COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM
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COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM
COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE Lyege de Oliveira Borlenghi1 Patricia Obalski Nunes1 Armindo Holler2 Darlene Costa de Bittencourt3 RESUMO O objetivo desse estudo foi avaliar capacidade funcional, força muscular respiratória, força muscular de membro superior e inferior, qualidade de vida e índice de BODE, a fim de comparar nos portadores de DPOC leve, moderado e grave. Estudo transversal, analítico, descritivo, por conveniência. Participaram oito pacientes portadores de DPOC, encaminhados com espirometria e diagnóstico de DPOC por um pneumologista. Foram submetidos ao teste de caminhada de seis minutos (TC6min); a avaliações de força muscular respiratória (manovacuometria) e de bíceps e quadríceps (Teste 1RM), escala Medical Research Council (MRC), Qualidade de Vida modificado (SGRQm) e calculado o índice de mortalidade de BODE. Observaram-se dois pacientes leves, um moderado e cinco em estado severo da DPOC, os mesmos caminharam em média 247 metros (62,7% do valor previsto); a média na força muscular inspiratória foi de 87,5±33,59 CmH2O e força muscular expiratória de 62,75 ±23,03 CmH2O, ou seja, 92,09% e 39,61% abaixo do valor previsto, respectivamente. A média da força muscular de bíceps foi de 3,5Kg e de quadríceps foi de 3,0 Kg, o índice de BODE foi 05, a qualidade de vida apresentou nos domínios respectivos, média de 54,55 nos sintomas, 67,98 nas atividades, 43,03 de impacto, somando um total de 52,91. Há redução da capacidade funcional, da força muscular de MMII, redução da qualidade de vida e o índice de BODE foi classificado como mediano nos portadores de DPOC leve, moderado e grave. Conclui-se que há um impacto relevante sobre a qualidade de vida dos portadores de DPOC leve, moderado e grave de nossa amostra. Palavras chaves: DPOC, Qualidade de vida, Índice de BODE. ABSTRACT Objective: To assess functional capacity, respiratory muscle strength, muscle strength of upper limb (UL) and lower (LL), BODE index and quality of life (QOL) in patients with mild COPD, moderate and severe. Methods: This was a cross-sectional study, analytical, descriptive, for convenience. Were part of eight patients with COPD, spirometry and forwarded to diagnosis by a pulmonologist. Were subjected to evaluations of muscle strength of upper limbs and lower limbs (TEST 1RM), the six-minute walk test (6MWT.); Scale Medical Research Council (MRC). Where was the mortality rate and QOL modified BODE (SGRQ) calculated. Results: Two patients mild, moderate and severe in five state, even walked on average 247 meters (62.7% of predicted value); average inspiratory muscle strength was 87.5 cm H2O and expiratory muscle strength 62,75 cm H2O, ie, 92.9% and 39.61% below forecast, respectively. The mean muscle strength of upper limbs (biceps) was 3.5 kg and 3 kg were lower limbs. But the BODE index was the result of five QOL domains showed us their average 54.55 in symptoms, 67, in 98 activities, 43.03 impact, adding the total of 52.91. The reduced functional capacity, muscle strength of the lower limbs, reduced QoL and the BODE index with this value five in COPD mild, moderate and severe. We conclude that there is a significant impact on the quality of life in patients with mild COPD, moderate and severe in our sample. Key words: COPD, quality of life, BODE index. Egressa do Curso de Fisioterapia - Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. Mestre em educação nas ciências – área Fisioterapia, especialista em Terapia Manual e Cinesioterapia, Fisioterapia Neurofuncional, Professor do IESA. E-mail: [email protected] 3 Mestre em Ciências Pneumológicas – UFRGS. Professora do IESA. e-mail: [email protected] 1 2 189 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 189 23/10/2015 07:30:51 LYEGE DE OLIVEIRA BORLENGHI-PATRICIA OBALSKI NUNES1-ARMINDO HOLLER-DARLENE COSTA DE BITTENCOURT 1. INTRODUÇÃO A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por apresentar limitação do fluxo aéreo, dispneia, hiperinsuflação dinâmica, aumento do metabolismo glicolítico, acompanhado de descondicionamento físico, resultantes