Dor abdominal: entenda as causas, tipos de dor e tratamentos

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Dor abdominal: entenda as causas, tipos de dor e tratamentos
Expressonoticias.com
28/10/ 2014
Dor abdominal: entenda as causas, tipos de dor e tratamentos
Conheça as doenças mais comumente relacionadas ao sintoma e como identificar
Quando falamos em dor abdominal, muitos podem pensar que ela se concentra apenas no estômago. Mas isso está
longe de ser verdade – o abdômen é toda a porção entre o tórax e a virilha, e qualquer manifestação nessa faixa pode
ser considerada dor abdominal. E você já pode imaginar que, com a quantidade de órgãos que temos nessa região, fica
muito difícil acertar o que pode estar causando esse desconforto tão grande. "Devemos lembrar que a dor é um sintoma,
portanto seu papel maior é orientar a investigação rumo a um diagnóstico e tratamento adequado", explica o clínico geral
Eduardo Finger, coordenador do departamento de pesquisa e desenvolvimento do laboratório Salomão Zoppi
Diagnósticos. Para ajudar, separamos os órgãos que frequentemente causam dor abdominal quando estão com
problemas e ensinamos a reconhecer sua dor:
Pâncreas
Quando a dor abdominal é descrita como uma dor intensa em faixa, no meio do abdômen, pode indicar
problemas no pâncreas. "A sensação só melhora quando a pessoa assume a pose de prece maometana (com os joelhos
apoiados no chão e a cabeça baixa, deixando o quadril voltado para cima)", diz o clínico geral Eduardo Finger,
coordenador do departamento de pesquisa e desenvolvimento do laboratório Salomão Zoppi Diagnósticos.
O pâncreas é uma glândula do sistema digestivo e endócrino que se localiza atrás do estômago, entre o duodeno e o baço.
Entre as suas funções está fazer a digestão das gorduras que ingerimos usando o suco pancreático, substância que contém
enzimas digestivas. Além disso, o pâncreas é responsável por produzir os hormônios insulina e glucagon. A insulina é
responsável por reduzir as taxas de açúcar no sangue, ao passo que o glucagon tem o efeito contrário, aumentando essas
concentrações.
Qualquer falha no funcionamento da secreção dessas enzimas ou inflamações no órgão pode causar doenças que levam à dor
abdominal. A principal suspeita quando a dor está localizada nesse órgão é a pancreatite – um inchaço, inflamação ou infecção
no pâncreas que pode ter várias causas, entre elas o consumo excessivo de álcool. Em alguns casos, a dor pode vir
acompanhada de febre e inchaço no abdômen. Também é comum a dor piorar minutos após comer ou beber, especialmente
no caso de alimentos com altas quantidades de gordura. Outras doenças menos comuns relacionadas a dor no pâncreas são
fibrose cística e câncer.
O médico poderá receitar analgésicos a fim de aliviar as dores e recomendar uma dieta com baixa ingestão de gordura. Nos
casos mais graves, a cirurgia é necessária para remover tecido pancreático morto ou infeccionado.
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Apêndice
O apêndice está localizado no ceco, que é a primeira parte do intestino grosso. Ele é uma espécie de tubo anexo ao
órgão e tem aproximadamente cinco centímetros de comprimento. Ainda não se sabe exatamente qual a função do
apêndice em nosso organismo – de acordo com um estudo feito na Duke University Medical School e publicado na
revista Journal of Theoretical Biology em 2007, ele pode estar relacionado com as bactérias que habitam e ajudam o
sistema digestivo. Segundo os pesquisadores, pode ser que o apêndice funcione como uma casa segura para esses
micro-organismos.
"Essa é uma dor genérica, de intensidade variável, no quadrante inferior direito do abdômen", explica o clínico geral Eduardo.
