Flashover - WordPress.com

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL
RESUMO PARA O ESTAGIÁRIO
CAPACITAÇÃO: COMPORTAMENTOS EXTREMOS DO FOGO 1
AULA: TEORIA NÍVEL 1
Esta capacitação trata somente dos incêndios em estruturas de dimensões médias: casa
unifamiliar, apartamento, escritório.
Parte A
GENERALIDADES SOBRE OS INCÊNDIOS EM LOCAIS CONFINADOS
Seqüência A1 – Os princípios da combustão em locais confinados.
Triângulo do fogo – três elementos, combustível, comburente e energia. O triângulo do fogo
representa a combustão do início ao fim.
A combustão (fogo) consome comburente (oxigênio). Por isso, a potência máxima que o fogo
poderia atingir depende do volume do local. 7% do volume do local é o máximo de oxigênio
que estará disponível para queima num determinado momento. Como uma banheira de 100 lt
com a torneira e o ralo abertos, que nunca terá mais que 100 lt de água.
Na combustão existe uma busca permanente de equilíbrio entre os elementos. Quando se
diminui um elemento, os demais tendem a diminuir também, e vice-versa. É o princípio de
Lechatelier: toda reação química desequilibrada busca se equilibrar.
Seqüência A2 – Os modos de propagação e a percepção do calor
Combatendo um fogo em local
com paredes e teto, os bombeiros
ficam expostos a até 100% da
potência térmica (a convecção
ricocheteada pelo teto e a
radiação
ricocheteada
pelas
paredes e teto)
Seqüência A3 – Pirólise e desenrolar do início do fogo.
Quando aquecidos, os combustíveis sólidos secam e pirolisam. O vapor produzido pela
secagem e os gases combustíveis produzidos pela pirólise aparecem sob forma de “fumaça
branca”.
A pirólise não consome comburente (oxigênio).
Traduzido e adaptado de comentários e justificação - versão francesa 2.60 de 28/07/2008 – Página 1/10
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RESUMO PARA O ESTAGIÁRIO
CAPACITAÇÃO: COMPORTAMENTOS EXTREMOS DO FOGO 1
AULA: TEORIA NÍVEL 1
Seqüência A4 – Chama pré-misturada e chama difusa.
A chama pré-misturada não é afetada pelo ambiente. A chama difusa é afetada
pelo ambiente.
A qualidade da oxigenação influencia a cor das chamas. O tipo de material
que queima também.
Seqüência A5 – A produção de fumaça de um fogo em local confinado.
Um incêndio em local confinado produz mais
fumaça quando a chama atinge o teto, e deixa de
receber oxigênio suficiente no alto.
Seqüência A6 – Os cinco riscos da fumaça (QOMIT).
A fumaça – QOMIT
Q – Quente.
O – Opaca. A fumaça é opaca à vista, mas também interfere na audição.
M – Móvel.
I – Inflamável.
T – Tóxica.
Seqüência A7 – Fogo controlado pelo combustível e fogo controlado pelo comburente.
No início, o tamanho do fogo é função da quantidade de combustível que está queimando,
pois a quantidade de comburente disponível é largamente superior às necessidades da
combustão. O fogo queima o combustível presente no local e consome comburente
(Seqüência A1). Conforme o fogo aumenta, ele consome mais e mais comburente. A
renovação do comburente vai depender da dimensão das aberturas. Ora, na maioria dos casos,
elas não conseguem compensar o consumo de comburente pelo fogo. Em um determinado
momento, a disponibilidade será equilibrada com a necessidade: como o tamanho do fogo
depende do elemento que está presente em menor quantidade, o fogo se tornará dependente
do comburente. Diz-se então que o fogo é “controlado pelo comburente” e que, anteriormente,
ele era “controlado pelo combustível”.
A formação dos bombeiros foi por muito tempo baseada somente nos incêndios “controlados
pelo combustível” o que explica a incompreensão dos incêndios de propagação rápida, pois
elas se produzem na fase do fogo “controlado pelo comburente”.
Traduzido e adaptado de comentários e justificação - versão francesa 2.60 de 28/07/2008 – Página 2/10
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Parte B
FLASHOVER
Seqüência B1 – Evolução de um fogo em local confinado – O flashover.
Definição da NFPA 921-2004 (EUA):
“Flashover: Uma fase transitória do desenvolvimento de um fogo em compartimento durante
o qual as superfícies expostas à radiação térmica atingem a sua temperatura de ignição mais
ou menos simultaneamente. O fogo se propaga rapidamente por todo o espaço, culminando na
participação de todo o compartimento".
Curva do flashover “teórico”
Seqüência B2 – Flashover induzido pela ventilação
O flashover só acontece se a liberação de calor necessária é atingida (15 a 25kw por m2,
aproximadamente). Esta liberação de calor é o limiar do flashover. Mas, para atingi-lo, é
necessário que haja renovação suficiente do comburente, ou seja, uma boa ventilação. Ora, se
a ventilação é suficiente, o flashover acontece em, no máximo, 10 minutos depois do início do
fogo, portanto, na maioria das vezes antes da chegada dos bombeiros.
Percebe-se isso ao ver grande número de vídeos mostrando ensaios com fogo em sofá: o
tempo entre o início do fogo e o flashover é sempre muito curto.
Curva do flashover induzido pela ventilação.
O primeiro pico mostra a presença de um
volume inicial grande de comburente, mas
não suficiente para atingir o limiar. Em
seguida a liberação de calor do fogo começa
a baixar e só depende das aberturas (ou seja,
do chamado “perfil de ventilação”).
Traduzido e adaptado de comentários e justificação - versão francesa 2.60 de 28/07/2008 – Página 3/10
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AULA: TEORIA NÍVEL 1
A mudança desse perfil é o que volta a fornecer comburente e permite ao fogo retomar uma
evolução que desta vez, pode lhe permitir atingir o limiar e, portanto, o flashover, ou qualquer
outro fenômeno ligado ao calor e à fumaça.
O pico inicial (antes da fase chamada “espera”) é o resultado do consumo do comburente
presente no volume. Há um determinado período durante o qual o fogo pode consumir mais
comburente do que as aberturas renovam, pois existe o volume inicial do local, que serve de
“reserva”. É como uma pessoa que ganhasse na loteria, podendo gastar mais que o seu salário
por um determinado tempo.
Não há como encontrar uma “regulagem” das aberturas que permita a ocorrência do flashover
após uma hora, por exemplo. Isso é importante: mostra bem que é difícil que os bombeiros
sejam confrontados em um flashover se, desde o começo, as aberturas já eram suficientes para
a sua ocorrência.
Sabendo que, se o local é ventilado o bastante, o flashover acontece antes da chegada do
socorro, a única hipótese válida para que ele se produza na presença dos bombeiros é se o
perfil de ventilação mudou. Ou seja, o fogo progride, mas tem falta de comburente, o socorro
chega e abre “para ver como está” e provoca o reavivamento do fogo, que pode então chegar
ao flashover. Este é o flashover induzido pela ventilação, no sentido de uma ventilação
provocada.
