Estudo de Caso Bellingham
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Estudo de Caso Bellingham
LIÇÕES DE INCIDENTE DUTOVIÁRIO NOS ESTADOS UNIDOS Estudo de Caso Bellingham, WA – U.S.A. 10 Junho 1999 Pedro Roncada Borges Fevereiro 2009 Em memória de meu pai, Pedro, que me incentivou e suportou durante minha formação como Engenheiro e que me ensinou o valor da honestidade e firmeza de princípios. Para minha mãe, Palmyra, pelo amor incondicional e inúmeras horas de árdua labuta a que assisti em minha infância e juventude. Para minha esposa, Regina, por seu amor em nossos 40 anos de matrimônio e pela sua paciência, suporte e interesse durante a fase de elaboração deste trabalho. Para a comunidade de Bellingham que valentemente reagiu ao incidente contribuindo para melhorar a segurança operacional de dutos em seu país. Este trabalho sem fins lucrativos é dedicado à comunidade brasileira de dutos, na esperança de despertar sua atenção para a segurança operacional das suas instalações, para que o acontecido em Bellingham não venha a ocorrer em alguma cidade brasileira por causas similares. É altamente desejável sua disseminação na comunidade de dutos do país. Remeter qualquer comentário para [email protected] Todos serão bem-vindos. Agradecimentos Agradecemos às seguintes pessoas que contribuíram para o presente trabalho: Brasil São Carlos, SP. Julio Alonso, Diretor da Aseltech. USA Bellingham, WA. Linda Allen, compositora e cantora; Jayme Curley, escultora; Shirley Erickson, escultora; Suzanne Blais, diretora, Black Dog Productions; Clare Fogelsong, Environmental Resources Manager, Public Works, City of Bellingham; John Watts, Council Member, aposentado, City of Bellingham; Don Alderson, proprietário da casa destruída, funcionário aposentado, Water Department, Public Works, City of Bellingham. Whidbey Island, WA. Georgia Gerber, escultora; Betty Bastai, artista multimídia. Índice APRESENTAÇÃO CIDADE Whatcom Falls Park e Whatcom Creek Recursos de Resposta OLEODUTO Terminal de Bayview Operação CCO SDV Histórico de Vazamentos Fiscalização do OPS INCIDENTE RESPOSTA A EMERGÊNCIA CONSEQÜÊNCIAS Pessoas Impacto Ambiental Danos Materiais Perdas para a Comunidade Impacto no Suprimento de Combustíveis Companhia Órgão Regulador Atividade INVESTIGAÇÃO CAUSA DA IGNIÇÃO DA GASOLINA CAUSAS DA RUPTURA Dificuldades Eventos no CCO Ações do Controlador Danos ao Oleoduto SCADA Escavações no Interior da ETA Inspeções do Oleoduto Terminal de Bayview Resposta a Emergência Fiscalização do OPS Causas prováveis Recomendações do NTSB AÇÕES DA PREFEITURA ACÕES DO GOVERNO DO ESTADO AÇÕES DO ÓRGÃO REGULADOR AÇÕES DA COMPANHIA Postura de Comunicaçâo Abandono de Projeto Recuperação do Duto 1 2 2 3 7 8 9 10 10 11 12 13 16 21 21 21 21 21 22 22 23 23 24 24 24 24 26 28 29 32 34 36 37 38 39 39 39 40 42 45 50 50 52 52 PESSOAS IMPACTO PSICOLÓGICO REPARAÇÂO PELAS MORTES Impacto Emocional na Comunidade Dor e Indignação das Famílias Reparação Material Justiça para os Culpados PROCESSO DE CURA Famílias Eventos Comunitários Cura pela Arte RESTAURAÇÃO AMBIENTAL Comando Unificado Plano de Emergência Plano de Restauração DANOS MATERIAIS PERDAS PARA A COMUNIDADE IMPACTO NO SUPRIMENTO DE COMBUSTÍVEIS BATALHA LEGAL Multas e Ações Judiciais do Governo Concordata Outras Ações Judiciais ALTERAÇÕES ACIONÁRIAS MUDANÇAS NA REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE MODELO DE SEGURANÇA OPERACIONAL LIÇÕES PREVENÇÃO Gerenciamento da Integridade Gerenciamento de Interfaces Gerenciamento da Operação Gerenciamento de Mudanças Tarefas e Elementos Críticos Treinamento e Qualificação Documentação Projeto, Materiais e Construção Conscientização Gerencial e Funcional INVESTIGAÇÃO MITIGAÇÃO FISCALIZAÇÃO REGULAMENTAÇÃO O QUE DEU ERRADO NO INCIDENTE DE BELLINGHAM? BIBLIOGRAFIA 61 61 63 63 64 66 66 67 67 70 73 76 76 80 85 88 89 90 93 93 95 97 98 99 114 116 116 116 118 119 119 120 120 120 121 121 122 122 122 122 123 124 APRESENTAÇÃO Este estudo de caso da ruptura do oleoduto da Olympic Pipe Line Co, localizado no noroeste dos Estados Unidos, com o vazamento da gasolina transportada seguido de incêndio, visa despertar a atenção de gerentes e operadores de dutos para sua responsabilidade com a segurança operacional das suas instalações através da análise de um incidente real ocorrido nos Estados Unidos. O incidente foi escolhido com base nas múltiplas causas envolvidas, o que proporciona uma boa reflexão sobre a segurança operacional dos dutos. Foi analisado pelo autor quando fazia parte da equipe que prestava consultoria ao Centro de Tecnologia em Dutos – CTDUT no desenvolvimento de modelo de segurança operacional de dutos terrestres que movimentam petróleo, derivados e gás natural, com vistas subsidiar tecnicamente a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP para a elaboração de regulamento técnico específico, cumprindo a primeira fase do Acordo de Cooperação Técnica entre aquelas duas entidades. A proposta desse regulamento foi apresentada pela ANP à comunidade de dutos, no Workshop sobre o Regulamento Técnico de Dutos Terrestres para Movimentação de Petróleo, Derivados e Gás Natural - RTDT, realizado no Rio de Janeiro em 23/Julho/2008, com a participação do CTDUT e apoio do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – IBP. O modelo de segurança operacional foi tema de palestra proferida pelo autor nesse Workshop. O incidente em questão teve ampla repercussão na mídia e despertou a opinião pública dos Estados Unidos para a questão da segurança operacional dos dutos, o que acabou levando a uma significativa alteração na regulamentação da atividade de transporte dutoviário naquele país, tanto para líquidos como para gás. A análise do incidente é baseada em dados obtidos de documentos oficiais do National Transportation Safety Board (NTSB) e do Office for Pipeline Safety (OPS), complementados por imagens, notícias de jornais e artigos técnicos sobre o assunto disponíveis na Internet. São apresentados dados gerais sobre a cidade e o oleoduto afetados pelo incidente. O incidente e a resposta imediata são descritos. São relatadas as causas prováveis e as recomendações feitas pelo NTSB para evitar sua recorrência. São mostradas as exigências do OPS para recolocar o oleoduto em operação. São detalhadas as conseqüências do incidente, as ações dos órgãos governamentais e da companhia para a restauração dos danos por ele provocados às pessoas e meio ambiente. São mostradas as mudanças na regulação da segurança operacional de dutos nos Estados Unidos. Ao final, é apresentado o modelo de segurança operacional de dutos, base do RTDT, são destacadas as lições decorrentes do incidente à luz desse modelo e é mostrada a opinião do autor sobre o que deu errado no incidente analisado. 1 CIDADE Bellingham é a sede do Whatcom County, um dos 39 condados do Estado de Washington, no extremo noroeste dos Estados Unidos, que faz divisa com o Canadá. É a maior cidade do condado. Tinha cerca de 62 mil habitantes em 1999. Whatcom Falls Park e Whatcom Creek A cidade é cortada pela Rodovia I-5 (sentido NS) e pelo regato Whatcom Creek (sentido EO), que nasce no Lago Whatcom (cota 91 m), atravessa o Whatcom Falls Park e deságua na Baía de Bellingham após contornar o centro da cidade. O Whatcom Falls Park, com área de 156 ha., é um dos muitos parques da cidade, um orgulho da comunidade e muito usado durante o verão. O parque é uma reserva florestal e área de 2 lazer para caminhadas, pesca e atividades aquáticas. Sua fauna inclui pequenos animais, anfíbios, insetos e pássaros. As tribos Lumni e Nooksack da região sempre usaram a pesca nos regatos do parque como fonte de alimento. Seu direito a esse uso está formalizado em tratados do governo federal com as tribos. Este parque é cortado pelo regato Whatcom Creek, criadouro natural de salmões e trutas. Neste parque, está localizada uma estação de tratamento de água (ETA) que abastece parte da cidade. O riacho Hannah Creek, que tem fluxo sazonal, atravessa a ETA e é um dos tributários desse regato. Hannah Creek Whatcom Creek Recursos de Resposta Por ser a sede do condado, Bellingham é a sede de diversos recursos especializados que podem ser acionados em casos de emergência, portanto dispondo de recursos de resposta acima da média de cidades do seu porte. Sedia o Whatcom County Sheriff’s Office (WCSO), responsável pela manutenção da ordem pública em todo o condado. Um dos serviços do WCSO é a coordenação e o acionamento do serviço de busca e salvamento em todo o condado, feito por duas organizações especializadas independentes sediadas em Bellingham e formadas por voluntários: Summit to Sound Search and Rescue (SAR) Bellingham Mountain Rescue Council (BMRC) Desde 1989, um dos serviços do WCSO é o gerenciamento de emergências em todo o condado, através da Division of Emergency Management (DEM). A DEM desenvolve e mantém uma infra-estrutura comunitária para o atendimento de emergências, envolvendo o planejamento, a resposta, a mitigação das conseqüências e a recuperação. A DEM pode coordenar a resposta ao incidente, prestar assistência técnica, servir de ligação com as agências governamentais e a mídia, e também prover serviços de planejamento e logística para o atendimento ao incidente. A DEM tem pessoal especializado em incidentes com produtos perigosos. 3 Mantém e opera o Whatcom County Emergency Operations Center (WCEOC) que pode ser ativado para coordenar a resposta a um incidente de grandes proporções. Quando o WCEOC é ativado, provê relatórios de situação e de atualização de informação. Ativa uma hotline para atendimento do público. Quando necessário, é ativado o Emergency Alert System (EAS) através de uma rádio local. O aviso é repetido em todas as rádios do condado. O plano de emergência da DEM para vazamento de produtos perigosos tem as seguintes categorias de incidentes: Hazmat 1: Definido como um incidente que: Pode ser controlado pelas agências responsáveis pela primeira resposta; Requer apenas a evacuação do local do incidente; Não constitui perigo imediato para a vida ou propriedade. Hazmat 2: Definido como incidente que: Envolve um perigo ou uma área maior que um incidente Hazmat 1; Pode requerer a evacuação limitada da uma área em volta do local do incidente; Constitui perigo imediato para a vida, propriedade ou meio-ambiente; Possa requerer recursos do governo do Estado ou a expertise de organizações ou indivíduos privados. Bellingham sedia um destacamento pertencente ao District 7 da Washington State Patrol (WSP), responsável pela área de patrulha autônoma do Whatcom County. Também sedia barcos patrulha da U.S. Coast Guard (USCG) que atuam na fiscalização das leis marítimas e de pesca, na segurança de embarcações de recreio e no salvamento de embarcações em perigo. A cidade de Bellingham dispõe de uma força policial (BPD) e de um Corpo de Bombeiros (BFD) próprios. Bellingham sedia o WhatComm (911) do condado, serviço de atendimento de chamadas de emergência policiais, médicas ou de incêndio. Em Junho 1999, este centro de comunicações dispunha de 6 estações e era operado com atendentes do BPD e BFD. Estava em fase final de instalação o EMS/ Fire Dispatch Center, que tinha previsão de inauguração em 27/Julho/1999, seria operado pelo BFD e passaria a atender as chamadas de emergências médicas e de incêndio que lhe seriam repassadas pelo WhatComm. Este passaria a ser operado pelo BPD. Os troncos telefônicos entre os dois centros foram ativados em 9/Junho/1999, na véspera do incidente. 4 O BFD era bem equipado em função dos incêndios florestais na região e do grande número de casas de madeira da cidade. O BFD era organizado em 6 estações, com zonas definidas de resposta. Desde 1997, o BFD era a agência líder do Specialized Emergency Response Program (SERP) que agrega profissionais com experiência em atender emergências com materiais perigosos: bombeiros, voluntários e técnicos de indústrias. O SERP era uma dos doze equipes especializadas que existiam no Estado de Washington em 1999. Bellingham sediava 6 dos 21 distritos de combate a incêndio (WCFD) do Whatcom County existentes na época, também com zonas definidas de resposta. O BFD e os WCFD’s prestavam apoio mútuo quando necessário. 5 6 OLEODUTO Em 1999, a Olympic Pipe Line Company (OPL) tinha cerca de 60 empregados e era propriedade de: Equilon Pipeline Company LLC; Atlantic Richfield Company; GATX Terminal Corporation. A primeira operava as instalações desde 1998 quando substituiu a Texaco Pipeline. Era propriedade da Equilon Enterprises, Inc., que por sua vez era de propriedade de subsidiárias da Texaco, Inc. e da Shell Oil Company. O sistema da OPL movimentava 300 mil bpd (1980 m3/h) de derivados (gasolina, diesel e QAV) recebidos de 4 refinarias (Cherry Point, Ferndale, ao norte de Bellingham, e outras 2 em Anacortes ao sul de Bellingham) até Portland, no Oregon. Tinha 640 km de dutos (481 km de faixa): Oleoduto de 16”, entre Cherry Point e Allen, que passava pelo Terminal de Bayview, localizado ao sul de Bellingham; Oleoduto de 16”, entre Anacortes e Allen, que também passava por esse terminal. Essas duas linhas se interligavam ao sul do terminal. em Allen; Dois oleodutos , 16” e 20”, entre Allen e Renton; Oleoduto de 14” entre Renton e Portland. Tinha linhas laterais para Seattle, Sea-Tac Airport, Vancouver (WA), Olympia e Linton (Oregon). Possuía estações de bombeamento (EB) em: Cherry Point; Ferndale; Terminal de Bayview (booster das duas linhas que passavam pelo terminal); Allen; Woodinville (desassistida); Renton; Outras 3 estações ao sul de Renton. O oleoduto de 16” da OPL, entre Ferndale e Allen, construído em 1964, cruzava a cidade de Bellingham e o Whatcom Falls Park no sentido NS. Paralelo a ele, corria um oleoduto da Terasen (petróleo). 7 A construção da ETA fez com que um trecho de 220 m desse oleoduto fosse relocado em 1966. Esse trecho tinha espessura de 0,312”, foi construído com aço API 5LX 52 e sofreu teste hidrostático em uma pressão manométrica de 1820 psig, o que garantia uma pressão máxima de operação (PMOA) de 1456 psig e uma pressão máxima de 1602 psig em situações de transiente no duto. Nesse trecho ocorreu o rompimento do oleoduto. Terminal de Bayview Parque de armazenamento de derivados e estação de bombeamento, booster dos oleodutos de 16" entre Anacortes e Allen e entre Ferndale e Allen. Investimento de US$ 20 milhões destinado ao aumento de 20% na capacidade do sistema. Entrou em operação em 17/Dezembro/1998. 8 Operação Em 1999, o sistema da OPL era operado através de Sistema de Controle e Aquisição de Dados (SCADA) a partir do centro de controle operacional (CCO) localizado na EB de Renton. Eram disponíveis no SCADA mais de 40 telas préprogramadas para apresentar dados em diversos pontos do sistema e comandar equipamentos, acessíveis através de menu. Os dados eram atualizados em intervalos de 3 a 7 segundos, tempo de varredura dos equipamentos de campo pelo SCADA, através do sistema de comunicação, provido por terceiros, constituído de uma combinação de linhas telefônicas alugadas e linhas de transmissão de dados. Ainda, eram disponíveis gráficos pré-programados para mostrar tendências de pressão em diversos pontos do sistema, também acessíveis através de menu. 9 As telas pré-programadas referentes ao Terminal de Bayview ainda estavam sendo desenvolvidas em Junho 1999. CCO O CCO era constituído de: Sala de controle (CR) com 2 estações de controle, cada uma com 6 monitores para display das telas e gráficos pré-programados; Sala de computadores (SC) com: Dois computadores (OLY01 e OLY02) do SCADA, um sempre em hot-standby; Um computador exclusivo para o sistema de detecção de vazamento (SDV); Terminais para o administrador do sistema e desenvolvedores de software. SDV O SDV era um software que usava balanço de volumes e modelação de transientes em tempo real, baseada nas pressões e outros dados operacionais do oleoduto coletados através do SCADA, para detectar e alertar possíveis vazamentos no sistema aos controladores. O software requeria dados de pelo menos 15 minutos de operação para poder efetuar a análise. Emitia primeiro um alerta quando da detecção de diferenças no balanço de volumes. Após certo tempo, emitia um alarme se as condições do oleoduto e os resultados da simulação não fossem conciliados. 10 Histórico de Vazamentos Até o incidente, o oleoduto da OPL tinha tido 32 incidentes com um vazamento total de cerca de 448 mil litros de produtos, conforme a tabela a seguir: Data Locação Causa Aug 24, 1966 Feb 2, 1968 Feb 19, 1970 Mar 15, 1971 Mar 8, 1972 Mar 17, 1972 Jul 23, 1972 Sep 15, 1972 Mar 22, 1973 Mar 26, 1973 Aug 8, 1975 Dec 1, 1975 Jul 21, 1978 Mar 13, 1979 Jun 19, 1980 Aug 18, 1980 Feb 24, 1981 Sep 26, 1981 Aug 14, 1983 Jun 10, 1984 Aug 23, 1985 Nov 24, 1985 Jul 17, 1986 Aug 23, 1988 Feb 7, 1990 Feb 26, 1991 Jan 24, 1992 Oct 30, 1992 Jun 20, 1994 Mar 23, 1996 Jun 17 1996 May 27, 1997 Seattle Seattle Olympia Junction Sea-Tac terminal Renton Renton Ferndale Olympia Junction Sea-Tac terminal Mile Post 84.5 Allen Station Mile Post 65.5 Renton Portland Renton Allen Station Woodinville Vancouver Allen Station Olympia Mile Post 46 Sea-Tac terminal Mile Post 114 Allen Station Woodinville Sea-Tac terminal Olympia Renton Tacoma Spencer Creek Ebey Slough Castle Rock Total Third party damage Gasket failure Gasket failure Gasket failure Gasket failure Pressure gauge failure Gasket failure Gasket failure Gasket failure Third party damage Gasket failure Sensing line failure Gasket failure Corrosion Small piping Pressure cell failure Fitting failure Third party damage Sensing line failure Third party damage Sensing line failure Valve failure Third party damage Main line rupture Gasket failure Gauge failure Cooling line failure Gasket failure Thermo well failure Landslide Main line Buckle Seal failure 11 Produto Vazado (litros) 3.180 795 1.431 1.590 79 79 159 318 477 5.565 10.811 795 238 17.489 159 636 159 477 23.689 12.560 34.341 9.539 12.719 270.278 31.797 318 2.385 795 795 795 1.431 2.067 447.946 A freqüência acumulada de incidentes era de 1,47 incidentes/mil km.ano e a distribuição dos incidentes por causas era: Causa Incidentes % Produto vazado (litros) % Third party damage 5 14,7% 34.500 7,7% Corrosion 1 2,9% 17.489 3,9% Main line failure 2 5,9% 271.711 60,7% Other material 25 73,5% 123.456 27,6% Natural 1 2,9% 795 0,2% Fiscalização do OPS Entre 15 e 19/Março/1999, o sistema da OPL foi submetido a uma avaliação por inspetores do OPS para verificar se as instalações e as operações estavam de acordo com a regulamentação de segurança de oleodutos. O OPS não notou nenhuma provável violação dessa regulamentação, mas emitiu uma nota para a OPL citando 4 pontos de preocupação. O primeiro era relacionado aos procedimentos de operação e manutenção (O&M) da OPL. A OPL tinha recentemente adotado os manuais de O&M da Texaco Pipeline (antiga operadora) que tinham sido aprovados pelo OPS, após análise que tinha durado 2 anos. Foi verificado que a OPL iria adotar os manuais da Equilon (nova operadora), tão logo estes fossem combinados com os manuais da Shell e Texaco, e que a OPL planejava incorporar os planos e procedimentos específicos de suas instalações nesses manuais. O OPS determinou que cuidados fossem tomados para assegurar o atendimento dos procedimentos correntes contidos nos manuais aplicáveis pelo pessoal de O&M da OPL até que fosse completada a transformação dos manuais. Os outros pontos de preocupação colocados pelo OPS envolviam a limpeza da faixa dos dutos para permitir a sua inspeção aérea, a corrosão observada em parafusos de flanges de válvulas em caixas de válvulas inundadas e a movimentação do oleoduto para corrigir curtos em tubos camisa, sem a redução da pressão a 50% daquela observada na operação normal, prevista nos regulamentos. 12 INCIDENTE Em 10/Junho/1999, o oleoduto de 16” da OPL, entre Ferndale e Allen, transportava gasolina para o terminal da Tosco, próximo a Renton. Ao mudar o ponto de entrega para o terminal da ARCO em Seattle iniciou-se um transiente de pressão no oleoduto. Cerca de 15:18h, houve falha do SCADA, que durou em torno de 40 minutos, o que impediu a partida de uma bomba em uma estação desassistida, procedimento normal nessa situação, e levou à paralisação automática do oleoduto por aumento da pressão. Esse aumento de pressão levou à ruptura do oleoduto, em torno das 15:28h, no interior das instalações da ETA na cidade de Bellingham. As figuras a seguir ilustram o transiente no oleoduto: 15:17h: mudança da entrega da Tosco para a ARCO Pressão Pressão 15:18h: SCADA não parte mais uma bomba em Woodinville Cherry Point Ferndale Bellingham Bayview Allen Tosco Woodinville Renton ARCO Cherry Point Ferndale Bellingha Bayview Allen Tosco Woodinvill Renton ARC 15:22h: parada automática de uma bomba no Terminal de Bayview Pressão Pressão 15:19h: alarme de alta pressão na descarga da EB de Allen Cherry Point Ferndale Bellingham Bayview Allen Tosco Woodinville Renton ARCO Cherry Point Ferndale Bellingham Bayview Allen Tosco Woodinville Renton ARCO 15:24h: alarme de pressão alta em Bayview e bloqueio do oleoduto a montante do Terminal Pressão Pressão 15:23h: parada manual de uma bomba em Allen Cherry Point Ferndale Bellingham Bayview Allen Tosco Woodinville Renton ARCO Cherry Point Ferndale 15:28h: parada automática das bombas de Cherry Point e Ferndale Bayview Allen 15:27h - 215 psig 15:28h - 1494 psig 15:29h - 230 psig Bellingham Bayview Allen Woodinville Tosco Renton Woodinville Tosco Renton Tendência de pressão no Terminal de Bayview criada pelo NTSB a partir dos dados disponíveis no SCADA. Pressão Cherry Point Ferndale Bellingham ARCO 13 Ruptura em ~15:28h ARCO Pelos problemas no SCADA, a ruptura passou despercebida para o controlador que reiniciou a transferência pelo oleoduto às 16:15h, após receber autorização do supervisor do CCO. Mesmo após o SCADA emitir alerta do SDV de possível vazamento, uma segunda bomba foi ligada em uma das estações. Após o CCO receber aviso de empregado da OPL, que retornava do trabalho, que havia gasolina no Whatcom Creek a transferência foi novamente paralisada e o oleoduto foi bloqueado as 16:34h. A gasolina aflorou na ETA, vazou para o Hannah Creek e atingiu o Whatcom Creek, que atravessa o Whatcom Falls Park. A OPL determinou que 897 m3 (5.638 bbl) de gasolina vazaram, dos quais cerca de 300 m3 (1.890 bbl) foram devidos ao reinício da operação do oleoduto. Aproximadamente 1,5 h após a ruptura, houve a ignição da gasolina vazada. A cidade foi sacudida por uma série de explosões. Cerca de 2,5 km do regato Whatcom Creek foram incendiados, a partir da ETA até próximo do cruzamento com a rodovia I-5, ao longo do parque e de área comercial/residencial. Por sorte, o fogo não se propagou além da I-5, o que salvou uma área mais povoada e o centro da cidade. O incêndio gerou coluna de fumaça negra que atingiu cerca de 9 km de altura, visível a dezenas de quilômetros de distância. Amy Kepferle, jornalista (em Janeiro 2008): Memories can be tricky things, but the image I have of 1999’s pipeline explosion at Whatcom Creek is indelibly imprinted in the depths my cerebral cortex. I believe it will be there forever. I was on Lummi Island, doing some yard work at my family’s cabin, when I happened to look toward Bellingham that warm June afternoon. What I saw took my breath away: what looked like a nuclear mushroom cloud was steadily growing toward the sky. It would be hours before I learned what had happened. 14 Ao todo, foi queimada uma área de cerca de 10 ha. no Whatcom Falls Park, ao longo do Whatcom Creek e Hannah Creek. 15 RESPOSTA A EMERGÊNCIA 10/Junho/1999: 16:24h: o serviço 911 recebeu uma chamada de uma cidadã que reportou um "odor incrível" que tornava difícil a respiração quando dirigia pela ponte da Woburn Street sobre o Whatcom Creek. Unidentified female: There is some kind of incredible chemical odor that my daughter and I both sick just stopping at the light. 16:25h: foi despachada a primeira viatura para investigar "um odor externo". 16:26h: A viatura E-54 do BFD, respondeu, dirigindo-se ao local, que ficava na zona de resposta de sua estação. Naquela manhã a equipe da viatura tinha recebido treinamento sobre vazamentos de produtos perigosos em sala de aula. Quando recebeu a chamada estava praticando estender linhas de mangueiras. Don Alderson: The creek is discolored, 911. And it’s a strong, strong odor of petroleum. Unidentified Female: Fire Dispatch. Don Alderson: I talked you about the creek a bit ago. Unidentified Female: Yes. Don Alderson: Ok. My dog is in seizure now. Unidentified Female: Your dog is having seizure? Don Alderson: The fuel is everywhere. My dog get washed in oil and we’ll get the hell out of here fast. Unidentified Female: All right. Don Alderson: The creek is full of oil and something bright. Unidentified Female: All right. We got people under way. Don Alderson: Yeah. You better get here soon. We had a problem. Unidentified Female: All right. Don Alderson: Thank you. Go. 16:27h: Don Alderson, funcionário do Water Department da prefeitura, que morava próximo ao Whatcom Creek na Valencia Street, chamou o serviço 911 reportando um forte odor de petróleo e que o regato estava com a cor alterada. Pouco tempo depois ele chamou novamente, informou que seu cão Chester estava com convulsões e que iria abandonar o local porque o odor estava insuportável. Chester foi depois atendido pelos bombeiros que lhe ministraram oxigênio. O serviço 911 avisou a viatura E-54 das novas chamadas. Seu capitão alterou a categoria do incidente para Hazmat 1, o que resultou no despacho de viaturas adicionais. 16:30h: O serviço 911 recebeu a chamada de um químico da OPL, que retornava do trabalho. Ele reportou vapores de gasolina na ponte da Woburn Street e avisou que ficaria no local até a chegada do BFD. Após, ele avisou o CCO da OPL em Renton. Quando a viatura E-54 chegou ao local verificou que o Whatcom Creek era um rio de gasolina amarela e que havia uma nuvem de vapor com mais de 3 m de altura. Ryan Provencher, bombeiro: It was just a river of gasoline, like someone released a dam that held back a lake of gasoline. The fumes were so thick I couldn't see through. The smell was nauseating. 16:33h: O capitão da viatura E-54, Jeff Jaquish, elevou a categoria do incidente para Hazmat 2, confirmou ao serviço 911 que havia gasolina no regato e pediu que o BPD respondesse ao evento para fechar o tráfego das pontes sobre o regato e das ruas próximas. Foram enviadas 16 imediatamente 4 viaturas que iniciaram a parada do tráfego e o estabelecimento de um cordão de isolamento. O vice-diretor da DEM estava monitorando o radio do BFD. Chamou o especialista do programa de emergência da DEM para confirmar que ele também estava monitorando a evolução do evento. Quando foi declarado um incidente Hazmat 2 eles concordaram que o especialista iria ao posto de comando para representar a DEM. 16:37h: O Public Works Departament da prefeitura foi notificado que seriam necessárias barricadas para evitar o acesso à área do Whatcom Creek. O supervisor do SERP foi notificado por pager que o incidente era categoria Hazmat 2. 16:42h: A equipe do SERP foi ativada. 16:45h: O comandante da resposta ao incidente (CRI), chefe do Battalion 1 do BFD, chegou à cena do incidente, assumiu o comando, estabeleceu seu posto de comando (PC) e ordenou às equipes do BFD já presentes que localizassem a fonte do vazamento. Os bombeiros Ryan Provencher e Kelly Devlin se dirigiram à parte norte do parque, acima da ETA. 16:46h: O serviço 911 chamou o número de emergência da OPL e foi informado que o oleoduto estava bloqueado e que a OPL estava mandando uma equipe ao local. O serviço 911 passou estas informações ao CRI e que o pessoal do criadouro de peixes próximo à ETA já tinha sido avisado. O serviço 911 chamou uma radio local e pediu que ela alertasse o público sobre o incidente e a necessidade de evitar a área do Whatcom Creek. 16:55h: um sargento do BPD chegou ao PC. O CRI solicitou que, de cada lado do Whatcom Creek, fosse evacuada uma faixa de 45 a 60 m e que nenhum tráfego cruzasse o regato. Logo após, um tenente do BPD chega ao PC e começa a preparar um plano para evacuar a área de Whatcom Creek, com a assistência do WCSO e do District 7 da WSP. A USCG, preocupada que a gasolina poderia atingir os pilares das docas e navios e causar explosões, fechou ao tráfego marítimo uma área da Baía de Bellingham com uma milha de raio a partir da foz do Whatcom Creek. 16:57h: uma secretária da OPL chama o serviço 911 para reportar um possível vazamento de gasolina do seu oleoduto para o Whatcom Creek. 17:02h: Policiais e bombeiros informam a ignição da gasolina vazada. A cidade é sacudida por uma série de explosões. O CRI requereu a resposta de todas as viaturas do BFD e o apoio dos WCFD vizinhos e departamentos de polícia da região: WCSO, que respondeu com 15 Unidentified Male: 911 Fire Bellingham delegados; Unidentified Male: I need all officers here District 7 da WSP; immediately. All officers here immediately. We Western Washington University Police have a big explosion. Department; Ferndale Police Department. 17 O tenente do BPD imediatamente ordenou que todas as viaturas policiais circulassem na área de evacuação usando seus alto-falantes para avisar moradores e pedestres para evacuar a área e parassem todo o tráfego na área. O vice-diretor da DEM iniciou as etapas do plano de desastres do condado, ativou o WCEOC, que foi guarnecido. Fez as notificações do incidente previstas no plano. Os bombeiros Ryan Provencher e Kelly Devlin estavam em uma trilha acima da ETA. Não tinham cheirado gasolina nem visto o produto no regato. Tinham encontrado dois garotos que pescavam no regato e que também não tinham cheirado ou visto gasolina. Um pouco depois, encontraram uma mulher que disse ter sentido o cheiro de gasolina em outro ponto e estavam seguindo-a para o local quando aconteceram as explosões e as bolas de fogo, uma após a outra. Os bombeiros se entreolharam e correram. Cruzaram com um casal e 2 crianças, que estavam estupefatos. Cada bombeiro agarrou uma criança. Subiram o morro carregando-as, seguidos pelos pais. Uma das bolas de fogo se dividiu em duas, com uma caminhando rapidamente em direção a eles. Conseguiram colocar a família em segurança e gritaram para os 2 garotos que estavam pescando para dar o fora dali. O serviço 911 ficou sobrecarregado com centenas de chamadas. Para atender esta demanda, o EMS/Dispatch Center foi rapidamente ativado de forma precária com 2 atendentes do BFD aproveitando-se da ligação dos cabos telefônicos no dia anterior. O tráfego ficou congestionado, pelas pessoas que abandonavam suas casas e pelo desligamento de alguns sinais de transito quando do desligamento preventivo de redes de energia elétrica. 17:20h: O serviço 911 avisou o St. Joseph Hospital (SJH) da cidade sobre o incêndio. O hospital convoca seu pessoal de folga e prepara-se para receber um grande número de pacientes. O SJH notifica o Harborview Medical Center (HMC), centro especializado em pacientes com queimaduras, em Seattle, sobre a possibilidade de receber pacientes. 17:30h: o SJH é notificado que 2 crianças de 10 anos tinham sido resgatadas com vida, pelo irmão de um deles e seus amigos que também estavam no parque, e estavam sendo levadas ao hospital, com muitas queimaduras. 18 Andrew Tsiorvas, irmão de Stephen: "Wade didn't want his mother to know. He said she'd be too sad and mad at him" O BPD estabelece um posto de comando para os 29 policiais envolvidos na resposta ao incidente. A equipe do BMRC chega e o CRI ordena uma busca por vítimas no parque e no regato. Nessa busca, durante a noite, é localizado o corpo de um rapaz de 18 anos. 17:40h: as 2 crianças chegam ao SJH e é iniciado o tratamento de emergência para sua estabilização. 18:25h: os pacientes estabilizados são levados por helicóptero para o HMC em Seattle. 18:30h: Com a maior parte da gasolina vazada já consumida pelo fogo o incêndio começou a ceder, durando cerca de 1 hora. Os maiores focos de incêndio foram debelados pelos bombeiros. A coluna de fumaça negra começou a dissipar. 19:00h: a maior parte da nuvem de fumaça negra já tinha se dissipado. 11 a 13/Junho/1999: Na manhã do dia seguinte somente uma nuvem de fumaça branca do incêndio na mata. Pequenos focos de incêndio continuaram a queimar ao longo das margens do regato impregnadas de gasolina e foram paulatinamente extintos. Bombeiros florestais do Washington Department of Natural Resources (WDNR) foram integrados nas equipes que estavam combatendo esses incêndios. 19 Foi feito lançamento de espuma ao longo do Whatcom Creek. As pessoas evacuadas foram temporariamente relocadas. A qualidade do ar foi monitorada nos esgotos do centro da cidade (onde foram encontradas misturas altamente explosivas), nas áreas do parque e na prisão do condado, que não chegou a ser evacuada. Foi feito o acompanhamento médico das equipes de resposta. O BFD acompanhou a retenção e coleta de restos de gasolina não queimada ao longo do regato e atuou no sentido de evitar explosões em esgotos e espaços gaseificados em conjunto com o Public Works Department da prefeitura. 14/ Junho/1999: O último foco de incêndio no ponto de ruptura do oleoduto na ETA foi extinto com aplicação de espuma encerrando a primeira fase de resposta ao incidente. Nessa fase, foram utilizadas 30 viaturas de combate a incêndio e uma força de cerca de 200 pessoas. 20 CONSEQÜÊNCIAS Pessoas: Três mortes, duas crianças de 10 anos e um rapaz de 18 anos, com grande impacto emocional na comunidade. 8 pessoas entraram no hospital e foram tratados por problemas respiratórios leves por inalação de fumaça ou vapores de gasolina. Não houve hospitalização; Forte impacto psicológico na comunidade: choque, surpresa, dúvida, medo, pânico, perda do senso de segurança e estresse pós-traumático. Impacto ambiental: Área de 10 ha. queimada no Whatcom Falls Park; Poluição do ar da cidade por vários dias devido a fumaça e vapores de gasolina; Poluição na Baía de Bellingham e nos regatos Whatcom Creek e Hannah Creek por vários dias; Perda de habitat e morte de pequenos animais, anfíbios, pássaros e insetos; 100 mil peixes de várias espécies mortos; Contaminação do solo; Contaminação do lençol freático; Erosão do solo nas áreas queimadas. Danos Materiais: Vidros quebrados pelas explosões em residências e lojas de comércio. Uma única residência destruída pelo fogo nas proximidades do Whatcom Creek; Danos a subestações e linhas de distribuição de energia elétrica da Puget Sound Energy; Torre de telefonia celular fora de operação por diversas horas; Severos danos à ETA, com destruição de bombas, equipamentos de controle e danos ao edifício. Perdas para a Comunidade: Falha de suprimento de energia elétrica por diversas horas atingindo cerca de 5000 residências, lojas comerciais e algumas indústrias; Linhas fixas de telefone desligadas e telefonia celular sobrecarregada e não confiável; Interrupção do fornecimento de água até o dia seguinte. Quando foram reativadas 2 das 5 bombas, o suprimento foi reiniciado, com menor vazão, provocando racionamento de água afetando 30 mil pessoas por 4 meses; Interdição de ruas próximas por risco de explosão em esgotos gaseificados por várias horas; Interrupção do tráfego na rodovia I-5 por várias horas; Interrupção do tráfego marítimo em área da Baía de Bellingham por vários dias; Perda de valor das propriedades próximas à faixa do oleoduto; Perda de área de lazer pública por longo período; Custos imprevistos para a prefeitura, para o condado e para o estado; Perturbação da vida econômica da cidade e impacto negativo no turismo. 21 Impacto no Suprimento de Combustíveis: Redução parcial de processamento das refinarias ao norte de Bellingham atingidas por gargalos no escoamento da produção; Necessidade de uso intenso de embarcações (navios e chatas) e caminhões tanque para escoar a produção, com maior custo e maior risco de poluição; Suprimento precário de QAV para o Aeroporto Internacional Sea-Tac por vários meses; Impactos no preço da gasolina na região atendida pelo oleoduto. Companhia: Perda de produção e de receita o Oleoduto 16”, entre Ferndale e Allen: 20 meses parado; o Oleoduto 16”, entre Allen e Renton: 24 meses parado; o 7 anos com restrição de pressão de operação em 80% da MAOP; o Terminal de Bayview retirado de operação (by-passado) por mais de 5 anos; Alto estresse gerencial e ambiente de trabalho deteriorado: o Constante assédio da mídia por entrevistas e declarações; o Empregados arrolados na investigação da NTSB e nos processos cíveis e criminal; o Grande sobrecarga para o pessoal de operação, inspeção e manutenção: Exigências da OPS de inspeção e reparo em todos os seus oleodutos; Melhorias no SCADA; Treinamento de operadores; Revisão dos manuais de operação e manutenção; Resposta aos questionamentos sobre procedimentos e processo decisório dos reparos em inspeções anteriores; Obrigada a desistir de empreendimento de ampliação do oleoduto, que estava em fase de licenciamento ambiental, em que já havia investido em estudos e projeto; Multas estaduais e federais por poluição e má operação; Ações cíveis indenizatórias movidas contra a companhia: o Agências federais e estaduais; o Famílias dos mortos; o Perdas e danos dos usuários; o Revisão de licenças municipais; o Perdas e danos de moradores; o Por estresse emocional; Ações cíveis movidas pela companhia: o Contra a IMCO; o Contra seguradoras da operadora; o Ações para revisão das licenças municipais e contestação de exigências para renovação das que estavam vencidas; Ação federal criminal com condenação da OPL e da Equilon ao pagamento de multas por crimes graves. Condenação à prisão de 2 dos 3 empregados da OPL acusados; Ação de declaração de concordata e negociação para a reestruturação da dívida; Altos custos com indenizações, multas, resposta ao acidente, reparação ambiental, contratação de consultorias técnicas especializadas (combate a poluição, simulação de transiente, comunicação e gerenciamento de crises) e de um exército de advogados; Venda de participação acionária e troca de companhia operadora; 22 Perda de imagem por ter que assumir a culpa de crimes graves na ação criminal, pelas conclusões da investigação da NTSB e pela intensa cobertura negativa da mídia. O acidente passou a ser ponto de referência, na maioria das vezes com conotação negativa, em qualquer artigo ou publicação sobre segurança na operação de dutos em todo o mundo. Órgão Regulador: Severa reação ao acidente com a emissão de Corretive Executive Order, que teve três complementos, em função do andamento das investigações, para o reinício da operação do duto; Intensa sobrecarga aos seus gerentes e inspetores: o Constante assédio da mídia por entrevistas e declarações; o Acompanhamento em tempo integral nas inspeções e revisões das instalações do oleoduto; RSPA e OPS publicamente criticados pelo NTSB como ineficientes em cumprir suas recomendações de segurança; Criticados pelos pais das crianças e do rapaz mortos no acidente em depoimentos públicos em comissões do congresso; Criticados pelas organizações não governamentais de luta por maior segurança nos dutos, sendo acusados de coniventes e lenientes com as empresas reguladas; Perda da imagem desses órgãos provocada pela ampla divulgação negativa pela mídia dessas criticas, inclusive com charges jocosas; Submetidos a diversas auditorias do US General Accounting Office, órgão do poder legislativo federal, que apontaram suas deficiências em recursos humanos e materiais, no cumprimento de recomendações do NTSB e nas estratégias para melhorar a segurança dos dutos; Reorganização dos órgãos responsáveis pela regulação e fiscalização da atividade dutoviária em Fevereiro 2005. Atividade: Intensa cobertura da mídia escrita, falada e televisiva, com repercussão local, nacional e internacional, sobre a segurança operacional de oleodutos e gasodutos, que se intensificava a cada novo acidente; Conscientização dos cidadãos e governos locais; Criação de organizações para lutar por maior segurança nos dutos com atuação local, estadual e nacional, que acabou se estendendo à segurança operacional dos terminais de GNL; Intenso debate sobre a segurança na atividade, a nível executivo e legislativo, estadual e federal; Novas leis e regulamentos estaduais e federais, apesar do intenso lobby das associações nacionais de transportadoras de líquidos (AOPL) e gás (INGAA); Maiores exigências de segurança e maiores custos para a atividade; Como aspecto positivo ocorreu a diminuição do índice de freqüência de acidentes na atividade. 