PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO ARRANJO

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PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO ARRANJO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO ARRANJO
PRODUTIVO LOCAL OVINOS & TURISMO ALTO CAMAQUÃ
Piratini, julho de 2015
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO ARRANJO
PRODUTIVO LOCAL OVINOS & TURISMO ALTO CAMAQUÃ
1. Apresentação
O APL Alto Camaquã integra uma atividade primária com uma atividade do setor de serviços, a
produção de ovinos e o turismo rural. Uma atividade tradicional e uma que surge nos últimos 10
anos como dotada de grande potencial para gerar renda e empregos em uma região com
características históricas, culturais e ecológicas únicas. Ainda que pareçam distantes, no
território Alto Camaquã, tais atividades encontram-se em perfeita integração, pois a ovinocultura
está na base da cadeia do turismo regional, na medida que aporta a matéria prima para a
culinária e para o artesanato, mas também forma a identidade cultural do povo e tem papel
determinante na conservação das paisagens, pois é com o pastejo dos animais que se conforma o
principal elemento da paisagem regional, a vegetação campestre.
Sendo assim, já não é mais possível separar uma da outra, portanto, não resta outra alternativa ao
território Alto Camaquã que não seja buscar nos seus elementos históricos e culturais uma
estratégia para alavancar a transformação da realidade. O APL Alto Camaquã é a síntese de tudo
isso.
A espécie ovina foi introduzida no Rio Grande do Sul pelos açorianos no século XVIII, a partir
de raças de origem europeia que se adaptaram perfeitamente as condições ambientais locais,
embora, como atividade econômica, a criação de ovinos ganhe força apenas no século XX,
especialmente a partir dos anos 1940 com a criação da ARCO (1942) e das cooperativas de lã (a
partir de 1944). Na região do Alto Camaquã a ovinocultura está presente ha, pelo menos, cento e
cinquenta anos, em sistemas mistos de ovinos e bovinos, inicialmente apenas com ovelhas
“crioulas”, frutos do cruzamento entre raças tradicionais trazidas pelos jesuítas e raças
especializadas introduzidas pelos colonizadores. O aprimoramento das raças tem lugar nos anos
1970 com a introdução de raças especializadas na produção de lã.
A valorização do produto lã no período pós-guerra, associada à politicas públicas setoriais criou
a melhor fase de produção da ovinocultura no estado (BOLFILL 1996). Aproveitando o grande
momento da ovinocultura e na busca por melhores preços foram criadas as primeiras
cooperativas de lã, sendo que na região do Alto Camaquã a Cooperativa Bageense de Lãs
(COBAGELÃ) teve grande influencia. Nos 40 anos subsequentes, em que perdurou o sistema
cooperativo laneiro, a ovinocultura representou, provavelmente, a maior organização de uma
cadeia produtiva de produtos primários jamais vista no estado e até mesmo no Brasil. A
organização foi decisiva para o aumento da produção de lã acompanhada do aumento de preço e
qualidade derivada do eficiente processo de classificação por finura proporcionado pelas
cooperativas.
No entanto, a situação do mercado da lã no final da década de 1980 e início da década de 1990
levou o setor a uma crise mundial, provocando a partir de 1995 a redução radical na população
de ovinos tanto no estado quando na região (Figura 1) e mudanças nos sistemas de produção que
passam gradativamente a orientar-se à produção de carne. A partir da emergência da carne ovina
como possibilidade rentável de produção, a ovinocultura do Rio Grande do Sul inicia uma lenta
transição em seus processos produtivos, com a substituição parcial das raças laneiras para raças
especializadas em carne.
Tabela 1: Rebanho total de bovinos, ovinos e caprinos nos municípios que participam da região
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do Alto Camaquã.
Município
Bagé
Caçapava do Sul
Rebanho
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Bovino
400.467
300.751
316.781
318.199
320.966
319.906
318.870
319.730
321.178
323.747
332.615
335.932
4.112
1.836
1.893
1.925
1.969
2.025
2.082
2.104
2.123
3.024
3.055
3.088
Ovino
220.153
87.483
93.914
99.853
104.172
103.907
103.643
103.784
108.225
109.523
113.701
115.903
Bovino
207.469
206.362
214.534
230.365
234.577
237.764
240.994
241.220
248.106
254.308
256.877
259.887
3.861
2.852
2.954
3.078
3.151
3.136
3.140
3.148
3.227
3.259
3.293
Caprino
Caprino
88.573
69.449
74.556
80.763
85.483
87.182
88.041
88.080
90.946
92.673
95.550
97.657
Bovino
177.965
184.015
169.290
174.707
161.695
140.603
142.532
119.231
120.000
120.100
120.497
130.000
Encruzilhada do Sul Caprino
Lavras do Sul
Pinheiro Machado
Piratini
1.308
1.247
1.184
1.101
1.123
1.150
1.147
1.060
1.080
1.090
1.097
1.090
Ovino
111.569
110.136
100.223
101.626
63.348
66.500
65.973
72.833
73.000
74.000
74.640
75.000
Bovino
186.499
200.402
274.135
295.751
308.544
322.905
326.085
326.215
328.931
337.154
340.589
344.030
701
886
917
1.078
1.109
1.184
1.203
1.215
1.269
1.281
1.295
1.320
Ovino
110.649
114.999
124.386
133.626
139.407
143.847
144.732
144.785
146.045
150.864
153.438
155.160
Bovino
163.091
146.596
152.375
156.596
163.229
154.033
156.017
156.055
159.732
161.489
163.137
164.792
1.548
831
874
918
942
968
989
1.000
1.074
1.084
1.095
1.128
Ovino
129.407
112.220
120.728
130.537
136.087
138.516
139.113
139.153
141.967
146.793
148.292
151.306
Bovino
160.415
153.110
169.987
171.123
195.926
155.450
150.040
183.892
101.116
173.438
174.884
166.274
1.317
1.202
1.057
1.215
1.110
1.740
2.078
2.100
2.343
2.100
1.890
1.489
Ovino
119.612
128.220
95.140
93.570
90.625
87.126
94.857
94.960
110.946
105.398
94.131
85.964
Bovino
82.563
90.038
94.401
101.365
104.677
98.755
99.845
99.900
102.063
104.120
105.684
106.707
Caprino
Caprino
Caprino
Santana da Boa Vista Caprino
Ovino
TOTAL OVINOS
3.364
Ovino
4.139
4.358
4.523
4.759
4.861
4.917
5.003
5.000
5.438
5.492
5.548
5.606
63.683
62.281
66.847
71.514
74.308
76.455
78.117
78.200
80.049
81.250
84.101
85.830
843.646
684.788
675.794
711.489
693.430
703.533
714.476
721.795
751.178
760.501
763.853
766.820
Figura 1: Comportamento da população de ovinos no RS (total) e nos municípios do
Alto Camaquã
Na região do Alto Camaquã, no entanto, a comercialização de cordeiros para abate se inicia
apenas nos anos 2000, através do programa Herval Premium. Ainda que isso tenha representado
a introdução de modificações nos sistemas produtivos tradicionais, como a prática da
suplementação alimentar para acabamento do cordeiro e o uso de sal mineral, pode-se dizer que
ainda ha a predominância de sistemas com estrutura para a produção de lã. Fato que longe de
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significar uma irracionalidade econômica, representa a uma racionalidade ecológica. Ou seja, as
condições ambientais (solo raso, declive do terreno, presença de mosaicos de mato e campo, etc)
não permitem a aplicação dos formatos tecnológicos preconizados pela perspectiva convencional
de desenvolvimento agropecuário (baseados na mecanização e uso intensivo de insumos),
impossibilitando assim a intensificação produtiva requerida por animais especializados na
produção de carne. A produção de carne ovina, neste região se dá principalmente a partir de
raças de lã, que são altamente adaptadas às condições locais. Atualmente tal característica é
tratada como importante diferencial desta região, dado que o problema não é a raça mas sim a
eficiência na produção.
Apesar das tendências de substituição do sistema de produção de lã por um sistema especializado
na produção de carne os sistemas de produção mantiveram a baixa eficiência produtiva (medida
pelo número de cordeiros nascidos) enquanto a cadeia produtiva carece de coordenação, estando,
portanto, caracterizada por uma oferta pequena e irregular de matéria prima, desuniformidade
dos produtos, apresentação limitada de produtos (cortes tradicionais), baixo grau de
entrosamento entre os componentes da cadeia, deficiente nível de organização dos produtores,
precária situação sanitária do rebanho, informalidade do abate e falta de assistência técnica aos
criadores. Ou seja, No Rio Grande do Sul em geral e no território Alto Camaquã em particular, a
cadeia da lã se desarticulou sem que a cadeia da carne ovina tenha se consolidado.
No entanto, apesar do quadro, é possível afirmar que atualmente existe um cenário altamente
favorável a ovinocultura gaúcha. O pequeno efetivo populacional do rebanho ovino, conformado
majoritariamente por pequenos rebanhos (média 80 cabeças / criador), associados a forte
identidade cultural ovelheira, a diversidade de raças cuja genética é controlada pelo setor
produtivo e, principalmente, pela movimento coordenado de múltiplas organizações que
trabalham em prol da ovinocultura do RS, reforçam este novo cenário.
Nesse contexto de mudança merece destaque o caso do Alto Camaquã, considerada hoje a
experiência mais bem sucedida de organização da cadeia ovina no Brasil. Trata-se de uma
organização de pequenos e médios produtores que promove a organização integral da cadeia
produtiva, incluindo a produção com preservação ambiental, a relação com o mercado a partir de
uma marca territorial coletiva e o fortalecimento da tradição orientado ao desenvolvimento rural
de localidades dependentes da pecuária familiar.
Se considerarmos ainda as tendências de consumo da carne ovina (Figura 2) no Brasil e de
modificações de hábitos dos consumidores quanto aos critérios que definem a escolha (Figura 3)
podemos afirmar que a experiência do Alto Camaquã, em termos de produção e organização da
cadeia da carne ovina, está totalmente alinhada com o futuro.
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Figura 2 – Produção e consumo de carne ovina no Brasil, em mil ton.
Figura 3 – Aspectos considerados pelos consumidores na escolha da carne ovina
De Bortolli et al., 2010
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1.1. Organização e articulação dos agentes e governança do APL Alto Camaquã
A coordenação da Rede Alto Camaquã – que em ultima instancia é o embrião do APL Alto
Camaquã – é realizada pela Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã.
A ADAC é uma sociedade civil sem fins lucrativos que tem entre suas funções: promover a
conservação do território Alto Camaquã; estimular a exploração racional das potencialidades;
fortalecer as atividades econômicas tradicionais, especialmente o setor agropecuário,
promovendo sua sustentabilidade; estimular os setores secundário e terciário da economia
regional; promover o potencial turístico regional e incentivar novas atividades econômicas
baseado nos critérios de sustentabilidade social, econômica e ambiental. A Associação foi
fundada em 2009 e no ano seguinte recebeu o apoio do SEBRAE para construir seu Plano
Estratégico. Fazem parte da Rede empresas parceiras e instituições apoiadoras, públicas e
privadas.
Do setor privado, fazem parte da Rede atualmente 22 Associações locais (comunitárias ou de
produção), sendo 17 formalmente constituídas (com CNPJ) e 5 informais (grupos de produtores
sem CNPJ), pertencentes aos oito municípios que compõem o território. E ainda os Sindicatos
dos Trabalhadores Rurais dos municípios de Bagé, Pinheiro Machado e Lavras do Sul, os
Sindicatos Rurais de Encruzilhada do Sul e Santana da Boa Vista, a FETAG, o SEBRAE, o
SENAR, o SENAC, a empresa Santa Edwiges de comercialização de carnes (Bagé), a casa de
carnes Minuano (Encruzilhada), a Associação Pampa de Turismo – APATUR, agencias de
turismo, hotéis e restaurantes, a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos – ARCO, o
Frigorifico ADIALE VITÓRIA, os abatedouros municipais de Caçapava do Sul e Pinheiro
Machado.Do setor público a EMBRAPA Pecuária Sul, a EMATER Regional Pelotas, o Instituto
Federal Farroupilha – IFFSUL campus Bagé, a Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA
campi Bagé, Dom Pedrito e São Gabriel, a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul –
UERGS, a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul
– SDR, a Secretaria de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul – SEAP, a Secretaria
estadual de Turismo, a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica ELETROBRAS/CGTEE través de seu departamento de Responsabilidade Social, as prefeituras
do oito municípios envolvidos. Apoiam a ReAC o Ministério da Agricultura – MAPA, a
Universidade de São Paulo (campus Piracicaba) e a Universidade Positivo do Paraná.
A Rede se organiza em torno dos seguintes objetivos: 1) fortalecer uma estratégia coletiva de
acesso a mercados não tradicionais para os produtos e serviços do território do Alto Camaquã,
com foco na carne ovina e no turismo; 2) integrar produtores, transformadores, distribuidores,
consumidores, pesquisa, extensão e universidades em prol das estratégias produtivas e
comerciais do Alto Camaquã; 3) promover a criatividade e a inovação (organizacional,
produtiva, comercial, tecnológica) como processo permanente no âmbito do território tendo a
valorização dos atributos ecológicos e culturais do território como base; 4) fortalecer o
intercâmbio e garantir o fluxo continuado de informações e conhecimentos entre os distintos
agentes do desenvolvimento regional; 5) garantir apoio técnico as iniciativas de produção e
diferenciação de produtos e serviços do Alto Camaquã;
A Rede é formada por Associações Comunitárias compostas basicamente por pecuaristas
familiares, ou seja, agricultores familiares que criam animais ruminantes (bovinos, ovinos e
caprinos) usando a base forrageira natural como elemento fundamental de seus sistemas de
produção e mantendo reduzidos níveis de inserção nos mercados tradicionais. Devido a forte
relação entre a pecuária familiar do Alto Camaquã e os recursos naturais, a ReAC tem seu
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trabalho de mobilização focado no fortalecimento das relações intra-comunitárias em torno da
valorização dos recursos locais, em especial a vegetação campestre, dado que estes recursos são
determinante não só para a reprodução social histórica das famílias que vivem da exploração
pecuária sobre campos naturais, como também da identidade territorial, elemento central da
marca territorial coletiva. A organização da ReAC foi apoiada pelas instituições externas às
comunidades, mediante metodologias de construção coletiva de conhecimentos que promovem
um novo olhar dos atores locais sobre seus recursos. Promovem o re-conhecer, um conhecer com
outro olhar, o olhar das oportunidades representadas por uma produção pecuária que gera
inúmeros serviços ecossistêmicos de grande interesse da sociedade. Entre estes serviços
podemos mencionar a produção de água, o seqüestro de carbono (campos são mais eficientes que
as florestas neste sentido), a manutenção da biodiversidade, a conservação de recursos
paisagísticos com potencial turístico, a manutenção de uma cultura, além claro, da produção de
proteína de alta qualidade biológica e nutricional: “a carne de campo nativo”.
O trabalho de apoio às comunidades avançou para a aproximação e interação entre as
Associações Comunitárias pertencentes ao território dentro de cada município e logo na
promoção da interação intermunicipal quando se configurou a Rede Territorial. A lógica é
organizar a Rede em diferentes níveis de complexidade, ou seja, a comunidade é o primeiro nível
(rede local), a relação entre Comunidades conforma a Rede das Redes (territorial) e,
posteriormente, quando a Rede Territorial se relaciona com atores externos ao território se
configura a Rede das Redes de Redes e assim sucessivamente.
Em 22 de março de 2011, em Piratini, aconteceu o 1º Encontro das Associações de Produtores do
Alto Camaquã com o objetivo de criar a Rede de Produtores e Empreendedores do Alto
Camaquã ou simplesmente Rede Alto Camaquã (ReAC). A reunião, que foi organizada pela
Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã (ADAC), EMBRAPA
Pecuária Sul, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pinheiro Machado e Prefeitura Municipal
de Piratini com apoio da EMATER, contou com a participação de cento e sessenta e oito (168)
pessoas, representando 12 Associações Comunitárias que naquele momento apoiaram a iniciativa
e firmaram compromisso com a ADAC para promover o aperfeiçoamento dos sistemas de
produção a partir do uso eficiente dos recursos naturais e a organização de estratégias de
diferenciação e comercialização de produtos e serviços do território. Em agosto de 2011
representantes da ReAC reuniram-se com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI
para debater a estratégia de registro e uso da marca Alto Camaquã que estava sendo criada
visando promover a valorização e diferenciação do conjunto dos produtos e serviços do
território. Ainda em agosto de 2011 realizou-se em Piratini a terceira reunião da ReAC com a
presença de 65 pessoas representando nove das doze associações filiadas. Foi acordado que a
ADAC e associações filiadas seriam as responsáveis pela gestão da marca em parceria e por
zelar pela imagem da marca e que a Rede trabalharia para fortalecer a identidade e a imagem do
território do Alto Camaquã enquanto espaço que produz a partir da conservação ambiental. Em
maio de 2012 a Rede esteve reunida para deliberar sobre a estratégia de uso da marca territorial
coletiva e definiu que o universo de produtos identificados como próprios do território seriam
organizados em cinco “linhas”: 1) Carnes (ovina, caprina, bovina, bubalina, peixes e aves) 2)
Turismo (roteiros , eventos, gastronomia, hospedagem); 3) Arte Rural (artesanato em lã, pele,
couro, madeira, osso, fibras vegetais, etc) ; 4) Produtos alimentícios caseiros (doces, pães, bolos,
queijo, licores, etc); 5) Produtos primários (animais, mel, lã, feijão, etc). Dentro de cada linha de
produtos, alguns seriam eleitos para registro inicial e para desencadear o processo de
aprendizado no uso de uma marca coletiva. Na ocasião ficou estabelecido que os primeiros
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produtos comercializados com a marca Alto Camaquã seriam: 1) Carne de cordeiro ovino; 2)
Turismo (roteiros e eventos); 3) Arte Rural (lã e pele); 4) Produtos alimentícios caseiros (bolo de
amendoim, cucas, figada); 5) Produtos primários (terneiro e mel). Em junho de 2012 aconteceu
a V reunião da ReAC. Foi reavaliada a lista de produtos definida na reunião anterior para logo se
iniciar a descrição dos mesmos. Nesta ocasião foram formados o Comitê Técnico da Marca
(vinculado a ADAC) e as Comissões Gestoras da Marca Alto Camaquã por Produto. A
reavaliação dos produtos redundou na inclusão dos doces a base de leite (doce de leite, ambrosia
e rapaduras). Foi possível apenas consolidar uma primeira versão do cordeiro ovino típico e
avançar a caracterização do mel, do artesanato em lã, do bolo de amendoim e da figada. Na
ocasião foi definido que para melhor desenvolver o aprendizado para operar de forma coletiva
todos os esforços seriam concentrados em viabilizar a chegado ao mercado com a carne de
cordeiro ovinos pois seria este um produto tradicional do território que a maioria das famílias
dispunha. Em 2013 como resultado da organização da cadeia da carne ovina no Alto Camaquã incluindo desde aspectos internos das unidades produtivas e fortalecimento da base social da
produção até as estratégias de mercado -, os pecuaristas familiares que compõem a ReAC
buscaram a parceria da indústria de carne e de comercializadores com disposição de não
simplesmente atuar como compradores, processadores e vendedores de carne, mas sim que
tivessem interesse em construir uma “aliança comercial e, mediante a associação de marcas,
alcançar de forma conjunta o mercado consumidor. Dentro do universo empresarial chegaram a
dois potenciais parceiros, a indústria ADIALE VITORIA CARNES de Encruzilhada do Sul e a
empresa especializada no comercio de carne chamada Shopping da Carne localizada em Porto
Alegre. Com o objetivo de consolidar a relação entre os produtores pecuaristas familiares do
Alto Camaquã, a indústria e a empresa comercializadora de carnes foi organizado, no dia 15 de
março de 2013, nas dependências da Embrapa Pecuária Sul, uma reunião de trabalho com a
presença dos representantes dos distintos componentes da cadeia juntamente com pesquisadores
da Embrapa envolvidos com o tema da carne ovina e processos de diferenciação dos produtos
originários do Alto Camaquã. Estiveram presentes ainda representante da Secretaria de
Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul e um técnico da extensão
pertencente ao escritório municipal da EMATER de Encruzilhada do Sul. Participaram da
reunião 21 pessoas. A realização da reunião de trabalho teve como objetivos: 1) reunir as
impressões dos distintos componentes da cadeia da carne ovina no Alto Camaquã com respeito
as principais barreiras enfrentadas, 2) promover o inter-conhecimento entre os setores e; 3)
estabelecer uma primeira negociação para organizar a “aliança mercadológica” que permita aos
pecuaristas familiares do Alto Camaquã chegar ao mercado consumidor mediante o uso da marca
coletiva. Entre de abril de 2013 e abril de 2015 a Rede Alto Camaquã comercializou 2.500
cordeiros com entrega semanal. Os preços praticados estiveram acima do mercado.
A partir de fevereiro de 2014 a ReAC passou a enfrentar problemas com a logística tanto para
transporte dos animais entre as unidades produtivas e a indústria como entre a indústria e o ponto
de vendas. No principio o transporte contou com o apoio das administrações públicas locais. Em
março de 2014 com a mudança na gestão da ADAC iniciou-se negociações junto ao governo do
RS visando obter recursos de financiamento via FEAPER (Fundo Estadual de Apoio aos
Pequenos Estabelecimentos Rurais) para a aquisição de dois caminhões, sendo um de transporte
de animais e outro para carne.
