nos sete bairros essenciais

Transcrição

nos sete bairros essenciais
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 84
A
U
S
T
R
Á
L
I
A
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
HÁ CIDADES QUE NÃO SÃO DE NINGUÉM. SÃO DO MUNDO. PERTENCEM A UM
PATRIMÓNIO COMUM E ESTÃO SEMPRE NO NOSSO IMAGINÁRIO. SYDNEY É UMA DELAS
E É ATRAVÉS DOS SEUS BAIRROS QUE SE LHE TOMA O PULSO. DA NOSSA VIAGEM,
DEIXAMOS-LHE UM TEXTO EM JEITO DE GUIA E COM PRAZO DE VALIDADE PARA SEIS
MESES. PORQUE AQUI A DINÂMICA É CONSTANTE. TUDO MUDA, TUDO SE TRANSFORMA.
POR TIAGO SILVEIRA MACHADO | FOTOS DE NUNO OLIVEIRA
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 86
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
É a pé, sem pressa, em cada bairro que se “entra” no espírito desta cidade,
nos seus detalhes. De manhã até à noite, nas ruas mais esguias ou nas grandes avenidas,
nos parques ou à beira-mar, há motivos para todas as horas.
São os bares, as lojas, os cafés, as pessoas e as esplanadas...
F
oi outro dia, deitado numa praia em Jericoacoara, no Brasil. Estava a fazer
coisa nenhuma que não olhar para a Lua, a pensar na vida e a lembrar
cenários de viagem. Confirmei uma vez mais a certeza de que Sydney está
sempre entre as imagens de cidade mais marcantes que o mundo nos
proporciona. Ao sabor da brisa, que soprava morna, e sem excessos de
caipirinha – juro! – vasculhei a memória, recordei o Rio de Janeiro, a
Cidade do Cabo, Nova Iorque, Paris, Londres e outros ícones... Sem
surpresa dei comigo a esbarrar insistentemente na imagem da Sydney
Harbour Bridge, ao pôr do Sol. Ou em noite de fim de ano, a jorrar fogo-de-artifício e a iluminar os telhados futuristas do edifício da ópera. E
partindo deste postal – e da mesma posição horizontal – foi um instante até que começasse a calcorrear as
recordações da nossa recente viagem à Austrália, que começou exactamente em Sydney.
Antes de ir por aqui afora, deixo-lhe uma advertência e uma sugestão: se bem nos conhece, fomos à
procura do que há de melhor para um viajante com espírito blue. Este artigo é, portanto, uma ferramenta para
quem está a pensar conhecer a cidade – seja no próximo fim de ano, ou a partir de agora e até ao final de
Março, quando é Primavera e Verão por lá. Não espere, assim, que lhe vá contar aqui a historinha da cidade
– deixo isso para o guia que seguramente vai comprar e que é um elemento de apoio essencial a esta viagem.
Vou, isso sim, bairro a bairro, dar-lhe uma ideia do que encontrámos por lá, do que vale a pena e do que não
merece o seu tempo. Será como que uma to do list, que poderá guardar durante algum tempo. Não muito,
pois numa cidade tão vibrante e dinâmica tudo muda em escassos meses. Então vamos a isto! Ooops... já me
esquecia... Disse-lhe atrás que lhe deixava uma sugestão! Aqui vai: se gosta de ouvir música enquanto lê,
escolha um desses seus CD’s da brasileira Ive Mendes. É que ela também andou comigo nesses momentos
solitários de reportagem, quando vasculhava as ruas de Sydney – no Ipod, bem entendido. Também a ouvi
cantar enquanto estive a escrever este artigo. É uma óptima companhia... e se o que lhe vou dar a ler não
prestar, não perde tudo...
PASSEAR E JANTAR FORA…
OS NOSSOS PREFERIDOS: Hugo’s Lounge Bar, australiano moderno, Level 1, 33 Bayswater Road, Kings Cross; Otto Ristorante, italiano, The Wharf, 6 Cowper Street, Woolloomooloo; Victoria Room, Level 1, 235, Victoria St.,
Darlinghurst; Bills Café, australiano moderno, 433 Liverpool Street Darlinghurst; Bills Café 2, 359 Crown Street, Surry Hills; The Loft Bar, King Street, Wharf Darling Harbour; Hemmesphere’s, sushi bar, E 252 George
Street, City; OUTRAS OPÇÕES: Jimmy Links Asian Bar, 186 Victoria Street, Potts Point; Mezzaluna, 123 Victoria Street, Darlinghurst; Ruby Rabbit Bar/Club 231 Oxford Street, Darlinghurst, Macleay Street Bistro, moderno
australiano, 73a Macleay Street, Potts Point; Lotus Bar, 22 Challis Avenue, Potts Point; Zuppa Uno, café mediterrânico, 166 Riley Street, Darlinghurst; Fratelli Paradiso, italiano, Challis Avenue, Potts Point; Mars Lounge
Bar, 16 Wentworth Ave., Surry Hills; Pello Restaurant, italiano, Stanley Street; Rockpool Restaurant, australiano moderno, 107 George Street, The Rocks; Bistro Moncur, francês e marisco, 16 Queen St Woollahra.
