aspectos antropométricos e aptidão física

Transcrição

aspectos antropométricos e aptidão física
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NÚCLEO DE SAÚDE
CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM “EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE”
ASPECTOS ANTROPOMÉTRICOS E APTIDÃO FÍSICA RELACIONADOS
À SAÚDE EM ESCOLARES DE PORTO VELHO
LEILA APARECIDA EVANGELISTA
MONOGRAFIA
Porto Velho – Rondônia
2005
ASPECTOS ANTROPOMÉTRICOS E APTIDÃO FÍSICA RELACIONADOS
À SAÚDE EM ESCOLARES DE PORTO VELHO - RO
AUTORA: LEILA APARECIDA EVANGELISTA
ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª TÂNIA SUELY AZEVEDO BRASILEIRO
Monografia apresentada ao Curso de PósGraduação em Ciência do Movimento
Humano do Núcleo de Saúde da
Universidade Federal de Rondônia, para a
obtenção do título de Especialista em
“Exercício Físico na Promoção da Saúde”.
Porto Velho - Rondônia
2005
i
FICHA CATALOGRÁFICA
Evangelista, Leila Aparecida
Aspectos antropométricos e aptidão física relacionados à saúde em escolares
de Porto Velho-RO./ Leila Aparecida Evangelista – Porto Velho: s.n., 2005.
63l.
Monografia (Especialização) - Núcleo de Saúde (UNIR-RO). Curso
Especialização em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Área de
concentração: Atividade e Saúde.
Orientadora: Tânia Suely Azevedo Brasileiro.
1. Atividade Física. 2. Aptidão Física e Saúde. 3. Medidas Antropométricas.
I. Título
ii
Autora: Leila Aparecida Evangelista
Título do Trabalho: Aspectos antropométricos e aptidão física relacionados à saúde em
escolares de Porto Velho-RO.
Data da Defesa: 09 / 05 / 2005
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. ª Tânia Suely Azevedo Brasileiro
Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________
Prof. Dr. ª Ivete de Aquino Freire
Julgamento: ______________ Assinatura: ____________________________________
Prof. Ms. Célio José Borges
Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________
NOTA: ________ (___________________)
iii
DEDICATÓRIA
Dedico o meu amor e o meu agradecimento
ao meu marido Armando Luís, aos meus
filhos, Thalita e Thiago, e à minha mãe
Luzia, todos, razão da minha vida, que me
perdoaram por lhes roubar tanto tempo a fim
de realizar este trabalho.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, acima de tudo, que me guia iluminando meus caminhos.
À Prof.ª D.ª Tânia Suely Azevedo Brasileiro, com muito carinho, por sua orientação,
apoio e amizade, o meu profundo agradecimento e a minha admiração e imenso respeito
por seu exemplo de ética e competência profissional.
Ao Diretor Antonio Lúcio dos Santos, do Colégio Pitágoras de Porto Velho e ao
Diretor Carlos Alberto Bezerra de Freitas, do Colégio Classe A, que tornaram possível a
minha participação nesta especialização.
Ao amigo Prof.º Jorge Souza Barros e sua equipe, pela colaboração e eficiência na
coleta de dados, possibilitando assim a realização deste estudo.
Aos meus amigos e professores desta Pós-Graduação pela feliz convivência
durante tantos meses, e em especial ao Prof.º Ms. Célio José Borges, o primeiro a me
incentivar a realizar esta especialização e à Prof. Dr.ª Ivete de Aquino Freire, docentes da
Universidade Federal de Rondônia, pela incansável orientação na busca da qualidade
profissional e pela dedicação e eficiência em seus ensinamentos.
Aos meus alunos, os maiores responsáveis por nosso aperfeiçoamento.
v
“Ainda que eu falasse as línguas dos
homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o sino
que tine. E ainda que eu tivesse o dom de
profecia, e conhecesse todos os mistérios,
toda a ciência, e ainda que eu tivesse toda a
fé, de maneira tal que transportasse os
montes, e não tivesse amor, nada seria”.
(São Paulo: Coríntios, 2.1 e 2)
vi
SUMÁRIO
RESUMO ...............................................................................................................................ix
ABSTRACT .............................................................................................................................x
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................... xi
LISTA DE TABELAS.............................................................................................................xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................xiii
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 14
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA. ....................................................................................... 14
1.2. OBJETIVOS.................................................................................................................. 16
1.2.1. GERAL....................................................................................................................... 16
1.2.2. ESPECÍFICOS ......................................................................................................... 16
1.3. IDENTIFICAÇÃO DO TEMA ........................................................................................ 16
2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 18
2.1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................18
2.2. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E SAÚDE ................................................................. 19
2.3. SAÚDE E ATIVIDADE FÍSICA ..................................................................................... 20
2.4. APTIDÃO RELACIONADA À SAÚDE E APTIDÃO MOTORA .................................... 22
2.4.1. COMPOSIÇÃO CORPORAL: MÉTODOS E EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA .... 24
2.4.2. POTÊNCIA AERÓBICA. ........................................................................................... 27
2.4.3. POTÊNCIA ANAERÓBICA ....................................................................................... 29
2.4.4. POTÊNCIA MUSCULAR .......................................................................................... 29
2.4.5. AGILIDADE................................................................................................................ 30
2.4.6. FLEXIBILIDADE........................................................................................................30
2.4.7. VELOCIDADE...........................................................................................................31
2.5. PUBERDADE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.......................................................31
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 35
3.1. TIPO DE PESQUISA .................................................................................................... 35
3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA. ........................................................................................ 35
3.3. IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS ............................................................................. 35
3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS............................................................... 36
vii
3.4.1. COLETA DE DADOS ................................................................................................ 40
3.4.2. MONTAGEM E EXECUÇÃO DO BANCO DE DADOS............................................ 40
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DO ESTUDO................................................................ 41
4.1. AVALIAÇÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE ......................................................... 41
4.1.1. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL.............................................................................41
4.1.2. FLEXIBILIDADE........................................................................................................43
4.1.3. FORÇA ABDOMINAL................................................................................................44
4.1.4. RESISTÊNCIA AERÓBICA.......................................................................................46
4.2. AVALIAÇÃO FÍSICA RELACIONADA AO DESEMPENHO MOTOR...........................47
4.2.1. PESO CORPORAL, ESTATURA E ENVERGADURA..............................................48
4.2.2. FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES.........................................50
4.2.3. AGILIDADE................................................................................................................53
4.2.4. VELOCIDADE............................................................................................................54
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES.....................................................................................57
5.1. CONCLUSÕES.............................................................................................................57
5.2. SUGESTÕES................................................................................................................59
REFERÊNCIAS....................................................................................................................60
AUTORIZAÇÃO...................................................................................................................63
viii
ASPECTOS ANTROPOMÉTRICOS E APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE EM ESCOLARES DE PORTO VELHO
Autora: Leila Aparecida Evangelista
Orientadora: Prof.ª D.ª Tânia Suely Azevedo Brasileiro
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo verificar os aspectos antropométricos e a
aptidão física relacionados à saúde de crianças e adolescentes, e comparar os resultados
entre os sexos. Participaram deste estudo 230 escolares de ambos os sexos, na faixa etária
de 11 a 15 anos, pertencentes a uma escola pública do município de Porto Velho, Rondônia.
Foram coletados os dados de peso corporal, estatura, envergadura, capacidade aeróbica,
força e resistência muscular, flexibilidade, agilidade e velocidade. Para isso utilizou-se a
Bateria de Medidas e Testes do PROESP-BR (2004). Em relação ao desempenho motor,
utilizou-se para a avaliação a análise descritiva. Quanto à avaliação do IMC, os resultados
indicam que os alunos no geral, feminino e masculino, encontram-se dentro da Zona
Saudável de Aptidão Física (ZSAF), o que significa um nível de gordura corporal dentro da
normalidade, conforme os critérios de avaliação da bateria de testes do PROESP-BR. Dessa
maioria, 79% são do sexo feminino e 62% são do masculino. O sexo masculino apresentou
índices superiores aos do sexo feminino nos testes de flexibilidade, resistência aeróbica e
força abdominal e de membros inferiores. O sexo feminino obteve superioridade no teste de
força de membros superiores. Houve semelhança para as habilidades de agilidade e
velocidade com um índice de 93% classificados em Fraco e Muito Fraco. A aptidão física
relacionada à saúde e ao desempenho motor é insatisfatória para a maioria no grupo
estudado, com índices bem abaixo da média em todos os testes.
Palavras-Chave: Atividade física. Aptidão Física e Saúde. Medidas Antropométricas.
ix
ANTHROPOMETRIC ASPECTS AND PHYSICAL FITESS RELATED TO THE HEALTH
OF STUDENTS IN PORTO VELHO
Author: Leila Aparecida Evangelista
Oriented by: Prof.ª D.ª Tânia Suely Azevedo Brasileiro
ABSTRACT
The objective of the present study was to verify the anthropometric aspects and the
physical fitness related to the health of children and teenagers, and to compare the results
between male and female. It had participated of this study about 230 students both male
and female sex, in the age group of 11 to 15 years old of a public school in the city of Porto
Velho, Rondônia. It had been collected data about body weight, body height, wingspan,
aerobics capacity, force and muscular resistance, flexibility, agility and speed. For this it
was used the Battery of Measures and Tests of the PROESP-BR (2004). In relation to the
motor performance, the descriptive analysis was used for the evaluation. About to the
evaluation of the BMI, the results indicate that the students in the generally, female and
male, are inside of the Healthful Zone of Physical Fitness (HZPF), what means that the
level of corporal fat is inside of the normality, according to the criteria of evaluation of the
battery of tests of the PROESP-BR. Of this majority, 79 % belong to the female sex and
62 % are of the male one. The male sex presented better indices than the female sex when
related in the flexibility tests, aerobic resistance, and abdominal force and of inferior
members. The female sex got superiority in the test of force of superior members. It had
similarity for the agility abilities and speed with an index of 93 % classified in Weak and
Very Weak. The physical fitness related to the health and the motor performance is
unsatisfactory for the majority in the studied group, with indices below of the average in all
the tests.
Key Words: Physical Activity. Physical Fitness and Health. Anthropometric Measures.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Gráfico do Percentual do Índice de Massa Corporal (IMC),
de acordo com o sexo .................................................................................................... ....42
Figura 2 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada
classificação de Flexibilidade, por sexo ........................................................................ ....44
Figura 3 – Gráfico do Percentual da Força Abdominal de acordo com o sexo ................. 45
Figura 4 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada
classificação de Resistência Aeróbica, por sexo .......................................................... ....47
Figura 5 – Distribuição dos valores de Peso Corporal comparados ao
NCHS de acordo com a idade e o sexo ......................................................................... ....49
Figura 6 – Distribuição dos valores de Estatura comparados ao NCHS
de acordo com a idade e o sexo .................................................................................... ....49
Figura 7 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada
classificação de Membros Superiores, por sexo .......................................................... ....51
Figura 8 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada
classificação de Membros Inferiores, por sexo ............................................................. ....52
Figura 9 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada
classificação de Agilidade, por sexo ............................................................................. ....54
Figura 10 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada
classificação de Velocidade, por sexo .......................................................................... ....55
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classificação da obesidade segundo o IMC e risco de doença (OMS)........... 27
Tabela 2 – Distribuição da população e amostra, por sexo e idade .................................. 35
Tabela 3 – Medidas e testes de aptidão física utilizados pela Bateria PROESP-BR ........ 36
Tabela 4 – Classificação e percentual do Índice de Massa Corporal
de acordo com a idade e o sexo ......................................................................................... 42
Tabela 5 – Classificação e percentual da Flexibilidade de
acordo com a idade e o sexo ............................................................................................. 43
Tabela 6 – Classificação e percentual da Força Abdominal
de acordo com a idade e o sexo ........................................................................................ 45
Tabela 7 – Classificação e percentual da Resistência Aeróbica
de acordo com a idade e o sexo ........................................................................................ 46
Tabela 8 – Média das variáveis de Peso e Estatura comparadas ao NCHS..................... 48
Tabela 9 – Distribuição dos valores da Envergadura comparados com os indicadores de
desempenho superior do PROESP-BR, de acordo com a idade e o sexo ........................ 50
Tabela 10 – Classificação e percentual da Força dos Membros Superiores
de acordo com a idade e o sexo ........................................................................................ 51
Tabela 11 – Classificação e percentual da Força dos Membros Inferiores
de acordo com a idade e o sexo ........................................................................................ 52
Tabela 12 – Classificação e percentual da Agilidade de acordo
com a idade e o sexo ......................................................................................................... 53
Tabela 13 – Classificação e percentual da Velocidade de acordo
com a idade e o sexo ......................................................................................................... 55
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PROESP-BR – Projeto Esporte Brasil
IMC – Índice de Massa Corporal
ZSApF – Zona Saudável de Aptidão Física
AcZSApF – Acima da Zona Saudável de Aptidão Física
AbZSApF – Abaixo da Zona Saudável de Aptidão Física
OMS – Organização Mundial da Saúde
NCHS – National Center for Health Statistics
xiii
1. INTRODUÇÃO
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA
Os avanços tecnológicos do mundo moderno têm feito com que o homem utilize cada
vez menos energia muscular na realização de suas atividades diárias. Movimentos simples do
dia-a-dia têm sido substituídos por acessórios tecnológicos como os controles remotos, os
eletrodomésticos, os elevadores. E esta redução da atividade física diária, associada à
manutenção ou aumento da ingestão alimentar, resulta em balanço calórico positivo e faz
com que a energia disponível seja depositada em forma de gordura no organismo. Este
desequilíbrio entre a ingestão e o dispêndio energético pode resultar na instalação de
sobrepeso e obesidade.
O aumento da quantidade de gordura corporal não é a única adaptação do organismo
à redução dos níveis de atividade física habitual. Pode ocorrer a involução da massa corporal
magra decorrente do desuso gerado por períodos de inatividade física. Tal ocorrência gera
redução da musculatura esquelética, causando atrofia das fibras musculares, e/ou diminuição
do conteúdo mineral ósseo. Estas modificações da quantidade e qualidade muscular e óssea
podem comprometer a qualidade de vida do indivíduo sedentário, aumentando o risco de
fraturas e lesões decorrentes da falta de atividade física.
