Espanha - Turespaña

Transcrição

Espanha - Turespaña
Galiza Espanha
Santiago de Compostela
Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional
Santiago de Compostela
Galiza Espanha
COMUNIDADE EUROPEIA
P
CIDADE PATRIMÓNIO
DA HUMANIDADE
C O N T E Ú D O
1
Itinerários da cidade
Sendas de peregrinação
O Obradoiro
A Catedral e o seu espaço
A harmonia compostelana
Outros lugares de interesse
6
6
14
20
28
34
Percursos
Padrón, a alma galega
Finisterra, o cabo do
fim do mundo
Um país de pazos
36
36
Lazer e espectáculos
42
Mapa da Província
46
Dados de interesse
48
Irlanda
Reino
Unido
Dublin
Londres
38
40
Paris
França
Mar Cantábrico
Santiago de
Compostela
Portugal
Madrid
Lisboa
ESPANHA
Mar
Mediterrâneo
Oceano Atlântico
Ceuta
Melilha
Texto:
Javier Tomé
Versão Portuguesa:
Sérgio Brandão
Cardoso dos Santos
Fotografias:
Archivo Turespaña
Publicado por:
© Turespaña
Secretaría de Estado
de Turismo y Comercio
Ministerio de Industria,
Turismo y Comercio
Impressão:
Egraf, S.A.
D.L. M-26989-2004
NIPO: 704-04-011-5
Impresso em Espanha
Grafismo:
P&L MARÍN
1ª edição
INTRODUÇÃO
Introdução
S
ANTIAGO DE COMPOSTELA, baluarte
do Apóstolo, e uma das três cidades santas da
Cristandade, é peça essencial da Comunidade
Autónoma da Galiza, região que ocupa o vértice mais ocidental
do arco atlântico europeu. Este território, de forte personalidade
definida por traços diferenciais antropológicos e etnográficos,
forjou, ao longo de um processo de séculos, uma cultura
autóctone que se exprime mesmo numa língua própria.
Aquando da aprovação do Estatuto de Autonomia da Galiza,
em 20 de Dezembro de 1980, Santiago de Compostela
tornou-se na capital política e administrativa da Comunidade,
um justo reconhecimento ao seu papel
decisivo na construção da
Europa que agora
conhecemos.
Merecimentos não faltam a este enclave monumental
e espiritual de grande valor, considerado “Conjunto
Histórico-Artístico” e distinguido pela UNESCO
com o galardão de “Património da Humanidade”.
Graças à simbólica rota jacobeia, também
considerada como o “Primeiro Itinerário Cultural
Europeu”, foram assentes os pilares da civilização
ocidental. Sob o símbolo universal da vieira, o
Caminho de Santiago tornou-se num
fluxo de europeísmo e comunicação
entre os povos, cuja meta final, em
Compostela, foi enriquecida
com um conjunto patrimonial
que fascina todos os visitantes.
Antiga sede episcopal e
universitária, os cerca de
94.000 habitantes de Santiago de Compostela
vivem confortavelmente num agregado urbano
dinâmico e alegre, caracterizado pelo clima húmido
1
e quente próprio da sua latitude
meridional. Disposta sobre uma
colina contornada pelo rio Sar e
separada apenas 34 quilómetros da
costa, a cidade oferece um Verão
com muitas horas de sol, enquanto
que no Inverno a elevada
pluviosidade faz com que se chegue
aos 1.973 mm anuais
de água. Um véu de
melancolia que
torna ainda mais
belo o perfil desta
capital mágica,
“onde a chuva é
arte”.
Vista da cidade
Nó estratégico no sistema galego
de comunicações, o aeroporto de
Lavacolla, a 10 quilómetros da
cidade, tem ligações directas com
as principais cidades espanholas,
além de manter voos regulares com
diversos pontos europeus e
mundiais. Santiago
está também
inserida no
sistema
ferroviário
nacional,
com
comboios
que ligam
a cidade
aos locais mais importantes de
Espanha. Uma rede de modernas e
bem sinalizadas auto-estradas
facilita o acesso rodoviário, e, a
completar a oferta, inúmeras
carreiras de autocarro chegam, de
diferentes lugares da geografia
espanhola, a Santiago.
Sede da Junta (Xunta) e do
Parlamento da Galiza, Santiago de
Compostela chega ao terceiro
milénio como um importante
centro administrativo, turístico
e de serviços, favorecido por
uma qualidade de vida
invejável. E como valor
supremo, a hospitalidade –
virtude central do
itinerário jacobeu que,
ainda hoje, é o primeiro
gesto de boas-vindas que
recebem os visitantes,
fascinados para sempre
pelo sortilégio de
uma cidade que
derrama história,
privilégio e
tradição.
APONTAMENTOS
HISTÓRICOS
Conta a lenda que no dia 24 de
Junho do ano de 813, um certo
monge, chamado Pelágio (Pelayo),
“decidor de misa aos moraudores de
San Fiz”, descobriu no bosque
Libredón, pertencente à diocese de
Iria Flavia, um arca de mármore
que continha os restos mortais
de um homem. O bispo
Teodomiro sentenciou que
se tratava do túmulo de
Sant’Iago o Maior, o filho
do Trovão, chegado por
mar a terras galegas.
Assim, sobre esta
antiga povoação
celta, posteriormente
romanizada, surgiu
providencialmente
uma cidade criada
à volta de um
mausoléu.
As rotas hispânicas viram-se
percorridas por uma enchente de
penitentes, levados, quer por uma
vivência religiosa, quer pelo apelo
da aventura, os quais criaram um
estilo próprio graças às suas
originais vestes. Homens e
mulheres ataviados com a
característica esclavina com a orla
de conchas, a cabaça de água e a
escarcela à cintura, bem apoiados
sobre o bordão, companheiro
inseparável numa viagem que
pretendia reforçar valores tão
ligados ao cristianismo como a
solidariedade ou a caridade.
À beira deste caminho, de trecho
em trecho, foram-se construindo
templos, pontes, mosteiros e
hospitais que ofereciam aos
caminhantes “tecto, lar e fogo”.
Rúa do Franco
O rei Dom Afonso II, o Casto,
ordenou a construção de uma
capela que albergasse a arca
marmórea, sendo depois
substituída pela primitiva basílica
que, em 1075, deu lugar à catedral
românica que começou a receber
a visita de grupos de peregrinos.
Graças ao impulso do prelado
Diego Xelmírez, personagem
decisiva na história da cidade,
foi-se organizando uma rede
viária e espiritual que se estendia
ao longo de todos os países
europeus em direcção a Santiago.
A peculiar sensibilidade
medieval propiciou que,
a partir do século XI, o
chamado “Caminho Francês”,
a via preferida pelos romeiros,
se transformasse num
dos movimentos religiosos
mais grandiosos da História
da Humanidade.
4
num sólido prestígio da medicina,
como o prova o facto da primeira
operação com anestesia efectuada
em Espanha, em 1847, ter
decorrido precisamente em
Santiago de Compostela.
Chegado o século XXI, o fenómeno
religioso, cultural e socioeconómico do Caminho de
Santiago mantém-se em plena
actividade, sendo milhões os
visitantes que, todos os anos,
vão aportar à Praça do Obradoiro,
destino e fim do itinerário mais
celebrado e frequentado do
continente. A aventura pessoal
da peregrinação continua
extraordinariamente viva,
embora impregnada, nos tempos
modernos, de ideais mais virados
para a camaradagem, o turismo
e a ecologia. Arte e Natureza
vão de mãos dadas no périplo de
iniciação que vai até Santiago
de Compostela, capital espiritual
de todo um País.
Transformada em centro de
peregrinação mundial, Santiago de
Compostela seria, juntamente com
o vizinho reino das Astúrias, berço
da Reconquista, além de viver as
revoltas populares e nobiliárias
tão frequentes na Idade Média
peninsular. Ainda haviam de passar
muitos anos até que outros
invasores – as tropas de Napoleão –
pusessem à prova a têmpera dos
santiaguenses. Uma vez resolvidas
todas as dificuldades, o centro
histórico alcançou a sua estrutura
definitiva ao longo do século XIX,
graças ao derrubamento das antigas
muralhas, à excepção do arco de
Mazarelos. Naquela altura, a
agitação vital concentrava-se no
ambiente universitário, nas feiras e
Dado que os horários de
visita dos monumentos são
diferentes de uma estação
do ano para a outra, é
recomendável consultar
directamente os museus ou
os postos de Turismo
respectivos.
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11 Igreja de Santo Agostiño
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21 Parque de Bonaval
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20 Centro Galego de Arte
Contemporânea
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Rúa de Andújar
Abaixo
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Ultrapassado o arco, entramos
na Praça de Mazarelos, cuja
aparência senhorial é ainda
19 Convento e igreja de
San Domingos de Bonaval
7 Convento de Belvís
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Os antecedentes da Universidade
compostelana recuam até à
fundação do Estudo Velho, em
17 de Julho de 1501. A protecção
dada pela aristocracia e pelo
clero foi aumentando a
influência deste foco de
18 Porta do Camiño
6 Convento da Ensinanza
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Iniciamos o
percurso num dos
conjuntos sacros
e civis mais
importantes da Europa
– o Arco de Mazarelos (1),
a única porta que ainda
existe das sete que a muralha
medieval possuía, e o lugar por
onde entrava na cidade o
gostoso vinho de Ribeiro.
Mesmo junto ao arco, podemos
ver uma fonte que a Câmara
Municipal mandou construir em
1840, e, em frente, o Convento
e a Igreja das Mercedarias (2),
sobranceiros
ao nível da rua pela sua posição
sobre uma plataforma.
Na fachada desta fundação,
instituída pelo arcebispo Girón
para receber as donzelas nobres,
destaca-se o relevo da
Anunciación (Anunciação),
esculpido pelo mestre Mateo
de Prado, em 1674. A igreja,
que tem planta em cruz latina
e um belo zimbório de granito,
foi edificada por Diego Romay
entre 1673 e 1680.
