tipos mais comuns de câncer no Brasil são: câncer do intestino, câncer de mama, câncer do colo do útero, câncer do pulmão, câncer de pele, câncer de estômago, câncer de próstata e esôfago (INCA 2005). O câncer de esôfago que é uma neoplasia com uma incidência crescente chama a atenção pela alta taxa de mortalidade; estando esta próxima às taxas de incidência (MONTEIRO et al., 2008). O tabagismo, etilismo e a história familiar contribuem para o aparecimento de câncer de esôfago (MONTEIRO, et al.2009). O diagnóstico do CE é tardio, uma vez que o principal sintoma como disfagia, não ocorre até que o tumor tenha crescido o suficiente para causar sintomas obstrutivos. Nos próximos 30 anos, o aumento do número de casos de câncer estima-se que será de 20% nos países desenvolvidos e de 100% nos países em desenvolvimento. (PIMENTA, et al. 1997). Devido à falta de acesso da população à informação e a carência de recursos na área da saúde nesses países, resulta no atraso do diagnóstico da neoplasia. A primeira observação de que a produção de tumor maligno era influenciada por substâncias exógenas foi feita por Percival Pott, médico inglês, em 1775, quando relacionou o câncer de bolsa escrotal ao contato freqüente dos limpadores de chaminé com a fuligem. Devido a suas observações foram introduzidas, medidas preventivas, como proteção contra fuligem, mudança de arquitetura das casas e proibição de utilizar crianças para essa atividade. Matos, Vilensky e Boffetta (1998) analisaram os riscos de câncer de pulmão associados às exposições ocupacionais em países em desenvolvimento, envolvendo 200 homens como casos e 397 controles de vias hospitalares. Estas pessoas desenvolviam atividades diversas ligadas às indústrias de bebidas, plásticos, químicos, couro, vidro, agricultura, entre outras. O resultado foi que os agricultores apresentaram chance 2,4 vezes maior de adquirir câncer de pulmão do que os não expostos a este fator. Estudo desenvolvido em Minas Gerais pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho, Fundacentro, constatou que no ano de 2003, 50,3% dos indivíduos analisados que manipulavam defensivos agrícolas se Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 encontravam ao menos moderadamente intoxicados e, ainda relatou o aparecimento de cânceres como de mama, pâncreas, rim ou mesmo de pele BUENO, (2000). Alguns tipos de agrotóxicos tem se tornado ilegais e seu uso proibido no exterior e também no Brasil. A Convenção de Estocolmo, assinada por cerca de 120 países, estabeleceu o banimento de doze substâncias cloradas. No Brasil, com a entrada em vigor da Lei No. 7.802 de 11/07/1989 – Lei dos Agrotóxicos – os produtos contendo substâncias carcinogênicas, teratogênicas ou mutagênicas passaram a ter seus registros proibidos (ARAÚJO et al., 2000). A Lei No. 7.802 de 11/07/1989 trata da pesquisa, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências (ARAÚJO, et al. 2000). No Brasil, dados que comprovam as relações ocupacionais nem sempre são possíveis devido à precariedade dos sistemas de informatização no setor de saúde pública dos Municípios, principalmente, aqueles localizados longe dos grandes centros. Outro fator que atrapalha as pesquisas sobre a incidência de câncer na população é a falta de conhecimento da duração do tempo à exposição e dos produtos utilizados, bem como, a ausência de um registro de base populacional rural nacional e situações outras, como as migrações e exposições ambientais ao sol e à fumaça de queimadas. METODOLOGIA A coleta dos dados, visando avaliar a incidência de câncer no Município de Sericita, foi realizada no mês de outubro junto ao Posto de Saúde do Município. Os dados foram fornecidos mediante a permissão do responsável pela Unidade de Saúde e do “Termo de Consentimento”, devidamente assinado. Foi possível obter os dados referentes aos anos de 2007 a 2010. Com as seguintes informações: tipos de câncer incidentes, número de pacientes registrados para cada tipo de câncer e classificação do câncer em maligno ou benigno. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Foi garantido o anominato às pessoas participantes da pesquisa como: nome, endereço, local de trabalho, tempo de trabalho e outros. O foco central da pesquisa foi os tipos de câncer desenvolvidos na população num período de 4 anos e o número de indivíduos acometidos dessas neoplasias. A população estimada para o ano de 2010 é de 7.128 habitantes e a economia está fundamentada, principalmente, na agropecuária com destaque para a cafeicultura. De posse dos dados realizou-se uma análise quantitativa exploratória utilizando-se como instrumento a representação gráfica conforme Bussab e Morettin (2006). Através da análise gráfica avaliou-se como os diferentes tipos de câncer, incidentes na população de Sericita, vem se comportado ao longo dos anos. DISCUSSÃO E RESULTADOS Verifica-se na Figura 1 que no ano de 2007 foram registrados pelo Sistema Único de Saúde, do Município de Sericita, 53 novos pacientes diagnosticados com câncer. A maioria desses pacientes foi diagnosticada como portadora de neoplasias malignas (45 pacientes) apresentando 18 tipos diferentes de câncer. A neoplasia mais incidente no ano de 2007 foi a de esôfago. Figura 1: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único de Saúde (SUS) para o ano de 2007. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 No ano de 2008, o número de novos pacientes registrados pelo SUS do Município de Sericita, com algum tipo de câncer foi 43% superior ao ano de 2007 (76 novos casos). A maioria destes novos cânceres foi diagnosticada como malignos (66). Verifica-se na Figura 2 incidência de um número maior de diferentes tipos de câncer, comparativamente ao ano de 2007, totalizando 25 tipos diferentes de neoplasias. Verifica-se que os cânceres de esôfago, laringe e colo, que estavam entre os mais incidentes em 2007, permaneceram entre os de maior incidência em 2008. Figura 2: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único de Saúde (SUS) para o ano de 2008. Figura 3: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único de Saúde (SUS) para o ano de 2009. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Para o ano de 2009 verifica-se que houve queda acentuada no numero de novos casos de câncer registrados pelo SUS. No total foram contabilizados apenas 24 novos casos de câncer no Município. A Figura 4 apresenta a incidência de câncer no Município de Sericita no ano de 2010, de acordo com os dados do Sistema Único de Saúde. Verifica-se que os casos de câncer voltaram a aumentar no município. Figura 4: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único de Saúde (SUS) para o ano de 2010. Foram registrados 59 novos casos, número 2,46 vezes superior ao ano anterior. E, como era de se esperar, os tipos diferentes de câncer registrados no município também aumentou passando de nove em 2009 para 16 em 2010. Fato inédito aconteceu no ano de 2010, dos 59 pacientes, 38 ou 64% foram acometidos ou por câncer de esôfago (20), ou colo (10), ou estômago (8). No Brasil, o câncer de esôfago figura entre os dez mais incidentes (6º entre os homens e 9º entre as mulheres). O tipo de câncer de esôfago mais freqüente é o carcinoma epidermoide escamoso, responsável por 96% dos casos. Outro tipo, o adenocarcinoma, vem aumentando significativamente. Os fatores que levam à iniciação, promoção e progressão da doença, estão relacionados a alguns hábitos adquiridos, mutações genéticas adquiridas ou Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 hereditárias, influências ambientais e comportamentais com a evolução da malignidade, ou seja, fatores internos e externos x evolução do câncer (INCA, 2007). De acordo com o Instituto Nacional de Combate ao Câncer (INCA, 2007) o câncer de mama pode ser rastreado através do autoexame das mamas em mulheres a partir dos 40 anos. A mamografia permite detectar tumores de poucos milímetros, e deve ser realizada em mulheres entre 50 e 69 anos, ou em idade mais precoce, segundo recomendação médica. Para o ano de 2007 registrou-se dez pacientes, em 2008 registrou-se 11 e em 2010, 12 pacientes, indicando que esta neoplasia vem apresentando crescimento gradual de um ano para o outro. Segundo Caetano et al (2006) o carcinoma de colo uterino é uma das neoplasias mais comuns em mulheres em todo mundo. Mendonça et al. (2008) afirmam que o câncer de colo do útero quando diagnosticado e tratado precocemente, constitui uma causa de morte evitável. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Combate ao Câncer), o câncer do colo do útero pode ser rastreado através do exame de Papanicolau, um exame simples, rápido e indolor, que consiste em descamar células do colo do útero para posterior análise (INCA 2007). Os tumores malignos de cólon e reto encontram-se entre as cinco primeiras causas de morte por câncer na população brasileira. A distribuição percentual de tumores malignos de cólon e reto aproxima-se dos registros encontrados nos países altamente industrializados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos resultados conclui-se que: há grande oscilação nos tipos de câncer registrados pelo sistema Único de Saúde do Município de Sericita de um ano para outro; verifica-se que o ano que registrou maior variedade de câncer foi o ano de 2008, com 27 tipos diferentes de câncer registrados; e o ano com menor variedade de câncer registrados foi o ano de 2009, com apenas 9 tipos diferentes de câncer registrados; a maioria dos cânceres registrados no Município de Sericita entre os anos de 2007 e 2010 foram diagnósticos como sendo malignos. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Existe a necessidade de uma mobilização, por parte dos profissionais da área de saúde, em incentivar o maior detalhamento dos dados de pacientes acometidos de câncer, para que, futuramente, estes dados sejam utilizados como fonte de pesquisa detalhada sobre os principais agentes ambientais que possam estar contribuindo com a elevada incidência de câncer no Município. É papel fundamental dos enfermeiros do Sistema Único de Saúde (SUS), orientar, capacitar, acompanhar e fiscalizar o trabalho de registro de diagnósticos de cânceres, possibilitando ao Município, identificar de forma eficiente, os fatores ambientais que possam estar contribuindo com o desenvolvimento de câncer na população; e, assim, estabelecer políticas de prevenção, eficientes, no combate ao câncer. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da saúde. Departamento de Informação e informática do SUS. 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Disponível em: http://www.inca. gov.br/conteudo_view.asp?id=136. INCA - Instituto Nacional de Câncer; Ministério da Saúde. Estimativa 2007: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2004.Disponível em: (http://www.cancer.org.br/?gclid). Acesso em 22/10/2011. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 INCA - Instituto Nacional de Câncer; Ministério da Saúde. Magnitude do Câncer no Brasil. INCA; 2006. Acesso em 28/11/2011. Lei 7.082 de 11 de julho de 1989.Disponível em: file:///C:/Documents%20and%20Settings/WindowsXP/Meus%20documentos/Downlo ads/lei7.802.htm. Acesso em: 02/08/2011. Lei 11.936 de 15.05.2009. Disponível em; www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/.../Lei/L11936.htm. Acesso em: 02/08/2011. MATOS M, VILENSKI M e BOFFETTA P. Environmental and occupational cancer in Argentina: a case controllung cancer study. Cadernos de Saúde Pública, 1998. MEYER, A. et al. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ATENÇÃO A CRISE NO CAPS I DE SANTA MARGARIDA Rodrigo Samuel Pereira Dutra – Graduado em Enfermagem na Faculdade Vértice – Univértix. Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde Mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix. [email protected] RESUMO Tendo a crise como um momento de desestabilização do paciente como um todo, o este estudo tem como objetivo compreender o trabalho dos profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) de Santa Margarida, no tratamento das crises de usuários portadores de transtornos mentais severos e persistentes. Tratase de uma pesquisa qualitativa, realizada através de entrevista semi-estruturada, desenvolvida com todos os profissionais de nível superior do CAPS I. Conclui-se que através de todas as ações realizadas no CAPS I, a equipe se encontra apta a atender, acolher, reabilitar e tratar, fazendo toda a diferença no desdobramento do paciente em crise. PALAVRAS-CHAVE: CAPS I; Crise; Reabilitação Psicossocial. INTRODUÇÃO “O pior Caps é melhor que o melhor hospital psiquiátrico”. Marta Elizabeth de Souza O Centro de Atenção Psicossocial surgiu para redefinir o tratamento dos usuários de serviços de saúde mental no Brasil e é considerado o mais importante dispositivo de saúde mental da Reforma Psiquiátrica. É regulamentada pela Portaria GM 336/02 do Ministério da Saúde e é referência para o atendimento de pessoas com transtornos mentais severos e persistentes (SOUZA, 2007). O termo “crise”, em geral, pode ser definido como: Uma experiência durante a qual um indivíduo enfrenta um agente de estresse considerado intransponível, apesar do uso de abordagens características para a resolução de problemas. (FREEMAN e DI TOMASSO, em DI TOMASSO E KOVNAT, 1995 citado por COSTA, 2011). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 No atual cenário da Reforma Psiquiátrica ficou-se definido que as crises serão atendidas em serviços de saúde local e saúde mental – tipo CAPS – estes serviços têm a responsabilidade de construir novos projetos e possibilidades que, confrontando o abandono e as diferentes formas de assistência prescindam da internação no hospital psiquiátrico, ou melhor, que decodifiquem e transformem a “demanda de hospital psiquiátrico”, produzindo novas formas de cuidado e de interação com as pessoas com a experiência do sofrimento psíquico pautadas na liberdade, na autonomia, no acesso e exercício de direitos, propiciadoras de itinerários de invenção de um novo lugar social para a experiência da loucura (NICÁCIO e CAMPOS, 2004). O objetivo deste estudo foi compreender o trabalho dos profissionais do CAPS I de Santa Margarida, no tratamento às primeiras crises de usuários portadores de transtornos mentais severos e persistentes. A questão norteadora deste trabalho foi: Como os profissionais de nível superior do CAPS I de Santa Margarida entendem e tratam à crise. Com este estudo, pretendo contribuir para que as pessoas e os profissionais de Enfermagem entendam melhor como ocorre o atendimento às crises no CAPS, e a importância de se ter o serviço de Saúde Mental nas redes de Saúde Pública, uma vez que a área é carente de profissionais qualificados. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Vecchia e Martins (2006) o movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil ganhou visibilidade a partir da década de 1980, com a divulgação do trabalho de Franco Basaglia e do sucesso da sua experiência na Itália, com uma radical critica as consequências do tratamento ao sujeito portador de transtornos mentais (PTM). A 1°Conferência Nacional de Saúde Mental marca o fim da trajetória da saúde mental com o movimento sanitarista e o inicio de outra era (o movimento da desinstitucionalização), é nessa direção que acontecem os seguintes eventos: a criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em São Paulo Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 denominado Professor Luiz da Rocha Cerqueira (VECCHIA e MARTINS, 2006). Essa trajetória começa a construir um novo projeto de saúde mental para o país. Segundo Souza (2007) o processo é bem diferente, quando se propõe a superação do hospital psiquiátrico: não se trata simplesmente de uma desospitalização, mas de uma desinstitucionalização. Ou seja, busca-se intervir nas relações de poder que segregaram a loucura, estando em jogo uma questão de conquista de cidadania. Tratados como cidadãos, os portadores de sofrimento mental consideram humilhante e arbitrária a sua permanência, mesmo passageira, num serviço isolado do espaço social; passam a conhecer e a apreciar outras formas de cuidado, cuja lógica é incompatível com aquela dos hospitais. A produção de serviços de atenção psicossocial é uma significativa expressão da reforma psiquiátrica. Atualmente, os centros de atenção psicossocial (CAPS) são regulamentados pela Portaria GM 336/02 do Ministério da Saúde que, para o atendimento de pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, estabeleceu três modalidades de serviços de acordo com a complexidade e a abrangência populacional: CAPS I, II e III. A Portaria apresenta o CAPS como serviço ambulatorial de atenção diária, com atendimento de tratamento intensivo, semi-intensivo e não intensivo (NICÁCIO e CAMPOS, 2004). A portaria GM 336/2002 traz alguns critérios mínimos para definir um CAPS. Seu tempo de funcionamento mínimo é de 8 às 18horas, em dois turnos, durante os 5 dias uteis da semana (os CAPS I e os CAPS II); contudo, há aqueles que funcionam 24horas, de segunda a segunda (os CAPS III). Funcionam em área física e independente de qualquer estrutura hospitalar, com equipes interdisciplinares próprias. Oferecem ainda outros recursos terapêuticos: atendimentos individuais, em grupo, atendimento à família, atividade de suporte social e inserção comunitária, oficinas terapêuticas e visitas domiciliares (SOUZA, 2007). Segundo Souza (2007) há duas funções possíveis para um CAPS, que dependem do lugar que ocupa no Projeto de Saúde Mental. A primeira função consiste em atuar como um espaço intermediário entre o nível básico e o hospital psiquiátrico, atendendo os casos de relativa gravidade, porém preferindo encaminhar os mais difíceis e graves: nesse caso, o CAPS funciona como um serviço complementar ao hospital. A segunda função é quando integra um conjunto Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de ações e serviços que dispensam esta retaguarda, ou seja: quando se integra numa rede de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico. DellÁcqua e Mezzina (1991) citado por Nicácio e Campos (2004) consideram que é difícil uma conceituação única de crise em psiquiatria, o tema requer compreender que o ingresso de “pessoas em crise” no circuito psiquiátrico remete as respostas da organização sanitária e psiquiátrica a um certo valor-limite construído socialmente, de acordo com os sistemas de reconhecimento e de percepção sobre normalidade/anormalidade, sofrimento, periculosidade, miséria, ruptura das relações familiares, sociais e/ou de trabalho. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada através de entrevista semi – estruturada, desenvolvida no CAPS I (Centro de Atenção Psicossocial I) de Santa Margarida – MG. O CAPS I de Santa Margarida foi fundado em junho de 2002 e credenciado junto ao ministério da saúde em setembro de 2004. É responsável por prestar assistência em saúde mental aos seguintes municípios: Abre Campo, Matipó e Sericita, totalizando uma população de 53.089. O serviço possui sede própria desde março de 2008 e funciona de 07:30 às 17:00, de segunda a sexta-feira. A equipe é composta por: um psiquiatra, um psicólogo, um enfermeiro, um assistente social, um farmacêutico, um pedagogo, um técnico administrativo, um secretário, cinco auxiliares de serviços gerais, um oficineiro, um técnico de enfermagem, um motorista, um segurança; sendo que o psiquiatra, farmacêutico, pedagogo e oficineiro perfazem uma carga horária de 20 horas semanais, e, os demais, 40 horas semanais. O coordenador do serviço também exerce função técnica e trabalha oito horas por dia. A unidade possui a equipe mínima de técnicos de nível superior descrita pela portaria GM 336. De acordo com Minayo (2008, p. 57): O método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado que é utilizado pelo pesquisador, onde nenhuma questão se coloca de forma totalmente aberta ou totalmente fechada. Por ter um apoio claro na seqüência das questões, a entrevista semi-estruturada facilita a abordagem e assegura sobretudo aos investigadores menos experientes, que suas hipóteses ou seus pressupostos serão cobertos na conversa (MINAYO, 2008). Para que seja realizada a entrevista em qualquer situação de interação empírica, alguns passos devem ser seguidos, sendo eles: apresentação, menção do interesse da pesquisa, apresentação de credencial, explicação dos motivos da pesquisa, justificativa da escolha do entrevistado, garantia de anonimato e sigilo e apresentação do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com todos os profissionais que possuem nível superior do CAPS I. Considera-se que os especialistas são diretamente responsáveis pela elaboração do projeto terapêutico do paciente em crise. Os dados foram coletados nos meses de agosto a setembro de 2011. As entrevistas foram gravadas com autorização do pesquisado e transcritas, sendo armazenada em arquivo Word versão 2007. CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS Para fins de análise foram entrevistados, no CAPS I, seis profissionais que possuem nível superior. Das respostas obtidas, apropria-se daquelas consideradas relevantes ao objetivo da pesquisa. Na primeira questão perguntei ao entrevistado se ele acredita que o CAPS seja um serviço alternativo ao hospital psiquiátrico. Ele respondeu sim ou não e justificou. Sobre essa questão obtivemos as seguintes respostas: O CAPS surgiu exatamente pra ser um serviço alternativo ao hospital psiquiátrico, a Reforma Psiquiátrica ela veio e ela trouxe através da política nacional de saúde mental esses serviços abertos como uma alternativa de tratamento as pessoas com transtorno mental para que elas não frequentem da forma que elas frequentavam o hospital psiquiátrico. (Entrevistado 5) Sim, o CAPS é totalmente alternativo ao hospital psiquiátrico e plagiando a Marta Elizabeth de Souza que é a ex coordenadora Estadual de Saúde Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Mental “o pior CAPS é melhor que o melhor hospital psiquiátrico” mesmo que os CAPS às vezes não consigam trabalhar totalmente dentro da linha da reforma psiquiátrica que não consigam deixar de ser ambulatórios pra realmente ta fazendo uma clinica de CAPS mesmo assim eles são melhores do que qualquer hospital psiquiátrico existente no Brasil. (Entrevistado 6) Observou-se que todos os profissionais entrevistados reconhecem tamanha importância da Instituição e tem uma concepção da mesma dentro da Reforma Psiquiátrica. Em relação às respostas obtidas, Campos e Furtado (2006) apontam: A aprovação da Lei n.10.216 da Reforma Psiquiátrica, a publicação da Portaria n.336/02 e da Portaria n.189/02 – que atualizam a Portaria n.224/92 e incorporam os avanços ocorridos na condução dos equipamentos substitutivos. A realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental, que, entre outras coisas, consolidou o novo modelo assistencial dos CAPS e, finalmente, a experiência acumulada nos mais de dez anos de existência desses serviços como fatores decisivos na história recente para um substancial incremento dos CAPS no Brasil e para a relativização do papel (ainda) hegemônico dos hospitais psiquiátricos na atenção em saúde mental. Souza (2007) ressalta que o CAPS surgiu para redefinir o tratamento dos usuários de serviços de saúde mental, no Brasil e é considerado o mais importante dispositivo de saúde mental da Reforma Psiquiátrica. A próxima pergunta questiona o entrevistado se ele possui uma concepção própria sobre a crise, a esse respeito observe o que disseram: Eu vejo a crise como um momento de muito sofrimento do paciente e não só o sofrimento do paciente, mas pra quem está ao redor também, a família sofre muito, é um momento de desestabilização. (Entrevistado 1) Eu tenho a concepção de crise que é um momento pelo qual a pessoa passa, em que há algum desajuste qualquer, seja cerebral, seja social, familiar, que faz com que essa pessoa se desestabilize no sentido de produzir alguns fenômenos que são fenômenos naturais daquela doença e que a gente chama de crise. (Entrevistado 5) Eu vejo a crise psiquiátrica como uma vivência de sofrimento intenso pelos usuários, onde naquele momento eles precisam ser entendidos, cuidados, protegidos, isso por todos os profissionais da unidade. (Entrevistado 6) Diante das respostas obtidas percebe-se que a crise é um momento de plena desestabilização por parte do paciente como um todo, tornando-se plenamente Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 necessária a contribuição de outra pessoa, seja ela um profissional de nível superior e ou um trabalhador de saúde mental. Di Tomasso e Kovnat (1995) citado por Carvalho e Costa (2008) definiram crise como uma experiência durante a qual o indivíduo enfrenta um agente de estresse considerado intransponível, mesmo com o uso de abordagens características para a resolução de problemas. No contexto da saúde mental e atenção psicossocial, a crise é entendida como resultados de uma série de fatores que envolvem terceiros sejam estes familiares, vizinhos, amigos ou mesmo desconhecidos. Um momento que pode ser resultado de uma diminuição do limiar de solidariedade ou tolerância de uns para com outros, de uma situação de precariedade de recursos para tratar a pessoa em sua residência, enfim, uma situação mais social que puramente biológica ou psicológica. Também por este motivo trata-se de um processo social (AMARANTE, 2007). Nesse sentido, a próxima questão se remete: de que forma o modo como vemos a crise e os recursos que temos para lidar com a pessoa em crise interferem na maneira como este momento é vivido e nos desdobramento do mesmo. Observe algumas respostas dos entrevistados: Considerando que uma crise é totalmente diferente da outra você precisa avaliar aquele caso especifico porque de repente o motivo que faz com que ela tenha aquela crise naquele momento é totalmente diferente do motivo que faz com que outra pessoa tenha uma crise, então você precisa avaliar aquela crise muito além daqueles sintomas, a crise não é o sintoma, o sintoma é a consequência de algum fato ou alguma coisa que aconteceu na vida dela ou na própria função cerebral mesmo, então a maneira como você vê aquela crise é o que vai definir aquele tratamento e se a pessoa vai realmente sair dela. (Entrevistado 5) A gente já vê a crise de uma forma diferente, a gente tem recursos pra tratar essa crise, a gente sabe como lidar e realmente vai fazer uma diferença muito grande no desdobramento, principalmente se for uma primeira crise. Com todo o suporte dos profissionais do CAPS o paciente não precisa passar por uma internação psiquiátrica, isso é fundamental, isso faz uma diferença muito grande, quem teve uma crise e nunca pisou num hospital psiquiátrico é um paciente totalmente diferente daquele que teve a crise e foi encaminhado para o hospital psiquiátrico. (Entrevistado 6) Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Tendo a crise como um momento de desestabilização. O CAPS tem condições consideráveis para tratá-la em seus âmbitos de gravidade. O desdobramento da mesma é realizado individualmente e isso é feito a partir do modo em que ela é assistida, definindo os possíveis recursos que a unidade oferece para o serviço de saúde mental tratar esta crise. O atendimento terapêutico é entendido como ato de acolher, escutando atentamente a pessoa que procura o serviço para prestar cuidados relativos à demanda, referente à sua problemática sócio-existencial e de saúde mental. No cotidiano, a variabilidade dos atendimentos como psicoterapia, visita domiciliar, atividades de apoio social, etc. dependem então da demanda de cuidados à saúde mental do usuário, das condições concretas de intervenção da equipe multiprofissional e dos recursos terapêuticos disponíveis (FILHO e NÓBREGA, 2004). Acreditando nos desafios em atender uma paciente em crise, questiono o entrevistado se o CAPS atende o paciente em crise e como ele se sente ao atendêlo. O CAPS faz atendimento de crise, eu acho que a crise é própria nossa aqui e não traz nenhuma dificuldade para mim, tendo a equipe do CAPS é tranquilo receber a crise se for necessário medicação injetável ou conter o paciente, é totalmente tranquilo receber uma crise no ambiente CAPS justamente porque a gente tem equipe preparada pra receber. (Entrevistado 1) Sim, nós fazemos atendimento aos usuários em crise, o que eu sinto é que estou fazendo meu serviço, a crise ela me traz a sensação, quando eu trato uma crise e quando esse paciente sai da crise eu tenho a sensação de serviço bem feito, de estar realmente fazendo o que sou paga pra fazer. (Entrevistado 6) O CAPS tem como objetivo atender a crise. Os funcionários se sentem valorizados no atendimento de episódios de crise, uma vez que esses têm a sensação de contribuição na estabilidade do paciente. Ferigato et al., (2007) apontam que para um atendimento do paciente em crise, além da necessidade de uma equipe interdisciplinar que envolve todos os funcionários desde de o administrativo até o setor de limpeza, é importante ainda que estes profissionais sejam capacitados e treinados para exercerem esta função, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 uma vez que já foi apontado a complexidade que ele envolve. É importante também valorizar o paciente em crise, isso implica levar em consideração a sua condição de ser humano, e não apenas de doente e como sujeito em crise, significa respeitar seu tempo, sua individualidade e singularidade, que nem sempre vão ao encontro com a expectativa da equipe. Uma nova questão surge ao entrevistado, sobre o que é clínica e se existe diferença na clínica realizada dentro do CAPS, sobre isso observe as respostas: Eu acho que a clínica é esse dia a dia com o paciente, ajudar restabelecer a crise, deixar a pessoa mais estável é lidar com o paciente mesmo e às vezes com o familiar também. Existe, a clínica do CAPS é uma ajuda muito específica, muito apropriada justamente pelo trabalho em equipe. (Entrevistado 1) A clinica da psicologia é uma clinica voltada pra atenções mentais, emocionais, problemas graves que a pessoa tem que estar tratando naquele momento. Mas dentro de um CAPS você meio que tem que saber se despir do seu saber original, mesmo que eu faça acompanhamento de alguns pacientes aqui porque a equipe acredita que só o olhar psicológico que vai fazer um diferencial maior pra aquela pessoa ali eu como psicóloga eu faço esse atendimento dessa pessoa, eu não acredito nisso não, eu acho que todos os profissionais do CAPS são profissionais de saúde mental e todos profissionais do CAPS tem que estar aptos a acompanhar qualquer tipo de paciente. (Entrevistado 6) A clínica do CAPS é diferente de todas as clínicas existentes, ela é voltada para a reabilitação psicossocial do paciente, logo todas as pessoas que têm contato com esses pacientes diretamente e ou indiretamente são responsáveis pela inserção do mesmo na comunidade. Amarante (2003) considera que no cenário da Reforma Psiquiátrica, se a doença é questionada, é colocada entre parênteses, a clínica também deve ser desconstruída, transformada em sua estrutura, pois a relação a ser estabelecida não é com a doença, mas com o sujeito da experiência. A reconstrução do conceito e da prática clínica tem sido um aspecto fundamental da reforma psiquiátrica. Ao colocar a doença entre parênteses e lidar com os sujeitos, a clínica deve ser radicalmente transformada. Parece estranho ter que dizer que a clínica não deveria ficar restrita a dimensão clínica. Por isso fala-se em clínica ampliada, em Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 clínica antimanicomial ou em uma articulação de um eixo político com o eixo clínico (AMARANTE, 2003). A última questão da entrevista interroga os entrevistados se eles acreditam na possibilidade de reabilitação psicossocial para todos os usuários Eu acho que a reabilitação é possível para todos, mas com limites, tem pacientes que vão precisar ficar frequentando o CAPS, aonde os pacientes mesmo estáveis vêm praticamente todos os dias e aqui os pacientes se alimentam, fazem atividades ocupacionais. (Entrevistado 1) Se eu disser Sim para todos os usuários eu estaria mentindo, aqui a gente trabalha com pessoas que além do transtorno mental elas têm um déficit cognitivo muito importante e imaginar que essas pessoas amanhã ou depois serão pessoas absolutamente reabilitadas psicossocialmente eu acho que é meio tópico isso, essas pessoas serão dependentes, elas terão limitações o resto da vida. (Entrevistado 5) Acredito. Mesmo o paciente muito grave se você consegue fazer alguma coisa pra esse paciente se você consegue modificar a vida dele de alguma forma inserir ele mais na família, perto dos vizinhos, fazer com que a família entenda porque que ele é daquele jeito qual que é o tratamento, eu acho que já é um caminho. Claro que nem todos são um sucesso total, mas tem paciente que esse pequeno sucesso você tem que comemorar, o pouco que você consegue com ele já é muito, dentro de toda a dificuldade que ele tem, dentro do quadro, agora tem pacientes que a reabilitação é total, tem pacientes que você vê isso. (Entrevistado 6) Pode se notar através das respostas obtidas que houve uma adversidade, no entanto observa-se que a reabilitação psicossocial é possível para todos os pacientes, porém deve se considerar as limitações de cada um. A reabilitação psicossocial deve priorizar além dos pacientes, a reabilitação dos profissionais que atuam na promoção da saúde mental, pois à medida que eles trabalham com o olhar voltado para o sujeito em toda sua complexidade e se familiarizam com o sofrimento e a fragilidade do ser humano, não devem duvidar da reabilitação psicossocial que diariamente estão implementando na prática (JORGE et al., 2006) Saraceno (2001) esclarece que a cidadania dos doentes mentais não significa apenas a devolução de seus direitos formais, e sim a construção de seus direitos substanciais, e é dentro de tal construção (afetiva, relacional, material, habitacional, produtiva) que se encontra a única Reabilitação possível. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em relação à atenção crise no CAPS I de Santa Margarida, considera – se que os profissionais de saúde mental têm tamanha importância assim como os demais. Sendo todos nomeados como trabalhadores de saúde mental, desde o faxineiro ao psiquiatra, o acolhimento do paciente em crise é feito pela equipe, destacando a contribuição de cada profissional para a reintegração e reabilitação deste. A atenção à crise do paciente requer capacitação dos trabalhadores de saúde mental frente ao caráter dinâmico e concreto das necessidades do usuário para superar o momento e recuperar a estabilidade perdida. Mesmo com algumas deficiências presentes no CAPS I de Santa Margarida os profissionais de saúde mental reconhecem os déficits da instituição e procuram solucioná-los. Conclui-se que através de todas as ações realizadas no CAPS I, a equipe se encontra apta a atender, acolher, reabilitar e tratar, fazendo toda a diferença no desdobramento da atenção ao paciente em crise atendido por ela. REFERÊNCIAS AMARANTE, Paulo. Archivos de Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro. Ed. Nau, 2003. AMARANTE, Paulo. Saúde Mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro. Ed. Fiocruz, 2007. CARVALHO, Néricia Regina de; COSTA, Ienio Izídio da. Primeiras crises psicóticas: identificação de prodromos por pacientes e familiares. Psic. Clin. Rio de Janeiro, v.15, n..2, p.153-164, 2008. CAMPOS, Rosana Teresa Onocko; FURTADO Juarez Pereira. Entre a saúde coletiva e a saúde mental: um instrumental metodológico para avaliação da rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.22, n.5, p.1053-1062, mai. 2006. FERIGATO, Sabrina Helena; CAMPOS, Rosana Onoko; BALLARINA, Maria Luisa. 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Leililene Antunes Soares - Graduada em Economia Doméstica, Especialista em Psicopedagogia e Mestre em Educação. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Rodrigo Ataíde dos Santos - Graduado em Enfermagem e Obstetrícia, Mestre em Biologia Celular e Estrutural. Professor da Faculdade Vértice- UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO As escolas, juntamente com os professores, têm um papel importante na promoção da saúde e da prevenção de doenças e de acidentes entre crianças e adolescentes. Em muitas situações, a falta de conhecimento da população acarreta inúmeros problemas, como o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e ainda a solicitação desnecessária do socorro especializado em emergência. Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento do professor de Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) de Ubá para atuar em situações de primeiros socorros. Para tanto, optou-se pela abordagem qualitativa, com amostra composta por 10 professores, sendo elaborado e utilizando, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado. Verificou-se que 70% dos professores estão preparados para agir diante de situações de primeiros socorros e que a maioria conhece ou já levou seus alunos aos locais de pronto atendimento na cidade. Para os sujeitos da pesquisa, o mais importante em uma situação emergencial é ter em mãos o telefone de um socorro ou um resgate. Constatou-se que os professores de Educação Física estão capacitados para agirem em situações mais simples de primeiros socorros. PALAVRAS-CHAVE: Primeiros socorros, emergência, educação física. INTRODUÇÃO A resolução do Conselho Nacional de Educação, por intermédio da Câmara de Educação Superior, na Resolução nº 7, de 31 de março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, dispõe em seu artigo 3º: Art. 3º A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação o movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas. Sabendo que a Educação Física, na sua intervenção profissional, trabalha com diversas práticas corporais e suas manifestações, pode-se afirmar que o professor dessa disciplina está suscetível a vivenciar, durante as suas aulas, situações em que os alunos necessitem de atendimento de emergência, em virtude de lesões causadas pelo movimento do corpo. Como provavelmente, em algumas situações, o professor não terá de imediato esse atendimento proporcionado por socorristas, há de se supor que, por ser a pessoa mais próxima da vítima, naquele momento, o professor acaba sendo o responsável pela prestação de primeiros socorros (SIEBRA e OLIVEIRA, 2010). Os primeiros socorros são definidos como uma série de procedimentos simples que têm como objetivo resolver situações de emergência, feitas por pessoas detentoras desses conhecimentos, até a chegada de atendimento médico especializado. Os primeiros socorros são habitualmente mencionados em situações graves de emergência, embora sejam igualmente relevantes em casos como escoriações, lesões, hemorragias, etc. (PORTAL SAÚDE, 2010). De acordo com o artigo 135 do Código Penal Brasileiro, deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir o socorro da autoridade pública é crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou detenção. Esta varia de um a seis meses, podendo ser aumentada em metade caso haja omissão e esta resulte em lesão corporal grave; e triplicada, se resultar morte. O profissional pode ser acusado de negligente se o indivíduo lesionado sofrer um agravo na sua condição, motivado indiretamente por uma ação indevida no atendimento e a abrangência do dano que pode ser de ordem física, emocional ou psicológica. Considerando que podem ocorrer acidentes nas aulas de Educação Física, promovendo risco de vida ou levando às situações desastrosas, com consequentes sequelas e até invalidez permanente, devemos ter atenção especial em relação aos primeiros socorros. Magee (2002) afirma haver uma constante preocupação dos especialistas da área da saúde com o alto índice de lesões sofridas por alunos nas escolas, já que uma demora ou um atendimento inadequado pode vir a causar Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 maiores danos que venham interferir na recuperação do aluno ou mesmo no tempo de recuperação do mesmo. Segundo o Conselho Federal de Educação Física - CONFEF (2008): As responsabilidades com os alunos e beneficiários das atividades físicas perpassam os direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, a ética profissional. Sendo assim, é de suma importância que os Profissionais de Educação Física estejam treinados, atualizados e preparados para os acidentes e fatalidades que venham a acontecer em seu trabalho e criem uma rotina de atendimento de socorros de urgência que envolva toda a equipe de trabalho. Sendo assim, as escolas, juntamente com os professores, têm um papel relevante na promoção da saúde, prevenção de doenças e, inclusive, de acidentes entre crianças e adolescentes. Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento e as ações do professor de Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) de Ubá mediante situações de primeiros socorros. METODOLOGIA Optou-se, neste estudo, pela abordagem qualitativa, por se tratar de um nível da realidade que não pode ser quantificado, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas. De acordo com Thomas et al. (2007), a pesquisa qualitativa tem como objetivos a descrição, a compreensão e o significado, buscando desenvolver hipóteses a partir de observações. A amostra deste estudo foi composta por 10 professores de Educação Física que atuam no Ensino Fundamental em 3 escolas públicas do município de Ubá/MG. Com o objetivo de identificar o conhecimento do professor de Educação Física do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental para atuar em situações de emergências, foi elaborado e utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado contendo treze questões, no qual os professores puderam marcar mais de uma opção. Finalmente, os dados foram analisados e discutidos com base em referenciais teóricos sobre situações de emergências nas aulas de Educação Física. RESULTADOS E DISCUSSÃO Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Primeiramente, buscou-se constatar se os professores se sentem preparados para atuar em situações que exijam o uso de primeiros socorros. A maior parte da amostra – ou seja, 70% – respondeu positivamente e 30%, negativamente. As justificativas dadas para essas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 1. Quadro 1: Justificativas apresentadas Justificativas associadas à Frequência Justificativas associadas à resposta “sim” resposta “não” 4 Realização de curso de Aprendizado limitado à primeiros socorros, sentindo-se teoria, sem aplicação prática, capacitado acreditando ser de grande 1 responsabilidade para o professor Ter cursado a disciplina na Faculdade Não pratica o uso dos 1 primeiros socorros diariamente Apresentar conhecimentos básicos para agir em situações Ausência de formação emergenciais adequada 1 Não justificou Total 7 Fonte: dados da pesquisa. Frequência 1 1 1 3 Os profissionais da área de saúde, especificamente o professor de Educação Física, precisam ter conhecimentos quanto à abordagem das noções básicas de primeiros socorros no ambiente escolar, para agir de maneira adequada sempre que for necessário. Os dados obtidos são preocupantes, pois 30%, não se sentem preparados para agir em situação de emergência, sendo esta parcela da amostra muito significativa. Em consonância com esses resultados, Rabuske et al. (2002) afirmam que os professores não estão capacitados para o pronto atendimento ou agem de forma inadequada. O ideal, de acordo com Fioruc et al. (2008), é que todos os professores sintamse capacitados acerca da prevenção, avaliação e condutas em situação de emergência, tendo informações específicas sobre o que fazer frente a um acidente o qual envolva atitudes simples relacionadas à prática de primeiros socorros e, também, aos agravos que este pode causar. Em muitas situações, essa falta de conhecimento por parte de professores acarreta inúmeros problemas, como: o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e, ainda, a solicitação excessiva e às vezes desnecessária do socorro especializado em emergência. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Profissionais com pouco conhecimento em primeiros socorros optam por não tomarem nenhuma atitude, a não ser que sejam obrigados a isso. Basicamente, não se sente competentes para prestar os primeiros socorros, o que, infelizmente, é bastante comum nessa situação. Confirmando essa afirmação, alguns estudos constataram que, nos Estados Unidos, apenas metade dos profissionais de Educação Física têm treinamentos de primeiros socorros (ROWE; ROBERTSON, 1986; WEIDNER, 1989 citado por FLEGEL, 2002). Verificou-se também que, dentre os 7 professores que afirmaram estar preparados para atuar em situações que exijam conhecimento de primeiros socorros, 58% realizaram cursos a fim de capacitar-se; dos demais, 14% comentaram ter conhecimentos básicos para agir em situações de emergências; 14% consideram que a disciplina cursada na graduação já os capacitou, e 14% não justificaram. Ressalta-se que, embora 30% tenham mencionado que não se sentem qualificados para agir diante situações de emergências, os professores juntaram-se aos demais e apontaram as situações nas quais se sentem preparados para agir, por exemplo, em cortes superficiais (34%), em fraturas (26%), em desmaios (22%), em hemorragia (11%), e em outras situações (7%), dentre elas: epilepsia (13%) e sangramento nasal (13%). Em relação às situações emergenciais em que os professores não se consideram preparados para atuar, 44% mencionaram casos de hemorragia; 31%, desmaios (ou mal-súbito); 19%, fraturas; e 6%, cortes superficiais. De acordo com Flegel (2002), o professor de Educação Física é, na escola, o responsável pela prestação dos primeiros socorros e atendimentos, por ser um profissional da área da saúde com capacitação para tal. Da mesma forma, Lins (1992) acrescenta que o atendimento deve proporcionar conforto e aliviar a tensão psicológica. Para tanto, esses profissionais devem estar preparados para atuar nas mais diversas circunstâncias. Segundo Novaes (1994), os pais irão procurar a orientação do profissional de Educação Física caso os filhos sofram alguma lesão. Nessa situação, espera-se que o profissional saiba responder às perguntas dos pais assim como de tomar as devidas atitudes. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Ao averiguar os conhecimentos teórico-práticos que o professor de Educação Física precisa ter em caso de acidente na escola, os resultados foram: ter em mãos o telefone de um socorro ou resgate (33%); saber identificar o tipo de ferimento para prestar o socorro adequado (29%); ter prática de estancar hemorragias (21%); e saber fazer curativos (17%). A classificação em grau de importância desses procedimentos para os professores: 50% marcaram como 1ª opção “identificar o tipo de ferimento para prestar o socorro adequado”; essa opção destacou-se ainda em 2º lugar, com 40% dos votos. A opção “ter em mãos o telefone de um socorro ou resgate” foi escolhida como 1ª e 2ª opção por 4 professores (40%). Em 3º lugar, 70% dos professores escolheram a opção “estancar hemorragia”, e em 4º lugar 70% optaram por “fazer curativo” (Quadro 2). Quadro 2: Conhecimentos teórico-práticos para agir diante de situações emergenciais em grau de importância Frequência 1º Frequência 2º Frequência 3º Frequência 4º Frequência 5º Opções lugar Estancar hemorragias Identificar o tipo de ferimento para prestar atendimento adequado Fazer curativos Ter em mãos o telefone de um socorro / resgate Fonte: Dados da Pesquisa lugar lugar lugar 2 1 7 5 4 1 1 4 2 4 lugar 7 1 1 Esses resultados reforçam a opinião de Sardinha e Carvalho (2006), para os quais o ato de utilizar os primeiros socorros envolve duas importantes tarefas: em primeiro lugar, ter o telefone dos pais e de um resgate; e, em segundo, prestar o atendimento adequado, para minimizar danos ao aluno. É importante destacar que qualquer pessoa que for realizar o atendimento préhospitalar (APH), mais conhecido como primeiros socorros, devem, antes de tudo, atentar para a sua própria segurança (SILVEIRA e MOULIN, 2008). Segundo Flegel (2002), o profissional deverá atuar nos limites de seu treinamento, preservando a sua segurança e buscando orientação em caso de dúvidas. A maioria dos professores, ao contrário, respondeu que, ao prestar atendimento, a primeira preocupação é com a segurança da vítima (46%); em Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 seguida, a vida da vítima (27%); em terceiro lugar (18%), a sua própria segurança; e, por último, a preocupação com o circundante (9%). Os professores foram questionados com relação às situações de emergências mais comuns em suas aulas. De acordo com os resultados apresentados pela pesquisa de Sardinha (2006), observa-se que as escoriações foram relatadas por 78% (1º lugar), constituindo, portanto, as situações mais comuns nas aulas de Educação Física. Já no presente estudo, observa-se que a ocorrência de cortes superficiais encontra-se em primeiro lugar, com 57%, seguida de desmaios (malsúbito) com 29% e, por último, com 14%. Ao verificar como o professor reagiu diante das situações relatadas anteriormente, 64% responderam que prestaram socorro imediato, encaminhando a vítima a um pronto socorro; 18% fizeram atendimento no próprio local e 18% solicitaram que outra pessoa prestasse o atendimento. Segundo Dib (1978), um profissional de Educação Física treinado em primeiros socorros pode auxiliar, prestando alguns cuidados antes da chegada de outro profissional mais qualificado para tal. Nesse sentido, Magee (2002) acrescenta que o profissional de Educação Física não foi treinado para elaborar um diagnóstico médico ou para realizar as condições de estabilidade do indivíduo lesionado; é necessário acompanhá-lo até a chegada de um profissional com um nível de treinamento mais adequado. Entretanto, faz-se necessário conhecer os locais de pronto atendimento na cidade. Todos os professores da amostra (100%) sabem identificar tais locais. Os avaliados identificaram os locais de pronto atendimento que eles conhecem em sua cidade. Diante da possibilidade de marcar mais de uma opção, as respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 3. Quadro 3: Locais de pronto atendimento citados Locais citados pelos professores Hospital São Vicente e/ou Santa Isabel Frequência 9 Corpo de Bombeiros 2 Posto de Saúde 5 Clínica São Januário 1 Fonte: dados da pesquisa Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Verificou-se que todos os avaliados já passaram por situação em que tiveram que encaminhar ou transportar algum aluno até os locais de pronto atendimento. Os locais por eles procurados foram: Hospital Santa Isabel (57%); Hospital São Vicente (29%); posto de saúde próximo à escola (7%); e outro posto de saúde (7%). A maioria dos professores (80%) atuação a fim de que a escola mantenha uma listagem com telefones atualizados dos pais e responsáveis, para o caso de o aluno se envolver em um acidente, os demais (20%) não se preocupam. Esses aspectos são abordados por Flegel (2002) ao comentar que os primeiros socorros no esporte não promovem a ideia de que os profissionais devem diagnosticar e tratar a vítima; entretanto, é necessário que eles se certifiquem de que o aluno lesionado seja examinado e liberado por um médico antes de voltar à atividade. Além disso, envolvem importantes tarefas, como: entrar em contato com os pais e informá-los da lesão; prestar os primeiros socorros de maneira adequada; chamar a equipe de resgate para transportar o aluno lesionado, se necessário; ajudar no transporte seguro do aluno até o estabelecimento de saúde; e incentivá-lo durante o processo de reabilitação. Com o intuito de conhecer a preocupação e a responsabilidade da escola em auxiliar o professor em situações de primeiros socorros, os profissionais foram questionados se a escola onde trabalham possui uma maleta de primeiros socorros. A essa indagação, 70% responderam positivamente. Segundo Silveira e Moulin (2008), é imprescindível que a escola tenha um kit de primeiros socorros com ataduras, cobertor térmico, colar cervical, esfignomanômetro, esparadrapo, estetoscópio, gaze esterilizada, lenço triangular, luva de procedimentos, máscaras, maca rígida, óculos de proteção, pinças hemostáticas, sacos de gelo (duas partes de água e uma parte de álcool de uso doméstico para gelo floculado), talas variadas, tesoura, soro fisiológico, válvula para RCP, entre outros materiais necessários aos atendimentos, de acordo com as modalidades praticadas e os riscos de lesões. Todos os professores (100%), durante a graduação tiveram alguma disciplina sobre técnicas de primeiros socorros. Os comentários são apresentado no Quadro 4. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quadro 4: Comentários sobre a formação na graduação Justificativas dos professores Presença da matéria de Primeiros Socorros na graduação Frequência 9 Presença de técnicas de primeiros socorros durante as aulas de Natação, Futsal e Voleibol e na própria disciplina de Primeiros Socorros 1 Total Fonte: Dados da pesquisa 10 Importa destacar que 70% dos professores afirmaram que o conteúdo ministrado durante a graduação não foi suficiente para lhes assegurarem formação adequada para agirem diante de situações de primeiros socorros. As justificativas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 5. Quadro 5: Justificativas apresentadas Justificativas dos que Frequência responderam “sim” 1 Metodologia interessante e disciplina bem elaborada Sem justificativa Total 2 Justificativa dos responderam “não Poucas aulas Falta de recursos Falta de aprofundamento no conteúdo Incompetência do professor Sem justificativa 3 que Frequência 1 1 1 1 3 7 Um estudo realizado por Siebra e Oliveira (2010) demonstra a necessidade de o professor de Educação Física dominar os conhecimentos de atendimento de primeiros socorros, na medida em que as diretrizes que regulamentam os cursos consideram que esse profissional deverá também proteger a saúde do seu aluno/cliente e também por este estar constantemente em situações que podem chegar a ocasionar lesões no grupo ao qual atende. Os autores supracitados acrescentam ser necessário incluir na grade curricular dos cursos de Educação Física uma disciplina que trabalhe os conteúdos relativos aos primeiros socorros de forma ampla e eficaz para que ao final dessa disciplina, os alunos sairiam realmente confiantes a reagir de forma diligente diante de uma situação de emergência, passando ainda confiança para o seu aluno no momento do atendimento, sendo esse fato de extrema importância. Consequentemente, esse professor realizaria o seu trabalho de uma forma mais segura. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os professores de Educação Física que participaram desse estudo estão capacitados para agirem em situações mais simples de primeiros socorros. Todos os Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 professores confirmaram a presença da disciplina de primeiros socorros em sua graduação, mas apenas 30% consideraram o conteúdo suficiente para uma atuação adequada. Diante de uma situação emergencial, a maioria dos professores prestou socorro imediato ou encaminhou o aluno ao pronto socorro. Assim, aconselha-se que os profissionais de Educação Física participem, periodicamente, de treinamentos de primeiros socorros, para se capacitarem adequadamente, no sentido de melhorar sua atuação psicológica, emocional e tecnicamente. Recomenda-se, também, que outros estudos sejam realizados, com amostras mais extensas e distintas, para futuras comparações. REFERÊNCIAS CÓDIGO PENAL BRASILEIRO. Disponível em: http://www.codigopenal.adv.br/# a135. Acesso: 08.dez.2010. CONFEF. Socorros de urgência em atividades físicas. 2008. Disponível em: http://www.confef.org.br. 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Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira – Graduado em Educação Física. Mestre Ciência da Educação Física, Esporte e Recreação. Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO Nos últimos anos, de acordo com Guiseline (2001), tem sido cada vez maior o número de pessoas que procuram as academias em busca da prática de exercícios físicos, essa prática provou não ser um modismo passageiro e sim uma maneira de melhorar a saúde e a qualidade de vida. O estudo apresentado tem como objetivo identificar o perfil dos frequentadores de uma academia em uma cidade de pequeno porte da Zona da Mata Mineira. O instrumento de coleta de dados consistiu em questionário fechado tendo como base a anamnese da academia, aplicado a 100 frequentadores antes de iniciarem suas aulas. Os resultados dessa pesquisa indicam que as pessoas estão em busca da melhoria da qualidade de vida, principalmente o público do gênero feminino com faixa etária maior que 20 anos. O principal objetivo foi a estética corporal, optando por academias diferenciadas que oferecem profissionais qualificados e também bons aparelhos como instrumentos de trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Administração, Qualidade de vida, Exercício físico, Academia de ginástica. INTRODUÇÃO A origem do nome academia está relacionada ao Filósofo Platão (427-347 a.C.), que se utilizou de um bosque para fundar sua escola de filosofia a qual levava o nome de um legendário herói grego, Academos. Neste período, a academia era um local de ensino e aprimoramento de Filosofia, Matemática e Ginástica (GAARDER, 1995, p. 53). O aparecimento das academias no Brasil deu-se por volta de 1970, fundamentada em atividades calistênicas, no que se refere aos exercícios Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 estacionários. A partir dos estudos realizados pelo Dr. Kenneth Cooper, citado por Pereira (1996), modificou-se a estrutura das atividades ministradas nas academias, dando maior importância às atividades chamadas de aeróbicas, fundamentada nos exercícios cardiorrespiratórios. Somente na década de 1980, houve aumento gradativo das academias por parte de empresários, tornando-as um negócio lucrativo. Em consequência de grandes investimentos, atualmente, de acordo com Pereira (1996), existem mais de 18.000 academias espalhadas por todo o território brasileiro. Nos últimos anos, de acordo com Pereira (1996) e Guiselini (2001), tem sido cada vez maior o número de pessoas que procuram as academias em busca da prática de exercícios físicos. Com o tempo essa prática provou não ser apenas um modismo passageiro e sim uma maneira real de melhorar a saúde e a qualidade de vida dos praticantes. Assim, dentro das perspectivas da melhoria da saúde, do bem estar e do condicionamento físico, as academias de ginástica passam a ser a alternativa mais viável para grande parte da população, cada um com suas necessidades e interesses. Devido à grande procura por academias de ginásticas, a concorrência aumenta dia após dia, porém aquelas que não apresentam qualidades em seus serviços estão sendo fechadas. Tornando-se a competência de uma equipe essencial para obter um diferencial, visando que os consumidores estão cada vez mais críticos quanto à qualidade do serviço, equipamentos tecnológicos, atendimento e também aos preços (ALBRECHT e BRADFORD, 1992, p. 89). Cientes de vivermos em um mercado competitivo são essenciais e indispensáveis esforços de uma equipe envolvida no processo de prestação de serviços direcionados à qualidade, na busca da sobrevivência e diferencial profissional e comercial. Assim, para atingir a qualidade de um serviço é preciso atender as perspectivas do cliente de forma confiável e segura as suas necessidades. Considerando essas argumentações a questão norteadora dessa pesquisa foi identificar o perfil dos frequentadores de uma academia de ginástica. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A partir de tal questão surgiram outras adjacentes: Quais são os objetivos das pessoas que frequentam a academia? Quais são os exercícios mais praticados pelos frequentadores da academia? Com que frequência essas pessoas fazem exercício físico na academia? Além dos exercícios, esses sujeitos usam algum tipo de suplementação? Diante do exposto, o objetivo desse estudo é identificar o perfil dos frequentadores da academia Italogard Club na cidade de Matipó-MG. A relevância do estudo esta na viabilidade de demonstrar às academias de ginástica a necessidade de investigarem o perfil dos frequentadores visando melhorar principalmente a qualidade do atendimento. REFERENCIAL TEÓRICO Segundo Pereira (1996) e Guiselini (2001) é grande a busca de pessoas pela melhoria da saúde, pelo bem estar físico e mental, além do condicionamento físico. Assim, as academias passam a ser a alternativa mais procurada pela população, devido a interesses particulares de cada um. Fazendo assim com que a concorrência seja aumentada dia-a-dia. Em consonância com tal pressuposto, Toscana (2001, p. 63) afirma que: O profissional de Educação Física tem o papel de supervisionar diretamente os serviços e orientar os clientes quanto às práticas de exercícios físicos nos centros de atividades físicas, para que esse serviço seja de qualidade e esse centro seja um referencial em serviço de saúde primário. Na concepção de Soares (2000) a qualidade em seus serviços, aparelhos, atendimentos e preços, são alvos visados pelos consumidores sempre quando vão à procura de alguma delas, portanto, as ações profissionais devem estar pautadas principalmente na busca da qualidade, o que se alcança através do controle das atividades desenvolvidas, destacando que o efetivo uso de controle promove à evolução das metodologias e técnicas que possam significar a melhoria da qualificação dos profissionais diretamente ligados à área, sendo eles professores, administradores e proprietários. O cliente avalia a academia de acordo com o atendimento que lhe foi oferecido, nota-se que muitas vezes os clientes trocam de academia simplesmente por não ter sido bem recepcionado. O atendimento dentro Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de uma academia de ginástica envolve todos os processos diretamente ligados aos seus serviços, todas as pessoas ligadas a cada setor de contato com o público devem realizá-lo com o mais alto grau de qualidade, uma vez que um bom atendimento torna-se um grande veículo de divulgação da instituição. O porte das instalações é um fator determinante do número de clientes e das variedades de atividades oferecidas simultaneamente, assim como os recursos disponíveis para o investimento nestas instalações. Para fins elucidativos, uma academia que visa à busca da qualidade total de serviços deve-se estruturar para oferecer uma melhor relação entre espaço físico e alunos, visando o maior conforto de seus clientes. Para assegurar a boa qualidade das instalações físicas, é preciso sua manutenção, assim como sua atualização, com o intuito de oferecer maior qualidade dos serviços aos clientes. METODOLOGIA Para traçar o perfil dos frequentadores da academia Italogard Club da cidade de Matipó – MG foi elaborado um questionário fechado que teve como base a anamnese da academia, contendo 15 questões, que foram aplicados a 100 frequentadores da academia investigada antes de iniciarem seus exercícios físicos. Vale ressaltar que os alunos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados e discussões desse estudo apresentam uma etapa descritiva e outra etapa quantitativa, organizada em forma de gráficos. O questionário foi respondido por 100 frequentadores da Academia Italogard Club de Matipó, sendo que 58% pertencentes ao gênero feminino e 42% ao masculino. A faixa etária predominante é de adultos, sendo 31% de 21 a 30 anos, 18% de 31 a 40 anos, 8% de 41 a 50 anos, totalizando 57% da população investigada. Segundo Vesentini (1998) a estrutura etária de uma população costuma ser dividida em três faixas: os jovens, que são do nascimento até 19 anos; os adultos, dos 20 anos até 59 anos e os idosos, que vai dos 60 anos em diante. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O número de pessoas que procuram por academias para alcançar qualidade de vida está aumentando, como também aumenta a média de faixa etária entre os seus frequentadores, com pessoas cada vez mais velhas praticando seus exercícios nesses centros, (NOVAES, 1999). Verificando-se o nível de escolaridade das pessoas que responderam ao questionário, observamos que a maior parte dos frequentadores encontra-se no minímo no ensino médio incompleto com 26% e ensino médio completo com 28%. Portanto a maioria dos frequentadores da academia apresentam uma média de escolaridade superior a média nacional,ainda encontramos 18% com ensino superior completo. De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), a situação da educação no Brasil apresentou melhorias significativas na última década do século XX: houve queda substancial da taxa de analfabetismo e, ao mesmo tempo, aumento regular da escolaridade média e da frequência escolar (taxa de escolarização). No entanto, a situação da educação no Brasil ainda não é satisfatória. Em 2002, considerando-se as pessoas com 10 anos ou mais de idade, a população do país tinha uma média de 6,2 anos de estudo. Em comparação a 1992, houve um aumento de 1,3 anos de estudo na média nacional. Ao procurar a prática de exercício físico em uma academia, o indivíduo têm um objetivo pessoal que pode variar de uma pessoa para outra. Isso é ilustrado na figura 1 apresentada a seguir: Figura 1 – Qual o seu principal objetivo? Observa-se na academia investigada um número alto de participantes que tem como objetivo principal a estética corporal, tendo uma maior ênfase a hipertrofia muscular e o emagrecimento. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Para Saba (2001) afirma que com o advento de corpo criado pela sociedade, motivo de status para muitos, fez com que a busca desse padrão estético viesse a multiplicar o número de alunos nas academias. A estética padronizada pela sociedade não apenas transmite uma boa impressão visual como também mostra um pouco da personalidade do indivíduo, já que para manter a forma temos que ter uma vida regrada, com boa alimentação, exercício físico, disposição, o que acaba associando a pessoa a um padrão de organização, controle e determinação. Segundo Guiselini (2004) o bem – estar físico é, sem dúvida, o primeiro objetivo pelo qual a grande maioria das pessoas inicia um programa de exercícios. Cuidar do corpo cada vez mais se torna prioritário, seja por questões estéticas, melhoria da aptidão física, recomendação médica, emagrecimento ou outros objetivos. Pereira (1996) afirma que os indivíduos procuram as academias com objetivos estéticos. Além disso existem indivíduos que buscam objetivos específicos, é o caso dos atletas que vão em busca de treinamento e objetivos terapêuticos, pessoas que são recomendadas por médicos. Uma outra parcela procura a obtenção e manutenção de fitness. Conforme Pollock et al. (1986) um número crescente de evidências está começando a demonstrar sem dúvidas que a inatividade física e o aumento do sedentarismo de hábitos diários de vida, provoca uma séria ameaça ao corpo, causando um distúrbio bem maior do que se pensa em funcionamento corporal. Assim, problemas comuns e sérios como a doença arterial, coronariana, hipertensão, obesidade, ansiedade, depressão e problemas da coluna tem sido relacionados, direta ou indiretamente, com a falta de exercício físico. No entanto apenas 7% da população investigada referiu possuir algum tipo de doença. Os frequentadores da academia foram questionados sobre a ultilização de medicamentos e apenas 8% referiram fazer uso dessas substãncias. Guiselini (2004) afirma que a meta mínima de saúde para todos nós é obter um diagnóstico médico de que estamos livres de doenças (de que somos “aparentemente saudavéis”). Tentamos previnir males, enfermidades e doenças conhecidas através da percepção de avaliações de saúde e hábitos saudavéis. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Ainda em consonância com Guiselini (2004) pessoas que possuem uma famÍlia com um histórico de doenças estão mais propenças a desenvolver algum tipo de doença congênita como por exemplo, doenças do coração, coluna, hipertensão, úlseras, obesidade, altas taxas de colesterol, entre outras, quando comparadas àquelas que não tem histórico familiar.No entanto 70% da população investigada referiu não ter história familiar de doenças Para obter-se bons resultados nos exercícios físicos é necessário ser assíduo. Assim, direcionamos a questão para obter informações sobre a frequência e comprometimento dos alunos relacionados à academia. Verificamos que a frequência semanal de 79% dos frequentadores oscila entre três ou mais vezes por semana. Para Barros (2002), o ideal é que se faça exercícios físicos no mínimo três vezes por semana. E isso vale até mesmo para quem está apenas começando, pois os músculos necessitam ser trabalhados frequentemente, para evitar a sobrecarga na musculatura, os desgastes e as lesões. Para entrar em forma, o ideal é iniciar com exercícios leves em dias alternados em vez de duas horas em um dia só. Indagou-se no questionário o tempo que os alunos frequentam a academia: Verificou-se que mais de 48% dos clientes apresentaram uma fidelização de mais de 3 anos de aderência as atividades da academia em questão, demonstrando confiança nos profissionais e na qualidade de serviços prestados. Segundo Saba (2008), metade das pessoas que iniciam programas de exercício físico abandona a sua prática após um período de seis meses a um ano. Issodemonstra que começar não é o mais difícil, esses alunos precisam ser estimulados a continuar, independente do motivo que os levou a se matricular em uma academia de ginástica e musculação. A alta rotatividade de alunos é um problema por elas enfrentado porque muitos de seus frequentadores abandonam a prática antes mesmo de alcançar os resultados almejados. Outra questão levantada no estudo foi sobre o uso de algum tipo de suplemento alimentar,e apenas 12% referiram ultilizar algum tipo de suplementação. Conforme Toscano (2001), a relação entre exercício físico e saúde se justifica pelas muitas evidências de que níveis apropriados de aptidão física, mantidos durante toda a vida por meio de exercícios regulares, exercem efeitos benéficos nas Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 funções dos órgãos em geral, tendo como consequência o prolongamento da vida e a vida com qualidade. E mesmo sabendo que o meio mais natural para a melhoria da qualidade de vida é a prática de exercícios físicos, a maioria das pessoas estão preocupadas com a estética corporal, muitas vezes fazendo uso inadequado de suplementos alimentares, constituindo um problema grave para a saúde si próprio. Buscando saber o que influencia os alunos a optar por uma academia, questionou-se o que determina a escolha do usuário por determinada academia de ginástica. Obtendo os seguintes resultados: 54% clientes responderam que a habilitação e qualificação dos profissionais são determinantes em sua escolha, enquanto 27% opinaram pela qualidade dos equipamentos, 10% consideraram o ambiente agradável como fator determinante. Observa-se que a habilitação e qualificação dos profissionais, seguidos da qualidade dos aparelhos,são determinantesfatores que levaram a maioria dos frequentadores na escolha da academia. Leite (2000) afirma que, uma pessoa geralmente procura uma academia atrás de satisfação e terminará por escolher a academia que atenda às suas necessidades, na totalidade ou que mais se aproxime de fazê-lo. Todo ser humano inteligente procura adaptar-se continuamente. Praticamente todo mundo quer estabilidade, conforto e segurança. Assim, Pereira (1996), aborda que os processos de fundamental importância para o funcionamento de uma academia, estão relacionados a qualidade do atendimento, as instalações físicas, aos aparelhos de ginásticas, as aulas, aos professores, as avaliações físicas e cardiorrespiratórias e aos demais funcionários da instituição. Segundo a Lei Federal 9696/98 de 01 de setembro de 1998,a qual regulariza a profissão de Educação Física, como enfatiza o art. 3o, compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Investigou-se ainda na presente pesquisa, quais são os aparelhos de maior preferência pelo público da academia: 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 26% 22% 17% 17% 5% 3% 5% 1% 1% 3% Figura 2– Equipamentos de maior preferência dos frequentadores da academia? Percebe-se pelo apresentado,que os aparelhos de maior preferência dos frequentadores são de predominantimente aeróbicos. Para Barros (2002), exercícios aeróbicos são exercícios moderados, ou seja, de baixa intensidade e longa duração, a energia vai ser obtida principalmente pela utilização do oxigênio, tais como: andar, pedalar, nadar, dançar e correr em velocidade moderada, já as atividades anaeróbicas, são exercícios de alta intensidade e curta duração, a energia é obtida principalmente pelo primeiro sistema, ou seja, sem a participação do oxigênio. Compreendem atividades como levantar peso, subir escadas rapidamente ou correr em alta velocidade. Quando se busca por uma academia, os alunos sempre priorizam uma parte do corpo na hora de executar sua sequência de exercícios físicos. Assim, investigou-se qual seria a parte do corpo de maior preferência a ser trabalhada atráves dos exercícios. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 3 – Qual parte do seu corpo você prioriza ao realizar exercícios físicos? Observou-se na figura acima, que maior porcentagem encontra-se em pessoas que priorizam em seus exercícios o abdômen, que não desejam gordura localizada nessa parte do corpo, evidenciando mais uma vez a grande preocupação com os fatores estéticos. Guiselini (2004) afirma que, muitas pessoas tem o hábito de treinar aquele componente que é prioritário, não se importando nas consequências para saúde, se o excesso acaba sendo prejudicial. A estética, aparência física ou a performance estão muito acima da saúde e bem – estar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o surgimento do fenômeno academia, onde os praticantes da mesma visam praticar exercícios físicos em busca da sua melhora na qualidade de vida, compreendemos que o perfil da maioria dos frequentadores da referida academia baseia-se no gênero feminino, tendo uma escolaridade mínima o ensino médio, compreendida em uma faixa etária adulta, visando principalmente à estética como objetivo principal, não apresentando doenças preexistentes e não possuindo o hábito de consumir bebidas alcoólicas, suplementos alimentares, assim como não faz ouso do tabagismo. Identificamos que a presença de profissionais habilitados e a qualidade dos aparelhos tornam-se determinantes na escolha de uma academia. Podemos também observar que a aderência dos clientes é, na maioria das vezes, superior a seis meses e que os mesmos apresentam uma frequência semanal superior a três vezes. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A preferência por exercícios e aparelhos aeróbicos e a metabolização de gorduras é coerente com o principal objetivo que é a estética. A análise e compreensão do perfil de frequentadores de academias tornam-se cada vez mais relevante no processo de captação de novos clientes, tanto quanto a manutenção e aumento das taxas de fidelização e aderência dos já existentes. Com este estudo pretendemos contribuir para que profissionais de Educação Física e proprietários das academias percebam a necessidade de conhecer o perfil dos frequentadores para melhorar, principalmente, a qualidade do atendimento e dos serviços prestados, assim como traçar mecanismos, ações administrativos e de marketing a fim de minimizar os esforços e maximizar os rendimentos. Recomenda-se a realização de estudos periódicos, devido aos índices flutuantes e a sazonalidades dos clientes matriculados e que conte com diferentes instrumentos de coleta de dados, especificamente de natureza qualitativa, a fim de que se possa compreender melhor o fenômeno: perfil de frequentadores de academias. REFERÊNCIAS ALBRECHT, Karl, BRADFORD, J. Laurence. Serviços com qualidade: a vantagem competitiva. São Paulo: Makron Books. 1992. BARROS, Turíbio Leite. O programa das 10 semanas: Uma proposta para trocar gordura por músculos e saúde. São Paulo: Manole, 2002. BOUER, J. Drogas lícitas prejudicam todo o corpo. Folha de São Paulo. São Paulo, 09 de maio de 1999, Caderno 3. COBRA, Nuno. Atividade Física é qualidade de vida. Isto é Gente, Rio de Janeiro, n. 189, p.79, mar. 2003. CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA (CONFEF). Lei 9696/98 de 01 de setembro de 1998 . Disponível em: www.confef.org.br. Acesso em: 10 de julho 2011. GAARDER, Jostein. 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Controle de Qualidade dos Serviços Prestados em Academia de Ginástica. nº 1. 8 ed. Viçosa: Departamento de Educação Física, 2000.5-24 p. TOSCANO, José Jean Oliveira. Academia de ginástica: um serviço de saúde latente. Ver. Bras. Ciênc. Movi; 9 (1): 40-2, jan. 2001. VESENTINI, Jose William. Brasil: sociedade & espaço: geografia do Brasil. 28. ed. reform. E atual. São Paulo: Ática, 1998. 352p. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG Márcia Paula de Miranda Florindo – Bacharel e Licenciada em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal Training- ESFM Maura Carolina de Souza Santos e Mírian Aparecida Brandão. Graduandas em Educação Física - Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fábio Florindo Soares – Bacharel e Licenciada em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal TrainingESFM, Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira – Graduado em Educação Física. Mestre Ciência da Educação Física, Esporte e Recreação. Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO A hidroginástica vem revolucionando o mercado de fitness com sua eficiência e técnica variada, sofrendo grandes avanços quanto à sua especificidade. Segundo Paulo (1994), os benefícios e a necessidade do exercício físico em todas as idades, tanto para a saúde no aspecto físico e mental, surgem o interesse por atividades onde os impactos e as dores possam ser diminuídas. O objetivo deste estudo foi identificar o perfil das praticantes de hidroginástica da cidade de Matipó - MG. Tratase de uma pesquisa de ordem exploratória, tendo como objetivo proporcionar uma visão geral de um determinado fato. O instrumento de coleta de dados foi um questionário semiaberto, aplicado a 20 praticantes de hidroginástica da cidade de Matipó - MG. Os resultados mostram que as praticantes de hidroginástica são mulheres que necessitam da prática regular desta atividade com fins de melhorar a saúde e com isso ter uma melhor qualidade de vida, conscientes da necessidade e dos benefícios proporcionados pela prática. PALAVRAS-CHAVE: Hidroginástica; Praticantes; Perfil. INTRODUÇÃO Segundo Paulo (1994), a hidroginástica é uma forma de exercício físico que se trabalha na água, visando trabalhar o indivíduo de forma geral, aproveitando os benefícios e recursos que a água oferece, respeitando limites e metas de cada um e também do grupo. Quem procura a ginástica aquática são adultos, na maioria das vezes mulheres, que necessitam de um exercício físico e não podem fazer exercícios em seco (tais como pessoas com problema de coluna, articulações), além daqueles que precisam de uma motivação diferente para continuar seu programa de condicionamento físico e manter a forma, pessoas que procuram segurança antes Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de aprender a nadar, que necessitam de relaxamento e compensação do trabalho diário. Para Rocha (1994) citado por Ribeiro (1998, p.14): quando uma pessoa inicia na hidroginástica, ela adquire inúmeros benefícios, independente da idade, biótipo, performance ou sexo, fazendo com que ela sinta mais firmeza em sua estrutura ósteomuscular e regularidade em suas funções orgânicas, tornando-se mais saudável a cada dia. Desse modo, a hidroginástica está revolucionando o mercado de fitness com sua eficiência e técnica variada. Para o mesmo autor, durante a aula de hidroginástica o corpo humano passa por uma série de alterações fisiológicas, diferente em cada situação de esforço ou contato com o meio líquido. Essas reações são devido a: temperatura da água, tempo e intensidade dos exercícios, contato com o meio líquido, saída do corpo da piscina e repouso. De acordo com Krasevec e Grimes (1990), após as aulas de hidroginástica o praticante não vai sentir as dores musculares que são habituais de um exercício físico, porque a hidroginástica possui uma sessão leve de aquecimento onde torna os músculos mais flexíveis, evitando assim que fiquem doloridos. Os romanos na época já utilizavam a água com objetivos recreacionais e curativas, eram os famosos banhos romanos em quatro temperaturas diferentes de acordo com as metas dos usuários (PAULO, 1994). Levando em consideração os benefícios e a necessidade do exercício físico em todas as idades tanto para a saúde no aspecto físico e mental, destacando as atividades para recuperação e condicionamento físico, surge o interesse por atividades onde os impactos e as dores são diminuídas. Diante da convivência com algumas pessoas que praticam a hidroginástica e a curiosidade de conhecermos mais sobre este tipo de exercício físico, decidimos fazer uma pesquisa científica na área para analisar o perfil das praticantes de hidroginástica da cidade de Matipó-MG. Diante do exposto, a questão eixo deste estudo é: qual o perfil das praticantes de hidroginástica? Dessa questão, surgiram as periféricas como: qual ou quais os motivos a levaram a praticar hidroginástica? O que já alcançaram com esse tipo de exercício físico? Qual ou quais são os resultados almejados? Dentre outros. A realização deste estudo teve como objetivo identificar o perfil das praticantes de hidroginástica na cidade de Matipó - MG. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Pretendemos, com este estudo, descrever o perfil das praticantes desse exercício físico para que possa servir como base para outros futuros praticantes, mostrando para aqueles que buscam um exercício físico e que às vezes não conseguem realizar exercício em seco que a hidroginástica é uma excelente alternativa; contribuindo também com os futuros professores de hidroginástica, que poderão ministrar exercícios de acordo com as necessidades e os objetivos da turma. REFERENCIAL TEÓRICO Segundo Filho et al. (2009), o emprego da água como agente terapêutico é conhecido desde a antiguidade por diferentes civilizações. Os exercícios são realizados com ou sem material em piscina, proporcionando um ambiente alegre, descontraído e prazeroso, utilizando a resistência da água como sobrecarga, visando uma melhor qualidade de vida e bem estar de seus praticantes. Assim o trabalho de hidroginástica, segundo Rocha (1994), pode buscar o condicionamento físico, o emagrecimento, a reabilitação, etc., dependendo das necessidades e/ou objetivos dos alunos desde que o planejamento esteja voltado para tal. De acordo com Krasevec e Grimes (1990), os exercícios físicos apresentam vários benefícios, como: aliviar o estresse, melhorar a autoimagem, dormir melhor, retardar o envelhecimento, fazer amigos, diminuir o risco de dores nas costas, entre outros. Para Nahas (2001) citado por Tahara, Santiago e Tahara (2006, p.01): No atual contexto das sociedades contemporâneas o estilo de vida ativo, hábitos saudáveis e atividade física, podem representar cada vez mais, fatores decisivos de qualidade de vida e sensação de bem-estar. Parece ser fato consumado a idéia de que a vida moderna tende a ser pouco saudável, uma vez que provoca stress, alimentação inadequada e a não regularidade na prática de exercícios físicos, fazendo por sua vez, com que a qualidade de vida da população fique abalada, tanto em nível físico quanto psicológico. A água é um meio maravilhoso para os exercícios e oferece oportunidades estimulantes para os movimentos que não estão dentro dos programas de exercícios em solo. Para Caspersen et al. (1985), citado por Guiselini (2004) “exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem por objetivo a melhoria e manutenção de um ou mais componentes da aptidão física”. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 De acordo com Paulo (1994), há um melhor aproveitamento dos exercícios por serem realizados na água, devido à ação da gravidade que é menor, há um distencionamento da coluna, livramento das articulações e a sensação da diminuição do peso corpóreo. Há também uma melhor irrigação ativando veias, artérias, vasos capilares; maior estabilidade sanguínea, retardo dos sintomas de desgaste que favorecem a velhice precoce, evita ou retarda o aparecimento de varizes, sem deixar de falar que o exercício na água produz certa sobrecarga, fazendo com que o gasto de energia seja ainda maior, lembrando que a atividade na água estimula a produção de calor, daí mais consumo de energia ocasionando então a transformação do peso gordura em peso-muscular real. Para Caspersen et al. (1985), citado por Guiselini (2004) “atividade física como qualquer movimento corporal, produzidos pelos músculos esqueléticos, sendo, voluntário e resultando em gasto energético maior do que os níveis de repouso”. Como nos mostra Krasevec e Grimes (1990) a hidroginástica insiste em um programa de exercícios aeróbicos, incluindo exercícios que desenvolvem flexibilidade, força muscular e resistência, sendo uma forma versátil, vista por muitos como um programa ideal de condicionamento físico, por ser diferente de muitos programas tradicionais de ginástica, que exigem que a pessoa desenvolva componentes de preparo físico individualmente e em diferentes lugares, sendo que a hidroginástica desenvolve todos os componentes em um mesmo lugar. METODOLOGIA O presente estudo é uma pesquisa de ordem exploratória. Segundo Gil (2007) esse tipo de pesquisa tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer, modificar conceitos e idéias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores, tendo como objetivo proporcionar uma visão geral de um determinado fato. Para se traçar o perfil das praticantes de hidroginástica da cidade de MatipóMG foi elaborado um questionário semiaberto, contendo 13 questões, sendo 6 fechadas, 5 abertas e 2 contendo questões fechadas e abertas, que foram aplicados às sujeitas praticantes desse exercício, em sua residência, local preferido pelas mesmas. As aulas de hidroginástica são ministradas por uma profissional de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Educação Física, duas vezes por semana durante 1 hora, em uma residência da cidade de Matipó com piscina, que mede 6 metros por 9 metros, profundidade entre 1 metro a 1 metro e 80 centímetros, com 120 mil litros de água. Os dados foram coletados através de um questionário, cujo objetivo foi o de obter as informações que seguem: nome data de nascimento, idade, sexo, tempo de prática nesta atividade, os objetivos para procurar a prática, patologias possuídas pelas mesmas, domínio do nado, hábito ao meio líquido, sensação após o primeiro contato com a água, o que mais gostam nas aulas de hidroginástica, objetivos alcançados e ainda almejados, sensação após as aulas, diferenças nas tarefas diárias após a prática, se praticam a hidroginástica o ano todo e se praticam outros exercícios. Quanto à seleção dos sujeitos, ao final de uma das aulas foi realizado um encontro com todas as 34 praticantes que se voluntariaram a responder o instrumento de coleta de dados. Em um segundo momento elas foram visitadas individualmente em suas residências para responder o questionário, período em que tivemos dificuldades de encontrar algumas delas, por isso a pesquisa se restringiu a 20 pesquisadas. Antes de responderem o instrumento de coleta de dados foi apresentado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e elucidado a elas os benefícios advindos da participação da pesquisa. A amostra do estudo foi composta por 20 sujeitos praticantes de hidroginástica na cidade de Matipó-MG, nascidos entre 1930 a 1987 (24 a 81 anos de idade) do sexo feminino. Para a aplicação dos questionários, foi composta uma dupla de pesquisadoras, acadêmicas do curso de Educação Física – Univértix que foram à casa de cada participante, após pegar o endereço com a Profissional de Educação Física no seu ambiente de trabalho, juntamente com as voluntárias. Convém salientar que o local das entrevistas foi escolhido pelas entrevistadas devido ao pouco tempo disponível por elas antes e após as aulas. A coleta de dados foi realizada no mês de junho e agosto de 2011. Os dados colhidos pelos questionários aplicados foram agrupados por questões e tabulados pelo programa Excel versão 2010. Tendo os dados da pesquisa quantitativa, organizada em forma de gráficos. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados e discussão desse estudo apresentam uma etapa quantitativa, organizada através de gráficos e outra descritiva, estabelecida com respostas das entrevistadas. As 20 entrevistadas apresentam as seguintes características: nascidas entre 1930 a 1987, com idade entre 24 a 81 anos, sendo todas do gênero feminino, participando desse exercício físico duas vezes por semana durante uma hora e o tempo que pratica esta atividade é variável. A primeira pergunta do questionário aborda os objetivos que as levaram a participar da hidroginástica. Figura 1: Enumere em ordem crescente, de 1 a 10, os objetivos que levaram você a participar da hidroginástica? Na figura 1, o maior percentual apresentado nos resultados foram o de emagrecimento e as dores nas articulações como os principais fatores que levam as praticantes a procurar a hidroginástica. Os demais fatores como a busca por condicionamento físico, a orientação médica e a necessidade de um exercício físico fazem parte de um grande percentual. Notou-se ainda um percentual bem menor de praticantes que procuram devido à socialização e/ou lazer. É importante ressaltar que controlar e evitar doenças, adaptação ao meio líquido e outros, não foram apontados como principais objetivos. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 De acordo com Florindo (2000), a hidroginástica evolui quanto aos seus objetivos sendo ainda necessários estudos que pavimentem o seu controle e entendimento, principalmente ao que diz respeito aos objetivos relacionados à obesidade e a melhora do condicionamento físico - duas das principais razões que tem levado as pessoas a procurar essa atividade. Os objetivos que as levam à prática desta modalidade estão relacionados com as patologias apresentadas pelas praticantes podendo ser observados na segunda questão, onde um alto percentual das mesmas possui problemas osteomusculares, quando percebemos que dores/desvios na coluna, artrite e artrose quando observados e somados são consideravelmente influenciadores da busca pela prática desta modalidade. Quando se trata de dores/ desvios na coluna e a busca pela boa postura, o exercício na água é indicado. Gonçalves (1996), afirma que a hidroginástica quando bem explorada traz grandes benefícios para seus praticantes dentre eles: auxilia na correção postural, no retorno venoso, na reeducação respiratória, melhora a qualidade e a capacidade física, bem como o condicionamento físico geral, aeróbico e muscular. Figura 2: Atualmente, você apresenta algum tipo de patologia? A Figura 2 aponta também os problemas cardiovasculares, sendo mencionados os problemas de pressão arterial. Segundo Bonachela (1994), exercícios aeróbicos originam o fortalecimento e amplia a eficiência do sistema cardiovascular, tendo como finalidade aumentar a capacidade aeróbica do coração e dos pulmões. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Gonçalves (1996) relata que a hidroginástica proporciona também maior resistência ao estresse relacionado à depressão que também é uma patologia apresentada por algumas praticantes. Encontramos ainda praticantes que não possuem nenhum tipo de patologia. Os objetivos alcançados com a prática da hidroginástica foram à melhora no condicionamento físico e o emagrecimento, coincidindo com os objetivos mais procurados, seguidos de alívio das dores nas articulações e uma melhor disposição. Quando falamos em objetivos ainda almejados, encontram-se a melhora do condicionamento físico. Outros aspectos ligados a melhor qualidade de vida e aos fatores de emagrecimento, também são relatados como objetivos ainda a serem atingidos. Para Paulo (1994), a hidroginástica não é um método de treinamento e sim um meio de se atingir certos métodos e, utilizar-se de outros para alcançar objetivos tanto os imediatos, quanto aos em longo prazo. As praticantes tiveram a oportunidade de apresentar suas sensações após as aulas de hidroginástica. Figura 3: Sua sensação após as aulas de hidroginástica. A sensação de estar bem disposta e relaxada foram às respostas encontradas quase que na sua totalidade consideravelmente bem maior em relação à ligeiramente cansada. Krasevec e Grimes (1990) afirmam que após a prática constante da hidroginástica a sensação de cansaço vai mudar para relaxamento e renovação de energia. As pessoas que se exercitam regularmente gera energia física e alivia as tensões da vida cotidiana. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Na Figura 4, em que perguntamos se elas notaram alguma diferença em suas tarefas diárias após a prática da hidroginástica, a figura revelou que a quantidade que notou uma diferença é consideravelmente maior que a quantidade que não notou nenhuma diferença, conforme pode ser observado: Figura 4: Notou alguma diferença em suas tarefas diárias após a prática da hidroginástica? Paulo (1994) afirma que a hidroginástica auxilia no relaxamento e no trabalho de compensação do trabalho diário. Em relação às diferenças que sentiram em suas tarefas diárias, as respostas mais relacionadas foram quanto à boa disposição, melhora de desempenho nas atividades diárias, melhor condicionamento físico, alívio das dores e bom humor. Na Figura 5, procuramos saber se as praticantes enquadram em seu programa de atividades diárias, outro tipo de exercício físico, a saber: Figura 5: Já praticou ou pratica outro exercício físico? Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A figura nos mostra que as praticantes, em sua maioria, além da hidroginástica praticaram outro tipo de exercício físico. Notamos que a caminhada é o principal exercício associado, seguido de aeróbica, natação e academia, onde na academia pratica capoeira, musculação e ginástica localizada. A duração de cada modalidade oscila de 30 minutos a 1 hora e entre 2 a 5 vezes por semana. Para Barros (2002), o ideal é que se faça exercícios físicos no mínimo três vezes por semana. E isso vale até mesmo para quem está apenas começando, pois os músculos necessitam ser trabalhados frequentemente, para evitar a sobrecarga na musculatura, os desgastes e as lesões. Para entrar em forma, o ideal é iniciar com exercícios leves em dias alternados em vez de duas horas em um dia só. Questionamos ainda se as pesquisadas pararam o exercício físico e há quanto tempo. Obtivemos respostas que algumas pararam e outras não; e quanto ao tempo de interrupção variou de 9 meses a 1 ano. Percebemos de forma geral que as praticantes de hidroginástica, encontraram nesse exercício uma forma prazerosa de se exercitar, utilizando-se dos benefícios que a água pode proporcionar-lhes, fazendo com que desta forma possam alcançar os objetivos por elas almejados. CONSIDERAÇÕES FINAIS A hidroginástica é uma modalidade onde os exercícios são realizados na água usufruindo dos benefícios da mesma, respeitando-se os limites e objetivos de cada um e do grupo. Diante dos resultados podemos concluir que as praticantes de hidroginástica procuram esta modalidade devido a vários objetivos, aos quais estão direta ou indiretamente relacionados à suas patologias. Conscientes que esta prática as ajuda a alcançar seus objetivos e ainda trazendo muitos benefícios para a sua qualidade de vida onde ao se auto avaliarem notam a diminuição de dores e proporcionando maior disposição para suas atividades diárias bem como se sentindo mais relaxadas após a sua prática. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 É importante ressaltar que as mesmas não fazem parte de um grupo específico de faixa etária, onde o grupo a qual estão inseridas possui uma grande diferença entre as idades e com objetivos distintos. Através deste estudo, futuros profissionais de Educação Física poderão se orientar quanto ao perfil dos praticantes de hidroginástica, se preocupando em analisar o público que ele atenderá, pois sempre as aulas deverão estar de acordo com o público que se tem, para que as aulas estejam de acordo com os objetivos pretendidos por cada aluno ou pelo grupo. REFERÊNCIAS BARROS, Turibio Leite. O programa das 10 semanas: Uma proposta para trocar gordura por músculos e saúde. São Paulo: Manole, 2002. BONACHELLA, Vicente. Manual básico de hidroginástica. Rio de Janeiro: Sprint, 1994. FILHO, Mauro Lúcio Mazini et al. Análise da interferência da prática da hidroginástica no desempenho das atividades da vida diária em indivíduos idosos. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 16.mar.2011. FLORINDO, Márcia Paula Miranda. Revista Mineira de Educação Física. In: LOBATO, Paulo Lanes. Verificação do comportamento da frequência cardíaca em aulas de hidroginástica. nº 1. 8 ed. Viçosa: Departamento de Educação Física, 2000. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GONÇALVES, Vera Lúcia. Treinamento em hidroginástica. São Paulo: Icone, 1996. GUISELINI, Mauro; Aptidão Física Saúde e Bem Estar: fundamentos teóricos e exercícios práticos. São Paulo: Phorte Editora, 2004. KRASEVEC, Joseph A.; GRIMES, Diane C. Hidroginástica: um programa de exercícios aquáticos para pessoas de todas as idades e todos os níveis de preparo físico. São Paulo: hemus, 1990. PAULO, Mercês Nogueira. Ginástica aquática. Rio de Janeiro: Sprint, 1994. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RIBEIRO, Daisy Beatriz Moreira. O planejamento na hidroginástica: uma perspectiva. Viçosa, 1998, 33p. Monografia, Educação física, Universidade Federal de Viçosa. ROCHA, Júlio César Chaves. Hidroginástica: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 1994. TAHARA, Alexander Klein; SANTIAGO, Danilo Roberto Pereira; TAHARA, Ariany Klein. As atividades aquáticas associadas ao processo de bem-estar e qualidade de vida. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 16 de mar.2011. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 AVALIAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE SAÚDE DE MATIPÓ/MG Neimar de Paula Silva – Graduando em Farmácia, Bolsista da FAPEMIG, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Neste trabalho, objetivou-se avaliar o padrão de consumo de medicamentos na Rede Pública Municipal de Saúde de Matipó-MG, empregando formulários testados e padronizados, desenvolvidos com base em estudos análogos. Os dados foram coletados em duas unidades de saúde de Matipó-MG. Os resultados obtidos corroboram com os expostos em estudos semelhantes. A avaliação do tempo de dispensação evidenciou valores superiores aos exibidos por outros autores, enquanto que a atenção médica deve ser melhorada. A coleta de dados ainda encontra-se em andamento, portanto, torna-se necessário a conclusão deste, para que seja possível dar respaldo técnico-científico às autoridades de saúde e à população. PALAVRAS-CHAVE: Farmacoepidemiologia; medicamentos, Uso racional de medicamentos Estudo de utilização de INTRODUÇÃO O medicamento é ferramenta fundamental à recuperação e manutenção da saúde e é de grande valia no controle e combate às doenças. Com isso torna-se ferramenta importantíssima na melhoria das condições e expectativa de vida dos indivíduos. Em contrapartida, a má utilização dos medicamentos submete o paciente a riscos evitáveis associados a seu uso (ARRAIS et al., 2005). A Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo o Conselho Nacional de Saúde (CNS, 2005) divulgou que cerca de 50% dos usuários de medicamentos o faz de forma incorreta. A crença de que os medicamentos são capazes de resolver qualquer problema gera potenciais fatores de riscos (ARRAIS, 1997). Contudo, o consumo facilitado pelo acesso pode conduzir ao uso indiscriminado de substâncias nocivas ao organismo (SEBASTIÃO, 1998). Dados mais recentes, publicados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (SINITOX), evidenciaram que 30,7% de todos os casos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 registrados de intoxicação e/ou envenenamento, foram decorrentes da utilização de medicamentos, sendo que 7% destes evoluíram para o óbito (SINITOX, 2010). Esses Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM´s) fizeram com que a utilização destes se tornasse alvo da preocupação de profissionais de saúde do mundo inteiro nas últimas cinco décadas. Este fato forçou organizações e entidades responsáveis pelo uso de medicamentos a explorar ações e programas que regulamentassem novos agentes farmacológicos, antes de serem disponibilizados no mercado consumidor, visando à segurança da saúde dos usuários (CUNHA, ZORZATTO e CASTRO, 2002). Frente ao exposto, a farmacoepidemiologia que é definida pelos estudos de utilização de medicamentos e dos determinantes da saúde e doença das populações, possui fundamental importância. Esta ciência tem como objetivo conhecer o impacto e os riscos que os medicamentos oferecem a saúde da população. Realiza contribuições, principalmente quanto à segurança dos medicamentos através do seu complemento essencial, a farmacovigilância (ROSA et al., 2002). O perfil do uso de medicamentos em determinada população, um dos objetos de trabalho da farmacoepidemiologia, é tido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um indicador sanitário importante. Este auxilia na identificação das suas principais patologias e permite caracterizar as respectivas prevalências, assim como conhecer a configuração da utilização dos recursos terapêuticos pela população (CABRITA et al., 2001). Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o uso de medicamentos na Rede Pública Municipal de Saúde de Matipó-MG. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA No contexto atual, de elevados gastos com a saúde pública, com doenças de causas facilmente preveníveis, elevados índices de automedicação, indicações irracionais por pessoas sem formação adequada e empurroterapia (SEBASTIÃO, 2005), a contribuição da farmacoepidemiologia repercute favoravelmente para a melhoria da situação caótica que vive este país, pois permite formular estratégias congruentes, que fomentem o uso racional desta ferramenta tecnológica, tão Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 poderosa para a promoção, recuperação e manutenção da saúde (MELO, RIBEIRO e STORPIRTIS, 2006). A Organização Mundial de Saúde define os Estudos de Utilização de Medicamentos (EUM) como aqueles que abrangem a comercialização, distribuição, prescrição, dispensação e uso de medicamentos em determinada sociedade, ostentando suas consequências sanitárias, sociais e econômicas (CUNHA, ZORZATTO e CASTRO, 2002). Apesar da importância e necessidade dos EUM, como mencionam ROZENFELD e VALENTE (2004), no Brasil são precários os bancos de dados sobre consumo de medicamentos, apropriados a pesquisas farmacoepidemiológicas abrangentes (LEITE, 2007). Loyola-Filho, Uchoa e Costa (2006) desenvolveram estudo epidemiológico de base populacional sobre uso de medicamentos entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O objetivo desse estudo foi investigar o consumo de medicamentos e fatores associados em uma amostra representativa de pessoas com 60 anos ou mais, residentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte-MG. A prevalência do uso de medicamentos foi de 72,1% e a média de medicamentos consumidos igual a 2,18. As mulheres mostram-se como maiores consumidoras. Os medicamentos foram agrupados segundo classificação ATC, e assim possibilitou a constatação que o maior consumo é dos medicamentos relacionados com o sistema cardiovascular (52%) seguidos do sistema nervoso (14,2%). Cunha, Zorzatto e Castro (2002) avaliaram o uso de medicamentos na rede pública municipal de saúde de Campo Grande/MS, empregando a metodologia preconizada pela OMS, através de Indicadores Selecionados de Uso de Medicamentos e evidenciaram a disparidade entre as equipes no uso de antibióticos e injetáveis, além disso, relataram que o atendimento aos usuários deve ser aprimorado e a Lista Local de Medicamentos Essenciais carece de estar sempre atualizada e propalada entre os prescritores. Assim, a problemática tratada nos estudos referidos serviu como motivador para a proposta farmacoepidemiológica de estudo descritivo da avaliação do uso de medicamentos na rede pública municipal de saúde de Matipó, para propiciar relacioná-lo com fatores sócio-demográficos e sanitários, além de comparar com os Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 resultados citados pela literatura. Esses tipos de estudos são de grande utilidade nas definições de políticas de saúde efetivas e contribuem para a implantação de artifícios específicos que visem à necessidade da população e a constante colaboração ao paciente. Nenhum dos trabalhos supracitados aborda diretamente o mesmo objetivo deste, o que mais se aproxima é o de Cunha, Zorzatto e Castro (2002), este que avaliam o uso de medicamentos numa determinada população sem distinguir os componentes desta por qualquer que seja o diferencial, porém ele não avalia este parâmetro numa cidade da Zona da Mata Mineira, como é o caso deste trabalho. METODOLOGIA Este é estudo descritivo com abordagem quantitativa com os usuários de duas unidades de saúde da cidade de Matipó-MG. A seleção das unidades de saúde, dos dias e horários de coleta de dados, considerou informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da referida cidade, que indicou estes locais e períodos como sendo os de maior movimento, em número de usuários atendidos. Ainda segundo a SMS, foram incluídas apenas as unidades que possuíam estoque e dispensação de medicamentos. A pesquisa foi realizada na cidade de Matipó estado de Minas Gerais, cidade da Zona da Mata Mineira, cuja população é de aproximadamente 17.639 habitantes (IBGE, 2010). Os formulários utilizados para a coleta de dados foram desenvolvidos com base no trabalho de Cunha, Zorzatto e Castro (2002). Na avaliação do conhecimento do uso de medicamentos os pacientes, selecionados aleatoriamente, foram abordados. Os que concordaram em participar da pesquisa assinaram e receberam uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram analisados por estatística descritiva, utilizando o Microsoft Office Excel®. A coleta de dados ainda encontra-se em andamento. Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados pelo Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS PRELIMINARES Até o presente momento, apenas a unidade central está sendo avaliada e esta dispõe de dois farmacêuticos em todo o período de funcionamento. As consultas de médicas avaliadas tiveram tempo médio 5,60 minutos, valor semelhante ao averiguado por outros autores (CUNHA, ZORZATTO e CASTRO, 2002). Já a dispensação farmacêutica obteve tempo médio de 1,50 minutos, valor superior ao verificado por alguns autores (CUNHA, ZORZATTO e CASTRO, 2002). Segundo a OMS o tempo mínimo para a realização de uma consulta médica é de 15 minutos e a Internacional Network on Racional Use of Drug (INRUD) não indica um valor ótimo. Tal organização atem-se a comentar que tempos baixos para consulta e dispensação farmacêutica sugerem a existência de algum problema, enquanto que tempos muito elevados não acrescentam informações precisas (CUNHA, ZORZATTO e CASTRO, 2002). As prescrições averiguadas revelaram uma média de 2,60 medicamentos por prescrição, destes 70% foram prescritos pelo nome genérico, 2,20% são medicamentos injetáveis, 8,20% são antibióticos, 66,92% dos medicamentos prescritos figuram na lista local de medicamentos essenciais e 72,70% foram realmente dispensados. Os valores obtidos até agora corroboram com dados existentes em outros trabalhos mencionados por Cunha, Zorzatto e Castro (2002). Com relação aos pacientes que adquiriram medicamentos na farmácia da unidade de saúde avaliada, a maioria (83,33%) é do sexo feminino, (50%) com idade entre 20 e 39 anos, (60%) relataram ter renda mensal familiar menor que um salário mínimo. CONSIDERAÇOES FINAIS O principal objetivo dos estudos de utilização de medicamentos é promover o uso racional de medicamentos em populações. Portanto, é fundamental o arremate da coleta e análise destes dados, os quais permitirão que conclusões possam ser alcançadas para servir de respaldo técnico-científico para adoção de medidas para a melhoria dos serviços de saúde prestados à população da cidade alvo das análises. Este trabalho serve ainda como fomento e direcionamento ao desenvolvimento de mais pesquisas nesta área. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS ARRAIS, Paulo Sérgio Dourado; BRITO, Luciara Leite; BARRETO, Maurício Lima; COELHO, Helena Lutéscia L. Prevalência e fatores determinantes do consumo de medicamentos no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(6), p. 1737-1746, nov./ dez. 2005. ARRAIS, Paulo Sérgio Dourado. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ROZENFELD, Suely; VALENTE, Joaquim; Estudos de utilização de medicamentos – considerações técnicas sobre coleta e análise de dados. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.13, n.2, p.115-123, 2004. SEBASTIÃO, Elza Conceição de Oliveira. Consumo de medicamentos, um esboço dos fatores determinantes. Revista de Ciências Farmacêuticas, v.19, n.2, p. 25363, 1998. SEBASTIÃO, Elza Conceição de Oliveira. Intervenção farmacêutica na qualidade assistencial e nas reações adversas da amitriptilina prescrita para pacientes ambulatoriais do Sistema Único de Saúde de Ribeirão Preto (SP). 2005. 170 f. Tese (Doutorado – Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. 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Mestre Ciência da Educação Física, Esporte e Recreação. Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO Esta pesquisa está voltada para a compreensão de problemas posturais em relação a pesos de materiais em escolares acondicionados nas mochilas em todos os alunos do 6º ano do ensino fundamental. O objetivo foi verificar a relação entre o peso corporal e o peso da mochila de escolares do 6º ano de uma escola pública estadual da cidade de Abre Campo-MG. Foi utilizado para coleta de dados: questionários elaborados pelos próprios autores e uma balança calibrada. Foi entregue aos alunos e aos professores na sala o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentando informações sobre a pesquisa, seu objetivo e sua importância. Foi verificado o peso corporal dos escolares e de suas mochilas com uma balança digital DITALLYS PLUS, graduação de peso de 100g aferida pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), Os dados colhidos foram tabulados no programa Microsoft Office Excel 2007. Aproximadamente metade dos escolares apresentou a massa da mochila abaixo de 10% em relação à massa corporal. PALAVRAS-CHAVE: Peso corporal, Peso da mochila, Alunos. INTRODUÇÃO Os desvios posturais têm sido considerados como um problema sério de saúde pública, tendo em vista a sua grande incidência sobre a população, incapacitando-a definitivamente ou temporariamente (SILVA et al., 2001). O excesso de peso e o transporte inadequado do material escolar, a ausência de atividade física específica e posturas incorretas adotadas durante as aulas e em período extraescolar, são fatores que contribuem ou até mesmo agravam desvios posturais nos escolares (RITTER e SILVA, 2006). A maior ocorrência de dores na coluna vertebral tornou-se um assunto preocupante em relação a crianças na idade escolar devido ao aumento da Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 utilização das mochilas escolares. Em um estudo realizado por (SANTOS et al., 2009), com 247 escolares, foi verificado que metade dos alunos avaliados apresentavam a alteração postural desnível dos ombros, 40,5% apresentava escápula alada, 39,7% com protusão de ombro, 26,3% com hiperlordose lombar, e 15,4% com inclinação cervical. Dos doze problemas posturais avaliados no estudo de Santos e colaboradores (2009) citado anteriormente, o de maior incidência (desnível dos ombros) pode ser atribuído principalmente ao uso inadequado da mochila (SACCO et al., 2003). Preocupados com a saúde dos alunos, governantes do ministério público do estado de Santa Catarina elaboram a Lei de nº 10759 (Lei nº 10759: Regulamentação do peso da mochila de escolares, 1998), a qual prevê que o peso máximo do material escolar transportado por alunos em mochilas, dependendo da série, não poderá ultrapassar 5 ou 10% do seu peso corporal. Uma enquete com 101 ortopedistas mostra que 70% deles acreditam que a mochila é um problema clínico para as crianças (LEMOS et al., 2005). Com isso buscaremos uma forma de compreensão de problemas relacionados a postura, ou seja, o porquê que uma mochila pesada pode afetar e gerar algum problema para a coluna vertebral? Quais os tipos de desvios na coluna mais registrados entre os alunos? Estas são as dúvidas que mostrarão este estudo. As alterações na coluna vertebral vêm sendo consideradas por estudiosos como responsáveis pelas dores na coluna após o carregamento de peso (LEMOS et al., 2005). Esta pesquisa tem como objetivo foi verificar a relação entre o peso corporal e o peso da mochila de escolares do 6º ano de uma escola pública estadual da cidade de Abre Campo-MG. Acreditamos que esta investigação á um caráter de grande relevância para a cidade supracitada, principalmente no âmbito escolar ao qual foi instrumento de pesquisa. Com essa pesquisa pretendemos contribuir para a conscientização dos professores, alunos, e demais funcionários da escola sobre o excesso de peso nas mochilas, que podem e devem ser evitados para que não causem problemas futuros. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Existe uma grande preocupação de professores, profissionais da saúde e pais com relação a dores na coluna vertebral, pois os escolares carregam peso excessivo na mochila, e isto ocasiona dores na coluna. Brackley e Stevenson citado por Rodrigues, Montebelo e Teodori (2008): Apontam que, apesar de a literatura justificar, com base em dados epidemiológicos, fisiológicos e biomecânicos, o transporte de carga nas mochilas entre 10 e 15% da massa corporal, este limite pode não ser suficiente para prevenir desordens musculoesqueléticas, lesões teciduais ou dor lombar, sugerindo a necessidade de estudos que investiguem os diferentes fatores que podem influenciar a estrutura da coluna vertebral de estudantes. Lemos et al (2005) realizou um estudo com o objetivo de verificar a existência ou não de diferenças significantes entre as medidas relativas de três porcentagens de peso (10% , 15% e 20%) das mochilas , para a coluna vertebral usando a analise biofotogramétrica. No seu trabalho a amostra foi composta por 21 alunos, do sexo masculino, compreendendo a idade de 8 a 15 anos. Segundo os resultados, concluiu-se que as maiores alterações posturais em crianças com a utilização da mochila ocorrem com o aumento da carga, promove alterações na postura da cabeça em extensão e protusão, e dorsiflexão dos tornozelos, deslocando o tronco anteriormente. Rodrigues, Montebelo e Teodori, (2008), realizaram um estudo para investigar a influência da carga e posicionamento do material escolar sobre a distribuição da força plantar (DFP) e trajetória do centro de pressão (COP) em estudantes. Participaram 30 voluntários de ambos os gêneros, sem alteração postural. Dados baropodométricos foram coletados em sistema de baropodometria computadorizada: sem carga (controle); com carga (mochila) de 5, 10 e 15% da massa corporal. Sem carga, a DFP foi maior no calcâneo esquerdo comparado ao direito (p< 0,05). Com carga de 10% no ombro esquerdo, a DFP foi maior à direita e menor à esquerda, comparado ao controle (p< 0,05). Com 5% na região posterior do tronco, a DFP foi menor no médio-pé direito e antepé esquerdo. Já Ritter e Silva (2006), realizou um estudo para verificar a prevalência do peso e a maneira de transportar o material escolar e a dor auto referida de um grupo Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de escolares do ensino fundamental de Porto Alegre. Compuseram a amostra 86 sujeitos (27 - 4ª série; 28 - 8ª série, ambas de uma escola pública de Porto alegre; e 31 - 8ª série de uma escola privada de Porto Alegre). Verificou-se que: os alunos da escola privada transportam carga superior aos alunos da escola pública, bem como se queixam mais de dor. Não houve variação entre os três grupos pesquisados no que diz respeito à intensidade e frequência da dor. Verificou-se também que o tipo de equipamento mais utilizado pelos três grupos para o transporte de seus materiais foi a mochila com apoio duplo nas costas. Fernandes, Casarotto e João (2008), trabalharam em seu estudo com objetivo de avaliar a modificação na quantidade de carga transportada, o modelo e o modo de transportar mochilas escolares após sessões educativas. Estudo de uma série de casos, com 99 crianças de 7 a 11 anos do ensino fundamental, em escola particular da cidade São Paulo, SP. Foram avaliadas a massa corporal (kg) e estatura dos alunos (cm), quantidade de carga transportada nas mochilas (kg). O modelo de mochila modificou para duas alças de 46,5% para 60,6% (p=0,046), modo de transporte para ombro bilateral de 41,4% para 55,6% (p=0,047). A carga transportada nas mochilas diminuiu 2,66kg (p<0,001) e a relação massa corporal do sujeito e carga transportada nas mochilas diminuiu 7%. Já Leite et al. (2010) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a existência de excesso de peso nas mochilas dos alunos de primeira à quarta série da Escola Estadual Matta Machado, em Diamantina, MG. Foram selecionados aleatoriamente dez alunos de cada turma, da 1º à 4º série da Escola Estadual Matta Machado no município de Diamantina, MG. A média de idade foi de compreendida entre 6,0 anos (mínimo) e 10,0 (máximo). Dentre as quarenta mochilas mensuradas, observou-se que 52,2% (21) apresentaram excesso de peso, sendo que mochilas que não apresentaram excesso de peso somaram-se 47,5% (19). Esta pesquisa está voltada para a compreensão de problemas posturais em relação a pesos de materiais em escolares acondicionados nas mochilas em todos os alunos do 6º ano do ensino fundamental. Com isso apresentar meios para que a escola possa buscar prevenir e minimizar tais problemas. Professores e escolares sendo sabedores das informações colhidas neste estudo pode vir a utilizá-las em prol de todos e no combate a possíveis intercorrências posturais. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA O estudo foi realizado em uma escola pública estadual existente no município de Abre Campo/MG, com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. A assistência de orientação dos professores para esta situação. A mesma realizada na cidade de Abre Campo – MG. Abre Campo é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012), sua população é de 13.311 habitantes. Está localizado na região II da Zona da Mata do estado de Minas Gerais e pertence à microrregião de Manhuaçu. Sua principal fonte de renda é a agropecuária com maior destaque para cafeicultura e possui três escolas publicas estaduais. A pesquisa foi de caráter descritivo (GIL, 2008). Foi coletado o nome, idade, gênero, massa corporal total, estatura da amostra, e massa total da mochila. Para aferir a massa corporal e da mochila em quilogramas, foi utilizada uma balança digital calibrada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO. Para obter a estatura em metros, foi utilizada uma trena afixiada a uma parede. Os dados serão colhidos entre os meses de junho e julho do ano de 2012, e serão tabulados no programa Microsoft Office Excel 2010, onde foi feita a análise descritiva dos dados. 1. Procedimentos utilizados na coleta de dados No primeiro dia da pesquisa explicamos aos alunos a importância e objetivos deste estudo, e entregamos a eles um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), expondo os objetivos da pesquisa e de sua importância, para que os alunos entregassem aos responsáveis. Após a entrega do TCLE, fomos à primeira etapa da coleta de dados, foram colhidos os dados pessoais, logo após foi solicitado a todos os alunos que colocassem todo seu material na mochila, ficassem descalços, tirassem todo o agasalho, permanecendo só com o uniforme escolar (calça e blusa de algodão do uniforme). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 As mensurações foram realizadas com cada aluno posicionado de forma ereta, olhar paralelo ao solo, braços estendidos e ao lado do corpo e pés juntos sobre a balança. No primeiro momento, mensurou-se a massa corporal dos alunos, a estatura e em seguida as mochilas. A partir da massa corporal do aluno e de sua respectiva mochila, obtidos nas mensurações, seguiu-se o cálculo do excesso de peso. Do peso corporal do aluno calculou-se 10%. Em seguida, subtraiu-se o valor obtido anteriormente (10% do peso corporal do aluno, P1[10%]) do peso da mochila (PM) obtendo-se o valor, quando existente, do excesso de peso (EP) nas mochilas. EP=PM-P1(10%). Os dados foram colhidos nos primeiros horários de funcionamento da escola no turno vespertino, entre 12h30min e 15h00min. RESULTADOS E DISCUSSÕES A amostra foi composta por 79 alunos do 6º ano do ensino fundamental, com idade de 11,73 ± 1,03 anos, massa corporal de 44,04 ± 11,32 kg, estatura de 1,49 ± 0,09 m, e Índice de Massa Corporal de 23,94 ± 4,54. Dentre as 79 mochilas mensuradas, observou-se que 40,5 % apresentaram excesso de peso. Elas tinham em média 3,96 ± 1,17 kg. Dados complementares podem ser observados na Tabela 1. Tabela 1: Comparação dos valores da massa total das mochilas da amostra com a massa ideal das mesmas. Massa da Massa Ideal da Excesso de Massa na Mochila Mochila Mochila 3,96 kg 4,40 kg 0,41 kg ± 1,17 kg ± 1,13 kg ± 1,66 kg Mediana 4,00 kg 4,2 kg 0,00 kg Máximo 7,40 kg 8,10 kg 5,10 kg Mínimo 1,20 kg 2,6 kg -2,30 kg Média Desvio Padrão O excesso de peso nas mochilas encontrado nesse estudo foi obtido através de cálculo de 10% do peso corporal dos sujeitos investigados. Segundo a OMS, o valor obtido desse cálculo seria o máximo que poderia ser suportado por crianças sem que essas sofram malefícios que seriam causados pelo peso das mochilas como, por exemplo, alterações na postura corporal. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Como visto nos gráficos, a maioria das crianças não apresentavam excesso de peso na mochila de acordo com o máximo que podem suportar, mais ainda são dados que preocupam, pois, uma parte destas crianças carrega excesso de peso nas mochilas e esses dados também preocupam, pois elas poderão ter problemas futuros, se não mudarem essa rotina. Estudos que investigam a postura corporal bem como a coluna vertebral têm mostrado uma clara associação entre a carga das mochilas e a resposta corporal. Crianças, especialmente as mais jovens, adquirem mecanismos compensatórios em relação à postura corporal com cargas acima de 10 a 15% do seu peso corporal correspondente. Sugere-se que cargas menores que 10% a 15% do peso corporal são requeridas para a manutenção ideal do alinhamento da postura corporal. Porém pesquisas adicionais são necessárias para confirmar esses achados, principalmente no que se refere à relação de dor lombar e excesso de peso das mochilas (LEITE et al., 2010). Embora as mochilas pesadas não estejam claramente associadas às causas de dores nas costas das crianças, as evidências sugerem que a redução da carga para 10% do peso corporal manteria a postural normal, bem como a função pulmonar em crianças (LEITE et al., 2010). Desse modo, seria de suma importância a prevenção de futuros sintomas associados ao uso das mochilas, tendo como ponto de partida a redução das cargas (LEITE et al., 2010). Isto serve de alerta aos pais e professores e ate para o governo do estado para começar mudanças no ambiente escolar, o bom seria que houvesse armários nas escolas onde as crianças pudessem guardar um pouco do material e levar só o necessário para casa, isto reduziria muito o peso carregado pelas crianças na mochila. Nosso estudo só evidenciou o problema do excesso de peso na mochila dos alunos do 6° ano , pois estão começando agora o ensino fundamental , e com os resultados , servira de alerta para escola , não só de problemas futuros destes alunos , mais sim de todos alunos desta escola , pois de acordo com Foujuoh et al., (2003) citado por Leite et al., (2010), observa-se que o peso das mochilas eleva-se com o aumento das séries escolares. E estes alunos do 6° ano estão entrando no processo da puberdade, crescimento e hábitos incorretos nesta idade também Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 poderão ser agravados mais tarde. Diante de todo esse dado vale apenas entender que entre sete a 14 anos de idade, a postura da criança sofre grande transformação na busca do equilíbrio compatível com as novas proporções de seu corpo. Nessa idade, em que sua mobilidade é extrema, associada ao surgimento dos hormônios sexuais, a postura se adapta às atividades que ela está desenvolvendo (MOURA et al., 2009). Os hábitos posturais incorretos, adotados desde o ensino fundamental, são motivos de preocupação. Pelo fato de serem crianças, o esqueleto está em fase de formação, sendo mais suscetível a processos de deformação e às estruturas musculoesqueléticas, suportando assim, menos carga (INGELMARK, 1953; CLARKE, 1975; BRIGHETTI e BANKOFF, 1986). É Fundamental lembrar que as estruturas que compõem a unidade vertebral (ligamentos e disco intervertebral) sofrem um processo de degeneração ao longo da vida e não possuem mecanismos de regeneração. Sendo assim, o conjunto de alterações de prejuízos significativos ao sistema musculoesquelético aos escolares, particularmente as estruturas que compõem a coluna vertebral (MOURA et al., 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados permitem concluir que mais da metade dos escolares avaliados necessitam ter o seu peso de materiais escolares diminuído com a finalidade de evitar posteriores problemas posturais. Sugere-se a realização de campanhas periódicas de conscientização sobre esta temática com os escolares e seus responsáveis, além da conscientização dos professores acerca deste problema. Uma limitação deste estudo, foi não ter sido realizado uma avaliação postural da amostra, o que possibilitaria observar se o excesso de peso constatado estaria já resultando em possíveis desvios posturais já relatados na literatura como consequentes do excesso de peso na mochila. REFERÊNCIAS BRIGHETTI, V.; BANKOFF, A. D. Survey of the incidence of the postural kyphosis and fallen sholders in students from 1st to 4th levels. Rev Bras Ciên Esporte, v. 7, n. 5, p. 93, 1986. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CLARKE, H. H. Joint and body range of movement. Phys Fitness Res Dig, v. 5, p. 23, 1975. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. IBGE. v. 2012. n. 30 de Agosto. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=310030: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012. INGELMARK, B. E. The Influence of different forms of physical education upon the posture in childhood. FIEP Bull, v. 3, p. 9, 1953. Lei nº 10759: Regulamentação do peso da mochila de escolares. Lei nº 10759: Regulamentação do peso da mochila de escolares. Diário Oficial da União, 1998. LEITE, H. R.; BUENO, D. A. D. Á.; NOVAES, R. D.; CARDOSO, E. S.; COTA, P. G.; BATISTA, A. C.; RIUL, T. Estudo do excesso de peso das mochilas de crianças em idade escolar. Efdeportes, v. 15, n. 145, 2010. LEMOS, T. V.; PEREIRA, G. P.; CANTO, R. S. T.; COLETA, J. A. 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Efeitos de sessões educativas no uso das mochilas escolares em estudantes do ensino fundamental I. 2008 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS DA CIDADE DE ABRE CAMPO – MG Aline Pereira Oliveira; Luciany Aparecida Amorim e Silva - Graduandas em Enfermagem. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Roberta Mendes von Randow – Graduada em Enfermagem, Mestre em Enfermagem. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo foi determinar o perfil sócio-demográfico de idosos institucionalizados do município de Abre Campo - MG. Os dados foram coletados através de questionário fechado com 38 idosos institucionalizados. Dentre eles, mais de 50% eram do sexo feminino, com faixa etária de 60 a 70 anos, solteiros, sem filhos. Quanto ao tempo de permanência na instituição, 39,5% residiam a mais de cinco anos. A respeito das morbidades: 47% são hipertensos. Diante dos resultados apresentados, considera-se a necessidade da implantação de medidas de controle e prevenção de doenças e/ou complicações. PALAVRAS-CHAVE: Idosos; Instituições de longa permanência; perfil sóciodemográfico. INTRODUÇÃO Durante o processo de envelhecimento existem ganhos e perdas de ordem fisiológica, psicológica e social. Assim o idoso pode ser considerado uma biblioteca viva, quanto mais avançada, à idade mais acumulam conhecimentos, vivências e são considerados uma fonte de sabedoria, sabedoria está adquirida por meio da grande experiência de vida psicológica, profissional e social, que agrega aos idosos um nível considerável de informações adquirido com as experiências vividas. De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o idoso é todo indivíduo que tem 60 anos ou mais de idade, nos países em desenvolvimento, ou com 65 anos em países desenvolvidos (KAWAMOTO, 2009). Para Jeckel-Neto e Cunha (2002, p. 32): Envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, com modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do individuo ao meio ambiente ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo a morte. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A assistência ao idoso deve ser realizada prioritariamente pela sua própria família de acordo com Estatuto do Idoso (BRASIL, 2006). No entanto, nem todos os idosos e nem todas as famílias reúnem as condições necessárias para manter o idoso em casa, sendo então preconizada a assistência em instituições de longa permanência. De acordo com o artigo 18 do estatuto do idoso, as instituições devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação aos cuidadores, familiares e grupos de auto-ajuda (BRASIL, 2006). Para Freire e Tavares (2005, p.147): O idoso institucionalizado forma, quase sempre um grupo privado de seus projetos, pois encontra afastado da família, da casa dos amigos, das relações, onde a sua história de vida foi construída. Pode-se unir a essa exclusão social as marcas e seqüelas das doenças crônicas não transmissíveis, que são os motivos principais de sua internação, inclusive nas Instituições de Longa Permanência (ILP). Este estudo tem como objetivo identificar o perfil sócio-demográfico dos idosos institucionalizados numa Instituição de Longa Permanência (ILP) de uma cidade da zona da mata mineira. Neste sentido, a relevância deste estudo encontra-se na agregação informações para subsidiar o desenvolvimento de estratégias para o aprimoramento da assistência aos idosos. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De acordo com a Lei 8.842 de 1994, no Brasil, a pessoa idosa é considerada aquela que tem sessenta anos ou mais. A Política Nacional do Idoso assegura os direitos sociais do mesmo, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade (BRASIL, 2006). O idoso agarra-se muitas vezes ao passado como um mecanismo de compensação, pois o futuro lhe é incerto e o presente é marcado por conflitos e pela ausência de atividades que permitam seu engajamento nas relações e no mundo atual (KAWAMOTO, 2009). Para Hoffmann (2002, p.1): O envelhecimento é causado por alterações das moléculas e das células, podendo resultar em perdas das funções progressivas dos órgãos e do organismo em geral. Esse processo, geralmente ocorre ao final da fase reprodutiva, porém as perdas funcionais do organismo podem começar a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ocorrer muito antes. O sistema respiratório e o tecido muscular, por exemplo, começam a decair funcionalmente já a partir dos 30 anos . Segundo Papaléo Netto (2002, p.2), “envelhecer é o ritual de passagem da vida para a morte e quando a mesma é prematura, essa passagem é curta, não dando tempo para o envelhecimento; quando a passagem é longa, há possibilidade de viver, ver e sentir o envelhecer ”. Atualmente, encontra-se o preconceito a respeito dos idosos sendo muitas vezes considerado um encargo social, excluído do mercado de trabalho e de uma vida social produtiva. No contexto familiar cabe considerar que os idosos às vezes são tratados como encargo para seus familiares, pela demanda de cuidadores e assistência em alguns casos. Assim, as ILP acabam se tornando o destino de muitos idosos. Para Ferreira (2004, p.207): As ILP são casas de assistência social onde são recolhidas para sustento ou também para educação pessoas de baixo nível social, desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos, idosos, etc. São também, lugares onde ficam isentos da execução das leis os que a eles se recolhem. Para Danilow (2007, p.11), o funcionamento das ILP foi normatizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) através da Resolução – RDC 283/20055, seguindo diretrizes da Política Nacional do Idoso. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa do tipo descritivo, realizado em um lar de longa permanência que encontra-se num município da zona da mata mineira. Esta instituição possui 64 residentes. Foi utilizada neste estudo como critério de inclusão dos sujeitos entrevistados a idade igual ou superior a 60. Sendo assim, foram sujeitos deste estudo 38 idosos. Para coleta de dados foi elaborado questionário fechado que aborda dados sócio-demográficos e questões relacionadas à atividade como gênero, estado civil, condições de vida, estilo de vida, qualidade de saúde, uso de serviços e consumo de medicamentos, entre outros. Essa é uma ferramenta que servirá para identificar o perfil sócio-demográfico dos idosos institucionalizados. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os dados coletados serão tabulados por meio de análise estatística descritivos, sendo posteriormente confrontados com a literatura. RESULTADOS E DISCUSSÕES A Tabela 1 apresenta as características sócio-demográficas da população investigada. Esta população foi composta por 38 idosos institucionalizados, sendo encontrado o maior número do sexo feminino, ou seja, a freqüência relativa de 55% e a freqüência absoluta de (n=21). A prevalência de idosos do sexo feminino também foi evidenciada em estudo realizado por Danilow et al. (2007), com idosos residentes em quatro instituições de longa permanência do Distrito Federal, sendo que 57,7% (86 idosos) foram do sexo feminino e 63 idosos eram do sexo masculino (42,3%). Segundo estudos, a maioria dos participantes era de idosos jovens, com idade de 60 a 70 anos, (52,5%, n=20) (VELLOSO e BANHATO, 2011). Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2012. Característica Frequência absoluta (N) Frequência relativa (%) Gênero Feminino 21 55 Masculino 17 45 Faixa etária 60-70 anos 20 52,5 71-80 anos 11 29 81-99 anos 6 16 100 anos ou mais 1 2,5 Etnia Branco 22 58 Negro 7 18,5 Pardo 9 23,5 Estado Civil Solteiro 21 55 8 15,5 Viúvo Divorciado Filhos Sim Não Escolaridade Analfabeto Até a 4ª série Até a 8ª série 2° grau completo Ensino superior Naturalidade Abre Campo 3 21,5 8 14 24 37 63 16 20 1 1 0 42,5 52,5 2,5 2,5 0 18 47,5 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Sericita Jequeri Sto. Antônio do 9 3 3 23,5 8 8 Ubá Pedra Bonita Matipó 1 2 2 2,5 5,25 5,25 Grama Quanto à etnia, a grande maioria foi declarada cor branca, 58%. A situação civil predominou solteira (55%) e sem filhos (63%). Segundo Converso e Lartelli (2007), a maior parte dos idosos institucionalizados, não possuem nenhum responsável conhecido, boa parte deles são abandonados pela família e ficam sem recursos financeiros. Quanto à escolaridade, a maioria dos entrevistados não concluiu o ensino fundamental e apenas um idoso concluiu o ensino médio (2,5%). O percentual de analfabetos também foi muito grande, 40,5%, ou seja, 16 idosos enquanto nenhum deles tem ensino superior. Situação semelhante foi verificada em estudo de Velloso e Banhato (2011) em Juiz de Fora, quando foi encontrado um percentual de 1,9%, ou seja, apenas um idoso da instituição conseguiu terminar o ensino médio. Sobre a naturalidade, a cidade na qual foi realizada a pesquisa predominou, representando 47,5% dos idosos e logo em seguida, a cidade vizinha, com 23,5%. Os entrevistados foram questionados se eram tabagistas e 37% disseram que sim. Foram questionados também, se os entrevistados eram alcoólatras, mas não houve incidência, devido à proibição da instituição. Situações semelhantes à pesquisa de Rolim, et al (2011), que na instituição de idosos “Santa Luzia”, em Governador Valadares - MG encontraram um resultado de 35% de idosos fumantes, sendo que também o álcool era proibido pela instituição. O convívio social também foi questionado aos idosos, sendo que a maior parte deles tem uma boa interação com a sociedade, sendo a frequência relativa de 89,5%. Segundo Carvalho e Dias (2011), as relações dos idosos institucionalizados são muito boas, 42,5%, boas para 40% em más para apenas 1,7%. Um grande número de idosos tem a capacidade de reconhecer as pessoas, sendo 89,5%, enquanto 5,25% reconhecem ocasionalmente e apenas 5,25% não reconhecem. Em outros estudos, houve também uma grande porcentagem de idosos institucionalizados que reconhecem não só as pessoas, como também o Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 dinheiro e por serem capazes de responderem corretamente os questionários. (DANILOW MZ et al, 2007). A figura 1 refere-se ao tempo de permanência dos idosos institucionalizados. Dos entrevistados, 39,5% responderam que residem a mais de 5 anos no local. As relações positivas com os colaboradores e moradores da instituição podem ser ou não contribuintes para a melhor adaptação dos idosos. (CARVALHO e DIAS, 2011). Figura1: Tempo de Permanência da população investigada na instituição. A tabela 2 representa as comorbidades presentes na instituição. Dentre elas, a que mais prevalece é a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), sendo 47% dos idosos, (N =18). 13% dos mesmos, ou seja, (N=5), não declararam nenhum tipo de doença. Estudo semelhante ao de Rolim et al 2011, onde 46% dos idosos eram hipertensos e 37% não apresentaram nenhuma patologia citada. Segundo estudos, a HAS é a doença crônica mais ocorrente entre os idosos. Quanto maior a idade, mais chances de adquiri-la. É também considerado o maior fator de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) (MENEZES, BACHION, 2008). Tabela 2: Comorbidades presentes nos sujeitos deste estudo. Característica Comorbidades HAS DM Doenças neurológicas HAS e DM Nada a declarar Total Freqüência absoluta(N) N 18 2 11 2 5 38 Freqüência relativa(%) % 47 5,50 29 5,50 13 100 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 De acordo com os dados, pode-se observar que é fundamental a atuação do enfermeiro junto com a equipe, pois no lar, a maioria dos residentes usa acima de dois tipos de medicamentos, ou seja, 52%. Com apoio dos enfermeiros, os medicamentos são ministrados na hora certa e ficam registrados no prontuário os horários de cada medicação, tornando fácil controle. Segundo Danilow, MZ et al, 2007, o perfil semelhante foi observado em distintas regiões do Brasil. A partir das médias de medicamentos utilizados por idosos, pôde-se constatar a utilização concomitante de mais de três medicamentos. Tabela 3: Quantidade de medicamentos usados pelos sujeitos deste estudo. Características Freqüência absoluta(N) Freqüência relativa (%) Medicamentos N % Não utiliza medicamentos 1 4% Apenas 1 medicamento 3 7% 2 ou 3 medicamentos 20 52% 4 ou 5 medicamentos 13 33% Acima de 5 medicamentos 1 4% Total 38 100% Foi constatado que 31,5% dos idosos não recebem visitas das suas famílias. Fato esse, que pode estar relacionado com o grande número de idosos solteiros no local. Apesar de não receberem tantas visitas de seus familiares, os idosos da pesquisa sentem-se felizes em sua casa de permanência, pois existem amigos e pessoas conhecidas da cidade que dão o maior apoio e carinho a eles. Este resultado é semelhante ao estudo de Danilow, MZ et al, 2007, onde os participantes da pesquisa não se sentiam tristes, sendo que a maior parte deles recebia visitas de familiares ou amigos mensalmente. Quanto à consulta médica de cada idoso da instituição, de acordo com os resultados obtidos, 89% dos residentes são consultados mensalmente. O restante consulta trimestralmente, pois não há necessidade, devido à ausência de doença. Foi evidenciado, por meio de entrevista com a Coordenadora da Instituição em estudo, que a grande maioria dos idosos (acima de 90%) é acompanhada por uma equipe multiprofissional, incluindo médico clinico e psiquiatra, nutricionista, enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico e psicólogo. Alguns destes Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 profissionais estão vinculados à instituição e outros são vinculados à Estratégia de Saúde da Família e/ou serviços da rede de atenção à saúde do município. A respeito das atividades físicas, praticadas pelos moradores da instituição: 34,21% (13) disseram que praticam atividades físicas duas vezes por semana, 28,94% (11) praticam três vezes, 23,70% (9) somente uma vez na semana e os outros 13,15% (5) não fazem atividades físicas, alguns são por serem acamados, outros por serem cadeirantes, com isso, fazem fisioterapia. A grande maioria dos idosos tem envolvimento com atividades religiosas, atividades educacionais, sempre quando tem oportunidades são levados para algum lazer, com intuito de distração. Sendo assim 44,73% (17) fazem atividades duas vezes na semana, 26,32% (10) fazem três vezes por semana assim como a mesma porcentagem pratica uma vez e somente 2,63% não praticam nenhum tipo de atividade sócio educativa. As atividades educativas e de recreação são importantes na prevenção da saúde, pois possibilitam a aprendizagem e o desenvolvimento de novas estratégias para melhorar a qualidade a qualidade de vida de idosos (VELOSO, 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados desta pesquisa contribuíram para a determinação do perfil sóciodemográfico dos idosos residentes em uma instituição de longa permanência de um município da Zona da Mata Mineira. Segundo os dados obtidos, o sexo feminino predominou na instituição, com idade média de 60 a 70 anos. O tabagismo é frequente na instituição, corresponde a 37% da população estudada. Quanto ao tempo de permanência, a grande maioria está há 5 anos ou mais na instituição. Dentre as comorbidades, foi encontrado um alto índice de hipertensos. Na instituição, os idosos são incentivados a praticar atividades físicas e socioeducativas. Tais atividades são consideradas, meios de socialização, além de contribuir para uma melhor qualidade de vida. É fundamental o papel do enfermeiro, juntamente com a equipe que atua na instituição no processo de cuidar, assim como a melhoria de vida no envelhecimento. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Mediante os dados apresentados, salienta-se a importância da identificação do perfil sócio-demográfico dos idosos. Sendo que esta possibilita uma avaliação, capaz de gerar dados para subsidiar a elaboração de medidas de prevenção, controle e promoção da saúde embasada nas necessidades reais da população estudada. REFERÊNCIAS BRASIL. Estatuto do idoso, 2006. Série E. Legislação da Saúde. 2. ed. Disponível em: http://bvs.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso_2ed.pdf. Acesso em: 14. mar.2012. 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Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix. [email protected] RESUMO As parasitoses intestinais constituem-se em grave problema de saúde pública especialmente nos países em desenvolvimento, contribuindo para problemas econômicos e sociais. O presente estudo consiste em verificar o índice de parasitoses intestinais nas crianças da creche de um Município da Zona da Mata Mineira. Trata-se de uma pesquisa quantitativa com abordagem descritiva que foi realizado em uma creche localizada no município de Abre Campo/MG. A pesquisa utilizou o método da sedimentação espontânea, exame coproparasitológico, através de coleta de material para análise com 20 crianças presentes na creche. O estudo mostra que a maioria das crianças presentes na Instituição não possuem parasitoses intestinais, mesmo assim recomenda-se que os profissionais de saúde realizem rotineiramente os exames parasitológicos de fezes dessas crianças, contribuindo assim na prevenção e tratamento. PALAVRAS-CHAVE: Parasitoses intestinais; Crianças; Creche. INTRODUÇÃO As parasitoses intestinais constituem-se em grave problema de saúde pública especialmente nos países em desenvolvimento, contribuindo para problemas econômicos e sociais. No Brasil, as enteroparasitoses são frequentes, especialmente entre as crianças e as principais consequências são: diarreia crônica, má absorção, anemia, baixa capacidade de concentração e dificuldades no aprendizado (KUNZ et al., 2008). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 980 milhões de pessoas estão parasitadas pelo Ascaris lumbricoides; 200 milhões pelo Schistosoma mansoni e 16 milhões pelo Trypanosoma cruzi. O último levantamento multicêntrico das parasitoses intestinais no Brasil revelou 55,3% de crianças parasitadas, sendo 51% poliparasitadas (CIMERMAN e CIMERMAN, 2005). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Existem alguns fatores que contribuem para altas taxas de prevalência de parasitoses intestinais, são eles: a falta de políticas de educação sanitária e de políticas sócio assistencial, sem falar nos devidos cuidados com o ambiente natural e a atenção aos sistemas ecológicos. Em geral, as parasitoses acontecem em bairros pobres de grandes centros urbanos que têm uma infraestrutura deficitária (ACOSTA, HOSHI e FERRETO, 2012). Macedo (2005) considera que as doenças de natureza parasitária vêm diminuindo ou desaparecendo em países industrializados e com alto nível de desenvolvimento econômico, em função da criação de programas de controle que incluem, além dos avanços da medicina, ações de natureza sócio-econômica e comportamental, como saneamento básico, abastecimento e tratamento adequado de água para consumo, higiene pessoal e educação sanitária. Gurgel et al. (2005) considera que em função da maior urbanização e maior participação feminina no mercado de trabalho, as creches passaram a ser o primeiro ambiente externo ao doméstico que a criança frequenta, tornando-se potenciais ambientes de contaminação. A creche, historicamente era vinculada ao atendimento de crianças de baixa renda, porém, hoje essa realidade está mudada com as transformações sociais, as mulheres estão cada vez mais ingressando no mercado de trabalho, sendo esse o motivo pelo qual a situação tenha mudado. Mas um grande número de creches públicas e filantrópicas apresenta problemas em suas instalações, pois dispõem de poucos brinquedos e materiais pedagógicos, profissionais sem carreira definida e baixos salários (LIMA et al., 2010). Lima et al. (2010) considera que o grau de escolaridade das mães, aumento da renda familiar e a melhoria das condições de moradia podem ser considerados fatores que contribuem para a prevalência de parasitoses intestinais. O problema da pesquisa é delimitado pela seguinte questão: As crianças que frequentam a creche de um Município da Zona da Mata Mineira possuem parasitoses intestinais? Este estudo tem como objetivo verificar o índice de parasitoses intestinais nas crianças da creche de um Município da Zona da Mata Mineira. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 REFERENCIAL TEÓRICO As parasitoses intestinais constituem num grave problema de saúde pública e contribuem para problemas socioeconômicos. As doenças parasitárias têm parte nos índices de mortalidade infantil, resultantes da frequência com que produzem déficits orgânicos, sendo um dos principais fatores debilitantes da população, associandose, frequentemente, a quadros de diarreia crônica e desnutrição (LIMA et al., 2010). Para se instalar e desenvolver-se, o parasito deve vencer as dificuldades que lhe são opostas pelos mecanismos de defesa. O melhor exemplo de resistência natural encontra-se na impossibilidade de certos parasitos de animais conseguirem colonizar-se no homem, pois não encontram neste hospedeiro condições fisiológicas adequadas. Entre estas condições podem-se citar a pele, os sucos digestivos e a alimentação (CIMERMAN e CIMERMAN, 2005). Para Andrade et al. (2010) a prevalência de parasitoses é alta em locais nos quais as condições de vida e de saneamento básico são insatisfatórias ou inexistentes. O desconhecimento de princípios de higiene pessoal e de cuidados na preparação dos alimentos facilita a infecção e predispõe a reinfecção em áreas endêmicas. No Brasil, de um modo geral, os helmintos são de ampla distribuição geográfica, sendo encontrados em zonas rurais ou urbanas de vários estados, com intensidade variável, segundo o ambiente e espécie parasitária, prevalecendo geralmente, em altos níveis onde são mais precárias as condições socioeconômicas da população (SILVA e SANTOS, 2001). Segundo Kunz et al. (2008) a transmissão das parasitoses intestinais se dá pela via fecal-oral ou penetração pela pele. O que mais dificulta a implementação de ações de controle, além do custo financeiro e das medidas técnicas, é a falta de projetos de educação sanitária com a integração da comunidade. Os sintomas das parasitoses intestinais são inespecíficos, tais como anorexia, irritabilidade, distúrbios do sono, náuseas, vômitos ocasionais, dor abdominal e diarreia. Os quadros graves ocorrem em doentes com maior carga parasitária, imunodeprimidos e desnutridos. O aparecimento ou agravamento da desnutrição ocorre através de vários mecanismos, tais como lesão de mucosa (Giardia intestinalis, Necator americanus, Strongyloides stercoralis, coccídios), alteração do Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 metabolismo de sais biliares (Giardia intestinalis), competição alimentar (Ascaris lumbricoides), exsudação intestinal (Giardia intestinalis, Strongyloides stercoralis, Necator americanus, Trichuris trichiura), favorecimento de proliferação bacteriana (Entamoeba histolytica) e hemorragias (Necator americanus, Trichuris trichiura) (ANDRADE et al., 2010). Lima et al. (2010) considera que a creche é um ambiente que têm sido cada vez mais estudado, por aumentar a susceptibilidade de crianças a infecções parasitárias. Em creches de boa qualidade, embora sejam possíveis, teoricamente, a transmissão via alimentos e água, os cuidados com a compra, pré-preparo e distribuição das refeições evitam este risco. Entretanto, um aspecto muitas vezes esquecido pelos profissionais de saúde e educadores é que a transmissão pessoapessoa é a mais relevante na creche e mais difícil de ser controlada. As crianças interagem entre si, manipulam brinquedos comuns, brincam na areia e usam instalações sanitárias sem necessariamente serem acompanhadas para que façam uma higiene pessoal adequada (CASTRO e BEYRODT, 2003). Para Chieffi e Amato (2003) a maioria das doenças parasitárias intestinais pode ser tratada, inclusive por meio de doses únicas ou de medicamentos com amplo espectro de atividade. Em relação às mais graves, também são possíveis sucessos terapêuticos, condutas para abranger expressivos grupos populacionais, após caracterizações epidemiológicas adequadas, ficaram viáveis. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa quantitativa com abordagem descritiva que foi realizado em uma creche localizada no município de Abre Campo/MG. A pesquisa utilizou o método da sedimentação espontânea, exame coproparasitológico, através de coleta de material para análise com 20 crianças presentes na creche. Após a coleta do material o mesmo foi encaminhado para um Laboratório do município com o objetivo de verificar as parasitoses intestinais nas crianças. RESULTADOS E DISCUSSÕES A coleta de material para análise foi realizada com 18 crianças presentes na Creche. A idade das crianças variou de 2 a 4 anos. Nessa amostra tivemos 50% de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 crianças do gênero masculino e 50% do sexo feminino. Em relação à faixa etária das crianças 50% possuem 4 anos, 40% 8 anos e 10% 2 anos. Figura 1 – Verminoses encontrados nas crianças. Observa-se que 70% das crianças presentes na Instituição não possui nenhum tipo de verminose, 20% possui Ascaris lumbricoides e 10% Enterobius vermiculares. No ano de 2000 fez-se uma estimativa da infecção do A. lumbricoides no mundo, sendo observada prevalência de 73% na Ásia, 12% na África e 8% na América Latina. A ascaridíase em humanos é cosmopolita, ocorrendo tanto em clima temperado como em clima tropical. Sua contaminação normalmente está relacionada com as condições socioeconômicas do local, práticas de agricultura, tipo de moradia, eliminação de dejetos fecais, hábitos culturais e alimentares e higiene dos alimentos. A ocorrência da doença dependerá não apenas do número de parasitos encontrados no hospedeiro, como também do tempo de infecção e o estado de saúde do hospedeiro (NEVES et al., 2003). Neves et al. (2005) aborda que o A. lumbricoides é encontrada em quase todos os países do mundo e sua transmissão ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos. Os ovos do A. lumbricoides têm uma grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose. Outra parasitose que foi encontrada nas crianças pesquisadas foi a enterobiose, causada pelo Enterobius vermiculares, parasitose que possui sintoma mais frequente o prurido anal. As crianças em idade pré-escolar e escolar são as Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 mais atingidas e pelo seu modo de transmissão é comum em ambientes de creches, orfanatos e instituições que abrigam um grande numero de crianças, levando a alta carga parasitária (CASTRO e BEYRODT, 2003). Um estudo feito por Ferreira et al. (2002) mostrou vários fatores ambientais facilitadores da infecção enteroparasitária dentre eles a ausência de água de boa qualidade, solo úmido, altas temperaturas, grande proliferação de insetos e dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde. A prevalência de enteroparasitoses foi superior a 83%, sendo que as crianças com mais de dois anos de idade eram quase todas parasitadas. Em um estudo feito por Silva e Santos (2012) no Centro de Saúde Cícero Idelfonso da Regional Oeste da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Minas gerais. Os enteroparasitos Ascaris lumbricoides e Giardia lamblia foram às espécies mais frequentes e responsáveis pelo parasitismo de 36,0% das crianças. Estes parasitos são os mais fáceis de se transmitir (via oral ) e os mais encontrados nas investigações de populações urbanas residentes em áreas faveladas. Monteiro et al. (2009) no estudo Parasito intestinais em crianças de creche públicas localizadas em bairros periféricos do Município de Coari, Amazonas, Brasil, mostra que dentre os enteroparasitos mais frequentes, prevaleceram os helmintos, destacando-se Ascaris lumbricoides (37%), seguido por Trichuris trichiura (21,6%). Dos protozoários, Entamoeba histolytica/E.dispar apresentaram maior frequência (14%), seguidas por Entamoeba coli (11%). Vários estudos têm mostrado que a frequência à creche é um fator de risco importante para o parasitismo, uma vez que aumenta a exposição e a transmissão de agentes que causam agravos à saúde, dentre eles os parasitos intestinais. No estudo de Barreto (2006) analisando a incidência de enteroparasitos nas crianças carentes da cidade de Guaçuí/ES relata que das 35 amostras 31 (88,6%) estavam positivas, onde o parasito mais frequente, entre os protozoários foi Entamoeba coli (25,7%), Entamoeba histolytica (17,1%) e entre os helmintos o mais frequente foi Ascaris lumbricoides (62,9%), seguido por Trichuris trichiura (48,6%). A alta frequência encontrada originou-se tanto de uma transmissão interpessoal entre as crianças quanto de contaminações de alimento e água, uma vez que a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 comunidade carece de rede de saneamento básico e abastecimento de água potável em grande número de residências. Figura 2 – Relação de parasitoses intestinais com a idade das crianças. As crianças de 2 anos 2% possui Ascaris lumbricoides e 2% possui Enterobius vermiculares. As crianças de 4 anos são as que menos possuem verminoses. Há uma estimativa de que 1,5 milhões de pessoas estejam contaminadas por A. lumbricoides, com sua prevalência nas Américas Central e do Sul chegando a 8%. Estudos realizados no Brasil com crianças em idade pré-escolar e escolar, também indicam alta prevalência desses enteroparasitos (RAMOS, 2006). A prevalência de parasitose intestinal em crianças menores de 5 anos de idade em todo Brasil foi relacionado por vários autores com a situação socioeconômica mais baixa da população e com as condições precárias de saneamento básico. Embora os determinantes sociais sejam relevantes e na maioria das parasitoses os autores refiram que a forma de transmissão é por meio de alimentos, água, solo, o tipo de cuidado que a criança recebe também é significativo. Crianças cuidadas em creche têm um risco de adquirir estas parasitoses pela transmissão interpessoal. (CASTRO e BEYRODT, 2003). De acordo com Ferreira e Cruz (1995) à medida que a criança adquire maturidade motora que permita maior locomoção, aumenta a possibilidade de contato com o solo e com objetos contaminados. O aumento de parasitismo encontrado a partir do nono mês de idade, com o início do contato da criança com o solo, parece confirmar essa provável fonte de infecção. Todas as crianças Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 parasitadas por ancilostomídeos já tinham contato com o solo sendo que apenas uma delas ainda não engatinhava na época do diagnóstico. A higiene pessoal, como tomar banho todos os dias, lavar as mãos antes das refeições e após a defecação, cortar as unhas, andar calçado, dentre outras medidas básicas, são necessárias para uma boa saúde. Esses fatores são importantes na redução dos riscos de infestação por parasitos entre as crianças (ZAIDEN et al., 2008). Os cuidados com a preparação e a forma de consumo de alimentos também são fatores que podem proteger ou propiciar a ocorrência das parasitoses intestinais, uma vez que a manipulação incorreta dos alimentos pode estar diretamente relacionada à contaminação (ZAIDEN et al., 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo mostra que a maioria das crianças presentes na Instituição não possuem parasitoses intestinais. Ao visitar a instituição observamos o bom funcionamento da instituição, a higiene das crianças e a preocupação dos funcionários com as mesmas. No inicio do trabalho, as mães ficaram inseguras em relação à divulgação dos nomes das crianças, mas foi explicado o objetivo e esclarecido garantindo o rigor exigido em pesquisas com crianças. Mesmo com um resultado pequeno de crianças com índice de parasitoses, recomenda-se que os profissionais de saúde realizem rotineiramente os exames parasitológicos de fezes dessas crianças, contribuindo assim na prevenção e tratamento. REFERÊNCIAS ACOSTA, Paulo Sérgio Torres; HOSHI, Adriano Tomio; FERRETO, Liriane Elize. Prevalência de parasitoses intestinais em escolares do ensino fundamental de uma escola estadual da cidade de Medianeira Estado do Paraná. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/181-4.pdf. Acesso em: 16.mar.2012. ANDRADE, Elisabeth Campos de; LEITE, Isabel Cristina Gonçalves; RODRIGUES, Vivian de Oliveira; CESCA, Marcelle Goldner. Parasitoses intestinais: uma revisão Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 sobre seus aspectos sociais, epidemiológicos, clínicos e terapêuticos. Revista APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 2, p. 231-240, abr./jun. 2010 BARRETO, Juliano Gomes. Detecção da incidência de enteroparasitos nas crianças carentes da cidade de Guaçuí – ES. RBAC, Guaçuí; v.38, n.4, p.221-223, 2006 CASTRO, Carolina Gonçalves de; BEYRODT, Carolina Guilherme Prestes. 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Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO No Brasil o tabagismo ainda é considerado um grave problema de saúde pública, tendo em vista os malefícios causados pelo uso do tabaco. Neste sentido, este estudo objetivou identificar o perfil de acadêmicos que fazem uso do tabaco em uma faculdade localizada em um município da Zona da Mata Mineira. Para análise dos resultados foi utilizada a estatística descritiva. Evidenciou-se por meio deste estudo o número de acadêmicos que fazem o uso de tabaco, assim como o perfil destes acadêmicos. A partir dos dados encontrados pretende-se contribuir para uma melhor conscientização dos acadêmicos a respeito do uso do tabaco e seus malefícios. PALAVRAS-CHAVE: Tabagismo, Acadêmicos Da Área Da Saúde, Prevenção. INTRODUÇÃO Segundo Andrade et al.(2006) o tabagismo é considerado uma pandemia silenciosa, a cada ano morre cerca de quatro milhões de pessoas em todo o mundo com doenças relacionadas ao tabaco, sendo assim, considerado um sério problema de saúde pública, acredita-se que se não forem tomadas medidas suficientes para o controle dessa pandemia, próximo ao ano de 2020 o tabagismo será responsável por 10 milhões de mortes por ano. No Brasil apesar de todo conhecimento científico acumulado sobre os riscos do tabaco as tendências são muito grandes e com isso observa-se o aumento da prevalência do uso de cigarros entre a população de adolescentes e adultos jovens. Nesta faixa etária específica a grande suscetibilidade de envolvimento com o tabaco entre estudantes universitários (ANDRADE et al., 2006). Segundo Magliari et al.,(2008) a equipe da área de saúde tem um papel muito importante nos programas antitabagismo para uma atuação preventiva, educativa de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 modo que a população deve atuar junto na diminuição do numero de estudantes que se iniciam o tabagismo. É importante o desenvolvimento de estudos voltados para essa temática, considerando que resultados poderão contribuir para conscientização sobre o problema do uso de tabaco e os fatores associados por meio da criação de programas de prevenção voltados a população (MADERGAN et al 2007). Segundo Wagner (2008) citado por Peuker et al., (2006) o ingresso na universidade, ainda que traga sentimentos positivos de alcance de uma meta programada, por estudantes do ensino médio pode-se tornar período crítico, de maior vulnerabilidade para o início e manutenção de uso de tabaco e outras drogas. Segundo Halty et al. (2002) o Brasil é o quarto país produtor de tabaco no mundo e o maior exportador de suas folhas, no estado do Rio Grande do Sul encontram-se as maiores plantações de fumo no país. Nos últimos trinta anos foram consumidos no país, quase três milhões de toneladas de folhas de tabaco para a fabricação de mais de 3,5 milhões de cigarros, produzindo 4.000 milhões de toneladas métricas de nicotina. Em 1988 foi publicado nos Estados Unidos estudos que comprovam a capacidade do tabaco de causar dependências, estes fundamentaram a comunidade científica mundial a reconhecer o tabagismo como uma dependência química (SILVA, 2008). O tabagismo é a principal causa de morte evitável, sendo seu controle considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos maiores desafios de saúde publica na atualidade. Estima-se que de 2025 a 2030 nos países em desenvolvimento sete milhões de pessoas morrerão em razão do uso de tabaco (GARCIA et al., 2009). O consumo de substâncias psicoativas tem aumentado significativamente nos últimos anos, sendo o início do uso cada vez mais precoce. Neste contexto, existe atualmente uma preocupação deste uso entre os estudantes universitários (MAGLIARI et al., 2008). Segundo Halty et al.,( 2002) dados estatísticos mostram poucos estudos sobre a prevalência do tabagismo no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional em Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Saúde e Nutrição (PNSN) de 1989, cerca de 40% dos homens e 26% das mulheres acima de 15 anos são fumantes. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi identificar o número de acadêmicos que fazem uso do tabaco em uma faculdade localizada em um município da Zona da Mata Mineira. Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor conscientização dos acadêmicos que fazem uso tabaco. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O tabagismo é uma doença crônica de dependência a nicotina, com períodos de remissão e exacerbação. Existem recursos eficazes para tratar o tabagismo, desenvolvidos por meio de ensaios clínicos que objetivam pesquisar intervenções terapêuticas efetivas para controle do tabagismo (SILVA, 2010). Segundo Matsumoto (2005) o tabaco, cujo nome científico é Nicotina Tabacum, surgiu 1000 anos a.C e começou a ser utilizado nas sociedades indígenas da América Central, em rituais mágicos religiosos que tinha como objetivo contemplar, proteger, purificar e fortalecer os guerreiros. Segundo Garcia et al., ( 2002) o tabagismo é identificado como um fator de risco para o desenvolvimento de doenças, entre elas: câncer de pulmão, enfermidades cardíacas, coronarianas e doenças respiratórias. O uso do tabaco tem sido relacionado ao câncer bucal, a doença periodontal e uma pobre saúde bucal encontram-se relacionado também a queda de rendimento intelectual e a falta de atividades físicas. Decidir parar de fumar significa voltar a valorizar a vida, querer mudar, querer melhorar, querer ter mais saúde e ter um grande objetivo a alcançar e estar disposto a enfrentar dificuldades de lutar contra o tabagismo (SILVA, 2010). A fim de controlar as conseqüências decorrentes do tabagismo estratégias internacionais e nacionais tem sido elaborado, englobando as diferentes fases do problema que compreendem basicamente a produção do tabaco, o consumo de seus derivados os efeitos nocivos no organismo, as medidas de prevenção da iniciação do uso e o tratamento dos tabagistas (SILVA, 2008). Segundo Garcia et al (2009), o tabagismo é a principal causa de morte evitável, sendo seu controle considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 um dos maiores desafios de saúde publica na atualidade. Estima-se que de 2025 a 2030 nos países em desenvolvimento sete milhões de pessoas morrerão em razão do uso de tabaco. O combate a epidemia do tabagismo, depende de ações desenvolvidas em rede, envolvendo instituições e lideranças, em que cada um faça sua parte. Para isso, no nível mundial, a OMS instituiu a convenção quadro, primeiro tratado internacional de saúde pública para controle do tabagismo, que já congrega mais de 170 nações (SILVA, 2010). Segundo Silva, (2010) o contexto e a formação de multiplicadores, ou seja, pessoas envolvidas com as ações necessárias para que os programas contra o tabagismo sejam permanentes e de fundamental importância para o combate ao tabagismo. O profissional de saúde tem um papel muito importante nos programas para controle do tabagismo, devendo ser mobilizados para uma atuação principalmente preventiva, com ações educativas junto a população de modo a influir na diminuição do número de pessoas que se iniciam o tabagismo. Além disso, os profissionais de saúde podem agir, individualmente junto aos fumantes para que abandone o cigarro (MIRRA, 1997). Segundo Mirra, (1997) o profissional de saúde que fuma destrói toda a credibilidade da mensagem de que fumar é lesivo a saúde e apressa a morte, desacreditando a luta contra o tabagismo. Na maioria dos países desenvolvidos a proporção de médicos, enfermeiros, farmacêuticos fumantes, diminui sensivelmente após a tomada de conhecimentos sobre os malefícios do tabagismo, divulgados pelas organizações de saúde nacional e internacional. Considerando o tabagismo no meio acadêmico estudos demonstram que o aumento do tabagismo ocorre no decorrer da faculdade e cabe considerar que 80 a 90% dos tabagistas atuais iniciaram o consumo de tabaco ao redor dos 18 anos, idade compatível com o ingresso na faculdade (MAGLIARI et al., 2008). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza quantitativa. Segundo Ribeiro (1999), neste tipo de pesquisa são utilizadas técnicas padronizadas para a coleta de dados e posteriormente os dados são analisados e interpretados a luz da literatura. O contexto escolhido para realização deste estudo foi uma instituição de ensino superior localizada em município da Zona da Mata Mineira. A população deste município é de aproximadamente de 17.639 habitantes e a principal fonte de renda da população de Matipó é a cultura de café (IBGE, 2010). Os sujeitos deste estudo foram 187 discentes dos cursos da área de saúde (Enfermagem, Educação Física e Farmácia). Os dados foram coletados por meio de roteiro estruturado sendo este previamente testado. A coleta de dados ocorreu no período de Abril a Maio de 2012. A pesquisa foi realizada durante o período de aula. Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a participação foi concretizada mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196 ∕96 do Conselho Nacional de Saúde. Para análise dos resultados foi utilizada analise estatística descritiva por meio do programa Microsoft Excel. Foram gerados gráficos a fim de orientar a escrita da parte de resultados e discussão deste estudo por meio da confrontação com a literatura. RESULTADOS E DISCUSSÕES Em relação às características gerais da população estudada, foram pesquisados 187 acadêmicos da área de saúde durante o mês de maio de 2012. Segundo Organização Mundial de Saúde (OMS) citado por Magliari (2008) para os próximos 30 a 40 anos, o tabagismo será responsável por 10 milhões de mortes por ano, sendo que 70% dessas mortes ocorrerão nos países em desenvolvimento. Anualmente, cerca de cinco milhões de pessoas morrem em todo o mundo devido ao uso do tabaco. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2012 Característica Gênero Feminino Masculino Faixa etária 17-25 anos 26-30 anos 31-40 anos 41-50 anos Acima de 50 anos Curso Superior Educação Física Enfermagem Farmácia Período 10° Frequência absoluta (N) Frequência relativa (%) 122 65 65,5 34,5 130 33 17 4 3 69,5 17,5 9 2,5 1,5 68 62 57 36,5 33 30,5 1° 48 25,5 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 13 29 11 35 9 41 1 0 7 15,5 6 18,5 5 22 0,5 0 0 0 Na tabela 1 evidenciam-se características sócias demográficas referidas pela população investigada, 2012. Neste estudo verificou-se que dos 187 acadêmicos da área de saúde que foram sujeitos desta pesquisa, 122 (65,5%) foram do sexo feminino e 65 do sexo masculino (34,5%). Em estudo realizado por Magliari et al. (2008), sobre a prevalência do tabagismo em estudantes de uma Faculdade de Medicina, foram encontrados dados aproximados, sendo que dos 241 estudantes pesquisados: foram do sexo feminino (68,8%) e 77 do sexo masculino (31,2%). Em relação à faixa etária verificou-se que dos 187 acadêmicos pesquisados, 130 estavam entre 17 a 25 anos (69,5%). Em estudo realizado por Mardegan et al (2007), houve um predomínio entre a idade de 20 a 22 (47,5%). Em relação o numero de acadêmicos pesquisados acima de 50 anos apenas 3 sujeitos da pesquisa (1,5%). Em relação aos cursos superiores: 68 sujeitos encontram-se matriculados no curso de Educação Física (36,5%), no curso de farmácia 57 acadêmicos (30,5%) e no curso de Enfermagem 62 sujeitos (33%). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Em relação ao curso superior que o sujeito da pesquisa estava vinculado, verificou-se que o curso de Educação Física obteve o maior número de participantes neste estudo, sendo 68 acadêmicos, que correspondem a (36,5%). Em relação aos períodos, o primeiro teve um número maior em relação aos outros períodos, que foi de 48 alunos no total de (25,5%). A respeito do uso de tabaco pelos pais, dos 187 acadêmicos da área de saúde entrevistados, 43 que correspondem a (23%) afirmaram que seus pais são fumantes. Mediante o apresentado é importante destacar que parece haver associação do tabagismo dos pais com o tabagismo dos filhos, considerando que o uso do cigarro pelos pais pode aumentar as probabilidades dos adolescentes de iniciar o hábito (NETO E CRUZ, 2003). Segundo Almeida e Mussi, (2006) o crescimento do uso do cigarro por jovens é fomentado pela aceitação social, legalização comercial e precocidade no início do hábito de fumar, culminando com o desenvolvimento de doenças tabaco relacionado entre pessoas jovens e adultas, economicamente ativas. A respeito do número de cigarros consumidos por dia, os sujeitos desta pesquisa que declararam fazer o uso de tabaco, confirmaram em sua maioria (100%) que consomem diariamente de 1 a 10 cigarros. Foi evidenciado neste estudo que 8,3% (N=1) dos sujeitos que fazem o uso do tabaco consideram difícil não fumar em lugares proibidos como: igrejas, cinemas, ônibus, biblioteca, entre outros. No entanto, 91,7% (N=11) não consideram este habito difícil de ser realizado. A respeito da tentativa de interrupção do uso do tabaco, 12,5% (N=2) dos entrevistados referem nunca ter realizado nenhuma tentativa para interrupção. Já 87,5% (N=10), declaram ter feito tentativas para interrupção do tabagismo porém, sem sucesso. Ao analisar a pratica de esportes entre os acadêmicos que se consideram tabagistas, evidenciou que 25% (N=3) referem praticar esportes e 75% (N=9) mencionam não praticar nenhuma atividade física regular. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Evidenciou-se por meio deste estudo uma baixa prevalência do uso do tabaco entre os sujeitos entrevistados. Porém, aqueles que se consideram fumantes evidencia-se que a maioria deles já fazem o uso do tabaco a mais de um ano. Ao considerar os profissionais de saúde como responsáveis diretos pela prevenção e promoção da saúde da população e do papel informativo e de conscientização que estes desempenham, nota-se que o uso do tabaco entre este público além de trazer malefícios individuais ainda contribui para disseminação de uma prática inadequada a saúde. Cabe ainda destacar, que a informação a respeito dos malefícios e complicações decorrentes do uso do tabaco não deve ser a única estratégia para prevenção e controle do tabagismo, pois estratégias individuais, de apoio e sensibilização possuem extrema importância para o combate à dependência química, psicológica e emocional provocadas pelo tabaco. O estudo apresentou algumas limitações relacionadas à amostra de acadêmicos apenas de três cursos. Sendo necessários estudos com uma amostra abrangendo os demais cursos para visando uma amostra mais representativa da população quanto ao uso do tabaco. REFERÊNCIAS WAGNER, Gabriela Arantes. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ANDRADE Ana Paula de Alves. Prevalência e características do tabagismo em jovens da universidade de Brasília. Jornal Brás Pneumol. 2006. Disponível em www.scielo.br/scielo. Acesso em 16. Março. 2012. RIBEIRO s.a Prevalência de Tabagismo na Universidade Federal de São Paulo, 1996- dados preliminares de um programa institucional. Revista. Ass. Med. Brasil. Disponível em www.scielo.br/pdf/ramb.Acesso em 12.Março. 2012. MARDEGAN Silva Paula. Uso de substancias psicoativo entre estudantes de enfermagem. Núcleo de Estudo de álcool e outras drogas, centro de Ciências da Saúde da universidade Federal do espírito Santo. Disponível em www.scielo.br/pd . Acesso em 10 Março. 2012. GARCIA Granville-Ana Flavia. Tabagismo e fatores associados entre Acadêmicos de odontologia. RFO, v. 14, n. 2, p. 92-98, maio/agosto 2009. 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Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Trata-se de estudo descritivo com abordagem quantitativa que teve o objetivo de identificar a prevalência da automedicação entre atendidos pela ESF do bairro Boa Vista município de Matipó/MG. Participaram deste estudo 100 indivíduos que procuraram atendimento na ESF em questão entre 6 e 10 de agosto de 2012, portando ou não prescrição. A prevalência de automedicação na amostra foi de 82%. As motivações relatadas pelos entrevistados foram aconselhamento (solicitado/ ou não) recebido na farmácia 31%, utilização de medicamentos por aconselhamento de terceiros (parentes, amigos e/ou vizinhos) 23%, já perda ou esquecimento da prescrição responderam por apenas 1% das aquisições sem receita. PALAVRAS-CHAVE: Automedicação; Medicamentos; Prevalência. INTRODUÇÃO O grande número de medicamentos de venda livre, assim como a disponibilidade desses medicamentos em estabelecimentos não farmacêuticos, contribui para o alto índice de automedicação. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), citado por Arrais et al. (1997) no Brasil cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas à automedicação. Segundo Silva et al. (2011) a má qualidade da oferta de medicamentos, o não cumprimento da obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a carência de informação e instrução da população em geral justificam a preocupação com a qualidade da automedicação praticada no Brasil. Ao avaliarem 68 estudos, Beijer et al. (2002) citado por Mastroianni et al. (2009), observaram que a proporção de internação hospitalar por reações adversas a medicamentos (RAM) variam 6,6% a 41,3% para a população idosa e de 2,4% a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 35,1% para a população não idosa. Mastroianni et al. (2009), também referencia trabalho desenvolvido por Zargarzadeh et al. (2007) onde identificaram que 11,5% das internações eram por problemas relacionados a medicamentos (PRMs), sendo que 81% dos problemas eram ineficácia terapêutica e apenas 19% eram RAM. PRMs são farmacoterapia, entendidos podendo ter como origem problemas no de sistema saúde de relacionados saúde, em à fatores biopsicossociais, no atendimento prestado por profissionais de saúde e na utilização de medicamentos, interferindo nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário (BORTOLON et al., 2008). Como fator de risco para os PRMs, encontra-se a automedicação que de acordo com Musial, Dutra e Becker (2007) pode ser definida como: ato de administrar remédio sem prescrição médica, sendo que a seleção e o uso de medicamentos são realizados por indivíduos inaptos para tal, com o objetivo de curar patologias ou a diminuir seus sintomas. A reutilização de receitas médicas antigas, também pode ser considerada como automedicação (p. 5). O ato de se automedicar é um fenômeno potencialmente prejudicial à saúde, pois, nenhum medicamento é inócuo a saúde. O uso inadequado de substâncias e até mesmo medicamentos considerados simples pela população como os de venda livre, tais como analgésicos, podem acarretar diversas consequências como: reações de hipersensibilidade, resistência bacteriana, estímulo para a produção de anticorpos sem a devida necessidade, dependência do medicamento sem a prescrição real, hemorragias digestivas, dentre outros (MUSIAL, DUTRA e BECKER, 2007). Várias são as maneiras de praticar a automedicação: adquirir o medicamento sem receita, compartilhar remédios com outros membros da família ou do círculo social, utilizar sobras de prescrições, reutilizar antigas receitas e descumprir a prescrição profissional, prolongando ou interrompendo precocemente a terapia medicamentosa prescrita (LOYOLA FILHO et al., 2002). Arrais et al. (1997) acreditam que o risco da prática da automedicação está correlacionado com o grau de instrução e informação dos usuários sobre medicamentos, bem como com a acessibilidade dos mesmos ao sistema de saúde. Certamente a qualidade da oferta de medicamentos e a eficiência do trabalho das Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 várias instâncias que controlam este mercado também exercem papel de grande relevância nos riscos implícitos na automedicação. Para Loyola Filho et al. (2002) os fatores econômicos, políticos e culturais têm contribuído para o crescimento e a difusão da automedicação no mundo, tornando-a um problema de saúde púbica. Diante do exposto surge o interesse pela presente pesquisa, pois, a população estudada trata-se de uma comunidade de baixo nível socioeconômico, onde as pessoas possuem poucas informações quanto ao risco da automedicação. As questões norteadoras dessa pesquisa são: com que freqüência os pacientes de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) do bairro Boa Vista município de Matipó - MG fazem a automedicação e em que elas se baseiam? Quais são os medicamentos mais utilizados? O objetivo do estudo é identificar a prevalência da automedicação na população atendida pela ESF do bairro Boa Vista município de Matipó - MG. Estudos podem servir de base para ações relacionadas à promoção do uso racional de medicamentos, possibilitando melhora no quadro de saúde dos clientes devido à diminuição dos PRMs relacionados à automedicação, diminuindo assim os gastos com a saúde. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como ausência de doença, mas como situação de perfeito bem-estar físico e mental. Já segundo Damo (2006) as condições de saúde de uma população estão ligadas as suas condições econômicas e sociais. A OMS estabelece que: o uso de medicamentos requer que os pacientes recebam a medicação apropriada para sua situação clínica, nas doses que satisfaçam as necessidades individuais, por um período adequado, e ao menor custo possível para ele e sua comunidade. (Sociedade, 2001, p. 50). Para atender recomendações da OMS, foi elaborada a Política Nacional de medicamentos, Portaria GM nº 3.916/98, que define prescrição como ato de determinar o medicamento a ser consumido pelo paciente, com a respectiva posologia, ato este, no qual se apoia a dispensação (DAMO, 2006). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Porém existe o discurso da saúde/doença, fortemente veiculado na mídia. Os medicamentos além de agente terapêutico assumem então, a dimensão de uma mercadoria responsável pelo desenvolvimento e manutenção de um dos segmentos econômicos mais lucrativos a nível mundial. A publicidade destinada ao aumento da demanda por medicamentos, de maneira geral, é direcionada tanto para os profissionais da área da saúde, quanto à população de maneira geral (DAMO, 2006; FERRAZA, 2009). Assim a publicidade, de certa forma, incentiva a automedicação, ou seja, o uso de medicamentos sem prescrição médica, na qual o próprio paciente decide o que irá utilizar. Já que o consumo de medicamentos não-prescritos é um ato muito frequente no Brasil e como não existem substâncias químicas completamente inócuas, considera-se que esta prática seja um processo potencialmente maléfico à saúde individual e coletiva (VOSGERAU, SOARES e SOUZA, 2008). O uso indevido de medicamentos considerados algumas vezes banais pela população pode ter como consequência efeitos indesejáveis como: resistência bacteriana, reações de hipersensibilidade, dependência, sangramento digestivo, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas, representando, portanto, problema a ser prevenido (VITOR et al., 2008; ARRAIS et al., 1997). Além disso, Musial, Dutra e Becker (2007) relataram que a intoxicação por medicamentos, que na maioria dos casos, é consequência da automedicação, é responsável por 29% das mortes no Brasil. Apesar disso, a automedicação racional é possível, e é definida pela OMS como a prática pela qual indivíduos tratam seus problemas de saúde com medicamentos aprovados e disponíveis para serem adquiridos sem prescrição, e que sejam seguros e efetivos quando utilizados como indicado (VOSGERAU, SOARES e SOUZA, 2008). O ideal é utilizar o medicamento apenas quando imprescindível e recomendado por um profissional especializado. O Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Assistência Farmacêutica, e a Anvisa trabalham em parceria com entidades da sociedade civil para mudar o paradigma do país em relação ao uso correto de medicamentos, e ressaltam que os medicamentos salvam vidas e Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 melhoram a condição de saúde das pessoas, mas não devem ser tratados como mercadorias e usados indiscriminadamente (ANVISA, 2005). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva com abordagem quantitativa. A estimativa populacional do município de Matipó é de 17.639 habitantes em 2010. E sua principal atividade econômica é a produção de café (IBGE, 2012). O serviço de saúde de Matipó, na atenção primária, é formado por 07 unidades da ESF e um centro de saúde onde é realizado o atendimento das especialidades médicas. Destas, 06 estão localizadas em área urbana e contam com 07 equipes da saúde da família. Todas possuem atendimento de várias especialidades médicas, além da equipe multiprofissional composta também por enfermeiro, nutricionista, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeuta e psicólogo. A coleta de dados foi realizada no período de 06 a 10 de agosto de 2012, na própria unidade de atendimento onde foi aplicado um questionário semi-aberto, a todos os pacientes adultos que procuraram atendimento na unidade ESF do bairro Boa Vista neste período, portando ou não a prescrição médica. Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este segue as especificações da Lei 196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996). Os resultados foram tabulados através do Microsoft Office Excel® versão 2007 e tratados através da estatística descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÕES Participaram deste estudo 100 indivíduos, sendo 82% do sexo feminino e 18% do sexo masculino, Bush e Osterweis (1978) citado por Loyola et al. (2002) atribuem esse achado a maior utilização dos serviços de saúde pelas mulheres. A população do estudo se concentrou na faixa etária de 18 a 28 anos (34%) e de 28 a 38 anos (29%) e o estado civil que predominou foi o casado (a) com 58%. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quanto à escolaridade dos participantes do estudo, o ensino fundamental incompleto e o ensino médio cada um com respectivamente 58% e 25% foram os mais frequentes, sendo que nenhum destes possuía ensino superior. 82% da população pesquisada faz uso de automedicação, valores superiores aos encontrados nos estudos de Piotto et al. (2009) e de Musial, Dutra e Becker (2007). Quando perguntados sobre o destino dos medicamentos sem prescrição adquiridos, 51% admitiram que seriam para uso próprio, 44% para uso próprio e também da família, dados semelhantes aos encontrados pelo estudo de Arrais et al. (1997). Perda ou esquecimento da prescrição 1% Aconselhamento solicitado na farmácia 23% 31% Aconselhamento não solicitado recebido em farmácia Aquisição baseada na indicação de terceiros 8% 13% 24% Aquisição baseada nos meios de comunicação Presença de sobras de medicamentos na residência Figura 1: Motivações para automedicação. Em relação às motivações para automedicação foi percebido que a perda ou o esquecimento da prescrição responde por apenas 1% das aquisições sem receita, 31 % relataram que já fizeram aquisições através de aconselhamento (solicitado/ ou não) recebido na farmácia, 23% dos entrevistados relataram que já tomaram medicamentos por aconselhamento de terceiros (parentes, amigos e/ou vizinhos). Apenas 37% disseram se basear em prescrições médicas antigas para embasar automedicação (FIGURA 1). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 2: Última consulta médica referida pelo entrevistado. A respeito da última consulta médica pode ser percebido com que 45% dos participantes da pesquisa tinham se consultado há menos de 01 mês (FIGURA 2). Analgésicos/Antitérmicos Anti-inflamatórios 10% Xaropes para tosse 1% 1% 24% Antibióticos 16% Antialérgicos/anti-histamínicos Gotas otológicas 3% Colírios 1% 15% Medicamentos para resfriados/gripes 8% 7% 14% Hormônios, inclusive anticoncepcionais Descongestionantes nasais Vitaminas Figura 3: Grupos de medicamentos mais frequentemente utilizados para automedicação Na Figura 3 são mostrados os grupos terapêuticos mais frequentemente utilizados para fins de automedicação pelos entrevistados, sendo o grupo mais citado foi o dos analgésicos e antitérmicos (24%), seguidos dos medicamentos para resfriado e ou gripe (16%), anti-inflamatórios (15%) e xaropes para tosse (14%), Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 medicamentos que na sua grande maioria são de venda livre ou necessitam de receita, mas não da retenção desta. Existem relatos na literatura de que os analgésicos, anti-inflamatórios e antitérmicos, assim como no presente estudo, sejam os medicamentos mais frequentemente utilizados para automedicação (LOYOLA et al., 2002). Dor de cabeça Dores musculares Insônia 3% Depressão 1% 4% 2% 5% 1% 24% Nervosismo/estresse Resfriado/gripe 13% Infecções/ inflamações de garganta ou ouvido Úlcera, gastrite ou queimação 21% 21% 2% Sinusite 2% 1% Alergias Lesões orais Lesões de pele Outras Figura 4: Queixas motivadoras da automedicação. Já dentre as queixas que levaram os colaboradores a se automedicar, as mais representativas foram dores de cabeça e musculares (45%), resfriado e ou gripe (21%) e as infecções e inflamações (24%), como pode ser observado na Figura 4. Resultados semelhantes quanto às motivações para automedicação foram Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 encontrados em outras fontes que relataram as dores de cabeça e sintomas respiratórios de gripe e resfriados como principais agentes causais da automedicação (LOYOLA et al., 2002; VILARINO et al., 1998). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados apresentados sugerem uma alta prevalência de automedicação na população da ESF do bairro Boa Vista. Isto é preocupante visto que se trata de uma população de alta vulnerabilidade social com baixa escolaridade na sua grande maioria. Este último fator ainda dificulta a interpretação de bulas, receitas médicas e orientações quanto ao uso de medicamentos. Tornando ainda mais preocupante a presença de automedicação nesse grupo, já que mesmo os medicamentos de venda livre podem causar danos à saúde se administrados inadequadamente (doses ou posologias inapropriadas ou devido a interações devido ao uso concomitante com outros medicamentos), além da possibilidade do uso destes medicamentos mascararem sintomas de patologias graves. Sendo assim é preciso que as políticas de saúde tenham mais atenção para o uso indiscriminado de medicamentos, pois além de representar um custo financeiro muito alto para os cofres públicos, representa grande risco a saúde da população que faz uso abusivo e que podem aumentar ainda mais estes custos devido aos problemas relacionados a medicamentos que podem ser causados pela automedicação inadequada. REFERÊNCIAS ANVISA, Brasília, 14 de outubro de 2005. Uso Racional de Medicamentos: uma preocupação mundial. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2005/141005.htm. Acesso em: 25.mar.2012. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ÍNDICES DE PARTOS NORMAL E CESARIANO DE MULHERES RESIDENTES NA CIDADE DE MATIPÓ MG Vanessa Alves da Rocha – Graduanda em Enfermagem Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Roberta Mendes von Randow – Graduada em Enfermagem, Mestre em Enfermagem. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Daniel Vieira Ferreira – Graduado em Matemática. Mestre em Educação. Diretor da Escola Técnica Vértix e Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo foi identificar a distribuição do parto vaginal e da cesariana em um Município da Zona da Mata de Minas Gerais. Trata-se de um estudo quantitativo do tipo descritivo. A coleta de dados foi realizada na Base Nacional do DATASUS referentes às estatísticas vitais de Nascidos Vivos. Foi possível evidenciar por meio deste estudo os índices de parto normais e cesarianas e as características sóciodemográficas da população estudada. Conclui-se que o índice elevado de cesarianas no município está sendo influenciado pela tendência mundial. Esta realidade leva a supor que as cesarianas não estão sendo precisamente indicadas, seja por convivência médica ou pela má orientação da Gestante. PALAVRAS-CHAVE: Saúde da mulher, sistemas de informação, índices. INTRODUÇÃO Diversos estudos sobre a via de parto e a Assistência a Saúde da Mulher durante o Pré-Natal vem identificando altos índices de cesarianas contrariando o índice preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 15% (BRASIL, 2001). No período que antecede o parto, a mulher passa na maioria das vezes, pela ansiedade da chegada do filho. Neste sentido a aflição referente ao parto tem relação com a experiência única que se traduz esse acontecimento na vida de cada mulher. Durante toda a gestação a mulher passa por alterações fisiológicas, psicológicas e emocionais até a chegada do trabalhado de parto que embora marcado muitas vezes pela dor e desconforto traz também as alegrias do nascimento do filho (MOURA 2009). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Neste contexto, o planejamento do parto constitui-se em uma importante estratégia para assegurar cuidado e conforto para mãe e filho. Assim, considera-se fundamental a realização do planejamento do parto por meio da avaliação do estado gestacional que objetiva indicar a via de parto mais saudável para a mãe e para o filho. Os profissionais de enfermagem têm um papel fundamental no período gravídico devendo estimular a participação ativa da gestante durante todo o trabalho de parto (CRUZ, 2007). Uma das propostas do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde (PDAPS), oferecido pela Regional de Saúde é capacitar, por meio de oficinas, enfermeiros vinculados a saúde da família e profissionais de saúde sobre a atenção a saúde da mulher. Nestas oficinas são discutidos temas relacionados a orientação adequada sobre planejamento familiar, pré-parto, parto e puerpério, via de parto, amamentação entre outros (ESP/MG, 2008). Uma atenção qualificada a saúde da mulher, prevê a atuação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) junto as gestantes durante as consultas de Pré-Natal a fim de esclarecer e propiciar conhecimentos as gestantes a respeito dos diferentes tipos de parto e do preparo e cuidados puerperais para cada via de parto (BRASIL, 2006). A Agência Nacional de Saúde (ANS) vem discutindo desde 2004 a elevada taxa de partos cirúrgicos no Brasil, comparado aos partos normais e ainda apresentando propostas de ação para redução das cesarianas desnecessárias. Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), o Brasil apresenta taxas de cesarianas expressivas, chegando a mais de 40% dos partos realizados e permanecendo em estado crescente, divergente do recomendado pela OMS que preconiza uma taxa máxima de 15% de cesarianas para qualquer país (ANS, 2008). O Ministério da Saúde (MS) como meio de modificar esta realidade, utilizou do modelo internacional da OMS e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e lançou no Brasil a Campanha de Incentivo ao parto natural, através de folders, cartaz, panfletos, divulgação em mídia nacional como medida educativa. Foi também estabelecida pelo MS a glosa1 do pagamento de cesarianas que ultrapassem o teto limite definido. Foi observado um resultado positivo no serviço público de saúde ao 1 Anular ou recusar (orçamento, conta, declaração de renda etc.) Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 contrário do analisado no setor privado que prevaleceu com índices altíssimos de cesarianas (ANS, 2008, p. 32). Neste contexto, a problemática deste estudo encontra-se na verificação dos índices partos normais e cesarianas de mulheres residentes na cidade de Matipó/MG. Assim, a questão norteadora deste estudo é: Quais os índices de partos normais e de cesarianas de mulheres residentes na cidade de Matipó/MG no período compreendido entre Janeiro de 2005 a Dezembro de 2010. A relevância deste estudo consiste na identificação de dados que possibilitem um planejamento de ações de intervenção pela equipe de saúde da família e da Secretaria da Saúde para executar ações de promoção da saúde que fortaleçam o vínculo entre mãe e filho durante e após o parto. Este trabalho também aponte dados nunca estudados que podem ser trabalhados em campanhas de orientação e educação continuada em Grupo de Gestantes na consulta de Pré-natal feitas pela equipe multiprofissional e mostrar quais são os fatores que realmente indicam uma cesariana. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Osava (2011) realizou um estudo com o objetivo de estimar a prevalência de cesariana em um centro de parto normal e identificar os fatores associados. Trata-se de uma pesquisa que utilizou como método a revisão manual dos prontuários de 2.441 entre março e abril de 2005 de parturientes e seus Recém Nascidos. Os resultados deste estudo apontaram que dos partos ocorridos na instituição durante o período do estudo, foram registradas 14,9%. As gestantes adolescentes corresponderam a, aproximadamente, 11% da amostra. A cesariana foi mais prevalente entre mulheres com idade mais avançada. O estudo realizado concluiu que a taxa de cesariana (14,9%) esteve dentro do limite de 15% proposto pela OMS em 1985. Queiroz (2005) realizou um estudo com o objetivo de descrever as características da população como estado civil, ocupação e número de consultas de pré-natal; verificou a incidência de cesárea e de parto normal em clientes atendidas em uma instituição e comparou essas incidências no período pesquisado. Através Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de estudo do tipo descritivo, retrospectivo e documental, a partir da informação de prontuários. O estudo identificou um elevado percentual de parto cesariana com alta incidência em adolescentes. Constatou-se que as principais indicações de cesárea foram ter história de cesárea anterior e doença hipertensiva específica da gravidez. Registrou-se predomínio de gestantes com 4 a 7 consultas de pré-natal. Mudanças na assistência pré-natal podem ter impacto na taxa de cesárea, preparando a mãe para o trabalho de parto, aspecto intimamente relacionado à capacitação de parteiras, enfermeiras obstetras e médicos, como também substituição da assistência individual por uma assistência de equipe. A ANS (2008) realizou um estudo com o objetivo de analisar o perfil dos nascimentos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), segundo via de parto (cesáreo ou vaginal) nos serviços públicos e privados de saúde. Para identificar o perfil dos nascidos vivos foi realizada uma análise dos dados obtidos no Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), que tem origem nas Declarações de Nascidos Vivos (DNV). O resultado foi negativo já que apresentou um aumento das taxas de cesariana no município do RJ atingindo cerca de 80% dos partos em instituições privadas. Esta taxa é o dobro da taxa máxima de 15% preconizada pela OMS nas unidades SUS (WHO, 1985). Patah (2011) realizou uma revisão bibliográfica onde descreve as taxas de cesárea praticadas em diferentes países e uma descrição dos modelos assistenciais praticados. Utilizou como método o levantamento bibliográfico de literatura nacional e internacional selecionando as principais publicações relacionadas ao assunto no período de 1999 a 2010. Foram utilizados 44 artigos dos 64 encontrados. A elevação das taxas é um fenômeno mundial desde o século XX. Embora relatado em alguns trabalhos de maneira simples que as altas taxas são responsabilidade médica ignorando aspectos do relacionamento médico-paciente, contexto social entre outros. Não existe uma proporção adequada de partos por cesariana embora haja 25 anos a OMS preconize 15%. Vale ressaltar que o bom parto é aquele que garanta a saúde e o bem estar da mãe e do bebê. Reis (2009) realizou um estudo no ano de 2007 que objetivou traçar o perfil epidemiológico dos partos realizados em dois hospitais de Pelotas sendo um Filantrópico e o outro Universitário e compará-los com as informações obtidas em Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 1994. Através de um estudo descritivo, retrospectivo, com fonte secundária de dados teve como população alvo recém-nascidos nas maternidades da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (SCMP). Foram coletados dados nos arquivos dos hospitais ambos filantrópicos e analisados estatisticamente. O autor identificou que em ambas as instituições apresentavam índice elevado de cesarianas mais por tendência do que por necessidade, já que analisando o peso dos recém-nascidos a maioria apresentava peso dentro dos parâmetros da normalidade para um parto vaginal. Porém o estudo não tem nenhum elemento a fim de identificar os motivos que levaram a intervenção cirúrgica. Mediante os estudos apresentados a relevância desta pesquisa encontra-se na identificação dos índices de cesarianas e partos normais de mulheres residentes na cidade de Matipó/MG entre os anos de 2005 a 2010, sendo que esses dados consistem em fonte de pesquisa capaz de contribuir para o planejamento de ações de saúde para a redução do índice cesarianas desnecessárias conforme preconizado pela OMS e ainda contribuir na redução da morbi-mortalidade maternoinfantil devido a complicações cirúrgicas. Segundo Freitas (2001), o parto normal é aquele que ocorre fisiologicamente entre 37 semanas completas e 42 semanas incompletas e a mulher tem participação ativa durante todo o parto sofrendo a menor intervenção possível dos profissionais de saúde. Durante este período surgem as contrações progressivas e ritmadas e dilatação do colo do útero, bebês nascidos neste período regular são classificados como “nascidos a termo”. A cesariana consiste na retirada do concepto do útero materno através de uma intervenção cirúrgica mediante incisões nas paredes abdominais (Laporatomia) e uterina (histerectomia). É um recurso usado geralmente para evitar uma morbidade materna e/ou fetal buscando a preservação das condições vitais quando a via de parto vaginal não é possível seja por fatores fetais ou maternos (ANS, 2008). A via de parto depende das condições clínicas maternas e fetais, sendo necessária avaliação da dilatação do colo, estrutura óssea materna, além da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, indicando a via vaginal ou uma cesariana. Todo o processo do parto envolve a evolução da gestante, das condições fetais e da equipe que oferece o suporte ao período gravídico. O parto normal proporciona mais Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 viabilidade, bem estar e saúde ao binômio mãe-filho. O parto, cuja evolução prénatal foi normal permite à natureza seguir seu rumo, deixando o bebê nascer no tempo certo (MOURA, 2009). Dentre as vantagens do parto normal podemos citar que durante a passagem do bebê pelo canal pélvico, a compressão favorece a expulsão dos líquidos pulmonares do bebê, havendo menor risco de desconforto pulmonar após o parto e complicações respiratórias no decorrer do seu crescimento. Estudos indicam que os riscos de infecções puerperais no parto normal são menores quando comparados a cesariana além de anatomicamente a regressão do útero é rapidamente observada nas próximas horas após parto, retornando ao tamanho dentro dos limites da normalidade mais rapidamente do que em um procedimento cirúrgico. (MARTINS, 2002) A indicação clínica para a cesariana deve ser avaliada criteriosamente pelo médico especialista. Dentre as principais causas de indicação de cesariana destacase: prematuridade e/ou baixo peso, apresentação pélvica (sentado), Sofrimento Fetal Agudo, Gestação Gemelar, Macrossomia, situação transversa, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta com feto vivo, Herpes Genital ativa, prolapso, anormalidade do tamanho ou circular de cordão, Infecção pelo HIV, malformação congênita, o risco de contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis, Desproporção céfalo-pélvica, Placenta Prévia, Doença Hipertensiva Especifica da Gestação (DHEG), Diabetes gestacional, ou qualquer fator externo ligado ao feto ou a mãe que coloque em risco a vida dos mesmos (MARTINS, 2002). A gestante deve compreender que a incisão cirúrgica irá expor toda a sua cavidade abdominal, estando sujeita a deiscência de sutura que se trata da abertura do corte cirúrgico por movimentos bruscos no período de puerpério, são mais suscetíveis as infecções quando comparadas as infecções dos partos normais e possui recuperação mais lenta que no parto normal (BRASIL, 2006). As influências da gestante na análise da melhor via de parto passa por vários aspectos, culturais, físicos e pessoais como a própria tolerância a dor, ansiedade, medo, experiências anteriores, padrão social, escolaridade, entre outros (ANS, 2008, p. 13) Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A equipe de saúde da família por meio de seus conhecimentos e experiência deve identificar a tentativa momentânea de desviar da dor do parto, e apontar através das orientações, das consultas de pré-natal que o parto normal favorece a expulsão dos líquidos pulmonares durante a passagem pelo canal de parto e diminuem o risco de desconforto pulmonar após o parto e de patologias respiratórias (BRASIL, 2006). METODOLOGIA Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa e de natureza descritiva. Este tipo de método permite descrever a ocorrência de fatos e fenômenos relativos à realidade através da observação, análise, descrições objetivas e padronização de técnicas e validação de conteúdo. Assim, a pesquisa descritiva tem por finalidade (DIAS, 2007, p. 12): Observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a frequência com que o fenômeno acontece. É importante que se faça uma análise completa desses questionários para que se chegue a uma conclusão. A coleta de dados foi realizada na Base Nacional do DATASUS referentes às estatísticas vitais de Nascidos Vivos. O processamento dos dados e o mapeamento foram feitos através do TabNet. O TabNet é um programa aberto desenvolvido pelo Datasus, que tem por finalidade permitir o fornecimento rápidos de dados e criar relações entre variáreis disponível online2 que constituem os componentes básicos dos Sistemas de Informações do SUS dentro de suas Intranets ou em seus sites Internet no período compreendido entre Janeiro de 2005 a Dezembro de 2010. Incluiu-se no estudo a análise do parto vaginal e da cesariana segundo as variáveis: Raça Mãe (Branca, Preta, Amarela, Parda, Ignorado), Sexo Filho (Masculino e Feminino), Idade da mãe (10 a 14, 15 a 19 anos, 20 a 24 anos, 25 a 29 anos, 30 a 34 anos, 35 a 34 anos, 35 a 39 anos, 40 a 44 anos), Instrução (nenhuma, 1 a 3 anos, 4 a 7 anos, 8 a 11 anos, 12 e mais e ignorado), Estado civil (solteira, casada, viúva, separada judicialmente e ignorada), Duração da gestação (22ª a 27ª 2 www.datasus.gov.br Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 semanas, 28ª a 31ª semanas, 32ª a 36ª semanas, 37ª a 41ª semanas), Tipo de gravidez (única, dupla), Nº de consultas durante o pré-natal (nenhuma, 1 a 3 vezes, 4 a 6 vezes, 7 consultas ou mais), Apgar no 1º minuto (0 a 2, 3 a 5, 6 a 7, 8 a 10, ignorado), Apgar no 5º minuto (3 a 5, 6 a 7, 8 a 10, ignorado), Peso ao nascer (menos de 500g, de 500 a 999g, 1000 a 1499g, 1500 a 2499g, 2500 a 2999g, 3000 a 3999g, 4000 e mais) e Ano do nascimento de 2005 a 2010. A área de estudo é o município de Matipó/MG localizado na região II da Zona da Mata no Estado de Minas Gerais e pertence à microrregião homogênea Vertente Ocidental do Caparaó cuja população é de 17.639 habitantes, tendo como sua principal fonte de renda a agropecuária com destaque na cafeicultura (IBGE, 2010). RESULTADOS E DISCUSSÕES O SINASC registrou 1.828 nascimentos de mulheres residentes em Matipó no período analisado, dos quais 41,41% correspondem a cesarianas. Tabela 1: Características sócio-demográficas da população investigada, 2005 a 2010. Característica Gênero Feminino Masculino Ignorado Etnia Branca Preta Amarela Parda Ignorado Idade 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 Instrução Da Mãe Nenhuma 1 a 3 Anos VAGINAL % N= 1.828 CESARIANA IGNORADO 549 518 0 384 372 1 2 2 0 343 33 1 676 14 369 17 4 348 19 2 0 0 2 0 5 230 383 250 107 70 21 1 0 1 115 219 210 143 50 14 4 1 0 0 1 2 1 0 0 0 0 50 230 26 113 0 1 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 4 a 7 Anos 8 a 11 Anos 12 Anos e Mais Ignorado Estado Civil Solteira Casada Viúva Separada Judicialmente União Consensual Ignorado Duração da Gestação 22 -27 28-31 32-36 37-41 42 ou Mais Ignorado Tipo de Gravidez Única Dupla Ignorada Nº de Consultas Nenhuma 1 a3 4a6 7 ou Mais Ignorado Apgar no 1º minuto 0a2 3a5 6a7 8 a 10 Ignorado Apgar no 5º minuto 0a2 3a5 6a7 8 a 10 Ignorado Peso ao nascer Menos de 500 g 500 A 999 1000 a 1499 1500 a 2499 2500 a 2999 3000 a 3999 4000g e Mais 446 245 61 35 248 215 124 31 0 2 1 0 504 527 15 11 8 2 264 468 5 9 9 2 1 3 0 0 0 0 10 6 27 1020 4 0 2 12 44 692 6 1 0 0 1 3 0 0 1057 10 0 721 34 2 4 0 0 28 124 336 568 11 6 26 145 567 13 1 0 2 1 0 3 18 37 186 823 4 5 26 219 503 0 0 0 2 2 0 6 10 229 822 1 2 4 246 504 0 0 0 2 2 1 9 7 89 328 596 37 0 4 5 75 196 455 22 0 0 0 0 0 4 0 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Ano do Nascimento Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 221 202 188 171 155 130 103 107 127 133 155 132 1 1 0 0 2 0 FONTE: MS/SVS/DASIS - SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE NASCIDOS VIVOS – SINASC Dos 1828 partos de mulheres residentes em Matipó/MG, realizados no período estudado, 18,7% dos partos vaginais eram de mulheres brancas e 20,1% eram cesarianas. As mulheres de cor parda 36,9% eram vaginais e 19% eram cesarianas. As mulheres de cor preta 1,8% eram vaginais e 0,9% eram cesarianas. De acordo com outros estudos, houve predomínio da taxa de cesariana na etnia branca e os partos vaginais as maiores taxas foram observadas em mulheres pardas e pretas (KNUPP, VIRGÍNIA, MELO 2008). No que se refere ao sexo do bebê quanto ao tipo de parto 30,03% de parto vaginal eram de bebes do sexo feminino e 28,33% do sexo masculino. E na cesariana 21% eram do sexo feminino e 20,35% do sexo masculino. A distribuição por faixa etária revela que a maior ocorrência de partos ocorreu entre 20-29 anos, 24,62% de partos vaginais e 23,4% de cesarianas. Segundo estudo de Queiroz et al, chama a atenção o alto percentual de mulheres submetidas ao parto por via alta com idade inferior a 20 anos e um índice de cesarianas. Enquanto as mulheres casadas 28,82% eram vaginais, 25,60% cesarianas. Para Knupp (2008) quanto ao estado civil, a maior taxa de cesariana foi observada entre mulheres casadas, em união consensual (59,5%), enquanto a do parto vaginal foi maior entre mulheres solteiras (61,2%). Gestação com 32 a 36 semanas, prevaleceu a cesariana e acima de 42 semanas também. Para Osava RH et al idade gestacional maior que 40 semanas também estiveram associadas com maior prevalência de cesárias. Em gestação dupla prevaleceu a cesariana. Knupp (2008) ao analisar o nº de consultas de pré-natal, verificou que o total de mulheres que não foram a nenhuma consulta, 80,2% foram submetidas ao parto vaginal. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Bebês nascidos de cesariana apresentaram apgar menor (8 a 10) quando comparados ao parto normal. Para Knupp (2008), não se observou comportamento definido na distribuição dos partos vaginais e cesarianos. O peso ao nascer também esteve associado a via de parto. RN com peso inferior a 2500g e superior a 3500g teve maior probabilidade de nascer por cesariana quando comparado ao parto vaginal. De acordo com o ano houve o crescimento de cesarianas com consequente redução do nº de partos vaginais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que o índice elevado de cesarianas no município está sendo influenciado pela tendência mundial. Esta realidade leva a supor que as cesarianas não estão sendo precisamente indicadas, seja por convivência médica ou pela má orientação da Gestante. Acredita-se que mudança na assistência pré-natal e no pagamento efetuado pelo governo pode ter influência na taxa de cesárea no ambiente SUS, devendo esta sofrer maior fiscalização, mas não devendo deixar de lado o exagero em entidades particulares já que se trata de saúde da população. Aspecto este que está relacionado com treinamento de médicos e profissionais de saúde e incentivo não só da assistência individual, mas de uma estratégia que envolva toda a equipe de saúde e a população. (ANS, 2008) REFERÊNCIAS ANS, Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). O modelo de atenção obstétrica no setor de Saúde Suplementar no Brasil: cenários e perspectivas / Agencia Nacional de Saúde Suplementar. – Rio de Janeiro, 2008. BRASIL, Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: Assistência Humanizada a mulher. Brasília (DF), 2001. BRASIL, Ministério da Saúde. Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária a Saúde: Redes de Atenção a Saúde. Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais – Belo Horizonte: ESPMG, 2008. CRUZ, Fundação Oswaldo. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Cesarianas Desnecessárias: Causas, conseqüências e estratégias para sua redução. 2007. Disponível em: http://www.ans.gov.br/portal/upload/biblioteca/FIOCRUZ_Ces%C3%A1reas.pdf. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE INFANTIL EM CRIANÇAS DE 05 A 10 ANOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DE RIO CASCA - MG Ederlaine Auxiliadora Santana e Júlia Miorini Brum Pereira – Graduandas em Enfermagem Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Tatiane de Cássia Fernandes Martins – Graduada em Nutrição, Especialista em Saúde Pública. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX ] Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Ana Ligia de Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO Este trabalho teve como objetivo identificar a prevalência de obesidade e sobrepeso infantil em crianças de 05 a 10 anos em uma escola municipal da cidade de Rio Casca – MG. O presente estudo trata de uma pesquisa de campo descritiva com abordagem quantitativa e foi realizado em uma escola municipal de Rio Casca, localizado na zona da mata do Estado de Minas Gerais. Participaram deste estudo 60 alunos do sexo feminino e masculino de faixa etário de 05 a 10 anos matriculado entre 2° período da educação infantil ao 5° ano do ensino fundamental. Ao contrário da grande preocupação a respeito da obesidade, constatou-se através dos dados coletados que há um alto índice de magreza. Verificou-se que 60% dos alunos estão na faixa de magreza, uma parte significativa dos alunos 37% encontram-se eutróficos, ou seja, com seu peso normal e somente 3% encontram-se com sobrepeso e nenhum aluno foi classificado com obesidade. PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; Sobrepeso; Magreza e Criança. INTRODUÇÃO Nos países desenvolvidos uma preocupação constante está ligada a saúde pública, a obesidade é considerada uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde. Ao reportarmos aos países em desenvolvimento, especialmente na América Latina, os dados da OMS indicam um aumento de 1% na prevalência da obesidade gerando 20 milhões de novos casos (IBGE, 2010). A vida está corrida, com isto, alimentos industrializados vêm se tornando mais atrativos pela facilidade e comodidade, contribuindo assim para cada vez este problema de saúde pública cresça (BASSOUL, BRUNO e KRITZ, 2009). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Na segunda metade do século XX, o Brasil passou por uma impressionante transformação, e em 1974 quando foi realizada pela primeira vez uma pesquisa familiar, tendo como objetivo registrar a altura e peso da população constatou-se que a população tornou-se mais alta. O déficit de altura entre crianças declinou da faixa dos 30% para menos de 10%. Nesse mesmo período, o brasileiro ganhou peso. Bassoul, Bruno e Kritz (2009), arfimam que vários aspectos influenciam na escolha dos alimentos e através destas escolhas são adquiridos o estado nutricional de cada um. O comportamento alimentar pode ser influenciado por fatores externos como atitudes dos pais e amigos, valores sociais e culturais, manias alimentares, e fatores internos como necessidades e características psicológicas imagem corporal, autoestima e preferências alimentares (MELLO, LUFT e MEYER, 2004). Bassoul, Bruno e Kritz (2009 p 10), para tal relatam que: Os hábitos alimentares se formam a partir do momento em que o bebê começa a receber os alimentos que a mãe lhe oferece. Nessa fase, a influência da família é primordial, porque, de certa forma, ela impõe seus hábitos ao bebê. A medida que a criança cresce, seu círculo social se amplia e novos hábitos vão se incorporando aos já existentes. Os hábitos alimentares devem ser adquiridos de forma positiva, quando as crianças aprendem se alimentar corretamente, elas aprendem também a cuidar da sua própria saúde, evitando assim sobrepeso e obesidade. Segundo Bassoul, Bruno e Kritz (2009), “nada influência tanto a saúde física de uma pessoa quanto os tipos e quantidade de alimentos ingeridos”. O sobrepeso caracteriza não só problemas físicos, mas afeta o sistema fisiológico causando várias doenças como a diabetes mellitus do tipo II, osteoartrite de grandes e pequenas articulações, devido ao sobrepeso, que dificulta os movimentos, complicações respiratórias e coronarianas, aumento de incidência de câncer (KOPELMAN, 2000 e BRAY, 2004). Deve-se atentar para o fato de que parte dos problemas e discussões existentes ao redor do tema obesidade e sobrepeso são muito pesquisados, principalmente em crianças onde muitas vezes a alimentação começa inadequada Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 desde seus horários até os alimentos pobres em nutrientes. Isso faz com que, muitas vezes quando se chega à fase adulta, o peso está tão descontrolado que as doenças coronarianas e crônicas já estão presentes, acarretando problemas que podem custar à vida. Muitas questões estão ao redor do estudo como: Como podemos minimizar a incidência de sobrepeso e obesidade em crianças? Como podemos melhorar a qualidade de vida das crianças? O que fazer para que ao chegar à fase adulta as crianças estejam com um estado nutricional adequados, para assim minimizar os riscos de doenças crônicas e coronarianas? O objetivo do estudo é verificar a prevalência da obesidade e sobrepeso em crianças de 5 a 10 anos de idade em uma escola pública municipal da cidade de Rio Casca, situada na zona da mata mineira. Com a implementação desta investigação pretendemos apontar caminhos para que os pais, alunos, professores e funcionários da escola percebam como é importante o incentivo de hábitos alimentares saudáveis em casa e na escola para que assim todos possam aprender a cuidar da saúde garantindo uma melhor qualidade de vida. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Hodiernamente, se tornou fundamental as pessoas aprenderem sobre nutrição adequada, podendo assim adquirir hábitos alimentares saudáveis, proporcionando uma melhor qualidade de vida e diminuindo os riscos de obesidade (TRICHES e GIUGLIANI, 2005, p. 542). Nas instituições de ensino a alimentação deve ser exemplo do que é correto e por isso é aconselhável que as mesmas tenham o acompanhamento de um nutricionista para montar um cardápio adequado a realidade da instituição e que seja considerado saudável, seja na alimentação fornecida pela instituição ou as vendidas em suas cantinas. Se a instituição não se dispor de nutricionista que faça todo o acompanhamento, é necessário que faça no mínimo consultoria com um profissional da área (ZANELLA, 2006). De acordo com Damiani, Carvalho e Oliveira (2000), estudos comprovam que a obesidade pode ter início em qualquer época da vida, mas seu aparecimento é mais comum especialmente no primeiro ano de vida, entre 05 e 06 anos de idade Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 e na adolescência, mas deve-se considerar que em qualquer fase da vida a obesidade exige uma atenção especial. “A obesidade vem-se tornando tema de crescente preocupação, dado o importante aumento em sua prevalência e a sua associação com diversas condições mórbidas” (BALABAN e SILVA, 2001, p.96). Uma preocupação que vem aumentando é o contínuo e frequente aumento na obesidade infantil nos últimos anos, à medida que se tem assistido ao aumento da prevalência em grupos etários cada vez mais jovens e, ao início cada vez mais precoce das complicações relacionadas com excesso de peso (BAKER, 2007). Lemos et al.(2009) citado por Kopelman e Bray (2000-2004): A obesidade não afeta apenas as características físicas externas dos indivíduos, mas tem uma grande influência com relação a fatores fisiológicos associados ao desenvolvimento de diversas patologias como diabetes mellitus tipo ll, doença coronária, aumento da incidência de certas formas de câncer, complicações respiratórias e osteoartrite de grandes e pequenas articulações. O estudo anterior foi efetuado para chamar a atenção dos pais, professores e até mesmo dos alunos para conscientizar melhor sobre obesidade e sobrepeso e a necessidade de implantar programas de Saúde nas Escolas. Foi utilizados métodos de medidas de massa corporal e estatura para cálculos de IMC, interpretada em gráficos de percentil referenciado na OMS para comparar o IMC entre meninos e meninas com idade de 05 a 10 anos. Balaban e Silva (2001) realizaram estudo com objetivo de determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade em estudante de uma rede privada de Recife, para comparar sobrepeso e obesidade entre os sexos e entre os grupos etários (crianças e adolescentes) e verificar a correlação entre IMC e espessura da prega tricipital, nessa população. Usando de corte transversal com 762 estudantes de uma escola de classe média alta de Recife no ano de 1999. Os resultados indicaram que o sobrepeso mostrou-se tão freqüente na nossa amostra quanto nos países desenvolvidos, à obesidade, com tudo foi menos frequente. Em nenhum dos estudos apresentados até aqui os autores conseguiram obter resultados concretos na classificação do estado nutricional das crianças, precisando de mais estudos para maiores comprovações. As investigações que apresentam Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 alguma relação com a proposta desse projeto, são os estudos de Balaban e Silva (2001), Gomes et al. (2009), que se fundamentaram a partir do cálculo do IMC de crianças do sexo feminino e masculino para obter seus resultados. METODOLOGIA O presente estudo trata de uma pesquisa de campo descritiva com abordagem quantitativa e foi realizado em uma escola municipal de Rio Casca, localizado na zona da mata do Estado de Minas Gerais. Participaram deste estudo 60 alunos do sexo feminino e masculino de faixa etária de 05 a 10 anos matriculado entre 2° período da educação infantil ao 5° ano do ensino fundamental. A pesquisa foi realizada no mês de abril de 2012. Para coleta de dados, foi encaminhado Pedido de Autorização para as escolas em nome do Diretor (Anexo I), Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II) e Autorização dos pais (Anexo III), explicando a importância do presente estudo e solicitando apoio e autorização para a realização. O índice antropométrico utilizado para avaliação do excesso de peso das crianças será o Índice de Massa Corporal para idade de 5 a 19 anos (OMS, 2007), classificados pelos gráficos das curvas de IMC por idade de meninos (Anexo IV), e meninas (Anexo V). Ressaltamos que o IMC para idade de crianças, não tem os parâmetros de peso para estatura na referência da OMS (2007). As crianças foram pesadas e medidas. O peso foi coletado através de balança digital com capacidade de 150 Kg com precisão de 100 g e a estatura foi medida por estadiômetro tipo trena de 200 cm, com precisão de 0,1cm. Ao fazer a análise, foi realizado o cálculo de índice de massa corporal – IMC onde o valor encontrando será avaliado no gráfico das curvas femininas e masculinas de 0 a 19 anos juntamente com o peso. A classificação foi feita de acordo com a idade que está na reta horizontal e valor do IMC que se encontra na linha vertical, analisando os dois, chegamos ao valor do percentil que é onde classificamos o estado nutricional da criança. Os percentis para classificação do IMC nos gráficos das curvas de meninos e meninas de 5 a 10 anos são: Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Tabela 1 – Percentis para classificação de IMC para idade de meninas e meninas de 5 a 10 anos VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada > Percentil 0,1 e <Percentil 3 > Percentil 3 e <Percentil 85 > Percentil 85 e <Percentil 97 > Percentil 97 e <Percentil 99,9 > Percentil 99,9 Fonte: OMS (2007) > Escore-z -3 e <Escore-z -2 Magreza > Escore-z -2 e <Escore-z +1 > Escore-z +1 e <Escore-z +2 > Escore-z +2 e <Escore-z +3 > Escore-z +3 Eutrofia Sobrepeso Obesidade Obesidade grave Os dados foram processados no Microsoft Office Excel e analisados através de estatística descritiva. Para apoio à pesquisa, foram utilizadas fontes como, livros, artigos e internet. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram avaliados (pesados e medidos) 60 alunos no total com faixa etária entre 05 a 10 anos da Escola Municipal do Município de Rio Casca. Dentre as crianças havia 29 meninas e 31 meninos. Os resultados obtidos, de acordo com a metodologia apresentada, estão dispostos em tabelas e gráficos. A Tabela 2 apresenta os resultados de todos os alunos participantes de acordo com estado nutricional e sexo em números e percentual. Tabela 2- Número de Alunos de acordo com o estado nutricional e percentual Estado nutricional Feminino Masculino Total Porcentagem (%) Magreza 17 19 36 60% Eutrofia 11 11 22 36,7% Sobrepeso 1 1 2 3,3% Obesidade 0 0 0 0% Como pode ser visto através dos dados apresentados a maior parte dos alunos 36 (60%) está na faixa de magreza (≥ percentil 0,1 e < percentil 3) de acordo com o parâmetro utilizado OMS ( 2007), IMC para idade de 5 a 10 anos. Entretanto, uma parte significativa dos alunos 22 (36,7%) encontram-se eutróficos, ou seja, com seu peso normal. Ao observamos o total de alunos pesquisados, somente 2 (3,3%) encontram-se com sobrepeso e nenhum aluno foi classificado com obesidade. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os dados da pesquisa foram comparados com resultados de outros autores cujo estudo observou crianças. Não foram encontrados estudos com a mesma faixa etária deste. De acordo com, Oliveira, Cerqueira e Oliveira (2003), em estudo realizado em escolas da rede pública de Feira Santana – BA com 699 alunos de 5 a 9 anos, verificam que 6,5% de sobrepeso e 2,7% de obesidade sem diferenciação por sexo. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que, historicamente, à região Nordeste apresentar índices maiores de desnutrição do que as regiões Sul, Sudeste, e Centro-Oeste, assim como menos índices de sobrepeso e obesidade. Ao contrário da grande preocupação a respeito da obesidade constatou-se através dos dados coletados que há um alto índice de magreza o que também é preocupante. De acordo com Pádua (2011), especialista em alimentação na infância e adolescência, é importante distinguir magreza de desnutrição, pois, nem todo magro é necessariamente desnutrido: Uma criança pode ser considerada magra quando seu peso é inferior ao da maioria das crianças da mesma idade e/ou altura. Porém, isso pode ser uma conseqüência de seu material genético, o que não acarreta em nenhum prejuízo para a saúde em geral”, explica a especialista. Antes de afirmar que uma criança precisa ganhar peso, porque não está na faixa esperada em comparação com os amiguinhos da mesma idade, é preciso analisar seu tipo físico e o de sua família (PÁDUA, p.10 ,2011) É importante deixar claro que não há caso de desnutrição das crianças participantes, o que pudemos perceber é que são crianças com baixo peso devido a fatores genéticos e fatores socioeconômicos uma vez que município de Rio Casca apresenta regiões carentes. Alunos de escolas públicas são alunos mais carentes, os mesmos se alimentam da merenda servida na escola, que é acompanhada por nutricionistas e alimentação em casa onde na maioria das vezes são alimentos básicos como arroz e feijão. Alunos de escolas privadas possuem uma situação socioeconômica melhor onde os mesmos levam lanches classificados como não saudáveis como refrigerantes e salgadinhos, ou compram alimentos na venda da escola, que na maioria das vezes não são saudáveis, além de em casa terem uma alimentação variada, porém não equilibrada por possuírem condições de consumirem produtos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 enlatados, embutidos e com conservantes com maior frequência. Um dos fatores que podem explicar a maior incidência de magreza em nosso estudo. Fernandes (p.95, 2007) em seu estudo diz que estudantes desnutridos estão em maior quantidade em escolas públicas. Um fato relevante para o estudo realizado, pois, os alunos pesquisados são oriundos de uma escola pública, o que através de outros estudos realizados, podemos perceber que seja uma explicação para que os alunos estudados tenham apresentado magreza e não obesidade e sobrepeso como era esperado. Segundo estudo de Fernandes (p.82, 2007) “mostrou que os alunos com IMC abaixo do percentil 5 são mais frequentes nas escolas públicas”, essa citação vem reafirmar o que acima descrevemos. Os alunos de escolas públicas possuem com mais frequência alunos que ao serem observado o estado nutricional, são classificados entre eutróficos e magreza. Vale ressaltar ainda que os programas de saúde pública aumentam os conhecimentos dos pais sobre os riscos de sobrepeso na infância. Hodiernamente há uma preocupação grande com a obesidade em crianças devido há problemas futuros, e o grande incentivador para hábitos saudáveis na alimentação é a mídia onde a mesma através da saúde pública vem encorajando pais, crianças, adolescentes e adultos a cuidarem mais da alimentação e qualidade de vida. Este é um ponto positivo que pode estar contribuindo para a diminuição de sobrepeso e obesidade infantil (FERNANDES, p.102, 2007). O presente estudo identificou a prevalência da magreza tanto em meninos como em meninas, quase que na mesma proporção, o que nos permite verificar que o problema é geral, pois ocorre nas famílias devido à possível carência de nutrientes, ou seja, a falta de alimentos variados e saudáveis na mesa diariamente. As escolas públicas tentam se adequar para evitar o aumento desse índice de magreza no estado nutricional das crianças, prova disso é que elas seguem-se um padrão nutricional mais rigoroso, com confecção de cardápios criados e acompanhados por um nutricionista. CONSIDERAÇÕES FINAIS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Este estudo mostra que ouve maior prevalência de magreza do que obesidade e sobrepeso em crianças de 5 a 10 anos na escola Municipal de Rio Casca. Apesar de a obesidade ser um agravante no desenvolvimento infantil nos dias atuais, ainda sim verificou-se que o índice de magreza também e preocupante devido a hábitos alimentares incorretos muitas vezes devido ao fator socioeconômico da família. Com estes dados podemos afirmar que existem necessidade de um programa de intervenção nutricional envolvendo pais, educadores e crianças com intuito de se conter o avanço de índice de magreza por meio da educação nutricional, evitando dessa forma prejuízo à saúde das crianças dos adolescentes e adultos. Procuraremos dar conhecimento dos resultados globais à escola e os pais participantes como forma de sensibilizar par um problema que lhes diz diretamente respeito. REFERÊNCIAS BASSOUL, Eliane; BRUNO, Paulo; KRITZ, Sônia. Nutrição e dietética. 2.ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2009, 112p. BALABAN, Geni; SILVA, Giselia A.P. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de uma escola da rede privada de Recife. Jornal Pediatria (2001). Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jped/v77n2/v77n2a08.pdf>. Acesso 13 mar. 2012. BARKER DJP: Obesity and early life. Obesity Reviews,2007.8(1):p45-49. Disponivel em:<http://www.actamedicaportuguesa.com>. Acesso em 13 mar. 2012. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL DA ZONA DA MATA MINEIRA Fernanda de Fátima Campos Freitas e Leda Gomes da Costa Souza – Graduandas em Enfermagem. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem. Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo foi verificar o uso dos equipamentos de proteção individual para os profissionais da Enfermagem e como agem para se prevenir contra acidentes ocasionados no seu ambiente de trabalho. Este estudo foi realizado através de um questionário fechado, quantitativo, com 19 profissionais da Enfermagem de diferentes setores de um Hospital localizado na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais. Os resultados apontam que a maior parte dos entrevistados, 63,16%, entendem o que é Equipamento de Proteção Individual e fazem uso correto do mesmo, Mais infelizmente em sua maioria os profissionais da Enfermagem não fazem o uso correto dos EPI’s, quando questionados 47,38%, responderam que às vezes fazem o uso correto e 26,31% não usam, infelizmente isto é uma realidade vivida hoje pelos profissionais da Enfermagem. PALAVRAS-CHAVE: EPI’s; Enfermagem; Segurança. INTRODUÇÃO O uso de equipamentos de proteção individual (EPI) se tornou hoje em dia uma grande preocupação para os profissionais da área da Enfermagem, devido ao grande número de atendimento a pacientes em unidades hospitalares e postos de atendimento. Nós como profissionais da área de enfermagem notamos que muitos profissionais não fazem o uso correto desses equipamentos de proteção individual, fazendo assim certos tipos de procedimentos sem o uso correto deles, estando expostos ao risco de se contaminar por alguns tipos de vírus ou bactérias. Para Talhaferro, Barboza e Oliveira (2008, p.158 e 159): Os trabalhadores da área da saúde, principalmente a hospitalar, estão expostos a múltiplos riscos no seu ambiente de trabalho, de natureza química, física, biológica, psicossocial e ergonômica. Os riscos biológicos são os principais geradores de periculosidade e insalubridade para Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 esses profissionais, pois eles têm contato direto com sangue e outros fluidos corpóreos, além de manipulação rotineira de materiais perfurocortantes. Os profissionais da Enfermagem constituem a maior parte dos profissionais atuantes na área hospitalar, estando assim em contato com vários tipos de pessoas e outros colegas de profissão tais como: os médicos, auxiliares de limpeza, entre outros. Assim, o uso do EPI é fundamental para a sua proteção e dos demais indivíduos atuantes ou não na área hospitalar. Segundo Vasconcelos, Reis e vieira (2008, p.99), os Equipamentos de Proteção Individual permitem aos profissionais da equipe de Enfermagem exercer os cuidados aos pacientes de forma segura, não colocando em risco a saúde do paciente e zelando pela integridade física dos mesmos. Sobre isso, Rapparini (2007); citado por Santos et. al. (2008, p. 02) afirmam que: A equipe de enfermagem, envolvida na dinâmica da assistência ao paciente, focados no “fazer” em saúde, muitas vezes no intuito de preservarem a vida dos pacientes com risco eminente de morte, se esquecem da manutenção da sua integridade se expondo aos riscos pertinentes desse atendimento. Por esse motivo, se tornam mais susceptíveis a acidentes do trabalho e doenças ocupacionais (SPAGNUOLO; BALDO; GUERRINE, 2008, citado por Batistoni et. al. 2010, p. 59). Baseado nessa fundamentação temos como questão eixo: os profissionais da enfermagem estão fazendo o uso correto dos equipamentos de proteção individual? E as periféricas: Qual a importância do profissional como colaborador nesse processo de proteção? O ambiente onde atua o profissional da enfermagem trabalha a prevenção de acidentes no seu cotidiano? O objetivo deste estudo é verificar o uso dos equipamentos de proteção individual para os profissionais da Enfermagem e como agem para se prevenir contra acidentes ocasionados no seu ambiente de trabalho. Sendo assim, torna-se necessário despertar nos trabalhadores a consciência da importância do uso correto dos EPI’s, para que eles possam atender as exigências de trabalho em um setor emergencial e esse mesmo trabalho não ser para o trabalhador fonte de riscos e de doenças ocupacionais e sim fonte de prazer e realização profissional. (BATISTONI et. al. 2010, p. 59). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Segundo Sêcco, Gutierrez e Matsuo (2002) citado por Vasconcelos, Reis e Vieira, (2008, p.100), os profissionais da equipe de Enfermagem são responsáveis por prestarem os cuidados adequados aos pacientes e por promoverem e preservarem a saúde. Com este estudo pretendemos contribuir para que fiquem claras a importância do uso de equipamentos de proteção individual para profissionais da enfermagem e como estes devem agir no seu cotidiano para que não aconteça acidentes indesejáveis no seu ambiente de trabalho. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Os autores que compuseram a revisão bibliográfica dessa pesquisa foram: Batistoni et. al. (2010), Mafra et. al. (2008), Marziale e Rodrigues, (2002), NR6, Pinel et. al. (2010), Portela (2010), Santos et. al. (2012), Talhaferro et. al. (2008), Vasconcelos et. al. (2008). Todos os estudos abordaram o uso correto do EPI, como deve ser utilizado, as precauções a serem tomadas, a adesão dos mesmos, o fornecimento pelas unidades de trabalho, a precaução durante o atendimento ao paciente. No entanto, nenhum deles investiram na informação junto ao profissional da Enfermagem, fazendo orientações e exigindo que os profissionais façam o uso dos mesmos, portanto é em um estudo desta natureza que pretendemos investir. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para uma boa compreensão dessa pesquisa é necessário um breve estudo sobre os conceitos: Importância do EPI: Percepção da Equipe de Enfermagem na Sala de Emergência. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Importância do uso de EPI durante manipulação de pacientes em precaução de contato. Prevalência do uso de EPI no serviço de Enfermagem na Secretaria de Saúde do Município de Alegre – ES. (2007-2008). Adesão ao uso de Equipamentos de Proteção. Individual pela Enfermagem. Uso de Equipamentos de Proteção Individual pela equipe de Enfermagem de um Hospital do Município de Coronel Fabriciano. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6) considera “Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. Segundo Oliveira, Murofuse (2001); citado por Batistoni et. al. (2010, p. 64). No Brasil, os trabalhadores de enfermagem, através de uma concepção idealizada da profissão, submetem-se aos riscos ocupacionais, sofrem acidentes do trabalho e adoecem não atribuindo esses problemas ás condições insalubres e aos riscos oriundos do trabalho. Em estudo realizado para verificar o conhecimento dos trabalhadores de saúde hospitalar no desenvolvimento de suas atividades, constatou-se que eles conhecem os riscos de forma genérica e que esse conhecimento não se transforma numa ação segura de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, apontando para a necessidade de uma ação que venha modificar essa situação. De acordo com a NR-6, “a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento”, o que ocorre na instituição estudada, conforme constatado. O empregado deve utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina responsabilizar-se pela guarda e conservação, comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para o uso e cumprir as determinações do empregador sobre o uso correto. Enquanto isso, Talhaferro et. al. (2008, p. 159) afirma, embora o profissional de Enfermagem promova o cuidado ao indivíduo doente, pouco sabe a respeito de cuidar de sua saúde profissional, visto que a preocupação destes trabalhadores na relação saúde-trabalho-doença é genérica. Um exemplo desta relação está no acidente de trabalho, que se “caracteriza por uma interação direta, repentina e involuntária entre a pessoa e o agente agressor em curto espaço de tempo. Esse tipo de acidente está relacionado aos riscos ocupacionais, ou seja, aos elementos presentes no ambiente de trabalho que podem causar danos ao corpo do trabalhador, ocasionando doenças ocupacionais adquiridas em longo prazo”. Uma das formas de evitar acidentes com maiores proporções é o uso de equipamento de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 proteção individual (EPI), que constitui uma barreira protetora para o trabalhador, pois reduz efetivamente (embora não elimine) os riscos. Diante dos dados extraídos, constatamos o grande desafio com o qual o profissional de enfermagem tem de lidar cotidianamente, pois sua saúde, e até mesmo sua própria vida, estão em risco. Da mesma maneira, encontram-se os pacientes. Nesse sentido, Pinel et. al. (2010, p. 02) relata que: As medidas de precaução de contato a serem tomadas pelos profissionais de saúde são fundamentais a fim de evitar a infecção cruzada em pacientes internados. Ferreira et.al. (2006), citado por Pinel et. al. (2010, p. 02) constatou que os profissionais de saúde utilizam parcialmente as medidas de precaução de contato, de forma que nem sempre são aplicadas medidas básicas, como a lavagem correta das mãos, o uso de luvas e de capote. Tais acessórios fazem parte do Equipamento de Proteção Individual - EPI, definido pela Norma Regulamentadora nº6 como sendo todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Sobre isso Mafra, et. al. (2008, p. 33) afirma o seguinte; Percebe-se que os equipamentos de proteção individual, em conjunto, formam um recurso primordial para prevenir a exposição a riscos biológicos. O risco a este tipo de exposição é inerente à atividade desempenhada e, no que se refere ao atendimento pré-hospitalar, pode tornar-se aumentado devido à característica da assistência prestada, muitas vezes em situações extremamente complexas, como a cinemática do trauma, os locais de difícil acesso, o estresse no manejo rápido de atendimento e outros. Pinel et. al. (2010, p. 02) Sendo assim, para profissionais atuantes na área de saúde, seu uso deve ser indispensável, pois além de prevenir a contaminação de pacientes através da infecção cruzada, garante a própria segurança. Quando a atenção é direcionada à equipe de enfermagem, que está a maior parte do tempo prestando assistência e realizando cuidados, torna-se de suma importância a realização de cursos e atividades de educação continuada, visando sempre ressaltar a seriedade do tema. É da formação do profissional da Enfermagem que provém, não exclusivamente, mas grande parte da prática de prevenção que será desenvolvida durante e posteriormente ao atendimento do paciente. Enquanto isto, Feijó; Goulart, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 (2005) citado por Batistoni et.al. (2010, p. 66). Afirmam que: uma situação de emergência visa á preservação imediata da vida. Uma avaliação incompleta ou em tempo inadequado pode resultar em fatalidade ou dano orgânico permanente. Como o atendimento de emergência representa um trabalho em equipe, a Enfermagem do trabalho desempenha um papel importante na identificação das atividades que representam riscos a sua saúde. É necessário lembrar-se das precauções universais e adotar medidas de biosegurança que visam á prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes a saúde do trabalhador. Daí a importância da orientação e educação dos profissionais de enfermagem em controlar os agentes de risco, utilizar os EPI´s e participar dos controles administrativos, programas de exames médicos e sempre adotar medidas de segurança (FUNDEN apud NISHIDE; BENATTI, 2004; GIR et. al. 2004). Citado por VASCONCELOS (2008, P. 101). Marziale e Rodrigues (2002, p. 572) relatam a extensão da carga horária do profissional da Enfermagem em decorrência das doenças ocupacionais do trabalho. O contingente de trabalhadores de enfermagem, particularmente o que está inserido no contexto hospitalar, permanece 24 horas junto ao paciente, em sua grande maioria executa o “cuidar” dentro da perspectiva do “fazer” e, conseqüente, expõe-se a vários riscos, podendo adquirir doenças ocupacionais e do trabalho, além de lesões em decorrência dos acidentes de trabalho. Marziale e Rodrigues (2002, p. 572) ainda relatam que o maior risco para os trabalhadores da área da saúde é o acidente com material perfurocortante, que expõe os profissionais a microorganismos patogênicos, sendo a hepatite B a doença de maior incidência entre esses trabalhadores. Sobre isto Smeltzer (2005), citado por Santos et. al. (2007, p. 02) relatam; Os agentes químicos ou biológicos e a radiação são assassinos silenciosos e, em geral, são incolores e inodoros. A finalidade do EPI é proteger os indivíduos contra os perigos químicos, físicos e biológicos que possam existir quando cuidam de pacientes contaminados. Como já foi dito antes, vale a pena reprisar, os profissionais da área da saúde, que eles devem sempre utilizar o EPI, evitando assim danos a sua saúde e a de seus pacientes. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Com este conceito entendemos que a cultura do alto cuidado pode ser empreendida em uma determinada equipe para que esta mesma equipe passe a diante os cuidados a serem tomados e a sua importância. Sendo assim Batistoni et. al. (2010, p. 59) ainda afirma que torna-se necessário despertar nos trabalhadores a consciência da importância do uso dos EPI’s, para que eles possam atender as exigências de trabalho em um setor emergencial e esse mesmo trabalho não ser para o trabalhador fonte de riscos de doenças ocupacionais e sim fonte de prazer e realização profissional. METODOLOGIA Este estudo foi realizado através de um questionário fechado, quantitativo, com 19 profissionais da Enfermagem de diferentes setores de um Hospital localizado na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais. A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente implica a construção de inquéritos por questionário. Normalmente são contactadas muitas pessoas. (SEM AUTOR, 2004, p.01) E para Portela (2004, p. 03), Nesse tipo de abordagem quantitativo, os pesquisadores buscam exprimir as relações de dependência funcional entre variáveis para tratarem do como dos fenômenos. Eles procuram identificar os elementos constituintes do objeto estudado, estabelecendo a estrutura e a evolução das relações entre os elementos. Seus dados são métricos (medidas, comparação/padrão/metro) e as abordagens são experimental, hipotético-dedutiva, verificatória. Eles têm como base as metateorias formalizantes e descritivas. Vantagens: automaticidade e precisão. Limites: determinação prévia de resultados. Segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), (2010) essa Cidade possui 15.011habitantes contando com Distrito e Córregos, tendo como sua principal atividade econômica a cafeicultura e agropecuária. Foi realizado um questionário com 13 perguntas que abordam a proteção individual de cada profissional da Enfermagem do hospital referido. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS E DISCUSSÕES Após a coleta de dados os resultados foram organizados de acordo com as respostas do questionário: Abaixo a tabela 1 com a característica sócio-demografica da população investigada e os resultados das perguntas do questionário. Tabela 1. Característica sócio-demografica da população investigada. Característica Nº Gênero Masculino 01 Feminino 18 Total 19 Faixa etária 20 a 30 09 31 a 4 05 41 a 50 05 Total 19 Formação profissional Técnico de enfermagem 11 Auxiliar de enfermagem 03 Enfermeiros 05 Total 19 % 5,26% 94,74% 100% 47,38% 26,31% 26,31% 100% 57,89% 15,80% 26,31% 100% Constatou-se nesta tabela, que a população do sexo feminino é de 94,74%, Isso mostra que, no serviço estudado, a Enfermagem ainda é uma profissão exercida na sua maioria por mulheres. Como afirma Santos et. al. (2008, p. 03), a Enfermagem ainda é uma profissão com predominância das mulheres. Tabela 2. O que você entende sobre Equipamentos de Proteção Individual (EPI)? Variáveis Nº Pouca coisa 01 Entendo e faço uso correto 12 Entendo, mas não faço uso correto 06 Não sei 00 Total 19 % 5,26% 63,16% 31,58% 00 100% Podemos observar na tabela 2 a maior parte dos entrevistados, entendem o que é Equipamento de Proteção Individual e fazem uso correto do mesmo, mas infelizmente ainda existe uma grande quantidade de profissionais que sabem dos riscos de acidente e não fazem o uso corretos dos EPI’s. Talhaferro et. al. (2008, p. 162 e 163) afirma que a adesão ao uso do EPI está relacionada à percepção que os profissionais têm dos riscos a que estão expostos e da suscetibilidade a estes riscos. Os profissionais, muitas vezes, banalizam os riscos ocupacionais e não Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 sabem, na sua maioria, identificar as conseqüências decorrentes da inobservância do uso de medidas de prevenção Tabela 3. Qual a importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual para os profissionais da Enfermagem nesta instituição? Variáveis Nº % É importante Previne contra acidentes Não é importante É de grande importância Total 00 06 00 13 19 00 31,58% 00 68,42% 100% O uso dos EPI’s é de grande importância para os profissionais da Enfermagem e verificamos isso, uma vez que 68,42% dos profissionais questionados responderam que é de grande importância o uso dos mesmos. Mafra et. al. (2008, p. 32); relata que os profissionais da saúde são uma população potencialmente vulnerável à exposição aos agentes microbiológicos devido ao contato direto e constante com o paciente, em especial a equipe de enfermagem, sendo que, o enfermeiro tem papel fundamental como orientador e educador perante sua equipe. Acredita-se que este enfermeiro conheça os fatores de risco a que se expõe, as medidas protetoras para evitar acidentes ou enfermidades profissionais, ainda que isto não implique diretamente a adoção por parte dele de medidas de precauções. Tabela 4. Os profissionais da enfermagem estão fazendo o uso correto dos equipamentos de proteção individual? Variáveis Nº % Sim Não Ás vezes Total 05 05 09 19 26,31% 26,31% 47,38% 100% Infelizmente em sua maioria os profissionais da Enfermagem não fazem o uso correto dos EPI’s, quando questionados 47,38%, responderam que às vezes fazem o uso correto, infelizmente isto é uma realidade vivida hoje pelos profissionais da Enfermagem. Batistoni et. al. (2010, p. 66) relatam a importância da orientação desses profissionais, quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual. Tornase necessário refletir sobre as orientações mais frequentes, já que concluir-se que os trabalhadores fazem sim o uso dos equipamentos de proteção individual, porem com certa resistência devido o ritmo acelerado desses profissionais que atuam no Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 campo emergencial e a preocupação destes profissionais na manutenção da vida desses pacientes, alem destes acharem que estes acidentes de trabalho nunca irão acontecer, talvez por terem certa experiência na sua atividade diária e destreza manual, devido, na maioria das vezes, por tempo de serviço. Tabela 5. Você já sofreu algum tipo de acidente em seu local de trabalho? Variáveis Nº Sim Não Total 13 06 19 % 68,42% 31,58% 100% Devido ao uso incorreto dos EPI’s 68,42% dos profissionais da enfermagem já sofreram algum tipo de acidente em seu local de trabalho. Xavier (2003) apud Barboza; Soler e Ciorlia (2004), citado por Vasconcelos et. al. (2008, p. 104) relatam que é comum haver acidentes com instrumentos perfurocortantes em hospitais e suas causas é a imperícia, o desrespeito às normas de segurança, insuficiência de orientação, falha de supervisão ou de orientação, condições inadequadas e estressantes de trabalho e uso inadequado ou insuficiente dos equipamentos de proteção. Tabela 6. Quais os principais riscos de acidentes de trabalho que o hospital enfrenta? Variáveis Nº % Contaminação química 00 00 Perfurações 19 100% Inalações 00 00 Total 19 100% O principal risco de acidente de trabalho que acontece no ambiente hospitalar é a perfuração, seja ela com materiais perfuro cortantes ou com materiais injetáveis, 100% dos profissionais da Enfermagem questionados já sofreram algum tipo de perfuração. Marziale e Rodrigues (2002, p. 575), afirmam que a ocorrência desse tipo de acidentes não está relacionada apenas ao nível de formação, mas também ao treinamento, capacitação, recursos materiais disponíveis e cultura local. Tabela 7. Qual o lugar do profissional como colaborador nesse processo de proteção individual? Variáveis Nº % Principal 08 42,10% Participativo 11 57,90% Não ajuda em nada 00 00 Total 19 100% Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Marziale e Rodrigues (2002, p. 576) relatam que o sucesso de qualquer programa educativo está diretamente ligado à participação e reconhecimento por parte dos trabalhadores e apoio da instituição. E podemos verificar no estudo que 57,90% dos profissionais questionados responderam que o lugar do profissional como colaborador no processo de proteção é apenas participativo, e 42,10%, responderam que o papel do profissional é o principal, pois é o mesmo que tem por obrigação cuidar da sua proteção e a do paciente. Tabela 8. Seu ambiente de trabalho desenvolve atividades de prevenção de acidentes? Variáveis Nº % Sim Não Às vezes Total 04 15 00 19 21,05% 78,95% 00 100% Talhaferro et. al. (2008, p. 164) afirmam que a identificação dos problemas é imprescindível para a elaboração de estratégias de ação, pois a realidade das instituições não é freqüentemente a mesma, e a abordagem dos problemas locais deve estar relacionada à eficiência do programa a ser executado na instituição. Tabela 9. Há treinamento dos funcionários quanto ao uso correto dos EPI’s? Variáveis Nº Sim 05 Não 14 Total 19 % 26,31% 73,69% 100% A elaboração de estratégias de intervenção capazes de aprimorar a conduta dos profissionais de enfermagem, ou seja, de aumentar a adesão destes profissionais aos EPI, requer quesitos como o treinamento em reunião informal, a ser executada pela (o) enfermeira (o) no próprio local de trabalho, direcionado aos profissionais da unidade a fim de discutir o assunto e esclarecer dúvidas, bem como treinamentos de atualização. Tais medidas visam proporcionar uma maior adesão ao uso de EPI e, conseqüentemente, a proteção e segurança destes trabalhadores (TALHFERRO 2008). Entretanto o resultado encontrado em nosso estudo verificou que a maioria dos trabalhadores entrevistados afirma que não há treinamento. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Tabela 10. Quem oferece para a Equipe de enfermagem esses EPI’s? Variáveis Nº O próprio hospital 19 Ninguém fornece os EPI’S 00 Nós mesmos compramos 00 Total 19 % 100% 00 00 100% É garantido pela NR-6, que “a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento”, o que ocorre na instituição estudada, conforme constatar na tabela 10. Tabela 11. Em que freqüência são utilizados os EPI’s? Variáveis Nº Sempre 10 Às vezes 08 Raramente 01 Nunca 00 Total 19 % 52,64% 42,10% 5,26% 00 100% Mas os EPI’S ainda não são utilizados com frequência pelos profissionais da Enfermagem, sobre isto podemos perceber na tabela acima que apenas 52,64% sempre utilizam os EPI’s. Santos et. al. (2007, p. 05) afirmam que os EPIs são equipamentos imprescindíveis para a proteção dos profissionais que trabalham com a saúde do povo nos diversos setores de tratamento. Em entrevista com vários colaboradores da enfermagem, percebemos que mesmo sabendo que a falta do uso dos EPIs coloca em risco sua própria saúde, ainda assim, existem alguns que não fazem utilização dos mesmos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do presente estudo, é possível concluir que os Equipamentos de Proteção Individual são de uso obrigatório em todo o ambiente Hospitalar e todos os profissionais da Enfermagem devem obrigatoriamente fazer o uso adequado dos mesmos. Os Equipamentos de Proteção Individual tem uso regulamentado por legislação própria e devem ser usados de maneira correta para não prejudicar a saúde dos profissionais da Enfermagem. O trabalho foi muito gratificante, com ele pudemos obter mais conhecimento sobre EPI’S e esperamos com este estudo despertar nos profissionais um interesse Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 maior no uso dos mesmos, garantindo assim a sua segurança no ambiente de trabalho. Não podemos deixar de frisar que o profissional da enfermagem deve buscar junto ao seu ambiente de trabalho um treinamento especifico para o uso dos EPI’s, facilitando assim a sua rotina de trabalho no dia a dia, pois apesar de os profissionais saberem da importância da proteção ainda há muitos que não utilizam corretamente os EPI’s. REFERÊNCIAS BATISTONI Emanuelle de Andrade; BARBOSA Danillo; SANTOS Luiz Henrique Gomes e ANDREAZZI Diego. Importância do EPI: Percepção da Equipe de Enfermagem na Sala de Emergência. Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2010. Vol. 2, 55-69. [email protected]. [email protected]. [email protected]. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. IBGE cidades. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm Acesso em: 08 de março de 2012. MAFRA Denise Aparecida Lopes; FONSECA Isabela Cristiane; VIANA Juliana Xavier; SANTANA Júlio César Batista e SILVA Mariana Pereira. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. O Mundo Da Saúde são Paulo: 2008: jan/mar 32 (1): 31-38. [email protected]. MARZIALE Maria Helena Palicci e RODRIGUES Christiane Mariane. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Rev Latino-am Enfermagem 2002 julho-agosto; 10(4): 571-7. www.eerp.usp.br/rlaenf. NR 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (206.000-0/I0), Aprovada pela Portaria nº 25/2001, Alterada pela Portaria nº 194/2006, Alterada pela Portaria nº 191/2006, acesso em 13/04/2012. PESQUISA QUANTITATIVA. http://www.pesquisaquantitativa.com.br/pesquisaquantitativa.htm, Acesso em: 16/05/2012. PINEL Jacqueline Silveira; GONÇALVES Juliana Botelho de Andrade e CRUZ Ana Carolina da Silva. Educação Continuada: importância do uso de EPI durante manipulação de pacientes em precaução de contato. Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online. (2010). [email protected]. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 PORTELA Girlaine Lima. (2004) Abordagens teórico-metodológicas. Projeto de Pesquisa no ensino de Letras para o Curso de Formação de Professores da UEFS. Acesso em 20/04/2012. SANTOS André Vargas dos; LACERDA Eliane da Silva; GONÇALVES Ligia Coelho; MENDES Thamara Nágime; PAULINO Ivan. 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Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde Mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix. [email protected] RESUMO Este estudo teve como objetivo identificar os benefícios da assistência de Enfermagem para a família e o portador de Síndrome de Down. A Enfermagem contribui para minimizar as dificuldades encontradas pela a família para lidar com este portador e poderá contribuir para sua qualidade de vida. Para este trabalho, adotamos a pesquisa qualitativa, em que os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada com cinco mães de pessoas que apresentam a Síndrome. Os resultados indicam que há uma grande deficiência no que diz respeito ao conhecimento das famílias sobre a Síndrome de Down, sendo de fundamental importância a assistência do enfermeiro junto a esses portadores e seus familiares. PALAVRAS-CHAVE: Assistência de Enfermagem; Síndrome de Down; família. INTRODUÇÃO O presente estudo aborda sobre a assistência do enfermeiro junto ao portador de Síndrome de Down (SD) e sua família. Foi o médico inglês Langdon Down, que, pela primeira vez, identificou, em 1866, as características de uma criança com a Síndrome sendo reconhecido com atraso no desenvolvimento das funções motoras do corpo e das funções mentais, o bebê é pouco ativo e apresenta dificuldade para sugar, engolir, sustentar a cabeça e os membros; o que se denomina hipotonia. (DAMASCENO, 2005) Para Figueiredo (2005), o enfermeiro lida com todas as questões relacionadas à educação, trabalho, lazer, moradia, transporte, cidadania. Eles trabalham todos os fatores relacionados à saúde, de todo ou qualquer indivíduo, onde assim são capazes de compreender a pessoa com SD e seus familiares considerando suas Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 vivências, singularidades, suas relações sociais, as formas de discriminações que enfrentam, buscando qualidade de assistência a essa clientela. A escolha do tema foi após o contato com portadores de SD em uma visita à APAE da cidade de Matipó, onde nos despertou a curiosidade de saber como acontece à assistência de Enfermagem a esses portadores e suas famílias. Diante do exposto, a questão que motiva este trabalho é: Como ocorre a Assistência de Enfermagem para o portador de SD e sua família? O estudo teve como objetivo identificar os benefícios da assistência de Enfermagem para a família e o portador de SD. Este estudo é relevante devido à contribuição que pode dar aos enfermeiros que trabalham com a pessoa com Síndrome de Down e sua família. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Uma Síndrome é um conjunto de sinais e de sintomas que distinguem um determinado quadro clínico. A SD é uma anomalia cromossômica conhecida também como trissomia do cromossomo 21, anomalia esta que não é progressiva nem contagiosa (FIGUEIREDO,2005; ALVES, 2011) Segundo Gomes (2007, p.63) as características físicas do portador de SD são: Olhos oblíquos, fácies achatadas, baixa estatura, língua protusa, orelhas pequenas, ponte do nariz achatada, pescoço curto, prega palmar transversa única, pele seca e sensível com pouca elasticidade, membros curtos com mãos e pés largos, planos e quadrados, crânio, desenvolvimento de reflexos prejudicados, entre outros (GOMES, 2007, p. 63). Segundo Nettina (2007) a SD é um distúrbio associado a várias anomalias, como: malformações cardíacas e gastrointestinais, hipotiroidismo, problemas visuais e auditivos, anormalidades na marcha, baixa estatura, obesidade, más oclusões, comprometimento do desenvolvimento, retardo mental variando de leve a moderado, doença de Alzheimer após os 40 anos, convulsões e outros problemas. A expectativa de vida de um portador de SD dependerá da presença de complicações médicas, mesmo quando não houver complicações essa perspectiva é ligeiramente mais curta do que a média (NETTINA, 2007). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O cuidado ético e humano são características do profissional de enfermagem. Para Lillis et al, (2007 p. 49) “O enfermeiro é a pessoa que se prepara para cuidar dos doentes, feridos e idosos”. Alves (2011) aponta que o enfermeiro deve realizar intervenções junto a pessoa com SD visando uma melhor qualidade de vida desses clientes, em todas suas faixas etárias, pois cada uma delas exige um direcionamento. O acompanhamento é muito importante, pois tem a finalidade de perceber ou mesmo evitar possíveis situações de risco a saúde dessas pessoas. É na relação com a família que a criança se desenvolve, aprendendo a se relacionar com o outro. Quanto à criança com SD sabe-se que esta condição não muda, e os pais devem proporcionar amor e um ambiente necessário para que a criança possa desenvolver seu potencial. Quando nasce uma criança com SD é comum que a família sinta angústia em relação ao futuro desta criança, como também m sentimento de culpa e a procura de motivos e justificativas (CARSWELL, 1993; BARROS et al; 2009). METODOLOGIA Para este trabalho, adotamos a pesquisa qualitativa, em que os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada. Minayo (2008, p. 57) assinala que a pesquisa qualitativa: É o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Para saber quantas pessoas com SD existem no município de Matipó, foi realizado um levantamento junto aos alunos matriculados na APAE (Associação de Pais e Amigos Excepcionais) localizada na Rua Coronel Abelha nº 260, centro, Matipó-MG, tendo como resultado o número de 7 pessoas com Síndrome de Down. Nas famílias foram entrevistas as mães de pessoas com SD, totalizando 5 mães. Um dos alunos não participou da pesquisa por morar na Zona Rural onde era Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 difícil o acesso para as entrevistadoras, visto que a APAE não soube informar o endereço do mesmo, e o outro foi excluído devido à pesquisa ter sido realizada com as mães de pessoas com SD, e a mãe deste aluno não pôde ser entrevistada por ser uma senhora muito idosa que não possuía condições de responder com clareza as perguntas, embora tenhamos feito essa tentativa. Minayo (2008) aponta que a entrevista é a estratégia mais utilizada no trabalho de campo, sendo ela acima de tudo uma conversa a dois ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador, destinada a construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa. A entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado e utilizado pelo investigador pra chegar a seus objetivos. Contudo, nenhuma questão se coloca de forma totalmente aberta ou totalmente fechada. Antes de iniciar a aplicação do instrumento apresentamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para preservar as identidades dos portadores de SD e de suas mães foram usados nomes fictícios para classificá-los, os dados foram coletados no mês de setembro de 2011, as entrevistas foram realizadas pelas próprias autoras da pesquisa e gravadas em um gravador, sendo transcritas e armazenadas em programa Word versão 2007. CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS As mães investigadas nesta pesquisa foram chamadas de Margarida (58), Azaléia (29), Rosa (64), Jasmim (58) e Hortência (38) representadas por nomes fictícios para resguardar suas identidades. As famílias entrevistadas são constituídas de três a seis pessoas. Quatro dessas famílias é de baixo nível socioeconômico e não tem estudos, apenas duas mães cursaram até o 5º ano do ensino fundamental. Quanto à moradia, todos têm água potável, rede de esgoto; duas dessas famílias moram de aluguel e as outras em casa própria. Têm uma renda entre um a quatro salários mínimos. Três das famílias apenas o pai trabalha, dessa forma sobrevivem do salário do pai e a aposentadoria do filho. As entrevistadas encontram-se na faixa etária entre 29 e 64 anos. É relevante observar que 3 das mães entrevistadas tiveram seus filhos depois dos 35 anos, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 dado esse importante visto que um dos fatores predisponentes para SD é a idade avançada das mães. De acordo com Dessen e Silva (2002), as mulheres nascem com uma quantidade de óvulos que vão envelhecendo a medida que elas também envelhecem. Sendo assim, quanto mais velha a mãe, maior será a probabilidade de incidência da SD. Arruda et al; (2007) mostra que o momento e a forma como o diagnóstico é comunicado para as famílias constitui aspecto essencial para o processo de adaptação familiar. A ausência de diálogo é responsável pela angústia da família. Uma questão colocada foi sobre a reação diante do diagnóstico, ao saber que seu filho tinha SD: Fazê o quê né, aceitei, tô muito satisfeita com ela, graças a Deus, peço Deus pra tomar conta dela. (Margarida, 58 anos, aposentada). Eu fiquei triste, imaginei um monte de coisas, que as pessoas iam abusar dele depois que ele crescesse. (Azaléia, 29 anos, doméstica). Eu fiquei assim amolada com aquilo, porque a gente coitado fica pra cá na roça e num fez o pré-natal. (Rosa, 64 anos, aposentada). Ahhh, depois eles foi falano comigo, ahhh, num tem nada não, tem que tratá ele mio que os zotros ainda, mais num tem nada naum, aí eu conformei Deus quis assim uai. (Jasmin, 58 anos, doméstica). Eu reagi desesperadamente, fiquei meia assim, mais depois que ela era totalmente diferente do que a primeira médica me falou (Hortência, 38 anos, doméstica). Tomar conhecimento do diagnóstico de SD não é fácil para os pais em especial para as mães, que se mostram decepcionadas ao mesmo tempo em que lutam para elaborar a perda do filho imaginário (ARRUDA, 2007). Nesse sentido, Figueiredo (2005, p.238) coloca que “Os pais se preparam para gerar filhos perfeitos dos quais possam se orgulhar e exibí-los para a sociedade”. O pré-natal tem como objetivo promover o acolhimento da mulher desde o início de sua gravidez até o nascimento de uma criança, garantindo o bem estar materno neonatal (KAWAMOTO et al. 2009). Perguntamos as entrevistadas se elas fizeram pré-natal. Elas responderam: Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Num vou fala mentira não, dos zotro eu num fiz não mais dela eu fiz (Margarida, 58 anos, aposentada). Não, nunca fiz (Azaléia, 29 anos, doméstica). Esse negócio de pré-natal que eu nunca fiz (Rosa, 64 anos, aposentada). Não, num tive a instrução naum. (Jasmin, 58 anos, doméstica). Fiz, mas nada constou. (Hortência, 38 anos, doméstica). Quando a gestante é acompanhada durante a gravidez ela realiza exames que podem diagnosticar a SD, sendo possível prestar a devida assistência a estas mães preparando-as para o nascimento do bebê. Das mães entrevistadas 3 não realizaram o acompanhamento pré-natal, devemos ressaltar que uma das mães teve seu filho no ano de 2002, onde já havia sido instituído o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento do Ministério da Saúde, através da Portaria/GM nº 569, de 01/06/2000, ficando estabelecido que toda gestante têm o direito a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). Sobre as orientações que foram passadas quando descobriram que os filhos tinham Síndrome de Down, as mães disseram: Eu levei ela num médico, e ele falô que ela ia andar ia falar, que isso era uma coisinha atoa. (Margarida, 58 anos, aposentada). O médico explicou que ele não ia andar que ele não ia falar que ele ia ficar só babando. (Azaléia, 29 anos, doméstica). Foi memo quando levou ela (a filha) no médico, ai que ele falou o pobrema dela, que agente é bobo né minha fia, ele falô que ele tinha que fica na APAE (Rosa, 64 anos, aposentada). Falô que ele era defeituoso e tinha pobrema, que ele num era normal iguali os zotro e tinha que tratá ele mio que os zotro. (Jasmin, 58 anos, doméstica). A pediatra falou pra mim, que a minha filha não ia andar, não ia falar que ela ia ficar vegetando numa cama, e foi despejando tudo na minha cara, uma menina de dezoito anos com um bebê no colo vai fazer o quê, entrei em desespero. (Hortência, 38 anos, doméstica). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 As falas das mães demonstram como é importante ter um profissional qualificado para orientá-las após o diagnóstico, demonstrando as possibilidades positivas de uma pessoa com SD e não somente as negativas. Mesmo que caiba ao médico comunicar o diagnóstico, o enfermeiro é o profissional que tem maior contato com esses pais, podendo, dessa forma, trabalhar tentando minimizar o impacto após a notícia. A deficiência mental tem sido considerada uma das características mais constantes da SD. Segundo Schwartzman (1999) citado por Voivodic e Storer (2002), há um inevitável atraso em todas as áreas do desenvolvimento e um estado permanente de deficiência mental. Porém segundo o mesmo autor, não há como prever o desenvolvimento em todas as crianças afetadas, sendo que o desenvolvimento e a inteligência dependem não só das alterações cromossômicas, mas de todo potencial genético e as influências do meio em que a criança vive. Segundo Bowlby (1997) citado por Voivodic e Storer (2002), a ajuda especializada aos pais, é extremamente importante para auxiliá-los, desenvolvendo relações afetivas e compreensivas. Uma questão discutida foi se hoje os profissionais da área de saúde as orientam. Há, eles faz só visita mesmo. (Margarida, 58 anos, aposentada) Não (Azaléia, 29 anos, doméstica). Não, num fala não, só fala assim foi bom cês pô a menina na APAE, porque ela precisava. (Rosa, 64 anos, aposentada). Não, tem naum.(Jasmin, 58 anos, doméstica) Não (Hortência, 38 anos, doméstica). É importante, observar que essas mães não são orientadas por nenhum profissional da área da saúde. É papel de o enfermeiro realizar mudanças, desenvolver atividades que esses pais possam participar, trabalhando com eles, o cuidado com seus filhos e as suas limitações. O enfermeiro deve realizar um atendimento holístico, visando o bem estar de toda a família. A visita do enfermeiro no domicílio possibilita a formação de vínculos com as famílias, melhorando a qualidade das informações e consequentemente a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Assistência de Enfermagem(KAWAMOTO et al; 2009). Sabendo-se da importância da visita domiciliar do profissional enfermeiro uma nova questão colocada as mãe foi: O enfermeiro visita sua casa? A enfermeira não. Vem uma menina da cara pintadinha assim (Margarida, 58 anos, aposentada). Nunca veio aqui. (Azaléia, 29 anos, doméstica). Tem muito tempo que veio aqui, foi dois, eles estudava. Depois num veio mais não. (Rosa, 64 anos, aposentada). A enfermeira nunca teve, eu naum conheço, nunca veio aqui em casa. (Jasmin, 58 anos, doméstica). Às vezes sim (Hortência, 38 anos, doméstica). Segundo Labronice (2003), o enfermeiro em sua prática profissional, desenvolve várias atividades através de consultas de Enfermagemem ambulatórios, domicílios, centros de saúde, maternidades e instituições hospitalares. Esse profissional participa de processos educativos em escolas, universidades e empresas, são preconizadas que o enfermeiro utilize desses diferentes espaços para efetivar a implementação do cuidado de Enfermagemaos clientes diferenciados. Durante a entrevista uma das mães relatou que sua filha, tem problemas cardíacos e passou por uma cirurgia quando tinha 4 anos. Ela nos informou também que a filha tinha crise convulsiva, mais há 2 anos, desde que começou o tratamento a crise não se repetiu .Essa mesma mãe é a única das entrevistadas que recebe a vista domiciliar do enfermeiro. Perguntamos a ela como é essa visita, se faz alguma orientação? Não. Ela pergunta como ta a minha filha, como ta a família. (Hortência, 38 anos, doméstica). Pelo relato da mãe é possível perceber a necessidade do acompanhamento do enfermeiro junto a essa família visto que a filha faz uso de remédios para crise convulsiva, tem problemas cardíacos, e necessita de orientações que cabem ao Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 profissional de enfermagem, o enfermeiro é o profissional que está mais próximo dessa família. O profissional de Enfermagem deve mostrar todas as possibilidades que o portador de SD e outros portadores de problemas mentais possuem. Devendo estimular os pais, a conversarem com outros que também tem filhos com os mesmos problemas, promovendo encontros para haver trocas de experiências, e a conscientização desses pais que eles não estão sozinhos. Segundo Barros et al; (2009) a assistência deve ser ilimitada e inespecífica a todos os membros da família, visando informações a todos. A falta de informação pode conduzir os pais ao preconceito e a inexperiência tornando mais difícil os cuidados com a criança com SD. É dentro desse âmbito que o enfermeiro deve ser qualificado visando assim responder as demandas. É pertinente saber se essas mães conhecem o enfermeiro da ESF da sua micro-área, diante disso levantamos a questão: Você conhece o enfermeiro que trabalha no posto? Eu num conheço não (Margarida, 58 anos, aposentada). Conheço é a (...) (Azaléia, 29 anos, doméstica). Isso aí eu num sei não. (Rosa, 64 anos, aposentada). Sei não. (Jasmin, 58 anos, doméstica). Conheço, ela é a coordenadora do posto (Hortência, 38 anos, doméstica). As respostas demonstram que 3 das mães entrevistadas não conhece o enfermeiro responsável pela ESF a qual pertence. O profissional enfermeiro é o coordenador dessas unidades básicas de saúde, onde trabalham diariamente na assistência à população. Barros et al, (2009) afirma que, o enfermeiro é capaz de integrar as pessoas com SD, a socialização. Uma assistência adequada e de qualidade, faz toda diferença para o portador da síndrome e sua família, que mesmo apesar das dificuldades que enfrentam podem ter uma vida social ativa e independente. A conduta dos enfermeiros diante do portador de SD deve ser específica e de qualidade, visando à assistência constante a todos os membros da família, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 promovendo se necessária, intervenção sistematizada junto à família. (BARROS, et al, 2009). O que você acha da visita do enfermeiro, você acha que seria importante? É bão, num é? (Margarida, 58 anos, aposentada). Seria bom né, falta pessoas pra esclarecer as coisas pra gente, as vezes a gente tem dificuldades.(Azaléia, 29 anos, doméstica). Eu acho bão, ai a gente pudia expricar ele as coisas, e ele ensinar agente, ele é mió pra expricar a gente (Rosa, 64 anos, aposentada). Há isso eu num sei responder não (Jasmin, 58 anos, doméstica). Eles tão preocupado com a população, se ta tendo algum problema com a pressão, mas eu acho mais que eles querem saber disso né, como ta a alimentação tudo isso. (Hortência, 38 anos, doméstica). É importante que o enfermeiro converse com os pais, reconhecendo as fases que a família está vivenciando para saber como intervir. Muitas vezes, o simples fato de ouvir e esclarecer dúvida pode fazer toda diferença para a família de uma pessoa com síndrome de Down. De acordo com Atkinson e Murray (1989), o enfermeiro tem como sua função principal à prestação de cuidados aos pacientes e aos seus familiares. Nesse sentido devem estar sempre melhorando a qualidade de sua assistência, investigando problemas e apontado soluções alternativas para uma melhor qualidade de vida pra seus clientes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode- se constatar durante a pesquisa que os pais ainda têm muitas dúvidas quanto à Síndrome de Down e a forma de lidar com seus filhos. Considerando-se todos os aspectos relacionados à SD observamos que as pessoas com a síndrome requerem cuidados tanto por parte da família como de profissionais competentes. Nesse sentido o profissional de Enfermagem exerce função primordial no atendimento, pois podem orientar os pais sobre os cuidados, medicamentos quando usados e à forma de cuidar de seus filhos. O enfermeiro pode também promover grupos de pais de pessoas com Síndrome de Down para que eles troquem experiências. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS ALVES, Fátima. Para entender Síndrome de Down. Rio de Janeiro. Editora Wal. 2011. 109 páginas. ARRUDA, Débora Cristina; MARCOM, Sonia Silva; SUNELAITIS, Regina Cátia A Repercussão de um diagnostico de síndrome de down no cotidiano familiar: perspectiva da mãe, 2007. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ape/v20n3/a04v20n3.pdf. Acesso em: 27 de jun de 2011. ATKINSON, Leslie D; MURRAY Mary Ellen; Fundamentos de Enfermagem: Introdução ao processo de enfermagem. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan S.A, 1989.618p. BARROS, Zildânia da Silva Nadja; ROCHA Maria Luciene Feitosa; ROCHA, Milena Cardoso; O papel da Enfermagem na orientação á família de portadores Síndrome de Down. Disponível em: 189.75.118.67/CBCENF/.../I9979.E3.T1265.D3AP.doc.. Acesso em: 07. jul.2011. BRASIL, Ministério da Saúde 2000. Programa Nacional de Humanização no prénatal e nascimento. 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Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Ana Ligia de Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO Este estudo teve como objetivo identificar os fatores que podem levar as complicações da HAS aos pacientes (Grupo dos Hipertensos) da ESF do Bairro Boa Vista da cidade de Matipó/MG. A pesquisa foi realizada com 25 integrantes de um grupo de hipertensos do Bairro Boa Vista em MATIPÓ-MG, que responderam a um questionário abordando aspectos sócio demográficos e fatores de riscos da HAS. Os principais resultados mostraram a prevalência de HA em mulheres da cor parda e negra, sendo a pratica de exercícios físicos um dos principais fatores para prevenção de complicações. Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor conscientização dos pacientes com HAS e suas famílias sobre a necessidade dos cuidados e controle relacionados à doença. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial; Fatores de Risco; Exercício Físico. INTRODUÇÃO A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é definida como o aumento da pressão arterial sistólica ou diastólica continuamente acima dos valores de referência 140 x 90 mmHg (KOOGAN, 2008). Segundo Molina et al.(2003), a pressão alta é um problema de Saúde Pública, com taxa de prevalência de 20% a 45% da população adulta, e estão relacionadas às complicações como Acidente Vascular Encefálico (AVE), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) entre outros. A HAS é um fator predisponente de doenças cardíacas que acometem o cérebro e os sistemas cardíaco, vascular periférico e renal. Este excesso de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 consequências faz com que a pressão alta seja um dos principais fatores na diminuição da expectativa de vida (PASSOS, 2006). Para Reis (2001) estima-se que 15% a 20% da população brasileira, podem ser consideradas hipertensa conforme III Consenso Brasileiro de HAS. A longo prazo, as equipes de atenção básica vivenciaram a dificuldade de adesão ao tratamento, já que depende do usuário aderir ao tratamento para controlar a hipertensão. É relevante a relação dos profissionais e os pacientes portadores de HA para a eficácia da terapêutica, já que sofreram influência de fatores externos (LIMA, 2004). Segundo Cesarino, et al.(2008). Os fatores que contribuem para o desenvolvimento da hipertensão se dividem em: ambientais (ingestão de sal, álcool, drogas, gorduras, tabagismo, estresse e sedentarismo) e constitucionais (idade, sexo, fatores genéticos como raça, história familiar e obesidade). Estima-se que a hipertensão arterial atinja aproximadamente 22% da população brasileira acima de vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente cérebro vascular, 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio (IAM) e 40% das aposentadorias precoces, além de significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhão de internações por ano (MOLINA, 2003). Para a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010), no Brasil, a hipertensão afeta mais de 30 milhões de brasileiros (36% dos homens adultos e 30% das mulheres) e é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento das Doenças Cardiovasculares (DCV), com destaque para o AVC e o IAM, as duas maiores causas isoladas de mortes no país. Mas a percepção da população é outra. Dados da pesquisa Datafolha, de novembro de 2009, revelam a percepção errônea, na população, de que o câncer é a principal causa de óbitos no Brasil. Quanto à prevenção de doenças, a mesma pesquisa revela que, embora 90% identifiquem os fatores de risco (hipertensão, tabagismo, colesterol e estresse), apenas 3% temem sofrer uma DCV (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). Em campo de estágio no Bairro Boa Vista detectamos a alta prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica com controle inadequado dos pacientes com quadro de complicações relacionadas à HAS. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Diante das nossas constatações identificamos como questão norteadora do estudo: Quais são as complicações que estão relacionadas à hipertensão arterial dos pacientes da Estratégia da Saúde da Família (ESF) do Bairro Boa Vista? O objetivo da pesquisa é identificar os fatores que podem levar as complicações da HAS aos pacientes (Grupo dos Hipertensos) da ESF do Bairro Boa Vista da cidade de Matipó/MG. Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor conscientização dos pacientes com HAS e suas famílias sobre a necessidade dos cuidados e controle relacionados à doença. METODOLOGIA Trata-se um estudo de natureza descritiva, com abordagem quantitativa. Segundo Gil (2002) a pesquisa descritiva tem por característica a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionário com observação e análise da amostra. Esta contém variáveis estatísticas que tem como objetivo fundamental expor características de uma determinada população (grupo), ou seja, o sexo, a idade, entre outros fatores. A pesquisa foi realizada com 25 integrantes do grupo de Hipertensos da ESF do Bairro Boa Vista, situado no município de Matipó, área da zona da mata, Minas Gerais. Nesse contexto, buscamos identificar os principais fatores de risco relacionados a Hipertensão. A escolha da população do Bairro Vista, ocorreu devido ao fato de ser um grupo em situação de vulnerabilidade social, grande densidade populacional no território da unidade de atenção primária e um elevado número de hipertensos cadastrados na ESF. A pesquisa foi realizada no mês de maio de 2012, para obtenção dos dados foi aplicado um questionário contendo oito questões fechadas, abordando aspectos sócio-demográficos, fatores de risco para a hipertensão e algumas possíveis complicações. A coleta de dados foi realizada na ESF do Bairro Boa Vista com os participantes do grupo de hipertensos. Os participantes da pesquisa foram informados sobre o real objetivo da pesquisa, os quais tiveram a participação oficializada através da assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 (TCLE). Os dados foram tabulados no Microsoft Excel gerando representações gráficas que iluminaram a discussão de dados. RESULTADOS E DISCUSSÕES Em relação às características gerais da população estudada, foram pesquisadas 25 pessoas durante o mês de maio de 2012. Foram selecionados todos os presentes durante a atividade de exercícios físicos do grupo de hipertensos da Estratégia de Saúde da Família – ESF do Bairro Boa Vista, sendo que esta atividade acontece duas vezes por semana, supervisionada pela a fisioterapeuta da unidade. Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2012 Números (%) Característica Gênero Feminino 21 84% Masculino 4 16% Etnia Branco 3 12% Negra 4 16% Parda 15 60% Amarela 2 8% Outra 1 4% Idade 37 a 44 anos 2 8% 45 a 52 anos 5 20% 53 a 60 anos 8 32% 61 a 68 anos 4 16% 69 a 76 anos 2 8% 77 a 81 anos 4 16% Nível de Escolaridade Analfabeto 6 24% Ensino Fundamental Incompleto 18 72% Ensino Médio Completo 1 4% O baixo índice de homens observado no grupo deve-se, a pouca procura por serviço de saúde por partes dos homens, os quais seguem um modelo hegemônico de masculinidade. Para Gomes (2007), outra questão que reforça a ausência dos homens ao serviço de saúde seria o medo da descoberta de uma doença grave; assim não saber pode ser considerado um fator de “proteção” para os homens estudados. Segundo Brandão et.al (2006) a prevalência da HA na população negra é mais elevada bem como, é maior sua gravidade, em particular a incidência da doença. Como pode-se observar acima, obtivemos um grande número de indivíduos de cor Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 parda e negra, comparados com a literatura estudada este resultado esta relacionado as características brasileiras, pois o Brasil é um país marcado por um forte cruzamento racial. Segundo a Zaslavsky (2002), a pressão arterial se eleva na medida em que são acrescidos anos de vida a população. Considerando que no Brasil os dados demográficos apontam para um envelhecimento populacional que avança rapidamente, pode-se avistar uma tendência para o futuro de um número elevado de hipertensos. Reis (2001) observou em sua pesquisa relacionada ao nível de escolaridade que o maior percentual da população não tinha completado se quer o ensino fundamental, correlacionando com o presente estudo, o qual apresentou um grande número de indivíduos com menos de oito anos de estudo. Com relação ao estado civil, a maioria dos entrevistados são casados, o que correlaciona com o estudo de Reis (2001), o qual apresentou um maior percentual de indivíduos com companheiros, o que mostrou-se um ponto positivo, pois esses pacientes, apresentaram uma melhor percepção da gravidade da doença. Quanto ao tempo de hipertensão constatamos que 92% dos estudados possuem o descontrole pressórico a mais de 5 anos, visto a população estudada apresenta-se em sua maioria mulheres acima de 50 anos, o que segundo Lessa ( 1998) o sexo feminino tem uma maior prevalência a HA devido aos fatores hormonais da menopausa. Com relação ao histórico familiar, identificamos que a genética é um importante fator de risco para a HAS e DCV, como observamos no presente estudo, 88% dos entrevistados relataram histórico familiar dessas doenças. Assim Piccini (1994), afirma que a história familiar mostra-se um fator significativamente presente nos casos de hipertensão arterial. Para Mascarenhas (2006), o tratamento desta patologia envolve uma terapia adequada associada a mudanças de hábitos de vida, o que nos ajudou a encontrarmos bons resultados em relação ao tratamento da hipertensão arterial nos entrevistados, sendo que 92% dos estudados afirmaram realizar corretamente o uso dos medicamentos, para assim obterem o controle adequado da PA. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Assim identificamos que o maior percentual de indivíduos utiliza de dois a cinco medicamentos diariamente, segundo Rosenfeld (2003), a prevalência de uso de medicamentos está relacionada com a idade, pois a chance de usar medicamentos aumenta desde a quarta década de vida, outro fator foi à classe ou da subclasse terapêutica considerada, influenciando a quantidade. Ao ressaltarmos o tema automedicação constatamos que 56% dos indivíduos afirmaram se automedicarem, para Bortolon (2008) o uso de medicamentos aumenta com o inicio da meia idade, ou seja, a partir da quarta década de vida, o que esta diretamente relacionado ao grande número de estudados, os quais apresentam idade acima dos 50 anos. Figura 2: Classificação do IMC. Segundo Rosa (2005), os níveis pressóricos exacerbam-se com o aumento de peso, particularmente com a deposição de gordura, a qual interfere diretamente na pressão arterial, com isso observamos que um menor percentual dos indivíduos apresentou um Índice de massa corporal acima do normal, o que segundo Pierin (2004) indicam uma forte associação aos riscos de doenças cardiovasculares. Para Molina (2003), uma alimentação pobre em frutas e hortaliças e baseada em alimentos industrializados, rica em gordura e sal, é preditora de agravos a saúde, como o consumo de sal que está associado com o aumento dos níveis pressóricos. No presente estudo constatamos que 80% dos entrevistados realizam o controle de sal na dieta. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 De acordo com os resultados apenas 4% dos individuo afirmaram realizar a ingestão de bebidas alcoólicas em seu dia-a-dia, em sua pesquisa Lima (2004) afirma que os prejuízos causados pelo álcool estão diretamente relacionados à forma e a freqüência do seu consumo. Para Silva (2004) o tabagismo é um fator de risco modificável mais aceito em relação à mudança de hábitos saudáveis para os hipertensos, de acordo com os pesquisados acima, observamos uma grande adesão, pois a maior porcentagem confirmou a não utilização do fumo em seu cotidiano. Já Lima (2004) apresenta que a prática de exercícios físicos proporciona aos indivíduos uma melhor condição de vida. Pois ativa a circulação sanguínea através dos movimentos, melhorando o funcionamento cardiovascular, proporcionando relaxamento muscular, diminuindo assim o estresse do dia-a-dia Figura 3: Prática de exercício físico, avaliando frequência. De acordo com gráfico (fig3), identificamos que a maioria dos indivíduos pratica exercícios físicos pelo menos uma vez por semana, outros até três vezes por semana. Segundo Forjaz et.al (2006), a prática de atividades físicas se configura como tratamento não-medicamentoso bastante relevante, auxiliando na diminuição do peso corporal e apresenta efeitos hipotensores em indivíduos hipertensos. Contribuindo, ainda, para a redução do risco de indivíduos normotensos desenvolveram hipertensão futuramente. Segundo Silva (2004), a pratica de exercícios físicos diário é muito importante, pois aumenta o consumo de glicose, diminui a massa total de gordura e aumenta a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 massa muscular. Em nosso estudo observamos que 88% dos entrevistados não são diabéticos, devido a pratica de exercício físico constantemente. De acordo com Pitanga (2002), a prática de exercícios físicos regular tem benefício para a saúde, com os objetivos a maximização do gasto energético, o desenvolvimento da aptidão cardiorrespiratória, da aptidão muscular e prevenção/eliminação dos fatores de risco como IAM E AVE, o que se prevaleceu no presente estudo o qual não apresentou nenhum individuo com as complicações citadas, devido a pratica de exercício físico constante. Quanto a Angina, 64% dos indivíduos afirmaram que já sentiram esta forte dor no peito, a qual segundo Araújo (2007) quando não tratada adequadamente poderá evoluir para um ataque cardíaco. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da nossa pesquisa, foi possível identificar os perfis sócio-demográficos e epidemiológicos, bem como a utilização de tratamento farmacológico e não farmacológico adotado pelo grupo. Também verificamos que o fator genético é um dos principais fatores de risco a possíveis complicações a partir do não controle da PA. Encontramos que as idosas foram à maioria e que boa parte do grupo tinha de um a oito anos de estudo. Vale dizer que seis dos entrevistados não sabiam ler nem escrever. A associação entre idade e escolaridade é significativa: As pessoas mais jovens estão estudando mais e com o aumento da escolaridade, diminui a freqüência de hipertensão. Boa parte dos integrantes foram não-brancos, sendo, entre estes, os pardos o grande número. Aqueles que viviam com companheiros, foram à categoria mais freqüente. Os fatores de risco modificáveis foram quase a totalidade, portanto podemos concluir que as melhorias nos hábitos de vida são importantes no controle da pressão arterial, bem como a pratica de exercícios físicos, pois estes agregam vários benefícios para prevenção e promoção da saúde. REFERÊNCIAS ARAÚJO RD, MARQUES IR. Compreendendo o significado da dor torácica Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 isquêmica de pacientes admitidos na sala de emergência. Rev Bras Enferm 2007 nov-dez; 60(6): 676-80 BORTOLON, Paula Chagas et al. Análise do perfil de automedicação em mulheres idosas brasileiras. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2008, vol.13, n.4, pp. BRANDÃO, A.; AMODEO, C. NOBRE, F. et al. Elsevier. 2006. 445 p Hipertensão. Rio de Janeiro: CESARINO, Claudia B. et al. 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Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX. Daniel Vieira Ferreira – Graduado em Matemática. Mestre em Educação. Diretor da Escola Técnica Vértix e Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix. [email protected] RESUMO Este trabalho teve como objetivo identificar o nível de estresse em profissionais de Enfermagem que atuam em um hospital de pequeno porte de um município da Zona da Mata de Minas Gerais. Através de estudo descritivo com abordagem quantitativa, foram aplicados dois questionários a 17 profissionais de Enfermagem, no período de abril e maio de 2012. Cujos resultados apontam a inexistência de estresse junto aos mesmos devido à ocorrência de elevada demanda psicológica, poder de controle e apoio social, pois demanda e controle elevado pode levar a aprendizagem e crescimento do mesmo modo que o alto apoio social traz influências positivas à saúde dos trabalhadores. Percebe-se a importância de se utilizar ações de prevenção ao estresse para que a qualidade de vida da equipe de Enfermagem influa positivamente no ambiente hospitalar. PALAVRAS-CHAVE: Estresse; Enfermagem; Saúde. INTRODUÇÃO A vida moderna aponta a fragilidade das relações humanas, seja no âmbito familiar, social ou profissional. São inúmeras as dificuldades e desafios enfrentados cotidianamente, o que facilita o surgimento e a manutenção do estresse profissional. As limitações impostas pelos salários que não atendem aos anseios do trabalhador, a falta de material adequado e orientação e apoio no desenvolvimento das tarefas do dia-a-dia influenciam sobremaneira a vida da população mundial. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 90% da população do mundo sofrem de estresse o que configura a existência de uma Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 epidemia global. Os fatores responsáveis por esta situação compreendem o excesso de trabalho, conseqüência da necessidade de se trabalhar em jornadas duplas, o que leva à falta de tempo para desenvolver relações saudáveis com a família e os amigos e conquistar a qualidade de vida necessária à saúde (BAMPI et al. 2010). Nos variados campos de atuação profissional têm sido desenvolvidos estudos relacionados ao estresse ocupacional. Os profissionais de saúde têm recebido uma atenção especial, tendo em vista que estes vivenciam situações estressantes que afetam sobremaneira a relação da pessoa com a doença, com os profissionais e com a instituição de saúde onde trabalham (MALAGRIS e FIORITO, 2006). Diante do exposto, a questão norteadora do presente trabalho é: Qual o nível de estresse percebido nos profissionais de Enfermagem de um hospital de pequeno porte localizado em um município da Zona da Mata mineira? O estudo tem como objetivo identificar o nível de estresse em profissionais de Enfermagem que atuam em um hospital de pequeno porte de um município da Zona da Mata de Minas Gerais. Esse estudo visa contribuir para que os profissionais de Enfermagem que atuam em um hospital de pequeno porte da Zona da Mata de Minas Gerais possam desenvolver meios para lidar com situações que provocam estresse. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Em 1936, Selye percebeu que várias doenças eram representadas pelos mesmos sintomas e, depois de análise criteriosa, apresentou o conceito de estresse relacionado à área de saúde. De acordo com a definição de Selye (1936) o estresse é “um conjunto de reações que o organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço para adaptação”, e estressor “é todo agente ou demanda que evoca reação de estresse, seja de natureza física, mental ou emocional” (CARVALHO e SERAFIM, 2002 citado por SEGANTIN e MAIA, 2007, p.16). Malagris e Fiorito (2006) consideram o estresse como reação orgânica dos componentes físicos e psicológicos causados por alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa encontra-se em situação que a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou ainda que a faça imensamente feliz. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 As reações provocadas pelo estresse permitem sua classificação em estresse e distresse. Quando acontece adaptação positiva ao estímulo cujas conseqüências são vitalidade, otimismo, vigor físico, mental e capacidade do indivíduo de lutar contra os fatores estressores ocorre o que se denomina de eutresse ou estresse positivo (RUIZ, 2009; SILVA et al., 2009). Se o estresse alcança níveis excessivos provocando debilidade física e psicológica, incapacitando o organismo a responder satisfatoriamente aos estímulos surge o distresse, ou estresse negativo. O distresse representa a fase negativa do estresse e promove, normalmente, o surgimento de irritabilidade, fadiga, depressão, pessimismo, baixa produtividade e falta de vitalidade, dentre outros sintomas (RUIZ, 2009; SILVA et al., 2009). A Organização Internacional do Trabalho (OIT), ao conceituar o estresse no trabalho, destaca a relação entre a organização estrutural, forma de trabalho e qualidade nas relações e os fenômenos orgânicos que afetam a saúde do trabalhador (COSTA, LIMA e ALMEIDA, 2003). Paschoal e Tamayo (2005) conceituam o estresse ocupacional como um processo no qual o indivíduo considera as demandas trabalhistas como estressoras, principalmente quando as mesmas excedem sua habilidade de enfrentamento provocando reações negativas. De acordo com Murta e Tróccoli (2004) o trabalhador protege sua saúde quando desenvolve comportamentos de enfrentamento capazes de amenizar o impacto psicológico e somático do estresse. Salomé, Martins e Esposito (2009) explicam como principais estressores dos profissionais de Enfermagem os amontoados de deveres, trabalhos burocráticos e assistenciais, assim como o tempo determinado para realização destes. A privação do sono devido às múltiplas jornadas de trabalho, pressão sofrida no desempenho de funções, insuficiência de recursos técnicos e materiais, bem como a superlotação de doentes, aliados à atuação baseada em um fazer acelerado e rotinizado dificultam que sejam identificadas e definidas as necessidades do profissional de Enfermagem e de seu serviço o que remete ao surgimento dos efeitos nocivos promotores do estresse ocupacional junto a estes profissionais (SALOMÉ, MARTINS, ESPÓSITO, 2009). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado com profissionais de Enfermagem que atuam em um hospital de pequeno porte de um município da Zona da Mata de Minas Gerais. A população de estudo foi composta por 17 profissionais da Enfermagem sendo 6 enfermeiros, 8 técnicos e 3 auxiliares de Enfermagem dos 23 que compõem a equipe da instituição pesquisada. Dos profissionais que não participaram 2 estavam cumprindo aviso prévio, 2 estavam em licença, 1 estava de férias e 1 não quis responder os questionários. Os dados foram coletados no período de abril e maio de 2012. Na aplicação do questionário houve esclarecimento do objetivo da pesquisa, garantia de anonimato dos informantes, explicação detalhada dos mesmos e do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a ser assinado por todos os participantes. Foram utilizados dois questionários, um com o objetivo de conhecer a situação sóciodemográfica e socioeconômica dos participantes, composto por 12 questões relacionadas a gênero, escolaridade, atividade laboral, uso de bebidas alcoólicas e relacionamento interpessoal. O Job Scale Stress, adaptado para o português por Alves et al. (2004) citado por Silva e Yamada (2008), com o nome de Escala de Estresse no Trabalho representa o segundo questionário onde são apresentadas 17 questões que avaliarão a demanda psicológica (questões de 1 a 5), controle (discernimento intelectual – questões 6 a 9, e autoridade – questões 10 e 11) e apoio social (questões 12 a 17). A cada questão foi atribuído escore de 1 a 4. Nas questões 1, 2, 3 e 5 o escore 4 representa muita demanda e 1 pouca demanda, a questão 4 apresenta pontuação inversa. Nas questões 6, 7 e 8 relacionadas ao discernimento intelectual o escore 1 representa pouco discernimento e o 4 muito discernimento, enquanto que na questão 9 os valores são inversos. As questões 10 e 11 referem-se à autoridade sobre decisões e a presença de muita autoridade está relacionada ao escore 4 enquanto que pouca autoridade ao escore 1. No último bloco encontram-se as questões 12 a 17 onde é determinado o apoio social cujo escore 4 determina muito apoio e 1 pouco apoio. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Para a tabulação dos dados e criação dos gráficos e tabelas foram utilizados os programas Word 2007, Excel 2007 e Bioestatic 5.0. RESULTADOS E DISCUSSÕES Participaram da pesquisa 17 funcionários da equipe de Enfermagem, sendo 6 enfermeiros, 8 técnicos e 3 auxiliares de Enfermagem, representando 74% dos profissionais do setor de um hospital de pequeno porte de um município da Zona da Mata Mineira. Os resultados obtidos com a aplicação do questionário para conhecimento da situação sociodemográfica e socioeconômica dos entrevistados apontam que as mulheres foram maioria (71%) contra (29%) homens, a idade média foi inferior a 40 anos (58%), com prevalência de ensino médio completo (47%), renda salarial mensal até 6 salários mínimos (94%), uso de bebidas alcoólicas em momentos festivos (59%). Quanto às atividades no tempo livre assistir televisão e vídeo (82%) e dormir (18%) foram as escolhidas. No que se refere ao relacionamento entre os profissionais houve equilíbrio nas respostas dos entrevistados: apenas profissional (35%), profissional (35%) e coleguismo (24%). O nível de relacionamento variou entre bom (47%) e ótimo (29%). O trabalho foi avaliado em gratificante (82%), repetitivo (12%) e monótono (6%). Em pesquisa realizada para investigar o absenteísmo em equipe de Enfermagem Silva e Marziale (2000) encontraram predominância do sexo feminino e idade inferior a 40 anos, o que corrobora os resultados encontrados. Neste sentido, Silva e Yamada (2008) destacam que a Enfermagem se mantém como ocupação predominantemente feminina. Malagris e Fiorito (2006) ressaltam que a porcentagem maior de pessoas do sexo feminino pode ter relação com a existência de uma procura maior por parte das mulheres para serviços na área de saúde. Quanto à formação acadêmica recordam que o exercício das atividades de técnico e auxiliar de Enfermagem não exigem nível superior, mas curso técnico no caso dos primeiros e segundo grau no caso dos auxiliares. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Lentine, Sonoda e Biazin (2007) enfatizam que as estatísticas apontam grande maioria de profissionais do sexo feminino nas equipes de Enfermagem brasileira. Ainda segundo os autores, a renda mensal dos enfermeiros e auxiliares de Enfermagem localiza-se entre 4 e 6 salários mínimos. Os resultados das análises da Escala de Estresse no Trabalho são apresentados em quatro gráficos, separados em demanda psicológica, controle sobre discernimento intelectual, controle de autoridade sobre decisões e avaliação de apoio social. Em relação às questões de 1 a 5 o escore encontrado aponta alta demanda psicológica, conforme se observa na figura 1. Figura 1 – Demanda psicológica segundo Escala de Estresse no Trabalho. Silva e Yamada (2008) esclarecem que as demandas são representadas pelas pressões de origem psicológica que podem classificar-se em quantitativas (tempo e velocidade na realização do trabalho) e qualitativas (conflitos entre demandas contraditórias). Estudos analisados por Guimarães e Grubits (2004), apontam que a variável alta demanda encontra-se associada a um menor risco para adoecimento, contrariamente ao que se esperava. Silva e Yamada (2008) apontam que quando o trabalhador pode planejar seu trabalho seguindo seu ritmo biológico, criando estratégias próprias que consideram Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 adequadas para vencer suas dificuldades, mesmo que ocorra um excesso de demandas, estas não trarão maiores conseqüências à saúde do trabalhador. O controle representado pelas figuras 2 (discernimento intelectual) e 3 (autoridade sobre decisões), demonstra elevado poder de controle. Figura 2 – Discernimento intelectual segundo Escala de Estresse no Trabalho Figura 3 – Autoridade sobre decisões segundo Escala de Estresse no Trabalho Guimarães e Grubits (2004) consideram que a combinação de altas demandas psicológicas e baixo controle levam a grave risco de adoecimento como conseqüência do estresse. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Para Araújo et al (2003) e Silva e Yamada (2008), quando existe alta demanda e baixo controle podem ocorrer reações adversas como conseqüência das exigências psicológicas, quais sejam fadiga, ansiedade e até mesmo doença física. Os resultados encontrados, no entanto, apresentam alta demanda e elevado controle o que aponta a existência de um ambiente de trabalho ativo. De acordo com Guimarães e Grubits (2004), quando controle e demanda são elevados, mas não incômodos, produzem aprendizagem e crescimento. Dentro desta perspectiva os desafios do trabalho se tornam motivação que leva à solução eficaz dos problemas percebidos. A figura 4 traz os resultados relativos ao apoio social, apontando a existência de excelência nas relações interpessoais traduzida por alto apoio social, o que influencia positivamente a saúde dos trabalhadores. Figura 4 – Apoio social de acordo com a Escala de Estresse no Trabalho A existência de um bom relacionamento no ambiente de trabalho é indispensável para a redução do estresse ocupacional e suas conseqüências. O cuidado que se tem com as relações interpessoais nas instituições afetam positivamente a realização das atividades profissionais de cada membro da equipe (SILVA; YAMADA, 2008). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Karasek (1998) citado por Guimarães e Grubits (2004), destaca que o apoio social pode diminuir a tensão psicológica de acordo com o grau de integração social, emocional e de confiança existente entre a chefia e os funcionários. Quando ocorre ausência de apoio social percebe-se intensificação do estresse. CONSIDERAÇÕES FINAIS Não foram percebidos sinais que configurassem a presença de estresse junto aos profissionais entrevistados. Dentro deste contexto, merece destaque a presença de elevado apoio social, situação que pode estar relacionada ao perfil da instituição, ou seja, hospital de pequeno porte onde os funcionários acabam desenvolvendo uma relação mais próxima. Entretanto, considera-se sumamente importante o desenvolvimento de ações de prevenção ao estresse para que a qualidade de vida da equipe continue a influenciar positivamente o ambiente hospitalar e melhore continuamente a qualidade do cuidado oferecido aos pacientes. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Tânia Maria de et al. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do Modelo Demanda-Controle. Ciência e Saúde Coletiva. v 8 n 4 2003. BAMPI, Rosa; ALMEIDA, Cláudia Gomes; FONTES, Keller Cristiane Falcão de Queiroz; COSTA; Idevânia Geraldina. Avaliação do estresse percebidos dos profissionais de saúde antes e após sessões de massoterapia laboral. Revista Matogrossense de Enfermagem. v 16 n 30 jun-jul 2010. Disponível em www.portaldeperiodicos.uned.edu.br acesso em 10 mar 2012. COSTA, José Roberto Alves da; LIMA, Josefa Vieira de; ALMEIDA, Paulo César de. Stress no trabalho do enfermeiro. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v 37 n 3 set 2003. Disponível em www.scielo.br acesso em 04 mar 2012. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ABORDAGEM SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DO LESTE MINEIRO Rafael Henrique dos Reis e Wilton da Luz Neves – Graduados em Enfermagem Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde Mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix. [email protected] RESUMO A Síndrome de Burnout é um transtorno adaptativo crônico que ocorre em trabalhadores. Este estudo tem como objetivo avaliar a incidência do desgaste identificado pelos sintomas da Síndrome de Burnout nos profissionais da área de enfermagem que trabalham em uma unidade hospitalar da porção leste do estado de Minas Gerais. Por meio de um estudo descritivo quantitativo, foram aplicados questionários com dados sócio-demográficos e o Maslach Burnout Inventory em 109 trabalhadores do serviço de enfermagem, correspondendo a 71,2% dessa categoria profissional naquela instituição hospitalar. Neste estudo, foi constatado através da pesquisa que há uma alta incidência de Síndrome de Burnout na instituição hospitalar entre os profissionais de enfermagem. PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Burnout, serviços de Enfermagem, saúde do trabalhador. INTRODUÇÃO Os processos laborais, assim como várias alterações quanto à tecnologia em curso no mundo do trabalho, reúnem grandes fontes geradoras de tensão e fadiga para uma dada coletividade, como é o caso da teoria do estresse e do esgotamento profissional: a Síndrome de Burnout (NEVES, SELIGMANN-SILVA e ATHAYDE, 2004). Para Codo e Vasques-Menezes (1999), Burnout é uma síndrome que acomete o trabalhador e faz com que ele perca o sentido da sua relação com o Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 trabalho, de forma que as coisas já não o importam, qualquer esforço lhe parece ser inútil. Os profissionais mais afetados por essa síndrome são aqueles que estão em contato direto com seus clientes/pacientes. Os profissionais de educação e saúde, policiais e agentes penitenciários, entre outros são apontados como clientela de risco para desenvolvimento da síndrome. Entre estudos feitos com diversos profissionais sobre a Síndrome de Burnout, os enfermeiros estão entre os profissionais que merecem maior atenção (PEREIRA, 2008). Baixas remunerações, frustrações, horas infindáveis de trabalho e diversidade de atividades são fatores que levam este profissional a uma predisposição à síndrome (BARBOSA, 2007; PASCOAL, 2008). Diante do exposto até aqui, a questão que motiva este trabalho é identificar se a Síndrome de Burnout ocorre em profissionais da Enfermagem de uma instituição hospitalar da porção leste do estado de Minas Gerais. O objetivo do estudo foi avaliar a incidência do desgaste, identificado pelos sintomas da Síndrome de Burnout, nos profissionais da área de enfermagem que trabalham em uma unidade hospitalar da porção leste do estado de Minas Gerais. Com este trabalho pretendemos contribuir com os estudos sobre o bem-estar do indivíduo em seu local de trabalho. Esses estudos são fundamentais para que se compreenda de que maneira alguns trabalhadores conseguem lidar com o estresse e as doenças laborais, mantendo o equilíbrio psíquico, a saúde mental e o bem-estar subjetivo. REFERENCIAL TEÓRICO Diversas características e condições específicas do trabalho são potenciais causadores de estresse. Estão entre os desenvolvedores de estresse causado pelo trabalho tanto as condições ambientais (ruídos, temperaturas, vibração, iluminação, poluição, dentre outros) quantas exigências físicas e mentais Atividades repetitivas, monótonas e feitas em partes fragmentadas (CODO, SORATTO e VASQUESMENEZES, 2004). A relação entre saúde mental e trabalho projeta a uma área para estudo. A abordagem de aspectos mentais e emocionais subjacentes ao comportamento humano estuda os processos psíquicos e intersubjetivos relacionados ao prazer e sofrimento no trabalho e o modelo de desgaste mental no trabalho. É o caso da Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 teoria do estresse e do esgotamento profissional, a Síndrome de Burnout (CHANLAT, 1990; PÉRILLEUX, 1992; SELIGMANN-SILVA, 1992 citado por NEVES, SELIGMANN-SILVA e ATHAYDE, 2004). O Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse, ocorre pela cronificação deste, quando os métodos de enfrentamento falharam ou foram insuficientes. Enquanto o estresse pode apresentar aspectos positivos ou negativos, o Burnout tem sempre um caráter negativo. Por outro lado, o Burnout está relacionado com o mundo do trabalho, com o tipo de atividades laborais do indivíduo (PEREIRA, 2008, p. 45). Segundo Maslach e Jackson (1977), citados por Pereira (2008, p. 35), as condições de trabalho colaboram para a formação de um grupo de fatores multidimensionais da síndrome, tais como: A Exaustão Emocional: (EE) se refere à sensação de esgotamento tanto físico como mental, ao sentimento de não dispor de energia para absolutamente nada. De haver chegado ao limite das possibilidades. A Despersonalização (DE) não significa que o indivíduo deixou de ter sua personalidade, mas que esta sofreu ou vem sofrendo alterações, levando o profissional a um contato frio e impessoal com o usuário de seus serviços (alunos, pacientes, clientes, etc.) passando a denotar atitudes de cinismo e ironia em relação às pessoas e indiferença ao que pode vir a acontecer aos demais. A reduzida Realização Profissional evidencia o sentimento de insatisfação com as atividades laborais que vem realizando, sentimento de insuficiência, baixa auto-estima, fracasso profissional, desmotivação, revelando baixa eficiência no trabalho. Por vezes o profissional apresenta ímpetos de abandonar o emprego. A Enfermagem encontra-se classificada como a quarta profissão mais estressante do setor público. Porém, as pesquisas que investigam os problemas que levam a equipe de enfermagem a desenvolver tal estresse são mínimas (FARIAS et al., 2011). No Brasil, ainda são poucos os estudos sobre estresse ocupacional dos trabalhadores da saúde, mesmo tais profissionais estando sujeitos a uma dinâmica de trabalho rígida (PEREIRA et al., 2009). Em uma tentativa de resgate das dimensões de afetividade contidas no dia-adia do cuidador, surge a proposta da existência de uma nova enfermidade, a síndrome de Burnout, que certamente nos leva a alcançar novos horizontes abrindo novas perspectivas para as possibilidades de entendimento do processo de trabalho da enfermagem (MUROFUSE, ABRANCHES e NAPOLEÃO, 2005). METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, realizado com profissionais que pertencem a uma unidade hospitalar de grande porte de um município da região leste do estado Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de Minas Gerais. O universo da pesquisa constitui-se de 198 profissionais da área de enfermagem, sendo estes auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e enfermeiros. A unidade hospitalar onde foi feita a pesquisa é constituída de 153 auxiliares de enfermagem, 27 técnicos de enfermagem e 18 enfermeiros. O município onde a Unidade Hospitalar está inserida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010) possuem uma população de 79.574 habitantes e sua principal fonte econômica é a indústria e o comércio. Para Gil (2007, p. 44) a pesquisa descritiva é definida como: As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma das características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Para este trabalho, adotou-se a pesquisa quantitativa, na qual os dados serão coletados através de questionário fechado que se subdivide em duas partes: a primeira sobre dados sociodemográficos, socioeconômicos, e questões relacionadas à atividade laboral, tais como, gênero, estado civil, tempo de serviço prestado na unidade, trabalho em outro local, entre outras; a segunda parte do questionário como objetivo da avaliação da Síndrome de Burnout, na qual será utilizado o questionário Maslach Burnout Inventory (MBI-HSS), voltado aos profissionais de saúde e serviços, versão original do MBI. Esse instrumento foi criado por Cristina Maslach e Susan Jackson, citado por Pascoal (2008), ao qual não foi feito qualquer adaptação ou alteração para sua aplicação e tem como objetivo investigar os sentimentos pessoais e postura do profissional em seu ambiente laboral. Essa é uma ferramenta que servirá para identificar o grau de esgotamento profissional, composto por questões objetivas e de múltiplas escolhas. Trata-se de um questionário de 22 perguntas com seis opções de resposta e limita-se a três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e a realização profissional no trabalho. Os detalhes da organização do MBI estão descritos na Tabela 1. Tabela 1: Escala de classificação dos níveis das dimensões do Burnout pelo Maslach Burnout Inventory (MBI-HSS) Dimensões Questões Exaustão emocional 1, 2, 3, 6, 8, 13, Dimensões do Burnout Alto Médio > 25 7 – 24 Baixo 0-6 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Despersonalização Realização profissional 14, 16 e 20 5, 10, 11, 15 e 22 4, 7, 9, 12, 17, 18 e 19 6 - 23 1 -5 0 46 - 50 35 - 45 0 - 34 Para a aplicação do questionário, houve uma apresentação com credencial, menção do interesse da pesquisa, explicação dos motivos da pesquisa, justificativa da escolha do entrevistado, garantia de anonimato e sigilo e por fim será apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento. Após a coleta de dados, estes foram tabulados no Microsoft Excel, através de estatística descritiva e dessa tabulação serão gerados gráficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O questionário foi aplicado a 109 trabalhadores do serviço de enfermagem, o que corresponde a 71,2% desta categoria profissional, naquela instituição hospitalar, de Julho a Agosto/2011, haja vista que parte dos profissionais não quiseram colaborar com o estudo. A partir dos dados obtidos, após a avaliação dos questionários, pôde-se verificar que a maior parte dos entrevistados, 86,2% é do sexo feminino. No que diz respeito à faixa etária, a maioria dos participantes da pesquisa tinham entre 26 e 35 anos, o que corresponde a 39,4% dos entrevistados (Tabela 2). Verificou-se também, após análise dos dados, que, em relação à variável ao estado civil, 44% são casados. Em relação à variável filho, grande parte dos entrevistados tem filhos, o que corresponde a 68,8% da população. Em se tratando de renda familiar, 65,1% possuem renda familiar de 1 a 3 salários mínimos (Tabela 2). Tabela 2 – Dados sócio-demográficos dos trabalhadores entrevistados. Variáveis N= % Masculino 15 12,9 Feminino 93 86,2 SR(1) 1 0,9 15 – 25 15 13,8 26 – 35 43 39,4 Gênero Faixa etária Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 36 – 45 24 22,0 46 – 55 18 16,5 55 ou mais 5 4,6 SR(1) 4 3,7 Casado 48 44,0 Solteiro 31 28,4 União Consensual 9 8,4 Viúvo 6 5,5 Divorciado 13 11,9 Outros 1 0,9 SR(1) 1 0,9 0 33 30,3 1 37 33,9 2 25 22,9 3 10 9,2 4 ou mais 3 2,8 SR(1) 1 0,9 < 1 salário mínimo 0 0 1 a 3 salários mínimos 71 65,1 4 a 6 salários mínimos 20 18,3 7 a 11 salários mínimos 5 4,6 > 11 salários mínimos 1 0,9 SR(1) 12 11,1 Estado civil Filhos Renda Familiar (1)Dados sem resposta. Com relação aos dados ocupacionais, 35,8% dos entrevistados estão entre 1 e 5 anos no exercício da profissão. Na variável tempo de atuação no Hospital, 41,3% atuam entre 1 e 5 anos nesta instituição. Ao referir a trabalhar em outro local, 37,6% exercem atividade em outra instituição (Tabela 3). Tabela 3 – Dados ocupacionais dos trabalhadores entrevistados. Variáveis N= Tempo de profissão exercício % da Menos de 1 ano 7 6,4 Entre 1 e 5 anos 39 35,8 Entre 5 e 10 anos 22 20,2 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Entre 10 e 15 anos 11 10,1 Entre 15 e 20 anos 11 10,1 Entre 20 e 25 anos 5 4,6 Entre 25 e 30 anos 6 5,5 Mais de 30 anos 3 2,8 SR(1) 5 4,5 Menos de 1 ano 14 12,8 Entre 1 e 5 anos 45 41,3 Entre 5 e 10 anos 13 11,9 Entre 10 e 15 anos 11 10,1 Entre 15 e 20 anos 9 8,3 Entre 20 e 25 anos 5 4,6 Entre 25 e 30 anos 3 2,8 Mais de 30 anos 3 2,8 SR(1) 6 5,4 Sim 41 37,6 Não 63 57 SR(1) 5 5,4 Tempo de atuação no Hospital Trabalha em outro local (1)Dados sem resposta. O instrumento utilizado em nosso estudo, o MBI, é o meio mais utilizado para fazer a relações entre as variáveis e a Síndrome de Burnout. De acordo com o instrumento 97% da população entrevistada apresenta alto e médio grau de Exaustão Emocional (Figura 1). Figura 1 – Dimensão Exaustão Emocional do Questionário MBI. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A exaustão emocional expressa o sofrimento que os trabalhadores apresentam quando não conseguem dar mais de si mesmos sob o ponto de vista afetivo. Energia, recursos emocionais próprios são esgotados emocionalmente. Sentimentos como esses, fazem com que o trabalhador sinta que os problemas que são apresentados a si mesmos são maiores que os recursos que tem para resolvê-los (VASQUES-MENEZES, CODO e MEDEIROS, 1999). A maioria dos entrevistados (89%) também apresenta nível alto e médio de Despersonalização (Figura 2). Figura 2 – Dimensão Despersonalização do Questionário MBI Os profissionais, nesse estágio de Burnout, apresentam comportamentos negativos, reações frias diante de sua atividade laboral e, em consequência disso, um tratamento frio e impessoal com os usuários do serviço. Tal dimensão traz um sentimento de amargura e distanciamento emocional, esfriamento da relação de trabalho, assim, a exaustão emocional já existente é reforçada (CODO e VASQUESMENEZES, 1999). Em se tratando de Baixa Realização Profissional, foi observado, em nosso estudo, que a grande maioria dos entrevistados, 54%, situam-se em níveis médios desta dimensão (Figura 3). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 3 – Dimensão baixa Realização Profissional do Questionário MBI Na dimensão baixa realização profissional, nota-se um sentimento de diminuição da competência e do alcance ao sucesso no trabalho. Sentimentos de inadequação pessoal e profissional no trabalho resultam em respostas negativas para o próprio trabalhador e para com sua atividade laboral. Isso pode criar um resultado de depressão, baixa produtividade, baixa-estima e redução da capacidade de interagir com outros (CARLOTO, 2003; BORGES; et al., 2002; CAMPOS, 2005 citados por PASCOAL, 2008). A partir dessas variáveis, detecta-se uma alta prevalência da Síndrome de Burnout naquela instituição hospitalar entre os profissionais de enfermagem. O aumento do nível de exaustão emocional em mulheres poderia ser ocasionado por sua jornada de trabalho dupla (a profissional e do lar) na qual a maioria está sujeita (PEREIRA, 2008; MASLACH, 2010). Tais resultados podem estar vinculados aos estereótipos de papel do gênero (por ex., existem mais policiais do sexo masculino, mais enfermeiros do sexo feminino) (MASLACH, 2010). Na pesquisa, verificou-se que 48,4% do sexo feminino apresentaram percentual de exaustão emocional que é considerado médio e 53,3% no sexo masculino apresentaram nível alto de exaustão emocional. Na dimensão despersonalização, 48,4% das mulheres apresentaram níveis altos desta dimensão e 46,7% dos homens apresentaram também níveis altos de despersonalização. No que diz respeito à baixa realização profissional, tanto o sexo feminino, 51,6%, quanto no masculino, 66,7%, apresentaram nível médio nessa dimensão. A faixa etária é uma variável que tende a indicar que os trabalhadores mais jovens têm o nível relatado de Burnout maior que os que têm mais de 30 ou 40 anos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de idade. Há uma maior incidência da síndrome em indivíduos que não alcançaram os 30 anos e idade (MASLACH, 2010; PASCOAL, 2008). Ao analisar a faixa etária de 26 a 45 anos, 49,2% apresentaram percentual de exaustão emocional que faz referência ao nível alto desta dimensão. No que faz referência à despersonalização, 52,2% dos entrevistados mostraram nível alto da mesma. No caso de baixa realização profissional, 34% dos entrevistados apresentaram níveis médios dessa dimensão. Freudenberger (1974) citado por Pereira (2008) afirma que o Burnout começa a se manifestar a partir do primeiro ano na instituição. Quanto ao tempo de profissão, não há concordância nesse aspecto, muitos descrevem a síndrome como um desgaste que aumenta com o tempo. Trabalhadores, na maioria dos casos, são levados à busca por outro emprego, pela necessidade de sobrevivência do indivíduo, pelo retorno financeiro almejado. Para que isso aconteça, tais trabalhadores acabam por ser obrigados a vender sua força de trabalho em mais de um local e exercer uma jornada de mais de 40 horas semanais (PASCOAL, 2008). No caso dos profissionais que trabalham em outro local, em nosso estudo, 56% apresentaram altos índices de exaustão emocional. No que se refere à despersonalização, 53,6% apresentaram níveis elevados desta dimensão. Ao falar sobre baixa realização profissional, 65,8% dos profissionais que trabalham em outro local apresentaram níveis médios desta dimensão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observa-se um número reduzido de pesquisas sobre a Síndrome de Burnout no Brasil, fator este que aparenta estar se modificando, uma vez que o tema adquiriu certa visibilidade no meio acadêmico. Para identificação de Burnout, pôde-se verificar uma alta incidência da síndrome em trabalhadores daquela instituição hospitalar. A presença marcante das mulheres na população estudada confirma o estereótipo da profissão de enfermagem como a ocupação predominantemente feminina. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Este trabalho sugere que as condições de trabalho como um todo, além das características dos profissionais e de seu ambiente de trabalho, podem ser responsáveis pela situação em que os mesmos se encontram. Algumas associações encontradas afrontam os padrões indicados pela literatura consultada. Sendo assim, sugerem-se novos estudos para confirmação dos padrões nos quais a síndrome se insere. A comprovação e o controle dos fatores geradores de um possível desenvolvimento da Síndrome de Burnout podem colaborar para a promoção da saúde da equipe de enfermagem, o que poderia melhorar a qualidade do serviço prestado. Considerando que a Síndrome de Burnout é uma doença ocupacional, faz-se necessário o desenvolvimento de estratégias coletivas no âmbito organizacional. As condições de trabalho devem ser investigas de forma mais sólida em busca de respostas a possíveis questionamentos que este estudo pode provocar, contribuindo para a prevenção de casos da síndrome e da recuperação de profissionais que possam estar acometidos. É preciso promover uma reflexão sobre a participação e importância da equipe de enfermagem, compreendendo esse trabalhador como protagonista no seu ambiente de trabalho, tornando-se possível o trabalho menos estressante e mais prazeroso para o profissional. REFERÊNCIAS BARBOSA, Genário Alves et al. A saúde dos médicos no Brasil. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2007. 220p. BORGES, Lívia Oliveira et al. A síndrome de Burnout e os valores organizacionais: um estudo comparativo entre hospitais universitários. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2002, p. 189-200. CODO, Wanderley, VASQUES-MENEZES, Ione. O que é Burnout?. In: CODO, Wandereley (Coordenador). Educação: Carinho e Trabalho. 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Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kátia Imaculada Moreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança , Especialista em Metodologia da Pesquisa. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Atualmente no Brasil, a questão da obesidade infantil tem sido muito discutida, bem como sido fonte de preocupação dos órgãos do governo federal. O objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em jovens da escolinha do projeto “Chute Certo” do distrito de Padre Fialho, Matipó-MG. Tratase de um estudo descritivo através de coleta de perfil antropométrico de 21 alunos do projeto da escolinha de futebol. Conclui-se que os jovens participantes dessa pesquisa 10-11 anos encontram-se abaixo do peso, e com o percentual de gordura abaixo da média. Em relação ao IMC dos jovens encontram-se com um valor considerável normal para a idade. É necessário que haja um acompanhamento nutricional especializado no sentido de estimular a escolha saudável dos alimentos pelas jovens atletas. PALAVRAS-CHAVE: Estado nutricional; Futebol; Perfil Antropométrico. INTRODUÇÃO Atualmente no Brasil, a questão da obesidade infantil tem sido muito discutida, bem como sido fonte de preocupação dos órgãos do governo federal. A mesma ocorre em diferentes classes sociais e muitas pesquisas sobre o tema vêm alertando a sociedade para este tipo de problema. A prevenção da obesidade é relativamente simples e consiste em equilibrar a ingestão calórica com o dispêndio energético (ANEZ e PETROSKY, 2002). Tanto a desnutrição como a obesidade, em especial na infância pode trazer sérios danos à saúde, sendo que no Brasil, vivemos um momento de transição Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 nutricional, ou seja, estão ocorrendo mudanças nos padrões alimentares dos indivíduos em consequência de modificações em sua dieta decorrente de mudanças sócias, econômicas e influencia da mídia. (MONTEIRO et al., 1995). O estudo das variáveis antropométricas e da composição corporal serve como um valioso aspecto diferenciador entre atletas e outros grupos, por diversas razões faz-se necessário o estudo da composição corporal com um instrumento para avaliar aptidão física e com uma maneira para acompanhar atletas que estão se preparado ou competindo, jovens regularmente envolvidos em programas de atividades físicas demonstram apresentar proporções de massa magra e menor quantidade de gordura relativa, com flutuações diretamente relacionadas com o estimulo do esforço a que são submetidos (FILARDO et al., 2000). A composição corporal é uma área importante da antropometria. Através da análise da composição corporal pode-se determinar os componentes do corpo humano de forma quantitativa e utilizar os dados desta análise para detectar o grau de desenvolvimento e crescimento de crianças e jovens, o estado dos componentes corporais de adultos e idosos, bem como, prescrever exercícios (FERNANDES, 2003). Neste sentido, o objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em jovens da escolinha do projeto “Chute Certo” do distrito de Padre Fialho, Matipó-MG. Foi através de um projeto de escola de futebol, onde são realizadas diversas atividades físicas que nós, acadêmicos-pesquisadores, tivemos despertado o interesse em realizar um estudo sobre a avaliação de medidas de cada aluno para ver se cada um deles se encaixam nos padrões para as idades que eles possuem e através das atividades melhorar o seu perfil caso necessário. Com este estudo pretendemos contribuir para que a proposta dos professores de Educação Física integre uma nova postura frente à estrutura educacional, procurando adotar em sua prática, não mais uma visão de exclusividade à prática de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 atividades esportivas e recreativas, mas, fundamentalmente, alcançarem metas voltadas à educação para a saúde. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Muitos estudiosos têm utilizado a avaliação da composição corporal como um método de classificação e quantificação do condicionamento físico relacionado à saúde, e nesse sentido, Loham (1992) citado por Cáceres et al. (2010) indica as dobras cutâneas como um dos métodos mais indicados. Bortoloso (2012) aponta que os dados que fornece o diagnostico da obesidade é o Índice de Massa Corporal (IMC= peso Kg / altura x altura (em m) calculado, dividindo-se o peso (em Kg) do indivíduo por sua altura elevada ao quadrado, adultos com IMC igual ou superior a 30kg/m 2 devem ser classificados como obesos. As doenças cardiovasculares associadas à obesidade estão intimamente ligadas à gordura intra-abdominal, e é a medida da circunferência abdominal que fornece à informação sobre essa gordura. A partir desse parâmetro, obesidade é a medida da circunferência abdominal maior que 102cm para homens e 88cm para mulheres, e o sobrepeso medida maior que 94cm para homens e 80cm para mulheres. Segundo Charro et al. (2010) a utilização do IMC é a variação encontrada entre crianças e adolescentes, tendo em vista o fato de estarem em constantes alterações morfológicas e funcionais; assim, a maneira mais adequada de calcular o IMC para essa população é relacionando os porcentis das curvas de crescimento de estatura e de peso corporal, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino. A antropometria é um ramo das ciências biológicas que tem como objetivo o estudo dos caracteres mensuráveis da morfologia humana. Para isso, são utilizados as medidas de circunferências, espessuras de dobras cutâneas, diâmetros ósseos e comprimento. Os pressupostos e os princípios assumidos neste método preconizam que essas medidas estão relacionadas à massa óssea, livre de gordura e muscular (SANTOS e FUJÃO, 2003). Na literatura científica podemos encontrar diversas equações para predizer a gordura corporal pelo método de dobras cutâneas. Para Petroski (1995) citado por Cáceres et al. (2010) no método de dobras cutâneas existem equações específicas Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 e generalizadas. As equações específicas devem ser utilizada em indivíduos semelhantes aos que deram origem a equação, por outro lado, as equações generalizadas podem ser utilizadas para uma parcela maior da população. METODOLOGIA Essa pesquisa trata-se de um estudo descritivo através de coleta de perfil antropométrico de alunos do projeto da escolinha de futebol “Chute Certo” do Distrito de Padre Fialho em Matipó-MG. Segundo Gil (2008) tais pesquisas descritivas são aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo, estabelecendo as relações entre as variáveis mostrando a realidade sem nela interferir. Esse estudo foi realizado no Distrito de Padre Fialho, município de MatipóMG, popularmente conhecido de “Garimpo” Matipó-MG e um município Brasileiro do estado de Minas Gerais. De acordo com o censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010, sua população é de 17.639 habitantes. Está localizada na região II da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais e pertence à microrregião Vertente Ocidental do Caparão (IBGE, 2012). Sua principal fonte de rende é a agropecuária, com o maior destaque para a agricultura, e possui cinco escolas e estaduais. A amostra foi composta por jovens do sexo masculino com idade de 10 a 12 anos, sendo um total de 21 jovens. Serão coletadas as medidas de peso, estatura, circunferência abdominal e cintura e ver o protocolo de 2 dobras cutâneas para tanto serão utilizados os instrumentos para coleta de dados: Balança supermedy max =180kg D =100g compasso, fita cescorf 2m, estadiômetro para a execução da pesquisa, utilizou-se o método antropométrico, avaliando as medidas. Massa Corporal: medida com auxilio de uma balança mecânica, com precisão de 100g. Estatura: medida em metros, com auxilio de uma fita métrica fixada a uma parede sem rodapé nem desnível. Perimetria: circunferências medidas em centímetros, com uma fita métrica com 2 metros de comprimento, de material flexível e rebubinação automática. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Dobras cutâneas: medida com um adipômetro, com precisão de 0,1mm e pressão constante de 10g/cm² em qualquer abertura. Para o cálculo do índice de massa corporal (IMC), utilizará a equação: IMC=Massa corporal em Kg divido por (Estatura em m)². Para cálculo do percentual de gordura corporal, utilizou-se as medidas de dobras cutânea do tríceps e subescapular, conforme equação de LOHMAN (1992) citado por Cáceres et al.(2010). A coleta de dados foi processada sem identificação pessoal dos alunos onde se utilizará um Termo de Consentimentos Livre Esclarecida que foi assinado pelo pai e/ou responsável, autorizando a participação do aluno. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para fins de análise dos dados foram coletados amostra de 21 jovens do sexo masculino com idade de 10 a 12 anos. Em relação ao percentual de gordura dos jovens participantes dessa pesquisa, observe na Figura 1. Figura 1 – Média de Percentual de gordura por idade. Observa-se que a média do percentual de gordura dos jovens de 10-11 anos consiste em 13,03% e dos jovens de 12 anos 15,72%. Analisando a média de gordura dos jovens de acordo com a tabela de Lohman (1992, p.80) apud Cáceres et al.(2010) os participantes de 10-11 anos se encontram abaixo da média, e os participantes de 12 anos na média. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O percentual de gordura dos jovens foi analisado a partir da somatória de quatro pregas cutâneas (tricipital e subescapular). Para Glaner (2005) quando o propósito for verificar a quantidade de gordura corporal em relação à saúde, a forma de avaliação adequada é a por critério de referência, uma vez que estudos mostram que pessoas que apresentam gordura corporal dentro de certos padrões apresentam menor incidência e risco de doenças crônicas não transmissíveis, do que pessoas que apresentam gordura mais elevada em relação às anteriores. Em um estudo feito por Peres (1996) citado por Silva, Visconti e Roldan (1997) onde foram comparados a porcentagem de gordura de jogadores brasileiros e japoneses foi encontrado valores médios de 11,08% e 11,92%, respectivamente. No estudo de Schandler e Navarro (2007) avaliando também jogadores de futebol, a porcentagem encontrada foi média de 5,9%±1,9%, variando de 3,3% a 11%. A determinação da porcentagem de gordura corporal, junto com as medidas de dobras e circunferências corporais, é de imprescindível importância ao atleta para identificar níveis altos ou baixos de gordura corporal total, que podem avaliar riscos à saúde ou ao pleno rendimento atlético; monitorar as alterações corporais impostas pelo treinamento ou nutrição; estimar o peso mínimo ou ideal em diversas modalidades esportivas; acompanhar o crescimento, desenvolvimento, maturação e as alterações na composição corporal; entre outras (MOROLI et al., 2008). A intensidade, a frequência e a duração de uma atividade física influenciam na massa gorda, massa óssea e muscular. A preparação de um atleta para a competição, no que se refere á composição corporal, significa diminuir ao mínimo (dentro de padrões saudáveis) sua massa de gordura e potencializar ao máximo sua massa muscular. Nas atividades em que o atleta transporta o seu peso, o acréscimo de gordura exigirá maior consumo de energia. Estimar a composição corporal tem fundamental importância não apenas na determinação do estado nutricional do indivíduo como também na influência da performance esportiva que varia entre modalidades e até mesmo dentro das modalidades (GAGLIARDI, MANSOLDO e KISS, 2003). Em relação ao IMC, os mesmos foram calculados e analisados de acordo com a idade dos jovens, observa a Figura 2. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 2 – Média de Índice de Massa Corporal por idade. Observamos que o IMC dos jovens participantes dessa pesquisa encontramse entre 16,5 a 16,75, sendo este considerável um IMC abaixo do normal, seguindo os critérios de referência para definição de baixo peso, excesso de peso e obesidade para sexo masculino da idade 11 anos (GONÇALVES e ROCHA, 2012) observado no quadro 1 (ANEXO 1) o grupo apresenta peso normal. Em um estudo realizado por Vieira et al., (2006) os valores de IMC com maior sensibilidade e especificidade da amostra estudada foram, de um modo geral, inferiores aos pontos de corte médios das demais referências e variaram de 21,70kg/m2 a 24,15kg/m2 para os meninos. Esses pontos de corte conseguiram identificar, corretamente, de 76% a 95% dos adolescentes com excesso de gordura corporal. A obesidade é uma preocupação em qualquer fase da vida. Existe uma grande probabilidade que crianças obesas permanecerão obesas na idade adulta, e a obesidade tende-se estabilizar durante o início da idade adulta, a meia a idade e a terceira idade (GONÇALVES e ROCHA, 2012). O IMC tem sido recomendado pela Organização Mundial de Saúde como um indicador da gordura corporal por ser obtido de forma rápida e praticamente sem custo nenhum. No entanto, estudos têm questionado seu uso com propósitos de diagnosticar a gordura corporal em diferentes faixas etárias (GLANER, 2005). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Em relação a média de peso por idade observe na Tabela 3. Figura 3 – Média de peso por idade. Observa-se que a média de peso dos jovens participantes dessa pesquisa consiste em 10-11 anos 31,48 kg e 12 anos 35 kg. A análise dos dados do peso dos jovens teve como referência a tabela de percentis do National Center for Health Statistics (NCHS, 2000 citado por Assis et al., 2007), adotando-se como critério os seguintes valores: 10 anos: 25,7 baixo peso; 32,6 eutrofico; 45,3 obesidade. 12 anos: 30,4 baixo peso; 38,2 eutrófico; 56,3 obesidade. A prevalência de sobrepeso e obesidade entre os adolescentes no Brasil, segundo dados do IBGE (2002-2003), foram de 12,3% de sobrepeso, 16,7% de excesso de peso e 2,3% de obesidade, sendo que na região sul observou-se 13,6% de sobrepeso, 22,6% de excesso de peso e 3,1% de obesidade. Os resultados do IBGE apontaram que, nesse período, havia um obeso para cada 10 meninos com excesso de peso e uma obesa para cada 5 meninas com excesso de peso (ROSSET e SILVA, 2012). Em um estudo feito por Assis et al. (2007) entre os indivíduos do sexo masculino, observou-se no grupo dos eutróficos 32,84% praticam atividades e 13,43% não praticam, e no grupo dos com excesso de peso 44,78% praticam e 8,96% não praticam atividade física. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que os jovens participantes dessa pesquisa 10-11 anos encontram-se abaixo do peso, e com o percentual de gordura abaixo da média. Em relação ao IMC dos jovens encontra-se com um valor considerável normal para a idade. É necessário relatar que os jovens pesquisados constituem-se de famílias carentes, onde a renda familiar é baixa e as condições econômicas de se ter acompanhamento de um nutricionista junto à atividade física não é possível. Consideramos necessário, que estudos mais aprofundados sejam desenvolvidos com jovens atletas e que haja um acompanhamento nutricional especializado no sentido de estimular a escolha saudável dos alimentos pelos jovens atletas e a manutenção de uma composição corporal adequada. REFERÊNCIAS ANEZ, C. R. R.; PETROSKI, E. L. “O exercício físico no controle do sobrepeso corporal e da obesidade”. Revista Digital Buenos Aires. 2002 ASSIS, C. M.; QUIO, V. R.; RASSELI, J. G.; CUNHA, F. G. C.; SALAROLI, L. Hábitos alimentares e estado nutricional de jovens: um estudo comparativo. Rev. Soc. Bras. Alim. Nutr; São Paulo, SP, v. 34, n. 1, p. 13-27, abr. 2009. BORTOLOZO, Fernanda. País dos Fenômenos: Obesidade, Sibutramina e Banalização. Disponível em: http://www.farmamellitus.com.br/entre-aspas/paa.ctml Acesso em: 20/07/2012. CÁCERES, Juan Marcelo Simões; STEINBACH, Ciane Vanessa; SCHVEITZER, Vanessa; BENETTI, Magnus. Tratamento da obesidade em adultos. Revista Digital, v.14, n.140, jan. 2010. 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[email protected] RESUMO O estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento de adolescentes de uma escola de ensino médio da cidade de Matipó, residentes em um bairro em situação de vulnerabilidade social a respeito: da fisiologia do aparelho reprodutor; fatores de risco para a infecção por DST/HIV; e a frequência do uso rotineiro de preservativo. Trata-se de um estudo do tipo descritivo com abordagem quantitativa. Participaram deste estudo 26 alunos do ensino médio, sendo 17 meninas e 09 meninos, com faixa etária variando entre 15 a 21 anos todos pertencentes ao 2º ano do ensino médio. Este estudo teve sua tabulação feita através de cores que foram divididas em três grupos verde (pouco vulnerável), amarelo (vulnerável) e azul (muito vulnerável), sendo que cada cor representa o grau de vulnerabilidade e de conhecimento dos alunos, foi encontrado o maior percentual no grupo verde com 78,05%, o amarelo 19,16% e o azul respectivamente com 2,79%. PALAVRAS-CHAVE: Adolescentes; Conhecimento; DST/AIDS. INTRODUÇÃO A definição do conceito e a delimitação do período cronológico que caracteriza a adolescência abrangem três níveis de maturação e desenvolvimento: a puberdade, a adolescência propriamente dita que se estende do período dos 15 aos 17 anos que tem como sua característica marcante as mudanças psicológicas e a adolescência tardia, que vai dos 18 aos 21 anos (OSÓRIO, 1992). A análise do próprio termo, adolescente que significa ad= para frente e dolescere= crescer com a dor, período de mutação, de crise, sinaliza um processo importante de amadurecimento, passagem por mudanças corporais, intelectuais e sociais (SOUZA, 2004). É nessa fase, cheia de transformações que surge a exposição a fatores de risco, aumentando a vulnerabilidade as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). No contexto de vulnerabilidade, a Organização Mundial de Saúde divulgou um relatório sobre a juventude, no qual consta que os jovens já representam 18% da população mundial e estão em risco aumentado, sobretudo pela vulnerabilidade à Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 epidemia HIV/AIDS. O documento mostra que 10 milhões de jovens entre 15 a 24 anos estão infectados pelo HIV. Além disso, as doenças infecciosas como a AIDS seriam responsáveis por um número duas vezes maior de mortes em 2005 quando comparadas com 2004 (BRETAS, 2009). Diante, desse quadro torna-se óbvio o desenvolvimento de medidas preventivas com enfoque na orientação sexual, principalmente em áreas mais carentes, onde o índice de infecção é maior entre os adolescentes, mostrando para esses jovens que a prevenção é o melhor caminho para uma vida sexual saudável, para si e o parceiro. A adolescência é a etapa da vida marcada por complexo processo de desenvolvimento biológico, psíquico e social. É principalmente nesta fase que as influências contextuais, externas à família, tomam maior magnitude, pois vão implicar na tomada de decisões, de condutas e contribuir para a definição de estilos de vida (RUZANY, 1999). No Brasil, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) revelou igualmente que jovens com baixo nível de instrução são os que demonstram maior atividade sexual, iniciação à vida sexual mais precoce e menor percentual de uso de preservativo masculino na última relação sexual (BEMFAM, 1997). Em 1998, um estudo realizado pela Coordenação Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde mostrou que entre os indivíduos que afirmaram que eram sexualmente ativos aproximadamente 76% não utilizam o preservativo nas suas relações sexuais. Para jovens entre 16 e 25 anos, de ambos os sexos, esse percentual desce para 56%, porém ainda considerado preocupante. Dentre os entrevistados, 31,3% são desinformados quanto ao uso de camisinha e 21,5% quanto ao sexo oral. Com relação ao tipo de relacionamento sexual, mais de 25% são desinformados quanto aos riscos de casais homossexuais e 46% quanto aos casais heterossexuais (MINISTERIO DA SAÚDE, 2000). Estes dados epidemiológicos demonstram a necessidade de desenvolvimento de trabalhos educativos com adolescentes em bairros carentes, haja vista que o índice de infecção por DST/AIDS é maior nessa população. E que os meios de informações em campanhas não estão sendo efetivos. O interesse pela temática surgiu após experiência com atividades educativas realizadas através de projetos de Estágio Supervisionado no curso de Enfermagem Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 no contexto da educação em saúde, especialmente na prevenção de DST entre adolescentes. Diante disso se delineia a questão norteadora: qual o conhecimento dos adolescentes de uma escola de ensino médio da cidade de Matipó sobre DST/AIDS? Este estudo tem como objetivo avaliar o conhecimento de adolescentes de uma escola de ensino médio da cidade de Matipó, residentes em um bairro de baixa renda, a respeito: da fisiologia do aparelho reprodutor; fatores de risco para a infecção por DST/HIV; e a frequência do uso rotineiro de preservativo. Assim, o conhecimento acerca da prática sexual desempenhada por essa população, os métodos preventivos utilizados, o conhecimento específico sobre os métodos de transmissão e onde a população adquire tais informações é de extrema importância para guiar as ações desse estudo em prol do desenvolvimento de estratégias que controlem o avanço desta grande epidemia que assola principalmente os adolescentes. REFERENCIAL TEÓRICO A adolescência é vista como uma fase da vida onde todos passam por transformações biológicas, físicas, psicológicas e sociais. São considerados também o desenvolvimento da adolescência e da sexualidade como pontos marcantes da vida e do comportamento dos jovens, assim como seu relacionamento na escola, na família e a sua percepção em relação às drogas, DST e HIV/AIDS. A sexualidade é uma das capacidades do ser humano que aborda gênero, identidade e orientação sexual, envolvimento emocional, amor e reprodução, e são expressadas ou experimentadas através de fantasias, desejos, pensamentos, crenças, atitudes, valores, papéis e relacionamentos (GEOVANINI, 2010). Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), 32,8% dos jovens brasileiros entre 12 e 17 anos já iniciaram a sua vida sexual, sendo que destes, 61% são rapazes e 39% são moças. Ponto marcante nesse estudo é a relação da primeira relação sexual com a escolaridade, o estudo mostra que quanto menor a escolaridade, mais cedo os adolescentes iniciam a atividade sexual. Aumentando assim, o risco de uma gravidez não planejada e/ou uma DST (VILELLA e DORETO, 2006). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Nesse contexto de vulnerabilidade dos adolescentes surgem às doenças sexualmente transmissíveis que são transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso de camisinha com uma pessoa que esteja infectada, e geralmente se manifestam por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Associado as DST está à infecção do HIV, causador da AIDS, vírus que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T. e é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. Por isso, é importante orientar os adolescentes a sempre fazerem o teste e se protegerem em todas as situações (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A AIDS representa hoje mais do que uma doença. Trata-se de um fenômeno social que trouxe à tona um profundo debate sobre valores ligados à sexualidade, às relações de gênero, à moral, aos direitos humanos e à vida (CRUZ, 2007). Depois da revolução sexual de 1960 e 1970, sem dúvida, o advento da AIDS entre as DST, vem mobilizando novas posturas e diálogos entre diferentes áreas do conhecimento, mas principalmente entre profissionais da saúde, faz-se necessário o debate desse tema, para que novas estratégias sejam lançadas, haja vista que os meios de educação em saúde como, televisão, rádio, revistas, jornais, folder, não têm sido eficazes no combate ao avanço dessa pandemia que assola principalmente os adolescentes e jovens. Dados da UNESCO do ano de 2002 reforçam essa constatação. Neste ano a organização estimava que um terço da população mundial se encontrasse na faixa etária de 10 a 24 anos de idade. E é nessa faixa etária que se concentrava metade das infecções pelo HIV (LUZ e FERNANDES, 2008). Faz-se necessário compreender o comportamento dos adolescentes no contexto de sua sexualidade, para que estratégias sejam lançadas no âmbito saúdeeducação. A população jovem deve ser colocada prioritariamente nas discussões Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 sobre políticas de saúde e educação, haja vista que a DST/AIDS é uma problema de saúde pública. METODOLOGIA Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG). Trata-se de um estudo do tipo descritivo, com abordagem quantitativa. Segundo Gressler (2004), a pesquisa descritiva é utilizada para descrever certos fenômenos existentes, situações e eventos presentes, identificando problemas e justificando condições a fim de comparar e avaliar o que os outros estão desenvolvendo em situações para futuros planos e decisões. O estudo está sendo realizado em uma escola pública situada no município de Matipó que possui a estimativa populacional de 17.639 habitantes em 2010. E as principais atividades econômicas são a produção de café, o comércio e empresas no ramo de minerioduto (IBGE, 2010). A escola onde está sendo realizada a pesquisa está inserida em um bairro, cuja população é carente, onde uma grande parcela dos adolescentes não possui ocupação para o tempo ocioso que possuem, os pais em sua maioria trabalham o dia todo e em um contexto geral todos tem pouco acesso a informação, isso afirma o que alguns autores dizem a respeito das DST/AIDS estarem ligadas a falta de informação. A escola selecionada atende em média 800 alunos que se dividem entre o turno da manhã, tarde e noite, o horário basicamente de atendimento a adolescentes e jovens é manhã e noite. Portanto, os questionários serão aplicados no turno da manhã e noite, a todas as turmas de ensino médio, que totalizam 6 turmas com uma média de 30 alunos em cada. A coleta de dados foi iniciada no mês de agosto de 2012, na própria escola. Onde foi utilizado um questionário auto-aplicativo, com questões que abordam vida sexual, formas de transmissão de DST, uso de preservativos, entre outros. O questionário utilizado foi retirado de um projeto do Ministério da saúde intitulado: Eu preciso fazer o teste do HIV/AIDS. A tabulação dos dados foi feita através de cores que foram divididas em três grupos: verde (pouco vulnerável), amarelo (vulnerável) e Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 azul (muito vulnerável), sendo que cada cor representa o grau de vulnerabilidade e de conhecimento dos alunos, tabulação essa que já é feita no momento da resposta ao questionário, pois o mesmo é colorido e permite ao aluno saber em qual grupo se encaixa. Os sujeitos da pesquisa serão informados dos objetivos do estudo e a participação será concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este seguirá as especificações da Lei 196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996). Os dados estão sendo processados no Microsoft Excel e analisados através de estatística descritiva. Os resultados serão expressos em tabelas de frequência e gráficos, que orientarão a discussão dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram avaliados até agora apenas 14,13% dos alunos do ensino médio, sendo 17 meninas e 09 meninos, com faixa etária entre 15 a 21 anos todos pertencentes ao 2º ano do ensino médio. Em razão de o questionário ser auto-aplicativo tem-se a possibilidade de parte dos alunos terem faltado com a verdade, segundo Façanha et al.(2004) questões como relações sexuais anteriores, DST, são passíveis de serem negadas principalmente pelas meninas e os rapazes ao contrário podem aumentar a frequência de relações sexuais e o início dessa atividade. Segundo Villela e Doreto (2006) a vulnerabilidade pode ser vista como o produto da interação entre características do indivíduo como cognição, afeto, psiquismo e estruturas sociais de desigualdade como gênero, classe e raça, determinando acessos, oportunidades e produzindo sentidos para o sujeito sobre ele mesmo e o mundo. Como mostra a figura 1 foi encontrado o maior percentual no grupo verde com 78,05%, o amarelo 19,16% e o azul respectivamente com 2,79%. A alta porcentagem do grupo verde representa que o grau de conhecimento e vulnerabilidade dos alunos é baixo, mostrando que na sociedade contemporânea a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 escola tem sido o espaço privilegiado para a aquisição de habilidades cognitivas e sociais, onde crianças e jovens podem recriar a si e ao mundo, reduzindo assim a sua vulnerabilidade social e física (VILLELA E DORETO, 2006). Figura 1: Grau de vulnerabilidade dos adolescentes as DSTs. O exercício da sexualidade na adolescência ou na juventude poderá constituir risco de grau variável para o comprometimento do projeto de vida e até da própria vida, bastando para isto lembrar consequências como a gravidez precoce, o aborto, as DST/AIDS, por isso os 19,16% que representam a cor amarela ainda deixam preocupação quanto as escolhas dos adolescentes e jovens que estão vivendo novas experiências, tendo pouco conhecimento quanto a prática do sexo seguro. Segundo Luz e Fernandes Júnior, 2008 a sexualidade é a dimensão do ser humano que envolve gênero, identidade, orientação, fantasia, desejo, erotismo, envolvimento emocional, crenças, atitudes, valores, atividades, práticas, papéis, relacionamentos, contracepção e, notadamente, saúde sexual e reprodutiva por isso é tão importante que ao longo dessa descoberta os adolescentes e jovens tenham uma ajuda tanto da escola quanto do sistema de saúde para que não esbarrem em situações indesejadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante os dados colhidos até o momento foi percebido que a maior parte do grupo dos entrevistados se enquadra no grupo verde (Pouco Vulnerável), que não Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 possuem condutas que podem expor os mesmos a uma DST/AIDS, mas como foi dito ao início do estudo, sendo o questionário auto-aplicativo corre-se risco de que os adolescentes tenham faltado com a verdade. Mas diante do alto grau de conhecimento dos mesmos coloca a todos os profissionais mais tranqüilos, pois se eles se enquadram no pouco vulnerável quer dizer que os trabalhos realizados tem dado resultado positivo. Pode ser percebido que ainda existe uma pequena porcentagem que está alocado no grupo amarelo que quer dizer comportamento vulnerável e é esse grupo que tem a necessidade de ser alcançado, pois mesmo sabendo do risco que correm ainda tem comportamento pouco aceitável. Portanto com os dados parciais encontrados no trabalho é possível ver como é de grande importância os trabalhos de educação em saúde realizado pelos profissionais de saúde e pelos educadores e que o bate-papo é ponto chave para a abordagem dessa faixa etária. REFERÊNCIAS BRÊTAS, José Roberto da Silva, et al. Conhecimentos de adolescentes sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis: subsídios para prevenção. Acta Paul Enferm 2009; 22(6):786-92. Disponível em http://www.scielo.br. Acesso em: 23 de março de 2012. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em: 12.março.2012. LUZ, Araci Assinelli; Fernandes Nelson Júnior. Gênero, adolescências e prevenção ao HIV/AIDS. Pro-Posições. V. 19, n.2 (56)-maio/ago.2008. MINISTÉRIO DA SAÚDE. AIDS. Departamento DST, AIDS e Hepatites Virais. Disponível em http://www.aids.gov.br. Acesso em: 23 de março de 2012. MINISTÉRIO DA SAÚDE – CEBRAP. Comportamento sexual da população brasileira e percepções do HIV/ Aids 2000. Disponível em http://www.aids.gov.br. Acesso em: 23 de março de 2012. OSÓRIO, LC. Adolescência hoje. Porto Alegre: Artes Médicas,1992. RUZANY, M. H. & SZWARCWALD, C. L., Mortalidade de adolescentes no município do Rio de Janeiro, de 1981 a 1995 - Quantos óbitos poderiam ser evitados? Revista de Pediatria, 75:327-333. 1999. 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Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A terceira idade inicia-se aos 60 anos, como estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Existem fatores que podem preconizar a velhice, acelerando ou retardando as doenças e os sintomas da idade madura. Com isso, a relação entre atividade física, saúde e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida. Atualmente existe um consenso entre os profissionais de saúde de que a atividade física é um fator determinante no processo de envelhecimento saudável. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi avaliar os benefícios de um programa de atividade física na terceira idade, e assim, contribuir para aumentar o incentivo à criação e apoio a programas de atividades físicas para grupos especiais como os hipertensos. Tratou-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa realizada com um grupo da terceira idade da cidade de Abre Campo – MG, que pratica atividade física. Os participantes foram abordados quanto ao estilo de vida, dados socioeconômicos, aspectos relacionados à hipertensão e a prática de atividade física. Os resultados revelaram que 76,6% dos participantes possuíam um nível de PA acima de 120/80 mm/Hg antes de começar participar do programa. Quando estes resultados foram comparados com os níveis de PA atuais observouse que apenas 36,7% dos investigados apresentavam PA superior a 120/80 mm/Hg. Assim, é possível referir que atividades físicas influenciam no controle da pressão arterial e consequentemente para uma melhor qualidade de vida. PALAVRAS-CHAVE: Atividade física, Hipertensão arterial, Envelhecimento. INTRODUÇÃO Atualmente é possível perceber inúmeras mudanças que ocorreram quanto à incidência e à prevalência das doenças no Brasil. O alto índice de mortalidade Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 historicamente relacionado a diversas doenças tem decrescido, enquanto a expectativa de vida dos brasileiros aumentada (DELL’ACQUA et al. 1997). Entre as doenças mais prevalentes da atualidade está a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Esta, atualmente corresponde a um dos principais problemas de saúde pública mundial, por isso, tem sido alvo de pesquisa por diversos estudiosos. (SILVA e FARIAS JÚNIOR, 2007). A HAS atualmente representa uma das principais patologias responsáveis pela alta morbidade cardiovascular no Brasil. Pesquisas demonstram que, dependendo da região do Brasil, de 22% a 44% da população urbana adulta é portadora dessa doença (MION et al., 2004).Além disso, a alta prevalência desta doença contribui para diminuição da expectativa de vida, pois ocasiona diversas alterações morfofuncionais, sendo as mais importantes a insuficiência cardíaca, comprometimento cerebral e renal (DELL’ACQUA et al. 1997). Segundo Hernandes e Barros (2004) o envelhecimento populacional é outro fenômeno mundial, assim, torna-se um grande desafio deste processo a conservação das atividades fisiológicas em bom funcionamento. A terceira idade é estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como iniciando aos 60 anos. No entanto, esta é uma idade instituída para efeito de pesquisa, já que o processo de envelhecimento depende principalmente de três fatores principais: biológico, psíquico e social. São estes fatores que podem preconizar a velhice, acelerando ou retardando as doenças e os sintomas da idade madura.Com isso, a relação entre atividade física, saúde e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente (HERNANDES e BARROS 2004). Contudo, atualmente já existe um consenso entre os profissionais de saúde de que a atividade física é um fator determinante no processo de envelhecimento saudável. (MATSUDO; MATSUDO e NETO, citado por TAKAHASHI (2004). A prática de exercícios prescritos de maneira correta e orientada desempenha importante papel na prevenção, conservação e recuperação da capacidade funcional dos indivíduos, repercutindo positivamente na saúde e retardando o aparecimento de complicações e melhorando seu bem estar (GUEDES e GUEDES, 1995) Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Diversos autores têm procurado apontar alterações decorrentes do processo de envelhecimento, bem como as implicações dessas alterações, na elaboração e supervisão dos programas de exercícios físicos. Esta programação deve ser adaptada de modo subjetivo visando atingir anseios, necessidades, condições físicas, trocas de informações e conhecimentos, fatores estes que favorecem o alcance dos objetivos propostos e a melhor condução das atividades. (HERNANDES e BARROS, 2004). O tratamento da HAS consiste em terapia medicamentosa adequada, terapia não-farmacológico (FUCHS et al., 1993). Pesquisas recentes evidenciam que as práticas não-medicamentosas, como os exercícios físicos e dieta, devem ser a estratégia inicial para o tratamento de indivíduos com sobrepeso e hipertensão leve a moderada. Além disso, demonstram que mudanças nos hábitos de repercutem diretamente na redução significativa da pressão arterial em indivíduos (ARROL et al., 1992; GRASSI et al., 1994; DÓREA EL e LOTUFO et al., 2004). As pesquisas demonstram ainda que a atividade física constante traz benefícios incontestáveis para o prolongamento dos anos de vida com melhor qualidade. Fisiologicamente, o idoso tem perda de até 5% da capacidade física a cada dez anos e pode recuperar 10% através de atividades físicas adequadas. Estas atividades também atuam como antidepressivos, sendo benéficos para todas as idades e sexo (IRIGOYEN et al, 2003). Desse modo Marques citado por Takahashi (2004) ressalta, que mesmo com uma redução da capacidade de desenvolvimento das atividades diárias com o avanço da idade, a atividade física e o treino podem contrabalançar estas alterações. Com isso, o presente estudo teve como objetivo avaliar os benefícios da atividade física, na qualidade de vida e na pressão arterial de pacientes participantes de um programa de atividade física da cidade Abre Campo MG. Desta forma, será possível uma melhor elaboração de programas de atividade física a essa faixa etária, além de contribuir para aumentar o incentivo para a criação e apoio a programas de atividades físicas para grupos especiais como os hipertensos. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A HAS é uma doença crônica que pode ser influenciada por fatores inerentes ao indivíduo, como por exemplo, sua aceitação da doença, controle e conhecimento desta. Um paciente hipertenso é aquele que possui pressão arterial sistólica maior que 160mmHg e diastólica maior que 96mmHg. No entanto, existem pacientes com valores limítrofes, ou seja, possuem a pressão arterial sistólica entre 140 e 160mmHg e diastólico entre 90 e 95mmHg (PESSUTO e CARVALHO, 2008). Segundo Dell’acqua et al,(1997), existem fatores determinantes para o desenvolvimento desta doença: genética, idade, raça e gênero, obesidade, alimentação rica em sal e gorduras, estresse, utilização de anticoncepcionais, álcool. A HAS não possui cura e o seu controle é indispensável para diminuição da mobi-mortalidade por doenças relacionadas à manutenção dos níveis pressóricos elevados. (BISI MOLINA et al, 2003). Sendo a HAS uma doença multifatorial que atinge diversos grupos populacionais torna-se imprescindível identificar fatores de risco associados e os resultados das intervenções realizadas no controle dos níveis pressóricos (PESSUTO e CARVALHO, 2008). A realização de exercícios físicos é uma das principais terapias não medicamentosas utilizadas para manutenção da normalidade dos níveis pressóricos (ARROL et al., 1992; GRASSI et al., 1994; DÓREA EL e LOTUFO et al., 2004). A prática regular ocasiona diversas adaptações do organismo, entre elas as hemodinâmicas, que influenciam diretamente o sistema cardiovascular e conseqüentemente a pressão arterial (RONDON e BRUM, 2003). Durante o exercício físico o organismo sofre adaptações com o objetivo de atender às demandas aumentadas. Com o decorrer do tempo essas adaptações vão evoluindo permitindo assim que o organismo melhore seu desempenho. Contudo, os processos fisiológicos e metabólicos tornam-se cada vez mais otimizados e assim, os mecanismo que controlam a pressão arterial pós-treino físico, que se relacionam a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais conseguem controlar a pressão em um patamar mais baixo. (WILMORE e COSTILL, 2003; NEGRÃO et al. 2001) Nesse sentido, Stella, Corazza e Costa (2002), realizaram um estudo para demonstrar administração pública a importância da atividade física para a terceira Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 idade. Os autores conseguiram explicitar através de uma revisão bibliográfica as alterações sofridas com o processo de envelhecimento e os benefícios que a atividade física pode trazer para esta população. Os resultados reforçam que o exercício físico é um importante fator e deve ser incentivado e apoiado pelas entidades públicas. Chaimowics (1997) também realizou um estudo para analisar as características atuais e as perspectivas dos processos de transição demográfica e epidemiológica no Brasil. Foram utilizados os dados do censo demográfico de 1991 e 1996 e de recentes estudos sobre o perfil sócio econômico e de saúde do idoso de três grandes capitais brasileiras. Os resultados demonstraram que é imprescindível o investimento em ações preventivas, e que devem ser coordenadas dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBS) priorizando as necessidades locais e visando o bem estar psicológico físico e social. Irigoyen et al. (2003) realizou uma análise sobre os efeitos do exercício agudo e crônico em diferentes disfunções fisiológicas da população. Os autores demonstraram que é possível o controle e redução do risco de diabetes mellitus (DM) e da hipertensão arterial sistêmica (HAS) através de dieta e exercícios físicos, assim como reduzir os riscos de complicações micro e macro vasculares em pacientes com DM e HAS através do controle glicêmico e redução dos níveis pressóricos. Krinski et al.(2006), procurou mostrar os efeitos causados pela prática regular da atividade física em portadores de hipertensão arterial sistêmica. Os resultados demonstraram que um programa regular de exercícios físicos de intensidade leve e moderada possui efeitos positivos na redução da pressão arterial, diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica, aumentando o metabolismo basal, ajudando na perda de peso, além do controle, auxiliando no tratamento e na redução do risco de desenvolver a hipertensão arterial sistêmica. Mota et al (2006), comparando a qualidade de vida entre participantes e de não participantes de programas de atividades físicas observaram que a participação em programas de atividades físicas contribui indiscutivelmente para uma melhora na qualidade de vida relacionado com a saúde. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Portanto, os diversos trabalhos verificados demonstram os benefícios que a atividade física pode trazer as pessoas da terceira idade. Estes estudos apontam que a atividade física deve ser usada no tratamento e manutenção da saúde dos indivíduos desta faixa etária. No entanto, antes de iniciar qualquer a atividade é recomendado uma avaliação clínica para que o exercício seja realizado de forma segura (MATSUDO; MATSUDO e NETO; 2001). Este fato revela a necessidade de atualização constante dos profissionais de Educação Física para a prescrição de exercícios para esta população, que pode ser considerada especial devido às limitações geradas pela idade. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem quantitativa. Segundo Rodrigues (2007), nesse tipo de pesquisa existe padronização quanto à coleta de dados e análise sem ocorrer interferência do pesquisador. São utilizados métodos estatísticos que revelam em números os resultados obtidos. O estudo foi realizado na cidade de Abre Campo, localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais. Com cerca de 470 quilômetros quadrados de área possui população de 13.311 habitantes e tem como principal fonte de renda a cafeicultura e a agropecuária (IBGE, 2011). A população do estudo constitui-se de um grupo de pacientes hipertensos da referida cidade que participam de um grupo que estimula a prática atividades físicas. A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2011. Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário padronizado (ANEXO), abordando o estilo de vida, dados socioeconômicos, aspectos relacionados à hipertensão e a prática de atividade física, valores de pressão arterial (PA) de quando entraram no grupo e aferição atual da PA e medidas de peso que altura que permitem o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) dos investigados. Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Após a coleta de dados, estes foram processados no Microsoft Excel, através de estatística descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÕES Caracterizações da população em Estudo A Tabela 1 apresenta a descrição das características sócio-demográficas da população referida. Foram coletadas informações de 30 idosos os resultados obtidos mostram que 96,7% pertencem ao gênero feminino e 3,3% ao masculino. A faixa etária predominante é considerada a terceira idade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo 70 anos ou mais (46,7%), seguida de 60 a 69 anos (36,7%). A grande maioria dos idosos entrevistados, cerca de 70%, não possui relação conjugal, ou seja, são viúvos (56,7%), solteiros (3,3%) ou divorciados (10%) (Tabela 1). Tabela 1: Características sócio demográficas referidas pela população investigada Abre Campo, 2011. Característica Gênero Masculino Feminino Faixa etária 40 – 59 60 – 79 70 ou mais Estado Civil Solteiro Casado Viúvo Divorciado N=30 % 1 29 3,3 96,7 5 11 14 16,7 36,7 46,7 1 9 17 3 3,3 30 56,7 10 Atividades físicas A atividade física regular traz benefícios diversos à saúde, existem evidências cientificas que comprovam os benefícios dos exercícios na população idosa, entre eles estão: melhoria do seu bem-estar geral, melhoria na saúde física e psicológica, contribuição no controle e condições especificas como obesidade e hipertensão (GOBBI, 1997). De acordo com a Figura 1, cerca de 60% dos idosos que praticam atividade física fazem 2 vezes por semana o que pode ser considerado aquém do desejado para o condicionamento físico. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Em homens e mulheres de 50 a 69 anos de idade, encontraram que os níveis atualmente recomendados de atividade física (cinco ou mais vezes e 3,5 horas ou mais por semana) foram associados com menor prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares como hipertensão arterial e aumento do índice de massa corporal (MATSUDO, 2001). Figura 1:Freqüência de Atividade Física referida pelos idosos,Abre Campo 2011. A população investigada referiu que após ter iniciado o programa notaram melhorias em suas vidas, com destaque para a percepção de melhor disposição para as atividades diárias (36,5%) (Figura 2). Participar de um programa efetivo de atividade física aumenta e melhora a capacidade funcional, a função cognitiva, alivia os sintomas de depressão como também estimula à auto-imagem e a auto−eficiência. (ARAGÃO, 2002). Figura 2:Melhorias na qualidade de vida referidas pelos idosos,Abre Campo 2011. Níveis de IMC (Índice de Massa Corporal) A avaliação do IMC da população investigada demonstrou que 56,6%, 17 dos 30 participantes estão na faixa de sobrepeso com um IMC entre 25 a 29,9 conforme a tabela do OMS (Organização Mundial de Saúde) (FIGURA 3). A prevalência de obesidade e de sobrepeso crescente entre indivíduos acima de 60 anos produz Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 conseqüências adversas para a saúde, como aumento do risco de doenças crônicas não transmissíveis e o aumento da mortalidade. (FERREIRA et.al.2003). Figura 3: IMC calculado da população referida,Abre Campo 2011. Níveis de pressão arterial (PA) O tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica consiste em terapia medicamentosa adequada, terapia não-medicamentosa (FUCHS et al., 1993). Pesquisas recentes evidenciam que as práticas não-medicamentosas, como os exercícios físicos e a dieta,devem ser a estratégia inicial para o tratamento de indivíduos com sobre peso e hipertensão leve e moderada. (ARROL et al., 1992; GRASSI et al., 1994; DÓREA EL e LOTUFO et al., 2004). Para análise da PA, esta foi aferida no dia da coleta de dados e comparadas com os dados obtidos de cada participante no início do programa há três anos. Com o objetivo de facilitar a avaliação estas foram agrupadas em acima de 120/80 mm/Hg e abaixo de 120/80 mm/Hg, onde a Tabela 2 nos demonstra melhorias nos níveis da PA. Observou-se que 76,6% dos participantes possuem um nível de PA acima de 120/80 mm/Hg antes de começar participar do programa. Quando estes resultados foram comparados com os níveis de PA atuais observou-se que apenas 36,7% dos investigados apresentavam PA superior a 120/80 mm/Hg. Tabela 2: Níveis de PA da população investigada a 3 anos atrás e atual, Abre Campo 2011. Antes Depois Pressão Arterial N=30 % N=30 % Abaixo de 120/80mmHg 7 23,3 19 63,3 Acima de 120/80mmHg 23 76,6 11 36,7 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 De fato a literatura tem demonstrado o efeito hipotensor do exercício em pacientes hipertensos e que o treinamento físico é capaz de diminuir a pressão arterial em pacientes hipertensos. (TAYLOR-TOLBERT, DENGEL e BROWN, 2000). Se por um lado existem poucas dúvidas sobre o efeito hipotensor do exercício físico, por outro os mecanismos responsáveis por essa queda da pressão arterial ainda são bastante discutidos e alvo de investigações. Um dos mecanismos possíveis para explicar a diminuição na pressão arterial com o treinamento físico é a diminuição da resistência vascular periférica, a qual está relacionada à diminuição na atividade nervosa simpática (RONDON e BRUM, 2003). CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste estudo pode-se perceber a importância da atividade física na qualidade de vida. A prática regular juntamente com a adoção de um estilo de vida saudável é necessária para a promoção da saúde principalmente durante o processo de envelhecimento. Com isso, deve ser estimulada não somente no idoso, mas também em todas as faixas etárias. Os resultados encontrados contribuem para o fortalecimento da relação positiva entre a prática de atividade física e a melhoria em capacidades físicas e funcionais, contribuindo de maneira fundamental na manutenção da independência que constitui num dos mais importantes fatores de qualidade de vida na terceira idade. Contudo, os dados observados neste trabalho são apenas indícios da contribuição da atividade física para o controle da PA. Estudos mais conclusivos devem ser realizados para efetivar esta comprovação, levando em consideração a heterogeneidade de fatores que influenciam na PA. 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Professora e coordenadora de Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que apresenta, entre outras manifestações, a hiperglicemia contínua ou intermitente. O DM tipo 1 tem como causa primária a destruição auto-imune das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, ao passo que a causa do DM tipo 2 é a resistência das células alvo à insulina.O tratamento não-medicamentoso com dieta e exercícios físicos tem sido amplamente recomendado para que o diabético mantenha valores glicêmicos normais. O objetivo deste trabalho foi verificar o nível de atividade física dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Abre Campo -MG. O estudo foi realizado por pesquisa descritiva, com 32 participantes cadastrados no programa de Estratégia da Família da cidade de Abre Campo, que responderam a um questionário previamente padronizado. Os resultados indicaram que 31,3% (10) dos diabéticos são do tipo 1 e 62,5% (20) do tipo 2 e a maior parte deles referiram fazer uso de hipoglicemiantes. O conjunto de dados obtidos nesta investigação aponta que, 62,5% portadores de DM avaliados são pouco ativos. Este é um dado preocupante diante da importância da prática de exercícios físicos pelo paciente diabético. PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Estratégia Saúde da Família mellitus; exercícios físicos; atividade física; INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que apresenta, entre outras manifestações, a hiperglicemia contínua ou intermitente. O DM tipo 1 tem como causa primária a destruição auto-imune das células beta Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, ao passo que a causa do DM tipo 2 é a resistência das células alvo à insulina (GAYTON e HALL, 2002). Cerca de 5% da população total do mundo é diabética, e este número vem crescendo assustadoramente com o decorrer do tempo. Estima-se que em 2025 existirão cerca de 200 milhões de portadores de DM, com isso, esta doença já está sendo considerada a epidemia do século (IDF, 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, WHO-WRP, 2001 citado por DULLIUS e LOPEZ, 2003). O tratamento mais comum para consiste hipoglicemiantes orais. na utilização de medicamentos, como insulina e Dessa forma, os pacientes podem manter os níveis glicêmicos em valores próximos à normalidade e assim, reduzir as complicações advindas da hiperglicemia contínua (DULLIUS e LOPEZ, 2003). Irigoyen et al. (2003), sugere que o exercício físico juntamente com o tratamento farmacológico, tem sido considerado como uma das principais abordagens no tratamento do DM. A atividade física orientada é parte essencial do tratamento da DM e traz inúmeros benefícios ao praticante, contudo deve ser prescrita e acompanhada por profissional qualificado com conhecimento sobre fisiopatologia da diabetes, além de entender bem sobre a fisiologia do exercício em grupos especiais (DULLIUS e LOPEZ, 2003). Com isso, o tratamento nãomedicamentoso, com dieta e exercícios físicos, tem sido amplamente recomendado, já que associado ao tratamento medicamentoso contribui para que o diabético consiga manter os valores glicêmicos normais. Para Mercuri e Arrecha (2001), o ajuste na prescrição do exercício é muito mais eficaz se os esforços forem bem coordenados pelo paciente, família, médico e sua equipe de colaboradores. Com isso, a educação em diabetes permite ao paciente combinar corretamente dieta dosagem de insulina e hipoglicemiantes e assim, minimizar os riscos de hipoglicemia e ou hiperglicemia pós-exercício. Além desses fatores, o exercício físico, quando bem orientado e ajustado, torna-se um tratamento mais econômico que os convencionais, e ainda são práticas saudáveis, sem efeitos colaterais negativos. Ainda oferecem o benefício de diminuir o consumo de medicamentos e minimizar complicações como cardiomiopatia diabética durante o desenvolvimento da doença, melhorando o quadro clínico do paciente (DULLIUS e LOPEZ, 2003). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 As melhorias desencadeadas pelo exercício físico regular devem-se principalmente pelo aumento a captação de glicose pela musculatura esquelética o que sugere redução dos níveis glicêmicos e melhora no controle metabólico da doença (HAYASHI et al. 1997). Essa prática, além dos inúmeros benefícios em relação à doença, proporciona aumento da força e da resistência física interferindo diretamente na capacidade de desenvolver tarefas diárias (CREPALDI, SAVALL e FIAMONCINI, 2005) Diante do exposto, a questão norteadora da pesquisa é: qual o nível de atividade física dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Abre Campo-MG? Assim, objetivo será verificar o nível de atividade física dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Abre Campo-MG. Trabalhos como este permitem a conscientização e envolvimento cada vez maior dos profissionais de educação Física na prescrição de exercícios adequados para os portadores do DM e desta forma colaborar para melhoria qualidade de vida deste grupo de pacientes. Assim, estes profissionais tornar-se-ão cada dia mais, agentes fundamentais do cuidado. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A atividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior que os níveis de repouso, esta pode ser alcançada com movimentos corporais da vida diária, como caminhar para o trabalho, subir escada, dançar e bem como atividades de lazer e não é necessário o acompanhamento de um Educador Físico para a realização das mesmas (BARRETTA, 2005). Já o exercício físico é definido como toda atividade física planejada estruturada e repetitiva que tem como objetivo a melhoria e a manutenção da aptidão física, atividades em que seja estabelecida frequências, duração, intensidade de atividade a ser realizada e que tenha como objetivo a melhora ou a manutenção da aptidão física (BARRETA, 2005). Sendo assim este trabalho considerou tanto a prática de atividades físicas quanto a de exercícios físicos para o controle do DM. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O DM é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que apresenta entre outras manifestações a hiperglicemia, contínua ou intermitente. O DM tipo I tem como causa primária a destruição auto-imune das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, ao passo que a causa do DM tipo II tem como causa a resistência das células alvo à insulina (AIRES, 2008). Os principais sintomas apresentados pelos indivíduos são: polifagia, poliúria, polidpsia e emagrecimento rápido. O diagnóstico é confirmado laboratorialmente, através de análise da glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose, quantificação da hemoglobina glicosilada, glicemia pós-parndial entre outros (AIRES, 2004). A hiperglicemia crônica advinda dessa patologia causa alterações funcionais, estruturais e metabólicas em diferentes órgãos. O tratamento medicamentoso com insulina (DM tipo 1 e algumas situações da DM tipo2) e hipoglicemiantes orais (DM tipo 2) tem sido amplamente utilizado a fim de promover o controle glicêmico e minimizar as disfunções causadas pela hiperglicemia. Por outro lado, lado, intervenções não-medicamentosas como exercício físico e dietas tem sido indicados como procedimentos decorrentes do capazes diabetes e de minimizar reduzir a as complicações progressão da metabólicas doença, além da morbimortalidade em pacientes portadores de tal patologia (AIRES, 2008). Assim, a atividade física tem sido recomendada como tratamento não farmacológico no controle do DM visando minimizar as alterações estruturais e funcionais nos órgãos afetados pela doença. Assim, sugere-se que a atividade física regular seja prescrita de forma a promover benefícios fisiológicos nos indivíduos diabéticos. Os benefícios da atividade física na função cardíaca de diabéticos incluem maior oxidação de glicose, aumento do volume de ejeção, do débito cardíaco e da extração de oxigênio, redução da pressão arterial e da viscosidade sanguínea, melhora na sensibilidade dos baroreflexos, na variabilidade da freqüência cardíaca, na extensibilidade e desempenho do miocárdio, dentre outros (ALBRIGHT et al.; 2000; LOGANATHAN et al.; 2007). Os benefícios ocasionados pela prática de atividades físicas que geram a diminuição da glicose circulante advêm de uma maior captação da glicose pelo músculo ( CREPALDI, SAVALL e FIAMONCINI, 2005). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Com relação a programas de exercícios físicos para diabéticos, Savall e Fiamoncini (2005) descrevem que antes de serem iniciados, os portadores da doença devem passar por uma avaliação médica detalhada com métodos de diagnósticos adequados. Considerar estava avaliação geral é fundamental, pois a resposta aos exercícios é influenciada pelo estado metabólico dos indivíduos. Outro fator importante é a terapia medicamentosa utilizada, pois indivíduos que utilizam insulina ou hipoglicemiantes orais necessitam de orientação quanto à hora de administração dos medicamentos e o momento de realização da atividade física ( CREPALDI, SAVALL e FIAMONCINI, 2005). Para Vancini e Lira (2004), devem ser observados também os objetivos de cada paciente, pois o tipo de atividade física é importante para motivar os indivíduos diabéticos a iniciarem um programa de atividade física e permanecer nele por toda vida. Programas de atividade física para indivíduos com DM sem complicações ou limitações significativas devem incluir exercícios aeróbios e resistidos para desenvolver e manter a aptidão cardiorrespiratória a composição corporal, a força muscular e a resistência muscular. Assim, o melhor tipo de exercício a ser recomendado é aquele que permita um bom controle da intensidade, ser facilmente mantido e requerer pouca habilidade. Ainda dentro deste contexto é importante ser determinado um tipo de atividade que efetivamente consiga maximizar o gasto energético já que a obesidade e os diabetes estão frequentemente associados. A caminhada é o tipo de atividade mais comumente desempenhada pelos os indivíduos com diabetes já que é a mais conveniente para a maioria das pessoas, além de ser de baixo impacto. Entretanto, por causa das complicações ou condições coexistentes tais como neuropatia periférica ou artrite degenerativa os indivíduos com DM podem requerer tipos alternativos de atividades que não exijam sustentação do peso corporal tais como, a natação e as atividades aquáticas em geral ou alternar atividades que exijam sustentação do peso corporal com aqueles que não exijam (VANCINI e LIRA, 2004). A progressão da atividade física nestes pacientes é dependente de uma série de fatores incluindo: a idade, a capacidade funcional, a condição clínica e médica as preferências pessoais e os objetivos. Além do mais, mudanças na progressão devem estar focadas sobre a frequência e duração da atividade física mais do que Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 na intensidade, com o objetivo de proporcionar um nível de atividade seguro que possa ser desempenhado sem um esforço inadequado para assim aumentar a probabilidade de aderência ao programa de exercício e redução nas complicações decorrentes da doença (VANCINI e LIRA, 2004). METODOLOGIA A presente pesquisa foi realizada na cidade de Abre Campo. Esta cidade está localizada na Zona da Mata Mineira, possui cerca de 470 quilômetros quadrados de área, tem como principal fonte de renda a cafeicultura e a agropecuária e apresenta uma população de aproximadamente 13.311 habitantes sendo, 6.665 do sexo masculino e 6.646 do sexo feminino (IBGE,2010). O estudo foi feito através de pesquisa descritiva. Segundo Silva e Menezes (2001), esse tipo de pesquisa visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento. De maneira semelhante, Cervo, Bervian e Silva (2007) acreditam que a pesquisa descritiva favorece um estudo mais amplo e completo, em que as tarefas de formulação clara do problema e da hipótese são tentativas de solução. Dessa forma, primeiramente serão analisados prontuários médicos do ESF da cidade de Abre Campo/ MG a fim de identificar os pacientes diabéticos. A população do estudo consistiu de pacientes diabéticos cadastrados em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF). Estes foram informados sobre o objetivo da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Para coleta de dados, foi utilizado um questionário que com perguntas sobre a DM, o conhecimento do paciente sobre a doença, nível de atividade física apresentado pelo grupo, além de informações sóciodemográficas (ANEXO 1). Os dados coletados foram processados no programa Microsoft Office Excel para apresentação e discussão dos resultados. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS E DISCUSSÕES O questionário foi respondido por 32 pacientes cadastrados no programa de Estratégia da Família da cidade de Abre Campo, sendo 78% pertencentes ao gênero feminino e 22% ao masculino. A faixa etária predominante é a de 60 a 79 anos (40,6%). Quanto à ocupação de cada um podemos observar na Tabela1 que a grande maioria (40,6%) refere ser domésticas. Tabela 1: Características sócio-demográfica referidas pela população investigada, Abre Campo, 2011. Característica N=32 % Gênero Masculino 7 21,9 Feminino 25 78,1 Menos de 40 anos 2 6,3 40 – 59 10 31,3 60 – 79 13 40,6 70 ou mais 7 21,9 Aposentado 12 34,3 Doméstica 13 40,6 Outros 7 25,1 Faixa Etária Ocupação Em relação ao tipo de DM apresentado pela população investigada, 31,3% declararam apresentar a DM tipo I e 62,5% a DM tipo II e a maior parte dos investigados referiram ser portadores da doença a mais de três anos (59,3%) (Tabela 2). O resultado encontrado é semelhante ao que se observa na freqüentemente na literatura, Souza et. al (1997), encontrou que 78,3% dos pacientes apresentavam DM tipo 2 e Brasileiro et.al (2005) encontrou uma prevalência de 94,6%. Tabela (2): Descrição do tipo de DM e o tratamento medicamentoso utilizado pela população investigada, Abre Campo, 2011. Característica N=32 % Diabetes Mellitus DMI DMII IND(1) (1)Dados indefinidos/Sem informação 10 20 2 31,3 62,5 6,3 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Para o tratamento da DM mais de 50% da população referida (Tabela 2) declarou fazer uso de hipoglicemiantes orais. O hipoglicemiantes orais atuam de várias formas para contribuir para manutenção dos níveis glicêmicos (GERALDO et.al, 2008) e estão entre as substâncias mais utilizadas no controle do DM, como demonstrado por Araújo et.al (1999) que encontrou um frequência de utilização de 70% dessas substâncias. Apenas 21,8% dos investigados disseram realizar uma alimentação saudável para ajudar no controle da doença. Segundo Picinini e Frizon (2005), uma alimentação saudável e individualizada, segundo o estilo de vida de cada um, de alimentos diversificados é capaz de fornecer todos os nutrientes necessários ao organismo e juntamente com o uso de medicamentos mais exercício físico é possível manter os níveis glicêmicos e contribuir para qualidade de vida ao paciente diabético. (FIGURA 1). Figura 1: Medidas referidas como utilizadas pela população investigada para o controle do DM, Abre Campo 2011. A população referida foi questionada sobre fatores de risco, como a presença de obesidade, existência de casos na família de DM e a não prática de atividade física e 50% destes referiram apresentam as três características. Dentre os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento e progressão do DM tipo 2 destacam-se a obesidade, e esta relaciona-se a forte evidência de resistência à ação da insulina. Além disso, a inatividade física, fatores hereditários também influenciam diretamente o desenvolvimento do DM tipo 2. Todos estes fatores, exceto o componente hereditário, podem ser prevenidos com programas educativos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 de alimentação e exercício físico (ZANELLA et.al citado por ORTIZ e ZANETTI, 2000). A partir dos dados coletados foi possível calcular o IMC do grupo investigado e mais de 70% (FIGURA 2) apresentam sobrepeso e obesidade, sendo que 43,7% estão com sobrepeso. Figura 2: IMC da população investigada, Abre Campo, 2011. Este dado é de extrema relevância, pois reflete a prática de hábitos não saudáveis que influenciam diretamente no tratamento e controle do DM e conseqüentemente na sobrevida dos pacientes. Um bom estilo de vida proporciona uma qualidade de vida melhor promovendo saúde (ROQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 1999). Uma das principais características para levar um estilo de vida saudável, é a prática regular de atividade física, pois esta pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, em razão de prevenir e diminuir doenças, assim como algumas seqüelas deixadas por elas (ARAÚJO, 2001). Além disso, o sobrepeso tem sido apontado como um fator que favorece a manifestação do diabetes tipo 2, além de influenciar fatores biológicos, psicológicos e socioeconômicos (GERALDO et. al; 2008; OLIVEIRA et.al, 2003). Atualmente existe um consenso de que um comportamento saudável em relação ao estilo de vida deve começar precocemente, pois só assim será possível retardar ou evitar doenças e enfermidades que têm impedido muitas pessoas de chegar a uma idade avançada em bom estado de saúde (CORRÊA et. al; 2003). Os participantes foram investigados também quanto ao nível de atividade física. Sabe-se que a atividade física é fundamental para o controle e tratamento do DM (DULLIUS e LOPES; 2003). Desta forma, a partir de uma escala para determinar o nível de atividade física, a população investigada foi caracterizada como Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 sedentário, pouco ativo, ativo e muito ativo. Os resultados são preocupantes, pois, mais de 90% da população investigada (FIGURA 3) estão classificados como pouco ativos e sedentários. Este resultado é muito preocupante, pois a atividade física deve ser estimulada a todas as pessoas, principalmente àquelas que apresentam o DM, pois a prática contribui com diversos benefícios fisiológicos que favorecem o controle da doença e assim, uma melhor na qualidade de vida (CIOLAC, GUIMARÃES citado por JÚNIOR E SAYDEL, 2008). Figura 3: Nível de atividade física da população referida Abre Campo 2011. Ainda em relação à atividade física, Júnior e Saydel (2008) fundamentam esta idéia reforçando que a prática regular do exercício físico por pacientes com esta doença crônica tem a finalidade de ajudar na prevenção de complicações e no tratamento da doença, pois contribui para o controle da glicemia, aumentando a sensibilidade de resposta à insulina e desta forma sua ação, além de ajudar na manutenção e perda de peso que é fator indispensável ao paciente diabético. CONSIDERAÇÕES FINAIS O conjunto de dados obtidos nesta investigação aponta que, 62,5% portadores de DM avaliados são pouco ativos. Este é um dado preocupante diante da importância da prática de exercícios físicos pelo paciente diabético como exposto neste trabalho e neste sentido, a participação do Profissional de Educação Física é fundamental, pois este possui formação e treinamento adequados para realizar uma prescrição personalizada e atenciosa. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Assim, conhecer o nível de atividade física nos diferentes contextos da vida das pessoas com DM tem uma implicação importante na definição de políticas públicas de saúde do município e no trabalho do educador físico, podendo assim, estes parâmetros serem cuidadosamente considerados em futuros estudos. Assim, tornam-se necessárias a realização de pesquisas sobre os motivos que influenciam a prática ou a não prática de exercícios físicos por este grupo de pacientes para que intervenções mais sérias sejam realizadas (PICININI e FRIZON, 2005). REFERÊNCIAS AIRES; Margarida Mello. Fisiologia. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. ALBRIGHT, A.; FRANZ, M.; HORNSBY, G.; KRISKA, A.; MARRERO, D., Ullrich, I. and Verity, L. S. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and type 2 diabetes. Med Sci Sports Exerc, v.32, n.7, Jul, p.1345-60. 2000. 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Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX Patrícia Luísa de Araújo Mendes - Graduada em Biologia, Mestre em Botânica, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO As parasitoses intestinais constituem-se num grave problema de saúde pública, sobretudo nos países do terceiro mundo, sendo um dos principais fatores debilitantes da população. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi verificar o índice e predominância de parasitose em crianças de uma Instituição Assistencial de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada através de coleta de material para análise com as crianças presentes na Instituição. O presente estudo apresentou um alto índice de verminoses encontradas nas crianças presentes na Instituição, uma vez que 87% das crianças encontram-se contaminadas. A predominância da parasitose intestinal Entamoeba histolytica é de 50% em seguida com 31% Ascaris lumbricóides e com 19% Entamoeba coli. PALAVRAS-CHAVE: Enteroparasitoses; crianças; saúde pública. INTRODUÇÃO A doença parasitária ocorre em consequência de um desequilíbrio entre hospedeiro e parasito. O grau de intensidade da doença depende de vários fatores, entre eles: a idade, o estado nutricional do hospedeiro, o número de formas infectantes presentes, a virulência da cepa, a associação de um parasito com outras espécies e o grau da resposta imune ou inflamatória desencadeada (NEVES et al., 2005). De acordo com Cimerman e Cimerman (2005), as doenças parasitárias são frequentes na população mundial. Segundo a OMS, cerca de 980 milhões de pessoas estão parasitadas pelo Ascaris lumbricoides; 200 milhões pelo Schistosoma mansoni e 16 milhões pelo Trypanosoma cruzi. No Brasil, o último levantamento Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 multicêntrico das parasitoses intestinais revelou 55,3% de crianças parasitadas, sendo 51% poliparasitadas. A falta de políticas de educação sanitária e de políticas sócio-assistenciais no Brasil, sem falar nos devidos cuidados com o ambiente natural e a atenção aos sistemas ecológicos, contribui para altas taxas de predomínio das parasitoses intestinais, detectadas, em bairros pobres de grandes centros urbanos que têm uma infra-estrutura deficitária (ACOSTA et al., 2011). A prevenção, a qualidade e a manutenção da saúde da população precisam ser mais observadas pelos governantes brasileiros, até porque as parasitoses intestinais como endemias não podem ser desconsideradas. Exemplos sucedidos na abordagem das doenças de massa têm evidenciado que muitas delas foram controladas em diversas regiões e em diferentes países, em especial, naqueles territórios que conseguiram distribuir de forma socialmente mais justa os benefícios propiciados pelo desenvolvimento econômico e científico (ACOSTA et al., 2011). A questão norteadora deste trabalho é: Qual o índice de parasitose nas crianças de uma Instituição Assistencial a crianças de uma cidade da Zona da Mata Mineira e qual tipo de verminose prevalecem? O objetivo do presente trabalho foi verificar o índice e predominância de parasitose em crianças de uma Instituição Assistencial de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Conhecemos a realidade dessa Instituição, sabemos que se trata de crianças carentes, destituídas de seus lares. Além do mais, as crianças chegam à Instituição com essas doenças que se agravam devido à convivência com outras e talvez por falta de higiene. O presente trabalho se propôs a diagnosticar as verminoses presentes nas crianças e após esse diagnóstico pretende-se orientar e ajudar as crianças na prevenção das parasitoses humanas, com informações que reduzam os casos de enteroparasitoses nessa Instituição. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O parasitismo é a associação entre os seres vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois fornece alimento e abrigo para este. De modo geral, essa associação tende para o Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 equilíbrio, pois a morte do hospedeiro é prejudicial para o parasito. Assim, nas espécies em que essa associação vem sendo mantida há milhares de anos, raramente o parasito leva o hospedeiro à morte (NEVES, et al., 2005). Assim é possível entender por que apesar de, no parasitismo de um modo geral, haver um equilíbrio entre parasito e hospedeiro, frequentemente ocorrem casos graves ou epidemias de parasitoses. Com a alteração do meio ambiente, concentração populacional e baixas condições higiênicas e alimentares, passam a existir condições propícias para a multiplicação do parasito ou do vetor junto a uma população suscetível (NEVES, et al., 2005). O mesmo autor ressalta que, para existir doença parasitária, há necessidade de alguns fatores que são inerentes ao parasito: número de exemplares, tamanho, localização, virulência, metabolismo etc; ou inerentes ao hospedeiro: idade, nutrição, nível de resposta imune, intercorrência de outras doenças, hábitos, uso de medicamentos. Em decorrência dos efeitos deletérios à saúde dos indivíduos e, sobretudo, das repercussões econômicas, vários programas têm sido dirigidos para o controle das parasitoses intestinais em diferentes países, mas, infelizmente, constata-se um descompasso entre o êxito alcançado nos países mais desenvolvidos em relação àquele verificado nas economias mais pobres (LUIDWIG et al., 1999). Segundo Luidwig et al. (1999), as parasitoses intestinais são mais frequentes em regiões menos desenvolvidas, considerando o sentido mais amplo da palavra. Nos países subdesenvolvidos, as parasitoses intestinais atingem até 90%, ocorrendo um aumento significativo da frequência à medida que piora o nível socioeconômico. Pesquisas populacionais sobre parasitos intestinais foram realizadas em diversas regiões do Brasil e mostram frequências diferentes, de acordo com as condições locais de saneamento e características da amostra analisada. Atualmente, a maioria das doenças parasitárias intestinais pode ser tratada, inclusive por meio de doses únicas ou de medicamentos com amplo espectro de atividade. Em relação às mais graves, também são possíveis sucessos terapêuticos, condutas para abranger expressivos grupos populacionais, após caracterizações epidemiológicas adequadas, ficaram viáveis (CHIEFFI e AMATO, 2003). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 EXAMES PARASITOLÓGICOS O exame parasitológico de fezes tem como objetivo diagnosticar os parasitos intestinais, por meio da pesquisa das diferentes formas parasitárias que são eliminadas nas fezes (NEVES, et al., 2005). Segundo Melo (2009) a investigação da presença de parasitos nas fezes é realizada pela pesquisa de ovos ou larvas de helmintos e nas infecções por protozoários, ao se encontrarem cistos ou oocistos nas fezes. METODOLOGIA Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa descritiva, a qual, de acordo com Gil (2006), tem como objetivo a descrição das características e fenômenos relativos a uma determinada população, ou fenômeno. Uma das características dessa modalidade está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. O presente trabalho foi realizado em uma Instituição de Assistência a Crianças carentes de uma Cidade da Zona da Mata Mineira. A instituição além de atender crianças do próprio município atende crianças de cidades vizinhas. A Instituição possui no total de dezesseis crianças, onze meninos e cinco meninas, em uma faixa etária entre 2 a 17anos. A Instituição funciona em uma casa residencial com três dormitórios, onde as crianças são divididas de acordo com a faixa etária, as crianças de 2 a 5 anos dormem na sala da casa. A pesquisa foi realizada através de coleta de material para análise com as crianças presentes na Instituição, com o objetivo de verificar o índice e qual o tipo de verminose acomete, com maior relevância, as crianças. A participação dessas crianças foi precedida do encaminhamento de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos responsáveis pela instituição, garantindo o rigor exigido em pesquisas com crianças. O método utilizado foi a sedimentação espontânea, no qual levamos até a Instituição um pote adequado para a coleta do material, que foi coletado pelas funcionarias que cuidam das crianças. Após a realização dessa coleta, o material foi levado ao Laboratório Análises Clinicas e Citopatológicas, na cidade de Matipó/MG, para a verificação da verminose existente. Foram coletados materiais em 15 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 crianças, considerando que a Instituição possui no total de dezesseis crianças, mas uma optou por não realizar o exame. A instituição possui para o consumo diário água tratada pela COPASA, e a água que consomem para beber é filtrada e contam com cobertura de rede sanitária. Sobrevivem de doações feitas pela comunidade e atenção realizada pelo conselho tutelar. Os dados foram coletados nos meses de agosto e setembro de 2011. A partir dos dados coletados utilizou-se o programa Microsoft Office Excel 2007, para calcular a médias obtidas. Foi realizada análise estatística e montagem de gráficos. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foi feita coleta de material para análise com 15 crianças presentes na Instituição. Considerando que a Instituição possui no total de dezesseis crianças, apenas uma optou por não realizar o exame. A idade dos participantes varia de dois a dezesseis anos. Nessa amostra tivemos 67% de crianças do gênero masculino e 33% do sexo feminino. Em relação ao índice de verminoses existente nas crianças, a prevalência é de 87% de crianças contaminadas e 13% das crianças não possuem nenhum tipo de verminose. A predominância da parasitose intestinal Entamoeba histolytica é de 50% seguida com 31% Ascaris lumbricoides e com 19% Entamoeba coli como pode ser observado na FIGURA 1. Figura 1 – Tipos de verminoses encontrados em crianças de uma instituição de assistência a crianças de uma cidade da Zona da Mata mineira. As enteroparasitoses estão presentes em todas as regiões do planeta, atingindo alta prevalência nos países pobres e constituindo-se em importante fator de morbimortalidade. No Brasil, embora inexistam dados epidemiológicos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 representativos, informações estatísticas setoriais demonstram diminuição significativa desse tipo de infecção, sendo que a melhoria nas condições de vida, saneamento e escolaridade do brasileiro têm sido imputadas como co-responsáveis por este cenário (ALVES e SANTOS, 2011). A FIGURA 2 mostra que o maior índice de parasitoses intestinais prevaleceu em crianças de 2 a 6 anos. Figura 2 – Relação de parasitoses intestinais com a idade das crianças de uma instituição de assistência a crianças de uma cidade da Zona da Mata mineira. As crianças de 2 e 6 anos apresentaram 2% de Entamoeba histolytica, Entamoeba coli, 4% apresentaram Ascaris lumbricoides e 1% não apresentou nenhum parasita. Após identificação de peso e estatura das crianças pesquisadas, foram feitos os cálculos do IMC (Índice de Massa Corporal) pela fórmula peso (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em metros). Observou-se que 80% das crianças encontram-se abaixo do peso adequado, como mostra a FIGURA 3. Figura 3 – Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças de uma instituição de assistência a crianças de uma cidade da Zona da Mata mineira. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Um estudo feito por Lima et al. (2004), Enteroparasitoses em crianças de idade pré-escolar e escolar, mostrou que a deficiência nutricional em crianças tem sido relacionada como importante fator às infecções intestinais por helmintos. Um estudo feito por Ferreira et al. (2002) mostrou vários fatores ambientais facilitadores da infecção enteroparasitária, dentre eles a ausência de água de boa qualidade, solo úmido, altas temperaturas, grande proliferação de insetos e dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde. A prevalência de enteroparasitoses foi superior a 83%, sendo que as crianças com mais de dois anos de idade eram quase todas parasitadas. Um estudo feito em Belo Horizonte por Silva e Santos (2001), mostra que crianças menores de 12 anos, atendidas em rede pública de saúde, apresentam os maiores índices de prevalência de parasitoses intestinais. O enteropasitoses de maior prevalência foi o Ascaris lumbricoides. Diferentes estudos sobre a frequência de enteroparasitoses em diferentes faixas etárias, determinam que a faixa com índices mais elevados é a de 5 a 12 anos. As crianças estão mais suscetíveis à contaminação em função do desconhecimento dos princípios básicos de higiene e da maior exposição aos agentes etiológicos a partir do intenso contato com o solo, que funciona como um referencial lúdico em torno do qual desenvolvem uma série de brincadeiras. Estimase, para uma série de parasitas, particularmente Ascaris lumbricoides, que o decréscimo na ocorrência com o passar da idade, ou seja, as baixas taxas de incidência e prevalência em adultos estariam condicionadas não só à mudança de hábitos de higiene, mas também, ao desenvolvimento de imunidade progressiva e duradoura contra tais parasitos (BAPTISTA, et al., 2006). A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta existir, em todo o mundo, cerca de um milhão de indivíduos infectados por Ascaris lumbricoides, sendo apenas pouco menor o contingente infestado por Trichuris trichiura e pelos ancilostomídeos. Entre duzentos e quinhentos (200 e 500) milhões respectivamente, Giardia lamblia e Entamoeba hystolitica. Estudos multidisciplinares realizados no Brasil têm apontado frequências pontuais em diferentes populações de diferentes parasitos intestinais entre a população infanto-juvenil, com prevalência das parasitoses intestinais em índices muito altos (ACOSTA, et al., 2011). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A prevalência das parasitoses intestinais depende essencialmente do grau de exposição da criança às formas infectantes dos parasitos (cistos, ovos e larvas). Entretanto, outros fatores ditos determinantes intermediários, como as condições de moradia e de saneamento (abastecimento de água e esgoto sanitário), cuidados de higiene e de saúde e determinantes distais, como poder aquisitivo, educação materna, são também condicionantes dessa situação. As práticas educativas, quando bem aplicadas, levam as pessoas a adquirirem os conhecimentos para a prevenção e a redução das enteroparasitoses (BASSO et al., 2008). Barreto (2006), no estudo Detecção da incidência de enteroparasitos nas crianças carentes da cidade de Guaçuí/ES, relata que das 35 amostras 31 (88,6%) estavam positivas, no qual o parasito mais frequente, entre os protozoários, foi Entamoeba coli (25,7%), Entamoeba histolytica (17,1%) e entre os helmintos o mais frequente foi Ascaris lumbricoides (62,9%), seguido por Trichuris trichiura (48,6%). A alta frequência encontrada originou-se tanto de uma transmissão interpessoal entre as crianças quanto de contaminações de alimento e água, uma vez que a comunidade carece de rede de saneamento básico e abastecimento de água potável em grande número de residências. Monteiro et al. (2009), no estudo Parasito intestinais em crianças de creche públicas localizadas em bairros periféricos do Município de Coari, Amazonas, Brasil, mostra que dentre os enteroparasitos mais frequentes, prevaleceram os helmintos, destacando-se Ascaris lumbricoides (37%), seguido por Trichuris trichiura (21,6%). Dos protozoários, Entamoeba histolytica/E.dispar apresentaram maior frequência (14%), seguidas por Entamoeba coli (11%). Vários estudos têm mostrado que a frequência à creche é um fator de risco importante para o parasitismo, uma vez que aumenta a exposição e a transmissão de agentes que causam agravos à saúde, dentre eles os parasitos intestinais. No estudo feito por Araujo e Fernandez (2005), sobre a incidência de enteroparasitoses em localidades atendidas pelo comando da aeronáutica no estado da Amazonas, mostra uma prevalência da Ascaris lumbricoides, Entamoeba histolytica e Entamoeba coli. O estudo relata que a elevada presença do Ascaris lumbricoides não chega a ser uma surpresa já que este é considerado um dos helmintos mais comuns do Brasil. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A Entamoeba histolytica é um agente etiológico da amebíase, normalmente vive na luz no intestino grosso podendo, penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, pulmão, rim e mais raramente no cérebro. A transmissão ocorre através da ingestão de cistos maduros, com alimentos sólidos e líquidos. O uso de água sem tratamento, contaminada por dejetos humanos, é também um modo frequente de contaminação (NEVES et al., 2005). Quanto à presença da Entamoeba histolytica a incidência encontrada nesse estudo está compatível com os dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) que estima em torno de 10% da população mundial é portadora de amebíase, sendo as mais acometidas nas regiões tropicais e subtropicais. Além da má nutrição, fatores que produzem imunodepressão tendem a provocar ou agravar as manifestações clínicas da amebíase. A incidência da Entamoeba coli funciona como alerta das condições sanitárias da população. Nas fezes humanas, pode-se encontrar tanto os cistos quanto os trofozoítos da Entamoeba coli. Na falta de saneamento básico, em geral, ou de higiene, em particular, insetos, ao se alimentarem de material infectado, passam a ser vetores e a transmitem facilmente para água, alimentos, utensílios, etc. Também pode ocorrer a transmissão pela ingestão de frutas e verduras cruas, que foram irrigadas com águas contaminadas ou adubadas com terra misturada a fezes humanas infectadas. A Entamoeba coli pode ficar agarrada às verduras durante três semanas, mesmo exposta à chuva, ao frio ou ao calor. Muito frequente é a contaminação pelas mãos e unhas de pessoas que manipulam alimentos com poucas condições de higiene ambiental ou pessoal (MELO et al., 2004). Acosta et al. (2011) ressaltam que devido à semelhança entre os cistos de Entamoeba hystolitica e os de Entamoeba coli, é preciso fazer o diagnóstico diferencial através da morfologia e do número de núcleos do organismo. Neves et al. (2005) abordam que o Ascaris lumbricoides é encontrada em quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento socioeconômico da população. A transmissão ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos. Os ovos da Ascaris lumbricoides têm uma Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose. CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se que os fatores que favorecem a presença desses parasitas podem ser a contaminação pela ingestão de água, hortaliças e verduras contaminadas, o clima, as condições sociais e econômicas da população, convívio em ambientes de poucos hábitos higiênicos e também as características próprias de crianças em idade escolar. Visto que a Instituição é composta por crianças carentes, destituídas de seus lares e que sobrevivem de doações, medidas de prevenção às verminoses devem ser tomadas visando o tratamento, através dos medicamentos administrados por recomendação médica após a análise dos exames. Foi realizada uma palestra na Instituição para conscientizar as crianças e os funcionários da importância da prevenção e tratamento das enteroparasitoses. Para garantir a manutenção da saúde das crianças recomenda-se ainda que os profissionais da secretaria municipal de saúde realizem rotineiramente os exames parasitológicos de fezes dessas crianças, contribuindo assim na prevenção e tratamento, orientando ainda essas crianças e funcionários com informações que reduzem os casos de enteroparasitoses nessa Instituição. REFERÊNCIAS ACOSTA, Paulo Sérgio Torres; HOSHI, Adriano Tomio; FERRETO, Liriane Elize. Prevalência de parasitoses intestinais em escolares do ensino fundamental de uma escola estadual da cidade de Medianeira Estado do Paraná. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/181-4.pdf. Acesso em: 20.agosto de 2011. ALVES, José Arthur Ramos; SANTOS, Eladio Filho. Parasitoses intestinais na infância. Ed. Moreira Jr; p.7-15. Disponível em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=2884 Acesso em: 20.out de 2011. ARAUJO, Claudio Fernandez; FERNANDÉZ, Claudia Leite. Incidência de enteroparasitoses em localidades atendidas pelo comando da aeronáutica no Estado da Amazonas. RMAB. Rio de Janeiro: v.55, n.1/2, p.40-46; jan/dez 2005. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 BASSO,Rita Maria Callegari; RIBEIRO, Rute Terezinha Silva; SOLIGO, Diogo Sandri; RIBACKI, Sizandra Inês; JACQUES, Sidia Maria Callegari; ZOPPAS, Barbara Catarina De Antoni. Evolução da prevalência de parasitoses intestinais em escolares em Caxias do Sul, RS. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v.41, n.3, p.112; Uberaba, Mai/Jun 2008. BARRETO, Juliano Gomes. Detecção da incidência de enteroparasitos nas crianças carentes da cidade de Guaçuí – ES. RBAC, Guaçuí; v.38, n.4, p.221-223, 2006 BAPTISTA, Sarah Carvalho; BREGUEZ, Júlia Maria Mendonça; BAPTISTA, Manoel Carlos Pereira; SILVA, Gilberto Marcelo Sperandio da; PINHEIRO, Roberta Olmo. Análise da incidência de parasitoses intestinais no município de Paraiba do Sul, RJ. RBAC, v.38, n.4, p.271-273, 2006. CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, Sérgio. Parasitologia Humana e Seus Fundamentos Gerais. 2°ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. FERREIRA, Haroldo da Silva; ASSUNÇÃO, Monica Lopes de; VASCONCELOS, Vivian Sarmento de; MELO, Fabiana Palmeira de; OLIVEIRA, Cláudio Galindo de; SANTOS, Tatiana de Oliveira. Saúde de populações marginalizadas: desnutrição, anemia e enteroparasitoses em crianças de uma favela do "Movimento dos Sem Teto", Maceió, Alagoas. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. Recife, v.2, n.2, mai/ago, p.1-14. 2002. GIL, Antonio Carlos.Como elaborar projetos de pesquisa. 4º ed. São Paulo: Atlas, 2006. LIMA, LuÍz Gustavo Ferraz; WAYHS, Ricardo Luís Simões PireS; PERRP, Silvia Helena Venturoli; NUNES, Caris Maroni. Enteroparasitoses em crianças de idade pré-escolar e escolar. Avesso avesso, Araçatuba, v.2 n.2, p. 124 -136. jun. 2004. MELO, André. Parasitologia. Disponível em: http://patologiaclinicaemfoco.blogspot.com/2009/01/parasitologia.html. Acesso em: 21.agosto.2011. Publicado em 14.agosto.2009. MONTEIRO, Adriana Maria de C. Monteiro; SILVA, Elizângela F. da; ALMEIDA, Katyane de S.; SOUZA, João Jonilson N. de; MATHIAS, Luis Antonio; BAPTISTA, Francisco; FREITAS, e Fagner Luiz da C. Parasito intestinais em crianças de creche publicas localizadas e3m bairros periféricos do Município de Coari, Amazonas, Brasil. Revista de Patologia Tropical. v.38, n.4, p.284-290. out/dez 2009. NEVES, David Pereira; MELO, Alan Lane de; LINARDI, Pedro Marcos; VITOR, Ricardo Wagner de Almeida. Parasitologia Humana. 11°ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. SILVA, Cleudeni Gomes da; SANTOS, Hudson Andrade dos. Ocorrência de parasitoses intestinais da área de abrangência do Centro de Saúde Cícero Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Idelfonso da Regional Oeste da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais. Revista de Biologia e Ciências da Terra; Campina Grande, v.1, n.1, p.519522, 2001. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS CUIDADORES DE IDOSOS COM MAL DE ALZHEIMER Eliane Aparecida Costa de Abreu e Queila Cristina F. Campos Martins – Graduadas em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Emanuelle Ferreira de Souza - Graduada em Enfermagem /especialista em Gestão do Programa Saúde da Família. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO Este estudo tem como objetivo descrever e avaliar o conhecimento que os cuidadores de idosos têm sobre os portadores do mal de Alzheimer sobre os quais a importância do cuidar e o conhecimento se fazem necessários visando uma qualidade de vida e bem estar do paciente. A abordagem foi um estudo descritivo, quantitativo, que contou com nove investigados. Os resultados mostraram que os cuidadores dos portadores do mal de Alzheimer limitam-se apenas ao conhecimento dos sinais e sintomas da doença. Diante disso, observa-se a grande importância do profissional de saúde, enfermeiro e psicólogo em prestar esclarecimentos, estratégias de intervenção para melhoria na qualidade de vida do doente. Assim, se faz necessário fornecer orientações ao cuidador para que ele não seja acometido de doenças como o stress, devido à sobrecarga do cuidado com o doente. PALAVRA CHAVE: Idoso; mal de Alzheimer; cuidador; profissional de saúde. INTRODUÇÃO Segundo Pavarini et al. (2005) a população brasileira de idosos está crescendo de maneira bastante acelerada com expectativa de vida acima dos 60 anos. O Brasil, em 2025, irá compreender a sexta maior comunidade de pessoas idosas do mundo, ou seja, idoso com mais de 60 anos. Esse crescimento pode ser entendido através da taxa de natalidade ter decrescido, assim ampliando relativamente à proporção de idosos, visto que, isso influenciará na busca por uma qualidade de vida melhor. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Com esse crescente aumento da população idosa, em todo o mundo, os profissionais da saúde e a sociedade em geral tomaram conhecimento das implicações do fenômeno do envelhecimento e de sua importância, pois, traz consigo alterações biopsicossociais (ARGIMON, 2002). Bare e Smeltzer (2006) apontam o mal de Alzheimer ou doença de Alzheimer (DA) como a causa mais comum de respostas cognitivas desadaptadas. Ela afeta, inicialmente, a formação hipocampal, o centro de memória de curto prazo, com posterior comprometimento de áreas corticais associativas. Além de comprometer a memória, ela afeta a orientação, atenção, linguagem, capacidade para resolver problemas e habilidades para desempenhar as atividades da vida diária. A degeneração é progressiva e variável, sendo possível caracterizar os estágios do processo em demência leve, moderado e severo, mesmo considerando as diferenças individuais que possam existir. O mal de Alzheimer é considerado uma doença neurológica, irreversível manifestando-se de forma insidiosa e, em resposta a essas manifestações, ocorrem lesões neuronais acarretando em uma perda da autonomia fazendo com que esses idosos dependam cada vez mais de um cuidador ao seu lado. A demanda produzida por essa doença gera uma sobrecarga para o cuidador e através disto pode-se ter uma idéia de quão grande são os problemas enfrentados tanto por parte dos cuidadores, quanto por parte dos idosos com essa patologia (SENA e GONÇALVES, 2008; LUZARDO; GORINI; SILVA, 2006). A partir de Inouye et al. (2008), para que um indivíduo possa ser um cuidador, ele precisa ter tempo, energia, paciência, esforço e boa vontade, pois, os idosos que possuem o mal de Alzheimer, apresentam perdas cognitivas e emocionais, que exige desse cuidador uma capacidade avançada de adaptação para que possa se ter um convívio satisfatório de ambas as partes. A presença do cuidador é importante, porém revela que deve haver uma melhor contribuição dos profissionais de saúde. É necessário auxílio para que tenham capacidade de suprir as necessidades desses idosos, pois, a desinformação ou a incapacidade de alguns desses prestadores de cuidados podem acabar se transformando em um fator de risco para a qualidade de vida (SANTANA, et al. 2008). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A pesquisa tem como objetivo avaliar o conhecimento dos cuidadores sobre os idosos que apresentam mal Alzheimer. Este estudo busca contribuir com informações que sirvam para melhorar a qualidade de vida dos idosos bem como aprimorar a qualidade da assistência prestada pelos cuidadores. O que pretende não apenas alcançar maior longevidade, mas também proporcionar condições para que as últimas etapas sejam acompanhadas de satisfação e boa qualidade de vida tanto para os idosos quanto para as pessoas que o cercam. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Vono (2009), o mal de Alzheimer foi descrito pela primeira vez, em 1901, pelo médico alemão Alois Alzheimer. Naquela época, a doença era considerada como rara, própria de idades pré-senis, como se ocorresse um envelhecimento cerebral acelerado. Porém, distinto das demais demências, mesmo com vários estudos a respeito da patologia, o diagnóstico da mesma ainda continua sendo o que Alois Alzheimer descreveu em 1906. Devido ao ser humano apresentar um aumento da longevidade ao longo do ultimo século, fez-se com que várias pessoas atingissem uma idade crítica para desenvolverem doenças neurodegenerativas. Dentre as patologias neurológicas, o mal de Alzheimer foi a que se apresentou com mais importância entre as demências, o que representa 60% de todas elas alcançando proporções de grande importância quando se fala em saúde pública (FORLENZA; GALLUCCI NETO; TAMELINI, 2005). Bare e Smeltzer (2006) apontam que o mal de Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa, progressiva e irreversível, frequentemente associada à idade, se apresentando de forma insidiosa, que acarreta a perda da memória recente, e se caracteriza através de manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas resultando em uma deficiência progressiva. Essa demência não é encontrada exclusivamente em idosos, cerca de 1 a 10% dos casos, acontecem na meia idade, 30 a 65 anos sendo considerada o início precoce. De acordo com Sereniki e Vital (2008), alguns estudos ressaltam a questão genética como fator de risco para desenvolvimento da demência, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 demonstrando que em famílias com pelo menos um portador do mal de Alzheimer, há 50% de chances de outro familiar também desenvolver a doença. Outros fatores de risco, segundo Vono (2009), são sedentarismo, hábitos alimentares inadequados como consumo excessivo de carnes gordurosas, embutidos, conservantes, refrigerantes e adoçantes a base de ciclamato, distúrbios de sono, uso e abuso de drogas e álcool levando a desorganização das células nervosas. Existem também os fatores protetores, os quais retardam os riscos de desenvolvimento do mal de Alzheimer, tais como o conhecimento, a escolaridade e as atividades intelectuais como xadrez, dama, quebra cabeça, proporcionam novas conexões entre os neurônios chamadas de sinapses e ainda aumentam a reserva intelectual. Os cuidadores, segundo Born (2008), buscam proporcionar melhor qualidade de vida aos idosos. A atitude e a forma de atuar dos cuidadores podem contribuir para que pessoas idosas, mesmo que sejam muito dependentes, mantenham a autoconfiança e dignidade como pessoa. Vono (2009) destaca que com o próprio envelhecimento ocorre uma perda de aproximadamente 28% da densidade de algumas células cerebrais que são responsáveis pela memória e outras funções, o que ocorrem de forma lenta, no entanto, em pessoas com o mal de Alzheimer todo esse processo se faz de forma rápida e um dos grandes obstáculos para o diagnóstico precoce do mal de Alzheimer é a falta de conhecimento dos familiares e cuidadores. Para realização de um diagnóstico correto é avaliado o histórico de cada pessoa e as alterações no estilo de vida que cada um apresenta. Antes que a doença chegue a suas fases avançadas, o idoso tem uma preservação do seu funcionamento motor e sensorial. Porém, as alterações cognitivas e comportamentais são facilmente identificadas através de avaliações. O principal sintoma que ocorre é a perda da memória, observa-se também uma desorientação espacial, pode-se apresentar idéias delirantes e alucinações. Quando a doença ocorre na fase pré-senil (antes dos 60 anos), a manifestação predominante é o distúrbio de linguagem; no caso de a demência se encontrar mais avançada, os sinais evoluem passando a apresentar irritabilidade, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 agressividade e déficit de deambulação (CARAMELLI e BARBOSA, 2011; FORLENZA; GALLUCCI NETO; TAMELINI, 2005). Segundo Nitrini et al. (2005), não se trata de uma simples falha na memória, mas sim de uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social, devido a dificuldades para reconhecer pessoas próximas e objetos. Essa patologia é dividida em três fases: fase inicial, em que a pessoa está consciente, percebendo que algo está errado, existe perda da memória recente, dificuldade de aprender e de reter informações; a fase intermediária, na qual o paciente é completamente incapaz de aprender e de reter novas informações e na fase final, em que o paciente é totalmente incapaz de andar, apresenta incontinência, está restrito ao leito e não fala mais. Embora o mal de Alzheimer não tenha cura e ainda haja uma progressão inexorável, a eficácia do tratamento medicamentoso é maior quando iniciada nas fases precoces. O tratamento não medicamentoso se baseia nas orientações e cuidados fornecidos por enfermeiros, médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e nutricionistas, levando ao entendimento da doença de uma forma mais ampla e holística (VONO, 2009). Sereniki e Vital (2008) afirmam que o tratamento farmacológico do mal de Alzheimer pode ser definido em quatro níveis e o tratamento não farmacológico, se baseia nas medidas psicossociais. O cuidador do paciente é a pessoa ideal para descrever o seu comportamento. Quando o cuidador é o cônjuge ou outro membro da família, a carga emocional propicia um grande número de transtornos, devido ao grau aumentado de stress tais como: as doenças físicas, depressão, insônia, perda de peso, abuso de álcool e de medicamentos psicotrópicos, abuso físico e verbal do paciente. Portanto, é de grande importância o cuidado com essas pessoas, para que também elas não adoeçam física e emocionalmente. Outros membros da família, amigos, pessoas contratadas e grupos de apoio devem estar envolvidos (VONO, 2009). Sena e Gonçalves (2008) destacam que as alterações fisiológicas e biológicas no idoso exigem participação e ajuda dos familiares e/ou cuidadores, através da proximidade física e dos vínculos emocionais. Neste momento, familiares Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 e/ou cuidadores se encontram profundamente abalados, passam a impor privações e modificações no estilo de vida da família, buscando atender as necessidades de seu membro doente. A família se vê envolvida por sentimentos intensos e conflitantes, difíceis de manejar que acabam por lhe impor certo isolamento, o cuidado dispensado a esse idoso torna-se muito complexo. Segundo Freitas et al. (2008) ocorre uma profunda mudança nos hábitos familiares, pois acompanhar a progressiva involução intelectual, afetiva e mais tarde física de uma pessoa _que se conviveu por vários anos e que se tem afeto_ gera sentimentos diversos que por sua vez podem ser causados pelo acompanhamento da evolução da patologia, levando esses cuidadores a apresentarem certo abatimento, desespero, sobrecarga física e emocional. Portanto, a família também tem que ser assistida igualmente ao próprio doente, visto que passada a fase inicial da doença os idosos não têm mais noção de suas perdas tornando-se assim a família sua principal provedora de todos os cuidados que o mesmo necessita. A assistência profissional a família/e ao paciente do portador do mal de Alzheimer é de suma importância, pois o enfermeiro é capaz de oferecer informações sobre potenciais alternativas, apoiar, promover o bem estar, realizar as atividades cotidianas da melhor forma possível (TIMBY, 2007). Nesse sentido Lemone, Lillis e Taylor (2007) abordam que o enfermeiro, ao prestar cuidados, promove um ambiente no qual os valores, os costumes e as crenças dos pacientes são respeitados. METODOLOGIA Esta pesquisa trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa. Segundo Rodrigues (2007), na pesquisa descritiva são utilizadas técnicas padronizadas de coleta de dados, onde fatos são observados, computados, analisados, divididos em classe e interpretados, sem que haja interferência do pesquisador. Na pesquisa quantitativa são utilizados métodos estatísticos, nos quais são traduzidas em números as opiniões e informações para serem divididos em classe e analisados. O estudo foi realizado no município de Matipó, localizado na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, com uma população de aproximadamente 17.639 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 habitantes IBGE (2010), tendo como a principal fonte de renda e emprego a cultura de café e as empresas dos Irmãos Gardingo Ltda. A população do estudo constitui-se de um grupo de nove cuidadores de pacientes idosos portadores do mal de Alzheimer. Para a seleção dos colaboradores, foi adotado, como critério de inclusão, possuir o diagnóstico da referida patologia, fazer uso de medicamentos específicos para Alzheimer e residir no município de Matipó. A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2011, sendo que a identificação dos três primeiros portadores de Alzheimer foi através da Unidade Básica de Saúde de Matipó. Fizemos a visita aos cuidadores desses três pacientes e, a partir daí, estes indicavam outros portadores da doença, totalizando os nove investigados. Paramos a busca por novos pacientes quando os anteriores passaram a não identificar novas pessoas com a doença. Os investigados foram chamados de A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8 e A9. Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário contendo oito questões fechadas e uma questão discursiva. O instrumento de coleta foi construído para conter questões sobre o conhecimento dos cuidadores diante da patologia, dados socioeconômicos e aspectos relacionados ao tratamento. Os investigados foram informados dos objetivos da pesquisa e a participação ocorreu mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), este seguiu as especificações da Lei 196/86 que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, e garante o anonimato e autonomia para recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo. RESULTADOS E DISCUSSÕES Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ) (2008), a função do cuidador é bastante complexa, assim deve ser realizada com dedicação, carinho, respeito e amor, exigindo preparo emocional. O paciente não poderá viver só, exigindo constante observação, visando manter a dignidade da vida, aumentar a auto-estima, reduzir a dependência, aliviar o sofrimento. O cuidador deve ter uma atenção especial com a dor e as alucinações, quando presentes, procurando manter o paciente em um ambiente confortável e agradável. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Pavarini et al. (2005) afirmam que o cuidador do idoso portador do mal de Alzheimer é geralmente um familiar, visto que as famílias constituem-se o primeiro recurso, do qual se vale a sociedade, para dar um atendimento e acolher seus integrantes idosos, inclusive nos casos que demandam cuidados prolongados decorrentes de processos mórbidos incapacitantes. A primeira pergunta do questionário foi em relação à faixa etária dos idosos portadores do mal de Alzheimer, na resposta, 100% estavam com 70 anos ou mais. Um estudo realizado por Caramelli e Barbosa (2011) trata do surgimento da doença na idade senil, ou seja, a partir dos 70 anos ou mais. Segundo o autor, 100% dos idosos apresentam os sinais e sintomas de acordo com os dados levantados a partir dos 70 anos de idade. Outra pergunta realizada referiu-se ao gênero dos idosos com o mal de Alzheimer. A pesquisa constatou que 66,67% são mulheres e 33,33%, são homens. Constatação que vem ao encontro do estudo de Vono (2009) no qual se afirma ser maior o índice do surgimento de Alzheimer em mulheres, em função da perda de estrogênio no período pós-menopausa. Amorim, Gerelli e Soares (2004) afirmam que a doença de Alzheimer ocorre com maior frequência em no sexo feminino. Observamos que, com relação aos cuidadores, 100% são mulheres. Desses, 66,67% são da família (cônjuges e filhas) e outros 33,33% são cuidadores contratados sem nenhum vínculo familiar. Vono (2009) ressalta que dos cuidadores de idosos com o mal de Alzheimer a maioria são mulheres. Cruz e Hamdan (2008) discutem sobre isso, afirmando que o número de cuidadores ainda reflete um padrão cultural em que o ato de cuidar continua sendo visto como uma função feminina. Perguntamos quanto à situação sócio-econômica dos idosos. Os resultados demonstraram que a renda mensal dos idosos varia entre 01 a 04 salários mínimos. Dos entrevistados, 66,67% têm uma renda mensal de 01 a 02 salários, o que está dentro do padrão da maioria das famílias da cidade de Matipó, segundo fonte do IBGE (2010). O restante fica distribuído igualmente em 11,11% para os idosos com renda mensal de 02 a 03 salários, 03 a 04 salários e mais de 04 salários. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Mattos e Parentte (2006) destacam que, com avanço da doença, os cuidados aos idosos tornam-se crescentes e na maioria das vezes o responsável pelo doente é um familiar, que responde pela alimentação, medicação, saúde, higiene, entre outros. Nesse sentido Bare e Smeltzer (2006) destacam que existem situações nas quais a família não tem condições de cuidar do paciente e recorre à ajuda de um profissional, que será remunerado para exercer a função. Outra questão abordada foi sobre o conhecimento do mal de Alzheimer, na qual 100% dos investigados afirmaram conhecerem a doença. O mal de Alzheimer caracteriza-se pela perda progressiva da memória, essa perda causa a esses pacientes um grande desconforto em sua fase inicial e intermediária (NITRINI et al. 2005). Conforme a classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID 10 (2008), a doença de Alzheimer é uma doença cerebral degenerativa primária de etiologia desconhecida e desenvolve-se lenta, mas continuamente por anos. A próxima pergunta expõe as falas dos investigados para assim melhor esclarecer se eles sabem o que é a doença. Para a pergunta: “Como definiria o mal de Alzheimer?”, as respostas obtidas foram às seguintes; Falta de memória, perda dos sentidos, agressividade. (A1) Um atrofiamento de uma parte do cérebro. (A2) É uma doença que afeta a mente. (A3) Que a pessoa esquece o presente e vive o passado. (A4) Uma doença que afeta o idoso fazendo com que ele tenha lembranças antigas e esquece o presente. (A5) Paciente vive mais do passado do que do presente. ( A6) Paciente lembra mais do passado e esquece o presente (. A7) É uma doença em que a pessoa lembra mais do passado e esquece o presente. ( A8) Com o tempo a pessoa perde toda a memória esquecendo até dos filhos. (A9) Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Zirmenan (2007) destaca que o cuidador de idoso precisa entender a doença e seus estágios evolutivos para poder atender às necessidades dos idosos portadores do mal de Alzheimer. O profissional de enfermagem com seu conhecimento pode contribuir muito para esclarecimentos ao cuidador de idoso e sua família. O cuidador de idosos dependentes precisa de orientação sobre como proceder nas situações mais difíceis. Há necessidade de receber em casa visitas periódicas de profissionais, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos (LUZARDO e GORINI, 2006). Sobre os cuidados básicos com idoso, percebemos que 100% dos investigados consideram-se conhecedores desses cuidados. Também acreditam que a administração dos medicamentos, de acordo com as orientações médicas, seja o principal procedimento a ser seguido, para que se possa haver uma melhora no quadro do idoso com o mal de Alzheimer. “Cuidar, todavia envolve apego, preocupação, e uma íntima relação entre dois seres humanos” (TIMBY, 2007). Nesse sentido, Zimernan (2007) destaca que, para facilitar a vida do portador de Alzheimer, a família deve evitar qualquer tipo de mudança na estrutura da casa, hábitos, comida. Outro fator importante é o ambiente que o cerca, que deve ser tranquilo, mantendo-o longe de discussões fazendo com que este se sinta seguro. É importante também o respeito a seus hábitos e propor-lhe tarefas fáceis que o ajudem a se sentirem bem em vez de confundi-lo ainda mais. Perguntamos aos investigados sobre alguns dos cuidados básicos com os idosos. Nas respostas, 77,78% referem-se à retirada dos tapetes. No que diz respeito ao auxílio na higiene pessoal, 66,67% relatam sobre a importância desses cuidados com o idoso. Quanto aos passeios, 33,33% dos investigados afirmam realizarem essa prática. Com relação à administração dos medicamentos 100% acreditam que seja o principal procedimento a ser seguido para amenizar a demência. Segundo Pavarini et al. (2005) o banho pode ser causa de momentos estressantes e perigosos para o idoso com demência. Já na fase inicial da doença, pode persistir uma resistência ao ato de tomar banho ou de ser banhado. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Ainda a mesma autora trata das adaptações a serem feitas para que o idoso possa ter uma maior independência, além do ambiente, as roupas e os calçados que devem ser adaptados para que ele mantenha a máxima autonomia e a mínima dependência. Segundo Dourado (2010) primeiramente é importante saber qual o problema de saúde do idoso, que cuidados ele precisa e como resolvê-los. Os cuidados dependem do estágio da doença e vão desde a higiene pessoal e das roupas, a alimentação, o controle e administração de medicamentos, o acompanhamento dos procedimentos médicos, fisioterápicos, até a pequenos passeios ou momentos de lazer dentro de casa. Os horários devem ser respeitados tanto para a higiene, alimentação quanto para administração de medicamentos. A última pergunta trazia novas investigações sobre outros idosos com mal de Alzheimer. Dos entrevistados, 66,67% afirmam conhecer outros portadores e 33,33% conhecem apenas o doente que fica sob seus cuidados. A busca terminou quando os anteriores passaram a não identificar novas pessoas com a demência. O que se observa é que o cuidador de idoso com mal de Alzheimer dedica seu tempo exclusivamente aos cuidados e bem estar deste. Santana et al. (2008) relatam que a presença do cuidador, como importante representante do cuidado leigo, mostra a necessidade de uma melhor articulação dos profissionais de saúde, na qual estes contribuam para o bem estar direta e indiretamente do portador de Alzheimer. Os resultados da pesquisa demonstram que existe uma grande necessidade de novos trabalhos no âmbito da saúde pública, pois os investigados relatam ter pouca assistência da equipe de saúde, principalmente nas orientações básicas, dificultando os cuidados prestados. Constatamos que os cuidadores são integrantes da família e não remunerados pelos cuidados prestados, além do fato de muitas vezes se vêem obrigados a assumir os cuidados atribuídos aos idosos em detrimento de seus empregos e outras ocupações. Além da necessidade do apoio de outros familiares, o que ajuda a aliviar o desgaste biopsicossocial e o impacto provocado pela sobrecarga das tarefas. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 À medida que a doença vai evoluindo, a dependência do idoso também aumenta progressivamente. As alterações de comportamento dos pacientes com demência como agitação, agressividade, delírios e alucinações, trazem um enorme desgaste para o cuidador (PAVARINI et al. 2005). Percebe-se a importância de um apoio psicológico, visto que a psicologia pode ser uma grande aliada para os idosos com a demência e seus familiares (VONO, 2009). Para Mattos e Parentte (2006) o profissional da área de saúde é indispensável para auxiliar o cuidador familiar, o qual muitas das vezes desconhece as necessidades da demência ficando sobrecarregado, podendo desenvolver o stress. Devido à doença, as pessoas próximas são as que mais sofrem. O enfermeiro em específico irá ajudá-los a aceitarem a patologia e buscar novas alternativas, visando melhorar a qualidade de vida de ambos. Pavarine et al. (2005) ressaltam que as necessidades de cuidado extrapolam, muitas vezes, as capacidades das famílias, nas quais crescem a necessidade de um profissional que tenha conhecimento para cuidar do idoso. Os problemas dos cuidadores constituem um dos aspectos mais importantes do mal de Alzheimer. Devido a isso, a avaliação dos mesmos deveria fazer parte do tratamento da demência, uma vez que o suporte aos familiares e cuidadores é fundamental. A evolução da doença de Alzheimer pode ser retardada e várias estratégias de intervenção podem melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. As terapias não farmacológicas têm a finalidade de diminuir o prejuízo que a demência causa (MATTOS e PARENTE, 2006). É necessária, a implantação e ampliação de intervenções efetivas, uma boa formação de profissionais da saúde especializados nessa área e investimentos em pesquisas no âmbito da prevenção e do impacto sobre cuidador. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando-se todos os aspectos relacionados ao conhecimento dos cuidadores sobre os idosos que apresentam mal de Alzheimer, a maioria limita-se Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 apenas ao conhecimento dos sinais e sintomas da doença. Também não conhecem aspectos importantes, ou seja, como proceder nas situações mais difíceis. Além disso, acreditam que a administração dos medicamentos seja o único caminho a ser seguido na melhora do quadro do idoso com o mal de Alzheimer. Para maiores esclarecimentos aos cuidadores de idosos com mal de Alzheimer, a orientação de um profissional de saúde é de suma importância. Esse tipo de demência acomete pessoas mais idosas, sendo degenerativa, o que requer uma atenção especial do cuidador. Torna-se necessário ao cuidador um conhecimento mais amplo sobre a doença para que esta possa ser retardada. Assim é importante a orientação de profissionais de saúde, entre eles, enfermeiro e psicólogo. Nesse sentido, cabe à enfermagem desempenhar um papel relevante na geriatria, por meio de suas atribuições e competências profissionais. O que pode ocorrer através da orientação aos familiares e cuidadores em visitas domiciliares e grupos de auto-ajuda, buscando amenizar a sobrecarga do cuidador e capacitá-lo para prestação de uma assistência de qualidade aos idosos com mal de Alzheimer. A melhor ajuda para o paciente portador do mal de Alzheimer é ajudar o cuidador. REFERÊNCIAS ABRAZ. A Função do Cuidador. 2008. Disponível em:http://espacomelhoridade.blogspot.com/2008/08/mal-de-alzheimer-funo-docuidador-ii.html. Acesso em: 26 de nov. de 2011. ARGIMON, Irani Iracema de Lima. Desenvolvimento Cognitivo na Terceira Idade. Tese (Doutorado) – Instituto de Psicologia, PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. AMORIM, Andréia S et al.. Cuidados de Enfermagem ao Indivíduo Hospitalizado. Artmed. Porto Alegre. 2004. BARE, Brenda G; SMELTZER, Suzanne C.. Tratado de enfermagem médicocirúrgico. V.1. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 2006. 679 p. 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Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O medicamento é um adjuvante importante para melhoria da qualidade de vida. Entretanto, seu mau emprego pode ocasionar danos indesejáveis. Nos últimos anos, vem ocorrendo um aumento alarmante no consumo de psicofármacos. Conhecidos por “remédios controlados”, cada vez mais o consumo encontra-se ligado à vida produtiva, principalmente entre profissionais de Enfermagem. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo caracterizar e identificar o consumo de psicofármacos por profissionais de Enfermagem em uma unidade hospitalar. Tratase de um estudo descritivo com abordagem quantitativa envolvendo 193 profissionais de Enfermagem de um hospital do leste mineiro, no período de setembro a outubro de 2011. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário autopreenchivel, padronizado, de fácil entendimento. Dos 193 investigados apenas 80 participaram da pesquisa. O consumo de psicofármacos foi referido por 36% dos investigados. A fluoxetina foi o medicamento mais consumido. Entre os motivos que levaram ao consumo, os mais citados foram: dificuldade para dormir (28,3%), estresse/ agitação (26,4%) e ansiedade (24,5%). Com relação às condições de trabalho, 34% tinham dupla jornada de trabalho e 26% tinham outro emprego na área da Enfermagem. Pelo exposto tornam-se necessárias ações de prevenção ao uso destas substâncias. PALAVRAS- CHAVE: Equipe de enfermagem, psicofármacos, utilização, condições de trabalho. INTRODUÇÃO Os medicamentos fazem parte da história da humanidade, evoluíram juntamente com as civilizações e desempenham papel importante no processo de cura de enfermidades. Em uma análise retrospectiva da história, percebe-se que o Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 homem tem buscado alternativas para alívio de seus sofrimentos utilizando essas substâncias (MARTINS et al., 2009). Atualmente, o medicamento é um adjuvante importante para melhoria da qualidade de vida, pois é uma ferramenta terapêutica valiosa que contribui para a recuperação da saúde do indivíduo. No entanto, seu mau emprego pode contribuir para ocorrência de consequências indesejáveis sendo, portanto, um grande problema a ser discutido (ARRAIS et al., 2005 citado por FONTES, 2009). Segundo o Sistema de Informação Tóxico Farmacológico (SINITOX), no Brasil, no ano de 2009, os medicamentos lideraram a lista de agentes causadores de intoxicação em seres humanos, representando 26,4% desses casos e uma relação de 17,6% com óbitos (SINITOX, 2010). Outra prática comumente relacionada é a prática de automedicação. Essa é uma forma comum de promoção individual de saúde, independentemente de prescrição profissional para aliviar sintomas ou tratar alguma doença. Fatores econômicos, políticos e culturais têm contribuído para crescimento e a difusão da automedicação no mundo, tornando-a um problema de saúde coletiva (LOYOLA FILHO et al., 2006). Ainda segundo SINITOX, no Brasil, no ano de 2009, foram registrados 2,7% de casos de intoxicação por automedicação, destes, 2,8% corresponderam somente à região sudeste, que representou maior número de casos em relação às demais regiões do país. Entre os medicamentos mais utilizados estão o grupo dos chamados psicofármacos (SOUZA, 2007). Os psicofármacos popularmente conhecidos por “remédios controlados” são conceituados como aqueles que agem afetando o humor e o comportamento do individuo (RANG, DALE e RITTER, 1995 citados por SOUZA, 2007). São modificadores do Sistema Nervoso Central e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) podem ser classificados em: ansiolíticos e sedativos; antipsicóticos (neurolépticos); antidepressivos; estimulantes psicomotores; psicomiméticos e potencializadores da cognição (RANG, DALE e RITTER, 2001 citados por ANDRADE, ANDRADE e SANTOS, 2004). Nos últimos anos vem ocorrido um aumento alarmante do consumo de psicofármacos, e isto se deu principalmente nos países industrializados, representando graves consequências às populações (SOUZA, 2007). No Brasil, o Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 consumo de substâncias psicoativas tem sido analisado, havendo uma enorme preocupação com os hábitos de consumo e seus impactos sociais, econômicos e principalmente na saúde da população (LUCAS et al., 2006). Tal hábito é refletido rotineiramente em manchetes e destaque nos meios de comunicação (PIZZOL et al, 2006). O consumo de psicofármacos encontra-se cada vez mais relacionado a fatores sociais, entre esses, os interligados à vida produtiva (RODRIGUES, 2004). Com isso, diversas alterações são descritas principalmente aquelas relacionadas à vida do individuo em níveis interpessoais, laborais, familiares e de saúde (MARTINS et al., 2009). Segundo Tomasi et al, (2007), a área de saúde pública ainda é um local pouco estudado em relação ao consumo de medicamentos, principalmente no que diz respeito aos cuidadores. Esses profissionais apresentam um processo de trabalho bastante peculiar no qual incidem grandes desafios e responsabilidades. Dessa forma o consumo de psicofármacos faz parte do cotidiano dos profissionais de Enfermagem e de outros membros da equipe de saúde. Segundo Zeferino et al, (2006), médicos e enfermeiros são os profissionais mais suscetíveis a se tornarem dependentes de medicamentos. Em países como Estados Unidos e Inglaterra a dependência química já se tornou um grave problema, uma vez que o impacto do uso da substância psicoativa é progressivo e fatal. No Brasil, a situação não é diferente. Com relação ao trabalhador de Enfermagem, pesquisas também demonstram que esses profissionais têm consumido substâncias psicoativas, porém ainda são deficientes e escassas as pesquisas nessa área, daí a relevância de estudos que abordem esse tema (MARTINS e CORREA, 2004). Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo caracterizar e identificar o consumo de psicofármacos por profissionais de Enfermagem em uma unidade hospitalar. Para tanto, torna-se necessário caracterizar qualitativa e quantitativamente o consumo; descrever a frequência da utilização e descrever os grupos terapêuticos e fármacos mais utilizados pela população em estudo. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A história mais recente do consumo de psicofármacos na sociedade iniciouse no final da década de 40, quando foram utilizados os primeiros fármacos com a finalidade de tratar alguns transtornos psiquiátricos (GORESTEIN e SCAVONE, 1999). Segundo Rodrigues (2001) citado por Kimura (2005), os psicofármacos foram uma alternativa para tratamento dos pacientes considerados loucos. Esses medicamentos foram um avanço na terapêutica psíquica, possibilitando, no lugar dos manicômios e tratamentos de choque, uma diminuição dos sofrimentos e a uma adaptação e inserção desses doentes na sociedade. A partir de então, a utilização desses fármacos disseminou-se. Através do avanço da indústria farmacêutica foram fabricados novos medicamentos, mais eficazes e com menos efeitos colaterais para tratar transtornos psíquicos (GORESTEIN e SCAVONE, 1999). Aliado a esse fato, juntamente com a crença excessiva no poder do medicamento para tratar as dores psíquicas, os psicofármacos tornaram-se opção para um novo modo de vida e se popularizaram até mesmo entre pessoas sãs (KIMURA, 2005). Segundo Andrade, Andrade e Santos (2004), os psicofármacos são medicamentos necessários e seguros, mas seu uso excessivo e inadequado causa dependência física e psíquica. A utilização indiscriminada de psicofármacos é um problema que pode iniciar, já no meio acadêmico, e há uma grande preocupação desse uso entre universitários, principalmente da área da saúde (MADERGAIN et al ,2007). Existem estudos que confirmam o consumo de medicamentos não só entre estudantes, mas também entre diversas profissões na área da saúde. Tomasi et al. (2007), pesquisaram as condições de trabalho e a morbidade dos profissionais de saúde da atenção básica na cidade de Pelotas (Rio Grande do Sul). Dentre os 329 profissionais pesquisados, 67% faziam uso de medicamentos, 25% tinham costume de automedicar-se e, além disso, 40% relataram apresentar problemas de saúde. Segundo Martins et al. (2009), o trabalho interfere diretamente na saúde do indivíduo. Por isso, é necessário conhecer o uso de certos fármacos e sua influência no trabalho e qualidade de vida das pessoas. As profissões consideradas de maior Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 risco são aquelas exercidas em ambientes de stresse, carga horária excessiva e trabalhos noturnos. Cada vez mais o consumo de psicofármacos está sendo associado à vida produtiva, trazendo consequências que incluem a diminuição da produtividade e alterações refletidas em outros âmbitos da vida social (MARTINS et al., 2009). Portanto, é necessário que além de estudos de abrangência nacional, sejam realizados estudos regionais, identificando peculiaridades que possam estar influenciando o consumo dessas substâncias (TEIXEIRA et al., 2009). METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo descritivo com abordagem quantitativa. O universo de estudo foi uma instituição hospitalar de grande porte, geograficamente localizada na porção leste do Estado de Minas Gerais, correspondente à porção leste da Zona da Mata Mineira, de caráter filantrópico, sem fins lucrativos. Possui 30 especialidades médicas, 204 leitos e um quadro de 435 funcionários, sendo 18 enfermeiros, 27 técnicos de enfermagem e 153 auxiliares de enfermagem. A população do estudo foi constituída de profissionais de enfermagem de todos os setores de atuação do referido hospital (enfermeiros, técnicos e auxiliares). A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro e outubro de 2011. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário padronizado de fácil entendimento. Os dados foram processados no Microsoft Office Excel e analisados através de estatística descritiva. Os resultados foram expressos em tabelas de frequência e gráficos, que orientaram a discussão dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO A população do estudo inicialmente constituir-se-ia de 193 profissionais de enfermagem (entre enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem). No entanto, apenas 80 profissionais participaram desta pesquisa, os demais devolveram os questionários em branco (41,5%). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Dos pesquisados, a maior representação foi de casados (46%), do sexo feminino (85%), da faixa etária de 20 a 39 anos (70%). No que diz respeito à profissão/ocupação a maioria (51%) era representada por técnicos de Enfermagem. Além disso, metade trabalha em períodos diurnos e (42,5%) revezam em plantões diurnos e noturnos. Verificou-se ainda que 34% dos entrevistados tinham dupla jornada de trabalho sendo que 26% tinham outro emprego na área da Enfermagem. Dessa forma, determinar as condições de trabalho torna-se necessário para adaptação desses profissionais e assim tentar evitar danos no trabalho e prejuízos à própria saúde física e mental (ROYAS e MARZIALE, 2001). Em relação ao consumo de psicofármacos, 36% dos profissionais disseram que utilizam ou já utilizaram em algum momento da vida esses medicamentos. Essa prevalência de consumo foi superior ao encontrado por alguns autores em outras populações: Fontes (2009), 4,2% em Ouro Preto (MG); Correia et al. (2010) 11,9%. Esse fato indica a necessidade de estudos adicionais para conhecer as particularidades dessa população. Com relação aos medicamentos referidos como mais consumidos estão Fluoxetina (32,7%), Clonazepam (19,7%), Diazepam (6,6%), Amitripitilina (6,6%) e Carbamazepina (6,6%). Segundo Zeferino et al. (2006), os profissionais de saúde que consomem psicofármacos de maneira desordenada, têm consciência, pela sua formação acadêmica, que estão infringindo o código de ética profissional. No entanto, não conseguem controlar a dependência nem suas ações. A maioria detém conhecimento a respeito desses fármacos, porém a convivência com muitas destas substâncias e o fácil acesso, aliada a condições estressantes de trabalho, o que torna esse grupo cada vez mais vulnerável (LUCAS et al.,2006). Sendo assim, o uso de certas drogas por esses profissionais pode interferir diretamente no seu próprio cuidado e, ainda, na assistência e cuidado ao outro (ZEFERINO et al., 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste estudo percebeu-se certo grau de vulnerabilidade dos profissionais de enfermagem ao consumo de psicofármacos. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Portanto, observa-se pelo estudo realizado que a problemática do consumo de psicofármacos está a cada dia se tornando um problema ocupacional e social, que pode ocasionar sérios danos ao trabalhador, principalmente os de enfermagem. Por isso a questão deve ser visto e julgado pelos conselhos, pela própria política nacional do trabalhador e pelo sistema de Vigilância Sanitária. Espera-se ainda que as instituições que acolhem esses trabalhadores, principalmente as hospitalares, onde as condições de trabalho em alguns casos são deficitárias, diante da enorme e conflitante situação dos profissionais de Enfermagem, possam pensar em seus cuidadores agindo na implementação de soluções que possam facilitar, e, talvez, diminuir a incidência do consumo de psicofármacos e de outros problemas decorrentes. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FATORES QUE DIFICULTAM A ADESÃO AO TRATAMENTO ANTIHIPERTENSIVO ENTRE PACIENTES HIPERTENSOS DE UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DA CIDADE DE PEDRA BONITA-MG Juvanir Antonio de Oliveira e Simone Fernandes de Souza - Graduadas em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX Emanuelle Ferreira de Souza - Graduada em Enfermagem /especialista em Gestão do Programa Saúde da Família. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A hipertensão arterial Sistêmica é considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças do aparelho cardiovascular e insuficiência renal ( ANDRADE, et al. 2001). O objetivo deste estudo foi identificar os fatores que dificultam a adesão ao tratamento anti-hipertensivo em um grupo de hipertensos de uma Estratégia Saúde da Família, do Município de Pedra Bonita-MG. Os dados foram coletados através de um questionário contendo quinze questões fechadas por meio de entrevistas com 31 pacientes hipertensos. Dentre os 31 pacientes hipertensos, 67,7 % eram do sexo feminino, com idade entre 31 e 83 anos, 68 % tinham o ensino fundamental incompleto, 80,6 % não faziam atividade física, 22,6 % relataram que sua alimentação era rica em sal e gordura, 12,9 % eram fumantes, 19,4 % tinha excesso e peso ou obesidade, 12,9 % faziam uso de bebida alcoólica. A partir desses resultados, podemos concluir que existe necessidade de politicas públicas em Educação em Saúde para a conscientização do paciente sobre a importância de modificar seu estilo de vida, além de entender e conhecer o tratamento. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial; Enfermagem; Adesão à Terapêutica. INTRODUÇÃO As intensas transformações que vem passando o Brasil nas últimas décadas, como a longevidade da população, hábitos de vida pouco saudáveis e urbanização crescente, são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência de patologias crônicas não transmissíveis. Entre elas destaca-se a hipertensão arterial sistêmica (HAS), caracterizada como “doença silenciosa” por apresentar um curso lento e assintomático (BRASIL, 2009). A HAS é considerada o principal fator de risco Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 para o desenvolvimento de doença do aparelho cardiovascular e insuficiência renal (ANDRADE, et al. 2001). A Sociedade Brasileira de Hipertensão (2011) estima que a HAS, acomete um em cada quatro indivíduos adultos no Brasil, aproximadamente 25% da população nacional adulta e 5% das crianças e adolescentes. Também é responsável por 40% dos infartos agudo do miocárdio, 80% dos acidentes vasculares encefálicos e 25% dos casos de insuficiência renal crônica. Calcula-se que no Brasil existem mais de 30 milhões de hipertensos. Devido a esse fato é considerado um dos principais problemas da saúde pública brasileira (MOUSINHO; MORA, 2008). A HAS atinge cerca de um terço dos indivíduos em todo o mundo. Pela sua alta ocorrência tem um expressivo impacto nas taxas de morbimortalidades por doenças cardiovasculares que acometem tanto países em desenvolvimento quanto desenvolvidos. É também responsável por uma elevada frequência de internações hospitalares gerando custos bastante elevados para o sistema de saúde (MAGALHÃES et al. 2010). Segundo Wilber e Barrow (1970), citado por Nogueira et al. (2010) foi realizado um estudo no qual constataram que somente 50% dos hipertensos são diagnosticados e destes somente a metade faz o tratamento e dos que fazem o tratamento apenas 50 % são controlados. A adesão à terapêutica anti-hipertensiva merece atenção. Calcula-se que existam cerca de 600 milhões de portadores de hipertensão arterial em todo o mundo, sendo a causa primária de 7,1 milhões de óbitos, aproximadamente 13% do total de morte (VERAS; OLIVEIRA, 2009). Um dos grandes motivos desses dados alarmantes de óbitos é a dificuldade que os hipertensos apresentam em seguir as recomendações preconizadas para o tratamento (FIGUEIREDO; ASAKURA, 2010). Deste modo, o objetivo geral do presente estudo foi identificar os fatores que dificultam a adesão ao tratamento anti-hipertensivo em um grupo de hipertensos de uma Estratégia Saúde da Família, do Município de Pedra Bonita. Este estudo justifica a necessidade de descrever e tentar entender o que leva os pacientes a abandonar ou não seguirem o tratamento prescrito para o controle da HAS. Diante dessas considerações, busca-se responder aos questionamentos: A Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 dificuldade em aderir ao tratamento anti-hipertensivo pode estar relacionada à doença? Ao cliente? Ao profissional de saúde? Ao tratamento? Portanto, tornam-se relevantes estudos que visem identificar os fatores associados à adesão e não-adesão ao tratamento para hipertensão. A partir do conhecimento desses fatores será possível traçar estratégias mais eficazes no sentido de ajudar os pacientes hipertensos encontrar uma melhor forma de controlar a doença e consequentemente uma melhor qualidade de vida. FUNDAMETAÇÃO TEÓRICA Segundo Nogueira et al. (2010), no Brasil, de 2000 a 2009, as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 40% das aposentadorias precoces e 65% de mortalidade na população adulta em plena fase laboral (30 a 69 anos). A partir do momento em que a pessoa vai envelhecendo o risco de desenvolver a HAS aumenta, podendo atingir 65 % dos idosos com mais de 60 anos e entre as mulheres acima de 75 anos sua prevalência pode chegar a 80% (BORIM; GUARIENTO; ALMEIDA, 2011). Dados da VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010) mostram que no Brasil, em 2007, ocorreram 308.466 mortes em decorrência de patologias cardiovasculares, no mesmo ano foram contabilizados 1.457.509 internações no SUS, por doenças cardiovasculares. Em 2009, registrou-se 91.970 internações em decorrência de patologias do aparelho circulatório com um custo de R$ 165.461.644,33 (DATASUS). Patologia renal terminal relacionada à HAS, responsável pela inclusão de 94.282 pessoas em programa de diálise no sistema único de saúde, contabilizando-se 9.486 mortes em 2007. Em 2001, aproximadamente 7,6 milhões de mortes no mundo foram em decorrência da HAS, (47% doença isquêmica do coração e acidente vascular encefálico responderam por 54% das mortes). A pressão arterial normal é a pressão exercida pelo fluxo sanguíneo através do coração e dos vasos sanguíneos. Ela é determinada pelo volume de sangue ejetado pelos ventrículos por unidade de tempo (débito cardíaco), multiplicado pela resistência vascular periférica (resistência que o fluxo sanguíneo encontra para circular pelos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 vasos). O débito cardíaco é o resultado da frequência cardíaca vezes o volume sistólico (SMELTZER; BARE, 2006). De acordo com a VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010), a HAS é caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial, sendo uma condição clínica que envolve vários fatores. Associa-se frequentemente tanto com alterações metabólicas quanto alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, vasos sanguíneos, encéfalo e rins), elevando o risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais. O individuo é considerado hipertenso quando o valor da pressão arterial sistólica for maior ou igual a 140 mmHg e a pressão arterial diastólica for maior ou igual a 90 mmHg em medidas de consultório. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório, em indivíduos acima de 18 anos, segundo a VI Diretrizes brasileira de Hipertensão (2010), apresentado na Tabela 1. Tabela 1 - Classificação da pressão arterial em adultos (> 18 anos). Classificação Pressão sistólica (mmHg) Ótima <120 Normal <130 Limítrofe 130-139 Hipertensão estágio 1 140-159 Hipertensão estágio 2 160-179 Hipertensão estágio 3 ≥180 Hipertensão sistólica isolada ≥140 Fonte: VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010) Pressão diastólica (mmHg) <80 <85 85-89 90-99 100-109 ≥110 <90 Para Laterza et al. (2008), qualquer alteração entre o débito cardíaco, resistência vascular periférica ou ambos interfere nos níveis pressóricos. Os níveis pressóricos são controlados por mecanismos que estão envolvidos tanto na manutenção como na variação, momento a momento, da pressão arterial, regulando a reatividade vascular, o calibre dos vasos, a distribuição de fluido dentro e fora dos vasos e o débito cardíaco. Na HAS estabelecida, deve haver uma alteração em um ou mais fatores que afetam a resistência periférica ou débito cardíaco, sendo difícil definir quais os mecanismos responsáveis no desencadeamento e a manutenção da pressão arterial elevada. Existem várias evidências de que alteração no sistema nervoso central juntamente com as alterações no controle reflexo da pressão arterial levam a uma progressão e permanência da HAS (Laterza et al. 2008). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A HAS pode ser classificada em primária e secundária. Apenas 5 a 10% dos pacientes hipertensos são considerados portadores de hipertensão secundária, ou seja, tem sua causa conhecida. Na hipertensão primária que atinge 90 a 95 % dos casos é de origem idiopática, na maioria dos casos a hipertensão é do tipo multifatorial (PEDROSA; DRAGER, 2008). Para Smeltzer e Bare (2006), a hipertensão pode ter uma ou mais das seguintes causas: sistema nervoso simpático com atividade aumentada relacionada com a função anormal do sistema nervoso autônomo, aumento da reabsorção renal de sódio, cloreto e água associada com uma variação genética pelo modo que os rins manuseiam o sódio, aumento da atividade do sistema renina-angiostensinaaldosterona acarretando aumento do volume do líquido extracelular e resistência vascular aumentada, vasodilatação das arteríolas diminuídas relacionada com a função anormal do endotélio vascular, resistência a ação da insulina que pode ser um fator comum relacionado à pressão alta, diabetes mellitus do tipo II, aumento do triglicérides, obesidade e intolerância a glicose. Além disso, a partir do momento em que a pessoa vai envelhecendo ocorrem alterações funcionais e estruturais no coração e vasos sanguíneos, contribuindo para o aumento da pressão arterial. Portanto a HAS é considerada uma doença multifatorial e, dessa forma, o conhecimento dos fatores de risco se torna necessário para o controle adequado desta patologia (FERREIRA FILHO, et al. 2007). Os principais fatores de risco para HAS segundo dados da VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010) são: Idade: À medida que a pessoa vai envelhecendo aumenta o risco de desenvolver hipertensão arterial, sendo-se que a prevalência de indivíduos com mais de 65 anos com HAS é superior a 60%. Gênero e etnia: Existe um perfil semelhante de prevalência da HAS entre homens e mulheres e está presente duas vezes mais em indivíduos da raça negra. Excesso de peso e obesidade: Indivíduos com excesso de peso têm maior risco de desenvolver HAS. Entre 20% a 30% dos hipertensos estão relacionados diretamente ao excesso de peso, atingindo 65% das mulheres e 75% dos homens (BRASIL, 2011). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Consumo de sal: A população do Brasil consome bastante sal, este fato tem sido relacionado com o aumento da pressão arterial. Populações que consomem pouco sal, como os índios brasileiros Ianomâmis não desenvolvem hipertensão. Consumo de bebida alcoólica: O uso prologando de bebidas alcoólicas pode elevar os níveis da pressão arterial. Sedentarismo: Indivíduos sedentários possuem o risco de 30% a mais de desenvolver hipertensão, em relação aos que praticam atividade física. Portanto os exercícios físicos diminuem o risco de desenvolver hipertensão arterial (BRASIL 2011). Fatores socioeconômicos: Em nível mundial não existe uma correlação entre condição socioeconômica e a Hipertensão Arterial Sistêmica. No Brasil há prevalência HAS em indivíduos com baixo nível escolar. Genética: A colaboração de fatores genéticos para a origem da hipertensão está bem determinada na população. Em 90% dos casos essa patologia é herdada dos pais (BRASIL, 2011). Tabagismo: Aumenta gradualmente os níveis pressóricos e contribui para o desenvolvimento e complicações de arteriosclerose (KAWAMOTO; SANTOS; MATTOS, 2009). Estresse: O excesso de produção de adrenalina resulta em elevação dos batimentos cardíacos e pressão arterial (KAWAMOTO; SANTOS; MATTOS, 2009). Anticoncepcionais orais: Mulheres em uso deste tipo de medicação têm duas a três vezes maior risco de ter pressão alta (PEDROSA; DRAGER, 2008). A HAS conhecida é popularmente como “doença silenciosa”, porque as pessoas hipertensas geralmente não apresentam sintomas. Inicialmente pode provocar: cefaleia unilateral, edema, pulso periférico cheio, palpitação, irritabilidade, ansiedade, sudorese excessiva, dificuldade de concentração, fadiga, nictúria (FIGUEIREDO; VIANA; MACHADO, 2008). A pressão arterial elevada por longo período pode causar lesões nos vasos sanguíneos em várias partes do corpo, principalmente no coração, cérebro, olhos, rins (SMELTZE; BARE, 2006,). Para Kawamoto, Santos e Mattos (2009), as complicações mais frequentes são: hipertrofia ventricular esquerda, angina, insuficiência cardíaca, revascularização miocárdica prévia, infarto agudo do miocárdio, doença vascular Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 arterial de extremidades, retinopatia hipertensiva, acidente vascular encefálico (hemorrágico ou isquêmico), isquemia cerebral transitória, alterações cognitivas ou demência vascular, nefropatias relacionadas á hipertensão. Dessa forma, um diagnóstico precoce é fundamental para evitar possíveis complicações. Este é realizado mediante a aferição da pressão arterial sistólica e diastólica, utilizando-se o estetoscópio e esfigmomanômetro, tendo como base o nível acima da normalidade (KAWAMOTO; SANTOS; MATOS, 2009). Segundo Figueiredo et al. (2008), para o diagnóstico da HAS, é necessário a realização do exame físico completo do cliente e registro da história na anamnese. Deverá ser realizado eletrocardiograma, dosagem de proteína na urina, exame das retinas e análise de outros fatores de risco. O diagnóstico deverá ser confirmado por medidas repetidas, em condições ideais em pelo menos três ocasiões. Os índices de controle da HAS são baixos apesar de ser uma patologia passível de controle por meio de tratamento medicamentoso e não-medicamentoso. O objetivo primordial do tratamento é a redução da morbidade e mortalidade cardiovascular e renal (JESUS, et al. 2007). O que é feito através da utilização de medicamentos prescritos de acordo com a gravidade do quadro. As principais medidas que devem ser instituídas para o tratamento não medicamentoso são aquelas que modificam o estilo de vida, tais como: controle do peso, alimentação saudável, redução do consumo de sal, prática de atividade física regular, diminuição do consumo de bebida alcoólica, abandono do tabaco e controle do estresse (FIGUEIREDO; ASAKURA, 2010). A adesão ao tratamento refere-se à observação do comportamento do paciente, no tocante ao uso de medicamento, comparecimento às consultas agendadas, realização mudanças ao estilo de vida, Tudo isso corresponde às recomendações do profissional que lhe prestou atendimento (JESUS et.al. 2007). Estudos têm apontados grandes dificuldades as quais pessoas com hipertensão encontram em seguir as orientações médicas, gerando altas taxas de abandono ao tratamento. Estima-se que aproximadamente dois terços dos pacientes em tratamento anti-hipertensivo não têm pressão arterial controlada, em decorrência do uso incorreto do tratamento medicamentoso (DUARTE et al. 2010). Para reduzir os eventos cardiovasculares, é fundamental tanto o diagnóstico, quanto o tratamento e o controle da HAS. Nos últimos 15 anos, foram analisados 14 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 estudos no Brasil com 14.783 indivíduos hipertensos, apenas 19,6% apresentaram níveis pressórico menor que 140/90 mmHg (VI DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010). Em 2008, foi realizada uma pesquisa com 54 pacientes hipertensos em um Centro de Saúde, localizado na cidade de São Paulo. O objetivo do estudo era identificar as principais dificuldades desses pacientes em aderir o tratamento antihipertensivo. Os principais resultados foram: 64,8% tinham excesso de peso, 51,8% relataram que fazem atividade física, 94,4% não fumavam e 83,3% não consumiam bebida alcoólica. Dos 49 pacientes que receberam orientações para adoção de uma dieta hipossódica, a metade relatou que tem dificuldade em segui-la. Em relação à atividade física, 36 pacientes mencionaram ter recebido esse tipo de orientação, mas apenas 16 disseram fazer caminhada. Quanto ao tratamento medicamentoso, 12 pacientes relataram ter dificuldades em fazê-lo pelo fato de esquecer o horário de tomar a medicação. Apenas 44,4% foram orientados a fazer atividade física e 22,2% não receberam orientação para adotar uma dieta hipossódica. Em relação à escolaridade 46,3% não tinham completado o ensino fundamental (FIGUEIREDO, ASAKURA, 2010). Outro estudo foi realizado com 401 pacientes no Estado da Bahia no intuito de descrever as razões pelas quais interromperam o tratamento farmacológico da HAS. Dentre os resultados, observou-se que 83% relataram normalização da pressão arterial, 56,5 % efeitos colaterais das medicações, 45,3% esquecimento do uso da medicação, 41,7% mencionaram o custo da medicação, 27,2% tinham receio de misturar com álcool, 27,2% medo de misturar com outras drogas, 21,6% medo de hipotensão, 22% medo de intoxicação, 28,5% uso de tratamento alternativo, 36,8% desconhecimento da necessidade de continuar com o tratamento (ANDRADE, et al. 2002). Os principais fatores relacionados à não adesão ao tratamento anti-hipertensivo são: mudanças na qualidade de vida após o inicio do tratamento, medicamentos com custos altos e ocorrência de efeitos colaterais, dificuldade para agendar consultas, tempo de atendimento prolongado, falta de contato com os pacientes faltosos e com aqueles que abandonam o serviço, dificuldade em relacionar-se com a equipe de saúde, nível socioeconômico baixo, baixa autoestima, crenças e aspecto culturais Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 errados adquiridos com os familiares, falta de conhecimento do paciente sobre a patologia ou de interesse para tratar uma doença crônica e sem sintomas. (VI DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010) Em indivíduos com a pressão arterial limítrofe mudanças no estilo de vida são as principais indicações para evitar a evolução do quadro, no entanto, desde a infância devem ser adotados hábitos de vida saudáveis, respeitando-se as características regionais, socioeconômicas e culturais. Em indivíduos com pressão arterial limítrofe é indicado o tratamento medicamentoso apenas em condições de alto ou muito alto risco cardiovascular. De maneira geral, as formas mais efetivas de evitar a doença são a prevenção primária e o diagnóstico precoce, as quais representam as metas prioritárias dos profissionais de saúde (VI DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010). Portanto, torna-se necessário seguir a terapêutica anti-hipertensiva proposta pela equipe de saúde, por se tratar de uma doença crônica, que pode ser controlada com uso medicamento e medidas simples. O paciente quando segue o plano terapêutico corretamente está prevenindo as possíveis complicações da hipertensão arterial sistêmica (LAZARINI, et al. 2009). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem quantitativa. Segundo Rodrigues (2007), nesse tipo de pesquisa são utilizadas técnicas padronizadas de coleta de dados, onde fatos são observados, computados, analisados, divididos em classe e interpretados, sem que haja interferência do pesquisador. Na pesquisa quantitativa são utilizados métodos estatísticos, em que são traduzidas em números as opiniões e informações, para serem divididos em classe e analisados. O estudo foi realizado em uma das ESF´s (Estratégia Saúde da família), no município de Pedra Bonita, que conta atualmente com três equipes de ESF. Pedra Bonita está localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais com uma população de aproximadamente 6.5581 habitantes e onde a principal fonte de emprego e renda é a cultura de café (IBGE, 2011). A população deste estudo constitui-se de um grupo de hipertensos, da referida ESF. Para a seleção dos colaboradores da pesquisa foram adotados os critérios de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 inclusão: possuir o diagnóstico de hipertensão arterial, participar do grupo de hipertensos, serem cadastrado no programa HIPERDIA e residir no município de Pedra Bonita. Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário contendo 15 questões fechadas que abordava o estilo de vida, dados socioeconômicos, aspectos relacionados à hipertensão e seu tratamento, além de fatores de risco. A pesquisa foi realizada no dia 01 de setembro de 2011, ocasião em que aconteciam as reuniões do grupo de hipertensos e também o convite aos pacientes para participarem do estudo. Os sujeitos da pesquisa foram informados sobre o objetivo do estudo e a participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia em recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo. Após a coleta de dados, estes foram tabulados no Microsoft Office Excel, através da analise de estatística descritiva. Os dados foram gerados gráficos que orientaram na parte escrita dos resultados e discussões deste estudo. RESULTADOS E DISCUSSÕES A Tabela 2 apresenta a descrição das características sócio-demográficas da população estudada. A população referida foi composta por 31 pacientes hipertensos, dentre os quais 67,7 % eram do sexo feminino. De acordo com outros estudos, as mulheres têm por hábito procurar os serviços de saúde, assim como, observar e relatar seus problemas nessa área, enquanto os homens sempre apresentam piores indicadores de acesso ao serviço de saúde do SUS (MOUSINHO; MORA, 2008). No que se refere à idade dos entrevistados, houve uma variação entre 31 e 83 anos. Entre eles 51,6% possuem idade entre 50 e 69 anos, tendo como a média de 56 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, a HAS torna-se mais comum com a idade alcançando cerca de 50% dos indivíduos na faixa etária de 55 anos ou mais ( BRASIL, 2011). Quanto à escolaridade, a maioria dos entrevistados não concluiu o ensino fundamental, representando 68%, o que nos mostra baixo índice de escolaridade da população estudada. Esse percentual é semelhante ao de 64% encontrado por Duarte Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 et al. (1995). De acordo com o VI Diretrizes de Hipertensão (2010), no Brasil há prevalência de HAS em indivíduos com baixo nível escolar. Quanto mais baixo o nível de escolaridade mais difícil aceitação da patologia, dos esquemas medicamentosos e da necessidade de mudanças no estilo de vida. Assim, o nível de escolaridade influencia diretamente na adesão ao tratamento (VERAS; OLIVEIRA, 2009). Sobre a renda familiar, mais da metade dos indivíduos (52%), possuem renda familiar na faixa de um a dois salários mínimos. Tabela 2 - Características sócio-demográficas da população investigada, em uma ESF, no Município de Pedra Bonita, setembro de 2011. Característica N=31 % Gênero Masculino 10 32,3 Feminino 21 67,7 Faixa Etária 30 – 49 10 32,3 50 – 69 16 51,6 70 ou mais 05 16,1 Escolaridade Analfabeto 06 19,4 1°grau incompleto 21 68 1°grau completo 01 3,2 2°grau completo 02 6,5 Ensino superior 01 3,2 Renda Familiar em Salário Mínimo < 01 12 38,7 01 a 02 16 52 02 a 04 03 9,7 A Figura 1 refere-se à ocasião em que população referida descobriu ser portadora de HAS. Dos entrevistados, 29% responderam que descobriram ser portadores de HAS entre 01 e 03 anos. O diagnóstico precoce da HAS é fundamental para evitar possíveis complicações (KAWAMOTO; SANTOS; MATOS, 2009). Figura 1: Representa a ocasião em que população referida descobriu ser portadora de HAS, em um ESF, no Município de Pedra Bonita-MG, 2011. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quanto à medicação, observa-se que 58% da população investigada disse utilizar de 2 a 3 medicamentos por dia ( figura 2). Dados semelhantes de uma pesquisa realizada por Borim; Guariento; Almeida (2011), quando encontraram os resultados de 59 %. Deste modo, observa-se que múltiplas medicações e doses frequentes podem dificultar a adesão ao tratamento (LAZARINI, et al. 2009). Figura 2: Representa quantos medicamentos para controlar a pressão arterial os hipertensos tomam diariamente, em uma ESF, Município de Pedra Bonita- MG (2011). Quando o paciente utiliza mais de um medicamento o mesmo tempo tem dificuldade em identificar cada medicamento, isso pode ser agravado pelo padrão de embalagem dos laboratórios, que não permitem a identificação diferenciada de seus medicamentos. Outro agravante é o fator idade que tem influencia na função cognitiva do idoso, dificultando em lembrar-se de ingerir medicamentos em horários e dosagem certa (ARAÚJO; SILVA, 2010). Ao serem questionados sobre a dificuldade de tomar os medicamentos de acordo com a posologia indicada pelo médico, 87,1% disseram não ter dificuldade e 12,9 % disseram que esquecem. Dados semelhantes em uma pesquisa realizada por LAZARINI, et al. (2009), 83 % responderam não e 17 % sim. Os investigados foram questionados se eram portadores de diabetes mellitus além da HAS, 12,9 % responderam sim. Segundo Cotta et al. (2008) tanto a HAS quanto o diabetes mellitus são patologias que têm vários aspectos em comum: a cronicidade, as complicações crônicas e a difícil adesão ao tratamento. A HAS é uma comorbidade particularmente comum no diabético representando um risco adicional para o desencadeamento de doenças do sistema cardiovascular, caracterizando como um dos motivos de agravo de saúde pública. Do total dos entrevistados, 19,4 % apresentam excesso de peso/obesidade, há uma correlação negativa com dados do Ministério da Saúde (2011) que mostram Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 que em 2010, 48,1 % da população adulta nas capitais Brasileiras têm excesso de peso (BRASIL, 2011). Segundo Magalhães et al. (2010) o excesso de peso está correlacionado com a elevação da pressão arterial, ao contrário, a redução do peso corporal e essencial para reduzir a PA, além de reduzir outros fatores associados com a elevação da pressão arterial. Uma perda de peso de 10% é capaz de reduzir a pressão arterial em 08 a 12 mmHg. Quanto à prática de atividade física 80,6 % dos entrevistados disseram não fazer atividade física. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 83 % da população são sedentários e o sedentarismo é um fator de risco essencial para desencadeamento de doenças crônicas. Estudos mostram que a inatividade física é prevalente em idosos, pessoas de baixo nível social e mulheres (BRASIL, 2011). Estudos têm consistentemente demonstrado que a atividade física regular, de baixa e moderada intensidade, realizada de três a cinco vezes por semana, com duração de no mínimo trinta minutos, reduz os níveis da pressão arterial em pacientes com HAS (LATERZA, et al. 2008). Quando perguntados sobre o hábito de fumar, 12,9 % afirmaram fumar. Esses dados são semelhantes aos do Ministério da Saúde que mostram que a prevalência de fumantes no Brasil em 2008 era de 17,2 %, índice que vem reduzindo progressivamente (BRASIL, 2011). Em relação à bebida alcoólica, 12,9 % mencionaram fazer uso. Estudos mostram que a ingestão de álcool por períodos prolongados eleva a PA, para quem é hipertenso restringir a ingestão de bebida alcoólica é essencial para reduzir a pressão arterial (MAGALHÃES, et al. 2010). Ao questionarmos sobre a alimentação, se as mesmas são ricas em sal e gordura, 22,6 % relataram que sim. Outros pesquisadores observaram que 24% dos hipertensos entrevistados ainda consumiam regularmente alimentos com alto teor de sódio (FIGUEIREDO; ASAKURA, 2010). O consumo de alimentos com baixo teor de gordura e sal reduz significativamente a pressão arterial (MAGALHÃES, et al. 2010). Ao perguntarmos se, com a participação das reuniões de hipertensos realizada na ESF, os mesmos passaram a usar os medicamentos corretamente, 93,5 % mencionarem que sim. Quando questionamos por que eles afirmaram se sentirem bem ao participar do grupo disseram que o mesmo esclareceu todas suas dúvidas. As Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ações em grupo auxiliam as pessoas a conhecerem, entenderem e aceitarem melhor a sua doença; orientam sobre os benefícios do tratamento; esclarecem quais as formas de prevenção e complicações e reconhecem comportamentos de riscos (KAWAMOTO; SANTOS; MATOS, 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente estudo, foi observado que as modificações no estilo de vida, ou seja, a realização regular de atividade física, a adoção de dieta com baixo teor de sal e gordura, a manutenção do peso corporal, configuram-se como os principais fatores que dificultam a adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Apenas a distribuição gratuita da medicação não é suficiente para garantir a adesão ao tratamento, considerando as dificuldades relatadas. Contudo existe a necessidade de políticas públicas em Educação em Saúde para a conscientização do paciente para a necessidade de modificar o estilo de vida, além de entender e conhecer o tratamento. Nesse sentido, a equipe de saúde deve ser ampliada contando com a participação de educadores físicos, entre outros profissionais a fim de elaborar alternativas, com os pacientes e os familiares para as dificuldades apontadas. Há poucos estudos sobre adesão ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil, considera-se também necessário, a realização de outros estudos dessa natureza em outros locais, com populações diferentes para fazer uma comparação dos dados, a fim de observar as semelhanças e peculiaridades das populações estudadas. REFERÊNCIAS ANDRADE, Jadelson P. et. al. Aspectos Epidemiológicos da Aderência ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica.Arq Bras Cardiol, volume 79(nº4), 375-9,2002. Acesso em 27 de set. 2011. ARAÚJO, Ludmila costa Lindolfo de; SILVA, Emília Vitória Da. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DE ADULTOS HIPERTENSOS EM UNIDADE BASICA DE SAÚDE ESF KELÉ DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG. Fabrício Paulo da Silva e Luciana Rosa - Graduadas em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Cristina Maria Lobato Pires - Graduada em Enfermagem. Especialista em Saúde Pública. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected] RESUMO A hipertensão arterial (HAS) é uma doença altamente prevalente em indivíduos idosos, tornando-se um dos mais importantes fatores na morbidade e mortalidade da população. O presente trabalho identificou o conhecimento dos pacientes hipertensos do ESF KELÉ, da cidade de Matipó sobre fatores que favorecem a progressão da doença. Em estudo descritivo com abordagem quantitativa, a pesquisa foi realizada na ESF (Estratégia de Saúde da Família) KELÉ, com uma população de pacientes hipertensos cadastrados que participaram do encontro do dia 28/09/2011. Foram realizadas entrevistas utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário e posteriormente os dados foram analisados por estatística descritiva. Os resultados ressaltam a necessidade de se conhecer com propriedade a realidade vivida da população circunscrita na área de abrangência da ESF. Entendendo-se que através do estabelecimento de vínculo equipe-cliente se configuram perspectivas no sentido de minimizar o desconhecimento por parte do paciente. Verifica-se de forma conclusiva a importância de os profissionais das ESF realizarem uma busca ativa dos indivíduos que abandonam o acompanhamento e identificar os elementos causadores de tal dificuldade, buscando a reinserção dos mesmos ao programa. PALAVRAS-CHAVE: acompanhamento. Hipertensão arterial, progressão da doença, INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde, Brasil (2001), através da Secretaria de Políticas de Saúde e o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, entende ser a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), uma doença crônica, não transmissível, de natureza multifatorial, na maioria dos casos assintomática e que compromete Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores, levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de provocar danos aos órgãos por eles irrigados. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença altamente prevalente em indivíduos idosos, tornando-se um dos mais importantes fatores na morbidade e mortalidade da população. O aumento da população idosa, da sobrevida de portadores dessas doenças, da urbanização e industrialização, da inatividade física e da obesidade contribui para o crescimento da prevalência e incidência destas enfermidades (BRANDÃO et al., 2006; FREITAS, 2006). A prevalência estimada de hipertensão no Brasil atualmente é de 35% da população acima de 40 anos. Isso representa, em números absolutos, um total de 17 milhões de portadores da doença, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE, 2004), cerca de 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) para receber atendimento na Atenção Básica. Para atender os portadores de hipertensão, o Ministério da Saúde possui o Programa Nacional de Atenção a Hipertensão Arterial. O programa compreende um conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento dos agravos da hipertensão. O objetivo é reduzir o número de internações, a procura por pronto-atendimento, os gastos com tratamentos de complicações, aposentadorias precoces e mortalidade cardiovascular, com a consequente melhoria da qualidade de vida dos portadores. (BRASIL, 2001). Outra importante constatação feita pelo Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Políticas de Saúde (Brasil, 2001), através do Programa Saúde da Família, é que prevalência estimada na população brasileira adulta gira em torno de 15 a 20%, sendo que, entre a população idosa, essa cifra chega a 65%. Entre os hipertensos, cerca de 30% desconhecem serem portadores da doença. Além disso, destaca-se que a HAS é uma doença que apresenta alto custo social, sendo responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho. Conforme Meira et al. (2006) a hipertensão arterial é um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2006), esta é uma doença crônica, não transmissível, e possui Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 vários fatores que compromete o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores essencialmente vasoconstritores, levando a elevação da pressão arterial para números acima dos valores normais (140/90 mm Hg). A identificação de muitos fatores de riscos para pressão alta tais como a hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, o grau de escolaridade, o status sócio econômico, a obesidade, o alcoolismo, o tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais foram citados para avanços na epidemiologia de doenças cardiovasculares, e influenciando nas medidas preventivas as terapêuticas dos altos índices pressóricos que abordam os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos. Para Pinheiro (2009) um dos grandes problemas da hipertensão arterial (pressão alta) é o fato de esta ser assintomática até fases avançadas. Achar que a pressão está alta ou normal baseado em sintomas como dor de cabeça, cansaço, dor no pescoço ou nos olhos, sensação de peso nas pernas ou palpitações, é um erro muito comum entre os hipertensos. A pressão alta não causa sintomas na imensa maioria das vezes. Quem é hipertenso deve aferi-la com frequência. Quem não é hipertenso, mas tem história familiar forte, deve conferir sua pressão arterial periodicamente. Deve-se ter cautela no uso de anticoncepcionais orais e determinados fármacos. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) vem se transformando progressivamente num dos mais graves problemas de Saúde Pública no Brasil. O objetivo deste estudo foi definir perfis de hipertensos considerando-se a relação entre as variáveis faixas etária, sexos, número de medicamentos utilizados para controle de pressão arterial (PA), participação em grupo educativo, qualidade de vida (QV), e atividade física. Estima-se que no Brasil 30% da população em geral, com mais de 40 anos, possa ter pressão arterial elevada. Um desafio no diagnostico e controle da HAS é conhecer o impacto da doença e seu tratamento sobre a vida do individuo. Assim a relevância do estudo encontra-se em demonstrar, a essa clientela e aos profissionais envolvidos em estratégias de saúde pública, que a partir do conhecimento do diagnostico de HAS os pacientes conquistam mudanças sobre sua qualidade de vida. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O presente estudo buscou identificar o conhecimento dos pacientes hipertensos do ESF KELÉ, da cidade de Matipó sobre fatores que favorecem a progressão da doença. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Conforme Araújo (2007), a hipertensão arterial é fator de risco para doença coronariana, doença cerebrovascular, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca e doença renal terminal. Avaliando ainda que esses agravos sejam importantes causas de morbidade e mortalidade, com elevado custo social. Lima e Costa et al. (2000), revelam através de seus estudos que no Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 33% dos óbitos com causas conhecidas. Além disso, essas doenças foram a primeira causa de hospitalização no setor público, entre 1996 e 1999, e responderam por 17% das internações de pessoas com idade entre 40 e 59 anos e 29% daquelas com 60 ou mais anos. Alguns fatores de risco para a hipertensão arterial incluem: idade elevada; excesso de massa corpórea, podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão arterial; o consumo elevado de bebidas alcoólicas e sódio (sal); nível socioeconômico mais baixo e o sedentarismo. Indivíduos sedentários apresentam risco aproximadamente 30% maior de desenvolver hipertensão do que os ativos (MION JUNIOR, 2007). Passos e Barreto (2006) reconhecem ser de fundamental importância os estudos epidemiológicos de base populacional, a fim de se conhecer a distribuição da exposição e do adoecimento por hipertensão e os fatores e condições que influenciam a dinâmica desses padrões de risco na comunidade. Segundo os autores, a identificação dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares e de estratégias de controle efetivas, combinadas com educação comunitária e monitoramento-alvo dos indivíduos de alto risco contribuíram para uma queda substancial na mortalidade, em quase todos os países desenvolvidos. Simonetti (2002) revela que provavelmente, apenas cerca de 30% dos casos de hipertensão arterial identificados e tratados estão controlados. E esse controle inadequado das cifras tensoriais, na maioria das vezes, relaciona-se à falta de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 adesão ao tratamento, por diversos motivos. Dentre essas razões podemos destacar: a característica assintomática da doença, tratamento prolongado, custo alto dos medicamentos e seus efeitos colaterais, relação equipe de saúde-paciente insatisfatória e a falta de motivação, podendo estar associada, principalmente, a fatores externos, como carência de sistema de apoio, dificuldades financeiras e de acesso ao sistema de saúde. Nesse contexto ações que visem o controle efetivo da hipertensão devem ser prioridade no combate à crescente prevalência e incidência de doenças cardiovasculares no país. Visto que as doenças cardiovasculares constituem o principal grupo de causas de morte da população adulta no Brasil (NOGUEIRA, 2003). Conforme o Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Políticas de Saúde, (BRASIL, 2001), o controle da HA no início de seu desenvolvimento constitui o passo primordial para a redução de suas complicações. Dessa forma todas as estratégias utilizadas visam manter os níveis de pressão arterial tanto quanto possível abaixo dos limites definidos pela OMS, respeitando-se as características individuais, co-morbidades e a qualidade de vida. Sousa, Souza e Scochi (2006) descrevem que, na Norma Operacional da Assistência à Saúde do Sistema Único de Saúde (NOAS/SUS), entre as ações estratégicas mínimas de responsabilidade dos municípios estão: o controle da hipertensão arterial, a ser desenvolvido por meio do diagnóstico de casos, o cadastramento de portadores, a busca ativa, o tratamento e as ações educativas, figura como destaque na atenção básica. Uma avaliação inicial do hipertenso objetiva além de confirmar a elevação da PA, também identificar as causas da pressão sanguínea elevada, avaliar a extensão da patologia, a presença de danos aos órgãosalvo bem como de doença cardiovascular e a identificação de fatores de risco da patologia (BRASIL, 2001). Em consonância com tais premissas Toledo, Rodrigues e Chiesa (2007), revelam que doenças crônicas merecem mais atenção dos órgãos públicos, alertando ser necessário que os PSFs tenham maior conhecimento sobre a população hipertensa, cadastrando-os, levantando fatores de risco, complicações Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 existentes, nível de pressão arterial sistólica e diastólica, índice de massa corpórea (IMC), circunferência abdominal e outros dados que possam levar à implantação de estratégias focadas nos reais problemas daquela população. Conforme a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (2002), atualmente naquele estado, os profissionais de saúde, em especial os de enfermagem, contam com um sistema conhecido como HIPERDIA. Trata-se de um mecanismo de informação do acompanhamento Ministério de da Saúde portadores, além que permite o cadastramento da garantia do recebimento e dos medicamentos prescritos. Ao mesmo tempo, o sistema permite, em médio prazo, definir o perfil epidemiológico dessa população e o consequente desencadeamento de estratégias de saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, melhoria da qualidade de vida e redução do custo social. METODOLOGIA A presente pesquisa constitui de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, por ser este um método que permite descrever fatos e fenômenos relativos à realidade através da observação, descrição e categorização. As pesquisas descritivas são, conforme Gil (1991), juntamente com as exploratórias, as que os pesquisadores sociais habitualmente realizam preocupados com a atuação prática. O estudo foi realizado na ESF (Estratégia de Saúde da Família) KELÉ. Com uma população de pacientes hipertensos cadastrados que participaram do encontro do dia 28/09/2011. O município de Matipó está localizado na região II da Zona da Mata do estado de Minas Gerais e pertence à microrregião homogênea Vertente Ocidental do Caparaó (ICA/CETEC 1997).Sua população estimada em 17.639 habitantes (IBGE, 2011). Foram realizadas entrevistas utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário composto de perguntas onde se investigou gênero e questões relacionadas à hipertensão, idade, estado civil, escolaridade, etilismo, tabagismo, prática de exercício físico, antecedentes familiares com hipertensão arterial entre outros. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Posteriormente os dados foram analisados por estatística descritiva, no programa Microsoft Excel. Através dos dados obtidos foram criados gráficos e tabelas que orientaram as discussões em torno dos resultados do presente estudo. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta a descrição das características sócio demográficas da população em estudo. A população do estudo constituiu-se de 28 pacientes hipertensos. Destes 85.7% (n=24) corresponderam ao gênero feminino e 14.3% (n=4) ao masculino. Esse grupo participou de uma reunião no dia 28/09/2011 sobre hipertensão e estão entre os duzentos e oitenta e seis hipertensos cadastrados no ESF. A população do bairro é carente e em sua maioria trabalhadores nas lavouras cafeeiras da região. Quanto ao estado civil, a grande maioria (46.4%) se declaram viúvos e 39.3% casados. (Tabela 1) No que diz respeito à escolaridade 53.6% declarou possuir o Ensino Fundamental incompleto (tabela 1), seguidos de 32.14% de analfabetos, sendo que uma pequena faixa relata algum grau de escolaridade e apenas 3.57%, ou seja, 1 indivíduo informa grau superior de estudos. Os entrevistados referiram ser da cor branca (28.6%) e negra (28.6%) em sua grande maioria (Tabela1). Conforme Lessa (1998), encontram-se maiores prevalências entre negros em todos os estudos brasileiros sobre HAS que incluíram a variável raça. Tabela 1: Características sócio demográficas referidas pela população investigada, Matipó, 2011. Característica N=28 % 4 24 14.3 85.7 8 8 12 28.6 28.6 42.8 1 11 13 2 1 3.6 39.3 46.4 7.1 3.6 Gênero Masculino Feminino Faixa Etária 40 – 59 60 – 69 70 ou mais Estado Civil Solteiro Casado Viúvo Separado Outro Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Escolaridade Analfabeto E. Fundamental completo E. Fundamental incompleto E. Médio Completo E. Médio Incompleto Superior 9 2 15 1 0 1 32.14 7.15 53.57 3.57 0.0 3.57 8 8 8 3 1 28.6 28.6 28.6 10.7 3.5 Cor Branca Negra Mulata Amarela Outros A população investigada foi questionada quanto aos fatores que eles consideram de risco para o desenvolvimento da HAS (Tabela 2), seguindo o agrupamento: uso de sal, estresse, bebidas alcoólicas, fumo, alimentos gordurosos, falta de atividade física, uso de anticoncepcionais, hereditariedadee raça. Tabela 2: Fatores relacionados referidos pela população investigada, Matipó 2011. Característica N=28 % Sal Sim 26 92.9 Não 2 7.1 Estresse Sim 25 89.3 Não 3 70.7 Bebidas alcoólicas Sim 23 82.1 Não 5 17.9 Fumo Sim 21 75.0 Não 7 25.0 Alimentos Gordurosos Sim 19 67.9 Não 9 32.1 Falta de Atividade física Sim 26 92.3 Não 2 7.1 Uso de anticoncepcionais Sim 11 39.3 Não 17 60.7 Hereditariedade Sim 23 82.1 Não 5 17.9 Raça Sim 13 46.4 15 Não 53.6 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quanto ao questionamento sobre a terapia não medicamentosa que é praticada pelos indivíduos do grupo de estudo, verifica-se que a maioria, 56.0% referiram praticar atividade fisica devido a pressão alta (Figura 1). Conforme observado na tabela 2, a maioria dos entrevistados, 60.7% acreditam que o uso de anticoncepcionais não influencia na hipertensão arterial, o que não está de acordo com a literatura. O mesmo acontecendo com a variável raça, 53.6% acredita que a raça não influencia na HAS, porém a literatura diz ser mais difícil o controle da pressão arterial na população negra se comparada com a branca (SPRITZER, 1996). De acordo com BLOCH; RODRIGUES e FISZMAN conhecer a distribuição dos fatores de risco (FR) para HA em grupos populacionais é uma das estratégias para a redução desse importante problema de saúde pública. O que reitera as afirmativas de Zaitune (2006) de que: A identificação de vários fatores de risco para hipertensão arterial, tais como: a hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, o nível de escolaridade, o status socioeconômico, a obesidade, o etilismo, o tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais muito colaboraram para os avanços na epidemiologia cardiovascular e, consequentemente, nas medidas preventivas e terapêuticas dos altos índices pressóricos, que abarcam os tratamentos farmacológicos e nãofarmacológicos. (ZAITUNE MPA et al.2006, p. 135). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 3% 24% 56% 17% Exercicio fisico Dieta Nenhum Outros Figura 1 - Terapia nao medicamentosa referida pela populacao investigada CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do perfil estabelecido, percebe-se a necessidade de se conhecer mais a realidade vivida da população circunscrita na área de abrangência da ESF. Entende-se que através do estabelecimento de vínculo equipe-cliente se configuram perspectivas, tanto no sentido de minimizar o desconhecimento por parte do paciente sobre os problemas que acometem sua saúde, quanto permite ao profissional ali inserido uma maior compreensão das particularidades dessa complexa rede de cuidado e suporte que envolve cada família. As constatações traçadas no estudo revelam que o profissional de enfermagem deve ter por meta desenvolver um trabalho articulado com diversos profissionais que atuam na atenção básica à saúde, além de estimular uma efetiva participação da família na construção de melhor qualidade de vida dos idosos. No que diz respeito à detecção de fatores de risco e controle, evidencia-se que os mesmos devem se embasar na programação de ações de efetivo controle da pressão arterial. A presente pesquisa pôde evidenciar a importância de se conhecer o perfil dos hipertensos em cada situação concreta, a fim de orientar estratégias educativas adequadas às especificidades do contexto em estudo. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Dentro das perspectivas apontadas no estudo, para que haja um acompanhamento e controle adequado da hipertensão arterial, não bastam medidas de orientação. Faz-se necessário o desenvolvimento de estratégias que auxiliem o indivíduo na mudança de atitudes contributivas ao controle efetivo da doença. Portanto, verifica-se a importância de os profissionais das ESF realizarem uma busca ativa dos indivíduos que abandonaram o acompanhamento e identificar os elementos causadores de tal atitude. E, então, buscar a reinserção dos mesmos no programa. Entende-se ainda que novos estudos devam ser propostos no mesmo sentido de elucidar as complexas relações entre os fatores pesquisados e a efetividade dos programas de controle da hipertensão arterial. REFERÊNCIAS ARAUJO, Jairo Carneiro de; GUIMARAES, Armênio Costa. Controle da hipertensão arterial em uma unidade de saúde da família. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 3, jun. 2007. BLOCH K V, RODRIGUES CS, FISZMAN R. Epidemiologia dos fatores de risco para hipertensão arterial – uma revisão crítica da literatura brasileira. Revista Brasileira de Hipertensão. vol. .13(2): 134-143, 2006. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Lessa I. O adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia das doenças crônicas não transmissíveis. São Paulo: Ed Hucitec; 1998. LIMA E COSTA MFF, GUERRA HL, BARRETO SM, Guimarães RM. Diagnóstico da situação de saúde da população idosa brasileira: um estudo da mortalidade e das internações hospitalares públicas. Informe Epidemiológico do SUS;9(1):23-41; 2000. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Doenças cardiovasculares no Brasil. Sistema Único de Saúde – SUS: dados epidemiológicos, assistência médica. Brasília: Coordenação de Doenças Cardiovasculares, Ministério da Saúde; 2000. MION JUNIOR, Décio (Coord.). V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. São Paulo, 2006. NOGUEIRA, Jarbas Leite, OLIVEIRA, Rosangela Ziggiotti de. Hipertensão arterial no município de Cianorte, estado do Paraná, Brasil. Acta Scientiarum. 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Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 199-213, abr./set. 1996. Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/revista/1996/vol29n2e3/epidemiologiahipertensaoarterialsiste mica.pdf.Acesso em: 12 out. 2011. ZAITUNE MPA et al. Hipertensão arterial em idosos:prevalência, fatoresassociados e práticasde controle no Município de Campinas,São Paulo, Brasil Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(2):285-294, fev, 2006. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ESTUDO DESCRIVO DE FATORES RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES PÓS-TRATAMENTO Belovine Angelo Ferreira Monteiro e Simone Chaves da Costa Graduadas em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem, Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O câncer é um assunto polêmico e desafiador para a medicina e amedrontador para a população. Um dos principais tipos de cânceres que afetam as mulheres é o câncer de mama. Esse provavelmente é o mais temido devido à sua alta freqüência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Provavelmente, uma série de fatores colabora para o aumento do número de casos da doença. Estabeleceu-se como objetivo, no estudo de caso descritivo qualitativo, discutir os fatores relacionados ao desenvolvimento de câncer de mama em mulheres pós-tratamento. O estudo foi realizado na Estratégia de Saúde da Família, em Abre Campo - MG (sede), com nove mulheres após tratamento de câncer de mama. Os resultados obtidos foram: 33,3% das mulheres realizavam o auto-exame uma vez ao mês; 66,7% mamografia uma vez ao ano; 33,3% acompanhamento a cada seis meses. Os resultados do trabalho puderam nos mostrar a importância da assistência de enfermagem na comunidade através da realização de atividades de prevenção primária. O estudo foi de grande valia para a compreensão do processo de adoecimento do câncer de mama e o comportamento das portadoras da patologia. PALAVRAS-CHAVES: câncer de mama, diagnóstico, incidência, prevenção INTRODUÇÃO O câncer é um assunto polêmico e desafiador para a medicina e amedrontador para a população (INCA 2005). O tema é de grande importância para a área de saúde, principalmente para os profissionais que trabalham com pacientes oncológicos, uma vez que pouco se discute a respeito no dia-a-dia. Conhecer quem efetivamente é o sujeito do cuidado Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 é de grande relevância para que a assistência possa ser oferecida de forma eficaz e satisfatória (PASQUOTE, et al., 2005). O câncer pode levar anos para se manifestar, e é uma doença de uma evolução duradoura (INCA 2009). Existe hoje mais de cem tipos de câncer descritos, a maioria deles tem cura, mas, para isso, precisam ser identificados no seu estágio inicial (INCA, 1996). Geralmente, os tumores aparecem no organismo quando há um crescimento desordenado de determinada célula e esse crescimento é provocado por um problema de ordem genética (CALIL, 2009). Os genes são peças fundamentais da hereditariedade. Controlam todo o organismo, principalmente, a estrutura e as funções metabólicas das células. Com isso, qualquer alteração qualitativa ou quantitativa dos cromossomos, pode resultar em mutações genéticas como, por exemplo, certos tipos de câncer (AMABIS, 2004). Cada tipo de câncer pode ser desencadeado por maneiras diferentes, seja influência genética e/ou exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos (IBCC, 2009). Um dos principais tipos de cânceres que afetam as mulheres é o câncer de mama. Este provavelmente é o mais temido devido à sua alta frequência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos trinta e cinco anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente (INCA, 2009). Na tentativa de amenizar a elevada taxas de mortalidade por câncer de mama, os órgãos governamentais vêm aplicando em campanhas de conscientização da mulher, estabelecendo que as políticas de saúde em detecção precoce é a melhor solução. Quando percebe o diagnóstico no início, o índice de sucesso com o tratamento é superior a 90% e, na maioria das vezes, não é preciso retirar toda a mama, apenas parte dela (PORTO, 2010). A doença do câncer precoce tem diversas etapas. Para os homens não há nenhuma recomendação especial. Mas para as mulheres acima de 30 anos é que elas façam o auto-exame das mamas mensalmente e o exame clínico das mamas uma vez por ano. Já as mulheres acima de 40 anos devem fazer a mamografia Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 regulamente ou caso seja encontrado alguma anormalidade ou nódulo em suas mamas (PORTO, 2010). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de dez vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade em diversos continentes, de acordo com dados obtidos nos Registros de Câncer de Base Populacional. O médico Kawata (2009), do Instituto Brasileiro do Câncer, diz que apesar de os cientistas e pesquisadores ainda não terem desvendado o câncer por completo, este pode ser prevenindo através de hábitos saudáveis, ou seja, qualidade de vida. A psico-oncologia é um exemplo dessa necessidade de união de âmbitos, e que surge como uma nova área de estudo e atua junto às pessoas com câncer. Tem como objetivo abordar aspectos psicológicos envolvidos no adoecimento e no tratamento, lidando também com o contexto familiar e social. (VELOSO, 2001). Portanto o objetivo deste estudo é discutir os fatores relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama em mulheres pós - tratamento. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo o Ministério da Saúde (2008), a avaliação de incidência de câncer de mama no país, que se refere às mulheres, está em torno de 49.400 sendo 400 novos casos a cada ano, ou seja, uma taxa bruta de 53,93%, perdendo para o câncer de pele não-melanoma. De acordo com as estatísticas, o câncer de mama continua na frente como causa de morte em mulheres, seguido pelo câncer de pulmão, cólon e reto, colo do útero e estômago, e constitui a segunda neoplasia maligna que incide no mundo atual. De acordo com dados obtidos através do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 1996), o câncer da mama é a primeira causa de morte em mulheres no Brasil. Na maioria das vezes, o diagnóstico é tardio, devido à ineficiência de controle e rastreamento da doença, que tem na mamografia, aliada ao exame clínico das mamas ao autoexame, seus instrumentos fundamentais. No decorrer de sua vida, a mulher tem 10% de risco para evoluir um câncer de mama. Risco que é ainda maior se já houver casos na família, principalmente com parentesco de primeiro grau (BENVENISTE, 2008). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Provavelmente, uma série de fatores colabora para o aumento do número de casos da doença. Entre os fatores destaca-se a dieta moderna com alto teor de gordura, a vida sedentária e a obesidade, a menarca precoce (idade do primeiro fluxo menstrual), a nuliparidade (ou seja, a ausência de gestação que chega ao término), o uso de hormônio sexual feminino (estrógeno e progesterona), a menopausa tardia ou geneticamente herdada. As mulheres que fazem exercícios físicos têm níveis hormonais mais baixos do que as obesas. Portanto, exercícios físicos e dieta com menos gorduras podem ser fatores protetores contra o câncer de mama. (BENVENISTE, 2008) Benveniste (2008) diz que: (...) hoje, não é raro encontrar meninas que iniciam os ciclos menstruais aos 11 ou 12 anos, a menopausa é cada vez mais tardia e o número de filhos, muito menor. Isso torna as mulheres mais vulneráveis à ação dos hormônios femininos – o estrógeno e a progesterona – que exercem impacto importante no aparecimento do câncer de mama, doença diagnosticada atualmente em mulheres cada vez mais jovens e cuja incidência, ou seja, o número de novos casos da doença tem aumentado nas últimas décadas significativamente. Ainda segundo Benveniste (2008), além desses fatores, a idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco para a doença. A incidência de novos casos é maior em mulheres abaixo de 50 anos e menor nas faixas etárias, superiores. Alguns estudos apontam para dois tipos de câncer de mama: o primeiro ocorre na pré-menopausa é o mais agressivo, o segundo ocorre na pós-menopausa e está associado a um comportamento mais sensível. Para Araújo (2008), a justificativa para a situação das mulheres com câncer de mama seria uma educação individualizada em relação aos fatores de riscos e a demora para procurar o atendimento, seja por falta de acesso, medo ou negação da doença. Esta revelação não é apenas o problema patológico em si, mas também uma fragilidade da mulher que se vê diante de uma doença gravíssima e mortal. O diagnóstico de câncer de mama é feito basicamente através de anamnese, exame físico, autoexame e da propedêutica subsidiária por meio da mamografia, ultra-sonografia e biópsia da lesão (INCA, 2000). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Trata-se de um período que pode ser traumático, principalmente se demorar ou terminar com a confirmação da doença, o que é assustador à vida. A insegurança sobre a duração ou qualidade de vida no futuro requer da mulher um aprendizado, através da experiência, e também a percepção do significado do diagnóstico em sua vida. Tudo isso aliado ao pensamento sobre o que precisa fazer para manter algum controle sobre a doença (BRAGAMASCO; ANGELO, 2001). Durante o diagnóstico, a mulher passa por uma fase difícil de instabilidade, medo, frustrações, conflitos e insegurança. No entanto, os sentimentos e reações da mulher podem variar. O tempo de espera, para que os exames sejam analisados e confirmados, é manifestado em sinais de ansiedade, angústia e desamparo e pode ser preenchido com pensamentos de morte e pânico, induzindo a mulher a interrogar se realmente é câncer maligno ou benigno (BRAGAMASCO; ANGELO, 2001). Para BENVENISTE (2008), é de grande importância que os médicos que cuidam das famílias saibam diagnosticar essa doença e orientá-las quanto à prevenção e aos cuidados, principalmente para aquelas mulheres que ainda não foram acometidas pelo câncer de acordo com a genética. O momento em que a pessoa recebe o diagnostico, na maioria das vezes é decisivo, porque a partir daí há possibilidade de reformular aspectos importantes de sua vida (OMS). Diante dessa assertiva, a Organização Mundial de Saúde (OMS), define qualidade de vida como: “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura, sistemas de valores nos quais ele vive, em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Atualmente, apesar das dificuldades no diagnóstico tardio e na efetividade do tratamento, a maior parte das mulheres acometidas com o câncer irá viver por muitos anos. Nesse sentido, melhorar a qualidade de vida significa um desafio tanto para elas quanto para a enfermagem (INCA 2001). O tratamento para pacientes com câncer está direcionado para aumentar as possibilidades de cura e sobrevida, assim como melhorar a qualidade de vida dos pacientes (INCA 2001). Com relação às reações emocionais que as doenças oncológicas produzem nos doentes, isso irá depender do órgão que é afetado. O diagnóstico de câncer de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 mama provoca reações psicológicas específicas, associadas às mudanças e aos aspectos da feminilidade, sexualidade, gravidez, imagem corporal, o medo dos tratamentos, às dúvidas e à ansiedade (REBELO 2007). O câncer de mama causa alterações físicas, sociais e emocionais gerando um grande impacto na vida das mulheres. Esse impacto acontece quando se pensa na doença, independente do órgão acometido e dos efeitos causados no organismo. Assim existe um conjunto de sentimentos que se encontram diretamente associados (MAKLUF, 2005). Segre e Ferraz (1997) entendem que qualidade de vida seja: “algo inseparável, é uma construção individual, só possível de ser analisada pelo próprio sujeito”. “Padrão de vida” e “qualidade de vida”, ultimamente, são conceitos amplamente debatidos e compartilhados por cientistas sociais e filósofos, pois o crescente progresso tecnológico dentro da área de saúde trouxe como consequência condições crônico e aumento de sobrevida dos pacientes (MAKLUF et al., 2006). Na área de saúde, o interesse pelo conceito qualidade de vida é recente e tem sido mais evidente nas últimas décadas. Essa expressão qualidade de vida é usada em duas vertentes: na linguagem cotidiana, por cidadãos comuns e profissionais de várias áreas, e no contexto da pesquisa científica, na área de economia, sociologia e diversas especialidades da área de saúde. Há um crescente interesse em qualidade de vida como um indicador nos julgamentos clínicos de doenças específicas, tanto para analisar impacto físico, psicossocial e disfunções quanto para analisar incapacidades (BOWLING, 2004). Nesta expectativa, Milene (2001) _ partindo de uma conclusão de que todo indivíduo influencia no processo de seu estado de saúde através de reações psíquicas, crenças cognitivas e respostas comportamentais particulares_ defende que o ato de o individuo se preparar para sua doença é essencial para obter uma participação ativa, positiva e permanente durante o tratamento da doença. É importante compreender que nesse momento é fundamental que a mulher sinta a importância de sua sobrevivência diante de vários transtornos e incertezas Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 manifestados através do medo, da insegurança e morte em relação à doença (INCA 2001). Embora vários aspectos sobre os efeitos psicossociais do câncer sejam conhecidos, compreendemos que a experiência do câncer de mama é ampla e envolve diferentes momentos com significados distintos e com implicações na vida diária e nas relações entre a mulher e as pessoas do seu contexto social (BOWLING, 2004). Cada vez mais se torna indispensável que haja políticas voltadas para a orientação, como por exemplo: o incentivo ao autoexame, a prevenção e detecção precoce de câncer de mama com um objetivo maior de proporcionar a chance de cura ou sobrevida mais longa à mulher. Geralmente, na rede pública de saúde, o atendimento deixa muito a desejar, além do agravante de as mulheres serem tímidas e sofrerem preconceitos durante a realização do autoexame de mama (DAVIM et al., 2003). METODOLOGIA Trata-se de um estudo de natureza descritiva, com abordagem quantitativa. Como mencionado anteriormente, a opção por trabalhar com esse tipo de pesquisa foi devido à mesma possibilitar a identificação de quantas pessoas, de uma determinada população, compartilham uma característica ou um grupo de características, como garante Luna (2002) ao tratar da questão. A pesquisa quantitativa é especialmente projetada para gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística, gerando dados percentuais, que são apresentados de forma a proporcionar a compreensão ágil ao leitor (LUNA, 2002). O estudo foi realizado em uma unidade de Estratégia Saúde da Família (ESF), no município de Abre Campo, localizado na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais. A população é de aproximadamente 13.311 habitantes e a principal fonte de emprego e renda populacional é a agricultura e pecuária (IBGE, 2011). A população da pesquisa é composta por um grupo de mulheres que pertencem a 1.140 famílias cadastradas como integrantes da ESF-Sede. Para a escolha dessas mulheres, contamos com a colaboração do enfermeiro da ESF-Sede Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 que nos forneceu os dados do livro de registro SISMAMA (DATASUS), assim, totalizando 16 mulheres pesquisadas. Foram utilizados como critérios para seleção, mulheres que receberam o diagnóstico de Câncer de mama e realizaram o tratamento, inseridas na população da ESF - Sede do município de Abre Campo. A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2011. Para o levantamento dos dados, foi aplicado um questionário contendo questões fechadas, as quais abordam sobre dados pessoais, conhecimento sobre a doença, fatores de risco e prevenção. Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a participação concretizada através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhes o anonimato e autonomia de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo. Após a coleta de dados, estes foram tabulados no Microsoft Excel, através de estatística descritiva. Desses dados foram gerados gráficos que orientaram a escrita da parte de resultados e discussões desse estudo. RESULTADOS E DISCUSSÕES A população do estudo seria composta de 16 mulheres. No entanto, apenas 9 aceitaram participar da entrevista. A perda de 44% ocorreu, pois algumas não foram encontradas ou não quiseram participar da pesquisa. A Tabela 1 caracteriza a população deste estudo. Tabela 1: Faixa etária, escolaridade, estado civil. CARACTERÍSTICA N=9 % CARACTERÍSTICA N=9 % >30 anos 0 0 ANALFABETO 1 11,1 CARACTERÍSTICA N=9 % CASADA 5 55,6 FAIXA ETÁRIA 30 - 40 anos 40-50 anos > 50 anos 1 0 8 11,1 0 88,9 ESCOLARIDADE 1º GRAU 1º GRAU ENSINO INCOMPLETO COMPLETO SUPERIOR 5 1 2 55,6 11,1 22,2 ESTADO CIVIL VIÚVA SOLTEIRA SEPARADA OUTRO 1 0 2 1 11,1 0 22,2 11,1 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Podemos observar nos dados obtidos que 88,9% das entrevistadas tinham mais de 50 anos. Pinho et al (2009), afirmam que esse tipo de câncer é mais comum em mulheres com idade acima de 50 anos, quanto mais avançada a idade, maior é a probabilidade de a doença aparecer. Segundo Machado (2009), o fator de maior importância e consideração, vivenciado por mulheres que enfrentaram a doença do câncer de mama, é a busca do tratamento que a leve a cura. Das mulheres com câncer de mama 55,6% são de pele parda, 44,5% de pele branca; 88,9% têm mais de um filho, 11,1% nuliparidade; 88,9% aleitamento materno; 55,6% amamentaram até o 6 meses, 11,1% menos de 1 mês, 22,2% mais de 6 meses. Estudos confirmaram que o aleitamento materno pode ser responsável por até 2/3 da redução de câncer de mama (Zerger et al,2008) Quanto ao uso de cigarros 55,6% faziam uso, 44,5% não fumavam. Das que faziam uso do cigarro 44,5% fumavam 1 a 5 cigarros por dia, 11,1% fumavam de 6 a 10 cigarros por dia. Assim, o tabagismo é um fator de risco, embora ainda mais relevante em alguns tipos de câncer, além de doenças pulmonares e cardiovasculares (Zerger et al , 2008) Para Rebello (2007), caminhada é considerada um fator importante para manutenção do condicionamento físico. Entre as mulheres entrevistadas 33,3% praticavam atividade física de 3 a 4 vezes por semana, ao passo que 66,7% não a realizavam . Quanto ao histórico familiar de câncer 88,9% das mulheres relataram fator genético. Desse número, 77,8% possuem casos de câncer de mama e 11,1% outros tipos da doença. Existem vários fatores relacionados ao aparecimento de neoplasias mamárias, entre eles: o histórico familiar; ausência de gestação; primeira gestação após os 30; uso de tratamentos hormonais; histórico de exposição à radiação (ZERGER, et al., 2008). Durante a doença do câncer de mama 44,5% das mulheres relataram receberam apoio familiar, 33,3% da família e do médico, 11,1% da família e de amigos, 11,1% da família, dos amigos e do médico. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quando a mulher recebe o diagnóstico fica assustada. O apoio de familiares, amigos, e pessoas próximas é muito importante para lidar com a doença. O suporte da família a essas mulheres as ajuda a se sentir melhor, superar o medo e vencer as dificuldades (INCA 2009). Das mulheres entrevistadas, 66,7% tinham conhecimento sobre o câncer de mama e 33,3% ficaram surpreendidas com o diagnóstico, pois não tinham nenhum conhecimento sobre o assunto. A dificuldade de aceitação frente à descoberta do tumor provocou uma reação emocional intensa. A ideia de que esse “nódulo” poderia ser câncer, levam as mulheres a imaginarem a perda do seio e a negarem o aparecimento do nódulo (GIANINI, 2004). Em todo o tratamento é importante avaliar periodicamente o estado de saúde do paciente, mesmo quando se considera que está curado, pois existe a possibilidade de recidiva (SOARES, 2007). Figura1 - Auto-exame realizado em mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Ressalta-se que 44,5% das entrevistadas faziam o auto-exame somente quando iam ao médico, 33,3% uma vez ao mês e 22,2 % nunca tinham realizado o auto-exame. A inspeção e palpação das mamas são métodos utilizados para o diagnóstico precoce do câncer. De acordo com ministério da saúde é recomendado que esse exame seja realizado no sétimo dia do ciclo menstrual. Mulher em menopausa à palpação deve ser feita sempre no mesmo dia do mês. O conhecimento sobre as técnicas de realização do auto-exame pode colaborar para alertar os riscos potenciais às mulheres sobre o câncer de mama. A detecção do câncer no estágio Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 inicial aumenta as chances de cura e possibilita usar tratamento menos agressivo ao paciente. (ALVARENGA et al, 2001). Sabe-se que aproximadamente 80% dos tumores são descobertos pela própria mulher ao palpar suas mamas (ALVARENGA, et al., 2001). Figura-2: Freqüência com que as mulheres entrevistadas realizavam a mamografia antes do câncer de mama. Das mulheres entrevistadas 66,7% realizavam mamografia 1 (uma) vez por ano, 33,3% nunca haviam feito. As mortes por câncer de mama podem ser diminuídas quando o tumor é descoberto precocemente. A mamografia é considerada o exame mais seguro para detecção do câncer de mama (KOCH et al 2004). Segundo Frasson et al (1998) diversos ensaios clínicos comprovaram uma diminuição da mortalidade em mulheres acima de 50 anos de idade que realizavam a mamografia anualmente. Sabe-se que as mulheres brasileiras estão morrendo devido ao câncer de mama, pois insistem em escondê-lo por medo ou vergonha. A comunidade científica, em relação à patologia, defende a idéia que todas as mulheres deveriam realizar uma mamografia anual (exame capaz de detectar lesões não palpáveis), a partir dos 50 anos de idade ou, mais precocemente, em caso da existência de um caso de câncer de mama em mãe ou irmã_ antecedente familiar de primeiro grau (KOCH, et al., 2004). Segundo o INCA (2002), O câncer de mama atinge principalmente mulheres em idade em torno da menopausa (entre 45 e 55 anos), mas podem aparecer nódulos benignos em outras faixas etárias que precisam ser tratados. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 3 – Frequência de acompanhamento após o tratamento do câncer de mama. Nos dados analisados com as mulheres que fizeram tratamento de câncer de mama, 33,3% fazem acompanhamento uma vez ao ano, 33,3% a cada 6 meses, 11,1% de 2 em 2 anos, 11,1% 4 vezes ao ano e 11,1% não fazem mais acompanhamento. Após o tratamento do câncer de mama a paciente necessita realizar exames periódicos a fim de monitorar sua condição clínica. O acompanhamento médico se mantém com o objetivo de rastrear eventual recidiva da doença. Após cinco anos deve-se realizar exames anualmente (SANTOS et al, 2010). Segundo Araújo (2009), a mulher portadora do câncer de mama busca uma nova aceitação e reorganiza suas experiências, e se submete ao tratamento, pois almeja obter a cura. CONSIDERAÇÕES FINAIS O câncer de mama é uma doença grave, tem mais chance de cura quando diagnosticada precocemente. A mulher quando descobre que é portadora de câncer de mama fica apreensiva, passa por situações conflitantes e necessita de apoio da família e dos amigos. Tanto elas quanto a família precisam de apoio emocional, especializado e psíquico. Os resultados do trabalho puderam nos mostrar a importância de a assistência de enfermagem realizar atividades de prevenção primária na comunidade, tais como redução do uso do tabaco, estímulo à prática de exercícios físicos e o hábito de realizar o auto-exame todos os meses. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O estudo foi de grande valia para a compreensão do processo de adoecimento do câncer de mama e o comportamento das portadoras da doença em questão. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Ana Maria. Construindo o significado da recorrência da doença: A experiência de mulheres com câncer. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n5/7800.pdf> Acesso em 29 ago. 2011. ALVAGRENGA, Débora Camilo de et al - Câncer de mama: a Importância do Diagnóstico Precoce. www.funcesi.br/Portals/1/Cancer%20de%20Mama.doc Acesso em: 25 ago 2011. ARAÚJO, Almeida Liana Maria. O significado do diagnóstico do câncer de mamapara a mulher. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141481452008000400009&script=sci_arttext> Acesso em 29 ago. 2011. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A INFLUÊNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE TREINADO FRENTE AO SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO PRECOCE E EXCLUSIVIDADE ATÉ OS SEIS MESES DE IDADE DO LACTANTE Marina Polesca Boseja e Roseli Silveira Moreira - Graduadas em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX. Margareth Knupp Toledo de Carvalho – Graduada em Enfermagem, Especialista em Unidade de Terapia Intensiva do Adulto e Neonato. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este trabalho retrata a importância da atuação dos profissionais de saúde, a favor do aleitamento materno. Sendo de suma importância a introdução precoce do aleitamento materno pós-parto, fortalecendo o vínculo afetivo entre mãe e filho. O objetivo deste trabalho foi verificar a influência dos profissionais de saúde no aleitamento materno exclusivo. Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem quantitativa. O trabalho foi realizado em duas cidades distintas da zona da mata mineira, sendo as duas cidades de pequeno porte. Foi utilizado um questionário como instrumentos de coleta de dados, aplicado para vinte puérperas, as quais foram escolhidas devido a data de nascimento de seus filhos serem no mês de março do referido ano, estando, portanto, com seis meses de idade no período da coleta de dados. Foi observado que as puérperas incentivadas, apoiadas e esclarecidas, tendem a ter uma melhor tomada de decisão a favor da amamentação exclusiva. PALAVRAS-CHAVE: aleitamento materno, amamentação exclusiva, atuação da enfermagem. INTRODUÇÃO Amamentar é muito mais que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, na sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional. São vários os argumentos em favor do aleitamento materno, tanto para criança quanto para a mãe, família e sociedade. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Essa prática evita mortes infantis, diarréia, infecção respiratória, diminui o risco de alergias, hipertensão, colesterol alto e diabetes, entre outros, promovendo o vinculo afetivo mãe-filho e melhorando a qualidade de vida do recém-nato (BRASIL, 2009). Em meados de 1850 e 1970, iniciou-se a substituição do leite materno por outros, principalmente em populações desprivilegiadas. Em resposta ao crescente abandono da prática de amamentar, seria necessária uma conscientização, provando que os outros leites usados em substituição do leite materno, poderiam aumentar o risco de agravo à saúde das crianças (GIUGLIANI e LAMOUNIER, 2004). Em 1990 o Brasil foi um dos países participantes de um encontro realizado em Florença, Itália, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF. No referido encontro foi idealizado a “Iniciativa Hospital Amigo da Criança” com a finalidade de apoiar, proteger e promover o aleitamento materno, visando prevenir o desmame precoce. Propôs-se um conjunto de medidas para atingir as metas contidas da “Declaração de Inocente”. Para Giugliani e Lamounier (2004), não basta a mãe estar informada a respeito das vantagens do aleitamento materno e optar pelo mesmo, ela precisa de apoio e estar inserida em um ambiente favorável para que o profissional habilitado possa ajudá-la caso seja necessário. O relacionamento mãe/profissional é fortalecido quando a empatia é praticada, a mãe é escutada com atenção e é elogiada no que faz certo. Desta forma é importante que o profissional faça a mãe se sentir confiante e bem consigo mesma. No entanto, a troca de conhecimento entre profissional e parturiente, se torna uma tarefa árdua a ser vencida. O profissional deve estar sempre alerta e preparado para modificações na sua rotina e postura. Mudar para uma abordagem diferenciada e singular, ajuda no aconselhamento em amamentação. É um desafio que deve ser enfrentado e vencido, para assim poder propiciar a promoção da amamentação (BUENO e TERUYA, 2004). Segundo Marinho e Leal (2004), os profissionais de saúde, por meio de suas atitudes e práticas, podem influenciar positiva ou negativamente o início da amamentação e sua duração. Em particular, as enfermeiras e os obstetras podem Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 incentivar a amamentação e apoiar as mães durante o período pré-natal, o pediatra e a equipe de enfermagem, no período neonatal, ajudando-as a iniciá-la precocemente e a adquirir autoconfiança em sua capacidade de amamentar. A alimentação que a criança recebe, desde o nascimento e nos próximos anos, repercute por toda sua vida (MONTE e GIUGLIANI, 2004). Portanto, este trabalho tem como objetivo verificar a influência dos profissionais de saúde no aleitamento materno exclusivo. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O ATO DE AMAMENTAR Para o Ministério da Saúde (2001), a prática do aleitamento materno, evidencia inúmeros benefícios, tanto para a mãe quanto para a criança. No pósparto, previne contra hemorragias, favorece a regressão uterina, aumenta o vinculo afetivo mãe/filho, além de proporcionar o retorno mais rápido ao peso de antes da gestação; isso quando a criança está em aleitamento materno exclusivo em livre demanda nos seis primeiros meses. Quanto aos benefícios para a criança, o aleitamento diminui a taxa de desnutrição protéico-calórica e consequentemente reduz os índices de mortalidade infantil. O leite materno também é, tanto no aspecto nutricional quanto no digestivo, o alimento mais completo para o lactente menor de seis meses. O outro benefício à criança é a melhora nas respostas vacinais, combatendo às doenças mais rapidamente e diminuindo consideravelmente a possibilidade de desencadear processos alérgicos. Isso promove mais segurança ao bebê, protegendo-o contra infecções (especialmente diarréia e pneumonia), devido à presença de anticorpos, de fatores anti-infecciosos e pela ausência de fatores de risco de contaminação do leite materno. Além disso, o ato de amamentar gera benefícios para sociedade, pois o leite materno já vem pronto e na temperatura exata; não custa nada; diminui a ausência dos pais ao trabalho, uma vez que a criança se mantém mais saudável; diminui os custos de internações por problemas respiratórios, gastrointestinais e outras doenças; como não precisa ser preparado o leite, existe a economia do gás de cozinha. Entretanto, apenas em 2002 começou a existir o consenso mundial de que não existe nenhum alimento complementar, que possa ser introduzido na Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 alimentação antes de 180 dias de vida, que possa trazer mais vantagens que desvantagens para o bebê (MONTE e GIUGLIANI, 2004). Contudo, Silva e Souza (2005) detectaram que ainda morrem, a cada dia, cerca de 1,5 milhões de crianças no mundo porque são inapropriadamente alimentadas. Práticas de alimentação complementar são frequentemente inapropriadas e perigosas e menos de 35% das crianças do mundo são exclusivamente alimentadas ao seio pelos primeiros quatro meses de vida. De acordo com Brasil (2009), os bicos artificiais para amamentação além de ser uma importante fonte de contaminação, podem influenciar negativamente na amamentação. Observa-se que algumas crianças, depois de experimentarem a mamadeira, passam a apresentar dificuldade quando vão mamar no peito, denominando-se como “confusão de bicos”, gerada pela diferença marcante entre a maneira de sugar na mama e na mamadeira. Dessa mesma forma o uso das chupetas também é prejudicial, pois podem ocorrer: candidíase oral (sapinho), otite média, alterações no posicionamento dos dentes, prejuízo à respiração (respiração pela boca), alterações da fala, dentre outros. O aconselhamento para a amamentação é uma ferramenta indispensável. É o ato de acolher ou processo de orientação educativa que parte do profissional para a mãe, favorecendo para que ela possa planejar e tomar suas próprias decisões (BUENO e TERUYA, 2004). Quando as mães são encorajadas a amamentar na primeira hora, tende a amamentar por mais tempo do que quando o processo é iniciado tardiamente. A sucção que o recém-nascido proporciona faz com que aconteça a contração uterina, evitando assim hemorragias e desta forma torna-se desnecessário a utilização de outras medidas para evitar esta complicação (Brasil, 1993). O apoio do marido do companheiro ou até mesmo de outra pessoa, parece ajudar positivamente na duração do aleitamento materno. O apoio social e econômico, emocional e o educacional parecem ser importante sendo o companheiro a pessoa de maior peso nesses diferentes tipos de apoio (FALEIROS; TREZZA e CARANDINA, 2006). Na sala de parto existe a recomendação de que a mãe e o filho não devem ser separados após o nascimento, a não ser que exista uma razão médica Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 necessária (UNICEF, 1998). O profissional da saúde ao assistir o recém nascido (RN) na sala de parto, poderá estar frente a duas situações quanto ao apoio à amamentação: parturiente preparada durante o acompanhamento pré-natal e a não preparada. Cabe ao profissional de saúde sempre orientar. Para isso, recomenda-se uma fala prévia sobre a importância do contato precoce, pele a pele, olhos nos olhos, sendo uma linguagem direta e simples. O profissional nunca deve dar ordens e sim sugerir. Deve ser oferecido todo apoio e ajuda prática para que se estabeleça o contato e aumente a autoconfiança da mãe, abrindo espaço para que a mesma tome suas próprias decisões sobre amamentação naturalmente (BUENO e TERUYA, 2004). Algumas mães, principalmente as primíparas, precisam de ajuda para iniciar, com sucesso, a amamentação. A técnica da amamentação necessita ser aprendida. Muitas mães passam por períodos de separação de seus filhos por motivos de doenças ou mesmo de trabalho. É preciso ensinar e demonstrar a todas as mães, como ordenhar o leite materno quando necessário, orientando-as a oferecer esse leite aos bebês, em copinho, visando assim manter a lactação (OMS, 2001). Segundo Marques e Melo (2008), o alojamento conjunto pode ser definido como uma determinada área hospitalar em que a mãe permanece durante toda sua hospitalização pós-parto com seu RN, local este onde serão prestados todos os cuidados e assistência necessária à saúde de ambos. Dentro do alojamento conjunto, é essencial que haja empatia não podendo nunca ser confundida com simpatia, sendo a empatia o ato de se colocar no lugar do outro, é o trabalho de identificação e compreensão entre pessoas. O relacionamento mãe/profissional é fortalecido quando a empatia é praticada, a mãe é escutada com atenção e é elogiada no que faz certo (BUENO e TERUYA, 2004). De acordo com Lunarde e Bulhosa (2004), é considerado que o compromisso da equipe com a IHAC requer sua permanente mobilização e envolvimento com a efetividade do AM, o que significa um olhar atento para esse processo, uma relação de disponibilidade para interagir com o binômio mãe-filho, perceber facilidades e dificuldades, trocar informações, demonstrar interesse e desejo de ajudar. O acontecimento de possíveis dificuldades enfrentadas pela mulher poderia ser diminuído ou prevenido, buscando confortá-la e orientá-la sobre o manejo com seu filho durante a apojadura do leite, além de garantir o respaldo do hospital para o esclarecimento de qualquer dúvida ou intercorrência. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A qualidade dos cuidados prestados às mães e aos recém-natos demonstra o permanente e contínuo comprometimento com a promoção e manutenção do AM, o que abrange tanto a prevenção como o enfrentamento de conflitos e dificuldades vivenciadas pela mulher antes e durante a prática do AM (LUNARDE e BULHOSA, 2004). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem quantitativa. A pesquisa quantitativa procura estabelecer uma regra, um princípio, algo que reflita a uniformidade do fenômeno (ou parte dele), preocupando-se com o que é comum à maioria das situações. A pesquisa quantitativa é adequada para a regularidade de um fenômeno e não as suas possíveis exceções (FONSECA, 2007). O trabalho foi realizado em duas cidades distintas da zona da mata mineira, sendo as duas cidades de pequeno porte. Uma delas possui um hospital titulado como “Amigo da Criança” que apóia, promove e protege o aleitamento materno. A outra possui um hospital com atendimento convencional onde não existe esse incentivo. A coleta de dados ocorreu a partir de um questionário, o qual foi aplicado através de visita domiciliar para vinte puérperas que tiveram filhos no mês de março de 2011, estando os mesmos com seis meses de idade no período da coleta de dados. As referidas mães foram identificadas através dos registros das entidades citadas. O critério de inclusão utilizado foi por residirem nos Municípios sede dos hospitais. Nas entrevistas, foram abordadas questões sobre a influência e incentivo do aleitamento materno por parte dos profissionais. As mães foram entrevistadas logo após serem orientadas sobre a pesquisa e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados coletados foram processados e analisados por estatística descritiva quantitativa utilizando programa Microsoft Office Excel. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS E DISCUSSÕES Foi realizado um levantamento em dois hospitais distintos e, para facilitar a apresentação e discussão dos dados, foi estabelecido que o Hospital Amigo da Criança denomina-se como “A” e o Hospital Convencional, como “B”. O levantamento inicial revelou que a população de A seria de 13 mães e a população de B 10 mães. No entanto, existiu uma perda em ambos os casos. Foram encontradas apenas 11 mães em A e 9 mães em B. A faixa etária predominante em ambas as população foi a de 20 a 30 anos, sendo 63,6% em A e 55,6% em B (TABELA 1). A escolaridade mais referida foi Ensino Fundamental Incompleto (45,4%) e Ensino Médio Completo (45,4%) em A e em Ensino Médio em B (44,55). Com relação ao estado civil 54,5% das mães de A declararam ser solteiras e 66,7% de B referiram ser casadas (TABELA 1). Tabela 1: Características demográficas da população referida. Característica Faixa Etária Menos de 20 anos 20 – 30 anos 30 a 40 anos Escolaridade Ensino Fundamental Incompleto Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Completo Ensino Superior Incompleto Estado Civil Casada Solteira União Estável A B N = 11 % N=9 % 0 7 4 0 63,6 36,4 2 5 2 22,2 55,6 22,2 5 0 5 1 45.4 0 45.4 9.2 3 1 4 1 33.3 11.1 44.5 11.1 4 6 1 36.4 54.5 9.1 6 3 0 66.7 33.3 0 Em relação à primeira amamentação, as mães que estiveram em A referiram que alimentaram seus recém-nascidos nas primeiras horas, enquanto as mães que estiveram em B só amamentaram seus bebês após 12 horas do nascimento (FIGURA 1). Segundo Brasil (2003), os laços afetivos entre mãe e filho serão intensificados dentre a primeira e segunda hora, principalmente se houver contato pele a pele. Dessa forma, mães que amamentam na sala de parto, tendem a amamentar por mais tempo, pois quanto maior a demora para iniciar a Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 amamentação, maiores serão as barreiras enfrentadas para uma amamentação exclusiva. Figura 1: Primeira amamentação nos dois hospitais. Ainda em relação à primeira amamentação, 90,9% das mães em A referiram ter recebido apoio de algum profissional de saúde na primeira amamentação e os profissionais mais envolvidos nesse processo foram os profissionais de enfermagem (99%). No hospital B receberam 55,6% das mães declararam ter recebido auxílio e todas de profissionais de enfermagem. Para um início bem sucedido de uma amamentação, é primordial verificar qual grupo de mães/recém-nascidos apresentam necessidades de orientações e apoio de um profissional de saúde treinado para fazer avaliação da primeira mamada e identificar problemas iniciais (SHANCHES, 2004). Em relação à forma correta de amamentar, as mães de A declararam que foram orientadas principalmente por técnicos de enfermagem, 73,3% por enfermeiros e médicos, 13,3 % por ambos e 9,1% referiram não ter recebido nenhum tipo de orientação. Já as mães de B apenas 55,6% disseram terem sido instruídas e todas pelos técnicos de enfermagem e as outras 44,4% referiram não ter recebido ajuda nenhuma sobre a amamentação. Outro fator relevante é que as mães de A foram orientadas e incentivadas quanto a amamentação exclusiva em 100% dos casos enquanto as mães de B foram orientadas em 55,6% das vezes e incentivadas em 33,3% à amamentação exclusiva. Segundo Moreira e Fabbro (2005), por meio de atitudes e práticas de um profissional de saúde, existe influência positiva ou negativa na amamentação, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 evidenciando que capacitar e treinar esses profissionais em hospitais promove o aleitamento materno resultando no aumento do tempo de amamentar. Um dado de extrema importância é que as mães atendidas em A relataram que em nenhum momento houve utilização de mamadeira, chuca ou bico, enquanto no hospital B o uso desses utensílios ocorreu em 44,4% dos casos. Na tabela 2 segue os resultados finais da pesquisa, demonstrando quantas crianças ainda amamentam e que tipo de amamentação recebem. Nota-se que em A 81.8% ainda amamentam e 22.2 % são exclusivo, já em B apenas 55.6% amamentam e 20% são exclusivo. Foi observado que varias crianças já haviam iniciado uma alimentação complementar. Tabela 2: Característica Continua amamentando Sim Não Tipo de amamentação Exclusiva Complementar A B N = 11 % N=9 % 9 2 n=9 81.8 18.2 % 5 4 n=5 55.6 44.4 % 2 7 22.2 77.8 1 4 20.0 80.0 Segundo Bueno e Teruya (2004), o alojamento conjunto (AC) é a chave do processo para o sucesso do aleitamento materno. Pode-se observar nos dados colhidos a discrepância entre uma entidade e outra. No hospital A 90,9% mantiveram em AC, contra 9,1% relatados devido a intercorrências no parto. Já no hospital B, 44,4% mantiveram em AC e 55,6% relataram que só após 12 horas obtiveram contato com seu filho. Enfim o AC mostrou ser crucial no quesito vínculo afetivo mãe/filho e demonstrando que as crianças que estiveram em AC por mais tempo mantiveram amamentação prolongada. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho revelou que algumas atitudes e práticas dos profissionais de saúde influenciam na tomada de decisão das puérperas sobre a amamentação exclusiva ou não. O apoio do profissional em uma hora de medo não conseguir amamentar seu filho recém chegado, de fragilidade e de insegurança, torna esse momento único e talvez e decisivo para a escolha da mãe. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Baseado na coleta de dados e nos 10 passos do aleitamento materno observou que o alojamento conjunto, o ato de amamentar na primeira hora após o parto, o não uso de outros alimentos, o apoio dos profissionais nas primeiras amamentações, o encorajamento à amamentação sobre livre demanda, tudo isso exerce influência quanto ao ato de amamentar. Portanto percebemos que a orientação do profissional de saúde treinado e humanizado é capaz de proporcionar uma tomada de decisão a favor da amamentação exclusiva. Não basta o profissional receber um treinamento e o hospital ter uma titulação para o incentivo acontecer, é preciso, além disso, de empenho da equipe de enfermagem, mostrando comprometimento com o que faz. Somente dessa forma, haverá um efetivo trabalho em prol da amamentação exclusiva. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Gabriela Gracia de et AL. Proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno em um hospital universitário. Ciênc. saúde coletiva vol.13 no. 2 Rio de Janeiro Março/abril. 2008 ALMEIDA, João Agripino Guerra; NOVAK, Franz Reis. Amamentação: um hídrico natureza-cultura. Jornal de Pediatria: Rio de Janeiro, páginas S119-S125, 2004. ARAÚJO, Maria de Fátima Moura; OTTO, Ana Flávia Nascimento; SCHMITZ, Bethsáida de Abreu Soares. Primeira avaliação do cumprimento dos "Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno" nos Hospitais Amigos da Criança do Brasil. Revista Brasileira Saúde Materno Infantil vol.3 no.4 Recife Outubro/Dezembro, 2003. BADINTER, E. 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Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Margareth Knupp Toledo de Carvalho – Graduada em Enfermagem, Especialista em Unidade de Terapia Intensiva do Adulto e Neonato Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A amamentação é a melhor maneira de proporcionar o alimento ideal para o crescimento saudável e o desenvolvimento dos recém-nascidos, além de ser parte integral do processo reprodutivo, com importantes implicações para a saúde materna e do lactente. Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo descritiva, que se realizou em uma cidade da Zona da Mata Mineira. A coleta de dados foi através da aplicação de um questionário estruturado repassado às mães de lactentes de seis meses a um ano de idade, cadastradas na Estratégia da Saúde da Família. A presente pesquisa contou com 47 puérperas com idade entre 15 a 49 anos, na qual 100% das entrevistadas afirmaram saber da importância e benefícios do leite materno, porém, de todas as entrevistadas, 6% realizaram o desmame precoce com menos de um mês, e outros 19% com no máximo 3 meses. Pode-se concluir que as mães possuem conhecimento sobre as vantagens do aleitamento materno para o seu filho, uma vez que em seus discursos relatam que a amamentação é importante, principalmente, para promover o desenvolvimento saudável da criança, porém esse conhecimento é de forma simplória e limitada. PALAVRAS CHAVE: Importância do aleitamento materno, desmame precoce, amamentação exclusiva. INTRODUÇÃO A amamentação é a melhor maneira de proporcionar o alimento ideal para o crescimento saudável e o desenvolvimento dos recém-nascidos. É também parte integral do processo reprodutivo, com importantes implicações para a saúde materna, visto que o aleitamento materno é a estratégia isolada que mais previne Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 mortes infantis, promovendo a saúde física, mental e psíquica da criança e da mulher que amamenta (BOCCOLINI, 2011). Segundo Santos, Soleri e Azoubeli (2005), o leite materno apresenta em sua composição água, vitaminas, sais minerais, imunoglobinas, algumas enzimas e lisozimas e muitos outros fatores que ajudam a proteger a criança contra infecções. Nele há também a presença de anticorpos, hormônios e outros componentes que não estão presentes em outras fórmulas infantis de leite, assim se fazendo desnecessária a complementação da alimentação. Segundo Niquini (2010), essa complementação desnecessária se torna um fator de risco para morbimortalidades por diarréia, contudo recomenda-se para a população em geral, que os bebês recebam exclusivamente leite materno durante os primeiros seis meses de vida. Depois dessa idade, com o objetivo de suprir suas necessidades nutricionais, a criança deve começar a receber alimentação complementar segura e adequada, juntamente com a amamentação, até os dois anos de idade. A importância de uma nutrição adequada nos primeiros anos de vida é de extrema relevância para que a criança desenvolva plenamente seu potencial humano, proporcionando a prevenção de doenças e possibilitando um crescimento físico e mental adequados. Estudos comprovam que nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de cinco anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Vários são os fatores que influenciam a prática do aleitamento materno. Entre o mais importantes está a falta de conhecimento das puérperas em relação às vantagens do leito materno, e isto leva essas nutrizes a realizarem o uso de chupetas, bicos e outros complementos alimentares (TEIXEIRA, 2006). Segundo Almeida; Fernandes e Araújo (2004), o enfermeiro deve identificar, durante o pré-natal, os conhecimentos, as experiências práticas, as crenças e a vivência social e familiar da gestante com intuito de promover educação continuada incentivando o aleitamento materno. Por isso, devem munirse de conhecimentos técnico-científicos atualizados. A equipe de enfermagem deve sempre estar preparada para prestar assistência adequada às puérperas, visto que, esse despreparo dos profissionais Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 agrava ainda mais o risco para um desmame. Desta forma é de extrema importância o conhecimento desses enfermeiros no incentivo ao aleitamento materno exclusivo, visando minimizar as taxas de desmame precoce (ORIÁ; GLICK E ALVES, 2005). O hábito alimentar e a amamentação estão intrinsecamente ligados ao desenvolvimento e aos padrões culturais de uma determinada população. Esse fato justifica a necessidade de estudos e estratégias regionais que permitam atuação mais eficaz de medidas de intervenção, a partir do conhecimento da realidade local (NIQUINI, 2010). O objetivo principal do trabalho, portanto, é avaliar o conhecimento de puérperas sobre a amamentação e seus benefícios. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Vantagens do aleitamento materno O aleitamento materno, de forma incontestável, contribui com a saúde biológica e emocional tanto da mãe quanto do filho e também traz benefícios para a família e sociedade em geral (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). De acordo com o Ministério da Saúde (2009), a proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança. Assim, a mortalidade por doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém, ainda é o dobro no segundo ano de vida. A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários estudos realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil, principalmente em relação a otites. Essa proteção é maior quando a amamentação é exclusiva no primeiro semestre de vida. Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Marcondes et al. (2003), afirmam que também há fator de proteção contra outras doenças infecciosas. Estudos comprovam que o leite materno protege contra sepse, enterocolite necrosante e infecção urinária. A criança que continua em aleitamento materno durante uma infecção se recupera mais rapidamente. O leite materno continua ajudando a evitar doenças e facilitando a recuperação Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 durante o segundo e terceiro anos de vida. Crianças amamentadas naturalmente têm menos quadros infecciosos porque o leite materno é estéril, isento de bactérias e contém fatores anti-infecciosos. Além disso, as lactantes apresentam uma menor probabilidade de desenvolverem osteoporose e obesidade no futuro. Também é comprovado que as mulheres que amamentam retornam mais rapidamente ao seu peso prégestacional, pois propicia o fornecimento de nutrientes da mãe para o bebê, com dispêndio de cerca de 500 calorias por dia (MARCONDES et al., 2003). Desmame precoce De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o termo desmame precoce se dá através de um processo gradual se iniciando com qualquer alimento na dieta de qualquer criança e este não sendo o leite materno, ou seja, é o uso de complementos como chás, sucos e a água, levando a suspensão completa do leite materno. A mulher é capaz de vivenciar a amamentação com sucesso, se estiver preparada para exercê-la a partir do conhecimento dos aspectos básicos e práticos desse processo. Os fatores causais do desmame precoce residem, em sua maioria, no desconhecimento desse conteúdo. A maioria dos programas desenvolvem ações educativas para gestantes e nutrizes, enfocando os aspectos técnicos e biológicos da amamentação (SILVA, 2000). Porém, nos últimos anos, apesar dos avanços conseguidos na adesão das mulheres à prática da amamentação, dos esforços dos programas, governamentais e não governamentais, do incentivo ao aleitamento materno e das vantagens da amamentação serem apresentadas com contundência pela comunidade científica, o desmame precoce ainda é uma tendência latente que vem causando preocupações e frequentemente, sendo alvo de pesquisas cientificas (ALMEIDA e NOVAK, 2004; SILVA, 2000). O desmame precoce é também decorrente da insuficiência dos serviços de saúde em prestarem um apoio às lactantes de forma que consigam resolver seus problemas referentes à amamentação, satisfazendo o lactente. Essa insuficiência leva as nutrizes a realizarem o desmame precoce, diminuindo consideravelmente Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 as taxas do uso exclusivo do leite materno nos primeiros seis meses de vida (CALDEIRA, 2008). Vários são os fatores que contribuem para o desmame precoce, porém, nunca assumidos pelas mães. Os problemas podem ser o leite fraco, em pouca quantidade, mamilo invertido e ou doloridos, choro intenso do bebê, recusa o peito, e a possível falta de apoio dos profissionais de saúde contribuindo para o agravamento dos problemas decorrentes dessas interrupções da amamentação (TEIXEIRA, 2008). A decisão que a nutriz toma de desmamar seu filho não deve ser considerado como sendo resultado de fatores isolados e dependentes exclusivamente dos conhecimentos e habilidades no manejo da amamentação, mas, sim, relação de fatores associados entre a mãe, o recém-nascido e o contexto em que eles se encontram em uma dada dimensão espaço-temporal (SILVA, 2000; REA e CUKIER, 1988). Para Kawamoto; Santos e Mattos (1995), a prática do desmame precoce teve aumento com o início da urbanização, o avanço tecnológico da medicina e a industrialização que causaram mudanças nos valores sociais, que acarretaram no uso indevido de substitutos do leite materno. Além disso, várias outras razões são apontadas como causas do desmame precoce, entre elas, podemos citar: a falta de informações e segurança da mãe sobre as vantagens do leite materno para a mulher, bebê, família e sociedade; o despreparo dos profissionais de saúde para resolução dos problemas mais comuns da amamentação; a propaganda dos leites industrializados; a fraca atuação dos serviços de saúde no apoio à mãe nutriz; a família para que consigam resolver os principais problemas decorrentes da amamentação e a volta da mulher ao trabalho fora do lar (TEIXEIRA e NITSCHKE, 2008; OLIVEIRA e SILVA, 2003). O desmame precoce é prejudicial à mãe e ao bebê, visto que os mesmos perdem os benefícios oferecidos pelo aleitamento materno, em especial, o exclusivo. Dessa forma, coloca-se em risco, principalmente, a saúde da criança, aumentando os índices de morbi-mortalidade infantil (ICHISATO e SHIMO, 2002; NAKANO et al., 2007). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo descritiva, que se realizou em uma cidade da Zona da Mata Mineira. A coleta de dados foi feita através da aplicação de um questionário estruturado repassado às mães de lactentes de seis meses a um ano de idade. Foi utilizado esse critério de exclusão, visto que se o recém nascido estivesse com menos de seis meses e o ato da amamentação não estivesse sendo realizado as puérperas poderiam ficar receosas em acabar respondendo que não realizaram desmame precoce, assim alterando os dados da pesquisa. De acordo com Marconi e Lakatos (2008), o método quantitativo caracterizase pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas. A população da presente pesquisa foi constituída por puérperas que possuem bebês de 6 meses a 1 ano de idade, acompanhadas pela equipe de Estratégia da Saúde da Família e residem em uma cidade da Zona da Mata Mineira, cuja população é de aproximadamente 17.639 habitantes (IBGE, 2010). A população total de puérperas é constituída de 125 mulheres, sendo utilizado como critério de inclusão as que residem na área urbana da descrita cidade que somam um total de 93 puérperas. A aplicação dos questionários foi realizada através de visita domiciliar com as mães selecionadas e ocorreu nos meses de outubro e novembro de 2011. O questionário aplicado é de fácil entendimento contendo quatro perguntas fechadas correlacionadas ao perfil sócio-demográfico e mais sete perguntas também fechadas relacionadas ao conhecimento das puérperas quanto ao aleitamento. Foram obedecidas, nesta pesquisa, as orientações contidas na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos com a Instituição que autorizou a realização da pesquisa, quanto com os sujeitos que cederam as entrevistas após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Aos participantes do estudo foram informados sobre os objetivos da pesquisa e as possíveis utilizações das informações obtidas para Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 estudos posteriores, adotando-se o anonimato dos informantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996). Após a coleta dos dados, os mesmos foram agrupados, analisados quantitativamente e tabulados no Microsoft Excel. Essa análise foi realizada por meio da estatística descritiva e os dados demonstrados através de gráficos, que permitiram a verificação da frequência total e relativa das respostas que explicam a parte escrita dos resultados e discussões do trabalho. RESULTADOS E DISCUSSÃO A presente pesquisa conta com 125 puérperas, porém, devido a contratempos como desencontros foi possível avaliar uma amostra de 47 puérperas com lactentes de seis meses a um ano idade. Dentre as mulheres entrevistadas a idade entre elas varia de 15 a 49 anos com idade média de 25,5 anos. Com relação ao estado civil das mesmas 72% são casadas, 24% solteiras e mais 4% são divorciadas. Já em relação à escolaridade 8,5% tem ensino superior completo, 4,5% cursam a graduação, 8,5% tem o 2º grau incompleto, 36% possuem 2º grau completo, 19% tem até a 8º série, 17% tem até a 4º série, 4,5% dizem apenas saberem ler e escrever e ainda 2% são analfabetas. Faleiros, Trezza e Carandina (2006) mostram que quanto maior o nível de escolaridade materna, maior a probabilidade de a criança estar em amamentação exclusiva, sendo que as mulheres com até quatro anos de escolaridade têm 2,2 vezes mais chances de realizar o desmame precoce de seus filhos nos primeiros meses de vida quando comparadas às mulheres com 13 anos e mais de escolaridade. Em conformidade com o exposto, Araújo et al. (2008), afirmam que no que se refere ao grau de instrução materna, muitos estudos têm demonstrado que esse fator afeta a motivação para o amamentar. Em muitos países desenvolvidos, mães com maior grau de instrução tendem a amamentar por mais tempo, talvez pela possibilidade de uma maior acessibilidade a informações sobre as vantagens do aleitamento materno. Já em países em desenvolvimento, as mães de classes menos favorecidas, também menos instruídas, frequentemente não casadas, Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 começam o pré-natal mais tarde e, consequentemente, se preocupam em decidir sobre a forma do aleitamento também mais tarde. Em contrapartida, Venâncio et al. (2002), ao analisar os fatores associados ao aleitamento materno em menores de um ano mostraram que o nível de escolaridade materna não tem influencia significativa no desmame precoce. Com relação ao número de filhos, nota-se que 59% das investigadas têm apenas um filho, outras 24% têm dois e mais 17% têm três filhos. As púerperas também foram questionadas quanto ao vínculo empregatício, onde 76% responderam não exercer nenhum tipo de trabalho fora do lar, e outros 24% tomam conta da casa e ainda trabalham fora. Quanto ao conhecimento sobre aleitamento materno 100% das entrevistadas afirmam saber da importância e benefícios do leite materno. A Figura 1 demonstra que das entrevistadas, 56% referiram que o leite materno ajuda no combate a prevenção de doenças. Figura 1: Importância do aleitamento materno. As puérperas foram questionadas até quantos meses seus filhos foram amamentados exclusivamente no peito, ou seja, se essas mães realizaram ou não o desmame precoce. Nota-se que 6% das entrevistadas realizaram o desmame precoce com menos de um mês e outros 19% com no máximo 3 meses. Esse fato comprova que o conhecimento em relação ao aleitamento materno é insuficiente para que possa evitar o desmame precoce. Souza e Bispo (2007) encontraram em sua pesquisa valor semelhante, na qual constataram que o aleitamento materno exclusivo foi de 120 dias. Com isso é possível afirmar que os valores encontrados no presente trabalho estão equiparados a outras literaturas. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O aleitamento materno exclusivo deve ocorrer até os seis meses de vida, porém, o Ministério da Saúde (2009), através de um estudo, estabelece uma estimativa de 54,11 dias de amamentação exclusiva, ou seja, o desmame acontece por volta de 1,8 meses. Fato este que também foi apresentado na presente pesquisa. Figura 2: Amamentaram exclusivamente seus filhos no peito. Mesmo com 85% das entrevistadas afirmando ter recebido alguma informação sobre as vantagens da amamentação exclusiva até os seis meses, ainda percebe-se (Figura 2) que 36% das mulheres realizaram o ato do desmame precoce até o quinto mês de vida do bebê. Segundo Lowdermilk; Perry e Bobak (2002) as intervenções efetivas dos profissionais de saúde nos primeiros dias após o parto enfocam na ajuda à mãe e ao bebê no início do aleitamento materno, visando atingir algum grau de sucesso e satisfação antes da alta hospitalar, para que, quando no retorno ao lar, a mãe se sinta segura na manutenção dessa prática. Para Almeida; Fernandes e Araújo (2004) no período puerperal_ em que o processo de lactação se torna concreto e a capacidade de amamentar da puérpera se torna alvo de críticas desencorajadoras e diante de dificuldades com o bebê_ é colocada a dúvida da quantidade e qualidade do leite materno. A mãe pode entender essa atitude como incapacidade de cuidar de seu filho e como consequência disso poderá inibir a lactação, devido à sua ansiedade. Assim também Carvalho e Tamez (2005) apontam que, nas primeiras semanas do puerpério, é de extrema necessidade que haja visitas domiciliares por parte dos profissionais de saúde. Durante esses primeiros dias críticos, as mães podem sentirAnais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 se desencorajadas, sem apoio e suporte, uma vez que várias dúvidas e problemas em relação à amamentação podem surgir e tornar a mulher vulnerável e insegura, causando uma possível descontinuação do aleitamento materno. Dentre as investigadas 74% relatam que receberam algum suporte para amamentar logo após o parto. A partir destes dados foi criado um gráfico demonstrando quais profissionais estão interagindo com essas púerperas para orientá-las com relação à amamentação. A figura 3 apresenta esses dados distribuídos em porcentagens para enfermeiros, médicos e outros. Figura 3: Profissionais que dao suporte para as puérperas logo após o parto. Pode-se notar que a equipe de Enfermagem é a que mais auxilia e presta serviços sobre o aleitamento materno. Carvalho e Tamez (2005) afirmam que é de extrema necessidade o investimento no preparo e aperfeiçoamento da equipe de enfermagem, pois essa, se bem preparada e treinada para dar suporte no processo da amamentação, pode influenciar grandemente na incidência do mesmo na comunidade em que atua. Em relação a se as puérperas apresentaram alguma dificuldade durante amamentação 57% afirmam que não encontraram nenhum empecilho no ato de amamentar. Para Almeida; Fernandes e Araújo (2004), como as atividades de prevenção e promoção para a saúde fazem parte do papel do enfermeiro, ele deve investir em atividades como visitas domiciliares, palestras, grupos de apoio e aconselhamento para incentivo e manutenção do aleitamento exclusivo, a fim de intensificar as ações promovidas durante o período de pré-natal e pós-parto. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 E quanto ao papel do profissional enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno apenas 4% relataram que os enfermeiros não apresentam papel importante em relação ao incentivo da amamentação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se concluir que as mães possuem conhecimento sobre a importância do aleitamento materno para seu filho, uma vez que em seus discursos elas relatam que a amamentação é importante, principalmente, para promover o desenvolvimento saudável da criança, porém, esse conhecimento é de forma simplória e limitada. As mães devem ser acompanhadas e educadas em relação ao aleitamento materno porque o ato de amamentar, embora pareça natural e instintivo, está envolvido em crenças, mitos, culturas e experiências concretas que envolvem as nutrizes. As mães que são bem informadas sobre a amamentação, dependendo do grau de compreensão, passam a conhecer bem sua importância, mas se não tiverem um acompanhamento e o apoio dos profissionais de saúde e da família normalmente não conseguem superar as dificuldades, ocorrendo o desmame precoce e, assim, desfavorecendo o desenvolvimento do bebê. Contudo, existe uma grande necessidade de treinamentos específicos em aleitamento materno para toda equipe de saúde, envolvendo tanto a rede básica de saúde quanto a hospitalar, para que assim os profissionais de todas as áreas estejam engajados e bem informados, proporcionando então não somente informações técnicas e científicas às mães, mas também apoio psicológico, incentivando-as para a realização do aleitamento materno, proporcionando assim melhor qualidade de vida para o binômio mãe-filho, a família e a comunidade. Diante de tudo que foi exposto ao longo do trabalho, pode-se concluir que o desmame precoce não é determinado por fatores isolados, mas sim por um emaranhado de situações que levam ao baixo índice da prática de amamentação em nossa comunidade. Sendo determinados por um conjunto de fatores sócio-culturais, mas principalmente pelo perfil psicológico da mãe que amamenta, pois a determinação e a vontade de amamentar podem ser consideradas como os fatores decisivos para a manutenção do aleitamento materno. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS ALMEIDA, João Aprigio Guerra de; NOVAK, Franz Reis. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, vol.80, n.5, p.119-125, 2004. ALMEIDA, Nilza Alves Marques; FERNANDES, Aline Garcia; ARAÚJO, Cleide Gomes. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, vol. 06, n. 03, p. 358-367, 2004. ARAUJO, Olívia Dias de et al. Aleitamento materno: fatores que levam ao desmame precoce. Revista brasileira de enfermagem, vol.61, n.4, p. 488-492, 2008. AZOUBELI, Reinaldo. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM FUNCIONARIOS DE UMA DISTRIBUIDORA ALIMENTÍCIA DA ZONA DA MATA MINEIRA Joana D´arque Mendes – Graduada em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A hipertensão arterial pode ser entendida como uma síndrome multifatorial, pouco conhecida, onde interações complexas entre fatores genéticos e ambientais causam o aumento desordenado da pressão arterial. Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem quantitativa que se realizou em uma distribuidora alimentícia, localizada na cidade de Matipó-MG, Zona da Mata Mineira. Foram pesquisadas 58 pessoas, sendo que 60% são do sexo masculino. De todos os pesquisados, 79% afirmam não fumarem, 58% usam bebidas alcoólicas e 52% desses investigados possuem na família alguém que tenha hipertensão arterial. Pode-se concluir com a presente pesquisa que a maior parte desses trabalhadores estão expostos ao desenvolvimento da hipertensão arterial devido ao uso de bebidas, cigarros, ou seja, o estilo de vida desses trabalhadores influencia totalmente na qualidade de vida e saúde dos mesmos. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial, Fatores de risco, Trabalhadores. INTRODUÇÃO No âmbito de saúde do trabalhador, os processos de trabalho, nos seus diversos aspectos, tendem a se transformar e, assim se fazendo, eliminar os riscos e buscando novas formas de inserção dos trabalhadores no seu campo de trabalho, propiciando a saúde e a qualidade de vida dos mesmos (PENTEADO et al, 2008). Para Smeltzer (2006) a pressão arterial é classificada como a força com a qual o coração ejeta o sangue através dos vasos sanguíneos, determinada pelo volume de sangue e a resistência vascular. A pressão pode ser modificada devido Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ao aumento ou diminuição do volume sérico ou simplesmente pelo ritmo cardíaco, porém os fatores extrínsecos podem afetar e alterar seu ritmo. Quando ocorre uma alteração dessa pressão arterial, surge então a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Uma patologia caracterizada por uma síndrome clínica onde se tem a elevação da HAS a níveis iguais ou superiores a 140 mm Hg de pressão sistólica e 90 mm Hg de diastólica. Isso em pelo menos duas ou três aferições subsequentes obtidas em dias diferentes ou em condições de repouso e ambiente tranquilo. As lesões nos órgãos alvos como rins, cérebro e coração quase sempre acompanham o desenvolvimento da HAS, pois é uma doença que na maioria das vezes se apresenta de forma silenciosa sem sintomas, entretanto ela pode matar (SILVA e SOUZA, 2004). A preocupação com a HAS intensificou-se a partir da década de 50, quando ela passou a ser vista como um problema da área de saúde. Hoje a HAS é dada como um grave problema de saúde pública devida sua magnitude, riscos e dificuldades de controle. Isso acontece muitas vezes por falta de adesão ao tratamento ou baixo grau de conhecimento a respeito da doença. Além disso, essa doença é conhecida como um dos mais importantes fatores de risco para desenvolvimento de acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio. As causas para desenvolvimento da HAS, na maioria das vezes, não são bem conhecidas. Porém, vários são os fatores que podem favorecer o desenvolvimento da doença (sedentarismo, estresse, tabagismo, etilismo, histórico familiar, raça, e fatores dietéticos) (BISI MOLINA, 2003; DELL’ACQUA et al, 1997; COLTRO, 2009). Quando diagnosticado precocemente, os portadores de hipertensão têm uma grande probabilidade de redução de serem atingido por eventos mórbidos cardiovasculares, cerebrais e renais (SOUZA, 1994). Pesquisa do Ministério da Saúde (2006) “mostra que a proporção de brasileiros diagnosticados com hipertensão arterial aumentou nos últimos cinco anos, passando de 21,6%, em 2006, para 23,3%, em 2010”. Sendo assim, o objetivo deste estudo é realizar um levantamento dos principais fatores de risco para Hipertensão Arterial em funcionários de uma distribuidora alimentícia da Zona da Mata Mineira. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA A HAS pode ser entendida como uma síndrome multifatorial, pouco conhecida, onde interações complexas entre fatores genéticos e ambientais causem o aumento desordenado da pressão arterial. Em aproximadamente 90% a 95% dos casos não existe etiologia conhecida, tornando-se uma doença crônica, porém o controle da patologia pode ser obtido por mudanças no estilo de vida e tratamento farmacológico (SILVA e SOUZA, 2004). Segundo Car, Egry (1996), a partir da década de 50, começou existir uma preocupação com a HAS, como um problema da área de saúde. Isso aconteceu principalmente devido à sua frequente associação com o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares. A HAS tem sido apresentada em diversos estudos como a principal causa de morbi-mortalidade e distúrbios cardíacos, porém o difícil diagnóstico acarreta um grande desafio na prevenção e tratamento. Para que se possa ter uma melhor qualidade de vida as equipes de saúde devem realizar uma busca com o intuito de realizar a aferição da pressão arterial dos indivíduos, pois esse simples procedimento poderá identificar níveis pressóricos elevados em pessoas aparentemente saudáveis. Com essa detecção precoce, pode-se começar um tratamento farmacológico ou um não farmacológico melhorando assim a qualidade de vida desses indivíduos (CONCEIÇÃO et al. 2006). Essas considerações são importantes, pois a HAS é um fator de risco para doenças decorrentes de aterosclerose e trombose, que se exteriorizam, predominantemente, por acometimento cardíaco, cerebral, renal e vascular periférico. Doenças cardiovasculares são consideradas como primeira causa de hospitalização no setor público, entre meados dos anos 1996 e 1999, chegando há atingir cerca de 10% da população adulta, e é responsável por 33% dos óbitos com causas conhecidas (DELL’ACQUA et al. 1997). Vários são os fatores de risco para desenvolvimento e agravamento da HAS e suas malignidades, os quais podemos citar: o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, uso de tabaco, a obesidade, uso de anticoncepcionais, etnia, a não realização de atividades físicas regulares e fatores genéticos (BISI MOLINA, 2003 e CARNEIRO et al. 2003). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os mesmos autores acima falam que apesar de consolidada a relação entre HAS e os fatores nutricionais, ainda não são bem esclarecidos os mecanismos de atuação destes sobre a elevação da pressão arterial. Analisando os fatores de risco pode-se perceber que (Carneiro et al. 2003), a prevalência de obesidade tem aumentado em todo o mundo e vem se tornando o maior problema de saúde na sociedade moderna na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Quando comparados aos indivíduos com peso normal, aqueles com sobrepeso possuem maior risco de desenvolver diabetes mellitus (DM), dislipidemia e HAS, condições que favorecem o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV). Assim como a obesidade a raça também é um fator de risco para o desenvolvimento da HAS, estudos de prevalência feitos nos Estados Unidos mostram que os negros têm maior tendência em desenvolver a doença do que os brancos (LOLIO et al. 1993). Tratando-se de hereditariedade, Silva e Souza (2004) afirmam que 1/3 da população que desenvolve a HAS, está diretamente relacionada ao traço genético. As condições de trabalho também são importantes, pois geram impacto à saúde do trabalhador, uma vez que grande parte da sua vida se passa no ambiente laboral. Além disso, o trabalho pode influenciar comportamentos e oferecer condições de risco que podem afetar o processo saúde-doença, conduzindo a pessoa à doença (SANTOS e LIMA, 2008). Pessuto e Carvalho (1998) concordam com os autores citados acima, mostrando que a profissão está diretamente relacionada à elevação da pressão arterial. Os mesmos mostram que os índices mais baixos de pressão arterial ocorrem nos grupos socialmente mais privilegiados, ou seja, aqueles que têm empregos mais leves, que trabalham menos horas por dia. Já os autores Lolio et al. (1993) não relacionam a hipertensão somente à ocupação, mas também à renda familiar e escolaridade. Esses são considerados indicadores de classe social, pois a patologia tem se mostrado mais frequente em trabalhadores situados nas classes mais desfavorecidas e com menor escolaridade. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quanto ao tratamento, Smeltzer (2006) apresentam dois tipos: o tratamento não farmacológico e o tratamento farmacológico. O tratamento não farmacológico se baseia no estilo de vida que cada pessoa leva, a pessoa deve sempre manter o peso corporal adequado para sua estatura, realizar de forma constante atividades físicas, evitar uso de tabaco, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas, reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos, evitar o uso continuo das fontes industrializadas com temperos prontos, dar preferência aos alimentos naturais e substituir alimentos fritos por grelhados ou assados (SMELTZER, 2006). Os agentes anti-hipertensivos exercem ações distintas interferindo na fisiopatologia da hipertensão arterial (SMELTZER, 2006; RANG e DALE, 1993). Segundo Rang e Dale (1993) o tratamento farmacológico baseia-se no uso dos fármacos diuréticos, beta bloqueadores, antagonista do sistema renina angiotensina, vasodilatadores diretos, inibidores adrenérgicos, bloqueadores do canal de cálcio, entre outros. O Ministério da Saúde (2006) apresenta esquemas terapêuticos para o tratamento dos pacientes hipertensos. FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE (2006). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Dessa forma, Bisi Molina et al. (2003) comprovam que o conhecimento da prevalência da hipertensão arterial sistêmica HAS e de seus fatores de risco pode ser de grande valor para orientar o planejamento das políticas de saúde. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem quantitativa, que se realizou em uma distribuidora alimentícia, localizada na cidade de Matipó-MG, Zona da Mata Mineira, onde foram avaliados os funcionários quanto a questões relacionadas à saúde. Quando se realiza uma pesquisa quantitativa, busca-se analisar o comportamento das variáveis individualmente ou na sua relação de associação ou de dependência com outras variáveis (quando há causalidade). São elaborados diversos gráficos ou tabelas de frequências uni variadas (uma variável), com cruzamentos de duas variáveis ou mais, no intuito de identificar características ou fatores explicativos dos fenômenos em estudo (SANTOS 2009). A coleta de dados ocorreu no mês de novembro do ano de 2011, o questionário aplicado aos entrevistados se encontra no anexo I. A pesquisa foi realizada através de um questionário estruturado que aborda as questões relacionadas aos fatores de risco para o desenvolvimento da HAS. A pesquisa respeitou as orientações contidas na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos com a Instituição que autorizou a realização da pesquisa, quanto com os sujeitos que cederam as entrevistas após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (BRASIL, 1996). Após a aplicação dos questionários, os mesmo foram tabulados no Microsoft Excel e analisados através de estatística descritiva. Desses dados, foram gerados gráficos que orientaram a escrita e discussão dos resultados. RESSULTADOS E DISCUSSÃO Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Foram pesquisadas 58 pessoas, sendo 60% do gênero masculino, 35% do feminino, 5% não responderam essa opção. Quanto ao estado civil, 35% dos pesquisados são casados 44% são solteiros 3% viúvos, 3% separados e o restante não respondeu à questão. A tabela abaixo apresenta o grau de escolaridade dos pesquisados. TABELA 1. Caracterização sociodemográfica da amostra (n = 58) Característica N= 58 % Escolaridade Analfabetos 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau completo 2º grau incompleto Superior incompleto Superior complete Sem resposta 1 13 9 12 6 11 3 3 2 22 16 21 10 19 5 5 Para Pessuto e Carvalho (1998), quanto maior a escolaridade menor o índice de desenvolvimento de HAS. Isso porque se considera o nível de escolaridade um fator essencial para o melhor entendimento da patologia em questão, o que resulta em uma melhor adesão ao tratamento e a uma menor exposição aos fatores de risco para desenvolvimento da HAS. A população referiu sobre a presença de HAS em familiares e 52% declararam ter parentes com a patologia. Os traços genéticos podem ser considerados como fator de risco para o surgimento da HAS, visto que, a cada 100 indivíduos que desenvolvam a hipertensão, 33,3% destes foram devido aos traços genéticos (SILVA E SOUZA, 2004). Já em relação ao uso de bebidas alcoólicas, 58% afirmam consumirem a bebida alcoólica. A Figura 1 refere-se à frequência de utilização dessas substâncias por aqueles que declararam utilizá-las. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 1: Frequência de consumo semanal de bebidas alcoólicas. Como se pode observar, 15% dizem utilizar de 3 a 4 vezes na semana. O que representa um fato preocupante, visto que a ingestão de bebidas alcoólicas gera alterações na pressão arterial, deixando a pessoa predisposta ao surgimento da HAS (SMELTZER, 2006). Para Castro, Rolim e Mauricio (2005), a redução da ingestão de bebidas alcoólicas e também a diminuição na ingestão de alimentos gordurosos minimizam o risco para desenvolver a HAS. Quando questionados em relação ao uso de cigarros, apenas 21% referiram fazer o uso dessa substância. A Figura 2 refere-se à quantidade de cigarros consumidos diariamente por aqueles que afirmaram utilizá-lo. Figura 2: Frequência de consumo diária de cigarros. Nota-se que 8% fazem uso de mais de 20 cigarros por dia. Segundo Smeltzer (2006), a nicotina é uma substância que aumenta o risco de desenvolver Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 um enfisema pulmonar, devido o uso excessivo dessa substância. Isso porque a mesma se acumula nos espaços alveolares e por difusão entra na artéria e acaba se depositando na parede das artérias tornando a circulação sanguínea dificultada, assim aumentado o risco de patologias posteriores ao surgimento da HAS. Das mulheres participantes deste estudo, 18% referiram utilizar anticoncepcionais. Mulheres que fazem uso de anticoncepcionais apresentam duas a três vezes mais chances de desenvolver HAS e essa expectativa ainda aumentam entre as que são obesas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Quanto às atividades físicas, 50% afirmam não praticar nenhum tipo de atividade, porém 48% dizem praticar exercícios regularmente e 2% não responderam essa questão. A Figura 3 refere-se à frequência semanal de realização de atividade física referida pela população investigada. Figura 3: Freqüência de realização de atividades físicas. Smeltzer (2006) apresenta a prática da atividade física como meio de tratamento não farmacológico da hipertensão. Descreve também que essa prática exercícios pode minimizar os riscos de desenvolvimento da patologia. Pitanga (2002) fala que a prática de exercícios físicos pode levar à minimização do surgimento de doenças como a hipertensão. Isso ocorre porque o exercício aumenta a imunidade do indivíduo, assim como a circulação corpórea, minimizando os riscos de desenvolvimento da HAS. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os investigados foram questionados sobre fatores que consideram como favoráveis ao desenvolvimento da HAS (Figura 4) e o consumo de sal foi um dos resultados mais expressivos com um total de 14%. Figura 4: Fatores de risco cosiderado como favoráveis para o desenvolvimento da HAS pela população investigada.. Segundo Castro, Rolim e Mauricio (2005) o consumo de sal tem sido considerado um importante fator no desenvolvimento da HAS, assim como a condição sócio-econômica que também está ligada ao desenvolvimento da patologia. Por outro lado, os autores afirmam também que o índice do surgimento da hipertensão está ligado à ocupação, o que ocorre principalmente nos trabalhadores não especializados, ou seja, aqueles que ganham salários mais baixos. A figura 5 refere-se aos fatores que a população investigada não considera como importantes para o desenvolvimento da HAS. Os alimentos gordurosos receberam destaque nesse item, com um total de 22%. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 5: Fatores que não são considerados de risco para os entrevistados. A condição sócio-econômica também pode ter influência multifatorial na hipertensão. No mundo do trabalho, a HAS é mais encontrada entre os trabalhadores não especializados que ganham menores salários, dos setores secundários e terciários da economia. As pessoas menos favorecidas não possuem acesso a informações, não tendo, portanto, conhecimento sobre a hipertensão (CASTRO, ROLIM e MAURICIO, 2005). Quando questionados a respeito da cura da HAS, 39% referem que esta não possui cura e 98% da população investigada acreditam que a HAS pode trazer complicações. Além disso, 57% referem que é uma doença para vida toda e outros 84% falam que é uma doença grave. Segundo Castro, Rolim e Mauricio (2005), a HAS é uma doença crônicodegenerativa, cujo controle tem se tornado um desafio para os profissionais. Isso porque o tratamento exige a participação ativa do hipertenso, no sentido de modificar alguns hábitos de vida prejudiciais à saúde e assimilar outros que beneficiem sua condição de vida. Segundo Reis e Glashan (2001), a gravidade da doença pode ser avaliada tanto pelo grau de perturbação emocional, criada ao pensar na doença, quanto Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 pelos tipos de consequências que a doença pode acarretar (dor, morte, gasto material, interrupção de atividades, perturbação nas relações familiares e sociais). Ela pode também pode levar ao surgimento de insuficiência renal, angina pectoris, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Contudo, diante do exposto, percebe-se a necessidade de ações da Enfermagem, visando esclarecer e melhorar o conhecimento da população, em especial dos trabalhadores. Dessa forma, aumentando o conhecimento desse grupo sobre os fatores de risco que podem desencadear a doença e, assim, minimizar os riscos de desenvolvimento da hipertensão arterial. CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa demonstra indícios de que os trabalhadores da distribuidora alimentícia em questão são pessoas vulneráveis ao desenvolvimento da HAS. Nota-se também, com relação ao conhecimento dos fatores de risco da doença, que menos da metade não os conhece e muitos ainda consideram que esses fatores não podem ser considerados como de risco para desenvolvimento da doença. Além disso, observa-se falta de conhecimento a respeito da doença ao se obter metade das respostas dos entrevistados indicando acreditar ser uma HAS uma doença curável. O trabalho educativo em grupos consiste numa valiosa alternativa para se buscar a promoção da saúde. Ele permite o aprofundamento de discussões e a ampliação de conhecimento, de modo que as pessoas superem suas dificuldades e obtenham maior autonomia, melhores condições de saúde e qualidade de vida. Mudar o estilo de vida é uma tarefa difícil e, quase sempre, é acompanhada de muita resistência. Por isso, a maioria das pessoas não consegue fazer modificações e, especialmente, mantê-las por muito tempo. Sendo assim, a educação em saúde é uma alternativa fundamental para conduzir a essas mudanças, para fins de prevenção e controle dos fatores de risco da HAS através de hábitos e atitude saudáveis. REFERÊNCIAS Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 BISI MOLINA, Maria del Carmen et al., Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 37, n. 6, dez. 2003 . Disponível em <http://www.scielo.br acessos em 17 out. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102003000600009. BRASIL - Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Resolução 196. 1996. Brasília: CNS; 1996. BRASIL - Ministério da Saúde, Caderno de atenção básica. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO DOMICILIAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 Poliana da Silva Marcolino e Shélida Muratori Vieira de Assis – Graduadas em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Margareth Knupp Toledo de Carvalho – Graduada em Enfermagem, Especialista em Unidade de Terapia Intensiva do Adulto e Neonato. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) é uma doença crônica devida à deficiência absoluta ou relativa de insulina, podendo ocorrer na infância ou em qualquer idade. Apresenta um índice que vem aumentando continuamente afetando 1 em cada 500 crianças. O presente estudo teve como objetivo verificar a atuação do enfermeiro e da família no acompanhamento da criança e adolescente com Diabetes Mellitus. Nossa população compreendeu 8 crianças e adolescentes com idade de 9 a 18 anos durante o mês de novembro de 2011, em duas cidades da região da Zona da Mata Mineira. Tal população foi selecionada de acordo com diagnóstico de DM1 e por estarem cadastrados no programa HiperDia. Os dados foram coletados por meio de um questionário estruturado, o qual foi repassado aos cuidadores da referida amostra em seu domicílio. O presente estudo nos proporcionou o conhecimento quanto aos hábitos alimentares, a automonitorização da glicemia e a utilização do glicosímetro, comprovando, portanto a necessidade da presença frequente do enfermeiro nesses domicílios para realizar a educação continuada, de forma a orientar quanto às dúvidas e interesses do cuidador. PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus tipo 1; Criança; Adolescente; Família; Enfermagem. INTRODUÇÃO Diabetes Mellitus é uma doença crônica devida á deficiência absoluta ou relativa de insulina, caracterizada por distúrbios do metabolismo dos carboidratos, das proteínas e dos lipídios, existindo duas formas principais da doença, o tipo 1 e tipo 2 (BOUCHER, 2008). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O Ministério da Saúde define o Diabetes Mellitus como um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina que envolvem processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros (SALES, 2009, p.564). O Diabetes Mellitus tipo1 (DM1) é caracterizado por insuficiência absoluta de insulina podendo ocorrer na infância ou em qualquer idade. Já o diabetes Tipo 2, caracteriza-se por uma disfunção do pâncreas em secretar insulina, podendo desenvolver principalmente em adultos obesos depois dos 40 anos de idade, embora possa surgir também na juventude. Assim, a pessoa que tem DM1, tem maior probabilidade de ser acometido por doenças crônicas sistêmicas como doenças cardiovasculares e vasculares periféricas, retinopatias, nefropatias, dermopatia diabética e neuropatias (BOUCHER, 2008). Segundo Silva Neto (2010) o DM1 é uma das mais importantes doenças crônicas na infância na esfera mundial. Diante disso, vale ressaltar a importância do controle domiciliar. De acordo com Zanetti, Mendes, Ribeiro (2001), cabe ao enfermeiro desenvolver programas educativos em relação aos cuidados em domicílio da pessoa diabética, juntamente com a equipe multiprofissional (médico, enfermeiro, nutricionista, assistente social, psicólogo e educadores em saúde). Dentro dessa perspectiva, os autores ressalvam que somente o enfermeiro terá capacidade para desenvolver ações realistas, levando em conta os aspectos como idade, nível de compreensão da criança e necessidade da família. Fatores sociais, psicológicos e doenças associadas, podem influenciar na decisão do paciente ou do familiar em optar por um controle mais rígido, o profissional de saúde deve estar adequadamente capacitado para orientá-lo (SILVA NETO, 2010). O papel dos profissionais de saúde não deve ficar limitado somente à avaliação do déficit de conhecimento sobre a doença, das condições para o controle e do treinamento e, sim, ampliado no sentido de adotar estratégias de mudança de comportamento, visando o melhor controle metabólico possível a fim de minimizar as complicações advindas em longo prazo. (PARO, PARO e VIEIRA, 2006, p.62). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O profissional enfermeiro da Estratégia Saúde da Família (ESF) é responsável por atividades administrativas e assistencialistas, porém, é digno de menção salientar que, na educação continuada, realiza cuidados voltados à prevenção e controle de patologias de forma a minimizar seus danos (OLIVEIRA, 2008). Partindo desse pressuposto o presente estudo teve por objetivo verificar a atuação do enfermeiro e da família no acompanhamento de crianças e adolescentes com Diabetes Mellitus tipo 1. È relevante enfocar o enfermeiro no controle domiciliar, visando o envolvimento da família contribuindo para o planejamento de ações de saúde voltadas para a assistência integral. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Sales (2009), desde a época dos Egípcios (1500 a.c), o Diabetes Mellitus já era conhecido e caracterizado com grande quantidade de urina. Para Celsus (30 a 50 a.d.c), tal condição passou a ser considerada como uma patologia, após dois séculos foi denominada como Diabetes de acordo com Aretaus da Capadócia. A condição doce da urina surge registrada nos Vedas, livros sagrados da Índia e, somente em 1674, Willis a descreve como “se a urina fosse embebida com mel e açúcar”, estabelecendo assim o nome de Diabetes Mellitus (mellitus significa mel) (SALES et al; 2009, p. 564). Uma das mais importantes doenças na infância é o DM1, caracterizado pelo longo tempo de tratamento onde atinge não só o portador, mas a família também, cujos costumes do lar vão se adequando fazendo com que as organizações habituais e funcionais familiares sejam modificadas. No entanto é necessário que a enfermagem tenha conhecimento científico e, além disso, é preciso proporcionar um ambiente equilibrado entre os fatores modificáveis tais como: alimentação, estilo de vida entre outros, para o controle da doença a fim de gerar conforto ao paciente (SILVA NETO, 2010). O diabetes é uma doença crônica de grande relevância, constituindo-se um dos maiores problemas de saúde pública, pois há um aumento acentuado na sua prevalência, por consequência o estilo de vida e alimentação (ANDRADE, LICHESKI, MASSAROLI, 2006). De acordo com o estudo de Nettina (2007), o DM1 Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 apresenta um índice que vem aumentando continuamente afetando 1 em cada 500 crianças. O estudo de Marcelino e Carvalho (2005) relata que o DM1 possui diversas causas como: estresse, alimentação rica em carboidratos, concentrados como balas, doces, açúcar e certos medicamentos. Seus principais sintomas são: muita sede (polidipsia), excesso de urina (poliúria), fome (polifagia), e emagrecimento. E ainda sintomas de sonolência, dores por todo corpo, formigamentos, dormências, cansaço, câimbras, nervosismo, desânimo, turvação da visão, cansaço físico e mental. Conforme Oliveira (2008), o estudo de o controle domiciliar das crianças e adolescentes com DM1, surgiu como um tema que poderia contribuir para a promoção da saúde das famílias, já que a partir do momento em que são levantados os seus questionamentos e dificuldades ao lidar com crianças diabéticas, novas perspectivas poderiam ser construídas para o cuidado. A partir do diagnóstico tem que haver uma automonitorização contínua da glicemia, de modo a garantir mudança de comportamento e participação do paciente no seu tratamento (SILVA NETO, 2010). Assim, Paro, Paro e Vieira (2006) também afirmam e reforçam a questão da automonitorização para um controle da glicemia mais eficaz, incluindo a reeducação alimentar, realização de atividade física programada, resultando no controle dos níveis glicêmicos, gerando mudanças de hábitos do paciente, familiares e profissionais de saúde. Com isso, Oliveira (2010, p.43) especifica que “o autocuidado é a prática de atividades que as pessoas desempenham em seu próprio benefício” a fim de evitar complicações. A hipertensão e o diabetes são cadastrados no sistema chamado HiperDia na Rede Básica do Sistema único de Saúde (SUS). Dessa maneira, possibilitando o registro e acompanhamento dos portadores de DM1, fundamental para garantir alguns benefícios tais como: disponibilização dos medicamentos prescritos; equipamentos para monitorização que possibilitam ainda definir a longo prazo o perfil epidemiológico da população; favorecimento das estratégias de vida desses diabéticos planejadas pelo enfermeiro e, com isso, redução, do custo social relacionado com a doença, uma vez que possibilita o controle evitando complicações (Carmello et al. 2009). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Segundo Pascali (2009) a monitorização da glicemia capilar é realizada através de um aparelho chamado glicosímetro que tem por finalidade demonstrar a variabilidade glicêmica através da punção digital, contribuindo para direcionamento da terapêutica a ser adotada para melhor monitoramento. O aparelho também contribui para manter a normalidade a criança e adolescente assegurando sua rotina diária, permitindo avaliar a interação entre atividade física, alimentação e variabilidade glicêmica para prever decorrentes sinais de hipoglicemia e hiperglicemia. Quanto à higienização para a punção, é utilizada água, sabão, álcool 70% devendo esperar a secagem, pois a não realização da higienização resultará em alteração do resultado. Utiliza-se a lateral do dedo na extremidade para a punção, porém, existem locais alternativos tais como: antebraço, palma da mão e panturrilha de preferência em horários pré-prandiais. A amostra de sangue para coleta deverá ser aspirada, colocada na fita reagente ou área de teste para análise da amostra, devendo ser feita com agulha no lancetador para garantir a integridade da amostra, pois a mesma não poderá ser ordenhada ou escorrida. De acordo com Pascali (2009), o perfil glicêmico no quadro abaixo: CRIANÇAS E ADOLESCENTES IDADE (anos) PRÉ-PRANDIAL AO DEITAR/MADRUGADA <6a 100-180mg/dl 110-200mg/dl 6 a 12 a 90-180mg/dl 100-150mg/dl 13 a 19 a 90-130mg/dl 90-150mg/dl Assim, Goés, Vieira, Liberatore Júnior (2007), ressaltam que a criança e o adolescente demonstram resistência em aderir ao tratamento e ao novo estilo de vida em conseqüência do seu convívio social e núcleo familiar, no qual a dieta se torna um dos fatores da não adesão ao tratamento. Ainda, Zanetti et al. (2001) afirmam que essa patologia em crianças e adolescentes exige uma atenção maior por parte dos pais devido à mudança desses fatores. É preciso que as equipes multidisciplinares ofereçam apoio a estes para um bom controle metabólico. Para Oliveira (2010), a assistência de Enfermagem prestada ao paciente diabético tem como principal foco: Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Minimizar as complicações através do tratamento, controle, diagnóstico precoce e prevenção do diabetes Mellitus o ministério da saúde possui estratégias efetivas que se fundamentam nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) no qual possui um conjunto de ações de promoção, prevenção, detecção pela vigilância epidemiológica e recuperação da saúde todas estas, pactuadas, articuladas e executadas pelas três esferas de governo: federal, estadual e municipal, alem de outras responsabilidades que compete ao Sistema único de Saúde e se encontra disposta na Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 (OLIVEIRA, 2010.p. 41). Segundo Santos et al. (2003), com a educação continuada é importante resgatar os conhecimentos que o diabético possui, de forma a contribuir para a formação de um novo conhecimento juntamente com os educadores. Para Fagulha e Santos (2004), o controle domiciliar em adolescentes apresenta dificuldades, tais como: alterações hormonais que surgem na puberdade e provocam insulonorresistência e também a rebeldia característica própria do adolescente dificultando ainda mais a adesão ao tratamento. Além disso, com o pâncreas já apresentando uma baixa considerável de insulina, torna-se de suma importância a presença do endocrinologista na equipe multiprofissional, voltado à problemática com intuito de trabalhar para que o adolescente tenha uma boa qualidade de vida a curto e longo prazo. Diante disso, Gil (2008) coloca que a equipe multiprofissional deve agir persistentemente de forma contínua, juntamente com os pacientes e familiares para minimizar as possíveis complicações provindas da falta de cuidados. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é considerada criança o indivíduo até 12 anos, e adolescente entre 12 e 18 anos de idade (MINANNI, et al., 2010). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem quantitativa. Nessa pesquisa foi utilizado, como instrumentos de coleta de dados, um questionário contendo 15 questões abordando dados socioeconômicos, estilo de vida, aspectos relacionados à DM1 e seu tratamento, além de fatores de risco. Segundo Rauph e Beuren (2002), a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos e registrá-los de forma a interpretá-los facilmente para análise. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Ainda para Rauph e Beuren (2002), a abordagem quantitativa é caracterizada por empregar instrumentos estatísticos, muito utilizados em estudos descritivos para coleta ou processamento de dados. Para a seleção dos colaboradores foi adotado, como critério de inclusão, possuir idade de 0 a 18 anos, terem o diagnóstico de DM1, estarem cadastrados no programa Hiperdia e residirem em dois municípios da Zona da Mata Mineira. Tivemos conhecimento de 11 crianças e adolescentes com DM1 cadastradas no programa Hiperdia, identificados através das policlínicas dos municípios pesquisados, sendo pesquisados somente 8, já que 3 deles foram excluídos da pesquisa, pelo fato de não terem sido tabulados e arquivados. Foram informados aos responsáveis os objetivos da pesquisa e a participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), informando-os que a identidade dos indivíduos será mantida em sigilo. A pesquisa foi realizada no mês de novembro de 2011 no domicílio das crianças e adolescentes com DM1. Após a coleta, os dados foram tabulados em programa Microsoft Excel e organizados em forma de tabelas. RESULTADOS E DISCUSSÕES A pesquisa foi realizada com os responsáveis pela criança e adolescente, sendo exclusivamente a mãe responsável pelos cuidados, todas alfabetizadas. Segundo o estudo de Dall’Antonia e Zanetti (2000) as mães são as responsáveis pelo monitoramento diário e controle dos valores glicêmicos apresentados pela criança e adolescente com DM1. São elas que fazem anotações de índice glicêmico, agendam consultas com endocrinologista, seguem as dietas prescritas. Logo, essas mães precisam ser orientadas e ter suporte quanto ao cuidado diário com o filho diabético. Afirmam Zanetti, Mendes e Ribeiro (2001) que as mães vivenciam o problema da doença do filho mais que os pais, reforçando a importância da inclusão delas nos programas de educação continuada a fim de orientá-las no cuidado diário do filho diabético. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Fagulha e Santos (2004) abordam que o controle do DM1 no adolescente apresenta maior complexidade devido à fase de transformações nessa faixa etária. No entanto, o profissional de saúde deve dispor tempo para desenvolver ações voltadas para uma melhor adesão terapêutica. Para isso, é necessário conhecimento relacionado ao assunto. De acordo com o questionário, obtivemos os seguintes dados: Tabela 1- Quanto ao pesquisado, idade, gênero, cor e escolaridade. Característica Pesquisado Responsável Idade 06 a 12 anos 12 a 18 anos Gênero Feminino Masculino Cor Branca Negra Parda Escolaridade do responsável Ensino Fundamental Ensino Médiol N=8 % 8 100% 4 4 50% 50% 3 5 38% 62% 6 1 1 75% 12% 13% 7 1 87% 13% Os resultados apontam que todos os pesquisados possuem o aparelho de glicemia. Diante disso, Minanni (2010) coloca que, geralmente, o diagnóstico de DM1 ocorre em crianças e adolescentes com faixa etária entre 5 e 6 anos e entre 11 e 13 anos. Muitos deles não são diagnosticados há tempo ou antes dos 10 primeiros anos e acabam evoluindo para o óbito. Segundo Carmello (2009) existe um pico de incidência na ocorrência de Diabetes Mellitus tipo1, no qual o número de portadores está entre 10 e 14 anos de idade. O estudo de Dall´Antonia e Zanetti (2000) demonstrou uma maior prevalência de crianças e adolescentes com DM1 do sexo feminino e cor branca, contradizendo os resultados de nossa pesquisa. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Tabela 2- Quanto a visita domiciliar realizada pelo enfermeiro, o conhecimento sobre a doença, busca por atendimento, frequência com que afere a glicemia e se houve mudança do estilo de vida. Característica N=8 % Visita do enfermeiro Sim 3 37% Não 4 50% Às vezes 1 13% Conhecimento sobre a doença Pouco 2 25% Bastante 6 75% Busca por atendimento Hospital/ Pronto socorro 6 75% Outros 2 25% Frequência de aferição da glicemia Uma vez ao dia 2 25% Várias vezes ao dia 6 75% Houve mudança no estilo de vida Sim 7 87% Não 1 13% Através desses dados, percebemos o quanto se faz necessário a presença do enfermeiro no domicílio das famílias com crianças e adolescentes com DM1, pois com as visitas trabalha-se a educação continuada de forma a minimizar as complicações. Para Oliveira (2008), cabe ao enfermeiro desenvolver grupos de DM1 enfocando a participação da familia, juntamente com a criança e adolescente, a fim de contribuir na adesão do tratamento, visando o controle dos níveis glicêmicos e a prevenção de complicações. De acordo com o estudo, 75% relataram saber o bastante para cuidar de seus filhos. Enfatiza Oliveira (2008) que os familiares necessitam de orientações quanto ao controle da doença, pois a família sente-se mais segura quando começam a lidar com a doença do filho e quando há melhora no quadro clínico. Dessa forma eles sentem que estão realizando o cuidado adequado. Os resultados demonstram que os cuidadores procuram o Hospital/Pronto Socorro, ou seja, serviços ambulatoriais. Segundo Tschiedel (2008) os cuidados que uma criança e adolescente com DM1 devem receber em situações de (hipoglicemia e hiperglicemia) são prestados em instituições que asseguram cuidados médicos especializados, preferencialmente em regime ambulatorial para melhor atendimento. Oliveira (2010) ressalta que o Ministério da Saúde tem por responsabilidade prestar assistência aos pacientes diabéticos na atenção primária de saúde, pois, ela dispõe de estratégias para atendê-los com prioridade. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 A automonitorização da glicemia é peça fundamental para o controle de DM1, gerando benefícios como redução dos riscos de nefropatias, retinopatias e neuropatias. Devido ao avanço tecnológico, o uso do glicosímetro facilitou muito a realização da glicemia capilar pelo próprio paciente, contribuindo com a facilidade do procedimento menos doloroso e resultados fidedignos. Alguns fatores podem influenciar na eficácia desses aparelhos como o manuseio incorreto e o volume da amostra de sangue inapropriada, pois muitos aprendem a utilizar o aparelho apenas pelo manual de intruções. Diante disso, cabe ressaltar que a automonitorização seja orientada pelo enfermeiro a fim de evitar problemas causados pelo mau manuseio do glicosímetro e garantir o controle adequado (MIRA, CANDIDO, YALES, 2006). Para Dall'antonia e Zanetti (2000) é necessário que a família possa ter uma participação no tratamento buscando aprender a manusear os aparelhos para praticar o controle domiciliar diário do diabetes. Portanto é imprescindível a presença da equipe multidisciplinar durante o processo educativo atuando no ensino e utilização do equipamento para melhor autocuidado. Os resultados demonstram que 75% aferem a glicemia várias vezes ao dia da forma correta. Para Pascali (2009), a frequência dos testes em pacientes com DM1 deve ser realizada de 3-4 vezes ao dia, principalmente aqueles sob o uso de múltiplas doses de insulina. Pode-se observar, na tabela 1, que houve mudança no estilo de vida de 87% das famílias. De acordo com Oliveira (2008) para que ocorra mudança de comportamento na alimentação da criança e adolescente DM1, é preciso que as mães sejam bem orientadas pelo enfermeiro sobre a alimentação. A mesma deverá ser fracionada em desjejum, colação, almoço, merenda, jantar e ceia para melhor eficácia na adequação a insulina. Pois, como se sabe, a doença crônica na criança gera várias transformações modificando o contexto social e familiar. Os resultados demonstram que 62% se alimentam corretamente, 13% não se alimentam corretamente e 12% quando querem. Bruno (2006) reforça que o paciente com DM1 especificamente deve escolher, mediante seu médico ou nutricionista, uma dieta seguindo os horários pré-estabelecidos, mantendo-se consciente de comer sempre na quantidade correta e no horário determinado. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Podem também ser feito ajustes em virtude de quantidade de carboidratos a serem ingeridos, evitando assim episódios de hipoglicemia e hiperglicemia. Para Milech et al., (2006) é necessário adotar um plano de alimentação saudável na prevenção a complicações advindas do descontrole glicêmico do DM1. A terapia nutricional existente estabelece passos de acordo com cada pessoa para medir e definir esse controle de acordo com índice de massa corpórea (IMC), circunferência abdominal (CA) e perfil metabólico. Quanto à orientação, no uso do glicosímetro 75% dos cuidadores foram orientados pelo enfermeiro e 25% pelo médico pessoal. Segundo Paro, Paro e Vieira (2006), a educação em saúde não acontece somente em procedimentos mas também em um relacionamento diário com o ser humano, estabelecendo um vínculo comprometido com a vida do portador de DM1. Dessa forma, vivenciamos as experiências vividas antes somente pelo diabético, a fim de contribuir para uma melhor qualidade de vida dessas crianças e adolescentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho nos proporcionou verificar a atuação do enfermeiro e da família no acompanhamento domiciliar de crianças e adolescentes com DM1. Diabetes Mellitus tipo 1 é uma doença crônica. Para que se tenha uma eficácia em sua terapêutica é necessária a adesão do paciente e o envolvimento entre família e equipe de profissionais de saúde. Isso porque o enfermeiro tem papel fundamental nas ações de educação, promoção e prevenção das complicações da doença, práticas que serão desenvolvidas nas visitas domiciliares desses profissionais. A criança e o adolescente com DM1, a partir do diagnóstico, são cadastrados no programa HiperDia para a garantia de benefícios como medicamentos e equipamentos. O enfermeiro deve desenvolver grupos de educação continuada, atuando na orientação à família, à criança e ao adolescente diabético de forma a estabelecer um vínculo para que ocorra efetivamente o acompanhamento domiciliar. Tudo isso através de visitas frequentes do enfermeiro orientando às famílias nas mudanças necessárias para o controle glicêmico. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 As mães, como esclusivas responsáveis pelo diabético, realizam o controle de forma correta, pois demonstraram ter conhecimento acerca da doença e receberam orientações do enfermeiro quanto ao uso do glicosímetro para o monitoramento diário desses índices glicêmicos. Portanto é de grande importância que o enfermeiro e a família atuem no acompanhamento da criança e adolescente DM1 minimizando complicações e riscos, afim de proporcionar uma melhor qualidade de vida. REFERÊNCIAS ANDRADE, Elizandra Faria, LICHESKI, Ana Paula, MASSAROLI, Aline. Sistematização da Assistência de Enfermagem a um cliente em complicação aguda do diabetes. Camboriú, SC, 2006. BOUCHER, Mary Ann. Karen et al. Enfermagem Médico-Cirúrgica. 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Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX Ivonaldo Aristeu Gardingo - Graduado em Farmácia, Especialista em Citologia do Colo do Útero. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem, Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O câncer de colo uterino está em segundo lugar entre as doenças oncológicas que afetam as mulheres. Este estudo tem como objetivo identificar os principais instrumentos utilizados pela Enfermagem, para prevenção do câncer de colo uterino, na atenção primária à saúde do município de Matipó – MG. Foi feita uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, na referida cidade de Matipó, localizada na Zona da Mata, com a participação de nove enfermeiros. Nota-se que a maioria dos enfermeiros afirmam que a consulta de Enfermagem é a melhor forma de despertar interesse nas mulheres quanto à realização do exame papanicolaou, e que a maior parte das mulheres não impõe resistência para realizar tal exame. Observou-se também que grande parte dos enfermeiros realizam orientações quanto aos fatores de risco. Os investigados afirmam também que uma pequena parte das gestantes não têm interesse em realizar o exame preventivo. A pesquisa verificou que os entrevistados desempenham um papel muito importante perante a sociedade, visto que seu trabalho auxilia na prevenção do câncer do colo uterino. Entretanto, ainda há a necessidade de se implantar novas medidas para uma melhor atuação dos mesmos visando sempre melhorar a qualidade de vida das mulheres em questão. PALAVRAS-CHAVE: Câncer do colo uterino, Exame preventivo, Enfermeiro. INTRODUÇÃO Atualmente, o câncer de colo uterino está em segundo lugar entre as doenças oncológicas que afetam as mulheres e é considerado como a maior causa de morbi-mortalidade, com cerca de 470 mil novos casos em todo o mundo. Esse fato ocorre com maior intensidade em países desenvolvidos e em Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 populações com piores condições socioeconômicas. Já no Brasil, dentre todas as neoplasias malignas, o câncer de colo uterino está em quinto lugar em mortalidade, com mais de 20.000 casos por ano (MULLER et al. 2011). Entiauspe et al. (2010) apresentam estudos moleculares evidenciando que o surgimento do câncer cervical tem uma relação muito íntima com o Papilomavírus Humano (HPV). Assim, pode-se deduzir que essas malignidades possam ser causadas pela presença do vírus, visto que o Ácido Desoxirribonucléico (DNA) do HPV tem sido encontrado em até 99,7% dos cânceres cervicais em todo o mundo. O melhor método de prevenção para detecção do câncer de colo do útero é o exame Papanicolaou. Trata-se de um método seguro, de baixo custo e de rastreamento sensível, capaz de detectar lesões em fase inicial e garante 100% de cura. Devem se submeter ao exame mulheres com vida sexual ativa, principalmente com idade superior a 25 anos. Grávidas também podem se submeter ao exame. A mulher deve ter os seguintes cuidados antes da realização do exame: não estar menstruada, evitar relações sexuais dois dias anteriores à coleta, não usar duchas ou medicamentos vaginais. Os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo de um ano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Os fatores de risco que influenciam as alterações celulares desse câncer estão atribuídos ao baixo nível socioeconômico, parceiro que já teve várias parceiras sexuais, precocidade do início da vida sexual, imunidade baixa, multiplicidade de parceiros, história de infecções por doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), tabagismo, partos múltiplos, uso de anticoncepcionais orais, os quais podem influenciar a não utilização de outros métodos de barreira aumentado o risco de contaminação pelo HPV, presença de um tipo de HPV associado ao câncer, detecção persistente de um tipo de HPV de alto risco com grande concentração de carga viral (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005). O objetivo da pesquisa foi verificar a atuação dos profissionais de Enfermagem na prevenção do câncer do colo uterino, na atenção primária à saúde do município de Matipó – MG. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 É uma pesquisa de grande relevância para população feminina da cidade de Matipó, que irá apresentar métodos mais utilizados para a prevenção e diagnóstico do câncer do colo uterino por parte da equipe de Enfermagem. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA Métodos de rastreamento do câncer do colo de útero O Instituto Nacional do Câncer (INCA) (2011) apresenta novos métodos de rastreamento do câncer uterino. Segundo o órgão, ocorre a mudança da faixa etária que antes era dos 25 aos 59 anos, agora passando a ser até os 64 anos de idade. O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame de Papanicolaou, popularmente conhecido como preventivo. O procedimento identifica lesões que antecedem o câncer, permitindo o tratamento antes que a doença se desenvolva. As novas diretrizes recomendam que o intervalo entre os exames deverá ser de três anos, após dois exames negativos, com intervalo anual (INCA, 2011). A coleta de material deverá ser feita a partir dos 25 anos de idade. Os exames preventivos devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos, nos últimos cinco anos. Em casos de mulheres, com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame, devem ser feitos dois preventivos com intervalo de um a três anos. Se os dois resultados forem negativos, essas mulheres poderão ser dispensadas de exames adicionais, (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2002), o câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama. O Papiloma Vírus Humano (HPV) Acredita-se que a infecção viral mais frequentemente transmitida por via sexual seja aquela provocada pelo HPV, originando também uma das mais prevalentes entre todas as doenças sexualmente transmissíveis, (CRUZ e LOUREIRO, 2008). A importância que assume hoje a nível mundial o estudo dos HPVs vem de sua nítida correlação com os processos malígnos e lesões precursoras em cérvice uterina, (NORONHA et al. 1999). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 O HPV apresenta mais de 100 variações de vírus e a maioria das infecções regride espontaneamente. Na forma latente e subclínica não pode ser detectado clinicamente sendo necessários exames específicos de diagnóstico através de citopatologia, histologia, colposcopia, entre outros. Na forma clínica há a presença de condiloma acuminado, lesão visível, assim não sendo necessário o uso de instrumentos de rastreamento. Cerca de 20 variações desse vírus possuem tropismo pelo trato genital inferior, ou seja, capacidade de infectar somente certo tipo de células. Alguns estudos revelam que 99% dos casos de câncer do colo uterino podem ser relacionados a algum tipo de HPV (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). As infecções podem se apresentar de várias formas. A latente, que é uma infecção assintomática, só é detectada através de teste de hibridização com DNA por HPV. Tem a forma subclínica que se apresenta somente após aplicação de acido acético seguida por inspeção sob ampliação e, por fim, a forma clínica na qual se tem o surgimento de condilomas acuminados visíveis (INCA, 2011). O HPV pode ficar no organismo por muitos anos, na forma sintomática ou assintomática e o homem apresenta-se como elemento chave para que ocorra a disseminação desse vírus (TEIXEIRA, 1999). Noronha et al. (1999) afirmam que a forma de pesquisa de infecção do HPV no homem é realizada mediante: Peniscopia com o auxílio do ácido acético a 5%. É um exame pouco específico e as imagens identificadas apresentam pouca correlação com o achado histopatológico. Desta forma, diagnosticam-se lesões induzidas por HPV em tecido de biópsia, entre 30 e 55% dos parceiros de mulheres com lesões induzidas por HPV, taxa esta menor que a esperada. Mesmo assim, acredita-se que o diagnóstico e o tratamento das lesões pelo HPV no homem poderiam diminuir o risco de reinfecção ou de recidivas na mulher. Segundo Smeltzer (2006) precisa-se saber muito ainda sobre o HPV e suas fases, a subclínica e a latente, pois com frequência varias mulheres são expostas a esse vírus por parceiros que não sabem serem portadores da doença. O preservativo pode evitar a contaminação, porém essa transmissão pode ocorrer através do contato pele a pele nas áreas não cobertas pelo preservativo. Além disso, pelo fato de o período de incubação ser longo, muito dos parceiros ficam Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 irritados por não saberem quem os infectou, visto que os mesmos podem não apresentar sintomas. A Enfermagem e a prevenção A Enfermagem está diretamente envolvida no processo de mudança de comportamento, atuando junto da mulher, da família e da comunidade visando sempre à promoção da saúde e prevenção de doenças que possam ser de caráter individual ou coletivo. O profissional de Enfermagem tem sua assistência voltada ao tratamento e a ações preventivas, sendo que sua atuação está intimamente ligada à educação em saúde (FREITAS, ARANTES e BARROS, 1998). A prevenção primária ocorre quando se diminui a exposição a fatores de risco que predispõem o câncer. A detecção das mulheres em situações de risco pode ocorrer através de uma consulta ginecológica usando da anamnese para investigar: a data de realização do último exame, o uso de anticoncepcionais, os tratamentos hormonais, a ocorrência de sangramento após relação sexual ou fora do período menstrual, o uso de preservativo no ato sexual e a importância da realização anual do exame preventivo com intuito de detectar alterações em fase inicial (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Vale ressaltar que o uso de preservativo durante o coito apenas minimiza o risco de contaminação pelo HPV, mas não o impede. A melhor forma de prevenção é a abstinência de qualquer prática sexual (INCA 2011). A equipe de Enfermagem tem um importante papel na prevenção do câncer de colo uterino. E, segundo Dezem e Sampar (2006), apresenta cinco princípios preventivos: primeiro é a verificação da população de alto risco, isto é identificar os fatores de risco para desenvolvimento da determinada patologia; o segundo é o rastreamento, ou seja, a realização de busca ativa de possíveis pessoas sadias que possam ter a doença ou não, deve-se realizar o exame preventivo buscando assim as formas assintomáticas da doença; o terceiro é detecção cuja finalidade é o diagnóstico precoce da doença; o quarto é o tratamento e, finalmente, o quinto baseado na educação continuada. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, com abordagem quantitativa, que se realizou na cidade de Matipó – MG, Zona da Mata. A coleta dos dados ocorreu no mês de setembro do ano de 2011. De acordo com Marconi e Lakatos (2008) na pesquisa quantitativa são utilizados métodos estatísticos, na qual são convertidas em números as opiniões e informações, para serem divididos em classe e analisados. A pesquisa ocorreu nas seis Unidades Básicas de Saúde e na Unidade Móvel que atende a Zona Rural de Matipó, totalizando sete unidades. A coleta dos dados foi realizada através de um questionário fechado com nove questões sobre as estratégias utilizadas pelos enfermeiros (as) para esclarecimentos e orientações das clientes que utilizam os serviços referentes ao exame Papanicolaou. A pesquisa se realizou com o total de nove enfermeiros, sendo sete responsáveis pelas Unidades Básicas de Saúde Urbanas (UBS), um responsável pela zona rural e uma coordenadora da Atenção Primária a Saúde (APS). Foram obedecidas, nesta pesquisa, as orientações contidas na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos, com a Instituição que autorizou a realização da pesquisa, quanto com os sujeitos que cederam as entrevistas após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Aos participantes do estudo foram informados os objetivos da pesquisa e as possíveis utilizações das informações obtidas para estudos posteriores, adotando-se o anonimato dos informantes. Os dados foram apresentados e discutidos em forma de texto e porcentagens. RESULTADOS E DISCUSSÕES Segundo o Ministério da Saúde (2002), através do Instituto Nacional do Câncer (INCA), têm sido realizadas diversas campanhas educativas, voltadas para a população e para os profissionais da saúde, para incentivar o exame preventivo. Entretanto, existe no Brasil uma alta taxa de mortalidade por câncer que poderia ser evitada, já que, entre os tipos de câncer, esse é o que apresenta Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 sua evolução de forma lenta, facilitando o diagnóstico precoce e tratamento com altos potenciais de cura. Para o INCA (2011), faz-se necessário a realização do exame Papanicolaou entre os 25 e os 64 anos de vida. Sendo assim, foi questionado aos enfermeiros se há alguma rotina na ESF que desperte o interesse das mulheres em estarem fazendo o exame Papanicolaou. E 100% dos enfermeiros afirmaram que existem práticas com esse objetivo. Aos enfermeiros, também foi perguntado sobre quais as práticas desenvolvidas para despertar o interesse das mulheres pela realização do exame. A pesquisa obteve os seguintes resultados: dos entrevistados 38% afirmam que a consulta de Enfermagem é a que gera maior interesse nas mulheres, outros 31% já falam que as palestras é que despertam mais animação para realização do preventivo. E ainda, 8% dos enfermeiros relataram que a visita domiciliar também é de grande valia e outros 23% relataram outras ações, porém sem nenhuma especificação. Segundo Cruz e Loureiro (2008) os profissionais de saúde devem atuar de maneira diferenciada com as mulheres. Ou seja, há necessidade de que a organização e o planejamento da prevenção não aconteçam isoladamente, nem ignorem a individualidade e a dignidade dos sujeitos, mas, sim, que sejam vinculados ao contexto social destes, cabendo aos profissionais uma atuação de envolvimento, respeitando a intimidade, a privacidade e o direito da mulher de falar e conhecer sobre sua doença e saúde. Devido ao pouco conhecimento por parte das mulheres com relação à realização do exame Papanicolaou, foi questionado aos enfermeiros se há resistência das mulheres com mais de 50 anos quanto à realização do exame. A partir das respostas, 56% dos enfermeiros afirmam que não há nenhum tipo de resistência por parte das pacientes. Por outro lado, 22% ressaltam que às vezes algumas dessas mulheres têm ou apresentam alguma resistência em realizar o Papanicolaou e mais 22% afirmaram que as mulheres com mais de cinquenta anos sempre apresentam resistência com relação à realização do exame Papanicolaou. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os profissionais precisam de conhecimento e cuidado ao realizar o exame preventivo porque aos olhos de um profissional o exame é considerado simples, rotineiro, rápido e indolor. Porém, pode ser visto pela mulher com um ato agressivo levando até a desenvolver problemas psicológicos, visto que ela possui seus princípios, sua crença e está inserida em um meio sócio-cultural (MERIGHI, HAMANO e CAVALCANTE, 2002). Segundo INCA (2011) o exame preventivo se estendeu dos 59 para os 64 anos. Contudo fazem-se necessárias novas práticas para que essas mulheres tenham o interesse em realizar o exame. Por isso, foi questionado aos enfermeiros se há resistência por parte das mulheres com mais de 50 anos quanto à realização do preventivo. E na sequência deste assunto surgiu o questionamento quanto à existência da busca ativa de mulheres nessa faixa etária para a realização do exame. Em relação a essa busca em especial às mulheres, 89% dos entrevistados afirmaram que essas buscas são realizadas nas áreas abrangidas pela ESF. Outros 11% alegaram não terem nenhuma atividade especifica para realizá-las. Quanto à orientação às mulheres com baixo grau de escolaridade, 100% dos enfermeiros afirmam realizarem algum tipo de atividade em um nível de entendimento adequado para cada paciente, assim realizando as orientações necessárias com relação ao exame Papanicolaou. Segundo Duavy et al. (2007), os maiores índices de surgimento do HPV e, consequentemente o câncer do colo do útero, aparecem em mulheres residentes em locais de baixo nível socioeconômico. Isso ocorre devido, muitas vezes, a fatores econômicos e geográficos, à falta de serviços e, até mesmo, questões culturais, medo e preconceito dos companheiros. Os enfermeiros forma também questionados sobre a existência de algum tipo de orientação em relação aos fatores de risco. Dentre as resposta, 67% dos entrevistados afirmaram sempre realizar orientações com as mulheres sobre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo uterino e outros 33% relataram que às vezes realizam essas atividades de orientação. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Kumar, Abbas e Fausto (2005) apontam os fatores de risco: vários parceiros, tabagismo e uso de anticoncepcionais, o qual leva a não utilização de outros métodos preventivos. A partir do que é preconizado pelo INCA foi questionado se as gestantes têm o interesse em realizarem o exame Papanicolaou. Dos entrevistados, 33% relatam que as gestantes não têm interesse em realizarem o exame preventivo, 33% afirmaram que às vezes procuram a ESF para realizarem o exame e o restante, outros 34%, disseram que as gestantes procuram as ESF’s para realização do referido exame. Para o Ministério da Saúde (2002), gestantes também devem realizar o exame preventivo Papanicolaou, visando minimizar os riscos de desenvolvimento do câncer. O INCA (2011) informa que devem realizar o exame preventivo mulheres com vida sexual ativa a partir dos 25 anos de idade. Foi questionado aos enfermeiros entrevistados se as mulheres com menos de 25 anos tem interesse em realizar o exame preventivo. Dos entrevistados, 78% afirmam que as mulheres com vida sexual ativa com menos de 25 anos procuram a rede publica de saúde para realizarem seus exames preventivos regularmente. Outros 11% relatam que às vezes elas procuram os postos de saúde e mais 11% dizem que elas não têm interesse nenhum em realizarem o exame preventivo. Halbe (2000) relata que mulheres que começam a vida sexual precocemente ficam mais susceptíveis ao acometimento do HPV e consequentemente o surgimento do câncer do colo uterino. Esse fato se dá com mais intensidade quando a atividade sexual começa a partir dos 16 anos ou, até mesmo antes, seguido de multiparidade e assim agravando os fatores de risco. Segundo os investigados, nota-se que as mulheres com vida sexual ativa têm o interesse em procurar realizar o exame preventivo Papanicolaou, o que é um fato de grande relevância, pois demonstra que as mulheres estão informadas a respeito do exame preventivo e seus benefícios. A partir dessa constatação, foi questionado se as mulheres com mais de 25 anos têm o interesse em realizar o exame anualmente. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Com relação às mulheres com mais de vinte e cinco anos, com vida sexual ativa, 67% dos enfermeiros dizem que elas procuram os postos de saúde para realizarem o exame preventivo anualmente. Outros 33% falam que às vezes elas procuram as ESF’s para se submeterem ao exame Papanicolaou. O INCA (2011) apresenta que o exame preventivo deve ser realizado anualmente e após dois resultados negativos pode ser realizado a cada três anos. Os entrevistados da presente pesquisa também foram abordados quanto ao surgimento ou manifestações clínicas dos HPVs, como verrugas ou condilomas, nas pacientes em período de vida reprodutiva. A maioria dos enfermeiros, 45% afirmaram que as mulheres não apresentam alterações ou algum tipo de manifestações clínicas nessa idade. Outros 33% disseram que às vezes elas apresentam algum tipo de alteração e os 22% restantes disseram que é comum elas apresentarem essas alterações nessa época da vida. Segundo o Ministério da Saúde (2011) na forma clínica do Papiloma Vírus Humano tem-se a presença do condiloma acuminado que é uma lesão visível. Portanto, se faz necessário o uso de instrumentos de rastreamento nessas mulheres em específico. Ainda cita que 99% dos casos de câncer do colo uterino são causados por algum tipo de HPV. O câncer de colo uterino se dá de forma lenta e silenciosa, passando por fases detectáveis e curáveis, dentre todas as neoplasias malignas é o que apresenta maiores chances de prevenção e cura. Os métodos de rastreamento possuem efetividade plena na redução de mortalidade quando os exames citopatológicos são conhecidos e aceitos pela população, sua detecção precoce depende da mais ampla cobertura possível (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da pesquisa, constatou-se que os enfermeiros desempenham um papel de extrema importância perante a sociedade, visando melhorar a qualidade de vida das mulheres expostas ao aparecimento do HPV e possível câncer de colo uterino. Contudo ainda se vê quanto são necessários mais serviços correlacionados ao rastreamento das mulheres em questão. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Muitas mulheres ainda apresentam receio em se expor aos exames. Isso não deve ser identificado pelos profissionais apenas para que eles sejam realizados em ambientes físicos de privacidade. A mulher, quando submetida ao exame, leva consigo mais do que um corpo. Ela leva sua história, seus valores, seus sentimentos, suas angústias, suas vivências, suas carências, seus medos, seus conhecimentos e o seu desconhecimento. Portanto, a experiência do procedimento, que parece simples e comum para os profissionais, pode ser uma difícil e constrangedora para muitas mulheres. Sendo assim, o profissional deve falar a mesma linguagem dessas mulheres, pois a diversidade cultural e econômica do Brasil é enorme e necessita de mais conhecimentos por parte dos profissionais da área da saúde. Dessa maneira, eles poderão prestar uma assistência livre de qualquer dano ao caráter e dignidade das mulheres submetidas ao exame preventivo. Por fim, sugere-se também uma atenção especial às mulheres com idade inferior a 25 anos que já iniciaram a vida sexual. Isso porque a iniciação precoce da vida sexual e a multiplicidade de parceiros são consideradas um fator de risco, pois há maior probabilidade de contrair o vírus do HPV e possível surgimento do câncer uterino. REFERÊNCIAS BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria nacional de Assistência a Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev). Falando sobre câncer do colo do útero. Rio de janeiro: MS/INCA, 2002, CRUZ, Luciana Maria Britto da; LOUREIRO, Regina Pimentel. A comunicação na abordagem preventiva do câncer do colo do útero: importância das influências histórico-culturais e da sexualidade feminina na adesão às campanhas. Saude soc., São Paulo, v. 17, n. 2, jun. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010412902008000200012&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 23 ago. 2011. DEZEM, Ana Cecília; SAMPAR, Silvana Aparecida. Assistência de enfermagem na prevenção do câncer do colo do útero. Rev. 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Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem, Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX. Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A Hipertensão Arterial corresponde, entre as doenças crônicas, a um dos principais problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. O presente estudo buscou avaliar os fatores de risco para desenvolvimento da hipertensão arterial dos funcionários de uma instituição de ensino superior da zona da mata mineira. Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem quantitativa, que se realizou na Faculdade Univertix, localizada na cidade de Matipó – MG, Zona da Mata Mineira. A metade dos entrevistados acredita que a hipertensão arterial tem cura, fato este que demonstra a falta de conheciento correlacionado à doença. Porém, todos os investigados afirmam que hipertensão é uma doença grave. Conclui-se que os investigados não têm conhecimento adequado sobre a hipertensão arterial, visto que é uma doença crônica, mas passível de controle. Contudo, nota-se a necessidade de novas ações no campo da saúde pública, visando informar à população sobre a doença. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial, Fatores de risco, Tratamento para hipertensão INTRODUÇÃO Com o passar dos tempos e com a realização de novas pesquisas no campo da saúde, hoje podemos observar as mudanças que ocorreram quanto à incidência e à prevalência de doenças, no Brasil. Um exemplo são os altos índices de óbitos, por causa da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC), dentre outras doenças crônicas, as quais decrescem enquanto a expectativa de vida dos brasileiros aumenta (DELL’ACQUA, et al., 1997). No Brasil, ainda há um número expressivo no surgimento de novos casos de doenças crônicas. Dentre eles, os mais comuns são a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), cujo principal tratamento requer alterações de comportamento, dieta, uso de medicamento e o estilo de vida que cada portador leva. Contudo, pode ocorrer um comprometimento da qualidade de vida devido a uma baixa qualidade de atendimento no tocante às orientações adequadas sobre o tratamento, ou mesmo no reconhecimento da importância das complicações que essas patologias podem acarretar (MIRANZI, et al., 2008). A HAS corresponde, dentre as doenças crônicas, a um dos principais problemas de saúde pública tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. Vários pesquisadores demonstram interesse em investigar a prevalência da pressão arterial elevada na infância e adolescência, visto que esse é um fator associável, pois apresenta forte relação entre a hipertensão nas fases inicias da vida com prolongamento para fase adulta (SILVA e FARIAS 2007). Doenças cardiovasculares são consideradas a primeira causa de óbito no país, chegando a atingir cerca de 10% da população adulta e, assim, diminuindo a expectativa de vida dos mesmos, devido às possíveis alterações morfofuncionais, como insuficiência cardíaca vascular cerebral e renal (DELL’ACQUA, et al., 1997). Quando diagnosticados precocemente, os portadores de HAS têm uma grande probabilidade de não sofrerem alterações cardiovasculares, cerebrais e renais (SOUZA, 1994). Portanto, a pesquisa tem como objetivo avaliar os funcionários de uma instituição de ensino superior da zona da mata mineira quanto aos fatores de risco para desenvolvimento da HAS. O presente estudo poderá contribuir para uma melhora na qualidade de vida dos profissionais trabalhadores após avaliação dos fatores de risco aos quais eles estão expostos. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA Hipertensão Arterial Pessuto e Carvalho (1998, p.02) falam que: [...] a HAS é uma doença crônica, pode ser influenciada pelo grau de participação do indivíduo portador de tal patologia, dependendo de fatores como a aceitação da doença, controle e conhecimento da mesma e aparecimento de complicações. É definida como tendo valores de pressão arterial sistólica > 160 mm Hg e diastólica > 95 mm Hg. A hipertensão limítrofe é aquela com valores sistólicos de 140 a 160 mm Hg e diastólicos de 90 a 95 mm Hg. A normotensão é a pressão arterial sistólica < 140 mm Hg e diastólica < 90 mm Hg. A importância do controle da hipertensão para redução das morbimortalidades cardiovasculares está cada vez mais evidenciada através de estudos junto à população. Pesquisas realizadas no Brasil mostram uma elevada prevalência de hipertensos entre os adultos chegando ao patamar de 20 a 45%. E, na maioria das vezes, as causas são desconhecidas (BISI MOLINA et al., 2003). Ao considerar a pressão arterial (PA) elevada como um problema multifatorial que atinge diversos grupos populacionais, torna-se imprescindível identificar fatores de risco associados a níveis pressóricos elevados nos jovens e adultos de ambos os sexos, com intuito de intervir precocemente sobre os mesmos e minimizar possíveis problemas cardiovasculares na adolescência, na fase adulta e velhice (PESSUTO e CARVALHO, 1998). Smeltzer (2006) fala que a HAS não tem cura, mas possui tratamento e pode ser controlada. Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável: manter o peso adequado, hábitos alimentares saudáveis, não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos, praticar atividade física regular, aproveitar momentos de lazer, abandonar o fumo, moderar o consumo de álcool, evitar alimentos gordurosos. Fatores de risco para hipertensão arterial Identificar os fatores de risco associados à elevação dos níveis pressóricos de um indivíduo é imprescindível, isso por ser considerado um problema multifatorial que atinge diversos grupos populacionais (SILVA e FARIAS 2007). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Segundo Dell’acqua et al., (1997) existem vários fatores de risco, os quais são divididos em dois grupos. Os congênitos, que são: hereditariedade, idade, raça e sexo. E os adquiridos: obesidade, alimentação rica em sal e gorduras, estresse, uso de anticoncepcionais, álcool e tabaco. E, conforme Silva e Farias (2007), podemos acrescentar ainda como fatores de risco para hipertensão arterial as doenças cardiovasculares e o sedentarismo. As mulheres com mais de 30 anos que fumam e fazem o uso de anticoncepcionais estão mais sujeitas a se tornarem hipertensas. Em ambos os sexos a frequência da hipertensão aumenta com idade, considerada como fator de risco, devido às alterações que ocorrem na musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos, devido ao processo de envelhecimento. Porém, quando se associa idade e sexo, a prevalência da HAS é no sexo masculino. Entretanto, devido à mudança de estilo de vida das mulheres essa situação está sofrendo mudanças (PESSUTO e CARVALHO, 1998). Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica É de extrema importância a avaliação da equipe multiprofissional para assim propor um tratamento mais adequado, visando minimizar os riscos do surgimento das complicações crônicas (CAR, EGRY, 1996). Segundo Pessuto e Carvalho (1998), o tratamento pode ser não farmacológico, no qual se inclui o controle de peso, uma vez esse excesso é considerado um fator predisponente para desenvolvimento da hipertensão arterial. Para o Ministério da Saúde (2006), 20% a 30% da prevalência da doença podem ser explicadas pela presença do excesso de peso, porém uma redução de 5% a 10% da massa corporal pode levar a diminuição da pressão arterial. Car e Egry (1996) relatam que o abandono do tabagismo, do etilismo, a adesão à pratica de exercícios físicos, a mudança de hábitos alimentares, na qual se passa a utilizar alimentos mais saudáveis como frutas, cereais, legumes e o consumo reduzido de gorduras saturadas são capazes de reduzir a pressão arterial em hipertensos. Segundo dados do Ministério da Saúde (2006), o tratamento farmacológico visa reduzir não só os níveis tensionais como também reduzir os eventos Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 cardiovasculares fatais e não fatais. Os agentes anti-hipertensivos agem de distintas formas de ação terapêuticas, assim alterando na fisiopatologia da hipertensão arterial. Esses agentes anti-hipertensivos são classificados como diuréticos, inibidores adrenérgicos, vasodilatadores diretos, antagonista do sistema renina-angiotensina e os bloqueadores do canal de cálcio. O Ministério da Saúde (2006) apresenta quais os medicamentos mais utilizados pela população hipertensa e que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza para a população através da rede pública de saúde. Que são os Diuréticos como a hidroclorotiazida e furosemida. Há também os beta bloqueadores como propranolol e os inibidores da Enzima Conversora de angiotensina (iECA) que são captopril e enalapril. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem quantitativa, que se realizou em uma Instituição de Ensino Superior, localizada na cidade de Matipó – MG, Zona da Mata Mineira. Aos funcionários, foram aplicados 32 questionários, relacionados à saúde, assim se fazendo uma busca de possíveis hipertensos. O publico da presente pesquisa são os funcionários de uma Instituição de Ensino Superior da Zona da Mata Mineira com exceção dos professores e coordenadores da presente instituição. A coleta de dados ocorreu no mês de setembro do ano de 2011 e o instrumento para coleta dos dados foi um questionário o qual se encontra no Anexo I. A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário padronizado aos trabalhadores da Faculdade Vértice. O mesmo é composto por 26 questões fechadas, nas quais três são de perfil sócio-demográfico, dez de relacionadas ao estilo de vida, outras nove avaliando o conhecimento quanto aos fatores de risco e mais quatro que avaliam o conhecimento da doença. Quando se realiza uma pesquisa quantitativa, busca-se analisar o comportamento das variáveis individualmente ou na sua relação de associação ou de dependência a outras variáveis (quando há causalidade). São elaborados diversos gráficos ou tabelas de frequências uni variadas (uma variável), com Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 cruzamentos de duas variáveis ou mais, no intuito de identificar características ou fatores explicativos dos fenômenos em estudo (SANTOS, 2009). A pesquisa respeitou as orientações contidas na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos com a Instituição que autorizou a realização da pesquisa, quanto em relação aos sujeitos entrevistados que realizaram leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (BRASIL, 1996). Após a aplicação dos questionários e coleta de dados, os mesmos foram tabulados no Microsoft Excel. Desses dados, foram gerados gráficos que orientaram a escrita e discussão dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa contou com 32 funcionários pesquisados, sendo que 31% são do sexo masculino e 69% do sexo feminino, a idade entre eles varia entre 18 e 46 anos com idade média de 23 anos. Entre os funcionários, 13% possuem 1º grau incompleto, 3% o 2º grau incompleto, 16% afirmam possuir o 2º grau completo, 44% estão cursando o nível superior, outros 18% são graduados e, ainda, 6% que não responderam conforme podemos analisar na Figura 1. Pessuto e Carvalho (1998) apresentam que quanto à variável nível de escolaridade, ficou evidenciado que se tem uma queda na média da pressão arterial sistêmica, conforme aumenta o grau de educação. O autor também afirma que há uma menor prevalência da doença com o aumento do nível de escolaridade, dado esse muito relevante, já que irá interferir diretamente na assimilação das orientações necessárias para a prevenção adequada e a adesão ao tratamento. Com relação ao estado civil, 60% dos pesquisados são solteiros, 34% casados e 6% não responderam. A partir de um estudo realizado por Sarquis et al., (1998), para minimizar a não adesão ao tratamento da hipertensão devemos iniciar com a identificação dos fatores que interferem nessa adesão. Esses fatores são identificados como: idade avançada, o sexo, raça, escolaridade, nível socioeconômico, ocupação, estado Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 civil. Outro fator que interfere é tratar-se de uma doença silenciosa, o que impede na percepção do se sentir doente. Os participantes da pesquisa foram questionados quanto à questão da hereditariedade, verificando se possuem familiares com hipertensão. Dentre as respostas que obtivemos 69% alegando possuir algum hipertenso na família, outros 28% disseram não possuir nenhum e 3% não responderam. Segundo Silva e Souza (2004), os traços genéticos estão diretamente relacionados ao surgimento da hipertensão arterial. Considera-se também a estimativa de que 1/3 da população que desenvolve a hipertensão é devido aos fatores de hereditariedade. Dos entrevistados, 53% afirmam fazer uso de bebidas alcoólicas e 47% não fazem consumo. Dentre os que relataram fazer uso questionou-se quantas vezes por semana realiza o consumo dessas bebidas. Na Figura 1 podemos observa quanto ao uso de bebidas alcoólicas que. Figura 1: Número de vezes por semana que fazem uso de bebeidas alcoolicas. Castro, Rolim e Mauricio (2005) apresentam que com a redução da ingestão de bebidas alcoólicas e a diminuição na ingestão de outras substâncias, como nicotina e alimentos gordurosos, pode se minimizar o risco para desenvolver a hipertensão arterial sistêmica. A Sociedade Brasileira de Cardiologia, através da VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010), estabelece que a ingestão de álcool por longos períodos de tempo pode acarretar em um aumento da pressão arterial e consequentemente morbidades cardiovasculares. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quanto ao uso do tabaco, 87,5% afirmam que não fazem uso de tal substância e 12,5% relatam fazerem uso do cigarro. Para aqueles que responderam sim, questionou-se quantos cigarros eram consumidos por dia. A figura 2 apresenta quantos cigarros/dia são consumidos pelos pesquisados. 6,5% 3% 3% 0% Fig 2: Quantidade de cigarros consumidos por dia. A nicotina é prejudicial ao organismo, pois promove a liberação de catecolaminas, que aumentam a frequência cardíaca, a pressão arterial e a resistência periférica (PESSUTO e CARVALHO,1998). O Instituto Nacional do Câncer (2010) estabelece que 25% dos óbitos ocorridos por motivo de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral são devido ao uso excessivo de tabaco. Quanto às questões pertinentes ao uso de medicamentos para hipertensão arterial e o uso de anticocepcional, 97% dos entrevistados responderam as perguntas. Quanto ao controle da hipertensão 90% afirmam não fazerem o uso do medicamento anti hipertensivo (porque não são hipertensos), apenas 10% relatam usar. Já em relação ao anticoncepcional, 74% das mulheres não fazem uso do medicamento e os 26% restantes afirmam usar o o método contraceptivo. Segundo o Ministério da Saúde (2006) “a hipertensão é duas a três vezes mais comuns em usuárias de anticoncepcionais orais, especialmente entre as mais idosas e obesas. O aparecimento da hipertensão arterial durante o uso do anticoncepcional oral impõe a interrupção imediata do medicamento”. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Quanto a atividade fisica, 90% dos investigados responderam a essa questão. Uma vez que 45% realizam atividade fisica e 55% não pratica. O gráfico da Figura 3 demonstra quantas vezes por semana esses entrevistados fazem atividades físicas. 21% 21% 3% Figura 3: Número de vezes por semana são realizadas atividades fisicas. Em um estudo realizado por Monteiro e Sobral Filho (2004) eles apresentam que o sedentarismo também constitui importante fator de risco. Isso porque já está bem estabelecida a ocorrência de maior taxa de eventos cardiovasculares e maior taxa de mortalidade em indivíduos com baixo nível de condicionamento físico. Estima-se que a prevalência do sedentarismo seja de até 56% nas mulheres e 37% nos homens, na população urbana brasileira. A prática do exercício físico ajuda na redução da incidência de desenvolvimento da HAS, mesmo em indivíduos pré-hipertensos (DIRETRIZES 2010). Os entrevistados também foram questionados sobre quais poderiam ser os fatores relacionados ao desenvolvimento da hipertensão arterial. O consumo de sal foi o fator mais expressivo, 97% dos pesquisados afirmaram que esse pode ser um fator para desenvolvimento HAS. A figura 4 apresenta os fatores de risco para desenvolvimento da HAS a partir do apresentado pelos pesquisados. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Figura 4: Fatores relacionados com a hipertensão arterial que foram referidos na pesquisa. Para Bisi Molina (2003) e Carneiro et al., (2003), os fatores de risco para desenvolvimento e agravamento da HAS e suas malignidades podem ser classificados como: o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, uso de tabaco, a obesidade, uso de anticoncepcionais, etnia, a não realização de atividades físicas regulares e fatores genéticos. Segundo Monteiro e Sobral Filho (2004) a HAS representa uma das maiores causas de morbidade cardiovascular no Brasil e acomete 15% a 20% da população adulta. A HAS também é considerada um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares e representa alto custo social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo no trabalho em nosso meio. Quando se trata de profissão percebe-se o impacto causado no cotidiano do trabalhador, uma vez que parte de sua vida ele passa no local de trabalho. Essa situação pode influenciar alguns comportamentos levando o indivíduo a se deparar com condições que o deixe susceptível ao desenvolvimento de doenças como a hipertensão arterial (SANTOS e LIMA, 2008). Sobre os riscos que a pressão arterial elevada pode trazer à vida da pessoa, 100% dos investigados falaram que a HAS pode trazer complicações para a saúde. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Entre os entrevistados, 50% acreditam que a HAS tem cura, o que comprova o desconhecimento sobre a doença. Entretanto, 100% dos investigados afirmam que a HAS é uma doença grave. Para Smeltzer (2006) a HAS é uma doença que não tem cura, porém pode e deve ser controlada por apresentar consequências graves, como acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocardio e insuficiencia renal crônica. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o verificado no presente trabalho, entende-se que há necessidade de organizar um atendimento a esses clientes portadores de HAS; no sentido de fortalecer a importância de mudanças de comportamentos, já que foram levantados aspectos falhos quanto à atividade física, uso de tabaco, e também dados questionáveis em relação à alimentação. Diante do exposto e considerando que essa doença gera um custo muito alto para a saúde no Brasil, nota-se que há a necessidade de novas políticas de saúde visando às especificidades da população. Além disso, observamos indícios da falta de conhecimento dos pesquisados em relação à doença, mesmo em se tratando de uma patologia tão comum entres os brasileiros e, ao mesmo tempo, desconhecida por uma boa parte da população. Dessa maneira, percebe-se a necessidade de se criar novas alternativas para que se possa buscar a promoção da saúde, levando a essa população um conhecimento sobre a hipertensão. Assim, esses indivíduos serão motivados a ter qualidade de vida e melhores condições de saúde. REFERÊNCIAS BISI MOLINA, Maria del Carmen et al . Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 37, n. 6, dez. 2003 . Disponível em <http://www.scielo.br acesso em 17 out. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde, Caderno de atenção básica. Hipertensão arterial sistêmica, cadernos de atenção básica nº15, Brasília - DF, 2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=23616. Acesso em 23 de set. 2011. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Resolução 196. 1996. Brasília: CNS; 1996. CAR, Marcia Regina e EGRY, Emiko Yoshikawa. Dialética do processo de trabalho da liga de hipertensão arterial. 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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DIANTE DA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG. Maria Aparecida Rodrigues de Freitas – Graduada em Enfermagem Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem. Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Neiler Soares Vieira de Oliveira – Graduado em Enfermagem, Especialista em Saúde Mental. Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A inclusão das questões de saúde mental nas equipes de Saúde da Família era uma forma de inibir a fragmentação do cuidado, apontando para a necessidade de criação de novas alternativas de cuidado na atenção básica. O objetivo deste trabalho foi descrever ações e orientações dos enfermeiros da ESF da Cidade de Matipó-MG, diante da sua equipe atuante na saúde mental na rede primária. Para isso foi realizada uma pesquisa descritiva de caráter qualitativo junto às Equipes de Saúde da Família da cidade de Matipó. A população do estudo é caracterizada por um grupo de 7 enfermeiros que fazem parte das equipes das ESF sendo 57% do gênero feminino. Quatro são pós-graduados. Todos os profissionais afirmam não ter participado de nenhum tipo de capacitação em saúde mental nos últimos seis meses e apesar disso, 57% deles promoveram um trabalho de educação continuada com sua equipe. Entende-se que mais do que ofertar um serviço em Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família, se faz urgente à oferta de uma atenção mais abrangente e integral, com vistas à realidade social e as necessidades gerais de saúde do sujeito portador de sofrimento mental dentro da família e comunidade. PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental, Equipes de Saúde da Família, Enfermagem. INTRODUÇÃO No que tange à saúde mental verifica-se que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 450 milhões de pessoas sofrem de transtornos mentais, resultantes de uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais (OMS, 2001). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, o Brasil vem sofrendo transformações significativas na assistência à saúde em seu território, redefinindo através de leis e portarias as responsabilidades e as competências de todos os níveis de gestão e atribuindo aos municípios um papel central na gestão do sistema local de saúde. Neste contexto, a participação da população é uma importante estratégia para garantir princípios como a descentralização e municipalização da saúde (BRASIL, 2006). A ESF apresenta-se como uma proposta de reestruturação da atenção primária, centrada na família, entendida e percebida em seu ambiente físico e social, e prevê a participação de toda a comunidade, em parceria com a Equipe de Saúde da Família, na identificação das causas dos problemas de saúde, na definição de prioridades, no acompanhamento da avaliação de todo trabalho (BRASIL, 2006). Conforme uma pesquisa do Ministério da Saúde, Brasil (2007), feita em 2003 verifica-se que 56% das equipes de Saúde da Família referiam realizar “alguma ação de saúde mental” e, dentre os problemas de maior prevalência, estavam o alcoolismo, a depressão, as tentativas de suicídio e o uso indiscriminado de fármacos (BREDA; AUGUSTO citado por VECCHIA, 2006). Deste modo, a inclusão das questões de saúde mental nas equipes de Saúde da Família era uma forma de inibir a fragmentação do cuidado, apontando para a necessidade de criação de novas alternativas de cuidado na atenção básica (DIMENSTEIN, 2004). Nos últimos anos, o Ministério da Saúde vem estimulando a inclusão de políticas de expansão, formulação, formação e avaliação da Atenção Básica direcionadas aos problemas de saúde mental e aos usuários, enfatizando a criação de equipes nessa rede de atenção com fortes vínculos com profissionais da saúde mental. A implementação dessas políticas tem se fundamentado em três planos: administrativo, com o processo de descentralização; assistencial, através da Estratégia de Saúde da Família e os Agentes Comunitários; e político, por meio do controle social (BRASIL, 2007). Todos os trabalhadores de Saúde devem conhecer o modelo de assistência em Saúde Mental, e os serviços existentes no município: equipes de Saúde Mental nas unidades básicas, Centros de atenção Psicossocial (CAPS), Centros de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Convivência, leitos em hospital geral, etc. Dessa forma, saberão para onde encaminhar o usuário, quando seu caso não puder receber o atendimento adequado no serviço de Saúde em que foi feito o acolhimento (MINAS GERAIS, 2006). Portanto, o objetivo deste trabalho foi descrever ações e orientações dos enfermeiros da ESF da Cidade de Matipó-MG, diante da sua equipe atuante na saúde mental na rede primária. Assim, o enfermeiro envolvido nesse serviço deve orientar os demais profissionais ali inseridos através de uma metodologia problematizadora que busque articular os saberes produzidos no cotidiano dos serviços e o conhecimento científico. Constituindo-se uma Atenção Básica em um espaço de acolhimento e da integralidade das ações visando à ampliação da rede de cuidados com o objetivo de promoção da saúde como forma de produção de vida. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Donnangelo (1979), a definição de saúde possui implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença. Afirma a autora que a OMS define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Conforme a OMS, os conceitos de saúde mental abrangem, entre outras coisas, o bem-estar subjetivo, a auto eficácia percebida, a autonomia, a competência, a dependência Inter geracional e a auto realização do potencial intelectual e emocional da pessoa. Numa perspectiva transcultural, é quase impossível definir saúde mental de uma forma completa. De um modo geral, porém, concorda-se quanto ao fato de que a saúde mental é algo mais do que a ausência de perturbações mentais (OMS, 2001). Scóz e Fenili (2003) ressaltam que o SUS, desde sua implantação,vem criando alternativas para inserção do paciente com transtorno mental na comunidade e que a inclusão das ações de saúde mental no PSF depende da política de saúde a níveis federal, estadual e municipal com o intuito de integralizar as estratégias de promoção, prevenção, tratamento e reinserção social. Vale lembrar que: Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 No que diz respeito à articulação entre saúde mental e a ESF, denota-se que “o foco do trabalho está na sensibilização das equipes do PSF para a compreensão das múltiplas características dos sujeitos e as diversas causas de seus sofrimentos, desmistificando a doença mental no trabalho cotidiano” (CASÉ, 2000, p. 132). Araújo (2003) afirma que a ESF segue princípios que colocam como prioridade o vínculo e o compromisso profissional para com a comunidade. No que tange à importância da integralidade das ações para a reorientação do modelo assistencial vigente, Alves (2005) destaca que: O princípio da integralidade implica em integração das ações preventivas, promocionais e assistenciais, além da integração dos profissionais em equipes interdisciplinares e multiprofissionais que possam compreender de forma mais abrangente os problemas de saúde intervinda mais efetivamente, integrando assim as partes do organismo vivo, reconhecendo nele um sujeito (ALVES, 2005. p. 43). Sobre o trabalho do enfermeiro em Saúde Mental na ESF, Kantorski et al. (2006) afirmam que aconteceu uma mudança de paradigma. Assim o novo modelo envolve práticas coletivas como o incentivo da participação da família e do usuário no tratamento, a reabilitação psicossocial e ações de reinserção social. O cuidado a essa clientela deve considerar a singularidade do sujeito e a premissa de que o tratamento deve ser resultado de um conjunto de intervenções que visem tratar a pessoa nos estados de crise, acolhendo-a de maneira humanizada. Oliveira e Loyola (2006) revelam que outro aspecto de relevância no trabalho do enfermeiro, nesse contexto, são as visitas domiciliares com o intuito de fazer busca ativa dos usuários desses serviços. Verificando que através da visita domiciliar o profissional de Enfermagem tem oportunidade de interagir com a família orientando quanto aos procedimentos cotidianos, o que estende a responsabilidade da família no cuidado do cliente. Assim, “O Enfermeiro deve orientar a família em relação aos cuidados adequados e, ao mesmo tempo, ficar atento quanto à sobrecarga da família” (COIMBRA et al., 2005). Ao enfermeiro cabe também apoiar e supervisionar o trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS) na realização das ações do atendimento (COSTA e CARBONE, 2009). Conforme Drummond (2009), aos ACS cabem três ações em Saúde Mental: identificação de casos novos, supervisão de casos conhecidos (uso Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 da medicação e flutuações dos quadros) e encaminhamento aos profissionais de nível superior da equipe daqueles não tratados ou desestabilizados. Dedicando, portanto, aos casos de Saúde Mental a mesma atenção dispensada a qualquer outro doente (ou em vias de adoecimento) em sua área de atuação. Barros et al. (2009), reafirmam papel ativo dos ACS no estabelecimento e manutenção de vínculos com usuários e familiares. Outra concepção de trabalho onde o enfermeiro pode atuar segundo Guanaes e Japur (2001) é o grupo que constitui um dos principais recursos terapêuticos nos diversos contextos de atendimento. Outro aspecto importante do trabalho do enfermeiro em saúde mental na ESF segundo Toledo (2004) é a consulta de enfermagem que auxilia na identificação de sinais de afecções e de necessidades biopsicossociais que muitas vezes não são relatadas pelo usuário do serviço. Para o autor essa proposta tem sido considerada como uma ferramenta útil e relevante para a construção de uma práxis mais eficaz na enfermagem psiquiátrica no que se refere à reabilitação psicossocial aplicada em serviços de saúde mental. Soalheiro (2003) entende que a educação permanente dos trabalhadores em saúde, e a avaliação sistemática das novas práticas, além da inclusão da perspectiva dos usuários no processo dentre outras, são vias importantes e necessárias ao estabelecimento dos novos referenciais na prática cotidiana de atenção em saúde mental. METODOLOGIA Esta é uma pesquisa de caráter quantitativo, que conforme Gil (1991) se caracteriza pela aplicação da quantificação tanto no que se refere à coleta de informações quanto no tratamento dos dados, representando assim, a intenção de garantir resultados precisos. O estudo foi realizado nas (7) sete Estratégias Saúde da Família, da cidade de Matipó, localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, com cada enfermeiro responsável por cada uma delas, totalizando 7 profissionais. O município conta com uma população de 17.639 mil habitantes e a principal fonte de emprego e renda da população é a cultura de café (IBGE, 2011). Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os profissionais de saúde implicados no estudo fazem parte de um grupo de Enfermeiros, das referidas ESF. Os critérios de inclusão utilizados foram: enfermeiros que atuam na rede básica e que trabalham nas ESF em questão a pelo menos 6 meses. A pesquisa foi realizada do mês de dezembro de 2011. Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário semiaberto contendo 16 questões, abordando a atuação do enfermeiro, dados socioeconômicos, aspectos relacionados ao seu trabalho na rede básica com os portadores de Saúde Mental e sua família. Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo. Após aplicação do instrumento de coletas de dados, os mesmos foram reunidos e agrupados para análise em programa Microsoft Excel, gerando gráficos que iluminaram as discussões dos dados. RESULTADOS E DISCUSSÂO A população do estudo é caracterizada por um grupo de 7 enfermeiros que fazem parte das equipes das ESF do Município de Matipó-MG. Sendo 57% do gênero feminino e 43% do gênero masculino. Quatro são pós-graduados, a saber, em saúde da família, língua portuguesa, gestão microrregional em saúde e docência no ensino superior. Além do exposto, todos os profissionais afirmam não ter participado de nenhum tipo de capacitação em saúde mental nos últimos seis meses e apesar disso, 57% deles promoveram um trabalho de educação continuada com sua equipe principalmente através de palestras. Em relação à identificação do paciente em saúde mental 41,6% da população do estudo revela que é feita através da classificação de risco, seguida de busca ativa em 33,4% dos casos e finalmente 25% por demanda espontânea. Segundo Alves (2005) em se tratando de saúde mental, a equipe de saúde da ESF deve estar preparada para executar ações que vão desde a busca ativa de Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 casos na comunidade atendida, até acompanhamento ambulatorial e ações de melhoria de saúde geral, e dessa forma atender a toda a demanda. Os dados revelam que existe uma preocupação entre a população alvo quanto à capacitação na atuação multiprofissional, envolvendo todos os atores da equipe. Conforme Lemos, Lemos e Souza (2007), se faz necessário aperfeiçoar o profissional de enfermagem em saúde mental para uma qualificação na atenção básica junto a ESF, e o desenvolvimento de ações conjuntas, qualificadas e multiprofissionais, com suporte familiar, atividades em grupo, disponibilidade de serviços de referência e contra-referência, para que se alcance uma desinstitucionalização do portador de transtorno mental e sua reinserção na sociedade. Verifica-se que todas as unidades mantém vínculo com o CAPS, sendo mais comum o contato via telefone. E quando se trata do encaminhamento do paciente aos serviços especializados observa-se que em 33,4% dos casos, ele é feito de forma simples pelo médico, apenas detalhando o caso. Os casos restantes encontram-se divididos de forma equivalente a 22,2% são encaminhados após discussão da equipe de saúde através da Secretaria de Saúde e pelo próprio enfermeiro. Entre os entrevistados, a maioria, ou seja, 89,3% já encaminharam pessoalmente algum paciente ao dispositivo especializado. O estudo revela que a maior parte dos envolvidos na pesquisa, 85,7% afirma que os usuários portadores de transtorno mental são convidados a participar do cotidiano da unidade de saúde em algum tipo de atividade. Entendendo a importância do Enfermeiro em saúde mental na ESF, Coimbra et al. (2005) afirmam que a ajuda oferecida pela equipe de saúde da família com suporte da equipe de saúde mental, poderia se dar através de visitas domiciliares, atendimento individual e familiar, assim como reunião de grupos na própria comunidade assistida. Questionados sobre qual a dificuldade que a equipe encontra ao atender o paciente com transtorno mental, 57,1% referem ser a falta de capacitação um complicador no atendimento. Já 28,2% afirmam não encontrar nenhuma dificuldade quanto ao atendimento ao paciente com transtorno mental e 14,3% referem-se à falta de interação equipe-família quanto à maior dificuldade nesse atendimento. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Os resultados aqui encontrados apontam que a falta de capacitação é a maior dificuldade encontrada pelos Enfermeiros no atendimento em Saúde Mental e Pereira (2000) afirma que para que haja uma responsabilidade compartilhada entre as equipes de saúde mental e do PSF e para atender a população, a elaboração de um projeto terapêutico-pedagógico para a pessoa e a família são balizadores do programa. Além disso, conforme a publicação do Ministério da Saúde - Saúde da família: é uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial (1997) verifica-se que é necessário que essa equipe de atendimento seja capacitada para assistência integral e contínua às famílias da área atendida, identificando situações de risco à saúde na comunidade assistida, enfrentando em parceria com a comunidade os determinantes do processo saúde-doença, desenvolvendo processos educativos para a saúde, voltados à melhoria do autocuidado dos indivíduos. Mais especificamente sobre o trabalho do enfermeiro em saúde mental, Vilela e Moraes (2008) entendem que a atuação desse profissional de saúde se baseia atualmente no modelo humanista, existencial, entre outros, e suas funções são norteadas pela promoção da saúde mental, a prevenção da enfermidade mental, ajuda ao doente a enfrentar as pressões e dificuldades do cotidiano, além da capacidade de assistência ao paciente, à família e à comunidade, ajudando-os a encontrarem o verdadeiro sentido para o sofrimento mental. Sobre a função do Enfermeiro na ESF em relação ao usuário em saúde mental, 41,2% entendem que sua função está ligada à orientação e à continuidade do tratamento, e 29,4% reconhece ser a sua função nesse contexto a de orientar quanto à medicação e implementar a interação paciente-família. Todos os Enfermeiros entrevistados no estudo entendem ser de sua responsabilidade a saúde geral do paciente. Assim como observado por Paim (2002) a necessidade da transformação da relação profissional-usuário para a construção de um modelo assistencial alternativo, capaz de acumular experiências contra-hegemônicas. Investigando sobre a criação de métodos próprios de atendimento aos usuários da Saúde Mental, 82,1% criaram uma metodologia diferenciada para esse atendimento, contra 17,9% que relatam não haver criado nenhum método diferente para tal serviço. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 Vilela (2008) afirma que a reabilitação psicossocial abarca medidas terapêuticas que garantam as atitudes básicas em relação à comunidade, aos membros da equipe e em relação aos usuários dos serviços de saúde mental. O que encontra respaldo nas afirmações de Vilela e Scatena (2004) que entendem que a enfermagem deve rever seus antigos paradigmas, repensar a sua prática e o saber que a embasam, e reestruturá-los de maneira a compor o desenvolvimento de seus papéis, ampliando os instrumentos de cuidar/assistir/trocar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelo exposto no estudo verifica-se que há cada vez mais uma necessidade da inserção das questões de saúde mental no cotidiano da Estratégia da Saúde da Família. Visto que a política nacional de saúde mental tem exigido cada vez mais a observação integral a essa população. Assim, tanto o Enfermeiro da ESF quanto a equipe devem estar preparados a ofertar maior resolutibilidade aos problemas desses usuários. No que tange à dinâmica e procedimentos terapêuticos, como atendimento grupal, relação de ajuda para o enfrentamento de crise, estímulo ao relacionamento interpessoal e comunicação, verifica-se que não são atividades constantes e sistematizadas. Fato esse que pode estar associado à falta de um modelo assistencial que valorize o cliente em suas dimensões psicobiologicas, sociais e espirituais e melhor fundamentar as atividades. Verifica-se ainda a importância da educação continuada em serviço e a necessidade de propor aperfeiçoamento específico para o grupo objeto de pesquisa. A fim de uma melhor instrumentalização na promoção da saúde mental, na prevenção da enfermidade mental, e na assistência ao paciente, família e comunidade. Conclusivamente entende-se que mais do que ofertar um serviço em Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família, se faz urgente a oferta de uma atenção mais abrangente e integral, com vistas à realidade social e as necessidades gerais de saúde do sujeito portador de sofrimento mental dentro da família e comunidade. Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS ALVES, Vânia Sampaio. 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