A queda vertiginosa do nível de atividade muscular, freqüentemente observada em
adultos e idosos, tem se estendido a populações mais jovens, alterando o comportamento de
crianças quanto à prática regular de exercícios físicos. Desta forma, o acúmulo de gordura
subcutânea e a redução da massa muscular podem ser características observadas em
crianças em idade escolar.
A par das evidências de que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de
suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é fator decisivo no
desenvolvimento de doenças degenerativas, sustenta-se a hipótese da necessidade de se
promoverem mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades
físicas ao seu cotidiano.
Nessa perspectiva, o interesse em pesquisar o que seja a Atividade Física, a Saúde e
a Aptidão Física, vêm adquirindo relevância, ensejando a produção de vários trabalhos
científicos e constituindo um movimento no sentido de valorizar e conscientizar da importância
do incremento do nível de atividade física habitual da população, escolar ou não, como meio
15
de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e bem-estar do indivíduo. Neste sentido,
empreende-se introdutoriamente, revisão de alguns conceitos e características básicas.
Nesta linha, Matsudo (1979) afirma que os principais benefícios à saúde, advindos da
prática de atividade física, referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares,
metabólicos e psicológicos. Os efeitos metabólicos apontados pelos autores são o aumento
do volume sistólico, da potência aeróbica e da ventilação pulmonar; a melhora do perfil
lipídico e da sensibilidade à insulina; a diminuição da pressão arterial e da freqüência
cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. Com relação aos efeitos antropométricos e
neuromusculares ocorre, segundo os autores, a diminuição da gordura corporal, o incremento
da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade. E, na dimensão
psicológica, afirmam que a atividade física atua na melhoria da auto-estima, do autoconceito,
da imagem corporal, das funções cognitivas e da socialização, na diminuição do estresse, da
ansiedade e do consumo de medicamentos.
Guedes & Guedes (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos
habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias
associadas ao aumento dos índices de morbidade e de mortalidade. Defendem a inter-relação
entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente.
Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão
física, os quais determinam e são determinados pelo estado de saúde.
A quantificação das características antropométricas do corpo, bem como a forma e o
tamanho são determinados fundamentalmente pela carga genética. As características
antropométricas e da composição corporal são os maiores responsáveis pela variação do
peso corporal, onde os três principais componentes do corpo humano são: osso, músculo e
gordura. Estes componentes podem ser alterados positivamente pela atividade física ou
negativamente pelo sedentarismo e doenças. (PETROSKI ,1983).
É importante para o professor de Educação Física estar perfeitamente informado das
características antropométricas de seus alunos e de sua condição física, para, a partir daí,
traçar seus objetivos educacionais, levando em consideração a verdadeira capacidade de
desempenho do estudante, considerando suas potencialidades e limitações na prática de
atividades físicas e desportivas, sem agredir seu organismo, mas promovendo um
funcionamento saudável.
O presente estudo identifica a importância de se levantar o nível das qualidades físicas
de crianças em idade escolar. Uma vez que o número de sujeitos com pouca aptidão física
vem aumentando demasiadamente, urge a necessidade da apresentação de estudos
científicos salientando a importância da atividade física para crianças e adolescentes. A
avaliação da aptidão física tem objetivos específicos que irão auxiliar os alunos a se
16
conscientizarem da importância do desenvolvimento das qualidades físicas, das habilidades
motoras e da auto-estima.
Partindo do anteriormente exposto, verifica-se que as características antropométricas,
a composição corporal e o desempenho físico relacionados à saúde tendem a subsidiar o
professor de Educação Física em sua prática diária, assim como aos profissionais da saúde,
a partir do momento em que subsidiam a construção de uma referência dentro do próprio
grupo estudado para a análise das características de saúde da referida escola.
Dessa forma, a partir da necessidade de mais estudos locais, formulou-se o seguinte
problema:
COMO SE APRESENTAM OS ASPECTOS ANTROPOMÉTRICOS E A APTIDÃO
FÍSICA RELACIONADOS À SAÚDE, EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES, DE AMBOS OS
SEXOS, DE UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE PORTO VELHO - RO?
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. GERAL:
Verificar e analisar os aspectos antropométricos e a aptidão física relacionados à
saúde em crianças e adolescentes de ambos os sexos.
1.2.2. ESPECÍFICOS:
•
Verificar os índices antropométricos de peso, estatura e envergadura e a aptidão física
relacionada à saúde.
•
Comparar os resultados dos testes de flexibilidade, força muscular, agilidade, velocidade e
resistência aeróbica e medidas da composição corporal, considerando-se as variáveis
sexo e idade.
•
Identificar o nível das qualidades físicas de crianças e adolescentes em idade escolar.
1.3. IDENTIFICAÇÃO DO TEMA
O interesse por desenvolver o presente tema decorreu da necessidade de se
identificar o nível das qualidades físicas de crianças e adolescentes em idade escolar,
medindo e avaliando os aspectos antropométricos e a aptidão física relacionados à saúde.
Uma grande preocupação está focada no problema crescente de obesidade infantil,
que aumenta a cada ano. A maioria dos estudos realizados sugere que a criança e o jovem
obeso são menos ativos fisicamente que os magros. A inatividade, em longo prazo, aumenta
17
o risco de ganho de gordura corporal extra. As atividades do cotidiano (ir e vir a pé, subir e
descer escadas, etc.) parecem possuir um efeito mais duradouro que as atividades
padronizadas (corrida, etc).
Com a redução da obesidade, outros fatores de risco poderão ser controlados mais
facilmente. Atividades sedentárias como assistir TV, jogar videogame, devem ser reduzidas,
de forma a permitir que sobre mais tempo para a realização de tarefas mais "árduas".
Contra todos esses problemas há uma grande batalha para que os adolescentes não
desistam da prática de atividades físicas, como se tem observado em recentes pesquisas,
nas quais constatou-se que a maioria dos jovens abandona seus hábitos esportivos e físicos
no início da vida adulta.
Em outras palavras, cabe aos educadores físicos, elaborar métodos e estratégias para
que se diminua o número dessas desistências, pois os benefícios da atividade física para as
crianças e os adolescentes são aumentados a cada novo estudo realizado.
Ao escrever sobre um tema tão complexo, estruturou-se este trabalho, inicialmente
pela problematização e definição dos objetivos geral e específicos, e a seguir pela revisão de
literatura que abordou a conexão entre Educação Física Escolar, Saúde e Atividade Física.
Foi dado um enfoque ao conceito, em seu sentido mais amplo, de Aptidão Física relacionada
à saúde e ao desempenho motor, destacando-se alguns de seus componentes, como
composição corporal (peso e estatura), potências aeróbica, anaeróbica e muscular (força),
agilidade, flexibilidade e velocidade. Por fim, mas não menos importante e até relevante para
se entender os resultados desta pesquisa, foi abordado sobre a puberdade e suas
conseqüências para o desenvolvimento psicomotor da criança.
Dando prosseguimento à pesquisa determinou-se minuciosamente a metodologia
empregada: tipo de pesquisa, identificação das variáveis e instrumentos de coleta de dados.
Os resultados obtidos foram analisados e discutidos quanto à avaliação física
relacionada à saúde e ao desempenho motor.
Finalizando esta pesquisa registrou-se as considerações finais na conclusão e
sugestões de possíveis estudos futuros.
18
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta uma revisão de literatura que trata de temas relevantes para a
fundamentação teórica do estudo em questão a ser investigado.
Abordou-se num primeiro momento a estreita relação entre Educação Física Escolar e
saúde. Para tanto procedeu-se uma leitura cuidadosa à respeito do assunto dentro de uma
visão mais abrangente. (GUEDES, 2000; FERREIRA, 1997; DEVIDE, 1996).
Nessa mesma direção, para descrever sobre a conexão entre saúde e atividade física,
recorreu-se a autores como Gonçalves (1988, 1995), Pinotti (1984), Landmann (1983), Bento
(1991), Almeida Filho e Rouquariol (1990), Nahas (1996), Guiselini (1996), Weineck (1991),
Gallo Júnior (1996), Taylor (1985). A partir destes estudiosos, a prática da atividade física
pôde influenciar nos índices de aptidão física, que por sua vez, estão relacionados com um
estado de saúde de maneira recíproca.
Dando prosseguimento ao texto, procurou-se discorrer sobre alguns indicadores da
aptidão física relacionada à saúde e aptidão motora, como: composição corporal – seus
métodos e efeitos com a atividade física, potência aeróbica e as alterações no consumo de
oxigênio e atividade física, potência anaeróbica, potência muscular, agilidade, flexibilidade e
velocidade, enfocando sempre que possível, a influência da atividade física ministrada nas
escolas ou em função de treinamentos sistemáticos.
Na seqüência abordou-se a puberdade e suas principais características. O enfoque foi
dado às modificações psicofisiológicas e sociais, entre meninos e meninas, provocadas pela
puberdade e suas conseqüências no desenvolvimento da aptidão física.
Diante do exposto, foi intenção que este trabalho seja entendido como tentativa de
estudo da Educação Física, frente ao nível de aptidão física relacionada à saúde, bem como
para servir de alerta sobre a importância da atividade física no desenvolvimento da criança e
do adolescente na promoção e manutenção da saúde.
19
2.2. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E SAÚDE
A Educação Física e a Saúde têm uma relação muito estreita, seja por tendência
médica ou desportiva. Quanto à promoção da saúde, a influência médica é a que mais
aparece no contexto da Educação Física, pois se dá através da aptidão física, baseando-se
principalmente nos benefícios orgânicos causados pelo exercício visando a saúde. Através
do desenvolvimento da fisiologia e da relação dos benefícios dos exercícios físicos para a
saúde que a Educação Física começou a ser vista pela Medicina. Começou a ser percebido
que as instituições educacionais poderiam ser agentes promotoras da saúde, através da
Educação Física (GUEDES, 2000).
No início dos anos 80 surgiu nos países como a Grã-Bretanha, Canadá, Estados
Unidos e Austrália um movimento chamado Aptidão Física Relacionada à saúde (AFRS), com
uma proposta de contribuir na formulação das Diretrizes Curriculares Nacionais destes
países. A partir deste movimento definiu-se que a Educação Física tivesse como objetivo
principal a aptidão física relacionada à saúde, oferecendo o conhecimento dos benefícios da
prática regular do exercício físico e a forma de se obter esses benefícios. A Educação Física
Escolar passou a ter como meta a responsabilidade de despertar nos alunos o prazer e o
gosto pelo exercício e pelo desporto. (FERREIRA, 1997).
No Brasil, o principal responsável pela promoção da atividade física e saúde também
é a aptidão física. Busca-se, através de conteúdos como exercício, desporto e aptidão física,
que os alunos pratiquem alguma atividade física e adotem um estilo de vida saudável. Dessa
forma, os alunos serão levados a adquirir autonomia (mesmo que mínima) para praticar
essas atividades por conta própria, com conhecimento e responsabilidade (FERREIRA,
1997).
O estudo do desenvolvimento motor tem sido de grande interesse para estudiosos e
educadores há muitos anos. A aptidão física relacionada à saúde inclui os aspectos que
influenciam a habilidade de desempenhar as tarefas diárias em um nível aceitável, sem
estresse indevido. Ela também é um estado, no qual, amplas reservas de energia estão
disponíveis para fins recreativos e para necessidades de emergência. A composição corporal,
potência aeróbica e anaeróbica, potência muscular (força) e agilidade são usualmente
consideradas componentes da aptidão relacionada à saúde. A extensão que esses fatores
podem alcançar influenciará as capacidades de desempenho de um indivíduo em movimento.
Assim, a obtenção de informações sobre fisiologia, biomecânica, nutrição e anatomia são
fundamentais para a compreensão do funcionamento do corpo. (FERREIRA, 1997).
A Educação Física Escolar brasileira busca o reconhecimento enquanto disciplina
escolar. Na sua relação com a promoção da saúde, a Educação Física deve considerar a
importância da atividade física, mas deve deixar claro para o aluno que a prática de
20
exercícios físicos não é a solução para todos os problemas de saúde. É preciso informar, que
a melhoria da qualidade de vida depende também das condições básicas, tais como: saúde,
habitação, alimentação adequada, renda familiar, educação, lazer, higiene. (DEVIDE, 1996).
2.3. SAÚDE E ATIVIDADE FÍSICA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como estado de completo bemestar físico, mental e social e não meramente como ausência de doença ou enfermidade.
De acordo com Gonçalves, esta definição é irrealista tal qual está construída porque,
segundo ele, mesmo que não apresentem moléstia física, dificilmente as pessoas encontramse em completo bem-estar, pois existem conflitos emocionais, dificuldades sociais e
econômicas, entre outras.Toda conceituação de saúde deve ter confrontos explícitos,
acrescentando: “saúde consiste na luta para superar as adversidades, evidentemente nem
sempre as vencendo, mas procurando sempre lhes fazer face”. (1988, p. 48)
Neste sentido, Pinotti (1984) e Landmann (1983) conceituam saúde como a
adaptação do indivíduo frente à sua realidade concreta, muito além de equilíbrio estático, de
bem-estar físico, psíquico e social, abrangendo aspectos como: moradia, nutrição,
saneamento, condições de trabalho, incluindo o projeto existencial de cada indivíduo, sua
sensação pessoal do corpo e da mente, ou seja, a relação dinâmica do homem com seu
ambiente.
Avançando na questão que se refere, Bento denota a concepção de saúde como
sendo:
“Conseqüência de uma relação flexível, situativamente ajustada e ordenada,
entre sujeitos e envolvimento; traduz um equilíbrio dinâmico entre as
exigências do envolvimento e as possibilidades da pessoa”. (1991:p. 51)
Buscando elucidar a importância de maior conhecimento sobre saúde, o autor citado
anteriormente dimensiona aspectos bio/psico/sociais, com intuito de recomendar ações para
estilo de vida que a fomente. Continuando, cita a existência de via única para a saúde,
acrescentando a significância do movimento na vida das pessoas, entendimento feito através
da afirmação “Corpo e estilo de vida são pilares centrais de um novo edifício de esforços para
a educação e manutenção da saúde”. (BENTO, 1991, p. 51)
Face ao exposto, é notória a redução da qualidade em saúde, tanto no que se refere à
desigualdade econômica e social, quanto no que concerne ao acesso à educação e saúde.