23 INVESTIGAÇÃO CAUSA DA IGNIÇÃO DA GASOLINA A investigação do BFD e BPD determinou que a ignição dos vapores de gasolina se deu quando as duas crianças inadvertidamente acionaram um acendedor de lareiras, encontrado pela polícia, com o qual foram vistos mais cedo no dia do incidente acendendo fogos de artifício fora do parque. CAUSAS DA RUPTURA O NTSB foi informado no dia do incidente e enviou uma equipe para investigar as suas causas. Também, participaram da investigação o OPS, a EPA, o WDOE, o Washington State Fire Marshal Office, a prefeitura, a OPL, a IMCO, Earth Tec e Teledyne-Brown Engineering, fabricante do SCADA. Dificuldades A escavação do trecho rompido do oleoduto somente iniciou em 27/Junho/1999 por razões de segurança associadas à presença de vapores de gasolina e focos de incêndio ainda não contidos e, também, pela necessidade de se construir uma estação provisória de bombeamento de água e de uma linha para by-passar a ETA, para reiniciar o fornecimento de água potável para a cidade. Em 30/Junho/1999, uma secção de 3,2 m do oleoduto, que continha a ruptura, foi removida. Em 8/Julho/1999, uma secção contígua de 4,1m, que continha as anomalias detectadas na inspeção de 1996 feita pela OPL, foi retirada. As duas secções foram encaminhadas para testes metalúrgicos nos laboratórios da NTSB. O processo de escavação foi lento pela necessidade de preservação de evidências legais e dificultado pela falta de treinamento dos inspetores do NTSB em acidentes com produtos perigosos, o que atrasou o processo de limpeza do solo no ponto de ruptura. A gasolina acabou migrando para as rochas do subsolo e emergiu em cerca de 10 pontos do Whatcom Creek. 24 Poucos dias após o incidente, foi iniciada uma investigação criminal federal sobre crimes ambientais, com a participação do FBI. Os empregados da OPL foram informados da investigação criminal pela companhia e diversos se recusaram a depor ao NTSB, requerendo a imunidade da 5ª Emenda, de só depor em juízo para não se incriminarem. Em Dezembro/1999, os promotores fizeram acordos de imunidade com diversos empregados da OPL, para que pudessem depor na ação criminal. No final de Abril/2000, o NTSB ainda não tinha ouvido 8 controladores que atuavam no CCO. Esta investigação, além de silenciar testemunhas-chave para a determinação das causas do incidente, trouxe, também, outra dificuldade para as investigações. Em Outubro/1999, pouco antes do início dos testes destrutivos nos tubos retirados do oleoduto, necessários para a avaliação das causas, alegando a necessidade de preservação das evidências criminais, os promotores da investigação criminal conseguiram uma ordem judicial impedindo o NTSB de realizá-los. Em Fevereiro/2000, foi solicitada ordem ao juiz responsável pelo processo da ação 25 criminal para que os testes fossem realizados. Em 18/Abril/2000, o juiz deu parecer favorável. Os testes somente foram iniciados Maio/2000, 11 meses após o incidente. A necessidade de freqüentes e inúmeras entrevistas coletivas dadas pelos investigadores, pelo extremo interesse da mídia ávida por notícias do incidente foi outra dificuldade para os trabalhos da investigação. Cada ponto descoberto era rapidamente difundido a nível local, estadual e nacional, em diversos artigos, despertando reações dos possíveis envolvidos. Por causas dessas dificuldades, o relatório oficial do NTSB, com as causas prováveis e suas recomendações, só foi emitido em 8/Outubro/2002, 28 meses após o incidente, sem que o controlador que operava o oleoduto e o supervisor do CCO fossem ouvidos. Eventos no CCO Mesmo sem esses depoimentos, com base nos registros do SCADA e no depoimento de outros empregados da OPL, o NTSB pôde montar a seguinte seqüência de eventos no CCO: Antes 15h Em 10/Junho/1999, estavam de serviço no CCO em Renton: O supervisor do CCO (SUP). Experiente. Palestrante sobre segurança da operação do oleoduto no processo de licenciamento ambiental do projeto de expansão pretendido pela OPL; Controlador A (CA): operava o movimento de gasolina da refinaria da ARCO, próxima a Cherry Point, para uma tancagem da Tosco, próxima a Renton, através da linha de 16” Ferndale/Allen. Esta transferência deveria encerrar por volta da 15 horas, quando seria iniciada a transferência para o terminal da ARCO de Harbor Island, em Seattle. O CA tinha 16 anos de experiência na atividade, tinha sido qualificado pela OPL para operar o oleoduto, após receber o treinamento necessário, e recentemente tinha recebido uma boa avaliação de desempenho na função. Controlador B (CB): operava uma diferente parte do sistema, a partir de Renton; O controlador que atuava temporariamente como administrador (ADM) do SCADA. O SCADA operava sem problemas. O OLY02 estava on-line e o OLY01 estava de backup. O SDV estava em operação. 15h Novos registros da base histórica de dados do SCADA, destinados a receber dados de vibração em bombas para análise futura, são criados e introduzidos pelo ADM no computador OLY02 do SCADA. CA inicia preparação para mudança de entrega da Tosco para a ARCO. 15:10h Início de mensagens de erro na base de dados histórica do SCADA. ADM verifica os registros introduzidos. Não encontra erros e sai do CCO. 15:17h CA executa mudança da entrega da Tosco para a ARCO. Entrega para Tosco termina (15:17:43h). CA contata a refinaria da ARCO em Cherry Point e solicita início da transferência de produto para a EB de Cherry Point. 26 15:18h CA aciona segunda bomba na EB de Woodinville para compensar o aumento normal da pressão no oleoduto pela mudança do ponto de entrega. SCADA falha e não inicia segunda bomba. Apesar de não atender a comandos, o OLY02 continua a registrar eventos e valores de variáveis. 15:19h SCADA emite alarme de alta pressão (1440 psig) na descarga da EB de Allen. CB nota que SCADA para de responder a comandos e avisa ADM que retornava ao CCO. 15:20h ADM tenta apagar os novos registros espelhados para o computador OLY01 para colocá-lo on-line substituindo o OLY02. 15:22h O OLY02 registra a parada não comandada de uma bomba booster no Terminal de Bayview (15:22:59h). 15:23h CA tenta estabilizar o sistema. Telefona e pede a eletricista de serviço na EB de Allen que desligue uma bomba da EB. Alegou não poder usar o SCADA que não respondia. Bomba foi desligada manualmente (15:23:34h). 15:24h Com a parada da booster de Bayview a pressão aumentou. O OLY02 registra um alarme de pressão alta e o subseqüente início do fechamento da MV, com o conseqüente bloqueio (15:24:53h) do oleoduto a montante de Bayview. Este foi o último registro do OLY02 antes de ser desligado pelo ADM, porque não estava conseguindo colocar o OLY01 on-line com o procedimento normal. 15:26h a 15:32h O SCADA registrou os seguintes valores para a pressão a montante da MV de Bayview: 15:27h - 215 psig 15:28h - 1494 psig 15:29h - 230 psig, A ruptura do oleoduto de 16" no interior da ETA foi a causa da queda de pressão observada. Ocorreu em torno das 15:28h. OLY01 entrou on-line (~15:28h). Registrou que a MV de Bayview estava fechada (15:28:05h). Quase ao mesmo tempo, registrou a parada não comandada das bombas das EB de Cherry Point e Ferndale. Neste momento, apenas uma bomba na EB de Woodinville estava operando. CB notou estes desligamentos e comandou a parada desta bomba através do OLY01 porque o CA não estava na sala. O OLY01 registrou estes comandos (15:29:35h e 15:30:41h) e uma parada não comandada desta bomba (15:31:04h). 15:33h a 16:35h Quando CA retorna é avisado pelo CB que o sistema tinha parado e que tinha desligado a bomba da EB de Woodinville. CA solicita a ARCO (15:35h) que pare a transferência da refinaria para a EB de Cherry Point. ADM verifica a lentidão de resposta do OLY01 e decide recolocar o OLY02 on-line. Ocorreu último registro do OLY01 (15:34:17h), que foi desligado logo após. O ADM recoloca o OLY02 on-line (15:44:30h). 27 O ADM explicou ao SUP, que tinha acabado de entrar na sala, o que ocorrera. O SUP apaga no OLY02 os registros entrados pelo ADM que tinham sido transmitidos de um computador para o outro. O ADM nota um erro tipográfico que, segundo ele, não tinha introduzido. O ADM notou que por volta das 16h o CA perguntou ao SUP se poderia reiniciar a operação do oleoduto, tendo recebido resposta positiva. O ADM reinicia (16:04h) o OLY01 para permitir a transferência da sua base de dados para o OLY02 que estava on-line. O CA reabre a MV da entrada de Bayview (16:11:22h) e contata o eletricista da EB de Allen para verificar a pressão. O CA pede (16:15h) para a refinaria da ARCO para reiniciar a transferência. O CA parte uma bomba na EB de Cherry Point (16:16:29h) e na EB de Ferndale (16:17:34h). O SCADA registrou um alerta de possível vazamento (16:29:22h) do SDV . O CA comandou a partida de mais uma bomba na EB de Ferndale (16:30:52h). A bomba partiu (16:31:39h). Logo após, um empregado da OPL que saíra do trabalho chama o CCO para reportar cheiro de gasolina numa ponte sobre o Whatcom Creek e que já tinha avisado o 911. Rick Keeney, químico da OPL: I think we've got a problem. I smell gasoline. Em seguida, o CA para as bombas das EB's de Cherry Point e Ferndale. Comanda o fechamento das válvulas de bloqueio do oleoduto para isolar o ponto de ruptura (16:32:18h). O registro do SCADA indica que estas válvulas fecharam cerca de 1 hora e 5 minutos após a ruptura (16:34:14h). O CA pede (16:35h) que a refinaria da ARCO pare a transferência para a EB de Cherry Point. Logo após a explosão, o empregado da OPL telefona ao CCO para avisar. Rick Keeney, químico da OPL: The gasoline ignited. I’m running from the fireballs. Ações do Controlador Quando os pontos de entrega foram trocados a pressão no oleoduto começou a subir, o que era uma ocorrência normal segundo outros controladores entrevistados, e a resposta padrão era colocar mais uma bomba na EB de Woodinville. Foi o que o CA tentou sendo impedido pela falha no SCADA. Não fosse essa falha, provavelmente teria conseguido estabilizar a pressão no oleoduto. Pelos procedimentos da OPL, o controlador deveria determinar a causa da mudança de pressão que viesse a desligar uma bomba revendo os dados disponíveis, tais como as tendências de pressão no oleoduto, antes de reiniciar as operações. O NTSB não conseguiu confirmar que isto foi feito. Não foi possível apurar quais informações estavam disponíveis para os controladores durante o tempo em que o SCADA esteve fora de operação. Porém nenhuma informação prontamente disponível indicava que o oleoduto tinha rompido. A MV da entrada de Bayview tinha 28 fechado repetidamente nos 6 meses precedentes e todas as vezes o oleoduto foi reiniciado sem incidentes. Ao reiniciar a transferência depois de corrigido o problema no SCADA, estava acompanhado pelo seu supervisor, que tinha aprovado o reinício e que, também, aparentemente não acreditava serem necessárias ações adicionais para verificar a integridade do sistema. Ele provavelmente deve ter pensado que o escoamento era a “meia cana”, pois a única bomba que estava operando quando da parada automática do oleoduto era a da EB de Woodinville, o que poderia levá-lo a questionar a validade de qualquer aviso do SDV, pois partiu mais uma bomba após o alerta de possível vazamento pelo SDV. Ao receber aviso de que havia presença de gasolina no Whatcom Creek agiu prontamente em tirar o oleoduto de operação e bloquear o trecho do oleoduto que cruzava o regato. Danos ao Oleoduto A ruptura do oleoduto ocorreu no interior da ETA, no trecho relocado em 1996. Tinha espessura de 0,312” e foi construído com aço API 5LX 52. Esse trecho sofreu teste hidrostático em uma pressão manométrica de 1820 psig, o que garantia uma pressão máxima de operação (PMOA) de 1456 psig e uma pressão máxima em situações de transiente no duto de 1602 psig. No ponto de ruptura, o topo do oleoduto era enterrado a cerca de 3m da superfície. Cerca de 6 m para o sul, uma linha de 72” da ETA cruzava o oleoduto. Duas outras linhas da ETA, de 24” e 16”, se juntavam cerca de 2,5 m para o sul do ponto de ruptura. Próximo a este ponto havia um grande bloco de ancoragem de concreto. Um tubo de PVC de 12” da ETA cruzava o oleoduto cerca de 3m ao norte do ponto de ruptura. 29 O exame de laboratório revelou 33 cavas na superfície externa do tubo, sendo 30 no trecho que sofreu a ruptura (norte), quase todas na parte superior do tubo. A figura a seguir mostra apenas as principais. Exame do Trecho com a Ruptura Continha no topo superior uma fratura de 27” (longitudinal) por 7” (transversal), que se originou numa cava externa longitudinal de 8,5” de comprimento e que reduziu a parede do tubo em cerca de 20%. Não havia evidência de deformação interna correspondente a esta cava. A superfície da cava revelava um fluxo de metal consistente com um objeto que se movia para o norte, em relação ao tubo. A fratura interceptava outras 2 cavas de orientação mais transversal, de 4,5” e 5” de comprimento, uma delas com uma redução de 26% na espessura do tubo, que apresentavam deformação interna. Essas 3 cavas eram conectadas e seguiam o contorno da fratura, e representavam a maior parte do seu perímetro. Existiam outras 27 cavas, a maior com 36” de comprimento, muitas delas com deformação interna do tubo. Não foram encontradas na origem da fratura anomalias metalúrgicas, tais como inclusões de escória ou laminações. O aspecto da fratura indicava que ela se deu por tensão excessiva e ocorreu em um só evento, pois não foram encontradas as marcas típicas de fratura por fadiga. Não havia evidência de reparos no revestimento externo. 30 Foram retirados 3 amostras do trecho com a ruptura para análise. A tensão de ruptura, a tensão de escoamento, a elongação e a composição química foram testadas e estavam dentro da especificação do aço usado no oleoduto. 7” 27” Exame do Segundo Trecho O segundo trecho de tubo retirado do oleoduto foi examinado para avaliar todas as anomalias identificadas em inspeções internas anteriores. Foram identificadas 3 cavas com deformações internas correspondentes, localizadas na metade inferior do tubo, a maior delas com 0,69” a partir da parede do tubo, localizada a cerca de 3,5 m ao sul da origem da fratura do trecho rompido. 31 Outros Exames Foram colhidas amostras de material encontrado em várias das cavas para comparação com duas amostras de concreto e uma amostra do material de enchimento (MDC) das escavações de 1993 e 1994 para ampliação da ETA. O material colhido nas cavas do trecho que não rompeu era consistente com o MDC. O exame de uma secção do tubo através da cava na origem da ruptura revelou que um metal tinha sido transferido para a superfície do duto. A composição química do metal transferido foi considerada consistente com aço de alto teor de cromo, que é usado tipicamente em equipamento de escavação, como por exemplo, nos dentes da caçamba de retro-escavadeiras. Simulação hidráulica feita após o incidente indicou que, quando o oleoduto rompeu, a pressão no ponto de ruptura atingiu 1433 psig, o que é menor que a PMOA (1456 psig) do trecho rompido. Como o material do tubo atendia as especificações originais o NTSB concluiu que se o duto não tivesse sido enfraquecido pelo dano externo o acidente não teria acontecido. SCADA No dia do acidente não houve problemas com o sistema de comunicação do SCADA. Algumas telas referentes ao Terminal de Bayview ainda estavam sendo desenvolvidas e não eram disponíveis, apesar do terminal já estar operando por 6 meses. Uma delas era a tela de tendência de pressão em Bayview. Para ver esta informação o controlador teria que criar uma tela customizada. A variação no tempo de varredura foi a única anormalidade de desempenho que o NTSB encontrou no SCADA. Nenhum registro de eventos e de erros do SCADA mostrava algum dado que indicasse que o sistema tivesse problemas em completar as suas tarefas. Em cada dia, a base de dados histórica do SCADA da OPL registra mais de 102 mil informações colhidas repetidamente de centenas de sensores físicos distribuídos ao longo das instalações do oleoduto. O NTSB reconstruiu a variação do tempo de varredura com base no arquivo dessa base de dados gerado no dia do incidente. 32 Os novos registros introduzidos na base de dados, por um “administrador” sem o treinamento necessário, não foram imediatamente reconhecidos como a fonte dos problemas dos computadores do SCADA. Como estes espelhavam um ao outro, os dois computadores OLY01 e OLY02 foram contaminados pelo erro. Como resultado esses computadores foram parados e partidos por diversas vezes, o que essencialmente “cegou” os controladores em relação aos eventos em tempo real que estavam acontecendo no oleoduto e os fizeram suspeitar de alarmes e dados que ocorreram antes, durante e imediatamente após a ruptura. Os impactos dos problemas nos computadores, das 15:10h quando foram emitidos os primeiros alarmes até as 16:04h quando ambos os computadores do SCADA foram ligados, foram: Aumento substancial do tempo de varredura que passou de 3 segundos para mais de 3 minutos, resultando em resposta vagarosa ou nenhuma resposta aos comandos dos controladores; Perda de integridade da base de dados histórica comum aos dois computadores quando um deles estava desligado; Período de cerca de 10 minutos imediatamente após a ruptura com os dois computadores desligados; Neutralização do SDV, pois este requeria 15 minutos de dados após o reinício do SCADA para executar a simulação. O NTSB concluiu que o mau desempenho do SCADA observado no dia do incidente provavelmente resultou do trabalho de desenvolvimento da base de dados que foi feito no SCADA nesse dia. Ainda, o NTSB concluiu que se estes trabalhos fossem feitos e completamente testados em um sistema off-line, os erros poderiam ser identificados e reparados sem afetar as operações do oleoduto conduzidas pelo sistema on-line e que era recomendável que, nesse sentido, fosse emitido aviso a todos os operadores de dutos que utilizassem SCADA em suas operações. Os impactos observados impediram o controle do transiente de pressão iniciado com a mudança de ponto de entrega do oleoduto, o que eventualmente causou o bloqueio do 33 Terminal de Bayview gerando um pico de pressão (~1500 psig) que acabou por romper o oleoduto, de forma brusca e sem sinais de fadiga que poderia ter existido pelos repetidos bloqueios do terminal desde que entrou em operação. O NTSB concluiu que se os computadores do SCADA não parassem de responder aos comandos o controlador provavelmente seria capaz de iniciar ações que evitariam o pico de pressão que rompeu o duto. Apesar de o SCADA permitir controlar diversos usuários simultâneos, cada um com uma senha e recursos específicos, onde só poderiam rodar programas ou ver arquivos associados com a sua senha, todos os controladores da OPL usavam apenas uma senha. Desse modo, todos tinham privilégio de administradores do sistema e, portanto, podiam manipular ou apagar qualquer arquivo. Em sua investigação, o NTSB detectou a falta de 10 arquivos gerados no dia do incidente. Nenhum empregado da OPL soube explicar esse fato. Estes arquivos não continham informações do oleoduto e tinham somente dados referentes à partida e desligamento de computadores e dos recursos alocados. Todos os computadores do CCO estavam interligados entre si. Os computadores do SCADA tinham porta para acesso discado por quem tivesse uma conta e senha. Havia conexão dessa rede à rede administrativa da OPL, através de equipamento que oferecia proteção contra falhas de rede e alguma proteção contra intrusões. Não tinha proteção contra vírus nem monitoramento de acesso. O registro de segurança do SCADA não tinha evidências de acessos não autorizados no dia do incidente. Não foi encontrado erro nas investigações que foram feitas, após o incidente, pelo fabricante e OPL para verificar se o programa do SCADA continha erros que pudessem causar a situação de falta de resposta observada. Apesar de uma variedade de erros terem sido introduzidos por diversas vezes na base de dados não se conseguiu repetir o problema observado no dia do incidente. A capacidade de processamento e a quantidade memória dos computadores do SCADA foram avaliadas. A investigação mostrou que, com o SDV acessando a base de dados do SCADA, eram usados entre 75% e 80% dos recursos das máquinas. O NTSB, pelos diversos problemas observados, também concluiu que a OPL não gerenciou adequadamente o desenvolvimento, a implementação e a proteção de seu SCADA. Escavações no Interior da ETA Em 1993 e 1994 foram feitas diversas escavações mecanizadas no interior da ETA para permitir a implantação de modificações na instalação, próximo ao trecho relocado do oleoduto de 16”. A OPL, atendendo o serviço One-Call, obrigatório desde 1990 por legislação estadual, deu informações da locação do oleoduto à firma projetista e atendeu diversas chamadas OneCall da construtora IMCO para localizar fisicamente o seu duto e acompanhar o serviço. O duto foi localizado pela prefeitura e sua profundidade determinada por sondagem e escavação manual localizada (pot-hole) em 3 pontos, com representantes da OPL presentes. Do mesmo modo, a prefeitura localizou as tubulações enterradas da ETA em duas ocasiões, também com representantes da OPL presentes. Em todas as outras em vezes que foi chamada a OPL enviou um representante ao local. Ainda, seus inspetores fizeram visitas não 34 programadas ao canteiro em diversas ocasiões. O projeto das instalações da ETA foi aprovado pela OPL, que forneceu aos contratados da prefeitura os requisitos para a execução das obras que previa que a OPL fosse chamada com 48 h de antecedência quando qualquer escavação fosse feita nas proximidades do oleoduto. A OPL foi contatada, não colocando objeções, sobre a colocação de material de densidade controlada (MDC) sobre seu oleoduto no enchimento de algumas escavações. O que foi feito em Maio/1994. Entretanto, uma modificação de projeto de uma nova linha de descarga para a estação de bombas da ETA, que levou à instalação de um T para ligação com uma linha existente da ETA exatamente sobre o oleoduto, não foi levada a conhecimento da OPL. A escavação foi feita sem o conhecimento da OPL. Ficou aberta por mais de uma semana. Nesse período, o inspetor das OPL esteve no local da obra, mas não verificou as condições do duto nessa escavação. Projeto Instalado Houve mais 3 escavações nessa região, uma para realinhamento da haste de acionamento de válvula ligada ao T e duas para cruzamentos de dutos da ETA com o oleoduto, sem que a OPL fosse avisada. Ainda, o NTSB colheu dois testemunhos de que dutos foram atingidos durante as escavações por retro-escavadeiras e tiveram seu revestimento externo reparado. Um que não pode ser confirmado, de um eletricista subcontratado da IMCO que afirmou que o duto atingido era o oleoduto da OPL, quando da escavação para realinhamento da haste de acionamento da válvula ligada ao T a cerca de 3 metros do ponto de ruptura do oleoduto, e outro de um empregado da IMCO que o duto atingido era um duto da ETA. Em seu relatório o NTSB desconsiderou que as sondagens feitas pela prefeitura para a localização do oleoduto o tivessem danificado, conforme alegado pela IMCO, pelos danos apresentados pelo duto. Também, alegou que mesmo que o testemunho de que o oleoduto tinha sido atingido, mesmo que fosse confirmado, não explicaria a extensão dos danos observados. Como as anomalias indicadas pela inspeção interna de 1996 não foram encontradas na inspeção de 1991, como nas cavas foi encontrado metal com alto teor de cromo, característico 35 do usado nos dentes da caçamba de retro-escavadeiras, como foram encontrados restos do material de enchimento das escavações (MDC) nas cavas, o que indica que elas já existiam quando do reenchimento das escavações com esse material e como as únicas escavações na região de ruptura nesse período sem supervisão da OPL foram as decorrentes das mudanças de projeto de 1994, o NTSB concluiu que os danos encontrados no local da ruptura ocorreram por severo contato de equipamento mecanizado de escavação da IMCO com o oleoduto, nas diversas ocasiões em que o oleoduto foi exposto para a realização desses serviços. Também, concluiu que a OPL, pela sua postura passiva, não monitorou convenientemente as escavações da IMCO e consequentemente falhou em identificar e reparar os danos causados ao seu oleoduto. Inspeções do Oleoduto Em 1991 e 1996, dentro do seu programa de inspeção rotineiro, a OPL inspecionou com pig instrumentado, desde Ferndale até Allen, o oleoduto de 16” que atravessa Bellingham. Em 1997, para atender uma exigência do Washington Department of Ecology (WDOE), em função de um vazamento que ocorreu no oleoduto de 20” por curvamento excessivo (buckle), o oleoduto de 16” foi submetido a uma inspeção com pig calibrador, com o objetivo de detectar este tipo de defeito. Os resultados dessas inspeções para o trecho no interior da ETA mostraram: 1991 Nenhuma anomalia detectada 1996 Encontradas as seguintes anomalias: Possível enrugamento, cerca de 1 metro ao norte do ponto de ruptura; Possível defeito mecânico/fabricação com 23% de perda de espessura da parede, cerca de 4 metros ao sul do ponto de ruptura; Possível amassamento, no mesmo local. Essas anomalias foram avaliadas e consideradas sem risco dentro dos critérios de reparo adotados pela OPL e não foram escavadas para verificação ou reparo. 1997 Encontrada redução de 0,45” no diâmetro, próximo ao ponto de ruptura. Escavação de verificação inicialmente programada junto ao WDOE para Maio/1997. Após visita ao local foi postergada devido ao terreno estar molhado. Em uma reavaliação posterior, feita por um assistente de engenharia, antigo controlador que tinha um curso incompleto de engenharia, a escavação foi considerada desnecessária. A reavaliação foi revista com o vice-presidente de operações da OPL, Frank Hopf Jr, que cancelou a escavação e a inspeção visual do defeito. Este fato não foi informado ao WDOE que por sua vez nunca cobrou o resultado da escavação programada. Uma revisão feita por especialista da OPS, posteriormente ao incidente, detectou que as duas ultimas anomalias indicadas pela inspeção de 1996 estavam presentes na massa de dados colhidos pela firma inspetora em 1997, que provavelmente não as identificou pela escala usada na análise dos dados (1”/250 pés). 36 O NTSB concluiu que os resultados dessas inspeções, associados ao conhecimento da OPL sobre as escavações que ocorreram em 1993 e 1994, eram suficientes para justificar a escavação de verificação e o exame do oleoduto na área das anomalias reportadas, mas a OPL não o fez e, portanto não identificou a verdadeira extensão dos danos ao oleoduto. Terminal de Bayview As linhas internas do Terminal, de recebimento e sucção das bombas boosters, eram ANSI Classe 300 (PMOA 740 psig). Como a pressão nos oleodutos de 16" superava este valor, o Terminal foi dotado de um sistema contra sobrepressão, idêntico para os dois oleodutos: CV ajustada em 600 psig RV ajustada em 700 psig com descarga para tanque de alívio Fechamento automático das MV's de entrada em 60 seg., no caso da pressão superar 700 psig O esquema a seguir mostra o sistema para o oleoduto de 16”: Proteção adicional contra sobrepressão era dada pelo desligamento automático das bombas da EB de Ferndale quando a pressão de descarga atingisse 1400 psig. Um estudo da operação do oleoduto em regime transiente foi feito em 1991. Não foi refeito para avaliar os efeitos da entrada em operação do Terminal em 1998. O tratamento de operações anormais do manual de operação dos oleodutos não foi revisto quando da entrada em operação do Terminal. Apenas dados da instalação foram acrescentados ao manual. Não houve treinamento estruturado ou formal para os controladores quando o Terminal entrou em operação. Eles estavam se adaptando à nova situação em um processo de tentativa e erro. Devido à proximidade do Terminal e a EB de Allen, o tempo que os operadores tinham para responder a transientes nos oleodutos antes da atuação do sistema de proteção era muito reduzido, o que ocasionou diversos bloqueios do Terminal. Esta situação foi reportada pelos controladores à gerência, por diversas vezes, não sendo tomada nenhuma providência. Mesmo assim, 6 meses após a entrada em operação da instalação ainda estava sendo desenvolvida a tela do gráfico de tendência de pressão no Terminal. A investigação do NTSB revelou que a causa desses bloqueios freqüentes era o funcionamento errático da RV, como demonstraram os testes após o incidente, que não 37 operava de acordo com o projeto, como resultado de uma série de erros ou omissões envolvendo os processos de compra, controle de qualidade, projeto, operação, manutenção, comissionamento e decisões gerenciais na instalação do Terminal de Bayview e sua integração ao oleoduto. O NTSB também identificou problemas com a CV, que não afetaram o acidente. O NTSB concluiu que se a OPL tivesse investigado a falha da RV em operar consistentemente e evitar o fechamento da MV, teria descoberto que a RV estava impropriamente configurada, teria tomado providências para corrigir esta condição e teria evitado o pico de pressão que rompeu o oleoduto. Desde a partida do Terminal em 17/Dezembro/1998 até 12/Maio/1999, as MV's atuaram 35 vezes. Nesta data o set da RV foi alterado para 650 psig numa tentativa de resolver o problema. Após este reajuste, as MV's atuaram mais seis vezes até 10/Junho/1999. Em 13 desses 41 eventos a pressão nos oleodutos a montante do Terminal superou 1000 psig, com um máximo de 1339 psig. Apesar do manual de operação da OPL atender os regulamentos por prever os procedimentos para a análise de qualquer operação anormal, a OPL não documentou estes bloqueios por considerar que as válvulas estavam operando como previsto no projeto da instalação, esquecendo que a condição anormal era a pressão alta em Bayview e que era o sistema de segurança que estava atuando, pois o terminal não deveria ser bloqueado em operações rotineiras de troca de pontos de entrega, como aconteceu no dia do incidente. O NTSB determinou em sua análise que a OPL não: (1) Testou o desempenho de todos os dispositivos de segurança do terminal em condições próximas da operação real antes do comissionamento das instalações; (2) Respondeu de maneira efetiva e apropriada quando tomou conhecimento dos problemas das RV’s e CV’s; (3) Investigou e corrigiu as condições que levaram a repetidos bloqueios do terminal que resultaram em picos de pressão no oleoduto; (4) Desenvolveu procedimento para uso dos controladores para enfrentar os desafios operacionais adicionais trazidos pela nova instalação. Dessa forma, o NTSB concluiu que a OPL não gerenciou efetivamente a construção e ativação do Terminal de Bayview. O NTSB notou que os regulamentos federais não tinham orientação adequada para os protocolos e procedimentos de teste para garantir que válvulas de alívio e outros dispositivos de segurança sejam testados em condições próximas da operação real do oleoduto e, por estar preocupado que outros operadores não estivessem fazendo os testes, de comissionamento e anuais, destes dispositivos de maneira adequada, recomendou que regulamento com estas orientações fosse desenvolvido e emitido pela Research and Special Programs Administration. Resposta a Emergência O NTSB concluiu que o BFD, o BPD e o Public Works Department da cidade de Bellingham responderam prontamente aos avisos de odores de gasolina, elevaram a categoria do incidente, providenciaram a evacuação e preveniram o acesso à área afetada. Também, considerou que as outras agências locais e das agências estaduais e federais responderam prontamente ao incêndio e aos danos ambientais resultantes. Ainda, concluiu que o sistema de comando do incidente foi implementado e gerenciado efetivamente. 38 Fiscalização do OPS O NTSB apontou que a fiscalização do OPS, entre 15 e 19/Março/1999, não encontrou a ocorrência de operações anormais nos registros da OPL, tais como os bloqueios observados no Terminal de Bayview, e que também não identificou que o teste das válvulas RV do sistema de proteção do terminal não foi realizado sob condições próximas das operacionais, como exigido pelos regulamentos. Causas Prováveis O relatório oficial do NTSB, emitido em 8/Outubro/2002, concluiu que o conjunto de causas prováveis do incidente foi: (1) Dano causado ao oleoduto pela IMCO General Construction, Inc., pela mudança de projeto de 1994 na ampliação da ETA e a inadequada inspeção pela OPL dos trabalhos da construtora durante a obra; (2) Incorreta avaliação pela OPL dos resultados das inspeções internas efetuadas que levaram à decisão de não escavar e examinar o trecho do oleoduto danificado; (3) Falha da OPL em testar, em condições próximas das encontradas na operação, todos os dispositivos de segurança associados com o Terminal de Bayview antes da sua entrada em operação; (4) Falha da OPL em investigar e corrigir as condições que levaram ao repetido fechamento, não intencional, da válvula de bloqueio na entrada do terminal; (5) Prática da OPL em realizar desenvolvimento de base de dados no SCADA durante seu uso na operação do oleoduto, o que levou ao sistema a ficar não responsivo em um instante crítico durante as operações do oleoduto. Recomendações do NTSB Nesse relatório o NTSB fez as seguintes recomendações de segurança para a Research and Special Programs Administration: (1) Desenvolver e emitir orientações para os operadores de dutos nos procedimentos de teste que possam ser usados para: (a) Aproximar as condições de operação reais durante o comissionamento de uma nova estação de bombeamento ou instalação de nova válvula de alívio; (b) Determinar, durante os testes anuais, se uma válvula de alívio está funcionando de maneira adequada; Recomendação atendida em 4 Agosto 2005 (34 meses após o relatório), pelo ADB–05–05: Pipeline Safety Advisory Bulletin; Inspecting and Testing Pilot-Operated Pressure Relief Valves. (2) Emitir um boletim de aviso a todos os operadores de dutos que usem SCADA para que implantem uma estação de trabalho off-line para uso em modificações da base de dados de seu sistema ou realizar trabalhos de desenvolvimento e testes de forma independente do sistema on-line. Avisar os operadores para usar o sistema off-line, antes que qualquer modificação seja executada, para garantir que estas modificações estejam livres de erros e não criem problemas aos controladores responsáveis pela operação do duto. Recomendação atendida em 23 Dezembro 2003 (14 meses após o relatório), pelo ADB-03-09: Pipeline Safety: Potential Service Disruptions in Supervisory Control and Data Acquisition Systems. 