Estudo do Caso Clínico

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Estudo do Caso Clínico
Clinical Case Study
Estudo do Caso Clínico
An Unusual Case of Severe Hypertriglyceridemia and Splenomegaly
Amit R. Rahalkar1, Jian Wang1, Sandra Sirrs2, James Dimmick3, Daniel Holmes4, Nadine Urquhart4,
Robert A. Hegele1,a and Andre Mattman2
Um caso Incomum de Hipertrigliceridemia Severa e Esplenomegalia
Amit R. Rahalkar1, Jian Wang1, Sandra Sirrs2, James Dimmick3, Daniel Holmes4, Nadine Urquhart4,
Robert A. Hegele1,a and Andre Mattman2
Robarts Research Institute and Schulich School of Medicine and Dentistry, University of Western
Ontario, London, Ontario, Canada;2 Adult Metabolic Disease Clinic, Department of Medicine, Vancouver
General Hospital, UBC, Vancouver, British Columbia, Canada;3 Department of Pathology and Laboratory
Medicine, Children’s and Women’s Health Centre of British Columbia, UBC, Vancouver, British Columbia,
Canada;4 Department of Pathology and Laboratory Medicine, St. Paul’s Hospital, UBC, Vancouver, British
Columbia, Canada.
Envie correspondência para esse autor para: Robarts Research Institute, 406-100 Perth Drive, London, Ontario, Canada N6A 5K8. Fax:
+1 519 663 3037; e-mail [email protected].
CASO
Um homem de 49 anos de descendência Japo-
citose sinusal a distanciar-se do componente
nesa e Britânica foi encaminhado para uma
linfóide. A esmagadora maioria dos histiócitos
clínica de doenças metabólicas para avaliação
eram espumosos (Fig. 1a), e apenas uns pou-
5 meses após ruptura não traumática do baço
cos tinham aparência azul marinho e reagiam
requerendo esplenectomia. Histórico anterior
positivamente com ácido periódico de Schiff
incluía hipertensão e leves dores de cabeça
(PAS), PAS e
frontais, mas nenhum outro sintoma neuroló-
Giemsa. Suspeitou-se de um distúrbio de ar-
gico ou cardiovascular. O paciente não fumava
mazenagem de lípideos, mas os histiócitos
e usava álcool com pouca frequência. Sua mãe
não tinham a aparência de linearidade cito-
tinha doença arterial coronária, e seu pai tinha
hipertensão leve. Não havia histórico familiar
plásmica das células de Gaucher e eram por
outro lado inespecíficos. Antes da ruptura es-
consangüíneo de esplenomegalia, diabete, ou
plênica, o perfil lipoprotéico do paciente foi
atraso no desenvolvimento.
relatado
O baço rompido pesava 727 g, e a espleno-
medição anterior registrada de triglicerídeos
megalia estava associada com marcada histio-
excedendo 2 mmol/L.
diástase,
e corantes May-
como sendo normal, com nehuma
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Figura 1. Patologia e estudos genômicos do paciente identificado.
(a), A seção corada por Hematoxilina e eosina (40x)
do baço, mostrando polpa branca expandida deslocando corpos Malpighianos. A palidez é devido a
abundância de histiócitos espumosos nos sinusóides,
vistos
em
imersão
(400X).
(b),
análise
LightCycler (Roche Diagnostics) de DNA genômico
com a curva C representando a curva de fusão APOE
do paciente no códon 158, mostrando heterozigosidade no códon 158 para 1 trinucleotídeo TGC (cisteína ) com Tm de 56.4 °C e uma indeterminada
sequência de códigos de trinucleotídeos com uma
temperatura de fusão de 62.99 °C, que estava fora
da margem aceitável Cys158 de 63.5–68.5 °C, indicando outro aminoácido codificado por esse resíduo.
Curvas de fusão para controles E2/E4 (A) e E2/E3
(B) normais são mostradas para referência. (c), Sequenciamento direto dos alelos APOE
plasmídeos
clonados do paciente mostrando supressão dentro
da estrutura no códon 149 no alelo mutante; Arginina codificadora de CGC no códon 157 no delineamento de fundo identifica E3
149Leu. A cisteína
codificadora de trinucleotídeo TGC no códon 158 no
delineamento de superfície identifica E2 normal.
