- Agir e Calar

Transcrição

- Agir e Calar
CONGREGAÇÃO DE SÃO JOSÉ
JOSEFINOS DE MURIALDO
Ano XXXVII - Nº 1 - Edição 101
Junho de 2011
Festival Nacional
da Canção Murialdina
Entrevista:
Ir. Augusto Rossi
O Segredo
da Felicidade
PE. CELMO LAZZARI
é ordenado bispo e assume no Equador
50 Anos do Colégio Murialdo POA
Entrevista
Ir. Augusto Rossi
Cotidiano
Editorial
A VIDA É CHEIA DE OPORTUNDADES
De forma diferente, todos procuram a felicidade,
de preferência sem muito esforço e de forma rápida. Não
faltam propostas. Quase todas são enganadoras.
Aumentam as crenças, filosofias, organizações e até
igrejas que garantem prosperidade econômica, bem estar
e felicidade aqui e agora. Fala-se que o mundo é dos
espertos que sabem aproveitar as oportunidades. O brilho
da estrela guia do consumismo que sinaliza que a felicidade
é logo ali, provoca correria às academias e aos institutos de beleza que
prometem moldar e esculpir um corpo angelical, às concessionárias e
os shopping que oferecem o objeto de desejo (carro, celular, roupa) que
prometem preencher o vazio da casa, da garagem e, sobretudo do
coração humano.
No entanto, não obstante tantas oportunidades, percebe-se que
a maioria dessas oportunidades são ameaças porque não tornam as
pessoas e organizações mais felizes. Ao contrário, não poucas vezes,
tantas “compras” são como que caixas erguidas uma sobre a outra,
formando uma muralha que escondem a felicidade e aumentam a
violência, a depressão, o cansaço, o bullying e o vazio, “ninguém pode
servir a dois senhores”.
Mas, então qual é o segredo da felicidade e o caminho a percorrer
para encontrá-la? É o Evangelho das bem-aventuranças, aprendido
na escola de Jesus, “eu sou o caminho”; a mística é o motor que move,
anima, sustenta a caminhada; a família, maior célula viva da sociedade,
é a primeira escola onde se ensina a caminhar nesta estrada; e a Igreja
em células é um dos grandes meios para anunciar a boa notícia de
Jesus, “ide anunciar”.
Caro leitor! Tome esta revista em suas mãos. Nela você terá a
oportunidade de aprofundar os temas anteriormente referidos; conhecerá
alguém que aprendeu a arte de fazer amigos e um grupo de jovens que
descobriu que somente a Deus vale a pena doar a vida. Não deixe de
ler também as conclusões do ano vocacional e o elenco das músicas
vencedores do Festival Nacional da Canção Murialdina.
A vida é cheia de oportunidades, porém a verdadeira oportunidade
é a que nos move em direção aos outros, com o coração misericordioso
e solidário, essas são as oportunidades que nos tornam felizes.
Venha conosco, precisamos continuamente soprar as brasas para
reavivar a chama do bem e combater as ameaças da uma vida fácil e
enganadora, próprias da geração líquida, “eis que estou convosco”.
Fazer o bem e fazê-lo bem.
Pe. Raimundo Pauletti
Provincial
Revista da Província Brasileira
Josefinos de Murialdo
Revisão
Caren E. Isotton e Bernardete Chiesa
Ano XXXVII - Edição 101 - Número 1
Junho de 2011
Editoração, Pré-impressão(CTP) e Impressão
Gráfica Murialdo
[email protected]
Fone: (54) 3221.1422
Provincial
Pe. Raimundo Pauletti
Equipe Técnica
Pe. Joacir Della Giustina
Pe. Marcionei M. da Silva
Nosso Endereço
Casa Provincial - Rua Hércules Galló, 515
Centro - 95020.330 - Caxias do Sul (RS)
Fone: (54) 3221.4711
www.josefinosdemurialdo.com.br
Jornalista Responsável
Bernardete Chiesa - MTb 10187
Atendimento ao Leitor
[email protected]
Projeto Gráfico
Júlio César Rodrigues
Bernardete Chiesa
Tiragem
2.500 exemplares
V Festival da Canção Murialdina
Células de Evangelização
Da catedral a selva
Josefinos têm novo sacerdote
Medidas Socioeducativas
Stop Bullying
Ano Vocacional Murialdo
Capa
Mística, o motor que move
Formação
Na escola de Jesus
A família hoje
O segredo da felicidade
É bom estarmos aqui
Marcas do que se foi
Causas de Beatificação
Ponto de Vista
Sustentabilidade
E agora José?
Notícias
Andrew Dumbya é ordenado sacerdote
Novos diáconos Josefinos
Sete jovens ingressam ao Noviciado
Seminário da Criança e do Adolescente
ANALAM realiza Congresso-Assembleia
Conferência Interprovincial
Pe. Marcionei lança CD
Colégios lançam Guia da Família
Na Casa do Pai - Pe. José Perona
Dicas
Dica de filme
Dica de livro
Curiosidades
Radioatividade
Reflexão
Parábola da vaquinha
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O conteúdo dos artigos publicados são de
inteira responsabilidade de seus autores.
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Foto: Bernardete Chiesa
Ir. Augusto Rossi,
um trabalhador incansável
Ir. Augusto Rossi
Amante da vida e da causa dos pobres
Ir. Augusto Rossi, 82, religioso Josefino, natural de Caxias do Sul é o entrevistado desta edição do
Agir&Calar. Amante da vida, com um círculo de amizade bem amplo, ele conta sua experiência de vida,
trabalho, estudo, oração... Disse à Equipe de Redação que a vida de oração é um grande segredo para
ser feliz. “Uma pessoa espiritualizada tem mais facilidade para vencer obstáculos. Além disso, também
quero dizer que sou uma pessoa apaixonada pelo viver.”
A&C: Fale sobre seu nascimento, sua família, local, etc...
Nasci em 5ª Légua, Santa Corona,
cerca de 4 Km do centro da Cidade de
Caxias do Sul, era o dia 1º de dezembro
de 1928. Sou filho de João Baptista
Rossi e Maria Madalosso, das segundas
núpcias de meu pai. Somos em 6
irmãos. Sou o 5º filho e gêmeo com
Francisco. Quando eu tinha 41 dias de
vida, meu pai veio a falecer acidentalmente. Mais tarde, depois de adulto,
encontrei Socondo Isotton, o homicida
involuntário, o qual perdoei pela morte
de meu pai em nome de todos os irmãos.
Quando me despedi, ele disse: “esta eu
nunca esperava”. Vivíamos na colônia.
4
Estudei no Grupo Escolar em Santa
Corona, sendo que, em 1935 fiz o 1º
ano. No período em que morei na casa
do tio Carlos Rossi, perto de Ana Rech,
estudava na Escola Daltro Filho, em
Santo Anselmo, a 2 Km de minha casa.
Meus pais trabalhavam com parreiral e
coisas da colônia.
A&C: Como ficou conhecendo
os Josefinos?
Minha mãe faleceu em 3 de abril
em 1936, quando tinha pouco mais de
7 anos. Com isso, fui morar na casa do
meu tio Carlos Rossi. Eu perguntava
onde era a Igreja, pois queria ir à missa
e ao catecismo. Na catequese da
ENTREVISTA
com Ir. Augusto Rossi
Paróquia de Ana Rech, tinha o Ir.
Angelo Argenta e o Fr. Cornélio
Todesco, catequistas e Josefinos de
Murialdo. Conheci os Josefinos dessa
forma.
Fiz minha primeira comunhão
em 9 de outubro de 1938, na Paróquia
de N. Sra. De Caravaggio, de Ana
Rech. Nesse mesmo ano, um mês
depois, assisti a primeira ordenação
de um Josefino. Era o italiano, Antonio
Rech que viera ainda jovem e terminara
seus estudos de Teologia em São
Leopoldo, junto aos Jesuítas.
fino?
A&C: Por que quis ser Jose-
Eu era um menino de 11 anos e
costumava ajudar o Ir. Angelo nas lidas
da roça, parreirais e animais. O Colégio
Murialdo de Ana Rech se mantinha
através das atividades agropecuárias.
Então, comecei a gostar e admirar o
trabalho dos Josefinos vendo e acompanhando o que eles faziam.
Em 31 de agosto de 1941, com
menos de 12 anos, entrei no Convento
“Della Santissima Trinita”. Lembro que
foi às 15h30min. Não esqueci porque
era um sábado quando, às 16 horas,
sempre tocava o sino anunciando que
haveria missa no domingo.
A&C: Por que não ser padre,
e sim, irmão?
Naquela época já me imaginava
mais preparado, mais apto ou com mais
desejo de estar a serviço dos superiores. Então, no dia 2 de fevereiro de
1942 fui para o Seminário de Fazenda
Souza, recebido pelo Pe. João Schiavo,
cuja causa de beatificação está
tramitando em Roma. Naquele mesmo
ano, fiz o curso preparatório ao alcance
de todos. Em 1943 estaria entrando na
primeira série do ginasial, quando
acabei adoecendo e tive de parar de
estudar. Ajudava na horta, na cozinha
e na farmácia do Seminário. Também
cuidava da limpeza do quarto do Pe.
João Schiavo. Muitos dos objetos
pessoais dele, eu os conheci e hoje se
encontram no museu das Irmãs Murialdinas, em Fazenda Souza. Lá estão,
inclusive, três boletins de meu desempenho escolar, assinados pelo Pe. João
Schiavo, em 1943.
A&C: Onde o senhor exerceu
seu apostolado?
Comecei em 1950 no Abrigo de
Menores São José, atual Centro
Técnico Social em Caxias do Sul, fundado em 1947. Ali trabalhava no setor
de limpeza e manutenção geral.
Estávamos implantando a Gráfica.
Iniciei trabalhando com a Ir. Andrea
Foglia e ensinávamos as artes gráficas
aos meninos internos, preparando-os
para o futuro. A Gráfica do Abrigo formou grandes profissionais que atuam
na cidade e região, sempre com excelentes referências para a instituição.
Foram os piores anos do Abrigo porque
faltava de tudo e tínhamos iniciado as
obras do Colégio com 4 andares nos
anos de 1955 e 1956, precisamos pedir
ajuda nas casas de Caxias, Galópolis
e Flores da Cunha.
A gente precisa se
interessar e se dedicar
com mais ênfase, de
coração, à causa da
evangelização
Do Abrigo fui transferido para
Porto Alegre, na Obra Social de São
José de Murialdo, em 1º de março de
1957. Lá ajudei na abertura de uma
nova gráfica da Congregação, e tive
orgulho de ensinar o Caco Barcellos
(jornalista e repórter da Rede Globo)
na encadernação dos livros “ouro”. Fiz
o curso de Enfermagem e de Técnico
em Contabilidade. Em Porto Alegre,
fiquei por 12 anos e em 2 de março de
1969, fui transferido para Araranguá SC. Trabalhei como tesoureiro do
Colégio por 27 anos, dos 36 que lá
permaneci. Interessante foi que, depois
de 10 anos, a fiscalização do INSS,
realizou uma auditoria geral na contabilidade do Colégio, não encontrando
nenhuma falha ou erro. Recebi
parabéns duas vezes: primeiro, por
causa da organização e em segundo
lugar, porque em 10 anos não havia
engano ou diferença de nenhum
centavo. Em 20 de março de 2005 vim
para a Casa Provincial, em Caxias do
Sul, onde sou arquivista, bibliotecário
e gráfico com autorização e reconhecimento do MEC.
A&C: Qual foi a experiência de
apostolado que mais lhe marcou?
O apostolado que mais marcou
minha vida foi o período que passei
em Araranguá, como tesoureiro do
Colégio Nossa Senhora Mãe dos
Homens, depois de ter concluído, nesse
mesmo Colégio, o curso de Técnico
em Contabilidade. Além desse trabalho,
também pude exercer as funções de
arquivista e repógrafo do colégio e da
província (como a revista “Agir & Calar”). Nos finais de semana exercia a
função de Ministro da Palavra e da
Eucaristia em comunidades carentes.
Também atendia aos pobres que
procuravam pelo Colégio. Junto ao
governo estadual, especialmente na
Secretaria da Educação, buscava recursos e formas que pudessem incluir
crianças pobres no Colégio.
A&C: Em Porto Alegre, o que
o senhor fez mesmo?
Em Porto Alegre pude me dedicar, antes de tudo, aos meus estudos.
Fiz o antigo ginásio e depois iniciei o
curso de Técnico em Contabilidade,
isto no ano de 1966. Também fiz três
cursos de enfermagem. Lembro que
todo mundo queria fazer as injeções
comigo porque elas doíam menos.
Na obra “São José de Murialdo”,
no bairro Partenon, trabalhávamos com
crianças pobres. Nossos serviços eram
de promoção através da educação
escolar e de ensino profissionalizante.
Trabalhávamos na aprendizagem de
artes gráficas e industriais.
Nessa obra acabei também
sendo tesoureiro. Tinha a função de
ajudar na manutenção financeira, o
que não era fácil. O bairro era pobre e
a obra também.
A&C: E gráfica, o senhor
entende disso?
Entendo sim, porque fiz um curso
profissionalizante de Artes Gráficas
oferecido pelo Governo Federal,
através do Ministério da Educação e
Cultura. Havia uma unidade do Governo Federal em Porto Alegre, eu estava
morando na comunidade Josefina
daquela cidade. Foram 3 cursos nesta
área: impressão, encadernação e
douração. Foram 6 anos, com 36
exames. Devo dizer que fui muito
persistente, éramos 5 Josefinos quando
iniciamos o curso e somente eu
consegui concluí-lo. No final, recebi o
diploma de Gráfico, era então, um dia
antes da viagem que fiz a Roma por
ocasião da beatificação de São
Leonardo Murialdo que aconteceu em
3 de novembro de 1963.
ENTREVISTA
com Ir. Augusto Rossi
assim com os seminaristas, eu costumava sempre olhar no rosto, ver como
moldá-los para o bem. Com isso,
acabava conquistando amizades e
ajudando as pessoas a projetarem suas
vidas. Eu gosto de visitar os amigos,
viajo também para isso. É importante
um telefonema, entrar em contato, não
desperdiçar oportunidades de reencontrá-los. É preciso, para ter bons
amigos, interessar-se pela vida dos
outros, se colocar no lugar deles, especialmente quando doentes ou com
sofrimentos.
A&C: Chegar aos 82 anos
ainda tomando banho de mar... tem
alguma “mutreta” nisso?
A “mutreta” do banho de mar é
esta: sei que tenho a pele muito
sensível ao sol. Então, como gosto do
banho de mar, levanto cedo e engano
o sol. Quando ele aparece eu “caio
fora”. Isso me ajuda a ter mais saúde.
O banho da manhã é o do mar, e esse
é o melhor. Nas férias de verão eu
posso fazer esse “tratamento”.
Outra coisa, não menos importante, é a vida de oração. Dar tempo
para o encontro com Deus. Uma pessoa espiritualizada tem mais facilidade
para vencer obstáculos. Além disso,
também quero dizer que sou uma
pessoa apaixonada pelo viver. Sou
teimoso e desafio as doenças porque
gosto de viver.