O primeiro caminhão foi entregue no mês de junho de 2014. Neste período os membros da
ReAC estiveram revisando suas estratégias comerciais e fizeram a opção por mudar do comercio
de animais para o comercio de carnes. Com a aquisição dos caminhões a idéia é assumir o
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controle desde a produção até a comercialização final. O abate dos animais seria realizado por
industrias parceiras mediante o pagamento da “taxas de abate” negociadas e os cortes e as vendas
de carne embalada com a marca territorial coletiva seria controlada pelos agricultores. Desde o
principio o foco da ReAC tem sido: a) Valorização e conservação dos recursos naturais locais
enquanto elementos fundamentais da qualidade dos produtos associada a origem; b) Promoção
das relações comerciais entre pequenos e médios produtores, pequenos e médios empresários e
pequenos e médios distribuidores no âmbito do território do Alto Camaquã; c) Organização de
grupos de produtores e empreendedores do Alto Camaquã (redes locais); d) Promoção da
interação entre os diferentes grupos de produtores e empreendedores do Alto Camaquã (rede de
redes); e) Fortalecimento das relações entre os setores da produção, transformação e distribuição
no âmbito do território do Alto Camaquã (rede das redes de redes). No final do 2014 os
produtores do Alto Camaquã receberam o caminhão frigorífico embora até o momento (passados
sete meses) ainda não tenha sido possível coloca-lo a serviço da estratégia de negócios proposta.
Tal situação decorre da dificuldade em obter recursos visto que o impacto das condições
climáticas dos últimos anos tem interferido negativamente na eficiência produtiva dos rebanhos,
proporcionando redução na oferta de animais para o abate. Esta situação proporcionou a forte
parceria entre a ADAC e a ARCO visando a construção de uma estratégia de Assistência Técnica
capaz de superar as limitações técnico-produtivas dos sistemas de produção.
Com objetivo semelhante encontra-se em construção a interatividade das iniciativas da ReAC
com as ações do SEBRAE/SENAR através do programa Juntos Para Competir ovinos.
No que se refere ao turismo, que desde 2008 tem sido apontado como atividade de grande
potencial para alavancar a transformação da realidade econômica e social da região, cabe
destacar inicialmente que o território Alto Camaquã foi reconhecido e aceito, desde 2010, como
membro da Associação Mundial de Montanhas Famosas (WAFM em inglês). A WAFM é uma
associação sem fins lucrativos formada por elaboradores de políticas, funcionários do governo e
representantes de organizações que gerenciam montanhas famosas do mundo. A associação foi
formada na China em 2009 com 12 membros fundadores e tem crescido para incluir agora 25
montanhas da Austrália, Áustria, Brasil, China, Alemanha, Japão, Filipinas, Romênia, África do
Sul, Coreia do Sul, Tanzânia e EUA. Desde 2013 um grupo coordenado pelo coordenador de
Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Bagé vem desenvolvendo trabalho de
diagnóstico das potencialidades e elaborando junto as comunidades rurais do Alto Camaquã um
plano de roteirização. A continuação é apresentado o Plano de Ação da ADAC para o Turismo
no período 2015/2016.
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1.2. Justificativa
A prática do desenvolvimento rural tem se baseado ao longo da história na aplicação dos
mesmos modelos de técnicas e relações com os mercados à todas as regiões, desconsiderando
suas particularidades socioculturais, históricas, econômicas e ecológicas. O resultado não poderia
ser outro. Uma acentuada desigualdade entre as regiões, onde aquelas que não apresentam os
requisitos ambientais e culturais para a intensificação tecnológica da agricultura (mecanização,
emprego de sementes modificadas, uso massivo de insumos químicos e energéticos, etc)
permaneceram a margem da “modernização da agricultura”.
A consequência tem sido a estigmatização de algumas regiões como “pobres e atrasadas” quando
na verdade trata-se apenas da inadequação dos modelos padronizados de desenvolvimento às
condições locais. A região da Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul está entre as regiões que,
por não ter condições de incorporar um modelo de desenvolvimento apoiado exclusivamente na
“intensificação tecnológica, passaram a ser taxadas de “subdesenvolvidas”.
Assumindo que a superação da marginalidade destas regiões - às quais foram dirigidos sem êxito
os mesmos modelos de desenvolvimento -, depende da mobilização do seu potencial endógeno,
em suas dimensões humanas ou culturais e naturais ou ecológicas, uma equipe da Embrapa
Pecuária Sul desencadeou, a partir de 2008, um processo de construção de um modelo
alternativo visando a transformação da realidade social e econômica da região conhecida como
Alto Camaquã.
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Os primeiros movimentos na direção de um novo modelo de desenvolvimento do território Alto
Camaquã ocorreram junto aos conselhos municipais de desenvolvimento. Foi no âmbito dos
CONDER que primeiro se apreciou a possibilidade de se promover uma estratégia de mudança
da realidade tomando como base os recursos já disponíveis. A seguir o tema foi apresentado e
debatido junto as comunidades rurais, envolvendo a extensão rural e as administrações públicas,
geralmente a partir das secretarias municipais de agricultura. A partir do trabalho com as
comunidades foi se desenvolvendo um ampla rede de entidades em prol de uma estratégia que
envolveu (conforme modelo abaixo proposto pela Embrapa) a valorização dos recursos locais e a
sua conservação, a produção local e participativa de conhecimentos, a organização social
(fortalecimento das associações comunitárias e formação da rede territorial), a construção de um
selo distintivo para os produtos e o acesso ao mercado. Cada momento deste processo, que
funciona como um circulo virtuoso, que opera como um sistema integrado de processos, de
maneira que a ação em cada parte funciona como “indutor” do movimento nas demais partes do
sistema.
Figura 4 – Modelo de desenvolvimento territorial endógeno do Alto Camaquã
Desenvolvimento
endógeno do Alto
Camaquã
Sinal
distintivo
(selo)
Organizaçã
o social
(rede)
Mercado
Construção
conhecimen
tos
Conservação
Valorização
local
Politicas
Públicas
Conforme pode-se observar na figura o processo envolveu um conjunto de ações que
funcionaram como partes de uma engrenagem maior configurando um sistema. Cabe destacar
que o modelo não exige que sejam seguidos passos sequenciais, já que alguns passos podem,
inclusive, ocorrer ao mesmo tempo. No entanto, deve-se destacar a necessidade de se passar por
todos os momentos com a finalidade de promover uma efetiva mobilização do potencial
endógeno local como instrumento de transformação da realidade, de forma a completar um ciclo
virtuoso.
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No momento de valorização do local, onde se buscou promover um novo olhar dos atores locais
sobre seus recursos, portanto, um re-conhecer (no sentido de “conhecer de novo”), houve a
participação de diferentes grupos de pesquisa que, mesmo de forma isolada, deram suas
contribuições gerando conhecimentos que favoreciam aos atores locais estabelecer um novo
olhar sobre a qualidade de seus recursos e sobre as potencialidades locais. Na organização social
foi crucial a participação dos agentes públicos, seja municipais ou estaduais. As prefeituras e,
principalmente a Emater e a SDR/RS, cumpriram grande papel ao facilitar o encontro e a troca
de experiências entre os atores do território. No momento de elaboração da marca foi
determinante a integração entre todos os produtores da Rede e a Embrapa.
No momento de chegar ao mercado os produtores estabeleceram relações com o setor da
indústria, tendo encontrado na empresa ADIALE VITORIA de Encruzilhada do Sul seu grande
parceiro, e não só na prestação de serviço de abates, mas inclusive na conquista de mercados.
Nesta fase vários foram os parceiros, com destaque para o Shopping da Carne de Porto Alegre
que foi o primeiro parceiro a fazer a distribuição do produto. Em seguida a casa de Carnes
Minuano e mais recentemente a Casa de Carnes Santa Edwiges. Passados sete anos a Rede Alto
Camaquã completou a primeira volta do ciclo virtuoso, tendo, portanto, retornado ao ponto
inicial, ainda que em um nível muito acima do inicial. Neste momento o fator determinante é a
qualificação da produção de forma a aumentar a oferta de matéria-prima. Para tanto faz-se
imprescindível a qualificação da assistência técnica, algo que está em vias de ser viabilizada
através de uma parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos – ARCO que se
habilitou junto aos Ministérios da Agricultura e Desenvolvimento Agrário para prestar tal
serviço e ainda induziu junto a este último um edital específico para ATER em ovinos no Alto
Camaquã.
Ainda que em linhas gerais, entendemos que o esforço de organização, desde a base produtiva
até o mercado, por parte de pecuaristas familiares organizados em Rede e donos de uma Marca
Coletiva que visa diferenciar produtos a partir de qualidades associadas com sua origem,
justificam o reconhecimento do estado como um verdadeiro Arranjo Produtivo Local, que
envolve entidades e empresas em todos os setores da cadeia. Mesmo porque, como pode-se
observar no modelo da Figura 4, as políticas públicas, de forma geral, tem se movido no sentido
contrário de iniciativas de caráter endógeno, visto que promove muitas vezes atividades que
desestruturam o “potencial endógeno” das regiões.
Ao apoiar a iniciativa do Alto Camaquã o estado estará, ao promover uma estratégia territorial e
endógena de desenvolvimento, ao mesmo tempo, gerando acúmulos sobre novas possibilidades
para induzir desenvolvimento em regiões “economicamente deprimidas” e demonstrando uma
visão inovadora sobre o que é e como pode ser conduzido o desenvolvimento regional.
A construção deste documento é prova cabal da estrutura do APL. A organização contou com a
participação direta de todas as Associações que se responsabilizaram pode mobilizar a base
produtiva no sentido de firmar compromisso, das prefeituras de vários municípios com destaque
para Bagé que alocou recursos humanos, da APATUR, da ARCO, do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Pinheiro Machado, da FETAG e da Embrapa.
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2. Contextualização e Caracterização do Arranjo
2.1. Caracterização econômica e institucional
2.1.1. Principais características da formação do APL
A atual organização do Alto Camaquã é consequência de uma perspectiva de desenvolvimento
territorial endógeno aplicado a uma parte da Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul que
corresponde a região "mais pobre" do estado, designação derivada da falta de êxito na
implantação dos modelos de desenvolvimento propostos historicamente.
Neste contexto o desenvolvimento endógeno foi tomado como aquele que parte das
características socioculturais e dos recursos naturais locais (potencial endógeno) para promover
uma nova coerência entre os elementos tradicionais e os externos, tratando de harmonizar as
condições ecológicas, socioculturais e econômicas locais com os fluxos de demandas externas,
sob controle do local (BORBA, 2002). Ou seja, um desenvolvimento construído principalmente,
ainda que não exclusivamente, sobre os recursos localmente disponíveis, tais como as
potencialidades da ecologia local, da força de trabalho, conhecimentos e modelos locais para
articular produção e consumo. (LONG & VAN der PLOEG, 1994).
Ao sustentar que é possível construir, a partir do local, estratégias de mudança de realidade onde
a determinação das opções e o controle são locais, se restabeleceu o papel do lugar como
referencia. Assim o “local” e suas peculiaridades que aparecem de forma corrente relacionados
com indicadores de estancamento e de atraso, verdadeiros resquícios anacrônicos do passado,
foram reafirmados como a "medida" para o desenvolvimento local.
Antecedentes
A referida estratégia se estabeleceu em três fases. Teve início com a tese do "potencial da
marginalidade para outro desenvolvimento" (BORBA, 2002). Usando o conceito de "modos de
apropriação da natureza" de Victor Manuel Toledo, este estudo demonstrou que a região Serra do
Sudeste do Rio Grande do Sul - marginalizada pelos modelos de desenvolvimento tecnocêntricos
-, apresentava condições para estabelecer, a menores custos3 de transição, um modelo de
desenvolvimento efetivamente sustentável. Contando que para isso se assumisse uma visão mais
ecocêntrica (e menos tecnocêntrica).
Em síntese se demonstrou que: 1) resgatando uma dimensão histórica da agricultura local; 2)
promovendo formatos tecnológicos ajustados às condições ecosociológicas locais; 3) resgatando
a diversidade genética e produtiva; 5) valorizando as condições locais da paisagem e o
conhecimento; 6) integrando políticas públicas; 7) fomentando a participação através da ação
social coletiva; 8) fortalecendo os circuitos curtos de comercialização; 9) controlando o processo
de comercialização de produtos de elevada qualidade; 10) assentados em conceitos como
localização e construção social da qualidade, aquelas regiões marginalizadas poderiam desenhar
um estilo próprio de desenvolvimento sustentável que incorpore o ambiente, a cultura em suas
dimensões ecológicas, sociais e econômicas.
Enfim, que o “marginal” ou muito de seus aspectos que se encontram em estado estacionário,
poderia e deveria ser usado para “outro” estilo de desenvolvimento. Desta forma, o “estado de
3 Especialmente sociais, culturais, ambientais, mas também os de ordem econômico-financeiros.
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atraso” (devido a baixa incorporação tecnológica e relações apenas parciais com mercado) seria
transformado em diferencial competitivo, sem opor-se a tecnologia nem tampouco negar o
mercado, mas exigindo formatos tecnológicos adequados às condições locais e a construção
social dos mercados.
Em uma segunda fase, visando testar a ideia de que a pecuária familiar da Serra do Sudeste do
Rio Grande do Sul operava a partir de uma relação mais intensa com a natureza que com a
economia e que, portanto, tinha baixo impacto ambiental a ponto de usar tal característica como
estratégia de valorização e diferenciação de produtos e serviços locais, tratou-se de avaliar as
condições de produção do segmento pecuária familiar visando identificar a possibilidade de se
promover a sua “ecologização”. Ou seja, a adoção de formatos tecnológicos que
potencializassem as supostas condições de baixo impacto ambiental e reduzida dependência de
insumos químicos e energéticos desta atividade (BORBA et al, 2009).
Conclui-se que seria viável a ecologização desta atividade produtiva, inclusive como
estratégia de desenvolvimento territorial, desde que fossem desenvolvidos novos conhecimentos
sobre o funcionamento dos ecossistemas locais e sobre as diferentes estratégias de manejo
empregadas com vistas a sustentar o processo de transição, bem como a construção e
implantação de novas concepções econômicas que dessem conta de contemplar as
externalidades, tanto positivas quanto negativas, geradas por diferentes modelos de produção.
Dadas as representações que os atores locais demonstraram sobre o valor que atribuíam aos recursos
locais, identificou- se como condição necessária que primeiramente as pessoas deveriam
ampliar sua consciência sobre o valor de seus recursos, de suas estratégias, seus lugares de
vida, suas paisagens, para em seguida assumir o controle sobre as estratégias de
desenvolvimento. Tudo isso em dependência da compreensão e da apropriação do processo por
parte dos atores locais, pois, somente assim poder-se-ia fortalecer a capacidade de autogestão dos atores envolvidos.
Assim partiu-se para a fase da Ecologização da pecuária familiar como estratégia de
desenvolvimento territorial. Seguindo a concepção de Borba (2002), segundo a qual o modo
de apropriação da natureza praticado nas condições do território do Alto Camaquã deveria ser
tomado como o elemento de ligação entre uma nova concepção do desenvolvimento regional e
os requerimentos tecnológicos e de organização social para sua efetivação, e tendo como
referencia as evidências mencionadas na fase anterior, segundo as quais os sistemas produtivos
da pecuária familiar desta região têm entre as característica marcante o fato de dependerem mais
das relações com a natureza que da mobilização de recursos da economia, tratou-se de se
construir uma proposta para ampliar esta abordagem e considerá-la como base para uma
estratégia de desenvolvimento territorial.
Assim, a partir de 2007 os esforços foram dirigidos a construção de uma estratégia de
desenvolvimento regional que toma como ponto de partida a realidade local, fortalecendo a
ação social coletiva, promovendo a diferenciação do “processo produtivo” através da
valorização de suas características endógenas (recursos naturais, qualidade ambiental,
diversidade biológica, experiências, organização social), apoiado em formatos tecnológicos
apropriados à realidade, orientados pelo emprego eficiente dos fluxos naturais de energia
(fotossíntese, reciclagem de nutrientes, etc.) e por mecanismos de acesso ao mercado suportados
pela noção de circuitos curtos.
A iniciativa adotou um conjunto de princípios e estratégias que sustentaram a construção
coletiva da mudança. São eles:
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Princípios
Estratégias
Valorização do local (recursos,
conhecimentos, paisagens, história,
cultura)
Perspectiva territorial do desenvolvimento
Atores locais como sujeitos da
transformação (diálogo de saberes)
Pesquisa-ação participativa
Transição Agroecológica
Equipes Interdisciplinares
Soberania e autonomia (famílias e
sistemas)
Projetos multi-institucionais
Mercado como construção social
Desenvolvimento endógeno
Visão eco-sociológica da realidade
Organização em Rede
Valorização da multifuncionalidade da
Agricultura Familiar
Animação da ação coletiva
Champredonde & Borba (2015)
A partir dos princípios e estratégias apresentadas, a experiência do Alto Camaquã teve inicio, em
2008, com o trabalho de mobilização das comunidades – já organizadas em Associações - em
torno das Unidades Experimentais Participativas (UEPAs) que se tratavam de unidades
produtivas escolhidas pelos atores locais para a realização de trabalhos de pesquisa visando a
promoção de um novo olhar sobre a qualidade dos recursos. Esta fase, que foi chamada de reconhecimento, proporcionou uma nova visão por parte dos pecuaristas familiares sobre a
qualidade dos seus recursos, acompanhada de conhecimentos sobre o potencial dos campos. A
partir deste conjunto de visão e conhecimentos foi possível promover mudanças no manejo dos
recursos naturais e obter resultados produtivos. Como consequência do processo de reconhecimento se promoveu o fortalecimento das Associações envolvidas que aos poucos foram
interagindo e dando origem, em 2009, a Associação para o Desenvolvimento Sustentável do
Alto Camaquã – ADAC, que tem caráter regional. A ADAC que nasceu com o objetivo de
promover o desenvolvimento territorial proporcionou as condições para a consolidação da
organização de uma Rede de Associações que passaram a compartilhar objetivos comuns a partir
de 2011. No âmbito da Rede do Alto Camaquã (ReAC) se desenvolveu a noção de que o lugar
de vida das pessoas envolvidas não era simplesmente ruim ou pobre, mas sim diferente. Uma
diferença que poderia se refletir no conjunto de produtos gerados neste espaço. É neste contexto
que surge a pergunta: - como podemos garantir que os produtos e serviços desta região sejam
reconhecidos como distinto fora do território? Pois dessa discussão surge a Marca Coletiva Alto
Camaquã que desde o principio assume uma natureza territorial, ou seja, é uma marca que tem
muitos donos (coletiva) mas que não está associada a nenhum produto em específico, mas sim ao
espaço de forma que o conjunto dos produtos e serviços originados no território possam chegar
ao mercado usando a marca. A partir da marca foram identificados um conjunto de produtos e
serviços (que foram classificados em cinco linhas: carnes, produtos transformados, produtos
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primários, turismo e artesanato). Dentre esses, a carne de cordeiro foi o primeiro produto
determinado para chegar ao mercado com a marca coletiva territorial.
A estratégia comercial da Rede Alto Camaquã esteve assentada desde o princípio em duas (02)
medidas:

Associação de marcas

Alianças mercadológicas
Dessa forma os pecuaristas familiares buscaram evitar uma relação apenas comercial com os
setores a jusante da cadeia e estabelecer uma relação de confiança de forma que todos pudessem
chegar juntos ao mercado, com vistas a promoção e valorização das relações em um acordo do
tipo ganha-ganha onde todos pudessem disfrutar de uma imagem positiva proporcionada pela
associação de suas marcas voltadas a apresentação de produtos com qualidade superior.
A partir de abril de 2013 os produtores da Rede Alto Camaquã chegaram ao mercado com marca
própria. No ano de 2014 passaram a enfrentar problemas de logística e buscaram a superação
deste gargalo através da aquisição de caminhões próprios. Para tanto contaram com o apoio do
governo do estado do Rio Grande do Sul através do FEAPER.
Situação atual
Neste momento a ReAC – atualmente está composta por 22 Associações pertencentes aos oito
(08) municípios, envolvendo mais de 400 famílias – acaba de completar o primeiro ciclo
correspondente aos passos ou momentos definidos na estratégia metodológica. Ou seja,
passados seis (07) anos de trabalho a Rede que partiu da valorização dos recursos locais, passou
pela construção do conhecimento, fortalecimentos da organização em Rede, construção da Marca
Coletiva e chegou ao mercado.
Do ponto de vista da estratégia comercial a ReAC completou vinte e quatro (24) meses de
vendas de carne de cordeiro e passa a trabalhar na organização de novos produtos para a chegada
ao mercado. Entre os novos produtos aparece a lã, o mel e, especialmente, o turismo. No que se
refere a carne de cordeiro a ReAC está na dependência do frigorífico parceiro para poder avançar
para novos modelos de negócio, incluindo a venda direta ao consumidor na forma de cortes
especiais em embaladas em porções menores e rotuladas. Na sequencia a ReAC deve iniciar o
segundo ciclo em torno a sua estratégia de trabalho, ou seja, faz-se necessário voltar ao processo
de valorização dos recursos locais e fortalecimento das Associações para assim consolidar a
Rede, posicionar e valorizar a marca e garantir espaços no mercado.
2.1.2. Aspectos estruturais da cadeia de carne ovina no Alto Camaquã
Com a finalidade de demonstrar a importância econômica do APL ovinos para o território Alto
Camaquã propomos um exercício teórico sobre as possibilidades de renda com alguns
indicadores médios de produção. Considerando o rebanho médio de 80 animais por criador,
podemos estimar que cada um possua 50 fêmeas em reprodução. Supondo 85% de taxa de
natalidade, 75% de desmame teríamos 480 kg de carne de cordeiro e 250 de carne de ovelhas
por unidade produtiva. A receita bruta anual obtenível pelos produtores da região seria da ordem
de setenta e dois milhões e quinhentos mil reais com a carne produzida. Se agregássemos a isso o
valor da lã comercializada poderíamos chegar aos cem milhões de reais. Esse valor, embora se
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trate apenas de um referencial teórico, poderia facilmente ser ampliado na medida em que os
indicadores de produção forem aprimorados e que as condições de agregação de valor e
organização da cadeia produtiva sejam ampliadas. Dada a diferença entre a situação atual - onde
os produtores apenas começam a vislumbrar os benefícios da organização das cadeias ovinas
(carne e lã) -, e a situação potencial - onde não só teríamos incrementos significativos de efetivo
populacional e eficiência produtiva, com maiores ofertas de matérias primas e o envolvimento de
maior número de criadores – julgamos possível triplicar a geração de renda destas cadeias. A
associação entre a produção e o turismo pode ampliar ainda mais os benefícios, visto que a carne
ovina deve ser tratada como um produto gourmet que através de eventos e a integração com o
setor de gastronomia e hospedagem podem atrair parte importante dos turistas para esta região.
