CD 154 - Filho de CD 104, com qualidade e potencial produtivo
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CD 154 - Filho de CD 104, com qualidade e potencial produtivo
CD 154 - Filho de CD 104, com qualidade e potencial produtivo Francisco de Assis Franco1, Volmir Sergio Marchioro1, Tatiane Dalla Nora1, Edson Feliciano de Oliveira1, Ivan Schuster1, Fábio Junior Alcântara de Lima1, Adriel Evangelista1, Mateus Polo1, Renato da Rocha1 1 Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (COODETEC), BR 467, km 98, C.P. 301, CEP 85813-450, Cascavel, PR, Brasil. [email protected]. Os programas de melhoramento de trigo estão direcionados para potencial de rendimento de grãos, qualidade industrial, baixa estatura de planta e resistência às doenças (Brunetta e Dotto, 2000) e muitos obtiveram progressos significativos no rendimento de grãos e outros caracteres de importância (Kohli, 1998), dentre estes a qualidade industrial. A qualidade da farinha de trigo é determinada pela genética da cultivar, variando em função do ambiente de cultivo. A genética da cultivar define o potencial e o equilíbrio das proteínas, principalmente as do glúten, segundo Brammer (2000), estas estão presentes no endosperma dos grãos, e respondem 85% das proteínas da farinha, sendo as principais responsáveis pela qualidade do trigo. Buscando cultivares de potencial produtivo e qualidade industrial foi desenvolvida a cultivar de trigo CD 154. A cultivar CD 154 foi obtida do cruzamento entre as cultivares de trigo CD 104 e CDI 200104, pela COODETEC, em 1999, na localidade de Palotina. As sementes F1 foram semeadas no mesmo ano de 1999, em casa de vegetação em Cascavel, e na maturação foram colhidas massas todas as espigas, que posteriormente foram trilhadas originando as sementes F2. A condução da população F2 foi em 2000, na localidade de Cascavel, através do método massal. As populações F3 a F5 foram conduzidas pelo método genealógico na localidade de Palotina. Foi colhida e trilhada, individualmente, cada planta semeada isolada na parcela, dando como resultado várias populações, oriundas de cada planta deste mesmo cruzamento. A fixação das características ocorreu na geração F6, dando como resultado várias linhas, sendo que uma destas originou a CD 154. A anotação do pedigree desta linhagem é CC15154-0T-1P-2P-2P0P. A cultivar CD 154, participou dos Ensaios Preliminares de rendimento de grãos em 2005 e 2006, conduzidos em conduzidos em Cascavel e Palotina, tendo revelado desempenho melhor do que as testemunhas foi então avaliada em Ensaios de Determinação de Valor e Uso (VCU), nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010, com a sigla CD 0705. Os ensaios de VCU foram conduzidos obedecendo às Regiões Tritícolas (Cunha et al., 2006). Na Região Tritícola VCU 2 os ensaios foram conduzidos em Campo Mourão/PR (duas épocas), Cascavel/PR (três épocas), Itaberá/SP e Taquarivai/SP. Na Região Tritícola VCU 3 os ensaios foram conduzidos em Arapongas/PR, Goioerê/PR, Palotina/PR (quatro épocas), Rolândia/PR, Umuarama/PR, Dourados/MS (duas épocas), Maracaju/MS, Ponta Porã/MS e Palmital/SP. Na Região Tritícola VCU 4 os ensaios foram conduzidos em Catalão/GO, Cristalina/GO, Luziânia/GO, Paracatu/MG e São Gotardo/MG, conforme ilustrado na Tabela 1. Para fins de registro e indicação de cultivo foram apresentados apenas os resultados dos ensaios de VCU conduzidos nos anos de 2008 a 2010. 