Newsletter: Vol. 06 – # 31 – Atualização em Tumor de Wilms

Transcrição

Newsletter: Vol. 06 – # 31 – Atualização em Tumor de Wilms
GETH
Newsletter
Volume 06 Número 31 26 de setembro de 2008
Atualização em Tumor de Wilms
GETH Newsletter é uma
publicação semanal
distribuída aos sócios do
Fernanda Teresa de Lima
Universidade Federal de São Paulo/Hospital Israelita Albert Einstein
Grupo de
Estudos de
Tumores Hereditários
O tumor de Wilms geralmente é esporádico, mas pode ser familiar, hereditário
ou sindrômico. É um tumor sólido que se apresenta na primeira infância, e é
Sede
R José Getúlio, 579 cjs 42/43
Aclimação São Paulo - SP
CEP 01503-001
E-mail
[email protected]
Site
http://www.geth.org.br
Editores
considerado um tumor primitivo porque apresenta múltiplas linhagens de precursores
embrionários fetais.
O gene WT1 foi o primeiro gene associado ao tumor de Wilms e está localizado
em 11p13. Pode ser encontrado mutado em tumores esporádicos, e em formas
hereditárias associadas a uma tríade de características clínicas que incluem tumor
de Wilms, anomalias genitourinárias e disfunções renais. Nos tumores esporádicos,
mutações no gene WT1 são encontradas em 15% dos pacientes, e apresentam uma
Erika Maria Monteiro Santos
grande sobreposição com mutações ativadoras do gene da beta-catenina, CTNNB1.
Ligia Petrolini de Oliveira
Estas mutações não causam um pior prognóstico do tumor, mas alteram a histologia
Diretoria
tumoral Classicamente, é considerado um gene supressor de tumor, e a perda da função
Presidente
de ambos os alelos está associada à tumorigênese. No entanto, a maior parte dos
Benedito Mauro Rossi
tumores esporádicos mantém a expressão do gene WT1. Mutações neste gene também
Vice-Presidente
Erika Maria Monteiro Santos
foram encontradas em outros tumores sólidos, tais como tumores de mama, colorretais,
Diretor Científico
desmóides e tumores de sistema nervoso central, além de leucemia mielóide aguda.
Gilles Landman
São tecidos que normalmente não expressam este gene. Além disso, nos tumores
Secretário Geral
Fábio de Oliveira Ferreira
desmoplásicos de pequenas células redondas, observou-se uma translocação (11;22)
Primeira Secretária
que funde o gene EWSR1 com o WT1, fazendo com que este último adquira uma
Ligia Petrolini de Oliveira
atividade transativadora potente. Estes achados corroboram a hipótese de que o gene
Tesoureiro
Wilson Toshihiko Nakagawa
WT1 possa ter um papel oncogênico.
Atualização em Tumor de Wilms
Recentemente, mutações no gene WTX , localizado
através de chips de DNA com aproximadamente 10 genes.
em Xq11.1, foram encontradas em associação com o
Os autores conseguiram diferenciar através da expressão
tumor de Wilms. Estas mutações não se sobrepõem com as
gênica por microarray, sarcomas de células claras do rim,
mutações do gene WT1 e CTNNB1. Um estudo recente
nefroma mesoblástico celular, tumor rabdóide do rim e
encontrou mutações nos genes WT1 e CTNNB1I em
tumor de Wilms.
aproximadamente 18,4% dos pacientes, no gene WTXI,
Natrajan et al (2006) apresentaram um catálogo de
em 20% e em 17,5% dos pacientes não foram observadas
alta resolução baseado em arrays de hibridação genômica
mutações (Rutherhouser et al.,2008).
comparativa, mostrando que mudanças específicas no
Existem
várias
síndromes
malformativas
e
de
predisposição hereditária ao câncer associadas ao tumor
número de cópias genômicas em tumor de Wilms tem
relação com histologia que favorece a recorrência.
de Wilms, além de quadros familiares. Entre as síndromes
malformativas, estão as síndromes macrossômicas como
Beckwith-Wiedemann,
Referências
Simpson-Golabi-Behmel,
hemihipertrofia e Perlman, além de cromossomopatias,
Huang CC, Cutcliffe C, Coffin C, Sorensen PH, Beckwith JB,
trissomia dos cromossomos 13 e 18 e deleções 2p terminais. Perlman EJ, Renal Tumor Committee of the Children’s Oncology
Entre as síndromes de predisposição hereditária ao câncer
estão o mosaico de aneuploidias variadas, a síndrome de LiFraumeni, anemia de Fanconi subgrupo D1, síndrome de
Bloom, nanismo de Mulibrey, hiperparatireoidismo-tumor
mandibular. Scott et al (2006) propuseram uma classificação
do risco baseada na freqüência de tumor de Wilms nas
Group.. Classification of malignant pediatric renal tumors by gene
expression. Pediatr Blood Ca 2006; 46:728-38.
Natrajan R, Little SE, Sodha N, Reis-Filho JS, Mackay A, Fenwick
K et al. Array CGH profiling of favourable histology Wilms
tumours reveals novel gains and losses associated with relapse. J
Pathol 2006; 210:49-58.
Ruteshouser EC, Robinson SM, Huff V. Wilms tumor genetics:
mutations in WT1, WTX and CTNNBI account for only about
one-third of tumors. Genes Chromosomes Cancer 2008; 47:46170.
diferentes síndromes após uma extensa revisão de literatura. Scott RH, Stiller CA, Walker L, Rahman N. Syndromes and
O mesmo grupo de autores enfatizou que o rastreamento
deve ser instituído para os pacientes com risco maior do
que 5%.
Em 2006, Huang et al.(2006) demonstraram que é
possível fazer a classificação dos tumores malignos de rim
constitutional chromosomal abnormalities associated with Wilms
tumour. J Med Genet 2006a; 43: 705-15.
Scott RH, Walker L, Olsen ØE, Levitt G, Kenney I, Maher E et
al. Surveillance for Wilms tumor in at-risk children: Pragmatic
recommendtions for best practice. Arch Dis Child 2006;
91:995-9.
Yang L, Han Y, Suarez Saiz F, Minden MD. A tumor suppressor
and oncogene: the WT1 story. Leukemia 2007; 21:868-876.
GETH Newsletter 2008 Volume 06 Número 31

Documentos relacionados

Newsletter: Vol. 06 – # 16 – Genética dos Tumores de Wilms

Newsletter: Vol. 06 – # 16 – Genética dos Tumores de Wilms É considerado um tumor maligno primitivo, apresentando múltiplas linhagens de precursores embrionários fetais. Tipicamente, exibe três linhagens histológicas, blastema, epitélio e estroma, com alte...

Leia mais