FRAN CHRISTY Os Princípios da Excelência

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FRAN CHRISTY Os Princípios da Excelência
FRAN CHRISTY
Os Princípios da Excelência
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Os princípios da excelência pessoal
Por que excelência pessoal?
Sempre me interessei muito pelos motivos que separam pessoas bem
sucedidas de pessoas fracassadas. Meu trabalho reflete os resultados das minhas
descobertas ao longo dos anos. Minha curiosidade sempre foi chegar ao cerne da
questão, descobrir o denominador comum entre as pessoas que prosperam na vida,
em vários sentidos, em contraste com a falta dessa característica naqueles que
passam a vida “chovendo no molhado”, sempre tentando algo aqui e ali sem jamais
obter sucesso ou satisfação íntima em seus empreendimentos e experiências.
Pesquisadores e autores que estudam o sucesso apontam as mais diversas
características como sendo responsáveis pelo êxito na vida, como determinação,
persistência, objetivos definidos, foco, auto-estima, pró-atividade, enfim, a lista é
longa. Concordo com essas abordagens, no entanto, minhas pesquisas me levaram a
acreditar que há um ponto de convergência entre praticamente todas as pessoas
bem sucedidas nos mais diversos campos da vida: a postura íntima de excelência
pessoal.
Ninguém é perfeito e muitas pessoas de sucesso não possuem todas as
qualidades atribuídas ao seu êxito. Apesar de todos os esforços, não há ninguém que
não esteja à mercê de recaídas pessoais. Quem é que consegue ser determinado o
tempo todo? Persistente o tempo todo? Focado o tempo todo? Além disso, é muito
difícil encontrar em uma só pessoa todas as características apontadas como
responsáveis por seu sucesso, mas ao mesmo tempo, não é possível construir uma
vida de êxitos com base em uma característica isolada.
Devo mencionar que quando me refiro a “sucesso” não estou falando apenas
de sucesso profissional e muito menos de fama. Sucesso é ter êxito naquilo que cada
um se propõe a fazer, seja o que for. Podemos falar em sucesso nos relacionamentos
afetivos, ou seja, ser capaz de manter um relacionamento no longo prazo. Podemos
falar em sucesso familiar, ou seja, manter a união e estabilidade da família. Podemos
falar em sucesso na superação de dificuldades pessoais, como superar o medo de
falar em público ou a insegurança social. E é claro que sucesso financeiro e
profissional acabam compondo um quadro de uma vida completa e satisfatória, já
que a falta de dinheiro e a frustração profissional afetam todos os demais setores da
vida de uma pessoa. A teoria que apresento aqui demonstra um tipo de
personalidade que prioriza a excelência em tudo o que faz, em todas as áreas da
vida. A pessoa que é verdadeiramente excelente não tem sucesso aparente em
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apenas uma área da vida, enquanto todas as outras se deterioram. A pessoa que age
de acordo com os princípios da excelência busca o equilíbrio e a prosperidade em
tudo na vida, em todas as áreas.
A postura de excelência pessoal é como se fosse um pano de fundo que
mantém todas as outras características e atitudes da pessoa num nível otimizado de
qualidade e é isso que no final das contas a salva de sua própria imperfeição e
eventuais deslizes.
Em resumo, agir com excelência pessoal é ter a integridade íntima de sempre
dar tudo de si em qualquer situação. Essa postura é como um banho de água fria, por
exemplo, no potencial corrosivo do auto-engano, ou seja, a tendência da pessoa dar
desculpas esfarrapadas para justificar seus erros e acreditar nessas mentiras, se
auto-enganando e, conseqüentemente, dilacerando sua auto-estima. A pessoa
intimamente íntegra, que age com excelência, sabe que não é perfeita, mas não
sofre com isso, não se sente ansiosa ou vergonhosa por não poder acertar o tempo
todo. Esse desencano com a perfeição tira um peso enorme de suas costas. A pessoa
se sente mais autorizada pela vida para fazer o que precisa ser feito sem entrar em
neuras por medo de ser rejeitada, medo de decepcionar os outros e sem a ansiedade
da expectativa emocional ligada aos resultados. Popularmente, essa pessoa é vista
como aquela que não se importa com o que os outros pensam ou falam dela, é a
pessoa que faz o que tem que ser feito de acordo com sua bússola interna, não de
acordo com as expectativas alheias. É importante frisar também que a excelência
pessoal corta os efeitos das próprias expectativas com relação ao futuro. Quando a
pessoa faz planos e tem esperanças para o futuro esperando que os resultados lhe
tragam satisfação emocional – ou, popularmente, “felicidade” –, ela está criando
uma armadilha para si mesma, alimentando uma situação em que a ansiedade e o
medo são praticamente inevitáveis, já que sua felicidade supostamente está em jogo
nos resultados daquela situação. A pessoa excelente não precisa buscar felicidade no
futuro, ela já é feliz no presente.
Vamos discutir aqui os 16 pontos fundamentais que constroem a
personalidade de uma pessoa que age com excelência pessoal.
1. Integridade pessoal
Essa é a primeira e mais importante característica da excelência. Não é
possível dar o melhor de si, honestamente, se a pessoa não é autêntica para consigo
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mesma. A grosso modo, a pessoa que mente para si mesma para proteger seu ego
do sofrimento não consegue ser excelente nunca, pois a excelência exige esforço.
Esforço, por sua vez, é algo que exige que a pessoa deixe sua zona de conforto e
ponha a mão na massa, ou seja, se obrigue a enfrentar medos emocionais. A pessoa
que não tem integridade pessoal evita esse tipo de situação, arruma uma desculpa
qualquer, acredita nela e fica por isso mesmo. Ela faz isso uma vez atrás da outra, até
que ela perde a confiança em si mesma. Ela pode dizer o que quiser para si mesma
“da boca pra fora”, mas inconscientemente ela já deu provas a si mesma de que não
é confiável, de que não dá conta do recado, de que desiste da batalha se
determinadas situações lhe incomodarem muito.
A questão é que bem lá no fundo nós nos conhecemos, nós sabemos das
nossas limitações, nossos medos e temos memória dos nossos fracassos. Na teoria,
podemos nos motivar artificialmente, ficar entusiasmados com alguma idéia e
prometermos a nós mesmos que vamos conseguir, pois “dessa vez tudo será
diferente”. Na prática, nosso subconsciente está dando gargalhadas da nossa
ingenuidade, sabendo que estamos mentindo descaradamente para nós mesmos.
Essa postura é extremamente danosa para a auto-estima e para a autoconfiança,
pois qualquer mudança de comportamento artificial não passa da análise crítica e
realista do subconsciente.
A integridade pessoal é escancarar todos os medos, limitações, intenções e
pensamentos para nós mesmos. Nós podemos até mesmo falhar em obter
resultados, mas a diferença toda está na sinceridade com que lidamos com o fato
dentro do nosso universo pessoal. O que dizemos para nós mesmos, como nos
sentimos, as conclusões que tiramos da experiência. Aceitar a própria imperfeição
sem arranjar desculpas e sem se fazer de vítima (mesmo que seja de si mesmo) é
uma das maiores virtudes que podemos desenvolver. A pior coisa que podemos fazer
é dar desculpas para nós mesmos para justificar nossos erros, como se fossemos
perfeitos e só falhássemos por causa dessas desculpas.
2. Autocrítica
Não há uma pessoa verdadeiramente excelente nesse mundo que seja leviana
para com a análise de sua performance ou condescendente para com suas
dificuldades e erros. Autocrítica, muitas vezes, é vista com maus olhos devido a
exemplos extremos, mas somada com os demais itens dessa lista, ela se torna
positiva e realista, sem ser danosa e exigente demais.
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A autocrítica sadia nasce da integridade pessoal. A pessoa honesta consigo
mesma é capaz de se olhar no espelho e ver o reflexo verdadeiro, não a máscara que
muitos vêem ao fazer o mesmo. Essa honestidade leva a pessoa a consertar erros
mais rapidamente (pois ela não está ocupada tentando mascará-los de si mesma),
além de manter os planos realistas, pois a pessoa tem plena consciência de quem é e
do que é capaz. A pessoa realista não sonha como Alice no País das Maravilhas,
achando que pode conquistar tudo, nem se sente por baixo achando que não pode
conquistar nada. Ela sabe do que é e não é capaz, ela sabe o que é a sua praia e o
que não é.
Esse tipo de autocrítica é muito importante no momento histórico que
estamos vivendo, em que a sociedade politicamente correta estimula as pessoas a
acharem que podem fazer qualquer coisa, desde que sejam determinadas e tudo o
mais que estamos discutindo aqui. A realidade é que não é bem assim! Cada macaco
no seu galho. Tem pessoas que não têm o que é preciso para conquistar certas
coisas, não adianta teimar, não adianta a maior determinação, organização,
planejamento e persistência do mundo. Algumas metas não se “encaixam” com
certas pessoas.
A autocrítica nos salva do nosso próprio orgulho. Cada um de nós tem um
certo temperamento, um conjunto específico de talentos, traços fortes, traços
fracos. Esse “pacote” nos torna aptos a seguir determinados caminhos, ao mesmo
tempo em que dificulta o alcance de outros. Nosso ego, porém, gostaria de acreditar
que, dadas as circunstâncias apropriadas, nós podemos ser, ter ou fazer qualquer
coisa que quisermos. Esse orgulho nos cega para nossa própria realidade. Sim, as
pessoas podem conquistar as metas mais difíceis. Sim, há pessoas que vão contra a
corrente e atingem metas inimagináveis. No entanto, tudo isso é uma percepção
externa. Os outros não acreditavam na pessoa, ela foi lá e fez. O que estamos
falando aqui não envolve os outros, somente nós mesmos, nossa própria realidade
íntima, nossos reais potenciais (não aqueles que gostaríamos de ter) e nossas reais
possibilidades (não aquelas que gostaríamos que fossem possíveis para nós).
Superação de grandes desafios, como nos filmes, só é possível quando esse é o
objetivo magno da sua vida – exatamente como nos filmes. Se suas metas estão
divididas entre diversas outras prioridades em sua vida e você nem sequer tem muito
tempo para dedicar a elas, tenha autocrítica e coloque os pés no chão.