39 AÇÕES DA PREFEITURA O prefeito Mark Asmundson estava de férias na Rússia e retornou a Bellingham em 14/Junho/1999. Neste mesmo dia reuniu-se com sua equipe e com representantes das agências envolvidas na limpeza e investigação do acidente. Foi verificado que a licença da prefeitura para o oleoduto estava vencida, o que deu à prefeitura força na negociação com a OPL que queria reparar o oleoduto e reiniciar sua operação o mais rápido possível. Em reunião do prefeito com o conselho municipal foi decidido: Por força da licença vencida, não permitir que a OPL reparasse o oleoduto sem restituição e acordo que protegesse os interesses da cidade; Contratar firma de advocacia para representar os interesses da cidade; Contratar especialistas em engenharia de oleoduto para orientar os técnicos da cidade; Solicitar que a OPL incorporasse na operação de seu oleoduto o gerenciamento do processo de segurança; Solicitar a ajuda e o suporte das agências estaduais e federais para descobrir o que deu errado e prevenir que acontecesse de novo. Em 9/Setembro/1999, após negociações com a OPL, foi aprovado pelo conselho municipal a assinatura de acordo entre a prefeitura e a OPL. Nessa reunião, após a apresentação inicial do prefeito e do presidente da OPL, foi realizada extensa discussão do assunto com participação do prefeito, vice-prefeito, membros do conselho, advogado e especialista, contratados pela prefeitura, e de moradores da cidade. O acordo era constituído por três documentos, resultado do trabalho conjunto de representantes da prefeitura e OPL: Pipeline Safety Immediate Action Plan: incluía todas as recomendações dos engenheiros da prefeitura e não foi negociado. Previa o teste hidrostático de todo o oleoduto no trecho de 16 km dentro do perímetro da cidade, em condições mais rigorosas que o regulamento federal, e modificação do sistema da OPL que garantisse que a pressão ficasse limitada ao limite do regulamento federal, após realização de estudo de operação em regime transiente; License Agreement: continha as bases para a emissão da licença temporária de curto prazo. Era baseado na licença anterior nos assuntos administrativos, mas continha novas exigências, tais como condições de cancelamento da licença na ocorrência de vazamentos, seguro e indenização; Master Agreement: previa a avaliação da OPL de rota alternativa ao redor da cidade, o cometimento da OPL em utilizá-la se isto fosse viável, indenização pela OPL das despesas da prefeitura decorrentes do acordo, a apresentação de relatórios além dos exigidos pelos regulamentos federais e que a licença temporária iria até Maio/2000. A OPL estava desmotivada pela CAO da RSPA e pela ocorrência do rompimento do duto durante o teste hidrostático em Setembro/1999, que provocou uma emenda para a CAO com novas exigências a serem atendidas para o duto entrar em operação. Em 6/Dezembro/1999, após duras negociações com a OPL, o conselho municipal aprovou a licença temporária, até 4/Maio/2000, somente após a mesma ter concordado com um plano de segurança que previa as ações que ela teria que realizar antes que a operação do oleoduto rompido pudesse ser reiniciada com pressão mais reduzida: Teste das válvulas existentes e instalação de novas válvulas; Teste hidrostático do oleoduto; Teste e modificação dos computadores; 40 Instalação de sistema de detecção de vazamento adicional, capaz de detectar grandes vazamentos mesmo se o SCADA não estivesse operando; Inspeção interna do oleoduto em 6 meses, no máximo, após a entrada em operação; Escavações e reparo em função dos resultados da inspeção interna; Auditoria gerencial a ser feita por firma independente. Continuaram as discussões entre as partes. O prazo de validade da licença temporária foi prorrogado em diversas ocasiões. A OPL vinha dificultando as negociações. Em 1/Julho/2000 a BP-AMOCO assumiu a operação da OPL, sendo registrada uma mudança de postura para melhor. Entretanto, isto ocasionou atrasos na negociação, para que a BP-AMOCO se familiarizasse com os procedimentos, equipamentos e operação do oleoduto. Em 27/Agosto/2001, foi submetida a primeira minuta da nova licença ao conselho municipal. Após a revisão do conselho foram feitas alterações em função dos comentários e dúvidas por ele apresentadas, com novas negociações com a OPL. Em 5/Novembro/2001, o conselho aprovou a versão final da nova licença para a OPL. Os pontos principais da nova licença eram: Prazo de 10 anos em vez de 20 anos como na anterior; Estabelecia o padrão de qualquer construção pela OPL; Exigia receber desenhos atualizados da locação do oleoduto; Previa acesso pela prefeitura aos dados de quaisquer testes e inspeções feitos pela OPL; Estabelecia a revisão por firma independente dos planos de emergência, dos procedimentos operacionais, da prontidão da OPL e da investigação de vazamentos; Requeria um seguro de US$ 100 milhões; Fixava o valor anual da licença em US$ 50 mil em vez dos US$ 500 da licença anterior; Requeria que a prefeitura iria examinar qualquer novo operador da OPL, para o que a prefeitura iria receber U$ 25 mil para custear esta análise; Fixava um acordo em que eram previstos diversos aspectos técnicos e de segurança do oleoduto. John Watts, membro do conselho: The City is not in a position to usurp the authority of the Office of Pipeline Safety or any of the federal regulations, but we've gotten as close to that as humanly possible and have achieved the best quality of protection that is reasonably possible. Leslie Langdon, presidenta do conselho: This is the long term franchise that Council has been working on for three years. Immediately following the pipeline explosion, the City hired the best experts in the fields of pipeline engineering and law. Throughout this process, the City negotiated and made significant changes and strides forward, not only for our own franchise, but in state law and in pursuing tighter laws and controls in federal regulations for the Office of Pipeline Safety in regulating the pipeline industry. Na ocasião foi lembrado que quatro leis sobre a segurança de dutos estavam em discussão no Congresso e foram elogiados de público os esforços dos membros do SAFE Bellingham, organização formada por um grupo de moradores da cidade, uma semana depois do incidente, para assegurar que o regato fosse restaurado, que a OPL fosse considerada responsável pelo incidente e que ações fossem tomadas para mitigar futuros incidentes. Essa organização atuou a nível local, estadual e federal, montando uma coalizão de comunidades que tinham tido acidentes em oleodutos ou gasodutos para promover as mudanças nos regulamentos federais da segurança operacional de dutos e minutando proposta para a criação de um comitê para monitorar a segurança dos dutos em cada estado. 41 AÇÕES DO GOVERNO DO ESTADO Em 17/Junho/1999, Gary Locke, governador de Estado de Washington, visitou o local do incidente e manteve contato com as autoridades locais e representantes das agências que atuavam na resposta ao incidente. Nessa visita, anunciou a criação de uma força tarefa, Fuel Accident Prevention and Response Team (FAPRT), para avaliar a situação corrente da construção, operação e manutenção de instalações que movimentavam combustíveis no estado e fazer recomendações se necessário, com prazo até o final do ano. Solicitou especificamente: Verificar as responsabilidades federais e estaduais na indústria de transporte e armazenamento de combustíveis e determinar eventuais lacunas que deveriam ser preenchidas; Determinar a necessidade de atualização dos planos locais de primeira resposta a incidentes; Avaliar a montagem de equipes de comando de incidentes regionais que poderiam estar no local atingido em poucas horas para dar suporte às autoridades locais; Avaliar os custos das mudanças propostas e determinar as fontes que cobririam esses custos. A FAPRT foi coordenada por Carol Jolly, do Executive Policy Office e teve a participação de: Mark Asmundson, prefeito de Bellingham; Mary Corso, State Fire Marshall; Dave Hanson, Whatcom County Fire Commissioner ; Rick Mattoon, Washington Utilities and Transport Commission (WUTC); Bill Hinkle, Kittitas County Commissioner; Joe Stohr, WDOE; Glen Woodbury, DEM; Em Outubro 1999, o OPS e o WUTC iniciaram completa inspeção conjunta de todos os oleodutos e gasodutos do Estado de Washington. Neste mesmo mês, a presidente da WUTC, Marilyn Showalter, foi nomeada como membro, por três anos, do Technical Hazardous Liquids Pipeline Safety Standards Committee, comitê que assistia o OPS na análise de propostas de regulamentos de segurança, análises de risco e políticas de segurança de oleodutos e gasodutos, com representantes do governo, indústria e público. A FAPRT emitiu um relatório em Dezembro/1999, previamente discutido em reuniões, onde o público podia se manifestar, com diversas comunidades do estado atravessadas por oleodutos e gasodutos, que recomendou mudanças nas leis e regulamentos a nível federal, estadual e local e nos procedimentos dos operadores de dutos no estado. Destacam-se as seguintes metas que o estado deveria perseguir: Regulamentação federal que permitisse aos estados regular as partes de dutos interestaduais dentro de suas fronteiras, com padrões mais restritos que os do OPS; 42 Legislação federal que garantisse aos estados receber maior suporte pecuniário do OPS; Mudanças no ramo executivo estadual e novas leis estaduais que reforçassem a segurança dos dutos. Com base no relatório é proposta uma revisão da legislação estadual que foi aprovada pelo governador em 28/Março/2000, sob o nome de Washington State Pipeline Safety Act. Esta lei estabeleceu um programa estadual para melhoria da segurança operacional de dutos que previa, entre outras: Estabelecimento pela WUTC de nova regulamentação; Prestação de assistência técnica pela WUTC aos governos locais; Criação do Washington State Citizens Committee on Pipeline Safety (CCPS); Aumento da penalidade por deixar de contatar o sistema One-Call antes de realizar escavações; O Municipal Research Council do estado deveria, até 30/Junho/2001, desenvolver e atualizar periodicamente, para uso dos governos locais: o Modelo de legislação que estabelecesse os afastamentos e profundidades de enterramento para novos oleodutos e gasodutos; o Modelo de licença para a instalação de novos oleodutos e gasodutos e renovação de licenças existentes. O CCPS seria constituído por nove membros com direito a voto, representando o público, prefeituras e agências do governo. Teria também, quatro membros sem direito a voto representando os proprietários e operadores de dutos do estado. Seus membros foram nomeados pelo governador em Agosto/2000. As metas principais do CCPS eram: Melhorar a segurança dos dutos no estado; Aumentar o conhecimento do público sobre segurança dos dutos; Reportar anualmente ao governador, ao legislativo estadual e aos governos locais; Rever os assuntos referentes aos dutos trabalhando em conjunto com a WUTC e o WDOE; Comentar propostas de leis e regulamentos sobre dutos; Interagir com prefeituras, condados, organizações de cidadãos e com companhias operadoras de dutos. Em 8/Junho/2000, é anunciado acordo, entre o OPS e Estado de Washington, para que o estado passasse a inspecionar, segundo as regras da regulamentação federal, os dutos interestaduais dentro do estado que anteriormente só eram inspecionados pelo OPS. A regulamentação desses dutos pelo estado não foi alcançada. Em Setembro/2000, a RSPA encaminhou ao governador o documento "Washington State Pipeline Inspection and Integrity Review: Summary of Preliminary Findings" em que foram apresentados os resultados da inspeção conjunta do OPS e da WUTC dos dutos interestaduais (cerca de 2500 milhas) que atravessavam o estado, realizada entre Outubro/1999 e Abril/2000, inclusive dos dutos da OPL. Nessa época o WUTC estava finalizando a inspeção das 94 milhas de dutos intraestaduais. A inspeção mostrou que, embora os operadores desses dutos estivessem cumprindo a maior parte dos regulamentos de segurança de dutos, foram identificadas situações em não estavam executando atividades em completo atendimento a estes regulamentos. A RSPA alertou que se essas situações, apesar de não apresentarem riscos imediatos à segurança, não fossem 43 corrigidas poderiam ameaçar a integridade dos dutos e sua operação segura, e que iria tomar as medidas necessárias de acordo com a gravidade de cada situação junto aos operadores. Entre 18 a 22/Junho/2001, a WUTC realizou a primeira inspeção do oleoduto de 14” da OPL, de Renton até a fronteira do Oregon (trecho sul), usando os regulamentos federais, que gerou duas recomendações para prováveis violações desses regulamentos, uma recomendação quanto ao período entre inspeções, vários pontos de preocupação e algumas observações sobre disponibilidade de documentação: Recomendações: OPL deve treinar seus empregados e contratados que fazem inspeções na faixa. O treinamento deve incluir instruções para que sejam verificadas atividades que possam afetar a segurança operacional do oleoduto, tais como deslizamentos de terra, vazamentos de produto ou escavações; Os empregados da OPL e seus contratados devem seguir o plano escrito de operação e manutenção para inspecionar e manter os extintores de incêndio mensalmente. Devem ser treinados nos procedimentos de manual específico; Inspecionar cada uma das secções (norte, sul e Oregon) do sistema da OPL a cada dois anos. Pontos de preocupação: Identificado problema de comunicação de gerenciamento de mudança no qual a gerência não forneceu a informação correta da pressão de ajuste de uma bomba auxiliar ao pessoal que iria fazer a calibração; Faixa com vegetação que dificultava acesso a válvulas e retificadores; OPL revisando manuais de operação e manutenção, devido mudança de operador da Equilon para a BP-AMOCO em Julho/2000, ainda não ajustados ao novo processo de gerenciamento das operações. Foi solicitado que a nova versão estivesse pronta e disponível nos pontos de trabalho na próxima inspeção; Suportes provisórios de madeira na EB de Renton; Mostrava a indefinição se as linhas laterais do oleoduto deveriam ser classificadas como interestaduais (regulamentos federais) ou intraestaduais (regulamentos estaduais); Observações sobre disponibilidade de documentação: Não foi verificada a lista corrente de escavadores que trabalham nas proximidades do oleoduto mantidas em escritório em Tulsa, OK; Não foram verificados os registros de qualificação de soldadores e resultados de testes destrutivos, mantidos em escritório em Chicago, IL; Não foram verificados os arquivos de projeto de remediação de deslizamento por não estarem disponíveis; Não foram verificados os registros de avaliação anual de desempenho do pessoal, cujo processo estava em transição para os procedimentos da BP. Em Junho/2002, o WDOE aplicou multas de US$ 7,86 milhões por danos ambientais ao Whatcom Creek, tanto à OPL quanto à Shell Pipeline, sucessora da Equilon. A intenção inicial era de multar a IMCO em valor similar, o que não foi feito por falta de evidências físicas, apesar da investigação da NTSB ter concluído nesse sentido, pois as retro-escavadeiras usadas em 1993/1994 não mais existiam. 44 AÇÕES DO ÓRGÃO REGULADOR A limitação de recursos humanos do OPS levou este órgão a considerar o Estado de Washington como não prioritário, pela pequena densidade de dutos sob sua responsabilidade que ele apresentava em relação ao restante do país. Os inspetores do OPS mais próximos, estavam baseados no Alaska e Colorado, a centenas de milhas de distância, e não viviam a realidade da indústria local. Esta situação se alterou em virtude do incidente com o duto da OPL, pela repercussão que ele teve na opinião pública. Em 11/Junho/1999, o OPS enviou 4 investigadores à Bellingham, para dar assistência à resposta, identificar qualquer violações aos regulamentos de segurança de oleodutos e colaborar com o NTSB na investigação do incidente. Em 18/Junho/1999, como uma primeira satisfação à opinião pública devido à repercussão do incidente na mídia, com base apenas nas informações preliminares, a RSPA apressadamente emitiu uma ordem de ação corretiva (CAO) para a OPL. A CAO requeria que fossem executados testes e avaliações no segmento Ferndale até Allen do oleoduto de 16”, fora de operação, fosse limitada a pressão de operação em 80% da PMOA no restante desse oleoduto, bem como providenciasse melhorias em seu sistema (novas válvulas e SCADA) antes do oleoduto retornar à operação. A CAO tinha diversos erros tais como a hora do acidente, o proprietário da OPL, a descrição incompleta do sistema da OPL e que a OPL tinha providenciado meios alternativos de transporte quando na realidade isto fora feito pelas refinarias afetadas, erros que não invalidam o mérito do documento, mas demonstram a maneira apressada com que foi produzido e que a base de dados da RSPA sobre os sistemas por ela fiscalizados deixava a desejar. Em 7/Julho/1999, a RSPA emitiu uma notificação de alerta com respeito os problemas potenciais de SCADA a toda a indústria, em função das descobertas dos problemas do SCADA da OPL e da verificação de problemas similares em sistema de outras companhias. Em 23/Julho/1999, a RSPA contratou um especialista reconhecido nacionalmente para analisar, de forma independente, os registros das inspeções internas de 1996 e 1997 realizadas pela OPL no segmento Ferndale até Allen do oleoduto de 16”. Esse especialista também 45 analisou os resultados de todas as inspeções internas posteriores feitas pela OPL para atender a CAO. As exigências da CAO foram ampliadas em três oportunidades em função das descobertas da investigação em curso que afetavam a segurança do sistema da OPL e de resultados de testes efetuados, que eram amplamente divulgadas pela mídia, após as entrevistas coletivas dadas pelos investigadores do NTSB. Em 10/Agosto/1999, foi emitida a primeira emenda da CAO, corrigindo os erros citados e com novos itens que requeriam que a OPL: Reportasse qualquer anomalia no SCADA por um ano; Desenvolvesse em 3 meses programa de treinamento para os seus controladores, específico para o sistema SCADA em uso e que revisse a qualificação de cada controlador em executar o trabalho; Realizasse uma revisão do projeto do segmento Ferndale até Allen do oleoduto de 16” para assegurar que os dispositivos de proteção tirariam o segmento de operação dentro de parâmetros aplicáveis, depois de realizar análise do pior caso de regime transiente, testasse a operação confiável todas as válvulas de alívio e realizasse uma revisão do projeto do Terminal de Bayview; Escavasse e examinasse qualquer anomalia identificada na parte superior do tubo que fosse identificada por dispositivos de inspeção interna e tomasse as providências necessárias para a sua remediação; Considerasse a possibilidade de corrosão interna quando da revisão dos resultados da inspeção interna (havia suspeita de que o uso pela refinaria da ARCO em Cherry Point de cloreto de cálcio para retirar água do diesel estivesse causando corrosão excessiva); Revisse seus procedimentos de operação no segmento Ferndale até Allen do oleoduto de 16”, em situações normais, anormais e de emergência, e fizesse as mudanças necessárias para garantir que cobrissem as operações do Terminal de Bayview. Em 15/Agosto/1999, o OPS designou um inspetor permanente na capital do estado de Washington, Olympia, atendendo solicitação da Senadora Patty Murray feita em 15/Julho/1999 ao Secretário de Transportes Rodney Slater, com base na distância dos inspetores do OPS mais próximos. Uma das missões desse inspetor seria acompanhar de perto as providências solicitadas à OPL. Em 24/Setembro/1999, logo após a OPL e a prefeitura de Bellingham terem assinado o Master Agreement para a renovação da licença da OPL e ter ocorrido a ruptura do oleoduto de 16” naquela cidade, durante a realização de teste hidrostático, foi emitida a segunda emenda da CAO, com novos itens que requeriam que a OPL: Limitasse a pressão de operação de todo o seu sistema em 80% da PMOA; Realizasse teste hidrostático no segmento Ferndale até Allen do oleoduto de 16” e em todos os trechos dos outros oleodutos que tivessem tubos da Lone Star; Atendesse novas orientações na condução e análise dos resultados da inspeção interna e estabelecesse critério escrito para a decisão de reparar ou não a anomalia encontrada; Reportasse os resultados da auditoria gerencial a ser feita por firma independente acordada com a prefeitura de Bellingham. Em 14/Janeiro/2000, a OPL solicitou permissão para reiniciar a operação do segmento Ferndale até Allen do oleoduto de 16”. Em 26/Janeiro/2000, a RSPA solicitou à OPL os 46 planos de execução do estudo sobre válvulas e das inspeções internas. Em 9/Março/2000, a RSPA informou à OPL o que considerava inadequado nos planos para o reinício da operação do segmento e as omissões desses planos. Em 2/Junho/2000, o OPS aplicou multa de US$ 3,05 milhões na OPL. Esta multa era a soma dos valores máximos dos diversos itens em que a OPL foi enquadrada. O valor foi reduzido para US$ 500 mil, metade para a OPL e a outra metade para a Shell, pelo acordo entre os órgãos do governo, estadual e federal, e as companhias, quando estas, na ação criminal, só se declararam culpadas de um crime grave cada uma. Em 8/Junho/2000, é anunciado acordo, entre o OPS e Estado de Washington, para que o estado passasse a inspecionar segundo as regras da regulamentação federal, os dutos interestaduais dentro do estado, que anteriormente só eram inspecionados pelo OPS. Em 22/Junho/2000, o OPS definiu para a OPL os critérios de escolha e os métodos de reparo que ele considerava aceitáveis para alguns defeitos identificados. Em 4/Agosto/2000, a RSPA aceitou em princípio as ações de gerenciamento da integridade propostas pela BP-AMOCO, que tinha assumido a operação da OPL em 1/Julho/2000, para aprimorar a segurança dos oleodutos da OPL, visando conseguir a aprovação para o reinício da operação do oleoduto danificado. Além de voluntariamente realizar teste hidrostático no segmento de Allen até Renton do oleoduto de 16”, a OPL resolveu inspecionar internamente todos os seus oleodutos com pig instrumentado especial para identificar defeitos longitudinais. A OPL, também, se propôs a não utilizar o Terminal de Bayview até que a revisão do seu projeto e construção fosse completada. O terminal já estava by-passado, desde Maio/2000, para permitir a passagem de pigs de inspeção. Em 8/Agosto/2000, foi realizada uma sessão pública em Bellingham visando o esclarecer e tranqüilizar a comunidade quanto a segurança do oleoduto, com a participação de inspetores do OPS, da WUTC e da OPL. O OPS apresentou os resultados das inspeções internas e teste, por ele supervisionadas, que a OPL tinha realizado no trecho do oleoduto de 16”, entre Ferndale até Allen, que rompeu no incidente. Foi destacado que a maior incidência de defeitos eram por danos mecânicos decorrente de escavações. Também, foram abordadas outras melhorias de segurança que o OPS havia exigido para o retorno do oleoduto à operação, como instalação de novas válvulas, motorização de algumas válvulas existentes, revisão do SCADA, treinamento de operadores e instrumentação adicional, que já tinham sido completadas pela OPL. Os presentes puderam fazer perguntas sobre suas dúvidas e preocupações. 47 Em 10/Agosto/2000, o OPS definiu para a OPL os critérios para que as anomalias identificadas na inspeção interna de todo o seu sistema fossem escavadas e inspecionadas em detalhe, com base nos resultados das inspeções já realizadas. Em 19/Agosto/2000, aconteceu a explosão do gasoduto da El Paso em Carlsbad, New México, na qual morreram 12 pessoas, que também repercutiu intensamente na mídia americana. Logo após, em 25/Agosto/2000, o OPS informou a OPL que, antes de ser autorizada a reiniciar as operações do oleoduto danificado com pressão reduzida, teriam que ser adequadamente resolvidos os problemas gerenciais, procedimentais e organizacionais que causaram o incidente, listando uma lista de tópicos que seriam revistos pela OPS como parte da auditoria gerencial. Em 31/Outubro/2000, o OPS aprovou a lista final de escavações e os critérios de avaliação e reparo para os defeitos encontrados. Em 9/Novembro/2000, o OPS fez a revisão dos tópicos gerenciais, procedurais e organizacionais que causaram o incidente tendo se assegurado da capacidade da BP em operar o sistema da OPL. Em 28/Novembro/2000, a OPL terminou os reparos no oleoduto de 16”, entre Cherry Point e Allen. Em 7/Dezembro/2000, a RSPA deu permissão para que esse trecho fosse purgado com nitrogênio, para retirar resíduos de diesel devido a passagem de dispositivos de inspeção interna, retirar o ar que entrou no sistema quando dos reparos efetuados, e fosse feito um teste de estanqueidade em baixa pressão. Em 25/Janeiro/2001, a RSPA permitiu o enchimento deste trecho com diesel e, em 7/Fevereiro/2001, permitiu o reinício da operação do trecho, com pressão limitada a 80% da PMOA. A operação reiniciou em 8/Fevereiro/2001, 20 meses após o incidente. Em 28/Fevereiro/2001, às 10:54h, ocorreu um forte terremoto, magnitude 6,8, com epicentro entre Seattle e Olímpia. Como os oleodutos da OPL atravessavam essa região, sua operação 48 foi paralisada de imediato. As verificações de segurança e inspeção aérea duraram cerca de 30 horas. Inspetores do OPS e do WUTC acompanharam a OPL na inspeção das faixas, estações de bombeamento e demais instalações do oleoduto. O OPS participou de diversas reuniões do Whashington State City and County Pipeline Safety Consortium, cujos membros representavam as prefeituras e condados atravessados pelos oleodutos da OPL e que foi criado para que os governos locais fossem atualizados sobre a segurança operacional dos oleodutos, pudessem melhor informar suas comunidades e ser próativos na discussão desses assuntos com a OPL. Nessas reuniões, realizadas em Redmond (25/Setembro/2000, 13/Fevereiro e 12/Março/2001) e Renton (16/Janeiro/2001), foram prestadas informações sobre o andamento da inspeção interna dos oleodutos da OPL e as ações resultantes. Em 16/Maio/2001, a OPL completou o teste hidrostático voluntário do trecho do oleoduto de 16” entre Allen e Renton e, em 3/Junho/2001, a OPL reiniciou a operação desse trecho com a pressão limitada a 80% da PMOA, 24 meses após o incidente. Todos os testes e reparos efetuados pela OPL, foram acompanhados de perto por inspetores da OPS e do WUTC, que também fizeram a revisão de procedimentos antes do reinício da operação desses trechos e observaram as operações do oleoduto para se assegurar da segurança operacional e integridade do sistema. Para atendimento das recomendações do NTSB feitas no relatório sobre as causas do incidente, emitido em 8/Outubro/2002, a RSPA emitiu o ADB-03-09 (Pipeline Safety: Potential Service Disruptions in Supervisory Control and Data Acquisition Systems) em 23/Dezembro/2003, 14 meses após o relatório, e a PHMSA, órgão que substituiu a RSPA em Fevereiro/2005, emitiu o ADB–05–05 (Pipeline Safety Advisory Bulletin: Inspecting and Testing Pilot-Operated Pressure Relief Valves) em 4/Agosto/2005, 34 meses após o relatório. Em 25/Julho/2003, a RSPA emitiu a terceira e última emenda da CAO, que reconhecia que a maior parte do trabalho de recuperação do sistema da OPL já tinha sido executada, mas que condicionava a liberação da limitação da pressão de operação e o encerramento do caso à apresentação de plano de trabalho, e sua execução, referentes a uma lista de defeitos detectados que ainda não tinham sido reparados. Em 23/Maio/2004, ocorreu um vazamento da ordem de 20 m3 de gasolina, seguida de incêndio, no interior da EB de Renton. O vazamento ocorreu em uma conexão de aço inoxidável de 1” para retirada de amostras do oleoduto de 16”. O oleoduto foi imediatamente parado, Logo após o incêndio debelado, foi acordado com inspetores do OPS um plano de inspeção de conexões semelhantes em todas as EB’s da OPL para o reinício da operação do oleoduto, o que aconteceu 60 h após o acidente. Em Julho/2006, a OPL requereu a aprovação da PHMSA, que substituiu a RSPA em Fevereiro 2005, para liberar a restrição da pressão de operação em todo o seu sistema. Em 17/Outubro/2006, a PHMSA deu essa autorização, após a revisão dos registros de atendimento da CAO e suas emendas. Após a OPL ter aumentado a pressão de operação de seu sistema de acordo com os procedimentos aprovados, a PHMSA, em virtude da OPL, sob estreita vigilância do OPS e WUTC, ter atendido todas as exigências a ela feitas, encerrou a CAO, em 3/Janeiro/2007, sete anos e sete meses após o incidente. 49 AÇÕES DA COMPANHIA Postura de Comunicação Nos primeiros dias após o incidente, gerentes e porta-voz da OPL deram diversas declarações à imprensa. A operação que estava sendo efetuada, a falha dos computadores, o bloqueio do Terminal de Bayview, as anomalias detectadas e possibilidade de danos por escavação foram pontos mencionados nessas declarações. Frank Hopf, vice-presidente de operações: Operators thought pressure had been relieved by sending fuel into storage tanks south of Bellingham. Controllers thought there had been a relief into the tank farm at Bayview. Ronald Brentson, supervisor do CCO: It was unfortunate. During the time of the computer problems was the time of redirection of flow between two terminals in Renton and the Harbor Island area. Computers at the company's Renton headquarters failed about 3:30 PM, about 1 ½ hours before the explosion. When that occurred, devices along the pipe automatically began to halt the pumps and take other steps to stop fuel from flowing through the line. On Thursday afternoon, about an hour and a half before the explosion at Bellingham, a controller in Renton began the routine steps of entering commands to shut off the flow of gasoline to a customer in South King County and start the flow to a distribution facility on Harbor Island. He noticed the computer was slow, not responding to his commands at a normal rate. The controller asked technicians in an adjacent computer room if they could explain it. Then an alarm on one screen indicated a pump in Woodinville had failed to start on command, adding to the controller's concern. At about that time, the computer system stopped - just seized up and quit. A backup system, developed for just such problems, had also gone out of service. What technicians discovered later was that earlier in the day, as information for maintenance programs was added to the computers, a flaw in the program caused the data to eat up much more space than it should. In short, the company's computers - both its main and backup systems - crashed. When that happens, devices along the pipeline automatically shut it down, halting the flow of fuel into the system. Valves and pumps are commanded according to a preset plan intended to minimize the chances of exactly what was about to take place. An irregular shutdown could produce a wave of rapidly moving gasoline. It may have contributed to a breach, but other possibilities will be examined, including whether construction workers could have pierced the pipe. An aerial survey revealed no obvious construction in the area. The Renton command center's main computer system as well as its backup system shut down for more than a half-hour Thursday after becoming overloaded with data, a situation extremely abnormal. Part of the mystery is that Thursday's leak apparently occurred in a standard section of the underground pipe, rather than a pump station or at a shutdown valve. The main line piping, unless it's been damaged, is the strongest link in the pipeline system. Joann Hamick, porta-voz: A company test in 1996 showed the pipe was thinner than when built, but still within tolerable limits. It must have been some sort of blowout or puncture. The most common cause of pipeline leaks is thirdparty damage, such as accidental punctures by construction crews. There were reports of construction work in the area, but they were unconfirmed. That should be fertile ground for investigators to look at. Computer experts will investigate whether the computer system was "compromised" by hackers, though she knew of no evidence of tampering. No dia 14/Junho/1999, houve uma reunião no Bellingham City Hall, quando a OPL, com a presença de seu presidente e vice-presidente de operações, que tinham chegado a Bellingham no dia seguinte do acidente, ofereceu aos membros do conselho da cidade e a uma platéia de cerca de 100 ansiosos e furiosos moradores as primeiras explicações sobre o acidente, suas desculpas e votos de pesar pelas mortes ocorridas. Como a platéia não pôde fazer perguntas os membros do conselho também não o fizeram. 50 Fred Cognale, presidente: We are very, very sorry that this incident is occurring. Our employees are still in shock. I know you want answers. I know the community wants answers. I want answers, too. We're still in shock. This has never happened to Olympic Pipe Line before. Frank Hopf, vice-presidente de operações: We desperately need to regain the confidence of this community. A OPL prestou as seguintes informações: A área onde aconteceu a ruptura ainda estava muito quente e que levaria ainda alguns dias para encontrar o ponto de vazamento; O oleoduto seria cortado e tamponado, ao sul e ao norte do ponto de rompimento para isolar o trecho rompido e que as escavações nestes dois pontos já tinham sido iniciadas; O reparo do trecho ou a colocação de novo trecho em outra faixa seria decidido após o isolamento; A maior parte da gasolina não queimada tinha sido removida do regato, mas que a gasolina tinha penetrado no solo e continuava a alimentar pequenos focos de incêndio; Não havia planos imediatos para alterar os métodos e procedimentos de monitoração do oleoduto; O oleoduto estava operando a 45% de capacidade ao sul de Renton; A maior preocupação era que não estava havendo transporte de QAV para o aeroporto internacional Sea-Tac. Foi emitido aviso às companhias aéreas que os aviões só deviam ser encaminhados para aquele aeroporto com combustível suficiente para decolar e atingir o próximo ponto de destino. Não se podia informar a duração dessa situação; A OPL iria pagar o custo total de limpeza e restauração ambiental, já tendo sido gasto US$ 1 milhão; Somente tinha havido contato com o proprietário da casa destruída e que as famílias dos mortos não tinham sido ainda contatadas. Entretanto, a grande repercussão que o incidente estava tendo na mídia, a instauração, alguns dias depois do incidente, de processo de investigação federal com a participação do FBI, que poderia terminar em ação criminal federal, e logo após, a decisão de duas famílias em acionar a OPL buscando uma indenização pelas mortes de seus filhos, fez a postura de comunicação da OPL mudar para uma atitude de não comprometimento. Esta pressão levou a OPL a contratar empresa de relações públicas Baron & Company, sediada em Bellingham e especializada em comunicação e gerenciamento de crises e reconstrução de imagem de corporações. Esta empresa forneceu uma extensa gama de serviços, tais como relações com a mídia no Emergency Center and Joint Information Center, porta-voz principal da companhia junto a mídia, planejamento de relacionamento com a comunidade, preparação e condução de reuniões com comunidades, redação e distribuição regular de correspondência a pessoas-chave da comunidade formadoras de opinião, assistência nos contatos com os governantes locais, realização de pesquisa de percepção da comunidade, desenvolvimento de materiais para apresentação, inclusive vídeos, e acompanhamento das matérias veiculadas pela mídia. Maggie Brown, empregada desta firma, funcionou como relações públicas e porta-voz principal da OPL pela duração do contrato, dando inúmeras entrevistas à mídia. Seus gerentes e funcionários deixaram de falar com a imprensa. Somente falavam seus portavozes e relações públicas com um discurso pasteurizado e evasivo. Seus funcionários 51 alegaram a proteção da 5ª Emenda para não depor na investigação do NTSB e somente dar declarações em juízo para não se comprometer criminalmente. Maggie Brown, Relações Públicas: I simply can’t discuss any of those events that are under investigation at this time. I’m sorry. Well, that’s the purpose of the National Transportation Safety Board investigation. And because of that ongoing investigation, we’ll have to wait until the investigation is complete. Once again, because of the criminal investigation, the NTSB investigation, and the lawsuit, I simply am not able to respond to questions. Quando a BP assumiu a operação da OPL, em 1/Julho/2000, houve uma melhoria da atitude da OPL no relacionamento com a comunidade, voltando a ficar numa postura mais defensiva durante o período em que esteve em concordata. Abandono de Projeto O incidente ocorreu na véspera do dia marcado para a emissão do parecer da Parks and Recreation Commission do estado sobre o projeto de implantação pela OPL de uma extensão de seu sistema entre Bothell e Pasco. Esse novo oleoduto de 230 milhas de comprimento e 14” de diâmetro, que atenderia o consumo de gasolina, QAV e diesel da parte leste do estado, tinha sido submetido à aprovação do Energy Facility Site Evaluation Council em 1996, mas vinha sofrendo forte oposição dos moradores das áreas atravessadas, ecologicamente sensíveis. O parecer da comissão foi negativo, evidentemente influenciado pelo incidente. Em 22/Junho/1999, a OPL estrategicamente solicitou uma suspensão do processo de aprovação pois esperava colocar o oleoduto danificado em operação mais rápido possível. Mais tarde veio a desistir do projeto em que já tinha investido muito tempo e dinheiro. Recuperação do Duto Logo após o incidente, todo o oleoduto de 16” foi retirado de operação, desde Ferndale até Renton. Nos primeiros dias após o incidente, as declarações da OPL eram no sentido de reparar o ponto de ruptura e reiniciar operação do oleoduto o mais rápido possível, alegando o problema de suprimento de QAV para o aeroporto internacional de Sea-Tac, para o qual o oleoduto fora de operação era essencial, pois a maior parte do consumo era suprido pela refinaria da ARCO ao norte de Bellingham. Entretanto, a emissão da CAO da RSPA, em 18/Junho/1999, com uma série de exigências e o fato de que a licença da prefeitura estar vencida dando margem a que esta também exigisse uma série de providências da OPL, como por exemplo, o teste hidrostático de todo o trecho de 16 km que atravessava a cidade, frustraram essa intenção. O discurso mudou para o retorno à operação em 6 meses. Em 29/Agosto/1999. ocorreu um vazamento de 6 m3 pelo selo de uma bomba na EB de Renton, contaminando o solo e o lençol freático. Os operadores foram lentos em detectar o vazamento e não conseguiram contatar quem saberia atender a situação e informar o serviço de resposta a emergência do estado. O WDOE multou a OPL em US$ 120 mil e deu 30 dias para a atualização do seu plano de manutenção preventiva para bombas e outros equipamentos e para aprimorar o seu plano de resposta a vazamentos. 