Comunidades Virtuais de Aprendizado: Uma proposta para o

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Comunidades Virtuais de Aprendizado: Uma proposta para o
Comunidades Virtuais de Aprendizado: Uma proposta
para o Ensino Médio
Maria Helena Schneid Vasconcelos,
Universidade Católica de Pelotas
Rua Felix da cunha 412 Pelotas Rs Cep: 96010000
[email protected]
Abstract
The development of the Web produced countless proposal of virtual organizations, such
as the Virtual Communities wich constitute one in the most natural and efficient ways
of integrating the communication and distribution of the resources among people with
ideas, interests and common objectives. Such communities are reeled by the same
principles that reele the development of real communities (RealCommunities, 2000). In
this article it is described a study of the maior concepts and ideas used in the virtual
communities' construction, especially focalizing the learning communities.It`s also
introduced a general vision of a prototype, that this being developed in order to
construct a system for a virtual community of learning the Medium Teaching.
Word-key: Virtual communities, Learning , Medium Teaching.
Resumo
O desenvolvimento da Web produziu inúmeras propostas de organizações virtuais,
dentre as quais as Comunidades Virtuais constituem uma das formas mais naturais e
eficientes de integrar a comunicação e a distribuição de recursos entre pessoas com
idéias, interesses e objetivos comuns. Tais comunidades são regidas pelos mesmos
princípios que governam o desenvolvimento das comunidades reais (RealCommunities,
2000). Neste artigo descreve-se um estudo dos principais conceitos e idéias
empregadas na construção de comunidades virtuais, focalizando em especial as
comunidades de aprendizado. Apresenta-se também uma visão geral de um protótipo,
oferecido para a construção de um sistema para uma comunidade virtual de
aprendizado para o Ensino Médio que poderá ser adaptado a qualquer escola do
Brasil.
Palavras-chave: Comunidades Virtuais, Aprendizado, Ensino Médio.
1 - Introdução
A formação escolar nos dias de hoje está se tornando cada vez mais difícil devido às
deficiências educacionais e exigências do mercado de trabalho. Segundo Geri
Rasmussen e Elizabeth Kinner [Ras97], o ensino está sofrendo uma grande pressão para
mostrar que está preparando estudantes para o mundo diversificado de trabalho e pelos
desafios exigidos pela comunidade em tempos turbulentos. Atualmente as comunidades
de ensino sofrem algum tipo de pressão para garantirem um currículo mais flexível,
forçando-as a tirar proveito de inovações em técnicas instrutivas e da própria tecnologia.
Finalmente, há um desejo para enfatizar níveis mais altos de pensamento crítico ao
longo do sistema educacional.
Como parte deste recente interesse em buscar aproximações inovadoras e flexíveis para
instrução de ensino, Comunidades Virtuais de Aprendizado (CVA) estão chamando a
atenção de entidades de ensino em variadas disciplinas. Comunidades Virtuais de
Aprendizado são uma aproximação de modo curricular que coordenam dois ou mais
cursos em um único programa de instrução, que freqüentemente chamamos de uma
comunidade de aprendizagem.
As comunidades virtuais de aprendizado surgiram como uma inovação promissora para
as entidades de ensino e seus instrutores. Indo de encontro à tradição de cursos isolados
e propondo aproximações mais interdisciplinares, pode-se obter a flexibilidade para
adaptarmos as nossas instituições e satisfazer as necessidades futuras das nossas
comunidades neste novo século.
2- Comunidades Virtuais
O estudo das comunidades virtuais é um tema relativamente recente da pesquisa
computacional (Kollock, 1997; Maglio & Barrett, 1998), que evoluiu a partir de
pesquisas anteriores na área da cooperação (Axelrod, 1984) e da percepção inicial de
que grupos de usuários com interesses e características semelhantes poderiam se
beneficiar de uma base de recursos comuns. No atual estágio do desenvolvimento
tecnológico da Internet e da World Wide Web, o estudo e implementação de
comunidades virtuais apresenta-se muito oportuno, uma vez que estas permitem e
estimulam o compartilhamento de conhecimento e o trabalho colaborativo entre seus
membros, oferecendo uma nova dimensão às atividades humanas de aprendizado e
práticas.