Sonhar alto demais leva as pessoas a colocarem suas metas em patamares
inalcançáveis e, sendo assim, elas pouco fazem no dia-a-dia para alcançá-las. A meta
é um sonho, um ideal, uma fantasia, um “que bom se fosse”. Nessa posição, a meta
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(ou apenas sonho) não tem definição nenhuma para que as pequenas atividades
necessárias para essa conquista sejam feitas no aqui e agora. A pessoa só sonha, mas
não faz nada e age assim porque ela nem sabe o que fazer, por onde começar e o
problema todo está na aura grandiosa, na fantasia que envolve o sonho. Isso, mais
uma vez, é falta de autocrítica, autoconhecimento somado com pés no chão e
honestidade bruta para consigo mesmo.
3. Auto-estima
A auto-estima se constrói em cima da integridade pessoal. Auto-estima não é
simplesmente amar a si mesmo de um ponto de vista narcisista. Vejo que há muita
coisa sobre auto-estima por aí, mas a maioria é apenas tolice superficial. Auto-estima
é, em primeiro lugar, ter completa noção de quem somos e mesmo assim nos
amarmos e nos valorizarmos verdadeiramente, não só da boca pra fora. Agora, se a
pessoa não tem integridade pessoal e mente para si mesma descaradamente, pra
onde vai a auto-estima? Como você se sente com relação a uma pessoa em seu
círculo pessoal que só mente, manipula e dissimula o tempo todo? Pois é, e se essa
pessoa for você mesmo dentro do seu universo pessoal? Não tem como você gostar
de si mesmo quando no fundo você sabe que nunca dá o melhor de si em nada e
ainda por cima arranja as mais esfarrapadas desculpas para justificar seus vacilos!
A auto-rejeição – o que, na verdade, é o antônimo exato de “baixa autoestima” – é justamente o movimento de não se aceitar porque no fundo você sabe
quem é e não aprecia essa pessoa! Essa postura se desenrola nos mais diversos
problemas psicoemocionais como ansiedade, timidez, hesitação, pusilanimidade,
covardia, falta de autoconfiança, entre outros. Tudo isso parte do fato de que no
fundo você sabe bem quem é e sabe que apesar de toda a sua conversa mole
dizendo para si mesmo que “dessa vez vai ser diferente”, que “agora você vai
conseguir”, você sabe que essas são mais mentiras que você está contando a si
mesmo, pois no final das contas, você vai ceder aos seus medos, à sua zona de
conforto, aos seus ganhos secundários, como sempre faz, e tudo voltará a ser do
jeito que era.
Trabalhar diretamente na auto-estima como sugerem algumas linhas da
psicologia e da auto-ajuda é inútil, pois aquela vozinha no fundo da sua mente está
sempre falando a verdade: “Fulano, pare de brincadeira!”, “Você não vai mudar não,
olha só como você é!”, “Lembra-se daquela vez...?”, “Você nunca consegue nada!”...
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É como se seu subconsciente estivesse constantemente tentando alertá-lo de que
mudanças artificiais no nível consciente são inúteis, é como se ele estivesse falando o
tempo todo: “Não adianta tentar me enganar, eu sei quem você é!”.
Por que a pessoa que age com integridade, com autenticidade íntima não tem
problemas de auto-estima? Porque ela não espera ser perfeita e não precisa de
desculpas para justificar sua imperfeição. Ela admite para si mesma o que precisar
admitir, sem fazer drama, sem choramingar, sem se colocar na posição de vítima,
nem dos outros, nem de si mesma. Ela tem a plena noção de que pode falhar, mas se
compromete consigo mesma a dar o melhor de si. Essa postura é como uma lavada
em toda a sujeira das autocorrupções que ocorrem quando a pessoa falha, mas sabe
que o motivo real foi sua própria falta de comprometimento, leviandade, falta de
esforço, atenção, dedicação, persistência, enfim, se a pessoa dá o melhor de si, não
há porque mentir para si mesma, ela se sente tranqüila mesmo tendo fracassado. Ao
mesmo tempo, quando ela tem êxito, o sucesso não lhe sobe à cabeça. O indivíduo
autocorrupto se deslumbra com o sucesso, pois a experiência parece ser (para ele)
uma confirmação de que ele é realmente perfeito e melhor do que os outros. Essa
postura coloca a pessoa que obteve êxito em algumas experiências na vida numa
situação que pode se dividir em dois lados opostos. A experiência pode ter impacto
positivo em sua auto-estima e autoconfiança e motivar a pessoa a progredir ainda
mais na vida ou buscar outras experiências de sucesso; ou pode desencadear o
narcisismo e egocentrismo, a pessoa então fica com medo de ter outras experiências
para não arriscar falhar, pois isso arruinaria o sucesso já conquistado, mesmo que
isso signifique apenas a noção que a pessoa tem de si mesma de que é perfeita e
infalível. É o famoso caso da pessoa que senta nos louros do sucesso, ou seja, a
pessoa atinge uma certa posição e se apega a ela com toda a força, com medo de
que qualquer mudança possa destruir o que ela conseguiu. Outra vertente do
narcisismo é a pessoa construir uma falsa autoconfiança e agir porque não tem medo
do fracasso, ela se acha infalível.
Como tudo isso funciona dentro do subconsciente? Como você já viu, o
subconsciente sabe bem quem você é, não adianta criar desculpas para proteger seu
ego da dor emocional, que é justamente o que as pessoas fazem quando inventam
desculpas para justificar seus erros. No caso da pessoa sem integridade e sem autoestima atingir algum sucesso (seja em qualquer área da vida: sucesso com o sexo
oposto, sucesso profissional, sucesso social, enfim, qualquer tipo de êxito), o
subconsciente ficará numa posição de juiz, analisando e julgando suas atitudes e
posturas. Quando a pessoa atinge o sucesso em algo, mas no fundo ela não acredita
que realmente merece aquilo, pois não deu o melhor de si, não fez por merecer, o
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subconsciente a alertará constantemente de que ela é uma farsa, de que um passo
em falso e aquela situação toda vai por água abaixo e o sucesso vai embora. Seja essa
sensação falsa ou verdadeira, ela é forte o suficiente para gerar ansiedade e medo. A
pessoa, então, ou fica com medo de perder o que já conquistou ou fica com medo de
fazer novas tentativas e provar para si mesma que realmente é uma farsa, que ela
não é boa o suficiente para merecer aquele sucesso, justamente como ela acredita
bem no fundo.
Por outro lado, dependendo da personalidade da pessoa, o sucesso pode
desencadear um comportamento prepotente e arrogante, isso desde o sucesso, por
exemplo, em conquistas do sexo oposto, jogos de azar, manipulação social e
esportes, até atividades profissionais como vendas e negociação e atividades
artísticas. Nesses casos, o bloqueio da identidade pessoal e a tendência à
autocorrupção se elevam a níveis exorbitantes, pois a crença na perfeição é o que
move a pessoa e mantém sua máscara no lugar. A pessoa realmente acredita que é
infalível e que nada pode detê-la. Essa postura é muito freqüentemente confundida
com auto-estima e autoconfiança, mas está muito longe de o ser! A verdadeira
autoconfiança nasce da integridade pessoal e não teme o fracasso por não relacionálo com valor pessoal. Prepotência e arrogância são duas posturas completamente
diferentes! Pessoas com essas características dissimulam muito bem, são peritas na
arte de enganar os outros e a si próprias e é essa última característica que garante
tanta autenticidade na performance confiante. A pessoa que realmente acredita que
é boa em alguma coisa passa para os outros a impressão de que é realmente boa e
confiante no assunto. Esse é o contraste com a pessoa que gostaria de ser perfeita,
mas escuta sua voz interior o suficiente para saber que não é e nesse impasse a
pessoa passa uma imagem de pouca autoconfiança. Tudo isso, no entanto, é só uma
questão de imagem, do que os outros vêem e percebem sobre a pessoa.
4. Inteligência emocional
Popularizada nos anos 90 por Daniel Goleman, o tema se tornou coqueluche
em palestras organizacionais e em programas de desenvolvimento pessoal.
Apontada muitas vezes como o “verdadeiro” segredo do sucesso, a inteligência
emocional é a capacidade íntima de lidar pró-ativamente com as próprias emoções e
com o próprio universo interior, mantendo assim uma postura assertiva no dia-a-dia,
tanto na vida pessoal, quanto profissional.
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Muitos dos problemas que as pessoas têm tanto em sua vida pessoal quanto
profissional advêm da dificuldade em lidar com aspectos emocionais em resposta aos
estímulos que recebem. De frustração à rejeição, é preciso equilíbrio emocional para
construir internamente o que se tornará a resposta mais adequada a ser
exteriorizada. A pessoa sem inteligência emocional dá respostas erradas a esses
estímulos, fica brava, “explode” de raiva, se retrai em timidez ou medo, toma
atitudes precipitadas e impulsivas em resposta à sua ansiedade interna, enfim, a
pessoa sem inteligência emocional mete os pés pelas mãos pela vida afora, por
simples incapacidade de lidar pró-ativamente com as próprias emoções.
Inteligência emocional é a maturidade da capacidade de lidar com nosso
universo interior. Mas por que essa característica é tão importante para a excelência
pessoal? Excelência, em primeiro lugar, é o contraste absoluto da mediocridade e,
sendo assim, exige esforços que a pessoa que se mantém na ordinariedade não está
intimamente disposta a fazer. Esses esforços colocam a pessoa no front de batalha,
ela fica exposta tanto aos obstáculos quanto a críticas alheias e combates diretos
com oponentes – como no caso dos esportes, por exemplo, ou até mesmo no
ambiente corporativo. Para manter um desempenho excelente, a pessoa precisa ser
forte o suficiente para não se amedrontar e não se acovardar frente a esse
contrafluxo. Essa força vem da estabilidade emocional íntima e da capacidade em
lidar com as próprias emoções. A pessoa incapaz de lidar com a raiva, por exemplo,
mete os pés pelas mãos e acaba cometendo erros irreversíveis que podem minar as
chances de concretização de suas metas. Da mesma forma, a pessoa que não
consegue lidar com a ansiedade, acaba sendo impulsiva e precipitada, também
cometendo erros que podem vir a ser irreversíveis. Muitos erros cometidos também
por falta de inteligência emocional dizem respeito às inter-relações. A pessoa sem
inteligência emocional acaba estragando relacionamentos-chave em sua vida e
perdendo oportunidades que seriam importantes para a concretização de seus
objetivos.