Avaliam os autores a sobreposição da morbidade no Brasil, que persiste nas populações com
padrões de atraso, referente às doenças infecto­contagiosas e às doenças típicas da
modernidade, as chamadas crônico-degenerativas.
21
Ressalta-se a suma importância de estudos epidemiológicos, convergentes num
mesmo propósito: superar a perspectiva somente clínica sobre a determinante saúde/doença.
Entende-se por Epidemiologia a ciência que abrange todos os eventos relacionados com a
saúde das pessoas e não estritamente às doenças.
Almeida Filho e Rouquariol (1990) definem Epidemiologia como o estudo dos fatores
que determinam a freqüência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas, e
propõe medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças.
Nahas (1996) valoriza o incentivo à pesquisa que caracterize hábitos de atividade
física em adultos jovens, com intuito de desenvolver e validar instrumentos de coleta de
informações, apoiando-se nas muitas evidências da correlação positiva entre exercitar-se e
condição de saúde individual e a qualidade de vida.
Pesquisas em Ciências do Esporte procuram estudar o fenômeno da atividade física
relacionada à saúde através do exercício e do esporte. Segundo Guiselini (1996), esporte é
qualquer atividade que envolva competição entre equipes ou pessoas, na tentativa de vencer
o oponente ou o jogo. Quanto à definição de atividade física, além de programas préplanejados de exercícios, consideram como tal, todas as formas de exercitar-se, com
propósito de melhorias de condicionamento físico, tais como exercícios aeróbicos,
anaeróbicos, força, resistência muscular e flexibilidade.
Embora ainda faltem até hoje provas universais de que se exercitar previne doenças
ou prolongue a vida, pode-se associar a relação do hábito da prática de atividade física com o
estado de bem-estar bio-psico-físico-social. Isto é visualizado claramente quando se
caracteriza que o ser humano é uma unidade bio-psico-social, sendo impossível separar a
condição física da psicológica (emocional, intelectual e social).
Estudos minuciosos de vários autores observaram evidências dos benefícios efetivos
da atividade física para os sistemas locomotor, digestivo, respiratório e cardiovascular,
advindos de níveis apropriados de aptidão física mantidos durante toda a vida.
Weineck (1991) revela que, com o treinamento de resistência ocorre aumento paralelo
do tamanho do coração; a freqüência cardíaca em repouso é menor e com isto melhora
também o abastecimento sanguíneo, com diminuição de 10 batimentos por minuto,
provocando redução energética de oxigênio em 15 %. No coração da pessoa condicionada,
ocorre
múltipla economia de trabalho, que
se expressa no mesmo,
tornando-se
sensivelmente maior, acarretando menor dispêndio e esforços para afazeres diários e
melhora da circulação, respiração e metabolismo de gordura. Reduz o nível de estresse e
risco de problemas cardíacos e melhora a condição emocional.
Relatam Gallo Júnior et al (1996) que o sistema vascular é a chave do esforço físico.
As respostas dos sistemas biológicos do treinamento físico aeróbio, como mostram inúmeros
estudos nesse sentido, são positivas e benéficas, em qualidade e quantidade, ao
22
funcionamento do corpo. A escolha das características do treinamento aeróbio (tipo,
intensidade, duração e freqüência) depende dos objetivos a serem alcançados, quanto ao
ganho funcional (capacidade de trabalho) no decurso do tempo. A individualização do
treinamento físico aeróbio, levando em conta eventuais limitações dos sedentários
(disfunções ósseas, neuromusculares e cardiorespiratórias) permite que estes se beneficiem
de programas de condicionamento. Alertam que as pessoas que praticam atividade física
uma vez só na semana inviabilizam qualquer adaptação ao treinamento.
Quanto à importância do exercício físico com a saúde mental, Taylor, Sallis e Needle
(1985) destacam alguns efeitos favoráveis, apesar de haver poucos estudos que comprovem,
pois envolvem poucos exemplos. Estudos experimentais com exercícios de vigorosa
intensidade mostram redução no estado de ansiedade temporária, além de aumento da
estabilidade emocional, independência, afirmação, confiança, memória, humor, imagem
corporal positiva, bem-estar, eficiência no trabalho e nos estudos.
Para a população sedentária, a prática da atividade física pode influenciar nos índices
de aptidão física, que, por sua vez, estão relacionados com o estado de saúde de maneira
recíproca. Portanto, ao se exercitarem, as pessoas tendem a apresentar melhores índices de
aptidão física e, provavelmente, tornam-se mais ativas. (BRASIL, 1995).
Weineck (1991) descreveu que é de grande valia para a vida das pessoas o
treinamento da qualidade física força, respeitando a aplicação de exercícios nas diversas
faixas etárias, como positivo para adaptação aos processos degenerativos da coluna
vertebral. As pessoas que treinam regularmente mostram menor morbidade em relação às
síndromes de dor lombar e da degeneração dos discos vertebrais lombares do que as não
treinadas. O fortalecimento dos principais grupos musculares (especialmente abdominal e
dorsal), conseguido durante a vida toda, evita o aparecimento precoce de desvios de postura,
com as respectivas conseqüências.
Considerando o efeito benéfico advindo da atividade física, é relevante ressaltar a
importância da preservação da flexibilidade. Sua preparação adequada às exigências de
cada esporte ou atividades diárias, bem como sua importância na manutenção da postura,
atua positivamente no sentido de profilaxia de lesões, para a saúde geral e aptidão física.
No que concerne à prevenção de lesões desportivas, vários estudos epidemiológicos
têm surgido com forte necessidade de conhecer não somente os benefícios, mas também os
riscos dos exercícios, bem como prevenir e criar estratégias contra as mesmas. Em relação
às lesões agudas, Gonçalves et al (1995) mencionam que são imprevisíveis, ocorrendo no
momento da atividade física, enquanto que as lesões crônicas decorrem da ação repetitiva,
cursam evolutivamente.
Em síntese, os estudos revelam a complexidade de obtenção de conceituação
consensual de saúde. Independente das diferentes abordagens que têm sido adotadas, a
23
atividade física apresenta benefícios pessoais importantes à respeito, identificando-se com
alguma clareza os riscos existentes associados ao sedentarismo.
2.4.
APTIDÃO RELACIONADA À SAÚDE E APTIDÃO MOTORA
A aptidão relacionada à saúde e a aptidão motora de crianças e adolescentes devem
ser motivo de grande interesse para todos e não apenas para os educadores físicos,
treinadores e médicos.
Primeiramente torna-se importante definir aptidão física, que é uma tarefa bastante
difícil em função de seus múltiplos componentes envolvidos.
A mais simples definição “é a capacidade de um indivíduo de desempenhar tarefas
físicas dadas, envolvendo esforço muscular”. (MATHEWS, 1980, p. 3).
O termo “aptidão física” interpretado no sentido mais amplo, aquele da total aptidão,
inclui quatro componentes:
1. “Aptidão psicológica: a) estabilidade emocional suficiente para um indivíduo
enfrentar os obstáculos diários; b) reserva psicológica necessária para um sujeito
enfrentar súbito trauma emocional;
2. “Saúde ou função fisiológica em perfeito funcionamento;
3. “Mecânica corporal: eficiência em desempenhar tarefas simples diárias como:
andar, correr, até mesmo mais complexas como um intrincado padrão de
movimento realizado por um dançarino;
4. “Antropometria física: bom tônus muscular, peso adequado ao corpo” (MATHEWS,
1980, p. 3).
Como o objetivo é medir e transferir para um valor digno de confiança, Mathews faz
uma definição que restringe as qualidades que devem ser avaliadas. Assim a aptidão física “é
um tanto exato no seu significado, indicando para nós, componentes específicos que
podemos medir para refletir o estado de aptidão de uma pessoa” (Mathews, 1980, p. 3). Os
ingredientes orgânicos perceptíveis da aptidão física incluem força muscular, resistência
muscular, potência muscular, flexibilidade, aptidão cardiovascular ou cardiorespiratória e
coordenação motora. (MATHEWS, 1980: p. 4)
Estudos de Guedes e Guedes (1995) notam que anos atrás sua definição de Aptidão
Física dirigia-se às capacidades individuais direcionadas à prática de esportes. Avançando,
passou da orientação exclusivamente esportiva em direção a atingir um melhor estado de
saúde. Seu conceito evoluiu, no intuito de incorporar conteúdos desenvolvidos com bases
cientificas. Os referidos autores conceituam esta condição como sendo estado de energia e
vitalidade que permita a cada um não apenas a realização das tarefas do cotidiano,
ocupações das horas de lazer e enfrentar emergências inesperadas sem cansar-se
24
exageradamente, mas, também, evitar aparecimento das disfunções hipocinéticas, enquanto
funciona no pico da capacidade intelectual e sente prazer em viver.
Nahas e Corbin (1992) observam que a Educação Física tem a realizar, dentre as
demais metas educacionais, a orientação para a prática de atividades físicas, saúde e
aptidão física, envolvendo resistência cardiorespiratória, força muscular, flexibilidade,
composição corporal. Seus estudos enfatizam aptidão física e atividade física com objetivo de
alcançar melhora de qualidade de vida e, não estritamente, participações em competições.
O Estudo Nacional de Aptidão Infantil e Juvenil (The National Children and Youth
Fitness Study – NCYFS) de Ross e Gilbert (1985) revelou que mais de um terço das crianças
e jovens testados (idades entre 10 e 18 anos), não eram suficientemente ativos em suas s
vidas diárias, para obter benefícios aeróbicos. Uma segunda pesquisa (NCYFS II, 1987), com
crianças de 6 a 9 anos de idade, demonstrou que elas eram mais pesadas e mais gordas do
que crianças de 20 anos atrás.
Em contrapartida pode-se dizer que crianças e adolescentes são naturalmente ativos
e fazem muitos exercícios físicos vigorosos como parte normal de suas rotinas diárias. Mas
viver na cidade, morar em apartamentos e desfrutar dos vídeogames, TVs, computadores e
internet, são fatores que têm criado estilos de vida sedentários para grande numero de
crianças e adolescentes.
Os componentes da aptidão relacionada à saúde são a resistência cardiovascular
(potência aeróbica e anaeróbica), a força e a resistência muscular, a flexibilidade das
articulações e a composição corporal. E os componentes da aptidão motora (desempenho
motor) são força (potência muscular), velocidade, agilidade, equilíbrio e coordenação.
A interação entre os componentes de aptidão relacionada à saúde e às atividades
físicas é óbvia. O desempenho de qualquer tarefa motora seja em nível rudimentar,
fundamental ou de habilidade esportiva, requer graus variáveis de aptidão cardiovascular,
força e resistência muscular, mais flexibilidade das articulações. O desempenho de atividades
motoras mantém e desenvolve níveis superiores de aptidão física. Aptidão física e atividade
motora estão inter-relacionadas, contudo, foram projetados testes que requerem mais de um
componente de aptidão do que de outro.
Alguns dos componentes de aptidão física e atividade motora serão discutidos a
seguir.
2.4.1. COMPOSIÇÃO CORPORAL: MÉTODOS E EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA
A composição corporal é definida como a proporção de massa corporal magra por
massa corporal adiposa, ou seja, é o percentual de gordura corporal. Pesquisas nacionais
sobre gordura corporal demonstram que crianças e adolescentes estão mais gordos do que
25
há 20 anos. Essa adiposidade crescente reflete alterações nos padrões da atividade física e
dos hábitos nutricionais (GALLAUE & OZMUN, 2001).
Segundo Rodrigues de Almeida a Composição Corporal pode ser definida
como sendo “o f racionamento do peso corporal do sujeito em diversos
componentes, de maneira a permitir a análise det alhada dos ef eitos das
atividades físicas na morfologia humana” (2000: p. 63).
Astrand e Rodhal (1980) referem-se às tabelas padronizadas de altura-peso-idade
como sendo inadequadas para determinar o peso ideal. Salientam que a composição
corporal constitui o melhor parâmetro para determinar o peso desejável, uma vez que este
parâmetro determina o desenvolvimento do conteúdo muscular esquelético encontrado na
composição corporal total.
Segundo Parizkova (1982), uma criança obesa ao executar um trabalho físico exige
mais do seu sistema cardiovascular que uma criança com peso normal. Tal fato prende-se à
questão que o gasto energético é maior, visto que seu organismo transporta excesso de
gordura durante a atividade. Assim, “toda atividade física representa um esforço maior à
criança obesa. Isso reduz o prazer da atividade e do trabalho físico”. (PARIZKOVA 1982: p.
174)
Guedes (1983), estudando universitários, encontrou
uma correlação
negativa
(r = - 0,33) entre o percentual de gordura corporal e consumo de oxigênio, observando que
quanto maior a gordura corporal (%), menor foi o resultado em termos de VO2 máximo.
Well et al & Jakl (apud Parizkova, 1982), verificaram que a diminuição do peso e
gordura (%) estava associado, na maioria dos casos, com desempenho melhorado em alguns
indicadores de aptidão física, com corrida em várias distâncias e força muscular, quando
avaliaram crianças obesas após redução do peso corporal.
As meninas têm ganho contínuo nas mensurações do percentual de gordura corporal
da pré-adolescência à adolescência. E os meninos aumentam no período pré-adolescente,
diminuem muito na puberdade, estabilizam-se na adolescência. (GALLAUE & OZMUN, 2001)
Atividades físicas e regulares podem alterar a composição corporal. O exercício físico,
juntamente com a regulação da ingestão calórica, vai resultar em aumento da massa magra
corporal e na diminuição do percentual de gordura corporal em crianças, adolescentes e
adultos, sendo assim, a chave para reduzir a obesidade.
