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Revista ISSN 1519-339X Ano 13 - Nº 65 / 3 Abril / Maio / Junho - 2013 A Revista Enfermagem Atual In Derme está indexada na base de dados do Cinahl - Information REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN B2 DERMEda2013; 65 e no Grupo EBSCO Publicações. Systems USA, classificada como Qualis International Capes 1 2 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Editor: Viviane Fernandes de Carvalho Redação: Cesar Isaac Assistente Editorial: André Oliveira Paggiaro [email protected] Financeiro: Sobenfee Produção: Charles da S. Santos Vendas: Sobenfee [email protected] Sac: [email protected] Envio de Artigos: [email protected] ENFERMAGEM ATUAL IN DERME é uma revista científica, cultural e profissional, trimestralmente lida por 5.000 enfermeiros. ENFERMAGEM ATUAL IN DERME não aceita matéria paga em seu espaço editorial. CIRCULAÇÃO: Em todo Território Nacional. CORRESPONDÊNCIAS: Rua México, nº 164 sala 62 Centro –Rio de Janeiro - RJ - (21) 2259-6232 - [email protected] Periodicidade: Trimestral Distribuição: Sobenfee Produção: EPUB - Editora de Publicações Biomédicas Ltda. ENFERMAGEM ATUAL IN DERME reserva todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção Pan -Americana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais. A Revista Enfermagem Atual In Derme está indexada na base de dados do Cinahl Information Systems USA e classificada como Qualis Internacional B2 da Capes e no Grupo EBSCO Publicações. Os Trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela Sobenfee que, em qualquer situação agirá como detentora dos mesmos. A pesquisa em Enfermagem é o motor que impulsiona a descoberta de novas soluções para melhorar as condições da saúde humana, tratando do continuo pré natal até a morte. De fundamental importância, a pesquisa em enfermagem se faz presente em todas as especialidades da área, assim como, nas funções administrativas e clínicas. Os resultados alcançados têm a capacidade de influenciar a prática de enfermagem e políticas de saúde que impactam a sociedade de forma global. A Revista Enfermagem Atual - In Derme, proporciona um fórum crítico para o campo da cura tecidual e tratamento de feridas agudas e crônicas. Esta edição conta com a colaboração de: Santos, Borges e Donoso que nos trazem recomendações baseadas em evidências para prevenção e tratamento tópico da musosite oral. Oliveira, et al. que dividem conosco possível alternativa para o tratamento de lesões cutâneas provocadas pela Leishmania amazonenses. Nicolosi, et. al. com a retratação o perfil epidemiológico dos adolescentes em processo de reabilitação por queimadura. Sakman, Cavalcante e Puggina que apontam sobre as facilidades e dificuldades de cuidadores domiciliares de idosos com Doença de Alzheimer. Soares, et al. com as indicações de possível terapêutica para a dermatite associada à incontinência. Boa leitura! Viviane Fernandes de Carvalho Editora chefe Circulação: 4 números anuais: JAN/FEV/MAR – ABR/MAI/JUN – JUL/AGO/SET – OUT/NOV/ DEZ DATA DE IMPRESSÃO: Setembro 2013 A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais. ISSN 1519-339X REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 3 Conselho Científico Ana Claudia Puggina Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Ana Karine Brum Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro, RJ-Brasil Ana Llonch Sabates Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Andre Oliveira Paggiaro Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo São Paulo, SP-Brasil Arlete Silva Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Sumário EDITORIAL 3 ARTIGOS 5 Normas de Publicação Revista Enfermagem Atual - In Derme ________ 8 Recomendações baseadas em evidências para prevenção e tratamento tópico da mucosite oral Evidence-based recommendations for the prevention and the topic treatment of oral mucositis Beatriz Guitton Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro, RJ-Brasil Júlio César dos Santos, Eline Lima Borges. Miguir Terezinha Vieccelli Donoso Cesar Isaac Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo São Paulo, SP-Brasil Denise Sória Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ – Brasil ________ Edna Apparecida Moura Arcuri Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Fulvia Maria dos Santos Universidade Gama Filho Rio de Janeiro, RJ-Brasil 14 Hidrogéis com argila e glucantime para tratamento de leishmaniose cutânea Hydrogels for clay and glucantime treatment of cutaneous leishmaniasis Maria J. A. Oliveira, Ademar B. Lugão, Duclerc F. Parra, Valdir S. Amato, Lúcia Braz, Regina Maia3 Javier Soldevilla Agreda Universidade de La Rioja Logroño-Espanha José Carlos Martins Universidade de Coimbra Coimbra-Portugal ________ José Verdu Soriano Universidade de Alicante Alicante-Espanha Josiane Lima de Gusmão Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Júlia Teixeira Nicolosi, Viviane Fernandes de Carvalho, Marcus Castro Ferreira, Karina Chamma Di Piero Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ-Brasil Marcus Castro Ferreira Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo São Paulo, SP-Brasil 18 Perfil dos adolescentes em processo de reabilitação por queimadura em um hospital escola da cidade de São Paulo Profile of adolescentes undergoing rehabilitation in teaching hospital in São Paulo city Luiz Philipe Molina Vana, Juliana Almeida Nunes ________ Maria Celeste Dalia Barros Universidade Gama Filho Rio de Janeiro, RJ-Brasil Maria de Belém Cavalcante Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil 21 Facilidades e dificuldades do cuidador familiar de idosos com Doença de Alzheimer em domicílio Facilities and difficulties of family caregivers of elders with Alzheimer’s disease at home Rosangela Sakman, Maria de Belém Gomes Cavalcante, Ana Cláudia Puggina Maria Helena Gonçalves Jardim Universidade da Madeira Funchal-Portugal Maria Luiza Santos Universidade da Madeira Funchal-Portugal ________ Maria Marcia Bachion Universidade Federal de Goiás Goiania, GO-Brasil Neida Luiza Kaspary Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, RS-Brasil Viviany Alves Soares, Fernanda Matheus Estrela, Maira Del Rey, Tamara Angélica da Rocha, Fabiana Macêdo, Bárbara Sueli Gomes Moreira, Patricia Helena Castro Nunes IPEC / FIOCRUZ Rio de Janeiro, RJ-Brasil Rosa Aurea Quintela Fernandes Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Simone Aranha Nouer Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ-Brasil 26 Manejo da Dermatite Associada à Incontinência: Utilização de Creme com Função Barreira Management of Incontinence Associated Dermatitis to: Use Cream Barrier Function Nadirlene Pereira Gomes ________ 29 ANVISA aprova Zinforo (ceftarolina fosamila) para infecções complicadas de pele e tecidos moles e pneumonia adquirida na comunidade Tamara Iwanow Cianciarullo Universidade de Mogi das Cruzes Mogi das Cruzes, SP-Brasil 4 Viviane Fernandes de Carvalho Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Normas de Publicação REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME INSTRUÇÕES AOS AUTORES A Revista Enfermagem Atual - In Derme é o órgão oficial de divulgação da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (Sobenfee). Impressa e on-line, tem como objetivo principal registrar a produção científica de autores nacionais e internacionais, que possam contribuir para o estudo, desenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização da Enfermagem, da saúde e de ciências afins, na prevenção e tratamento de feridas. O desenvolvimento do conhecimento de Enfermagem visto, principalmente, nas últimas quatro décadas, é o resultado da somatória dos esforços dos cientistas, teóricos e estudiosos em Enfermagem, a fim de que a prática seja mais segura e eficiente. Desta maneira, cabe também a esta sociedade trazer à comunidade as descobertas científicas conseguidas pela Enfermagem, também nas seguintes seções especiais: Saúde da Mulher, Saúde da Criança e Adolescente, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador e Saúde do Adulto e Idoso. As instruções aqui descritas visam orientar os pesquisadores sobre as normas adotadas para avaliar os manuscritos submetidos. Os manuscritos devem destinar-se exclusivamente à Revista Enfermagem Atual - In Derme, não sendo permitida sua submissão simultânea a outro(s) periódico(s). Quando publicados, passam a ser propriedade da Revista Enfermagem Atual - In Derme, sendo vedada a reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização prévia do(a) Editor(a) Científico(a) da Revista. A publicação dos manuscritos dependerá da observância das normas da Revista Enfermagem Atual - In Derme e da apreciação do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade para decidir sobre sua aceitação, podendo, inclusive apresentar sugestões (sem alterar o conteúdo científico) ao(s) autor(es) para as alterações necessárias. Neste caso, o referido trabalho será reavaliado pelo Conselho Editorial, permanecendo em sigilo o nome do consultor, e omitindo também o(s) nome(s) do(s) autor(es) aos consultores. Manuscritos recusados para publicação serão notificados e disponibilizados a sua devolução ao(s) autor(es) na sede da Revista. MODALIDADES DE ARTIGOS Artigos de revisão (sistemática ou integrativa): estudo que reúne, de maneira crítica e ordenada resultados de pesquisas a respeito de um tema específico sobre feridas, aprofunda o conhecimento sobre o objeto da investigação. Deve limitar-se a 6000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. As referências deverão ser atuais e em número mínimo de 30. Reflexão: consideração teórica sobre aspectos conceituais no contexto das feridas, suas etiologias, tratamentos e reabilitação. Formulação discursiva aprofundada, focalizando conceitos ou constructo teórico da Enfermagem ou de área afim; ou discussão sobre um tema específico, estabelecendo analogias, apresentando e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou práticos. Deve conter um máximo de dez (10) páginas, incluindo resumos e referências. Relatos de caso: descrição de pacientes ou situações singulares, doenças especialmente raras ou nunca descritas, assim como formas inovadoras de diagnóstico e tratamento. O texto é composto por uma introdução breve que situa o leitor em relação à importância do assunto e apresenta os objetivos do relato do(s) caso(s) em questão; o relato resumido do caso e os comentários no qual são abordados os aspectos relevantes, os quais são comparados com a literatura. O número de palavras deve ser inferior a 2000, excluindo referências e tabelas. O número máximo de referência é 15. Relato de experiência: descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de extensão na área da enfermagem dermatológica e áreas afins. Deve conter ate dez (10) páginas, incluindo resumos e referências. Comunicação breve: pequenas experiências que tenham caráter de originalidade, não ultrapassando 1500 palavras e dez referências bibliográficas. Cartas ao editor: são sempre altamente estimuladas. Em princípio, devem comentar discutir ou criticar artigos publicados na Revista In Derme, mas também podem versar sobre outros temas de interesse geral. Recomenda-se tamanho máximo 1000 palavras, incluindo referências bibliográficas, que não devem exceder a seis (6). Sempre que possível, uma resposta dos autores será publicada junto com a carta. Editorial: geralmente refere-se a artigos escolhidos em cada número da Revista Enfermagem Atual - In Derme pela sua importância para comunidade científica. São redigidos pelo Conselho Editorial ou encomendados a especialistas de notoriedade na área em questão. O Conselho Editorial poderá, eventualmente, considerar a publicação de editoriais submetidos espontaneamente. Pode conter até duas (2) páginas. Resumo de dissertação ou tese: devem conter introdução, objetivos, métodos, resultados e conclusões. Deve conter ate quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências. Artigo original: pesquisa original e inédita. Estão incluídos estudos controlados e randomizados, estudos observacionais e pesquisa básica com modelos de experimentação animal. Deverão obrigatoriamente obedecer à estrutura: Introdução, contendo o problema de pesquisa, hipótese(s), objetivo; Método; Resultados; Discussão; Conclusões; Referências; Resumo; Abstract. O texto poderá conter entre 2000 e 3000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. O número de referências não deve exceder a 30. Pode conter até quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências. Previamente à publicação, todos os artigos enviados à Revista Enfermagem Atual - In Derme passam por processo de revisão e julgamento, a fim de garantir seu padrão de qualidade e a isenção na seleção dos trabalhos a serem publicados. Inicialmente, o artigo é avaliado pela secretaria para verificar se está de acordo com as normas de publicação e completo. Todos os trabalhos são submetidos à avaliação pelos pares (peer review) por pelo menos três revisores selecionados dentre os membros do Conselho Editorial. A aceitação é baseada na originalidade, significância POLÍTICA EDITORIAL Avaliação pelos pares (peer review) REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 5 Normas de Publicação e contribuição científica. Os revisores, de acordo com as recomendações adotadas por este veículo de informação, fazem uma apreciação rigorosa de todos os itens que compõem o trabalho. Ao final, farão comentários gerais sobre o trabalho e opinarão se o mesmo deve ser publicado. O editor toma a decisão final. Em caso de discrepâncias entre os avaliadores, pode ser solicitada uma nova opinião para melhor julgamento. Quando são sugeridas modificações pelos revisores, as mesmas são encaminhadas ao autor correspondente e, a nova versão encaminhada aos revisores para verificação se as sugestões/exigências foram atendidas. Em casos excepcionais, quando o assunto do manuscrito assim o exigir, o Editor poderá solicitar a colaboração de um profissional que não conste da relação do Conselho Editorial para fazer a avaliação. O sistema de avaliação é o duplo cego, garantindo o anonimato em todo processo de avaliação. A decisão sobre a aceitação do artigo para publicação ocorrerá, sempre que possível, no prazo de três meses a partir da data de seu recebimento. As datas do recebimento e da aprovação do artigo para publicação são informadas no artigo publicado com o intuito de respeitar os interesses de prioridade dos autores. Idioma Devem ser redigidos em português. Eles devem obedecer à ortografia vigente, empregando linguagem fácil e precisa e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial. As versões serão disponibilizadas na íntegra no endereço eletrônico da Sobenfee (http://www.sobenfee.org.br). Pesquisa com Seres Humanos e Animais Os autores devem, no item Método, declarar que a pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua Instituição (enviar declaração assinada que aprova a pesquisa), em consoante à Declaração de Helsinki revisada em 2000 [World Medical Association (www.wma.net/e/policy/b3.htm)] e da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (http://conselho.saude. gov.br/resolucoes/reso_96.htm). Na experimentação com animais, os autores devem seguir o CIOMS (Council for International Organizationof Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). O