Protocolo Nacional de Gestão Integrada da Desnutrição Aguda
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Protocolo Nacional de Gestão Integrada da Desnutrição Aguda
MINISTÉRIO DA SAÚDE PÚBLICA E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL DIREÇÃO DE SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO E SOBREVIVENCIA DA CRIANÇA Protocolo Nacional de Gestão Integrada da Desnutrição Aguda GUINÉ-BISSAU 2013 MINISTÉRIO DA SAÚDE PÚBLICA E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL DIREÇÃO DE SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO E SOBREVIVENCIA DA CRIANÇA Protocolo Nacional de Gestão Integrada da Desnutrição Aguda GUINÉ-BISSAU 2013 2 AGRADECIMENTOS Este protocolo é uma adaptação à realidade guineense do “Protocolo Genérico de Gestão Integrada da Desnutrição Aguda”, versão 6.6.2 Janeiro 2012 para a parte sobre desnutrição aguda grave e versão 1.1 para a parte sobre a desnutrição aguda moderada, da autoria do Professor Michael H Golden e Dra. Yvonne Grellety, a quem agradecemos a permissão para a sua reprodução. Temos de agradecer ao UNICEF (escritórios do país da Guine Bissau e escritório regional da África Central e Ocidental, em Dakar) pelo financiamento e todo o apoio prestado para que este protocolo seja hoje uma realidade. Os nossos agradecimentos dirigem-se também à Cooperação Espanhola através do Projeto MDG-F, à República da Coreia e à República Italiana pelo financiamento através do UNICEF. Também queremos agradecer o apoio técnico prestado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), e pela PLAN Guiné-Bissau. Um agradecimento especial a todos os participantes do Atelier de Revisão deste protocolo pelo empenho e tempo disponibilizados. 1 CONTEXTO A alimentação e nutrição adequadas para além de serem fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das crianças e manutenção de uma boa saúde do indivíduo adulto, são também um direito de todo ser humano. A desnutrição faz parte da síndrome da pobreza que se caracteriza por baixos salários, pouca ou nenhuma educação formal, água de consumo inadequada, sistema de esgotos ainda insuficiente, doenças infecciosas, além de importantes factores biopsicossociais. O contexto económico do país, as sucessivas crises políticas e militares desde 1998, a situação de insegurança alimentar e a qualidade dos serviços de saúde têm sido preocupantes por vários anos. Além disso, outros fatores estruturais e conjunturais se combinam de maneiras diferentes para criar uma situação nutricional complexa e precária. Segundo o SMART 2012 a prevalência da Desnutrição Aguda Global no país, em menores de 5 anos, é de 6,5%, sendo a prevalência da forma grave de 0,9%. A província mais atingida é a província leste com uma prevalência de 8,1% (0,9% na forma grave). As regiões que apresentam maior prevalência são Bafatá com 9,8% e Oio com 8% , com uma prevalência de desnutridos graves de 0,9% e 1,2% respetivamente. Somente as regiões de Cacheu (3,1%), Biombo (3,5%) e Tombali (3,6%) apresentam uma prevalência de Desnutrição Aguda considerada aceitável segundo os padrões OMS2000 . Estima-se que o país tem 1 471 crianças com desnutrição aguda grave e 13 195 com desnutrição aguda moderada em risco de se tornarem crianças gravemente desnutridas. Ainda segundo o SMART 2013, 27,4% das crianças guineenses, com menos de 5 anos, apresentam Atraso do Crescimento e a Desnutrição Crónica grave atinge 7,5% das crianças. A situação nutricional é considerada alarmante (prevalências entre 30 e 40%) em Gabú (30,2%), Bafatá (32,3%) e Oio (35,4%). A prevalência nacional da insuficiência ponderal é de 17,5%. A nível regional as prevalências variam de 11,2% em Bissau a 25,4% em Oio. A situação nutricional é considerada “alarmante” em Bafatá (23,7%) e Oio (25,4%). Na sequência destes acontecimentos, para uma melhor gestão da situação nutricional, e atendendo às recomendações do SMART 2012, o Ministério da Saúde e da Solidariedade Social, com a colaboração de seus parceiros, decidiu fazer uma atualização do Protocolo Nacional do Manejo da Desnutrição, que data de julho de 2007. Foi feita então a tradução do Protocolo Genérico de Gestão Integrada da Desnutrição Aguda, versão 6.6.2 Janeiro 2012 para a parte sobre desnutrição aguda grave, e versão 1.1 para a parte sobre a desnutrição aguda moderada, da autoria do Professor Michael H Golden e Dra. Yvonne Grellety. Foi agendada a formação baseada em dados atualizados sobre a físiopatologia da desnutrição, ministrada pelos autores do protocolo, para permitir a revisão do Protocolo Nacional, que data de 2007, e a sua adaptação ao contexto do país. 2 APRESENTAÇÃO Sendo a desnutrição uma patologia de natureza tanto médica quanto social, o sucesso do seu tratamento exige que ambas sejam reconhecidas e corrigidas. Se a natureza social da doença não for corrigida, a criança tratada poderá ter recaídas e as outras crianças da mesma família estarão em risco de a desenvolver1. Por isso, é importante a coordenação da implementação do programa de GIDA com os programas para promoção da segurança alimentar, agricultura, microcrédito e programas de geração de renda. Este documento sistematiza os cuidados à criança com desnutrição aguda e destina-se a toda a equipa de saúde envolvida nesses cuidados - médicos, enfermeiros, nutricionistas, auxiliares de enfermagem, agentes de saúde comunitária, responsáveis pelo tratamento, pela recuperação, pelo acompanhamento e pelos cuidados prestados a estes pacientes, assim como a pessoas implicadas na formulação de Políticas e Programas de Nutrição, professores das escolas de formação de base dos Técnicos de Saúde, membros das Direções Regionais de Saúde e ONG implicadas no tratamento da desnutrição aguda. Objetiva-se com a sua implementação a redução da mortalidade das crianças com desnutrição aguda grave, através da padronização do tratamento adequado, evicção de recaídas e prevenção da desnutrição, pelo acompanhamento adequado a nível comunitário. O rastreio sistematizado e regular a nível comunitário não só permite a identificação dos casos de desnutrição e o seu tratamento adequado, antes que cheguem a casos graves, como também a criação de um sistema de vigilância nutricional que revelará a situação nutricional vigente e sua tendência, identificará a sazonalidade regional e permitirá antecipar e priorizar as medidas adequadas para a resolução da situação. 1 Organização Mundial da Saúde, Manejo da desnutrição grave: um manual para profissionais de saúde de nível superior (médicos, enfermeiros, nutricionistas, e outros) e suas equipes de auxiliares. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil/Programa de Promoção e Proteção à Saúde/Nutrição. Brasília. 1999 3 ACRÓNIMOS ACF ACT AEN AIDI ARV AS ASC ASPU ATPU CMV CRENAG CRENAM CRENI CS CSB CSB+ CSB++ DAG DAM DP DRS DSANSC EED EGAS F100 F100-diluído F75 GIDA GIDAG Hb IMC MNP NCHS OMS P/A PAV PB PCC PFN RAC RDN RéSoMal RMR RNR SIVE SME SMI SNG SNIS Ação Contra a Fome Combinações Terapêuticas à base de Artemisinina Ações Essenciais em Nutrição Atenção Integrada às Doenças da Criança Antirretrovirais Auxiliar de Saúde Agentes de Saúde Comunitários Alimento de Suplemento Pronto a Utilizar Alimento Terapêutico Pronto a Utilizar Complexo de Minerais e Vitaminas Centro de Recuperação e Educação Nutricional Ambulatório para Desnutrição Grave Centro de Recuperação e Educação Nutricional Ambulatório para Desnutrição Moderada Centro de Recuperação e Educação Nutricional em Regime de Internamento Centro de Saúde Corn Soya Blend (Farinha de Soja e Milho) Corn Soya Blend + (Farinha de Soja, Milho e açúcar) Corn Soya Blend ++ (Farinha de Soja e Milho, leite e açúcar) Desnutrição Aguda Grave Desnutrição Aguda Moderada Desvio-Padrão Direção Regional de Saúde Direção do Serviço de Alimentação, Nutrição e Sobrevivência da Criança Enfermeiro Estatal Diplomado Equipa de Gestão da Área Sanitária Leite Terapêutico utilizado nas fases de transição/reabilitação no tratamento da DAG Utilizado na GIDA em menores de 6 meses, menos de 3Kg e nas regiões desérticas Leite Terapêutico utilizado na fase aguda do tratamento em regime de internamento Gestão Integrada da Desnutrição Aguda Gestão integrada da Desnutrição Aguda Grave Hemoglobina Índice de Massa Corporal Micronutrientes em pó National Centre for Health Statistics of USA (Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos EUA - padrões antropométricos antigos) Organização Mundial de Saúde Relação Peso Altura Programa Alargado de Vacinação Perímetro Braquial Cuidados Comunitários Ponto Focal Nutrição da Região Rastreio e Atividades de Aconselhamento Responsável Regional da Nutrição Sais de Reidratação Oral para Desnutridos graves Responsável Médico Regional Responsável Nutrição Regional Sistema Integrado de Vacinação Saúde da Mãe e da Criança Saúde Materno-Infantil Sonda Naso-Gástrica Sistema Nacional de Informação e Estatística 4 STPC TARV TB UI UNICEF VAD VIH WSB Saneamento Total Pilotado pela Comunidade Tratamento Antirretroviral Tuberculose Unidade Internacional Fundo das Nações Unidas para a Infância Visita ao domicílio Vírus da Imunodeficiência Humana Wheat Soya Blend (mistura de trigo e soja) 5 ÍNDICE ÍNDICE AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 1 CONTEXTO ....................................................................................................................................................... 2 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................... 3 ACRÓNIMOS .................................................................................................................................................... 4 ÍNDICE ............................................................................................................................................................. 6 LISTA DAS TABELAS ........................................................................................................................................ 12 LISTA DAS FIGURAS ........................................................................................................................................ 12 ORGANIZAÇÃO DO PGIDA.............................................................................................................................. 13 1. 2. 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. NÍVEL NACIONAL ..................................................................................................................................... 13 NIVEL REGIONAL ...................................................................................................................................... 14 RESPONSÁVEL MÉDICO DA REGIÃO (RMR) ............................................................................................. 14 RESPONSÁVEL DE NUTRIÇÃO DA REGIÃO (RNR)/PONTO FOCAL NUTRIÇÃO (PFN) ................................ 14 ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS ..................................................................... 16 SERVIÇOS OFERECIDOS A NÍVEL REGIONAL............................................................................................. 16 ASPECTOS COMUNITARIOS DA GIDA ............................................................................................................. 18 1. ORGANIZAÇÃO......................................................................................................................................... 18 1.1. Nível Nacional ................................................................................................................................. 18 1.2. Nível Regional ................................................................................................................................. 18 1.3. Nível de Centro de Saúde e Comunidade ........................................................................................ 19 1.4. A nível da comunidade .................................................................................................................... 20 2. SENSIBILIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA .................................................................................. 22 3. RASTREIO ATIVO DE CASOS, REFERÊNCIA PARA TRATAMENTO, MONITORAMENTO E EDUCAÇÃO ....... 23 3.1. Rastreio ativo dos casos .................................................................................................................. 24 3.2. Monitoramento............................................................................................................................... 26 RASTREIO PASSIVO EM TODAS AS ESTRUTURAS DE SAÚDE ........................................................................... 29 1. 2. ATIVIDADES ............................................................................................................................................. 29 FERRAMENTAS E MATERIAIS ................................................................................................................... 29 TRIAGEM DAM E DAG .................................................................................................................................... 31 1. 2. 3. PRINCIPIOS .............................................................................................................................................. 31 ATIVIDADES ............................................................................................................................................. 33 INSTRUMENTOS....................................................................................................................................... 34 TRATAMENTO NO CRENAM ........................................................................................................................... 35 1. 2. OBJETIVOS ............................................................................................................................................... 35 ORGANIZAÇÃO......................................................................................................................................... 35 2.1. Abertura e encerramento de um CRENAM ..................................................................................... 35 2.2. Estrutura ......................................................................................................................................... 36 2.3. O pessoal ......................................................................................................................................... 36 2.4. Materiais ......................................................................................................................................... 38 3. ADMISSÃO ............................................................................................................................................... 39 3.1. Tipos de admissão ........................................................................................................................... 39 3.2. Procedimentos de admissão ........................................................................................................... 40 4. TRATAMENTO NUTRICIONAL .................................................................................................................. 41 4.1. Tipo de programa nutricional suplementar .................................................................................... 41 4.2. Ração de Suplementação ................................................................................................................ 41 6 ÍNDICE 5. TRATAMENTO MÉDICO ........................................................................................................................... 44 5.1. Vitamina A ............................................................................................................................................ 44 5.2. Albendazol ou Mebendazol ................................................................................................................... 45 5.3. Ferro/Ácido Fólico ................................................................................................................................. 45 6. VIGILÂNCIA .............................................................................................................................................. 45 7. DIAGNOSTICAR AS FALHAS DE RESPOSTA AO TRATAMENTO ................................................................. 46 7.1. Critérios de insucesso na resposta ao tratamento ................................................................................ 47 7.2. Razões de insucesso no tratamento ...................................................................................................... 47 7.3. Procedimentos para resolução do insucesso no tratamento ................................................................ 47 7.4. Tratamento do insucesso no tratamento .............................................................................................. 50 8. PROCEDIMENTOS DE ALTA ...................................................................................................................... 51 8.1. Tipo de alta ........................................................................................................................................... 52 8.2. Procedimentos de alta .......................................................................................................................... 52 9. ARMAZENAMENTO E GESTÃO DOS BENS................................................................................................ 52 10. SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 53 10.1. Necessidades ....................................................................................................................................... 53 10.2. Atividades............................................................................................................................................ 53 TRIAGEM DOS PACIENTES DAG – CRENAG/CRENI .......................................................................................... 55 1. 2. 3. 4. ATIVIDADES ............................................................................................................................................. 55 MATERIAIS ............................................................................................................................................... 56 DEFINIÇÃO DA DAG – CRITÉRIOS DE ADMISSÃO ..................................................................................... 57 TESTE DO APETITE E FLUXO DOS PACIENTES........................................................................................... 57 4.1. Porque fazer um teste do apetite? ........................................................................................................ 57 4.2. Como fazer o teste do apetite? ............................................................................................................. 58 4.3. Quando fazer o teste do apetite ?......................................................................................................... 59 5. COMPLICAÇÕES MÉDICAS (AIDI) ............................................................................................................. 60 TRANSPORTE DOS PACIENTES........................................................................................................................ 63 TRATAMENTO NO CRENAG ............................................................................................................................ 65 1. ORGANIZAÇÃO......................................................................................................................................... 65 1.1. Estrutura ......................................................................................................................................... 65 1.1.1. 1.1.2. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Centro de Saúde e sua organização ............................................................................................................ 65 Equipas móveis ........................................................................................................................................... 66 1.2. Atividades ....................................................................................................................................... 67 1.3. Materiais necessários para o CRENAG ............................................................................................ 68 ADMISSÃO ............................................................................................................................................... 69 TRATAMENTO NUTRICIONAL .................................................................................................................. 70 TRATAMENTO MÉDICO SISTEMÁTICO..................................................................................................... 73 4.1. Nenhum outro alimento deve ser dado .......................................................................................... 73 4.2. Antibioterapia sistemática .............................................................................................................. 73 4.3. Tratamento Antipalúdico ................................................................................................................ 75 4.4. Desparasitação ............................................................................................................................... 75 4.5. Vacinação contra Sarampo ............................................................................................................. 75 4.6. Vitamina A ...................................................................................................................................... 76 4.7. Resumo do tratamento sistemático ................................................................................................ 76 VIGILÂNCIA .............................................................................................................................................. 77 CRITÉRIOS DE TRANSFERÊNCIA DO CRENAG PARA CRENI: “TRANSFERÊNCIA INTERNA PARA CRENI” ... 78 6.1. Critérios de transferência do CRENAG para CRENI ......................................................................... 78 6.2. Procedimentos de transferência ..................................................................................................... 78 INSUCESSO NO TRATAMENTO NO CRENAG ............................................................................................ 79 7.1. Diagnóstico de insucesso ................................................................................................................ 79 7.2. Conduta a ter em caso de insucesso na resposta ao tratamento ................................................... 81 PROCEDIMENTOS DE ALTA ...................................................................................................................... 84 8.1. Critérios de alta ............................................................................................................................... 84 8.2. Registar os resultados do tratamento ............................................................................................ 85 7 ÍNDICE 9. SEGUIMENTO APÓS A ALTA ..................................................................................................................... 86 ESTIMULAÇÃO EMOCIONAL E FÍSICA ............................................................................................................. 87 1. 2. IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO ........................................................................................................... 87 CUIDADOS NO CRENI E CRENAG ............................................................................................................. 87 2.1. Estimulação emocional e jogos ....................................................................................................... 88 2.2. Atividades físicas ............................................................................................................................. 88 1.2.1. Atividades ludoterápicas ............................................................................................................ 89 ESTE ESQUEMA FOI DADO PELO PROFESSOR S.GRANTHAM-MCGREGOR. ..................................................... 89 TRATAMENTO NO CRENI ............................................................................................................................... 90 1. 2. 3. 4. 5. 6. PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO NO CRENI ................................................................................................ 90 ESTRUTURAS E ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................ 90 2.1. Tipos de estrutura ........................................................................................................................... 90 2.2. Organização .................................................................................................................................... 92 ATIVIDADES ............................................................................................................................................. 92 3.1. Médicos ........................................................................................................................................... 92 3.2. Enfermeiros (EED) ........................................................................................................................... 93 3.3. Auxiliares de saúde (AS) .................................................................................................................. 93 3.4. Responsável de Nutrição da Região (RNR) ..................................................................................... 94 MATERIAL ................................................................................................................................................ 94 4.1. Registo ............................................................................................................................................ 94 4.2. Tratamento nutricional ................................................................................................................... 95 4.3. Tratamento médico ........................................................................................................................ 95 4.4. Diversos ........................................................................................................................................... 95 ADMISSÃO ............................................................................................................................................... 96 FASE AGUDA (OU FASE 1) ........................................................................................................................ 98 6.1. Tratamento nutricional (F75) .......................................................................................................... 98 6.1.1. 6.1.2. 6.1.3. 6.1.4. 6.1.5. 6.2. 6.2.1. 6.2.2. 6.2.3. Atividades ................................................................................................................................................... 98 Preparação .................................................................................................................................................. 99 Volumes a oferecer ..................................................................................................................................... 99 Sonda Nasogastrica (SNG)......................................................................................................................... 100 Técnica de alimentação ............................................................................................................................ 100 Medicamentos de rotina ............................................................................................................... 101 Antibioterapia sistemática ........................................................................................................................ 101 Tratamento antipalúdico .......................................................................................................................... 104 Vacinação contra o sarampo..................................................................................................................... 105 6.3. Medicamentos dados unicamente em circunstâncias específicas ................................................ 105 6.4. Vigilância a registar na ficha de monitoramento CRENI ............................................................... 106 6.5. Critérios de passagem da Fase Aguda para a Fase de Transição ................................................ 106 7. TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES ...................................................................................................... 107 7.1. Desidratação no marasmo ............................................................................................................ 107 7.1.1. 7.1.2. 7.1.3. 7.1.4. 7.1.5. 7.2. 7.3. 7.3.1. 7.3.2. 7.4. 7.4.1. 7.4.2. 7.5. 7.5.1. 7.5.2. 7.5.3. Diagnostico de desidratação ..................................................................................................................... 108 Diagnostico de choque com desidratação ................................................................................................ 109 Tratamento da desidratação..................................................................................................................... 109 Tratamento do choque por desidratação no marasmo ............................................................................ 112 Vigilância da reidratação........................................................................................................................... 113 Desidratação no kwashiorkor ....................................................................................................... 115 Desidratação Hipernatrémica ....................................................................................................... 115 Diagnóstico ............................................................................................................................................... 115 Tratamento ............................................................................................................................................... 116 Diarreia ......................................................................................................................................... 117 Diarreia Persistente ou Crónica ................................................................................................................ 117 Diarreia de Renutrição após admissão ..................................................................................................... 118 Choque Séptico (ou Tóxico) ........................................................................................................... 118 Reavaliar a situação .................................................................................................................................. 119 Diagnóstico ............................................................................................................................................... 119 Tratamento ............................................................................................................................................... 120 8 ÍNDICE 7.6. 7.7. Ausência de ruídos intestinais, dilatação gástrica com distensão abdominal (meteorismo) ....... 121 Insuficiência cardíaca .................................................................................................................... 123 7.7.1. 7.7.2. 7.7.3. 7.8. Sinais e sintomas ....................................................................................................................................... 123 Diagnostico diferencial ............................................................................................................................. 124 Tratamento ............................................................................................................................................... 124 Hipotermia .................................................................................................................................... 125 7.8.1. 7.8.2. 7.9. 7.10. Prevenção ................................................................................................................................................. 125 Tratamento ............................................................................................................................................... 125 Febre ............................................................................................................................................. 126 Anemia grave ................................................................................................................................ 126 7.10.1. 7.10.2. 7.11. Hipoglicemia ................................................................................................................................. 127 7.11.1. 7.11.2. 7.11.3. 7.12. Dermatoses no Kwashiorkor ................................................................................................................ 128 Escoriação perineal .............................................................................................................................. 129 Sarna/piolhos ....................................................................................................................................... 130 Infecções fúngicas ou cutâneas............................................................................................................ 130 Impetigo (uma infecção bacteriana da pele) ....................................................................................... 131 Cancrum oris (Noma, estomatite gangrenosa) .................................................................................... 131 Outras condições........................................................................................................................... 132 Medicamentos .............................................................................................................................. 132 Síndrome de renutrição................................................................................................................. 133 7.15.1. 7.15.2. 7.16. Prevenção de hipoglicemia .................................................................................................................. 127 Diagnóstico .......................................................................................................................................... 128 Tratamento .......................................................................................................................................... 128 Dermatoses ................................................................................................................................... 128 7.12.1. 7.12.2. 7.12.3. 7.12.4. 7.12.5. 7.12.6. 7.13. 7.14. 7.15. Diagnostico .......................................................................................................................................... 126 Tratamento .......................................................................................................................................... 127 Prevenção ............................................................................................................................................ 133 Tratamento .......................................................................................................................................... 133 DESNUTRIÇÃO GRAVE E VIH/SIDA, TUBERCULOSE (TB) ................................................................ 133 7.16.1. 7.16.2. Rastreio do VIH .................................................................................................................................... 133 Tratamento .......................................................................................................................................... 134 8. INSUCESSO NO TRATAMENTO (CRENI) ................................................................................................. 135 8.1. Diagnóstico ................................................................................................................................... 135 8.2. Investigação sobre as causas de insucesso ao Tratamento (CRENI) ............................................. 136 8.3. Conduta a seguir – Tratamento .................................................................................................... 137 9. FASE DE TRANSIÇÃO .............................................................................................................................. 138 9.1. Tratamento nutricional ................................................................................................................. 138 9.2. Tratamento médico sistemático ................................................................................................... 141 9.3. Vigilância ...................................................................................................................................... 141 9.4. Critério de retorno da Fase de Transição para a Fase Aguda ....................................................... 141 9.5. Critérios de transferência da Fase de Transição no CRENAG ........................................................ 142 10. PROCEDIMENTOS DE SAÍDA .................................................................................................................. 142 TRATAMENTO DOS LACTENTES MENORES DE 6 MESES OU COM MENOS DE 3KG, COM ACOMPANHANTE (CRENI) ........................................................................................................................................................ 143 1. 2. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO ............................................................................................................... 143 ATIVIDADES E MATERIAL NECESSÁRIOS ................................................................................................ 144 2.1. Atividades ..................................................................................................................................... 144 2.2. Materiais ....................................................................................................................................... 144 3. ADMISSÃO ............................................................................................................................................. 145 3.1. Medidas Antropométricas e Exame Clínico................................................................................... 145 3.2. Critérios de Admissão ................................................................................................................... 145 3.3. Registo .......................................................................................................................................... 146 4. TRATAMENTO ........................................................................................................................................ 146 4.1. Tratamento nutricional ................................................................................................................. 146 4.1.1. 4.1.2. 4.1.3. 4.2. Tipo de leite .............................................................................................................................................. 146 Preparação ................................................................................................................................................ 146 Quantidade a administrar pela TSS ........................................................................................................... 147 Técnica de Suplementação por Sucção (TSS) ................................................................................ 147 9 ÍNDICE 4.2.1. 4.2.2. 4.2.3. No início da T-SS ....................................................................................................................................... 147 Mais tarde, quando o lactente retoma as forças ...................................................................................... 148 Limpeza do tubo ....................................................................................................................................... 149 4.3. Progresso e seguimento ................................................................................................................ 149 4.4. Tratamento médico ...................................................................................................................... 150 4.5. Vigilância ...................................................................................................................................... 150 4.6. Cuidados com as mães .................................................................................................................. 151 5. ALTA ....................................................................................................................................................... 152 SEGUIMENTO-AVALIAÇÃO ........................................................................................................................... 153 1. DEFINIÇÕES............................................................................................................................................ 153 1.1. “Número – DAG” ........................................................................................................................... 153 1.2. “Número de registo da estrutura de saúde” ................................................................................. 154 1.3. “Nova admissão” .......................................................................................................................... 154 1.4. “Recaída” ...................................................................................................................................... 154 1.5. “Readmissão” ............................................................................................................................... 155 1.6. “Transferência interna” ................................................................................................................ 155 1.7. “Outra admissão” ......................................................................................................................... 155 1.8. “Erro de admissão” ....................................................................................................................... 155 1.9. “Curado” ....................................................................................................................................... 155 1.10. “Tratado com sucesso” ................................................................................................................. 156 1.11. “Duração da estadia”.................................................................................................................... 156 1.12. “Falecido” ou “Óbito” ................................................................................................................... 156 1.13. “Abandono–Confirmado” ............................................................................................................. 156 1.14. “Abandono-Não-Confirmado” ...................................................................................................... 157 1.15. “Não-Resposta” (ao tratamento padrão) ..................................................................................... 157 1.16. “Referência médica” ..................................................................................................................... 157 1.17. “Recusa de transferência” ............................................................................................................ 157 1.18. “Paciente ausente” ....................................................................................................................... 157 1.19. “Alta” ............................................................................................................................................ 158 1.20. “Desligado” ................................................................................................................................... 158 2. REGISTO ................................................................................................................................................. 158 2.1. Registo .......................................................................................................................................... 158 2.2. As fichas de seguimento ............................................................................................................... 159 3. RELATÓRIOS ........................................................................................................................................... 159 3.1. Relatório Mensal ........................................................................................................................... 160 3.1.1. 3.1.2. 3.1.3. Categorias ................................................................................................................................................. 160 Número de pacientes por tipo de admissão e de saída da estrutura ....................................................... 161 Outras informações .................................................................................................................................. 161 ANEX0S ........................................................................................................................................................ 163 ANEXO 1: AS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS ................................................................................................. 164 ANEXO 2 : FICHA DE RASTREIO....................................................................................................................... 171 ANEXO 3 : TABELA PESO-POR-ALTURA (OMS2006) .......................................................................................... 172 ANEXO 4 : TABELA PESO-POR-ALTURA PARA ADOLESCENTES ....................................................................... 174 ANEXO 5 : TABELA IMC PARA ADULTOS ......................................................................................................... 175 ANEXO 6 : REGISTO CRENI .............................................................................................................................. 176 ANEXO 6 : REGISTO CRENAG .......................................................................................................................... 178 ANEXO 7 : FICHA DE ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL CRENAG ................................................................ 180 ANEXO 8 : FICHA DE TRANSFERÊNCIA ............................................................................................................ 180 ANEXO 10: 5% DE GANHO DE PESO - 5% DE PERDA DE PESO ........................................................................ 182 ANEXO 11: GANHO DE PESO EM 14 DIAS....................................................................................................... 183 ANEXO 12: GANHO DE PESO PARA ATINGIR OS CRITÉRIOS ALTA .................................................................. 184 ANEXO 14: FICHA DE VIGILÂNCIA INTENSIVA ................................................................................................ 189 ANEXO 15: COMO COLOCAR UMA SONDA NASOGÁSTRICA (SNG) ................................................................ 190 ANEXO 17 : ANTECEDENTES E EXAMES CLÍNICOS .......................................................................................... 192 ANEXO 18: FASE DE RECUPERAÇÃO (FASE 2) NO CRENI ................................................................................ 194 10 ÍNDICE ANEXO 19: FICHA DE SEGUIMENTO INDIVIDUAL – TSS .................................................................................. 197 ANEXO 20 : LACTENTES MENORES DE 6 MESES OU COM MENOS DE 3 KG NÃO AMAMENTADOS .............. 199 ANEXO 21: RELATÓRIO MENSAL– CRENAG .................................................................................................... 201 ANEXO 22: RELATÓRIO MENSAL – CRENI ....................................................................................................... 202 ANEXO 23: FICHA DE SUPERVISÃO PARA O RESPONSÁVEL NUTRICIONAL DA REGIÃO/PONTO FOCAL ........ 203 ANEXO 24: FICHA DE SUPERVISÃO CRENAG .................................................................................................. 206 ANEXO 25: FICHA DE SUPERVISÃO CRENI ...................................................................................................... 210 ANEXO 26: EXEMPLO DE RECEITAS PARA O LEITE F75/F100 E RESOMAL ...................................................... 215 ANEXO 27: ESPECIFICAÇÕES DOS ATPU ......................................................................................................... 217 ANEXO 28: DOSE DOS MEDICAMENTOS UTILIZADOS PARA O TRATAMENTO DE DAG.................................. 221 ANEXO 29: REGISTO CRENAM ........................................................................................................................ 232 ANEXO 30: CARTÃO DE RAÇÃO PARA OS DAM .............................................................................................. 235 ANEXO 31: RELATÓRIO MENSAL CRENAM ..................................................................................................... 236 ANEXO 32: VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS RAÇÕES DE SUPLEMENTAÇÃO SECAS E HÚMIDAS ......... 237 ANEXO 33: DENSIDADE NUTRICIONAL DOS PRODUTOS DE SUPLEMENTAÇÃO PARA DAM .......................... 238 ANEXO 34: LISTA DOS PARTICIPANTES NO ATELIER DE REVISÃO DO PROTOCOLO GIDA .............................. 239 11 ÍNDICE LISTA DAS TABELAS Tabela 1 : Diferenças entre o tratamento DAG e DAM ........................................................................ 32 Tabela 2 : Exemplo da ração necessária para criança por 2 semanas– estratégia 1 regime inicial...... 43 Tabela 3 : Exemplo da ração necessária para adultos por 2 semanas – estratégia 1 regime inicial .... 43 Tabela 4: Suplementação de Vitamina A .............................................................................................. 45 Tabela 5: Tratamento anti-parasitário .................................................................................................. 45 Tabela 6 : Suplementação de Ferro/Ácido Fólico ................................................................................. 45 Tabela 7 : Resumo da vigilância no CRENAM........................................................................................ 46 Tabela 8 : Indicadores do CRENAM...................................................................................................... 54 Tabela 9 : Quantidade de ATPU para avaliar o apetite dos pacientes gravemente desnutridos ........ 59 Tabela 10 : Resumo dos critérios de admissão para uma 2ª triagem: decisão CRENI ou CRENAG ...... 61 Tabela 11: Quantidade de ATPU a administrar por dia e por semana aos pacientes tratados no CRENAG ........................................................................................................................................ 72 Tabela 12 : Dose de Amoxicilina ........................................................................................................... 74 Tabela 13 : Tratamento anti-helmintico ............................................................................................... 75 Tabela 14: Tratamento sistemático de vitamina A ............................................................................... 76 Tabela 15 : Tabela resumo do tratamento sistemático ........................................................................ 76 Tabela 16 : Resumo da vigilância no CRENAG ...................................................................................... 77 Tabela 17 : Insucesso na resposta ao tratamento dos pacientes no CRENAG ..................................... 79 Tabela 18 : Resumo dos fatores de risco dos pacientes hospitalizados no CRENI ............................... 97 Tabela 19 : Volume de F75, por faixa de peso, a administrar durante a Fase Aguda (Fase I) .............. 99 Tabela 20 : Doses de Gentamicina e Amoxicilina por faixa de peso ................................................... 103 Tabela 21 : Resumo do tratamento sistemático a dar aos pacientes com DAG ................................. 106 Tabela 22 : Diagnóstico de “Insucesso ao Tratamento” para os pacientes no CRENI ........................ 135 Tabela 23: Quantidade de ATPU a administrar por faixa de peso e por dia na Fase de Transição .... 140 Tabela 24: Quantidade de F100 a administrar por faixa de peso e por dia na Fase de Transição ..... 140 Tabela 25 : Quantidade de leite-SS por refeição e faixa de peso, para bebés ................................... 147 LISTA DAS FIGURAS Figura 1: Etapas sucessivas a seguir para os pacientes que não respondem ao tratamento ............... 81 Figura 2 : Tratamento da desidratação ............................................................................................... 114 Figura 3 : Conduta perante a reidratação ........................................................................................... 114 Figure 4: Conduta a seguir perante uma insuficiência respiratória. ................................................... 125 12 ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO DO PGIDA A organização de um Programa de Gestão Integrada de Desnutrição Aguda Grave (PGIDA) é crucial para assegurar o seu sucesso. A sua execução exige um financiamento adequado e pessoal qualificado a cada nível da organização. Só será sustentável quando todas as instituições de formação incluírem a desnutrição e a sua gestão nos programas de formação inicial (a fim de minimizar a rotação de pessoal e a “fuga de cérebros”); a participação de professores e académicos deve ser parte integrante da estratégia. 1. NÍVEL NACIONAL O Ministério da Saúde e da Solidariedade Social/Direção de Serviço Alimentação, Nutrição e Sobrevivência da Criança (DSANSC) deve: Determinar a estratégia e as normas; Elaborar e disseminar os protocolos, instrumentos (ferramentas) e diretivas nacionais; Organizar formações dos formadores; Responsabilizar-se pela encomenda, armazenamento e distribuição dos produtos terapêuticos e de suplementação; Estabelecer os mecanismos necessários a fim de facilitar a integração do programa GIDA nas outras atividades de saúde, coordenadas a nível regional, apoiando os Responsáveis de Nutrição Regionais (RNR); Criar uma cooperação eficaz entre serviços terapêuticos e serviços de saúde pública/comunitária no que diz respeito à GIDA e à sua inclusão na Atenção Integrada às Doenças da Infância (AIDI); Assegurar a descentralização do CRENI não somente a nível regional mas, na medida do possível, a nível de área sanitária; Atribuir códigos de formato padrão a cada estrutura regional integrante da GIDA e manter um registo atualizado das estruturas que oferecem um serviço de GIDA (DAG e DAM); Recolher e classificar os relatórios regionais; Compilar todos os dados regionais, enviá-los e introduzi-los a nível do Sistema Nacional de Informação e Estatística (SNIE); Estabelecer laços estreitos com o Ministério da Educação para assegurar a integração da GIDA nos programas das escolas/faculdades de medicina, nutrição, enfermagem e outras instituições afins; Elaborar planos de contingência e um plano de ação sobre comunicação, coordenação, acompanhamento e implementação do PGIDA em caso de aparecimento súbito de uma crise ou emergência alimentar (habitualmente faz parte do Plano Nacional de Preparação Para Calamidades); Caso seja declarada ou prevista uma situação de emergência ou haja uma deterioração 13 ORGANIZAÇÃO rápida e previsível da situação alimentar assegurar a elaboração e apresentação de relatórios semanais que contabilizem o numero total de pacientes com Desnutrição Aguda Grave (DAG) e Desnutrição Aguda Moderada (DAM) ao Sistema Nacional de Vigilância de Emergência. O Responsável Regional da Nutrição (RDN) / Ponto Focal da Nutrição (PFN), que supervisiona e controla o programa, deve estar sedeado na região, junto às estruturas de tratamento hospitalar a nível regional (Centro de Recuperação e Educação Nutricional em Regime de Internamento - CRENI), das atividades terapêuticas ambulatórias (Centro de Recuperação e Educação Nutricional Ambulatório para Desnutrição Grave – CRENAG) e das atividades de tratamento da desnutrição moderada (CRENAM) nos Centros de Saúde, postos de Saúde e outros (equipas móveis). 2. NIVEL REGIONAL A Região é a principal unidade administrativa para o desenvolvimento e gestão do programa GIDA. 2.1. Responsável Médico da Região (RMR) O Responsável Médico da Região (RMR) deve nomear uma pessoa como responsável do programa GIDA na sua região; Quando houver disponibilidade de fundos, um posto a tempo integral deve ser atribuído a um RDN, que responde por todos os programas de nutrição na sua região, sob direção do RMR; Quando não existirem fundos disponíveis, a responsabilidade do programa de GIDA deve ser delegada a um PFN sob direção do RMR. Ele/ela deve fazer a planificação, implementação, organização, coordenação e gestão do programa de GIDA na região; Nas regiões muito grandes, é preferível que existam muitos responsáveis de nutrição, de forma a que a organização e os pontos de controle sejam próximos do CRENI principal e a 4 horas (no máximo) de veículo, do CRENAG mais distante; Ele(a) é responsável por toda a organização do programa na região: recrutar e fazer recomendações para o recrutamento, treinar e supervisionar o pessoal, monitorizar e avaliar, gerir os produtos terapêuticos e complementares e medicamentos de rotina, a nível do CRENAG, e coordenar as estruturas de cuidados hospitalares (CRENI) a nível regional (normalmente o serviço de Pediatria ou de Medicina Interna dentro do hospital regional); Se houver um especialista em logística/farmacêutico a nível regional, ele deve controlar as provisões em coordenação com RNR. 2.2. Responsável de Nutrição da Região (RNR)/Ponto Focal Nutrição (PFN) Pré requisito Um médico, enfermeiro ou nutricionista com formação teórica e prática de GIDA, com habilidades em comunicação, organização e boas relações profissionais. 