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RELATO DE EXPERIÊNCIA DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PSICOLOGIA DAS FIP-MOC SOBRE O PERCURSO HISTÓRICO DA PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL E NO NÚCLEO DE ATENÇÃO À SAÚDE E PRÁTICAS PROFISSIONALIZANTES – NASPP, EM MONTES CLAROS-MG Norma Suely dos Reis Santos1 Míriam Orneles de Freitas Rodrigues2 Ana Luíza Brito3 Paulo Henrique Silva Amorim4 César Rota Júnior5 INTRODUÇÃO A Psicologia Jurídica caracteriza-se como uma nova possibilidade de trabalho para psicólogos, por ser um campo com surgimento recente que ainda se encontra em constante expansão, destacando-se dentre as áreas de atuação da Psicologia. Autores como Anastasi (1972) apud BRITO (2012), esclarecem que, no contexto internacional, foram as demandas provenientes do poder judiciário que ajudaram este ramo de atuação a firmar-se como campo promissor. Para Brito (2012), a criação da Psicologia como ciência está diretamente relacionada à fundação, por Wundt, do primeiro laboratório de Psicologia experimental, que ocorreu em 1987, em Leipzig, Alemanha, e que serviu de modelo para outros laboratórios em distintos países. A visão positivista de ciência que vigorava na época incluía os experimentos realizados em laboratórios bem como o uso de métodos que se supunha semelhantes aos empregados pelas chamadas ciências da natureza. No Brasil, a regulamentação do exercício profissional da Psicologia, apenas em 1962, contribuiu para o atraso da inserção das práticas jurídicas nas grades curriculares dos cursos superiores do século passado, fazendo com que as mesmas seguissem um viés positivista no país. Brito (2012), alega que os primeiros trabalhos realizados por profissionais psicólogos no campo Judiciário se assemelham àqueles caminhos trilhados pelos médicos que se aliaram a essa área, anteriormente, ligados à elaboração de perícias criminais. Os psicólogos, baseados na psicopatologia, ofereciam seu diagnóstico em relação aos criminosos, o que forneceria um parecer técnico-científico visando fundamentar as decisões dos magistrados. 1 Acadêmica do 7º período do Curso de Psicologia das FIP-MOC e Servidora da Assessoria de Projetos da Pró-Reitoria de Extensão da UNIMONTES. 2 Acadêmica do 7º período do Curso de Psicologia das FIP-MOC e Monitora de Clínica no NASPP/FIP-MOC. 3 Acadêmica do 7º período do Curso de Psicologia das FIP-MOC. 4 Acadêmico do 7º período do Curso de Psicologia das FIP-MOC. 5 Supervisor do Estágio de Formação V e Orientador Científico das FIP-MOC. 266 Segundo Cesca (2004), a participação de psicólogos brasileiros nas questões judiciais começou, basicamente, como apoio às questões familiares, na tentativa de reestruturação e manutenção da criança no lar. Essas atividades se deram no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no ano de 1980, por iniciativa de um grupo de psicólogos voluntários. Alavancados por essas práticas, em 1985, um projeto de lei foi apresentado à Assembléia Legislativa pelo presidente do Tribunal de Justiça, visando à criação do cargo de psicólogo judiciário, isso “significou a consolidação do posto de psicólogo no sistema judiciário” (CESCA, 2004, p.41). Mira y López (1945) apud Brito (2012), afirma que em sua obra Manual de Psicologia Jurídica, já advertia, ao abordar, no início do livro, o “estado atual da Psicologia como ciência”, como “uma ciência que, pelo menos, oferece as mesmas garantias de seriedade e eficiência que as restantes disciplinas biológicas” (1945/1967, p.7). O mesmo autor evidencia uma estreita relação da Psicologia com o Direito Penal, no período de (1986-1964) a Psicologia Jurídica era exercida pelo psiquiatra espanhol Jacó-Vilela, 1999a que veio para o Brasil para ministrar cursos, retornando em 1947 a convite, para criar o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), da Fundação Getúlio Vargas. A personalidade do criminoso, o papel da punição, a influência do sistema penal na recuperação, ou não, da delinqüência, esses são os temas de seu interesse. Não a forma da lei, mas seus efeitos na constituição do indivíduo (BRITO,1999b, p. 332). Barros (2001) apud Brito (2012) salienta que em Minas Gerais o primeiro concurso para o cargo junto ao Tribunal de Justiça ocorreu em 1992, sendo que, no Estado do Rio de Janeiro, só em 1988. Em Minas Gerais, diversos psicólogos