Efeitos do Tratamento da Madeira com Álcool Furfurílico combinado
Transcrição
Efeitos do Tratamento da Madeira com Álcool Furfurílico combinado
Voltar MADEIRA arquitetura e engenharia nº Voltar Efeitos do Tratamento da Madeira com Álcool Furfurílico combinado com Compostos de Boro Salete Kiyoka.Ozaki1, Yuji Imamura2 e Milton Ferreira de Souza1 8 artigo 1 Resumo Sugi (Cryptomeria japonica D. Don.) e pinus (Pinus caribaea hondurensis) medindo 20 (t) x 20 (r) x 10 (l) mm3 foram impregnadas com álcool furfurílico (FFA) pelo processo vácuo-encharcamento curado por aquecimento. Ácido bórico, borato de amônio e biborato de amônio foram adicionados. Espécies impregnadas foram submetidas aos testes de eficiência anti-inchamento (ASE), absorção de água (WA) e eficiência de exclusão de umidade (MEE). A lixiviação do boro foi determinada ao longo de dez ciclos, de acordo com o padrão JIS 9201 (1992), por cromatografia iônica (IC). As combinações FFA-compostos de boro conferem alta estabilidade dimensional à madeira. A mobilidade do boro combinado ao FFA mostrou comportamento diferenciado quando comparado ao ácido bórico sozinho, embora o boro continue sendo lixiviado. Os tratamentos conferiram resistência ao ataque de térmitas (JWPA Standard No. 11-1 1992) e resistência à degradação por fungos (JWPA Standard No. 3-1992) quando não submetidos á severa lixiviação. Também provaram eficiência como retardante da queima sem chama pela formação de uma camada vítrea. A combustão produz pouca fumaça e cinzas. Os tratamentos foram ineficazes para fixar a cor quando submetidos ao intemperismo. Palavras-chaves: Álcool furfurílico, lixiviação, resistência biológica, melhoramento de propriedades, preservação da madeira. Abstract Sapwood blocks of Japanese cedar (Cryptomeria japonica D. Don.) and Caribbean pitch pine (Pinus caribaea hondurensis) measuring 20 (t) x 20 (r) x 10 (l) mm3 were impregnated with furfuryl alcohol (FFA) by a vacuum-diffusion process followed by curing of FFA under heating. Boric acid, ammonium borate and ammonium biborate were mixed in the impregnation solution. Anti-swelling efficiency (ASE), water holding capacity (WHC) and moisture exclusion efficiency (MEE) were measured. Boron leachability was determined along with ten leaching cycles according to JIS 9201 (1992), by ion chromatography (IC). The results indicated that FFA imparted to wood high dimensional stability when mixed with boron compounds. Boron mobility has showed differentiated behavior in comparison to boric acid alone treatment, although boron was still leachable. The wood specimens treated with FFA-boron compound were quite resistant against termite attacks (JWPA Standard No. 11-1 1992) and to fungal degradation (JWPA Standard No. 3-1992) when not submitted to severe weathering conditions. They proved effectiveness as a glowing retardant by promoting a vitreous barrier. The combustion yields little smoke and ashes. The treatments did not proved efficiency to avoid the color changes in outdoor exposure. key words: Furfuryl alcohol, leachability, biological resistance, property enhancement, wood preservation. 1 Instituto de Física de São Carlos (IFSC) - USP Av. Trabalhador Sãocarlense, 400 Caixa Postal 369 CEP 13560-970 São Carlos - SP Brasil 2 Wood Research Institute - Kyoto University, Uji, Gokasho 611-0011 Kyoto - Japan MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Introdução A busca pela melhoria na qualidade de vida tem trazido à discussão a necessidade de pesquisar novos materiais que associem materiais renováveis como a madeira e outros materiais lignocelulósicos, procurando o melhoramento de algumas das suas propriedades indesejáveis para uma peça em uso como a instabilidade dimensional, a susceptibilidade ao ataque de fungos e térmitas, e à pirólise de seus componentes estruturais. As pentoses são obtidas como subprodutos de vários rejeitos agrícolas e dão, por digestão ácida, o furfural. Este, por hidrogenação, produz o álcool furfurílico (FFA)(1,2). A impregnação de madeiras com monômeros de FFA e a promoção da polimerização in situ pela ação catalítica de ácidos tem provado incrementar muitas das suas propriedades como a estabilidade dimensional, a resistência a ácidos e álcalis, a resistência biológica e à flamabilidade(3,4,5,6). Os compostos de boro são largamente utilizados como preservativos de madeira contra deterioração biológica e como retardante de chama. Além da baixa toxicidade aos mamíferos, são fáceis de aplicar e têm baixo custo. A facilidade com que é lixiviada da madeira, no entanto, não os recomenda para uso externo ou em contato com o solo(6,10,11,12). O propósito deste trabalho é a obtenção de um compósito de madeira e polímero de álcool furfurílico derivado do aproveitamento de resíduos agro-industriais como a palha do milho, bagaço de cana-de-açúcar, caroço de algodão, e da própria indústria madeireira. E a avaliação dos efeitos das diversas combinações com compostos de boro sobre as propriedades de estabilidade dimensional, resistência biológica, ao intemperismo e à flamabilidade, e o comportamento do FFA como agente de fixação do boro. Procedimentos Experimentais Preparação dos Compósitos Amostras de sugi (Cryptomeria japonica D. Don) e pinus (Pinus caribaea hondurensis) foram preparadas nas dimensões de 20 mm (tangencial) x 20 mm (radial) x 10 mm (longitudinal). A gravidade específica média e o conteúdo de umidade seco ao ar do sugi são 0.30 g/cm3 e 10.32% respectivamente. Os conteúdos de pentosanas, holocelulose, α-celulose e lignina são 7.3%, 73.3%, 48.6% e 32.3%, respectivamente. Os anéis de crescimento variam de 3mm a 5mm de espessura(7). A gravidade específica média do pinus é 0.72 g/cm3, e seus anéis de crescimento variam de 2mm a 50mm de espessura. Os conteúdos de polioses e lignina são 65.8% e 31.8%, respectivamente(8). Antes de serem impregnadas, as amostras foram secas a 100°C por 48 horas, resfriadas em dessecador até peso constante e medidas. Soluções de FFA, e FFA combinado com ácido bórico (BA), borato de amônio (BO), e biborato de amônio (BI) foram preparadas segundo as proporções constantes na tab.1. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Tabela 1. Relação das soluções de tratamento. Código de tratamento Composição Razão BA Ácido bórico (H3BO3) 1%(w/w) Álcool Furfurílico puro FFA Razão molar (% molar) [ ] boro (ppm) pH a 25°C 1743.50 __ 5.27 5.01 FFA + BI FFA + BO FFA + BA Álcool Furfurílico + Biborato de Amônio (NH4)2 B4O7. 