5. Determinação
Determinação é a certeza íntima do caminho a ser seguido ou da tarefa a ser
realizada. De acordo com o dicionário, determinação é sinônimo de definição,
resolução, decisão.
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Os princípios da excelência pessoal
Determinação é o ato de permanecer firme num objetivo pela flexibilidade
sem, contudo, se desviar do objetivo final. Condição mental de superar a frustração e
continuar perseguindo o objetivo a que se propuser.
A palavra “determinação" vem de metas; significa, literalmente, “ação de
determinar metas”. A pessoa sem metas, sem destino, à deriva no oceano da vida
não se sente determinada a fazer nada, logo, não tem motivação para dar o melhor
de si e não consegue atingir a excelência pessoal. Pessoas excelentes são
naturalmente determinadas, sua excelência se alimenta no entusiasmo e na
motivação de estar trabalhando em sua meta. A pessoa sem direcionamento, no
entanto, se sente perdida, desmotivada, constantemente pensando e refletindo
sobre o mérito das atividades que é “obrigada” a fazer. É aquela pessoa que está
sempre pensando se vale a pena mesmo todo o seu sacrifício, pois ela não vê razão
nenhuma para fazer tudo o que faz. Aí ela se apega às suas necessidades, geralmente
financeiras, e consegue buscar um pouquinho de ânimo para não desistir de tudo nos
momentos em que nada parece ter sentido.
A determinação, no entanto, é uma faca de dois gumes e precisa estar bem
alinhada com os outros princípios aqui apresentados para funcionar com o propósito
certo. Por quê? Porque qualquer um pode se motivar para fazer a coisa errada! Hitler
era um sujeito muito motivado e determinado! Mas não precisamos ir tão longe,
qualquer um de nós é uma vítima em potencial da nossa própria falta de visão, que
pode acabar nos levando a definir metas que não são as mais adequadas para nossa
própria vida e, no entusiasmo do processo, nos motivarmos para atingir a coisa
errada.
O ponto principal que segura a determinação no lugar certo é o propósito. O
propósito não é uma meta em si, mas, sim, um paradigma, um conjunto de princípios
que funciona como pano de fundo para as metas e objetivos. Uma pessoa pode ter o
propósito, por exemplo, de dedicar sua vida para fazer assistência aos outros. Isso
não é uma meta em si, pois seria “solta” demais, sem definição e, portanto, com
poucas possibilidades de concretização. A meta criada em cima desse propósito seria
algo como “dedicar duas horas por semana para voluntariado no hospital do câncer
da minha cidade”. Nesse caso, a intenção de fazer assistência é clara, definida e
objetiva. A pessoa tem condições de verificar se está cumprindo seu propósito ou
não. Em suma, o propósito define o tom em que você vai viver a sua vida, as metas
são as notas que você toca dentro desse tom.
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A determinação funciona bem quando o propósito reflete quem você é e
como você realmente deseja viver a sua vida. A situação contrária leva a pessoa a se
motivar efemeramente com coisinhas aqui e ali e perder essa motivação
rapidamente, tão logo a meta ou a situação perca o sentido para ela. A única coisa
capaz de manter o sentido firme e forte no coração da pessoa é um propósito claro e
definido.
6. Motivação
Alimentando-se na determinação, a motivação é a energia, o combustível que
move a pessoa determinada rumo à conquista de suas metas. Não existe excelência
sem motivação. A excelência requer esforço, dedicação, foco, “suar sangue” e para
isso a pessoa precisa tirar forças de algum lugar. Algumas pessoas se motivam com o
processo, com a correria das atividades que levam à concretização da meta. Outras
se motivam com a visão da meta concretizada, com a promessa de obter os
resultados almejados. Qualquer que seja a sua situação, não há motivação sem meta.
A própria palavra “motivação” vem de motivo – qual o motivo por trás de suas
ações? Se não há motivo algum, não pode haver motivação.
A maioria das pessoas, por não ter um propósito bem definido e metas
específicas a serem buscadas, deseja a motivação como um viciado busca a
satisfação proporcionada por uma droga! A motivação acaba sendo vista como um
pico de entusiasmo e energia que não se sabe da onde vem e durará pouco. Assim
sendo, a única saída parece ser buscar esses pequenos intervalos de motivação em
coisas efêmeras ou estímulos externos. Essa postura coloca a pessoa numa
montanha russa emocional na qual em certos momentos da vida ela se sente
motivada, enquanto em outros o desânimo toma conta. Essas motivações ocasionais
podem acontecer por necessidades específicas como dinheiro, um novo projeto, uma
nova área de interesse, uma oportunidade, mas como se diz numa linguagem
popular, é tudo fogo de palha. A pessoa se anima um pouco, mas como aquilo não
está ligado a um propósito nem a um objetivo específico, aos poucos, depois que a
poeira vai baixando e o entusiasmo diminuindo, ela vê que não tem real interesse no
que está fazendo e então a motivação vira desânimo.
Numa tentativa desesperada de sentir essa energia da motivação, muitas
pessoas cometem o erro de definir metas quaisquer ou se envolver com projetos e
atividades quaisquer. O resultado é um ping-pong de sensações de entusiasmo
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contrastadas com momentos de extrema desilusão e falta de ânimo. Isso acontece
porque metas ou atividades quaisquer não são as metas e projetos que estariam
ligados a um propósito maior para a pessoa, não estão vindo do coração, estão vindo
da mente racional, desesperadamente tentando encontrar uma solução lógica para a
falta de motivação. Não funciona!
A determinação só tem força, como vimos no item anterior, quando está
ligada a um propósito maior. Como a motivação se alimenta dessa determinação,
uma coisa precisa estar muito bem ligada à outra.
7. Comprometimento
Da determinação e da força da motivação nasce o comprometimento com o
objetivo a ser alcançado. A excelência depende fortemente de um nível de
comprometimento seguro, pois o esforço necessário para sair da mediocridade e
alcançar níveis excelentes de desempenho exige que a pessoa se sinta ligada ao que
está sendo buscado e às atividades necessárias para chegar lá. Sem
comprometimento, a pessoa não se importa o suficiente para dar o melhor de si e,
nesse caso, é muito fácil desistir frente aos desafios mais intensos.
A motivação efêmera, artificial que discutimos no item anterior pode dar uma
falsa sensação de comprometimento. A pessoa acha que está comprometida com
seus projetos e idéias só porque está sentindo aquela energia mágica da motivação,
mas o senso de responsabilidade vai embora tão logo o interesse diminua e a pessoa
perca a motivação. O mecanismo do auto-engano nesse caso é a pessoa dar uma
desculpa para si mesma (e para outros, se for o caso) de que ela não tem tempo de
se dedicar ao que tinha se proposto ou que ela está reavaliando suas prioridades e
encontrou outras necessidades mais básicas em sua vida que precisam de sua
dedicação no momento.
Há também aqueles que sentem tão pouco comprometimento que não têm
necessidade nem de dar qualquer desculpa, ficam simplesmente pulando de meta
em meta, projeto em projeto, oportunidade em oportunidade e ao se envolverem
com a próxima empreitada, nem sequer pensam no que deixaram para trás, fingindo
que todo o tempo dedicado ao projeto anterior não ocorreu. Isso é muito comum em
pessoas que lidam com idéias, projetos específicos ou negócios cuja entrada e saída
é rápida e barata. Acontece também em relacionamentos afetivos e sociais. Quando
mudar de idéia e direção é fácil demais, a pessoa corre o risco de oscilar entre um
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caminho e outro e não se dar conta do que está fazendo, sempre naquela ânsia de
descobrir o pulo do gato, de dar certo na vida, ignorando todas as outras tentativas
como se elas nunca tivessem acontecido. Qual o problema com essa postura? A
dispersão em si é o fator mais complicado, mas ainda podemos levantar o traço de
dificuldade em se autocriticar, analisar os próprios erros. A pessoa que tem esse tipo
de comportamento não olha para trás para ver quantos erros e desistências está
acumulando em suas costas. Ela só consegue olhar para frente numa ansiedade
absurda de vencer na vida ou obter sucesso. Olhar para trás e analisar o passado, no
entanto, é essencial para que a pessoa possa refletir sobre os denominadores
comuns, ou seja, os fatores que se repetiram em todas as falhas anteriores e que
provavelmente explicam porque a pessoa ainda não deu certo na vida. O erro maior
está em acreditar que o sucesso está logo ali na esquina, na próxima oportunidade,
no próximo projeto, na próxima idéia, quando, na verdade, ele já poderia ter
acontecido se a pessoa tivesse descoberto qual o seu gargalo, ou seja, qual o seu
ponto fraco que está pondo a perder todas as suas tentativas e que, provavelmente,
se não for identificado, continuará a afetar negativamente todas as oportunidades
futuras.
O comprometimento é uma profilaxia contra essa falta de autocrítica. A
pessoa comprometida com o que busca é capaz de refletir e analisar com sinceridade
os motivos dos fracassos sem querer imediatamente pular para outra opção quando
algo dá errado. A excelência depende fortemente dessa postura, pois a pessoa que
desiste muito fácil não atinge excelência em nada, sendo sempre medíocre em suas
tentativas.
8. Liderança pessoal
Antes de ser líder dos outros, o indivíduo precisa liderar a si mesmo. Esse
conceito vem sendo amplamente discutido nos meios de auto-ajuda, tendo sido
muito reforçado nas duas últimas décadas por autores como Stephen Covey.
Ser líder de si mesmo é ser o capitão do seu próprio barco, conduzir-se com
integridade e determinação para a conquista dos objetivos definidos na vida. A
liderança pessoal é um dos princípios da excelência, pois só a pessoa soberana de si
própria pode realmente dar o melhor de si com força e integridade.