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Porta da Pena
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Sendas de peregrinação
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realçada pela presença da
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estátua dedicada a Montero
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realizada pelo escultor Mariano
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recanto localiza-se também o
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Instituto de Ciências da
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Educação (3), instalado no
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edifício de granito que outrora
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foi um colégio jesuíta para
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exercitantes de retiro espiritual.
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O pórtico desta construção,
Praza de
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Abastos
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erigida pelo mestre Simón
Parque de Belvís
Rúa da Conga
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Rodríguez na década de 1730,
Bispo Xelmire
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é nobilitado pelo monumental
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Trompa
brasão do arcebispo Yermo.
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A Igreja da Compañía (4),
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fundada pelo arcebispo Blanco
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Praza de
em 1576, é uma boa mostra
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Mazarelos
Avenida
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da arquitectura jesuítica,
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vida universitária local. Não
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foi por acaso que os Jesuítas
se ocuparam do ensino das
Humanidades desde 1644
1 Arco de Mazarelos
12 Igreja de San Bieito
até 1767, ano em que foram
2 Convento e igreja das
13 Câmara Municipal
expulsos de Espanha pelo rei
Mercedárias
14 Pazo de Fondevila
Carlos III. De salientar, no recinto
3
Instituto
de
Ciências
interior, um elaborado retábulo
15 Igreja das Ánimas
da Educação
barroco talhado em meados do
16 Pazo de Amarante
4 Igreja da Compañía
século XVIII, além do sepulcro,
17 Igreja de Santa María
em pedra de Coimbra, do
5 Faculdade de Geografía e
do Camiño
beneficente prelado.
História
Itinerários
da cidade
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Na Travesia da Universidade,
rua que agora seguiremos à
direita, ergue-se uma estátua de
Afonso II, o Casto, doada pelo
povo de Oviedo, por motivo
do jubileu de 1965. O nosso
objectivo é agora o Convento
da Ensinanza (6), que se dedica,
desde 1841, à instrução das
jovens compostelanas de boas
famílias. A igreja do actual
colégio e residência da
Companhia de Maria, com
planta em cruz grega, mostra
um inestimável retábulo do
século XVIII, executado sob os
padrões de Ferro Caaveiro.
Por um dos lados sai-se para a
Rúa das Trompas, que nos levará,
seguindo a perpendicular
que a conforma, até ao
Convento de Belvís (7),
fundado em 1305 por dona
Teresa González para donas
dominicanas. Antes de entrar
no edifício, remodelado por
Casas Nóvoa, no começo
do século XVIII, convém
parar um instante no mirante
que se encontra antes – atalaia
que permite observar uma
excelente vista panorâmica
da cidade. Do templo
penitencial conserva-se
a reverenciada Virgem
do Portal, no interior do seu
camarim. Mais adiante surge-nos
o austero Seminário
Menor (8), erigido em 1957
segundo os padrões da
arquitectura do pós-guerra
e hoje transformado em
albergue de peregrinos.
Igreja de San Fiz de Solovio
“saberes”, sempre participante
nos vários acontecimentos sociais
e políticos vividos na cidade.
O edifício onde actualmente se
instala a Faculdade de Geografia
e História (5) foi construído entre
1769 e 1805, segundo a traça do
mestre Melchor de Prado, tendo
sido depois modificado pelo
arquitecto Ventura Rodríguez.
Foi erigido sobre o noviciado que
ocupara a Companhia de Jesus,
como sede central universitária.
Ao longo do tempo foi sendo
completada a sua bela estrutura,
tendo sido acrescentado, entre
1894 e 1904, um novo piso e
adossadas ao friso as estátuas
dos fundadores, esculpidas por
Ramón Núñez. Aconselha-se a
visita à Reitoria, que possui um
cadeirado do século XVII, o
Paraninfo (Aula Magna)
adornado com frescos, e a
biblioteca, no último piso. Neste
espaço de cultura, terminado nos
fins do século XVIII, guardam-se
incunábulos e obras tão valiosas
como o Livro das Horas de
Fernando I, manuscrito
moçárabe datado de 1055.
8
Faculdade de Geografia e História
Recuando caminho, na praça do
mesmo nome encontramos a
Igreja de San Fiz de Solovio (9).
Diz a tradição que foi deste
eremitério que o monge Pelágio,
no século IX, viu a linha de
estrelas que indicava o lugar do
sepulcro do Apóstolo.
Reedificado ao longo dos
Mercado de Abastos
séculos, o templo conserva um
pórtico românico que exibe, no
tímpano, uma bela Epifania.
Mais adiante encontramos os
pavilhões do Mercado de
Abastos (10), desenhados em
1941 por Vaquero Palacios. Um
espaço agradável e com o sabor
da terra, onde se encontram à
Praça Cervantes e Igreja de San Bieito
devido à presença da coluna
neoclássica que sustenta o busto
do grande escritor Miguel de
Cervantes, ali colocada em 1842.
Numa das frentes deste espaço
comercial e vital está a Igreja de
San Bieito (12), erigida na sua
forma primitiva por volta do
século X. A austera estrutura
que é possível ver actualmente,
terminada no século XVIII, é
enriquecida no interior com
uma delicada Adoración de
los Magos, que fazia parte
do templo original. Ao lado,
revelando grande distinção
e peso histórico, ergue-se
a silhueta do antigo
Ayuntamiento (13) (Câmara
Municipal), edifício barroco
do século XVII.
venda as melhores receitas
da gastronomia galega.
A monumental Igreja de Santo
Agostiño (11), erigida no
século XVII graças ao patrocínio
do conde de Altamira, guarda
a valiosa talha de Cristo atado a
la columna, obra de Diego de
Sande que se torna no centro das
procissões da Semana Santa. Mas
o pormenor mais característico
do edifício é a única torre que
possui, pois a outra foi destruída
por um raio que caiu sobre o
monumento em 1788.
A Praça de Cervantes ou del
Campo foi, noutros tempos,
o lugar do mercado mais
importante da cidade, tendo
adoptado o seu novo nome
10
A eterna magia do vaguear
pelas ruas leva-nos através de
um caminho repleto de estilos,
igrejas e palácios que mantêm
intactos elementos de eterna
beleza. Descendo pela rúa das
Ánimas, surgem, à esquerda,
importantes solares como o
Pazo (paço) de Fondevila (14),
edifício barroco que apresenta
um original brasão na fachada.
Em frente vemos a Igreja das
Ánimas (15), construção
neoclássica de fins do
século XVIII, da autoria de
Ferro Caaveiro, tendo sido
posteriormente terminada por
Ventura Rodríguez. Maciças
colunas sustentam, na fachada,
um frontão contendo o relevo
As Almas do Purgatório
(Las ánimas del Purgatorio),
bela introdução a um recinto
ornamentado com ilustrações de
Prado Mariño. A poucos metros
encontra-se o aristocrático perfil
do Pazo de Amarante (16), sede
do Consello Consultivo da
Galiza.
No caminho pela Rúa das Casas
Reais, cujo nome faz referência
às antigas moradas régias,
surge-nos à direita a Igreja de
Santa María do Camiño (17),
erigida consoante os padrões
barrocos, embora incluindo
também alguns motivos rococó.
Os seus elementos que mais se
destacam são o fascinante
retábulo-mor, traçado por
Manuel Leys em 1758, e o
Parque de Bonaval
11
Domingos de Guzmán em
Santiago de Compostela, aonde
chegou em peregrinação
por volta do ano 1220.
Protegida pela nobreza local,
a comunidade dominicana
viveria épocas de esplendor, que
culminaram com a construção
deste conjunto monumental
no século XVII, no tempo do
arcebispo Monroy. Na praça que
serve de pórtico à edificação
religiosa pode-se admirar o
gótico cruceiro do Home Santo,
ligado à lenda de Juan Tourum,
um ferreiro que fora condenado
à morte por chefiar um motim
popular ocorrido em 1219.
No momento em que ia subir
ao cadafalso, o condenado
suplicou: ¡Ven e váleme! (Vinde
e valei-me!), caindo de imediato
fulminado e evitando com essa
morte, a desonra da execução
pública. É precisamente desta
tradição oral que provém o
topónimo de “Bonaval”.
Convento San Domingos
de Bonaval
túmulo com figura em oração
do conde de Amarante,
conjunto esculpido no século
XVI. Pela Porta do Camiño (18)
entravam na cidade os
peregrinos que tinham
seguido o Caminho Francês ou
Francígeno, principal ramal da
rota mais devota e concorrida
da velha Europa, antes de
chegar ao Obradoiro. A porta
foi derrubada em 1835 por
não permitir a passagem das
carruagens, mas ficou em
memória daquela época uma
fonte pública datada de 1834.
Na lonja pavimentada confluem,
formando um ângulo recto, a
grandiosa fachada barroca do
convento, obra de Domingo de
Andrade, e o pórtico do templo,
construído em 1561. A ladear o
grande claustro, cujas pilastras
estão decoradas com motivos
relacionados com frutos,
chega-se à espectacular escadaria
tripla, em caracol, projectada
pelo próprio Andrade. Através
da mesma acede-se a algumas
dependências do Museo do Pobo
Galego (Museu do Povo Galego),
A origem do Convento e Igreja
de San Domingos de Bonaval (19)
deveu-se à estadia de São
12
inaugurado em 1977 como
mostra antropológica e
etnográfica, e que inclui, nas
diversas salas que contém,
percursos pelos domínios do
mar, do campo, da indumentária
e dos ofícios. Quanto à igreja
adjacente, cuja traça representa
um belo exemplo da transição
do românico para o gótico,
estrutura-se em três naves
abertas para outras tantas
capelas, albergando a depurada
imagem em pedra da Virgem de
Bonaval, talhada no século XVI.
Na capela do lado esquerdo foi
disposto o Panteão dos Galegos
Ilustres, onde repousam
personagens como o escultor
Asorey ou a escritora Rosalía
de Castro, cujo túmulo foi
construído em mármore de
Carrara.
