josiana de oliviera cunha
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josiana de oliviera cunha
1 FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA - FGF Curso de Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na área de Licenciatura em Matemática O Ensino da Matemática nas Séries Finais do Ensino Fundamental Josiana de Oliveira Cunha Fortaleza – Ceará 2008 2 Josiana de Oliveira Cunha O Ensino da Matemática nas Séries Finas do Ensino Fundamental Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de licenciatura em Matemática da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza-FGF, sob a orientação do professor Jorge Brandão Fortaleza – Ceará 2008 3 Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na Área de Licenciatura em Matemática, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Licenciado em Matemática, outorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF. _________________________________________ Josiana de Oliveira Cunha ______________________________________________ Professor Mestre Jorge Carvalho Brandão ______________________________________________ Profº. Ms. José Anízio Rocha de Araújo Coordenador de Matemática do NEAD/FGF Nota _____ 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus familiares e amigos. A todos os professores do curso. A todas as pessoas que contribuiram para a sua concretização. 5 AGRADECIMENTOS A Deus que planejou em detalhes toda a minha vida: vasculhou a terra em busca das pessoas mais extraordinárias e as fez: meu pai e minha mãe, pessoas com quem aprendi a perseguir meus objetivos e conquistar meus sonhos. 6 EPÍGRAFE É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal modo que num dado momento sua fala seja sua própria prática. Paulo Freire 7 O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL RESUMO A presente pesquisa propõe identificar as dificuldades encontradas por alunos e professores no ensino/aprendizagem da matemática, especificamente nas séries finais do Ensino Fundamental. Utiliza-se do método de estudo de caso, tendo como cenário de investigação a Escola Municipal Professor Gumercindo Costa, situada no Município de Rio Pardo de Minas, no Estado de Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, conjugadas a observações de aulas dos professores sujeitos da pesquisa e que atuam nesse nível de ensino com a disciplina Matemática. Considerou–se na realização da pesquisa os seguintes aspectos: dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos, a metodologia e os procedimentos utilizados, relevância e aplicabilidade dos conceitos matemáticos na vida cotidiana, a relação professor/aluno no contexto do ensino/aprendizagem da Matemática. Constatou-se que a matemática trabalhada em sala de aula segue padrões que distancia do ideal preconizado pela educação. Dessa forma emerge assim urgência em mudar a visão em relação ao ensino e a aprendizagem da Matemática. Palavras-chave: metodologias, ensino/aprendizagem. recursos, procedimentos dificuldades de 8 O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ABSTRAT This study proposes to identify the difficulties encountered by students and teachers in the teaching / learning of mathematics, specifically in the series final of the elementary school. It is the case study method, with the scenario of research at the Municipal School Professor Gumercindo Coast, located in the city of Rio Pardo de Minas, in the State of Minas Gerais. Data were collected through interviews, combined with observations of lessons from teachers subject of search and acting on that level of education with discipline Mathematics. It was considered in making the search the following: learning disabilities made by students, the methodology and procedures used, relevance and applicability of mathematical concepts in daily life, the teacher / pupil in the context of teaching / learning of mathematics. It appeared that the math worked in the classroom follows patterns that differs from ideal advocated by education. Thus emerges so urgent to change the view in relation to teaching and learning of mathematics. Keywords: methodologies, resources, procedures difficulties of teaching / learning. 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 10 2. A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA ................................................................................ 14 2.1. Considerações Historiográficas ............................................................................... 14 2.1.1. Primeira República e a Entrada da Modernidade ................................................. 16 2.1.2. O Fim da República Velha..................................................................................... 19 3. DEMANDAS SOCIAIS E O ENSINO DA MATEMÁTICA............................................ 20 3.1. O Ensino Tradicional de Matemática ....................................................................... 20 3.2. Mudança do Ensino da Matemática nos anos 60 e 70 – O Movimento da Matemática Moderna ...................................................................................................... 4. A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA.................................................................................... 21 23 4.1. Os Parâmetros Curriculares Nacionais – Matemática ............................................ 23 4.2. Tendências atuais do Ensino da Matemática ......................................................... 24 4.2.1. Construtivismo ...................................................................................................... 25 4.2.2. Etnomatemática .................................................................................................... 25 4.2.3. Modelagem............................................................................................................ 26 4.2.4. Resolução de Problemas....................................................................................... 26 4.2.5. As Novas Tecnologias no Ensino da Matemática ................................................ 26 5. A MATEMÁTICA E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA.............................................. 27 5.1. A Matemática na Atualidade..................................................................................... 28 6. O PAPEL DA MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL...................................... 29 6.1. A Relação Professor/Aluno....................................................................................... 29 6.2. Avaliação em Matemática......................................................................................... 30 7. METODOLOGIA.......................................................................................................... 32 7.1. Contexto de Investigação......................................................................................... 34 8. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA............................................................................ 35 8.1. A Entrevista.............................................................................................................. 35 8.1.2. A Observação........................................................................................................ 36 8.2. Técnica de Análise e Interpretação dos Dados........................................................ 36 9. ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................................... 37 10. CONCLUSÃO............................................................................................................ 41 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 43 ANEXO I Roteiro de Entrevista ....................................................................................... 46 ANEXO II Roteiro de Observação .................................................................................. 47 10 1. INTRODUÇÃO Na atualidade estamos vivenciando uma sociedade em constante transformação em virtude dos avanços tecnológicos e científicos exigindo das pessoas cada vez mais conhecimentos. A presente monografia tem como objetivo demonstrar através da pesquisa realizada sobre o ensino e a aprendizagem da disciplina Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental, os aspectos metodológicos, os procedimentos de ensino, os recursos, as concepções dos professores, sujeitos da pesquisa a respeito da temática. Sabemos que a matemática está presente em todos os momentos de nossa vida, daí a necessidade de um ensino/aprendizagem eficaz e eficiente capaz de contribuir para a formação e a transformação das pessoas de modo que os tornem cidadãos críticos, reflexivos, lógicos e conscientes. No momento da escolha do tema de pesquisa foram muitas as dúvidas e incertezas, pois o ensino e a aprendizagem da Matemática sempre foram considerados por professores e alunos como um “problema”. Ensinar Matemática é um desafio para os educadores, ora pela dificuldade da escolha metodológica, ora pelo “desinteresse” dos alunos, em virtude de um ensino que não atenda suas reais necessidades e aplicabilidade na vida social. O estudo a ser realizado tem como tema: O ensino da Matemática nas séries finais do Ensino Fundamental, tendo como foco de pesquisa as escolhas metodológicas, e os procedimentos de ensino utilizados pelos professores em sala de aula; bem como a relação entre professor e aluno. Sabe-se que tais habilidades exigidas do professor, constituem-se numa tarefa que envolve muita responsabilidade, compromisso, capacitação continuada, considerando que o professor, ao optar por uma proposta pedagógica, deve conhecê-la, analisar suas vantagens e desvantagens, assim como observar sua adequação ao ensino dos conteúdos a serem trabalhados, à realidade do aluno e a função dessa aprendizagem para