Como seria a condição contrária? A pessoa que não tem liderança pessoal
precisa ser liderada pelos outros. Sua vida é o que os outros definem, o que os outros
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escolhem. A pessoa é o resultado das vontades daqueles à sua volta, das
circunstâncias de sua vida. Sua opinião sobre si própria é um conjunto do que os
outros acham dela e das experiências que ela teve no passado, que funcionam como
“provas” de suas características, dificuldades e capacidades. Ela se sente incapaz de
decidir ou analisar coisas na vida sem consultar figuras de autoridade, sejam pessoas
em sua vida ou profissionais especializados. Ela sente que precisa que os outros lhe
dêem dicas, conselhos, esclarecimentos, é insegura demais para tomar as rédeas da
própria vida e fazer o que bem entende.
Essa postura é muito comum e por mais que demonstre fraqueza de caráter, é
importante admitir o problema se for o seu caso. Para muitas pessoas, a falta de
liderança pessoal é apenas uma conseqüência da própria criação e ambiente social,
ou seja, muita gente com plena capacidade de tomar as rédeas da própria vida não o
faz porque nem sabe que pode! A liderança pessoal exige um alto nível de
interdependência, mas muita gente sequer aprendeu a ser independente ainda.
Apesar de todos os estímulos à independência em nossa sociedade, muitas pessoas
se sentem inseguras demais para tomar decisões sem envolver mais alguém, seja
para dar um simples conselho ou participar da experiência. Tem gente que não
consegue nem sequer comprar roupas sem levar alguém junto para dar uma opinião.
Esse tipo de insegurança pode parecer inofensiva em situações como essa, mas
numa perspectiva mais ampla afeta toda a vida da pessoa e a torna incapaz de tocar
a própria vida sem considerar a opinião dos outros. Mas por que a falta de liderança
pessoal é tão prejudicial? Você pode ter essa dúvida principalmente se considera que
a opinião daqueles com quem se importa é relevante e você gosta de considerá-las
sempre que pode. Considerar a opinião dos outros é uma coisa, depender delas é
outra! Levar em conta que você não está sozinho no mundo é apenas um traço
normal da pessoa interdependente, o problema está na insegurança para tomar
decisões que dizem respeito à sua vida somente ou titubear em decisões grupais,
abrindo mão do seu direito de opinar, dando seu poder àqueles que possuem maior
liderança sobre você.
A indecisão e a pusilanimidade da pessoa insegura anulam qualquer esforço
em direção à excelência, pois ela hesita antes de dar o melhor de si, se é que
consegue atingir um nível de desempenho excelente. A excelência depende da
autoconfiança e da segurança de que a pessoa está fazendo o que considera mais
adequado e eficaz naquele momento. A pessoa insegura não tem essa certeza e
precisa da aprovação, validação e direcionamento dos outros para que se sinta capaz
de fazer o seu melhor.
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Acima de tudo, a liderança pessoal providencia visão de conjunto, ou seja,
aquela capacidade singular de perceber situações de forma contextual, o “ver a
floresta” ao invés de cada árvore individualmente. A pessoa com essa característica
se guia através de uma bússola interna que lhe fornece um direcionamento na mais
confusa e tumultuada condição. A visão de conjunto é essencial para agir com
eficácia, ou seja, fazer as coisas certas, ao invés de apenas se importar com a
eficiência ou fazer certo as coisas. Sem visão de conjunto, corremos o risco de nos
pegarmos nos dedicando muito à realização do objetivo errado, ou seja, eficiência
sem eficácia. Não existe excelência quando o desempenho perfeito é colocado onde
ele não é necessário. A excelência, em primeiro lugar, pede contexto – fazer a coisa
certa, na hora certa, bem feita.
Da liderança pessoal, nasce a liderança interpessoal, ou seja, a capacidade de
liderar os outros. A maioria das pessoas que hoje está em posições de autoridade nas
organizações são apenas chefes, não líderes. O chefe é uma pessoa insegura, não é
líder de si mesma. Por isso, ao tentar liderar seus subordinados, tende a usar de
autoritarismo, arrogância e prepotência. Essa atitude advém do medo inconsciente
de ser desmascarado, medo de que “descubram” que ele não tem qualificações
emocionais para estar naquela posição. O chefe, então, se apega a outros tipos de
qualificação para justificar sua posição como escolaridade – “Eu tenho MBA, você
não tem!” –, tempo de serviço – “Eu estou aqui nessa empresa há muito mais tempo
do que você!” – ou até mesmo posicionamento no melhor estilo autocrata – “Eu sou
o chefe (o porquê não importa), você TEM que me obedecer e fazer tudo o que eu
mando e ponto final”. O chefe até que gostaria de ser um líder, ele inveja aqueles
que inspiram e lideram com o coração, mas ele simplesmente não consegue ser
assim e para camuflar o fato de que ele não é um líder de verdade, ele usa e abusa
do seu poder.
A pessoa excelente não aceita esse tipo de posição se não estiver
internamente qualificada para liderar os outros. Quando colocada numa posição de
liderança ela procura extrair o melhor de sua equipe, assim como faz consigo mesma,
respeitando cada um com suas diferenças, dificuldades e potencialidades. O líder de
verdade não precisa ser autoritário nem instituir medo em seus subordinados numa
tentativa patética de obter respeito, ele é respeitado naturalmente por ser uma
pessoa transparente, comprometida e verdadeira.
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Os princípios da excelência pessoal
9. Disciplina
A disciplina é a capacidade de se manter focado nas tarefas necessárias para
concretização de uma meta sem se desviar e sem perder a motivação. Mais um item
essencial no quebra cabeças da excelência, pois tanto o foco quanto a dedicação
estruturada e contínua são essenciais para que um desempenho excepcional seja
atingido.
A pessoa que apresenta um desempenho contrário à excelência, ou seja, uma
performance medíocre, falha justamente ao não manter a continuidade em seus
esforços e perder o foco com muita facilidade. A disciplina é uma das qualidades
mais difíceis de serem desenvolvidas, principalmente porque vivemos num mundo
tão cheio de estímulos, tão cheio de possibilidades e oportunidades que é muito fácil
se dispersar e perder o foco. Outro problema que encontramos diariamente em
nossas vidas tão cheias de estímulos é a porta aberta para a perda de tempo. Fazer
muitas coisas ao mesmo tempo, se dedicar às mais variadas atividades inúteis que
não têm ligação alguma com as metas almejadas e também as famigeradas
atividades “passatempo” que o povão tanto adora (por que alguém faria qualquer
coisa para “passar” o tempo?!).
Um dos segredos da disciplina é que ela requer sistemas organizados para
funcionar adequadamente e se sustentar frente aos estímulos dispersantes e
desafios desmotivadores. Sistemas organizados são simples procedimentos préprogramados, rotinas específicas. Num exemplo bem simples que provavelmente
ocorre com muita gente, a simples falta de uma rotina para lidar com
correspondências assim como locais pré-definidos para guardar cada tipo de
pendência, leva ao caos com cartas e tudo o mais que chega às suas mãos. Tudo com
o que a pessoa não pode lidar na hora, ela tem o hábito de colocar numa gaveta ou
pasta e com o passar o tempo, a gaveta ou local onde as correspondências (ou
papelada em geral) não urgentes vão parar está repleta e a pessoa não tem mais
ânimo de revisar todo o seu conteúdo e analisar a importância ou relevância de cada
item. Hoje em dia, isso acontece muito na caixa de entrada em contas de e-mail de
pessoas que não têm sistemas pré-definidos para lidar com os e-mails que chegam.
A disciplina, no entanto, assim como muitos dos outros princípios da
excelência, só funciona bem em conjunto com os demais, pois sozinha ela pode
transformar a pessoa num robozinho que faz tudo de forma muito correta e
organizada, mas não está se direcionando a lugar algum na vida, nem preza a
excelência em suas ações, apenas o mínimo necessário para manter a ordem.
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A disciplina voltada para a excelência se constrói em cima dos princípios que
analisamos anteriormente. A disciplina é apenas uma ferramenta e, como tal, pode
ser usada para fazer coisas certas ou coisas erradas. O benefício da disciplina só é
aproveitado quando há objetivos definidos em cima de um propósito firme e existe
uma motivação genuína para conquistá-los. Nesse caso, a disciplina vem para
estruturar as atividades e extrair maior excelência no desempenho.
10. Persistência
A persistência é a capacidade de continuar com os esforços mesmo frente aos
mais desanimadores desafios ou obstáculos. A excelência depende de um
comportamento persistente, pois nem sempre a conquista dos objetivos é fácil e o
caminho é reto e sem obstáculos.
A persistência é uma das mais preciosas qualidades a serem desenvolvidas.
Num mundo em que a grande maioria desiste e morre na praia, aqueles que são
persistentes furam o céu e passam na frente de todos os outros que cederam no
meio do caminho por preguiça, interesses secundários, zona de conforto, medo,
pusilanimidade, dispersão e tudo o mais que faz as pessoas desistirem de seguir em
frente com seus objetivos. Em matéria de desenvolvimento pessoal, a persistência é
a qualidade número um que faz com que a pessoa consiga vencer suas limitações e
desenvolver habilidades.
A persistência está nessa posição dentro da estrutura dos princípios da
excelência, pois exige que todos os demais pontos estejam funcionando
corretamente para que ela se mantenha. Assim como a disciplina, a persistência é
apenas uma ferramenta e pode acabar virando teimosia quando é aplicada na
conquista de esforços inúteis ou errados dentro do propósito de vida da própria
pessoa. A habilidade de não desistir ou tentar de novo depois de uma derrota se
alimenta em diversos fatores que já discutimos aqui (como a certeza de um objetivo,
a energia da motivação e o comprometimento com os resultados), do contrário, a
persistência é apenas uma teimosia mimada da pessoa egocêntrica que não quer
desistir por capricho próprio ou para não dar o braço a torcer.
Para não virar teimosia barata, a persistência precisa andar junto do
discernimento e da autocrítica, ou seja, do “desconfiômetro” e da modéstia. Há
muitos casos em que desistir e mudar de rumo é a melhor decisão mesmo. Mas
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Os princípios da excelência pessoal
como saber? Justamente tendo discernimento para refletir sobre seus propósitos,
sua vida e sua posição nela e, além disso, ter autocrítica para analisar a si mesmo
com modéstia sem cair em armadilhas da arrogância, da prepotência ou mesmo da
ganância.