Centro Galego de
Arte Contemporánea
área de 30.000 m2, o romântico
parque de Bonaval (21) – um
espaço verde distribuído em
diferentes níveis, salpicado
de hortênsias, frondosos
castanheiros e loureiros
centenários. Também ali se
encontra uma ou outra obra
artística como é a escultura
Puerta de la Música (Porta da
Música), de Eduardo Chillida,
colocada simbolicamente sobre
uma pedra do Caminho de
Santiago. Na parte alta, através
de um pórtico do século XV,
entra-se num passeio que
percorre o que foi noutros
tempos o cemitério municipal.
Em frente vemos a moderna
imagem do Centro Galego de
Arte Contemporánea (20),
inaugurado em Setembro de
1993. Este edifício de linhas
arrojadas e cobertura de granito
foi desenhado pelo arquitecto
português Álvaro Siza Vieira,
e constitui toda uma referência
cultural graças ao notável
espólio que possui, e cuja
exibição se completa com
exposições temporárias,
concertos e conferências.
Nas traseiras de ambos os
edifícios, e depois de subir a
cuesta de Santo Domingo, ali,
onde outrora se situava a horta
dos frades, estende-se, numa
Museo do Pobo Galego
Parque Rua Bonaval
Centro Galego de Arte
Contemporánea. Rua
Ramón del Valle Inclán, s/n.
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22 Convento do Carme
30 Convento de San Francisco
23 Convento de Santa Clara
31 Igreja da Terceira Orde
24 Hospitalillo y capela de
San Roque
32 Faculdade de Medicina
33 Praça do Obradoiro
25 Museo das Peregrinacións
34 Pazo de Xelmírez
26 Igreja de San Miguel dos Agros
35 Hospital Real
27 Museu da Casa da Troia
36 Pazo de Raxoi
28 Fachada da Acibecheria
37 Igreja de San Fructuoso
29 Mosteiro de San Martiño
Pinario
38 Colégio de San Xerome
Praça do Obradoiro
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Um pouco mais adiante
chega-se ao Hospitalillo e à
Capela de San Roque (24),
lugar onde eram atendidos os
infectados pela peste, e agora
sede da Real Academia Galega
das Ciências e do Instituto de
Estudos Galegos Padre
Corredoira
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Na zona norte da cidade estão,
quase em frente um do outro,
dois edifícios de profundo
significado religioso. Num
dos lados encontra-se o sóbrio
Convento do Carme (22)
(Convento do Carmo), residência
da ordem das Carmelitas
Descalças, e, atravessando a rua
do mesmo nome, o majestoso
Convento de Santa Clara (23),
fundado em 1260 pela
rainha Violante, esposa de
Dom Afonso X, o Sábio.
O que a construção tem de mais
chamativo é a sua teatral fachada
barroca que vai aumentando em
espectacularidade de baixo para
cima; o conjunto é rematado por
um grande cilindro de pedra.
Após passar a portaria e
atravessar o jardim, chega-se à
igreja, que contém um retábulo
projectado pelo mestre Domingo
de Andrade.
Sarmiento. Na curiosa capela
deste lugar, num nicho onde se
pode apreciar a figura do santo
titular acompanhado pelo seu
cão, o município compostelano
faz o seu voto desde data tão
antiga como 1517. Penetrando
no cada vez mais compacto
centro histórico, o gótico Palacio
de don Pedro, o único exemplar
civil deste estilo arquitectónico
que ainda existe na cidade,
alberga o Museo das
Peregrinacións (25) (Museu das
Peregrinações), inaugurado
definitivamente em 1965 por
ocasião deste Ano Santo. Tendo
como tema central a epopeia
e os rituais da rota jacobeia,
apresenta inúmeros objectos de
ourivesaria, obras de pintura e
escultura e uma rica colecção de
azeviches. Atravessando a rua
chega-se à Igreja de San Miguel
dos Agros (26), edifício
neo-clássico dos começos do
século XVIII, erigido sobre uma
antiga paróquia que, segundo
conta a tradição, fora destruída
pelo caudilho mouro Almançor
faz agora cerca de mil anos.
O templo actual é traça do
arquitecto Melchor de Prado,
tendo sido completado o
conjunto pelos mestres galegos
Fernández de
Co
rno
s
a
Rú
O Obradoiro
N-550
Calexón
d
Casas e Clemente Sarela.
De salientar, em especial, a velha
capela gótica do século XV.
Uns passos mais adiante aparece
o Museo da Casa da Troia (27),
instalado num casarão que
noutros tempos fora uma
conhecida pensão para
estudantes, e cujo ambiente
romântico e festivo foi recriado
pelo escritor Alejandro Pérez
Lugín no seu romance La Casa
de la Troya (1915). A Associação
de Tunos Compostelanos
promoveu a criação deste
simpático museu baseando-se
no ambiente universitário do
passado. Seguindo ao longo de
um espaço cheio de ecos
gremiais, chegamos à fachada
da Catedral designada por
Fachada da Acibecheria (28)
(cast. Azabachería), traçada
por Ferro Caaveiro e Fernández
Sarela, no século XVIII. Neste
lugar, baptizado recentemente
com o nome de Plaza de la
Inmaculada, vemos o
espectacular pórtico do
Mosteiro de San Martiño
Pinario (29), construído entre
1697 e 1738. Destaca-se o
escudo de Espanha que aparece
no corpo vertical e a imagem
de são Martinho a cavalo,
partilhando a sua capa com um
mendigo. Este extraordinário
conjunto, que compreende
uma área de 20.000 m2, e que
constitui a construção religiosa
de maior extensão da cidade,
tem o seu ponto de partida no
Mosteiro de San Martiño Pinario
oratório fundado pelo bispo
Sisnando, em 912, chegando a
depender da abadia, na época
de maior esplendor, mais de
trinta mosteiros e priorados.
O pórtico da igreja, que se abre
para a praça de San Martiño,
oferece-se aos olhos do
espectador como um retábulo
com ares palacianos e estilo
plateresco, tendo sido concluído
em meados do século XVII, e
contendo perfeitas esculturas
alinhadas em nichos situados em
diferentes planos. Depois de subir
a dupla e harmoniosa escadaria
concebida em 1772, penetramos
num templo construído também
no século XVII por artistas como
Peña de Toro e Domingo de
Andrade. O seu elemento mais
notável é o soberbo retábulo-mor,
a mais genial criação do gótico
galego, esculpido por Casas y
Nóvoa e Miguel de Romay entre
1730 e 1733.
Contornando a imensa
construção de São Martinho,
actual Seminário Maior, chega-se
ao imponente Convento de San
16
Francisco (30). Diz a lenda que,
quando esteve em Compostela,
o santo de Assis revelou ao
carvoeiro e pousadeiro que o
atendia, chamado Cotolay,
o lugar onde poderia encontrar
um tesouro, com o qual poderia
fundar um convento. Foi assim
que nasceu a primitiva
construção gótica, da qual se
conservam cinco arcos no pátio
e parte da sala capitular onde
o Imperador Carlos V reuniu as
Cortes de 1520. A igreja é fruto
da inspiração do arquitecto
Simón Rodríguez, que erigiu
entre 1742 e 1749 um recinto
de grande relevância artística.
De referir o túmulo do precursor
Cotolay, situado na portaria.
Também se deve visitar o Museu
da Terra Santa, cujos peças
foram trazidas de diferentes
viagens missionárias a estes
longínquos e sagrados confins.
Em frente do conjunto
ergue-se uma grande
estátua de São Francisco,
obra do escultor Asorey
e instalada em 1930.
E, num dos lados,
a recolhida Igreja
da Terceira Orde (31).
Na comercial Rúa de San
Francisco, ladeada de brancas e
radiosas arcarias, encontra-se, à
direita, a neo-clássica Faculdade
de Medicina (32), edificada
entre 1909 e 1928. Mais adiante
surge a auréola mágica da Praça
do Obradoiro (33), um dos
lugares históricos e
monumentais mais belos do
mundo. A este imenso largo,
cujo nome se deve ao facto de
ser o lugar onde eram
depositados os materiais
destinados às obras da catedral,
debruçam-se, sucessivamente,
várias formas artísticas que
sobrevivem para além do tempo
e da moda. Este lugar mágico
como nenhum outro, e
autêntico coração da Galiza,
acolhe os peregrinos numa
atmosfera de perfeita conjunção
harmónica que, pelo efeito da
mudança da luz ao longo do
dia, reflectindo uma miríade de
matizes no granito e nas lajes de
pedra do pavimento, adquire
um tom de uma
majestuosidade
impressionante.
Convento de
San Francisco
O Hospital Real (35), fundado
e dotado pelos Reis Católicos
em 1499 como centro de
beneficência e hospedaria para
peregrinos, ocupa o flanco norte
da praça. A primeira fase da
obra foi executada por Enrique
de Egas, que seguiu a estrutura
dos modelos hospitalares
italianos, e com a igreja em
forma de cruz latina. A planta
original transformar-se-ia
devido à inclusão de dois pátios
renascentistas e, depois, de mais
dois barrocos que completaram
o conjunto. A fachada, vedada
com sumptuosas correntes de
ferro, mostra à praça as suas
formas góticas, retocadas, a
partir de 1519, por Guillén
Colás e Manuel Blas, que
acrescentaram um friso de ricas
esculturas, pilastras decoradas e
escudos de Castela. Incluído na
rede de Paradores de Turismo
desde 24 de Fevereiro de 1986,
o hotel possui uma luxuosa
decoração de espelhos, quadros,
tapetes e móveis tradicionais.
Faculdade de Medicina
Começamos o percurso pelo
Paço de Xelmírez (34) (cast.