Esta fase da formação deve conscientizar o bombeiro sobre o impacto de suas ações. Mas,
como estas ações são ligadas ao comburente, ou seja, a uma presença gasosa invisível, tudo
isso fica bastante complicado: a simples abertura de uma porta, um gesto natural “para ver o
que está acontecendo” pode tornar-se uma ação catastrófica. A ruptura dos vidros “para
ventilar”, mesmo se ela é bem intencionada, pode igualmente ter conseqüências dramáticas.
Esta curva do flashover é, claramente, mais próxima da realidade das intervenções (socorros)
que a curva precedente, que é mais “teórica”. No mini-simulador é possível observar a curva
do flashover “teórico”, que acontece muito rápido (aproximadamente 10 minutos depois do
acendimento).
Parte C
BACKDRAFT
Seqüência C1 – A evolução de um fogo
dentro de um local mal ventilado – o
backdraft.
O início do fogo é idêntico ao do flashover, como mostrado na primeira tabela da seqüência
B1. Em seguida:
Observações
Explicações
O calor é forte, há grande emissão de A pirólise não necessita de comburente. O calor
fumaça.
permite a continuação da pirólise. Como não há
mais comburente, a mistura combustível gasoso e
comburente será rica demais e pode se situar acima
do limite superior de inflamabilidade.
A camada de fumaça se abaixa. Não há Como não há (ou deixa de haver) abertura
mais corrente de convecção. A fumaça suficiente, não há mais a aspiração de ar fresco
Traduzido e adaptado de comentários e justificação - versão francesa 2.60 de 28/07/2008 – Página 4/10
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AULA: TEORIA NÍVEL 1
sai por baixo das portas.
As vidraças ficam cobertas de fuligem.
A fumaça sai até pela menor fresta.
Quando os objetos caem, fazem um
barulho abafado.
Lufadas de fumaça saem e entram por
baixo da porta de modo cíclico.
Quando se abre a porta, acontece uma
brusca aspiração e a fumaça sai
rapidamente.
como acontece num cômodo em modo «préflashover». A temperatura torna-se uniforme e a
fumaça vai descer para ocupar a totalidade do local.
Ela vai, por isso, sair por baixo das portas.
A fumaça é carregada de partículas carbonadas: a
fuligem se deposita sobre as vidraças.
Como o local ainda está quente, haverá
sobrepressão. A fumaça vai portanto sair sob
pressão.
A fumaça abafa os sons. Ela ocupa toda a altura do
local e os sons ficam abafados.
Este fenômeno, popularizado pelo filme Backdraft,
é difícil de observar. A saída de fumaça provoca
uma depressão. Há uma aspiração de ar, depois
sobrepressão dentro do local, saída de fumaça e
assim por diante.
Típica do backdraft, a aspiração na parte baixa,
algumas vezes, é muito violenta: é o sinal de uma
explosão iminente. Se a abertura for alta o
suficiente, a fumaça sai rapidamente. Pode
apresentar
cores
estranhas
(esverdeada,
amarronzada).
Há dois modos conhecidos de desencadeamento do fenômeno, mas em todos os casos, na
abertura, a corrente de convecção vai recomeçar, pois a má ventilação do local havia aos
poucos provocado seu desaparecimento. Este retorno da corrente de convecção é a tradução
do termo backdraft (back significa retorno e draft é a forma americana do termo inglês
draugt, que significa corrente de ar).
•
Se existe dentro de um cômodo uma zona gasosa cuja temperatura é muito elevada, a
entrada de comburente fornece o oxigênio que faltava nesta zona, que, portanto, vai
pegar fogo. O ar fresco, pesado, entrará no cômodo, criando uma espécie, bem visível
no mini-simulador. Este ar fresco vai, progressivamente, nivelar a camada de fumaça.
No momento em que o ar encontra uma zona muito quente (combustível + calor)
haverá inflamação da fumaça. Esta inflamação se propagará para o restante do
ambiente, acentuando as turbulências e, portanto, a mistura.
• Se o combustível gasoso já está frio demais, o desencadeamento se fará por retorno de
chamas sobre as brasas. De fato, as brasas somente não são suficientes. A corrente de
ar vai atiçar as brasas e quando elas voltarem a ter chamas, haverá inflamação dos
gases e explosão.
Nos dois casos, é o comburente o elemento que faltava.
Parte C
Seqüência C2 – Força e atraso de
BACKDRAFT
desencadeamento do backdraft.
Nesta seqüência, explica-se porque o atraso de desencadeamento e a potência de um backdraft
podem ser muito variáveis.
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AULA: TEORIA NÍVEL 1
Observação: É preciso compreender bem as noções de limites inferior e superior de
inflamabilidade (LII e LSI). Se não for o caso, é necessária uma rápida explicação.
Se você acende um isqueiro num local que contém pouquíssimo gás combustível, não vai
acontecer nada, pois a mistura é muito pobre. Se você acende um isqueiro num local saturado
de gás combustível, também não acontecerá nada, pois a mistura é rica demais. Existe
portanto um limite abaixo do qual a inflamação de uma mistura combustível-comburente não
é possível pois a mistura é muito pobre, e um limite acima do qual a inflamação não é
possível pois, desta vez, a mistura é rica demais. O limite mínimo se chama Limite inferior de
inflamabilidade e o limite máximo se chama Limite superior de inflamabilidade. Entre os
dois, mas não obrigatoriamente no meio, encontra-se uma mistura ideal. Este ponto é
chamado “ponto estequiométrico” ou “mistura ideal”.
Após a abertura do ambiente, a mistura vai
evoluir de 1 para 2. A potência da explosão
vai depender do estado da mistura no
momento em que volta a haver chamas sobre
as brasas. Se as chamas voltam quando a
mistura está em A, a inflamação será fraca.
Ela será mais violenta se as chamas voltam
em B, será explosiva em C, e será violenta em
D.
Se a mistura está em E, não haverá
inflamação, apenas o foco voltará a queimar
(este desenho é do power-point do kit do
mini-simulador).
Apesar da falta de comburente, a pirólise poderá continuar, pois ela não tem necessidade de
comburente, ao contrário da combustão viva. Portanto, não temos somente um local com
combustível e diminuição do comburente, mas um local onde a produção de combustível
continua, por meio da pirólise. A evolução da mistura combustível/comburente não é
obrigatoriamente a mesma. Portanto, não é porque há atraso de desencadeamento do
fenômeno que o efeito será fraco.
O atraso do desencadeamento
Geralmente, por auto-ignição, o desencadeamento demora alguns segundos. Para o retorno de
chamas nas brasas, isso é muito variável. Se o foco é constituído de grandes pedaços de
madeira (carvalho, por exemplo), que ainda têm chamas poucos segundos antes da abertura da
porta e que estão dentro do fluxo de ar, as chamas reaparecerão quase imediatamente. Ao
contrário, com um foco composto de pedaços de caixas de madeira, situados distantes da
porta, atrás de um móvel, é evidente que o tempo necessário para a reativação será muito mais
longo.
Zona afetada
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A zona afetada pela explosão (efeito de sopro) não é obrigatoriamente a zona de entrada de
comburente. Se o ar entra por uma abertura muito distante do foco ou que não tem acesso
direto a este (que passa por um corredor, por exemplo), é possível que a onda de choque não
saia pelo mesmo caminho, mas sim quebrando uma janela, divisória ou teto para sair. É o
caso do backdraft da Igreja St John, em Illinois, EUA (fogo na sacristia, abertura de uma
porta externa, explosão levantando o teto) e da fábrica de vinho d’Ernée (Mayenne-França),
com ventilação por baixo e explosão de vidraça vários andares acima.