da inalação de gases tóxicos e tabagismo, o que leva a limitações durante a realização de suas atividades cotidianas e de sua capacidade em praticar exercícios físicos e diários. (RODRIGUES; VIEGAS, 2010). A DPOC foi reconhecida como a 12a maior causa de morbidade crônica, de perda de qualidade de vida e de mortalidade, estando previsto o seu aumento nas próximas décadas, sendo que em grande parte poderia ser evitada. Estima-se que, em 2020, ela esteja ocupando o 5° lugar entre as principais causas de incapacidade e o terceiro como causa de morte (VIEGAS e Col. 2004; CELLI, 2004; WEHRMEISTER et al., 2011). Considerando que há uma diminuição da capacidade ventilatória no DPOC se faz necessário a mensuração de alguns dados para avaliar o estado de saúde dos portadores da doença, sendo assim o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é o parâmetro utilizado para avaliar o estadio da doença, cuja gravidade é determinada pelo VEF1 medido após uso de broncodilatador (GOLD, 2006). A gravidade da DPOC é classificada por GOLD em quatro níveis, sendo eles: Estadio 0: Sem risco (espirometria normal; sintomas crônicos como tosse e expectoração); Estadio I: DPOC leve - Leve limitação do fluxo aéreo (VEF1/CVF 70%; VEF1 ≥80% do previsto) e geralmente, mas nem sempre, tosse crônica e produção de expectoração; Estadio II: DPOC moderada – Agravamento (VEF1/ CVF 70%; 50% ≤VEF1 80% do previsto) e, geralmente, progressão dos sintomas, com falta de ar tipicamente desenvolvida ao esforço; Estadio III: DPOC grave – Grave limitação do fluxo aéreo (30% ≤VEF1 50% do previsto) ou presença de insuficiência respiratória ou sinais clínicos de falência ventricular direita. Os pacientes podem ter DPOC grave (Estadio III) mesmo se o VEF1 > 30% do 190 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 190 23/10/2015 07:30:51 COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE previsto, sempre que estas complicações se façam presentes; Estadio IV: DPOC muito grave - (VEF1/CVF < 70%; VEF1 < 30% do previsto) mais insuficiência respiratória ou sinais clínicos de falência ventricular direita (GOLD, 2006; GOLD, 2013). As manifestações sistêmicas repercutem de maneira importante sobre a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes (CALVALCANTE, BRUIN, 2009). Em 2004, Celliet et al. criaram o índice de BODE (Body Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea e Exercise Capacity), que é um sistema multidimensional composto por domínios que quantificam o grau de comprometimento da função pulmonar (VEF1), através dos sinais clínicos e efeitos sistêmicos da doença abrangendo assim as principais complicações geradas pelo mesmo. O índice de BODE utiliza o teste de caminhada de seis minutos, índice de massa corpórea (IMC), capacidade inspiratória e expiratória máxima para obter dados mais precisos e posteriormente compará-los (SIMON et al., 2010). Além de ser um preditor de mortalidade, o índice BODE está relacionado com a qualidade de vida observando-se uma associação com todos os domínios do Saint George Respiratory Questionnaire (SGRQ) nos pacientes com DPOC e VEF1 < 50 % (ARAÚJO, HOLANDA 2010). Os sintomas crônicos da DPOC (dispneia, sibilância, tosse, produção de expectoração e intolerância ao exercício, associados à ansiedade e à depressão) são os principais responsáveis pela alteração da relação entre saúde e qualidade de vida, sendo um importante desfecho clínico na DPOC (MANGUEIRA et. al., 2009; ARAÚJO; HOLANDA 2010). Além disso, a exaustão emocional, o transtorno do pânico e, mais comumente a ansiedade e a depressão são algumas perturbações psiquiátricas que podem ser vistas em pacientes com DPOC (GOLD, 2013). Percebe-se a necessidade de classificar o grau de comprometimento dos portadores de DPOC, já que essa doença gera disfunções as quais afetam diretamente sua qualidade de vida. O estadiamento da doença é capaz de avaliar o impacto que essa moléstia causa na qualidade devida dessas pessoas e relacionar 191 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 191 23/10/2015 07:30:51 LYEGE DE OLIVEIRA BORLENGHI-PATRICIA OBALSKI NUNES1-ARMINDO HOLLER-DARLENE COSTA DE BITTENCOURT ao grau de longevidade, no entanto há a necessidade de coletar outros dados para que os resultados sejam mais precisos como força muscular respiratória, dos membros superiores (MMSS) e inferiores (MMII), dentre outros (ARAUJO; HOLANDA, 2010). Sendo assim, este estudo tem como objetivo comparar capacidade funcional, força muscular respiratória, força muscular de MMSS e MMII e qualidade de vida em portadores de DPOC leve, moderado e grave. 