Estudo do Caso Clínico
Transcrição
Estudo do Caso Clínico
Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico An Unusual Case of Severe Hypertriglyceridemia and Splenomegaly Amit R. Rahalkar1, Jian Wang1, Sandra Sirrs2, James Dimmick3, Daniel Holmes4, Nadine Urquhart4, Robert A. Hegele1,a and Andre Mattman2 Um caso Incomum de Hipertrigliceridemia Severa e Esplenomegalia Amit R. Rahalkar1, Jian Wang1, Sandra Sirrs2, James Dimmick3, Daniel Holmes4, Nadine Urquhart4, Robert A. Hegele1,a and Andre Mattman2 Robarts Research Institute and Schulich School of Medicine and Dentistry, University of Western Ontario, London, Ontario, Canada;2 Adult Metabolic Disease Clinic, Department of Medicine, Vancouver General Hospital, UBC, Vancouver, British Columbia, Canada;3 Department of Pathology and Laboratory Medicine, Children’s and Women’s Health Centre of British Columbia, UBC, Vancouver, British Columbia, Canada;4 Department of Pathology and Laboratory Medicine, St. Paul’s Hospital, UBC, Vancouver, British Columbia, Canada. Envie correspondência para esse autor para: Robarts Research Institute, 406-100 Perth Drive, London, Ontario, Canada N6A 5K8. Fax: +1 519 663 3037; e-mail [email protected]. CASO Um homem de 49 anos de descendência Japo- citose sinusal a distanciar-se do componente nesa e Britânica foi encaminhado para uma linfóide. A esmagadora maioria dos histiócitos clínica de doenças metabólicas para avaliação eram espumosos (Fig. 1a), e apenas uns pou- 5 meses após ruptura não traumática do baço cos tinham aparência azul marinho e reagiam requerendo esplenectomia. Histórico anterior positivamente com ácido periódico de Schiff incluía hipertensão e leves dores de cabeça (PAS), PAS e frontais, mas nenhum outro sintoma neuroló- Giemsa. Suspeitou-se de um distúrbio de ar- gico ou cardiovascular. O paciente não fumava mazenagem de lípideos, mas os histiócitos e usava álcool com pouca frequência. Sua mãe não tinham a aparência de linearidade cito- tinha doença arterial coronária, e seu pai tinha hipertensão leve. Não havia histórico familiar plásmica das células de Gaucher e eram por outro lado inespecíficos. Antes da ruptura es- consangüíneo de esplenomegalia, diabete, ou plênica, o perfil lipoprotéico do paciente foi atraso no desenvolvimento. relatado O baço rompido pesava 727 g, e a espleno- medição anterior registrada de triglicerídeos megalia estava associada com marcada histio- excedendo 2 mmol/L. diástase, e corantes May- como sendo normal, com nehuma Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico Figura 1. Patologia e estudos genômicos do paciente identificado. (a), A seção corada por Hematoxilina e eosina (40x) do baço, mostrando polpa branca expandida deslocando corpos Malpighianos. A palidez é devido a abundância de histiócitos espumosos nos sinusóides, vistos em imersão (400X). (b), análise LightCycler (Roche Diagnostics) de DNA genômico com a curva C representando a curva de fusão APOE do paciente no códon 158, mostrando heterozigosidade no códon 158 para 1 trinucleotídeo TGC (cisteína ) com Tm de 56.4 °C e uma indeterminada sequência de códigos de trinucleotídeos com uma temperatura de fusão de 62.99 °C, que estava fora da margem aceitável Cys158 de 63.5–68.5 °C, indicando outro aminoácido codificado por esse resíduo. Curvas de fusão para controles E2/E4 (A) e E2/E3 (B) normais são mostradas para referência. (c), Sequenciamento direto dos alelos APOE plasmídeos clonados do paciente mostrando supressão dentro da estrutura no códon 149 no alelo mutante; Arginina codificadora de CGC no códon 157 no delineamento de fundo identifica E3 149Leu. A cisteína codificadora de trinucleotídeo TGC no códon 158 no delineamento de superfície identifica E2 normal. Investigações laboratoriais