Parte C
BACKDRAFT
Seqüência C3 – Caso particular
Backdraft com saída de fumaça
–
Associar, sistematicamente, a noção de backdraft com a de espaço fechado é muito limitante.
Tudo é função de dosagem: uma porta e uma janela abertas não são garantia de um local livre
de risco de backdraft pois o poder de produção de fumaça da combustão em curso pode estar
muito acima da capacidade de extração e o fornecimento de comburente pela porta pode ser
insuficiente para a demanda. Neste caso, mesmo se, visualmente, o local parece bem
ventilado, do ponto de vista do fogo não é assim. Existem vários casos de backdraft em locais
amplos (supermercados, por exemplo) mesmo quando o teto do local está aberto e deixa
escapar fumaça e chamas.
Caso de um local fechado. Os sinais estão presentes: fumaça saindo
pela porta, fumaça até o chão, etc..
Com uma saída no alto, o teto de fumaça sobe. A fumaça diminui a
pressão e não sai mais pela porta, os sons são claros. No entanto,
não existe entrada de ar e a pirólise continua.
Pior ainda, ao abrir-se a porta, a entrada de ar vai ser facilitada pelo
fato de que a fumaça não vai sair, ou seja, não vai ocupar a porta,
deixando-a toda disponível para a entrada de comburente.
Nota: Este tipo de backdraft pode ser demonstrado no minisimulador.
A presença inicial de uma saída de fumaça não é obrigatoriamente sinal de que o backdraft
será evitado, pois a saída deve ser suficiente para extrair a fumaça mais rápido do que ela é
produzida ou, pelo menos, para diminuir suficientemente sua concentração.
Local
Leo’s Supermarket
(Bristol – GrãBretanha)
Situação
Supermercado com o teto
furado. Fogo ao fundo no
açougue. Ataque pelo fundo
Ação
Penetração de uma dupla pela
frente para busca de eventual
vítima. Fornecimento de ar e
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AULA: TEORIA NÍVEL 1
Supermarché AldiCovee (Braine
L’Alleud - Bélgica)
Supermercado com teto furado.
Fogo no lado dentro de um
pequeno escritório. Chama e
fumaça saindo pelo teto.
desencadeamento de um backdraft
(um bombeiro morto).
Quebra de vidro na fachada.
Entrada de ar e desencadeamento
de um backdraft muito violento.
Nenhum ferido.
Uma porta aberta de um quarto será considerada uma entrada grande. A mesma porta aberta
na área de vendas de um supermercado de 1000 m2 permitirá uma entrada de ar insignificante.
A mesma coisa acontece com o tamanho das saídas de fumaça.
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Parte D
FGI - IGNIÇÃO DA FUMAÇA (OU
IGNIÇÃO DOS GASES DO INCÊNDIO)
Seqüência D1 – Flashfire
FGI: Fire gas ignition, ou seja, inflamação dos gases originados do fogo.
Importante: Os esquemas são vistos de cima.
O fogo se desenvolve no cômodo 2. O móvel no corredor 1 é
submetido ao calor através da divisória e começa a pirolisar (fumaça
branca, não obrigatoriamente quente).
Cômodo 1 (corredor) – Combustível (gases de pirólise) +
comburente, pois a pirólise não o consome. Ambiente sem calor.
Cômodo 2 – Combustível (fumaça) + energia (calor muito forte na
fumaça). Mas falta comburente no alto.
Dois lados do triângulo do fogo, mas não os mesmos nas duas peças.
Ao abrir-se a porta, a fumaça quente sai do cômodo 2 e encontra
comburente. Aí ela pega fogo espontaneamente, fornecendo ao
cômodo 1 a energia que faltava.
Aí a mistura combustível + comburente presente no corredor pega
fogo. A frente de chama se propaga nesta mistura gasosa. É o
fenömeno do flashfire.
Flashfire = propagação de uma frente de chama dentro de um
combustível gasoso acendido por um fornecimento de calor. Esta
inflamação não é explosiva.
Os gases envolvidos podem ser provenientes da pirólise de materiais aquecidos por meio de
condução (por exemplo, através de uma parede) ou da fumaça proveniente de “fuga”
(passagem por tetos falsos, por exemplo) ou os dois (pirólise + fugas).
Durante a progressão, é preciso desconfiar dos móveis que pirolisam.
Mesmo sendo uma inflamação de gases, isso não parece um flashover, pois não há feedback
radiativo. Além disso, o flashover se produz obrigatoriamente dentro do local em que se
encontra o fogo. Não é sempre o caso do flashfire: ele pode acontecer no corredor, quando o
fogo está num quarto. Pode se produzir também no local do fogo, mas geralmente durante o
rescaldo: o fogo está praticamente extinto, mas os gases de pirólise continuam a ser
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RESUMO PARA O ESTAGIÁRIO
CAPACITAÇÃO: COMPORTAMENTOS EXTREMOS DO FOGO 1
AULA: TEORIA NÍVEL 1
produzidos pelos resíduos que não foram totalmente apagados. Vira-se um colchão, uma
chama surge e coloca fogo nos gases presentes. Se não é explosivo, é um flash-fire.
Parte D
FGI - IGNIÇÃO DA FUMAÇA (OU
IGNIÇÃO DOS GASES DO INCÊNDIO)
Etapa 1. Fogo violento dentro do cômodo
de baixo (1). Ele esquenta o teto e faz
pirolisar o sofá no cômodo de cima (2).
Emissão de fumaça branca, mas sem
consumo de comburente. A fumaça do
cômodo 1 pode também se infiltrar para o
cômodo 2 (por aberturas ou fissuras).
Seqüência D2 – Ignição explosiva da
fumaça (smoke explosion)
Etapa 2. O fogo é extinto. Durante o
rescaldo, o teto é aberto. Os elementos
quentes (faísca, por exemplo) passam para o
andar de cima e provocam a inflamação.
Esta inflamação é explosiva, por acontecer
num local fechado. É uma smoke explosion.
Flashfire e smoke explosion são fenômenos nos quais o elemento que faltava é a energia de
ativação. O contato com uma chama ou calor desencadeia o fenômeno. A intensidade do
fenômeno vai depender da qualidade da mistura combustível-comburente no momento do
desencadeamento. Depende, portanto, de outros fatores, como a quantidade de combustível
infiltrada no cômodo. Se nós nos prendermos a este parâmetro de fornecimento de energia,
podemos dizer que o backdraft por retorno de chamas sobre as brasas é uma smoke explosion,
pois, neste caso, não havia energia suficiente e ela foi produzida pelo retorno de chamas nas
brasas.
Para simplificar, podemos limitar a definição pensando no cômodo e no retorno de corrente
de convecção. Flashover: se produz dentro do cômodo onde está o fogo (o triângulo do fogo
está “completo”). Backdraft: se produz num local com fogo e é caracterizado pelo retorno da
corrente de convecção (elemento que faltava: comburente).
