Boletim Cooperativista nº 174, maio 1968

Transcrição

Boletim Cooperativista nº 174, maio 1968
p
COOPERATIVISMO I B I INICIATIVA POPUIAIM $M íUti®,
f 0 9 @ íatLS (í SSNftCAB© IPS IA ACTIVIOAOI 60S Ci DAD AOS
FUNDADO P O R ANTONIO SÉRGIO
N.
E
Alguém, responsável por uma das
maiores empresas de Portugal, disse
algures dentro de breve anos só as
empresas bem dimensionadas resistiriam nos tempos futuros. Entretanto, no nosso movimento cooperativo
continuamos ainda muito agarrados
a conceitos ultrapassados e para não
dizer c o n t r á r i o s ao espírito cooperativo. No sector cooperativo de consumo, apesar da sua antiguidade — e
por causa disso, talvez! — muitos
dirigentes
continuam
convencidos
cue as suas cooperativas devem continuar a viver no isolamento que a t é
agora têm mantido. Nem mesmo os
Í T ; - I U S resultados, o sempre ioual número de membros — se n ã o mais
^ V y i x o ! — a ausência cie militantes
• ' o v o s , etc., os convence. Desculoam-se com a bola, com a televisão ou
JUT JÊÊÊf JKKF JÊÊK?
JHW MBF JMT
\ LEIA NAS PÁGINAS \
—
:
—
—
—
INTERIORES:
I
j
J PÁGINA DAS COOPERADORAS
MUNDO COOPERATIVO
AUTO-SERVIÇO
SOCIEDADES DA ABUNDÂNCIA
PÁGINA AGRÍCOLA
CRÓNICA DE JORGE SEQUEIRA
ALÉM DO HABITUAL NOTICIÁRIO
O próximo n ú m e r o dedicado ao Dia
Mondial
do Cooperativismo será distri-
buído em 1 de Julho.
Maío 1968
NOVOS MtTODOSd a s
Uma verdade se está a afirmar ano após ano: é impossível continuar a frabaíhar isolado em qualquer sector que se trabalhe na economia do País.
I
174
Comunidade Europeia
E D I T O R I A L
~
9
com o cinema e clamam que «no seu
tempo é que era b o m ! » mas nada de
querer compreender que, para novos
tempos, novos meios de actuação.
Alguns, mesmo, n ã o hesitam em bater-se pública e particularmente pela
«sua cooperativa» ou a «sua casa»,
como se fundar cooperativas fôsse
um f i m em si. Falar-Ihes em f u s õ e s ,
{Continua
na página 10)
L
Cooperativas
Consumidores
die
Como diz Degon, presidente desta
Comunidade, a C o o p e r a ç ã o assenta na
solidariedade entre os homens e p o r
isso ela não conhece fronteiras.
A «Comunidade Europeia das Cooperativas
de C o n s u m i d o r e s » f o i fundada em 1957
e agrupa as diversas F e d e r a ç õ e s Nacionais dos movimentos "ooperativos de
consumo da Alemanha Ocidental, da
Bélgica, da F r a n ç a , da H o l a n d a e da
I t á l i a , isto é, de todos os p a í s e s
do Mercado C o m u m exceptuando o
Luxemburgo,
(Continua na página 12)
t i
IL
UMA NOVA C O O P E R A T I V A
COM SOLIDAS
BASES
tíM T O U C O D E H I S T Ó R I A R O C H O A S uma cias cooperativas mais recentes.
UANA
Fica no alto da Parede num local que
não será dos mais centrais mas que f o i
A ideia nasceu entre o pequeno grupo
o mais acessível para as magras bolsas
j á citado, e conhecedores da existência)
dos seus fundadores. Hoje é difícil f u n de dirigentes cooperativos com experiêndar cooperativas, e mesmo em 1956
cia, vá de pedir o seu concurso: ass-nt
— data em que nasceu a «Linha do Espode dizer-se que a Ideia <fu cooperativa
toril* — n ã o era fácil, mas o punhado
foi definitivamente assente numa reu«
de homens que meteu ombros a esta tanião havida em Carcavelos onde estive»
refa estava apostado em demonstrar o
{Continua
na nácrina luf
contrário. Alvaro Augusto Moreira. António S e b a s t i ã o
Cláudio. A d e l i n o
Vieira Norte, Dom i n g o s Manuel,
A n tónio Joaquim
M o a c i i o Ciríaco
da Graça de Sousa. Bento Cataluna
Mordido. Hermitêr l o S i m õ e s da
Cunha. João A n tónio da Concoiçâo
e R i c a r d o Leani - -r5
dro, foram os f u n dadores que n ã o
hesitaram em lançar as bases de
um dos mais belos baluartes á a
zona a norto do
Edificio-Sede
da «.Linha do Estoril»
Tejo.
UMA OFERTA 00 KOCPERATiVA FORBUNDET
Um elevador de camião e jogo de paleies rolantes
para equipamento do Armazém Regional do Sul
da U N I C 0 0 P E
No mês passado esteye mais uma vez em Portugal J . W. Ames
que em conjunto com os dirigentes do A. Regional do Sul da UNIC O O P E orientou a preparação para o funcionamento do novo sistema
de fornecimentos às cooperativas. Entretanto para simplificação e melhoria dos serviços de abastecimento às cooperativas, aquele grande
amigo do Cooperativismo Português ofereceu em nome da K. F. um
elevador para camião e um jogo de paletes rolantes que serão de
grande utilidade. Ao mesmo tempo, e durante os doze dias que esteve
I entre nós, deu preciosas indicações para o funcionamento mais aperfeiçoado do Armazém e discriminação das suas despesas gerais facto
que nesta hora preocupa os dirigentes desta unidade.
I I P
bol-etifra
C O O P E R A T I V I S T A
Director e Editor:
Faustino Cordeiro
•
Propriedade;
Unicoope — União Cooperativa Abastecedora, SCRL
Redacção e Administração:
h W c , 3, Lote 300-A'— Olivais Sul — LISBOA-6
•
Redactores responsáveis;
Vasco de Carvalho
Faustino Cordeiro
Alfredo Canana
Rui Canário
•
DE NORTE A S U L
FUNDÃO
A Adega Cooperativa do Fundão encerrou a sua campanha vinícola de 1966, com
uma produção de 2 242 239 litros de vinho,
de graduação média de 12fi. A produção
de aguardente foi de 42 295 litros.
Embora a produção de vinho e o número
da associados que entregaram uvas para
laboração tosse inferior ao ano anterior,
isso não impediu, graças a uma boa gestão administrativa,
que os 033 cooperadores que participaram
na campanha não
beneficiassem
de um aumento
substancial
no preço pago pela uva entregue, $18,75
pot grau-quilo, mais 50% que em 1965.
Como testemunho
do progresso que a
Adega Cooperativa do Fundão está atravessando, é bem representativo
o pedido
de integração
manifestado
pela
Adega
Cooperativa de Penamacor, cujos dirigentes dão li-:io de compreenderem
uma realidade, no caminho a seguir quanto ao
luturo: a integração
cooperativa.
Um outro aspecto que mostra bem a
preocupação dos dirigentes da Cooperativa
em relação ao futuro está salientado no
relatório e traáus-se pelas seguintes palavras: hA comercialização, atendendo à conjuntura económica actual, está
correndo
riscos, no respeitante a pagamentos. Por
esse facto aumentou consideravelmente
o
Fundo de Previsões para Dívidas de Cobrança Duvidosa.»
BARCARENA
CORPOS GERENTES PARA 1968
Assembleia Geral: Presidente, João Marques Boletas; 1." Secretário, Leonel Albino
da Silva; 2." Secretário, Belazer Caetano
Farinha.
Direcção: — Presidente, António Canto
Dias; l.° Secretário. Silvério dos Samos;
2 boletim cooperativista
2." Secretário, António da Silva Silvestre;
Tesoureiro, Artur José Pedro; Vogais, José
Augusto Dionísio, Carlos Pereira da Silva,
Américo Augusto Faria, Adriano Martins
dos Santos e António Ramalho Nobre.
Conselho Fiscal: — Presidente, José Serafim da Silva; Secretario, Manuel de Carvalho Barreiros; Relator, Curveliéf da Conceição Moreira.
Delegados: à Unicoope: Baltazar Henrique da Silva; à sucursal: Leonel Albino
da Silva; à administração da fábrica: J o ã o
Ferreira Regalado.
Lúcia Nobre
J. Dias Agudo
Arnaldo Teixeira
•¥•
Delegação no Norte:
Gabinete Regional do Norte
de Formação Técnica Cooperativa
Rua do Paraíso, 271-1.°
PORTO
•
D IS I R 1 B U 1 Ç Â Ò
PUBLICAÇÃO
GR \ l
U11A
M F MS A L
Composto e impresso - ("asa
Portuguesa — R. das Gave: s 109
LISBOA
BOMBARRAL
A Adega Cooperativa elegeu os seus novos corpos gerentes tendo a direcção f i cado constituída pelos srs. José Inácio Clímaco, José Luciano de Matos e Rafael José
Gomes. O presidente da assembleia geral
é o sr. José Ferreira Ventura e o sr.' Manuel Fernandes Canhão é o presidente do
conselho fiscal.