Investigações laboratoriais dois meses após
oclusão arterial óbvia, e MRI cerebral revelou
esplenectomia revelaram hiperlipidemia com-
mudanças não específicas na matéria branca
binada com colesterol total, colesterol HDL, e
consistentes com isquemia. Ultrasom da arté-
triglicerídeos de 7.9 (normal <5.2), 1.4 (nor-
ria carótida não mostrou obstrução significan-
mal >1.0), e 4.3 (normal <1.7) mmol/L, res-
te.
pectivamente. Testes das funções do fígado
Seis meses após esplenectomia, os triglicerí-
estavam normais além de aumentada
gluta-
deos estavam 17.2 mmol/L. Ele foi posto em
miltransferase (88 µg/L; normal <49 µg/L).
uma dieta com pouco açúcar, pouca gordura e
Contagens de hemoglobina e leucócitos esta-
rica em frutos do mar. Aos 8 meses seus tri-
vam normais com leve trombocitose. Exame
glicerídeos do plasma tinham caído para 1.5
físico aos 5 meses revelou obesidade (índice
mmol/L, enquanto o colesterol total e coleste-
de massa corpórea 28.9 kg/m ) e hiperten-
rol HDL estavam 8.2 e 1.2 mmol/L, respecti-
são (pressão sanguínea em repouso 140/100
vamente, e concentrações de apolipoproteína
mm Hg). Exame cardiovascular estava normal.
Não houve xantoma ou xantelasma e nenhu-
apoB e apoA-I estavam 1.19 e 1.35 g/L, respectivamente. O regime de dieta do paciente
ma hepatomegalia. A fração de ejeção ventri-
foi aliviado, e aos 12 meses os triglicerídeos
cular esquerda por ecocardiograma estava
tinham
normal a 50%. Exame de tomografia computa-
mmol/L. Em vista de achados sugerindo do-
dorizada da artéria coronária não revelou
ença cardiovascular e hipertrigliceridemia gra-
2
aumentado
de
novo
para
21.1
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ve e recorrente, aspirina e antihipertensivo, e
10 mg/dia e óleo de salmão l 3 g/dia) foram
terapias para baixar os lipídeos (atorvastatina
iniciadas. Investigação genômica foi pedida.
DISCUSSÃO
Hipertrigliceridemia primária pertence a uma
gestiva do coração; (h) obstrução venosa por-
família de distúrbios relativamente comuns,
tal extra hepática, tal como transformação
alguns dos quais tem uma conhecida base
cavernosa; e
genética molecular. Por exemplo, alguns casos de quilomicronemia familiar resultam de
tais como doença de Gaucher ou NiemannPick.
mutações no gene codificador da lipase lipo-
O diagnóstico diferencial de esplenomegalia
protéica ou seu co-fator apoC-II. Alguns casos
não traumática com
de hiperlipoproteinemia combinada familiar
clui: ausência hereditária de lípase lipoprotéi-
resultam de mutações no upstream do gene
ca ou apoC-II, raras mutações apoE3, defici-
de transcrição do fator 1 (USF1) codificando
um fator de transcrição. Disbetalipoprotei-
ência da lipase do ácido lisossômico, ou linfohistiocitose hemofagocítica (1)(2)(3). O
nemia ( hiperlipoproteinemia tipo III) requer 2
acompanhamento dessas condições raras e
cópias do alelo APOE E2. A maioria dos casos
específicas inclui um completo perfil lipopro-
de hipertrigliceridemia primária, contudo, não
téico; testes lipoprotéicos avançados, tais co-
tem uma base molecular conhecida. Fatores
secundários que pioram a hipertrigliceridemia
mo genotipagem APOE; imagem de ultrasom
abdominal para documentar aumento de fíga-
incluem dieta pobre, obesidade, uso de álcool,
do e/ou baço; e avaliação de biomarcadores
diabete, doença renal, gravidez, distúrbio não
inflamatórios ou hematológicos de soro. Aná-
alcoólico e gorduroso do fígado, paraprotei-
lise molecular de apolipoproteína
nemias, distúrbios autoimunes, e certas medi-
apolipoproteína C-II (APOC2), lipase lipopro-
cações, tais como esteróides.
