PREPARAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL DO FUTURO Jaemyeong

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PREPARAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL DO FUTURO Jaemyeong
PREPARAÇÃO FÍSICA NO FUTEBOL DO FUTURO
Jaemyeong Shin*
Em 2020, o clássico entre Sport Club Seoul, conhecido como SC Seul e
Union Football Club, conhecido como União FC, será disputado no Seoul Digital
Domed Stadium (estádio moderno com cúpula), em Seul na Coréia do Sul. O estádio
está lotado, com 100 mil espectadores e parece que vai explodir com a agitação e
gritos da torcida.
O SC Seul sofreu psicologicamente com a derrota no último clássico, e vem
se preparando muito para surpreender seu rival União FC, e conta com o apoio da
torcida em casa. Mas o União FC vem de derrota para o Incheon Football Club de
uma cidade vizinha, com a derrota caiu para a terceira posição e se não ganhar o
jogo hoje será ultrapassado na tabela pelo SC Seul.
No estádio, os árbitros estão fazendo uma última revisão nas linhas do
campo, todas as linhas possuem sensores que possibilitam a verificação imediata da
posição da Wireless ball (bola sem fio) que possui microchip dentro, averiguando se
está dentro ou fora do campo ou se ultrapassou a linha do gol. Os sensores enviam
as informações para o rádio digital (wireless headset) dos árbitros e para o
computador central.
O estádio possui um display holográfico 3D posicionado na parte de cima
central do campo, visível para qualquer pessoa em qualquer parte do estádio,
exibindo informações, como condição do gramado, número e faixa etária dos
espectadores, situação atual da meteorologia de fora e dentro do estádio, além das
informações das equipes como nível físico, lesões e biorritmo dos jogadores, e
também propagandas dos patrocinadores, etc.
O jogo começa com aplausos dos torcedores, os jogadores de ambas as
equipes se movimentam rapidamente e pressionam para que possam dominar os
primeiros 15 minutos, mas devido à igualdade técnica das equipes a uma dificuldade
para controlar o jogo.
O jogo se mantém travado, mas a intensidade do jogo é alta e bem
movimentada, as equipes não querem errar, com o fim do primeiro tempo nenhuma
dos times conseguiram surpreender a defesa adversária indo para o intervalo com o
placar de 0x0.
Com o primeiro tempo bem intenso os jogadores já poderiam estar cansados,
mas pelo contrário, nenhum jogador está apresentando dificuldades de jogar o início
do segundo tempo. Graças ao uso de tecnologia, os jogadores agora utilizam o
uniforme chamado Smart Uniforme de Têxtil Digital (SDTU - Smart Digital Textile
Uniform) que permite minimizar o gasto de energia, além de verificar temperatura
corporal.
Aos 70 minutos, o Tablet PC do preparador físico do SC Seul começa a
alertar com vibração, um sinal urgente avisando que está acontecendo algo de
errado no corpo de um jogador.
O preparador físico começa a verificar as informações e descobre o
surgimento de um problema no LCA (Ligamento Cruzado Anterior) do joelho
esquerdo do jogador brasileiro Daniel camisa 10, que organiza as jogadas do time.
Logo o preparador reporta a situação ao técnico e ao médico da equipe, e
tomam a decisão de substituir o jogador para evitar uma lesão e para não diminuir o
rendimento do time.
O jogador estava escondendo a dor no joelho, a pressão por poder perder
sua posição para seu substituto direto Ronieri, que acabou de ser contratado pelo
clube, já o assombrava por algumas partidas anteriores. Mas pela ajuda do smart
uniforme e o aparelho receptor digital de informação que permitem verificação de
dados físicos dos atletas, o preparador constatou a lesão e tomou as providências
imediatamente.
Aos 75 minutos Ronieri entrou no lugar do Daniel, com isso o SC Seul, que
continuava empatando o jogo, começou a contra atacar com mais velocidade.
SC Seul partiu para o contra ataque, os zagueiros do União FC ficaram em
desigualdade, Ronieri imediatamente arranca driblando em alta velocidade em
direção ao gol oponente passa a bola para o lateral esquerdo Lee e o meia Choi
participa da jogada correndo rapidamente para frente, os zagueiros do União FC que
estão em difícil situação de dois contra três, tomam a decisão de fazer uma linha de
impedimento como última opção.
Um zagueiro vai para o lado do lateral Lee, Ronieri e Choi correm para
grande área, o outro zagueiro fica entre os dois atacantes.
Ronieri corre entre os zagueiros que ficam parados, recebe a bola nas costas
da zaga dentro da grande área, ele não desperdiça e chuta com o pé direito a bola
que entra bem no canto direito do gol.
Com as atuais regras e a utilização da tecnologia, os dados da jogada são
verificados no exato momento, através do display holográfico 3D todos os jogadores,
torcedores dentro do estádio e as pessoas que estão assistindo o jogo através da
transmissão da TV, para verificarem se ocorreu impedimento.
Durante a partida não acontece muita reclamação, quando existe alguma
jogada duvidosa já é constatada no display holográfico 3D. No jogo não a brechas
para reclamações, como ocorria antigamente paralisando o jogo a todo instante.