1. HYDE PARK, O CENTRO COMO PONTO DE PARTIDA.
Não que haja por aqui muitas coisas blue, mas porque se trata do coração da cidade. Porque a partir daqui
chega-se com facilidade a zonas mais apetecíveis, como o Darling Harbour, a Sydney Cove – onde está a
Opera House e a Sydney Harbour Bridge –, a Wooloomooloo Bay ou aos bairros de Paddington, Surry
Hills e Darlinghurst. E como qualquer “baixa” de uma grande metrópole, é uma daquelas “zonas áridas”,
onde só há edifícios de escritórios, lojas iguais às de Londres, Tóquio ou Los Angeles, uns quantos Starbucks
e outros cubículos para vender sanduíches, hambúrgeres e outros snacks.
B L U E
T R A V E L
87
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 88
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
SYDNEY TOWER
Onde pode fazer uma refeição num restaurante
que vai girando sobre a cidade e que lhe oferece
uma vista de 360º. À direita, um edifício art déco
em pleno bairro de Darlinghurst
MUITO COSMOPOLITA e ponto de encontro do mundo inteiro
as tendências, se são relevantes, também ACONTECEM EM SYDNEY
A SYDNEY OPERA HOUSE
Dos espectáculos às visitas guiadas,
passando pelos restaurantes,
exposições, loja e às imediações do
próprio edifício, este must da cidade
tem motivos suficientes para lhe dedicar um dia. Uma vez que as possibilidades são muitas, para ficar a
saber tudo sobre horários, preços e
programa actualizado, sugiro-lhe que
vá ao site oficial: soh.nsw.gov.au
Os motivos de interesse desta zona são, sobretudo, patrimoniais, como o próprio parque, o Anzac
Memorial (que assinala a participação das tropas australianas e neozelandezas na I Guerra Mundial, com a
perda de 2ooo soldados na Turquia), o Museu Australiano, a grande sinagoga, a fonte Archibald e a igreja
de St. James. Como espaço verde bem cuidado, o Hyde Park também se presta a concertos ao ar livre e a
exposições temáticas que ocorrem ao longo do ano. Muito fresco e tranquilo, os seus relvados também
servem de “refeitório” para almoço aos yuppies que trabalham nos escritórios ali ao lado. Muitos comem
depressa para antes darem uma corridinha e fazerem algum exercício. E, é claro, o parque também é o
cenário perfeito para apaixonados, jovens mães e respectiva descendência e artistas plásticos que vêm até aqui
reproduzir na tela as formas e as cores do jardim.
Para além do que li, foi importante o que pude sentir logo na primeira manhã em que chegámos a
Sydney. Como os locais, calcei os ténis e fui fazer um jogging pelo parque. Um dia que queira repetir esta
experiência – que recomendo! – fique a saber que dali ao contíguo jardim botânico é um pulo e que depois
ainda pode continuar até à zona ribeirinha, para passar junto à Opera House – ... e que sensação essa, a de
passar a correr ao lado deste edifício, com a naturalidade de quem passa ali todos os dias. Ao todo e em
corrida, este percurso, Hyde Park–Opera House–Hyde Park, faz-se em cerca de meia hora e é uma boa
forma de começar a ficar com uma ideia de como a cidade está organizada.
O Central Park foi o hotel que nos serviu de base para os dois dias – o suficiente – em que quisemos
estar na downtown. É muito simples, prático e recomendamo-lo sobretudo pela localização. O site mostra
um grande aparato de design que é algo enganador. Mas Sydney tem muito isso. Muitos hotéis,
restaurantes e cafés que apostam tudo numa primeira impressão assente em linhas modernas e muito clean.