A&C: O que tem a dizer para
os confrades do Brasil e da Congregação?
Eu penso que tem muitas coisas
boas, por exemplo, as novas formas
de apostolado, a presença no meio das
crianças e dos jovens pobres. Gosto
também quando se dá seriedade para
o oração, os retiros e encontros. Mas
existem algumas coisas que podem
ser melhores. A gente precisa se
interessar e se dedicar com mais ênfase, de coração, à causa da evangelização. A Igreja conta com a Congregação. Os desafios são maiores a
cada dia que passa. O mundo avança
e precisamos acompanhar os sinais
dos tempos.
Foto: Arquivo
A&C: O Senhor sempre acompanhou os seminaristas em Araranguá e eles gostavam dessa relação. Qual o segredo?
Sempre gostei muito de conviver
com os seminaristas. Eu os ajudava
nas dificuldades que encontravam. O
primeiro grupo que veio para o Colégio
Nossa Senhora Mãe dos Homens, saiu
do Seminário São José de Orleans, no
ano de 1970. Moravam numa casa ao
lado do “Ginásio N. Sra. Mãe dos Homens”. Era uma turminha muito boa.
Costumava visitá-los seguidamente.
Depois, a cada ano, vinham turmas novas. Em 1971 veio um grupo de Fazenda Souza, pois o Seminário de 2º Grau
da Província tinha como sede, Araranguá. Ali cursavam o curso científico,
muito forte e de referência no sul
catarinense.
Conversava muito com os seminaristas, de modo especial sobre as
atitudes e comportamentos. Alguns
trabalharam comigo, na tesouraria. A
revista “Agir & Calar” por vários anos
foi impressa e compilada lá no Colégio.
Os seminaristas ajudavam nessa empreitada, como foi o caso do Pe. Vilcionei Baggio, que era um bom impressor.
Costumava, inclusive, visitar as famílias
desses seminaristas, onde fiz muitas
amizades com pais e familiares. Eu
gostava dessas visitas porque era uma
forma de apoiar os vocacionados e
conhecer melhor suas origens. Foi
assim que acabei me aproximando dos
compadres Vicente e Clara, em Braço
do Norte.
A&C: O Senhor é “cidadão
benemérito” de Araranguá?
Sim, recebi esse reconhecimento
e homenagem através da Unisul –
Universidade do Sul Catarinense. Foi
em 25 de novembro de 2004. Deveuse ao meu envolvimento na condução
da instalação do campus em Araranguá. O Colégio Murialdo daquela cidade
mobilizou-se também na garantia da
área física para a unidade universitária,
doando 16 hectares, no acesso às
praias do Morro dos Conventos e do
Balneário Arroio do Silva.
A&C: E sobre os amigos? O
Senhor tem muitos e por tudo o que
é lugar, qual é o segredo?
O segredo: é muito difícil ter bons
amigos, mas não é impossível. Era
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Ir. Augusto vistoriando as obras do Colégio Murialdo
de Araranguá, onde trabalhou por 37 anos
COTIDIANO
Fotos: Marcelino Pauletti / Volga
Pe. Marcionei Miguel da Silva
CAXIAS DO SUL - RS
o dia 14 de maio de 2011 foi realizado o V
Festival Nacional da Canção Murialdina no
Teatro Murialdo, contíguo ao Centro Técnico
Social - CTS, em Caxias do Sul. Organizado
pela Família de Murialdo (Josefinos, Murialdinas,
Instituto Secular, Leigos Amigos de Muriado e AMA) o
evento contou com a participação de 20 músicas (confira
no site www.josefinosdemurialdo.com.br). A proposta
vocacional do Festival está diretamente vinculada ao Ano
Vocacional da Família de Murialdo, realizado entre 18 de
maio de 2010 e 18 de maio de 2011.
O encerramento do Ano Vocacional contou com um
espaço privilegiado para a apresentação do Festival. O
Teatro Murialdo, com a colaboração da comunidade do
CTS e em sintonia com a Província, foi apresentado ao público com uma imponente estrutura, digna de um evento
nacional organizado pela Família de Murialdo. O Teatro
Murialdo, um dos mais completos Teatros de Caxias do
Sul, com capacidade para 580 lugares, respirou alegria,
vocação, emoção e agilidade técnica entre uma apresentação e outra. Na voz de competentes radialistas, o evento
ganhou sonoridade e harmonia.
A primeira canção da noite, nesse dia histórico, tanto
para a Família de Murialdo quanto para o próprio Teatro
Murialdo, foi apresentada pelo coordenador do V Festival,
Pe. Marcionei. O mesmo lançou seu CD “ORIGEM” e cantou, de sua autoria, o hino do Ano Vocacional da Família
de Murialdo “Vem e Segue-me”. As canções foram cantadas
ao vivo, dando mais brilhantismo e realce aos cantores e
interação da plateia. O corpo de jurados da mais alta qualidade avaliou as canções, uma vez que as cinco primeiras
colocadas receberam prêmios e as 12 primeiras classificadas
foram indicadas para fazer parte da gravação de um CD,
tradição de nossos Festivais. Em breve será lançado o CD
com as 12 melhores canções do V Festival.
O nosso sincero agradecimento à Equipe do Ano
Vocacional, bem como às pessoas envolvidas na organização do V Festival. O encerramento ocorreu com a
apresentação do Hino do ISMUR (Instituto Secular Murialdo).
As fotografias ficaram a cargo de Fotos Volga, nas lentes
do já consagrado Marcelino Pauletti em grandes eventos
de Província. Destacamos, de modo particular o grande
incentivo dado pelos provinciais Pe. Raimundo Pauletti (Josefino), Ir. Regina Mânica (Murialdina), Moema Muricy (Instituto Secular Murialdo) e Sr. Carlos Mazzochi (representando
os Leigos Amigos de Murialdo). Queremos agradecer,
também, ao Pe. Joacir Della Giustina, representando a
comunidade do CTS, que não mediu esforços para preparar
o Teatro Murialdo para o Festival. Nosso agradecimento
aos ecônomos Pe. Renato Fantin e Ir. Maristela Galiotto
pelo incentivo e agilidade na parte das finanças – e ainda
tem estrada pela frente, pois o CD está chegando.
Recebemos belíssimas manifestações de várias
pessoas a respeito do Festival. Foi muito positivo o evento,
bem como a iniciativa de se fazer esse colossal evento nos
muros de nossas casas. Todos ficaram surpresos com a
qualidade dos músicos e suas performances. Foi de alto
nível e de excelente qualidade, o que muito engrandece a
Família de Murialdo, considerando que a maioria dos
músicos que se apresentaram faz parte da Rede Murialdo
de Ensino, tanto dos Josefinos quanto das Murialdinas.
Destaca-se, ainda, a qualidade das letras apresentadas.
São verdadeiras poesias plenamente sintonizadas com o
carisma de São Leonardo Murialdo e com a dinâmica
vocacional desenvolvida durante o Ano Vocacional da
Família de Murialdo. Agora é só aprender as canções para
cantar com alma a mística da vocação do Ano Vocacional
que agora se transforma em cultura vocacional.
Pe. Marcionei Miguel da Silva
Escritor, teólogo, compositor
e mestre de noviços
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Foto: Divulgação A&C
SÃO PAULO
o dia 30 de março comemoramos 3 anos
da implantação da primeira célula protótipo
em nossa comunidade da Paróquia São
Benedito. Naquela época, 13 pessoas se
reuniam semanalmente para cumprir os propósitos
deste projeto: comunhão (ajudar e receber ajuda),
exaltação (louvar e adorar a Deus), edificação (partilha
da Palavra) e evangelismo (levar aos outros a
mensagem de salvação e libertação de Jesus). Hoje,
somos 29 células e todas as semanas temos
aproximadamente 340 pessoas reunidas nas casas,
dentro dos mesmos objetivos, desligando as televisões
com seus apelos do mundo, silenciando as correrias
do dia, encontrando outros irmãos que também vem
matar sua sede de Deus e cumprir os mesmos
propósitos de evangelização.
Quando estas células se reúnem nas casas, uma
bênção se estende pelo bairro. Adentramos territórios
onde talvez a Palavra não estivesse sendo vivida,
onde descrentes e afastados de Deus estão sendo
convidados a beber destas águas. Saímos do nosso
conforto e caminhamos como povo unido, na certeza
de que, onde dois ou três estiverem reunidos em nome
de Jesus, Ele ali está.
Não é o bastante ficarmos somente nos reunindo,
treinando, exercitando e orando, pedindo a Deus que
os pecadores venham para a Igreja para conhecer a
salvação, se não formos para o campo de batalha. A
Palavra de Deus nos diz para levarmos a Palavra do
Evangelho lá onde as pessoas estão, sedentas e
famintas. E por isso a Igreja, através das células,
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(pequenos grupos de relacionamento), vai se reunindo
nas casas e cumprindo em campo, aquilo que há tanto
tempo temos treinado e entendido ser a nossa missão.
O inimigo treme de medo quando a Igreja cumpre
o mandado do Senhor literalmente, pois ele vai
perdendo seus espaços de ação. Nossos ambientes,
nossas casas vão se tornando cada vez mais um
território onde o governo foi entregue a Jesus, e onde
Ele entra, vai limpando e eliminando tudo aquilo que
não pertence a Ele, todo espaço que ainda está
entregue nas mãos do inimigo.
Queremos marcar o nosso terreno, nossas ruas,
com o sinal da presença das nossas células nas casas.
Queremos fazer crescer nesse espaço a graça do
Senhor, a sua presença, o comprometimento de cada
um com a Sua obra, o comprometimento com o irmão.
Precisamos estender as nossas fronteiras, cumprir
com o mandato de Jesus: “Ide e fazei discípulos meus
em todas as nações.” (Mt 28,19). Todos fomos
chamados para essa tarefa, temos recebido do Espírito
Santo poder do alto para sermos testemunhas
verdadeiras do evangelho. Não tenhamos medo, pois
é Jesus quem nos diz: “Coragem, eu venci o mundo”
(Jo 16,33).
Pe. Juarez Dalan
Pároco da Paróquia São Benedito – Jaçanã - SP
COTIDIANO
Foto: Divulgação A&C
Dom Celmo Lazzari
EQUADOR
D. Celmo na Comunidade de Napo
Da catedral à selva
ais de seis meses já se passaram desde que
cheguei ao Equador e mais especificamente
na Província de Napo (Missão Josefina). O
tempo correu veloz: tudo é novidade a
começar pelo fato de ter que aprender a ser Bispo. Ser
o Pastor, mesmo de um pequeno rebanho como o do
Vicariato Apostólico de Napo, ser, pastoralmente, o
primeiro responsável deste povo é algo que continua
inspirando-me um temor especial. São mais de 100 mil
pessoas, agrupadas em algumas pequenas cidades, a
maior delas Tena, com cerca de 25 mil habitantes e
centenas de pequenas comunidades espalhadas pela
floresta amazônica, normalmente à beira dos rios. Entre
eles está o Rio Napo, que recolhe praticamente todas
as águas da região e juntando-se a outros rios, contribui
na formação do rio Amazonas, percorrendo antes 600
ou 800 km. Outros povoados nasceram à beira das
estradas que estão sendo asfaltadas na região. No dia
29 de abril, foi inaugurado um aeroporto internacional a
40 km de Tena que é a capital da província onde poderão
aterrisar aviões de qualquer porte. Espero poder utilizar
esse aeroporto em minhas visitas ao Brasil, pois deveria
dentre em breve receber vôos que chegam de Manaus.
O povo católico está organizado em 17 paróquias
com presença de sacerdote, outras áreas pastorais são
assistidas por comunidades de irmãs religiosas, e uma
área especial (Curaray, que visitei do dia 6 a 11 de abril),
aonde só se chega de avião ou de canoa, e que é visitada
no máximo duas vezes ao ano. Cada paróquia tem
dezenas de pequenas comunidades que se reúnem em
capelas de madeira ou nas escolas, aonde só se chega
caminhando, pois estão no meio da selva. Ao todo somos
2 bispos, 22 sacerdotes (3 em asilo por idade ou por
doença), dois irmãos religiosos josefinos com mais de
90 anos e 58 irmãs de sete congregações. A maioria do
povo é kichua (índios) e os demais são descendentes
de espanhóis e vindos de outras regiões do Equador.
Graças a Deus há uma bonita integração entre brancos
e índios, pois são pessoas muito pacíficas e acolhedoras.
O maior desafio para mim é que os kichuas falam
sua própria língua que não é o espanhol, mas tenho
auxílio principalmente dos mais novos que se comunicam
em espanhol e isto facilita a interação. Nestas pequenas
comunidades no meio da floresta, quase sempre o
sacerdote tem que se fazer acompanhar por um tradutor
(catequista). Espero poder aprender um pouco de sua
língua: estou estudando.Infelizmente, não temos muitos
vocacionados, mas estamos trabalhando para descobrilos. Conto muito com vossas orações.
Dificuldades não faltam, mas estou muito feliz de
estar aqui trabalhando com este povo. Deus derrame
suas mais generosas bênçãos sobre todos e sobre todas.
Dom Celmo Lazzari
Bispo de Napo - Equador
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Fotos: Divulgação A&C
COCAL DO SUL - SC
Pe. Jucinei diante do bispo ordenante, Dom Jacinto Inácio Flach
Josefinos de Murialdo
têm novo sacerdote
“O espírito do Senhor está
sobre mim, porque ele me
consagrou com a unção para
anunciar a Boa Notícia aos pobres”
(Lc 4,18)
10
COTIDIANO
Pe. Raimundo Pauletti
dia 19 de março de 2011, festa de São
José, ficará na história da Congregação,
principalmente da Província Brasileira dos
Josefinos de Murialdo. Pois o jovem Jucinei
Vilpert foi ordenado sacerdote na Paróquia Nossa
Senhora da Natividade de Cocal do Sul, SC. O bispo
ordenante foi Dom Jacinto Inácio Flach. A ordenação
foi precedida por uma semana de animação vocacional.
A cerimônia foi acompanhada por dezenas de
sacerdotes, muitos religiosos, vocacionados, familiares
e amigos de Londrina, onde Jucinei realizou os estudos
de Teologia e exerceu o diaconato. O evento mobilizou
todas as comunidades da paróquia, promovendo
grande participação na preparação e no dia da ordenação.
O novo sacerdote nasceu no dia 05 de fevereiro
de 1981, em Criciúma, SC. É o primeiro dos três filhos
do casal Pedro Wilson Vilpert e de Nair Natal Vilpert.
Ele mesmo diz como surgiu a vocação: “Minha vocação
surgiu da vivência familiar e comunitária junto à Pastoral
da Juventude, grupos de novena e catequese. Participei
dos coroinhas e da Pastoral Vocacional onde senti o
chamado pelo Senhor da Messe para trabalhar em
sua vinha”.