Considerando um modelo teórico da cadeia de carne, que além dos distintos segmentos, salienta
a importância da participação dos ambientes organizacional e institucional, a cadeia da carne
ovina no Alto Camaquã está organizada atualmente da seguinte forma:
Para o caso da análise das cadeias produtivas ovinas assumimos que o foco principal é o setor
produtivo, pois é ali onde tem efetivamente início o desenvolvimento da atividade. No entanto,
sem que isso signifique negligenciar a interação entre os componentes da cadeia visando o
mercado consumidor.
O ramos de insumos agro-veterinários não é ponto de estrangulamento para a operação de um
APL de ovinos, dado que existem comércios especializados em todos os municípios.
No segmento da agroindústria existem 4 frigoríficos de pequeno porte com capacidade de abate
variável, sendo que um está inativo no momento. Essa capacidade instalada para abate pode
proporcionar adequado beneficiamento e comercialização da carne ovina, seja “in natura” para o
mercado regional, seja através do preparo de cortes especiais que podem agregar valor ao
produto e viabilizar sua colocação em algum mercado consumidor mais exigente.
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Já no tocante a distribuição o território conta com comércios especializados e redes de
supermercados em todos os municípios.
2.1.3. Delimitação territorial do arranjo
O território Alto Camaquã está constituído por parcelas dos municípios localizados na primeira metade da
bacia do rio de mesmo nome, a saber, Bagé (50.4%), Caçapava do Sul (28.8%), Canguçu (72,2%),
Encruzilhada do Sul (59.7), Lavras do Sul (50.5%), Piratini (56.5%), Pinheiro Machado (42.7%) e
Santana da Boa Vista (76.8%), abrangendo uma área superior aos 13.000 km2.
Do ponto de vista ambiental a região apresenta clima temperado e predomínio de ecossistemas
constituídos por um mosaico de campos e matas naturais (BEHLING et al., 2009), que representam mais
de 80% da cobertura vegetal (32% de matas nativas e 50% de campos naturais) 4, embora venha sofrendo
com a expansão de atividades econômicas de alto impacto sobre a paisagem, como é caso da lavoura de
árvores e a soja que têm se expandido com apoios governamentais. A alta diversidade de espécies tanto
vegetais (3000 a 4000 espécies campestres) quanto animais, muitas delas endêmicas, faz com que a região
seja produtora de uma importante conjunto de serviços ambientais de interesse para a sociedade.
Com relação a topografia o território Alto Camaquã se caracteriza pelo declive do terreno e solos rasos
com afloramentos de rochas e a presença intensa de matas nas ladeiras, vertentes e margens dos cursos de
água.
4
Dados da Embrapa Pecuária Sul a partir de imagens de 2013.
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No tocante a dimensão agraria, segundo o censo agropecuário (IBGE, 2006), entre 79 e 87% das unidades
produtivas são conduzidas por seus proprietários que são em sua maioria agricultores familiares. Verificase o predomínio de pequenas áreas por unidade produtiva em todos os municípios do território Alto
Camaquã, onde mais de 50% possuem até 50 ha e nunca menos que 70% até os 200 ha. A esta analise
deve-se agregar o fato de que em função das características de solo e vegetação a maioria das unidades de
produção possuem menos de 70% de área útil. Considerando que a maioria dos estabelecimentos rurais
são pecuários pode-se afirmar que neste caso trata-se de pecuaristas familiares que são um tipo de
agricultor familiar em sua lógica mas que fundamentalmente vivem da produção de ovinos e bovinos
sobre campos naturais.
Em função de suas características ecológicas, agrarias, culturais e econômicas históricas o Alto Camaquã
não teve êxito na incorporação dos modelos técnico-produtivos e de inserção nos mercados propostos
pela “modernização da agricultura”, permanecendo à margem deste modelo. Desde uma perspectiva
analítica convencional, que aponta o crescimento econômico e os níveis de incorporação tecnológica
como indicadores do desenvolvimento, vamos encontrar uma região de baixa dinamicidade econômica,
tecnologicamente atrasada, socialmente pobre e culturalmente conservadora.
No entanto, quando contemplada desde uma perspectiva Agroecológica, sistêmica, encontramos uma
região de rara beleza natural, rica em historia, com elevado grau de conservação ambiental, com formas
de produção apoiadas em modos de uso dos recursos naturais do tipo “camponês”, conforme modelo
proposto por Toledo et al., 1998. Ou seja a produção da pecuária familiar do Alto Camaquã mantém
maior dependência dos recursos naturais renováveis que daqueles mobilizados a partir da economia via
mercado, é de baixo impacto ambiental e potencialmente geradora de produtos com qualidades
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especificas associadas essencialmente à sua origem. Enfim, processos e produtos dotados de identidades
historicamente construídas pela interação entre as pessoas e seu lugar de vida.
Tal percepção conforma a base para o modelo de desenvolvimento territorial endógeno adotado pela Rede
Alto Camaquã que se apoia na valorização dos recursos locais como estratégia de diferenciação de
produtos e serviços em função se sua origem associada ao território. Trata-se portanto de um modelo de
desenvolvimento com identidade que se apoia no uso conservacionista dos recursos, na valorização da
historia e da cultura locais, no reconhecimento da experiência dos atores locais, na construção coletiva de
conhecimentos, na inovação como sistema social, na valorização e diferenciação dos produtos e na
construção social dos mercados. Em função disso os pecuaristas familiares do Alto Camaquã tem se
organizado nos últimos seis anos, com o apoio institucional da Embrapa e da ARCO, no sentido de
promover um modelo de desenvolvimento “desde dentro”, valorizando aspectos próprios do território.
Nesse contexto a criação de ovinos tem grande relevância, dado que a atividade pecuária corresponde ao
principal componente da economia regional e a criação de ovinos encontra-se presente na maioria das
unidades de produção, atingindo mais de 9 mil criadores os quais detém cerca de 768 mil animais
(aproximadamente 20% do rebanho do Rio Grande do Sul que é de pouco mais de 4 milhões de ovinos).
Os rebanhos ovinos deste território apresentam, em média, algo próximo a 80 animais.
2.1.4. Segmentos econômicos que formam a cadeia produtiva;
Classe
0153-9
1011-2
9499-5
Segmentos Principais
Criação de ovinos (ReAC)
Frigorifico de ovinos (ADIALE, Abatedouros municipais, Embrapa,
Producarnes, Fita Azul...
5611-2
Atividade associativa (ADAC)
Comercio varejista de carnes (Minuano, Santa Edwiges, Supermercado
Piratini, Rede Peruzzo em negociação)
Restaurantes e similares
5510-8
Hotéis e similares
4722-9
Classe
Segmentos Complementares
9420-1
Organização sindical (FETAG e STRs)
7020-4
Consultoria em gestão empresarial (SEBRAE)
8599-6
Treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial (SENAR)
8541-4
Educação profissional de nível técnico (IFFSUL, Escolas técnicas)
Pesquisa e desenvolvimento experimental ciências naturais (Embrapa,
UFRGS, UNIPAMPA, UFSM, UFPEL)
Pesquisa e Desenvolvimento em Ciências sociais e humanas (Embrapa,
UFRGS)
7210-0
7220-7
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9700-5
4930-2
6424-7
Serviços domésticos
Transporte de cargas intermunicipal (potencial apenas, ADAC possui
caminhões próprios
Bancos cooperativos (SICREDI)
2.1.5. Principais processos para agregação de valor no APL frente à
cadeia de valor
A estratégia de agregação de valor na cadeia da carne ovina do Alto Camaquã está baseada no
seguinte conjunto de medidas: valorização do local, diferenciação do processo e valorização do
produto, nova apresentação de produtos (cortes especiais), novos produtos (parceira com a
Embrapa no desenvolvimento de produtos que não existem no mercado), integração produção
ovina e gastronomia via turismo e marketing territorial.
Inicialmente trata-se de transformar recursos em valores territoriais. Segundo
CHAMPREDONDE & BORBA 2015, o conceito de recursos territoriais refere-se ao conjunto
de elementos presentes em um território que pode ser mobilizado em prol de alcançar um
objetivo, ou seja é o potencial endógeno de um território. A transformação de um potencial em
valor requer o que Bustos Cara & colaboradores (2004)1 denominam como “...a ativação de
recursos (especificidade de base territorial suscetível de ser valorizada) em valores
territoriais”. Assim um valor territorial seria “a qualificação positiva atribuível a um produto,
um serviço ou a um âmbito de vida, assumido coletivamente pelos habitantes locais e
reconhecido em um âmbito mais geral”. A estratégia do Alto Camaquã se deve a constatação de
que nas últimas décadas tem havido o crescimento tanto da presença no mercado de produtos que
mobilizam imagens de seu terroir, quanto na demanda pelo terroir mesmo mediante a promoção
do turismo (Champredonde & Borba, 2015).
O processo envolve a mobilização dos agentes locais para que os recursos sejam assumidos
coletivamente, ou seja, trabalha-se para o recurso se converta em uma referencia identitaria do
território, pois, para que possa haver a valorização externa (consumidores) primeiro se faz
necessário que os atores locais atribuam valor ao recurso, o recursos precisa se transformar em
patrimônio territorial, estabelecendo-se assim uma relação de mutua dependência entre pessoas,
produto e território.
Desta forma a auto-valoração ou valoração local e a valorização externa são os principais
componentes para que a ação coletiva local se oriente a transformar um recurso local em “valor”.
A valorização está atrelada a estratégia de diferenciação via marca coletiva, que juntas
constituem a base para conquistar espaços mais qualificados de mercado, entre os quais a relação
direta com a gastronomia, via turismo, constitui-se na principal meta do Alto Camaquã. As duas
citações mencionadas a seguir expressam bem a base da estratégia de agregação de valor frente
integração produção diferenciada-gastronomia.
“As possibilidades que oferece a gastronomia como fonte de desenvolvimento rural, nos
obriga a situar-nos na transformação de umas pautas alimentares determinadas em
recurso social, e portanto, suscetível de ser transformado em valor mediante sua
conversão em Patrimônio Cultural” (Duran Salado, 2006).
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“A relação do homem com o alimento precisa ser revista. Precisamos aproximar o saber
do comer, o comer do cozinhar, o cozinhar do produzir, o produzir da natureza; agir em
toda a cadeia de valor, com o propósito de fortalecer os territórios a partir de sua
biodiversidade, agrodiversidade e sociodiversidade, para garantir alimento bom para
todos e para o ambiente.” (chef Alex Atala).
Complementarmente a estratégia conta com a mudança do modelo de negócio que deverá evoluir
do estado atual de venda de carcaças inteiras para o venda de carne porcionada em cortes
especiais com maior valor agregado. Tal avanço ainda não foi processado em função da
necessidade de adequação da planta frigorífica onde se realiza os abates.
Outros elementos da estratégia são a produção de produtos gourmet e as ações de marketing
territorial. A elaboração de produtos finos está na dependência de tecnologia de produtos gerada
pela Embrapa. Até o momento os produtores do Alto Camaquã tem fornecido a matéria prima
para o desenvolvimento tecnológico e, dentro de uma associação com outras marcas de carne
ovina, deve habilitar-se a receber o “segredo industrial”. O marketing do Alto Camaquã tem a
particularidade de ser orientado ao território e não aos produtos. Para tanto tem se utilizado de
inserções na mídia através de produções realizadas pela Embrapa (matéria de circulação nacional
via o programa Dia de Campo na TV), pela TVE (serie de quatro reportagens citadas no
documento “Evidencias do APL”)) e mais recentemente na RBS TV por ocasião do recebimento
pela ADAC do Troféu Campeador. Somente através da Embrapa, no ano de 2014, o Alto
Camaquã teve 83 inserções nas mídias (radio, TV, jornal). Além disso o Alto Camaquã conta
com sua página na internet (http://www.altocamaqua.com.br) e perfil no facebook
(https://www.facebook.com/territorioaltocamaqua).
2.1.5. Empreendimentos e empregos (do APL):
2.1.5.1. Empreendimentos existentes e pessoal ocupado
A principal categoria social envolvida no APL Alto Camaquã é a pecuária familiar. A região,
segundo dados da SEAP referentes ao ano de 2014, conta com mais de 9.000 criadores de
ovinos, sendo que mais de aproximadamente 90% são pecuaristas familiares. Atualmente a Rede
Alto Camaquã reúne cerca de 450 pecuaristas familiares (5%), organizados em 22 Associações
de oito municípios. Neste sentido, no APL do Alto Camaquã, a manutenção de pecuaristas
familiares na atividade produtiva e a contribuição à sucessão familiar, constituem a principal
contribuição à ocupação de pessoas no contexto do território. Considerando que para integrar-se
à ReAC os produtores devem estar organizados em Associações (formais ou não), algo que
continua em articulação no âmbito do território, estima-se que existe, com a evolução do
Arranjo, potencial para envolvimento da totalidade desta categoria de produtores.
No setor industrial da cadeia da carne ovina, podemos mencionar como já integradas ao APL, a
pequena industria de carnes com sistema estadual de inspeção – CISPOA (Encruzilhada do Sul)
e os abatedouros municipais de Caçapava do Sul e de Pinheiro Machado, fiscalizados pelo
Sistema de Inspeção Municipal (SIM). Potencialmente, dado que ainda não foram contatados
devido a escala atual de produção, existem neste território mais três industrias de carne (Bagé,
Canguçu, Caçapava do Sul) com inspeção estadual (com possibilidade de SISBI algo que
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demanda ação das administrações municipais), que podem integrar-se ao APL na medida que
for possível manter uma oferta regular de matéria-prima. O setor de transporte intermunicipal é
um setor que pode se beneficiar com a consolidação do APL. Atualmente, em função da escala
reduzida, a ADAC tem absoluto controle sobre a logística do transporte pois possui caminhões
próprios.
Na atualidade encontra-se em negociação uma PPP envolvendo instituições de pesquisa
(Embrapa, IFSUL, UNIPAMPA), organizações de produtores (ADAC), empresas comerciais
(inclusive de outras regiões) e de assessoria à gestão (SEBRAE), visando a incubação de cinco
marcas de carne de cordeiro pela Embrapa e parceiros. A PPP envolveria a criação de uma
sociedade, o controle de uma estrutura industrial pelos produtores, serviço de inspeção
equivalente ao SIF (SISBI), a qualificação da gestão e a transferência de inovações. Caso se
concretize, esta iniciativa poderá se constituir em embrião de organização da cadeia de carne
ovina no estado do Rio Grande do Sul e uma referencia em negócios no ramo da carne. Isso
envolve pesquisadores, professores, alunos, assessores, administradores, gestores, técnicos,
empresas e produtores.
No ramo do comércio de carnes a ReAC conta com a parceria da Casa de Carnes Santa Edwiges
de Bagé e Casa de Carnes Minuano de Encruzilhada. A intenção é contar, em breve, com pontos
de distribuição em todos os municípios do território, bem como estabelecer, em parceria com
outras marcas de carne ovina, uma loja especializada em Porto Alegre. Atualmente há
negociação com um supermercado de Piratini. A Rede Alto Camaquã (ReAC) já experimentou a
participação em mercados de carne em Porto Alegre e região de Lajeado.
No caso da lã existe a indústria Paramount Lansul em Bagé. A cadeia da lã carece de melhor
organização mas tem potencial para gerar empregos, desde a profissionalização de atividades
como a tosquia até a maior oferta para o setor industrial o que poderia gerar novas empresas.
Atualmente a Rede Alto Camaquã, através da ADAC, tem convenio de cooperação firmado com
a ARCO visando a qualificação da tosquia, incluindo a capacitação de recursos humanos para a
realização de tosquia pelo método Tally Hi. Outra possibilidade que está sendo contemplada é a
possibilidade abandonar a comercialização de lã “suja” para comercializar lã penteada ou tops.
Para tanto está buscando parceiros, tendo já iniciado conversações com a PARAMOUNT
LANSUL e a Cooperativa COOFITEC de Santana do Livramento que presta serviço na área de
processamento de lã. Ainda dentro da cadeia da lã, outra atividade de grande potencial de
geração de renda e ocupação é o artesanato que estima-se, dado que não existem dados oficiais,
ocupa milhares de pessoas. Tal atividade deverá, juntamente, com o turismo receber maior
atenção por parte do APL.
No que se refere ao Turismo, em termos de empreendimentos existentes e pessoal ocupado,
pode-se dizer que grande parte dos empreendimentos do território do Alto Camaquã é de
pequenas propriedades rurais dedicadas ao turismo rural, de caráter familiar e Associações. São
estes:
Bagé: Hostel Butique Pampa (3 funcionários); Paradouro das Palmas (só a proprietária);
Favorino Collares (3 funcionários); Estância Santa Anália (4 funcionários); Flores das Palmas
Artesanato e Gastronomia (15 artesãs), Toca do Sapateiro (1 funcionário); Associação de
Pequenos Produtores das Palmas (90 famílias), Associação dos Quilombolas das Palmas (15
famílias), Coobarte – Cooperativa Bageense de Artesanato em Lã (60 artesãos).
Caçapava do Sul: Minas Hotel (3 funcionários), Minas Outdoor e Associação de Moradores das
Guaritas.
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Lavras do Sul: 5 Marias (2 funcionários), Santo Antonio do Estreito (2 funcionários) e São
Marcos Turismo Rural (5 funcionários).
Pinheiro Machado: Associação de Torrinhas, Associação do Alto Bonito e Gaia Turismo.
Piratini: Associação do Barrocão (38 associados).
Santana da Boa Vista: Associação da Toca da Tigra.
2.1.5.2. Empreendimentos e pessoal ocupado em comparação com a economia
local/regional (%)
No total, os oito municípios somam cerca de 300.00 habitantes. Em termos percentuais os
empreendimentos do território do Alto Camaquã representam 1% desta população, 5% dos
criadores de ovinos e 30% das industrias de pequeno e médio porte. Com relação ao turismo não
ha disponibilidade para afirmar quanto representa percentualmente os 20 empreendimentos já
organizados no Alto Camaquã.
2.1.5.3. Conexão com outros setores e empregos diretos.
A ideia de arranjo do Alto Camaquã busca desde o pricipio promover a integração entre os
diferentes setores da economia regional, pois tem na essencia a perspectiva territorial que, entre
outras coisas, busca justamente superar a visão setorial da economia, que trata cada segmento de
forma isolada. Neste sentido a propria apresentação deste documento é reveladora na medida que
contempla a produção ovina e o turismo como atividades integradas. Desta forma busca-se
promover o aumento na geração de empregos visto que deverá prosperar a ideia de incluir as
comunidades no roteiro turistico.
Atualmente não disporíamos de dados reais sobre o numero de postos de trabalho já criados por esta
interação. Pode-se dizer apenas que a pecuária gera os principais empregos (na verdade auto-empregos),
como potencial para envolvimento de cerca de 20.000 pessoas no território. O turismo rural gera hoje
cerca de 200 postos de trabalho e a indústria deve ocupar outros 300. Na medida que avançar a conexão
entre produção ovina e turismo com o envolvimento de outros setores como hotelaria e restaurantes
estima-se a capacidade do APL para gerar novas oportunidades.
2.1.6. Produção:
2.1.6.1. Quantidade produzida e tendência da produção;
A organização territorial em torno da ovinocultura e do turismo representa uma profunda
transformação para a economia local. Trata-se do primeiro esforço intencional e deliberado de
um conjunto de entidades públicas e privadas em prol destas atividades. Portanto, no caso da
organização da carne ovina, com 24 meses de operacionalização foram comercializados 2.500
cordeiros. Ainda que pareça tratar-se de uma cifra insignificante (no ano de 2014 foram abatidos
oficialmente 169.000 cordeiros) no contexto do estado, devemos chamar a atenção para o fato
de, no caso especifico do território, este volume significa um crescimento exponencial visto que
a categoria pecuária familiar até então não participava do mercado formal. O mais importante
aspecto é a “vivencia” que os produtores estão tendo na relação com o mercado a partir de uma
ação coletiva, baseada na marca territorial. O fato de terem obtido, nos dois anos de experiência,
remuneração acima do mercado convencional, revela a tendência de aumento no interesse em
tratar os ovinos como “ produto de alto valor econômico”, algo que nos últimos 30 anos não
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acontecia. Identifica-se um conjunto de elementos que apontam ao crescimento da quantidade
produzida.
Os empreendimentos turísticos do Alto Camaquã recebem cerca de 1.200 turistas ao ano.
Se considerarmos a demanda e o potencial produtivo e de produtos turísticos, podemos afirmar
que em todos os setores a tendência é de forte crescimento, mesmo em situação de crise, em
função do elevado grau de diferenciação dos produtos do território associados a uma estratégia
adequado de marketing territorial.
2.1.7. Renda
Um primeiro aspecto a ser considerado é que a participação no arranjo permitiu, em que pese a
pequena escala, ganhos da ordem de 10 a 15% sobre o preço de mercado. No que tange a
apropriação da renda, e não apenas ao seu crescimento (4 cordeiros equivalem a um salario
mínimo regional), pode-se afirmar, embora o APL ainda careça de uma melhor organização de
dados, que com exceção do diferencial entre preço de atacado e de varejo, todo o restante
permanece em mãos dos agentes econômicos do território, sendo que o produtor fica com 50%
do valor relativo ao preço final. Isso se deve a redução do numero de intermediários na cadeia. A
meta é extinguir todos os intermediários entre a produção e o consumo.