>>>
UMA CIDADE POR INSTANTES
O bar Minus 5, a poucos minutos da Opera House, os protagonistas da urban culture, em Darlinghurst,
e a modernidade do centro, junto ao Hyde Park
88
B L U E
T R A V E L
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 90
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
2 KIRKETON HOTEL
EE
Outra das nossas escolhas, agora em Darlinghurst.
A condizer com o bairro, destaca-se pelo tom minimalista
e pelos pormenores de design. Duplo a partir de €135
A SEGUIR AOS JOGOS OLÍMPICOS a cidade transfigurou-se
o negócio imobiliário disparou, muita gente PREFERIU MORAR NA PERIFERIA
2. SYDNEY COVE, O EX-LÍBRIS DA CIDADE.
Sou capaz de apostar! Não deve haver turista que não tenha o edifício da ópera como primeira prioridade
para os seus passeios em Sydney. Então para os japoneses o sítio é um regalo! Até devem ficar com cãibras
no dedo de tirar tanta foto. Não admira, a obra do arquitecto dinamarquês Jorn Utzon é uma das mais
premiadas em todo o mundo e compreende-se que chame até si milhares de visitantes. A propósito desta
procura turística, fazendo aqui um parêntesis para uma generalização algo arriscada, surpreendeu-me a frieza
e o distanciamento das pessoas de Sydney. Esperava uma atitude mais descontraída, acolhedora, mas não a
encontrei. Pelo contrário. A “coisa” fez-me espécie e só comecei a entender melhor o nariz empinado destes
australianos, depois de uma conversa com o Villi. Ele próprio nasceu em Sydney, mas encontrei-o na Lizard
Island, na Grande Barreira de Coral. Explicou-me que as pessoas de Sydney estão fartas de turistas, são
chauvinistas até com as outras regiões do país e que a cidade se virou definitivamente para o dinheiro. “Um
pouco antes dos Jogos Olímpicos”, disse-me, “o negócio imobiliário cresceu de forma alucinante e muitos
dos que sempre moraram na cidade saíram para os arredores”. “Dessa forma”, continuou, “Sydney passou a
ser uma cidade com uma enorme rotação de pessoas, de muita ganância e perdeu parte da sua atmosfera cool
que a caracterizou nas décadas de 7o e 8o”. “Em Sydney”, concluiu, “só se pensa em dinheiro, dinheiro...”
HARBOUR BRIDGE
... outra referência da cidade. Pode escalar até ao topo
em visitas organizadas, que só não se realizam em dias
de mau tempo. Saiba tudo em bridgeclimb.com
Depois deste apontamento, que o pode preparar para alguns momentos menos agradáveis, gostava de
lhe sugerir a melhor hora para ir à Opera House, mas confesso que tenho dificuldade. Sempre em crescendo,
só vimos pouca gente até à hora de almoço. A partir daí o formigueiro entra em actividade plena e só se acalma depois do pôr do Sol, um momento absolutamente imperdível – julgo que as imagens do Nuno falam
por si. Além da relação conturbada entre Jorn Utzon e as autoridades australianas, promotoras da obra, uma
visita guiada à opera de Sydney é a forma de ficar a saber tudo sobre o projecto. Eu sei que vai ter de entrar
no rebanho de turistas que adoram estas coisas, mas não há solução. Só assim vai poder observar os pormenores de arquitectura, o seu potencial acústico e as áreas que habitualmente não estão abertas ao público.
B L U E
T R A V E L
91
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 92
GARDEN LIFE
Um atelier de flower design iniciado pelo Ebo, que veio de Londres para aqui.
Uma troca justificada com aquela naturalidade desarmante de quem olha o Mundo
como se fosse um bairro. “Talvez tenha vindo por causa do Sol...”, disse-nos
FLORES, LOJAS EXCÊNTRICAS de decoração ou restaurantes alternativos
a cada esquina pode haver UMA SURPRESA PARA DESCOBRIR
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 94
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
O PEQUENO-ALMOÇO É NO BILLS
Bolinhos quentes de todas as variedades, chás,
sumos naturais feitos na hora, todos os tipos de pão,
compotas, scones... À sua disposição em Darlinghurst,
Surry Hills e no bairro de Woollahra
NOS HOTÉIS OU NOS CAFÉS e na maioria dos restaurantes
há cuidado com a distinção, UMA APOSTA NO PORMENOR
LIVROS...
... novos e usados, para vasculhar
a céu aberto, perto da fonte, na Macleay Street.