14 ORGANIZAÇÃO Atividades As suas principais funções são: Fazer parte da equipa de gestão da Área Sanitária e coordenar o programa GIDA juntamente com os responsáveis de outros programas e atividades de saúde da região: Sistema Integrado de Vacinação (SIVE), estratégia de Ação integrada de Doenças infantis (AIDI), Tuberculose (TB), VIH/SIDA, Saúde Materno-Infantil (SMI), Sistema de Informação e de Estatística, Diretor e funcionários do Hospital Regional; Organizar uma reunião anual a nível regional com todas as pessoas implicadas no programa GIDA regional, incluindo os chefes comunitários e um representante do Serviço de Nutrição a nível nacional; Nesta reunião, o relatório anual (elaborado pelo RNR, integra relatórios mensais consolidados bem como uma visão geral sobre os progressos do programa, problemas e restrições encontradas, orçamento e dados do inquérito/rastreio, etc.) é apresentado. Os diferentes intervenientes são convidados a fazer comentários, sugestões e compartilhar as suas dificuldades. Lições aprendidas são discutidas, planos e alterações para o ano seguinte são apresentados, as responsabilidades são definidas e as tarefas distribuídas. A ata da reunião será preparada e apresentada a nível nacional; Organizar reuniões de coordenação mensal a nível regional com todos os supervisores do CRENAG, CRENI E CRENAM (relatórios, fornecimento de produtos terapêuticos, medicamentos e material); Avaliar as necessidades do programa e assegurar o aprovisionamento; Garantir a disponibilidadede transporte e o fornecimento de combustível para visitas de supervisão e reuniões regulares; Garantir o fluxo de produtos terapêuticos e de suplementação do armazém a nível central para o armazém regional, o armazenamento a nível regional e transporte para o CRENAG (CS) e o CRENAM e o fornecimento do CRENI; Aquando da abertura de um novo CRENAG ou CRENAM garantir que todo o material necessário (ferramentas, ASPU, ATPU e medicamentos, etc.) esteja disponível; Criar mecanismos 1) para a transferência de pacientes entre o CRENAG e o CRENI com segurança (e entre o CRENAM e o CRENAG/CRENI, se necessário) e 2) para a transmissão de informações dos pacientes transferidos para a estrutura de acolhimento (telefone); Assegurar supervisões regulares (mensais) da qualidade do serviço prestado por todas as estruturas (CRENI, CRENAG E CRENAM) na região; Garantir uma boa coordenação entre o CRENI (hospital) e o CRENAG, e entre o CRENAG e o CRENAM; Examinar e corrigir todos os problemas identificados durante a supervisão do CRENI, CRENAG, CRENAM, instalações de armazenamento, reservas de ATPU, ASPU e suprimentos(fichas de acompanhamento, registos, etc.); 15 ORGANIZAÇÃO Identificar as tabancas particularmente vulneráveis a fim de fornecer suporte adicional, se necessário; Quando necessário reorganizar os CRENAG e CRENAM, redistribuir recursos humanos, abrir e/ou fechar os CRENAG e CRENAM, tendo por base os relatórios e dados dos rastreios; Organizar formação contínua no local de trabalho conforme necessário e treinar o pessoal recém recrutado; Elaborar os planos de contingência descrevendo a conduta em caso de aumento de dificuldade; Registar e atribuir um código para cada estrutura regional de acordo com o Ministério da Saúde (DSANSC) e enviar os detalhes do registo para o nível central (DSANSC); A quando da abertura de um novo centro de tratamento de desnutrição, atribuir um código novo à estrutura e informar a administração central e a DSANSC; Elaborar uma lista dos dias da consulta de cada CRENAG e CRENAM da região, incluindo o nome e número de telefone das pessoas responsáveis e divulgar esta lista para todas as estruturas de GIDA; Assegurar a conclusão dos relatórios mensais de todas as estruturas de GIDA; Compilar os relatórios mensais do CRENAG,CRENI e CRENAM (em colaboração com o responsável de informações e estatísticas) e remetê-los atempadamente para o RMR e a para a Equipa de Gestão da Área Sanitária (EGAS); Compilar e analisar as folhas de rastreio (em colaboração com o ponto Focal para o Desenvolvimento Rural a nível regional) para determinar o grau e as alterações no estado nutricional a nível das tabancas e compartilhar essas informações com os supervisores dos CRENAG e CRENAM; Apresentar relatórios mensais individuais e compilados ao departamento de nutrição regional e nacional (DSANSC) em tempo útil; Implementar a estratégia de mobilização comunitária; Facilitar as atividades dos Agentes de Saúde Comunitária (ASC). 2.3.Armazenamento e distribuição de medicamentos É necessário um armazém a nível regional de forma a permitir uma reserva de estoque de 3 meses de produtos terapêuticos e complementares e medicamentos de rotina necessários para o tratamento da DAG, e para o armazenamento adequado de outros equipamentos e ferramentas necessários. Os produtos terapêuticos e complementares devem ser armazenados separadamente dos medicamentos, assim como os equipamentos e ferramentas. 2.4.Serviços oferecidos a nível regional O Programa GIDA irá fornecer uma gama de serviços e atividades em cada nível. O protocolo descreve essas atividades, começando com as actividades na comunidade e em seguida nas 16 ORGANIZAÇÃO estruturas de saúde em geral, dando ênfase ao rastreio ativo e passivo, CRENAG (dentro do centro de saúde) e CRENI, para os casos complicados de DAG (geralmente dentro do recinto do hospital). Os CRENAM devem localizar-se, de preferência, fora dos centros de saúde assegurando a distribuição de produtos complementares. 17 COMUNIDADE ASPECTOS COMUNITARIOS DA GIDA 1. ORGANIZAÇÃO Os aspectos comunitários do programa devem ser planeados e organizados a nível nacional antes da sua implementação a nível de região, do centro de saúde e da comunidade. 1.1.Nível Nacional A DSANSC deve planear a implementação do programa comunitário, para as atividades de DAG e de DAM, com outros setores da comunidade. Deve ser coordenado com as atividades do Sistema Integrado de Vacinação (SIVE), AIDI, apoio comunitário (PCC), serviços de SMI, programas para promover o aleitamento materno, segurança alimentar, agricultura, microcrédito e programas de geração de renda. Estas últimas características de mobilização comunitária estão além do âmbito do presente protocolo. Direção de Serviço de Alimentação, Nutrição e Sobrevivência da Criança (DSANSC) deve Desenvolver meios audiovisuais e cartazes e, depois de testá-los, colocá-los em locaischave, organizar debates, discussões e anunciar nos média nacionais (rádio e TV); Desenvolver ferramentas para os agentes de saúde comunitária para rastreio ativo na comunidade (ficha de triagem, fitas para medida do perímetro braquial (PB), etc.); Planear a organização da mobilização da comunidade com o responsável pela saúde da região para facilitar a coordenação a nível da região dentro da EGDS. O responsável/ponto focal de desenvolvimento Rural e o RNR podem ser responsáveis pela mobilização da Comunidade, dentro sa EGDS; Padronizar a diária, prémios e outros pagamentos, bem como os métodos de “motivação”e a remuneração dos agentes de saúde comunitária (ASC) e voluntários e garantir a ausência de disparidade ou "concorrência" entre os diferentes organismos ou programas; Padronizar a formação de formadores (rastreio ativo de GIDA, Ações Essenciais em Nutrição (AEN), iniciativa comunitária para amamentação, grupos de apoio às mães, etc.); Coordenar a nível regional a integração do rastreio ativo e o acompanhamento de casos de abandono ao nível da comunidade; Coordenar a integração de todos os programas. 1.2.Nível Regional O rastreio ativo deve estar sob a direção do RMR, ser organizado pela RNR/PFN e envolver o diretor regional para o desenvolvimento da comunidade e o departamento de informação e estatística para assegurar a coordenação e garantir que os vários programas comunitários não competem uns com os outros ou sobrecarregam os ASC e voluntários. 18 COMUNIDADE A formação de formadores sobre o rastreio ativo, educação nutricional de ASC ou voluntários deve ser dada a nível regional a todos os enfermeiros nos centros de saúde responsáveis pela mobilização comunitária. A frequência da realização de rastreio ativo deve ser coordenada com o RMR e a RNR/PFN. Os dados do rastreio devem ser coletados a nível regional sob a orientação de EGDS e determinar-se 1) o grau e a mudança do estado nutricional a nível das tabancas e na região 2) a fiabilidade dos dados coletados. O rastreio ativo para DAG e DAM deve também ser organizado em conjunto com campanhas de imunização comunitária, de distribuição vitamina A, dias/semanas da saúde da criança ou de saúde materno-infantil. 1.3.Nível de Centro de Saúde e Comunidade A nível do Centro de Saúde O enfermeiro chefe do Centro de Saúde/CRENAG é geralmente responsável por: Escolher os agentes comunitários com a EGDS; Coordenar os ASC e suas atividades uma vez por mês, e coletar informações em conexão com a Comunidade e resolver as dificuldades; Formar os ASC na realização de rastreio ativo usando o PB e a presença de edemas bilaterais, no monitoramento de casos de abandono do programa e integração destas atividades em outras atividades da Comunidade (Sistema Integrado de Vacinação (SIVE), AIDI, programa de formação de parteiras, PCC, ATPC, etc.). O programa de treinamento deve ser projetado a nível nacional; Reunião mensal com os ASC para recolher informação da comunidade, moradas e conversar acerca de dificuldades que surgiram; Os termos e condições de trabalho para todos os funcionários, financiados por diferentes programas, devem ser idênticos e decididos a nível nacional. O número de ASC que podem ser usados e, portanto, o número de tabancas e a frequência das visitas, é determinado pelo financiamento do programa. Tem que existir um financiamento para um mínimo de dois anos para cada funcionário; Vantagens em pagar aos ASC: melhorar a organização da triagem, a regularidade do trabalho e a lealdade dos ASC; Se o pagamento em dinheiro não é possível ou se o programa depende de voluntários, o processo de motivação e fidelização deve ser incentivado por cursos regulares (com um subsídio de deslocação e estadia) e compensação pelo tempo e combustível usado para o programa; Com o consentimento da mãe/cuidadora realizar o rastreio de VIH a todos os DAM e DAG, e encaminhar os seropositivos para o centro de TARV Pediátrico mais próximo. 19 COMUNIDADE Atividades comunitárias Nas tabancas que distam mais de 5 km (ou 2 horas) do CRENAG/CRENAM, a adesão ao tratamento é muito menor do que nas tabancas perto do CRENAG/CRENAM – “área de cobertura”. Nestas tabancas remotas um ponto focal (voluntário) deve ser treinado em rastreio ativo das crianças e atividades de triagem devem ser organizadas regularmente; Segundo a acessibilidade e o número de crianças DAG ou DAM em tabancas remotas, visitas podem ser organizadas (semanalmente) por uma auxiliar do CRENAG (que pode se deslocar numa moto) ou por uma assistente social do CRENAM (a cada 15 dias). Uma equipe móvel pode ser colocada no terreno ou um novo CRENAG ou CRENAM aberto; O CRENAM pode ser aberto mais perto das tabancas, desde que as restrições logísticas o permitam. 1.4.A nível da comunidade Agentes de Saúde Comunitários (ASC) Os ASC estão empregados a tempo inteiro para irem às comunidades. Onde há voluntários, eles estão em estreita comunicação com os pontos focais das tabancas, supervisionam e apoiam as suas atividades; onde não há nenhum ponto focal de tabanca/voluntário, eles efetuam o rastreio, o seguimento e outras atividades comunitárias. Pré-requisitos Ser honesto e ter a confiança da comunidade; Respeito na seleção do equilíbrio entre homens e mulheres (preferência às mulheres); Ter um verdadeiro desejo de prestar serviço à sua comunidade; Saber ler e escrever é uma vantagem mas não é essencial. O ASC deve: Sensibilizar a comunidade para o programa antes e durante a sua implementação e ter a aprovação da comunidade; Visitar periodicamente a tabanca ou grupo de tabancas próximas umas das outras ao nível da zona de cobertura de um CRENAG e/ou CRENAM. Visitar as tabancas caso tenha surgido um problema (abandono excessivo, fraca taxa de ganho de peso, etc.) ou a pedido durante uma reunião mensal, ou aquando da visita regular do ponto focal da tabanca ao CRENAG e/ou CRENAM para prestar os seus serviços e durante o recrutamento de outros voluntários; Informar os líderes da comunidade, os curandeiros tradicionais, os profissionais de saúde, outros membros da sociedade civil e as organizações locais sobre a natureza e o objetivo do programa; 20 COMUNIDADE Utilizar a comunicação formal e informal para informar a comunidade sobre a desnutrição e as boas práticas de nutrição, tendo em conta o nível de educação das pessoas implicadas nos cuidados das crianças, quem determina a utilização dos recursos no seio da família (marido, sogra, etc.), as crenças no seio da sociedade no que diz respeito às causas da desnutrição, assim como os comportamentos e costumes em matéria da saúde; Recrutar voluntários, principalmente quando há muito trabalho e a comunidade é pobre. No entanto, os voluntários apropriados podem não estar disponíveis; Trabalhar com voluntários comunitários, reunir as fichas de rastreio, observar atividades de rastreio e fazer todas as visitas de acompanhamento e visitas ao domicilio requeridas; Contactar e visitar regularmente os anciãos da tabanca para assegurar o seu envolvimento no programa einformá-los dos resultados; Visitar os casos de abandono para saber quais as reclamaçõessobre o programa, as causas de abandono (o programa não é uma prioridade para a família, a criança faleceu ou mudou de residência, etc.) e para determinar o futuro dos pacientes; Fazer visitas ao domicílio dos pacientes que não respondem ao tratamento; Manter um laço forte entre o centro de saúde /CRENAG/CRENAM e os chefes e voluntários da tabanca, e os outros ASC; Coordenar e colaborar com os diferentes parceiros (agências/programas), em particular sobre o tipo e o valor de prémios (viagem, telefone e crédito, vestuário, alimentação, dinheiro, etc.) subsídios de subsistência e de viagem para as formações/participação nos encontros. Voluntário O voluntário é uma pessoa que vive no seio da comunidade e está disponível para fornecer serviços aos seus vizinhos sem estar formalmente empregado ou ser pago. A compensação pode ser dada em espécie ou/e em formação regular. Muitos países têm um acordo institucionalizado para voluntários afim de os tornar constantes e os responsabilizar pelos resultados obtidos; é o melhor método. Seleção dos voluntários Ele/ela pode ser escolhido(a) pela própria comunidade, pelos ASC ou diretamente pelo enfermeiro responsável da zona. As principais dificuldades de um programa com caráter voluntário são as seguintes: 1) escolher voluntários representativos das suas comunidades, 2) fornece-lhes um suporte adequado, 3) manter a sua motivação e 4) ter voluntários dentro das comunidades mais desfavorecidas onde as necessidades são mais importantes: entretanto nos períodos mais difíceis encontram-se sempre com uma carga de trabalho importante no seio da comunidade.2 2 Programas voluntários funcionam melhor nas aldeias afluentes, durante os períodos de estabilidade e onde as atividades da família são menos urgentes (plantação, colheita, etc.). Se a situação económica se deteriora, os voluntários demitem-se e aumenta a prevalência de DAG. São precisos planos de contingência locais e um orçamento para estas aldeias em maior risco, com um sistema de voluntários capaz de fornecer suporte adicional. 21 COMUNIDADE Os voluntários são habitualmente auto-selecionados. É muito importante que a própria comunidade os escolha e os reconheça pela sua qualidade. O problema mais comum das comunidades é selecionar voluntários com laços de parentesco com os chefes da comunidade e de sexo masculino. Estando o programa a funcionar, as mães das crianças desnutridas tratadas com sucesso e que preenchem os critérios de seleção, devem ser convidadas a tornarem-se voluntárias. Elas têm seguido o programa, são da mesma classe socioeconómica que os novos casos, são particularmente credíveis e podem estabelecer laços estreitos e guiar as novas cuidadoras; e podem facilmente obter informações (por exemplo sobre as causas de abandono) que outros não conseguem. É importante que os ASC estejam presentes nas visitas regulares às residências e possam apoiar a rede de voluntários. Os voluntários preexistentes que foram formados em outros aspetos da promoção da saúde têm geralmente uma reputação no seio da comunidade e os habitantes das tabancas têm hábito de procurar a sua ajuda. Entretanto, eles não deverão ser sobrecarregados de trabalho; o tempo que eles podem consagrar ao voluntariado é sempre limitado. Normalmente é necessário recrutar voluntários adicionais para minimizar a carga de trabalho de forma a que este seja dividido e que trabalhem conjuntamente formando uma equipa. Eles estão em melhor posição para identificar novos voluntários. As matronas da comunidade podem também ajudar no recrutamento, formação e seguimento de voluntários. Não existe limite quanto ao número de voluntários por tabanca, devem porém ser organizados e cooperativos entre eles. 2. SENSIBILIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA Antes da implementação, é necessário que a comunidade tome conhecimento do programa e o aprove; Os voluntários devem compreender os objetivos, os métodos utilizados para identificar e tratar as crianças, a natureza da sua participação, o custo e outros bens do programa para a comunidade, por quanto tempo o programa é financiado e como o programa complementa outros programas de saúde na zona; Eles devem estar suficientemente envolvidos para se apropriarem do programa, uma vez estabelecido, e mostrar a sua eficácia; As informações ligadas ao programa devem incluir os seus objetivos, métodos, organização e as pessoas implicadas, incluindo as suas responsabilidades, e para quem respondem; Devem estar esclarecidos de como o programa os vai afetar e à sua comunidade na prática: o que vai ser feito, quem será eleito para beneficiar e quais os critérios de seleção, quem não vai beneficiar ou será excluído, onde terá lugar, quem vai executálo, como as pessoas poderão ter acesso e o que o programa vai trazer aos indivíduos selecionados. Qualquer mal entendido pode nesta altura trazer frustrações e uma certa desilusão; Não se pode esperar uma completa aceitação do programa enquanto ele não for aplicado e a comunidade não tenha visto com seus próprios olhos de forma a avaliar o seu valor, pelo que deverá haver uma aproximação gradual para um diálogo contínuo, 22 COMUNIDADE comentários e troca de experiências entre o pessoal do programa e os chefes da comunidade. Tal programa nunca deva ser imposto à comunidade. Participação da Comunidade Mensagens Mensagens simples e slogans fáceis de memorizar devem ser elaborados para a comunidade, e ser revistos pela própria comunidade (chefes religiosos, anciões da tabanca, curandeiros tradicionais e outras autoridades como os professores, os agentes de saúde comunitária, matronas e pessoal do centro de saúde): eles são então responsáveis pela difusão da informação no seio das suas comunidades. É muitas das vezes mais eficaz utilizar os métodos informais para transmitir informações ligadas ao programa. Devem ser transmitidas de preferência pelas pessoas respeitosas da comunidade e não por estranhos. A informação é transmitida da maneira mais eficaz nos locais quotidianos de reuniões, em particular em feiras, lavadouro público, poço de água, lugar de concentração da tabanca (bantabá), lugar onde os homens se encontram para beber e socializar. A utilização de grupos de mulheres, escolas (criança-a-criança ou criança-a-pai), do futebol e outros desportos ou outras redes devem ser também ser explorados. Um grupo particularmente importante a implicar é o dos chefes religiosos da comunidade e a transmissão da informação nos locais de reza pode ser influente. Os grupos alvo devem incluir os chefes de famílias, os maridos e as sogras. 3. RASTREIO ATIVO DE CASOS, REFERÊNCIA TRATAMENTO, MONITORAMENTO E EDUCAÇÃO PARA Esquema 1: Estratégia nutricional para rastreio da Desnutrição Aguda na Comunidade COMUNIDADE Medição de PB e pesquisa de edemas nutricionais (bilaterais) 115mm < PB e/ou edemas bilaterais 115mm ≤ PB < 125mm e ausência de edemas bilaterais Centro de Saúde CRENAG Centro de Saúde CRENAM PB ≥ 125mm e ausência de edemas bilaterais 23 COMUNIDADE As principais atividades na comunidade são : Rastrear as crianças para a DAG (e DAM onde exista um programa para as crianças com desnutrição moderada) – é uma pesquisa ativa de caso; Referenciar os casos de DAG para o CRENAG mais próximo e os casos de DAM para o CRENAM mais próximo; Seguimento em domicílio dos casos que: o Não estiveram presentes no local de distribuição aquando de uma visita programada (ausência, abandono); o Tiveram alta do CRENI ou abandonaram o tratamento no CRENI e não foram registados num CRENAG – CRENAM; o Não responderam ao tratamento. Promover comportamentos saudáveis através da comunicação com objectivo de mudança de comportamento, normas sociais e aconselhamento. 3.1. Rastreio ativo dos casos O rastreio ativo de casos faz-se na comunidade e em todas outras ocasiões de encontro entre comunidade e serviços de saúde é uma parte essencial em todos os programas de GIDA. Vantagens Pacientes são identificados e tratados enquanto são ainda relativamente saudáveis, antes de desenvolverem complicações e quando o tratamento pode ser totalmente seguido na comunidade, evitando, assim, a admissão no CRENI. Na verdade, o tratamento no CRENI tem implicações importantes: custos de transporte, impossibilidade de gerar renda, comida para o cuidador, separação familiar, impossibilidade de concluir o trabalho essencial, redução do nível de cuidados de outras crianças, preparação de refeições para a familia e preocupações relativamente à separação em período de insegurança (separação de marido e mulher) para ter acesso ao tratamento. O rastreio ativo permite o acesso ao tratamento e garante que o programa fornece tratamento a todos os que precisam. Atividades Rastrear todas as crianças da comunidade através do PB e da pesquisa da presença de edemas bilaterais, indo de casa em casa e em outras oportunidades (em particular nas “campanhas nacionais” de vacinação, desparasitação e de distribuição de Vitamina A, aquando do rastreio de VIH/SIDA, AIDI, nos programas de desenvolvimento comunitário, etc.); Referenciar aqueles com um PB < 115mm ao CRENAG mais próximo para uma admissão direta no programa; Referenciar os com um PB entre 115 e 125mm ao centro de saúde mais próximo para serem pesados e medidos a fim de determinar o índice P/A; Registar cada uma das crianças numa ficha de rastreio na coluna encarnada, amarela ou verde (DAG, DAM e normal) – Registar todos os casos e não unicamente os casos de 24 COMUNIDADE DAG e de DAM; Entregar ao supervisor (ASC ou enfermeiro do Centro de saúde) todas as fichas de rastreio coletadas em cada visita; Participar nas reuniões periódicas de coordenação/troca de experiências juntamente com outros voluntários e com o supervisor. O ASC/enfermeiro deve deslocar-se para as tabancas mensalmente. Durante a visita, ele/ela discute pessoalmente com o voluntário da tabanca todos os problemas, visita os anciãos da tabanca para saber a sua opinião acerca do programa e dos voluntários, observa os doentes que preocupam o voluntário ou aqueles que não podem ir ao CRENAG/CRENI, distribui os incentivos previamente acordados, convida o voluntário para uma reunião periódica de coordenação/troca de experiências (fornece fundos de transporte para a reunião) e recolhe as fichas de rastreio. Restrições Viagem. Sem um ponto focal na tabanca, nas comunidades altamente dispersas, os membros da equipa deverão deslocar-se por longas distâncias para visitar tabancas e famílias. Isso não é possível para os voluntários e requer um ASC renumerado e com meio de transporte (por exemplo uma moto e combustível). Isolamento. É importante que os voluntários da tabanca se sintam apoiados e disponham de ajuda quando enfrentam uma dificuldade. Cada um deve ter um telemóvel (pré-pago com todos os números de telefone do programa local) e/ou dar crédito onde há uma cobertura em rede. Motivação. Os voluntários vivendo no seio da comunidade enfrentam muitas dificuldades em relação ao tempo disponível como pais dos pacientes no seio da mesma comunidade. Não tem sentido pedir para passarem mais de uma ou duas horas por semana no programa. Eles devem beneficiar de tratamento gratuito e ser visitados regularmente. Pode ser-lhes dado roupas (camisolas, bonés, etc.) que permitam serem identificados como fazendo parte do programa, um telemóvel e um saco com material necessário (ex.: isto pode fazer parte do “kit do voluntário”). Também é razoável indemniza-los dando-lhes um pequeno incentivo, como por exemplo dinheiro para comprar um prato de comida ou contribuir para o seu transporte ou o equivalente a duas horas de trabalho por semana (por exemplo, um quarto do salário diário de um trabalhador agrícola local). Devem-se fazer reuniões regulares com todos os voluntários e os ASCsendo os custos de deslocação pagos. Os voluntários devem comprometer-se a ficar no programa uma determinada duração. Uma vez que os resultados do programa sejam largamente conhecidos e que a comunidade sinta positivamente esses efeitos, como por exemplo a recuperação rápida das crianças doentes, o ponto focal voluntário da tabanca sente os benefícios (estima e reconhecimento no seio da comunidade como pessoa intermediária do programa). Neste momento, os pais vão espontaneamente começar alevar as suas crianças ao CRENAG/CRENI e CRENAM. Contudo, é importante manter o contato com o voluntário da tabanca para garantir acontinuidade das suas atividades (rastreio, seguimento, educação). Coordenação com outros parceiros implicados. Se existem outros programas na zona, os voluntários podem trabalhar com outros voluntários apoiados por outro programa ou agência. Isto acontece particularmente nas situações de emergência onde muitas ONGs trabalham diretamente com a populaçãofrequentemente nos os mesmos programas. Todos tentam utilizar (geralmente de maneira temporária) o pessoal local e recrutar voluntários. É importante uma boa coordenação entre os programas. Os voluntários não devem ser sobrecarregados de trabalho, as mensagens devem ser padronizadas entre os diferentes parceiros (é bom evitar que as diferentes ONGs transmitam mensagens ou conselhos contraditórios); não devem existir diferenças ao nível dos incentivos dados pelas diferentes agencias. 25 COMUNIDADE Material e Instrumentos O ponto focal /voluntário/ASC da tabanca deve possuir um kit que contém: Fitas PB (incluindo fitas sobressalentes); Fichas de rastreio (anexo 2); Fichas de referência; Lápis, papel, afiadeira, borracha; Um saco; Um telemóvel e crédito com a lista contendo os principais números de telefone; Diretrizes escritas simples, adaptadas ao nível de educação do ponto focal da tabanca. Devem ser dadas mesmo que o ponto focal/voluntário não saiba ler isto evita sua a humilhação e ele quase sempre tem na tabanca alguém que sabe ler e que poderá ajuda-lo; Fichas de conselhos práticos a dar. Coleta de dados A partir das fichas de rastreio e durante a visita à tabanca pelo agente comunitário, as seguintes informações devem ser recolhidas : Nome da tabanca (as coordenadas GPS deveriam ser determinadas e registadas na base de dados); Nomes das pessoas que estão a fazer o rastreio; Data do rastreio; Número total de crianças rastreadas; Número total de crianças com edemas; Número de crianças dentro da zona vermelha: < 115mm = DAG; Número de crianças dentro da zona amarela: entre 115 a 125mm = MAM; Número de crianças na zona verde: ≥ a 125mm = normal; Número de crianças referenciadas e o sítio para onde foram referenciadas; Número de recusas a integrar o programa. A ficha de rastreio da tabanca deve ser entregueao enfermeiro do centro de saúde e enviada ou entregue uma vez por mês ao ponto focal nutrição a fim de ser analisada e registada numa base de dados. Essa informação dá-nos a prevalência da DAG e da DAM na comunidade rastreada no momento do rastreio. Esses resultados deveriam ser geograficamente reportados para identificar bolsas de desnutrição. Com o rastreio regular, não são somente identificadas crianças desnutridas, mas o rastreio constitui também a base de um sistema de vigilância nutricional para definir a sazonalidade e para saber se a situação na região se está a deteriorar ou a melhorar. Isto permite ao RMR e ao RNR estabelecer prioridades para as atividades em curso. 3.2. Monitoramento Os progressos dos pacientes são seguidos uma vez por semana no lugar de distribuição (CRENAG/CRENAM). 26 COMUNIDADE Necessidades O seguimento no domicílio é necessário para os pacientes : que não responde ao tratamento; cujos acompanhantes tenham recusado a admissão no CRENI; que não voltam ás consultas (para determinar se mudaram de residencia, abandonaram o programa ou faleceram). Os pacientes que necessitam de seguimento no domicílio são identificados pelo pessoal do CRENAG/CRENI e CRENAM. Atividades Visitar os pacientes cujos nomes figuram na lista feita pelo supervisor dos voluntários (o enfermeiro ou ASC) ; Aconselhar os cuidadores e a família. É essencial não repreender ou tratar de forma não respeitosa os abandonos. As razões que levaram o paciente a abandonar o programa podem ser numerosas mas a mais comum é a atitude dos agentes de saúde em relação a acompanhante. Se a acompanhante é maltratada, não será apenasa criança privada de tratamento, mas se ela se curar existem fortes probabilidades da cuidadoranão voltar a trazer a criança ao centro de saúde se ela voltar a adoecer e a cuidadora irá difundir mensagens negativas às suas amigas e vizinhos sobre o centro de saúde. A reputação de um programa é baseada essencialmente nas experiências pessoais transmitidas de maneira informal no seio da comunidade. Cada membro da equipa de tratamento deve tratar os pais das crianças como os principais responsáveis pela a saúde da criança: são em todo caso, membros plenos da equipa durante todo o tempo em que o paciente está sob seu encargo. É importante que o ASC observe a maneira como o ATPU é consumido em casa. Se é dividido ou se é utilizado para outros fins deve-se explicar a utilização apropriada do ATPU, em particular se a causa da visita é o insucesso o tratamento. Comunicação Saúde e Nutrição, Núcleos de apoio às mães para a promoção do aleitamento materno As atividades de comunicação (interpessoais e comunicação de grupo, discussão comunitária) sobre nutrição devem ocupar um lugar importante nas atividades de grupos de apoio às mães e outros grupos dentro da comunidade. Os pais e cuidadores cujas crianças se tornaram desnutridas geralmente são provenientes das camadas mais desfavorecidas da sociedade. A maioria não frequentou a escola e nem sabe ler e escrever. Grealmente eles não têm a noção das necessidades nutricionais das suas crianças, da importância dos jogos e da estimulação psicossocial para o desenvolvimento da criança, dos efeitos das más condições de higiene e da poluição, das medidas a tomar quando a criança adoece, sinais e sintomas das complicações graves. Eles geralmente não possuem conhecimentos básicos sobre aleitamento materno, doenças sexualmente transmitidas, VIH, saúde reprodutiva e efeitos negativos de certas práticas tradicionais. O plano de ensino deve ser adaptado e modificado localmente para responder às necessidades recorrentes dessa região; contudo algumas mensagens chave de saúde e nutrição devem fazer parte de todos os programas de educação para a saúde. Guias das informações chaves sobre a nutrição 27 COMUNIDADE Muitos módulos e guias foram elaborados para ajudar na comunicação para o desenvolvimento (Informação, comunicação interpessoal, influência das normas sociais). Os temas seguintes são recomendados: o Aleitamento materno; o Alimentação complementar; o Aleitamento de uma criança doente e/ou desnutrida; o Nutrição da mãe; o Controlo da anemia; o Controlo das carências de Iodo; o Suplementação em vitamina A. Outros módulos cobrem temas como conselhos sobre o Crescimento e Alimentação (OMS), Seguimento e Promoção do Crescimento, Vacinação, Higiene e Saneamento, Controlo do Paludismo e Desparasitagem. Por cada ação essencial de Nutrição (AEN) supracitada, existem diretrizes, políticas ou protocolos utilizados para dar conselhos práticosde nutrição , para diferentes níveis de contacto, para indivíduos ou grupos. É importante harmonizar diretrizes e instrumentos de comunicação a para assegurar que as mensagens chave estão em conformidade, independentemente do meio ou do canal utilizado. 28 RASTREIO PASSIVO RASTREIO PASSIVO EM ESTRUTURAS DE SAÚDE TODAS AS O rastreio passivo deve ser feito pelos médicos, enfermeirose auxiliares em todas as estruturas de saúde, naconsulta externa, no serviço de urgência e no internamento de pediatria3. Toda criança (6 a 59 meses) com um PB < 125 mm e PB > 115mm deve ser referida ao CRENAM. 1. ATIVIDADES Avaliar nutricionalmente todas as crianças utilizando o PB e a pesquisa sistemática dos edemas bilaterais. Não é muito apropriado medir a altura e o peso sistematicamente nos serviços de urgência já sobrecarregados, é importante examinar todas as crianças para procurar a presença de sinais clínicos de desnutrição, pesquisar a presença de edemas bilaterais e para medir o seu PB; Para além da integração da medição do PB e pesquisa sistemática da presença de edemas bilaterais nas consultas AIDI (hospital, centro de saúde comunitário), o rastreio deve sempre ser feito no seio dos outros programas; Os pacientes seguidos nos programas de TB e Antirretrovirais (ARV) devem sistematicamente ser rastreados para desnutrição grave e referidos ao centro de saúde com um CRENAG, se reúnem critérios de admissão. Caso haja muitos pacientes, um CRENAG deve ser criado paralelamente aos programas de TB e ARV; Encaminhar os pacientes para alguém com formação em DAG. É importante que o tratamento dado a um paciente adequadamente nutrido não seja dado automaticamente a um paciente com desnutrição grave, esta é a razão pela qual a avaliação nutricional deve ser feita antes de qualquer outro diagnóstico e tratamento; Nos serviços de saúde avaliar o peso e o peso/altura de todos os pacientes com PB<125 mm. As crianças mais velhas(com mais de 5 anos) e adolescentes podem sofrer de DAG sem preencher o critério de PB para a DAG; deve ser medido o seu peso e altura caso se suspeite que sofram de desnutrição e devem ser tratados de acordo com o protocolo. Formação, equipamentos e tabelas para calcular o P/A devem estar disponíveis em todas as estruturas e serviços de saúde permanentes; Registar os dados de rastreio passivo numa ficha de rastreio ou num registo AIDI. 2. FERRAMENTAS E MATERIAIS 3 Fitas PB (incluindo os PB sobressalentes); Régua de comprimento/altura (antropómetro); Balança com uma precisão mínima de 100g; Ver anexo 1 29 RASTREIO PASSIVO 4 Ficha de triagem (anexo 2) ou registo GIDA; Ficha de referência; Lápis, papel, afia, borracha; Tabela Peso/Altura4 para crianças e adolescentes e tabela IMC para adultos. Ver anexos 3,4,5 30 TRIAGEM DAM E DAG TRIAGEM DAM E DAG As crianças que foram rastreadas na comunidade são referenciadas para um centro de saúde onde vai ser efetuada a primeira triagem, para diferenciar os pacientes DAG, DAM ou não desnutridos. Esquema 2 : Estratégia nutricional de rastreio e triagem da desnutrição grave ( ao nível do centro de saúde) RASTREIO PASSIVO PB < 115mm e/ou Edema bilateral 115 ≤ PB < 125mm e ausência de Edema bilateral PB ≥ 125mm Medidas do peso e altura Indice P/A P/A < -3 DP DAG P/A ≥ -3 DP DAM Normal 1. PRINCIPIOS As crianças que sofrem de Desnutrição Aguda Moderada (DAM) geralmente não apresentam as mesmas alterações ao nível do estado metabólico, fisiológico e imunológico que as crianças com Desnutrição Aguda Grave (DAG). Apesar do maior risco de mortalidadenas crianças com DAM em relação às criançasadequadamente nutridas, o aumento deste risco é relativamente pequenocomparado com o risco de mortalidade muito mais elevado das crianças com DAG. Por isso os protocolos de gestão da desnutrição aguda moderada (DAM) e de gestão da desnutrição aguda grave (DAG) diferem em muitos aspetos. Cerca de 2,5% das crianças de uma população saudável reúnem critérios de DAM, mesmo que essas crianças sejam complemente normais. Somente 1 criança em 1000, que reúne os critérios de DAG é “normal”5. De igual forma existem muito mais crianças na população que têm DAM do que DAG. 5 Isto diz respeito aos critérios z-score (peso-para-altura, PB-para-altura) – os valores limites do PB absoluto dependem da idade/altura dos pacientes sendo assim variáveis. 31 TRIAGEM DAM E DAG Geralmente, para cada criança DAG, há mais ou menos 10 crianças DAM6. Isto tem implicações no tamanho dos programas, sobretudo sobre a organização, os recursos humanos, a logística, o armazenamento dos produtos e o custo destes programas. Como estas crianças não têm as mesmas mudanças fisiológicas que uma criança com DAG, o diagnóstico médico é relativamente simples e não são necessários protocolos especiais para o tratamento das "complicações"7, os critérios e protocolos AIDI podem ser utilizados – aquando a sua admissão no hospital, não devem ser misturadas com as crianças DAG, mas devem ser tratadas com as crianças não desnutridas. O seguinte quadro apresenta um resumo dessas diferenças e semelhanças. Tabela 1 : Diferenças entre o tratamento DAG e DAM Procedimentos Tratamento DAM Rastreio Tratamento DAG Idêntico Número de pacientes Cerca 10 vezes o nº de DAG Cerca de um décimo do nº de DAM Organização Necessidade de maisespaço para atender, medição – distribuição – armazenamento Necessidade de menos espaço para o CRENAG, Pode ser necessário dar apoio aos pacientes que não podem ser transportados Estrutura CRENAM – Não deverá estar dentro da estrutura de saúde ou utilizar o pessoal de saúde CRENAG – deveria ser dentro de uma estrutura de saúde e ser integrado nas atividades de rotina do centro Pessoal Não são necessários técnicos de saúde (enfermeiro, etc.). Mas o CRENAM deve estar perto ou anexo a um CS Necessidade de enfermeiros e auxiliares de enfermagem formados e com experiência experimentados para o CRENAG Instrumentos Um registo ou ficha individual CRENAM são suficientes Fichas individuais CRENAG/CRENI + registo admissão e alta/saída Visita Todos os 15 dias Todas as semanas no CRENAG – 24h no CRENI Critérios de admissão 115mm ≤ PB < 125mm ou -3 ≤ P/A < -2 Z-score Número de registo PB < 115mm ou P/A < -3Z ou Edemas bilaterais Número DAG e se necessário nº de registo Número de registo Instrumentos utilizados Teste de apetite Mesma tabela P/A – balança – régua de comprimento Não Sim Refere-se ao tratamento AIDI ao nível do centro de saúde Refere-se ao protocolo DAG secção Complicações no CRENI – Não tratar utilizando o protocolo AIDI Produtos Diferentes produtos: Farinha fortificada (ex. CSB), Alimentação de Suplementação Pronta a Utilizar (ASPU) Diferentes produtos Alimentação Terapêutica pronta a Utilizar (ATPU) – F75 – F100 Outra função Seguimento dos pacientes DAG curados Tratamento complicações das Pode incluir Grávidas e Lactantes Critérios de saída Idêntico 6 Este rácio muda em função da gravidade do estado nutricional da população. Quando o estado nutricional da população deteriora, existem relativamente mais crianças DAG que DAM, o rácio passa de 1:16 quando a média P/A é de 0 z-score a 1:7 quando a média P/A é de 1 z-score. 7 Por exemplo, nos DAM, os olhos encovados e o teste da prega cutânea são relativamente fiáveis para diagnosticar desidratação e a sua função renal está suficientemente preservada a fim de poderem ser tratadas segundo o protocolo padrão da OMS para a diarreia e a desidratação; a sua resposta inflamatória está relativamente intacta, desta forma a febre é, frequentemente, devida a uma infeção e quando têm uma pneumonia, a sua frequência respiratória aumenta; eles conseguem facilmente metabolizar as doses padrão da maioria dos medicamentos. Isto é diferente para uma criança DAG na qual diferentes critérios de diagnóstico e de tratamento devem ser aplicados. 32 TRIAGEM DAM E DAG 2. ATIVIDADES O assistente, o auxiliar ou o nutricionista devem fazer as seguintes tarefas : 1. Ao chegar, dar a água com açúcar imediatamente às crianças visivelmente doentes e àquelas que têm realmente necessidade de serem transferidas para um CRENI ououtro tratamento médico: uma solução de água com açúcar a 10% - ou seja 10 g de açúcar para 100ml de água; 2. Tomar medidas antropométricas (PB para as atividades avançadas/clínicas móveis e PB, peso e altura no centro de saúde/hospital) e verificar a presença dos edemas nutricionais para todos os pacientes (ver anexo 1), incluindo aqueles referidos pela comunidade; 3. Nos centros de saúde /hospitais, verificar o índice P/A nas tabelas apropriadas; 4. Em função dos critérios de admissão decidir se a criança será admitida ou não; Se o paciente é referido pela comunidade mas não reúne condições para a sua admissão, não lhe dar altamas: o Admiti-lo num centro de Reabilitação e de Educação Nutricional para a desnutrição Aguda Moderada (CRENAM), caso existir; o Em caso da não existência do CRENAM, dar uma “ração de proteção” ou outra compensação8; É importante que estes pacientes recebam uma compensação e não sejam obrigados a voltar para suas casas sem nada. Tal recusa pode reduzir a autoridade e a moral das pessoas responsáveis pela triagem a nível da Comunidade e denegrir a reputação do programa. 5. Se o paciente for referencia-lo ao CRENAM pela comunidade mas não reúne condições para a sua admissão ao CRENAM : Se o paciente reúne condições de DAG, admiti-lo/ referencia-lo para um CRENAG para avaliação e admissão no programa. Se o paciente não foi identificado como desnutrido agudo, não se deve manda-lo embora sem lhe dar uma compensação. A mãe ou o paciente devem receber uma compensação – sessão de educação e, se possível, uma intervenção preventiva como um tratamento com micronutrientes em pó (MNP) ou outro produto de suplementação com alta densidade energética a fim de melhorar o seu estado nutricional (nutriente do tipo I) do paciente. 6. Enviar o paciente DAG ao CRENAG e as crianças DAM ao CRENAM. Se surgir um número importante de referências inapropriadas, o trabalho da equipa responsável pelo rastreio na comunidade e no CRENAG deve ser reexaminado e se for necessário trocar o pessoal. Isto deve ser discutido nas reuniões regulares de coordenação entre o responsável do centro de saúde (CRENAG) e a equipa de rastreio9. 8 Se uma criança for diagnosticada como sofrendo de DAG na comunidade mas não no CRENAG pode-se pensar que está em risco de desnutrição grave; nessas condições, é razoável dar-lhe uma semana de ATPU. Isto apoia a comunidade e os voluntários encarregados do rastreio ativo na comunidade. Éimportante explicar que a criança está unicamente em risco e que o tratamento de uma semana é suficiente. 9 Há somente uma diferença de 10 mm de PB entre um diagnóstico de DAG (PB <115 mm) e o normal(PB ≥125 mm). Os testes praticados aquando das diferentes formações mostram que cerca de um terço dos medidores têm uma diferença de 10 mm ou mais quando medem 10 crianças duas vezes . É possível que a medição na comunidade seja correta e aquela feita no centro de saúde (CRENAG) incorreta. O PB não é uma medida fácil de apurar com precisão e o treino deve ser reforçado. 33 TRIAGEM DAM E DAG 3. INSTRUMENTOS Fita de PB – balança – antropómetro – tabela P/A – Ficha de rastreio. 34 CRENAM TRATAMENTO NO CRENAM Esta seção fornece orientações práticas para identificar e tratar os pacientes com Desnutrição Aguda Moderada (DAM). Estes pacientes podem ser tratados em ambulatório no CRENAM (Centro de Recuperação e de Educação Nutricional Ambulatório para a Desnutrição Moderada). Têm um risco mais elevado de mortalidade a médio e longo prazo mas, contrariamente às crianças gravemente desnutridas, não necessitam de um tratamento deemergência imediato. Existem alternativas àdistribuição diretas de produtos alimentares que podem ser mais eficazes, tais como os programas de atividades geradoras de rendimentos, de microcrédito, de transferência de dinheiro, de hortas familiares e de mudança positiva. É de notar que outros programas não são concebidos (nem projectados)para tratar desnutrição dentro de uma comunidade10, apesar de se basearem em distribuições alimentares. 1. OBJETIVOS11 Identificar as crianças com desnutrição moderada na comunidade; Tratar a desnutrição Aguda moderada e evitar a deterioração para a desnutrição Aguda grave; Apoiar os pacientes que recuperaram de desnutrição aguda grave, a fim de evitar eventuais recaídas. 2. ORGANIZAÇÃO 2.1. Abertura e encerramento de um CRENAM Num contexto de urgência, quando o número de Desnutridos Agudos Moderados (DAM) aumenta rapidamente ou se prevê uma deterioração da segurança alimentar, um programa de tratamento de DAM deve ser implementado se o número de pacientes DAM ultrapassa a capacidade de resposta dos serviços sócio-sanitários e se o risco de deterioração destes pacientes (para DAG) é elevado. Isto deve ser avaliado utilizando o nº (e não a percentagem) 12 de crianças DAM estimadas assim 10 Por exemplo, os programas de “trabalho–por-alimento ” (food for work) distribuem alimentos principalmente às pessoas com boa saúde, bem nutridas e capazes de trabalhar; eles não são indicados para os desnutridos. Esses programas de trabalho por alimentos são um meio para fazer trabalhar pessoas capazes de trabalhar quando existe uma disponibilidade alimentar; O trabalho pode nesse caso, servir de moeda de troca. Da mesma maneira, os programas de alimentação escolar (school feeding) visam unicamente crianças em idade escolar (estas são geralmente crianças com melhores condições de saúde). 11 Suporte nutricional para mulheres grávidas/lactantes deve estar sob a supervisão dos serviços de atenção materna e obstétrica, onde a gravidez de alto risco (primíparas, adolescentes, aborto / nado morto / gravidez complicada, etc.) podem ser especificamente visadas assim como as que tem um perímetro braquial baixo. 12 Por exemplo, se a prevalência de DAM é de 15% num campo com uma população de 10.000 pessoas em que 20% são crianças de 6 a 59 meses, haverá então 300 crianças sofrendo de DAM, se não existe nenhuma estrutura de saúde no campo, o tratamento destas 300 crianças deverá ser previsto. Se numa região de 10 milhões de habitantes, existem 6% de crianças com DAM, em 20% de crianças, temos então 120.000 crianças sofrendo de DAM nessa população. É pouco provável que as estruturas de saúde sejam capazes de cuidar deste número tão elevado – a utilização unicamente da percentagem propicia a exclusão deste programa. Essa maneira de calcular as necessidades utilizando unicamente a percentagem não é nem justa, nem ética e a sua utilização para decidir a intervenção ou não do programa de DAM numa população sofrendo de uma desnutrição aguda (com ou sem fatores agravantes) deve ser abandonada; isto é contrário a todo sistema natural de justiça, não é ético e não permite estabelecer prioridades na saúde pública. 35 CRENAM como a capacidade dos serviços de absorver este excedente e a presença de outros programas de abordagem à desnutrição na comunidade. Cada um desses fatores que varia de uma situação para outra. Numa situação de emergência, por definição, os serviços de saúde e não conseguem fazer face ao aumento importante dos casos de desnutrição causados pela emergência. Em algumas emergências, há deslocações da população, os serviços de saúde ditos “normais” não funcionam, há uma incapacidade de responder às necessidades da população e a situação agrava-se visto que a maioria das pessoas atingidas não possuem mecanismos de sobrevivência; em tais circunstâncias, a implementação de um plano geral de emergência e de um programa de luta contra a desnutrição moderada deve ser rápido e não deve esperar os resultados de uma pesquisa nutricional. Em certas populações, a sazonalidade da desnutrição aguda é importante. Nessas situações, a abertura do programa de cuidados de DAM ocorre quando os serviços estão sobrecarregados, e o encerramento deste programa de intervenção quando o número de DAM diminui e os serviços ditos “normais”têm capacidade novamente de cuidar destes pacientes. Em certas emergência crónicas, estáveis durante o ano, num contexto de desenvolvimento ou durante o período de transição entre emergência e desenvolvimento, outros programas são implementados, a fim ajudar nas necessidades nutricionais das populações mais vulneráveis. Estes programas incluem programas de transferência de dinheiro de diferentes maneiras, de microcrédito, outras atividades familiares geradoras de rendimento, etc. Estes programas não se excluem mutuamente. Se estes programas estiverem implementados e o número de DAM continuar elevado, excedendo a capacidade dos serviços sanitários e sociais, deve-se então implementar um programa DAM a longo termo. Os programas DAM devem ser fechados somente quando o número de DAM diminui a um nível tal que os cuidados desses casos possam ser integrados nas estruturas sanitárias e sociais. 2.2. Estrutura O CRENAM não deve ser implementado (na medida do possível) nas estruturas /centros de saúde. A carga de trabalho do pessoal de saúde já é enorme: são responsáveis por uma infinidade de programas, incluindo o tratamento dos pacientes com Desnutrição Aguda Grave (DAG). Se o pessoal de saúde tiver como responsabilidade tratar um grande número de crianças DAM (há cerca de 10 crianças DAM para 1 criança DAG), o centro rapidamente ficará superlotado de trabalho, em detrimento dos outros programas de saúde. Um CRENAM pode ser implementado em qualquer estrutura (casa, escola, estruturas comunitárias), desde que haja um estoque seguro, ventilado e protegido de roedores e, idealmente, um centro de saúde não muito distante, a fim de facilitar a coordenação entre os programas, a rápida transferência de pacientes e o intercâmbio de informações entre os profissionais de saúde. Pode ser útil situar o CRENAM perto de um mercado e neste caso o CRENAM funcionará nos dias de mercado para que os beneficiários/cuidadores possam facilmente deslocar-se ao mercado para comprar ou vender e ao CRENAM necessitando apenas de uma viagem de casa para os 2 propósitos– neste caso, o tempo de espera no CRENAM deve ser reduzido ao mínimo e o fluxo dos beneficiários constante e rápido. 2.3. O pessoal Não é necessário ter pessoal com formação médica (enfermeiro ou auxiliar). O tratamento do DAM pode ser feito por um assistente social por duas razões : 1) a criança com DAM deve ser tratada como uma criança bem nutrida, seguindo o manual e o protocolo AIDI e 2) a criança com DAM 36 CRENAM apenas necessita de receber um suplemento alimentar regularmente (todos os quinze dias) e conselhos pararecuperar. Supervisor : Assistente social ou nutricionista Pré- requisito Assistente social treinado nas atividades DAM segundo o protocolo GIDA. Atividades Gerir os produtos alimentares e não alimentares (gestão de stock); Preparar relatórios mensais; Gerir os recursos humanos; Supervisionar o tratamento DAM; Organizar sessões de educação para a saúde e nutrição e demonstrações culinárias em conjunto com o nutricionista. ASC ou voluntário Pré- requisito Ver secção anterior Atividades Tomar medidas antropométricas13: peso – altura – PB – verificação dos edemas; Nota: Para medir a altura é necessário a presença de duas pessoas e os instrumentos de medida devem ser os mesmos de uma visita para a outra a fim de seguir a evolução da criança; Encontrar os abandonos e encoraja-los a voltar; Ajudar na preparação das acondicionamento da ração). rações individuais (preparação do prémix e Auxiliar-nutricionista/assistente social Pré- requisito Com treino em AIDI comunitária; Com treino em técnicas de medição, critérios de admissão e alta do programa GIDA e tratamento de DAM, em particular em procedimentos de seguimento para os pacientes com “não resposta ao tratamento”. 13 É importante que os mesmos instrumentos de medida sejam utilizados para pesar o paciente na sua admissão e seguimento. Os instrumentos de medida devem ser verificados regularmente e sua precisão controlada com um peso padrão (cada balança deve ter um livrete onde as datas de controlo e desvios corrigidos são anotados). 37 CRENAM Atividades Admitir a criança em função dos critérios de admissão; Explicar à mãe/cuidadora a abordagem à DAM; Procurar problemas médicos, verificar as vacinações e referir imediatamente para o centro de saúde mais próximo no caso de se ter detetado um problema médico; Registar a criança no livro de registo e explicar os critérios de admissão, de alta e de não resposta ao tratamento; Identificar os abandonos e as falhas na resposta ao tratamento e informar o ASC/voluntário; Organizar e supervisionar a preparação da ração (pré-mix); Distribuir o pré-mix à criança ou à cuidadora; Organizar sessões de educação de saúde/nutrição. 2.4. Materiais De medida Balança – régua de comprimento – PB (ver anexo 1); Tabelas P/A e 5% de perda de peso (ver anexo 3 e anexo 10). De registo Fichas plastificadas indicando os critérios de admissão e de saída – falha na resposta ao tratamento; Livro de registo do tratamento do DAM – Seguimento das crianças DAG curadas – Mensagens chaves sobre os produtos (ASPU/papa); Cartão de ração para as mães/cuidadoras. Preparação e distribuição da ração Estoque para as rações de suplementação (com instalações para armazenamento seguro); Baldes/bacias; Balança Salter (50kg); Calculadora; Copo de medição/colher; Sabão para lavar os utensílios no centro de nutrição; Produtos. Medicamentos sistemáticos Vitamina A; 38 CRENAM Albendazol; Em casos de VIH positivo dar Bactrim; Ferro/Ácido fólico; Água potável; Caneca e copo. Educação para a saúde e nutrição Material de cozinha; Posters para a educação para saúde e nutrição e material para fazer sessões de educação. 3. ADMISSÃO Todas as crianças que tenham pelo menos um dos critérios da tabela abaixo devem ser admitidas no CRENAM. IDADE CRIANÇAS ≥ 6 MESES CRITÉRIOS DE ADMISSÃO P/A ≥ -3 e < -2 z-score (tabela unissexo OMS200614) ou PB ≥ 115 mm e < 125mm15 e Ausência de Edemas bilaterais CRIANÇAS DAG CURADAS Não há critérios antropométricos Seguimento durante 3 meses 3.1. Tipos de admissão Nova admissão: paciente que preenche os critérios de admissão; Recaída: criança DAM curada readmitida com um segundo episódio de DAM; Se uma criança DAG curada (P/A ≥ -1,5 z-score, PB > 125mm) perde peso durante o seguimento e atinge os critérios de DAM (P/A < -2 z-score, PB < 125mm), será admitida no CRENAM como uma nova admissão. Se ela atinge os critérios de DAG (P/A <-3 zscore, PB <115mm), deverá ser referida ao CRENAG e será considerada como recaída (o que corresponde a uma nova admissão); Se uma criança DAM perde peso aquando o seu tratamento no CRENAM e atinge os 14 Ver anexo 3: Tabela P/A Há uma controvérsia a propósito do critério de admissão e de saída do PB para as crianças de menos de 67 cm de comprimento. Alguns centros utilizam um pau de madeira de 67cm e se a altura da criança é inferior a 67cm, o critério PB utilizado é 110mm. Isto não ficou resolvido aquando da reunião de consenso (UNICEF WCARO, Dakar 2010). 15 39 CRENAM critérios de DAG (P/A <-3 z-score, PB < 115mm), deverá imediatamente ser referida ao CRENAG mais perto e será admitida como nova admissão no programa DAG; Seguimento das crianças DAG curadas; Readmissão após abandono (se estiver ausente pelo menos durante menos de 2 meses); Transferência interna para um outro CRENAM. 3.2. Procedimentos de admissão Tomar medidas antropométricas: PB, peso (utilizando sempre a mesma balança), altura, presença de Edemas bilaterais; Verificar os critérios de admissão; Explicar à mãe/cuidadora como vai ser o tratamento e as razões da admissão no CRENAM; Verificar a presença de problemas médicos (AIDI); se a criança apresenta uma complicação médica, referi-la imediatamente para o centro de saúde mais próximo para um exame clínico e tratamento, referir imediatamente os pacientes cujo estado de saúde é mau ao centro de saúde sem demora; Verificar sistematicamente o estado vacinal, em particular o sarampo, para todas as crianças com mais de 6 meses. Se a criança não foi vacinada nos 6 últimos meses, referi-la para o centro mais próximo para ser vacinada; Explicar cuidadosamente à acompanhante como utilizar os produtos de suplementação e como frequentar oCRENAM (regularidade das visitas, perigo de divisão intrafamiliar da ração, a criança com DAM deve comer separadamente dos irmãos, os alimentos de suplementação não devem ser dados ao mesmo tempo que a dieta familiar, etc.); Registar todas as crianças elegíveis no registo CRENAM e atribuir um número de registo; Se a criança já tem um número DAG (se foi tratado como DAG antes), anotar na 2ª coluna do registo; Anotar todas as informações referentes a admissão no cartão da ração (o código DESMA para os VIH+) e dar esse cartão à cuidadadora. NOTA: Um bom sistema de registo permite fazer um seguimento apropriado e tratamento eficaz dos pacientes, fornece informações para a compilação de indicadores apropriados e dados estatísticos para avaliar o bom funcionamento do programa nutricional. 40 CRENAM 4. TRATAMENTO NUTRICIONAL 4.1. Tipo de programa nutricional suplementar Ração húmida ou seca Em geral, existem 2 tipos de centros de nutrição suplementar: Centro de nutrição suplementar com rações húmidas. As rações de suplemento são preparadas diáriamente e os beneficiários consomem-nas no centro, uma, duas ou três vezes por dia. Essa opção só é utilizada em circunstâncias particulares (ver anexo 32). Centro de nutrição suplementar com rações secas. Os ingredientes são misturados no CRENAM antes da distribuição; esta mistura (prémix) é levada para a casa para ser preparada e consumida em casa. A distribuição da ração seca faz-se todas as semanas ou quinzenalmente em função das condições de segurança. Uma distribuição semanal é preferível para limitar os riscos de contaminação durante o armazenamento a nível familiar e as experiências mostraram que a ração é dividida e consumida no seio da família num tempo relativamente curto após a distribuição; Distribuições bimensais são preferíveis quando os beneficiários moram longe do centro de distribuição. É necessário dar grandes quantidades de ração seca para compensar a divisão no seio da família. Em certos casos, os beneficiários e as cuidadoras podem receber uma ração húmida no dia da distribuição. Esta opção permite obter tempo para sessões de educação para a saúde e nutrição e toma em consideração o facto de muitos deles terem andado longas distâncias e necessitarem de esperar algum tempo para receberem as rações secas. Isto prolonga o tempo de distribuição e aumenta o tempo de espera dos beneficiários no CRENAM sabendo que muitas atividades os esperam em casa (ex.: atividades económicas, agricultura, atividades domésticas, compra/venda, ir ao mercado, cozinhar, buscar água, etc.). 4.2. Ração de Suplementação Existem diversos tipos de alimentos de suplementação que podem ser dados às crianças com DAM, a estratégia ou composição da ração ótima não foi ainda determinada. Contudo, as rações de suplemento devem seguir sempre os seguintes princípios: Os alimentos de suplementação devem conter TODOS os nutrientes essenciais em quantidade suficiente a fim de responder às necessidades nutricionais destas crianças e permitir um ganho peso e altura de modo acelerado e uma recuperação fisiológica ótima. Os nutrientes devem ser biologicamente disponíveis para as crianças que apresentam uma função intestinal alterada associada à DAM. Em particular: Todos os compostos inorgânicos utilizados devem ser hidrossolúveis; A soja e outras leguminosas devem ser descascadas antes de ser esmagadas – farinha de cereais com um fraco nível de extração (para reduzir o conteúdo em fibras); A quantidade de anti-nutrientes, de toxinas de origem natural, cianogénios, alcaloides e outros ingredientes naturais potencialmente tóxicos devem ser reduzidos ao mínimo: A forma de cultivo e a variedade de matérias-primas deve ser minuciosamente escolhido a fim de minimizar o conteúdo em ácido fítico, anti-tripsina, anti41 CRENAM quimotripsina, anti-amilase, fito-hemoglutinas e saponinas; Os ingredientes conhecidos que possuem anti-nutrientes termolábeis devem ser tratados com calor antes de serem fortificados. A quantidade da ração a levar ou ração seca (ex.: farinha fortificada) é geralmente maior que a quantidade necessária a fim de compensar a divisão no seio da família. Assim as quantidades de rações são calculadas de maneira a serem superiores às necessidades fisiológicas, fornecendo 1000 a 1400 kcal por beneficiário por dia (numa média de 1200 kcal/beneficiário). CSB+, óleo e açúcar devem ser distribuídas sob a forma de mistura e não como ingredientes separados para evitar a utilização destes ingredientes para outros fins. O pré-mix pode ser armazenado em casa durante 2 semanas. A ração distribuída deve enriquecer a alimentação de base do beneficiário com todos os nutrientes essenciais16 a fim de atingir as quantidades de nutrientes essenciais recomendados para uma criança com desnutrição moderada17. A composição nutricional sugerida para os alimentos de suplementação encontra-se no anexo 33. CSB++ é consumido em forma de papa cozida bastando adicionar água à ração,não precisa de outros aditivos. Pode ser armazenado por mais tempo, tanto no centro como em casa, e tem menos risco de contaminação que o premix de CSB+. Esses suplementos enriquecidos "completos" – dos quais os ASPU (Alimentos de Suplementação Prontos a Utilizar) - como o plumpy sup que não precisa de aditivos e nem de preparação e tem por isso menos riscos de contaminação - são um exemplo atual mas são sempre muito caros. Por esta razão, e porque a população prefere geralmente alimentos que tem hábito de comer a estes alimentos “especiais”, e porque algumas pessoas consideram que estes alimentos são contra as práticas culturais dos beneficiários, uma estratégia em palete é frequentemente utilizada. Estratégia em palete. Para a estratégia em palete, pelo menos dois produtos diferentes de suplementação devem estar disponíveis ao nível do CRENAM em quantidades suficientes para serem distribuídos. As crianças começam com as farinhas fortificadas tais como CSB+ (Corn Soya Blend +), CSB++, WSB (Wheat Soya Blend), etc., e o progressodestas crianças é cuidadosamente monitorizado. Toda criança que não aumenta de peso de maneira satisfatória deve ser rapidamente identificada e a ração de suplemento deve ser substituída por um produto com grande densidade nutricionalcujos 16 Dizer que um nutriente é essencial "MV" significa que tem um aporte limitado na alimentação de base - que é apenas suficiente para evitar uma deficiência. Agora se dermos um suplemento que não contém nenhum MV e este suplemento fornecer 30% do aporte energético alimentar da criança o aporte em MV para este beneficiário vai mudar de 100% para 100% x 0,7 na alimentação de base e 0% x 0,3 no suplemento, então o novo aporte após o consumo da alimentação de suplementação vai ser de 100 x 0,7 + 0 x 0,3 = 70% das necessidades! Neste caso, um suplemento não equilibrado, ou um suplemento fortificado com os nutrientes que se pensa estarem em deficit na alimentação de base (identificados frequentemente apenas como ferro, iodo e vitamina Apode ser PERIGOSO e causar uma deterioração do estado nutricional. Por exemplo, dar somente óleo, ou cereais (arroz, trigo, milho) ou leguminosas às crianças ou às gestantes e lactantes pode ser prejudicial em termos nutricionais para os beneficiários. É provavelmente uma das razões que explica porque cerca de um quarto dos pacientes que recebem CSB vêm o seu estado geral deteriorar-se; muitos estudos sublinharam isto no passado (Beaton GH et al. Supplementary feeding programs for young children in developing countries. Am J Clin Nutr 1982 ; 35 : 864-916) 17 Documento aprovado pela OMS – "Golden MH. Proposed recommended nutrient densities for moderately malnourished children. Food Nutr Bull 2009; 30:S267-S342" – a consultar para mais detalhes. 