2. MATERIAL E MÉTODO Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo transversal, analítico, descritivo, sobre a comparação do índice de BODE e qualidade de vida em portadores de DPOC leve, moderada e grave. A amostra foi constituída por 08 indivíduos portadores de DPOC, de ambos os sexos, da terceira idade, provenientes de um ambulatório de pneumologia do município de Santo Ângelo onde os mesmos obtiveram o diagnóstico clínico e funcional de DPOC de graus moderado a grave, realizados por um médico pneumologista. Os pacientes foram avaliados na Clinica Escola do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo- IESA. Estes consentiram em participar do estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Inicialmente foi identificado o estadiamento da DPOC, a partir da análise da espirometria de cada paciente, encaminhada pelo pneumologista. Foram incluídos no estudo pacientes com confirmação espirométrica de DPOC com relação VEF1/CVF<70 e VEF1 pós broncodilatador <80%. Todos os pacientes estavam clinicamente estáveis por no mínimo 4 semanas (GOLD, 2007). Os critérios de inclusão foram à idade entre 60 a 80 anos, ambos os sexos, que conseguissem se deslocar até a Clinica Escola do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo192 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 192 23/10/2015 07:30:51 COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE IESA e fossem residentes da região noroeste do Rio Grande do Sul. Foram excluídos os pacientes em exacerbação, que não pudessem comparecer a clinica e não residissem na região noroeste do Rio Grande do Sul. Foi realizado o contato inicial com os pacientes para a explanação das informações expostas nos objetivos deste estudo. Para coleta de dados foram utilizados: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); Espirometria; Questionário de caracterização dos Participantes; Teste de força muscular respiratória; teste de força de membro MMSS e MMII (1RM); Avaliação da Capacidade funcional - Teste de Caminhada de seis minutos (TC6m); Avaliação da qualidade de vida - questionário St. George’ Respiratory modificado (SGRQm); Avaliação da dispneia pela escala Medical Research Council (MRC), e calculado o índice de BODE. 3. Avaliações: Força Muscular Respiratória: A avaliação é feita através do manovacuômetro onde é realizado uma pressão inspiratória máxima (PImáx) que é mensurada após solicitar ao paciente uma insuflação máxima dos pulmões (capacidade pulmonar total), seguida de uma expiração forçada máxima sustentada por um segundo. A avaliação da pressão expiratória máxima (PEmáx) é realizada de modo semelhante, após solicitar ao paciente que realize uma inspiração máxima (volume residual) seguida de um esforço expiratório máximo sustentado por um segundo. As mensurações são realizadas por três vezes e considera-se o maior valor obtido em cada um dos testes. O calculo para homens: PImáx: y = −0,80 × idade +155,3 PEmáx: y = −0,81 × idade + 165,3. Para mulheres: PImáx: y = −0,49 × idade + 110,4 PEmáx: y = −0,61 × idade + 115,6 (COSTA et. al., 2010). Teste de 1 repetição máxima (1RM): Este teste foi utilizado com intuito de verificar a força muscular de bíceps e quadríceps. 193 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 193 23/10/2015 07:30:52 LYEGE DE OLIVEIRA BORLENGHI-PATRICIA OBALSKI NUNES1-ARMINDO HOLLER-DARLENE COSTA DE BITTENCOURT Primeiramente os pacientes foram informados para sentar em uma cadeira onde foi explanado como o teste iria transcorrer, qual grupo muscular seria avaliado bem como sua localização, posicionamento correto, compensações, e o seu significado. Os movimentos eram solicitados durante a expiração com freno labial, a fim de evitar a manobra de valsalva ou aumentar a dispneia, mascarando a carga máxima real. Durante a realização desses estavam presentes dois avaliadores treinados para realizar o procedimento. Todos os