Exemplos de comunidades virtuais são as constituídas pelos membros de quaisquer
organizações em espaços on-line, intranets corporativas, ambientes de ação
colaborativa, sistemas educacionais online, etc.
2.1 - Princípios Sociais para Comunidades Virtuais
Em (RealCommunities, 2000) são formulados doze princípios que os autores
consideram fundamentais na criação e desenvolvimento de comunidades virtuais. Os
seis primeiros princípios estão relacionados com as necessidades e expectativas
individuais dos usuários, enquanto que os demais estão relacionados com a organização
e estrutura que deve existir para a viabilidade e sucesso do grupo. O conjunto de
princípios proposto estabelece de forma coerente os principais relacionamentos e ações
que sustentam a evolução das comunidades virtuais. Os princípios são apresentados e
brevemente comentados na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1: Doze Princípios para Comunidades Virtuais
Princípios
01 Propósito
02 Identidade
03 Comunicação
04 Confiança
05 Reputação
06 Subgrupos
07 Ambiente
08 Limites
09 Governo
Comentário
Há um objetivo ou interesse
comum.
Descrição
Toda a Comunidade Virtual deve ter um mesmo
objetivo. Para que todos busquem o mesmo
propósito, este deve ser o foco principal da
comunidade virtual.
Todos sabem quem é quem.
Os membros da CV devem ser devidamente
identificados, ou seja, todos devem poder se
conhecer dentro da CV.
Há meios fáceis de partilhar
A comunicação deve sempre haver dentro da
informações e idéias.
comunidade, mostrando que todos podem dar suas
opiniões e ajudar a construir o conhecimento,
partilhando idéias e expondo sua maneira de
satisfação ou insatisfação na comunidade.
A confiança entre os usuários Com o passar do tempo, os membros da
e a comunidade é produzida
comunidade passam a se conhecer e a confiar mais
naturalmente ao longo do
uns nos outros. Este princípio está muito ligado ao
tempo.
princípio da identidade.
Os membros da comunidade Através de seus atos, manifestações e posições
constroem status no grupo
assumidas os membros da comunidade adquirem
com base nas ações
uma reputação perante os demais. A reputação é
realizadas.
essencial para o estabelecimento de laços de
confiança e complementa também o princípio da
identidade.
É possível estabelecer
A CV pode ser dividida em vários subgrupos, que
relacionamentos em grupos
possuem algum interesse comum, para que se
menores.
possa estabelecer relacionamentos entre os
membros do grupo para depois se unir à
comunidade geral.
Os usuários interagem em um O ambiente deve ser agradável aos usuários e deve
espaço compartilhado
reunir as preferências e objetivos de seus usuários
adequado às suas
em um mesmo espaço em que todos possam
necessidades e objetivos.
compartilhar idéias, opiniões, sugestões e
conteúdos, para que o aprendizado seja mútuo.
Sabe-se claramente quem
É necessário impor limites a CV, de modo, a
pertence e quem não pertence saber, sempre quem faz parte da comunidade e
à comunidade.
quem não faz, para que se possa ter um controle
do sistema.
O comportamento é regulado Nas CV o governo é na verdade uma forma de
segundo princípios comuns
autogoverno. É importante que cada membro da
assumidos por todos.
comunidade se sinta responsável pelo seu
desenvolvimento. Esta forma de administração é
mais eficiente, escalável e simpática do que
qualquer outra.
assumidos por todos.
10 Intercâmbio
São facilitados a troca de
idéias e o acesso a
conhecimento, software e
outros recursos.
11 Expressão
Todos podem facilmente
expressar suas preferências e
opiniões ao grupo.
12 História
É possível rever a história e
traçar a evolução da
comunidade.
comunidade se sinta responsável pelo seu
desenvolvimento. Esta forma de administração é
mais eficiente, escalável e simpática do que
qualquer outra.
A troca de informações deve ocorrer sempre,
facilitando a interação entre os usuários e
aumentando o conhecimento, ao ponto em que
software e outros recursos são disponibilizados
para que toda a comunidade tenha acesso.