1 Tabela 1. Número de ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) conduzidos por Estado com a cultivar CD 154, nas Regiões Tritícolas VCU 2, 3 e 4, em diferentes locais e épocas, no período de 2008 a 2010 - Cascavel/2011. ESTADO Paraná Mato Grosso do Sul São Paulo Goiás Minas Gerais Região VCU 2 Região VCU 3 2008 2009 2010 2008 2009 2010 5 1 - 5 - 5 1 - 5 2 1 - 7 4 1 - 7 3 1 - Região VCU 4 2008 1 1 2009 2 2 2010 2 2 O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com 3 repetições em parcelas constituídas de 6 linhas de 5 m de comprimento, espaçadas em 0,20 m entre linhas, sendo a semeadura efetuada mecanicamente. A adubação e o controle de doenças e pragas foram efetuados conforme recomendações técnicas (Informações..., 2008). Antes da semeadura as sementes foram tratadas com Triadimenol + Imidacloprid. As variáveis obtidas foram rendimento de grãos, dias da emergência ao espigamento, dias da emergência a maturação, altura de planta, acamamento, peso do hectolitro, peso de mil grãos e força geral de glúten. Em locais estratégicos foram conduzidas coleções dos genótipos que constituíam os ensaios de VCU, nestas coleções não foi efetuado o controle de doenças da parte aérea, onde foram observadas, entre outras, doenças como doenças ferrugem da folha, manchas foliares, oídio, giberela e brusone. Nas tabelas 2, 3 e 4 estão incluídas às médias de rendimento de grãos nas Regiões Tritícolas VCU 2, 3 e 4, respectivamente, onde se verifica que a cultivar CD 154 apresentou um rendimento de grãos 17%, 7% e 4% superior à média das duas melhores testemunhas, nas três Regiões Tritícolas, respectivamente. Devido ao excelente desempenho da cultivar CD 154, esta foi indicada para cultivo nas regiões citadas acima, englobando os Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais (Brasil, 2010). A estatura de planta da cultivar CD 154 é baixa para porte médio, com média de altura de 75 cm, a qual variou de 68 a 90 cm. O ciclo é médio, variando de 55 a 80 dias da emergência ao espigamento e de 99 a 132 dias da emergência a maturação. As médias destas características foram 66 e 116 dias, respectivamente, as quais variaram com condições climáticas, épocas de semeadura e tipo de solo. Tabela 2. Médias de rendimento de grãos (kg ha-1) da cultivar CD 154 e das duas melhores testemunhas, dos ensaios de VCU conduzidos na Região de VCU 2 dos Estados do Paraná e São Paulo, no período de 2008 a 2010 - Cascavel/2011. Cultivar CD 154 Testemunha 1 Testemunha 2 Média testemunha* 2008 Média 3978 3693 3148 3421 % 116 108 92 100 2009 Média % 2973 120 2572 104 2377 96 2474 100 2010 Média 4933 4531 3938 4235 % 116 107 93 100 Geral Média % 3961 117 3599 106 3154 94 3377 100 *Nos anos de 2008 e 2009 as duas melhores testemunhas 1 e 2 foram respetivamente, BRS 208 e IPR 85 e no ano de 2010 as duas melhores testemunhas 1 e 2 foram respectivamente, BRS 220 e IPR 85. 2 Tabela 3. Médias de rendimento de grãos (kg ha-1) da cultivar CD 154 e das duas melhores testemunhas, dos ensaios de VCU conduzidos na Região de VCU 3 dos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, no período de 2008 a 2010 - Cascavel/2011. Cultivar CD 154 Testemunha 1 Testemunha 2 Média testemunha* 2008 Média 3407 3457 3193 3325 % 102 104 96 100 2009 Média % 3136 102 3251 106 2889 94 3070 100 2010 Média 2978 2678 2432 2555 % 117 105 95 100 Geral Média % 3174 107 3129 105 2838 95 2983 100 *Nos anos de 2008 e 2009 as duas melhores testemunhas 1 e 2 foram respetivamente, BRS 208 e IPR 85 e no ano de 2010 as duas melhores testemunhas 1 e 2 foram respectivamente, BRS 220 e IPR 85. Tabela 4. Médias de rendimento de grãos (kg ha-1) da cultivar CD 154 e das duas melhores testemunhas, dos ensaios de VCU conduzidos na Região de VCU 4 dos Estados de Goiás e Minas Gerais, no período de 2008 a 2010 - Cascavel/2011. Cultivar CD 154 Testemunha 1 Testemunha 2 Média testemunha* 2008 Média 4817 4821 4232 4526 % 106 107 93 100 2009 Média % 4878 104 4593 98 4752 102 4673 100 2010 Média 5124 5139 5010 