atuavam no Judiciário carioca de forma clandestina, existindo os chamados Setores de Psicologia, principalmente nas Varas da Infância e da Juventude. Nestes setores os profissionais ou eram cedidos por outras instituições ou se encontravam no chamado desvio de função. Logo após, ocorreu o surgimento do Núcleo de Psicologia do Juizado da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, em 1992, para onde foi designado 08 Psicólogas. No final da década de 70, ou seja, na vigência do código de Menores de 1927, e posteriormente, do Código de Menores de 1979, havia o denominado Serviço de Liberdade Assistida (SLA), composto por psicólogos voluntários e por aqueles cedidos por outras instituições (BRITO, 2012, p.197). É importante salientar que, inevitavelmente, desde seus primórdios, as práticas da Psicologia no campo judiciário estiveram atreladas aos conhecimentos oferecidos pelo Direito. Cesca (2004) apud Brito (2012) justifica essa característica indo além da obvia relação das práticas judiciais com esta ciência, afirmando que todo o Direito, ou grande parte dele, está impregnado de componentes 267 psicológicos, inerentes a qualquer campo das ciências humanas. Sendo assim, a associação das duas ciências tornou-se indispensável para ambas, abrindo um novo campo para a atuação das práticas psicológicas e buscando a obtenção de maior eficácia jurídica. O Direito Penal foi o primeiro campo a receber a atuação de profissionais de Psicologia em suas práticas, reforçando sua participação nas decisões relacionadas à execução de penas a criminosos. Brito (2012), cita a Lei de Execução Penal nº 7.210 do ano de 1984, para se referir a uma das práticas dos profissionais psicólogos que alicerçaram a associação entre o Judiciário e a Psicologia. Pode ser lido no artigo 7º da referida legislação que uma equipe multidisciplinar deve compor uma Comissão Técnica de Classificação que deveria existir em cada estabelecimento penal, sendo composta de profissionais como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, entre outros, quando se tratar de pena privativa da liberdade. Tal comissão deveria acompanhar a execução da pena e propor à autoridade competente, de acordo com suas observações, as progressões e regressões do regime em que o condenado se encontra, bem como as conversões. Tais práticas recebiam críticas dos profissionais daquela época, de acordo com Brito (2012), por se tratarem de critérios avaliativos quase sempre centrados em definir o grau de periculosidade que o preso apresentava durante a execução de sua pena, classificando o assim adequado ou não para a liberdade ou para a permanência em regime de privação dela. Psicólogos da época já afirmavam não ser uma competência da categoria avaliar os criminosos, nem propor regressões ou progressões para a detenção de acordo com o comportamento apresentado pelo detento. Apesar das censuras a esse tipo de exercício profissional, o artigo da Lei de Execução Penal que o define não sofreu nenhum tipo de modificação significativa, permanecendo até os dias atuais. Além da atuação no campo criminal, a Psicologia Jurídica, em seu desenvolvimento, associou-se ao Direito Civil, atuando em áreas próximas ao campo social, onde está buscando se firmar cada vez mais. Neste sentido, Cesca (2004), salienta a atuação do profissional psicólogo nas Varas de Família e da Infância e da Adolescência, na acepção de assistir a casos de violências, separações, adoções, entre outros, mediante uma contribuição psicológica inevitávela estas questões. Destaca-se então, que neste campo. O objetivo é destacar e analisar os aspectos psicológicos das pessoas envolvidas, que digam respeito a questões afetivo-comportamentais da dinâmica familiar, ocultas por trás das relações processuais, o que garantem direitos e o bem-estar da criança e/ou adolescente, a fim de auxiliar o juiz na tomada de uma decisão que melhor atenda às necessidades dessas pessoas. (SILVA, 2003 apud CESCA, 2004, p. 42). Atualmente, apreensivo com a relação da atuação do psicólogo com estas questões do Direito de Família e o Direito da Infância e da Juventude, é que o Conselho Federal de Psicologia268 CFP tem dedicado atenção especial à Psicologia Jurídica, de acordo com Brito (2012). A preocupação do Conselho com os rumos que esse campo de atuação profissional está tomando diz respeito à grande