52 Após a retirada da ultima secção do oleoduto sob supervisão do NTSB para sua análise, em 8/Julho/1999, foi providenciada a substituição do trecho retirado. A OPL iniciou a escavação das anomalias mostradas nas inspeções de 1996 e 1997 para sua análise e reparo, se fosse o caso, evitando um possível rompimento no teste hidrostático que teria que realizar. Essas anomalias também iriam servir de calibração para a inspeção interna solicitada pela CAO. Até 18/Setembro/1999 já tinha feito reparos em 10 pontos, a maioria por substituição da seção afetada aproveitando que o oleoduto estava fora de operação. Para atender a CAO e o acordo com a prefeitura, a OPL realizou o teste hidrostático no trecho do oleoduto que atravessava a cidade (16 km), em trechos de 3,2 km de cada vez, em uma pressão de 1835 psig (90% da tensão de escoamento). Em 18/Setembro/1999, ocorreu a ruptura de uma secção que estava em teste onde não tinha sido detectada anomalias nas inspeções internas de 1996 e 1997, cerca de 2 km do ponto de ruptura do incidente. Houve o rompimento da solda longitudinal de um tubo de fabricação ERW da Lone Star, em uma extensão de cerca de 2 metros de comprimento. Este fabricante usava corrente elétrica de baixa freqüência em seu processo de fabricação que tende a deixar áreas sem ligação na solda. Esta área no tubo que rompeu tinha cerca de 1” de comprimento, formato elíptico e quase atravessava a parede do tubo. Rompeu em uma pressão de 1617 psig. Este rompimento motivou a emissão da segunda emenda da CAO pela RSPA em virtude de grande parte do oleoduto entre Ferndale e Allen ter sido construída com tubos desse fabricante, pois, em 4/Novembro/1998, a RSPA tinha emitido regulamento para que os operadores de dutos com tubos desse tipo de fabricação no sentido de apresentar, até 7/Dezembro/1998, programa de testes hidrostáticos, baseados em análise de risco do segmento afetado, com prazos de 1,5 ano (alto e médio risco) e 2,5 anos (alto risco), o que não tinha sido atendido pela OPL. O tubo foi substituído e retestado. O teste no trecho do oleoduto no perímetro da cidade terminou em 25/Setembro/1999. Todos os condados e cidades, alertados pela cobertura da intensa cobertura da mídia, quanto ao vazamento de Renton e da ruptura durante o teste hidrostático em Bellingham, começaram a se organizar analisando a situação das licenças da OPL, solicitando informações quanto às inspeções e à integridade dos dutos em seu território, e pressionando para que todo o oleoduto fosse testado hidrostaticamente e não somente o trecho entre Ferndale e Allen e os trechos com tubos da Lone Star, como estava previsto na CAO. Deputados federais da região e o governador do estado também iniciaram movimento nesse sentido. Em 7/Outubro/1999 a diretoria da OPL aprovou o que denominou Corridor Safety Action Plan, que estendia diversas ações de verificação da integridade do oleoduto que estavam sendo tomadas na área de Bellingham a todo o oleoduto, desde Cherry Point até Portland. Em 11/Outubro/1999, começou a manter reuniões com os governos locais ao longo de seus oleodutos para divulgar esse plano. Em 27/Outubro/1999, o presidente da OPL, Fred Cognale, prestou depoimento em reunião de trabalho para a reautorização do Pipeline Safety Act, prevista para ocorrer em 2000, do Subcommittee of Economic Development, Public Buildings, Hazardous Materials and Pipeline Transportation do Committee of Transportation and Infrastructure da Câmara Federal em Washington, DC. Neste depoimento apresentou detalhes do Corridor Safety Action Plan: O plano fora desenvolvido com base nas providências solicitadas pela CAO e sua emendas, no acordado com a prefeitura de Bellingham e em avaliações da OPL, 53 atacando todas as possíveis causas do acidente de que se suspeitava até aquele momento; Quanto aos problemas do SCADA, a OPL já tinha completada a análise do seu software, tinha feito modificações, melhorias e alterações de projeto do seu sistema de computadores, incluindo expressivo aumento na capacidade de processamento; A OPL já tinha testado as válvulas de alívio do trecho entre Ferndale e Allen, que estava fora de operação, e estava testando todas as demais válvulas de alívio do seu sistema. Também, a OPL já tinha contratado firma independente para fazer uma análise completa da locação das válvulas de bloqueio do oleoduto na área de Bellingham, que recomendou 4 novas válvulas que já tinham sido instaladas. A mesma firma iria fazer estudo similar para todo o seu sistema, e as ações da OPL decorrentes desse estudo seriam compartilhadas com o público; A OPL tinha contratado firma independente para fazer o estudo da operação do sistema em regime transiente para o trecho fora de operação, simulando diversas condições operacionais anormais e de emergência. O estudo mostrou que nas condições em que aconteceu o incidente a pressão no ponto de ruptura estava abaixo da PMOA do oleoduto. Essa firma faria estudo similar para todo o seu sistema; A OPL estava executando um programa de retreinamento e requalificação dos seus controladores, programadores de computador e pessoal de campo. Para os controladores seriam revistos em sala de aula conceitos de hidráulica, o modelo de detecção de vazamentos e os detalhes do seu sistema. Seriam revistos os procedimentos para operações normais e anormais e a resposta a emergências e as interfaces com o pessoal de operação no campo. Os controladores estavam sendo submetidos a treinamento e verificações em um simulador, quanto a sua reação e capacidade de decisão frente a diversos cenários simulados. Para os programadores de computador estava previsto um treinamento prático com especialista de um dos acionistas da OPL e verificação de sua qualificação por um consultor. Para o pessoal de campo estava prevista a revisão dos procedimentos em situações normais e anormais, a resposta a emergências, sistema One-Call e sinalização do oleoduto; A OPL já tinha testado hidrostaticamente 27 milhas do oleoduto na área em torno de Bellingham e estava se preparando para realizar os testes adicionais solicitados pelo OPS; Quando recebesse autorização para o reinício da operação do oleoduto a OPL iria realizar a inspeção interna do trecho entre Ferndale e Allen e depois estender a todos os seus oleodutos. Nessa inspeção seriam usados os dispositivos que fossem acordados com o OPS. A OPL escavaria as anomalias detectadas segundo os padrões da indústria e dos regulamentos federais. As inspeções seriam feitas em cooperação com o OPS e as comunidades locais. A OPL faria os reparos segundo os padrões da ASME e regulamentos federais. A OPL se propunha a escavar um número adicional de anomalias que, pelos padrões não fosse necessário escavar, para melhor avaliar os resultados da inspeção interna; A OPL planejava trabalhar com as comunidades atravessadas pelos seus oleodutos, para mantê-las informadas das ações que tomaria em cada uma delas e melhor entendimento e esclarecimento das suas dúvidas. No período de 9 a 29/Outubro/1999, a OPL executou o teste hidrostático do restante do trecho do oleoduto de 16” (50 km), entre Ferndale e Allen, que fora exigido pela segunda emenda da CAO, sem a ocorrência de rupturas. 54 No início de Dezembro/1999, as secções de tubos que tinham sido retiradas do oleoduto na execução de reparos foram apreendidas por agentes da divisão criminal da EPA, mediante mandato judicial, para preservação de evidências criminais no processo federal sobre danos ambientais. Em 27/Dezembro/1999, a OPL solicitou mais prazo para o atendimento do solicitado pelo WDOE em relação ao vazamento ocorrido em Renton e informando que as melhorias solicitadas seriam incluídas no Corridor Safety Action Plan para atender todas as instalações no seu sistema. Em 14/Janeiro/2000, a OPL alegando que tinha já retreinado e requalificado seus controladores, revisto as válvulas em Bellingham, testado hidrostaticamente o trecho do oleoduto de 16” entre Ferndale e Allen, realizado melhorias em seus computadores e analisado as condições operacionais em regime transiente para garantir que a pressão seria mantida dentro dos limites dos regulamentos federais, solicitou permissão para reiniciar a operação do oleoduto de 16” para poder cumprir com a inspeção interna requerida pela CAO. Informou sua intenção de pressurizar o oleoduto em diversas etapas verificando as condições do oleoduto entre cada uma delas. Em 26/Janeiro/2000, a RSPA solicitou à OPL os planos de execução do estudo sobre válvulas e das inspeções internas. Em 9/Março/2000, a RSPA informou à OPL o que considerava inadequado nos planos para o reinício da operação do segmento e as omissões desses planos. Em meados de Abril/2000, foram mantidos encontros entre a OPL e o OPS em Washington, DC, ficando a OPL de preparar um programa de testes e procedimentos escritos da teste para reiniciar a operação do duto, sem fins comerciais, apenas para a execução da inspeção interna, após o que o oleoduto sairia de operação novamente. Somente depois de escavadas as anomalias encontradas na inspeção segundo critérios determinados pelo OPS, avaliada a necessidade de seu reparo segundo os padrões acordados entre as partes e executados os reparos necessários segundo os tipos acordados com o OPS, é que se avaliaria o retorno do duto à operação comercial. Entre 16 e 17/Maio/2000, o OPS observou no campo os preparativos para a realização da inspeção interna do oleoduto de 16” entre Ferndale e Allen: Enchimento do oleoduto com óleo diesel; Passagem de pigs de limpeza; Passagem de pig (dummy) simulando as ferramentas de inspeção para verificar seu livre trânsito pelo oleoduto. Também, o OPS acompanhou a partir do CCO em Renton, as pressões e vazões para se assegurar que a operação estava dentro dos limites acordados. A OPL tomou as seguintes medidas adicionais de precaução: Patrulhamento aéreo com helicóptero durante a execução das operações; Válvulas de bloqueio do oleoduto guarnecidas; Equipamentos e materiais de resposta a vazamentos dispostos ao longo do duto para assegurar imediata e efetiva resposta a qualquer vazamento de produto do oleoduto; Órgãos de resposta a emergência ao longo do oleoduto alertados e mantidos informados das atividades de preparação da inspeção interna. O trecho do oleoduto de 16” entre Allen e Renton que estava fora de operação não sofreu o processo de limpeza, pois fora mantido com produto. 55 Em 18/Maio/2000, o OPS observou a montagem da linha de by-pass do Terminal de Bayview, para evitar a necessidade de retirar e reinserir os dispositivos de inspeção no Terminal. BY-PASS Em 19/Maio/2000, o consultor de inspeção interna contratado pelo OPS e seus inspetores mantiveram reunião com representantes das cidades de Redmond, Renton e Bellevue explicando os detalhes das operações da OPL referentes à inspeção interna do oleoduto. De 19/Maio até 3/Agosto/2000, a OPL executou a inspeção interna de todos os seus dutos, exigida pela CAO. Houve a necessidade de repetir a passagem do dispositivo de inspeção em dois dos trechos em virtude de falha na gravação dos dados. Em 1 e 19/Junho/2000, foram feitas escavações para verificação no trecho entre Ferndale e Allen do oleoduto de 16”, observadas e monitoradas por inspetores do OPS e da WUTC. Devido a troca de operadora em 1/Julho/2000, quando a BP assumiu as operações da OPL, os lugares escavados foram reenchidos por medida de precaução. A tabela a seguir mostra os dispositivos utilizados e a evolução da inspeção interna do sistema da OPL: Trecho Diâmetro Cherry Point/Ferndale 16” Ferndale/Allen 16” 16” Allen/Renton 20” Renton/Portland Anacortes/Allen 14” 16” Renton/Seattle 12” Renton/Sea-Tac 12” Tacoma Junction/Tacoma 8” Vancouver Junction/Vancouver 12” Olympia Junction/Olympia 6” Ferramenta LINHAS PRINCIPAIS Magnetic Flux Leak Geometry Geometry Magnetic Flux Leak Ultrasound Geometry Magnetic Flux Leak Geometry Magnetic Flux Leak Geometry Magnetic Flux Leak LATERAIS Dummy Magnetic Flux Leak Geometry Dummy Geometry Magnetic Flux Leak Geometry Magnetic Flux Leak Geometry Geometry Magnetic Flux Leak Geometry Magnetic Flux Leak 56 Inicio Tempo(h) Dados 2 Junho 7 Junho 20 Maio 26 Maio 29 Junho 22 Maio 28 Maio 23 Julho 29 Julho 9 Julho 15 Julho 2 Agosto 1,5 1 12 11 9 17 21 21 18 33 30 31 OK OK OK OK OK OK OK OK OK Não OK OK OK 31 Maio 5 Junho 19 Maio 19 Junho 25 Junho 24 Maio 28 Junho 29 Junho 15 Junho 22 Junho 19 Junho 25 Julho 2 2 2 2 3 3 3 1 1,5 1 1 1 5 4 OK OK OK Não OK OK OK OK OK OK OK OK OK Em média, a revisão preliminar dos dados obtidos na inspeção demoraram cerca de 10 dias para cada trecho. Esta revisão foi feita pelo consultor contratado pelo OPS, pelos inspetores do OPS e da WUTC e por técnicos da OPL. No início de Junho/2000, foi noticiada a descoberta de 4 amassamentos significantes que tinham de ser reparados, um deles situado no estacionamento da Kulshan Middle School próxima do ponto de ruptura, onde lecionava a irmã gêmea da Senadora Patty Murray. A OPL esperou o final do ano letivo para escavar o local. Mesmo assim, quando a escavação começou, houve protesto popular, com a participação das mães das vítimas do incidente, que queriam a troca de todo o trecho no terreno da escola. Foi entregue à OPL petição que exigia que ela fizesse mais do simplesmente colocar “Band-aids” no oleoduto. Mary King, mãe de Wade: Nothing can bring back my son. We are asking this for the children of Bellingham. Marlene Robinson, mãe de Liam: It is not enough for Olympic to follow federal guidelines in repairing the pipe. We all know how inadequate those standards are. A OPL acabou aceitando a solicitação e em 18/Agosto/1999 finalizou a troca de todo o trecho. Em Junho/2000, a OPL completou as exigências da CAO referentes à locação de válvulas, melhorias do SCADA, treinamento dos controladores e do sistema de proteção contra sobrepressão. Antes de a BP assumir as operações, a OPL vinha resistindo a pressão das comunidades atravessadas pelo oleoduto de 16” de realizar teste hidrostático no trecho Allen até Renton, no que era apoiada pelo OPS sob a alegação de que isto poderia enfraquecer o tubo, aumentando defeitos que não seriam detectados pelo teste, podendo causar problemas posteriormente. Também, a OPL vinha resistindo à solicitação do OPS de adicionalmente executar inspeção interna por dispositivo com capacidade de detecção defeitos longitudinais (transverse field magnetic flux leakage). Após a BP assumir a operação esta postura mudou. A BP rapidamente aumentou o quadro de pessoal da OPL, na área técnica e de operação. Em Agosto/2000 a OPL já tinha 90 empregados, contra os 72 que tinha em 1/Julho/2000, quando a BP assumiu a operação da OPL, e os 60 que tinha em 10/Junho/1999, quando aconteceu o incidente. Após a aprovação de sua diretoria em 1/Agosto/2000, a OPL para tranqüilizar o público e governos locais e alcançar a aprovação da RSPA para o reinício da operação do oleoduto, além de aceitar a solicitação do OPS em realizar nova inspeção com dispositivo com capacidade de detectar defeitos longitudinais em todos os seus oleodutos, se propôs a realizar voluntariamente o teste hidrostático do oleoduto de 16” entre Allen e Renton, a um custo estimado de US$ 5 milhões, esperando terminar estas atividades, inclusive eventuais reparos de eventuais novas anomalias que fossem descobertas no oleoduto de 16”, até os meados de 2001, o que foi aceito preliminarmente pela RSPA em 4/Agosto/2000. 57 Em Novembro/2000, a OPL completou o reparo dos defeitos encontrados no oleoduto de 16”, desde Cherry Point até Allen. Em 5/Dezembro/2000, a OPL completou o reparo dos defeitos encontrados no oleoduto de 16” entre Anacortes e Allen. Estes reparos foram continuamente monitorados por inspetores do OPS e da WUTC. Em 7/Dezembro/2000 a RSPA deu permissão para que o oleoduto de 16” entre Cherry Point até Allen fosse purgado com nitrogênio, para retirar resíduos de diesel devido a passagem de dispositivos de inspeção interna, retirar o ar que entrou no sistema quando dos reparos efetuados e fosse feito um teste de estanqueidade em baixa pressão. Em 25/Janeiro/2001, a RSPA permitiu o enchimento deste trecho com diesel e, em 7/Fevereiro/2001, permitiu o reinício da operação do trecho, com pressão limitada a 80% da PMOA. A OPL reiniciou a operação em 8/Fevereiro/2001, 20 meses após o incidente. Em 28/Fevereiro/2001, às 10:54h, ocorreu um forte terremoto, magnitude 6,8 com epicentro entre Seattle e Olímpia. Como os oleodutos da OPL atravessavam essa região, sua operação foi paralisada de imediato. As verificações de segurança e inspeção aérea duraram cerca de 30 horas. A OPL não identificou movimentos de terreno. Inspetores do OPS e do WUTC acompanharam a OPL na inspeção das faixas, estações de bombeamento e demais instalações do oleoduto. A OPL vinha realizando o teste hidrostático do oleoduto de 16” entre Allen e Renton, na pressão de 1635 psig (80 % da tensão de escoamento). Na noite de 8/Maio/2001, quando a OPL já estava praticamente no final do teste do trecho, houve ruptura de uma secção em teste em Renton. Mais de 15 m3 de água contaminada com resíduos de óleo diesel vazaram em um riacho que desaguava no Cedar River. O vazamento foi detectado logo após o início do teste da secção. Rapidamente bombeiros e inspetores da Environmental Protection Agency (EPA} e do WDOE foram acionados e ficaram no local até a manhã seguinte. Foram detectadas manchas no regato, mas que não justificavam uma operação de limpeza pela sua pequena extensão segundo o representante da EPA. O fato teve ampla cobertura da mídia e serviu de munição para os defensores do teste hidrostático. O tubo rompeu na pressão de 1633 psig. A origem do rompimento foi na solda longitudinal ERW de um tubo fabricado pela U.S. Steel, usando corrente elétrica de alta freqüência e tinha sofrido tratamento térmico posterior. Apesar de o processo ser melhor que o usado pela Lone Star, houve falha na inspeção da solda no fabricante e o defeito não tinha sido detectado. O defeito tinha 32” de comprimento e atingia 71% da espessura da parede em sua zona central. A OPL rapidamente trocou o tubo rompido e terminou o teste hidrostático de todo o trecho em 16/Maio/2001. O teste hidrostático do trecho foi observado por inspetores do OPS e da WUTC, que também reviram toda sua documentação. Em 3/Junho/2001, a OPL reiniciou a operação desse trecho com a pressão limitada a 80% da PMOA, 24 meses após o incidente. Antes e durante o reinício de sua operação os inspetores do OPS e da WUTC reviram os procedimentos e observaram as operações para garantir a integridade operacional do oleoduto. Em 6/Agosto/2001, a posição reportada pelo OPS era que tinham sido identificados cerca de 120 pontos para escavação de verificação no sistema de 16” da OPL (Cherry Point/ Ferndale, Ferndale/Allen, Allen/Renton e Anacortes/Allen). A escavação e avaliação desses pontos tinha sido completada, com exceção de 2 pontos no trecho Ferndale até Allen, que dependiam de aprovação de licenças para sua execução. Estes 2 pontos já tinham sido submetidos a teste 58 hidrostático. A avaliação da integridade nos pontos escavados foi verificada por inspetores do OPS e do WUTC e resultou em troca de secções do oleoduto ou em reparos em 87 dos pontos analisados. O Whashington State City and County Pipeline Safety Consortium contratou a revisão por um consultor independente das ações da OPL e do OPS em relação à futura operacionalidade e segurança do oleoduto de 16”. Esse consultor analisou a inspeção interna realizada, os resultados das avaliações dos pontos escavados para verificação e o teste hidrostático aplicado ao oleoduto. Discutiu com a gerência da OPL as mudanças que tinham sido implementadas para prevenir erros operacionais e garantir o funcionamento dos equipamentos de controle e de proteção contra sobrepressão do oleoduto. Com base em sua revisão apresentou relatório em Novembro/2001 concluindo que o oleoduto poderia ser operado a 100% da PMOA (todo o sistema da OPL estava restringido a 80% da PMOA por determinação da RSPA) desde que o oleoduto não fosse submetido a um grande número de ciclos de pressão pela atuação incorreta das válvulas de alívio ou por outros fatores operacionais. Segundo ele, a OPL pretendia terminar a inspeção interna com o novo tipo de dispositivo solicitado pelo OPS, realizar as escavações de verificação daí decorrentes e realizar os reparos necessários antes de solicitar a liberação da limitação de pressão de operação. Comentou que a BP estava fazendo o que precisava ser feito e que sua atuação tinha melhorado significativamente a avaliação e o gerenciamento da integridade do oleoduto. A tabela a seguir mostra o número de anomalias escavadas, o número de anomalias reparadas e o método de reparo para cada tipo de anomalia detectada: Oleoduto 16” – Ferndale / Renton 128 anomalias escavadas / 115 anomalias reparadas Método de Reparo Tipo Troca da Luva Esmeril Secção Metal Loss 8 6 5 Gouge 1 Dent 62 26 6 Lamination 1 Total 72 32 11 As figuras a seguir mostram a relação entre as perdas de metal e a profundidade dos amassamentos previstos pelos dispositivos de inspeção interna e o realmente medido após a escavação: A OPL continuou a realização da avaliação e reparos nos outros segmentos do seu sistema que voluntariamente tinha inspecionado, sob contínua supervisão dos inspetores do OPS e da WUTC. 59 Em 25/Julho/2003, a RSPA emitiu a terceira e última emenda da CAO, que reconhecia que a OPL já tinha sido executado a maior parte do trabalho de recuperação do seu sistema, mas que condicionava a liberação da limitação da pressão de operação e o encerramento do caso à apresentação de plano de trabalho, e sua execução, referentes a uma lista de defeitos detectados que ainda não tinham sido reparados. Em 23/Maio/2004, ocorreu um vazamento da ordem de 20 m3 de gasolina no interior da EB de Renton. O vazamento ocorreu em uma conexão de aço inoxidável de 1” para retirada de amostras do oleoduto de 16”, por volta das 6 horas, e a gasolina entrou em ignição por causa desconhecida, criando uma chama de 6 metros de altura. O oleoduto foi imediatamente parado, só retornando à operação cerca de 60 h depois, após a execução de inspeção em conexões semelhantes nas EB’s da OPL, segundo um plano acordado com inspetores do OPS. Três bombeiros ficaram feridos e uma área com 1 milha quadrada foi evacuada, inclusive uma estação de bombeiros. Foram furados 3 poços de extração para retirar a gasolina absorvida pelo solo e água contaminada do lençol freático. O suprimento de QAV ao aeroporto internacional de Sea-Tac não chegou a ser seriamente afetado. Como nesta ocasião a OPL tinha pedido concordata a mídia questionou a capacidade da companhia em continuar operando. O acidente também serviu de munição à cidade de Seattle na ação judicial para a OPL realizar teste hidrostático na lateral que atravessava a cidade. Em Julho/2006, a OPL após completar todos os reparos, requereu a aprovação da PHMSA, que substituiu a RSPA em Fevereiro/2005, para liberar a restrição da pressão de operação em todo o seu sistema. Em 17/Outubro/2006, a PHMSA deu essa autorização, após a revisão dos registros de atendimento da CAO e suas emendas. Após a OPL ter aumentado a pressão de operação de seu sistema de acordo com os procedimentos aprovados, a PHMSA, em virtude da OPL, sob estreita vigilância do OPS e WUTC, ter atendido todas as exigências a ela feitas, encerrou a CAO, em 3/Janeiro/2007, sete anos e sete meses após o incidente. Em Junho/2004, 5 anos após o incidente, porta voz da OPL declarou que a companhia tinha gasto, até aquela data, cerca de US$ 30 milhões em inspeções e reparos em seu sistema. 60 PESSOAS IMPACTO PSICOLÓGICO Como todo desastre ou incidente crítico, de natureza súbita e forte, fora do escopo das experiências humanas normais, e de causa não conhecida de imediato, o incidente causou forte impacto psicológico na comunidade com surpresa, dúvida, medo, pânico e ameaça ao senso de segurança das pessoas: Frank King, pai de Wade: And I was standing in the living room and looked out the window. And it was just smoke everywhere and huge ball of flames. And I said, “Where is Wade? Where is Wade?” Frank King, pai de Wade, descrevendo a experiência de seu outro filho: My son who works at my dealership which is a block off of Whatcom Falls Creek ... said,” Dad, I stood on the showroom floor, and I watched the fumes, the gas, the fire ball come down Whatcom Falls Creek ... Dad, the fireball was a 150 feet in the air, and it just rolled down Whatcom Falls Creek about a mile” and he watched it for about a mile right in front of his eyes. Katherine Dalen, mãe de Stephen: I looked out and saw this huge cloud of smoke and immediately became terrified. John Geier, vizinho do parque: The trees behind my house were devoured in a solid, rolling wall of orange. It looked like it was coming straight toward us, and then it turned. Everything lit up with flames. I could feel the heat. You could hear the leaves crackling. Rosalie Wilburg, vizinha do parque: I was driving down the street when I saw the thick clouds of smoke. My husband, who was at home, grabbed the video camera and started filming. He said that people were running down the street. They didn't know where to go. I'm still shaking. Angela Lee Holstrom, empregada de seguradora: From the picture window of my ground-floor Bellingham office 15 blocks from Whatcom Creek I saw the first explosion. I went outside to look and, BOOM! the second (explosion) went off, then, BOOM!, the third one went off. There were big, huge billowing black clouds that went way the heck up in the air. Mark Dickie, vizinho do parque: At first I thought it was the school that blew. The instant I saw the balls of black smoke, I knew it was a gas explosion. Thomas Wilkerson, lojista: I was painting a sailboat at my shop. I stood up to stretch. I put my arms over my head and when I'm stretching, kablam. It was boom, boom and boom. I fell back, still holding a paint brush dripping with two-part polyurethane. Heather Sugden, vizinha do parque: I felt the odor of gasoline just when I left that afternoon to pick up my kids from day care, when driving the same bridge over Whatcom Creek as I always do. I figured it was a lawn mover. But when I come back I talked with a friend on the telephone about it. Just after the explosions I heard neighbors shouting back and forth about leaving. My telephone went dead. I grabbed my two boys and my daughter and ran inside, and tried to hide everyone under a bed. But that didn’t work, so I stood in the living room, stunned for a minute. Then I grabbed a diaper bag, a can of formula and my kids and headed to my car. All of my neighbors have the same idea. Traffic was thick and the stoplights were out. I took 20 minutes to drive 1.5 mile. Homem não identificado, vizinho do parque: We thought it was an earthquake. All the glassware and bottles shook in our house. Homem não identificado: I thought it was Mt. Baker erupting, just like Mt. St. Helens. But the smoke was too close for a volcano. Mesmo em pessoas experientes e bem treinadas: Chief Gary Crawford, WCFD No. 8: I've been here 30 years, and I've never seen anything like this before. You can tell how hot it got. It singed the hills behind it. We had some 2,000-degree heat. Lt. Dac Jamison, BPD: It looked just like Vietnam. Like they laid down napalm. We were very fortunate, because this is a very popular park. The water is still cold, and not many people are swimming in the creek yet. Orman Darby, porta-voz da DEM: It looked like the explosion of Mount St. Helens. There was this extremely ugly black plume with a white cap on top. It probably went 30,000 feet in the air. Bombeiro não identificado: The smoke looked about three miles wide with multiple thermal columns. I’d estimate it rose about 20,000 feet. My heart just stopped. 61 Mesmo em pessoas que não foram diretamente afetadas: Patty Murray, Senadora: I’ll never forget how I first heard about the explosion. That evening, I stepped off a plane from Washington, D.C. into Sea-Tac airport, and my cell phone started ringing almost immediately. It was my twin sister, who lives here in Bellingham where she works as a middle school teacher. Her voice was frantic. She said, “Patty, have you heard? Our whole world just blew up!” At first, I didn’t know what she was talking about. Then she told me that a pipeline running directly under the parking lot of her school had blown up. It was just a block away from her classroom, and it took place just hours after the last student had left. The explosion rocked the school. Since it happened in the weeks just after Columbine, many teachers raced from their classroom fearing the worst. Instead, they encountered a nightmare of a different sort—a hailstorm of burning branches falling into their school parking lot, singeing their clothing and leaving them in fear. Candice Olds, vizinha do parque: In that afternoon I have a fight with my 13 years old daughter Heidi, because she wanted to walk the dog in the park and I told her to stay home. I wasn’t aware of the leak. Com efeitos prolongados em algumas pessoas: Cedric Johnson, 12 anos, vizinho do parque: It looked like one of those scenes from the volcano movies. You couldn't see the sky. It still amazes me when I see blue sky, because all I can picture are those black billowing clouds over the park. Mulher não identificada, vizinha do parque: The park was a quiet sanctuary for residents across the region, including my own family. Innocent sounds now jar me emotionally. Whenever I hear a jet go over, it’s like thunder and feels like the explosions. My nerves are rattled. Some nights I’ve woken up and it smells like smoke. It’s definitely on my mind a lot. Dr. Frank James, psicólogo (Novembro 1999): I have treated a Vietnam veteran who believed his home had been napalmed, a young child whose sleep is still disturbed by the vision of a huge black cloud, and a boy who found the body of Liam Wood, the 18-year-old fisherman. They will not be the same again. It comes as a shock to me how much suffering remains in this community because of this. Nos dias que se seguiram ao incidente este impacto ficou aparente. Líderes da cidade disseram que foi o evento mais devastador que já tinha ocorrido em Bellingham e que tinha abalado profundamente a comunidade. A maior parte da comunidade desconhecia a existência do oleoduto. Alguns sabiam que ele existia, mas não tinham noção do que ele transportava: Rebecca Johnson, mãe de Cedric: The park is just so beautiful. I knew there was a pipeline, but I never realized it was gasoline. Frank King, pai de Wade: And I knew there was a pipeline up the street. But I never thought about it. I mean, I never questioned what went through it. Alguns se preocupavam com a segurança do oleoduto pela sua idade e pela forma como ele era cuidado: Homem não identificado, vizinho do oleoduto: Now I wonder just how old the pipeline is and whether the earth piled on top of the pipeline from new construction projects … could become a problem. Katherine Dalen, mãe de Stephen: It’s going under our homes, our parks, across our streams, by our schools, under our freeways. And they’re not taking care of it. Entretanto, outros defendiam a existência e a necessidade do oleoduto. Homem não identificado: When you take the amount of years the pipeline has been going through this area, it’s been quite well taken care of. Este debate público sobre se o oleoduto era “bom” ou “mau” criou um estresse adicional na comunidade. Também, a reação entre as pessoas evacuadas durante a fase de resposta inicial ao incidente foi controversa. Enquanto alguns elogiavam a presteza das providências de resposta outros questionavam a demora de uma hora no aviso pelo rádio sobre o incidente. Ainda, outros ficaram preocupados se a espessa nuvem de fumaça negra teria ameaçado sua saúde. 62 Dois dias depois da explosão o regato parecia uma paisagem lunar coberta de cinzas. O odor de gasolina era ainda forte o suficiente para causar dor de cabeça. As pessoas vinham ver com seus próprios olhos. As crianças brincavam nas cinzas. Os vizinhos estavam em choque. Conversavam entre eles sobre a volta ao normal, mas o normal não era o mesmo que antes. Todos estavam marcados pelo incidente. Antes do incidente muitos desconheciam que existia o oleoduto e, muitos dos que sabiam que ele existia desconheciam o que transportava. Agora todos sabiam que ele existia, onde estava locado, o que transportava e que teriam de conviver com esta nova realidade. REPARAÇÃO PELAS MORTES Impacto Emocional na Comunidade As mortes de Wade King e Stephen Tsiorvas, ambos com 10 anos, resgatados com vida com queimaduras em cerca de 90% do corpo, no dia seguinte ao incidente e de Liam Wood, 18 anos, que foi encontrado afogado no Whatcom Creek, onde estava pescando, após desmaiar pela inalação dos vapores de gasolina, causaram um grande impacto emocional na pequena comunidade de Bellingham. Esse impacto emocional levou muitas pessoas a se prontificar de forma voluntária para trabalhar nos serviços de recuperação ambiental de emergência. Por vários dias, como demonstração de conforto para as famílias, houve a deposição espontânea de flores, notas, bichos de pelúcia e balões de festa na barricada da entrada do Whatcom Falls Park, feita para evitar o acesso ao parque. Na parte norte do parque, onde o cheiro de gasolina ainda era forte, nos inícios das trilhas do parque também houve deposição de flores para as vítimas. Texto de uma nota: Into His arms you have fallen and you will dwell in the house of the Lord forever. Houve forte comoção no velório e enterro das vítimas. Seus amigos e colegas de escola participaram. O velório de Liam foi feito em 14/Junho, em um parque à beira da Baía de Bellingham, com mais de 200 pessoas presentes. No dia 15/Junho no início da tarde foi feito o enterro de Wade que partiu da St. Paul Episcopalian Church. Seus colegas do time de baseball onde jogava compareceram vestindo suas camisas. Wade foi enterrado com um taco de baseball autografado por Ken Griffey Jr. e um uniforme dos Mariners assinado por todo o time. Foram enviados de Detroit quando souberam pelos jornais da declaração do pai de Wade desse desejo de seu filho. No início da noite de 15/Junho foi feito o velório de Stephen no Westford Funeral Home. Seu enterro aconteceu na manhã seguinte na St. Sophia Greek Orthodox Church. 63 Dor e Indignação das Famílias A dor pela perda de seus filhos foi incomensurável. Foi muito grande a indignação das famílias com a postura de não comprometimento da OPL, com a decisão de seus funcionários envolvidos no acidente em invocar a 5ª Emenda, em função do processo criminal federal instaurado alguns dias após o incidente, para somente dar declarações em juízo para não se comprometer criminalmente, e com cada notícia sobre as investigações que mostrava que a OPL não atendia os regulamentos federais ou sobre a ineficácia da fiscalização dos órgãos federais que regulavam a atividade dutoviária. Mas, desses sentimentos brotou a resolução muito forte de todos em evitar a impunidade dos culpados e nova ocorrência de acidente semelhante. As três famílias tornaram-se ativistas por mudanças na regulamentação e fiscalização da atividade dutoviária, engajando-se de corpo e alma na campanha, local e nacional, pelo aumento da segurança dos oleodutos e por maior rigor dos regulamentos e penalidades em casos de acidentes. Embora fosse uma situação que nunca buscaram ou pediram, as famílias encararam esse encargo como uma responsabilidade que eles tinham de suportar em memória de seus filhos. Davam constantemente entrevistas à mídia, depuseram em comissões do Congresso, davam palestras em eventos da indústria e aproveitavam qualquer oportunidade para discutir o assunto e apresentar seus pontos de vista. Sempre acompanhados de pôsteres de seus filhos. Frank King, Pai de Wade: The doctor took us in a little meeting room. And he said: Your son is going to die. I’d never heard a doctor saying that. In my opinion as a law-abiding citizen, the only way I’m going to plead the 5th Amendment is if I’ve got something to hide. He just decided that he wasn’t going to dig up that section of pipe that split because it was too hard to get to. That makes me very angry. 64 Residents must maintain a controlled, reasonable, logical anger to prevent a recurrence. I can certainly say this isn't what I signed up for in life. There are moments when I say, “Why am I doing this? “ But I love my son so much I'm not willing to let it go. I was just a normal, apathetic American citizen. I voted and did all that and felt like that was what it meant to be a good citizen. I would like to have my apathetic life back, but it's impossible. It isn’t there any more. Mary King, Mãe de Wade: He was standing and he was talking. He said: “Mom, don’t look. Don’t look, Mom”. His beautiful face was stretched, distorted. And all I could think of was is it going to be scarred? I never thought, is he going to die? I never, ever thought is he going to die?” This isn’t just a mistake made in the control room. That was part of it. And that may have led to the explosion. But it’s just a chain reaction of irresponsibility down the line starting with the company, Olympic Pipeline, going through our government. And it’s irresponsibility all the way across the board. Marlene Robinson, Mãe de Liam: I felt like I had an obligation to do something. If 20 years ago someone had stepped in and done something, it wouldn't have happened here. I no longer have children to protect. Nothing I do or say about this issue can bring Liam back but I feel obligation to do what I can to protect the children of this and other communities. We will not rest until Congress passes a bill that ensures pipelines are safe for children of all communities across the nation. Bruce Brabec, padrasto de Liam: I am thankful I got to watch him grow up into a wonderful young man, grateful that I was able to love him and that he was able to love me. Each morning very early when the newspaper is delivered, it bumps on the front porch and you wake up because of that sound and you’re reminded of when the police stepped on your porch and awakened you, also, and they had come to tell you that your son was found dead in Whatcom Creek. If I were Liam, I would be telling you today that much more needs to be done regarding pipeline regulation, to not only prevent damage, injury or death, but also to support the living, to protect our places of refuge, to protect our neighborhoods, to protect our homes, to protect our families. If I were Liam, I would most strongly ask that you tighten the accountability of the Office of Pipeline Safety, that you support it with the funds to do its job, but that you consider cleaning house to get staff that is dedicated to be watch dogs of public safety, not just supporters of pipelines and oil companies. Katherine Dale, Mãe de Stephen: It's a nightmare to me to think about my son lying in the hospital dying. I held his feet, because those were the only things that were really him any more… I don’t know if he heard me tell him how much I loved him. You worry about cuts and insect stings. You don’t worry about the water burning them to death. I don’t believe the pipeline company wants us to know what really happened that day. The price of one human life is too great a price to pay for such reminder. How many times over how many years the greed and sloth of industry must be allowed to play deadly games with human lives? Is that to be our future as well? Our children’s future? No final, seus esforços foram compensados em ver duas leis federais, uma lei estadual e diversos regulamentos estaduais e federais serem emitidos, o que mudou a face da atividade dutoviária no país e o estado. Anônimo veterano funcionário do legislativo envolvido na passagem das leis federais: There have been other pipeline accidents in which people have died, but this seems to be one that was particularly tragic. Quite honestly, I do believe that the positive efforts of the parents to try and move forward made a difference. 