11. Pró-atividade
Pró-atividade é superficialmente vista por alguns autores somente como
iniciativa, mas como se diz popularmente, o buraco é mais embaixo!
Pró-atividade é a potencialidade íntima para tomar as rédeas da própria vida,
sem esperar nada de ninguém. A pessoa pró-ativa naturalmente sabe que não é uma
ilha e que outras pessoas fazem parte de sua vida e contribuem com seus objetivos,
mas ela não espera nada de ninguém, no sentido de mendigar ajuda, pedir “dicas” ou
conselhos ou esperar que os outros resolvam seus problemas. Até certo ponto, pedir
ajuda, conselhos e esperar que alguém resolva nossos problemas são coisas
contextuais e eventualmente até a mais pró-ativa das pessoas se enquadra nessas
situações. O pulo do gato é a pessoa ter segurança íntima suficiente para julgar as
situações em sua vida e ter a perspicácia de decidir qual a chamada correta,
dependendo do caso – ou seja, do contexto.
Vivemos em uma sociedade em que, apesar de toda a conversa mole
politicamente correta pró-responsabilidade, é de praxe e socialmente aceito que as
pessoas culpem fatores específicos como justificativa para seus problemas,
dificuldades e erros. Por exemplo, há quem culpe a genética por certas dificuldades
pessoais, tendo suas desculpas plenamente aceitas socialmente, já que a própria
ciência comprova que a genética influencia nossas tendências e personalidade. Há
quem culpe o ambiente, seja a economia do país, sua situação financeira, a empresa
que nunca lhe dá uma chance de crescer, o chefe, a falta de tempo ou mesmo a
indefinida “correria”, tendo suas desculpas igualmente aceitas socialmente, pois os
outros também pensam da mesma forma e se escondem atrás das mesmas
desculpas. Desculpas dadas para os outros à parte, o problema é acreditar
internamente nessas explicações e é justamente isso que ocorre: as pessoas
acreditam nelas.
O que muitos não se dão conta é que entre o estímulo e a resposta, nós temos
a nossa própria liberdade de escolha. Nós é que escolhemos ficar tristes, com raiva,
desanimados, frustrados ou alegres, entusiasmados, motivados, felizes. O grande
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problema é que a noção de que são as coisas externas, ou seja, os estímulos que
ditam nosso estado interno e, conseqüentemente, nossa resposta, alastrou-se tão
profundamente em nossa sociedade que a maioria das pessoas é incapaz de
compreender que não é preciso ser assim. A maioria das pessoas se vê como vítima
das circunstâncias, logo, seu estado emocional é como uma obrigação de resposta,
não uma escolha.
A pró-atividade é assumir a responsabilidade pela resposta ao estímulo, ou
seja, sua atitude. Num exemplo bem claro, muita gente acha que a raiva é uma
resposta natural a certos estímulos. Se alguém faz algo que o deixa aborrecido, você
acha que tem todo o direito do mundo de sentir raiva, pois “olha só o que ele fez”!
Essa é a postura reativa da pessoa que não age com pró-atividade. Ela acha que suas
reações são óbvias, que ela tem que ter certas atitudes se provocada e é assim e
pronto. Essa inflexibilidade mental impede que a pessoa veja que ela não precisa
reagir de uma forma específica. E aí entramos no ponto mais complicado da natureza
humana, o orgulho!
A maioria das pessoas não é pró-ativa por puro orgulho mesmo. A reatividade,
oposto da pró-atividade, é a postura de sempre reagir defendendo o ego ferido em
cada situação em que alguém faz algo que você não gosta ou não aprova. O pior da
história é que é muito difícil argumentar esse ponto, pois as pessoas acham que
estão em seu direito de se defender e assim seguem pela vida, se defendendo do
mundo, reagindo a tudo como um animal arisco.
O que acontece quando a pessoa reativa tenta ter um desempenho
excelente? Ela perde tanto tempo e energia se defendendo do mundo, fazendo valer
seus direitos que acaba perdendo o foco do objetivo e se dispersando demais. Isso
além de todas as desculpas esfarrapadas que ela arranja para justificar seus deslizes
e dificuldades, ao invés de simplesmente enfrentar os problemas sem fazer drama.
12. Perspicácia
Perspicácia é de uma forma bem ampla de “esperteza” ou a capacidade de
pescar as coisas no ar e entender rapidamente o contexto de uma situação ou idéia.
Esperteza é a qualidade de pensar rápido e responder ao estímulo de acordo com a
circunstância, é a inteligência contextual.
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O ditado diz que o bom entendedor entende com meia palavra – essa é a
pessoa perspicaz, não precisa de muito, não precisa de mil explicações, ela já
entende tudo com pouco, consegue ler nas entrelinhas, interpretar o que não é dito
em palavras. Em linguagem popular, o contrário de perspicácia é burrice. A pessoa
que não entende as coisas facilmente, que olha e não vê, que tem dificuldade para
compreender as coisas é tachada de burra. Se o perspicaz precisa apenas de meia
palavra para entender, o burro não entende nem com um livro inteiro!
A perspicácia não está diretamente relacionada com escolaridade e
conhecimento em si, já que em tudo quanto é lugar encontramos gente esperta nas
mais variadas classes sociais e níveis de alfabetização e escolaridade, no entanto, a
escola pode ensinar a raciocinar com mais objetividade e clareza e a compreender
conceitos complexos com mais facilidade. Muitas das dificuldades que as pessoas
encontram com relação às idéias e problemas do dia-a-dia estão relacionadas à falta
de preparo intelectual que deveria ter sido endereçado na escola.
A perspicácia é fundamental para a excelência, já que se a pessoa tem a
dificuldade mais básica de todas, ou seja, a dificuldade de perceber e entender, ela
jamais vai conseguir sair da mediocridade.
Nos anos 80 passava na TV um comercial que eu achava tão engraçado que
ficou gravado na minha mente até hoje. Uma mulher andava por uma loja de
eletrodomésticos quando parou na frente de um aparelho microondas e ficou
olhando para a máquina. Depois de alguns segundos ela olha para o vendedor e
pergunta: “Essa TV é preto e branco ou a cores?” No final do comercial, o locutor
dizia: “Tem gente que olha e não vê!”.
O que mais temos no mundo é gente que olha e não vê. Pessoas que vivem
uma vida semi-robótica, praticamente sem prestar atenção em nada além do
absolutamente necessário para tocarem suas vidas. Essas pessoas que olham e não
vêem, no entanto, desejam também ser bem sucedidas e procuram livros, cursos,
sites e consomem, consomem, consomem informações sem entender o que
realmente devem fazer para se darem bem na vida. São essas pessoas que dão má
fama à área de auto-ajuda dizendo que esses livros não tem nada de novo, que elas
já sabem de tudo isso, mas ninguém fala qual o segredo, qual o pulo do gato. O
problema não está nos livros, o problema é com elas. Se bom entendedor só precisa
de meia palavra... Essas pessoas lêem livros e mais livros, fazem cursos, etc. e mesmo
assim não cai a ficha?! Essas pessoas são más entendedoras, lhes falta o quarteto
mágico mental: raciocínio lógico, discernimento, atenção e autocrítica. Esse
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quarteto forma a perspicácia. A pessoa que não presta atenção e não discerne com
lógica sobre seus arredores, olha e não vê. As coisas estão na frente de seu nariz,
mas a pessoa não percebe, não enxerga. A pessoa que não tem autocrítica não
reflete sobre seus próprios erros, dificuldades e histórico. É a pessoa que fica sempre
na esperança de descobrir qual o segredo do sucesso ou do que ela deseja atingir ou
realizar, mas ela busca incessantemente informações e nunca entende nada. Na
interpretação dela, contudo, ela ainda não esbarrou no “segredo”. É claro que o mau
entendedor, nesse caso, acha que entendeu tudo. É por isso que ele diz que já viu
todas essas informações, que já sabe de tudo isso. A desculpa que ele dá é que se
essas coisas não funcionaram para ele, então elas não funcionam de uma forma
geral... Para ninguém.
Esse é um dos assuntos mais difíceis de discutir e principalmente admitir.
Ninguém quer admitir a falta de perspicácia, nem para si mesmo, pois o contrário de
perspicácia é burrice e ninguém gosta de se admitir burro. Além disso, quem não se
acha esperto? A pessoa que sofre de falta de perspicácia, sofre de falta de autocrítica
e, portanto, não consegue perceber seu problema, pois é incapaz de se olhar no
espelho e obter um retrato fiel. Essas pessoas se acham super espertas quando, na
verdade, esperteza é tudo o que lhes falta!
Um dos pontos mais importantes do quarteto da perspicácia é a atenção.
Atenção aos detalhes e acuidade, no entanto, são das coisas que mais faltam para o
indivíduo comum que mal consegue se lembrar do que comeu no café da manhã. A
pessoa que tem problemas de atenção deixa passar detalhes importantíssimos, por
menores que sejam, que tornariam seu desempenho excelente. Ela nunca consegue
passar da mediocridade e não sabe o porquê. Esse desconhecimento quanto às
razões do seu fracasso ou do seu fraco desempenho estão relacionadas ao fato de
que o que desconhecemos (ou ao que não prestamos atenção) não existe em nosso
universo, ou seja, se deixamos passar um detalhe por mera falta de atenção,
permanecemos na ignorância do fato, não sabemos que perdemos um detalhe, às
vezes nem sabemos que o detalhe existe. Isso gera todo o tipo de confusão e
frustração, pois a pessoa pensa que está dando o melhor de si e quando as coisas
não acontecem como esperado, ela fica sem saber explicar onde foi que errou. Essa
confusão se dá porque ela não prestou atenção nos erros, ela nem sabe que errou.
Apesar de a esperteza por si só poder levar a pessoa longe na vida, há
conquistas que requerem um nível de intelectualidade um pouco mais refinado.