Corpo Editorial da Revista poderá recusar artigos que não cumpram rigorosamente os preceitos éticos da pesquisa, seja em humanos seja em animais. Os autores devem identificar precisamente todas as drogas e substâncias químicas usadas, incluindo os nomes do princípio ativo, dosagens e formas de administração. Devem, também, evitar nomes comerciais ou de empresas. Política para registro de ensaios clínicos A Revista In Derme, em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committeeof Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto, somente aceitará para publicação, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http:// clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed. O número de identificação deve ser registrado ao final do resumo. Direitos Autorais Os autores dos manuscritos aprovados deverão encaminhar, previamente à publicação, a seguinte declaração escrita e assinada por todos os co-autores: “O(s) autor(es) abaixo assinado(s) transfere(m) todos os direitos autorais do manuscrito (título do artigo) 6 à Revista Enfermagem Atual - In Derme. O(s) signatário(s) garante(m) que o artigo é original, que não infringe os direitos autorais ou qualquer outro direito de propriedade de terceiros, que não foi enviado para publicação em nenhuma outra revista e que não foi publicado anteriormente. O(s) autor(es) confirma(m) que a versão final do manuscrito foi revisada e aprovada por ele(s)”. Todos os manuscritos publicados tornam-se propriedade permanente da Revista Enfermagem Atual - In Derme e não podem ser publicados sem o consentimento por escrito de seu editor. Critérios de Autoria Sugerimos que sejam adotados os critérios de autoria dos artigos segundo as recomendações do International Committee of Medical Journal Editors. Assim, apenas aquelas pessoas que contribuíram diretamente para o conteúdo intelectual do trabalho devem ser listadas como autores. Os autores devem satisfazer a todos os seguintes critérios, de forma a poderem ter responsabilidade pública pelo conteúdo do trabalho: 1. ter concebido e planejado as atividades que levaram ao trabalho ou interpretado os resultados a que ele chegou, ou ambos; 2. ter escrito o trabalho ou revisado as versões sucessivas e tomado parte no processo de revisão; 3. ter aprovado a versão final. Pessoas que não preencham os requisitos acima e que tiveram participação puramente técnica ou de apoio geral, podem ser citadas na seção Agradecimentos. PREPARO DOS MANUSCRITOS Envio dos manuscritos: Os manuscritos de todas as categorias aceitas para submissão deverão ser digitados em arquivo do Microsoft Office Word, com configuração obrigatória das páginas em papel A4 (210x297mm) e margens de 2 cm em todos os lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento de 1,5 pt entre linhas. As páginas devem ser numeradas, consecutivamente, até as Referências. O uso de negrito deve se restringir ao título e subtítulos do manuscrito. O itálico será aplicado somente para destacar termos ou expressões relevantes para o objeto do estudo, ou trechos de depoimentos ou entrevistas. Nas citações de autores, ipsis litteris, com até três linhas, usar aspas e inseri-las na sequência normal do texto; naquelas com mais de três linhas, destacá-las em novo parágrafo, sem aspas, fonte Times New Roman tamanho 11, espaçamento simples entre linhas e recuo de 3 cm da margem esquerda. Não devem ser usadas abreviaturas no título e subtítulos do manuscrito. No texto, usar somente abreviações padronizadas. Na primeira citação, a abreviatura é apresentada entre parênteses, e os termos a que corresponde devem precedê-la. PRIMEIRA PÁGINA: Identificação: É a primeira página do manuscrito e deverá conter, na ordem apresentada, os seguintes dados: título do artigo (máximo de 15 palavras) nos idiomas (português e inglês); nome do(s) autor(es), indicando, em nota de rodapé, título(s) universitário(s), cargo e função ocupados; Instituição a que pertence(m) e endereço eletrônico para troca de correspondência. Se o manuscrito estiver baseado em tese de doutorado, dissertação de mestrado ou monografia de especialização ou de conclusão de curso de graduação, indicar, em nota de rodapé, a autoria, título, categoria (tese de doutorado, etc.), cidade, instituição a que foi apresentada, e ano. Devem ser declarados conflitos de interesse e fontes de financiamento. SEGUNDA PÁGINA: Resumo e Summary: O resumo inicia uma nova página. Independente da categoria do manuscrito, REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME o Resumo deverá conter, no máximo, 200 palavras. Deve ser escrito com clareza e objetividade. No resumo deverão estar descritos o objetivo, a metodologia, os principais resultados e as conclusões. O Resumo em português deverá estar acompanhado da versão em inglês (Summary). Logo abaixo de cada resumo, incluir, respectivamente, três (3) a cinco (5) descritores e key words. Recomenda-se que os descritores estejam incluídos entre os Descritores em Ciências da Saúde DeCS (http://decs.bvs.br) que contem termos em português, inglês e espanhol. Corpo do texto: O corpo do texto inicia nova página, em que não devem constar o título do manuscrito ou o nome do(s) autor(es). O corpo do texto é contínuo. É recomendável que os artigos sigam a estrutura: Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusões. Introdução: Deve conter o propósito do artigo. Reunir a lógica do estudo. Mostrar o que levou aos autores estudarem o assunto, esclarecendo falhas ou incongruências na literatura e/ou dificuldades na prática clínica que tornam o trabalho interessante aos leitores. Método: Descrever claramente os procedimentos de seleção dos elementos envolvidos no estudo (voluntários, animais de laboratório, prontuários de pacientes). Quando cabível devem incluir critérios de inclusão e exclusão. Esta seção deverá conter detalhes que permitam a replicação do método por outros pesquisadores. Explicitar o tratamento estatístico aplicado, assim como os programas de computação utilizados. Os autores devem declarar que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição onde o trabalho foi realizado. Resultados: Apresentar em sequência lógica no texto, tabelas e ilustrações. O uso de tabelas e gráficos deve ser privilegiado. Discussão: Espaço reservado ao autor para confronto dos seus resultados com a literatura corrente, conhecimento pessoal e capacidade crítica para interpretar seus achados. Os comentários devem incluir limitações e perspectivas futuras. Conclusões: Devem ser concisas e responder apenas aos objetivos propostos. Referências: O número de referências no manuscrito deve ser limitado a vinte (20), exceto nos artigos de Revisão. As referências, apresentadas no final do trabalho, devem ser numeradas, consecutivamente, de acordo com a ordem em que foram incluídas no texto; e elaboradas de acordo com o estilo Vancouver. Devem ser utilizados números arábicos, sobrescritos, sem espaço entre o número da citação e a palavra anterior, e antecedendo a pontuação da frase ou parágrafo [Exemplo: enfermagem1,]. Quando se tratar de citações sequenciais, os números serão separados por um traço [Exemplo: diabetes1-3;], quando intercaladas, separados por vírgula [Exemplo: feridas1,3,5.]. Apresentar as Referências de acordo com os exemplos: -Artigo de Periódico: Shikanai-Yasuda MA, Sartori AMC, Guastini CMF, Lopes MH. Novas características das endemias em centros urbanos. RevMed (São Paulo). 2000;79(1):27-31. - Livros e outras monografias: Pastore AR, Cerri GG. Ultra-sonografia: ginecologia, obstetrícia. São Paulo: Sarvier; 1997. - Capítulo de livros: Ribeiro RM, Haddad JM, Rossi P. Imagenologia em uroginecologia. In: Girão MBC, Lima GR, Baracat EC. Cirurgia vaginal em uroginecologia. 2a.ed. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p. 41-7. - Dissertações e Teses: Del Sant R. Propedêutica das síndromes catatônicas agudas [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 1989. - Eventos considerados no todo: 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1561-5. - Eventos considerados em parte: House AK, Levin E. Immune response in patients with carcinoma of the colo and rectum and stomach. In: Resumenes do 12º Congreso Internacional de Cancer; 1978; Buenos Aires; 1978. p.135. - Material eletrônico: Morse SS. Factors in the emergence of infections diseases. Emerg Infect Dis [serial online];1(1):[24 screens]. Available from: http:// www.cdc.gov/oncidod/eID/eid.htm. CDI, clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM], Reeves JRT, Maibach H. CMeA Multimedia group, producers. 2nd ed. Version 2.0. Sand Diego: CMeA; 1995. Figuras e Tabelas Todas as ilustrações, fotografias, desenhos, slides e gráficos devem ser numerados consecutivamente em algarismos arábicos na ordem em que forem citados no texto, identificados como figuras por número e título do trabalho. As legendas devem ser apresentadas em folha à parte, de forma breve e clara. Devem ser enviadas separadas do texto, formato jpeg, com 300 dpi de resolução. As tabelas devem ser apresentadas apenas quando necessárias para a efetiva compreensão do manuscrito. Assim como as figuras devem trazer suas respectivas legendas em folha à parte. A entidade responsável pelo levantamento de dados deve ser indicada no rodapé da tabela. COMO SUBMETER O MANUSCRITO Os manuscritos devem ser obrigatoriamente, submetidos eletronicamente via email: [email protected]. Os artigos deverão vir acompanhados por uma Carta de apresentação, sugerindo a seção em que o artigo deve ser publicado. Na carta o(s) autor(es) explicitarão que estão de acordo com as normas da revista e são os únicos responsáveis pelo conteúdo expresso no texto. Declarar se há ou não conflito de interesse e a inexistência de problema ético relacionado ao manuscrito. ARTIGOS REVISADOS Os artigos que precisarem ser revisados para aceite e publicação na Revista Enfermagem Atual - In Derme serão reenviados por email aos autores com os comentários dos revisores. Uma vez terminada a revisão pelos autores, o manuscrito deverá ser devolvido ao editor no prazo máximo de 60 dias. Caso a revisão ultrapasse este prazo, o artigo será considerado como novo e passará novamente por todo processo de submissão. Na resposta aos comentários dos revisores, os autores deverão destacar no texto as alterações realizadas. ARTIGOS ACEITOS PRA PUBLICAÇÃO Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo editorado (formato PDF) será enviada ao autor correspondente para sua apreciação e aprovação final. n REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 7 Revisão Recomendações baseadas em evidências para prevenção e tratamento tópico da mucosite oral Evidence-based recommendations for the prevention and the topic treatment of oral mucositis * Júlio César dos Santos ** Eline Lima Borges *** Miguir Terezinha Vieccelli Donoso Resumo Apesar da severidade e da importância epidemiológica da mucosite oral e de vasto arsenal de medidas de prevenção e tratamento, não existem evidências da efetividade desses agentes. O objetivo deste estudo foi estabelecer recomendações baseadas em evidências para prevenção e tratamento tópico da mucosite oral. Trata-se de revisão integrativa com referencial teórico da prática baseada em evidência, com busca realizada nas bases MEDLINE, LILACS, SCIELO e Cochrane. Foram critérios de inclusão: artigos publicados entre janeiro de 2010 a julho de 2012; em português, inglês e espanhol; cuja metodologia permitisse obter evidências fortes como estudo individual randomizado controlado e estudo não randomizado controlado e cuja amostra fosse constituída de pessoas submetidas a intervenções tópicas para prevenção ou tratamento de mucosite decorrente de radioterapia, quimioterapia ou ambas. Foram selecionados dez estudos e, nestes foram identificadas 11 intervenções, sendo para prevenção: luz visível, laser, prolaprezinc, crioterapia, alopurinol. Para tratamento: triclosan e fenilbutirato a 5%. Para prevenção e tratamento simultaneamente: mel e laser. Entre as intervenções, luz visível, mel, triclosan, laser, crioterapia, laser gálio apresentaram resultados efetivos. Entretanto, os níveis de significância das intervenções e o rigor metodológico dos estudos não as credenciam ao rol de recomendações para prevenção ou tratamento deste agravo. Descritores: Terapêutica. Mucosite. Estomatite. Enfermagem. Summary Despite the severity and epidemiological importance of oral mucositis and the vast arsenal of prevention and treatment, there is no evidence of the effectiveness of these agents. The aim of this study was to establish evidence-based recommendations for the prevention and the topic treatment of oral mucositis. It is an integrative review with theoretical referential of evidence-based practice, and the search was conducted in MEDLINE, LILACS, SciELO and Cochrane. The criteria for inclusion were: articles published between January 2010 to July 2012, in Portuguese, English and Spanish; whose methodology allowed us to obtain strong evidence as randomized controlled individual study and non-randomized controlled study, and whose sample was made up of people undergoing topical interventions for the prevention or treatment of mucositis caused by radiotherapy, chemotherapy, or both. Ten studies were selected and in these, 11 interventions 8 were identified, for prevention: visible light, laser, prolaprezinc, cryotherapy, allopurinol. For treatment: triclosan and phenylbutyrate 5%. For prevention and treatment simultaneously: honey and laser. Among the interventions, visible light, honey, triclosan, laser, cryotherapy, gallium laser showed effective results. However, the significance levels of interventions and the methodological accuracy of the studies do not give them enough credibility to be in the list of recommendations for prevention or treatment of this disease. Descriptors: Therapy. Mucositis. Stomatitis. Nursing. Introdução Os efeitos colaterais da radioterapia e da quimioterapia têm impacto determinante na qualidade de vida do paciente. Entre as complicações orais decorrentes da terapia antineoplásica, a mucosite destaca-se como o efeito agudo de maior frequência e o maior fator dose-limitante para a radioterapia na região de cabeça e pescoço. Apesar do enorme arsenal disponível, a terapêutica no tratamento da mucosite tem se mostrado com características de suporte e paliativa, aliviando sintomas e evitando complicações outras, como desidratação, caquexia e infecções1. Outros pacientes propensos a desenvolver mucosite são os submetidos ao transplante de medula óssea (TMO). Esse apresenta-se como opção terapêutica na abordagem de pacientes com doenças onco-hematológicas, sendo considerado efetivo para o aumento da sobrevida desses pacientes. No entanto, é importante considerar os efeitos colaterais decorrentes do TMO, dentre os quais se destacam: aplasia medular, náuseas, vómitos, diarreia, a Doença do Enxerto contra o Hospedeiro e a mucosite. Esta última ocorre em, aproximadamente, 75% dos pacientes que recebem quimioterapia ablativa ou irradiação de corpo total (Total Body Irradiatiori), como condicionamento para o transplante, com grande repercussão no estado geral do paciente, sendo significativamente associada ao aumento da mortalidade geral por este agravo2. A mucosite oral caracteriza-se pela inflamação e ulceração da mucosa oral, que se torna edemaciada, eritematosa e friável, resultando em dor, desconforto, disfagia e debilidade sistémica. Frente à neutropenia decorrente do tratamento, infecções por microrganismos oportunistas, tipo Cândida albicans, Herpes Simples Vírus (HSV), citomegalovírus, varicela zoster são frequentes e tendem a potencializar os sinais e sintomas. Ainda, hemorragia intra-oral é caracteristicamente secundária a trombocitopenia pela supressão medular que também contribui para o agravamento da mucosite3. O controle rigoroso da mucosite pode minimizar casos severos e reduzir a interrupção da radioterapia. Fatores de risco REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Santos, J. C. dos.; Borges, E. L.; Donoso, M. T. V. devem ser considerados na elaboração de protocolos específicos para prevenção e controle do agravo4. Os profissionais que lidam com esses pacientes utilizam recursos para tratamento local, como por exemplo, laserterapia, colutórios orais e chás de camomila, sem, entretanto, haver melhora significativa do quadro, que exige ainda o uso de potentes analgésicos, que acarretam outros efeitos colaterais. Em estudo de revisão publicado em 2005 foi identificado uma variedade de métodos e substâncias estudados e pesquisados para prevenção de mucosite, constatando que até essa data não havia protocolo padrão para controle das complicações bucais decorrentes do tratamento quimioterápico e radioterápico5. A falta de registros criteriosos sobre o resultado de intervenções limita a possibilidade de se estabelecer a magnitude dos benefícios, dos riscos e dos custos associados a prevenção, diagnóstico e tratamento da mucosite e de suas complicações2. Desta forma, para se identificar recomendações para prevenção e para se minimizar a gravidade da mucosite e auxiliar a recuperação celular da mucosa oral faz-se necessário realizar uma investigação e análise das publicações recentes em busca de evidências científicas. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi estabelecer recomendações baseadas em evidências científicas para prevenção e tratamento tópico da mucosite oral com efetividade. Método Como referencial metodológico, adotou-se a revisão sistemática. Esta é uma forma de pesquisa em que publicações primárias são analisadas para responder a uma questão bem definida. Utiliza o método científico para evitar a introdução de vieses do pesquisador na revisão e abordagem sistemática para avaliar a qualidade de cada publicação primária. Tem a finalidade de reduzir a grande quantidade de resultados de pesquisa disponíveis atualmente em recomendações de pontos-chave, de forma a permitir que os profissionais se mantenham atualizados e de subsidiar a eficácia das intervenções6. Enfocam primordialmente, estudos controlados randomizados e, geralmente, consistem na avaliação da eficácia do tratamento ou intervenção. Nesse estudo, o tema refere-se ao tratamento tópico da mucosite oral. A questão norteadora foi elaborada, tendo como base a estratégia PICO, acrônimo no idioma inglês que, em português, corresponde a paciente, intervenção, comparação e resultados (desfecho). Consiste em proposta atual que auxilia na elaboração da pergunta clínica e na identificação dos descritores que serão utilizados para a localização dos estudos, permitindo maximizar a recuperação de evidências nas bases de dados e focar o escopo da pesquisa7. Para essa revisão, o acrônimo PICO foi definido por: P: (paciente/população) pacientes submetidos a radioterapia, quimioterapia ou ambos, devido tumores malignos de cabeça e pescoço ou transplante de medula óssea com ou sem mucosite oral. I: (intervenção/indicador) qualquer intervenção visando a prevenção ou tratamento tópico da mucosite oral. C: (comparação/controle), comparação de duas intervenções de prevenção ou tratamento quando se tratar de estudos comparativos, com ou sem randomização; O: (outcome, na língua inglesa = desfecho clínico/resultado) estudos cujos resultados forem referentes avaliação da mucosite oral, isto é, o aumento ou epitelização parcial ou completa das áreas lesadas. Quando se tratar de prevenção, o não surgimento da mucosite oral ou o surgimento em graus mais brandos (I e II). Dessa forma, a pergunta deste estudo consiste em: quais são as evidências disponíveis quanto à efetividade das medidas de prevenção e tratamento tópico da mucosite oral de pacientes submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço devido a tumores malignos ou TMO ou quimioterapia independente do tipo de câncer? Adotou-se o conceito de efetividade da Base de dados Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) que é a medida do alcance de intervenções, procedimentos, tratamentos ou serviços em condições reais (rotina de serviço), isto é, do quanto à atenção atende aos seus objetivos. Para a estratégia de busca foram utilizados os descritores controlados identificados e selecionados na Base de dados DeCS: Mucositis (mucosite); Stomatitis (estomatite/ mucosite oral); therapeutics (terapêutica/ terapia/ tratamento). Os estudos foram identificados nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) The Cochrane Library Collaboration do Reino Unido (COCHRANE), a partir de estratégias de busca com os descritores citados. A busca nas bases de dados ocorreu no período de 20 a 25 de julho de 2012 por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) na qual pesquisou-se as bases LILACS, SCIELO e Cochrane. O acesso ao MEDLINE se deu pelo PubMed. Para identificação de publicações que respondessem a pergunta desse estudo utilizou-se diversas estratégias nas bases de dados. A busca na base MEDLINE foi realizada duas vezes utilizandose os descritores therapeutics e mucositis e therapeutics, stomatitis e mucositis com estratégias distintas. Para delimitar a busca foi usado o recurso Limit, disponível no PubMed, selecionando as opções species humans, article types Randomized Clinical Trial. Também recorreu-se ao Specify Custom Date Range, delimitando o período de publicação de 01/01/2010 a 25/07/2012 e o limite idioma inglês, espanhol e português. Com a primeira estratégia foram identificados 56 artigos indexados. A maioria possuía resumo. A seleção preliminar foi realizada amparada no resumo ou no título, quando o primeiro estava ausente. Nessa etapa foram selecionados 09, com a obtenção de todos os artigos. Com a segunda estratégia na Base MEDLINE e respeitando os mesmos limites foram identificados 42 artigos indexados, dos quais, após análise preliminar, constatou-se que todos não os critérios de inclusão, portanto foram descartados. A busca na base de dados LILACS foi realizada com base em três descritores – therapeutics, mucositis e stomatitis. Utilizando os descritores therapeutics e mucositis foram encontrados 23 artigos indexados. Com os descritores therapeutics e stomatitis, 33, sendo que um artigo, já havia sido identificado com os dois primeiros descritores. Todos os artigos foram submetidos a leitura do resumo e título. Nessa etapa nenhum artigo foi selecionado. Outra base de dados pesquisada foi a Cochrane na Base Evidence Based Medicine (EBM), na qual foram encontradas indexadas 10 publicações com o descritor stomatitis, sendo 04 selecionados. Desses, 03 já haviam sido identificados no MEDLINE. Um artigo restante foi obtido na íntegra. Na SCIELO, a busca foi realizada utilizando-se os descritores “mucosite” “terapêutica” e “estomatite”. Com os dois primeiros descritores foram identificados três artigos indexados e com os dois últimos, nenhum. Após análise dos resumos e título não foram selecionados artigos indexados nessa base. Foram considerados os seguintes critérios de inclusão para composição da amostra: artigos publicados no período compreendido entre 01 de janeiro de 2010 a 25 de julho de 2012, em idiomas português, inglês e espanhol, cuja metodologia adotada REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 9 Recomendações baseadas em evidências para prevenção e tratamento tópico da mucosite oral permitisse obter evidências fortes, como estudo individual randomizado controlado e estudo não randomizado controlado. Outro critério de inclusão considerado foi de que a amostra dos estudos primários deveria constituir-se de pessoas submetidas a intervenções tópicas para prevenção ou tratamento de mucosite decorrente de radioterapia, quimioterapia ou ambas. Os artigos identificados nas bases de dados foram submetidos a uma triagem, que consistiu da análise das variáveis relacionadas a publicações, autores e estudo, sendo a variável principal a efetividade das ações para prevenção e tratamento tópico para mucosite oral. A amostra foi constituída por 10 artigos, sendo todos obtidos nas bases MEDLINE (90%) e Cochrane (10%). Destaca-se que três estudos estavam presentes em ambas as bases. Todos os estudos foram submetidos à leitura por dois avaliadores independentes para preenchimento do instrumento de coleta de dados. As dúvidas foram discutidas para obtenção do consenso. Os dados foram analisados de forma descritiva, uma vez que os estudos primários apresentaram diferentes metodologias e desfechos avaliados. A qualidade do nível de evidência dos estudos desta amostra foi classificada em nível II (estudo randomizado experimental controlado individual) e nível III (estudo quase-experimental como grupo único, não randomizado controlado, com pré e pósteste, ou estudos emparelhados tipo caso controle)8. Também foram avaliados quanto a relevância e, para tal, adotou-se a escala de Jadad9. Essa escala tem duas opções de resposta, sim ou não para cinco questões: 1.a. O estudo foi descrito como aleatório (uso de palavras como “randômico”, “aleatório”, “randomização”)? 1.b. O método foi adequado? 2.a. O estudo foi descrito como duplo-cego? 2.b. O método foi adequado? 3. Houve descrição das perdas e exclusões? Um máximo de cinco pontos pode ser obtido: três pontos para cada sim, um ponto adicional para um método adequado de randomização e um ponto adicional para um método adequado de mascaramento. Um estudo é considerado de má qualidade se ele receber dois pontos ou menos9. Para facilitar a análise dos dados, os estudos foram codificados de E01 a E10 (Quadro 1). Resultados Todos os estudos da amostra estavam publicados em inglês e tiveram multiautoria, sendo que seis tinham cinco ou seis autores e dois tiveram oito e nove autores. Apenas dois estudos foram elaborados por três autores. O total de autores envolvidos na elaboração dos 10 estudos foi 56 e média de 5,6 autores/estudo. A profissão do primeiro autor dos estudos não foi possível de ser identificada na metade deles. Nos estudos em que essa informação estava presente, em dois deles (20%) os autores eram enfermeiros, em outros dois (20%) eram dentistas e em um era médico (10%). Cinco estudos apresentaram informação referente à qualificação do primeiro autor, sendo três mestres, um doutor e um graduado Os estudos foram desenvolvidos em sete diferentes países. Três estudos (30%) foram oriundos do Brasil, seguido da Índia com dois estudos (20%). Os demais países: Irã, Israel, Suécia, Ilha Formosa e Japão contribuíram com cinco estudos, sendo um por país. Seis estudos (60%) enfocaram prevenção de mucosite oral, dois estudos (20%) discorreram sobre prevenção e tratamento e os dois estudos restantes (20%) versaram somente sobre tratamento da mucosite. 10 Quanto ao desenho, todas as pesquisas foram randomizadas controladas e contaram com dois grupos de estudo, sendo um grupo controle e outro intervenção. Os sujeitos dos estudos eram adultos, porém no E07 essa informação não foi encontrada. Cinco estudos (50%) tiveram como amostra pessoas com câncer de cabeça e pescoço. Nos outros quatro (40%), a amostra foi composta por pacientes submetidos a TMO. Ressalta-se que em um estudo (10%), a amostra constituiu-se por pacientes com câncer de cabeça e pescoço e de transplante de medula. Em oito estudos (80%), a mucosite oral foi predominantemente decorrente de radioterapia, sendo em quatro de forma isolada e em quatro associada à quimioterapia. Os dois estudos restantes (20%) restantes foram decorrentes de quimioterapia isolada. A seleção da amostra foi feita de forma randômica em nove estudos (90%) e por conveniência em um estudo (10%). Sete estudos (70%) contaram com cálculo amostral a priori e todos utilizaram tratamento estatístico, considerando o nível de significância menor ou igual a 0,05 em 90% dos estudos. Os critérios de inclusão para a composição amostral foram explicitados em nove estudos (90%). O número de participantes presentes no início e final da pesquisa é apresentado no Gráfico 1. O tamanho amostral dos estudos variou de 20 a 78 participantes, sendo que em sete estudos (70%) a amostra não ultrapassou 42 pacientes. Quatro estudos (40%) apresentaram perda durante o desenvolvimento da pesquisa, dentre esses destacase o estudo E04 que apresentou a maior perda correspondendo a 16 pessoas, sendo oito em cada grupo. Outros estudos que apresentaram perda foram E01, no qual houve abandono de um paciente no grupo controle (placebo) devido ao quadro de exaustão mental; E09, cinco pacientes saíram do estudo, sendo dois do grupo controle (placebo) devido a traumatismo decorrente de acidente automobilístico e três do grupo tratamento, sendo dois por causa de mucosite de grau moderado e um por óbito. No estudo E10 as três perdas foram devido ao uso inapropriado do enxaguante oral. O número de participantes no grupo controle variou de nove a 39 pacientes e no grupo tratamento (intervenção) de 10 a 39 pacientes. Houve pequena diferença, sem significância estatística entre o número de pacientes dos grupos controle e tratamento, não ultrapassando dois pacientes. Sete estudos (70%) dos estudos apresentaram de nove a 21 participantes em cada grupo. Três estudos (E04, E06, E08) tiveram amostra igual ou maior que 35 participantes. Esses dados encontram-se no Gráfico 2. Em nove estudos (90%) os estudos foi realizada classificação prévia da mucosite dos participantes amparada, principalmente na Escala WHO que foi utilizada em sete estudos (70%), de forma exclusiva. Outros estudos a utilizaram associada à Escala NCI ou OMAS. Em seguida, em frequência de utilização de forma isolada, destacam-se as escalas NCI por dois estudos (20%) e RTOG por um estudo (10%). Oito estudos (80%) tiveram por objetivo avaliar intervenções visando prevenção da mucosite, sendo que dois desses estudos também objetivaram o tratamento (Quadro 2). Nos oito estudos referentes à prevenção, três usaram o laser, sendo que em um estudo (E04) esse foi usado nos grupos controle e intervenção. Outras intervenções usadas para a prevenção foram prolaprezinc, crioterapia, alopurinol e mel. Os pacientes que participaram das pesquisas de prevenção não apresentavam mucosite no início do estudo. Porém, nos sete estudos em que esse agravo se mostrou presente, o mesmo se desenvolveu durante a pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Santos, J. C. dos.; Borges, E. L.; Donoso, M. T. V. O Quadro 3 apresenta os grupos intervenção e controle dos estudos, relacionando-os às intervenções administradas e ao desfecho das mesmas (resultado e efetividade). Das intervenções realizadas para prevenção, cinco apresentaram resultados que permitem considerá-las efetivas, mas das intervenções utilizadas para tratamento, uma se mostrou efetiva (triclosan). Dentre os estudos que avaliaram a prevenção e tratamento simultaneamente (E02 e E04), houve efetividade apenas para a prevenção. A análise dos dados não identificou intervenção cujos resultados permitissem sua recomendação para a prevenção ou tratamento da mucosite oral, embora algumas destas intervenções tenham sido úteis para reduzir a incidência ou grau de severidade de mucosite. Por outro lado, alguns resultados permitiram descartar certas intervenções como o Polaprezinc e Alopurinol, cujos estudos demonstraram que não há efetividade na utilização desses produtos para prevenção da mucosite oral. Os estudos E04 e E08 evidenciaram a falta de efeito do laser na dose de 660 nm/5 mW / 1,3 J/cm2/4 mm2 e do laser gallium aluminum-arsenieto na dose 660 nm/ 10 mW/ 4 mm2 para prevenção (E04 e E08) ou tratamento (E04). Entretanto, os autores do estudo E04, que abordou também a utilização do laser nas especificações 660 nm/15 mW/ 3.8 J/cm2 /4 mm2 e o estudo E07 que abordou o InGaAlP (Indium Gallium Aluminum Phosphorus) laser diodo, emitindo luz a 660 nm, 40mW, e 4J/cm2) sugerem que novas pesquisas devam ser realizadas com o propósito de estabelecer a efetividade dessas intervenções, bem como dos parâmetros ideais de utilização do laser. Considerando-se os critérios estabelecidos pela Escala de Jadad para avaliação da qualidade metodológica, constatou-se que em três estudos (30%) foram consideradas de baixa qualidade. Os estudos considerados de qualidade obtiveram pontuação de 3 ou 5, sendo que apenas um apresentou a pontuação máxima. Apesar de todos os estudos terem se autorreferido como randomizados, cinco não descreveram o método ou este era inadequado. Constatou-se que o item de maior fragilidade foi o mascaramento, citado em seis estudos (60%) estudos. Mas, em três destes, o método não foi descrito, tampouco a forma em que ocorreu o duplo mascaramento. A principal fragilidade do mascaramento foi a inexistência de blindagem do avaliador do resultado da intervenção. Todos os estudos foram descritos como randomizados controlados, porém o nível de evidência foi classificado em II (30%) e III (70%). Esse resultado foi obtido com base na avaliação do rigor metodológico, considerando além do desenho da pesquisa, a descrição da seleção e o cálculo amostral, os critérios de inclusão e exclusão e o nível de significância na descrição dos resultados. Discussão A mucosite oral (MO) é uma das complicações mais comuns e dolorosas induzidas pela radioterapia, quimioterapia ou ambas, sendo observada com muita frequência nos pacientes submetidos ao transplante de medula óssea (TMO), à quimioterapia em altas doses e à radioterapia na região de cabeça e pescoço10. Esses resultados foram confirmados por essa revisão sistemática, cujos estudos da amostra reafirmaram a alta incidência da MO e sua importância na prática clínica, inclusive brasileira. A multiplicidade do número de autores dos artigos sugere o grau de dificuldade, a complexidade, a grande demanda de tempo, a vasta gama de conhecimento, dentre outros fatores, que são necessários para a obtenção de sucesso no desenvolvimento de pesquisas clínicas. Somente a metade dos estudos informou a profissão do pri- meiro autor, havendo predominância de enfermeiros e dentistas. Infere-se que esses profissionais têm interesse em desenvolver pesquisas sobre o tema, talvez por conviver com o sofrimento dos pacientes acometidos pelo agravo, que em muitos casos, traz consequências sérias como a interrupção do tratamento. Enfermeiros também foram encontrados como autores de revisão sistemática sobre o tema em outras publicações11. Nessa revisão sistemática, a radioterapia isolada ou associada à quimioterapia mostrou maior incidência de mucosite do que a quimioterapia isolada, apresentando concordância com outro estudo12 realizado em 2003, no qual os pacientes submetidos à radioterapia com hiper fracionamento de dose apresentaram maiores incidências de mucosite (100%) do que os pacientes que fizeram radioterapia convencional ou radioquimioterapia ou quimioterapia exclusiva. O mesmo estudo encontrou maior grau de severidade (graus 3 e 4) em pacientes tratados com radioterapia hiperfracionada. Esses mesmos autores constataram que o tempo para cicatrização da lesão foi em média de 39 dias. Ainda há que se considerar que fatores como a toxicidade do quimioterápico, o volume de tecido irradiado, a dose e o esquema de fracionamento da quimioterapia e radioterapia vão influenciar no surgimento e na gravidade dos sinais e sintomas da mucosite13. Considerando-se a possibilidade do surgimento de mucosite, a avaliação criteriosa da cavidade oral deve ser realizada antes e durante o tratamento com radioterapia ou quimioterapia. Para isto é indispensável a utilização de instrumentos como as escalas de classificação da mucosite por permitirem a avaliação do sucesso ou falha de determinada terapia ao longo do tratamento. Nessa revisão sistemática foram identificadas a utilização das escalas da WHO, NCI, RTOG e Mucositis Assessment Scale (OMAS). Embora encontrando-se na literatura que o tratamento atual da mucosite oral tem sido predominantemente sintomático e, pouco tem sido reportado sobre prevenção dessa condição14, a maioria dos estudos selecionados para este trabalho teve como objetivo exclusivo a prevenção, além de dois outros estudos, que abordaram prevenção e tratamento. Encontrou-se nos artigos as seguintes intervenções para prevenção da mucosite oral: aplicação de luz visível, polaprezinc, crioterapia, laser gálio e alopurinol, além de mel e laser, para prevenção e tratamento. As intervenções que mostraram efetividade preventiva foram a luz visível e a crioterapia. A primeira apresentou redução significativa tanto da incidência de mucosite como do grau da severidade. No entanto, a crioterapia apresentou redução significativa apenas dos graus 3 e 4 da mucosite. Em estudo clínico realizado com 178 pacientes, buscou-se determinar se a duração mais prolongada da crioterapia forneceria proteção adicional à mucosite. Os pacientes foram randomizados para receber 30 ou 60 minutos de crioterapia por via oral. O estudo não obteve resultados de evidências significativas na redução da severidade da mucosite com o aumento da duração da crioterapia15. No entanto, o autor considera que a intervenção apresenta benefícios na prevenção da mucosite e recomenda a sua aplicação por 30 minutos. O laser gálio apresentou efetividade em relação a prevenção da mucosite quando aplicado em maior intensidade (660 nm, 40mW, 4 J/cm2). Em contrapartida, a sua utilização em menor intensidade (660 nm, 10 mW, 2,5 J/cm2) não revelou efetividade. Os benefícios da terapia com laser de baixa potência também foram demonstrados em outro estudo objetivando a prevenção da MO e a redução da dor associada à essa. Trata-se de pesquisa randomizada com 38 pacientes submetidos ao TMO que receberam terapia de laser de baixa potência do tipo InGaAlP REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 11 Recomendações baseadas em evidências para prevenção e tratamento tópico da mucosite oral (660nm, 50mW e 4J/cm²) diariamente, iniciando no sétimo dia anterior ao transplante e mantido até a recuperação medular. A avaliação do paciente foi realizada diariamente. O potencial do laser na prevenção e no tratamento da MO foi estatisticamente significativo16. Para o tratamento da mucosite oral, encontraram-se nos estudos duas intervenções: triclosan e fenilbutirato a 5%, sendo que ambos controlaram significativamente a severidade da mucosite. Para prevenção e tratamento da MO foram utilizados o mel e o laser (660 nm/15 mW/ 3.8 J/cm2/ 4 mm2). Nesses estudos foi constatado que o mel é altamente protetor contra o desenvolvimento da mucosite severa e o laser (660 nm/15 mW/ 3.8 J/ cm2/ 4 mm2) evitou de forma eficaz a progressão da severidade da MO quando comparado ao laser (660 nm/5 mW/ 1.3 J/cm2/4 mm2). No entanto, não foi comprovada a efetividade dessas intervenções para o tratamento da MO. Os resultados em relação ao mel apresentaram concordância com estudo prospectivo randomizado que avaliou o efeito do mel em 40 pacientes com mucosite induzida por radioterapia. Foi encontrada uma redução significativa de incidência dos graus 3 e 4 de mucosite entre os pacientes do grupo tratamento e grupo controle17. Quanto ao laser de baixa intensidade, resultados similares aos dessa revisão foram encontrados em estudo randomizado18 realizado ainda em 1999. Esse estudo contou com a participação de 30 pacientes submetidos a radioterapia alocados em dois grupos, laser e placebo. Foi encontrado que a mucosite grau 3 ocorreu em menor frequência estatisticamente significativa no grupo tratado com laser em comparação com o grupo de luz placebo. Na prática clínica há necessidade de criação de programa de cuidados bucais que compreenda a fase que antecede a aplicação da quimio e radioterapia, visando a manutenção da integridade bucal, prevenção e tratamento da MO. Esse programa deve envolver o paciente e seus familiares, desde a avaliação inicial até os diagnósticos e as intervenções de enfermagem visando o manejo e controle da dor, a promoção de nutrição e de hidratação adequadas, a identificação de infecções e o acompanhamento das mudanças na cavidade bucal19. Cita-se como exemplo, um estudo em que todos os pacientes classificados como em risco para infecções receberam profilaxia antiviral, inclusive para a profilaxia de Doença do Enxerto contra o Hospedeiro foi administrado ciclosporina a partir do quarto dia antes do transplante de células tronco hematopoiéticas alogênico. Todos os pacientes também receberam tratamento tópico profilático padrão com antibacterianos e antifúngicos, incluindo bochecho com 5mL de clorexidina a 0,2% durante 30 segundos, duas vezes ao dia; 2 mL de nistatina durante um minuto, quatro vezes ao dia e vários enxágues com solução salina por dia20. Em outro estudo, o protocolo de cuidado dental foi realizado por dentista antes da admissão para o transplante de medula óssea. Este incluía educação dos pacientes sobre higiene bucal; radiografia panorâmica, exame bucal com atenção aos tecidos moles e ossos; exame dental e peridontal, remoção de cálculo supra e subgengival; eliminação de fontes de trauma por bandas ortodônticas e suportes, dentes ou prótese e extração de dentes com sinais ou sintomas indicativos de prognóstico potencialmente ruim. A realização da higiene bucal incluiu escovas de dentes extra-macias, pasta dental com um sistema de peroxidase após cada refeição e lavagens bucais com clorexidina 0,12% sem álcool contendo solução de xilitol a partir do sétimo dia até a recuperação dos neutrófilos21. Os estudos que compuseram a amostra dessa revisão sistemática apresentaram diversos vieses e limitações. Uma importante 12 limitação foi a realização da pesquisa com amostras pequenas e sem o cálculo amostral a priori. Em muitos estudos citados como randomizados pelo responsável, a técnica para a aleatorização não foi descrita. Em alguns estudos os pesquisadores incluíram pacientes com agravos distintos que demandaram tratamento antineoplásico diferente. Esse fato pode interferir no surgimento e severidade da MO. Em outros estudos não foram descritos as intervenções implementadas nos pacientes do grupo controle, bem como o seu padrão de realização. Conclusões A análise dos resultados permitiu concluir que não é possível recomendar intervenções para impedir a ocorrência da mucosite oral ou sua cura. Por outro lado, diante da frequência, gravidade e seriedade das repercussões da MO e da ausência de alternativas mais eficazes pode-se fazer uso de algumas intervenções que se mostraram capazes de reduzir a severidade da mucosite ou sua duração, minimizando danos ao paciente e seu tratamento, tais como: - laserterapia de baixa potência com laser diodo InGaAlP – 660 nm comprimento de luz, 40mWde potência de saída, 4 J/ cm² de densidade de energia – (profissional treinado em radiação a laser, aplicado durante 4 segundos por ponto, usando 0,16 J de energia com exposição uniformemente distribuída nos diversos pontos dos lábios superiores, boca e língua, totalizando 10 pontos por região com total de energia de 12,8 J diariamente. Sessões no período compreendido entre o quarto dia anterior à realização do TMO e o quarto dia após o procedimento); - triclosan enxaguante bucal – solução bucal comercial a 0,03% (bochecho 03 vezes ao dia durante todo o tempo de tratamento de radioterapia, estendendo a um a dois meses após o término); - crioterapia oral (aplicação de gelo na mucosa oral ou bochecho com água gelada, iniciando-se pelo menos 5 minutos antes da infusão da quimioterapia e mantendo o procedimento até o seu final). É possível recomendar a não utilização das seguintes intervenções cujos estudos não apresentaram resultados que representassem benefício para os pacientes: laser InGaAlP (660nm/5mW/1,3 J/cm²/ tamanho de ponto 4mm²), polaprezinc e alopurinol. Há necessidade de novos estudos com maior rigor metodológico e amostras de maior magnitude para permitir a construção de protocolos baseados em recomendações amparadas por evidências científicas. Referências 1. Vieira ACF, Lopes FF. 