65 Reparação Material As famílias de Wade King e Stephen Tsiorvas moveram ação pela indenização das suas mortes contra a OPL, a Equilon, a ARCO, a IMCO e 3 empregados da OPL. A tentativa da OPL e outros acusados de alterar o local previsto para o julgamento dessa ação do condado de Whatcom para o condado de Spokane sob a alegação de que não conseguiriam um julgamento justo devido a extensa cobertura da mídia local sobre o caso foi negada por juiz federal. O mesmo juiz, considerando que isso iria prolongar a dor e a angústia das famílias, também negou a protelação por um ano da data de julgamento dessa ação solicitada pelos acusados, alegando a ação criminal que estava em curso. Em 10/Abril/2002, as famílias desistiram da ação em um acordo extrajudicial no valor de US$ 75 milhões, não sendo revelado a parte referente a cada acusado. O valor foi pago por seguradoras da OPL. A família de Liam Wood fez um acordo extrajudicial de valor não revelado e não moveu ações. Declarações em entrevistas coletivas depois de anunciado o acordo: Frank King, Pai de Wade: This has never been about money. The settlement will simply help finance my continuing battle. This has been about change and we intend to carry on. Katherine Dale, Mãe de Stephen: This is a rough day for us. This is not a day that I celebrate. With some of this money — with a lot of this money — we'll keep on them. We are telling these companies that they cannot do this to our babies. It's not a day that I celebrate today -- it's a day that I take another step. It's been really important to me that we continue fighting, struggling and saying what needs to be said. Justiça para os Culpados As famílias acompanharam de perto a ação criminal federal. Estiveram presentes na audiência em que a OPL, a Equilon e 3 empregados da OPL se declararam culpados. Marlene Robinson, Mãe de Liam: “The agreement in the criminal case sends a clear message to the industry that they need to make some really significant, positive changes. Nobody is going to make this situation better for me. In my mind, these charges weren't about making me feel better, but about making sure this doesn't happen to someone else in the future. Katherine Dale, Mãe de Stephen: I wish these men would be ordered to pay visits to other oil companies saying that their mistakes caused three young men to die. Mary King, Mãe de Wade: Every day without my son is a nightmare. Frank King, Pai de Wade: These three guys are really victims of an industry. It's the industry that needs to change. Revenge says we want them to go to jail. Logic says that isn't going to make any changes. I will continue my fight for more stringent pipeline-safety laws and keep urging lawmakers to take action. I'm not ready to ride off into the sunset yet. 66 Também estiveram presentes na audiência de estabelecimento das sentenças. Foi uma audiência carregada de emoção. Lágrimas quando os pais descreveram a perda inesperada de seus filhos. Outras lágrimas dos filhos dos acusados quando condenados à prisão. Nesta audiência a família King pediu à juíza federal que não condenasse os acusados a cumprir pena, pois seriam mais úteis à comunidade se usassem sua experiência na disseminação da prevenção de acidentes. A juíza não concordou. Porém ela criticou a decisão da BP, que era a sócia majoritária da OPL, em demitir o supervisor. Um executivo da BP disse que a decisão tinha sido tomada nos mais altos níveis da corporação por ser política da companhia em não empregar qualquer pessoa com uma prisão por crime grave. Terry Wood, Pai de Liam: Corporations and individuals in those corporations need to assume responsibility for negligence and their actions. But at the same time, I have compassion for them because they have families and their families will be without them for a while. They also have to live with the knowledge of what they've done. People cannot run roughshod over citizens in this country. One thing that has become clear in this is you can't assume that corporations will automatically take responsibility. They won't police themselves unless the government steps in. I understand this is the first time jail time has been handed down under the Federal Hazardous Materials Safety Act. Liam had the potential to be a really, really productive citizen. He was a wonderful person and was taken away from us and society. PROCESSO DE CURA Famílias As três famílias vêm usando o dinheiro da indenização recebida para suportar a campanha pela segurança dos dutos e, também, em diversas doações para fins culturais, parques, museus, bolsas de estudo e obras de arte visando contribuir para a comunidade e perpetuar a memória de seus filhos, naquilo que mais se identifica com eles, num processo de cura para sua perda. Wade King Student Recreation Center Doação de US$ 4,27 milhões da família King à Western Whashington University em Bellingham para bolsas de estudo de estudantes de educação física e suportar a operação do centro esportivo inaugurado em 2003, que levou o nome de seu filho. Wade era um apaixonado por baseball e esportes em geral. Frank King, Pai de Wade: We had a strong desire to give back to the community, because the community had supported us so dramatically through our ordeal. And what better way to give back to the community than to give scholarships to young people, particularly young people who might have known Wade, Stephen and Liam? Wade King Elementary School Doação de US$ 400 mil da família King ao Bellingham School Board para o aumento do ginásio esportivo da escola inaugurada em 2008, que levou o nome de seu filho, construída próximo ao Whatcom Falls Park. 67 Wade Bennett King Education Series Este programa educacional é um serviço comunitário do Mount Baker Theatre para estudantes, crianças e adolescentes do condado de Whatcom e condados vizinhos, apresentando diversas peças infantis de cunho educacional a preço reduzido. Existe desde 1995. A partir de 2004 tem sido patrocinado pela família King em memória de seu filho, que adorava ir ao teatro para assisti-las, para que outras crianças sejam inspiradas pela arte. Em 2007 o programa atendeu 15 mil estudantes. Mary King, Mãe de Wade: The Mount Baker Theatre is an awesome, magical place for children. We want to encourage as many children as possible to take advantage of these opportunities. Wade King Sculpture No final de 2007, foi instalada, no saguão do Wade King Student Recreation Center, uma escultura de Wade da consagrada escultora Geórgia Gerber, que vive e trabalha em Whidbey Island, próximo a Bellingham. A escultura em bronze foi encomendada pela família King e mostra Wade em tamanho natural, uniformizado para um jogo de baseball, esporte que ele amava. Fica em um nicho junto à entrada do centro esportivo, parecendo estar olhando o movimento dos alunos. Sua mãe e a escultora estiveram presentes na instalação. Georgia Gerber, escultora: I like my sculpture to invite an interaction with its audience. This is often meant to be a direct physical interaction, but always I strive to engage the viewer's imagination. I tend to present an incomplete visual narrative; a story is suggested, a feeling evoked, and the viewers find themselves providing details. Wayside Memorial Park Logo após a morte de Liam, sua mãe e seus amigos estabeleceram em sua homenagem um fundo destinado a ajudar na restauração do Whatcom Creek. A Nooksack Salmon Enhancement Association (NSEA) coordenou doações de materiais e de serviço voluntário para criar um parque à margens do regato, próximo ao Maritime Heritage Park. O novo parque tem uma trilha, paredes de pedra e uma plataforma de observação. A vegetação nativa foi restaurada. A sua construção foi planejada em conjunto com a família e a prefeitura. Quando adolescente, Liam tinha trabalhado como voluntário na restauração pelo NSEA do Maritime Heritage Park, junto à foz do Whatcom Creek, que era um depósito de lixo em 1993. Sua mãe se engajou como voluntária na construção do novo parque dedicando um dia por semana a esse serviço comunitário, trabalhando ao lado de muitos amigos e professores de seu filho. 68 Quando quiseram dar o nome de seu filho ao parque, ela mãe não aceitou preferindo que o parque fosse apenas dedicado a ele. Isto foi feito em uma cerimônia em 8/Julho/2000, quando foi inaugurada uma escultura entalhada em cedro em homenagem a Liam. Marlene Robinson, Mãe de Liam: “We can’t replace what we’ve lost, but we can transform once devastated landscapes into places of beauty and meaning. What’s important for me as a memorial to Liam is the work we’re doing at the creek and what we’re saying with that work. When people come to this place, I want them to see and feel a healthy, complex environment in an urban setting. I want them to know that we can find ways to live in harmony with the natural world—and to perhaps find a way to help achieve that harmony. There is something heart-wrenching about going to Whatcom Creek. I never forget what happened, 24 hours a day, whether I'm sleeping or dreaming. I know that Liam is gone, but I would rather be engaged in it. And I love being in nature - that's the one place where I feel some peace and calm. Liam Wood Flyfishing and River Guardian School Fund Após a morte de Liam a mídia divulgou a sua paixão pela pesca e que era um leitor assíduo dos livros do escritor David J. Duncan. Esta informação acabou chegando ao seu conhecimento e em 2001, quando visitou Bellingham para promover seu último livro, ele manteve contato com a família de Liam e visitou o local de sua morte. Mais tarde, teve a idéia de criar um curso de pesca em Bellingham em homenagem a Liam. Sua família apoiou a idéia. Criou o Liam Wood Flyfishing and River Guardian School Fund administrado pela NSEA com este objetivo. Foi criado um curso formal no Huxley College of the Environment, Western Washington University, Bellingham, que dá créditos aos participantes. Mais tarde foi criado um programa similar para crianças em Montana. The Art, Science, and Ethics of Flyfishing Curso de verão financiado em parte pelo Liam Wood Flyfishing and River Guardian School Fund. Programa que visa dar aos alunos um melhor entendimento dos rios e regatos da região e das criaturas que os habitam, ensinando os alunos a pescar e usando a pesca como pano de fundo para a restauração de ecossistemas de rios. Ministrado desde 2004. Liam Wood Flyfishing and River Guardian Program Programa de verão da Watershed Education Network de Missoula, Montana, organização não lucrativa que ensina crianças em idade escolar sobre o cuidado com rios e lagos. Inspirado no programa de Bellingham. Também suportado parcialmente pela família de Liam. Começou em 2007. Liam Wood Memorial Scholarship Fund Fundo criado por doação de Terry Wood, pai de Liam, na Oregon State University onde trabalha. Destinado a dar bolsas de estudo a estudantes em tempo integral que tenham bom desempenho escolar e que estejam cursando matérias ligadas à saúde ambiental e segurança. Stephen Tsiorvas Memorial Cerca de um ano depois do incidente, a família de Stephen prestou uma homenagem à sua memória com a instalação no seu túmulo no Bayview Cemetery, ao lado do Whatcom Falls Park, de escultura em aço e vidro da escultora premiada Shirley Erickson, que vive e trabalha em Bellingham. A escultura tem a exata altura de Stephen quando faleceu. As fendas no vidro representam a vida que foi interrompida. Segundo a escultora a família ficou muito emocionada com a peça. Shirley Erickson, escultora: Sculptures are metaphors for life. When light comes through glass, it's just magical. 69 Northwest Youth Services Doação de US$ 100 mil da família de Stephen, em sua memória, à Northwest Youth Services, uma organização não lucrativa que visa manter crianças seguras, melhorar as relações familiares, integrar a juventude à comunidade e promover a confiança dos jovens em si mesmos, e que mantém um telefone 24h para atender crianças em crise. Eventos Comunitários Desde os primeiros dias após o acidente, diversos eventos têm colaborado para que a comunidade e famílias superem as conseqüências do incidente. Visitas Públicas Em 12/Junho/1999, em uma tentativa de satisfazer a curiosidade pública sobre a explosão e incêndio, a prefeitura organizou visitas públicas à área afetada pelo incidente. Encontro da Red Cross Em 12/Junho/1999, a American Red Cross organizou um encontro comunitário para que as pessoas expressassem suas preocupações, seus questionamentos pelo risco potencial que atravessava suas vizinhanças e a tristeza pela suas perdas. Memorial Tree Em 14/Junho/1999, na Roosevelt Elementary School, onde Wade e Stephen eram alunos do 4° ano, os estudantes prestaram homenagem a eles em uma solene procissão ao final das aulas passando junto a uma árvore (caroba), doada por uma horticultura local, plantada em sua memória no pátio da escola. Reunião de Esclarecimento Em 19/Junho/1999, foi montada uma reunião de esclarecimento na Bellingham Public Library para informar o público sobre as providências sendo tomadas em face de emergência, com a participação dos órgãos envolvidos na resposta e da OPL. Contou também com a American Red Cross e Whatcom County Support Office para esclarecimento ao público em geral e aos que trabalharam na resposta á emergência sobre as conseqüências emocionais do incidente. Remembering Whatcom Creek Em 19/Setembro/1999, o Center for Pacific Studies da Western Washington University patrocinou uma conferência com diversas apresentações sobre o Whatcom Creek, o que se estava fazendo pela sua restauração, uma benção da tribo Lumni para a cura do regato e de peça musical, Réquiem, composta para a ocasião. Field Hearing Em 13/Março/2000, no Bellingham City Hall foi feita uma sessão pública formal do Committee on Commerce, Science and Transportation do Senado dos Estados Unidos, com a presença das famílias de Wade, Stephen e Liam. Essa sessão, formalmente e previamente convocada, foi presidida pelo Senador Slade Gorton e teve a participação da Senadora Patty Murray, ambos do Estado de Washington. Visava homenagear os três garotos mortos no incidente e aprender as lições do incidente para aplicá-las no processo de reautorização do Pipeline Safety Act, que ocorre a cada 4 anos segundo a lei americana, prevista para aquele ano. Apesar de a platéia estar lotada com membros da comunidade, só as pessoas inscritas 70 puderam falar, por ser uma sessão formal de um comitê do Senado. Mas, qualquer pessoa tinha dez dias para apresentar comentários escritos ao comitê sobre o assunto. Além dos pronunciamentos dos Senadores mencionados, nela depuseram: Pelas famílias: Frank King, pai de Wade Katherine Dalen, mãe de Stephen Marlene Robinson, mãe de Liam Bruce Brabec, padrasto de Liam Pelos órgãos reguladores: Richard B. Felder, OPS Robert Chipkevich, NTSB Pela indústria: Pelo Estado de Washington: Calvin Hoggard, City Manager de SeaTac Gary Locke, governador Marilyn Showalter, WUTC Joe Stohr, WDOE Mary Corso, Washington State Fire Marshal CARL GAST, vice-presidente da OPL ROBERT L. SLUDER, vice-presidente Williams Gas Pipeline-West W. Brian Matsuyama, presidente Cascade Natural Gas Corporation, pelas empresas de distribuição de gás do Estado de Washington Pelas comunidades: Mark Asmundson, prefeito de Bellingham Jesse Tanner, prefeito de Renton Connie Marshall, vice-prefeita de Bellevue Pelas organizações não governamentais: Carl Weimer, SAFE Bellingham Susan Harper, Cascade Columbia Alliance Dessa forma, todas as partes interessadas puderam expressar seus sentimentos e suas providências sobre o incidente, bem como suas preocupações sobre a segurança de oleodutos e gasodutos em geral, contribuindo para o esclarecimento da platéia. Buddha Of Boundless Life Mandala Um ano depois da explosão, lamas tibetanos que visitavam Bellingham, reconhecendo a necessidade de cura para a comunidade e para o regato, passaram uma semana construindo uma intrincada mandala de areia com a imagem do Buddha of Boundless Life, que tocou os corações de muitas pessoas. Como é tradição, quando a mandala estava terminada ela foi cerimonialmente destruída para mostrar a impermanência de todas as coisas. A areia da mandala destruída foi levada pelos lamas até uma ponte do Whatcom Creek e espalhadas na água para curar as árvores, a água, os animais e os habitantes da cidade. Passeio de Bicicletas A SAFE Bellingham, que foi criada pelos cidadãos logo após o incidente, organizou um passeio de bicicleta para marcar o primeiro aniversário do incidente em Junho 2000. Compareceu uma multidão de ciclistas e andarilhos que fizeram todo o trajeto de 6 km ao longo do Whatcom Creek, desde o Lago Whatcom até sua foz na Baía de Bellingham. Junto à baía houve uma série de eventos artísticos e homenagens a Wade, Stephen e Liam. Public Forum Meeting Em 8 Agosto 2000, foi realizada uma sessão pública em Bellingham visando o esclarecer e tranqüilizar a comunidade quanto a segurança do oleoduto. O OPS apresentou os resultados das inspeções internas e testes que a OPL tinha realizado no trecho do oleoduto de 16”, entre Ferndale até Allen, que rompeu no incidente, que foram por ele supervisionados. Também, foram abordadas outras melhorias de segurança que o OPS 71 havia exigido para o retorno do oleoduto à operação, como instalação de novas válvulas, revisão do SCADA, treinamento de operadores instrumentação adicional e que já tinham sido completadas pela OPL. Os presentes puderam fazer perguntas sobre suas dúvidas e preocupações. Bellingham Pipeline Memorial Event Evento patrocinado pelo Pipeline Safety Trust para marcar o 5° aniversário do incidente realizado na Bellingham City Hall em 10/Junho/2004. Foi discutido o que aconteceu em Bellingham, que mudanças foram feitas nas comunidades e no Estado de Washington e que mudanças a nível nacional foram feitas sobre a segurança dos dutos. Também, foi discutido o ainda precisava ser feito. Ainda, foram lidas mensagens de pessoas de todo o país. Mary King, Mãe de Wade The people of Bellingham helped me through the five longest years of my life. There isn't a day that someone doesn't smile at me. It lets me know we're all in this together. Although people often see me crying at events connected to the disaster, I wanted to let people know that I do have joy again. I thank all of you for giving me my joy back. Lumni Healing Totem Em Abril/2007, como parte do processo de cura das conseqüências do incidente, foi inaugurado um memorial no Whatcom Falls Park com o descerramento de um totem criado e doado pelos entalhadores e pintores da House of Tears Carvers, da tribo Lumni, para homenagear os 3 jovens mortos no incidente e suas famílias, as pessoas que responderam a emergência e a comunidade da cidade. Katherine Dale, Mãe de Stephen: The Lumni have been very important in their support and their prayers for us. And so, for them to dedicate such a phenomenal piece of work, such a wonderful gift to my son, to Wade and to Liam as well, is amazing. 72 Whatcom Creek Scrolls A artista italiana de multimídia Betty Bastai, que vive em Oak Harbor, Whidbey Island próximo a Bellingham, estava no exterior quando do incidente, e só veio a conhecer seus detalhes em 2006. Ela lançou no final de 2007 um projeto para instalar em 2009, em um evento quando do 10° aniversário do incidente, um desenho com 4 milhas de comprimento formado por etiquetas com a memória dos habitantes da cidade, que ela vem coletando em alguns pontos da cidade, e que formarão 21 rolos. Duas milhas representando a explosão (etiquetas Fire) e duas milhas representando a restauração (etiquetas Water). Os comentários que tinha recebido até Janeiro/2008, iam desde o muito positivo, com o agradecimento por criar uma oportunidade de cura, até o extremamente negativo, que chocaram e desafiaram a artista, que está repensando o projeto. Betty Bastai, artista multi-mídia: I want to emphasize that the overall theme of the work is the relationship between the human community and nature, the creek’s destruction and the recovery of its natural habitat. However it is inevitable that this project brings focus to the damage at the creek to the Bellingham community. I want to stress that an equally important part of this project is the positive impacts of regeneration that sprung from Nature and the restoration efforts of the community. Cura pela Arte Escultura sobre Whatcom Creek Em Outubro/2007, a escultora Jayme Curley, que vive e trabalha em Bellingham, doou à Western Washington University uma escultura, inspirada no incidente e suas vítimas, após ter sido exposta em galeria no centro da cidade. A escultura em cerâmica foi instalada no Wade King Student Recreation Center, local adequado para abrigá-la segundo a escultora. As famílias não estiveram envolvidas na cerimônia de inauguração. Um mês depois, Mary King, mãe de Wade, disse-lhe que gostou da escultura. Jayme Curley, escultora: The destruction of the land & the boys are synonymous in my mind. Both were innocent. And definitely, making the piece was part of my own healing. Continuing my art helps me live with the disregard & abuse of Nature (& of people) occurring all around us. 73 Backyard Mural Essa artista estava em Bellingham no dia do incidente. Eis seu relato: Jayme Curley, escultora: Our home is about 1/2 mile from where the explosion occurred. We heard the explosions, & then watched in amazement as the ENORMOUS black cloud mounted up into the sky higher than we could believe. A big red-tailed hawk was soaring in front of the cloud, lit by the sunshine. Before too long, blackened leaves began to drop into the neighborhood; the sound of sirens filled the otherwise quiet air. It was very eerie. We had no idea what had happened, although our minds raced to nuclear disaster. Como parte de seu processo pessoal de cura, alguns meses depois do incidente ela pintou, na cerca de madeira do seu quintal, um mural mostrando um peixe enraivecido, uma árvore nua retorcida, a grande nuvem de fumaça negra, folhas enegrecidas caindo e um jovem com um pássaro nas mãos como um símbolo de regeneração. Cerca de nove anos após o incidente, o mural estava esmaecido e quase encoberto por suas plantas. Jayme Curley, escultora: I'm afraid the angry fish & the huge black cloud have been entirely engulfed by bushes! That's fine. The creek itself is also busy obliterating its sad history & moving on! Whatcom Creek Memorial Prayer Wheel Quando a explosão ocorreu, o escultor Chris Moench, que vive e trabalha em Bellingham, estava com seus pais em um parque, também atravessado pelo oleoduto, a alguns quilômetros do Whatcom Falls Park (onde brincava quando garoto). Quando voltava para casa a nuvem negra estava sobre a cidade e todos estavam em pânico. Ele ficou profundamente perturbado pela perda das jovens vidas e pela destruição ambiental e pretendia fazer uma escultura que permitisse que as pessoas refletissem sobre o evento e para encorajá-las a viver pelos seus mais altos ideais. Depois de um ano de meditação, em 2000, teve a idéia de criar uma escultura cilíndrica de barro, com cerca de 1 metro de altura, com a história do incidente entalhada na sua parte externa. Foi montada em uma base rotativa no Big Rock Garden, parque com uma exposição de peças de arte ao ar livre, para que as pessoas pudessem interagir com a peça, colocando pensamentos no seu interior, tocá-la e rodá-la. Pipeline Song Quando o incidente ocorreu, a compositora e cantora Linda Allen, residente em Bellingham, estava na cidade. Eis seu relato: Linda Allen, compositora e cantora: I was in the back yard with my young son when I saw the billowing smoke. I thought there must be a fire somewhere. Suddenly I became very afraid, because I didn't know what might be in that smoke. I went in the house and closed all the windows and tuned in to the radio to learn what was happening. It was a very frightening experience. Later I visited the park -- one of my favorite parks -- and was deeply saddened by the destruction I saw there. Um ano após a explosão, como parte de seu processo pessoal de cura, ela compôs uma canção expressando seus sentimentos a respeito do incidente: 74 Pipeline We remember how it started Plumes of smoke and fire that grew and grew We knew a dreadful thing had happened We grabbed our kids and waited for the news A pipeline can demand an awful price For whose convenience did we sacrifice? We remember three young boys who died With the sweet lands And the waters where they played We will not sacrifice our children, Will not sacrifice our lands We’ll remember that sad day And we will hold each other’s hands We will shout it to the sky until They’re weary of the sound Only we will choose what’s buried Underneath our town We believed our homes were sacred Never noticed where the pipes were laid We believed all that they told us We believed until that summer day Now we believe that it is up to us There are those we know we cannot trust We believe we put our children first And the sweet lands and the waters where they play CHORUS (2x) (Dedicated to the families of the boys who died, to Bellingham’s mayor Mark Asmundson, and to the organization SAFE Bellingham, all working on pipeline safety concerns. We join them in working for all people so that our communities will never again experience the tragedy that befell our town on June 10th, 1999. Copyright Linda Allen 2000) Linda Allen, compositora e cantora: The mother of one of the boys who died was someone I came to know, and I saw first hand the incredible suffering she experienced as she grieved her son -- a son who was my own son's age when he died. I wrote the song as a healing for myself and my community -- because I believe there were issues there of safety that were not adequately addressed. I deeply appreciate the pipeline safety advocacy work that is being done after the fact. Hopefully, no other family or community will go through such an event. Gentilmente, ela relembrou a música e regravou a canção em seu ipod, especialmente para este documento, pois sua gravação original tinha se perdido. 75 RESTAURAÇÃO AMBIENTAL Comando Unificado No mesmo dia do incidente (19:45h), a Environmental Protection Agency (EPA) estabeleceu o comando unificado para gerenciamento da resposta ao incidente (UC) envolvendo agências federais, estaduais e locais para suportar o BFD e WSP nas providências emergenciais visando a redução dos danos ambientais e sua remediação, de acordo com a regulamentação do Oil Pollution Act. O UC atuou nas três semanas seguintes ao incidente, até 2/Julho/1999. Contava com representantes da EPA, NTSB, OPS, WDOE, WSP, prefeitura, Tribo Lumni e OPL e se reunia diariamente para preparar planos de ação de resposta ao incidente (IAP), que dirigiam as atividades operacionais de emergência, assegurando a segurança, a comunicação e priorização das metas de resposta a emergência. Também, diariamente se reunia o comitê conjunto da restauração (JRC) responsável por planejar a restauração no longo prazo. Os objetivos estratégicos dos IAP’s eram: Assegurar a segurança do público e dos que trabalhavam na resposta; Considerar o curto prazo e minimizar os problemas ambientais no longo prazo; Eliminar a fonte de vazamento, minimizando o volume vazado e novos vazamentos; Tranqüilizar as partes interessadas (público, agências federais e estaduais) comunicando a intenção do UC em minimizar os impactos do vazamento, a curto e longo prazo. Foi montado o Joint Information Center (JIC), nos escritórios da DEM. Quase que diariamente, preparava folha de dados sobre o incidente que continha relatórios de poluição, dava uma situação atualizada das operações realizadas para informar a população e atender a mídia, ávida por notícias devido a grande repercussão do incidente a nível regional, estadual e federal. Informava também medidas de racionamento de água e telefones de contato para reclamações de danos sofridos e para suporte emocional. Como era de se esperar houve competição entre os objetivos da limpeza, da investigação, das agências envolvidas, do público e do reinício da operação do oleoduto. Outra dificuldade foi a falta de treinamento dos envolvidos sobre os cuidados de segurança na resposta a vazamento de produtos perigosos. Foi dada ampla autoridade ao pessoal de segurança para estabelecer os protocolos para o monitoramento médico das equipes e sua entrada na área afetada. Foi dado treinamento expedito em segurança aos trabalhadores antes de entrar na 76 área afetada. Monitores de segurança acompanhavam as equipes especializadas com pouco treinamento em segurança. O UC coordenou, nos 22 dias em que funcionou, o trabalho de mais de 2770 pessoas na resposta à explosão e ao vazamento. O BFD e BPD tomaram as providências iniciais para a proteção da segurança pública. O Whatcom Falls Park foi totalmente fechado pela prefeitura. Em todas as entradas foram colocadas barreiras (cavaletes ou fitas plásticas amarelas). O BPD auxiliado por uma força de 175 guardas de segurança privados vigiava as entradas e as áreas impactadas ao longo dos regatos. O WDNR removeu arvores enfraquecidas pelo fogo e mapeou as áreas queimadas com GPS, o que provou ser de valia para gerenciar as equipes, monitorar o progresso e mapear recursos do ecossistema, focos de incêndio e remediação. O Washington Department of Fish and Wildlife (WDFW) e o WDOE iniciaram a avaliação dos danos ambientais sendo constatado milhares de peixes mortos e corpos de anfíbios, pássaros e pequenos animais totalmente queimados. Não havia sinais de vida ao longo das margens queimadas do Whatcom Creek. Árvores continuavam a queimar e cair. Havia deslizamento de terra nas áreas queimadas. Havia cheiro de corpos queimados em toda a área afetada, misturado à fumaça e vapores de gasolina. Necessário o uso de mascaras. Mark Kaufman, especialista ambiental do WDOE: Everything is dead. I've never seen anything like this. 77 Steve Hunter, supervisor de resposta ao vazamento do WDOE: Of course, the gas could have gone farther than the fire, and the gas is highly toxic to fish in the stream. Dick Logan , coordenador de avaliação de danos ambientais do WDOE: We're seeing a lot of dead fish already 78 Quando se deu conta do incidente, a OPL acionou seu plano de resposta a vazamentos, que havia sido simulado sob supervisão do WDOE com resultados satisfatórios, em 1997, 1998 (incluiu um exercício sobre o sistema de comando de incidentes sob supervisão do OPS) e em Abril/1999. A OPL estabeleceu o seu centro de comando em Renton, enviou seus peritos em vazamentos à Bellingham, onde foram integrados ao UC. Inicialmente, ela mobilizou diversos equipamentos de combate à poluição, um helicóptero, a equipe de resposta da Equilon e diversos consultores. Também, enviou equipes para se assegurar que as válvulas de bloqueio do oleoduto estavam realmente fechadas. No dia do incidente, seus esforços foram no sentido de colocar barreiras ao longo dos regatos e na foz do Whatcom Creek, espalhar materiais absorventes para retirar os resíduos e coletar com skimmers a gasolina, que não entrou em ignição, ainda remanescente nos regatos. 79 No dia seguinte ao incidente, a OPL mobilizou uma firma especializada de Houston e retirou, com caminhão-vácuo, bolsões de gasolina remanescente na Iowa Street e na ETA. Foram coletadas amostras de água em 7 pontos ao longo do regato. Foi verificado que a concentração de gasolina na água do Whatcom Creek decaiu rapidamente para níveis aceitáveis ao longo dos primeiros dias após a emergência. Figure 20. Water Sample Gasoline Range Hydrocarbon Comparison by Location 25000 Gasoline Range Hydrocarbons (ug/L) June 11 pm Gasoline Range Hydrocarbons (ug/L) June 12 #1 Conce ntr ation (u g/L ) 20000 Gasoline Range Hydrocarbons (ug/L) June 12 #2 15000 Gasoline Range Hydrocarbons (ug/L) June 13 #1 10000 Gasoline Range Hydrocarbons (ug/L) June 13 #2 5000 Gasoline Range Hydrocarbons (ug/L) June 14 #1 Gasoline Range Hydrocarbons (ug/L) June 14 #2 0 Whatcom St. Clair Falls Valencia James York DuPont Roeder WC-2 WC-1 WQ-1 Plano de Emergência Em 12/Junho/1999, foi iniciado o trabalho de uma equipe para o levantamento dos danos aos recursos naturais do Whatcom Falls Park com representantes da National Oceanographic and Atmospheric Administration (NOAA), do National Marine Fisheries Service, do U.S. Fish and Wildlife Service (USFWS), da prefeitura e do WDOE. Em 22/Junho/1999 foi emitido plano de emergência para a restauração do habitat dos 10 ha. do Whatcom Falls Park que foram queimados ao longo dos regatos. Este plano foi executado pela OPL, sob a direção e supervisão do UC. A desova dos salmões no regato em agosto era o objetivo primário do plano. As preocupações imediatas incluíam a erosão secundária e sedimentação. A recuperação do leito do Whatcom Creek teve alta prioridade. Equipes com bombas flutuantes lavaram as margens do regato. Para remover a gasolina presa nos sedimentos do regato, foi feita a agitação desses sedimentos, manualmente e por equipamentos pesados. Foi contratada uma equipe de 75 trabalhadores que foram treinados em segurança. Trabalharam durante semanas na agitação manual dos sedimentos para liberar a gasolina retida. Após 4 passes dessa equipe, os equipamentos pesados revolveram os sedimentos até cerca de 70 cm de profundidade. Durante o dia a vazão do regato era diminuída e aumentada durante a noite para remover a gasolina liberada. A recuperação do leito do regato foi completada em tempo para a desova dos salmões em Agosto/1999. A vida começou a reaparecer no regato e no parque. 80 As áreas do parque e dos regatos eram avaliadas continuamente quanto às condições de risco (fogo, produto, árvores enfraquecidas pelo fogo e outros perigos físicos). Nas áreas de alto risco foram estabelecidas áreas de exclusão, onde só entravam pessoas com treinamento em segurança. O controle de acesso foi gradualmente relaxado com a redução dos riscos. Os esforços pela segurança deram resultado, pois os ferimentos observados nas equipes foram limitados a cortes, arranhões e contusões. O acesso do público ao Whatcom Falls Park foi restringido por 6 meses. O parque foi paulatinamente aberto ao público conforme o andamento dos trabalhos de recuperação. O folheto atual do parque ainda mostra uma área fechada ao público para a preservação da área central recuperada. 81 Foi feita na ETA a instalação da casa de bombas provisória, com bombas acionadas por motor diesel. As bombas foram adquiridas pela OPL e trazidas de avião C-130 comercial por ela afretado, que foi descarregado com o auxílio de um esquadrão da Washington Air National Guard. A instalação pela OPL e sua interligação foram concluídas em 7/Outubro/1999, quando foi restaurada a capacidade de suprimento de água potável da cidade. O solo foi pesquisado para delimitar as áreas contaminadas e a profundidade atingida pela gasolina através de amostras superficiais, poços de monitoramento e equipamentos mecânicos de amostragem. Por estar saturado com gasolina até 1,5 m de profundidade, entre Julho e Outubro/1999, o solo do leito e das margens do Hannah Creek (1.500 m3) e da ETA, próximo ao ponto de ruptura e do poço das bombas (5.800 m3), foi removido, transportado para outro local e incinerado. O Hannah Creek teve que ser represado e desviado através de um sistema de bombeio provisório e uma linha de 8” para o Whatcom Creek. 