quantidade de representações junto à essa instituição contra psicólogos que prestam serviços direcionados ao Sistema de Justiça a revelia dos princípios éticos da profissão. No entanto, tais práticas vão além do alcance do Conselho, pois, atuam em prol dos interesses de outrem e dizem respeito à conduta moral do profissional, que deve ser repensada no processo de formação acadêmica. Preocupado com a questão do suporte que as Escolas Tradicionais de Psicologia oferecem aos futuros profissionais percebe-se que em grande parte das vezes o psicólogo jurídico, ao iniciar seu trabalho, não dispõe de bagagem teórica para argumentar acerca das peculiaridades que envolvem essas práticas junto ao sistema prisional, além de não ter consciente a noção de suas reais atribuições. Contudo, os serviços de Psicologia do Núcleo de Atenção à Saúde e Práticas Profissionalizantes (NASPP) são conceituados como modalidades de ensino que levam o aluno a “situar, observar e aplicar, criteriosa e reflexivamente, princípios e REFERÊNCIAS teóricopráticas, assimiladas através do curso, numa visão multidisciplinar, sem perder de vista a realidade na qual se encontra inserido”. (UNICOVISKY; LAUTERT, 1998, p. 231 apud FACULDADES PITÁGORAS DE MONTES CLAROS, s/d) Assim sendo, o NASPP foi criado pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIPMOC) com a proposta de preparar os futuros profissionais para o mercado de trabalho e para o desenvolvimento da pesquisa científica. É uma entidade sem fins lucrativos com a finalidade de trabalhar a prevenção, promoção e reabilitação da saúde dos moradores vinculados à sua área de abrangência, oferecendo gratuitamente, serviços na área de saúde pública correspondendo à categoria de Baixa complexidade e Atenção primária em parceria com o Sistema Único de SaúdeSUS. “A prestação de assistência psicológica à comunidade é um papel social extremamente importante nesses Centros de Serviço”. (BOECKEL, 2012 p.45). As FIPMOC com a inauguração do Ambulatório de Especialidades Médicas ampliou não só o atendimento, mas oferece atualmente, novas especialidades como neurologia, geriatria, cardiologia e saúde do adolescente. Mais de 400 acadêmicos, juntamente com médicos, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e biomédicos estão preparados para a nova demanda (Conforme matéria retirada do site das FIP-MOC, publicação em 28.06.11). Segundo Carlos Eduardo D’Angelis, Gerente Geral do NASPP, com a ampliação do Núcleo, a previsão é de que o número de atendimentos passe de 7.000 para 12.000 atendimentos/mês. As famílias da Vila Mauricéia e Vila Oliveira recebem atendimentos de vacinação e consultas, além de 269 visitas em suas residências. (Conforme matéria retirada do site das FIP-MOC, publicação em 28.06.11). Nessa perspectiva, a política de extensão do NASPP das FIPMOC está receptiva a mudanças decorrentes de suas próprias práticas, com base nos atravessamentos que passam todos os atores envolvidos no programa de saúde pública, no que tange as críticas dos discentes, docentes e as exigências surgidas na comunidade local, que com rigor suas funções básicas de ensino, pesquisa e extensão servem como termômetro de avaliação do serviço acadêmico prestado. Reis-Filho e Firmino (2007), inferem que lidamos com a subjetividade e aqui, o tempo é outro. As faltas, os atrasos fazem parte do processo e saber manejá-las é o que torna um Psicólogo um Clínico. Segundo a FAP (s/d), além de atenuar os conflitos, os momentos de supervisão devem se constituir de um atendimento especial ao grupo de estagiários que realizará o estágio e desenvolverá, nesse momento, as atividades planejadas previamente sob a coordenação de um Professor-Supervisor. Para tanto, a capacitação do profissional Supervisor e sua bagagem teórica se faz imprescindíveis, diante da demanda da formação dos futuros psicólogos. METODOLOGIA A metodologia proposta fundamentou-se em Relatos de Experiências e Pesquisa Bibliográfica nos quais buscamos utilizar a metodologia da problematização, visto que esta metodologia favorece a reflexão acerca de uma realidade concreta, com seus conflitos e contradições. (CYRINO, 2004). Para tanto, formamos grupos que se reuniram para elaborar artigos científicos baseados na dinâmica de funcionamento dos estágios profissionalizantes do curso de Psicologia, restringindo-se aos estágios oferecidos pelas