Gelmírez), certamente o mais
importante edifício civil
românico que se pode
encontrar na Europa. É a obra
mais antiga do conjunto que
delimita o Obradoiro, e o seu
fundador, o arcebispo mais
conceituado na velha cidade de
Compostela, não escondia as
suas aspirações ao construir
edifícios “capazes de hospedar
uma multidão de príncipes e de
povos”. Iniciado em 1120, com
materiais provenientes das
construções anteriores, os
elementos mais interessantes
encontram-se no interior do
edifício, pois à volta do pátio
estão a sala de armas e a
cozinha, todo um compêndio de
beleza e funcionalidade. Por
uma escada estreita, talhada em
granito, chega-se à sala dos
banquetes, decorada com cenas
de convites reais e outras
mostras da vida quotidiana da
Compostela medieval.
No flanco ocidental da praça
do Obradoiro ergue-se o Pazo
de Rajoy (36) (pazo de Raxoi),
sede da Câmara Municipal desde
1787 e, mais recentemente,
sede da Presidência da Junta
da Galiza (Xunta de Galicia).
Sobre os vetustos cárceres
compostelanos o arcebispo
Bartolomé Rajoy mandou
construir um palácio, deixando
bem patente o seu patrocínio na
18
inscrição que aparece na parte
superior de uma fachada
caracterizada, de resto, por
amplas galerias e longas
sacadas. Na parte exterior desta
obra, iniciada em 1766 sob a
direcção do arquitecto francês
Carlos Lemaur, e que servia
naquela época fins tão diversos
como prisão, residência infantil
e seminário para os confessores
da catedral, vemos o grupo
escultórico da Batalla de Clavijo
(Batalha de Clavijo), obra de
José Gambino e José Antonio
Ferreiro. É também da autoria
deste último a escultura central
que remata o edifício,
representando Santiago
Matamoros.
Por trás deste edifício aparece a
imagem barroca da Igreja de
San Fructuoso (37), terminada
em 1765. Destacam-se, no
frontão, o escudo de Espanha
e uma representação das
quatro virtudes principais.
O ponto de interesse
seguinte, e ainda
no Obradoiro,
é o Colégio de San Xerome (38),
hoje Reitoria da Universidade.
Foi fundado por Alonso Fonseca
para que servisse de albergue a
estudantes pobres e artistas
sem recursos, e era conhecido
ironicamente pelo povo como
“de pão e sardinha”. O seu
pórtico do gótico tardio provém
de um antigo hospital que
estava na Acibecheria,
destacando-se a imagem da
Nossa Senhora sob o escudo dos
Fonseca. Também se pode visitar
o pátio renascentista, construído
por Peña de Toro no século XVII,
com a clássica fonte de pedra.
Museo das Peregrinacións
Rua de San Miguel, 4
Casa Museo da Troia
Rua da Troia, s/n
Museo de Terra Santa
Campiño de San Francisco, 3
Igreja de San Fructuoso
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Catedral de Santiago.
Praça del Obradoiro
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Assim, de 1075 a 1211 foi
erigido o maior templo da
Península Ibérica, um processo
em que participaram artesãos e
artistas como Bernardo, o Velho,
Esteban e, posteriormente,
o famoso mestre Mateo.
A primitiva edificação,
consagrada na
presença de
Dom Afonso IX,
R. S. Miguel
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Praza do A
Inmaculada
a
Trinid
A frontaria mais ilustre da praça
é, contudo, a fachada do
Obradoiro, o acesso principal à
Catedral (39). O terceiro templo
mais importante da Cristandade,
depois de Roma e de Jerusalém,
é, nas palavras do escritor e
prémio Nobel Camilo José Cela,
“esse milagre que, como todos
os milagres, não tem nem
precisa de explicação”. A origem
deste templo recua até ao
século IX, quando o Rei Dom
Afonso II, o Casto, doou um
terreno para construir uma
capela que recolhesse os
restos mortais que se
supunham ser do
Apóstolo Sant’Iago.
O santuário foi sendo
enriquecido pelos
monarcas posteriores,
até que, no tempo de
Dom Afonso VI, se
iniciou a construção
N
R. S. Francisco
de uma catedral românica,
impulsionada pelo carismático
bispo Gelmírez ou Xelmírez.
A Catedral e
o seu espaço
A
F
año 2002
em 1211, foi
completada, num
processo que
demorou séculos,
e que contou com o
saber de artistas
que acrescentaram
torres barrocas,
ricos pórticos,
capelas e
altares, até
se tornar no
43 Casa da Conga
monumento mais importante da
Arte espanhola da Idade Média.
Um templo extraordinário, onde
todas as artes se juntam e
culminam definitivamente
no ideal românico.
Os peregrinos que acabam o seu
percurso espiritual na praça do
Obradoiro, ficam deslumbrados
perante a portada da Catedral,
obra cimeira da escola barroca
espanhola e a imagem mais
conhecida de Santiago de
Compostela. Sobre a antiga
traça medieval, Fernando Casas
Nóvoa construiu entre 1738 e
1750 um arco triunfal
profusamente decorado,
integrando num delicado
quadro as duas torres
geminadas de Las Campanas e
de La Carraca; esta última está
alinhada com o palácio (pazo)
Gelmírez, estando unidas ambas
as construções por Los Espejos.
21
santo que representa, e que,
segundo parece, se trata do
próprio mestre Mateo.
Pórtico da Glória
um surpreendente realismo.
Toda a história bíblica é recriada
nas imagens de Adão e Eva,
dos Evangelistas ou de São João
convocando o Juízo Final. Um
Cristo majestático de cinco
metros de altura preside ao
arco central, por cima da talha
de Sant’Iago o Maior que dá
as boas-vindas aos romeiros.
É costume introduzir os dedos
nas pequenas cavidades do
mainel que relata a genealogia
humana de Jesus, assim como
também é tradição bater com
a testa, três vezes, na cabeça
do que é conhecido como santo
dos croques, que se encontra
na parte posterior desta
impressionante coluna de
mármore, a olhar para o altar.
Um gesto que, segundo diz a
lenda compostelana, transmitir-nos-á o génio e a sabedoria do
O corpo central apresenta um
minucioso trabalho de rendilha,
concebido em jeito de retábulo
escalonado, coroado com a
estátua de Santiago Peregrino.
A escadaria renascentista, que
permite o acesso ao templo,
é obra de Ginés Martínez,
em 1606, enquanto que o
gradeamento pertence já
ao século XVIII.
Ao entrar, passadas as portas, o
visitante encontra mesmo à sua
frente o extraordinário Pórtico
da Gloria, um dos melhores
conjuntos escultóricos da Europa
do século XII. Este prodígio
artístico, esculpido pelo mestre
Mateo e a sua oficina, foi
instalado no ano de 1188,
e contém cerca de duzentas
esculturas com movimentos bem
expressivos e rostos mostrando
22
espectacular botafumeiro,
um turíbulo que vem sendo
utilizado desde o século XIV
para aromatizar o templo e que
atinge, nos seus movimentos
pendulares, uma altura até
21 metros e uma velocidade de
68 km/h. O actual, construído
em 1851 em latão prateado,
só exerce as suas ancestrais
funções nas grandes
solenidades. Também
merecem atenção os púlpitos
talhados no fim do século XVI
por Juan Bautista Celma,
decorados com cenas da vida
do Apóstolo.
O modelo escolhido para a
catedral compostelana foi o das
basílicas de peregrinação, com
um deambulatório que ajuda a
fluir a circulação dos visitantes.
A planta em cruz latina com
três naves tem 100 metros de
comprimento e 20 de altura,
salvo na parte do cruzeiro, que
se eleva até aos 65 metros, num
soberbo recinto que compreende
uma área de 8.300 m2. A nave
central assenta sobre um
antigo cemitério, e, sobre ela,
quase que sobrevoando-a,
encontram-se dois órgãos
barrocos que foram doados,
no século XVIII, pelo arcebispo
Monroy. Da cúpula pende a bola
metálica onde se engancha o
Na capela-mor encontra-se o
camarim que aloja a estátua do
Apóstolo cinzelada em pedra
policromática, sobre um
baldaquino dourado realizado
por José Vega Verdugo em 1665.
Capela-mor
23
É obrigatório ascender pelo
deambulatório para tocar e
beijar a capa doada por Monroy.
Em sentido contrário, descendo
umas escadas que se encontram
no próprio deambulatório,
chega-se à cripta, onde
descansam, numa urna de prata
lavrada, feita em 1886 por
ourives compostelanos, os restos
mortais de Sant’Iago e dos seus
discípulos Teodoro e Atanásio.
A cripta foi acondicionada e
aberta ao público em 1885, por
ocasião da celebração do Ano
Santo.
Seguindo este sacro percurso,
na Capela de Nuestra Señora
la Blanca (Nossa Senhora, a
Branca) vemos os túmulos da
família dos España, enquanto
que a de San Juan Apóstol se
destaca pelo seu ambiente
barroco. Na de San Bartolomé
ainda se detectam as linhas
românicas, que compõem um
dos conjuntos escultóricos mais
importantes de Compostela.
Seguem-se, depois, as Capelas
de La Concepción (da Conceição)
e do Espírito Santo, em cujo
recinto se encontram
vários sepulcros góticos e
renascentistas. A Capela
da Corticela, de origem
pré-românica, constitui um
dos recantos mais íntimos da
catedral. Um dos seus luxuosos
ornamentos é a Adoración de
los Reyes Magos, obra do mestre
Mateo, situada sobre a porta.
Os altares barrocos das Capelas
de San Andrés e de San Antonio
conduzem até à Virgen de
Lourdes, que é venerada na
Capela de Santa Catalina. Ao
seu lado, encontra-se, embutido,
o tímpano de Clavijo, antessala
da neo-clássica Capela de
La Comunión, que tem uma
bela escultura da Virgen del
Perdón e os túmulos de Lope
de Mendoza e do prelado
Bartolomé Rajoy. Finalmente, na
Capela de El Cristo de Burgos
pode-se ver uma cópia da
conhecida imagem do Cristo
Crucificado.