As ignições de fumaça (FGI) se produzem num local diferente daquele onde está o fogo ou
então no local do fogo, mas depois que o fogo já foi apagado (elemento que faltava: energia).
Extrapolando, um backdraft que demore muito a acontecer se desencadeará quando não
houver mais aspiração de ar na entrada, e nós podemos eventualmente considerar que seja
uma explosão de fumaça. No que tange à energia liberada, não há diferença entre um
backdraft e uma smoke explosion. Apenas difere o princípio de desencadeamento.
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DOCUMENTO DO
ESTAGIÁRIO
ATUALIZAÇÃO FLASHOVER 1
AULA PRÁTICA: JATOS E ATAQUES NÍVEL 1
Introdução
Este documento complementa a instrução recebida pelos senhores.
Os pôsteres
Pôster 1 – As zonas do fogo
Zona 1 – Combustível sólido. É o que
gera a coluna de chama. É o objetivo final
da ação de combate.
Zona 2 – Coluna de chamas. Ela é
continuamente renovada pelo combustível
sólido. É, portanto, inútil tentar apagá-la,
pois voltará rapidamente enquanto a zona
1 não for extinta.
Zona 3 – Os gases quentes. Fumaça
parcialmente em chamas e que dificultam
a aproximação. É preciso resfriá-la antes
que pegue fogo.
Zona 4 – Os materiais que pirolisam. Eles
podem pegar fogo, algumas vezes, atrás
dos bombeiros.
Existem diferentes tipos de combustíveis, posicionados em locais diferentes e que é preciso tratar de
forma diferente. Os elementos 4 e 3 serão encontrados no trajeto até o elemento 1. Este pôster serve
para ilustrar a progressão e os ataques.
Pôster 2 – As zonas dentro da estrutura
1 – Porta de entrada. Sua abertura vai
fornecer comburente e a fumaça será
empurrada na sua direção. Depois de passar,
é preciso fechá-la sobre a mangueira, para
evitar, ao máximo possível, a ventilação.
2 – Trajeto de progressão. É preciso resfriar a
fumaça durante este trajeto e prestar muita
atenção. É durante este trajeto que se
produzem os acidentes (falta de atenção e
ventilação involuntária).
3 – Um móvel pirolisa? É necessário resfriálo.
4 – Ponto de ataque. É o destino da
progressão. É possível atacar do interior,
mas, às vezes, será necessário atacar de fora
(em caso de risco de desabamento, por
exemplo).
Este pôster serve para ilustrar todas as técnicas de jatos e ataques (passagem de porta em 1,
progressão em 2, resfriamento do móvel em 3, ataque em 4.)
- No cômodo onde está o fogo, há risco de flashover ou de backdraft, de acordo com as aberturas
disponíveis.
- Na zona de progressão, há risco de flash-fire (ignição de fumaça não explosiva).
- Nos outros cômodos (quarto em baixo à direita, por exemplo) há risco de smoke-explosion (ignição
de fumaça explosiva)
- As linhas de mangueira devem ser pressurizadas no exterior da estrutura: a progressão começa tão
logo haja um teto. No caso de vários andares, a pressurização deve ser feita no andar inferior.
Adaptado de Comentários e Justificação Técnicas de uso de esguicho Versão 2.50 de 17/03/2008 – Página 1/19
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL
DOCUMENTO DO
ESTAGIÁRIO
ATUALIZAÇÃO FLASHOVER 1
AULA PRÁTICA: JATOS E ATAQUES NÍVEL 1
Pôster 3 – A passagem de porta
1 – Combustível sólido.
2 – Coluna de chama.
3 – Gases quentes.
4 – Os gases quentes atingem as paredes e
descem. Por isso, a zona atrás da porta fica muito
quente. (Nota : dentro do contêiner, quando se
está de costas para a porta, sente-se bastante
este calor.)
A abertura vai fornecer ar e os bombeiros entram
no cômodo logo atrás da porta, numa zona muito
quente e, portanto, muito perigosa.
Este poster é usado para ilustrar a técnica de passagem de porta.
Pôster 4 – A proteção
Este pôster foi construído a partir da simulação computacional do incêndio de Bully-les-Mines,
durante o qual a dupla se protegeu utilizando a “sombrinha” da posição de proteção. Este pôster é
utilizado para a seqüência sobre a posição de proteção.
Descrição da ocorrência: O fogo se inicia no ponto X, ao pé da cama (aparentemente por causa de
um curto circuito) mas sem comburente ele estagna após ter produzido muita fumaça e aquecido os
elementos do cômodo 2 (cama de adulto e cama de criança). Os bombeiros vêm pela escada, entram
no cômodo 1, mas não vêem nada por causa da fumaça. Quase não se percebe calor. Eles se
dirigem ao cômodo 2, não encontram nada, continuam o deslocamento e abrem a janela da peça 1. O
teto de fumaça sobe. Eles sentem então um aumento do calor, depois eles sentem então um
aumento do calor e depois vêem chamas na altura da porta separando os dois cômodos. A ventilação
provocada pela abertura da janela permitiu que o fogo se recuperasse. O calor emitido provoca a
ruptura da janela no cômodo 2. Acontece então um flashover induzido pela ventilação no cômodo 2
com propagação para o cômodo 1. Os bombeiros se jogam no chão e se protegem com o esguicho
regulado a 500 lpm. A curva de potência demonstra que esta alta vazão salvou suas vidas, pois com
uma vazão menor, a absorção térmica teria sido insuficiente. (Simulação realizada com o programa
FDS 4.07).
Adaptado de Comentários e Justificação Técnicas de uso de esguicho Versão 2.50 de 17/03/2008 – Página 2/19
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DOCUMENTO DO
ESTAGIÁRIO
ATUALIZAÇÃO FLASHOVER 1
AULA PRÁTICA: JATOS E ATAQUES NÍVEL 1
Parte A
Água
•
•
Seqüência A1 – Princípio da extinção
A água é um elemento sem carbono, não queima.
A água é disponível, à pressão atmosférica normal, nos três estados: sólido, líquido e gasoso.
Destes, nós nos interessamos pelos dois últimos.
O calor é energia em movimento e, portanto, NÃO SE ACUMULA.
O calor se transfere do material mais quente ao material mais frio. O resfriamento é, portanto, uma
simples questão de transferência de calor.
Em contato com o material quente, a água vai aumentar de temperatura. O calor vai, portanto, sair do
material quente em direção à água. Este aumento de temperatura da água consome energia, mas é a
evaporação da água, ou seja, sua mudança de estado, que consome mais energia.
•
•
•
1 grama de água que aumenta 1 grau de temperatura consome 1 caloria.
A passagem de um grama de água para vapor precisa de 537 calorias.
1 litro de água a 20 °C, ao se transformar em vapor, absorve 2.6 MW. Mas, para isso, é
necessário um rendimento de 100%, ou seja, que a totalidade do litro de água seja
evaporado. Na realidade, um bom chefe de linha, bem treinado, pode esperar um rendimento
de 80%, atuando com calma, competência, etc.
Importante: A extinção é um fenômeno imediato. Podemos pensar no exemplo da vela, que se sopra
de uma vez e não por um longo tempo e devagar. Ou o interruptor que, logo que alguém o pressiona,
apaga a lâmpada (ou seja, extingue uma fonte de luz e de calor).