Mas, a depender da posição do apêndice, a dor pode surgir na região do umbigo ou até nas costas – mas essas manifestações
são mais raras, afirma o médico. A doença mais relacionada é a apendicite, uma inflamação no apêndice geralmente
relacionada com uma obstrução no órgão, ocasionada por fezes, um objeto estranho ou, em casos mais raros, um tumor.
Ao menor sinal de dores no apêndice, o ideal é buscar um médico. Caso seja uma inflamação grave ou um tumor, o paciente
poderá ser submetido a uma cirurgia para retirada do órgão.
Intestino
A dor abdominal de origem intestinal tem dois tipos: a gerada por inflamação e aquela consequente da constipação. "A
primeira geralmente é uma queimação difusa e contínua, já a segunda se caracteriza por uma cólica em intervalos
irregulares acompanhada da sensação de empachamento", afirma o clínico geral Eduardo. O especialista afirma que o
excesso de gases, gerado pela digestão dos alimentos no intestino, pode causar dor abdominal. "Essas manifestações
podem variar desde uma dor aguda em flancos até algo mais difuso e extenso, que se espalha por uma região do
abdômen", explica. Frequentemente, a dor dos gases pode se mostrar móvel, mudando de lugar depois de apertarmos a
barriga e melhorando com a liberação dos gases.
O intestino é um órgão que se estende do estômago até o ânus, se dividindo em dois segmentos: intestino delgado e intestino
grosso. O primeiro é responsável por completar a digestão de proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas e todas as
substâncias ingeridas e necessárias para fornecer energia ao nosso organismo. Já o intestino grosso faz a absorção de água e
eletrólitos e síntese de vitaminas pelas bactérias intestinais. Ao absorver a água, o intestino grosso forma o bolo fecal (fezes).
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Existem diversas doenças que podem causar dor abdominal proveniente do intestino. As mais comuns são síndrome do
intestino irritável e alergias ou intolerâncias alimentares (como intolerância à lactose). Há também as doenças inflamatórias do
intestino, como doença de Chron e colite. Nos casos mais graves, as dores abdominais podem ser causadas por um câncer
colorretal.
Já a constipação é causada quase sempre por conta de uma alimentação pode em fibras e líquidos – principalmente a água –
impedindo o intestino de formar um bolo fecal adequado e dificultando os movimentos intestinais, responsáveis por formar as
vezes e levá-las até o ânus para evacuação. "A prisão de ventre acontece quando você tem fezes muito ressecadas, que
exigem um esforço muito grande na hora de evacuar, comumente associado a uma sensação de cólica e desconforto", explica
o nutrólogo Roberto Navarro, da Associação Brasileira de Nutrologia. A prisão de ventre não tratada pode gerar diverticulite
(formação de bolsas e quistos no intestino), que por si só também leva a dor abdominal.
Além das deficiências alimentares a constipação pode acontecer em idosos, por diminuição do movimento do intestino, como
colateral de medicamentos, consequência do sedentarismo ou então de problemas na tireoide. Existe também uma doença
rara, segundo o nutrólogo, que se define pela falta de nervos na parede do intestino, responsáveis por contrai-lo. Pessoas com
essa doença tem prisão de ventre desde o nascimento, justamente porque são incapazes de fazer o intestino funcionar
corretamente.
Caso você sinta as cólicas e dores abdominais com frequência, procure um médico para avaliar o problema. Ele poderá
receitar para as cólicas um antiespasmódico, medicamento que age inibindo contrações musculares, agindo no foco da dor.
Entretanto, na suspeita de problemas mais graves, ele poderá indicar um exame de colonoscopia.
Rins
om o formato de feijões e cerca de 5 cm de largura por 3 cm de espessura, os rins são órgãos excretores, responsáveis
principalmente por filtrar as substâncias que nosso corpo digere e produz, deixando apenas o que é bom para organismo
e jogando fora através da urina aquilo que não nos faz bem. Os dois rins ficam localizados cada um em um lado da
coluna – o direito encontra-se logo abaixo do fígado e o esquerdo abaixo do baço.
