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EFICIÊNCIA DA TORTA DE FILTRO NA COMPOSIÇÃO DE SUBSTRATOS EM
ESPÉCIES DE Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Diogo Marques Barbosa(1), Mauri Roberto Rosa(2); Nádia Rodrigues Viana(3); Sérgio Donizete
Arduini(4); Victor Rocha Santana(5); Vinícius de Morais Machado(6)
(1)
Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária - Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM.
[email protected]
(2)
Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária - Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM.
[email protected]
(3)
Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária - Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM.
[email protected]
(4)
Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária - Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM.
[email protected]
(5)
Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária - Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM.
[email protected]
(6)
Professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária - Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.
[email protected]
1. INTRODUÇÃO
Considerando
a
necessidade
urgente
de
equilíbrio
entre
produção,
consumo
e
sustentabilidade, o reaproveitamento de rejeitos, tanto industriais, como orgânicos, assume
um papel fundamental neste processo. A formação de mudas de espécies florestais utilizados
nos substratos reutilizados pode ser vista por duas vertentes: a primeira é a minimização da
deposição deles, e a segunda é reproduzir um indivíduo que possa ser introduzido em
programas de reflorestamentos de áreas degradadas. Tais fatores legitimam a busca por
alternativas eficientes (OLIVEIRA, 2012).
A Cabralea canjerana (Vell.) Mart., conhecida por canjerana é uma espécie arbórea,
perenifólia a semicaducifólia, pertencente à família Meliaceae. A árvore pode alcançar até 30
metros de altura, para seu plantio não é necessário o tratamento para superação da quebra de
dormência. Sua madeira é indicada para confecção de estruturas de móveis, marcenaria,
carpintaria, entre outros. E na construção civil, é usada para acabamentos interno como a
madeira roliça é utilizada principalmente em mourões (EMPRAPA, 2002).
Substratos alternativos devem ser estudados, visando baratear os custos de produção e tornar a
produção de mudas uma atividade acessível a todos os produtores rurais, interessados em
recompor suas áreas ou explorar alguma atividade de silvicultura (VIEIRA & WEBER,
2013).
A torta de filtro é um resíduo derivado da industrialização da cana-de-açúcar, que pode ser
utilizado como substrato na produção de mudas de espécies florestais, principalmente como
fonte
de
nutrientes
(VIEIRA
&
WEBER,
2013).
A
composição
da
torta
de filtro varia de acordo com alguns fatores: variedade, solo, maturação da cana, processo de
clarificação do caldo entre outros. Dentre os nutrientes principais, destacam-se a cal viva
(CaO), nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). A sua concentração é constituída de cerca
de 1,2 a 1,8% de fósforo e cerca de 70% de umidade (EMBRAPA, 2011).
Portanto, o objetivo desse estudo foi verificar a influência e eficiência da torta de filtro como
substrato na produção de mudas de Cabralea canjerana.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado no período de 14 de agosto a 28 de setembro de 2015 no
Viveiro de Mudas do Instituto Estadual de Florestas (IEF) em Patos de Minas, Minas Gerais
situado nas coordenadas: 18°36’45.44”S, 46°28’47.32”O e altitude 824 m.
As sementes de Cabralea canjerana (canjerana) foram coletadas no dia 14 de agosto de 2015
em árvore matriz localizada entre as coordenadas: 18°36’31.78”S, 46°28”58.06”O e 886 m de
altitude, foram selecionados os frutos de maior tamanho e ausência de danos visíveis. Em
seguida, os frutos ficaram por um período de dez dias para secar e abrir sozinhos, para obter
sementes no tempo correto sem danificá-las. As sementes foram semeadas sob os distintos
tratamentos apresentados na Tabela 1.
Tabela 1-Formulação dos substratos para produção de mudas de Cabralea canjerana, no Viveiro do Instituto
Estadual de Florestas (IEF) em Patos de Minas, MG.
Tratamento
T1
T2
T3
T4
Substrato
80% de terra preta + 20% de torta de filtro
70% de terra preta + 30% de torta de filtro
60% de terra preta + 40% de torta de filtro
50% de terra preta + 50% de torta de filtro
Fonte: Autores, 2015
Para os quatro tratamentos foram aplicados 40 (quarenta) gramas de adubo super simples e 40
(quarenta) gramas de calcário, para disponibilizar nutrientes e corrigir o pH do solo, sendo
irrigados duas vezes ao dia por microasperção durante 15 (quinze) minutos.
O plantio das sementes foi realizado no dia 28 de agosto de 2015 em substratos desenvolvidos
utilizando fitocelas com capacidade para 1(um) kg, composto por quatro tratamentos e vinte e
cinco repetições.
Após a aclimatação das mudas foi avaliado o potencial de hidrogênio (pH) do solo através da
solubilização de 10 cm3 de amostra em água 25 mL de água destilada e posteriormente a
leitura foi feita no pHmetro IT-7.5.1/7-01-07 no Laboratório de Química Analítica do Centro
Universitário de Patos de Minas (UNIPAM); foi avaliado ainda a taxa de germinação e o
Índice de Velocidade de Emergência – IVE da espécie Cabralea canjerana para os
tratamentos propostos no qual o cálculo foi realizado segundo a metodologia recomendada
por Maguire (1962) em que:
Sendo: IVE = índice de velocidade de emergência; E1, E2, ... En = número de plântulas
emergidas no dia, computadas na primeira, segunda, ... última contagem; N1, N2,... Nn =
número de dias da semeadura à primeira, segunda,... última contagem.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2, pode ser visualizado os resultados de germinação para o total de repetições
utilizadas nos quatro tratamentos desenvolvidos.