Ênfases em Saúde e Educação. Tais grupos foram coordenados pelos Professores César Rota Júnior e Andréia Maria Guisoli de Mendonça, Supervisores do Estágio de Formação V. Para desenvolvimento dessa prática de estágio foi preparado pelos referidos Supervisores, 05(cinco) Mesas Redondas compostas por Psicólogos-Supervisores e Estagiários que atuam no NASPP. Dentre eles, outros convidados registraram presença, como: Carlos Eduardo D’Angelis, Gerente Geral do NASPP, que apresentou sobre o Funcionamento Geral do NASPP e a Psicóloga Elizete dos Santos Barbosa, Coordenadora dos Estágios Profissionalizantes de Psicologia no NASPP, que discorreu sobre o Funcionamento Prático do Projeto Político-Pedagógico do Curso de Psicologia das FAP-MOC. De acordo com o citado documento, são desenvolvidos no NASPP seis programas, quais sejam, psicologia e saúde, psicologia escolar, psicologia organizacional e do trabalho, psicologia 270 social comunitária, psicologia clínica e plantão psicológico. Segundo o mesmo documento, essas práticas colocam o acadêmico em contato direto com o campo de atuação profissional, o que oportuniza a elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico, considerando ações em vários contextos, com intuito de mapear as necessidades regionais e locais, articulando as ênfases citadas anteriormente. Assim, no que se refere à tendência pedagógica da problematização observamos uma reflexão crítica da realidade que leve a superação daquilo que precisa ser mudado. (BORDENAVE. JED, 1983). Dessa forma, acredita-se que a tendência pedagógica da problematização fornece subsídio que possibilita a formação de um profissional com competência técnico-científica, sem perder de vista o caráter transformador que cada ator social possui frente a uma sociedade em contínua necessidade de transformação, além de considerar como atores sociais o sujeito da intervenção. Dentro dessa perspectiva, enfatiza-se que esse é um momento primordial para que supervisores e estagiários comecem a construir uma relação de co-responsabilização pelas ações que serão implementadas, uma vez que iremos estar em contato direto com as demandas judiciais da população inseridas em um contexto social, político, econômico e familiar. Por fim, a metodologia do Estágio de Formação V das FIP-MOC é constituída pela construção e socialização das análises do contexto social das ações concretas junto à comunidade, em sua totalidade; da construção e entrega de Texto Dissertativo, como produção acadêmica e Apresentação de Seminário, como solenidade para apuração dos resultados obtidos e encerramento do Estágio Curricular Profissionalizante. DISCUSSÃO DA EXPERIÊNCIA Reconhecer e valorizar o percurso da Psicologia Jurídica no âmbito nacional e internacional e a relevante contribuição do psicólogo jurídico atualmente para com o Sistema Judiciário é fundamental quando se pretende oferecer uma formação acadêmica comprometida com o bem-estar social dos indivíduos. No que se refere às atividades realizadas foi possível observar como o Psicólogo Jurídico e o Estagiário de Psicologia se posicionam no campo profissional. Segundo o relato da Psicóloga Elizete dos Santos Barbosa, Coordenadora dos Estágios Profissionalizantes de Psicologia no NASPP, com relação à Questão 01: Quais são as práticas possíveis de atuação no campo de estágio do Psicólogo Jurídico? Ela diz ser de atuar na promoção da cidadania, colaborando no planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos, prevenção da violência e criminalidade. Também podendo atuar na realização de avaliações psicológicas de presos, de pessoas envolvidas 271 em separações, adoção e disputa de guarda de crianças, auxiliar na resolução de conflitos familiares e mediação de conflitos, adoções, disputas de guarda, regulamentações de visitas de pais e avós, interdição de pessoas incapazes de gerir seus bens, adolescentes envolvidos em conflitos com a lei, visando, através dessas práticas, auxiliar nas tomadas de decisões do sistema prisional oferecendo um olhar específico da psicologia como ciência. Pensando a inserção do psicólogo nessa área é importante ressaltar que: Apesar de atualmente alguns Tribunais do País alocarem psicólogos que integram seus quadros na função de analista judiciário, esse fato não os exime da obrigação de seguir os preceitos éticos da categoria profissional. Mesmo sob