Intelectualidade é a capacidade de usar o conhecimento de forma prática e refletir
sobre ele tirando conclusões úteis. Essa capacidade se soma – e muito – à perspicácia
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e torna a pessoa apta a conquistar qualquer meta. É a soma da esperteza com a
inteligência. Apesar de, mais uma vez, a maioria das pessoas não admitir que lhes
falta inteligência, essa é a realidade de muita gente que não consegue progredir. Em
muitas áreas, a capacidade de raciocinar de forma crítica e lógica, analisar e tomar
decisões em ambientes de constante mudança é primordial para o sucesso e isso é
uma questão de pura perspicácia e inteligência intelectual mesmo. Mais um
resquício negativo de um sistema educacional falho que não ensina seus alunos a
pensarem de fato e cria adultos que só sabem obedecer e repetir, mas não refletir e
criar.
13. Pragmatismo
O sinônimo mais próximo de pragmatismo é objetividade. A pessoa
pragmática não perde tempo, ela só faz aquilo que é necessário para atingir seus
objetivos e não se dispersa com coisas inúteis, outros projetos, perda de tempo,
dúvidas sobre o caminho, hesitação. O pragmático é uma pessoa prática, simples em
seus propósitos e planos. Essa praticidade e simplicidade fazem com que o caminho
apareça claro e límpido à sua frente, tudo o que ele precisa fazer é caminhar com
determinação sem se distrair. O pragmatismo é a capacidade de manter sua mente
no aqui e agora e, com muita objetividade, racionalidade e discernimento, optar
pelas tarefas corretas que se feitas no tempo certo levam à concretização do objetivo
com maior excelência.
Como você verá a seguir, entre os obstáculos para a excelência está a
dispersividade, ou seja, a falta de objetividade, a desorganização, o desperdício de
esforços. A pessoa dispersiva pode até ter objetivos definidos e vontade de
concretizá-los, mas ela se espalha tanto que não sobra energia para fazer o que tem
que ser feito para que o objetivo tome vida. O que lhe falta é justamente
objetividade em suas ações e atitudes, falta foco, praticidade. A pessoa faz um
monte de coisas o tempo todo, está sempre ocupada, mas no final das contas, todo
esse trabalho não rende nada, o objetivo ainda continua lá como uma idéia no
horizonte.
O que leva ao pragmatismo é a perspicácia somada aos objetivos definidos. A
pessoa sabe exatamente o que ela deve fazer e se mantém fiel ao caminho traçado,
custe o que custar, não se deixando distrair ou desviar.
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Uma das maiores ameaças ao pragmatismo é a emotividade excessiva. A
pessoa muito emotiva, que leva tudo para o lado pessoal, se frustra com facilidade,
fica decepcionada quando alguém não faz o que ela esperava, quando as coisas não
acontecem do jeito que ela queria. Toda essa choradeira, todo esse drama desvia a
atenção da pessoa do caminho principal rumo aos seus objetivos, ela sai na tangente,
se preocupando com picuinhas, desavenças pessoais. Essa pessoa coloca muito
tempo em pensamentos dedicados a ruminar sobre as coisas que não dão certo em
sua vida, as pessoas que não gostam dela, as coisas que essas pessoas fazem pra ela
e, no meio tempo, ela perde oportunidades de seguir em frente com seus objetivos.
A “luta” contra o mal em sua vida acaba recebendo todo o foco, ao invés dos seus
objetivos.
A inteligência emocional acaba tendo um papel fundamental nesse caso,
equilibrando as emoções e deixando o espaço mental da pessoa livre para que ela
possa se focar com clareza em seus objetivos. Parece até um paradoxo dizer que a
inteligência emocional ajuda a pisar nas emoções para que a pessoa possa seguir em
frente, mas essa é a realidade. Numa sociedade tão patológica em que encontramos
profissionais dizendo baboseiras como a possibilidade da raiva ser positiva ou que
devemos sempre extravasar nossas emoções, é difícil argumentar e fazer
compreender que a inteligência emocional muitas vezes requer segurar ou até
mesmo reprimir as emoções. Por quê? Porque você pode saber que a raiva que está
sentindo é pura imaturidade e cabe a você somente lidar pró-ativamente com esse
traço aprendendo a não mais sentir essa raiva. Extravasar a raiva e explodir revela
ainda mais imaturidade e orgulho e não é a forma mais pró-ativa de lidar com essa
emoção. A pessoa que acredita que sempre extravasar as emoções é o caminho fica
tão distraída com suas batalhas pessoais, com se fazer entender, com provar o seu
ponto, fazer justiça, não deixar ninguém pisar nela, calar a boca do outro, etc. que
ela perde o foco, a objetividade e acaba se dispersando de seus objetivos
pragmáticos.
Assim como a raiva, outras emoções são extremamente dispersantes,
principalmente a frustração e o medo. A pessoa frustrada se coloca no papel de
vítima e começa a fazer drama sobre a situação. O medo paralisa e desvia. A pessoa
covarde acaba fugindo dos pontos cruciais no caminho para seus objetivos, pois não
se sente capaz de enfrentá-los. Nesses casos, mais uma vez, pisar na emoção e seguir
em frente parece ser o melhor caminho. Em muitos casos, após passar por uma
experiência dessas uma, duas, três vezes, a pessoa passa a ter controle sobre a
emoção, pois ela aprendeu que não precisa ter medo dela.
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14. Flexibilidade
A flexibilidade é uma soma entre a disciplina e a pró-atividade e ponto
fundamental no comportamento excelente. Como vimos, a pessoa que só tem
disciplina, mas não tem as outras qualidades acaba fazendo tudo muito direitinho,
mas sem propósito algum, sem ânimo e, muitas vezes, acaba caindo na armadilha de
fazer a coisa errada. Outro ponto negativo da disciplina isolada é a possível falta de
flexibilidade. A pessoa fica muito rígida dentro de suas rotinas e não consegue abrir
mão de seus procedimentos e regras para dar espaço para as exceções e mudanças
que naturalmente ocorrem o tempo todo.
A pró-atividade dá movimento à disciplina e a torna flexível através de maior
discernimento e perspicácia. A flexibilidade não é apenas a capacidade de alterar
rumos e fazer concessões, mas fazer isso com sensatez e só mesmo o discernimento
da pessoa pró-ativa e a perspicácia são capazes de tornar o indivíduo
verdadeiramente flexível. Uma pessoa reativa não consegue ser flexível, pois está tão
ocupada defendendo seu ego e tão apegada aos seus conceitos cristalizados de como
as coisas são e de como o futuro deve se desenrolar que não sobra espaço para a
reflexão que permite a flexibilidade.
O pragmatismo é o companheiro perfeito para a flexibilidade, pois fornece
clareza e objetividade para que decisões de mudança sejam tomadas, baseadas no
discernimento e na racionalidade, não em emoções, que geralmente revelam apenas
preferências pessoais decorrentes do egoísmo e do orgulho e não real necessidade
objetiva e pragmática.
15. Visão de conjunto
Soma da perspicácia, do pragmatismo e da determinação, a visão de conjunto
é a capacidade de enxergar o todo contextualmente para tomar decisões em cada
momento da jornada. A falta de visão de conjunto leva a pessoa a sofrer de miopia
crítica, ou seja, a pessoa não consegue analisar, julgar a situação de um ponto de
vista mais amplo, contextual e acaba tomando decisões isoladas que a colocam num
ziguezague sem fim que termina por esgotar suas energias e dispersar as
oportunidades que direcionam aos objetivos almejados.
Faz parte da definição de “liderança” o conceito de que o líder deve ter a
capacidade de enxergar o campo de batalha, ou seja, ter visão de conjunto. No
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âmbito pessoal, como líder de si mesmo, cabe a cada um de nós ter a capacidade de
enxergar os campos de batalha em que entramos em busca da concretização dos
nossos objetivos.
Analogias com guerras à parte, nem sempre a conquista de nossos objetivos
envolve “batalhas” com outras pessoas, mas sempre haverá algum tipo de obstáculo,
mesmo que interno. A capacidade de ver a situação e o caminho de uma perspectiva
mais ampla ajuda a manter a eficácia, ou seja, a escolher as ações certeiras que
levam ao objetivo ao invés de perder tempo fazendo coisas que não precisam ser
feitas ou pior ainda, coisas que atravancam e atrasam a conquista do objetivo.
Alcançar um nível de excelência nos desempenhos exige foco e priorização. A
visão de conjunto ajuda a lapidar esses dois pontos assegurando que você está se
dedicando somente às atividades mais certeiras e produtivas.
A visão de conjunto também contribui e anda junto com o senso de propósito,
sendo que uma coisa reforça a outra. A pessoa que tem um propósito já tem uma
bússola apontando para o seu próprio norte. A visão de conjunto mapeia o caminho
para chegar lá.
16. Assertividade
A assertividade é a culminação da excelência pessoal. A pessoa que tem todas
as qualidades anteriores bem desenvolvidas consegue ser assertiva naturalmente.
Assertividade é a capacidade de ser pontual e certeiro tanto nas próprias decisões
quanto na comunicação interpessoal. Assertividade é:
- A exteriorização da certeza íntima quanto aos próprios objetivos;
- O comprometimento para com esses objetivos;
- A auto-estima e o respeito para consigo mesmo;
- A integridade e a autenticidade sobre quem se é o que se busca;
- A inteligência emocional de lidar de forma madura com as próprias emoções;
- O pulso firme de quem é líder de si mesmo e não se deixa dominar pelos outros;
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Os princípios da excelência pessoal
- O foco e o pragmatismo de quem sabe o que quer e se mantém na linha rumo aos
resultados almejados sem perder tempo e sem se dispersar;
- A pró-atividade e a perspicácia de discernir pontual e contextualmente e tomar
decisões com base nas necessidades do momento sem trair os próprios objetivos;
- E a flexibilidade corajosa de alterar rumos, fazer concessões, desistir ou jogar tudo
pro alto se assim as circunstâncias pedirem.