Para que a água se evapore, duas coisas são importantes: tempo de contato e superfície de contato.
Utilizam-se gotas de água para ter maior tempo e maior superfície de contato possíveis. No entanto,
se as gotas forem muito finas, serão levadas pelas correntes de ar produzidas pelo fogo. Ou seja,
nem sempre as gotas muito finas são ideais.
A água vai extinguir a combustão, principalmente, por resfriamento, ou seja, por uma transferência de
energia que será mais rentável na medida em que haja mudança de estado e não somente
aquecimento da água (de 20° a 100°C, por exemplo). Também pode ser utilizada a produção
excessiva de vapor para inertizar ( ou seja, um elemento inerte tomar o lugar do comburente)
Adaptado de Comentários e Justificação Técnicas de uso de esguicho Versão 2.50 de 17/03/2008 – Página 3/19
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Parte A
A água
Seqüência
A2
–
inconvenientes da água
Limites
e
Para que a extinção com água seja eficaz, é bom que evapore.
O vapor vai agir como um pistão, tomando espaço dentro do cômodo. Assim haverá sobrepressão e,
portanto, a saída de gases quentes. Por isso, se a água atinge as paredes e o teto, a expansão do
vapor vai “empurrar” sobre os bombeiros os gases quentes (fumaça).
A expansão do vapor vai depender da sua temperatura É
comum ouvir que um litro de água produz 1700 litros de vapor,
mas isto só é verdade quando o vapor produzido está a
100°C. Para temperaturas superiores, a expansão é muito maior
(ver tabela ao lado).
É evidente que basta pouquíssima água para tomar totalmente
o cômodo, principalmente se este vapor se produz a uma
temperatura elevada.
•
•
•
•
•
Temperatura
°C
100
200
300
400
500
600
800
Volume de
vapor por um
litro de água
1700
2060
2520
2980
3440
3900
4900
A água é um bom condutor de calor. É um bom agente extintor, mas quando se espalha no
chão, pode vir a queimar os joelhos.
Oferece risco de escorregões.
Infiltra-se e escorre, produzindo danos nos andares inferiores.
Pode destruir provas nos incêndios de origem suspeita.
Aumenta o risco de choque elétrico.
O objetivo será, portanto, de extinguir utilizando o mínimo de água ou de se proteger do vapor,
em caso de produção excessiva.
Toda a água que está no chão é água que não serviu para nada.
Nota: Água demais é vapor demais e, portanto, produção de “fumaça branca”, que dificulta perceber
os gases de pirólise.
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Parte B
Os esguichos
Seqüência B1 – Funcionamento dos
esguichos
Componentes de um esguicho regulável.
1 – Acoplamento (na figura, há um
acoplamento de modelo europeu de 45 mm.
No CBMDF, usa-se acoplamento tipo storz,
padrão brasileiro).
2 – Punho. É por ele que se segura o
esguicho, não pela mangueira. O esguicho é
seguro pelo braço estendido, para poder
varrer o espaço, no alto, em baixo, à direita e
à esquerda, e resistir ao recuo do esguicho.
Quando se segura o esguicho com a mão
direita, a mangueira passa sob o braço direito.
3 – Alavanca. Serve para abrir ou fechar o
esguicho. Deve ser deslocada totalmente,
exceto nos esguichos em que a vazão se
regula na alavanca.
4 – Controle rotativo de vazão. A rotação do
anel desloca o centro da cabeça defletora (4
bis). Quando ele está muito afastado, passa
muita água, ou seja, alta vazão.
5 – Cabeça defletora (ou difusora) com disco
dentado fixo ou rotativo.
Nos esguichos em que a regulagem de vazão é por anel (marca Akron, Pok...), a alta vazão produz
um círculo largo ao redor do centro da cabeça defletora. Quando o anel de água atinge os dentes, as
gotas produzidas são grandes. Em baixa vazão, o anel de água é estreito. Por isto, produz gotas
pequenas.
•
•
O jato compacto (ou sólido) possui grande alcance, mas uma pequena superfície de contato.
Tem forte poder de penetração, mas pouco poder de resfriamento pela pequena superfície de
contato.
O jato neblinado possui uma grande superfície de contato, mas pequeno alcance. Para ter
poder de penetração, deve ser composto de gotas grandes.
Importante: 1) Após a maior vazão fica a posição de limpeza (flush) que serve para retirar sujeiras de
dentro do esguicho.
2) Nos esguichos tipo pistola, a pressão influi decisivamente para que as gotas sejam
pequenas. Nos esguichos de vazão regulável, acima de 7 bar, a pressão não diminui o diâmetro das
gotas de forma significativa.
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Parte C
Progressão e proteção
Seqüência C1 – Posição, progressão e
criação de zonas tampão
Fase de progressão. Baixa vazão, esguicho
aberto a 60°, inclinado a 45°. Pulso curto
(pulsing). O ajudante da linha observa atrás. Ele
não toca o chefe de linha.
Resfriamento
de
superfície
(painting).
Esguicho regulado em jato compacto, alavanca
aberta parcialmente para produzir um jato
“mole”. Serve para molhar móveis, paredes e
portas.
Como os senhores devem proceder para ir do ponto de entrada ao ponto de onde possam atacar o
fogo?
No pôster 1 (zonas do fogo), nós vamos nos ocupar da zona 3 (gases quentes) e
Introdução
da zona 4 (móvel que pirolisa). No pôster 2 (zonas da estrutura) estamos em
progressão e vamos passar ao lado de um móvel que pirolisa.
Chefe de um lado da mangueira, ajudante do outro. Esguicho a 45° em relação ao
Resumo
solo, abertura de 60°, vazão 100 a 150 lpm, pressão de 7 a 8 bar. Pulso curto,
espera, progressão, pulso curto, espera, progressão. O ajudante olha para trás
durante a progressão. Ele não toca o chefe da linha. Resfria-se o móvel ao passar
por ele, e também a parede próxima.
Pode-se fazer dois pulsos um ao lado do outro, depende do tamanho do local.
Comentários e Por que o chefe de linha fica de um lado da mangueira, o ajudante do outro?
Justificação
• Eles cobrem uma grande zona com um só olhar.
• Eles podem se colocar rapidamente em posição de proteção (vista mais
adiante).
• Eles podem dialogar mais facilmente, sem se tocar.
• O ajudante fica mais confortável para puxar uma vítima, que será protegida
pelo jato do esguicho.
• O ajudante não toca o chefe da linha. Compressão dos tecidos da roupa de
aproximação = interrupção das camadas de ar = queimadura.
O chefe de linha fica de joelhos, para ficar estável e poder observar à frente e
acima de si. Ele pode se inclinar para trás.
• O esguicho fica bem seguro, pelo punho próprio (não pela mangueira).
• A mangueira passa sob o braço da mão que segura o punho.
• O esguicho é regulado em vazão mínima com um ângulo de abertura bem
grande, de aproximadamente 60°. Abrir totalmente e voltar um pouco, de
acordo com o esguicho utilizado.
• O esguicho é mantido em um ângulo de 45° em relação ao solo.