No caso do turismo, por usar somente matéria prima e mão de obra local, sem a necessidade de
atravessadores e fornecedores externos, a renda é 100% absorvida pelos empreendedores. Esta
renda derivada do turismo rural é um complemento de renda, pois a atividade principal das
propriedades é a produção primária. Estima-se que esta renda seja atualmente de 1 salário
mínimo ao mês por empreendimento (aproximadamente), com tendências de rápido crescimento.
2.1.8. Participação percentual do APL no total da região e estado
Por ser uma cadeia produtiva ainda em formação, com somente 19 empreendimentos atuando
com Turismo e apenas 5% dos pecuaristas envolvidos na organização, não haveria a
possibilidade de comparação com estado
2.1.9. Instituições de Apoio
Agentes Públicos
EMBRAPA
IFSUL
UNIPAMPA
UFRGS
UFPEL
UFSM
Prefeituras
EMATER Regional Pelotas
SEAP
Função
P&D, tecnologia
agropecuária
Capacitação técnica
Pesquisa
Pesquisa
Pesquisa
Pesquisa
Agentes Privados
ARCO
ATER
Políticas públicas, fomento,
Serviço de Inspeção
Frigoríficos Fita Azul
ADAC
FETAG
STRs
ADIALE VITORIA
Abatedouros municipais
Frigorífico PRODUCARNES
SEBRAE
Função
Representante técnico e
político, ATER, assessoria
representação politica
representação politica local
Indústria, mercado
Serviço de abate
Potencial parceiro
assessoria em gestão,
assistência técnica
Potencial parceiro
Organização social e da
produção, logística, gestão
marca coletiva
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SDR
Políticas públicas, fomento
SEBRAE
SECRETARIA DE
TURISMO do RS
MAPA
Apoio a cadeia do Turismo
SENAR
Fomento, politicas públicas,
apoio técnico ao bem-estar
animal e boas práticas de
produção
Apoio no tema do bem-estar
animal
Formação técnica e
capacitação
Formação técnica e
capacitação
SENAC
Fomento e assessoria ao
turismo
Casa de Carnes Minuano
Comercialização
Supermercado Piratini
Comercialização
Núcleo de Criadores de
Ovinos de Pinheiro
Núcleo de Criadores Canguçu
ABACO
APATUR
Organização de produtores
USP
ESCOLA TÉCNICA DE
CANCUÇU
ESCOLA TÉCNICA
ENCRUZILHADA
Apoio a gestão, assistência
técnica
capacitação, diagnóstico
Organização de produtores
Organização de produtores
Organização e apoio do
Turismo
Hotéis
Restaurantes
Agencias de Turismo
Faculdades IDEAU
2.1.10. Infraestrutura do aglomerado
Pontos positivos
Organização social dos produtores
Comprometimentos dos empresários com a cadeia produtiva
Demonstração de interesse dos poderes públicos municipais em apoiar
o APL
Controle sobre a logística por parte da ADAC
Localização em região tradicional no criatório de ovinos
Condições ambientais favoráveis a pecuária
Capacidade interna da região
Envolvimento de grande número de produtores com predomínio de
mão de obra familiar
2.1.11. Programas governamentais:
1. Vínculos existentes com programas públicos
Pontos negativos
Infraestrutura para manejo de animais (mangueiras,
brete, cercas, etc.);
Manutenção deficiente das estradas e rodovias
Malha rodoviária precária
Defasagem tecnológicas de equipamentos na indústria
Deficiência estrutural da indústria para processamento
de carne
Baixa adesão dos municípios ao SISBI
Longo distancia entre os municípios
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O Arranjo Produtivo do Alto Camaquã, como já foi enfatizado anteriormente, caracteriza-se por
grande numero de pequenos produtores, o qual recebem assistência dos municípios, acesso aos
programas da Secretaria Estadual da Agricultura e Pecuária em parceria com a Associação
Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) e ainda contaram com o apoio do estado via
FEAPER no caso da aquisição de dois caminhões no 2014.
2. Vínculos potenciais com programas públicos
É conhecimento que estamos tratando de uma das poucas regiões do Brasil, que até o presente
momento estão intocadas, ocorrendo uma convivência plena e equilibrada do homem com o
meio ambiente, num modelo de conservação que ao longo de gerações passou de pai para filho,
permitindo que o produtor produza em equilíbrio com o ambiente que habita. Portanto
acreditamos ser um potencial de trabalho a integração meio ambiente/turismo/culinária e
gastronomia local.
Será importante, o fomento a Agro industrialização de produtos locais, permitindo o
crescimento da renda familiar, bem como a orientação alternativa na educação das escolas
rurais, possibilitando aos jovens visualizar o ambiente onde vivem, e sobreviver no mesmo.
Estimular a cultura local, seja através do incremento do lazer e ou da orientação social,
possibilitando aumentar a auto estima das famílias, além do intercambio de conhecimento
nas comunidades rurais.
Além disso, o que move a permanência do homem no campo, é a remuneração de sua
propriedade, portanto torna-se fundamental a assistência técnica efetiva, com presença
constante na propriedade.
2.2 Acesso aos Mercados Interno e Externo
2.2.1. Segmentos de mercado das empresas do APL
Em se tratando de produção primaria, a absoluta maioria dos pecuaristas familiares
comercializavam seus produtos de maneira informal até o advento do Alto Camaquã. Atualmente
algo em torno de 15% já comercializam em mercados formais. A meta é chegar a 100% em
cinco anos. No caso da carne, o Alto Camaquã tem comercializado carcaças ou para varejistas
(20%) ou atacadistas (80%) mas trabalha com a meta de, em cinco anos, vender carne embalada
em porções diretamente aos consumidores, incluindo a via da gastronomia em restaurantes de
alta gastronomia, eventos e pontos de venda próprios ou em parceria. Também ha previsão de de
organizar um e-commerce para os produtos, começando pela carne.
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2.2.2. Diversificação de produtos ofertados
Arte Rura l
Ca rnes
Turismo
Produtos Produtos
prima rios tra nsforma dos
Couro
Aves
Roteiros
Mel
Biscoitos
Lã
Bovina
Eventos
Lã
Bolos
Madeira
Caprina
Gastronomia
Animais
Cucas
Crina
Ovina
Hospedagem
Milho
Doces
Fibras
vegetais
Peixe
Feijão
Licores
Pele ovina e
caprina
Suína
Pão
Queijo
Vinho
Os produtos marcados em vermelho são os que atualmente tem suas estratégias de produção e
comercialização em processo de aprimoramento. Os demais continuam como potenciais.
2.2.3. Perfil de distribuição dos produtos vendidos pelo APL
Tipo de consumidor
Atual (%)
Desejado (%)
5 anos
100
Consumidor final
0
Consumidor industrial
0
0
Varejista
20
0
Atacadista
80
0
Agentes de exportação
0
0
Venda direta ao exterior
0
0
2.2.4. Destino das vendas do APL segundo o local, em percentual:
No caso da carne, atualmente, 20% do produto é comercializado na região e 80% nas demais
regiões do Estado (Porto Alegre). No caso do Turismo todas as regiões do estado já consolidadas
como destino, são concorrentes do Alto Camaquã. Mais próximo podemos citar a concorrência
da Costa Doce e a região colonial de Pelotas. No entanto, dado tanto a perspectiva adotada pela
ADAC, quanto aos diferenciais em termos de paisagens, historia, cultura, potencial para esportes
radicais, alto grau de conservação ambiental e qualidade de produtos, pode-se dizer que o Alto
Camaquã é possuidor de um potencial único para o turismo, portanto, a única concorrência seria
da região dos Campos de Cima da Serra.
2.2.5 Principais concorrentes das empresas do APL:
A principal concorrência da cadeia da carne do Rio Grande do Sul está no Uruguai, visto que o
país vizinho exporta ao Brasil carne e animais em pé (vivos). No caso do Turismo todas as
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regiões do estado já consolidadas como destino, são concorrentes do Alto Camaquã. Mais
próximo podemos citar a concorrência da Costa Doce e a região colonial de Pelotas.
No entanto, seja na produção ou no turismo, dado tanto a perspectiva adotada pela ADAC,
quanto aos diferenciais em termos de alto grau de sustentabilidade dos sistemas de produção,
beleza das paisagens, riqueza histórica e cultura, potencial para esportes radicais, alto grau de
conservação ambiental e qualidade de produtos, pode-se dizer que o Alto Camaquã é possuidor
de um potencial exclusivo para o turismo, portanto, a única concorrência seria da região dos
Campos de Cima da Serra.
2.3. Formação e Capacitação
Considerando que o maior contingente de atores do APL Alto Camaquã são pecuaristas
familiares, principal categoria social que teve desde sempre excluída do sistema formal de
educação, podemos afirmar que a metodologia das Unidades Experimentais de Pesquisa
Participativa adotadas pela EMBRAPA, foi, até o momento, o principal mecanismo de formação
e capacitação de recursos humanos. A metodologia de construção coletiva do conhecimento
adotada pela equipe da Embrapa Pecuária Sul tem sua essência na organização da rede de
Unidades Experimentais Participativas. A UEPA se constitui como espaço de intercâmbio e ação
compartilhada entre os atores locais e externos, com os seguintes objetivos:
· Identificar potencialidades, deficiências, oportunidades e ameaças do local;
· Construir coletivamente novos conhecimentos apropriados ao local;
· Elaborar estratégias de uso sustentável dos recursos naturais locais;
· Exercitar o conceito de “sistemas intensivos em conhecimento”;
· Monitorar indicadores ambientais (solo, fauna, vegetação, emergia), social
(sucessão familiar, situação da terra, uso de mão de obra), e econômicos
(contabilidade, custos de produção);
· Fortalecer a identidade e a imagem da região/território;
· Construir indicadores e avaliar a sustentabilidade;
· Planejamento estratégico (estabelecer situação futura desejada);
· Promover a ação coletiva (cooperação em prol de objetivos comuns);
A UEPA é um espaço de interação entre os atores locais e seu ambiente natural e entre o local e
organizações externa (pesquisa, extensão, administração pública, etc.). A interação se dá com
produtores organizados, formalmente ou não. O importante é haver um compromisso mútuo
entre o grupo local e os atores externos. A única condição para o local refere-se a organização.
O debate sobre o manejo dos recursos naturais, considerando o contexto sociocultural do local,
requer uma ação coletiva, portanto, só há UEPA se houver trabalho em grupo.
A abordagem inicial com os grupos tem foco no uso e manejo dos recursos naturais, situando a
análise no contexto do Desenvolvimento Territorial Endógeno. Ou seja, busca-se conceber o
manejo ecológico dos recursos como forma de se chegar ao mercado de forma diferenciada, o
que no caso da pecuária familiar, significa potencializar características tradicionais dos sistemas
socioambientais, especialmente o elevado grau de dependência dos recursos naturais.
De forma geral o nível de escolaridade é baixo mas usando metodologias participativas tem sido
possível desenvolver novos conhecimentos orientados ao uso eficiente dos recursos locais.
Também SEBRAE e SENAR tem desempenhado importante papel na capacitação dos
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pecuaristas familiares. Universidades como UFRGS (PGDR) e UNIPAMPA, através de
trabalhos de pesquisa, tem atuado fortemente na região contribuindo na formação dos setor
produtivo.
Atualmente está em negociação a participação do IFSUL e das Escolas Técnicas na formação de
recursos humanos no âmbito do Alto Camaquã. Em parceria com o IF e Escolas, Embrapa,
ARCO, SEBRAE, SENAR e UNIPAMPA estão negociando a possibilidade de se estabelecer
uma estratégia mais ampla de formação e capacitação de recursos humanos destinado ao trabalho
com ovinos. No que se refere ao setor industrial deve-se mencionar o curso de Técnico em
Agroindústria com foco na indústria de carnes, do IFSUL. Existe a possibilidade de uma
integração com a EMBRAPA para utilização de estrutura física desta como escola para formar
técnicos em agroindústria.
Para o setor turístico a principal contribuição a formação de recursos humanos é do SENAC e do
SEBRAE.
2.3.1. Demanda de capacitação
CURSOS OVINOCULTURA
Melhoramento de campo nativo
Manejo geral de ovinos
Manejo reprodutivo
Esquila Tally-hi
Manutenção de tesouras de Esquila
Formação de Pastagem para Ovinos
Manejo pré parto
Terminação de cordeiros
Avaliação e seleção de carneiros melhoradores
Avaliação da Condição corporal
Cuidados com as verminoses
Preparação de locais para parição
Métodos de acasalamento e sistemas de monta
N° PARTICIPANTES
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
CURSOS TURISMO
FREQUENCIA
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
N°
PARTICIPANTES
5 a 10
5 a 10
5 a 10
5 a 10
5 a 10
5 a 10
5 a 10
Cozinha típica Regional
Turismo rural
Educação ambiental
Artesanato lã, couro e pele
Acolhida no meio rural
Turismo, trilhas e caminhadas
Comercialização de produtos agroalimentares típicos e de
artesanato
CURSOS DE GESTÃO
ASSOCIATIVISMO/COOPERATIVISMO
Gestão Rural
Sucessão Rural
Formação de Líderes
Associativismo nas Comunidades Rurais
TURMAS
18
18
18
18
18
18
18
18
18
18
18
18
18
TURMAS
FREQUENCIA
10
10
10
10
10
10
10
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
N° PARTICIPANTES
TURMAS
FREQUENCIA
8 a 15
8 a 15
8 a 15
8 a 15
22
22
22
22
Anual
Anual
Anual
Anual
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2.3.2. Mercado de trabalho
Como estamos falando principalmente de pecuaristas familiares, categoria que se caracteriza
pelo uso majoritário de mão de obra familiar, pode-se afirmar que a sucessão familiar é o mais
importante tema em termos de trabalho no campo. Neste sentido a promoção do
Desenvolvimento Territorial Endógeno do Alto Camaquã, que busca melhorar as condições
ambientais, sociais e econômicas da pecuária familiar, tem sido a principal alternativa para
manter a população no campo e garantir o auto-emprego. Tanto a indústria como o setor varejista
aponta como problema a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada e reclama que é
custoso em tempo e dinheiro, a capacitação de um trabalhador para trabalhar com a carne e que,
depois de completar a formação, ha uma tendência de saída dos trabalhadores. No turismo há
reduzida disponibilidade de recursos humanos embora as oportunidades de emprego nesta área
mostrem tendência de crescimento.
2.4 Cooperação
Falar em cooperação no Alto Camaquã não é apenas retórica, é falar da essência do APL. A
estrutura baseada em níveis crescentes de complexidade a partir do local, prevê uma organização
em uma rede de cooperação. O primeiro nível é o comunitário. A metodologia das UEPAs
fortalece a interação entre os atores locais, famílias e vizinhos que se reúnem para refletir sobre
suas práticas. Cada comunidade estabelece o ritmo da mudança. Na UEPA a dúvida é traduzida
em questionamento que deve ser respondidos in loco, portanto espaço para exercitar alternativas.
Poderíamos produzir mais usando apenas os recursos locais? Se for possível como devemos
comunicar isso? A reflexão coletiva reforça os laços intracomunitários, mesmo que não se
traduza imediatamente em mudanças de atitude em todos os atores locais.
O segundo nível de cooperação se expressa na interação entre as redes locais (associações)
dentro do território, conformando a Rede Alto Camaquã (constituída por 22 redes locais). O
tamanho e a forma do território Alto Camaquã são definidos mais pelo alcance das relações
sociais que pelas fronteiras dos oito municípios. O território é um conceito que orienta as ações
da rede. Novos atores podem se agregar a esta Rede a qualquer momento, basta compartilhar tal
conceito.
A cooperação entre as Associações do território permitiu que a Rede Alto Camaquã dispusesse
hoje de sua própria marca e de seus próprios caminhões para transporte de animais e carne. Isso
foi possível graças a cooperação entre a ADAC e o governo do estado com a colaboração da
Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, que proporcionou o acesso da
ReAC ao FEAPER, com recursos do BADESUL. Mas a principal evidencia de cooperação entre
os membros da ReAC é a marca coletiva e a comercialização de produtos cuja escala é formada
coletivamente.
Da mesma forma a ReAC estabeleceu forte cooperação com representantes dos demais setores
da cadeia. A relação da ReAC com a indústria ADIALE VITORIA é pautada pela cooperação.
Em abril de 2013 se iniciaram os abates de cordeiro com a marca Alto Camaquã. Em uma
negociação mediada pela EMBRAPA, produtores da ReAC negociaram preço, prazo e
qualidade para a carne de cordeiros que seriam abatidos no ADIALE e comercializados no
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Shopping da Carne na capital. O parceiro indústria reduziu significativamente o preço da taxa de
abate como forma de viabilizar o arranjo. O parceiro do varejo concordou em pagar o preço
exigido pelos produtores (R$ 11,00 / kg de carcaça, valor acima do mercado). Da mesma forma a
parceria com pontos de venda ao varejo de carne tem se dado em base a cooperação.
A produção de conhecimentos sobre o território Alto Camaquã tem envolvido um número
importante de instituições públicas e privadas, as quais tem cooperado entre si e com as
comunidades. A parceria das Universidades com a Embrapa proporcionou a execução de pelo
menos 15 trabalhos acadêmicos, dissertações e teses, orientadas a diferentes aspectos do
território. Os membros da ReAC se reúnem periodicamente para troca de experiências e tomadas
de decisão. No presente ano já foram realizadas até julho quatro reuniões da Rede Alto
Camaquã.
A ADAC mantém convênios de cooperação com EMBRAPA, ARCO e as prefeituras de Bagé,
Caçapava do Sul, Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado e Piratini e negocia neste momento
com Canguçu.
2.4.1. Marca Coletiva do APL
A Marca Coletiva Alto Camaquã resultou da seguinte reflexão; independente da intencionalidade
dos atores, a região é distinta e dentro da mesma os modelos “convencionais” de
desenvolvimento não lograram difundir-se com êxito, portanto - Como seria possível construir
modelos alternativos onde as diferenças estivessem intencionalmente “aderidas” a todos os
produtos e serviços ali gerados?
O emprego dos conhecimentos gerados localmente de forma participativa revelou a possibilidade
de incrementar a eficiência produtiva da atividade pecuária, com excelente desempenho
ambiental e preservando a biodiversidade e a cultural local. Isto conduziu aos atores locais a
interrogar-se sobre como comunicar ao mercado esta especificidade das formas de produção e,
por vias de consequência, um produto distinto em função de sua origem. O que permitiu avançar
para uma estratégia comercial em base ao uso da MC que comunicasse, ante todo, una imagem
regional de “território durável”.
Portanto a marca Alto Camaquã assume uma dimensão territorial e passa a ser empregada para
comunicar a imagem de um território caracterizado pela qualidade ambiental, a beleza das
paisagens, os sistemas produtivos baseados no uso conservacionista dos recursos naturais e a
ausência de contaminantes, a diversidade biológica e produtiva, a riqueza cultural e histórica. La
Marca Coletiva Territorial Alto Camaquã nasceu para evidenciar, sobretudo, as qualidades do
espaço, e em segundo lugar, para promover a diferenciação dos produtos e serviços com origem
no território.
Desta forma todo o conjunto de produtos e serviços originários do território Alto Camaquã, cuja
procedência seja devidamente comprovada, pode usar a marca. A ReAC identificou mais de 30
produtos com potencial de alcançar mercados, os quais foram classificados em cinco classes:
carnes (ovina, caprina, bovina, etc.), artesanato (lã, couro, madeira, etc.), turismo (eventos,
gastronomia, roteiros, hospedagem, etc.), produtos alimentares transformados (doces, bolos,
queijos, etc.), e produtos primários (lã in natura, mel, milho, etc.). Em função de sua ampla
presença no território os atores locais elegeram a carne de cordeiro como o primeiro produto para
chegar ao mercado com a marca. Algo que acontece desde abril de 2013.
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A Marca Coletiva Alto Camaquã é propriedade da ADAC com direito de uso das associações
locais formalmente constituídas e afiliadas à ADAC. As associações, são portanto coresponsáveis pela gestão da marca, ficando a seu encargo a definição de quem entre seus sócios
reúne as condições para seu uso. A seguir algumas informações sobre a Marca Alto Camaquã.
Formas
autorizadas
para uso da
Marca
Coletiva
Alto
Camaquã
Para o caso
específico da
Carne ovina
(NCL 29)
Produtos: NCL 24 (tecidos em lã), NCL 29 (carne de ovinos), NCL 30 (mel e doces de
frutas)
Serviços: NCL 39 (visitas turísticas), NCL 43 (restaurantes, acomodações temporárias)
Podem ser comercializadas com a marca coletiva Alto Camaquã carnes ovinas in natura
para consumo humano, provenientes de animais de ambos sexos, com peso entre 30 e 40
kg, idade máxima de 14 meses, condição corporal entre 3 e 3.5, nascidos e criados
exclusivamente no território, em condições naturais, ao ar livre, com total liberdade,
alimentadas principalmente a base de forrageiras oriundas dos campos naturais
submetidos à práticas de manejo conservacionista, isentos de doença e resíduos
químicos, abatidos exclusivamente em condições sanitárias aprovadas e controladas por
representantes do Estado, seja em âmbito municipal, estadual ou federal. As carnes
podem ser apresentadas em cortes tradicionais (paleta, costela e pernil) ou em cortes
especiais sempre embaladas e rotuladas de forma que ao consumidor seja possível
identificar a idade, o sexo e a origem do animal. Os cortes tradicionais serão
comercializados em peças individuais e os cortes especiais podem ser em unidades ou
em porções padronizados por peso. Para o caso da carne a Marca Alto Camaquã
representará garantia de um produto oriundo de sistemas de produção realizados em
condições de baixo impacto ambiental e uso predominante de recursos renováveis.
