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ISSN:1517-8595 ISSN:1517-8595 Volume 5, Número janeiro - julho, 2003. volume 9, número 2, 1, julho - dezembro, 2007 Universidade Federal de Campina Grande Centro Centro de Tecnologia de Ciências e Recursos e Tecnologia Naturais Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.9, n.2, p.101-202, 2007 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.9, n.2, (2007). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2007. Campina Grande, Volume 9, Número 2, Julho-Dezembro, 2007. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: silos metálicos, sementes de feijões. Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Volume 9, Número 2, Julho-Dezembro, 2007 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE DESTILAÇÃO NA ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE AGUARDENTE DE CANA-DE-AÇÚCAR (Evaluation of the influence of distillation rate on the physico-chemical cherectrstics of sugar cane spirit ) Hermeval Jales Dantas, Francisco de Assis Vilar, Flavio Luiz Honorato da Silva, Adriano Santana Silva............................................................................................................................................................................................... 101 ARMAZENAMENTO DE PIMENTÃO EM PÓ EM EMBALAGEM DE POLIETILENO (Storage of green pepper powder in polyethylene bags.) Daniely Medeiros Arlindo, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueiredo....................................... 111 APLICAÇÃO DO SPECKLE DINÂMICO NA ANÁLISE DE SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L)(Application of dynamic speckle in analyses bean seeds (Phaseolus vulgaris L)) Silvestre Rodrigues, Roberto Alves Braga Júnior, Giovanni Francisco Rabelo, Inacio Maria Dal Fabbro, Adilson Machado Enes .............................................................................................................................................................................................. 119 ALTERAÇÃO DA COR DA CARNE DE MAPARÁ (HYPOPHTHALMUS EDENTATUS) DESIDRATADA OSMOTICAMENTE E SECA (Color change of the mapará (Hypophthalmus edentatus) meat dehydrated osmotically and dried ) Suezilde da C. A. Ribeiro, Carmelita de F. A. Ribeiro, Kil Jin Park, Eder A.F. Araujo, Satoshi Tobinaga................................ 125 EMPREGO DO BAGAÇO SECO DO PEDÚNCULO DO CAJU PARA POSTERIOR UTILIZAÇÃO EM UM PROCESSO DE FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA (Use of dry bagasse of cashew peduncle to be utilized in solid-state fermetnation) Siumara Rodrigues Alcântara, Francisco de Assis Cardoso de Almeida, Flávio Luiz Honorato da Silva ................................ 136 SECAGEM E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BANANA DA TERRA (Drying and evaluation sensorial of banana of the earth) Silvania Farias Oliveira Pontes, Renata Cristina Ferreira Bonomo, Leonardo Vieira Pontes, Angélica da Costa Ribeiro, Joel Camilo Souza Carneiro......................................................................................................................................................... 142 AVALIAÇÃO COMPARADA DOS ÍNDICES QUÍMICOS NITROGÊNIO E FÓSFORO NAS PORÇÕES MORFOLÓGICAS DAS ESPÉCIMES DE FAVELEIRA COM E SEM ESPINHOS (Cnidoscolus quercifolius) (Compared evaluation of the indexes chemical nitrogen and match in the morphologic portions of the specimens of faveleira with and without thorns (Cnidoscolus Quercifolius)) Normando Mendes Ribeiro Filho, Vinícius Patrício da Silva Caldeira, Isanna Menezes Florêncio, Danilton de Oliveira Azevedo, José Pires Dantas.......................................................................................................................................................... 149 SECAGEM PRECEDIDA DE DESIDRATAÇÃO OSMOTICA DE PSEUDOFRUTO DE CAJU: COMPARAÇÃO ENTRE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS (Drying preceded of osmotic dehydration of cashew’s pseudo fruit:comparison being the mathematical models applied) Luciana Façanha Marques, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Leila de Sousa Nunes, Ticiana Leite Costa, Priscila Beserra de Santana Costa, Sible Thais Gimarães Duarte ........................................................... 161 INFLUÊNCIA DO TIPO DE PAVIMENTO NA SECAGEM DE CLONES DE CAFÉ (Coffea canephora Pierre) EM TERREIROS DE CONCRETO E CHÃO BATIDO (Influence of pavement type in coffee berry clones drying (coffea canephora pierre) in concrete and ground yards) Osvaldo Resende, Renan Vieira Arcanjo, Valdiney Cambuy Siqueira, Silvestre Rodrigues, Adrieli Nagila Kester, Poliana Perrut De Lima ............................................................................................................................................................................ 171 SELEÇÃO DE SECADORES: FLUXOGRAMA (Dryer selection: flowsheet) Kil Jin Brandini Park, Luís Felipe Toro Alonso, Félix Emilio Prado Cornejo, Inácio Maria Dal Fabbro, Kil Jin Park .......... 179 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 ISSN 1517-8595 101 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE DESTILAÇÃO NA ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE AGUARDENTE DE CANA-DE-AÇÚCAR Hermeval Jales Dantas1, Francisco de Assis Vilar2, Flavio Luiz Honorato da Silva3, Adriano Santana Silva4 RESUMO A legislação brasileira sobre bebidas define a aguardente de cana como a bebida com graduação alcoólica de trinta e oito a cinqüenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar, ou ainda, pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar, podendo ser adicionado de açúcares até seis gramas por litro. Este trabalho teve o objetivo de estudar a influência da velocidade no processo de destilação (três velocidades de 0,70 L.min-1, 1,10 L.min-1 e 1,50 L.min-1) sobre as características físicoquímicas da aguardente produzida e sua conformidade com os padrões de identidade e qualidade para aguardentes de cana simples, segundo legislação brasileira. As três velocidades de destilação analisadas na produção de aguardente não apresentaram diferenças significativas estatisticamente entre si, ao nível de 95% de confiança. Palavras-chave: fermentação alcoólica, caracterização físico-química, destilado de cana-deaçúcar EVALUATION OF THE INFLUENCE OF DISTILLATION RATE ON THE PHYSICOCHEMICAL CHERECTRSTICS OF SUGAR CANE SPIRIT ABSTRACT The Brazilian legislation on alcoholic drinks defines the sugar cane spirit as the drink with alcoholic content of 38 to 54 per cent in volume, at 20 0C, for a simple alcoholic distillate of sugar-cane, obtained by distillation of the fermented sugar-cane must, containing added sugars up to six grams per liter. The objective of the present work was to study the influence of distillation process rate ( 0.70 L.min-1, 1.10 L. min-1 and 1,50 L. min-1) on the physico-chemical characteristics of the produced sugar cane spirit and its confirmation with the specification established by Brazilian legislation for spirit of sugar cane. The three distillation rates analyzed in the production of spirit did not present any significant statistical differences among them, at the level of 95 % of confidence. Keywords: alcoholic fermentation, physico-chemical characterization, sugar-cane distillate Protocolo 927 de 27/09/2006 1 Químico Industrial, E-mail: [email protected] 2 Agrônomo, E-mail: [email protected] 3 Professor Dr. da Unidade Acadêmica de Engenharia Química, UFCG, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande, Paraíba, E-mail: [email protected] 4 Químico Industrial, doutorando em Engenharia de Processos, E-mail: [email protected] 102 Avaliação da influência da velocidade de destilação na análise físico-química de aguardente de cana-de-açúcar. Dantas et al. INTRODUÇÃO A necessidade de um produto competitivo e que atenda ás novas exigências do mercado tem atraído investimentos para o setor de cachaça e aguardente buscando estimular a qualidade e a elitização do consumo. O estado de Minas Gerais tem investido na produção de cachaça artesanal do alambique e vem conseguindo agregar qualidade a este produto (Carvalho, 2004). Cardello & Faria (1998), pesquisadores bastante envolvidos com estudos de produção e qualidade da cachaça, destacam que apesar da importância econômica e social da aguardente brasileira, são ainda muito escassos os estudos sobre sua qualidade sensorial. Porém, as crescentes exigências do mercado têm feito crescer a preocupação com a qualidade dessa bebida. Ainda segundo Carvalho (2004), a qualidade da cachaça pode ser influenciada, principalmente, pelos seguintes fatores; matéria-prima, fermentação, destilação e envelhecimento. Uma boa cachaça não deve possuir em sua composição teores não permitidos de substâncias que possam ser nocivas ao consumidor mesmo quando estas não prejudiquem as propriedades sensoriais da bebida (cor, aroma, sabor). Assim, a cachaça deve ser submetida aos controles de qualidade físico-químico e sensorial (Isique et al., 2002). A aguardente de cana deve possuir graduação alcoólica de 38 a 54% em volume, a 20 °C, obtida de destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) ou pela destilação do mosto fermentado de canade-açúcar, podendo ser adicionada de açúcares até 6 g L-1 (Brasil, 1997). A produção de aguardente de cana no Brasil está concentrada em torno de 50% no estado de São Paulo, 30% em estados do Nordeste (Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba), 10% em Minas Gerais e 10% nos demais estados, destacandose Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (Estanislau et al., 2002). Segundo Jeronimo (2004), a produção de cachaça no Brasil está buscando uma imagem fortemente vinculada à qualidade da bebida e investindo no desenvolvimento de um mercado consumidor mais exigente, de modo a diversificar e desvincular-se parcialmente de sua linha tradicional de bebida popular. Neste sentido, principalmente os pequenos e médios produtores já se estruturaram e conseguiram resultados, colocando no mercado aguardentes de qualidade, abrindo espaço para consumidores diferenciados e exportação do produto. Essa aguardente de qualidade tem permitido a agregação de valor ao seu preço, remunerando e permitindo um ciclo de expansão aos produtores artesanais. Um exemplo concreto é encontrado na iniciativa de produtores tradicionais de Minas Gerais, que se organizaram e fundaram a AMPAQ Associação Mineira de Produtores de Aguardente de Qualidade, que instituiu um "selo de qualidade" para orientação e garantia do consumidor. De acordo com Oliveira (2001), a destilação influência nas características sensoriais de uma bebida alcoólica pela alteração nas quantidades de compostos voláteis absolutos e relativos resultantes, e pelas reações químicas que ocorrem devido ao aquecimento. Segundo Lima (1999), a destilação deve ser a mais lenta possível, dentro de limites econômicos, para se obter altos rendimentos e boas aguardentes. Os alambiques aquecidos a fogo não podem receber calor exagerado; por isso a destilação é lenta e os destilados têm melhor aroma e gosto mais fino. Considerando todos estes aspectos, e ainda a falta de informações na literatura acerca da influência do modo de operação do processo de destilação (velocidade) sobre a qualidade da aguardente final, o objetivo deste trabalho foi: investigar a influência da velocidade no processo de destilação sobre as características físico-químicas do destilado e sua conformidade com os padrões de identidade e qualidade para aguardentes de cana simples, segundo Decreto Nº 2.314, de 4 de setembro de 1997 (Brasil, 1997). MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado na indústria alambique da Samanaú em Caico, Rio Grande do Norte, onde foram realizadas 15 destilações ao todo. Foram escolhidas três velocidades de destilação de 0,70 L.min-1, 1,10 L.min-1 e 1,50 L.min-1, tendo como referência operações médias de velocidades de destilação dos alambiques de aguardentes. Como matéria-prima utilizou-se a cana-deaçúcar da variedade SP 79-1011, oriunda do próprio engenho. Para a extração do caldo de cana foi utilizado um terno de moenda da marca Rani Pierotti, Engenho RP04 (12X16) completo com motor de 25cv trifásico, com capacidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 Avaliação da influência da velocidade de destilação na análise físico-química de aguardente de cana-de-açúcar. Dantas et al. de moagem de 2.000 a 2.500 kg.h-1 e extração de 1.500 a 1.800 litros.h-1. Depois da extração, o caldo da cana passou por um processo de filtração para eliminação do bagacilho utilizando peneiras de aço inox com espessura de 2 mm, em seguida decantou-se o caldo em um decantador para eliminação de outros contaminantes e substâncias minerais. Diluiu-se o caldo de cana , com água potável, para padronizar os açúcares solúveis em 14 °Brix. Após a padronização com 14 °Brix, o mosto foi enviado para as dornas de fermentação as quais são construídas em aço inoxidável com capacidade máxima de 1500 Litros. Utilizou-se como fermento nas dornas uma espécie de levedura selecionada da variedade CA 116 específica para a produção de cachaça, a mesma produzida e adquirida na Universidade Federal de Lavras em Lavras – MG. Registrou-se o tempo de fermentação próximo de 20 horas em média para cada dorna. Depois de completada a fermentação, o vinho, que é o fermentado do caldo de cana, foi transferido para os alambiques de cobre com capacidade de 1000 Litros. Na destilação, regulou-se a velocidade a qual seria conduzida à destilação do alambique, Utilizou-se uma proveta graduada de 1 Litro e um cronômetro para fixar a velocidade de destilação na saída do condensador. Controlouse a velocidade realizando coletas a cada meia hora com a proveta e registrando o tempo de vazão em litros por minutos que foram previamente fixados durante todo o processo até o final da operação de destilação. Depois de destilado o mosto fermentado de caldo de cana, a aguardente, foi engarrafada em garrafas PET de capacidade de 1 litro. As amostras foram enviadas para o Laboratório de Análises Físico-Químicas de Aguardente 103 (LAFQA) – Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais. Foram realizadas as análises de Cobre (mgL-1), Grau alcoólico Real a 20°C (%V/V), Acidez volátil em ácido acético (mg/100mL de álcool anidro), Álcool superior (mg/100mL de álcool anidro), Furfural (mg/100mL de álcool anidro), Aldeídos em aldeído acético (mg/100mL de álcool anidro), Ésteres em acetato de etila (mg/100mL de álcool anidro), Soma dos componentes secundários (mg/100mL de álcool anidro), para aguardente simples e Adoçada. As análises foram realizadas com 5 repetições. Os resultados obtidos nos experimentos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa Assistat, versão 7.2 beta (Silva & Azevedo, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises das amostras de aguardentes em cinco repetições e três velocidades de destilação de 0,70 L.min-1, 1,10 L.min-1, 1,50 L.min-1; estão apresentadas nas Tabelas 1, 2 e 3. Os parâmetros físico-químicos analisados foram: Grau alcoólico real a 20°C (%V/V), Acidez volátil em ácido acético (mg/100mL de álcool anidro), Cobre (mg.L-1), Álcool superior (mg/100mL de álcool anidro), Furfural (mg/100mL de álcool anidro), Aldeídos em aldeído acético (mg/100mL de álcool anidro), Ésteres em acetato de etila (mg/100mL de álcool anidro), Soma dos componentes secundários (mg/100mL de álcool anidro). Na Tabela 1 estão apresentados os valores do comparativo do grau alcoólico em três velocidades de destilação em 5 repetições. Tabela 1. Valores do comparativo do grau alcoólico Grau Alcoólico Real a 20°C (%V.V-1) Médias Velocidade. I 01 50,5 02 49,9 03 47,8 04 47,6 05 48,4 48,8a II 47,6 49,3 45,4 49,4 48,5 48,0 a III 45,6 48,7 48,3 53,8 47,7 48,8 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 3,57. MG (Média geral) = 48,60. CV% (Coeficiente de variação em %) = 4,36. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 104 Avaliação da influência da velocidade de destilação na análise físico-química de aguardente de cana-de-açúcar. Dantas et al. As três velocidades de destilação testadas não apresentaram influência significativa sobre o teor de grau alcoólico real. Provavelmente o teor do grau alcoólico do mosto fermentado (vinho) e o modo de operação do destilador tenham contribuído muito mais que a própria velocidade de destilação. Observa-se, na Tabela 1, que a concentração dos destilados é praticamente uniforme e dentro das especificações da legislação brasileira (Brasil, 1997) acerca de bebidas, que é para aguardente de 38 a 54ºGL. A Tabela 2 apresenta os valores do comparativo da acidez volátil em ácido acético nas três velocidades de destilação e em 5 repetições. Tabela 2. Valores do comparativo da Acidez volátil em ácido acético Acidez volátil em ácido acético (mg/100mL de álcool anidro) Médias Veloc. I 01 18,5 02 25,0 03 39,1 04 16,4 05 16,1 23,0 a II 32,8 19,0 17,2 16,0 25,7 22,1 a III 37,6 16,0 19,4 17,4 29,4 24,0 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 14,75; MG (Média geral) = 23,03; CV% (Coeficiente de variação em %) = 37,99 Em relação à acidez volátil em ácido acético, Tabela 2, observa-se que todas as amostras não sofreram influência dos tratamentos, mantendo-se bem abaixo do limite máximo permitido que é de 150 mg/100mL de álcool anidro (Brasil, 1997). O uso de cana-deaçúcar limpa e com baixo grau de contaminação de bactérias acéticas são fatores preponderantes para se obter uma aguardente com baixos teores de acidez, assim como, a não aeração do mosto (Boza & Horii,1998). De acordo com Lima (2001), o grau de acidez das cachaças constitui fator de qualidade, pois durante sua produção os ácidos reagem com os álcoois presentes e aumentam a formação de ésteres. Cherubin (1998), diz que o excesso de acidez promove sabor indesejado e ligeiramente “agressivo” em aguardente de cana, depreciando a qualidade da bebida. Na Tabela 3 estão apresentados os valores do comparativo de cobre em três velocidades de destilação e em 5 repetições. Tabela 3. Valores do comparativo da Cobre (mg.L-1) Cobre (mg.L-1) Médias Velocidade I 01 2,7 02 3,4 03 2,8 04 3,1 05 2,6 2,9 a II 3,2 3,1 2,9 2,5 2,4 2,8 a III 2,7 2,8 2,0 1,8 2,5 2,4 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 0,62; MG (Média geral) = 2,69; CV% (Coeficiente de variação em %) = 13.61 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 Avaliação da influência da velocidade de destilação na análise físico-química de aguardente de cana-de-açúcar. Dantas et al. Na comparação com as velocidades de destilação pode-se observar que a forma como foi conduzido o processo de destilação não teve influência significativa sobre uma redução ou aumento no teor de cobre do destilado, mas em todos os ensaios o cobre ficou bem abaixo do limite máximo estabelecido por legislação brasileira (Brasil, 1997) que é de 5 mg.L-1. O cobre é o elemento de constituição dos alambiques e por isso uma fonte de contaminação para destilados como aguardente de cana-de-açúcar é ocasionado principalmente pela falta de limpeza do aparelho de destilação. O material do alambique construído com cobre contribui para a eliminação de determinados odores desagradáveis observados em cachaças e aguardentes destiladas em alambiques feitos com outros materiais, como o aço inoxidável (Cardoso, 2001). Siebald et al. (2002) descreveram que a contaminação de íons cobre em aguardente brasileira é ainda considerada um entrave à exportação da bebida. O íon cobre 105 em excesso no organismo causa hemólises, vômito, irritação gastrintestinal, diarréia, convulsão e sérias disfunções hepáticas. Labanca et al. (2006), afirmam que a maioria dos produtores de aguardente não encontrarem barreira sanitária para o cobre no mercado interno, o mesmo não ocorreu quando se tratou do mercado internacional. Entre 71 amostras analisadas, apenas 50,7% atenderam ao limite de 2 mg L-1 de cobre nos destilados alcoólicos imposto pelo mercado internacional. Neves et al. (2007) utilizaram carbonato de cálcio e magnésios combinados para remoção do excesso de cobre em aguardentes, apresentando excelente desempenho principalmente com MgCO3 eliminando os íons de cobre em níveis de rastros, mas com arraste de componentes do aroma da bebida. Na Tabela 4 estão apresentados os valores do comparativo de álcool superior em três velocidades de destilação e em 5 repetições. Tabela 4. Valores do comparativo de concentração de álcoois superiores Álcoois Superiores (mg/100mL de Álcool Anidro) Médias Velocidade I 01 352,5 02 370,2 03 359, 4 04 500,0 05 478,1 412,0 a II 344,4 324,4 447,8 350, 9 350,5 363,6 a III 305, 9 396, 5 367,4 425,2 329,4 364,9 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 95,98; MG (Média geral) = 380,16; CV% (Coeficiente de variação em %) = 14,98 Os valores da concentração de álcoois superiores, Tabela 4, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 95% de confiança, com os tratamentos aplicados na operação de destilação, mas em vários ensaios obtidos os valores ultrapassaram o limite máximo aplicado para este componente (concentração máxima permitida, pela legislação brasileira, para os álcoois superiores é de 360 mg por 100 mL de álcool anidro) (Brasil, 1997). O maior valor está representado por 500 mg no ensaio 4 com a velocidade de 0,70 L.min-1. A quantidade formada é influenciada pela composição do meio (concentração de açúcar, pH, concentração e tipo de fonte de nitrogênio), pela temperatura, pelo grau de aeração durante a fermentação e a linhagem da levedura, bem como pela concentração de aminoácidos, principalmente a leucina (Cleto & Mutton, 2004). A formação de álcoois superiores é maior quando a fermentação for mais demorada, resultante da atividade de fermento mais fraco. Opostamente aos ésteres, a síntese de álcoois superiores é estimulada por oxigênio e está relacionada linearmente ao crescimento da levedura (Janzantti, 2004). De acordo com Yokoya (1995), o excesso de compostos nitrogenados, adicionados na suplementação do mosto, pode resultar no incremento anormal de aminoácidos e conseqüente aumento dos teores de álcoois superiores, podendo assim a aguardente ultrapassar o limite legal para esta classe de compostos. A adição de íons amônio no meio de fermentação pode também bloquear a síntese Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 106 Avaliação da influência da velocidade de destilação na análise físico-química de aguardente de cana-de-açúcar. Dantas et al. de álcoois a partir de carboidratos. Boscolo et al. (2000) pesquisaram 31 álcoois superiores em 25 aguardentes de cana comerciais. Quantificaram 15 compostos numa concentração total média de 262±34mg/100mL de álcool anidro. Os álcoois superiores isoamílico, isobutanol, n-propanol, cinâmico, cetilico, n-butanol e amílico representaram 138±26, 62±14, 46±7, 6,95±1,94, 6,13±2,43, 1,15±0,21 e 0,13±0,04 mg/100mL de álcool anidro, respectivamente. A Tabela 5 apresa os valores do comparativo de concentração de furfural no destilado (aguardente) em três velocidades de destilação e em 5 repetições. Tabela 5. Valores do comparativo de Furfural Furfural (mg/100mL de Álcool Anidro) Médias Velocidade I 01 0,14 02 0,19 03 0,56 04 nd 05 nd 0,18a II 0,31 nd 0,25 0,18 0,17 0,18a III 0,25 nd 0,18 0,13 0,14 0,14a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 0,27; MG (Média geral) = 0,17; CV% (Coeficiente de variação em %) = 94,64 Para a concentração de furfural na aguardente, Tabela 5, verifica-se que as variações na velocidade da operação do processo de destilação não tiveram efeito significativo nas comparações, e que em todos os ensaios os valores encontrados são bem inferiores ao limite máximo que é de 5,0 mg/100 mL de álcool anidro (Brasil, 1997). A cana-de-açúcar envolvida no processo de produção da aguardente não foi queimada. A queima da cana é um dos principais fatores para a formação de substâncias secundárias. A eficiente filtração do caldo evita a entrada de bagacilho na fermentação reduzindo a formação de furfural e por último uma destilação com temperatura controlada previne também a formação do furfural. Segundo Masson (2005), comparando as aguardentes artesanais obtidas de cana-de-açúcar com e sem queima prévia, oriundas de um mesmo processo de produção (fermentação, destilação e equipamentos), concluiu que a queima da palha da cana-deaçúcar propiciou um aumento na concentração de furfural. De acordo com Cantão (2006), ao realizar análises físico-químicas de 10 marcas de aguardente em Minas Gerais, e avaliar a presença de cobre em aguardente de cana por aluminossilicatos observou com base no coeficiente de variação, que o componente furfural foi o mais variável com CV = 102,5%. Na Tabela 6 estão apresentados os valores do comparativo da concentração de aldeídos na aguardente em três velocidades de destilação e em 5 repetições. A presença de aldeídos em excesso é extremamente indesejável para uma aguardente de qualidade. Observa-se que apenas a média do tratamento 3 se encontra com valor inferior ao limite máximo definido pela legislação vigente que é de 30,0 mg/100mL de álcool anidro (Brasil, 1997). Não se encontrou diferenças significativas, na média, mas cerca de mais de 50 % dos ensaios realizados obtiveram valores bem acima do limite permitido. A velocidade II de 1,10 L.min-1 no ensaio 3 apresentou um valor de 60,32 mg/100mL. Cardoso (2006) afirma que a concentração de acetaldeidos pode ter origem como resultado na ação das leveduras durante estágios preliminares do processo de fermentação, principalmente o acetaldeído acético, que tende a desaparecer no final, pela oxidação a ácido acético; a intoxicação por aldeídos pode levar a sérios problemas relacionado com o sistema nervoso central. De acordo com Braga (2006), os aldeídos com até oito átomos de carbono possuem aromas penetrantes, geralmente enjoativos, considerados indesejáveis em bebidas destiladas. Os aldeídos que contêm acima de dez átomos de carbono, apresentam aroma agradável. Esses aldeídos podem ser formados pela redução de ácidos graxos, mas são de ocorrência restrita na fermentação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 Avaliação da influência da velocidade de destilação na análise físico-química de aguardente de cana-de-açúcar. Dantas et al. 107 Tabela 6. Valores do comparativo da concentração de Aldeídos Velocidade I Aldeídos em aldeído Acético (mg/100mL de Álcool Anidro) 01 02 03 04 05 32,6 19,2 41,3 36,5 36,7 Médias 33,3 a II 33,9 14,5 60,3 17,6 28,6 31,0 a III 18,1 30,1 25,8 33,9 15,7 24,7 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 20,91 MG (Média geral) = 29,66 CV% (Coeficiente de variação em %) = 41,80 Na Tabela 7 estão apresentados os valores do comparativo da concentração de ésteres na aguardente nas três velocidades de destilação e em 5 repetições. Em relação aos ésteres, Tabela 7 verificase que há um comportamento semelhante aos outros componentes secundários quando aplicados às três velocidades de destilação, não havendo influência significativa entre os tratamentos, ao nível de confiança de 95%. Mas, ao contrário dos aldeídos que estavam em excesso, em dois tratamentos, os ésteres mantiveram-se dentro do limite máximo de 200,0 mg/100mL de álcool anidro (Brasil, 1997). Janzantti (2004) afirma que a maior parte dos ésteres é constituída por ésteres de etila, formados por reações enzimáticas da levedura durante a fermentação e destilados junto com o etanol. Estas reações ocorrem porque o etanol pode reagir com ácidos derivados do ácido pirúvico, como ácido láctico e acético, bem como ácidos orgânicos de cadeias curtas (butírico, capróico, caprílico, cáprico e láurico). Tabela 7. Valores do comparativo da concentração de Ésteres Ésteres em Acetato de Etila (mg/100mL de Álcool Anidro) Médias Velocidade I 01 14,4 02 29,0 03 28,4 04 17,1 05 16,9 21,2 a II 30,5 9,2 14,0 22,0 56,0 26,3 a III 13,9 20,5 24,4 32,0 38,0 25,8 a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 21,32; MG (Média geral) = 24,42; CV% (Coeficiente de variação em %) = 51,78 A Tabela 8 apresenta os valores do comparativo da Soma dos componentes secundários. A Soma dos componentes secundários na aguardente também não sofreu alterações significativas com a aplicação das velocidades de destilação, e todos os 15 ensaios estão dentro do limite estabelecido pela legislação brasileira (Brasil, 1997) que é de no mínimo 200 e no máximo de 650 mg/100mL de álcool anidro. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 108 Avaliação da influência da velocidade de destilação na análise físico-química de aguardente de cana-de-açúcar. Dantas et al. Tabela 8. Valores do comparativo soma dos componentes secundários Soma dos componentes secundários (mg/100mL de Álcool Anidro) Médias Veloc. I 01 418,1 02 443,6 03 468,6 04 570,0 05 547,8 489,6a II 441,9 367,2 539,6 406,5 461,0 443,2a III 375,8 463,1 437,1 508,6 412,7 439,4a As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS (Diferença mínima significativa) = 102,52; MG (Média geral) = 457,43; CV% (Coeficiente de variação em %) = 13,29 CONCLUSÕES Com relação às três velocidades de destilação aplicadas, as amostras de aguardentes analisadas não apresentaram diferenças significativas estatisticamente entre si, ao nível de 95% de confiança. A soma dos componentes secundários nas aguardentes, submetidas a três diferentes velocidades de destilação, apresentaram níveis dentro do estabelecido pela legislação brasileira sobre a bebida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Boscolo, M.; Bezerra, C.W.B.; Cardoso, D.R.; Lima Neto, B.S.; Franco, D.W. Identification and dosage by HRGC of minor alcohols and esters in Brazilian sugarcane spirit. Journal of the Brazilian Chemistry Society, v.11, n.1, p.86-90, 2000. Boza, Y.; Horii, J. Influência da destilação sobre a composição e a qualidade sensorial da aguardente de cana-de-açúcar. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.18, n.4, 1998. Braga, B.S. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.101-109, 2007 110 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.110, 2007 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.111-118, 2007 ISSN 1517-8595 111 ARMAZENAMENTO DE PIMENTÃO EM PÓ EM EMBALAGEM DE POLIETILENO Daniely Medeiros Arlindo1, Alexandre José de Melo Queiroz2, Rossana Maria Feitosa de Figueiredo2 RESUMO Foi acompanhada a evolução das características do pimentão em pó acondicionado em embalagem de polietileno durante 100 dias de armazenamento a temperatura ambiente. As amostras foram avaliadas a cada 20 dias por meio de determinações de umidade, pH, acidez total titulável, ácido ascórbico, clorofila total, amido, cinzas, extrato alcoólico e medida instrumental da cor, expressa em termos de luminosidade, intensidade de vermelho e intensidade de amarelo. As amostras sofreram alterações das características ao longo do armazenamento, exceto para o teor de clorofila. No final do armazenamento o teor de ácido ascórbico do pimentão em pó ainda permaneceu dentro do índice de Ingestão Diária Recomendada (IDR) para adultos. Palavras-chave: Capsicum annuum, características físico-químicas, atmosfera modificada passiva STORAGE OF GREEN PEPPER POWDER IN POLYETHYLENE BAGS ABSTRACT The evolution of the characteristics of the green pepper powderl was accompanied conditioned in packing of polyethylene for 100 days of storage to room temperature. The samples were analyzed by moisture, pH, titratable acidity, ascorbic acid, total chlorophyll, starch, ash, alcoholic extract and parameters of colour lightness (L*), redness (+a*) and yellowness (+b*) every 20 days. The samples suffered alterations of the characteristics along the storage, except for the chlorophyll content. In the end of the storage the ascorbic acid content stayed inside of the Recommended Daily Allowance (RDA) for adults. Keywords: Capsicum annuum, physiochemical characteristics, passive modified atmosphere INTRODUÇÃO O pimentão (Capsicum annuum) é uma solanácea perene, porém cultivada como cultura anual. Destaca-se pelo grande aproveitamento na alimentação humana, como hortaliça de acompanhamento ou na forma de pó, como flavorizante ou corante (Diaz Rodriguez, 1990). Como ocorre com hortaliças, em geral de alta perecibilidade, um dos desafios da cadeia produtiva do pimentão é melhorar a eficiência no processo de comercialização, momento em que ocorrem perdas pós-colheita elevadas. No que se refere à demanda, o consumidor vem apresentando cada vez mais exigência na escolha de sua alimentação, porém, com menor tempo disponível para o preparo de refeições. Como resultado, a oferta e a procura por hortaliças processadas têm aumentado, dando lugar a um mercado crescente de vegetais minimamente processados e desidratados. Dentre as técnicas empregadas para manu- ___________________ Protocolo 912 10/02/2007 1 Mestre em Engenharia Agrícola, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande - PB. 2 Eng. Agrícola, Prof. Associado, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG, Campina Grande -PB, Caixa Postal 10.087, Campina Grande - PB. E-mail: [email protected]; [email protected] 112 Armazenamento de pimentão em pó em embalagem de polietileno. tenção da qualidade pós-colheita de vegetais, a desidratação é um segmento do setor de alimentos atualmente em larga expansão, sendo possível encontrar vários produtos em exposição em supermercados (Fioreze, 2004). Após desidratação, dependendo do teor de umidade remanescente, torna-se possível fragmentar o material da forma mais conveniente, possibilitando a apresentação em forma de pó. Os produtos alimentícios em pó são cada vez mais utilizados pela indústria nacional, tendo em vista que tais produtos reduzem significativamente os custos de certas operações, tais como embalagem, transporte, armazenamento e conservação, elevando o valor agregado dos mesmos (Costa et al., 2003). O pimentão constitui-se em hortaliça que se presta bem à secagem, agregando vantagens de um produto que além de se conservar em condições de uso sem refrigeração mantém componentes voláteis do aroma mesmo em forma de pó, podendo ser usado como condimento pronto para consumo direto e pela indústria de alimentos como flavorizante. A qualidade dos produtos desidratados se altera com o tempo de armazenamento, devido a diversas reações de natureza enzimática, oxidativa e microbiológica. De maneira geral tais produtos quando convenientemente embalados apresentam maior vida útil, devido, entre outros, à redução no ganho de umidade. Em produtos alimentícios armazenados o tipo de embalagem empregada influencia as reações metabólicas, diminuindo o seu ritmo por meio da modificação do microclima criado em seu interior, constituindo-se numa barreira que impede ou dificulta o contato entre o ambiente externo e o produto (Garcia et al., 1989). A utilização de embalagens mantém a qualidade durante o armazenamento e leva a modificação na atmosfera, o que retarda a respiração, o amadurecimento, a senescência, a perda de clorofila, a perda de umidade, o escurecimento enzimático e, conseqüentemente, os prejuízos na qualidade devido ao processamento (Sarantopóulos, 1999). Devido ao baixo custo e aplicação diversificada, inúmeras opções de embalagens plásticas flexíveis, semi-rígidas e rígidas, estão disponíveis no mercado, com diferentes características de barreira. Dentre os plásticos mais utilizados e de menor preço em todo o mundo o polietileno é dos mais versáteis, apresentando resistência e flexibilidade que o tornam aplicável a um elevado número de opções de embalagem (Cabral et al., 1980). Arlindo et al. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se avaliar a influência do tempo de armazenamento no pimentão em pó acondicionado em embalagem de polietileno de baixa densidade exposto à temperatura ambiente. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da UFCG, em Campina Grande, PB. Amostras de pimentão da variedade All Big foram adquiridos na CEASA em Campina Grande. Os pimentões (Capsicum annuum) in natura foram cortados em anéis, com aproximadamente 1 cm de espessura, e estes divididos ao meio. Nesta forma foram levados para secar em camada fina, em secador vertical de bandejas, sob temperatura de 70ºC. Após seco o produto foi triturado em moinho industrial para obtenção do material em pó. As amostras em pó foram acondicionadas em embalagens de polietileno de baixa densidade (18 amostras), em sacos de 8 cm de largura x 12 cm de comprimento, contendo cada um 40g do produto. Essas amostras foram armazenadas a temperatura ambiente por 100 dias. Durante o armazenamento acompanhou-se a evolução da umidade, pH, acidez total titulável, ácido ascórbico, clorofila total, amido, cinzas, extrato alcoólico e medida instrumental da cor, por meio de análises periódicas, realizadas no material a cada 20 dias, em triplicata. Para as determinações de umidade, amido e extrato alcoólico utilizou-se os métodos descrito no manual do Instituto Adolfo Lutz (1985). Nas determinações da acidez total titulável, cinzas e ácido ascórbico utilizou-se o método da AOAC (1997), este último utilizando a modificação proposta por Benassi & Antunes (1988). A clorofila total foi avaliada pelo método de Arnon (1949) modificado por Linder (1974). O pH foi determinado usando-se o método potenciométrico. A medida instrumental da cor foi realizada utilizando-se um colorímetro Minolta, modelo CR 10, obtendo-se os valores de L*, a* e b*, em que L*, é a luminosidade, a* define a transição da cor verde (-a) para a cor vermelha (+a), e b* representa a transição da cor azul (-b) para cor amarela (+b). A análise estatística dos dados experimentais foi realizada utilizando-se o Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.111-118, 2007 Armazenamento de pimentão em pó em embalagem de polietileno. programa computacional ASSISTAT versão 6.0 (Silva & Azevedo, 2002). Inicialmente foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com a comparação entre médias feita pelo teste de Tukey a de 5% de probabilidade. A seguir foi feita a regressão na análise de variância determinando-se a significância das equações de regressão polinomiais, para expressar as características avaliadas em função do tempo de armazenamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são mostrados os valores médios da umidade, cinzas e amido do pimentão em pó acondicionados na embalagem de polietileno durante 100 dias de armazenamento. Verifica-se que a umidade inicial (12,09%) do pimentão em pó tem valor próximo ao dos pós de beterraba e de abóbora determinados por Costa et al. (2003), que foram de 13,0 e 13,3%, respectivamente. Nota-se que o percentual de umidade inicial (tempo zero) presente no pimentão em pó permaneceu inalterado até os 20 dias de armazenamento, aumentando significativamente entre 20 e 80 dias e estabilizando-se dos 80 aos 100 dias. Constatase que as amostras sofreram aumento de 47,02% no teor de umidade no final do período de armazenamento em relação ao período inicial. Silva et al. (2005) ao estudarem a estabilidade do umbu-cajá em pó também acondicionados em embalagem de polietileno durante o armazenamento a temperatura ambiente, constataram aos 60 dias de estocagem um aumento da umidade em torno de 24%, sendo inferior ao do pimentão em pó (33,47%). A capacidade higroscópica dos diferentes produtos alimentícios depende principalmente da composição química e das condições ambientais do local do armazenamento, daí tem-se a razão destas diferenças no ganho de umidade. Analisando-se os resultados dos valores médios do teor de cinzas do pimentão em pó ao longo do armazenamento, constata-se tendência de redução em seus valores médios. Nota-se diferença significativa entre as médias nos tempos zero e 20 dias; estabilidade entre 20 dias e 40 dias, entre 40, 60 e 80 dias, e entre 60, 80 e 100 dias. Observa-se, ainda, que o teor de cinzas no final do armazenamento com relação ao início foi reduzido em 2,34%; este comportamento deve ter ocorrido em razão do Arlindo et al. 113 aumento da umidade das amostras, provocando, conseqüentemente, uma redução nas cinzas. Este fato também foi verificado por Ferreira Neto et al. (2003) ao armazenarem farinhas de mandioca durante 180 dias em embalagem de polipropileno pigmentado. Para o tempo zero, o valor das cinzas de 5,13% foi inferior ao determinado por Santos et al. (2002), ou seja, de 7,66% para berinjela desidratada. Com relação aos valores médios do amido vê-se que não houve diferença significativa entre as médias durante o tempo de armazenamento. Verifica-se que o teor de amido inicial foi de 35,69% valor superior ao obtido por Soares et al. (2001) que foi de 28,07% para o pó de acerola e aos determinados por Melo et al. (1998) de 16,07 e 17,30% para amêndoas de castanha crua e tostada, respectivamente. Tabela 1 - Valores médios da umidade, cinzas e amido do pimentão em pó, acondicionado em embalagem de polietileno, durante o armazenamento Tempo de Umidade Cinzas Amido armazenamento (%) (%) (%) (dia) 0 12,10d 5,13a 35,69a 20 12,60d 5,08b 35,58a 40 15,38c 5,08bc 35,80a 60 16,15b 5,04cd 35,56a 80 17,37a 5,04cd 35,67a 100 17,79a 5,01d 35,48a DMS 0,63 0,03 0,05 MG 15,23 5,06 35,63 CV (%) 1,50 0,28 0,56 DMS - Desvio mínimo significativo; MG - Média geral; CV Coeficiente de variação Obs: As médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade Os valores médios do pH, acidez total titulável e ácido ascórbico do pimentão em pó, acondicionado em embalagem de polietileno, durante o período de armazenamento encontram-se na Tabela 2. Verifica-se que o pimentão em pó apresentou oscilações nos valores médios do pH durante o armazenamento. Observa-se que não existe diferença significativa entre o valor do pH inicial e o do tempo de 80 dias, entretanto existem diferenças significativas entre o valor no tempo zero e os outros tempos. Comparando-se o valor do pH inicial com o valor no final do armazenamento constata-se um aumento de 1,2%. Aumento de 17,1% foi verificado por Pilon et al. (2006) entre o Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.111-118, 2007 114 Armazenamento de pimentão em pó em embalagem de polietileno. primeiro e o 21o dia de armazenamento no pH de pimentões minimamente processados. Embora ocorram oscilações na acidez total titulável ao longo do armazenamento, existe uma redução acentuada entre o valor determinado no tempo zero e os demais, prevalecendo esta redução em relação às oscilações, por ser de magnitude mais expressiva, cujo comportamento se contrapõe ao observado por Galdino et al. (2003) para umbu em pó armazenado durante 60 dias em embalagem de polietileno, no qual não houve variação da acidez, mas de acordo com o comportamento constatado por Benedetti et al. (2002), que verificaram decréscimo no teor de acidez em pimentões verdes minimamente processados armazenados por 10 dias em embalagem de poliestireno. A redução da acidez total titulável do pimentão em pó no final do armazenamento (100 dias) em relação ao início foi de 8%; a diminuição na acidez no final do armazenamento foi superior à variação do pH também no final do armazenamento. Chitarra & Chitarra (1990) justificam que a capacidade tampão de alguns produtos permite grandes variações na acidez sem, no entanto, ter variações apreciáveis no pH. Observa-se que ocorreram reduções no teor de ácido ascórbico durante o período de Arlindo et al. armazenamento, com diferença significativa entre todos os tempos. Entre o início e o final do armazenamento, esta diminuição corresponde a uma perda neste teor de 51,14%. Galdino et al. (2003), constataram perdas semelhantes, de cerca de 38,4% no teor do ácido ascórbico do umbu em pó, acondicionado também em embalagem de polietileno, aos 60 dias. Segundo Klein (1987) o ácido ascórbico é um dos compostos vitamínicos que se degradam com maior facilidade, devido principalmente à ação enzimática. Diante dos argumentos expostos e a evidência do alto conteúdo de vitamina C presente no pimentão em pó, o decréscimo do teor de ácido ascórbico com o tempo de armazenamento pode ser justificado pela degradação oxidativa, caracterizada como escurecimento não enzimático. Apesar da redução do teor de ácido ascórbico ter sido significativa, o valor médio no final do armazenamento (163,43 mg/100g) ainda é suficientemente grande quando comparado com o valor da Ingestão Diária Recomendada (IDR) de vitamina C para adultos, de acordo com Brasil (2005) que é de 45mg. Tabela 2 - Valores médios do pH, acidez total titulável e ácido ascórbico do pimentão em pó, acondicionado em embalagem polietileno, durante o armazenamento Tempo de armazenamento (dia) 0 20 40 60 80 100 DMS MG CV (%) pH 4,82 d 4,86 bc 4,87 ab 4,88 a 4,84 cd 4,88 ab 0,02 4,86 0,18 Acidez total titulável (% de ácido cítrico) 3,63 a 3,20 d 3,28 c 3,27 c 3,26 c 3,34 b 0,04 3,33 0,48 Ácido ascórbico (mg/100g) 334,48 a 311,40 b 256,83 c 205,14 d 189,13 e 163,43 f 4,19 243,40 0,63 DMS - Desvio mínimo significativo; MG - Média geral; CV - Coeficiente de variação Obs: As médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Na Tabela 3 tem-se os valores médios de clorofila total e extrato alcoólico do pimentão em pó, acondicionado em embalagem de polietileno, durante 100 dias de armazenamento. Constata-se não ter havido, alteração significativa nos teores de clorofila ao longo do armazenamento, comportamento este de acordo com o observado por Barth et al. (1993) ao armazenarem brócolis minimamente processada durante o armazenamento. De acordo com Ribeiro & Seravalli (2004) as clorofilas são alteradas quimicamente devido a vários fatores, como pH, presença de metais bivalentes, aquecimento, enzimas, etc. Considerando-se que o pH do pimentão em pó aumentou no final Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.111-118, 2007 Armazenamento de pimentão em pó em embalagem de polietileno. do armazenamento em 1,2%, tem-se que os outros fatores mencionados por esses pesquisadores não tiveram influência no teor de clorofila das amostras. Já Francis (1993) mencionou que as clorofilas podem alterar-se quimicamente de várias formas, entre elas durante o processamento de alimentos, citando que a alteração mais comum é a feofitinização, que se constitui na substituição do átomo central de magnésio por hidrogênio e a conseqüente formação de feofitinas de cor verde castanho. Nota-se que o extrato alcoólico do pimentão em pó se manteve estatisticamente inalterado até os 40 dias. Entre 60, 80 e 100 dias, também não se tem diferenças significativas. Observa-se que existem Arlindo et al. 115 oscilações nos valores do extrato alcoólico, não denotando tendência de comportamento com o tempo. Ficando evidenciada este tendência verificando-se que entre o tempo inicial e o tempo final não houve diferença estatística. Pereira et al. (2006), também constataram ausência de diferenças significativas nos valores médios de extrato alcoólico do tomate em pó, durante 60 dias de armazenamento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece, para o pimentão moído (frutos vermelhos), o mínimo de extrato alcoólico de 18,0% (Brasil, 1978), estando as amostras do presente trabalho em conformidade. Tabela 3 - Valores médios de clorofila total e do extrato alcoólico do pimentão em pó, acondicionado em embalagem de polietileno, durante o armazenamento Tempo de armazenamento (dia) 0 20 40 60 80 100 DMS MG CV (%) Clorofila total (mg/100g) Extrato alcoólico (%) 1,47a 1,49a 1,40a 1,49a 1,29a 1,35a 0,28 1,41 7,44 21,35c 21,18c 21,80bc 23,64a 23,23ab 22,36abc 1,45 22,26 2,38 DMS - Desvio mínimo significativo; MG - Média geral; CV - Coeficiente de variação Obs.: As médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade Encontram-se, na Tabela 4, os valores médios dos parâmetros da cor luminosidade (L*), intensidade de vermelho (+a*) e intensidade de amarelo (+b*) do pimentão em pó, acondicionado embalagem de polietileno, durante o armazenamento. Constata-se que os valores da luminosidade do pimentão em pó diferem estatisticamente entre todos tempos de armazenamento. Verifica-se redução da luminosidade com o tempo de armazenamento, sendo entre o tempo zero e o final do armazenamento de 27,5%; este comportamento era previsto em razão do polietileno ser transparente, contribuindo para degradação da cor; a diminuição no valor aos 60 dias (8,39%) é inferior ao determinado por Gomes et al. (2004) que foi de 18,84% de redução no valor da luminosidade da acerola em pó, armazenada durante 60 dias também em embalagem de polietileno. A redução nos valores da luminosidade significa que a amostra escureceu, provavelmente este escurecimento é de natureza não enzimática. De acordo com Berbari et al. (2003) as reações de escurecimento que ocorrem durante o armazenamento são aceleradas pela presença de fatores, como luz e oxigênio. Verifica-se que não existe diferença significativa entre os valores médios de intensidade de vermelho (+a*) nos tempos 20, 80 e 100 dias, e entre 20 e 60 dias, mas houve aumento da intensidade de vermelho em todos os tempos com relação ao tempo inicial, exceto o tempo de 40 dias. Constata-se aumento no valor de +a* entre o tempo inicial e o tempo final, correspondendo a um aumento de 43,5%. Galdino (2003), ao avaliar a estabilidade do umbu em pó, também acondicionado em embalagem de polietileno, relatou aumento inferior de 7,67% na intensidade de vermelho aos 60 dias de armazenamento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.111-118, 2007 116 Armazenamento de pimentão em pó em embalagem de polietileno. Para o parâmetro intensidade de amarelo (+b*) do pimentão em pó observa-se que os valores médios oscilaram com o tempo de armazenamento sem apresentar uma tendência definida. Comparando-se os valores entre os tempos inicial e final verifica-se que existe diferença significativa, representando um Arlindo et al. aumento de apenas 7,3%. Desta forma constatase que a cor do pimentão em pó foi principalmente alterada com relação aos parâmetros luminosidade e intensidade de vermelho. Tabela 4 - Valores médios da luminosidade, intensidade de vermelho e intensidade de amarelo do pimentão em pó, acondicionado em embalagem de polietileno, durante o armazenamento Tempo de armazenamento (dia) 0 20 40 60 80 100 DMS MG CV (%) Luminosidade (L*) Intensidade de vermelho (+a*) Intensidade de amarelo (+b*) 41,70 a 40,73 b 37,07 d 38,20 c 35,60 e 30,23 f 0,82 37,26 0,81 +4,90 d +6,63 ab +5,53 cd +6,30 bc +7,17 a +7,03 ab 0,80 6,26 4,67 +28,27 b +27,80 bc +26,27 cd +25,57 d +28,40 b +30,33 a 1,77 27,77 2,32 DMS - Desvio mínimo significativo; MG - Média geral; CV - Coeficiente de variação Obs: As médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade Na Tabela 5 tem-se equações de regressão ajustadas aos dados experimentais dos parâmetros analisados durante o armazenamento do pimentão em pó com seus respectivos coeficientes de determinação (R2). Estão apresentadas apenas as equações com R2 acima de 0,5. O comportamento dos parâmetros umidade, cinzas, ácido ascórbico, clorofila, luminosidade, intensidade de vermelho e intensidade de amarelo do pimentão em pó em função do tempo de armazenamento estão representados por equações lineares. Constatase que os R2 dos parâmetros clorofila e intensidade de vermelho deram abaixo de 0,7, não sendo considerados bons para a estimativa do comportamento do pimentão em pó durante o armazenamento. PILON et al. (2006) também utilizaram equações de regressão lineares para avaliar o comportamento da umidade, cinzas e vitamina C de pimentões minimamente processados durante o armazenamento, obtendo R2 de 0,87; 0,62 e 0,57, respectivamente. Para o parâmetro amido do pimentão em pó foi verificado que a análise de regressão não foi significativa, este comportamento era esperado em razão de na aplicação do teste de Tukey não ter havido diferenças significativas entre as médias. As equações de regressão polinomiais dos parâmetros pH, acidez total titulável, extrato alcoólico e intensidade de amarelo do pimentão em pó, foram significativas a 1% de probabilidade com R2 acima de 0,83, podendo ser utilizadas para a estimativa destes parâmetros em função do tempo de armazenamento com razoável precisão. Hojo et al. (2007) ao avaliarem o uso de películas de fécula de mandioca e PVC na qualidade póscolheita de pimentões armazenados em condição ambiente também verificaram que a acidez titulável pode ser representado por uma equação polinomial de terceiro grau (R2 = 0,9104). Pelas equações de regressão observa-se que os parâmetros umidade, e intensidade de vermelho do pimentão em pó apresentam tendência de aumento com o aumento do tempo de armazenamento, atingindo o valor máximo aos 100 dias. Para o teor de cinzas, ácido ascórbico, clorofila e luminosidade as equações de regressão apresentam tendência de redução com o tempo de armazenamento, estimando o menor valor aos 100 dias. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.111-118, 2007 Armazenamento de pimentão em pó em embalagem de polietileno. Arlindo et al. 117 Tabela 5 - Equações de regressão propostas para o cálculo dos parâmetros avaliados do pimentão em pó em função do tempo de armazenamento U 12,12 0,06 t ** C 5,1244 0,0011t ** Amido Equação pH 4,82 2,89 x10 4 t 1,03 x10 4 t 2 2,44 x10 6 t 3 1,4 x10 8 t 4 ** ATT 3,60 0,0231610 t 4,1x10 4 t 2 2,10 x10 6 t 3 ** AA 344,39 1,82 t ** CL 1,4996 0,0016 t * EA 21,333968 0,052902 t 0,002551t 2 0,000019 t 3 ** L 42,37 0,10 t ** a 5,33 0,02 t ** b 28,7095 0,1152 t 0,0013 t 2 ** R2 0,9433 0,9372 ns 0,8803 0,8442 0,9696 0,5353 0,9210 0,8634 0,6161 0,8517 U – umidade (%); C – cinzas (%); ATT – acidez total titulável (% ácido cítrico); AA – ácido ascórbico (mg/100g); CL – clorofila (mg/100g); EA – extrato alcoólico (%); L – luminosidade; a - intensidade de vermelho (+a); b - intensidade de amarelo (+b); t - tempo (dia); ** significativo a 1% de probabilidade (p < 0,01); * - significativo a 5% de probabilidade (0,01 p < 0,05); ns - não significativo (p ≥ 0,05) CONCLUSÕES O pimentão em pó acondicionado em embalagem de polietileno apresentou alterações nas suas características avaliadas durante o armazenamento, exceto para o teor de clorofila que permaneceu estável. O teor de ácido ascórbico da amostra analisada permaneceu dentro do índice de Ingestão Diária Recomendada para adultos após 100 dias de armazenamento. O extrato alcoólico ficou dentro dos padrões da legislação durante a estocagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC - Association of Analytical Chemists. Official methods of Analysis, 14.ed. Arlington: Williams, 1997. 1141p. Arnon, D.I. Copper enzyme in isolated chloroplasts polyphenol oxidase in Beta vulgaris. Plant Physiology, Minneapolis, v. 24, n.1, p. 1-15, 1949. Barth, M.M.; Kerbel, E.L.; Broussard, S.; Schmidt, S.J. Modified atmosphere packaging projects market quality in broccoli spears under ambient temperature storage. Journal of Food Science, Chicago, v. 58, n. 5, p. 1070-1072, 1993. Benassi, M.T.; Antunes, A.J.A. Comparison of meta phosphoric and oxalic acids as extractant solutions for the determination of vitamin C in selected vegetables. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v. 31, n. 4, p. 507-513, 1998. Benedetti, B. 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Silvestre Rodrigues1, Roberto Alves Braga Júnior2, Giovanni Francisco Rabelo 3, Inacio Maria Dal Fabbro4, Adilson Machado Enes 5. RESUMO O presente trabalho teve por objetivo desenvolver e implementar tecnologia baseada em speckle dinâmico, capaz de diferenciar tecidos mortos e tecidos vivos, contribuindo assim para o desenvolvimento da análise de viabilidade de sementes. O processo consiste basicamente na análise de imagem do speckle dinâmico ou biospeckle o qual é gerado pela interação de luz coerente com tecido biológico. O processo de germinação de sementes foi tomado como referencia para que a vitalidade de um tecido vegetal fosse observada. Para os ensaios, sementes de feijão (Phaseolus vulgares L.) foram inviabilizadas por congelamento, obtendo-se 110 sementes viáveis e 110 sementes inviáveis e posteriormente expostas à luz laser gerada onda aproximado de 632,8 Nm. A contribuição de interação entre a luz laser e o material biológico, isolando as variáveis que interferem no fenômeno óptico em pauta, evidenciando ser possível separar tecidos vivos e tecidos mortos de forma controlada visando futuramente à separação em uma mesma semente. O trabalho conclui que a técnica baseada no biospeckle mostrou-se eficaz na diferenciação de tecidos vivos e tecidos mortos em sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L). Assim, pode-se afirmar que a técnica em estudo poderá também ser empregada como um indicador de viabilidade de semente. Palavras chave: Biospeckle, laser, viabilidade de sementes APPLICATION OF DYNAMIC SPECKLE IN ANALYSES BEAN SEEDS ((Phaseolus vulgaris L). ABSTRACT This research work had the objective to develop as well as to implement a technique based on the laser speckle phenomena to identify alive vegetative tissues, seeking to contribute for the development of a seed viability analysis methodology. The process consists in analyzing the image generated by the interaction of a coherent light with a biological material, known as biospeckle or dynamic speckle phenomena. This way a number of 110 viable seeds and 110 unviable ones have been exposed to a 632.8 Nm employed for the tests. The major contribution of this research work is in the sense of establishing a model for the neon laser light to generated image data for subsequent analysis. Seeds were made unfeasible by freezing process. Bean seeds (Phaseolus vulgaris, L.) were biological material and laser interaction by isolating the variables, which interfere in the optical phenomenon, showing, that way, that it is possible to identify alive tissues from non-alive ones. And in a near future to differentiate alive and dead tissues in the same seed. This work concludes that the biospeckle technique is applicable to identify alive vegetative tissues and can indicate seed viability in a near future. Keywords: Biospeckle, laser, viability of seeds _________________________________________ Protocolo 930 de 27/09/2007 1 Docente UNIR/Agronomia. Avenida Norte Sul, 7300, Rolim de Moura (RO). Brasil. CEP: 78987-000. Fone: (69)34421119, [email protected] 2 Docente DEG – UFLA. Lavras (MG), Brasil. CEP: 37200-000. Fone: (35)38291672, e-mail- [email protected] 3 Docente DEG – UFLA. Lavras (MG), Brasil. CEP: 37200-000. (35)38291672, e-mail- [email protected] 4 Docente, FEAGRI - UNICAMP, Campinas (SP). Brasil. Cx. Postal 6011. CEP: 13083-970. Fone: (19) 35211059, e-mail: [email protected] 5 Aluno de garduação em Engenharia Agrícola, UFLA. Lavras (MG) Brasil. CEP: 37200-000. (19)35211059 e-mail- [email protected] 120 Aplicação do speckle dinâmico na análise de sementes de feijão. INTRODUÇÃO A qualidade de sementes é definida como a associação de algumas características, tais como a fisiológica, genética, física e sanitária. Estas características afetam a sua capacidade de originar plântulas de alta produtividade (Popinigis, 1985). O Teste de Germinação é bastante utilizado, porém as informações obtidas são insuficientes para se determinar o desempenho das sementes sob condições de campo (Bittencourt, 1999). Outro teste importante é o teste de Tetrazólio, que também apresenta limitações e alguns cuidados devem ser tomados no sentido de se obter resultados mais precisos, pois dependem da subjetividade de interpretação. A obtenção de bons resultados e reprodutíveis exige principalmente o conhecimento específico da estrutura das sementes e das técnicas de interpretação (Vieira, 1999). Cada desvio na cor tem uma ou mais causas. É necessário, portanto, o aprimoramento na interpretação dessas causas para a classificação de qualidade dos lotes de sementes (Vieira e Von Pinho, 1999). Na busca de técnicas que permitam a análise de sementes, segundo Braga Júnior et al., (2001) o laser apresenta grande potencialidade, e desta forma tem sido pesquisada sua aplicação para identificar danos em sementes com fins de avaliar a viabilidade. Algumas características especiais da luz laser, associadas a fenômenos ópticos permitem uma série de aplicações na área biológica, sendo que, na área de sementes apresenta-se como uma ferramenta para analisar sua qualidade delas. O uso do laser nessa área baseia-se no fenômeno conhecido por biospeckle, descrito por Rabal et al., (1998) e Arizaga et al., (1998). Esse fenômeno é bem conhecido em estudos de óptica, e ocorre quando a luz laser se dispersa sobre uma superfície incidente, a qual exibe algum tipo de atividade (Dainty,1975). O speckle pode ser notado quando se ilumina, com luz laser, material biológico, como por exemplo, sementes, frutos, folhas ou em fenômenos não biólogos como a secagem de pintura, corrosão, dentre outros. Se o objeto difusor se modifica, os grãos individuais do padrão de “speckle” também alteram. Isso permite supor que os padrões de “speckle” dinâmico contêm informações sobre o movimento do objeto. Esse fenômeno é muitas Rodrigues et al. vezes denominado de “boiling speckle” devido ao fato de sua aparência visual ser similar a um líquido em ebulição, podendo também, ser descrito como um fervilhamento luminoso. Por ser dinâmico, o “biospeckle” deve ser analisado com técnicas de processamento de imagens e tratamento estatístico, uma vez que a observação visual permite apenas a identificação da existência do fenômeno, mas não permite quantificá-lo (Rabal et al.,1998). A atividade do “biospeckle” tem sido extensamente estudada e têm sido propostas algumas formas para se medir a atividade de espécimes biológicos, como por exemplo, fluxo sangüíneo (Dainty,1970, Asakura et al., 1981, Oulamara et al., 1989, Ruth, 1988). Segundo Braga Júnior, (2000); a identificação de áreas com níveis de atividades diferentes dentro de uma mesma semente é importante pois informa o percentual de danos de uma semente que pode atestar sua qualidade. Para a análise de nível de atividade de material biológico, o que se tem proposto com o uso do laser, até o momento, é a análise das informações retiradas do Padrão Temporal do Speckle proposto por Oulamara et al.,(1989). O Padrão Temporal do Speckle (PTS) constitui-se de uma manipulação das diversas imagens obtidas do objeto iluminado pelo laser. De cada imagem conseguida, retira-se uma linha que estará ao lado da linha da imagem seguinte. O resultado desse conjunto de linhas é chamado de PTS, uma vez que ele representa como se comportou uma linha da área iluminada nas imagens conseguidas durante o tempo de exposição, ele é uma história temporal do speckle. Nesse caso, se ocorre alguma mudança na interação do laser com o material, essa mudança será transmitida para a figura do speckle formado e assim, a linha observada será diferente da anterior. Essa é uma forma de se avaliar o nível de atividade do espécime, pois se o resultado apresentar uma figura completamente distorcida, é sinal de que o movimento está intenso. Por outro lado, se a figura formada for composta por linhas bem definidas, significa que não está ocorrendo mudança na formação do speckle de uma imagem para a outra, repetindo sempre o nível de cinza de antes. A Figura 1a e 1b, apresenta um PTS de uma semente de feijão com alto vigor e baixo vigor respectivamente. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.119-124, 2007 Aplicação do speckle dinâmico na análise de sementes de feijão. Figigura 1a: Imagem gerada de um PTS Alta atividade Figigura 1b: Imagem gerada de um PTS baixa atividade Os padrões PTS são então processados pelo método do Momento de Inércia ( MI ) proposto por Arizaga (1999), permitindo obter um valor numérico para a atividade biológica, onde quanto maior o valor maior a atividade. Segundo Braga Jr (2000) a técnica do biospeckle para análise de sementes precisa ser desenvolvida buscando eliminar os fatores que podem influenciar no resultado, como a presença de fungos, além de evitar que a umidade esteja acima de 20% b.u.. Outra limitação, apontada pelo mesmo autor, é a dificuldade de identificar áreas vivas e mortas em uma mesma semente, sendo o que se faz necessário o estudo e domínio em sementes vivas e mortas separadamente. MATERIAL E MÉTODOS O delineamento experimental foi planejado em D.I.C (Delineamento Inteiramente Casualisado). Utilizou-se dois tratamentos: sementes viáveis e sementes inviáveis. Foram iluminados 110 sementes de cada tratamento. A ordem da iluminação foi sorteada entre os dois tratamentos a cada iluminação. Determinou-se o teor de água da amostra pelo método da estufa a 105 10C durante 24 horas, com duas subamostras tendo 25g de sementes em cada. As amostras foram divididas em duas subamostras, sendo uma submetida à baixa temperatura. O procedimento consistiu em deixar a semente embeber água durante 16 horas em caixas gerbox. Para favorecer a absorção de água e a retomada dos processos fisiológicos, e submetê-las, após esse período, ao congelamento a 18ºC negativos por 24 horas. O congelamento foi adotado por favorecer a formação de cristais de gelo, que rompe as Rodrigues et al. 121 estruturas celulares e mata o embrião da semente. Para se reduzir os efeitos do teor de água na iluminação, as duas subamostras, foram pesadas para padronização. Determinou-se o peso das sementes quando as duas subamostras atingissem 18% b.u. Em seguida foram colocadas em uma caixa hidrostática com circulação de forçada ar, contendo ao fundo nitrato de potássio PA, até que as sementes atingissem o peso pré estabelecido, o que ocorreu em 24 horas. Para se verificar a viabilidade e vigor dos lotes, foram conduzidos o teste de germinação e o teste de Tetrazólio, seguindo a metodologia proposta por BRASIL, (1992). O teste de germinação foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes por subamostra, em rolo de papel toalha, em germinador, regulado à 250C, embebido em água destilada na quantidade de 2,5 vezes o peso do substrato seco, visando adequado umedecimento, com as contagens feitas no 50 e 9º dias após a semeadura. O Teste de Tetrazólio foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes por subamostras; as sementes foram embaladas em papel toalha umedecida e mantidas nesta condição por um período de 16 horas, à temperatura de 250C, sendo as embalagens colocadas no germinador (câmara úmida). Após o pré-condicionamento, as sementes foram colocadas em frascos béquer, sendo totalmente submersas na solução de tretazólio (0,1%). As sementes permaneceram, assim, à temperatura de 350C por 4 horas. Alcançada a coloração, as sementes foram lavadas com água e mantidas submersas até o momento da avaliação. Foi feito antes da iluminação, o teste de sanidade para verificar a presença de fungos. A metodologia utilizada foi a de incubar as sementes em papel de filtro com restrição hídrica. As sementes foram distribuídas em Placas de Petri de 15 cm de diâmetro, sendo 4 repetições (25 sementes por placa) contendo três folhas de papel de filtro previamente esterilizadas e umedecidas com soluções osmóticas, previamente esterilizadas, de cloreto de sódio (NaCl), com cloreto de potássio (KCl) e manitol. Foram utilizadas, soluções osmóticas com potencial de –1 Mpa para umedecer o papel de filtro. As sementes foram incubadas em câmara com temperatura de 20C 2C e fotoperíodo de 12 horas de luz negra, durante 7 dias para a primeira contagem e por mais 7 para verificar a presença de Colletotrichum lindemunthianum. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.119-124, 2007 122 Aplicação do speckle dinâmico na análise de sementes de feijão. Para iluminar a sementes utilizou-se um laser de He-Ne de 632.8 nm, lente de dispersão do feixe e um sistema de aquisição digital de imagem composto de uma câmara CCD (charge coupled detector); micro-computador, processador digital de imagens, e aplicativo computacional em C++ para tratamento de imagens. A figura 2 apresenta a configuração experimental básico de iluminação de uma semente com todo o aparato necessário para a obtenção das imagens. As imagens dos padrões de speckle foram capturadas a uma taxa de 0,08 segundos, totalizando 512 imagens por semente, e em seguida foi gerado o padrão PTS para cada uma, por meio do programa captura. Os padrões PTS foram analisados segundo o método do Momento de Inércia, permitindo a análise dos valores de forma estatística. CCD La Laser ser r Lente Rodrigues et al. pelo fato de em uma semente viável há metabolismo, o mesmo não ocorrendo em uma semente inviável. Como as sementes estavam com o teor de água muito próximo umas das outras, eliminou o efeito da água na diferenciação das sementes, conforme Tabela 3. Tabela 1 - Quadro de Análise de Variância dos valores ln Momento de Inércia obtidos da média de cada tratamento. UFLA, Lavras – MG, 2002. FV GL SQ QM Fc Sementes 1 16,770908 16,770908 Erro 196 140,530148 16991 Pr>Fc 23,391 0,0000 CV% = 18,87; Média geral: 4,51; Número de observações: 198. Tabela 2 – Valores médios de Momento de Inércia obtidos na análise do biospeckle em tecidos vivos e mortos em sementes de feijão (Phaseolus vulgaris ) Tratamento Médias Mortas Vivas 4,21a 4,79 b Semente Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. Le nt Figura 1 - Setup de iluminação e captura de imagens. RESULTADO E DISCUSSÃO Os tecidos mortos das sementes foram submetidos ao laser, e os Momentos de Inércia obtidos foram analisados pela análise de variância. A Tabela 1 apresenta a análise de variância, onde se observa que ocorreram diferenças significativas nos Momentos de Inércias para os tratamentos. Os valores não apresentaram uma normalidade, sendo necessário proceder a transformação log. n para a análise. O teste Tukey foi usado, assumindo variâncias homogêneas, para identificar quais tratamentos diferem entre si. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 2, onde se observa que o momento de Inércia consegue separar sementes de tecidos vivos de sementes de tecidos mortos. Conforme se observou o método do “biospeckle” consegue diferenciar tecidos vivos de tecidos mortos em sementes, o que foi evidenciado pelo teste de Tukey. Isto se explica Tabela 3 - Valores de umidade conseguidos após obter os tratamentos. UFLA, Lavras – MG, 2002. Sementes Vivas Mortas Umidade % (b.U.) 18,25a 18,82a Valores seguidos pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. O blotter test, mostrou que a presença de fungos nas sementes, foi pequeno a ponto de não interferir nos resultados como apresenta a Tabela 4, mas foi observado presença de bactérias saprófitas nas sementes que foram inviabilizadas pelo congelamento. Como as bactérias possuem atividade, podem ter contribuído para que os valores de Momento de Inércia das sementes inviabilizadas pelo congelamento atingissem médias maiores, mais próximas das médias das sementes vivas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.119-124, 2007 Aplicação do speckle dinâmico na análise de sementes de feijão. Rodrigues et al. 123 Tabela 4 – Principais fungos encontrados na avaliação da sanidade de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L), pelo método do Blotter Test Sementes Tecido Vivo Tecido Morto Fungos Fusarium spp Clodosporum spp Aspergillus spp Alternaria spp. Penicillium ssp. Coletotrichum lindemunthianum Fungos (%) 1,5 1,5 1,0 1,0 0,5 0,0 Fusarium spp Coletotrichum lindemunthianum 3,0 0,0 Pelo teste de germinação e viabilidade constatou-se que as sementes submetidas ao congelamento estavam 100% mortas. Já as sementes viáveis, estavam com alto vigor e germinação, o que pode ser observado na Tabela 5. Tabela 5 - Valores médios de viabilidade e germinação de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L). Sementes teste de germinação (%) Viáveis Inviáveis 92a 0b teste de tetrazólio(%) 96a 0b Médias seguidas pela mesma letra não difere estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. CONCLUSÃO A técnica do “biospeckle” consegue separar tecidos vivos de tecidos mortos em sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L) para uma dada umidade da semente. Este é um passo importante para o desenvolvimento da técnica do “biospeckle” como uma metodologia para análise da viabilidade de sementes. Faz-se necessário estudar a diferenciação de áreas vivas e mortas em uma mesma semente. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Arizaga, R., Trivi, M.R., Rabal, H.J. Speckle time evoluation characterization by co- ocorrence matrix analsis. Optics & Laser Technology, v.4-5, n.3, p.1-7, 1999). Arizaga, R.; Trivi, M; Rabal, H. Analysis de diagramas de speckle dinâmicos utilizando la matriz de coocurrencia. 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Araujo4, Satoshi Tobinaga5 RESUMO O processo de desidratação osmótica, pela incorporação dos agentes osmóticos e saída de água, causa alteração na cor do produto durante o processamento. Este fenômeno acontece também quando se eleva a temperatura no processo de secagem. O objetivo deste trabalho foi estudar a alteração da cor da carne seca de mapará (Hypophthalmus edentatus) in natura e desidratadas osmoticamente. As amostras foram desidratadas osmoticamente em soluções binária (água + NaCl) e ternárias (água + NaCl + sacarose e água + NaCl + xarope de milho) em seguida secas em secador de bandeja. As amostras secas nas condições ótimas de desidratação osmótica foram avaliadas quanto à cor utilizando um espectrofotômetro de bancada para cor Colorquest II (Hunter Lab), com sistema de cor Cielab, calibrado previamente, operando com iluminante D65, ângulo 10° no modo RSIN, no espaço CIE (Comission Internacionale de L’Eclairage) L*, a* e b*. Os resultados mostraram que as amostras sem pré-tratamento, foram as que apresentaram maior diferença total de cor, mostrando alto nível de oxidação que as mesmas sofreram em função do tempo maior de secagem. Com relação ao croma (c*) observou-se que a intensidade foi mais dependente de b* que de a*. Palavras-chave: peixe, desidratação osmótica, secagem. COLOR CHANGE OF THE MAPARÁ (HYPOPHTHALMUS EDENTATUS) MEAT DEHYDRATED OSMOTICALLY AND DRIED ABSTRACT The process of osmotic dehydration, with incorporation of the osmotic agents and water exit, causes alteration in the color of the product during process. This phenomenon also happens when the temperature in the drying process is raised. The objective of this work was to study the alteration of the color of the dried meat of mapará (Hypophthalmus edentatus) in natura and dehydrated osmotically. The samples had been dehydrated in osmotic solutions, binary (water + NaCl) and ternary (water + NaCl + sucrose and water + NaCl + corn glucose), and after that dried in tray drier. The samples, obtained in the optimum conditions of osmotic dehydration process had been dried and evaluated their color using bench spectrophotometer for color Colorquest II (Hunter Lab), with Cielab color system, previously calibrated, operating with illuminant D65, angle 10° in RSIN mode, in space CIE (Comission Internacionale de L’Eclairage) L *, a* and b *. The results had shown that the samples without pre-treatment were ones that had presented greater total difference of color, showing the high level of oxidation that the sample had suffered in function of the longer drying time. To the relation of croma (c *) it was observed that the intensity was more dependent of b * than a*. Keywords: fish, osmotic dehydration, drying. Protocolo 946 de 26/06/2006 1 Professora Doutora da Escola Agrotécnica Federal de Castanhal: Br. 316, KM 62 CEP: 68740970 Castanhal – PA . [email protected] 2 Doutoranda da Faculdade de Engenharia Agrícola-Unicamp: [email protected] 3 Professor Titular da Faculdade de Engenharia Agrícola-Unicamp: Cidade U. Zeferino Vaz. C. Postal 6011. CEP: 13083875. [email protected] 4 Professor Doutor do Departamento de Engenharia Química e de Alimentos – Universidade Federal do Pará. [email protected] 5 Professor Doutor da Faculdade de Engenharia de Alimentos-Unicamp: Cidade U. Zeferino Vaz. 126 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. INTRODUÇÃO O mapará (Hypophthalmus edentatus), também conhecido como mapurá, peixe-gato, mapará de cametá ou oleiro (Franco, 1999) é uma das principais espécies, em termos de volume e valor de produção, no baixo e no médio Tocantins (SUDAM, 1997). O mapará possui carne saborosa e alcança até 3 kg de peso, com um rendimento de filé superior a 60%. A salga de peixe é um dos métodos mais antigos usados pelo homem para preservar alimentos. Seu uso remonta às civilizações do Antigo Egito e da Mesopotâmia, há 4.000 anos a.C., passando pela idade do bronze, idade clássica – onde documentos escritos induzem a crer que o atum era salgado e seco – Idade média – com Marco Polo relatando a salga de atum no Golfo Pérsico (Cutting, 1962). O processo de salga, por mais empírico que pareça, é um processo complexo devido a vários fatores físico-químicos, bioquímicos e microbiológicos, que devem ser levados em consideração para obter-se o produto desejado. Podem-se obter produtos curados que chegam a durar semanas, meses ou anos, e para isso é necessário levar em consideração vários fatores como: tipo e qualidade do pescado, manuseio, temperatura de conservação, embalagem, etc. (Pinheiro, 1995). Segundo Bobbio e Bobbio (1989) uma outra alteração que ocorre na carne durante a salga, é a mudança na cor. A cor da carne e de produtos cárneos, é um importante aspecto de aceitabilidade do consumidor, dependente principalmente do estado químico do pigmento mioglobina (vermelhopúrpura) e da proteína do grupo heme. Este pigmento contribui com um percentual de 80 a 90% do total na carne fresca. A mioglobina não é o único pigmento, nem o mais importante do ponto de vista biológico, mas é o único em quantidades suficientes para conferir cor vermelha à carne. A desidratação osmótica consiste na imersão do alimento, inteiro ou em pedaços, em soluções aquosas (por exemplo: sais, açúcar, sorbitol, glicerol) de alta pressão osmótica provocando a remoção da água presente no alimento (Raoult-Wack et al., 1989, Torreggiani, 1993). Alimentos de origem animal, como peixes, freqüentemente são processados em soluções aquosas, tendo o sal como o principal agente desidratante. A secagem artificial de produtos biológicos, tais como pescados e seus Ribeiro et al. derivados, é um dos mais comuns métodos de preservação, tendo como propósito auxiliar na melhoria da qualidade do produto e diminuir seu potencial de deterioração durante a estocagem (Pinto e Tobinaga, 1993). A oxidação de lipídios é um dos mecanismos primários de deterioração da qualidade em alimentos, especialmente em produtos cárneos, limitando sua estabilidade e aceitação (Gray et al., 1996). As alterações na qualidade destes produtos incluem deterioração do sabor, descoloração, destruição de nutrientes e formação de compostos tóxicos (Kanner, 1994). A cor de um alimento deve-se à presença de pigmentos naturais. Estes pigmentos são instáveis, participam de diferentes reações e, em função disto, a alteração de cor de um alimento é um indicador das alterações químicas e bioquímicas possíveis de ocorrer durante o processamento e estocagem (Ribeiro e Seravalli, 2004). Em geral, as várias espécies de pescado apresentam coloração própria do músculo, líquido corporal, vísceras e, sobretudo, da pele e couro. Esta diversificação de cor se deve à presença de vários pigmentos, tais como mioglobina, hemoglobina, bilinas, hemocianina, carotenóides, melaninas, etc (Maia e Ogawa, 1999). A cor pode ser definida como a sensação visualizada por indivíduo quando a energia da luz correspondente ao espectro visível atinge a retina do olho. A região do espectro eletromagnético sensível ao olho humano situa-se na faixa de comprimento de onda () entre 390nm a 750nm (Francis e Clydesdale, 1975). A cor instrumental pode ser utilizada como parâmetro para estabelecimento de padrão de qualidade de um produto in natura ou processado (Almeida, 1995; Hung et al., 1995; Gimeno et al., 2000), ou ainda como fator de qualidade determinante da vida-deprateleira de um produto, quando se estuda a sua variação com o tempo de estocagem (Chai et al., 1991; Kajuna et al., 1998; Gonzáles et al., 1999). As cores referentes à faixa visível do espectro podem ser descritas subjetivamente, como por exemplo “vermelho”, e objetivamente, segundo o seu comprimento de onda. As cores vermelho, amarelo, verde e violeta, apresentam comprimentos de onda situados ao redor de 680nm, 575nm, 520nm e 450nm, respectivamente (Ferreira, 1991). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.125-135, 2007 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. Com o objetivo de normalizar a medição da cor, em 1931 a CIE (Commission Internationale de l’Eclairage) adotou os seguintes métodos para medição e especificação de cor: uso de fontes de luz-padrão definidas pela CIE, condições exatas para observação ou medição da cor, uso de unidades matemáticas apropriadas para expressar a cor e definição do observador-padrão (Jiménez e Gutiérrez, 2001). A medida da cor pode ser realizada através de espectrofotômetro, colorímetros triestímulos e colorímetros visuais. O espectrofotômetro é um instrumento que fornece a análise espectral das propriedades de reflectância e/ou transmitância de um objeto a cada comprimento de onda, e pode calcular indiretamente as informações psicofísicas (colorimetria). O colorímetro triestímulo é um instrumento que proporciona medições correlatas à percepção do olho humano através dos valores triestímulos (XYZ, L a b, etc). Os colorímetros visuais são de dois tipos: aditivos e subtrativos. Os colorímetros visuais aditivos baseiam-se na adição das três cores primárias (vermelho, verde e azul) para formar quaisquer cores; enquanto, os colorímetros visuais subtrativos envolvem a remoção de partes do espectro visível através de filtros com as cores primárias (Hunter e Harold, 1981). Em 1976, a CIE recomendou o uso da escala de cor CIE L*a*b*, ou CIELAB (Figura 1). O máximo valor de L* (luminosidade) é 100, e representa uma perfeita reflexão difusa, enquanto que o valor mínimo é zero e constitui o preto. Os eixos a* e b* não apresentam limites numéricos específicos. A coordenada a* varia do vermelho (+a*) ao verde (-a*), e a coordenada b* do amarelo (+b*) ao azul (-b*). Os valores delta (L*, a* e b*) indicam o quanto a amostra diferiu do padrão para L*, a* e b*, e são freqüentemente utilizados no controle de qualidade e ajustes de formulação, além de serem utilizados para o cálculo da diferença total de cor (E*) (Hunterlab, 1996). L=100 Ribeiro et al. 127 Vários trabalhos utilizam o sistema de cores Hunter para a descrição da cor instrumental. ARCHANA et al. (1995) estudaram os efeitos do processamento térmico nas cores da beterraba, cenoura e tomate. Ferreira et al. (1999) apresentam o mesmo estudo da degradação da cor de urucum. Na secagem de amendoim desidratado osmoticamente em solução de sacarose, Ertekin e Cakaloz (1996) observaram uma cor do produto final mais atrativa e melhorias em outras características como aroma e textura. MATERIAL E MÉTODOS Os exemplares de mapará (Hypophthamus edentatus) foram adquiridos na EDIFRIGO Comercial Industrial (Santarém – Pará) e transportados até o Laboratório de Medidas Físicas da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas. Análise físico-quimica Foi realizada analise físico-química das amostras de mapará seco. Os açúcares totais foram determinados de acordo com o método de Munson & Walker (AOAC, 1995), que consiste na redução do cobre presente na solução de Fehling através de açúcar invertido. O conteúdo de açúcar foi estimado pelo volume de solução de açúcar necessário para reduzir completamente a solução de Fehling de volume conhecido. A determinação de cloretos foi feita através da quantificação de íons Cl-, seguindo o método de titulação direta com AgNO3, utilizando K2CrO4 como indicador segundo Método de Mohr (AOAC, 1995); O número de ácido tiobarbitúrico (TBA) foi determinado de acordo com a metodologia de Tarladgis et al. (1960). Os destilados obtidos foram submetidos à reação de cor com ácido 2tiobarbitúrico e lidos em espectrofotômetro a 532nm. A Atividade de água (aw) foi realizada utilizando aparelho analisador de atividade de água, Decagon, série 3TE, que aplica o princípio do ponto de orvalho, onde a água é condensada em superfície espelhada e fria e detectada por sensor infravermelho. L=0 Figura 1 - Espaço de cor CIELAB (Sistema de cores Hunter). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.125-135, 2007 128 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. Desidratação osmótica A matéria-prima, devidamente cortada na geometria de placa plana, foi pesada e colocada em béquer de vidro de 600mL, contendo solução aquecida à temperatura desejada de processo. A relação amostra/solução de 1:5 foi utilizada para garantir a concentração constante da solução osmótica. O conjunto amostrasolução desidratante foi então levado à incubadora refrigerada e mantida na temperatura de estudo. Foi adotada uma agitação constante de 80rpm, pois esta agitação provia uma movimentação satisfatória da amostra dentro da solução sem que a mesma sofresse impacto com as paredes do béquer. As amostras, depois de um tempo préestabelecido pelo planejamento experimental, foram retiradas do “shaker”, lavadas com água destilada para retirar o excesso da solução, depois envolvidas em papel absorvente para remoção do excesso de água, e foram novamente pesadas. A desidratação osmótica de mapará foi realizada utilizando-se três agentes desidratantes: NaCl, sacarose comercial e xarope de milho Mor-Rex1940 (Corn Products Brasil). Otimização da desidratação osmótica A melhor condição de processamento de desidratação, como pré-tratamento de secagem, foi determinada utilizando Metodologia de Superfície de Resposta (RSM), realizando a sobreposição dos gráficos de GS/PA para maximizar a perda de água e minimizar o ganho de sólidos. Para cada solução osmótica, foi escolhida uma condição para proceder à secagem convectiva e esta condição foi determinada pelos menores valores de razão GS/PA. As condições escolhidas foram: temperatura de 46°C, concentração de 22% e tempo de imersão de 7 horas para desidratação com solução de NaCl (com o experimento realizado na faixa de temperaturas de 23 a 57°C, concentrações de NaCl de 20 a 26% e tempos de 4 a 14 horas); 42°C de temperatura, 11,5% de concentração de sal, 30% de concentração de açúcar e tempo de 8 horas, para desidratação com solução de NaCl + sacarose (com o experimento realizado na faixa de temperaturas de 23 a 57°C, concentrações de NaCl de 11,3 a 14,7%, concentração de sacarose constante de 30% e tempos de 4 a 14 horas) e 46°C de temperatura, 13% de concentração de sal, 32,5% de Ribeiro et al. concentração de xarope de milho e tempo de 6 horas para desidratação com solução de NaCl + xarope de milho (com o experimento realizado na faixa de temperaturas de 20 a 60°C, concentrações de NaCl de 11 a 15%, concentrações de xarope de 25 a 45% e tempos de 3 a 15 horas). Secagem convectiva As amostras “in natura” e a melhor condição de desidratação osmótica, para as três soluções de NaCl, NaCl + sacarose e NaCl + xarope de milho, foram submetidas ao processo de secagem até alcançar massa constante. As variáveis de processo de secagem foram temperaturas (40, 50 e 60°C) e velocidade do ar de secagem (1,5m/s), realizado num secador de bandejas. Analise de Cor A determinação de cor foi realizada para o mapará secos das amostras in natura e desidratadas osmoticamente. Foi utilizado um equipamento espectrofotômetro de bancada para cor Colorquest II (Hunter Lab), com sistema de cor Cielab, calibrado previamente, operando com iluminante D65, ângulo 10 no modo RSIN, no espaço CIE (Comission Internacionale de L’Eclairage) L*, a*, b*, onde: - L*: luminosidade - a*: intensidade de cor vermelha - b*: intensidade de cor amarela A diferença total de cor (E*) foi calculada de acordo com a equação (1): E* = [(L*)2 + (a*)2 + (b*)2] 1/2 (1) O valor de croma C* foi calculado de acordo com a equação (2): C * (a * ) 2 (b * ) 2 (2) RESULTADOS E DISCUSSÃO As amostras secas sem pré-tratamento e com pré-tratamento até a umidade de equilíbrio foram avaliadas através da determinação de cloretos, açúcares totais, TBA e atividade de água. Os resultados das análises estão apresentados na Tabela 1. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.125-135, 2007 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. Ribeiro et al. 129 Tabela 1 – Resultados das análises físico-químicas dos produtos finais. Amostras Temperatura (C) Xbs (%) Cloretos (g sal /100g peixe seco) Açúcares totais (g açúcar / 100g peixe seco) in natura (Padrão) Sem prétratamento - 1,78 - 40 50 60 40 50 60 40 50 60 40 50 60 0,44 0,44 0,39 0,32 0,20 0,18 0,39 0,29 0,29 0,59 0,35 0,28 20,40 24,23 30,84 13,64 18,10 14,00 18,24 17,45 17,62 NaCl NaCl +Sacarose NaCl + xarope Observa-se na Tabela 1, que as amostras desidratadas com solução de NaCl apresentaram umidade e atividade de água menor que as amostras sem pré-tratamento e desidratadas com solução ternária. Este resultado já era esperado, devido ao alto poder osmótico do NaCl que promove a diminuição da atividade de água. Em contrapartida, estas amostras apresentaram uma maior oxidação em relação às amostras desidratadas com solução ternária. Este fato pode estar relacionado com a atividade pró-oxidante do NaCl, já que a quantidade do mesmo foi bem maior nas amostras desidratadas com solução binária. De acordo com Woyewoda & Ke (1979), o número de TBA encontrado para a amostra in natura foi considerado excelente. Estes autores, analisando os números de TBA (mg Mal./1000g de amostra) em filés de cavala sem pele e estocado sob congelamento, consideraram uma condição excelente quando os valores eram menores ou iguais a 0,432, aceitável quando os teores variavam de 0,504 a 1,296 e rejeitável quando os teores eram maiores ou iguais a 1,368. Foi observado também, que as amostras sem tratamento sofreram uma oxidação bem maior comparada com as amostras que sofreram tratamento, significando que o tempo de secagem interferiu mais na resposta que a concentração de NaCl. A atividade de água praticamente não foi reduzida nas amostras sem pré-tratamento, comprovando, portanto, o efeito positivo da utilização da desidratação osmótica como pré-tratamento na redução da atividade de água. As amostras desidratadas com solução de NaCl + sacarose apresentaram valores de açúcares totais maiores do que os encontrados pelas amostras de NaCl + xarope. Apesar das - TBA (mg Mal./ 1000g de amostra) 0,04 aw 0,90 15,20 19,13 16,27 5,60 9,14 7,14 2,10 2,25 2,33 1,65 2,04 1,87 1,31 1,50 1,50 1,21 1,31 1,29 0,90 0,88 0,88 0,78 0,76 0,75 0,83 0,82 0,82 0,82 0,81 0,81 amostras não possuírem os mesmos níveis de parâmetros de desidratação, pode-se afirmar que as amostras desidratadas com solução de NaCl + sacarose, apresentaram estes valores devido à competitividade da sacarose, um dissacarídeo, com o NaCl. Beltrán e Moral (1991) examinaram a rancificação de sardinhas durante o processo de defumação e verificaram um pequeno aumento do índice de peróxido (de 0,77 para 2,73 meq/ kg gordura) e número de TBA (de 0,025 para 0,093 mg de mal./ Kg do músculo). Este aumento do índice de peróxido foi devido a autoxidação de alguns ácidos graxos presentes na fração lipídica da sardinha (C18:4, C20:4, C20:5, C:22:5 e C22;6), enquanto que a variação do número de TBA representou a detecção de produtos resultantes da oxidação (principalmente malonaldeído), que também são indicativos de oxidação. As amostras secas em diferentes temperaturas, sem pré-tratamento e previamente desidratadas em solução binária contendo NaCl e soluções ternárias contendo NaCl + sacarose e NaCl + xarope de milho foram avaliadas com relação à cor para verificar se houve uma possível mudança na cor original do pescado. A mioglobina (Mb) é o principal pigmento responsável pela coloração marromavermelhada da carne do peixe e de outros animais vertebrados e invertebrados. A hemoglobina (Hb) também presente no músculo escuro, porém em pequenas concentrações, pouco contribui para a cor da carne, exceto nos casos em que haja rupturas dos vasos sanguíneos com acúmulo de sangue nos tecidos musculares (Maia e Ogawa, 1999). Os dados de L* (luminosidade) das amostras de mapará seco, em diferentes temperaturas, sem tratamento e com prétratamento de desidratação osmótica em Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.125-135, 2007 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. 130 soluções binárias e ternárias, podem ser Ribeiro et al. visualizados na Figura 2. 90 80 " in nat ura" s/ t rat 40 70 s/ t rat 50 s/ t rat 60 60 L* NaCl 40 50 NaCl 50 NaCl 60 40 NaCl + sacarose 40 NaCl + sacarose 50 30 NaCl + sacarose 60 20 NaCl + xarope 40 NaCl + xarope 50 10 NaCl + xarope 60 0 Amostras Figura 2 – Valores de L* (Luminosidade) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas sem pré-tratamento e com pré-tratamento de desidratação osmótica em soluções binárias e ternárias. Quanto maior a porcentagem de Mb + Hb na carne, mais escuro é o músculo do peixe. Verifica-se na Figura 2 que a amostra padrão possivelmente tem uma quantidade menor de Mb + Hb, pois apresenta cor branca com 69,82% de luminosidade. As amostras desidratadas em solução de NaCl, secas a 40°C apresentaram mais luminosidade que a amostra padrão, possivelmente devido à desnaturação que a proteína sofreu na presença de NaCl ou devido aos compostos da oxidação de lipídios, que podem ter reagido com a proteína provocando sua desnaturação. Todas as amostras desidratadas em soluções ternárias e sem pré-tratamento apresentaram perda de luminosidade significativa em relação à padrão. Como L* varia de branco (máximo) a preto (mínimo) pode-se afirmar que estas amostras ficaram mais escuras, devido o aumento da temperatura de secagem. Apenas as amostras desidratadas em solução de NaCl e secas a 50 e 60°C não apresentaram diferença significativa. Os dados de a* (intensidade de vermelho) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas, sem tratamento e com prétratamento de desidratação osmótica, em soluções binárias e ternárias, podem ser visualizados na Figura 3. 10 " in natura" 9 s/ trat 40 8 s/ trat 50 7 s/ trat 60 NaCl 40 a* 6 NaCl 50 5 NaCl 60 4 NaCl + sacarose 40 NaCl + sacarose 50 3 NaCl + sacarose 60 2 NaCl + xarope 40 1 NaCl + xarope 50 0 NaCl + xarope 60 Amostras Figura 3 - Valores de a* (intensidade de vermelho) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas sem tratamento e com pré-tratamento de desidratação osmótica em soluções binárias e ternárias. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.125-135, 2007 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. Verifica-se na Figura 3, que as amostras sem pré-tratamento apresentaram grandes diferenças em relação à amostra padrão. Podese dizer que esta grande variação está relacionada com a oxidação que estas amostras sofreram, quando foram levadas ao processo de secagem sem pré-tratamento, em diferentes temperaturas. À medida que aumenta a temperatura de secagem, há o aumento da cor vermelha para as amostras sem pré-tratamento. Os resultados das amostras com sacarose e xarope de milho, secas a 60°C, apresentam também um aumento da intensidade da cor vermelha, provavelmente devido à reação de Maillard, muito comum em processos que utilizam açúcares. Esta reação utiliza Ribeiro et al. 131 temperaturas inferiores a 100°C, sendo que duplica a cada aumento de 10°C, entre as temperaturas de 40 e 70°C. Todas as amostras utilizando NaCl aumentaram o valor de a*, assim como as amostras utilizando soluções ternárias nas temperaturas de 40 e 50°C, mas este aumento não teve significância em relação à amostra padrão. Os dados de b* (intensidade de amarelo) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas, sem tratamento e com prétratamento de desidratação osmótica, em soluções binárias e ternárias, podem ser visualizados na Figura 4. 35 " in natura" 30 s/ trat 40 Croma (C*) s/ trat 50 25 s/ trat 60 NaCl 40 20 NaCl 50 NaCl 60 15 NaCl + sacarose 40 NaCl + sacarose 50 10 NaCl + sacarose 60 NaCl + xarope 40 5 NaCl + xarope 50 NaCl + xarope 60 0 Amostras Figura 4 – Valores de b* (intensidade de amarelo) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas sem pré-tratamento e com pré-tratamento de desidratação osmótica em soluções binárias e ternárias. Através da Figura 4, pode-se observar que, apesar de pequena, houve diferença significativa da amostra padrão em relação às amostras sem pré-tratamento e desidratadas em solução de NaCl e NaCl + xarope a 50°C, assim como todas as amostras desidratadas com solução de NaCl + sacarose. Pode-se observar também que todas as amostras significativas apresentaram uma maior intensidade de amarelo em relação ao padrão. Os dados de c* (cromaticidade) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas, sem tratamento e com prétratamento de desidratação osmótica, em soluções binárias e ternárias, podem ser visualizados na Figura 5. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.125-135, 2007 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. 132 Ribeiro et al. 35 " in natura" 30 s/ trat 40 Croma (C*) s/ trat 50 25 s/ trat 60 NaCl 40 20 NaCl 50 NaCl 60 15 NaCl + sacarose 40 NaCl + sacarose 50 10 NaCl + sacarose 60 NaCl + xarope 40 5 NaCl + xarope 50 NaCl + xarope 60 0 Amostras Figura 5 – Valores de c* (croma) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas sem prétratamento e com pré-tratamento de desidratação osmótica em soluções binárias e ternárias. O maior valor de croma significa a mais pura e intensa cor (Pomeranz e Meloan, 1971; Rodrigues et al, 2003). Segundo Ferreira (1991) croma é a “força da cor”, que pode ser utilizada na distinção de uma cor fraca e uma cor forte, ou seja, a intensidade de um tom distinto ou a intensidade da cor. Foi observado que os valores de c* das amostras sem pré-tratamento e desidratadas em solução de NaCl e NaCl + xarope a 50°C, assim como todas as amostras desidratadas com solução de NaCl + sacarose apresentaram diferença significativa em relação à amostra in natura. Ou seja, as mesmas amostras já relatadas para a intensidade de cor amarela (b*). Como o croma é dependente de a* e b* na mesma intensidade, verificou-se que estes resultados sofrem maior influência da cor amarela que da cor vermelha, o que já era esperado, visto que o peixe mapará apresenta carne “branca”. Rodrigues et al. (2003) desidratando mamão em diferentes tempos verificaram que o aumento do valor do croma tendeu à estabilização depois de 3 horas, e verificou que este parâmetro foi o único que teve um aumento significante ao longo do processo. O aumento da cor amarela (b*) e da cor vermelha (a*), apesar de visível, não foi significativo. Neves (1998) comparando os valores do croma da carne desidratada a 10 e 20ºC e verificou que somente a intensidade de cor diminui nas amostras desidratadas em solução de NaCl a 20ºC, mas nas amostras onde foi realizada salga seca não houve diferença do croma. O resultado da diferença total de cor (AE*) pode ser visualizado na Figura 6. A Figura 6 mostra que houve uma maior diferença nas amostras sem pré-tratamento, seguida das amostras desidratadas em solução de NaCl + sacarose. Os dados de oxidação e a quantidade de açúcar da Tabela 1 podem ter contribuído para esta diferença As amostras que menos sofreram diferença em relação ao padrão foram amostras desidratadas com solução de NaCl, significando que os resultados de oxidação não chegaram a interferir na cor dos produtos. Carneiro (1999) realizou um estudo do efeito do tipo congelamento na cor de filés de sardinha. Os congelamentos foram em câmaras frigoríficas, previamente desidratadas osmoticamente em salmoura por 10 minutos e em salmoura por 2 horas. As amostras foram analisadas depois de dois meses e verificou-se não haver diferença entre as amostras. Guimarães (1999) estudou os índices de cor em relação ao frescor de lulas armazenadas em gelo. O autor verificou que o armazenamento de lulas em gelo provocou uma diminuição da luminosidade e o aumento da cromaticidade da pele nos tipos de tratamentos estudados. O aumento dos valores de a*, ou seja, da cor vermelha na pele foi favorecido pelo contato direto com o gelo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.125-135, 2007 Alteração da cor da carne de mapará desidratada osmoticamente e seca. Ribeiro et al. 133 40 s/ trat 40 35 s/ trat 50 s/ trat 60 30 NaCl 40 25 NaCl 50 NaCl 60 20 NaCl + sacarose 40 15 NaCl + sacarose 50 NaCl + sacarose 60 10 NaCl + xarope 40 NaCl + xarope 50 5 NaCl + xarope 60 0 Amostras Figura 6 - Diferença total de cor (AE*) das amostras de mapará seco em diferentes temperaturas sem pré-tratamento e com pré-tratamento de desidratação osmótica em soluções binárias e ternárias. CONCLUSÕES Todas as amostras secas, desidratadas em soluções binárias e ternárias e sem prétratamento, ficaram mais escuras, devido ao aumento da temperatura de secagem. A diferença total de cor foi maior nas amostras sem pré-tratamento em relação à padrão, seguida das amostras desidratadas em solução de NaCl + sacarose. Dentre as amostras analisadas para determinação de cor, verificou-se que as amostras sem pré-tratamento, foram as que apresentaram maior diferença total de cor, mostrando o alto nível de oxidação que as mesmas sofreram em função do tempo maior de secagem. Com relação ao croma (c*) observouse que a intensidade foi mais dependente de b* que de a*. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, C. Determinação da firmeza e cor do tomate (Lycopersicum esculentum Mill) visando o estabelecimento de correlações entre medidas sensoriais e físicas ao longo do tempo de maturação. Campinas, 1995. 102p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual de Campinas. AOAC. (Association Official Analytical Chemists). Official Methods of Analysis. 14a ed., Arlington, 1995. Archana, G. 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Nesse contexto, o uso de meio semi-sólido no processo de fermentação pode ser vantajoso por abrir a possibilidade na utilização desse tipo de resíduo como substrato, o que representa no Brasil, matéria-prima abundante e de baixo custo. Assim, objetivou-se com esse trabalho a caracterização físico-química do bagaço seco do pedúnculo do caju para sua posterior utilização em um processo de fermentação semi-sólida para produção de pectinases, utilizando como microrganismo o Aspergillus niger. Mediante os resultados, observou-se que o bagaço possuía 11,69 % b.s de umidade; pH de 3,66; açúcares redutores e pectina iguais a 20,26 g/g e 8,39 %pectato de cálcio, respectivamente; e, tamanho das partículas entre 0,7 e 0,42 mm. Avaliando-se tais parâmetros em relação aos processos relatados pela literatura, para a utilização do bagaço seco do pedúnculo do caju, se faz necessário o ajuste de parâmetros para que a atividade enzimática se sobressaia. Palavras-chave: Anacardium occidentale L., pectinases, Aspergillus niger USE OF DRY BAGASSE OF CASHEW PEDUNCLE TO BE UTILIZED IN SOLID-STATE FERMENTATION ABSTRACT The integral use of the cashew (Anacardium occidentale L.) is a goal to be achieved by the industry of the cashew nut processing, which considers the peduncle of this fruit as a residue. The use of solid-state medium in the fermentation process can be advantageous because it opens a possibility in the utilization of this type of residue as a support, which represent in Brazil an abundant and low cost raw material. Thus, this work had an objective of characterization of the dry bagasse of cashew peduncle, keeping in view its future utilization in a solid-state fermentation process for production of pectinases using Aspergillus niger. It was observed that the bagasse had 11.69 % (dry basis) moisture content; pH 3.66; 20.26 g/g reducing sugar; 8.39 % pectin; and grain size between 0.70.42 mm. These values of the parameters of the dry the bagasse of cashew peduncle indicates that their adjustment may be needed for a good enzymatic activity in a solid-state fermentation process. Keywords: Anacardium occidentale L., pectinase, Aspergillus niger Protocolo 953 de 11/08/2006 1- Mestranda em Engenharia Agrícola, CTRN/UFCG - Campina Grande - PB - Email: [email protected] 2- Professor Dr. da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, UFCG, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande, Paraíba, Email: [email protected] 3- Professor Dr. da Unidade Acadêmica de Engenharia Química, UFCG, Av. Aprígio Veloso 882 58.109-970, Campina Grande, Paraíba, Email: [email protected] 138 Emprego do bagaço seco do pedúnculo do caju para posterior utilização em um processo ..... Alcântara et al. MATERIAL E MÉTODOS INTRODUÇÃO O caju é uma das frutíferas de maior importância sócio-econômica para a região Nordeste do Brasil. A amêndoa é muito apreciada, constituindo, juntamente com o líquido da casca da castanha, o principal produto de exportação. O pedúnculo de aparência exótica apresenta alto teor de vitamina C e grande valor nutricional. Entretanto, o aproveitamento ainda é insignificante em relação à quantidade da matéria-prima potencialmente disponível (Agostini-Costa et al., 2004). O aproveitamento industrial do caju visa, em menor escala, o beneficiamento do pedúnculo sob a forma de sucos, doces, geléias, néctares, farinhas e fermentados, porém, apenas 15 % da produção do mesmo é utilizada. Uma das causas para esse baixo aproveitamento está relacionada ao tempo de deterioração do mesmo, que ocasiona excessivas perdas no campo e na indústria (Campos, 2003). Uma alternativa mais nobre para o aproveitamento desse resíduo é a sua utilização como fonte de carbono na produção de enzimas através da fermentação semi-sólida. Pinto et al. (2006) definem a fermentação semi-sólida (FSS) como processo em que há crescimento de microrganismos sobre ou dentro de partículas em matriz sólida, onde a quantidade de líquido apresenta um nível de atividade de água que possa garantir o crescimento e o metabolismo dos microrganismos, mas que não exceda à máxima capacidade de ligação da água com a matriz. Assim, a escolha do meio de cultura é tão essencial para o sucesso do processo fermentativo, quanto à escolha do microrganismo. Nem sempre o meio que permite o melhor desenvolvimento do microrganismo favorece a formação de enzimas (Santos et al., 2005a). Nesse sentido, faz-se obrigatória a caracterização do substrato utilizado no processo. Este trabalho teve como objetivo a caracterização físico-química do bagaço seco do pedúnculo do caju para posterior utilização do mesmo como substrato em processo de FSS para produção de pectinases utilizando como microrganismos o Aspergillus niger. Matéria-prima O pedúnculo foi obtido a partir do caju in natura, adquirido na Empresa de Abastecimento de Serviços Agrícolas (EMPASA) da cidade de Campina Grande (PB). Inicialmente, foi retirada a castanha. Em seguida, o pedúnculo foi triturado em liquidificador industrial e prensado manualmente para separação do suco. O bagaço úmido foi seco em estufa com circulação de ar a 55ºC. Após a secagem, o bagaço foi moído em moinho de facas da marca Tecnal. Análises físico-químicas As determinações de pH, umidade e resíduos minerais seguiram as normas do Brasil (2005). A quantidade de pectina foi determinada pelo método gravimétrico por precipitação com pectato de cálcio descrito por Rangana (1979). A concentração de sólidos solúveis (SS) foi obtida por leitura direta em refratômetro após a adição de 9 mL de água destilada a 1 g do resíduo seco. Os açúcares redutores (AR) e os açúcares redutores totais (ART) foram determinados usando 0,5 g da amostra pela metodologia do DNS (Miller, 1959) em espectrofotômetro, usando solução de glicose como solução padrão. Para a determinação da concentração de proteína bruta, utilizou-se do método semi-micro Kjedahl, com adaptação para nitrogênio, por espectrofotometria (Le Poidevin & Robinson, 1964). Para obtenção do valor da proteína bruta na amostra, multiplicou-se o resultado obtido na determinação do nitrogênio pelo fator de transformação 6,25. A distribuição granulométrica foi feita usando 100 g do resíduo em agitador de peneiras Cotengo-Pavitest durante 10 minutos, em jogo constituído por seis peneiras com mesh de 14, 20, 24, 35, 48 e 60. O material retido em cada peneira foi pesado e os resultados expressos percentualmente em relação ao peso do material original. Para determinação da densidade aparente (D) utilizou-se 100 g do material que foram colocados Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.137-142, 2007 Emprego do bagaço seco do pedúnculo do caju para posterior utilização em um processo ..... Alcântara et al. em uma proveta para determinar o volume ocupado, sem que houvesse compactação. As análises de pH, umidade, resíduos minerais, SS, AR, ART e densidade aparente foram realizadas em triplicata. Já as análises de pectina e proteína foram realizadas em duplicata. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 encontra-se os parâmetros observados e os desvios padrão para a caracterização físico-química do bagaço seco do pedúnculo do caju. Tabela 1 – Análise físico-química do bagaço seco do pedúnculo do caju Parâmetro Unidade Valor Umidade 11,69 ± 0,19 % b.s Resíduos 1,72 ± 0,085 % b.s minerais pH --- 3,66 ± 0,032 SS* ºBrix 25,31 ± 0,025 AR* g/g g/g 20,26 ± 0,22 ART* Pectina Proteína bruta D* 24,47 ± 1,16 %pectato de cálcio 8,39 ± 0,21 % 11,54 ± 1,20 g/mL 0,59 ± 0,002 *SS = sólidos solúveis; AR = açúcares redutores; ART = açúcares redutores totais; D = densidade aparente O valor de pH encontrado para o bagaço do caju (Tabela 1) está próximo dos valores citados por Santos et al. (2005a): 3,3 e 2,8 para o bagaço seco do pedúnculo do caju comum e da variedade CP76, respectivamente. Brandão et al. (2003) citaram que para o pedúnculo in natura da variedade CCP06, o pH foi igual a 4,01. Quando se compara os valores de pH do pedúnculo in natura com o pedúnculo seco, observa-se que houve diminuição destes valores. Isto pode ter ocorrido devido à concentração de ácidos durante o processo de secagem (Campos, 2003). De modo geral, o pH é uma variável importante em qualquer processo biológico, 139 havendo valores ótimos para o desenvolvimento de microrganismos. Geralmente, os fungos preferem pH baixo entre 4,5 e 5,0 (Taragano & Pilosof, 1999; Fawole & Odunfa, 2003; Santos et al., 2005a). Porém, Maiorano (1990) observou que pH inicial de 3,6 proporcionou maior produção de pectinases, usando Aspergillus sp. em processo FSS, tendo como substrato farelo de trigo. Assim, o pH do bagaço caracterizado pode vir a promover a produção de pectinases sem necessitar de ajuste utilizando solução tamponante. Além disso, o pH ácido favorece o armazenamento a temperatura ambiente sem problemas de contaminação. A umidade obtida (11,69 %) com a secagem do bagaço condiz com o reportado por Santos et al. (2005a). A quantidade de água no meio fermentativo semi-sólido é um fator limitante e afeta diretamente as necessidades do microrganismo, além do tipo de produto final. Para utilizar este resíduo, poderá ser preciso a adaptação do teor de umidade, pois alguns microrganismos produtores de pectinases necessitam de teores mais elevados do que o encontrado no resíduo. Assim provavelmente será necessária adição de água. Alguns autores (Antier et al., 1993; Castilho, 1997; Taragano & Pilosof, 1999) citam a utilização de diversos substratos para produção de pectinases pelo Aspergillus niger com atividade de água acima de 0,93. É importante salientar que baixos níveis de atividade de água significam baixa disponibilidade de moléculas de água nas proximidades das células, dificultando a troca de solutos na fase sólida, diminuindo o metabolismo e gerando menores taxas de crescimento ou de síntese de metabólitos. Em contrapartida, elevados índices de atividade de água dificultam a difusão de ar pelas partículas sólidas, levando à redução no crescimento microbiano (Abud et al., 2007). Os teores de sólidos solúveis (SS) obtidos para o bagaço seco do pedúnculo do caju foi de 25,31 ºBrix, valor maior do que os observados na literatura para o bagaço in natura. Brandão et al. (2003) caracterizaram o pedúnculo in natura de caju tipo CCP06 e constataram que este possuía 9,8 ºBrix. Já os valores de SS do bagaço seco Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.137-142, 2007 140 Emprego do bagaço seco do pedúnculo do caju para posterior utilização em um processo ..... Alcântara et al. encontrado na literatura diferem de forma drástica em relação aos valores obtidos. Matias et al. (2005) obtiveram valor de 2,88 ºBrix. Enquanto Santos et al. (2005a) obtiveram valores de 17,5 ºBrix para o bagaço seco do caju comercial e 47,5 ºBrix para o bagaço seco do caju CP76. A concentração de açúcares redutores (glicose e frutose) no bagaço foi em torno de 20,26 g/g (202,6 mg/100g). Os valores de AR encontrados na literatura (Matias et al., 2005) tanto para o pedúnculo in natura (6,84 mg/100g) quanto para o pedúnculo seco (13,32 mg/100g) foram inferiores. A presença de pectina no meio fermentativo semi-sólido é importante, pois esta apresenta efeito indutivo e favorece a excreção das pectinases pelos fungos produtores (Thakur et el., 1997). O valor de pectina observado (8,39 %) encontra-se próximo do relatado por Santos et al. (2005b), 6,92 % para o pedúnculo seco do caju. Porém, para o bagaço seco do caju CP76, Santos et al. (2005a) observaram valor em torno de 24,5 %. Quantitativamente, a literatura indica que altas concentrações de açúcares no meio suprem a necessidade dos microrganismos para seu crescimento e a pectina no meio é pouco utilizada. Porém, quando a concentração de açúcares é menor que a concentração de pectina, ocorre facilmente a quebra das moléculas pécticas, pois devido à abundância são mais consumidas, levando há altas atividades enzimáticas (Souza et al., 2007). Os resultados apontam para a adição do indutor pectina nessa fração de bagaço de caju a fim de que a atividade enzimática se sobressaia. Fontana et al. (2005), utilizando Aspergillus niger T0005007-2 como microrganismo e farelo de trigo como meio, constataram que a adição de pectina cítrica em meio sólido, até o limite de 16 % p/p, levou a um aumento da atividade enzimática. O valor de proteína bruta (11,54 %) encontrase próximo do valor observado por Santos et al. (2005a) (10,10 %). Entretanto, Matias et al. (2005) relataram valor para o bagaço de 3,25 %. Para o pedúnculo fresco, Holanda et al. (1998) observaram concentração de proteína bruta em torno de 6,58 %. A caracterização física com relação à morfologia do substrato é essencial, sobretudo, quanto ao tamanho e a porosidade, pois estas propriedades governam a área superficial acessível ao microrganismo (Santos et al., 2005a). Na Figura 1 encontra-se a distribuição granulométrica do resíduo do pedúnculo do caju seco. Observa-se que 60 % do bagaço ficaram retidos nas peneiras de 24 e 35 mesh, o que corresponde aos tamanhos 0,7 e 0,42 mm. 40 35 Peso retido (%) 30 25 20 15 10 5 0 14 20 24 35 48 60 Fundo Crivos (Tyler) Figura 1 - Distribuição granulométrica do bagaço seco do pedúnculo do caju. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.137-142, 2007 Emprego do bagaço seco do pedúnculo do caju para posterior utilização em um processo ..... Alcântara et al. Este tamanho de partícula pode ser utilizada em um processo de FSS com Aspergillus niger, já que foi descrito na literatura, tamanhos de partículas para produção de pectina entre 0,5 e 0,7 mm (Hennies, 1996; Martins et al., 2005). O tamanho médio das partículas de resíduo do meio fermentativo deve ser obtido de forma que não se tenha nem partículas grandes, nem pequenas. Partículas de tamanho reduzido promovem área superficial maior, e consequentemente maior grau de transformação. Porém, o processo necessita ter uma granulometria própria permitindo a circulação de ar por entre a massa e a dissipação de gases e calor produzidos, os quais poderiam vir a prejudicar o rendimento do processo (Del Bianchi et al., 2001). Partículas maiores promovem mais espaço interpartículas, diminuindo o rendimento da absorção dos nutrientes pelos microrganismos (Santos et al., 2005a; Souza et al., 2007). Além disso, a análise granulométrica é importante na extração do complexo enzimático, já que sólidos finamente divididos facilitam o acesso por parte do solvente (Souza et al., 2007). É importante lembrar que, de forma geral, a caracterização feita para as culturas pode variar drasticamente dependendo de época de colheita, dos fenômenos e práticas agrícolas relacionados com o plantio. Sendo então de extrema importância a caracterização do substrato para o processo de FSS e, consequentemente, o ajuste de determinados parâmetros, o que é também mais um desafio há ser considerado na utilização desse processo. CONCLUSÕES Mediante os resultados obtidos pode-se concluir que: Há a necessidade do ajuste da concentração de açúcares ou da concentração de pectina para o crescimento do Aspergillus niger e para a produção de pectinases. Deve ser feita a adição de água para o ajuste da umidade e da atividade de água do meio. Não será necessário o ajuste dos parâmetros pH e tamanho das partículas. 141 AGRADECIMENTOS À Capes pelo suporte financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abud, A. K. S.; Silva, G. F.; Narain, N. Caracterização de resíduos de indústria de processamento de frutas visando à produção de pectinases por fermentação semi-sólida. In: Simpósio Brasileiro de Bioprocessos, 16, 2007, Curitiba, Anais... Curitiba: UFPR, 2007 (CD Rom). Agostini-Costa, T. S.; Jales, K. A.; Garruti, D. S.; Padilha, V. A.; Lima, L. B.; Aguiar, M. J.; Paiva, J. R. Teores de ácido anacárdico em pedúnculos de cajueiro Anacardium microcarpum e em oito clones de Anacardium occidentale var. nanum disponíveis na Nodeste do Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n. 4, p. 1075-1080, 2004. Antier, P.; Minjares, A.; Roussos, S.; Raimbault, M.; Viniegra-Gonzáles, G. Pectinasehyperproducing mutants of Aspergillus niger C28B25 for solid-state fermentation of coffee pulp. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.137-142, 2007 142 Emprego do bagaço seco do pedúnculo do caju para posterior utilização em um processo ..... Alcântara et al. Del Bianchi, V. L.; Moraes, I. O.; Capalbo, D. M. F. Fermentação em estado sólido. In: Schmidell, W.; Lima, U. A.; Aquarone, E.; Borzani, W. Biotecnologia Industrial: Engenharia Bioquímica. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., cap. 13, v. 2, 2001. Fawole O.B., Odunfa S.A. Some factors affecting production of pectic enzymes by Aspergillus niger. International Biodeterioration & Biodegradation, v.52, p.223-227, 2003. Fontana, R. C.; Salvador, S.; Silveira, M. M. Efeito das concentrações de pectina e glicose sobre a formação de poligalacturonase por Aspergillus niger em meio sólido. In: Simpósio Nacional de Bioprocessos, 2005, Recife, Anais... Recife: UFPE, 2005 (CD Rom). Hennies, P. T. Produção de pectinases de Penicilium italicum através de fermetnação em meio semi-sólido. 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As análises físicoquímicas realizadas foram: acidez, pH, sólidos solúveis e umidade. Em relação à análise sensorial, foi observado que não houve interação (P > 0,05) entre os fatores tipo de banana e temperatura, detectou-se diferença significativa entre as variedades de banana (P < 0,05) e não foi detectada diferença significativa entre as temperaturas utilizadas (P > 0,05). Quanto às análises físico-químicas, não houve interação (P> 0,05) entre os fatores temperatura e variedade de banana para as análises de acidez total titulável, umidade e brix. O objetivo deste trabalho foi realizar uma caracterização físico-química e sensorial do produto desidratado a partir da variedade Musa sapientum, Linneo (Banana da terra). Palavras-chave: desidratação, umidade, aceitação, Musa sapientum, Linneo. DRYING AND EVALUATION SENSORIAL OF BANANA OF THE EARTH ABSTRACT The drying or dehydration is a technique used from the antiquity for the conservation of foods, once the water affects in a decisive way the time of preservation of the products, influencing his/her quality and durability directly. They were study objects the dehydrated banana's factors final humidity, drying temperature and banana variety, constituting like this, four treatments (1.1, 1.2, 2.1 and 2.2). The sensorial attributes were appraised for 100 consumers using climbs hedônica of nine points. The accomplished physiochemical analyses were: acidity, pH, soluble solids and humidity. In relation to the sensorial analysis, it was observed that there was not interaction (P> 0,05) between the factors banana type and temperature, it was detected differentiates significant among banana's varieties (P <0,05) and significant difference was not detected among the used temperatures (P> 0,05). As for the physiochemical analyses, there was not interaction (P> 0,05) among the factors temperature and banana variety for the analyses of acidity total titulável, humidity and brix. The objective of this work was to accomplish a physiochemical and sensorial characterization of the product dehydrated starting from the variety Musa sapientum, Linneo (Banana of the earth). Keywords: dehydration, moisture content, acceptance, Musa sapientum, Linneo. Protocolo 967 de 25/08/2006 1 Mestranda em Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Itapetinga - BA – [email protected] 2 Professora Doutora – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Itapetinga - BA 3 Professor Mestre – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Itapetinga - BA 4 Graduanda em Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Itapetinga - BA 5 Professor Doutor - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Itapetinga - BA 144 Secagem e avaliação sensorial de banana da terra INTRODUÇÃO As frutas são de grande importância em todo o mundo, no que se refere aos aspectos social, econômico e alimentar. A falta de técnicas adequadas de pós-colheita, transporte e armazenamento desses produtos, que são altamente perecíveis, ocasiona grandes perdas de frutas. Nos países emergentes, as perdas de alguns produtos são estimadas em 50% (CHITARRA e CHITARRA, 1990). A exigência dos consumidores tem aumentado e produtos que preservam ao máximo suas características originais estão sendo preferidos. Em nível industrial, isto significa o desenvolvimento de operações que minimizem os efeitos adversos do processamento. Vários estudos sobre curvas de secagem e atividade de água têm sido realizados devido à sua influência na qualidade do produto desidratado. A secagem ou desidratação é uma técnica utilizada desde a antiguidade para a conservação de alimentos, uma vez que a água afeta de maneira decisiva o tempo de preservação dos produtos, influenciando diretamente sua qualidade e durabilidade ( Grensmith, 1998). A remoção parcial ou total de água de um alimento implicará na inibição do crescimento microbiano, na prevenção de reações bioquímicas responsáveis pela deterioração e em menores custos de transporte, embalagem e estocagem, constituindo um método importante para prolongar a vida útil de diversos produtos ( Park et al., 2002). Atualmente, há uma maior consciência das populações sobre a importância do consumo de alimentos saudáveis na prevenção de doenças e na melhoria da qualidade de vida, resultando em aumento mundial no consumo de frutas, principalmente, tropicais, o qual é verificado pela sua crescente comercialização. De acordo com a FAO (2003), a comercialização mundial de produtos derivados de frutas cresceu mais de cinco vezes nos últimos quinze anos. O Brasil se destaca por ser um dos maiores produtores de frutas do mundo, as quais são cultivadas e comercializadas em grande escala (BRUNINI et al., 2002). O desenvolvimento de novos produtos acentua a necessidade de testes seguros, eficientes e representativos da opinião do consumidor, tanto quanto o estudo contínuo das mudanças nos hábitos alimentares. Os testes de preferência e aceitação com equipes de consumidores são indicados para avaliar, em termos de qualidade hedônica e aceitação, Pontes et al. novos produtos lançados no comércio (TREPTOW, 1998). A avaliação sensorial de alimentos é função primária do homem, que desde a infância, os aceita ou rejeita de acordo com a sensação que experimenta ao observá-los ou ingeri-los. Então se é desejado avaliar a qualidade sensorial de um alimento e dizer as sensações que o homem terá ao ingeri-lo, nada mais óbvio do que perguntar a ele mesmo. A análise foi criada para que o resultado deste tipo de questionamento fornecesse uma resposta precisa e reprodutível (CHAVES, 1993). O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade sensorial do produto desidratado a partir da variedade Musa sapientum, Linneo (Banana da terra), estudando os parâmetros adequados de desidratação do fruto dessa variedade, comparando sensorialmente a aceitação com produtos desidratados de variedades estabelecidas no mercado, no caso, da variedade banana prata. MATERIAL E MÉTODOS Todos os procedimentos constantes metodologia foram realizados em ambas variedades de banana desidratada (prata e terra) a fim de comparar os resultados sob mesmas condições de preparo e secagem. na as da as Delineamento Experimental Foram objetos de estudo os fatores umidade final da banana desidratada (30% em base úmida), temperatura de secagem (60 e 70°C) e variedade de banana (Terra e prata), constituindo assim, quatro tratamentos. Para uma melhor visualização dos dados e resultados, os tratamentos foram codificados da seguinte maneira: tratamento 1.1 refere-se a banana da variedade prata desidratada a temperatura de 70°C , o tratamento 1.2 refere-se a banana da variedade prata desidratada na temperatura de secagem de 60°C, o tratamento 2.1 refere-se a banana da variedade terra desidratada na temperatura de 70°C e o tratamento 2.2 refere-se a banana da variedade terra desidratada na temperatura de 60° C. Produção das bananas desidratadas Para a obtenção do produto desidratado, foram utilizados, frutos de banana da variedade prata e da variedade terra, adquiridos no mercado local, sendo o ponto o mesmo para o consumo, ou seja, onde as frutas se Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.143-148, 2007 Secagem e avaliação sensorial de banana da terra apresentavam amareladas com pintas pretas e no estádio de maturação madura, aproximadamente Brix 23° para a banana da prata e Brix 19° para a banana da terra, ambas com tamanhos uniformes. Foi determinado o teor de umidade inicial, onde se obteve um teor de 78% para a banana da prata e 72% bu para a banana da variedade terra. Os frutos selecionados para o preparo foram descascados manualmente, lavados em água abundante, passando em seguida por uma água clorada pelo período de trinta minutos e novamente por água corrente para remoção dos resíduos do cloro. Os frutos foram escorridos e colocados em bandejas para início de secagem, a qual foi realizada utilizado um secador estacionário tipo cabina, modelo PD 100 (POLIDRYER, LTDA), com circulação forçada de ar, Composto de uma câmara de secagem com 10 bandejas de 1m² cada, e de uma câmara composta de um conjunto de resistências. A secagem foi realizada nas temperaturas do ar de 60 e 70ºC, para velocidade do ar de secagem de 1,5 m/s sobre as frutas. As condições do ar ambiente foram determinadas utilizando-se um psicrômetro de comparação a ar. A vazão total do ar foi determinada na saída do secador por meio de um anemômetro de fio quente. As medidas de temperatura do ar de secagem foram efetuadas por meio de um termômetro fixado na entrada da câmara de secagem. Para o acompanhamento da perda da umidade, durante os testes de secagem, foram realizadas pesagens do produto no inicio do teste, e, posteriormente, em intervalos de 3 horas, até que fosse atingido o teor de umidade aproximado de 30% Bu. O final da secagem foi estimado pelo peso do produto na bandeja segundo a Equação [1] Pf = Pi( 100 − Ui ) ( 100 − Uf ) Pontes et al. 145 no Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Tecnologia Rural de Animal da UESB. Os atributos sensoriais quanto à impressão global foram avaliados por 100 consumidores utilizando escala hedônica de nove pontos, onde a nota 1 corresponde ao termo hedônico desgostei extremamente e a nota 9 corresponde ao termo hedônico gostei extremamente. Todos os consumidores provaram todas as amostras de todos os tratamentos da fruta desidratada. Os testes foram conduzidos em cabines individuais, sob luz branca. As amostras foram codificadas com números de três dígitos e servidas de forma mônadica, à temperatura ambiente, em copos de 50 mL contendo cerca de 10 g de produto desidratado, cortados em cubos. Os dados da avaliação sensorial foram submetidos à análise de variância (ANOVA), teste de comparação de médias (teste de tukey) e distribuição de freqüência, utilizando o programa SAEG e Excel respectivamente. Análises Físico-Químicas Com a finalidade de caracterizar as propriedades físicas e químicas das bananas de ambas as variedades, submetidas ao processo de secagem, foram realizadas análises de acidez, pH, sólidos solúveis e umidade, conforme normas do instituto Adolfo Lutz (1985), para cada tratamento em triplicata. Os dados da avaliação físico-química foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste de comparação de médias (teste de tukey). RESULTADOS E DISCUSSÃO Banana desidratada (1) onde: Pi = Peso (kg) inicial de bananas de uma bandeja; Ui = umidade inicial dos frutos; Uf = umidade final desejada para o produto (30%); Pf = peso (kg) final da banana seca. Ao final da secagem, o produto desidratado foi embalado a vácuo e guardados em temperatura de refrigeração para a realização das análises (sensorial e físico-química). Análise Sensorial As avaliações sensoriais foram realizadas A banana da variedade prata quando submetida ao processo de secagem nas temperatura de 60ºC e 70ºC demoraram aproximadamente 24 e 21,5 horas respectivamente para atingir a umidade final de 30% bu. A banana da variedade terra quando submetida ao processo de secagem nas temperatura de 60ºC e 70ºC demoraram aproximadamente 24 e 20 horas respectivamente para atingir a umidade final de 30% bu. Nota-se que a banana da variedade terra, apesar de apresentar um conteúdo menor de umidade inicial quando comparada à banana da variedade prata e sendo desidratada nas mesmas condições de secagem, possui um tempo de secagem similar a banana da variedade prata, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.143-148, 2007 Secagem e avaliação sensorial de banana da terra 146 Pontes et al. diferenças significativas para a aceitação sensorial. Foi obtido um produto diversificado, por se tratar de uma variedade de banana ainda não explorada pela tecnologia de desidratação. sendo que para a desidratação da banana da terra na temperatura de 70°C a banana da terra apresentou um tempo de desidratação menor quando comparada a banana da variedade prata. Análise Sensorial Freqüência de Aceitação Foi observado na Tabela 1 que não houve interação (P > 0,05) entre os fatores tipo de banana (terra e prata) e temperatura de 60 e 70ºC, detectou-se diferença significativa entre as variedades de banana (P < 0,05) e não foi detectada diferença significativa entre as temperaturas utilizadas (P > 0,05). De acordo com a Tabela 2, a banana da variedade terra obteve média de 6,07 ficando classificado no termo hedônico gostei ligeiramente e a banana da variedade prata obteve média igual a 6,87 ficando classificado no termo hedônico gostei moderadamente. Dessa forma, percebe-se uma melhor aceitação sensorial para os tratamentos 1.1 e 1.2, sob essas condições de secagem. Dessa forma, percebe-se uma diferença significativa para a variedade de bananas, sendo a variedade 1 melhor quando comparada a variedade 2. A temperatura de secagem para ambas as variedades de bananas não apresentaram Foi realizada análise de aceitação sensorial, sendo os resultados expressos em termos de distribuição de freqüência representados na Figura 1. De acordo com a Figura 1, observa-se que na distribuição de freqüência, houve provadores distribuídos em quase todos os escores, sendo que, cada provador avaliou todos os tratamentos. Os tratamentos 1.2 e 1.1 obtiveram uma maior freqüência para o escore sensorial 8, aproximadamente 35 e 30 julgadores respectivamente, estando condizente com a análise de variância, em que esses tratamentos receberam uma melhor classificação para o teste de média, quando comparado aos outros tratamentos. Para os tratamentos 2.2 e 2.1, a maior freqüência foi para o escore 7, aproximadamente 28 e 23 julgadores respectivamente. Tabela 1: Resumo quadro da ANOVA Fontes de Variação G.L Provador Banana Temperatura Banana*temperatura Resíduo 99 1 1 1 297 Soma de quadrado 287.327 64.8025 2.72225 0.56250 1000.16 Quadrado médio 2.9022 64.802 2.7225 0.5625 3.3675 F Significância 0.862 19.24 0.808 0.167 ********** 0.000 ********** ********** ********** Tabela 2: Teste de média Variedade de banana 1 2 Média Temperatura 1 6,75 6,11 6,55A 2 6,99 6,02 6,39A 6,87a 6,07b *Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha ou minúscula na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste tukey Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.143-148, 2007 Secagem e avaliação sensorial de banana da terra Pontes et al. 147 Frequência de Aceitação 40 35 Número de Provadores 30 25 Tratamento 1.1 Tratamento 1.2 Tratamento 2.2 Tratamento 2.1 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Escores Figura 1: Distribuição de Freqüência dos Escores Sensoriais Análises físico-químicas Não houve interação (P> 0,05) entre os fatores temperatura e variedade de banana para as análises de acidez total titulável, umidade, Brix, enquanto que, para a análise de pH houve interação (P < 0,05) entre a variedade de banana e temperatura de secagem. Não foram detectadas diferenças significativas (P >0,05) para as análises de acidez, Brix e umidade para todos os tratamentos. Foi detectada diferença significativa (P> 0,05) para as análises de pH nos tratamentos, constatando que, para a variedade da terra o valor de pH apresentou-se maior quando foi submetida à temperatura do ar de secagem de 60ºC e que para a variedade prata não houve diferenças (P > 0,05) significativas entre as temperaturas utilizadas. Para a temperatura de 60ºC a banana da variedade prata apresentou um maior valor de pH quando comparada a banana da variedade terra, a qual não obteve diferença significativa (P> 0,05) nos valores de pH em função temperatura de secagem. As diferenças apresentadas na composição química dos frutos conferem aos produtos obtidos dos diferentes tratamentos características próprias de sabor. Valores similares de acidez e pH foram encontrados por Mota, onde estão relatados os valores de 1,702% e 4,627 °Brix respectivamente para a variedade prata. Tabela 3: Composição físico-químico das bananas desidratadas Tratamentos 1.1 1.2 2.1 2.2 Acidez (%) 3,76a 2,70a 2,17a 3,74a º Brix 28,0a 28,0a 27,5a 28,0a Umidade (%bu) 31,3a 30,5a 32,2a 31,0a pH 4,80Ab 5,14Aa 4,82Aa 4,79Ba * Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula na linha, ou maiúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste tukey. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.143-148, 2007 148 Secagem e avaliação sensorial de banana da terra CONCLUSÃO A banana da variedade terra possui potencial de ser utilizada como fruta desidratada. Percebe-se ainda, que a mesma apresentou boas características sensoriais quando desidratadas nas temperaturas de 60 e 70°C e teor de umidade final de 30% bu, necessitando de novos estudos com a variação desses parâmetros, para conhecer o seu comportamento perante essas modificações e para um melhor aprofundamento dos melhores parâmetros de sua utilização como fruta desidratada. AGRADECIMENTOS A FAPESB pela concessão da bolsa de Apoio Técnico 3. A orientadora Renata Cristina Ferreira Bonomo por todos os valiosos ensinamentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brunini, M.A.; Durigan, J.F.; Oliveira, A.L. Avaliação das alterações em polpa de manga “Tommy Atkins” congeladas. Revista Pontes et al. Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal-SP, v.24, n.3, p.651-653, 2002. Chaves, J. B. P.; Sproesser, R. L. Práticas de laboratório de análise sensorial de alimentos e bebidas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1993, 81 p. Chitarra, M.I.F., Chitarra, A.B. Pós colheita de frutos e hortaliças – Fisiologia e manuseio. Lavras, MG: FAEPE – ESAL, 1990. 320p. FAO. Food and nutition division. Disponível em: http:/www.fao.org/es/dept/es960003. httm >. Acesso em: 30 de julho de 2003. Greensmith, M. Practical dehydration. 2ed. Flórida: CRC Press, 1998.274p. Mota, R.V. Avaliação da qualidade de banana passa elaborada a partir de seis cultivares. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, v.25, n.3, p.560-563, jul.-set. 2005. Park, K. J., Bin, A., Brod, F.P.R. Drying of pear d’Anjou with and without Preservation, v.11, p.183-195, 2002. Treptow, R. O., Queiroz, M. I., Antunes, P. L. Preferência e Aceitação de Fatias Desidratadas de Maçãs (Malus domestica Borkh). Revista Brasileira de Agrociência. v. 4, n. 1, p. 41-46, 1998. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.143-148, 2007 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-160, 2007 ISSN 1517-8595 149 AVALIAÇÃO COMPARADA DOS ÍNDICES QUÍMICOS NITROGÊNIO E FÓSFORO NAS PORÇÕES MORFOLÓGICAS DAS ESPÉCIMES DE FAVELEIRA COM ESPINHOS E SEM ESPINHOS Normando Mendes Ribeiro Filho1, Vinícius Patrício da Silva Caldeira2, Isanna Menezes Florêncio3, Danilton de Oliveira Azevedo1, José Pires Dantas4 RESUMO A Caatinga é um ecossistema típico da região Nordeste do Brasil e apresenta uma grande biodiversidade. Sua flora é composta de uma vegetação arbórea (8 a 12m), arbustiva (2 a 5m) e herbácea (até 2m), sendo espinhosa de forma a conseguir reduzir o índice de transpiração. Entre as espécies mais abundantes se destaca a faveleira (Cnidoscolus quercifolius), classificada como uma xerófila altamente resistente às secas. Os acúleos ou espinhos da faveleira secretam uma substância urticante, que introduzida na pele, provoca inflamações dolorosas. A variedade sem espinhos surgiu através de uma mutação natural. O presente trabalho teve como objetivo identificar plantas de faveleira com e sem espinhos vegetando nas microrregiões do Seridó NorteRiograndense e Seridó Ocidental Paraibano, comparando o valor nutricional em termos de nitrogênio e fósforo nas porções morfológicas (raízes finas, folhas, ponteiras do caule) dessas espécimes. Para efeito de comparação, os espécimes de faveleira com e sem espinhos apresentaram portes semelhantes e originados da mesma classe de solo; desta forma foi possível caracterizar diferenças de maior e menor valor nutricional por porção morfológica. Pelos dados obtidos, constatou-se que as raízes da faveleira e partes terminais do caule apresentam substancial concentração para nitrogênio e fósforo, indicando a possibilidade de utilização desta espécime da caatinga na alimentação dos rebanhos bovinos, caprinos e ovinos. Palavras-chave: Semi-Árido, Faveleira, Alimentação Animal, Cnidoscolus Quercifolius COMPARED EVALUATION OF THE INDEXES CHEMICAL NITROGEN AND MATCH IN THE MORPHOLOGIC PORTIONS OF THE SPECIMENS OF FAVELEIRA WITH AND WITHOUT THORNS ABSTRACT The Caatinga is a typical ecosystem of the Northeast area of Brazil and it presents a great biodiversity. Your flora is composed of an arboreal vegetation (8 to 12m), arbustiva (2 to 5m) and herbaceous (up to 2m), being thorny in way to get to reduce the perspiration index. Among the most abundant species he/she stands out the faveleira (Cnidoscolus quercifolius), classified highly as a xerófila resistant to the droughts. The acúleos or thorns of the faveleira secrete a substance urticante, that introduced in the skin, it provokes painful inflammations. The variety without thorns appeared through a natural mutation. The present work had as objective identifies faveleira plants with and without thorns vegetating in Seridó NorteRiograndense's microrregiões and Seridó Western Paraibano, comparing the value nutricional in terms of Nitrogen and match in the morphologic portions (fine roots, leaves, ferrules of the stem) of those specimens. For comparison effect, the faveleira specimens with and without thorns they presented loads similar and originated of the same soil class; this way it was possible to characterize adult's differences and smaller value nutricional for morphologic portion. For the obtained data, it was verified that the roots of the faveleira and terminal parts of the stem Protocolo 974 de 22/10/2006 1 Graduando em Química Industrial, Universidade Estadual da Paraíba 2 Graduado em Química Industrial 3 Mestrado de Engenharia Agrícola – Universidade Federal de Campina Grande 4 Professor Titular do Departamento de Química – Universidade Estadual da Paraíba Email: [email protected] 150 present substantial concentration for nitrogen and match, indicating the possibility of use of this specimen of the savanna in the feeding of the flocks bovine, bovid and ovinos. Keywords: semi-arid, faveleira, animal feeding, Cnidoscolus Quercifolius INTRODUÇÃO Dentre os paradigmas que afetam o mundo, dois deles podem ser considerados intrinsecamente ligados: o primeiro é a produção de alimentos e o segundo a manutenção sustentável do meio ambiente. A demanda por alimentos é cada vez maior, fazendo com que a expansão agrícola extrapole ambientes e procedimentos sustentáveis, tornando o planeta cada vez mais frágil e o ecossistema alterado com tantos corpos estranhos introduzidos no seu interior. Essas práticas estão ocasionando sérios transtornos ambientais, com mudanças nos ciclos climáticos, os quais se refletem sobre a expansão de regiões áridas nos mais distintos rincões da Terra. A ausência de estudos de ecologia das regiões naturais, que integram os oito Estados e a escassez de ensaios para pesquisar outro tipo de lavoura, não tão sensível às estiagens, levaram os agricultores a insistir em cultivos de cereais nos ambientes impróprios, com rendimentos não compensadores. Para implantar um sistema de agricultura econômica e permanente, no Semi-árido do Nordeste, é necessário ajustar os processos tecnológicos ao conhecimento popular, para assegurar o equilíbrio do Bioma Caatinga. Contudo, não foi o que aconteceu com o espaço agrário do Semiárido paraibano, sempre subordinado ao interesse do capital e voltado para a pecuária e o algodão. O presente estudo está sendo dirigido para uma das plantas componentes da Caatinga nordestina, altamente resistente à seca, que segundo Duque (1980) presta-se ao reflorestamento de vastas extensões erodidas, proporcionando óleo e torta de altos valores energéticos para as populações. Enfatiza ainda o autor, que “a faveleira, é talvez, o vegetal de maior importância econômica no Polígono das Secas”. Além dessas potencialidades, esta planta, conforme a memória popular tem alto valor fitoterápico, se constituindo como excelente recuperadora de áreas em degradação. Floresce no início da estação chuvosa, frutificando até o fim da mesma (Maio-Junho). A madeira que produz é muito quebradiça e tortuosa, não servindo para construção, no entanto usada no fabrico de caixões e outros pequenos trabalhos; é muito leve e queima facilmente, porém fornece lenha de baixo poder calorífico (Bezerra, 1972). Cresce na região das Caatingas com as reservas nutritivas acumuladas nas raízes tuberculadas (xilopódios), as quais são revestidas externamente de uma camada suberosa, forte, impregnada de suberina gordurosa e internamente, contém um líquido viscoso composto de amido, água, ácidos orgânicos, mucilagem, cristais de oxalato de cálcio, carbonatos, fosfatos e açucares diversos (Duque, 1980). A grande importância desta espécie reside nas suas sementes as quais apresentam 55,559,5%, de amêndoas. Das amêndoas, através de solventes consegue-se extrair 51,9% de óleo (Bezerra, 1972), o qual é de alta qualidade, e segundo Duque (1980) é superior aos de oliveira (Olea europea L. ) e girassol ( Helianthus annuus L. ). O cataplasma da entrecasca é usado para a cicatrização de cortes, espinhadas e furadas, Bezerra (1972). As folhas maduras e a casca servem de forragem para cabras, carneiros, jumentos e bovinos (Duque, 1980a; Braga, 1960; Andrade Lima, 1989). Em algumas regiões, por ocasião das secas periódicas, os fazendeiros derrubam as faveleiras para que o gado se alimente das cascas (Santa Rosa, 1943). A rama e as folhas, quando verdes, são tóxicas, matando ovelhas e cabras, devendo sempre ser utilizadas quando caírem no chão (folhas), ou trituradas e secas (ramas) (Galvão, 1960; Bezerra, 1972). As cascas, relativamente ricas em proteína constituem-se um bom alimento para bovinos. Bezerra (1972) avaliou a proteína bruta na matéria seca do lenho, raiz e casca, tendo encontrado respectivamente, os seguintes valores: 1,86%; 3,20%; 4,62%; e no farelo da faveleira encontrou 2,15% de proteína. Já Duque (1980a) encontrou na matéria verde 4,15% e na matéria seca 4,50%. As raízes, internamente, possuem um líquido viscoso composto de amido, água, ácidos orgânicos, mucilagem, cristais de oxalato de cálcio, carbonatos, polifosfatos e açúcares diversos e são utilizadas na alimentação de suínos (Duque, 1980a; Braga, 1960; Bezerra, 1972; Galvão, 1960, Lima, 1996). A raiz é Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 151 incorporada à ração de engorda e de leite, sendo recomendado não permitir ao animal, beber água, logo após sua ingestão para prevenir intoxicações (Galvão, 1960). O presente estudo teve por objetivo incorporar mais esta planta na economia da região Semi-Árida, auxiliando na alimentação dos rebanhos da região. MATERIAL E MÉTODOS Inicialmente foi identificada a distribuição espacial da faveleira com e sem espinhos nas microregiões do Seridó NorteRiograndense e Seridó Ocidental da Paraíba, nos municípios de Parelhas e Caicó no Rio grande do Norte e Santa Luzia e São Mamede na Paraíba. Identificou-se 8 plantas de faveleira com espinhos e sem espinhos respectivamente, 3 pares na Paraíba e 5 pares no Rio Grande do Norte, totalizando 16 espécimes. Para efeito de comparação, as variedades de faveleira com e sem espinhos apresentaram portes semelhantes definidos pelo diâmetro da copa e altura da planta, originados da mesma classe de solo; estas características serviram para comparações de plantas de faveleira com e sem espinho, de maneira que foi possível caracterizar possíveis diferenças na produtividade de folhas e ponteiras do caule além de maior ou menor valor nutricional por porção morfológica em função da classe de solo, e porte da planta. De posse dos mapas de solos dos Estados do Rio Grande do Norte (Brasil, 1971) e da Paraíba (Brasil, 1972), fez-se a identificação de cada unidade de solo de ocorrência da faveleira com espinhos e sem espinhos. Tomou-se em seguida 10 amostras simples de solo a nível da copa da planta, a profundidade de 0 a 20 cm e transformadas em uma única amostra composta de um universo de 16 plantas, sendo 8 com espinhos e 8 sem espinhos. As amostras de solos foram levadas ao Laboratório do Departamento de Química (CCT/UEPB) para a determinação dos índices químicos: pH em água, e CaCl2.10-2mol L-1; matéria orgânica; fósforo; potássio; sódio; cálcio; magnésio; enxofre; além dos índices hidrogênio + alumínio e alumínio trocável, para estabelecimento da CTC (Capacidade de Troca Catiônica), para fins de avaliação do nível de salinidade dos solos sob vegetação das espécimes de faveleira com e sem espinhos, conforme metodologia adotada pela EMBRAPA (2006). Identificadas as plantas por classe de solo, nível de fertilidade e porte, estas foram isoladas por meio de telas plásticas circulando cada planta, forrando-se o chão também com tela, cuja finalidade foi a de receber toda biomassa caída durante o ciclo da planta o que ocorreu do início da brotação das folhas e novos ramos até a senescência parcial das folhas (início e término da estação chuvosa, respectivamente em períodos eqüidistantes de 30dias). Dentre esta época ocorreram cinco coletas; uma coleta no período seco (de dezembro de 2003 à janeiro de 2004) e as quatro coletas restantes, em intervalos eqüidistantes entre fevereiro e maio de 2004. Isolada cada planta, partiu-se para a etapa que consistiu na coleta de amostras de folhas verdes diretamente na planta, tomando-se rudimentos de caules caídos sobre a tela em períodos eqüidistantes de 30 dias, a contar do início da brotação de folhas à senescência total destas. As raízes com diâmetro inferior a 20 mm foram coletadas por ocasião da tomada de amostras de solo, no quantitativo de no máximo 2 kg de matéria verde por planta e numa segunda etapa coincidindo com a senescência total das folhas, no mesmo quantitativo. As ponteiras do caule foram coletadas no final do ciclo da planta, coincidente com a senescência total das folhas, através de corte de ramos com diâmetro de no máximo 20 mm, abrangendo as partes terminais de toda copa da planta. De posse de todos os parâmetros morfológicos: raízes finas, folhas verdes e senescentes e ponteiras do caule, esses foram secos em estufa, triturados em moinho e tamisados em peneira ABNT = 20. Na matéria seca das porções morfológicas das variedades de faveleira com e sem espinhos procedeu-se a análise química para nitrogênio e fósforo, conforme metodologia recomendada por TEDESCO et al, (1995). Foram adotados os polinômios ortogonais de 1ª e 2ª ordem possíveis para as interações ocorridas entre parâmetros químicos obtidos nas diferentes porções morfológicas das espécimes de faveleira com e sem espinhos em função do tempo de coleta. Realizou-se a análise estatística descritiva para os dados analíticos das amostras de solo e dos dados de produção das porções morfológicas por variedade de faveleira, determinando-se o valor máximo (Máx), o valor mínimo (Min), o coeficiente de variação (CV), a média amostral (x), o desvio padrão (DP) e a moda (Mo), como também, análise de variância entre produção total de biomassa de folhas senescentes e de ramos coletados das variedades com e sem espinhos. Testou-se as médias de cada coleta, confrontando os valores das diferentes porções morfológicas das faveleiras com e sem espinhos, para nível de comparação Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 152 por Tukey p ≤ 0,05, seguindo os procedimentos estatísticos apresentados por Ferreira (1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises realizadas nos solos de ocorrência da faveleira estão expressos na Tabela 1. Constata-se no geral que as classes de solos de ocorrência da faveleira com e sem espinhos nas microregiões do Seridó Norte-Riograndense e Seridó Ocidental Paraibano, apresentam uma fertilidade boa, embora a matéria orgânica encontre-se baixa em ambos as classes, o que esta condizente com o levantamento da fertilidade desses solos realizada por SUDENE (1971, 1972), respectivamente para os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Expressos nas tabelas a seguir, estão os resultados correspondentes às determinações químicas na matéria seca das porções morfológicas folhas e caules das espécimes de faveleira com espinhos e sem espinhos. No período referente à primeira coleta realizado em dezembro de 2003 a janeiro de 2004, não foi possível a aquisição de folhas verdes, pois predominava a seca na Caatinga. Na Tabela 1 estão os índices químicos determinados por classe de solos de ocorrência da faveleira. A Tabela 2 apresenta as determinações realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira com espinhos. Tabela 1: Índices químicos determinados por classe de solos de ocorrência da faveleira. Tipos de Solo Analisados Luvissolo Neossolo Neossolo Litólito Análises Realizadas Litólito Valor Classificação Valor Classificação pH H2O(1:2,5) 6,91 P. N. 7,51 L. Al. pH KCl(1:2,5) 1molL-1 5,88 L. Ác. 6,32 P. N. 1,03 C. N. 1,20 C. N. Δ pH Acidez Trocável (H+ + Al3+ cmolc de Al3+/dm3) 0,43 Nocivo 0,30 Nocivo Ca2+ + Mg2+ (cmolc /dm3) 9,39 Alto 4,90 Alto Ca2+ Trocável (cmolc /dm3) 6,89 Alto 3,97 Médio Mg2+ Trocável (cmolc /dm3) 3,92 Alto 0,93 Médio P (mg / dm3) 32,81 Alto 12,72 Médio K (mg / dm3) 233,3 Alto 184,01 Alto Na (mg / dm3) 189,13 206,0 S-SO42- (mg /dm3) 5,17 Médio 2,12 Baixo Matéria Orgânica (g /Kg) 14,81 Baixo 6,43 Baixo P. N. – Praticamente Neutro; L. Ác. – Ligeiramente Ácido; L. Al. – Ligeiramente Alcalino; C. N. – Cargas Negativas. Tabela 2: Determinações realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira com espinhos Coletas 2C 3C 4C 5C Média DP CV M.S.(%) 75,91 76,39 64,15 71,23 71,92 5,6789 7,90 Determinações N (g/Kg) 26,70 41,80 34,00 35,30 34,45 6,1917 17,97 P (g/Kg) 3,02 2,56 2,30 3,27 2,79 0,4383 15,72 DP – Desvio Padrão CV – Coeficiente de Variação Com base no coeficiente de variação, todos os parâmetros analisados apresentam médias representativas, como também baixo desvio padrão. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 153 A Tabela 3 demonstra as determinações realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira sem espinhos. As análises de variância indicam médias representativas para todos os fatores químicos determinados. A Tabela 4 apresenta as determinações realizadas na matéria seca de caules da faveleira com espinhos. Tabela 3: Determinações realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira sem espinhos Coletas 2C 3C 4C 5C Média DP CV M.S.(%) 75,60 77,54 66,78 71,72 72,91 4,7492 6,51 Determinações N (g/Kg) 56,70 45,70 31,10 31,50 41,25 12,3368 29,91 P (g/Kg) 2,44 2,27 1,93 2,61 2,31 0,2903 12,55 DP – Desvio Padrão CV – Coeficiente de Variação Tabela 4: Determinações realizadas na matéria seca de caules da faveleira com espinhos Coletas 1C 2C 3C 4C 5C Média DP CV M.S.(%) 51,50 71,43 72,07 53,49 64,93 62,68 9,7371 15,53 Determinações N (g/Kg) 10,30 66,40 31,20 20,20 14,40 28,50 22,5978 79,29 P (g/Kg) 1,73 2,17 2,26 1,81 2,09 2,01 0,2307 11,47 DP – Desvio Padrão CV – Coeficiente de Variação O tratamento estatístico demonstra, para o nutriente N (nitrogênio), um valor máximo respectivo à segunda coleta, devido ao início do período chuvoso. Com isso, não se torna representativo o uso do desvio padrão e a média aritmética. A Tabela 5 apresenta os resultados das análises realizadas na matéria seca de caules da faveleira sem espinhos. Tabela 5: Determinações realizadas na matéria seca de caules da faveleira sem espinhos Coletas 1C 2C 3C 4C 5C Média DP CV M.S.(%) 47,81 69,68 69,08 44,76 61,26 58,52 11,7005 19,99 Determinações N (g/Kg) 9,30 41,80 23,20 12,00 13,60 19,98 13,2752 66,44 P (g/Kg) 0,93 2,19 2,04 1,51 1,68 1,67 0,4951 29,65 DP – Desvio Padrão CV – Coeficiente de Variação Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 154 Como já foi demonstrada no caule da faveleira com espinho, a média aritmética torna-se pouco representativa na determinação do parâmetro químico N (nitrogênio). (Tabela 5) A Tabela 6 apresenta as médias correspondentes às cinco coletas de faveleiras com e sem espinhos. Tabela 6: Médias correspondentes às cinco coletas de folhas das faveleiras com e sem espinhos S/E C/E Tukey Médias Estatísticas nas Folhas M.S.(%) N (g/Kg) P (g/Kg) 72,9100a 41,250ª 2,3125a 71,9200a 34,450ª 2,7875a 9,0560 16,885 0,6431 (p<0,05) S/E – sem espinhos C/E – com espinhos *As médias seguidas de mesma letra na vertical não diferem estatisticamente entre si. O teor de nutrientes na matéria seca das folhas confirmou superioridade, embora não significativa apenas em fósforo (g/Kg), enquanto no índice nitrogênio (g/Kg) apresentou inferioridade não significativa em comparação à faveleira sem espinhos. Com isso, pode-se afirmar a semelhança nas concentrações nutritivas destas variedades. A Tabela 7 apresenta as médias correspondentes de ponteiras de caule nas faveleiras com e sem espeinhos. Tabela 7: Médias correspondentes às cinco coletas de ponteiras de caules nas faveleiras com e sem espinhos. MÉDIAS ESTATÍSTICAS NOS CAULES M.S.(%) N (g/Kg) P (g/Kg) 58,5180a 19,980ª 1,6700a S/E 62,6840a 28,500ª 2,0120a C/E 15,6925 27,018 0,5631 Tukey (p<0,05) S/E – sem espinhos C/E – com espinhos *As médias seguidas de mesma letra na vertical não diferem estatisticamente entre si. O tratamento estatístico aplicado pode constatar a superioridade embora não significativa de nutrientes na matéria seca dos caules da faveleira com espinhos sobre a referida sem espinhos. Provavelmente este fato deve-se ao efeito de diluição. A Figura 1 a seguir, expressam os resultados correspondentes às determinações químicas na matéria seca das folhas verdes da faveleira com espinhos. A concentração de N (nitrogênio) nas folhas verdes com espinhos foi crescente a partir da 2ª coleta, alcançando o máximo na 3ª coleta, a partir da qual decresceu passando a ter um ligeiro aumento no período correspondente a 5ª coleta. Atribui-se essas variações para menos a partir da 3ª coleta até a 5ª coleta, devido provavelmente a redistribuição do N das folhas para os frutos. Quanto ao P (fósforo), inicialmente houve um aumento no acúmulo desse nutriente na 2ª coleta, decaindo para alcançar a menor concentração na 4ª coleta; a partir desta, esse nutriente teve sua concentração aumentada atingindo o valor máximo de todo o período na 5ª coleta. Especula-se tal ocorrência devido à redistribuição do fósforo para as sementes, destinado a síntese de fosfolipídios, haja vista a maior produção de sementes ter ocorrido no período correspondente a 5ª coleta. Nóbrega (2001) constatou valores na matéria seca das folhas para este nutriente em torno de 1,80g/Kg. De acordo com a figura 2, a concentração de N (nitrogênio) atingiu seu valor máximo na 2º coleta, fato este representado pelo início das chuvas na região, decaindo assim por diante. Para o nutriente P (fósforo) ocorreu um declínio a partir da 2ª coleta, prosseguindo até a 4ª coleta, após este declínio seu ponto máximo foi atingido na 5ª coleta. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 155 A Figura 3 apresenta os índices determinados na matéria seca de caules da faveleira com espinhos. Folhas C/Esp 70,00 60,00 50,00 2C 40,00 3C 30,00 4C 20,00 5C 10,00 0,00 N (g/Kg) P (g/Kg) Figura 1: Índices determinados na matéria seca de folhas verdes da faveleira com espinhos. Folhas S/Esp 70,00 60,00 50,00 2C 40,00 3C 30,00 4C 20,00 5C 10,00 0,00 N (g/Kg) P (g/Kg) Figura 2: Índices determinados na matéria seca de folhas verdes da faveleira sem espinhos. Caule C/Esp 70,00 60,00 50,00 1C 40,00 2C 30,00 3C 4C 20,00 5C 10,00 0,00 N (g/Kg) P (g/Kg) Figura 3: Índices determinados na matéria seca de caules da faveleira com espinhos. Para os valores referentes ao nutriente N (nitrogênio), a partir do menor índice destaca-se um crescimento exagerado e logo após um declínio acentuado. Ao nutriente P (fósforo) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 156 um suave crescimento no último ponto. Provavelmente pode se afirmar desta variação brusca, o início do período chuvoso onde a planta absorve mais nutrientes do solo. O início da estação chuvosa é marcante para o crescimento da planta, encontrando-se valores máximos de proteína, ocasionando nova brotação. não se pode afirmar o mesmo, pois não apresentou variações bruscas. A Figura 4 apresenta os índices determinados na matéria seca de caules da faveleira sem espinhos. Analisando os nutrientes N (nitrogênio) e P (fósforo) em conjunto, destaca-se um ponto mínimo na 1ª coleta, logo após um crescimento vertiginoso seguido de um declínio, passando a Caule S/Esp 70,00 60,00 50,00 1C 40,00 2C 30,00 3C 4C 20,00 5C 10,00 0,00 N (g/Kg) P (g/Kg) Figura 4: Índices determinados na matéria seca de caules da faveleira sem espinhos. polinomial, de grau > 1. Do qual cada tendência representa a função de concentração do nutriente nas folhas da planta. A Figura 6 apresenta as tendências polinomiais realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira sem espinhos A Figura 5 apresenta as tendências polinomiais realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira com espinhos. De acordo com a Figura 5, a variação da concentração dos nutrientes em cada coleta foi representada por uma análise de regressão 70,00 Folhas C/Esp 60,00 N (g/Kg) 50,00 P (g/Kg) 40,00 Polinômio (N (g/Kg)) Polinômio (P (g/Kg)) 30,00 20,00 10,00 0,00 0 1 2 3 4 5 P: y = 0,1717x3 - 0,93x2 + 1,1283x + 2,65 R2 = 1 N: y = 5,3333x 3 - 43,45x 2 + 108,12x - 43,3 R2 = 1 Figura 5: Tendências polinomiais realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira com espinhos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 157 70,00 Folhas S/Esp N (g/Kg) P (g/Kg) 60,00 Polinômio (N (g/Kg)) 50,00 Polinômio (P (g/Kg)) 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 0 1 2 3 4 5 N: y = 3,1x3 - 20,4x2 + 28,5x + 45,5 R2 = 1 P: y = 0,1983x3 - 1,275x2 + 2,2667x + 1,25 R2 = 1 Figura 6: Tendências polinomiais realizadas na matéria seca de folhas verdes da faveleira sem espinhos As equações polinomiais confirmam tendências de 4ª ordem, e três pontos de inflexão existentes. Com isso, demonstra-se bem a relação entre o período seco e chuvoso no qual as plantas foram submetidas, e a capacidade de absorção de nutrientes, expressas nas Figuras 7 e 8. Segundo Mendes (1997), destaca-se no período seco a ausência de folhas, paralisando o crescimento. Tal fato é comprovado por baixos índices de proteína determinados nos caules das faveleiras com e sem espinhos, apresentados nas Figuras 7 e 8 As tendências das curvas respectivas de cada nutriente, definem polinômios ortogonais de 3ª ordem e dois pontos de inflexão, tornando-se semelhantes às funções da faveleira com espinhos. Do qual não explicam um comportamento fisiológico normal da planta. A Figura 7 apresenta as tendências polinomiais realizadas na matéria seca de caules da faveleira com espinhos. A Figura 8 apresenta as tendências polinomiais realizadas na matéria seca de caules da faveleira sem espinhos. 70,00 N (g/Kg) Caule C/Esp 60,00 P (g/Kg) 50,00 Polinômio (N (g/Kg)) 40,00 Polinômio (P (g/Kg)) 30,00 20,00 10,00 0,00 0 1 2 3 4 5 6 P: y = 0,0608x 4 - 0,64x 3 + 2,1442x 2 - 2,425x + 2,59 R2 = 1 N: y = -5,6042x 4 + 75,292x 3 - 357,3x 2 + 685,01x - 387,1R2 = 1 Figura 7: Tendências polinomiais realizadas na matéria seca de caules da faveleira com espinhos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 158 70,00 Caule S/Esp 60,00 N (g/Kg) 50,00 P (g/Kg) Polinômio (N (g/Kg)) 40,00 Polinômio (P (g/Kg)) 30,00 20,00 10,00 0,00 0 1 2 3 4 5 6 N:y = -2,2125x 4 + 31,875x 3 - 161,49x 2 + 327,03x - 85,9 R2= 1 P:y = 0,1758x 3 - 1,7654x 2 + 5,3288x - 2,81R2 = 1 Figura 8: Tendências polinomiais realizadas na matéria seca de caules da faveleira sem espinhos. fósforo, da faveleira sem espinhos em relação a com espinhos. A Figura 9 apresenta os índices determinados nas raízes da faveleira com e sem espinhos. A Tabela 8 demonstra as determinações realizadas nas raízes da faveleira com e sem espinhos. Para porção morfológica raiz, obtidas na 1ª coleta, houve uma superioridade relativamente baixa dos índices nitrogênio e Tabela 8: Determinações realizadas nas raízes da faveleira com e sem espinhos S/E C/E DETERMINAÇÕES M.S.(%) N (g/Kg) 71,64 11,80 70,54 10,40 P (g/Kg) 2,25 1,61 S/E – sem espinhos C/E – com espinhos Raízes 12,00 10,00 8,00 Sem Espinhos 6,00 Com Espinhos 4,00 2,00 0,00 N (g/Kg) P (g/Kg) Figura 9: Índices determinados nas raízes da faveleira com e sem espinhos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 159 Comparando com a literatura, análises realizadas por Nóbrega (2001) nas raízes finas de faveleira com espinhos, a concentração de P (fósforo) é superior a 35%. O valor de proteína bruta encontrado na matéria seca das raízes foi superior ao relatado por Bezerra (1972). CONCLUSÕES Pelos dados analíticos obtidos constatou-se que as raízes finas da faveleira, folhas e ponteiras do caule apresentam substancial concentração para Nitrogênio e Fósforo, indicando a possibilidade de utilização desta espécime da caatinga na alimentação dos rebanhos bovinos, caprinos e ovinos. Na análise química mineral, a variedade com espinhos foi relativamente superior nos teores nitrogênio e fósforo para as ponteiras de caules e fósforo para as folhas verdes. A partir das concentrações de nutrientes encontradas na matéria seca das folhas verdes, destaca-se o potencial na produção de frutos e sementes ao término da estação chuvosa. A falta de dados sobre a faveleira na literatura alerta para que outras análises sejam realizadas, tanto para determinação de outros fatores nutricionais como para fatores antinutricionais. 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Tedesco, Marino José; Gianello, Clesio; Bissani, Carlos Alberto; Bohnen, Humberto; Volkweiss, Sérgio Jorge. Análises de solo, plantas e outros materiais. 2ªed. Porto Alegre: Departamento de Solos, UFRGS, 1995. (Boletim Técnico Nº5). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.149-159, 2007 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 ISSN 1517-8595 161 SECAGEM PRECEDIDA DE DESIDRATAÇÃO OSMOTICA DE PSEUDOFRUTO DE CAJU: COMPARAÇÃO ENTRE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS Luciana Façanha Marques1; Maria Elita Martins Duarte2; Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata2; Leila de Sousa Nunes3; Ticiana Leite Costa1; Priscila Beserra de Santana Costa3; Sibele Thaís Guimarães Duarte4 RESUMO Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de comparar 3 modelos matemáticos (Page, Cavalcanti Mata e Fick com 3 termos da série) na secagem do caju sem epiderme, desidratados osmoticamente em xarope com concentrações de 50ºBrix, para elaboração de passas de caju. A secagem foi realizada em secador de bandejas em três temperaturas (50, 60 e 70ºC). As equações propostas por Fick com 1, 2 e 3 termos da série, Cavalcanti Mata e Page foram usadas para ajuste dos dados de secagem O programa computacional Statistic 5.0 foi utilizado para as análises dos modelos por meio da aplicação do método numérico de Rosenbrock Quasi Newton e Quase Newton. O melhor ajuste para os dados experimentais da secagem do caju, com prétratamento osmótico, foi obtido com a equação proposta por Cavalcanti Mata, com R2=99,93% em média. Palavras-chaves: modelos matemáticos, secagem, caju. DRYING PRECEDED OF OSMOTIC DEHYDRATION OF CASHEW’S PSEUDOFRUIT: COMPARISON BEING THE MATHEMATICAL MODELS APPLIED ABSTRACT This research was developed with the objective of comparing 3 mathematical models (Page, Cavalcanti Kills and Fick with 3 have of the series) in the drying of the cashew fruit, without epidermis, preceded of osmotic dehydration in syrup with concentrations of 50ºBrix, for elaboration of cashew raisins. The drying was accomplished in dryer of trays in three temperatures (50, 60 and 70ºC). The equations proposed by Fick with 1, 2 and 3 terms, Cavalcanti Kills and Page had been used for adjustment of the drying data. The Statistic 5.0 software was used for the models analyses through of the numeric method of Rosenbrock Quasi Newton and Quasi Newton. The best adjustment for the drying experimental data of cashew, with osmotic pré-treatment, had been obtained with the equation proposed by Cavalcanti Mata, with R2=99,93%. Keywords: mathematical models, drying, cashew Protocolo 991 de 29/11/2006 1 Mestre em Engenharia Agrícola, UAEAG/CTRN/UFCG, Campina Gande , PB, E-mail: [email protected] 2 Prof. Doutor, UAEAG/CTRN/UFCG, Campina Gande , PB, E-mail:[email protected], [email protected] 3 Aluno de Pós- Graduação em Engenharia Agrícola, UAEA/CTRN/UFCG, Campina Gande, e-mail: [email protected] 4 Mestre em Engenharia de Produção, DEP/CT/UFPB/, E-mail: [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 162 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. INTRODUÇÃO A fruticultura é, hoje, um dos segmentos mais importantes da agricultura nacional respondendo por 25% do valor da produção agrícola (Lacerda et al., 2004). O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta tropical, originária do Brasil. Apesar ser encontrada em quase todo o território nacional, a Região Nordeste é responsável por mais de 90% da produção nacional de caju (Melo Filho, 2002) A agroindústria do caju representa nos dias atuais, uma parcela significativa da economia do Nordeste do Brasil, em decorrência dos produtos industrializados oriundos desse fruto. O pseudofruto (polpa comestível) do caju que contém cerca de 156 mg a 387 mg de ácido ascórbico, 14,70 mg de cálcio, 32,55 mg de fósforo e 0,575 mg de ferro por 100 ml de suco, é geralmente consumido "in natura", na forma de sucos, refrigerantes, bebidas alcóolicas e doces (Montenegro, et al., 2003). O verdadeiro fruto do caju, a castanha, é dotado de amêndoa oleaginosa, com teor de óleo de 55 a 60%, 15 a 20% de proteínas e em torno de 5% de carboidratos, é largamente consumida no mercado interno e externo, após processamento industrial (Medina et al., 1980). Além de frágil, o pedúnculo é altamente perecível. A vida útil do caju após a colheita, quando armazenado em temperatura ambiente não ultrapassa 48 horas; sob refrigeração a 5ºC, com 85% a 90% de umidade relativa e devidamente embalado (atmosfera modifi-cada), a vida útil do caju é de cerca de dez a quinze dias (Cruz, 1989; Montenegro et al., 2003). Segundo Mannheim et al. (1994), a quantidade de água livre presente nos alimentos é uma das principais causas de sua deterioração. Em decorrência disto, as operações de desidratação têm sido usadas, há décadas em indústrias de processamento de alimentos para uma eficiente preservação dos produtos finais por longos períodos. O objetivo básico dessa operação é a remoção de água do produto até determinado nível onde os microorganismos não causem danos ao mesmo (Drouzas & Shubert, 1996). A secagem de frutas como alternativa para a obtenção de produtos mais nobres, através da desidratação, como frutas desidratadas ou passas, é um processo muito antigo, porém pouco conhecido. No Brasil, o mercado de frutas na forma de passas ou cristalizadas, ainda depende quase que exclusivamente de produtos importados (Fava, 2004). Frutas passas são frutas cujo teor de água é diminuído através de um processo de secagem após o qual ocorre a concentração dos açúcares naturais da própria fruta. A desidratação osmótica é uma técnica que consiste na imersão do alimento sólido, inteiro ou em pedaços, em soluções aquosas concentradas de açúcares ou sais, levando a dois fluxos de massa simultâneos: um fluxo de água do alimento para a solução e uma transferência simultânea de soluto da solução para o alimento (Andrade et al., 2003; Souza Neto et al., 2005). Por não fornecer produtos com umidade suficientemente baixa para serrem considerados estáveis em prateleira sob temperatura ambiente é que o tratamento osmótico é usado principalmente como um pré-tratamento introduzido em alguns processos convencionais, como secagem a ar convectivo, microondas e liofilização, a fim de melhorar a qualidade do produto final, reduzir custos de energia ou mesmo formular novos produtos (Sereno et al., 2001). Segundo Córdova (2006), a desidratação osmótica juntamente com a secagem convectiva é um processo que permite a obtenção de frutas com melhor estabilidade de cor e textura e aumento da vida de prateleira, em relação ao produto seco convencionalmente e armazenado em temperatura ambiente. A secagem constitui um processo que remove grande parte de líquido de um produto por evaporação mediante a ação do calor, podendo ser realizado por meio natural expondo o produto ao sol ou artificial através de secadores mecânicos (Almeida et al,, 2006). As vantagens de se utilizar o processo de secagem são várias, dentre as quais se tem: a facilidade na conservação do produto; estabilidade dos componentes aromáticos à temperatura ambiente por longos períodos de tempo; proteção contra degradação enzimática e oxidativa; redução do seu peso; economia de energia por não necessitar de refrigeração e a disponibilidade do produto durante qualquer época do ano. Ante o exposto o presente trabalho teve como objetivo determinar, experimentalmente, as curvas de secagem a três diferentes temperaturas para o caju sem epiderme desidratado osmoticamente e ajustar diferentes modelos matemáticos (Page, Cavalcanti Mata E Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. Fick com um, dois e três termos da série) aos dados experimentais, para cada condição de secagem estabelecida. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi conduzido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande-PB. 163 Foram utilizados como matéria-prima cajus em avançado estádio de maturação, obtidos junto aos produtores rurais do litoral paraibano. Os frutos foram selecionados conforme seu grau de maturação e integridade. A separação da castanha do pseudofruto foi executada manualmente. Os cajus foram lavados em água clorada (50ppm de cloro ativo/15 minutos) para então sofrerem o despeliculamento químico com solução de hidróxido de sódio (2%) a quente, seguido de enxágüe com água corrente e neutralizados com ácido cítrico (1%) (Figura 1). Figura 1- Etapas do despeliculamento químico. Os pseudofrutos foram perfurados com garfo para facilitar a saída de água e incorporação do soluto durante a desidratação osmótica em xarope de sacarose preparado por meio de adição de açúcar cristalizado à água, sob aquecimento para facilitar a dissolução, até atingir 50°Brix. O xarope foi adicionado de ácido cítrico (quantidade necessária para se atingir pH igual a 3,0) e metabissulfito de sódio (concentração de 0,5 ppm). Os pseudofrutos foram submetidos à desidratação osmótica por um período de 43 horas seguido de cozimento no próprio xarope a 80ºC em fogo brando, sob leve e permanente agitação, durante 1 hora. Após a cocção, os pseudofrutos foram colocados no secador de bandeja com circulação de ar modelo Polidryer PD-25 para realização de secagem as temperaturas de 50, 60 e 70ºC. O teor de água inicial dos pseudofrutos de caju foi determinado de acordo com A.O.A.C. (1997). O ponto final de secagem foi definido pelo teor de água final prevista para o caju-passa, em torno de 10%. Aos dados experimentais da secagem foram ajustados três modelos matemáticos distintos apresentados na Tabela1. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 164 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. Tabela 1 - Modelos Matemáticos testados para representar a secagem de pseudofrutos de caju a 50, 60 e 70°C Modelos Matemáticos Autores FICK com 1 termo da série FICK com 2 termos da série FICK com 3 termos da série CAVALCANTI MATA (1997) PAGE (1949) em que, RU = Razão de umidade (admensional); D = Coeficiente de difusão (m2.s-1) t = Tempo (s) re = raio da esfera equivalente (m) a1, a2, a3, a4, a5, a6, k e n = parâmetros que dependem da natureza do produto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os parâmetros dos modelos propostos foram obtidos por análises de regressão não linear através utilizando-se o programa computacional STATISTICA, versão 5.0. Os valores dos parâmetros obtidos utilizando o modelo de Fick com 1, 2 e 3 termos da série para a secagem de pseudofrutos de caju estão indicados na Tabela 2. Tabela 2 - Parâmetros do modelo de Fick com 1, 2 e 3 termos da série e coeficientes de determinação para a secagem de pseudofrutos de caju a 50, 60 e 70°C Modelo de Fick com 1 termo da série com 2 termos da série com 3 termos da série Parâmetros D x 10-9 (m2.s-1) R2 (%) D x 10-9 (m2.s-1) R2 (%) D x 10-9 (m2.s-1) R2 (%) Melhor ajuste aos dados experimentais é observado quando se aplica o modelo de Fick utilizando três termos da série, em que o coeficiente de determinação médio (R2) esteve em torno de 93%, enquanto que para o uso do modelo com um e dois termos da série os coeficientes médios de determinação 50 3,9367 68,63 4,225 89,11 4,3517 93,78 Temperatura (°C) 60 5,0617 69,23 5,5267 89,60 5,7117 94,26 70 6,0383 57,23 6,6533 83,43 7,1217 91,17 mantiveram-se em torno de 65% e 87,4%, respectivamente. Verifica-se ainda, que os valores dos coeficientes de difusão têm comportamento crescente com o aumento da temperatura (variam entre 3,9367x10-9 e 7,1217x10-9 m2.s-1). Este fato também foi observado por SOUSA Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. (1999) que estudou o desenvolvimento de passa de umbu com pré-secagem osmótica seguida de secagem convencional as temperaturas de 70, 80 e 90°C. Segundo PARK et al. (2001), o aumento dos valores dos coeficientes de difusão ocorre devido a diminuição das resistências 165 internas de secagem a medida que se eleva a temperatura do ar de secagem. Na Tabela 3 encontram-se os valores dos parâmetros obtidos quando utilizado o modelo de Cavalcanti Mata para a secagem de pseudofrutos de caju pré-tratados osmoticamente . Tabela 3- Parâmetros do modelo de Cavalcanti Mata e coeficientes de determinação para a secagem de pseudofrutos de caju a 50, 60 e 70°C Temperatura (°C) Parâmetros 50 60 70 a1 -1,495 1,008 -1,355 a2 -0,003 -0,003 -0,005 a3 0,454 0,846 0,548 a4 1,200 0,808 1,570 a5 0,839 0,053 0,779 a6 1,268 -0,829 0,784 R2 (%) 99,87 99,96 99,98 Observa-se um melhor ajuste aos dados experimentais quando se utilizou o modelo de Cavalcanti Mata que forneceu um valor médio para o coeficiente de determinação de 99,94%. Valores muito semelhantes foram encontrados por Ugulino (2007) durante a elaboração de passa da polpa de jaca submetida à desidratação osmótica seguida de secagem a três diferentes temperaturas (45, 60 e 75°C). São apresentados na Tabela 4 os valores dos parâmetros encontrados para o modelo de Page durante a secagem de pseudofrutos de caju prétratados osmoticamente. Tabela 4 - Parâmetros do modelo de Page e coeficientes de determinação para pseudofrutos de caju a 50, 60 e 70°C Parâmetros a secagem de Temperatura (°C) 50 60 70 k 0,0030 0,0040 0,0017 n 0,8763 0,8513 0,9917 R (%) 99,82 99,89 99,87 2 Para o modelo de Page o coeficiente de determinação médio foi de 99,86%, indicando um bom ajuste aos dados experimentais, porém inferior ao valor fornecido pelo modelo de Cavalcanti Mata. Utilizando o modelo de Page, Sousa (1999) observou valores semelhantes durante a elaboração de passa de umbu, assim como Ugulino (2007) durante o desenvolvimento da passa da polpa de jaca. Silva et al. 2003 aplicou o modelo matemático proposto por Page para expressar o comportamento da desidratação osmótica da banana da terra obtendo um coeficiente de determinação entre 98,7% e 99,8%. São apresentados nas Figuras 2, 3, 4, 5 e 6 as curvas de secagem, a 50, 60 e 70°C, de pseudofrutos de caju pré-tratados osmoticamente em xarope de glicose a 50°Brix, nas quais foram aplicados os modelos de Fick Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 166 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. com 1, 2 e 3 termos da série, Cavalcanti Mata e água do produto, fazendo com que a curva de Page, respectivamente. secagem se torne mais acentuado, implicando Verifica-se que o aumento da temperatura na redução do tempo de processo. do ar de secagem favorece a remoção do teor de Curvas de secagem do caju com pré-tratam ento osm ótico com 50 ºBrix 1,0 Razão de Umidade (adimensional) Dados experimentais da secagem à 50ºC RU=0,6085.exp((9,86)/(19,972).(-3,9367x10-9).t) R 2=68,63% 0,8 Dados experimentais da secagem à 60ºC RU=0,6085.exp((9,86)/(21,202).(-5,0617x10-9).t) R 2=69,23% Dados experimentais da secagem à 70ºC RU=0,6085.exp((9,86)/(23,422).(-6,0383.10-9).t) R 2=57,23% 0,6 0,4 0,2 0,0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Tempo (min) Figura 2 - Aplicação do modelo de Fick com 1 termo da série para a secagem a 50, 60 e 70°C de pseudofrutos de caju pré-tratados osmoticamente em xarope de glicose a 50°Brix. Curva de secagem do caju com pré-tratamento osmótico com 50 ºBrix Razão de Umidade (adimensional) 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Tempo (min) Dados experimentais da secagem à 50ºC -9 -9 RU=0,6085.exp(0,0247.-4,2250x10 .t)+0,1521.exp(0,0989.-4,2250x10 .t) 2 R =89,11% Dados experimentais da secagem à 60ºC -9 -9 RU=0,6085.exp(0,0219.-5,5267x10 .t)+0,1521.exp(0,0877.-5,5267x10 .t) 2 R =89,60% + Dados experimentais da secagem à 70ºC -9 -9 RU=0,6085.exp(0,0180.-6,6533x10 .t)+(0,1521.exp(0,0719.6,6533x10 .t) 2 R =83,43% Figura 3 - Aplicação do modelo de Fick com 2 termos da série para a secagem a 50, 60 e 70°C de pseudofrutos de caju pré-tratados osmoticamente em xarope de glicose a 50°Brix. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. 167 Curvas de secagem do caju com pré-tratam ento osm ótico com 50 ºBrix Razão de Umidade (adimensional) 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Tempo (min) + Dados experimentais da secagem à 50ºC -9 RU=0,6085.exp(0,0247.-4,3517x10 .t)+0,1521.exp(0,0988.-4,3517x10 9 -9 2 .t)+0.0676.exp(0,2225.-4,3517x10 .t) ; R =93,78% Dados experimentais da secagem à 60ºC -9 RU=0,6085.exp(0,0219.-5.7117x10 .t)+0,1521.exp(0,0877.-5.7117x10 9 -9 2 .t)+0.0676.exp(0,1974.-5,7117x10 .t); R =94,26% Dados experimentais da secagem à 70ºC -9 RU=0,6085.exp(0,0180.-7.1217x10 .t)+0,1521.exp(0,0722.-7,1217x10 9 -9 2 .t)+0.0676.exp(0,1625.-7,1217x10 .t) ; R =91,17% Figura 4 - Aplicação do modelo de Fick com 3 termos da série para a secagem a 50, 60 e 70°C de pseudofrutos de caju pré-tratados osmoticamente em xarope de glicose a 50°Brix. Curvas de secagem do caju com pré-tratam ento osm ótico com 50 ºBrix 1,00 Razão de Umidade (adimensional) Dados experimentais da secagem à 50ºC RU=-1,4957.exp(-0,0033.t 0,4542)+1,2009.exp(-0,0033.t 0,8394)+1,2686 0,80 Dados experimentais da secagem à 60ºC RU=1,0085.exp(-0,0038.t 0,8462)+0,8088.exp(-0,0038.t 0,0532)-0,8295 Dados experimentais da secagem à 70ºC RU=-1,3559.exp(-0,0051.t 0,5487)+1,5705.exp(-0,0051.t 0,7799)+0,7841 0,60 0,40 0,20 0,00 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Tempo (min) Figura 5- Aplicação do modelo de Cavalcanti Mata para a secagem a 50, 60 e 70°C de pseudofrutos de caju pré-tratados osmoticamente em xarope de glicose a 50°Brix. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 168 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. Curvas de secagem do caju com pré-tratamento osmótico com 50 ºBrix 1,0 Razão de Umidade (adimensional) Dados experimentais da secagem à 50ºC RU=exp(-0,002975)*t 0,876312) R2=99,82% 0,8 Dados experimentais da secagem à 60ºC RU=exp(-0,003982)*t 0,851280) R2=99,89% Dados experimentais da secagem à 70ºC RU=exp((0,001698)*t 0,991702) R2=99,87% 0,6 0,4 0,2 0,0 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Tempo (min) Figura 6- Aplicação do modelo de Page para a secagem a 50, 60 e 70°C de pseudofrutos de caju prétratados osmoticamente em xarope de glicose a 50°Brix. CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Association of Official Analytical Chemists AOAC. Official Methods of Analysis of AOAC International. 16º. ed. Maryland: AOAC, 1997. 1141p. Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Efeitos da secagem em altas temperaturas por curtos períodos de tempo, em camada estacionária sobre a armazenabilidade de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.), variedade “carioca”. Avaliação experimental e simulação. 1997. 182f. 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Diante dos resultados obtidos durante a secagem de pseudofrutos de caju com prétratamento osmótico em xarope de glicose com 50ºBrix, nas temperaturas de 50, 60 e 70ºC, conclui-se que dentre os modelos matemáticos aplicados, o modelo proposto por Cavalcanti Mata ajusta melhor os dados experimentais de secagem com um valor médio para o coeficiente de determinação de 99,94%, demonstrando, desta forma, uma satisfatória representação do fenômeno de secagem do produto em questão. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 Secagem precedida de desidratação osmotica de pseudofruto de caju: comparação entre modelos ........ Marques et al. 169 Dissertação (Mestrado). UFRN. Natal-RN. 1989. Drouzas, A. E.; Schubert, H. Microwave application in vacuum drying of fruit. Journal of Food Engineering, v.28, p.203209, 1996. FAVA, A.R. FEA é a referência em melhoria de alimentos. 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Desidratação osmótica de manga seguida de secagem convencional: avaliação das variáveis de processo. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 29, n. 5, p. 1021-1028, set.-out., 2005. Ugulino, S. M. P. Técnicas de secagem para elaboração de passa de jaca. 2007. 112f. Dissertação. (Mestrado em Engenharia Agrícola). Universidade Federal de Campina Grande. Montenegro, A. A. T. et al. Cultivo do cajueiro. Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.161-170, 2007 170 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.170, 2007 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.171-178, 2007 ISSN 1517-8595 171 INFLUÊNCIA DO TIPO DE PAVIMENTO NA SECAGEM DE CLONES DE CAFÉ (Coffea canephora Pierre) EM TERREIROS DE CONCRETO E CHÃO BATIDO Osvaldo Resende 1, Renan Vieira Arcanjo 2, Valdiney Cambuy Siqueira3, Silvestre Rodrigues4, Adrieli Nagila Kester5, Poliana Perrut de Lima5 RESUMO Analisar a influência do tipo de pavimento na secagem de clones do café da espécie Coffea Canephora, bem como a sua interferência nos aspectos físicos da classificação do produto foram os objetivos que motivaram a realização do presente trabalho. Foram utilizados frutos de café dos clones: Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro180, colhidos com os teores de água iniciais de 1,20; 1,32; 1,51 e 1,46 (decimal b.s.), respectivamente. A secagem prosseguiu nos terreiros de concreto e chão batido até que o produto atingisse o teor de água de aproximadamente 0,11±0,01 (decimal b.s.). Os dados de temperatura e umidade relativa do ar de secagem foram obtidos por meio de uma estação climatológica e a temperatura da massa de café foi monitorada diariamente, por meio de sonda termométrica. Após a secagem e o beneficiamento do café, realizou-se a classificação por tipo e a classificação por peneira. Conclui-se que o terreiro de concreto apresentou maior eficiência na secagem do café Coffea Canephora comparativamente ao terreiro de chão batido e que não foi possível identificar interferência direta dos tipos de pavimento na classificação do café por tipo e peneira. Os clones de café Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 apresentaram características de secagem semelhantes. Palavras-chave: café, clones, teor de água, terreiros, qualidade INFLUENCE OF PAVEMENT TYPE IN COFFEE BERRY CLONES DRYING (Coffea canephora Pierre) IN CONCRETE AND GROUND YARDS ABSTRACT The objective of this work were to examine the influence of pavement type in coffee berry clones drying Coffea Canephora species and check the interference in physical aspects of the product classification. Have been used coffee berry of clones: Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 and Cpafro 180, harvested at moisture content of 1.20; 1.32; 1.51 e 1.46 (decimal d.b.), respectively. The drying continued in ground and concrete pavement until achieved the moisture content of 0.11±0,01 (decimal d.b.). The drying air temperature and relative humidity data were obtained through a climatic station and the coffee mass temperature was monitored daily, through thermocouple. After coffee berry drying and beneficiary, was executed the classification by type and sieve. It was concluded that the concrete yard showed greater efficiency in Coffea Canephora drying compared to ground yard and that it was not possible to identify the pavement types interference in coffee berry classification by type and sieve. The coffee berry clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 and Cpafro 180 had similar drying characteristics. Keywords: coffee berry, clones, moisture content, yards, quality Protocolo 997 de 27/10/2006 1 Engº Agrícola, Prof. Dr. CEFETRV, Rodovia Sul Goiana, km 1, Zona Rural – Rio Verde, GO, CEP: 75.901-970, email: [email protected] 2 Estudante de graduação, Bolsista de Iniciação Científica CNPq, UNIR, Rolim de Moura, RO, Av. Norte-Sul, 7300, saída para Cacoal, Bairro Nova Morada, CEP: 78987-000, email: [email protected]. 3 Estudante de graduação, Voluntário de Iniciação Científica UNIR, Rolim de Moura, RO, Av. Norte-Sul, 7300, saída para Cacoal, Bairro Nova Morada, CEP: 78987-000, email: [email protected]. 4 Engº Agrícola, Prof. Adjunto, Departamento de Agronomia, UNIR, Rolim de Moura, RO, Av. Norte-Sul, 7300, saída para Cacoal, Bairro Nova Morada, CEP: 78987-000, email: [email protected]. 5 Estudante de Graduação Departamento de Agronomia, UNIR, Rolim de Moura, RO, Av. Norte-Sul, 7300, saída para Cacoal, Bairro Nova Morada, CEP: 78987-000. 172 Influência do tipo de pavimento na secagem de clones de café em terreiros de concreto e chão batido Resende et al. INTRODUÇÃO A cafeicultura é uma importante atividade agrícola desenvolvida no Brasil, que é historicamente, líder mundial da produção de café, sendo atualmente o segundo produto na pauta das exportações agrícolas brasileiras. O Estado de Rondônia é o sexto produtor de café do país, apresentando na safra de 2006/2007, a produção de 1.263.000 sacas, que representa 3% da produção nacional, com produtividade média de 7,8 sacas por hectare. Considerando apenas a espécie de café cultivada em Rondônia (Coffea Canephora Pierre), o estado é o segundo maior produtor sendo responsável por 13,3% da produção brasileira, superado apenas pelo Espírito Santo com 72,5% (Conab, 2007). A produção do Estado se caracteriza pelo baixo nível tecnológico utilizado na condução da lavoura. Segundo Oliveira & Veneziano (2001), a cultura do café em Rondônia pode ser caracterizada por dois sistemas produtivos principais: cafeicultura tradicional - ocorre sem adubação e desbrota das plantas, sendo o café plantado no espaçamento 4 x 1 m em área de pastagem e a secagem do produto realizada em carreadores, dentro da própria lavoura; cafeicultura adubada - o café é plantado no espaçamento 3 x 1,5 m e conduzido com três hastes, realiza-se a adubação de plantio (adubo mineral e matéria orgânica) e em cobertura (adubo mineral e adubação foliar) e a secagem é conduzida em terreiro de concreto. Em ambos os sistemas a colheita ocorre sobre o pano. Assim, as práticas culturais e de manejo como adubação, desbrota e os cuidados durante a colheita e pós-colheita visando a manutenção da qualidade dos grãos, ainda são técnicas incipientes na região e pouco difundidas entre os produtores. O café recém-colhido, por ser um produto que apresenta certas peculiaridades, tais como alto teor de água, aproximadamente 60% (b.u.), e desuniformidade em relação à maturação, difere dos demais grãos cultivados em larga escala, necessitando, portanto, de um método de secagem específico. Assim, a secagem é uma etapa de fundamental importância na fase pós-colheita do café e deve ser iniciada logo após a colheita para reduzir, rapidamente, o alto teor de água da casca, polpa e mucilagem e evitar as fermentações que podem prejudicar a qualidade do café. A secagem do café pode ser realizada de diferentes formas: em terreiros, mecanicamente utilizando secadores, ou ainda, de forma mista combinando secagem em terreiros e secadores. Na secagem em terreiros, ou com ar natural, o produto é retirado da planta e depositado em um pátio previamente preparado, denominado terreiro, sendo a energia utilizada para remoção do teor de água a radiação solar. A secagem em terreiros é possível quando da ocorrência da baixa umidade relativa do ar e pouca nebulosidade existente em diversas regiões do Brasil durante o período de colheita. A principal vantagem desse método é a economia de energia, porém apresenta o inconveniente de exigir extensas áreas e depender dos fatores climáticos, que, sendo desfavoráveis, retardam o processo favorecendo a ocorrência de fermentações indesejáveis, comprometendo a qualidade do produto (Campos, 1998; Silva & Berbert, 1999). No Brasil ainda é predominante a secagem de café em terreiros, os quais podem ser construídos de concreto, asfalto, tijolos, chão batido, leito suspenso e lama asfáltica. O produto é espalhado sobre a superfície e revolvido periodicamente. Quando o café atinge o estádio de meia seca, aproximadamente 30% (b.u.), recomenda-se amontoá-lo e cobri-lo quando as condições não são adequadas para a secagem. A pré-secagem em terreiro tem sido recomendada tecnicamente, até que o café atinja cerca de 30% (b.u.), diminuindo o gasto de energia na secagem mecânica. Entretanto, principalmente os pequenos produtores utilizam a secagem completa nos terreiros (Andrade et al., 2003). Na maioria dos casos, a secagem é feita em camadas finas, com espessura em torno de 5 cm. Conforme a uniformidade de maturação dos grãos, a secagem do café, até os níveis comerciais, tem uma duração que varia de 8 a 20 dias, dependendo das condições climáticas locais. Recentemente têm sido realizados inúmeros trabalhos com o objetivo de estudar a secagem do café em diversas condições. No entanto, a maioria destas investigações são realizadas para descrever a secagem do café da espécie Coffea arábica (Andrade et al., 2003; Reinato et al., 2003a; Reinato et al. 2003b; Ribeiro et al., 2003; Silva et al., 2003; Afonso Júnior et al., 2004; Corrêa et al., 2006; Afonso Júnior et al., 2006; Borém et al., 2006; Lacerda Filho et al., 2006). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.171-178, 2007 Influência do tipo de pavimento na secagem de clones de café em terreiros de concreto e chão batido Resende et al. Gitimu (1995) relata que a secagem do café ao sol tem um efeito positivo na qualidade, e que alguns cuidados especiais devem ser tomados de acordo com os estágios da secagem: a) de 44 a 33% (b.u.), para evitar rachaduras no pergaminho, a secagem deve ocorrer de forma lenta; para isso deve-se cobrir o café durante as horas mais quentes do dia; b) de 32 a 22% (b.u.) a cor final do grão é formada; por isso é recomendado que o café fique exposto à luz solar por um período não menor que dois dias para melhorar a qualidade da cor; a secagem mecânica não deve ser usada nesse estágio e c) de 21 a 12% (b.u.) o café pode ser seco mais rapidamente sem prejuízo na qualidade, inclusive com a utilização de secadores. Durante a comparação entre diferentes materiais de pavimentação de terreiro para a secagem de café na região da Zona da Mata Mineira, Lacerda Filho et al. (2006) verificaram que o terreiro de terra recoberto com “esterco verde” e o pavimentado com tijolos não permitiram a boa qualidade do produto; por outro lado, os terreiros pavimentados com asfalto e cimento proporcionaram uma maior redução no teor de água dos frutos e foram mais eficientes energeticamente no processo de secagem. De acordo com Andrade et al. (2003) o terreiro de concreto apresentou a maior taxa de redução de água e, conseqüentemente menor tempo de secagem comparativamente aos terreiros de chão batido, lama asfáltica e leito suspenso, durante a secagem dos cafés cereja natural, cereja desmucilado e bóia. Em relação as características de classificação do produto depois do processamento, o café é um produto cujo preço está vinculado a parâmetros qualitativos. Partindo-se do valor obtido por um produto de máxima qualidade, este sofre descontos proporcionais à medida que são reduzidas as características desejáveis quanto ao tipo (Silva & Berbert, 1999). Para o mercado exportador é de fundamental importância que a qualidade do café apresente propriedades organoléptica e químicas desejáveis. Essas propriedades são dependentes da eficiência do pré-processamento ao qual o produto é submetido, sendo o método de secagem utilizado a operação que exerce mais influência (Lacerda Filho et al., 2006). Segundo Vilela & Pereira (1998), o café beneficiado brasileiro tem sua qualidade determinada por três classificações distintas: classificação por tipo, separando-se os defeitos e impurezas; pela prova de xícara, realizada por 173 provadores treinados; por peneira, separando-se uma amostra de grãos por tamanho e formato. Em alguns casos, utiliza-se de uma classificação subjetiva com relação ao aspecto, que visualmente verifica-se a aparência considerando-se o tamanho dos grãos, quantidade de defeitos e impurezas, manchas e descolorações. Para Thomaziello et al. (1999) o café tem sua qualidade determinada por duas fases distintas: classificação por tipo ou defeito e a classificação por qualidade. A classificação do café quanto ao tipo consiste em determinar o número de grãos imperfeitos ou a quantidade de impurezas contida em uma amostra de 300 gramas (Berbert et al.,1999). Esta classificação admite sete tipos de valores decrescentes de 2 a 8 e resultante da apreciação de uma amostra de 300 gramas de café beneficiado. Na classificação pela qualidade, consideram-se: fava (graúda, boa, média e miúda); peneira (chato e moca, cada qual com as suas numerações); aspecto (bom, regular, mau); cor (verde-cana, verde-azulado, amareloclaro, cor-de-palha, chumbado, barrento, etc); seca (boa, regular, má); preparo (terreiro, despolpado); torração (café de terreiro: fina, boa, regular e má); bebida (estritamente mole, mole, apenas mole, duro, riado, rio). Diante o exposto, o objetivo no presente trabalho foi analisar a influência do tipo de pavimento na secagem de clones do café da espécie Coffea Canephora, bem como a sua interferência nos aspectos físicos da classificação do produto. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no Departamento de Agronomia do Campus da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, Rolim de Moura, RO. Foram utilizados frutos de café (Coffea Canephora Pierre) dos clones: Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro180, procedentes de lavoura situada área experimental de clones da Embrapa em Rolim de Moura, RO. O produto foi colhido, manualmente, pelo sistema de derriça no pano, com os teores de água iniciais de 1,20; 1,32; 1,51 e 1,46 (decimal b.s.) para os clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180, respectivamente. Os frutos foram submetidos à secagem em terreiro de concreto e de chão batido, sendo espalhados em camadas de 3 cm de espessura e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.171-178, 2007 174 Influência do tipo de pavimento na secagem de clones de café em terreiros de concreto e chão batido Resende et al. revolvidos periodicamente ao longo do dia. A secagem prosseguiu até que o produto atingisse o teor de água de aproximadamente 0,11±0,01 (decimal b.s.). Os teores de água do produto ao longo da secagem foram acompanhados diariamente e determinados pelo método da estufa, 105±1 °C, durante 24 horas, em três repetições (Brasil, 1992). A taxa de redução de água do produto foi calculada de acordo com a expressão descrita por Corrêa et al. (2001): TRA Ma 0 Ma i Ms t i - t 0 (1) A classificação por peneira foi realizada a partir de 300 g de amostra, o café foi classificado segundo as dimensões dos crivos com as peneiras numeradas de 10 a 18 e apresentando o fundo para reter as impurezas menores. Cada classe foi expressa em base percentual. Os dados de temperatura e umidade relativa do ar de secagem foram obtidos por meio de uma estação climatológica de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), situada a 100 m do local de secagem e a temperatura da massa de café foi monitorada diariamente, por meio de sonda termométrica. em que RESULTADOS E DISCUSSÃO TRA : taxa de redução de água (kg kg-1 h-1); Ma0 : massa de água total anterior (kg); Mai : massa de água total atual (kg); Ms : matéria seca (kg); t0 : tempo total de secagem anterior (h); ti : tempo total de secagem atual (h). 