Avaliação de progresso 2001

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Avaliação de progresso 2001
FACET BV
Supporting Small
Enterprises
ESBOÇO
Revisão de Progresso
Projecto OPHAVELA da CARE
Internacional em Moçambique
Província de Nampula
Moçambique
30 de outubro–17 de novembro de 2001
Encomendado por CARE Moçambique
FACET BV, P.O. Box 190, 3700 AD Zeist, the Netherlands
Tel: +31 (0)30 6933766
Fax: +31 (0)30 6923936
E-mail: [email protected]
Internet: http://www.facetbv.nl
LISTA DE SIGLAS
ASCA
Associação de Poupanças e Crédito cumulativos
CLUSA
Liga cooperativa de Estados Unidos de América
CRER
Credito Empresários Rurais,
DPADER
Direcção de Provinciano Agricultura e Desenvolvimento Rural,
FISH
Serviços Financeiros para famílias
IDPPE
Instituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala,
IFAD
Fundo internacional para Desenvolvimento Agrícola
ONG
Organização não governamental
ORAM
Associação Rural de Ajuda Mútua,
PASANA
Programa de Agricultura Sustentável para Associações em Nampula
ROSCA
Associação de Poupanças e Crédito giratório
DTS
Doença de Transmissão sexual
VIDA
Iniciativas viáveis para o Desenvolvimento da Agricultura
Cambio
1 USD =23000 MT (metical)
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Project Progress Review CARE’s Ophavela Project Nampula Province, Mozambique
October 30 – November 17, 2001
List of Acronyms
PREÂMBULO
O presente relatório é o resultado da avaliação do progresso de projecto OPHAVELA da
CARE Internacional em Moçambique implementado na Província de Nampula em
Moçambique. Gabrielle Athmer da FACETA BV, empresa de consultoria dos Países Baixos,
entre 30 de outubro e 17 de novembro de 2001, avaliou o progresso do projecto
OPHAVELA.
OPHAVELA promove a criação de Associações Poupanças e Crédito Cumulativos
(ASCAs)– designado por grupos de PCR (Poupança e Credito Rotativo) - em áreas rurais
localizadas em 5 distritos da Província de Nampula (Mogovolas, Murrupula,
Monapo/Meconta, Ribaue e Malema). O objectivo do OPHAVELA é de assistir as famílias
rurais a mobilizar poupanças para ter acesso a créditos, aumentando assim a protecção
contra choques externos para o sustento das famílias, dando os meios para fazer
investimentos produtivos e permitindo tirar proveito de oportunidades económicas.
O projecto foi concebido como um projecto piloto a ser implementado com fundos da
Embaixada de Países Baixos num período de oito meses, Maio a Dezembro de 2001. Em
Novembro, a Embaixada de Países Baixos aprovou o pedido da CARE para um extensão
sem custo adicionais até Junho de 2002.
O objectivo desta avaliação de progresso do projecto é comparar progresso actual com o
nível de progresso originalmente planificado e fazer observações nas realizações do
projecto e seu potencial para crescimento e sucesso (referido no Anexo 1 nos termos de
referencia).
A consultora usou uma abordagem participativa por meio de participantes activamente
envolvidos no programa: pessoal de OPHAVELA, membros de grupo de poupanças e
crédito, grupos e organizações parceiras. Os métodos usados incluem o seguinte:
 Observação das operações de poupanças e crédito dos grupos PCR (Poupança e
Credito Rotativo).
 Entrevistas semi-estruturadas com os grupos de PCR; o pessoal de OPHAVELA agiu
como facilitador na língua local (Emakhuwa). Foram entrevistados mulheres e homens
separadamente.
 Entrevistas estruturadas individuais com membros dos grupos de PCR, conduzida pelo
pessoal de OPHAVELA em Emakhuwa.
 Entrevistas individuais Semi-estruturadas com desistentes do programa.
 Reuniões com organizações parceiras.
 Seminário com o pessoal de OPHAVELA e potenciais parceiros para discutir os
resultados preliminares da avaliação, recomendações e potenciais áreas de
cooperação.
 Reunião com a direcção (gestão) de OPHAVELA e pessoal de campo para discutir as
recomendações e lições aprendidas.
 Estudo da gestão de OPHAVELA, sistemas de monitoria e avaliação.
 Leitura de relatórios de implementação do projecto e outros documentos relevantes
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Preamble
O objectivo das entrevistas com os grupos de PCR e membros individuais foi para
compreender melhor a influência do ciclo agrícola com respeito às poupanças e padrões de
uso de crédito de relevância aos grupos de PCR para a segurança de sustento global de
seus membros. Os pontos cobertos foram os seguintes:
 Fluxo de renda dos membros de grupos de PCR, nível de renda e capacidade de
poupança regular.
 O controle do dinheiro pelas mulheres dentro das suas casas e até que ponto os grupos
de PCR aumentam este controle.
 Estratégias de poupanças e uso de empréstimo dos membros dos grupos de PCR,
inclusive membros envolvidos em outros mecanismos (informal) de poupanças e
crédito.
 A satisfação dos membros de grupo com a metodologia e a vontade para pagar pelos
serviços de formação e materiais de poupança1.
(Veja Anexo 6 e 7 para os questionários (em português))
Um total de 12 grupos de 4 distritos foram entrevistados do total de 43 grupos activos de 5
distritos do projecto. Isto representa 30% do total. Entrevistas individuais foram levadas a
cabo com 29 membros - 18 mulheres e 11 homens e também com 3 pessoas desistentes do
programa.
O objectivo das reuniões com organizações parceiras foi de explorar possibilidades para
cooperação ou fortalecer cooperação existente para aumentar o dinamismo e eficiência de
OPHAVELA. No seminário efectuado no dia 16 de novembro em Nampula, atuais e
potenciais organizações parceiras participaram activamente na discussão sobre as
recomendações preliminares, pareceria e as possíveis formas de institucionalização de
OPHAVELA. (Referido no Anexo 3: lista de participantes do seminário).
A consultora quer agradecer todas as organizações, grupos de PCR e pessoas que
contribuíram com opiniões e ideias para este relatório (veja Anexo 3 avaliação).
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Preamble
SUMARIO EXECUTIVO
O projecto OPHAVELA da CARE promove a criação de Associações de Poupanças e
Crédito Acumulativas, designado por grupos de PCR (Poupança e Credito Rotativo), em
áreas rurais de 5 distritos da Província de Nampula. Com um período inicial de 8 meses de
formação, OPHAVELA forma grupos que podem ser auto sustentáveis depois da
intervenção do projecto. O projecto foi concebido como um projecto piloto a ser
implementado com fundos dos Países Baixos para um período de oito meses, Maio a
Dezembro de 2001.
OPHAVELA atingiu resultados impressionantes num período muito curto de tempo, se
considerar que para a criação de grupos de poupanças e crédito é preciso construir a
confiança dentro da comunidade. A maioria dos objectivos planificados a alcançar até final
de Dezembro serão atingidos antes do fim do período referido. Em 31 de Outubro, 43
grupos de PCR dos 50 planificados tinham sido formados com um total de 700 membros.
Alguns dos objectivos de projecto foram ultrapassados em 31 de Outubro. Por exemplo 58%
dos membros dos grupos são mulheres, enquanto a percentagem planificada foi 50% , o
que é muito alto para o contexto de Nampula.
OPHAVELA serve quatro grupos distintos de clientes, cada com suas características
específicas: mulheres e homens que vivem nas capitais de distrito, mulheres e homens que
vivem em áreas rurais, principalmente membros das associações de camponeses. A
metodologia é bastante flexível para satisfazer as necessidades dos vários grupos de
clientes. Um grupo de PCR serve como mecanismo de poupança e também de crédito para
seus membros; os membros com mais oportunidades econômicas usarão mais frequente o
mecanismo de crédito, enquanto que membros com menos oportunidades usarão o grupo
de PCR principalmente como um mecanismo de poupança.
A metodologia é muito bem recebida, e definitivamente há um potencial para crescimento
entre os atuais grupos alvos. OPHAVELA está tendo sucesso para obter resultados que
estão em linha com os objectivos formulados na proposta de projecto:
Os grupos de PCR definitivamente ajudam as famílias rurais a fazer uso mais eficiente dos
recursos. Os grupos de PCR têm o potencial para reduzir a vulnerabilidade dos membros
em relação aos choques imprevisíveis e sazonais, para aumentar níveis produtivos e para
ampliar actividades geradoras de rendimento.
OPHAVELA também obteve alguns resultados importantes que não foram considerados nos
objectivos formulados:
O fortalecimento do capital social dos membros de grupos: aumentando confiança mútua
dos membros fortalecendo a capacidade organizacional e de liderança.
O aumento do acesso e controlo dos recursos da família pela mulher.
OPHAVELA poderia aumentar sua eficiência na formação de animadores comunitários para
treinamento dos grupos. Grupos mostraram vontade de pagar pelos serviços de um
animador comunitário. Deste modo, OPHAVELA poderia aumentar seus resultados a baixo
custo .
Para apoiar a capacidade local e propriedade local do projecto, é recomendado que o
projecto OPHAVELA se transforme em uma ONG local. Para poder garantir a criação de
uma ONG local forte, o processo de transformação deve ser gradual. É sugerido que,
durante um período de dois anos, OPHAVELA defina sua missão e identidade, se legalize e
instale a capacidade administrativa e financeira. No terceiro ano, OPHAVELA sera
subcontratado para implementar a metodologia de PCR.
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Executive Summary
ÍNDICE
PREÂMBULO
3
SUMARIO EXECUTIVO
5
1. DESENHO DO PROJETO
1
1.2. Coerência e realismo do desenho do projecto
1.2.1.
Objectivos do Projecto.
1.2.2.
Resultados planificados
1.2.3. Comentário dos objectivos estabelecidos por OPHAVELA.
3
3
3
5
2. REALIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DO PROJETO
6
1.1. Antecedentes do projecto
1
2.1. Observações sobre as metas
2.1.1. Número de grupos
2.1.2 média de número de membros por grupo
2.1.3. Poupanças mensais
2.1.4. Valor do crédito acumulado
2.1.5. Participação de mulheres
2.1.6. 10 grupos na fase de maturação
2.1.7.
Número médio de grupos por agente de crédito
7
7
8
9
9
11
12
12
METAS REALÍSTICOS E PERTINENTES:
13
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.
13
4. RELEVÂNCIA DA METODOLOGIA DE PCR PARA O GRUPO ALVO
15
4.2. Relevância da metodologia especificamente para mulheres
4.2.1. Poupanças dentro da família.
4.2.2. A liderança de mulheres nos grupos de PCR.
4.2.3. Conclusões e recomendações
22
22
23
24
4.1. a influência da sazonalidade na capacidade de poupança dos membros
4.1.1.
Fontes de rendimento
4.1.2. Sazonalidade das actividades e rendimento dos membros de PCR
4.1.3. Membros de PCR, carteira de poupanças e crédito
4.1.4. Fonte das poupanças e planificação do uso das poupanças
4.1.5. Recomendações:
4.3. Avaliação da satisfação dos clientes com o projecto
4.3.1. Vantagens, desvantagens e riscos de PCR
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4.3.2. Satisfação dos Clientes com elementos específicos da metodologia de PCR
4.3.3. Vontade para pagar pelos serviços
4.4.4.
Recomendações e observações feitas com base na
avaliação dos clientes e satisfação da metodologia:
4.4.5. Conclusões gerais sobre a relevância da metodologia
26
27
28
28
29
5. ATUAIS E POTENCIAIS PARCEIROS.
30
5.2. Parceria com projecto de Saúde da CARE (Ribaue e Malema)
33
6. SISTEMAS DE GESTÃO E INFORMAÇÃO
35
6.2. Treinamento de pessoal.
36
5.1. Parceria com organizações que assistem as associações de camponeses.
5.3. Parceria com IDPPE
6.1. Observações em assuntos de gestão
6.3. Monitoria e avaliação.
30
33
35
37
7. SUSTENTABILIDADE E INSTITUCIONALIZAÇÃO
38
8. CONCLUSÃO GERAL.
40
ANNEXES:
Annex 1: Terms of References
Annex 2: Overview of recommendations
Annex 3: Income of PCR members
Annex 4: Persons contacted
Annex 5: References
Annex 6: Interviews PCR groups
Annex 7: Individual interviews
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1. DESENHO DO PROJETO
1.1. Antecedentes do projecto
O projecto OPHAVELA foi criado com base das experiências do projecto anterior de
finanças rurais da CARE: CRER (Credito para Empresários Rurais). CRER foi desenhado
como um projecto piloto para testar metodologias de poupanças e crédito e aprender sobre
escala e a natureza da procura de serviços financeiros em áreas rurais. CRER foi financiado
pela Embaixada de Países Baixos e o Instituto governemental de Desenvolvimento de
Pesca de Pequena Escala (IDPPE) como parte de um acordo de empréstimo com o Fundo
Internacional para Desenvolvimento Agrícola (IFAD). Os fundos de IDPPE foram usados
para serviços financeiros nas áreas litorais (distritos de Angoche e Moma), enquanto que o
fundo do governo dos Países Baixos (Holanda) cobriu os distritos do interior (Ribaue,
Malema, Meconta/Monapo, Murrupula, Mogovolas).
CRER testou entre Junho de 1998 à Dezembro 2000 quatro produtos financeiros rurais
distintos: dois produtos de poupança e dois produtos de crédito. Os grupos de clientes
variaram de camponeses muito pobres e pescadores para comerciantes pequenos e outros
micro empresários menos pobres.
Os dois produtos de poupanças foram:
I.
Metodologia de poupança baseada em selos, para membros de associações de
camponeses e comunidade em geral.
II.
ASCAs (Associações de Poupanças e Crédito Cumulativo) para comunidades de
pescadores, designado PCR (Poupança e Credito Rotativo).
Os dois produtos de crédito foram:
III.
Credito para associações de camponeses
IV.
Credito para grupos solidários para actividades geradoras de renda e micro
empresas
Dois anos depois da fase piloto, CRER alcançou 3300 clientes (até de Setembro 2000). Das
quatro metodologias, a metodologia de poupança baseada em selos teve o maior numero de
membros do projecto, com mais de 1900 poupadores. Em Março 2000, uma avaliação
externa elogiou CRER pelo seu desígnio inovador de produtos e treinamento rigoroso e
efectivo de pessoal e clientes. A equipe de avaliação também expressou preocupação sobre
o nível da cobertura de custos do projecto. De Abril 2000 a Janeiro 2001, CARE considerou
opções diferentes para a institucionalização de CRER: uma cooperativa de crédito e
poupança, um banco provincial e a fusão de CRER com CRESCE , que é o programa de
microfinanças urbano da CARE que opera em Quelimane, Beira, Mocuba e Chimoio.