sua vida em sociedade. O fracasso no ensino dessa disciplina é resultado, muitas vezes, da utilização de práticas que não atendem aos interesses dos alunos em função, dentre outras coisas, do abismo existente entre o modo como professores e alunos percebem e se relacionam com o ensino da Matemática. O professor imagina que 11 seus alunos terão o mesmo prazer que ele tem ao lidar com a Matemática. Conforme Vianna: ”O professor tem imenso prazer com a matemática, delicia-se imaginando seus alunos a brincar com a matemática que ele adora.” (VIANNA, 2001, p.155). Entretanto, postos lado a lado com a matemática, qual é a atitude dos alunos? Através da prática como profissional da área, o que se percebe é que os alunos desenvolvem uma a visão errônea da Matemática, vendo-a como um “bicho-papão”, posto que lhe seja fundamentada na memorização, na repetição de resultados e fórmulas sem relação alguma com a realidade. Percebida desse modo, a Matemática gera o medo e o desamparo. A conseqüência disso é o alto índice de repetência e de evasão escolar, que se agrava com o ingresso, principalmente no ensino médio. Diante disso seria indispensável, ao professor de Matemática, adotar metodologias que permitam acabar com esses entraves e promover uma aprendizagem mais significativa e contextualizada para o aluno de modo que ele possa utilizar esses conhecimentos matemáticos em sua vida cotidiana. Com a realização desta pesquisa pretende-se verificar como vem sendo desenvolvido o ensino da Matemática pelos professores a serem pesquisados, qual a metodologia predominante, quais os recursos utilizados nas aulas e qual a postura dos alunos e dos professores durante as aulas. Após a coleta de dados, esses, foram analisados categorizados e em seguida transcritos de maneira crítica e descritiva. A realização da pesquisa será embasada em autores diversos que tratam sobre o ensino da Matemática, dentre eles Santos, Rangel, Vieira, Vianna, Coll, Moura e Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática. Os dados serão coletados através de entrevistas conjugadas a observações e em seguida serão transcritos de maneira fidedigna, critica e reflexiva. Espera-se, que os resultados desta pesquisa sirvam de referência para estudos posteriores na área da Matemática abrindo novas possibilidades e proporcionando descobertas além de levar o leitor a refletir sobre sua prática docente, buscando o seu aperfeiçoamento como profissional da educação, sempre disposto a aprender a aprender. Atualmente o ensino da Matemática nas escolas brasileiras passa por uma série de transformações. Novos paradigmas e formas de se trabalhar conceitos matemáticos estão cada vez mais em evidência, tentando assim, 12 amenizar ou desvincular a Matemática como sendo o grande problema da educação brasileira. Este projeto de pesquisa nasceu a partir de um problema da prática, pois a pesquisadora trabalha com a disciplina, autorizada a titulo precário. Observando que a maioria dos alunos não nutria “sentimento amigo” com a Matemática, causando descontentamento, desinteresse, indisciplina e o medo por parte dos alunos de maneira bastante visível. Portanto, a Matemática não deve ser vista apenas como pré-requisito para estudos posteriores. É preciso também que o ensino da disciplina esteja voltado à formação do cidadão, que utiliza cada vez mais conceitos matemáticos em sua rotina: acompanhar uma pesquisa eleitoral, calcular o salário, utilizar um computador ou até mesmo para realizar pequenas compras no seu dia-a-dia. Cada vez mais as pessoas aplicam conceitos, números, fazem operações, calculam medidas e utilizam raciocínios lógicos para a maioria das ações do seu cotidiano, sem se dar conta de que está utilizando a Matemática. Daí a importância e a necessidade de um ensino/aprendizagem baseado na compreensão e na significância. E ainda para conhecer um pouco mais sobre essa disciplina, suas especificidades e particularidades. A escolha do tema surgiu a partir dos seguintes questionamentos: os professores que atuam nas séries finais do Ensino Fundamental estão utilizando metodologias, procedimentos e recursos eficazes e eficientes em suas aulas? Os alunos estão realmente aprendendo com compreensão os conteúdos estudados? São questões importantes, instigantes e desafiadoras que requer uma pesquisa nos moldes da ciência. A presente pesquisa foi realizada tendo como base as obras citadas nas referências bibliográficas dos autores Santos, Rangel, Vieira, Vianna, Coll, Moura, dentre outros e os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e através dos dados coletados através das entrevistas realizadas com professores que atuam nas séries finais do Ensino Fundamental com a disciplina Matemática e da observação de suas aulas. Vários são os autores que se dedicam ao estudo mais aprofundado da Matemática. Rangel (1992), em seu livro “Educação Matemática e a construção do número pela criança”; apoiado por um grande conhecimento da teoria piagetiana traçou relações da vida escolar do aluno ligada ao meio social. Dienes (1982) 13 verificou que a Matemática apesar de ser uma das Ciências Exatas, o significado depende de uma série de fatores sociais. Outras obras que detinham o mesmo ponto de vista de Rangel, foram analisadas cuidadosamente, são elas: Bicudo (1986); Duarte e Castilho (1985); Neto (1998); Giardinetto (1999); além do já citado Dienes (1985). Os estudos dos autores levam a um único ponto: Relacionar a Matemática da sala de aula com a Matemática cotidiana, fazendo com que os alunos a compreenda de forma menos problemática. Outros autores discutem, que para se aprender Matemática ela deve estar relacionada à vida cotidiana, como D’Ambrósio (1996), Pessoa, Geverttz e Silva (1979) e Amaral (1988). Identificou-se muito com a investigação, a obra de Carraher “Na vida Dez, na Escola Zero”; que dá importância à matemática não só na visão de uma Ciência, mas, como atividade humana também, presente praticamente em toda nossa vida social. A definição de Carraher (1991) em relação à aprendizagem da Matemática em estar relacionada com a vida cotidiana é bem prática. Sua linha de pensamento engloba desde estudos da Filosofia, Sociologia, Psicologia e finalmente a Matemática. Diz Carraher que: “[...] quando uma criança resolve um problema com números na rua, usando seus próprios métodos, mas que são compartilhados por outras crianças e adultos, está diante de um fenômeno matemático, devido ao conteúdo do problema. Isso envolve a Psicologia, porque a criança certamente raciocinou”. (CARRAHER, 1991, p.11). Desse modo, pôde-se separar a Matemática da Psicologia enquanto ciência, mas não se pode separá-la enquanto fenômeno acontecendo na prática, ou seja, quando alguém resolve um problema de Matemática está diante de uma pessoa que pensa, e este pensamento vai bem além da Matemática da sala de aula, onde são apresentados problemas, que nem sempre foram relacionados pelo aluno com a sua vida cotidiana. 14 2. A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA A História da Matemática constitui-se como um dos capítulos mais interessantes do conhecimento, pois permite compreender a origem das idéias que deram forma à nossa cultura e observar também os aspectos humanos do seu desenvolvimento: enxergar os homens que criaram essas idéias e estudar as circunstâncias em que elas se desenvolveram. Assim, essa história é um valioso instrumento para o ensino/aprendizado da própria Matemática. Podemos entender porque cada conceito foi introduzido nesta ciência e porque, no fundo, ele sempre era algo natural no seu momento. Permite também estabelecer conexões com a História, a Filosofia, a Geografia e várias outras manifestações da cultura. Conhecendo a história da Matemática percebemos que as teorias que hoje aparecem acabadas e elegantes resultaram sempre de desafios que os matemáticos enfrentaram, que foram desenvolvidos com grande esforço e, quase sempre, numa ordem bem diferente daquela em que são apresentadas após todo o processo de descoberta. Essa história reflete, como em todos os países que a partir dos grandes descobrimentos passaram a ser receptores do conhecimento produzido nos países centrais, a complexidade da era colonial. 2.1. CONSIDERAÇÕES HISTORIOGRÁFICAS A História da Matemática, subentendido a matemática ocidental, segue a periodização mais comum: Antigüidade, Idade Média, Renascimento e Idade Moderna e Contemporânea. Após o Renascimento se inicia a criação de escolas e se identificam as grandes direções teóricas que tomou a Matemática Moderna. A História da Matemática estuda o seu progresso, a criação das escolas e os fatores que determinaram as direções nas quais se deu o progresso. Os países periféricos não participaram do progresso da Matemática antes do final do século XIX. Até então se deu apenas à recepção do conhecimento 15 matemático e não sua elaboração. Portanto a periodização usual faz pouco sentido para estudarmos a história da Matemática nos países periféricos. A recuperação do fazer e do saber matemático da periferia conduz, inevitavelmente, a conflitos epistemológicos. A periodização está intimamente ligada aos momentos políticos identificados com a conquista, o Período Colonial, a Independência e o período em que as novas nações procuram consolidar seu território e entrar no cenário internacional. Isto se dá na transição do século XIX para o século XX. Propõem-se para a história da matemática no Brasil, a seguinte cronologia, que, com ligeiras modificações, pode ser aplicada à história das ciências em toda América: Pré-Colombo/Cabral: os primeiros povoamentos, a partir da préhistória; Conquista e colônia (1500-1822); Império (1822-1889); Primeira República (1889-1916) e a entrada na modernidade (1916-1933); Tempos Modernos (19331957); Desenvolvimentos Contemporâneos (a partir de 1957). Logo após sua chegada ao Brasil, a