São objetivos da marca:


Comunicar imagem territorial de produção sustentável;
Fortalecer e REDE
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




Estimular produtores, indústria e prestadores de serviços a considerar impactos
ambientais de suas atividades;
Criar oportunidades para ReAC e seus parceiros através da associação de marcas;
Proporcionar diferenciação e agregação de valor aos produtos regionais;
Conquistar e “fidelizar” consumidores;
Garantir informação exata e verdadeira aos consumidores;
2.4.2. Possíveis parcerias a serem desenvolvidas:
A principal é entre os membros da ReAC que operam sob o uso de uma marca coletiva (gestão
da marca; venda consorciada de produtos; troca de experiências com empreendedores do setor)
precisa ser permanentemente reforçada, dado que estamos tratando do primeiro nível de uma
rede que cresce em complexidade a partir do local (associação comunitária), avança para o
território (em uma rede regional de redes locais). A base de todo o processo do Alto Camaquã é a
organização local ou comunitária. A rede territorial (ReAC), através da ADAC, necessita
estabelecer intercâmbios permanentes com os demais componentes da cadeia. O incremento da
oferta de matérias primas irá demandar novas parcerias; parcerias estas que são potenciais mas
que não foram ativadas ainda, como é o caso de duas industrias de médio porte presentes no
território e uma rede de supermercados com forte presença no território. São parcerias que
devem acontecer nos próximos anos.
A ADAC com SEBRAE estão tratando de integrar os produtores organizados pelo programa
Juntos Para Competir a ReAC. Esta parceria significará importante contribuição no que se refere
a qualificação da Gestão.
Ainda que o SENAR seja agente importante dentro do território, ainda não há uma integração
das ações. A negociação deverá ser realizada em breve, visando a orientação do processo de
capacitação oferecido pelo SENAR aos princípios do APL Ovinos&Turismo Alto Camaquã.
Esta previsto o restabelecimento da Rede de Inovação de apoio do APL envolvendo instituições
de P&D no território e escolas técnicas. Estamos falando da EMBRAPA, UERGS, UNIPAMPA,
IFSUL, Escolas Técnicas de Caçapava do Sul, Canguçu, Encruzilhada e Piratini.
O restabelecimento da estratégia de associação de marcas já está proporcionando novas
parcerias com outras marcas para acesso a mercados diferenciados. Atualmente a ADAC
conversa com três marcas de carne de cordeiro de outras regiões, buscando parceria para novos
modelos de negócio.
O processo de organização social e produtiva da ovinocultura - com perspectiva territorial e
visão de cadeia produtiva - e a chegada ao mercado formal de carnes com marca própria, tem
permitido ao pecuaristas familiares do Alto Camaquã experimentar a atividade de produção
ovina como negócio. A experiência do Alto Camaquã tem proporcionado aos pecuaristas
familiares a participação em mercados formais, em um contexto onde a relação entre produção e
e consumo é negociada. Não se trata apenas de aumentar a oportunidade para que “pequenos
produtores” possam ofertar no mercado formal, mas sim de estabelecer um novo padrão de
relações entre os agentes da cadeia produtiva. Se trata de propor alianças, ou seja, cooperação e
comprometimento buscando estabelecer algo que perdure, que esteja fundamentado em
compromissos de longo prazo.
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Pecuaristas familiares, indústria e distribuidores tem realizado um enorme esforço para trabalhar
de forma coordenada, em parceria que se completa para garantir o fluxo entre produção e
consumo mediante a associação de marcas, sendo que a marca dos produtores expressa
compromisso com a durabilidade ecológica, econômica, social e institucional do processo
produtivo (neste caso, co-produção homem-natureza).
Neste momento está em andamento um processo de animação dos agentes ligados ao tema do
turismo em âmbito local. Deverá ocorrer nos próximos três anos a implantação gradativa do
roteiro integrado de turismo&ovinos em escala de território. Isso envolverá um nível inexistente
de parcerias.
Não está descartada a possibilidade de se reativar uma discussão sobre a criação de um
Consorcio intermunicipal voltado do desenvolvimento territorial.
2.4.3. Ações de Cooperação Realizadas e Em Andamento
Acesso a Mercados e Inteligência Comercial:
Demanda/problema: necessidade de chegar ao mercado a partir da marca territorial coletiva
Ação: Associação de marcas. Para chegar ao mercado a Rede Alto Camaquã estabeleceu
negociações com representantes de outros setores da cadeia de forma que chegassem ao mercado
associando as três marcas, a dos produtores, a da indústria e a do varejista. A seguir o exemplo.
Objetivo: Criar oportunidades para ReAC e seus parceiros através da associação de marcas;
Proporcionar diferenciação e agregação de valor aos produtos regionais;
Executor: Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã – ADAC
Contato: Mateus Garcia – [email protected] - cel. (53) 99658530
Data final da ação: janeiro 2014
Recurso: R$ 1.000,00 (confecção dos rótulos)
Fonte: ELETROBRAS/CGTEE
Metas: Criar alianças mercadológicas
Indicadores de impacto: presença no mercado com estratégia de co-branding. O principal
impacto foi sobre a imagem. Com esta ação a marca Alto Camaquã associada a carne de cordeiro
ficou conhecida na região metropolitana de Porto Alegre. Foram benefícios diretamente cerca de
20 pecuaristas que participaram ativamente das vendas e toda a Rede Alto Camaquã de forma
indireta através da divulgação da marca no estado.
Situação da Ação: Encerrada
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Financiamento e Investimento
Demanda/problema: Gerar conhecimentos para apoiar o “re-conhecimento” da qualidade dos
recursos locais por parte dos atores; amplificar a noção de Desenvolvimento Territorial
Endógeno do Alto Camaquã
Ação: elaboração de cinco projeto que permitiram desencadear na região a organização da Rede
Alto Camaquã, a ADAC e a marca coletiva.
Objetivo: financiar ações de pesquisa participativa
Executor: Embrapa Pecuária Sul – Marcos Borba
Contato: 53 32404682 – [email protected]
Data final da ação: em andamento
Recurso: >R$ 1.000.000
Fonte: EMBRAPA, FAPERGS, CNPq E CGTEE
Indicadores de impacto: as ações voltadas a promoção do re-conhecimento do recursos locais e
suas qualidades e potenciais permitiu a mudança em práticas de manejo dos campos e melhorias
no índices de produção. Tais ações permitiram gerar as bases para o manejo conservacionista dos
campos que está na base filosófica do Alto Camaquã. Foram beneficiados os membros da ReAC
e de forma indireta produtores de outras regiões foram beneficiados pelas referências geradas.
Situação da Ação: Concluída
Inovação e Tecnologia
Demanda/problema: promover o redesenho dos agroecossistemas e desenvolver estratégias
metodológicas adequadas
Ação: Rede de pesquisa participativa baseada em Unidades de Experimentação Participativa.
Em cada comunidade foi definida pelos atores locais uma unidade de produção que passou a
servir como local de discussão e avaliação de alternativas. As referencias produzidas serviram de
base para o redesenho dos sistemas de produção da pecuária familiar no território. A
metodologia foi empregada em outras regiões.
Objetivo: demonstrar a viabilidade econômico-produtivo de sistemas de produção pecuários
baseados em campo nativo apoiado por uma estratégia de diferenciação de produtos do território.
Executor: Embrapa Pecuária Sul – Marcos Borba
Contato: 53 32404682 – [email protected]
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Data final da ação: 2013
Recurso: R$ 600.000,00
Fonte: EMBRAPA
Metas: Em três anos modificar as praticas de manejo do campo natural em 60 unidades de
produção pecuária no território do Alto Camaquã.
Indicadores de impacto: aumento da eficiência produtiva da pecuária familiar realizada sobre
campos nativos; incremento da oferta comercializada; valorização do campos pelos pecuaristas
familiares do Alto Camaquã.
Situação da Ação: Concluída
Extensão Produtiva e Inovação
Demanda/problema: necessidade de articulação entre as instituições de ensino e pesquisa
visando o apoio do desenvolvimento do APL.
Ação: Rede de Inovação do Alto Camaquã
Objetivo: fazer com que todas as instituições dedicassem esforços intencionais e conscientes em
prol do desenvolvimento territorial
Executor: Embrapa Pecuária Sul – Marcos Borba, participação UERGS, UNIPAMPA e
URCAMP
Contato: 53 32404682 – [email protected]
Data final da ação: 2012
Recurso: desconhecido
Fonte: cada instituição bancou o necessário para a participação de seus representantes nas
reuniões e encontros
Metas: Buscava-se alcançar a elaboração de projetos com a participação de todas as entidades
Indicadores de impacto: Ainda que não tenha sido possível obter resultados da Rede, pois as
entidades avançaram nas negociações mas não executaram nenhum trabalho em conjunto por
falta de empenho dos gestores, a experiência do Alto Camaquã passou a ser reconhecida por
todas as instituições envolvidas. Isso foi determinante para a divulgação da experiência na
região. Foram beneficiadas todas as instituições envolvidas.
Situação da Ação: Cancelada
Gestão Estratégica
Demanda/problema: Necessidade de planejar a atuação da ADAC
Ação: Elaboração do Plano de Gestão Estratégica, com a assessoria do SEBRAE
Objetivo: Definir missão, visão, valores, objetivos e diretrizes estratégicas para orientar a ação
da ADAC
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2011
Recurso: não informado. Foi traduzido em horas de consultoria do SEBRAE.
Fonte: SEBRAE
Indicadores de impacto: Definição de objetivos; Divisão de funções, atribuições e
responsabilidades na busca dos objetivos; Evitar que nos momentos iniciais de existência
a Associação desse passos maiores do que poderia. A ação beneficiou diretamente a
ADAC e indiretamente todos os seus associados (450).
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Situação da Ação: Concluída
Pesquisas e Estudos
Demanda/problema: conhecer melhor as estratégias de produção da pecuária familiar e suas
relações com o ambiente natural
Ação: Pesquisa
Objetivo: avaliar a sustentabilidade dos sistemas de produção da pecuária familiar;
Embrapa Pecuária Sul – Marcos Borba
Contato: 53 32404682 – [email protected]
Data final da ação: 2014
Recurso: R$ 300.000,00
Fonte: EMBRAPA, IICA/PROCISUR
Metas: descrever os componentes, suas relações, entradas e saídas dos sistemas de produção;
estabelecer o grau de impacto ambiental dos sistemas.
Indicadores de impacto: O principal indicador é o Índice de Renovabilidade que mostra qual o
% de energias utilizadas na produção que provém da natureza na forma de recursos renováveis.
Foi possível demonstrar que a pecuária familiar do Alto Camaquã é uma atividade de alta
sustentabilidade ambiental, embora tenha problemas de renda. Isso definiu a estratégia de ação
da Rede que passou a buscar incrementar a renda da pecuária sem perder sua principal
característica de sustentabilidade. A marca coletiva surge para comunicar tal condição. Foram
beneficiados os mebros da ReAC.
Situação da Ação: Concluída
Demanda/problema: falta de integração das ações orientadas ao turismo no Alto Camaquã
Ação: Roteirização para o Turismo
Objetivo: Estruturar, qualificar e ampliar a oferta de produtos turísticos do Território do Alto
Camaquã de forma integrada e organizada.
Executor: Juliano Munhoz – coordenação do turismo na Secretaria de Desenvolvimento
Econômico de Bagé
Contato: (53) 99577797 – [email protected]
Data final da ação: 2014
Recurso: valor total aportado, incluindo contrapartidas
Fonte: ELETROBRAS/CGTEE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Bagé, SENAC
Metas: Articulação e Inclusão de Atores da Cadeia Produtiva; Levantamento e sistematização
informações, estudos e
projetos; Elaboração / consulta estudos de mercado potencial e
concorrente; Identificação do potencial de competitividade;
Indicadores de impacto: Criação e Ampliação e diversificação da oferta turística; Inserção de
municípios nas regiões e roteiros turísticos; Consolidação de roteiros turísticos mais
competitivos; Atuação de micro e pequenas empresas, no mercado turístico. Até o momento a
ação beneficiou todos os atores envolvidos com o turismo regional e diretamente 20 empresas e
associações.
Situação da Ação: Concluída
Formação de Trabalhadores
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Demanda/problema: necessidade de mudança nos níveis de percepção dos atores locais sobre a
qualidade e o funcionamento dos ecossistemas locais e sobe a possibilidade de se transformar
isso em valores econômicos mas também ecológicos, éticos, como patrimônio, etc
Ação: Unidades Experimentais Participativas
Objetivo: promover reflexão e aprendizado dos pecuaristas familiares sobre o sistema natural
campestre; modificar as práticas de manejo da vegetação e dos animais; fortalecer a interação
entre os membros das comunidades e fortalecer suas associações;
Executor: EMBRAPA, Marcos Borba
Contato: 53 32404682 – [email protected]
Data final da ação: 2014
Recurso: R$ 270.000,00
Fonte: EMBRAPA
Metas atingidas: 12 UEPAS funcionaram durante 3 anos; formou-se a ReAC; práticas de
manejo conservacionista do campo nativo foram adotadas por 30 pecuaristas familiares
Indicadores de impacto: o principal impacto foi a mudança nas práticas de manejo dos campos
e na obtenção de resultados positivos em termos produtivos. A ação beneficiou diretamente 50
pecuaristas que participaram da ação e indiretamente toda a ReAC. Também indiretamente
foram beneficiadas as industrias processadoras de carne em função da inclusão de pecuaristas
familiares no mercado formal de carnes.
Situação da Ação: Concluída
Demanda/problema: necessidade de mão de obra capacitada para atuar como guias turísticos
Ação: Cursos do Técnico em Guia de Turismo SENAC
Objetivo: capacitar recursos humanos para atuação na condução de turistas
Executor: SENAC
Contato: 32427233
Data final da ação: 2017
Recurso: não informado
Fonte: SENAC
Metas atingidas: 170 profissionais capacitados.
Indicadores de impacto: 10 turmas, totalizando 140 guias formados no decorrer de 2006 até
2014. Os cursos tem duração média de2 anos. Em agosto de 2015 iniciará mais uma turma com
30 alunos.
Situação da Ação: Em andamento.
Normas e Regulação
Demanda/problema: regulamentar o uso da marca coletiva territorial
Ação: regulamento da marca
Objetivo: definir padrões de processos e produtos para uso da marca Alto Camaquã
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 9965 8530 – [email protected]
Data final da ação: 2014
Recurso: não envolveu recursos financeiros pois grande parte das discussões ocorreram via
internet. A decisões foram tomadas em reuniões ordinárias e extraordinárias da ADAC.
Fonte: auto financiamento
Metas: definir classes de produtos e serviços passíveis de utilizar a marca; critérios para uso da
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marca associada a carne de cordeiro e turismo. Como pode ser observado no item relativo a
marca coletiva, forma definidas três classes de produtos (NCL 24 tecidos em lã, NCL 29 carne de
ovinos, NCL 30 mel e doces de frutas) e duas de serviços (NCL 39 -visitas turísticas, NCL 43 restaurantes, acomodações temporárias.
Indicadores de impacto: com esta ação foi possível iniciar o longo de processo de padronização
dos produtos. Até o momento está em vigor apenas o padrão para a “carne de cordeiro do Alto
Camaquã”, conforme informações apresentadas no item “marca coletiva”
Situação da Ação: Em Andamento
Governança e Cooperação
Demanda/problema: Estabelecer espaço de reflexão e decisão compartilhada no âmbito do
território Alto Camaquã
Ação: O Fórum do Alto Camaquã foi criado como um espaço de construção coletiva. Em
reuniões semestrais (maio e outubro) realizadas de forma itinerante entre os municípios, abertas
ao público são avaliadas e programadas as ações voltadas ao Desenvolvimento Territorial do
Alto Camaquã. Na primeira reunião do Fórum, realizada em Santana da Boa Vista, no dia 8 de
agosto de 2008, foram definidos os temas estratégicos que deram origem ao trabalho do Alto
Camaquã. Eram eles: pecuária familiar, marca coletiva, turismo, novas estratégias produtivas,
educação e fortalecimento das organizações.
Objetivo: facultar a todos os atores do território a oportunidade de apresentar sugestões e
participar da reflexão e decisões sobre a estratégia de desenvolvimento territorial proposta para o
Alto Camaquã;
Executor: ADAC – Mateus Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2014
Recurso: R$ 10.000,00
Fonte: EMBRAPA, ELETROBRAS/CGTEE, FETAG
Metas: dispor de um meio para pensar, pactuar e decidir de forma compartilhada sobre os rumos
do Alto Camaquã; fortalecer a identidade e a imagem do território; estabelecer situação futura
desejada); promover a ação coletiva (cooperação para atingir objetivos).
Indicadores de impacto: o principal impacto foi a criação de um espaço de governança
territorial que funcionou entre agosto de 2008 e maio de 20014. Beneficiou diretamente os
membros da ReAc e indiretamente todos os demais atores institucionais interessados no tema do
desenvolvimento regional. Deverá ser retomado em outubro de 2015.
Situação da Ação: Em Andamento
Plano de Desenvolvimento do APLs
Demanda/problema: integrar os atores do território em torno de uma ideia comum relacionada
com as potencialidades regionais representadas por aspectos ambientais, sociais, históricos e
econômicos muitas vezes tidos como “sinais de atraso”
Ação: Organização da Rede Alto Camaquã (ReAC), envolvendo todas as Associações das
localidades participantes do projeto Alto Camaquã.
Objetivo: identificar potencialidades, deficiências, oportunidades e ameaças do local; exercitar o
conceito de “sistemas intensivos em conhecimentos”;
Executor: EMBRAPA – Marcos Borba
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Contato: (53) 9972 3159 – [email protected]
Data final da ação: processo permanente
Recurso: R$ 20.000,00
Fonte: EMBRAPA, CGTEE, FETAG
Metas: estabelecer
Indicadores de impacto: numero de associações que compõem a Rede; presença de ações
coordenadas no âmbito do território; vendas coletivas. Beneficiou aos associados da ADAC
Situação da Ação: Em Andamento
Sustentabilidade Ambiental
Demanda/problema: necessidade de valorizar os recursos forrageiros campestres
Ação: Mapear a vegetação em escala territorial a partir de imagens de satelite
Objetivo: classificar e monitorar a cobertura vegetal do território Alto Camaquã
Executor: EMBRAPA – Danilo Rocha
Contato: (53) 32404650 – [email protected]
Data final da ação: processo permanente
Recurso: R$ 20.000,00
Fonte: EMBRAPA
Metas: produzir mapa de vegetação classificada por tipo e área ocupada no território.
Indicadores de impacto: o principal impacto desta ação foi a revelação de que o território Alto
Camaquã constitui-se na região mais bem preservada do Rio Grande do Sul, informação que
reforça a imagem de território durável. Esta ação beneficiou aos membros da ReAC e poderia
beneficiar o conjunto dos municípios em caso dos gestores optarem por uma estratégia de
desenvolvimento sustentável. Trata-se de importante diferencial competitivo para produtos e
serviços deste território.
Situação da Ação: Em Andamento
Demanda/problema: necessidade de promover mudança de atitude com relação ao recurso
agua.
Ação: mapeamento das nascentes no território Alto Camaquã
Objetivo: captar, descrever e analisar as percepções, ideias, cotidiano econtextos dos atores
sociais relacionados ao recurso agua; localizar e classificar quanto a tipo e estado de conservação
Executor: Curso de Gestão Ambiental UNIPAMPA São Gabriel – Cibelle Carvalho
Contato: (55) 99062252 - [email protected]
Data final da ação: 2014
Recurso: R$10.000,00
Fonte: EMBRAPA, CGTEE
Metas: conhecer as ideias, percepções e representações dos pecuaristas familiares sobre manejo
de campo e água, escassez hídrica, água e qualidade de vida e a influência na produção pecuária.
Indicadores de impacto: este estudo reúne subsídios para melhor atrelar estratégias de educação
ambiental no território, elementos importantes para oferecerem subsídios nas ações de políticas
públicas, extensão e pesquisa, contribuindo assim para o exercício da educação ambiental
eficiente. Foram beneficiadas apenas duas localidades do território devido a grande demanda de
trabalho.
Situação da Ação: Continuidade Pendente de recursos humanos e financeiros.
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Infraestrutura e Logística
Demanda/problema: necessidade de autonomia com relação a logística
Ação: Aquisição de Caminhões via Programa de Regionalização da produção de alimentos, com
recursos do BADESUL via FEPAER
Objetivo: adquirir dois caminhões de porte médio, sendo uma para transporte de animais e outro
para transporte de carne resfriada.
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2014
Recurso: R$ 300.000,00
Fonte: parceiros que viabilizam financeiramente a ação
Metas: obter 100% de autonomia na logística da carne ovina, da produção a comercialização e
distribuição de carne; reduzir os custos de transação na cadeia da carne ovina para os produtores
do Alto Camaquã.
Indicadores de impacto: a totalidade dos animais comercializados pelos pecuaristas familiares
no ano de 2014 foi transportada em caminhões próprios o que além de representar menor custo
(cobra-se apenas valor da manutenção) a aquisição dos caminhões permitiu aos membros da
ReAC romper com a dependência das administrações públicas que eram quem, no inicio,
prestavam este serviço. Foram beneficiados todos os membros da ReAC e a ADAC aumentou
seu patrimônio.
Situação da Ação: caminhão de animais operando normalmente, portanto ação Concluída; a
operação do caminhão frigorifico está Pendente de recursos para licenciamento.
Ações Estratégicas
Médio prazo
Demanda/problema: fortalecer a estratégia de associação de marcas onde a marca Alto
Camaquã possa ocupar novos espaços de mercado
Ação: participar de arranjo jurídico com outras marcas visando obter benefícios como a
incubação da marca pela EMBRAPA
Objetivo: tomar parte de personalidade jurídica que deverá compor Parceria Público Privada
envolvendo Embrapa, ARCO, IFSUL, ADAC e outras quatro empresas presentes no mercado de
carne ovina.
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2016
Recurso: ainda não definido
Fonte: a intenção é buscar apoio do MDIC
Metas: dispor de assessoria técnico científica da Embrapa e IFSUL para o desenvolvimento de
novos produtos a base de carne ovina, com embalagens adequadas com rotulagem; garantir
maiores espaços de mercado; fortalecer associação de marcas com outras associações ou
empresas.