As etiologias potenciais de esplenomegalia
téica (LPL), ou genes de lipase A (ácido lisossômico, esterase do colesterol, LIPA) podem
variam de acordo com a idade do paciente.
ser necessários, além de avaliação histopato-
Por exemplo, seqüestro esplênico na doença
lógica do baço.
falciforme ocorre cedo na vida, ao passo que
Dois relatórios anteriores identificaram a exis-
fibrose portal não cirrótica ocorre em idades
tência de uma isoforma apoE3 muito rara com
mais avançadas. Mecanismos de esplenomegalia incluem: (a) infecções, que podem ser
uma deleção da leucina no códon 149, designada E3 149Leu (4)(5). Características clíni-
virais, tais como Epstein-Barr vírus e citome-
cas observadas em pacientes com a mutação
galovírus, bacterianas, protozoáricas, e fún-
E3 149Leu
gicas, e em áreas endêmicas malária
trombocitopenia, esplenomegalia, e
e es-
(i) doenças de armazenagem,
hipertrigliceridemia in-
incluem
E (APOE),
hipertrigliceridemia,
infiltra-
quistossomose; (b)distúrbios autoimunes tais
como artrite reumatóide juvenil; (c) hemólise;
ção no histiócito espumoso esplênico com
histiócitos azuis-marinho.
(d) neoplasia, tais como leucemia linfoblástica
O paciente do caso se submeteu a uma geno-
aguda, linfoma não-Hodgkin, doença de Ho-
tipagem APOE do DNA realizada com o
dgkin, e leucemia mieloblástica crônica ou
LightCycler (Roche Diagnostics), e os resulta-
aguda; (e) envolvimento metastático, tal como
dos mostraram que o paciente era homozi-
neuroblastoma; (f) histiocitose; (g) circulação
goso para trinucleotídeo TGC no códon 112
venosa esplênica obstruída devido a trombose
(Cys112), um achado que é consistente com
da veia porta, cirrose hepática, ou falha con-
isoformas apoE2 e -E3, ao passo que um
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achado de amplificação atípica no códon 158
ciada com aproximadamente 5% das concen-
era inconsistente com isoformas
E2, E3, ou
trações mais altas de colesterol LDL. A iso-
E4 (Fig. 1b). Sequenciamento direto do APOE
forma E2 (aproximadamente 10% de todos os
revelou uma deleção TCC de trinucleotídeos
alelos) possui cisteína na posição 158 e está
em um alelo abrangendo os códons 149 e
associada com aproximadamente 5% das con-
150, prevendo uma deleção de leucina dentro
centrações mais baixas de colesterol LDL (8).
da estrutura no resíduo 149. Para confirmar a
Em todas as populações, homozigosidade
sequência precisa e fase cromossômica da
E3/E3 é o genótipo mais comum (8). Homo-
mutação, a subclonagem do vetor plásmideo
zigosidade E2/E2 ocorre em aproximadamen-
do APOE exon 4 usando primers F4 e F6 (5),
te 1% da população e contribui para transmis-
pcDNA3+ plasmídeo e E. coli DH5
(Invi-
são da hiperlipoproteinemia do tipo III, carac-
trogen) foi realizada para sequenciar cada um
terizada por elevações equimolares irregula-
dos alelos APOE do paciente individualmente.
res do colesterol e triglicerideos e por doença
A supressão foi encontrada no alelo E3 (Fig.
cardiovascular precoce (9). Outras mutações
1c), confirmando o genótipo APOE do paci-
raras da APOE também estão associadas com
ente como apo E2/E3 149Leu.
dislipidemia (7).
Apo E media a captação das lipoproteínas ri-
Nguyen et al. (4) primeiro identificaram a mu-
cas em colesterol por hepatócitos. É um ligan-
tação E3 149Leu em 2 probandas não relaci-
te para receptores LDL (LDLRs) e é também
onadas. Em ambas as famílias, a mutação es-
um componente estrutural de resíduos de
quilomícrons e VLDLs, possibilitando sua re-
tava associada com uma síndrome dominante
envolvendo histiocitose azul-marinho e esple-
moção do plasma (6). Apo E é normalmente
nomegalia. Faivre et al. (5) mais tarde acha-
incorporado ao VLDL durante a síntese hepáti-
ram a mesma mutação
ca. Após secreção no plasma, VLDL é converti-
probanda presente na hiperlipoproteinemia
do em LDL e as menores amostras interme-
clínica do tipo III, e subsequentemente acha-
diárias, incluindo resíduos VLDL e IDLs, são
ram mutação em vários parentes. O corrente
catabolizadas via captação através de LDLR
caso compartilha do fenótipo da dislipidemia
mediado por resíduos apoE
136 até 150
e da necessidade para e splenectomia relatada
(6)(7). ApoE também é secretado no plasma
para os outros casos relatados, mas também é
por
macrófagos e tecidos extra hepáticos,
distinto dos outros casos por causa da ausên-
onde ele une HDL, facilitando sua remoção do
cia de persistente elevação de transaminase,
plasma (6).