Aos 15 anos, em 1996, ingressou no Seminário
São José de Orleans, SC, onde concluiu o Ensino
Fundamental; frequentou o Ensino Médio em Araranguá, SC; em 2001, em Porto Alegre, fez o Postulado
e iniciou os estudos de Filosofia; no ano seguinte fez
o Noviciado em Caxias do Sul e emitiu a Primeira
Profissão Religiosa; em 2004 concluiu os estudos de
Filosofia em Porto Alegre; nos dois anos seguintes
realizou o estágio pastoral (magistério) no Rio de
Janeiro, RJ; em 2007 iniciou o curso de Teologia na
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Londrina, PR; no dia 21 de maio emitiu Profissão Perpétua
na Congregação dos Josefinos de Murialdo e recebeu
a ordem do diaconato, pela imposição das mãos de
dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina, no dia
22 de maio de 2010.
Jucinei com seus pais, Nair e Pedro Wilson
O jovem Jucinei, desde sua adolescência e
durante toda sua formação em preparação ao
sacerdote, sempre que pode, participou da Pastoral
da Juventude. Traz no coração um carinho especial
pelos jovens e sente-se comprometido por eles.
Ao receber o dom do sacerdócio deixou esta
mensagem: “Jovens, façam de sua juventude a ocasião
decisiva para definir sua vida. No seguimento de Jesus,
sejam radicais, alegres, servidores. Vivam a
comunidade. Vivam a família. Apaixonem-se por Jesus
Cristo, sua palavra, sua vida, sua morte e sua
ressurreição. Um grande abraço e a bênção de Deus
e a proteção de São José”.
O Pe. Jucinei iniciou seu ministério sacerdotal
na obra dos Josefinos de Murialdo em Ana Rech,
Caxias do Sul, RS, atuando na Ação Social e Pastoral
Paroquial, priorizando o setor da juventude. Ele escolheu como lema sacerdotal: “O espírito do Senhor está
sobre mim, porque ele me consagrou com a unção
para anunciar a Boa Notícia aos pobres” (Lc 4,18).
Pe. Raimundo Pauletti
Provincial da Congregação de
São José - Província Brasileira
"Tome um sorriso e doe-o a quem nunca o recebeu.
Tome um raio de sol e faça com que atinja lá onde reina a noite.
Descubra uma fonte para banhar quem vive no barro.
Derrame uma lágrima para colocá-la no rosto de quem nunca chorou.
Tome sua coragem e coloque-a no espírito de quem não sabe lutar.
Descubra a vida e narre-a a quem não consegue entendê-la.
Pegue a esperança e viva na sua luz.
Retome a bondade e doe-a a quem não sabe doar.
Descubra o amor e faça o mundo conhecê-lo."
(Gandhi)
11
- Vou começar na aula hoje um trabalho
sobre cidadania...
- E o que é cidadania para ti?
- Dever.
edro não hesitou nem por um instante antes
de me responder sobre sua noção de
cidadania. Aos 17, após cumprir medida
socioeducativa privativa de liberdade por
alguns anos, o adolescente demonstra não se sentir
possuidor nem merecedor de direitos. Entendemos
que cidadania se constrói na relação com o outro, a
partir da reciprocidade, no convívio social, e que sua
compreensão faz parte de todo processo educativo.
No caso das medidas socioeducativas, a forma como
são vivenciadas e significadas pelo adolescente é
importante para a compreensão das consequências
na vida da vítima desse ato praticado, e pela responsabilização do ato. E a maneira que colocamos em nossa
prática diária a finalidade educativa das medidas
socioeducativas, em especial as privativas de liberdade,
é crucial para entendermos a contribuição na formação
da cidadania, o reconhecimento de sujeitos de direitos
nos adolescentes em conflito com a lei.
Afinal, como se educa? Guareschi defende que
a tarefa do educador é provocar a reflexão, levar o
educando à produção de respostas para perguntas
que nos desafiam, a empoderar-se dos saberes, através
de uma educação, que, para ser verdadeira, tem que
ser “pessoal, autônoma e livre”. Já o pedagogo Antônio
Gomes da Costa afirma que educar é apostar no outro,
tentar descobrir quem é o educando, o que sabe e o
que traz consigo de bom, abrir espaços para que o
próprio educando possa experimentar-se consigo e
12
com os outros. Quando pensamos na educação
de adolescentes, somamos a isso um período
já demarcado por experimentações e conflitos,
uma vez que essa etapa é caracterizada como
decisiva em nosso processo de desprendimento,
que se inicia ainda no nascimento. Para Rassial,
a adolescência implica na constituição de um lugar,
através da passagem da família para o laço social, da
infância para a vida adulta. Sua identidade será constituída à luz de novas identificações, suas referências
deslocam-se do âmbito familiar para o social. Porém,
enquanto sociedade cobramos posições e determinados comportamentos dos adolescentes, quando
ao mesmo tempo delimitamos sua atuação, justificando
sua falta de maturidade. Solicitamos sua responsabilização por seus atos, enquanto desqualificamos
suas iniciativas em busca do reconhecimento e
conquista da autonomia.
No caso dos adolescentes aos quais foram
atribuídos atos infracionais, as opiniões dividem-se,
no entanto destacamos aqueles que defendem a
aplicação das medidas socioeducativas em busca do
aprender a viver em comunidade, à elaboração de
uma nova forma de resolução de conflitos e aqueles
que defendem a aplicação de uma sanção, a dimensão
punitiva da medida, destacando seu caráter retributivo.
Sabemos da presença do caráter punitivo da medida,
porém defendemos sua finalidade como sendo
educativa, conforme Afonso Armando Konzen destaca,
pautada pela “necessidade pedagógica do adolescente”. Para isso, deve comprometer-se com a
promoção de experiências de sociabilidade, permitindo
a construção de projetos de vida pelo adolescente,
instigando o protagonismo juvenil. Entretanto, é possível
falar em educação quando falamos em privação de
liberdade? O artigo 227 da Constituição Federal nos
traz como dever da família, sociedade e Estado
assegurar o direito à liberdade ao adolescente, ao
mesmo tempo em que o quinto artigo da mesma
Constituição demonstra que a privação de liberdade
é caracterizada como pena. Afinal, qual pedagogia
sustenta a privação de liberdade como instrumento
educativo?
Já na Convenção dos Direitos da Criança, de
1989, da qual o Brasil é signatário consta a privação
de liberdade como medida de último recurso e com
maior brevidade possível, assim como as Regras de
Beijing (1985) dispõem sobre a proporcionalidade da
reposta à infração às circunstâncias e gravidade dessa
infração, mas também às circunstâncias e às
necessidades do jovem e da sociedade. Enquanto
necessidade expressa de constituição
de um lugar na construção de identidade, podemos refletir na colaboração
das medidas socioeducativas no
desenvolvimento do adolescente em
conflito com a lei. Quanto do adolescente se faz presente no Plano Individual
de Execução das Medidas, durante a
execução das mesmas? E quanto ainda
reproduzimos a visão tutelar quando
em nome da “proteção” – e não mais
do “maior interesse” – dos jovens clamamos pela
aplicação de medidas socioeducativas, confundindo
a finalidade destas com a das medidas protetivas?
consciência crítica, transformadora e de participação
social, contribuindo para uma representação de si e
do mundo. Atualmente estão inseridos seis jovens, de
cinco municípios diferentes, com os quais trabalhamos
através do diálogo e da tomada de consciência, com
a participação democrática na co-gestão do
planejamento do processo educativo, através de uma
atividade exploratória na qual o
educador participa criando espaços,
acontecimentos que permitam a
atividade reflexiva e um certo
distanciamento crítico da realidade
vigente.
Assim, mais do que querer
produzir respostas, tentamos suscitar mais questionamentos que
deem conta da angústia que
acompanha os trabalhadores da
socioeducação. Devemos nos questionar qual nossa
expectativa sobre os jovens que retornam ao convívio
social e de que forma contribuímos para a formação
de sujeitos com consciência crítica e conhecedores
de seus direitos e deveres. Ou ainda, se estamos
apenas reforçando o passado e fixando a identidade
em formação desse adolescente em um ato anteriormente cometido, ao invés de valorizarmos sua experiência pessoal para agregar novos elementos à
constituição de um lugar.
Citando o promotor Elcio Resmini Meneses, “se
a retribuição pelo ato infracional permitir ao adolescente,
reconhecendo sua autonomia, que aprenda a ser
cidadão sujeito de direitos e obrigações, conforme a
lei dita, terá dado importante passo para aceitação de
sua finalidade educativa”. Se analisarmos o exemplo
de Pedro, percebemos que nossa caminhada ainda é
longa...
“...educar é apostar no
outro, tentar descobrir
quem é o educando,
o que sabe e o que
traz consigo...”
PROGRAMA RS
SOCIOEDUCATIVO
MURIALDO
Foi nessa discussão que, em outubro de 2010
iniciaram as atividades do Programa RS Socioeducativo
Murialdo, parceria entre o Centro Técnico Social
Murialdo e a Secretaria de Justiça e dos Direitos
Humanos do Estado do Rio Grande do Sul, cujo objetivo
é o acompanhamento e a inserção social dos adolescentes e jovens adultos egressos das medidas
privativas de liberdade. Visando à qualificação da
socioeducação no Estado e a promoção de um caminho
de acolhida, cuidado, estímulo e construção de
cidadania para os adolescentes, jovens e familiares
dos 47 municípios da região de Caxias do Sul, através
do desenvolvimento de ações de inserção social,
cultural, escolar, profissional, esportiva e de lazer,
construímos nossa proposta baseada na pedagogia
como cuidado integral e base de uma formação de
* O nome é fictício para proteger a identidade do adolescente.
Fernanda Barbosa Miragem
Coordenadora e Psicóloga do Programa RS
Socioeducativo do CTS - Caxias do Sul - RS
13
O termo “bullying”, criado no início da década de 70 pelo sueco Dan Olweus , é
proveniente de “bully” que na nossa língua portuguesa tem o significado de valentão,
tirano, brigão, aquele que intimida, amedronta.
Estudo feito no Brasil pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção
à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) oferece ainda a seguinte definição:
“O termo “bullying” compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais
e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes
contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de
poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são
as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.....algumas ações
que podem estar presentes: colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear,
humilhar, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar,
agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences. O “bullying” é um problema
mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola. As escolas que não admitem a
ocorrência de “bullying” entre seus alunos, ou desconhecem o problema, ou se negam a
enfrentá-lo”.
COTIDIANO
Poliana Carla Molon
á cerca de uma década, inúmeros autores
apontam o “bullying” como o mais intenso
problema batendo à porta de nossas
escolas em todo o mundo. Apenas no
último trimestre, no Brasil, o assunto virou notícia e
foi capa de revistas semanais, jornais de TV, lançamentos de livros e, claro, discussões e indagações
dentro e fora do ambiente escolar, envolvendo pais,
mães, professores e alunos.
“...jamais podemos perder de vista que tolerar
o intolerável e justificar o injustificável são
posturas de extremo desrespeito para com a
maioria absoluta da humanidade, que batalha
todos os dias por um mundo melhor e menos
violento.”
(Silva, 2010 p.53)
fácil acesso ao mundo das drogas, ao narcotráfico, à
pornografia e ao sexo virtual.
Diante deste cenário de mudanças, conflitos e
inverdades desta nova sociedade como um todo,
estão as instituições familiares e escolares.
Nas três últimas décadas, aconteceu uma
transformação que modificou e revolucionou a
instituição “família”. Atingindo a convivência e a
composição familiar e alterando, em muitos casos, os
comportamentos das crianças e jovens.
“...é justamente a omissão educacional dos pais
em situações-chave que produz os conflitos
familiares....educar é confrontar os filhos com
as regras e os limites, além de fornecer-lhes
condições para que possam aprender a tolerar
e enfrentar as frustrações do cotidiano.”
(Silva, 2010 p.62)
Vivemos numa época em que as mudanças
ocorrem em ritmo acelerado, tudo ao nosso redor,
Porém, é bom lembrar que na primeira metade
relacionamentos, famílias e até valores e princípios
do século XX era prática comum entre pais e mães
mostram a tendência ao fluxo, à mudança, à momena cobrança de regras rígidas e até
taneidade e a ser descartável. Desta
mesmo dos castigos físicos como
forma, dificulta a consolidação de
“Se essa criança se forma de evitar comportamentos mal
referências na formação da criança e
Já por volta da década
conhece e gosta de adequados.
do adolescente, dificulta a formação
de 60 aconteceu o contrário: para
do ser humano.
como é, consegue
que não se “traumatizasse” os
Por tudo isso é que Zygmunt
pequenos e jovens, houve uma
Bauman utiliza o termo “liquidez”, para manifestar sentimentos evasão desta prática, vivendo-se
caracterizar o estado da sociedade
e pensamentos de
com a ausência total das regras de
pós-moderna. Assim como os líquidos,
maneira equilibrada” boa convivência e educação.
ela se caracteriza pela incapacidade
Com esta prática houve um
de manter a forma, de solidificar
esvaziamento da função de
costumes, hábitos e até mesmo verdades. Em tempos
autoridade de pai e mãe. Atualmente, busca-se o
líquidos, como os que vivemos hoje, os medos e as
equilíbrio. Buscam-se formas de educar as crianças
incertezas são comuns na vida de todos os indivíduos.
e jovens que as considerem como pessoas em
Toda essa “liquidez” no mundo acarretou um
desenvolvimento e capazes de serem responsáveis,
aumento bastante significativo na falta de qualidade
autoconfiantes e inteligentes.
dos relacionamentos humanos. Gerando uma nova
Para tanto, pais, mães e educadores precisam
cultura. A “cultura da violência”.
internalizar a necessidade de conhecer o desenAumento da violência social, onde se
volvimento de seus filhos e alunos, reconhecer suas
nota o desemprego, a desigualdade e o
mudanças de comportamentos e de atitudes, desenaumento do número de famílias vivendo em
volver o senso de responsabilidade e autonomia e
situação de vulnerabilidade social. Aumento
manter a capacidade de dialogar.
da violência simbólica (perversidade), aquela
Também temos a escola, com sua função
transmitida através dos meios de comuniprimeira que é manter a criança e o adolescente em
cação, gerando um consumismo desneconstante contato com objetos de aprendizagem para
cessário, principalmente para as crianças
que que explorem suas habilidades e competências
e jovens.
a fim de construir conhecimentos.
Também é notável o aumento da
Mas, também é a mesma escola, onde se
violência doméstica, através dos maus
desenrolam as relações interpessoais, onde se formam
tratos, abandonos e abusos. Logo, cresceu
os vínculos de amizade entre seus pares, onde se
também a prostituição infantil, a pedofilia
tem a presença do melhor amigo, da melhor amiga,
e a erotização da infância. Sem se falar do
15
onde há um aumento do convívio social. E, onde
infelizmente também, tem se verificado o maior índice
de “bullying” entre crianças, adolescentes e jovens.
O fato é que o “bullying” é diferente daquela
brincadeirinha inocente sem intenção de magoar.
Também não é um ato de violência pontual, de troca
de ofensas numa briga, de implicância....mas a principal
característica é que a agressão (física ou moral) é
sempre intencional e repetida várias vezes sem
uma motivação específica. Há também que se alertar
que a tecnologia deu nova cara ao problema.