UM APELO
Colaboradores permanentes:
mm
)mm)m
AOS COOPERATIVISTAS
MAIS
VELHOS
Um dos nossos colaboradores está a preparai um trabalho sobre o Cooperativismo no nosso pais, em lodos os seus aspectos, desde a sua origem até aos nossos dias.
Este amigo pede-nos para lançai tini apelo a todos os cooperativistas
possuidores de publicações antigas ... jornais, revistas, relatórios, livros ... que possam
emprestar ou vender de o comunicar à Redacção do Boletim.
Entre as publicações particularmente
procuradas figuram os livros dc Raul
Tamagnini Barbosa (Modalidades e Aspectos do Cooperativismo, Economia Política (3." edição) e Direito Cooperativo); de Cunha Gonçalves (A Evolução do
Movimento
Operário em Portugal); António Maria Godinho (Bancos
Cooperativos); José dos Santos Castro (Na Defesa do Cooperativismo);
Emilie Costa
(Cooperativismo);
José Frederico Laranja (Sociedades Cooperativas; assim como
livros ou outras publicações que muitas cooperativas editam em alturas de aniversários importantes.
Tratando-se de um trabalho cheio de interesse, que está a ser realizado por
um colaborador deste Boletim desde os seus primeiros anos, não podíamos deixar
de apoiar o seu pedido certos de que a recolha de publicações dispersas muito
poderá contribuir para a elaboração da história cconómico-social do cooperativismo no nosso país.
•
VARR
RA MUNICIPAL
ENTE
ABERTA
A MÃO-DE-ORRA FEMIN IN
•
%
Por
BRANCA
MATOS
SILVA
O Boletim Cooperativista tem vindo a insistir, nos últimos números,
sobre vários aspectos da integração da mulher nas actividades de produção,
nomeadamente no tocante aos motivos que a levam a procurar emprego,
a abandonar a sua antiga situação de doméstica.
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mm
-
Como se sabe, é, as mais das vezes, movida apenas pela necessidade
de melhorar o nível económico do agregado familiar, que a mulher se emprega, embora ao facto devesse corresponder, também, uma vontade por
ela manifestada de trabalhar fora do lar: uma escolha livre.
A maioria das varredoras municipais, por exemplo, são antigas operárias, melheres-a-dias, etc., que não escolheram esta profissão: elas procuram
neste trabalho, uma remuneração certa, um horário fixo e" maior estabilidade ( t ê m assistência dadas pelas «Caixas» e reforma), quer dizer: condições que as suas antigas ocupações lhes não ofereciam.
A MULHER
TAMBÉM í UMA PESSOA
A d e f o r m a ç ã o política que lavra na
nossa época n ã o tem apenas desvalorizado os problemas da vida privada; falseou t a m b é m toda a sua perspectiva. A
opinião parece formular somente problemas de homens, em flNè só os homens
t ê m a palavra.
T"m proletariado espiritual cem vezes
mais numeroso, o da mulher, continua,
sem que Isso causa admiração, fora da
história.
Ksta impossibilade para a pessoa de
nascer para uma vida própira, que seS undo nós defino o proletariado mais
essencialmente ainda do que á miséria
jgte outerlal, é o quinhão de quase, todas as
^^mulheres, ricas o pobres, burguesas, opera rias, camponesas.
Os homens, esses sabem o que se lhes
vai pedir na vida: que sejam bons técnicos de qualquer coisa, e bons cidadãos.
Os que n ã o pensam ou n3o podem pensar na sua pessoa, pelo menos têm desde a adolescência, algumas noções seguras sobre as grandes formas do seu f u turo. Séculos de experiência. e de endurecimento nos poãtos de comando, fixa rnm
o tipo viril
Quem fala de mistério masculino]!
Elas são errantes. E r r a m em si mesmas,
em busca n ã o sabem de que natureza.
Que necessitam elas, pois, para se tori!> rem pessoas? O quererem e recebe- rem uni estatuto ds» vida que llies permita serem-np.
A mulher então não somente conquista:;! um lugar na vida pública; desinfectará t a m b é m a sua vida privada, educará milhões de seres desorientados, elevundo-os a dignidade de pessoas e talvez
assegure a rendição do homem alquebrado, reencontrando cm si os valores
fundamentals tie um humanismo lutegral.
Emmanuel
Mounier
Quizémos saber o que pensam elas do seu novo emprego e fomos procurá-las à rua, onde trabalham. Falámos com 3. Eis os seus depoimentos:
M A R I A J O S É D E MATOS TAVARES,
3:2 anos. Dantes, acarretava peixe n à
belra-rio.
E falamos ainda, e finalmente, com
outra Varredora que nos pediu a n ã o divulgação do seu nome. Tem 'li) anos. é
viúva e tem dois filhos.
cGanhava raaií, no meu antigo trabalho, m á s o serviço era demasiado violento. Este é mais calmo, maisc eito. Ganhamos 3$$00 por dia, mais 9$00 de subsídio. 45.$(X>, portanto. E descontamos
75*00 ao f i m do mês. Dá-nos, limpos.
1112SO0 mensais. Não nos pagam os domingos, recebemos 20 dias por mêa. Os
homens ganham mais (õt.fOO diários),
mas t a m b é m fazem serviços mais pesados, portanto é justo que assim seja.
Simplesmente- O que n ã o está. certo é
que eles ganhem, agora, o mesmo que
ganhavam dantes, quando faziam o trabalho que nós agora fazemos. E também
não está certo que, só por sermos mulheres, ganhemos menos 9$00 do que
eles ganham! Eu, cá por mim, acho que
pata trabalho igual, salário igual, seja
ele feito por homens ou por mulheres>>.
«Vim para esta profissão porque não
encontrei melhor... Dantes, era mulher-a-dins. Ganhava mais, à s vezes, mas
agora, ao menos, o pouco que ganho recebo-o de certeza... is mais seguro, embora Insuficiente; trabalho, depois das
5, até à s 22 e 30, ca dias.'., para poder
dar conta das despesas com 3 casa e os
filhos... O que. tne custa mais, é só ver
os meus pequenos uma ou duos horas
por dia. mas que se há-dc. lazer? Nnnea
tenho tempos livres, nunca tenho um
minuto para mim, porque além de tudo
Isto ainda tenho a lida doméstica. O trabalhei seria facilitado se o público, sòbrtudo os homens, n ã o nos tivessem recebido, corno receberam com graçolas,
merondo-st; connosco durante todo o dia
e não respeitando o trabalho de cada
UIÍ15.
Conclusão: Além de insuficientes té
opinião geral) os salários não estão justamente distribuídos; a mulher substituiu o homem no tocante ao varrer d^s
ruas, ganhando menos 9S00 diários do
que ele... porquê? Entretanto, o de um
modo geral, as mulheres estão satisfeitas com a nova profissão, porque ela oferece-lhes, apesar de tudo, mais garantias
do que as suas antigas colocações, in-,
certas e exaustivas em muitos casos,
como constatámos.
As declarações dos nossos entrevistados deste m ê s são bem a prova de que
a mulher (e muitos homens também, felizmente, também o pensam já) pode
perfeitamente substituir o trabalho masnos em perfeita igualdade de circunstâncias. ..
LUISA GONÇALVES AZINHAGA, 27
anos. Dantes, limpava alumínios numa
fábrica.
«Gosto mais deste trabalho do que daquele que tinha anteriormente. Ganho
mais, e é menos cansativo para quem.
como eu, é casada e tem filhos. Quando
(deSpegO . à s 5 da tarde tenho o trabalho doméstico todo à, minha espera... Só
tem um contra: são as férias. Os homens
têm seis dias (é pouquíssimo) de licença. Nós, mulheres, por enquanto ainda
não temos férias nenhumas! Já, ouvi dizer que só daqui a 5 anos é que temos
direito a elas... Para quem pega à s 8 e
larga às 17, tendo uma hora (do meio
dia à uma da tarde) para almoçar, já
vê que não é justo...*
PÁGiNA OAS COOPERADORAS
•
PÁGINA DAS COOPERADORAS
boiftim cooperativista «5
m i h x n o
COOPEHATMVO
T Á L I A
UM MOVIMENTO
RENASCIDO
AS C I N Z A S
Os começos do Movimento Cooperativo de Consumo, em
Itália remontam a mais de um século, somente cinco anos
depois da fundação da Cooperativa de Rochdale
Em 1849, a «.Sociedade de Socorros Mútuos», de Piemcmí,
abriu as «Lojas da Providência», com a finalidade de fornecer aos sócios os artigos de primeira necessidade ao
preço de custo, principalmente durante o inverno, período
em que, com frequência rareavam certos produtos alimentares.
