Página 9

Transcrição

Página 9
AGOSTO / 2013
PÁGINA 9
A RAZÃO
Artigos
Armem-se
contra a
violência
LÍLIA RODRIGUES DA S. PAIVA
Presidente da Filial Be lo Horizon te (MG)
A sociedade está vivendo
problema muito grave. A todo momento as pessoas se
deparam com a violência não
somente nas ruas, mas também invadindo as residências,
escolas e lugares que necessitam frequentar para suprir
suas necessidades até para a
própria evolução.
Houve tempos em que se
podia andar livremente nas
ruas, as casas não eram guarnecidas de grades, cercas elétricas e outros dispositivos de
proteção com o objetivo de
aumentar a segurança. Tinhase tranquilidade de entregar
o filho em uma escola, sabendo que ele iria para ali estudar e assimilar os co nheci mentos de cada nível escolar
conforme as grades curriculares adotadas no nosso
país. A segurança pública era mantida para que
os cidadãos honestos e
honrados tivessem o seu
direito de ir e vir res peitado, assim como tantos outros direitos previstos em Lei e na Constituição Federal.
Hoje, não se tem
essa tranquilidade, pois,
como já dissemos, são
tantos desmandos, tantos
crimes, tanta violência, tudo
isto impetrado contra uma
sociedade vítima da falta de
caráter, de responsabilidade,
da falta de escrúpulo, de respeito de seres que se julgam
no direito de sair por aí dizimando-a, não respeitando
homens, mulheres, crianças,
ido sos. Assim, somos todos
vítimas desta falta de espiritualidade de que tanto ca rece a humanidade.
Não podemos esquecer
que entre os seres encarnados existem espíritos milenares que, em outras vidas,
praticaram crimes iguais ou
piores, e tiveram a oportunidade de, em nova reencarnação, refazer o seu processo
evolutivo, mas acabam caindo nas mesmas precárias
condições de vida material e
espiritual, por se deixarem
levar pela lei do menor esforço, pela marca indelével
no espírito das suas práticas
criminosas, que precisam ser
extirpadas, acabam caindo
nos mesmos erros e vícios
hediondos, ocasionando os
descalabros vivenciados pela
sociedade.
Por isso concitamos a
que se armem contra a violência de todos os tipos, mas
quando dizemos para se armarem, não nos referimos
aos armamentos que ferem e
matam, à busca dos conhecimentos da espiritualidade, à
elevação do pensamento às
esferas superiores do bem,
através do religamento pela
limpeza psíquica nos momentos recomendados pelo
Racionalismo Cristão.
Na mudança e remodelação dos atos e costumes e
a revisão dos processos egocêntricos que, na maioria
das vezes, cegam aqueles que
tanto podem fazer para prevenir a si e aos seus dos
perigos que estão do lado de
fora dos portões de um lar.
Armem-se pelo fortaleci-
Vibrem os
pensamentos sempre
com altivez, rumo
aos pontos mais
elevados do Universo.
mento espiritual, pela força
do pensamento bem direcionado, não se deixando ligar a toda esta onda
avassa ladora em que se encontram tantos seres que
estão pro pensos a desmantelar a sociedade.
Vibrem os pensamentos
sempre com altivez, rumo aos
pontos mais elevados do
Universo, e neste colóquio espiritual irradiem pelas nossas
crianças, pelas mulheres, pelos idosos, pelos homens de
boa vontade. Irradiem pela
virtude, pela honestidade,
pela dignidade. Ir radiem
pelas pessoas de bem e pelos
irmãos em essência, pelos
governantes e por aqueles
que se responsa-bilizam por
manter a ordem pública. E
tenham a certeza de que este
procedimento é a melhor forma de se armar contra a violência que está aí fora e é filha legítima da falta de
esclarecimento e da falta de
espiritualidade que ainda assolam a humanidade.
ESTILISTA
THEREZA
(21) 2542-1872
ENDEREÇO: Av. Princesa Isabel,
186, ap. 1012
Leme - Rio de Janeiro
Felino Alves de Jesus:
breve vida e longa história
CARLOS ALBERTO DE ALMEIDA DUARTE
Militante da Filial Santa Efigênia,
Belo Horizonte (MG), capitão especialista da Aeronáutica reformado
Trabalhador incansável,
organizador metódico e
oficial disciplinado, o
Tenente Felino, pelas
suas qualidades e conhecimentos obtidos em
ope-rações de guerra,
será sem dúvida uma
fonte permanente de
consultas futuras no
âmbito da Força Aérea
Brasileira.
