História da Matemática
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História da Matemática
História da Matemática QUEST(i) PANORAMA GERAL Curso: Matemática, Licenciatura Professor: Lucas Nunes Ogliari Ano/Semestre: 2016/01 Processos de contagem As “expressões da matemática” na história da humanidade são os vestígios deixados pelos homens ao usarem a suas matemáticas por necessidade, curiosidade ou prazer. Os registros mais antigos de expressões da matemática encontrados na história da humanidade remetem à noção de quantidade e contagem, a aproximadamente 30000 a.c.. Em 1950 foi descoberto um osso nas proximidades da fronteira entre Zaire e Unganda (local conhecido hoje como Ishango) que trata de um fíbula de babuíno encravado com um pedaço de quartzo , que servia para fazer as marcações e contagens Osso de Ishango Idéia de ordenação e a evolução do sistema de numeração Paralelamente ao processo de contagem surgiu também a idéia de ordenação; A correspondência entre objetos a serem contados também contribui pra a evolução do sistema de numeração; O conceito de número ainda era algo completamente intuitivo e puramente empírico acerca de 30000 a.C, pois as expressões da matemática estabeleciam-se somente a partir do concreto. As primeiras percepções em relação à natureza das coisas e do concreto levaram o homem a explorar e a reconhecer em seu cotidiano e mesmo em seu próprio corpo algumas relações numéricas, pois “[...] para pequenas coleções de objetos, é habitual contar-se pelos dedos, e este fato teve grande influência no aparecimento dos números; não é verdade que o nome digito, que designa os números naturais de 1 a 9, vem do latim digitus que significa dedo?” (CARAÇA, 1951, p. 5). O conhecimento matemático de que se têm registro no Egito e nas primeiras civilizações há 3000 a.C. dava-se de forma empírica e concreta, apontado por Klimovsky e Boido (2005) como um empirismo primitivo. O Papiro de Rhind, por exemplo, contém uma série de anotações sobre matemática, tanto de aritmética quanto de geometria, somando um total de 85 problemas matemáticos, e sobre estes registros são destacados alguns aspectos curioso como, por exemplo, o fato dos números sempre serem de caráter concreto, pois no papiro “não há afirmações como ‘1200 mais 800 é igual a 2000’, mas outras, como ‘1200 soldados 800 soldados são 2000 soldados’ ou ’30 pães mais 20 pães são 50 pães’" (KLIMOVSKY; BOIDO, 2005, p. 33, tradução nossa). Escrito em hierático, o papiro Rhind foi descoberto pelo escocês Alexander Henry Rhind em 1858 (KLIMOVSKY; BOIDO, 2005), que o comprou em Luxor, no Egipto; este papiro também é conhecido por Pairo de Ahmes, que foi o escriba egípcio que o copiou (<http://www.malhatlantica.pt/mathis/egipto/rhind/rhind.htm>). O documento encontra-se atualmente no Museu Britânico. Fragmento do Papiro de Rhind (Museu Britânico) A resolução de problemas há muito faz parte da história da matemática Resolva o seguinte problema: A idade de Ana, somada de outro tanto como ela, somada com a sua metade, com a sua terça parte e com a sua quarta parte, dá o resultado 148. Qual a idade de Ana? Problema do Papiro de Rhind1 Como os egípcios não tinham ainda a Álgebra, aplicavam técnicas aritméticas, como a da “Falsa Posição”. As incógnitas dos problemas ou números desconhecidos eram comumente chamados de “montão”. Vejamos um desses problemas do “Papiro de Rhind”. Um montão, sua metade, seus dois terços, todos juntos são 26. Digame quanto é esse montão? 1Referência: agiadamatematica.com/unifeso/REGRA.pps Resolução Vamos adotar o número falso 18, por exemplo. A metade de 18 é 9 e seus dois terços valem 12, logo: 18 + 9 + 12 = 39 Verdadeiro Falso Número Resultado x 26 18 39 Resolvendo através do proporções obteremos 12. princípio fundamental das Justificativa do método Na realidade tal método é adequado para questões do tipo ax = b, ou, usando notações mais modernas, temos uma função linear (y = f(x) = ax) e desejamos saber para que valor de x ela terá imagem igual a b. Vejamos um exemplo simples para ilustrar essa nossa justificativa: Um número, mais a sua metade é igual a 12. Qual é esse número? Nesse caso, temos a função f, de IR, em IR, definida por f(x) x e buscamos para qual valor de x temos f(x) = 12. x 2 Usando um valor falso, x = 4, por exemplo, teremos o resultado f(4) = 4 + 2 = 6. Aplicando o “ajuste” teríamos que a resposta correta é 8. Geometria Os babilônios deixaram importantes registros em tabletes. O tablete YBC 7289, por exemplo, que pertence a coleção da Universidade de Yale, em NY, tem o registro do valor da diagonal de um quadrado de lado igual a 30. Os registros mais antigos da evolução dos conhecimentos matemáticos encontram-se nos tabletes da Mesopotâmia e do Egito. Os filósofos-científicos e o avanço teórico da matemática: os primeiros matemáticos No séc. VII a.C. se tem uma nova perspectiva em relação à matemática e, da mesma forma, em relação ao conhecimento matemático. Matemática teórica: Tales de Mileto (625 – 546 a.C.), Pitágoras (582 - 500 a.C.); Platão (c. 428 – c. 347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.), Euclides de Alexandria (360 a.C. - 295 a.C.) e Arquimedes (287-212 a.C.), considerado o maior matemático da antiguidade, também contribuíram de maneira expressiva para a evolução do pensamento matemático. A Matemática no Renascimento e na Modernidade (Séc. XIII - XVIII) O surgimento da análise infinitesimal (princípios), do cálculo: Gailleu, John Kepler (1571-1630); Geometria analítica: Fermat e René Descartes: La géometrie de Descartes, publicado em 1637. Os progressos da Álgebra e das suas notações e a introdução da Geometria Analítica criaram as condições para a invenção do Cálculo Diferencial e Integral por Newton (1642-1727) e Leibniz (16461716). Este extraordinário instrumento permitiu a resolução de inúmeros problemas matemáticos, astronômicos e físicos, tendo provocado uma verdadeira explosão de investigações e descobertas por todo o século XVIII, com os Bernoulli (Jacques (16541705) e Jean (1667-1748) e os seus métodos sofisticados para resolver problemas de máximos e mínimos, Euler (1707-1783), d'Alembert (1717-1783) e muitos outros (QUEIRÓ, 1993, p. 2) . REFERÊNCIAS KLIMOVSKY, G; BOIBO, G.. Las desventuras del conocimiento matemático. Filosofía de la matemática: una introducción. Buenos Aires : A-Z editora, 2005, 326 p. QUEIRÓ, João F. A matemática (1537-1771). In: CORREIA, A.; RAMOS, L.A. SERRÃO, J. O saber: dos aspectos aos resultados. História da Universidade m Portugal. Cap. V, v.I. Coimbra: Gulbenkian, 1993. CARAÇA, Bento de Jesus. Conceitos Fundamentais da Matemática. Livraria Sá da Costa Editora: ed., Lisboa, 1951.
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