4H2O 0.25 mol/L Álcool Furfurílico + Borato de Amônio (NH4)2O.5B2O3.8H2O 0.25 mol/L Álcool Furfurílico + Ácido Bórico (H3BO3) 0.5 mol/L 23:3 99,77: 0,23 1405.30 8.66 23:3 99,52: 0,47 3513.25 7.78 4:1 98,57: 1,43 1351.21 4.32 A impregnação com as soluções de tratamento foi efetuada pelo método que utiliza vácuo por 45 minutos, admissão da solução e encharcamento a baixa pressão. O excesso de solução é drenado e as amostras são secas à temperatura ambiente por uma hora. As amostras foram embrulhadas em papel alumínio antes de irem para a estufa onde permanecem por 12 horas a 80°C. Então sofrem incremento gradual à razão de 5°C/h até que atinjam a temperatura na qual ocorre a polimerização, 120°C, na qual permanecem por 2 horas. O papel alumínio é removido e as amostras são colocadas novamente a 80°C por 2 horas. Seguiu-se o incremento gradual à razão de 5°C /h até 120°C na qual permanecem por 2 horas. Depois de retiradas da estufa, foram resfriadas em dessecador até massa constante. As massas e as dimensões foram medidas e o percentual de polímero ganho foi calculado segundo a eq. 1: WPG(%) = onde Wt Wt − Wo × 100 Wo (1) é a massa da amostra após o tratamento e Wo é a massa da amostra seca antes do tratamento. A tab. 2 mostra a gravidade específica e o percentual de polímero ganho (WPG) devido aos tratamentos. Estabilidade dimensional Após medir as massas e as dimensões, as amostras foram imersas em água destilada num volume equivalente a dez vezes o delas próprias, e agitadas magneticamente (400 – 500rpm) por 8 horas à temperatura ambiente. Ocasionalmente vácuo foi aplicado para remoção de ar que se encontra no interior das amostras. Após este tempo, massas e dimensões são medidas. As amostras são, então, colocadas na estufa a 60°C por 16 horas. Este ciclo imersão em água/secagem na estufa é repetido por 10 vezes(9). As massas e as dimensões são medidas nas condições seca e úmida e a eficiência antiinchamento (ASE) é calculada segundo a eq. 2: MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 ASE(%) = Su − S × 100 Su (2) onde Su é o coeficiente volumétrico de inchamento da madeira sem tratamento e S é o coeficiente volumétrico de inchamento da madeira tratada. Os coeficientes volumétricos de inchamento são calculados segundo a eq. 3: S (%) = V2 − V1 × 100 V1 (3) onde V2 é o volume da amostra após mergulhada na água e agitada por 8 horas, e V1 é o volume da amostra inicial seca em estufa. Absorção de água (WA) e eficiência de exclusão de umidade (MEE) As amostras foram mergulhadas em água destilada com volume equivalente a dez vezes o delas próprias. Vácuo foi aplicado até que todas fiquem submergidas e deixadas a 40°C por 3 dias. Massas e volumes foram medidas antes e depois da exposição à água. A capacidade de retenção de água (WA) e a eficiência de exclusão de umidade (MEE) foram calculadas segundo as eq. 4 e 5: WA(%) = Ww − Wi × 100 Wi (4) onde Ww é a massa úmida após a imersão e Wi é a massa inicial antes da imersão. W MEE(%) = 1 − at Wac × 100 (5) onde Wat é a absorção de água da madeira tratada e Wac é a absorção de água da madeira sem tratamento. A tab. 3 mostra os valores de ASE, WA e MEE para os vários tratamentos. Lixiviação cíclica A lixiviação cíclica foi conduzida de acordo com o padrão JIS A 9201-1992 consistindo de 10 ciclos de imersão em água deionizada (volume equivalente a dez vezes o volume de amostras) com agitação magnética (400-500 rpm), a 25°C por 8 horas, alternando com secagem em estufa a 60°C por 16 horas. Após cada ciclo de lixiviação a solução foi recolhida e analisada por cromatografia iônica, utilizando soluções padrões de boro, no Ion Chromatographic (IC) Analyzer (Yokogawa Hokushin Electric, IC 500 P) equipado com coluna de exclusão. As condições analíticas foram: injeção de amostra: 100 µl; coluna: SC55-052+SC55-252; temperatura: 40°C; efluente: 1 mM H2SO4; taxa de fluxo: 1 ml/min.; detector de índice refrativo (Erma, Inc., ERC-7511). A tab. 4 mostra as concentrações de boro detectadas a cada ciclo. As fig.1 e 2 mostram os cromatogramas do boro liberado a cada ciclo de lixiviação. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Teste de resistência ao ataque de térmitas Amostras submetidas e nâo submetidas à lixiviação cíclica foram expostas ao ataque do destrutivo térmita subterrâneo Coptotermes formosanus Shiraki de acordo com o padrão Japanese Wood Preservation Association (JWPA) No. 11-1 (1992). Cada amostra medindo [20 (T) x 20 (R) x 10 (L) mm3] foi colocada no centro de um cilindro de acrílico (80 mm de diâmetro interno e 60 cm de altura) com uma das bases vedadas com plaster de Paris (gesso). No recipiente foram colocados 150 térmitas operários e 15 soldados, recolhidos aleatoriamente da colônia mantida no laboratório de controle de deterioração, no campus de Uji, da Universidade de Kyoto - Japão. Os recipientes assim preparados foram depositados numa caixa forrada com algodão umedecido, tampado e depositados numa sala climatizada (28°C e >80 % RH) onde permaneceram por seis semanas sem incidência de luz. A mortalidade de térmitas e os danos visíveis foram registrados semanalmente, e a perda de massa devido ao ataque dos térmitas foi determinada ao final do período de teste, baseado nas massas iniciais e finais das amostras após cuidadosa limpeza com água corrente e secagem, em princípio, à temperatura ambiente e, posteriormente, em estufa a 100°C. Foram utilizadas 4 replicatas para cada tratamento. A mortalidade de térmitas e a perda de massa estão registradas nas fig. 3, 4, 5 e 6. Fotografias mostram a aparência visual das danificações causadas pelo ataque dos térmitas (fig. 7, 8 e 9). Teste de deterioração por fungos O teste de deterioração por fungos foi conduzido de acordo com o padrão JWPA 3-1992, da Japan Wood Preservation Association, utilizando um fungo da podridão parda (brown-rot fungus) Tyromyces palustris (Berk. Et Curt) Murr: [FFPRI 0507], aqui referido como TYP, e um fungo da podridão branca (white-rot fungus) Coriolus versicolor (L. ex FR.) Quél. [FFPRI 1030], aqui referido como COV. As amostras lixiviadas e não lixiviadas foram secas em estufa a 100°C por 24 horas e resfriadas em dessecador até massa constante. As amostras foram esterilizadas com óxido de etileno gasoso e três amostras de cada tratamento foram colocadas em um pote de vidro padrão contendo o meio de cultura inoculado com os micélios do fungo. Os potes foram depositados na sala climatizada e lá permaneceram por 12 semanas. Foram testadas 9 replicatas para cada fungo degradador de madeira. Para as amostras submetidas ao ataque do fungo TYP foram colocadas uma rede plástica para impedir o contato permanente com a suspensão fúngica. Após o período de teste, as amostras são lavadas cuidadosamente e secas ao ar e, posteriormente, em estufa a 100°C por 24 horas. As massas foram medidas e a extensão do ataque foi calculada baseando-se na percentagem de massa perdida. A resistência à deterioração relativa (RDR) foi calculada através da eq. 6. RDR = onde A A0 (6) A0 = 100 –percentagem de perda de massa do controle corrigido. A = 100 – percentagem de perda de massa da amostra corrigida. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 A perda de massa e a RDR estão relacionadas nas tab. 5 e 6, e nas fig.10 e 11. O decréscimo em RDR devido ao processo de lixiviação cíclica está relacionado na tab. 7. Os efeitos na morfologia da madeira devido à deterioração pelos fungos foram registrados por microscopia eletrônica de varredura. Finas seções do plano radial das amostras foram preparadas por lâminas especiais para serem observadas por microscopia eletrônica de varredura conduzida por Scanning Electron Microscope (SEM), da Hitachi, modelo S – 500, pertencente ao Instituto de Pesquisas de Madeira, da Universidade de Kyoto-Japão, com recobrimento de ouro (fig. 12). Índice de Oxigênio O teste de índice de oxigênio (O.I.) foi conduzido de acordo com o padrão da American Society for Testing and Materials (ASTM) D 2863-77 – Measuring the Minimum Oxygen Concentration to support Candle-like Combustion of Plastics, em combinação com JIS A 7201-1976 – Testing Method for Flammability of Polymeric Materials Using the Oxygen Index Method. Palitos de sugi e pinus medindo120mm (L) X 6.5mm(R) X 0.23mm (T) foram impregnadas com FFA combinado com compostos de boro de acordo com a tab. 1. Foram submetidas à lixiviação cíclica segundo o padrão JIS A 92011991. O método O. I. descreve um procedimento para a medida da concentração mínima de oxigênio, num fluxo de oxigênio e nitrogênio, através de uma coluna de vidro inicialmente à temperatura ambiente, que irá suportar a combustão de materiais poliméricos. O equilíbrio é estabelecido pela relação do calor gerado pela combustão do material testado e o calor perdido para a vizinhança que pode ser medido pela extensão da amostra queimada ou pelo tempo de queima. O tempo mínimo é de 3 segundos e a extensão de 50 mm. Para cada grupo de tratamento foram testadas 20 amostras. O índice de oxigênio, n, do material foi calculado segundo a eq. 7. n(%) = (100 × O2 ) (O2 + N 2 ) (7) onde: O2= fluxo volumétrico de oxigênio, em cm3/s, na concentração determinada durante os procedimentos de ajuste do aparato para teste. N2 = a correspondente taxa de fluxo volumétrico de nitrogênio, em cm3/s. O tempo de queima é o tempo em que a chama e depois a brasa permanecem acesas e queimaram no mínimo 50 mm da amostra (fig. 14). A fig. 13 mostra os índices de oxigênio para as amostras de sugi e pinus. As aparências visuais da queima foram registradas em fotografias (fig. 15 a 18). Finas seções do corte transversal foram preparadas por lâminas especiais para serem observadas por microscopia eletrônica de varredura (fig. 19) conduzida por Scanning Electron Microscope (SEM), da Hitachi, modelo S – 500, pertencente ao Instituto de Pesquisas de Madeira, da Universidade de Kyoto-Japão, com recobrimento de ouro. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Teste de exposição às condições climáticas Amostras de sugi e pinus medindo100mm (L) X 25mm(R) X 5mm (T) foram impregnadas com FFA e FFA combinado com compostos de boro, conforme procedimento descrito anteriormente e de acordo com a tab. 1. A cor das amostras foi medida antes e após os tratamentos. Para a exposição às condições climáticas, as amostras foram dispostas em um suporte de alumínio, com um ângulo de inclinação de 45°, por um período de 24 semanas, no campus de Uji, da Universidade de Kyoto, Japão. O período de teste foi escolhido para abranger tanto o período de seca como o chuvoso (nesta região a temperatura média anual é de 13 a 21°C, e a média anual de precipitação está entre 1000 e 4000mm, sendo que os meses de junho a setembro apresentam até 250mm)(7). As amostras foram fotografadas para registrar as variações de cor visíveis a olho nu, assim como a ocorrência de trincas e fissuras. A cor das amostras foi medida mensalmente pelo medidor de cor e diferença de cor Modelo Z-1001 DP, da Nippon Denshoku Kogyo Co. Ltd., pertencente ao Departamento de Agricultura da Universidade da província de Kyoto. As medidas foram efetuadas em amostras em triplicata, em três pontos da amostra. A variação de cor (∆E) foi calculada de acordo com a eq. 8: { ∆E = (∆L ) + (∆a ) + (∆b ) 2 2 2 } 1/ 2 (8) onde: a e b são índices cromáticos e L é a saturação. Após 24 meses de exposição, a média da variação total de cor (∆E*) foi calculada. A fig. 22 mostra os valores de ∆E* para os diversos tratamentos ao fim de 24 semanas. As fig. 20 e 21 ilustram a variação de cor ao longo das 24 semanas de exposição, e as fig. 23-26 retratam as mudanças de cor percebidas visualmente e a ocorrência de trincas e fissuras nas amostras. Modificações nos componentes estruturais dos compósitos foram estudadas pela espectroscopia de infravermelho, utilizando o FT-Spectrometer Bomem DA8, do laboratório de óptica não linear do IFSC (USP), com pastilhas de KBr. A fig. 27 mostra as principais modificações nos espectros de infravermelho da espécie sugi expostas às condições climáticas. Resultados e Discussão As tab. 2 e 3 apresentam o percentual de polímero ganho e a estabilidade dimensional das espécies sugi e pinus tratadas por BA, FFA e FFA combinado com compostos de boro. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Tabela 2. Gravidade específica e percentual de polímero ganho das espécies sugi e pinus antes e após o processo de lixiviação cíclica WPG a Gravidade específica Código de g/cm3 Espécie Tratamento g/cm3 de Média±SD b % w/w Média ±SD b Média ±SD % w/w b Média ±SDb Madeira Não lixiviado Lixiviado Controle Sugi 0.30±0.002 0.29±0.002 BA Sugi 0.31±0.002 0.26±0.002 6.54 ±0.47 -2.89 ±0.15 FFA Sugi 0.54 ±0.014 0.52± 0.010 122.07 ±27.96 114.80 ±27.23 FFA + BA Sugi 0.54 ±0.015 0.51 ±0.009 78.20 ±14.34 69.38 ±14.51 FFA + BO Sugi 0.58 ±0.019 0.56 ±0.017 131.57 ±38.27 127.04 ±37.48 FFA + BI Sugi 0.52 ±0.009 0.51 ±0.010 109.57 ±27.47 106.11 ±27.35 Controle Pinus 0.46 ±0.008 0.44 ±0.007 BA Pinus 0.47±0.008 0.32±0.006 4.32 ±0.74 -4.16 ±0.32 FFA Pinus 0.71 ±0.034 0.69 ±0.094 81.55 ±11.75 76.65 ±11.75 FFA + BA Pinus 0.52 ±0.021 0.51 ±0.019 41.39 ±9.61 36.59 ±10.44 FFA + BO Pinus 0.60 ±0.034 0.59 ±0.038 61.47 ±12.81 56.85 ±13.74 FFA + BI Pinus 0.62 ±0.080 0.60 ±0.073 50.36 ±6.38 45.96 ±6.51 a Não lixiviado Lixiviado Cada leitura é uma média de 50 amostras. b Desvio padrão. Sugi apresentou maiores valores de WPG nas impregnações com FFA e FFA-compostos de boro. A estabilidade do sugi quando tratado com FFA-compostos de boro foi superior à do pinus, principalmente quanto aos resultados de MEE. A densidade do pinus calculado foi menor que a retratada na literatura mas, ainda assim, consideravelmente maior que a do sugi. Tabela 3. Eficiência anti-inchamento (ASE), absorção de água (WA) e eficiência de exclusão de umidade(MEE). Tratamento Controle BA FFA FFA + BA FFA + BO FFA + BI Controle BA FFA FFA + BA FFA + BO FFA + BI Espécie