5075 % 101 101 99 100 Geral Média % 4940 104 4851 102 4665 98 4758 100 *No ano de 2008 as duas melhores testemunhas 1 e 2 foram respetivamente, BRS 207 e BRS 201 e nos anos de 2009 e 2010 as duas melhores testemunhas 1 e 2 foram respectivamente, BRS 207 e BRS 264. A CD 154 possui espigas fusiformes, posição pendente, moderadamente resistente ao acamamento e moderadamente suscetível a germinação na espiga. Os resultados de análise de qualidade industrial, de 15 amostras da experimentação nos diferentes estados, geraram uma média 363 de força geral de glúten(W), o que permite incluir no grupo de cultivares de trigo melhorador (Tabela 5). Os experimentos, conduzidos a campo no período de 2007 a 2010, possibilitaram registrar informações de diferentes doenças ocorrentes no Brasil. Nas determinações de severidade de oídio (Ereziphe graminis tritici), foi obtido média severidade, que correspondeu à caracterização de moderadamente suscetivel. Para giberela (Fusarium graminearun), o resultado das anotações correspondeu a valor alto, que identifica que a cultivar é suscetível. Para helmintosporiose (Bipolares sorokiniana) e septorioses (Septoria tritici e S. Nodorum), foram determinados índices de média severidade de mancha de folha e mancha de gluma, que permitiram classificar a cultivar como moderadamente suscetível. A severidade nas avaliações de ferrugem da folha (Puccinia recondita f. sp. tritici) foi média em condições de campo, indicando que a cultivar é moderadamente suscetivel (Tabela 6). A cultivar CD 154 tem qualidade trigo melhorador, alto potencial de rendimento de grãos, boa resistência ao acamamento, sendo assim mais uma opção importante aos triticultores das Regiões mais quentes do Brasil. 3 Tabela 5. Médias de dias da emergência ao espigamento (ES), dias da emergência a maturação (MT), altura de planta (AP), acamamento (AC), peso do hectolitro (PH), massa de mil grãos (MG), força geral de glúten (W) e estabilidade (ET) da cultivar CD 154 e da testemunha ONIX, no período de 2008 a 2010 - Cascavel/2011. Cultivar ES (dias) MA (dias) AP (cm) AC % PH -1 (Kg hl ) CD 154 IPR 85 66 59 116 113 75 82 17 26 77 78 MG (g) 37 40 W -4 (10 joule) 363 369 ET (min) 18,1 17,8 Tabela 6. Médias das doenças ferrugem da folha (FF), mancha de folha (MF), oídio na folha (OF), giberela (GB) e brusone (BS) da cultivar CD 154 e da testemunha ONIX, no período de 2008 a 2010 - Cascavel/2011. Cultivar CD 154 IPR 85 FF (%) 7 9 MF (nota 0-9) 2,6 2,0 OF (nota 0-9) 3,1 1,2 GB (nota 0-9) 3,5 3,3 BS (nota 0-9) 3,1 2,2 Referências BRUNETTA, D.; DOTTO, S.R. Trigo no Paraná: visão histórica, situação atual e perspectivas. In: Cunha GR. Trigo no Brasil Rumo ao Século XXI. Embrapa Trigo, Passo Fundo, p.129-135, 2000. BRAMMER, S.P. Marcadores moleculares: princípios básicos e uso em programas de melhoramento genético vegetal. Passo Fundo: Embrapa Trigo (Documento online no 3), 2000. BRASIL. Serviço nacional de proteção de cultivares. Brasília: Ministério da Agricultura. Disponível em http://www.agricultura.gov.br/sarc/dfpv/lst1200.htm. Acesso em 07 mai. 2010. CUNHA G.R.; SCHEEREN P.L.; PIRES J.L.F.; MALUF J.R.T.; PASINATO A.; CAIERÃO E.; SILVA M.S.; DOTTO S.R.; CAMPOS L.A.C.; FELÍCIO J.C.; CASTRO R.L.; MARCHIORO V.; RIEDE C.R.; ROSA FILHO O.; TONON V.D.; SVOBODA L.H. Regiões de adaptação para trigo no Brasil. Passo Fundo: Trigo Embrapa, (Circular Técnica Online, 20), 2006. 35p. Informações técnicas para a safra 2008: Trigo e Triticale. Londrina: Embrapa Soja, (Documento, 301), 2010. 147p. KOHLI, M.M. Use of biotechnology in wheat breeding in the southern cone region. In: KOHLI, M.M.; FRANCIS, M. Application of biotechnologies to wheat breeding. Uruguay: Colonia. p.1-15, 1998. 4