trombocitopenia, e doença cardíaca isquêmi-
Um polimorfismo comum no gene APOE afeta
ca. Esse caso fornece evidência adicional que
as sequências de codificação para resíduos de
vincula o alelo
aminoácido 112 e 158, resultando em 3 iso-
com esplenomegalia e infiltrados de histioci-
formas proteínicas e 6 genótipos codominan-
tose espumosa. Essa síndrome pode ser inclu-
tes. A isoforma E3 é a mais comum (aproxi-
ída no diagnóstico diferencial dos pacientes
madamente 75% de todos alelos apo E ), e
com hipertrigliceridemia pós esplenectomia.
contém uma cisteína na posição 112 e argini-
A mutação
na na posição 158 (8). Os alelos codificando
mente a função apoE, e portadores desenvol-
as isoformas E2 e E4 cada um deles difere do
vem sinais e sintomas de uma doença de ar-
alelo E por um único nucleotídeo. A isoforma
mazenagem de lipídeos. A associação prefe-
E4 (aproximadamente 15% de todos os alelos )
rencial da mutação E3 149Leu com formação
possui arginina na posição 112 e está asso-
de células espumosas esplênicas permanece
TM
E3 149Leu em uma
E3 149Leu a
dislipidemia
E3/E3 149Leu afeta
negativa-
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sem explicação. O baço é um reservatório im-
que as sequelas clínicas e patológicas atribuí-
portante de triglicerídeos nos portadores de
das à mutação do E3 149Leu dependem de
E3 149Leu, porque a esplenectomia é segui-
uma combinação de fatores genéticos e am-
da de grave hipertrigliceridemia. Macrófagos
bientais. A partir desse caso e de outros, nós
podem secretar
apoE no plasma e receber
podemos concluir que apo E3 149Leu causa
lipoproteínas circulantes contendo apoE (6),
uma doença de armazenagem de lipídeos ca-
talvez explicando porque o baço rico em ma-
racterizada por esplenomegalia,
crófagos se comporta como ums esponja de
esplênica com histiócitos azuis-marinhos e
lipídeos.
espumosos, e hipertrigliceridemia que pode
Uma comparação com relatórios de casos an-
ser desmascarada após esplenectomia. O dis-
teriores sugere que a dislipidemia em porta-
túrbio parece sensível à dieta, estilo de vida e
dores E3 149Leu mostra marcante heteroge-
intervenção farmacológica.
neidade clínica
infiltração
(Table 1). Nós especulamos
Tabela 1. Principais características bioquímicas, clínicas e genéticas de paciente índice e de portadores de
apo E3 149Leu anteriormente reportados.
Relatório do Caso
(4)
(4)
(5)
(5)
(5)
Irmão do
Mãe do
paciente 3
paciente 3
47, M
47, M
F
E2
E3
E3
E3
149Leu E3
Estudo participante
Paciente 1
Paciente 2
Paciente 3
Idade, Sexo
29, M
49, M
Alelo 1
E3
E3
Alelo 2
E3
Relatório atual
Paciente atual
49, M
APOE
149Leu
E3
149Leu
149Leu
E3
E2
149Leu
E3
149Leu
Hipertensão
NA1
NA
+
NA
NA
+
Esplenomegalia
+
+
+
+
–
+
Esplenectomia
+
+
+
–
–
+
Baço
+
+
+
NA
NA
+
Medula óssea
NA
–
+
NA
NA
–
Pré Esplenectomia
–
–
+
±
+
NA
Pós Esplenectomia
+
+
+
NA
NA
+
Pré Esplenectomia
–
-
+
±
NA
–
Pó Esplenectomia
+
+
+
NA
NA
+
Trombocitopenia
+
+
+
+
–
–
Aminotransferase
Elevada
Elevada
Elevada
Elevada
NA
Normal
Doença Cardiovascular CAD
CAD
–
IHD
NA
Normal
Outras comorbidades
Angina
Diabete
Hipotiroidismo, –
mellitus
Doença de
Histócitos azuismarinhos
Hipertrigliceridemia
Hipercolesterolemia
–
Parkinson
Tratamento
Gemfibrozil, Gemfibrozil,
dieta de
dieta de
baixa gordu- baixa gordura
ra
NA
Gemfibrozil,
atorvastatina2
Atorvastatina
Atorvastatina,
dieta de baixa
gordura, óleo de
peixe
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. 1 NA, não disponível ; CAD, doença arterial coronária; IHD, doença cardíaca isquêmica.