Mesmo no caso das informações não serem de
interesse comum dos usuários, as pessoas que
quiserem expressar suas preferências e opiniões,
devem sempre ter um local para isto de acesso
livre do grupo, ou seja, todos devem poder se
expressar livremente.
A história está ligada principalmente a
documentação da comunidade, deve-se permitir
que pessoas que deixam ou passam a fazer parte
da comunidade, possam saber como ela está
organizada, quem faz parte dela, quem já fez, e
como tudo funciona. Em qualquer momento
desejado, deve-se poder perceber como a
comunidade está evoluindo e o que mudou.
Nos itens apresentados na tabela 1, observa-se que o principal contexto para uma CV é
o propósito ou foco da comunidade, pois traduz para cada usuário a sua razão de
pertencer a ela. Com relação a este fato, o sistema deve procurar cobrir integralmente o
foco, possibilitando a cada usuário, uma visão ampla e personalizada sobre todo o
conteúdo disponível. O sistema deve perseguir o foco continuamente, sempre refletindo
a visão de seus usuários.
3 - Comunidades Virtuais de Aprendizado
A proposta das comunidades virtuais de aprendizado é oferecer conteúdos (textos,
artigos, livros online, tutoriais, etc.), recursos (pesquisa online, news, software, vídeos,
apresentações multimídia, etc.) e potencial de comunicação (email, fórum, chat,
teleconferência, etc.) para atender ao propósito comum de seus membros: o aprendizado
de um determinado corpo de conhecimento, não limitado a uma única disciplina ou
matéria.
O desafio de construir CVs de aprendizado é assim muito maior do que o de
desenvolver um curso ou disciplina isolada para distribuição online. Trata-se aqui de
uma abordagem simultaneamente inter e transdisciplinar, onde o usuário ganha muito
maior flexibilidade na elaboração de seu próprio conhecimento.
A comunidade, pela sua própria natureza, possui a necessidade da troca de informações
e de comunicação em geral entre os seus componentes. Para a criação e
desenvolvimento de uma CV de aprendizado, diversas ferramentas e tecnologias devem
estar disponíveis, de modo a garantir o aproveitamento total do potencial pedagógico
acumulado na rede de aplicação.
4 - Proposto de um Protótipo de uma Comunidade Virtual para o Ensino Médio
A proposta das comunidades virtuais de aprendizado para o ensino médio é oferecer
conteúdos, recursos e potencial de comunicação para atender ao propósito comum de
seus membros(professores e alunos da escola) : o aprendizado de um determinado corpo
de conhecimento do ensino médio, não é limitado a uma única disciplina ou série.
O ambiente deve concentrar e disponibilizar recursos que contribuam para esse
aprendizado, facilitando a comunicação virtual entre seus membros para estimular a
ação colaborativa oferecendo conteúdos como textos, artigos, livros e recursos como
pesquisa online, software sala de vídeo e outros sem motivar nenhuma alteração do
conteúdo das disciplinas obrigatórias e o contexto da comunidade disponibilizando
recursos que contribuam para o aprendizado enriquecendo a forma de ensino.
O acesso ao ambiente é restrito para cada escola que optará pela comunidade sendo que
apenas o professor que ministra uma disciplina(ou varias disciplinas) para uma
determinada série poderá disponibilizar conteúdos para essa disciplina(ou disciplinas) e,
somente os alunos que estão cursando aquela série relacionada com a disciplina(ou as
disciplinas) e professor podem acessar o conteúdo disponibilizado.
Cada escola possuirá um administrador para manutenção da comunidade sendo que
somente ele poderá ter acesso em áreas restritas aos alunos ou professores caso haja
necessidade de alterações no ambiente.
5- Interface de acesso do Protótipo
A interface da comunidade virtual para o Ensino Médio é constituída pelo acesso de
uma página principal a uma base de dados. A base de dados possui varias tabelas como
a de usuário geral, professor, aluno, serie, disciplina, atividades, avaliação, exercícios,
controle e outros. Através da página principal é distribuído o acesso das demais
páginas. Cada usuário tem o seu perfil adaptado para o seu tipo de atividade, como por
exemplo, o aluno tem o acesso correspondente de acordo com a série em que se
encontra matriculado e de acordo tem as disciplinas com as suas devidas tarefas
disponíveis. O professor também tem o seu perfil para disponibilizar material para
atividades, notas e outros, e o administrador tem o seu acesso de acordo com a sua
atividade, por exemplo, cadastro de professores, disciplinas, series, alunos e outros. A
figura 1 abaixo representa a página principal de acesso do usuário.