Gettman et al (1982) verificaram os efeitos da atividade física sobre a composição
corporal em dois regimes de treinamento: 1) treinamento combinando peso e corrida: 2)
treinamento com peso, em mulheres (x = 35,7 anos) e homens (x = 36,1 anos), durante 12
semanas com três sessões por semana. Observaram que ambos os programas foram
similares, comparado ao grupo controle. Tanto homens como mulheres se beneficiaram do
treinamento, mostrando uma significativa redução da gordura corporal e aumento da massa
26
corporal magra, sendo que nesta última variável, o grupo feminino que efetuou treinamento
combinando peso e corrida, não mostrou diferença significativa no período.
Johnson et al (1982) investigaram o perfil das alterações na composição corporal de
14 estudantes da Universidade de Nebrask-Lincoln, média de idade 21,7 anos, submetidos a
16 semanas de treinamento específico para maratonista. Os resultados indicaram reduções
significantes nos valores de gordura, como peso corporal, dobras cutâneas do tríceps,
subescapular, maxilar, suprailíaca, abdominal e coxa (p < 0,05). Os resultados deste estudo
indicam que um alto volume de treinamento em indivíduos jovens, do sexo masculino, são
acompanhados por alterações significantes nas características de composição corporal.
Os efeitos da atividade física manifestam-se em todos os períodos da ontogênese
humana. Estudos realizados com crianças, jovens, adultos e idosos indicam que a atividade
física regular leva a uma menor estocagem de gordura corporal e produz um aumento, da
massa corporal magra. A natureza e magnitude destas trocas são largamente dependentes
das características dos programas de exercícios; isto é, o tipo de atividade, intensidade e
freqüência (Wilmore, 1983). Paralelamente, também ocorre um aumento da potência aeróbia.
Ambos são requisitos para uma melhor aptidão física e desempenho.
A composição corporal envolve a gordura e a massa corporal magra, a qual é
composta de todos os componentes do nosso corpo exceto a gordura. Durante os últimos 60
anos muitos procedimentos têm sido descritos, com a finalidade de analisar a composição
corporal em relação aos três maiores componentes estruturais do corpo humano: gordura,
músculo e osso.
A quantificação e a distribuição da gordura corporal são elementos freqüentemente
analisados em estudos da composição corporal, e que podem ser realizados por meio de
diversas técnicas que envolvem procedimentos de determinação direta e indireta (realizados
em laboratórios) e duplamente indireta (realizados em ambientes de campo e clínico).
Os procedimentos de determinação direta são feitos através da dissecação de
cadáveres, e indireta, através de métodos físico-químicos como a pletismografia,
espectometria, excreção de creatina urinaria, dentre outros; imagem, como a radiologia
clássica, ultra-sonografia, ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada; e
desintometria, como a pesagem hidrostática e o volume de oxigênio. Os métodos indiretos
são aqueles onde não há a manipulação dos componentes separadamente.
Os métodos duplamente indiretos são aqueles validados a partir de um método
indireto. Esses métodos são menos rigorosos, têm uma melhor aplicação prática e um menor
custo financeiro. Como exemplo, pode-se citar a antropometria, a análise de impedância
bioelétrica (BIA) e a interactância de raios infravermelhos.
O método antropométrico utiliza-se de medidas de massa corporal, altura, diâmetros e
comprimentos ósseos, espessuras das dobras cutâneas, circunferências, e alguns índices
27
que avaliam o risco para propensão de doenças, no qual pode-se citar o índice de massa
corporal (IMC) (Garrow & Webster, 1985, apud Pitanga, 2000) e o índice da proporção da
circunferência cintura/quadril (PCCQ) (Pitanga, 2000).
Na prática clínica o cálculo do índice de massa corpórea (IMC), que é o peso (em kg)
dividido pelo quadrado da altura (em metros) é ainda o mais utilizado. O IMC tem cálculo
simples e rápido, apresentando boa correlação com a adiposidade corporal. A utilização do
IMC na avaliação do risco à saúde é o instrumento mais prático para orientar o tratamento da
obesidade e é considerada a melhor estimativa da relação entre obesidade e o risco
nutricional. Constitui uma ferramenta importante e fácil de ser obtida para o diagnóstico
nutricional. A definição de faixas de IMC saudáveis (IMC=19 a 25) é aceita pela Organização
Mundial da Saúde (1997) e está baseada na avaliação do risco da obesidade em ocasionar
doenças crônicas degenerativas (tabela 1).
TABELA 1 – Classificação da obesidade segundo o IMC e risco de doença (OMS)
IMC (kg/m 2)
Classificação
Obesidade grau
Risco de doença
< 18,5
Magreza
0
Elevado
18,5 - 24,9
Normal
0
Normal
25 – 29,9
Sobrepeso
I
Elevado
30 – 39,9
Obesidade
II
Muito elevado
> 40,0
Obesidade grave
III
Muitíssimo elevado
Fonte: Organização Mundial da Saúde – OMS
As vantagens no uso das técnicas antropométricas são atribuídas à relativa facilidade
de coletar, utilizar e comparar os resultados; o uso de equipamentos de baixo custo
financeiro; e a não invasividade do método.
Atualmente a
técnica antropométrica está incorporada na metodologia de
pesquisadores de áreas como: nutrição, fisiologia, pediatria, ciências do esporte, etc.
2.4.2. POTÊNCIA AERÓBICA
A potência aeróbica é um importante indicador de aptidão física, e é definida como
sendo a quantidade de oxigênio que um indivíduo consegue captar do ar alveolar, transportar
aos tecidos pelo sistema cardiovascular e utilizar a nível celular na unidade de tempo. A
determinação da potência aeróbica máxima pode ser realizada de forma direta ou indireta.
Em experiências laboratoriais, os três instrumentos comumente utilizados: 1) esteira
rolante (correndo ou andando); 2) bicicleta ergométrica e 3) subindo degraus (banco)
(MATHEWS & FOX, 1979).
28
Cooper (1968) propõe um teste de campo, corrida de 12 minutos, para predizer de
forma indireta a potência aeróbica. Neste teste de pista o individuo deve correr ou andar a
maior distância possível em 12 minutos. O resultado é a distância percorrida em metros.
Cooper (1968) avaliou através de uma esteira rolante e do teste de 12 minutos, 115
indivíduos do sexo masculino da Força Aérea Norte-Americana. Idade média 22 anos (17 a
52 anos). Obteve um coeficiente de correlação de 0,897, comparando a distância percorrida
no teste de campo com o consumo máximo de oxigênio determinado em laboratório.
Rocha (1970) avaliou 162 homens de 17 a 29 anos (x = 20 anos), candidatos à Escola
de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com alguma experiência
desportiva. Obteve a média de 2710 metros com um desvio padrão de 258 metros, para a
corrida de 12 minutos medido em pista.
Devido à aplicabilidade e o baixo custo operacional, este teste no Brasil tem sido
utilizado por vários autores em seus trabalhos (Rocha, 1970; Souza et al, 1974; Oliveira,
1982).
O trabalho de muitos investigadores nos últimos anos tem demonstrado claramente
que a atividade física é um agente para o controle e alterações do consumo de oxigênio.
Este estudo também demonstra que o treinamento simultâneo de força e do tipo
aeróbico diminui a capacidade de desenvolver força a partir da 7ª semana, mas não afeta a
magnitude da melhora do VO2 máximo.
Nahas e Peron (1982) avaliaram os efeitos do condicionamento aeróbico durante 10
semanas, três vezes semanais, 30 minutos de duração, em indivíduos sedentários (idade
média 37,04 anos). Os sujeitos treinaram em uma intensidade de 65 a 85% da freqüência
cardíaca máxima, levando em consideração a aptidão física dos sujeitos. Constaram
alterações significantes, aumento do consumo máximo de oxigênio em 21,3% e diminuíram a
freqüência cardíaca de repouso (3,19%) e exercício (12,2%) pressão arterial sistólica em
exercício (7,24%).
Baldissera (1982) estudou os efeitos de dois tipos de treinamento: Grupo I contínuo (n
= 8) e Grupo II intervalado (n = 7) em universitários de ambos os sexos, idade média 20,07
anos. O Grupo I executou um treinamento no cicloergômetro, com intensidade de 55 a 80%
do VO2 máx. com base no pré-teste, durante 20 a 40 minutos por sessão. O Grupo II
trabalhou no cicloergômetro, com intensidade de 95 a 130% do VO 2 máximo, tempo máximo
de trabalho 3 minutos, com três repetições por sessão. Durante 13 semanas, duas vezes
semanais.
Verificou que ambos os programas de treinamento provocam adaptações
orgânicas benéficas, promovendo melhora da potência aeróbica.
29
2.4.3. POTÊNCIA ANAERÓBICA
A potência anaeróbica é um dos indicadores de aptidão física, entendida como a
capacidade de um indivíduo realizar trabalhos de intensidades máximas de curta duração
(Matsudo,1979).
Astrand e Rodahl (1980) referem Armussen, que faz a análise da velocidade máxima
em crianças de tamanhos diferentes com base no melhor tempo em 50 e 100 metros com
relação à idade, sexo e altura corporal. Verificou não existir variações significativas na
velocidade e altura entre meninos de 11 e 12 anos. A pequena melhora no desempenho dos
meninos de 12 anos pode ser atribuída à maturação da função neuromuscular, aprimorando
a coordenação motora. Observou que os meninos aos 14 anos apresentam ainda maior
velocidade, mas não determinou se os mais altos podem correr com maior rapidez que os
mais baixos. Constatou progresso de coordenação com o decorrer da idade, supõe que seja
devido à maturação sexual.
Nas meninas verificou aumento gradativo da velocidade máxima até os 14 anos,
porém não havendo melhora adicional. Não observou influência da altura em nenhum dos
grupos etários analisados.
2.4.4. POTÊNCIA MUSCULAR
A potência muscular pode ser identificada como a habilidade de conseguir realizar a
máxima força no menor tempo possível (Johnson et al, 1979). Também é considerado como
um importante indicador de aptidão física geral.
Fisiologicamente refere-se às provas anaeróbicas aláticas, isto é, são realizadas em
períodos de tempo tão curtos, que o oxigênio não é requerido para produção de energia
(Mathews, 1980). Esta categoria refere-se às provas como: salto em altura, em distância,
arremesso de peso.
Em Educação Física a potência muscular de membros inferiores tem recebido muita
atenção. Este tipo de mensuração é expresso em termos de distância através do qual o corpo
pode ser projetado através do espaço. Os testes comumente usados são impulsão vertical e
horizontal.
Oliveira (1982) comparou praticantes masculinos de basquetebol com não praticantes,
com idades de 13 a 18 anos. Observou diferenças significativas em impulsão vertical e
impulsão horizontal em favor do grupo praticante e supõe que o treinamento poderia ter sido
o responsável pela diferença apresentada entre os dois grupos.
Além das potências aeróbicas, anaeróbicas e musculares, outro importante indicador
de aptidão física geral e que merece atenção neste estudo é a agilidade.
30
2.4.5. AGILIDADE
Agilidade ê definida como uma habilidade física a qual possibilita o indivíduo mudar
rapidamente a direção e a posição do corpo de uma maneira precisa. Esta habilidade de
mudar a direção e a posição do corpo é primariamente dependente da força, tempo de
reação, rapidez de movimento e coordenação específica dos músculos, podendo ser
melhorado através da prática de movimentos rápidos.
Stanziola et al (1982) comparam o desempenho de agilidade em atletas de alto nível,
pertencentes ao SEME-SP, em 127 atletas do sexo masculino e 86 do sexo feminino,
nas modalidades de atletismo, basquetebol, ginástica olímpica, natação e voleibol. Na
modalidade pugilismo foi avaliado somente o sexo masculino. Observaram que os atletas
praticantes das modalidades de atletismo, voleibol e basquetebol apresentaram resultados
significantemente melhores que os atletas de pugilismo. As atletas de atletismo, voleibol e
basquetebol se destacaram como melhores em agilidade quando comparadas às nadadoras,
sendo significantes ao nível de p < 0,01.
Petroski e Duarte (1983) estudaram o desempenho de remadores de Santa Catarina e
São Paulo em agilidade e, ao compararem seus sujeitos com atletas de alto nível,
pertencentes ao Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa - SP, das modalidades de
basquetebol, voleibol e natação, não verificaram diferenças estatísticas significantes (p <
0,01) entre as modalidades.
2.4.6. FLEXIBILIDADE
É a capacidade de flexionar, alongar ou girar o corpo em uma série completa de
movimentos. A boa flexibilidade depende da facilidade de movimentação das articulações,
músculos e tendões. É importante em todos os esportes e atividades físicas.
A flexibilidade diminui o risco de torções, porque os tecidos elásticos e flexíveis têm
melhores condições de absorver o choque de movimentos bruscos ou rápidos. Pessoas com
tensão muscular nas costas e pernas são mais propensas a dores lombares e rigidez após
esforço físico (CARROLL & SMITY, 2000).
Flexibilidade é a habilidade de várias articulações corporais para movimentar-se
através de sua escala de movimento. É específica das articulações pode ser melhorada com
a prática (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
O estudo de Leighton (1956) sobre a flexibilidade de meninos entre 10 e 18 anos
revelou que os meninos demonstraram tendência definida em diminuir a flexibilidade com a
idade.
No entanto, os níveis de atividade oferecem melhor indicação da flexibilidade das
31
articulações do que a idade cronológica, em função da natureza altamente específica deste
componente de aptidão (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
O “treinamento” da flexibilidade das articulações é essencial à prevenção de lesões.
Com os equipamentos atuais ela pode ser mantida e até aumentada.
Os dados do NCYFS (The National Children and Youth Fitness Study, 1985) indicam
que, em média, as meninas obtêm melhoras nos níveis dessa mensuração de 10 a 16 anos
de idade, seguidos por leve declínio. Mas credita-se que os declínios na flexibilidade, nesse
período, estão associados a um declínio geral nos níveis de atividade do adolescente mais
velho e ao aumento da idade (GALLAHUE & OZMUN, 2001)
2.4.7. VELOCIDADE
Velocidade é a habilidade de cobrir uma distância curta no menor tempo possível. É
influenciada pelo “tempo de reação”, bem como pelo “tempo motor”.