o enquadre funcional de analista judiciário, os profissionais continuam respondendo, atuando e assinando documentos como psicólogos, além de integrarem serviços de Psicologia. Nesses casos, sempre que o profissional estiver desenvolvendo trabalhos nessa qualidade, é mister seguir o código de ética da sua profissão. Dessa forma, não há motivo para supor que, junto ao sistema de Justiça, o psicólogo estaria desobrigado de manter o sigilo profissional. (BRITO, 2012 p. 200). Assim, observa-se que o Psicólogo deve atuar como um agente técnico comprometido primeiramente com o seu Conselho Profissional e não, com os poderes que se apresentam, como faziam anteriormente. Partindo deste princípio e, dando prosseguimento às práticas em psicologia jurídica realizadas pelos acadêmicos, a experiência apontou ainda para outras reflexões: Questão 02: Onde e como as práticas dos Estágios em Psicologia Jurídica acontecem? A FIPMOC oportuniza, através da sua Clínica-escola, estágio na área de Psicologia Jurídica no Núcleo de Práticas Judiciária da instituição e na Defensoria da Mulher. Tais atividades práticas devem contemplar o total de 80 horas visando expandir o conhecimento dos estagiários por meio da práxis acadêmica voltada às demandas sociais nas Varas da Infância, Família e Adolescência que prepara o profissional que se pretende formar em Psicologia. Durante esse período os estagiários são supervisionados pela psicóloga Elizete Santos Barbosa, semanalmente no NASPP. Questão 03: Quais são as práticas de estágios que norteiam e sustentam o estágio de Psicologia das FIPMOC, uma vez que se trata de um campo novo de atuação para o Psicólogo? Segundo a referida coordenadora, essa fundamentação está em formar profissionais psicólogos críticos e competentes para uma atuação científica e ética, efetivamente compromissada com o desenvolvimento e a transformação da realidade social, a partir de intervenções múltiplas em diferentes áreas. Para tanto, desenvolve-se estágios curriculares a fim de proporcionar um conhecimento prático, isto é, dos objetivos, papéis, rotina e ideologias de instituições, avaliando e intervindo em suas repercussões na subjetividade do público atendido. Sobre os critérios adotados pelo psicólogo na sua prática como profissional, é importante ressaltar que este, segundo Cesca (2012) não tem seu foco na “materialidade’’, ou seja, em lesões 272 corporais, mas sim nas marcas invisíveis, pois essas podem ficar para sempre no sujeito. Diferentemente do que vem sendo debatido pelos juristas brasileiros que se preocupam mais com os casos onde se apresenta uma lesão orgânica. É nesse sentido que se localiza um confronto dos juristas com as práticas dos psicólogos, desprezando muitas vezes os laudos de avaliação psicológica construídos.Tal questão remete a uma reflexão sobre os valores da Psicologia enquanto ciência e uma supervalorização de saber do profissional da área do Direito, em relação à primeira. Apesar desse apontamento feito pelo autor, levando em consideração as exceções, pode ser citada como tal as práticas realizadas pelos estagiários de psicologia, quando a coordenadora coloca que há uma interação entre os curso de Direito e Psicologia da Instituição Prisional e uma diferenciação entre as atribuições do Psicólogo-Terapêuta e do Psicólogo Jurídico, conforme descriminado na Questão 04: Quais são as atribuições do Psicólogo-Terapêuta e do Psicólogo que emite laudo criminológico? E qual o perfil adequado do psicólogo para atuar nessas áreas? O primeiro, está habilitado para lidar com problemas de ordem psicológica, sendo assim o profissional psicólogo pode atuar em uma clínica particular, empresa, escola ou em um hospital e tem capacitação para diagnosticar, trabalhando com o paciente questões pontuais no trabalho ou relacionamento, casos breve ou casos mais longos, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, etc, enquanto que a emissão de Laudo Criminológico é um método científico de cunho psicológico que tem como um dos objetivos a progressão de pena. Esse instrumento é realizado a partir do psicodiagnóstico, testes que geralmente são solicitado pelo poder judiciário. Questão 05: Qual a carga horária/dia de trabalho desses profissionais? Ambos profissionais possuem uma carga horário de trabalho de 30 horas semanais. Após o relato dos expositores, o assunto foi amplamente