. 2 Ambas as medicações foram pobremente toleradas e interrompidas mais tarde.
PONTOS PARA SEREM LEMBRADOS

Além de E3 149Leu heterozigoto, o diagnóstico diferencial de esplenomegalia não
traumática com hipertrigliceridemia inclui: deficiência da lípase lipoprotéica ou seu
cofator apoC-II, deficiência de lipase de ácido lisossômico, ou linfohistiocitose hemofagocítica (1)(2)(3).

A apresentação concomitante de hipertrigliceridemia e esplenomegalia resulta de
um raro subgrupo das condições que levam a cada apresentação clínica individualmente. Acompanhamento de pacientes com essa combinação inclui; perfil lipoprotéico, análise de isoformas apoE, ou genotipagem APOE ; Hemograma completo com
diferencial e esfregaço; e testes de funções do fígado, incluindo albumina sérica,
bilirrubina, aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase,
glutamiltrans-
ferase, e fosfatase alcalina. Estudos de imagem incluem ultrasom abdominal, exame
de tomografia computadoriuzada ou MRI do quadrante esquerdo superior, ou exame
rádioisotópico (exame do baço). Avaliação histológica após esplenectomia tipicamente revela histiocitose espumosa e característica histiocitose azul-marinho. Análise molecular da APOE (para detectar del49Leu), genes APOC2, LPL, ou LIPA para detectar mutações de perda de função deve ser requisitada.
Agradecimentos
Subvenção/Apoio Financeiro: Apoiado pelo Distinto Centro de Pesquisa Medica Jacob J. Wolfe, o Centro de
Pesquisa do Canadá Edith Schulich Vinet (Tier I) em Genética Humana, administrando subvenções dos
Institutos Canadenses para Pesquisa de Saúde (MOP-13430, MT-8014), a Fundação do Coração e Derrame de Ontário (NA-6059, T-5603, PRG-5967, e a Bolsa de Estudos de Verão para Alunos do Irwin Bernick através da Universidade de Western Ontario) e pelo Genome Canada através do Ontario Genomics
Institute.
Demonstrações Financeiras: Nada a declarar.
Referências
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2. Tylki-Szymanska A, Rujner J, Lugowska A, Sawnor-Korszynska D, Wozniewicz B, Czarnowska E.
Clinical, biochemical and histological analysis of seven patients with cholesteryl ester storage
disease. Acta Paediatr Jpn 1997;39:643-646.
3. Saku K, Cedres C, McDonald B, Hynd BA, Liu BW, Srivastava LS, Kashyap ML. C-II anapolipoproteinemia and severe hypertriglyceridemia: report of a rare case with absence of C-II apolipoprotein isoforms and review of the literature. Am J Med 1984;77:457-462.
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4. Nguyen TT, Kruckeberg KE, O’Brien JF, Ji ZS, Karnes PS, Crotty TB, et al. Familial splenomegaly:
macrophage hypercatabolism of lipoproteins associated with apolipoprotein E mutation
[apolipoprotein E (delta149 Leu)]. J Clin Endocrinol Metab 2000;85:4354-4358.
5. Faivre L, Saugier-Veber P, Pais de Barros JP, Verges B, Couret B, Lorcerie B, et al. Variable expressivity of the clinical and biochemical phenotype associated with the apolipoprotein E
p.Leu149del mutation. Eur J Hum Genet 2005;13:1186-1191.
6. Lucic D, Huang ZH, Gu de S, Altenburg MK, Maeda N, Mazzone T. Regulation of macrophage apoE secretion and sterol efflux by the LDL receptor. J Lipid Res 2007;48:366-372.
