A REPERCUSSÃO DO CÂNCER GINECOLÓGICO NA

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A REPERCUSSÃO DO CÂNCER GINECOLÓGICO NA
A REPERCUSSÃO DO CÂNCER GINECOLÓGICO NA
SEXUALIDADE DA MULHER
SILVA, Marina Ribeiro dos Reis. Aluna de curso Graduação de Medicina
da UNIFESO.
GAMA, Carlos Romualdo Barbosa. Professor do curso de graduação de
Medicina da UNIFESO
Palavras-chave: câncer ginecológico, sexualidade, saúde da mulher, reações
emocionais.
INTRODUÇÃO
De acordo com dados epidemiológicos disponíveis atualmente, o câncer é uma
das doenças que mais causa impacto na saúde pública no Brasil. Porém, com os avanços
da ciência e da tecnologia, houve melhora significativa nos meios de diagnóstico e de
tratamento destas enfermidades, contribuindo para o declínio das taxas de mortalidade na
população, em geral. Em nosso país, os tipos mais incidentes, à exceção de pele não
melanoma, são os de próstata e pulmão no sexo masculino e mama e colo de útero no
sexo feminino.1
O câncer ginecológico é um dos diversos tipos de neoplasias que podem afetar a
população feminina. Acomete um ou mais órgãos reprodutivos da mulher como colo de
útero, endométrio, ovário, vagina e vulva. São, de uma maneira geral, insidiosos e
inicialmente assintomáticos, podendo levar a um curso letal, quando não diagnosticados
precocemente.
O tratamento dependerá de cada caso em específico (localização de
acometimento, extensão da doença, presença de metástases), e podem ser realizados
através da quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal e da cirurgia. Quando cirúrgico,
pode consistir na remoção e ressecção da bexiga urinária, uretra, vagina, cérvice, útero,
tubas uterinas, reto, ovários, e, em alguns casos, a vulva. A evolução e aperfeiçoamento
destes procedimentos cirúrgicos garantiram a redução dos índices de morbidade e
mortalidade entre as pacientes com câncer ginecológico.2
O câncer é uma doença que causa grande impacto psicológico, sendo
frequentemente associado a mutilações e morte. O acompanhamento médico integral é
crucial para o resultado terapêutico. Embora nem sempre a cura seja possível, o
especialista deve ser capaz de amenizar os problemas psicológicos do paciente. A relação
médico-paciente constitui processo delicado e complexo, porem de estrema importância
para um tratamento bem sucedido. 3
O diagnóstico de câncer invasivo por si só, já causa um impacto emocional nas
mulheres como níveis elevados de ansiedade e perturbações emocionais pré e pós
cirúrgicos. Constituindo-se num período marcado por muita angústia, sofrimento e
ansiedade por parte das pacientes e por seus familiares.5
O tratamento do câncer cervical pode resultar em anormalidades vaginais que
interferem severamente na função sexual, incluindo encurtamento, redução da
lubrificação, da elasticidade e da dilatação da vagina durante a estimulação sexual.
Diminuição da auto-estima, alteração da auto-imagem, perda da feminilidade, ansiedade
e depressão são também sintomas frequentes após tratamento cirúrgico radical. Torna-se
difícil explicar como uma mulher, que fica meses ou anos em tratamento e seguimento,
não é orientada claramente sobre as possíveis consequências da doença e tratamento em
sua vida sexual.
