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PONTO DE VISTA APTIDÃO FISICA TOTAL APTIDÃO, CONDICIONANIENTO E FZTNESS Existe uma controvérsia muito grande quanto a utilização dos terinos aptidão e condicionainento. As pessoas empregam indistintamente os dois, atribuindo-lhes os mesmos significados. Se consultarinos o dicionário (FERREIRA, 1986), encontramos: "Aptidão - disposição inata, habilidade ou capacidade resultante de conlieciinentos adquiridos" (p. 121 ). "Condicionaiiiento - ato ou efeito de pôr ein condições a, ato de regular" (p. 361). Da leitiira dessas definições, percebe-se que aptidão sugere algo inato, iiiiia potencialidade, ao passo qiie condicionamento seria fruto de uin processo adaptativo ou mod ificador. Os terinos aptidão ,fi,~icae condicionaniento jisico poderiam ser assim definidos: Aptidão Física: é o nível de potencialidades inotoras e de perforinance física que uma pessoa possui ein fiinção de seu genótipo. Condicionainento Físico: é o estado de desenvolvimento físico apresentado por Lima pessoa ein fiiiição dos hábitos higiênicos que cultiva e do iiível de treiiiaiiiento realizado. O conceito de condicionamento físico depende, portanto, do iiível de aptidão física da pessoa. Da união desses dois conceitos surge a noção de fil17e.s~físico. No entanto, como posteriormente será detalhado, fitness não se refere exclusivaiiieiite ao deseiivolviii~eiitodo físico, mas tainbéin a biisca de iiina inellior qiialidade de vida das pessoas. Assim, apenas o cuidado coin a i-notricidade e o psicoinotor seria absolutainente inócuo para promover tima melhoria da qualidade de vida, porque deixaria de lado os cainpos afetivo-social e cognitivo. Mesmo qiie o trabalho se fiindainente na atividade física, será iiecessário que alcance as três dimeiisões da aprendizagem (cogno-afetivopsicoinotor) para qiie promova iiina melhora do nível de qualidade de vida da pessoa e, conseqiienteinente, de seiifitness. L,ogo, ~ ~ ~ M Cpode S S ser definido da seguinte forma: I'roiCssoi. titiilai. <Ia Universidade I'edcral Rural do Icio de .I;iiieiro c doceiite do Curso de Mcstrado eiii CiCiicia da Motricidndc l~luinaiiadn Uiiiver-sidadc Castelo Br-aiico. R. inin. Ediic. Fís., Viçosa, 5 ( I ) : 45 - 55, 1997 45 É o nível máximo de horneostase observado nos campos cognitivo, ajetivo e psicomotor, obtido através de um processo harmônico de desenvo1viment.o das diversas estruturas constituintes do ser humano. MELOGRANO e KLINZING (1982, p. 13) expõem que a atividade física contribui deciçivarnente para o Jitness social, o Jitness emocional, o Jitness intelectual e oJitness físico. A - Fitness Social O homem é uin animal social e não pode sobreviver sem estar integrado a um grupo. A integração ao grupo fundamenta-se na maturidade social de uma pessoa e se reflete na satisfação de algumas necessidades básicas, a saber: - afeto: consiste na aceitação e aprovação por parte dos indivíduos; - realização: representa o grau de aceitação e aprovação recebido do grupo; e - iiitegração: é observada na busca da mutualidade, cooperação e lealdade grupal. O grau de Iiarinonização de uma pessoa com os códigos de valores, cultura, costumes e hábitos do grupo social a que pertence indica o grau de ,fitness social que apresenta. B - Fitness Emocional É o nível de adequação de nossas respostas comportame~itaise intimas aos estímulos do meio. Huinprey e Ingram (1969), citados por MELOGRANO e KLINZING (1982), mostram que os indicadores do nível Jitnes.