Sugi Sugi Sugi Sugi Sugi Sugi Pinus Pinus Pinus Pinus Pinus Pinus ASE (%) -3.20(2.31) 85.45(10.53) 70.16(6.92) 87.30(8.72) 84.83(7.81) -9.69(4.73) 84.42(10.22) 84.24(9.90) 86.05(10.42) 73.55(7.91) WA (%) 180.75(6.31) 109.64(6.21) 20.69(3.50) 29.76(5.62) 16.88(4.53) 19.09(3.91) 97.93(3.22) 123.29(5.51) 25.02(7.63) 52.16(2.52) 38.94(5.61) 38.51(6.13) MEE(%) 39.34(7.21) 88.60(8.52) 83.50(10.30) 90.70(7.82) 89.40(8.11) -25.89(6.4) 74.50(6.8) 46.70(3.21) 60.20(6.22) 60.70(3.31) A estabilidade do boro e um possível mecanismo de fixação do FFA-boro na madeira MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Tabela 4. Concentrações de boro nos resíduos da lixiviação cíclica das espécies tratadas com FFA- boro. Ciclo de lixiviação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total Concentração de boro (ppm) BA 512.0(29.36%) 22.8(1.31%) 17.0(0.97%) ND ND ND ND ND ND ND 31.64(%) FFA + BA 375.7(27.80%) 300.9(22.27%) 173.7(12.85%) 113.2(8.38%) 65.88(4.87%) 44.7(3.31%) 45.5(3.37%) 40.08(2.96%) 38.3(2.83%) 37.1(2.74%) 91.38(%) FFA + BI 99.51(7.08%) 64.88(4.62%) 71.43(5.08%) 53.05(3.77%) 47.96(3.41%) 31.17(2.22%) 25.02(1.78%) 30.34(2.16%) 30.00(2.14%) 25.72(1.84) 34.10(%) FFA + BO 120.31(3.42%) 115.90(3.29%) 93.63(2.66%) 85.70(2.445%) 71.14(2.03%) 31.38(0.89%) 34.24(0.97%) 36.50(1.04%) 38.73(1.10%) 32.78(0.93%) 18.78(%) ND: Não detectável. Valores entre parênteses indicam a percentagem de boro em relação à quantidade inicialmente adicionada. Observa-se que o FFA combinado com o BA libera a quase totalidade do boro nos três primeiros ciclos, não sendo mais detectado nos ciclos subseqüentes. As outras combinações (FFA + BI e FFA + BO) liberam o boro gradualmente, e mesmo após os dez ciclos, o boro continua sendo detectado. A análise por cromatografia iônica mostrou que as combinações FFA + BI e FFA + BO não são capazes de fixar o boro na madeira. Porém mostrou que ela retarda a mobilidade do boro ao longo dos 10 ciclos de lixiviação. Além disso, há uma indicação clara de que houve a formação de complexos entre o boro e FFA ou entre o boro e grupos OH da madeira(10,11). O aparecimento de um outro pico referente a compostos de boro após o sexto ciclo nas soluções lixiviadas de FFA + BO, e após o sétimo ciclo para FFA + BI, provavelmente foi devido à formação de um complexo mais estável que os primeiros formados. Pode, ainda, ter sido devido ao boro descomplexado, que estivesse apenas aprisionado pelo FFA e que, com a solubilização de oligômeros de baixa massa molecular, foram liberados para a solução. Como a liberação é dependente da solubilização do FFA, o processo é lento, diferente do FFA + BA onde, ao final de dez ciclos, mais de 90% do boro adicionado já havia sido lixiviado (fig.1 e 2). Para a impregnação somente com BA, o WPG é muito baixo, o que significa que pouco reagente é incorporado às paredes celulares da madeira. Isto explica a baixa percentagem de boro detectado nos resíduos de lixiviação deste tratamento. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Ciclos de lixiviação Figura 1- Cromatograma da análise dos resíduos das soluções de FFA+BA ao longo de 10 ciclos de lixiviação conduzidos de acordo com o padrão JIS 9201-1992. (a) (b) Ciclos de lixiviação Ciclos de lixiviação Figura 2- Cromatogramas da análise dos resíduos das soluções de (a) FFA + BI e (b) FFA + BO ao longo de 10 ciclos de lixiviação conduzidos de acordo com o padrão JIS 9201-1992. Resistência ao ataque de térmitas Todas as amostras tratadas resultaram em grande resistência ao ataque de térmitas, confirmando a eficácia dos compostos de boro em tornar a madeira resistente aos térmitas. Contudo, o processo de lixiviação cíclica causa drástica redução nas percentagens de mortalidade dos térmitas (fig. 3 e 4). Embora estes níveis sejam superiores aos da madeira sem tratamento. O tratamento apenas com o ácido bórico apresenta uma grande mortalidade em apenas três semanas. Todas as amostras lixiviadas MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 apresentaram danificações visuais enquanto que as amostras não submetidas à lixiviação não apresentaram danos consideráveis (fig. 7 e 8). Em ambos os casos, a perda de massa foi marcadamente inferior se comparada às amostras sem tratamento. Em relação às espécies de madeira, nas amostras de sugi a diferença foi maior que nas de pinus (fig. 5 e 6). Isto pode ser constatado na aparência física onde as amostras se apresentam severamente danificadas. Este fato se deve, possivelmente, à sua densidade ser bem inferior que a do pinus, e aos extrativos que são diferentes um do outro. As amostras de pinus não lixiviadas apresentam um rápido aumento no percentual de mortalidade de térmitas após uma semana de teste enquanto que para o sugi não lixiviado isto só ocorre após três semanas. O tratamento com FFA-BO apresentou resistência aos térmitas superior, em ambas as espécies, quando não lixiviadas. 100 90 Mortalidade (%) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Tempo (semanas) Figura 3- Evolução da mortalidade de térmitas ao longo de seis semanas da espécie sugi submetida ao teste de resistência ao ataque de térmitas. Veja legenda abaixo. FFA + BO lixiviado FFA + BI Não lix. FFA + BI lixiviado Controle FFA + BA lixiiviado BA Não lixiviado FFA + BO Não lix. BA lixiviado FFA + BA Não lix. FFA Não lixiviado FFA lixiiviado MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 100 ) 80 70 y( Mortalidade (%) 90 60 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Tempo (semanas) Figura 4- Evolução da mortalidade de térmitas ao longo de seis semanas da espécie pinus submetida ao teste de resistência ao ataque de térmitas. Veja legenda na fig. 3. 36 Perda de massa (%) 32 28 24 20 16 12 8 4 0 Figura 5 - Perda de massa (%) da espécie sugi após seis semanas de teste de resistência ao ataque de térmitas. Controle FFA + BA lix. FFA + BO lix. FFA + BA Não lix. FFA + BO Não lix. BA lix. FFA + BI lix. BA Não lix. FFA + BI Não lix. FFA lix. FFA Não lix. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Perda de massa (%) 32 28 24 20 16 12 8 4 0 Figura 6- Perda de massa (%) da espécie pinus após seis semanas de teste de resistência ao ataque de térmitas. Veja legenda na fig. 5. As figuras 7 e 8 mostram que os tratamentos com FFA-compostos de boro não tornam a madeira totalmente indigesta aos térmitas. Beliscadas e mordiscadas foram constatadas nas superfícies de todas as amostras tratadas, principalmente depois de submetidas à lixiviação cíclica. Danos mais sérios foram observados nos controles (sem tratamento) tanto de sugi como de pinus, e nas amostras tratadas somente com ácido bórico, depois de submetida à lixiviação. Em nosso trabalho utilizamos apenas o alburno destas madeiras, ficando evidenciado que ambas são de baixa resistência natural ao ataque de térmitas. O cerne, provavelmente, apresenta maior resistência natural devido à concentração de extrativos com ação inseticida e também devido à maior densidade. Este comportamento também se observa nitidamente nos anéis de crescimento. Os traqueídeos de primavera são severamente atacados nas amostras sem tratamento, sendo que os traqueídeos de inverno continuam intactos. O sugi sem tratamento foi o mais severamente atacado. Talvez por isso todas as combinações mostraram-se eficientes em prevenir o ataque de térmitas à espécie sugi. A fig. 6 mostra que os tratamentos somente com FFA e somente com BA, quando submetidos à lixiviação, não são suficientes para prevenir o ataque de térmitas ao pinus pois causam perda maior que a madeira sem tratamento. Esta aparente disparidade nos resultados pode ser creditada ao fato dos controles não terem sido submetidos à lixiviação cíclica que, por si só, acarreta a lixiviação dos compostos solúveis e/ou voláteis dos componentes da madeira. A fig. 7 ilustra esta perda de massa. O sugi tratado somente com BA foi mais atacado por térmitas do que o controle. O mesmo ocorre com o sugi tratado somente com FFA mas que por apresentar um tom bem escuro, não pode ser percebido. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Figura 7- Aparência visual da espécie sugi (controle e tratadas com BA, e com FFA) submetida ao ataque de térmitas por seis semanas. FFA + BA FFA + BO FFA + BI Figura 8- Aparência visual da espécie sugi tratada com FFA-compostos de boro submetida ao ataque de térmitas por seis semanas. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Figura 9- Aparência visual da espécie pinus submetida ao ataque de térmitas por seis semanas. Resistência aos fungos degradadores da madeira O percentual de polímero ganho (WPG), a perda de massa (WL) e a resistência à deterioração relativa (RDR) estão relacionados nas tab. 4 e 5 e fig. 10 e 11. O fungo da podridão branca Coriolus versicolor (COV) causou maior perda de massa para ambas as espécies (sugi e pinus), principalmente nas amostras lixiviadas. A exceção foi o sugi tratado somente com FFA na qual o fungo da podridão parda Tyromyces palustris (TYP) causou maior perda de massa. A percentagem de perda de massa apresentada pelas amostras lixiviadas foi de duas a três vezes menores do que os controles (amostras sem tratamento). As amostras não lixiviadas apresentaram uma perda de massa aproximada dez vezes menor em relação ao controle. O tratamento somente com BA mostrou resistência à deterioração relativa (RDR) alta para as amostra não lixiviadas, tanto para a espécie sugi como para o pinus, seguido pelos tratamentos FFA-compostos de boro. O tratamento somente com o FFA foi o menos eficaz. Para amostras lixiviadas, tratamento somente com o FFA apresentou RDR alta, seguido pelos tratamentos FFA-compostos de boro, e, por fim, o tratamento somente com BA. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Tabela 5 – Perda de massa e RDR para amostras de sugi submetidas ao teste de degradação por fungos. Espécie de Código de madeira tratamento Lixiviação Controle FFA BA X X Sugi FFA+BA FFA+BO FFA+BI X X X Fungo WPG (%) COV Perda de massa (%) 48.57 (12.1) TYP 40.03 (9.0) RDR TYP 123.01 (34.1) 13.65 (1.4) 1.43 COV 95.04 (40.6) 11.89 (0.5) 1.71 TYP 143.41 (37.6) 8.80 (0.6) 1.52 COV 114.16 (37.2) 9.35 (0.4) 1.76 TYP 0.12 (0.1) 39.86 (4.4) 1.00 COV 0.12 (0.2) 51.00 (0.17) 0.95 TYP 6.5 (0.4) 1.11 (0.2) 1.65 COV 6.2 (0.8) 1.20 (0.5) 1.92 TYP 69.34 (12.4) 19.93 (6.0) 1.33 COV 67.82 (11.9) 20.42 (7.1) 1.55 TYP 78.60 (13.7) 3.81 (1.3) 1.60 COV 77.57 (12.9) 3.90 (0.9) 1.87 TYP 84.01 (20.1) 18.22 (4.5) 1.36 COV 82.76 (17.4) 19.71 (3.9) 1.56 TYP 86.77 (19.2) 5.14 (1.6) 1.58 COV 81.17 (23.9) 5.22 (2.0) 1.84 TYP 76.73 (14.3) 19.31 (5.2) 1.35 COV 75.64 (11.9) 20.40 (4.9) 1.55 TYP 80.85 (13.3) 5.64 (1.7) 1.57 COV 81.32 (14.2) 5.82 (1.8) 1.83 Valores entre parênteses significam o desvio padrão da média de 9 amostras de cada teste. Tabela 6 – Perda de massa e RDR para amostras de pinus submetidas ao teste de degradação por fungos. Espécie de madeira Código de tratamento Controle FFA BA Lixiviação X X Fungo WPG (%) TYP Perda de massa (%) 43.18 COV 42.56 RDR TYP 78.88 (18.3) 11.45 (2.1) 1.56 COV 76.87 (15.6) 12.00 (0.8) 1.53 TYP 84.57 (10.3) 8.33 (0.8) 1.61 COV 85.29 (10.9) 9.69 (0.9) 1.57 TYP 0.2 (0.3) 45.32 (5.8) 0.96 COV 0.03 (0.3) 49.30 (6.2) 0.88 TYP 4.31 (0.6) 1.20 (0.3) 1.74 COV 4.29 (0.5) 1.12 (0.3) 1.72 MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Pinus FFA+BA FFA+BO X X FFA+BI X TYP 38.01 (6.2) 15.93 (4.4) 1.48 COV 35.96 (6.8) 16.75 (3.8) 1.45 TYP 47.69 (13.5) 1.24 (0.3) 1.74 COV 46.02 (9.9) 1.64 (0.3) 1.71 TYP 45.86 (6.3) 16.53 (3.2) 1.47 COV 46.26 (6.0) 17.27 (2.9) 1.44 TYP 39.94 (8.8) 4.35 (0.9) 1.68 COV 40.02 (8.6) 4.41 (0.8) 1.66 TYP 28.49 (8.2) 14.56 (3.5) 1.50 COV 30.07 (7.6) 15.36 (4.2) 1.47 TYP 33.82 (5.2) 2.90 (0.4) 1.71 COV 31.21 (5.3) 3.08 (1.2) 1.69 Valores entre parênteses significam o desvio padrão da média de 9 amostras de cada teste. A tab. 7 mostra que a RDR para o tratamento somente com FFA sofre um decréscimo mínimo (≈ 3%) no processo de lixiviação cíclica. O decréscimo em RDR é muito grande para o tratamento somente com BA (≈ 48%). Nas madeiras tratadas com FFA-compostos de boro a taxa de decréscimo situa-se entre 1415%. As amostras de sugi apresentaram resistência à deterioração relativa levemente superior aos fungos da podridão branca COV. O COV causou deterioração maior ao sugi sem tratamento. A espécie pinus apresentou maior resistência à deterioração relativa ao fungo da podridão parda TYP. O pinus sem tratamento foi mais severamente atacado pelos fungos TYP. Os compostos de boro agem principalmente sobre os fungos da podridâo parda. A ocorrência de ligações cruzadas entre o polímerodo FFA e os polímeros naturais da madeira, ocorrido do lúmem para a superfície, impede a ação dos TYP que metabolizam somente as frações de carbohidratos da madeira. As micrografias (fig. 12) mostram que a degradação promovida pelo COV é uniforme enquanto que a produzida pelo TYP não é. Formação de colônias e de cavidades também podem ser registradas na degradação produzida pelo COV. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Tabela 7– Percentagem de decréscimo na resistência à deterioração relativa devido à lixiviação cíclica. Espécie de madeira Tratamento Decréscimo em RDR (%) FFA TYP COV TYP COV TYP COV TYP COV TYP COV TYP COV TYP COV TYP COV TYP COV TYP COV BA Sugi FFA + BA FFA + BO FFA + BI FFA BA Pinus FFA + BA FFA + BO FFA + BI 5.9 2.8 39.4 50.5 16.8 17.1 13.9 15.2 14.0 15.3 3.1 2.5 44.8 48.8 14.9 15.2 12.5 13.2 12.2 13.0 50 30 20 10 Perda de Massa (%) 40 0 FF BA tro BO BI A+ A+ A+ FF FF BA A con 2 FF 1 l Figura 10- Perda de massa (%) devido ao Tyromyces palustris (TYP). Seqüência 1 – sugi. Seqüência 2 – pinus. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 50 40 30 20 10 0 A+ FF BA BO BI A+ FF A+ FF Figura 11- Perda de massa (%) devido ao Coriolus BA ol ntr co 2 A FF 1 versiclor (COV). seqüência 1 – sugi. seqüência 2 – pinus. Figura 12- Micrografia de degradação devido aos fungos 1 sugi (FFA + BI) submetido a TYP (X150), barra = 100 µm 2 sugi (FFA + BI) submetido a COV (X150), barra = 100 µm 3 pinus (FFA + BA) submetido a TYP (X150), barra = 100 µm Coriolus versicolor e Tyromyces palustris . 1 A sugi sem tratamento(X150), barra = 100 µm 2 A sugi sem tratamento(X150), barra = 100 µm 3 A pinus sem tratamento(X150), barra = 100 µm MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Medida do índice de oxigênio (O. I.) O índice de oxigênio (O.I.) das amostras de madeira tratadas com FFA-compostos de boro estão apresentados na fig. 13. As determinações foram efetuadas somente com amostras submetidas à lixiviação. O índice de oxigênio da espécie sugi tratada mostrou uma pequena melhora em relação ao sugi sem tratamento. Os níveis de O.I. da espécie pinus sem tratamento foram superiores às das amostras tratadas. Isto significa que o pinus sem tratamento necessita de maior quantidade de oxigênio para queimar do que o pinus tratado. O tempo de queima relacionado na fig. 14 é o tempo em que a chama e depois a brasa (enquanto persistir a cor rubra) permanecem acesas, de acordo com o tipo de material, de, no mínimo, 3 segundos, ou de 50 mm de extensão, segundo o padrão ASTM 2863-77. Neste caso, o mínimo de 50 mm de extensão foi eleito o mais apropriado. As amostras sem tratamento permanecem queimando por longo tempo, evolvem quantidades maiores de fumaça e produzem mais cinzas (fig. 15 – 19). No caso do sugi, a chama se apaga rapidamente, mas a brasa demora a ser consumida. Por outro lado, no caso do pinus, tanto a chama como a brasa demora a se apagar. Com as amostras de sugi tratadas, a chama se apaga rapidamente e quase não ocorre a formação de brasa. A chama se apaga rapidamente também para amostras de pinus tratadas. Porém, a brasa persiste por tempo superior às amostras de sugi tratadas. 22 20 19 Ìndice de oxigênio 21 18 + FFA FFA BO ol BA ntr I +B Co 2 + FFA 1 Figura13- Índice de oxigênio das madeiras tratadas com FFA em combinação com compostos de boro. Seqüência 1 - sugi. Seqüência 2 - pinus. Amostras tratadas apresentaram paredes celulares mais reforçadas e preservadas que as sem tratamento, como podem ser vistos pelas imagens registradas no microscópio eletrônico (fig. 19). Este espessamento da parede celular é devido às ligações cruzadas do FFA com o boro e com os polímeros da madeira. Os anéis furânicos se carbonizam e formam uma barreira de produtos carbonáceos na superfície do compósito, isolando-o da superfície inflamante. Assim, evitam a formação de grandes MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 quantidades de fumaça e cinzas, provenientes dos produtos de degradação. A evolução de fumaça fica reduzida devido à baixa massa molecular dos produtos voláteis liberados nestas temperaturas. E também porque o boro reduz os voláteis em combustão. Os compósitos de boro formam um filme vítreo na superfície do compósito, inibindo a transferência de vapores combustíveis e mantendo a formação do carvão devido ao polímero de FFA, como pode ser observado pelas figuras (fig. 16 e 18). No caso dos tratamentos de FFA + BI e FFA + BO, para a espécie sugi, o início da combustão torna-se acelerado com chamas altas, mas após a extinção desta, a brasa não persiste por muito tempo. Nas amostras de sugi sem tratamento a brasa persiste por longo tempo. Este tratamento é do tipo retardante da queima sem chama. FF A A A on FF FF C 2 Tempo de equeima T im (s) (s) 1 60 50 40 30 20 10 0 + + + B O I A B l B o tr Figura 14- Tempo de queima das madeiras tratadas com FFA em combinação com compostos de boro submetidas ao teste de índice de oxigênio. Seqüência 1 - sugi. Seqüência 2 - pinus. Figura 15- parência visual do sugi sem tratamento submetido ao teste de índice de oxigênio. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Figura 16- Aparência visual do sugi tratado com FFA + BA submetido ao teste de índice de oxigênio. Figura 17- Aparência visual do pinus sem tratamento submetido ao teste de índice de oxigênio. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Figura 18- Aparência visual do pinus tratado com FFA + BA submetido ao teste de índice de oxigênio. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 1A 1 2A 2 3A 3 Figura 19- micrografias de madeiras submetidas ao teste de índice de oxigênio. 1 – sugi sem tratamento (X500) 1A – sugi tratado com FFA + BA (X500) 2 – pinus sem tratamento (X500) 2A – pinus tratado com FFA + BA (X1500) 3 - pinus sem tratamento (X750) 3A – pinus tratado com FFA + BA (X750) MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Teste de exposição às condições climáticas Devido à sua natureza orgânica, a madeira sem tratamento é susceptível à lixiviação de seus componentes e à degradação fotooxidativa. Embora seja aceito que o intemperismo dependa de fatores tais como a radiação solar (luz ultravioleta, visível e infravermelho), umidade (chuva, neve, orvalho, umidade do ar), temperatura e presença de oxigênio, este processo ocorre em apenas uma estreita faixa do espectro eletromagnético. A madeira interage com todas as energias eletromagnéticas, incluindo a luz fluorescente e solar. Os componentes químicos são degradados pelos raios solares ou ultravioletas. A conseqüência é a mudança na aparência (descoloração, perda do brilho, fissuras e asperezas superficiais) e decréscimo das propriedades físicas e mecânicas. Amostras de sugi e pinus variaram de cor devido ao intemperismo. Os índices de variação de cor ao longo de 24 semanas estão apresentados nas fig. 20 e 21. 40 ∆E 30 Control 20 FFA + BA 10 FFA + BI 0 5 10 15 20 24 FFA + BO Tempo (semanas) Figura 20- Variação de cor ao longo de 24 semanas de exposição às condições climáticas – sugi. 50 ∆E 40 30 Control 20 FFA + BA 10 FFA + BI FFA + BO 0 5 10 15 20 24 FFA Tempo (semanas) Figura 21- Variação de cor ao longo de 24 semanas de exposição às condições climáticas – pinus. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 A variação total de cor (∆E*) ao final de 24 semanas está apresentada na fig. 22. A maior variação ocorreu com a amostra de pinus sem tratamento (∆E* = 66.66). A cor inicial que era amarelo claro ficou incolor e sem brilho. O sugi sem tratamento também variou muito mais que as tratadas (∆E* = 49.75), do bege ao incolor. As amostras tratadas com FFA ou FFA-compostos de boro variaram do marrom escuro ao amarelo claro e ao incolor. O tratamento que apresentou maior estabilidade de cor foi FFA + BA (∆E* = 22.91) para a espécie pinus. Os outros tratamentos FFAcompostos de boro apresentaram ∆E* em torno de 32, o que, para superfícies sem acabamento, pode ser considerado um bom resultado. O problema é que a madeira impregnada com FFA apresenta, de início, um tom muito escuro e depois da exposição às condições climáticas sofre muita descoloração superficial. O processo é acompanhado de aparecimento de fissuras e, principalmente no caso da espécie sugi, da transformação da superfície, que aparenta fragilidade e aspecto celulósico (fig. 23 a 26). 