corte tratou de criar uma Academia Real Militar, que passou a funcionar em 1811. Ali se criou um Curso de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais, com duração de quatro anos. Os livros adotados eram de Euler, Bézout, Monge, Lacroix e outros destacados textos franceses. Dentre seus professores estava José Saturnino da Costa Pereira, mencionado acima. A Academia Militar foi transformada em Escola Militar da Corte em 1839 e em 1842 foi instituído o grau de Doutor em Ciências Matemáticas. O primeiro doutorado foi concedido a um jovem maranhense, Joaquim Gomes de Souza (1829-1863), o "Souzinha", sobre quem prevalecem lendas e mitos e de quem se conhecem alguns fatos. Um estudo detalhado desse importante intelectual do Império ainda não foi feito. Sua dissertação, apresentada como tese de doutoramento na Escola Militar em 1848, trata de estabilidade de sistemas de equações diferenciais. A partir dessa tese ele avançou consideravelmente em suas pesquisas e em viagem à Europa, em 1855 e 1856, apresentou comunicações em Londres e em Paris, obteve um grau de Medicina na Sorbonne e publicou, pela prestigiosa editora F. A. Brockhaus, de Leipzig, uma antologia poética. Voltou ao Brasil e assumiu cargos políticos, sendo inclusive nomeado Deputado representando o Maranhão no Congresso do Império. Suas intervenções, defendendo a autonomia dos três poderes, imediatamente criaram uma situação de confronto com os políticos mais 16 tradicionais. Em 1863, o Souzinha retornou à Europa, onde morreu em Londres nesse mesmo ano. Sua obra matemática, talvez menos importante que sua presença política no Segundo Império, ficou disponível na forma de memórias póstumas, publicadas em 1882 com o financiamento do governo brasileiro. Outra importante obra, uma teoria geral do conhecimento em vários volumes, inacabada quando de sua morte, jamais foi encontrada. Após Joaquim Gomes de Souza, várias outras teses foram apresentadas à Escola Militar, depois Escola Central e finalmente Escola de Engenharia do Rio de Janeiro. A tradição balonística, que se inaugurou com o Padre Bartolomeu de Gusmão, vai se manifestar no final do século com as importantes experiências e inventos de Julio Cezar Ribeiro de Souza (1881) e de Alberto Santos Dumont (18731932). Não se pode deixar de mencionar o grande avanço científico e tecnológico que representou a construção do primeiro aparelho voador, por Alberto Santos Dumont. Como no caso de Joaquim Gomes de Souza, esse fato foi a realização, isolada, de um indivíduo genial. 2.1.1 PRIMEIRA REPÚBLICA E A ENTRADA NA MODERNIDADE Com a Proclamação da República, em 1889, inicia-se uma fase que, do ponto de vista matemático e científico em geral, pouca inovação trouxe ao país. O Império havia visto o florescimento do positivismo de Auguste Comte e a República efetivamente foi proclamada sob o paradigma comtiano. O Apostolado Positivista no Brasil era uma força dominante. Matematicamente, isto significou a consolidação das propostas positivistas já em vigor nas Escolas de Engenharia. Destacam-se alguns estudos matemáticos e a produção de textos. São importantes as inúmeras traduções, como a Geometria de Legendre, a Álgebra de Clairaut, e alguns escritos de brasileiros, como a Álgebra de Almeida Lisboa e os cursos de Cálculo e Geometria Analítica de Trompowski. São obras que ainda não foram devidamente analisadas. Na transição do século XIX para o XX notam-se algumas tentativas de quebrar a rigidez do positivismo, algumas traumáticas, sobretudo na área da saúde 17 pública. A mais conhecida é a campanha de vacinação contra a febre amarela, liderada, sob muitas controvérsias, pelo médico e sanitarista Oswaldo Cruz (18721917). O instituto por ele fundado em 1899, hoje Instituto Osvaldo Cruz, é uma das mais importantes instituições de pesquisa no Brasil em saúde pública. No início do século XX a Escola de Engenharia começou a receber impulsos de modernização. Jovens graduados, e merecem destaque Otto de Alencar Silva (1874-1912) e Manuel de Amoroso Costa (1885-1928) representam pontas de lança nessa escapada ao positivismo. Otto de Alencar preocupou-se com questões de Análise Matemática. Particularmente importante foi sua crítica à matemática de Auguste Comte, que ainda dominava o início do século XX no Brasil. Seu discípulo Manuel de Amoroso Costa fez alguns trabalhos sobre astronomia, fundamentos e convergência de séries. Em 1916 Amoroso Costa fundou, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira de Ciências, que em 1921 se transforma na Academia Brasileira de Ciências. Em 1922, Émile Borel visitou o Brasil como membro da delegação francesa que participou das comemorações do centenário da independência. Nessa oportunidade, pronunciou uma conferência na Academia Brasileira de Ciências. Seu principal interlocutor foi Amoroso Costa, que inclusive publicou uma nota científica sobre o trabalho de Borel. Dentre os representantes do novo pensar científico na Escola de Engenharia do Rio de Janeiro está Theodoro Augusto Ramos (1895-1935), que em 1918 se doutorou com uma tese "Sobre as Funções de Variáveis reais", trabalho moderno que se apoiava nas tendências então correntes na matemática européia. Dentre os colegas de Theodoro Ramos merece destaque Lélio Itapuambyra Gama (1892-1981), que teve importante papel nas várias fases da renovação da matemática brasileira. Foi professor da efêmera Universidade do Distrito Federal, fundada em 1935 e fechada em 1938. Em 1937 associou-se ao Observatório Nacional, onde permaneceu até o fim de sua vida. Em 1952 fundou e Dirigiu o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, posição que ocupou até 1965. Gama se destacou como professor e pesquisador. Foi responsável pela introdução de cursos rigorosos de Análise Matemática, partindo da definição de números reais por cortes de Dedekind e de uma definição rigorosa de limites e 18 continuidade. Dentre seus trabalhos de pesquisa destaca-se a noção de espaços de estrutura esferoidal, que muito se aproxima dos espaços uniformes. Mesmo em outros estados brasileiros surgem alguns matemáticos que viriam a ter uma atuação importante nas décadas de 20 e 30. A influência do Positivismo na Matemática, ainda se fazia notar no início do século XX, sobretudo na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, mas também nas outras escolas superiores do país, dentre as quais as tradicionais Faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda, ambas fundadas em 1827, na Escola de Minas de Ouro Preto, fundada em 1875, e na Escola Politécnica de São Paulo, fundada em 1893. A chegada de uma significativa quantidade de imigrantes europeus ao Brasil no final do século XIX e início do século XX teve pouca influência nos estudos matemáticos, embora tenha tido grande influência nas faculdades de Medicina, de Direito e de Engenharia. Novas idéias preparam o terreno de contestação das idéias positivistas. A tese de Theodoro Ramos representou um passo em direção à mudança desse estado de coisas. Em 1919 ele se transferiu para São Paulo e assumiu uma cátedra na Escola Politécnica, fato que teria fundamental importância no desenvolvimento da matemática em São Paulo. Introduziu temas novos nos currículos. Particularmente importante foi o Cálculo Vetorial. Deve-se destacar que na década de 20 começam a surgir, em outros estados brasileiros, vários livros de Cálculo Vetorial, representando uma grande inovação com relação aos cursos tradicionais de inspiração positivista. Deve-se destacar um fato de muita importância, que foi a visita de Albert Einstein à Argentina em 1925. Na passagem pelo Rio de Janeiro ele aceitou um convite da Academia Brasileira de Ciências e pronunciou uma conferência na mesma. A atitude dos cientistas positivistas, inclusive tentando ridicularizar Einstein pela imprensa, provocou uma reação da corrente modernizadora e isso foi decisivo como um verdadeiro golpe mortal na corrente positivista. Iniciava-se assim uma nova era na ciência brasileira. Mesmo após escapar da influência positivista, a Matemática no Brasil se ensinava seguindo os velhos textos de Cambérousse, Wentworth. As inovações no ensino da disciplina fundamental, que era o Cálculo Diferencial e Integral, eram modestas. 19 Em 1919, Theodoro Ramos foi admitido como professor substituto da Escola Politécnica de São Paulo com uma tese sobre Questões sobre as curvas reversas e em 1926 assumiu a cátedra de Mecânica Racional na mesma instituição. Passou então a oferecer cursos modernos na Escola Politécnica. 