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E-mail: [email protected] ** Doutora em Enfermagem Básica pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG, estomaterapeuta (TiSOBEST), docente da Escola de Enfermagem da UFMG. E-mail: [email protected] *** Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da UFMG, mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG, docente da Escola de Enferma- gem da UFMG. E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 13 Artigo Original Hidrogéis com argila e glucantime para tratamento de leishmaniose cutânea Hydrogels for clay and glucantime treatment of cutaneous leishmaniasis * * * ** ** *** Maria J. A. Oliveira1 Ademar B. Lugão1 Duclerc F. Parra1 Valdir S. Amato2 Lúcia Braz2 Regina Maia3 Resumo Biomateriais compõem uma área da ciência em que materiais sintéticos são desenvolvidos para funções biologicamente pertinentes, proporcionando grande diversidade de novos produtos. Estima-se que existam cerca de 300.000 produtos denominados biomateriais que são utilizados na área da saúde. Embora sejam largamente empregados, ainda precisam ser aperfeiçoados para fins terapêuticos. O objetivo deste trabalho foi desenvolver hidrogéis de polivinilpirrolidona, poli (álcool vinílico), argila e glucantime pelo processo de radiação gama que reticula e esteriliza simultaneamente, para tratamento de leishmaniose cutânea. O desenvolvimento foi feito em com o protocolo da comissão de ética número: CPE-IMT 2010/072, usando-se as técnicas de caracterizações intumescimento, espectrometria de energia dispersiva de raios-X - EDS, citotoxicidade, liberação “in vitro” e liberação “in vivo” (Balb/C). Observou-se que a dispersão da argila e do antimoniato na matriz polimérica ocorre de forma homogênea. Quanto ao teste de citotoxidade as amostras não apresentaram toxicidade, e os testes “in vivo” apresentaram redução dos ferimentos de 98% em camundongo Balb/C infectados com amastigotas da leishmaniose considerando-se por isso ocorrência de uma cura clínica. Essa matriz como suporte de liberação poderá contribuir para uma terapia alternativa em humanos com a finalidade de aumentar a qualidade de vida do paciente, que não pode usar o medicamento de forma convencional devido aos efeitos colaterais. Palavras chaves: Hidrogéis, argila, glucantime, biomateriais. Introdução Estima-se que o mercado mundial para biomateriais movimente aproximadamente 35 bilhões de dólares todo ano. Além disso, este mercado apresenta crescimento de 11% ao ano, o que demonstra a grande necessidade deste tipo de produto. Embora sejam largamente empregados, ainda precisam ser aperfeiçoados para fins terapêuticos. Isto é evidente quando se faz um paralelo entre o desempenho dos biomateriais com o dos órgãos ou partes do corpo que 14 eles devem substituir ou tratar. Porém, os biomateriais melhoram significativamente a qualidade de vida de milhões de pessoas, que de outra forma, estariam condenadas às limitações no desempenho de atividades ou até mesmo, em última análise, à morte1,2,3. Entre esses biomateriais destacam-se os nanogéis, microgéis e macrogéis formando os hidrogéis poliméricos, que são objeto de investigação como carregadores de fármacos. Além do processo da radiação ionizante para a modificação de polímeros, recentemente têm sido usadas nanopartículas inorgânicas, para a formação de nanocompósitos poliméricos. Especialmente os nanocompósitos de polímeros com argilas naturais e sintéticas têm despertado o interesse de vários pesquisadores por sugerir a possibilidade de obtenção de novos materiais, entre os quais estão os hidrogéis4. As nanopartículas inorgânicas representam uma alternativa racional para polímeros convencionais, pois empregando-se uma pequena porcentagem de argila é possível formar polímeros com melhores propriedades mecânicas, boa transparência, maior estabilidade térmica e baixa permeabilidade a gases5. Os hidrogéis podem ser diferenciados em suas interações físicas e químicas de acordo com sua reticulação. Em geral se mantêm em uma fase de transição de intumescimento de acordo com as necessidades de aplicações6. Contendo em sua composição 75% a 82% de água7 se submetidos ao intumescimento, podem aumentar de volume em até 300% em água ou fluídos biológicos, sem romper suas estruturas e sem modificar suas características físico – químicas. Portanto, a inovação deste trabalho foi para oferecer uma forma alternativa de tratamento de uso tópico nas lesões provocadas pela leishmaniose cutânea, controlando a dosagem do fármaco na corrente sanguínea, diminuindo a citotoxicidade provocada pela dosagem injetável. A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é causada por um protozoário do gênero leishmania transmitido por mosquitos flebotomíneos8. É uma antropozoonose considerada um grande problema de saúde pública e representa um complexo de doenças com importante espectro clínico e diversidade epidemiológica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco com registro aproximado de dois milhões de novos casos por ano, das diferentes formas clínicas, a cutânea, muco cutânea e visceral. O ferimento causado pela leishmaniose cutânea tem características diferentes dos ferimentos comuns provocados por fungos e bactérias. Não pode ser usado tratamento tópico, como antibióticos ou anti-inflamatórios, apenas pode ser lavado com água. O paciente com lesões causadas pela leishmaniose que apresenta problemas renais ou cardíacos não pode usar o tratamento à base de antimoniatos (glucantime), ficando com as lesões sem tratamento, devido à toxicidade do fármaco injetado diretamente na corrente sanguínea. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Oliveira, M. J. A.; Lugão, A. B.; Parra, D. F.; Amato, V. S.; BrazL.; Maia, R. Diante das informações da complexidade do tratamento das lesões provocadas pela leishmaniose cutânea, surgiu a proposta de oferecer uma forma alternativa de tratamento, utilizando uma matriz de polímero modificado por radiação como veículo de liberação do antimoniato diretamente no local afetado pelo ferimento. Essa matriz é um hidrogel de forma macia, úmida que libera o fármaco de forma lenta diminuindo a quantidade do antimoniato na corrente sanguínea, evitando a agressão da toxicidade no organismo do paciente. O presente trabalho avalia a ação do medicamento encapsulado na matriz de hidrogel, em forma de membrana, no modelo experimental Balb/C infectado com L. amazonensis. Metodologia Para a obtenção das membranas de hidrogéis foram solubilizado em água 10% de PVP e 10% de PVAl separadamente, após a solubilização foram adicionados em um béquer 1,5% de Agar, 1,0% de PEG, as porcentagens de argila 0,5%, 1,0% e 1,5%. Os reagentes foram solubilizados e homogeneizados sobre agitação por 5min a 85 ºC, após esse procedimento foi adicionado o glucantime. As formulações prontas foram colocadas em placas, seladas e enviadas para a reticulação e esterilização por radiação ionizante de fonte gama, assim obteve-se os hidrogéis. Resultados Intumescimento As membranas de hidrogéis PVAl/PVP e PVAl/PVP/0,5% argila apresentaram curvas de intumescimento semelhantes, enquanto a matriz de PVAl/ PVP/1,0% de argila apresentou maior intumescimento. Nota-se que as menores quantidade de argila favorece o intumescimento, comparando-se com a matriz PVAl/PVP/1,5% de argila que apresenta menor intumescimento. Essa redução pode ser relacionada às ligações covalentes obtidas pelos radicais livres durante a reticulação por radiação gama. Também pode ser observado que o tempo do equilíbrio de intumescimento das matrizes ocorre em 10 h. Em geral, o equilíbrio de intumescimento do hidrogel depende do rearranjo das moléculas após a reticulação e da interação polímero argila, conforme ilustrada na FIG. 1. FIGURA 2 – (A) Micrografia de EDS e (B) gráfico com a porcentagem dos íons Si, Mg, Sb e Na dispersos na membrana de hidrogel PVAl/PVP/argila 1,5% e glucantime. Citotoxicidade Nos testes de citotoxicidade foi observado comportamento idêntico da amostra testada com o controle negativo. Então, é possível afirmar que os hidrogéis sintetizados por reticulação gama desenvolvido neste trabalho não causam morte ou prejuízo a célula de mamífero sendo, portanto, caracterizados como não citotóxicos. O comportamento apresentado pela matriz de hidrogel foi semelhante ao encontrado em trabalhos publicados anteriormente que também avaliaram “in vitro” a citotoxicidade de hidrogéis de PVP 9,10,como esta representada pela FIG. 3. FIGURA 1 - Curvas de intumescimento dos hidrogéis de PVAl/PVP/argila. Espectrometria de energia dispersiva de raios-X - EDS Observa-se a identificação e quantificação dos elementos sódio, magnésio, silício e antimônio, com maiores aglomerações em algumas regiões da amostra. A distribuição do antimônio é homogênea na superfície de fratura da amostra de hidrogel, representada na FIG. 2. FIGURA 3 - Curva de viabilidade celular no ensaio de citotoxicidade pelo método de incorporação do vermelho neutro, da membrana de hidrogel obtida por PVAl/PVP/ argila REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 15 Hidrogéis com argila e glucantime para tratamento de leishmaniose cutânea Testes “in vitro” As amostras dos hidrogéis com a concentração do fármaco foram colocadas em frascos com 40 mL de água e em seguida em uma centrifugadora à temperatura de 37,0ºC sob agitação a 100 rpm durante 48 h e foram colhidas alíquotas de 2 mL nos períodos de 3, 6, 9, 12, 24, 36 e 48 h, para análises da concentração de antimônio, que foram substituídos por 2mL de água a cada alíquota retirada. As medidas foram feitas até alcançar o estado estacionário da liberação do glucantime. Isto foi baseado no fato de que o mecanismo de difusão desse sistema, controlado por intumescimento da matriz polimérica reticulada, onde a difusão aumenta na medida que a água penetra no polímero. A FIG. 4 (A, B, C e D) representa as curvas de liberação. Nota-se maior equilíbrio de liberação para a amostra PVP/PVAl/argila Fig. 4b portanto foi a membrana escolhida para o tratamento “in vivo” FIGURA 4 - Curvas da cinética da liberação do glucantime das matrizes de hidrogéis (A) PVP/PVAl, (B) PVP/PVAl/1,5%argila, (C) PVAl/1,5%, (D) PVP/1,5% argila, (E) PVAl/quitosana/1,5% argila e (F) PVP/quitosana/1,5% argila. Testes “in vivo” Observou-se evolução significativa da redução das lesões durante o tratamento dos animais com as membranas de PVP/ PVAl/1,5% argila e glucantime, como mostra a FIG. 5. 16 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Oliveira, M. J. A.; Lugão, A. B.; Parra, D. F.; Amato, V. S.; BrazL.; Maia, R. FIGURA 5 – Redução da lesão cutânea na pata dos camundongos (X controle sem tratamento) versus (A tratados com PVAl/PVP/1,5% de argila/glucantime. 2. Biocompatibility of Implantable Devices: Current Challenges to Overcome Foreign Body Response, J. Diabet. Sci. Technol. 2008;2(6):1003–15. 3. Conclusões A aplicação das membranas de hidrogéis em forma de curativos “in vivo” no tratamento das lesões cutâneas provocadas pela Leishmania amazonensis tiveram evidente contribuição para a redução do ferimento alcançando uma cura clínica. Esse suporte de investigação poderá contribuir para uma terapia alternativa em humanos com a finalidade de aumentar a qualidade de vida do paciente, que não pode usar o medicamento de forma convencional devido aos efeitos colaterais. Onuki Y, Bhardwaj U, Papadimitrakopoulos F, Burgess DJA. Review of the CGEE. Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, Materiais Avançados para Saúde Médica-odontológica. Ciência, Tecnologia e Inovação, 2010;15:297-331. 4. Lee, JH, Siddaramaiah LI P, Kim NH, Yoo GH.Poly(acrylamide/laponite) nanocomposite hydrogels: Swelling and cationic dye adsorption properties. J. Applied Polym. Sci. 2009;111:1786-98. 5. Fonseca MG, Airoldi C. Híbridos inorgãnicos-Orgânicos derivados da reação de filossilicatos com organossilanos. Quím. Nova. 2003;(26)5:13-25. 6. Ulanski J. Molecular relaxations in radiationally crosslinked poly(vinyl methyl ether) hydrogels. J. Non-Cryst. Solids. 2007; 353:4536-40. 7. ABD El-Mohdy HL, Ghanem S. Biodegradability, antimicrobial activy and properties of PVA/PVP hydrogels prepared by y-irradiation. J. Polym. Res. Acknowledgments Support by FAPESP Process nº 09/50926-1, FAPESP Process nº 2009/18627-4, FAPESP Process nº 2012/00236-1, CNPq Process n° 310849/2009-8, CAPES, IPEN/CNEN and Sizue O, for analized cytotoxicity. 2009;16:1-10. 8. Amato VS, Tuon FF, Neto VA. Leishmania: origin, evolution and future since the Precambrian FEMS. Immunol. Med. Microbiol. 2008;54:158–66. 9. Lugão AB, Higa OZ, Rogero SO, Machado, LDB, Mathor MB. Biocompatibility study for PVP wound dressing obtained in different conditions. Radiat. Phys. Referências bibliográficas 1. Chem. 1999;55:705-7. 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Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, CEP: 05403-000 São Paulo – SP Brazil [email protected] – [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 17 Artigo Original Perfil dos adolescentes em processo de reabilitação por queimadura em um hospital escola da cidade de São Paulo Profile of adolescentes undergoing rehabilitation in teaching hospital in São Paulo city * ** *** **** ***** Júlia Teixeira Nicolosi Viviane Fernandes de Carvalho Marcus Castro Ferreira Luiz Philipe Molina Vana Juliana Almeida Nunes “Trabalho apresentado na Universidade Guarulhos para obtenção do título de mestre. Realizado no Ambulatório de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo”. RESUMO Introdução: No adolescente a queimadura pode impactar negativamente nas alterações fisiológicas e psíquicas próprias da idade, gerando repercussões físicas, emocionais e sociais que o afetarão ao longo da vida havendo a necessidade do processo de reabilitação Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil epidemiológico do adolescente vítima de queimadura em processo de reabilitação. Método: Foi realizado um estudo transversal com 63 adolescentes vítimas de queimadura acompanhados pelo Ambulatório de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo sendo aplicado o Instrumento Sócio-demográfico. Para a realização das análises foi utilizada estatística descritiva. Resultados: a população se caracterizou por ser na maioria do sexo feminino, solteira e sem um relacionamento estável, com 2º grau incompleto, média de 15,95 anos de idade, a média de superfície corporal atingida foi de 23,84%, a idade da ocorrência da queimadura foi em média de 5 anos, 6 meses e 18 dias causada principalmente por acidente (92,10%) causado pelo fogo (57,10%) tendo como principal agente causal o álcool (39,70%), a região mais atingidas pela queimadura foi o tronco (74,60%) Conclusão: há a necessidade de implementação de programas de prevenção com a finalidade de diminuir a ocorrência de acidentes, principal motivo da queimadura, principalmente os domésticos, assim como a realização de novos estudos nessa população. Palavras chaves: queimaduras, reabilitação, adolescente. SUMMARY Introduction: In the adolescent burn may negatively impact on 18 the physiological and psychological own age, generating physical, emotional and social factors that affect the lifelong with the need of the rehabilitation process. Purpose: This study aimed to evaluate the epidemiology profile of adolescent burn victim in the process of rehabilitation. Method: We conducted a cross-sectional study with 63 adolescent burn victims accompanied by the Clinic of Plastic Surgery and Burns of the Central Institute of Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo being applied Instrument Socio-demographic Results: population was characterized as mostly female, unmarried and without a stable relationship with 2nd degree incomplete, averaging 15.95 years of age, mean body surface area affected was 23.84%, age of occurrence the burn was on average 5 years, 6 months and 18 days caused mostly by accident (92.10%) caused by fire (57.10%) with the primary causal agent alcohol (39.70%), the region most affected by the burn was the trunk (74.60%) Conclusion: is necessary to implement prevention programs in order to reduce the occurrence of accidents, the main reason for the burn, especially the domestic as well as new studies in this population. Descriptors: burns, rehabilitation, adolescent. Introdução Para a World World Health Organization (WHO) a adolescência se constitui um processo biológico e vivências orgânicas, no qual se aceleram o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade, abrangendo a pré-adolescência (entre 10 e 14 anos) e a adolescência (dos 15 aos 19 anos)1. Segundo essa mesma entidade muitos adolescentes sofrem de doenças crônicas, sequelas e disfunções como as geradas pela queimadura 1. O adolescente vítima de queimadura se depara com as alterações físicas e psicológicas da sua própria condição 2, além das repercussões geradas pela lesão de queimadura. Dentre as complicações geradas pela queimadura se destacam a dor, sensação de parestesia, prurido, ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, risco de suicídio, problemas físicos decorrentes das contraturas cicatriciais e problemas sociais como o desemprego 3-8. No contexto atual, onde houve a queda da mortalidade das vítimas de queimadura, o processo de reabilitação vem sendo incorporado nos programas de tratamento dos centros especializados em queimaduras desde o atendimento nas unidades de terapia intensiva até o retorno ambulatorial 9-10 tendo como objetivo suprir as repercussões geradas pelas queimaduras, como REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Nicolosi, J. T.; Carvalho, V. F. de.; Ferreira, M. C.; Vana, L. P. M.; Nunes, J. A. contraturas, perda