“E-mails ameaçadores, mensagens negativas
em sites de relacionamento e torpedos com
fotos e textos constragedores para a vítima foram
batizados de cyberbullying.”
(Revista Nova Escola, p.68/junho 2011)
É por volta dos 10 ou 12 anos, que a criança
passa a buscar, no convívio social, referências
diferentes das que sempre recebeu em casa, dando
continuidade ao processo de construção de sua
personalidade. Também é neste período da vida que
ela aprende a lidar com a própria imagem.
“Se essa criança se conhece
e gosta de como é, consegue
manifestar sentimentos e pensamentos de maneira equilibrada. Do contrário, pode
sentir prazer em menosprezar
o outro para se afirmar.”
(Revista Nova Escola, p.69/junho 2011)
Há que se alertar
também para a
diferença entre
indisciplina e
bullying
Após este período, quando já está na adolescência, aparece a necessidade de pertencer a um
grupo. E, infelizmente, neste período de vida, basta
sair um pouco do padrão (alto, baixo, gordo, magro,
uso de óculos, tirar notas boas na escola), para ser
provocado.
E, muitas vezes as provocações vão além do
físico (bater, chutar, beliscar). Passam pela violência
verbal (apelidar, xingar, discriminar) e violência sexual
(abusar, assediar, insinuar). Ainda há casos de violência
psicológica (excluir, amedrontar, aterrorizar, dominar),
violência material (estragar os pertencer, furto e roubo).
E, mais recentemente, devido ao excessivo uso de
tecnologias diversas, há a violência virtual (discriminar,
difamar e humilhar).
Em se tratando do ambiente escolar, há que se
alertar também para a diferença entre indisciplina e
“bullying”. A primeira pode ser caracterizada por aquelas
ações onde o aluno desrespeita ou descumpre as normas de convivência da escola. Nestes casos, há o
cumprimento daquelas ações previstas no regimento
interno de cada organização escolar a fim de reeducar
16
a prática deste aluno.
Normalmente as situações de “bullying” não
envolvem apenas a vítima. Há também os agressores
e aqueles que testemunham o acontecido. Para todos
os envolvidos, independente do grau de responsabilidade, gera-se um clima de sofrimento, dor e angústia.
Por isso também, que na escola, a prevenção
deve ser meta educativa, porque apenas a intervenção
não é suficiente. Sendo necessária a parceria entre
pais, mães e educadores, além da observação atenta
dos comportamentos e da vida social dos filhos fora
e dentro do ambiente escolar.
Também os pais devem tomar conhecimento dos
registros escolares de seus filhos através do contato
com a escola ou da agenda escolar, participar da
programação da escola como palestras e cursos de
pais.
Devido ao aumento do uso das tecnologias, pais
e mães devem ainda monitorar o uso desses equipamentos e ficar em alerta para mudanças na saúde
física e emocional, como mudanças de comportamento,
mantendo as combinações em relação aos limites e
rotinas de seus filhos e filhas.
O Colégio Murialdo Caxias, a
partir da premissa de São Leonardo
Murialdo - “devemos estar atento aos
sinais dos tempos” e da prática de
ações preventivas, vem oportunizando
espaços para tal. Já no início de seu
ano letivo, propiciou formação teórica
a seus professores divididos por níveis
de ensino, palestra aos pais e a partir,
deste mês, será a vez dos alunos de
diferentes séries e idades abordarem
o assunto com a profissional da área
da Psicologia, dentro do Projeto “Stop Bullying”.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:
Revista Nova Escola, junho e junho/2011 p. 68-73
Revista Veja, abril 2011 p. 90-95
Mentes Perigosas nas Escolas
Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva
Ed. Fontanar/2010
Educação Saudável Filhos Felizes
Autora: Cynthia Granja Prada
Ed. Vozes/2007
Educar para Ser
Autora: Maria Augusta Sanches Rossini
Ed. Vozes/2010
Comunique-se com seu filho: 6 a 11 anos/ adolescente
Autor: Antoine Alameda
Ed. Vozes/2008
Bullying: O Pesadelo da Escola
Autor: Marcos Rolim
Ed. Dom Quixote/ 2010
Poliana Carla Molon
Coordenadora Pedagógica Séries Finais do Ensino Fundamental
e Ensino Médio do Colégio Murialdo - Caxias do Sul - RS
COTIDIANO
Pe. Márcio Benevides
Ano
Vocacional
vida é, em primeiro lugar, um dom, verdadeiro
presente. A principal escolha, que cabe a
cada um, é de como viver esse dom, o que
fazer da própria vida. Esta é a primeira
vocação humana: o chamado à vida. Quando
assumimos a vida como dom, como chamado de Deus,
e respondemos cuidando dela, estamos dizendo “sim”
ao Criador. Não escolhemos nascer, mas podemos
escolher como viver. Somos livres para cuidar de nós e
do mundo. Somos livres para amar e construir relações
verdadeiras com as pessoas. Somos livres para nos
comunicar com Deus. Dizer sim à vida é a principal
vocação do ser humano. Assim como a vida, o batismo
é um dom que Deus nos oferece por meio de seu filho
Jesus Cristo. É também um chamado à santidade. Jesus
diz no evangelho: “Sede santos como vosso Pai do céu
é santo” (Mt 5,48).
O sonho deste Ano Vocacional Murialdino era o de
tornar concreta a proposta de João Paulo II, ajudando a
Família de Murialdo a ter, de fato, uma fisionomia
vocacional; um povo convocado pela Trindade para o
serviço em favor da vida, da humanidade, de modo
particular das crianças e jovens que são excluídos, com
os quais Cristo quis se identificar (cf. Mt 25,31-46). Disso
brotará um outro elemento fundamental para a
vitalidade da FdM: a convicção de que todos os
batizados, sem exceção, são responsáveis pelo
cuidado com as vocações. Disso surgirá a paixão
pelo anúncio da Palavra, suscitando na Igreja
“uma nova missionariedade, que não poderá ser
delegada a um grupo de ‘especialistas’, mas
deverá corresponsabilizar todos os membros do
povo de Deus” (NMI, 40).
Em 18 de maio de 2010 iniciamos o nosso
Ano Vocacional Murialdino afirmando que o
importante é semear, e semeamos muito durante
todo esse fecundo tempo de reflexão, oração, e
renovação da própria convicção vocacional. Foi
um ano de muito empenho na causa vocacional,
realizando inúmeros trabalhos em escolas, grupos
de jovens, Obras Sociais, Paróquias e indo também
ao encontro da juventude nos novos areópagos
juvenis: sites, Orkut, blog`s, twiter`s, e-mail`s,
rádios, webtv`s.
Como Família de Murialdo caminhamos juntos
possibilitando um renovar de nós mesmos em comunhão
de oração e vida, por isso agradecemos a cada um:
Sacerdote, Consagrado, Consagrada e Leigo que fez
comunhão com essa missão vital que é promover a causa
vocacional, aliás, trabalhar por essa causa equivale é
levar sangue novo à Igreja e à Família de Murialdo.
Em 18 de maio de 2011 finalizamos o nosso Ano
Vocacional Murialdino reafirmando que o importante é
semear, e semear com o empenho da própria vida, o
valor da vocação. Dóceis ao divino Espírito, continuemos
cultivando com responsabilidade as vocações que nos
procuram, com os critérios necessários para afrontar as
pseudo vocações que, porventura se apresentarem em
nossas portas. Amar as vocações é prezar pela qualidade
das mesmas.
Que o sino Murialdino continue a tocar em nossas
comunidades lembrando-nos o compromisso do cultivo
vocacional!
Pe. Márcio Benevides
Membro do SAV e Mestre do Postulado - Londrina - PR
17
FORMAÇÃO
Pe. Antonio Lauri de Souza
NA ESCOLA DE JE
Por uma espiritualidade de São Leona
omos, na maioria, provenientes de famílias
de tradição cristã. Nelas experimentamos, até
décadas atrás, a oração, o terço, as práticas
devocionais e, onde era possível, a missa
dominical e a recepção dos sacramentos. Estas origens
favoreceram a assumir os valores cristãos presentes no
Evangelho de Jesus e testemunhados pela vida espiritual
simples da família, e em parte, pelas comunidades em
geral. Parece-nos, entretanto, que este cristianismo
herdado da tradição, também trouxe limitações. Nossas
práticas religiosas eram muito automáticas e rotineiras,
a participação religiosa poderia acontecer por motivações
e conveniências sociais, a catequese tinha por base mais
conceitos do que vivências… Tudo isso nos pode ter
privado da riqueza da comoção, do entusiasmo e da
alegria pelo encontro pessoal com
Jesus. Esta é a mais séria consequência. Nossa fé em Jesus pode,
portanto, carecer de uma relação
pessoal com Ele. Corremos o risco
de sermos cristãos não convertidos.
E isto é dramático e paradoxal!
Ao confessarmos que cremos
em Jesus Cristo, Filho Único do Pai,
nosso Senhor e Salvador, podemos
permanecer enraizados no enunciado
do dogma, sem dar o salto espiritual. A afirmação
permaneceu com um conceito estático e formal. Não
atingiu a vida, como ela é, nos seus sonhos, alegrias,
graça, esperança e também limites, decepções, doenças,
pecados, enfim com toda a sua imprevisibilidade em
campo pessoal, comunitário e social. A noção não baixou
para o chão das nossas vivências.
O salto espiritual, por sua vez, acontece quando
tomamos consciência de que estamos inseridos no mistério
de Jesus Cristo e experimentamos um caminho de
conformação com Ele a ponto de adquirir os seus traços,
isto é, de nos assemelharmos a Ele, assumindo seus
sentimentos e atitudes. Não parece ser vã pretensão! É
caminho a ser percorrido com a permanente ação do
Espírito, a ser implorado com constantes gemidos. São
Paulo não hesitou em afirmar, depois de tantas idas e
vindas, de provas, sofrimentos e consolações: “Fui
crucificado com Cristo, já não sou eu que vivo, mas é
Cristo que vive em mim! ( Gal2,19b-20a)”
A canção do Pe. Zezinho diz: “Amar como Jesus
amou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus
viveu. Sentir o que Jesus sentia…”. Isto não parece ser
um jogo de palavras que o padre escreveu e cantou para
emocionar, e sim um projeto de vida centrado em Jesus
Cristo.
Este caminho de conformação a Jesus Cristo
acontece numa dinâmica relacional. Nossos encontros
por vezes são frustrados e frustrantes porque nossos
conceitos e preconceitos criam barreiras nas relações.
Distanciam em vez de aproximar. Os desejos confessados
ou escondidos são estes obstáculos. Quando Jesus
ensina seus discípulos, este tema aparece, e às vezes,
em tons bem carregados. Ele fala da sua relação amorosa
com o Pai (Jo 14) e de como deve ser a relação fraterna
entre eles (Mc 10, 35-45) .
Se desejarmos entrar e viver em
comunhão com Ele, o centro será ELE,
não se pode mais ter o “eu” como centro,
junto com meus interesses, minhas
exigências, meus caprichos. O caminho
de uma relação pessoal com Jesus vai
acontecendo no descentrar-se de si para
centrar-se Nele.
A fonte de onde brota a água viva,
capaz de saciar nossa sede de relação
e encontro com Jesus, é a Palavra da Escritura. Ao lermos
diariamente uma página da Bíblia, e particularmente dos
Evangelhos, podemos colher as mensagens e trazê-las
como parâmetros de comportamentos éticos e morais.
Tudo isso é importante e necessário. Porém, mais rico
será, pela meditação e oração, transportar nossas
vivências passadas e atuais para o texto e dentro dele
colher os sentimentos dos autores da Escritura, das
comunidades onde foram escritas e principalmente do
próprio Senhor que falou e que agora nos dirige a palavra.
Trata-se de deixar a Palavra falar, deixar que ela seja o
centro, a fonte que mata a sede e a luz que ilumina.
Vida e Palavra são, portanto, o lugar do encontro
com Jesus. A vida se torna: lugar do deserto e vitória
sobre o tentador (Mt 4, 1-11); Monte e Planície das Bemaventuranças (Mt 5-7, Lc 6,20-23); lugar de curas (Mc
1,29-34...); da compaixão pelo povo e da multiplicação
dos pães (Mc 6,30-44); poço da samaritana (Jo 4,1-42);
o Bom Samaritano (Lc10,25-37); Pai misericordioso (Lc
15,1-32); lugar de oração (Lc 11,1-13...); decisão para
Se desejarmos entrar
e viver em comunhão
com Ele, o centro
será ELE, não se
pode mais ter o
“eu” como centro
18
ESUS
ardo Murialdo
subir a Jerusalém (Lc 9,51-21); Paixão, Calvário e Cruz
(Mc14,32-15,47); Ressurreição (Lc 24, 1-12); Caminho
de Emaús (Lc24,13-35)… Isto acontece quando, pela
ação do Espírito em cada um destes lugares e de todos
aqueles dos Evangelhos, vamos prestando atenção a
Jesus que falou e fala, agiu e age, percebendo seus
sentimentos, suas reações e atitudes... Quando escutamos
e respondemos à sua proposta de diálogo e deixamonos guiar por Ele até o mais profundo de nós mesmos,
sem medo dos “maridos e mulheres” (ídolos) que tivemos
e temos, de nossas cegueiras, das quedas nas tentações,
quando Ele foi vencedor, de nosso desejo de posse e
poder, de nossos medos e decepções, do sofrimento e
cruzes… Tudo isso Ele conhece e sabe, mas é sempre
acolhedor e misericordioso. A Palavra é comunicação,
é diálogo.
No caminho do discipulado de Jesus Cristo,
andando junto com Ele, o discípulo faz a experiência do
Mestre, senta-se a seus pés, reza com ele, vê a multidão
dos esfarrapados, sente compaixão, entra em confronto
com seus opositores; aprende, ensina, corrige; come
com ele, e finalmente toma a firme decisão de partir para
Jerusalém, onde lhe espera a cruz-ressurreição.
Não é um percurso poético aquele de Jesus e dos
discípulos, e nem se dirigiam a um lugar idílico. É um
caminho fadigoso, responsável, mas, sobretudo,
carregado de entusiasmo e esperança. Numa frase, o
caminho da configuração com Jesus Cristo acontece
quando formos capazes de estender-lhe as mãos quando
Ele nos pede de beber, isto é, quando estivermos atentos
aos seus gestos e não nos escusarmos quando Ele se
apresenta desejoso de entrar em relação-comunhão
conosco; quando nos deixamos amar por Ele e assim
nos tornamos amantes do Amado.
Quando São Leonardo Murialdo exclama: “Deus
me ama. É verdade, Deus me ama! Ele me ama com um
amor tão grande, tão perfeito que é igual a Ele, infinito,
eterno… (Test. Espir.). Que alegria! Que consolação!”.