Uma vez cumprida esta
imprescindível obrigação ritual,
podemos iniciar o percurso ao
longo de uma série de capelas
de valor histórico incalculável,
começando da direita para a
esquerda. A Capela de El Pilar,
iniciada por Domingo de
Andrade, guarda, entre
mármores e jaspes, o mausoléu
do arcebispo Monroy. A Capela
de Mondragón exibe um
retábulo da Piedade, além do
extraordinário gradeamento
forjado pelo francês Guillem
Bourse no século XVI. A Capela
de La Azucena, também
conhecida por capela de doña
Mencía, por conter o túmulo da
sua fundadora, antecede a Porta
Santa, decorada com belíssimas
esculturas. Mais adiante, a
Capela de El Salvador marca o
ponto exacto onde se iniciaram
as obras da Catedral.
24
O Museu da Catedral (Museo
Catedralicio) está dividido em
vários espaços, qual deles o
mais interessante e sugestivo.
Sob as escadas do Obradoiro
encontra-se a entrada da cripta
do Pórtico da Gloria, onde
estão expostas diversas obras
escultóricas. A segunda parte
da visita inclui o itinerário ao
longo da Capela de las Reliquias,
o Panteão Real e o Tesouro,
dependências essas onde
se encontram sarcófagos
nobiliários, colecções de
relicários e belas mostras de
ourivesaria. Uma das peças
mais destacadas é a custódia
processional lavrada por
Antonio de Arfe em prata
dourada, entre 1539 e 1544.
Por um dos lados da fachada do
Obradoiro chega-se aos espaços
relacionados com o claustro
traçado pelos mestres Juan de
Álava e Rodrigo Gil de Hontañón,
entre outros, no decurso do
século XVI. Esplêndido
enquadramento para o museu
que mostra vestígios das
diferentes fases das obras da
Catedral, a biblioteca, onde se
guarda o famoso botafumeiro,
esculpido por José Losada em
1851 e, para finalizar, as diversas
salas que guardam as tapeçarias
assinadas por Rubens e Francisco
de Goya.
Por trás da catedral situa-se
uma praça já cosmopolita na
antiguidade. A Praça da
Quintana (40) é um espaço
singular dividido em duas
partes: a dos Mortos, edificada
sobre uma antiga necrópole,
e a dos Vivos, separadas por
umas escadas que permitem aos
turistas desfrutar de uma vista
panorâmica do monumento.
Praça da Quintana
Mosteiro de San Paio
retábulo, obra de Castro
Canseco, entra-se no Museo de
Arte Sacra, que exibe objectos
de grande valor histórico como
o altar que fora primitivamente
erguido sobre o sepulcro do
Apóstolo.
O lado oriental está fechado por
uma das paredes do Mosteiro de
San Paio (41), fundado por Dom
Afonso II, o Casto, em 813, para
os monges beneditinos,
incumbidos de custodiar o
sepulcro do Apóstolo durante
séculos. Esta enorme massa
granítica, salpicada por linhas
de gelosias, mostra uma lápida
em memória do “Batalhão
Literário” composto por padres,
alunos e professores, e que se
constituiu para combater as
tropas de Napoleão. Na portada
barroca, construída por Melchor
de Velasco entre 1658 e 1699,
voltada para a Praza de Feixóo,
destaca-se a representação da
Ida ao Egipto. Pela igreja,
consagrada em 1707 e
enriquecida com um soberbo
por uma sacada, articula-se em
torno do escudo dos Reis de
Espanha. Ao seu lado vemos
a barroca Torre do Reloxo,
também conhecida como
Berenguela. Uma jóia
arquitectónica executada por
Andrade entre 1676 e 1680,
que se ergue para o céu
compostelano numa altura de
72 metros. Já tinha um relógio
em 1552; o actual, colocado em
1831, é obra de Antelo. A Porta
Santa ou do Perdão, que só se
abre durante o Ano Santo
compostelano –ou seja, quando
a festa do 25 de Julho, dia
do Apóstolo, coincide com o
Domingo–, foi construída
em 1611 na sequência do
reacondicionamento de vinte
e quatro estátuas românicas
talhadas pelo mestre Mateo no
anterior coro da Catedral. Sobre
o dintel e vestido à romeiro,
Sant’Iago dá as boas-vindas aos
devotos. E, a rematar o conjunto,
na Quintana dos Mortos, está a
Casa da Conga (43), iniciada por
Domingo de Andrade, em 1709,
para residência dos cónegos.
O edifício apresenta uma
profunda arcaria rematada
por arcos de volta inteira,
e no telhado, uma chaminé
em forma de cubo.
Museo da Catedral de
Santiago
Praza das Praterias
Museo da Arte Sacra
San Paio de Antealtares
(entrada pela igreja)
Casa da Parra
Já novamente em Quintana, na
parte alta desta praça localiza-se
a Casa da Parra (42), obra de
Domingo de Andrade, onde
luzem, na sua portada, grinaldas
de uvas lavradas em pedra.
O Pórtico Real, a parte da
Catedral virada para esta praça,
foi executado por José Peña de
Toro, em meados do século XVII,
e é o lugar donde saem as
procissões da Semana Santa e
por onde entravam antigamente
os monarcas. A porta, encimada
26
27
No começo da Rúa do Vilar
está a emblemática Casa do
Deán (45). Neste casarão foi
instalado um Gabinete do
Peregrino onde se entrega aos
romeiros a “compostela”, um
documento comprovativo de se
ter feito um percurso superior
a 100 quilómetros da rota
jacobeia a pé ou a cavalo,
A harmonia
compostelana
Pórtico das Praterias
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45 Casa do Deán
54 Pazo de Ramirás
46 Casa do Cabido
55 Igreja de Santa María Salomé
47 Colégio Fonseca
56 Pazo de Fonseca
48 Correios
57 Teatro Principal
49 Colégio de San Clemente
58 Pazo de Santa Cruz
50 Igreja de Santa Susana
59 Casa das Pomas
51 Igreja do Pilar
60 Casa da Balconada
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53 Colexio das Orfas
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44 Praça das Praterías
52 Pazo de Bendaña
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Inmaculada
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pirâmide onde se guardavam as
doações e os tributos colectados
pelo cabido. No centro da praça
está, entre um murmúrio de Carme de
Aba
ixo
águas e de séculos, a Fonte dos
Cabalos (Fonte dos Cavalos),
construída em 1829. Origem de
inúmeras lendas e tradições
estudantis, a fonte é coroada
por uma estrela que simboliza
o Caminho de Santiago.
Ga
A nossa última etapa parte
dessa Praça das Praterias (44)
que já na Idade Média era
ocupada por lojas que vendiam
lembranças das peregrinações e
por oficinas de joalheiros.
Uma escadaria de quinze
degraus leva-nos ao Pórtico
das Praterias, única fachada
românica que ainda existe do
templo original. Concebida no
início do século XII, mostra um
belo conjunto temático graças
às inspiradas imagens que
reproduzem factos bíblicos.
Formando um ângulo surge a
Fachada do Tesouro, vedação
renascentista do claustro da
catedral, traçada por Rodrigo Gil
de Hontañón. A ele devemos
também a torre em forma de
ou mais de 200 em bicicleta.
É uma rua com arcarias, que
mostra um ou outro escudo de
armas, oferecendo-se todo o
tipo de informações turísticas
nos dois postos que se sucedem
ao longo do seu típico traçado.
O ponto de interesse seguinte
é a Casa do Cabido (46),
construída por Fernández Sarela
n
Colégio Fonseca
entre 1754 e 1759 como se se
tratasse da genial decoração de
um cenário. Como prova da sua
vocação ornamental, apresenta
uma bela balaustrada com
pináculos que coroa a fachada
do edifício.
que viria a ser a sede da
Universidade compostelana,
uma obra executada entre 1532
e 1544. O projecto inicial de
Juan de Álava seria concluído
por Gil de Hontañón, que
conseguiu produzir um belo
exemplar de mistura plateresca
e renascentista. Na portada, que
Rosalía de Castro cantou através
de inspirados versos, figuram
primorosas imagens de pedra,
enquanto que o pátio, de estilo
salamanquino, e realçado com
uma estátua do fundador,
merece ser visitado em
pormenor.
A Rúa do Franco, plena de
referências gastronómicas, todas
elas excelentes, dá passagem,
na solene Praça de Fonseca,
ao bebedouro onde, segundo
a tradição, beberam os bois
que transportavam o corpo do
Apóstolo. Mesmo em frente
situa-se o Colégio Fonseca (47),
construído sobre a propriedade
de uma das famílias mais ilustres
da cidade. O arcebispo Alonso
Fonseca encomendou aos
mestres Jácome Garcia e Alonso
Gontín a construção do edifício
Mais adiante passamos à frente
do edifício neo-clássico dos
Correios (48), em cujo átrio
decorre todos os sábados uma
colorida feira de antiguidades.
30
A Alameda, entre a carballeira
e a estrada, era o passeio por
excelência da Compostela
oitocentista. Este parque
estruturado em jardins, pontes
e lagos, exibe uma escultura,
em bronze, do almirante
Méndez Núñez, obra de
San Martín feita em 1880, um
coreto modernista desenhado
por Garcia Vaamonde em 1896,
e ao fundo, a barroca Igreja do
Pilar (51), dos inícios do século
XVIII. Um palco adequado para
se respirar e descansar nos
bancos de ferro forjado
ornamentados com cerâmica
de Sargadelos, ao lado da última
escultura que foi colocada
no jardim, a Dos Marías
(duas Marias), uma curiosa
homenagem visual a Coralia
e Maruxa, duas irmãs muito
conhecidas na cidade.
Caminhando por entre
esplanadas e tabernas que
oferecem outras maravilhas
locais, neste caso de faca e
garfo, chega-se à Porta
Faxeiras, antiga entrada do
centro medieval e hoje uma
importante encruzilhada
urbana. Para além da fonte de
fuste plateresco construída no
século XVII, ergue-se também
neste espaço o Colégio de
San Clemente (49). O edifício,
adornado com um pórtico de
Jácome Fernández, foi fundado
em 1602 pelo arcebispo Juan
de San Clemente para alojar
licenciados e futuros teólogos.