Em 1854, por iniciativa da «Associação Geral dos Operários» uma «Loja da Providência» f o i fundada em Turim,
dotada do seu próprio capital, subscrito pelos associados
à razão de uma lira por acção.
Os promotores desta, iniciativa ignoravam, ainda, a experiência de Rochdale. As «Lojas da Providência» nem sempre
eram constituídas com a subscrição das acções, e vendiam
ao preço de custo, unicamente acrescido dos gastos gerais.,
sem retorno e em geral a crédito, apenas aos sócios.
A fundação da primeira cooperativa de consumo, com
capital subscrito pelos associados, venda a pronto aos sócios
e não-sócios, retorno sobre o consumo anual é atribuída
ao filantropo Francesco Vigano, que a constituiu em Come,
em 1864
Nos 20 anos que se seguiram, o movimento cooperativo
propagou-se pela Itália, sobre as mais variadas formas:
cooperativas de consumo, agrícolas, produção, habitação e
crédito
A Federação Nacional das Cooperativas f o i fundada em
Outubro de 1886, na presença de 130 delegados representantes
de 201 cooperativas, com mais de T 000 associados.
As cooperativas de consumo eram em número de 139
e estavam localizadas a maior parte na Itália do Norte
Em 1892, a Federação Nacional das Cooperativas mudou
de denominação e passou a chamar-se «Liga Nacional das
Cooperativas»
. Em 1895, os delegados italianos participaram na fundação
da Aliança Cooperativa Internacional (ACI).
Seguiu-se um período de desenvolvimento intenso: em
1915. na véspera da Itália entrar na primeira guerra mundial, as cooperativas eram em número de 7429. das quais
2408 eram de consumo
Houve outra fase de expansão logo após o f i m da guerra.
Em 1919, uma nova organização se constituiu ao lado da
Liga Nacional: A Confederação Cooperativa Italiana, que
agrupou as cooperativas de inspiração católica, enquanto que
a LEGA conservava as suas tendências laica e socialista.
Mas a tomada do poder pelo Fascismo pôs f i m ao movimento cooperativo livre e democrático A Liga Nacional das
Cooperativas e a Confederação foram dissolvidas, as sociedades cooperativas foram submetidas ao controlo do partido
dominante, que passou a nomear os administradores e a
excluir os dirigentes democraticamente eleitos
O movimento cooperativo livre e democrático reconstltuiu-se após o f i m da segunda guerra mundial, a libertação
do oaís e a reconquista da liberdade democrática.
Nessa altura reformaram-se as antigas e criaram-se novas
cooperativas, a Liga Nacional e a Confederação das Cooperativas Italianas foram reconstituídas
O movimento cooperativo, em geral, participou activamente na reconstrução do país, no pós-guerr- e o de consumo
em particular, teve um papel importantíssimo no
fornecimento dos artigos alimentares, nas cidades e no
campo, durante os anos mais difíceis do pós-guerra
"Çm 1951 no f i m do período de reconstrução, as estatísticas registavam no sector de vendas a retalho, as seguintes
cooperativas
-
4 boletim cooperativista
SECTOR:
Alimentação
Têxteis
Aparelhos die Ménage
Número
cie Coop.
4.807
102
37
Número
de Lojas
8.511 •
259 •
59
Pessoal
Efectivo
34.430
1.320
A distribuição geográfica n ã o era uniforme, mas pelo
contrário, muito concentrada ao Norte do País. Sòmente a
Lombardia contava com um terço do total das cooperativas
de consumo e 75 % do total das cooperativas estavam concentradas ao Norte da Itália.
Nos mos que se seguiram, começou na Italia, que se
encontrava em atraso, em relação aos outros países, um
processo de concentração . de f u s ã o de sociedades coope»
rativas, assim como uma redução do número de pequenos
estabelecimentos.
As estatísticas em 1961, registavam a existência de 3694
cooperativas de consumo, com 23 032 empregados. Além
disso, 1327 sociedades cooperativas geriam por sua conta
os estabelecimentos públicos (bares, tabernas, etc.).
Uma empresa privada (Nielsen), efectuou recentemente
um inquérito sobre as estruturas do comércio de retalho
e registou em Itália a existência de 6924 estabelecimentos
cooperativos.
a
t|
Umas das principais características do movimento cooperativo italiano f o i permanecer em estreito laço com as grandes massas populares, nas suas lutas pela emancipação e
pelo progresso.
A organização das sociedades cooperativas foi igualmente
influenciada por este facto: a Liga Nacional das Cooperativas agrupa sociedades de todas as espécies, nas quais os
sócios são de tendência socialista, social-democrático, socialista unificado, republicano e comunista; a Confederação
Cooperativa Italiana agrupa as sociedades cooperativas de
orientação católica ou «cristão-sociais».
Uma terceira organização, constituída em 1961, a «Associação Geral das Cooperativas Italianas» agrupa as sociedades, cujos sócios são de tendência laica ou radical (republicanos) As três organizações são membros da Aliança
Cooperativa Internacional.
As cooperativas de consumo estão distribuídas pelas três
organizações. A «Lega» (que nos fins de 1963 se ocupava do
conjunto de 8860 cooperativas de vários tipos, com mais de
1 884 000 associados e um volume de venda, de 295 biliões
13 275 000 de liras (13 275 000 contos), a> cooperativas de consumo estão integradas no seio da Associação Nacional de
Cooperativas de Consumo ( A N C O que em 1963 contava com
3115 sociedades aderentes e uma cifra de vendas da ordem
dos 128 biliões de liras (5 920 000 contos).
As cooperativas aderentes à ANCC estão concentradas, s o ^
bretudo, em cinco províncias: Piemont, Ligúria, Lombardia.^
Emilia e Toscana. No decorrer dos últimos anos, a ANCC,
nv quadro da política geral da «Lega» reafirmou e consolidou a autonomia e independência do movimento cooperative em face dos partidos políticos Elaborou, igualmente,
um programa de desenvolvimento e modernização da rede
de distribuição em geral e pôs em prática um grande projecto de concentração de cooperativas de base, a f i m de
conseguir um n ú m e r o restrito de cooperativas ao nível regional ou inter-regional.
Ao mesmo tempo, esta mesma organização preparou
a modernização ou a reestruturação dos postos de venda,
com a introdução, em grande escala, do «livre ou seniilivre
serviço», aumentou a superfície dos estabelecimentos e alargou a gama dos produtos vendidos Enfim, decidiu unificar
os organismos sindicais e económicos do movimento
No quadro da Confederação Cooperativa Italiana, que em
1905 comportava mais de 11 000 cooperativas com dois milhões
cie sócios. As cooperativas foram agrupadas na «Federconsumo», que compreende 1930 cooperativas A Federação constituiu o «Consórcio Italiano» de aprovisionamento «Conitcom», cuja sede social ê em Roma c a sede comercial em
Mântua, que é o órgão económico da Federação que agrupa
as compras das cooperativas aderentes
Dez «consórcios regionais» de aprovisionamento integrados na Federação, entre os quais a «SAIT», de Trento, que
aproviona 700 postos de venda
A «Federconsumo» tem por objectivo fa\'orecer a fusão das
pequenas cooperativas de consumo e renovar o equipamento
das sociedades médias e de grande dimensão.
(Continua
na pár. 11)
ESPECIAL
PARA
GERENTES
ORGANIZADO PELO DEPARTAMENTO DE
FORMAÇÃO
TÉCNICA
Mesta Mhs,
E COOPERATIVA
que è dirigido sea çeseistes, iRcasregsdefl de zíxçêes « eesiaumkfewíi «m geral, site ifedoii « « H « 9 « e n s « l b « 4 â
to»*?
algumas eegestSe* álí!» paro pronrovs» ss WSEWSBS
R O D U T O S
S A B E O
« F R E S C O S »
Q U E
S Ã O ?
É muito fáei! encontrar em qualquer, estabelecimento, mesmo no seu se, Gerente» mesmo naquele onde vai todos es
dias, sr.' consumidora as indicações de «ovos. frescos», «peixe fresco» ou «queijo fresco», mas saberá V, exactamente o que
é um produto fresco? Vale a pena, pois, pensar um pouco nisso e registar na sua memória as indicações que lhe damos a
seguir:
O que é um ovo «fresco»?
Um ovo fresco é ao mesmo tempo um ovo que não foi submetido a
qualquer tratamento de conservação e foi armazenado em condições favoráveis. A pequena profundidade da sua «câmara de ar» (menos de 6 mm
para os ovos frescos) testemunho a sua frescura,
Actualmente a frescura pode ser avaliada —- embora não seja absolutamente assegurada por isso — pelo carimbo que contém o ovo e que lhe
foi colocado pelo Centro Verificador Municipal da área de distribuição.
Esse carimbo tem além da letra (A, B, C e D) que representa o tamanho,
o número da semana que vai até à 52. semana.
3
Desconfie dos ovos não-carímbados
„. e um queijo «fresco»?