Voltando-se para o Senhor ele diz: “Tu me amas com
todo o teu ser” (Test. Espir.). Quando ele se recorda
daquela confissão com a qual reinicia um novo caminho,
ele diz: “Oh! como naquela oportunidade sensivelmente
percebi tua infinita misericórdia” (Test. Espir.). São
afirmações que brotam do fundo da alma. Partem de
uma experiência vivida, de um encontro pessoal e
amoroso com o Senhor, vivenciados no passado e na
sua existência atual. Ele exclamou de coração! O que
aprendeu na vivência familiar, no colégio, na Bíblia e nos
estudos teológicos, o transformou por dentro, pois ele
se deixou absorver pela Palavra. Experimentou, desde
cedo, a mão providente e misericordiosa do Senhor que
o tirou de Savona, quase como que fazendo um êxodo
do Egito. A partir daí, Deus continuou fazendo com ele
um itinerário amoroso. E Murialdo soube ser dócil a esta
ação divina em todos os acontecimentos e iniciativas de
sua vida, tirando dela as consequências. A palavra nele
se fez carne!
Padre José Fossati afirma que a experiência da
misericórdia de Deus, vivida por Murialdo, o conduziu a
ser misericordioso com os jovens pobres e abandonados,
vivendo o ensinamento de Jesus: “Sede misericordiosos
como vosso Pai celeste é misericordioso” (Lc 6,36). Esta
dedicação não nascia principalmente de uma exigência
social, mas, sobretudo, evangélica.
Nosso Santo Fundador, portanto, assimilou o modo
de ser de Jesus. A exigência de agir no social decorreu
do olhar a realidade com os olhos de Jesus. Murialdo
colocou a Palavra no coração, nas mãos e nos pés, isto
é, na vida. Não caiu no engodo de entender e fazer da
meditação e da oração somente uma ação cerebral
desconectada da vida. As tradições que Murialdo trouxe
da sua formação, não paralisaram seu crescimento porque
ele foi capaz de aceitar a conversão oferecida pela
misericórdia de Deus, colocando Jesus no centro de sua
vida.
Pe. Antonio Lauri de Souza
Conselheiro Provincial Fazenda Souza - Caxias do Sul - RS
19
A semana santa (paixão, morte e
ressurreição de Jesus) revela a imensidão
do amor de Deus. O seu amor é derramado
abundantemente em nossos corações, no
coração de cada um de seus filhos, pois
“Ele faz o sol nascer sobre maus e bons,
e a chuva cair sobre justos e injustos” (Mt
5,45). A caminhada terrena de Jesus está
impregnada e repleta de gestos concretos
do amor de Deus. E esse amor tem endereço certo: o coração de todos os seus
filhos e filhas. Ninguém é excluído.
Para o agricultor parece ser apenas
um outro dia de duro trabalho braçal no
cansativo ritmo do campo. O tempo passa
lentamente. Mas, repentinamente, o boi
para e começa a dar puxões teimosos. O
arado bate em algum cepo que impede de
continuar a abrir o sulco na terra. Com
esforço puxa o arado para trás e o arranca
da terra. Outra tentativa mostra-se igualmente infrutífera, independente da força
20
do boi. O homem empurra o arado primitivo
para o lado. Com as próprias mãos cava
furiosamente a terra, que “voa” para todos
os lados. Por fim, o camponês percebe
uma alça e tira um grande baú do chão.
Tremendo, ele puxa com força a alça do
baú. Fica petrificado. Solta um grande grito
que faz o boi piscar.
Ansiosamente abre o baú que está
cheio até a tampa de moedas e joias, prata
e ouro. Ele remexe o tesouro deixando
escorrer por entre os dedos as moedas
preciosas. Está extasiado, suspirando com
enorme dificuldade. Como isso foi parar
no campo? Furtivamente, olha em volta
para ver se alguém o estava observando.
Satisfeito por estar sozinho, volta a enterrar
o baú e faz um sulco raso na superfície.
Com o arado coloca uma pedra grande no
local como marcador e continua arando o
campo.
CAPA
Pe. Vilcionei Baggio
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações”
Rm 5,5
21
CAPA
Pe. Vilcionei Baggio
Mas o dia já não é mais o mesmo. Ele está
profundamente afetado pela esplêndida descoberta. Não
consegue mais pensar no trabalho a ser feito durante o dia
sem se distrair, nem dormir sem se perturbar à noite. Na
verdade um único pensamento o controla: o campo precisa
tornar-se sua propriedade.
Como assalariado é impossível para ele se apossar
do tesouro enterrado. Onde vai conseguir o dinheiro para
comprar o campo? Ele começa a vender tudo o que possui.
Consegue um preço justo por sua casa e o gado que
conseguiu adquirir. Conversa com amigos, parentes e
conhecidos e toma emprestadas somas significativas. O
proprietário está deliciado com o preço oferecido pelo
comprador e o vende ao camponês sem pensar duas vezes.
A esposa do novo proprietário está furiosa. Seus filhos
estão inconsoláveis. Seus amigos o censuram publicamente.
Seus vizinhos olham para ele e pensam: ‘ele ficou tempo
demais debaixo do sol’. Mas o camponês está firme e
decidido; e isso os deixa impressionados.
Contudo o camponês permanece sereno, até mesmo
alegre, em face da oposição que encontra em todos os
lugares. Ele se alegra somente em pensar nos resultados.
O valor do tesouro é incalculável. Finalmente, ele consegue
se apropriar do campo; com o tesouro consegue quitar todas
as suas dívidas e o, outrora, assalariado
é agora dono de uma fortuna. Parabenizado por seus amigos, agraciado pela
esposa e admirado pelos filhos, ele
possui sua vida assegurada.
O Reino dos Céus é semelhante
a um tesouro escondido no campo. Um
homem o encontra, e o mantém escondido. Transbordante de alegria, ele vai,
vende todos os seus bens, e compra
aquele campo (Mt 13,44).
O camponês é tomado por uma
grande alegria por sua descoberta; ela toma conta de seu
ser, o arrebata, penetra-lhe no íntimo. Tudo o mais parece
inútil comparado àquele valor extraordinário. Joaquim
Jeremias afirma: “a ideia clara na parábola não é o que o
homem abre mão, mas a razão para assim fazê-lo: a
esmagadora experiência de sua descoberta. Assim é com
o Reino de Deus. O efeito da boa nova é irresistível; enche
o coração de felicidade; muda completamente a direção da
vida de uma pessoa e produz o mais sincero sacrifício
próprio”.
O Reino de Deus é o tesouro de todos os cristãos;
tudo o mais será dado por acréscimo se o Reino for buscado
em primeiro lugar (cf. Mt 6,33). Uma coisa, então, é descobrir
o tesouro e outra, bem diferente, é requerê-lo como
propriedade por uma determinação implacável e esforço
pessoal tenaz. A meu ver, este é o ponto crucial entre a
pessoa mística e aquela que sabe do valor da experiência,
mas não consegue traduzir isso em sua vida no cotidiano.
O místico é aquele que tem coragem de tomar posse
do tesouro e deixar tudo o que for secundário, devido a
esmagadora experiência que ele faz do amor de Deus; ele
é capaz de vender tudo o que possui para adquirir o
verdadeiro tesouro. Foi assim a vida dos grandes místicos
e santos da Igreja. Quando o amor de Deus inundou suas
almas, suas vidas foram transformadas para sempre.
Infelizmente isso não é fácil de acontecer. A
mesquinhez de nossa vida é devida, em grande parte, à
fascinação com as bijuterias e quinquilharias do mundo
irreal: busca por poder, segurança, prazer, bem-estar,
sucesso. Não conseguimos separar o indispensável do
dispensável. “E quando não somos profundamente afetados
pelo tesouro ao nosso alcance, a apatia e a mediocridade
são inevitáveis” (Manning). No frenesi de nossa correria
diária, na barulheira de nossas vidas não temos tempo e
tampouco oportunidade para ouvir a voz do Pai. Deus grita
conosco, mas o barulho ao nosso redor impede que ouçamos
sua voz. E o mais grave: encontramos respostas e desculpas
para tudo; é a famosa racionalização. Não podemos esquecer
que satanás é um grande ilusionista. Ele encobre a inverdade
com um verniz muito bonito e faz com que passemos a dar
importância àquilo que não possui importância alguma.
Segundo Jean Danielou “a verdade consiste no ato de a
mente dar às coisas a importância que têm na realidade”.
A verdade que deixamos de perceber claramente é
que somos filhos e filhas amados e amadas do Pai: “este
é o meu filho amado...” (Lc 3,22). É na aceitação dessa
verdade e mergulhados no infinito amor do Pai que o místico
pode proclamar: ‘eu sou amado e isso é suficiente’. Por isso
que Jesus proclama: “o meu alimento é fazer a vontade
daquele que me enviou” (Jo 4,34; cf. Lc 22,42; Jo 14,10).
O coração de Deus é o esconderijo do místico, um forte e
protetor espaço onde Deus está próximo, onde a relação é
renovada, onde a confiança, o amor e a
auto-consciência nunca morrem, mas são
continuamente reacesos. Quando o
místico conhece o amor de Jesus Cristo
nada mais no mundo parecerá belo ou
desejável.
Dentre tantos exemplos da vida
cristã, um dos mais emblemáticos é o de
São Francisco de Assis. Ele afirmou: “O
Senhor me disse que desejava que eu
fosse um louco de um tipo jamais visto
antes”. E de fato, foi. Diz sua biografia
que numa manhã chuvosa ele se aproximou da praça onde
ficava a igreja da aldeia. Uma multidão o seguia cantando:
“Santo, santo, o santo de Deus”. Os aldeões sabiam que o
padre local não levava uma vida de retidão moral. Quando
Francisco chegou à praça, aconteceu de o padre sair da
igreja. A multidão observava num silêncio tenso. O que faria
Francisco? Denunciaria o padre pelo escândalo que provocava? Pregaria aos aldeões sobre a natureza da fragilidade
humana e a necessidade de compaixão? Simplesmente
ignoraria o padre e continuaria seu caminho? Francisco deu
um passo adiante, ajoelhou na lama, tomou a mão do padre
e beijou-a. Isso foi tudo.
Concluo com as palavras proféticas do Senhor a
Margery Kempe: “mais agradável a mim do que todas as
suas orações, penitências e boas obras é que você acredite
que Eu a amo”.
O místico é aquele que
tem coragem de tomar
posse do tesouro e
deixar tudo o que for
secundário
22
Bibliografia:
B. Manning. Convite a Loucura
M. Maçaneiro. Mística – apontamentos pessoais
H. Nouwen. Viver é ser amado
J. Jeremias. As parábolas de Jesus
Pe. Vilcionei Baggio
Religioso Josefino, psicólogo
e diretor administrativo do Colégio Murialdo - Araranguá (SC)
P.S. - Um agradecimento especial para a
professora Nelise Andréia Bortoloto Kleveston.
FORMAÇÃO
Pe. Marcionei Miguel da Silva
principal célula viva da
sociedade é a família.
Defendemos os direitos
humanos, os princípios
éticos cristãos, a dignidade da vida, o amor e o perdão.
Numa sociedade marcada pela
doença do consumismo, individualismo e relativismo, acentuamos
a família como paradigma para os
dias de hoje. Não podemos entender
a família como um simples amontoado de gente que se encontra para
ver novela; tampouco um grupo que
faz eventos esporádicos ao redor
de uma churrasqueira.
O conceito de família, hoje,
está ampliado. Faz-se várias leituras
sobre essa realidade. Nós acreditamos na família que é capaz de
criar laços, abrir-se ao dom da vida
e educar para o amor e a justiça. O
princípio da fraternidade torna-se
um paradigma vinculante, quando
se considera as relações nas suas
diferentes dinâmicas existenciais
fragilizadas. A sociedade está sendo
tecida nas diferenças educacionais
marcadas pela escola, religião,
música, cultura, internet, pelo shopping, lazer e esporte. Vive-se uma
adolescentização da vida em nosso
tempo, onde se fala sobre mudança
de época e fragilização da vida
adulta. As responsabilidades são
adiadas, as famílias, relativizadas;
as propostas da mídia, acolhidas; e
o senso crítico é esmagado pela
informação de massa. Vive-se o
tempo dos grandes eventos, dos
mega-eventos, dos grandes heróis.
Enquanto isso os problemas continuam.
A família, hoje, exige
equilíbrio, limites,
orientação, formação
humano-cristã, fidelidade,
educação integral, diálogo,
perdão e descontração
A família, hoje, vive de saudades dos seus verdadeiros heróis,
do pai responsável e da mãe presente, terna e carinhosa. As leituras
sobre família hoje, são como espinhos na carne: dói e não se consegue arrancá-los, porque se perderam
as referências. Mas não sejamos
tão pessimistas, os jovens estão
voltando a encantar-se pelo amor,
pela vida “ao redor do fogão”, pelas
canções mais poéticas e pelos
vínculos comprometedores. A oração
não está tão distante da vida dos
jovens hoje, apesar de ser subjetiva.
Talvez falte mais doação ao próximo
e menos exibicionismo e status.
Percebe-se que quanto mais
arruinado o princípio da família no
coração de um jovem, mais rebelde
se torna seu mundo. A família é o
primeiro espaço de socialização das
crianças, dos adolescentes e dos
jovens. Estando esse espaço deformado, o que podemos esperar do
jovem amanhã?
A família, hoje, exige equilíbrio,
limites, orientação, formação humano-cristã, fidelidade, educação
integral, diálogo, perdão e descontração. Quando a família está unida,
sentimos vontade de voltar pra casa
para partilhar as histórias vivenciadas; quando está dispersa,
evitamos mostrar o rosto. Cultivar o
princípio da família é deixar-se amar,
sentir-se amado e educar-se para o
amor.
Pe. Marcionei Miguel da Silva
Escritor, teólogo, compositor
e mestre de noviços
23
elicidade é uma palavra e uma
realidade desejada por todas as
pessoas. É um grito que parte do fundo
do existir humano e parece nunca ser
satisfeito plenamente. Religiões, sistemas sociais,
organizações culturais, sistemas políticoeconômicos, tentaram e tentam dar respostas e
propor caminhos para se chegar à felicidade.
Na verdade, porém, parece um horizonte
sem alcance. Porque não parece possível à
cultura atual criar uma situação estável de
felicidade, facilmente ela é traduzida com
momentos, com acontecimentos do dia a dia.
Felicidade é o encontro com uma pessoa amiga,
é a conquista de um título universitário, é ter
conseguido um bom emprego, é o relacionamento
íntimo com uma pessoa, é uma festa com boa
comida e bebida, é um momento de paz experimentado na espiritualidade, é um dia de passeio,
um tempo de praia, uma viagem, é sobretudo o
sentir-se acolhido, amado, respeitado e tantos
outros momentos gostosos da vida. Mas na
24
verdade, se esta explicação fosse suficiente, não
se ouviria ainda, quase todos os dias, ou mais
vezes ao dia a pergunta: “Você é feliz”? Ou então,
outros, diante de aparências perguntam: “Qual
é o segredo da tua felicidade”? Lembro alguns
anos atrás que um suposto pesquisador, em
plena praia ia perguntando às pessoas: “Você é
feliz? As respostas foram muitas, de certa forma
afirmativas, por ser um tempo de descanso, de
união com a família, de recuperação de energias
e outras afirmações. Uma criança, com os seus
oito ou dez anos respondeu ser feliz, muito feliz,
porque os pais dela se amavam e a amavam
muito, como também amavam o mano dela.