Em Janeiro 2001, CARE realizou uma avaliação interna da estratégia de Microfinanças da
CARE Moçambique. Com base nesta avaliação, CARE decidiu, por razões de
sustentabilidade, não criar uma instituição financeira rural ou fundir CRER em uma
instituição financeira existente (CRESCE), mas continuar exclusivamente com a metodologia
de ASCA.
O PCR (ASCA) metodologia desenvolvida do sistema tradicional de poupanças e credito de
Moçambique; o Xitique. Acrescenta torções inovadoras ao Xitique, tornando-o mais flexível e
inovador para os membros de grupo. Grupos consistem entre 15 a 30 membros que fazem
contribuições semanais. O dinheiro é mantido em uma mala pequena com dois cadeados, as chaves
de um cadeado são guardado pelo presidente e a chaves de outro cadeado é guardado pelo
secretário do grupo, o tesoureiro guarda a mala. Depois de aproximadamente um mês, membros de
grupo de poupança podem solicitar empréstimos dos fundos da poupança do grupo. Tipicamente os
empréstimos são para períodos de um mês com uma taxa de juros de 10% e são usados para
actividades geradoras rendimentos. O grupo pode escolher estabelecer um fundo de empréstimo
social para emergências pela qual nenhum juro é cobrado.
Em períodos durante qual não há nenhuma renda, grupos dividem as poupanças que agora incluem
os juros dos créditos concedidos, e recomeça novamente quando eles tiverem rendimentos. Não é
preciso saber escrever ou ler (alfabetização) os grupos podem funcionar com base na memória.
Depois de várias fases de formação, um máximo de oito meses, o grupo fica independente sem
assistência do projecto.
CRER introduziu a metodologia de PCR no fim de 1999 para satisfazer as necessidades das
pessoas que vivem em áreas remotas na região litoral e que se dedicam a pesca, agricultura
e empreendimentos de micro negócios. Em um ano aproximadamente, foram formados 39
grupos com aproximadamente 700 clientes (até Setembro 2000). CRER treinou
extensionistas de IDPPE na metodologia de PCR com o objectivo de aumentar a sua
cobertura para mais pessoas. Em Maio de 2001, CARE terminou as actividades nas áreas
litorais, devido ao esgotamento dos fundos do IDPPE. Como O IDPPE considerou um
sucesso a metodologia de poupança baseada em selos e a metodologia de PCR , decidiu
continuar implementando ambas as metodologias nos distritos de Angoche e Moma. Além
disso, IDPPE estendeu a metodologia de PCR ao distrito de Mogincual. Três agentes de
poupanças e crédito e também recursos do projecto (carro, motocicletas, computadores etc.)
foram transferidos de CRER para IDPPE.
Em abril de 2001, a Embaixada de Países Baixos aprovou o pedido da CARE para usar
fundos de CRER para a transição de CRER para OPHAVELA, de Maio à Dezembro 2001,
especificamente para a criação e apoio de grupos de PCR nos distritos do interior da
Província de Nampula: Ribaue, Mogovolas, Malema, Murrupula e Monapo / Meconta. A
Embaixada dos Países Baixos aprovou outro pedido de extensão sem custos em Novembro
de 2001, para o período Dezembro 2001 á Junho 2002.
1.2. Coerência e realismo do desenho do projecto
Nesta secção as observações serão feitas na coerência do desenho do projecto e o
realismo dos objectivos.
1.2.1.
Objectivos do Projecto.
O objectivo do projecto é melhorar as condições socio económicas de populações rurais de
baixa renda, oferecendo acesso a um sistema permanente de poupança e crédito.
O objectivo do projecto é assistir as famílias rurais, com ênfase em mulheres, para fazer uso
mais eficiente dos recursos nos quais resultarão:
 Redução a vulnerabilidade para choques imprevisíveis e sazonais
 Restabelecimento nas famílias níveis de bens produtivos
 Expanção das actividades geradoras de rendimento
Embora o objectivo do projecto é ajudar especificamente as mulheres a fazer uso mais
eficiente dos recursos, o projecto não tem nenhum objectivo específico relacionado com
género. Os objectivos do projecto não incluem a melhoria na posição de mulheres, por
exemplo um aumento no acesso e controle dos recursos. A ênfase em mulheres é reflectida
no indicador de número de mulheres que participam nos grupos.
1.2.2.
Resultados planificados
O documento original do projecto formula objectivos ambiciosos relativo a número de
grupos, membros de grupos, poupanças mensais e percentagem de participantes femininos.
A razão para estes objectivos não é explicada no documento do projecto. Depois do começo
de OPHAVELA, o pessoal preparou um plano de trabalho no qual reveu alguns dos
objectivos e fazendo-os mais realísticos. Também novos objectivos foram definidos. Os
objectivos de desempenho mencionados nos termos de referencia foram derivados do plano
de trabalho de OPHAVELA.
Tabela 1 dá uma avaliação dos objectivos do projecto inicial, e o plano de trabalho feito pelo
pessoal de OPHAVELA.
Tabela 1 Objectivos até Dezembro 2001
Indicador
Número de grupos
Média de número de membros de grupo
Número total de membros
Media das poupanças individuais mensais
Participação de mulheres
Proposta inicial
Plano de trabalho de
OPHAVELA
150
(30 por distrito)
50 grupos
(10 por distrito)
20
15
3000
750
20,000 MT
20,000 MT
50%
50%
Número de grupos
A meta na proposta inicial era de 30 grupos por distrito em 8 meses . Esta meta é realmente
muito ambicioso, quando comparado com o número de grupos formado por CRER em um
período de tempo aproximado a um ano e também com o número de grupos formado pelo
projecto de CARE em Inhambane que está implementando a mesma metodologia.
Possivelmente, estes objectivos altos eram fixos porque foi assumido que o os grupos de
poupança baseado em selos poderiam ser transformados em grupos de PCR. Em um
levantamento efectuado por CRER em 10 grupos de poupança com selos por distrito,
verificou-se que 88% destes grupos estariam interessados em transformar em grupos de
PCR.
Número de membros de grupo
O número de membros de grupo na proposta inicial de 20 é muito alto; o objectivo de 15 no
plano de trabalho de OPHAVELA é novamente mais realístico. Várias organizações
relataram que o nível de confiança entre pessoas é bastante baixo na Província de
Nampula. Isto leva as pessoas a se organizarem em grupos pequenos que consistem de
pessoas que se conhecem muito bem. Este fenómeno experimentado por CRER, foi
também confirmado por outra organizaçào que trabalha em Nampula, Auxilio Mundial, na
criação de bancos de aldeia. O número de membros em ROSCAS tradicionais (chamado
Xitique) raramente excede 10 membros.
Poupanças mensais
A quantia de 20,000 MT de poupança mensais em um ano 240, 000 MT, equivalente a
aproximadamente 10 USD. Embora pareça uma quantia baixa, é realmente bastante alto
para camponenses. Na pesquisa efectuada pelo projecto VIDA da CARE, indicou que a
renda per capita de uma família de camponese foi de 56 USD. A quantia media de
poupanças provavelmente diferirá grandemente, dependendo da estação. Podem ser
esperadas poupanças mais altas no período de comercialização de produto agrícola no qual
a economia rural é mais dinâmica.
Participação de mulheres
A proposta de projecto não explica porquê que a meta de de 50% de participação de
mulheres foi estabelecida. Não está baseada em uma análise da posição económica de
mulheres na Província de Nampula e não reflecte a proporção de mulheres envolvida em
pequenas empresas ou na venda de produtos agrícola. De acordo com um estudo da
Universidade do Estado Michigan, mulheres rurais possuem só 11.5% das micro empresas
de Nampula.
Isto significa que um objectivo de 50% de participação feminina na Província de Nampula é
muito alto. Ao contrário do Sul de Moçambique onde um objectivo de 50% participação
feminina seria muito conservador, porque as mulheres dominam a economia informal
naquela região. Por exemplo o Auxilio Mundial tem uma percentagem de mulheres de 80%
ou mais alto no sul sem qualquer esforço específico, enquanto que com um programa
idêntico em Nampula a percentagem de membros femininos dos bancos de aldeia vacila
entre 10 e 15%, enquanto tentam alcançar especificamente as mulheres (Vletter 2001).
1.2.3.
Comentário dos objectivos definidos por OPHAVELA.
Além dos objectivos formulados na proposta de projecto, OPHAVELA definiu objectivos que
são integrados nos Termos de Referencia .
Tabela 2: objectivos adicionais formulados no plano de trabalho de OPHAVELA
Indicador
Valor do crédito acumulado
Número médio de grupos por agente de
crédito
Independência de grupos
Plano de trabalho de OPHAVELA Maio – Dezembro
2001
75% das poupanças são usados para crédito
10
10 grupos mostram progresso para independência
Valor de crédito acumulado
A suposição deste objectivo é que a componente de crédito é mais importante que a
componente de poupança dos grupos de PCR. Grupos são considerados um sucesso
quando 75% das poupanças são usadas para crédito. Porém, é conhecido que serviços de
poupança são de maior importância que crédito em um ambiente de risco. O pobre prefere
guardar o que eles têm, em lugar de pôr em risco o que eles têm. Poupanças são um
recurso; crédito é uma responsabilidade. Poupanças permitem as pessoas a resistir a
choques. Quando poupanças forem usadas para um investimento, é mais provável a família
absorver o choque quando o investimento falhar, do que quando for usado o crédito.
Também, CRER demonstrou que as pessoas pobres rurais preferem poupanças flexíveis a
serviços de crédito. Além disso, mulheres pareciam ser mais adversas ao risco do que
homens, preferindo acumular poupanças ao invés de crédito para investimento em
actividades geradoras de rendimento. Por exemplo, é notável que a percentagem de
mulheres com empréstimos activo na Caixa das Mulheres de Nampula é só de 16%,
enquanto que cerca de 76% das poupanças são usadas para empréstimos (informação do
coordenador de Cocamo). Disse que as mulheres que levam emprestimos são as mais
prosperas (quer dizer, são elas que tem mais condicições, são mais ricas, escolhem o que
parece melhor)
Número médio de grupos por agente de crédito.
O número de grupos que cada agente de poupança e crédito pode controlar depende da
fase de treinamento dos grupos. O treinamento consiste em três fases: a fase intensiva, a
fase de desenvolvimento, e a fase de maturação. Na fase intensiva, o agente de poupanças
e crédito assiste os grupos durante todas as reuniões, na fase de desenvolvimento toda
segunda reunião, enquanto na fase de maturação o grupo é visitado só uma vez.
Obviamente, no princípio do projecto, todos os grupos estarão na fase intensiva o que
significa que o agente de poupança e crédito não pode controlar muito mais que 10 grupos
de PCR, especialmente se as distâncias entre os grupos forem grandes. Porém, quando o
agente de poupança e crédito tem grupos nas várias fases de formação, o número de dez é
bastante baixo.
10 grupos mostram progresso para sua auto-suficiência no fim de Dezembro de 2001
Depois da fase de maturação, grupos ficam independentes. Nesta fase, os grupos são
visitados só uma vez em seis meses. Interpreto o indicador bastante vago ‘mostram
progresso para auto-suficiência ’como‘ estão na fase de maturação '.
2.
REALIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DO PROJETO
O período coberto pela avaliação foi muito curto; o projecto começou oficialmente em Maio,
mas as actividades do campo só começaram em Julho. Em Maio, o gerente de projecto de
OPHAVELA esteve na região da Zambezia, para ajudar as actividades de emergência da
CARE nas regiões afectadas pelas inundações. Em Junho, um grupo do pessoal de
OPHAVELA fez uma visita a componente PCR do projecto de Inhambane, para troca de
experiências. Também em Junho, foram treinados agentes de poupança e crédito, que
começaram implementar a metodologia em Julho. Isto significa que a avaliação só cobre 4
meses de actividade de campo (julho–2001 à Outubro).
O projecto alcançou resultados muito bons nos quatro meses de operação; pode ser
esperado que a maioria dos objectivos que seriam alcançados ao final de Dezembro sejam
alcançados antes do tempo referido. Alguns dos objectivos foram alcançados ou
ultrapassados no final de Outubro.
Na tabela 3 são apresentadas as actividades planificadas comparadas com os resultados.
Número de grupos
Resultados
planificados
até Dezembro 2001
(plano de trabalho de
OPHAVELA)
50 groups
(10 por distrito)
Resultados atuais até 31
de Outubro, 2001
Nível de
realização em 31
de Outubro
43 grupos ativos (grupos
que começaram a poupar)
58 grupos registados
(grupos só começam a
poupar na terceira reunião
de formação)
86%
Número médio de
membros por grupo
15
16
107%
Número total de membros
750
700 membros de grupos
activos, 901 membros de
grupos registados
93%
15,000 MT
75%
19% do valor das
poupanças
25%
58%
116%
120%
Poupanças mensais
Valor do crédito
acumulado
20,000 MT
75% do valor das
poupanças
Participação de mulheres
50%
Número médio de grupos
por agente de poupança e
crédito
Independência dos grupos
10
12
10
0 grupos na fase de
maturação
0%
2.1. Observações sobre as metas
2.1.1. Número de grupos
OPHAVELA já formou 43 dos 50 grupos planificados. Grupo activos são grupos que
começaram com as operações de poupança. Um grupo começa a poupar depois de ter
recebido treinamento nas operações do PCR, e de ter eleito e treinado o comité de gestão.
Sem duvida, OPHAVELA terá sucesso para atingir o número planificado de grupos no final
de Dezembro.
OPHAVELA não teve sucesso transformando a maioria do grupos de poupança baseada em
selos em grupos de poupança de PCR. Com base em um estudo de inventário levado a
cabo por CRER, foi esperado que 88% dos grupos de poupança com selos concordariam
para se transformar em um grupo de PCR. Porém, só 17% foram transformados para grupos
de PCR, significando 25 dos 145 grupos de selos que operaram nos 5 distritos de PCR.
Estes 25 grupos representam 58% dos grupos de PCR formados por OPHAVELA neste
período, significado que OPHAVELA trabalhou em parte com os clientes de CRER, e em
parte atraiu outro grupo de cliente
O facto de uma percentagem reduzida de grupos de selos transformado em grupos de PCR,
foi devido a decisões de gestão por razões relacionadas com diferenças entre as duas
metodologias.
1. Decisões da gestão do projecto:


A maioria dos grupos de poupança baseada em selos foram formados dentro de
associações de camponeses apoiadas pela CLUSA (uma ONG americana) ou por VIDA
(projecto da CARE). Estas associações de camponeses estão muito espalhadas,
limitando o número de associações que podem ser alcançadas num dia por um agente
de poupança e crédito. A gestão do projecto, debaixo da pressão de obter resultados
em um período muito curto de tempo, optou dar prioridade à criação de grupos de PCR
nas vilas das capitais distritais.
Outra razão para o projecto concentrar seu trabalho nas capitais distritais foi o objectivo
de 50% participação feminina. Dentro dos grupos de poupança com selos, só 30% dos
membros foram mulheres. É mais difícil de atrair as mulheres nas áreas rurais remotas,
que as mulheres nas vilas para participar nos grupos de PCR.
2. Diferenças entre as duas metodologias:

Os grupos de poupança com selo são vantajosos para pessoas sem uma renda regular,
como não requer depósitos regulares e é fácil de retirar poupanças. Esta metodologia
de poupança é interessante para camponeses, pode poupar quando tem dinheiro, nos
tempos sem dinheiro pode retirar as poupanças. A consultora entrevistou três membros
de um grupo de poupança de selos que tentou se transformar em um grupo de PCR
mas que desistiram do programa. Eles mencionaram como constrangimentos principais
de participar no programa a necessidade de depósitos regulares e dificuldades
envolvidas na retirada das poupanças.

grupos de poupança com base em selos consistem em média de 7 a 8 membros,
enquanto o número mínimo para um grupo de PCR é 15. Alguns grupos de poupança
baseada em selos tiveram dificuldades para adquirir mais membros para o grupo tornarse maior com o numero mínimo exigido pelo PCR.
Dos 58 grupos activos registados, 29 estão formados dentro das associações de
camponeses e o outros 29 grupos nas capitais distritais. Nas capitais distritais de Mogovolas
e Monapo / Meconta, OPHAVELA formou grupos dentro de grupos de dança locais, que
abundam nos distritos litorais. Grupos de dança normalmente consistem em um número
grande de membros, cerca de 30. As dançarinas são mulheres, os músicos são homens,
também o presidente do grupo é um homem e normalmente o compositor. Nas mesmas
capitais distritais alguns grupos são formados com membros da OMM, a organização de
mulheres relacionada com o partido Frelimo. Esta é um das razões que a percentagem de
mulheres nestes distritos é maior que nos outros distritos.
Tabela 4: Número de grupos registados nas associações e nas capitais de distrito,
percentagem de participação de mulheres.
Districts
Mogovolas
Monapo / Meconta
Ribaue
Malema
Murrupula
Total
Groups in
associations
2
1
9
9
8
29
Groups in district
capitals
9
12
2
1
5
29
Percentage of women
84%
77%
20%
42%
55%
58%
2.1.2 média de número de membros por grupo
Os grupos activos tem como media 16 membros, ultrapassando o objectivo de 15. Em
Murrupula, a media de membros é só de 14. Grupos das capitais distritais do litoral tendem
a ser maior que grupos dentro de associações de camponeses. Isto é principalmente devido
ao número alto de membros dos grupos de dança. A coesão de alguns destes grupos de
dança é forte e eles agrupam como um todo PCR.
Grupos de associações de camponeses geralmente tem entre 25–40 membros, mas
normalmente só alguns dos membros se juntam ao grupo de PCR. Um das razões é que os
grupos de PCR requerem um nível mais alto de confiança entre seus membros que as
associações de camponeses. Grupos de PCR operam totalmente independente das
associações de camponeses e podem rejeitar um membro da associação. Por exemplo,
durante uma reunião que a consultora assistiu, a candidatura de um membro da associação
foi rejeitada por causa do problema de álcool.
Outra razão é que alguns membros da associação querem ver os resultados dos grupos de
PCR primeiro. O funcionamento de grupos como tais de PCR é totalmente novo para as
áreas rurais remotas onde os grupos de Xitique tradicionais quase não são conhecidos.
Pode ser esperado que a percentagem de membros das associações de comaponeses que
aderem aos grupos de PCR vai crescer, uma vez eles tenham visto os resultados dos
grupos PCR existentes.
Outro factor poderia ser que os grupos de PCR são mais atraentes para um grupo particular
de camponeses, isto é os que estão envolvidos em actividades económicas de pequena
escala que lhes proporcionam uma renda mais regular que a comercialização dos produtos
agrícolas. Este aspecto será observado mais no capítulo 3.
2.1.3. Poupanças mensais
O objectivo para a média de poupanças mensais é 20,000 MT. Este objectivo assume que
todos os membros de grupo podem economizar 4 vezes por mês a quantia de 5000 MT. A
média de poupanças em Outubro de 2001 foi de 15,000 MT. Muitos factores influenciaram
esta valor médio:




Vários membros poupam duas vezes ou mais o depósito mínimo (eles têm vários
‘cartões de membro de ’. Há 700 membros activos, e 898 cartões de membro
Alguns grupos economizam uma vez em 14 dias.
Alguns grupos poupam menos do que 5000MT por reunião.
Nem todos os membros economizam regularmente.
Como antes acima referido, o objectivo de 20,000 MT de poupanças por mês (significa 10
USD por ano) parece ser alto quando comparado com media da renda per capita das
famílias de que participam no projecto VIDA que são principalmente membros de
associações, aproximadamente 50 USD por ano (VIDA relatório de avaliação final 2001). A
média obtida de 15,000 MT por mês parece ser um bom resultado, levando em conta que o
projecto começou recentemente o que significa que os membros sejam cautelosos, não
mantendo uma proporção maior das suas poupanças com o grupo de PCR. A media das
poupanças também poderiam aumentar se os membros usassem fundos de crédito para
começar ou ampliar micro-negócios. No capítulo 4, uma tentativa de analise é feita da
capacidade de poupança dos membros de grupo.
2.1.4. Valor do crédito acumulado
O valor do crédito acumulado é 19% das poupanças, em vez dos planificados 75%. Grupos
só podem começar operações de crédito na quinta reunião, significa que pelo menos um
dos quatro meses de operações não foram registados nenhuma actividade de crédito. Os
créditos concedidos foram para actividades geradoras renda, como:





Preparação e venda de bebidas tradicionais
Feitura e venda de pão e pasteis
Venda de sabão e farinha
Venda de galinhas e ovos
Comercialização de Peixe
É notável que em alguns grupos, tem a associação como membro do grupo de PCR,
possuindo vários cartões. Normalmente, o tesoureiro da associação representa a
associação no grupo de PCR. Em pelo menos dois casos, o crédito foi concedido à
associação de camponeses, por exemplo, (500,000 MT)para compra de semente de girassol
para a associação prensar óleo alimentar e para uma taxa de inscrição para comercializar
algodão. No último caso, a associação de camponeses não era membro do grupo de PCR, e
o grupo de PCR cobrou 20% de juros por mês em vez do habitual 10%.
Alguns grupos têm planos para levar crédito para um negócio comum, por exemplo para a
comercialização da castanha de caju.
Na tabela abaixo são amostrados o número e valor de créditos desembolsados.
Tabela 5: número e valor de créditos desembolsados
Numero de grupos que desembolsaram créditos
Numero de membros que receberam credito
Percentagem de homem/mulher que recebeu
credito
Valor total de créditos concedidos
Valor total de credito para associações
Valor médio de credito
Women
Men
13
2%
12
3%
1,690,000
1,830,000
130,000 MT
152,500 MT
Total
10
25
3,520,000
559,000
Razões mencionadas pelos membros de grupos para não tirar crédito, foram as seguintes:
 Falta de oportunidades economicas. Na proposta de projecto OPHAVELA os meses de
outubro / novembro acima citados como sendo meses de alta renda para todos os
distritos. No distrito visitado, este tempo do ano normalmente oferece oportunidades
económicas, como é o tempo da colheita da castanha de caju. Porém, foi dito que a
colheita da castanha de caju seria bastante pobre este ano.
 Muitos dos grupos começaram há pouco tempo, acharam que eles não tinham
acumulado dinheiro suficiente. Alguns grupos são relutantes em conceder créditos no
valor de mais de metade do fundo das poupanças. Por exemplo, um grupo visitado não
quis emprestar mais que a metade das suas poupanças, por achar muito arriscado.
 Várias mulheres disseram que querem começar um negócio depois da distribuição das
poupanças. Se o negócio tiver sucesso, então elas solicitariam créditos.
Nas entrevistas de grupo, aparentemente a maioria dos membros de grupos de PCR
valorizam mais a componente de poupança do que a componente de crédito da
metodologia. As razões citadas foram as seguintes:
Investimento: Contrato de trabalhadores para os campos, compra de cabras e ovelhas,
começar um micro-negócio, aumentar o volume do micro-negócio existente, compra de
madeira e ferramentas de carpintaria.
Compra de bens materiais: Bicicleta, pratos e panelas, pano, máquina de costura, cama,
armário, rádio, material para melhorar a casa como portas ou um telhado de zinco.
Outros: pagar mensalidades escolar, comprar carne, viajar,
A maioria dos grupos estabeleceu um fundo social do qual os membros podem pedir
empréstimos em caso de emergência sem pagar juros. Porém, o fundo social quase que só
têm sido usado para comprar material (canetas, cadernos, etc).
Pode ser esperado que com a confiança que os membros de grupo vão adquirindo e
também na experiência da metodologia, a componente de crédito da metodologia de PCR
ficará mais popular. Porém, a metodologia de PCR é bastante flexível para permitir que seus
membros usem a metodologia só para acumulação poupanças e para fortelecer a sua de
segurança para emergências. A única desvantagem para os membros de grupo de
poupanças é que a quantia de poupanças não cresce, porque o grupo não recebeu
pagamentos de juros. Porém, é conhecido que para pessoas pobres, a existência dos
serviços de poupança tem muito mais importância do que o rendimento dos juros.
2.1.5. Participação de mulheres
A alta percentagem de participação feminina 58% nos grupos de PCR é notável, visto a
posição económica da mulher na Província de Nampula. Homens dominam o sector informal
em grande parte; as mulheres possuem só 11,5% dos micro negócios. Mulheres são apenas
envolvidas na comercialização de produtos agrícolas. A participação de mulheres difere
amplamente entre as associações de camponeses com as capitais distritais, como iremos
ver na tabela seguinte:
Table 6: Participação da mulher
Grupos formados por OPHAVELA nas capitais distritais
Grupos formados em pareceria com organizações que assistem
associações de camponeses
# de grupos
32
% mulher
79%
26
32%
Também é notável o facto que a maioria dos grupos estarem mistos, como amostra a tabela
7:
Tabela 7: Grupos mistos
# de grupos mistos
# de grupos de mulher
# de grupos de homem
Total
40
14
3
57
70%
25%
5%
100%
O facto da maioria dos grupos serem mistos foi o resultado da estratégia do projecto para
encorajar que os membros masculinos envolvam as esposas deles/delas nos grupos. De
acordo com a observação da consultora, todas as mulheres que participam nos grupos de
PCR formados dentro das associação de camponeses são cônjuges de membros
masculinos do grupo; nos grupos visitados nas sedes distritais, os membros masculinos
eram os membros dos grupos de dança e não sempre marido de um dos membros
femininos do grupo. Nos grupos das associações de camponeses, os homens normalmente
estavam na maioria, nos grupos mistos nas capitais distritais, as mulheres representavam
frequentemente a maioria.
A consultora observou que em grupos de PCR dentro das associações de camponeses o
marido e esposa eram ambos membros do grupo, o marido traz o depósito da esposa e as
mulheres tendem a não comparecer as reuniões. Para alguns grupos, a participação de
mulheres parecia só servir o objectivo de alcançar o número exigido de membros de grupo.
Os homens explicaram que a ausência das esposas se deve a grande distância para as
reuniões, ou ao programa diário preenchido das mulheres. Estes serão discutidos mais
adiante em assuntos de género no capítulo 4.
2.1.6.
10 grupos na fase de maturação
Nenhum dos grupos está na fase de maturação. Isto teria sido difícil, determinado o período
curto de actividades de campo (4 meses), e o tempo leva para um grupo para se formar à
fase de maturação (4,5 meses). Na tabela abaixo é indicada, a divisão de grupos nas
diferentes fases de treinamento.
Tabela 8: Divisão dos groupos nas diferentes fases de formação
Fase
Duração
Intensiva
Desenvolvimento
Maturação
Independência
2,5 meses
2 meses
2 meses
Frequência das visitas pelo
agente
Em cada reunião
3 visitas
1 visita
1 vez em 6 meses
Numero de
grupos
45
12
0
0
%
79%
21%
0%
0%
Geralmente, os grupos ficam na fase intensiva mais do que o 2,5 mês estipulado no manual.
Isto é devido ao facto que só 10 grupos começaram a desembolsar crédito. O critério para
passar da fase intensiva para a fase de desenvolvimento é quando o grupo pode executar
todas as operações de PCR. Isto significa que agentes de poupança e crédito continuam
assistindo as reuniões dos grupos familiarizados com o processo de recolha das poupanças
sem qualquer problema, mas não desembolsam crédito nem é provável desembolsar crédito
num curto prazo. Isto limita o tempo dos agentes para treinar novos grupos dentro de curto
prazo.
Enquanto 12 grupos estão na fase de desenvolvimento, só 10 grupos tinham desembolsado
crédito, significando que o pessoal de OPHAVELA promoveu grupos para à fase seguinte
sem o grupo ter desembolsado crédito. Em uma reunião de pessoal onde a consultora
estava presente, a decisão foi tomada para formalizar esta prática; permitir transitar à fase
de desenvolvimento sem ter desembolsado crédito.
2.1.7.
Número médio de grupos por agente de crédito
OPHAVELA ultrapassou o número médio designado de grupos por agente de crédito. Assim
que mais grupos transitem da fase intensiva a outras fases, os agente de poupanças e
crédito poderão controlar um número maior de grupos. Assumindo que, a carteira do agente
consistirá em média 50% dos grupos na fase intensiva no próximo futuro, o objectivo para
um o agente poderia ser 15 grupos, sem contar os grupos independentes que só serão
visitados uma vez por semestre.
Na proposta de projecto é declarado que durante a fase inicial de oito meses o projecto
verificaria se os promotores de comunidade poderiam treinar os grupos de PCR em vez dos
agentes de poupança e crédito. Está claro que os agentes aumentariam significativamente o
numero de clientes para o projecto, no caso em que a tarefa dos agentes mude para a
supervisão destes promotores. Este assunto será discutido no capítulo 5.
3.
METAS REALÍSTICOS E PERTINENTES:
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.
OPHAVELA atingiu resultados impressionantes em um período muito curto de tempo, tendo
em conta que é preciso ganhar confiança dentro da comunidade para poder criar grupos de
poupanças e credito. A percentagem de mulheres que participam nos grupos de PCR é
muito alta no contexto de Nampula. Foi claro que o pessoal de OPHAVELA estava sob
pressão pesada para um bom desempenho e para alcançar resultados rápidos para
aumentar as possibilidades do projecto continuar. A maioria dos objectivos de desempenho
formulados no plano de trabalho de OPHAVELA foram atingidos. Porém, alguns objectivos
precisam ser revistos, por não serem realísticos, por causar efeitos adversos ou por não ser
bons indicadores para o sucesso do projecto. Com base no que foi dito no capítulo 1 e 2 é
sugerido as mudanças seguintes:

Número de grupos: deveriam ser definidas metas distintas para o número de grupos
nas associações e nas capitais distritais. É compreensível que o projecto deu prioridade
à formação de grupos nas capitais distritais, por causa da pressão em formar muitos
grupos em um período curto de tempo. Porém, há uma demanda clara para serviços
financeiros entre membros das associações de camponeses. No capítulo 5 será
discutido como as associações de camponeses podem ser servidas de modo mais
eficiente.

Participação de mulheres: a meta relativa à participação de mulheres deveria ser ligada
à participação de mulheres efectivas nas actividades económicas da Província de
Nampula. A meta da participação de mulheres nos grupos de PCR deveria ser mais
alta do que a percentagem actual de mulheres em actividades económicas com o
objectivo de estimular o ‘empoderamento’ das mulheres e de alcançar mais igualdade
de género. Porém, se o objectivo é fixo em 50% participação de mulheres, sem levar
em conta a posição econômica actual de mulheres, a percentagem só conduz à
existência de membros femininos em papel, como está acontecendo agora dentro de
grupos de PCR dentro de associações de camponeses.
Deveriam ser definidas metas distintas para a participação de mulheres em grupos de
PCR formados dentro de associações de camponeses e nas capitais distritais, as
oportunidades económicas para mulheres como também as normas culturais diferem
significativamente nestas áreas. As metas recomendadas são: 60% para capitais de
distrito e 30% para associações de camponeses.

Número de grupos por agente de crédito: é recomendado aumentar esta meta para 15
grupos por agente de poupança e crédito, sem incluir os grupos independentes.
Porém, logo que os animadores comunitários assumam as tarefas dos agentes na
formação, este número aumentará.

Número de grupos que mostram progresso para sua auto-suficiência: em vez deste
meta bastante vaga, é sugerido a fixar um meta para o número de meses que um
grupo necessita para sua independência. A meta proposta é: 80% dos grupos ficam
independentes dentro de 7 meses, no caso de grupos que se reúnem uma vez por
semana. Para grupos que se reúnem uma vez em 2 semanas, é recomendado um
período de 10 meses.

Graduação de grupos: Actualmente, em cada reunião mensal do pessoal do projecto,
metas são fixadas para cada distrito para o número de grupos novos a serem formados.
É recomendado que OPHAVELA também fixasse metas para o número de grupos que
transitam para a fase seguinte. Deste modo o pessoal de OPHAVELA é encorajado a
não apoiar grupos mais tempo do que necessário.

Poupanças mensais: A consultora recomenda não usar a média de poupanças mensais
como meta, mas ao invés como um indicador da capacidade de poupança dos
membros de grupo de PCR durante as diferentes estações do ano. Alternativamente, é
recomendado que o projecto mantenha a percentagem de depósitos a tempo, com uma
meta de 90%. A regularidade de poupanças é um indicador forte para a força do grupo
de PCR.

Percentagem de poupanças usadas para créditos: a consultora recomenda para não
usar esta percentagem como uma meta mas como uma indicação para a preferência de
membros de grupos de PCR para usar grupos de PCR somente para poupanças ou
poupanças e crédito. Alternativamente, é recomendado para usar um meta relacionada
aos reembolsos de crédito, o formato de análise da carteira actual de OPHAVELA prevê
informação sobre a percentagem de crédito em risco. A consultora recomenda uma
meta de 90% de reembolsos e um objectivo de um máximo de 5% crédito em risco com
mais de 30 dias.