80 60 ∆E* 40 20 0 FFA FFA I +B O +B FFA A +B tro l Co n 2 FFA 1 Figura 22- Variação total de cor após 24 semanas de exposição às condições climáticas. Sequência 1 – sugi. Sequência 2 – pinus. Cada valor é uma média de 4 medidas. SD ≤ 5%. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Figura 23- Aparência visual de amostras de sugi tratado com FFA + BO (y-6 e y-7) e pinus tratado com FFA + BA (w1 a w-4) e FFA + BI (w-5 e w-6) antes de serem submetidos às condições climáticas. Figura 24- Aparência visual de amostras de sugi tratado com FFA + BO (y-6 e y-7), pinus tratado com FFA + BA (w1 a w-4), pinus tratado com FFA + BI (w-5 a w-8) e FFA + BO (w-9 a w-12) após oito semanas de exposição às condições climáticas. Figura 25- Aparência visual de amostras de sugi e pinus tratadas após 20 semanas de exposição às condições climáticas. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 Figura 26- Aparência visual de amostras de sugi e pinus tratadas após 24 semanas de exposição às condições climáticas. A lignina é sensível à luz com comprimentos de onda menores que 350 nm. Os grupos fenólicos reagem rapidamente com a luz, produzindo um radical fenólico eu se transforma em estruturas o e p-quinonóides por demetilação ou por quebra de cadeias laterais. O branqueamento da lignina é produzido por luz com comprimento de onda maior que 400 nm. A degradação começa com a decomposição da lamela média composta (lamela média + camada primária) onde se concentra a lignina(13). Uma descoloração intensa nos primeiros estágios é atribuído á solubilização dos extrativos(14). O álcool furfurílico absorve na região de 208 a 263 nm. Ele é muito instável à luz, o que provavelmente proporciona a depolimerização e, consequentemente a lixiviação superficial, perda de massa, exposição de novas camadas de lignina e torna celulósica a superfície. Espectros de infravermelho mostram que as amostras de sugi tratadas com FFA-compostos de boro não sofreram modificações significativas em sua estrutura quando comparadas à amostra de sugi sem tratamento não exposta às condições climáticas por 24 semanas. A região de impressão digital da lignina (1000 – 1800 cm-1) apresenta poucas variações. O mesmo ocorre com as outras absorções. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 5.0 %T 37.0 Sugi Control (unexposed) Sugi (FFA - BO) Sugi (FFA - BA) Sugi (FFA - BI) 4600 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 (cm ) Figura 27- Espectros de infravermelho das superfícies de sugi (controle e tratadas com FFA-compostos de boro) após 24 semanas de exposição às condições climáticas. Conclusões O presente trabalho oferece uma contribuição para o estudo do melhor aproveitamento da madeira como material, fazendo a impregnação de polímeros com o objetivo de melhorar algumas propriedades tidas como indesejáveis. Neste estudo foi utilizado um polímero obtido de rejeitos agrícolas, que oferece vantagens como proporcionar estabilidade dimensional, ação inseticida, ação fungicida, e ação retardante de fogo. Esta resina de álcool furfurílico (FFA), quando completamente curada, utilizando para isso ácidos fortes como catalisadores, torna-se negra e infusível. A madeira assim tratada seria resistente a ataques de ácidos e álcalis junto às outras propriedades mencionadas anteriormente. Porém, teria suas fibras enfraquecidas. Além disso, a madeira seria de difíil descarte após sua vida útil. Os compostos de boro são conhecidos há muito tempo como agentes retardantes de fogo, biologicamente resistentes, e de baixo impacto ambiental, para tratamento de madeiras. Seu emprego para uso externo, porém, é limitado pela facilidade com que são lixiviados da madeira. Diferentes comportamentos do boro quando impregnados na madeira, usando o álcool furfurílico como agente de fixação, puderam ser observados ao longo do processo de lixiviação cíclica. Pela análise dos resíduos de lixiviação, foi observado que o poliFFA não é um bom método de fixação permanente do boro na madeira quando se utiliza o BA pois quase todo o boro adicionado é lixiviado ao longo dos dez ciclos. Mas com os boratos e biboratos de amônio, ele forma complexos capazes de retardar a taxa de lixiviação do boro, sem, contudo, estacioná-lo completamente. A quantidade de boro lixiviada foi muito menor que o tratamento FFA-BA. Analisando os resíduos após cada ciclo, a formação de um outro pico MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 relacionado ao boro após o sexto ou sétimo ciclo pode ser indicação de que um diferente composto mais estável que o primeiro foi formado. A mobilidade do boro decresceu consideravelmente em todos ops tratamentos quando comparado ao tratammento somente com BA. E, mesmo após ter sido submetido a dez severos ciclos de lixiviação, o boro ainda está presente, ao contrário do tratamento com BA onde, ao final do terceiro ciclo o boro já se tornou não detectável (concentração abaixo de 1 ppm). Quanto à estabilidade dimensional, os tratamentos FFA-compostos de boro apresentaram ótimos resultados, principalmente quando se compara ao tratamento somente com BA. A eficiência anti-inchamento é considerada muito boa para o tratamento com FFA para ambas as espécies. A espécie sugi apresentou resultados melhores para MEE, considerando que sua performance quanto à absorção de água é quase o dobro da espécie pinus. Resistência ao ataque de térmitas Os tratamentos somente com FFA apresentou elevada taxa de mortalidade de térmitas para amostras não submetidas à lixiviação, o mesmo ocorrendo com o tratamento somente com BA. Ambos os tratamentos alcançam 100% de mortalidade em apenas três semanas de teste. O BA não impede que os térmitras ataquem a madeira. Ao contrário, ela é eficiente para insetos que a utilizam como alimento. Estes dois tratamentos porém, quando submetidos à lixiviação, não são suficientes para prevenir o ataque de térmitas ao pinus pois causam perda maior que a madeira sem tratamento. Para amostras tratadas com FFA-compostos de boro, a combinação FFA + BA é o mais eficiente, alcançando resultados comparáveis aos das amostras não lixiviadas, para ambas as espécies. Ao contrário das outras combinações de tratamtneo, a solução FFA + BA foi liberado em grandes quantidades nos três primeiros ciclos de lixiviação, diminuindo consideravelmente