“Nossa família é feliz”. A mãe, próxima da filha
confirmou o diálogo e a realidade. Neste caso,
a felicidade não é um momento, não é um local,
mas é uma atitude. Esta atitude é construída na
soma de individualidades, de relacionamentos,
de responsabilidades conjuntas, de conquistas,
de sofrimentos que conduzem à ressurreição.
A própria sociedade, está se dando conta
FORMAÇÃO
Pe. Geraldo Boniatti
de que a felicidade não pode ser construída de apenas
espirituais); Saúde (exercícios físicos, sono, habitos
momentos, mas que deve ser uma atitude. Eis a desalimentares); Uso do tempo (divisão das atividades do
crição feita pelo repórter João Loes, (da Revista IstoÉ,
cotidiano,educação, horas perdidas no trânsito);
Edição 2089, 25 novembro 2009), sobre este assunto:
Vitalidade comunitária (vitalidade dos relacionamentos
sabemos que o desenvolvimento e o progresso de uma
afetivos, segurança pessoal, voluntariado, resistência
nação é medido pelo PIB (Produto Interno Bruto), isto
a crises); Educação (estudo, educação na família,
é, tudo o que é produzido numa nação dividido pelo
consciência ambiental); Cultura (participação em eventos
número de habitantes. Esta medida peca por não levar
cuturais, desenvolvimento artístico, religião, gênero,
em conta as desigualdades sociais, a economia informal,
etnia; Meio ambiente (relação com os meios naturais,
a qualidade da produção e a sustentabilidade do
água, ar, solo,biodiversidade); Governaça (relação com
crescimento. Outra medida é o IDH (Índice de desenas autoridades, segurança, relação com imprensa,
volvimento humano) que mede, procura medir as condijudiciário, eleitoral, nível de envolvimento na sociedade);
ções de vida das pessoas. Tem suas falhas em não
Padrão de vida (renda, segurança financeira, qualidade
levar em conta os efeitos colaterais, como poluição,
de aquisições, gastos necessários e supérfluos).
desagregação familiar, violência. Há uma terceira medida
Como percebemos também, a sociedade
chamada IPH (Índice de pobreza humana) que considera
procura descobrir situações mais estáveis, duradouras
a expectativa de vida, analfabetismo e saneamento
da felicidade e não apenas como meros momentos de
básico.
vida. Com as propostas vista acima, há certamente uma
avanço em relação ao pensamento
Analistas sociais estão percebendo
A sustentabilidade
positivo ou então, no que propõe o
que os parâmetros traçados por estas
filme O Segredo, relacionando tudo
estimula as
medidas não estão trazendo a felicidade
ao poder da atração em seus
para as pessoas. Surge então outra
responsabilidades
aspectos positivos e negativos. Ou
medida que pode satisfazer as pessoas
éticas
nos
aspectos
ainda à mágica do gênio que contanto para o aspecto econômico, mas,
relacionados com a
cretiza o desejo de cada pessoa: “O
sobretudo para uma maior relação social
equidade, justiça social teu desejo é meu comando”.
que se denomina FIB (Felicidade Interna
Bruta).
Nós cristãos, que acreditamos
e a ética dos seres vivos
em Jesus Ressuscitado temos uma
O repórter continua: satisfação e
caminho real para concretizar a verdadeira felicidade
bem-estar valem tanto quanto o dinheiro para o sucesso
que engloba as tímidas intuições das culturas e das
de uma sociedade. Por isso, governos e empresas
organizações sociais. O caminho real da felicidade está
começam a medir a Felicidade Interna Bruta das pessoas,
proposto no Evangelho de Mateus, capítulo 5: “As bemum novo instrumento para traçar políticas públicas e
aventuraças”. É o próprio Jesus que diz que uma
administrativas. FAMÍLIA: Vínculos fortes e tempo para
pessoa, faz uma boa aventura se for: pobre em espirito,
o lazer são fundamentais para uma vida feliz.
manso, misericordioso, puro de coração , amante da
O termo foi criado pelo rei do Butão Jigme Singye
justiça, pacífico, angustiado pelas incompeensões,
Wangchuck, em 1972, em resposta à críticas que
assumindo as perseguições por causa da justiça. Todas
afirmavam que a economia do seu país crescia misejuntas, estas bem aventuranças englobam plenamente
ravelmente. Esta criação assinalou o seu compromisso
os nove pilares do FBI.
de construir uma economia adaptada à cultura do país,
No final de tudo o segredo da felicidade está no
baseada nos valores espirituais budistas. Assim como
amar, no amar-se, no fazer-se amar, no deixar-se amar
diversos outros valores morais, o conceito de Felicidade
e no servir. Assim como disse aquela criança ao
Interna Bruta é mais facilmente entendido a partir de
pesquisador: “Sou feliz porque meus pais se amam, me
comparações e exemplos do que definido especiamam” e poderíamos acrescentar, com toda a certeza,
ficamente.
que somos felizes porque Deus nos ama. Segredo da
Enquanto os modelos tradicionais de desenfelicidade e de santidade que marcou a vida de Murialdo
volvimento têm como objetivo primordial o crescimento
quando descobriu que Deus o amou com amor infinito,
econômico, o conceito de FIB baseia-se no princípio de
terno, pessoal, atual e misericordioso. A expressão
que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade
“Deus me ama, que alegria”! só pode brotar de um
humana surge quando o desenvolvimento espiritual e
coração feliz.
o desenvolvimento material são simultâneos, assim se
complementando e reforçando mutuamente.
Pe. Geraldo Boniatti
Diretor do Colégio Murialdo de Ana Rech
Os nove pilares que medem a FIB: Bem estar
Caxias do Sul - RS
psicológico (otimismo em relação à própria vida, autoestima, percepção de competência, stress e atividades
25
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26
MARCAS DO QUE SE FOI
Pe. Orides Ballardin
Conselho Geral, para atuar a Recomendação nº 26 do XXI CG, na sua reunião
de 21 de fevereiro passado, nomeou Pe.
Orides Ballardin, “Postulador Geral, com
a tarefa de seguir as causas de beatificação
atualmente em curso, manter e promover a memória
de outros confrades que merecem".
O Pe. Guido Bassanello e o Pe. Angelo Catapano são vices postuladores e colaboradores do
Postulador Geral. No Brasil, a Irmã Enedina Smiderle
é vice postuladora da Causa de Beatificação do Pe.
João Schiavo.
Atualmente, as Causas do Servo de Deus, Pe.
Eugenio Reffo e do Servo de Deus, Pe. João Schiavo
estão em Roma (fase romana), enquanto que a do
Pe. Angelo Cuomo ainda está na fase diocesana.
Em 04 de fevereiro de 2011, com a presença
do nosso Superior Geral, Pe. Mario Aldegani, tivemos
um encontro com o Cardeal Angelo Amato, prefeito
da Congregação das Causas dos Santos, tendo ele
nos dado informações exatas sobre o estado atual
das respectivas Causas em fase romana.
Manifestando o nosso desejo e empenho para
que elas possam prosseguir celeremente, o cardeal
nos deu previsões alvissareiras. Para isso, expusemos
que em 2013 se comemoram 170 anos do nascimento
do Pe.Eugenio Reffo. Expressamos o desejo de que,
para aquela ocasião, ele possa ser declarado
Venerável e seu exemplo de sacerdote zeloso, de
educador inteligente e também de co-fundador da
Congregação ser mais conhecido e reconhecido.
Por carta, desde o Vaticano, no dia 09 de março
passado, o Cardeal deu-nos a "boa notícia" que a
“Positio super Virtutibus será entregue aos consultores
teólogos no decorrer de 2012”, mas acrescentou que
"para a beatificação é necessário o reconhecimento
de um milagre realizado pela intercessão do Servo
de Deus. No momento, nenhum caso foi apresentado
a esta Congregação. É necessário convidar os
membros do Instituto e os fieis a invocar a intercessão
do Servo de Deus em suas necessidades, com a
confiança de alcançar a almejada intervenção
milagrosa".
Quanto à situação da Causa do Pe. João
Schiavo, para a qual já foi apresentado à Congregação
das Causas dos Santos, o Processo diocesano sobre
um suposto milagre, já foi entregue a primeira
impressão da “Positio super Virtutibus” e da “Positio
super Miro” e se está esperando e solicitando o
beneplácito para a impressão definitiva e a entrega
oficial das mesmas em vista dos passos sucessivos
da Causa.
Nós expusemos, igualmente, que em 2015
ocorre o centenário da chegada dos Josefinos no
Brasil. A circunstância seria muito favorável para um
avanço significativo no processo do Servo de Deus
Pe. João Schiavo, que justamente no Brasil viveu a
maior parte de sua vida e deixou uma grande
reputação de santidade.
Anuiu muito contente, também pelo interesse
demonstrado pela autoridade máxima da nossa
Congregação.
O Cardeal Angelo Amato, outrossim, nos disse
que o que faz avançar as Causas de Beatificação
não são só os milagres e a devoção popular ou a
ação do Postulador, mas também o efetivo interesse
de toda a Congregação Religiosa.
Portanto, juntamente com a tarefa da Postulação
Geral e as Vice-postulações da Itália e do Brasil, de
preparar e distribuir material para a divulgação do
conhecimento e da devoção de nossos Servos de
Deus, é empenho de todos, rezar a Deus e pedir,
pela intercessão deles, as graças de que necessitamos com as orações dos “santinhos”.
“Fatevi santi e fate presto”... (Fazei-vos santos
e fazei-o depressa) foi a recomendação que brotou
do coração de nosso Santo Fundador.
Peçamos-lhe a coragem de pôr-nos, com
vontade decidida, em suas pegadas.
Cordialmente, vos saúdo e abençoo de todo o
coração.
Roma, 03 de junho de 2011
Pe. Orides Ballardin
Postulador Geral em Roma
27
studos recentes indicam que, além do
usar para nunca faltar. Mudanças de atitude e de
aquecimento global, outros fenômenos
visão de mundo se fazem necessárias não apenas
que ameaçam o equilíbrio da natureza
para a ciência e os governos, mas principalmente
estão surgindo. Observou-se nos
na sociedade e na educação das nossas crianças
últimos anos, por exemplo, o sumiço
e jovens. O surgimento de um novo paradigma
de abelhas. Cientistas da Universidade Harvard
que alguns chamam de ecologia profunda, que
levantaram hipóteses que incluem a intoxicação
reconhece a interdependência de todos os
por inseticidas, infecções por vírus e até radiação
fenômenos, pode contribuir com tal transformação.
de telefones celulares como causas do sumiço
A ecologia profunda considera o indivíduo
das abelhas. O ambiente apresenta nítidos sinais
como parte orgânica do todo, cuja visão vai além
de esgotamento, a contaminação das águas, a
do puramente materialista e concebe o mundo
transformação de algumas regiões em desertos,
como um todo integrado, e não como uma coleção
a destruição da camada de
de partes dissociadas. A percepção
ozônio, a escassez e falta de
A sustentabilidade
da ecologia profunda reconhece
água são alguns exemplos
que, enquanto indivíduos e
estimula as
dos reflexos da atividade husociedades, todos estão encaimana sobre o ambiente. Não responsabilidades éticas,
xados nos processos cíclicos da
há dúvida: estamos vivendo
nos aspectos
natureza. Toda a questão dos
uma verdadeira crise ecolórelacionados com a
valores é fundamental para a
gica de alcance global, gerada
equidade, justiça social ecologia profunda; é, de fato, sua
principalmente pelo elevado
característica definidora central.
nível de perturbações antró- e a ética dos seres vivos
Todos os seres vivos são membros
picas.
de comunidades ecológicas ligadas umas às outras
Tal contexto demanda pesquisas científicas
numa rede de interdependências. Quando essa
e ações governamentais urgentes com vistas a
percepção ecológica profunda torna-se parte de
reduzir e minimizar os efeitos danosos produzidos
nossa consciência cotidiana, emerge um sistema
ao ambiente. Entretanto, para solucionar tais
de ética. Essa ética ecológica profunda é
problemas de forma definitiva, far-se-á necessário
urgentemente necessária nos dias de hoje,
mais do que ações de mitigação: será preciso uma
especialmente na ciência, uma vez que a maior
mudança radical em nossas percepções e valores.
parte daquilo que os cientistas fazem não atua no
O consumo sustentável é um novo conceito que
sentido de promover a vida nem de preservá-la,
surge para nos orientar a usar corretamente os
mas sim no sentido de destruir a vida. Com físicos
recursos naturais satisfazendo as nossas necescriando sistemas armamentistas que ameaçam
sidades e as das gerações futuras. Ou seja, saber
varrer a vida do Planeta, químicos contaminando
28
PONTO DE VISTA
Tanise Boeira Pelegrini Bertolin
o meio ambiente, biólogos criando novos e
desconhecidos microorganismos sem saberem as
consequências, psicólogos e outros cientistas
torturando animais em nome do progresso científico
(CAPRA, 1996).
Não obstante o reconhecimento do momento
crítico, muitos economistas e governos demonstram
preocupação com os possíveis impactos no
crescimento econômico de ações de mitigação
como, por exemplo, a redução da emissão de gases
causadores do efeito estufa. Nessa perspectiva, o
tema da sustentabilidade assume um papel central
na reflexão em torno das dimensões sócioeconômicas e ambientais. O desenvolvimento
sustentável é uma estratégia na relação sociedade
humana e natureza, e é o início para uma mudança.
A sustentabilidade estimula as responsabilidades
éticas, nos aspectos relacionados com a equidade,
justiça social e a ética dos seres vivos. Define-se
por desenvolvimento sustentável um modelo
econômico, político, social, cultural e ambiental
equilibrado, que satisfaça as necessidades das
gerações atuais, sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de satisfazer suas próprias
necessidades.
Para Leff (2001), “o desenvolvimento
sustentável é um projeto social e político que aponta
para o ordenamento ecológico e a descentralização
territorial da produção, assim como a diversificação
dos tipos de desenvolvimento e dos modos de vida
das populações que habitam o planeta. Neste
sentido, oferece novos princípios aos processos
de democratização da sociedade que induzem à
participação direta das comunidades na apropriação
e transformação de seus recursos ambientais”.
A ecologia profunda e a sustentabilidade
tornam-se, assim, ferramentas necessárias para o
desenvolvimento de uma consciência ecológica. A
mudança de atitude e a conscientização são
fundamentais para a superação da grave crise
ambiental e para que modelos de desenvolvimento
sustentável se consolidem num futuro próximo. Os
princípios da ecologia profunda e da sustentabilidade
devem fazer parte dos projetos pedagógicos dos
sistemas de ensino com vistas à geração de
consciência, responsabilidade ambiental e
desenvolvimento sustentável. Seguindo por este
caminho, os estudantes serão levados a pensar e
agir de forma ética nas relações consigo mesmo,
com os outros e com o ambiente. Somente por
meio da educação para uma consciência ambiental
será possível construir um mundo mais solidário,
mais sustentável e participativo na preservação da
vida no planeta.