de massas musculares, ossificações heterotópicas, amputações, dores, neuropatias, fraqueza, prurido e desajustes psicológicos 9. Dessa forma, conhecer o perfil epidemiológico dos adolescentes durante o processo de reabilitação por queimadura fornece subsídios e direcionamento para a prevenção da queimadura e para implementação de ações políticas que atendam às necessidades desse adolescente. Método Foi realizado um estudo de campo, transversal com análise quantitativa. O estudo foi realizado no Ambulatório de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A coleta de dados foi realizada entre os meses de agosto a dezembro de 2011. A população desse estudo foi formada 63 adolescentes entre 12 e 20 anos que são cadastrados e realizam a reabilitação no ambulatório em questão. O preenchimento do Instrumento Sócio-demográfico foi realizado antes ou após a consulta médica. Todos os voluntários foram convidados a participar da pesquisa, após a ciência e consentimento dos seus representantes legais, sendo assegurada a privacidade e a não identificação dos sujeitos e realizada a assinatura do TCLE. A pesquisa recebeu a aprovação da Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa do HC-FMUSP. As informações sociodemográficas do adolescente foram coletadas a partir de dados referidos pelo paciente ou seu responsável. A princípio, os dados clínicos referentes à queimadura e tratamento foram coletados a partir do prontuário. Caso não constasse a informação no prontuário, foi perguntada para o adolescente ou seu responsável. Para armazenamento e análise dos dados foi utilizando o programa estatístico SPSS® (Statistical Package for the Social Sciences) versão 18.0 pela empresa IBM sendo a realizada a estatística descritiva. Resultados No período compreendido entre agosto de 2011 a dezembro de 2011 foram coletados os dados de 63 participantes de idade entre 12 e 20 anos. Houve o predomínio do sexo feminino (60,3%), solteiros (93,7%), idade entre 12 a 20 anos (média de 15,95; DP de 2,88) e escolaridade com 2º grau incompleto (39,7%). Do total de 63 participantes, 59 não eram casados. Desses, a maioria não apresentava um relacionamento estável (estar namorando). A média de superfície corporal atingida foi de 23,84% (DP= 21,76) (utilizado o método de Lund-Browder para a avaliação da % de SC afetada pela queimadura). A idade da ocorrência da queimadura foi em média de 5 anos, 6 meses e 18 dias, sendo portanto, o trauma ocorrido durante a infância. O tempo médio de internação após o trauma da queimadura foi de 49 dias e 22 horas. A maioria apresenta sequelas funcionais e estéticas (52,4%) e consideram visível a cicatriz (81,0%). O principal agente etiológico da queimadura é o fogo (57,10%) seguido pelo escaldo (31,70%). O principal motivo da queimadura foi o acidente (92,10%). Dentre os 63 participantes estudados, sendo excluídos 6 participantes que tiveram queimaduras ocasionadas por traumas elétricos, reação química ou por contato, o álcool (39,70%) é a principal substância responsável pela queimadura, seguido do escaldo por água quente (19%) (tabela 1). Tabela 1. Distribuição do agente etiológico e da substância causadoras da queimadura. São Paulo, 2011. Variável Agente etiológico N (%) Fogo Escaldo Sólido aquecido Explosão/Gás aquecido Trauma elétrico Reação química Substância causadora Álcool Água Fogo em tecido sintético Óleo Leite Gasolina Calda de açúcar Thinner 36 (57,10) 20 (31,70) 4 (6,30) 1 (1,60) 1 (1,60) 1 (1,60) 25 (39,70) 12 (19,00) 7 (11,11) 4 (6,30) 3 (4,80) 2 (3,20) 2 (3,20) 1 (1,60) As regiões corporais mais atingidas pela queimadura são destacas respectivamente o tronco (74,60%), cabeça (68,30%), braço (65,10%), mão (60,30), pescoço (54,00%) e antebraço (46,00%) (tabela 2). Tabela 2. Distribuição das áreas atingidas pela queimadura. São Paulo, 2011. Variável Área atingida Tronco Cabeça Braço Mão Pescoço Antebraço Coxa Perna Pé Glúteo Genitais N (%) 47 (74,60) 43 (68,30) 41 (65,10) 38 (60,30) 34 (54,00) 29 (46,00) 17 (27,00) 12 (19,00) 12 (19,00) 3 (4,80) 2 (3,20) Discussão No estudo a população se caracterizou por ser na maioria do sexo feminino, solteira e sem um relacionamento estável, com 2º grau incompleto e média de 15,95 anos de idade. Com relação aos dados clínicos, participaram do estudo adolescentes com média de superfície queimada de 23,84% (0,5099%), com tempo médio de internação de 49 dias e 22 horas (Dp= 36.37) e com idade de ocorrência da queimadura em média de 5 anos, 6 meses e 18 dias, evidenciando a ocorrência durante a infância. Tal idade da ocorrência da queimadura também é observada em outros estudos no Brasil 11-12 demonstrando a falta de conhecimento dos cuidadores acerca das características do desenvolvimento infantil, expondo a criança ao risco. Com relação à porcentagem da superfície corporal atingida, o presente estudo encontrou 23,84% refletindo semelhança com o trabalho desenvolvido na Suécia onde foi aplicado a BSHS -R em pacientes que tinham média de 23,1% da superfície corporal atingida13. No Brasil, no estudo realizado para a validação e adaptação da BSHS-R, a média de superfície corporal atingida pelos pacientes foi de 19,2% 14, sendo, um pouco inferior em relação ao presente estudo. Essa semelhança é importante, pois, apesar de se tratarem de pacientes com faixas etárias distintas, apresentam condições clínicas semelhantes. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 19 Perfil dos adolescentes em processo de reabilitação por queimadura em um hospital escola da cidade de São Paulo Etiologicamente a queimadura da amostra estudada não difere em relação à descrita na literatura, sendo o fogo e a escaldadura os principais agentes causadores11,12, 15 destacando como substâncias causadoras da queimadura, o álcool (39,70%) e a água (19%). 5. Conclusão A infância e a adolescência são faixas etárias que são acometidas pela queimadura podendo gerar repercussões físicas e psicológicas que podem perdurar durante a vida adulta. Com a finalidade de prevenção da ocorrência da queimadura nessa faixa etária, há a necessidade de implementação de programas de prevenção com a finalidade de diminuir a ocorrência de acidentes, principal motivo da queimadura, principalmente os domésticos. Devido à escassa literatura da população adolescente vítima de queimadura, estudos mais abrangentes são necessários com a finalidade de direcionar as políticas de atenção de saúde. 7. Wallis HD, Renneberg BP, Ripper SD, Germann GMD, Wind GD, Jester AMD. Emotional Distress and Psychosocial Resources in Patients Recovering From Severe Burn Injury. Journal of Burn Care & Research. 2006;27(5):734-741. 6. Ringdal MM, Plos KP, Lundberg DP, Johansson LM, Bergbom IP. Outcome After Injury: Memories, Health-Related Quality of Life, Anxiety, and Symptoms of Depression After Intensive Care. J Trauma. 2009; 66(4):1226-1233. van Baar ME, Essink-Bot ML, Oen IM, Dokter J, Boxma H, van Beeck EF. Functional outcome after burns: a review. Burns. 2006;32(1):1-9. 8. Kindal M. Perceived Physical and Psychological Outcome After Severe Burn Injury. Acta Universitatis Upsaliensis Uppsala. Comprehensive Summaries of Uppsala Dissertations from the Faculty of Medicine 1247. 2003:1-55. 9. 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Assessment utilising three variants of the Burn Specific Health Scale. Burns. 2002;28(7):639-645. va. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 1999. 3. 2007;20(4):464-469. 13. Kildal M, Andersson G, Gerdin B. Health status in Swedish burn patients. adolescent_health/en/ 2. Análise da morbidade hospitalar e mortalidade. Acta Paul de Enferm. Rosenberg L, Robert R, Thomas C, Holzer CE, 3rd, Blakeney P, Meyer WJ, 3rd. Assessing potential suicide risk of young adults burned as children. J Burn ian burn victims. Burns. 2008;34(7):994-1001. 15. Costa DM, Abrantes MM, Lamounier JA, Lemos ATO. Estudo Descritivo de Queimaduras em Crianças e Adolescentes. J Pediatr. 1999; 75(3):181-186. Care Res.2006;27(6):779-785. NOTA * Enfermeira, Mestranda pela Universidade Guarulhos, docente do departamento de saúde pela Universidade Nove de Julho, SP, Brasil. - Correspondência: Júlia Teixeira Nicolosi - Rua João Batista Pereira, 54 Jd. Pinheiros, São Paulo, CEP 05596-090 - E-mail: [email protected] ** Enfermeira, Doutora em Ciências da Saúde pela Disciplina de Cirurgia Plástica da FMUSP, Docente da Universidade Guarulhos, São Paulo, Brasil *** Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil **** Assistente da Disciplina de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital das Clinicas da FMUSP, São Paulo, Brasil ***** Enfermeira, especialista em infectologia pelo HC-FMUSP, SP, Brasil. 20 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Artigo Original Facilidades e dificuldades do cuidador familiar de idosos com Doença de Alzheimer em domicílio* Facilities and difficulties of family caregivers of elders with Alzheimer’s disease at home ** Rosangela Sakman *** Maria de Belém Gomes Cavalcante **** Ana Cláudia Puggina RESUMO Objetivo: identificar as atividades de cuidado, facilidades e dificuldades vivenciadas pelo cuidador do idoso com Doença de Alzheimer. Método: pesquisa exploratória, descritiva, transversal, de campo com delineamento qualitativo. Os participantes do estudo responderam ao questionário de caracterização da amostra e a uma entrevista dirigida com quatro perguntas: (1) descreva o seu dia a dia com o Sr/Sr(a) (nome do idoso); (2) quais as facilidades e dificuldades sentidas pelo Sr(a) como cuidador(a)?; (3) como o Senhor(a) enfrenta os obstáculos/dificuldades?; (4) como é seu relacionamento com o Sr/Sr(a) (nome do idoso)?. Local do estudo: serviço de atendimento domiciliar de duas Unidades Básicas de Saúde do município de São Paulo. Resultados: Dos discursos analisados emergiram seis categorias: (1) As ações de cuidado no cotidiano dos cuidadores envolvem principalmente atividades relacionadas à higiene, alimentação e medicação; (2) As dificuldades encontradas no dia a dia do cuidador em relação à condução da sua própria vida; (3) Facilidades do cuidado vivenciado e reconhecimento da responsabilidade; (4) Busca de equilíbrio emocional para enfrentar a situação de sobrecarga; (5) Busca de fortalecimento espiritual para continuar prestando os cuidados da melhor forma possível; (6) O estresse e cansaço do cuidador aumentam com a evolução da doença e o aumento do grau de dependência. Conclusão: Os discursos analisados mostraram que os cuidadores desempenham inúmeras atividades de cuidado, tem dificuldades em conduzir sua própria vida, tem vínculo e carinho com o idoso, reconhecem sua responsabilidade, buscam equilíbrio emocional e fortalecimento espiritual, bem como, enfrentam situações de estresse e cansaço. Descritores: Cuidadores; Relações familiares; Transtornos Mentais; Enfermagem. ABSTRACT Objective: identify the activities of care, facilities and difficulties experienced by the caregiver of elders with Alzheimer’s Disease. Method: exploratory, descriptive, cross-sectional design field with qualitative. Study participants completed the questionnaire sample characterization and a directed interview with four questions: (1) describe your day to day with the Mr/Miss (name of the elderly), (2) what are the advantages and difficulties experienced by Mr(s) as a caregiver(a)?, (3) as the Lord faces obstacles/difficulties?, (4) how is your relationship with the Mr/Miss (old name)?. Study location: home care service two Basic Health Units at São Paulo. Results: Discourse analyzed six categories emerged: (1) The shares in the daily care of the caregivers primarily involve activities related to hygiene, food and medication; (2) the difficulties encountered in daily caregiver regarding the conduct of his own life; (3) facilities experienced and careful recognition of responsibility; (4) Seeking emotional balance to address the overload situation; (5) the pursuit of spiritual strength to continue providing the best possible care; (6) stress and tiredness caregiver increase with disease progression and increasing the level of dependence. Conclusion: The speeches analyzed showed that caregivers perform numerous care activities, have difficulty conducting their own lives, has affection and bond with the elderly, recognize their responsibility, and seek to emotional balance and spiritual strength, as well, facing situations of stress and fatigue. Descriptors: Caregivers; Family Relationships; Mental Disorders; Nursing. Introdução O crescimento acentuado da população idosa tornou-se um fenômeno mundial. Estudos sobre o envelhecimento, dentre os mais conservadores indicam que, em 2025, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, chegando a 30 milhões de idosos1. A condição de longevidade pode trazer a fragilização pelo envelhecimento, tornando o idoso vulnerável às situações de qualidade de vida e de saúde. Essa situação contribui para o aumento de idosos com limitações funcionais e doenças crônicas degenerativas2-4. Estudos mostram que a prevalência da demência dobra a cada cinco anos a partir dos 60 anos de idade. Após os 64 anos a prevalência é de cerca de 5 a 10%, elevando para 30% entre aqueles com 85 anos5. A Doença de Alzheimer (DA) foi diagnosticada pela primeira vez pelo médico alemão Dr. Alois Alzheimer em 1910, após acompanhar uma paciente em tratamento neurológico sem diagnóstico prévio da doença. Seus relatos mostraram como a patologia afetava neurologicamente o indivíduo, como uma forma grave de demência por senilidade de evolução rápida4. A DA apresenta-se como uma maciça perda sináptica e pela morte neuronal observada nas regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas, incluindo o córtex cerebral, o hipocampo, o córtex entorrinal e o estriado ventral6. É considerada uma síndrome caracterizada por declínio cognitivo do idoso, com caráter permanente e progressivo, causado por múltiplas etiologias, trazendo ao portador de DA dificuldades em seu âmbito social e ocupacional7. A deterioração das funções cognitivas do portador de DA predispõe a necessidade de cuidados e estes são prestados, ge- REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 21 Facilidades e dificuldades do cuidador familiar de idosos com Doença de Alzheimer em domicílio ralmente, por cuidadores familiares informais. O convívio com portadores de demências pode requerer das famílias uma alteração significativa na dinâmica diária do cuidador, pois o cuidar pode constituir-se em uma tarefa repetitiva, desgastante e de grande responsabilidade, por um longo período8. cursos foram recortados em núcleos de significados (codificação) referentes às hipóteses de categorias. Essas categorias avaliadas em relação à representatividade e constância nos discursos de diferentes sujeitos, uma vez observada a representatividade da categoria, foram selecionados discursos exemplos que a caracterizam e os títulos das categorias foram reformulados buscando que estas sejam completos e autoexplicativos. METODO Tipo do estudo Estudo exploratório, descritivo, transversal e de campo com delineamento qualitativo. Local do estudo Serviço de Atendimento Domiciliar de duas Unidades Básicas de Saúde do município de São Paulo. Amostra A amostra de conveniência foi de 23 cuidadores familiares de idosos portadores de DA em domicilio, considerando cuidador