dois meses após oclusão arterial óbvia, e MRI cerebral revelou esplenectomia revelaram hiperlipidemia com- mudanças não específicas na matéria branca binada com colesterol total, colesterol HDL, e consistentes com isquemia. Ultrasom da arté- triglicerídeos de 7.9 (normal <5.2), 1.4 (nor- ria carótida não mostrou obstrução significan- mal >1.0), e 4.3 (normal <1.7) mmol/L, res- te. pectivamente. Testes das funções do fígado Seis meses após esplenectomia, os triglicerí- estavam normais além de aumentada gluta- deos estavam 17.2 mmol/L. Ele foi posto em miltransferase (88 µg/L; normal <49 µg/L). uma dieta com pouco açúcar, pouca gordura e Contagens de hemoglobina e leucócitos esta- rica em frutos do mar. Aos 8 meses seus tri- vam normais com leve trombocitose. Exame glicerídeos do plasma tinham caído para 1.5 físico aos 5 meses revelou obesidade (índice mmol/L, enquanto o colesterol total e coleste- de massa corpórea 28.9 kg/m ) e hiperten- rol HDL estavam 8.2 e 1.2 mmol/L, respecti- são (pressão sanguínea em repouso 140/100 vamente, e concentrações de apolipoproteína mm Hg). Exame cardiovascular estava normal. Não houve xantoma ou xantelasma e nenhu- apoB e apoA-I estavam 1.19 e 1.35 g/L, respectivamente. O regime de dieta do paciente ma hepatomegalia. A fração de ejeção ventri- foi aliviado, e aos 12 meses os triglicerídeos cular esquerda por ecocardiograma estava tinham normal a 50%. Exame de tomografia computa- mmol/L. Em vista de achados sugerindo do- dorizada da artéria coronária não revelou ença cardiovascular e hipertrigliceridemia gra- 2 aumentado de novo para 21.1 Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico ve e recorrente, aspirina e antihipertensivo, e 10 mg/dia e óleo de salmão l 3 g/dia) foram terapias para baixar os lipídeos (atorvastatina iniciadas. Investigação genômica foi pedida. DISCUSSÃO Hipertrigliceridemia primária pertence a uma gestiva do coração; (h) obstrução venosa por- família de distúrbios relativamente comuns, tal extra hepática, tal como transformação alguns dos quais tem uma conhecida base cavernosa; e genética molecular. Por exemplo, alguns casos de quilomicronemia familiar resultam de tais como doença de Gaucher ou NiemannPick. mutações no gene codificador da lipase lipo- O diagnóstico diferencial de esplenomegalia protéica ou seu co-fator apoC-II. Alguns casos não traumática com de hiperlipoproteinemia combinada familiar clui: ausência hereditária de lípase lipoprotéi- resultam de mutações no upstream do gene ca ou apoC-II, raras mutações apoE3, defici- de transcrição do fator 1 (USF1) codificando um fator de transcrição. Disbetalipoprotei- ência da lipase do ácido lisossômico, ou linfohistiocitose hemofagocítica (1)(2)(3). O nemia ( hiperlipoproteinemia tipo III) requer 2 acompanhamento dessas condições raras e cópias do alelo APOE E2. A maioria dos casos específicas inclui um completo perfil lipopro- de hipertrigliceridemia primária, contudo, não téico; testes lipoprotéicos avançados, tais co- tem uma base molecular conhecida. Fatores secundários que pioram a hipertrigliceridemia mo genotipagem APOE; imagem de ultrasom abdominal para documentar aumento de fíga- incluem dieta pobre, obesidade, uso de álcool, do e/ou baço; e avaliação de biomarcadores diabete, doença renal, gravidez, distúrbio não inflamatórios ou hematológicos de soro. Aná- alcoólico e gorduroso do fígado, paraprotei- lise molecular de apolipoproteína nemias, distúrbios autoimunes, e certas medi- apolipoproteína C-II (APOC2), lipase lipopro- cações, tais como esteróides. As etiologias potenciais de esplenomegalia téica (LPL), ou genes de lipase A (ácido lisossômico, esterase do colesterol, LIPA) podem variam de acordo com a idade do paciente. ser necessários, além de avaliação