Cratty (1986) (apud Gallahue & Ozmun, 2001) relatou que as informações disponíveis
sobre o tempo de reação simples indicam que este é cerca de duas vezes mais longo em
crianças de 5 anos de idade do que para os adultos, em tarefa idêntica, e que há rápida
melhora de 3 a 5 anos de idade. Essas diferenças desenvolvimentistas devem-se,
provavelmente, à maturação neurológica, a variações nas capacidades de processar
informações de crianças e de adultos, bem como a considerações ambientais e da tarefa em
questão.
A velocidade de movimento, em regra, melhora até aproximadamente a idade de 13
anos, tanto em meninos quanto em meninas. Depois disso as meninas tendem a estabilizarse e os meninos tendem a melhorar. A velocidade motora pode ser encorajada, na infância e
além dela, por meio de atividade física vigorosa que incorpore curtos impulsos de velocidade
(GALLAHUE & OZMUN, 2001).
2.5. PUBERDADE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
A transição da infância para a adolescência é marcada por um número de eventos
significativos, físicos e culturais, que contribuem notavelmente para o crescimento e o
desenvolvimento motor.
As diferenças físicas entre os meninos e as meninas são apenas diferenças e nada
mais. Atribuir-se “superioridade” ou “inferioridade” a um sexo, em detrimento do outro, seria
algo absurdo. As diferenças genéticas fundamentais são irrevogavelmente estabelecidas na
concepção e aumentam no período adolescente. Diferenças significativas em altura, peso,
proporções corporais e capacidade funcional do coração e pulmões. Para compreender
32
melhor essas diferenças é preciso compreender o processo da puberdade e da maturação
sexual.
O aparecimento da puberdade é geralmente denominado “pubescência”. Trata-se do
período mais inicial da adolescência, cerca de dois anos antes da maturidade sexual.
A menarca é o evento básico da puberdade feminina, mas não marca a maturidade
reprodutiva, que pode ser retardada em dois anos. Menarca, o primeiro fluxo mestrual, ocorre
entre os 12 anos e 13 anos e meio de idade (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
O ponto alto da puberdade em meninos é menos distinto do que para as meninas. Ela
é marcada pela primeira ejaculação, porém, conforme ocorre com a menarca, esse marco
não assinala a maturidade reprodutiva. Esta é alcançada somente quando espermatozóides
vivos (13 a 16 anos) são produzidos.
Exatamente quando e o que começa esse processo não está claramente
compreendido. Mas sabe-se que a época desse processo é altamente variável e pode
começar precocemente aos 8 anos em meninas e aos 9 anos em meninos ou, tardiamente,
nas idades de 13 e 15 anos (KATCHADOURIAN, 1977).
A seqüência geral de eventos que assinalam a puberdade é muito mais previsível do
que as épocas em que vão ocorrer. Para os adolescentes masculinos a seqüência provável
das alterações físicas, devido o aumento da produção dos hormônios sexuais, seria:
- Primeiro desenvolvimento testicular;
- Início do surto de crescimento;
- Crescimento dos pêlos pubianos;
- Crescimento dos pêlos e testículos;
- Pêlos nas axilas;
- Agravamento da voz;
- Produção madura de esperma (fim da puberdade);
- Pêlos faciais e corporais;
- Desenvolvimento maduro dos pêlos pubianos;
- Fim do crescimento do esqueleto.
E a seqüência de alterações físicas que ocorre nas meninas, também em decorrência
desses hormônios sexuais, aumentados e até desregulados, acontece assim:
- Início do surto de crescimento;
- Intumescimento dos mamilos;
- Intumescimento das mamas;
- Crescimento dos pêlos pubianos;
- Crescimento da genitália;
- Auge da explosão do crescimento;
- Pêlos nas axilas;
33
- Produção madura dos óvulos (fim da puberdade);
- Acne;
- Intensificação da voz;
- Desenvolvimento maduro dos pêlos pubianos e dos seios;
- Fim do crescimento do esqueleto (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
Além de todas essas alterações físicas, que influenciam o comportamento dos
adolescentes diante da vida, pois a sexualidade está aguçada causando conflitos e dúvidas,
a puberdade caracteriza-se por modificações biopsicossociais, que, segundo Brasileiro
(1992), influenciam na percepção de si mesmo e do mundo ao seu redor. É preciso muita
percepção e conhecimento nas diversas áreas, como medicina, psicologia, sexologia,
antropologia, didática, dentre outras, dos professores de Educação Física Escolar para
poderem ajudar as crianças e os adolescentes a passarem por essa fase de transição da
melhor maneira possível. São situações constrangedoras e às vezes até traumatizantes que
as crianças ficam expostas, devido às atividades corporais das aulas de educação física.
Torna-se de suma importância que os profissionais da área de Educação Física
busquem conhecimentos em bases científicas para terem condições de ministrar aulas com
qualidade e competência, respeitando a individualidade biopsicossocial de seus alunos.
Realizar práticas coerentes com a realidade dos alunos púberes, propiciando um ambiente
saudável e descontraído, onde os alunos possam se expressar livremente através das
práticas corporais, sejam elas lúdicas ou competitivas.
Com esta nova forma de encarar as aulas, a relação professor-aluno se fortalece e
passa a existir uma aproximação e até mesmo uma cumplicidade. O professor passa a ter
mais influência sobre o comportamento do aluno, podendo ajudar na hora de superar os
conflitos, que são muitos neste período, e de minimizar as atitudes de rebeldia, revolta,
agressividade ou ainda apatia, indiferença e até o isolamento. (Tiba, 1986: Novaes, 1982 –
apud Brasileiro, 1992).
Em relação à Educação Física, Brasileiro evidencia sua utilidade como práticapedagógica e afirma que:
“O professor de E ducação Física, como educador, deve ser amigo e procurar
promover, na turma, um ambiente saudável, onde todos se sintam parte
atuant e do grupo e não apenas mais um. A socialização deve ser estimulada,
pois, através das aulas de E ducação Física Escolar, os alunos têm
oportunidades para se desenvolverem socialmente e crescerem enquanto
pessoas.
“Quando o professor for desenvolver o conteúdo, no seu dia a dia, deverá
levar em consideração as modificações biológicas e psicossociais pelas
quais seus alunos estão passando, uma vez que, a fase da puberdade
implica em transformações profundas e incontroláveis no organismo do
34
púbere, interferindo no seu desempenho, além do seu próprio relacionamento
dentro do grupo”. (1992, p.145, 146).
É preciso investir na formação acadêmica do professor de Educação Física em
relação a conhecimentos aprofundados e com bases científicas sobre a puberdade e sua
relação com as atividades corporais.
35
3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva do tipo “estudo de caso”,
com objetivo de verificar e analisar os aspectos antropométricos e a aptidão física
relacionados à saúde em crianças e adolescentes em idade escolar. As variáveis foram
observadas, analisadas e descritas sem que houvesse manipulação das mesmas. Os sujeitos
foram observados em uma única oportunidade, com os níveis e características de
desenvolvimento, inferidos a partir da análise das diferenças e semelhanças presentes em
cada grupo etário, divididos em feminino e masculino.
3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população alvo deste estudo foi constituída por alunos de ambos os sexos, de uma
escola da Rede Estadual de Ensino Fundamental e Médio, do município de Porto Velho, Ro.
A amostra foi composta por 109 alunos do sexo masculino e 121 do sexo feminino,
totalizando 230 alunos na faixa etária de 11 a 15 anos. Procurando fornecer maiores
subsídios quanto à descrição da amostra analisada, a tabela 2 apresenta a composição geral
do universo e da amostra, segundo sexo e idade.
TABELA 2 – Distribuição da população e amostra, por sexo e idade
ANO NASCIMEENTO
IDADE
MASCULINO
FEMININO
TOTAL
1993
11
13
26
39
1992
12
31
28
59
1991
13
24
32
56
1990
14
26
19
45
1989
15
15
16
31
TOTAL
109
121
230
Fonte: Instrumento de pesquis a
3.3. IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS
A avaliação físico-funcional consiste numa bateria de testes e medidas com a
capacidade de determinar a aptidão física nos aspectos antropométricos, metabólicos e
36
neuromotores. Foram analisadas as variáveis antropométricas, metabólicas e neuromotoras,
comparando-as entre sexo e idade e relacionando-as umas as outras.
As variáveis antropométricas coletadas foram: peso corporal, estatura, envergadura e
o índice de massa corporal (IMC).
As variáveis metabólicas foram aferidas com base em testes que permitiram medir
indiretamente a resistência geral (capacidade aeróbica).
As variáveis neuromotoras estudadas, que se relacionam especificamente ao
desempenho físico (motor), foram: velocidade, agilidade, força de membros superiores e
inferiores, força-resistência abdominal e flexibilidade.
3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a adequada efetivação deste trabalho, foi elaborada uma ficha de avaliação, que
teve por objetivo a anotação dos dados coletados, sendo que esta foi manuseada, quando do
preenchimento, pelo mesmo avaliador.
Todas as mensurações (estatura, peso corporal, envergadura, IMC) foram realizadas
de forma indireta, respeitando-se os protocolos de cada uma delas e utilizando materiais de
baixo custo operacional e aplicáveis a grande número de pessoa.
As medidas e os testes são também classificados em relação à aptidão física
relacionada à saúde e aptidão física relacionada ao desempenho motor (tabela 3).
TABELA 3 – Medidas e testes de aptidão física utilizados pela Bateria PROESP-BR
VARIÁVEIS
Massa Corporal
Estatura
Envergadura
Índice Massa Corpora (IMC)
Flexibilidade
Força Resistência Abdominal
Força de Membros Inferiores
Força Membros Superiores
Agilidade
Velocidade
Resistência Aeróbica
MEDIDAS E TESTES
Balança
Trena Métrica
Trena Métrica
Sentar-e-Alcançar
Exercício Abdominal
Impulsão Horizontal
Arremesso Medicineball
Quadrado
Velocidade 20 Metros
Corrida 9 Minutos
ÁREA DE INTERVENÇÃO
Desempenho Motor
Desempenho Motor
Desempenho Motor
Saúde
Saúde
Saúde
Desempenho Motor
Desempenho Motor
Desempenho Motor
Desempenho Motor
Saúde
Fonte: PROESP-B R (Projeto Esporte Brasil, 2004)
De acordo com os indicadores de aptidão física, foi utilizado os seguintes materiais e
padronizações, para a avaliação antropométrica e de habilidades motoras:
37
Avaliação Antropométrica
Foram efetuadas as seguintes medidas antropométricas: peso corporal, estatura,
envergadura e o índice de massa corporal (IMC).

Peso Corporal: Foi mensurada em balança de alavanca, com escala de 100
gramas, sendo que durante a avaliação o sujeito posicionou-se na posição ortostática, de
frente para o avaliador e no centro da plataforma da balança. A medida foi anotada em
quilogramas com a utilização de uma casa decimal.

Estatura: Foi mensurada por meio de uma trena métrica, precisão de 2 mm, fixa à
parede a 1 metro do solo, estendida de baixo para cima. O avaliado posicionou-se na posição
ortostática, com as pernas unidas, estando os braços posicionados ao longo do corpo e
cabeça posicionada paralelamente ao solo, sendo a medida obtida com o avaliado em
apnéia inspiratória. Para a leitura da estatura foi utilizado um esquadro colocado no vértex do
avaliado, e a mesma foi expressa em centímetros com uma casa decimal.

Envergadura: Foi mensurada por meio de uma trena métrica, precisão de 2 mm.
Sobre uma parede lisa fixou-se a trena paralelamente ao solo a uma altura de 1,20 m para os
alunos menores e 1.50 m para os alunos maiores. O avaliado posicionou-se em pé, de frente
para a parede, com os braços em abdução em 90 graus em relação ao tronco. Os cotovelos
estendidos e os antebraços supinados. O avaliado posicionou a extremidade do dedo médio
esquerdo no ponto zero da trena, sendo medida a distância até a extremidade do dedo médio
direito. A medida foi registrada em centímetros com uma casa decimal.

Índice de Massa Corporal (IMC): Foi calculado a partir das medidas de massa
corporal e estatura, pela equação: IMC (Kg / m²) = M / E², onde M corresponde à massa
corporal (peso em Kg) e E corresponde à estatura corporal (expressa em metros).
Avaliação das Habilidades Motoras
As características de habilidades motoras foram determinadas através dos seguintes
testes: “sentar-e-alcançar” (flexibilidade), exercício abdominal (força-resistência abdominal),
impulsão horizontal (força de membros inferiores), arremesso de medicineball (força de
membros superiores), quadrado (agilidade), corrida de 20 m (velocidade) e corre-andar 9
minutos (resistência aeróbica).

Teste de Flexibilidade (Sentar-e-alcançar): O material utilizado foi uma caixa de
madeira com 30 cm de altura, trena e fita adesiva. Este teste teve por finalidade a verificação
da flexibilidade de tronco e de tendões dos membros inferiores. Para a realização do mesmo,
o avaliado colocou-se sentado, com a planta dos pés tocando uma caixa de madeira e as
38
costas, quadris e cabeça, encostados em uma parede, estando os membros inferiores em
extensão total. Durante o repouso, o avaliado foi instruído a estender os membros superiores,
com uma mão sobre a outra até o ponto máximo, sem desencostar as costas, quadris e
cabeça da parede. O ponto máximo atingido, neste momento pelos membros superiores, foi
considerado o “ponto zero”. Após a definição do “zero”, que tende a ser individual, o avaliado
foi instruído a fazer uma flexão máxima de tronco, de maneira a atingir, com as mãos e sem
flexionar as pernas, o ponto mais distante possível. A partir daí, verificou-se o espaço entre o
“zero” e o ponto máximo atingido de forma a computar o resultado. Para efeito de avaliação,
foram efetuadas três medidas e computada a maior distância atingida, não sendo feito
aquecimento para o mesmo.

Teste de Força Resistência Abdominal: O material utilizado foi colchonete de
ginástica e cronômetro. Teve por objetivo medir a força e a resistência muscular dos
músculos abdominais. Este teste consistiu em o avaliado fazer o maior número de repetições
abdominais no espaço de um minuto. Para a execução, o avaliado colocou-se em decúbito
dorsal, com as pernas e quadris flexionados e as plantas dos pés voltadas para o solo. Os
membros superiores foram dispostos sobre o tronco, cruzados e com as palmas das mãos
voltadas para o peito. Os pés ficaram afastados há uma distância não superior à largura dos
ombros. A execução consistiu em o avaliado tocar a parte anterior dos antebraços na coxa e
voltar a posição inicial (decúbito dorsal) até tocar as espátulas no solo. Durante este período,
o avaliador fixou os pés do avaliado no solo. O avaliado teve que fazer o maior número de
repetições possível em um minuto.