pacientes realizaram o movimento de flexão, extensão de bíceps e quadríceps, através de sua amplitude especifica com intervalo de cinco minutos a cada tentativa para monitoração dos sinais vitais (FARIAS et. al., 2012). Perimetria torácica: A expansibilidade torácica foi mensurada utilizando uma fita métrica sobre a caixa torácica do paciente nas regiões axilar, mamilar e xifóide. Cada medida foi obtida após solicitar ao paciente que realize uma expiração máxima, seguida de uma inspiração máxima e outra expiração máxima. As medidas serão repetidas por duas vezes e considera-se a média dos dois valores obtidos (PAULIN et. al., 2006). Teste de caminhada de seis minutos (Tc6m): Os pacientes foram orientados a caminhar o mais rápido possível num corredor de 30 metros, durante 6 minutos. Neste teste foi dado o incentivo para o paciente como “você está indo muito bem, continue assim; faltam “n” minutos para o término do teste”. Se for necessário o paciente poderia reduzir o passo ou parar, reiniciando a caminhada tão logo se sentisse em condições (ATS Statement: Guidelines for 6MWT, 2002). Durante o teste foram monitorados a cada minuto a freqüência cardíaca (FC), e a oximetria de pulso (SpO2). Antes e após o teste foi verificado a pressão arterial (PA) e a frequência respiratória (FR). As percepções de dispneia e de fadiga em membros inferiores foram determinadas através da escala de BORG (BORG, 1982). Tendo registrado a distância percorrida ao término do teste. Um aumento na distância caminhada igual ou superior a 540 metros é considerado clinicamente significativo (Redemeier et. al., 1997). Foram calculados os valores 194 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 194 23/10/2015 07:30:52 COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE preditivos da caminhada para homens e mulheres. As seguintes equações determinam o nível de distância caminhada prevista para cada teste realizado para o paciente: Homens: distância TC6M (m) = (7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso Kg) – 309m e Mulheres: distância TC6M (m) = (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso Kg) – (5,78 x idade) + 667 (MOREIRA; MORAES; TANNUS, 200; ENRIGHT E SHERRIL, 2003). Qualidade de Vida: A qualidade de vida foi avaliada por meio da utilização do questionário St. George’ Respiratory modificado (SGRQm) para a avaliação dos três últimos meses. Este questionário é específico para doenças respiratórias, validado para uso no Brasil. Consiste de 76 itens divididos em três domínios: sintomas (problemas causados por sintomas respiratórios), atividade (restrições da atividade causadas por dispneia) e impacto psicossocial (impacto sobre o cotidiano causado pela doença). A pontuação varia de 0 (sem redução da qualidade de vida) a 100 (máxima redução da qualidade de vida). Foi aplicado por um entrevistador devidamente treinado, caso o paciente não compreendesse o enunciado da questão, o entrevistador repetiu até que o paciente compreendesse (JONES, 2002; CAMELIER, 2006). Para análise dos dados, foi utilizado o programa Excel, os dados foram apresentados em média ± desvio padrão e a frequência das ocorrências (%). Os indivíduos foram encaminhados pelo pneumologista. Após o aceite, todos participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), antes de iniciar as avaliações. O Estudo foi projetado de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos segundo a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº. 466/2012. 195 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 195 23/10/2015 07:30:52 LYEGE DE OLIVEIRA BORLENGHI-PATRICIA OBALSKI NUNES1-ARMINDO HOLLER-DARLENE COSTA DE BITTENCOURT 3.