82 Não foi possível escavar no local das tubulações subterrâneas da ETA, sem interromper sua operação e o suprimento de água potável para a cidade. A gasolina contida neste solo não escavado acabou migrando para o Whatcom Creek e surgindo em cerca de 10 pontos ao longo do regato. O cascalho e o MDC em volta das tubulações da ETA influenciaram nesta migração. A escavação removeu a maior parte da gasolina não queimada. Em Outubro/1999, um total de 63 m3 de gasolina havia sido recuperado. O sistema de remediação do lençol freático, implantado pela OPL no ponto de vazamento no interior da ETA, para a remoção da gasolina remanescente era constituído de 3 unidades, que podiam operar de forma integrada ou independente. Essas 3 unidades eram: Unidade de extração do vapor do solo (SVE) e oxidação catalítica para a remoção de hidrocarbonetos residuais; Unidade de bombeamento e tratamento (PT) para capturar a água contaminada do subsolo e separar a gasolina. Esta unidade também operava para prevenir 83 hidraulicamente que a água contaminada migrasse para o Whatcom Creek. Foi feito furo direcional com 140m de comprimento e cerca de 8 m de profundidade para ajudar na captação; Unidade de aspersão de ar (AS) no solo para tratamento in situ do lençol freático. Cada uma dessas unidades tinha diversos poços, que eram distribuídos no interior da ETA em pontos estratégicos. Os equipamentos dessas unidades foram locados em área cercada ao lado do ponto impactado. As duas primeiras unidades foram instaladas em caráter de emergência, sem seguir o processo de licenciamento junto ao WDOE. A licença para o sistema de remediação foi dada somente em 30/Junho/2000, com validade de 5 anos. A licença restringia o nível de contaminantes que poderia ser aceito para a injeção do seu efluente aquoso na ETA, para tratamento secundário antes do lançamento no Whatcom Creek. A unidade SVE entrou em operação no final de 1999. Sua operação foi descontinuada em 14/Outubro/2002, quando não mais estava recuperando uma quantidade significante de vapores de hidrocarbonetos. Seus equipamentos foram retirados da ETA em Outubro/2004. A unidade PT operou até 14/Outubro/2002. Sua operação foi reiniciada em apenas dois dos seus poços em 26/Agosto/2004. A unidade AS iniciou sua operação em Janeiro/2001. Em Junho/2003, foi descontinuada em um dos seus poços devido ao início da unidade piloto de injeção de sulfato, para ajudar a ação das bactérias redutoras de sulfato na remediação. A aspersão de ar continuou a ser feita nos demais poços da unidade. A OPL solicitou a renovação da licença ao WDOE em 27/Outubro/2004, incluindo uma unidade definitiva para injeção de sulfato após os testes da unidade piloto previstos para terminar em 2005. A nova licença foi emitida no final de Agosto/2005, com validade de 5 anos. 84 Ainda, os serviços do plano de emergência incluíram: Estabilização do solo nas áreas queimadas por hidro-semeadura; Remoção de árvores e galhos potencialmente perigosos das áreas queimadas; Plantação de árvores nas áreas queimadas; Reconstrução da ponte da Valencia Street e construção de ponte no Fever Creek; Em Janeiro/2000, os serviços do plano de emergência para a restauração do habitat do parque foram completados. A OPL informou que já tinha gasto cerca de US$ 1 milhão até 14/Junho/1999. Em 20/Junho/1999, informou que o gasto com as operações de resposta, limpeza e restauração do regato era de cerca de US$ 5,3 milhões. Em 15/Maio/2001, informou que já tinha gasto mais que US$ 30 milhões em virtude do acidente, aí incluídos cerca de US$ 20 milhões em limpeza, restauração e indenizações por danos. Plano de Restauração Em Agosto/2002, após a realização de extensos estudos ambientais, foi emitido o plano de restauração final das áreas afetadas pelo incidente. Este plano foi preparado com o objetivo de compensar o público apenas pelos danos ambientais ocorridos de acordo com a lei “Oil Pollution Act”. O plano foi preparado por: NOOA, USFWS, WDOE, WDFW), WDNR, as tribos Lumni e Nooksack e a prefeitura. Estas entidades foram instituídas como tutores do plano. Entre as 36 alternativas avaliadas pelos tutores para a compensação dos danos ambientais foram escolhidas: Aquisição de 2 lotes de terra (9,2 e 4 acres) e doação para a cidade; 85 Melhorias no parque como estrada de acesso, banheiros públicos e parque de estacionamento; Projetos de restauração do habitat de salmões (Salmon Park e Cemetery Creek) e reconstrução do Hannah Creek; Continuação da estabilização do solo, replantio, controle de espécies invasoras e remoção de árvores e galhos potencialmente perigosos; Estabelecimento de um fundo de US 500 mil pela OPL, a ser administrado pela prefeitura, para suportar o monitoramento e a manutenção dos projetos por 10 anos. Em Julho/2003, os tutores emitiram o plano final para o monitoramento e manutenção dos projetos. Foi originalmente acertado que a OPL iria executar e custear o plano de restauração, sob supervisão das agências. A OPL comprou o menor dos lotes de terra doando-o à cidade. Plantou cerca de 40 mil árvores até que declarou concordata em 27/Março/2003. Em Junho/2004, a OPL estimava já ter gasto mais de US$ 15 milhões nos trabalhos de restauração ambiental do Whatcom Creek e Whatcom Falls Park. Em 12/Novembro/2004, foi aprovado pela U.S. Bankruptcy Court acordo feito entre os tutores, a OPL e suas seguradoras, que previa a doação à cidade do lote de terra de 9,2 acres que havia sido adquirido em 2000 pela OPL por US$ 3,1 milhões, com dinheiro de uma seguradora em outro acordo extrajudicial, e o pagamento de US$ 3,5 milhões para o término 86 das obras de restauração que seriam conduzidas pelos tutores e constituição do fundo para a manutenção e monitoramento. Os projetos de restauração foram completados em 2006. O monitoramento dos projetos de restauração continua com levantamento de informações periódicas sobre: Vegetação Peixes Insetos aquáticos (Macro invertebrados) Vida selvagem (anfíbios, pássaros e mamíferos) Hidrologia e Habitat Qualidade da água Salmon Park antes e após da restauração: Cemetery Creek antes e após da restauração: Amy Kepferle, jornalista (em Janeiro 2008): If you’ve been to Whatcom Creek recently, you know it’s hard to distinguish exactly where the fires burned that day. Ferns have reestablished themselves and fish have returned to the waters. Life teems anew, and with it, fresh memories are made. Share them, but never forget the past. 87 DANOS MATERIAIS A única residência destruída foi a de Don Alderson, funcionário do Water Department da prefeitura que tinha avisado o serviço 911 do vazamento. Quando da explosão e incêndio, assistiu sua destruição pela televisão. Antes do incidente, salvou apenas sua roupa do corpo, seu cão Chester e seu carro. Mais tarde, salvou dos escombros apenas uma caixa de madeira com moedas, marcada pelo fogo, e algumas roupas. Sua casa foi reconstruída. Em Dezembro 2008 seu cão Chester continuava vivo e estava com 15 anos de idade. Algumas residências e lojas próximas ao regato tiveram janelas quebradas pela força das explosões. O suprimento de água da ETA não foi contaminado pelo vazamento. As tubulações de captação da água do Lake Whatcom não foram afetadas pelo incêndio. Entretanto, a ETA sofreu severos danos. As 5 bombas da estação ficaram fora de operação por destruição dos equipamentos de controle. Janelas da fachada principal edifício foram quebradas pelas explosões que por sorte não danificaram os tanques de cloro da estação. Linhas de energia elétrica da Puget Sound Energy foram afetadas pelo incêndio. Linhas aéreas de telefone na região do parque foram atingidas pelo incêndio. Em Maio/2001, quando acionou sete companhias seguradoras da Equilon, a OPL informou já ter gasto mais de US$ 30 milhões devido ao acidente, aí incluídos US$ 20 milhões para serviços de limpeza e indenizações de terceiros por danos à propriedade. O relatório do NTSB informou que, em Janeiro/2002, era estimado um total de pelo menos US$ 45 milhões de danos à propriedade decorrentes do incidente, sem discriminar o que era dano à propriedade de terceiros e o que era danos às instalações da OPL ou valor perdido no produto queimado. O mesmo valor está registrado no banco de dados de acidentes do OPS. 88 PERDAS PARA A COMUNIDADE Por precaução foram desligadas duas subestações e uma linha de alta voltagem, cortando o suprimento de energia elétrica a dezenas de milhares de consumidores (residências, lojas e indústrias) por várias horas. Também afetou os sinais de trânsito causando congestionamentos durante a evacuação. Linhas aéreas de telefone na região do parque ficaram inoperantes por várias horas. Uma torre de telefonia celular foi desligada pelo corte de energia elétrica, tornando o serviço não confiável o que foi agravado pela sobrecarga das centenas de chamadas ao serviço 911, logo após a explosão. Evacuação de vários quarteirões da cidade em zona de moradia, casas e sobrados, comércio e rua especializada em comércio e reparo de automóveis (Auto Row). Interdição de ruas próximas (área de 2 milhas quadradas) por risco de explosão em esgotos gaseificados por várias horas. Interrupção do tráfego na rodovia I-5 por várias horas por causa da fumaça. Interrupção do tráfego marítimo em área da Baía de Bellingham por vários dias, até a confirmação de que a Baía tinha sido pouco atingida. Exposição da força de resposta ao incidente e da comunidade vizinha à área afetada à fumaça decorrente do incêndio e à vapores e cheiro de gasolina por vários dias. Perda de área de lazer por longo período com o fechamento total do Whatcom Falls Park por 1 semana e parcial por vários meses. Perturbação da vida econômica da cidade por vários dias. Perda de valor das propriedades próximas à faixa do oleoduto. A OPL chegou a comprar uma propriedade junto ao Whatcom Creek, como resultado de acordo judicial em ação cível por perdas e danos de um incorporador. O terreno foi posteriormente doado à prefeitura de Bellingham, para aumento da área do Whatcom Falls Park, como parte da compensação pelos danos à comunidade. Interrupção do fornecimento de água até o dia seguinte ao incidente. O Public Works Department conseguiu reativar precariamente 3 bombas. O suprimento foi reiniciado, com menor vazão, provocando racionamento de água afetando 30 mil pessoas por 4 meses. Por uma semana cerca de 20 mil pessoas só tiveram água para beber e cozinhar. A OPL montou uma estação de bombas provisória, utilizando bombas acionadas por motores diesel, trazidas de avião. A prefeitura aumentou a capacidade de bombeamento de outra estação para melhorar o suprimento e montou duas rotas alternativas de suprimento com tubos de polietileno. Serviços normais da prefeitura prejudicados pelo deslocamento de recursos humanos e materiais para atendimento prioritário da emergência. Custos imprevistos para a prefeitura tais como a contratação de escritório de advocacia para defender os interesses da cidade e de especialistas em oleodutos para dar suporte técnico à prefeitura na discussão com a OPL, reparos provisórios em bombas da ETA e montagem de rotas alternativas de suprimento de água. No orçamento da prefeitura de 1999 está registrada a distribuição de cerca de US$ 1,5 milhão e no de 2000 está registrada a distribuição de cerca de US$ 236 mil, valores recebidos da OPL como ressarcimento de custos da prefeitura relacionados com o atendimento a emergência. 89 IMPACTO NO SUPRIMENTO DE COMBUSTÍVEIS O oleoduto de 16” da OPL deixou de operar desde Ferndale até Renton logo após o incidente, o que impediu as refinarias da ARCO, em Cherry Point, e da Tosco, em Ferndale, de usá-lo para escoar sua produção para os mercados ao sul. As refinarias de Anacortes, Equilon e Tesoro, ainda tinham acesso ao oleoduto de 20”, de Allen até Renton, e foram pouco afetadas pelo incidente. A resposta da indústria ao problema foi aumentar o transporte por navios, barcaças e ARCO, Tosco caminhões–tanque e acordos de troca de produtos entre refinarias de modo a que produtos das refinarias de Anacortes que tinham acesso ao oleoduto eram trocados com produto das outras refinarias entregues pelos modais alternativos. Gasolina passou a ser transportada por barcaças das refinarias do norte para Seattle, Tacoma e Portland. A refinaria da ARCO, a maior da região, teve que reduzir sua carga de processamento em cerca de 30%, o que foi compensado com produtos vindos da Califórnia por navios. Com isso, os custos do escoamento da produção aumentaram. A ARCO solicitou o ressarcimento de seus prejuízos pela redução da produção às seguradoras dentro das apólices de cobertura de interrupção de negócios, que mais tarde acionaram a OPL. O movimento de barcaças cresceu para cerca de 50 viagens por mês, um acréscimo em torno de 50%, com o conseqüente aumento de receitas das companhias de navegação, que apresentaram bons resultados no período em que o oleoduto ficou parado. O tráfego de navios na costa do estado atingiu 76 viagens em Julho 1999, crescendo em torno de 58% em relação a ano anterior. Também, navios trouxeram produtos importados da região do Caribe para complementar o suprimento do mercado. O Estado de Washington tem a regulação de navios-tanque mais rigorosa do país. É o único estado que exige que todos os navios-tanque que operem em suas águas tenham plano de prevenção e resposta a vazamentos previamente aprovado pelo WDOE. Com os problemas de suprimento trazidos pelo incidente, com a demanda alta por ser o início do verão e com os preços aumentando pelo corte produção da OPEP em Março/1999, houve uma corrida de pedidos de aprovação destes planos para o WDOE, sendo registrados 20 pedidos desde o incidente até o início de Agosto/1999. Apesar das companhias de petróleo manter equipes de limpeza de vazamentos em diversos pontos da costa que poderiam responder a eventuais vazamentos, o WDOE preocupado com o maior risco de poluição no mar, principalmente durante o inverno com piores condições de mar, passou a inspecionar com mais rigor as barcaças e navios. Sua maior preocupação era com as embarcações de outras bandeiras, pois as companhias de navegação da região, submetidas às leis americanas, tinham um bom desempenho de segurança. No primeiro mês, multou e baniu dois navios, um de bandeira liberiana e outro de bandeira maltesa. O maior problema de suprimento ao mercado foi o atendimento do aeroporto Sea-Tac, que dependia exclusivamente do oleoduto e não estava preparado para receber produto por 90 caminhões-tanque. A maior parte do consumo de 36 mil bpd era atendido pela ARCO. Inicialmente, foi emitido aviso pela OPL às companhias aéreas de só enviar aviões para aquele aeroporto com combustível suficiente para decolar e atingir o próximo ponto de destino. Após, o suprimento de QAV foi restaurado de forma precária com transporte por barcaça até um terminal em Anacortes, de onde era bombeado pelo oleoduto de 20” da OPL, passando o aeroporto a operar com menor estoque médio do produto. Nos primeiros dias, o estoque de QAV atingiu um mínimo de 2 horas de consumo. Nos 20 meses em que o oleoduto de 16”, entre Ferndale e Allen, ficou parado para os serviços de inspeção e reparos exigidos pela OPS para que pudesse retornar à operação houve duas situações críticas. Em Agosto/2000 o estoque chegou a apenas 8 horas de consumo, e a situação só foi contornada porque a Alaska Air cancelou alguns vôos de MD-80 para inspeções de segurança. No natal de 2000 o estoque chegou a um dia de consumo. Com o retorno à operação do oleoduto de 16”, entre Ferndale e Renton, em 8/Fevereiro/2001, a situação começou a normalizar. Em 28/Fevereiro/2001, às 10:54h, ocorreu um forte terremoto, magnitude 6,8 (o maior em 50 anos) e duração de 40 segundos, com epicentro entre Seattle e Olímpia, provocando danos de cerca de US$ 2 bilhões, decretação de estado de emergência em toda a região atingida e causando danos a edificações, pontes, viadutos, deslizamentos de terra e liquefação do solo em vários pontos. Como os oleodutos da OPL atravessavam essa região, sua operação foi paralisada de imediato. As verificações de segurança e inspeção aérea duraram cerca de 30 horas. Por sorte os oleodutos não foram afetados, apesar da suspeita inicial de haver trinca em um ponto do oleoduto, que não foi confirmada. A OPL não identificou movimentos de terreno. Inspetores do OPS e do WUTC acompanharam a OPL na inspeção das faixas, estações de bombeamento e demais instalações do oleoduto. Essa situação, que poderia causar falta de QAV no aeroporto, só não se tornou crítica porque a torre do aeroporto foi destruída pelo terremoto, o que causou a diminuição do número de vôos. O aeroporto parou as operações por cerca de 1 hora, para inspeções da pista e de suas estruturas e estabelecimento de controle de vôo precário. Só retornou a uma operação próxima do normal em torno de 12 horas após. 91 A situação só se normalizou quando o oleoduto de 16”, entre Allen e Renton, retornou à operação em 3/Junho/2001, a tempo de atender a alta demanda do verão. Nas primeiras semanas depois do incidente, foram observadas faltas esporádicas de gasolina Premium, provocadas pela manutenção programada da unidade da refinaria da Equilon que a produzia. A região não sofreu maior problemas de suprimento de gasolina normal embora em algumas regiões do oeste do estado os preços foram aumentados por especulação e medo de falta de ressuprimento. Isto aconteceu em menor escala no leste do estado e no Estado do Oregon, ponto final do oleoduto. O relatório bienal de 2001do Office of Trade and Economic Development do estado mostrou que o preço médio da gasolina no estado aumentou de US$ 1,41/galão em Junho/1999 para US$ 1,48/galão em Julho/1999, ou seja um aumento de US$ 0,07. Entretanto, pelo aumento observado nos preços de petróleo pelo corte de produção da OPEP, o preço médio gasolina em todo o país aumentou US$ 0,05 no mesmo período. O preço do estado atingiu um máximo de US$ 1,52/galão em Agosto/1999 e depois se reduziu atingindo US$ 1,44/galão em Novembro/1999, enquanto o preço nacional continuou a crescer até Dezembro/1999. Dessa maneira, o efeito do incidente aparentemente foi mínimo e foi fortemente mascarado pelos aumentos provocados pelo corte de produção da OPEP. Em 23/Maio/2004, ocorreu um vazamento de gasolina seguido de incêndio na EB de Renton que tirou o oleoduto de 16” de operação por cerca de 60 horas. Não houve impacto nos preços, nem problemas de suprimento, inclusive no aeroporto internacional de Sea-Tac. 92 BATALHA LEGAL O incidente desencadeou uma verdadeira batalha legal, com as partes contratando um exército de advogados. A OPL chegou a contratar Kenneth Starr, altamente conceituado no âmbito federal, que atingiu grande notoriedade no processo contra o presidente Clinton no caso Monica Levinsky. Houve a aplicação de multas por agências estaduais e federais, todas contestadas administrativamente pela OPL e Shell, sucessora da Equilon, e que acabaram sendo resolvidas em acordos. Além da ação para indenização pelas mortes de Wade e Stephen, movidas por suas famílias, já mencionada, ocorreram diversas ações cíveis de indenização que envolveram a OPL e a Shell. Alguns dias depois do acidente, foi iniciada uma ação criminal de investigação das violações de regulamentos e leis federais, com a participação do FBI. Os arquivos dos envolvidos foram vasculhados pelas autoridades. Esta investigação levou ao indiciamento das companhias e de alguns empregados em ação criminal. Por desbalanceamento entre receitas e despesas a OPL foi obrigada a solicitar concordata, para reorganizar o pagamento de seus débitos. Todas estas ações estavam interligadas entre si, gerando inúmeros recursos aos tribunais envolvidos, o que tornou o processo legal complicado e moroso. A maioria das ações foi terminada por acordo entre as partes. Diversos envolvidos se recusaram a depor nas ações cíveis e ao NTSB para não se comprometer criminalmente, só o fazendo em juízo quando do julgamento da ação criminal. Outros só o fizeram após conseguir acordo de imunidade. Isto prejudicou a investigação do NTSB sobre a causa do incidente, que também foi prejudicada por atrasos no início de testes no trecho de tubo que rompeu por necessidade de preservação de evidências para a ação criminal. A lista a seguir não tem a intenção de ser completa. Apresenta apenas o que se pôde deduzir de notícias de jornais, artigos especializados, sites de escritórios de advocacia e de documentos oficiais pesquisados. Os valores das multas, penalidades e indenizações foram apurados dessas fontes. Nem todos foram informados, só os que envolviam órgãos do governo, pois a lei americana obriga a sua divulgação. Multas e Ações Judiciais do Governo Em 2/Junho/2000, o OPS aplicou multa de US$ 3,05 milhões na OPL. Esta multa era a soma dos valores máximos dos diversos itens em que a OPL foi enquadrada. O valor foi reduzido para US$ 500 mil, metade para a OPL e a outra metade para a Shell, pelo acordo entre os órgãos do governo, estadual e federal, e as companhias, quando estas só se declararam culpadas, cada uma de um crime grave na ação criminal, para o qual este era o valor máximo. Em Janeiro/2004, a Shell pagou a sua parte. A OPL só fez o pagamento em Fevereiro/2005, por estar em concordata. 93 Em 13/Setembro/2001, o Federal Grand Jury de Whatcom County decidiu pelo indiciamento da OPL e da Equilon e 3 de seus empregados (Frank Hopf Jr., Ronald Dean Brentson e Kevin Scott Dyvig) em 7 crimes, 5 graves contra a lei Hazardous Liquid Pipeline Safety Act e 2 leves contra a lei Clean Water Act. Em Maio/2002, a EPA, através do Justice Departament federal, moveu ação, por danos ambientais provocados por negligência na operação dos dutos, contra a OPL e a Equilon, no valor de US$ 18,6 milhões cada. Em Junho/2002, o WDOE aplicou multas de US$ 7,86 milhões por danos ambientais tanto à OPL quanto à Shell Pipeline, sucessora da Equilon. A intenção inicial era de multar a IMCO em valor similar, o que não foi feito por falta de evidências físicas, apesar da investigação da NTSB apontar nesse sentido, pois as retro-escavadeiras usadas em 1993/1994 não mais existiam. Para resolver estes dois processos de multa, em 17/Janeiro/2003, foi fechado acordo entre EPA, WDOE e Justice Department com a OPL e a Shell Pipeline LP, sucessora da Equilon, determinando que a OPL pagasse US$ 5 milhões e a Shell pagasse US$ 15 milhões em penalidades cíveis pela poluição causada, a serem divididas igualmente entre a EPA e o WDOE. O acordo previa que ambas as companhias ficariam 5 anos sob observação e que neste período, para a prevenção de vazamentos, a OPL investisse US$ 15 milhões no seu oleoduto e a Shell investisse US$ 62 milhões em cerca de 3.500 km de seus oleodutos em outros 7 estados. Nesse mesmo acordo foi acertado que a OPL e a Shell Pipeline LP, sucessora da Equilon, se declarariam culpadas em apenas 1 crime grave cada uma e foi decidido o valor das multas da ação criminal. A OPL seria multada em US$ 6 milhões e a Shell em US$ 15 milhões. O acordo foi colocado para comentários públicos e seria aprovado por um juiz federal de acordo com a lei americana. O acordo previa que, da multa da Shell, seriam destinados US$ 5 milhões para 2 projetos aprovados pelo conselho da cidade de Bellingham: US$ 4 milhões para o Pipeline Safety Trust, uma organização independente não lucrativa com sede em Bellingham, que atuaria como elemento de ligação entre a indústria, as comunidades e órgãos reguladores em assuntos de segurança de dutos, projeto apoiado pelas famílias de Stephen e Liam; US$ 1 milhão para o estabelecimento do Squalicum Park em Bellingham, com trilhas, projeto de criação de salmão e campos de baseball, projeto de preferência da família King pelo amor de Wade pelo baseball. Ainda, o acordo previa que da parcela do WDOE, como compensação pelos danos ao meio ambiente advindos do incidente, seriam destinados US$ 4 milhões para a constituição de um fundo a ser administrado pela prefeitura de Bellingham no desenvolvimento de projetos ambientais. O principal desse fundo só poderia ser usado após 50 anos e somente seus rendimentos anuais poderiam ser usados. 94 Em 18/Junho/2003, esse acordo foi aprovado na audiência de sentença da ação criminal. Nesta audiência foram sentenciados: Frank Hopf Jr., vice-presidente da OPL, condenado a 6 meses de prisão, três anos de liberdade supervisionada e 200 horas de serviços comunitários; Ronald Dean Brentson, supervisor do CCO da OPL, condenado a 1 mês de prisão, 1 mês em prisão domiciliar, três anos de liberdade supervisionada e 150 horas de serviços comunitários; Kevin Scott Dyvig, controlador (CA) da OPL, condenado a um ano de liberdade condicional e 150 horas de serviços comunitários. Foi a primeira vez em que envolvidos em acidentes de dutos nos Estados Unidos foram condenados à prisão por infrações contra as leis federais que regulamentam a atividade. U.S. District Judge Barbara Rothstein, juíza da ação criminal: The individuals who make these choices are going to have to realize that they are the ones who will be held accountable. You can't hide behind a corporate front". … there’s going to be a Trust that’s going to be funded as part of today’s sentencing. With $4,000,000 … they’ve nowhere near the lobbying potential of the oil industry. It’s not even David and Goliath. It’s more like Bambi and Godzilla. You’ve heard people today that are going to spend their lives trying to make this right, and they should be listened to. They need to be listened to, they need to make a difference, because they are the ones that will be the watchdogs. No industry polices itself very well… you need outside people, and these are going to be the people so pay attention to them. I think this case has to be taken to heart. If this case is not taken to heart, then this tragedy is wasted. Concordata Para fazer frente ao aumento de seus custos com as exigências de inspeção e reparo do oleoduto, a OPL tentou obter aumento de suas tarifas junto aos órgãos reguladores, estadual e federal. Em 30/Maio/2001, a OPL submeteu proposta de aumento de 76% em suas tarifas interestaduais à Federal Energy Regulation Commission – FERC, órgão regulador federal. Seus usuários entraram com protestos junto à FERC. Em 29/Junho/2001, a proposta foi recusada pela FERC, antes mesmo das audiências de praxe, porque a OPL não atendeu os requisitos de informação contidos nos regulamentos federais e por não ter demonstrado que as tarifas eram justas e razoáveis. Em 30/Julho/2001, a OPL coloca na FERC um segundo pedido de aumento de suas tarifas interestaduais, agora de 62%. Novamente seus usuários entraram com protestos junto à FERC. Mesmo assim a FERC aceitou analisar o pedido, autorizando o aumento, sujeito à restituição caso o processo viesse a não ser aprovado. Os procedimentos de análise foram iniciados e foi marcada audiência. Depois de tentativas de acordo infrutíferas e coleta de informações testemunhais por peritos das partes envolvidas, a FERC rejeitou sumariamente o pedido de aumento da OPL e ordenou a restituição das diferenças de tarifas aos usuários, após concluir que as justificativas da OPL do custo do serviço eram inconsistentes com os regulamentos da FERC e não confiáveis. Em 31/Outubro/2001, a OPL solicitou à WUTC, órgão regulador estadual, um aumento de 62% de suas tarifas intraestaduais para custear os projetos de melhorias de segurança dos 95 oleodutos. Seus usuários entraram com protestos junto à WUTC. Em 27/Setembro/2002, a WUTC rejeitou o pedido de aumento da OPL e ordenou que ele reentrasse com o pedido de aumento de apenas 2,52%, que segundo a WUTC era o valor justo e razoável. Em 27/Março/2003, como as tentativas de aumento de suas tarifas não deram resultado a OPL declarou concordata, por desbalanceamento das receitas e custos, e entrou com pedido proteção para reorganização de seus débitos de acordo com o Federal Bankruptcy Statutes (Chapter 11). Alegou ter um patrimônio de US$ 105,8 milhões, um débito potencial de US$ 401,9 milhões, a maior parte constituída por ações legais das companhias de petróleo suas usuárias por perdas que sofreram quando o oleoduto parou de operar, depois do acidente em Bellingham, e que estava contestando judicialmente a maioria destas ações. Informou que os débitos não cobertos por seguro representavam US$ 369,9 milhões desse total. Informou que iria manter a operação do oleoduto, iria pagar juros aos credores, já tinha pagado US$ 79,3 milhões para encerrar 11 ações, de danos pessoais e danos à propriedade, e que esperava convencer os reguladores, estaduais e federais, a permitirem um aumento de tarifa e a darem mais prazo para terminar as melhorias exigidas que não afetassem imediatamente a segurança. Deixou de pagar a diversos fornecedores e devolver aos seus usuários os créditos relativos a diferenças de tarifas, que foram cobradas por um período e não foram posteriormente aprovadas pelo órgão regulador. Em 31/Março/2003, logo após o pedido de concordata, a OPL novamente solicitou à FERC aumento em suas tarifas interestaduais, agora de 54,46%, alegando as melhorias que fez no seu sistema, o extenso programa de inspeção interna e reparos, o aumento das exigências dos órgãos reguladores na segurança dos oleodutos e aumento dos custos operacionais. Seus usuários entraram com protestos junto à FERC quanto a esse aumento de tarifas e acionaram seus advogados para defender seus interesses junto à corte federal que estava analisando o processo de concordata. Em 26/Novembro/2003, a OPL submeteu o acordo que tinha negociado com seus usuários aos órgãos reguladores, estadual e federal, à corte federal que estava acompanhando a concordata. O acordo previa: a extensão do prazo de devolução dos créditos em restituição de tarifas; a nova metodologia do cálculo das tarifas; o novo valor das tarifas; a colocação em operação do Terminal de Bayview até Setembro/2004 (fora de operação desde o acidente); e o empenho da OPL em conseguir obter a aprovação do OPS para operar o oleoduto a 100% da PMOA, o que só foi conseguido em 2006. O acordo não previa a redução do número de empregados e previa aportes de capital dos acionistas para o pagamento de alguns credores, investimentos em segurança e formação de capital de giro para garantir as operações da OPL. O acordo foi aprovado pela U.S. Bankruptcy Court e pelos reguladores estadual e federal, ainda em 2003. A OPL somente saiu da concordata em 30.Setembro.2005, quando quitou suas dívidas pendentes. 96 Outras Ações Judiciais Em 25/Agosto/2000, a OPL fechou acordo extrajudicial na ação impetrada contra ela pela Whatcom Reach LLC, adquirindo por US$ 3,1 milhões uma propriedade de 9,2 acres ao longo do Whatcom Creek, posteriormente doada ao parque. O valor foi pago por uma seguradora. Em Março/2001, a OPL acionou 7 companhias seguradoras solicitando cobertura de mais de US$ 70 milhões de indenizações provindas do acidente, nas apólices da Equilon para cobertura de danos pela operação do oleoduto. Em Junho/2001, dois paramédicos do BFD que atenderam as 2 crianças mortas no acidente, a coordenadora de emergência do WCSO e um empregado do WDOE que atuou na recuperação ambiental acionaram a OPL por danos emocionais, em valor não declarado. Em 27/Julho/2001, OPL e Equilon moveram ações, uma contra a outra, com o objetivo de determinar quem era o responsável pelos danos potenciais do acidente, que poderia vir a superar US$ 500 milhões. Estes custos incluíam perdas e danos pela paralisação do oleoduto, ações contra a OPL e a limpeza e recuperação do Whatcom Falls Park e dos regatos atingidos. Em sua ação, a OPL alegou que a Equilon era a operadora quando do acidente, pois assumiu a operação do oleoduto em substituição do operador original, Texaco Pipeline, quando ele se uniu à Equilon em Julho 1998. A Equilon contestou afirmando que a OPL era a operadora e alegando que a Equilon apenas emprestou pessoal para servir com executivos da OPL. A ARCO cobrou de suas seguradoras as perdas e danos que sofreu na refinaria de sua propriedade, ao norte de Bellingham, por diminuir seu processamento em função da paralisação do oleoduto, em valor superior a US$ 560 milhões. As seguradoras contestaram alguns pontos da solicitação da ARCO referentes à cobertura das apólices e moveram ação contra a OPL e a Equilon, em 2001, para recuperar o que pagaram à ARCO. Esta ação foi decidida por acordo extrajudicial de valor não revelado. 97 ALTERAÇÕES ACIONÁRIAS Em 1999, a Olympic Pipe Line Company (OPL) era propriedade de: - Equilon Pipeline Company LLC (37,5%) - ARCO - Atlantic Richfield Company (37,5%) - GATX Terminal Corporation (25%) A primeira, operadora das instalações desde 1998 quando substituiu uma subsidiária da Texaco Pipeline, era propriedade de Equilon Enterprises, Inc., que por sua vez era de propriedade de subsidiárias da Texaco (44%) e Shell (56%). Para os padrões da indústria de petróleo era uma companhia pequena, com cerca de 60 empregados em 1999 e faturamento bruto em torno de US$ 40 milhões em 1998. Perto do faturamento bruto de seus sócios era um valor ínfimo (cerca de 0,3% do faturamento da ARCO em 1999). No Relatório Form 10 K da Texaco à SEC em 1999, com centenas de páginas, o incidente aparece apenas como uma nota explicativa de 5 linhas sobre a tabela de reservas para contingências. A companhia estava à venda. Quando ocorreu o incidente, possíveis compradores estavam visitando as instalações do sistema da OPL. A partir de 2000, a reestruturação do setor petróleo dos Estados Unidos, com a associação e/ou incorporação das grandes companhias tradicionais do setor, motivou uma série de alterações na propriedade da OPL. Em 2000, houve a associação da ARCO com a BP-AMOCO e a compra das ações da GATX na OPL pela ARCO, o que deu à BP o controle acionário da OPL (62,5%). A BP assumiu a operação das instalações da OPL em 1/Julho/2000. A presidência, a diretoria e a alta gerência da OPL foram substituídas. Frank Hopf Jr., vice-presidente da OPL, retornou à Shell. Ronald Dean Brentson, supervisor do CCO, e Kevin Scott Dyvig, controlador, envolvidos no incidente, foram colocados em licença administrativa. Em 2001, houve a compra pela Shell das ações da Texaco na Equilon, que foi obrigada a vendê-las por determinação da Federal Trade Commission, quando da associação da Texaco com a CHEVRON, ficando somente dois acionistas, BP (62,5%) como operadora das instalações e Shell (37,5%). Pela intenção de venda das ações da OPL pela Shell a um outro grupo, em 1/Dezembro/2005, a ARCO usou o direito de first refusal e comprou estas ações. A BP se tornou a única proprietária da OPL. Em 1/Fevereiro/2006, a ARCO vendeu 65% das ações da OPL à ENBRIDGE, ficando a BP minoritária, com apenas 35% das ações, porém continuando como operadora das instalações. 98 MUDANÇAS NA REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE O Department of Transportation (DOT) foi criado pela lei Department of Transportation Act (DOT Act) de 1966, estabelecida pelo congresso e aprovada pelo Presidente Lyndon B. Johnson em 15/Outubro/1966. O primeiro dia oficial de operação do DOT foi 1/Abril/1967. Sua missão era desenvolver e coordenar políticas para um eficiente e econômico sistema nacional de transportes, considerando o meio ambiente e a defesa nacional, com a responsabilidade de proteger e melhorar a segurança, a adequação e a eficiência dos sistemas e serviços de transporte em todos os modais. Com a missão de investigar todos os acidentes da aviação civil e os acidentes significantes em outros modais de transporte, e de emitir recomendações de segurança para prevenir futuros acidentes, o National Transportation Safety Board (NTSB) foi criado no DOT. Começou a operar na mesma data que o DOT. Embora o NTSB atuasse de forma independente, dependia do DOT para obtenção de recursos e suporte administrativo. Em 1/Abril/1975, pela lei Independence Safety Board Act, o congresso deu ao NTSB independência total e foram cortadas todas as ligações organizacionais com o DOT. Na atividade de transporte dutoviário, o NTSB investiga qualquer incidente em que tenha havido morte, danos substanciais à propriedade ou vazamentos de produtos perigosos. O Office of Pipeline Safety (OPS) foi criado, na estrutura do DOT, pela lei Natural Gas Pipeline Safety Act (NGPSA) de 1968 para fiscalizar os gasodutos interestaduais. Em 1972, a fiscalização dos oleodutos interestaduais passou a ser sua responsabilidade. Em 23/Setembro/1977, o ato do Secretário de Transportes Brock Adams de criação da Research and Special Programs Administration (RSPA), combinando o Transportation Systems Center, o transporte de produtos perigosos, os programas de segurança em dutos e diversos outros programas, inclusive de pesquisa e desenvolvimento, que se reportavam diretamente a ele, foi um significante desenvolvimento institucional e criou um precedente, pois não tinha sido um ato do Congresso. Somente com a lei Pipeline Safety Act de 1992 a RSPA atingiu o mesmo status que as outras administrações operacionais do Executivo. A RSPA além de coordenar a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de transporte de todos os modais, administrava o programa nacional de regulamentação para assegurar o transporte seguro de petróleo, gás natural e outros produtos perigosos por dutos agindo através do OPS que passou à sua subordinação. O OPS desenvolvia regulamentos para assegurar a segurança no projeto, na construção, no teste, na operação, na manutenção e na resposta a emergência de instalações de oleodutos e gasodutos. Desde o início o OPS tinha um desempenho que deixava a desejar. Em 1978, um relatório do Government Accounting Office (GAO), órgão ligado ao poder legislativo, registrava uma fiscalização fraca, registros inadequados, regulamentos que não garantiam a segurança pública e que a agência não podia executar suas responsabilidades com cerca de 40 empregados e um orçamento de US$ 4,8 milhões. A maior parte do orçamento do OPS (80%) vinha de uma taxa de uso paga pelos operadores dos dutos por ele regulados, que é coletada no Pipeline Safety Fund. O restante vinha do Oil Spill Liability Trust Fund, que recebe uma taxa paga pelas companhias de petróleo sobre o óleo produzido no país e sobre o óleo importado. Dessa forma, todo o orçamento do OPS 99 vinha das companhias de petróleo e dos operadores de dutos. O OPS foi por diversas vezes acusado de ser leniente e de ter sido cooptado pela indústria que tinha que regular, principalmente pela dependência financeira que o seu orçamento tinha dessa indústria. A crescente suburbanização das cidades americanas, tornando áreas rurais onde estavam locados oleodutos e gasodutos em áreas intensamente povoadas, vinha agravando as conseqüências dos incidentes em dutos. Muitos dos novos moradores desconheciam a existência de dutos junto a suas propriedades. Desde o início da década de 90, o tema da regulamentação da segurança dos oleodutos e gasodutos era trazido à tona a cada incidente que ocorria, sempre ocorrendo mudanças pontuais que apesar de melhorar a segurança não atingiam o cerne da questão. Logo após a saída do fato das manchetes dos jornais o assunto era esquecido pelo grande público. O NTSB sempre recomendava ações para evitar sua recorrência. Estas deveriam ser executadas ou regulamentadas pela RSPA, ao qual estava subordinado o OPS, órgão responsável por fiscalizar o cumprimento da regulamentação. Estas recomendações nem sempre eram seguidas pelo forte lobby das companhias operadoras e pela cultura prevalente no OPS de atender aos requisitos da indústria. Em Abril/1999, o Committee on Commerce da Câmara analisou a reautorização da lei de segurança de dutos e a aprovou por unanimidade, mantendo a regulamentação vigente com algumas modificações sem muita importância. O incidente de Bellingham, em 10/Junho/1999, teve intensa repercussão na mídia, despertou a opinião pública para o assunto da segurança dos dutos, tornando os governos locais e grupos de cidadãos mais conscientes e organizados. Uma semana depois do incidente foi criada a SAFE Bellingham, organização formada por um grupo de moradores da cidade para assegurar que o Whatcom Creek fosse restaurado, que a OPL fosse considerada responsável pelo incidente e que ações fossem tomadas para mitigar futuros incidentes. Essa organização atuou ativamente articulando-se a nível local, estadual e federal, articulando-se com outras organizações interessadas em promover mudanças nos regulamentos federais da segurança operacional de dutos e o aumento do acesso da informação construindo parcerias com residentes, governo e indústria. Em Julho/1999, o prefeito de Bellingham, Mark Asmundson, certo de que para haver ação legislativa a partir de tragédia que ocorrera em sua cidade haveria a necessidade de mobilização da opinião pública a nível nacional, deu os passos iniciais para a formação de uma coalizão de representantes eleitos de diversas cidades que tinham tido acidentes com dutos. Apesar de não ter interesse pessoal em altos cargos políticos, demonstrou uma força e uma liderança que recebeu elogios de todos ao longo do processo de reforma das leis sobre segurança de dutos. Articulou-se com os prefeitos de outras cidades atravessadas pelos oleodutos da OPL, depôs em diversas reuniões de comitês formais do Senado e da Câmara e manteve contatos pessoais com congressistas em Washington, DC, em ativa campanha de lobby. Mark Asmundson, prefeito de Bellingham: When and if Congress is going to identify this issue, it needs to be more than a group from Bellingham and Puget Sound that are concerned. We need to mobilize people around the country, and it just so happens that there’s a pretty good geographic representation of cities that have had significant petroleum spill events. Em Agosto/1999, a Senadora Patty Murray solicitou ao Office of Inspector General (OIG) do DOT que: 100 Determinasse a legislação necessária para aumentar a capacidade do OPS em melhorar a segurança do transporte dutoviário; Verificasse as ações do OPS em utilizar e desenvolver tecnologias de inspeção de dutos; Verificasse as ações correntes do OPS dirigidas a atacar as principais causas de acidentes em dutos; Verificasse as ações do OPS em responder às recomendações do NTSB relacionadas às principais causas de acidentes em dutos. Duas semanas antes, o deputado federal John Dingell, membro do Committee on Commerce da Câmara Federal, solicitou que o Government Accounting Office (GAO), órgão ligado ao poder legislativo, analisasse o desempenho do OPS na regulação da segurança do transporte dutoviário, com foco no programa de demonstração do gerenciamento de risco pelos operadores de dutos, criado pela lei Accountable Pipeline Safety and Partnership Act of 1996, do qual era ferrenho crítico, e informasse sobre o andamento da investigação do incidente de Bellingham. Os jornais Bellingham Herald e Seattle Times iniciaram intensa cobertura investigativa, noticiando cada nova descoberta durante a investigação do NTSB mantendo sempre o assunto vivo junto à opinião pública local e regional. Em 27/Agosto/1999, a RSPA emitiu regulamento sobre a qualificação de pessoal para os operadores de dutos, após extenso processo de negociação com a indústria, iniciado em 1996. O regulamento se tornou efetivo em 26/Outubro/1999. Em 27/Outubro/1999, Jim Hall, presidente do NTSB, depôs em reunião no Subcommittee on Economic Development, Public Buildings, Hazardous Materials and Pipeline Transportation of The Committee on Transportation and Infrastructure da Câmara dos Deputados, que estava analisando a reautorização do Pipeline Safety Act. Mostrou o andamento da investigação do incidente de Bellingham e apresentou críticas à atuação da RSPA e do OPS. Disse que esses órgãos não atenderam recomendação do NTSB, feita em 1987, para que fosse exigida a inspeção periódica para a verificação de integridade de oleodutos e a correção dos defeitos observados. Também mencionou que as recomendações do NTSB quanto ao treinamento e qualificação de operadores não tinham sido atendidas. Mencionou que, quando ocorria um acidente, o OPS sempre requeria ao operador do duto para tomar ações além do que estava estabelecido nos regulamentos, mas não incorporava essas exigências em seus regulamentos, o que o NTSB tinha solicitado por diversas vezes. No início de Dezembro/1999, o presidente do NTSB, fez duras criticas tanto à indústria quanto ao OPS em uma reunião da Association of Oil Pipe Lines (AOPL) em Washington, DC, que foram amplamente divulgadas pela mídia. Disse que a indústria tinha muito a ver com os 69% de atendimento das recomendações de segurança emitidas pelo NTSB, o mais baixo índice de todas as agências do DOT. Apontou que nos últimos dois anos a indústria de transporte de óleo e gás tinha gasto US$ 119 milhões em atividades de lobby no legislativo e agências de regulação e US$ 22 milhões em contribuições para campanhas de políticos. Jim Hall. Presidente do NTSB: Your opposition before Congress and the regulators ... has frequently been very effective, but I believe very shortsighted. I am tempted to say I wish you as much luck with the judge and jury. Nature abhors a vacuum, even a regulatory vacuum. ... The next Bellingham could be a huge catastrophe. And if it happens, it will be a media event that will define your industry. Like Exxon Valdez and TWA Flight 800, some names will become household. And rest assured the manner in which pipelines are regulated will change irrevocably. 