histopato- Por exemplo, seqüestro esplênico na doença lógica do baço. falciforme ocorre cedo na vida, ao passo que Dois relatórios anteriores identificaram a exis- fibrose portal não cirrótica ocorre em idades tência de uma isoforma apoE3 muito rara com mais avançadas. Mecanismos de esplenomegalia incluem: (a) infecções, que podem ser uma deleção da leucina no códon 149, designada E3 149Leu (4)(5). Características clíni- virais, tais como Epstein-Barr vírus e citome- cas observadas em pacientes com a mutação galovírus, bacterianas, protozoáricas, e fún- E3 149Leu gicas, e em áreas endêmicas malária trombocitopenia, esplenomegalia, e e es- (i) doenças de armazenagem, hipertrigliceridemia in- incluem E (APOE), hipertrigliceridemia, infiltra- quistossomose; (b)distúrbios autoimunes tais como artrite reumatóide juvenil; (c) hemólise; ção no histiócito espumoso esplênico com histiócitos azuis-marinho. (d) neoplasia, tais como leucemia linfoblástica O paciente do caso se submeteu a uma geno- aguda, linfoma não-Hodgkin, doença de Ho- tipagem APOE do DNA realizada com o dgkin, e leucemia mieloblástica crônica ou LightCycler (Roche Diagnostics), e os resulta- aguda; (e) envolvimento metastático, tal como dos mostraram que o paciente era homozi- neuroblastoma; (f) histiocitose; (g) circulação goso para trinucleotídeo TGC no códon 112 venosa esplênica obstruída devido a trombose (Cys112), um achado que é consistente com da veia porta, cirrose hepática, ou falha con- isoformas apoE2 e -E3, ao passo que um Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico achado de amplificação atípica no códon 158 ciada com aproximadamente 5% das concen- era inconsistente com isoformas E2, E3, ou trações mais altas de colesterol LDL. A iso- E4 (Fig. 1b). Sequenciamento direto do APOE forma E2 (aproximadamente 10% de todos os revelou uma deleção TCC de trinucleotídeos alelos) possui cisteína na posição 158 e está em um alelo abrangendo os códons 149 e associada com aproximadamente 5% das con- 150, prevendo uma deleção de leucina dentro centrações mais baixas de colesterol LDL (8). da estrutura no resíduo 149. Para confirmar a Em todas as populações, homozigosidade sequência precisa e fase cromossômica da E3/E3 é o genótipo mais comum (8). Homo- mutação, a subclonagem do vetor plásmideo zigosidade E2/E2 ocorre em aproximadamen- do APOE exon 4 usando primers F4 e F6 (5), te 1% da população e contribui para transmis- pcDNA3+ plasmídeo e E. coli DH5 (Invi- são da hiperlipoproteinemia do tipo III, carac- trogen) foi realizada para sequenciar cada um terizada por elevações equimolares irregula- dos alelos APOE do paciente individualmente. res do colesterol e triglicerideos e por doença A supressão foi encontrada no alelo E3 (Fig. cardiovascular precoce (9). Outras mutações 1c), confirmando o genótipo APOE do paci- raras da APOE também estão associadas com ente como apo E2/E3 149Leu. dislipidemia (7). Apo E media a captação das lipoproteínas ri- Nguyen et al. (4) primeiro identificaram a mu- cas em colesterol por hepatócitos. É um ligan- tação E3 149Leu em 2 probandas não relaci- te para receptores LDL (LDLRs) e é também onadas. Em ambas as famílias, a mutação es- um componente estrutural de resíduos de quilomícrons e VLDLs, possibilitando sua re- tava associada com uma síndrome dominante envolvendo histiocitose azul-marinho e esple- moção do plasma (6). Apo E é normalmente nomegalia. Faivre et al. (5) mais tarde acha- incorporado ao VLDL durante a síntese hepáti- ram a mesma mutação ca. Após secreção no plasma, VLDL é converti- probanda presente na hiperlipoproteinemia do em LDL e as menores amostras interme- clínica do tipo III, e subsequentemente acha- diárias, incluindo resíduos VLDL e IDLs, são ram mutação em