2.1.2. O FIM DA REPÚBLICA VELHA A República que se instalou em 1889, manteve muita das características do Império, inclusive aproveitando seus quadros dirigentes. A grande transformação política do Brasil deu-se com a revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas, que possibilitou a entrada do Brasil na modernidade política e cultural. A modernização da Matemática brasileira viria como conseqüência dessas transformações políticas. Houve várias resistências a essa nova era. A demora em se promulgar uma nova constituição deu argumentos para que as classes conservadoras de São Paulo deflagrassem em 1932 a chamada "Revolução Constitucionalista". O conflito, que durou 4 meses, teve enormes conseqüências no panorama político e social do Brasil. Embora derrotadas, a intelectualidade e a as forças econômicas que dominavam a política paulista lograram autorização para criar uma universidade estadual com autonomia do governo federal. Tiveram papel fundamental nessa conquista o jornalista Júlio de Mesquita Filho, então exilado na Europa, o político Armando de Sales Oliveira, então Interventor Federal no Estado de São Paulo, e Theodoro Augusto Ramos, professor da Escola Politécnica. Em 1933 foi criada, por Decreto Estadual, a Universidade de São Paulo, reunindo algumas escolas superiores já em atividade, especificamente a Faculdade de Direito, a Escola Politécnica e a Faculdade de Medicina, e criando uma nova escola, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, e que seria a “célula” da Universidade de São Paulo. A Universidade de São Paulo foi organizada, administrativamente, nos moldes da ainda moderna Universidade de Berlim. Concordou-se que a nova Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras teria responsabilidade de desenvolver pesquisa pura e ao mesmo tempo formar quadros para o ensino secundário. Concordou-se que as cátedras da nova Faculdade não seriam distribuídas entre 20 docentes de cátedras afins das escolas existentes, mas seriam providas por professores especialmente contratados para essas cátedras, preferivelmente recrutados em universidades européias. A esses professores seria solicitada colaboração junto às disciplinas básicas das três escolas tradicionais. Propunha-se uma efetiva modernização do panorama intelectual e profissional do Estado de São Paulo. E assim efetivamente se deu. 3. DEMANDAS SOCIAIS E O ENSINO DA MATEMÁTICA Deve-se repetir que o momento político após a revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas criou dois pólos de poder: o econômico em São Paulo e o político no Rio de Janeiro. As duas cidades passaram a ser foco de desenvolvimento com características próprias. Alijado do poder político após a fracassada revolução de 1932, São Paulo concentrou sua energia no crescimento econômico. Isso se reflete particularmente no desenvolvimento da pesquisa científica. Justifica-se uma análise do se passou em São Paulo e no Rio de Janeiro, especificamente no desenvolvimento da Matemática. Embora distantes cerca de 400 km, a comunicação entre os dois centros na década de 30 era difícil. O que predominou no século XX foi o ensino tradicional da Matemática. Além dessa, duas concepções do ensino de Matemática ocorreram no século passado, alterando o currículo escolar. Uma, por volta dos anos 70, foi o Movimento da Matemática Moderna. Ele veio e (quase) já se foi. A outra, no final do século, refere-se ao novo ensino que se quer implantar. Um aspecto característico dessa proposta é que ela passa a ver o ensino de Matemática como Educação Matemática. 3.1 O ENSINO TRADICIONAL DE MATEMÁTICA Esse tipo de ensino, embora ainda tenha reflexos na atualidade, foi típico do período que vai até o inicio dos anos 60. A Matemática era concebida de forma estática, pronta. Procurava-se partir de definições, desenvolverem um pouco a teoria e, depois, apresentar os exercícios de “fixação”. O que predominava eram as 21 inúmeras regras práticas de aritmética e de álgebra. Durante esse período, a escolaridade obrigatória em nosso país era de apenas quatro anos (curso primário). Nesses quatro anos, comprimiam-se conteúdos de várias áreas consideradas como conhecimento básico que um adulto deveria ter em cada uma delas. No ensino de Matemática, esse conhecimento consistia em muitos cálculos, com números e medidas. Como não haviam calculadoras, o aluno deveria tornar-se hábil nas operações com os números naturais, com as frações e com os números decimais, o que era um conhecimento básico para a vida e o trabalho. Assim a demanda social para o ensino tradicional de Matemática era a de promover o exercício da mente e formar o “homem calculadora”. O resultado era que os alunos enfrentavam as áreas seguintes entendendo pouco de tanto Matemática memorizada e com enormes dificuldades nas operações. Durante o século passado, predominou esse tipo de ensino. Camuflado durante os anos 70, tornou a aparecer, mas tende hoje a ser substituído. Entretanto, apesar do predomínio do ensino tradicional até os anos 60, outras concepções começavam a ser discutida para o ensino. Movimentos renovadores da Europa e dos Estados Unidos foram defendidos no Brasil por Euclides Roxo, do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. De modo geral, procurava-se dar maior importância: ao papel do aluno na aprendizagem; a uma compreensão mais significativa da Matemática (além da simples habilidade em cálculos); ao ensino articulado da Aritmética, da Álgebra e da Geometria; à necessidade de maior competência Matemática, ante o desenvolvimento da indústria e do comércio. Como ocorre em todas as mudanças, também essa sofreu grandes reações, inclusive pelo despreparo dos professores em seguir as novas orientações. De modo geral, os procedimentos intuitivo e indutivo não foram incorporados, permanecendo o antigo ensino de regras sem compreensão. Algo que ficou desse movimento pioneiro, em nosso sistema de ensino, é a coexistência da Aritmética, da Álgebra, e da Geometria, em todas as séries. Antes disso, cada uma dessas partes era estudada em livros e séries separadas. Entretanto, as mudanças não chegaram a influenciar as práticas escolares. Foi só quando um fato político da maior relevância abalou as bases do Ensino Ocidental de Ciências e Matemática que os governos (a começar pelos 22 Estados Unidos) resolveram preocupar-se realmente com mudanças curriculares e a investir grandes somas na educação, com essa finalidade. 3.2. A MUDANÇA DO ENSINO DE MATEMÁTICA NOS ANOS 60 E 70 – O MOVIMENTO DA MATEMÁTICA MODERNA Para propor um novo ensino de Matemática, juntaram-se grupos formados por autoridades educacionais, especialistas em ensino de Matemática e matemáticos, com interesses e concepções diferentes: ● Os governos queriam um ensino que formasse cientistas, para fazer frente ao desenvolvimento da ciência socialista. ● Os educadores matemáticos queriam um ensino que desse maior importância ao aluno, que considerasse seu potencial cognitivo e sua capacidade de compreensão, desenvolvendo uma Matemática que atendesse às exigências sociais. ● Os matemáticos queriam um ensino que veiculasse uma Matemática mais atualizada, estruturada e unificada; o uso de uma linguagem mais precisa, a antecipação de tópicos que usualmente seriam estudados mais tarde. Na realidade, as mudanças do Movimento da Matemática Moderna misturaram essas tendências. Contudo, o aluno e seu potencial cognitivo não foram devidamente considerados; a ênfase maior foi dada à Matemática e às suas estruturas. Na verdade, essa proposta de ensino defendia que o aluno, desde o inicio, tomasse contato com a Matemática forma, visando à formação de um especialista nessa ciência. Os livros didáticos contemplavam os objetivos da Matemática Moderna. Contudo, a maioria deles continuava com sua estrutura antiga, embora praticamente todos tenham passado a incluir, como novidade obrigatória um capítulo inicial sobre conjuntos, houve o aumento da terminologia e dos símbolos e a introdução dos famosos quadrinhos nas sentenças matemáticas. Nessa época as demandas sociais no ensino de Matemática Moderna era formar especialistas em Matemática. No Brasil, não houve propriamente uma avaliação do Movimento da Matemática Moderna. Contudo a presença dos tópicos que o caracterizavam foi-se 23 retraindo nos livros didáticos, enquanto o ensino tradicional, que, na verdade, nunca perdera seu lugar, voltava a preencher quase a totalidade desses livros. Em documentos nacionais, a omissão da teoria dos conjuntos e outros tópicos, ocorreram pela primeira vez nos Parâmetros Curriculares Nacionais, e isso marca verdadeiramente o fim da opção por esse tipo de ensino. Tantas dificuldades surgidas e tantas evidências do insucesso do Movimento da Matemática Moderna abriram espaço para discussões, levando a uma busca intensa de rumos mais adequados ao ensino de Matemática. Eles surgem finalmente, nas últimas décadas do século XX. 4. A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Mudanças significativas têm ocorrido na sociedade, desde o final do século passado essas mudanças estão associadas ao avanço da informática. Isso gerou diferentes necessidades do uso da Matemática. No inicio a informática precisava mais de digitadores hábeis, programadores, entretanto atualmente, tornase necessário, que todos saibam usar os computadores, que estão presentes nos mais diversos setores produtivos. Não basta que os trabalhadores façam tarefas mecânicas. Eles precisam ser mais inteligentes, ter iniciativa ante os problemas, ser capazes de inter-relacionar fatos e de estar sempre aprendendo coisas novas. Para tudo isso, é fundamental um conhecimento de Matemática com mais compreensão e capacidade de inter-relações. O mercado de trabalho tornou-se mais complexo, exigindo um pensamento criativo, capaz de julgar, interpretar atribuir significado, relacionar informações e tomar decisões. A sociedade deu-se conta também de que adultos com grande quantidade de conhecimento acumulado nem sempre eram cidadãos participativos e críticos. A formação do cidadão e o desenvolvimento do pensamento autônomo e criativo para o mercado de trabalho constituem demandas sociais atuais. Em atendimento a elas, é natural que se definam novos objetivos, relativos ao ensino da Matemática. 