Referências Bibliográficas
BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: ética do humano - compaixão
pela Terra. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica
dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996.
LEFF, Enrique. Saber Ambiental - Sustentabilidade,
Racionalidade, Complexidade, Poder. Rio de Janeiro: Vozes,
2001.
Tanise Boeira Pelegrini Bertolin
Mestre em Ciências Ambientais
Professora de Biologia
Colégio Murialdo de Araranguá - SC
29
PONTO DE VISTA
Pe. Cornélio Dall’ Alba
Ao Pe. José Perona no dia do sepultamento
Ana Rech, 11 de março de 2011
E agora
José?
No dia em que a liturgia
Cobria sua cabeça de cinza
Tu às cinzas confiaste teu corpo
Hoje as quaresmeiras desabrocharam
Maceradas de dor
O céu brasiliense trajou-se de cinza
E o silêncio chorou
A espiga de tua vida já loirejara
E estava pronta para a ceifa
O santo outono veio colher o fruto
Cultivado por primaveras
Em longas esperas hibernais
regado por um Pai
podado para ser mais
na pobreza, castidade, obediência
Os níveos olhares dos Alpes
as uvas de lábios carmim
e os brincos das cerejas
queriam deter os teus passos
queriam embalar-te em seus braços
e que o teu horizonte
se limitasse ao Piemonte
Mas a tua alma era maior
do que os cumes alpinos
do que a planície padana
do que os poetas latinos
do que a culta Toscana
Com alma missionária
deixaste a tua Itália
30
os teus familiares
singraste atlânticas distâncias
amplas como tuas ânsias
e atracaste para sempre
na terra dos Palmares
Padre Giuseppe ficou Padre José
e honrou esse nome
com a identidade josefina
chegando a biografar até
o marceneiro de Nazaré
Mas Padre José
uma inteligência brilhante
fez da sala de aula
um altar de oferenda
onde o vinho da Ciência
vertia dos seus lábios
com tamanha eloquência
que o aluno facilmente sorvia
os segredos da Álgebra, Geometria
Grego, Francês,
Latim, Português
Padre José era humilde
Como o padroeiro de Nazaré
Quando escrevia seus poemas
Vinha mostrá-los a mim
Que não era nem digno
de desatar sua sandálias
E agora José? E agora José?
Agora o paraíso sonhado
agonizado
O paraíso da porta estreita
das divinas surpresas
Agora poderás ouvir o Mestre Aquino
Expondo a suma Teologia
Agora sentarás ao lado de Agostinho
contemplando a pericorese trinitária
Agora com São Jerônimo
Pesquisarás a Escritura
Nos textos originais
E Beatriz de Dante te levará
Pelos meandros do paraíso
E lá festejarás com Murialdo
A família Josefina
Junto com a alegria de José e de Maria
Agora a utopia e o céu se abraçaram
Padre José eu te faço um pedido
Que este teu amigo na terra
Possa ser um dia teu amigo no céu.
Que eu siga Jesus Cristo
Que deixou suas pegadas cruentas
No exílio de nossas almas sedentas
Que eu caminhe com os passos dele
ao encontro dos jovens
pois são os olhos dos jovens
que me hão de guiar
quando meus olhos não mais puderem
andar.
Pe. Cornelio Dall’Alba
Sacerdote Josefino, residente no
Seminário São José de Orleans - SC
Foto: Divulgação A&C
NOTÍCIAS
No dia 22 de janeiro de 2011,
em Lunsar, Serra Leoa, África, foi
ordenado sacerdote, o religioso
Josefino, Andrew Dumbuya. Ele
realizou os estudos de teologia na
PUC, em Londrina – PR e pertencia
à comunidade do Teologado Internacional.
Pe. Andrew Dumbuya trabalha
na missão da Serra Leoa - África.
Fotos: Divulgação A&C
Novos diáconos Josefinos
José Bispo de Souza foi ordenado
diácono, no dia 1º de maio, pelo bispo, Administrador Apostólico da Arquidiocese de Brasília,
DF, dom Waldemar Passini Dalbello, na Igreja
Matriz para Paróquia Santa Rita de Cássia de
Planaltina, DF.
O diácono exercerá o ministério diaconal
na mesma paróquia, colaborando também na
obra social - CEMEC - mantida pelos Josefinos
de Murialdo.
O Fr. Edison Fustillos foi ordenado
diácono, pelo bispo, Dom Orlando Brandes, no
dia 21 de maio de 2011, na comunidade São
Leonardo Murialdo, da Paróquia Cristo Bom
Pastor, de Londrina, PR. Na oportunidade, estava
presente o Pe. Hugo Sanchez, provincial da
Província Equador-Colômbia, onde o Diácono
Edison pertence.
31
NOTÍCIAS
A Província Brasileira do Imaculado Coração de
Maria tem a alegria de acolher sete jovens para o noviciado,
com sede em Fazenda Souza - Caxias do Sul - RS, nesse
ano de 2011. São eles: Anderson de Oliveira França (Rio
de Janeiro - RJ), Antônio de Castro Lima (Fortaleza - CE),
Cristiano Parnahiba Souza (Fortaleza - CE), Eduardo Reis
dos Santos Júnior (Guará I - DF), Luis Antônio da Silva
(Londrina - PR), Paulo Henrique de Lira Santos (Beberibe
- CE) e Pedro Paulo da Silva (Laguna - SC), sob
coordenação do mestre, Pe. Marcionei Miguel da Silva.
O noviciado é de fundamental importância dentro
do contexto formativo. Em tudo amar e servir com
docilidade. “Deus nos ama com um amor infinito, pessoal,
atual, terno e misericordioso” (Murialdo).
Pe. Harry Jung lança livro
“Vozes do Silêncio” é o novo livro de poesias lançado
pelo Pe. Harry Jung. Detentor de vários prêmios em concursos
de poesias e crônicas, como
da Academia Brasileira de
Estudos e Pesquisa Literárias, do Rio de Janeiro e
outros em âmbito estadual, o
autor já tinha publicado seu
primeiro livro de poesias:
“Veredas do Coração”.
Em “Vozes do Silêncio”
sentimos uma poesia contemplativa em que o autor
percebe nas filigranas da
natureza, o amor carinhoso
Daquele que jogou essa
profusão de obras para o
próprio poeta e para cada
um de nós. São poemas
para ficar na literatura.
32
Postulantes com o formador, Pe. Márcio
O Postulado é um tempo em que os jovens pedem
para ingressar na Congregação, procurando identificar-se
com o Carisma, assumindo com responsabilidade o estudo,
o trabalho, a oração e o lazer numa comunidade formativa.
Este ano, a Província Brasileira dos Josefinos de Murialdo
tem grupo de 7 postulantes que ingressaram no dia 18 de
maio e são oriundos do Pará, Bahia, Ceará, Santa Catarina,
e Rio Grande do Sul, sob a orientação dos confrades Pe.
Márcio Benevides, Pe. Gabriel de Souza e Ir. Nelson Bussolo.
A comunidade do Postulado está em Londrina - PR, junto
à EPESMEL
Pe. Gino Rossi fala da atenção às
crianças e jovens da periferia...
“Precisamos investir mais tempo e recursos para os
jovens. A revitalização do setor juventude vai acontecer se
os Josefinos e as comunidades derem mais atenção aos
jovens e adolescentes na escuta, diálogo,confiança, partilha
e corresponsabilidade. Os jovens têm sede de espiritualidade,
precisam de amigos fiéis e sinceros, de irmãos que saibam
partilhar a vida com eles, e de pais que os amem assim
como são, de modo infinito, pessoal, atual, misericordioso,
livre e verdadeiro.”
A Província
Brasileira está
participando
do Instituto de
Formação
Juvenil do
Maranhão
(IFJMA) com a
presença
de um religioso
e de recursos
financeiros.
Foto: Divulgação A&C
Foto: Marcelino Pauletti / Volga
Foto: Divulgação A&C
Sete jovens ingressam Postulado de Londrina
ao Noviciado
NOTÍCIAS
Seminário Nacional da
Criança e do Adolescente
De 23 a 25 de setembro de 2011 acontece o Seminário
Nacional Murialdino da Criança e do Adolescente, tendo
como local o Centro de Eventos e Hospedagem Murialdo
- Fazenda Souza - Caxias do Sul – RS. O evento,
coordenado pela Equipe da Criança e do Adolescente da
Província Brasileira dos Josefinos de Murialdo, tem como
tema “Filhos do mundo são eles em busca de paz...” e lema
“Qualificando” os agentes e fortalecendo a “Rede é destinado
aos religiosos, educadores e apoiadores das Obras Sociais.
Além da partilha de experiências, momentos de
espiritualidade, o Seminário conta com a assessoria do
superior geral dos Josefinos, Pe. Mário Aldegani, do jornalista
da Rede Globo, Caco Barcellos e da Ex-Ministra do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes.
Será uma grande oportunidade de renovar o
encantamento pelo carisma e missão junto às crianças e
adolescentes empobrecidas. Murialdo já dizia a seus
educadores: “Nós temos o cuidado daquilo que é mais
precioso na sociedade: isto é, as crianças. E o que é mais
precioso nas crianças é o coração. Não é tanto o exterior,
o comportamento, a tarefa, a escola. Pois bem, é a educação
do coração a que nós visamos.”
ANALAM realiza
Congresso-Assembleia
De 29 a 31 de julho de 2011 acontece, em Porto Alegre
– RS, o XI Congresso Assembleia da Associação Nacional
dos Leigos Amigos de Murialdo - ANALAM. O evento, que
tem como tema “Numa sociedade
individualista, a espiritualidade é
o caminho” reúne Amigos de Murialdo, representantes dos Núcleos
de todo o Brasil para avaliar, celebrar e planejar a caminhada da
Associação.
Para preparar melhor os participantes do Congresso Assembleia, o Conselho Formativo elaborou o Subsídio nº 1 que aprofunda
o tema proposto e serve de formação para todos os associados.
JORNADA MUNDIAL
DA JUVENTUDE
De 15 a 21 de agosto, em
Madri, Espanha, acontece a
Jornada Mundial da Juventude
tendo a presença do Papa Bento
XVI, lá são esperados milhões de
jovens. Da Província Brasileira dos
Josefinos, participam três jovens da
Paróquia Santa Rita de Cássia de
Planaltina - DF e três da Paróquia
São Benedito de São Paulo - SP.
Encontro dos referentes interprovinciais da
Família de Murialdo: Antes da Jornada Mundial da
Juventude, de 11 a 14 em Seguenza, acontece o
encontro dos referentes interprovinciais da Família de
Murialdo. Participam os padres Jucinei Vilpert e
Marcelino Modelski.
Encontro Nacional da AMA será em outubro
No dia 30 de outubro, no Seminário de Fazenda Souza, em
Caxias do Sul - RS, acontece o Encontro Nacional da Associação
das Mães Apostólicas - AMA. O encontro, que contará com a presença
de muitos sacerdotes Josefinos, Irmãs Murialdinas e vocacionados,
será marcado por orações, palestras, missa festiva, visita ao Túmulo
do Pe. João Schiavo, entre outras atrações.
33
NOTÍCIAS
Nos dias 28 de março a 04 de abril, em Buenos
Aires, Argentina, aconteceu a Conferência Interprovincial
(CI), reunindo o Conselho Geral e os provinciais das
sete províncias e organismos similares da Congregação
dos Josefinos de Murialdo. O objetivo principal do
encontro foi a preparação das linhas básicas do XXII
Capítulo Geral que acontecerá em Buenos Aires de 04
a 24 de junho de 2012. Depois de conhecer as sugestões
das províncias e comunidades, a CI definiu "com os
jovens e para os jovens pobres renovemos nossa
consagração de Josefinos para ter vida em Cristo” como
tema norteador para os trabalhos do próximo Capítulo
Geral e, consequentemente, para a vida da Congregação no sexênio 2012-2018.
O sonho é responder aos desafios do mundo e
da Igreja, buscando equilíbrio dinâmico entre a
espiritualidade e a missão apostólica (carisma) da
Congregação.
"Filho, teu pai e eu, angustiados, te procurávamos"
(Lc 2, 48). Este foi o ícone bíblico escolhido para inspirar
e guiar o aprofundamento, a articulação e a reflexão
dos trabalhos, referindo-se a um particular momento
na vida de São José (nosso patrono), sua atitude de
Foto: Divulgação A&C
Conferência
Interprovincial
adesão à vontade de Deus na dedicação ao seu filho,
Jesus.
Durante o período capitular participarão os
religiosos, distribuídos nas centenas de comunidades
e obras da Congregação e componentes da Família de
Murialdo. Vão acontecer também os Capítulos Provinciais, onde cada Província apresentará suas propostas
ao Conselho Geral e à Comissão Preparatória para a
elaboração do Instrumentum Laboris do próximo
Capítulo Geral.
A Província Brasileira estará representada pelo
provincial e três delegados.
Pe. Marcionei lança CD Origem
Pe. Marcionei Miguel da Silva, Josefino de Murialdo, por ocasião do V Festival Nacional da Canção
Murialdina, lançou o CD “Origem”, com 15 canções, 3 poemas e uma música instrumental, com o objetivo de
evangelizar através das mensagens e ajudar os projetos sociais
que trabalham com crianças, adolescentes e jovens no Brasil
e além-fronteira.
Motivação do autor Pe. Marcionei: A vida me deu de
presente o mundo do agricultor. Com meus pais me tornei
migrante, peregrino das estradas, herdeiro do amor, carregado
de esperança e aprendiz de juventude nos ecos da missão.
Quis ser amigo de Murialdo e grande Romeiro. As longas
jornadas trouxeram desafios. O nobre agricultor tornou-se
também filho do carpinteiro (pai) e da incansável costureira
(mãe). Na cidade grande descobri que os anos passam e as
marcas da vida ficam pra sempre em nossa memória. Sintome discípulo-missionário quando me deparo com um menino
sem amor. Nesses breves cenários de vida percebo a voz do
Senhor dizendo-me: Vem e Segue-me. À luz do Evangelho
contemplo o Grande Sonho da vida e sinto-me harmonizado
com os jovens que buscam o enlace no horizonte da família.
Tudo começou no tempo que eu era moço. Lágrimas de
Esperança banham meu rosto latino-americano e deixam uma
melodia de percussão ecoando em meu coração.
34
NOTÍCIAS
Rede de Colégios Murialdo
lança Guia da Família
A Rede de Colégios Murialdo lançou, no início do ano letivo 2011, o Guia
da Família. A publicação, entregue a todas as famílias dos alunos, quer ser um
instrumento de aproximação entre família e escola, pois ambas compartilham
responsabilidades no processo ensino-aprendizagem.
O material contém temas como: Missão, Visão e Princípios; Uma educação
com princípios e valores; O Murialdo tem uma grande equipe; Oportunidades
e Serviços; o jeito de Murialdo - Normas; O Murialdo tem uma grande estrutura;
Critérios para avaliação; Sua familia tem um coração educado?; A educação
começa em casa e Para ser um cidadão de verdade.