~emocional que uma pessoa apresenta são: "I - liberdade de tensão e ansiedade; 2 sentimento de auto-satisjação; 3 habilidade de lidar com a realidade; e 4 capacidade de direcionar sentimentos de hostilidade para canais construtivos"@.9). Os mesinos autores indicam que uin bom nível de$tness emocional possibilita: auto-realização, auto-eiitendimento, autodisciplina e responsabilidade, auto-aprovação, auto-suficiência e melhora da capacidade de decisão. C - Fitness Intelectual Quando se estuda este aspecto do Jitness, três fatores devem ser levados em conta: a capacidade de aprendizagem, a iiiteligêiicia e a cultura pessoal. Ser capaz de preservar a curiosidade e a capacidade de aprender através da vida é iiiiportante para a inanutenção do Jitness intelectual. Tal coiiio iio treiiiainento físico, é a constância da ação que provoca o auineiito 46 R. inin. Educ. Fís., Viçosa, 5 (1): 45 - 55, 1997 do nível de co~idicioiiainento.Se urna pessoa pára de aprender, com inuita dificuldade conseguirá retomar essa faculdade. Coin o processo de maturação emocional, as pessoas tendem a estratificar seus conceitos e valores, evitando mudá-los por comodidade ou teinor. Somente uina mentalidade aberta, sempre pronta a reconsiderar as inforinações recebidas e a reforinular conceitos existentes, é capaz de preservar a habilidade de aprender. O segiiiido fator, a inteligência, é o que apresenta maior relação com os outros campos do,fitness. Os estudos mais recentes na área da iiiteligêiicia apontam para uma intluência mútua entre as especializações. Assim, se um matemático aprender inúsica, ou praticar tênis, terá a sua capacidade matemática ampliada cin conseqüência da esti~nulaçãodas áreas do córtex cerebral responsáveis pelas novas yefirmances que estão sendo realizadas. O fator geral da iiiteligência (fator G) é capaz d e transferir soluções e inforinações de iim cainpo de conhecimento para outro, potencializando, sinergicamente, a capacidade intelectual através do aproveitaineiito de todas as inforinações disponíveis 110córtex. Finalineiite, a cultura pessoal represelita o coi~juntode memórias que iiina pessoa possui. Quaiito iiiais ricas e ainplas forem estas ineinorias, mais abrangelite será a base de inforinações que uiiia pessoa disporá para aplicação ern novas situações, adaptando os co~ilieci~ne~itos estocados aos problemas apreselitados, através do exercício da criatividade. Wisiitoii Churchill disse que: "Só os tolos aprendem exclusivameiite coin a sua própria experiência". Quando se absorve as experiências de outras pessoas, ein conversas, leituras de livros, peças de teatro, observação OLI através da arte, amplia-se o estoqiie de dados dispoi-iíveis para possibilitar a realização de L L t r a ~ ~ s f e r ê ~quando ~ ~ i a ~surgir ", a iiecessidade de aplicação ein uina situação nova. O jitness intelectual integra-se as demais d iinerisões do ,fitness, conforme apresentado no Quadro 1 R. iiiiii. Educ. Fis., Viçosa, 5 (1): 45 - 55, 1997 47 QUADRO 1 Relação entre as dimensões do fitness e os campos da aprendizagem FITNESS CANIPOS AFET1vO Fitiiesss Fitiiess eiiiocional COGNI'rIVO iiitelectual PSICOMOTOR físico D - Fitness Físico Esse coinponente dojtness é constitiiído pela coinposição corporal, pelo condicionainento cardiopiilinonar e pelo condicionaineiito neuroinuscular. A coinposição corporal refere-se a relação existente entre a gordura orgânica e a massa total do corpo. Uin boin nível de ,fitness físico se manifesta através da existência de um adequado balanço entre o percentiial de gordura e a quantidade de massa metabolicainente ativa (ein especial do tecido inuscular). O excesso de gordura, caracterizando o over fatness ou a obesidade, representa iiina sobrecarga para o inetabolismo, além de deteriorar a aparência física. Para se aquilatar o estado de ,fitness físico de iiina pessoa, é iinportante verificar, principalinente, o fiincionainento dos sistemas cardiocirculatório e respiratório. A capacidade do organisino de levar oxigênio e nutrientes a todos os órgãos, aparelhos e músculos é essencial aos feiiômenos biológicos e a inaiiutenção da vida. O condicionainento cardiopulmonar é, na prática, observado pelo nível de treinameiito obtido pela qualidade física Resistência Aeróbica. 