• A mão permanece sobre a alavanca, mesmo durante o deslocamento, para
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•
estar sempre pronta em caso de problema.
A alavanca é deslocada totalmente e depois retornada imediatamente à
posição inicial. Esta é a técnica do jato atomizado.
Quando se fazem dois pulsos seguidos, eles são feitos um ao lado do outro, para
que o segundo não atinja uma área já resfriada (há risco de geração de vapor com
a água que atingiria teto e paredes). Só se faz mais de um pulso ao lado do outro
em um local largo.
Espera-se a água agir para, então se avança.
As gotas demoram a cair. Não é bom que a água toque as paredes, pois produziria
vapor que lançaria fumaça sobre os bombeiros. O ajudante da linha observa atrás:
tetos falsos (invisíveis por causa da fumaça), objetos que pirolisam, etc…
É possível testar a temperatura perto do teto aplicando um pulso curtíssimo (baixa
vazão, abertura de 60°) dirigindo o jato verticalmente e observando se a água cai.
Se cai, a situação está aceitável. Caso contrário, é preciso resfriar novamente e
permanecer vigilante durante a progressão.
Os objetos que pirolisam são resfriados pela técnica do “painting”. As paredes
podem também ser molhadas se a progressão for longa, a fim de criar zonas
tampão, que continuarão frescas e impedirão a pirólise. Nesta operação, é possível
segurar o esguicho pela mangueira, para se conseguir um maior alcance sem
aumentar a vazão.
Se uma vítima é encontrada e não pode vir reforço para buscá-la, saia com ela
puxando-a para permanecer sempre em posição baixa. Mas não deixe jamais o
esguicho no local, pois ele é importante para protegê-los e porque alguém poderia
achar que ainda havia bombeiro lá dentro.
Estando dentro do ambiente, só abra janelas quando o fogo for controlado. Jamais
crie abertura pelo exterior à revelia de quem está no interior.
Se não há nem fumaça nem calor, não é preciso pulsar, mas é melhor progredir de
joelhos e observando. Atenção às surpresas ruins!
Não esqueça
Deve-se sempre ficar entre o fogo e as saídas que permitam o escape. O resgate
de vítimas deve ser protegido por um ataque ao fogo. Salvar sem atacar,
somente se as vítimas estiverem visíveis do exterior.
Nota: É possível demonstrar a inconveniência de usar uma vazão alta: o alcance fica incompatível
com as dimensões dos cômodos. Se, para diminuir o alcance, nós abrimos o ângulo do jato, as gotas
se tornam maiores e caem, não formando uma esfera de gotas de água.
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Parte C
Progressão e proteção
Seqüência C2 – Posição de proteção
Se os senhores não conseguem sair de uma estrutura e a situação se degrada muito rapidamente,
tendendo ao flashover, o que os senhores podem fazer?
Primeiramente, a linha recua, pulsando na fumaça, com as mesmas regulagens que para a
progressão, pois é isso que se está fazendo. Em um segundo momento, a situação se degrada
(piora). A linha se lança ao chão, conservando o esguicho aberto, que continua em baixa vazão. Na
terceira fase, a linha está no chão, o esguicho é levantado, sua vazão e seu ângulo modificados.
Quarta etapa, a linha espera que a situação melhore para em seguida sair, pulsando para resfriar a
fumaça.
No pôster zonas da edificação, nós estamos entre os pontos 2 e 3, por exemplo.
Como se vê na curva do pôster número 3, somente a alta vazão pode permitir a
nossa sobrevivência, pois, nesse local, a fuga será longa demais.
Progressão pulsando (veja sequência D1) e depois passagem para a posição de
Resumo
proteção. Deitados no chão, com o rosto o mais perto possível do chão. Abertura e
vazão máxima, jato neblinado de proteção.
Comentários e Nós estamos progredindo e a situação se degrada repentinamente:
Justificação
• Manter o esguicho aberto.
• Deitar-se com o rosto no chão, ajudante e chefe encostados. Toma-se esta
posição inclinando-se para frente.
• Colocar o esguicho na posição vertical. Atenção para não dobrar demais a
mangueira impedindo o fluxo de água.
Introdução
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•
•
Vazão máxima, jato neblinado de proteção.
Quando a situação melhorar, tentar sair.
Observações:
1. Atente para a posição; toda precipitação deve ser evitada. Prefira uma ação lenta a uma ação
rápida pois, face ao fogo e ao calor, a ação terá sempre tendência a ser precipitada.
2. Quando o exercício se faz com a linha recuando, constatamos que os estagiários se deitam
para trás, em má posição. É preciso insistir para que eles se deitem para frente. Pode-se
treinar algumas vezes indo para frente.
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Parte D
Técnicas de ataque
Seqüência D1 – Ataque combinado
(ZOT)
Se um dos senhores se encontra de frente para o local incendiado, com grandes aberturas perto do
foco, a produção de vapor não será um problema. Neste caso, pode-se utilizar o ataque combinado.
Esta técnica tem vários nomes: “combination attack” para os americanos, “attaque combiné” para os
canadenses. Os franceses chamam-na, algumas vezes, de “crayonnage” (por um erro de tradução)
ou “attaque massive”. Nós a chamaremos de ataque combinado ou ZOT (ou ainda TOZ).
Da esquerda para a direita: Z para uma superfície de 30 m2, O para uma superfície de 20 m2 e T para
uma superfície de 10 m2.
Posicionar-se em uma superfície grande, se possível próximo a alguma coisa que
permita ter idéia da altura de um cômodo médio (um contêiner, por exemplo).
Considerando o pôster das zonas do fogo, nós vamos trabalhar sobre o conjunto,
portanto tanto sobre 3 (gases quentes) como sobre 1 (combustível sólido).
No pôster das zonas da estrutura, estamos dentro do local, no ponto 4, se o local é
bem ventilado, OU podemos também estar de fora, para atacar pela janela, da
mesma maneira.
Posição de joelhos, um de cada lado da mangueira. Esguicho regulado em um
Resumo
ângulo de aproximadamente 30°. A vazão é máxima (400 a 500 lpm, segundo o
modelo do esguicho). Dois traços de Z, espera. Dois traços de O, espera. Dois
traços de T.
Comentários e Há quatro gestos.
Justificação
Primeiro o Z. Esta é a letra mais longa, que dura aproximadamente 2,5 segundos.
Nós a iniciamos no alto à esquerda e terminamos em baixo à direita. Nós
utilizaremos esta letra para áreas grandes, de aproximadamente 30 m2. É preciso
fechar o esguicho rapidamente, mas não de forma brusca, pois as mangueiras
podem rebentar pela alta vazão, de 500 lpm (golpe de aríete).
Introdução
Quando a área é menor, utilizamos a letra O. Ela começa no alto e nós mudamos
no sentido horário. Para aproximadamente 20 m2.
Para um local ainda menor, nós traçamos um T. Aproximadamente 10 m2.
Para um local alongado, como um corredor com fogo, nós podemos traçar um I.
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Uma vez o traço feito (uma só letra, uma só vez), nós observamos o resultado. O
que sobra para apagar se apaga com menor vazão, geralmente se aproximando e
fazendo resfriamento (nos móveis, por exemplo) durante a progressão.