o familiar que ficar mais tempo com o idoso. Os critérios de inclusão na pesquisa foram: (1) ser adulto com idade superior a 18 anos de idade; (2) ser o cuidador familiar principal de idoso portador de DA no domicílio, ou seja, aquele cuidador que fica mais tempo prestando assistência ao idoso; (3) morar na área de abrangência das Unidades de Assistência Domiciliar (UADs). Procedimento de coleta de dados Após a aprovação pelo Comitê de Ética em pesquisa (CEP) da Prefeitura Municipal de São Paulo (Parecer Nº 36/12–CEP/SMS), a coleta de dados ocorreu entre janeiro e setembro de 2012. Os cuidadores eram abordados pela pesquisadora em seu domicílio, na consulta mensal ao paciente com DA junto com a equipe do Serviço de Atendimento Domiciliar. Foram elaborados 2 instrumentos de caracterização da amostra, um para o idoso com DA e outro para o cuidador com 7 e 8 questões respectivamente, com perguntas fechadas sobre idade, sexo, estado civil, filhos, quantidade de filhos, escolaridade, renda mensal e grau de parentesco para o cuidador. As respostas a entrevista foram gravadas para posterior transcrição. Os discursos gravados foram transmitidos para o pesquisado com o objetivo de tirar dúvidas do que foi gravado. O tempo para gravar a entrevista variou para cada entrevistado, as questões foram repetidas quantas vezes fossem necessárias para seu entendimento. Foram determinadas quatro questões norteadoras para as entrevistas com os cuidadores com o objetivo de avaliar as atividades de cuidado demandadas, facilidades e dificuldades vivenciadas. Tratamento dos dados Os dados qualitativos foram analisados segundo o referencial teórico de análise de conteúdo de Bardin. Podemos denominar está análise como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo dos discursos. É um processo dedutivo ou inferencial a partir de índices ou indicadores. A análise de conteúdo pode ser uma análise dos ‘significados’ como na análise temática, ou uma análise de ‘significantes’, como na análise léxica9. Neste estudo foi realizada análise temática dos dados, leitura flutuante para identificação e exploração geral do conteúdo dos discursos e foram formuladas hipóteses de categorias. Os dis- 22 RESULTADOS Dos discursos dos familiares emergiram seis categorias que evidenciaram a busca para identificar a sobrecarga e as dificuldades de ser cuidador de portador DA, a necessidade de expressar sentimentos sinceros de esgotamento por conviver constantemente ao lado do idoso. Esses cuidadores possuem amor incondicional pelo portador de DA, uma preocupação extrema com o bem estar e a sua saúde, deixando este cuidador impossibilitado de ter controle sobre a sua vida. Categoria 1 – As ações de cuidado no cotidiano dos cuidadores envolvem principalmente atividades relacionadas à higiene, alimentação e medicação Nessa categoria fica evidente que prestar cuidados para o portador de DA, envolve principalmente atividades em relação a banho, higiene, alimentação e a medicação, sendo uma tarefa que exige paciência, tempo disponível e força física, pois os portadores de DA são, na maioria das vezes e com a evolução da doença, muito dependentes do auxílio do cuidador. Nestes discursos há uma grande preocupação em manter o paciente sempre limpo, alimentado e medicado, visando o bem estar e a satisfação de tarefa realizada. “No meu dia a dia levanto seis horas da manhã para dar tempo para ele acordar. Eu faço meu serviço, depois vou dar o banho dele, às vezes acordo antes, escovo os dentes, primeiro o café e depois o banho, depois vou fazer a comida para dar pra ele, é o dia inteiro assim.” (Esposa do paciente III) “Meu dia a dia é dando banho, comida não saio de casa, às vezes saio de manhã para fazer compra e não saio mais, não sei que horas que fecha nada. A noite e a tarde não posso sair, meu dia a dia é assim... Minha vida é com ela.” (Filha da paciente VI) “Desde manhã quando eu acordo já dou um banho nela, dou café, depois ela vai para o sol um pouquinho, se tiver sol, depois come uma fruta e almoça. Meu dia a dia é assim com ela, é o dia inteiro lidando com ela, pior que uma criança, apesar dela nem me chamar pelo nome.” (Filha da paciente X) Categoria 2 – As dificuldades encontradas no dia a dia do cuidador em relação à condução da sua própria vida Nessa categoria evidencia-se a busca dos cuidadores em encontrar soluções para facilitar o dia a dia com o paciente, caracterizados pelo excesso de atividades, acúmulo de responsabilidade, falta de ajuda dos outros membros da família e não divisão dos cuidados prestados. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Sakman, R.; Cavalcante, M. de B. G.; Puggina, A. C. “A dificuldade é só essa mesmo, sentir-me muito presa, a vida parou... Tem 10 anos que a vida parou.” (Esposa da paciente XI) “A dificuldade é ficar presa, a gente acaba não saindo de casa, quer ir num quarto ela está, na sala ela se levanta sozinha, tenho medo dela cair, ela não tem firmeza.” (Filha da paciente VIII) Categoria 5 – Busca de fortalecimento espiritual para continuar prestando os cuidados da melhor forma possível Nesta categoria o cuidador busca força em Deus como seu aliado para dar continuidade a essa tarefa que está incumbido, muitas vezes existe a culpa, a revolta e a indignação, mas a fé exercida facilita o processo de cuidar, trazendo esperança para o cuidador que melhores dias virão. “Eu busco força com Deus, para me dar paciência, para lidar com ela.” (Filha da paciente I) “Preso dia inteiro, dia e noite na verdade, tenho algumas coisas para resolver, mas não tenho ninguém que possa confiar para cuidar da mesma forma que eu cuido, isso me prende na residência.” (Filho da paciente VIII) “Peço para Deus, Senhor não me deixe ficar doente, eu tenho que levantar, eu tenho que cuidar dela.” (Filha da paciente IV) Categoria 3 - Facilidades do cuidado vivenciado e reconhecimento da responsabilidade “Eu me apego em Deus, vou muito para a igreja.” (Filha da paciente XII) Esta categoria evidencia as facilidades em cuidar, relevando a satisfação ao prestar esses cuidados, aceitando a situação vivenciada sem se dar conta do tempo em que está mantendo essa situação, acostumando a encarar a situação de uma outra forma para evitar ainda mais a sobrecarga. Categoria 6 – O estresse e cansaço do cuidador aumentam com a evolução da doença e o aumento do grau de dependência “Com o passar do tempo, a gente aprendeu a lidar com a situação.” (Esposa do paciente V) Nesta categoria evidencia-se que prestar cuidados aos portadores de Doença de Alzheimer, com o tempo e a evolução da doença, torna-se cada dia mais estressante. A rotina fica mais complexa e os cuidados são intensificados com o tempo, tornando mais cansativo e estressante aos cuidadores. “Ela não dá trabalho, ela é quietinha, não briga, não chora, não reclama, ela é uma pessoa boa.” (Filha da paciente XII) “Ele me deixa estressada na hora de dar comida, ele fecha a boca não quer comer de jeito nenhum dar comida pra ele, às vezes é um sacrifício.” (Esposa da paciente III) ”Ela foi boazinha desde nova, tenho por obrigação cuidar dela, além de ser minha tia é um ser humano, não tem ninguém mais no mundo e não é justo eu fazer nada de errado com ela... é a minha obrigação” (Sobrinha da Paciente XIII) “Sinto-me cansada, eu estou muito cansada, eu não vou negar porque é muito difícil uma pessoa cuidar sozinha, você fica num estresse que não tem limite.” (Filha da paciente IV) Categoria 4 – Busca de equilíbrio emocional para enfrentar a situação de sobrecarga Nesta categoria o cuidador busca equilibrar-se emocionalmente para evitar que a situação vivenciada no momento agrave-se, buscando forças para resistir ao cansaço e sobrecarga, pois esse cuidador entende que somente ele tem a responsabilidade em manter os cuidados com esse idoso. “Eu procuro não me deprimir, eu largo vou para rua, sento ali e tomo um sorvete, converso uns 20 minutos, depois volto para enfrentar.” (Filha da paciente II) “Às vezes uma hora ou duas fico meio deprimida, mas depois começo a lavar roupa e cuidar dela.” (Filha da paciente IV) “Eu tenho paciência, embora a noite desce o meu cansaço, não tenho que descontar nela, eu cuido dela com muito carinho.” (Filha da paciente X) “Sinto estresse, dor de cabeça, cansaço, eu fico nervosa, ultimamente fico nervosa à toa, brigo, falo mal, às vezes falo alto.” (Nora da paciente XVI) DISCUSSÃO Dos resultados deste trabalho emergem a questão da sobrecarga e do sofrimento vivenciados diariamente pelos cuidadores familiares de idosos com Doença de Alzheimer, bem como, da falta de apoio profissional na realização de uma atividade tão desgastante, pois em nenhum dos discursos os cuidadores mencionaram qualquer preocupação profissional com o cuidador familiar. Este cuidador familiar precisa de tanta assistência quanto o idoso com Alzheimer para manter sua saúde e não adoecer. A sobrecarga pode trazer consequências diretas na qualidade de vida, saúde e bem-estar desses cuidadores, bem como, pode refletir negativamente na situação financeira da família, pois este cuidador tem quase todo o tempo dedicado aos cuidados. A qualidade de vida em saúde de 90 cuidadores de pessoas com necessidades especiais em atendimento em uma instituição de reabilitação foi avaliada por meio de um questionário de caracterização do perfil do cuidador e da pessoa com necessidades REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 23 Facilidades e dificuldades do cuidador familiar de idosos com Doença de Alzheimer em domicílio especiais e o Instrumento Abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-bref). Os resultados mostraram que houve significância estatística entre a qualidade de vida do cuidador no domínio físico e a idade da pessoa com necessidade especial, indicando que quanto mais velha a pessoa com necessidades especiais, mais difícil e penoso é o ato de cuidar10. Outro estudo avaliou a qualidade de vida de 118 cuidadores de idosos com Doença de Alzheimer por meio do questionário SF-36 e a relacionou com o Índice de Katz dos pacientes, com o escore do Inventário de Depressão de Beck (IDB) dos cuidadores e com o Mini exame do Estado Mental (MEEM) dos idosos. Os resultados mostraram uma qualidade de vida comprometida dos cuidadores de idosos com DA, e os domínios do SF-36 mais afetados foram no aspecto físico e emocional (58,1), saúde mental (60,3), dor física (63,6) e aspecto social (63,6). Morar com o idoso com DA, ser mulher e cuidar do paciente por muitas horas na semana foram variáveis que se correlacionaram com pior qualidade de vida dos cuidadores. Maior comprometimento funcional do idoso revelou escores mais elevados do IDB do cuidador, enquanto o menor escore do MEEM mostrou maior comprometimento funcional do idoso. A qualidade de vida do cuidador mostrou-se pior quando a capacidade funcional do idoso esteve mais comprometida11. Certamente, o aumento do comprometimento da DA dos idosos aumenta a demanda por cuidados. Entrevistas domiciliárias com 14 cuidadores familiares de idosos demenciados revelaram por meio de Análise de Conteúdo que o início da doença, para a maioria dos cuidadores, é confundido com o próprio processo de envelhecimento; a evolução da doença aumenta a dependência dos idosos; as alterações de comportamento por parte do idoso causam impacto emocional nos cuidadores; vivenciar a situação de cuidar de um idoso com Alzheimer é uma experiência que depende da fase da doença, da rede de suporte familiar e da história de cada família5. A sobrecarga e o perfil psicopatológico de 52 cuidadores informais de doentes de Alzheimer foram avaliados por meio da Avaliação da Sobrecarga do Cuidador Informal (QASCI) e a Escala de Avaliação de Sintomas-90-R (SCL-90-R). Os resultados sugerem que os cuidadores apresentam níveis consideráveis de sobrecarga física, emocional e social, no entanto, a satisfação com o papel, a satisfação com o familiar, a percepção dos mecanismos de eficácia e controle, bem como, o suporte familiar parecem atenuar essa sobrecarga. No que se refere ao perfil psicopatológico valores mais elevados são encontrados ao nível da Depressão, seguida da Somatização, Sintomas Obsessivos e Ansiedade. Maior sobrecarga associou-se com pior saúde mental do idoso12. No entanto, apesar da sobrecarga dos cuidadores, fatores positivos relacionados ao cuidar foram levantados em 36 cuidadores de idosos com Alzheimer. Os cuidadores referiram que seu familiar nunca pedia ajuda além do necessário (n=21, 58,3%), não afetava negativamente seus relacionamentos com outros membros da família ou amigos (n=22, 61,1%), sentiam que seu familiar esperava ser sempre cuidado por eles, como se fossem as únicas pessoas que o idoso pudesse contar ou depender (n=23, 63,9%), nunca se sentiram pouco à vontade para receber visitas em casa (n=23, 63,9%) e nunca sentiram que não tinham privacidade por causa do seu familiar demenciado (n=17, 47,2%)13. A sobrecarga e a satisfação no cuidado é um binômio antagônico no cotidiano dos cuidadores de idosos com Alzheimer. Estresse, cansaço, as inúmeras atividades e responsabilidades com o idoso são muitas vezes compensadas por sentimentos de carinho e admiração. Para prestar assistência ao par cuidador/ 24 idoso, o profissional precisa reconhecer estas facilidades, o que fortalece o vínculo, e tentar minimizar as dificuldades. As facilidades e dificuldades encontradas na vivência dos cuidadores de idosos com Alzheimer podem contribuir como fonte de dados para que se fortaleça o processo de interação, relacionamento interpessoal e fortalecimento do vínculo entre cuidador e cuidado, aspectos essenciais em um cuidado saudável e humanizado. Além desse manejo nas interações, os cuidadores esperam dos profissionais de enfermagem mais informação sobre a doença e sua evolução para que possam lidar melhor com a situação de doença do seu familiar57. Os cuidadores têm uma compreensão do processo da demência no idoso diferente um do outro, de acordo com seu nível cultural e do seu tempo de tratamento do idoso14. Um estudo mostra que orientações recebidas sobre a doença por meio de dinâmicas de grupo, oficinas de trabalho com o corpo, jogos cognitivos, problematização facilitam a adesão e a melhor compreensão da doença pelo cuidador. Assim como, arte terapia, socialização entre cuidadores, passeios em grupo podem melhorar a interação do cuidador com os profissionais de saúde e com o idoso. Esse método de ensinar-cuidar relatado no estudo proporciona uma valorização do sujeito cuidador, deixa-o motivado a participar das discussões, favorecendo o seu aprendizado, partilhando o impacto desse contexto na vida deles com os profissionais e com outros cuidadores que vivenciam a mesma problemática, consequentemente, favorecendo a elaboração de mecanismos e estratégias de fortalecimento para o enfrentamento e melhor adaptação a essa realidade14. A relevância deste trabalho também está em alertar os profissionais de saúde das Unidades Básicas a voltar-se para este cuidador, prestando assistência biopsicossocial também ao indivíduo que presta os cuidados e, consequentemente, melhorando o bem-estar de ambos, idoso e cuidador. CONCLUSÃO Os discursos analisados mostraram que os cuidadores desempenham inúmeras atividades de cuidado, tem dificuldades em conduzir sua própria vida, tem vínculo e carinho com o idoso, reconhecem sua responsabilidade, buscam equilíbrio emocional e fortalecimento espiritual, bem como, enfrentam situações de estresse e cansaço. Referências 1. Carvalho JAM, Garcia RA. O envelhecimento da população brasileira: um enfoque demográfico. Cad Saúde Publica. 