discutido pelos discentes e docentes, sendo possível observar que, as REFERÊNCIAS bibliográficas e as experiências relatadas apontaram que embora alguns poderiam supor, a Psicologia Jurídica não é uma área tão nova para os psicólogos. As articulações da Psicologia com o Direito vem de longe, além de terem contribuído com a criação dos primeiros laboratórios de Psicologia no Brasil. Com isso, as FIPMOC se preocupa em formar acadêmicos, comprometidos com a ética e com o social, buscando o cumprimento da ‘ Resolução nº 007/2003 do CRP que denomina “uma intervenção sobre a própria demanda” (2003, p.4). Para que a partir daí, segundo Brito (2012), os profissionais de psicologia “tenham a redução do mal-estar ao qual se refere Arantes, na medida em que esse profissional possa ter mais segurança das opções de trabalho que fará a partir das demandas que lhe foram direcionadas, optando por caminhos profissionais que não serão traçados ou indicados por outras disciplinas, mas construídos, com discernimento, conhecimento, certeza e ética pelo psicólogo e pelo estagiário de psicologia em seu campo de atuação. 273 Sendo assim, o Serviço-Escola do NASPP tem cumprido eficientemente a sua Missão em desenvolver estágios curriculares que produzem conhecimento prático dos objetivos, papéis, rotinas e ideologias de instituições, avaliando e intervindo em suas repercussões na subjetividade do público atendido. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Após percorrer algumas das questões acerca da formação profissional do Psicólogo Jurídico, verificou-se que a participação de psicólogos brasileiros nas demandas judiciais iniciou-se basicamente, como apoio às questões familiares na tentativa de reestruturação e manutenção da criança no lar. Com o advento do Terceiro Milênio e Século XXI, ampliou-se o leque de possibilidades de atuação para esses profissionais, tanto tem trabalho para aqueles que atuam em consultórios clínicos quanto para os que compõem equipes de outras instituições, convidados ou solicitados a emitir pareceres que serão anexados aos autos processuais. Nesse último grupo, encontra-se listados os psicólogos que exercem sua prática profissional em unidades que executam medidas Socioeducativas, em Penitenciárias, em Conselhos Tutelares, em Conselho Regional de Assistência Social - CREAS e em Organizações não Governamental - ONGs, entre outros. A psicologia jurídica é uma área de grande alcance na atualidade, destacando-se a importância da transformação do conhecimento científico em vivências sociais nesse campo de atuação, durante o processo de formação do psicólogo nas Clínicas-Escolas. Identificamos que o desenvolvimento dessa estratégia de ensino favorece a criação de uma postura crítica e pró-ativa dos futuros psicólogos, vez que as mudanças sociais, políticas e econômicas têm exigido dos profissionais psicólogos uma nova postura onde o conhecimento técnico-científico esteja aliado a um profissional crítico e cidadão. Constatamos, então, que o NASPP se configura como um espaço privilegiado onde a concretização dessa experiência acadêmica possa ocorrer por meio da interlocução entre teoria e prática, o profissional e o estagiário, a comunidade e o exercício pleno da intersetorialidade para melhor resolução das demandas encaminhadas ao serviço-público-escola. Conclui-se que, é por meio da vivência da práxis nos Estágios Profissionalizantes que podemos observar o grande avanço na implementação de novas disciplinas curriculares no curso de graduação em Psicologia preocupadas em formar profissionais comprometidos com a reorientação do modelo assistencial pautado na Vigilância da Saúde como uma proposta de redefinição das práticas sanitárias com ênfase na promoção da saúde, prevenção de doenças e com a melhoria da qualidade de vida psicológica dos usuários. 274 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Nágila. Assessoria FIP-MOC. Disponível http://www.dzai.com.br/marciavieirayellow5/noticia//montanoticia?tv_ntc_id=51723. Claros, Minas Gerais, Brasil. Acesso em: 08 de jun. 2013. em: Montes BOECKEL, Miranda Gonçalves. O papel serviço-escola na consolidação do projeto pedagógico do curso de psicologia. Revista Psicologia: Ensino e Formação, vol. 01, nº 01, p. 41-51, Brasília, 2010. BORDENAVE. JED. Alguns fatores pedagógicos. 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