A velocidade durante o traçado é sempre a mesma, a duração dependerá do
tamanho da letra.
Escolhe-se a letra de acordo com a área e faz-se o ataque uma vez, observa-se e
repete-se o ataque mais uma vez, se necessário.
O rescaldo pode ser feito em baixa vazão.
Vantagens:
• Não há necessidade de entrar no local do fogo.
• Permite tratar locais amplos.
• Permite tratar locais altos.
Inconvenientes:
• Grande produção de vapor.
• Risco de deteriorar as mangueiras.
• Forte reação do esguicho (recuo).
• Vazão incompatível com um bom resfriamento da fumaça. De fato, a 500
lpm, o resfriamento da fumaça produz um volume de vapor superior ao
volume ganho pela contração da fumaça pelo resfriamento. Ou seja,
sempre haverá produção excessiva de vapor, portanto efeito de “panela de
pressão”.
Não esquecer.
Esta técnica só é utilizada se o local possui aberturas suficientes, além daquelas onde se
encontram posicionados os bombeiros. Em caso contrário (local mal ou não ventilado) há forte risco
de queimaduras dos bombeiros.
É uma técnica adequada para incêndios controlados pelo combustível.
Nota: o ataque combinado é assunto de um artigo bastante longo disponível em
http://www.flashover.fr. A duração dos gestos (e, portanto, a quantidade de água) foi estimada
em parte com base nos cálculos de potência nas superfícies, em função da quantidade de
comburente disponível para um ambiente de 2,5 m de pé direito.
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Parte D
Técnicas de ataque
Seqüência D2 – Ataque alternando jato
atomizado e jato compacto
Se o local não tem aberturas para saída de fumaça perto do foco, como pode-se atacá-lo evitando
queimaduras por vapor?
Pulsos para o alto para se proteger, resfriar a atmosfera e trabalhar num ambiente mais confortável, e
alternância com pulsos em jato compacto, sobre o elemento sólido.
Posicionar um móvel a mais ou menos 3 ou 4 m. Atente para não colocá-lo longe
demais. Considerando o esquema do pôster das zonas do incêndio, vamos tratar a
zona 3 (gases quentes) a fim de poder ficar na posição e atacar assim a zona 1
(combustível sólido). Nós não tratamos a zona 2, pois ela é renovada sem parar.
Considerando o pôster das zonas da estrutura, nós estamos dentro do cômodo, no
ponto 4.
Chefe da linha posicionado de joelhos, ajudante do outro lado da mangueira.
Resumo
Fazer pulsos curtos para o alto (2 ou 3) em jato bem aberto (como para a
progressão), baixa vazão, alternados com pulsos muito curtos, em jato compacto,
para depositar “pacotes de água” sobre o material.
O número de pulsos varia conforme o tamanho do cômodo.
No final, avança-se e depois levanta-se para molhar o material (objeto alvo), para
finalizar a extinção. O ajudante vira ou desloca o objeto para ajudar. É um trabalho
de equipe.
Comentários e Pulso para o alto, não na coluna de chama, mas sim na zona entre os bombeiros e
a coluna, para proteção destes.
justificação
Em seguida regula-se o esguicho para jato compacto para dar alguns pulsos curtos
sobre os materiais sólidos. Nós criamos, assim, uns “pacotes de água”. Depois,
regulamos de novo o esguicho para jato atomizado e recomeçamos.
Introdução
Nota: para fazer os pequenos “pacotes de água”, há dois modos: abre-se e
fecha-se parcialmente o esguicho, rapidamente, ou abre-se devagar. Cada um
deve procurar a sua maneira de fazê-lo.
Vantagens:
• Golpe de aríete insignificante (pequena vazão).
• Não há perturbação da distribuição térmica no ambiente (no alto mais
quente que em baixo, onde ficam os bombeiros).
• Preserva-se a visibilidade.
• Não há formação de vapor excessivo.
• Não lança pedaços do combustível sólido nem empurra a fumaça, portanto
não há risco de propagação nem aumenta o risco para eventuais vítimas.
• Não há danos secundários pelo uso excessivo de água.
• Não há danos mecânicos (o jato compacto é utilizado sem pressão).
• Há controle permanente da situação.
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Inconveniente:
• Demanda um pouco de treinamento.
• Serve para rescaldo.
• Serve também para local com ventilação adequada.
Lembrete:
Tudo é feito à baixa vazão, pois somente esta produz gotas pequenas, as mais
adequadas para resfriar a fumaça. O ataque ao fogo se faz mudando a forma do
jato, não a vazão.
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Parte D
Técnicas de ataque
Seqüência D3 – Ataque indireto
Não dá para entrar no local incendiado, como é possível extinguir o fogo?
No esquema mostrado no pôster das zonas da estrutura, nós estamos no ponto 4,
Introdução
no exterior.
Para treinar esta técnica é preciso uma porta.
Resumo
Aplica-se água por até um minuto com jato aberto 30º ou menos (de ataque).
Fechamento da porta.
Nova aplicação de água.
Comentários e Nós nos posicionamos no nível de uma abertura e aplicamos água dentro do
cômodo. O objetivo é tocar as paredes, a fim de produzir uma grande quantidade
justificação
de vapor de água. Esta produção de vapor vai resfriar, mas principalmente
umidificar a atmosfera. Fecha-se a porta e espera-se.
Este modo de ataque pode ser feito quando não há como entrar no local do
incêndio.
Vantagens:
• Não há necessidade de adentrar na estrutura.
• Não há necessidade de roupa de aproximação especial.
• Não há necessidade de uma técnica de jato muito apurada.
• Pode ser feita com um esguicho agulheta.
Inconvenientes:
• Danos causados pela água.
• Jato forte, capaz de destruir móveis frágeis e eventuais tetos falsos.
• Grande produção de vapor e, portanto, risco para as eventuais vítimas.
• Forte sobrepressão, tendendo a empurrar a fumaça para outros locais
(risco de propagação).
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Parte E
Passagem de porta
Introdução
Resumo
Seqüência E1 – Passagem de porta
Para treinar esta técnica é preciso uma porta. Pode-se pintar nela “ORTA”.
• Progressão por alguns metros, aproximando-se da porta.
• Posicionamento: um em cada lado da porta.
• Observação Rotativa
• Tocar de baixo até em cima (sem retirar a luva!).
• Aguar de baixo até em cima.
• Se posicionar para pulsar na abertura.
• Dialogar.
• Dois pulsos, abertura, pulso longo, fechamento.
• Dialogar de novo e esperar aproximadamente 5 segundos.
• Repetir os pulsos, diálogo e espera por 3 vezes, e entrar na quarta vez.
• Fazer pulsos curtos depois de entrar.
• Avançar.
• Fechar a porta.
Comentários e Avançar pulsando é a progressão.
As portas influenciam os movimentos gasosos. No alto das portas, as turbulências
Justificação
tendem a aumentar a potência térmica. Por isso, é obrigatório resfriar a zona
interior do ambiente, logo atrás da porta, antes de entrar. Ao se aproximar da porta,
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nós nos posicionamos: o chefe de linha deve pulsar dentro da abertura e o
ajudante deve estar protegido. Além disso, os dois devem dialogar.