Teste de Força Explosiva de Membros Inferiores (Impulsão Horizontal): Utilizou-se
uma trena e uma linha traçada no solo. A trena foi fixada ao solo, perpendicularmente à linha,
ficando o ponto zero sobre a mesma. O avaliado colocou-se imediatamente atrás da linha,
com os pés paralelos, ligeiramente afastados, joelhos semiflexionados, tronco ligeiramente
projetado para frente. Ao sinal, o avaliado saltou a maior distancia possível. Foram realizadas
duas tentativas, e registrou-se o melhor resultado em centímetros, com uma casa decimal, a
partir da linha traçada no solo até o calcanhar mais próximo desta.

Teste de Força Explosiva de Membros Superiores (Arremesso de Medicineball):
Utilizou-se uma trena, um medicineball de 2 Kg e giz. A trena foi fixada ao solo
perpendicularmente à parede. O ponto zero da trena foi fixado junto à parede. O avaliado
sentou-se com os joelhos estendidos, as pernas unidas e as costas completamente apoiadas
à parede. Segurou o medicineball junto ao peito com os cotovelos flexionados. Ao sinal do
avaliador o avaliado lançou a bola à maior distância possível, mantendo as cotas apoiadas na
parede. A distância do arremesso foi registrada a partir do ponto zero até o local em que a
bola tocou o solo pela primeira vez. Foram realizados dois arremessos e registrou-se o
39
melhor resultado. O medicineball foi banhado em pó branco (giz) para a identificação precisa
do local onde tocou pela primeira vez o solo.

Teste de Agilidade (Quadrado): Utilizou-se um cronômetro, um quadrado
desenhado em solo antiderrapante com 4 m de lado e 4 cones. O avaliado partiu da posição
de pé, com um pé avançado à frente imediatamente após a linha de partida. Ao sinal do
avaliador, deslocou-se até o próximo cone em diagonal. Na seqüência correu em direção ao
cone à sua esquerda e depois se desloca para o cone em diagonal. Finalmente correu em
direção ao ultimo cone,que correspondeu ao ponto de partida. O avaliado tocou com uma das
mãos os cone que demarcaram o percurso. O cronômetro foi acionado pelo avaliador no
momento em que o avaliado realizou o primeiro passo tocando com o pé o interior do
quadrado. Foram realizadas duas tentativas, sendo registrado, em segundos e centésimos de
segundo (duas casas após a virgula), o melhor tempo de execução.

Teste de Velocidade de Deslocamento (Corrida de 20 m): Utilizou-se um
cronômetro, dois cones e uma pista de 20 metros demarcada com três linhas paralelas no
solo da seguinte forma: a primeira (linha de partida); a segunda, distante 20 m da primeira
(linha de cronometragem); e a terceira linha, marcada a 1 m da segunda (linha de chegada).
A terceira linha serve como referencia de chegada para o avaliado na tentativa de evitar que
ele inicie a desaceleração antes de cruzar a linha de cronometragem. Dois cones para a
sinalização da primeira e terceira linhas. O avaliado partiu da posição de pé, com um pé
avançado à frente imediatamente atrás da primeira linha o mais rápido possível. Ao sinal do
avaliador, o avaliado deslocou-se o mais rápido possível, em direção à linha de chegada. O
cronometrista acionou o cronômetro no momento em que o avaliado deu o primeiro passo,
ultrapassando a linha de partida. Ao cruzar a segunda linha (dos 20 m), foi interrompido o
cronômetro. Registrou-se o tempo do percurso em segundos e centésimos de segundos, com
duas casa depois da virgula.
Avaliação Metabólica
Na Avaliação Metabólica foi medida a capacidade aeróbica, através do teste de
resistência geral de 9 minutos.

Teste de Resistência Geral ( 9 Minutos): Utilizou-se um cronômetro, ficha de
registro, local plano com marcação do perímetro da pista e trena métrica. Dividiu-se os alunos
em grupos adequados às dimensões da pista. Observou-se a numeração dos alunos na
organização dos grupos, facilitando assim o registro dos anotadores. Informou-se aos alunos
sobre a execução correta do teste dando ênfase ao fato de ao fato de que devem correr o
maior tempo possível, evitando pique de velocidade intercalados por longas caminhadas. Os
alunos não podiam parar ao longo do trajeto e que era um teste de corrida, embora
40
pudessem caminhar eventualmente quando muito cansados. Durante o teste, aconteceu a
passagem do tempo aos 3, 6, e 8 minutos. Ao final do teste soou um sinal (apito). Os alunos
interromperam a corrida, permanecendo no lugar onde estavam (no momento do apito) até
ser anotada a distancia percorrida. Todos os dados foram anotados em fichas próprias, em
metros com aproximação de dezenas.
3.4.1. COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada por um avaliador (professor de Educação Física),
auxiliado por dois estagiários, no registro dos dados. A equipe fazia parte do Projeto Esporte
Brasil – PROESP-BR / Descoberta do Talento Esportivo.
As avaliações foram determinadas em duas etapas:
1ª Etapa – Realizada em uma sala adequadamente preparada para este fim, onde
foram coletados as medidas de peso corporal, estatura, envergadura e o teste de “sentaralcançar”, com os alunos sem calçados. Utilizou-se de uma parede lisa, sem obstáculos e
sem rodapé, para as medidas de estatura e envergadura.
2ª Etapa – Realizada na quadra esportiva, obedecendo-se todas as padronizações
dos testes de avaliação metabólica (capacidade aeróbica) e das habilidades motoras
(capacidade aeróbica) aplicadas na população estudada.
3.4.2. MONTAGEM E EXECUÇÃO DO BANCO DE DADOS
Utilizou-se planilha Excel, onde foram processadas as informações para armazenar os
dados coletados e obter as médias e os percentuais dos mesmos.
Os resultados foram expressos segundo procedimentos estatísticos descritivos de
apresentação tabular, distribuídos em médias e percentuais, havendo comparações entre as
variáveis sexo e idade.
41
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DO ESTUDO
Este capítulo tem por objetivo descrever e discutir os resultados encontrados no
referente estudo, assim como confrontá-los com o encontrado na literatura, de forma a traçar
o perfil de determinadas características de alunos da escola pública de Porto Velho.
Para a organização e interpretação dos resultados, os dados foram dispostos em
tabelas e gráficos específicos, distribuídos por sexo e idade, nas referidas categorias de
análise: avaliação física relacionada à saúde e ao desempenho motor.
4.1.
AVALIAÇÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE
A avaliação física relacionada à saúde refere-se aos componentes da aptidão física
responsáveis pelo desempenho das atividades motoras diárias do indivíduo e ligados às
condições de saúde, ou seja, capacidade de realizar atividades diárias e menor probabilidade
de desenvolver doenças e limitações nos movimentos. Foram analisados testes da
composição corporal e funções músculo-esquelética e aeróbica.
Neste item, serão discutidos os resultados referentes às capacidades físicas
relacionadas à saúde, enfatizando a avaliação do Índice de Massa Corporal, flexibilidade,
força abdominal e capacidade cardiorrespiratória (resistência aeróbica).
4.1.1. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
Será apresentado a seguir o Índice de Massa Corporal, classificados em três estágios,
numa escala ordinal, a saber: alunos com desempenho “Abaixo da Zona Saudável de Aptidão
Física” (AbZSApF), na “Zona Saudável de Aptidão Física” (ZSApF) e “Acima da Zona
Saudável de Aptidão Física” (AcZSApF).
Pode-se perceber, pela tabela 4 na página seguinte, que a grande maioria do grupo
estudado (71,3%) encontra-se dentro da normalidade da “ZSApF” do IMC.
Na classificação “AcZSApF”, que indica elevação do nível de adiposidade do corpo,
os meninos obtiveram um resultado de 19,3%, sugerindo propensão à obesidade, enquanto
que as meninas obtiveram somente 8,3%. Observa-se também que nas idades de 11, 12 e
14 anos, as meninas apresentam, na classificação “AcZSApF”, percentuais menores que os
42
meninos. Enquanto que, nas idades de 13 e 15 anos, elas apresentam percentuais maiores
que os meninos.
Na classificação “AbZSApF”, baixo peso, também os meninos obtiveram um resultado
maior, com 18 %, enquanto que as meninas obtiveram um percentual de 12 %.
TABELA 4 – Classificação e percentual do Índice de Massa Corporal, de acordo idade e sexo
FEMININO
MASCULINO
%
Total
Geral
%
21
19,3
31
13,5
13
68
62,4
164
71,3
1
1
20
18,3
35
15,2
26
15
109
100
230
100
Classificação
11
12
13
14
15 Total
%
11
12
13
14
15 Total
Acima
ZSApF
2
2
3
0
3
10
8,3
3
3
1
13
1
ZSApF
22
22
25
16
11
96
79,3
8
17
18
12
Abaixo
ZSApF
2
4
4
3
2
15
12,4
2
11
5
TOTAL
26
28
32
19
16
121
100
13
31
24
Fonte: Instrumento de pesquis a
Na página a seguir, na figura 1, constatou-se que a maioria dos alunos do sexo
feminino (79,3%) e do masculino (62,4%) encontra-se dentro da média do IMC (“ZSApF”).
Mas não se pode desprezar os percentuais da classificação “AbZSApF”, com 12,4 % das
meninas e 8,3 % dos meninos, que pode indicar baixo peso, tão preocupante quanto a
obesidade.
79,3%
90,0%
80,0%
62,4%
Índice de Massa Corporal
70,0%
FEM
60,0%
50,0%
18,3%
12,4%
20,0%
MASC
19,3%
30,0%
8,3%
40,0%
10,0%
0,0%
AcZSApF
ZSApF
AbZSApF
Figura 1 – Gráfico do Percentual do Índice de Massa Corporal (IMC), de ac ordo com sexo.
Com relação à composição corporal, é interessante observar que as crianças e os
adolescentes atuais são, em média, mais “gordos” do que os de gerações anteriores.
Segundo Gallahue & Ozmun (2001), as meninas apresentam aumento agudo de gordura
43
corporal entre 10 e 11 anos, devido o surto de crescimento pré-púbere; segue um aumento
menor, contínuo, até os 15 anos, resultado do processo púbere de tornar-se mulher. E os
meninos pré-adolescentes exibem aumento definido da gordura corporal entre 10 e 12 anos
e, ao entrarem no surto do crescimento, apresentam diminuição na adiposidade e aumento
na massa muscular, devido à crescente secreção dos hormônios sexuais masculinos.
4.1.2. FLEXIBILIDADE
Observando a tabela 5, constatou-se um baixo índice na flexibilidade, sendo este de
55,4% no sexo feminino e de 31,2% no sexo masculino. Dentro da média (ZSApF)
encontram-se 34,4% dos alunos, sendo 30,6% do sexo feminino e 38,5% do sexo masculino.
TABELA 5 – Classificação e percentual da Flexibilidade de acordo com a idade e o sexo
MASCULINO
FEMININO
Classificação
11
12
13
14
15
Total
%
11
12
13
14
15
Total
%
Total
Geral
%
Acima
ZSApF
4
5
3
4
1
17
14,0
4
11
0
11
7
33
30,3
50
21,7
ZSApF
8
11
9
5
4
37
30,6
5
8
12
12
5
42
38,5
79
34,4
Abaixo
ZSApF
14
12
20
10
11
67
55,4
4
12
12
3
3
34
31,2
101
43,9
TOTAL
26
28
32
19
16
121
100
13
31
24
26
15
109
100
230
100
Fonte: Instrumento de pesquis a
No gráfico abaixo, da figura 2, pode-se perceber claramente que, neste grupo
estudado, os meninos demonstraram índices de flexibilidade acima das meninas, tanto na
classificação “Zona Saudável de Aptidão Física” (38,5 %), como também na classificação
“Acima da Zona Saudável de Aptidão Física” (30,3 %); e ainda ficaram com um percentual
menor na classificação “Abaixo da Zona Saudável de Aptidão Física” (31,2 % dos meninos
contra 55,4% das meninas).
44
55,4%
FEM
31,2%
38,5%
30,6%
30,3%
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
14,0%
Flexibilidade
MASC
10,0%
0,0%
AcZSApF
ZSApF
AbZSApF
Figura 2 – Gráfico do percent ual dos alunos de acordo c om cada classific ação de Flexibilidade, por
sexo
A flexibilidade é específica das articulações e pode ser melhorada com a prática.
Clarke (1975) acredita que ela começa a declinar em meninos por volta de 10 anos e, em
meninas por volta de 12 anos. As meninas em todas as idades superam os meninos. As
razões podem centralizar-se nas diferenças anatômicas, bem como nas variações
socioculturais, em padrões de atividades que favorecem a flexibilidade de articulação das
meninas. Quanto à ligeira queda nos níveis de flexibilidade dos meninos por volta dos 12
anos, pode estar associado ao surto de crescimento pré-púbere, no qual os ossos longos
estão crescendo mais rápidos do que os músculos e tendões (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
4.1.3. FORÇA ABDOMINAL
Ao observar a tabela 6, que se encontra registrada na página a seguir, constatou-se
que dos alunos avaliados em relação à força abdominal, a grande maioria identificou-se
abaixo da zona saudável de aptidão física, com percentuais de 78,5 % para o feminino e de
56,9 % para o masculino. Somente 6,5 % dos alunos foram classificados acima da zona
saudável de aptidão física e, desse valor, 1,7 % são do sexo feminino e 11,9 % do sexo
masculino.