Perto de Kings Cross
A zona envolvente da Sydney Opera House, que de ponta a ponta se cobre a pé em dez minutos,
tem mais motivos para preencher os seus passeios nesta área da cidade. Se o Minus 5 é apenas uma
curiosidade, destas modernices com graça mas que rapidamente se tornam vulgares, o Museu de Arte
Contemporânea (MAC) já merece outra atenção. Tal como a Circular Quay, de onde partem os
“cacilheiros” para os outros pontos da cidade. O Minus 5 é um bar com a particularidade de ter o
interior forrado a gelo e que propõe umas misturas agradáveis de vodka e sumos de fruta. À entrada
emprestam-lhe botas, luvas e um casacão, que devolve à saída. Entre amigos, não deixa de ser um
programa com piada. Nada mais. Para o nosso gosto, as esplanadas são mais apetecíveis do que a excentricidade de virar esquimó, nem que seja por meia hora. Além de permitirem desfrutar o clima ameno
da cidade, mostram como é intensa a sua relação com rio Parramatta e com o próprio mar.
Esta relação pode ser sentida de uma forma ainda mais evidente se embarcar num dos ferryboats que
partem do Circular Quay. Se não quiser afastar-se para muito longe, recomendo-lhe que ao menos
escolha um fim de tarde para ir à margem oposta, diante da Sydney Cove. Põe-se lá em dez minutos e a
vista vai proporcionar-lhe imagens únicas e que se recordam para sempre. Antes de partir, pode investir
parte do seu tempo no MAC, que teve origem no acervo pessoal do coleccionador de arte John Power.
Em si, o edifício já merece atenção pois trata-se de uma obra de 195o, em estilo art déco. Lá dentro, é o
recheio de litografias, filmes, vídeos, esculturas, desenhos e peças de arte aborígene que merecem
destaque. E todas elas com um denominador comum que é o mote do museu: apresentação de formas
de arte contemporânea, dos séculos XX e XXI. Ao todo a exposição permanente inclui 16oo obras de
autores como Keith Haring, Bridget Riley, Jasper Johns, David Hockney e Jean Tinguely. As peças
expostas correspondem apenas a parte da colecção, pois o resto é mantido em armazém e apresentado
apenas em exposições especiais, uma a duas vezes por ano.
>>>
EE NO HOTEL MEDUSA
2
A nossa derradeira escolha, também em Darlinghurst. O pátio interior, os pormenores da decoração
e uma amostra de um quarto normal. À sua espera... Duplo a partir de €165
94
B L U E
T R A V E L
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 96
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
Há momentos em que as viagens nos abraçam com uma
generosidade desbragada. Sem pedir nada em troca, oferecem-nos imagens
sublimes que guardamos para sempre no universo das nossas recordações.
3. DARLING HARBOUR, AS DOCAS CÁ DO SÍTIO
Quem viu as docas de Lisboa ou o passeio marítimo de Barceloneta, pode ir ficando com
uma pequena ideia do que vai encontrar em Darling Harbour. Uma pequena ideia,
repito. É que a recuperação desta zona portuária, a reabilitação deste canto Oeste de
Sydney, em torno da Cockle Bay, foi um projecto em grande. Só foi concluído na década
de 8o, depois das normais polémicas com os ambientalistas. O resultado é um espaço
amplo, com tudo o que é necessário para deixar o turista a babar. E digo o turista, pois só
recentemente é que os habitantes de Sydney começaram a interessar-se.
Além da fiada de restaurantes e bares – recomendo o Bungalow 8 e o The Loft,
respectivamente –, as maiores atracções são o aquário de Sydney, o Museu Marítimo, o
cinema IMAX, Jardim Chinês, Casino e a Chinatown. Como já deve ter percebido, o
Darling Harbour é daqueles sítios standard, bem organizados, mas com pouca história e
quase nenhum carisma. Isto quer dizer que, se partilha da nossa atitude blue, não vale a
pena perder muito tempo a preparar a visita. Um final de tarde, um jantar e um drink no
Loft é o suficiente. Neste bar prepare-se para um ambiente muito fashion, cosmopolita e
recheado de gente bonita (mas mesmo muito bonita...).