Um queijo fresco é aquele que não sofreu outras fermentações além
da fermentação láctica.
E no caso d© sumo de fruta?
Sumo de fruta fresco é exactamente um sumo que não sofreu qualquer
tratamento físico ou de estabilização,
Alguns conselhos práticos, para si sr. gerente
•
Não deixe manter na loja por muito tempo os produtos etiquetados
com a palavra «fresco». A lei não o permite.
•
Conserve-os nas condições mais favoráveis a cada tipo de produto.
Ponha sempre no seu refrigerador (vitrine frigorífica, frigorífico vulgar, etc.)
os produtos que trazem mencionado: «conservar em lugar fresco» (temperaturas inferiores a 10° c ) .
Observações importante: Algumas embalagens de anchovas, por exemplo, dizem isto em... francês! («tenir ao f r a i s » ) . Tenha cuidado de se infon»
mar bem junto do fornecedor,
•
Poucos produtos trazem indicações da data de fabrico e ainda muito
menos da data de limite; devemos insistir para que tal se torne obrigatório.
iboletim cooperativista S
I NOfO PROCESSO DE VENDA
1 AUTO-SERVIÇO COM
I C A R T Õ E S PERFURADOS
No nosso ainda atrasado
sistema
de distribuição
começam pouco a pouco a surgir inovações
que a rotina
tradicional não aceitava antes. O sistema
de auto-serviço
nao
tem mais de dez anos em Portugal mas nos centros
urbanos
os consumidores
já estão habituados
a ele e os
próprios
retalhistas
já não põem objecções.
Mas, a
modernização
dos processos
de venda não pára. Estamos
a entrar na era
do domínio
dos computadores,
dos cérebros
electrónicos
e é, portanto,
natural
que apareçam
novos caminhos.
Um
dos mais recentes,
e já assinukido
há tempos
no B. C, é
o auto-serviço
com cartões perfurados
que um
retalhista
francês pôs em execução
c hoje queremos
apresentar
.em
pormenor
aos nossos
leitores.
UMA MÃO CHEIA
DE CARTÕES
• ••• • .•-
8%
.• • .
-•
%
J
3
*
v-
PERFURADOS
O princípio
é simples.
O cliente
movimenta-se
como
num auto-serviço
tradicional
entre as gôndolas
e os expositores e faz a sua escolha. Mas a superfície
de
exposição
está reduzida
ao mínimo:
cada artigo não aparece
senão
uma vez. Debaixo dele um monte de cartões
perfurados.
C cliente não enche o cesto mas, em vez disso,
colecciona
tantos cartões per/tirados
quantos
artigos desejar.
Depois
de junta a mão-cheia
de cartões perfurados
correspondentes aos artigos desejados
entrega-os à saída e são
metidos
numa máquina
electrónica
que «traduz» toda a remessa
e
faz a facttura.
No depósito
anexo, a mercadoria
é preparada imediatamente
para ser entregue
ao cliente ou expedida ao seu
domicílio
VANTAGENS
DO
SISTEMA
No plano administrativo
e de gestão o sistema
traz vantagens evidentes.
A suerjicie
de vendas diminuiu
notória
mente. A empresa
que começou
este processo
expõe 1700
artigos
m 75 m2. O depósito, do estabelecimento,
como é
evidente,
é proporcionalmente
muito maior que nos auto-serviços tradicionais
mas a superfície
total não
ultrapassa
os 280 m2.
A redução do pessoal é da ordem dos 40 °/o, pois,
nesta
empresa, além do proprietário,
trabalham
uma caixa e três
empregados
incluindo
o pessoal de entrega ao
domicilio.
A. maior economia
é. rio entanto,
realizada na
ausência
de perdas não previstas,
pois o roubo está
pràlicanicnte.
suprimido:
no primeiro
controle
efectuado
verificou-se
que
só 2.5 francos
de mercadorias
tinham
sido roubados
para
522 000 francos
de mercadorias
vendidas.
O controle de vendas e a. contabilidade
são
extremamente
claros. Ao fim de cada dia a máquina
dá os
resultados.
O gerente pode portanto
tomar medidas baseado em- dadas
precisos
e ultra-rápiãos.
pois segue facilmente
a
evolução
dos stocks e das compras
dos seus
clientes:
OS LIMITES
DO
3
cooperativista
•
Este processo
não .seria possível
sem
empacotamento
prévio
e uma selecção
estudada
dos artigos
de
venda,
pois há artigos que têm de ser eliminados:
por
exemplo,
não seria fácil comprar
uma alface ou um quilo de peras
através de tal
sistema!
Mas entretanto,
imagino.-se facilmente
as
possibilidades
de uma grande organização
com vários
estabelecimentos
se possuísse
um computador
trabalhando
em cadeia
com
os calculadores
electrónicos
de ceda estabelecimento
para
as encomendas
e
entregas.
•
SISTEMA
Afora talvez
o sucesso
motivado
pela curiosidade
do
começo,
a fórmula
ensaiada
não poderia
sobreviver
se
não oferecesse
vantagens
ao cliente. Ora, isto não é visível
nas pequenas
compras.
Assim,
a maneira
mais fácil
de
adquirir
um dentífrico
ainda parece ser pegá-lo da prateleira e pagá-lo na caixa e não escolher
um cartão
perfurado e esperar depois que o logista no-lo troque por. um
iubo! Mas a situação
muda quando
se trate de
compras
importantes.
De facto,
a casa que ensaiou
este
método
especializou-se
na execução
de grandes
encomendas:
40 °/o
do movimento
foi executado
com facturas
cujo valor
ultrapassava
os 225 francos.
Para as entregas
domiciliárias
o
sistema
é perfeito:
o cliente
colecciona
os cartões
per filiados e paga a factura;
quando ultrapassa
os 200 francos,
a entrega ao domicílio
é
gratuita.
H boletim
•
Após um ano de trabalho,
o auto-serviço
com
cartões
perfurados
realizou um movimento
de 120Õ000 francos
{').
Não é um resultado
record
mas é bastante
animador
se
tivermos
em conta que o seu proprietário
previa que vendas na ordem dos 1 600 000 fr. cobririam
totalmente
as despesas de aluguer
da máquina
electrónica,
em virtude
da
supressão
das perdas incontroláveis
através do
roubo.
Além do seu papel dc campo de experiência
— já
muito
importante
— a sua utilidade
para os consumidores
que
se abastecem
à quinzena
ou ao mês é evidente.
Ao lado
das outras formas
de distribuição
{«.tudo sob o
mesmo
tecto», «discount»,
casa especializada,
etc.), a
distribuição
electrónica
começa a ter um lugar ao sol.
AU.ipt.ndo dc -iCOOP — Revue d'Eronomic
i') Um fránçQ -
6
í 0 aprox.
n
d'Entrepritet
SOCIEDADES DA ABUNDÂNCIA
OU DO DESPEiUríCMO
Sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de café, é fundamental para
a economia brasileira a estabilidade do
café no mercado internacional.
Por isso, nos anos de grande produção,
sobre a economia do país, pesa a ameaça
de uma descida de preço. Como evitá-la?
Muitas toneladas de eaíé vão alimentar
as fornalhas das locomotivas brasileiras e
muitas outras toneladas s ã o pura e simplesmente lançadas ao mar.
Por outro lado, nas sociedades da abundância como os E. U . A., as grandes empresas de café solúvel dedicam consideráveis somas a campanhas publicitárias
que «convençam» o consumidor médio
americano das excelências de tal bebida,
que o levem portanto a consumir mais
café.
O camponês do nordeste brasileiru e
| alheio à s campanhas ptiblicitárias do café
solúvel. Porque para o camponês nordestino não foram resolvidos ainda os três
problemas mais primários que se põem
ao homem: Habitação, Vestuário e sobretudo Alimentação. A sua vida resume-se
à luta pela sobrevivência.
Para a maioria dos americanos estes
problemas estão praticamente resolvidos.
Mais-do que isso, o americano médio dispõe de meios que lhe permitem gozar
das mais recentes descobertas técnicas,
!
no sentido de lhe proporcionar uma vida
quotidiana mais agradável. A rádio, a televisão e a imprensa fornecem-lhe uma
«informação» constante do que se passa
no seu país bem como nos mais remotos
cantos do globo. As numerosas, modernas
e bem apetrechadas escolas e universidades ofereeem-lbe a possibilidade de um
acesso a um eelvado nível de cultura.
Mas mais que tudo isto, maravilha das
maravilhas, o americano médio n ã o necessita pensar! De facto com a crescente
especialização para quê pensarem todos?
Basta que alguns o façam — os especialistas !
Em consequência ao americano bonacheirão apenas se pede que:
•
Assimile o mais passiva e completamente possível todas as «mensagens»
que a televisão, a imprensa, a rádio
e o cinema lhe transmitem.
• Cumpra o seu dever cívico, votando
no candidato à presidência que irradie
maior simpatia pessoal.
• Consuma o mais possível,
desperdice
o mais que fruder. em suma, que fabrique sucata.