Indicadores de impacto: viabilização da venda em cortes especiais; oportunidade de ofertar
produtos exclusivos no mercado; presença em mercados extra-regionais. Os benefícios adviriam
especialmente do aumento de renda ao produtor e fortalecimento da ADAC.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Situação da Ação: A Iniciar
Longo prazo
Demanda/problema: encontrar um formato jurídico capaz de permitir o avanço do APL Alto
Camaquã com vantagens
Ação: avaliar prospectivamente prós e contras da ReAC constituir-se em uma Cooperativa.
Atualmente existe uma cooperativa agrícola em Santana da Boa Vista que está inativa mas sem
qualquer tipo de pendencia, seja jurídica, econômica ou trabalhista. Negociações foram iniciados
visando avaliar tal possibilidade.
Objetivo: dar viabilidade a uma atuação comercial de maior porte para a ReAC, com benefícios
fiscais e acesso a crédito.
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2019
Recurso: não definido
Fonte: não definida
Metas: Em cinco anos concluir a migração da Associação Civil sem fins lucrativos para uma
Cooperativa.
Indicadores de impacto: benefícios obtidos para o membros da ReAC na forma acesso a
politicas de crédito e assistência via politicas publicas.
Situação da Ação: A Iniciar
2.4.4. Ações de Cooperação Previstas
Acesso a Mercados e Inteligência Comercial
No que se refere ao acesso a mercados e inteligência comercial, três ações de cooperação estão
previstas para os próximos anos. A concretização de circuitos curtos para a carne ovina (venda
direta ao consumidor), parceria com o movimento dos Chefs brasileiros liderados por Alex Atala
voltada a promoção de produtos com identidade associada ao território e a viabilização da
estratégia de vendas de carne pela internet (e-commerce)
Demanda/problema: Necessidade de estabelecer relação mais direta com os consumidores
Ação: Circuitos curtos. Trata-se de organizar pontos de venda próprios, organizar eventos e
participar em feiras e definir estratégia de marketing.
Objetivo: Reduzir o numero de intermediários na cadeia da carne, visando que os pecuaristas
familiares do Alto Camaquã se apropriem de fatias cada vez maiores dos valores gerados.
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: processo permanente
Recurso: Estima-se a necessidade de R$ 50.000, 00 para estabelecer a estratégia
Fonte: ainda não definido
Metas: estabelecer um ponto de vendas em cada um dos municípios do território e um ponto de
vendas em Porto Alegre em parceria com outras marcas de carne do Pampa.
Indicadores de impacto: Volume de carne comercializada diretamente. Beneficio que atinge a
todos os membros da ReAC e comerciantes associados ao APL.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Situação da Ação: A Iniciar
Demanda/problema: esta demanda não nasce de problemas mas sim de uma oportunidade
representada pelo movimento dos chefs de cozinha brasileiros em torno dos produto com
identidade associada a territórios. Liderados pelo chef Alex Atala os chefs firmaram um
manifesto exaltando a importância dos produtos locais tradicionais com qualidade vinculadas a
origem, para a gastronomia brasileira.
Ação: A ação consistirá na aproximação com os chefs. Recentemente foi estabelecido contato
com o chef responsável pela organização do espaço do bioma Pampa dentro de mercados de
Pinheiros, em São Paulo. Neste mercado o chef Atala, por intermédio do Instituto Atá e seus
parceiros, está organizando espaços para promoção de produtos com estas características. Nova
reunião foi agendada para acontecer durante a Expointer 2015.
Objetivo: Dar a conhecer os produtos Alto Camaquã no meio dos profissionais da gastronomia.
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2016
Recurso: não definido
Fonte: não definido
Metas: Participar até 2016 de pelo menos 01 evento em São Paulo e outro em Porto Alegre;
organizar a Expo Alto Camaquã de 2016 de modo que a gastronomia seja o principal atrativo e
convidar chefs de reconhecimento para elaborar pratos com a carne do Alto Camaquã, sempre
em associação com o turismo.
Indicadores de impacto: o impacto será medido pela aceitação da carne de cordeiro Alto
Camaquã pelos profissionais da gastronomia. A ação beneficiará a totalidade do APL.
Situação da Ação: A Iniciar
Demanda/problema: facilitar o acesso dos consumidores aos produtos Alto Camaquã
Ação: Organizar a venda via internet de produtos do território, envolve a habilitação do sitio, a
definição de cortes e estratégia de venda por internet.
Objetivo: habilitar a venda de carne e produtos turísticos via a pagina www.altocamaqua.com.br
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2018
Recurso: não definido
Fonte: não definido
Metas: disponibilizar para comercialização via internet (e-commerce), no prazo de dois anos, o
produto carne e os atrativos turísticos
Indicadores de impacto: impacto será medido sobre o volume de vendas e a ação beneficiará
tanto os produtores de carne quanto os agentes ligados ao turismo.
Situação da Ação: A Iniciar
Financiamento e Investimento
Demanda/problema: necessidade de recursos para implantação de um programa integrado de
ovino-turismo em escala territorial
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SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Ação: Plano para o Desenvolvimento do Turismo, inclui desde a mobilização dos potenciais
empreendedores, capacitação, qualificação da infraestrutura, elaboração de projeto e captação de
recursos.
Objetivo: Implantar o circuito Alto Camaquã de Turismo Rural e de Aventura.
Executor: Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Bagé – Juliano Munhoz
Contato: (53) 99577797 – [email protected]
Data final da ação: 2018
Recurso: R$ 500.000,00
Fonte: não definido
Metas: Organizar, no prazo de três anos, roteiro turístico envolvendo, pelo menos, cinco
empreendedores e um evento em cada um dos municípios.
Indicadores de impacto: produto comercializado, Beneficio direto para os empreendedores e
indireto para todo o território devido ao maior fluxo de pessoas.
Situação da Ação: A Iniciar
Inovação e Tecnologia
Demanda/problema: necessidade de maior controle sobre a cadeia produtiva da carne ovina
Ação: Parceria Publico Privada para incubação da marca pela Embrapa
Objetivo: garantir a incubação da marca Alto Camaquã pela EMBRAPA com a finalidade de
obter assessoria para o desenvolvimento de cortes, embalagem, rotulagem e novos produtos a
base de carne ovina
Executor: ARCO/Edegar Franco, com interveniência da Embrapa, SEBRAE, Prefeitura de Bagé
Contato: (53) 99286062 [email protected]
Data final da ação: março de 2016
Recurso: aguardando plano de viabilidade econômica que está sendo elaborado pelo SEBRAE
Fonte: não definida, o MDIC deverá ser acionado
Metas: chegar ao mercado com carne embalada em cortes especiais no prazo de 18 meses
Indicadores de impacto: quantidade de carne comercializada em cortes especiais embalada em
porções; redução do custo de transporte
Situação da Ação: Em andamento
Demanda/problema: necessidade de avaliar o bem-estar animal no âmbito dos sistemas de
produção ovina do Alto Camaquã
Ação: Validar protocolo para avaliação de bem-estar de ovinos
Objetivo: classificar os sistemas de produção de ovinos quanto ao nível de bem-estar dos
animais
Executor: ARCO em parceria com Embrapa, MAPA, USP e Universidade Positivo do Paraná
Contato: (53) 99286062 – [email protected]
Data final da ação: 2017
Recurso: indefinido mas deve aproximar-se dos R$ 500.000,00
Fonte: em tratativas com a Embrapa, MAPA e ARCO
Metas: dispor de um protocolo de avaliação ajustado às condições do Alto Camaquã; software
para avaliar e acompanhar; base de dados; agregar valor aos produtos do território
Indicadores de impacto: sistema implantado
Situação da Ação: Em Andamento
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AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Extensão Produtiva e Inovação
Demanda/problema: necessidade de viabilizar assistência técnica exclusiva para os produtores
de ovinos do Alto Camaquã
Ação: ATER ovinos do Alto Camaquã. Prevê a indução de uma chamada pública para projetos
de ATER via MDA. A ARCO já está devidamente habilitada junto ao MDA para prestar tal
serviço.
Objetivo: Contratar seis técnicos para dar assistência ao membros da ReAC
Executor: ARCO/Edegar Franco
Contato: 53) 99286062 [email protected]
Data final da ação: outubro de 2015
Recurso: R$ 3.000.000
Fonte: MDA
Metas: dispor, no prazo de 12 meses, de seis técnicos para prestar assistência exclusiva aos
membros da ReAC
Indicadores de impacto: Numero de produtores atendidos. Impacto direto para os membros da
ReAC e indireto para a cadeia ovina do RS.
Situação da Ação: A Iniciar
Gestão Estratégica
Demanda/problema: necessidade de atualizar o Plano Estratégico da ADAC
Ação: Revisão do Planejamento Estratégico da ADAC
Objetivo: Atualizar o planejamento estratégico da ADAC revisando missão, visão, objetivos,
diretrizes, valores e planos operacionais.
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected] |
Data final da ação: abril de 2016
Recurso: ainda não estimado
Fonte: Será negociado com SEBRAE
Metas: Elaborar um plano para os próximos dois anos.
Indicadores de impacto: descreva o impacto potencial da ação, discriminando o número de
beneficiários diretos e indiretos
Situação da Ação: informar se “Concluída”, “Em Andamento”, “Pendente”, “Cancelada”, “A
Iniciar”, etc.
Demanda/problema
Ação: Plano de Negócios
Objetivo: reavaliar e redefinir os objetivos de do Alto Camaquã enquanto “negócio”,
determinando quais passos devem ser dados para reduzir riscos e incertezas.
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: 53 99658530 – [email protected]
Recurso: ainda não definido
Fonte: será negociado com SEBRAE possível apoio
Metas: obter mecanismos para avaliar de forma permanente a viabilidade do negocio
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AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Indicadores de impacto: melhorar o nível de inserção dos produtos Alto Camaquã em mercados
que valorizem os produtos nos próximos dois anos.
Situação da Ação: A Iniciar
Pesquisas e Estudos
Demanda/problema: necessidade de obter informações precisas sobre a qualidade da carne de
cordeiros do Alto Camaquã, em especial a composição da gordura
Ação: Avaliar o perfil de ácidos graxos da carne de cordeiro
Objetivo: quantificar a presença de ácidos graxos saturados, insaturados e poli-insaturados
Executor: Embrapa – Sergio Juchem
Contato: [email protected]
Data final da ação: 2018
Recurso: ainda indefinido
Fonte: EMBRAPA
Metas: Em três anos poder usar o perfil de ácidos graxos como diferencial da carne de cordeiro
do Alto Camaquã em um Plano de Marketing da carne de cordeiro do Alto Camaquã.
Indicadores de impacto: Plano de marketing elaborado
Situação da Ação: Em andamento
Formação de Trabalhadores
Demanda/problema: necessidade de profissionalizar os recursos humanos para trabalhar com
ovinos
Ação: Escola de Pastores compreenderá o oferecimento de um curso teórico-prático com
duração de seis meses.
Objetivo: formar pastores profissionais
Executor: Embrapa – Marcos Borba
Contato: (53) 3240 4682 – [email protected]
Data final da ação: deverá ser implantado em 2016 e tornar-se um processo permanente
Recurso: não definido
Fonte: Parceria entre MAPA, Embrapa, ARCO, IFSUL, FEPAGRO, SEAP/RS, UNIPAMPA,
SEBRAE e SENAR
Metas: Formar 40 pastores profissionais por ano com possibilidade
Indicadores de impacto: numero de alunos efetivamente matriculados por ano e disponibilidade
de mão de obra qualificada.
Situação da Ação: A Iniciar
Normas e Regulação
Demanda/problema: obter registro definitivo da Marca Coletiva Territorial
Ação: Deposito no INPI
Objetivo: formatação do Regulamento de funcionamento da Marca Coletiva Territorial
Executor: ADAC – Mateus Garcia
Contato: 53 99658530 – [email protected]
Data final da ação: dezembro de 2015
Recurso: taxa do INPI
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Fonte: ADAC
Metas: registrar como marca multi-classes
Indicadores de impacto: proteção da propriedade da marca
Situação da Ação: Em Andamento
Governança e Cooperação
Demanda/problema: restabelecer o espaço multi-atores de elaboração e reflexão sobre o
desenvolvimento do Alto Camaquã
Ação: Fórum do Alto Camaquã
Objetivos: Promover o desenvolvimento territorial endógeno do Alto Camaquã; Identificar
potencialidades (pontos de convergência) para o desenvolvimento territorial; Promover o reconhecimento das potencialidades do território; Promover a cooperação em torno de uma noção
compartilhada de desenvolvimento; Promover a interação social entre os diferentes grupos de
atores; Fortalecer a identidade territorial; Identificar e promover lideranças locais; Elaborar
estratégia territorial de desenvolvimento (fortalecimento APL);
Executor: ADAC – Mateus Garcia
Contato: 53 99658530 – [email protected]
Data final da ação: outubro de 2015
Recurso: R$ 2.500,00
Fonte: FETAG, ADAC
Metas: retomar as reuniões semestrais (maio e outubro) do Fórum. A ultima reunião ocorreu em
maio de 2014.
Indicadores de impacto: Fortalecimento da governança do APL
Situação da Ação: A Iniciar
Plano de Desenvolvimento dos APL
Demanda/problema: falta de politicas públicas de apoio a pequenos e medias industrias
frigoríficas
Ação: Apoio ao setor industrial do APL. Envolverá a apresentação de um plano de melhorias
das plantas frigorificas do território ao MDIC com vistas a obtenção de linhas de crédito para
atualização estrutural e tecnológica e capital de giro, com taxas de prazos compatíveis com a
escala das industrias.
Objetivo: qualificar o abate de cordeiros e o processamento de carnes no âmbito do Alto
Camaquã.
Executor: ADAC – Mateus Garcia e ARCO – Edegar Franco
Contato: (53) 99658530 Mateus Garcia – [email protected] /(53) 99286062 –
[email protected]
Data final da ação: 2017
Recurso: R$ 10.000,00
Fonte: não definido, depende de negociação com MDIC
Metas: ter, no prazo de cinco anos, três industrias frigorificas em operação no Alto Camaquã
processando carne ovina em parceria com a Rede Alto Camaquã.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Indicadores de impacto: redução do abate informal e aumento da oferta de carne com a marca
Alto Camaquã nos mercados, inclusive fora do Rio Grande do Sul. Beneficio direto aos
produtores do Alto Camaquã e a toda a cadeia da carne ovina.
Situação da Ação: Pendente de negociação
Sustentabilidade Ambiental
Demanda/problema: necessidade de se quantificar os serviços ecossistêmicos produzidos no
âmbito dos sistemas de produção de ovinos sobre campo natural no Alto Camaquã, com vistas a
diferenciação dos produtos no mercado e o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)
Ação: Caracterização de Serviços Ambientais no Alto Camaquã. Será apresentada às instituições
de pesquisa da região a demanda para que se elaborem projetos de pesquisa com a finalidade de
quantificar e monitorar os serviços ambientais.
Objetivo: gerar índices para ser usados como instrumento do programa de marketing e gerar
subsídios para encaminhar junto ao Comitê da Bacia do Rio Camaquã e a Assembleia
Legislativa pleito por PSA.
Executor: ADAC – Mateus Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2020
Recurso: R$ 500.000,00
Fonte: não definido
Metas: quantificar a contribuição dos sistemas de produção de ovinos sobre campo nativo em
termos de “produção de agua” (infiltração e recarga de aquíferos) e manutenção da
biodiversidade; determinar a “pegada” de carbono dos sistemas e ampliar o uso do balanço
emergético (emergia é a energia incorporado nos sistemas).
Indicadores de impacto: obtenção de dados objetivos capazes de subsidiar o marketing
territorial e obtenção do PSA. Beneficio direto aos pecuaristas que adotarem o manejo
conservacionista e indireto as cadeias ovinas.
Situação da Ação: A Iniciar
Infraestrutura e Logística
Demanda/problema: necessidade de aproveitar as oportunidades de mercado para a carne ovina
representado por expofeiras e eventos promocionais
Ação: aquisição de um “kit” composto por um furgão, um freezer, uma balcão frigorifico, uma
mesa e uma balança, de forma que seja possível organizar a dinâmica de participação e
promoção dos produtos Alto Camaquã ao público consumidor. Associado a questão comercial
esta ação proporciona o marketing via a exposição a marca estampada no furgão e no caminhão.
Objetivo: garantir a presença da marca Alto Camaquã em eventos
Executor: ADAC – Mateus Garcia
Contato: (53) 99658530 – [email protected]
Data final da ação: 2016
Recurso: R$ 150.000,00
Fonte: não definido
Metas: participar de pelo menos cinco eventos por ano.
Indicadores de impacto: reconhecimento social da marca e volume de vendas. Beneficio de
todos os membros da ADAC.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
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Situação da Ação: A Iniciar
Incentivos
Demanda/problema: necessidade de obter apoio do estado para o fortalecimento do APL Alto
Camaquã
Ação: Reconhecimento imediato da AGDI enquanto APL Ovinos & Turismo Alto Camaquã. A
ação envolve a elaboração de documento contendo informações sobre a evolução, situação atual
e futura do APL.
Objetivo: Cumprir com os requisitos do estado para que o Alto Camaquã seja reconhecido como
APL
Executor: ADAC – Mateus Oliveira Garcia
Contato: (53) 9965 8530 – [email protected]
Data final da ação: 2015
Recurso: R$ 150.000,00 curto prazo
Fonte: governo - MDIC
Metas: reforçar a governança, formação novas lideranças, para atuar em processos coletivos;
organizar o fluxo de informações entre os membros da ReAC; recursos humanos para trabalhar
as relações interinstitucionais; fortalecer a ação coletiva em torno da Marca Alto Camaquã.
Indicadores de impacto: incremento do número de atores na governança do APL; novos lideres
formados; informação de forma concomitante em todas associações; ReAC realizando a
comercialização coletiva envolvendo, pelo menos, 250 produtores. Ação beneficiará o conjunto
dos atores da cadeia ovina no território.
Situação da Ação: Em Andamento
Ações Estratégicas
Médio prazo
Demanda/problema: necessidade de coordenar as ações da ovinocultura no âmbito do Rio
Grande do Sul
Ação: Apoiar a elaboração do Plano de Desenvolvimento da Ovinocultura Gaúcha. Atuar
intencionalmente em colaboração com a ARCO visando a elaboração do Plano.
Objetivo: contribuir para a melhoria das condições das cadeias da carne e da lã no RS.
Executor: ADAC – Mateus Garcia
Contato: (53) 9965 8530 – [email protected]
Data final da ação: 2015
Recurso: não envolve valores monetários
Fonte:
Metas: contribuir para o fim da estacionalidade da produção ovina no Rio Grande do Sul.
Indicadores de impacto: numero de animais abatidos; consumo de carne; aumento da qualidade
e da quantidade de lã processada pela indústria do Rio Grande do Sul.
Situação da Ação: Em Andamento
Longo prazo
Demanda/problema: necessidade de manter o processo de inovação
Ação: Rede de Inovação em prol do APL Alto Camaquã
Objetivo: descrever o(s) objetivo(s) específico(s) da ação
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AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
Executor: nome da instituição e da pessoa responsável pela execução da ação
Contato: telefone e email da pessoa responsável pela ação
Data final da ação: data de término ou prevista para o término da ação
Recurso: valor total aportado, incluindo contrapartidas
Fonte: parceiros que viabilizam financeiramente a ação
Metas: resultado(s) a alcançar
Indicadores de impacto: descreva o impacto potencial da ação, discriminando o número de
beneficiários diretos e indiretos
Situação da Ação: A Iniciar
2.5. Coordenação
2.5.1. Coordenação e vínculos para o desenvolvimento do APL
A ADAC mantém vínculos formais com a Embrapa, com as prefeituras de Bagé, Encruzilhada,
Caçapava e Canguçu (atualmente negocia com as demais). Também a ADAC mantém acordo
formal de cooperação com a ARCO.
A relação com a Embrapa se concretiza na forma de projetos de pesquisa que são executados em
parceria com outras instituições de pesquisa.
As relações das Universidades com a Rede Alto Camaquã se dá principalmente através dos
cursos de pós graduação. No PGDR da UFRGS já foram desenvolvidas duas dissertações e uma
tese de doutorado que tem na experiência do Alto Camaquã seu apoio empírico. Outras duas
dissertações foram desenvolvidas no departamento de Ecologia, contribuindo para o
conhecimento da diversidade vegetal do território.
No departamento de Zootecnia da UFPEL quatro dissertações de mestrado foram executadas,
contribuindo com as primeiras avaliações de carcaças e carne de caprinos criados em condições
naturais no território.
Na UFSM foram desenvolvidas outras duas dissertações, uma no pós-graduação em Extensão
Rural e outra no departamento de Engenharia. Contribuições sobre o uso dos recursos naturais
por parte dos pecuaristas familiares. Além disso a universidade é parceira da Embrapa em
projeto de pesquisa relacionados com a “Caracterização da Carne de ovinos do Alto Camaquã”.
A UNIPAMPA tem apoiado através do curso de Gestão Ambiental do campus de São Gabriel e
do curso de Zootecnia do campus Dom Pedrito. Através do Laboratório Interdisciplinar de
Ciências Ambientais – LICA, a equipe da Gestão Ambiental, através de alunos bolsistas,
realizou as primeiros ações de mapeamento das nascentes no território. As equipes dos cursos de
Zootecnia tanto da UNIPAMPA quanto da UFPEL são parceiras da Embrapa no projeto de
“Caracterização das Carnes de Ovinos do Alto Camaquã”. O SEBRAE é outro agente com
atuação importante no território através do programa Juntos Para Competir. O Sebrae trabalha
com grupos e mantém vários destes nos municípios do Alto Camaquã. Neste momento ha
tratativa no sentido de aproximar os trabalhos do Sebrae, da Embrapa da ARCO.