Além de bela apresentação visual, o Guia da Família é de fácil compreensão
e ajuda a família e a escola em suas competências no processo ensinoaprendizagem, bem como em sua organização.
De 27 de julho a 10 de agosto
de 2011 acontece, na cidade do
México, o Mês Murialdino.
O evento, promovido pelos
Josefinos de Murialdo, é realizado a
cada três anos num dos países da
América Latina, com o objetivo de
aprofundar a formação perma-nente.
O Brasil será representado por dois
religiosos e seis Leigos Amigos de
Murialdo.
Encontro dos ex-alunos e
ex-seminaristas de Orleans
No dia 22 de maio de 2011, aconteceu o encontro dos ex-alunos e exseminaristas no Seminário de Orleans. Mais uma vez destacou-se o livro
organizado por Dr. Elí "Meninos Sonhadores". Todos aplaudiram de pé a
proposta. O sonho ainda não acabou.
Dos confradres, marcaram presença: o Pe. Etevaldo da Silva que fez
belas recordações do seu tempo de seminário; Pe. Jucinei Vilpert, o mais
jovem sacerdote da Província, que
agradeceu a todos pelo incentivo na
vocação e relembrou os velhos tempos
de seminário com o Pe. Cornélio e o
saudoso Pe. Edolino Shoreff; Pe.
Marcionei também se fez presente e
presidiu a Eucaristia destacando, de
modo especial, a importância das
famílias e da comunhão de vocações
na Família de Murialdo.
Foto: Divulgação A&C
Mês Murialdino
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente Pnuma, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo
de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de
forma direta, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da
biodiversidade terrestre. Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca
de $ 327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam
na derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.
Para sensibilizar a sociedade para a importância da preservação das florestas
para a garantia da vida no planeta, a ONU – Organização das Nações Unidas
declarou 2011 como o Ano Internacional das Florestas.
35
NOTÍCIAS
PE. JOSÉ PERONA
Coneliano D’Alba, Itália, 10 de janeiro de 1931
+Brasília, DF, 09 de março de 2011
64 anos de religioso josefino;
61 deles como missionário no Brasil;
53 anos de sacerdote.
36
o Pauletti /
Volga
Josefinos, em Caxias do Sul, Araranguá, SC; lecionou também na
Universidade de Caxias do Sul. Prestou outros serviços como:
ecônomo, diretor, vice-diretor, vigário paroquial. Dotado de inteligência
rara e de vasta cultura, colocadas à disposição, além da escola, na
formação de lideranças e agentes pastorais.
Pe. José fundou e acompanhou por longos anos o núcleo dos
Leigos Amigos de Muriado do Guará I, Brasília. Com eles, participou
em todos os Congressos Regionais e Nacionais da Associação
Nacional dos Leigos Amigos de Murialdo (ANALAM).
Escreveu vários livros, entre eles, destacamos um sobre São
José, “São José, sombra de Deus Pai” e outro sobre Murialdo,
“Murialdo, Irmão, Amigo e Pai”. Sua devoção a São José o levou a
se aprofundar em Josefologia (estudo de São José); seu slogam de
vida era “São José, nenhum dia sem ele”.
Em 1985 foi para a Paróquia de São Paulo Apóstolo de Brasília,
onde permaneceu por 26 anos, até sua morte. Em 1997 participou
de um ano de Formação Permanente na Itália. O seu ministério
paroquial foi sempre muito apreciado pela disponibilidade, fidelidade
no atendimento às confissões, na formação catequética, na celebração
da Eucaristia, no aconselhamento e orientação espiritual. Atualmente
era professor de Sagrada Escritura em Brasília, DF.
Que do céu o Pe. José, servo bom e fiel, receba a recompensa
por tanto bem realizado.
Foto: Marce
lin
Acometido de fortes dores na perna direita e quadril, estava
com dificuldades para caminhar. Diante do agravamento do quadro,
no dia 03 de março foi submetido a cirurgia para colocação de prótese,
bem sucedida, mas no dia 09, teve complicações respiratórias. Levado
à UTI, faleceu às 18h30min do mesmo dia, no Hospital Home de
Brasília, DF, com 80 anos. A causa da morte foi tromboembolismo
pulmonar pós-operatório de artrose de quadril. Era diabético e,
ultimamente, precisou colocar marca-passo para corrigir sérios
problemas de coração.
A comunidade da Paróquia São Paulo Apóstolo, no Guará I,
Brasília, onde Pe. José era vigário, já percebia que o Padre José,
querido e admirado por todos, estava sofrendo com as dores no
quadril. Por diversas vezes ele teve dificuldades para exercer o seu
ministério sacerdotal, principalmente quando subia ao altar e precisava
fica em pé por muito tempo. Mesmo assim, ele nunca negligenciou
à missão, nunca, enquanto pode, deixou de celebrar a Eucaristia.
O corpo do Pe. José Perona foi velado durante o dia 10 de
março na Igreja Matriz do Guará I, onde ele serviu por 26 anos. No
dia seguinte, o pároco, Pe. Agustinho Adriano Vidor seguiu para Ana
Rech, Caxias do Sul, RS, com o corpo do Pe. José, onde após missa
de corpo presente foi sepultado no Jazigo da Congregação dos
Josefinos de Muriado, no Cemitério local.
Pe. José (Giuseppe) nasceu dia 10 de janeiro de 1931, em
Coneliano D’Alba, Itália. Era o segundo dos três filhos do casal,
Felice Perona e Giacinta Cerrato. Aos dois anos ficou órfão de pai.
Depois do postulado (Santo Estevão Belbo) e do noviciado
(Vigone), 1946, emitiu os primeiros votos na Congregação, dia 16 de
setembro de 1947; cursou Filosofia em Ponte de Piave, Treviso. Com
19 anos quis ser missionário no Brasil.
Em terras brasileiras realizou três anos de magistério (estágio
pastoral), em Fazenda Souza, Conceição e Ana Rech; no dia 17 de
fevereiro de 1953 fez os votos perpétuos na Congregação dos
Josefinos de Murialdo.
Estudou três anos de Teologia em São Leopoldo, RS, e mais
um ano em Viterbo, Itália. Recebeu a ordem do diaconato no dia 21
de dezembro de 1957. Foi ordenado sacerdote no dia 29 de junho
de 1958, em Alba, norte da Itália. No ano seguinte, ainda na Itália,
foi professor no Seminário de Pocapaglia, Cúneo.
Retornou para o Brasil em 1959. Licenciou-se em Literatura
Portuguesa e Francesa, Latina e Grega. Depois especializou-se na
área Bíblica e também em Matemática, da qual foi exímio professor.
Durante 35 anos lecionou em colégios e seminários dos
DICAS
Dica de Filme
MÃOS TALENTOSAS - A
história de Ben Carson
Ben Carson era um menino
pobre de Detroit, desmotivado, que
tirava más notas na escola. Entretanto aos 33 anos, ele se tornou o
diretor do Centro de Neurologia
Pediátrica do Hospital Universitário Johns Hopkins, em
Baltimore, EUA. Em
1987, o Dr. Carson alcançou renome mundial por
seu desempenho na bemsucedida separação de dois
gêmeos siameses, unidos pela
parte posterior da cabeça - uma operação complexa e delicada
que exigiu cinco meses de preparativos e vinte e duas horas de
cirurgia. Sua história, profundamente humana, descreve o papel
vital que a mãe, uma senhora de pouca cultura, mas muito
inteligente, desempenhou na metamorfose do filho, de menino de
rua a um dos mais respeitados neurocirurgiões do mundo.
Dica de Livro
Deus se revela em gestos de solidariedade - Livraria Paulus
No intuito de tornar mais conhecida a mensagem da salvação, Luiz Alexandre
Solano Rossi escreve “Deus se revela em gestos de solidariedade”. O livro
compõe-se de quatro unidades. Na primeira, o autor discorre sobre os fatos da
história do povo no Antigo Testamento: “Deus na história”. Na segunda, com o
título “Deus na vocação”, o livro reflete sobre a vocação de Abraão como exemplo
de fé, que acreditou mesmo contra toda esperança. A terceira traz o exemplo de
solidariedade de Rute: “Deus se revela nos gestos de solidariedade”. Quando
tudo parece perdido, Deus é revelado e se torna perceptível nos projetos humanos
de reconstrução da vida. A quarta tem como tema: “Deus na espiritualidade”. O
autor aborda a espiritualidade do povo, que se revela não só na experiência de
Deus em momentos de alegria, gratidão, mas também nas situações de sofrimento,
ameaça e perseguição.
37
Todo alvoroço sobre as usinas nucleares do Japão nos faz estudar sobre a física nuclear. Apesar de ser uma
ameaça (bomba atômica, contaminação...), ela também pode produzir bons efeitos, como em tratamentos de saúde,
fontes de energia e outros. Assim, os benefícios ou malefícios que ela pode causar dependem essencialmente da forma
como é utilizada.
Radiação faz mal?
Somos "projetados" para suportar determinados níveis de
radiação, como acontece no diagnóstico ou tratamento de
doenças como na radiologia, na radioterapia e na medicina
molecular.
As radiografias não afetam a saúde da pessoa irradiada
devido ao curto espaço de tempo em que a pessoa é exposta
à radiação e também porque este não constitui um ato rotineiro.
A radioterapia é destinada principalmente ao controle do
câncer, uma vez que a radiação penetra no corpo e atinge
tumores malignos. Na radioterapia o paciente fica exposto mais
tempo à radiação e uma alta dose é dirigida à região a ser
tratada.
A medicina nuclear visa o diagnóstico; substâncias
radioativas são injetadas pela veia do paciente, e, tempo depois
este é colocado sob equipamentos que medem a radioatividade
da droga injetada e que foi absorvida por certos órgãos do corpo.
Assim, é possível fazer um mapeamento de órgãos.
A radiação, por atacar microorganismos, também é
utilizada na esterilização de materiais.
Radioatividade
Existem dois tipos de radiação nuclear provocadas por
uma explosão: a radiação instantânea e a radiação residual. A
radiação instantânea consiste na propagação de nêutrons e
raios gama numa zona de vários quilômetros quadrados. Os
efeitos dos raios gama são idênticos aos dos raios X. A radiação
residual pode ser um perigo em zonas afastadas, que nem tenha
sofrido qualquer dos outros efeitos da explosão. Os produtos da
cisão geram nos restos da bomba uma radioatividade permanente,
que pode ser medida por dias, meses ou anos.
Explosão nuclear - efeitos térmicos
As temperaturas altíssimas alcançadas por uma explosão
nuclear se devem à formação de uma massa de gás
incandescente muito quente, chamada bola de fogo. Numa
bomba de 10 quilotons detonada no ar, forma-se uma bola de
fogo com 300 metros de diâmetro. A bola de fogo de uma bomba
38
de 10 megatons ocupa 4,8 quilômetros. A radiação térmica
provoca queimaduras na pele e incêndios em materiais inflamáveis
secos, como papel e alguns tecidos.
Ameaça Nuclear
Desde a última guerra mundial a poluição nuclear tem se
tornado motivo de grande preocupação, principalmente para
cientistas e militantes ecológicos do mundo inteiro. Vários países
organizam estudos e criam rigorosas normas de segurança em
atividades que usam energia nuclear, visando reduzir ou eliminar
os acidentes radiativos.
Um exemplo é a explosão do reator número 4 da central
de Chernobyl, na Ucrânia, em 26 de abril de 1986, que foi
considerado o maior acidente nuclear da história, pois deixou o
mundo inteiro em pânico. Até os dias atuais não se sabe
exatamente o número de mortos em decorrência desse acidente.
E mais, muitos sobreviventes do acidente passaram a sofrer de
depressão, alcoolismo ou cometeram suicídio, como também,
registrou-se um grande aumento na incidência do câncer de
tireóide.
Era uma vez, um sábio
chinês e seu discípulo. Em suas andanças,
avistaram um casebre de extrema pobreza onde vivia
um homem, uma mulher, três filhos pequenos e uma vaquinha
magra e cansada.
Com fome e sede o sábio e o discípulo pediram abrigo e foram recebidos.
O sábio perguntou como conseguiam sobreviver na pobreza e longe de tudo.
- O senhor vê aquela vaca? - disse o homem. Dela tiramos todo o sustento.
Ela nos dá o leite que bebemos e transformamos em queijo e coalhada. Quando
sobra, vamos à cidade e trocamos por outros alimentos. É assim que vivemos.
O sábio agradeceu e partiu com o discípulo. Nem bem fizeram a primeira curva,
disse ao discípulo:
- Volte lá, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali em frente e atire-a lá embaixo.
não acreditou.
- Não posso fazer isso, mestre! Como pode ser tão ingrato? A vaquinha é tudo o que eles têm.
Se a vaca morrer, eles morrem!
O sábio, como convém aos sábios chineses, apenas respirou fundo e repetiu a ordem:
- Vá lá e empurre a vaquinha.
Indignado, porém resignado, o discípulo assim fez. A vaca, previsivelmente, estatelou-se lá embaixo.
Alguns anos se passaram e o discípulo sempre com remorso. Num certo dia, moído pela culpa, abandonou
o sábio e decidiu voltar àquele lugar. Queria ajudar a família, pedir desculpas.
Ao fazer a curva da estrada, não acreditou no que seus olhos viram. No lugar do casebre desmazelado
havia um sítio maravilhoso, com árvores, piscina, carro importando, antena parabólica. Perto da churrasqueira,
adolescentes, lindos, robustos comemorando com os pais a conquista do primeiro milhão. O coração do
discípulo gelou. Decerto, vencidos pela fome, foram obrigados a vender o terreno e ir embora.
Devem estar mendigando na rua, pensou o discípulo.
Aproximou-se do caseiro e perguntou se ele sabia o paradeiro da família que havia morado lá
- Claro que sei. Você está olhando para ela.
Incrédulo, o discípulo afastou o portão, deu alguns passos e reconheceu o mesmo homem de antes, só
que mais forte, altivo, a mulher mais feliz e as crianças, jovens saudáveis. Espantado, dirigiu-se ao homem e
disse:
- Mas o que aconteceu? Estive aqui com meu mestre alguns anos atrás e era um lugar miserável, não havia
nada. O que o senhor fez para melhorar de vida em tão pouco tempo?
O homem olhou para o discípulo, sorriu e respondeu:
- Nós tínhamos uma vaquinha, de onde tirávamos o nosso sustento. Era tudo o que possuíamos, mas um
dia ela caiu no precipício e morreu. Para sobreviver, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver habilidades
que nem sabíamos que tínhamos. E foi assim, buscando novas soluções, que hoje estamos muito melhor do que
antes.
Autor desconhecido
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Padres e Irmãos a serviço das crianças, adolescentes e jovens
em obras sociais, colégios, paróquias e missões.
Serviço de Animação Vocacional
Rua Dante Marcucci, 5335 - Cx. P. 584 - Fazenda Souza - Caxias do Sul (RS)
CEP: 95001.970 - Fone (54) 3267.1146 - www.josefinosdemurialdo.com.br

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