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO A amostra desse estudo foi composta por 08 portadores de DPOC, sendo desses 02 leves, 01 moderado e 05 graves, onde 05 são mulheres e os demais homens. Na Tabela 1 foram descritas as características desses pacientes que mostrou ser uma amostra homogênea quanto aos dados antropométricos e demográficos, como idade, estatura e IMC. Ainda, nas avaliações, perceberam-se que no teste de caminhada os pacientes obtiveram resultados abaixo do previsto, caminharam em média 247 metros (62,7% do valor previsto). Evidenciou-se que em todos os pacientes a força muscular respiratória está comprometida, a média da força muscular inspiratória foi de 87,5±33,59 CmH2O e a força muscular expiratória média foi de 62,75 ±23,03 CmH2O, ou seja 92,09% e 39,61% abaixo do valor previsto, respectivamente. Já a força muscular de membros superiores é maior em relação aos inferiores, a média da força muscular de MS (bíceps) foi de 3,5Kg e de MI foi de 3,0 Kg Já o índice de BODE o resultado foi 05, considerado mediano; a qualidade de vida apresentou nos domínios respectivos, média de 54,55 nos sintomas, 67,98 nas atividades, 43,03 de impacto, somando um total de 52,91. Tabela 1: Características dos portadores de DPOC leve, moderado e grave, com as respectivas médias e desvio padrão obtidos durante a avaliação. CARACTERÍSTICAS Gênero (masculino/feminino) 3/5 M±DP Idade (anos) 77,25 ±3,5 altura (m) 1,66±0,14 peso(kg) 75±20,66 IMC (kg/m2) 21,87±4,45 VEF1/FVC% 16,25±4,24 Ocupação - Nenhuma 3 196 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 196 23/10/2015 07:30:52 COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE Aposentado por tempo de serviço 8 Aposentado por motivo de saúde 0 Dona de casa 5 Sedentário 8 Teste Caminhada seis minutos (TC6m) TC6m previsto 394±41,26 TC6m realizado 274 ±124,28 1RM - Bíceps Kg/f 3,5±1,17 1RM - QuadrícepsKg/f 3 ±1,4 PI máx. (cmH2O) 87,5 ±33,59 PE máx. (cmH2O) 62,75 ±23,03 BODE 5 Os valores apresentados estão expressos como M: masculino; F: feminino; IMC: índice de massa corporal; VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo, M±DP. Tc6m; Teste de caminhada de seis minutos; 1RM: Teste de uma repetição máxima ;Pimax: Pressão inspiratória máxima e PEmax: Pressão expiratória máxima; BODE :Body Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea e Exercise Capacity. Segundo DOURADO, 2006 na DPOC a função muscular respiratória está prejudicada e como fator principal temos a hiperinsuflação pulmonar, pois ela altera a forma geométrica da parede torácica o que provoca uma diminuição crônica da zona de aposição do diafragma, com isso há um rebaixamento e redução no tamanho de suas fibras musculares resultando na incapacidade do músculo em exercer sua função normal. Devido essas mudanças anatômicas, essas estruturas trabalham sob aumento da carga, havendo assim uma limitação ao fluxo aéreo causando a hiperinsuflação pulmonar. De acordo com as prováveis complicações, que venham ser identificadas em uma espirometria, o padrão obstrutivo tem como anormalidade a expiração do ar, certas variáveis podem apresentar tamanho grau de obstrução em que o paciente se encontra como CVF, VF1, e VF1/FVC as quais poderão ser levemente, moderadamente, ou gravemente reduzidas. A presença de uma obstrução pode ser analisada pelas variáveis de: índice de Tiffeneau, Peak Flow, FEV de 25%-75% onde estarão diminuídos, e possivelmente a CV pode não se alterar (COSTA; JAMANI, 2001). 197 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 197 23/10/2015 07:30:52 LYEGE DE OLIVEIRA BORLENGHI-PATRICIA OBALSKI NUNES1-ARMINDO HOLLER-DARLENE COSTA DE BITTENCOURT No que diz respeito as alterações musculares de membros inferiores e superiores, conforme a figura 1, é possível observar que ocorre uma perda natural de massa muscular devido o quadro da doença e os portadores dessa enfermidade fazem uma maior sobrecarga nos membros superiores para exercer a função respiratória habitual e diminuição do uso dos membros inferiores já que o desenvolvimento da marcha é evitado pelos pacientes em virtude da sensação de dispneia em predomínio da atividades de vida diária. Já Trevisan (2010) relata que portadores de DPOC possuem disfunção musculoesquelética, com perda da massa muscular tanto de membros inferiores quanto superiores, o que gera a diminuição da disposição durante a realização das atividades físicas provocando a queixa de dores e fadiga. Por meio do uso de exercícios resistidos para quadríceps, percebeu-se um melhor desempenho durante a realização de tais atividades. Todavia deve sempre haver um trabalho global, pois a diminuição da força de quadríceps é significativamente maior que a perda de força de peitorais ou de grande dorsal, ou seja, em um plano de tratamento devem-se priorizar sempre os grupos musculares que estão em desvantagem e não apenas atividades para membro superior ou inferior isoladamente (DOURADO, 2004). Força muscular no gênero feminino por Kg (F); Força muscular no gênero masculino por Kg (M), sendo divido por grau de estadiamento leve, moderado e grave. Figura 1 Média da força muscular de membro superior comparada ao inferior em portadores de DPOC leve, moderado e grave. 