É um excelente ponto de
partida para penetrarmos
depois na Carballeira de Santa
Susana (carvalhal de Santa
Susana), povoada de carvalhos
centenários e ramagens onde
se misturam a erva e o musgo.
Um ambiente saudável e
oxigenante complementado
pelas estátuas do mecenas
Ventura Figueroa, talhada por
Vidal y Castro, e de Rosalía de
Castro, obra do escultor
Francisco Clivilles em 1917.
Através de uma escadaria
chega-se à Igreja de Santa
Susana (50), lugar onde
funcionava o antigo tribunal
que executava as sentenças.
O edifício actual é barroco,
embora conserve um pórtico
de inspiração românica
correspondente ao oratório
primitivo.
Igreja do Pilar
31
em 1913. Sobre o
estacionamento subterrâneo
que existe nesta praça podemos
encontrar um posto de
informação e turismo. O nosso
objectivo seguinte é o Colexio
das Orfas (53) (Colégio das
Órfãs), fundado no século XVII
pelo arcebispo San Clemente
para acolher meninas
desamparadas. Nesse recanto
alargado abre-se a fachada
barroca da igreja, consagrada
em 1671 e rematada por um
belo campanário que foi
projectado por Fernando Casas.
O recinto interior mostra
esculturas de Gambino e um
magnífico altar-mor, traçado
por Francisco Lens.
Igreja de Santa María Salomé
No centro da nevrálgica Praza
do Toural, um buliçoso lugar
adornado com as típicas sacadas
galegas, vemos uma fonte de
tanque quadrado, datada de
1822, cuja estrutura é rematada
por um jarrão de traça clássica.
De um dos lados aparece o
senhorial Pazo de Bendaña (52)
(Paço de Bendaña), construído
por Fernández Sarela em
meados do século XVIII. Sobre o
escudo da fachada há um Atlas
sustentando o globo terrestre,
o que forma um dos conjuntos
arquitectónicos mais belos de
Santiago. Actualmente este local
alberga a Fundação do pintor
surrealista Eugenio Granell.
Do outro lado da estrada, a
Praza de Galicia é um ponto de
encontro moderno e buliçoso
onde outrora se situava o
palácio da Inquisição, derrubado
A Rúa Nova é a artéria mais
senhorial de todas quantas
integram o centro histórico
(casco antiguo), exibindo uma
perspectiva de arcarias e
casarões barrocos e neoclássicos.
As pequenas janelas e as alegres
varandas embelezam esta
encruzilhada cheia de encanto
que inclui mansões como o Pazo
de Ramirás (54), que é a actual
Câmara de Comércio e Indústria.
Ergue-se no mesmo lugar que
ocupou o antigo Colégio dos
Irlandeses, instituição criada
por Filipe II para acolher os
católicos provenientes das Ilhas
Britânicas. A fachada mostra
uma ornamentação muito
chamativa graças à sacada
central e a um conjunto de
32
gárgulas e grinaldas barrocas.
Ao lado da fachada está o
pórtico com escudos que
distinguira o Hotel España,
transformado agora em edifício
de habitações e galeria
comercial.
No centro da rua, enquadrada
num espaço encantador, surge a
portada românica da Igreja de
Santa María Salomé (55),
consagrada à mãe do Apóstolo.
Sobre o alpendre há uma
Anunciação gótica, e chamam
especialmente a atenção, já no
interior do templo, os anjinhos
rechonchudos a esvoaçar sobre o
altar e o extraordinário retábulo
de Miguel Romay. Quanto à
torre barroca, a mesma foi
erigida por José Crespo em
1743 de acordo com o modelo
habitual da arquitectura
compostelana. Na Rua Tras
Salomé sobrevivem diversos
vestígios do renascentista Pazo
de Fonseca (56), cuja construção
se atribui a Rodrigo Gil de
Hontañón. Os artísticos
medalhões do exterior talvez
correspondam a membros da
importante linhagem dos
Fonseca.
Praça de Fonseca
ideia da actividade burguesa do
século XIX. Naquela época o
Pazo de Santa Cruz (58) era a
residência do Capitão-General
da Galiza. No frontão desta
sóbria estrutura neoclássica
pode ver-se o escudo familiar.
E defronte a Casa das Pomas
(59), uma obra de Domingo
de Andrade em que figuram
ramalhetes e cachos de folhas
e frutos, além de uma concha
de peregrino coroando o
conjunto. Acabamos a visita, a
um passo do Obradoiro, noutro
edifício civil cheio de lendas e
rumores da história. A Casa da
Balconada (60), assim chamada
pelo grande mirante que
percorre o primeiro piso,
é hoje sede de diversos
serviços universitários.
De novo na Rúa Nova, o Teatro
Principal (57) é um dos focos
culturais mais significativos da
capital, servindo de palco a
diferentes actividades musicais,
teatrais e literárias. A plateia,
construída em 1841, dá-nos uma
33
Outros lugares
de interesse
Na zona sul da cidade, à beira
do rio do mesmo nome, e
apenas a 1 quilómetro de
distância do centro histórico,
encontra-se a esplêndida
colegiada de Santa María do
Sar, fundada pelo cónego
Munio Alonso, no século XII.
O aspecto mais curioso da sua
bela estrutura românica é a
acentuada inclinação dos
pilares e dos muros interiores,
devida certamente ao facto
do terreno ter amolecido.
A destacar o claustro, um dos
mais sugestivos da Galiza,
e um museu bem recheado
de ourivesaria e objectos
litúrgicos. Não longe do
mosteiro, no monte Gaiás, está
a ser construída a monumental
Cidade da Cultura. Também a
sul se localiza o Mosteiro de
Santa María de Conxo, onde
existe uma capela, obra de
Simón Rodríguez, que guarda
o famoso Cristo de Gregorio
Fernández, uma imagem muito
venerada, trazida para este
lugar em 1629 e à qual,
segundo dizem os devotos,
cresce o cabelo. E, a finalizar
a vista panorâmica, e como
se fosse uma antessala de
Compostela, está o monte
do Gozo, de cujas alturas os
peregrinos contemplavam,
Colegiada de Santa María do Sar
triunfantes, pela primeira vez,
o majestoso perfil da capital do
Apóstolo Sant’Iago.
34
Monte do Gozo
35
O Santuario da Escravitude é um
interessante edifício barroco com
uma grande escadaria, famoso
no lugar, pois é à Virgem desse
local que os estudantes pedem
ajuda antes dos exames. Deve o
seu nome à fonte situada em
frente do recinto sagrado, cujas
águas têm fama de milagrosas.
Percursos
Padrón, a alma
galega (50 quilómetros)
O interesse cultural deste curto
trajecto, que segue no sentido
contrário o caminho percorrido
pelo corpo do Apóstolo após
desembarcar nas costas galegas,
começa depois de percorridos
5 quilómetros da estrada N-550,
a partir de Santiago. Nesse
ponto encontramos o Milladoiro,
um amontoado de pedras cuja
origem está relacionada com
antigos rituais funerários
pagãos. Os peregrinos que
seguiam a Estrada de Santiago
por estes lugares fizeram sua a
tradição, depositando neste
ponto exacto uma pedra trazida
das suas terras de origem.
A outrora sede episcopal de Iria
Flavia, denominação que provém
do imperador Flavio Vespasiano,
foi um importante agregado
romano e, mais tarde, um activo
porto comercial na margem do
rio Ulla. É a terra do escritor
Camilo José Cela, e a fundação
criada pelo grande literato faz
parte do património histórico
desta vila, transformada hoje em
mais uma parroquia (freguesia)
de Padrón. Contudo, existem
ainda marcas da sua glória
passada, como é Santa María
Adina, uma colegiada que exibe
um pórtico do mais puro
românico, do século XIII.
Escavações efectuadas no
subsolo trouxeram à luz vestígios
de uma das igrejas mais antigas
de Espanha, datada do século I.
O templo está rodeado por um
cemitério onde esteve enterrada
durante algum tempo a poetisa
galega Rosalía de Castro, e
transformado actualmente num
pequeno museu arqueológico.
Padrón é o lugar onde, segundo
conta a tradição, aportou
e foi amarrada a barca que
transportava os restos mortais
do Apóstolo desde as terras de
Israel. Esta aprazível vila, onde
germinou a epopeia jacobeia,
tem o seu melhor expoente
religioso no convento de
El Carmen, que está rodeado,
no centro da cidade, de alguns
atractivos edifícios civis. Em
A Matanza, a casa em que viveu
e morreu Rosalía de Castro,
foi organizado um museu que
abriga essa tal saudade que
a escritora evoca nos seus
brilhantes versos. No dia 25 de
Julho tem lugar nesta vila uma
animada romaria, em que é
obrigatório consumir os
saborosos pimentos de Padrón.
Um ligeiro desvio pela estrada
AC-242 levar-nos-á até Herbón,
vila originariamente romana, e
Padrón
Vilagarcia de Arousa
Vilagarcia de Arousa
año 2002
36
de cujo Convento de San
Francisco partiram inúmeros
missionários para o Novo
Mundo. Seguindo viagem
para sul, e já na província de
Pontevedra, chega-se a
Pontecesures, onde se
encontravam os estaleiros,
fundados pelo bispo Gelmírez,
em que foram construídas as
barcas que defenderam
Compostela. A estrada C-550
segue agora até Catoira e as
suas famosas “Torres de Oeste”,
edificação imperial que,
reformada por Dom Afonso V,
nos inícios do século XI, cortava
o caminho às expedições
normandas que pretendiam
subir a ria. Em memória daquela
época, no primeiro domingo
de Agosto celebra-se uma festa
com encenação, num tom
lúdico e festivo, de um daqueles
coloridos desembarques dos
Vikings. Acabamos o percurso
em Vilagarcia de Arousa, vila
que é considerada o porto
natural de Santiago de
Compostela, destacando-se
do seu antigo centro urbano
o Convento de Vista Alegre,
assim como a Igreja Paroquial
de Santa Eulalia de Arealonga.