42 CRENAM nutrientes sejam facilmente disponíveis e compoucos anti-nutrientes. Para evitar os efeitos inibidores dos anti-nutrientes do prato familiar sobre os nutrientes contidos nos produtos de suplementação fortificados, esses produtos de suplementação (ASPU, ATPU) devem sempre ser consumidos entre as refeiões e não devem ser misturados com os pratos familiares ou utilizados para preparar "molho" para juntar aos alimentos de base. Esta estratégia é particularmente útil para as crianças mais velhas com DAM (mais de 24 meses), que pedem frequentemente uma "comida normal" e que apresentam menor risco de morte ou de perturbações metabólicas permanentes do que as crianças mais jovens. Tabela 2 : Exemplo da ração necessária para criança por 2 semanas– estratégia 1 regime inicial Ingredientes Quantidade por dia * Quantidade por 2 semanas (14 dias) (g) (kg) CSB++ (Corn Soya blend) ou Plumply sup 200 92 2,800 1,29 Óleo vegetal 30 0,420 Açúcar 20 0,280 Total 300 4,200 * aporte energético: CSB++ 787 kcal/beneficiário/dia, 17% de proteína e 23% de lípideos Plumpy sup 500 kcal/beneficiário/dia, 10% de proteína e 55% de lípidos Tabela 3 : Exemplo da ração necessária para adultos por 2 semanas – estratégia 1 regime inicial Ingredientes Quantidade por dia * (g) Quantidade por 2 semanas (14 dias) (kg) CSB+ (Corn Soya blend) 250 3,500 Óleo vegetal 30 0,420 Açúcar 20 0,280 Total 300 4,200 * aporte energético: 1241 kcal/beneficiário/dia, 12% de proteína e 33% de lípidos Preparar o pré-mix misturando cuidadosamente numa grande bacia as quantidades de ingredientes apropriadas. A ração deve ser preparada, de maneira higiénica, antes da distribuição para minimizar ao máximo o risco de contaminação bacteriana; Distribuir aos pacientes uma ração para 2 semanas (cerca de 4,2kg). Cada ração deve ser dada num recipiente familiar limpo; Fazer uma demostração culinária para as novas cuidadoras . Explicar como utilizar a papa; A um volume de pré-mix a adicionar a 3 volumes de água; A ração é suficiente para 14 dias; A ração é unicamente para o paciente desnutrido; 43 CRENAM Estratégia de suplementação com nutrientes de alta densidade; A segunda estratégia defende começar, em todas as crianças, com um produto mais denso nutricionalmente e pronto a ser utilizado (ex.: ASPU – é mais eficaz, mas também mais caro) e vigiar o paciente – se os pacientes não respondem a estes produtos então o problema é provavelmente outro e não uma carência de nutrientes, pode ser um problema social ou médico. Esta estratégia é particularmente adequada para as crianças jovens com DAM – de 6 a 24 meses. Estas crianças são mais vulneráveis e podem facilmente desenvolver DAG (essa deterioração pode ser muito rápida), estão em risco de infecção (diarreia, pneumonia, etc.), têm um risco de mortalidade mais elevado, têm necessidades nutricionais mais elevadas e têm maior risco de desenvolver atraso de crescimento e deficiências mentais em relação às crianças mais velhas. Se não há insegurança alimentar e a alimentação familiar de base é de qualidade razoável, mas a criança tem restrição de consumo alimentos de desmame tradicionais, então 500 kcal/dia podem ser dadas. Quando há problemas de insegurança alimentar e há grande probabilidade que os ASPU sejam divididos pela família devem ser dados 750 ou 1000 kcal/dia. Estratégia para quando não há insegurança alimentar. As condições nas quais essa estratégia deve ser utilizada são pouco frequentes. É uma extensão das estratégias de prevenção, utilizadas para as crianças normais, em situações de alto risco e durante distribuições gerais para uma população com elevada prevalência de deficiência de nutrientes tipo 1 (isto não está associado com atraso de crescimento e não está especificamente relacionada com a DAM). Quando a prevalência de DAM é relativamente baixa, numa população que não está em insegurança alimentar e tem acesso a uma alimentação suficiente, a causa mais provável de baixa qualidade nutricional da dieta. Porém, neste caso, uma maior proporção de crianças DAM (e DAG) têm problemas sociais e médicos subjacentes e, por este motivo, não vão provavelmente responder aos suplementos nutricionais. Entretanto, quando a desnutrição moderada se deve essencialmente, a nível familiar, a uma carência nutricional e não a uma carência energética, é razoável dar uma quantidade diária, relativamente baixa, de alimentos de suplementação com grande densidade nutricional (a consumir entre as refeições) – tais suplementos contêm massas lipídicas fortemente enriquecidas (ex.: plumpy’doz ©nutriset) que devem ser consumidasem pequenas quantidades diáriamente. Esses produtos são também utilizados nas distribuições gerais com o objetivo de prevenir a DAM e a DAG em situação de emergência onde existe ou se prevê uma forte prevalência de DAM e de DAG. A distribuição de micronutrientes em pó, para a população em geral, para tratamento da anemia e outras condições associadas a uma carência de nutrientes do tipo 1 não faz parte da estratégia de tratamento da DAM – e há pouca probabilidade de melhorar o aumento ponderar e de esturavisto que esses micronutrientes em pó contêm somente nutrientes do tipo 1. Não há incompatibilidade entre um programa de tratamento da DAM-CRENAM e os programas de distribuição geral para as crianças (distribuição de micronutrientes em pó, distribuição de cápsulas de vitamina A, programas de fortificação de alimentos, etc.). Podem ser todos implementados ao mesmo tempo e para uma mesma população. 5. TRATAMENTO MÉDICO 5.1. Vitamina A Na admissão, verificar o cartão de saúde da criança e/ou perguntar à mãe se a criança 44 CRENAM recebeu vitamina A nos 6 últimos meses; Administrar vitamina A, como se segue, caso o paciente não tenha recebido nos últimos 2 meses, e não dar nos 2 meses seguintes (outro programa). Tabela 4: Suplementação de Vitamina A Idade Vitamina A IU (µg) Oralmente na admissão 6 a 11 meses 100.000 UI (30.000µg) 12 a 59 meses 200.000 UI (60.000µg) 5.2. Albendazol ou Mebendazol Na admissão, verificar o cartão de saúde da criança e/ou perguntar à mãe, se a criança foi desparasitada nos 6 últimos meses; Se não, dar Albendazol (caso não esteja disponível dê Mebendazol) a todas as crianças de mais de 11 meses. Tabela 5: Tratamento anti-parasitário Idade <11 meses 12 a 23 meses >23 meses Albendazol (mg) Mebendazol (mg) Nada Nada 200mg 250mg 400mg 500mg 5.3. Ferro/Ácido Fólico Dar ferro/ácido fólico a cada 2 semanas, como segue: Tabela 6 : Suplementação de Ferro/Ácido Fólico <10 kg Comprimidos de ferro/ácido fólico (cada 2 semanas) 1 comprimido >10 kg 2 comprimidos Peso 6. VIGILÂNCIA Na admissão, ter a certeza de que os dados seguintes são anotados no registo: 1) peso alvo para alta, 2) peso de referência do CRENAM para CRENAG/CRENI e 3) para os pacientes seguidos com DAG unicamente, os critérios que os reclassificam como DAM. Medir PB em cada visita e comparar com os critérios de alta; Pesar todas as crianças em cada visita e na alta e comparar com o peso alvo anotado na admissão e com o peso que determina a transferência para o programa DAG; 45 CRENAM Medir a altura somente se houver uma mudança de peso grande e inesperada (para excluir substituições de crianças, particulrmente quando ocorre morte de uma criança a família quer continuar a receber alimentos de suplementação; Verificar se a criança preenche os critérios de falha na resposta ao tratamento (tópico 7); Verificar se a criança atinge o peso mínimo para referência do paciente ao CRENAG/CRENI (P/A < -3 z-score/ presença de edemas bilaterais) e se for o caso, transferir imediatamente; Para as crianças em tratamento com DAG, verificar se reúnem critérios para ser admitidas no CRENAM (P/A < -2 z-score e > - 3 z-score): se for o caso, a criança deve ser registada de novo como uma nova admissão no programa CRENAM. É então contabilizada como um novo caso de DAM; Perguntar à mãe/cuidadora se a criança está doente, se estiver referir ao centro de saúde mais próximo para uma consulta médica e tratamento; se tem uma doença aguda referenciar de imediato o paciente para centro de saúde para uma investigação AIDI; Registar os dados no livro de registos do CRENAM e no cartão individual da ração do cuidador; Fornecer o tratamento médico sistemático nas visitas apropriadas; Explicar ao cuidador a mudança do estado nutricional da criança; Dar e registar uma ração em cada visita e anotar no cartão de ração do cuidador. Tabela 7 : Resumo da vigilância no CRENAM MEDIDA FREQUÊNCIA Medir o PB Quinzenalmente Pesar na mesma balança Quinzenalmente Medir a altura Durante a admissão e se se suspeita de uma troca de criança Calcular a relação P/A Durante a admissão e na saída e, se necessário, a qualquer altura 7. DIAGNOSTICAR TRATAMENTO AS FALHAS DE RESPOSTA AO É essencial aplicar de maneira estrita, os critérios de insucesso do tratamento: As crianças não devem ficar no CRENAM durante semanas ou meses sem serem identificadas e a causa do insucesso tem que ser investigada e uma resposta implementada. É por esta razão que na admissão, não somente o peso de alta deve ser calculado, mas também o peso que indica se a criança atingiu os critérios de DAG e se isso acontecerela deve ser referenciada imediatamente. A presença de edemas deve ser procurada em cada visita. 46 CRENAM 7.1. Critérios de insucesso na resposta ao tratamento Os critérios de insucesso na resposta ao tratamento referem-se ao tempo máximoque permite classificar uma criança como “insucesso na resposta ao tratamento” –na maioria das vezes, as ações devem ser implementadas antes da criança atingir estes limites. Não ganha ou tem baixo ganho de peso após 4 semanas no programa; Perda de peso após 2 semanas no programa; Perda de mais de 5% do peso corporal a qualquer momento (deve ser utilizada a mesma balança); Não atinge os critérios de saída depois de 3 meses no programa; Abandono do programa. 7.2. Razões de insucesso no tratamento Problema com aplicação do protocolo: deve ser a primeira coisa a resolver; Carências nutricionais que não foram corrigidas pelos produtos distribuídos no CRENAM; Circunstâncias familiares/sociais do paciente; Condições físicas ou médicas subjacentes; Outras causas. 7.3. Procedimentos para resolução do insucesso no tratamento Problemas com o protocolo Quando uma grande proporção de crianças não responde ao tratamento (ou abandona o programa), a aplicação correta do protocolo e a formação do pessoal a nível de terreno devem ser revistas sistematicamente, se possível por uma avaliação externa. Todos os erros devem ser corrigidos. A falta de respeito para com os cuidadores (ser duro, mal educado, ríspido, etc.) é , na maioria das vezes, a causa mais frequente de abandono. Se suspeitarmos que a ração distribuída é pouca em relação à ração prevista ou que há desvio de ração, uma visita de supervisão, não programada, deve ser efetuada a fim de avaliar/pesar as rações dadas aos beneficiários aquando da distribuição, ou então visitas aleatórias ao domicílio de alguns beneficiários para examinar/pesar a ração recebida aquando da última distribuição. Carências nutricionais não corrigidas As antigas receitas utilizadas para os produtos de suplementação de crianças com DAM (CSB, UNIMIX, FAMIX, etc.) não foram elaboradas nem para permitir um rápido ganho de peso, nem para permitir recuperar fisiológicamente, mesmo que essas rações sejam consumidas corretamente; a densidade nutricional não compensa a falta de alguns nutrientes presentes em níveis muito baixos na alimentação familiar. Estes produtos contêm frequentemente baixas concentrações de muitos 47 CRENAM nutrientes essenciais (ex.: potássio, magnésio, fósforo disponível ou zinco, etc.), a biodisponibilidade destes nutrientes é muito baixa e os anti-nutrientes estão presentes em concentrações muito elevadas. Como demonstrado na nota de rodapé nº16 na página 41, os alimentos de suplementação desequilibrados podem mesmo levar a um aumento da desnutrição das crianças. Além disso, alguns produtos de suplementação contêm elevadas concentrações de ferro, que destroem outros nutrientes essenciais, como a vitamina C, durante a preparação da comida. Em particular, quando os alimentos à base de farinhas fortificadas são utilizados (1ª estratégia ), a próxima etapa é verificar se as crianças têm uma carência em nutrientes não corrigida. Isto é realizado trocando a ração dada por um produto denso em nutrientes contendo poucos antinutrientes: geralmente dá-se os ASPU ou, em circunstâncias particulares, o ATPU concebido para os DAG a fim de promover um rápido ganho de peso. É importante enfantizar que a cura de uma criança é mais lenta do que o esperado, os produtos de suplementação devem ser consumidos exclusivamente pela criança e não devem ser divididos, devem ser consumidos pelo menos uma hora antes, ou duas horas depois da refeição familiar e não devem ser misturados à refeição da criança. Problemas sociais Quando os ASPU são utilizados e as instruções relativas à sua utilização são dadas corretamente (e a acompanhante confirma que as segue), então, a causa mais provável de não responder ao tratamento é um problema social no seio da família. Isto inclui: O pai ou a sogra, que geralmente não vão ao CRENAM com a criança contradizem a mãe e insistem que a criança coma “alimentos de desmame tradicionais”; Divisão excessiva da ração com os irmãos, outros membros da família, vizinhos ou a venda das rações; Rivalidade entre irmãos, em particular quando pelos hábitos do país os membros da família comem no mesmo prato: a criança DAM come em geral lentamente, é mais pequena e tem mais dificuldades para comer a sua parte; os irmãos podem “roubar” a sua ração de ASPU sem que a sua mãe dê conta; Psicopatologia parental, em particular quando a família foi traumatizada pela violência ou tem medo de ser deslocada; nesta categoria incluem-se igualmente doenças mentais dos pais (esquizofrenia, síndrome de Munchhausen, deficiência mental, etc.); Abuso físico das crianças; Um membro da família (geralmente adulto) utiliza todos os recursos da família no álcool, odrogas ou jogo. Quando um membro da família tem uma doença crónica (ex.: VIH) e é economicamente inativo, os recursos da família podem ser utilizados para a compra de medicamentos para esta pessoa, o que contribui para a pobreza da família; Ocasionalmente ocorrer rejeição da criança,na maioria das vezes devido a uma disputa de família ou a dúvidasacerca da paternidade da criança; Pobreza tal que a família inteira é desnutrida sem acesso a alimentos e o programa visa unicamente as crianças (isto é particularmente frequente quando um limite absoluto do PB é utilizado como critério único de admissão, o que exclui do CRENAM as crianças desnutridas mais velhas assim como os adultos); 48 CRENAM Utilização do estado da criança para ter acesso a alimentos e serviços para toda a família: é inaceitável para uma família ter de escolher qual a criança a sacrificar para assegurar a sobrevivência dos outros membros da família; Descriminação da família pela comunidade (minoria étnica) ou deslocação da rede social que permitia empréstimos e trocas entre vizinhos. São as causas mais frequentes, mas há muitas outras causas de problemas social associados a desnutrição nas crianças mais pequenas e a insucesso de resposta ao tratamento. Para testar qual é a causa é preciso começar por fazer um teste de apetite. Se a criança come bem ou tem fome e não consegue ganhar peso em casa, então pode confirmar-se a presença de um problema social maior. Este diagnóstico é depois investigado com uma entrevista aprofundada ao chefe da família (pai, sogra) e uma visita ao domicílio. Se a criança não passou no teste do apetite e parece não ter fome,a criança pode ser timida não estar habituada ao sabor ou não gostar dos ASPU/ATPU. A estratégia a aplicar então é admitir a criança num centro de dia (ou CRENI) e vigiar a toma de refeições durante um ou dois dias Condições médicas subjacentes Se a criança não tem apetite há provavelmente um problema médico subjacente. A história e o exame físico devem ser feitos e pesquisar–se condições subjacentes em particular TB, VIH, paralisia cerebral, leishmaniose, xistossomose, outras infeções, cirrose, malformações congénitas, síndrome de Down, sequelas neurológicas provocadas pela meningite, etc. Outras condições Se uma condição subjacente não é detetada, a criança deve ser referida para uma estrutura pediátrica com especialistas e facilidades de diagnóstico. Não resposta ao tratamento Verificar a aplicação correta do protocolo Mudar o produto nutricional para detetar carências nutricionais não corrigidas Verificar se há problemas a nível de domicílio/problemas sociais Fazer uma avaliação clínica completa a fim de procurar uma patologia subjacente não diagnosticada Referir para uma estrutura com facilidades de diagnóstico e pessoas experientes em pediatria para um exame aprofundado e tratamento médico adequado para a patologia diagnosticada Idiopatia – Não resposta 49 CRENAM 7.4. Tratamento do insucesso no tratamento Seguir as etapas apresentadas anteriormente – Não inverter a ordem ou omitir uma etapa; depois de ter feito o diagnóstico de insucesso de resposta ao tratamento destes pacientes, a próxima etapa é tratar os pacientes. Por isso, há necessidade de adicionar aos produtos de suplementação habituais, exemplo CSB – óleo – açúcar outra mistura fortificada com um outro produto de suplementação diferente. Por exemplo : CSB/WSB/outro alimento fortificado com óleo e ASPU que é um alimento de suplementação pronto a ser usado fortificado com todos os nutrientes essenciais. 1ª Etapa: Dar os ASPU, 1000 kcal por dia durante 15 dias (2 saquetas por dia) Este regime vai corrigir todas as carências nutricionais conhecidas e fornecer os nutrientes em falta; é inútil trocar o CSB por outro produto da mesma qualidade (como por exemplo o BP5): se a criança continua a não responder ao tratamento, não se pode excluir definitivamente uma carência nutricional não diagnosticada/não tratada como causa da não resposta. Deve-se utilizar o MELHOR produto disponível para curar uma criança desnutrida. Esta etapa não exclui as razões sociais já que o ASPU não precisa ser preparado; Se por razões sociais, a mãe não pode preparar o pré-mix ela poderá dar o ASPU já que este se encontra pronto a utilizar. 2ª etapa : Depois de 15 dias, próxima visita, Se agora, a criança responde ao tratamento, isto quer dizer que o problema foi de ordem nutricional (ou social). => Continuar o tratamento com 2 saquinhos de ASPU mais a ração do CRENAM durante mais um mês Se a criança continua a não responder ao tratamento, isto quer dizer que o problema dominante não é um problema NUTRICIONAL e deve-se investigar se é um problema social. 3ª Etapa: pesquisar sobre as circunstâncias sociais do domicílio ; a visita ao domicílio deverá identificar os problemas sociais É importante ter a noção que a maioria dos problemas sociais NÃO podemserdetetados durante a visita ao domicílio (como a descriminação de uma criança, a negligência, a manipulação parental, estado de saúde do cuidador (familiar), rivalidades entre irmãos e irmãs, etc.) porque o comportamento dos pais e das crianças muda quando têm um hóspede em casa. Durante a visita ao domicílio (VAD), se um problema foi é identificado ele pode ser resolvido ou eliminado. => Resolver o problema durante a visita ao domicílio e efetuar eventualmente outras visitas durante as semanas seguintes 50 CRENAM Durante a VAD, se um problema é identificado e não é resolvido ou não pode ser resolvido no domicílio, => Fazer todos esforços para o minimizar, tais como, 1) admitir a criança numa estrutura, 2) dar mais recursos à família, 3) tentar encontrar um outro cuidador para a criança (família alargada), 4) obter um tratamento para o cuidador(ex.: psiquiátrico, VIH, etc.) Durante a VAD, se nenhum problema foi detetado que explique o insucesso do tratamento, então é provável que exista um problema social que não foi identificado durante a VAD. => Admitir a criança, com o fim de realizar um teste de alimentação durante 3 dias com uma vigilância intensiva das refeições18. Este teste pode ser realizado num CRENI, num centro de dia ou utilizando "rações húmidas " distribuídas- a criança é levada diariamente aocentro de saúde a fim de se poder supervisionar as refeições. A maioria destas estruturas não têm capacidade de efetuar um diagnóstico médico – mas podemsupervisionar as refeições e os cuidados e garantir que a criança recebe a alimentação prescrita. 4ª Etapa : Se a criança continua a não responder ao tratamento, levá-la para o hospital No hospital, a presença de médicos/pediatras competentes e de meios vai permitira investigação da criança. Se o hospital não encontra a causa do insucesso do tratamento, então a criança deve ser referida para um centro nacional/universitário para um estudo completo de causas pouco habituais. Estas crianças poderão ser anotadas num registo específico, e serem consultadas por um pediatra formado e com experiência em desnutrição aguda e outras doenças. 8. PROCEDIMENTOS DE ALTA A criança poderá ter alta de acordo com osseguintes critérios: Grupo de Idade Critérios de Alta P/A ≥ -1,5 z-score (tabela unissexo19 – OMS2006) E CRIANÇAS COM MAIS DE 6 MESES PB ≥ 125mm SEGUIR durante 3 meses E CRIANÇAS DAG CURADAS P/A ≥ -1,5 Z-score (tabela unissexo – OMS2006) E PB ≥ 125mm 18 Essa prática é frequente nos serviços pediátricos europeus para as crianças que não engordam normalmente em casa – elas são admitidas para uma vigilância dos cuidados habituais/alimentação num ambiente supervisionado. 19 Ver anexo 3: Tabela Peso/Altura 51 CRENAM 8.1. Tipo de alta Curado; Curado para as crianças DAM que atingiram os critérios de saída; Curado depois de 3 meses de seguimento para as crianças DAG curadas; Abandono: depois de 2 ausências consecutivas20; Falecido enquanto a criança está no programa ou nas 24 horas que se seguem à transferência para outra estrutura de saúde (necessário seguimento a quando da transferência); Referência para um CRENAG ou para um hospital; Transferência interna para um outro CRENAM. 8.2. Procedimentos de alta Desde que a criança atinja os critérios de alta (peso alvo e PB alvo), pode ter alta do programa. Anotar a data da saída, o peso, o PB e o tipo de saída no registo e no cartão da ração, assim como todas as outras informações necessárias; Verificar se as vacinas estão em dia e informar a criança e a sua cuidadoraque o tratamento acabou. 9. ARMAZENAMENTO E GESTÃO DOS BENS Preencher a ficha de stock quando existirem entradas ou saídas de produtos nutricionais do armazém e registar todos os meses no relatório mensal o estado do stock (ver parágrafo 10). Abastecimentos Verificar os produtos desde a recepção - inclui o estado geral dos produtos, embalagem e etiquetagem; Verificar na guia de remessa o conteúdo e assinar a recepção do produto; Indicar (por escrito) todos os problemas ou incoerências entre o abastecimento e a guia de remessa. Guardar uma cópia da guia de remessa e enviar uma cópia ao condutor. Armazenamento dos produtos alimentares e não alimentares Ter certeza que o armazém é : 20 Nas crianças com DAM as VAD que permitem determinar se a criança realmente abandonou o programa ou se faleceu raramente são realizadas por falta de recursos humanos, mas uma amostra destas crianças selecionadas ao acaso, deve receber visitas ao domicílio, para determinar as causas mais comuns de abandono . 52 CRENAM Suficientemente grande para armazenar um stock de um mês de produtos alimentares; Facilmente acessível a viaturas em todas as estações; Bem ventilado e abrigado da chuva; Limpo/desinfetado regularmente; Protegido de roedores e insetos; Seguro – cadeado e chave. Produtos Verificar se : Os produtos alimentares são separados dos produtos não alimentares; Os produtos alimentares são postos nas paletes a 30 cm da parede; Os sacos abertos são separados dos outros sacos; Se fiel do armazém está de férias, a chave e o stock devem ser confiados a outro fiel de armazém de confiança. Mesmo sendo o fiel do armazémpessoalmente responsável pelo stock, é inaceitável o stock estar fechado quando os beneficiários chegam para o tratamento. 10. SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO 10.1. Necessidades Calculadora; Relatório mensal CRENAM (ver anexo 31); Registo CRENAM (ver anexo 29); Ficha de stock. 10.2. Atividades Mensalmente, preencher o relatório mensal CRENAM; O relatório deve ser preenchido para cada CRENAM, todos os meses, pelo supervisor responsável do programa; Calcular os indicadores do CRENAM mensalmente, utilizando dados presentes no livro de registo. O cálculo de indicadores é uma atividade importante de todos os programas de nutrição suplementar e permite aos supervisores avaliar a eficácia e o bom funcionamento dos CRENAM. 53 CRENAM Uma interpretação correta e atempada dos diferentes indicadores é essencial para detetar problemas e permitir uma ação rápida e apropriada. A qualidade dos dados pode ser verificada através a análise regular de indicadores (ver quadro 7). Estes dados são também utilizados para avaliar o consumo do estoque e as futuras necessidades. Tabela 8 : Indicadores do CRENAM Indicadores Aceitável Alarmante Taxa de cura > 70% < 50% Taxa de óbitos < 3% > 10% Taxa de abandono < 15% > 30% Duração da estadia < 8 semanas > 12 semanas 54 TRIAGEM DAM/DAG TRIAGEM DOS PACIENTES DAG – CRENAG/CRENI A triagem deve ser efetuada a nível do CRENI e do CRENAG. O esquema seguinte ilustra como se processa a decisão. Esquema 3 : Tomada de decisão CRENI ou CRENAG DAG Edemas bilaterais OU Teste do apetite + Kwashiorkor-marasmo procura de complicações médicas Sem apetite e/ou complicações Apetite bom e sem complicações CRENI CRENAG 1. ATIVIDADES O enfermeiro, auxiliar ou nutricionista é responsável pelas seguintes tarefas: 1. Registar todos os pacientes elegíveis para admissão no registo, preencher uma folha de acompanhamento individual e atribuir um número-DAG; 2. Identificar rapidamente quem está visivelmente doente e providenciar a sua transferência para o CRENI, sem demora. A pessoa encarregue da triagem deve regularmente observar a sala de espera e encaminhar os pacientes diretamente para o enfermeiro responsável para que ele possa, de imediato, enviá-lo para o CRENI mais próximo ou iniciar o tratamento, se a distância for muito longa e os meios de transporte adequados não estiverem disponíveis; 3. Fazer o teste do apetite enquanto os pacientes aguardam a consulta médica (ver tópico 4); 55 TRIAGEM DAM/DAG A enfermeira A enfermeira observa os pacientes e afere as suas medidas antropométricas e os resultados do teste do apetite. Ela é responsável por: 1. Examinar o paciente e determinar se existem complicações utilizando os critérios da AIDI (ver tópico 5 sobre as complicações); 2. Explicar ao cuidador as opções de tratamento e decidir, conjuntamente com este, se o paciente deve ser tratado no CRENAG ou no CRENI; 3. Transferir os pacientes que precisam de tratamento em internamento para o CRENI mais próximo e os que podem ser tratados em ambulatório para o CRENAG mais próximo da sua residência; Se a triagem for efetuada a nível do centro de saúde (CRENAG) e o paciente precisar de um tratamento no CRENI, deve-se atribuir o Nº-DAG, registar o paciente, preencher a ficha de transferência e organizar a transferência; 4. Para os pacientes doentes cujos cuidadores recusem ser tratados no CRENI, refazer o teste do apetite: Se o teste de apetite for bem-sucedido, explicar quais os cuidados a ter em casa e administrar o tratamento AIDI para as doenças diagnosticadas. O sucesso do teste de apetite é o principal critério para a decisão de tratamento em ambulatório. Se o teste do apetite falhou, explique à cuidadora os perigos de regressar com a criança para casa e tente convencê-la a aceitar a transferência para o CRENI pelo menos por alguns dias. No entanto a decisão da cuidadora deve ser respeitada e ela não deve ser forçada de maneira alguma. Se o paciente não consegue passar no teste do apetite porque parece estar com medo, mas está alerta e não apresenta complicações, o Referenciar o paciente para um CRENI por um curto período de tempo (se os meios de transporte permitirem); o Explicar cuidadosamente os benefícios do tratamento no CRENI, os riscos do tratamento em ambulatório e que pode mudar de opinião a qualquer momento após a admissão com a aprovação dos prestadores de cuidados; o Aceitar a decisão final da acompanhante e organizar os cuidados apropriados em domicilio. 5. Iniciar o tratamento apropriado para os pacientes em ambulatório (ver abaixo). 2. MATERIAIS Para o auxiliar: Fita PB; Balança, régua de comprimento, tabela P/A (anexo 3, 4) e tabela Índice de Massa Corporal (IMC) (anexo 5); Registo (ver anexo 6), ficha de acompanhamento CRENAG (anexo 7) /CRENI (anexo 13); ATPU, açúcar, água potável, copo graduado ou balança de precisão (5g); 56 TRIAGEM DAM/DAG Água e sabão para lavar as mãos; Termómetro. Para a enfermeira: Material para exame clínico (estetoscópio, otoscópio,…); Fichas de transferência (anexo 8); Medicamentos. Os detalhes são descritos na secção seguinte. 3. DEFINIÇÃO DA DAG – CRITÉRIOS DE ADMISSÃO Todos os pacientes que apresentem pelo menos um dos critérios da tabela abaixo sofrem de DAG. IDADE CRITÉRIOS DE ADMISSÃO MENOS DE 6 MESES Ver secção: Lactentes < 6 meses ou < 3 kg com acompanhante e anexo 20 6 MESES A 12 ANOS (120 P/A < -3 z-score (tabela unissexo OMS200621) ou CM) PB < 115 mm22 ou Presença de edemas bilaterais23 12 ANOS (120 CM) A 18 P/A < 70% NCHS24 ou ANOS Presença de edemas bilaterais ADULTOS PB < 180 mm com perda de peso recente ou Índice de Massa Corporal25 (IMC) < 16 com perda de peso recente ou Presença de edemas bilaterais (a menos que haja outra causa óbvia) NOTA : É importante insistir no facto de que um paciente é admitido no momento que reúne, pelo menos, um desses critérios - mesmo se outros critérios não forem preenchidos. 4. TESTE DO APETITE E FLUXO DOS PACIENTES 4.1. Porque fazer um teste do apetite? Uma avaliação relativamente precisa do apetite é, muitas vezes, a única maneira de diferenciar um caso complicado de um caso de DAG sem complicações. Outros sinais de doença grave da infância (AIDI) são menos confiáveis em pacientes gravemente desnutridos; O melhor sinal de desnutrição-metabólica grave é, sem qualquer dúvida, uma redução no apetite, e o teste do apetite é o critério mais importante, que permite decidir se um 21 Ver anexo 3: Tabela P/A Existe uma controvérsia em relação aos critérios de admissão e alta utilizando o PB para as crianças de menos de 67cm de comprimento. Alguns centros utilizam uma prancha de madeira de 67cm e se o comprimento da criança é inferior a 67cm, o critério PB utilizado é 110 mm. Atualmente ainda não há consenso. 23 Ver anexo 1: Medidas 24 Ver anexo 4: Tabela P/A para adolescentes 25 Ver anexo 5: Tabela IMC para adultos 22 57 TRIAGEM DAM/DAG paciente deve ser tratado em ambulatório ou hospital; Um teste do apetite fraco significa que o paciente tem uma infeção ou deficiência metabólica importante como uma disfunção hepática, desequilíbrio eletrolítico, danos nas membranas celulares ou reações bioquímicas anormais. Estes pacientes apresentam risco de morte imediata. Além disso, uma criança com pouco apetite não irá ingerir ATPU suficiente em casa para evitar a deterioração do seu estado nutricional. 4.2. Como fazer o teste do apetite? O auxiliar Todos os pacientes que vão fazer o teste do apetite devem ser testados juntos, no mesmo local (ao mesmo tempo). Deve ser um local separado das restantes áreas e tranquilo. As crianças que viajaram uma longa distância devem poder descansar e receber água para beber antes do teste; Algumas vezes a criança não consegue comer o ATPU porque está assustado, stressado ou com medo do ambiente ou do pessoal. Isto acontece especialmente se há muitas pessoas, ruído, outras crianças stressadas ou o pessoal de saúde é intimidante (bata branca, voz grave). Se está disponivel uma área tranquila, o teste do apetite pode ser feito no exterior, sob uma sombra. Ver outras crianças a comer ATPU dá confiança; Explique à cuidadora o objetivo do teste do apetite e como se vai processar. Convide-a a lavar as mãos, bem como ao seu filho. Certifique-se de que a acompanhante está confortavelmente sentada, põe a criança no seu colo e lhe dá o ATPU; Administrar o ATPU num copo graduado ou diretamente da saqueta, acompanhar com um copo/caneca de água potável; Preparar os copos graduados de 20 a 25 ml antes de começar os testes do apetite. Uma saqueta de ATPU contém normalmente cerca de 100g de pasta. Ela pode ser utilizada para 4 testes, é muito mais fácil estimar a quantidade de ATPU ingerida a partir de uma unidade de medida do que da saqueta. A mãe/a acompanhante Inicialmente, permitir que a criança brinque com o saco ou o copo de ATPU e se habitue ao ambiente. Isso às vezes permite que ela fique mais confiante; Dar o ATPU diretamente da saqueta ou colocar um pouco no dedo da cuidadora. A mãe / outras crianças / outros membros da família não devem consumir o ATPU. A mãe pode fingir que prova e gosta. Muitas vezes o fato da criança ver a mãe comer um pouco e se divertir é uma boa maneira de a incentivar a comer; Se a criança se recusa continuar, encoraja-la gentilmente. O teste pode demorar algum tempo. Nunca forçar o paciente a comer o ATPU; Normalmente o teste é rápido, cerca de 15 minutos, mas pode demorar até 1 hora se a criança está intimidada ou chateada ou tem um apetite limítrofe; 58 TRIAGEM DAM/DAG O paciente DEVE ter água disponível para beber sem restriçõesnum copo (caneca) durante o teste. O auxiliar deve avaliar o resultado do teste do apetite: Sucesso O paciente que ingira pelo menos a quantidade indicada na coluna “médio” da tabela passa no teste. Falha O paciente que não ingere pelo menos a quantidade indicada na coluna “média” NÃO passa no teste – o enfermeiro deve examinar o paciente e transferi-lo, se necessário, para um CRENI segundo a tabela 10. Mesmo que o paciente não coma o APTU devido ao sabor ou por ter medo considera-se que falhou o teste do apetite. A tabela seguinte mostra-nos a quantidade mínima necessária para passar no teste no apetite com sucesso. Tabela 9 : Quantidade de ATPU para avaliar o apetite dos pacientes gravemente desnutridos TESTE DO APETITE “Médio” é a quantidade mínima que um paciente desnutrido deve ingerir para passar no teste do apetite ATPU – Pasta em saquetas Peso Corporal (Porção de uma saquetas inteira 92g) Fraco Médio Bom ATPU – Pasta em potes Fraco (ml ou gramas) Médio Bom Menos de 4 kg <1/8 1/8 – ¼ >1/4 <15 15 – 25 >25 4 – 6.9 <1/4 1/4 – 1/3 >1/3 <25 25 – 30 >35 7 – 9.9 <1/3 1/3 – ½ >1/2 <35 35 – 50 >50 10 – 14.9 <1/2 1/2– ¾ >3/4 <50 50 – 75 >75 15 - 29 <3/4 3/4 – 1 >1 <100 100 – 150 >150 Mais de 30 kg <1 >1 <150 >150 Nota: se utilizarmos copos graduados diferentes uma nova tabela deve ser feita em função do tamanho dos copos utilizados. A tabela deverá ter o nº de copos graduados que o paciente deve ingerir por faixa de peso. A maioria dos pacientes estão na faixa de peso de 4 – 6,9 kg, então a quantidade de ATPU a ingerir por estes pacientes para passar no teste do apetite é um copo graduado (de 25ml). 4.3. Quando fazer o teste do apetite ? Durante a triagem inicial; Quando o ganho de peso é baixo durante uma das visitas ao CRENAG. O teste do apetite deve ser feito quando os pacientes tratados em ambulatório não ganham peso regularmente. O teste também pode ser feito rotineiramente para todos os pacientes em cada visita, se o supervisor achar adequado. 59 TRIAGEM DAM/DAG A falha no teste do apetite, independentemente do momento, é uma indicação para a avaliação completa do estado clínico do paciente e para provavelmente efetuar uma transferência para um CRENI. Aquando da segunda visita e nas visitas seguintes, a ingestão de APTU deve ser “bom” (tabela 10) se o paciente está a recuperar de forma relativamente rápida. Se o teste do apetite é “bom” e o ganho de peso em casa é pequeno, deve ser organizada uma visita ao domicílio para identificar um eventual problema social a nível do domicílio ou uma partilha massiva do ATPU. Se não for possível efetuar uma visita ao domicílio, pode ser necessário hospitalizar o paciente e fazer um “teste de alimentação” simples em que a ingestão de ATPU será supervisionada diretamente pelo pessoal para verificar se existe: Uma problema relacionado com o ambiente familiar; Um problema metabólico do paciente. Este teste de alimentação, num ambiente estruturado (centro de dia, CRENI) é utilizado para investigar as causas de não resposta ao tratamento mas pode também ser efetuado se os técnicos de saúde suspeitam da existência de um problema psicossocial em casa. 5. COMPLICAÇÕES MÉDICAS (AIDI) Após terem sido avaliadas as medidas antropométricas e efetuado o teste do apetite, a enfermeira deve examinar os pacientes para detetar complicações que precisem ser tratadas antes da transferência para o CRENI. Se existe alguma complicação médica grave, o paciente deve ser transferido para um CRENI – essas complicações incluem as seguintes patologias: o Diarreia e desidratação com base na história clinica e mudança de aparência (os sinais clínicos habituais não são fiáveis em pacientes gravemente desnutridos e NÃO DEVEM ser utilizados para diagnosticar uma desidratação) o Vómitos graves o Pneumonia : >60 ciclos/minuto para as crianças menores de 2 meses >50 ciclos/minuto para as crianças de 2 a 12 meses >40 ciclos/minuto para as crianças de 1 a 5 anos >30 ciclos/minuto para as crianças maiores de 5 anos ou Tiragem subcostal A frequência respiratória pode ser avaliada com a ajuda de um pêndulo feito à mão, composto por um cordel e um pequeno peso colocado numa das pontas. Os nós devem ser feitos a 43 e 66 centímetros e assim o pêndulo oscila 50 e 40 vezes por minuto respetivamente. Com a mão segura-se o nó em questão e balança-se ligeiramente à frente da criança – se a criança respira mais rapidamente que o balanço do pêndulo pode-se fazer o diagnóstico de dificuldade respiratória. o Lesões cutâneas expostas; o Hipotermia < 35,5˚C (rectal) ou < 35˚C (axilar); o Febre > 39,5˚C (rectal) ou >39˚C (axilar); o Palidez extrema (anemia grave); 60 TRIAGEM DAM/DAG o Fraqueza, apatia ou inconsciência; o Convulsões; o Carência clínica de vitamina A; o Todas as condições que necessitem de uma perfusão ou de alimentação por sonda nasogástrica (SNG); o Todos os outros sinais ou sintomas que necessitem de ser investigados ou tratados no CRENI segundo o parecer da enfermeira. Se um dos seguintes critérios está presente, o paciente deve ser referenciado/transferido para um CRENI ou CRENAG respeitando a escolha da acompanhante26. Tabela 10 : Resumo dos critérios de admissão para uma 2ª triagem: decisão CRENI ou CRENAG FATOR TRATAMENTO NO CRENI TRATAMENTO NO CRENAG Escolha da cuidadora A cuidadora escolheu começar, continuar ou ser transferida para um CRENI A cuidadora escolheu começar, continuar ou ser transferida para um CRENAG. A escolha da cuidadora deve ser respeitada A escolha da cuidadora deve ser respeitada. Apetite Falha ou teste do apetite ambíguo Teste do apetite bem sucedido Edemas Bilaterais Presença de edemas bilaterais Ausencia de edemas bilaterais Pele Lesões cutâneas abertas Sem lesões cutâneas abertas Complicações médicas Todas as doenças graves, segundo os critérios AIDI – infecções respiratórias agudas, anemias graves, carência clínica de vitamina A, desidratação, febre, letargia, etc. – sarampo Alerta e médicas Candidíase Presença de candidíase grave ou outros sinais de imunodeficiência grave Ausência de candidíase Acompanhante Cuidadora incapaz ou que recusa o tratamento no CRENAG Ambiente familiar adequado e pronto para apoiar o tratamento em ambulatório (em qualquer momento do tratamento) sem complicações 26 A mãe é a primeira cuidadora da criança. Se a criança for internada no CRENI ou CRENAG contra a sua vontade, corre-se o risco não só de abandonar o tratamento da criança desnutrida mas, também, não levará os outros filhos se se tornarem desnutridos. Se os técnicos de saúde respeitarem a vontade da mãe (após explicar as razões e o prognóstico), a criança pode não ter o melhor tratamento mas será tratada e manter-se-á no programa. A mãe ficará satisfeita e irá elogiar o programa na sua comunidade como sendo um programa amigo das mães. 61 TRIAGEM DAM/DAG Esquema 4 : Esquema resumo da triagem a nível do centro de saúde Triagem 115mm < PB < 125mm e ausência de edemas bilaterais PB < 115mm PB < 115mm e presença de edemas bilaterais PB ≥ 125mm Medir peso e altura – calcular o índice P/A P/A < -3 z-score P/A ≥ -3 z-score Teste do apetite + procura de complicações médicas (AIDI) Apetite mau Apetite bom E/OU E Complicações Sem complicações Educação Tratamento das doenças (AIDI) CRENI CRENAG CRENAM Regresso a casa 62 TRANSPORTE TRANSPORTE DOS PACIENTES Os pacientes gravemente desnutridos podem ser levados para um centro de saúde com ou sem CRENAG, o protocolo exige que eles sejam “transferidos” para um CRENI. No entanto, não é raro que um paciente desnutrido cujo estado é relativamente bom antes do transporte, piore e morra pouco antes da sua chegada ao CRENI, depois de uma viagem longa ou difícil. Falamos de “traumatismo de transporte”. Os transportes públicos não são recomendados para estes pacientes. É recomendado, na medida do possível, que os pacientes muitos doentes fiquem no CRENAG ou no Centro de Saúde mais próximo para serem estabilizados antes de serem transportados. As indicações do protocolo de tratamento de desnutrição grave e das suas complicações no CRENI devem ser seguidas na medida do possível pelo Centro de Saúde27. CRENI Deve ser contactado por telefone, assumir a responsabilidade e apoiar o enfermeiro do Centro de Saúde na decisão tomada, tranquilizando-o e garantindo-lhe que o melhor a fazer é não transportar o paciente e conselhá-lo quanto ao tratamento imediato. O nome do médico, número de telefone e os conselhos dados pelo CRENI contatado devem figurar na ficha de seguimento do paciente. CRENAG Deve explicar à acompanhante que o paciente está gravemente doente e pode morrer, e que o risco de o transportar para um hospital é muito maior do que tentar estabilizá-lo no Centro de Saúde. Mais uma vez, a escolha da mãe deve ser respeitada. Responsável de Nutrição da Região (RNR) - ponto focal Mobilizar a comunidade para o problema de transporte de um paciente gravemente doente de um centro para outro; Explorar as diferentes soluções : 1) fazer um apelo a uma ONG nacional ou internacional 2) fazer um orçamento para os custos de transporte com ajuda dos Comités de Gestão dos Centros de Saúde, 3) ter uma ambulância, 4) criar uma consulta telefónica para tratar os pacientes sem os transportar, 5) criar um CRENI deslocalizado, próximo de um epicentro de desnutrição, para tratar/estabilizar os casos de desnutrição complicada; Organizar o transporte de pacientes gravemente doentes: o Pagamento do transporte (empréstimo, subsídeo ou pagamento); o Transporte médico/AMBULÂNCIA do CRENAG para o CRENI (verificação da sua 27 Os traumatismos do transporte são uma das principais razões pelas quais os CRENI devem ser estabelecidos na proximidade da tabanca do paciente. As vantagens da proximidade CRENAG – domicílio do paciente aplicam-se também para o CRENI. 63 TRANSPORTE chegada ao CRENI); o Formação de pessoal auxiliar sobre cuidados a ter durante o transporte de um paciente desnutrido: o veículo deve ser conduzido a baixa velocidade; O veiculo não deve estar sobrelotado; O veiculo deve parar durante 5 minutos a todos os 20-30 minutos de transporte para atenuar os efeitos do enjoo no paciente; Deve estar disponível água; A mãe deve cuidar da sua criança; Não dar calmantes ou medicamentos para o enjoo (vómito) aos pacientes desnutridos (isto é especialmente importante). Antecipar avarias do veículo, caminhos intransitáveis em função das estações (inundações nas estações de chuva, etc.); Pré-posicionar os stocks antecipando a deterioração dos caminhos durante o período de chuvas (stock de ATPU, formação de voluntários a nível das tabancas para o caso das equipas não se poderem deslocar); Considerar ter um kit de urgência tipo CRENI para estabilizar os pacientes antes do transporte, se o transporte não for possível ou se a mãe recusar viajar; Avaliar regularmente os resultados dos pacientes transportados em circunstâncias difíceis. Deve ser efetuada uma análise detalhada da morte dos pacientes durante a viagem e até 48h depois da viagem pelo RNR e devem ser tomadas medidas (como abrir um CRENI satélite, etc.) se necessário. A hora da partida do Centro de saúde/CRENAG e de chegada ao CRENI devem ser anotadas na ficha de transferência e analisadas periodicamente para determinar se isto constitui um problema importante na região; Fazer reuniões regulares entre o pessoal médico do CRENI e o do CRENAG a fim de facilitar a comunicação entre as diferentes equipas e assegurar decisões fundamentadas do CRENAG, CRENI e comunidade; Os relatórios mensais devem ser verificados e atualizados relativamente às mortes ocorridas durante o transporte. A duração do transporte deve ser analisada, através do registo na ficha de transferência, e se for excessiva devem ser discutidas medidas para resolver o problema. 64 CRENAG TRATAMENTO NO CRENAG 1. ORGANIZAÇÃO 1.1.Estrutura 1.1.1. Centro de Saúde e sua organização Localização Os cuidados ambulatórios, na comunidade, devem ser organizados a partir dos centros de saúde, postos de saúde ou mesmo serviços não médicos próximos das residências dos pacientes, na medida do possível; Geralmente, os CRENIs têm também nas suas instalações um CRENAG. Os pacientes admitidos no CRENI não devem ser transferidos para o CRENAG associado se existe outro CRENAG mais próximo do domicílio do paciente; A distância e o tempo que os pacientes demoram para chegar ao CRENAG são fatores determinantes para a cobertura, taxa de abandono e a reputação de todo programa GIDA; Nos locais com grande prevalência de desnutrição (resultados obtidos a partir do rastreio), são necessários mais CRENAGs na comunidade e que sejam facilmente acessíveis a pé (5 km de raio é a zona de cobertura normal – 10 quilómetros no máximo). Estrutura O CRENAG requer uma estrutura fisica (Centro de Saúde) com 1) uma sala de espera abrigada do sol, 2) um local para receber o paciente, avaliar as medidas antropométricas e realizar o teste de apetite, 3) um local para o enfermeiro poder interrogar e examinar os pacientes e 4) um armazém seguro para os produtos terapêuticos e uma farmácia; Deve haver água potável à disposição dos pacientes. O CRENAG encontra-se normalmente dentro de uma estrutura de saúde e funciona um ou dois dias por semana; No entanto, ele pode também funcionar numa escola, num centro comunitário ou numa casa privada. Nos locais onde não existe nenhuma esturra apropriada, o CRENAG pode funcionar unicamente com cadeiras e mesas, à sombra num espaço aberto, mas onde cada função tem o seu próprio espaço; Equipamentos de comunicação: é importante que cada estrutura consiga entrar em contacto facilmente com o CRENI, as equipas de CRENAG na região, os pontos focais a nível da tabanca e o RNR/PFN (listas atualizadas dos nomes, endereços e números de telefone devem ser mantidas a nível regional e distribuídas a cada supervisor do CRENAG, ASC e aos pontos focais da tabanca). 65 CRENAG Organização da consulta Durante os dias de abertura do CRENAG, os ASC ou os voluntários/pontos focais da tabanca (pelo menos dois) vão das suas comunidades para o CRENAG, em rotação regular, para ajudar o Supervisor de Nutrição do Centro a realizar a antropometria, os testes do apetite, registar os pacientes e para atualizarem os seus conhecimentos. Para as novas admissões (ver o procedimento de triagem), após a antropometria e o teste do apetite, o enfermeiro realiza o exame médico, discute com a cuidadora o modo de tratamento, explica os procedimentos e prescreve o ATPU e os medicamentos de rotina. Frequência da consulta Deve existir uma lista atualizada de cada CRENAG que indique os dias da semana e as horas em que o CRENAG está aberto e funciona assim como o nº de telefone do responsável do CRENAG. 1) Se existem muitos funcionários o CRENAG pode funcionar todos os dias. Entretanto, é importante que o supervisor do CRENAG tenha tempo para visitar cada tabanca periodicamente, comunicar com os ASC e os voluntários, e estar presente nas reuniões mensais onde todos os pontos focais da tabanca estão presentes; 2) Normalmente o CRENAG funciona uma ou duas vezes por semana altura em que as crianças triadas na comunidade são avaliadas para confirmar o seu PB e/ou verificar a presença de edemas bilaterais, fazer o teste do apetite, serem registadas e começarem o tratamento ambulatório no CRENAG ou serem transferidos para o CRENI (após estabilização do seu estado se existir risco de traumatismo devido ao transporte); 3) Nas tabancas afastadas pode-se realizar quinzenalmente atividades comunitárias. Isto permite manter contato entre a comunidade e a equipa de saúde e aumenta consideravelmente a aderência ao tratamento. Este serviço está limitado pelas dificuldades de transporte e de logística que devem ser resolvidas a nível nacional e a nível regional; é frequentemente possível somente para as ONGs; Os casos de desnutrição mais graves são geralmente despistados nas tabancas mais longínquas, porque a comunidade tem dificuldades em aceder aos serviços de saúde, o que leva a diagnósticos tardios. A identificação e despite nestas tabancas deve ser uma prioridade e deve ser mantido um contato regular com os voluntários da comunidade. O aprovisionamento em combustível (e um apoio para a aquisição de motos) para assegurar um contacto regular é importante. 1.1.2. Equipas móveis Onde e quando Onde estão em funcionamento clínicas móveis, particularmente em situações de urgência, e onde a população é muito dispersa, com uma densidade populacional relativamente baixa, ou uma população nómada, o PGIDA deve ser assegurado pelas equipas móveis. Um veículo é equipado de forma a funcionar no seu interior um CRENAG, mas também dispõe de vacinas e medicamentos para AIDI e outros serviços essenciais; Elas são normalmente constituídas por pessoal qualificado tanto em implementação e seguimento dos programas/estratégias de saúde, tais como AIDI, SMI, SIVE e VIH-TB, como em GIDA. Frequência das Consultas A equipa visita os locais preestabelecidos semanalmente (o dia e a hora devem ser 66 CRENAG conhecidos no seio da comunidade e não devem ser trocados). Se por qualquer razão a visita não for possível, o ponto focal da tabanca deve ser avisado por telefone; O rastreio é feito unicamente através do uso da fita PB e da pesquisa da pesquisa de edemas bilaterais (a altura não é medida). Os pacientes que preenchem os critérios de admissão são avaliados e recebem uma ração semanal de ATPU (se passaram no teste do apetite e na avaliação médica). Como a altura não é medida deve-se pesar sistematicamente a criança até atingir o peso ou PB alvo (ver anexo 12). Um sistema de encaminhamento e de transporte apropriado é importante para os pacientes que precisem de cuidados no CRENI (ver a seção: “Transporte dos pacientes”). 1.2.Atividades Um enfermeiro ou um auxiliar de enfermagem é responsável pela supervisão do programa no CRENAG e no seio das comunidades na zona de cobertura do Centro de Saúde. Pré-requisito Ser enfermeiro; Se não for possível, auxiliar de enfermagem ou nutricionista com experiência clínica (desde que esta pessoa tenha recebido formação adquada sobre os aspetos clínicos da desnutrição, esteja apta a fazer o diagnóstico das complicações médicas e a referenciar corretamente os pacientes. A legislação nacional deve permitir-lhe distribuir os medicamentos sistemáticos). Os assistentes de enfermagem e nutricionistas devem ser responsáveis pelos CRENAGs que estão próximos de especialistas clínicos (como por exemplo nas cidades, etc.). Por outro lado, os enfermeiros qualificados devem ser responsáveis pelos CRENAGs nos sítios de difícil acesso, na medida possível, para que as decisões clínicas tomadas sejam as mais adequadas (alguns destes pacientes terão necessidade de ser estabilizados antes de viajar). O enfermeiro ou auxiliar de enfermagem deve Admitir o paciente segundo os critérios de admissão (DAG sem complicações médicas e teste de apetite com sucesso), preencher a ficha e registá-lo no registo CRENAG (ver a seção abaixo e “Triagem”) atribuindo-lhe um número-DAG; Fornecer o tratamento medico sistemático segundo o protocolo; Fornecer ATPU e informar a cuidadora como usar; Assegurar o seguimento do paciente uma vez por semana: o Vigiar as mudanças de peso; o Preencher a ficha de seguimento do paciente; o Decidir se outra acção é necessária. Diagnosticar os pacientes que não respondem ao tratamento e tomar a decisão 67 CRENAG apropriada: visita ao domicílio, refazer o teste de apetite, supervisionar a ingestão de ATPU, transferir o paciente para o CRENI; Ser supervisionado pelo RNR e participar nas reuniões mensais de coordenação a nível da região. Durante esta reunião, o relatório mensal do CRENAG é apresentado a nível regional, os produtos terapêuticos, medicamentos e material previsto para o mês seguinte são recolhidos, se necessário, e os problemas são discutidos para assegurar a manutenção da qualidade dos cuidados e a formação prática e supervisão dentro da estrutura; Organizar mensalmente uma reunião com todos os ASC para ter conhecimento e resolver todos os problemas, recolher os resultados da triagem e aproveitar a ocasião para fazer cursos de reciclagem; Encomendar os produtos necessários, assegurar o seu armazenamento e sua distribuição. 1.3.Materiais necessários para o CRENAG28 Para o auxiliar de enfermagem: Fitas PB; Balança, régua de comprimento, tabela P/A, tabela perda - ganho de peso de 5 %, tabela de ganho de peso para atingir os critérios de alta, tabela de ganho de peso em 2 semanas; Livro de registos, fichas de seguimento individuais, caixa/arquivo, fichas de stock; Tabela com as quantidades de ATPU a distribuir e mensagens chaves; ATPU; Açúcar, água potável segura, copos graduados ou balanças de precisão (5 g) para o teste de apetite; Água e sabão para lavar mãos; Termómetro, calculadora, lápis, canetas, borrachas, etc.. Para o enfermeiro Material para exame médico (estetoscópio, otoscópio, etc.); Medicamentos de rotina: amoxicilina, antipalúdicos, vitamina A, anti-helminticos, vacinas contra o sarampo; Fichas de transferência, fichas de stock, fichas de relatório mensal; Instrumentos de comunicação (telefone, créditos, lista de números de telefone, etc.), cartazes sobre as recomendações de transporte, lista dos CRENAG e CRENI da região; 28 Consultar ao manual da UNICEF para calcular as entradas em termos de produtos terapêuticos. Consulte também a ferramenta de custos « CMAM » da USAID para estabelecer os custos financeiros necessários para implementar, manter ou ampliar o programa GIDA : http://www.fantaproject.org/publications/CMAM_costing_tool.shtml 68 CRENAG Protocolo (incluindo os procedimentos para a fase aguda/complicações para os pacientes não aptos para serem transportados). 2. ADMISSÃO O procedimento de admissão é explicado na seção Triagem. Há dois tipos de admissão ao CRENAG: Novas admissões: Novas admissões provenientes do rastreio passivo, ativo ou auto-referidas. Representam a maioria das admissões. Recaída (após pelo menos dois meses de ausência29 ou após ter tido alta como curado): É considerado um novo episódio de desnutrição. Admissão de pacientes já em tratamento de DAG: Transferência interna de um outro CRENAG (tratamento já iniciado com um númeroDAG); Transferência interna de um CRENI (ficha de transferência com um número-DAG e tratamento já administrado); Regresso de um CRENI para o CRENAG (ficha de transferência com número-DAG, tabela e registo prévio); Readmissão após abandono com uma ausência de menos de 2 meses. Deve existir uma comunicação eficaz e um sistema de referenciação entre o CRENAG e o CRENI para que os pacientes possam ser rápida e facilmente transferidos do CRENI para o CRENAG apartir do momento em que se encontram na fase de reabilitação (fase 2), e para que os pacientes do CRENAG que não respondem adequadamente ao tratamento ou que desenvolvem uma complicação possam ser transferidos (temporária) para o CRENI. Estas transferências não são“altas” do programa. Uma criança deve sempre ser tratada em casa desde que haja: um responsável capaz; o cuidador aceite o tratamento ambulatório; um meio familiar propício; aprovisionamento adequado de ATP; um programa CRENAG funcional numa área próxima do domicílio do paciente; preencha os critérios de triagem para o tratamento em CRENAG. 29 É geralmente admitido que depois de mais de dois meses os pacientes se curam espontaneamente. Isto não é forçosamente verdade, mas a criança queviveu durante 2 meses sem tratamento e sobreviveu, por definição, deve ser tratada como sofrendo de um novo episódio de DAG. Esta definição pode mudar depois, em função das informações adicionais da história dessas crianças desnutridas que não beneficiaram de nenhum tratamento. 69 CRENAG Um paciente tratado em ambulatório cuja saúde se deteriora ou que desenvolve uma complicação deve ser transferido para o CRENI por alguns dias antes de continuar novamente o tratamento no CRENAG (ver a seção: “Transportes dos pacientes”). Os dois ramos do programa (CRENI e CRENAG) devem estar integrados, com reuniões regulares, para permitir transferência fluída dos pacientes de um modo para o outro modo de tratamento. O mesmo número de registo é guardado ao longo do tratamento (o número-DAG). Um paciente, sendo objeto de transferência de um modo de tratamento para um outro, está sempre sob tratamento para esse episódio de desnutrição grave, assim não se trata de uma “alta” do CRENI, mas sim de uma transferência “interna” para outra parte do mesmo programa. 