198 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 198 23/10/2015 07:30:52 COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE Durante o teste de caminhada de seis minutos, conforme figura 2, foi possível observar que a maioria dos participantes ficou bem abaixo do esperado, tendo como média final de caminhada de 274m, sendo que o previsto era de 394 ±41,26. Em meio à realização do teste foi utilizada a escala de BORG para quantificar o grau de dispneia dos pacientes, não houveram muitas mudanças quanto a dispneia, ficando dentro da normalidade, e apenas dois pacientes apresentaram dispneia intensa, sendo esses classificados como estadiamento severo. Apenas um participante da amostra obteve resultado positivo nesse teste alcançando resultados além do esperado, sendo ele portador de DPOC leve. Figura 2: Distância percorrida durante o teste de caminhada de seis minutos (Tc6 min.) e o valor previsto divido por sexo com seus respectivos estadiamentos. Atualmente o teste de caminhada de seis minutos (TC6) tem sido utilizado como ferramenta principal para mensurar a capacidade física do DPOC, por conta disso é considerada como uma atividade submáxima, o mesmo também auxilia na avaliação da sobrevida desses portadores, no entanto há fatores que interferem diretamente no resultado do TC6 min. como, por exemplo, a diminuição da força muscular do quadríceps. Devido a isso os indivíduos submetidos ao teste apresentam rapidamente sintomas de fadiga e dor quando comparados a indivíduos normais. Durante a realização do TC6 min. estudos demonstram que a frequência cardíaca (FC) e a SPO2 tendem a diminuir ao 199 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 199 23/10/2015 07:30:52 LYEGE DE OLIVEIRA BORLENGHI-PATRICIA OBALSKI NUNES1-ARMINDO HOLLER-DARLENE COSTA DE BITTENCOURT final da caminhada, no entanto no presente estudo percebeu-se aumento da FC e diminuição da SPO2 (MOREIRA; MORAES; TANNUS, 2001). Para análises do índice BODE associa-se quatro variáveis o IMC, obstrução das vias aéreas, dispneia e capacidade de exercício, abrangendo assim as principais alterações encontradas nos portadores da DPOC. Através desse índice é possível averiguar a mortalidade dessas pessoas e comparar com sua qualidade de vida. Nesse estudo apresentou-se um índice de BODE com valor mediano e como resultado percebeu-se que há uma grande relação com os domínios do protocolo de qualidade de vida SGRQ. Logo, os pacientes da DPOC com VEF1< 50% morrem mais rápido e apresentam pior qualidade de vida (ARAUJO, 2010). Assim, podemos ajustar o cotidiano desses indivíduos para que realizem com menor frequência as atividades que causem muita dispneia, desta forma evitando a progressão da doença (SANTOS, 2013). Esse achado corrobora com os resultados de Simon (2009), cuja avaliação de sua amostra mostrou que o índice médio de BODE ficou próximo a dez, apresentando o pior prognóstico já que o mesmo é pontuado de zero a dez, sendo o primeiro o melhor prognóstico e o segundo o pior. Mostraram também essa correlação dos resultados da distância percorrida no TC6 min., escala de dispneia MRC e o índice de BODE, ou seja, quanto mais intolerante ao exercício maior será o índice. Portanto quanto mais o paciente evitar atividades que causem desgaste menor será a mortalidade. No entanto, se sabe que um programa de reabilitação adequado individualmente, pode melhorar a dispneia a pequenos esforços e consequentemente a sobrevida dos pacientes, pela melhora no índice de BODE (RODRIGUES, 2011). TABELA 2: Questionário de qualidade de vida St. George, conforme os domínios sintomas, atividade e impacto da doença com seus respectivos estadiamentos. 