A principal causa de dor abdominal relacionada ao rim é o cálculo renal. "A pedra se forma quando algumas substâncias
secretadas pela urina – como o cálcio – estão presentes no rim em quantidade excessiva, isso causa um processo de
cristalização, formando a pedra", explica o nefrologista Eduardo Garcia, do Hospital Samaritano de São Paulo. O tamanho do
cálculo influencia a intensidade da dor – até quatro milímetros podem ser expelidos espontaneamente, sem dor. "Acima desse
tamanho, a chance de episódios com dor aumenta", conta o nefrologista André Sloboda, da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
A dor do calculo renal costuma ser em cólica, unilateral, intensa, com trajeto que se inicia em região lombar e segue em
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direção à região pubiana. A dor, que muitos dizem ser quase insuportável, acontece porque a pedra está se movimento dentro
dos rins.
"Outras doenças renais relacionadas à dor no abdômen incluem obstrução ureteral e pielonefrite, ou infecção alta do rim, mas
esta vem acompanhada de febre, mal estar intenso e pus na urina", ressalta o clínico geral Eduardo Finger.
A dor, cuja intensidade é comparável as dores do parto, acontece porque a pedra está se movimento dentro dos rins. O alívio
da dor pode ser feito com o uso de antiespasmódicos, uma vez que eles irão inibir as contrações renais, diminuindo o sintoma.
Diferente dos analgésicos, que apenas causam uma sensação de anestesia, o antiespasmódico age diretamente na causa da
dor.
Aparelho reprodutor
As cólicas menstruais sem dúvida são as dores abdominais mais relacionadas com o aparelho reprodutor. "O mal
aparece em consequência das contrações realizadas pelo útero para eliminar o sangue – ou seja, quanto mais intenso
for o fluxo, mais fortes serão as cólicas", explica a ginecologista Silvana Chedid, chefe do setor de Reprodução Humana
do Hospital Beneficência Portuguesa. Essa dor costuma acometer o baixo ventre, facilmente identificada por acontecer
próxima ou durante o período menstrual. Essa cólica pode ser tratada utilizando medicamentos antiespasmódicos, uma
vez que eles irão inibir as contrações uterinas, diminuindo a dor e aliviando o sintoma. Diferente dos analgésicos, que
apenas causam uma sensação de anestesia, o antiespasmódico age diretamente na causa da dor, sendo mais eficaz no
tratamento.
No entanto, as cólicas muito dolorosas podem indicar um problema mais grave: a endometriose. O endométrio é a mucosa que
reveste a parede interna do útero, responsável por alojar o embrião e auxiliar na formação da placenta durante a gravidez.
Caso a mulher não seja fecundada, o endométrio se desintegra e é expelido do corpo na forma de menstruação. A
endometriose acontece quando esse tecido cresce em outras regiões do corpo, causando dor, sangramento irregular e
possível infertilidade. Essa formação de tecido normalmente ocorre na região pélvica, nos ovários, no intestino, no reto, na
bexiga e na pélvis. "Os sintomas principais da endometriose são as cólicas menstruais que não melhoram com medicação
habitual, dores na relação sexual e sintomas urinários e intestinais como dor ao evacuar e sangramento", explica a
ginecologista Sueli Raposo, do Laboratório Pasteur, em Brasília. Caso você tenha esses sintomas, procure um médico
ginecologista.
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Fígado
O fígado é o segundo maior órgão do corpo humano depois da pele. O fígado exerce mais de 200 funções em nosso
organismo, sendo as principais o auxílio na digestão de alimentos, produção de bile (substância que atua na digestão de
gorduras), a síntese de colesterol e a metabolização dos elementos nocivos de alguns alimentos, como bebidas
alcoólicas, café e gorduras. De acordo com o clínico geral Eduardo, o fígado e si não dói, mas a cápsula fibrosa que o
envolve sim. "Dessa forma, as dores na região do fígado costumam ser mais frequentes naquelas doenças que
produzem distensão da cápsula como é o caso do edema hepático na insuficiência cardíaca, um tumor se expandindo,
edema inflamatório da hepatite e etc", diz. A dor de origem hepática pode ser descrita como um peso no quadrante
superior direito do abdômen.