24 4.1. OS PARÂMETROS CURRICULARES - MATEMÁTICA Na década de 90, o Ministério da Educação decidiu-se pela elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a equipe da área de Matemática dispunha de farto material para análise e seleção, sobre novas idéias e tendências em Educação Matemática. São referências de qualidade para o ensino. Pois possui um potencial matemático muito grande, trazem propostas, objetivos que evidenciam instrumentos para levar o aluno a compreender o mundo à sua volta, perceber a Matemática como área do conhecimento que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas. De acordo os Parâmetros Curriculares Nacionais (p. 22), o ensino da Matemática deve partir dos seguintes princípios, que constituem algumas das características do novo ensino, surgido no final do século XX: ● Direcionamento do ensino para a aquisição de competências básicas para a cidadania e não apenas para a preparação de estudos posteriores. ● Ênfase no papel ativo do aluno na construção de seu conhecimento. ● Ênfase na resolução de problemas, na exploração de problemas vividos no cotidiano e encontrados nas várias disciplinas. ● Trabalho com amplo espectro de conteúdos, incluindo estatística, combinatória, probabilidade, etc. ● Compreensão da importância do uso da tecnologia. Apesar do esforço pela implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, são poucos os livros que adotam realmente, as novas abordagens para o ensino da Matemática. Alguns livros, que podem ser classificados como de transição, apresentam-se diferentes dos tradicionais, porém divididos: na introdução do assunto, envolvem a participação do aluno, mostram situações do cotidiano que permitem explorar fatos matemáticos, procuram desenvolver a compreensão dos fatos introduzidos. Uma vez feito isso, mudam totalmente passam a ser como os livros tradicionais, com definições sem compreensão e lista de exercícios quase sem significado ou contextualização. É o ensino tradicional ainda se fazendo presente. 25 4.2. TENDÊNCIAS ATUAIS DO ENSINO DE MATEMÁTICA O termo ensino é mais restrito do que o termo educação, referindo-se aos conteúdos, metodologias e avaliação. Pode-se ensinar muitas coisas sem que esteja, propriamente, educando. É o que ocorre quando se ensina ao aluno fatos que ele não compreende, nem sabe para que servem. Às vezes, ainda, o termo ensino pode estar associado a um processo escolar inadequado – é quando esse termo parece indicar um processo de mão única, que parte do professor em direção aos alunos, que podem até ser passivos ou indiferentes ao processo. Os educadores matemáticos, pedagogos, psicólogos e outros envolvidos com a aprendizagem da Matemática como parte integrante da educação do indivíduo preferem falar em Educação Matemática, em vez de ensino de Matemática. Para eles essa aprendizagem deve ajudar cada aluno a conhecer a Matemática, desenvolver seu potencial intelectual e criativo, saber viver em sociedade, conviver com os demais, saber participar e tomar decisões. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, aparece frequentemente a expressão ensino de Matemática, contudo os objetivos assumidos para esse ensino, o modo como os conteúdos são propostos – na forma conceitual, procedimental, e atitudinal – e as orientações didáticas apresentadas caracterizam o documento como uma proposta que visa à Educação Matemática dos alunos. São várias as linhas de pesquisa nessa área, que caminham juntamente com novas práticas escolares: 4.2.1. CONSTRUTIVISMO Quando se fala em construtivismo na aprendizagem da Matemática, lembra-se imediatamente de Constance Kamii. Ela foi aluna e colaboradora de Jean Piaget. Kamii propõe uma reinvenção da aritmética por parte das crianças, afirmando que isso as torna mais competentes do que os alunos com instrução tradicional. Ela afirma que: 26 [...] os procedimentos que as crianças inventam estão enraizados de forma profunda em sua intuição e na sua maneira natural de pensar. Se encorajarmos as crianças a desenvolverem seus próprios meios de raciocínio em vez de obrigá-las a memorizar regras que não faz sentido, elas terão melhores fundamentos cognitivos e maior confiança. Crianças confiantes, em longo prazo, aprenderão mais que aquelas que não confiam em seu próprio raciocínio”. (KAMII, 1993 apud BERTONI, 2002, p. 71). 4.2.2. ETNOMATEMÁTICA Dentre as tendências que ganharam expressão na atualidade, destacase a Etnomatemática, pelas suas propostas alternativas para a ação pedagógica, tendo como seu maior representante o matemático Ubiratan D’Ambrósio. Do ponto de vista educacional, tal tendência: “procura entender os processos de pensamento, os modos de explicar, de entender e de atuar na realidade, dentro do contexto cultural do próprio indivíduo”. (D’Ambrósio, 1996 p. 31). 4.2.3. MODELAGEM A modelagem matemática é um processo útil em muitas áreas: indústria, saúde, preservação do meio ambiente, etc. É utilizada em caso que necessita ser equacionado, requer tabelas, estudos, hipóteses, consideração de variáveis, locais, etc. Deverá ser construído um modelo matemático da situação, isto é, será feita uma modelagem matemática da situação. 4.2.4. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Essa linha de pesquisa e proposta pedagógica denominada Resolução de Problemas, requer estudos que vão além de problemas rotineiros propostos em sala de aula. Na verdade, o grande objetivo da escola é preparar o aluno para resolver situações-problema que ele encontra em seu cotidiano. Assim as situaçõesproblemas propostas para o ensino da Matemática devem ser encaradas como meios de permitir a resolução de situações do contexto real. 27 4.2.5. AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA Estudiosos do tema mostram que escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Nesse cenário, insere-se mais um desafio para a escola, ou seja, o de como incorporar ao seu trabalho, apoiado na oralidade e na escrita, novas formas de comunicar e conhecer. Em um estudo publicado pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática (revista, nº. 1: 1993), fala sobre a importância da utilização das novas tecnologias na Matemática. A revista afirma que, por outro lado, também é fato que o acesso a calculadoras, computadores e outros elementos tecnológicos já é uma realidade para uma parte significativa da população. Estudos e experiências evidenciam que a calculadora é um instrumento que pode contribuir para a melhoria do ensino da Matemática. Ela pode ser usada como um instrumento motivador na realização de tarefas exploratórias e de investigação. Além disso, ela abre novas possibilidades educativas, como a de levar o aluno a perceber a importância do uso dos meios tecnológicos disponíveis na sociedade contemporânea. A calculadora é também um recurso para verificação de resultados, correção de erros, podendo ser um valioso instrumento de auto avaliação. O computador também é visto como um recurso didático cada dia mais indispensável. Ele é apontado como um instrumento que traz versáteis possibilidades ao processo de ensino e aprendizagem de Matemática, seja pela sua destacada presença na sociedade moderna, seja pelas possibilidades de sua aplicação nesse processo. Tudo indica que seu caráter lógico-matemático pode ser um grande aliado do desenvolvimento cognitivo dos alunos. O computador pode ser usado como elemento de apoio para o ensino (banco de dados, elementos visuais), mas também como fonte de aprendizagem e como ferramenta para o desenvolvimento de habilidades. O trabalho com o computador pode ensinar o aluno a aprender com seus erros. 28 5. A MATEMÁTICA E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA Cidadania significa inserção das pessoas no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura. A pluralidade de etnias existente no Brasil, que dá origem a diferentes modos de vida, valores, crenças e conhecimentos, apresenta-se para a educação matemática como um desafio. Os alunos trazem para a escola conhecimentos, idéias e intuições, construídos através das experiências que vivenciam em seu grupo sociocultural. Eles chegam à escola com diferenciadas ferramentas para, classificar, ordenar, quantificar e medir. Além disso, aprendem a atuar de acordo com os recursos, dependências e restrições de seu meio. Para exercer a cidadania, é necessário saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente, etc. Da mesma forma, a sobrevivência numa sociedade que, a cada dia, torna-se mais complexa, exigindo novos padrões de produtividade, depende cada vez mais de conhecimentos. Isso faz com que o profissional tenha que estar num contínuo processo de formação e, portanto, “aprender a aprender” é também fundamental. A Matemática deverá ser vista pelo aluno como um veículo que favorece o desenvolvimento do seu raciocínio, de sua capacidade expressiva, de sua sensibilidade ética, estética e de sua imaginação. 5.1. A MATEMÁTICA NA ATUALIDADE O mundo em que vivemos, embora não percebemos, depende fundamentalmente da Matemática. A Matemática está presente em praticamente tudo em nossas vidas, a sua aplicabilidade já é discutida até em outras Ciências, como afirma D´Ambrósio (1996, p. 31). “A tendência de todas as Ciências é cada vez mais de se matematizarem em função do desenvolvimento de modelos matemáticos que descrevem fenômenos naturais de maneira adequada”. Na visão de Carraher (1995) a Matemática ainda não conseguiu se desvencilhar do estigma do “bicho de sete cabeças”, de matéria difícil, de que só aprende quem já nasce com o dom para cálculos. Para Lopes (2001), qualquer 29 indivíduo, em condições físicas e mentais normais, pode produzir conhecimento matemático, desde que esteja exposto a tal desenvolvimento e se prepare para tal. Diz ainda que, para prover a Matemática de significância, utiliza a história, a interdisciplinaridade, relação com áreas como as Artes e a Geografia dentre outras, aplicações interessantes, jogos de raciocínio, matemática contemporânea e outros recursos. Os currículos de Matemática, as metodologias e os livros didáticos estão em descompasso com o mundo moderno. Vivemos em um mundo de alta tecnologia e o ensino da Matemática não está conseguindo criar conexões com este mundo. Muitos conteúdos que são hoje trabalhados nas escolas perderam sua relevância enquanto outros tópicos que envolvem, por exemplo, noções de estatística e economia sequer são abordados nos currículos de Matemática. Para Carraher (1995), não se tem levado, também, em conta, no ensino da Matemática, as características psicológicas dos alunos, o modo como se estruturam os conceitos lógico-matemáticos. Sendo a Matemática inerente à atividade humana, presente no dia a dia de todos os cidadãos, cabe aos professores modificar a imagem de disciplina difícil, para que ela perca este tom ameaçador. 