A razão para a possibilidade deste tipo de julgamento justo, é o sistema que
trabalha em conjunto com smart uniforme de têxtil digital, microchip que está no
interior da bola e sensores nas linhas do campo que possuem erro menor de 1 cm e
transmitem para o rádio digital dos árbitros e para o computador central, percebendo
se há impedimento na jogada no momento exato.
No jogo derby de Seul graças aos equipamentos digitais modernos
restringindo o número de reclamações sobre a arbitragem, conseguindo diminuir o
tempo referente às discussões.
O estádio de Seul com gritos e calor de 100 mil torcedores parecia explodir,
depois aparecem mensagens de parabéns pela vitória e informações sobre o jogo
do SC Seul no display holográfico e avisos sobre a próxima partida.
O cenário acima não é apenas uma sinopse virtual impossível, só que não é
aplicada no campo real, mas é uma cena no futebol do futuro que vai chegar em
alguns anos.
Segundo o artigo Smarter Soccer Through Chips, da edição na internet de
Deutsche Welle, TV internacional da Alemanha, publicado em 06 de janeiro de 2005,
os cientistas do Instituto Fraunhofer desenvolveram uma bola com microchip e
sistema de localização dos jogadores (figura 1).
Figura 1. Bola com microchip
Através do microchip o árbitro recebe o aviso sonoro, indicando a posição da
bola e a localização dos jogadores. Este sistema facilita as decisões dos árbitros
sobre os impedimentos, lances de gol, saída da bola nas linhas do campo. Este
microchip interior possibilita a transmissão de dados 2mil vezes por segundo, os
dados coletados são enviados através das antenas instaladas na volta do campo
para o computador central, que faz as estatísticas sobre o jogo, permitindo aos
árbitros e analistas verificarem instantaneamente todas as ações do jogo.
Em 2006, a competição de Vasaloppet (cross country skiing) na Suécia abriu
o caminho para fornecimento de diversas informações, transmitindo na TV ao vivo a
frequencia cardíaca dos atletas.
Após a apresentação do uniforme SGU - Sistema de Gestão de Umidade
(MMS - Moisture Management System) que tem função de secagem e ventilação,
também comportável, utilizado pela primeira vez na EUROCOPA 2004, evoluiu a
indústria de vestuário digital.
O uso do uniforme feito de têxtil digital (digital textile) e fibra óptica plástica
(plastic optical fiber) pode fornecer várias informações digitais dos jogadores, como
frequencia cardíaca, pressão sangüínea, temperatura corporal, VO2max, calorias
eliminadas, fadiga, distância percorrida e rota de deslocamento, sem o uso de cinta
transmissora de freqüência cardíaca utilizada no peito.
Esta tecnologia também assume o cargo de prevenção de qualquer acidente,
até de morte súbita dentro das partidas ou treinos, identificando e transmitindo
instantaneamente para o preparador físico e ao médico os sinais de erros e
sintomas, como instabilidade nos batimentos cardíacos que causa elevação do risco
de arritmia cardíaca e câimbra muscular.
Atualmente com o desenvolvimento de diversos celulares smart phone,
poderemos receber quando quiser os dados básicos digitais como informações
físicas dos jogadores, das equipes opostas através da aplicação da Realidade
Aumentada (AR - Augmented Reality).
A Realidade Aumentada é o mundo composto que objetos virtuais de 3D (3D
- Three dimentions) são adicionados no mundo real, esta tecnologia permite verificar
instantaneamente as condições físicas dos atletas pelo uniforme que transmite as
diversas informações biométricas para o celular smart phone ou tablet PC dos
preparadores físicos, através das câmeras digitais e retransmissores (Gap filler)
instalados no estádio, isso facilita o acompanhamento das condições físicas dos
jogadores.
Além disso, a engrenagem da tecnologia AR junto ao sistema de GPS pode
se averiguar as informações sobre elementos básicos dos estádios e dos clubes
utilizando a imagem sólida em 3D (3D solid image) através da tela de celular smart
phone como data da fundação, vitórias conquistadas, dados de atuais e exjogadores, etc., apenas focando o celular smart phone no guia do clube.
Na visita do estádio com o simples ato de focar o celular na direção do
estádio, logo depois na tela serão demonstradas as informações como localização,
data da construção, altitude, pressão atmosférica, dimensões, capacidade de
espectadores, tipo e condição do gramado, temperatura interna no estádio, etc
(figura 2).
Figura 2. Informações através do Smart phone
Hoje os equipamentos modernos que ainda não são aplicados no contexto
atual futebolístico estão sendo pesquisados e testados pelos cientistas esportivos.
Em um futuro próximo, a utilização destas tecnologias certamente vai ser
uma realidade na preparação física do futebol.
REFERÊNCIA
DEUTSCHE WELLE. Smarter Soccer Through Chips, [on-line]. Available on: <
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1449684,00.html>. Access on: Jan 06, 2005.
*Autor:
2010
Colunista do Relatório Técnico da KFA (Korea Football Association), foco na
preparação física no futebol
*Contato:
[email protected]

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