4. SURRY HILLS, CENÁRIO DE BEST-SELLERS
“The Harp in the South” e “Poor Man’s Orange” são dois livros que se recomendam a quem
gosta de ler sobre um destino, antes mesmo de iniciar uma viagem. Escritos por Ruth Park
têm como enquadramento este bairro, no período da II Guerra Mundial. Na época, tratava-se de uma zona pobre, um subúrbio da mais baixa classe operária de Sydney, maioritariamente
de ascendência irlandesa. Terminada a guerra, a zona recebeu mais emigrantes o que a tornou
num melting pot, de sabor predominantemente europeu. Isso contribuiu para um dinamismo
económico e cultural que progressivamente foi mudando o rosto ao bairro. Começaram a
despontar novas lojas, bares, cafés restaurantes e os preços dos imóveis dispararam. Como nos
apercebemos, nos últimos anos, a vitalidade desta zona foi ligeiramente beliscada pela emergência de bairros vizinhos, como Darlinghurst e Paddington.
Ainda assim, todos os meses abrem e fecham restaurantes, e aparecem novas propostas
de lojas de moda alternativa em Surry Hills. Jantar é um bom motivo para vir espreitar este
dinamismo, que por exemplo se traduz no conceito do Pizza e Birra. É um restaurante
italiano, recém-chegado, e que já é um dos musts do bairro – ... mas livre-se de aparecer sem
marcar mesa. Muito simples na decoração, aposta nas pastas, pizzas, vinhos e num ambiente
onde, em pouco tempo, toda a gente se conhece e se fala. No primeiro sábado de cada mês,
logo pela manhã, tem também lugar o mercado de mercearias que dá à ruas Crown e Fouveaux aquela agitação típica de bairro.
5. PADDINGTON E WOOLLAHRA, QUEM PODE, PODE...
Começou a tornar-se popular durante os anos 6o e 7o, devido ao seu ambiente hip.
Depois vieram os yuppies, que deram o seu contributo para que este subúrbio adquirisse
outro estatuto. Passou a ser conhecido como uma das zonas mais in de Sydney. Para não
variar, o preço do metro quadrado subiu como mercúrio de termómetro ao sol.
96
B L U E
T R A V E L
A genialidade da obra de Jorn Utzon vista por dentro.
Para testemunhar numa visita guiada a não perder.
Sydney Opera House
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 98
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 100
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
TWENTIETH CENTURY MODERN
Uma loja e galeria de mobiliário rétro,
para descobrir pela mão de Ken Neale.
Em Darlinghurst
À NOITE SYDNEY NÃO PERDE O RITMO e multiplica-se em recantos acolhedores
Apostados na excelÊncia, o Hugo’s Lounge e O VICTORIA HOUSE SÃO DOIS EXEMPLOS
Não há dúvida que Paddington é um dos bairros mais bonitos da cidade, tendo dois aspectos que não passam
despercebidos. O primeiro é a sensação de tranquilidade e o segundo a arquitectura das casas. A maioria não tem
mais de dois pisos e em cada uma predomina aquele estilo vitoriano, com amplos terraços e varandas. Ao mesmo
tempo, esta traça parece ter pontos de ligação com as construções dos bairros mais tradicionais da antiga Nova
Orleães, nos EUA. Voltando às dicas de viagem, a Oxford Street é uma rua a ter em conta. Retrata bem a
tendência desta parte da cidade e faz a ligação a Woollahra, outro bairro a espreitar. As maiores marcas de moda
internacional têm aqui representação, paredes meias com espaços dos mais exclusivos criadores australianos. Em
Woollahra mantém-se este tom estilizado, elegante, mas com uma mudança de ramo. Aqui são as lojas de antiguidades e de decoração que se destacam e que preenchem a maioria das montras. E têm um pormenor em comum: os
preços são... upa, upa!
6. DARLINGHURST, OU O RED LIGHT DISTRICT
É o inferninho de Sydney e uma das zonas mais vibrantes! Começámos por ficar no Hotel Kirketon e mais tarde
mudámos para o Medusa, propostas que recomendamos sem pestanejar. São hotéis pequenos, quase nem se dá por
eles, mas são plenos de design – além disso têm um preço em conta! E foi a partir destas bases que descobrimos um
bairro famoso por juntar back packers, gays, artistas plásticos, prostitutas, turistas, diletantes de todo o mundo,
restaurantes da moda, bares e cafés chics. Uma mistura interessante e que posso garantir como nada explosiva. Em
nenhum momento sentimos insegurança. Mesmo no cruzamento da Oxford Street, onde à noite a prostituição é
mais evidente. Prevalece, isso sim, uma enorme tolerância, grande respeito pelas diferenças, o que favorece um
ambiente quase sempre pacífico. E peculiar... Não se espante se encontrar uma lojinha a vender tartes de cogumelos
ao lado de um cubículo de striptease sadomasoquista. Ou uma livraria, como a do número 1o3 da Maclay Street –
aberta há mais de 6o anos – junto a um restaurante com pinta modernaça. Ou o Bills, onde se tomam os melhores
pequenos-almoços, perto de um atelier de flower design ou de uma loja de artigos de decoração rétro...