6. O PAPEL DA MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, comparar e operar sobre quantidades. Nos cálculos relativos a salários, pagamentos e consumo, na organização de atividades como agricultura e pesca. A Matemática se apresenta como um conhecimento de muita aplicabilidade. Também é um instrumental importante para diferentes áreas do conhecimento, por ser utilizada em estudos, tanto ligados às ciências da natureza como às ciências sociais e por estar presente na composição musical, na coreografia, na arte e nos esportes. Segundo Davis: “Toda a potencialidade do 30 conhecimento matemático deve ser explorada, da forma mais ampla possível, em todos os ensinos, sobretudo, no Ensino Fundamental.” (DAVIS, 1986, p. 29). 6.1. A RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO A importância do professor nas etapas de desenvolvimento do educando é de suma relevância, como Drouet relata: “Na escola, o professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto”. (DROURT, 1995, p. 12). Há quem diga que, na relação professor/aluno de Matemática, o diálogo não seja Fundamental quanto em outras disciplinas, deve-se sobressair nesse caso, o lado prático da questão. Não se pode esquecer que a prática é uma extensão da teoria, ou seja, não existe prática sem a teoria fundamentada antes. Na Matemática, o processo ensino/aprendizagem é aquele que parte de uma questão problematizadora para desencadear o diálogo, no qual o professor transmite o que sabe, aproveitando os conhecimentos prévios e as experiências anteriores do aluno. Assim, ambos chegam a uma síntese que elucida, explica ou resolve a situaçãoproblema que desencadeou a discussão, que ficará bem resolvida se tiver uma explicação prévia. (Drouet, 1995). 6.2. AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA Mudanças na definição de objetivos para o Ensino Fundamental, na maneira de conceber a aprendizagem, na interpretação e na abordagem dos conteúdos matemáticos implicam repensar sobre as finalidades da avaliação, sobre o que e como se avalia, num trabalho que inclui uma variedade de situações de aprendizagem, como a resolução de problemas, o trabalho com jogos, o uso de recursos tecnológicos, entre outros. Os resultados expressos pelos instrumentos de avaliação, sejam eles provas, trabalhos, postura em sala, constitui indícios de competências e como tal devem ser considerados. A tarefa do avaliador constitui um permanente exercício de 31 interpretação de sinais, de indícios, a partir dos quais manifesta valor que lhe permitem reorganizar a atividade pedagógica. Na aprendizagem escolar o erro é inevitável e, muitas vezes, pode ser interpretado como um caminho para buscar o acerto. Quando o aluno ainda não sabe como acertar, faz tentativas, à sua maneira, construindo uma lógica própria para encontrar a solução. 32 7. METODOLOGIA A ciência enquanto fruto do desejo ou da necessidade de conhecer apresenta-se como um dos elementos mais essenciais do ser humano. O homem criado a imagem e semelhança de Deus, segundo a tradição religiosa, a ciência dada, por Deus parece insuficiente para o homem que busca ir além, já não basta ser imagem e semelhança,mas o homem deseja ser a matriz, a fonte, não mais criatura, mas criador. A princípio a ciência, o conhecimento, era um dom, um presente de Deus, a transgressao, entretanto levou a uma desfiguração desta condição original, o conhecimento passa assim a ser uma conquista, fruto do trabalho e do sacrifício. É aí que se inicia a ciência como categoria histórica: fruto da observação, da indagação, do esforço da pesquisa. O homem inicia uma nova relação com o mundo, consigo mesmo e com seu criador, predestinado a suprir essa ontológica necessidade de conhecer através de sua limitadas qualidades: os sentidos, a inteligência e a vontade. O universo agora se apresenta como um enigma avassalador, ora magnifícos nas suas maravilhas e encantos, ora terrivel na implacabilidade destruidora. É a sede do conhecimento aliada a escassez de respostas. Nos relatos mais antigos, na bíblia, nos livros mesopotanicos, nos poemas épicos,etc. Identifica-se a distinção entre o conhecimento revelado e o adquirido, a ciência humana. Este movimento do espírito, envolvendo questionamento e trabalho intelectivo, pode ser considerado o início da pesquisa científica. A coexistência dessas duas formas de conhecimento não se dava de maneira equilibrada ou equivalente nas sociedades antigas, durante muito tempo a ciência divina gozou de um prestígio e de uma importância maior. Os gregos foram os primeiros a empreenderem uma confrontação sistemática de saberes e tradições cosmogonicas revolucionárias, uma perspectiva fundamentalmente nova de olhar o universo: a crítica diante de tantas versões e explicações, mitos e histórias sobre a origem e o desenvolvimento dos cosmos, qual delas encerrava a verdade? Como podiam divergir e até contradizer uma das outras, por detrás dessa aparente contradição, a verdade subjazia latente a espera de ser descoberta, desvelada e nesse sentido, esta nova condição de verdade exige sem 33 dúvida uma mudança de atitude por parte do espírito humano: não mais passiva de quem acolhe, recebe, mais ativa, de quem busca, descobre, desvela. A pesquisa assim adquire um novo status, tudo agora é possível de exame, crítica e, portanto o conhecimento, a ciência passa a ser visto como algo que se arranca e se conquista. No cristianismo a influência patrística, tendeu a condicionar a perspectiva aos moldes da dogmática teológica em seguida a própria teologia, especialmente a de São Tomás de Aquino, apresentou-se como um dos fatores mais importantes, senão o crucial, nesse momento de descanonização e desdogmatização do pensamento científico moderno associado ao movimento do empirismo. Depois de Descartes, a ciência moderna começou a firmar sua autonomia redefinindo os cosmos a partir de uma metodologia própria assentada na lógica racional, entrando, assim na aurora do iluminismo, momento em que se começa a acreditar na possibilidade de alcançar a verdade através das luzes da razão científica banindo assim o misticismo religioso e mítico. O século XIX se apresenta como o século da ciência, das grandes descobertas, momentos em que começa a se definir a verdadeira arquitetura e do funcionamento da natureza e do universo, trazendo como conseqüência não apenas o conhecimento definitivo como também a própria redenção do gênero humano e da sociedade. O Positivismo de August Conte e o evolucionismo de Spencer são testemunhos, emblemáticos dessa crença inabalável na ciência. Esse século termina sob o signo da dúvida e da perplexidade. No final do século XIX e início do séc. XX, no eclodir da Matemática e da Física surge uma mudança de mentalidade, tanto em nível metodológico relativizando o império do quantitativo do empírico e do mensurável. A primeira guerra mundial, as crises, o surgimento da psicologia de Freud. Contribuíram de maneira fundamental para enfim, colocar em cheque o próprio conceito pragmático de razão. Reconhece-se que então que nem todas as forças dinâmicas existentes no universo, na natureza e no homem operam segundo uma lógica mecânica previsível. O mistério volta a ocupar na concepção humana dos cosmos. Ao despontar o século XXI, o problema fundamental que se apresenta na pesquisa cientifica, é sem dúvida, a necessidade de se redefinir o conceito de 34 razão que herdamos do iluminismo e do positivismo (séc. XVII e XIX), cabe agora o desafio de resgatar outras tradições, para além da herança científica. Os métodos tradicionais nos proporcionaram e ainda continuam proporcionando dados e conhecimento válidos e efetivos sobre a realidade, porém os resultados e conquistas obtidas depois de mais de dois séculos de ciência positivista, têm nos colocado atualmente nos mais diversos campos, em situações limites que a própria ciência reconhece incapaz de solucionar. O recurso a estas outras dimensões de conhecimento tradicionalmente em nossa civilização as artes e as humanidades apresentam-se agora como uma alternativa cada vez mais valorizada e considerada. O apelo, a intuição, a criatividade e a afetividade emergem como meios necessários para o desenvolvimento da pesquisa cientifica no presente e no futuro servindo não apenas como instrumento no progresso, mas também de humanização, na medida em que reclama de forma indispensável, o resgate da sua dimensão ética. Na segunda metade do século XX, muitos pensadores começaram a criticar o modelo positivista de ciência, entre eles, Tomas Kuhn (1922-1996) ao afirmar que o modelo de paradigma científico não era universal, mas histórico, político e social. Nos anos oitenta, todas as pesquisas que rejeitavam o modelo positivista foram agrupadas em torno do termo: “pesquisas qualitativas” que passou a ser uma abordagem predominantemente na pesquisa em ciências sociais, particularmente em educação. A pesquisa qualitativa é uma modalidade que tem seus pressupostos embasados num modelo dialético que visa identificar os diversos prismas de um objeto de estudo, trazendo os dados obtidos em confronto com a realidade sócia, econômica, política, etc. Com base em Ludke, (1986) a pesquisa qualitativa envolve obtenção de dados descritivos que são extraídos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo do que o produto. Preocupando assim, em retratar a perspectiva dos participantes. O presente estudo caracteriza-se como qualitativo e contemporâneo, descrevendo os acontecimentos em processo natural, sem controle de variáveis, ricos em dados descritivos, interpretativos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada. Preocupando-se em retratar a perspectiva dos 35 participantes, focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada, através de uma pesquisa de campo, colhendo dados da realidade no contexto dos acontecimentos. Sendo a pesquisa qualitativa recente e que nasceu de uma visão mais inovadora, considera-se a mais congruente e compatível com a proposição a ser investigada. Como estratégia de pesquisa qualitativa foi utilizada o estudo de caso de cunho etnográfico, uma das principais modalidades de pesquisa qualitativa em ciências sociais, utilizando uma de suas técnicas básicas a entrevista semiestruturada. Sendo um estudo profundo e exaustivo de poucos objetos de maneira a permitir o seu amplo e detalhado conhecimento, pois trata-se de uma realidade especifica, com características peculiares. De acordo com Ludke (1986), o estudo de caso caracteriza-se por considerar o conhecimento como algo a ser construído, através da busca incessante de respostas. Para tanto se utiliza de ações, percepções, comportamentos e interações das pessoas como ingredientes dos problemas de pesquisa, possibilitando assim uma melhor interpretação do contexto, através dos múltiplos enfoques da situação ou problema analisado, bem como das informações obtidas e variadas fontes, o estudo de caso tenta aproximar-se da realidade de uma forma fidedigna. 