7. Walden CC, Hegele RA. Apolipoprotein E in hyperlipidemia. Ann Intern Med 1994;120:10261036.
8. Eichner JE, Dunn ST, Perveen G, Thompson DM, Stewart KE, Stroehla BC. Apolipoprotein E polymorphism and cardiovascular disease: a HuGE review. Am J Epidemiol 2002;155:487-495.
9. Mahley RW, Rall SC. Type III hyperlipoproteinemia (dysbetalipoproteinemia): the role of
apolipoprotein E in normal and abnormal lipoprotein metabolism. Scriver CR Beaudet AL Sly WS
Valle D eds. The metabolic and molecular bases of inherited disease 8th ed. 2001:p 2835-2862
McGraw-Hill New York.
Comentário
Alan T. Remaley
National Institutes of Health, Bethesda, MD.
Envie correspondência para esse autor para: National Institutes of Health, Bldg. 10, Rm. 2C-433, 10 Center Dr, MSC
1508, Bethesda, MD, 20892-1508. Fax 301-402-1885; e-mail [email protected].
Embora a apolipoproteína
(apo)A-I e
apoB
depuração hepática reduzida de lipoproteínas,
sejam medidas por muitos laboratórios como
que leva a sua aumentada oxidação e capta-
um adjunto das concentrações de HDL e LDL,
ção por receptores limpadores macrófagos.
respectivamente, lipoproteínas contém nume-
ApoE também pode ajudar a prevenir acúmulo
rosas outras proteínas, algumas das quais tem
um profundo efeito no metabolismo lipopro-
de lipídeos nas células, particularmente nos
macrófagas, que sintetizam apoE, promoven-
teíco. ApoE, por exemplo, reside em ambas
do o efluxo do excesso do colesterol intrace-
as partículas de HDL antiaterogênicas e nas
lular pelo transportador ABCA1 e por outros
lipoproteínas contendo apoB proaterogênico,
mecanismos de efluxo de colesterol.
desse modo confundindo a utilidade de apoE
Recentemente, um novo papel para a apoE foi
como um marcador de risco cardiovascular em
descrito, que também pode ser relevante para
amostras não fracionadas. Contudo,
apoE
o acúmulo de lipídeos nos macrófagos obser-
tem muitos diferentes papéis no metabolismo
vado nesse caso. A presença de apoE em li-
lipoprotéico, alguns dos quais podem ser res-
poproteínas também facilita o processamento
ponsáveis pelo acúmulo de lipídeos nos ma-
lisossômico de lipoproteínas endocitadas (1).
crófagos observados nesse interessante caso.
Na ausência de apoE ou possivelmente, como
A melhor função compreendida da apoE é que
nesse caso, na presença de uma forma anor-
ela pode servir como um ligante para a capta-
mal de apoE, as lipoproteínas
ção celular das proteínas contendo apoB, as-
interferem na liberação das várias enzimas
sim como talvez HDL, por vários receptores.
hidrolíticas para o lisossoma, talvez alterando
Na ausência de uma forma normal de apoE, há
a produção e/ou trafegamento do receptor de
endocitadas
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manose 6 fosfato, que normalmente guia es-
apoE rotineiramente realizado em labortórios
sas enzimas para o lisossoma. Essa interfe-
clínicos é um teste para tipo de genótipo para
rência resulta num defeito na lipólise intrace-
isoformas apoE, para avaliar o risco de doença
lular das lipoproteínas e no acúmulo de éste-
de Alzheimer. Dado o multifacetado papel da
res de colesterol nos lisossomas. Além disso,
apoE no metabolismo lipoprotéico, a medição
catepsina B, normalmente uma enzima prote-
da apoE em frações lipoprotéicas específicas
olítica lisossômica, é em vez disso secretada
pode ser uma área frutífera
no espaço extracelular , onde ela pode contri-
futura sobre marcadores de risco cardiovas-
buir para a formação de placas instáveis.
cular.
para pesquisa
Correntemente, o único teste baseado em
Agradecimentos
Subvenção/Apoio Financeiro: Nada a declarar.
Demonstrações Financeiras: Nada a declarar.
Referências
1.Wu D, Sharan C, Yang H, Goodwin JS, Zhou L, Grabowski GA, Du H, Guo Z. Apolipoprotein Edeficient lipoproteins induce foam cell formation by downregulation of lysosomal hydrolases in macrophages. J Lipid Res 2007;48:2571-2578.