>>>
HUGO’S LOUNGE E VICTORIA HOUSE
Um em tom moderno, outro de atmosfera clássica. Dois restaurantes a descobrir no bairro de Darlinghurst. Propostas blue que combinam ambiente
sofisticado, elegante, com um serviço de cozinha irrepreensível. No Victoria House, não hesite: peça o menu de degustação
100
B L U E
T R A V E L
B L U E
T R A V E L
101
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 102
KEN NEALE
O anfitrião da Twentieth Century Modern.
O que sabe de mobiliário e decoração rétro
dá para um dia de conversa.
CRIATIVIDADE, ORIGINALIDADE e muito dinamismo...
... em cada bairro percebe-se que estes são ATRIBUTOS DE SYDNEY
BT 38 - REP. SIDNEY
10/24/06
12:43 PM
Page 104
SYDNEY
NOS SETE BAIRROS ESSENCIAIS
RESTAURANTE OTTO
Um italiano que é outra recomendação
na doca de Wolloomoloo.
Perto da casa de Russel Crowe
MARINAS, JARDINS, bairros e ruelas com tradição...
...a cidade é muito plana, óptima para descobrir
EM PASSEIOS A PÉ
O Hugo’s Lounge é uma das moradas do momento, um restaurante que contribui para que haja grandes
serões em Darlinghurst. É onde se vai jantar, onde se começa a noite e onde se encontra parte da beautiful people
da cidade. Numa das noites em que lá fomos, acabámos embebidos numa festa da revista de moda “In Style”.
Numa daquelas casualidades de viagem, nem nos apercebemos que se tratava de um evento, nem ninguém nos
pediu convite! Movida à parte, o restaurante tem um serviço de se lhe tirar o chapéu. Andámos pelo carpaccio,
pelo sushi martini, peixe-espada e pelo pato, e pudemos confirmar os elogios do Paul, o director do Hotel
Kirketon e nosso insider para esta área de Sydney. No mesmo tom, mas um pouco mais clássico, pode optar
pelo Victoria House. É ideal para um jantar a dois, daqueles de mãozinha dada e olhares melosos, já que o
ambiente é tranquilo e a carta sugere a degustação de pequenos pratos. Eu e o Nuno, claro está, dispensámos a
parte romântica, favorecida pelos jogos de pouca luz e pelo cruzamento do mobiliário clássico com peças mais
modernas. Mas fomos dando nota máxima ao que nos chegou à mesa: às ostras, à galinha sicilliana, às costeletas
de borrego ao peixe e à tarte de limão...
7. WOOLOOMOOLOO DE RUSSEL CROWE
Não vi o Russel Crowe – também não o avisei que eu ia estar por ali –, mas constou-me que ele vive parte do
ano num dos apartamentos de Wooloomoloo. Não admira, tal é o luxo e a elegância que se vê nesta zona da
cidade. E se já está farto de ouvir falar em docas remodeladas, em bairros que eram uns pardieiros e se
transformaram, então tenha paciência. Este último sítio que lhe recomendo para um derradeiro passeio em
Sydney, repete a receita: antiga zona portuária que se tornou num espaço muito chic de apartamentos e
restaurantes. Um sinal mais – como se fosse preciso – de como a cidade se rendeu ao imobiliário...
A partir de Darlinghurst chega-se lá com muita facilidade. Basta perceber onde começa a inclinação,
escolher uma das ruas que desce em direcção ao porto e seguir por aí. Para quem está em viagem e quer passear, a
parte mais interessante corresponde à que foi recuperada para marina. O único risco é perder-se na carta do
Otto, o italiano mais conceituado entre as propostas de sítios para jantar. Como nos outros, não se pode
esquecer de marcar a sua mesa. Venha, também, sem pressa já que o ambiente de marina sugere que estique a
sobremesa serão adentro. Quem sabe, ainda tem mais sorte do que eu e acaba por cruzar-se com o Russel
Crowe. Mande-lhe um abraço. e
VENHA CONNOSCO NA PÁG. 121
104
B L U E
T R A V E L
SYDNEY COVE
Bem perto da Opera House, um exemplo
do boom imobiliário desta cidade
que gerou controvérsia por ter tirado
dimensão ao próprio edifício da ópera

Documentos relacionados