vários parentes. O corrente catabolizadas via captação através de LDLR caso compartilha do fenótipo da dislipidemia mediado por resíduos apoE 136 até 150 e da necessidade para e splenectomia relatada (6)(7). ApoE também é secretado no plasma para os outros casos relatados, mas também é por macrófagos e tecidos extra hepáticos, distinto dos outros casos por causa da ausên- onde ele une HDL, facilitando sua remoção do cia de persistente elevação de transaminase, plasma (6). trombocitopenia, e doença cardíaca isquêmi- Um polimorfismo comum no gene APOE afeta ca. Esse caso fornece evidência adicional que as sequências de codificação para resíduos de vincula o alelo aminoácido 112 e 158, resultando em 3 iso- com esplenomegalia e infiltrados de histioci- formas proteínicas e 6 genótipos codominan- tose espumosa. Essa síndrome pode ser inclu- tes. A isoforma E3 é a mais comum (aproxi- ída no diagnóstico diferencial dos pacientes madamente 75% de todos alelos apo E ), e com hipertrigliceridemia pós esplenectomia. contém uma cisteína na posição 112 e argini- A mutação na na posição 158 (8). Os alelos codificando mente a função apoE, e portadores desenvol- as isoformas E2 e E4 cada um deles difere do vem sinais e sintomas de uma doença de ar- alelo E por um único nucleotídeo. A isoforma mazenagem de lipídeos. A associação prefe- E4 (aproximadamente 15% de todos os alelos ) rencial da mutação E3 149Leu com formação possui arginina na posição 112 e está asso- de células espumosas esplênicas permanece TM E3 149Leu em uma E3 149Leu a dislipidemia E3/E3 149Leu afeta negativa- Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico sem explicação. O baço é um reservatório im- que as sequelas clínicas e patológicas atribuí- portante de triglicerídeos nos portadores de das à mutação do E3 149Leu dependem de E3 149Leu, porque a esplenectomia é segui- uma combinação de fatores genéticos e am- da de grave hipertrigliceridemia. Macrófagos bientais. A partir desse caso e de outros, nós podem secretar apoE no plasma e receber podemos concluir que apo E3 149Leu causa lipoproteínas circulantes contendo apoE (6), uma doença de armazenagem de lipídeos ca- talvez explicando porque o baço rico em ma- racterizada por esplenomegalia, crófagos se comporta como ums esponja de esplênica com histiócitos azuis-marinhos e lipídeos. espumosos, e hipertrigliceridemia que pode Uma comparação com relatórios de casos an- ser desmascarada após esplenectomia. O dis- teriores sugere que a dislipidemia em porta- túrbio parece sensível à dieta, estilo de vida e dores E3 149Leu mostra marcante heteroge- intervenção farmacológica. neidade clínica infiltração (Table 1). Nós especulamos Tabela 1. Principais características bioquímicas, clínicas e genéticas de paciente índice e de portadores de apo E3 149Leu anteriormente reportados. Relatório do Caso (4) (4) (5) (5) (5) Irmão do Mãe do paciente 3 paciente 3 47, M 47, M F E2 E3 E3 E3 149Leu E3 Estudo participante Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Idade, Sexo 29, M 49, M Alelo 1 E3 E3 Alelo 2 E3 Relatório atual Paciente atual 49, M APOE 149Leu E3 149Leu 149Leu E3 E2 149Leu E3 149Leu Hipertensão NA1 NA + NA NA + Esplenomegalia + + + + – + Esplenectomia + + + – – + Baço + + + NA NA + Medula óssea NA – + NA NA – Pré Esplenectomia – – + ± + NA Pós Esplenectomia + + + NA NA + Pré Esplenectomia – - + ± NA – Pó Esplenectomia + + + NA NA + Trombocitopenia + + + + – – Aminotransferase Elevada Elevada Elevada Elevada NA Normal Doença Cardiovascular CAD CAD – IHD NA Normal Outras comorbidades Angina Diabete Hipotiroidismo, – mellitus Doença de Histócitos azuismarinhos Hipertrigliceridemia Hipercolesterolemia – Parkinson Tratamento Gemfibrozil, Gemfibrozil, dieta de dieta de baixa gordu- baixa gordura ra NA Gemfibrozil, atorvastatina2 Atorvastatina Atorvastatina, dieta de baixa gordura, óleo de peixe Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico . 1 NA, não disponível ; CAD, doença arterial coronária; IHD, doença cardíaca isquêmica. . 2 Ambas as medicações foram pobremente toleradas e interrompidas mais tarde. PONTOS PARA SEREM LEMBRADOS Além de E3 149Leu heterozigoto, o diagnóstico diferencial de esplenomegalia não traumática com hipertrigliceridemia inclui: deficiência da lípase lipoprotéica ou seu cofator apoC-II, deficiência de lipase de ácido lisossômico, ou linfohistiocitose hemofagocítica (1)(2)(3). A apresentação concomitante de hipertrigliceridemia e esplenomegalia resulta de um raro subgrupo das condições que levam a cada apresentação clínica individualmente. Acompanhamento de pacientes com essa combinação inclui; perfil lipoprotéico, análise de isoformas apoE, ou genotipagem APOE ; Hemograma completo com diferencial e esfregaço; e testes de funções do fígado, incluindo albumina sérica, bilirrubina, aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase, glutamiltrans- ferase, e fosfatase alcalina. Estudos de imagem incluem ultrasom abdominal, exame de tomografia computadoriuzada ou MRI do quadrante esquerdo superior, ou exame rádioisotópico (exame do baço). Avaliação histológica após esplenectomia tipicamente revela histiocitose espumosa e característica histiocitose azul-marinho. Análise molecular da APOE (para detectar del49Leu), genes APOC2, LPL, ou LIPA para detectar mutações de perda de função deve ser requisitada. Agradecimentos Subvenção/Apoio Financeiro: Apoiado pelo Distinto Centro de Pesquisa Medica Jacob J. Wolfe, o Centro de Pesquisa do Canadá Edith Schulich Vinet (Tier I) em Genética Humana, administrando subvenções dos Institutos Canadenses para Pesquisa de Saúde (MOP-13430, MT-8014), a Fundação do Coração e Derrame de Ontário (NA-6059, T-5603, PRG-5967, e a Bolsa de Estudos de Verão para Alunos do Irwin Bernick através da Universidade de Western Ontario) e pelo Genome Canada através do Ontario Genomics Institute. Demonstrações Financeiras: Nada a declarar. Referências 1. Janka GE. Hemophagocytic syndromes. Blood Rev 2007;21:245-253. 2. Tylki-Szymanska A, Rujner J, Lugowska A, Sawnor-Korszynska D, Wozniewicz B, Czarnowska E. Clinical, biochemical and histological analysis of seven patients with cholesteryl ester storage disease. Acta Paediatr Jpn 1997;39:643-646. 3. Saku K, Cedres C, McDonald B, Hynd BA, Liu BW, Srivastava LS, Kashyap ML. C-II anapolipoproteinemia and severe hypertriglyceridemia: report of a rare case with absence of C-II apolipoprotein isoforms and review of the literature. Am J Med 1984;77:457-462. Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico 4. Nguyen TT, Kruckeberg KE, O’Brien JF, Ji ZS, Karnes PS, Crotty TB, et al. Familial splenomegaly: macrophage hypercatabolism of lipoproteins associated with apolipoprotein E mutation [apolipoprotein E (delta149 Leu)]. J Clin Endocrinol Metab 2000;85:4354-4358. 5. Faivre L, Saugier-Veber P, Pais de Barros JP, Verges B, Couret B, Lorcerie B, et al. Variable expressivity of the clinical and biochemical phenotype associated with the apolipoprotein E p.Leu149del mutation. Eur J Hum Genet 2005;13:1186-1191. 6. Lucic D, Huang ZH, Gu de S, Altenburg MK, Maeda N, Mazzone T. Regulation of macrophage apoE secretion and sterol efflux by the LDL receptor. J Lipid Res 2007;48:366-372. 7. Walden CC, Hegele RA. Apolipoprotein E in hyperlipidemia. Ann Intern Med 1994;120:10261036. 8. Eichner JE, Dunn ST, Perveen G, Thompson DM, Stewart KE, Stroehla BC. Apolipoprotein E polymorphism and cardiovascular disease: a HuGE review. Am J Epidemiol 2002;155:487-495. 