2003; 19(3): 725-33. 2. Gonçalves LHT, Alvarez AM, Sena ELS, Santana LWS, Vicente FR. Perfil da família cuidadora de idoso doente /fragilizado do contexto sociocultural de Florianópolis-SC. Texto Contexto Enferm. 2006 Out-Dez; 15(4):570-7. 3. Nascimento LC, Moraes ER, Silva JC, Veloso LC, Vale ARMC. Cuidador de Idosos: conhecimento disponível na base de dados LILACS. Rev Bras Enferm, Brasília. 2008; 61(4):514-7. 4. Freitas EV. Py L. Neri AL. Cangaço FAX. Gorzoni ML. Rocha SM. Tratado de Geriatria e gerontologia. In: Cançado FAX. 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E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 25 Relato de Experiência Manejo da Dermatite Associada à Incontinência: Utilização de Creme com Função Barreira Management of Incontinence Associated Dermatitis to: Use Cream Barrier Function * ** *** **** ***** ****** ******* Viviany Alves Soares Fernanda Matheus Estrela Maira Del Rey Tamara Angélica da Rocha Fabiana Macêdo Bárbara Sueli Gomes Moreira Nadirlene Pereira Gomes Resumo Dermatite Associada à Incontinência (DAI) é uma manifestação clínica de lesões de pele associadas à umidade em pacientes com incontinência fecal ou urinária. As lesões provocadas caracterizam-se por erosão da epiderme e aparência macerada da pele. A prevalência de DAI varia entre 3,4% e 25% e cerca de 50% das pessoas com fezes ou incontinência urinária são afetados. Relato de caso clínico, em um hospital particular de Salvador, Bahia, Brasil, em agosto de 2012. Homem, 53 anos, portador de HIV, que durante uma internação prolongada em UTI e quadro clínico grave desenvolveu dermatite associada à incontinência fecal evidenciado por lesões abrasivas em região peniana e bolsa escrotal. O paciente foi acompanhado pelos enfermeiros do Grupo de Atenção à Lesões de Pele (GALP) do hospital, sendo adotado cuidados de limpeza frequente da região acometida com sabão neutro e aplicação três vezes ao dia de uma fina camada do Creme Barreira, (creme hidrofóbico que funciona como uma barreira ideal para proteger hidratar e também recuperar o pH natural da pele), com o objetivo de proteger e regenerar a pele lesionada. Após 20 dias de tratamento, mesmo com a manutenção do quadro de diarreia, observou-se excelente recuperação da área lesionada e proteção da pele exposta aos efluentes. Constatou-se que o creme com função barreira proporciona proteção efetiva na pele e cria um ambiente propício à rápida regeneração celular. O uso do Creme Barreira na prevenção no tratamento de Dermatites Associadas à Incontinência evidenciou resultados excelentes por ser de fácil aplicação, formando uma camada translúcida, não sendo necessário remover resíduos à cada troca, o que minimiza a dor e desconforto do paciente com a dermatite, permitindo regeneração rápida da pele lesionada. Evidências científicas recomendam o uso do creme de barreira associado a uma rotina de cuidados pautados na higiene e proteção da pele, sendo estes, eficientes para a prevenção e tratamento da DAI, além de ser um desafio da instituição na busca da qualidade de assistência de enfermagem. Palavras-chave: Dermatite, incontinência, tratamento, enfermagem 26 Introdução Dermatite associada à incontinência (DAI) é uma manifestação clínica de lesões de pele associadas à umidade comum em pacientes com incontinência fecal ou urinária. Trata-se de uma inflamação decorrentes do contato da pele perineal, perigenital, perianal e adjacências com urina e fezes. Estas lesões caracterizam-se por erosão da epiderme e aparência macerada.1 Denomina-se pele como o maior órgão do corpo e a primeira linha de defesa do organismo contra vários tipos de agressões físicas, químicas e mecânicas, apresentando variadas funções: proteção, sensibilidade, excreção, reparação e manutenção da homeostase em um indivíduo.2 A pele é formada por duas camadas distintas, a derme e a epiderme. A epiderme é composta por diversas camadas sobrepostas, sendo a mais externa denominada estrato córneo.1 O estrato córneo é constituído por células denominadas corneócitos, protegidas e cobertas por lipídios, o que confere função de barreira da pele. O estrato córneo normal regula os níveis naturais de perda de água da pele. Uma vez alterada a função de barreira da pele, o organismo fica exposto a vários fatores que promovem danos aos tecidos. Dessa forma, a perda da integridade da pele, pode ser provocada por lesões diversas, dentre elas a Dermatite Associada à Incontinência (DAI). A expressão “DAI” foi escolhida no consenso de 2007 por descrever adequadamente a resposta da pele à exposição crônica a materiais urinários e/ou fecais, identificar a fonte de irritação e informar que uma área maior que o períneo pode ser afetada. A prevalência de DAI varia entre 3,4% e 25%. Cerca de 50% das pessoas com fezes ou incontinência urinária são afetados por DAI. A ruptura da pele pode ter um significativo efeito sobre a sua integridade física e psicológica bem-estar do paciente.3 A incontinência é um especial fator de risco tanto para a DAI como para as Ulceras por pressão devido os efeitos nocivos das fezes e urina na pele. Quatro principais fatores de risco contribuem para a ruptura da pele quando relacionado à incontinência: Umidade, PH da pele, colonização por micro-organismos e atrito. A incontinência urinária leva a super-hidratação da pele, enquanto a ureia e o amoníaco da urina leva a alcalinidade. A incontinência fecal provoca mais danos na pele do que a incontinência urinária devido ao conteúdo bacteriano e a presença de enzimas que podem ser corrosivas na presença de um ph alcalino.4 Pacientes com dupla-incontinência tem maior susceptibilidade à ruptura da pele, principalmente quando a mobilidade é limitada. As limpezas frequentes aumenta a permeabilidade do REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 Soares, V. A.; Estrela, F. M.; Rey, M. D.; Rocha, T. A. da.; Macêdo, F.; Moreira, B. S. G.; Gomes, N. P. estrato córneo e reduz a função de barreira da pele. O pH alcalino favorece as colonizações por fungos e bactérias presente na flora da pele ou provenientes do trânsito gastrointestinal. Para a prevenção da dermatite associada à incontinência existem recomendações para hidratação da pele nos quais os cremes hidratantes preferencialmente emolientes são indicados4 As recomendações para proteção da pele e tratamento da DAI orientam o uso de creme hidratante oclusivo e cremes protetores a base de dimeticona. Os protetores a base de dimeticona são fabricados com polímeros de silicone como ingredientes ativos, protegem a pele de irritantes e têm melhor propriedade hidratante3 Concluiu-se que a utilização de uma espuma de limpeza, juntamente com uma barreira protetora é mais eficaz do que a água e sabão. O creme barreira ideal deve ser hipoalergênico, transparente, respirável, hidratação, fácil de aplicar e remover.3 Objetivo Relatar um caso de tratamento de uma dermatite peniana e inguinal associada à incontinência fecal e descrever os resultados obtidos com o uso do Creme Barreira. Método Trata-se de relato de caso de um paciente portador de HIV, que durante uma internação prolongada em UTI e quadro clínico grave desenvolveu dermatite associada à incontinência fecal. O acompanhamento foi realizado em um hospital particular de grande porte na cidade de Salvador-BA. A avaliação e evolução foram realizadas através de exame clínico e registros fotográficos por uma máquina digital, antes de ser iniciado o tratamento e no decorrer da evolução da lesão. O atendimento foi acompanhado pela equipe multidisciplinar da UTI geral, incluindo enfermeiras do grupo de atenção às lesões de pele. Caso clínico Paciente N.L.C, 53 anos, portador de HIV com tratamento regular à 05 anos, internado em uma Unidade de Terapia Intensiva no dia por quadro de insuficiência respiratória aguda, sendo diagnosticado SARA ( Síndrome da angústia respiratória aguda). Permaneceu com quadro clínico grave durante aproximadamente quarenta dias, cursando durante este período com anemia, pneumonia associada à ventilação mecânica, insuficiência renal aguda com realização de hemodiálise, polineuropatia do paciente crítico, diarréia e enterorragia associada à coagulopatia. Evoluiu, em decorrência do quadro apresentado , com lesões abrasivas na região do pênis e períneo assim como o desenvolvimento de úlcera por pressão em região sacral. Foi acompanhado pelos enfermeiros do Grupo de Atenção à Lesões de Pele ( GALP) do hospital, sendo adotado tratamento com o uso do Creme Barreira para proteção e regeneração da pele lesionada por dermatite. Dessa forma, adotou-se cuidados de enfermagem como limpeza freqüente após episódios de diarreia, o uso de sabão neutro e aplicação de uma fina camada do Creme Barreira nas regiões peniana, perineal e inguinal. O Creme com função barreira utilizado é um creme hidrofóbico que funciona como uma barreira ideal para proteger hidratar e também recuperar o pH natural da pele. Possui propriedades efetivas de barreira para proteger a pele íntegra contra efluentes agressivos oriundos de ostomias, na prevenção de dermatites associadas à incontinência e também, radiodermites de pacientes em tratamento por radioterapia. Fotos – acompanhamento do caso REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 27 Manejo da Dermatite Associada à Incontinência: Utilização de Creme com Função Barreira Além disso, é indicado o uso na pele peri-lesional para proteção contra o excesso de umidade que pode causar maceração e atraso no processo de cicatrização de feridas. Possui capacidade de hidratar e proteger a pele íntegra contra o ressecamento provocado pelo uso de botas de una, trazendo maior conforto para os pacientes. Creme Barreira utilizado no caso é composto de água, parafina líquida, petrolato, cera microcristalina, oleato de glicerol, álcool de lanolina, ácido cítrico, citrato de magnésio, ciclometicone, glicerina, metilparabeno, propilparabeno e propilenoglicol. Código Resultados Após 20 dias de tratamento, mesmo com a manutenção do quadro de diarréia e episódios de enterorragia, observou-se excelente regeneração da pele lesionada e proteção da pele exposta aos efluentes. Constatou-se que o produto proporciona barreira efetiva na pele e cria um ambiente propício à regeneração celular. lúcida, não sendo necessário remover resíduos à cada troca, o que minimiza a dor e desconforto do paciente com a dermatite, permitindo regeneração rápida da pele lesionada. Conclusão O uso do Creme Barreira na prevenção e tratamento de Dermatites Associadas à Incontinência evidenciou resultados excelentes. Além disso é de fácil aplicação, forma uma camada trans- 3. Considerações Diante dos resultados obtidos com o caso relatado, e demais casos com boa evolução, o Grupo de Atenção à Lesões de Pele do hospital em questão introduziu no protocolo de prevenção e tratamento de DAIs o Creme barreira como opção de prevenção para pacientes de alto risco para desenvolver dermatites e como tratamento para pacientes com dermatites já instaladas. Referências 1. Domanski RC, Borges E. Manual para prevenção de lesões de pele: recomendações baseadas em evidências. Ed. Rubio, 2012.p 103-15 2. Carvalho, E S Como Cuidar de Pessoas com Feridas: desafios para a prática multiprofissional. Editora Atualiza. Salvador, 2012. p.76-8 Bardsley A. Incontinence-associated dermatitis: looking after skin. Nursing & Residential Care 2012(14):7. 4. Voegeli D. Moisture-associated skin damage: aetiology, prevention and treatment. British Journal of Nursing, 2012. Vol 21, Nº 9. NOTA * Enfermeira. Hospital Espanho, Salvador, BA. **Enfermeira pós graduada em Centro Cirúrgico e CME pela UFBA, Auditoria em Sistemas de Saúde pela São Camilo e pós graduanda em Enfermagem Dermatológica pela UGF. Docenteda escola de enfermagem da UFBA. **** Enfermeira do Hospital Espanhol e Hospital Santa Isabel, Salvador, BA. 28 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 ANVISA aprova Zinforo (ceftarolina fosamila) para infecções complicadas de pele e tecidos moles e pneumonia adquirida na comunidade ANVISA aprova Zinforo (ceftarolina fosamila) para infecções complicadas de pele e tecidos moles e pneumonia adquirida na comunidade São Paulo, janeiro de 2014 – A ANVISA anunciou a aprovação do antibiótico Zinforo® (ceftaroline fosamila), medicamento que será comercializado pela AstraZeneca, indicado para o tratamento de infecções complicadas de pele e tecidos moles, patologias que frequentemente requerem hospitalização para o tratamento adequado, e pneumonias adquiridas na comunidade. Zinforo é a primeira cefalosporina com atividade anti-MRSA, super bactéria, que causa infecções potencialmente fatais, principalmente em pacientes hospitalizados. A expectativa é que o medicamento esteja disponível no mercado brasileiro em breve, após a aprovação do preço. Número do registro no Ministério da Saúde: 1.1618.0247.001-0 Data da publicação: 20/01/2014 SAC: 0800-0145578 Sobre a AstraZeneca AstraZeneca é uma empresa biofarmacêutica global, voltada para inovação, com foco principal na descoberta, desenvolvimento e na comercialização de medicamentos de prescrição nas seguintes linhas terapêuticas: cardiovasculares, metabólicas, respiratórias, inflamação, autoimunes, oncologia, infecções e neurociência. A AstraZeneca opera em mais de 100 países, seus medicamentos inovadores são usados por milhões de pacientes em todo o mundo. Para mais informações visite: www.astrazeneca.com. Mais informações para a imprensa: Agência Ideal Giselle Marques [email protected] Tel: 11 4873-7933 Luci Anunciato [email protected] Tel: 11 4873-7951 Carolina Massaro [email protected] Tel: 11 4873-7944 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 29 30 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 I Fórum Nacional de Epidermólise Bolhosa: Notificação Compulsória de violência contra a mulher Atenção Integral ao Paciente com Epidermólise Bolhosa 26 de julho de 2014 Colégio Brasileiro de Cirurgiões Rio de Janeiro III Simpósio Carioca de Feridas I Simpósio Carioca de Queimaduras 25 e 26 de julho de 2014 | Colégio Brasileiro de Cirurgiões Programa: Políticas Públicas para Doenças Raras – Epidermólise Bolhosa Ministério da Saúde, DEBRA – Brasil, DEBRA – Portugal, DEBRA – Chile Sociedades de Dermatologia, Dermatologia em Pediatria, Pediatra, Cirurgia Plástica, Nutrição Enteral e Parenteral, Otorrinolaringologia, Ministério Público, Secretaria de Educação, Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, Representantes de OS – RJ Apresentações das Associações de Epidermólise Bolhosa: - APAPEB – DF - AMPAPEB – BH - SOS EB – SP - ACAPAPEB – SC - AFAPEB – BA - Educação para Pessoas com Epidermólise Bolhosa – Construir um futuro e qualidade de vida. - Cuidados Integral ao Paciente com Epidermólise Bolhosa – Rede de Cuidados – Já temos? - Produtos para Tratamento de Feridas em Paciente com Epidermólise Bolhosa – Existe notificação, como saber o que melhor? Quem se responsabiliza? - Carta de Direitos e Atenção Integral ao paciente com Epidermólise Bolhosa – Vamos construir? REALIZAÇÃO www.feridasequeimaduras.com.br APOIO SECRETARIA EXECUTIVA Tel.: 21 2286-2846 32 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2013; 65 33