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2.5.2. Governança e instâncias decisórias em prol do arranjo;
A Rede Alto Camaquã está organizada em níveis de complexidade. O primeiro nível é o da
Associação de base comunitária, a rede local. Neste nível o trabalho envolve a valorização dos
recursos locais e das experiência das pessoas. Isso se dá mediante a aplicação de metodologias
de pesquisa participativa envolvendo Embrapa, produtores, Universidades e Emater. O espaço de
interação é constituído pelas UEPAs (Unidades Experimentais Participativas). Os atores locais
definem a localização da UEPA em sua comunidade. Neste espaço acontecem reuniões mensais
com a participação dos atores locais e externos. A reunião visa o debate e a reflexão sobre
aspectos do uso e manejo de recursos, sistemas de criação, funcionamento dos sistemas naturais,
formatos tecnológicos, funcionamento dos mercados, etc., mas também é momento de avaliação
dos resultados obtidos com modificações no âmbito do sistema de produção.
O segundo nível é fruto da interação entre as Associações, o que conforma a Rede Alto Camaquã
(ReAC) que é coordenada pela Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto
Camaquã – ADAC. Neste espaço são elaboradas, debatidas e definidas as estratégias da Rede.
Ocorrem reuniões ordinárias (4xano) e extraordinárias da ReAC, que são tratadas como
assembleias onde todas as decisões são tomadas. Neste espaço participam os membros da ReAC
e representantes de entidades ligadas diretamente a promoção e organização. Entre elas a
Embrapa, a ARCO, a EMATER.
No terceiro nível ocorrem as interações da ReAC – representada pela ADAC – com os demais
agentes. A ADAC é quem negocia, em nome dos membros da ReAC, as parcerias com a
indústria, comercio, com a pesquisa, com as administrações públicas, com as representações,
com as instituições de ensino, empresas de assessoria, etc. Neste nível a articulação se dá através
do Fórum do Alto Camaquã, que uma reunião aberta a todos os atores do território e parceiros
com o objetivo de pensar juntos o desenvolvimento regional e pactuar ações conjuntas. O Fórum
é a máxima instancia de governança do território, envolve os colaboradores e parceiros, que são
tratados como membros da Rede Alto Camaquã.
Em resumo as instancias são:
1) reuniões das Associações (nível local);
2) reuniões da ReAC onde participam todos os representantes das Associações
3) assembleia da ADAC onde são tomas das decisões relacionadas a gestão, estatuto, etc.
4) reunião do Fórum do Alto Camaquã onde participam todos os agentes do APL
2.5.3. Relações com organizações locais:
2.5.3.1. Contribuição para o desenvolvimento da comunidade;
O APL Alto Camaquã nasceu de uma iniciativa orientada a promoção do desenvolvimento rural
em uma perspectiva endógena e territorial o que significa que toda e qualquer mudança na
realidade é realizada com a participação dos atores locais. As comunidades são dotadas de
capacidade de agencia e tem papel ativo na estrutura organizacional.
A Associação é o primeiro nível organizativo e decisório. As UEPAs e a construção do
conhecimento no contexto das comunidades tem proporcionado o desenvolvimento de
lideranças, bem com de novas habilidades não só em termos técnico-produtivos mas, sobretudo,
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no que se refere a participação em grupos, capacidade de expressar ideias, etc. Do ponto de vista
econômico o arranjo proporcionou incremento de renda e reconhecimento social as comunidades
do Alto Camaquã.
Iniciativas de capacitação dirigida aos jovens e mulheres são realizadas, com destaque para a
capacitação em Gestão da propriedade rural e Guia de turismo.
2.5.3.2. Disseminação de valores educativos e melhoria das condições sociais.
Como já mencionado, a Rede Alto Camaquã cultiva os valores da solidariedade, da colaboração,
da cooperação, do comprometimento com as ideias e as pessoas, com a ética. Os princípios da
valorização dos recursos naturais e da experiência de sujeito, são essenciais. Não se trata de
palavras, sem o exercício destes valores e princípios não teria sido realizado.
Pois, como em todas as reuniões, seja, na UEPA, seja nas associações ou no conjunto da ReAC,
homens, mulheres, jovens e crianças, convivem com este conjunto de orientações, entendemos
que isso proporciona a todos, ao mesmo tempo e de forma continuada, o contato com valores que
tem efeito educativo. A Embrapa já organizou a apresentação das ideias do projeto nas escolas
da região. Por intermédio do projeto “Embrapa na escola”, foi possível apresentar a jovens e
crianças as premissas do Alto Camaquã, na intenção de fortalecer a autoestima de uma
população que vivia com o sentimento de inferioridade. Talvez a maior contribuição do Alto
Camaquã tenha sido fazer com que mais pessoas entendam o valor da sua historia e do seu lugar
de vida. A frase “não somos melhores nem piores que ninguém, somos diferentes” tem sido
repetida ao longo dos anos por um número cada vez maior de pessoas. Isso é de grande
significância no contexto de uma região que atravessou os tempos pensando simplesmente que
era “pobre e atrasada”.
Um outro diferencial da experiência Alto Camaquã é que cada individuo é sujeito do processo e
não meramente um receptor passivo de benefícios. Ainda que, por diversas questões, nem todos
tomem livremente a palavras para se expressar, anda assim, é possível verificar que a
metodologia de “construção do conhecimento” contribui significativamente para o
desenvolvimento de das pessoas. Em palavras de um pecuarista familiar” Quando começou este
projeto eu não sabia nem falar, hoje não só consigo me expressar como tenho condições de ir a
uma universidade, e não só entender o que está sendo dito, mas acima de tudo, fazer três ou
quatro perguntas”. Entendemos que as palavras do produtor sintetizam grande parte da
transformação que a experiência do Alto Camaquã tem proporcionado para as pessoas
envolvidas.
2.5.4. Projetos Desenvolvidos no APL
PROJETO
Avaliação das condições para a ecologização da pecuária
familiar na Serra do Sudeste
A ecologização da pecuária familiar como estratégia de
desenvolvimento territorial do Alto Camaquã
Desenvolvimento Territorial do Alto Camaquã
Manejo ecológico da vegetação natural campestre no
ELABORACAO/
COORDENACAO
EMBRAPA
FINANCIADOR
ANO
FAPERGS
2004
EMBRAPA
EMBRAPA
2006
EMBRAPA
ELETROBRAS/
CGTEE
EMBRAPA
2011
EMBRAPA
2009
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
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AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
contexto da pecuária familiar do Alto Camaquã
Bases cientificas para a caracterização da carne de
ovinos e caprinos do Alto Camaquã
Estrategias de difrenciación de los productos de la
agricultura familiar en base a su vinculo con el territorio
Aproveitamento integral e agregação de valor à carne de
ovinos de diferentes categorias dos campos sulbrasileiros: da avaliação in vivo à produção de derivados
cárneos
Estilos de Agricultura e dinâmicas locais de
desenvolvimento rural: o caso da pecuária familiar no
território Alto Camaquã do Rio Grande do Sul
Colonialidade e desenvolvimento: a ressignificação do
lugar em “zonas marginalizadas” no sul do Rio Grande
do Sul
Vulnerabilidades, capacitações e meios de vida dos
pecuaristas de corte da Campanha Meridional e Serra do
Sudeste do Rio Grande do Sul.
Padrões de diversidade da vegetação lenhosa da região
do Alto Camaquã, Rio Grande do Sul
A transdisciplinary approach to rural development and
conservation in the Alto Camaquã basin, Rio Grande do
Sul, Brazil
Estudo das comunidades vegetais campestres na região
do Alto Camaquã, Rio Grande do Sul
Saberes e práticas tradicionais: uma análise do modo de
apropriação da natureza pelos pecuaristas familiares da
Serra do Sudeste/RS
A pecuária familiar e a gestão de recursos hídricos da
bacia hidrográfica do rio Camaquã: um estudo de caso
no território Alto Camaquã
O turismo como estratégia de desenvolvimento
territorial do Alto Camaquã
EMBRAPA
EMBRAPA
2012
EMBRAPA
IICA/PROCISUR
2015
EMBRAPA
EMBRAPA
2017
UFRGS
UFRGS
2009
UFRGS
UFRGS
2014
UFRGS
UFRGS
2013
UFRGS
UFRGS
2013
UFRGS
2009
UFSM
UFSM
2012
UFSM
UFSM
UFSM
UFSM
2015
SENAC
SENAC
2014
Uinversidade
Munique
de
2.6. Investimento e Financiamento
2.6.1. Tendência recente do desempenho econômico das empresas do APL
Duas questões são importantes considerar. Mesmo que o APL esteja em processo de organização
desde 2005, foi somente a partir dos últimos 24 meses que foi possível estabelecer relações
comerciais, e também que estamos tratando de produtores de pequena escala. O processo de
ajuste entre a lógica de “pecuária como reserva de capital”, principal característica da pecuária
familiar, com a de mercado (ainda que socialmente construído) está em andamento, mas distante
de se completar. Tal processo requer grandes cuidados pois a lógica não é a de maximização dos
ganhos e sim da otimização dos recursos, ou seja, trata-se de ofertar produtos cuja qualidade
corresponda ao grau de durabilidade dos sistemas produtivos.
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AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO – AGDI
2.6.2. Áreas de investimento das empresas do APL
Dado que o Arranjo se dá entre agentes que tem ou baixa capacidade de investimento, como a
pecuária familiar, ou encontram-se em fase inicial, como é o turismo que começa a dar seus
primeiros passos enquanto atividade econômica, até o momento o APL foi organizado e mantido
com recursos captados via projetos de pesquisa e desenvolvimento elaborados pelas instituições
parceiras. Os recursos provieram dos seguintes órgãos financiadores: EMBRAPA,
ELETROBRAS/CGTEE, CNPq, FAPERGS, PROCISUR/IICA. Até então a prioridade tem sido
a expansão da capacidade produtiva e organizativa na região e o desenvolvimento tecnológico
orientado a sustentabilidade. Esforços foram realizados com referencia ao desenvolvimento de
produto, capacitação e marketing (publicidade, feiras, comerciais, etc.). As associações
comunitárias que conformam a Rede Alto Camaquã, através da ADAC e via FEAPER
investiram no ano de 2014, R$ 300.00,00 na aquisição de dois caminhões, um de transporte de
animais e outro frigorífico.
2.6.3. Investimentos futuros
Nos próximos anos pretende-se concentrar investimentos na assistência técnica visando
qualificar a capacidade produtiva local para gerar oferta capaz de atingir outras regiões,
especialmente a região metropolitana. Para tanto deve-se buscar recursos para garantir a
participação em um consorcio de marcas que negocial atualmente uma estratégia onde a
EMBRAPA funcionaria como incubadora. Significaria não só assessoramento tecnológico mas
também a transferência de “segredos industriais” para produtos inéditos no mercado.
Também a intenção de investir em estrutura para dispor de ponto de venda próprio em um
grande centro urbano, um ponto de venda em cada um dos municípios do território e ainda
participação em feiras e organizar eventos gastronômicos dentro de um calendário turístico.
Outro aspecto que deverá merecer atenção é o Plano de Marketing Territorial do Alto Camaquã.
2.6.4.Demanda potencial em termos de tipo de crédito a ser ofertado e volume
LINHA DE CREDITO
Manejo de recursos naturais (conservação de campos, reservação
de agua, irrigação de campo pastagens, kits de cerca elétrica
Mecanização (tratores de pequeno e médio porte, roçadeiras,
conjunto para fenação, plantio direto, etc)
Construção de centros de manejo (mangueiras, balança, etc)
Recursos para adequações estruturais (desossa, cortes,
embalagem, armazenamento) de pequenas industrias de carne às
exigências sanitárias e ambientais e atualização tecnológica
Recursos para capital de giro destinados a pequenas industrias e
comércios especializados em carne
Recurso para turismo rural
PRAZO (anos)
5
CARENCIA
2
R$ (milhões)
1
10
2
3
5
20
1
2
2
5
12
-
2
10
2
1
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2.7. Qualidade e Produtividade
No Alto Camaquã a qualidade é tratada como um atributo do processo produtivo, incluindo a
relação com os recursos ambientais, e não do produto. A intenção é construir a imagem de que o
Alto Camaquã é um território que consciente e intencionalmente optou por uma estratégia de
desenvolvimento durável e que os produtos e serviços provenientes deste, são produtos de baixo
impacto e uma qualidade que além de objetiva também é intangivelmente associada a sua origem
e forma de produção. Dois elementos são importantes neste processo: a marca coletiva que ao
mesmo tempo comunica tais características e certifica a origem. No caso do Turismo, o Alto
Camaquã, em função se sua estratégia, foi reconhecido pela Associação das Montanhas
Mundialmente Famosas (WFMA em inglês) (ver links abaixo).
http://wp.clicrbs.com.br/rumosdafronteira/2010/12/08/bage-passa-a-integrar-a-associacaomundial-de-montanhas-famosas/?topo=13,1,1,,,13&status=encerrado
http://www.anptur.org.br/novo_portal/anais_anptur/anais_2014/arquivos/DTP/DTP3DTP5/121.pdf
http://bs.sede.embrapa.br/2010/destaque6.html
Mesmo sendo uma certificação internacional, a estratégia do turismo regional ainda não adotou o
fato de ser, juntamente como o Geoparque do Araripe, os Monólitos de Quixadá e Guaramiranga
(todos no Ceará), os únicos membros da WFMA na América Latina. Trata-se de um potencial
que não foi devidamente ativado.
A capacidade instalada contempla potencialmente 9 mil unidades rurais de produção distribuídas
em uma região de mais de 35 mil Km2, que envolve mais de 300.000 mil habitantes, três
industrias de porte médio, 4 abatedouros municipais e pontos de venda em todos os municípios
do território mais a região metropolitana.
Um dos principais aspectos da produção primaria do Alto Camaquã é o reduzido uso de insumos.
Mesmo que não fosse assim haveria plena disponibilidade de todos tipo de insumos, de sementes
a máquinas e equipamentos, passando pela genética animal e vegetal. As industrias demandam
energia mas pelo seu porte não tem tido problemas de oferta. O único caso de terceirização
parece ser a destinação de vísceras nas industrias de carne, os são destinada por empresas
especializadas, nem sempre da região. De qualquer forma o serviço é prestado a contento.
2.8. Tecnologia e Inovação
No que se refere a tecnologia o setor de produção ovina do APL apresenta um baixo nível de
incorporação. Parte devido a inadequação dos formatos tecnológicos disponíveis que impõem
uma intensificação produtiva que é incompatível com as condições econômicas e ambientais do
Alto Camaquã. Parte deve-se a reduzida importância que se atribuiu nesta região à ovinocultura
nos 30 anos pós crise da lã. A ovinocultura não desapareceu, manteve sua importância social,
enquanto fonte de proteína, mas ficou reduzida a subsistência. Decorrente desta combinação de
fatores temos que, apesar do grande acervo de tecnologias de produção disponíveis, os
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produtores do APL estão as estão utilizando. A abordagem do desenvolvimento territorial
endógeno do Alto Camaquã atribui valor a esta situação, dado que a falta de êxito da “difusão de
tecnologias” permitiu que esta região conservasse um conjunto de elementos que são extremante
valiosos nos dias atuais. Trata-se da preservação de uma forma de produção fortemente
vinculada ao meio biofísico, a pecuária de campo nativo. A não utilização de insumos químicos
(fertilizantes, agrotóxicos, etc) e energéticos (combustível) completa o quadro de
sustentabilidade ambiental. O agroecossistema, no entanto apresenta problemas de renda e,
portanto, não garante a sucessão familiar. A Embrapa Pecuária Sul, através do grupo de
Agroecologia, partindo da questão: “como podemos gerar renda, sem perder o elevado índice de
“renovabilidade”, propôs a conservação do campo (mediante estudos realizados com a
participação dos pecuaristas familiares), a organização social, a valorização dos produtos e o uso
de um selo distintivo como estratégia para transformar a realidade regional. Adotou os princípios
da Agroecologia e uma perspectiva territorial. O resultado tem sido um processo de inovação
socialmente construído, cuja essência é manejo conservacionista dos campos baseado no
descanso de áreas e controle sobre o consumo, de forma que permaneça um resíduo após o
pastejo dos animais. Desta forma não só tem sido possível aumentar a oferta de forragem, mas
também manter a cobertura do solo, a capacidade de infiltração de agua, a manutenção da
biodiversidade, a fauna, a paisagem, o sequestro de carbono, reduzir a erosão, etc. Uma
infinidade de serviços ecossistêmicos além da carne. Trata-se de uma pecuária que ao mesmo
tempo produz e conserva, o e faz a partir prioritariamente de energia renovável. Os produtos
deste sistema se distinguem por um conceito de qualidade que envolve o sistema de produção
como um todo e não apenas o produto final. Tal conceito deve ser comunicado coo forma de
diferenciar os produtos oriundos deste território. Para isso está a marca coletiva territorial.
Com isso queremos dizer que a inovação tecnológica no Alto Camaquã é baseada em tecnologias
de processo e não de produção, atreladas a inovação organizacional e metodológica. Na ausência
de metodologias apropriadas e organização social, as tecnologias não fazem sentido, como se
pode comprovar com o que aconteceu nos últimos 40 anos quando uma grande variedade de
tecnologias foram ofertadas sem que fossem incorporadas a maioria dos sistemas de produção.
No entanto, após o desenvolvimento metodológico-organizacional e o exercício coletivo da
ReAC, incluindo a passagem pelo mercado, os pecuaristas familiares começam a atribuir
importância às tecnologias de produção, sem perder de vista a discussão sobre “que tecnologia” é
capaz de promover melhorias nos sistemas sem descaracteriza-los quanto a “eficiência
ecológica”. A incorporação de tecnologias de produção deverá ocorrer dentro de um contexto de
transição agroecológica. Para isso se faz necessária uma assistência técnica capaz de
compreender o processo de “construção do conhecimento”, ou seja, compreender que o
conhecimento simplesmente não se transfere, deve-se criar um contexto que mobiliza a
capacidade local de inovação. A estratégia garante que os produtos do Alto Camaquã não
tenham concorrência direta. As práticas e tecnologia construídas no âmbito das UEPAs são
disseminadas dentro da ReAC pela interação e troca de experiência dos produtores, pois os
sistemas oficiais de difusão tecnológica entre os empreendimentos/produtores do APL é
ineficiente.
No meio industrial a defasagem tecnológica é marcante. A maioria das industrias de carne e a
totalidade da indústria de lã, dispõem de equipamentos tecnologicamente obsoletos. Existe uma
indústria no território com boas condições tecnológicas mas ainda não estabeleceu a associação
de marcas com o Alto Camaquã. A atualização tecnológica da indústria requer politicas de apoio
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as pequenas e médias industrias de carne e lã. A defasagem tecnológica por outro lado é um
impedimento a inovação de produtos.
Para finalizar devemos mencionar o fato de que está em fase de instalação na região um Parque
Tecnológica, onde os parceiros da ADAC - IFSUL, UNIPAMPA e EMBRAPA - terão a
oportunidade de trabalhar de forma cooperada em prol da inovação no Alto Camaquã. Em
conjunto estas instituições – as quais constituem as principais fontes de informação para a ReAC
- dispõem de excelente estrutura para o desenvolvimento de P&DI. O Parque ademais deverá
possibilitar a amplificação das interações entre instituições de pesquisa e industrias e outras
empresas. A Rede Alto Camaquã tem colaborado com o desenvolvimento de novos produtos de
carne ovina por parte da EMBRAPA em parceria com a UNIPAMPA, UFPEL, UFSM e
UFRGS. Esta em negociação entre a ARCO, a EMBRAPA, o MAPA, a USP e a Universidade
Positivo, com apoio da ADAC, a validação de um protocolo de avaliação do bem-estar em
ovinos acompanhado pelo desenvolvimento de um software para apoiar a medição.
2.9. Meio ambiente e Saúde
A experiência do Alto Camaquã foi construída sobre os princípios da Agroecologia, como a
valorização dos recursos e da experiência e conhecimentos dos atores locais mediante o emprego
de metodologias participativas de pesquisa, portanto, trata-se de uma construção social.
Embora não exista um Plano de Preservação Ambiental os princípios adotados pela Rede Alto
Camaquã e a imagem comunicada pela marca coletiva (“Exclusividade com sustentabilidade”)
revelam o grau de importância que a conservação ambiental tem para o APL. A principal
característica da pecuária familiar é sua dependência dos recursos naturais, em especial o campo
nativo. No caso do Alto Camaquã, a conservação dos recursos naturais é seu principal valor, o
que faz com seja esta atividade a principal responsável pela conservação ambiental, até porque a
natureza é tomada como componente fundamental da identidade territorial. A principal mudança
promovida no âmbito das unidades produtivas foi a adoção do manejo conservacionista.
Prova disso é o fato de que a região, conforme pode ser observado no mapa abaixo, ainda possui
mais de 80% de sua cobertura composta por vegetação nativa, constituindo-se, provavelmente,
na região mais bem conservada do Rio Grande do Sul.
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2.9.1. Gerenciamento do impacto das empresas na comunidade de entorno
Como a maioria dos empreendimentos envolvidos no APL são rurais e fazem o manejo
conservacionista dos recursos, é de esperar baixo impacto ambiental. Algumas observações
apontam que o impacto da pecuária sobre o principal recursos natural, o campo, foi muitas vezes
negativo, mas devido a pequena escala de produção e as praticas adotadas, estes impacto eram
totalmente reversíveis, bastando apenas modificar o manejo. No caso da indústria, a atual
legislação ambiental monitora os impactos, de forma que em caso de inconformidade as
empresas tem suas atividades suspensas.