3. TRATAMENTO NUTRICIONAL Sensibilizar a mãe sobre a importância da amamentação e para o facto que a criança deve ser sempre amamentada antes de lhe dar o ATPU, e em livre demanda; Explicar à cuidadora como dar o ATPU em domicílio: Para as crianças amamentadas, dar-lhes sempre leite materno antes do ATPU; O ATPU é um alimento e um medicamento destinado aos pacientes com desnutrição grave. Não deve ser partilhado com os outros membros da família mesmo que o paciente não consuma a totalidade do alimento que lhe é dado. As saquetas de ATPU abertas podem ser guardadas sem problemas e consumidas mais tarde30 – os outros membros da família não devem consumir o que a criança desnutrida não comeu; Lavar as mãos da criança e a sua cara com sabão antes de lhe dar de comer; Os pacientes têm geralmente um apetite moderado durantes as primeiras semanas e comem lentamente. Eles devem ser alimentados separadamente das outras crianças da casa. O paciente pode guardar o ATPU com ele/ela a fim de o comer de maneira contínua durante o dia – não é necessário ter uma hora exata para as refeições se o ATPU se encontrar sempre com a criança. O cuidador deve observar o paciente a cada 3-4 horas e encorajá-lo a comer ou dar-lhe uma pequena quantidade de ATPU nesse momento. Informar a mãe acerca da quantidade que a sua criança deve comer por dia (ver a tabela das quantidades de ATPU a dar diariamente); Explicar que durante a primeira ou as duas primeiras semanas, o paciente não consumirá, provavelmente, todo o ATPU dado. A mãe não se deve preocupar porque lhe foi dado alimento a mais, uma vez que, quando a criança se reestabelecer, o seu apetite será maior de tal modo que poderá consumir toda a porção de ATPU dada durante a sua recuperação. O ATPU não consumido não deve ser consumido por outro membro da família, deve ser entregue no CRENAG – O cuidador pode levar as saquetas de ATPU não utilizadas ao CRENAG, mas não deve ser penalizado se não o fizer; Explicar que o ATPU é o único alimento que a criança necessita para recuperar durante o período em que se encontrar no programa. Ele contém todos os ingredientes que a criança 30 O tempo de conservação depende das condições de armazenamento. Se o saquinho é conservado dentro de uma lata limpa bem fechada e protegida dos insetos e dos roedores, pode ser guardado durante muitas semanas (pelo menos até a próxima visita ao CRENAG); não é necessário consumir uma saqueta inteira durante uma refeição. 70 CRENAG precisa para recuperar e é realmente um medicamento especial. Não é preciso dar outros alimentos; Explicar ao cuidador que existem nutrientes especiais e leite em pó no ATPU não se tratando apenas de manteiga de amendoim. Explicar-lhe que a criança precisa de todos estes ingredientes para se reestabelecer e que se ela não consume ATPU em quantidade suficiente não obterá também os nutrientes suficientes para o seu restabelecimento; os alimentos comuns não têm têm quantidades suficientes de nutrientes nem contêm uma fórmula equilíbrada; Explicar que a doença fragilizou os intestinos da criança e que a comida consumida pela família não é suficiente para a criança e pode mesmo causar diarreia. Alguns alimentos, habitualmente consumidos, podem atrasar a sua recuperação. Se ela pedir outros alimentos, uma quantidade menor pode ser dada, mas deve-se sempre dar o ATPU antes de outra comida e fora das horas de refeição da família; Não misturar nunca o ATPU com outros alimentos. A maioria dos cereais e feijões contém antinutrientes, inibidores de absorção, que tornam indisponíveis os nutrientes específicos que se encontram no ATPU e que são necessários à sua recuperação. Se são administrados outros alimentos eles devem ser dados a uma hora diferente do APTU; Explicar que a criança nunca deve ser forçada a comer e deve ter à sua disposição muita água potável para saciar a sede a todo momento enquanto consome ATPU; Explicar ao cuidadador que, ao dar de comer à criança, deve adotar uma atitude compassiva, falar com ela, cantar-lhe uma música, brincar, a fim de estimular o seu apetite e desenvolvimento. Nota: Nos programas CRENAG, se surge um problema de segurança alimentar ou uma situação de emergência, uma ração de “proteção” (normalmente mistura de alimentos fortificados, como CSB ou UNIMIX, ou uma ração familiar com cereais, leguminosas e óleo) deve ser dada à família não somente para fornecer assistência à família de uma criança desnutrida, mas para prevenir também a divisão do ATPU com os outros membros da família. O cuidador deve ser informado que esta ração não é para o paciente mas somente para a família. Para as crianças transferidas de um CRENI para um CRENAG, deve ser preenchida uma ficha de transferência, com o número-DAG, e dada quantidade suficiente de ATPU até ao dia da consulta no CRENAG mais próximo da residência do paciente. O CRENI deve informar por telefone o CRENAG quando fizer uma transferência. Para as crianças diretamente admitidas no CRENAG, a quantidade de ATPU fornecida deve ser suficiente até a visita seguinte ao CRENAG. Quantidade a administrar O ATPU pode ser conservado em segurança durante muitos dias após ter sido aberta a embalagem, desde que protegida de insetos e roedores. Eles podem também ser fornecidos nos serviços de dia para o período da noite, fim-de-semana ou quando o staff está reduzido. 71 CRENAG Tabela 11: Quantidade de ATPU a administrar por dia e por semana aos pacientes tratados no CRENAG CLASSE DE PESO (KG) ATPU – PASTA ATPU – SAQUETAS (92G) BP100® GRAMAS POR DIA GRAMAS POR SAQUETAS POR DIA SAQUETAS POR SEMANA GRAMAS POR DIA GRAMAS POR SEMANA 3.0 – 3.4 105 750 1¼ 8 2 14 3.5 – 4.9 130 900 1½ 10 2½ 17 ½ 5.0 – 6.9 200 1400 2 15 4 28 7.0 – 9.9 260 1800 3 20 5 35 10.0 – 14.9 400 2800 4 30 7 49 15.0 – 19.9 450 3200 5 35 9 63 20.0 – 29.9 500 3500 6 40 10 70 30.0 – 39.9 650 4500 7 50 12 84 40 – 60 700 5000 8 55 14 98 SEMANA Nota 1: A quantidade administrada nas duas primeiras semanas pode ser reduzida cerca de 15% a 20%. Apesar disso poder complicar o protocolo ao nível do CRENAG, diminui a probabilidade das crianças desenvolverem complicações durante a fase inicial do tratamento (ver tópico: “diarreia devido à realimentação e síndroma de renutrição” como perigo potencial - um paciente que ingere muito menos do que necessita e come subitamente uma grande quantidade de alimentos. Um aumento importante e brusco do consumo, no início do tratamento, é perigoso e pode, em muitos casos, ser responsável por morte no programa do CRENAG). Nota 2: estas quantidades equivalem a cerca de 170 kcal/kg/d31. Com esta quantidade, o paciente tem ATPU suficiente para ganhar peso até cerca de 14g/kg/d. Este resultado nunca é obtido nos programas de cuidados ambulatórios, a taxa de ganho de peso costuma variar entre 2 a 10g/kg/d, indicando uma vantagem energética total por criança de 110 a 150 kcal/kg/d e uma partilha considerável do APTU com os membros da família. Oferecer mais ATPU encoraja a troca no seio da família atendendo ao facto que os membros da família estão habituados a comer os restos das refeições e aumenta o custo do programa de maneira considerável. Se as reservas de ATPU diminuem então, a quantidade dada deve ser reduzida de maneira razoável, cerca de 15 % - 20 %, a fim de manter um ganho de peso moderado. É preferível dar a todos os pacientes quantidades adequadas de ATPU, que dar em excesso a alguns e não dar a outros. O quadro ilustrativo com as quantidades mínimas a administrar quando as reservas são drásticamente reduzidas está apresentado no anexo 9. Este quadro só deve ser utilizado em caso de eminência de ruptura de estoque. 31O ATPU é administrado às crianças cujo peso está dentro de um certo intervalo. O quadro é concebido de maneira que as crianças mais fortes consumam cerca de 170kcal/kg/d – as crianças mais fracas receberão mais por quilo de peso corporal – até 200kcal/kg/d. 72 CRENAG 4. TRATAMENTO MÉDICO SISTEMÁTICO 4.1.Nenhum outro alimento deve ser dado O ATPU já contêm todos os nutrientes necessários para tratar um paciente desnutrido (supondo que o acompanhante dá ATPU suficiente à criança; durante a admissão no programa, é preciso informar o acompanhante sobre a necessidade de de administrar o ATPU à criança e de não o partilhar32). Não deve ser dada uma dose suplementar de potássio, magnésio ou zinco aos pacientes. Esta “dupla dose”, uma proveniente do APTU e outra da prescrição, é potencialmente tóxica. Particularmente, uma dose suplementar de potássio nunca deve ser dada com o ATPU; Para as crianças com diarreia e a consumir ATPU ou outros alimentos terapêuticos contendo zinco, não é aconselhável dar um suplemento de zinco uma vez que pode aumentar a taxa de mortalidade33. 4.2.Antibioterapia sistemática Administrar de modo sistemático antibióticos aos pacientes com desnutrição grave, mesmo que não apresentem sinais clínicos de infeção sistémica. Apesar da ausência de sinais clínicos, a grande maioria apresenta proliferação bacteriana ao nível do intestino delgado e outras infeções menores. Nota: Até hoje não existe consenso sobre a administração de antibióticos aos pacientes que passam no teste de apetite e são diretamente admitidos no CRENAG. Eles provavelmente não têm uma infeção sistémica major, mas uma proliferação bacteriana minor a nível do intestino delgado ocorre em todas essas crianças (estão incluídas crianças com desnutrição moderada, crianças com apetite razoável ou com mais de 5 anos, adolescentes e os adultos) e essas bactérias devem ser suprimidas para que haja uma resposta ótima ao tratamento; as crianças assintomáticas a nível do CRENAG podem apresentar colonização bacteriana por organismos patogénicos. No entanto, em muitos países está a aumentar significativamente a resistência à amoxicilina. Um estudo mostrou que nesses países a amoxicilina pode mesmo ser prejudicial (Malawi). Porque muitas crianças com edemas nutricionais (kwashiorkor) têm ferro livre no sangue, as bactérias que não são normalmente invasoras, como o Staphylococcus epidermidis, a maioria das bactérias intestinais e as "bactérias exóticas" podem causar infeção sistémica ou uma septicemia. Se as crianças edemaciadas são tratadas no domicílio, devem receber antibióticos sistematicamente. O tratamento no CRENAG baseia-se na amoxicilina, por via oral, nos locais onde ainda não existe resistência à amoxicilina. Se houver resistência, deve ser administrado um tratamento de duração 32 Doses elevadas de suplemento de vitamina A e de ácido fólico não são administradas durante a admissão e não é dado zinco adicional uma vez que o ATPU contém largas quantidades destes nutrientes. Isto simplifica os procedimentos no seio do CRENAG. É muito importante administrar ao paciente quantidades adequadas de ATPU no domicílio. 33 O aumento da mortalidade deve-se, provavelmente, a uma deficiência de cobre com altas doses de zinco. Isto não constitui um perigo com o ATPU porque ele contém cobre. Os comprimidos de zinco administrados para diarréia não contêm cobre adicional. 73 CRENAG curta à base de metronidazole em doses menos elevadas que as prescritas normalmente (ver anexo 28). Alternativamente, pode-se utilizar a amoxicilina/ácido clavulânico (o nível de resistência atualmente é menos elevado que a amoxicilina sozinha) – esta recomendação deve ser revista periodicamente seguindo as formas de resistência na população tratada34. Tabela 12 : Dose de Amoxicilina FAIXA DE PESO AMOXICILINA (50 – 100 MG/KG/D) DOSAGEM – DUAS VEZES POR DIA KG EM MG CAP/TAB (250MG) <5kg 125 mg * 2 ½ cap.*2 5 – 10 250 mg * 2 1 cap. * 2 10 – 20 500 mg * 2 2 cap. * 2 20 – 35 750 mg * 2 3 cap. * 2 > 35 1000 mg * 2 4 cap. * 2 Nota: o xarope pode ser administrado mas é necessário verificar a sua concentração em mg por 5ml (há duas concentrações geralmente disponíveis - 125mg ou 250mg por 5 ml). Nunca administrar cloranfenicol a crianças menores de dois meses e administrar com precaução aquelas com peso inferior a 4 kg ou menores de 6 meses35. Devido ao perigo da administração de cloranfenicol para estas categorias de pacientes, este não deve ser usado como antibiótico de rotina a nível do CRENAG; Não administrar antibióticos de forma sistemática às crianças referenciadas ao CRENAG pelo CRENI ou que são objeto de transferência de outro CRENAG depois de terem recebido um ciclo de antibióticos; Não dar antibióticos de segunda linha no CRENAG: todos os pacientes que necessitam desse tipo de tratamento ou que sofrem de infeções significativas devem ser tratados no CRENI. Por isso, não existe nenhuma recomendação para os antibióticos da segunda linha na seção: “CRENAG”; Administrar a primeira dose sob supervisão e informar à mãe que o tratamento deve continuar por 7 dias. Para o CRENAG, é preferível administrar os antibióticos sob forma de xarope; em caso de indisponibilidade, devem ser utilizados comprimidos que serão cortados em duas partes antes de serem dados ao acompanhante (para as crianças de menos de 5 kg). 34 O cotrimoxazol não é eficaz contra a proliferação bacteriana do intestino delgado. Não é adequado para o tratamento de crianças com desnutrição aguda. Ele é administrado como profilaxia contra a pneumonia por pneumocistis nos pacientes seropositivos, os outros antibióticos deverão ser administrados concomitantemente com o cotrimoxazol em doses profiláticas (não curativas). 35 Em crianças o cloranfenicol causa o síndrome do “bebé cinza” que é uma intoxicação dose dependente. Pensa-se que ocorre nesta faixa etária devido à imaturidade do sistema enzimático do fígado. Não existem dados suficientes sobre a criança desnutrida para determinar se as suas anomalias hepáticas representam um perigo no que diz respeito à toxicidade dose-dependente do cloranfenicol. 74 CRENAG 4.3.Tratamento Antipalúdico Consulte o guia nacional para paludismo assintomático ou profilaxia do paludismo (exceto o quinino que não deve ser administrado a pacientes com desnutrição grave); Referenciar os casos de paludismo sintomático para tratamento no CRENI; Quando os pacientes recusam a admissão no hospital, tratar os pacientes com os procedimentos recomendados para crianças hospitalizadas (consulte a seção sobre complicações); Distribuir mosquiteiros impregnados com inseticida em áreas endémicas de paludismo. 4.4.Desparasitação Administrar um anti-helmíntico aos pacientes transferidos de um CRENI para um CRENAG e nas admissões diretas no CRENAG na mesma altura que a vacina contra o sarampo, ou seja na quarta semana/visita. A desparasitação deve ser somente feita em crianças que já andam. Tabela 13 : Tratamento anti-helmintico IDADE < 1 ANO 1 – 2 ANOS >= 2 ANOS Albendazol 400mg Não administrar ½ comprimido 1 comprimido Mebendazol36 500mg Não administrar ½ comprimido 1 comprimido 4.5.Vacinação contra Sarampo Administrar a vacina contra o sarampo durante a 4ª visita a todas as crianças , não possuindo a cartão de vacinas, com mais de 4,537 meses de idade, se autorizado pelo protocolo nacional, ou de mais de 9 meses, se é a estratégia atual do país; dar uma 2ª dose aos pacientes transferidos do CRENI e que tenham recebido uma 1ª injeção no CRENI; Não vacinar os pacientes admitidos diretamente no CRENAG, é pouco provável que tenham sarampo e não serão expostos às infeções nosocomiais38. Nota: A vacina contra o sarampo, administrada na admissão no GRENAG é então omissa, a não ser em presença de uma epidemia de sarampo; a resposta dos anticorpos está diminuída ou está 36 O Mebendazol e o Albendazol são medicamentos eficazes contra as lombrigas (Ascaris), mas o mebendazol é menos eficaz contra ancilostomídeos e o tricocephales (Trichuris); recomenda-se usar o albendazol, se possível. 37 Ainda validado pela OMS e recomendado aos governos nacionais, contudo existem provas (cf artigos de P. Aaby e al) que a vacina contra o sarampo aos 4,5 meses reduz o risco de morte devido a doenças infeciosas, incluindo infeções das vias respiratórias, septicemia, diarreia e também sarampo. A proteção é mais eficaz se ainda existirem anticorpos maternos circulantes, e é particularmente importante para as meninas. 38Se o vírus do sarampo está em fase de incubação, existem grandes probabilidades dos pacientes não passarem no teste de apetite e serem encaminhados para o CRENI. 75 CRENAG ausente em casos de DAG. A vacina contra o sarampo é administrada no momento em que o paciente está suficientemente recuperado para que a vacina produza anticorpos protetores. 4.6.Vitamina A Administrar vitamina A a todas as crianças aquando a 4ª visita se não a receberam durante os 4 meses anteriores; Nesse momento o seu estado clinico está recuperado de forma a permitir a absorção de doses massivas de vitamina A a nível do fígado. O ATPU contém vitamina A suficiente para tratar a deficiência minor39. Não se deve administrar doses elevadas de vitamina A durante a admissão no CRENAG; Não manter no CRENAG nenhuma criança que apresente sinais clínicos de deficiência em vitamina – a visão pode deteriorar-se rapidamente, estes pacientes devem ser transferidos para serem tratados no CRENI; Se for declarada uma epidemia de sarampo, administrar vitamina A a todas as crianças. Tabela 14: Tratamento sistemático de vitamina A IDADE VITAMINA A UI ADMINISTRAR ORALEMENTE 6 a 11 meses Uma cápsula azul (100,000UI = 30 000ug) 12 meses e mais Duas cápsulas azuis ou uma vermelha (200 000UI = 60,000ug) 4.7.Resumo do tratamento sistemático Tabela 15 : Tabela resumo do tratamento sistemático MEDICAMENTOS MEDICAMENTOS DE ROTINA Amoxicilina 1 dose durante a admissão + tratamento durante 7 dias em domicílio – novas admissões unicamente Albendazol/Mebendazol 1 dose durante a 4ª semana (4ª visita) – todos os pacientes Vacina contra o sarampo (a partir de 9 1 Vacina durante a 4ª semana (4ª visita) – todos os pacientes meses) salvo os que já foram vacinados antes Vitamina A 1 dose durante a 4ª semana (4ªvisita) – todos os pacientes salvo aqueles que já receberam uma dose nos últimos 4 meses Medicamentos para os grupos específicos de pacientes com DAG e admitidos no CRENAG 39 Não administrar vitamina A de forma sistemática aos pacientes com DAG aquando da sua admissão no programa. Estudos na RDC e no Senegal mostram um aumento de mortalidade nas crianças com kwashiorkor e aumento de infeções respiratórias nas crianças com kwashiorkor e naquelas com marasmo. 76 CRENAG Uma dose de ácido fólico (5mg) deve ser administrada aos pacientes com anemia clínica. O ATPU contém ácido fólico suficiente para tratar uma carência minor em ácido fólico40. Doses elevadas de ácido fólico não devem ser administradas se o Fansidar (SP) está a ser utilizado como tratamento antipalúdico. 5. VIGILÂNCIA A cada visita semanal, deve-se: Medir o PB, o peso e verificar a presença de edemas bilaterais; Verificar se o paciente não preenche os critérios de falha no tratamento; Medir a temperatura corporal; Fazer o teste do apetite seja para todos os pacientes, de modo sistemático, seja para todos os pacientes com um baixo ganho de peso; Interrogar o paciente se os sintomas de AIDI forem constatados e examiná-lo; Administrar o tratamento sistemático segundo o protocolo (se o paciente está ausente durante uma visita, administrar o tratamento na visita seguinte); Não administrar medicamentos em excesso aos pacientes com DAG, particularmente se podem diminuir o apetite; O zinco não deve ser administrado aos pacientes sob ATPU; Os antieméticos não devem ser utilizados no CRENAG (agem como depressores do sistema nervoso) ; Os antitússicos não devem ser administrados ; O paracetamol deve ser administrado unicamente para uma febre documentada (febre> 39°C) e não para a febre descrita pelo acompanhante; A aminofilina não deve ser administrada no CRENAG. As crianças com o DAG não sofrem de asma em razão da inibição do sistema imunitário; O metronidazol (dose normal ou alta) não deve ser administrado aos pacientes com DAG e a ivermectina deve ser evitada nos paciente com edemas nutricionais; Preencher a ficha de acompanhamento individual (anexo 7). Tabela 16 : Resumo da vigilância no CRENAG CRENAG Medição do PB Peso e Edemas Teste do apetite FREQUÊNCIA Semanalmente Semanalmente Sistematicamente ou para os pacientes com baixo ganho 40 Subentende-se que as crianças recebem ATPU no domicílio segundo o protocolo e que a divisão no seio da família é diminuta. Se a dúvida subsistir, administrar então uma dose de ácido fólico. 77 CRENAG Temperatura corporal de peso Semanalmente Sinais clínicos AIDI (fezes, vómitos, Semanalmente frequência respiratória, etc.) Altura deitado (< 87 cm) e de pé (>= 87 cm) Na admissão e se há suspeita de substituição de crianças P/A em z-score O dia da admissão e da alta Falamos de “substituição de crianças” quando a família tenta continuar da beneficiar do programa uma vez que o paciente está curado, mudou ou faleceu. A altura deve ser medida caso haja uma mudança imprevista de peso (aumento ou diminuição importante) a fim de se verificar se é a mesma criança registada no CRENAG. Se houver substituição da criança, então a “nova” deve ser alvo de uma avaliação completa. 6. CRITÉRIOS DE TRANSFERÊNCIA DO CRENAG PARA CRENI: “TRANSFERÊNCIA INTERNA PARA CRENI” 6.1. Critérios de transferência do CRENAG para CRENI Os pacientes em tratamento no CRENAG que desenvolvem sinais de complicações medicas sérias (pneumonia, desidratação, etc. – ver o quadro 2 na seção de Triagem) devem imediatamente ser transferidos para um CRENI, devendo permanecer no CRENI até estarem em estado de voltar para o CRENAG. Deve-se transferir para o CRENI todos os paciente tratados no CRENAG que desenvolvam um dos seguintes critérios: Falha no teste do apetite (ver procedimento para falha no tratamento); Desenvolvimento de edemas nutricionais; Aparecimento de diarreia de renutrição causando perda de peso; Presença de um dos critérios de “falha no tratamento”: o Perda de peso durante duas pesagens consecutivas; o Perda de peso de mais de 5% do peso corporal em qualquer visita; o Peso estável durante 3 pesagens consecutivas. Doença grave ou falecimento da acompanhante, de tal modo que a sua substituta pede que o paciente seja seguido no meio hospitalar ou não deseja/não é capaz cuidar da criança desnutrida. 6.2. Procedimentos de transferência Após a transferência do CRENAG para o CRENI deve ser aplicado o tratamento padrão do CRENI, no entanto, os medicamentos de rotina devem ser revistos individualmente dependendo se o paciente foi transferido diretamente ou se já recebeu um tratamento de rotina no CRENAG, da causa da transferência e da natureza da complicação. No CRENAG, antes da transferência para o CRENI: Escrever na ficha individual do paciente e no registo a razão da transferência; 78 CRENAG Preencher a ficha de transferência que resume o tratamento dado e escrever o número -DAG (ver a seção Seguimento e Avaliação); Preencher a ficha de transferência e fazer uma fotocópia. Entregar ao paciente a ficha originar para ele levar para o CRENI e guardar a outra no CRENAG com a ficha de acompanhamento individual do paciente; Se possível, telefonar ao supervisor do CRENI a fim de informar o CRENI da transferência e registar essa informação na ficha individual do paciente. O supervisor do CRENI deve encarregar-se que o paciente seja admitido diretamente no CRENI sem passar pelo serviço de urgência. Este tipo de admissão direta deve ser cumprida e aplicada no serviço de urgência quando um paciente chega com uma ficha de transferência de um CRENAG. Nota: quando o paciente volta ao CRENAG, um contato similar deve ser estabelecido a fim de não perder o paciente durante a transferência. 7. INSUCESSO NO TRATAMENTO NO CRENAG Quando preenchem os critérios de “insucesso no tratamento” e necessitam de anamnese, exame clínico completo ou exames laboratoriais. Em geral, a maior parte dos pacientes estão sob cuidados de pessoal técnico com menos qualificação (supervisionar de maneira adequada). Pessoal técnico qualificado (enfermeiros chefes e médicos), recursos suplementares e tempo devem ser reservados principalmente para estes pacientes raros que não respondem ao tratamento padrão ou que estão gravemente doentes e apresentam complicações. 7.1. Diagnóstico de insucesso O insucesso na resposta ao tratamento padrão pode ser devido a problemas sociais, nutricionais, psiquiátricos ou médicos. Uma tentativa de diagnóstico deve ser feita pelo pessoal do CRENAG, em particular no que concerne a problemas sociais, o CRENI tem menos capacidade de os investigar. Se supomos, como causa principal de insucesso ao tratamento no CRENAG condições sociais inadequadas deve-se fazer um teste do apetite, depois efetuar uma visita ao domicílio ou administrar ATPU sob supervisão documentada no centro de saúde (ir diáriamente durante 3 dias), antes de transferir o paciente para o CRENI. A transferência para o CRENI não deve ser a única resposta ao insucesso no tratamento. Tabela 17 : Insucesso na resposta ao tratamento dos pacientes no CRENAG CRITÉRIOS DE INSUCESSO NO TRATAMENTO TEMPO APÓS ADMISSÃO Peso estável (crianças não edemaciadas) 21 dias Perda de peso após admissão no programa (crianças não edemaciadas) 14 dias Insucesso no teste de apetite Qualquer visita Perda de 5% do peso corporal (crianças não edemaciadas)41 Qualquer visita 41 Ver anexo 10: Tabela de perda de peso de 5% 79 CRENAG Perda de peso durante duas visitas consecutivas Qualquer visita Insucesso no ganho de peso de maneira satisfatória a partir do 14º dia (marasmo) Qualquer visita Causas habituais de insucesso no tratamento: PROBLEMAS COM O CRENAG: Seleção inapropriada de pacientes admitidos diretamente ao CRENAG; Teste de apetite realizado de maneira inadequada ou apetite “julgado” por um pessoal inexperiente e não medido; Dadas instruções insuficientes aos acompanhantes (particularmente sobre o tema da partilha com a família); Distribuida quantidade insuficiente de ATPU aos pacientes; Tempo excessivo entre a distribuição de ATPU no CRENAG (as visitas bimensais dão piores resultados que as visitas semanais). PROBLEMAS INDIVIDUAIS DURANTE O SEGUIMENTO DOS PACIENTES – DE ORIGEM SOCIAL : A mãe recusa que a criança seja internada CRENI quando a criança necessita de avaliação e tratamento no CRENI; A acompanhente dá à criança quantidades insuficientes de ATPU; ATPU consumido pela família ou pela acompanhante; Rivalidade entre os membros da família (alimentos e ATPU consumidos pelas crianças mais velhas); Todos os membros da família comem num mesmo prato (a criança desnutrida deve ter sempre a sua parte de comida); Consumo excessivo de outros alimentos de má qualidade, oferecidos pela família, ou alimentos de desmame tradicionais/papa; Recusa do acompanhante em cumprir as indicações dadas; Acompanhante ou chefe de família sofrendo de depressão, de doença psiquiátrica, ou de outra doença; Acompanhante sobrecarregada de trabalho, responsabilidade ou estabelecidas outras prioridades ou acompanhante oprimida pelo chefe da família (marido, sogra, etc.); Falecimento da acompanhante ou mudança major no seio da família; Discriminação dirigida à criança; Utilização da doença da criança para obter ajuda humanitária ou outros serviços para a família ou para ter certeza que a criança fica no programa. PROBLEMAS INDIVIDUAIS DURANTE O SEGUIMENTO DO PACIENTE – SOBRETUDO DE ORÍGEM PSICOLÓGICA: Traumatismo psicológico (ser testemunha de violência ou de morte, particularmente 80 CRENAG nas situações de refugiados ou de famílias vivendo com o VIH/SIDA); Privação psicossocial, negligência; Ruminação; PROBLEMAS INDIVIDUAIS DURANTE O SEGUIMENTO DOS PACIENTES – SOBRETUDO DE ORIGEM MEDICA: Recusa inicial de ir ao CRENI apesar das complicações medicas ou um apetite inadequado; Carência em vitaminas ou minerais não diagnosticada (particularmente se o ATPU é dividida de maneira excessiva em casa); Prescrição medica inapropriada; Resistência aos antibióticos de rotina; Mal absorção, proliferação bacteriana no intestino delgado; Medicamentos tradicionais/administração de ervas medicinais tóxicas ou que afetam o apetite; Infeções, em particular: diarreia, disenteria, pneumonia, tuberculose, infeção urinária, otite, paludismo, VIH/SIDA, xistossomose, leishmaniose e hepatite/cirrose); Outras doenças subjacentes graves: anomalias congénitas (ex. síndrome de Down, anomalia cardíaca congénita, etc.), problemas neurológicos (ex. hemiplegia, etc.), problemas cirúrgicos (ex.estenose do piloro, doença de Hirsprung, etc.) 7.2. Conduta a ter em caso de insucesso na resposta ao tratamento Figura 1: Etapas sucessivas a seguir para os pacientes que não respondem ao tratamento Verificar e fazer o diagnóstico “insucesso na resposta” ao tratamento Verificar a organização e a aplicação do protocolo Avaliar o teste do apetite Efetuar visitas ao domicílio a fim de avaliar as condições psicossociais da família. Entrevistar o chefe da família Ensaio de alimentação com supervisão durante 3 dias consecutivos Transferencia para o CRENI para avaliação clínica completa e investigação da patologia subjacente não diagnoticada Encaminhar para um centro com maior capacidade de diagnóstico e técnicos de saúde especializados em pediatria e experientes para uma avaliação e tratamento mais intensivo. Trata-se de um “encaminhamento médico”. 81 CRENAG Se nenhum paciente foi diagnosticado como insucesso de tratamento, Há sempre doentes que não respondem ao tratamento com uma ou muitas razões supra indicadas. Se o CRENAG não assinala nenhum insucesso no tratamento, uma visita de avaliação do CRENAG deve ser realizada e as fichas individuais devem ser objeto de um exame individual pelo RND com o supervisor do CRENAG a fim ter a certeza que tais casos sejam corretamente identificados. Esses casos são os mais susceptíveis de abandonar o programa ou de falecer. As crianças não devem permanecer durante períodos longos no CRENAG (até que desistam, morram ou que o pessoal desanime) sem serem identificados e tratados de uma maneira apropriada. Se um número importante de pacientes não responde ao tratamento O RNR examina novamente o CRENAG com os técnicos de saúde do CRENAG a fim de garantir que a organização, as atitudes do pessoal e o tratamento administrado no CRENAG são corretos e que o protocolo é aplicado corretamente. Se alguns pacientes não respondem ao tratamento, Avaliar o teste de apetite e reexaminar cuidadosamente o paciente. Se o paciente tem um bom apetite durante o teste, mas não ganha peso em casa, é provável que seja um problema social. O paciente provavelmente não recebe o ATPU no domicílio, uma vez que ele o consome com vontade no CRENAG. A mãe é sempre testemunha dessa situação e muitas vezes apercebe-se, pela primeira vez, que existe um problema. Pedir ao agente comunitário ou ao voluntário para fazer uma visita ao domicílio e ver se existe um problema em casa. É muito importante que se faça em privado, na ausência de outras famílias, de forma a que a mãe não se sinta culpada, muitas vezes a mãe só se apercebe nesse momento que existe um problema porque estava muito ocupada com sobrecarga de trabalho ou não se apercebeu que as outras crianças consomem os ATPU. As instruções devem ser novamente repetidas lentamente e de forma precisa.; Interrogar o chefe de família (que é geralmente o marido, um dos avós, a sogra, etc.: Esta pessoa não frequenta geralmente o CRENAG) que não recebeu os conselhos e instruções dadas à acompanhante que vai ao CRENAG; Verificar se existe um problema de distribuição no seio da família, divisão de comida ou rivalidades entre as crianças que a mãe não reparou, afastamento da criança, psicopatologia dos pais ou utilização do estado de saúde da criança com objetivo de ter acesso a comida e aos serviços em benefício de toda a família. Estes problemas não são sempre detetados durante o encontro com a mãe no local de distribuição ou mesmo durante a visita ao domicílio. Para os problemas sociais, deve-se dar aconselhamento, apoio á família através da comunidade, dos anciãos da tabanca ou voluntários ou de uma ONG local. Pôr em contato a mãe com uma outra “mãe que conseguiu” (programas de mudança positivas). Em último recurso encontrar outra cuidadora, quando não se encontram soluções para os problemas sociais. 82 CRENAG Se o problema não for diagnosticado, Referenciar o paciente para o CRENI ou para um Centro de Saúde residencial durante no máximo 3 dias e alimenta-lo sob supervisão 42. Se a criança ganha peso sob alimentação supervisionada e não o consegue fazer em casa – existe um problema social major que não foi diagnosticado durante a visita ao domicílio. Deve ser realizado um encontro com toda a família, na presença do chefe da família, e os resultados da “alimentação sob supervisão” serão discutidos com o chefe da família bem como com o cuidador da criança. O traumatismo psicológico (do acompanhante mas também do paciente) é particularmente difícil de tratar e necessita normalmente de uma mudança para um ambiente calmo e encorajador de preferência onde existam outras outras pessoas que tenham vivido experiencias semelhantes.O tratamento da mãe é tão importante para a criança como o tratamento da própria criança principalmente em situações de conflitos. Melhoras drásticas são por vezes observadas aquando do tratamento da mãe com antidepressivos. Os curandeiros são geralmente competentes na gestão dos problemas psicológicos e nessas circunstâncias os técnicos de saúde não devem ser contra a sua consulta. Se o paciente continua a não responder ao tratamento depois de um teste de alimentação sob supervisão - referenciar a um CRENI para se proceder a uma avaliação medica e psicológica completa para pesquisa de patologia subjacente. Se esta estratégia não for eficaz, a criança deve ser referenciada para um centro de cuidados terciários onde há meios e serviços mais técnicos de saúde mais diferenciados. Se um problema medico subjacente é identificado como causa de não resposta ao tratamento, a criança deve ser confiada à estrutura que diagnosticou o problema medico. O problema medico subjacente; o paciente fica ao cargo de um especialista. Ele é definido como «referenciação medica ». É importante que a criança não se mantenha no CRENAG durante meses, não respondendo ao tratamento e seja depois simplesmente saia do programa como “não resposta ao tratamento”. Esta categoria de resultados não deve existir num CRENAG. Nota: Cada etapa da investigação do insucesso ao tratamento no CRENAG implica um número menor de pacientes á medida que os problemas são identificados e tratados. Devem existir poucos pacientes que necessitem de uma referenciação para pediatrias qualificados. Os médicos peritos devem concentrar-se nesses pacientes, pois é neles que a sua formação e competência são utilizadas de maneira apropriada. O tratamento de rotina dos pacientes desnutridos que respondem bem ao tratamento standad podem estar a cargo dos enfermeiros e seus assistentes. Os estudantes de medicina não devem ter muito contacto com estes casos “raros” durante a sua formação. 42 Aquando da realização do teste do apetite no CRENAG, a criança pode não consumir rapidamente o alimento por muitas razões - frequentemente as crianças sentem-se intimidadas ou com medo. Pode demoraralguns dias até que a criança se sinta à vontade e familiarizada com os funcionários e se alimente à vontade. 83 CRENAG 8. PROCEDIMENTOS DE ALTA 8.1.Critérios de alta Os pacientes têm alta quando atingem os seguintes critérios: Idade 6 MESES A 12 ANOS CRENAG PADRÃO Equipa móvel: este critério não é utilizado nos centros de saúde e nos outros CRENAG fixos 12 A 18 ANOS ADULTOS CRITÉRIOS DE ALTA P/A ≥ - 1,5 z-score em mais de uma ocasião se existem condições de seguimento ( 2 dias para os pacientes em CRENI, 2 semanas para os pacientes em CRENAG)43 Ou PB > 125 mm para as crianças44 E Ausência de Edemas nutricionais durante 14 dias O peso alvo atingido45 E Ausência de edemas bilaterais durante 14 dias P/A ≥ 85 % NCHS Durante 14 dias PB ≥ 185 mm E OU IMC ≥ 17,5 E Ausência de Edemas nutricionais durante 14 dias O peso “alvo” deve ser calculado aquando da admissão e utilizado aquando da verificação dos critérios de alta. Quando a altura é medida regularmente e um novo peso alvo é calculado a partir da última altura, a criança pode não atingir este critério de alta porque cresceu rapidamente, sinal de um bom estado nutricional; manter tais crianças no programa é inútil e aumenta a carga do trabalho do pessoal e o consumo de recursos que podem ser utilizados noutras actividades; Não dizer à mãe que a sua criança atingiu o peso de alta e será desligada do programa na visita seguinte. Algumas crianças perdem peso antes da saída, porque algumas famílias querem que sua criança fique no programa a fim de poder continuar a receber 43 É aceitável a alta de um paciente no caso dele atingir os critérios pelo menos uma vez, se o seu peso é estável e foi verificado. 44 Isto torna-se complicado se as crianças tiverem que preencher multiplos critérios antropométricos para terem alta (X "e" Y em vez de X "ou" Y). A escolha do PB > 125 mm é baseada no critério de “normalidade” – As crianças devem atingir esta medida durante o tratamento e podem só ter alta quando atingirem o nível mais grave de DAM. A dificuldade reside nas crianças de pequena altura (< 67 cm de altura deitado) que não atingem facilmente este critério de saída – visto que a análise PB para idade destas crianças (padrões OMS) indica que um PB > 115 mm está acima dos critérios de DAM. 45 Ver anexo 12: ganho de peso para atingir o critério de cura. 84 CRENAG ATPU ou outras vantagens para a família. Todos os pacientes desligados do programa devem ser referenciados para um programa de nutrição suplementar existente (CRENAM) para acompanhamento. Quando não existe, os critérios de alta iniciais devem ser mantidos46. 8.2.Registar os resultados do tratamento Registar os pacientes com alta no registo e na ficha de acompanhamento individual segundo as possibilidades e definições seguintes: Curado: o paciente atingiu os critérios de saída; Óbito : o paciente faleceu durante o tratamento no CRENAG ou em trânsito para o CRENI; Abandono confirmado : o paciente não compareceu no CRENAG durante 2 visitas consecutivas e aquando de uma visita ao domicílio, o vizinho, o voluntário da tabanca ou outro recurso de confiança confirmou que o paciente não está morto; Abandono não confirmado : o paciente não compareceu no CRENAG durante 2 visitas consecutivas e o CRENAG não tem nenhuma informação sobre o paciente até então; Transferência interna : transferência para o CRENI (é previsto que voltem); Transferência interna : transferência para um outro CRENAG (não vai voltar mas mantem-se no seio do programa). Quando um novo lugar de distribuição CRENAG é instalado mais perto do domicílio dos pacientes, é preciso transferir os pacientes para esse lugar (transferência interna) conservando sempre o número-DAG. O paciente é registado no novo CRENAG como sendo uma transferência interna (para) e não como uma nova admissão; Não - resposta / Referenciação médica: deve acontecer raramente uma não resposta aquando da saída no CRENAG; isso pode acontecer se a família/acompanhante recusa a admissão no CRENI para o diagnóstico e o tratamento, ou se existem problemas sociais intratáveis ou uma doença subjacente para a qual nenhum tratamento está disponível no CRENI (por exemplo muitos casos de paralisia cerebral). Quando o cuidado mais adequado destes pacientes é possível, eles devem ser referenciados para outros centros com competência nestes casos particulares. Eles são então registados como uma “referenciação médica”; Erro de admissão: essas admissões não devem ser contabilizadas nas estatísticas. 46 Alguns CRENAGs registam a alta dos pacientes com um P/A ≥ -2 z-score quando existe CRENAM funcional no mesmo centro de saúde que o CRENAG (as mães não têm de se deslocar para mais longe). Se este tipo de estrutura não existe as tabelas mencionadas neste protocolo devem ser utilizadas. 85 CRENAG 9. SEGUIMENTO APÓS A ALTA Assegurar o seguimento da criança desligada do programa pelos ASC e pontos focais/voluntários da tabanca; Se um CRENAM existe, referenciar o paciente de forma a que possa beneficiar de um suporte nutricional suplementar durante 4 meses; Durante os dois primeiros meses, os pacientes deve deslocar-se ao CRENAM com uma frequência quinzenal e em seguida mensal durante dois meses suplementares, se os progressos forem satisfatórios. A ração deve ser a mesma- a ração padrão CRENAM. Estes pacierntes devem fazer parte de uma categoria separada no registo do CRENAM para o seguimento destes pacientes. O registo deve sempre ter o número -DAG dos pacientes com desnutrição aguda; Em caso de não haver nenhum ASC ou voluntário da tabanca, e nenhum CRENAM na vizinhança dos beneficiários, organizar um acompanhamento no centro maternoinfantil ou no centro de saúde mais próximo. Esquema 5 : Esquema recapitulativo para triagem e tratamento DAM e DAG Rastreio Triagem Critérios de admissão DAM Critérios de admissão DAG Teste do apetite Admissão Admissão Admissão CRENAM CRENAG CRENI Paciente que passou no teste do apetite e não tem complicações médicas e/ou edemas e há acordo da acompanhante Paciente que falhou no teste do apetite Recuperação Nutricional Ou complicações médicas ou edemas (+++) Falha no teste do apetite ou Recuperação nutricional Fase Aguda Desenvolvimento de complicações Tratamento ambulatório (se problemas médicos consultar o protocolo AIDI) Retorno do apetite e Deterioração do estado nutricional Tratamento ambulatorial Fase de Transição Diminuição dos edemas e sem complicações médicas Recuperação nutricional se não existe CRENAG 86 Alta e Seguimento JOGOS, ESTIMULAÇÃO EMOCIONAL E BEM ESTAR ESTIMULAÇÃO EMOCIONAL E FÍSICA 1. IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO Quando a criança evolui para a desnutrição grave, ela reduz progressivamente a sua atividade. Quando está gravemente desnutrida, ela não brinca, não chora, não sorri, e não reage – tornase letárgica e fraca. Porque não chora quando tem fome ou sede ou quando está stressada, a mãe pensa que a sua criança não precisa de atenção. Os enfermeiros também negligenciam estas crianças no hospital pela mesma razão. Os adultos respondem ao seu pedido, mas se elas não pedem nada, são ignoradas. Esta é uma das principais razões para a que estas crianças sejam tratadas de preferência em conjunto, e em separado das outras crianças que apresentam outras condições. Porque a criança não brinca, ela não tem a oportunidade de aprender. Com o tempo, isto pode retardar o seu desenvolvimento mental e comportamental. A estimulação emocional e física pelo jogo deve iniciar-se durante a reabilitação e continuar após a alta, e pode-se desta maneira reduzir os riscos de sequelas mentais e emocionais. Muitas crianças foram testemunhas de eventos muito traumáticos e emocionais. Crianças com parentes com VIH/SIDA por exemplo, podem ter visto a mãe ou pai adoecer e morrer em condições muito difíceis. Os órfãos são particularmente vulneráveis uma vez que em situações de fome, podem ser deixados por conta da família alargada (outros parentes e primos distantes). Em situações de urgência, podem ser alvo de extrema violência junto dos seus familiares. Estes traumatismos psicológicos conduzem frequentemente a desordens devido ao stress pós-traumático e, particularmente nas crianças mais velhas, isto pode constituir um entrave à cura. 2. CUIDADOS NO CRENI E CRENAG Crie um ambiente favorável ao despertar psicológico. Tenha em conta que o cuidador é o primeiro prestador de cuidados da criança e os técnicos de saúde somente dão apoio ao cuidador e à sua criança, assistindo-os e aconselhando-os, dando-lhes os melhores cuidados possíveis; Não punir, dar ordens, rebaixar ou revoltar-se contra o acompanhante. Não gritar ou enervar-se. Não usar uniformes intimidantes (bata branca), preferir cores vivas e alegres; Pegue ao colo crianças que não sorriem, não falam ou não cantam e acaricie-as. As crianças que não mantém contato visual ou que não procuram chamar a atenção são aquelas que mais precisam; Organize sessões para ensinar as mães a confeccionar brinquedos elas mesmo com material menos caro e recuperável; Nos CRENAG e CRENI, organize sessões de educação para ensinar às mães a importância do jogo e da descoberta na estimulação emocional, física e mental cuja criança necessita. Isto faz parte integrante do tratamento; No CRENI, mantenha a mãe com a criança e encoraje-a a alimentar, reconfortar e brincar com a criança o mais possível. 87 JOGOS, ESTIMULAÇÃO EMOCIONAL E BEM ESTAR Os jogos devem estar disponíveis sobre a cama da criança, no quarto, assim como na sala de jogos. Os jogos não devem ser caros nem perigosos, devem ser confeccionados a partir de caixas de papelão, garrafas de plástico, latas de conserva, roupas velhas, cubos de madeira, e outros materiais similares. São melhores que os brinquedos comprados porque as mães podem fazê-los no internamento e continuar a fazê-los após a alta da criança do CRENI. Móbiles coloridos podem ser pendurados sobre cada leito. 2.1.Estimulação emocional e jogos Para evitar a privação sensorial: Não cobrir a cara da criança. A criança deve poder ver e entender o que se passa à sua volta; Não enfaixar ou amarrar a criança. A criança desnutrida necessita de interagir com as outras crianças durante a sua recuperação; Depois dos primeiros dias de tratamento, quando as crianças começam a se reestabelecer, pô-las nas mantas de jogo durante uma ou duas horas por dia com as mães e um animador. Não há nenhuma evidência de que isto aumenta as infeções nosocomiais. Fazer com que as mães contem histórias, cantem e brinquem com as suas crianças; Ensinar à mãe a fabricar brinquedos simples e insistir sobre a importância das sessões de jogo regulares em casa. Nota : A maioria das infeções nosocomiais provêm do pessoal técnico que se desloca de um paciente para outro sem lavar as mãos, dos acompanhantes, da contaminação de refeições e do armazenamento dos alimentos antes de serem dados à criança e de uma falta de estruturas apropriadas para cuidados de higiene e defecação. Pôr as crianças em conjunto para jogar não representa nenhum perigo adicional importante, pelo contrário é muito importante para sua cura. A maioria parte das contaminações fecais nas estruturas de saúde provêm das crianças desnutridas. O reflexo gastroenterocólico acontece em geral 20 minutos depois de comer. Pode-se instituir pôr as crianças no bacio 20 minutos após as refeições. 2.2.Atividades físicas A atividade física visa essencialmente promover o desenvolvimento motor e pode também promover o crescimento durante a reabilitação. Para as crianças imóveis, encorajar a mãe a fazer movimentos passivos com os membros da criança e exercitá-la ligeiramente aquando de um banho quente; Para as crianças que se podem mover, encorajar a mãe a fazer atividades como enrolar-se ou dar cambalhotas numa manta, dar um pontapé numa bola ou lançar essa bola, subir as escadas; A duração e a intensidade das atividades físicas devem aumentar conforme existe uma melhoria do estado da criança. Um membro da equipa de cuidados deve ser responsável por todas estas atividades com as crianças desnutridas. 88 JOGOS, ESTIMULAÇÃO EMOCIONAL E BEM ESTAR 1.2.1. Atividades ludoterápicas As sessões de brincadeiras devem incluir a linguagem. A criança deve ser encorajada a utilizar as palavras para descrever o que está a fazer. Ensinar às crianças com mais de 12 meses canções locais e jogos utilizando os dedos das mãos e dos pés. Encorajar as crianças a sorrir, vocalizar e descrever o que está a fazer. Os brinquedos mostrados a seguir devem ser feitos e utilizados para os pacientes desnutridos hospitalizados e para os seguidos em ambulatório. (A partir dos 12 meses) Cortar em tiras garrafas de plástico coloridas, introduzir as tiras numa garrafa de plástico transparente. Fechar bem, colando a tampa “Colar” (a partir dos 6 meses) Enfiar os carrinhos de linha e/ou outros pequenos objetos (por exemplo as tampas das garrafas de plástico) num cordão e dê um nó nas duas pontas. Deixar um longo cordão nas extremidades. Tambor (a partir dos 12 meses) Toda caixa em metal hermeticamente fechada Espelho (a partir dos 18 meses) Superfície em metal sem rebordos cortantes Garrafa “caixa de letras” (a partir dos 12 meses) Garrafa grande em plástico transparente com gargalo estreito por onde podem ser introduzidos objetos pequenos e longos (não muito pequenos para que as crianças não se aleijem) Caixa de objetos a esvaziar e encher (a partir dos nove meses) Caixa em plástico ou em cartão e pequenos objetos mas não muito pequenos para que as crianças não se aleijem Cubos (a partir dos 9 meses) Pequenos cubos de madeira. Lixar os cubos e se possível pintá-los com cores vivas. Objetos para empilhar (a partir dos 12 meses) Cortar pelo meio, ou menos, três garrafas de plástico e empilha-las Brinquedo para empurrar (a partir dos 12 meses) Furar no meio do fundo e da tampa de uma lata cilíndrica. Passar um arame e prender as duas pontas no interior da lata. Meter tampas no interior e fechar a lata. Brinquedos para encaixar (a partir dos 9 meses) Cortar o fundo de duas garrafas idênticas mas de tamanhos diferentes. Colocar a pequena dentro da maior Este esquema foi dado pelo Brinquedo para atirar (a partir dosprofessor 12 meses) S.Grantham-McGregor. Idêntico ao de cima. Substituir o arame por um cordel. Puzzle (a partir dos 18 meses) Fazer um desenho com lápis de cor (por exemplo uma boneca) num cartão quadrado ou retangular. Cortar o desenho em dois ou quatro pedaços. Boneca (a partir dos 12 meses) Recortar duas silhuetas num pedaço de tecido e cose-las deixando uma abertura. Virar o pano de modo que as costuras fiquem no interior. Encher com pedaços de pano. Coser a abertura e bordar ou desenhar a cara da boneca Livro (a partir dos 18 meses) Cortar três retângulos com a mesma dimensão num pedaço de cartão. Colar uma imagem ou fazer um desenho de cada lado do cartão. Fazer dois furos e passar um cordão para mante-los juntos 89 CRENI TRATAMENTO NO CRENI 1. PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO NO CRENI Os princípios de tratamento (Pt) da DAG, qualquer que seja o programa, compreendem 3 fases: Fase Aguda ou Fase 1 Os pacientes com apetite inadequado e/ou com complicações médicas importantes são admitidos numa estrutura hospitalar (CRENI) durante a Fase Aguda do tratamento. O produto terapêutico utilizado durante esta fase – o F75 – permite iniciar a recuperação das funções metabólicas e reestabelecer o equilíbrio eletrolítico. Um ganho de peso rápido nesta fase é perigoso, por isso o F75 foi formulado de modo a que os pacientes não ganhem peso durante este período. Fase de Transição A Fase de Transição é introduzida para evitar que o paciente ingira uma grande quantidade de alimentos abruptamente, antes que as suas funções fisiológicas estejam restauradas: na verdade isto pode ser perigoso e conduzir a um desequilíbrio eletrolítico e ao “síndrome de renutrição”. Durante esta fase, os pacientes começam a ganhar peso com a introdução do F100 ou do ATPU. Isto aumenta em 30 % o aporte energético do paciente, o seu ganho de peso deve ser de cerca de 6 g/kg/dia. A quantidade energética e o ganho de peso esperado são menos elevados que na Fase de Recuperação. Transferência para o CRENAG para a fase de Recuperação ou fase 2 (excepcionalmente no CRENI) No momento em que os pacientes apresentam um bom apetite e já não apresentam complicações médicas, recebem APTU e são transferidos para o CRENAG. Estes produtos são feitos para favorecer um rápido ganho de peso (mais de 8 g/kg/dia). As tabelas por faixa de peso podem ser utilizadas qualquer que seja o peso e a idade dos pacientes. 2. ESTRUTURAS E ORGANIZAÇÃO 2.1.Tipos de estrutura Os pacientes hospitalizados são aqueles que apresentam um apetite insuficiente traduzindo uma desnutrição metabólica grave, ou uma complicação médica evidente. Representam cerca de 5 a 20% dos pacientes identificados com DAG pelo rastreio ativo. É necessário adicionar a estes os pacientes os hospitalizados por outros motivos e que padecem de DAG. Nas situações de emergência, quando um número importante de pacientes necessita de ser hospitalizado, uma estrutura especial, reservada para o seu tratamento, deve ser construída (seja 90 CRENI uma casa, tenda, sala de aulas, etc.) para acomodar o excesso de carga. Esta estrutura deve estar, na medida do possível, perto ou no recinto do hospital. Recomenda-se a descentralização do tratamento do paciente em Fase Aguda para o mais próximo do domicílio do paciente; isto diminui os traumas devidos ao transporte, problemas com as visitas, abandonos e transferências para o CRENAG. No entanto, a implementação destes CRENIs satélites não pode ser feita sem uma supervisão regular por parte do RNR e do RMR, é necessário assegurar uma boa formação prática dos profissionais em outro CRENI em funcionamento, que não haverá rotatividade de pessoal de forma a resultar em pessoal não treinado e assegurar a monitorização frequente. Existem diferentes possibilidades: Em hospitalização 24h/24 O tratamento durante a noite é imprescindível para os pacientes 1) muito doentes, ou 2) que sofrem de “diarreia de renutrição”, ou 3) que não são alimentados durante o dia. Apenas estes pacientes recebem 8 refeições em 24 h, com uma vigilância médica rigorosa e tratamento das complicações(a equipe de enfermagem da noite deve estar em número adequado). Os outros pacientes recebem 6 refeições em 24 horas e não recebem tratamento mesmo estando hospitalizados. Mesmo que a hospitalização seja de 24 horas por dia, é possível fazer o tratamento só durante o dia, especialmente quando há falta de pessoal formado em cuidados de saúde – os pacientes recebem então 5 a 6 refeições por dia. Em Centro de Dia Os pacientes também podem ser tratados em Centros de Dia (recebem um tratamento nutricional baseado em 5 a 6 refeições por dia). Pacientes que vivem longe da estrutura de atendimento podem ser acomodados em uma sala/edificio adjacente que faça parte da estrutura de saúde, na cama ou (de preferência) no chão em colchões. Este centro denomina-se "Centro Residencial de Dia". Não há pessoal adicional, vigilância ou tratamento durante a noite. Muitos pacientes não precisam de cuidados 24 horas por dia assim este tipo de estrutura pode ser estabelecido em centros de saúde (particularmente naqueles que possuem serviços obstétricos), desde que os técnicos de saúde sejam devidamente treinados. Os pacientes que vivem ou estão hospedados pela família ou amigos nas imediações da estrutura podem ir ao centro de dia de manha e aí permanecer durante o dia para receber o tratamento e voltar para casa à noite. Este centro denomina-se "Centro de Dia Não-Residencial". Apartir do momento em retomem o apetite, todos os pacientes devem continuar o seu tratamento em ambulatório (CRENAG) após consentimento do cuidador e quando existe um programa em ambulatório. Em casos excepcionais os pacientes podem manter-se no CRENI durante a fase de recuperação. Isto aplica-se às crianças abandonadas pela família, agregados onde as circunstâncias familiares são muito complicadas e às crianças sem cuidador ou com cuidador incapaz de tratar da criança. Elas mantêm-se na estrutura até se arranjar um “local seguro” (orfanato, família adotiva, família de acolhimento, etc.). No entanto, não precisam de ocupar camas nos serviços de Pediatria, podem ficar alojadas em estruturas anexas ao CRENI. 91 CRENI 2.2.Organização A unidade de nutrição CRENI precisa dos seguintes elementos: Um espaço que permita a avaliação das medidas antropométricas, o exame clínico dos pacientes, a preparação de leite terapêutico (F75) e dos medicamentos a distribuir; Uma casa de banho com sanitários e chuveiros, um local onde os cuidadores possam cozinhar (e comer, se possível), uma sala para armazenamento dos medicamentos e produtos terapêuticos (F75 / F100 / ATPU); Uma sala ou uma secção separada da restante enfermaria – deve-se evitar misturar pacientes DAG com outros pacientes; Camas de adultos ou colchões no chão são preferíveis aos berços - permitem às mães dormir com seu filho e assim evitar ou reduzir a hipotermia, o stress emocional e a interrupção da amamentação. Permite que as mães descansem e tomem decisões mais racionais diminuindo assim a probabilidade de abandono. Cada cama deverá ter um mosqueteiro. 3. ATIVIDADES Pré-requisitos Todos os funcionários (médicos, enfermeiros, auxiliares, etc..)devem ser treinados antes de tratar crianças com DAG. Os funcionários do CRENI, do serviço de urgência e das consultas externas devem receber formação contínua e supervisão regular. A rotação dos funcionários deve ser minimizada e a troca de pessoal reduzida a uma pessoa de cada vez; os auxiliares devem estar afetos ao serviço e não devem ser deslocados regularmente para outros serviços. A abordagem aos pacientes que sofrem de DAG ainda não foi introduzida nos programas de formação das escolas e universidades médicas e de enfermagem de forma institucional e o diagnóstico e tratamento destes pacientes é completamente diferente dos outros. Consequentemente, todos os funcionários que chegam aos serviços têm que receber formação acerca do tratamento de DAG e trabalhar durante um período sob supervisã,o antes de tratarem estes pacientes sozinhos ou trabalharem à noite(bancos). Rotações múltiplas aumentam a mortalidade devido a falta de treino. 3.1.Médicos A sua principal função é apoiar os funcionários, mais especificamente os enfermeiros, e concentrarse nos pacientes que não respondem ao tratamento padrão e cujo diagnóstico é difícil, assim como nos que apresentam complicações. Observação: em todos os CRENIs, o fator limitante é o tempo disponivel dos funcionários, principalmente à noite. Toda a simplificação do protocolo permite diminuir a carga de trabalho dos funcionários e aumentar a qualidade dos cuidados prestados. Os médicos devem estar conscientes: qualquer trabalho adicional solicitado (refeições frequentes, refeições durante a noite, monitorização frequente, fuidos IV, medicamentos IV) compromete o tempo da equipe e aumenta a probabilidade da qualidade dos cuidados prestados no serviço se deteriorar. 92 CRENI O médico/enfermeiro responsável pelos pacientes com DAG deve estar presente nas reuniões mensais de coordenação organizadas pelo RNR; deve existir uma relação de confiança e uma comunicação fácil entre as equipas do CRENAG e do CRENI. 3.2.Enfermeiros (EED) Para uma nova admissão Aplicar os procedimentos de triagem: o Admitir o paciente com DAG com complicações ou teste de apetite fraco; o Transferir os pacientes que apresentam um teste de apetite bom ou médio e que não têm complicações para o CRENAG. Para uma transferência interna Do CRENAG Registar o paciente utilizando o número-DAG atribuído no CRENAG (se o paciente com DAG foi referenciado por outras estruturas de saúde ou deu entrada pelo serviço de Urgência, o número DAG é atribuído pelo CRENI). Os pormenores são anotados no livro de registo e na ficha de acompanhamento do CRENI (ver anexo 13); a ficha de transferência deve ser anexada à ficha de acompanhamento do CRENI (ver tópico Admissão e a secção Seguimento e Avaliação); Pedir ao médico de serviço para examinar os pacientes o mais rápidamente possível, mas não atrasar, em caso algum, o início do seu tratamento - iniciar imediatamente o tratamento de acordo com o protocolo; Avisar o CRENAG da chegada do paciente e, se necessário, discutir os pontos não mencionados na ficha de transferência; Começar o tratamento da Fase Aguda e tratar as complicações segundo o protocolo. No CRENAG Assim que as condições do paciente permitirem, passá-lo para a Fase de Transição e preparar a sua transferência para o CRENAG. Em geral, Treinar e supervisionar os Auxiliares de Saúde (AS) a fim de garantir um trabalho preciso e de qualidade; Garantir e vigiar os tratamentos Intravenosos (IV) ou os pacientes sob tratamentos específicos ou em estado crítico. 3.3.Auxiliares de saúde (AS) São responsáveis pelos cuidados a prestar aos pacientes. 93 CRENI Devem: Pesar e medir os pacientes conforme o protocolo; Preparar e distribuir as refeições e medicamentos; Avaliar os sinais clínicos e preencher a ficha de seguimento no CRENI com as informações de rotina (o cuidador não deve fazer os cálculos nem medir a quantidade de F75 a dar, nem fazer a sua reconstituição). 3.4.Responsável de Nutrição da Região (RNR) A supervisão do CRENI deve incluir: Uma visita ao serviço de urgência e avaliação dos procedimentos utilizados para identificar, tratar e transferir os pacientes com DAG para a equipa de cuidados do CRENI, estrutura destinada especificamente ao tratamento dos pacientes com DAG; Acompanhado pelo médico responsável do CRENI, deve avaliar periodicamente os cuidados prestados aos pacientes com DAG com complicações. 4. MATERIAL 4.1.Registo A ficha de seguimento no CRENI (anexo 13) é a primeira ferramenta utilizada para o tratamento de pacientes no CRENI. Não devem ser utilizados outros formatos de fichas de seguimento; Médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e/ou auxiliares de saúde devem utilizar a mesma ficha de seguimento no CRENI; Todos devem registar as informações do paciente na mesma ficha de seguimento e não em fichas diferentes; Todos os registos devem ser feitos na língua do assistente, e não na língua dos seniores ou numa língua internacional, para evitar falta de compreensão nas instruções. Os registos no CRENI encontram-se detalhados na secção: “Seguimento e Avaliação” e no anexo 6 A ficha de vigilância intensiva (anexo 14) é utilizada para os pacientes com complicações que necessitam de cuidados intensivos durante a Fase Aguda das complicações (choque, desidratação, hipotermia, etc.). 