Já na estrada C-543, um curto
trajecto de 36 quilómetros
aproxima-nos da vila de
pescadores de Noia (Noya), já
citada elogiosamente por Plínio
no longínquo século I. Uma boa
prova do seu peso histórico é
justificada pelo conjunto de
edifícios nobres, e muitas vezes
centenários, que aí existem, ou
pela extraordinária rosácea ogival
que exibe a igreja de San Martiño,
uma das mais belas que podem
ser contempladas em terras
galegas. Deste lugar, e se
preferirmos fazer uma incursão
pela natureza, a estrada AC-3101
penetra, para sul, na serra do
Barbanza, um idílico lugar onde
vivem em completa liberdade
manadas de cavalos selvagens.
Costa de Fisterra
Finisterra, o cabo
do fim do mundo
(130 quilómetros)
As paisagens misturam-se com as
histórias nesta excursão que nasce
na própria cidade de Santiago,
pois o percurso que nos levará até
Finisterra (gal., Fisterra) parte
tradicionalmente da mágica
carballeira (carvalhal) que rodeia
o Mosteiro de San Lourenzo de
Trasouto, cenóbio franciscano do
século XIII onde se encontram os
notáveis sepulcros, em mármore
de Carrara, dos marqueses de
Ayamonte. Até ao carvalhal de
San Lourenzo chega o conjunto
neobarroco do Campus Sur
Universitario, e deste lugar parte
o caminho para o monte Pedroso.
A subida de menos de 3
quilómetros, bem sinalizada por
cruzeiros, permite-nos desfrutar
de uma excelente vista de
Compostela, completada com
uma visita à Ermida de Santa
Isabel, cuja origem parece recuar
até ao século XIII.
C-550 que contorna o litoral
atlântico, oferecendo uma vista
panorâmica plena de fascínio e
beleza. Muros é uma vetusta
colónia onde aportavam os barcos
gregos muitos séculos atrás,
constituindo um centro de grande
actividade comercial. A localidade
mantém solenes estruturas
medievais cujo melhor exemplo
é a Igreja de San Pedro, antiga
colegiada traçada de acordo
com os preceitos do estilo
arquitectónico conhecido como
“gótico marinheiro”. Mais
adiante, distinguidas por um
coração de água e rocha,
encontramos praias de tanto
interesse turístico como Carnota e
Ézaro, envoltas numa insólita
gama de luminosidades.
Os navegantes venezianos da
antiguidade escolheram Corcubión
como o porto onde negociar
os ricos metais do país. Esta vila
de navegadores conta com
antecedentes históricos jacobeus,
pois noutros tempos acolheu um
grande hospital onde eram
atendidos os peregrinos que
chegavam de barco. Poucos
quilómetros mais adiante,
penetrando decididamente no
oceano Atlântico, está o cabo
Fisterra (Finisterra), considerado
durante séculos como o último dos
confins do globo terrestre.
O promontório Nério era um lugar
sagrado, dada a sua situação de
fim do mundo conhecido, palco de
inúmeros rituais pagãos celebrados
sob o reflexo do sol perdendo-se
no ocaso. Após a cristianização da
zona, conta a tradição que o
venerado Cristo de Fisterra, que
se encontrava na igreja de Santa
María das Areas, veio a flutuar
sobre as ondas para vir aqui
encontrar o seu pouso definitivo.
Santa María de Noia
Mas o nosso último destino
situa-se no norte, de maneira
que seguiremos pela estrada
Depois de Finisterra segue-se uma
sucessão de alcantis, salpicados
por um mar extremamente bravo,
e que receberam o nome de
Costa da Morte devido à grande
quantidade de naufrágios
ocorridos neste lugar inóspito,
onde as forças da natureza têm a
sua expressão mais empolgante
e perigosa.
año 2002
Corcubión
Muros
38
39
Um país de pazos
(30 quilómetros)
Saindo de Santiago pela estrada
N-525, em direcção a Ourense,
entramos logo no concello
(concelho) de Boqueixón, eixo
que articula um razoável
número de aldeias disseminadas
à volta de Compostela e
fronteira natural do rio Ulla.
A comarca aparece semeada
de brilhantes testemunhos da
arquitectura popular galega,
em forma de pazos (paços) e
cruzeiros que brilham com o
esplendor da velha pedra.
Perto da vila de Lestedo, um
letreiro indica-nos o caminho
para o cimo do Pico Sacro,
esculpido por rochas de quartzo
cristalizadas. Segundo afirmam
antigos relatos populares,
os discípulos do Apóstolo
chegaram até ao cimo à
procura dos bois que deveriam
año 2002
Pazo de Oca
transportar o corpo sagrado até
Compostela. Mas não acabam
aqui as referências históricas,
pois este lugar tão singular é
passagem obrigatória da Via da
Prata, situando-se, no alto, a
Capela de San Sebastián, último
vestígio de um velho mosteiro
do século XI, que convoca todos
os anos, a 20 de Janeiro, uma
animada e tradicional romaria.
Pazo de Santa Cruz
Um pouco mais adiante, em
A Granxa, devemos visitar a
igreja de San Lourenzo, um belo
mosaico de traços barrocos e
românicos. Outra vez na estrada
N-525, a localidade de Ribadulla
foi o lugar escolhido pela
prestigiosa família Santa Cruz,
no século XVI, para erigir um
desses pazos que fazem parte
do que há de mais íntimo e
estimado na identidade galaica.
Autêntica prova senhorial, o
Pazo de Ortigueira ou de Santa
Cruz de Ribadulla mostra o
correspondente relógio de sol,
uma fonte de traça barroca e
alguns ecos jacobeus, além da
deslumbrante atmosfera
propiciada por centenários
castanheiros e melancólicas
heras.
A nobiliária imagem do Pazo
de Guimaráns, na parroquia
próxima de San Mamede de
Ribadulla, não desmerece nada
o catálogo das belas construções
civis que proporcionam um
estilo próprio a todo aquele
espaço. No entanto, há que
destacar o famoso e sedutor
Pazo de Oca, que tem o
merecido sobrenome de
“o Versalhes da Galiza”. Situado
junto à aldeiazinha de Valboa,
já na província de Pontevedra,
o seu evocador cenário inclui
frondosos jardins com lagos,
construções de pedra, sacadas
barrocas e estátuas ladeadas
por trepadeiras. Uma jóia
cultural e natural que desprende
elegância de cada um dos seus
belos e românticos recantos.
41
Lazer e
espectáculos
Gastronomia e
artesanato
Santiago de Compostela é uma
cidade que se distingue pelo
culto que rende à boa mesa,
graças a um vasto leque de
receitas muito clássicas e
de grande personalidade.
A qualidade das matérias-primas
está patente no vastíssimo
capítulo dos frutos do mar:
santolas do país, lagostins,
peixes das rias ou o peculiar
polvo cozido "à feira"
(pulpo á feira). Uma série de
propostas muito convidativas,
onde se juntam a perfeição
e a elegância, o jeito culinário
e a técnica gastronómica.
As inúmeras tabernas e
restaurantes económicos
(habitualmente designados
por casas de comidas) que
salpicam a cidade oferecem
este universo de prazeres a
preços muito acessíveis, num
ambiente que se caracteriza
pela amabilidade que é o traço
indelével do povo galego.
Se falarmos de carnes, os
acepipes à base de porco são
uma tentação para o paladar,
assim como os guisados cujo
ingrediente básico é a vitela.
De contundentes têm fama os
conhecidos pimentos de Padrón,
de tanta tradição e nomeada
como o lacón con grelos (carne
de porco cozida com batatas e
grelos) ou as empadas recheadas
de polvo, sardinha ou berbigão.
Pratos que evocam esta terra e
que devem ser acompanhados
por um copo de vinho Albariño
ou uma taça do prodigioso
Ribeiro, que conta com
denominação de origem própria
desde 1976. É um vinho cujo
sabor alegre e musical constitui
uma perfeita alegoria das
gentes compostelanas.
Produtos galegos
Tarta de Santiago
O banquete deve
incluir obrigatoriamente
uma "tábua de queijos"
(uma travessa, normalmente,
uma tábua, com diversas
variedades de queijo),
reconhecíveis pela sua especial
finura. O delicioso queijo
"de tetilla", por exemplo, é
autêntico creme, feito a partir
do leite de vaca e não curado.
A cozinha galega estende-se até
ao capítulo, especialmente
recomendável para gulosos,
das sobremesas, onde sobressai
a tarta de Santiago, bolo feito
à base de amêndoa e açúcar, e
em que luz, em jeito de brasão
próprio, a cruz do Apóstolo.
Outro delicado produto da
doçaria local são as filloas, doce
de ovos batidos, leite, farinha,
açúcar e mel. As pastelarias da
cidade, cujo delicioso cheiro
serve muito bem de carta de
apresentação, oferecem
sugestões sobre os chamados
caprichos de Santiago,
e, a completar
o catálogo de
requintes, os doces
de sobremesa e as
tartes que
Lacão com grelos
vendem, em torno dos Mosteiros
de San Paio e de Belvís, as freiras
que neles residem.
Na zona do Obradoiro, assim
como nas ruas mais centrais,
existe uma grande quantidade
de lojas comerciais com
interessantes objectos para
oferecer e lembranças de
Santiago de Compostela.
Os trabalhos artesanais em
azeviche e prata são os mais
originais e procurados, dado
o já antigo prestigio dos ourives
compostelanos. Assim, podem
encontrar-se conchas, terços,
anéis, brincos, miniaturas do
botafumeiro e outras
recordações jacobeias.
São muito típicos os amuletos
celtas e todo o tipo de figuras
engastadas em prata, assim
como o vasto leque de formas
e cores que ostentam as peças
da famigerada faiança galega.
Estabelecimentos tradicionais
expõem nas suas montras belos
43
exemplos das rendas de
Camariñas. Mas, se o nosso
interesse se concentra antes em
objectos que nos dão mais vigor,
é habitual adquirir essas
garrafas de aguardente que são
o condimento essencial nas
mágicas e telúricas queimadas
que se preparam nestas terras
de boa comida e de ainda
melhor bebida.