Ultrapassada d tase da luta pelas neces
sidades mais prementes e fundamentais,
entramos no reino maravilhoso do supérfluo è do desperdício.
/ PUBLICIDADE /
Com o desenvolvimento, e aperfeiçoamento das técnicas publicitárias, apoiadas
em ificazes métodos .de sondagens de opiniões, atitudes, imagens e preferências radicadas nos consumidores, as empresas
monopolistas encontram-se de posse de
métodos de propagandas que tendo como
suporte os meios de difusão de massa,
influem decisivamente na formação de
necessidades de consumo que de outra
forma n ã o se manifestariam.
. --"ersuade-se «clandestinamente», isto é,
sem que ele se aperceba, o possível consumidor, de que no seu próprio interesse
deve consumir tal ou tal produto. Criam-se assim necessidades muitas vezes acessórias e supérfluas em detrimento de outras qtie deveriam ser prioritárias mas
n ã o seriam com certeza tão lucrativas.
- ara conseguir tais objecitvos, o publicista não hesita em recorrer aos precon
3
O CONSUMO
riais susceptíveis
ntribuindo para
imento de mil os
verdadeiramente
como método, ligar o consumidor a determinado produto, através da laços afectivos
è psicológicos
Assim a associação a uma marca, de
uma ideia de virilidade, feminilidade, ou
de certo nível social, são razões que frequentemente podem ditar as preferências
do consumidor, e não tuna escolha racional e objectiva ( ' ) . í: fácil verificar como
se pode chegar a um falseamento da hierarquia de valores, j á que as tendências
de consumo, assentam sobretudo cm predisposições psicológicas inconscientes e
não em necessidades reais.
OS TEMPOS LIVRES E A CULtURA
DE MASSAS
- Com o desenvolvimento de meias de dif u s ã o como o rádio, o cinema, a televisão, o jornal, o livro de bolso, o disco e
a revista, surgiu nas sociedades economicamente mais desenvolvidas, também significativamente chamadas de consumo, um
novo tipo de cultura — a cultura de massa.
A cultura de massa é produzida industrialmente.
É difundida segundo meios de difusão
maciça.
Jirige-se ao número mais vasto possível
de
consumidores.
Os produtos culturais assim produzi
dos e difundidos, transformaram-se em
bens de consumo similares a quaisquer
outros, obedecendo portanto aos mesmos
esquemas gerais de produção e consumo.
Na medida em que se dirige a um público o mais vasto possível, esta cultura
tenderá a ter um carácter homogéneo,
reunindo os factores que sejam susceptíveis de interessar o maior número — visa
o homem médio ou seja o homem amorfo
e sem poder crítico.
A cultura de massas propõe ao consu-
?
midor, determinado estilo de vida, propõe-lhe determinados modelos de consumo, e cria nele uma mentalidade susceptível de conduzir à aceitação destes.
Estes modelos de consumo n ã o são formados arbitrariamente, pois que os meios
de difusão de massa, desempenham um
papel básico na integração social, ou seja
em impedir as massas, de poderem criticar globalmente o sistema social em quo
vivem.
Os tempos livres, que as pessoas gastam, lendo, vendo cinema ou ouvindo um
programa de rádio, não constituem de facto um meio de valorização pessoal, antes
representam uma evasão da realidade quotidiana carregada de frustrações.
Sinteticamente os meios de difusão da
massa t ê m nas sociedades ocidentais a3
soguinles funções ( ) :
o) Contribuem para a formação de uma
autoridade anónima e para o aparecimento de um espírito de conformismo.
b) Deixam o mínuno de espaço mental
para o emprego da razão (impedem
de pensar).
C) Fomentam (junto do consumidor) a
tendência a considerar-se frustrado a
a dedução consequente de que os de.
sejos de «gozar a vida» devem ser
satisfeitos.
d i Substituem pois a verdadeira liber»
dade por um conjunto de gostos o
preferências induzidos (impostos). Sobretudo incitam ao consumo
como
uma forma, de evasão.
Em resumo: a produção cultural de
massa fomenta e aproveita a ausência de
poder crítico, pressupõe e cria um consumidor essencialmente passivo.
O progresso técnico e o desenvolvimento
económico, não s ã o fins em si. São apenas
meios que podem ser correcta ou incorrectamente utilizados e orientados. É por
isso que as sociedades da Abundância em
que apesar disso os homens nascem, vivem, morrem e não são felizes, podem ser
também por isso mesmo as sociedades do
:
RUI CANÁRIO
(») E x . : O hoiuum viril usa a loção de barbear X. A camisa V é a camisa que distingu»
as classes sociais.
( ) «Los médios de comunication de masn»
v la propaganda política enajeiiantc» — José
Lamento — Cuaderrios para el Dialogo — Cultura Hoy,
3
O MAIS VOTADO...
Pcoaza, pequena cidade do Equador, devia eleger um presidente do
município. Um fabricante de desodorizantes para os pés aproveitou o
período da campanha eleitoral para
lançar um novo «slogan» publicitário: «Votai por quem quiserdes, mas
se desejais bem èstái c higiene votai
por Pulvapies.»
Nas eleições a seguir quem recebeu mais votos foi o... «Pulvapies»!
bf.lctira cooperativista 7
Fora do
Concelho concelho
Cooperativa Agrícola de
Lacticínios de Sanfins,
S. C. R. L
1112
Cooperativa Agrícola de
Lacticínios do Vale do
Vouga, S. C. R. L . ..
300
Cooperativa Agrícola de
Criadores de Gado do
concelho de Sever do
*00
1144
A EXPERIÊNCIA AGRÍCOIA DE SEVER DO VOUGA
u
Aeeitaiulo-se a classificação exposta
(embora decerto n ã o deixe do apresentar imperfeições) teremos que uma cooperativa destinada apenas a assegurar
determinados seguros será uma cooperativa simples, como o são também, em regra, as de crédito e as de utilização de
m á q u i n a s agrícolas. Por outro lado, as
cooperativas com secção de produção,
assim como as de t r a n s f o r m a ç ã o , em regra não deixam de ser mistas, dado que
quase sempre englobam operações de
vendas em comum e as primeiras também compras em comum.
K evidente, também, que qualquer dos
tipos mencionados pode revestir o aspecto de especialização ou n ã o especializado.
VC bastante frequente a especialização das
cooperativas de t r a n s f o r m a ç ã o e de serviços e de certo modo t a m b é m as de produção; as de compras e venda em comum mais frequentes não são especializadas, como é do conhecimento geral.
Sendo assim, só em casos especiais
se encontram cooperativas inteiramente
simples sendo o aspecto misto, portanto,
o aspecto mais geral; o que pode suceder é o aspecto misto apresentar maior
ou 'lienor complexidade.
A noção de valência, por sua vez, prendc-se com a natureza do produto ou actividade básica para o movimento da cooperativa. Assim, unia cooperativa que,
por exemplo, receba leite de empresas
associadas transforma-o em manteiga,
queijo, etc., vende esses produtos c, por
outro lado, adquire alimentos para gado,
para serem uitlizados nas empresas associadas, não deixa de ser monovalente,
pois que o produto base é, sem dúvida,
o leite. Polivalentes serão, por exemplo,
as empersas que disponham de secções
de compra e venda de interesses para a
exploração pecuária, a par de secções
destinadas a outro sector produtivo, seja,
t a m b é m de concretizar, a fruticultura.
Motivos idênticos aos que, em nossa
opinião, recomendam certa limitação nas
dimensões das cooperativas, quer sob o
ponto de vista de área de influência, número de aderentes e, de certa maneira,
movimento, levam a dar preferência pela
monovalência.
De resto, a polivalência ainda pode
apresentar outros inconvenientes, como
sejam tendência paramonopolismo, man u t e n ç ã o de actividades deficitárias à.
custa de outras, além de dificuldades de
administração. Notemos, no entanto, que
a monovalência numa cooperativa de
t r a n s f o r m a ç ã o , por exemplo, não impede
a polivalência quanto à natureza de serviços que possa prestar à s explorações
associadas.
E m resumo, poderemos dizer que, em
nosso entender, são de preferir organizações com base num único tipo do produção ou ateividado (monovalentes), em8 boletim cooperativista
bora revestindo formas mistas, e capazes de proporcionar determinada gama
de serviços aos associados (polivalentes
quanto aos serviços prestados aos associados).
Actualmente o concelho de Server do
Vouga está abrangido pelas cooperativas
a seguir mencionadas:
Vouga, S. C. R. L .
Adega Cooperativa de Sever do Vouga, S. C. R. L .
Associação M ú t u a de Seguro de Gado Bovino
de Sever do Vouga ...
Cooperativa Agrícola de
Criadores de Gado e
Avicultores do Caima,
S. C. R. Lu ( )
56
106
2
Cooperativa Agrícola de Lacticínios de
Sanfins, S. C. R. L . ; Cooperativa Agrícola de Lacticínios do Vale do Vouga, S.