48 R. inin. Educ. Fís., Viçosa, 5 (1): 45 - 55, 1997 Finalmente, o coiidicionamento neiiruini~scularrepresenta o iiível de desenvolvimento que a pessoa possui ein relação a: 1 - amplitude de nioviinento (flexibilidade); 2 - força e resistêiicia inusciilar (força dinâmica e resistência inuscular localizada); 3 - distençioiiamento da ini~sciilatura(descontração total e parcial); e 4 - habilidade motora (coordenação, agilidade e equilíbrio). O nível de Ji/nc.ts físico tein características gerais, não representaiido, necessariamente, capacidade atlética ou desporti\/a, irias si111a aptidão do organisino para a vida, ein fiinção de hábitos saudáveis de vida. Pode ser resuiniclo i10 Quadro 2. QUADRO 2 Aspectos intervcnientes no fitness físico CAKACTER~STIC:A ASPECTO OBSEKVÁVEL Fatorcs Iiiterveiiieiites Perceiitual dc gordiira deiitro dos pnrâiiietros dese.j6veis, eiii fiiiicào do sexo e da idkidc Coniposição Corporal Voluinc iniiscular tisiologicaiiieiite adequado e esteticnineiite agradável Capacidade de vciicer resistêiicias coiii uiiia contração inuscular I'ossibilidadcs de rcalizaçiío de iii«viiiieiitos repetidos I)istensioiiainciito da iiiiisciilatiira Condicionainento ciii rcpouso Ne~iroinuscular I<c:ilizaçào cic inoviiiieiitos anlplos Motricidiidc ndcqiiadn e coiiveiiiciite QIJALIDADE FÍSILA Resistêiicia Aeróbica Força Diiiâinica Resistência muscular localizada Desc«iitraçã« total c parcial I'lexibilidade Coordeiiação, agilidade e equilíbrio P Condiconainei~to C;ipacidodc pulmonar :ideqiindzi çonsiiino n i i í x n Resistêiicia Aerhbica Convéin ressaltar, de acordo com a perspectiva holística, que e iinportaiite para o bem-estar e a qualidade de vida pessoais que todos os níveis de,fi/ne.v.seste,jain harinonizados, conforine apresentado na Figura I . R. min. Educ. Fís., Viçosa, 5 (I): 45 - 55, 1997 49 Figura 1 - Obtenção dofitness pela atividade física. A atividade física pode, se corretamente selecionada e dimensionada, atender às necessidades globais do hoinein em termos de Jitness. EVAUL et al. (1967) explanam que a atividade física pode servir como processo educacional integrado, por permitir: 'L I - Desenvolver certos sistemas orgânicos do seu corpo (sistemas circulatório, respiratório e n~uscular,enz especial) dejbrnqa a propiciar unz ,funcionamento saudável através da vida e a responder aos aumentos de demanda de atividade Jísica. 2 - Aprender a se movimentur hábil e eficazmente, não apenas nas atividudes desportivas, recreativas ou nos exercícios, nzas em todas as situaçõe.~ativas da vida durante seu trabalho, lazer ou enz situações de emergência. 3 - Experinzentar interações interpessoais com o propósito de cntendinzento c desenvolvimento de condutas conzportanientais socialmente certas, em .situações diver.~as. 4 - Desenvolver o entcndinzento de certos conceitos, principias e regras conccrnentes ao nzovimento, exercício e atividades flsicas espec$cus ao cumprimento de propósitos signiJicutivos da vida. 5 - Expre,ssar suas idéius e emoções de uma nzuneirn ~iceitávele criativa, atravks de experi2ncius simuladas. 6 - Reforçar a tomadu de atitude, através da atividade Jísicu, que resulte na sua participação voluntária tanto no momento específico do exercício como através da vida. " Estas possibilidades, é claro, não estão presentes sempre ein todas as formas de atividade física, inas a escolha judiciosa do tipo de exercício pode atender a diversos propósitos ou soine~ite aos mais necessários ein deterininado inoineiito. Parece óbvio, tainbéiii, que a repercussão da atividade física sobre o .fitness físico é direta, dependendo soineiite da adequação inetodológica existente em terinos de frequêiicia seinanal suficiente, inteiisidade adequada e voluine coinpatível. 