Deveria ser notado que as duas metas anteriormente citadas só podem ser fixadas para
grupos não independentes. Seria caro para colher esta informação de grupos que já
não são visitados regularmente por OPHAVELA.
4.
RELEVÂNCIA DA METODOLOGIA DE PCR PARA O GRUPO ALVO
Neste capítulo são apresentados os resultados das entrevistas com 12 grupos de PCR e 29
membros individuais de grupo. Com base nestes resultados, sera analisado até que ponto a
metodologia de PCR responde às necessidades das diferentes categorias de clientes: os
homens e as mulheres nas capitais distritais e os homens e as mulheres que são membros
de associações de camponeses.
Na primeira secção será analisada a capacidade de poupança dos membros e a influência
da sazonalidade nas poupanças dos membros. Primeiro as fontes de renda dos membros
de PCR entrevistados serão descritas, e o nível de renda será estimado. Mais adiante, será
descrito como os membros estão envolvidos em poupanças tradicionais e mecanismos de
crédito. Recomendações serão dadas em como a metodologia de PCR pode ser adaptada
para satisfazer mais as necessidades dos membros.
Na segunda secção, a relevância da metodologia será analisada especificamente para
mulheres. Primeiro será descrito o acesso e controlo de mulheres sobre a renda da família
e uma tentativa de analise até que ponto a participação de mulheres nos grupos de PCR
aumenta o acesso e controlo das mulheres nos recursos da família. Subsequentemente será
descrito, factores que impedem a participação de mulheres, a liderança de mulheres nos
grupos e as vantagens de mulheres em grupos só de mulheres. Finalmente, recomendações
são dadas em como aumentar a participação de mulheres nos grupos.
Na terceira seção, são apresentados os resultados da avaliação de satisfação de clientes
com a metodologia em geral e com elementos específicos da metodologia. Com base
nestes resultados, recomendações serão dadas para adaptações da metodologia.
4.1. A influência da sazonalidade na capacidade de
poupança dos membros
4.1.1.
Fontes de rendimento
Na tabela abaixo, são descritas as fontes de renda de membros dos grupos entrevistados.
Tabela 9: Fontes de renda de membros de grupo.
Associações
Homem
Pequenos Negocios
Sabão,
açúcar,
sal,
pano, cigarros e outros
bens de consumo.
Comércio de galinha,
ovos e peixe
Mulher
Capitais distritais
Homem
Mulher
Pequenos
Pequenos negocios:
Negocios:
Negocio de bens de
Negocio de bens
consumo
de consumo
Negocio de peixe
Comércio de
peixe
Comércio de
cabras
Venda da própria
produção:
Venda de material local
para edifício de casa:
palha e madeira
Venda de bebidas
alcoólicas tradicionais
Venda de galinha e
porcos
Venda da própria
produção:
Venda de palha
Venda de cozinhados de
feijões e mandioca
Venda de bebidas
alcoólicas tradicionais
Venda da própria
produção:
Venda de bebidas
tradicionais alcoólicas e
não alcoólicas, arroz ,
mandioca cozida, farinha
de milho,
doces de amendoim,
massas, pão, lenha,
Comercialização
de
colheitas:
Comercialização de
cereais, legumes,
batatas doce, algodão,
tabaco, páprica,
castanha de caju,
Artesãos:
Soldar ferramentas
agrícolas
Ganho-ganho:
Trabalho
nas
machambas de maiores
agricultoress
Comercialização de
colheitas:
Venda de bananas,
amendoim, arroz, sorgo e
castanha de caju,
Comercialização
colheitas:
Comercialização
algodão e milho
de
de
Artesãos:
Oleiros
ganha-ganha
Trabalho nas machambas
de maiores agricultores
Outros:
Curandeiro tradicional
Professor primário escolar
As actividades mencionadas são actividades geradoras de rendimento em dinheiro. Além
destas actividades, as mulheres nas capitais distritais também são envolvidas em agricultura
de subsistência. A gama de actividades económicas para mulheres é limitado nas áreas
rurais. Mulheres são envolvidas em actividades que eles podem fazer facilmente na porta da
casa. Por causa da combinação de actividades domésticas e o trabalho no campo, mulheres
não empreenderão facilmente actividades que envolvem viagens frequentes para a cidade
mais perto. Parece que nas áreas rurais, são mais homens que estão envolvidos no negocio
de bens comprados na cidade. Várias mulheres em associações de camponeses
expressaram a preocupação que não teriam tempo suficiente para trabalhar no campo, se
elas começassem a fazer pequenos negocios. Mas também o número de homens envolvido
em pequenos negócios não é muito alto; a consultora estimou que cerca de 35% dos grupos
PCR visitados que funcionam dentro das associações de camponeses estão envolvidos em
pequenos negócios.
Embora a contribuição de mulheres para a produção agrícola é significante, a
comercialização das colheitas estão nas mãos dos homens. Mulheres vendem o excedente
da produção que era destinada para consumo, e vendem outros produtos em quantidades
menores, como castanha de caju e bananas.
Entrevistas com os grupos deixaram claro, que nem todas as mulheres envolvidas nos
grupos de PCR ganham dinheiro vivo dos rendimentos, ou o dinheiro vivo do rendimento
delas não é suficiente para as poupanças regulares requeridas nos grupos de PCR. Estas
mulheres recebem o dinheiro para o depósito dos maridos ou outro membro familiar
masculino. Isto parece acontecer mais em áreas rurais que nas capitais distritais. A
consultora estima que uma média de 25% das mulheres que participam nos grupos não
ganham nenhuma renda. Algumas destas mulheres entrevistadas expressaram o desejo de
começar um pequeno negócio com o dinheiro poupado no grupo de PCR; outros preferiram
comprar um bem doméstico.
4.1.2. Sazonalidade das actividades e rendimento dos membros
de PCR
Foram efectuadas entrevistas individuais, para obter uma ideia de quantos meses por ano
os membros dos grupos de PCR estão envolvidos em actividades geradoras renda, se eles
fazem estas actividades em base de meio tempo ou tempo enteiro, e para fazer uma análise
dos seus negocios para poder calcular aproxidamente a renda anual dos membros. Foram
entrevistados 29 membros, representando 4% dos 700 membros activos de grupos de PCR.
Destes 29 membros, 22 são membros de grupos das capitais distritais, de quem 19 eram
mulheres, e 7 membros de grupos de PCR das associações de camponeses, todos homens.
Note que as informações sobre as mulheres em capitais distritais são relativamente mais
seguras porque a amostra é um pouco maior.
Sazonalidade das actividades
Na tabela abaixo pode ser visto que 79% das mulheres entrevistadas e todos os homens
das capitais distritais estão envolvidos em negócio na maior parte do tempo do ano. Dos 7
homens entrevistados nas associações de camponeneses, 5 estavam envolvidos em um
micro negocio, de quem 3 durante quase todo o ano.
Tabela 10: Sazonalidade das actividades:
Capitais distritais
Capitais distritais
1 – 4 meses
5 - 8 meses
9 – 12 meses
Total
Mulher
2
2
15
19
Homem
0
0
3
3
Associação de camponeses (microempresas)
Homem
2
0
3
5
Meio tempo ou todo tempo
Nas capitais distritais, 42% das mulheres entrevistadas, e todos os homens, fazem
negócios numa base de todo tempo. Dos 5 homens entrevistados nas associações de
camponeses, 3 fazem a actividade todo tempo.
Tabela 11: Meio tempo ou todo tempo:
Capitais distritais
Capitais distritais
< 3 dias por semana
3 – 4 dias por semana
5 – 7 dias por semana
Total
Mulher
4
7
8
19
Homem
0
0
3
3
Associação de camponeses (microempresas)
Homem
1
1
3
5
Renda anual
A renda anual é estabelecida com base no cálculo do lucro de um ciclo económico,
multiplicado pelo número de ciclos económicos por mês, multiplicado pelo número de meses
trabalhados no ano. O resultado deve ser visto como uma aproximação. Parece que os
grupos de PCR satisfazem as necessidades das pessoas muito pobres, como também para
as necessidades das pessoas que tem condições melhores. Entre as mulheres nas capitais
distritais, a renda anual da maioria das mulheres oscilou entre 2,000,000 e 3,000,000 MT
(87 USD para 130 USD, com uma taxa de câmbio de 1USD =23.000 MT). Para obter uma
ideia mais realística da renda destas mulheres, é calculada uma média, sem contar as duas
rendas mais altas e as duas rendas mais baixas. Para homens isto não é possível, como a
amostra é pequena demais.
Como pode ser esperado, a media da renda anual de homens é mais alta do que das
mulheres, embora a amostra seja pequena, impossível tirar conclusões definidas. A média
dos membros masculinos das associações de camponeses são mais baixas (165 USD) que
a média das mulheres e homens das capitais distritais. Para comparar, a média da renda
dos participantes do programa agrícola de VIDA foi calculada em aproximadamente 56 USD
per capita, e por família 248 USD. Outra comparação: as mulheres informaram que
receberam dos camponeses comerciantes um pagamento de 2000 a 3000 MT para um dia
de trabalho de machamba.
A quantia mínima de 5000MT de poupanças, é uma proporção considerável da renda de
uma parte dos membros de PCR. Especialmente os membros femininos das associações de
camponeses, pode ser difícil contribuir 5000 MT. Porém, a capacidade de poupança de
outra parte de membro de PCR é maior que 5000 MT semanal, e é provável que o valor de
depósito mínimo suba, quando aumentar a confiança na metodologia.
Tabela 12: Rendimento anual:
Mulher de capital
distrital
Homem de capital
distrital
Homem nas
associações de
camponeses
Baixo (MT)
Alto
(MT)
Media
(MT)
672,000 MT
19,560,000
MT
16,200,000
MT
8,480,000 MT
4,213, 563
MT
9,478, 333
MT
3,785,300
MT
4,585,000
MT
1,198,000
MT
Calcule da média sem
contar dois mais alto e
duas mais baixas rendas
( MT)
2,662,083 MT
Para lista de membros entrevistado, esta referido no Anexo 3.
4.1.3. Membros de PCR, carteira de poupanças e crédito
Os membros de PCR não confiam todas poupanças ao grupo de PCR, mas querem
distribuir o risco. Todas as pessoas entrevistadas confirmaram que guardaram poupanças
em casa. Como uma mulher explica: um das vantagens dos grupos de PCR é que eu
mantenho minhas poupanças agora em dois lugares, se algo acontecer com meu dinheiro
em casa, eu ainda terei dinheiro no grupo de PCR.
Muitas mulheres nas capitais distritais de Monapo e Mogovolas participaram em grupos de
Xitique: 25 mulheres, aproximadamente representando 25% do total de membros femininos
dos grupos entrevistados pela consultora. Em uma pesquisa de poupanças informais e
práticas de crédito levada a cabo em três distritos da Província de Nampula, (SNV 1996)
apercebeu-se que os grupos de Xitique eram conhecidos mas quase extintos
(desaparecidos). Se existem, são trabalhadores com uma renda fixa. Isto foi novamente
confirmado na pesquisa de mercado de CRER levada a cabo em 2000 (Manndorff). O
crescimento de grupos de Xitique significa que ambas oportunidades económicas estão
aumentando, e estão restabelecidas redes sociais.
As contribuições que as mulheres fazem a estes grupos de Xitique são mais alto que para
os grupos de PCR e varia de 15,000 MT a 30,000 MT por semana. As mulheres explicaram
a diferença pelo facto que a metodologia de PCR teve que ser testada primeiro com um
investimento pequeno. Outro provável sinal é aumentar no futuro a poupança dos grupos de
PCR.
Notavelmente também número de membros de PCR estão envolvido em transações de
empréstimo com os seus próprios clientes, amigos ou parentes. Este número também é
mais alto do que poderia ser esperado dos estudos. A media da quantia de empréstimo
também é mais alta, significando que podem também ser esperados o crescimento das
quantias de empréstimo, quando aumentar a confiança na metodologia de PCR.
Tabela13: membros de PCR envolvidos em empréstimos de amigos, parentes e clientes
Empréstimo que ainda não foi reembolsado até a hora
da entrevista
Vendido a crédito, não foi liquidado até a hora da
entrevista
Pedido emprestado de outras pessoas, não foi
devolvido até a hora da entrevista
% de indivíduos
entrevistados
Media do valor de
credito
14%
330,000 MTC
34%
124,000 MTC
17%
324,000 MTC
4.1.4. Fonte das poupanças e planificação do uso das
poupanças
A maioria dos grupos de PCR, confirmaram que o dinheiro para os depósitos veio do
dinheiro ganho na semana antes da reunião de PCR. Algumas mulheres obtiveram o
depósito dos maridos ou pai. Membros dos grupos das associações de camponeses que
não têm uma renda de um micro-negócio resolveram isto do seguinte modo:




Membros levam o dinheiro das poupanças guardadas em casa. As poupanças são um
resultado da comercialização de produtos, ou de grupos de poupança baseada em
selos.
Membros guardam as próprias poupanças nas malas de poupança PCR, e tira todas as
semanas a quantia declarada para o depósito. Isto para prevenir que o dinheiro seja
gasto se permanecer em casa.
Em alguns casos onde grupos de poupança baseada em selos foi transformado em
grupos de PCR, o grupo manteve as poupanças de selos na mala. Os membros
escolhem se eles querem usar as poupanças da metodologia de selo ou a própria
poupança.
Membros vendem uma galinha ou outro artigo ocasionalmente para poder poupar.
É notável que alguns grupos de PCR criaram a própria iniciativa, um tipo de relação entre
grupo de poupança de selo e grupo de poupança PCR, mantendo as poupanças individuais
de alguns membros na mala. Estas poupanças individuais são mantidas separadamente das
poupanças de grupo.
A metodologia de PCR orienta que os grupos definem quando irão dividir o dinheiro. Alguns
grupos planificam o tempo da divisão do dinheiro em concordância com o uso planificado
das poupanças; por exemplo dividir o dinheiro antes do começo da estação chuvosa, para
poder investir nas machambas. Porém, a consultora encontrou em muitos grupos que o
período para a divisão do dinheiro estava definido como 6 meses que parecia ser uma
proposta do agente de poupanças e crédito do que uma ideia dos membros de grupo.
Nenhuma relação foi feita com o uso do dinheiro. Além disso, o período de 6 meses é curto,
como o período de treinamento mínimo para grupos de PCR é 6,5 meses. Em outros
grupos, o tempo da divisão do dinheiro não estava definido.
4.1.5. Recomendações:



Continuar a permitir aos grupos a definir valor de poupanças inferior a 5000 MT.
Ajudar o grupo de PCR a definir a data da divisão do dinheiro em relação com as
estações e com o propósito das poupanças.
Encorajar os grupos que mantêm as poupanças de membros individuais para incluir
esta possibilidade formalmente nas regras internas, e ajudar estes grupos manter
registros simples das poupanças individuais. Considerar isto como piloto, se for
próspero, pode ser estendido a outros grupos e pode ser integrado na metodologia de
PCR. Porém, sempre deve ser da decisão do grupo se eles querem tomar a
responsabilidade da protecção de poupanças individuais de membros de grupo, e fixar
uma quantia máxima que podem guardar na mala.
4.2. Relevância da metodologia especificamente para
mulheres
4.2.1.
Poupanças dentro da família.
Nas entrevistas efectuadas, vários maneiras foram citadas de quem é responsável pela
protecção do dinheiro:



O homem dá dinheiro à mulher para guardar em um lugar seguro. Isto porque o homem
considera a mulher como melhor guarda do dinheiro, enquanto que ele teria a tendência
de gastar dinheiro em coisas desnecessárias. A mulher não pode decidir no uso deste
dinheiro. Porém, quando o homem pedir para a mulher que lhe dê algum dinheiro, ela
perguntará a ele qual será o destino do dinheiro.
O dinheiro é guardado em um lugar, conhecido pelo homem e a mulher,
O homem guarda o dinheiro exclusivamente. Há casos onde a mulher nunca tem
acesso a dinheiro e o homem da pequena quantia de dinheiro para compras das
necessidades diárias.
Em muitas mulheres de vários países têm dinheiro próprio guardado em segredo do qual os
maridos desconhecem da sua existência, então não podem reivindicar. Nas entrevistas,
poucas mulheres tiveram este dinheiro secreto. O padrão mais comum parece ser que os
homens sabem exactamente quanto dinheiro que as esposas têm, mas mulheres não
sabem quanto dinheiro os maridos têm. Porém, em um grupo só de mulheres, as mulheres
disseram que elas não queriam que os maridos soubessem quanto dinheiro guardam para
elas poderem tomar a decisão no uso das poupanças delas. O mesmo acontece nos
empréstimos, contando que o marido desconheça do facto que a esposa teve um crédito,
ela pode decidir completamente o seu uso. Se o marido sabe, o mais provável é ela ter que
dizer o uso desse credito, que o dinheiro veio do grupo no qual ela está participando.
Na família, na maioria dos casos a esposa pode decidir sobre as pequenas despesas
diárias, mas regularmente coordenará outras despesas com o marido. A maioria das
mulheres entrevistadas disseram que elas discutiriam o uso das poupanças com o marido
ou outro membro doméstico masculino; outras disseram que elas próprias tomariam a
decisão. As mulheres que totalmente ou parcialmente dependeram dos maridos para
poupar, disseram que elas devem devolver o dinheiro ao marido depois da divisão das
poupanças do grupa de PCR, porém elas esperam que podem obter a metade das
poupanças devido a participação dela no grupo, ou pelo menos que elas teriam algo a dizer
no uso do dinheiro.
A maioria das mulheres quer usar as poupanças para investir em pequenos negócio
existentes, começar um novo pequeno negócio, ou comprar bens de consumo. O grupo de
mulheres explicou que os maridos deixaram de pagar pelas despesas diárias, assim que
elas começaram a ganhar rendimentos no pequeno negócio. Os maridos começaram a
comprar bens materiais para casa, enquanto os custos de comida e roupa tornaram uma
responsabilidade somente das mulheres. Porém, no caso de divórcio, o homem leva os
bens materiais com ele, porque foi ele que comprou. Muitos membros deste grupo querem
acumular dinheiro no grupo de PCR, para poder comprar os próprios bens materiais.
4.2.2. A liderança de mulheres nos grupos de PCR.
A maioria dos grupos são grupos mistos. Nos grupos onde a maioria são homens, não há
geralmente nenhuma mulher no comité de administração. Como observado antes, nestes
grupos muitas mulheres não participam nas reuniões. Por exemplo nos grupos de dança,
nos grupos onde a maioria são mulheres, mulheres têm posições de liderança, e muitas
vezes no comité de gestão.
Mulheres em áreas rurais, tradicionalmente Não foram supostas para se expressar na
presença de homens. Ainda o padrão é que as mulheres só participam na reunião se uma
pergunta especificamente é dirigida a elas. Em um plano do governo do distrito de Malema
(2000: pg 10) é descrito como segue: em família ou reuniões públicas a mulher senta-se a
uma distância considerável dos homens. Nestas reuniões, a mulher será a última pessoa a
falar, e ela só falará se a contribuição dos homens for muito fraca, ou se lhe pedirem para
falar.
Isto é exactamente o que pode ser observado nas reuniões de grupos de PCR dentro das
associações de camponeses. Nas capitais distritais, as normas culturais mudaram mais
rapidamente, as mulheres expressam-se mais livremente.
A maioria das mulheres entrevistadas dos grupos mistos de PCR dentro das associações de
camponeses disseram que elas preferiam ter o seu próprio grupo de PCR independente do
grupo dos homens, mas que não havia suficiente mulheres interessadas em formar grupo só
de mulheres. Porém, elas pensam que mais mulheres poderão estar interessadas depois de
ter visto os resultados dos grupos de PCR. As mulheres de um grupo preferiram participar
primeiro em um grupo com homens antes de começar o próprio grupo delas, aprender mais
sobre a metodologia. A maioria dos homens dos grupos mistos disseram que preferiam os
grupos mistos porque seria mais natural. Porém, os homens de um grupo disseram que
seria melhor se as mulheres pudessem ter o próprio grupo, poder aprender bem a
metodologia e ajudar um ao outro.
As mulheres dos grupos mistos de PCR dentro das capitais distritais onde as mulheres
representam a maioria, deram várias respostas. Alguns grupos disseram que eles precisam
da participação dos homens, porque pensam que os homens têm ideias melhores. Esta
resposta foi dada até mesmo por membros de um grupo no qual só um homem é membro,
que não compareceu às reuniões nem depositou poupanças durante os últimos dois meses.
Seguindo as regras internas do grupo, as mulheres deveriam despedir/expulsar este
homem. Porém, é difícil as mulheres entrarem em tal acção contra um homem que é parte
do grupo de dança, embora elas concordassem com o regulamento interno do grupo.
Nos grupos só de mulheres, todas disseram preferir estar só com mulheres: os homens
poderiam tentar tomar posse do dinheiro das mulheres, ou pegar empréstimos sem os
reembolsar.
Homens dos grupos mistos das capitais distritais pensam que grupos mistos são melhores,
eles pensam que as mulheres não teriam capacidade para operar os grupos de PCR.
Homens consideraram o grupo misto como importante para manter a coerência do grupo no
caso de grupos de dança.
4.2.3. Conclusões e recomendações
Em resumo, os obstáculos principais para mulheres se tornarem como membros dos grupos
de PCR são os seguintes:



Mulheres geralmente precisam da autorização do marido ou outro membro doméstico
masculino para participar no grupo
Muitas mulheres dependem dos maridos ou familiares próximos para depositar o
dinheiro no grupo de PCR, como elas não têm suficiente dinheiro vivo da renda, ou
nenhum dinheiro vivo da renda, para poder poupar regularmente.
As mulheres têm falta de tempo como eles têm a responsabilidade de todas as tarefas
domésticas e uma parte considerável das tarefas da machamba.
Porém, a participação de mulheres em grupos de PCR é importante para a metodologia
desde que as mulheres possam:
 Aumentar o acesso a poupanças da família
 Aumentar o poder de tomada decisão para o uso de poupanças
 Possibilidade para acumular poupanças para começar um negócio ou comprar bens
próprios
 Possibilidade para controlar o uso de crédito
 Possibilidade para estar em uma posição de liderança
A estratégia de OPHAVELA de encorajar os homens para envolver as mulheres no grupo
pode ter o efeito que as mulheres ficam membros de grupo mas não participam nos grupos.
Porém, também pode ser o primeiro passo para as mulheres estarem envolvidas em grupo
de PCR.
É recomendado que:

OPHAVELA encoraja a formação de grupos só de mulheres.

OPHAVELA introduz uma regra nova na metodologia de PCR: nos grupos mistos, o
comité de gestão deveria envolver sempre uma mulher juntamente com os membros
masculinos.
Agentes de Poupanças e crédito encorajam firmemente a presença das mulheres no
grupo misto, e propõe incluir uma multa nas regras internas para ausência em reuniões
( multa para tal já existe em vários grupos).

4.3. Avaliação da satisfação dos clientes com o projecto
Foram entrevistados grupos sobre vantagens, desvantagens e riscos dos grupos de PCR,
sobre os vários elementos da metodologia e sobre a vontade deles/delas pagar pela
formação e material de poupança (mala e cadeados).
Em geral os membros dos grupos estão satisfeitos com todos os elementos da metodologia
de PCR. Na entrevista, foram discutidos todos os diferentes aspectos da metodologia.
Também foi um bom teste para ver se os membros compreendem completamente a
metodologia. Pareceu que as bases da metodologia foram bem compreendidas; só o
conhecimento das regras internas e o propósito do fundo social foi pobre em alguns grupos.
4.3.1. Vantagens, desvantagens e riscos de PCR
As vantagens citadas se agrupam em duas categorias: vantagens financeiras e as
vantagens em termos de importância social. Capital social pode ser considerado como o
poder que uma pessoa tem em mobilizar e tirar benefícios da rede de trabalho. Então,
capital social permite melhorar as condições de vida das pessoas (Smets, Bähre: 2001).
Foram mencionadas as seguintes vantagens:
Poupanças e crédito
 É impossível acumular dinheiro em casa, como é fácil gastar dinheiro em casa. O grupo
de PCR oferece a possibilidade de acumular dinheiro para o desenvolvimento de um
negócio ou para a compra de bens.
 A protecção do dinheiro está mais segura no grupo de PCR que em casa.
 No caso de emergências, a pessoa pode obter dinheiro dos grupos de PCR.
 É possível adquirir crédito para um negócio
 A pessoa não é mais dependente da família ou parentes para um empréstimo
 A quantia de poupanças cresce com juros e multas
 Distribuição de risco: poupanças em casa e poupança no grupo de PCR
Capital social
 Possibilidade para aprender coisas novas e ouvir ideias novas
 Os membros de grupo ajudam-se uns aos outros
 Fazer algo diferente junto com outras pessoas
 O grupo encoraja economia; é mais fácil economizar num grupo do que sozinho.
 As reuniões de grupo podem ser usadas para outras fins, por exemplo discutir assuntos
de interesse para as associações de camponeses.
Foram mencionadas as seguintes desvantagens:



Tem que poupar regularmente (todas as semanas) (membros de 2 grupos)
Ter uma multa por não poupar (membros de 1 grupo)
Não pode retirar facilmente suas poupanças (1 grupo)
Como riscos mencionaram o seguinte:


Roubo da mala (8 grupos)
Incêndio na casa onde mala do dinheiro esta guardada (4 grupos)


Não reembolso dos empréstimos (créditos) (3 grupos)
O marido pode ameaçar o tesoureiro do grupo para reivindicar o dinheiro da esposa.
(1 (as mulheres) grupo).
Note que 8 de 12 entrevista de grupos, mencionaram o roubo da mala como um risco,
enquanto que quase todos grupos mencionaram a segurança do dinheiro como uma
vantagem. Aparentemente, o risco de roubar a mala é visto como baixo comparando com o
risco de guardar o dinheiro em casa.
Aos que participam ou sabem da metodologia de ROSCA tradicional Xitique, foi perguntado
qual das metodologias é mais vantajosa para eles. Todos pensam que o PCR tem mais
vantagens por causa das razões seguintes:
 No grupo de PCR, pode-se acumular mais dinheiro
 No grupo de Xitique recebe só uma vez o dinheiro
 O dinheiro em grupos de PCR cresce, por causa dos juros e penalidades.
 No grupo de Xitique tem que realmente pagar a tempo, no grupo de PCR pode saltar
uma vez e pagar depois com uma multa

4.3.2. Satisfação dos Clientes com elementos específicos da
metodologia de PCR
Tabela 14: Todos os grupos gostaram dos elementos seguintes ou aspectos da
metodologia de PCR
A transparência
Todas as transações acontecem na frente do grupo
A taxa de juros
10% são fáceis calcular, e faz as poupanças crescer
As cadernetas individuais
Faz fácil de controlar as poupanças de cada indivíduo. Os
membros analfabetos também gostaram porque eles podem pedir
para membros familiares alfabetizados que leiam para eles.
Porém, uma mulher de um grupo pensa que a caderneta
individual deveria ser menor, para ser mais fácil de esconder.
Valores
de
distribuídos
As quantias são muito altas
empréstimos
Tabela 15 Alguns grupos tiveram comentários para os elementos seguintes ou aspectos dos
grupos de PCR:
Período de créditos
Os grupos definem a duração dos créditos. Um grupo definiu dois
meses mas comentou que isto não é bastante para empréstimos
agrícolas
Registo do fundo
Um grupo pensou deveria melhorar o sistema de registo do fundo
do grupo (poupanças, credito, penalidades, juros. Isto foi
observado em um grupo em que o agente de poupança e credito
não seguiu as instruções de OPHAVELA para registo.
Formação do grupo
Os grupos gostaram da formação dada pelos agentes de
poupança e crédito.
Um grupo pediu trocas de experiências entre comités de gestão
da mesma área, para discutir as experiências dos grupos e sentir
parte de uma rede maior.
Vários grupos gostariam de adquirir formação adicional nas áreas
seguintes: estudo de viabilidade de negócio; como saber se um
negócio faz lucro razoável; treinamento de alfabetização.
A mala e cadeados
Um grupo preferiu mala metálica em vez de madeira, por razões
de segurança. Vários grupos se queixaram da má qualidade dos
cadeados.
Um membro pode ter mais do
que um cartão de membro
Dois grupos não quiseram aplicar este elemento por
considerarem que poderia causar descontentamento (ciúme)
entre os membros do grupo.
Multa/Penalidades
A maioria dos grupos gostam deste elemento, porque faz a
poupança crescer e disciplina os membros. Porém, muitos
grupos, principalmente os de associações de camponeses, não
consideram a multa como aceitável
4.3.3. Vontade para pagar pelos serviços
Foram perguntados aos grupos se eles estariam dispostos a pagar a mala de poupança e
cadeados, e também para os serviços de formação. A ideia foi apresentada aos grupos que
alguém da comunidade poderia ser formado para treinar os grupos de PCR em troca de
uma taxa a ser acordada entre o grupo e o animador comunitário. CARE Níger introduziu
com sucesso o sistema de animador (treinador) comunitário no famoso projecto MMD
(criação de ASCAs). A grande maioria dos grupos entrevistados, confirmaram que eles
estariam dispostos a pagar, eles dizem porque os grupos de PCR são de grande benefício
para eles. Vários membros estavam a pagar os professores de alfabetização, assim o
conceito de pagar por este tipo de serviços esta familiarizado entre eles.
Tabela 16
75% dos grupos
6% dos grupos
12% dos grupos
6 % dos grupos
Está disposto a pagar a mala e também ao animador comunitário
Está disposto a pagar a mala, mas não o animador comunitário
Não está disposto a pagar pela mala, nem o animador comunitário
Ainda não sabe, quer ver primeiro se o grupo continuar
4.4.4. Recomendações e observações feitas com base na
avaliação dos clientes e satisfação da metodologia:

O manual encoraja um período de empréstimo de um mês, porém o próprio grupo toma
esta decisão. Poderia se considerar créditos para períodos mais longos aos grupos de
PCR que estão dentro das associações de camponeses, para um máximo de 3 meses,
desde que fosse suposto a rotação do dinheiro. 3 meses não são suficientes para
produção agrícola, mas reembolsos poderiam ser feitos de outras fontes de renda. Por
exemplo um credito para a limpeza da machamba poderia ser reembolsado na altura
da colheita da castanha de caju.