9. Mahley RW, Rall SC. Type III hyperlipoproteinemia (dysbetalipoproteinemia): the role of apolipoprotein E in normal and abnormal lipoprotein metabolism. Scriver CR Beaudet AL Sly WS Valle D eds. The metabolic and molecular bases of inherited disease 8th ed. 2001:p 2835-2862 McGraw-Hill New York. Comentário Alan T. Remaley National Institutes of Health, Bethesda, MD. Envie correspondência para esse autor para: National Institutes of Health, Bldg. 10, Rm. 2C-433, 10 Center Dr, MSC 1508, Bethesda, MD, 20892-1508. Fax 301-402-1885; e-mail [email protected]. Embora a apolipoproteína (apo)A-I e apoB depuração hepática reduzida de lipoproteínas, sejam medidas por muitos laboratórios como que leva a sua aumentada oxidação e capta- um adjunto das concentrações de HDL e LDL, ção por receptores limpadores macrófagos. respectivamente, lipoproteínas contém nume- ApoE também pode ajudar a prevenir acúmulo rosas outras proteínas, algumas das quais tem um profundo efeito no metabolismo lipopro- de lipídeos nas células, particularmente nos macrófagas, que sintetizam apoE, promoven- teíco. ApoE, por exemplo, reside em ambas do o efluxo do excesso do colesterol intrace- as partículas de HDL antiaterogênicas e nas lular pelo transportador ABCA1 e por outros lipoproteínas contendo apoB proaterogênico, mecanismos de efluxo de colesterol. desse modo confundindo a utilidade de apoE Recentemente, um novo papel para a apoE foi como um marcador de risco cardiovascular em descrito, que também pode ser relevante para amostras não fracionadas. Contudo, apoE o acúmulo de lipídeos nos macrófagos obser- tem muitos diferentes papéis no metabolismo vado nesse caso. A presença de apoE em li- lipoprotéico, alguns dos quais podem ser res- poproteínas também facilita o processamento ponsáveis pelo acúmulo de lipídeos nos ma- lisossômico de lipoproteínas endocitadas (1). crófagos observados nesse interessante caso. Na ausência de apoE ou possivelmente, como A melhor função compreendida da apoE é que nesse caso, na presença de uma forma anor- ela pode servir como um ligante para a capta- mal de apoE, as lipoproteínas ção celular das proteínas contendo apoB, as- interferem na liberação das várias enzimas sim como talvez HDL, por vários receptores. hidrolíticas para o lisossoma, talvez alterando Na ausência de uma forma normal de apoE, há a produção e/ou trafegamento do receptor de endocitadas Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico manose 6 fosfato, que normalmente guia es- apoE rotineiramente realizado em labortórios sas enzimas para o lisossoma. Essa interfe- clínicos é um teste para tipo de genótipo para rência resulta num defeito na lipólise intrace- isoformas apoE, para avaliar o risco de doença lular das lipoproteínas e no acúmulo de éste- de Alzheimer. Dado o multifacetado papel da res de colesterol nos lisossomas. Além disso, apoE no metabolismo lipoprotéico, a medição catepsina B, normalmente uma enzima prote- da apoE em frações lipoprotéicas específicas olítica lisossômica, é em vez disso secretada pode ser uma área frutífera no espaço extracelular , onde ela pode contri- futura sobre marcadores de risco cardiovas- buir para a formação de placas instáveis. cular. para pesquisa Correntemente, o único teste baseado em Agradecimentos Subvenção/Apoio Financeiro: Nada a declarar. Demonstrações Financeiras: Nada a declarar. Referências 1.Wu D, Sharan C, Yang H, Goodwin JS, Zhou L, Grabowski GA, Du H, Guo Z. Apolipoprotein Edeficient lipoproteins induce foam cell formation by downregulation of lysosomal hydrolases in macrophages. J Lipid Res 2007;48:2571-2578. Comentário Robert Shamburek National Institutes of Health, Bethesda, MD. Envie correspondência para o autor para: Bldg 10 7N115, 10 Center Drive, National Institutes of Health, Bethesda, MD, 