45
TABELA 6 – Classificação e percentual da Força Abdominal de acordo com a idade e o sexo
FEMININO
Classificação
11 12
MASCULINO
13
14
15
Total
%
11 12 13
14
15 Total
%
Total
Geral
%
Acima
ZSApF
1
1
0
0
0
2
1,7
3
1
0
7
2
13
11,9
15
6,5
ZSApF
7
4
8
3
2
24
19,8
3
11
12
5
3
34
31,2
58
25,2
Abaixo
ZSApF
18
23
24
16
14
95
78,5
7
19
12
14
10
62
56,9
157
68,3
TOTAL
26
16
121
100
13
31 24
26
15
109
100
230
100
28
32 19
Fonte: Instrumento de pesquis a
No gráfico da figura 3, visualiza-se com clareza a discrepância das classificações
“acima” e “abaixo” da zona saudável de aptidão física, da força abdominal. É preocupante
este percentual, pois força é um dos componentes importantes da aptidão relacionada à
saúde.
Figura 3 – Gráfico do Percentual da Força Abdominal, de acordo com o sexo
Com relação à força abdominal, os meninos melhoram seus níveis de desempenho,
em ritmo muito mais rápido do que as meninas (NCYFS, 1985). Eles melhoram a força
abdominal em um ritmo quase linear, desde aproximadamente 12 anos (idade aproximada do
aparecimento da puberdade masculina) até os 18 anos. A melhora de desempenho dos
meninos se deve ao aumento muscular causado pelo alto nível de testosterona. E as
meninas, talvez, não melhorem pela maior quantidade de tecido adiposo em proporção à
massa magra muscular (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
46
4.1.4. RESISTÊNCIA AERÓBICA
Observou-se, na tabela 7, que 49,9% das meninas e 63,3% dos meninos estão dentro
da média esperada de resistência aeróbica, que era correr determinado percurso, de acordo
com a idade e o sexo, em 9 minutos. No total geral, o grupo estudado obteve um índice de
56% na classificação “zona saudável de aptidão física” (129 alunos). “Acima da zona
saudável de aptidão física” o índice ficou em 11,8 % (27 alunos). No percentual para a
classificação “abaixo da zona saudável de aptidão física” o índice obtido foi alto de 32,2 %
(74 alunos), o que significa um número significativo de crianças e adolescentes sem
resistência cardiovascular, um dos componentes fundamentais para a saúde.
TABELA 7 – Classificação e percentual da Resistência Aeróbica de acordo com a idade e o
sexo
FEMININO
MASCULINO
11
12
13
14
15 Total
%
11
12
13
14
15
Total
%
Total
Geral
Acima
ZSApF
2
2
1
1
0
6
5,0
0
3
11
5
2
21
19,2
27
11,8
ZSApF
16
18
9
8
9
60
49,5
11
19
13
18
8
69
63,3
129
56,0
Abaixo
ZSApF
8
8
22
10
7
55
45,5
2
9
0
3
5
19
17,5
74
32,2
TOTAL
26
28
32
19
16
121
100
13
31
24
26
15
109
100
230
100
Classificação
%
Fonte: Instrumento de pesquis a
Na figura 4, na página seguinte, as meninas apresentaram um percentual elevado de
45,5 % abaixo da média, enquanto que os meninos apresentaram um percentual de 17,5 %.
O índice “acima da zona saudável de aptidão física” é muito baixo: 5 % para o sexo
feminino e 19,2 % para o sexo masculino.
O número de alunos do sexo masculino que obtiveram um percentual dentro da média
esperada “ZSApF” foi 69 de 109 avaliados, o que significa 63,3 %. Para o sexo feminino o
resultado foi 60 de 121 avaliadas, significando 49,5 %.
47
Figura 4 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada classificação de Resistência
Aeróbica, por sexo
A resistência aeróbica (cardiovascular) está relacionada ao funcionamento do
coração, pulmões e sistema vascular. Refere-se às habilidades de desempenhar repetições
de certa atividade fatigante, que requeira o uso considerável do sistema circulatório e
respiratório. O consumo máximo de oxigênio tende a melhorar com a idade (18 a 20 anos), a
melhora é basicamente com treinamento (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
A atividade física aeróbica regular aumenta a capacidade para a realização de tarefas
motoras
e
desempenha
cardiovasculares.
O
papel
exercício
importante
físico
na
provoca
prevenção
melhoria
na
primária
de
doenças
capacidade
aeróbica
proporcionando proteção cardiovascular, no metabolismo das gorduras e dos carboidratos,
diminui a pressão arterial e reduz a adiposidade corporal (PITANGA, 1998).
Em relação à Aptidão Física relacionada à Saúde, observou-se um nível insatisfatório
da condição física geral dos alunos. Os resultados demonstraram a necessidade de um
trabalho de condicionamento físico para o desenvolvimento e fortalecimento da função
aeróbica, da composição corporal e da função músculo-esquelética que combina medidas de
força, resistência muscular e flexibilidade, sendo de grande relevância no desempenho das
qualidades cotidianas, além de contribuir para a prevenção de problemas posturais,
lombalgias, osteoporose, doenças carduiovasculares, etc.
4.2.
AVALIAÇÃO FÍSICA RELACIONADA AO DESEMPENHO MOTOR
Neste item, serão apresentados e discutidos os resultados referentes às capacidades
funcionais relacionadas ao desempenho motor, sendo avaliadas a força explosiva de
membros superiores (arremesso do Medicineball), força explosiva de membros inferiores
(impulsão horizontal), agilidade (quadrado) e velocidade de deslocamento (20 metros);
também analisaremos as características antropométricas que são de grande utilidade na
48
avaliação do crescimento. As medidas avaliadas foram o peso corporal, estatura e
envergadura, pontos importantes para a excelência de futuros atletas, pois são indicativos de
potencial para o alto rendimento, desde que em treinamento.
4.2.1. PESO CORPORAL, ESTATURA E ENVERGADURA
Os dados antropométricos são de grande utilidade na avaliação do crescimento,
desde que sejam adequadamente cumpridos os protocolos de registro exato da idade e sexo
da criança e adolescente, tomada periódica e precisa das medidas e adoção de curva de
referência. Neste estudo, as medidas utilizadas para avaliação foram o peso corporal,
estatura e envergadura.
Na tabela 8 estão apresentados as médias de peso corporal e estatura, comparados
ao NCHS, e de acordo com o sexo e a idade.
Como pode ser constatado, houve pequenas diferenças, não significativas, entre o
esperado e o observado nas variáveis peso e estatura.
As meninas entre 11 a 15 anos ficaram acima do referencial proposto (NCHS), no
peso corporal e na estatura. Com exceção da idade de 15 anos para o peso, e 13 anos para
a estatura, onde índice foi inferior ao NCHS. Os meninos entre 11, 12, 14 e 15 anos ficaram
acima da média do NCHS no peso. E na estatura, os meninos de 11, 12 e 15 também ficaram
acima da média proposta pelo NCHS.
TABELA 8 – Média das variáveis de Peso e Estatura comparadas ao NCHS
PESO CORP ORA L
IDA DE
FEMININO
ESTA TURA
MASCULINO
FEMININO
MASCULINO
NCHS
ESCOLA
NCHS
ESCOLA
NCHS
ESCOLA
NCHS
ESCOLA
11
33.8
39.2
36.8
40.4
144.5
147.8
143.1
145.0
12
41.3
43.8
39.6
42.0
151.3
153.6
149.4
150.0
13
45.9
46.2
44.8
43.3
156.9
154.7
156.2
155.1
14
50.2
51.2
50.6
66.8
160.3
159.3
162.9
162.4
15
53.7
49.1
57.9
53.4
160,3
158.8
164.8
168.7
Fonte: Instrumento de pesquis a e o NCHS
Nos gráficos das figuras 5 e 6, pode-se visualizar as diferenças entre o grupo
estudado e o NCHS e também as diferenças entre os sexos feminino e masculino.
Com relação às essas diferenças, as meninas de 12 e 13 anos apresentaram um
peso corporal mais alto que o dos meninos. E os meninos de 11, 14 e 15 apresentaram um
peso superior ao das meninas. Não foi registrado nenhum caso de obesidade ou magreza.
49
Na estatura as meninas de 11 e 12 anos mostraram-se mais altas que os meninos. E
os meninos de 13, 14 e 15 anos apresentaram um índice superior ao das meninas.
Esses dados confirmam a literatura que diz que meninas, por volta de 11 a 13 anos,
50,6
44,8
43,3
39,6
42
50,2
51,2
45,9
46,2
36,8
40,4
40
41,3
43,8
50
33,8
P
e
s
o
39,2
60
53,7
49,1
Peso Corporal
70
57,9
53,4
66,8
têm peso e estatura superior aos meninos, que é o período que elas entram na puberdade.
NCHS
Meninas
30
K
g
Meninos
20
10
0
F/11
F/12
F/13
F/14
F/15
M/11
M/12
M/13
M/14
M/15
Sexo / Idade
143,1
145
149,4
150
156,2
168,7
166,5
161,3
158,8
156,9
154,7
160,3
159,3
C
e
n
t r
í o
m
e
t
144,5
147,8
151,3
153,6
Estatura
170
165
160
155
150
145
140
135
130
155,1
162,9
162,4
Figura 5 – Distribuição dos valores de Peso Corporal comparados ao NCHS de acordo com a
idade e o sexo
NCHS
Meninas
Meninos
F/11 F/12 F/13 F/14 F/15 M/11 M/12 M/13 M/14 M/15
Sexo / Idade
Figura 6 – Distribuição dos valores de Estatura comparados ao NCHS de acordo com a idade
e o sexo
Na prática, dadas as diminutas diferenças que parecem separar, pelo menos nos
primeiros anos de vida, o crescimento dos diferentes grupos étnicos, quando favoráveis às
condições ambientais, se aceita que as curvas de referência podem ser utilizadas como
aproximações válidas do que seria a normalidade, desde que construídas a partir de
populações cujo crescimento físico se dê livre de impedimentos ambientais e de acordo com
50
as recomendações técnicas. No Brasil, o Ministério da Saúde adotou a curva do NCHS no
cartão de acompanhamento da criança. A OMS recomenda a utilização desta curva como
referência internacional.
Em relação à variável envergadura, tanto os alunos do sexo masculino quanto os do
feminino, ficaram bem abaixo da média esperada, em todas as idades, conforme pode ser
observado na tabela 9.
TABELA 9 – Distribuição dos valores da Envergadura comparados com os indicadores de
desempenho superior do PROESP-BR de acordo com a idade e o sexo
ENVERGADURA
IDADE
FEMININO
MASCULINO
PROESP-BR
ESCOLA
PROESP-BR
ESCOLA
12
169
153.6
173
150.0
13
171
154.7
182
155.1
14
176
159.3
188
162.4
15
177
158.8
192
166.5
Fonte: Instrumento de pesquis a
Altura e envergadura (distância, de braços abertos, entre os dedos médios esquerdo e
direito) são pontos importantes para a excelência de atletas em esportes como natação,
basquete e handebol. Este dado indica que há potencial para o alto rendimento.
Uma característica do crescimento é que as extremidades desenvolvem mais
rapidamente do que o tronco, dos seis meses de idade até a puberdade, de tal forma que o
ponto médio da altura desloca-se do umbigo para a sínfise púbica. Assim, a relação entre a
envergadura e a estatura vai sofrendo modificações no decorrer desse processo,
estabilizando-se somente após a puberdade, diferentemente entre os sexos.
4.2.2. FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES
A força muscular é a habilidade do corpo de exercer força e a resistência muscular é a
habilidade do músculo ou de um grupo de músculos para desempenhar algum tipo de
trabalho, repetidamente, contra uma resistência moderada.
Em relação à força de membros superiores, observou-se que a maioria dos alunos
(38,7%) se enquadrou na classificação “Muito Fraco”, sendo 30,6% para o feminino e 47,8%
para o masculino, ou seja, as meninas apresentaram níveis mais alto que os meninos. Em
segundo lugar ficou a classificação “Fraco”, com 21,8%, sendo 22,3% para o feminino e
21,1% para o masculino. Assim, as duas classificações mais baixas somam como maioria:
totalizando 52,4%. (Tabela 10)
51
TABELA 10 – Classificação e percentual da Força de Membros Superiores de acordo com a
idade e o sexo
FEMININO
MASCULINO
Classificação
11
12
13
14
15 Total
Mto Fraco
9
4
12
7
5
Fraco
6
8
9
2
Razoável
5
3
4
Bom
5
8
Mto Bom
1
TOTAL
26
%
Total
Geral
%
52
47,8
89
38,7
2
23
21,1
50
21,8
4
1
11
10,0
30
13,0
1
5
3
16
14,7
35
15,2
2
0
3
2
7
6,4
26
11,3
31
24 26
15
108
100
230
100
%
11
12 13
14
15 Total
37
30,6
3
15 15
12
7
2
27
22,3
5
8
6
2
4
3
19
15,7
2
2
2
3
1
2
19
15,7
3
4
5
4
5
4
19
15,7
0
28
32
19
16
121
100
13
Fonte: Instrumento de pesquisa
O gráfico da figura 7 revela os percentuais das médias de cada classificação: “muito
bom, bom, regular, fraco e muito fraco”, nas categorias feminino e masculino, para força de
membros superiores. Os percentuais para as classificações mais altas (Razoável=15,7% fem e 10% - mas; Bom=15,7% - fem e 14,7% - mas; e Muito Bom=15,7% - fem e 6,4% mas)
foram muito pequenos e podem ser bem visualizados no gráfico da figura 7.
MB
B
R
F
30,6%
21,1%
22,3%
10,0%
15,7%
14,7%
15,7%
6,4%
15,7%
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
47,8%
Força de Membros Superiores (Arremesso de Medicineball)
FEM
MASC
MF
Figura 7 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada classificação de Membros
Superiores, por sexo.
Em relação à força de membros inferiores, observa-se na figura 8, que os alunos
ficaram distribuídos eqüitativamente entre as categorias analisadas, ocorrendo, nas
categorias “bom” e “regular” das meninas apresentarem níveis mais altos que os meninos.