Figura 1 - Página de acesso à comunidade
5.1- Interface de Cadastro do usuário
Quando o usuário acessa a página principal pela primeira vez, encontra uma informação
que deve efetuar o seu cadastro. Após o seu cadastro cada usuário poderá usufruir a sua
área de acordo com o seu perfil.
A figura 2 representa o ambiente de cadastro do usuário.
Figura 2 - Página de cadastro do usuário
Quando o usuário efetua o seu cadastro ele terá uma identificação se o mesmo é
professor ou aluno. Esta identificação é gerada pela interação entre as tabelas do usuário
da comunidade virtual e a tabela do sistema da escola que possui tanto o cadastro do
aluno na mesma como o cadastro do professor.
5.2 - Conexão do Sistema da Comunidade
A conexão é atingida após a identificação do usuário por meio de seu username/
password. A página do usuário é acessada neste momento, a partir da informação
presente na base de dados liberando o acesso para o ambiente do mesmo de acordo com
a sua identificação. Ao completar o login corretamente a página do usuário é
apresentada com as seguintes seções:
Identificação do Usuário, ambiente do usuário como: Aluno, professor ou administrador
Serviços de Informação e comunicação, recursos de aprendizado como chat, sala de
vídeo, biblioteca virtual, páginas de disciplinas e tarefas, pesquisa e na Web, agenda
pessoal do aluno ou professor, novidades e outros.
As características mais importantes do sistema é que cada usuário da comunidade possui
o seu próprio ambiente de acordo com o seu perfil sem que haja violação em ambientes
de usuários diferentes.
6- Conclusão
Durante o estudo e desenvolvimento deste trabalho foi levado em consideração o
conceito de Comunidades virtuais, satisfazendo o principal objetivo do mesmo que é de
seguir o modelo de uma comunidade virtual de aprendizado e aplica-lo no
desenvolvimento de uma comunidade Virtual de Aprendizado orientada
especificamente para o Ensino Médio, onde as disciplinas do ensino Médio terão seus
conteúdos elaborados pelos professores da escola que optará pela comunidade virtual, e
cada estudante possuirá um modelo de conteúdos e recursos de acordo com as
disciplinas e série que estará cursando disponibilizados numa base de dados. A interface
de cada estudante e professor é adaptada para atender seus objetivos, necessidades e
preferências para desenvolvimento do processo de aprendizado
A preocupação no desenvolvimento de Comunidades Virtuais para o Ensino Médio é de
criar técnicas para atender as mesmas sem que haja nenhuma alteração no perfil e
estrutura de cada escola, e sim deve disponibilizar recursos que contribuam para o
aprendizado, enriquecendo a forma de ensino com recursos oferecidos pela comunidade
virtual que poderá ser adaptado para qualquer escola de Ensino Médio no Brasil.
7- Referências Consultadas
[AXELROD, Robert]. The Evolution of Cooperation. New York, Basic Books, 1984.
[KOLLOCK, PETER]. Design Principles for Online Communities. Disponível em http:
//www.sscnet.ucla.edu/soc/faculty/kollock/papers/design.htm. Acesso em setembro
de 2001.
[MAGLIO, Paul, P.; BARRETT, Rob]. Adaptive Communities and Web Places.
Proceedings of the 2nd Workshop on Adaptive Hypertext and Hypermedia.
HYPERTEXT’98. Pittsburgh, June 20-24, 1998.
[RASMUSSEN, G]. Learning Communities Getting Stardet, 1997
REALCOMMUNITIES: Shared Knowledge and a Common Purpose: Using the 12
Principles of Civilization To Huil Web Communities. A White Paper by Real
Communities. Disponível em http: //www.realcommunities.com. Acesso em 29 de
março de 2001.