50 R. inin. Educ. Fís., Viçosa, 5 (1): 45 - 55, 1997 No entanto, convein explorar uin pouco mais a influência que a atividade física exerce sobre os outros aspectos dofitness. E - Atividade Física e Fitness Social O desport:, é um importante meio de iiitegração social. Berteufer e Ulricli (1977), citados por BRACHT (1987, p.1 SI), ensinain que a "criaiiça através do esporte aprende que entre ele e o inundo existe111 os outros, que para a coiivivência social, precisamos obedecer deterrniiiadas regras, ter deteriniiiados coinportainentos". Coiitiniia BRACHT: "As criançus utravks do esporte.. aprendem a conviver conz vitórias e derrotas, a vencer ulravés do e~forço pessoal; a desenvolver a independ~3nciae a confiança em si mesnzas, o sentido de responsabilidade etc. " (p. 181). E111 seguida, alerta que "certas posições privilegiam os aspectos positivo-fiincioiiais, cain~iflaiidoos disfuiicioi-iais". Desde a antiguidade I~elêiiicaaté os dias de Iioje, o poder aglutiiiador e socializarite do esporte o torna, junto coin a Educação, uin dos principais do indivíduo coin a sociedade, embora instrumentos de har~i-io~iização existam distorções 110 coinportarneiito social provocadas pelo uso inadequado do esporte. A educação para a sociabilidade é a busca da maturidade social. É obtida pelos jovens, através de Iiábitos, experiências e regras sociais, dentro de um conjunto de relações iiiterpessoais. Ela nunca termina. Ocorre sazonalrnerite através da vida e pode se inanifestar iiuin aspecto ou em outro de forma aleatória. Por exemplo, urna pessoa pode ser socialmente madura em casa e imatura iiuin estádio de fi~tebol(ao xingar, usando palavrões, jogadores, juízes ou outros espectadores) ou ria rua (ao atirar lixo no chão). ULRICIH (1968) explora a relação eiitre a atividade física e qualidade do,fitness social através dos seguintes fatores: A atividade física, espontânea LI ii~stitucioiializada,traz em seu bojo, intriilsecarneiite, aspectos da herança ciiltural de uin povo. Esta I-ieraiiça se iiianifesta da seguinte forma: I - Padrões de conduta: os ~ a d r õ e sculturais de Lima sociedade. valores. crenças e Iiábitos de vida. se inanifestani nas atividades físicas que'uin povó pratica, através da dança, dos jogos, dos esportes e dos iiiovirneiitos siiiibólicos. 2 - Maiiifestações cultui-ais: o coiiiportarneiito das pessoas duraiite a prática de atividade física é iiiflueiiciado pelos valores da sociedade a que perteiicein. Assim, a competitividade, a desconfiaiiça em relação aos árbitros, a vontade de levar vantagem sobre o oponente e a predoiiiiiiâiicia da iiidividualidade sobre a solidariedade podeiii ser eiicoiitradas iios 51 R. inin. Educ. Fís., Viçosa, 5 (I): 45 - 55, 1997 coinportainentos exibidos nos campos desportivos do país, com parte do iinaginario social do nosso povo, no presente inoinento. 3 - Subcultura: o grupo de pessoas coin interesses coinuns ein uin desporto possui padrões de coinportamento, organização e costuines. Estes padrões podem, inclusive, ser transplantados para o cotidiano. Potência Cultural ULRICH (1968) acresceiita que o potencial cultural da personalidade de Liina pessoa é continuamente inodelado e influenciado pela prática de atividade física, principalinente devido a: I - Persoiialidade e movimento: a personalidade é tanto uin reflexo como uin instigador do cornportainento fisicamente ativo. THUNE (1949) relata que as pessoas que treinain levantaineiito de peso são geralrneiite dorniiiailtes, têm personalidade forte e urna capacidade de realização pessoal muito grande. Por outro lado, FLANAGAN ( 1 95 1) cita que os esgrimistas são mais controlados e extrovertidos do que as pessoas que praticam basquete, vôlei ou natação. 2 - Objetivos definidos: os objetivos de qualquer prática desportiva são bem definidos. Cada participante coiiliece exatamente a respoiisabilidade que Ilie cabe e o seu papel. 