C. R. L . ; Cooperativa Agrícola de Criadores de Gado do Concelho de Sever do
Vouga, S. C. R. L . ; Adega Cooperativa
de Sever do Vouga, S. C. R. L.; Associação M ú t u a de Seguros de Gado Bovino
de Sever do Vouga O ; Cooperativa Agrícola dos Criadores de Gado e Avicultores
do Caima. S. C. R. L .
Todas as associações referidas t ê m a
sua sede social no concelho de Sever do
Vouga, com excepção da última, que é
em Vale de Cambra.
As três primeiras encontf*im-se em
funcionamento; da adega, j á com escritura feita e a l v a r á concedido, está em
curso a elaboração do projecto para o
edifício; da mútua, oficialmente autorizada, proceder-se-á dentro cm breve à
respectiva escritura.
As duas cooperativas de Lacticínios,
juntamente com as dos concelhos de
Arouca e Oliveira de Azeméis, constituíram a União das Cooperativas de Lacticínios de Entre Douro e Vouga, cuja sede
social se situa na vila de Sever do Vouga
e que utiliza como instalações industriais
(fábricas de manteiga e queijo; preparação de leite para consumo) as da Cooperativa de Sanfins, cedidas, por aluguer,
àquela União.
A á r e a social das duas mesmas cooperativas da lacticínios excede os limites
do concelho, incluindo, portanto, zonas
de concelhos vizinhos. Por sua vez, a última citada — a do Caima — t a m b é m
abrange vários concelhos, enter os quais
Sever do Vouga; a de criadores do gado,
a adega e a m ú t u a cingeni-se à á r e a concelhia.
Exceptuando a Cooperativa do Caima,
como abreviadamente se costuma designar, todas as restantes são monovalentes
(a mútua, simples; as restantes, mistas):
as cooperativas de lacticínios são de
t r a n s f o r m a ç ã o e venda; a de criadores
de gado é de produção, com polivalência
quanto a serviços prestados a associados; a adega será, de princípio, de transf o r m a ç ã o e venda, mas prevê-8e que venha a apresentar polivalência quanto a
serviços prestados a associados; a m ú t u a
será simples e especializada (gado bovino).
Quanto ao n ú m e r o de associados, era,
no f i n a l do ano, o seguinte:
Totais
30
•
67
—•
1671
1544
Referimos, ainda, que, como empresa
agrícola que é, a Cooperativa Agrícola de
Criadores de Gado do Concelho de Sever
do Vouga é associada da União das Cooperativas de Lacticínios de Entre Douro
e Vouga.
(Continua no próximo número)
muo
agrícola
Lemos com o maior interesse este interessante jolheto editado pela Cooperativa
Agrícola de Lapões, Vouzela. O seu autor,
revelando um bom conhecimento
da evolução histórica da agricultura europeia dá-nos, numa breve síntese, uma
panorâmica
da situação passada e presente da nossa
agricultura e dos meios capazes de fazer
face à sua crise cada vez mais
acentuada.
Depois de explanar as condições capazes,
de fazer alterar a situação actual, o autor
expõe as causas fundamentais
e históricas
explicativas
da actual crise agrícola, fazendo por fim uma análise do que deve
ser entendido
por «reforma
agrária».
Distinguindo entre a via «capitalista» e
a via «socialista», António Bica, aponta a
socialização
progressiva
a
empreender,
mais fácil nuns lados do que
noutros.
Neste ponto parece-nos de considerar que
seria útil não confundir os termos «socialista» com «socializante» pois quando António Bica fala de via socialista, não se
trata afinal da passagem da
propriedade
da terra para as mãos do Estado, mas antes para a posse d uma empresa
colectiva,
passando pela fase intermédia da empresa
cooperativa. Isto afinal è visível no desenvolvimento
que o autor dá na sequência, mas não seria mau ter evitado um
termo tão ambíguo na sua
significação
múltipla. Para além disto, a obra de António Bica, a todos os títulos muito louvável e corajosa, dá-nos ainda uma estatística do Cooperativismo
agrícola português, que tem o grande
interesse.
Por estas razões, estão de parabéns o
seu autor e a Cooperativa
Agrícola d.e
Lapões.
• F.C
CRÓNICA
DE
JORGE
U N I C O O P B
A
A
A
MUTUAL D O
-UNICOPE-
NORTE
e 3 Companhia de Seguros
M U T U A I
D O
N O R T E
tornaram possível a integração da aciividade
seguradora
ErECTift
através
O S SEGUROS
das
ATRAVÉS
cooperativas
DA
SUA
COOPERATIVA
SEQUEIRA
Se eu tosse pintor, transcreveria para a
tela a vida e morte da cidade. Na verdade
ocupam-nos de tal modo o tempo os nossos assoberbados afazeres, que um dia
nasce, um dia morre e sem o notarmos,
cruzámo-lo com indiferença, como «e ele
n ã o fizesse diminuir a nossa vida, a vida
da cidade.
Mas se eu fosse pintor, logo de man h ã cedo arrancaria da paleta escultural
laivos ténues de um horizonte madrugador, para os implantar quase sem contraste, no branco frio de uma tela. Padeiras e leiteiras, subindo e descendo escadas
apressadamente, porque os «meninos» do
senhor Joaquim, ali, o da esquina, devem
almoçar antes de i r para a escola. Pois
passaria tudo isso para uma tela, numa
estranha sequência sem ritmo, mas com
a mais extraordinária animação. E os operários juncando as ruas em fantasmagóricos equilíbrios, com os seus velocípedes
velozes.
E mais tarde, o aDrir oas ca-sa^ comerciais. Os empregados pressurosos fazendo
brilhar os cromados e os vidros, esguichando das mangueiras de plástico azul
a água (entregaria abertamente este problema ao pincel) que também salpicaria
as donas de casa que corriam levando
atrás de si, as cestas pejadas de verdes
hortaliças.
E a hora em que todos correm para o
almoço?! Seria magnífico! Os automóveis,
pretos, brancos e cinzentos, furando através de toda aquela massa de peões e os
sinaleiros, braços em cima e em baixo
simultaneamente. A um deles, deixá-lo-ia
com a luva branca no chão, porque os
movimentos eram violentos e não havia
tempo a perder
E depois uma pausa. Um nomem apenas, comendo uma laranja, um homem
vestindo fato-macaco e atirando cautelosamente as cascas para um boeiro ali próximo e por força do destino, que eu comandaria então, teimaria em que ele fosse
um falhado em pontaria
-E novamente o movimento trenético.
Toda u»na tarde desta nossa cidade, sem
falha de pormenores, iria direitinha estampar-se em selvagem colorido
Oh! Se eu fosse pintor! Que magnifico
pór de sol do vermelho mais vermelho
dos meus guachos, eu implantaria sobre
os telhados Até as estátuas de bronze
ficariam vermelhas e no monumento da
«Rotunda da Boavista», cá como nós a
conhecemos, poria o leão desfalecido a
olhar românticamente para o mar
Minha velha cidade, como eu te taria
mais bela ainda a noite! O relógio da
«Câmara» com ponteiros luminosos e pouco a pouco o movimento a diminuir, a diminuir ate ficarem apenas na rua vinte
ou vinte e um polícias.
Mas então repararia que unha uma teia
de enorme comprimento e que estaria velho, muito velho, com os cabelos brancos
e a barba também, porque um dia da
cidade, demora uma vida a contar.
Se possível tosse
Reproduzir na tela
O crepúsculo da vida
Dos meus olhos sairia a tinta
Da minha boca sairia o Mundo
De mim mesmo sairia eu...
Porto —Maio de 1968.
boletim cooperativista 0
L I N H A
D O
E S T O R I L
/Continuação
âu 2.* páginaj
ram presentes o D r . Ferreira da Costa,
0 saudoso Kodrigues G r a ç a e Álvaro A u gusto Moreira — u m dos principais entusiastas, infelizmente: j á falecido. Também g r a ç a s ao Padre Fonseca, que nessa
altura orientava a paróquia, se puderam
fazer reuniões idênticas na Sacristia da
igreja de Carcavelos (facto interessante
antes da encíclica «Mater et M a g i s t r a » ! ) .
Resolvida a f u n d a ç ã o , a primeira Sede
cstabeleceu-se na relojoaria de Álvaro
Moreira, sendo mais tarde transferida
para unrn vacaria (?) pertencente ao sr.
J o s é dos Santos. Aí se conservou durante quatro anos.
Depois f o i a compra do terreno actual
e a construção da magnífica sede própria.
COOPERATIVISMO
BEM ENTENDIDO
Diz-no3 António Sebastião Cláudio, um
dos seus fundadores o actual Tesoureiro:
«Pela primeira vez quatro cooperativas
ajudaram outra a erguer-se, emprestando 150 contos para a compra do terreno
que aqui se vê. Nunca esqueceremos a
ajuda dos cooperadores da «Piedense»,
da «Almadense"», de «Segunda Comuna»
e da «Sacavenense». Sem elas e sem a
decidida colaboração dos sócios não teria
sido possível i r tão longe».