Os efeitos e o significado da doença e a reação emocional que se segue, associados
aos efeitos do tratamento na vagina, levando a dispareunia em algumas mulheres, podem
fazer surgir mitos e medos nas pacientes e em seus parceiros, que resultam em inibição,
refratariedade e completo desinteresse pela atividade sexual. É essencial a discussão
destes assuntos entre a paciente e a equipe que a atende, sendo de extrema importância a
orientação para os efeitos do tratamento, atenção que deve persistir no seguimento.7
Diante da perspectiva de diagnósticos cada vez mais frequentes de neoplasia
genitais, que se tem observado em mulheres por vezes e cada vez mais jovens, aliado ao
fato de aumento da expectativa de vida das mulheres em geral, e particularmente,
daquelas com câncer, os profissionais de saúde estão se deparando com problemáticas
novas de atendimento. Considerável número de mulheres tratadas de câncer genital vivera
muito anos após o diagnóstico e o tratamento, com sequelas marcadas, surgindo assim
novas demandas para a equipe atendente, particularmente relacionadas a expressão
natural da sexualidade.
A sexualidade engloba uma série de outros fatores como desejo, auto-imagem,
sensualidade, sensação de bem-estar consigo mesma, aceitação do próprio corpo e
identidade como mulher. Cabe ao profissional de saúde tentar clarificar as questões que
as mulheres têm nos mais variados atendimentos, já que as dificuldades em viver a
sexualidade são mais comuns do que se pode imaginar. Entretanto, a ausência de abertura
na assistência impossibilita que se forme um vínculo entre paciente oncológico e
profissional, o que torna difícil a verbalização do problema.8
A literatura evidencia que não apenas a sexualidade, como também a vida
conjugal são dimensões ainda negligenciadas nos cuidados em saúde.9
Para mudar essa situação, é necessário que o profissional de saúde envolvido com
a assistência oncológica conheça as necessidades da mulher.
Na literatura cientifica, muito pouco se acha publicado sobre as repercussões do
tratamento oncológico sobre a sexualidade da mulher brasileira. Ainda assim, uma melhor
compreensão da sexualidade feminina quando se vivencia a experiência do câncer genital,
poderia propiciar melhor orientação particularizada para a situação e permitir adequada
reintegração dessas mulheres com consequente melhora da qualidade de vida.
OBJETIVO
O presente estudo designa a estudar e explorar a interferência do tratamento do
câncer genital feminino, em especial o câncer de colo de útero, na vida sexual das
pacientes e as repercussões sobre aspectos sociais e psicológicos. Para tanto, será
abordado, preliminarmente, o conceito de sexualidade e suas possíveis compreensões no
campo da saúde, bem como as possíveis interferências da doença e da cirurgia para
remoção da massa tumoral na vivência sexual feminina.
METODOLOGIA
O trabalho se baseia numa revisão bibliográfica, do tipo qualitativa e quantitativa,
em que se buscou artigos do período entre os anos 2000 e 2015, com seleção rigorosa do
tema abordado.
Foram selecionados artigos através do banco de dados SciELO, PubMed,
LILACs, PepPSIC, priorizando palavras chaves como “sexualidade”, “câncer
ginecológico”, “sexualidade e psicologia”, “saúde da mulher”, “distúrbios sexuais”,
“câncer de colo de útero”.
Para um melhor direcionamento e abordagem ao tema, e consequente, uma maior
credibilidade quanto à revisão realizada, foram excluídos artigos de publicação
desconhecida e estudos que não se enquadravam ao assunto estudado. Incluíram-se
trabalhos na modalidade de pesquisa, relatos de caso, teorias e de revisão. Foram
incluídos também estudos de autores de formação acadêmica na área de saúde como
medicina, enfermagem e psiquiatria e de publicação em português, inglês e espanhol.
DISCUSSÃO
Estudando, analisando e comparando todos os artigos, estudos e pesquisas, fica
fácil compreender que os canceres ginecológicos que acometem uma considerável parcela
da população feminina, em muito interferem na qualidade de vida sexual dessas mulheres,
provocando alterações e complicações físicas, sociais e emocionais. Não há dúvidas de
que a atuação dos profissionais de saúde diante de suas pacientes e uma assistência
completa desde o diagnóstico e, principalmente, durante o acompanhamento do
tratamento proposto, em muito contribuem para minimizar o sofrimento dessas mulheres,
garantido, assim, uma estabilidade psicoemocional.
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