94 CRENI 4.2.Tratamento nutricional Saquetas de: F7547 (102,5 g, a ser diluído em 500 ml de água potável a 38° C para obter 600 ml de F75), ATPU (92 g com 500 kcal), F100 (114 g a ser diluído em 500 ml de água potável a 38° para obter 600 ml de F100), RéSoMal (84 g a ser diluído em 2 l de água potável para obter 2 l de RéSoMal); Se as saquetas de F75 e de F100 não estiverem disponíveis pode-se fazer a sua reconstituição - as receitas para a reconstituição destes produtos encontram-se no anexo 26. É preferível utilizar o F75 em saquetas porque tem uma osmolaridade mais baixa e porque consegue passar por uma SNG; Utensílios: copos, batedeira, copo de medição (500 ml – 1000 ml) ; Água potável e açúcar; Possibilidade de filtrar e ferver a água. 4.3.Tratamento médico Medicamentos de rotina: amoxicilina – gentamicina – fluconazol – mebendazol/albendazol – vitamina A – ácido fólico – antipalúdicos. Medicamentos específicos para as complicações (ver secção sobre as complicações). 4.4.Diversos Materiais antropométricos : Fitas de perímetro Braquial (PB), régua de comprimento, balança de precisão de 10 - 20 g) para as crianças com menos de 8kg e uma outra com precisão de 100g (tipo Salter) para aquelas com mais de 8 kg.. Este material deve estar disponível na consulta externa/serviços de urgência e no CRENI. Sonda Nasogástrica (SNG) para crianças (5 – 8 CH); Fichas plastificadas : Tabela P/A para crianças e adolescentes, tabela de IMC, tabela com a quantidade de F75 por faixa de peso e refeições; Cartazes acerca de triagem, tratamento padrão e tratamento das complicações mais frequentes48 para expor no CRENI e no departamento de emergência; Material necessário para o exame clínico (estetoscópio, otoscópio, espátulas, etc.), termómetros, calculadoras, etc; Ficha de Vigilância Intensiva, de transferência interna, livro de registos, relatórios Mensais; Lista dos CRENAG : nomes e número de telefone dos funcionários responsáveis, dias e horas de funcionamento do CRENAG; a lista deve também ter uma indicação do tempo de viagem, distância e custos de transporte; 47 F75 reconstituido contém farinha de cereais o que torna difícil a sua administração por SNG. Se substituirmos os cereais por açúcar, o produto torna-se hiperosmolar e provoca diarreia. A fórmula F75 comercializada em saquetas contém maltose dextrina em vez de açúcar, a sua osmolaridade é baixa o que permite evitar as diarreias osmóticas. É suficiente haver um único protocolo no CRENI. Com a rotação dos funcionários, estes documentos desaparecem e raramente são completamente lidos mas são um documento de referência - os cartazes constituem um memorando imediato. 48 95 CRENI Cópia do protocolo nacional; “Flip-charts” e equipamentos necessários para as sessões de educação; Água e sabão, lixívia; Brinquedos para as crianças; Camas para adultos, mosquiteiros, cobertores, termómetros atmosféricos com temperatura mínima e máxima (para determinar a temperatura ambiente durante o dia e a noite), material de lavagem, casa de banho, chuveiro, material de limpeza, cozinha e refeitório para as mães. 5. ADMISSÃO O enfermeiro(a) ou o assistente de enfermagem regista o paciente diretamente no CRENI: ele não deve ser tratado nos serviços de urgência durante as primeiras 24 a 48 horas, a não ser que os funcionários do serviço de urgência tenham recebido formação especifica sobre o tratamento das complicações da DAG e tenham consciência que os sinais clínicos e o tratamento dos DAG é TOTALMENTE DIFERENTE do tratamento de uma criança normal. A rápida rotatividade dos funcionários, frequentemente com pouca experiência (estudantes, etc.) e a pesada carga de trabalho, fazem dos serviços de urgência a principal estrutura de diagnósticos e tratamentos errados e de mortes de causa iatrogénica. Não deve ser feito nenhum tratamento neste departamento. Existem vários tipos de admissão de pacientes com DAG no CRENI: Novas admissões Pacientes que chegam diretamente ao hospital/CRENI porque apresentam outra doença (como diarreia, pneumonia, paludismo, etc.) e são diagnosticados como tendo DAG no momento da triagem passiva ou durante o exame clínico (fazer o teste de diagnóstico para VIH/SIDA, TB, e outros Ver: “Procedimentos de Triagem”). Referenciação - Pacientes referenciados por outro centro de saúde (não CRENAG) e que preenchem os critérios de admissão no CRENI. - Crianças menores de 6 meses (ver “Lactentes com menos de 6 meses com cuidador ou anexo 20). Estes pacientes são NOVAS admissões: eles serão registados com um Número-DAG que manterão até ao fim do seu tratamento de DAG. Transferências internas do CRENAG Estes pacientes já foram diagnosticados e estão em tratamento no CRENAG, mas se não passaram no teste do apetite e/ou se apresentam uma complicação e/ou se não responderam ao tratamento, 96 CRENI preenchem os critérios de transferência do CRENAG para o CRENI. Eles já têm um número-DAG e uma ficha de transferência que contém todas as informações sobre o tratamento recebido no CRENAG. Não se trata de uma nova admissão no programa mas sim de uma “Transferência Interna” dentro do programa GIDA. O CRENAG deve telefonar ao CRENI para avisar sobre a chegada do paciente; o formulário de transferência deve ser enviado com o paciente – este deve ser anexado à ficha de seguimento no CRENI e o registo deve preenchido com as informações do paciente. Voltar a medir o peso, a altura, o PB e pesquisar a presença de edemas bilaterais. Fazer um breve interrogatório sobre os sinais e sintomas clínicos. Examinar a criança e avaliar complicações; Todos os pacientes devem ter alguma coisa para beber (F75, água ou água açucarada) e/ou comer rapidamente (APTU para o teste do apetite)após a sua chegada ao centro. Se a criança foi identificada na triagem passiva no CRENI, o procedimento de triagem deve ser feito (ver a secção: "Procedimento de triagem"); NÃO lavar ou dar banho ao paciente; Encaminhar para o enfermeiro ou médico responsável do CRENI. Tabela 18 : Resumo dos fatores de risco dos pacientes hospitalizados no CRENI FATORES DE RISCO CRENI A cuidadora escolhe começar, continuar ou transferir o ESCOLHA DA CUIDADORA paciente para o CRENI. As escolhas da cuidadora devem (não importa a etapa do tratamento – a ser respeitadas. cuidadora é o melhor juiz da gravidade do paciente) APETITE Falha no teste do apetite (apetite fraco) ou teste não conclusivo EDEMAS Presença de edemas bilaterais PELE Lesões cutâneas abertas COMPLICAÇÕES MÉDICAS Todas as doenças graves, utilizando os critérios AIDI: infeções respiratórias agudas, anemia grave, desidratação, febre, letargia, etc. (ver secção : “Procedimento de triagem”) CANDIDÍASE Presença de candidíase imunodeficiência ou CUIDADOR Cuidador não adequado ou solicito outros sinais de Em alguns países, os pacientes que apresentem edemas bilaterais de graus + e ++ são admitidos no CRENI (caso da Guiné-Bissau) enquanto que em outros países apenas os que apresentam edemas grau +++. O risco de morte e a gravidade da desnutrição variam muito segundo as regiões e o grau dos edemas. 97 CRENI 6. FASE AGUDA (OU FASE 1) Os pacientes que precisam ser tratados no CRENI apresentam um apetite fraco e/ou complicações médicas como diarreia, desidratação, septicemia, pneumonia, anemia grave, etc. Assim os pacientes frequentemente necessitam de tratamento tanto para as complicações como para a desnutrição. O tratamento das complicações agudas ou que representam risco de vida é prioritário em relação ao tratamento de rotina e pode implicar mudanças nesse tratamento; o tratamento nutricional e médico devem ser feitos ao mesmo tempo que o tratamento das complicações. 6.1.Tratamento nutricional (F75) O tratamento nutricional da fase aguda baseia-se a F75. O F75 não é o F100 diluído; a sua composição nutricional é totalmente diferente e foi concebida para pacientes com desnutrição grave complicada tendo muitas vezes infecções e função hepática e renal comprometidas. Os pacientes não devem ganhar peso com o F75. Este produto permite que as funções bioquímicas, fisiológicas e imunológicas comecem a recuperar, antes de serem expostos ao stress adicional da reconstrução de novos tecidos. 6.1.1. Atividades Pedir à mãe, meia hora antes das refeições, para amamentar o seu filho, se ela está a amamentar; Calcular a quantidade total de F75 a preparar de acordo com o número de pacientes, o seu peso e o nº de refeições por dia (ver tabela 11); Preparar a quantidade de água potável na temperatura ideal (38° C) e de F75 necessário para as refeições (ver parágrafo em baixo); Pedir à mãe e ao paciente para lavarem as mãos; Oferecer 6 (ou 5) refeições por dia para a maioria dos pacientes (fixar uma tabela com o horário das refeições na parede); Nota : A experiência irá mostrar se as crianças toleram 5 refeições por dia. Se a diarreia de renutrição é pouco frequente, pode-se continuar a oferecer 5 refeições por dia; mas se isso constituir um problema, o CRENI deve passar a oferecer 6 refeições por dia. O horário deve ser um apenas para evitar qualquer confusão. Oferecer 8 (ou mais) refeições em 24h (de noite e de dia) na Fase Aguda para os pacientes que não toleram volumes aumentados quando são dadas 5-6 refeições por dia bastante espaçadas ao londo do dia , isto inclui: o Crianças gravemente doentes; o Crianças com diarreia de renutrição com 5 ou 6 refeições por dia; o Crianças que ingeriram muito pouco durante o dia (como por ex. os recém chegados); o Crianças que apresentem vómitos em uma ou mais refeições durante o dia; o Crianças com um episódio de hipoglicemia; 98 CRENI o Crianças com hipotermia; o Quando existem funcionários no período da noite em nº suficiente para preparar as refeições noturnas (o que não é comum). 6.1.2. Preparação Adicionar a uma saqueta grande de F75 vermelha (410 g) 2 litros de água ou a uma saqueta pequena de F75 (102,5 g) 500 ml de água num recipiente de cor vermelha49. Observação: se existirem poucos pacientes em tratamento, não encomendar as saquetas grandes de F75. Estas são para serem utilizadas unicamente em emergências nutricionais, quando existe um grande número de pacientes a tratar. Se não estiver disponivel F75, utilizar as receitas que se encontram no anexo 26. 6.1.3. Volumes a oferecer Oferecer o volume adequado aos pacientes de acordo com a tabela 19. Tabela 19 : Volume de F75, por faixa de peso, a administrar durante a Fase Aguda (Fase I) Faixa de Peso 8 refeições por dia 6 refeições por dia 5 refeições por dia (kg) (ml por refeição) (ml por refeição) (ml por refeição) 2,0 a 2,1 kg 40 ml por refeição 50 ml por refeição 65 ml por refeição 2,2 – 2,4 45 60 70 2,5 – 2,7 50 65 75 2,8 – 2,9 55 70 80 3,0 – 3,4 60 75 85 3,5 – 3,9 65 80 95 4,0 – 4,4 70 85 110 4,5 – 4,9 80 95 120 5,0 – 5,4 90 110 130 5,5 – 5,9 100 120 150 6,0 – 6,9 110 140 175 7,0 – 7,9 125 160 200 8,0 – 8,9 140 180 225 9,0 – 9,9 155 190 250 10 – 10,9 170 200 275 49 O volume de pó de F75 nos doseadores vermelhos “Nutriset” varia com o grau de compressão do pó no doseador – se a compressão for moderada, o volume de água a adicionar ao doseador é de 21 ml; se não existir compressão o volume de água a adicionar é de 18 ml. Os doseadores “Nutriset” encontram-se nos cartões das saquetas de F75. Não utilizar outros doseadores, colheres ou outras medidas, isso poderá levar tanto a uma dieta muito concentrada (vómitos, diarreia osmótica, desidratação hipernatrémica, etc.), como muito diluída (não resposta ao tratamento, deterioração). 99 CRENI 11 – 11,9 190 230 275 12 – 12,9 205 250 300 13 – 13,9 230 275 350 14 – 14,9 250 290 375 15 – 19,9 260 300 400 20 – 24,9 290 320 450 25 – 29,9 300 350 450 30 – 39,9 320 370 500 40 – 60 350 400 500 Observação : Pacientes em regime de F75 não devem ganhar peso. 6.1.4. Sonda Nasogastrica50 (SNG) A SNG é utilizada quando o paciente não ingere quantidade suficiente de F75 pela boca. Isto é definido por um aporte de menos de 75% do regime prescrito (para as crianças, por exemplo, equivale a cerca de 75 Kcal/ kg/dia). As indicações para prescrição de uma SNG são as seguintes: o Ingestão alimentar de menos de 75% do volume prescrito para 24h; o Pneumonia com aumento da frequência respiratória; o Lesões dolorosas a nível da boca; o Lábio leporino ou outra deficiência física; o Alterações da consciência. Todos os dias, se deve tentar dar ao paciente F75 pela boca antes de utilizar a SNG. A sua utilização não deve ultrapassar os 3 dias e ser utilizada somente na Fase Aguda. 6.1.5. Técnica de alimentação A fraqueza muscular, a diminuição do reflexo de deglutição e dos movimentos peristálticos nestas crianças torna muito comum as pneumonias por aspiração. Dizer à acompanhante para colocar a criança no colo e contra o peito. O braço da criança deve ser colocado atrás das costas da mãe. O braço da mãe envolve o outro braço da criança e sua mão segura o prato sob o queixo da criança. A criança deve ficar sentada, com as costas direitas; Oferecer F75 num copo ou caneca, todo o F75 que escorrer da boca da criança é recolhido num pires e colocado de novo no copo; Aconselhar a mãe a não forçar a criança a ingerir o F75 e nunca apertar o nariz ou as bochechas para a forçar a abertura da boca ou deitá-la e derramar o leite na boca; 50Ver anexo 15 : Como colocar uma Sonda Nasogástrica (SNG) 100 CRENI Se a criança regurgita o leite ou tosse durante a refeição, explicar à mãe que provavelmente isso se deve a uma técnica de renutrição inadequada. Aconselhar novamente a mãe. É preferível que a criança não termine a sua refeição e lhe seja colocada uma SNG do que provocar uma pneumonia por aspiração. Observação: Em muitos hospitais, as mães dão de comer aos seus filhos na própria cama. Frequentemente, o F75, é escondido debaixo da cama se a criança não quer mais, para lhe ser dado posteriormente. Isso pode levar a crescimento bateriano no F75 e a subestimação do volume ingerido pela criança. Orientar as mães a sentarem-se em círculo ou semicírculo em volta de um auxiliar que as encoraja, fala com elas, corrige as técnicas erradas de renutrição e observa como a criança ingere o F75. O tempo destinado à refeição deve ser um momento de socialização. Colocar as mães e as crianças num ambiente reservado, durante as refeições das crianças, onde mães e crianças estão todas juntas. As crianças podem assim estimularem-se entre si. A refeição das cuidadoras NÃO DEVE NUNCA ser feita ao lado do paciente visto ser difícil, se não impossível, pedir às cuidadoras para não partilharem as suas refeições com a criança o que pode ser perigoso para a criança. Com efeito o sal e outros condimentos presentes na dieta da mãe podem ser suficientes para provocar retenção de líquidos e insuficiência cardíaca num paciente desnutrido. Por outro lado, as refeições das cuidadoras não são equilibradas em nutrientes para tratar uma desnutrição metabólica e diminuem o apetite da criança para a ingestão de F75. O único alimento que a criança pode ingerir para além do F75 é o leite materno. 6.2.Medicamentos de rotina 6.2.1. Antibioterapia sistemática Os antibióticos devem ser dados aos pacientes que apresentam DAG, de forma sistemática, mesmo que estes não apresentem sinais clínicos de infeção generalizada. Apesar da ausência de sinais clínicos, estas crianças estão infetadas, estas infeções são tratadas de forma empírica. NÃO se trata de um tratamento profilático. 101 CRENI Antibioterapia (ver anexo 28: Doses dos medicamentos) Tratamento de primeira linha para pacientes sem sinais aparentes de infecção: Amoxicilina oral/ampicilina 51 se não existe uma resistência elevada na região; OU quando há resistência à amoxicilina Uma combinação de amoxicilina-ácido clavulânico (preferencialmente por poder ser administrado por via oral); ou Cefotaxima52 mg/kg)53,54; uma injeção diária intramuscular (IM) durante dois dias (50 e/ou tratar a proliferação bacteriana no intestino delgado com metronidazol (10mg/kg/d). Tratamento de segunda linha55,56 para os pacientes com algum sinal de infeção sistémica: Adicionar gentamicina IM (sem parar a amoxicilina ou mudar para a ampicilina parenteral) durante a fase aguda; OU Mudar para cefotaxima (50mg/kg) injeção IM e ciprofloxacina por via oral (30 mg/kg/dia, 3 vezes ao dia) – continuar enquanto o paciente apresentar sinais de infeção; Se existe suspeita de uma infeção por estafilococos, adicionar cloxacilina57 (100 – 200 51 A amoxicilina é ativa contra a proliferação bacteriana no intestino delgado na maioria dos pacientes. Quando é utilizada como antibiótico de primeira linha não se necessita de utilizar o metronidazol – se o metronidazol for utilizado, é importante dar uma dose de 10mg/kg/dia e não a dose dada a crianças normalmente nutridas (que é 3 vezes maior que esta dose). 52 O Ceftriaxone é uma boa alternativa. No entanto não deve ser dado na mesma perfusão que o lactato de Ringer ou outras preparações contendo cálcio. O diluente utilizado para o ceftriaxone em injeção IM contem lidocaína. Uma vez reconstituído, a solução só pode ser ministrada por via IM, e nunca por via venosa (IV) pelo risco de reação com a lidocaína. Se for utilizada a água como diluente, o ceftriaxone pode ser injetado quer por via IM, quer por via IV lentamente. No entanto, sem a lidocaína, a injeção IM é extremamente dolorosa. 53 O ceftriaxone de longa duração por injeção IM é uma alternativa aceitável. 54 Existe uma rápida colonização dos intestinos com organismos resistentes à cefotaxima/ceftriaxone. Afim de reduzir a invasão de organismos resistentes, recomenda-se que a ciprofloxacina seja ministrada oralmente ao mesmo tempo que a cefotaxima. 55 O cloranfenicol pode ser utilizado ocasionalmente, se não houver uma alternativa melhor. As doses devem ser reduzidas para metade em relação a uma criança normalmente nutrida ou seja 25mg/kg/d (2 vezes por dia) – ver anexo 28 sobre as doses. O cloranfenicol nunca deve ser usado em crianças menores de 3 meses e deve ser usado com extrema precaução em crianças menores de 6 meses ou com menos de 4kg. 56 A resistência à amoxicilina tem vindo a aumentar,em pacientes com septicemia por bactérias gram-negativas bem como nascom septicemia grave a cefotaxima e a ciprofloxacina são mais confiáveis(por exemplo: a sensibilidade à amoxicilina no Quénia é de 28%,à cefotaxima de 95 % e à ciprofloxacina de 99 %). No entanto, esses fármacos mais recentes são substancialmente mais caros e devem ser reservados para pacientes com sépsis comprovada. 57 A cloxacilina pode ser substituída por outro antibiótico como a oxacilina, flucloxacilina ou dicloxacilina. 102 CRENI mg/kg/dia, 3 vezes ao dia). O tratamento de terceira linha : decisão médica individual. Tratamento antifúngico: Nistatina: 100,000 UI por via oral, 4 vezes ao dia, em caso de candidíase oral e de forma sistemática em áreas de elevada prevalência de candidíase (> 20 %) ou VIH; Fluconazol (3 mg/kg/1 vez dia) : todas as crianças com sinais de sépsis grave ou de candidíase sistémica devem ser tratadas com fluconazol segundo as doses indicadas, embora existam riscos de danos hepáticos ligeiros. OBSERVAÇÃO: O cotrimoxazol é inativo no combate à proliferação bacteriana no intestino delgado. É inadequado para pacientes com DAG. Se é dado aos pacientes com HIV/SIDA como tratamento profilático de pneumonia por pneumocystis, outros antibióticos devem ser administrados para além do cotrimoxazol em dose profilática. Tabela 20 : Doses de Gentamicina e Amoxicilina por faixa de peso Faixa de peso Gentamicina58 Dar 1 vez / dia Kg <5kg 5 – 10 10 – 20 20 – 35 > 35 Mg 5 mg/kg 1 vez /dia por via IM Amoxicilina (50 – 100 mg/kg/dia) 2 vezes / dia mg Cápsula/Comprimido 125 mg * 2 ½ cap.*2 250 mg * 2 1 cap. * 2 500 mg * 2 2 cap. * 2 750 mg * 2 3 cap. * 2 1000 mg * 2 4 cap. * 2 As ampolas de 20mg ampola (10mg/ml) de gentamicina devem ser utilizadas. É difícil medir pequenos volumes com as soluções de gentamicina para adultos (mais concentradas). Se o metronidazol é utilizado para supressão da proliferação bacteriana no intestino delgado em pacientes com DAG com complicações ou em crianças com kwashiorkor, a dose não deve ultrapassar 10 mg / kg / dia. Duração da terapia com antibióticos Administrar de modo contínuo desde o início do tratamento (fase aguda) até a transferência do paciente para o CRENAG ou todos os dias durante a fase aguda + 4 dias. Administração dos antibióticos Assim que possível, dar antibióticos por via oral ou SNG; 58 A eliminação da gentamicina é prolongada na desnutrição o que faz com que uma injeção de 5 mg/kg por dia permita atingir níveis sanguíneos adequados. Considerando a toxicidade renal da gentamicina recomenda-se que esta dose não seja excedida. 103 CRENI Em caso de complicações devidas a infeções graves, como o choque séptico, os antibióticos por via parenteral devem ser utilizados; As perfusãos contendo antibióticos não devem ser utilizadas pelo risco de provocarem insuficiência cardíaca. Os cateteres raramente devem ser utilizados – e unicamente nos pacientes muito doentes e não de forma rotineira. É imperativo manter o cateter estéril. 6.2.2. Tratamento antipalúdico Apesar do protocolo Nacional dever ser seguido para pacientes com paludismo assintomático no CRENAG, os casos de paludismo sintomático devem ser admitidos no CRENI. Para o paludismo não complicado, dar coartem (artemeter-lumefantrina) como tratamento de primeira linha, utilizando um tratamento na razão de 6 tomas (ás 0 e 8 horas e duas vezes por dia nos dias seguintes); Para o paludismo complicado (ex. Paludismo cerebral) : o Em pacientes sem diarreia, dar doses elevadas de artemeter ou artesunato em supositórios; se o supositório for expelido nas 2 horas seguintes, voltar a dar a dose, o Para os pacientes com diarreia, perturbações de consciência ou se não houver supositórios, dar artesunato por via IM ou artemeter por via IV; Uma vez que se verifique resposta alterar para o Coartem para completar o tratamento 59. Observação: Alguns medicamentos utilizados para tratar o paludismo são potencialmente mais tóxicos em pacientes DAG e devem ser evitados. As combinações contendo amodiaquina devem ser evitadas em pacientes com DAG até que a sua inocuidade seja confirmada para este grupo específico. Nunca dar QUININA por via oral ou em perfusão a um paciente com DAG nas 2 primeiras semanas de tratamento - a quinina induz frequentemente hipotensões prolongadas e perigosas, hipoglicemias, arritmias e paragens cardíacas. Existe pouca diferença entre a dose terapêutica e tóxica. Os mosquiteiros impregnados devem ser sempre utilizados nas regiões endémicas. 59 O artemeter ou artesunato em monoterapia não devem ser utilizados no tratamento inicial – é importante continuar o tratamento e combiná-lo com coartem desde que os pacientes possam ingerir os comprimidos por via oral, a fim de evitar o desenvolvimento de resistência. 104 CRENI 6.2.3. Vacinação contra o sarampo Vacinar todas as crianças a partir de 4,5 meses60 SEM CARTÃO de vacinação na admissão (uma segunda dose da vacina deve ser feita na 4ª semana no CRENAG somente para estas crianças que foram vacinadas no CRENI). Não administrar a vacina DTP a estas crianças, mesmo que não tenham sido vacinadas antes. 6.3.Medicamentos dados unicamente em circunstâncias específicas Vitamina A Existe vitamina A suficiente no F75, F100 e ATPU para corrigir ligeiras carências em vitamina A; as doses elevadas de vitamina A não devem ser dadas a crianças que não apresentem sinais de deficiência, se isto for feito pode ser perigoso. Dar doses elevadas de vitamina A somente nas seguintes circunstâncias: o Quando a criança apresenta qualquer sinal de carência de vitamina A o que inclui todas as infecções oculares, como por exemplo, as conjuntivites; o Crianças de mais de 9 meses, em caso de EPIDEMIA DE SARAMPO, se a criança não foi vacinada contra o sarampo. Ácido Fólico Existe ácido fólico suficiente no F75, F100 e ATPU para o tratamento de carências ligeiras de ácido fólico. Se existe uma anemia clínica, dar uma dose única de ácido fólico (5mg) no dia da admissão. Anti-helmínticos Retardar o tratamento anti-helmíntico até que o paciente seja admitido no CRENAG. Outros nutrientes O F75, F100, F100 diluído e ATPU contém todos os nutrientes necessários para o tratamento de pacientes com DAG. 60 Isto ainda não foi validado pela OMS e recomendado aos governos nacionais; no entanto existem provas (cf artigos de P. Aaby et al) que a vacinação contra o sarampo aos 4,5 meses reduz o risco de morte devido a doenças infecciosas, incluindo as infecções das vias respiratórias, septicemia, diarreia e também sarampo. A proteção melhora se ainda existem anticorpos maternos circulantes, e é particularmente importante para as meninas. 105 CRENI Tabela 21 : Resumo do tratamento sistemático a dar aos pacientes com DAG Tratamento sistemático Admissão direta no CRENI (fase aguda) Antibióticos Todos os dias durante a fase aguda + 4 dias durante a Fase de Transição ou até que a criança seja transferida para o CRENAG Tratamento antipalúdico Coartem (artemeter-lumefantrina) Vacinação contra sarampo 1 vacina na admissão se ainda não foi feita (uma 2ª dose será dada no (a partir de 9 meses) CRENAG) 6.4.Vigilância a registar na ficha de monitoramento CRENI Pesar diáriamenre e registrar no gráfico da ficha de seguimento; Avaliar o grau dos edemas (0 a +++) clinicamente todos os dias, segundo a tabela do anexo 1; Medir a temperatura duas vezes por dia; Avaliar os sinais clínicos padrão (fezes, vômitos, desidratação, tosse, respiração e tamanho do fígado); Medir o PB semanalmente; Registar todas as informações sobre ausência do paciente, vómitos ou recusa das refeições, alimentação por SNG, necessidade de perfusão Intravenosa ou transfusão, pedidos de exames de laboratório e resultados. A ficha de seguimento deverá reunir todas essas informações diariamente nos lugares reservados para o efeito. Toda esta informação é recolhida por um auxiliar e não pela enfermeira(o). O trabalho das enfermeiras é treinar e supervisionar os auxiliares de saúde e verificar se a informação clínica está correta na ficha de acompanhamento. Se são detectadas imprecisões ou erros, deve programar-se um treino de forma a que os auxiliares de saúde possam garantir a qualidade do trabalho - não humilhar os auxiliares devido à falta de formação adequada, mas pelo contrário, motivar. A falta de registo acontece frequentemente por falta de tempo dos técnicos de saúde; é preferível não ter nada registado do que ter registos de dados que não foram medidos e foram adulterados por medo de ser criticado. É necessário que os funcionários saibam que não serão criticados se não fizerem os procedimentos necessários no momento por falta de tempo. 6.5.Critérios de passagem da Fase Aguda para a Fase de Transição Observação: Não existe tempo limite para a Fase Aguda – é diferente para cada paciente. Em geral, as crianças mais doentes ficam mais tempo que a média e os casos menos complicados e aqueles que respondem mais rapidamente ao tratamento, menos tempo. 106 CRENI Os critérios de passagem da Fase Aguda para a Fase de Transição são: Retorno do apetite; E Início de diminuição dos edemas (avaliado por perda de peso adequada e proporcional, que coincide com inicio de diminuição dos edemas); E Recuperação clínica do paciente. Os pacientes com edemas bilaterais generalizados (+++) devem permanecer na Fase Aguda até que haja redução dos edemas para o grau 2 (++). Estes pacientes são particularmente vulneráveis. 7. TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES Um paciente que desenvolve uma complicação deve sempre ser transferido para a Fase Aguda para o CRENI (quando se encontra em Fase de Transição, deve retornar para a Fase Aguda); se estiver a ser acompanhado em ambulatório, no CRENAG, deve ser transferido para o CRENI, se existir transporte adequado e o CRENI se encontrar a uma distancia razoável do CRENAG. Caso contrário, sempre que possível, começar o tratamento da Fase Aguda e o tratamento das complicações antes do transporte, com orientação telefónica do CRENI. Para os pacientes com complicações, deve ser utilizada a "ficha de seguimento intensivo diária"61 para seguimento intensivo do paciente durante os dias críticos de tratamento. 7.1.Desidratação no marasmo Um diagnóstico errado ou o tratamento incorrecto de desidratação é a causa de óbito mais frequente no tratamento dos DAG. Por esta razão, as soluções de reidratação nunca devem ser administradas de forma sistemática aos pacientes com DAG. A janela terapêutica nestes pacientes é muito estreita e como tal, eles podem passar rapidamente de uma desidratação para uma hiperidratação com sobrecarga de líquidos e insuficiência cardíaca. As perfusões IV devem ser usadas raramente. Nos pacientes com marasmo, mas sobretudo nos pacientes com kwashiorkor, existe um problema renal que faz com que a criança seja particularmente sensível a qualquer sobrecarga de sal (sódio). NÃO utilizar o protocolo padrão para o tratamento da desidratação de crianças adequadamente nutridas e desidratadas (AIDI) para pacientes com DAG; 61 NÃO deixar a solução de reidratação (SRO) ou RéSoMal em acesso livre num balde para administração após cada evacuação de fezes líquidas. Esta prática leva diretamente a uma Ver anexo 14 107 CRENI insuficiência cardíaca, a uma incapacidade de perda os edemas, ao aparecimento de edemas de renutrição e sem existir nenhum sinal do tratamento dado; NÃO tratar a diarreia com soluções de reidratação se não existe desidratação, com o objectivo de "prevenir" o início de uma desidratação - isso leva também a uma sobrecarga hídrica e insuficiência cardíaca. O sódio administrado em excesso, é muito difícil de ser eliminado do paciente. 7.1.1. Diagnostico de desidratação O diagnóstico de desidratação no marasmo não é fácil. Mesmo pediatras muito experientes cometem erros frequentes. Por esta razão, é preciso estar sempre pronto para rever o diagnóstico. NÃO utilizar os sinais clássicos de desidratação, não são válidos; A pele na criança com marasmo encontra-se em pregas e perde a sua elasticidade, assim, o sinal de prega cutânea é geralmente positivo, independentemente do estado de desidratação da criança. Portanto, é necessário: NÃO utilizar o teste da prega cutânea para diagnosticar desidratação nos DAG. Os olhos de um marasmático encontram-se, normalmente, encovados, sem estar no entanto desidratado; NÃO diagnosticar um marasmático que tem os olhos encovados como um doente desidratado. Diagnósticos incorretos ou sobre-diagnósticos de desidratação são muito frequentes e o tratamento administrado é inadequado. As consequências de uma hiperidratação são muito mais graves do que os de uma desidratação leve. Por outro lado, uma criança realmente desidratada precisa ser reidratada para sobreviver. NÃO fazer um diagnóstico definitivo de desidratação; Se pensa que a criança está desidratada fazer um diagnóstico provisório e observar a resposta ao tratamento antes de confirmar o diagnóstico. O principal diagnóstico é baseado nos antecedentes do paciente, em vez do seu exame clínico. Deve existir: Antecedentes de perdas recentes significativas de líquidos - geralmente fezes diarreicas, líquidas como água (e não moles ou mucosas) frequentemente com mudança súbita nas últimas horas ou dias; Antecedentes de mudanças recentes da aparência física da criança; Se os olhos se encontram encovados, é necessário que a mãe confirme que os olhos mudaram subitamente desde do início da diarreia; Ausência de veias superficiais preenchidas visíveis (observar a cabeça, pescoço e membros); A criança não deve ter edemas. 108 CRENI 7.1.2. Diagnostico de choque com desidratação Desidratação, confirmada pelos antecedentes e pelo exame clínico E; Pulso radial ou femoral fraco ou ausente; Extremidades dos membros frias (tocar com o dorso da mão durante 5 segundos); Tempo de preenchimento capilar prolongado (mais de 3 segundos) ao nível do leito ungueal. Assim, o paciente encontra-se em choque. Se a este quadro clínico, se acrescenta Redução do nível de consciência – o paciente encontra-se obnubilado ou inconsciente. O paciente encontra-se em choque grave. Nota: Existem outras causas de choque nos pacientes gravemente desnutridos: 1) choque tóxico, 2) choque séptico 3) insuficiência hepática 4) choque cardiogénico. Tratar um choque cardiogénico ou uma insuficiência hepática como um choque por desidratação é muito perigoso e o tratamento pode levar à morte, por outro lado a falha de tratamento de desidratação, por se julgar que o choque tem outra causa, pode também também provocar morte. 7.1.3. Tratamento da desidratação O peso deve ser medido com uma balança para lactentes (com precisão de 10-20 gr) e para as crianças mais velhas (mais de 8 kg) com uma balança Salter, com uma bacia presa por cordas para favorecer o conforto e a higiene. A bacia, fácil de limpar e desinfectar, deve ser colocada junto ao solo (Ver foto no anexo 1). Os doentes devem ser pesados despidos. As cuecas de pesagem, utilizadas aquando dos inquéritos nutricionais, não são recomendadas para crianças doentes, por razões de higiene e de conforto. Sempre que possível, um paciente desidratado com DAG deve ser reidratado por via oral. Qualquer tratamento intravenoso é particularmente perigoso e recomendado apenas em caso de: Choque grave com; Perda de consciência e; Desidratação confirmada. O tratamento baseia-se na medição precisa do peso - esta é a melhor medida do equilíbrio hídrico. ANTES de iniciar o tratamento da desidratação, é preciso: Pesar a criança; Marcar na pele os rebordos do fígado e o rebordo costal com uma caneta indelével; Medir e registar a frequência respiratória. Além disso, se os funcionários estiverem bem treinados, é preciso: Registar as características dos batimentos cardíacos (presença ou ausência do ritmo de 109 CRENI galope); Registar a frequência de pulso; Verificar o tempo de preenchimento capilar no leito ungeal (em segundos). O tratamento é inteiramente ajustado em função Das alterações de peso e Da melhoria dos sinais clínicos e Do aparecimento de sinais de sobrecarga O equilíbrio hídrico é medido em intervalos através da pesagem regular da criança: Administrar o líquido de reidratação "RéSoMal" até que o deficit de peso (medido ou estimado) seja corrigido; Parar assim que o paciente esteja "reidratado" ou seja, logo que atinja o seu "peso alvo de reidratação "; Não deve ser administrado nenhum líquido adicional num paciente com DAG que tenha um volume circulatório normal, para "prevenir" a desidratação recorrente. Normalmente, é preciso muito menos RéSoMal para reidratar corretamente um desnutrido em relação a um paciente cujo estado nutricional é satisfatório (50 ml/kg de peso corporal representam 5% do seu peso corporal). Começar por administrar 10 ml/kg/hora nas primeiras 2 horas, por via oral ou por SNG, (2% do peso corporal) e em seguida ajustar de acordo com as alterações de peso observadas. Pesar a criança de hora em hora e avaliar o tamanho do fígado, frequência respiratória, pulso e tempo de preenchimento capilar a nível do leito ungeal; Depois de ter reidratado a criança, ela já não precisa de tratamento. No entanto, para as crianças desnutridas, de 6 a 24 meses, 30ml de RéSoMal podem ser administrados após cada evacuação de fezes líquidas. A instrução padrão prescrita, 50-100ml após cada evacuação de fezes, não deve ser aplicada - é perigoso. O objetivo é apenas substituir o que foi perdido e não alterar o equilíbrio hídrico do paciente. Sob nenhuma circunstância se deve administrar mais soluções de reidratação com o único objectivo de ''prevenir" a desidratação ou "ter certeza" de que o paciente recebeu solução suficiente de reidratação. Decidir segundo a evolução do tratamento após duas horas : Reavaliar o estado do paciente após duas horas 110 CRENI Se continua a perda de peso: Aumentar o RéSoMal à razão de 10 ml/kg/hora; Reavaliar uma hora depois. Se o peso está estável: Aumentar o RéSoMal à razão de 5 ml/kg/hora; Reavaliar uma hora depois. Se há aumento de peso e: 1- O seu estado físico se DETERIORA sob tratamento de reidratação Então o diagnóstico de desidratação não é correto; Parar o aporte de RéSoMal e administrar-lhe o F75. 2- Se o seu estado clinico NÃO APRESENTA MELHORAS (aparência e comportamento) ou há uma reversão dos sinais clínicos Então, o diagnóstico de desidratação não é provavelmente correto; Administrar quer F75, quer F75 e RéSoMal alternadamente. 3- Se há MELHORIA do estado clínico, mas ainda existem sinais de desidratação, Continuar o tratamento até que o peso-alvo seja atingido unicamente com RéSoMal ou com F75 e RéSoMal alternadamente. 4- Se DESAPARECEM os sinais de desidratação Parar o tratamento de hidratação e começar a administrar F75. Peso alvo da Reidratação com fezes aquosas: Se o paciente já estiver sob tratamento para DAG, e foi pesado antes do início da diarreia e não perdeu peso com a diarreia: Não administrar qualquer tratamento de reidratação. Se ele perdeu peso devido à diarreia e a perda de peso é igual ao peso das fezes diarreicas, o pesoalvo de reidratação é equivalente ao peso do paciente antes do início da diarreia. Substituir apenas o peso perdido durante a diarreia. Nota: Com frequência, um paciente internado desenvolve diarreia de “renutrição”62 62 Ver parágrafo 7.14: Síndrome de renutrição 111 CRENI Se o paciente é novamente admitido, é extremamente difícil avaliar o volume hídrico perdido no marasmo já que os sinais clínicos não são confiáveis. Por causa desta estreita janela terapêutica e do perigo de passar facilmente de desidratação para a hiperidratação, o défice de peso estimado deve ser conservador. É preferível e menos perigoso subestimar ligeiramente o défice ponderal que superestimá-lo. Na prática, a perda de peso varia geralmente de 1% a 3% do peso corporal para a maioria das crianças e para poucas é de 5%. Não tentar aumentar o peso corporal em mais de 5% nos pacientes conscientes. Se há um aumento de peso de mais de 5% do peso corporal com a hidratação, o paciente verdadeiramente desidratado mostrará uma melhoria clinica drástica e estará fora de perigo de morte imediata por desidratação; o tratamento pode ser continuado com F75. Durante a reidratação o aleitamento materno não deve ser interrompido. Começar com F75, o mais precocemente possível, oralmente ou por SNG. O F75 e resomal podem ser dados em horas alternadas se ainda há alguma desidratação e diarreia continua. A introdução do F75 é geralmente conseguida 2 a 3 horas após se iniciar a re-hidratação. 7.1.4. Tratamento do choque por desidratação no marasmo Se há confirmação de desidratação (história de perda de líquidos, mudança recente da aparência dos olhos) e o paciente apresenta alguns dos sinais clínicos seguintes: Obnubiladoe/ou inconsciente e; Pulso rápido e; Extremidades dos membros frias e; Aumento do tempo de preenchimento capilar no leito ungeal. Tratar o paciente com fluidos intravenosos. Os volumes a administrar devem ser reduzidos pelo menos para metade em relação àqueles usados num paciente adequadamente nutrido. Utilizar uma das seguintes soluções, também utilizadas para crianças adequadamente nutridas: Lactato de Ringer com glicose a 5% ou; Soro hemi-normal com glicose63 a 5%. Administrar 15ml/kg IV durante a primeira hora e reavaliar o estado da criança. Se há perda contínua de peso ou se o peso mantém-se estável, Continuar à razão de 15 ml/kg IV na hora seguinte até que haja ganho de peso com a 63 Se esta solução não estiver disponível, utilizar uma solução de ½ : ½ de soro fisiológico a 0,9% + glicose a 5%. ATENÇÃO: a preparação desta solução deverá ser feita em laboratório ou na farmácia somente por pessoal qualificado para o efeito. 112 CRENI perfusão (15 mg/kg representa 1,5% do peso corporal, pelo que o ganho de peso esperado após 2 horas é de 3% do peso corporal). Se não há melhoria clinica e o paciente ganha peso deve assumir-se que existe um choque tóxico, séptico ou cardiogénico ou insuficiência hepática: Parar o tratamento de hidratação e procurar outras causas de perda de consciência. Assim que o paciente retoma a consciência ou que a frequência cardíaca volta ao normal, Parar a perfusão e tratar o paciente por via oral ou por SNG à razão de 10 ml/kg/hora de RéSoMal; Continuar com o protocolo (Ver Figura 4) a fim de reidratar por via oral o paciente, usando as alterações de peso como os melhores indicadores da evolução. Nota: Nunca administrar fluidos IV a pacientes desnutridos capazes de beber ou absorver o líquido de forma adequada por SNG. 7.1.5. Vigilância da reidratação Parar qualquer tratamento de reidratação (oral ou intravenoso) de imediato , se um dos seguintes sinais é observado: O peso alvo de reidratação é alcançado (administrar F75); Veias visíveis ficam turgidas; Desenvolvimento de edemas (sinais de hiperidratação - administrar F75); As veias superficiais a nível do pescoço ficam visíveis e proeminentes(administrar F75) ;* As veias do pescoço engurgitam quando o abdómen (fígado) é pressionado; Aumento do tamanho do fígado em mais de um centímetro;* O fígado fica sensível à palpação;* A frequência respiratória aumenta em mais de 5 ciclos por minuto; * Aparecimento de fervores expiratórios (este ruído é ouvido apenas na expiração e não na inspiração);* Presença de fervores crepitantes* na auscultação pulmonar; Presença de ritmo de galope na auscultação cardíaca*. *Se esses sinais se desenvolvem, o paciente tem uma sobrecarga de líquidos e volume circulatório aumentado o que pode causar insuficiência cardíaca. 113 CRENI Figura 2 : Tratamento da desidratação Tratamento da desidratação Reidratar até que o défice ponderal (medido ou estimado) seja corrigido e PARAR! Não dar mais líquidos para “prevenir recaídas”. Inconsciente Consciente Résomal Perfusão IV 10ml/kg/h Solução salina ½ e glicose 5% nas duas 1as horas Ou Lactato de Ringer e dextrose 5% a 15ml/kg na 1ª hora e reavaliar Se melhorar, 15ml/kg na 2ª hora; Se consciente, SNG: RéSoMal Se não melhora => Choque séptico/tóxico/cardiogénico – insuficiência cardíaca/hepática, paludismo cerebral, Figura 3 : Conduta perante a reidratação intoxicação medicamentosa, acidose Peso Aumenta Melhora do estado clínico Continuar Peso Alvo F75 Estável Diminui Não Melhora do estado clínico -PARAR TODA A REIDRATAÇÃO - Administrar F75 Aumentar o RéSoMal 5ml/kg/h Reavaliar a cada hora Aumentar o Résomal 10ml/kg/h Reavaliar a cada hora - Reavaliar e estabelecer conduta 114 CRENI 7.2.Desidratação no kwashiorkor Todos os pacientes com edemas apresentam aumento do volume hídrico total e de sódio: eles estão híper-hidratados. Eles não podem estar desidratados; mas frequentemente estão hipovolémicos com má distribuição de líquidos. A hipovolemia (baixo volume sanguíneo em circulação) deve-se à dilatação dos vasos sanguíneos e a um baixo débito cardíaco. Se um paciente com kwashiorkor tem diarreia aquosa grave e o seu estado geral agrava-se, Substituir a perda de líquidos na base de 30 ml de RéSoMal por cada dejeção de fezes aquosas. Isto não é obrigatório e o estado clínico do paciente após a toma de Résomal deve ser cuidadosamente reavaliado. O tratamento da hipovolemia no kwashiorkor é igual ao tratamento do choque séptico (ver paragrafo 7.5. Choque séptico). 7.3.Desidratação Hipernatrémica A Desidratação hipernatrémica é frequente em áreas secas (deserto) especialmente se for acompanhada de uma temperatura alta. É mais comum ocorrer em crianças que foram transportadas ao sol por longas distancias para chegar ao CRENAG/CRENI e a mãe não parou para descansar ou para dar algo para beber à criança. É importante dar água açucarada ao paciente logo após a sua chegada ao CRENAG e não os deixar à espera ao sol. Esta forma de desidratação também pode acontecer quando as refeições são muito concentradas. A hipernatremia é difícil de tratar mas fácil de prevenir. As crianças desnutridas, particularmente aquelas em ambientes secos e quentes, devem ter sempre acesso a água potável suficiente. Observação: Nas áreas desérticas onde a humidade é muito fraca e a temperatura, durante o dia, é muito elevada, TODAS as crianças devem ter água para beber em intervalos frequentes. O F100, utilizado na fase de transição e de reabilitação , deve ser diluído e a tabela das quantidades de F100 por refeição deve ser ajustada para o volume de água adicional acrescentado a cada refeição. 7.3.1. Diagnóstico O primeiro sinal característico é uma mudança na textura da pele. A pele fica com textura da massa de pão (feita à base de farinha e água); Os olhos tornam-se um pouco encovados; O abdómen torna-se plano e pode progressivamente ficar escavado e enrugado (é chamado "abdómen escafoide” ou “prune belly”); A criança pode desenvolver febre; A criança fica progressivamente sonolenta e em seguida inconsciente; A crianças podem desenvolver convulsões e, se o tratamento da hipernatremia não foi instituído, pode levar à morte. As convulsões não respondem aos anticonvulsivos habituais (fenobarbital, diazepam, etc.). A incapacidade de controlar as convulsões com 115 CRENI anticonvulsivos pode por-nos na pista do diagnóstico; O diagnóstico pode ser confirmado pela pesquisa de uma natremia elevada. Normalmente a hipernatremia é diagnosticada quando o sódio sérico é superior a 150mmol / l. 7.3.2. Tratamento Para a desidratação hipernatrémica insidiosa ( paciente consciente e alerta, apenas com alteração da textura da pele ao toque): Amamentar a criança ou dar-lhe leite materno. Isso pode ser complementado com água açucarada a 10% em pequenos goles até que sua sede seja apaziguada. Nesta fase, o tratamento é relativamente eficiente; Dar água em pequenas quantidades - são necessárias várias horas para corrigir a desidratação hipernatremica ligeira; Não dar de beber grandes quantidades de água rapidamente. Para uma desidratação hipernatrémica comprovada, o tratamento deve ser lento. Quando é impossível medir a concentração sérica de sódio, o objetivo é corrigir a desidratação hipernatrémica num mínimo de 48 h. Iniciar o tratamento lentamente, e quando as concentrações séricas de sódio se aproximarem da natrémia normal, o ritmo de repleção pode ser aumentado. Quando é possível medir a concentração de sódio sérico Reduzir a concentração de sódio sérico em cerca de 12mmol/24h para corrigir a hipernatremia mais rapidamente a fim de evitar a morte por edema cerebral. O tratamento da hipernatrémia tal como é descrito na literatura médica, consiste em administrar uma solução salina normal, lentamente, seja por via oral seja por via intravenosa. No desnutrido grave convém reduzir ao máximo a ingestão de sódio para evitar a necessidade de fazer tal tratamento. A boa evolução clínica do paciente é avaliada pela medição repetida do peso da criança. Inicialmente, colocar o paciente num ambiente relativamente húmido (seja por aspersão de água ou de vapor de água se nos encontramos em áreas desérticas), termo-neutro (28˚ a 32˚C). Esta é a etapa mais importante, não deve em caso algum ser omitida; Pesar o paciente numa balança precisa e registar o peso numa ficha de acompanhamento intensivo diariamente. O objetivo do tratamento é alcançar um balanço hídrico positivo de aproximadamente 60 ml/kg/dia durante o tratamento (avaliado pelo ganho de peso), que é equivalente a 2,5 ml de água por kg/hora. Esta quantidade não deve ser ultrapassada, até que o paciente esteja acordado e alerta. Se o paciente está consciente ou semiconsciente e sem diarreia, 116 CRENI Colocar uma SNG e começar com 2,5ml/kg/hora de água açucarada a 10% ou amamentar. Não administrar F75 nesta fase, nunca dar F100 ou leite de primeira idade. A extração de leite materno é a melhor solução de reidratação acessível que existe; Pesar de novo a criança a cada 2 horas. Se o peso se mantém estável ou diminui: Verificar o ambiente imediatamente para tentar evitar as perdas de água que possam estar a ocorrer. De seguida, aumentar a ingestão de água açucarada para compensar a perda de peso em curso (calculada em g/h, e aumentar o aporte na mesma quantidade da perda de peso). Se o peso aumenta, continuar o tratamento até que o paciente esteja acordado e alerta. Se o paciente está consciente ou semiconsciente e apresenta diarreia, Administrar 1/5 de solução salina normal em 5% de dextrose, por via oral ou por SNG. Se ele está inconsciente, Administrar os mesmos volumes de líquido (dextrose a 5% se não apresenta diarreia e uma solução salina em dextrose a 5%, em caso de diarreia) por infusão Intravenosa usando uma bomba perfusora ou bureta pediátrica precisa a fim de garantir o ritmo de perfusão adequado. Se ele acorda e está alerta e a sua pele retoma uma aparência normal (ou se o sódio sérico atinge os valores normais, se a estrutura permite esse controle), Iniciar a alimentação com F75. 7.4.Diarreia 7.4.1. Diarreia Persistente ou Crónica Os pacientes com uma diarreia persistente ou crónica (sem perda aguda de fluido aquoso) não precisam ser reidratados. Eles adaptaram-se, após semanas, ao seu estado de hidratação alterado e não devem ser reidratados por horas ou dias. O tratamento adequado de uma diarreia persistente é nutricional64, ela é causada frequentemente por uma carência nutricional e será tratada com a administração de F75 e a supressão da proliferação bacteriana do intestino. A proliferação bacteriana do intestino delgado é eliminada na maioria dos casos com o tratamento sistemático dos desnutridos graves. Se a diarreia persistir, podemos administrar um tratamento com metronidazol a 10 mg/kg/dia (ver anexo 28). 64 Verificar se as fezes são muco-sanguinolentas, se se trata de uma disenteria amebiana ou shigelose. 117 CRENI 7.4.2. Diarreia de Renutrição após admissão O intestino do paciente desnutrido é atrofiado e sua capacidade de absorver grandes quantidades de hidratos de carbono é limitada; a esta atrofia intestinal pode associar-se atrofia do pâncreas o que compromete a digestão de hidratos de carbono, lipídios e proteínas. Quando o paciente inicia o tratamento com F75, ocorre frequentemente um aumento do número de fezes, geralmente moles. Não há normalmente nenhuma perda de peso: o paciente não está, portanto, desidratado e deve continuar o tratamento nutricional. NÃO administrar RéSoMal para uma simples "diarreia de renutrição", sem perda de peso. Geralmente, essa diarreia pode ser ignorada porque a amoxicilina elimina o crescimento bacteriano ao nível do intestino delgado e o F75 restaura o tecido intestinal danificado; depois de alguns dias, desaparece essa leve diarreia osmótica. A diarreia nutricional é mais frequente em pacientes com desnutrição edematosa. Há receitas (inadequadas) de F75 contendo somente leite desnatado, óleo, suplemento de minerais, vitaminas (CMV) e açúcar. O elevado volume de açúcar faz com que estas receitas sejam híper osmolares e o excesso de açúcar pode levar a uma diarreia osmótica, que os prestadores de cuidados tratam com RéSoMal, quando devia ser tratada mudando o regime alimentar. O F75 comercializado contém dextrina de maltose em vez de açúcar, o que reduz consideravelmente o risco de diarreia osmótica. Se o F75 é reconstituído (preparado de acordo com receitas) na estrutura de atendimento (CRENI), Utilizar receitas de farinha (principalmente farinha de arroz), e se possível, adicionar farinhas de sementes germinadas que agem como uma amilase, redutora de viscosidade. Se isso não for suficiente, ou se existe perda de peso, Dividir o regime alimentar em muitas refeições de pequenas quantidades, para não sobrecarregar as capacidades limitadas de digestão e de absorção. Para alguns pacientes, isto será insuficiente, o intestino ou pâncreas estão suficientemente danificados para que pequenos volumes de F75 causem diarreia osmótica inicial. É necessário nesse momento: Adicionar enzimas pancreáticas diretamente às refeições antes de as administrar. Elas podem ser encontradas no comércio, são utilizadas para o tratamento da mucoviscidose; Mudar o regime alimentar substituindo no F75 o leite não-fermentado pelo leite fermentado ou iogurte. 7.5.Choque Séptico (ou Tóxico) O Choque séptico apresenta sinais reais de desidratação, bem como sinais de choque cardiogénico e frequentemente de insuficiência hepática; o diagnóstico diferencial é muitas vezes difícil. 118 CRENI Os pacientes que apresentam um aspecto de "muito doente", podem ter choque séptico, cardiogénico, insuficiência hepática, intoxicação com aspirina, intoxicação por ingestão de medicamentos preparados por curandeiros, paludismo, infecções virais agudas oo outras causas. Os paciente "muito doentes" não devem ser automaticamente diagnosticados como tendo choque séptico; deve-se tentar procurar a causa real dessa condição clínica. Os pacientes com choque séptico estão muito doentes - se a condição se desenvolve após a admissão, trata-se mais frequentemente de um choque cardiogénico ou de uma reação contrária ao tratamento administrado. 7.5.1. Reavaliar a situação Se o paciente desenvolve este estado clínico após a sua admissão: Reavaliar o tratamento para determinar a causa desta piora clínica; Reexaminar todas as soluções dadas (sódio), e principalmente todo tratamento dado nos serviços de urgência (emergência) na admissão (se o volume de sódio dado for grande, tratar como choque cardiogénico/insuficiência cardíaca)65; Avaliar diáriamente as alterações de peso uma vez que podem ser indicativas de choque cardiogénico; NÃO diagnosticar choque séptico num paciente muito doente com ganho de peso nas últimas 24 horas; Parar todos os medicamentos não incluídos no protocolo; Verificar se as doses dos medicamentos administrados são adequadas para pacientes desnutridos. 7.5.2. Diagnóstico Para fazer o diagnóstico de choque séptico comprovado, sinais de choque hipovolémico devem estar presentes: Pulso rápido; Extremidades frias; Aumento do tempo de preenchimento capilar ao nível do leito ungeal (de mais de 3 segundos); Alterações de consciência; Ausência de sinais de insuficiência cardíaca. 65 Em certas zonas a água contém elevadas concentrações de sódio. Garantir que o paciente não coma a alimentação da mãe. 119 CRENI 7.5.3. Tratamento Todo paciente com choque séptico deve imediatamente Receber um antibiótico de largo espectro (cf.: anexo 28) Cefotaxima: IV lenta, uma vez por dia (100 mg/kg/dia no D1, seguido de 50mg/kg/dia nos dias seguintes), E ADICIONAR ciprofloxacina: via oral, 15-30mg/kg/dia em 2 doses (ou gentamicina 5 mg/kg/dia uma vez ao dia por injeção IM) E Metronidazol: 10 mg/kg/dia, via oral ou retal 2 vezes por dia (5 mg/kg duas vezes ao dia). Se existem lesões cutâneas abertas ou sinais subjetivos de abscesso pulmonar, Adicionar cloxacilina IV para crianças: 100-200mg/kg/dia em 3 injeções: uma a cada 8 horas. Se não apresenta nenhuma melhoria dentro de 24 horas Adicionar também fluconazol oral à razão de 3mg/kg/dia, 1 vez por dia Nas áreas de alta prevalência do HIV, onde candidíase oral é frequente, ou a prevalência de candidíase é superior a 20%, adicionar fluconazol no início do tratamento a todas as crianças muito doentes. Manter aquecido para prevenir e tratar a hipotermia; Dar água açucarada, por via oral ou SNG, logo que seja feito o diagnóstico (para evitar hipoglicemia); Dentro do possível não mover o paciente (não o lavar, evitar o excesso de exames clínicos, pesquisas em outros departamentos, etc.); Nunca transportar o paciente não estabilizado para outras estruturas; o stress de transporte pode levar a uma rápida deterioração e morte. Para o choque séptico incipiente Administrar o regime padrão baseado no F75 por SNG. Se resíduos gástricos são aspirados pela SNG, iniciar com metade da quantidade recomendada de F75 até que não se verifique aspiração desses resíduos. Para o choque séptico desenvolvido, se o paciente estiver inconsciente devido a insuficiente irrigação cerebral, Infusão lenta de uma das solução abaixo (não administrar se se suspeita de choque cardiogénico): 120 CRENI Sangue total: 10ml/kg durante pelo menos 3 horas - nada deve então ser administrado por via oral durante a transfusão Ou Solução de Lactato de Ringer com glicose a 5% ou solução de soro fisiológico diluído pela metade (0,45%) com solução com 5% de glicose, à taxa de 10ml/kg/hora em 2 horas (Atenção! Não administrar se existir possibilidade de choque cardiogénico). Monitorizar a cada 10 minutos sinais de deteorização, especialmente sinais de sobrecarga e insuficiência cardíaca: o Aumento da frequência respiratória, o Surgimento de fervores expiratórios, o Aumento do tamanho do fígado, o Turgescência das veias jugulares. Quando que o paciente melhorar (pulso normal, retorno da consciência): Parar as infusões IV e continuar com um regime baseado no F75 por SNG. 7.6.Ausência de ruídos intestinais, dilatação gástrica com distensão abdominal (meteorismo) Nesta complicação existe um íleo funcional com proliferação bacteriana no intestino delgado, como ocorre durante uma obstrução intestinal. Não ocorre esvaziamento gástrico e há falta de peristaltismo e, portanto, acúmulo de resíduos a nível do lúmen intestinal. Estes sinais são muito graves. Eles são, muita vezes, acompanhados de mau funcionamento do fígado e assemelham-se ao "Síndrome do bebe cinzento" relacionado com a intoxicação por cloranfenicol. Quando se desenvolve após a admissão, todos os medicamentos que foram administrados, e que são potencialmente hepatotóxicos, devem ser interrompidos. Excluindo intoxicação por fármacos, pode acontecer que os pacientes desenvolvam este tipo de síndrome devido a “hiper infecção” por crescimento de organismos resistentes aos antibióticos utilizados ou pelo consumo de medicamentos tradicionais dados por praticantes da medicina tradicional. Nada pode ser absorvido por via oral enquanto o estomago não estiver vazio. O prognóstico é reservado e os pais devem ser informados da gravidade desta condição. Deve-se proceder às seguintes medidas: Administrar um antibiótico IV, como no caso do choque séptico (ver tópico 4.7); Parar todos os medicamentos que possam ser tóxicos (retrovírus incluídos); Administrar uma injeção de sulfato de magnésio (2 ml de uma solução a 50%) e repetir a dose duas vezes por dia, até o restabelecimento do trânsito (emissão de fezes e diminuição de resíduos gástricos); Introduzir uma SNG, aspirar o resíduo gástrico e, em seguida, irrigar o estômago com 50 ml de solução isotónica (dextrose a 5% ou sacarose a 10% - esta solução não precisa ser estéril). Aspire lentamente a solução. Repita este processo até que o líquido aspirado seja claro; 121 CRENI Colocar em seguida 5 ml/kg da solução açucarada (sacarose a 10%) no estômago e deixar por uma hora. Aspirar e medir o líquido retirado. Se o volume for menor do que o volume introduzido significa que há boa absorção digestiva. Devolver o líquido aspirado e completar com uma solução de sacarose a 10% (5 ml/kg)66; Administrar nistatina em suspensão ou fluconazol por SNG, para eliminar a candidíase a nível do esôfago e do estômago; Manter o paciente aquecido. Se o paciente estiver inconsciente, semiconsciente e/ou delirante, Dar glicose IV (ver paragrafo 7.11: hipoglicemia); NÃO fazer perfusão nesta fase, monitorizar o paciente cuidadosamente durante as próximas 6 horas, sem administrar qualquer outro tratamento: usar a ficha de acompanhamento intensivo diário. Vigiar constantemente para verificar se o estado clínico do paciente melhora: Primeiro por uma alteração na função intestinal - diminuição da distensão abdominal, retorno visível do peristaltismo em todo o abdómen, retorno dos ruídos intestinais, diminuição do volume da aspiração gástrica; Depois através da melhoria do estado geral do paciente. Se existe melhoria da função intestinal: Começar por dar pequenas quantidades de F75 por SNG (metade das quantidades indicadas na tabela 11: Quantidades de F75 na Fase Aguda). Aspire os resíduos gástricos antes de cada injeção de F75: o Se o volume residual é grande - diminuir o volume de F75; o Se o volume residual não é importante - aumentar gradualmente as quantidades. Se não se verificou nenhuma melhoria após 6 horas: Considere colocar uma perfusão Intravenosa; o É importante que a solução contenha quantidades adequadas de potássio: adicionar cloreto de potássio (20mmol/l) a todas as soluções que não contenham potássio. Se não estiver disponivel esta solução, use soro fisiológico com dextrose a 5%, ou Lactato de Ringer com dextrose a 5%, ou uma solução com metade de soro fisiológico (solução a 0,45%) e metade de dextrose a 5%. A velocidade de perfusão deve ser muito lenta - o volume não deve exceder 2 a 4 ml/kg/h (use uma bureta pediátrica ou bomba de perfusão); Administrar antibióticos IV de primeira e segunda linha. 66 Mesmo que o suco gástrico aspirado possa provocar uma alcalose e um desequilíbrio eletrolítico. Contudo se observar-se qualquer sangramento – hemorragia gástrica - (resíduos em grãos de café) não aspirar. 