0,030 -1 -1 Taxa Redução de água (kg kg h ) Após a secagem e o beneficiamento do café, realizou-se a classificação por tipo somando-se o número de defeitos encontrados em 300 g de amostras, onde cada defeito recebeu sua equivalência, conforme a Tabela Oficial Brasileira de Classificação, (Instituto Brasileiro do Café, 1977). De acordo com o monitoramento das condições climáticas, os valores médios da temperatura e da umidade relativa no período de secagem foram de 26,3 ºC e 63,3%, respectivamente. Já a temperatura da massa de grãos, medida diariamente às 14:00 horas, apresentou variação entre 41,1 e 51,1 °C para o terreiro de concreto e 31,6 a 41,2 ºC para o terreiro de chão batido, durante o período de secagem e para os quatro clones estudados. Assim, a temperatura do café no terreiro de concreto foi em média 10 ºC superior aquela observada no terreiro de chão batido. Nas Figuras 1 e 2 são apresentados os valores da taxa de remoção de água dos clones de café Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 para a secagem em terreiros de concreto e chão batido. Cpafro194 0,025 Cpafro193 Cpafro167 0,020 Cpafro180 0,015 0,010 0,005 0,000 0 30 60 90 120 Tempo (horas) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.171-178, 2007 Influência do tipo de pavimento na secagem de clones de café em terreiros de concreto e chão batido Resende et al. 175 0,030 -1 -1 Taxa Redução de água (kg kg h ) Figura 1. Taxa de redução de água (kg kg-1 h-1) dos clones de café Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 ao longo do tempo (horas) durante a secagem em terreiro de concreto. Cpafro194 0,025 Cpafro193 0,020 Cpafro167 Cpafro180 0,015 0,010 0,005 0,000 0 40 80 120 160 200 Tempo (horas) Figura 2. Taxa de redução de água (kg kg-1 h-1) dos clones de café Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 ao longo do tempo (horas) durante a secagem em terreiro de chão batido. Verifica-se nas Figuras 1 e 2, que as maiores taxas de redução de água, para os quatro clones analisados, ocorreram no início da secagem, independentemente do tipo de terreiro utilizado. Para o terreiro de chão batido, a taxa de redução de água foi inferior a 0,019 kg kg-1 h-1, enquanto que para a secagem promovida no terreiro de concreto os valores foram inferiores a 0,026 kg kg-1 h-1. No final da secagem a água se encontra mais fortemente ligada, necessitando de uma maior energia para a sua evaporação, assim a secagem do café ocorreu mais lentamente, resultando em menores valores da taxa de redução de água. Para o teor de água de 0,11±0,01 (decimal b.s.) Teor de água (decimal b.s.) 1,6 1,2 a taxa de remoção de água apresentou magnitude de aproximadamente 0,001 kg kg-1 h1 para os quatro clones de café e para os terreiros de concreto e chão batido. Verifica-se ainda, que durante a secagem nos terreiros de concreto e chão batido os clones de café Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 apresentaram valores da taxas de redução de água semelhantes, indicando que estes clones possuem características de secagem similares. Na Figura 3 estão apresentados os valores do teor de água do café ao longo do tempo para os clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro180, durante a secagem em terreiros de concreto e chão batido. Cpafro 194 chão batido Cpafro 193 chão batido Cpafro 167 chão batido Cpafro 180 chão batido Cpafro 194 concreto Cpafro 193 concreto Cpafro 167 concreto Cpafro 180 concreto 0,8 0,4 0,0 0 40 80 120 Tempo (horas) 160 200 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.171-178, 2007 176 Influência do tipo de pavimento na secagem de clones de café em terreiros de concreto e chão batido Resende et al. Figura 3. Teores de água (decimal b.s.) do café ao longo do tempo (horas), para os clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180, durante a secagem em terreiros de concreto e chão batido. Nota-se na Figura 3 que os teores de água iniciais dos clones de café foram distintos com magnitudes de 1,20; 1,32; 1,51 e 1,46 (decimal b.s.) para os clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro180, respectivamente. Mesmo com esta heterogeneidade inicial entre os clones, o tempo necessário para que o produto atingisse o teor de água de, aproximadamente, 0,11±0,01 (decimal b.s.) foi o mesmo para os quatro clones analisados, sendo de 117,5 e 189,5 horas para a secagem nos terreiros de concreto e chão batido, respectivamente. Pode-se inferir que este fato, possivelmente, deve-se ao elevado teor de água que o café apresentava no início da secagem, que, conseqüentemente, provocou taxas de secagem superiores no início do processo. Ao final da secagem, as taxas de remoção de água diminuíram e as discrepâncias entre os valores dos teores de água dos clones também reduziram. Verifica-se ainda na Figura 1, que o terreiro de concreto promoveu a secagem do café até o teor de água de 0,11±0,01 (decimal b.s.) 72 horas antes do terreiro de chão batido, demonstrando a sua maior eficiência de secagem e aproveitamento da energia calorífica do sol. Resultados semelhantes foram observados por Lacerda Filho, et al. (2006) e por Andrade et al. (2003) durante a secagem de café da espécie Coffea arabica em diferentes tipos de pavimento de terreiro. Na Tabela 1 estão apresentados os resultados da classificação por peneiras dos clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 submetidos à secagem nos terreiros de chão batido e concreto. Tabela 1. Valores percentuais de grãos retidos nas peneiras 18, 17, 16, 15, 14, 13, 12, 11, 10 e sobra, durante a classificação dos clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 submetidos à secagem nos terreiros de chão batido e concreto Terreiro de Chão Batido Terreiro de Concreto Peneira Cpafro194 Cpafro193 Cpafro167 Cpafro180 Cpafro194 Cpafro193 Cpafro167 Cpafro180 18 3,2 2,4 0,3 0,3 3,5 4,3 0,3 0,6 17 3,4 8,2 1,5 1,0 3,1 7,7 2,1 1,8 16 6,7 19,1 12,5 8,1 9,7 19,6 9,8 7,7 15 10,4 13,3 15,1 11,0 16,0 13,5 14,3 14,6 14 27,5 23,9 25,6 24,3 30,2 22,9 30,5 36,8 13 17,9 13,6 18,1 18,5 19,4 14,2 18,9 16,6 12 19,2 10,4 16,1 20,6 12,8 9,9 15,2 15,1 11 9,4 5,7 7,2 11,2 4,1 5,5 6,7 5,7 10 1,7 2,4 2,4 3,7 0,8 1,8 1,8 1,0 Sobra 0,7 1,2 1,3 1,4 0,3 0,7 0,5 0,4 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 De acordo com a Tabela 1, observa-se que para os quatro clones analisados a maior porcentagem dos grãos ficou retida na peneira 14 e demais peneira inferiores a esta, indicando-se que as amostras de café apresentaram dimensões miúdas. Em relação ao tipo de secagem, nota-se que as porcentagens retidas nas peneiras foram semelhantes entre os mesmos clones e para os terreiros de concreto e chão batido, não sendo possível, desta forma, detectar influência entre os tratamentos estudados. Os defeitos encontrados na classificação por tipo dos clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 submetidos à secagem nos terreiros de chão batido e concreto, são apresentados na Tabela 2. Verifica-se na Tabela 2, que os quatro clones submetidos à secagem no terreiro de chão batido enquadraram-se no tipo 7 e os cafés secados no terreiro de concreto classificaram-se nos tipos 7, 8, 6 e 8 para os clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180, respectivamente. No terreiro de chão batido observa-se a presença do defeito pedra, já no terreiro de concreto pode-se identificar a existência de defeito preto, possivelmente devido a taxas de secagem mais elevadas. No entanto, a quantidade de defeitos encontrada para cada tratamento apresentou elevada variabilidade, não sendo possível Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.171-178, 2007 Influência do tipo de pavimento na secagem de clones de café em terreiros de concreto e chão batido Resende et al. 177 identificar claramente diferenças entre os clones e os terreiros analisados. Tabela 2. Quantidade de defeitos encontrados na classificação por tipo dos clones Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 submetidos à secagem nos terreiros de chão batido e concreto Terreiro de Chão Batido Terreiro de Concreto Defeitos Cpafro194 Cpafro193 Cpafro167 Cpafro180 Cpafro194 Cpafro193 Cpafro167 Cpafro180 Verde 132 150 150 114 102 180 72 204 Quebrado 84 102 42 108 18 114 18 48 Pedra 24 12 78 18 Ardido 66 60 42 60 60 54 102 Preto 66 6 Brocado 6 6 6 6 6 Chocho 12 6 6 Total 312 324 288 288 252 360 156 360 Tipo 7 7 7 7 7 8 6 8 CONCLUSÕES Diante do exposto, conclui-se que o terreiro de concreto apresentou maior eficiência na secagem do café Coffea Canephora comparativamente ao terreiro de chão batido e que não foi possível identificar interferência direta dos tipos de pavimento na classificação do café por tipo e peneira. Os clones de café Cpafro 194, Cpafro 193, Cpafro 167 e Cpafro 180 apresentaram características de secagem semelhantes. 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In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola: Armazenamento de Processamento de Produtos Agrícolas/(Ed) Flávio Meira Borém. Lavras: UFLA/SBEA, 1998. p.219-274. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.171-178, 2007 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 ISSN 1517-8595 179 REVIEW SELEÇÃO DE SECADORES: FLUXOGRAMA Kil Jin Brandini Park1, Luís Felipe Toro Alonso2, Félix Emilio Prado Cornejo3, Inácio Maria Dal Fabbro4, Kil Jin Park 5 RESUMO Um dos maiores problemas envolvido na seleção de secadores é a grande variedade de equipamentos e processos na secagem para se obter um produto de qualidade requerida. Muitos métodos são apresentados na literatura, àqueles baseados nos conceitos fenomenológicos ou àqueles baseados aspectos de custo. Como conseqüência, os critérios para se classificar os secadores também são muitos. Apresentamos aqui os conceitos sobre a classificação e tipo de secadores, questionamentos, algoritmos e fluxogramas para seleção e dimensionamento de secadores. Palavras-chave: classificação, tipo, algoritmo, fluxograma. DRYER SELECTION: FLOWSHEET SUMMARY One of the biggest problem involved on selection of dryers is the great variety of drying’s equipment and process to obtain product with required quality. Many methods are presented on literature, those based on phenomenological concepts or those based on cost aspects. As consequence the criteria to classify dryer are also many. The concepts of classification and type of dryers, questions, algorithms and flowsheets to select and design dryers are presented. Keywords: classification, type, algorithm, flowsheet. INTRODUÇÃO Devido à grande variedade de tipos de produtos que devem ser secos por diferentes métodos, existe também uma variedade de projeto de secadores. Os critérios para se classificar os secadores são muitos (Park et al., 2007). Kemp e Bahu, 1995, bem como Lapple, Clark e Dybdal, 1955, indicam que a amplitude de aplicação de alguns secadores é grande e, portanto, a escolha do modelo mais adequado pode ser subjetiva, baseada no bom senso e experiência do engenheiro. Van´t Land, 1984 e 1991, inicia a seleção dos secadores com base nas informações sobre o produto a ser processado e volume de processamento. Kemp e Bahu, 1995, desenvolvem a seleção dos secadores atribuindo pontuações à diferentes características dos equipamentos e encerra selecionado os mais aptos à tarefa. Baker e Labadibi, 1998, aplicam os princípios de lógica difusa no desenvolvimento da seleção. Matasov, Menshutina e Kudra, 1998, apresentam um sistema especialista para a escolha de secadores. Protocolo 999 de 12/12/2006 1 Doutorando em Engenharia Agrícola da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6011. CEP: 13083-875. Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Doutor em Engenharia Agrícola da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6011. CEP: 13083-875. Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected]. 3 Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos. [email protected]. 4 Professor Titular - Faculdade de Engenharia Agrícola – Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6011. CEP: 13084-971. Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected]. 5 Professor Titular - Faculdade de Engenharia Agrícola – Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6011. CEP: 13084-971. Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected]. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 180 Seleção de secadores: fluxograma CLASSIFICAÇÃO DE SECADORES Segundo Strumillo e Kudra, 1986, os secadores podem ser assim divididos (Tabela 1): Além deste critério, devem-se considerar também o método de aquecimento do agente de secagem, a forma física da alimentação, se o Kil et al. produto seco é requerido em uma forma especial, se o material é tóxico ou termolábil, etc. O mesmo autor também afirma que usualmente os tipos de secadores podem ser divididos, basicamente, segundo o regime hidrodinâmico e o fluxo de material. Keey, 1978, divide os secadores segundo o meio de transporte do material (Tabela 2): Tabela 1- Critérios para a classificação de secadores Critério para a classificação Exemplo do tipo do secador Pressão no secador Atmosférica ou vácuo Método de operação Contínua ou em batelada Método de suprir o calor Convecção, contato, infravermelho, dielétrico e sublimação. Tipo do agente de secagem Ar quente, vapor superaquecido, líquidos aquecidos e gases rejeitados. Direção do fluxo de calor e sólidos Co-corrente, contracorrente e fluxo cruzado. Método do fluxo do agente de secagem Livre ou forçado Método do carregamento da umidade Com agente externo de secagem, com gás inerte, com absorção química da umidade. Forma do material úmido Líquidos, granulares, pós, pastas, folhas, camadas finas, lama. Tipo do fluxo do material (condição Regime estacionário, transiente ou disperso. hidrodinâmica) Escala de operação De 10 kg/h até 100 ton/h Construção do secador Bandejas, túnel, esteira, tambor, rotatório, leito fluidizado e muitos outros. Fonte: Strumillo e Kudra (1986) Tabela 2: Métodos de transporte na secagem Método Secador típico Material estático Secador de bandeja Material que cai por Secador rotatório gravidade Material carregado em Secador de rosca transportadora lâminas Material transportado em Secador túnel carrinhos Material carregado sobre Secadores de cilindro aquecido rolos Material carregado em Secador de esteira esteiras Material vibrado em esteiras Secador de esteira vibratória Material suspenso no ar Secador de leito fluidizado Material atirado através do ar Spray Dryer Material típico Grande variedade de materiais Grânulos em queda livre Materiais úmidos, pastas Grande variedade de materiais Teias finas, folhas e placas Grande variedade de materiais rígidos Grânulos em queda livre Grânulos Soluções, materiais viscosos e pastas finas. Fonte: Keey (1978) Nonhebel e Moss, 1971, também classificam os secadores segundo o método de operação (Figura 1), a forma física da alimentação (Figura 2), a escala da operação (Figura 3) e projetos especiais (Figura 4): Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma 181 Kil et al. SECADOR BATELADA Condução Vácuo Convecção Atmosfera Bandeja (3) Com circulação de ar (4) Bandeja (1) Agitado (2) Fluidizado (5) CONTÍNUO Condução Vácuo Bandeja (6) Convecção Atmosfera Tambor (7) Spray (9) Rotativo direto (12) Pneumático (10) Esteira (13) Fluidizado (11) Bandeja (14) Rotativo indireto (8) Com circulação de ar (15) Figura 1- Classificação dos secadores baseada no método de operação. A seguir estão discriminados os materiais específicos para cada secador da classificação anterior: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. Pastas, pré-moldados, dura, granulares, fibrosos e folhas; Líquidos, lama, pastas e granulares; Pastas, pré-moldado, dura, granulares, fibrosos e folhas; Pré-moldado, granulares e fibrosos; Pré-moldado, granulares e fibrosos; Lama e pastas; Líquidos, lama, pastas e folhas; Dura, granulares e fibrosos; Líquidos, lama e pastas; Pastas, pré-moldado, dura, granulares e fibrosos; Pastas, pré-moldado, dura, granulares e fibrosos; Granulares e fibrosos; Pastas, pré-moldado, dura e folhas; Pastas, pré-moldado, dura, granulares, fibrosos e folhas; Pré-moldado, granulares e fibrosos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 182 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. PRODUTO ÚMIDO Líquidos Lama Pasta Mole ou lodo Pré-formado Pasta compacta ou matriz Granular ou sólido cristalino Sólido fibroso Folha Agitado à batelada Agitado à batelada Bandeja a vácuo Bandeja a vácuo Bandeja a vácuo Bandeja a vácuo Bandeja a vácuo Bandeja a vácuo Tambor Bandeja a vácuo Agitado à batelada Bandeja convectiva Bandeja convectiva Agitado à batelada Bandeja convectiva Bandeja convectiva Spray Tambor Bandeja convectiva Circulação de ar à batelada Rotativo Indireto Bandeja convectiva Circulação de ar à batelada Tambor Spray Fluidizado Fluidizado Bandeja Contínua Circulação de ar a batelada Fluidizado Bandeja contínua Esteira a vácuo Pneumático Fluidizado Rotativo indireto Tambor Esteira convectiva Rotativo indireto Pneumático Spray Bandeja contínua Pneumático Rotativo direto Pneumático Circulação de ar contínua Rotativo direto Esteira convectiva Esteira convectiva Esteira convectiva Bandeja contínua Bandeja contínua Circulação de ar contínua Circulação de ar contínua Figura 2: Classificação dos secadores baseada na forma física da alimentação PROCESSO Pequena Escala de 20 a 50 kg/h Batelada Média Escala de 50 a 1000 kg/h Batelada Grande Escala Acima de tons/h Contínuo Contínuo Bandeja a Vácuo Agitado Fluidizado Rotativo Indireto Agitado Circulação de ar Esteira a Vácuo Spray Bandeja Convencional Fluidizado Rotativo Indireto Pneumático Circulação de ar Spray Rotativo Direto Fluidizado Pneumático Fluidizado Bandeja Esteira Circulação de ar Figura 3 - Classificação dos secadores baseada na escala de produção Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma 183 Kil et al. PROCESSO Perigosos Pó Produtos sensíveis Produtos com formato especial Temperatura Agitado à batelada Agitado à batelada Circulação a ar Esteira a vácuo Fluidizado Esteira a vácuo Rotativo indireto Pneumático Baixo custo de investimento Circulação a ar Fluidizado Esteira a vácuo Rotativo indireto Spray Tambor Tóxico Mecânica Agitado à batelada Circulação a ar Esteira a vácuo Esteira a vácuo Esteira contínua Bandeja contínua Inflamável Oxidável Agitado à batelada Bandeja a vácuo Esteira a vácuo Spray Esteira a vácuo Figura 4 - Classificação dos secadores baseada em projetos especiais Secadores com regime hidrodinâmico não ativo relativamente parado, gravitacionais); devido a forças Os principais tipos de secadores baseados no regime hidrodinâmico são classificados como: Secadores com leito estacionário (Nos quais o material pode ser considerado como estacionário enquanto o calor é fornecido e a água é removida); Secadores com leito móvel (Nos quais o leito de partículas se move devido à gravidade e/ou forças mecânicas); Secadores com leito de queda livre (Nos quais o leito ou as partículas individuais caem através do ar Secadores com regime hidrodinâmico ativo Secadores com regime hidrodinâmico ativo, nos quais a agitação do leito ou das partículas é causada por uma força hidrodinâmica exercida sobre as partículas por uma corrente de ar com uma velocidade apropriada. São Secadores com leito fluidizado (Nos quais a interação entre material a ser seco e a corrente de ar cria um leito fluidizado típico ou um leito de fluidização rápida: partículas secas são removidas pela Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 184 Seleção de secadores: fluxograma corrente de ar devido à sua baixa densidade); Secadores com leito agitado (Nos quais o material a ser seco é agitado mecanicamente no leito do secador através da rotação ou vibração do leito do secador ou através de um agitador propriamente dito); Secadores com leito escoante (Onde as partículas do material que está sendo seco fluem juntamente com a corrente de ar). Tipos de secadores de grãos Secadores de camada estática (leito fixo) Os secadores de leito estático são equipamentos onde certa quantidade de grãos é colocada num silo ou em secadores de coluna. Brooker, Bakker-Arkema e Hall, 1974, para o sistema de silo cheio, apontam como vantagens: a colheita pode ser feita a qualquer ritmo; a operação relativamente simples; o manuseio mínimo dos grãos; a alta eficiência energética; a não ocorrência de secagem excessiva e o baixo índice de quebra de grãos com baixas temperaturas. Descrevem como desvantagens: a impossibilidade do uso de grãos com alto teor de umidade e um período longo de operação. Uma variação no processo deste tipo de secador consiste em efetuar a secagem por carga, onde certa quantidade de grãos já secos é transferida para o silo armazenador. Secadores contínuos Os secadores de fluxo contínuo se subdividem em vários grupos, de acordo com o modo de escoamento: secadores de fluxo concorrente, secadores de fluxo contracorrente, secadores de fluxo cruzado, secadores em cascata e secadores com promotores de mistura. Em secadores de fluxo concorrente, ar e grãos fluem na mesma direção ao longo do secador. Segundo Walker e Bakker-Arkema, 1978, os secadores de fluxo concorrente parecem ter as melhores condições para realizar a secagem com altas temperaturas, sem causar danos aos grãos. Bakker-Arkema, Fontana e Schisler, 1983 realizaram testes simulados e experimentais de secagem de arroz, em um secador de fluxo concorrente de 2 e 3 estágios, com temperatura de secagem de 82°C a 176°C, e obtiveram a remoção de 6 % de umidade em cada passagem. A energia consumida foi de 3,5 a 3,6 MJ/kg vapor e os grãos passaram por um período de repouso no próprio secador a uma temperatura entre 40,5°C e 43,3°C. Kil et al. Em secadores de fluxo contracorrente, ar e grãos fluem em sentido contrário ao longo secador. Segundo Nellist, 1982, em um fluxo contracorrente, operando em equilíbrio, os grãos deixariam o secador à mesma temperatura do ar de entrada. A sua aplicação é limitada pela sensibilidade dos grãos a altas temperaturas. Assim, na indústria, o mesmo é utilizado como resfriador ao invés de secador. Os secadores de fluxo cruzado caracterizam-se pela passagem do ar perpendicularmente a uma camada de grãos, os quais se movem entre chapas perfuradas. Os secadores de fluxo cruzado são mais populares pela simplicidade de construção e baixo custo (Stevens e Thompson, 1976). Sua maior desvantagem é a falta de uniformidade no processo de secagem. Morey e Cloud, 1973, efetuaram simulações de secagem neste tipo de secador utilizando uma temperatura de 115,5°C, e um fluxo de ar de 15,2 m3/min/m2. Os mesmos autores recomendam o uso de leitos de 20 a 40 cm de espessura, dependendo da posição das colunas do secador. Um secador em cascata é constituído de uma série de calhas invertidas em forma de V, dispostas em linhas alternadas dentro do corpo do secador. Os grãos movem-se sobre as calhas invertidas para baixo sob a ação da gravidade. O ar de secagem entra em uma linha de calhas e sai em outras imediatamente adjacentes. Apesar de ser o secador do tipo contínuo mais utilizado no Brasil, a sua principal desvantagem é o custo inicial alto. A Kepler Weber Indústria S.A. apresenta 5 modelos de secadores em cascata com capacidades entre 10 e 100 toneladas de grãos (soja) por hora, e com consumos energéticos estimados variando de 185 a 1850 kg de lenha/h. Godoi, 1996, trabalhando com um secador munido de promotores estacionários anulares de turbulência, estudou o comportamento hidrodinâmico, trasferências de calor e de massa e comparou eficiência energética dom os secadores existentes. SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO Com base nos algoritmos propostos pelos diversos autores, a seleção e o dimensionamento de secadores exigirão a coleta de informações sobre os equipamentos disponíveis. Van’t Land, 1991, e Kemp e Bahu, 1995, assinalam que tais informações podem Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma ser obtidas na literatura, junto ao fornecedor, pela experiência do engenheiro ou através de estudos em escala laboratorial. A seguir apresentamos os roteiros propostos pelos autores, incluindo os questionamentos, para o dimensionamento. Lapple, Clark, Dybdal (1955) Lapple, Clark e Dybdal, 1955, apresentam seguinte roteiro em forma de perguntas: Questionário V.1 1. Informações gerais para o cálculo de balanços de massa e calor. a) Fluxo de material a ser manipulado pelo secador. b) Umidade inicial e final do produto. c) Propriedades físicas e térmicas das fases sólidas, líquidas e gasosas. 2. Fluxo evaporativo desejado (kgw/h). 3. Sensibilidade do material à temperatura. 4. Sensibilidade do material aos gases de combustão. 5. Tipo de umidade associada ao material (superficial, interna ou combinada). 6. Características gerais do material, como: a) Dimensões da partícula. b) Corrosividade. c) Adesividade. d) Abrasividade. 7. Avaliação das fontes de calor, combustível e energia elétrica. Das informações obtidas, ainda que de forma qualitativa, devemos ser capazes de responder às próximas questões: 1. Limites de temperatura; qual é a máxima temperatura que pode ser aceita no meio de aquecimento mantendo-se dentro das limitações do material? 2. Limitações do comportamento do material: a) O material úmido é de difícil manuseio? b) Algum estado do material deve ser evitado para prevenir perda de material em pó? c) A taxa de secagem será limitada pela difusão interna? 3. Limitações construtivas: a) Algum material específico é necessário para as faces em contato com o material? b) O aquecimento indireto é necessário para impedir a contaminação do material pelos gases da queima? Kil et al. 185 c) Há alguma outra circunstância especial esperada? Nonhebel e Moss (1971) Nonhebel e Moss, 1971, desenvolvem o mais extenso e detalhado roteiro. Os erros que devem ser evitados no dimensionamento do secador, baseado na experiência são: • Queima do produto por superaquecimento; • Impossibilidade de alcançar a produtividade planejada; • Dificuldades na alimentação do material no secador ou mesmo remoção do produto do mesmo; • Retenção do material no interior do secador; isto pode reduzir a produtividade e degradar produtos susceptíveis ao calor; • Difícil acesso para limpeza, especialmente em plantas de batelada multi-produto; • Condições de trabalho ruins para o operador; • Baixa eficiência térmica; • Manutenção excessiva das partes mecânicas; • Sub dimensionamento dos acessórios. Questionário V.1 1. Quantidades. a) Produtividade em termos da massa seca. (ex.: kgms / h) b) Total de líquido a ser removido. (ex.: kgw / h) c) Fonte de matéria-prima. Se o processo anterior à secagem dá-se em batelada ou em processo contínuo. Se em batelada, estabelecer as quantidades de cada batelada e a freqüência com que é reposta. 2. Propriedades físicas da matéria-prima. a) Fonte de matéria-prima. b) Estágios de dessorção anteriores. c) Capacidade de armazenamento de matéria-prima. d) método para alimentação do secador. e) dimensão aproximada da partícula. f) características físicas como a facilidade de manipulação. Em caso de pastas indicar a possibilidade de serem préformadas. g) Abrasividade do material seco e da matéria-prima. 3. Propriedades químicas da matéria-prima. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 186 4. 5. 6. 7. 8. 9. Seleção de secadores: fluxograma e) Toxidade do material líquido ou sólido. f) Problemas de odor no material líquido ou sólido. g) Sensibilidade do material aos gases de combustão. h) Possibilidade de explosão. i) Limites de temperatura e o tempo de exposição. j) Quais as possíveis mudanças de fases e a que temperatura/pressão ocorrem. k) Qual a corrosividade do material. l) Quais os materiais mais apropriados para a construção do secador que tolerem a corrosão. Especificações do produto seco. a) Umidade desejada no produto final. b) Métodos de detecção do solvente. c) Será necessário remover odor do solvente no produto final? d) Dimensões da partícula. e) Máximo percentual de impurezas aceito no produto final. Propriedades do produto seco. a) Desvantagens na formação de partículas menores. b) Propriedades de fluxo da matéria recentemente seca e da matéria fria. c) Temperatura a que o material deve ser resfriado para ser conservado evitando a aglomeração. Dados de secagem disponíveis. a) Detalhamento dos testes laboratoriais. b) Detalhamento dos testes em planta piloto. c) Detalhamento da performance de materiais semelhantes em escala real. d) Facilidade de pré-formação da matériaprima ou mistura dos subprodutos de secagem para a formação de grãos. Recuperação de solventes. Perdas. a) Seu impacto no custo de produção na planta. b) A perda de pó para a atmosfera é só inoportuna ou consiste em risco? Local de operação. a) Disponibilidade de fontes de calor (gás, óleo e outros combustíveis). b) Detalhes do fornecimento de energia elétrica. c) Necessidades da purificação do ar de secagem e resfriamento. d) Necessidade de remoção do odor dos gases liberados para a atmosfera. e) Necessidade de reduzir a vibração e o barulho. f) Restrições de espaço. Kil et al. g) Facilidades para a supervisão do processo e manutenção. h) Disponibilidade de equipamentos para controle e manutenção. Seleção preliminar de secadores segundo a forma de alimentação: Líquidos (incluindo soluções coloidais e emulsões) – Há uma grande dificuldade em manipular esta classe de produtos, e a escolha dos equipamentos, em geral, estará restrita aos seguintes: a) Spray-Dryers. Obs.: O produto de um spray-dryer terá propriedades físicas distintas dos produtos de outro secadores. Algumas vezes estas propriedades podem ser desejáveis. b) Secadores de Tambor (atmosférico ou à vácuo). c) Secador em bandeja agitada à vácuo. Outras considerações podem influenciar a escolha de um destes secadores: Î a necessidade de minimizar as perdas de produto; Î a necessidade de recuperação de solvente ou de uma atmosfera inerte, ocasião em que o secador em bandeja agitada à vácuo pode ser preferido; Î a sensibilidade do material à temperatura: neste caso a escolha pode ficar entre o secador em bandeja agitada à vácuo com um longo tempo de residência, um secador contínuo de esteira perfurada com circulação de ar cruzado com temperatura e tempo de residência moderados, um tambor com temperatura ligeiramente alta mas com um tempo de contato pequeno ou um spraydryer com alta temperatura e um tempo de contato extremamente curto. Suspensões finas e lamas – As considerações para esta matéria-prima, bem como a lista de secadores possíveis, encaixam-se perfeitamente com as de líquidos. Entretanto, há uma chance menor de obter um produto uniforme em um spray-dryer. Pastas e lodosos – Nesta classe as dimensões do sólido apresentam uma grande variação e a preocupação com a formação de pó aumenta. A escolha entre secadores em batelada e contínuo não são específicas pois as dificuldades do processo contínuo em geral competem Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma com as desvantagens do processamento em batelada. Î Em batelada: a) Em bandejas (atmosférico ou à vácuo). b) Em bandejas com agitação (atmosférico ou à vácuo). c) Rotativo (atmosférico ou à vácuo). A operação à vácuo está restrita a situações em que seja necessária a recuperação de solvente, atender a limitações de temperatura e diminuir riscos. Î Contínuo: a) Spray – quando a pasta tiver de ser atomizada; o que pode incorrer em uma trabalho experimental considerável. b) Leito fluidizado – quando houver problemas na dispersão do material. c) Em esteira perfurada com circulação de ar cruzado – este secador exigirá a préformagem na alimentação, principalmente se for necessário evitar a formação de pó. d) Pneumático (Flash) – deve-se misturar parte do produto seco à matéria úmida para facilitar a dispersão na entrada do secador. e) Rotativo direto ou indireto contínuo – deve-se misturar parte do produto seco à matéria úmida para facilitar a dispersão na entrada do secador. Em geral este tipo de produto contém partículas finas e deve-se preferir o rotativo indireto. Filmes – As considerações para esta matéria-prima, bem como a lista de secadores possíveis, encaixam-se perfeitamente com as de pastas e lodosos, exceto pela inclusão do secador vertical com bandejas rotativas, particularmente útil quando a redução de cristais é desejada. Granulares, sólidos cristalinos e préformados pequenos – Partículas de até 300μm devem ser consideradas como filmes. Para partículas acima de 300μm o uso de um secador rotativo direto é recomendado. Outro candidato é o secador contínuo de esteira perfurada com circulação de ar cruzado ou com tela vibrátil, preferencialmente para partículas maiores que 1 mm e pré-formados pequenos. Sólidos fibrosos – Estes materiais retêm uma grande quantidade de água, mas secam relativa facilidade. Mesmo quando reduzidos ou floculados são de difícil ou impossível fluidização. Estes materiais, em geral, são muito sensíveis à temperatura. Testes de secagem a diferentes temperaturas deverão determinar sua Î Kil et al. 187 sensibilidade. Afora esta observação, os sólidos fibrosos seguem as mesmas considerações de filmes, materiais granulares, sólidos cristalinos e préformados pequenos. Outros materiais não contemplados, provavelmente se enquadram nas situações a seguir: Î Secadores de pequena escala – Sob estas condições a maioria dos materiais podem ser secos em secadores de bandeja sob condições atmosféricas ou à vácuo. Î Secador - liofilizador – É um processo dispendioso e deve ser considerado somente para produtos que não suportem altas temperaturas e que tenham alto valor agregado. Secagem de sólidos de grandes dimensões e formas especiais – Materiais como cerâmicas são secos lentamente em estufas, altos fornos e câmaras aquecidas. Van’t Land (1991) Van’t Land, 1991, apresenta dois procedimentos para a seleção são formulados, um para processos em batelada e outro para processos contínuos. Para capacidades produtivas superiores a 100kg/h freqüentemente é usado um secador contínuo, mas a escolha entre o processo contínuo e batelada deve levar em conta os equipamentos que precedem e que se seguem à etapa de secagem. Questionário 3 Informações Gerais a) Capacidade de produção (kg/h). b) Umidade inicial do material. c) Dimensão da partícula. d) Curva de secagem. e) Temperatura máxima suportada pelo produto. f) Informações sobre risco de explosão (vapor/ar e pó/ar). g) Propriedades toxicológicas. h) Experiência adquirida. i) Isotermas de sorção. j) Contaminação pelo gás da queima. k) Aspectos de corrosão. l) Dados físicos relevantes sobre os materiais. 1. Critérios sobre o produto seco. a) Conteúdo de umidade. b) Dimensões da partícula. c) Densidade aparente. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 188 Seleção de secadores: fluxograma d) e) f) g) h) i) j) k) l) Comportamento de readsorsão e adsorsão. m) Tendência a aglomeração. n) Segregação do produto. Com estes dados dos questionários aplicados aos fluxogramas em batelada (figura 5) ou contínuo (figura 6), Van’t Land, 1991, desenvolve a seleção: Rigidez. Quantidade de pó. Características do fluxo. Cor. Odor. Sabor. Aparência. Dispersão. Limite de Temperatura. T ≤ 30oC Kil et al. Sim Tambor rotativo Sim Não Ocorre oxidação do material durante a secagem? Sim É necessária agitação? Sim Não Não Sim Há vapores inflamáveis? Agitação Suave? Não Secador de bandejas à vácuo Sim Agitação Média? Não Não O material pode ser seco em leito fluidizado? Sim Secador de Leito Fluidizado Secador de à vácuo c/ agitação 10min-1 Secador de à vácuo c/ agitação 75min-1 Não Sim É necessária agitação? Não Secador em bandejas estáticas. Secador de bandejas rotativas. Figura 5- Algoritmo de VAN’T LAND (1991) para a seleção de secadores em batelada Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma Sim Há solvente a ser evaporado? 189 Kil et al. Secador Condutivo com atmosfera de gás inerte Não Sim É necessária redução das partículas? Secador rotativo com discos ou Secador Flash Não Sim Dimensões das partículas de 5 a 10mm se possível pré-formada? Secador em esteira Não Sim Máxima Temperatura T ≥ 75oC Sim É necessária expansão das partículas? Não Tempo de secagem t < 10s Sim Não Não Aditivos Floculantes Spray Dryer Dimensão da partícula >0,1mm Sim Não O material pode ser seco em leito fluidizado? Sim Secador de Leito Fluidizado Não Secador condutivo com câmara rotativa ou agitação. Figura 6 - Algoritmo de VAN’T LAND (1991) para a seleção de secadores contínuos. Para complementar a seleção do secador, Va’t Land, 1991, analisa em detalhes cada opção de equipamento: 1. Em batelada. a) Secadores à vácuo – Se a temperatura máxima do produto é menor ou igual a 30oC, é recomendável a escolha de um secador à vácuo. O secador em bandejas é o mais simples, porém o produto possivelmente terá de ser quebrado para diminuir a aglomeração. Se o produto oxida durante a secagem, o uso de vácuo ou atmosfera inerte Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 190 Seleção de secadores: fluxograma deve ser considerado, ou se o solvente removido é tóxico e o equipamento tem de ser hermeticamente fechado, o secador à vácuo é a melhor opção. b) Secadores de Leito Fluidizado – Se a dimensão média da partícula é de 0,1mm ou maior a secagem em leito fluidizado deve der considerada. Gás inerte pode ser usado se houver risco de explosão. 