• Se a porta se abre para fora, o chefe da linha fica do lado da fechadura.
• Se a porta se abre para dentro, o chefe de linha fica do lado das
dobradiças.
Protocolo ORTA: Observação Rotativa, Tocar, Aguar.
Observação da porta:
• Fazer um círculo, para não esquecer nada.
• Em baixo da porta. Se a fumaça sai é um sinal de backdraft (tudo está
cheio de fumaça, até o chão): procurar fazer uma ventilação no alto do
cômodo ou repetir o ciclo de resfriamento um número maior de vezes.
• Laterais da porta para observar e medir a altura da fumaça, a fim de ver se
a situação evolui.
• Tocar as dobradiças e fechaduras.
• Alto da porta: deformação, pintura craquelada, fumaça sob pressão.
• Outro lado da porta. A zona de fumaça evoluiu (desceu ou subiu)?
A presença dos sinais indica os fenômenos, mas sua ausência não indica a
ausência dos fenômenos (a porta pode ser isolada, por exemplo).
Tocar a porta: De baixo até o alto, para sentir se a pintura está grudando. Não
espere sentir o calor numa porta de apartamento, que pode ser resistente ao fogo.
Deve-se tocar a porta porque nunca se sabe. Não retire as luvas.
Aguar: De baixo até em cima para observar se a água evapora. Se se aguar
começando de cima, não dá para saber em que altura ela evapora. Resfriar a porta
para que ela agüente mais tempo (útil em caso de ser necessário recuar). É o
mesmo princípio de quando aguamos um móvel que pirolisa ou uma parede
durante a progressão. Nós criamos uma zona fria.
Abertura da porta: As tarefas são repartidas, é o ajudante que abre a porta. O
chefe fica em posição, o esguicho regulado a 30° (jato de ataque) para poder
pulsar dentro do ambiente. A vazão é baixa, a mesma da progressão.
Dois pulsos para o alto. A água permanecerá suspensa no ar durante alguns
instantes e, quando a porta for aberta, a fumaça que sair será resfriada. Nós
evitamos assim a ignição da fumaça ao sair do local, que poderia propagar-se pela
fumaça no corredor (flash-fire).
Um pulso só, com o jato mais aberto, atingirá a porta, criando um anel de
água que não protegerá. É por isso que utilizamos dois pulsos de um jato um
pouco mais estreito, lado a lado, para cobrir toda a zona sobre os
combatentes.
Imediatamente após esses dois pulsos, o ajudante da linha entreabre a porta e o
chefe pulsa dentro do local, um pulso longo (2 segundos aproximadamente).
A porta é fechada novamente e se esperam entre 5 e 8 segundos para que o
resfriamento tenha efeito.
É a situação observada na abertura (saída de fumaça quente ou chamas na parte
superior, aspiração violenta embaixo) que vai permitir saber se é preciso resfriar
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mais.
Atenção:
O objetivo não é realmente extinguir o fogo dentro do local, mas simplesmente criar
uma zona fresca, dentro da qual nós entraremos. Não se deve lançar muita água
para não produzir danos secundários e vapor, senão, quando entrarmos, o local
estará com sobrepressão e nós vamos nos queimar.
Mas em caso de risco de backdraft ou calor muito grande, é possível refazer este
ciclo um bom número de vezes para apagar o fogo. É preciso ter certeza de que
não há vítima e também que não há risco de propagação, pois a sobrepressão
provocada pelo vapor pode empurrar a fumaça para outros locais.
Quando a situação estiver aceitável, fazemos mais uma seqüencia de três pulsos e
entramos.
A porta deve ser mantida fechada sobre a mangueira, seja pelo ajudante, no caso
da porta do cômodo incendiado, seja por uma terceira pessoa, se ainda for preciso
progredir mais. O objetivo é evitar fornecer comburente ao fogo.
Única exceção: se o local possui uma saída de fumaça e está sendo usado
ventilador (ventilação de ataque) e a ventilação já está posicionada funcionando de
forma eficaz.
A escolha do ataque depende das condições: ZOT para locais grandes ou com boa
ventilação, alternância de pulsos de jato atomizado e jato compacto nos outros
casos.
Aprendizagem
Nota:
O ajudante pode utilizar uma fita plana ou cordelete e um cabo de ferramenta
para abrir.
A observar: posição, não se tocar, não se precipitar.
Conselho: preferir uma ação lenta à uma ação rápida pois, face ao fogo e ao calor,
a ação tende a se fazer de forma precipitada. Insista na calma, principalmente após
ter passado pela porta. Insista também na importância da observação.
Observações:
Dois pontos a destacar. Em primeiro, de acordo com o sentido de abertura da porta e o fato do chefe
da linha ser destro ou canhoto, é possível que, durante os pulsos para a passagem de porta, a
mangueira não fique entre os dois bombeiros. Não tem problema. O importante é estar na posição
mais cômoda e, quando a linha entrar no local, o ajudante volta a se colocar corretamente do lado
oposto da mangueira.
O segundo ponto é quanto a manter a porta fechada e saber quem se encarrega disto. A porta em
questão aqui é a que separa a zona sem fumaça (ou em todo caso, a zona de menor pressão) da
zona com fumaça e, geralmente, de maior pressão. Geralmente é a porta principal da casa ou
apartamento. Se for preciso progredir após passar desta porta, será mantida fechada por uma
terceira pessoa que, em seguida, ajudará a deslizar a mangueira para dentro do ambiente.
No esquema das zonas da estrutura, pode-se dizer que a porta em questão pode ser aquela na zona
1, mas também a na zona 4: a porta 1 será mantida fechada por uma terceira pessoa, mas a dupla
pode também fechar a porta 4 durante o ataque, impedindo assim que o fogo utilize o comburente
presente dentro da estrutura.
Adaptado de Comentários e Justificação Técnicas de uso de esguicho Versão 2.50 de 17/03/2008 – Página
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL
DOCUMENTO DO
ESTAGIÁRIO
ATUALIZAÇÃO FLASHOVER 1
AULA PRÁTICA: JATOS E ATAQUES NÍVEL 1
Em todo caso, por precaução, a porta 1 será sempre fechada, mesmo se não há aparentemente risco
nesta zona. Chegando ao foco, os combatentes verão, por si mesmos, se devem (ou podem) fechar a
porta 4 para facilitar o ataque.
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ESTAGIÁRIO
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Exercícios gerais e questões de múltipla escolha
É possível realizar exercícios completos, com percurso entre obstáculos, uma vítima, móveis que
pirolisam, uma vítima para ser retirada.
Bibliografia e vídeos
No site www.flashover.fr, no menu Article/Tactique et Pratique, há vários artigos detalhados sobre as
técnicas de ataque (progressão, passagem de porta, ataque combinado, ataque direto pulsado e
ataque tridimensional.
Em http://www.dailymotion.com/fiercy-rabbit/ há vídeos da Escola do Fogo de Jurbise, Bélgica, dos
quais foram extraídas as fotos deste documento.
Importante!
Observe o fechamento do esguicho, que vários estagiários têm dificuldade de fazer completamente.
Adaptado de Comentários e Justificação Técnicas de uso de esguicho Versão 2.50 de 17/03/2008 – Página
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