7.1. CONTEXTO DE INVESTIGAÇÃO Por tratar-se de uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, os dados foram coletados com os sujeitos/objetos da pesquisa, sendo eles, professores que atuam nas séries finais do Ensino Fundamental, através da técnica de entrevista semi-estruturada, conjugada a observação das aulas de professores que estão na docencia na Escola Municipal Professor Gumercindo Costa, no Município de Rio Pardo de Minas. Trata-se de uma escola de porte médio, e atende uma clientela das séries finais do Ensino Fundamental, oriundos de famílias de classe baixa, com poucos recursos financeiros e que convivem diariamente com os mais diversos problemas: violência doméstica, alcoolismo dos pais, desemprego, separação familiar, escassez de saúde, alimentação, sanemento básico, falta de carinho, de 36 afeto, de atenção, etc. Entendemos a escola como uma instituição sócio-cultural, organizada e pautada por valores, concepcoes e expectativas perpassadas por relacões sociais na organização do trabalho e da produção. Nela os alunos, professores, direção, pais, e a comunidade são vistos como sujeitos históricos e culturais que agem e interagem numa trama de complexos processos sócio-culturais, vislumbramos novas possibilidades para a cosntrução de uma nova concepção de escola. 8. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA Após a realização da revisão bibliográfica sobre o tema de pesquisa, relacionada à questão em estudo, foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, utilizando como técnicas a entrevista, realizada face a face, utilizando como recurso um gravador de áudio e um roteiro de questões préelaboradas e a observação de aulas dos professores, em que foi definido como focos da pesquisa: a metodologia, os procedimentos, os recursos, as concepcões, a criatividade, a interação, a capacidade de inovação e de motivação e a prática pedagogica. Foram realizadas três entrevistas com a duração aproximada de sessenta minutos cada uma. Conjugada a entrevista, foi realizada como forma complementar, a observação. Com a intenção de coletar informações concernente a valores, concepcões, atitudes, comportamentos e significados dos sujeitos pesquisados. A observação ocorreu durante as aulas dos professores, sujeitos da pesquisa, durante uma hora e trinta minutos. Antes da realização das entrevistas e das observações, foi feito um contato pessoal com os pesquisados, onde agendamos datas, horários, locais e autorização para gravação, transcrição dos dados das entrevistas e observações. 8.1. A ENTREVISTA É uma técnica de investigação, frequentemente associada a pesquisa qualitativa, sendo a mais flexivel que quando conjugada com outras técnicas oportuniza o aprofudamento do assunto tratado. Seu objetivo é obter informações 37 sobre determinado assunto, averiguar fatos, determinar opiniões, descobrir acões e planos. Como diz Triviños, (1995 p. 146): [...] A entrevista semi-estruturada é o instrumento principal utilizado, definido como aquela que parte de certos questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses que interessam a pesquisa, e que em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. 8.1.2. A OBSERVAÇÃO É uma técnica de coleta de dados, muito utilizada na pesquisa qualitativa, especialmente na pesquisa de campo, que não se resume apenas em ver ou ouvir, mas possibilita examinar fatos ou fenômenos que se desejam pesquisar. Como diria Miriam Martins e Madalena Freire, (1986), apud Marcondes & Acosta, (m.4 v.2. p. 222): [...] É um olhar que envolve não só a visão, um ver supervicial, rápido, descomprometido, mas um olhar pensante, olhar curioso diante do mundo, aquele capaz de perceber e ultrapassar o dado concreto e sensorial, um olhar indispensavel a um etnográfo, a um educador Pois como assinala a própria autora: [...] Não fomos educados olhar pensando o mundo, a realidade, nós mesmos, nosso olhar cristalizado nos esteriótipos produziu em nós paralisia, fatalismo, cegueira. Para romper esse modelo autoritário, a observação é a ferramenta básica neste aprendizado da construção do olhar sensível e pensante. Olhar que envolve ATENÇÃO E PRESENÇA. (p. 218). 8.2. TÉCNICA DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Para interpretar os dados coletados, foi utilizada nesta monografia a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (Apud PENA, Pires & LEMGRUBER, 2004). Tal técnica se estrutura em cinco passos fundamentais: organização do material, identificação das unidades de registro, categorização, construção de grades de Leitura e interpretação dos dados. 38 9. ANÁLISE DOS RESULTADOS Tendo em vista a revisão bibliográfica e os dados coletados na pesquisa, pode se inferir que a dificuldade do ensino da Matemática nas séries Finais do Ensino Fundamental é universal, pois as aulas são ministradas de maneira muito semelhante às da escola tradicionalista, onde os alunos são meros receptores e os professores são aqueles que transmitem o conteúdo, tendo como principal instrumento de trabalho o livro didático e aulas expositivas, sem mostrar a significância e utilidade do conteúdo estudado, contradizendo o que diz Carraher (1995, p. 52): [...] A Matemática ideal não se faz apenas em quatro paredes de uma sala de aula, é bem superior a isto, devemos explorá-la na vida cotidiana dos alunos, mostrar na prática a importância das teorias. A esse respeito veja a fala de uma professora transcrita na integra: [...] É difícil trabalhar de maneira diferente, pois são muitos alunos em uma turma, o mínimo de trinta e cinco e isso faz com que se torne quase impossível trabalhar de outra maneira. Analisando a fala da professora, pode-se inferir que o ensino da Matemática, tem sido ministrado de maneira incoerente com a proposta atual, pois os Parâmetros Curriculares Nacionais, assim como outros documentos apresentam propostas de trabalhos que colocam em evidência a utilização de instrumentos, de procedimentos e metodologias de ensino que levem o aluno a compreender o mundo à sua volta e levando-o a ver tal disciplina como área do conhecimento que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas. Ser professor de Matemática é, antes de tudo, ser um educador. E isso tem um significado especial preocupar-se com o “ser” aluno, tentando ajudá-lo a conhecer algo que ele, professor, já conhece e julga importante que o aluno venha conhecer também. A esse respeito Rangel (1992, p. 56) descreve com muita competência a importância do educador matemático: “Os professores de Matemática precisariam mudar o foco de suas preocupações”. Isto transcenderia o “ser professor” para o “ser educador matemático”. De acordo as novas propostas pedagógicas para o ensino/aprendizagem da Matemática, os professores têm que buscar a excelência 39 na educação, e isto inclui o modo de fazer o aluno entender certos princípios. Em suma o professor não ensina conceitos aos alunos, ele os ajuda a construir. Essa disciplina deve levar o aluno a organizar o seu pensamento e analisar criticamente informações e dados, ou seja, a Matemática não dever se limitar ao saber fazer operações, aplicar formulas, mas saber estruturar situações analisá-las, fazer estimativas, ter um raciocínio lógico, dentre outras habilidades e competências. Para um ensino eficaz e eficiente faz-se necessário que o professor dê importância a toda bagagem de conhecimentos que o aluno traz da sua vivência social, enfim tomar como ponto de partida os conhecimentos prévios dos alunos. Dessa maneira pode-se afirmar que para se aprender Matemática o aluno terá de estar imbuído de um estímulo, um objetivo, para que a necessidade de aprender possa se equiparar a sua vontade. E o professor é a peça fundamental nesse processo, já que o estímulo do aluno será a capacidade do professor em motivá-lo e levá-lo a criar vínculos com a disciplina. Segundo o grande mestre Paulo Freire (1994), a figura do professor tanto pode ser um modelo, um estímulo, um ponto de referência, como pode significar também uma ameaça, uma incerteza, um desconforto. O sucesso ou insucesso de uma disciplina dependerá muito do professor. Fica evidente na análise dessa questão que, os alunos necessitam da presença da figura do professor na sala de aula, caso contrário, a Matemática seria sem sentido. Isso leva a refletir que os inúmeros recursos tecnológicos existentes na atualidade, são meios, ferramentas e recursos, mas não substitui a presença física do professor. Confirmando as palavras de Nóvoa quando ele diz que: “A pessoa do professor é central na reflexão educacional e pedagógica”. Na visão dos autores citados acima, fica evidente, que o professor deve criar situações estimulantes e desmistificar a idéia que, apenas o professor fala e o