T a m b é m para construir a sede a colaboração dos cooperadores não-associados
da cooperativa n ã o faltou, a demonstrar
a verdade de unir os homens. E António
Simões Cláudio fala-nos com entusiasmo
da acção de Júlio Duarte, antigo dirigente da, UNICOOPE e de D. Maria Augusta Teixeira Botelho, directora de «Progresso M a f r e n s e » : «Estes dois cooperativistas foram daqueles que mais nos
ajudaram na Campanha do Cimento;
t a m b é m jamais poderemos esquecê-los!
A
A
COOPERATIVA
E O BOLETIM
Por todos nós f o i afirmado a sua inteira adesão à distribuição do «Boletim
Cooperativista» aos s e u s associados,
aliás, j á aceite e decidida em Assembleia
Geral. Brevemente a cooperativa enviar á as listas dos sócios e endereços com
a finalidade de cada um receber o jornad do Movimento Cooperativo, isto é,
o «seu» Jornal!
Ficámos, na verdade, com a melhor
impressão dos cooperadores da Parede
que t ê m sabido erguer de u m modo altaneiro o estandarte da Cooperação. Que
continuem com o mesmo a f ã nos novos
caminhos que se abrem, é o nosso desejo
mais sincero.
FAUSTINO CORDEIRO
«LINHA DO E S T O R I L »
CORPOS GERENTES PARA 19«8
ASSEMBLEIA
GERAL
Presidente - A r t u r Fernandes de A l meida
1. " Secr. —Américo de Campos Porêlo
2. " Secr. — V i c t o r Narciso Teixeira
DIRECÇÃO
Presidente
Henrique Pratas Abreu
Secretário — Rateai da Silva Nobre Ba• rão
Tesoureiro —António Sebastião Cláudio
1." Vogal — Francisco Guerreiro
da
Rosa
í." Vogal
Vasco da Silva Cardoso
Martins
SITUAÇÃO D E HOJE
CONSELHO FISCAL
Visitámos a sua magnífica sede onde,
Presidente
Luís Faria Nogueira
h á pouco tempo c com o apoio técnico
da TJNÍCOOPE, f o i inaugurado um belo
Secretário
A r t u r Ventura Pires
auto-serviço; vimos uma boa secção de
Relator —Jeremias Arêlo
utilidades, um m a g n í f i c o bar, oferta de
l . " Vogal — Silvério Augusto Antunes
um sócio dedicado, e n ã o nos pussou des••í." Vogal — Américo dos Santos
percebida a biblioteca.
Os dirigentes actuais que nos receberam — srs. Rafael Barão, Vasco
da Silva Cardoso e
1 e r e m i a s Areio,
além do já citado
—afirmaram-nos a
s u a determinação
de c o n t i n u a r a
>bra, mas n ã o esL-ondcram as d i f i culdades : concorrência dos supermercados particulares e cantinas de
fábricas, e, em especial, a diminuição daquele espírito de cooperação
que existiu a princípio
Auto-Serviço
— novos métodos
de
distribuição
10 boletim cooperativista
Sócio
N.° 1 da «Linha
do
Estoril»
NOVOS T E M P O S
NOVOS MÉTODOS
(Continuação
da l;
página}
uniões Ou mesmo simples colaboração é o mesmo que falar para surdos. O interessante do caso é que
muitos desses dirigentes citam, muitas vezes, os fundadores das suas
cooperativas, como se o espírito daqueles fosse de algum modo semel h a n t e ao seu. Não compreenderam,
infelizmente, que o espírito desses
antecessores era um espírito verdadeiramente cooperativo e adequado
a época am que viveram —- e talvez
adiantado em relação a essa época —
e que esses seriam os primeiros a
apontar-lhes o caminho de
hoje:
Unir os seus esforços aos de outros
consumidores que nas cooperativas
existentes procuram criar um grande sector cooperativo nacional que
verdadeiramente possa servir re regulador na distribuição, mormente
dos artigos de primeira qualidade.
Proceder como até aqui é continuar a seguir um caminho errado
que conduzirá à estagnação e à morte lenta cias diminutas unidades cooperativas que tantos homens de boa-vontacle criaram há muitas dezenas
de anos. E o começo dessa morte
lenta já esíá demonstrado exactamente na falta cie consumidores interessados e na falta de militantes,
para não falar nas situações financeiras difíceis que
algumas dessas
instituições atravessam.
Queremos continuar a ser cegos
para não ver que para novos tempos, novos métodos são precisos?
T E L E X
•
C O N S U M O
Auto-carros gratuitos
Os comerciantes
da cidade de Batley
organizaram,
a título experimental,
um
serviço
de autocarro
gratuito
para
transportar
os clientes que vivem
longe do
centro.
ITALIA-UM
(Continuação
*
°
v
o
s
Demonstrou-se
na Suécia
que os
ovos podem
ser embalados
e em seguida congelados
num banho
scmi-líquiâo de nitrogénio
e depois
metidos
em sacos de plástico
e
conservados
deste modo durante
seis
meses.
da página
4)
AS ESTRUTURAS ECONÓMICAS
O movimento cooperativo de consumo em Itália é caracterizado por uma extrema variedade de formas. Enquanto
a grande maioria é composta por pequenas sociedades de
características locais, com uma ou duas lojas, e existem
certas sociedades de características regionais como a «Aliança
Cooperativa de Turim»; com mais de 150 postos de venda,
distribuídos por toda a Piemonte, a «Cooperativa Operária
de Trieste» e algumas dezenas de grandes sociedades que
estendem a sua actividade a uma província inteira.
Além diso, embora o objectivo das organizações seja
respeitar a n ã o sobreposição das zonas de influência das
cooperativas isoladas, existem em muitas localidades, cooperativas pertencentes à s diversas organizações.
Uma tal divisão do movimento cooperativo, assim como
as pequenas dimensões das sociedades, foram um obstáculo
e retardaram a constituição dos organismos que permitem
a centralização das compras.
Foi somente no decorrer dos últimos 15 anos, que estas
organizações procederam à criação de entrepostos (consórcios) ao nivel regional e provincial; ao nível nacional das
organizações, foram criados encarregados de negociar colectivamente as compras e os entrepostos c cooperativas isoladas.
A rede mais importante dos entrepostos foi constituída
pelas cooperativas da Associação Nacional das Cooperativas
de Consumo, aderentes à «Lega». Esta rede é composta,
actualmente, de 21 enrrepostos (consórcios regionais) e de
uma o rganização de compras uniifcada ao nível nacional.,
a Aliança Italiana de Cooperativas de Consumo (AICC).
No último congresso da AICC (Junho de 1967), foi decidido que a organização nacional de compras e dos emtrepostos regionais se constituíssem numa só sociedade denominada «Coop-Italia», a qual uniformiza as operações de
compra e aprovisionamento das cooperativas aderentes, através da rede dos seus próprios entrepostos.
A CONAD (Consórcio Nacional dos Retalhistas), que representa o maior grupo de compra entre os retalhistas, com
mais de 1000 sócios, colabora com a COOP-ITALIA.
O
Gasolina e... flores!
As autoridades
francesas,
inquietas
pelo facto de no seu país se
venderem
poucas flores — 300 g por ano e por
habitante,
contra 600 g na
Alemanha,
900 g na Suiça e 1200 na
Escandinávia
— autorizam
agora a venda de flores
nas estações de
serviço.
MOVIMENTO INTEGRADO A ESCALA NACIONAL
No seio da Associação Geral das Cooperativas Italianas,
que regista mais de 1700 cooperativas, as sociedades de consumo estão agrupadas numa Federação Nacional de Cooperativas de Consumo. As sociedades aderentes a esta última
organização são em número de 186, com igual número de
postos de venda, e cerca de 58 000 sócios, dispõem de 51
entrepostos e realizaram em 1965, um volume de transacções
de 3,3 biliões de liras (148 500 contos).
©
•
congelados
A COOPERAÇÃO NO QUADRO DA DISTRIBUIÇÃO
A rede de distribuição de retalho em Itália, é constituída
por 437 000 estabelecimentos para a venda de artigos alimentares, e por 318 000 estabelecimentos não alimentares.
Há, ainda, 168 000 vendedores ambulantes de artigos alimentares, e 135 000 vendedores ambulantes de produtos não
alimentares.
No país existem:
83 grandes estabelecimentos;
365 estabelecimentos populares;
203 supermercados alimentares;
364 «superettes».
Os estabelecimentos cooperativos, como já foi dito, são
em número de 6924.
As informações mais detalhadas fornecidas pelas coopera
tivas aderentes à ANCC, e resenceadas pel?. COOP-ITALIA.
representa mais de 75 */» das vendas das cooperativas de
consumo em Itália.