Tabela 2- Porcentagem de germinação após semeadura Cabralea canjerana em função de diferentes tratamentos
realizado no Viveiro do Instituto Estadual de Florestas (IEF) em Patos de Minas, MG.
Tratamento
T1
T2
T3
T4
Número de germinações
12
9
8
6
Germinação(%)
48
36
32
24
Fonte: Autores, 2015
Observa-se que o T1 comparado aos demais apresentou melhor índice de germinação,
aproximadamente 50% das repetições germinaram, neste tratamento foram usados menores
teores de torta de filtro.
A menor germinação foi de 24% no T4, entretanto nenhum tratamento atingiu 50% do total de
repetições, possivelmente ocasionados por baixas temperaturas registrados no momento do
plantio e nos dias subsequentes.
No Gráfico 1 estão representados os resultados do Índice de Velocidade de Emergência (IVE)
obtida pela contagem das plântulas iniciada após 21° dia de semeadura até 35° dia.
Gráfico 1 - Equações representativas das modificações ocorridas no Índice de Velocidade de Emergência (IVE)
de plântulas de Cabralea canjerana em função dos diferentes tratamentos
Fonte: Autores, 2015
Como pode ser observado no gráfico acima o T1 também se destacou no IVE com o valor de
1,92, enquanto o T4 obteve 1,13 a emergência mais lenta dentre os demais tratamentos. O
substrato T1 composto por 80% de terra preta e 20% de torta de filtro proporcionou às
sementes maior velocidade emergência, o que pode ser entendido como, o substrato (dentre os
testados para este trabalho) que mais permitiu que a semente expressasse seu máximo
potencial de vigor.
De acordo com Gasparin et al (2014) o potencial do hidrogênio (pH) ideal do solo para
produção de mudas de Cabralea canjerana tem valores recomendados entre a faixa de 5,2 a
5,5, sendo que valores básicos acima de 7, podem propiciar a precipitação do fósforo que
deixa
de
estar
disponível
para
desenvolvimento
de
mudas.
Segundo Gartland et al (1997 apud EMBRAPA, 2002) a germinação Cabralea canjerana
ocorre entre 13 e 73 dias após semeadura quando plantio é realizado em viveiro. Em
laboratório Rizzini (1977 apud EMBRAPA, 2002) obteve 100% de germinação entre três a
dez dias.
Tabela 3 - Resultado da análise do potencial de hidrogênio (pH) nos quatros tratamentos realizada no laboratório
de Química Analítica do Centro Universitário de Patos de Minas, em Patos de Minas, Minas Gerais
pH
T1
6,99
T2
7,4
T3
7,26
T4
7,23
Fonte: Autores, 2015
De acordo com a Tabela 3, o T1 foi o único que apresentou pH levemente ácido, podendo
considerá-lo praticamente neutro, os demais tratamentos se mostraram ligeiramente alcalinos.
Os resultados podem estar relacionados ao fato, que além do calcário presente na torta de
filtro, foi adicionado uma porcentagem de calcário para melhorar a disponibilidade dos
nutrientes.
4. CONCLUSÃO
(i) o clima no momento do plantio pode ter interferido na boa germinação da espécie
Cabralea canjerana (canjerana);
(ii) um fator limitante na espécie selecionada, que está pode germinar até 73 dias após a
semeadura o que dificultou algumas análises mais específicas;
(iii) o pH pode ter influenciado na germinação, pois o pH médio foi 7,22 e de acordo com
Gasparin et al (2014) a faixa recomendada é de 5,0 a 5,8;
(iv) maiores quantidades de torta de filtro podem ser prejudiciais para germinação da espécie
estudada, pois a espécie de Cabralea canjerana adaptou-se a menores taxa de torta de filtro.
REFERÊNCIAS
EMBRAPA. Adubação de resíduos alternativos. 2011. . Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.
embrapa.br/gestor/cana-deacucar/arvore/CONTAG01_39_7 .html> Acesso em 25 set. 2015.
EMBRAPA. Circular Técnica Canjarana. 2002. Disponível em: < http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/
infoteca/bitstream/doc/307847/1/CT0067.pdf> Acesso em 29 set. 2015.
GASPARIN et al. Influência do substrato e do volume de recipiente na qualidade das mudas de Cabralea
canjerana (Vell.) Mart. em viveiro e no campo. 2014. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/cflo/v24n3/0103-9954-cflo-24-03-00553.pdf> Acesso em 29 set. 2015.
MAGUIRE, J. D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedlings emergence and vigor.
v. 2, n. 1, p. 176-177, 1962.
OLIVEIRA. VERA LUCIA ALVES. Eficácia da torta de filtro na produção de mudas de espécies florestais.
2012. Disponível em: <http://tede.unifenas.br/tde_busca/arquivo.php?cod Arquivo=98> Acesso em 25 set. 2015.
GARTLAND, H.M.; BOHREN, AV.; GRANCE, LA; MIRANDA, D.E.; VOGEL, H.C. Arboles de Misiones:
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. subsp. canjerana. Yvyraretá, Eldorado, v.8, n.8, p.55-57, 1997.
RIZZINI, C.T. A germinação de Cabralea polytricha Juss. em confronto com C. laevis C. DC. (Meliaceae).
Leandra, Rio de Janeiro, v.6/7, n.7, p.23-33, 1977.
VIEIRA. CRISTIANE RAMOS; WEBER. OSCARLINA LÚCIA DOS SANTOS. Torta de filtro como
substrato na produção de mudas florestais. 2013. Disponível em: < http://
www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2013/XI-085.pdf> Acesso em 25 set. 2015.
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Leandra, Rio de Janeiro, v.6/7, n.7, p.23-33, 1977.

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