2.10. Relações Sociais e Culturais
2.10.1. Importância do APL para o território Alto Camaquã
A crise da ovinocultura dos anos 80/90 do século passado, sem dúvidas, teve impacto sobre a
atividade ovina na região do Alto Camaquã, mas devido às condições ambientais - com terrenos
que impedem a mecanização e a intensificação produtiva devido a acentuada declividade e solos
rasos com afloramento de rochas – e socioeconômicas – predomínio da produção de pequena
escala próprias da pecuária familiar em sistemas onde os animais são principalmente reservas de
capital – a ovinocultura manteve sua importância econômica e social. Pode-se afirmar que não
existe pecuária familiar – principal categoria social do campo na região do Alto Camaquã - sem
ovinos no sistema de produção. Assim sendo, a espécie ovina pode ser apontada como
importante aspecto da identidade histórica e produtiva desta região há pelo menos 150 anos.
No entanto, deve-se destacar que a organização sócio-produtiva deste setor na região do Alto
Camaquã é algo recente. Foi somente com o trabalho capitaneado pela Embrapa Pecuária Sul a
partir de 2007, que o APL ganha seus primeiros contornos. A integração entre uma perspectiva
territorial do espaço, a noção de desenvolvimento com identidade associada à ideia de cadeia
produtiva foi o que proporcionou a articulação dos agentes econômicos, sociais, políticos e
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institucionais em torno da ovinocultura. Salienta-se que a produção de carne ovina foi definida
como estratégia inicial da Rede Alto Camaquã, justamente por constituir-se em atividade
econômica presente na totalidade das unidades produtivas do território, embora encontrando-se
em estado de “sobrevivência”, isto é, estava presente principalmente como provedora para o
autoconsumo de carne e venda de algum excedente. O fortalecimento do APL significa
incentivar uma cadeia que tem sua base produtiva em mãos de uma categoria social do campo, os
pecuaristas familiares, que tem históricos problemas de renda, embora sejam responsáveis pela
conservação de importantes serviços ecossistêmicos.
A organização em Rede proposta pelo Alto Camaquã tem possibilitado modificar, ainda que
lentamente, um dos traços culturais mais acentuados que é o individualismo, fruto de uma
ocupação territorial conflituosa que levou as pessoas a buscas deliberadamente o isolamento. A
atual Rede composta por 22 Associações dos oito municípios é a primeira experiência a
proporcionar a interação entre os atores do território. A totalidade das pessoas que hoje
participam da Rede sequer se conheciam há sete anos atrás. A transformação que conduziu a
situação atual, onde os atores, de forma coletiva, pensam e pactuam estratégias de interesse
comum em escala regional, significa verdadeira revolução social.
A concentração da ovinocultura nas mãos da pecuária familiar e a importância da carne ovina na
alimentação familiar, reforça o elevado grau de importância social desta atividade. A estratégia
de desenvolvimento territorial endógeno do Alto Camaquã, sem perder de vistas estes aspectos,
trabalhou nos últimos sete anos visando promover a qualificação dos sistemas de produção a
partir do uso eficiente dos recursos localmente disponíveis de forma que o vinculo entre produto
e território seja tomado como importante componente da qualidade, que assim deixa de ser uma
atributo do produto para ser uma característica do processo de produção.
2.10.2. Eventos













Seminário sobre “Cuidados com ovelhas e cordeiros no nascimento” realizado na
Embrapa Pecuária Sul em julho de 2014
Seminário de Ovinocultura realizado pela Associação de Produtores de Ovinos de
Encruzilhada do Sul - APROES
Reuniões do Fórum do Alto Camaquã (sempre em maio e outubro, com exceção de
outubro de 2014 e maio de 2015)
50 dias de campo em todas as associações membros da ReAC
5 Oficinas de corte de carnes
5 Expo Alto Camaquã em Bagé
OVINOFEST em Lavras do Sul em 2013 e 2014
Jantar Cordeiro e Vinhos em Encruzilhada do Sul (anual)
FEOVELHA em Pinheiro Machado (anual)
Festa do Churrasco em Bagé (anual)
Semana Farroupilha de Piratini (anual)
FENOVINOS em Caçapava do Sul (maio 2015)
Festa do cordeiro em Canguçu (2014)
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2.10.3. Plano de Responsabilidade Social.
Não há.
3. Desafios e Oportunidades de Desenvolvimento
3.1. Variáveis importantes para caracterização da situação atual do APL
Sociais
Numero de pecuaristas familiares
envolvidos (450)
Nível de organização social (associação,
Rede, Fórum)
Ambientais
Conservação ambiental (ver mapa item
meio ambiente e saúde)
Práticas de manejo conservacionista dos
campos
Econômicas
Marca coletiva (em registro)
Envolvimento entidades públicas
Serviços ambientais (falta quantificar)
Renda da pecuária familiar (potencial de
gerar R$ 200 milhões)
Eficiência energética dos sistemas
(índices emergéticos)
Estratégia
metodológica
(pesquisa participativa)
inclusiva
Acesso ao mercado (no mercado desde
2013)
3.2. Pontos positivos e negativos do arranjo.
Pontos positivos
Pontos negativos
Apoio de instituições de P&D e tecnologia
Falta de assistência técnica
Produtos com demandas crescentes
Baixa disponibilidade de mão de obra
Envolve atividades econômicas de baixo investimento e alta
rentabilidade
Forte envolvimento população rural – organização em rede
Baixa eficiência produtiva dos rebanhos
Integração de agentes econômicos, sociais, políticos
Irregularidade da oferta
Governança já organizada
Abate informal
Presença da Associação regional ADAC como articulador dos
agentes
Ociosidade da indústria
Gestão deficiente das unidades de produção pecuária
Organização da cadeia da carne ovina
Deficiente fluxo de informação entre os membros da ReAC
Reconhecimento público
Ausência do Estado na fiscalização sanitária e tributária do
comercio de carne ovina
Deficiente infraestrutura turística
Falta de compreensão e apoio das administrações públicas
Reduzida capacidade de investimento dos membros do APL
Integração entre ovinos e turismo como estratégia de atuação
3.3. Obstáculos a serem superados
Curto prazo
1. Falta de assistência técnica
Oferta reduzida de matéria-prima
Defasagem tecnológica da indústria (infra)
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Sem dúvidas o principal obstáculo do APL. O atual estagio do Alto Camaquã requer uma
assistência técnica que apoie o processo de produção de base ecológica que se estabeleceu. Os
sistemas de produção da pecuária familiar do Alto Camaquã vem aprimorando a práticas de
manejo do campo nativo, usando bases agroecológicas. Atuamente existe deficiência numérica
de pessoal na assistência técnica oficial para atender a demanda da Rede Alto Camaquã.
Considerando a estratégia metodológica utilizada, baseada em um modelo com vários
“momentos” - que incluem valorização do local, conservação dos recursos, construção do
conhecimento, organização social, construção do selo distintivo e mercado – que funcionam
como uma espiral ascendente. Ou seja, passa por todos os momentos e retorna ao primeiro,
sempre em níveis acima do anterior. O modelo permite iniciar o processo de mudança por
qualquer um dos momentos, mas como o Alto Camaquã iniciou pela valorização do local, que
incluiu o “re-desenho do sistema de produção, e passou por todos os demais, retornou ao
momento de amplificar a valorização dos recursos e o redesenho do sistema em uma escala
ampliada. O Alto Camaquã tardou sete anos para realizar o primeiro ciclo completo, agora o
esperado seria realizar o próximo ciclo em menor tempo, desde que para isso exista apoio de
uma equipe técnica capaz de realizar esta “amplificação”. O primeiro ciclo começou com cerca
de 60 pecuaristas e foi realizado com apoio das instituições parceiras. O segundo ciclo deverá
alcançar, pelo menos, 500 pecuaristas, algo impossível de realizar sem uma Assistência
permanente. Esta em negociação, em parceria com a ARCO, a indução de uma chamada pública
para serviço de ATER específico para o APL Alto Camaquã. A dificuldade maior é o perfil dos
técnicos, pois já não basta fazer recomendações técnicas, se faz necessário incidir sobre os níveis
de percepção dos atores envolvidos. Ou seja, torna-se crucial que os técnicos compreendam que
“conhecimento não se difunde, se constrói”.
2. Irregularidade da oferta de matéria prima
A falta de regularidade se deve ao deficiente planejamento. É possível, utilizando a diversidade
de raças de ovinos presentes no território, ajustar a época de acasalamentos e nascimentos de
cordeiros para permitir oferta de animais para abate ao longo do ano com, no máximo, 12 meses
de idade. Desta forma é possível melhor distribuir a oferta e reforçar as relações de compromisso
com os demais elos da cadeia da carne. Com o apoio do estado ao APL seria possível dispor de
uma pessoa capaz de coordenar tal planejamento.
3. Eficiência produtiva dos rebanhos
No próximo ciclo de produção as taxas de fertilidade, fecundidade, natalidade e sobrevivência de
cordeiros terão que ser melhoradas em, pelo menos, 20%. Para tanto é crucial o serviço de ATER
específico.
4. Disposição dos frigoríficos para prestação de serviço de abate e a defasagem
tecnológica da indústria
Na organização da cadeia a partir da ideia de Alianças Mercadológicos, a Rede Alto Camaquã
não vende animais para o frigorífico, e sim paga pela realização do serviço. Nem todas as
industrias tem interesse nesta modalidade. A ReAC necessita incrementar sua capacidade de
oferta para modificar esta relação, mas a defasagem tecnológica das industrias representam um
enorme obstáculo, pois impede a inovação em termos de apresentação do produto carne.
5. Fonte de financiamento para fortalecimento da ADAC e Rede
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Torna-se crucial no curto prazo obter recursos para manter a gestão da ADAC, desde os serviços
administrativos (contabilidade, necessidade de pessoal) até a manutenção dos caminhões.
6. Reuniões do Fórum do Alto Camaquã
O Fórum é um espaço de reflexão e pactuação em que todos os atores do território podem
participar. É a instancia de participação de todo o APL. A maior dificuldade é dispor de recursos
para organizar as reuniões do Fórum, especialmente para serviços de transporte e alimentação.
Médio prazo
1. Gestão da informação e comunicação
Atuar em rede e participar de forma coletiva do mercado requer um alto nível de integração entre
os parceiros, ao mesmo tempo que gera uma enorme quantidade de dados que precisam ser
sistematizados e gerenciados para que seja possível extrair informações uteis para o
acompanhamento e avaliação do desempenho da Rede. Por outro lado, cada vez mais, a
informação torna-se um insumo fundamental, um verdadeiro fator de produção. Atualmente,
devido falta de recursos humanos para organizar dados (banco de dados) e a deficiente estrutura
de comunicação de voz e dados na região (ha muitas localidades onde não ha sinal de telefonia
móvel), a livre circulação de informações é um dos grande obstáculos enfrentados pela Rede
Alto Camaquã.
2. Gestão da ADAC e integração da ReAC – recursos humanos e financeiros
Recursos para dispor de uma equipe de apoio gerencial, como um executivo, uma secretaria, um
contador. Atualmente a gestão da ADAC é realizada com o apoio da equipe do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Pinheiro Machado e todos os deslocamentos dos gestores são realizados
com veículos das instituições parceiras, o que limita sensivelmente o trabalho de articulação dos
atores já que nem sempre as instituições tem veículos a disposição. Portanto, obter pessoal de
apoio e recursos materiais como veículos, computadores, etc., são obstáculos a ser superados.
Longo prazo
1. Qualificar técnica e gerencialmente as unidades de produção
A organização da cadeia produtiva da carne requer que no âmbito das unidades de produção
exista um mínima de organização gerencial de forma que se possa conhecer os custos de
produção, como forma de melhor negociar com os demais componentes da cadeia produtiva. Nas
questões técnicas também se faz necessário alguns ajustes visando reduzir os níveis de perdas na
produção. Como busca-se obter “sistemas intensivos em conhecimento” é fundamental que
novos conhecimentos sejam disponibilizados para os produtores de forma permanente.
2. Construção de mercados não-tradicionais
Apoiado nos estudos da “sociologia da economia” o Alto Camaquã considera que o mercado longe de ser um ente abstrato que “absorve produtos” -, é uma relação entre pessoas, portanto,
uma construção social. Mercados não-tradicionais são aqueles que “demandam produtos e
serviços diferenciados”. Um dos obstáculos, que está relacionado com a regularidade da oferta, é
identificar e estabelecer relações duradouras com estes espaços.
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3. Mercado para a lã
Ha pelo menos dois anos está em negociação no âmbito da ReAC uma estratégia de venda de lã
de forma conjunta. Tal debate se reproduzirá novamente na safra 2015 quando deverá ser
encaminhada uma solução. A parte disso a ReAC está negociando com a indústria a
possibilidade de se reproduzir a mesma estratégia da carne, ou seja, os produtores pagam pelo
serviço de lavagem e fiação de lã e comercializam fio. Custo de processamento é maior mas
agregaria muito valor (1 Kg de lã suja poderá valer R$10 a R$12 quando um Kg de fio no
mercado certo poderia superar os R$50).
4. Empreendedores envolvidos com o turismo
Atualmente apenas 19 empreendimentos voltados ao turismo estão presentes na Rede Alto
Camaquã. Ainda que seja um grade avanço, dada a pouca idade da cadeia do turismo na região,
pode-se apontar a necessidade de aumentar o número de atores em geral envolvidos com a
atividade do turismo como um dos grande obstáculos a superar no longo prazo. Ainda há que se
consolidar o turismo como atividade econômica. A organização e o fortalecimento do turismo de
eventos associado aos roteiros podem representar grande oportunidade.
5. Recursos para implantar roteiro integrado
Associado ao anterior este obstáculo é de grande relevância Torna-se crucial a elaboração de um
Plano Turístico territorial com vistas a captação, pois deve-se considerar a baixa capacidade de
investimento do setor.
6. Envolvimento institucional por falta de compreensão da concepção de DTE
Costuma-se dizer que se o setor público não se envolver o desenvolvimento territorial não
deixará de acontecer, mas certamente será mais lento. No caso do Alto Camaquã, parte dos
gestores públicos, ainda demonstra dificuldade de compreensão sobre as estratégias de
desenvolvimento territorial endógeno adotadas pela ADAC e seus parceiros. No longo prazo,
facilitar o entendimento dos homens públicos se tornará uma ação estratégica, pois assim os
potenciais benefícios gerados pela estratégia do Alto Camaquã poderão alcançar outros setores
do território e contribuir definitivamente para a mudança da realidade regional.
3.4. Desafios a serem alcançados: de curto, médio e longo prazos.
1. Viabilizar ATER capaz de usar metodologias inovadoras para animar processos
coletivos, contribuir tecnicamente para o desenvolvimento de Sistemas Intensivos em
Conhecimento e apoiar a conservação e fortalecimento da identidade territorial;
2. Obter registro definitivo e posicionar a marca Alto Camaquã no mercado como selo
distintivo e obter reconhecimento social (vender um conceito)
3. Definir uma estratégia comercial que garanta a remuneração justa;
4. Manter o processo de produção de conhecimentos (pesquisa) que permitam consolidar a
imagem territorial (território durável)
5. Envolver os setores de hospedagem e gastronomia no roteiro de turismo;
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6. Fortalecer as alianças mercadológicas para a carne ovina;
7. Incentivar a inovação permanente;
8. Definir indicadores de sustentabilidade e quantificar serviços ecossistêmicos como
estratégia de agregação de valor;
9. Desenvolver novos produtos e novas formas de apresentação;
10. Implantar roteiro turístico integrado em escala territorial;
11. Qualificar os empreendimentos turísticos para disseminar o conceito de DTE;
12. Manter a qualidade territorial (conservação ambiental e cultural) que são determinantes
para a identidade do território e por vias de consequência a essência da imagem
“vendida” externamente.
3.5. Oportunidades a serem conquistadas
Curto prazo
1. Demanda crescente por carne ovina com identidade
2. Crescimento do mercado gourmet – vinculo com chefs (manifesto Instituto Atá),
integração ao mercado via gastronomia-valorização-qualidade diferenciado
3. Mudança de hábitos de consumo- valorização origem e saudabilidade
4. Disponibilidade das instituições (P&D, Assessoria, representação, etc) e empresas para
apoiar APL
5. Momento (crise) favorável a inovação
6. Mobilização nacional e regional em torno da ovinocultura
Médio prazo
7. Oferta de novos produtos e novas formas de apresentação de produtos no mercado de
carne ovina;
8. Aproveitar o potencial dos produtos artesanais a partir da organização social, da analise
dos produtos e do aprimoramento do design;
9. Ativar o potencial turismo rural (paisagens, gastronomia, esportes radicais, observação de
fauna) ampliando o número de atores e empreendedores envolvidos;
Longo prazo
10. Consolidar a imagem de território durável do Alto Camaquã
11. Criar imagem favorável a atração de novos investidores e consumidores
4. Conclusão
Ao finalizar o documento de apresentação do APL Alto Camaquã para reconhecimento por parte
do estado do Rio Grande do Sul, via AGDI, e posterior homologação pelo Ministério do
Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior – MDIC, o fazemos na expectativa de ter
demonstrado, por um lado evidências concretas da existência de um Arranjo Produtivo Local que
integra a produção ovina e o turismo em uma região que mesmo dotada de potencialidades tem
tido serias dificuldades para transformar seus potenciais em valores, e por outro a oportunidade
para o estado, ao apoiar tal experiência, assumir protagonismo na transformação desta região
historicamente marginalizada pelos modelos de desenvolvimento.
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O reconhecimento do APL Alto Camaquã, por parte do estado, com o respectivo apoio deverá
gerar o seguintes resultados:
1. Viabilizar a assistência técnica para a produção ovina, com, pelo menos, 01 técnico por
município;
2. Formação de 20 novas lideranças para atuar em processos coletivos;
3. Organizar 01 base de dados visando qualificar o fluxo de informações entre os membros
da ReAC com garantia de acesso a internet para todas as 22 associações;
4. Contratar de 01 “executivo” para trabalhar as relações interinstitucionais e organizar
informações;
5. Capacitar técnico gerencial de 100 produtores por ano via associações locais(coletiva);
6. Inserir da marca no marcado de carnes, gastronomia e turismo;
7. Fortalecer a ação coletiva em torno da Marca Alto Camaquã, através de reuniões mensais
com as Associações membros da ReAC;
8. Fortalecer a governança e ampliando o número de agentes participantes da tomada de
decisão em 50%, integrando atores de ambas cadeias;
9. Restabelecer o Fórum do Alto Camaquã como espaço de reflexão, proposição e
pactuação dos agentes (governança) em torno do DTE. Organizar o Fórum por temas:
pecuária familiar; indústria e produtos; marca e mercados e turismo; com reuniões
semestrais
10. Introduzir o conceito de “Gestão de Cadeias de Suprimentos”, envolvendo os
ovinocultores da ReAC, pelo menos uma indústria e 10 distribuidores de carne;
11. Decidir sobre a pertinência de avançar de uma Associação Civil (ADAC) para uma outra
forma de organização (Cooperativa);
12. Estabelecer parcerias de longo prazo para construir uma cadeia completa – da produção
ao consumo - para a carne e o turismo;
13. Formatar uma Parceria Público Privada (PPP) voltada para a inovação em apoio ao APL
14. Definir e implantar o Plano integrado territorial de turismo-ovinocultura;
Nome completo e assinatura dos responsáveis pela elaboração do projeto:
Nome completo: Marcos Borba
Instituição: Embrapa Pecuária Sul
Assinatura:
Nome completo: Mateus Oliveira Garcia
Instituição: Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã - ADAC
Assinatura:
Nome completo: Marcos Sanches Blanco
Instituição: Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã - ADAC
Assinatura:
Nome completo: Julio Fernandes Moreira
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Instituição: Associação Pinheirense de Apicultores
Assinatura:
Nome completo: Romildo Morais Teixeira
Instituição: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pinheiro Machado
Assinatura:
Nome completo: Silvana Carvalho
Instituição: Coordenadoria de Turismo da Prefeitura Municipal de Bagé
Assinatura:
Nome completo: Edegar Franco
Instituição: Associação Brasileira de Criadores de Ovinos
Assinatura:
Material bibliográfico de apoio a elaboração da proposta.
BORBA, M.F.S.; Trindade, J.P.P.; Cardoso, F.F.; Neske, M.Z.; Audino, L.D.; Pillon, C.N.; Moraes, L.P.;
Ramos, A.H.B.; Nogueira, J.; Costa, A. C. da; Ribeiro, M.M.; Schlick, F.E. (a) Ecologização da
pecuária familiar na Serra do Sudeste [recurso eletrônico] Bagé: Embrapa Pecuária Sul, 2009.
(Documentos / Embrapa Pecuária Sul, ISSN 1982-5390 ; 98)
Em: http://www.cppsul.embrapa.br/unidade/publicacoes:list/231
BORBA, M. F. S.; Trindade, J.P.P; Boavista, L. R. (b) Pesquisa participativa para estratégias de manejo
sustentável dos recursos forrageiros dos campos naturais: pressupostos e aspectos metodológicos.
[recurso eletrônico] / Bagé: Embrapa Pecuária Sul, 2009.(Documentos / Embrapa Pecuária Sul, ISSN
1982-5390; 99.
Em: http://www.cppsul.embrapa.br/unidade/publicacoes:list/232
BORBA, M.F.S. & Trindade, J.P.P. (b) Redesenho dos sistemas de produção da pecuária familiar [recurso
eletrônico]. Bagé : Embrapa Pecuária Sul, 2011.(Documentos / Embrapa Pecuária Sul, ISSN 19825390;123). http://cppsul.embrapa.br/unidade/publicacoes:list/272
BORBA, M. F. S. & Trindade, J.P.P. (a) Rede de pesquisa participativa: a produção de conhecimentos e o
desenvolvimento territorial [recurso eletrônico - Bagé : Embrapa Pecuária Sul, 2011.(Documentos /
Embrapa Pecuária Sul, ISSN 1982-5390 ; 124)
Em: http://cppsul.embrapa.br/unidade/publicacoes:list/273
CHAMPREDONDE, M. & BORBA, M.F.S. Diferenciar productos locales contribuyendo al desarrollo
territorial. Montevideo: IICA, 2015.
Em http://procisur.org.uy/images/M_images/LibroDiferenciarProductosLocales.pdf

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