Nos fins de 1965 as sociedades cooperativas aderentes eram
em número de 2203 (constata-se uma redução deste número
em relação a 1963, tendo como causa as integrações e fusões)
existem 5216 estabelecimentos cooperativos que, em 1955,
realizaram um volume de vendas da ordem de 138,7 biliões
de liras (entre os estabelecimentos contam 3721 com drogaria e charcutaria; 82 talhos e manteigarias). Os estabelecimentos destinados à venda de produtos n ã o alimentares
eram em número de 66, com um volume de vendas de 15,7
biliões de liras.
Os estabelecimentos modernos em auto-serviço (sempre
sob a égide da ANCC) eram em número de 452, nos fins de
1966, assim distribuídos:
11 supermercados;
56 «superettes» de 200 a 400 m ;
151 «superettes» de 100 a 200 m ;
234 auto-serviços.
Os estabelecimentos modernos COOP representavam cerca
de 1/4 dos estabelecimentos em auto-serviço existentes em
Itália.
O volume de vendas dos estabelecimentos do movimento
cooperativo de consumo aderente à ANCC e às duas outras
organizações, apresenta 3 % da distribuição total de produtos alimentares em Itália, estimada em 6000 biliões de
liras. (Tradução de Alfredo CananaJ
a
a
PEQUENO JORNAL
UMA
IDEIA À JACQUES TATI
O celebre
seria
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valor.
DATA NA ETIQUETAGEM OBRIGATÓRIA
No seu novo texto posto a vigorai a partir de 1 de Janeiro
de 1968, ii lei de 9 de Setembro de 1966 sobre etiquetagem de
produtos alimentares prescreve a indicação obrigatória da data
dc fabrico sobre Iodas as embalagens de carne, produtos à base
«la cmarne, mariscos e seus derivados vendidos cm pacotes ou
caixa. As mercadorias <i"<-' nSo tenham ainda a data <l<. embalsem devem ser vendidas no decorrer deste uno.
HISTÓRIA ESCOCESA
Eni Aberdeen, na Escócia, existe uma tarifa especial
para a limpeza das mini-saias: cerca de 30 cêntimos por
cada centímetro. Mas, atenção: as mini-saias são medidas antes da limpeza... porque cias podem encolher!
boletim cooperativista 11
O conhecimento da existência do Coope»
rativismo, aparece frequentemente após a
entrada em contacto com uma cooperativa
ae consumo e da imagem que a mesma d á
CÍP ideia de cooperação. Essa imagem aparece quase sempre deformada, visto que
no funcionamento normal de uma coopeparece diferente duma loja de vendas ou
rativa olhada superficialmente, nada nos
clum pequeno supermercado onde os sócios
se abastecem. Mesmo no contacto com 0
pessoal e por vezes com os seus directores,
nada indica que h á algo de profundamente
humano, que h á uma doutrina de solidariedade servindo de alicerce e de justificação para a existência dessa cooperativa.
Sendo assim, o candidato a sócio vai
verificar apenas quais as vantagens pessoais e quase imediatas que pode auferir.
Se as mesmas lhe parecem tentadoras, n ã o
deixará de apresentar a sua proposta. Esse
novo sócio estará inclinado a criar inúmeras dificuldades quando verificar que
lhe pedem frequentemente um pouco de
compreensão e carinho para a sua cooperativa e quando chegar à conclusão que
se quiser apenas tirar o máximo de vantagens sem dar alguma coisa em troca,
a sua cooperativa estará votada ao fracasso, ou pelo menos a estagnar e num
Mundo de economia dinâmica, parar é
morrer
A projecção da imagem real duma cooperativa, não só perante os seus sócios,
ma? principalmente perante o público em
gerai, tem uma importância vital para a
expansão do Cooperativismo no Mundo
moderno A criação e divulgação da imagem perfeita duma cooperativa, não é fácil
o exige conhecimento bastante profundo
do público perante o qual se pretende
projectar No entanto, hâ um pequeno número de princípios, bastante simples que
podem ser seguidos pelos directores ou
pelos corpos gerentes das cooperativas.
COMUNIDADE
EUROPEIA
(Continuação
da página
í)
A Comunidade Europeia tem uma
acção dupla:
— T o m a r c o n s c i ê n c i a da c o n s t r u ç ã o
e c o n ó m i c a europeia e i n c i t a r os movimentos cooperativos dos p a í s e s do
Mercado C o m u m a t r a b a l h a r em colab o r a ç ã o e a preparar o M o v i m e n t o
Cooperativo da pequena Europa.
— Procurar que a c o o p e r a ç ã o europeia esteja presente e tenha i n f l u ê n c i a
na A d m i n i s t r a ç ã o do Mercado C o m u m .
Esta a c ç ã o duola exerce-se. examinando as c o n s e q u ê n c i a s resultantes da
o r e a n i z a ç ã o d o Mercado C o m u m que
incidem nos consumidores e nas suas
sociedades. Procura, por o u t r o lado. favorecer o desenvolvimento das sociedades f i l i a d a s e. ainda d e f i n i r a politica e as medidas aoroortadas para a
defesa dos interesses l o s consumidores j u n t o dos governos do Mercado
Comum.
.4 Comunidade
Europeia
das Coonerauvas
cie consumidores
nasceu
em
consequência
da evolução
onerada
no
Comércio
velo Mercado
Comum
e c
um exemplo
de como a Cooveração
de
consumo
se tem de o-aanlzar
para a
defesa dos
consumidores.
Não se pretende de forma alguma esgotar
o assunto que é vasto e cheio de cambiantes, mas n ã o deixaremos de enunciar
o princípio base de toda uma actuação a
desenvolver:
PROCEDA SEMPRE CORRECTAMEN.
TE, PROCURE FAZER TUDO BEM FEITO E DIVULGUE O MAIS POSSÍVEL
QUE ASSIM ESTA PROCEDENDO.
Logo salta à vista o perigo da incorrecta aplicação da segunda parte do principio enunciado. O divulgar n ã o é sinó=
nimo de propaganda ou pior ainda de «ga»
barolice»; deve ser um simples dar a conhecer, noticiar, informar sem qualquer
subjectivismo, evitando o mais possível
obter um efeito pessoal. Este último caso
seria o pior erro em que se poderia incorrer, pois traria prontamente um efeito
negativo para a cooperativa.
A divulgação acima referida deve ser
feita primeiro nos sócios e só depois no
público em geral e sempre por esta ordem.
É muito importante evitar tanto quanto
possível que um sócio venha a ter conhecimento do que se passa na sua cooperativa por intermédio de estranhos à mesma. A divulgação nos associados será fa-
cilmente feita por meio de circulares,
boletins internos, assembleias gerais, relatório anual, palestras, etc.
J á é bastante mais difícil a divulgação
pelo público estranho à cooperativa. O
uso dos órgãos de informação (Jornais,
Rádio e Televisão) n ã o é fácil, requer
larga experiência e a manutenção de boas
relações com os mesmos. Mus o simples
facto dos sócios se encontrarem bem i n formados, j á provoca urna pequena divulgação pelo restante público e dez ou vinte
associados bem mentalizados e bem preparados para o efeito, podem, sem grande
esforço e dentro do seu campo normal de
actividades, fazer um trabalho muito válido e de óptimos resultados.
Deve-se no entanto salientar o grande
perigo dum trabalho mal executado, o
qual pode trazer um efeito contrário ao
que se pretende. Insiste-se, pois, em que
a divulgação a efectuar deve ser cem por
cento neutra, sem qualquer vestígio de
pessoalismos e igualmente isenta da mais
peemena tentação de polémica ou ideia de
propaganda. Deve ser simplesmente uma
«fotografia» interessante e cheia de vitalidade que por si só falará.
J O S É PAES DE FARIA
COOPERATIVISMO
SEM
FRONTEIRAS
Estocolmo (SIP) — N o período de 1953 a 66, o cooperativismo sueco conseguiu reunir contribuições no
valor cie quase 684 000 contos para G seu programa de
ajuda «Sem Fronteiras».
Segundo uma estimativa cia União das Cooperativas
Suecas ( K F ) , as contribuições correspondentes a 1967,
devem atingir cerca de 9690 contos.
KV
Noventa por cento dos fundos reunidos resultam cie
contribuições voluntárias de membros que abstiveram-se
de receber uma ou mais coroas do bonus a que tiveram
direito por compras nas lojas «KF». Além disso, os fun. cionários cia organização também contribuíram com um
porcento dos seus salários.
Entre as regiões onde se concentra a ajuda internacional do programa «Sem Fronteiras» do cooperativismo sueco, está a América Latina. Muitos brasileiros têm
frequentado, com magnífico aproveitamento, os cursos
de preparação orqanizadcs na Suécia sobre cooperativismo, regressando oara o desempenho de^^a+ros^eargos
na organização brasileira.
BOLETIM
COOPERAI
®
VISTA
Rja C 3 Lota 300-A — O'Vais-Su — usoos
— E X I B O .
Gnr.
1
J u l i o Duarte
Caixa Postal,1229
Zondrina-P.R.
B R A S I L
91
E
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