Desportos
Botafumeiro. Catedral
Feiras e festas
A capital do Apóstolo gera, ao
longo do ano, uma abundante
oferta cultural, com actividades
teatrais, cinematográficas e
actuações ao ar livre de grande
relevância artística e social. No
Outono têm lugar os Encontros
no Camiño de Santiago, e o
sóbrio Auditório da Galiza, sito,
como não podia deixar de ser,
no Parque da Música, oferece
um bom número de concertos e
outros eventos musicais.
Em Julho, o mês do Apóstolo
Sant’Iago para os galegos,
sucedem-se as cerimónias
religiosas, aliadas a
manifestações populares de
homenagem ao traje regional
e bandas musicais que
percorrem as ruas. Na noite do
dia 24, o Obradoiro ilumina-se
num espectáculo de luz e som
que antecede o rebentar das
luminárias e do fogo de artifício,
provocando, sobre as sombras
de pedra barroca, um
efeito visual realmente
impressionante. No dia 25
de Julho, festa do Apóstolo
Sant’Iago, padroeiro da Galiza
e de Espanha, assim como
Dia Nacional da Galiza, o
Rei de Espanha ou o Príncipe
das Astúrias fazem a tradicional
Oferenda ao Apóstolo, ao
mesmo tempo que saem em
procissão as relíquias mais
queridas e veneradas pelo
povo de Santiago.
A Semana Santa dá azo à
realização de procissões tão
solenes como o Encontro
dos Silenciosos, interessante
prelúdio das festas da Ascensão,
que decorrem no mês de Maio,
e caracterizadas pelas
“pulpeiras” que se celebram
na carballeira de Santa Susana
e os ranchos folclóricos que
oferecem o melhor da sua arte.
Um belo ritual cheio de alegre
exaltação autóctone.
44
Além das equipas de futebol e
basquetebol, que atingiram
em algum momento lugares
privilegiados na tabela nacional,
existem inúmeros pontos
geográficos nos arredores de
Santiago de Compostela ideais
para fazer caminhadas pelas
florestas ou cicloturismo. A Serra
do Barbanza, entre as rias de
Muros, Noia e Arousa, é um
belo e privilegiado mirante
sobranceiro ao litoral atlântico.
Este prolixo tapete vegetal,
de grande interesse natural,
reúne óptimas condições para
desenvolver actividades de
alpinismo ou de bicicleta de
montanha, e sem esquecer a
simples contemplação da fauna,
da vegetação e da paisagem
onde se podem apreciar
dólmenes como o chamado
Arca da Barbanza.
Na interessante dualidade entre
o litoral e o interior que
caracteriza a Galiza, poucos
quilómetros mais adiante
aparece, entre Muros e Noia,
uma das mais belas lagunas
marítimas que é possível
ver nestas terras, graças à
transparência das suas águas e
aos paradisíacos areais que
possui. Proeminentes alcantis
e praias de areia muito fina,
semeadas de modernos portos,
fazem deste um lugar ideal para
a prática de desportos náuticos,
como a vela e o remo. Este mar
de ondas e de suaves brisas
apresenta-se como o cenário
perfeito para nos introduzir,
ajudados pelos numerosos
clubes náuticos, nas regras
básicas da aprazível arte de
navegar.
Cicloturismo
de
A
Antes
Olveira
Cée
Atán
Picota
Albite
Coiro
Pedrouzos
Bertamirans
Arzón
Valadares
Sestaio
A Barquiña
Noia
s
Porto
do Son
M
de
Ria
Baroña
A Pobra do
Caramiñal
B a i x a s
Corrubedo
P. N. DUNAS DE CORRUBEDO
Y LAGUNAS DE CARREGAL Y VIXÁN
Cabo Falcoeiro
Aguiño
R ío
Valga
A Vacariza
Ri a
d
r
eA
ou
s
Carril
Vilar
Vilagarcía
de Arousa
o
eir
Viv
Ría
Guntin
Pena
Agro do Chao
Vila de Cruces
A Granxa
Monterroso
Golada
Ribadulla
Bodaño
N-640
ÑO
MI
Silleda
N
N-525
Lalín
Cuntis
Emb. de
Belesar
Rodeiro
P O N T E V E D R A
Cambados
A PONTEVEDRA
PONTEVEDRA
1020
KmKm
de
t
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L U G O
Pezobre
A Estrada
Caldas
de Reis
Calde
Mera
Palas de Rei
Embalse de
Portodemouros
N-640
Pontecesures
(Enfesta)
Carracedo
Melide
N-547
Brandeso
Ponte-Valga
Catoira
Pesqueira
533
GALAICO
Pico Sacro
Vedra
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Tallós
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(Ribeira)
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Fonte Díaz
Santiago de
Compostela
Milladoiro
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O Pedrouzo
Sigüeiro
Ombreiro
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Friol
Sobrado
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Gándara
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N-634
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Outeiro
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Tamoga
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Mariz
Cruces
Puebla
A Pena
Quilmas
Texeiro
Bahamonde
Aceberro
Forcarey
0
Cerdedo
OURENSE
10
20
30 Km
CARTOGRAFÍA: GCAR, S.L. Cardenal Silíceo, 35
Tel. 91 416 73 41 - 28002 MADRID - AÑO 2002
[email protected]
A
OURENSE
OURENSE
3048
kmKm
SARRIA 14 km
Co
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(S. Breixo)
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Pontepedra
Torre
Parga
(S. Salvador)
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Santa Cruz
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Deveso
Seixas
Igrexa
San Ramón
Culleredo
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Cabovilaños
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5368
kmKm
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Auto-estrada
Autovía
Estrada nacional
Estr. Rede Básica 1ª ordem
Estr. Rede Básica 2ª ordem
Estrada local
Caminho-de-ferro
Parador de Turismo
Santuário-Mosteiro
Parque natural
Golfe
Doca desportiva
Balneário
Parque de campismo
Aeroporto
Farol
Património da Humanidade
Caminho de Santiago
Outros caminhos
DADOS DE INTERESSE
Prefixo Internacional % 34
Informação Turística
TURESPAÑA
% 901 300 600
www.spain.info
PARADORES DE TURISMO
Central de Reservas
Rua Requena, 3
28013 Madrid
% 915 166 666
) 915 166 657
www.parador.es
Informação Turística
da Galiza
% 981 542 500
www.turgalicia.es
Parador de Santiago
de Compostela
Praza do Obradoiro, 1
% 981 582 200
) 981 563 094
Informação Turística
www.santiagoturismo.com
TRANSPORTES
Concelho de Santiago
de Compostela
www.santiagodecompostela.org
Santiago de Compostela
Rúa do Vilar, 43
% 981 584 081
Caminhos-de-ferro (RENFE)
% 902 240 202
www.renfe.es
Aeroporto de Santiago de
Compostela (Lavacolla)
% 981 547 501
www.aena.es
Linhas aéreas (IBERIA)
% 902 400 500
www.iberia.es
Estação rodoviária
% 981 587 700
Circulation routière
% 900 123 505
www.dgt.es
Rúa do Vilar, 63
% 981 555 129
TELEFONES ÚTEIS
Caminho de Santiago
www.xacobeo.es
POSTOS DE INFORMAÇÃO
TURÍSTICA
Praza de Galicia
% 981 584 400
Vilagarcia de Arousa
Avenida Juan Carlos I, 37
% 986 510 144
) 986 510 144
Emergências % 112
Urgências Médicas % 061
Guarda Civil % 062
Polícia Nacional % 091
Polícia Municipal % 092
Information au citoyen % 010
Correios e Telégrafos
% 981 581 252 www.correos.es
DELEGAÇÕES
ESPANHLOAS
DE TURISMO NO
ESTRANGEIRO
BRASIL. São Paulo
Escritório Espanhol de Turismo
Rua Zequinha de Abreu, 78
Cep 01250 SÃO PAULO
% 5511/38 65 59 99
) 5511/3872 07 33
e-mail: [email protected]
PORTUGAL. Lisboa
Delegação Oficial do Turismo
Espanhol
Av. Sidónio Pais, 28 – 3º dto.
1050 – 215 LISBOA
% 351-21/ 354 53 29
) 351-21/ 354 03 32
e-mail: [email protected]
EMBAIXADAS EM MADRID
Brasil
Fernando El Santo, 6
% 917 020 689
) 917 004 660
Portugal
Pinar, 1
% 917 824 960
) 917 824 972
Itinerário I
31. Igreja da Terceira Orde
1. Arco de Mazarelos
2. Convento e igreja
das Mercedarias
3. Instituto de Ciências
da Educação
4. Igreja da Compañía
5. Faculdade de
Geografía e Historia
6. Convento
da
Ensinanza
7. Convento de Belvís
8. Seminário Menor
9. Igreja de San Fiz
de Solovio
10. Mercado de Abastos
11. Igreja de Santo
Agostiño
12. Igreja de San Bieito
13. Câmara Municipal
14. Pazo de Fondevila
15. Igreja das Ánimas
16. Pazo de Amarante
17. Igreja de Santa
María do Camiño
18. Porta do Camiño
19. Convento e igreja de
San Domingos
de Bonaval
20. Centro Galego de
Arte Contemporánea
21. Parque de Bonaval
Itinerário II
22. Convento do Carme
23. Convento de Santa
Clara
24. Hospitalillo y capela
de San Roque
25. Museo das
Peregrinacións
26. Igreja de San Miguel
dos Agros
27. Museo da Casa
da Troia
28. Fachada da
Acibecheria
29. Mosteiro de
San Martiño Pinario
30. Convento de
San Francisco
SINAIS
CONVENCIONAIS
Posto de Turismo
Correios
Parador de Turismo
Estacionamiento
Polícia
Estação dos caminhos-de-ferro
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CARTOGRAFÍA: GCAR, S.L. Cardenal Silíceo, 35
Tel. 91 416 73 41 - 28002 MADRID - AÑO 2002
[email protected]
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