Nero Moura
m 20 de janeiro de
1941, o Ministério da
Aeronáutica era criado,
recebendo, como do tação inicial, cerca de 430
aeronaves das aviações naval
e do Exército, bem como recursos humanos, provenientes da Aviação Naval, da Reserva Naval Aérea, da Reserva Naval Aérea Especial, da
Aviação do Exército, de convocados da Reserva Especial
do Exército e suboficiais e
sargentos pilotos da Aviação
do Exército. Esse contingente
era acompanhado de mili tares e civis de todas as especialidades, não só ligados
ao voo, como também à administração da nova Força
que estava sendo gerada.
Dois meses mais tarde,
novos integrantes eram admitidos na recém-criada Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, entre os
quais estava Felino Alves de
Jesus, declarado guarda-marinha em 30 de dezembro de
1939, na Escola Naval. Em
26 de março de 1941, no
posto de segundo-tenente da
Marinha de Guerra, foi matriculado no 2º ano da Es cola de Aeronáutica como
oficial-aluno, tendo, como
companheiros, aspirantes de
Villegagnon (Escola Naval),
cadetes de Realengo (Escola
de Aviação Mi litar) e civis
egressos de profissões li berais e universidades, que
também optaram pela nova
instituição.
Terminado o Curso de
Pilotagem, em 30 de setembro de 1942, faz o Curso
de Paraquedista na Escola do Aeroclube de
São Paulo, onde surgiu
o paraquedismo no Brasil. Ao concluir o curso,
em 3 de março de 1943,
recebe Menção Honrosa
e classifica-se em 1º lugar. Passou a ser o primeiro pa raque dis ta da
FAB e chegou a realizar
31 saltos, alguns do tipo
“retardado”.
Já como primeiro-tenente-aviador, Felino inscreve-se
como voluntário para participar do 1º Grupo de Aviação
de Caça (1º GAVCA), criado
para operar na Itália na Segunda Guerra Mundial e, em
30 de março de 1944, inicia
o seu treinamento numa base
E
de Força Aérea America na
(Aguadul ce), no Canal do
Panamá.
Em agosto de 1944, juntamente com três compa nheiros, segue para a Itália,
desembarcando em Nápoles
e permanecendo agregado à
Força Aérea do Exército dos
Estados Unidos (ASAAF),
enquanto aguarda a chegada
do 1º GAVCA. Em 7 de outubro de 1944, numa base
aérea próxima à Tarquínia
(Itália), recebe o grupo e fica
incumbido da ligação dele
com a Força Expedicionária
Brasileira (FEB).
Em paralelo às suas funções em terra, como homem
de confiança do comandante
Nero Moura e oficial indicado pelo comando do Grupo
para tratar de assuntos ligados ao Estado-Maior das forças em combate, não deixou
de atuar como aviador, tendo
realizado onze missões de
transporte, pilotando a aeronave North American B-25
Mitchel, do Grupo.
Em 2 de maio de 1945,
com o término das hostilidades na Itália, desliga-se do
1º grupo de Aviação de Caça
e, no dia 11 de maio do mesmo ano, regressa ao Bra sil.
De volta, Felino é promovido
a capitão, em 20 de
agosto. Naquela ocasião,
vivia-se a fase da ditadura Vargas. Sabedor de
que estava havendo um
mo vimento para o retorno do país à demo cracia, especula engajarse naquela luta patriótica. Liderava o movimento em prol de um re gime democrata o des temido brigadeiro Eduardo Gomes. Felino, recém-chegado dos campos de
batalha, procura o brigadeiro
e se apresenta: “Brigadeiro,
vim de lutar por um mundo
melhor, quero, ao seu lado,
lutar por um Brasil melhor”.
A partir daquele encontro, começa a participar ativamente da campanha pela
democratização do país, sem
temer consequências.
Estava no serviço ativo
da Força Aérea Brasileira,
revelando-se um militar disciplinado, fora do serviço era
o lutador incansável, idea -
Em sua carreira,
Felino vestiu os
uniformes da Marinha,
do Exército e da
Força Aérea Brasileira.
lista, colaborador dedicado e
leal, grande incentivador da
campanha liderada pelo
brigadeiro Eduardo Gomes,
que tinha por lema: “O preço da liberdade é a eterna
vigilância.”
Esse pensamento influenciou a ética de líderes mi litares de várias gerações, não
Minha história de vida
Racionalismo
Cristão
trata da
evolução
do espírito
A autora conta no livro a sua
história, desde que saiu de sua terra
natal, no Nordeste, até sua vinda e vida no Rio de Janeiro, retratando seus
momentos de dificuldade e revelando
os meios que usou para vencer as
adversidades que se opuseram a ela.
www.pajueditora.com.br ou no endereço da editora: Av. Passos, 122,
sala 401, Centro/RJ - CEP: 20051040, Tel.: (21) 2509-1514.