3 - Disciplina e sanções: todas as atividades físicas são regidas por regras formais e inforinais que deve111 ser obedecidas. Uma vez desrespeitadas, ocasioiiarn uma saiição imediata. Os desportos representam uina exceleiite oportunidade para se incorporar o conceito de responsabilidade social. Agrupanzento Social A organização de grupos sociais deterii~inao coinportamento e o status. A atividade física, graças a sua capacidade de produzir interação intergrupal e de desenvolver a liderança, possui uin grande efeito aglutinador e inotiva a sociabilização. Estratificação Social O hoilieiii que realiza atividade física trabalha continuainente os conceitos de tolerância e aceitação, status, contrato social e mobilidade, poder e inuitos outros, que reproduze111 o iiiacroainbiei-ite social coin suas tensões, provocadas pela estratificação social, capacitando-o a enfrentar os probleinas rnacrossociais. Os coiiceitos de herança cultural, poteiicial cultural, agrupainento social e estratificação social encontrain nas atividades físicas formas efetivas de serem trabalhados ein prol de uina sociedade mais justa e equilibrada. 52 R. inin. Educ. Fís., Viçosa, 5 ( 1 ): 45 - 55, 1997 Os processos sociais caracterizados pelas interações e relações entre pessoas, grupo e valores culturais são regidos pela competição, pelo conflito, pela cooperação e acomodação. As atividades físicas refletem todas essas questões. Numerosas oportunidades para o desenvolvimento social são observadas durante atividades físicas. A grande contribuição delas para o fitness social é inquestionável. Atividade Física e Enzocional Nas grandes cidades, o homem encontra-se submetido a um ambiente agressivo, em que a qualidade de vida está reduzida, em alguns aspectos, a níveis insuportáveis: urbanização descontrolada, poluição generalizada (sonora, atmosférica, etc.), ações políticas questionáveis, automação frustrante e criminalidade excessiva. A essas agressões podeinos acresceiitar outras: subinissão à rotina diária e às autoridades coatoras, restrições sociais e frustrações impostas pelo sisteina social. Estes fatores, de Lima forma OLI de outra, at~iando sobre os iiidivíduos, provocain reações que caracterizam o comportainento emocional irb bano típico. O nível pelo qual esse comportainento se expressa é determinado pelas diferenças da estrutura einocional da pessoa e do meio ain bieiite ein que vive. As seiisações provocadas são acoinpanhadas por certas mudanças psicológicas e fisiológicas. Eiii geral, as emoções preparam o corpo para algum tipo de resposta física. Tomando o medo como exemplo, essa resposta einocional aperfeiçoa a habilidade do organisino para a autodefesa, que pode se manifestar no confroiito (luta) ou na fuga. Neste inoinento, a adrenaliiia espalha-se na corrente sanguínea, preparando o corpo para a atividade física. O controle emocional é fundamental para o equilíbrio soinático; quando não se consegue manter Iiarinônica e satisfatoriamente tal equilíbrio, o resultaclo normalmente é o estresse, a insônia, tensão inuscular, depressão, etc. O comportamento humano é melhor explicado ao se levar ein conta a iiiiitalidade de influências: o que atua sobre a ineiite irá afetar o corpo e o que iiifluencia o corpo tem, ein algum iiivel, uin efeito sobre a mente. O grande número de pessoas coin probleinas einocionais, que apreseiitain distúrbios soináticos, como úlcera, pressão alta, arritinia cardíaca etc., mostra que as emoções afetam diretamente o estado físico. As necessidades emocionais devein ser satisfeitas através de uma variedade de vivências aceitáveis socialinente. A participação ein atividades físicas pode servir como urna excelente inoclal idade de satisfação de muitas necessidades emocionais. Três objetivos gerais podem ser atingidos através da atividade física, visando a adequação eiiiocioiial: 1 - as atividades físicas propiciam experiências para o alívio ernocioiial (catarse); R. min. Educ. Fís., Viçosa, 5 (1): 45 - 5 5 , 1997 53 2 - essas experiências desenvolvein habilidades aperfeiçoadas para controlar einoções; e 3 - o equilíbrio mental mell-iora. Por meio da atividade física viabiliza-se: I - Liberação einocional: liberação de einoções confinadas (catarse), rnaiiifestação de pei-isainentos divergentes, relaxainento e auto-expressão. 