aluno ouve, pois enquanto o professor é central na reflexão sobre a educação e a pedagogia, o aluno é o centro do processo educativo, pois a escola existe pelo e para ele, não podendo haver inversão de valores. O ensino que envolve cálculos é o mesmo que envolve teoria, sua essência não muda, seu significado é o mesmo, educar. Ensinar Matemática é mais que passar alguns conteúdos, expor, resolver, calcular. Daí a necessidade e importância de associação entre teoria e prática, através de atividades lúdicas e 40 prazerosas para alunos e professores. Somente desperta a paixão de aprender quem tem paixão de ensinar. Percebe-se que os professores, estão abertos a mudanças e inovações compreendem o processo ensino/aprendizagem. No entanto não estão modificando suas práticas, prevalecendo à forma de ensinar da escola tradicional, o professor expõe o conteúdo e depois os alunos fazem os ditos exercícios de “fixação” do livro didático. Interessante a fala de uma das entrevistadas que explana sobre a questão tão bem a qual foi transcrita abaixo, veja: [...] somos muito criticados por não trabalharmos os conteúdos matemáticos de forma, lúdica, utilizando de materiais diversificados, o que ocorre é que temos quatro aulas num total de cinco turmas semanalmente, somando isso temos em média cento e setenta e cinco alunos, isso dificulta o trabalho com o lúdico, com material concreto... Acho que a solução seria mudar a organização das salas de aulas, transformando-as em laboratórios, onde pudéssemos deixar expostos os materiais sem ter que ficar carregando de lá para cá. A esse respeito à legislação educacional em vigor, dar às escolas autonomia para organizar as turmas de acordo melhor lhe convir. Adaptar as salas de aulas transformando-as em salas-ambientes é um assunto que tem sido muito debatido na área educacional. Falta às escolas coragem para mudar, pois até mesmo na organização das salas de aulas, dos tempos escolares, ainda prevalecem, na maioria das vezes, o mesmo da escola tradicional. Os professores reconhecem a importância da formação continuada na profissão, levando em conta que o conhecimento se altera e até mesmo se modifica a cada dia, devido os constantes avanços das ciências confirmando as palavras de Antonio Nóvoa (revista Nova Escola) quando ele diz que: “o aprender é continuo em nossa profissão”. Apontaram a formação em serviço como a melhor opção, considerando que ele pode estar aplicando imediatamente os conhecimentos teóricos em sala de aula. Observe na fala de uma das entrevistadas: [...] A formação em serviço coloca a gente para pensar, ainda mais quando está ligada a prática, pois temos a oportunidade de imediatamente colocar os conhecimentos adquiridos na prática. 41 Essa fala vem confirmar as palavras de Paulo Freire, quando ele diz que: “A formação é um fazer permanente que se refaz constantemente na ação”. Continua ele: “Para se ser tem que estar sendo”. Foi possível constatar, que os professores pesquisados reconhecem a importância da reflexão constante de sua prática. Da necessidade de inovar, de reconhecer a diversidade e saber lidar com ela em sala de aula. Apontaram o trabalho com projetos, interdisciplinarizando os diversos conteúdos, como a melhor metodologia de ensino, visto que isso permite uma maior interação na sala de aula e promove uma aprendizagem significativa para o aluno. No entanto, através da observação verificou-se que isso não é colocado em prática, devido a vários fatores apontados, dentre os mais citados: o fator tempo, a preocupação em cumprir o planejamento bimestral e a falta de entrosamento entre os professores. Isso pode ser confirmado na fala de uma das professoras entrevistadas: [...] Sabemos que o trabalho com projetos interdisciplinares favorece muito a aprendizagem do aluno, mas é muito difícil, pois uns querem, outros não, é diferente de trabalhar com as séries iniciais, onde você é o professor de todas as matérias e tem sempre os mesmos alunos durantes quatro horas diárias. Em relação às formas de avaliar os alunos, os entrevistados citaram que aplicam provas abertas e de múltipla escolha e ainda trabalhos individuais e em grupos. De acordo Bicudo (1996), Deve-se tomar o cuidado para que a avaliação não reduza todo o processo de aprendizagem ao desempenho de cada aluno em provas ou testes escritos, geralmente individuais. 42 10. CONCLUSÃO A construção desta monografia foi muito importante, pois trouxe diversas informações relacionadas ao ensino da Matemática desde os primórdios da educação, especialmente brasileira, o que trará benefícios para a prática pedagógica dos professores que atuam com essa disciplina. O trabalho desenvolvido focalizou principalmente as dificuldades do ensino da Matemática, hoje no âmbito educacional no Ensino Fundamental. Após a realização das entrevistas, a observação das aulas dos professores sujeitos da pesquisa, obteve-se respostas, que leva a refletir sobre o ensino/aprendizagem da disciplina Matemática. Vivemos em uma sociedade onde as necessidades sociais, culturais e profissionais ganham novos contornos, todas as áreas requerem alguma competência matemática. Conclui-se que o professor no seu trabalho pedagógico, deve levar o aluno a compreender os conceitos e procedimentos matemáticos: para tirar conclusões, fazer argumentações, para agir como cidadão, ou tomar decisões em sua vida pessoal e profissional. E a Matemática, por sua universalidade de quantificação e expressão, como linguagem, é a Ciência que ocupa uma posição de destaque, o desenvolvimento científico e tecnológico que se processa na humanidade, é resultado do progresso da Matemática. Os problemas que interferem no ensino/aprendizagem detectados nesta pesquisa são: idéias errôneas que se tem da matemática; os procedimentos, metodologias e recursos utilizados, falta de capacitação continuada para os professores e falta de motivação. Torna-se indispensável à Matemática apresentar ao aluno o conhecimento de novas informações e instrumentos necessários para que seja possível a ele continuar aprendendo, Auxiliando no desenvolvimento da sua autonomia e desenvolver a capacidade de pesquisa, para que o aluno possa construir e reconstruir seu próprio conhecimento matemático. Para isso o professor deve buscar incorporar no seu planejamento de ensino da Matemática: valores, habilidades e atitudes, que são, a um só tempo, objetivos centrais da educação. Concluindo, os resultados aqui apresentados, não podem ser generalizados, pois limita-se a um estudo de caso, mas que poderá servir como novas possibilidades, auxiliar novas pesquisas, novas descobertas. Através deste 43 estudo pode se inferir que Matemática não é algo pronto, acabado e definitivo, mas sim a construção, reconstrução e apropriação de um conhecimento que servirá para compreender e transformar a realidade. É preciso haver com urgência uma transformação no ensino/aprendizagem da matemática no contexto investigado. “Uma grande escola exigirá docentes competentes, abertos para o mundo e para o saber, sempre de novo redefinidos. Docentes e estudantes conscientemente comprometidos. Uma grande escola exigirá espaços físicos, culturais, sociais e artísticos, equipados que abriguem toda a sabedoria acumulada da humanidade e toda a esperança de futuro – que não seja continuidade do presente, porque este está em ritmo de barbárie – mas seja sua ultrapassagem. Uma grande escola exigirá tempo. Tempo de encontro, de encanto, de canto, de poesia, de arte, de cultura, de lazer, de discussão, de gratuidade, de ética e de estética, de bem-estar e de bemquerer e de beleza. Porque escola grande se faz com grandes cabeças (é certo!), mas também com grandes corações, com muitos braços, que se estendem em abraços que animam caminhadas para grandes horizontes”. (REDIN, 1999, p.7). 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1992. BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Educação Matemática, São Paulo: Moraes, 1986. CARRAHER, Terezinha. CARRAHER, David. SCHLIEMANN, Analúcia. Na vida dez, na: escola zero. São Paulo: Cortez, 1995. COLL, C. et al. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997. D’AMBROSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre educação e matemática. Campinas: Unicamp, 1996. DAVIS, P. J. e HERSH, R. A experiência matemática. Tradução de João B. Pitombeira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986. DIENES, Zoltan Paul. O poder da Matemática: um estudo da transição da fase construtivista para a analítica do pensamento matemático da criança, São Paulo: EPU, Brasília. INL, 1985. ___________.As seis etapas do processo de aprendizagem em matemática. São Paulo: Herder, 1986. DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo: Ática, 1995. DUARTE, Ana Lúcia Amaral. 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Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. 47 ANEXO I ROTEIRO DE ENTREVISTA NOME: DATA: DURAÇÃO: CONTEXTO: Focos PERGUNTAS Métodos de ensino a) Qual a diferença Procedimentos Matemática Recursos aprendeu entre que e a a você que você ensina? b) Qual recomendação você faz para o ensino da matemática na atualidade? c) O que você pensa sobre o ensino da Matemática, quais são as suas concepções e crrenças a respeito dele? d) Qual a metodologia de ensino que você utiliza em suas aulas? e) Quais são os recursos que você utiliza nas suas aulas? f) Você considera ideal a sua forma de conduzir o processo ensino/aprendizagem g) Como você avalia seus alunos, quais instrumentos utiliza? 48 ANEXO II ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO NOME: DATA: DURAÇÃO: CONTEXTO: Observação FOCOS Metodologia Professor 1 Professor 2 Professor 3 Criatividade Professor 1 Professor 2 Professor 3 Interação Professor 1 Professor 2 Professor 3 Inovação Professor 1 Professor 2 Professor 3 Motivação Professor 1 Professor 2 Professor 3 49