101 Como era de se esperar recebeu apenas um polido aplauso. Interessante notar, que nessa mesma reunião um dos assuntos tratados pela AOPL foi o de como se evitar ações criminais com a participação de antigos promotores federais. Um ponto que ilustra o ferramental de influência da indústria aconteceu durante a investigação das causas do incidente de Bellingham. O investigador chefe do NTSB, que estava a alguns meses de ir para uma empresa privada, foi obrigado a se afastar das investigações quando a OPL contratou seu futuro empregador para representá-la no caso. Em 26/Janeiro/2000, a Senadora Patty Murray propõe lei sobre a segurança de dutos no Senado, encaminhada para aprovação do Committee on Commerce, Science and Transportation do Senado, e começa uma intensa campanha de convencimento de seus pares para apoio à sua proposta. Alguns dias depois o Deputado Jack Metcalf propõe outra versão de lei sobre o mês o assunto na Câmara de Deputados. Em Fevereiro/2000, o tema da segurança dos dutos aparece na campanha presidencial. No dia 27, o Vice-Presidente Al Gore expressou seu suporte ao esforço de reforma da legislação para segurança dos dutos, quando visitou um subúrbio de Seattle e manteve contatos com a Senadora Patty Murray e o Deputado Federal Jay Inslee. Também, aquiesceu em trabalhar por novos regulamentos junto à administração federal. Dois dias antes, seu opositor à indicação pelo partido democrata Bill Bradley anunciou seu apoio à proposta da Senadora Patty Murray quando visitou Bellingham e Seattle. Em 13/Março/2000, ocorreu em Bellingham o Field Hearing do Committee on Commerce, Science and Transportation do Senado sobre o incidente da OPL com o depoimento de todas as partes interessadas, dirigido pelo Senador Slade Gorton e com a participação da Senadora Patty Murray. O OPS foi duramente criticado praticamente por todos. Nesse mesmo dia, o OIG emitiu seu relatório. Neste relatório apresentava evidências do fracasso sistemático do OPS em regular efetivamente os operadores de dutos e mostrava a falta de recursos do OPS e as falhas no treinamento de seus inspetores. Recomendava à RSPA que completasse as ações requeridas por leis federais, expandisse o foco de seus programas de pesquisa e desenvolvimento, treinasse os inspetores do OPS nas tecnologias correntes de inspeção de dutos, revisasse a coleta de dados sobre acidentes e a fiscalização relacionada com o cumprimento das leis para assegurar relatórios precisos dos operadores de dutos e estabelecesse um cronograma para o cumprimento das recomendações do NTSB. Como muitas das críticas feitas no Field Hearing foram confirmadas e até mesmo ampliadas pelo relatório do OIG houve intensa repercussão na mídia, com o incidente sendo lembrado na matéria principal do USA Today. Em 12/Abril/2000, o Senador John Mccain, que presidia o comitê que iria analisar a proposta da Senadora Patty Murray, apresenta sua versão de lei sobre o mesmo assunto, patrocinada pela própria senadora e pelo Senador Slade Gorton, que passa a ser a lei a ser analisada pelo comitê, sob o nome King Tsorvas Pipeline Safety Improvement Act of 2000, em homenagem aos dois garotos que morreram em Bellingham. Em 15/Maio/2000, o GAO emitiu seu relatório que examinava os acidentes que ocorreram entre 1989 e 1998, a implementação pelo OPS do programa de demonstração do gerenciamento de risco previsto na lei de 1996, as ações de inspeção e de fiscalização desde a 102 aprovação dessa lei e a resposta do OPS às recomendações do NTSB e dos requisitos das leis federais destinados a aumentar a segurança dos dutos, além de mostrar o andamento da investigação do incidente de Bellingham. O relatório mostrava com mais riqueza de detalhes as deficiências apontadas pelo NTSB e OIG. O GAO apontou que, desde 1996, o OPS vinha cada vez mais usando menos os inspetores dos estados, pela dificuldade de coordenação da participação de estados individuais na inspeção de sistemas inteiros, em virtude de sua mudança de política de inspecionar sistemas inteiros em vez de inspecionar segmentos de um sistema como fazia anteriormente. Após o acidente de Bellingham houve um forte movimento pela maior participação dos estados na inspeção dos dutos instalados em seu território, justamente porque esta mudança de política estava reduzindo o número de inspeções pelo OPS. Recomendou que o OPS trabalhasse com os estados no sentido do uso mais efetivo dos inspetores estaduais. Também, apontou que o OPS vinha reduzindo cada vez mais a aplicação de multas nos operadores infratores, preferindo trabalhar com eles no sentido de corrigir problemas de segurança. De 1990 a 1998 a proporção de infrações que foram multadas tinha caído de 49% para apenas 4% das infrações detectadas, enquanto o número de infrações e de acidentes vinha aumentando. Recomendou que o OPS avaliasse a eficácia dessa estratégia. Ainda, apontou que o OPS tinha o pior desempenho entre as agências subordinadas ao DOT, não só na implementação das recomendações do NTSB como também naquilo que tinha sido aprovado por lei. Nesse último caso, não tinha implementado 22 requisitos de lei, 12 dos quais anteriores a 1992. Entretanto, registrou que tinha havido melhorias no desempenho do OPS nesse item e que estava ocorrendo uma mudança de atitude do OPS quanto à segurança dos dutos. A auditoria do GAO também teve intensa repercussão na mídia, servindo para manter vivo o tema da segurança operacional de dutos junto à opinião pública. Em 2/Junho/2000, como uma primeira resposta às críticas recebidas, o OPS aplicou multa de US$ 3,05 milhões na OPL. Esta multa era a soma dos valores máximos dos diversos itens em que a OPL foi enquadrada. Em 15/Junho/2000, o Committee on Commerce, Science and Transportation do Senado aprova com algumas modificações a proposta do Senador John Mccain, que vai para aprovação do plenário. Apesar das modificações terem sido no sentido do endurecimento da legislação, sofreu críticas na Câmara que a achou fraca porque dependia do OPS desenvolver diversos novos regulamentos. Os pais de Wade King e Stephen Tsiorvas aderiram a essas críticas e solicitaram que os nomes dos seus filhos fossem retirados da lei. No entanto, as modificações propostas sofriam a resistência da indústria. Em 1/Agosto/2000, a Interstate Natural Gas Association of América (INGAA) envia correspondência à Senadora Patty Murray resistindo fortemente à cessão de autoridade de inspeção aos estados. As palavras do presidente do NTSB na reunião com a AOPL foram proféticas, pois em 19/Agosto/2000 aconteceu a explosão do gasoduto da El Paso em Carlsbad, NM, onde morreram 12 pessoas, inclusive 5 crianças, o que reacendeu o movimento pela segurança do transporte dutoviário, com ampla repercussão na mídia e na opinião pública, e que levou a indústria a mudar de opinião e passar a apoiar a lei em discussão no Senado. Em 3/Setembro/2000, a CNN veicula o programa especial Fireball sobre os acidentes de Bellingham e Carlsbad, em horário nobre, com críticas ao OPS e à regulamentação da segurança de dutos, em depoimentos dos familiares das vítimas e do NTSB, e respostas evasivas da OPL e OPS às contundentes perguntas dos repórteres da CNN. 103 Depois do acidente de Carlsbad as lideranças do Senado indicaram que estavam dispostos a colocar a proposta de lei em votação no plenário desde que fosse possível aprová-la por unanimidade. Para isso, foi rapidamente negociada, com alguns senadores dos estados produtores de óleo e gás, mudança no texto sobre a autoridade dos estados na inspeção dos dutos, que dava ao OPS mais poder de decisão em como iria dividir com os estados esta autoridade. Na discussão do plenário foi feita apenas uma modificação que permitia que o U.S. Justice Department multasse os operadores que violassem os regulamentos de segurança de dutos sem precisar esperar por ações do OPS. Em 7/Setembro/2000, a lei Pipeline Safety Act de 2000 foi aprovada por unanimidade no Senado. Entretanto, na Câmara, tanto a lei proposta pelo Deputado Jack MetCalf quanto a proposta de lei feita pelo Deputado Bud Schuster, presidente do Committee on Commerce daquela casa, ainda não tinham sido analisadas por qualquer comitê e não havia indicação que qualquer lei sobre segurança dos dutos seria analisada em algum comitê, em virtude da aprovação da reautorização que tinha sido dada em Abril/1999 no Committee on Commerce. Com a proximidade do fim do período legislativo, a lei aprovada no Senado foi encaminhada ao plenário da Câmara, cuja direção concordou com a sua votação dentro do regime de suspensão de regulamentos, que limitava as modificações, mas exigia voto favorável de 2/3 dos deputados. Isto tornou mais fácil a tarefa dos que se opunham à lei por ser aceitável ao OPS e à indústria, e que achavam que o processo normal de análise seria mais adequado por permitir a discussão da lei na Câmara e introduzir as modificações que pretendiam. Em 10/Outubro/2000, o plenário da Câmara discutiu a lei. O deputado Bud Schuster coordenou a apresentação dos argumentos favoráveis e o Deputado James Oberstar a dos desfavoráveis. Após 40 minutos de debate a lei foi submetida à votação. A lei recebeu 232 votos favoráveis e 158 contra. Embora tivesse o apoio da maioria dos deputados que votaram, não atingiu os 2/3 necessários e não foi aprovada. Em 3/Novembro/2000, o Presidente Clinton emitiu uma Presidential Directive prescrevendo ações adicionais ao DOT para melhorar a segurança dos dutos: Melhoria das normas de segurança: definir áreas ambientalmente sensíveis em 30 dias; apresentar o planejamento até 15/Janeiro/2001 sobre a elaboração de regulamentos de segurança visando o gerenciamento da integridade e controle da corrosão de oleodutos (< 500 milhas) e gasodutos; assegurar a análise pelo DOT dos planos e programas específicos dos operadores. Reforço da fiscalização: avaliar o uso de todo o ferramental legal disponível para o OPS e desenvolver política para assegurar uma fiscalização forte, consistente e efetiva, em coordenação com o Attorney General. Melhoria das parcerias com os estados: emitir dentro de 60 dias instruções gerais delineando oportunidades e responsabilidades para os estados em participar na fiscalização de dutos interestaduais, cobrindo novos dutos, investigação de acidentes, a revisão dos planos e programas específicos das operadoras e fiscalização adicional que atenda preocupações locais e contribuam para a segurança dos dutos. 104 Melhor informação ao público: desenvolver plano para expandir a participação do público nas decisões sobre a segurança de dutos e aumentar o acesso aos dados e informações sobre oleodutos e gasodutos, incluindo: Melhorar o acesso do público aos relatórios de condições de segurança, relatórios de incidentes nos dutos, programas de gerenciamento de integridade e de qualificação de operadores; Coletar informações mais completas e detalhadas sobre as causas de incidentes; Ajudar as comunidades a melhor expressar suas preocupações sobre a segurança dos dutos; Pesquisa e Desenvolvimento: desenvolver um programa cooperativo para estabelecer prioridades de pesquisa, coordenar a obtenção de recursos para a pesquisa e maximizar esforços para garantir a integridade dos dutos, em coordenação com a Secretary of Energy. Em 1/Dezembro/2000, a RSPA emitiu novo regulamento, proposto em 24/Abril/2000, que obrigava ao gerenciamento da integridade das instalações para melhorar a segurança de oleodutos que atravessassem áreas povoadas ou ambientalmente sensíveis. O regulamento teria que ser cumprido pelos operadores com mais de 500 milhas de oleodutos a partir de 31/Março/2001. Era requerido que: Fosse feito um levantamento da situação da integridade de todos os dutos em 7 anos, com pelo menos 50% em 3,5 anos; Testar regularmente os dutos pelo menos uma vez a cada 5 anos; Avaliar a integridade através de teste hidrostático, inspeção interna por pig instrumentado ou qualquer outro método igualmente efetivo; Seguir um programa rigoroso de reparo dos problemas detectados; Empregar métodos de detecção de vazamentos e usar dispositivos para restringir o fluxo em emergências quando necessário. Apesar da lei não ter sido aprovada, os dois novos regulamentos emitidos pela RSPA, certificação de operadores e inspeções de oleodutos em áreas de alta conseqüência, que atendiam requisitos das reautorizações de 1992 e 1996 da lei de segurança de dutos, a aplicação da multa máxima à OPL pelo OPS, as pesadas exigências feitas à OPL pelo OPS para reiniciar a operação do oleoduto danificado em Bellingham, o acordo com o Estado de Washington para a inspeção dos dutos interestaduais e as diretrizes presidenciais ao DOT mostravam que a ambiente regulamentário estava sofrendo e iria sofrer importantes mudanças e que a cultura de segurança dutoviária da administração federal estava melhorando. Pelo resultado das eleições de 2000, os Republicanos passaram a controlar duas casas do legislativo e também o executivo, este último com fortes ligações com a indústria de petróleo e gás. Isto tornava muito incerta a aprovação de nova lei sobre a segurança dos dutos. Entretanto alguns aspectos favoreciam esta empreitada. A reautorização da lei de segurança de dutos estava cerca de um ano atrasada. A Senadora Patty Murray foi reeleita e o Senador John McCain permaneceu como presidente do Commerce Committee do Senado. Todos os deputados favoráveis à revisão da lei foram reeleitos, com exceção de Jack Metcalf, que se aposentou. Em sua maioria, as disposições das leis analisadas em 2000 não eram controversas o que favorecia a obtenção de um acordo político para a passagem da nova lei, desde que se mantivesse um clima de negociação adequado. Na semana de abertura dos trabalhos legislativos em 2001, na Câmara os deputados Dingell e Obestar propõem uma nova lei e os senadores Patty Murray e John McCain repropõem sua lei com algumas pequenas modificações em relação à versão de 2000. 105 Duas semanas depois, o deputado Rick Larsen de Bellingham, que foi eleito com uma campanha baseada na reforma da lei de segurança de dutos em substituição ao deputado Jack Metcalf, propõe sua própria versão dessa lei. Em 8/Fevereiro/2001, o Senado aprova a proposta de lei feita pelos senadores Patty Murray e John McCain , novamente por unanimidade. Apesar desse início movimentado, pouco mais se fez no congresso sobre a segurança de dutos em 2001. Em 20/Março/2001, a RSPA propôs novo regulamento para a coleta de dados quando da ocorrência de incidentes em oleodutos em substituição ao que estava em uso desde 1984 e nunca tinha sido revisto. Em 21/Março/2001, a RSPA propôs novo regulamento para o gerenciamento da integridade em áreas de alta conseqüência de oleodutos de menos de 500 milhas. Com isso, atendeu as pressões do NTSB, OIG, GAO, das leis que tinham sido analisadas nas duas casas do congresso, das críticas das organizações não governamentais que lutavam por maior segurança operacional dos dutos, das famílias das vítimas e da opinião pública em geral, todas elas com ampla cobertura da mídia. Em 24/Maio/2001, um senador republicano sai do partido se tornando independente, o que deu aos democratas o controle do Senado. Embora não tenha impactado a revisão da lei sobre segurança de dutos diretamente, teve um grande impacto na liberação de recursos para a segurança de dutos, pois a senadora Patty Murray se tornou a presidente do Transportation Subcommittee do Appropriations Committee do Senado, que tinha a autoridade sobre a alocação de recursos para o OPS. Por sua influência, os recursos do OPS foram aumentados em US$ 11 milhões, o que lhe permitiu contratar 26 novos inspetores em 2002. Em Julho 2001, o Austin American-Statesman, publica uma série de reportagens sob o título geral “Pipelines: Invisible Danger” onde todas as críticas feitas ao OPS e à regulamentação da segurança dutoviária são novamente ressaltadas e diversos acidentes inclusive os de Bellingham e Carlsbad são novamente discutidos. Estas reportagens têm ampla repercussão na mídia. A ineficiência do OPS, a segurança nas escavações, os problemas ambientais causados pelos dutos e os problemas de locação de dutos em áreas povoadas são abordados também em charges jocosas, ajudando a fixar essas críticas na opinião pública. 106 Em 28/Setembro/2001, o GAO emite novo relatório solicitado pelos deputados James Oberstar e Rick Larsen sobre a evolução da regulamentação pelo OPS dos requerimentos de leis e das recomendações do NTSB que tinham identificados como não atendidos no relatório de Maio 2000. O GAO indicou que o OPS tinha feito algum progresso ao implementar 6 dos 22 requerimentos legais que faltavam e que o NTSB reconhecia os esforços do OPS em melhorar sua resposta às suas recomendações, mas estava preocupado com o tempo para atendimento de suas recomendações. Desde o relatório anterior o NTSB tinha emitido 6 novas recomendações e o OPS havia atendido apenas uma, resultando em 44 recomendações atendidas. O OPS continuava a ter o menor índice de atendimento das recomendações do NTSB. Após a consideração de todos os comentários recebidos, o novo regulamento sobre coleta de dados foi tornado efetivo em 1/Janeiro/2002, abaixando o limite mínimo reportável de 50 bbl para 5 galões em vazamentos que atingissem um corpo d’água. Nos vazamentos oriundos de manutenções, entre 5 galões e 5 bbl, não haveria a necessidade de reportar desde que ocorressem na propriedade do operador ou na faixa do duto, sofressem limpeza imediata e não se enquadrassem nas outras condições obrigatórias para a emissão da informação. Em 16/Janeiro/2002, a RSPA emitiu regulamento final para o gerenciamento da integridade em áreas de alta conseqüência de oleodutos de menos de 500 milhas, que havia proposto em 21/Março/2001. O regulamento se tornou obrigatório em 15/Fevereiro/2002. No início de 2002, tendo em vista a inação da Câmara em analisar as propostas de revisão da lei de segurança de dutos, a senadora Patty Murray consegue a aprovação unânime do Senado na anexação da proposta Murray-McCain à proposta de lei sobre energia em análise no senado, como uma forma de forçar a Câmara a analisar a segurança de dutos. Em 25/Abril/2002, o Senado aprova a proposta de lei sobre energia, com o anexo sobre segurança de dutos. Esta estratégia deu resultado, porque para evitar que somente a versão do Senado fosse estivesse disponível quando da discussão da proposta de lei sobre energia na Câmara, a legislação sobre a segurança de dutos da Câmara começou a se mover. Em 23/Maio/2002, o Transportation Committee aprova a proposta de lei do deputado Rick Larsen. Em 13/Junho/2002, uma proposta de lei do deputado Don Young é aprovada pelo Commerce Committee. Estas duas propostas foram reconciliadas e a nova proposta bi-partidária consolidada, foi encaminhada ao plenário da Câmara pelo deputado Young. Em 23/Julho/2002, ela foi aprovada por esmagadora maioria. Em 26/Agosto/2002, atendendo solicitação do deputado John Dingell, o GAO emite relatório que analisava o que o OPS ou planejava fazer para implementar sua nova metodologia de fiscalização baseada no risco e no gerenciamento da integridade dos dutos por ela regulados, examinando: Providências do OPS para implementar a filosofia do gerenciamento da integridade; Desafios do OPS em implementar tal filosofia; Planos do OPS em obter recursos e expertise necessários para fiscalizar a segurança de dutos com essa filosofia; Iniciativas do OPS em melhorar a qualidade dos dados sobre incidentes em dutos. O GAO recomendou que o OPS examinasse a distribuição de pessoal em sua organização, desenvolvesse um plano para sua força de trabalho, com as necessidades correntes e futuras em pessoal e treinamento, e uma estratégia para comunicação aos estados de qual seria o seu 107 papel nas inspeções de gerenciamento de integridade dos dutos e outras atividades de fiscalização. Quando a proposta de lei sobre energia começou a ser analisada verificou-se que havia acordo em poucas áreas da legislação, e uma delas era a segurança de dutos. Os senadores Murray, McCain, e Jeff Bingaman do New Mexico reuniram-se com os deputados Larsen e Young e produziram uma nova proposta sobre segurança de dutos que incluía algumas provisões da proposta aprovada pela Câmara, que não fazia parte da discussão da lei sobre energia em discussão. Este grupo convenceu o Conference Committee a aprovar esta proposta. Em 14/Novembro/2002, o plenário do Senado aprovou por unanimidade esta proposta como a lei Pipeline Safety Improvement Act of 2002 (PSIA 2002). No dia seguinte, o plenário da Câmara a aprovou sem qualquer objeção. Em 17/Dezembro/2002, o Presidente Bush sancionou a lei PSIA 2002, que continha o regulamento mais rigoroso já adotado sobre a segurança de oleodutos. Era válida até 30/Setembro/2005, quando teria que ser reautorizada. Essa lei adotava o gerenciamento da segurança de dutos por processo sistemático com base no risco e teria grande impacto na indústria. Previa a implementação pelos operadores de oleodutos de programas de gerenciamento da integridade, de qualificação de operadores e de conscientização do público, aumentava as multas máximas em 400%, requeria que as agências governamentais atuassem de forma integrada formulando um programa de pesquisa e desenvolvimento para auxiliar a melhoria da integridade dos oleodutos, protegia os empregados que denunciassem violações aos regulamentos de segurança, obrigava os operadores a fornecer mapas detalhados de seus oleodutos para uso na criação de um sistema de mapeamento de oleodutos a nível nacional e estabelecia a adoção de um único telefone gratuito para todo o país para o sistema de prevenção de acidentes em escavações (One-Call). Em 2003, em função do significante aumento de recursos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) do programa de segurança de dutos administrado pelo RSPA, o Appropriations Committee da Câmara solicitou ao GAO que verificasse o seu efetivo gerenciamento analisando os seguintes tópicos: A distribuição dos recursos nas diversas áreas de P&D para a segurança de dutos pelo OPS desde o ano fiscal de 2001 e seu alinhamento com a missão da agência e metas de segurança de dutos a atingir; A opinião de especialistas em relação às prioridades de P&D para a segurança de dutos; O modo que o OPS avaliava os resultados dos programas de P&D em segurança de dutos que a agência custeava. Em 30/Junho/2003, o GAO apresentou relatório à solicitação do Appropriations Committee concluindo que o OPS tinha feito significante progresso estabelecendo o seu programa de P&D, alinhado à sua missão e metas, mas que não tinha processo sistemático de avaliação dos seus resultados. Recomendou a implementação de processo sistemático de avaliação com o uso das melhores práticas disponíveis. Também, recomendou informar o resultado de seu programa de P&D nos relatórios anuais requeridos pela lei PSIA 2002, visando manter o congresso e as demais partes interessadas informados dos resultados. Em 15/Dezembro/2003, a RSPA emitiu novo regulamento, proposto em 28/Janeiro/2003, que obrigava ao gerenciamento da integridade das instalações para melhorar a segurança de gasodutos que atravessassem áreas povoadas ou ambientalmente sensíveis que teria que ser 108 cumprido pelos operadores de dutos a partir de 14/Janeiro/2004. O regulamento tinha exigências similares às do regulamento de oleodutos. Em Junho/2004, o GAO apresentou informações preliminares sobre as atividades do OPS na fiscalização da segurança dos dutos requeridas pela lei PSIA 2002. No dia 15, ao Committee on Commerce, Science and Transportation do Senado e, no dia 16, ao Subcommittee on Highways, Transit and Pipelines do Committee on Transportation and Infrastructure da Câmara. A partir de 7/Julho/2004, o nome do GAO passou a ser Government Accountability Office por força da lei GAO Human Capital Reform Act de 2004. Em 20/Julho/2004, o GAO prestou as informações preliminares ao Subcommittee on Energy and Air Quality do Committee on Energy and Commerce da Câmara. Em 23/Julho/2004, o GAO apresentou relatório às duas casas do congresso sobre o gerenciamento da segurança de dutos pelo OPS. Esse relatório abordou os seguintes tópicos: Avaliação da efetividade da estratégia de fiscalização da OPS solicitada pela lei PSIA 2002; Verificação da aplicação de multas pelo OPS, solicitada pela lei PSIA 2002; Avaliação do modo que o OPS fiscalizava a segurança de dutos e das alterações de políticas e procedimentos de fiscalização do OPS; Verificação se o OPS estava usando outras formas que não a aplicação de multas para punir os infratores; Comparação do uso de multas pelo OPS e pela Federal Aviation Administration (FAA), que fiscalizava a segurança aérea e era a responsável pelo recebimento das multas aplicadas pelo OPS; Como o OPS respondeu às recomendações do GAO de Maio 2000 e verificação se estas ações do OPS tinham sido influenciadas pela indústria ou pelo desempenho de economia. O GAO concluiu que: O OPS estava direcionando a maior parte de seus esforços relativos à segurança em outras áreas que não a fiscalização dos requerimentos mínimos dos regulamentos; O OPS não podia medir os efeitos causados no desempenho dos operadores por mudanças em suas estratégias de fiscalização e não podia demonstrar como seus esforços de fiscalização estavam contribuindo para a segurança de dutos por não ter metas e estratégia definida para a fiscalização; O pagamento das multas aplicadas aos operadores era devido mais à vontade de pagar pelos infratores do que por ações efetivas de cobrança pelo OPS ou pela FAA; O OPS não estava cumprindo sua própria política de ampla divulgação das multas aplicadas. O relatório recomendou que o OPS devesse: Estabelecer metas para o seu programa de fiscalização; Definir a estratégia para atingir essas metas; Estabelecer uma visão sistêmica na definição de medidas de desempenho que incorporasse práticas chave identificadas; Informar à FAA todas as multas propostas e aplicadas para que essa agência pudesse cumprir sua função de recebimento dessas multas. Esta por sua vez deveria informar ao OPS o status do recebimento de cada multa aplicada; Postar todas as ações de fiscalização e aplicação de multas em seu web-site; Os relatórios do GAO de 2003 e 2004 evidenciaram a necessidade de reformulação das atividades afetas ao RSPA. Em 29/Setembro/2004, foi introduzido no Congresso um projeto de lei do Executivo, segundo proposta do Secretário de Transportes Norman Mineta, para 109 reformular esta atividade. Este projeto recebeu apoio bipartidário e em menos de 2 meses foi aprovado pelas duas casas do congresso. Em 30/Novembro/2004, a lei foi sancionada pelo Presidente Bush sob o título “Norman Y. Mineta Research and Special Programs Improvement Act”. Por esta lei, a RSPA deixaria de existir em 3 meses e seriam criadas duas novas administrações. A primeira, a Pipeline and Hazardous Materials Safety Administration (PHMSA) para cuidar da segurança no transporte de produtos perigosos em qualquer modal e a segunda, a Research and Innovative Technology Administration (RITA) para tratar da vertente de pesquisas tecnológicas inovadoras do setor transporte. Desse modo o DOT passou a ter uma organização mais focada na segurança do transporte de produtos perigosos, que tem mais de 800 mil movimentos diários, e na segurança do transporte dutoviário, modal responsável por 64% do movimento de energia nos Estados Unidos. As novas administrações iniciaram sua operação em 20/Fevereiro/2005, data em foram oficialmente encerradas as atividades da RSPA. O OPS que era subordinado à RPSA passou para a esfera da PHMSA desde essa data. Cerca de três meses após a sua criação, a PHMSA iniciou a preparação de projeto de lei para a reautorização do PSIA, que expirava em Setembro/2005, a ser submetido à consideração do congresso. Os trabalhos nesse projeto foram interrompidos em função dos furacões Katrina e Rita que obrigaram a PHMSA a concentrar seus recursos na supervisão e direção dos reparos da infra-estrutura crítica atingida e do transporte de produtos perigosos nas áreas afetadas pelos furacões. Embora tenham causado atrasos na apresentação do projeto de lei, os furacões deram oportunidade à PHMSA de modificar a legislação proposta incorporando muitas lições aprendidas nesse interregno. Em Fevereiro/2006, ocorreu um vazamento de cerca de 5000 bbl de petróleo em Prudhoe Bay, no Alaska, a partir de oleoduto de 34” operado pela BP, que não estava incluído no regulamento de segurança de dutos vigente pelas baixas tensões a que estava sujeito na pressão de operação. O vazamento cobriu uma área de cerca de 1 ha. e ocorreu em um furo de cerca de 7 mm provocado por corrosão. Após 5 dias, foi detectado por um trabalhador no campo que sentiu o cheiro de óleo. O sistema de detecção de vazamento alarmou por 5 vezes neste período, alarmes estes considerados como falsos pelos operadores. O OPS exigiu uma inspeção interna com pig instrumentado. Foi realizada em Julho/2006 detectando diversos trechos com corrosão severa. O duto foi abandonado. A BP teve que retirar parte do campo de operação durante o período de construção de novo duto, resultando em redução de 8% na produção doméstica de óleo e em aumento de seu preço. Repercutiu fortemente na mídia. Em Novembro 2007, a BP declarou-se culpada de descarga negligente de óleo, crime leve da lei Clean Water Act, e foi multada em US$ 20 milhões, sendo US$ 12 milhões por crime federal, US$ 4 milhões por crime estadual e US$ 4 milhões destinados a pesquisas no Ártico, e foi colocada em observação por 3 anos. O GAO, pela lei PSIA 2002, avaliou os efeitos na segurança decorrentes das ações da RSPA e da PHMSA, sua sucessora, na implementação do programa de gerenciamento de integridade de gasodutos e das ações dos operadores de gasodutos sobre a reavaliação dos riscos a cada 7 anos. Em audiências sobre a reautorização da lei PSIA 2002 informou suas observações preliminares à Câmara. Em 16/Março/2006, ao Subcommittee on Highways, 110 Transit and Pipelines do Committee on Transportation and Infrastructure. Em 17/Abril/2006, ao Subcommittee on Energy and Air Quality do Committee on Energy and Commerce. A GAO informou que as ações das agências deveriam aumentar a segurança dos gasodutos, que os operadores estavam suportando o programa das agências, que tanto as agências como os operadores estavam aprendendo a fiscalizar e implementar o programa de gerenciamento de integridade e que não tinha identificado nenhuma ameaça quanto a efetividade do programa. Em 13/Julho/2006, o projeto de lei do executivo foi introduzido na Câmara pelos deputados Don Young, que presidia o Transportation and Infrastructure Committee, e Thomas Petri, que presidia o Subcommittee on Railroads, Pipelines and Hazardous Materials. O projeto de lei enfatizava a prevenção de danos, a melhoria dos programas de fiscalização estaduais de dutos e esclarecia as responsabilidades da PHMSA quando da ocorrência de desastres naturais. Em 4/Agosto/2006, o GAO participou de audiência do Subcommittee on Energy and Air Quality do Committee on Energy and Commerce da Câmara, quando apresentou suas conclusões quanto ao bom desempenho da PHMSA na implementação dos requisitos da lei PSIA 2002 e quanto ao período de 7 anos para a reavaliação da integridade. Discutiu pequenas alterações que proporia no texto do projeto de lei em análise. Em função da repercussão do vazamento em Prudhoe Bay, em 6/Setembro/2006, a PHMSA propôs a regulamentação para linhas de coleta de campos de produção e de oleodutos com baixas tensões (20% PMOA <P <80% PMOA) que operassem em áreas rurais próximo a áreas sensíveis, que vinha avaliando desde 2004, que não cobria dutos de pequenos diâmetros em áreas rurais longe de áreas sensíveis. No entanto, pela repercussão do acidente, o texto do projeto de lei era mais rigoroso, pois incluiu todos os dutos de baixa tensão. Em Setembro/2006, o GAO emitiu seus relatórios finais sobre estes dois temas para os comitês da Câmara que analisavam o projeto de lei de reautorização da lei de segurança de dutos. Com base nesses relatórios, a aprovação deste projeto de lei não gerou o intenso debate que a lei anterior tinha causado. O Congresso rapidamente adotou a maior parte dos itens propostos e evitou os itens potencialmente controversos, focando nos avanços que se tinha conseguido na segurança de dutos nos últimos quatro anos e buscando algumas soluções negociadas. Desse modo, foi rapidamente aprovado pelos comitês encarregados de sua análise. Em 19/Julho/2006 pelo Committee on Transportation and Infrastructure e em 27/Setembro/2006 pelo Committee on Energy and Commerce. Em 6/Dezembro/2006, o projeto foi aprovado no plenário da Câmara e no dia seguinte foi unanimemente aprovado pelo plenário do Senado. Em 29/Dezembro/2006, foi sancionado como lei pelo Presidente Bush sob o título “Pipeline Inspection, Protection, Enforcement, and Safety Act of 2006” (PIPES Act 2006), que revalidou a lei anterior até 2010 e estabeleceu novas exigências. Os pontos principais dessa lei são: Responsabilidade nominal de um executivo dos operadores no documento obrigatório que atesta a acurácia dos relatórios semestrais e anuais obrigatórios sobre o programa de gerenciamento da integridade dos dutos; 111 Criação de um número gratuito nacional (811) para consulta em casos de escavações próximas a dutos. Esse número entrou em operação em 1/Maio/2007, substituindo todos os diferentes números anteriormente utilizados pelos sistemas One-Call estaduais, tendo a PHMSA apoiado com recursos a campanha de divulgação; Autorização aos estados para aplicar multas pelas agências estaduais às pessoas envolvidas em acidentes em escavações, a maior causa de incidentes em dutos, quando não solicitada previamente ao operador a localização do duto na área a ser escavada; Incentivos aos estados para implantar programas de prevenção de danos por escavações; Determinação à PHMSA de emitir a regulamentação final dos oleodutos e linhas de coleta com baixas tensões até 31/Dezembro/2007. A regulamentação final foi emitida pela PHMSA em 3/Junho/2008, obrigatória a partir de 3/Julho/2008; Determinação à PHMSA de publicar, a partir de 31/Dezembro/2007, relatórios mensais atualizados das ações de fiscalização e correção dos problemas encontrados; Determinação à PHMSA para emitir os requisitos mínimos para o gerenciamento da integridade de gasodutos de distribuição. Em 25/Junho/2008, a PHMSA emitiu uma proposta de regulamento com prazo de comentários até 23/Setembro/2008; Determinação à PHMSA para emitir regulamento até 1/Junho/2008, requerendo operadores a desenvolver, implementar e submeter à aprovação plano de gerenciamento de fatores humanos visando reduzir riscos a eles associados, inclusive fadiga, nos centros de controle de oleodutos, gasodutos e plantas de GNL. Em 12/Setembro/2008, a PHMSA emitiu uma proposta de regulamento com prazo de comentários até 12/Novembro/2008. Aumento de recursos para estados e governos locais destinados a gerenciamento de resposta a emergência e treinamento e aumento de inspetores da PHMSA de 100 em 2007 para 135 até 2010; Essas mudanças de legislação e de regulamentação transformaram a indústria dutoviária americana, de uma indústria autoregulada por regulamentos genéricos para uma indústria altamente regulada por regulamentos prescritivos, com uma série de novas obrigações e custos para as companhias operadoras de dutos e, por outro lado, acarretaram o fortalecimento dos órgãos de fiscalização e uma diminuição dos índices de ocorrências de incidentes dutoviários nos Estados Unidos, como indicam os dados, atualizados até 14/Outubro/2008, da PHMSA para incidentes significantes (todos os reportáveis) e principalmente para incidentes sérios (com ocorrência de morte ou hospitalização de feridos): 112 Notas: (D) Não inclui 1851 feridos que requereram tratamento médico reportados nos acidentes de Outubro/1994 causadas por uma forte enchente próximo a Houston Texas. (E) Cerca de 94% dos danos à propriedade nos incidentes em dutos de distribuição de gás em 2005 foram causados pelas enchentes em New Orleans oriundas da passagem do furacão Katrina. Os US$ 466,5 milhões associados com esse incidente representam gás perdido e danos à propriedade do operador, mas não inclui danos à propriedade privada ou pública causados pela enchente. 