2. Contínuo – Se é necessário recuperar o solvente evaporado, o processo contínuo não é recomendado. Isto por que o solvente tem de ser condensado e o fluxo de gás, no processo contínuo, é grande e o equipamento para a recuperação do solvente será muito caro. a) Secadores com discos – Se é necessário reduzir a dimensão da partícula, a redução e a secagem podem ser combinados com vantagem. A pulverização ajuda a secagem ao expor a umidade interna. Este tipo de secagem é usado nos casos em que o pequeno diâmetro das partículas é de grande importância para a aplicação final. b) Secagem em esteiras – É preferida quando as partículas são largas (5 a 10mm). As partículas devem estar distribuídas alternadamente e ser movidas lentamente (5mm/s) sobre uma esteira perfurada. A esteira conduz o produto à câmara de secagem onde um gás aquecido cruza transversalmente a esteira. Este tipo de secagem é preferido quando a partícula não pode ser suspensa sobre o leito. O secador deve ter um tempo de residência mínimo (cerca de 15min) para que a umidade ligada possa difundir pelo produto. c) Spray-Dryer – Pode ser usado quando se deseja converter um material fino (cerca de 15μm) para um mais espesso (cerca de 150μm). O produto filtrado é reumidificado para formar uma pasta, aditivos são acrescentados e a mistura é alimentada no secador, onde o líquido será removido. Para este tipo de equipamento a temperatura mínima de gás de entrada é 200oC e a temperatura Kil et al. de saída do produto em geral supera 75oC. d) Secador Flash (pneumático) – É um dos mais usados na indústria. Neste caso a secagem deve ser rápida (menos de 10s), a remoção da água ligada é difícil. Uma vantagem é poder combiná-lo ao transporte pneumático. e) Secadores de Leito Fluidizado – O uso do leito fluidizado é possível se a partícula é maior que 0,1mm. O uso do leito fluidizado implica o uso de grande potência nos ventiladores. Estes equipamentos permitem o uso de altas temperaturas (500 a 600oC). Alguns materiais podem requerer vibração para prevenir a aglomeração, neste caso, o equipamento não suportará temperaturas superiores a 300oC. f) Secadores combinados – Trabalhos que não podem ser realizados em leitos fluidizados ou em secadores pneumáticos, em geral, podem ser realizados em secadores condutivos (como o secador de tambor) ou convectivos (como o secador rotativo). Há casos em que a combinação do efeito condutivo e convectivo é possível. Secando líquidos, pastas e lodosos: Spray-Dryers – Podem ser escolhidos se o isolamento de um sólido pelos métodos convencionais de cristalização e separação sólido/líquido forem impossíveis ou muito complicados. Tipicamente o tamanho das partículas fica entre 50 e 200μm. O tempo de residência curto é uma vantagem para a secagem de materiais sensíveis ao calor. Secadores em tambor – Como para os spray-dryers, o tambor é recomendado se o isolamento de um sólido pelos métodos convencionais de cristalização e separação sólido/líquido forem impossíveis ou muito complicados. Pode ser combinado com vácuo para produtos sensíveis ao calor. Secadores em bandejas rotativas ou à vácuo com agitação – Devem ser considerados para a secagem em batelada de líquidos, pastas e lodosos Ao final dos procedimentos de escolha do equipamento, Van’t Land, 1991, apresenta três exemplos de seleção de secadores: 1. No primeiro exemplo é solicitada a substituição de um conjunto de secadores Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma rotativos usados na secagem de sal (NaCl). Estes secadores, contínuos, estavam obsoletos e depreciados. Em primeira instância foi escolhido um secador flash pelas seguintes razões: a) O solvente a ser evaporado é a água. b) Não era necessária alteração nas dimensões da partícula. c) A dimensão da partícula era de 0,4 mm. d) O sal inorgânico não é sensível à temperatura. e) Apenas a umidade superficial deveria ser removida. O secador foi instalado, mas não foi bem sucedido devido à formação de um pó fino indesejado (ocasionado pela alta velocidade do ar, provocando abrasão dos cristais, e pela nucleação decorrente da rápida evaporação superficial). O problema foi solucionado substituindo o secador flash por um leito fluidizado com uma velocidade do ar menor. 2. No segundo problema é preciso secar um sólido orgânico. A escolha recaiu sobre um secador em batelada pelas seguintes razões: a) A temperatura não deve ultrapassar os 40oC. b) A água é o solvente a ser removido (cerca de 25% em massa). c) O sólido não é tóxico. d) Não foi observada oxidação pelo ar. e) Há possibilidade de explosão pela formação de pó. f) O diâmetro médio da partícula é de 500μm. Testes em laboratório confirmaram a possibilidade de fluidização do material. O ar é aquecido a 40oC indiretamente por água quente. O processo é controlado pela temperatura do gás de saída. Quando atinge um determinado valor o aquecimento é desligado e o produto é resfriado por 10min. 3. No terceiro problema é preciso substituir um secador rotativo a vácuo, o produto é um composto orgânico tóxico. De 10 a 30% de umidade devem ser retirados, a temperatura máxima permitida está entre 50 e 90oC. A produção em batelada é de cerca de 1500 a 2000kg e a densidade aparente do produto é 500kg/m3. O tempo de secagem é de 20 a 40min e o volume do secador é 6800l. O equipamento escolhido para substituir o secador rotativo foi um secador (condutivo) Kil et al. 191 em cone à vácuo com um parafuso excêntrico para intensificar a mistura (agitação média). O tempo de secagem foi reduzido para 10 a 30min. Os motivos desta escolha são: a) Diminuição do tempo de secagem devido ao aumento na taxa de transferência de calor. b) Fácil manipulação do produto (carga e descarga). c) Homogeneidade do produto (o misturador impede a formação de crostas). d) Redução dos custos de manutenção. Kemp e Bahu (1995) Para escolher corretamente entre diferentes secadores é importante classificá-los corretamente e identificar claramente as diferenças essenciais entre eles. Kemp e Bahu, 1995, desenvolvem um sistema de classificação própria baseado em três critérios principais e cinco secundários: Principais 1. Modo de operação: Î Em batelada; Î Contínuo e semicontínuo. 2. Forma de alimentação do produto: Î Partículas, incluindo granulares, aglomerados e pellets; Î Filme ou lâminas; Î Blocos, placas ou pré-formado; Î Pastas, lodosos e líquidos. Obs.: A especificação do produto tem de ser precisa e pode precisar de subdivisões (flocos, compostos cristalinos ou amorfos, e etc.) 3. Modo de aquecimento: Î Condução ou contato; Î Circulação forçada ou dispersão convectiva (natural); Î Radiação (solar, infravermelho ou chama); Î Dielétrica (radiofreqüência ou microondas); Î Combinadas. Secundários 4. Pressão de operação: atmosférica ou à vácuo. 5. Modo de fluxo do gás: difuso, contracorrente, concorrente, cruzado ou combinado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 192 Seleção de secadores: fluxograma 6. Modo de fluxo de sólido: estacionário, com mistura (well-mixed), pistonado (plugflow), combinado. 7. Transporte de sólido: estacionário, mecânico, fluidizado, combinado. 8. Mistura de sólido: leito se mistura, agitação mecânica, rotativo, fluidizado. Há outros atributos menores que podem ser relevantes para definir o tipo de equipamento: Î Taxa de fluxo de massa (kgms/h) e capacidade evaporativa (kgw/h); Î Dimensões da partícula; CONTATO Faixa típica de temperatura de operação e fontes de calor; Î Capacidade para manipular sólidos adesivos e pastas; Î Dimensões físicas (volume e área útil) e custo do equipamento; Î Acessórios e tipo de manutenção requerida (número e partes móveis); Î Adequação no fluxo de processamento e contenção (sistema aberto ou fechado). Nas figuras 7 e 8 estão apresentados os principais tipos de secadores classificados segundo a forma de aquecimento. Î CONVECTIVO Leito Bandeja / Forno Cone Duplo Cônico Tacho aberto Horizontal com agitação Î Filtro secador Î Î Î Î Î Kil et al. Î Î Î Circulação forçada Bandeja perfurada Estufa ou câmara de secagem OUTROS Disperso Î Î Î Î Î Leito Fluidizado Liofilizador Radiofreqüência Microondas Solar Figura 7: Classificação de secadores em batelada CONTATO CONVECTIVO Leito Bandeja Esteira Rotativo indireto Horizontal com agitação Î Filme Î Tambor Î Î Î Î Î Î Î Î Î Î Leito móvel Rotativo com respiradouro Esteira perfurada Extrusão Bandeja rotativa Túnel OUTROS Disperso Î Î Î Î Î Leito Fluidizado Rotativo em cascata Pneumático Leito de jorro Spray-Dryer Túnel de Infravermelho Î Radiofreqüência Î Microondas Î Solar Î Figura 8: Classificação de secadores contínuos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma Os fatores que regem a seleção de secadores podem ser apresentados de duas formas: Com base no equipamento – Os secadores são classificados usando os critérios anteriores permitindo o desenvolvimento de uma árvore em que os desdobramentos conduzem aos diferentes tipos de secadores e seus sub–tipos. Com base no produto – É dado segundo a forma de manipulação das características da matéria-prima: viscosidade, cinética de secagem, etc.; podendo incluir detalhes do processo como fluxo e umidade do material. Cada característica traz um impacto diferente sobre os equipamentos. O seqüenciamento desenvolvido por Kemp e Bahu, 1995, baseia-se no equipamento e segue a classificação proposta anteriormente. Ainda assim, é necessário analisar o efeito do material e os parâmetros de processo em cada Kil et al. 193 opção estudada. Com este objetivo, um sistema de regras (com mais de 50 regras) foi desenvolvido compreendendo aspectos como dimensões da partícula, umidades inicial e final, fluxo de material etc. O algoritmo de busca é desenvolvido em cinco passos: 1o Passo – Definir o problema e obter os dados relevantes. 2o Passo – Escolha básica (formato, modo de aquecimento e operação). 3o Passo – Escolha dos tipos adequados (listar os secadores a serem dimensionados). 4o Passo – Sub–tipos e refinamentos (detalhamento e peculiaridades). 5o Passo – Análise das opções e escolha final. A figura 9 apresenta a estrutura de busca e a figura 10 mostra o resultado típico de uma busca. A cada ponto, a regra definirá se um equipamento é bom, inaceitável ou questionável. Os ditos inaceitáveis podem ser eliminados ou, se forem considerados, deverão obter uma pontuação pífia frente aos equipamentos mais adequados. Figura 9: Estrutura de busca Em muitos casos a regra pode tornar um secador indesejável, mas não proibitivo. Deste modo a eliminação é inadequada, pois poderá descartar prematuramente um equipamento não refletindo a complexidade do problema. Para que isto seja possível, cada regra deverá gerar um fator de mérito (ou pontuação) para o equipamento. Ao final do algoritmo as possíveis escolhas são ordenadas segundo o Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 194 Seleção de secadores: fluxograma mérito. As maiores pontuações são escolhidas e as menores são rejeitadas. Kemp e Bahu, 1995, detalham cada passo dos estágios de seleção sem especificar as regras utilizadas no algoritmo. no fluxograma de processo, outros na literatura e em tabela ou catálogos. Outros dados podem ser obtidos experimentalmente em escala laboratorial. Invariavelmente haverá lacunas nas informações e a seleção deve ser capaz de lidar com este problema. As informações podem ser obtidas quantitativa ou qualitativamente – a adesividade, por exemplo, poderá ser dada como uma medida de força de coesão ou pela “impressão” de que o material é difícil de manipular. 1o Passo – Definir o problema e obter os dados relevantes. Dados relevantes sobre o material e sobre o processo muitas vezes são muito variados e de difícil acesso. Alguns podem ser encontrados INÍCIO 1o Passo 2o Passo 9 3o Passo ? 4o Passo X 5o Passo Kil et al. ? 9 X X X ? ? 9 0,8 1,0 9 9 9 X X 9 ? 9 X X ? X 9 ? 9 0,5 0,4 0,1 9 – bom 0,6 0,8 9 ? 9 ? ? X ? 9 0,7 0,5 X – inaceitável 0,3 0,8 0,7 X X ? X 9 X ? 9 ? 0,9 0,5 0,2 ? – questionável Figura 10 - Seqüência típica de busca. Alguns itens acerca do produto deveriam ser conhecidos para a preparação do fluxograma de processo: Forma de alimentação do produto (pasta, pó, lâminas, etc.): Identificar o solvente a ser removido e o gás de secagem e suas propriedades físicas; Taxa de produção desejada; Umidade de entrada e saída e final do produto; variação aceitável e níveis de impureza; Dimensões das partículas, forma e propriedades físicas; Itens de processamento anteriores e posteriores ao secador. Alguns testes em escala laboratorial podem ser realizados determinando propriedades físicas, térmicas e mecânicas do material, entre elas: Cinética de secagem (taxas de secagem, velocidades do gás, temperatura, etc.); Umidade de equilíbrio; Exame ao microscópio (propriedades superficiais, aglomeração); Evaporador laboratorial (superaquecimento, adesão); Tambor rotativo (atrito e formação de pó); Bancada de aquecimento (decomposição térmica); Coesão / adesão (manuseio, efeito da umidade na adesão). Obs.: Outros testes podem ser incluídos como o de fluidização. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma 2o Passo – Escolha básica (formato, modo de aquecimento e operação). Quatro decisões principais podem ser feitas limitando as opções de busca rapidamente: Forma de alimentação do produto, incluindo possibilidades de alteração no produto; Operação em batelada ou contínuo; Forma de aquecimento (contato, convectivo ou outro método); Se um secador de dois ou mais estágios é considerado como uma única peça. Forma de alimentação do produto: A maioria dos secadores pode lidar com particulados, mas só alguns podem lidar com pastas, lâminas e placas. Assim, para uma dada alimentação muitas opções podem ser eliminadas. Entretanto, a alteração do material antes da alimentação ou o pós-processamento devem ser considerados e podem aumentar o número de alternativas. Uma pasta viscosa, por exemplo, pode ser misturada com material seco, extrusada ou pré-formada. As especificações do produto afetam fortemente a escolha do secador. Por exemplo, um produto em flocos é imediatamente obtido de um secador em tambor, enquanto um produto aglomerado, altamente poroso de baixa densidade é freqüentemente produzido em spray-dryers. Outras especificações do produto como a retenção de aroma ou de outros componentes dominam a escolha do secador. Há situações em que o liofilizador é favorecido apesar do alto investimento e custo operacional. Operação em batelada ou contínuo. Secadores em batelada tendem a ser menores e são mais laboriosos pois cada batelada tem de ser carregada e descarregada. São favorecidos por taxas de produção pequenas, longos tempos de residência, outros equipamentos em batelada antes ou depois do secador ou necessidades de controle estrito. O secador contínuo é favorecido pelas condições, obviamente, contrárias a estas. Cada uma destas condições pode ser analisada isoladamente ou em conjunto. Em geral, secadores em batelada dificilmente são adequados para produção acima de 1000kg/h, enquanto os contínuos raramente são utilizados para produção abaixo de 50kg/h. Kil et al. 195 Forma de aquecimento. A escolha da forma de aquecimento é complexa. As mais utilizadas são as condutivas e convectivas. Secadores convectivos usam um fluxo maior de gás e alcançam taxas de transferência de calor mais altas. Logo, estes secadores conseguem secar mais rapidamente, especialmente nos estágios iniciais de secagem, a perda de calor, porém, é alta. Se ele requer isolamento térmico ou contenção dos gases aquecidos o secador condutivo é favorecido. Quando há limitações de temperatura o secadores condutivos à vácuo são a melhor escolha. Contrariamente secadores convectivos são mais adequados à altas temperaturas. A taxa de produção também tem um efeito importante. Secadores convectivos podem facilmente lidar com altos fluxos de sólidos em comparação aos condutivos, embora haja exceções como os secadores de leito deslizante e algumas unidades de fluxo cruzado. As outras formas de aquecimento são mais especializadas. O custo em geral é muito mais alto que o das formas anteriores de aquecimento e o aproveitamento (conversão) energética é muito inferior. Se um secador de dois ou mais estágios é considerado como uma única peça. Dois secadores com características diferentes podem ser usados em série. Isto é mais freqüente, quando a cinética de secagem e a forma de manipulação do material mudam claramente ao longo do processo. Um exemplo deste primeiro caso é um secador pneumático que secaria um particulado até o ponto critico e em seguida seria transferido para um secador de bandejas com um tempo de residência longo. Um exemplo do segundo caso é um leito fluidizado com um estágio bem misturado e outro estágio pistonado, a transição é feita no momento em que o sólido fluidizado escapa do leito. O algoritmo pode lidar com estas situações equacionando cada estágio em separado e somando, em seguida, os resultados. 3o Passo – Escolha dos tipos adequados (listar os secadores a serem dimensionados). Neste passo um grande número de secadores provavelmente será considerado adequado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 196 Seleção de secadores: fluxograma Usualmente, não é possível afirmar que um secador nunca poderá ser utilizado, mas certamente será possível dizer se um secador é mais ou menos adequado. A decisão final de prosseguir ou não com determinado equipamento deveria ser deixada para o usuário. O objetivo desta etapa é definir um critério de pontuação para os secadores que não tenham sido eliminados no estágio anterior. Neste estágio as características do material e do processo são comparadas com a capacidade de cada secador se adaptar a estas condições. Um dimensionamento pode ser feito para descobrir condições de saída do material, tempo de residência, dimensões e custo. Com a dimensão aproximada, uma avaliação do custo poderá ser feita (Capítulo 3). Esta informação permitirá excluir secadores excessivamente grandes, caros ou inadequados. 4o Passo – Sub–tipos e refinamentos (detalhamento e peculiaridades) O princípio deste estágio é idêntico ao do estágio anterior, porém um número maior de detalhes são considerados. Cada equipamento selecionado no passo anterior possui sub–tipos. Por exemplo, há diversos tipos de agitadores para secadores em bandejas com agitação, alguns com aquecimento e outros não, o fluxo de massa e a faixa de adesividade com o qual o secador será capaz de lidar são variados. Nesta etapa, refinamentos como a recirculação de gás poderá ser considerada. 5o Passo – Análise das opções e escolha final As decisões decorrentes das considerações anteriores são apresentadas nesta etapa, alguns aspectos devem ser considerados: Destacar dois ou três dos secadores mais adequados. Indicar a vantagem e a desvantagem de cada escolha. Sugerir outras conformações e refinamentos que sejam benéficos ao secador. Kil et al. Certamente o parâmetro final de escolha estará baseado no custo. Devem ser indicados tanto os custos de instalação como os de operação e manutenção. É necessário que seja assinalado ao usuário que a avaliação dos custos é pouco precisa. Portanto, recomenda-se que cada equipamento selecionado deva ser orçado com precisão. Só então seu custo poderá configurar como um parâmetro preciso de escolha. Matasov, Menshutina e Kudra (1998) Ainda que a seleção e dimensionamento de secadores tenha atingido um estágio avançado de desenvolvimento, a seleção de secadores ainda é uma tarefa desafiadora, especialmente devido às várias opções em que se pode desenvolver o processo de secagem, os modelos disponíveis no mercado e as modificações de projeto. Há uma diversidade de algoritmos para a seleção de secadores, mas há poucos aplicativos que manipulem a enormidade de informações disponíveis na área de secagem. Matasov, Mensutina e Kudra, 1998, apresentam um aplicativo que permita o rápido acesso à estas informações guiando o usuário no processo de escolha do equipamento. A estrutura geral do sistema DryInf é apresentada na figura V.11 e consiste de cinco módulos: 1. Pré-seleção do tipo de secador com base no sistema especialista. 2. Análise econômica do secador e do processo de secagem. 3. Biblioteca de cálculo e procedimentos de dimensionamento, incluindo cinética de secagem, configuração do secador e dinâmica dos fluidos. 4. Gerenciamento das informações, representação gráfica, manipulação dos dados e outros usos. 5. Base de dados do sistema especialista. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma 1. Pré-seleção do secador Análise das propriedades do material úmido Base de dados do material 197 Kil et al. DryInf 5. Base de dados do sistema especialista 4. Manipulação dos dados Base de dados dos fabricantes de secadores SISTEMA ESPECIALISTA Informação gráfica e características do secador 2. Análise econômica 3. Biblioteca de cálculo e projeto Seleção final do secador Figura 11- Estrutura do sistema de informação DryInf (Matasov, Menshutina e Kudra, 1998). Baker & Labadibi (1998) Sistemas especialistas baseiam-se em um conjunto de regras para efetuar a seleção de secadores. Em geral estas regras são quantitativas e inflexíveis. Kemp e Bahu, 1995, desenvolveram um sistema que tem sido extensivamente testado. Combinar a lógica difusa com um sistema especialista resulta em um sistema flexível em que as variáveis de seleção são apresentadas como variáveis lingüísticas (ex.: temperatura = {alta, baixa, muito baixa}), em lugar de seus correspondentes numéricos. Internamente o sistema especialista transforma a informação em uma representação difusa, efetua o processo de decisão e, finalmente, converte o resultado em um formato lingüístico. A Figura 12 apresenta um procedimento para seleção de secadores descrito por Baker (apud: Baker e Labadibi, 1998). O procedimento envolve seis passos: 1. Descrever as especificações de processo. 2. Fazer uma pré-seleção. 3. Conduzir testes em escala laboratorial para verificar a adequação. 4. Realizar uma comparação econômica das alternativas. 5. Conduzir novos testes em maior escala para confirmar a decisão. 6. Fazer a escolha final do equipamento mais apropriado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 198 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. Início Descrever as especificações de processo Fazer uma pré-seleção. nenhuma opção adequada Conduzir testes em escala laboratorial para verificar a adequação. múltiplas opções Realizar uma comparação econômica das alternativas. uma única opção múltiplas opções uma única opção Conduzir novos testes em maior escala para confirmar a decisão. nenhuma opção adequada uma única opção Fazer a escolha final do equipamento mais apropriado. Figura 12 - Fluxograma de seleção de secadores Lógica difusa No campo da inteligência artificial, há várias formas de representar o conhecimento. Talvez a mais comum seja a forma natural da linguagem dada pela expressão: SE condição (causa) ENTÃO conclusão (conseqüência) A essa expressão referimo-nos de SEENTÃO (IF-THEN). Ela tipicamente expressa uma inferência tal que SE conhecemos um fato (condição, causa ou hipótese), ENTÃO podemos inferir um outro fato (este chamado de conclusão, conseqüência ou tese). Esta regra está associada com certos parâmetros representando o grau de confiança na tomada de decisão quando a condição é satisfeita. Esta forma de conhecimento é bem próxima ao conhecimento humano. Porém, em alguns casos práticos a satisfação das restrições que compõe a condição não podem ser representadas por valores estritamente booleanos (verdadeiro e falso), por que a relação entre os dados e a condição podem ser parciais. Por isso é necessário estender essa relação. A lógica difusa é capaz de lidar com condições mal definidas, vagas ou que contenham termos imprecisos elevando o grau de confiança associado às decisões. A lógica difusa permite a transição gradual entre o não pertencer ‘0’ e pertencer ‘1’. Assim, uma função de conjunto ‘μ’ pode ser definida para cada elemento, variando entre 0 e 1, refletindo o grau de relacionamento do elemento com o conjunto. O sistema que use a lógica difusa assume a forma do modelo lingüístico e estabelece funções de conjunto para atuarem como condição. Isto permite que as variáveis sejam expressas como funções lingüísticas (grande, médio, pequeno, muito pequeno). Para cada elemento, então, a função conjunto especifica a relação entre o valor Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma 199 Kil et al. processo decisório). A primeira etapa na construção de um sistema especialista é a coleta de dados e sua formalização para que eles possam ser utilizados pelo gerenciador de informações. O conhecimento adquirido é organizado hierarquicamente de forma que os nós finais são os tipos de secadores e os nós intermediários são as variáveis de decisões (Figura 13). numérico da variável e sua correspondente variável lingüística. A lógica difusa aplicada ao processo de seleção Os componentes principais de um sistema especialista são a base de dados e o gerenciador de informações (responsável pelo D imensões da partícula Pequena Partícula livre M édia Grande Aderente Baixa umidade e/ou sensível à temperatura Sim Não Fluxo de sólidos Pequeno Grande Secador de bandejas Figura 13 - Fluxograma de seleção de secadores O próximo passo, antes de converter as informações obtidas para o formato SEENTÃO, é formular o modelo de lógica difusa que será usado no processo decisório. Seis variáveis foram selecionadas para a difusão: o fluxo de sólidos, o conteúdo de umidade, a sensibilidade à temperatura, o diâmetro médio da partícula, a coesividade e a fragilidade. Os termos lingüísticos e as funções de conjunto de quatro destas variáveis estão na figura 14. É preciso lembrar que a formulação das funçõesconjunto dependem integralmente da experiência. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 200 Seleção de secadores: fluxograma Kil et al. 1 μ1 B A IX O M É D IO A LTO 0 50 100 500 F lu x o e só lid o s ( k g m s / h ) 700 1 μ2 M U IT O B A IX O B A IX O 0 1 ,5 3 ,0 4 ,0 C o n t e ú d o d e u m id a d e ( k g w /k g m s ) 1 μ3 M U IT O S E N S ÍV E L POUCO S E N S ÍV E L S E N S ÍV E L 0 5 10 50 70 S e n s ib ilid a d e à t e m p e r a t u r a o C 1 μ4 M U IT O F IN A GROSSA F IN A M U IT O GRO SSA 0 0 ,1 0 ,2 1 ,0 1 ,5 3 ,0 4 ,0 D iâ m e t r o d a p a rt íc u la ( m m ) 10 Figura 14: Função de conjunto das variáveis lingüísticas CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS Embora estes autores desenvolvam seleção de secadores de um modo próprio, identifica-se uma linha geral no procedimento de escolha do equipamento, que pode ser resumida como referentes aos tópicos relacionados ao conhecimento de equipamento e de processos, conforme o fluxograma apresentado pelo Keey,1978, (Figura 15). Como pode ser observado existe mais de um tipo de secador adequado para um determinado produto, assim o conhecimento prático do projetista é imprescindível para a escolha de um secador que seja capaz de atingir as propriedades desejadas no produto final. Portanto, normalmente os trabalhos de dimensionamento dos secadores na bibliografia são específicos para cada produto vinculado aos processos e/ou equipamentos, conforme podem ser notados pelos trabalhos apresentados por: Papagiannes, 1992, Kiranoudis, aroulis e Marinos-Kouris, 1996, Rodriguez, e Courtois, 1996 (a e b), Arinze et al, 1996 (a e b), Kiranoudis et al., 1997, Kemp, 1998, Pelegrina, Elustondo e Urbican, 1998, Bennamoun e Belhamri, 2003, Baker et al., 2006, Ortega et al., 2007, Best et al., 2007 e Carsky, 2007. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.9, n.2, p.179-202, 2007 Seleção de secadores: fluxograma 201 Kil et al. PROJETANDO UM SECADOR Coleta de informações Conhecimento dos materiais Não Sim Conhecimento do equipamento Experiências Isotermas de sorção Informações sobre o material, o equipamento e o processo Cinética de secagem Não Sim Conhecimento do processo Não Testes Balanços Sim Tempo de residência Comportamento dinâmico Dimensões principais CUSTOS OTIMIZANDO UM SECADOR Fonte: Keey, 1978 Figura 15 - Fluxograma para o projeto de secadores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Arinze, E.A.; Sokhansanj, S.; Schoenau, G.J.; Trauttmansdorff, F.G. Experimental Evaluation, Simulation and Optimization of a Commercial Heated-Air Batch Hay Drier : Part 1, Drier Functional Performance , Product Quality , and Economic Analysis of Drying. J. agric . Engng Res. v.63, p.301-314, 1996.a. Arinze, E.A.; Sokhansanj, S.; Schoenau, G.J.; Trauttmansdorff, F.G. 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Artigos Científicos: deverão ter a seguinte seqüência: Título, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos (facultativo) e Referências Bibliográficas. Artigos Técnicos: Devem ser redigidos em linguagem técnica de fácil compreensão, sobre assuntos de interesse da comunidade que demonstrem uma contribuição significativa sobre o assunto. Os artigos devem conter: Titulo, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Descrição do Assunto, Conclusões e Referências Bibliográficas. Texto: A composição dos textos deverão ser feitas no Editor de texto - Word para Windows versão 6.0 ou superior, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 11, exceto para as notas de rodapé e título, que deverão apresentar tamanho 8 e 12, respectivamente. O formato do texto deverá ter a seguinte disposição - tamanho carta, orientação de retrato disposto em duas colunas, margens superior e inferior, direita e esquerda de 2,5 cm, numeradas, espaço simples e no máximo de 20 laudas. Todos os itens deverão estar em letra maiúscula, negrito, itálico e centralizados, exceto as Palavras-chave e Keywords e Subítens que deverão ser alinhados a esquerda em letras minúsculas e com a primeira letra em maiúscula. Os nomes dos autores deverão estar dois espaços simples abaixo do título, escritos por extenso e em negrito, separados por vírgula. Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. 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In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE DESTILAÇÃO NA ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE AGUARDENTE DE CANA-DE-AÇÚCAR (Evaluation of the influence of distillation rate on the physico-chemical cherectrstics of sugar cane spirit ) Hermeval Jales Dantas, Francisco de Assis Vilar, Flavio Luiz Honorato da Silva, Adriano Santana Silva ARMAZENAMENTO DE PIMENTÃO EM PÓ EM EMBALAGEM DE POLIETILENO (Storage of green pepper powder in polyethylene bags.) Daniely Medeiros Arlindo, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueiredo APLICAÇÃO DO SPECKLE DINÂMICO NA ANÁLISE DE SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L)(Application of dynamic speckle in analyses bean seeds (Phaseolus vulgaris L)) Silvestre Rodrigues, Roberto Alves Braga Júnior, Giovanni Francisco Rabelo, Inacio Maria Dal Fabbro, Adilson Machado Enes ALTERAÇÃO DA COR DA CARNE DE MAPARÁ (HYPOPHTHALMUS EDENTATUS) DESIDRATADA OSMOTICAMENTE E SECA (Color change of the mapará (Hypophthalmus edentatus) meat dehydrated osmotically and dried ) Suezilde da C. A. Ribeiro, Carmelita de F. A. Ribeiro, Kil Jin Park, Eder A.F. Araujo, Satoshi Tobinaga EMPREGO DO BAGAÇO SECO DO PEDÚNCULO DO CAJU PARA POSTERIOR UTILIZAÇÃO EM UM PROCESSO DE FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA (Use of dry bagasse of cashew peduncle to be utilized in solid-state fermetnation) Siumara Rodrigues Alcântara, Francisco de Assis Cardoso de Almeida, Flávio Luiz Honorato da Silva SECAGEM E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BANANA DA TERRA (Drying and evaluation sensorial of banana of the earth) Silvania Farias Oliveira Pontes, Renata Cristina Ferreira Bonomo, Leonardo Vieira Pontes, Angélica da Costa Ribeiro, Joel Camilo Souza Carneiro AVALIAÇÃO COMPARADA DOS ÍNDICES QUÍMICOS NITROGÊNIO E FÓSFORO NAS PORÇÕES MORFOLÓGICAS DAS ESPÉCIMES DE FAVELEIRA COM E SEM ESPINHOS (Cnidoscolus quercifolius) (Compared evaluation of the indexes chemical nitrogen and match in the morphologic portions of the specimens of faveleira with and without thorns (Cnidoscolus Quercifolius)) Normando Mendes Ribeiro Filho, Vinícius Patrício da Silva Caldeira, Isanna Menezes Florêncio, Danilton de Oliveira Azevedo, José Pires Dantas SECAGEM PRECEDIDA DE DESIDRATAÇÃO OSMOTICA DE PSEUDOFRUTO DE CAJU: COMPARAÇÃO ENTRE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS (Drying preceded of osmotic dehydration of cashew's pseudo fruit:comparison being the mathematical models applied) Luciana Façanha Marques, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Leila de Sousa Nunes, Ticiana Leite Costa, Priscila Beserra de Santana Costa, Sible Thais Gimarães Duarte INFLUÊNCIA DO TIPO DE PAVIMENTO NA SECAGEM DE CLONES DE CAFÉ (Coffea canephora Pierre) EM TERREIROS DE CONCRETO E CHÃO BATIDO (Influence of pavement type in coffee berry clones drying (coffea canephora pierre) in concrete and ground yards) Osvaldo Resende, Renan Vieira Arcanjo, Valdiney Cambuy Siqueira, Silvestre Rodrigues, Adrieli Nagila Kester, Poliana Perrut De Lima SELEÇÃO DE SECADORES: FLUXOGRAMA (Dryer selection: flowsheet) Kil Jin Brandini Park, Luís Felipe Toro Alonso, Félix Emilio Prado Cornejo, Inácio Maria Dal Fabbro, Kil Jin Park