200 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 200 23/10/2015 07:30:52 COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE Qualidade de vida St. George (%) ESTADIAMENTO SINTOMAS ATIVIDADE IMPACTO TOTAL SEVERO 61,6 85,8 69,5 74,2 MODERADO 56,5 61 26,4 41,5 LEVE 73 80 51,1 65 SEVERO 49 60,4 52 55 SEVERO 86 62 54 61,4 SEVERO 33 60 15,3 33 LEVE 32,3 41,4 10 22,2 SEVERO 45 93,3 66 71 O protocolo de qualidade de vida (SGRQm) aborda aspectos como sintomas, atividade e impacto psicossociais que a doença respiratória inflige ao paciente. Os valores acima de 10% refletem na qualidade de vida, já as alterações iguais ou maiores que 4% após a intervenção indicam mudanças significativas na QV. A DPOC é a maior causa de morbidade em idosos o que leva expressivamente a redução da qualidade de vida dos mesmos. Aspectos como dispneia, sintomas de ansiedade, depressão, estado nutricional e baixo IMC estão associados à diminuição da qualidade de vida. Programas de reabilitação pulmonar resultam na melhora da força muscular periférica como também respiratória e na realização de tolerância ao exercício obtendo então melhora na qualidade de vida desses pacientes (SOUZA, 2000; DOURADO, 2006). No trabalho de Souza (2000), após a reabilitação, a soma dos valores para cada sessão do protocolo resultou em sintomas (0,70) atividades (0,81) impacto (0,67) e no total (0,79). Com relação ao tempo para resposta do questionário percebeu-se que a média foi de 10 minutos por paciente e que isso não difere dos relatos de outras literaturas. O uso do SGRQm permite compreender a maior queixa dos portadores de DPOC e sua relação com a sintomatologia da doença, as restrições que a mesma causa nas atividades do cotidianas mais corriqueiras até as mais complexas, por exemplo, 201 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 201 23/10/2015 07:30:52 LYEGE DE OLIVEIRA BORLENGHI-PATRICIA OBALSKI NUNES1-ARMINDO HOLLER-DARLENE COSTA DE BITTENCOURT as relacionadas ao trabalho. Estudos recentes relatam que 66,7% da população estudada possuem outras doenças associadas, como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doença vascular, doença arterial coronariana, artrose e fibromialgia, o que acaba influenciando na hora de responder o questionário de QV. A idade avançada é outro fator que tem impacto sobre o mesmo, pois corresponde aos piores escores causando prejuízo na realização das atividades do dia-a-dia ou de trabalho. Sendo assim analisouse que a principal queixa é com relação aos sintomas gerados pela doença e o fato de serem incapaz de realizar certas atividades (KERKOSKI; BORESTEIN; SILVA, 2010). 4. CONCLUSÃO Por meio desse estudo, com uma amostra de oito portadores de DPOC, sendo, dois pacientes leves, um moderado e cinco em estado severo da doença, observou-se que apresentaram qualidade de vida abaixo da normalidade, porém, se analisados por estadiamento da doença, não configurou relação, pois houve paciente com a doença severa que apresentou qualidade de vida melhor que portador de DPOC moderada. Em média, os portadores de DPOC de nossa amostra apresentaram e risco de mortalidade mediano, claramente relacionados a doença respiratória. Conclui-se que os portadores de DPOC de nossa amostra estão abaixo dos valores esperados para capacidade funcional, força muscular inspiratória, expiratória e de força muscular de membros inferiores, além da qualidade de vida. O índice de BODE (risco de mortalidade) quando utilizado com o questionário de St. George (qualidade de vida) nos portadores de DPOC, é capaz de demonstrar o real quadro clinico do paciente a ser testado e sua sobrevida, auxiliando então na escolha do melhor plano de tratamento a ser seguido pelos fisioterapeutas, possibilitando com a reabilitação, minimizar o impacto da DPOC na vida desses indivíduos. 202 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 202 23/10/2015 07:30:52 COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE BODE E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC LEVE, MODERADA e GRAVE 5. REFERÊNCIAL ARAÚJO, Z. T. S.; HOLANDA, G. O índice BODE correlacionase com a qualidade de vida em pacientes com DPOC? Jornal Brasileiro Pneumologia; 36(4):447-452, 2010. Acessado em: 20 de outubro de 2014. CASAS A, Vilaro J, Rabinovich R, et al. Encouraged 6-min walking test indicates maximum sustainable exercise in COPD patients. Chest2005;128: 55-61. 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