OPHAVELA deveria ligar-se com outras organizações como CLUSA, Olipa e VIDA,
para promover formação básica de negócio aos grupos de PCR. Nesta fase inicial do
projecto, não parece ser apropriado para OPHAVELA desenvolver este serviço, como
OPHAVELA não deveria ficar sobrecarregado ao invés deveria concentrar na expansão
e qualidade dos serviços de PCR.

A troca de experiências entre comités de gestão dos diferentes grupos poderia
aumentar a motivação dos grupos para melhorar o desempenho. Estas reuniões
também poderiam ser usadas para reciclagem dos comités de gestão. Porém, estas
reuniões não devem implicar o pagamento de custos de transporte e outros pelo
OPHAVELA. Em áreas rurais, os grupos de PCR poderiam fazer uso das redes das
associações de camponeses, o fórum rede de associações de camponeses, consiste
em representantes de 8 ou mais associações de camponeses. Outra possibilidade é
sugerir a visita de novos grupos as reuniões de grupos fortes e experimentados.

Começar a introdução do sistema de animadores comunitários no inicio do próximo
ano. Recomenda-se a introduzir o sistema gradualmente, e iniciar com associações de
camponeses de Ribaue e Malema em pareceria com Pasana. Depois da avaliação
positiva ao sistema, poderia ser estendido a outros distritos. Este assunto será
observado mais adiante na secção de pareceria.

As cadernetas individuais de registo, introduzidas por OPHAVELA acrescentam mais
papelada à metodologia de PCR, não é estritamente necessário para o funcionamento
dos grupos. Quando os grupos ficam independentes, devem poder funcionar sem
qualquer apoio de OPHAVELA, isto também significa sem receber as cadernetas de
individuais de registo. Porém, os membros gostam das cadernetas individuais de
registo, e parece ser importante para aumentar a confiança na metodologia. É
recomendado que OPHAVELA pare de usar estas cadernetas individuais de registo
assim que a metodologia seja mais conhecida e confiada. OPHAVELA deveria
desenvolver modos de manter registos das poupanças de cada indivíduo de um modo
mais sustentável, por exemplo marcando os cartões de membro durante cada reunião
que o membro poupa.
4.4.5. Conclusões gerais sobre a relevância da metodologia
A metodologia é muito bem recebida, e definitivamente há um potencial para crescimento
entre os grupos alvos atuais. OPHAVELA está tendo sucesso para obter os resultados que
estão previstos com os objectivos formulados na proposta de projecto:
 Os grupos de PCR definitivamente ajudam as famílias rurais a fazer uso mais eficiente
dos recursos.
 Os grupos de PCR têm o potencial para reduzir a vulnerabilidade dos membros aos
choques periódicos e imprevisíveis, aumentar níveis de bens produtivos da família e
ampliar actividades geradoras de rendimento.
OPHAVELA também obteve alguns resultados importantes que não foram previstos nos
objectivos formulados:
 O fortalecimento do capital social dos membros de grupos: aumentou a confiança
mútua, fortaleceu a rede social e organizacional e a capacidades de liderança.
 O aumento do acesso das mulheres no controlo dos recursos familiares.
A metodologia serve quatro distintos grupos de clientes, cada um com suas características
específicas:
 Mulheres que vivem em capitais de distrito
 Mulheres que vivem em (remoto) áreas rurais
 Homens que vivem em capitais de distrito
 Homens que vivem em (remoto) áreas rurais
A metodologia é muito flexível para satisfazer as necessidades dos vários grupos de cliente.
Grupos PCR servem como poupança e também como um mecanismo de crédito para seus
membros, para membros que têm mais oportunidades de micro-negócio, isto é nas capitais
distritais, usarão mais frequente o mecanismo de crédito. Membros com menos
oportunidades empresariais, e / ou que são mais adversos ao risco, usarão a metodologia
principalmente como um mecanismo de poupança.
Na proposta do projecto, é declarado que seria prestada atenção considerável a entender a
influência do ciclo agrícola aos participantes poupança e do uso de crédito. Esta
aprendizagem seria usada para filtrar a metodologia. Porém, a fase piloto é extremamente
curta, e não deveria parar até a influência de todas as estações serem experimentadas pelo
menos uma vez.
OPHAVELA definitivamente pode aprender da adaptação dos clientes para compreender
com a sazonalidade do fluxo da renda em relação ao ciclo agrícolo, uso da mala do grupo
de PCR para guardar poupanças individuais. Os membros farão mais adaptações
provavelmente no futuro, e OPHAVELA deveria olhar para a possibilidade de integrar estas
adaptações na metodologia.
5. ATUAIS E POTENCIAIS PARCEIROS.
Nesta secção, será observado as seguinte potenciais parceiros para OPHAVELA:
1. Organizações que promove e assiste as associações de camponeses '
2. O projecto de saúde de CARE
3. IDPPE, o Instituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala - Governo
5.1. Parceria com organizações que assistem as associações
de camponeses.
OPHAVELA tem parecerias com várias organizações e projectos que promovem a criação e
formação de associações de camponeses:
 CLUSA, leva a cabo um programa rural de desenvolvimento de empresas,
 VIDA, ambos a extensão agrícola e a secção de nutrição,
 Olipa, ONG nacional promove a criação e formação de associações de camponeses
 PASSANA, promovendo a criação e formação de associações de camponeses,
implementa juntamente com CLUSA, Olipa e CARE (CLUSA e Olipa são os
subcontratantes).
O objectivo de OPHAVELA com estas parecerias é estender o seu alcance entre
associações de camponeses.
Em agosto, OPHAVELA organizou um treinamento para supervisores de VIDA, Olipa e
Pasana. O objectivo do treinamento era fazer os supervisores familiarizem-se com a
metodologia, e discutir formas de cooperação. Foi decidido que pessoal de campo destas
organizações dessiminariam a informação sobre a metodologia de PCR entre as
associações de camponeses. CLUSA também expressou interesse em formar seu pessoal
na metodologia de PCR.
Na tabela abaixo, é descrito quantos grupos são formados dentro de associações de
camponeses ou grupos ajudados por cada uma destas organizações, até 31 de Outubro de
2001.
Tabela 17
Associações assistidas por Passana
Associações assistidas por Olipa–CLUSA
Associações assistidas por Extensão Vida
Associações assistidas por Nutrição Vida
Total
Grupos
registados
15
2
8
1
26
Homem
Mulher
Total
184
9
78
0
271
60
7
51
8
126
244
16
129
8
397
Há muito potencial cooperando com estas organizações, como também com CLUSA. A
cooperação com Pasana está tendo os melhores resultados, enquanto a cooperação com
Olipa, VIDA e CLUSA poderia ser intensificada. Para ambos, OPHAVELA e organizações
que assistem as associações de camponeses, a cooperação é vantajosa, cria uma sinergia
entre os programas.
Vantagens para as organizações que assistem
grupos e associações de
camponeses:
 A metodologia de PCR acrescenta outro serviço aos membros das associações de
camponeses
 Membros de grupos de PCR usam as poupanças e credito para investimentos em
produção agrícola.
 Associações podem ser membros dos grupos de PCR e podem adquirir acesso a
créditos pequenos para comercialização de quantidades pequenas de produto.
 Grupos de PCR complementam os programas que promovem pequenas actividades
geradoras de rendimento entre mulheres, como Nutrição de Vida, e programas que
integram formação básica de negócio, como CLUSA, Pasana e VIDA.
 Os grupos de PCR fortalecem a capacidade de gestão dos membros das associações.
 Quando as associações têm experiência com o grupo PCR, eles estão provavelmente
mais interessados em estabelecer ligações com instituições de crédito que operam na
área, como AMODER. As poupanças poderiam servir até mesmo como uma
comparticipação para um empréstimo maior.
Vantagem para OPHAVELA é que pode rapidamente aumentar a sua meta, quando
pessoal de campo destas organizações identificar grupos que estão interessado na
metodologia de PCR. Além disso, fazendo uso das redes de associações, os fóruns,
OPHAVELA poderia operar mais eficazmente. Um dos problemas com as associações de
camponeses é a distâncias entre as associações, limitando o capacidade do agente na
quantidade de associações que pode controlar.
Em reuniões separadas bem como no seminário, foi discutida a possibilidade de usar os
fóruns, que são membros de associações de camponeses para formação dos grupos de
PCR dentro das associações. Alguns dos representantes de associações agem como
promotores (animadores) e é responsável pela actividades como alfabetização, extensão e
treinamento de princípios de formação de associação. Poderiam ser treinados um ou dois
representantes dos membros de fórum como animadores de PCR e então poderiam ser
treinados os grupos com o pagamento de uma taxa pelos membros do grupo de PCR em
cada reunião, ou depois de um período de tempo acordado entre ambos, animador e grupo
de PCR. Além do pagamento pelos membros de grupo de PCR, o promotor beneficiaria da
contribuição de OPHAVELA na compra de uma bicicleta. Os agentes de poupança e crédito
de OPHAVELA supervisionariam os animadores.
Todas as organizações parceiras e projectos (Passana, CLUSA, VIDA, Olipa) expressaram
interesse nesta ideia. Uma preocupação é que a maioria dos representantes dos fóruns são
masculinos, isto pode tornar mais difícil para formar grupos de mulheres. Um membro
feminino treinado das associações de camponeses e que é representante do fórum poderia
resolver a situação; este membro feminino não tem que ser necessariamente representante
do fórum. Nem é absolutamente necessário que ela seja alfabetizada, porque ela pode ser
ensinada como ensinar um grupo de PCR sem registo escritos.
Recomendações:
 Formalizar a cooperação com as várias organizações assinando acordos de
entendimento e fixando objectivos, avaliar em reuniões trimestrais.

Começar um sistema piloto com PASANA introduzir o trabalho com os animadores de
PCR em Ribaue e Malema. Os monitores poderiam ser treinados no princípio do
próximo ano, e eles poderiam iniciar a formar grupos no período da comercialização de
cereais.
É proposta a seguinte calendarização:
Tabela 18.
Consulta as organizações parceiras sobre
incentivos para os animadores
Discutir o sistema com foruns e associações
Formação de animadores em Ribaue e Malema
Animadores começam a formar grupos de PCR
Fevereiro 2002
X
X
Março 2002
X
Abril 2002
X
Avaliar este sistema piloto em Junho, e se tiver sucesso, introduzir nos outros distritos com
outros parceiros. Os animadores formarão grupos por volta do período da colheita de
castanha de caju.
5.2. Parceria com projecto de Saúde da CARE (Ribaue e
Malema)
Também é recomendado ao OPHAVELA a criar cooperação adicional com o projecto de
saúde da CARE. O projecto de saúde da CARE poderia educar grupos de PCR em
prevenção de DTSs e HIV/AIDS, enquanto (as mulheres) grupos organizados pelo projecto
de saúde poderiam beneficiar de formação de PCR. O projecto de saúde está interessado
em cooperação adicional e assistiu o seminário.
Recomendação:
Identificar áreas de cooperação em detalhes, e preparar um memorando de entendimento
Formar os extensionistas da saúde do projecto da CARE nos fundamentos básicos da
metodologia de PCR, por forma que eles possam disseminar as informações entre o grupo
alvo deles.
5.3. Parceria com IDPPE
CARE implementou com fundos do IDPPE de 1996–2001 serviços financeiros nas
comunidades de pescadores (os projectos FISH e CRER). O fundo foi parte de um acordo
de empréstimo entre IFAD e o governo de Moçambique. Com o esgotamento dos fundos do
IDPPE, a CARE terminou suas actividades nas áreas litorais em Maio de 2001,.
IDPPE decidiu continuar a implementar ambas metodologias, poupança baseada em selos e
a metodologia de PCR. Porém, a implementação de um programa de serviços financeiro
não coaduna com os objectivos da organização e capacidade institucional do IDPPE. IDPPE
está prevendo contratar uma organização para a implementação do ASCA e metodologia de
poupança baseada em selo, ou para treinamento e supervisão do pessoal do IDPPE. Isto
pode ser feito com fundos para a segunda fase do Projecto de Pesca financiado por IFAD,
no princípio do próximo ano. Na segunda fase, o programa será estendido para outras
províncias litorais, isto é Zambezia, Inhambane e Sofala. A formação de grupos de PCR esta
integrada na proposta de projecto.
Embora a intenção do OPHAVELA e também do IDPPE fosse de continuar trocando
experiências com a metodologia e coordenar treinamento de pessoal (por exemplo integrar
o pessoal de IDPPE em cursos de reciclagem da metodologia), a coordenação entre ambas
organizações está actualmente suspensa. Isto é devido a um pouco de fricções que
aconteceram entre CARE e IDPPE em relação a finalização de CRER e a transição dos
bens do projecto CRER para IDPPE.
Porém, está no interesse da CARE restabelecer a relação boa que existiu antes por causa
das seguintes razões:


CARE tem interesse no desenvolvimento do produto de PCR. CARE implementa este
produto em vários países africanos e é interesse da CARE manter a qualidade do
produto.
CARE escolheu a metodologia de PCR como uma parte importante da estratégia de
microfinance da CARE Moçambique. No contexto da segunda fase do projecto de
IDPPE, CARE poderia considerar usar esta oportunidade para ampliar a metodologia a
outras partes de Moçambique.
Recomendações:
 Restabelecer a coordenação entre OPHAVELA e IDPPE. As áreas principais de
coordenação serão a troca de experiências e informações, e a coordenação de
treinamento de pessoal. O pessoal de IDPPE poderia ser integrado em cursos de
reciclagem do pessoal de OPHAVELA.
 Reiniciar o desenho de um acordo de entendimento entre ambas organizações,
relativamente a cooperação na Província de Nampula.
6. SISTEMAS DE GESTÃO E INFORMAÇÃO
6.1. Observações em assuntos de gestão
O actual gerente de projecto foi assistente do anterior gerente do projecto e começou nesta
nova posição em Julho do corrente ano. A consultora teve muito boa impressão do estilo de
gestão participativa, considerando opiniões de supervisores e agentes de poupanças e
crédito. A equipe é dedicada e coerente, acreditando que a metodologia de PCR está
fazendo uma diferença positiva para os participantes. Um exemplo de coesão da equipe é o
sistema de incentivo: todo o pessoal de campo e os supervisores contribuem 50,000 MT por
mês para um bónus de desempenho em que todos concordaram com os indicadores de
desempenho. O bónus é distribuído mensalmente entre dois agentes de poupanças e
crédito que mostrarem melhor desempenho, e 20% do bónus é para o supervisor que
mostrar melhor desempenho.
A maioria do pessoal não implementou a metodologia de PCR durante o projecto CRER, o
IDPPE empregou a maioria dos agentes que trabalharam com a metodologia de PCR. Só
um agente e um supervisor, e também o gestor do projecto, teve experiência anterior com a
metodologia de PCR. O gestor do projecto visitou o Níger, para visitar o próspero projecto
MMD no qual o PCR se inspirou.
Os dois supervisores têm tarefas múltiplas, um acumula as tarefas de administrativo do
projecto, e outro de monitoria e avaliação. Isto significa que eles passam relativamente
pouco tempo no campo, cerca de 30% do tempo útil de trabalho. Este tempo não é
suficiente, considerando o facto que o pessoal ainda é relativamente inexperiente na
implementação desta metodologia. Além disso, os supervisores sempre visitam os distritos
nos mesmos dias da semana, significando que eles visitam sempre os mesmos grupos. O
gestor e os supervisores concordam que o tempo gasto no campo não é suficiente. Porém,
o gestor do projecto disse também que constrangimentos orçamentais limitam o número de
visitas de campo, porque a linha de orçamento usado para alimentação e alojamento em
viagem esta praticamente esgotado. O problema é devido ao facto de os supervisores não
estarem a viver nas áreas que eles supervisionam.
O tamanho do projecto ainda não justifica ter dois supervisores a viverem na área de
supervisão numa base de tempo integral, nem abrindo novos postos para um administrativo
e um oficial de monitoria e avaliação. Com a expansão do projecto na próxima fase, a
estrutura de administrativa pode ser montada de um modo mais eficiente. No tempo mau, é
recomendado que os supervisores gastem tanto tempo quanto possível no campo, e em
dias alternados, para permitir visitar diferentes grupos em cada visita.
O escritório provincial da CARE (Nampula) e o escritório nacional da CARE (Maputo)
apoiam na área administrativa e financeira do projecto, também o escritório provincial da
CARE é responsável por assuntos administrativos relacionados com compras, manutenção
e reparação de veículos. O pessoal de OPHAVELA informou que a demora na reparação de
motocicletas ou na obtenção de partes sobressalente, várias vezes tem limitado o
acompanhamento e o alcance das actividades de projecto. Também os relatórios financeiros
de projecto chegam tarde as mãos do gestor do projecto, o que torna difícil um controlo
oportuno.
6.2. Treinamento de pessoal.
A consultora observou durante as visitas de campo que pessoal não segue sempre o
manual da metodologia de PCR, ou cada um tem interpretações diferentes do manual. Por
exemplo, um membro da equipe decidiu não dar formação da sessão que trata da resolução
de conflito, porque o grupo ainda não experimentou nenhum conflito. Também foi observado
variações no treinamento dos grupos para a sessão de registo e controlo do fundo da mala
(poupanças, credito, penalidades, juros). Embora grupos entendem as características
básicas importantes da metodologia, alguns grupos não sabem muito bem as regras
internas, ou não foi definida a data da distribuição do dinheiro. Isto é muito importante
discutir e definir mesmo no começo, porque pode causar problemas dentro dos grupos
quando os membros diferem de ideias. Por exemplo a consultora notou em um grupo que as
mulheres e homens tiveram ideias contraditórias sobre o período da divisão do dinheiro.
A consultora também observou que alguns agentes de crédito e poupança assumiram
responsabilidades do grupo, por exemplo completando o registo nas cadernetas individuais
dos membros de grupo. Embora a maioria dos agentes de poupanças e crédito
regularmente usam o método participativo, a consultora observou ocasionalmente que os
agentes tinham uma atitude de professor em vez de um pedagogo de adultos.
Todos os grupos tem registos escritos. Membros das associações de camponeses têm a
possibilidade de participar em cursos de alfabetização, mas ainda é provável que,
especialmente entre mulheres, a ignorância seja muito alta. Para impedir que a ignorância
seja um factor inibidor para organizar um grupo de PCR, especificamente é bom dessiminar
a informação entre mulheres que alfabetização não é absolutamente necessária para a
operação de um grupo de PCR.
Recomendações:
É recomendado organizar reciclagem para os agentes de poupanças e crédito dentro de
períodos curtos. Nestas reciclagens podem ser formados e trocar experiências e discutido
dificuldades com a implementação do manual. Um componente da reciclagem deveria ser
como operar grupos de PCR sem membros que podem ler e escrever.
Em relação com o manual de formação de grupos de PCR, eu concordo com os avaliadores
externo de CRER que qualificaram como excelente. Com base nas experiências ganhas e
em cooperação com os agentes, de vez em quando deveria ser actualizado o manual. Neste
período piloto, é recomendado efectuar seminários trimestral para discussão do manual com
o pessoal de campo.
Na proposta de projecto é declarado que pessoal seria treinado em sensibilidade de género.
Isto ainda não foi completado, e o restante orçamento do projecto não prevê o contratação
de um treinador de género. Porém, seria muito útil organizar esta formação no começo da
próxima fase.
6.3. Monitoria e avaliação.
O sistema de monitoria e avaliação de OPHAVELA é adequado ao projecto. São
comparados resultados por distrito mensalmente com o conjunto de objectivos. Menção
especial merece a carta de recomendação mensal aos agentes de poupanças e crédito
onde é feita para cada distrito uma comparação entre objectivos e resultados, e é resumido
os resultados da avaliação de diagnostico dos grupos.
Recomendações:
A consultora recomenda:

Fazer um mapa de acompanhamento mensal só para grupos de associações de
camponeses, e outro para grupos das capitais distritais

Retirar do número de grupos registados, o número de grupos cancelados. É mais
relevante se o número de grupos registados nos falar sobre o número de grupos
potenciais para próximo futuro.

Manter o registo da percentagem de depósitos em tempo nos grupos das associações e
das capitais distritais.

Retirar o indicador: os membros beneficiários de credito constituem mais de 75%
membros do grupo ' (mais de 75% dos membros receberam crédito) da ficha de
diagnostico do grupo de PCR (formulário de avaliação da saúde PCR). Mudar o
indicador: os depósitos são regulares (os depósitos são regulares) para 90% dos
depósitos são regulares (90% dos depósitos são regulares).

Manter um indicador do número de meses necessários para conduzir os grupos a
independência.
O sistema de monitoria é importante nesta fase piloto, para poder entender mais sobre o uso
e o impacto da metodologia. Porém, assim que os grupos sejam independentes, será muito
caro para manter a recolha de informação destes grupos. Também quando o projecto
ganhar mais dimensão, a monitoria terá que ser menos frequente, e em parte substituído por
avaliações de amostras.
Em relação ao PIR (Relatório de Implementação de Projeto), é recomendado para
acrescentar uma secção na qual as actividades planificadas são comparadas às
realizações. Não foi possível encontrar no relatório implementação das actividades de
OPHAVELA, o plano de trabalho com as actividades realizadas e as não realizadas e suas
razões para não implementação.
7. SUSTENTABILIDADE E INSTITUCIONALIZAÇÃO
O estabelecimento de serviços financeiros sustentáveis em áreas rurais é extremamente
difícil. A metodologia de PCR facilita a criação de associações de poupanças e crédito
sustentáveis que podem funcionar por si próprias depois de um investimento inicial de
formação. Porém, a organização facilitadora esta dependente de fundos de doadores para
poder ampliar o número grupos de PCR.
Para a institucionalização do projecto, há duas opções:
 CARE continua implementando a metodologia de PCR
 CARE apoia na criação de uma ONG local para implementar a metodologia de PCR
O pessoal de OPHAVELA, nomeadamente o gestor do projecto, estão fortemente motivado
para levar em frente a criação de um ONG local. A direcção sénior da CARE está disposto a
apoiar este desejo e vontade do pessoal do OPHAVELA. O pessoal de OPHAVELA esta
motivado para se tornar donos do projecto e autónomo no desenvolvimento de uma
estratégia de projecto.
A consultora apoia a opção de criar uma ONG local, como um modo para apoiar
capacidade local de construir parecerias locais do projecto. Várias condições são
consideradas como favoráveis:
 Uma equipe dedicada e entusiasmada, experimentada na implementação deste
programa,
 Focalizar em uma actividade específica
 Metodologia bem recebida no campo
 Pessoal obteve experiência de gestão em uma organização internacional
 Várias organizações expressaram a vontade de ajudar OPHAVELA para transformar
em uma ONG, como Olipa, CLUSA, e COCAMO, um ONG que apoiou a sociedade civil
da Província de Nampula durante a última década.
Uma experiência que tem importância particular para CARE e OPHAVELA é a experiência
na iniciativa de pessoal da CLUSA na criação de Olipa.
Com base nas discussões com várias organizações e no seminário, é recomendado que:



OPHAVELA se transforme numa associação, como uma sociedade limitada que
consiste em pessoal e outras pessoas interessadas e qualificadas. A escolha para uma
associação (em vez de uma cooperativa ou uma fundação) está baseada no facto que o
processo de legalização é mais simples e pode ser feito na Província de Nampula. Além
disso, muitas ONGs locais são associações, OPHAVELA pode usar as experiências
deles.
A associação consistirá em profissionais, e não de membros dos grupos de PCR ou
animadores comunitários, pelo menos não na primeira fase. Isto porque o objectivo
mais importante de OPHAVELA é oferecer alta qualidade de serviços ao grupo alvo.
A transição leva 4 anos, os primeiro dois anos OPHAVELA desenvolverá as seguintes
actividades:
 Formular a visão e estratégia com parceiros
 Instalar um sistema de gestão financeira
 Implementar um sistema de contabilidade paralela a CARE
 Leva a cabo todas as actividades necessárias para legalizar a
organização.
Depois do segundo ano, quando associação de OPHAVELA for legalizada, encerra o
projecto OPHAVELA e terminam os contratos com o pessoal. Pessoal pode solicitar vagas a
associação de OPHAVELA.
No terceiro e quarto ano a ONG OPHAVELA será subcontratada pela CARE para
implementar as actividades de projecto e apresentará a doadores para fundos adicionais.
8.
CONCLUSÃO GERAL.
OPHAVELA alcançou resultados encorajadores nos primeiros meses de operações. Os
grupos de PCR são recebidos bem pelo grupo alvo e definitivamente há potencial para
crescimento e expansão do projecto. A metodologia é relevante para o grupo alvo. Grupos
de PCR assistem as famílias na gestão dos recursos de um modo mais efectivo e contribui
para a redução da vulnerabilidade das famílias aos choques, para um aumento de bens
produtivos ao nível familiar e para crescimento e expansão de actividades geradoras de
rendimento. Além disso, o grupo PCR aumenta o capital social de seus membros, e
aumenta o acesso de mulheres no controle dos recursos da família.
Com um investimento inicial de 8 meses de formação, OPHAVELA forma grupos que podem
ser sustentáveis sem intervenção do projecto. OPHAVELA pode aumentar sua abrangencia
com a formação de animadores comunitários que irão formar os grupos de PCR. Grupos
mostraram vontade para pagar pelos serviços e também do animador comunitário. Deste
modo, OPHAVELA pode aumentar seu alcance com pouco custo efectivo. O projecto está
operando em 5 distritos; os resultados da fase piloto justificam a expansão do projecto a
mais distritos em uma próxima fase.
Apoiar a construção da capacidade local do projecto, é recomendado que o projecto
OPHAVELA se transforme em uma ONG local. Para garantir a criação de um ONG local
forte, o processo de transformação deveria ser gradual. É sugerido que, durante um período
de dois anos, OPHAVELA defina sua missão e identidade, se legalize e instale a capacidade
de gestão financeira. No terceiro ano, CARE subcontrata OPHAVELA para implementar a
metodologia de PCR.

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