122 CRENI Quando o volume de suco gástrico aspirado diminuir para metade (significa que foi absorvido pelo estômago), colocar em terapêutica IV descontinuada e passar, o mais rapidamente possível, para apenas via oral. 7.7.Insuficiência cardíaca 7.7.1. Sinais e sintomas Deve ser feito o diagnostico de insuficiência cardiaca perante os seguintes sinais e sintomas: Deterioração física com ganho de peso (esta é a maneira mais fácil de fazer o diagnóstico e não requer nenhum equipamento especial ou competência clínica); Aumento da frequência respiratória com ganho de peso: ˃ 50/min para crianças de 5 a 11 meses, ˃ 40/min para crianças de 1 a 5 anos; Aumento na frequência respiratória mais que 5 ciclos por minuto (mais comum durante o tratamento da reidratação); Aumento do volume do fígado (esta é a razão porque se marcam os rebordos do fígado antes de qualquer hidratação); Aumento da sensibilidade do fígado; Estertores expiratórios (sinal de rigidez dos pulmões); Crepitações pulmonares ou brônquicas; Ingurgitamento das veis jugulares quando se faz pressão sobre o abdômen (fígado): refluxo hepato-jugular; Cardiomegalia; Ritmo de galope à auscultação cardíaca; Diminuição da concentração de hemoglobina (Hb) (requer análise de laboratório) – o seu declínio é geralmente um sinal de sobrecarga de fluidos e não de diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos. Na última fase, verifica-se: Insuficiência respiratória marcada, progredindo para taquicardia, extremidades frias, edema e cianose; Uma morte súbita e inesperada. Trata-se de um choque cardiogénico. Este tipo de choque ocorre frequentementenos nos pacientes com DAG depois de iniciarem o tratamento. Na sua génese está um aporte excessivo de sódio, quer pelo regime nutricional quer por soluções de reidratação ou medicamentos; mesmo que o aporte de sódio seja restrito, a insuficiência cardíaca 123 CRENI pode ser causada por uma ingestão de sódio residual na dieta e pela quantidade que que sai da célula para o espaço extracelular logo após o início do tratamento. O excesso de sódio dado na sala de emergência ou durante o tratamento inicial de reidratação na admissão pode causar insuficiência cardíaca vários dias depois, quando o sódio é mobilizado para o espaço vascular. Verifica-se ganho de peso. Na verdade, a insuficiência cardíaca geralmente ocorre depois de se iniciar o tratamento nutricional (é devido ao tratamento); em geral existem registos do peso anterior ao inicio da insuficencia cardíaca. 7.7.2. Diagnostico diferencial Insuficiência cardíaca e pneumonia são clinicamente muito semelhantes e muito difíceis de diferenciar: Se há um aumento na frequência respiratória com ganho de peso, insuficiência cardíaca é o diagnóstico mais provável; Se há aumento da frequência respiratória com perda de peso, o diagnóstico mais provável é pneumonia; Se não há alteração no peso (balanço hídrico) o diagnóstico diferencial é feito feito através de outros sinais de insuficiência cardíaca; Se os sinais de insuficiência respiratória aparecem após ganho de peso não é provável que se trate de uma pneumonia. Pacientes com presença de edemas bilaterais podem ter insuficiência cardíaca sem ganho de peso devido ao aumento do volume de sangue circulante devido á mobilização dos edemas para o espaço vascular. 7.7.3. Tratamento Nos doentes com kwashiorkor, quando há uma mobilização dos edemas o sódio é extraído das células para a circulação e o volume plasmático aumenta verificando-se, desta forma, uma diminuição da concentração de Hb. Esta anemia por DILUIÇÃO ocorre em quase todos os paciente na fase de cura. A diminuição da concentração de Hb, sinal de aumento do volume circulatório, é também um sinal de sobrecarga na base da insuficiência cardíaca. Esses pacientes nunca devem ser transfundidos. A insuficiência cardíaca não é causada por anemia: a anemia é um sinal de aumento do volume sanguíneo este último causa da insuficiência cardíaca propriamente dita. É um erro de diagnóstico muito comum. Crianças com insuficiência respiratória e anemia não devem ser transfundidas. 124 CRENI Figure 4: Conduta a seguir perante uma insuficiência respiratória. Insuficiência Respiratória Ganho de Peso diário Se o peso aumenta Se o peso diminui Se o peso permanece estável Sobrecarga líquida – Risco de insuficiência cardíaca Pneumonia (aspiração) Quando se faz o diagnóstico de insuficiência cardíaca: Suspender os liquidos e sólidos (oral ou IV). O paciente não deve comer ou beber até se verificar uma melhoria da insuficiência cardíaca mesmo que demore 24 e 48 horas. Podem ser administradas pequenas quantidades de água com açúcar, por via oral, para prevenir a hipoglicemia; Rever os fármacos a administrar ao paciente e reduzir ou suspender os que são à base de sais de sódio (ver anexo 28 em medicamentos contendo sais de sódio); Administrar furosemida (1 mg/kg) - em geral não é muito eficaz e não deve ser o tratamento preferencial num doente desnutrido. Opcional: digoxina- pode ser administrada em dose única e pouco elevada (5 µg/kg - dose menor que a dose hbitual). Neste caso, NÃO DAR a dose de carga. Usar a preparação pediátrica, não usar pequenas quantidades das preparações de adulto) 7.8.Hipotermia Os pacientes DAG são muito suscetíveis à hipotermia (temperatura rectal ˂ 35,5oC ou temperatura axilar ˂ 35oC). 7.8.1. Prevenção Garantir uma temperatura ambiente entre 28°C a 32°C, especialmente durante a noite; Manter as janelas e portas fechadas durante a noite; Controlar a temperatura ambiente com um termómetro de parede; Utilizar camas de adultos para que as crianças durmam com a mãe. É necessário ter cobertores no stock. 7.8.2. Tratamento Aquecer a criança usando a técnica do "Canguru", para as crianças com acompanhante. A criança é colocada no peito da mãe pele-a-pele e envolvida pela roupa da mãe; 125 CRENI Colocar-lhe um gorro de lã; Dar bebidas quentes à mãe (água, chá ou outra bebida quente); Monitorar a temperatura corporal durante o aquecimento a cada 30 minutos; Tratar a hipoglicemia e administrar antibióticos de primeira e segunda linha. 7.9.Febre As crianças com DAG não respondem aos antipiréticos. Os cuidadores e os funcionários do hospital muitas vezes administram antipiréticos inadequadamente, o que pode provocar intoxicações. Os antipiréticos são muito mais tóxicos para a criança desnutrida do que para a criança normal. NÃO DÊ aspirina ou paracetamol aos pacientes com DAG no CRENI Para febre moderada até 38,5°C retal ou 38,0°C axilar: NÃO tratar; Continuar o tratamento sistemático; Destapar a criança (remover cobertores, chapéus e a maioria das roupas) e mantê-la num local bem ventilado; Administrar água; Pesquisar a presença de paludismo ou outra infecção. Para febre acima de 39°C temperatura retal (38,5°C axilar), situação em que o paciente corre risco de desenvolver uma hipertermia: Colocar um pano molhado/húmido sobre a testa da criança, voltar a humidificar assim que estiver seco; Vigiar a diminuição da temperatura corporal a cada 30 minutos; Administrar água em quantidades abundantes. Se a temperatura não descer, envolva todo o corpo em panos húmidos. Se a temperatura descer abaixo de 38°C temperatura retal (37,5°C axilar), retirar os panos húmidos corre-se o risco de hipotermia ao querer baixar muito a temperatura corporal. 7.10. Anemia grave 7.10.1. Diagnostico Medir a hemoglobina (Hb) na admissão a todos os pacientes que apresentam uma anemia clínica67. A hemoglobina não deve ser medida na maioria das circunstâncias a fim de evitar que pessoas pouco experientes vejam uma Hb muito baixa e façam uma transfusão num paciente durante um período de desequilíbrio eletrolítico (D2 a D14). 67 126 CRENI 7.10.2. Tratamento Se Hb é ≥ 4 g/100 ml ou hematócrito (Hte) ≥ 12% OU se o paciente iniciou tratamento (F75) há mais de 48 horas (de preferência durante a noite) e menos de 14 dias, NÃO dar NENHUM tratamento, exceto uma única dose de ácido fólico na admissão. Se Hb ˂4 g/100 ml ou Hte ˂ 12% nas primeiras 24 horas após a admissão, o paciente tem uma anemia muito grave e deve ser tratado. Dar 10 ml/kg de concentrado de hemácias ou sangue total em 3 horas; Parar toda alimentação durante de 3 horas após a transfusão de sangue; Não transfundir apartir de 48 horas após o início do tratamento com F75 até D14; Não dar ferro em fase aguda; Se existirem estruturas e recursos humanos diferenciados é melhor fazer uma exsanguino-transfusão em crianças gravemente desnutridas com anemia severa. Se uma transfusão é necessária durante o período entre D2 e D14 após o início do tratamento dietético, ou se houver insuficiência cardíaca com anemia muito grave, fazer uma exsanguinotransfusão. Se não existem especialistas, transferir o paciente para um centro onde existam condições suficientes para fazer uma exsanguino-transfusão (unidade neonatal). Nos pacientes com insuficiência cardíaca devido a anemia a frequência cardíaca está aumentada e ouve-se um ritmo de galope à AC e as extremidades estão quentes, é uma frequência cardíaca por alta débito. A anemia ou diminuição de Hb e dificuldade respiratória são sinais de sobrecarga líquida e de aumento do volume plasmático – a insuficiência cardíaca não se deve à anemia, mas a anemia é causda por “hemodiluição”, em consequência de sobrecarga líquida: NÃO fazer transfusão total de sangue ou de hemácias diretamente a estes pacientes68 7.11. Hipoglicemia 7.11.1. Prevenção de hipoglicemia Os pacientes com DAG podem desenvolver uma hipoglicemia, mas não é frequente. Administrar água açucarada a todas as criança que viajaram por longas distâncias, à sua chegada ao centro. Não se sabe qual foi a última refeição da criança: Todos os recém-chegados devem receber água com açúcar (10%) de forma sistemática enquanto esperam a sua vez de serem pesados, medidos e examinados; Administrar mais açúcar para crianças que sofrem de hipotermia e choque séptico, mesmo que não tenham hipoglicemia. 68 Alguns protocolos aconselham a transfusão em pacientes com DAG com uma hb de mais de 4, se existe a dificuldade respiratória. Dificuldade respiratória é muitas vezes é confundida com insuficiência cardíaca. Portanto, este conselho não deve ser seguido. 127 CRENI As crianças que desenvolvem hipoglicemia são aquelas que não comem pelo menos durante há 12 horas (incluindo hidratos de carbono de absorção lenta). As crianças que não comem as suas refeições durante o dia devem ter pelo menos uma refeição da noite. Uma criança que consumiu todas as refeições durante o dia não desenvolve hipoglicemia à noite e não sendo necessário acordálo à noite para uma refeição: ele não está em risco de hipoglicemia. 7.11.2. Diagnóstico Muitas vezes não há sinais de hipoglicemia. A maioria dos pacientes DAG com hipoglicemia não transpira, tem "pele de galinha" ou palidez. Estas crianças tornam-se simplemente menos responsivas, diminuindo a consciencia coma e apresentando, muitas vezes, hipotermia. Um dos sinais de hiperatividade do sistema nervoso simpático, que começa antes da hipoglicémia se manifestar, é a retração das pálpebras. Deve-se acordar uma criança que dorme de olhos abertos, lo e dar-lhe água doce ou F75 para beber; as mães e equipe médica devem estar conscientes deste sinal e procura-lo em crianças, especialmente à noite. 7.11.3. Tratamento Para pacientes conscientes e capazes de beber, administrar cerca de 50 ml de água açucarada a 10% (≈5 a 10 ml/kg) ou F75 por via oral. Na verdade, a quantidade total não é crítica; Para pacientes em processo de deterioração da consciencia, administar 50 ml de água açucarada a 10% por SNG; Para pacientes inconscientes ou obnulilados, administrar água açucarada por SNG e depois glicose em uma única injeção IV (≈ 5 ml/kg de solução a 10% - soluções mais concentradas causam trombose e não devendo ser utilizadas); Administar antibióticos de primeira e segunda linha; A resposta ao tratamento geralemnre é rápida e drástica. Se um paciente inconsciente, letárgico não responder rapidamente a este tratamento: Rever o diagnóstico e tratamento (paludismo cerebral, meningite, hipoxia, hipernatremia, etc.). 7.12. Dermatoses 7.12.1. Dermatoses no Kwashiorkor69 Os Kwashiorkor muitas têm feridas abertas, onde a epiderme está lesada, com a aparência de queimaduras. Estas lesões podem ser tratadas da mesma forma que as queimaduras. Pode haver 69 Alguns protocolos recomendam que se dê banhos com uma solução de permanganato de potássio. O permanganato de potássio é um agente oxidante muito forte que age como uma substância adstringente (uma substância que coagula as proteínas do soro/sangue/tecidos e pára o sangramento, destrói as proteínas bacterianas e virais) e após a sua aplicação a pele seca rapidamente; a solução tinge a pele de castanho. É tóxica se ingerida e cáustica se não for suficientemente diluída. Não é recomendada por muitas razões: a) o perigo de não ser suficientemente diluída b) estas crianças são deficientes em antioxidantes. Se for utilizada, a solução não deve estar muito concentrada devendo apresentar uma cor rosa pálida. Existem outros adstringentes como os sais de alumínio e o nitrato de prata. A solução de Burow (acetato de alumínio) é um adstringente não tóxico utilizado em caso de otite externa (com secreção). Não foi testada nas dermatoses devido ao Kwashiorkor, mas é muito mesos perigosa que a solução de permanganato de potássio 128 CRENI perda de soro. Há um aumento da perda de calor por evaporação, a hipotermia é frequente e deve ser evitada. Estas lesões muitas vezes são colonizadas por bactérias e Cândida nas condições de internamento no CRENI. Normalmente estes pacientes não desenvolvem reações inflamatórias, formação pus ou febre devido à deficiência que apresentam na função imune e inflamatória. Pode ocorrer reação inflamatória durante o tratamento, quando as condições do paciente melhoram. Tratamento Administrar antibióticos de primeira e segunda linha, incluindo fluconazol; Verificar a temperatura do corpo; Não lavar a criança a menos que a temperatura ambiente seja elevada; Se possível, durante o dia, expôr o dano diretamente ao ar durante as horas quentes do dia, para que seque e forme uma crosta, não cubrir com pensos oclusivos; Durante a noite e quando está frio colocar gases de parafina esterilizada; Usar gazes impregadas com sulfadiazina de prata (1%), ou creme, se possível, se não for possível utilizar pomada de óxido de zinco (10%); Fazer massagens suaves nas outras áreas de pele não atingidas, com óleo (óleo de mostarda ou à base de soja); Se o paciente tem candidíase aplicar creme a base de miconazol até secarem as lesões. 7.12.2. Escoriação perineal Trata-se de uma dermatose química causada pela decomposição bacteriana da urina em amónia. É muito comum quando se colocam cuecas plásticas para cobrir o períneo, para não sujas roupas e lençóis. Expostas ao ar, as nádegas da criança vão secar e as bactérias e leveduras vão parar de crescer – elas proliferam em condições de humidade sob o curativo oclusivo e plástico; a amónia vai evaporar e a mãe percebe imediatamente que a criança urinou ou defecou e pode assim limpá-la de imediato. Prevenção Não usar cuecas de plástico / polietileno etc., para cobrir as nádegas da criança; Fazer ou dar às mães aventais para cobrir/proteger as suas roupas quando alimentam /cuidam/trocam/brincam com o seus filhos; Despir as crianças sempre que possível durante o dia; Massajar a pele das crianças regularmente utilizando óleo (usar o óleo comum, óleo de mostarda parece particularmente eficaz) 20 minutos após as crianças terem sido alimentadas, colocá-las no bacio; a mãe pode utilizar os seus pés para ajudar a criança a sentar no bacio70. Ocorre um reflexo gastrocólico; a libertação de hormonas durante as refeições aumenta as contrações intestinais e vesicais. Por esta razão deve-se para por as crianças no bacio ou leva-las à casa de banho, após terem terminado 70 129 CRENI Tratamento O mais importante é a lavagem e, em seguida, expor ao ar as nádegas da criança; Se a erupção é grave, pode ser tratada como as lesões de kwashiorkor; Continuar o tratamento com antibióticos de segunda linha e dar nistatina oral. Aplicar nitrato de miconazol71 creme/pomada, até que as lesões estejam secas. 7.12.3. Sarna/piolhos A escabiose é comum em lugares molhados e quentes, onde as pessoas dormem juntas. Os piolhos são mais frequentes entre o hálux e os outros dedos, ao nível da cintura, nas pregas inguinais e nas axilas. Em pacientes com desnutrição grave e imunodeprimidos pode contaminar todo o corpo e ficar incrustada (a chamada "sarna norueguesa"). Tratamento Aplicar creme (5%) / loção (1%) à base de permetrina72 em todo o corpo e lavar com sabão, 12 horas depois. Certifique-se de que as dobras ao nível do dedos, do hálux, cintura, axilas epregas inguinais são bem tratadas. Não aplicar sobre mucosas ou feridas; Se o paciente lavar após 8 horas, repetir a aplicação novamente e deixar a loção ou creme por 12 horas; Tratar, concomitantemente, quem dorme ou está em contato com o paciente; Para piolhos ao nível da cabeça e dos pelos de todo o corpo, aplicar loção de permetrina - em crianças, estão muitas vezes apenas a nível da cabeça – nos adultos também podem ter ao nível das axilas e do púbis; Trocar de roupa e lavar com água a ferver todas as roupas e lençóis da cama. 7.12.4. Infecções fúngicas ou cutâneas Micose, intertrigo (infeção da pele que recobre diferentes pregas da superfície corporal. Pode ser ocasionada por fungos ou bactérias e frequentemente localiza-se entre os dedos (pé de atleta), no sulco intermamário, axilas, pregas interglúteas, testículos, axilas e outros “lugares impregnados de suor"). Infecções fúngicas localizadas ao nível da pele ou unhas são tratadas com creme / loção (2%) de comer. Isto previne não somente as lesões perineais, mas também é importante para a higiene do CRENI (a contaminação com fezes é provavelmente a fonte da maioria das infeções nosocomiais). 71 O miconazol pode ser utilizado nas mucosas e por via oral como um gel para tratar tanto a candidíase oral como a perianal e genital. 72 Este produto é o mesmo utilizado para impregnar os mosquiteiros e é menos tóxico que os outros. Embora o Benzoato de Benzila seja menos caro, ele é menos eficaz e frequentemente origina escoriações em pacientes desnutridos devendo ser evitado sempre que possível se existirem outras alternativas. 130 CRENI Aplicar o creme anti-fungico diretamente nas lesões 2 vezes por dia; Continuar o tratamento por, pelo menos, 10 dias após as lesões terem desaparecido. 7.12.5. Impetigo (uma infecção bacteriana da pele) O impetigo começa como pequenos botões que emergem formando-se posterirmente uma crosta amarelada irregular de soro seco. Aparece frequentemente na face em redor da boca,no nariz ou bochechas, braços e pernas. Uma segunda forma apresenta-se com bolhas indolores com líquido (impetigo bolhoso) no abdómen ou membros. É causado por Staphylococcus aureus (e ocasionalmente por Streptococcus pyogene, grupo A). Os locais infectados por picadas de insectos e arranhões ou onde a pele já esteja danificada (por exemplo, estomatite angular, sarna) são particularmente vulneráveis. Picadas de mosquito coçadas são uma porta de entrada comum. Inicialmente, as lesões são superficiais. São muito contagiosas durante as primeiras 48 horas após iniciar o tratamento com antibióticos. Pacientes bem nutridos podem ser tratados apenas com pomadas à base de antibióticos (pomadas à base de Mupirocina ou ácido fusídico são eficazes); No entanto isto é inadequado para pacientes gravemente desnutridos (ou com outras causas de incompetência imunológica) sendo que o tratamento requer antibioterapia. Prevenção A prevenção reside principalmente em precauções higiénicas. Lavar as mãos frequentemente com água morna e sabão e seca-las bem. Não compartilhar a roupa lavada, toalhas, etc. Cortar as unhas com tesouras de qualidade (a maioria das famílias não tem tesoura e as unhas das crianças são longas e sujas e as das crianças mais velhas afiadas e cortantes; quando elas se coçam, após uma picada de mosquito, inoculam sujeira e microrganismos para a pele). Tratamento Lavar a área com água morna e sabão ou uma mistura de vinagre e água quente. Secar suavemente e, se possível, cubrir a lesão para que a infecção não se espalhe; Se houver a possibilidade de fazer análises microbiológicas, colher uma amostra para cultura e antibiograma. Começar imediatamente a tratar o paciente com cloxacilina oral (ver anexo 28); Se a resposta ao tratamento não for observada, ao nível da lesão, após 48 horas, ou continuar a se espalhar, alterar o antibiótico para eritromicina, clindamicina ou cefotaxima. 7.12.6. Cancrum oris (Noma, estomatite gangrenosa) Esta condição é rara e encontra-se principalmente em crianças gravemente deficientes. No início pode ser confundido com impetigo, porque ele começa como uma pequena úlcera na face (ou mucosa oral). No entanto espalha-se rapidamente, aumenta em profundidade e instala-se nos lábios e bochechas, para progredir para uma úlcera necrótica, penetrante, de odor nauseabundo. Pode penetrar na cavidade oral e expor os ossos da mandíbula e dentes. Pode seguir-se a uma infecção, como sarampo ou herpes. A causa primária é provavelmente uma infecção sinérgica com bactérias aeróbicas e anaeróbicas (Streptococcus hemolítico e.g., enterobactérias, klebsiella, Staphylococcus, Candida, etc.). 131 CRENI Tratamento Limpar as lesões e manter a higiene oral; Administar antibioterapia de segunda linha. Se disponível, clindamicina (3-10 mg/kg, 4 vezes ao dia; se a criança pesa menos de 10 kg, a dose mínima diária é 37,5 mg x 3, a dose máxima diária é de 450 mg x 4); Adicionar metronidazol 10 mg/kg/dia; A cirurgia não deve ser tentada sem uma recuperação total no plano nutricional. 7.13. Outras condições Os pacientes com outras doenças subjacentes podem apresentar primeiramente DAG. Inicialmente devem ser tratados de acordo com o protocolo padrão para DAG. Aqueles que não respondem ao tratamento, requerem investigações adicionais para pesquisa das causas subjacentes (ver tópico 8: falha de resposta ao tratamento e paragrafo 7.15. VIH/SIDA). 7.14. Medicamentos Deve-se ser prudente ao prescrever medicamentos para pacientes com DAG. A maioria das doses de fármacos recomendadas para uma criança normal são tóxicas ou ineficazes nestes pacientes. Fármacos que afetam o sistema nervoso central (como antieméticos), fígado, pâncreas, rim, coração ou função intestinal e aqueles que causam anorexia não devem ser utilizados ou devem ser utilizados em circunstâncias muito específicas. Recomenda-se: Começar o tratamento de DAG pelo menos, uma semana antes, de começar o tratamento para as doenças que não são letais (por ex.: o HIV/SIDA, até que o tratamento nutricional restabeleça o metabolismo do paciente), antes de administar as doses padrão para essas patologias; Evitar administrar muitos fármacos até estar seguro da sua inocuidade para o tratamento da DAG, a sua dose deve ser ajustada para a desnutrição. Medicamentos como o paracetamol são ineficazes para a maioria dos pacientes com DAG e podem causar graves danos hepáticos; Administar doses reduzidas de fármacos se estes não tiverem sido testados em pacientes com DAG; Administar doses normais para pacientes em fase de reabilitação, no CRENAG ou que têm desnutrição leve. 132 CRENI 7.15. Síndrome de renutrição O "síndrome de renutrição" refere-se a pacientes DAG (ou que estiveram em jejum73) que desenvolvem rapidamente, depois de consumirem uma grande quantidade de alimentos, os seguintes sinais clínicos: fraqueza extrema, apatia, letargia, delírio, sintomas neurológicos, acidose, necrose muscular, insuficiência hepática, pancreática, cardíaca ou morte inesperada e fulminante. Este síndrome deve-se ao rápido consumo de nutrientes essenciais com uma dieta desequilibrada. Geralmente há uma diminuição significativa de fósforo, potássio e magnésio plasmático. Outros problemas que podem ocorrer durante o período de renutrição são edemas e diarreia de renutrição (ver tópico 7.3). 7.15.1. Prevenção É importante, no início do tratamento, não administrar volumes demasiado elevados de alimentos. Na admissão, os pacientes não devem ser forçados a comer quantidades maiores de alimentos das previstas no protocolo. Deve-se estar vigilante e não sobre alimentar estes pacientes através da SNG. Foi para evitar este síndrome que introduziu-se a Fase de Transição. Alguns protocolos CRENAG administram uma quantidade significativa de APTU na admissão. Se a mãe tenta forçar seu filho a comê-los este síndrom pode ocorrer. 7.15.2. Tratamento Para pacientes em fase de reabilitação ou no CRENAG Retornar à fase aguda Para pacientes em fase aguda, Reduzir a dieta para 50% do aporte prescrito e aumentar gradualmente até que os sintomas desapareçam lentamente; 7.16. Verificar se a quantidade de potássio e magnésio na dieta é suficiente; se a dieta não for baseada em leite de vaca (ou se a mãe também dá cereais e leguminosas, etc.), adicionar fósforo à dieta. DESNUTRIÇÃO GRAVE E VIH/SIDA, TUBERCULOSE (TB) 7.16.1. Rastreio do VIH Se existe um programa de rastreio e aconselhamento (RA) e, pelo menos, profilaxia e tratamento de infecções oportunistas, ele deve ser oferecido a todos os pacientes desnutridos e aos seus acompanhantes Se existe um programa de tratamento com Antirretrovirais (TARV), deve existir sempre um programa de RA associado a programas de rastreio e GIDA. É necessário que o consentimento do acompanhante e que esteja disposto e seja capaz de fazer o tratamento em casa. 73 Este síndrome pode ocorrer também em pacientes obesos que tenham sido colocados em jejum durante o tratamento; a realimentação súbita pode provocar um síndrome de renutrição; eles não estão magros mas tal como os pacientes desnutridos, o seu organismo adaptou-se a um aporte nutricional reduzido. 133 CRENI Se os pais sofrem de HIV/SIDA, é necessária assistência adicional capaz e consentida, visto os pais sofrerem de uma doença crónica. Durante esta longa doença, a mãe pode muitas vezes ser incapaz de cuidar do seu filho sendo muitas vezes o CRENAG uma opção inviável. Se a avó cuida de todas estas crianças sem assistência externa, muitas vezes não lhe é possível dar atenção especial à criança com DAG; em alguns casos, o chefe da família é o mais velho dos irmãos e irmãs da família. O apoio e a mobilização da Comunidade, assim como de ONG locais, pode ser uma ajuda inestimável nestas circunstâncias. Muitas destas crianças devem ser inicialmente internadas (não necessariamente no hospital), outras precisam de ser tratadas em programas específicos ou uma estrutura como o CRENAG. Orfanato: o pessoal do orfanato deve ser treinado para dar atenção básica aos pacientes com DAG; eles podem funcionar como um CRENAG. No momento de rastreio do VIH as crianças devem ser também rastreadas para TB e DAG, as coinfecções são particularmente frequentes. TB, VIH e DAG são doenças inter-relacionadas e muitas vezes podem aparecer no mesmo paciente. Em locais onde a prevalência do VIH é elevada, os pacientes podem ser inscritos nos dois programas; no entanto pode acontecer que a equipe de nutrição ou os técnicos de um outro programa desconheçam as interações medicamentosas nos paciente que sofrem de DAG; com medicamentos ARV, são necessárias alternativas para o tratamento anti-palúdico e anti-tuberculose. 7.16.2. Tratamento Os centros de cuidados e tratamento para o VIH devem ser capazes de apoiar pacientes com DAG e TB, em ambulatório, de acordo com o protocolo. Se iniciamos o tratamento para TB ou ARV num paciente com DAG, com uma desnutrição metabólica, ele pode desenvolver reações medicamentosas adversas muito graves. Tais efeitos podem ser letais ou estar origem do abandono da terapêutica ARV. Todos os ARV têm efeitos colaterais significativos: a sua toxicidade e farmacocinética não foram avaliados adequadamente nos pacientes DAG. A maioria das crianças VIH+ responde tão bem ao tratamento da DAG como crianças sem VIH. No entanto, aquelas que têm um número muito baixo de CD4 têm uma mortalidade mais elevada (mas não muito mais elevada) e aquelas com um número razoavel parecem ter o mesmo risco de mortalidade que as crianças não infectadas. O tratamento de DAG é o igual para pacientes VIH positivos ou negativos. Iniciar com o tratamento DAG, pelo menos 2 semanas antes da introdução de ARV para reduzir os efeitos colaterais dos ARV, durante a fase de reabilitação; se não houver resposta ao tratamento, iniciar o TARV após duas semanas do início do tratamento DAG com F75; Administrar o cotrimoxazol como profilaxia contra a pneumonia por Pneumocystis para pacientes VIH+, além dos antibióticos de rotina para a DAG. O cotrimoxazol é inadequado para tratar pacientes com DAG; 134 CRENI Evitar a anfotericina B em pacientes que sofrem de DAG e HIV. Após tratamento satisfatório do paciente com DAG, depois de este ter recebido doses suficientes de nutrientes essenciais que lhe permitam resistir aos efeitos tóxicos dos medicamentos para VIH e TB, Iniciar o tratamento do VIH segundo protocolo nacional. Para os pacientes com DAG e TB: NÃO devem ser transferidos de imediato para um centro de tratamento de TB, se os funcionários desse centro tiverem pouca experiência ou não tiverem sido treinados para tratar DAG; o tratamento de DAG deve ter prioridade em relação ao tratamento da TB. Este último pode ser adiado por duas semanas para o benefício do tratamento da DAG, exceto nos casos de TB miliar, meningite tuberculosa e doença de Pott; Evitar o coartem e rifampicina em pacientes com DAG e em TARV. 8. INSUCESSO NO TRATAMENTO (CRENI) 8.1.Diagnóstico Apenas os pacientes com critérios de insucesso ao tratamento devem fazer exames clínicos e laboratoriais aprofundados. Os profissionais qualificados e o tempo devem ser usados com sabedoria: para treino, supervisão, diagnóstico e tratamento de pacientes que não respondem ao tratamento padrão. A ausência ou a insucesso na resposta ao tratamento padrão é um diagnostico em si. No CRENAG, as principais razões são, geralmente, sociais e psicológicas; isto também acontece no CRENI, mas de forma menos comum. Tabela 22 : Diagnóstico de “Insucesso ao Tratamento” para os pacientes no CRENI CRITÉRIOS DE INSUCESSO NO TRATAMENTO TEMPO DECORRIDO APÓS ADMISSÃO Ausência de melhoria ou de retorno do apetite Dia 4 Ausência total de diminuição dos edemas Dia 4 Edemas ainda presentes Dia 10 Não preencher os critérios de transferência para o CRENAG (ou Fase de Reabilitação CRENI) Dia 10 Deterioração clínica APÓS admissão A qualquer momento Observação: o dia da admissão conta como D 0; D1 é o dia após a admissão. 135 CRENI 8.2.Investigação sobre as causas de insucesso ao Tratamento (CRENI) CAUSAS RELACIONADAS COM A ESTRUTURA: Má aplicação do protocolo; Ambiente não-propício para pacientes com DAG; Técnicos de saúde muito rigorosos e intimidantes; Técnicos de saúde mal treinados - rotação excessiva ou o chefe da equipa médica não treinado no tratamento; Técnicos de saúde insuficientes (especialmente à noite); Tratamento dos pacientes num ambiente aberto, no meio de outros pacientes; Ficha de acompanhamento incompleta ou preenchida incorretamente (ou utilização do registo tradicional do paciente); Balança imprecisa e não confiável (ou pesagens irregulares e não anotadas no gráfico); F75 preparados ou administrados de forma incorreta; Falta de acompanhamento; Falta de motivação dos Técnicos de saúde. CAUSAS RELACIONADAS COM O PACIENTE: Complicações médicas (ver seção 7: complicações); Toxicidade dos medicamentos (ver tópico 7.13. Medicamentos); Volume de alimentos insuficiente (critérios para colocar uma SNG); Alimentação consumida pelos irmãos ou acompanhante; Partilha da alimentação com o acompanhante; Má absorção; Trauma psicológico; Ruminação (e outros tipos de traumas psicossociais graves); Infecção viral, resistência aos antibióticos usados, candidíase, diarreia, disenteria, pneumonia, TB, infecções urinária, otite, paludismo, VIH/SIDA, leishmaniose, hepatite/cirrose; Outra doença subjacente significativa: anomalias congênitas (ex.: síndrome de Down ou Trissomia 21), queixas neurológicas (p. ex.: hemiplegia), doenças metabólicas congénitas. Quando estado clínico do paciente se deteriora após ter progredido satisfatoriamente numa fase inicial, a razão è: Desequilíbrio eletrolítico devido principalmente à passagem de sódio intracelular para o meio extracelular, resultando numa expansão de líquido circulante e sobrecarga ou 136 CRENI síndrome de re-nutricão; Dose ou uso inadequado de medicamentos nas crianças desnutridas; Inalação de produtos terapêuticos; Infecção aguda contraída apartir de outro paciente no centro (infecções nosocomiais) ou após a visita de um parente ou um membro da família; Reativação do sistema imunitário e inflamatório, na fase de reabilitação; Utilização insuficiente de um nutriente limitante no regime dietético, devido ao rápido crescimento. É pouco frequente com produtos terapêuticos modernos (F100 e ATPU), mas pode acontecer com produtos fabricados localmente ou com a introdução de "outros produtos terapêuticos" ou quando o acompanhante partilha a sua refeição com o paciente (ver tópico 7.14. Síndrome de renutrição). 8.3. Conduta a seguir – Tratamento Registar na ficha de acompanhamento o diagnóstico e encaminhar o paciente para um médico experiente; Avaliar as condições do paciente analisando os antecedentes clínicos e fazendo um exame clínico profundo com a ajuda da ficha de exame clínico (ver anexo 17); Medir a temperatura, pulso e frequência respiratória de forma precisa. Se necessário, Exame de urina para pesquisa de piúria, culura de sangue, análise de espectoração, recolha de amostra a nível da traqueia para pesquisa de TB, exame de retina para a detecção de retina tuberculosa; Rádiografia de tórax; Exame das fezes para pesquisa de sangue, giardia (trofozoítos ou cistos); cultura de fezes para pesquisa de bactérias patogénicas. Teste de VIH, hepatite e malária; Punção lombar para análise e cultura do líquido cerebrospinal; Perguntar aos pais se medicamentos tradicionais e outros tratamentos têm sido utilizados no CRENI e pedir-lhes para os levarem (isto é feito frequentemente para tranquilizá-los e para que os seus filhos possam beneficiar de tratamento tradicional e moderno); Rever sistematicamente a lista de causas de insucesso no tratamento (ver quadro acima). Se a resolução da causa não tem efeito imediato, pedir uma avaliação externa por um médico experiente no tratamento da DAG. Rever a supervisão do pessoal com formação prática se necessário; Calibrar as balanças e regras de comprimento; 137 CRENI Referenciar os pacientes com doenças crónicas (doenças cardíacas congênitas, hidrocefalia, hemiplegia, displasia broncopulmonar, insuficiência renal crónica, etc.) para o serviço pediátrico mais adequado - estes pacientes são, neste caso, referenciações médicas para outro serviço e estão fora do programa. 9. FASE DE TRANSIÇÃO Esta fase prepara o paciente para a Fase de Reabilitação no CRENI ou para a sua transferência para ambulatório no CRENAG. Ocasionalmente, a Fase de Reabilitação pode ser feita num hospital (CRENI), se as condições de cuidados no ambulatório não forem reunidas: ausência de CRENAG perto da residência do paciente, decisão do paciente em permanecer no CRENI (ver seção: Tratamento de Menores de 6 Meses ou Menos de 3 kg com Acompanhante, etc.) A Fase de Transição dura entre 1 e 5 dias - mas pode ser mais prolongada, especialmente quando outra patologia está associada, como TB ou VIH/SIDA; uma fase de transição prolongada é um critério de insucesso ao tratamento. 9.1.Tratamento nutricional A única diferença em relação à Fase aguda é a mudança na dieta: passa-se do uso de F75 para ATPU – ou para F100, se o ATPU não for aceite pelo paciente. É preferível usar o ATPU durante a Fase de Transição. O objetivo é preparar os pacientes tratamento em ambulatório. Administrar o volume total de ATPU por dia, de acordo com a tabela 23; Aconselhar a mãe a amamentar o seu filho 30 minutos antes de lhe dar o ATPU; Aconselhar a mãe a lavar as mãos antes de dar a saqueta do ATPU; Aconselhar a mãe a administrar água a vontade à criança; Aconselhar a mãe a conservar a saqueta numa caixa (protegida de insetos e roedores) quando a criança não terminar a refeição; Avaliar 5 vezes por dia o volume que o cuidador administra de ATPU durante o dia. É importante que os auxiliares avaliem regularmente e aconselhem a mãe a dar todo o ATPU prescrito à criança. É útil ter horas de refeições definidas, onde as mães se reúnem para as refeições das suas crianças. Para pacientes que não ingerem ATPU suficiente (peso estacionário), Fornecer o F100 por alguns dias e, em seguida, reintroduzir o ATPU, ou passar o paciente para a Fase Aguda por um dia, oferecendo-lhe F75; Não dar outros alimentos durante este período; 138 CRENI Não deixar o cuidador fazer a sua refeição no mesmo local que o paciente; Vigiar o cuidador e as outras crianças, para que não comam o ATPU do paciente; Garantir a disponibilidade de água potável em abundancia no serviço e próximo do paciente. O cuidador deve oferecer água à criança no momento ou após a ingestão de ATPU; Transcrever para ficha de acompanhamento do CRENI o volume fornecido e o consumido. Uma das vantagens do ATPU é a possibilidade de o administrar à noite sem supervisão, há ssim portanto possibilidade de reduzir o número de profissionais durante o período noturno. Alguns pacientes, no início, recusam totalmente o ATPU. Se isso acontecer, deve-se administrar F100 por um ou dois dias e, em seguida, reintroduzir o ATPU. Outros pacientes preferem o ATPU. É importante dar o produto que o paciente preferir, os dois produtos são nutricionalmente equivalentes. Se o ATPU não estiver disponível ou se o paciente não ingerir ATPU (cerca de 10% das crianças mais velhas, preferem um produto terapêutico líquido), Usar o F100 (130 ml = 130 Kcal). Quando o F100 é usado, o número, horário e volume de refeições permanecem os mesmos na Fase Transição e na Fase Aguda Aconselhar a mãe a amamentar o seu filho 30 minutos antes das refeições; Preparação das refeições: para saquetas de F100 (114 g), adicionar 500 ml de água potável a 38°C, ou para saquetas grandes de F100 (456 g), adicionar 2 litros de água; Dar 6 (ou 5) refeições por dia; Registar na ficha de acompanhamento do CRENI o volume fornecido e o ingerido. Mesmo que o paciente permaneça no CRENI durante a Fase de Reabilitação, o ATPU pode ser administrado na Fase de Transição e na Fase de Reabilitação; desta forma há um alivio dos técnicos responsáveis pela preparação das refeições ao longo do dia. Atenção: O F100 nunca deve ser dado em casa. Deve sempre ser preparado e distribuído no CRENI por funcionários treinados sobre a sua utilização. O F100 não deve ser mantido na forma líquida à temperatura ambiente por mais de 3 horas antes do seu consumo; se houver um frigorifico que funcione corretamente, eletricidade contínua e uma cozinha com utensílios bem limpos, pode ser guardado no frigorifico durante 8 horas (ou seja, à noite). Os volumes de ATPU a administrar ao longo de um período de 24 horas, e de F100 a oferecer por refeição, por classe de peso, estão indicados na tabela 23. 139 CRENI Tabela 23: Quantidade de ATPU a administrar por faixa de peso e por dia na Fase de Transição Faixa de Peso Pasta Pasta Barras Total Gramas Saquetas Barras Kcal 3,0 – 3,4 90 1,00 1,5 500 3,5 – 3,9 100 1,00 1,5 550 4,0 – 4,9 110 1,25 2,0 600 5,0 – 5,9 130 1,50 2,5 700 6,0 – 6,9 150 1,75 3,0 800 7,0 – 7,9 180 2,00 3,5 1000 8,0 – 8,9 200 2,00 3,5 1100 9,0 – 9,9 220 2,50 4,0 1200 10 – 11,9 250 3,00 4,5 1350 12 – 14,9 300 3,50 6,0 1600 15 – 24,9 370 4,00 7,0 2000 25 – 39 450 5,00 8,0 2500 40 – 60 500 6,00 10,0 2700 Nota: Se o F100 e ATPU são oferecidos, podem ser substituídos um pelo outro na base de 100 ml de F100 = 20g de ATPU74. Tabela 24: Quantidade de F100 a administrar por faixa de peso e por dia na Fase de Transição Faixa de peso (kg) 6 Refeições por dia 5 refeições por dia NÃO DAR F10075 Menos de 3,0 3,0 – 3,4 75 ml por refeição 85 ml por refeição 3,5 – 3,9 80 95 4,0 – 4,4 85 110 4,5 – 4,9 95 120 5,0 – 5,4 110 130 5,5 – 5,9 120 150 6 – 6,9 140 175 7 – 7,9 160 200 8 – 8,9 180 225 9 – 9,9 190 250 74 Se as tabelas precisarem de ser elaboradas, utilizar os seguintes valores: 100 ml de F100 = 18,5g de ATPU e 10 g de ATPU = 54 ml de F100, arredondar a 5 ou 10 ml. 75 Adicionar água segundo o volume prescrito; o termo “diluído” está reservado ao F100 no qual foi adicionado 1/3 de água a mais do que a quantidade normal (135 ml para 100 kcal): chamamos a este leite de “F100 – diluído”. 140 CRENI 10 – 10,9 200 275 11 – 11,9 230 275 12 – 12,9 250 300 13 – 13,9 275 350 14 – 14,9 290 375 15 – 19,9 300 400 20 – 24,9 320 450 25 – 29,9 350 450 30 – 39,9 370 500 40 – 60 400 500 NOTA: se devemos reconstituir pequenas quantidades de F100 a partir de farinha comercial, o doseador vermelho da farinha de F100 deve ser utilizado (©Nutriset) e 14 ml de água deve ser adicionado por cada dose de farinha (não comprimida) de F100. 9.2.Tratamento médico sistemático Os antibióticos de rotina devem ser administrados para além da Fase Aguda, durante um período de 4 dias na Fase de Transição; para os pacientes a transferir para o CRENAG, devem ser administrados até ao dia da transferência. Os pacientes que foram transferidos para o CRENAG, após seguimento no CRENI, não precisam receber novamente tratamento antibiótico sistemático. 9.3.Vigilância Na Fase de Transição deve-se manter a mesma vigilância da Fase Aguda. 9.4.Critério de retorno da Fase de Transição para a Fase Aguda É necessário passar o paciente para a Fase Aguda se se verificar: Um rápido aumento do volume do fígado e da sua sensibilidade; Desenvolvimento de sinais de sobrecarga (aumento da frequência respiratória); Ganho de peso de mais de 10 g/kg/dia (ou seja, um excesso de retenção de líquidos); Desenvolvimento de distensão abdominal (isto indica um peristaltismo anormal, proliferação bacteriana no intestino delgado, e talvez ingestão excessiva de hidratos de carbono de absorção lenta); Diarreia de renutrição com de perda de peso; Desenvolvimento de uma complicação que exija uma perfusão Intravenosa (paludismo, desidratação, etc.); Deterioração do estado do paciente (ver parágrafo 7.13 síndrome nutricional): 141 CRENI Aumento dos edemas (avaliar se houve um consumo de sódio inesperado, particularmente se houve consumo de comida do cuidador ou através de medicamentos - se uma fonte externa de sódio for encontrada, ela deve ser eliminada o mais rápido possível e os pacientes com bom apetite devem permanecer na Fase de Transição); Se os pacientes sem edemas desenvolverem edemas subitamente (investigar todas as possíveis fontes de ingestão de sódio). Se um paciente apresenta um aumento do número de fezes aquando da mudança da sua dieta, isso deve ser ignorado se ele não perde peso. Várias evacuações aquosas sem perda de peso não são um critério para a passagem da Fase de Transição para a Fase Aguda. 9.5.Critérios de transferência da Fase de Transição no CRENAG Os principais critérios para a progressão da Fase de Transição (CRENI) para a Fase de Reabilitação em ambulatório (CRENAG) são: Um bom apetite (ou seja um consumo de pelo menos 90% de ATPU) e a boa aceitação do APTU; Para pacientes com presença de edemas (kwashiorkor): uma grande redução dos edemas. Deve também preencher as seguintes condições: Acompanhante capaz de cuidar do paciente em casa e que concorda com o tratamento no CRENAG; Quantidades suficientes de APTU; Um CRENAG próximo da residência do paciente. Um paciente transferido de um modo de tratamento para outro está sempre no programa GIDA por esse episódio de DAG; isto é, não é uma alta do CRENI mas sim uma transferência interna de um modo de tratamento do programa, para outro modo de tratamento desse mesmo programa - o CRENI registará essa transferência como um paciente "Tratado com sucesso”. 10. PROCEDIMENTOS DE SAÍDA Registar a saída do paciente no registo do CRENI com as seguintes denominações: “Tratado com sucesso”, “Óbito”, “Abandono”, “Referenciação médica”; Completar a ficha de seguimento no CRENI, preencher a ficha de transferência com o número-DAG registando todas as informações sobre o tratamento; Telefonar para o CRENAG para informar sobre o retorno do paciente a casa; Dar ao acompanhante uma cópia da ficha de transferência, o nome, o endereço e o dia da consulta no CRENAG e ATPU suficiente até à próxima consulta no CRENAG; Escrever na ficha de seguimento de crescimento, o tratamento dado e o peso do paciente na admissão e na alta. 142 CRENI – LACTENTES TRATAMENTO DOS LACTENTES MENORES DE 6 MESES OU COM MENOS DE 3kg, COM ACOMPANHANTE76 (CRENI) Os lactentes desnutridos são demasiado fracos para mamar de maneira eficaz e estimular uma produção adequada do leite materno. A mãe, por sua vez, pensa que não tem leite suficiente e duvida da sua habilidade para amamentar o filho de maneira adequada. A baixa produção de leite materno deve-se a uma estimulação insuficiente por parte de um lactente fraco. As repetidas tentativas de amamentar em exclusivo estes lactentes revelaram-se infrutíferas: eles continuam a perder peso e com frequência a mãe fica convencida que a amamentação exclusiva não é possível, sobretudo se o seu bebe é desnutrido. Está condenado ao fracasso. Por outro lado, tratar estes lactentes com leites artificiais conduz ao desmame, no entanto a mãe vê os leites artificiais como a única alternativa para que o seu bebé se cure. Desmamar estas crianças DAG aumenta consideravelmente o risco de mortalidade. Não é recomendado. O objetivo do tratamento destes pacientes é conseguir que a mãe retome a amamentação exclusiva por estimulação do aleitamento materno; é necessário que a criança receba suplementos para que possa recuperar as forças a fim de estimular a produção do leite materno e se assegurar um bom crescimento. A produção do leite materno é estimulada pela Técnica de Suplementação por Sucção (TSS); esta técnica consiste em pôr a criança frequentemente na mama. Exige tempo e uma certa habilidade e agilidade, mas é a única técnica eficaz para estes lactentes. 1. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Estes lactentes devem sempre ser tratados no CRENI e jamais no CRENAG. O ATPU não é recomendado e as refeições à base de leite não devem ser dadas no tratamento a domicílio. É necessário um serviço ou programa específico que dê assistência às mães com dificuldades em amamentar. O objetivo é focalizar todos os problemas de amamentação – e para os lactentes desnutridos, reestabelecer a amamentação em exclusivo e dar confinaça às mães em relação à sua capacidade de produzir leite suficiente para que as suas crianças possam crescer bem. A consulta externa poderá aconselhar e apoiar todas as mães com dificuldades de amamentação; Por outro lado, a hospitalização poderá apoiar as mães cujos lactentes têm um crescimento difícil com risco elevado de desnutrição. É inadequado admitir estas crianças nos serviços gerais de pediatria ou de nutrição. Se não existe este tipo de unidades, estes cuidados deverão ser efetuados no serviço de neonatologia. Outra alternativa seria ter uma seção do CRENI que se ocupe unicamente destes lactentes. 76 Ver anexo 20: Bebés de menos de 6 meses sem acompanhante 143 CRENI – LACTENTES O serviço: na maioria das culturas, ele deve estar um pouco afastado dos outros serviços a fim permitir uma certa intimidade; a chegada não anunciada de um homem deverá ser proibida. As mães devem estar livres e confiantes e não serem surpreendidas com a chegada de um homem quando estão a amamentar os bebés. A rotação do pessoal deve ser anunciada e é importante ter um quarto separado para receber as visitas, e onde as mães possam encontrar os seus familiares com toda confiança, sem que estes tenham a necessidade de ir ao serviço. O técnicos de saúde devem ser do sexo feminino e ter uma formação profissional sobre o apoio e conselhos práticos de neonatologia e de desnutrição. 2. ATIVIDADES E MATERIAL NECESSÁRIOS 2.1.Atividades Admitir o lactente: avaliar as suas medidas antropométricas e examiná-lo, avaliar os critérios de admissão, registá-lo no livro de registo e preencher a ficha de seguimento de Suplementação por Sucção (TSS); Explicar à mãe o objetivo do tratamento; Cuidar do lactentes utilizando a técnica de TSS; Preparar o leite F100-diluido (135 ml/100 kcal), dar formação aos técnicos de saúde acerca da técnica, vigilância e no seguimento dos lactentes e das suas mães; Dar alta ao lactentes e à sua mãe. 2.2.Materiais Livro de Registo, Ficha de Seguimento TSS77; Material para a TSS: SNG calibre n° 8, copos (canecas), material necessário para a limpeza da SNG, copo graduado (não utilizar as graduações de um biberão); Balança com uma precisão de 10g, régua de comprimento; Alimentação: F100-Diluído ou leite de 1ª Idade, refeição para a mãe/acompanhante; Tratamento sistemático: medicamentos necessários para o tratamento medico sistemático, alimentação e nutrientes para a mãe/acompanhante; Diversos: cartazes para a promoção do aleitamento materno com descrição da técnica, tabela dos volumes de leite F100-diluído ou leite 1ª Idade , a administrar por classe de peso para 8 refeições por dia. 77 Ver anexo 19: Ficha de Seguimento de TSS. 144 CRENI – LACTENTES 3. ADMISSÃO 3.1.Medidas Antropométricas e Exame Clínico Pesar com uma balança de precisão a 10g, idade, sexo; Medir a altura deitada com uma régua de comprimento de qualidade; Examinar o bebé clinicamente (presença de edemas bilaterais, infecção); Examinar os seios da mãe. 3.2.Critérios de Admissão IDADE CRITÉRIOS DE ADMISSÃO LACTENTES MENORES DE 6 O lactente está muito fraco para mamar de maneira eficaz MESES SENDO (qualquer que seja seu P/A, Peso/Idade (P/I) ou outra medida antropométrica) AMAMENTADOS ou Ou O lactente não ganha peso em casa (após muitas pesagens durante o COM MENOS DE 3 KG, seguimento do crescimento, por ex. mudança de índice P/I) AMAMENTADOS ou P/A <-3 Z-score ou Presença de edemas bilaterais Cada um destes critérios de admissão descreve o insucesso do aleitamento materno que não permite ao lactente ganhar peso e desenvolver-se normalmente. Do nascimento aos 6 meses, o índice P/I é a medida mais apropriada para avaliar o estado nutricional. Nesta idade, não ganhar peso pode ser qualificado como desnutrição aguda. No entanto existem os lactentes prematuros e os pequenos para a idade gestacional que são exclusivamente amamentados ao seio materno e ganham peso de maneira satisfatória; eles desenvolvem-se bem e não precisam ser admitidos. A melhor forma de distinguir esta categoria da daqueles que vão ser desnutridos é através do seguimento regular do ganho de peso; isto demonstra a importância dos programas de seguimento de crescimento. Se existir um programa de seguimento do crescimento : Admitir todos os lactentes que não tenham um crescimento em P/I normal; Admitir todos os lactentes que perdem peso ou que passam de um percentual P/I para outro, devido ao seu peso estável. Se não existir programa de seguimento do crescimento ou se não dispomos do peso anterior e a mãe queixa-se de não ter leite suficiente ou que a criança não gosta do seu leite: Verificar o P/I; Examinar o lactente clinicamente; Examinar as mamas da mãe; 145 CRENI – LACTENTES Observar a maneira como a mãe amamenta. Se o estado clínico do lactente parece satisfatório assim como o aleitamento materno, a mãe deve beneficiar de um apoio psicossocial e de um seguimento de uma a duas semanas a fim de vigiar as mudanças de peso do bebé (uma balança de precisão a 10g é necessária – não utilizar uma balança Salter com uma precisão de 100g). Se o lactente está doente ou parece clinicamente desnutrido, ou a amamentação não é satisfatória: Admitir o lactente e a mãe no programa. 3.3.Registo Registar o lactente e preencher a Ficha de Seguimento de TSS; Explicar à mãe o objetivo do tratamento que consiste no restabelecimento da amamentação exclusiva. 4. TRATAMENTO 4.1.Tratamento nutricional O leite utilizado para a TSS pode ser leite da 1ª idade, ou F100-diluído. Observação: Nunca dar o F100 inteiro (100 ml por 100 kcal) para lactentes de menos de 3 kg. A carga iónica renal é muita elevada para estes lactentes e pode provocar uma desidratação hipernatrémica. 4.1.1. Tipo de leite Para os lactentes com presença dos edemas bilaterais: Administrar F75. Para os lactentes enfraquecidos unicamente: Administrar leite 1ª idade ou do F100-diluído Se se puder escolher, utilizar os leites para os prematuros. Observação: o leite inteiro não modificado NÃO deve ser utilizado (ex. Nido®) 4.1.2. Preparação Para o leite 1ª idade: Diluir o leite segundo as instruções que se encontram na lata. Para o F100-diluído: Adicionar 670ml de água potável a 38°C (em vez de 500ml) a uma saqueta pequena de F100-diluído [ou, caso não tenham o saquinho, adicionar 2,7l de água potável a 38°C (e não 2 litros) a uma saqueta de 457g de F100]; ou, Utilizar 100ml de F100 já reconstituído (segundo as instruções no saquinho) e 146 CRENI – LACTENTES aumentar 35ml de água, nesse momento obter-se-á 135ml de F100-diluído por 100kcal. Deitar fora todo excesso de leite não consumido; NÃO preparar pequenas quantidades. 4.1.3. Quantidade a administrar pela TSS Administrar as quantidades de leite-TSS em cada refeição segundo o quadro 17; NÃO aumentar as quantidades administradas quando o lactente começa a ganhar força, a mamar com firmeza e a ganhar peso; Encorajar a mãe quando o lactente ganha peso; dizer-lhe “o seu bebé está a curar-se graças ao seu leite”; Aconselhar a mãe a amamentar de 3 em 3 horas durante cerca de 20 minutos, e com maior frequência se o lactente chora ou parece estar outra vez com fome; Pouco tempo depois de ter amamentado (30 a 60 minutos), repôr o lactente à mama e ajudar a mãe a dar-lhe o leite infantil 1ª idade /F100-diluido utilizando a TSS; Registar as informações na Ficha de Seguimento da TSS. Tabela 25 : Quantidade de leite-SS por refeição e faixa de peso, para bebés CLASSE DE PESO (KG) >=1,2 kg 1,3 – 1,5 1,6 – 1,7 1,8 – 2,1 2,2 – 2,4 2,5 – 2,7 2,8 – 2,9 3,0 – 3,4 3,5 – 3,9 4,0 – 4,4 ML POR REFEIÇÃO (PARA 8 REFEIÇÕES /DIA) Leite infantil 1ª idade ou F100-diluído 25 ml por refeição 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Os lactentes com menos de 6 meses com edemas, devem começar com o F75 e não com o F100-diluído. Quando os edemas desaparecerem e o lactente começa a mamar com firmeza deve-se passar ao F100-diluído ou ao leite infantil 1ª idade. 4.2.Técnica de Suplementação por Sucção (TSS) 4.2.1. No início da T-SS Utilizar um tubo do mesmo tamanho de uma SNG n°8 (a SNG n°5 pode ser utilizada, sobretudo para os lactentes pequenos, mas o F100-diluído deve ser passado por uma compressa para tirar as pequenas partículas que podem entupir o tubo); Pôr a quantidade de leite para a TSS numa caneca e pegar nela; Introduzir a extremidade do tubo cortado dentro da caneca; Colocar a outra extremidade do tubo ao nível do mamilo; 147 CRENI – LACTENTES Dizer à mãe para amamentar de modo que o lactente abocanhe bem. Observação: No início, as mães acham sempre mais fácil fixar o tubo na mama com um adesivo, mas mais tarde, quando estiverem habituadas, isso não é necessário. Quando o lactente está a mamar com o tubo dentro da sua boca, o leite é aspirado da caneca para a sua boca. É o mesmo princípio de tomar uma bebida com uma palhinha. Ajudar a mãe no início segurando a caneca e o tubo; Encorajar a mãe dando-lhe confiança; Pôr a caneca, de início, cerca de 5 a 10cm abaixo do mamilo para que o leite-SS possa ser aspirado pelo lactente sem grande esforço; NUNCA pôr a caneca acima do mamilo, desta formas, o leite-SS pode descer para a boca do lactente por ação da gravidade com grande risco de aspiração; Dizer à mãe para relaxar. Instruções excessivas ou muito precisas sobre a posição correta da boca do bebé e do mamilo podem inibir as mães e fazê-las pensar que a dificuldade técnica é maior do que efetivamente ela é. É preciso que a mãe esteja confiante para que a técnica possa funcionar de maneira satisfatória. Pode demorar um ou dois dias até que o lactente segure bem o tubo e se habitue ao paladar da mistura dos dois leites, mas é importante perseverar. 4.2.2. Mais tarde, quando o lactente retoma as forças Baixar a caneca para cerca de 30cm abaixo do mamilo; Quando as mães estiverem mais confiantes, perguntar-lhes se querem fazer sozinhas a técnica; Elas podem fazê-lo segurando o tubo na mama com uma mão e com a outra a caneca e o lactente; Recorrer a uma mãe que conseguiu fazer a técnica sozinha com sucesso, para ajudar outra mãe; Manter juntas as mães que fazem a TSS. Uma vez que uma entre elas utilize a técnica com sucesso, pode encorajar as outras mães a fazer o mesmo, e assim acham mais fácil copiar a técnica; Se o leite dado por TSS muda bruscamente, o lactente demora alguns dias para se habituar ao novo sabor. É preferível continuar com o mesmo regime alimentar durante todo o tratamento. 148 CRENI – LACTENTES Esta criança está a mamar e ao mesmo tempo recebe leite (135ml/100 kcal/kg/d) pela T-SS. Subir ou descer a caneca vai determinar a facilidade com a qual o lactente recebe o suplemento: para os lactentes muito fracos, a caneca pode posicionar-se entre 5 a10cm abaixo do nível do mamilo. Se esta se encontra acima do mamilo, o leite vai escorrer para a boca do lactente e corre-se risco de aspiração. 4.2.3. Limpeza do tubo Depois da refeição, Limpar o tubo com água limpa utilizando uma seringa; Depois virar rapidamente o tubo para drenar a água do interior do tubo pela força centrífuga e verificar, para que não fique nenhuma gota de água no tubo. Se for possível, expor diretamente ao sol: os raios UV atravessam o plástico e esterilizam com eficácia o tubo já limpo e a aparência opaca desaparece. 4.3.Progresso e seguimento Seguir os progressos do lactente pesando-o diariamente com uma balança graduada de 10g (ou 20 g); registar as informações na Ficha de Seguimento SS; Se o lactente perde peso durante 3 dias consecutivos mas parece ter apetite e acaba todo o leite -SS dado pela TSS, Aumentar 5ml em cada refeição A ingestão do leite-SS permite manter o peso do lactente. Se o leite-SS é ingerido e o lactente continua a perder de peso, ou os aportes para manutenção são mais elevados que os calculados, ou estamos em presença de uma má absorção importante. Se o lactente ganha peso regularmente com a mesma quantidade de leite, Dizer à mãe que a quantidade de leite materno aumentou e é graças a ele que o seu bebé cresce. Se o lactente não acaba o seu leite-SS durante alguns dias, mas continua a ganhar peso, Dizer à mãe que o leite materno aumentou e que o lactente tem leite fica satisfeito com a sua mama. 149 CRENI – LACTENTES Reduzir ao volume de leite-SS dado em cada refeição a quantidade não ingerida. Quando o lactente ganha 20g por dia durante 2 dias consecutivos (qualquer que seja o seu peso): Diminuir a quantidade de leite-SS em cada refeição para ½ do aporte de manutenção. Se o ganho de peso se mantem em 10g por dia, a partir de ½ de leite-SS, (qualquer que seja o seu peso) Parar completamente a TSS; Dizer à mãe que é graças ao seu leite que o bebé engorda; Se o ganho de peso NÃO se mantém, quando o aporte de manutenção é diminuído para ½, Aumentar a quantidade administrada para 75% da quantidade total durante dois dias consecutivos e depois reduzir novamente se o ganho de peso se mantém. Se a mãe quer regressar a casa, ela pode regressar tão logo o lactente ingira leite materno e aumente de peso. Se a mãe não mostra vontade de voltar para casa, mantê-la no centro durante 2 dias para ter a certeza que o lactente continua a ganhar peso unicamente com o leite materno. Em seguida dar alta ao lactente independentemente da relação P/I ou P/A. 4.4.Tratamento médico Estas crianças devem ser vistas por um enfermeiro todos os dias, devido à sua extrema vulnerabilidade. Dar antibióticos: Amoxicilina: 30mg/kg 2 vezes por dia (60mg/dia) em associação com a gentamicina uma vez por dia (5mg/kg/d) durante 4 a 5 dias. (Nunca utilizar a cloranfenicol nos lactentes). 4.5.Vigilância Vigiar o lactente e registar as informações seguintes na ficha de seguimento da SS: Pesar uma vez por dia; Medir a temperatura 2 vezes por dia; Avaliar os sinais clínicos padrão e registá-los na ficha de seguimento de SS todos os dias: Frequência respiratória, Número de evacuações, Anotar se o paciente vomita, está ausente, ou recusa uma refeição. 