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O anjo da
guarda
e est de servio
Romance policial
Tom Azevedo
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3
Para Sandra
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Prólogo
Em 2013, em um planeta
chamado Terra, nasceu um profeta.
Em 2015, com apenas dois anos, ele
fez algumas previsões.
Que até 2020 epidemias como a
Aids, guerras e a criminalidade
comum levariam à extinção a
humanidade. Ao fim, os arsenais
atômicos seriam detonados e toda a
vida, não só a vida humana, se
acabaria na Terra.
Em 2021, de acordo com o
calendário gregoriano, o mais em
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voga na Terra, estivemos naquele
planeta. Não pudemos descer, por
causa da radiação. Mas constatamos
que as previsões se confirmaram.
A poluição dos rios e dos mares,
do ar e de toda a Terra, fenômenos
como “El Niño”, o buraco de ozônio
e o efeito estufa, mais a formidável
nuvem de radiação que envolveu
toda a Terra extinguiram a vida no
planeta. Toda a vida. Os rios e os
lagos secaram. As florestas e os
campos morreram. Toda a Terra se
transformou em um vasto areal. Os
oceanos foram preservados, porém
não havia mais vida neles. Não havia
um peixe, uma alga, um plâncton.
Era um planeta morto.
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Antes de morrer, o menino
conseguiu pôr em órbita muito
elevada, fora do alcance da radiação,
um laptop, com o registro de suas
profecias, em uma cápsula de titânio.
Nós encontramos a cápsula. E
recuperamos o laptop.
Este livro é um relato das
profecias desse menino, que morreu
antes de completar cinco anos.
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Introdução
“Nunca tive avião, caminhão,
navio. Nunca fui político. Os
verdadeiros traficantes são aqueles
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ovacionados pela nação, os que
mandam me prender. Acorda,
Brasil!”, José Carlos dos Reis
Encina, o Escadinha, traficante de
drogas, preso em Bangu 1.
Desatenção, má comunicação e
excesso de confiança do pessoal
técnico da Nasa causaram erros
fatais que destruíram em 23 de
setembro de 1999 a nave Mars
Orbiter, de 125 milhões de dólares.
A nave enviava dados em medidas
métricas e a Terra respondia com pés
e polegadas. “Toda vez que um
propulsor era disparado para acertar
a rota, havia um erro cumulativo de
4,4 pés por segundo.” Assim a nave
chegou à atmosfera marciana numa
altitude muito baixa e muito mais
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veloz do que o necessário. Não
houve mais notícia de seu paradeiro.
Provavelmente se espatifou no solo.
Preocupada em não fazer feio, a
primeira-filha, Zulemita Menem, 28
anos – de Carlos Menem, presidente
da Argentina -, encomendou 600
vestidos à costureira Elsa Serrano.
“Para mim, Elsa pediu 5,7 milhões
de dólares, mas em uma revista
minha conta saiu com o valor de 3,2
milhões de dólares.”
Madonna comprou uma casa por
8 milhões de dólares.
Bernadete Joaquina, apavorada
com as rajadas de fuzis M-16
disparadas contra as humildes
construções de barro com telhados
de palha, saiu correndo, no escuro
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pisou em seu presente, deixado nas
casas pelos atiradores: uma mina. A
explosão destroçou seu pé. Sem
dinheiro para pagar o médico do
hospital público, o atendimento
demorou tanto que, ao chegar,
precisou amputar a perna direita,
apodrecida. Isso foi em 1998, em
Huambo, região central de Angola.
A guerra civil angolana está para
completar 25 anos [em 1999] e já
matou mais de um milhão e meio de
pessoas [a população é de 12
milhões] e há quase 3 milhões de
refugiados. Angola tem a maior
população mundial de amputados,
índice que tende a aumentar, uma
vez que 20 milhões de minas
terrestres ainda estão em seu solo.
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“Parceria se faz entre iguais,
nunca entre vocês trabalhadores e o
capital. A deles é com o diabo, a
nossa é com o povo. Na parceria, o
mais fraco é sempre submisso ao
dominador e não há como ter
parceria entre capital e trabalho”,
Bispo de Volta Redonda, RJ, dom
Waldyr Calheiros, 75 anos.
A modelo alemã Heidi Klum
exibiu em Nova York, EUA, um
biquíni do catálogo de Natal da
griffe de lingerie Victoria’s Secret
que recebeu os nomes “Biquíni do
milênio de dez milhões de dólares” e
“Sonhos e fantasias de uma noite
natalina”. Ostenta 3.024 pedras
preciosas, entre elas 1.988 safiras e
um diamante de cinco quilates.
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Um outdoor com a imagem de
Adolf
Hitler
anunciando
aquecedores
fabricados
na
Alemanha foi afixado na principal
estação do metrô de Taipei, Taiwan.
Estimativas não-oficiais indicam
que 80 bilhões de dólares são
lavados [o crime de lavagem de
dinheiro consiste em ocultar ou
dissimular a origem e localização do
dinheiro obtido ilegalmente] por ano
no Brasil. No mundo todo a cifra
chega a 1 trilhão de dólares
anualmente. “A decisão judicial”.