Comentário
Robert Shamburek
National Institutes of Health, Bethesda, MD.
Envie correspondência para o autor para: Bldg 10 7N115, 10 Center Drive, National Institutes of Health, Bethesda, MD,
20892-1666. Fax: 301-402-0190; e-mail [email protected].
Laboratórios clínicos tipicamente se concen-
porque <10% dos homozigotos apoE2/2 pro-
tram mais na tipagem do polimorfismo da
duzem o fenótipo. Um
apolipoproteína (apo)E (E2, E3, E4) e menos
consistindo em fatores genéticos, hormonais e
nas concentrações apoE, porque aumentada
ambientais incluindo obesidade, status do
apoE é encontrada em
estrogênio, ou diabete são necessários para
hipertrigliceridemia
"segundo sucesso"
contudo menos correlacionada com doença
desenvolver o fenótipo. Em contraste, apoE3
cardíaca coronária. O papel da apoE e a im-
149Leu
portância de macrófagos esplênicos no meta-
herdada da HLP do tipo III que é atribuída a
bolismo lipoprotéico são enfatizados por esse
um único alelo apoE defeituoso. Esse fenótipo
caso.
não tem o "clássico" xantoma tuberoso e pal-
Hiperlipoproteinemia (HLP) do tipo III é herdada ou de um modo recessivo ou dominante.
mar visto na HLP recessiva do tipo III, e o perfil de lipídeos na apoE3 149Leu depende
HLP do tipo III herdada recessivamente requer
mais de um baço intacto do que de um “se-
homozigosidade da apoE2, mas alelos E2/2
gundo sucesso”.
sozinhos não são suficientes para o desenvol-
O baço desempenha um papel importante e
vimento do lipídeos e do fenótipo clínico,
protetor na remoção dos triglicerídeos das
é uma forma dominantemente rara
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lipoproteínas remanescentes no plasma. De-
lipoproteínas
senvolvimento de hepatoesteatose e espleno-
com a remoção defeituosa.
(β-VLDL) concomitantemente
megalia parece ocorrer como um resultado de
O baço desempenha um importante papel na
hipercatabolismo das apoE mutantes conten-
depuração anormal que ocorre em outros dis-
do triglicerídeos remanescentes das lipopro-
túrbios dos lipídeos tal como doença Tangier.
teínas por macrófagos esplênicos. Captação
O quadro clínico pode piorar após esplenec-
de macrófagos aumentada contribui para as
tomia. Aterosclerose é acelerada após esple-
concentrações relativamente normais de lipí-
nectomia devido à remoção diminuída de li-
deos no plasma com um baço intacto.
poproteínas remanescentes, mas pode levar
Esplenectomia revela o defeito lipoprotéico
de 5–10 anos para ser clinicamente aparente.
remanescente e leva ao desenvolvimento da
Macrófagos esplênicos podem proteger contra
hipertrigliceridemia. Então, dieta e fatores se-
o desenvolvimento de doença cardíaca coro-
cundários modulam a produção excessiva de
nária.
Agradecimentos
Subvenção/Apoio Financeiro: Nada a declarar.
Demonstrações Financeiras: Nada a declarar.
Referências
1.Schaefer EJ, Triche TJ, Zech LA, Stein LA, Kemeny MM, Brennan MF, Brewer HB, Jr. Massive omental
reticuloendothelial cell lipid uptake in Tangier disease after splenectomy. Am J Med 1983;75:521526.
“This article has been translated with the permission of AACC. AACC is not responsible for the accuracy
of the translation. The views presented are those of the authors and not necessarily those of the AACC
or the Journal. Reprinted from Clin Chem, 2008; 54:3 606-610 by permission of AACC. Original copyright
© 2007 American Association for Clinical Chemistry, Inc. When citing this article, please refer to the
original English publication source in the journal, Clinical Chemistry.”
“Este artigo foi traduzido com a permissão da AACC. AACC não é responsável pela acurácia da tradução.
Os pontos de vista apresentados são aqueles dos autores e não necessariamente os da AACC ou do Jornal. Reimpresso da ClinChem, 2008; 54:3 606-610, por permissão da AACC. Cópia original © 2007 American Association for Clinical Chemistry, Inc. Quando citar este artigo, por favor refira-se à fonte de publicação original em inglês na revista,Clinical Chemistry.”

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