Todas essas características juntas tornam a pessoa assertiva. Ela faz o que
precisa ser feito de acordo com seus mais profundos princípios, sem pisar em
ninguém e sem deixar que os outros pisem nela. Dentro dessa condição, não há
como não apresentar um desempenho excelente. A excelência se torna um princípio
em si para a pessoa e ela mesma não aceita performance ou resultados medíocres,
buscando sempre dar o melhor de si e extrair o mesmo daqueles à sua volta. O
sucesso em seus empreendimentos é apenas uma conseqüência natural do seu
comportamento excelente.
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Obstáculos à excelência
Estudamos os 16 princípios da excelência e compreendemos como todos eles
juntos trabalham para formar uma personalidade que atinge o sucesso
naturalmente, como uma conseqüência de seu comportamento. Existem, no
entanto, inúmeras armadilhas à construção desse comportamento e à adoção da
excelência como um princípio pessoal.
Vamos dar uma olhada em alguns deles:
- Cultura da mediocridade
Desde cedo na vida somos ensinados que para “nos safarmos” devemos ser
apenas bons o suficiente. Poucas pessoas têm a sorte de ter pais e/ou professores
que estimulam a excelência. A maioria das pessoas responsáveis pela educação e
criação de crianças e jovens é medíocre e jamais poderia transmitir a excelência, uma
vez que elas próprias não a praticam. Na escola, poucos são os alunos que lutam pela
excelência e não se permitem tirar notas baixas. A maioria está feliz demais com
notas apenas acima da média – desde que dê para passar de ano, está bom. Em
casa, muitas crianças aprendem a fazer apenas o suficiente para manterem os pais
“quietos” sem reclamarem de sua conduta, bagunça ou hábitos improdutivos como
jogar videogame.
Ao crescer com essa postura, o adulto mantém a mesma mentalidade do
“bom o suficiente” na vida pessoal e no trabalho. É a cultura da mediocridade. É
socialmente aceitável não ser excelente e até mesmo estimulado, como se fazer
além do absolutamente necessário fosse coisa de gente boba. Isso é freqüentemente
observado em empresas em que a mediocridade se alastrou. Os funcionários só
fazem o que precisam fazer para manter seus empregos e pegam no pé de quem faz
além da conta e procura ter um desempenho melhor, como se tal postura fosse coisa
de idiota – “Não seja burro! Não vão te pagar mais para fazer bem feito.”
No âmbito pessoal, o mesmo padrão de comportamento rege os
relacionamentos. Um dos mais fortes fatores que destroem relacionamentos afetivos
é justamente a leviandade com que as partes passam a tratar uma à outra depois
que a fase da paixão, que estimula a excelência, passa. Depois que a motivação para
dar o melhor de si já passou, as pessoas tendem a fazer apenas o suficiente para
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manter seus relacionamentos, mantendo um nível de displicência que termina por
corroer os sentimentos que um tem pelo outro.
- Cultura da culpa
Mais uma idiotice cultural que se forma como um hábito e se torna uma regra
para justificar falhas, dificuldades e erros pessoais. “Ser gordo está em minha
genética, eu não consigo emagrecer.”, diz o obeso que não faz esforço algum para
emagrecer, pois “já que” a culpa não é dele, mas, sim, da genética, não há nada que
ele possa fazer a não ser aceitar seu destino cruel – e nesse meio tempo se esbaldar
de comer e não fazer exercícios, pois já que a culpa é da genética, não adianta se
esforçar mesmo...
Desde crianças somos condicionados a só termos responsabilidade sobre algo
se a culpa for nossa e, nesse caso, devemos nos envergonhar do erro e nos
redimirmos. Essa mentalidade cultural instiga dois pontos muito perigosos em nosso
comportamento. O primeiro é: “Se a culpa não é minha, eu não tenho nenhuma
obrigação de consertar”. O outro é: “Se a culpa é minha eu devo me martirizar,
dramatizar e fazer cara de culpado, pois fiz algo que não devia”. Em nenhuma das
situações a pessoa toma atitudes pró-ativas para superar o problema e seguir em
frente. Ela fica angariando raiva contra o culpado ou choramingando e odiando a si
mesma por ter cometido o erro.
Um ponto complicado que representa um grande gargalo no caminho da
excelência é o termo “dificuldade” e como ele é usado para mascarar outros
problemas como pusilanimidade e medos em geral. A pessoa diz que tem dificuldade
com tal coisa e ao informar aos outros esse fato é como se ela estivesse dizendo: “Eu
tenho dificuldade, portanto, não espere muito de mim nesse assunto”. A pessoa se
esconde por trás da própria dificuldade e considera a desculpa plausível o suficiente
para que ela não precise se esforçar para superar o que quer que seja, pois a lógica
em sua cabeça é que se ela tem dificuldade, ela não vai conseguir superar nada. Essa
lógica tola vem dos tempos escolares em que, como aluno, a pessoa tinha o hábito
de justificar seu baixo desempenho com a famosa frase “Eu tenho dificuldade com
essa matéria”. A palavra “dificuldade” era usada como um escudo contra acusações
de que o aluno não estudou, foi preguiçoso ou não se esforçou o suficiente, pois a
lógica era de que se o aluno tinha dificuldade, não adiantava se esforçar ou estudar
mais, pois a dificuldade era mais forte do que qualquer esforço. A dificuldade se
tornava a desculpa magna, até mesmo para pais que não querendo admitir que seus
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filhos eram relapsos e não estavam estudando direito, sentiam que era mais fácil
admitir que a criança tinha “dificuldade”. Esse é mais um hábito que é criado na
escola e levado para a vida adulta marcando um obstáculo muito grande contra a
excelência. A culpa passa a ser da indefinível “dificuldade” e a pessoa lava as mãos,
pois se a culpa não é dela...
Por outro lado, quando a pessoa se encontra num beco sem saída e precisa
admitir a culpa, ao invés de lidar pró-ativamente com o fato, passar por cima do
ocorrido e tomar as providências para consertar o erro ou dar a volta por cima, a
pessoa faz drama, fica deprimida, frustrada, pois agora o vilão da história, o culpado,
é ela mesma e ela não consegue arranjar uma desculpa para se esconder atrás.
A cultura da culpa é uma conseqüência da forma como crescemos lidando
com esse assunto. Aprendemos desde cedo que o culpado é como um vilão e,
portanto, “deve ser punido”. Quando a punição não é possível, o culpado serve como
desculpa (como a genética, sendo culpada por problemas físicos e mentais e
funcionando como justificativa para não se esforçar para superar a influência do
DNA). Esse padrão se repete com doenças mentais e distúrbios como bipolaridade e
depressão. A pessoa se vê como uma vítima do culpado “desequilíbrio químico” e,
então, “pobrezinha”, não é capaz de fazer nada para superar o problema, pois a
culpa não é dela. O mesmo mecanismo é usado para com traumas do passado,
criação, situação econômica, governo, oportunidades ou a falta delas, sorte ou má
sorte e tudo o mais que leva a culpa pela situação, erros e problemas da pessoa e
como a culpa não é dela, ela não se sente compelida a solucionar ou mesmo tomar
qualquer atitude para dar a volta por cima, pois supostamente é responsabilidade do
“culpado” corrigir o problema ou quando a culpa é de algo irreversível, basta apenas
sentar e chorar.
- Ansiedade
A ansiedade é a incapacidade da pessoa em lidar com as próprias emoções,
principalmente em relação ao tempo. A pessoa ansiosa cria expectativas que
representam ideais aos quais ela se apega tanto que desenvolve um medo extremo
de que o que ela quer não aconteça ou não aconteça exatamente da forma como ela
imagina.
A excelência encontra pouco espaço na vida da pessoa ansiosa por alguns
motivos. Um deles é o perfeccionismo. As expectativas representam cenários exatos
e definidos de como as coisas devem ser e acontecer. Elas representam um ideal
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perfeito de como a pessoa gostaria que certas situações se desenvolvessem e ela
fica, então, naquela ansiedade esperançosa de que o futuro seja realmente como ela
imagina, pois ela acredita que só assim ela será feliz.
Outro ponto é a impulsividade. Como a pessoa ansiosa tem dificuldade em
lidar com o tempo, ela quer que tudo ocorra agora, ela não sabe esperar, ela tem a
tendência de meter os pés pelas mãos, tomando atitudes precipitadas como
conseqüência de sua impaciência. Outro traço negativo, ainda, da pessoa ansiosa é a
falta de discernimento e reflexão. Por não ter paciência e não saber esperar pelo
futuro, a pessoa ansiosa também não consegue pensar com clareza e não reflete
profundamente sobre suas ações, problemas, dúvidas e dificuldades. O resultado são
atitudes e ações levianas, irresponsáveis, superficiais e desconectadas de um
propósito maior.
- Preguiça
Pode parecer algo tolo, mas a preguiça é uma força capaz de deter a mais
determinada das pessoas! Ter objetivos claros e definidos, se sentir motivado para
concretizá-los e ter planos e sistemas já organizados para colocar tudo em prática é
ótimo, mas se a pessoa se deixa tomar pela preguiça com muita freqüência, ela
andará muito devagar e essa velocidade pode ser fatal para o sucesso no que ela se
propõe a fazer.
A pessoa excelente pode vez ou outra sucumbir a fraquezas como a preguiça,
mas ela não é preguiçosa. Tudo é uma questão de freqüência. Ninguém é de ferro e
mesmo a mais disciplinada e determinada das pessoas acaba sentindo preguiça e
deixando de fazer o que tem que ser feito em alguns momentos, mas a freqüência
com que isso acontece é muito menor do que a pessoa que se mantém na
mediocridade.
O que define a pessoa como “preguiçosa” é o hábito constante de sucumbir à
zona de conforto sempre que algo mais difícil ou indesejável aparece. A preguiça,
somada à cultura da mediocridade é o que mantém as legiões de pessoas
reclamonas e choronas que jamais vão atingir qualquer sucesso, mas não param de
reclamar que suas vidas nunca vão pra frente, que as oportunidades nunca
aparecem, que tudo o que elas fazem dá errado, que ninguém dá valor para os seus
esforços e por aí vai.