Duas empresas de fachada são
abertas num paraíso fiscal e numa
praça respeitada. Alegando um falso
descumprimento
contratual,
a
empresa séria processa a firma
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responsável pelo suposto prejuízo.
Na justiça, ambas entram em acordo
e o juiz determina o pagamento de
indenização. O dinheiro sujo, que
entrou fácil no paraíso fiscal, foi
legalizado e lavado em pleno
tribunal. “A sorte no cassino”.
Muitas organizações usam os
cassinos para lavar dinheiro sujo.
Um jogador pode, por exemplo,
comprar 100 mil dólares em fichas,
jogar apenas um décimo disso e
receber de volta o resto, legalizando
o dinheiro com um recibo. Também
podem simplesmente comprar um
cassino e justificar os lucros com um
falso movimento de apostadores.
“As obras de arte”. O criminoso
compra quadros de um pintor
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contemporâneo, ainda desconhecido,
e os leva a leilão. Um cúmplice,
utilizando o dinheiro do próprio
criminoso, arremata as obras dando
altos lances. O leiloeiro recebe sua
comissão e paga ao criminoso o
resultado da venda. De quebra, o
pintor
ganha
uma
repentina
notoriedade.
Há 33,6 milhões de portadores
do vírus da Aids no mundo. Em
1999, foram 5,6 milhões de novos
casos. Desde que começou, em
1981, a epidemia já matou 16,3
milhões de pessoas. Em 1999,
morreram 2,6 milhões. 95% dos
infectados pelo vírus HIV vivem nos
países pobres. No Brasil há mais de
500 mil infectados. Desde 1981 a
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Aids deixou 11,3 milhões de
crianças órfãs – 90% das crianças
são infectadas pela mãe durante o
parto ou a amamentação. 50% das
pessoas
com
Aids
foram
contaminadas antes dos 25 e metade
delas deve morrer antes de
completar 35 anos. Mais de 50% de
pacientes não respondem ao
tratamento com o coquetel anti-HIV.
Um estudo na Universidade de São
Paulo apontou dados ainda piores:
92% dos soropositivos em terapia
estavam com alto nível de vírus no
sangue. Isso significa que o vírus
tornou-se resistente. Nos testes da
Unifesp, 77,6% dos pacientes já não
melhoram mais com o AZT, uma
das principais drogas do coquetel.
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A gripe espanhola, de 1950 a 56,
fez 20 milhões de vítimas fatais. A
Primeira Guerra Mundial, 14, 5
milhões.
A Segunda Guerra
Mundial, 50 milhões – há quem
apresente a cifra de 60 milhões de
mortos durante a Segunda Guerra
Mundial.
Uma mulher de nome Claudia
Schiffer pagou 1,1 milhão de dólares
por um apartamento de 3 quartos no
bairro londrino de Notting Hill Gate,
Inglaterra.
Dois meses após perder a sonda
Climate Orbiter, de 125 milhões de
dólares, destruída durante a entrada
na atmosfera de Marte, a Nasa
repetiu o feito, desta vez em maior
escala. A nave Polar Lander falhou
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em estabelecer contato com a Terra
ao descer perto do Pólo Sul
marciano. Prejuízo: 165 milhões de
dólares. Nem mesmo as duas
microssondas que ela jogou contra a
superfície minutos antes do pouso se
salvaram, resultando na perda de
outros 55 milhões de dólares. O
balanço total do desastre supera os
300 milhões de dólares e sepulta o
programa americano de exploração
do Planeta Vermelho em 1999 e
2000. O orçamento anual da Nasa é
de 11 bilhões de dólares.
1 milhão de pessoas morreram
em acidentes de carro no Brasil
durante
esse
século
[XX].
Atualmente, no mundo, 500.000
pessoas morrem e 15 milhões ficam
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feridas em acidentes de trânsito
todos os anos.
Os Rolling Stones arrecadaram
89 milhões de dólares em shows em
1999.
80% dos mendigos de Nova
York sofreram algum tipo de
violência em 1999.
A bomba-relógio demográfica.
1,6% é a taxa de crescimento da
população, ou seja, cerca de 96
milhões de novos habitantes do
planeta a cada ano. O índice tende a
cair e nas próximas décadas deve
chegar a 1,2%. Assim teríamos 9
bilhões de pessoas em 2050. O
problema é que a base de cálculo
não parade crescer. “Com 8,7
bilhões e essa taxa, em 2030
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nasceriam cerca de 104,4 milhões de
pessoas a cada ano”, calcula
Ladislau Dowbor, professor de pósgraduação em Economia da PUC de
São Paulo. Em outubro de 1999 o
mundo tinha 6 bilhões de habitantes.
Estima-se em 30 trilhões de dólares
anuais o PIB mundial, o que permite
uma renda per capita planetária de 5
mil dólares, suficiente para assegurar
a todos uma vida, pelo menos, digna.
No entanto o mundo tem 4,5 bilhões
de miseráveis.
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