150 CRENI – LACTENTES 4.6.Cuidados com as mães Se o objetivo desta técnica consiste em aumentar o aleitamento materno, a saúde da mãe e o seu estado nutricional são importantes para a saciedade do lactente: Verificar o PB da mãe e a presença de edemas bilaterais; Explicar-lhe o objetivo do tratamento e o que se espera dela; Não a fazer sentir culpada ou repreênde-la por ter dado outros alimentos; Apresentá-la às outras mães e ao pessoal médico do centro, para que se sinta em sua casa num ambiente amigável e relaxante; Admitir que ela não tem suficiente leite atualmente – mas garantir a eficácia da técnica e que ela terá leite suficiente para curar o seu bebé com o seu próprio leite, e então voltar a dar saúde ao seu bebé; Encoraja-la a beber pelo menos 3 litros de água por dia; Tomar medidas para que receba 2500 kcal/dia alimentos de qualidade; Administrar vitamina A; Se o lactente tem menos de 2 meses ou se a mãe está novamente a menstruar administrar 200,000 UI (não deverá haver riscos de gravidez); Se o lactente tem mais de 2 meses administrar 25,000 UI uma vez por semana; Dar suplementos de micronutrientes; Diminuir o mais possível a estadia na estrutura. Se necessário, Administrar medicamentos que estimulam a produção de leite materno: metoclopramida à razão de 10mg a cada 8 horas. Outros medicamentos podem aumentar a produção do leite materno (ex.: clorpromazina) mas são menos eficazes, passam para o leite materno e podem ter consequências para a mãe bem como também para o lactente); Em algumas culturas, existem ervas locais conhecidas para estimular a produção do leite materno (ex.: fenugreek), mas o seu efeito positivo nunca foi demostrado. 151 CRENI – LACTENTES 5. ALTA Decidir a alta do lactente segundo os critérios de alta e completar a ficha de seguimento TSS, a caderneta/cartão de saúde da criança e o livro de registo. IDADE Lactentes menores de 6 meses ou com menos de 3 kg, amamentados CRITÉRIO DE ALTA Ganho de peso sendo amamentado em exclusivo ao seio materno, depois de ter utilizado a T-SS; Não ter problemas médicos; A mãe ter sido suplementada ,de maneira adequada, com vitaminas e minerais, ela também refez as suas reservas de nutrientes do tipo 1. Nota: Não existem critérios antropométricos de alta para as crianças amamentadas que ganham peso. Aconselhar a mãe para regularmente ir às consultas de Proteção Materno-Infantil e ao programa de Suplementação para receber alimentos de qualidade a fim de melhorar a quantidade e a qualidade do seu leite; Estes lactentes têm alta como “tratados com sucesso” no CRENI . Observação: Para o lactente sem acompanhante ou mãe, ver anexo 20. 152 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO SEGUIMENTO-AVALIAÇÃO O seguimento – avaliação faz parte integrante de todo programa de nutrição. Os indicadores devem ser postos sob forma de gráficos a fim de interpretar as tendências durante os programas. Os dados recolhidos são importantes para planificar as atividades, abrir e fechar os CRENAG e os CRENI, encomendar os produtos de renutrição e os medicamentos, o material necessário, e prever as necessidades para formação ou apoio técnico. O seguimento – avaliação faz também parte do sistema de vigilância para avaliar o estado nutricional da população. 1. DEFINIÇÕES 1.1. “Número – DAG” O número-DAG é definido como número único atribuído a cada paciente diagnosticado com uma DAG e admitido no programa GIDA. Adiciona-se ao número de registo. Deve figurar nas fichas de transferência internas e outros documentos referentes ao paciente (ficha de seguimento CRENI e CRENAG, livro de registo). Tem normalmente este formato: Código da região (letra ou número) /nome ou número da estrutura /número do paciente Observação: Este formato pode ser modificado a nível nacional e deve ser muito simples. Se existe um número único a nível nacional para cada indivíduo, ele pode neste caso substituir o númeroDAG. Por exemplo, se um paciente é diagnosticado na região de Bafatá no CRENAG do centro de saúde de Gã Mamudo, este paciente pode ter o número-DAG seguinte: “Baf/CRENAG-Gã Mam/0001> ; o 156º paciente tratado ainda no hospital da região de Bafatá pode ter o número-DAG seguinte: “Baf/CRENI Gã Mam/0156”. O princípio é ter um número para cada nome de estrutura, que seja único e o mais curto possível no país (a equipa deve anotar este número em todos os documentos do paciente). Exemplo: Baf/CRENAG Gã Mam /0156 A Direção de Serviço de Alimentação, Nutrição e Sobrevivência da Criança (DSANSC) dá um código para cada região em coordenação com os outros departamentos do Ministério da saúde. O RNR e o RMR e toda a sua equipa regional Fazem a ligação com outras agências e ONGs que colaboram com o programa nacional GIDA, Dão um código e um registo para cada estrutura que faz parte do programa GIDA, seja um CRENAG ou um CRENI, antes da abertura da estrutura, e informa A DSANSC dos detalhes concernentes ao registo da estrutura. 153 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO O paciente mantém o seu número-DAG em TODA transferência interna. As estruturas individuais podem também ter o seu número de registo do paciente para utilização interna e utilizar – um número específico da estrutura – mas qualquer que seja o caso, devem utilizar o Número-DAG em todas as fichas de transferência e documentos concernentes ao paciente. Observação: Às vezes o paciente pode ter um terceiro número. Por exemplo, se existe um CRENI ligado ao hospital regional e que o paciente seja transferido do CRENAG como paciente seguido em ambulatório, neste caso, o paciente vai ter: 1)um número-DAG dado pelo CRENAG, 2) um número sequencial de registo CRENI, e 3) um número de registo do hospital. Estes números de registo devem ser marcados de maneira distinta nas fichas de seguimento e nas fichas de transferência. O número crítico é o número-DAG. Este número-DAG é atribuído na primeira estrutura onde o paciente foi diagnosticado, quer seja o CRENAG ou o CRENI. Este número é único e deve sempre ser anotado conforme a denominação “Número-DAG”. Em todos os documentos do paciente, no CRENI, na Ficha de Seguimento CRENI, no registo CRENI e na ficha de transferência; para os pacientes no CRENAG, na ficha de seguimento CRENAG, no livro de registo CRENAG e na ficha de transferência. Se existe uma caderneta de saúde nacional, um cartão de seguimento de crescimento ou um outro documento de seguimento guardado pelo acompanhante, o número-DAG deve figurar assim como a data de admissão. 1.2. “Número de registo da estrutura de saúde” O número de registo é definido como um número de registo da estrutura. Este deve tomar a forma seguinte: “Número/ano” (por ex.: 0234/2011). Este número é de utilização interna e permite ordenar as fichas de seguimento e os registos no CRENI e as fichas de seguimento e de registo no CRENAG, mas não deve ser utilizado para transferência e na construção do banco de dados dos pacientes. Esclarecimento: A sequência dos números não é a mesma, porque aquando das transferências internas, as estruturas podem dar um número de registo da estrutura; mas NÃO PODEM dar um novo Número-DAG – mantém o mesmo Número-DAG de uma estrutura de saúde para a outra. 1.3. “Nova admissão” Uma nova admissão é definida como um paciente sofrendo de DAG, mas que não está ainda a ser tratado numa outra estrutura para este episódio de DAG; não lhe foi ainda atribuído o número-DAG. Esclarecimento: um CRENAG que diagnostica e faz a transferência de um paciente para um CRENI sem tratamento deve atribuir um número-DAG aquando do diagnóstico e antes da transferência. Fala-se de uma nova admissão no CRENAG. Às novas admissões em cada uma das estruturas deve ser atribuído um número-DAG de forma sequencial a fim que o total das novas admissões possa ser verificado graças a este número. 1.4. “Recaída” Uma recaída é definida como: 1) quando um paciente é admitido por DAG quando já foi tratado anteriormente por DAG e teve alta como “curado” do programa, ou 2) quando um paciente tendo abandonado o programa, voltou para se curar por DAG depois de mais de 2 meses. Uma recaída deve ser contada como uma “nova admissão”. 154 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO Número-DAG e recaída: Atribuir um sufixo ao número-DAG, por exemplo: xxxx-2 a fim de chamar a atenção para o 2º episódio de DAG para este paciente. Se não se encontrou o seu número-DAG, um novo número-DAG deve ser atribuído, mas deve contudo ter um sufixo para chamar a atenção sobre este 2º episódio e esta 2ª admissão no programa GIDA. Os pacientes em situação de recaída são particularmente vulneráveis e isto deve ser anotado na rúbrica “Problema Principal” na ficha de seguimento CRENAG/CRENI. 1.5. “Readmissão” Uma readmissão é definida como um abandono que volta seja ao CRENAG, seja ao CRENI a fim de acabar o seu tratamento depois de uma ausência de menos de 2 meses. O paciente não é uma nova admissão e retoma o seu número-DAG. 1.6. “Transferência interna” Uma transferência interna é definida como um paciente que chega de uma outra estrutura de saúde (de um CRENAG para o CRENI, de um CRENAG para outro CRENAG, ou de um CRENI para um CRENAG) depois de ter recebido o seu número-DAG. Estas transferências são anotadas na seção entrada e saída do registo e do relatório. Se for necessário diferenciar estas duas transferências, pode-se utilizar os termos “transferência DE” e “transferência PARA” da maneira seguinte: “Transferência-DE” é um paciente chegando de uma outra estrutura (CRENAG ou CRENI) “Transferência-PARA” é um paciente enviado para uma outra estrutura a fim de continuar seu tratamento (CRENAG ou CRENI) 1.7. “Outra admissão” Uma “Outra Admissão” é definida como um paciente admitido numa estrutura por uma razão ou outra, mas que não reúne os critérios de admissão DAG (por ex.: um gémeo, etc.); estes pacientes não são contabilizados nos relatórios mensais. Não devem receber o número-DAG. Referir no relatório mensal como caso especial. 1.8. “Erro de admissão” Um “Erro de Admissão” não deve ser registado nem como uma admissão, nem como uma saída nos relatórios mensais; o seu Número-DAG deve ser reatribuído ao paciente seguinte e retirado dos documentos GIDA (registos etc.). Esclarecimento: estes pacientes não fazem parte do programa GIDA e não são contabilizados no relatório. Se eles já consumiram um número considerável de recursos devem ser registados. Se os erros de admissão são frequentes, o programa GIDA deve ser revisto. 1.9. “Curado” “Curado” é definido como um paciente que atingiu os critérios de alta. 155 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO Observação: desligar para um programa de Suplementação Nutricional não é considerado como uma transferência, mas uma alta do programa GIDA. 1.10. “Tratado com sucesso” Este termo é utilizado para 1) os pacientes do CRENI que acabaram o tratamento da Fase Aguda e de Transição com êxito e são transferidos para o CRENAG para continuar o seu tratamento, e 2) para os bebés de menos de 6 meses, que tiveram alta ganhando peso sendo exclusivamente amamentados. Esclarecimento: Quando um paciente sai do CRENI pode ser transferido para o CRENAG e então continuar o seu tratamento, está sempre no programa mas não atingiu os critérios de alta, não está ainda curado. Entretanto o CRENI fez passar o paciente da Fase Aguda para a Fase de Transição e a seguir para a Fase de Recuperação em CRENAG: o CRENI cumpriu bem a sua tarefa. 1.11. “Duração da estadia” A duração da estadia é definida como o tempo que vai da data da admissão à data em que o paciente atinge com êxito o seu estatuto de paciente “curado” (no CRENAG) ou “tratado com sucesso” (CRENI); não se fala da permanência física da saída do programa ou da estrutura. Esclarecimento: os pacientes podem ficar no programa depois de terem atingido seus critérios de cura, particularmente no CRENI onde arranjos devem ser feitos ao nível do transporte; este tempo não deve ser tomado em conta nos cálculos de duração da estadia ou da taxa de ganho de peso. Observação: não é recomendado calcular de maneira individual a duração de estadia no CRENI e de adicionar a duração da estadia no CRENAG para obter a duração total da estadia no programa por indivíduo. Estes dados podem, se quiser, ser obtidos aquando das avaliações, assim como a duração da estadia ou a taxa de ganho de peso dos pacientes tratados ainda no CRENI antes de serem transferidos para CRENAG, e calcular separadamente os pacientes tratados unicamente no CRENAG. 1.12. “Falecido” ou “Óbito” “Falecido” ou “Óbito” é definido como um paciente que morre durante a sua estadia no programa GIDA depois de ter recebido um número-DAG. Esclarecimento: isto inclui os pacientes que morrem durante a transferência de uma estrutura de saúde para outra. Se o paciente sofrendo de DAG morre durante a sua transferência do CRENAG para o CRENI, a morte deve ser contada como óbito no programa e anotada no relatório mensal do CRENAG. Se um paciente foi retirado do programa como “abandono-não-confirmado” e se confirma, um mês depois que o paciente é “falecido”, deve-se então, anotar no relatório mensal do mês seguinte na categoria: “mudança de categoria”; uma nota é feita no registo e na ficha de seguimento CRENAG/CRENI. 1.13. “Abandono–Confirmado” Um “abandono-confirmado” é definido como um paciente ausente durante duas pesagens consecutivas (14 dias em CRENAG e 2 dias em CRENI), sem que tenha havido negociações ou arranjos com o pessoal de saúde sem ter sido oficialmente desligado: sabe-se que está ainda vivo 156 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO (informações obtidas através de uma visita ao domicílio, através de um vizinho, do voluntário ou do ASC). Nos relatórios mensais, os abandonos são registados como abandonos quando não voltam ao centro. Para o CRENAG, isto significa sempre registar unicamente o abandono 14 dias depois da sua última visita, o que se faz sempre no mês seguinte; é o mesmo para o caso CRENI. Ao fazer os cálculos sobre os abandonos como por ex. o ganho de peso, etc. é preciso então subtrair 14 dias a partir da data do último peso que está no registo e 2 dias para os abandonos no CRENI. 1.14. “Abandono-Não-Confirmado” Um “abandono-não-confirmado” é definido como um abandono, mas sem ter a certeza que esteja ainda em vida ou falecido. 1.15. “Não-Resposta” (ao tratamento padrão) Uma “não-resposta ao tratamento” é definida como um paciente em tratamento no CRENI ou CRENAG, que reúne os critérios de insucesso de resposta ao tratamento segundo o protocolo de GIDA e não responde ao tratamento porque a acompanhante recusa ir ao CRENI ou recusa ser transferida para um hospital secundário (serviço de pediatria) a fim de assegurar o seu tratamento. É preciso então desliga-lo como não resposta. Esclarecimento: isto inclui todo paciente que não responde por causa seja social, psicológica, ou médica, e não é restrito a aqueles que são suspeitos de ter problemas médicos subjacentes e que devem ser transferidos ou referidos. 1.16. “Referência médica” Uma “referência médica” é definida como um paciente que tem uma doença grave subjacente cujo tratamento (ou exames diagnósticos) ultrapassam as competências do CRENI. Ele é então registado como um paciente que deixa o programa GIDA para ser tratado numa outra estrutura. 1.17. “Recusa de transferência” Uma “recusa-de-transferência” é definida como um paciente que reúne condições de admissão no CRENI (segundo os critérios de triagem), mas recusa a transferência do CRENAG para o CRENI. Esclarecimento: esta não é uma razão de saída de um CRENAG; o paciente continua o seu tratamento. Uma nota é feita no registo e na ficha de seguimento especificando a recusa da transferência do paciente. Isto será anotado no relatório mensal, mas poderá explicar mais tarde a mortalidade assinalada no CRENAG aquando do exame anual dos relatórios e avaliações; se isto é frequente, deve ser assinalado para investigação dos motivos da recusa (distância ou reputação do CRENI) e ações a fim de remediar a situação devem ser tomadas. 1.18. “Paciente ausente” Os “paciente-ausente” são definidos como os pacientes transferidos para uma outra estrutura de saúde e que não chegam a essa estrutura (muitos dias). Esta estatística não pede nenhum documento – mas pode ser calculada anexando os relatórios dos CRENAG e dos CRENI da região. 157 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO 1.19. “Alta” Uma “alta” é definida como um paciente que deixa um centro – isto é a soma dos pacientes curados/tratados com sucesso, óbitos, tendo abandonado, referido por razão médica e transferidos internos. Para os CRENAG, isto representa soma dos desligados e das transferências internas. Para o CRENI, isto representa a soma dos pacientes tratados com sucesso, os desligados e as transferências internas. 1.20. “Desligado” Um “desligado” é definido como um paciente que deixa o programa GIDA porque: está curado, morto, abandona, ou é por referência médica. 2. REGISTO 2.1. Registo É preciso ter em cada CRENI e CRENAG um livro de registo. Esclarecimento: alguns programas não utilizam registos, mas unicamente fichas de seguimento para relatórios, seguimento e avaliação do programa. Isto não é considerado um procedimento fiável ou satisfatório devido ao risco elevado de perda de fichas; o registo deve estar presente. Deve conter as informações seguintes para o CRENI e CRENAG: Número de registo da estrutura (CRENI ou CRENAG); Número-DAG (número único do paciente); Data de admissão; Nome e apelido da família; Endereço; Número de telefone; Tipos de admissão (nova admissão, recaída, regresso de abandono, transferência interna); Sexo; Idade (em meses); Peso na admissão; Altura na admissão; Peso/Altura na admissão (Z-score); PB na admissão; Edemas na admissão; Data da saída; Peso ao sair; 158 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO PB ao sair; Tipo de saída (curado, óbito, abandono (confirmado ou não confirmado – para os CRENAG unicamente), referido médico (CRENI unicamente), transferência interna, erro de admissão, tratado com êxito (CRENI unicamente); Diagnóstico final; Observações (ex.: recusa a transferência, outras doenças graves, caso especial, etc.. O registo do programa GIDA deve sempre ser separado dos outros registos (tal como o registo AIDI) e deve conter todas as informações necessárias para se poder calcular a duração da estadia, o aumento de peso e permitir diferenciar os dados por sexo, para compilar no relatório anual, ou trimestral, etc. 2.2. As fichas de seguimento Há três tipos de fichas: as fichas de seguimento CRENI, as fichas de seguimento SS (CRENI) e as fichas se seguimento CRENAG. Estão apresentadas respetivamente nos anexos 13, 19 e 7; para o preenchimento destas fichas, ver módulos de formação. A ficha de seguimento CRENI é o primeiro instrumento para o tratamento dos pacientes no CRENI Ela deve ser preenchida para cada paciente no CRENI. Os outros documentos e pastas individuais em geral utilizados nos hospitais não devem ser utilizados para o seguimento dos DAG; não duplicar o trabalho. A ficha de seguimento é utilizada para permitir controlo apropriado de todos os aspetos do tratamento do paciente (da admissão ao seguimento e durante a sua estadia no CRENI). Todo o pessoal deve utilizar a mesma ficha. Todas as informações necessárias para o seguimento do paciente são registadas sistematicamente nos espaços específicos pré determinados. A informação pode de facto ser encontrada rapidamente para cada paciente. A ficha SS (CRENI) é o instrumento principal para o tratamento dos bebés de menos de 6 meses com acompanhante no CRENI. A ficha de seguimento CRENAG é uma simples folha cartonada A4 onde constam as informações importantes de seguimento do paciente no CRENAG. 3. RELATÓRIOS O relatório mensal é o relatório padrão. Um relatório de cada estrutura que deve ser preenchido e entregue ao RNR todos os meses. Estes são introduzidos na base de dados da região que depois é enviada para o nível nacional. São utilizados para avaliar a qualidade dos serviços prestados nas estruturas de saúde. Eles são em seguida agrupados por região a fim de se ter uma imagem da qualidade dos serviços e magnitude do problema da DAG na região. Um programa deve ser desenvolvido para esta última atividade. Os resultados de análise deverão ser enviados aos supervisores dos CRENI e CRENAG aquando da próxima reunião mensal. 159 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO Para além dos dados recolhidos dos CRENAG e dos CRENI, deve existir também: 1) um relatório anual onde os dados adicionais são recolhidos dos CRENAG e dos CRENI; 2) uma avaliação anual externa de 3 em 3 anos sobre o programa GIDA em cada região. Os relatórios mensais devem incluir: o total dos pacientes no início do mês; o total de admissões (por categorias); o total de saídas (por categorias); o total dos pacientes no fim do mês e os dados sobre o controlo do estoque. O relatório anual, em adição ao total sobre o ano inteiro, deve incluir: a média da taxa de aumento de peso, a média de duração da estadia, a desagregação dos dados por sexo (onde há um número elevado de pacientes, isto deve ser feito na base de uma amostra representativa). A avaliação trienal deve incluir : a) uma revisão de cada parte do programa (aspetos comunitários, rastreio programas de suplementação nutricional, CRENAG, CRENI, organização, etc.) com uma visão global dos relatórios mensais e anuais, b) uma revisão de instrumentos/materiais, módulos e métodos de formação, c) a qualidade da supervisão, d) o pessoal e a organização, e) a logística, f) o financiamento do programa, e g) as recomendações para o reajustamento se necessário. 3.1. Relatório Mensal O relatório mensal deve conter as seguintes informações: 3.1.1. Categorias As diferentes categorias são o tipo de desnutrição, as faixas etárias, o tipo de admissão e de alta, Tipo de desnutrição: Edematosa e não Edematosa. OBSERVAÇÃO: quando a desnutrição edematosa é excecionalmente rara, não é preciso separar os dados por presença ou não de edemas. Quando a desnutrição edematosa é mais frequente, é preciso então separar estas duas categorias. Quando uma criança é edemaciada, ela deve ser anotada na coluna “Edemas” mesmo que ela tenha reunido outros critérios de admissão. O relatório deve permitir a possibilidade de pôr os dois tipos de desnutrição. Faixa etária Para o CRENI: < 6 meses, 6-23 meses, 24-59 meses, > 59 meses ; Para o CRENAG: 6-23 meses, 24-59 meses, > 59 meses. 160 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO 3.1.2. Número de pacientes por tipo de admissão e de saída da estrutura Tipos de admissão Nas estruturas são: novas admissões, recaídas (com novos números-DAG para os dois tipos), readmissão (depois abandono) e transferências internas (transferência-de) onde nenhum númeroDAG novo é atribuído. Tipos de saída do CRENI: tratado com sucesso (quer dizer: transferência para CRENAG e < 6 meses amamentados com sucesso ganhando peso), curado (para aqueles que ficam em CRENI durante a fase de reabilitação), falecido, abandono, referência médica (incluindo as não-respostas). Tipos de saída do CRENAG são: curado, óbito, abandono-confirmado, abandono-não-confirmado, transferência interna (transferência para) e não resposta (aqueles que abandonam o programa depois de ter recusado a transferência em CRENI, ou são transferidos fora do programa por razões sociais ou outras). O relatório do CRENAG contém um quadradinho para indicar o CRENI para o qual o paciente deve ser transferido normalmente. Esclarecimento, alguns CRENAG perto das fronteiras administrativas de outras regiões fazem a transferência dos pacientes para o CRENI de uma outra região, se este último é mais perto e de mais fácil acesso para o paciente. Se for o caso, isto pode ser indicado no relatório. 3.1.3. Outras informações Há um espaço separado do relatório principal, para corrigir os relatórios enviados à região. Em particular, a reclassificação dos pacientes anteriormente classificados como abandonos-não confirmados na categoria abandonos-confirmados e óbitos. O relatório deve também conter o detalhe do estoque dos produtos terapêuticos do centro cujos aqueles que sempre estão em fluxo estendido. Em particular os ATPU, também com outros produtos essenciais tais como medicamentos (ex.: antibióticos, antipalúdicos, etc.). Os dados devem incluir o stock no início do mês, os produtos recebidos durante o mês e o stock no fim do mês. Duração média de estadia das crianças curadas : Este indicador deve ser calculado e reportado aos pacientes curados78 de cada faixa etária. Para um indivíduo, a duração média de estadia = Data em que o paciente atinge os critérios de saída – Data de admissão. Para um grupo de pacientes, a duração média de estadia = a soma do número de dias de cada paciente curado (do dia de admissão à saída quando atinge os critérios de saída) / número de pacientes curados. Nota: essa é a média da data na qual o paciente atinge os critérios de saída menos a data de admissão para cada um destes pacientes. Alguns pacientes vão ficar no programa GIDA depois de ter atingido os critérios de saída por razões sociais (segundo a necessidade das famílias, os problemas de insegurança, os meios de transporte, etc.) se a data de saída do centro é utilizada isto deve ser assinalado com os resultados. 78 A duração média de estadia para outras categorias de pacientes é também útil: a duração de estadia dos falecidos, dos abandonos podem dar uma indicação sobre os esforços a praticar para diminuir a taxa. Entretanto, como existem variações consideráveis e os dados são sempre duvidosos, esta informação é mais útil a recolher de maneira individual e analisar separadamente e apresentar em gráfico. 161 SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO Taxa de ganho de Peso (TGP) médio para as crianças emaciadas curadas: Este indicador é particularmente útil para demostrar a qualidade dos cuidados, sobretudo no que diz respeito à vigilância das refeições. Ao nível do CRENAG ele indica a quantidade de ATPU que a criança realmente ingeriu. A média do ganho de peso é calculada nos pacientes curados de cada faixa etária. A taxa de ganho de peso por individuo é calculada segunda a fórmula seguinte: O peso de alta (g) – o peso mínimo (g) dividido pelo peso mínimo (kg) e dividir pelo número de dias desde do dia do peso mínimo até a saída a fim de ter o aumento de peso em g/kg/dia. Para um individuo, a TGP = Peso na saída (kg) – Peso mínimo (kg) x 1000 (Data de saída – Data do peso mínimo) x Peso mínimo (kg) A média da taxa de ganho de peso é: Média da taxa de ganho de peso (g/kg/dia) = soma da taxa de indivíduos Total número de indivíduos Nota: Não se deve ter uma taxa de ganho de peso elevada nos CRENI. No CRENAG, é impossível saber precisamente o peso mínimo e o dia de peso mínimo. A duração de estadia será sempre de 7 dias. Se a data de admissão e de peso são utilizados nos cálculos em vez do peso mínimo e da data de peso mínimo, será então preciso mencionar TGP adm. a fim de a diferenciar da TGPmín. A data da primeira saída – atingindo seja o peso alvo seja o PB deve ser utilizada no cálculo e não a data dos 7 dias mais tarde quando for confirmado que a criança atingiu os critérios de saída (peso alvo/PB) e é desligada. Para facilitar o cálculo, um programa pode ser criado no Excel. Se os dados forem introduzidos, é fácil calcular a duração média e a taxa de ganho de peso (Você poderá também calcular outras informações como o risco de óbito segundo o índice Prudhon, a perda de peso durante a presença dos edemas). Data de admissão (DA), Data do peso Mínimo (DPmin), Data de saída (DS), Peso na admissão (PAdm), Peso Mínimo (PMin) Peso de saída (PSaída), Altura na admissão (AAdm) e tipo de saída (para análise dos pacientes curados). Os dados podem também ser introduzidos diretamente num programa que calcula automaticamente os índices. Estes dados devem ser escritos num registo de admissão a fim de facilitar a sua introdução. 162 ANEXOS ANEX0S TRIAGEM: 123456- Técnica de medidas antropométricas Ficha de rastreio Tabela Peso-Altura Tabela Adolescentes Tabela IMC Exemplo de Registo CRENAG: 789101112- Ficha de seguimento CRENAG Ficha de transferência Quantidade mínima de ATPU a dar no CRENAG Tabela de perda/ganho de peso de 5% Tabela de ganho de peso em 14 dias Tabela de ganho de peso para crianças jovens com equipa móvel CRENI : 131415161718- Ficha de seguimento CRENI Ficha de vigilância intensiva Como colocar uma sonda nasogastrica Inconvenientes dos cateteres Antecedentes e exames do paciente Fase de recuperação no CRENI Bebés: 19- Ficha de seguimento SS (CRENI) 20- Bebés sem possibilidades de serem amamentados Seguimento e Avaliação: 2122232425- Relatório mensal CRENAG Relatório mensal CRENI Exemplo de ficha de Supervisão – Responsável Nutrição de Região Exemplo de ficha de supervisão CRENAG Exemplo de ficha de supervisão CRENI Materiais: 26- Receitas alternativas de F75/F100 27- Especificidades do ATPU 28- Dosagem dos medicamentos CRENAM: 29- Registo CRENAM 30- Cartão de ração DAG e DAM 31- Relatório mensal CRENAM 32- Vantagens e Desvantagens das Rações Secas e Húmidas 33- Densidade nutricional utilizada para os alimentos de Suplementação DAM 163 ANEXOS ANEXO 1: AS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS Verificar a presença de edemas bilaterais A presença de edemas bilaterais é um sinal clínico de Kwashiorkor. O Kwashiorkor é uma forma de desnutrição grave. As crianças com edemas nutricionais são identificadas como estando com desnutrição aguda grave. Estas crianças tem um elevado risco de mortalidade e devem ser rapidamente tratadas num programa GIDA. Os edemas avaliam-se da seguinte forma: Exercer uma pressão normal com os polegares sobre os dois pés durante pelo menos três segundos; Se a impressão do polegar persistir sobre os dois pés, então a criança apresenta edemas nutricionais. Somente as crianças com edemas bilaterais são registadas como tendo edemas nutricionais79 Deve testar-se fazendo pressão com os dedos! Não é suficiente somente olhar! Gravidade dos Edemas Código Edemas ligeiros: nos 2 pés + Edemas moderados: nos 2 pés e parte inferior das 2 pernas, ou nas 2 mãos e parte inferior dos 2 antebraços ++ Intermediário entre o grau de edema ligeiro e grave Edemas graves: generalizados incluindo os 2 pés, pernas, mãos, braços e face +++ 79 Existem outras causas de edemas bilaterais (por exemplo os síndromes nefróticos) mas todas necessitam de uma admissão numa estrutura de internamento 164 ANEXOS Medir o PB O PB é utilizado como método alternativo ao peso-por-altura para medir a magreza da criança. É utilizado particularmente em crianças de 1 a 5 anos. No entanto, a sua utilização foi estendida às crianças com mais de 6 meses (crianças com o comprimento maior que 67 cm). Pedir à mãe que retire a roupa que cobre o braço esquerdo da criança; Fazer uma marca no meio da distancia entre o ombro e o cotovelo (meio do braço esquerdo). Para o fazer, pegue num cordel (ou na fita de PB), e coloque uma extremidade do cordel no alto do ombro (seta 1) e a outra extremidade logo abaixo do cotovelo (seta 2) tendo atenção para que o cordel esteja bem esticado. Dobre o cordel em 2, levando a extremidade do cotovelo para junto da extremidade sobre o ombro para obter o ponto médio entre o ombro e o cotovelo. Outro método pode ser utilizado. Colocar o 0 da fita de PB (indicado pela seta) no alto do ombro (seta 4) e a outra extremidade no cotovelo (seta 5). Ler o número que se encontra ao nível do cotovelo em centímetros exatos; Dividir esse número por 2 para encontrar o meio da distancia entre o ombro e o cotovelo; Fazer uma marca no braço com uma caneta ao nível desse valor (seta 6); Relaxar o braço da criança e colocar a fita de PB a envolver o mesmo na altura da marca. Assegurar que os números estão no lugar. Verificar se a fita de PB está bem ajustada ao braço (seta 7) ; Verificar a tensão exercida sobre a fita PB. Assegurar-se de que é a tensão correta, que o braço não está muito apertado (comprimido) ou a fita está lacha (não toca toda a pele à volta do braço) seta 7 e 8) ; Repetir cada etapa se necessário; Quando a fita PB está corretamente colocada e a tensão aplicada é adequada, ler e dizer em voz alta a medida com a exatidão de 0,1cm (seta 10) ; Registar imediatamente a medida. 165 ANEXOS Como Pesar Pesar as crianças com uma balança Salter de 25 kg graduada a 0,100 kg ou uma balança electrónica com a precisão de 0,100 kg (tipo UNISCALE). Não esquecer de calibrar a balança antes de cada pesagem; Uma bacia de plástico deve ser amarrada com 4 cordas que passem debaixo da bacia. Ela deve estar próxima do solo para o caso da criança balançar se sentir em segurança. A bacia pode ser lavada e é mais higiénica e confortável para as crianças doentes. Os calções utilizados nos inquéritos nutricionais não devem ser utilizados; eles não são confortáveis, são difíceis de utilizar, impróprios para as crianças doentes e são uma fonte de transmissão de infeções de um paciente para outro; Quando a criança estiver quieta, ler o peso com a precisão de 100 g, a agulha deve estar ao nível dos olhos. É indispensável calibrar a balança todos os dias com um peso padrão. Balança SECA com precisão de 10 g 166 ANEXOS Medir a altura deitado e de pé Para crianças com menos de 87 cm, O antropómetro é colocado deitado no solo. Deita-se a criança no meio da prancha com a ajuda da mãe, com os pés voltados para o lado do cursor; A assistente segura a cabeça da criança ao nível das orelhas entre as suas mãos e mantem-na encostada contra a parte fixa do antropómetro, os cabelos da criança devem estar comprimidos. A criança deve olhar diretamente para a frente; O medidor coloca as mãos nos tornozelos da criança, distende as pernas e coloca uma mão sobre as coxas da criança para impedi-la de fletir as pernas; Mantendo as pernas esticadas, ele deve empurrar firmemente o cursor contra os pés da criança; Para ler a medida, o cursor deve estar perpendicular ao eixo da régua de medição e em posição vertical; Fazer então a leitura com uma precisão de 0,1cm. Os procedimentos de registo são semelhantes aos da medida da altura em pé. 167 ANEXOS ©WHO Growth standard training Os pés da criança tocam este lado do cursor. Esta criança mede 66,3cm Para crianças de 87 cm ou mais, A régua de comprimento é colocado de pé numa superfície plana e, se possível, contra uma parede ou muro; Retirar os sapatos da criança; A criança mantem-se de pé, direita, no centro e encostada à prancha; A assistente segura os tornozelos e os joelhos da criança, mantendo os calcanhares, as pernas e nádegas encostadas à prancha, enquanto o medidor posiciona a cabeça da criança e o cursor, mantendo os ombros encostados à prancha; A altura é lida com a precisão de 0,1 cm. A cabeça da criança toca este lado do cursor. Esta criança mede 94.2cm 168 ANEXOS 169 ANEXOS Calcular a relação peso/altura utilizando a tabela da OMS unissexo Como utilizar a tabela peso/altura em z-score? Exemplo: uma criança que mede 63 cm e pesa 6,5 kg Pegar na tabela e procurar o número 63cm (altura) que se encontra na 1ª coluna Colocar uma régua ou uma folha por baixo do número 63. Nessa linha procurar pelo peso da criança (neste caso 6,8). Subir pela coluna correspondente para determinar de que coluna se trata. Neste exemplo corresponde à coluna de MEDIANA DO PESO. Neste exemplo o peso da criança é normal em relação à sua altura. Ela tem, portanto, um peso apropriado para a sua altura. Exemplo: Uma criança medindo 78 cm e pesando 8,3kg Esta criança encontra-se entre a coluna -2 e -3 Z-score ou entre DAM e DAG. É muito magra para a sua altura ou menos de -2 e mais de -3; ela está <-2 (menor) e >-3 (maior): ela TEM DESNUTRIÇÃO MODERADA mas NÃO TEM DESNUTRIÇÃO GRAVE. OBSERVAÇÃO: Pode acontecer que o peso e a altura não sejam números redondos. Exemplo: altura = 80,4cm e peso = 7,9kg. Estes dois valores não se encontram na tabela e devem ser arredondados para os 0,5 cm mais próximos. Para a altura: Altura em cm 80,0 80,1 80,2 80,3 80,4 80,5 80,6 80,7 80,8 80,9 81,0 80,1 e 80,2 arredonda-se para 80,0 cm. 80,3 e 80,4 e 80,6 e 80,7 arredonda-se para 80,5 cm. 80,8 e 80,9 arredonda-se para 81,0 cm. Para o peso : O peso de 7,9kg situa-se entre 7,7 e 8,3 kg. Para ressaltar que o peso da criança situa-se entre estes 2 pesos, escrever que o Z-score da criança está entre -4 e -3 Z-score ou <-3 DP >-4 DP. Esta criança é DAG. 170 ANEXOS ANEXO 2 : FICHA DE RASTREIO FICHA DE RASTREIO ATIVO DO PB REGIÃO................... CS............... TABANCA/CRENAG............... Mês..................... De _____/_____/ _____ A ______/______/______ Função Assinatura _________________________________ Por uma cruz “x” no “o” nos diferentes grupos, segundo o PB 6 -59 meses PB < 115 mm PB ≥ 115 e < 125 mm F ooooo M ooooo F ooooo M ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo PB ≥ 125 mm Edemas F ooooo M ooooo ooooo ooooo F M ooooo oo ooooooo ooooo ooooo oo ooooo ooooo ooooo oo ooooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo oo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo oo ooooo ooooo oo ooooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo oo ooooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo oo ooooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo oo ooooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo oo ooooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo ooooo oo ooooooo ooooo ooooo M M: Total/sexo F: Total/grup o M: F: ooooo oo ooooo oo ooooo oo ooooo oo F: F: M: Total geral Notas e comentários : 171 ANEXOS ANEXO 3 : TABELA PESO-POR-ALTURA (OMS2006) Comprimento Utilizar para meninos e meninas Comprimento Peso Kg – Z-score Muito grave Grave DAG Moderada DAM Alta GIDA -4,0 -3 -2 -1,5 45 1,73 1,88 2,04 2,13 2,23 2,44 66 45,5 1,79 1,94 2,11 2,21 2,31 2,52 66,5 46 1,85 2,01 2,18 2,28 2,38 2,61 46,5 1,91 2,07 2,26 2,36 2,46 47 1,97 2,14 2,33 2,43 2,54 47,5 2,04 2,21 2,40 2,51 cm Mediana Peso Peso Kg – Z-score Muito grave Grave DAG Moderada DAM Alta GIDA -4,0 -3 -2 -1,5 -1 5,5 5,9 6,4 6,7 6,9 7,5 5,6 6 6,5 6,8 7 7,6 67 5,7 6,1 6,6 6,9 7,1 7,7 2,69 67,5 5,8 6,2 6,7 7 7,2 7,9 2,78 68 5,8 6,3 6,8 7,1 7,3 8 2,62 2,86 68,5 5,9 6,4 6,9 7,2 7,5 8,1 -1 0 cm Mediana Peso 0 Utilizar o comprimento para os com menos de de 87 cm 48 2,10 2,28 2,48 2,58 2,70 2,95 69 6,0 6,5 7 7,3 7,6 8,2 48,5 2,17 2,35 2,55 2,66 2,78 3,04 69,5 6,1 6,6 7,1 7,4 7,7 8,3 49 2,23 2,42 2,63 2,75 2,87 3,13 70 6,2 6,6 7,2 7,5 7,8 8,4 49,5 2,31 2,50 2,71 2,83 2,96 3,23 70,5 6,3 6,7 7,3 7,6 7,9 8,5 50 2,38 2,58 2,80 2,92 3,05 3,33 71 6,3 6,8 7,4 7,7 8 8,6 50,5 2,46 2,66 2,89 3,01 3,14 3,43 71,5 6,4 6,9 7,5 7,8 8,1 8,8 51 2,54 2,75 2,98 3,11 3,24 3,54 72 6,5 7 7,6 7,9 8,2 8,9 51,5 2,62 2,83 3,08 3,21 3,34 3,65 72,5 6,6 7,1 7,6 8 8,3 9 52 2,70 2,93 3,17 3,31 3,45 3,76 73 6,6 7,2 7,7 8 8,4 9,1 52,5 2,79 3,02 3,28 3,41 3,56 3,88 73,5 6,7 7,2 7,8 8,1 8,5 9,2 53 2,88 3,12 3,38 3,53 3,68 4,01 74 6,8 7,3 7,9 8,2 8,6 9,3 53,5 2,98 3,22 3,49 3,64 3,80 4,14 74,5 6,9 7,4 8 8,3 8,7 9,4 54 3,08 3,33 3,61 3,76 3,92 4,27 75 6,9 7,5 8,1 8,4 8,8 9,5 54,5 3,18 3,55 3,85 4,01 4,18 4,55 75,5 7,0 7,6 8,2 8,5 8,8 9,6 55 3,29 3,67 3,97 4,14 4,31 4,69 76 7,1 7,6 8,3 8,6 8,9 9,7 55,5 3,39 3,78 4,10 4,26 4,44 4,83 76,5 7,2 7,7 8,3 8,7 9 9,8 56 3,50 3,90 4,22 4,40 4,58 4,98 77 7,2 7,8 8,4 8,8 9,1 9,9 56,5 3,61 4,02 4,35 4,53 4,71 5,13 77,5 7,3 7,9 8,5 8,8 9,2 10 57 3,7 4 4,3 4,5 4,7 5,1 78 7,4 7,9 8,6 8,9 9,3 10,1 57,5 3,8 4,1 4,5 4,7 4,9 5,3 78,5 7,4 8 8,7 9 9,4 10,2 58 3,9 4,3 4,6 4,8 5 5,4 79 7,5 8,1 8,7 9,1 9,5 10,3 58,5 4,0 4,4 4,7 4,9 5,1 5,6 79,5 7,6 8,2 8,8 9,2 9,5 10,4 59 4,2 4,5 4,8 5 5,3 5,7 80 7,6 8,2 8,9 9,2 9,6 10,4 59,5 4,3 4,6 5 5,2 5,4 5,9 80,5 7,7 8,3 9 9,3 9,7 10,5 60 4,4 4,7 5,1 5,3 5,5 6 81 7,8 8,4 9,1 9,4 9,8 10,6 60,5 4,5 4,8 5,2 5,4 5,6 6,1 81,5 7,8 8,5 9,1 9,5 9,9 10,7 61 4,6 4,9 5,3 5,5 5,8 6,3 82 7,9 8,5 9,2 9,6 10 10,8 61,5 4,7 5 5,4 5,7 5,9 6,4 82,5 8,0 8,6 9,3 9,7 10,1 10,9 62 4,8 5,1 5,6 5,8 6 6,5 83 8,1 8,7 9,4 9,8 10,2 11 62,5 4,9 5,2 5,7 5,9 6,1 6,7 83,5 8,2 8,8 9,5 9,9 10,3 11,2 63 5,0 5,3 5,8 6 6,2 6,8 84 8,3 8,9 9,6 10 10,4 11,3 63,5 5,1 5,4 5,9 6,1 6,4 6,9 84,5 8,3 9 9,7 10,1 10,5 11,4 64 5,1 5,5 6 6,2 6,5 7 85 8,4 9,1 9,8 10,2 10,6 11,5 64,5 5,2 5,6 6,1 6,3 6,6 7,1 85,5 8,5 9,2 9,9 10,3 10,7 11,6 65 5,3 5,7 6,2 6,4 6,7 7,3 86 8,6 9,3 10 10,4 10,8 11,7 65,5 5,4 5,8 6,3 6,5 6,8 7,4 86,5 8,7 9,4 10,1 10,5 11 11,9 172 ANEXOS Utilizar para meninos e meninas Altura cm Altura Peso Kg – Z-score Muito grave Grave DAG Moderada DAM Alta GIDA -4,0 -3 -2 -1,5 Mediana Peso -1 0 cm Peso Kg – Z-score Muito grave Grave DAG Moderada DAM Alta GIDA Mediana Peso -4,0 -3 -2 -1,5 -1 0 Utilizar a altura para os com 87 cm ou mais 87 9,0 9,6 10,4 10,8 11,2 12,2 104 12,0 13 14 14,6 15,2 16,5 87,5 9,0 9,7 10,5 10,9 11,3 12,3 104,5 12,1 13,1 14,2 14,7 15,4 16,7 88 9,1 9,8 10,6 11 11,5 12,4 105 12,2 13,2 14,3 14,9 15,5 16,8 88,5 9,2 9,9 10,7 11,1 11,6 12,5 105,5 12,3 13,3 14,4 15 15,6 17 89 9,3 10 10,8 11,2 11,7 12,6 106 12,4 13,4 14,5 15,1 15,8 17,2 89,5 9,4 10,1 10,9 11,3 11,8 12,8 106,5 12,5 13,5 14,7 15,3 15,9 17,3 90 9,5 10,2 11 11,5 11,9 12,9 107 12,6 13,7 14,8 15,4 16,1 17,5 90,5 9,6 10,3 11,1 11,6 12 13 107,5 12,7 13,8 14,9 15,6 16,2 17,7 91 9,7 10,4 11,2 11,7 12,1 13,1 108 12,8 13,9 15,1 15,7 16,4 17,8 91,5 9,8 10,5 11,3 11,8 12,2 13,2 108,5 13,0 14 15,2 15,8 16,5 18 92 9,9 10,6 11,4 11,9 12,3 13,4 109 13,1 14,1 15,3 16 16,7 18,2 92,5 9,9 10,7 11,5 12 12,4 13,5 109,5 13,2 14,3 15,5 16,1 16,8 18,3 93 10,0 10,8 11,6 12,1 12,6 13,6 110 13,3 14,4 15,6 16,3 17 18,5 93,5 10,1 10,9 11,7 12,2 12,7 13,7 110,5 13,4 14,5 15,8 16,4 17,1 18,7 94 10,2 11 11,8 12,3 12,8 13,8 111 13,5 14,6 15,9 16,6 17,3 18,9 94,5 10,3 11,1 11,9 12,4 12,9 13,9 111,5 13,6 14,8 16 16,7 17,5 19,1 95 10,4 11,1 12 12,5 13 14,1 112 13,7 14,9 16,2 16,9 17,6 19,2 95,5 10,4 11,2 12,1 12,6 13,1 14,2 112,5 13,9 15 16,3 17 17,8 19,4 96 10,5 11,3 12,2 12,7 13,2 14,3 113 14,0 15,2 16,5 17,2 18 19,6 96,5 10,6 11,4 12,3 12,8 13,3 14,4 113,5 14,1 15,3 16,6 17,4 18,1 19,8 97 10,7 11,5 12,4 12,9 13,4 14,6 114 14,2 15,4 16,8 17,5 18,3 20 97,5 10,8 11,6 12,5 13 13,6 14,7 114,5 14,3 15,6 16,9 17,7 18,5 20,2 98 10,9 11,7 12,6 13,1 13,7 14,8 115 14,5 15,7 17,1 17,8 18,6 20,4 98,5 11,0 11,8 12,8 13,3 13,8 14,9 115,5 14,6 15,8 17,2 18 18,8 20,6 99 11,1 11,9 12,9 13,4 13,9 15,1 116 14,7 16 17,4 18,2 19 20,8 99,5 11,2 12 13 13,5 14 15,2 116,5 14,8 16,1 17,5 18,3 19,2 21 100 11,2 12,1 13,1 13,6 14,2 15,4 117 15,0 16,2 17,7 18,5 19,3 21,2 100,5 11,3 12,2 13,2 13,7 14,3 15,5 117,5 15,1 16,4 17,9 18,7 19,5 21,4 101 11,4 12,3 13,3 13,9 14,4 15,6 118 15,2 16,5 18 18,8 19,7 21,6 101,5 11,5 12,4 13,4 14 14,5 15,8 118,5 15,3 16,7 18,2 19 19,9 21,8 102 11,6 12,5 13,6 14,1 14,7 15,9 119 15,4 16,8 18,3 19,1 20 22 102,5 11,7 12,6 13,7 14,2 14,8 16,1 119,5 15,6 16,9 18,5 19,3 20,2 22,2 103 11,8 12,8 13,8 14,4 14,9 16,2 120 15,7 17,1 18,6 19,5 20,4 22,4 103,5 11,9 12,9 13,9 14,5 15,1 16,4 173 ANEXOS ANEXO 4 : TABELA PESO-POR-ALTURA PARA ADOLESCENTES Altura (cm) 85% P Alvo 80% <Mod 70% <Grave sexo 120,5 100% Median a 22,1 Altura (cm) 100% Mediana 80% <Mod 70% <Grave sex o 37,5 85% P Alvo 31,9 18,8 17,7 15,5 121 22,3 19 17,8 15,6 mf 146 mf 146,5 30 26,2 mf 37,8 32,2 30,3 26,5 121,5 22,5 19,1 18 15,8 mf mf 147 38,2 32,4 30,5 26,7 122 22,7 19,3 18,2 15,9 mf mf 147,5 38,5 32,7 30,8 27 122,5 23 19,5 18,4 mf 16,1 mf 148 38,9 33 31,1 27,2 123 23,2 19,7 mf 18,6 16,2 mf 148,5 39,2 33,3 31,4 27,4 123,5 23,5 mf 19,9 18,8 16,4 mf 149 39,5 33,6 31,6 27,7 124 mf 23,7 20,1 19 16,6 mf 149,5 39,9 33,9 31,9 27,9 mf 124,5 24 20,4 19,2 16,8 mf 150 40,3 34,2 32,2 28,2 mf 125 24,2 20,6 19,4 16,9 mf 150,5 40,6 34,5 32,5 28,4 mf 125,5 24,5 20,8 19,6 17,1 mf 151 41 34,8 32,8 28,7 mf 126 24,7 21 19,8 17,3 mf 151,5 41,3 35,1 33,1 28,9 mf 126,5 25 21,2 20 17,5 mf 152 41,7 35,4 33,4 29,2 mf 127 25,3 21,5 20,2 17,7 mf 152,5 42,1 35,8 33,7 29,4 mf 127,5 25,5 21,7 20,4 17,9 mf 153 42,4 36,1 34 29,7 mf 128 25,8 21,9 20,7 18,1 mf 153,5 42,8 36,4 34,3 30 mf 128,5 26,1 22,2 20,9 18,3 mf 154 43,2 36,7 34,6 30,2 mf 129 26,4 22,4 21,1 18,5 mf 154,5 43,6 37,1 34,9 30,5 mf 129,5 26,7 22,7 21,3 18,7 mf 155 44 37,4 35,2 30,8 mf 130 27 22,9 21,6 18,9 mf 155,5 44,2 37,6 35,4 30,9 m 130,5 27,3 23,2 21,8 19,1 mf 156 44,6 37,9 35,7 31,2 m 131 27,6 23,4 22,1 19,3 mf 156,5 45 38,2 36 31,5 m 131,5 27,9 23,7 22,3 19,5 mf 157 45,4 38,6 36,3 31,8 m 132 28,2 24 22,5 19,7 mf 157,5 45,8 38,9 36,7 32,1 m 132,5 28,5 24,2 22,8 19,9 mf 158 46,2 39,3 37 32,4 m 133 28,8 24,5 23 20,2 mf 158,5 46,6 39,6 37,3 32,7 m 133,5 29,1 24,7 23,3 20,4 mf 159 47,1 40 37,7 33 m 134 29,4 25 23,5 20,6 mf 159,5 47,5 40,4 38 33,3 m 134,5 29,7 25,3 23,8 20,8 mf 160 48 40,8 38,4 33,6 m 135 30,1 25,6 24,1 21,1 mf 160,5 48,4 41,1 38,7 33,9 m 135,5 30,4 25,8 24,3 21,3 mf 161 48,8 41,5 39,1 34,2 m 136 30,7 26,1 24,6 21,5 mf 161,5 49,3 41,9 39,4 34,5 m 136,5 31 26,4 24,8 21,7 mf 162 49,8 42,3 39,8 34,8 m 137 31,4 26,7 25,1 22 mf 162,5 50,2 42,7 40,2 35,1 m 137,5 31,7 27 25,4 22,2 mf 163 50,7 43,1 40,5 35,5 m 138 32,1 27,2 25,6 22,4 mf 163,5 51,1 43,5 40,9 35,8 m 138,5 32,4 27,5 25,9 22,7 mf 164 51,6 43,9 41,3 36,1 m 139 32,7 27,8 26,2 22,9 mf 164,5 52,1 44,3 41,7 36,5 m 139,5 33,1 28,1 26,4 23,1 mf 165 52,6 44,7 42,1 36,8 m 140 33,4 28,4 26,7 23,4 mf 165,5 53,1 45,1 42,5 37,2 m 140,5 33,7 28,7 27 23,6 mf 166 53,6 45,6 42,9 37,5 m 141 34,1 29 27,3 23,9 mf 166,5 54,1 46 43,3 37,9 m 141,5 34,4 29,2 27,5 24,1 mf 167 54,6 46,4 43,7 38,2 m 142 34,8 29,5 27,8 24,3 mf 167,5 55,1 46,9 44,1 38,6 m 142,5 35,1 29,8 28,1 24,6 mf 168 55,6 47,3 44,5 38,9 m 143 35,4 30,1 28,3 24,8 mf 168,5 56,2 47,7 44,9 39,3 m 143,5 35,8 30,4 28,6 25 mf 169 56,7 48,2 45,4 39,7 m 144 36,1 30,7 28,9 25,3 mf 169,5 57,3 48,7 45,8 40,1 m 144,5 36,5 31 29,2 25,5 mf 170 57,8 49,2 46,3 40,5 m 145 36,8 31,3 29,4 25,8 mf 170,5 58,4 49,6 46,7 40,9 m 145,5 37,1 31,6 29,7 26 mf 171 59 50,1 47,2 41,3 m Esta tabela foi concebida utilizando as normas NCHS, Os indicadores altura-por-idade e peso-por idade foram misturados a fim de determinar a mediana do peso-por-altura. Os sexos foram combinados para que as normas unissexo estejam a 1,5% do peso corporal das normas do peso corporal para os dois sexos. 174 ANEXOS ANEXO 5 : TABELA IMC PARA ADULTOS IMC Altura (cm) 18.5 18 140 141 142 143 144 36.3 36.8 37.3 37.8 38.4 145 146 147 148 149 IMC 16.5 16 35.3 35.8 36.3 36.8 37.3 17.5 17 Peso em Kg 34.3 33.3 34.8 33.8 35.3 34.3 35.8 34.8 36.3 35.3 Altura (cm) 32.3 32.8 33.3 33.7 34.2 31.4 31.8 32.3 32.7 33.2 165 166 167 168 169 50.4 51.0 51.6 52.2 52.8 38.9 39.4 40.0 40.5 41.1 37.8 38.4 38.9 39.4 40.0 36.8 37.3 37.8 38.3 38.9 35.7 36.2 36.7 37.2 37.7 34.7 35.2 35.7 36.1 36.6 33.6 34.1 34.6 35.0 35.5 170 171 172 173 174 150 151 152 153 154 41.6 42.2 42.7 43.3 43.9 40.5 41.0 41.6 42.1 42.7 39.4 39.9 40.4 41.0 41.5 38.3 38.8 39.3 39.8 40.3 37.1 37.6 38.1 38.6 39.1 36.0 36.5 37.0 37.5 37.9 155 156 157 158 159 44.4 45.0 45.6 46.2 46.8 43.2 43.8 44.4 44.9 45.5 42.0 42.6 43.1 43.7 44.2 40.8 41.4 41.9 42.4 43.0 39.6 40.2 40.7 41.2 41.7 160 161 162 163 164 47.4 48.0 48.6 49.2 49.8 46.1 46.7 47.2 47.8 48.4 44.8 45.4 45.9 46.5 47.1 43.5 44.1 44.6 45.2 45.7 42.2 42.8 43.3 43.8 44.4 IMC < 16.0 16.0 - 16.9 17.0 - 18.4 18.5 - 24.9 18.5 18 16.5 16 49.0 49.6 50.2 50.8 51.4 17.5 17 Peso em Kg 47.6 46.3 48.2 46.8 48.8 47.4 49.4 48.0 50.0 48.6 44.9 45.5 46.0 46.6 47.1 43.6 44.1 44.6 45.2 45.7 53.5 54.1 54.7 55.4 56.0 52.0 52.6 53.3 53.9 54.5 50.6 51.2 51.8 52.4 53.0 49.1 49.7 50.3 50.9 51.5 47.7 48.2 48.8 49.4 50.0 46.2 46.8 47.3 47.9 48.4 175 176 177 178 179 56.7 57.3 58.0 58.6 59.3 55.1 55.8 56.4 57.0 57.7 53.6 54.2 54.8 55.4 56.1 52.1 52.7 53.3 53.9 54.5 50.5 51.1 51.7 52.3 52.9 49.0 49.6 50.1 50.7 51.3 38.4 38.9 39.4 39.9 40.4 180 181 182 183 184 59.9 60.6 61.3 62.0 62.6 58.3 59.0 59.6 60.3 60.9 56.7 57.3 58.0 58.6 59.2 55.1 55.7 56.3 56.9 57.6 53.5 54.1 54.7 55.3 55.9 51.8 52.4 53.0 53.6 54.2 41.0 41.5 42.0 42.5 43.0 185 186 187 188 189 190 63.3 64.0 64.7 65.4 66.1 66.8 61.6 62.3 62.9 63.6 64.3 65.0 59.9 60.5 61.2 61.9 62.5 63.2 58.2 58.8 59.4 60.1 60.7 61.4 56.5 57.1 57.7 58.3 58.9 59.6 54.8 55.4 56.0 56.6 57.2 57.8 INTERPRETAÇÃO magreza grave magreza moderada magreza leve (ligeira) normal Fonte : WHO (1995) Physical status : the use and interpretation of anthropometry, Report of a WHO expert committee, WHO 175 ANEXOS ANEXO 6 : REGISTO CRENI Admissão na Instalação Transferência Interna de Data N° Reg N° MAG Apelido Nome Prénom Endereço N° telefone Tipo de Admissão Nome/cod CRENAG Nome/cod do CRENI Idade Sexo mese F/M s PB mm Peso kg,g Altura P/A Z Edema 0,1,2, 3 cm 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 176 ANEXOS Alta Data dd/mm PB mm Peso kg,g Taille Altura cm P/T Tipo de Alta Transferência interna para P/A Z Edemas 0,1,2, 3 Tipo Nome/cod do CRENAG Nome/cod do CRENI Data do Peso Mínimo Peso Mínimo Observações 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 177 ANEXOS ANEXO 6 : REGISTO CRENAG Admissão na Instalação Transferência Interna de Data N° Reg N° MAG Apelido Nome Prénom Endereço N° telefone Tipo de Admissão Nome/cod CRENAG Nome/cod do CRENI Idade Sexo mese F/M s PB mm Peso kg,g Altura P/A Z Edema 0,1,2, 3 cm 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 178 ANEXOS Alta Data dd/mm PB mm Peso kg,g Taille Altura cm P/T Tipo de Alta Transferência interna para P/A Z Edemas 0,1,2, 3 Tipo Nome/cod do CRENAG Nome/cod do CRENI Data do Peso Mínimo Peso Mínimo Observações 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 179 ANEXOS ANEXO 7 : FICHA DE ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL CRENAG ANEXO 8 : FICHA DE TRANSFERÊNCIA 180 ANEXOS ANEXO 9: QUANTIDADE MÍNIMA DE ATPU A DAR NO CRENAG ATPU Pasta - gramas por semana Quantidade CRÍTICA antes da rutura de stock Quantidade mínima absoluta (semana 1) Intermediaria (semana 2) Faixa de peso (kg) 100 kcal/kg/j 135 kcal/kg/d 3,0 – 3,4 440 3,5 – 4,9 ATPU Saquetas (96g) Ração PADRÃO Quantidade CRÍTICA antes da rutura de stock Quantidade mínima absoluta (semana 1) Intermediari a (semana 2) Ração PADRÃO 150 kcal/kg/d 170 kcal/kg/d 100 kcal/kg/j 135 kcal/kg/d 150 kcal/kg/d 170 kcal/kg/d 600 660 750 5 6 7 8 530 720 800 900 6 8 9 10 5,0 – 6,9 830 1100 1250 1400 9 12 13 15 7,0 – 9,9 1060 1430 1600 1800 12 15 17 20 Semana de tratamento Nota: Esta tabela pode ser utilizada quando há quantidades de ATPU limitadas devido a uma interrupção de abastecimento (não prevista), ou se a criança tem um apetite médio no início do tratamento e o pessoal de CRENAG não quer incentivar a partilha no seio da família devido a um importante excesso, até que a criança tenha um bom apetite. A quantidade administrada nunca deve ser menor do que 135 kcal/kg/dia. Se a quantidade for inferior a 100 kcal/kg/dia, a criança vai perder peso e a sua condição vai se deteriorar. Observar a pouca diferença entre a quantidade crítica e a quantidade mínima a administrar! É este "pequeno" extra que permite a criança recuperar – esta é a razão porque a partilha com a família pode levar a taxas de cura relativamente baixas. Portanto, é importante explicar à família, bem como ao acompanhante, a necessidade de não partilhar os ATPU com o resto da família. 181 ANEXOS ANEXO 10: 5% DE GANHO DE PESO - 5% DE PERDA DE PESO 182 ANEXOS ANEXO 11: GANHO DE PESO EM 14 DIAS Ganho de Peso (g/kg/dia) para uma estadia de 14 dias 2,5 5 10 15 4,0 4,1 4,3 4,6 4,8 4,1 4,2 4,4 4,7 4,2 4,3 4,5 4,3 4,5 4,4 Ganho de peso (g/kg/dia) em 14 dias 2,5 5 10 15 7,0 7,2 7,5 8,0 8,5 5,0 7,1 7,3 7,6 8,1 8,6 4,8 5,1 7,2 7,5 7,7 8,2 8,7 4,6 4,9 5,2 7,3 7,6 7,8 8,3 8,8 4,6 4,7 5,0 5,3 7,4 7,7 7,9 8,4 9,0 4,5 4,7 4,8 5,1 5,4 7,5 7,8 8,0 8,6 9,1 4,6 4,8 4,9 5,2 5,6 7,6 7,9 8,1 8,7 9,2 4,7 4,9 5,0 5,4 5,7 7,7 8,0 8,2 8,8 9,3 4,8 5,0 5,1 5,5 5,8 7,8 8,1 8,3 8,9 9,4 4,9 5,1 5,2 5,6 5,9 7,9 8,2 8,5 9,0 9,6 5,0 5,2 5,4 5,7 6,1 8,0 8,3 8,6 9,1 9,7 5,1 5,3 5,5 5,8 6,2 8,1 8,4 8,7 9,2 9,8 5,2 5,4 5,6 5,9 6,3 8,2 8,5 8,8 9,3 9,9 5,3 5,5 5,7 6,0 6,4 8,3 8,6 8,9 9,5 10,0 5,4 5,6 5,8 6,2 6,5 8,4 8,7 9,0 9,6 10,2 5,5 5,7 5,9 6,3 6,7 8,5 8,8 9,1 9,7 10,3 5,6 5,8 6,0 6,4 6,8 8,6 8,9 9,2 9,8 10,4 5,7 5,9 6,1 6,5 6,9 8,7 9,0 9,3 9,9 10,5 5,8 6,0 6,2 6,6 7,0 8,8 9,1 9,4 10,0 10,6 5,9 6,1 6,3 6,7 7,1 8,9 9,2 9,5 10,1 10,8 6,0 6,2 6,4 6,8 7,3 9,0 9,3 9,6 10,3 10,9 6,1 6,3 6,5 7,0 7,4 9,1 9,4 9,7 10,4 11,0 6,2 6,4 6,6 7,1 7,5 9,2 9,5 9,8 10,5 11,1 6,3 6,5 6,7 7,2 7,6 9,3 9,6 10,0 10,6 11,3 6,4 6,6 6,8 7,3 7,7 9,4 9,7 10,1 10,7 11,4 6,5 6,7 7,0 7,4 7,9 9,5 9,8 10,2 10,8 11,5 6,6 6,8 7,1 7,5 8,0 9,6 9,9 10,3 10,9 11,6 6,7 6,9 7,2 7,6 8,1 9,7 10,0 10,4 11,1 11,7 6,8 7,0 7,3 7,8 8,2 9,8 10,1 10,5 11,2 11,9 6,9 7,1 7,4 7,9 8,3 9,9 10,2 10,6 11,3 12,0 7,0 7,2 7,5 8,0 8,5 10,0 10,4 10,7 11,4 12,1 Peso 14 dias depois Peso 14 dias antes Ganho de peso (g/kg/dia) em 14 dias 183 ANEXOS ANEXO 12: GANHO DE PESO PARA ATINGIR OS CRITÉRIOS ALTA 184 ANEXOS ANEXO 13 : FICHA DE ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL CRENI N° MAG..................................................................... Ficha de Acompanhamento CRENI Data de Admissão___/___/___ Data da Alta___/___/___ N° de Registo …………………………………………………….Código CRENI........................... Maior Problema hora………………. Traitado com sucesso □ Folha N°………………………….……………………………………. Nome CRENI……………....... Nova Admissão □ Faleceu □ Causa………… Apelido………………………………………………….. Recaída □ Transf. Int. para CRENAG □ 24 h / Centro de Dia/Pediatria Readm Abandono <2 meses □ Si Sim, Cod. CRENAG………. Nome.…………………………………………………………….. Idade…….....mm/aa Endereço…………………………………………………………………. Data de Nasc. ___/___/____ (dd/mm/aa) Transfert Int. do CRENAG □ Referência Médica □ Telefone.......................................................................................... Sexo……………………………. Amamentação S / N Se S, Cod. do CRENAG………..... Abandono □ Causa………… Referência : Espontâneo □ Comunidade □ CS/Hospital □ Alimentação complementar ………………………..……………….. Nome CRENAG ………………………….............. Motivo da admissão : 1) Echec test appétit : S / N se S ATPU .....gr - 2) Complicações S / N se S ....................... - 3) Edemas S / N - 4) Não resposta CRENAG S / N Antropometria 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Data Altura (cm) Peso (Kg,g) P/A (Z / %) PB (mm) Edemas (0 a +++) Peso Alvo ...........kg......g PB Alvo Gráfico do Peso Por Dia .................mm 185 ANEXOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Data Fase Aguda/Trans/Reab. F75/F100/F100D Nº refeições/dia ml/refeições Tratamento Nutricional Adição de FERRO dose…. ATPU Nº refeições/dia Saqueta/dia Teste Apetiet:Bom/Médio/Fraco Hora refeição A=Ausente 1 V=vómitos 2 R=recusa SNG= Sonda Naso-Gastr. 3 IV=Perfusão IV 4 Volume ingerido 100% X X X X 3/4 X X 1/2 X 1/4 X X X ....ml=extra 5 6 7 8 9 10 1 Alerta/Letargico (A/L) Fezes (0 a IIII) Vómitos (0 a IIII) Desidratação (0 à +++) Vigilância Tosse (0 a +++) Choque (0 à +++) Recoloração capilar (sec) Resp/min Conj. Pâle (0 a +++) Temp. matinal (Ax/Rec) Temp. tarde (Ax/Rec) Rebordo do Fígado cm Outros 186 Tratamento Sistematico ANEXOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 DATA antibiotico 1 x antibiotico 2 anti-paludico anti-fúngico Tratamento Especifico Antibiotico 3 Antibiotico 4 Resomal ml IV Perf/Transf SNG Exames Lab. 1 Hb Test Palu. Test TB RX Pulmões Outros OBSERVAÇÕES: 187 ANEXOS Cartão Data de Vacinação S□N □ Nasc. 1 2 3 Extra Extra 4 BCG POLIO DPT Sarampo ALTA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE DATAS ASSINATURA Causas de Desnutrição Diarreia, IRA, Febre Doenças Sexualmente Transmissíveis Jogos e Estímulos Nutrição das Crianças Pequenas Cuidados com as Crianças Higiene Amamentação Planeamento Familiar Outros ………………….. Vacinas em dia S N Amamentação na Alta S N Version 2011/1.0 © Golden & Grellety 188 ANEXOS ANEXO 14: FICHA DE VIGILÂNCIA INTENSIVA 189 ANEXOS ANEXO 15: COMO COLOCAR UMA SONDA NASOGÁSTRICA (SNG) 1. Escolher a sonda apropriada (nº 6, 8 ou 10). Colocar a criança de costas, envolvê-la numa pequena coberta para limitar os seus movimentos; 2. Medir o comprimento da sonda a introduzir: distância da orelha - ponta do nariz e, em seguida, até a ponta do esterno (para os recém nascidos, medir da borda do nariz até a ponta do esterno). Marcar o tubo a este nível para saber até onde se pode introduzir a sonda; Lubrificar a sonda com um gel lubrificante, tipo vaselina ou pelo menos com água, e insira-la, através do nariz, dobrando ligeiramente a parte superior da sonda ao longo do septo nasal; Inclinar a cabeça ligeiramente para trás para alongar o pescoço. Introduzir a sonda rapidamente e suavemente empurrando primeiro para cima (e não apenas para a parte inferior) para que a sonda se curve até ao fundo da garganta. Não forçar, se houver resistência (se a sonda não passar através do nariz, passar pela boca). Ter cuidado para que a sonda não passe através da traqueia. Se o paciente tossir, lutar ou se tornar cianótico, remover imediatamente a sonda e deixar o paciente descansar antes de tentar fazer de novo. É indispensável verificar se a sonda está no estômago antes de passar qualquer coisa pela sonda. Isso deve ser verificado antes de cada refeição para nos certificarmos que a sonda está mesmo no estômago; Note-se que as crianças doentes, apáticas e aquelas com menor estado de consciência podem não tossir mesmo que se intruduza a sonda nos pulmões. A sonda colocada sem que o paciente tussa ou chore não garante, a 100%, a sua boa localização; A melhor maneira de testar se a sonda está bem colocada no estômago é aspirar uma parte do resíduo gástrico. Verificar, nas crianças desnutridas, se tem cheiro característico de conteúdo gástrico ("ácido/azedo" que parece de vómito); Verificar a posição da sonda, injetando 0,5 - 1 ml de ar no tubo e auscultando o estômago com um estetoscópio. Um som de gorgolejo ou som de bolhas deve ser percebido quando o ar penetra no estômago. É importante pedir a alguém para verificar se a sonda está colocada no lugar certo, se não se tiver certeza, para evitar a introdução de leite nos pulmões. Antes de cada refeição, aspirar a sonda para verificar se a refeição anterior já não está no estômago; isso deve ser feito lenta e suavemente nas crianças doentes, uma sucção muito forte pode danificar o interior do estômago. É importante não causar distensão gástrica, acrescentando uma nova refeição à última não digerida80. O débito de leite na sonda deve ser lento. Atar o reservatório (seringa de 10-20 ml sem o êmbolo) e colocar 15-20 cm acima da cabeça do paciente. A refeição deve sempre cair no estômago por gravidade e não ser empurrada pelo êmbolo da seringa. Quando o volume total da refeição for administrado, lavar a sonda com alguns ml de água e tapar (ou agrafar). Deitar a criança de lado para minimizar qualquer regurgitação ou aspiração. Vigiar a criança, depois de cada refeição, para vómitos, regurgitações ou distensões abdominais. No CRENI, a sonda deve ser trocada a cada 3-5 dias. 80 Se o líquido gástrico for “ácido”, com partículas alimentares não digeridas em suspensão, o resíduo gástrico deve ser completamente aspirado e o seu volume registado. Injetar 20 ml de uma solução açucarada isotónica na sonda e aspirar imediatamente para “irrigar” o estômago. Deve-se deixar o estômago repousar durante 30 minutos antes de administrar a refeição seguinte. Se após 3 horas esta segunda refeição não tiver passado pelo estômago, o volume das refeições deverá ser reduzido e a frequência das refeições aumentada. 190 ANEXOS ANEXO 16: INCONVENIENTES DOS CATETERES Nos pacientes imunodeprimidos são uma porta de entrada direta para bactérias resistentes a antibióticos; os pensos e cateteres são rapidamente manchados; São rapidamente colonizados pela Cândida: podem causar septicemia fúngica; Devem ser lavados regularmente com solutos ou anticoagulantes, para manter a veia aberta - estes pacientes têm a função hepática comprometida (com tendência a hemorragia) e são muito sensíveis a qualquer sobrecarga de líquido; Precisam de pessoal de enfermagem qualificado para os colocar, trocar e manter; A administração por via IV demora mais tempo e exige um pessoal mais qualificado do que por via de oral; As preparações IV são mais caras do que as de via oral e o cateter propriamente dito também é caro; A inserção de um cateter é dolorosa, stressante e muitas vezes é necessário reinseri-lo; O cateter reduz a mobilidade das crianças e, portanto, incapacita-as quando tomam as suas refeições, se lavam, jogam e são tratadas; A infiltração de perfusão nos tecidos da pele pode causarm necrose dérmica e outras complicações. Exemplo de infiltração de líquido de perfusão, causando uma necrose do couro cabeludo com várias mudanças do local do cateter. 191 ANEXOS ANEXO 17 : ANTECEDENTES E EXAMES CLÍNICOS Antecedentes e Exame Clínico / CRENI - página 1 - Antecedentes Número-DAG:.............. Apelido ................. Nome do Paciente ................. Idade......dd/mm/aa Sexo ...... Data do exame ...../....../...... Nome do examinador.............................. Função ............................ Quem responde às questões? paciente/mãe/pai/irmã/avó/tia/outra ………......................... Quem acompanha está frequentemente em casa com a criança? Sim o / Não o Se Não, quem é o acompanhante? ............................... Antecedentes Há quanto tempo a criança está doente ? .......................................................... dia/semana/mês/ano Quais são as queixas e desde quando ? 1........................................................................................ ............hora/dia/semana/mês/ano 2........................................................................................ ............ hora/dia/semana/mês/ano 3........................................................................................ ............. hora/dia/semana/mês/ano Descreva em detalhe as queixas, a sua evolução, e os fatores associados a cada uma delas .................................................................................................................................................................. Questões Sistemáticas (dar os detalhes adicionais para os resultados anormais de cima) Apetite aumentado/ normal/ diminuído Emagrecimento Sim o / Não o Se sim desde quando?..........d/s/m Edemas ausente/pés/pernas/face/generalizado… d/sem./mês Olhos encovados não/recente/ muito tempo Diarreia Sim o / Não o Duração ........................ h/d/sem./mês Nº de fezes /dia …………………………… Episódios repetidos de Diarreia Sim o / Não o Aspecto das fezes : Normal/aquosas/moles/sang./mucosas/esverdeadas/esbranquiçadas Vómitos Sim o / Não o ..................h/d/sem./mês Nº/dias ................................. Respiração: normal/rápida/ruidosa/difícil Depois ......h/d/sem. Tosse: Sim o / Não o Desde................d/sem/mês Febre Sim o / Não o Convulsões Sim o / Não o Inconsciente Sim o / Não o Tratamento: Paciente já foi visto por um agente de saúde / Curandeiro ................................................ Desde quando? Tratamento dado ........................................................................................................................... Antecedentes sociais Antecedentes: Descrição .................................................................................................................... Pai ausente Sim o / Não o razão........................................................................... Sem/Mês/ano Mãe ausente Sim o / Não o razão............................................................................. Sem/Mês/ano Paciente: colocado / adoptado / órfão / Gémeo Sim o / Não o Gestação: precoce/ normal ou........Sem/Mês Peso à nascença gordo / normal / pequeno ou .......... kg,g Idade da Mãe................anos Nº de filhos vivos .................... Família come junta Sim o / Não o Se sim, precisar: Nº adultos................Nº crianças ........ Recursos .............................................................................................................................................. Questionário Nutricional Amamentação exclusiva Sim o / Não o Desde ............. Sem/ Mês Idade da criança quando deixou de mamar ..............mês/anos Tipo de alimentação antes da doença amamentação /outro leite / papa/ prato familiar/ fruta/ folhas / bebidas/ outros Tipo de alimentação depois da doença amamentação /outro leite / papa/ prato familiar/ fruta/ folhas / bebidas/ outros Últimas 24h – Descrever …………………………………………………………………………………………………….………. 192 ANEXOS Antecedentes e Exame Clínico /CRENI- página 2 - Exame Nº DAG……………. Nome do paciente :………………... Apelido do paciente:……………… Idade:..........d/m/a Sexo:…. Exame clínico Aparência física (descrever) : ..................................................................................................................................... Doente/Muito doente /Inconsciente Humor : Normal / Apático / Irritável Comportamento: Ativo / Movimentos estereotipados Pode: assentar-se / estar de pá / caminhar ? Olhos – Orelhas - Boca Olhos: Normal/ Conjuntivite / Opacidade da córnea / Queratomalácia ligeira/ moderada /grave Boca: Normal/ Língua vermelha lisa / Candidíase / Herpes / Estomatite angular/Outras lesões Coloração dos tegumentos/mucosas: Normal / Pálida / Ictérica / Cianótica Nº de Dentes : ....... Cáries: Presente/Ausente Orelhas: Normal/secreções Sistema Respiratório - Tórax Respiração: Normal/ Dispneica / Sibilante / Tiragem subcostal / Estertor/ Assimétrica Respiração rápida Sim o / Não o Nº de respirações por minuto: ......... / min Ou mais / menos que 50 / 60 Tórax: Assimétrico / Bombada / Afunilado / Outros -------------Junções esterno costais : Normais / Nosolidade / Encavalgamento Sistema cardiovascular e hidratação Edemas: Ausente/Presente Pés / Pernas / Mãos / Face / Generalizado Hidratação: Normal / Sinais evidentes de desidratação /Incerto Urina Sim / Não Olhos : Normais/ Encovados / Muito abertos Extremidades: Normais / Frias Preenchimento capilar ............. segundos Pulso: ................ /min Ritmo cardíaco: Normal / Fraco / Ritmo de galope Sistema gastrointestinal Fezes: Não vistas / Normais / Moles / Aquosas / Verdes / Esbranquiçadas / mucosas / com sangue / Presença de vermes Abdómen : Normal / Distendido / Sensível /Peristaltismo abdominal visível Ruídos intestinais: Presentes / Ausentes Gorgolejo: Sim o / Não o Splash: Sim o / Não o Fígado: ......... cm Abaixo do rebordo costal na linha mamária – Consistência : flexível/ firme /duro - Superfície : Lisa / Irregular - Sensibilidade: Doloroso / Indolor Baço: Não palpável / Palpável / Firme / Duro / Sensível / Indolor Sistema Nervoso Tónus normal/ rigidez / letargia Sinais meningite: Ausentes / Rigidez da nuca / Fontanela abaulada / Brudzinski Reflexos: normal/ simétricos / assimétricos / aumentados /diminuídos /ausentes Pele – Cabelos – Esqueleto – Sistema Linfático Aspecto da pele : gretada/ Fissurada / Ulcerada e Infectada / Descamação em pedaços / Hiper- ou hipo pigmentação / Presença de Contusões Períneo: Normal / Eritema / Ulcerações Púrpura : ausente / presente, ei sim, onde ? ......................................................................... Aspectos e cor dos cabelos: Negros / Castanhos / Ruivos / Loiros - Lisos / Anelados - Firmes / Fáceis de arrancar / Calvo Sarna: Sim o / Não o Cílios: Normais / Longos se Sim localizado / Generalizado Gânglios: Sim o / Não o Se sim, Localização: Inguinal / Axilar / Cervical Tumefação das articulações das costelas: Sim o / Não o Ginecomastia Sim o / Não o Descrever as anormalidades abaixo e desenhá-las no diagrama ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………................................................................................ ............................................................................................................................................................................................................................................. Diagnóstico 1: 2: 3: 193 ANEXOS ANEXO 18: FASE DE RECUPERAÇÃO (FASE 2) NO CRENI Ainda que seja muito recomendado que a Fase de Recuperação nutricional se faça em ambulatório, a nível de um CRENAG, nem sempre é possível que isso aconteça. Se o acompanhante não for capaz de assegurar o acompanhamento da criança em domicílio, se o ambiente familiar não for propício a este tipo de cuidados, e nenhum outro membro da família desejar cuidar da criança, quando se trata de uma criança abandonada que não esteja num orfanato, não exista um CRENAG operacional ou exista uma ruptura de stock de ATPU: Estes pacientes devem permanecer no CRENI até que estejam completamente curados. Este anexo detalha o tratamento a ser seguido por estes pacientes. Os princípios de prestação de cuidados numa estrutura ou a nível comunitário são exatamente os mesmos; apesar disso, o tratamento nutricional, a organização e a documentação diferem. É ineficaz a manutenção das crianças e seus acompanhantes no serviço hospitalar na Fase de Recuperação Nutricional. Eles devem ser albergados numa estrutura separada. As melhores estruturas a utilizar são as casas, não longes do CRENI, de familiares dos pacientes e acompanhantes; na ausência destas estruturas, as tendas podem ser utilizadas no recinto do hospital/centro de saúde. Tratamento nutricional (F100 ou ATPU) As crianças amamentadas devem receber sempre o leite materno antes do F100 ou do ATPU e em livre demanda. Durante a fase de recuperação nutricional (fase 2), os pacientes podem receber um aporte ilimitado de F100 ou ATPU (sem contudo ultrapassar as 200 kcal/kg/d). No CRENI, pode ser utilizado durante esta fase leite F100 ou ATPU; eles são nutricionalmente equivalentes (à exceção do ferro que não existe no F100 contrariamente ao ATPU) e um pode ser substituído pelo outro. F100 (100ml = 100kcal): é dado em cinco ou seis refeições por dia. Uma papa pode ser dada aos pacientes de mais de 24 meses (cerca de 8kg); não é necessário nem desejável dar a papa – mas muitas crianças reclamam uma alimentação que conhecem e uma papa pode ser dada como refeição e utilizada como incentivo para o consumo dos alimentos terapêuticos. É preferível administra-la como última refeição do dia para assegurar que a quantidade de leite F100 necessária foi administrada durante o dia, o que permite à criança digerir a sua papa durante a noite. Os ATPU podem ser utilizados no CRENI. As vantagens da sua utilização são: o alívio da carga de trabalho e supervisão da equipe de enfermagem, nenhuma preparação ser necessária, estes alimentos poderem ser consumidos durante todo o dia e a mãe poder alimentar o seu filho ela mesma durante a noite; para além disso, não é necessário dar um suplemento de ferro à criança. Algumas crianças preferem o F100 e outras o ATPU. Consumir o mesmo alimento durante muitas semanas pode ser monótono e muitas das crianças mais velhas preferem uma mudança alimentar. Podemos dar F100 durante o dia, quando há pessoal suficiente, e dar os ATPU à tarde e durante a noite. A quantidade de alimentos terapêuticos a administrar encontra-se ilustrada na tabela seguinte: 194 ANEXOS Quantidade de F100 ou de ATPU a OFERECER em cada refeição, para 5 a 6 refeições por dia, ou quantidade ATPU a dar num dia inteiro na fase de recuperação nutricional. Se os pacientes terminam a quantidade dada, uma ração suplementar deve ser dada. Faixa de peso Kg <3 kg 6 refeições/dia 5 refeições/dia Dia inteiro† F100 ATPU F100 ATPU ATPU ml/refeição g/refeição ml/refeição g/refeição g/dia O Leite F100 não diluído e os ATPU não são dados às crianças de menos 3kg: utilizar o F100 diluído 3,0 to 3,4 110 20 130 25 120 3,5 – 3,9 125 20 150 25 130 4,0 – 4,9 135 25 160 30 150 5,0 – 5,9 160 30 190 35 175 6,0 – 6,9 180 35 215 40 200 7,0 – 7,9 200 35 240 45 220 8,0 – 8,9 215 40 260 45 235 9,0 – 9,9 225 40 270 50 250 10,0 – 11,9 230 45 280 50 260 12,0 – 14,9 260 50 310 60 290 15,0 – 19,9 300 55 360 65 330 20,0 - 24,9 370 65 440 80 400 25,0 – 29,9 420 75 500 90 450 30,0 – 39,9 450 80 540 100 500 *Um 40 – 60 530 100 640 120 saquinho de ATPU comercializado contem 96 g e 500 kcal (uma grama = 5,4kcal) 600 Quando o ATPU é dado, uma quantidade suficiente de água deve ser oferecida durante e após cada refeição a fim de satisfazer as necessidades do paciente. O ATPU pode ser conservado sem problema, a quantidade necessária durante 24 horas pode ser distribuída de uma só vez. O auxiliar deve regularmente verificar a quantidade consumida, avaliar o apetite da criança, e verificar se o acompanhante não consome os produtos terapêuticos. Nota: Um suplemento de ferro deve ser adicionado ao leite F100 em fase de reabilitação. Adicionar um comprimido de sulfato de ferro esmagado (200 mg) em 2 a 2,4 litros de F100. Para volumes mais pequenos: 1000 a 1200ml de F100, diluir um comprimido de sulfato de ferro (200 mg) em 4 ml de água e adicionar 2 ml desta solução no F100. Para 500 a 600 ml de F100, adicionar 1ml desta solução no leite. Como alternativa, se há poucas crianças, o ferro sob forma de xarope pode ser dado. O ATPU já contêm a quantidade necessária de ferro. 195 ANEXOS Vigilância em Fase de Reabilitação Frequência Peso e edemas 3 vezes por semana Temperatura corporal Todas as manhãs Sinais clínicos padrão (fezes, vómitos, etc.) Todos os dias PB Todas as semanas O consumo dos alimentos terapêuticos é registado na ficha de acompanhamento Avaliação do apetite a partir da refeição consumida Os outros tratamentos de rotina são os mesmos que aqueles dados aos pacientes do CRENAG: 1) desparasitação, 2) vacina do sarampo e 3) vitamina A antes da alta. Os critérios para passar da fase de reabilitação para a fase aguda (fase 1) do CRENI são os mesmos que aqueles mencionados para os pacientes em tratamento no CRENAG. Os critérios de alta são os mesmos que os dos pacientes no CRENAG. 196 ANEXOS ANEXO 19: FICHA DE SEGUIMENTO INDIVIDUAL – TSS 197 ANEXOS 198 ANEXOS ANEXO 20 : LACTENTES MENORES DE 6 MESES OU COM MENOS DE 3 KG NÃO AMAMENTADOS CRITÉRIOS DE ADMISSÃO Idade CRITÉRIOS DE ADMISSÃO Lactentes menores de 6 meses ou com menos de 3 kg que não têm nenhuma chance de serem amamentados O lactente não aumenta de peso em casa (seguimento de crescimento) ou P/A deitado < -3Z-score ou Presença de Edemas bilaterais Se não há nenhum meio de poder amamentar, os bebés gravamente malnutridos, de menos de 6 meses, devem ser tratados segundo o protocolo padronizado com as seguintes modificações. FASE AGUDA Os lactentes gravemente emaciados, menores de 6 meses, devem receber o leite F100-diluído, na Fase Aguda. Os lactentes com edemas, menores de 6 meses, devem sempre receber o leite F75 na Fase Aguda. FASE DE TRANSIÇÃO Durante a Fase de Transição, só deve ser utilizado o F100-diluído. O volume deve ser aumentado em 10 ml. Estes lactentes não devem receber o F100 não diluído. FASE DE REABILITAÇÃO Durante a Fase de Reabilitação, o volume de F100-diluído é o dobro em relação à Fase Aguda. Quadro: Volume de F100 diluído a administrar aos lactentes não amamentados na Fase Aguda, Fase de Transição e Fase de Reabilitação. Fase Aguda Classe de peso (kg) ≤ 1.5 kg 1,6 – 1.8 1,9 – 2.1 2,2 – 2.4 2,5 – 2.7 2,8 – 2.9 3,0 – 3.4 3,5 – 3.9 4,0 – 4.4 Fase de Transição Fase de Reabilitação Quantidade (ml) de leite de substituição, F100 diluído ou F75 a dar por refeição 8 refeições/dia 8 refeições/dia 6 refeições/dia 30 35 40 45 50 55 60 65 70 40 45 55 60 65 75 80 85 95 60 70 80 90 100 110 120 130 140 199 ANEXOS CRITÉRIOS DE ALTA Quadro 4: Critérios de alta para lactentes não amamentados em Fase de Reabilitação IDADE Lactentes menores de 6 meses ou com menos de 3 kg com nenhuma hipótese de serem amamentados CRITÉRIOS DE ALTA Quando atingem -1,5 Z-score do seu P/A deitado, podem passar para o leite infantil de 1ª idade O seguimento destas crianças é muito importante e deve ser regularmente organizado pelos Agentes de Saúde Comunitária e pelo Posto de Saúde. 200 ANEXOS ANEXO 21: RELATÓRIO MENSAL– CRENAG 201 ANEXOS ANEXO 22: RELATÓRIO MENSAL – CRENI 202 ANEXOS ANEXO 23: FICHA DE SUPERVISÃO PARA O RESPONSÁVEL NUTRICIONAL DA REGIÃO/PONTO FOCAL Período: De_____/_____/____ a ____/_____/_____/ Região: ______________ Nº de CRENAG Visitados: .......... Nº de CRENI Visitados: ......... Funcionais: ......... Funcionais: ......... Nº de Hospitais Funcionais:....... População Total:.................. % da População Alvo ............. Novo CRENAG: SIM / NÃO se SIM, Nome............................................. Código ............... CRENAG Fechado: SIM / NÃO se SIM, Nome................................................. Código ................ Novo pessoal esperado: SIM / NÃO Alocados na região SIM/ NÃO SE SIM, Nº .......... Razão da visita – rotina / Após resultados do relatório / problema de pessoal / problemas logísticos / queixas dos pacientes / nº de abandonos elevados / mortalidade elevada / resultados do rastreio / fraca taxa de cobertura / outros ................................... ACTIVIDADES 1. Protocolo aplicado em todos os CRENAGs SIM NÃO COMENTÁRIOS % 2. Protocolo aplicado em todos os CRENIs 3. Supervisão dos CRENAG Nº de CRENAG visitados: 4. Supervisão dos CRENI Nº de CRENI visitados: 5. Sistema de transferência interna implementado Transporte Gratuito – Pago por …................ 6. Ficha de transferência interna, comunicação entre CRENAG/CRENI funciona, etc. Nº transferências...... Óbitos durante a transferência .......... Não chegou ............ chegou................ Outro..................... 7. Número-DAG utilizado nas transferências internas S/N 8. Necessária formação continua nos CRENAGs? Se Sim, qual CRENAG e quantos? 9. Necessária formação continua nos CRENIs? Se Sim, qual CRENI e quantos? 10. Formação continua durante o passado? Se Sim, onde e quanto? 11. Pessoal novo nomeado no CRENAG? 12. Pessoal novo nomeado formado no CRENAG? 13. Pessoal novo nomeado no CRENI? 203 ANEXOS 14. Pessoal novo nomeado formado no CRENI? 15. Relatórios mensais a) Recebidos dos CRENAG o mês passado a) Nº Recebidos:……….. Nº Esperado:…….. b) Transmitidos ao SNIS:…………….. b) Transmitidos ao SNIS 17. Ruptura de estoque dos ATPU nos CRENAGs? Se Sim, Nome do CRENAG: Acções desenvolvidas: Se sim, Nome do CRENAG: Acções desenvolvidas: 18. Ruptura do stock de F75-F100-ATPU nos CRENIs? Se Sim, que produtos: Acções desenvolvidas: 19. Ruptura de stock de medicamentos sistemáticos nos CRENAGs? Se Sim, Nome do CRENAG e medicamentos em falta: Acções desenvolvidas: Se sim, nome dos medicamentos: 16. Material em falta nos CRENAG? 20. Ruptura de stock de medicamentos sistemático nos CRENIs? Acções desenvolvidas: 21. Pessoal dos CRENAG/CRENI pago no mês findo? 22. Reuniões do mês passado com supervisores dos CRENAG/CRENI? Última data: 23. Reunião do mês passado com a equipa de gestão da Área Sanitária (EGAS)? Última data: 24. Reunião com outros membros de EGAS (para a mobilização comunitária)? 25. Atividades de Mobilização Comunitária ao nível da Região? Se Sim, quais? 26. Mobilização Comunitária avaliada? 27. Reuniões regulares com os ASC em cada CRENAG? 28. Existem ASC suficientes de ao nível de cada CRENAG? Nº total: Nº esperado: 29. Material de formação distribuído nos CRENAGs para a mobilização comunitária? 204 ANEXOS 30. Boas condições de armazenamento dos alimentos terapêuticos ao nível da região? 31. Boas condições de armazenamento dos medicamentos ao nível da região? 32. Ficha de armazenamento atualizadas ao nível da região /CRENAG/CRENI? 33. Ruptura do stock de ATPU nos 2 últimos meses ao nível da região? Se Sim, explicar 34. Ruptura do stock de medicamentos nos últimos 2 meses ao nível da Região? Se Sim, explicar 35. Problemas de abastecimento /Transporte (por ex. ATPU) para os CRENAG? 36. Estado das estruturas dos CRENAGs 37. CRENAG COM água potável suficiente? CONCLUSÃO E AÇÕES A DESENVOLVER NO MÊS SEGUINTE: Anexar os relatórios mensais e os relatórios de supervisão dos CRENAGs/CRENIs Nome, apelido Data: Posição Qualificação e-mail Telefone Assinatura: 205 ANEXOS ANEXO 24: FICHA DE SUPERVISÃO CRENAG Data: _____/_____/_____ Região:…………………………… Local:…………………………….. Código:…………………… Visita de supervisão a quando de uma atividade CRENAG? Sim / Não; Data da última visita………………………………. Feita por...........………………………………………… Pessoa interrogada no dia da visita Nome Posto Qualificação Empregado por PESSOAL e FORMAÇÃO Pessoal do CS/CRENAG Grau/ Qualificação Número Salário/ Responsável Subsídio de recebido mês passado Formação GIDA se Sim, data última formação Presente/Ausente no dia da visita – se ausente, explicar os motivos (doença/férias etc.) ASC/Voluntários Conclusões e ações levadas ao cabo: …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………………………………………………………......................... PROTOCOLO Cópia do protocolo presente? Sim / Não Se Sim, Versão Nº:………………………………………………………..….. Posters fixados na parede? Sim / Não Se Sim, quais? ………………………………………………....……..……………… Protocolo Lido? Sim / Não Conhecido? Sim / Não DIFICULDADES DE COMPREENSÃO? Sim / Não Se Sim, em que parte(s)?.............................................................................................................. Conclusões/ações levadas ao cabo: ………………………………………………………………………………………………………………………………………………..………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………… INSTRUMENTOS – MATERIAIS – PRODUTOS Material Antropométrico presente e em bom estado: PB: Sim / Não; Regua de comprimento: Sim / Não; Balança: Sim / Não; Outro: Sim /Não Registo GIDA utilizado? Sim / Não Ficha de seguimento individual utilizada? Sim / Não 206 ANEXOS Cartão individual do paciente? Sim / Não Ficha de transferência? Sim / Não Quadro sobre quantidades de ATPU a dar por semana por classe de peso? Sim/ Não. Se não, quais são as fichas em falta: ………………………………………………..……….………………………………… Água potável disponível? Sim /Não Se não, ações levadas ao cabo:……………………………………….………………………..………………………………….. Água açucarada disponível? Sim / Não Se não, ações levadas ao cabo: ……………………………………….………………………..………………………………….. Materiais de Educação para a Saúde? Sim / Não Medicamentos sistemáticos disponíveis? Sim / Não. Se não, quais estão em falta: …………………………………........................................................................... Medicamentos específicos disponíveis? Sim / Não. Se não, quais estão em falta: ............................................................................................................................................................... ATPU disponível? Sim / Não. Se não, porquê? ............................................................................................................................................................... Materiais logísticos (Motos, viaturas, camiões, gasolina) disponíveis? Sim/Não. Se não, qual a solução alternativa foi adoptada: ………………………………………………………………………………………………………….................................................... Estrutura do CRENAG – Problemas registados: ………………………............................................................... Conclusões e Ações levadas ao cabo : …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. ACTVIDADES OBSERVADAS (com os pacientes e/ou registadas na ficha de seguimento) Observada ou registada fichas dos 2 últimos meses nas Verificada Adequada Diretamente observada A +1 Qualidade B C D +.5 -.5 -1 Notas 1.Acolhimento dos pacientes 2. Fluxo dos pacientes 3. Rastreio passivo 4. Nº de pacientes referenciados pelos ASC/Voluntários 5. Altura medida 6. Peso 7. PB 8. Edemas 9. Grau de edemas 10.Relatório P/A (z-score) 11. Critérios de admissão 12. Fichas de seguimento individual preenchidas 13. Critérios de saída aplicados 14. Teste de apetite feito 207 ANEXOS 15. Registo e No DAG preenchido 16. Frequência das medidas 17. Frequência da distribuição de ATPU 18. Ausências anotadas sobre as fichas? 19. Diferença entre abandono confirmado e abandono não confirmado 20. Temperatura registada 21. Exame médico feito e registado 22. Teste de apetite corretamente feito e registado 23. Tratamento sistemático admistrado e registado 24. Nº de saquinhos de ATPU admistrados e registado na ficha 25. Sessões de educação para a saúde 26. Outros medicamentos específicos administrados 27. Não resposta ao tratamento diagnosticada 28. Visita ao domicílio (VAD) organizada 29. Tipo de saída registado na ficha de registo 30. VAD dos abandonos não confirmados registado sobre a ficha 31. VAD dos pacientes ausentes feita e registado na ficha 32. Ficha de stock dos ATPU atualizada 33. Ficha de stock dos medicamentos sistemáticos atualizada 34. Transferência interna registado na ficha de registo 35. Respeito dos critérios de transferência 36. Transferência interna de regresso do CRENI 37. Ficha de transferência agrafada á ficha de seguimento 38. Relatórios mensais corretamente preenchidos 39. Relatórios mensais enviados a tempo 40. Fichas de seguimento conservadas num sítio especial e arrumadas por ordem de Nº DAG e No de registo Total 208 ANEXOS ESTRUTURA - STOCK Prateleira? : Sim / Não Higiene: boa / má outro: ................................................ Armazenamento adequado: Sim / Não. Se Não, explique: .................................................................................................................................................................. ......................…………………………………………......................................................................... ...................... COORDENAÇÃO Data da última reunião distrito ......../......./........ Data do último abastecimento de ATPU......./......../........ Data da última reunião com os ASCs ......../......./........ Notas: .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. CONCLUSÕES/ AÇÕES A REALIZAR PARA O PROXIMO MÊS Data ................................ Assinatura da pessoa interrogada Assinatura do avaliador 209 ANEXOS ANEXO 25: FICHA DE SUPERVISÃO CRENI Data: _____/_____/_____ Região:…………………… Local:…………………… Código :……………………… Visita de supervisão durante a REFEIÇÃO? Sim/Não; Data da última visita…………………………………… Feita por...........………………………………………………………………………….. Pessoa interrogada no dia da visita Nome Grau Qualificação Empregada por PESSOAL E FORMAÇÃO Salário/ Grau/ Qualificação Número Formação GIDA Responsável Subsídios Se Sim, data de recebidos no da última último mês formação Tempo passado no CRENI: Presente/Ausente No dia da visita – Nº de pessoas no Se ausente explicar estado de ser as razões mudado/transferido (doente/férias etc.) Conclusões e ações levadas a cabo : …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… PROTOCOLO Cópia do protocolo existente? Se Sim/Não, versão nº:………………………………….………….. Cartazes fixados no muro? Se Sim/Não, quais? ……………………………………………………… Protocolo LIDO? Sim/Não Conhecido ? Sim/Não Dificuldade de compreensão? Se Sim/Não Se sim, que parte(s)?.................................................................................................. Conclusões e ações levadas a cabo : …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………………………………………………………..…………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………. ESTRUTURA Integrada numa estrutura do Ministério da Saúde ? Sim/Não Centro de saúde Sim/Não Hospital Sim/Não Outra estrutura Sim/Não Especificar…………………………………………………………………...……………………………….……………………………………… 210 ANEXOS Tipo de estrutura: CRENI independente / CRENI integrado no serviço de pediatria / Centro de dia Não Residencial / Residencial / Outro ……………………………… Organização responsável.................. MS / Privada / ONG / Outra (s), Especificar……………………..…… Centro de Referência para TODAS os CRENAG do Distrito. Se não existe um Centro de Referência, Anotar o código dos CRENAGs que não têm CRENI de referência……………………………………………………………………….…… Consulta externa: Sim/Não Rastreio? Sim/Não, se não, porquê? ........................................................ Registo: Sim / Não, Régua de comprimento: Sim / Não Balança: Sim / Não PB: Sim / Não Se material em falta, porquê? ………………………………………………………………………….…………………………………… Sala de urgências: Sim / Não Rastreio ? Sim / Não Se não, porque ? ................................................. Registo: Sim/Não Toesa :Sim/Não Balança : Sim/Não PB : Sim/Não Se material em falta, porquê? ………………………………………………………………………….…………………………………… Cartazes : Sim/Não Protocolo : Sim/Não Pessoa na urgência formado em GIDA : Sim/Não Stock: Sim/Não Produtos terapêuticos em stock fora do CRENI : Sim/Não. Se sim, onde ?............................................. Medicamentos: Sim/Não. Se Sim, onde?................................................................................................. Outro material : Sim/Não. Se Sim, onde ?................................................................................................ Conclusões e ações levadas a cabo : …………………………………………………………………………………………………………………………………………….…………………… ……………………………………………………………………………………………………………………………………….………………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. INSTRUMENTOS- MATERIAIS- PRODUTOS Material antropométrico presente e em bom estado : PB : Sim/Não ; Régua de comprimento : Sim/Não ; Balança :Sim/Não ; Outro : SIM/NÃO Registo GIDA utilizado? Sim/Não Ficha de seguimento utilizada ? Sim/Não Ficha de seguimento intensivo ? Sim/Não Ficha de seguimento TSS utilizada? Sim/Não Outra ficha (específico no hospital) guardada? Sim/Não Ficha de transferência ? Sim/Não Ficha de produtos terapêuticos a ser distribuídos por refeição (F75 – F100 – ATPU) ? Sim/Não Se Não, quais são as fichas que faltam?:……………………………………………………………………………………………. Água potável disponível ? Sim/Não. Se Sim, é utilizada? Se não, quais são as ações levadas a cabo ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Local especial para lavar mãos no CRENI? Sim/Não. Se não, é utilizada ? Sim/Não Água com açúcar disponível? Sim/Não. Se não, ações levadas a cabo:………………………………………………… F75 disponível e utilizado? Sim/Não - Comercial/Fabricado no CRENI F100 disponível e utilizado? Sim/Não - Comercial/Fabricado no CRENI 211 ANEXOS ATPU disponível e utilizado? Sim/Não RéSoMal disponível e utilizado ? Sim / Não Medicamentos sistemáticos disponíveis? Sim/Não. Se não, quais estão em falta:…..........................……………………………………………………………………………………. Transfusão disponível? Sim/Não Laboratório/sala de radiologia disponível? Sim/Não. Se Sim, quais são os testes disponiveis:……………………………………………………………………………………………….. Material para a Educação em saúde? Sim/Não Brinquedo para as crianças disponíveis? Sim/Não. Se Sim, onde: nas camas / no chão Conclusões e ações levadas a cabo : …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………………………………………………….… ATIVIDADES OBSERVADAS (nos pacientes e/ou registadas nas fichas de seguimento) Qualidade Observada ou registada nas Verificada fichas dos 2 últimos meses Diretamente Adequada A observada +1 B C +.5 -.5 D Observações -1 1. Rastreio Feito em consulta externa Feito na sala de Urgências Nº de pacientes transferidos Nº de fichas de transferência preenchidas Nº de pacientes referenciados diretamente 2. Medidas Altura Peso PB Edemas e grau Relação P/A (z-score) 3. Admissão Água com açúcar / água potável disponível Fichas de exame preenchidas clínico Teste de apetite Ficha de transferência com No DAG 212 ANEXOS Registo e Nº DAG 4. Cuidados - fase Aguda Amamentação refeições antes das Lavagem das mãos antes das refeições Leite F75 preparado Refeição dada e observada e ficha completada Tratamento sistemático Ficha de seguimento individual preenchida Ficha dos cuidados intensivos corretamente utilizada Outros medicamentos específicos dados Critérios de passagem para fase de Transição respeitados Não resposta ao tratamento diagnosticada e ação levada á cabo 5. Fase de Transição e Alta ATPU/F100 dado e registado na ficha Refeição administrada corretamente Água potável disponível Sessão de educação para a saúde Tipo de alta registada na ficha e registo completado 6. Menores de 6 meses Tratamento administrado Ficha de seguimento TSS utilizada e preenchida F100 diluído preparado Tratamento administrado corretamente Posição da mãe e da criança durante a TSS Tratamento sistemático 213 ANEXOS administrado 7. Stock Ficha de stock para os alimentos terapêuticos existente actualizada Ficha de stock para os alimentos sistemáticos actualizada 8. Vigilância Transferências internas registado na ficha de registo ? Ficha anexa à ficha de seguimento do paciente ? Critérios de respeitados transferência Relatório mensal do mês anterior devidamente preenchido Relatório mensal enviado a tempo Fichas de seguimento conservadas num local especial e arrumadas por ordem de Nº DAG e Nº de Registo 9. Coordenação Assiste às reuniões regularmente com a equipa PCIMA Boa comunicação com os CRENAGs Transporte organizado pelo distrito para os pacientes e os produtos Total CONCLUSÕES E AÇÕES A LEVAR A CABO NO MÊS PRÓXIMO Data ……………………………………………. Assinatura da pessoa interrogada Assinatura do avaliador 214 ANEXOS ANEXO 26: EXEMPLO DE RECEITAS PARA O LEITE F75/F100 E RESOMAL Todas estas receitas resultam em produtos com uma osmolaridade maior do que os produtos comercializados assim estes produtos são mais susceptíveis de causar diarreias de renutrição. Podem ser utilizadas quando produtos comerciais não estão disponíveis e a estrutura tem uma cozinha adequada e pessoal formado para preparar estas receitas - TODOS os ingredientes devem estar presentes. * F75 Tipo de leite Leite (g) Ovos (g) Açúcar (g) Azeite (g) Leite em pó desnatado 25 0 70 27 Farinha de cereais (g)* 35 CMV** (dosagem vermelho=6g) Leite em pó Inteiro 35 0 70 20 35 Leite de vaca fresco 280 0 65 20 35 Leite de de cabra fresco Leite de búfalo fresco 280 0 65 20 40 230 0 65 15 40 ½ Leite condensado sem açúcar Ovos completos 110 0 65 20 40 ½ 0 80 70 20 40 Gema 0 50 70 15 40 ½ ½ ½ ½ ½ ½ Água (ml) Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 até até até até até até até até Os cereais utilizados para farinha devem ser torrados e, em seguida, devem ser adicionados aos outros ingredientes. Caso contrário, uma alternativa pode ser adicionar arroz "soprado" ou farinha torrada. ** CMV = Mistura especial de vitaminas e minerais adequados para o tratamento de desnutrição aguda grave. 215 ANEXOS * F100 Tipo de leite Leite(g) Ovos (g) Açúcar (g) Azeite (g) Leite em pó Desnatado 80 0 50 60 Leite em pó Inteiro 110 0 50 30 Leite de vaca fresco 900 0 50 25 Leite de cabra fresco 900 0 50 30 Leite de búfalo fresco 750 0 60 10 Leite condensado sem açúcar 350 0 50 30 Ovos inteiros 0 220 90 35 Gema 0 170 90 10 CMV** (doseador vermelho = 6g) ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ ½ Água (ml) Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 Completar 1000 até até até até até até até até * RéSoMal Ingredientes Quantidade SRO – Padrões OMS CMV** um saquinho por 1 litro (Complexo Minerais e Vitaminas) 1 doseador vermelho (6g) Sacarose (açúcar) 50 g Água 2000 ml 216 ANEXOS ANEXO 27: ESPECIFICAÇÕES DOS ATPU Alimento Terapêutico Pronto a Utilizar (ATPU) Os pacientes gravemente desnutridos têm necessidades específicas nutricionais diferentes dos pacientes normais. Os alimentos terapêuticos tais como F75, F100 e os ATPU são concebidos para responder a estas necessidades. O alimento terapêutico pronto a utilizar (ATPU) é um componente essencial dos CRENAGs, permitindo o tratamento domiciliário. O ATPU é um alimento completo para os pacientes gravemente desnutridos. Tem a mesma composição que o leite terapêutico F100. Existem vários tipos de ATPU comercializados: as pastas e barras à base de lípidos. Vários países produzem o seu próprio ATPU, utilizando as receitas padrões. Estes produtos, nutricionalmente equivalentes ao F100, têm mostrado ter os mesmos efeitos fisiológicos que F100 no entanto o ATPU contêm o ferro (em quantidade suficiente para a reabilitação dos pacientes gravemente desnutridos) enquanto que o F100,quando utilizado durante a fase de reabilitação, deve ser suplementado com ferro. ATPU – Pasta O ATPU-Pasta é uma pasta terapêutica pronta para a utilização habitualmente sob forma de saquinhos ou potes. É composto de gordura vegetal, manteiga de amendoim, leite em pó desnatado, soro de leite, dextrina de maltose, açúcar e um complexo de vitaminas e minerais. Instruções de uso: água potável deve estar disponível a quando do consumo dos alimentos terapêuticos prontos a utilizar. O produto só deve ser dado aos pacientes capazes de experimentar a sensação de sede. Está contraindicado para as crianças com alergia ao leite de vaca, proteínas ou amendoins e aqueles que com asma ou outras alergias. Recomendações de utilização: para o suporte de desnutrição grave num centro de nutrição terapêutico, é recomendado a utilização deste produto na fase 2. Para a fase aguda (ou fase 1), utilizar o leite terapêutico F75. Armazenamento de ATPU: alguns ATPU comercializados (como plumpy nut) têm uma duração de 24 meses apartir da data de fabrico. Os ATPU produzidos localmente, não embalados sob nitrogênio num recipiente fechado, têm uma duração de 3 a 6 meses. Os ATPU devem ser armazenados num lugar fresco e seco. Tabela 1 - Valor Nutricional Médio dos ATPU (baseado sobre plumpy’nut®) Para 100 g Por saquinho de 96 g Para 100 g Por saquinho de 96 g Energia 545 kcal 500 kcal Vitamina A 910 µg 840 µg Proteína 13,6 g 12,5 g Vitamina D 16 µg 15 µg Lípidos 35,7 g 32,86 g Vitamina E 20 mg 18,4 mg Cálcio 300 mg 276 mg Vitamina C 53 mg 49 mg Fósforo 300 mg 276 mg Vitamina B1 0,6 mg 0,55 mg Potássio 1 111 mg 1 022 mg Vitamina B2 1,8 mg 1,66 mg Magnésio 92 mg 84,6 mg Vitamina B6 0,6 mg 0,55 mg Zinco 14 mg 12,9 mg Vitamina B12 1,8 µg 1,7 µg 217 ANEXOS Cobre 1,8 mg 1,6 mg Vitamina K 21 µg 19,3 µg Ferro 11,5 mg 10,6 mg Biotina 65 µg 60 µg Iodo 100 µg 92 µg Ácido fólico 210 µg 193 µg Selénio 30 µg 27,6 µg Ácido pantoténico 3,1 mg 2,85 mg Sódio < 290 mg < 267 mg Niacina 5,3 mg 4,88 mg ATPU – barras (baseado no BP100) Os ATPU-barras apresentam-se sob a forma de alimentos comprimidos a utilizar na fase de reabilitação (ou fase de transição) em crianças e adultos gravemente desnutridos. As especificações nutricionais são similares àquelas do leite terapêutico F100. Como os ATPU-pasta, os ATPU-barras contêm ferro. A quem administrar os ATPU-barras? A crianças com mais de 12 meses, adolescentes e adultos gravemente desnutridos e que se encontram na fase de reabilitação do tratamento. Os ATPU nunca devem ser administrados aos pacientes menores de 6 meses. Como utilizar os ATPU-barras? Eles podem ser comidos diretamente do pacote, como um biscoito com uma quantidade suficiente de água potável (250ml a 300ml por barra), ou esmagados em água para fazer pápa. Armazenamento dos ATPU-barras. O BP100 tem uma duração de conservação de 3 anos quando não está aberto. Uma vez a embalagem de alumínio rasgada, o produto deve ser utilizado em uma ou duas semanas, em função de condição de armazenamento. A papa feita com água e com BP100 devem ser consumidos dentro de 3 horas após sua preparação. Embalagem: O BP100 é comprimido em tabletes de 28,4g. Cada pacote de BP100 (510 g líquido) contém 18 tabletes acondicionados em 9 barras em papel à prova de gordura(1 barra = 2 tabletes = 300 Kcal). Produção local de ATPU Os ingredientes mínimos necessários para a produção de ATPU são os seguintes: Quatro ingredientes básicos: açúcar, leite em pó seco, óleo e um complemento de vitaminas e minerais. Além desses quatro ingredientes, 25% de peso do produto provém de fontes vegetais, como sementes, amendoim ou grãos como aveia, desde que a densidade de nutrientes seja a mesma que a encontrada no F100. Para além de uma boa qualidade nutricional (proteínas, energia e nutrientes), os ATPU devem satisfazer as seguintes condições: Sabor e textura adequada para as crianças; Não deve exigir processamento adicional antes do consumo; Resistente a contaminação microbiana, duração suficientemente longa sem recorrer a uma embalagem sofisticada; Ingredientes não caros e prontamente disponíveis nos países em desenvolvimento. 218 ANEXOS Recentemente, a OMS/UNICEF/PAM/SCN publicaram um primeiro teste das especificidades dos ATPU, como mencionado abaixo: Alimentos terapêuticos prontos para utilização Alimento pronto a ser utilizado, fortificado e rico em energia, apropriado para o tratamento de crianças desnutridas graves. Este alimento deve ser macio ou fácil de esmagar, saboroso e fácil de comer para as crianças sem preparação. Pelo menos metade das proteínas contidas no produto deve ser proveniente de produtos lácteos. Composição nutricional: Humidade 2.5% máximo Energia 520-550 Kcal/100g Proteínas 10 a 12 % da energia total Lípidos 45 a 60 % da energia total Sódio 290 mg/100g máximo Potássio 1100 a 1400 mg/100g Cálcio 300 à 600 mg/100g Fósforo (excluindo os fitatos) 300 a 600 mg/100g Magnésio 80 a 140 mg/100g Ferro 10 a 14 mg/100g Zinco 11 a 14 mg/100g Cobre 1,4 a 1,8 mg/100g Selênio 20 a 40 µg Iodo 70 a 140 µg/100g Vitamina A 0,8 a 1,1 mg/100g Vitamina D 15 a 20 µg/100g Vitamina E 20 mg/100g mínimo Vitamina K 15 à 30 µg/100g Vitamina B1 0,5 mg/100g mínimo Vitamina B2 1,6 mg/100g mínimo Vitamina C 50 mg/100g mínimo Vitamina B6 0,6 mg/100g mínimo Vitamina B12 1,6 µg/100g mínimo Ácido fólico 200 µg/100g mínimo Niacina 5 mg/100g mínimo 219 ANEXOS Ácido pantoténico 3 mg/100g mínimo Biotina 60 µg/100g mínimo Ácido gordo n-6 3% a 10% da energia total Ácido gordo n-3 0,3 a 2,5% da energia total Nota: o ferro é adicionado ao ATPU contrariamente ao F100. Segurança: Estes alimentos não devem conter produtos indesejáveis; não devem conter nenhuma substância de origem microbiana ou substâncias nocivas ou veneno, tais como anti-nutrientes, metais pesados ou pesticidas em quantidades prejudiciais para a saúde dos pacientes desnutridos graves. Aflatoxina: máximo de 5 ppm; Microrganismo: 10000/g máximo; Teste de coliformes: negativo em 1 g; Clostridium perfringens: negativo em 1 g; Leveduras: máximo 10 em 1 g; Molde: máximo 50 em 1 g; Estafilococos patogénicos: negativo em 1 g; Salmonelas: negativo em 125g; Listeria: negativo em 25g, O produto deve estar em conformidade com o código internacional das práticas de alimentos para lactentes e crianças da Códex Alimentarius padrão CAC / RCP 21-1979. Todas as vitaminas e minerais adicionados devem constar na lista disponível de consulta de sais minerais e compostos vitaminicos para o uso em alimentos para lactentes e crianças da Códex Alimentarius padrão CAC / GL 10-1979. Os sais minerais adicionados devem serhiodrossolúveis e facilmente absorvidos, não devem formar compostos insolúveis quando misturados. Esta mistura de minerais deve ter uma base positiva, não metabolizável, suficiente para eliminar o risco de acidose ou alcalose metabólica. Informações adicionais sobre a produção do ATPU estão disponíveis no seguinte endereço: http://www.who.int/child-adolescent-health/New_Publications/NUTRITION/CBSM/tbp_4.pdf 220 ANEXOS ANEXO 28: DOSE DOS MEDICAMENTOS UTILIZADOS PARA O TRATAMENTO DE DAG ANTIBACTERIANOS Amoxicilina ª (antibiótico de 1 linha, tratamento sistemático no CRENI e CRENAG) Oral Via Dose 50 – 100 mg/kg/dia Apresentação suspensão 125mg/5ml Suspensão 250mg/5ml cápsula 250mg cápsula 500mg 3 – 5 Kg 125 mg * 2 5ml x 2 2.5ml x 2 1/2 x 2 5 – 10 kg 250 mg * 2 10ml x 2 5ml x 2 1x2 1/2 x2 10 – 20 kg 500 mg * 2 10ml x 2 2x2 1 x2 20 – 35 kg 750 mg * 2 3x2 1½ x2 4x2 2 x2 > 35 kg A dose não é crítica – pode ser duplicada 1000 mg * 2 Amoxicilina contem sais de sódio – atenção no caso de hipersensibilidade ao sódio A resistência à amoxiciina é frequente Podem ocorrer efeitos adversos devido a interação com infeções virais (Vírus EpsteinBar, CMV e VIH) Ampicilina (utilizado para a penicilina IV) Via IV, IM Dose 100-200 mg/kg/d Apresentação ampola : 500 mg/1g Número de vezes / dia 4 3 – 5 kg 250 mg X 4 5 – 10 kg 500 mg x 4 10 – 20 kg 1gX4 20 – 35 kg 2gx4 > 35 kg 3gx4 As injeções IV são preferíveis às IM uma vez que estas últimas são mais dolorosas Dar em perfusão durante pelo menos 30 minutos, reduzir a dose em caso de insuficiência renal 221 ANEXOS NÃO DAR com Gentamicina (intervalo de pelo menos uma hora) ou dar a gentamicina IM porque a ampicilina inativa a gentamicina Existe em forma de sais de sódio –utilizar a dose mais baixa possivel em caso de sensibilidade ao sódio (particularmente no Kwashiorkor e na insuficiência cardíaca) Em caso de infeções graves, utilizar antibióticos de 2ª e 3ª linha devido à resistência cada vez maior e à administração de sódio se as doses de ampicilina forem elevadas Gentamicina (1ª/2ª linha, com sinais de infeção) Via IM/IV IM/IV Dose 5 mg/kg/dia uma vez ao dia Apresentação ampola de 2ml (10 mg/ml) ampola de 2 ml (40mg/ml) <=3 kg 10 mg 1 ml x1 0,25 ml x1 3,1-5,0 kg 20 mg 2 ml x1 0,5 ml x1 5,1 – 10 kg 40 mg 4 ml x1 1 ml x1 10,1 –15 kg 60 mg 6 ml x1 1,5 ml x1 15,1 - 20 kg 80 mg 8 ml x1 2 ml x1 20-35 kg 140 mg 14 ml x1 3,5 ml x1 >35 kg 200 mg 20 ml x1 5 ml x1 IM ou IV. É preferível a via IM se a Penicilina/cefotaxima são dadas por via IV Pode tornar-se um "antibioma" com absorção reduzida em crianças DAG Aproximadamente 5 mg/kg/dia uma vez ao dia; mas para os lactentes menores de 6 meses: 3,5mg/kg Risco de nefrotoxicidade e ototoxicidade Não administrar, por via IV, ao mesmo tempo que a amoxicilina, ampicilina, cloxacilina, cefotaxima (visto inativarem a gentamicina, deve-se dar com um intervalo de pelo menos uma hora) Nas crianças com edemas, dar a dose segundo o peso da criança sem edemas Atenção - se uma injeção de sulfato de magnésio é dada com a gentamicina, um dos efeitos colaterais é bloqueio neuromuscular – vigiar a função respiratória 222 ANEXOS Cefotaxima ª ª (1 /2 linha, com sinais de infecção) Via IM / IV Dose 50-100 mg/kg/dia (dar em duas vezes) Apresentação 250 mg/ampola 3 – 5 kg 100 mg x 2 5 – 10 kg 200 mg x 2 10 – 20 kg 400 mg x 2 20 – 35 kg 800 mg x 2 1000 mg x 2 > 35 kg Preferir em relação à ceftriaxona, principalmente para septicemia por bactérias gram negativas; Não dar na mesma perfusão que a gentamicina – dar com intervalo de pelo menos uma hora; a cefotaxima pode inativar a gentamicina; A injeção IM é muito dolorosa, utilizar como diluente um produto à base de lidocaína Não diliuir a injeção IV com lidocaína; Pode esgotar as reservas de vitamina K no fígado; se for usado de forma prolongada, deve-se administar vitamina K; Em caso de infeções graves, pode-se aumentar a frequência até 4 vezes ao dia. Ciprofloxacina ª (2 linha, septicemia, choque séptico) Via Oral IV Dose 30-45 mg/kg/dia (três vezes dia) Apresentação comprimidos 250 mg ampola 2 mg/ml 3 – 5 Kg 50 mg x 3 1/4 cp x3 25 ml x3 5 – 10 kg 100 mg x 3 1/2 cp x3 50 ml x3 10 – 20 kg 200 mg x 3 1 cp x3 100 ml x3 20 – 35 kg 400 mg x 3 2 cp x3 200 ml x3 > 35 kg 800 mg x 3 3 cp x3 400 ml x3 É bem absorvido por via oral – administrar por via oral ou SNG quando o estômago está vazio – a via IV deve ser utilizada quando existem vómitos ou infecções muito graves; Por via ORAL: Administrar pelo menos uma hora após a refeição; A sua absorção é reduzida pelos produtos lácteos (ex. F75, F100), antiácidos, cálcio, 223 ANEXOS ferro e sais de zinco – não dar juntamente com comprimidos de Zinco. Evitar dar com artemeter+lumefantrina (Coartem); NÃO DAR por via IM; Em perfusão IV, a concentração não deve ser superior a 2mg/ml; Administrar em perfusão lentamente durante pelo menos 60 minutos. COMBINAR com a cefotaxima para prevenir o aparecimento de resistência Cloxacilina (infecção por estafilococos) Via dose Dose Oral Oral Oral IM/IV 100-200 mg/kg/d (três tomas/dia) Apresentação suspensão 125 mg/ml cápsula 500 mg cápsula 1g ampola 500 mg 3 – 5 Kg 62,5-250 mg x3 2 ml x 3 1/2 x 3 -- 250 mg x 3 5 – 10 kg 100-300 mg x3 3 ml x 3 1x3 1/2 x 3 500 mg x 3 10 – 20 kg 250-750 mg x3 8 ml x 3 2x3 1x3 1gx3 20 – 35 kg 1g – 1,5g x3 -- 3x3 2x3 2gx3 > 35 kg 2-6 g x3 -- 3x3 2x3 2gx3 Em caso de suspeita ou diagnóstico de infeções sistémicas por estafilococos (principalmente para as pneumonias por estafilococos); Preferir a terapia parenteral em caso de infecções graves; Preparação à base de sais de sódio; Não administrar IV ao mesmo tempo que a gentamicina – dar um intervalo de pelo menos uma hora e lavar antes o cateter. Metronidazol (proliferação bacteriana no intestino delgado, amebiase, giardia) Via Oral Dose Oral IV 10-12 mg/kg/d (dar 1 a 2 vezes/dia) suspensão 40 mg/ml comprimido 200 mg ampola 100 ml 500 mg 3 – 5 Kg 30-60 mg x1 1 ml x 1 5 ml x 1 5 – 10 kg 60-100 mg x1 2 ml x 1 1/4 x 1 10 ml x 1 10 – 20 kg 120-200 mg x1 4 ml x 1 1/2 x 1 10 ml x 2 20 – 35 kg 250-350 mg x1 10 ml x 1 1x1 30 ml x 2 > 35 kg 400-500 mg x1 10 ml x 1 1x2 50 ml x 2 224 ANEXOS Biodisponibilidade muito elevada: a via oral é fortemente recomendada. Boa absorção por via retal; Pode ser dada uma primeira dose em dose dupla como dose de carga; NÃO administrar por mais de 7 dias; A OMS recomenda a redução da dose padrão (30 mg/kg/d) para 1/3 se existem problemas hepáticos – A dose Máxima para a DAG é de 10-12 mg/kg/d após estudos farmacodinâmicos; Tomar a suspensão antes das refeições e os comprimidos com ou após a refeição. ANTIFÚNGICOS Nistatina (candidíase gastrointestinal) Via Oral Dose 400.000 UI/dia (a dar em 4 tomas) 3 – 60 Kg 100.000 x 4 Não utilizar para as candidíase sistémica. Unicamente para candidíase oral, do esófago, gástrica e retal; As doses podem ser aumentadas de forma segura até 500,000 UI, 4 vezes ao dia, para tratar a candidíases gastrointestinal grave; Administrar após as refeições. Fluconazol Via (candidíase sistémica e infeção fúngica) Oral IV Dose 3-6 mg/kg/d (uma vez / dia) Apresentação cápsula 50 mg ampola 2 mg/ml 3 – 5 Kg 15mg/d 1/3 x 1 5ml x 1 5 – 10 kg 30mg/d 1/2 x 1 10ml x 1 10 – 20 kg 60mg/d 1x1 20ml x 1 20 – 35 kg 120mg/d 2x1 40ml x 1 > 35 kg 200mg/d 4x1 50ml x 1 A biodisponibilidade da preparação oral é excelente; Evitar dar com artemeter + lumefantrina (coartem); 225 ANEXOS A preparação oral contém benzoato de sódio; A preparação IV deve ser administrada lentamente, em perfusão, durante pelo menos uma hora; Uma dose dupla pode ser dada no primeiro dia do tratamento; Para pequenos lactentes – administrar a mesma dose mas em dias alternados. Miconazol Apresentação (micose, candidíase e outras infecções fúngicas da pele) Creme ou Pomada a 2 % 3 – 60 kg Aplicação 2 vezes / dia Aplicar 2 vezes ao dia para secar as lesões cutâneas; Continuar durante pelo menos 10 dias; Pode ser utilizada em idade; Não pode ser aplicado nas úlceras cutâneas ou nas mucosas; Suplementado com nitrato. ANTI-PALÚDICOS Artemeter + Lumefantrina (Coartem) (tratamento oral do paludismo) Dose inicial 8h 24 h 48 h Total comprimidos 3 – 5 Kg 1/2 cp 1/2 cp 1/2 cp x 2 1/2 cp x 2 3 5 – 10 kg 1 cp 1 cp 1 cp X2 1 cp X2 6 10 – 20 kg 2 cp 2 cp 2 cp X2 2 cp X2 12 20 – 35 kg 3 cp 3 cp 3 cp x2 3 cp x2 18 > 35 kg 4 cp 4 cp 4 cp x2 4 cp x2 24 Comprimidos dissolviveis em água, 20mg/120 mg por comprimido; Tratamento em 6 doses = dose inicial seguida por 8, 24, 36, 48 e 60 h para as doses seguintes; Evitar administrar com ciprofloxacina, fluconazol, e eritromicina; Os comprimidos podem ser esmagados; Se a dose for vomitada na hora seguinte á toma, repetir a dose; Se o Coartem não estiver disponível, utilizar Artemeter-amodiaquina em comprimidos na mesma dose (não recomendado devido à sua hepatotoxicidade). 226 ANEXOS Artemeter (IM – tratamento inicial para a malária grave) IM IM Via D1: dose de carga (1 vez/dia) IM IM Dias seguintes (máximo 7 dias) Apresentação Dose ampola 20 mg/ml ampola 40 mg/ml Dose ampola 20 mg/ml ampola 40 mg/ml 3 – 5 Kg 10-15 mg 0,7 ml X 1 0,4ml x 1 5-8 mg 0,4ml x 1 0,2ml x 1 5 – 10 kg 15-30 mg 1,2 ml x 1 0,6 ml x 1 8-15 mg 0,6ml x 1 0,3ml x 1 10 – 20 kg 30-65 mg 2,5ml x 1 1,2 ml x 1 15-30 mg 1,2 ml x 1 0,6 ml x 1 20 – 35 kg 85-110 mg 4,5ml x 1 2,2 ml x 1 30-65 mg 2,2 ml x 1 1,1 ml x 1 > 35 kg 110-170 mg 7,0ml x 1 3,5ml x 1 85-110 mg 3,5 ml x 1 1,8ml x 1 Dose inicial 3,2mg/kg, em seguida, 1,6 mg/kg x1 até que o paciente possa tomar a medicação por via oral; USE uma seringa de 1 ml para medir e dar pequenas doses; Existem preparações de 20, 40 e 80 mg/ml, não usar a preparação em 80 mg/ml para crianças pequenas; Duração máxima do tratamento 7 dias; Após o tratamento tomar um ciclo completo de Coartem vo; Pode afetar os níveis plasmáticos de potássio e a função cardíaca; EVITE usar com eritromicina, ciprofloxacina e fluconazol; A solução é feita com óleo de amendoim. Artesunato (tratamento inicial da malária grave) Retal IM ou IV Via Retal Apresentação Supositório 50mg Supositório 200mg IM ou IV 3 – 5 Kg 1 sup 1/4 sup ampola 60mg D1 0 e 12 h 10 mg x 2 ampola 60mg 5 – 10 kg 1 sup 1/4 sup 20 mg x 2 20 mg x 2 10 – 20 kg 2 sup 1/2 sup 40 mg x 2 40 mg x 1 20 – 35 kg 4 sup 1 sup 60 mg x 2 60 mg x 1 > 35 kg 6 sup 2 sup 100 mg x 2 Por dia 10 mg x 1 x1 227 ANEXOS Pode-se usar uma dose retal como dose inicial; A dose retal é de cerca de 10 mg/Kg para crianças doentes; ATENÇÃO - preparações IV/IM são preparadas com solução de bicarbonato de sódio a 5 %; Para as preparações IV, diluir com glicose a 5% antes da perfusão IV; Usar com CAUTELA nos pacientes kwashiorkor e insuficiência cardíaca, porque contém sódio; Para a preparação IV, dar 2,4mg/kg à 0 h, 12 h, 24 h e em seguida todos os dias até ao dia em que o tratamento oral possa ser administrado; Dar sempre em seguida um ciclo de 6 doses de Coartem. SARNA Permetrina Apresentação 3 – 60 kg (sarna/piolhos - ectoparasitas) Creme 5% Loção 1% Uma vez Uma vez Aplicar sobre todo o corpo, lavar após 12 h; Se lavar com sabão após 8 h, deve repetir a operação; Certifique-se de que foi bem aplicado nos o hálux e os outros dedos (mãos e pés), axilas, cintura, períneo e nádegas; Não aplicar nas mucosas ou pele ulcerada; É o mesmo produto químico utilizado nos mosquiteiros; 228 ANEXOS INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Furosemida Via (utilizado unicamente na insuficiência cardíaca) Oral Oral Dose IV/IM 0,5-2 mg/kg/dose (2-3 vezes / dia) Apresentação Suspensão 4 mg/ml Comprimido 40 mg Ampola de 2ml 10 mg/ml 3 – 5 Kg 2 ml 1/4 1 ml 5 – 10 kg 5 ml 1/2 2 ml 10 – 20 kg 10 ml 1 4 ml 20 – 35 kg 15 ml 1 5 ml > 35 kg 20 ml 2 7,5 ml Utilizado somente na INSUFICIÊNCIA CARDÍACA; NUNCA administrar para diminuição dos edemas (pode exacerbar o edema causado por uma deficiência de potássio); Para as crianças, dose oral normal 0,5-1 mg / kg; Dose oral máxima 3 x 4 mg/kg = 12 mg/kg (80mg) por dia; Dose normal IV: 0,5-1 mg/kg; Dose máxima IV 3 x 4 mg/kg; Causa das perdas de potássio, magnésio, etc. , assim como de sódio e água; Não é muito eficaz na insuficiência cardíaca nos DAG – pode-se utilizar doses mais elevadas. 229 ANEXOS Medicamentos a utilizar como alternativas quando estes não estão disponíveis Ceftriaxone Via IM/IV Dose 50-100 mg/kg/d Apresentação 250 mg/ ampola 3 – 5 Kg 100 mg x 2 5 – 10 kg 200 mg x 2 10 – 20 kg 400 mg x2 20 – 35 kg 800 mg x 2 > 35 kg Preferir a cefotaxima, se disponível; 1gx2 ATENÇÃO: incompatível com Lactato de Ringer e qualquer produto à base de cálcio – a cefotaxima precipita; Muito dolorosa se dada por via IM; Pode provocar desequilíbrios eletrolíticos; Na forma de sal de sódio; Falsos positivos na glicosúria (substâncias redutoras) e no teste de Coombs; Dose máxima para criança: 1g. Amoxicilina + Ácido Clavulânico (Augmentin) Via Oral Dose Oral Oral 25 – 50 mg/kg/d (a dar em 3 tomas) suspensão 125mg/5ml Apresentação suspensão 250mg/5ml comprimidos 500 mg 3 – 5 Kg 62,5 mg x3 2,5 ml X 3 5 – 10 kg 125 mg x3 5 ml X 3 2,5 ml x 3 1/4 x3 10 – 20 kg 250 mg x3 10 ml X 3 5 ml X 3 1/2 X3 20 – 35 kg 500 mg x3 1x3 > 35 kg 750 mg x3 1x3 A dose exata não é critica: ela pode ser duplicada em caso de infeções graves por organismos sensíveis a este antibiótico; O rácio é de 1 mg de amoxicilina para 0,25 mg de ácido clavulânico – dose expressa 230 ANEXOS em termos de teor de amoxicilina; O risco de toxicidade hepática aguda estimada é 6 vezes mais alta com amoxicilina + ácido clavulânico do que com apenas amoxicilina; A preparação contém sódio; A farmacologia do ácido clavulânico não foi testada nos DAG. Cloranfenicol Via Dose Apresentação Oral Oral IV 25mg/kg/d (administrar em duas tomas) suspensão 30mg/ml 3 – 5 Kg cápsula 250mg ampola 1000mg Nunca dar a lactentes 5 – 10 kg 2 ml x 2 1/4 x 2 75mg x 2 10 – 20 kg 4 ml x 2 1/2 x 2 125mg x 2 Usar apenas se não há outra alternativa ou quando se tem a possibilidade de fazer análises de sensibilidade e especificidade (por exemplo, febre tifoide, Ricketsiose, Listeria, doenças de Whipple, febre Q, psitacoses); Utilizar de preferencia cefotaxima, ceftriaxona ou ciprofloxacina em sua substituição; Aumenta os níveis séricos de ferro, por esta razão deve-se redobrar os cuidado em casos de kwashiorkor. O aumento de ferro deve-se à toxicidade medular; Nunca dar a pacientes com < 5 kg. Em lactentes e naqueles que têm uma função hepática imatura, aparece o “síndrome do bébé cinzento” (Vómitos, diarreia com fezes esverdeadas, distensão abdominal, hipotermia, cianose com palidez acinzentada, respiração irregular, colapso) que é clinicamente semelhante a infecção grave /insuficiência hepática nos DAG; Não utilizar suspensão de óleo para injeção (0,5 g/ml). 231 ANEXOS ANEXO 29: REGISTO CRENAM 232 ANEXOS 233 ANEXOS 234 ANEXOS ANEXO 30: CARTÃO DE RAÇÃO PARA OS DAM 235 ANEXOS ANEXO 31: RELATÓRIO MENSAL CRENAM 236 ANEXOS ANEXO 32: VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS RAÇÕES DE SUPLEMENTAÇÃO SECAS E HÚMIDAS RAÇÃO HÚMIDA: Vantagens: Útil quando a lenha e utensílios de cozinha são tão difíceis de encontrar que o agregado familiar tem dificuldades em preparar as refeições; A situação de segurança é tão má que os beneficiários correm grandes riscos no transporte ou armazenamento da alimentação em casa; É mais fácil verificar se que o beneficiário recebe o alimento que ele/ela necessita (menos de partilha do alimento); É mais fácil assegurar que a ração é preparada de forma correta e em condições higiénicas adequadas; O tempo passado no centro, pelas mães, pode ser utilizado para receberem sessões de educação para a saúde, educação nutricional e noções de higiene. Inconvenientes: A mãe/acompanhante e o beneficiário têm que ir ao centro todos os dias e permanecer lá quase todo o dia; isto pode ter um impacto considerável sobre as tarefas diárias domésticas; Existe um elevado risco de transmissão de doenças entre crianças desnutridas ima vez que interagem no mesmo espaço durante todo o dia; O centro necessita de mais funcionários que um centro de distribuição de ração seca; O centro necessita de uma infraestrutura mais sofisticada; A capacidade de adaptação a mudanças bruscas da situação é inferior; É possível que no centro a alimentação seja utilizada como substituto da refeição familiar pelo beneficiário, anulando, assim, todos os benefícios da ração de suplementação. RAÇÃO SECA: Vantagens: O centro de distribuição de ração seca necessita de menos recursos (pessoal e infraestruturas) que os centros que distribuem ração húmida. Além disso, não existe nenhuma evidencia de que a distribuição de ração húmida seja mais eficaz que a de ração seca; Um maior número de beneficiários pode ser suportado; Observa-se uma menor perturbação da rotina familiar com a distribuição da ração seca visto que requer menos tempo da mãe/acompanhante, e assim uma melhor cobertura e menor taxa de abandono; A mãe tem a responsabilidade de preparação da ração em casa; É mais apropriada para populações dispersas; Menor risco de contaminação cruzada; Maior facilidade em implementar um centro de alimentação seca. Inconvenientes: Não existe garantia de que o beneficiário receberá a ração; A vigilância do estado nutricional do beneficiário é menos frequente; Mais difícil fazer atividades educativas; Requer mais alimentos para o beneficiário, afim de compensar a partilha no seio familiar. 237 ANEXOS ANEXO 33: DENSIDADE NUTRICIONAL DOS PRODUTOS DE SUPLEMENTAÇÃO PARA DAM Nutriente Energia Proteína Lipídeo Glícidos Sódio (Na) Potássio (K) Magnésio (Mg) Fósforo (P) Zinco (Zn) Cálcio (Ca) Cobre (Cu) Ferro (Fe) Iodo (I) Selénio (Se) Manganês (Mn) Tiamina (B1) Riboflavina (B2) Piridoxina (B6) Cobalamina (B12) Folato Niacina Ác. Ascórbico (Vit C) Ácido Pantoténico Biotina Retinol (Vit A) Colocalciferol (D) Tocoferol (E) Fitomenadiona (K) n-6 ácido gordo n-3 ácido gordo Unidade Kcal g g g mg mg mg mg mg mg mg mg µg µg mg mg mg mg µg µg mg mg mg µg µg µg mg µg % energia % energia Mínimo 350 8 14 630 120 370 9.5 400 1 8.5 100 25 0.4 >0.50 >1.50 >1.10 >2.30 >240 >15 >50 >2.3 >11 950 10 >13 >30 3 0.3 Por 100g Máximo 400 12 18 <300 700 150 500 13 500 1.2 13 140 35 0.45 1100 20 10 2.5 Por 1000 kcal Mínimo Máximo 1000 1000 23 35 40 52 <860 1800 2000 340 430 1000 1500 27 37 1140 1430 2.8 3.4 24 37 290 400 70 100 1.1 1.3 >1.4 >4.3 >3.0 >6.6 >680 >40 >140 >6.6 >30 >2700 3140 30 60 >35 >85 3 10 0.3 2.5 O rácio de nutrientes deve estar sempre dentro destes limites Ca/P Rácio Zn/Cu Rácio Zn/Fe Total Lipídeo Proteína mol/mol mol/mol mol/mol % energia % energia 0.8 5 0.8 30 7 1.2 15 3 45 18 0.8 5 0.8 30 7 1.2 15 3 45 18 238 ANEXOS ANEXO 34: LISTA DOS PARTICIPANTES NO ATELIER DE REVISÃO DO PROTOCOLO GIDA NOME Abibo Cumbassá Aduzinda D R S Fernandes Amélia do Carmo Paulo Bareng F Sifna Christine Kaligirwa Crisóstima Reis Fernandes Elísio Pedro Indi Eugénio Ialá Formoso Vaz Gilberto Luís M Carembe Gregória Gomes Sarr Keita Humberto I Intchalá Inácia Lopes Joaquim M Mendes Julieta Có Lúcia E Ferreira Gomes Mª Fátima G B S Cordeiro Maria Alice Lopes Ferreira Maria Clara Preto Ferreira Marino Pedro Lopes Mohammad M Sidibé Nhace Nafampelna Noemy B C Lopes Omatt da Piedade Pedro Vaz Pedrozinho de Barros Pita Correia Regina Correia Rosa Tavares Sílvio Caetano Coelho Talisma Dias Vanésio M Sanca FUNÇÃO / INSTITUIÇÃO Direção Regional de Saúde de Cacheu Médica / Hospital Nacional Simão Mendes – Pedriatria Enfermeira / DRS de Oio Médico / Hospital Regional de Mansoa – Oio Especialista da Nutrição/ UNICEF Nutricionista / Diretora da DSANSC Médico / Hospital Regional de Bafatá Médico / DRS do SAB Assistente de Programa / PAM Ponto Focal de Nutrição /Enfermeiro / DRS de Gabú Médica / UNICEF /MINSA – DSANSC Médico / Diretor Centro de Saúde de Buba – Quínara Ponto Focal Nutrição / Enfermeira/ DRS de Bafatá Médico /CMI de Gabú Ponto Focal Nutrição / Quínara Nutricionista / Hospital Nacional Simão Mendes Médica / Programa Nacional de Luta Contra SIDA – PNLS Pediatra / Hospital de Cumura Médica / Hospital de Cumura Médico / Hospital Bubaque Médico / Hospital Regional de Bolama Enfermeiro / DSANSC Nutricionista / DSANSC Médica / Hospital Regional Cacheu Ponto Focal Nutrição / Enfermeiro / DRS de Farim Médico / Direção Regional de Saúde dos Bijagós Nutricionista / DSANSC Ponto Focal Nutrição / Enfermeira / DRS de Bolama Médica / PLAN Guiné-Bissau Médico / Diretor do Hospital de Farim Socióloga /Assistente de Programa PAM Médico / Diretor Clínico Hospital Regional M Sambú - Catió 239