20892-1666. Fax: 301-402-0190; e-mail [email protected]. Laboratórios clínicos tipicamente se concen- porque <10% dos homozigotos apoE2/2 pro- tram mais na tipagem do polimorfismo da duzem o fenótipo. Um apolipoproteína (apo)E (E2, E3, E4) e menos consistindo em fatores genéticos, hormonais e nas concentrações apoE, porque aumentada ambientais incluindo obesidade, status do apoE é encontrada em estrogênio, ou diabete são necessários para hipertrigliceridemia "segundo sucesso" contudo menos correlacionada com doença desenvolver o fenótipo. Em contraste, apoE3 cardíaca coronária. O papel da apoE e a im- 149Leu portância de macrófagos esplênicos no meta- herdada da HLP do tipo III que é atribuída a bolismo lipoprotéico são enfatizados por esse um único alelo apoE defeituoso. Esse fenótipo caso. não tem o "clássico" xantoma tuberoso e pal- Hiperlipoproteinemia (HLP) do tipo III é herdada ou de um modo recessivo ou dominante. mar visto na HLP recessiva do tipo III, e o perfil de lipídeos na apoE3 149Leu depende HLP do tipo III herdada recessivamente requer mais de um baço intacto do que de um “se- homozigosidade da apoE2, mas alelos E2/2 gundo sucesso”. sozinhos não são suficientes para o desenvol- O baço desempenha um papel importante e vimento do lipídeos e do fenótipo clínico, protetor na remoção dos triglicerídeos das é uma forma dominantemente rara Clinical Case Study Estudo do Caso Clínico lipoproteínas remanescentes no plasma. De- lipoproteínas senvolvimento de hepatoesteatose e espleno- com a remoção defeituosa. (β-VLDL) concomitantemente megalia parece ocorrer como um resultado de O baço desempenha um importante papel na hipercatabolismo das apoE mutantes conten- depuração anormal que ocorre em outros dis- do triglicerídeos remanescentes das lipopro- túrbios dos lipídeos tal como doença Tangier. teínas por macrófagos esplênicos. Captação O quadro clínico pode piorar após esplenec- de macrófagos aumentada contribui para as tomia. Aterosclerose é acelerada após esple- concentrações relativamente normais de lipí- nectomia devido à remoção diminuída de li- deos no plasma com um baço intacto. poproteínas remanescentes, mas pode levar Esplenectomia revela o defeito lipoprotéico de 5–10 anos para ser clinicamente aparente. remanescente e leva ao desenvolvimento da Macrófagos esplênicos podem proteger contra hipertrigliceridemia. Então, dieta e fatores se- o desenvolvimento de doença cardíaca coro- cundários modulam a produção excessiva de nária. Agradecimentos Subvenção/Apoio Financeiro: Nada a declarar. Demonstrações Financeiras: Nada a declarar. Referências 1.Schaefer EJ, Triche TJ, Zech LA, Stein LA, Kemeny MM, Brennan MF, Brewer HB, Jr. Massive omental reticuloendothelial cell lipid uptake in Tangier disease after splenectomy. Am J Med 1983;75:521526. “This article has been translated with the permission of AACC. AACC is not responsible for the accuracy of the translation. The views presented are those of the authors and not necessarily those of the AACC or the Journal. Reprinted from Clin Chem, 2008; 54:3 606-610 by permission of AACC. Original copyright © 2007 American Association for Clinical Chemistry, Inc. When citing this article, please refer to the original English publication source in the journal, Clinical Chemistry.” “Este artigo foi traduzido com a permissão da AACC. AACC não é responsável pela acurácia da tradução. Os pontos de vista apresentados são aqueles dos autores e não necessariamente os da AACC ou do Jornal. Reimpresso da ClinChem, 2008; 54:3 606-610, por permissão da AACC. Cópia original © 2007 American Association for Clinical Chemistry, Inc. Quando citar este artigo, por favor refira-se à fonte de publicação original em inglês na revista,Clinical Chemistry.”