113 MODELO DE SEGURANÇA OPERACIONAL DE DUTOS A meta de qualquer operador dutoviário deve sempre ser uma operação sem incidentes que causem danos a pessoas, ao meio ambiente ou ao patrimônio. Entretanto, na operação de sistemas complexos incidentes acontecem. No transporte dutoviário as principais causas de incidentes são decorrentes da ação de terceiros, dos problemas de corrosão pelo ambiente e pelo produto, das falhas de material, de procedimentos não adequados e do erro humano. Visando atingir essa meta é necessário atuar em três grandes vertentes, que são os pilares de sustentação do processo de prevenção de incidentes: gerenciamento da integridade das instalações, com priorização às áreas de alta conseqüência atravessadas pelo duto; gerenciamento das interfaces com a comunidade e outros operadores; e gerenciamento do acompanhamento e controle da execução das operações. MODELO DE SEGURANÇA OPERACIONAL DE DUTOS CAUSAS DE INCIDENTES MATERIAL AMBIENTE PRODUTO TERCEIROS PROCEDIMENTOS ERRO HUMANO operador Operação sem Incidentes P R E V E N Ç Ã O GERENCIAMENTO INTEGRIDADE GERENCIAMENTO INTERFACES GERENCIAMENTO OPERAÇÃO GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS TAREFAS E ELEMENTOS CRÍTICOS TREINAMENTO E QUALIFICAÇÃO DOCUMENTAÇÃO ATUALIZADA PROJETO, MATERIAIS E CONSTRUÇÃO CONSCIENTIZAÇÃO GERENCIAL E FUNCIONAL MITIGAÇÃO regulador FISCALIZAÇÃO REGULAMENTAÇÃO legislador LEIS 114 I N V E S T I G A Ç Ã O A atuação nessas vertentes tem que ser coordenada e integrada pelo gerenciamento de qualquer mudança, interna ou externa à organização, que possa influir na segurança operacional do duto. Os elementos críticos essenciais para o seu funcionamento seguro e as tarefas críticas de operação, inspeção e manutenção das instalações têm que ser claramente identificados e definidos. As pessoas envolvidas na execução das tarefas críticas têm que ser corretamente treinadas e qualificadas. Os elementos críticos (equipamentos, dispositivos de segurança e procedimentos essenciais) devem receber prioridade e ter foco gerencial adequado. A documentação deve ser organizada e mantida atualizada. O gerenciamento do projeto, aquisição de materiais, construção e comissionamento das instalações deve garantir o cumprimento da regulamentação existente e das normas aplicáveis. A fundação de todo esse processo de prevenção é a conscientização dos empregados da organização de que todos são responsáveis pelo sucesso do processo, mas a gerência deve reconhecer sua maior responsabilidade no processo e agir adequadamente. Qualquer incidente ou condição anormal de operação que poderia ter causado um incidente (quase acidentes) tem que ser investigado à luz de cada fase do processo de prevenção, suas causas (físicas ou de processo) descobertas e disseminadas na organização. As ações para evitar sua recorrência devem ser planejadas e implementadas. O gerenciamento de mudanças deve também cobrir os processos de investigação a cargo dos operadores de dutos. Como incidentes acontecem é necessário que o operador disponha de Planos de Resposta adequados para a mitigação das conseqüências decorrentes de qualquer tipo de incidente que possa acontecer em suas instalações. O treinamento periódico em exercícios simulados é altamente recomendável para testar a adequação dos Planos de Resposta e ajustar os procedimentos nele previstos. A regulamentação pelo órgão regulador deve estabelecer os requisitos mínimos a serem atendidos pelos operadores de dutos em cada um dos processos de prevenção, investigação e mitigação de incidentes. A fiscalização do órgão regulador deve verificar a completa e correta aplicação da regulamentação pelos operadores, aplicar as penalidades cabíveis aos infratores e verificar a adequação da regulamentação à lei existente. A regulamentação e a fiscalização da segurança operacional são feitas com base em leis criadas pelo legislativo. O órgão regulador deve suportar o legislativo na adequação das leis existentes e na elaboração de novas leis. 115 LIÇÕES A OPL era uma companhia pequena e enxuta, com mercado definido e sem concorrência. Tinha participação acionária de 3 majors do setor petróleo com ampla experiência na atividade de operação de oleodutos, sua organização e seu gerenciamento. Tinha investido recentemente na ampliação de sua capacidade e pretendia em investir ainda mais na ampliação de seu mercado. Usava tecnologia moderna para a supervisão das operações e detecção de vazamentos. Também usava tecnologia moderna na inspeção interna do seu oleoduto. Atendia as solicitações do sistema One Call e enviava seus inspetores para localizar seus dutos e fiscalizar a execução de escavações próximas a eles. Seu histórico de vazamentos estava dentro dos padrões da indústria. Possuía plano de resposta a vazamentos que treinava anualmente. Tinha apenas cerca de 60 empregados em 1999, porém podia conseguir recursos humanos e técnicos através dos seus acionistas. Três meses antes do incidente, tinha sido fiscalizada pelo OPS com apenas um aviso de 4 pontos de preocupação, um deles referente aos manuais de operação e manutenção que estavam sendo revistos pela troca recente da companhia operadora das instalações. Aparentemente, não apresentava maiores problemas. Porém o incidente aconteceu. Em sua investigação sobre o incidente, o NTSB chegou a 12 conclusões, indicou 5 causas prováveis e fez duas recomendações ao órgão regulador. A seguir, para cada processo do modelo de segurança operacional, são mostradas as lições que podem ser tiradas do incidente e sua investigação: PREVENÇÃO Gerenciamento da Integridade Não priorização da região de Bellingham pela OPL Apesar dos regulamentos da época do incidente não exigirem atenção especial para áreas de alta conseqüência em caso de incidentes, um operador prudente, focado na segurança operacional de suas instalações, teria dado a qualquer ocorrência na região de Bellingham uma atenção especial, pois nela o oleoduto atravessa diversos regatos que escoam para o mar passando pelo interior da área povoada da cidade. Qualquer decisão gerencial, operacional ou de manutenção, teria que levar isto em conta. O que não foi o caso das obras na ETA e das indicações da inspeção interna na região de Bellingham, que foram tratadas de forma burocrática, aparentemente apenas para cumprir os regulamentos. Inadequação do programa de inspeção interna da OPL Por uma série de erros e omissões, a OPL falhou na decisão de realizar escavações de verificação das possíveis anomalias identificadas na área aonde o duto veio a romper, principalmente por não levar em conta as mudanças de indicação entre as inspeções internas realizadas em 1991, 1996 e 1997 em conjunto com seu conhecimento da realização, em 1993 e 1994, de escavações por equipamentos na região onde apareceram as anomalias. Dois procedimentos da OPL fornecidos aos órgãos reguladores exigiriam a escavação dos defeitos encontrados. O procedimento de operação e manutenção, emitido em Julho/1995 e fornecido ao OPS em Agosto 1998, requeria que qualquer mossa com profundidade que excedesse 2% do diâmetro nominal para dutos com diâmetro acima de 12” fosse removida ou reparada. O plano de prevenção de vazamentos, fornecido ao WDOE em Dezembro/1992, requeria que qualquer anomalia com perda de espessura maior que 20% da espessura original da parede do duto fosse escavada e visualmente inspecionada. Na região da ruptura, dois dos defeitos se enquadravam nessas condições, um com perda de espessura de 23% em 1996 e outro com 3% da espessura nominal do duto em 1997. 116 As análises das informações da inspeção foram feitas apenas por um único individuo, atuando há 8 anos como assistente de engenharia, anteriormente um controlador e supervisor de operações, sem graduação em curso superior. Questiona-se a sua qualificação, pois as orientações de documentos internos da própria OPL não foram seguidas. Em função da inspeção de 1997 a anomalia por ela identificada tinha sido marcada para escavação e fazia parte da lista de escavações fornecidas ao WDOE. Técnicos da OPL enviados para realizar a escavação recomendaram que a escavação fosse feita em outra época em função das condições do terreno. Mais tarde, em uma reanálise, o assistente de engenharia considerou não ser necessária a escavação e, segundo ele, sua recomendação de não escavar foi revista com a gerência da OPL que a acatou, o que mostra a falta da visão integrada das informações disponíveis na OPL. A alegação do assistente de engenharia de que o custo não era fator decisório na decisão da escavação também é questionável. Ele disse em seu depoimento ao NTSB que ele podia ter esquecido que os defeitos identificados em 1996 não tinham sido identificados em 1991 e que, se soubesse que houve serviço de construção no local ou tivesse identificado a perda de espessura na mesma locação da deformação, teria recomendado a escavação. Registre-se que o WDOE nunca cobrou da OPL o resultado da escavação da anomalia identificada em 1997. Na implantação de programa de gerenciamento da integridade, com base em dispositivos de inspeção interna, é recomendável que as seguintes recomendações sejam observadas: Identificação das anomalias: Um programa de inspeção interna deve inicialmente claramente identificar as anomalias que podem causar a ruptura do duto que se quer detectar em cada segmento do duto; Seleção do dispositivo: a partir das anomalias identificadas deve-se determinar qual o dispositivo indicado para detectá-las, pois um só dispositivo pode não detectar as anomalias pretendidas. O uso de um só tipo de dispositivo para todo o duto em um programa de inspeção interna deve levantar questões sobre a eficácia tanto do processo como do programa de inspeção; Critérios de priorização e execução: para filtrar o grande volume de dados gerados pelos dispositivos de inspeção interna é necessário estabelecer um claro critério de priorização, por escrito, para assegurar o entendimento dos objetivos da inspeção por determinado dispositivo, para permitir a revisão dos dados por todas as partes interessadas, para minimizar escavações desnecessárias e prover um claro registro histórico da inspeção realizada. Também, deve ser estabelecido, por escrito, um claro critério de execução estabelecendo prazos mínimos para reparo dos defeitos encontrados; Análise dos Dados: Dado ao vasto volume de informação que deve ser processado e a importância que um apropriado programa de inspeção interna tem para a operação segura do duto, um operador prudente não deve delegar essa análise a somente uma pessoa. Para minimizar o risco de erros de interpretação, essa análise deve ser feita por diferentes especialistas, treinados e com experiência nesse tipo de análise, trabalhando em forma isolada ou em equipes. As análises independentes devem ser comparadas. Havendo disparidade de avaliações deve ser buscado o consenso. As anomalias para as quais não se consiga chegar ao consenso são fortes candidatas a uma alta prioridade de escavação de avaliação; Escavações de avaliação: o programa de inspeção deve estabelecer um número suficiente de escavações de avaliação e seus resultados apresentados em curvas de calibração da inspeção interna; Banco de dados de integridade: para permitir verificar que todas as anomalias que se quer detectar foram devidamente identificadas e que os corretos dispositivos de 117 inspeção interna foram selecionados, as informações de anomalias detectadas por todas as inspeções internas, de interferências na faixa dos dutos e de investigação de incidentes com vazamento do duto devem ser integradas em um banco de dados de integridade. Estas informações devem estar disponíveis para análise independente pela gerência do duto e inspetores do órgão regulador. Um programa de inspeção interna que não siga essas recomendações pode ser altamente ineficaz e ilusório e até contribuir para o aumento do risco de ruptura de um duto. Notar que mesmo um duto que seja bem inspecionado e reparado através de um programa de gerenciamento de integridade adequado pode romper por má operação nos períodos entre as inspeções. Gerenciamento de Interfaces Inadequação da fiscalização da OPL das escavações da IMCO Como a responsabilidade pela segurança operacional era da OPL, esta teria que ter uma atitude pró-ativa, mantendo presença constante de seus inspetores na obra e acertando com a prefeitura da cidade, contratante dos serviços, procedimento conjunto de fiscalização. Não poderia ficar esperando a chamada do empreiteiro sem ter garantido que a cultura de prevenção de acidentes do mesmo era adequada. Empreiteiros são muito tentados a cortar caminho quando as obras estão atrasadas. Pode ter sido o caso neste incidente pelas mudanças de projeto que aconteceram. Chamar a OPL seria perder pelo menos as 48 horas que esta teria para atender o chamado, além de ter que executar a escavação manualmente na presença dos inspetores. Apesar de não oficialmente confirmada, atentar para a denúncia do subcontratado da IMCO que disse ter presenciado o oleoduto ser atingido durante escavação mecânica. A IMCO apesar de ter sido acionada judicialmente pela OPL e apontada pelo NTSB como a causadora do defeito que enfraqueceu o duto não sofreu nenhuma penalidade ou teve conseqüência judicial aparente por falta de evidências físicas, pois pelo tempo decorrido (5 anos) as máquinas usadas na escavação não mais existiam. Mesmo que exista um sistema One-Call é recomendável que: Seja implantado sistema centralizado para rastrear, documentar e monitorar todas as interferências nas faixas de dutos. O sistema deve consolidar todas as observações do pessoal de campo e não apenas chamadas One-Call, se houver. Suas informações devem também estar disponíveis no banco de dados de integridade. A documentação deve incluir a documentação as-built dos serviços na faixa e os relatórios de inspeção; Qualquer atividade na faixa seja tratada como uma ameaça potencial ao duto até que uma avaliação prove o contrário, através de processo que identifique quais ameaças potenciais exigem verificação no campo e determinação da exata posição do duto antes que qualquer trabalho possa iniciar; A operação de equipamentos pesados, junto ou sobre a faixa, exige um maior nível de inspeção de campo que a limpeza de faixa. Um operador prudente deve continuamente monitorar estas atividades, alocando pessoal suficiente e adequadamente treinado para essa atividade. A decisão final nestes tipos de interferências não deve ser tomada apenas por uma pessoa. Deve ser tomada por uma equipe gerencial e o processo de aprovação deve levar em conta o risco e as conseqüências de um eventual vazamento, o potencial de dano ao duto e a proximidade de outros dutos ou instalações. O centro de controle deve ser informado diariamente das atividades previstas nesses locais; Trechos de dutos que passam por instalações industriais de terceiros sejam considerados pontos críticos da faixa. Somente a inspeção aérea nesses casos pode 118 não ser suficiente. Além da conscientização do proprietário da instalação é necessário periodicamente fazer inspeções de campo não programadas nas instalações. Inadequado relacionamento da OPL com a comunidade O incidente mostrou que o relacionamento da OPL com a comunidade era inadequado. Dos depoimentos de moradores vizinhos ao duto pode-se inferir que a maioria não conhecia sua existência. A maior parte dos que conheciam não sabia o que era transportado nem o que fazer em caso de um incidente, portanto desconheciam o risco a que estavam sujeitos. O mesmo se observa em relação às prefeituras ao longo de todo o sistema da OPL. Gerenciamento da Operação Descumprimento de procedimentos internos da OPL O manual de O&M da OPL previa que o controlador deveria determinar a causa do desligamento automático de qualquer bomba do sistema revendo os dados operacionais, principalmente as tendências de variação de pressão dos pontos do sistema, antes de reiniciar a operação do sistema. No incidente, a primeira bomba a sair de operação foi a booster do Terminal de Bayview, para o qual as telas do SCADA ainda estavam em desenvolvimento, apesar do Terminal já estar operando por cerca de 6 meses. Esta revisão, se foi feita, teve que ser feita entre 16:04h, quando o SCADA voltou á operação, e 16:15h quando o controlador reiniciou a operação do sistema, após receber autorização do seu supervisor. Em sua investigação, em função dos envolvidos só aceitarem depor em juízo para não se incriminar no processo criminal que já tinha sido iniciado, o NTSB não pode verificar se o controlador reviu tendências de pressão em qualquer ponto do sistema que operava antes de reiniciar o sistema. Pelo pouco tempo disponível é muito provável que não. Ainda, durante o processo de reinício de operação do oleoduto, o controlador partiu mais uma bomba do sistema após o SCADA ter emitido alerta de possível vazamento. O reinício da operação não causou o incidente, mas contribuiu para o agravamento das conseqüências do incidente pelo aumento de 50% do volume de gasolina vazado. Dificuldade de controle de transientes Devido à proximidade do Terminal de Bayview e a EB de Allen, o tempo que os operadores tinham para responder a transientes nos oleodutos antes da atuação do sistema de proteção do Terminal era muito reduzido, o que ocasionou dezenas de bloqueios do Terminal, desde sua entrada em operação, similares ao que causou o incidente. Aquilo que devia ser uma operação anormal estava se tornando rotina. Esta situação foi reportada pelos controladores à gerência da OPL, por diversas vezes, não sendo tomada nenhuma providência para a sua correção. Gerenciamento de Mudanças Duas mudanças importantes ocorreram no sistema operado pela OPL. A primeira foi a troca da companhia operadora das instalações, da Texaco para Equilon que provocou uma transição dos manuais de O&M da OPL, levando o OPS a emitir nota de preocupação, após inspeção da OPL realizada 3 meses antes do incidente. O OPS determinou que a OPL devesse assegurar o atendimento dos procedimentos de O&M correntes até que fosse completada a transformação dos manuais. A segunda foi a entrada em operação do Terminal de Bayview. Quando o incidente ocorreu 6 meses depois de sua entrada em operação, a OPL ainda estava desenvolvendo telas críticas do SCADA relacionadas com o Terminal. A OPL não refez o estudo da operação do oleoduto em regime transiente para avaliar os efeitos da entrada em operação do Terminal. O tratamento de operações anormais do manual de operação dos oleodutos não foi revisto pela OPL considerando as operações do Terminal. Não houve treinamento estruturado ou formal para os controladores considerando as 119 operações do Terminal. Estes fatos mostram que o gerenciamento de mudanças da OPL deixava a desejar, pois qualquer mudança deve somente ocorrer depois que os estudos de avaliação e os procedimentos para a nova situação estejam completos e depois do treinamento e qualificação da força de trabalho em sua execução. Tarefas e Elementos Críticos A OPL pecou por não identificar e priorizar tarefas e elementos críticos de seu sistema. O controle de transientes de pressão no oleoduto era uma tarefa crítica à qual não foi dada a devida importância. O SCADA era essencial para o acompanhamento e controle das operações do oleoduto, principalmente pela reduzida força de trabalho da OPL. O sistema de proteção contra sobrepressão do oleoduto em geral, e o de proteção do Terminal de Bayview, em particular, era um elemento crítico do sistema da OPL. Foi desconsiderado o bloqueio sistemático do Terminal de Bayview por alta pressão durante transientes que era sinal de que havia problemas nesse elemento. O projeto, instalação, testes, manutenção e operação desses elementos críticos, tarefas críticas para a segurança operacional do sistema, às quais também não foi dada a devida importância. Treinamento e Qualificação A política da de promover seus empregados para outras tarefas aparentemente não era seguida de treinamento adequado para a nova função. A introdução de erros na base de dados do SCADA por um controlador, que agia como administrador do sistema e era inadequadamente treinado para essa função, causou a falha do sistema em um momento crítico da operação do oleoduto quando o controlador precisava partir novas bombas em resposta a um transiente normal de pressão devido a mudança de ponto de entrega. O NTSB concluiu que se o SCADA estivesse com desempenho normal o controlador provavelmente teria sido capaz de evitar o pico de pressão que rompeu o oleoduto. Como já mencionado, a qualificação do antigo supervisor promovido a assistente de engenharia também é questionável. Também, o relatório da NTSB mostrou diversos problemas de qualificação de pessoal no comissionamento do Terminal de Bayview referentes ao recebimento, instalação, testes e manutenção das válvulas de controle e alívio recebidas para seu sistema de proteção contra sobrepressão. Os controladores entrevistados pelo NTSB, não envolvidos no incidente, disseram que não acreditavam que tivessem sido adequadamente treinados ou preparados para lidar com a dificuldade de controlar os transientes no oleoduto após a entrada em operação do Terminal de Bayview e que estavam aprendendo a lidar com esta situação por um processo de tentativa e erro. Esses fatos mostram que a qualificação e treinamento da força de trabalho da OPL eram inadequados para a execução de tarefas críticas para a segurança operacional do sistema. Documentação Atualizada Os manuais de O&M da OPL não incorporaram as instalações do Terminal de Bayview de forma completa, pois apenas a descrição das instalações e os dados dos seus equipamentos foram incorporados ao manual existente. Os procedimentos operacionais não completamente revistos, pois o tratamento de operações anormais e o controle dos transientes de pressão causados pelo bloqueio do Terminal não foram incluídos, notadamente em situações de operação transiente, não foram revistos. Também havia desencontro de informações entre os documentos de compra e o equipamento efetivamente instalado para as válvulas de controle e de alívio do sistema de proteção contra sobrepressão do Terminal. 120 Projeto, Materiais e Construção Não cumprimento de regulamento federal Apesar do tubo não influir no incidente, pois, segundo o NTSB, se este não tivesse sido enfraquecido pelo dano externo teria suportado as pressões desenvolvidas no incidente, o sistema da OPL tinha diversos trechos com tubos de fabricação ERW da Lone Star, por corrente elétrica de baixa freqüência, fabricados antes de 1970. O órgão regulador tinha dado aos operadores prazo de até 7/Dezembro/1998 para a apresentação de programa de teste hidrostático dos trechos de seus oleodutos que contivessem tubos desse fabricante, o que não tinha sido atendido pela OPL. Durante o teste hidrostático do trecho do oleoduto em Bellingham, acordado com a prefeitura da cidade, houve o rompimento de um tubo desse fabricante, o que levou o OPS a exigir o teste em todos os trechos do sistema de oleodutos da OPL que contivessem tubos ERW, fabricados antes de 1970. Nesse teste, houve mais um rompimento em Renton, com tubo ERW de outro fabricante. Falhas na concepção e dimensionamento de recursos do SCADA A investigação do NTSB mostrou que, com o SDV acessando a base de dados do SCADA, eram usados entre 75% e 80% dos recursos das máquinas existentes em capacidade de processamento e quantidade memória. A capacidade restante foi insuficiente quando do problema de introdução de registros com erro na base de dados do SCADA, provavelmente causando o aumento excessivo do tempo de varredura que tornou o sistema não responsivo a comandos dos controladores. O espelhamento das informações entre os dois computadores permitia a propagação de erros entre elas reduzindo a confiabilidade, pois as duas máquinas trabalhavam como uma só. Havia redundância, mas não verdadeira independência. A inexistência de máquina off-line para testar qualquer alteração da programação do SCADA levou a OPL à prática inadequada de introduzir essas alterações no sistema quando controlando o oleoduto em operação. Esses fatos mostram que a OPL falhou na concepção do SCADA, elemento crítico para a segurança operacional do seu sistema de oleodutos. Inadequado projeto e comissionamento do Terminal de Bayview Durante o projeto do Terminal de Bayview a OPL não avaliou a interação do sistema de proteção contra sobrepressão do Terminal com o restante de seu sistema, pois não avaliou as operações que podiam gerar transientes de pressão no oleoduto e levar ao bloqueio do Terminal. Também, falhou no controle de qualidade no recebimento de válvulas de alívio e de controle do sistema de proteção do Terminal, bem como, nos testes e calibração realizados nesse sistema durante o comissionamento do Terminal. Conscientização Gerencial e Funcional A OPL não gerenciou adequadamente o projeto, a implementação, o comissionamento, a manutenção e a operação do seu SCADA e do Terminal de Bayview. A relação da OPL com a comunidade ao longo de seus oleodutos era inadequada. A OPL não gerenciou adequadamente as escavações de terceiros próximo ao seu oleoduto e não utilizou toda a informação disponível na análise dos resultados da inspeção interna. A OPL mão gerenciou adequadamente importantes mudanças ocorridas em seu sistema. A OPL não identificou e priorizou as tarefas e elementos críticos de seu sistema, não treinou e qualificou adequadamente sua força de trabalho e não atualizou corretamente sua documentação. A OPL não fez cumprir seus procedimentos próprios e não atendeu regulamentos federais. A gerência da OPL não deu a devida importância aos problemas operacionais relatados pelos seus controladores depois da entrada em operação do Terminal de Bayview. Esses fatos mostram claramente que a OPL tinha uma postura gerencial inadequada para garantir a segurança operacional do seu sistema. 121 INVESTIGAÇÃO A OPL falhou redondamente em considerar os repetidos fechamentos da válvula de bloqueio do Terminal de Bayview como uma operação normal em virtude do sistema de proteção estar funcionando como projetado, não registrando sua ocorrência e investigando suas causas. Qualquer atuação de um elemento de um sistema proteção é claramente uma operação que foge aos padrões normais, pois um dos limites de proteção foi ultrapassado. Pelos regulamentos vigentes na época do incidente qualquer operação anormal devia ter suas causas imediatamente investigadas pelo operador e tomadas as medidas necessárias para evitar sua recorrência, o que não feito pela OPL. MITIGAÇÃO Por ter plano de resposta e realizar anualmente exercícios simulados, monitorados por agências estaduais e federais, a OPL agiu corretamente na resposta ao incidente. Arregimentou rapidamente recursos humanos e materiais especializados e integrou seus representantes ao comando unificado que gerenciava as atividades de resposta ao incidente, portanto trabalhando de forma coordenada com as autoridades locais e agências estaduais e federais. Dessa forma fica clara a necessidade de se estar preparado para incidentes e também o importante papel dos órgãos reguladores na fiscalização e cobrança da realização de exercícios simulados. FISCALIZAÇÃO Os procedimentos de inspeção do OPS eram baseados em listas de verificação cobrindo os itens importantes da regulamentação federal vigente, inspeção visual no campo e medida de potenciais de proteção catódica. Este tipo de inspeção se feito superficialmente ou por inspetores sem a experiência devida pode ser inadequada para detectar os reais problemas de uma instalação, inclusive os gerenciais e de processo. A investigação do NTSB apontou que a fiscalização do OPS, cerca de 3 meses antes do incidente, falhou em identificar diversos problemas presentes no sistema da OPL: os freqüentes bloqueios do Terminal de Bayview pela dificuldade de controle de transientes de pressão; o treinamento inadequado dos controladores após a entrada em operação do Terminal; o inadequado teste do sistema de proteção do Terminal; a inadequada atualização dos procedimentos para a partida do Terminal e o incompleto desenvolvimento de telas essenciais do SCADA para a supervisão e controle das operações do Terminal, 3 meses após a sua entrada em operação. Pela pequena duração da inspeção e seus resultados, fica-se com a impressão que a fiscalização foi feita de forma burocrática, sem o aprofundamento dos cerca de 50 itens analisados, com inspetores inadequadamente treinados nas novas tecnologias e sem a experiência suficiente para detectar os reais problemas da instalação. REGULAMENTAÇÃO Durante sua investigação do incidente, o NTSB apontou que a regulamentação federal não orientava adequadamente os operadores de dutos nos protocolos e procedimentos de testes de dispositivos de segurança do oleoduto e na introdução de modificações on-line no programa de SCADA’s em operação. Recomendou que a RSPA desenvolvesse e emitisse essas orientações. 122 O QUE DEU ERRADO NO INCIDENTE DE BELLINGHAM? Na opinião do autor, as principais causas do incidente de Bellingham foram: a postura gerencial inadequada da OPL para garantir a segurança operacional do seu sistema; a fiscalização inadequada pelo órgão regulador; e a inadequação da legislação sobre segurança operacional de dutos existente na época do incidente. A primeira por ser a causa raiz de todas as falhas apontadas pelo NTSB em sua investigação. Tanto que dois de seus gerentes, o vice-presidente de operações e o supervisor responsável no dia do incidente, foram condenados no processo criminal federal e cumpriram pena de prisão. Foi a primeira vez que, nos Estados Unidos, gerentes foram condenados a esse tipo de pena por não atender os regulamentos de segurança operacional de dutos. A postura gerencial inadequada pode ter sido gerada em virtude dos acionistas da OPL não terem indicado seus melhores quadros para gerenciar a companhia pela pequena importância econômica que ela tinha para eles. A segunda foi causada pela deficiência em recursos materiais e humanos do OPS, pelo treinamento inadequado de seus inspetores nas novas tecnologias e pela sua excessiva tolerância com os operadores devido à política de confiança na auto-regulação da indústria adotada pela agência. A terceira foi causada pelo forte lobby das companhias operadoras de dutos junto ao congresso, pelas divergências entre as suas duas casas e pelas diferentes orientações das duas bancadas predominantes, que usavam a elaboração das leis sobre a segurança operacional dos dutos para fazer política partidária e angariar recursos para suas campanhas. 123 BIBLIOGRAFIA Correspondência Pessoal As pessoas citadas nos agradecimentos foram contatadas e gentilmente deram informações ou forneceram fotos e vídeos relativos ao incidente. Documentos Todos os documentos, cujo texto e/ou fotos foram utilizados neste trabalho, aqui citados foram obtidos através da INTERNET: National Transportation Safety Board - Pipeline Accident Report - Pipeline Rupture and Subsequent Fire in Bellingham, Washington June 10, 1999, NTSB/PAR-02/02 PB2002916502 e seis apresentações em PowerPoint feitas ao Board quando da aprovação do releatório, Washington, DC, October 8, 2002. 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United States General Accountability Office, GAS PIPELINE SAFETY, Preliminary Observations on the Integrity Management Program and 7-Year Reassessment Requirement, Report GAO 06-474T, March 16, 2006. United States General Accountability Office, GAS PIPELINE SAFETY, Preliminary Observations on the Integrity Management, Report GAO 06-588T, April 27, 2006. United States General Accountability Office, GAS PIPELINE SAFETY, Views on Proposed Legislation to Reauthorize Pipeline Safety Provisions, Report GAO 06-1027T, August 4, 2006. United States General Accountability Office, NATURAL GAS PIPELINE SAFETY, RiskBased Standards Should Allow Operators to Better Tailor Reassessments to Pipeline Threats, Report GAO-06-945, September 2006. United States General Accountability Office, NATURAL GAS PIPELINE SAFETY, Integrity Management Benefits Public Safety, but Consistency of Performance Measures Should Be Improved, Report GAO-06-946, September 2006. PESQUISA NA INTERNET Principais palavras-chave utilizadas (em diversas combinações): Whatcom Creek, Whatcom Falls Park, Bellingham, Olympic Pipeline, Pipeline, Explosion, Rupture, Spill, Gasoline, Fire, Accident, Incident, Restoration, Response, Safety. Principais Sites Das dezenas de sites pesquisados são citados apenas os principais sites com informação relacionada com o incidente (texto e/ou fotos): Olympic Pipeline Company, http://www.olympicpipeline.com GATX, http://www.gatx.com ARCO, http://www.arco.com TEXACO, http://www.texaco.com BP, http://www.bp.com City of Bellingham, Washington, http://www.cob.org Washington State, http://www.wa.gov Washington Utilities and Transportation Commission, http://www.wutc.wa.gov Whatcom County, Washington, http://www.co.whatcom.wa.us Western Washington University, Bellingham, http://www.wwu.edu White House, http://www.whitehouse.gov SEC - U.S. Securities and Exchange, http://www.sec.gov U.S. SENATE, http://www.senate.gov U.S. HOUSE OF REPRESENTATIVES, http://www.house.gov GAO - U.S. Government Accountability Office, http://www.gao.gov DOT – U.S. Department of Transportation, http://www.dot.gov NTSB - National Transportation Safety Board, http://www.ntsb.gov 126 NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration, http://www.noaa.gov EPA - U.S. Environmental Protection Agency, http://www.epa.gov PHMSA - Pipeline and Hazardous Materials Safety Administration, (parte do material utilizado está atualmente indisponível neste site em virtude da completa modernização e reestruturação por que ele passou em Novembro 2008), http://www.phmsa.dot.gov National Institute of Standards and Technology - Computer Security Resource Center, http://www.csrc.nist.gov Artigos de Notícias Foram pesquisados centenas de artigos de notícias relativos ao incidente, obtidos principalmente nos seguintes sites: Seattle Times, http://www.seattletimes.nwsource.com Seattle Post-Intelligencer, http://www.seattlepi.nwsource.com Bellingham Herald, http://www.bellinghamherald.com Austin-Stateman, http://www.statesman.com CNN, http://www.cnn.com KOMOTV, Seattle, http://www.komonews.com NEW YORK TIMES, http://www.nytimes.com Leis e Regulamentos As leis e regulamentos utilizados neste trabalho foram obtidas de: Federal Register, http://www.gpoaccess.gov E-CFR - Electronic Code of Federal Regulations, http://ecfr.gpoaccess.gov Regulations, http://www.regulations.gov Arquivos de Áudio Parte do som embebido neste trabalho foi obtida em: NPR- National Public Radio, http://www.npr.org TVW- Washington State Public Affairs TV Network, http://www.tvw.org Arquivos de Vídeo e Áudio Algumas imagens usadas neste trabalho foram obtidas de vídeos das seguintes fontes: CNN&Time – Fireball; Tough Justice, Programa transmitido pela CNN em September 3, 2000, http://www.cnn.com C-SPAN, Archive, http://www.c-spam.org You Tube, http://www.youtube.com Mapas A base de alguns mapas deste trabalho foi obtida de: Google Maps, http://www.maps.google.com Vistas Aéreas A base de algumas montagens com vistas aéreas foi obtida de: Google Earth, http://earth.google.com OBSERVAÇÕES: 1. Os depoimentos pessoais utilizados no presente trabalho, obtidos de todas estas fontes, foram mantidos em inglês para evitar erros de tradução e transcritos fielmente da fonte. 2. Todo o material coletado na produção deste trabalho (2,5 GB) estará disponível para os eventualmente interessados até o final de 2010. 127