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- Pusilanimidade
Pusilanimidade é o medo, a covardia de enfrentar os desafios que a própria
vida apresenta. A pessoa covarde quer se dar bem na vida... desde que o que ela
tenha que fazer para chegar lá esteja dentro da sua zona de conforto! Esse é o
problema da pessoa pusilânime, sua zona de conforto é seu paraíso e ela nunca sai
de lá. Essa pessoa construiu uma torre de marfim ao seu redor, fez um ninho bem
aconchegante dentro e tem o maior medo de que alguma coisa aconteça e a tire de
lá, fazendo com que ela passe desconforto e principalmente vergonha.
Um dos pontos-chave da pusilanimidade é o orgulho. A pessoa pusilânime é
tão orgulhosa que dentre seus maiores medos está o medo do ridículo, de passar
vergonha. Isso faz com que a pessoa se retraia em seu mundinho pessoal e evite
qualquer tipo de exposição em que a possibilidade de rejeição exista. Esse medo é
decorrente do orgulho. Em sua torre de marfim, a pessoa é perfeita. Ao ser exposta e
eventualmente “desmascarada”, rejeitada e humilhada (em seu ponto de vista), a
pessoa perde o referencial de si mesma, ou seja, se ela é perfeita, como pode alguém
rejeitá-la? Como inconscientemente a pessoa sabe que realmente não é perfeita, ela
morre de medo de se expor e alguém “descobrir” a verdade sobre ela. Tudo isso é
algo que ocorre nos bastidores da mente pusilânime e muitas vezes a pessoa não faz
esse tipo de raciocínio com todas as letras em sua mente consciente. Em sua
percepção, ela é apenas tímida, retraída, introspectiva e não gosta de se expor. Por
quê? A pessoa geralmente não sabe explicar. O problema é que apesar de todo o
conforto, a pessoa medrosa, tímida e pusilânime odeia a si mesma e gostaria de ser
diferente. Apesar de todo o mecanismo de defesa que muitas dessas pessoas têm
alegando que estão “bem” assim, lá por dentro elas sentem uma raiva absurda de si
mesmas, elas querem ser diferentes, mas simplesmente não conseguem.
É desnecessário dizer que para atingir a excelência é preciso acabar com o
comportamento pusilânime e para isso nada melhor do que se colocar no front de
batalha e dar a cara à tapa. Expor-se, passar vergonha, ser ridículo e no processo
deixar cair a ficha de que ser rejeitado não é o fim do mundo, nem uma ameaça à
integridade pessoal.
- Auto-sabotagem
A auto-sabotagem é o auto-assédio, ou seja, a pessoa assedia a si mesma, é o
vilão na própria história, puxando o próprio tapete e furtando-se da oportunidade de
dar o melhor de si em seus desempenhos.
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A auto-sabotagem muitas vezes anda junto com a pusilanimidade e funciona
como mecanismo de retirada da pessoa medrosa que vez ou outra é colocada numa
posição que ameaça a sua torre de marfim. A pessoa, por exemplo, tem um desejo
enorme de publicar um livro, mas ela morre de medo da rejeição. Ela passa anos
escrevendo o que gostaria de publicar e de repente aparece em sua vida alguém que
se dispõe a apresentar a pessoa a uma editora e ter seu manuscrito avaliado. A
pessoa se anima, finalmente seu objetivo tem uma chance de ser realizado! O medo
da rejeição, porém, fala mais alto e na última hora a pessoa se retrai e desiste de
tudo, nunca enviando seu manuscrito para a editora. Literalmente, a pessoa puxa o
próprio tapete quando a coisa começa a esquentar e ela se vê no limiar de ter que
sair da sua zona de conforto e fazer algo que ela vê como difícil ou “arriscado” do
ponto de vista de seu conforto íntimo.
A auto-sabotagem é um mecanismo “esperto”. A pessoa que lança mão dessa
estratégia tem as mais elaboradas e convincentes desculpas para justificar seus
vacilos, que ela mesma não vê como erros em si. Ela se convence primeiro, depois
ela convence os outros. Com isso, ela ganha mais tempo em sua zona de conforto,
sempre se auto-enganando, mentindo para si mesma que um dia as coisas vão
acontecer, um dia ela não vai ter medo, um dia, quando ela estiver preparada, ela
vai furar o céu. O problema é que esse dia nunca chega, a pessoa sempre arranja
uma desculpa na hora H e reverte todo o seu esforço para o ponto zero novamente.
- Dispersividade
A dispersividade é a tendência da pessoa sem foco e sem auto-organização de
fazer de tudo um pouco, sem que cada uma dessas atividades tenha qualquer
sentido ou propósito maior. A pessoa “se espalha”, faz de tudo e no final das contas
não faz nada de concreto, não produz nada, não tem resultados para mostrar como
frutos de todos os seus esforços. A dispersividade leva a pessoa a correr na rodinha
do hamster, a pessoa pensa que está sendo produtiva só porque está sempre super
ocupada, mas ela não percebe que está correndo em círculos, seus esforços não
estão rendendo resultado algum.
A excelência exige esforços focados e uma grande disciplina na execução
desses esforços. A pessoa dispersiva, mesmo tendo objetivos definidos, tem muita
dificuldade em manter o foco concentrado e não consegue ter disciplina para dar
continuidade a esses esforços. Falta-lhe pragmatismo, objetividade. A pessoa não
tem senso de prioridade, não sabe escalar suas atividades em ordem de importância,
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geralmente apenas reagindo à urgência, fazendo o que aparece e que precisa ser
feito sem nenhuma preocupação com a construção de algo mais sólido para o futuro.
Uma das maiores ameaças ao foco e ao pragmatismo que podemos até
considerar como uma das raízes da dispersividade é a tendência da nossa sociedade
de ceder aos estímulos que agradam os sentidos e priorizar o prazer. Atividades de
lazer, passatempos, novelas, música e todo o tipo de atividade de entretenimento
têm o objetivo de seduzir os sentidos. Tudo isso, até certo ponto, é necessário para o
nosso equilíbrio físico e emocional. Eu posso me considerar uma pessoa focada nos
meus objetivos, mas vou ao cinema, escuto música, assisto seriados de TV, enfim,
dou vazão para agradar os meus sentidos, assim como qualquer pessoa “normal”. O
problema que leva à dispersão é colocar esse hedonismo como prioridade e
considerar tudo o mais como uma obrigação chata e indesejável, porém necessária
para a sobrevivência, geralmente financeira, e fazer o mínimo possível só para “se
safar” e receber um salário no final do mês, para que sobre mais tempo para se
dedicar a todas as atividades gostosas que agradam os sentidos. Essa postura
mantém a pessoa na mediocridade, pois fazer só o necessário não leva ninguém à
excelência e essa obviamente não está nas atividades de entretenimento. A pessoa
que tem essa postura geralmente não tem objetivos e metas, justamente por isso é
que sua prioridade é o entretenimento, já que nada lhe sobra para dar sentido à sua
vida.
A falta de clareza e objetividade nas definições de suas metas ou até a
ausência completa de metas faz com que a pessoa se sinta perdida em seu dia-a-dia.
Para não se sentir inútil, ela enche sua agenda de coisas para fazer, associa estar
ocupada com importância, com produtividade, mas no final das contas tudo o que
ela faz é apenas manter a própria vida, compromissos, responsabilidades, atividades
de manutenção normais. Nada é realmente feito para que um objetivo mais
complexo seja conquistado, ou seja, não há produtividade real, apenas uma sensação
de estar ocupado, que só contribui para que, com o tempo, a pessoa comece a
perceber a falta de sentido em sua vida e comece a se sentir deprimida e frustrada.
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De ordinário a extraordinário
Em português, “ordinário” é uma palavra com uma conotação de baixo
escalação. No entanto, a palavra apenas significa “simples, normal, comum”.
Ordinária é a pessoa comum. Extraordinária é a pessoa fora do comum, excelente.
Ser uma pessoa bem sucedida na vida, em todos os sentidos, envolve uma dedicação
acima do comum à própria vida, um comprometimento para com os próprios
resultados.
Infelizmente, vivemos em um mundo que em que boa parte das pessoas se
contenta em ser boa o suficiente para simplesmente levar a vida ate o final,
enquanto outra parte não está a fim de colocar esforço em nada e sai tentando
pegar atalhos aqui e ali e no processo levar alguma vantagem que os impulsione para
frente. Ainda temos aqueles que inocentemente tentam vencer, mas por falta de
informação, iniciativa para buscar essa informação e perspicácia para entendê-la só
“chovem no molhado”, desejando muito, mas não conquistando nada.
O Excellence Studio é um projeto que visa trazer informação e treinamento
para aqueles que desejam aprender como melhorar e como se tornar extraordinário.
Boa parte das pessoas que se encontram no terceiro grupo indicado no parágrafo
anterior se encontra nessa posição de ingenuidade e desconhecimento devido à má
educação que tiveram a vida toda. Esse é, felizmente, um problema reversível,
conquanto a pessoa tenha motivação e um desejo profundo de aprender e mudar.
Para obter máximo benefício da participação no Excellence Studio, mantenha
seu cadastro (e-mail) sempre atualizado no site http://www.excellencestudio.com.br
certificando-se de que seu provedor não está direcionando algumas mensagens
nossas para a pasta de lixo eletrônico (acontece nos melhores provedores!). A lista
de assinantes do site é nossa forma de contato com os nossos leitores e alunos. O
Excellence Studio começou suas atividades online no Brasil e em Portugal em 2010,
então temos ainda muito chão pela frente para trazer cursos, livros, artigos e
ferramentas de autores renomados internacionalmente para ajudá-lo a atingir a
excelência pessoal.
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Cada site que faz parte do Excellence Studio possui uma especialidade. Em cada site
você encontrará artigos específicos sobre determinados temas relacionados ao
desenvolvimento pessoal:
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geral – http://www.ansiedadetemcura.com.br
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financeira, investimentos e construção de riqueza.
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relacionados às mudanças interiores necessárias para uma vida mais feliz e
satisfatória, como superação do medo, timidez, ansiedade, entre outros problemas
emocionais. http://www.metamorfosepessoal.com.br
- Sonhos Estratégicos: Planejamento pessoal, definição de metas e administração do
tempo – http://www.sonhosestrategicos.com.br
- Vivendo Intensamente: O aproveitamento do tempo e da vida sob uma nova
perspectiva – http://www.vivendointensamente.com.br
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