drop attacks

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V Mostra de
Pesquisa da PósGraduação
TRATAMENTO DE CRISES EPILÉPTICAS DE QUEDA
SÚBITA (DROP ATTACKS) COM A ASSOCIAÇÃO FIXA
DE ÁCIDO VALPROICO, LAMOTRIGINA E UM
BENZODIAZEPÍNICO
Vitor Hugo Machado1, André Luis Fernandes Palmini1 (orientador)
Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica,Área de Concentração em Neurociências, Faculdade de
Medicina, PUCRS
Resumo
Introdução
As epilepsias generalizadas sintomáticas ou multifocais são comumente caracterizadas
pela presença de crises tônicas e atônicas, muitas vezes levando o paciente a quedas súbitas ao
solo (drop attacks). Tais crises sugerem envolvimento das regiões corticais centrais ou
mesiais frontais. Sua freqüência é estimada em pelo menos 50% dos casos de Síndrome de
Lennox-Gastaut e provavelmente em 2-3% de uma população epiléptica (1). Desconhece-se a
intimidade dos mecanismos fisiopatogênicos destas crises, e as tentativas de evitá-las com os
fármacos antiepilépticos atualmente disponíveis são geralmente frustradas (2,3).
Este estudo avaliou a efetividade de um esquema medicamentoso, composto pela
associação de três fármacos antiepilépticos (ácido valproico, lamotrigina e um
benzodiazepínico), visando especificamente controlar as crises de drop attacks.
Metodologia
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Avaliamos uma coorte consecutiva de 32 pacientes, entre 3 e 48 anos, com crises de
drop attacks (DA), por um período mínimo de 12 meses. Todos eram refratários a vários
esquemas medicamentosos, com uma freqüência mínima de 3 DA ao mês nos últimos dois
meses. Todos eram portadores de uma síndrome epiléptica generalizada ou multifocal,
sintomática ou criptogênica. Os pacientes passaram por um período de ajuste medicamentoso,
onde foram diminuídas e retiradas lentamente as drogas em uso, assim como introduzida
lentamente a associação de ácido valproico, lamotrigina e um de três benzodiazepínicos:
clobazam, clonazepan ou nitrazepan. Nenhum paciente havia utilizado a associação destes 3
fármacos ou apresentado intolerância a um deles. Tais pacientes foram avaliados do ponto de
vista clínico, eletroencefalográfico e de neuroimagem. Determinou-se a freqüência de DA nos
dois meses anteriores à entrada no estudo: estimou-se o número de crises no mês anterior à
primeira consulta, pedindo-se também aos cuidadores para controlar as crises no próximo
mês, antes do início das drogas em estudo. Após, o número de crises continuava sendo
anotado e trazido sempre à subsequente consulta. Um termo de Consentimento Pós-informado
foi assinado por um familiar.
Resultados e Discussão
Ao final de 1 ano de tratamento, a freqüência média de DA foi reduzida de 124,4/m
para 15,7/m (87,3%), com p<0,001. 15/28 (54%) pacientes ficaram livres dos drop attacks, 6
(21,4%) alcançaram 75 % ou mais de diminuição e outros 6 tiveram uma redução entre 5075% na freqüência de DA, com apenas 1 paciente com 25% ou menos de controle de suas
quedas (fig. 1). Outros trabalhos obtiveram resultados pouco satisfatórios e inferiores aos
nossos no controle de DA, mas todos com outros fármacos e metodologias diferentes (4,5).
Onze dos 20 pacientes (55%) seguidos por 18 meses obtiveram o mesmo grau de
redução de DA em comparação com os resultados em 12 meses. Três (15%) melhoraram a
partir desse momento, enquanto que 6 (30%) perderam o controle obtido anteriormente.
Assim, 70% dos pacientes mantiveram ou até mesmo melhoraram seus resultados.
Dos 11 pacientes seguidos por até 24 meses, 5 permaneceram com o mesmo resultado
obtido em 18 meses e 6 alcançaram uma maior redução na freqüência das crises.
Este trabalho sugere que a associação de ácido valproico, lamotrigina e um
benzodiazepínico pode ser efetiva no controle de drop attacks em pacientes com epilepsias,
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generalizadas ou multifocais, sintomáticas ou criptogênicas.
Figura 1 Mediana e variação da freqüência de drop attacks durante os 2 anos de estudo
Conclusão
Conseguimos demonstrar um grau de efetividade no controle dos drop attacks em
epilepsias generalizadas e multifocais com a associação destes 3 fármacos antiepilépticos.
Com tal resultado positivo, poderão ser desencadeados estudos randomizados para que se
possa tornar esta associação uma forma estabelecida de tratamento de DA. Estes estudos
futuros, por sua vez, poderão responder a uma série de questões que necessariamente vão
permanecer após um estudo aberto como este.
Referências
1 -Tassinari CA, Michelucci R, Shigematsu H. Atonic and Falling Seizures. In: Epilepsy: A
Comprehensive Textbook. Engel JR. 1997: ch 53. P. 605-616.
2 - Motte J, Trevathan E, Arvidsson JFV, et al. The Lamictal Lennoux-Gastaut study group.
Lamotrigine for generalized seizures associa Ted with the Lennox-Gastaut syndrome. N Engl J Med
1997; 337: 1807-12.
3 - Glauser T, Kluger G, Sachdeo R, et al. Rufinamide for generalized seizures associa Ted with
Lennox-Gastaut syndrome. Neurology 2008; 70: 1950-1958.
4 - Sachdeo RC, Glauser TA, Ritter F, and the Topiramate Study Group. A double-blind, randomized
Trial of topiramate in Lennox-Gastaut syndrome. Neurology 1999; 52: 1882-1887.
5 - Conry JA, Yu-Tze NG, Paolicchi JM, et al. Clobazam in the treatment of Lennox-Gastaut
syndrome. Epilepsia 2009; 50: 1158-1166.
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