E-mail: [email protected]
obstante as controvérsias sobre a autoria da frase, que
tem, entre os idealizadores de
seu conteúdo, além de Eduardo Gomes, Thomas Jef ferson (1743-1826) e John
Philpot Curran (1750-1817).
Concomitantemente, resolve cursar Engenharia de
Radiocomunicações,
concorre ao exame de
seleção à antiga Escola
Técnica do Exército,
atual IME, e é aprovado
em primeiro lugar, iniciando o curso em
março de 1948. Na metade do 2º ano, veio a
falecer.
A turma à qual pertenceu concluiu o curso
no Instituto Tecnológico
da Aeronáutica (ITA) e
é cognominada Turma 1951,
a primeira formada por aquele estabelecimento de ensino.
Apesar do pouco tempo de
convivência, a figura do colega Felino foi tão marcante
que a rapaziada de então, até
há alguns anos, recordava-o
pelo coleguismo, capacidade
intelectual e liderança.
Anualmente, reuniam-se e
relembravam, apesar de decorridos mais de 30 anos do
falecimento do colega, passagens e acontecimentos rela-
O capitão Felino
realizou o seu último
voo, no comando
de um avião, em
11 de junho de 1949.
cionados com eles. Aos que
compareciam às reuniões da
Turma 1951 havia a impressão de que Felino desaparecera recentemente, tão
viva ainda estava a lembrança
de quem fora, para eles, um
autêntico líder. Nas ho menagens póstumas, pres tadas por ocasião da formatura de engenheiros do
ITA de 1951, era lembrado e
citado como símbolo de
união das Forças Armadas,
pois iniciara a sua carreira
militar na Mari nha, prosse guira na Aeronáutica, e,
quando de seu falecimento, estava agregado
à Escola Técnica do
Exército. “Para eles fora o líder a ser seguido”
(palavras do orador da
Turma 1951, engenheiro
Anto nio Carlos Jun queira de Moraes).
Felino representou,
assim, uma espécie de
“síntese de um tempo”
em que havia a necessidade
de aglutinar as Forças
Armadas brasileiras num elo
de plena união, em face do
contexto político da época.
Representou esse papel independemente de um ato consciente, mas pelos ideais que
o moviam. É possível extrair
de sua vida de dicada ao
Brasil uma grande força emocional que é própria de uma
juventude idealista, quando o
cenário bra sileiro daquele
período era, a um só tempo,
necessitado e também motivador. Daí, quem sabe (?),
Felino cobrir sua pele com as
cores dos uniformes da
Felino consolidou
seu conhecimento
e suas ideias sobre
o RC no livro
Trajetória Evolutiva.
Marinha, do Exército, numa
passagem breve pelo IME, e
da Força Aérea Brasileira, à
qual serviu pelo resto de sua
vida tão breve e gloriosa.
O capitão Felino, nascido
em 9 de maio de 1918, realizou o seu último voo comandando um avião do 2º Grupo
de Transporte em serviço na
rota de Fernando de No ronha, em 11 de junho de
1949, tendo falecido em 12 de
julho do mesmo ano, aos 31
anos, em decorrência de
doença infecciosa, adquirida em serviço. Con tava, então, com 2.940
horas de voo e 31 saltos
de paraquedas. “Deixou
exemplos a serem seguidos e que enc hem de
orgulho aqueles que lhe
pertencem.” Palavras da
se nhora Maria Luiza
Cottas de Jesus, viúva
orgulhosa do marido,
referindo-se a Felino.
Felino dedicou-se
também ao estudo de aspectos da vida humana, como
conhecimento próprio, o papel do homem no Universo e
os princípios que estabelecem
equilíbrio entre Força e Matéria. Consolidou seu co nhecimento e suas ideias sobre o Racionalismo Cristão
no livro Trajetória Evolutiva
(Rio de Janeiro, Ed. Lua
Nova, 1991, 9ª Ed.).
Transcrito da revista Ideias
em Destaque (nº 40 – janeiro/abril
2013), publicação do Instituto
Histórico-Cultural da Aeronáutica,
cujo editor responsável é o majorbri ga deiro-do-ar R1 Wilmar Ter roso Frei tas. O título original do
artigo é “Felino de Jesus: breve
vida e grande história do primeiro
paraquedista da FAB”.
Duas notas do editor:
1. Conforme John W. Buyers
registra em A história do 1º grupo
de caça: 1943/1945, a função primordial de Felino na Base de
Aguadulce era controlar pousos e
decolagens na torre de comando
e orientar a navegação aérea na
estação radar.
2. O capitão Felino foi condecorado com a medalha da campanha da Itália, da campanha do
Atlântico Sul e com a Presidential
Unit Citation (John W. Buyers em
A história do 1º Grupo de Caça”
1943/1945, p. 228).

Documentos relacionados