É importante identificar a dor no fígado para evitar tratamentos que podem ser nocivos ao órgão, como a ingestão de
paracetamol, um analgésico e antipirético. Quando o paracetamol é processado pelo organismo, produz um composto tóxico
chamado NAPQI, que em baixas quantidades pode ser facilmente limpado pelo organismo. Entretanto, em um fígado doente
ou em altas quantidades, o NAPQI resultante do paracetamol pode ser uma ameaça, uma vez que a substância ataca as
moléculas que formam a membrana das células hepáticas. A consequência disso é a morte dessas células, que compromete o
funcionamento do fígado.
É importante manter uma dieta com alimentos de fácil digestão, como frutas, verduras e peixes, além de uma consulta ao
médico, que irá indicar o tratamento mais recomendado para a sua situação.
Estômago
O estômago é um órgão presente no tubo digestivo, situado logo abaixo do diafragma. Ele é responsável por produzir o
suco gástrico, que inicia a digestão dos alimentos e os prepara para serem absorvidos no intestino. As dores de
estômago estão intimamente relacionadas com o refluxo gastroesofágico e a gastrite. "A doença do refluxo
gastroesofágico é uma condição na qual o conteúdo do estômago (alimento ou líquido) vaza em direção contrária – do
estômago para o esôfago", explica a gastroenterologista Eponina Lemme, da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
Essa ação pode irritar o esôfago, causando azia e dor abdominal em queimação no quadrante superior esquerdo do
abdômen. Já a gastrite ocorre quando o revestimento do estômago fica inflamado ou inchado devido, entre outros, ao
estresse excessivo ou infecção pela bactéria H. pylori. Essa dor também é em forma de queimação, só que muito mais
intensa do que a causada pelo refluxo.
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"Já as infecções estomacais causam uma dor difusa e confusa, que pode queimar e dar cólicas, frequentemente
acompanhadas de vômitos", completa o clínico geral Eduardo Finger. Além disso, em casos mais graves, o câncer de
estômago pode simular uma úlcera ou uma gastrite, gerando a dor abdominal.
O alívio da dor de estômago genérica pode ser feito com antiácidos, antieméticos, ou antiespasmódicos. No entanto, se a dor
persistir ou se tornar frequente, é importante procurar um médico.
Vesícula biliar
A vesícula biliar é conectada ao fígado e ao duodeno e tem cerca de 7 cm de comprimento. Sua aparência é verde
escura por conta da bile, que fica armazenada no órgão – sua única função. Depois de ser armazenada na vesícula
biliar, a bile se torna mais concentrada do que quando saiu do fígado, aumentando sua potência e intensificando seu
efeito na digestão das gorduras. A dor abdominal em decorrência de problemas na vesícula podem acusar problemas
como cólica biliar – dor causada pela obstrução total ou parcial dos canais que conduzem a bile. A cólica biliar
geralmente acontece em decorrência dos cálculos biliares, que são depósitos que se formam dentro da vesícula biliar,
feitos de colesterol ou compostos da bile. "É uma cólica que se inicia no quadrante superior direito e caminha em direção
ao meio do abdômen", conta o clínico geral Eduardo. A dor também pode ser um sinal de colangite, que é uma infecção
das vias biliares. Nesse caso, o sintoma acomete todo o meio da barriga em forma de queimação, sendo muito doloroso
até mesmo tocar na região.
O médico poderá receitar medicamentos antiespasmódicos para o alívio da dor, assim como indicar o tratamento mais
adequado para a origem da dor. No caso de cálculos biliares pode ser até mesmo uma cirurgia.

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