nos ciclos subsequentes, mas presente até o décimo ciclo. A pequena percentagem remanescente foi suficiente para proporcionar o efeito termicida às amostras lixiviadas. As outras combinações não apresentaram a mesma eficiência, o que prova que o boro precisa estar presente, mas não complexado, para ter efeito termicida. Resistência à deterioração por fungos A percentagem de perda de massa das duas espécies sem tratamento foi, em média, dez vezes maior que as tratadas, quando não submetidas à lixiviação. O processo de lixiviação cíclica reduz drasticamente o poder preservativo contra a deterioração por fungos para níveis de apenas duas ou três vezes maiores que os controles. O maior valor de resistência à deterioração relativa (RDR) para os testes sem lixiviação foi observado para o tratamento somente com BA, seguido pelos tratamentos FFAcompostos de boro, e por fim, o FFA. para ambas as espécies. Quando submetidos à lixiviação cíclica, o valor de RDR foi maior para o tratamento somente com FFA, seguido pelos tratamentos FFA- compostos de boro, e por fim, o tratamento somente com BA. A RDR decresceu um mínimo (≈ 3%) no tratamento somente com FFA, significativamente no tratamento somente com BA (≈ 48%), e razoavelmente para madeiras tratadas com FFA-compostos de boro (14-15%)devido ao processo de lixiviação cíclica. A combinação entre FFA e compostos de boro é um bom método para fixar o boro na madeira para melhorar a resistência contra fungos. O FFA retarda a lixiviação do boro da madeira, prolongando a ação MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 anti-fúngica. O pinus tratado apresentou uma resistência à deterioração relativa levemente superior aos fungos da podridão parda (TYP) para todos os tratamentos, enquanto que o sugi apresentou resistência à deterioração relativa superior para os fungos da podridão branca (COV). A diferença pode ser creditada ao conteúdo de lignina. Índice de oxigênio Os índices de oxigênio das amostras tratadas foram superiores que a amostra sem tratamento no caso da espécie sugi. No caso do pinus, porém, a amostra sem tratamento apresentou O.I. superior ao das tratadas. Contudo, o tempo de queima tornou-se metade no caso do pinus e um quinto no caso do sugi. Os tratamentos FFA-compostos de boro mostraram eficiência como retardantes da queima sem chama e supressores de fumaça e produção de cinzas. Estes resultados se devem ao reforço das paredes celulares da madeira devido às ligações cruzadas entre seus polímeros naturais e FFA e ainda com o boro. Os compostos de boro formam um filme vítreo que inibe a transferência de vapores combustíveis para continuar a queima. Os anéis furânicos se carbonizam e formam uma barreira carbonácea na superfície do compósito, isolando-o da superfície inflamante. Por isso evitam a formação de grandes quantidades de fumaça e de cinzas. Nos casos dos tratamentos com FFA + BI e FFA + BO, para a espécie sugi, o início da combustão torna-se acelerado, com chamas altas, mas depois que estas se apagam, a brasa não persiste, ao contrário das amostras sem tratamento em que a brasa persiste por muito tempo. Resistência à degradação por raios ultravioletas As medidas de variação de cor ao longo de 24 semanas de exposição às condições climáticas mostraram que as superfícies sofreram branqueamento, tanto para amostras tratadas como para as sem tratamento. A exposição aos raios ultravioletas e à umidade promoveu a degradação superficial, mostrando que o tratamento FFA-compostos de boro foi eficiente para retardar a taxa de descoloração, mas não mostrou eficiência para evitar a formação de trincas e fissuras superficiais. A radiação UV é suficientemente forte para destruir a proteção adicionada pelas modificações químicas ocorridas na madeira. A espécie pinus apresenta maior teor de extrativos e menor de lignina, o que a torna levemente menos susceptível à degradação por intemperismo. As fotografias revelam a variação de cor que todas sofreram, e as modificações na superfície das madeiras, tanto na textura como no aspecto celulósico. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio da JICA (Japan International Cooperation Agency) para efetuar treinamento técnico no Wood Research Institute – WRI – Kyoto University, Japan, e ao PICDT-CAPES. Referências (1) Gandini, Alessandro and Belgacem, Mohamed N. Furans - Polymer Chemistry: Synthesis and Properties of Materials. in: “Progress in Polymer Science”; Saint Martin d’Heres; 1996. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850 (2) Dunlop, A. P. and Peters, F. N. The Furans. American Chemical Society; New York; 1953. p. 783-785. (3) Ryu, J. Y.; Imamura, Y. and Takahashi, M. Biological Resistance of Furfuryl Alcohol Treated Wood. Proceedings of the 23rd Annual Meeting of the International Research Group on Wood Preservation, Harrogate, UK, 10-15 May 1992; IRG/WP/3703-92. (4) Goldstein, I. S. The Impregnation of Wood to Impart Resistance to Alkali and Acid. Forest Product Journal; No.5; p.265-267. (5) Stamm, Alfred J. Dimensional Stabilization of Wood with Furfuryl Alcohol Resin. in: “Wood Technology: Chemicals Aspects”; American Chemical Society; New York; 1997. (6) Gerrard, R. T. The Organic Chemistry of Boron. Academic Press; New York; 1961; p. 17. (7) Wood Industry Handbook. 3º ed. Lin-gyo Shiken Jo Kanshu, Maruzen Kabushiki Kaisha. Tokyo; 1982 (em japonês). (8) Wehr, J. P. P. Métodos práticos de tratamento preservativo de moirões roliços de pinus caribaea Morelet var hondurensis Bar et Golf. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo. 226p. São Paulo, SP, 1985. (9) Rowell, R. M. and Banks, W. B. Water Repellency and Dimensional Stability of Wood. General Technics Report FPL – 50; Madison, WI; Department of Agriculture, Forest Service, Forest Products Laboratory; 1985; p. 11. (10) Yalinkilic, M. K. et al. Effect of vapor Phase formalization of Boric Acid Treated Wood on Boron Leachability and Biological Resistance. Proceedings from the Third Pacific Rim Bio-Based Composites Symposium, December 2-5, 1996, Kyoto, Japan. (11)Yalinkilic, M. K. et al. Enhancement of Biological and Physical Properties of Wood by Boric Acid – Vinyl Monomer Combination Treatment. Holzforschung, 1998. Vol. 52(6) p.667-672. (12)Peylo, A.; Willeitner, H. The Problem of Reducing the Leachability of Boron by Water Repellents. Holzforschung, 1995. vol. 49, pp. 211-216. (13)Hon, D. –S. and Minemura, N. Color and Discoloration. In: “Wood and Cellulosic Chemistry”. Hon, D. –S.; Shiraishi, N. eds. Marcel Dekker, New York, 1991. p. 395-454. (14)Hon, D. –S. Photooxidation of Wood. . In: “Wood and Cellulosic Chemistry”. Hon, D. –S.; Shiraishi, N. eds. Marcel Dekker, New York, 1991. p. 525-555. MADEIRA: arquitetura e engenharia, ano 3, n.8, quadrimestral maio/ago, 2002, ISSN 1516-2850