52
Força de Membros Inferiores (Impulsão Horizontal)
90,0%
80,0%
70,0%
FEM
60,0%
MASC
21,1%
20,6%
15,0%
25,6%
21,4%
13,7%
20,0%
14,6%
30,0%
24,0%
19,0%
40,0%
25,0%
50,0%
10,0%
0,0%
MB
B
R
F
MF
Figura 8 – Gráfico do P ercent ual dos alunos de acordo com c ada classificação de Membros Inferiores,
por sexo
Encontram-se distribuídos detalhadamente na tabela 11, a diferença na categoria
“Muito Bom” para o sexo masculino (25%) contra 19% para o feminino. Na categoria “Bom”,
as meninas se sobressaíram com 24% contra 14,6% para os meninos e na categoria
“Razoável” também, com os percentuais 21,4% e 13,7%, respectivamente.
TABELA 11 – Classificação e percentual da Força dos Membros Inferiores de acordo com a
idade e o sexo
Classificação
FEMININO
MASCULINO
Total
Geral
%
11
12
13
14
15
Total
%
11
12
13
14
15
Total
%
Mto Fraco
4
3
9
6
3
25
20,6
4
11
5
1
3
23
21,1
48
21,0
Fraco
5
4
5
2
2
18
15,0
0
12
10
4
2
28
25,6
46
20,0
Razoável
2
9
7
4
4
26
21,4
2
2
3
4
4
15
13,7
41
18,0
Bom
9
7
4
5
4
29
24,0
2
2
2
9
1
16
14,6
45
19,5
Mto Bom
6
5
7
2
3
23
19,0
5
5
4
8
5
27
25,0
50
21,5
TO TAL
26
28
32
19
16
121
100
13
31
24
26
15
109
100
230
100
Fonte: Instrumento de pesquis a
Os resultados obtidos nos testes dos membros superiores e inferiores indicaram que
os alunos, meninos e meninas, encontram-se com um baixo índice de condicionamento físico
no que se refere à força de braços e pernas.
O arremesso à distância é a mensuração da força dos membros superiores
freqüentemente usada para as extremidades superiores. Os meninos experimentam aumento
53
significativo nos níveis de desempenho por volta de 13 anos, que corresponde
aproximadamente ao aparecimento da puberdade. As meninas, todavia, demonstram níveis
médios de desempenho significativamente inferiores aos meninos, levando-se em conta a
fraqueza do braço e ombros (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
O salto em distância é a mensuração da força dos membros inferiores. A discrepância
entre os sexos começa a aparecer após os 12 anos. Os meninos (puberdade), apresentam
ganho de força, e as meninas, pelo baixo nível de andrógeno na circulação, tendem a
estabilizar-se em termos de força (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
4.2.3. AGILIDADE
A tabela 12 constata o baixo nível de desempenho, em ambos os sexos, sendo que o
maior percentual do total geral foi encontrado na classificação mais baixa (Muito Fraco), com
38,2%. E, nesta mesma classificação, o feminino ficou com 41,3% e o masculino com 35,4%.
Na classificação “Muito Bom”, ambos os sexos ficaram equiparados, com 6,6% para o
feminino e 6,3% para o masculino.
TABELA 12 – Classificação e percentual da Agilidade de acordo com a idade e o sexo
Classificação
FEMININO
MASCULINO
%
Total
Geral
%
11
12
13
14
15
Total
%
11
12
13
14
15
Tota
l
Mto Fraco
7
11
18
7
7
50
41,3
3
5
12
10
8
38
35,4
88
38,2
Fraco
11
6
5
6
7
35
29,0
3
11
7
9
6
36
33,0
71
31,0
Razoável
4
5
3
2
2
16
13,2
3
8
4
5
1
21
19,0
37
16,0
Bom
4
2
4
2
0
12
9,9
1
4
1
1
0
7
6,3
19
8,3
Mto Bom
0
4
2
2
0
8
6,6
3
3
0
1
0
7
6,3
15
6,5
TOTAL
26
28
32
19
16
121
100
13
31
24
26
15
109
100
230
100
Fonte: Instrumento de pesquis a
Na figura 9, na página a seguir, percebe-se os percentuais crescerem em direção às
classificações mais inferiores: do “muito bom” para o “muito fraco”. Esses resultados sugerem
que o grupo estudado encontra-se sedentário demais.
54
Agilidade ( Teste do Quadrado)
90,0%
80,0%
20,0%
10,0%
9,9%
6,3%
30,0%
6,6%
6,3%
FEM
35,4%
40,0%
13,2%
19,0%
50,0%
41,3%
60,0%
29,0%
33,0%
70,0%
MASC
0,0%
MB
B
R
F
MF
Figura 9 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com cada classificação de Agilidade,
por sexo.
No Teste do Quadrado, onde se avaliou a agilidade, os resultados não foram
satisfatórios, ou seja, 70,3 % das meninas estão classificadas em “Fraco” e ” Muito Fraco”
(29 % e 41,3 %, respectivamente). Na classificação “Bom” e “Muito Bom” apenas 16,5 % se
destacaram (sendo 9,9 % para “Bom” e 6,6 % para “Muito Bom”). Quanto aos meninos o
índice não mudou muito, ficando na classificação “Fraco” e “Muito Fraco” em 68,4 % dos
alunos estudados. Da classificação “Bom” e “Muito Bom” apenas 12,6 % dos alunos,
demonstrando um percentual ainda menor do que o das meninas.
Agilidade é a habilidade de alterar a direção do corpo rápida e precisamente.
Melhoras anuais são observadas, na infância, com vantagem para os meninos em todas as
idades (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
4.2.4. VELOCIDADE
A tabela 13 constata, página seguinte, os resultados do teste de velocidade de
deslocamento, que foi um dos componentes que obteve o menor índice. Do grupo estudado,
75 % classificou-se como “muito fraco” e 16 % como “fraco”, o que soma um total de 91 %
dos alunos do sexo feminino e masculino.
Na classificação “razoável” o percentual foi de 6 %. Nas classificações “bom” e “muito
bom” os percentuais de 2 % e 1 %, respectivamnte.
55
TABELA 13 – Classificação e percentual da Velocidade de acordo com a idade e o sexo
FEMININO
MASCULINO
11
12
13
14
15
Total
%
11
12
13
14
15
Total
%
Total
Geral
Mto Fraco
17
19
26
15
10
87
71,9
8
24
20
22
12
86
78,8
173
75,0
Fraco
7
7
4
2
6
26
21,4
4
2
3
1
0
10
9,1
36
16,0
Razoável
2
1
0
1
0
4
3,3
1
3
1
2
3
10
9,1
14
6,0
Bom
0
1
1
1
0
3
2,4
0
2
0
0
0
2
2,0
5
2,0
Mto Bom
0
0
1
0
0
1
1,0
0
0
0
1
0
1
1,0
2
1,0
TOTAL
26
28
32
19
16
121
100, 0
13
31
24
26
15
109
100, 0
230
100, 0
Classificação
%
Fonte: Instrumento de pesquis a
O gráfico da figura 10 visualiza bem a discrepância dos resultados. Na classificação
“Fraco”, as meninas ainda ficaram com um índice mais elevado que os meninos, ou seja, com
21,4% contra 9,1% dos meninos. O destaque negativo foi para a classificação “Bom”, com
2,4% para o feminino e 2% para o masculino, e “Muito Bom”, com 1% para o feminino e 1%
para o masculino.
Figura 10 – Gráfico do Percentual dos alunos de acordo com c ada classificação da Velocidade, por
sexo
Velocidade é a habilidade de cobrir uma distância curta no menor tempo possível. É
influenciada pelo “tempo de reação” (quantidade de tempo decorrido desde o sinal de largada
até os primeiros movimentos do corpo), bem como pelo “tempo motor” (o tempo decorrido
desde o movimento inicial até o término da atividade).
56
A velocidade de movimento em crianças, geralmente, é medida por meio de vários
testes de velocidade de corrida. Ela melhora até aproximadamente a idade de treze anos,
tanto em meninos quanto em meninas. Depois disso as meninas tendem a estabilizar-se e às
vezes a regredir, enquanto os meninos tendem a melhorar até a adolescência. Isso se deve
ao aumento de força e à diminuição da gordura corporal nos meninos púberes, enquanto que
a gordura corporal das meninas aumenta (GALLAHUE & OZMUN, 2001).
57
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1. CONCLUSÕES
Diante dos resultados deste estudo, que teve como objetivo verificar e analisar os
aspectos antropométricos e a aptidão física relacionada à saúde em crianças e adolescentes
de ambos os sexos, em idade escolar, de uma escola pública da cidade de Porto Velho
chegou-se à conclusão de que o sedentarismo permeia a vida destas crianças e
adolescentes, sugerindo que a aptidão física seja relacionada à saúde ou ao desempenho
motor, encontrando-se abaixo da “zona saudável de aptidão física” (ZSApF), recomendada
pelo PROESP-BR.
Este estudo pôde constatar também, o perfil aproximado dos níveis de aptidão física
de 230 crianças e adolescentes de uma escola pública no Estado de Rondônia.
Com relação ao nível de aptidão física voltada à saúde e ao desempenho motor,
chegou-se às seguintes considerações:
- Quanto ao Índice de Massa Corporal os alunos se encontram, em sua maioria,
dentro da Zona Saudável de Aptidão Física, o que significa normalidade no nível de gordura
corporal;
- Deve-se levar em conta que o IMC tem como referência o peso e a estatura. A
utilização do IMC na avaliação do risco à saúde é o instrumento mais prático para orientar a
prevenção da obesidade e uma ferramenta importante e fácil de ser obtida numa primeira
análise nutricional. É também um índice aceito pela OMS e pode ser o princípio de uma
avaliação do risco da obesidade e da propensão às doenças crônico-degenerativas.
- Seria interessante que, em estudos futuros, houvesse investigação dos hábitos
alimentares dos alunos para um diagnóstico mais preciso.
- Quanto à flexibilidade, resistência aeróbica, força abdominal e de membros
inferiores, os meninos obtiveram classificação superior às meninas;
- Quanto à agilidade e velocidade, ambos os sexos encontram-se em semelhança,
com um índice de 93 % nas classificações “Fraco” e “Muito Fraco”;
- Quanto às diferenças, que ocorrem com o início da puberdade, entre meninos e
meninas, são explicáveis por inúmeros fatores anatômicos, fisiológicos e sócio-culturais;
58
- Os meninos exibem aumento definido da gordura corporal (ganho de massa
muscular e perda da adiposidade) devido altas taxas do hormônio masculino – a
testosterona. Com isso, há um ganho de força, o que melhora o desempenho das habilidades
motoras (agilidade, velocidade, etc);
- As meninas têm aumento da adiposidade, e redução da força, pelo baixo nível de
andrógeno na circulação;
- Na flexibilidade as meninas geralmente são melhores que os meninos, devido,
talvez, às diferenças anatômicas;
- Quanto à aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho motor do grupo
estudado, os meninos se encontram em melhores condições que as meninas, mas
infelizmente essa condição é somente menos grave, pois se conclui, pelos resultados gerais,
que o nível da aptidão física em geral, é insatisfatório. Ainda que a maioria se encontre dentro
da normalidade do peso corporal, não tendo índices preocupantes com a obesidade e a
magreza, a condição física deixa muito a desejar em força abdominal, flexibilidade,
resistência aeróbica, força explosiva de membros superiores e inferiores, agilidade e
velocidade.
- Estes resultados nos indicam que, embora existam diferenças entre os sexos, em
mensurações de aptidão relacionada à saúde e ao desempenho, ambos possuem potencial
para obter melhoras significativas na participação em atividade física regular.
O sedentarismo, principalmente entre os jovens, é preocupante, pois, em um futuro,
pode contribuir para acarretar sérios riscos de doenças crônico-degenerativas. E esse futuro
pode não estar muito distante, pois o número de pessoas adultas jovens, acometidas de
doenças como as cardiopatias, diabetes, pressão arterial, dentre outras, é muito significativo.
A falta de condicionamento físico para as atividades diárias como correr, subir escadas, ou
até mesmo levantar um objeto pesado, compromete a qualidade de vida das pessoas.
É preciso incentivar, na criança e no adolescente, o hábito de fazer atividade física de
forma prazerosa e consciente dos seus benefícios, para que se tornem adultos saudáveis e
com qualidade de vida. Uma das formas de se fazer isto é a Educação Física Escolar
relacionada à saúde, através da informação teórica e da prática do exercício e do desporto,
ministradas por professores habilitados e competentes para atuar com esta disciplina. Os
profissionais da educação têm papel fundamental nessa educação para a saúde,
principalmente os professores de Educação Física, que lidam diretamente com atividades
corporais, organizando aulas com programas de atividades físicas que incluam o
desenvolvimento da aptidão física relacionada à saúde e ao desenvolvimento psico-motor.
Finalizando, o presente estudo apresentou informações de grande valor para o
conhecimento da realidade da criança e do adolescente na sua condição física no mundo
59
atual, podendo-se concluir que essa condição, no grupo pesquisado, deixa a desejar no
sentido da saúde e da qualidade de vida.
5.2.
SUGESTÕES
Devido à riqueza e tamanha importância dos conhecimentos adquiridos com este
estudo, e também às limitações do mesmo, sugere-se novas pesquisas dentro dessa mesma
linha, visando o aprimoramento dos docentes em Educação Física e com isso proporcionar
um ensino de qualidade.
- Realizar estudos semelhantes a este com outras amostras, de forma a conscientizar
um maior número de pessoas sobre a importância dos efeitos da atividade física para atingir
um nível de aptidão física.
- Propor a adoção da bateria de testes, definida neste trabalho, ou de outra
semelhante, para que possa ser ensinada, implantada e utilizada como instrumento de
avaliação do nível de atividade física e das características de saúde pregressas e atuais das
crianças e adolescentes, subsidiando os professores de educação física nas escolas,
pesquisadores e áreas afins;
- Realizar estudos em que sejam abordadas questões referentes ao estilo de vida
e/ou condições sócio-econômicas e demográficas de crianças e adolescentes, buscando
correlacionar estas variáveis às características de crescimento, composição corporal e
desempenho físico relacionado à saúde;
- Realizar estudos sobre a Composição Corporal, para se obter um diagnóstico
minucioso, mais aprofundado da avaliação morfológica, utilizando a medição das dobras
cutâneas, percentual de gordura, entre outras, além de investigar sua relação com os hábitos
alimentares dos alunos.
60
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Porto Velho, 05 de maio de 2005.
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