2 - Controle einocioi-ial:a liberação facilita que os níveis de emotividade restantes sejam inel hor aceitos e suportados. 3 - Saúde mental: auto-realização, auto-entendimento, autoconfiança, auto disciplina e responsabilidade, auto-avaliação e auto-suficiência. Atividade Física Intelectual A capacidade de aprender ou de entender o ambiente circunvizinho inteligência - varia na maioria das pessoas. A natureza ambígua da inteligência impede a identificação de seus coinponentes específicos. A aptidão intelectual deve ser entendida a partir das necessidades intelectuais e dos fatores que influenciam a inteligência. Se as necessidades intelectuais de urna pessoa estão sendo satisfeitas e se os fatores influenciadores da inteligência são aperfeiçoados, provavelmente, ela estará ajustada ii-itelectualineiite. As necessidades intelectuais do ser I-iurnaiio estão ii-itiii-iarneiite ligadas as necessidades de: I -desafiar de forina permanente a habilidade do indivíduo; 2 - vivenciar experiências novas com desfecho satisfatório e intelectualinente gratiticante; 3 -ter oportunidade de resolver probleinas coino meio da aprendizagein; e 4 - ter oportunidade de participar de experiências intelectuais criativas. A inteligência é influenciada pela saúde, pela condição física, pelo distúrbio einociorial e por certos fatores sociais e econôinicos. O dese~-ivolviine~ito mental é coadjuvado por ii-ieio da atividade física, na medida ein que cria oportunidade de vivenciar e operacioilalizar coi-istructos teóricos, favorecendo a percepção de distâncias, ritinos. pesos, lateralidade, relação espaço-temporal, etc. Existei-i-itraball-ios coin crianças que destacam a relação direta entre a aprendizagem inotora e a da fala. O coi-iceito perceptual-n-iotor de Kephart, citado por EVAUL et al. (1967, p. 72), enfatiza o desenvolviineiito coi-i-ipleto da percepção e inotricidade, explicando as dificuldades de aprendizagem como resultado de uina quebra no deseiivolviine~-itoperceptual inotor da criança. A relação entre empenho físico e intelectual ainda não está confirinada solidainente. Os res~iltadosdas pesquisas são vagos e i~-ico~iclusivos; embora Iiaja ii-idícios significativos da relação desempenho tisico-intelectualidade que justificam a continuidade das pesquisas. Gutin (1962), citado por ULRICH (1968, p. 52), realizou uina experiência coin dois grupos de estudantes, na qual deinonstroii que o grupo 54 R. inin. Educ. Fis., Viçosa, 5 (1): 45 - 55, 1997 submetido a treinamelito físico tinha uina performance intelectual maior quando executava tarefas mentais antecedidas por estresse físico e mental. Esse grupo era mais resistente ao desgaste psicofísico. Por meio da atividade física pode-se estimular o desenvolvimento iiitelectual, o pensamento reflexivo, a criatividade e o sucesso acadêmico. BRACIIT, V. A criança que pratica esporte respeita as regras do jogo ... capitalista. In: OLlVElRA, V. M. (Org.) Fundamentos pedagógicos da educuçãofísica. Rio de Janeiro:: Ao Livro Técnico, 1987. v. 2. EVAUL, T. et al. Basics concepts of physycal education. Philadelphia: Teinple University, 1967. FLANAGAN, L. A st~idyof some personality traits of differents pliysical activity groups. Research Quartely, v. 22, p. 3, Oct., 1951. FERREIRA, B. H. (Ed.) 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