poluicao lucrativa - Prêmio José Lutzenberger de Jornalismo
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poluicao lucrativa - Prêmio José Lutzenberger de Jornalismo
CAXIAS DO SUL QUINTA-FEIRA 24/4/2014 ANO 66 NÚMERO 11.936 D I Á R I O D E Zezé di Camargo e Luciano cantam em Caxias. Sete Dias www.facebook.com/pioneiro I N T E G R A Ç Ã O D A S E R R A R$ 1,50 Um jornal do Grupo RBS Em São Paulo, R$ 2 @pioneiroonline @jornalpioneiro pioneirocaxias foursquare.com/pioneiroonline www.pioneiro.com EXCLUSIVO GABRIEL LAIN, ESPECIAL COLUNISTAS Frei Jaime Bettega encoraja a não desistir diante das dificuldades. P. 2 Ex-prefeito de Bento, Roberto Lunelli pode concorrer a deputado, diz Rosilene Pozza. P. 11 A farra do descarte de resíduos de obras À revelia da lei e para lucrar mais, empresas poluem descaradamente o interior de Caxias Páginas 4, 16 e 17 EDUCAÇÃO FARROUPILHA IFRS aprova mestrado grátis Multa para quem O que muda jogar lixo na rua na vida online Página 6 MARCO CIVIL Página 5 Página 18 PIONEIRO PIONEIRO | 16 E 17 | QUINTA-FEIRA, 24 DE ABRIL DE 2014 QUINTA-FEIRA, 24 DE ABRIL DE 2014 ESPECIAL GABRIEL LAIN, ESPECIAL CRIME AMBIENTAL POLUIÇÃO LUCRATIVA O Pioneiro acompanhou a movimentação dos resíduos da construção civil em Caxias do Sul e constatou: empresas continuam ignorando leis e a advertência das autoridades tão somente para acobertar danos ambientais e garantir lucro. De hoje até sábado, série de reportagens mostra como esse problema afeta o cotidiano e quais são os desafios para solucioná-lo ADRIANO DUARTE Caxias do Sul – Diariamente, toneladas de resíduos da construção civil são jogadas em matas de preservação permanente ou enterradas em lotes particulares, quando deveriam ser enviadas para aterros controlados. Igualmente espantoso é que essa prática danosa deveria ter sido extinta há 10 anos e só se mantém porque rende muito dinheiro. O esquema é conhecido por profissionais ligados ao recolhimento de entulhos e ambientalistas, mas ignorado pela maioria da população. De tão sólido e organizado, a prefeitura se obrigou a criar um comitê e conceder prazo para resolver o que é considerado o maior problema ambiental da cidade ao lado da poluição industrial. Não será a primeira tentativa e haverá pressão. Desde 2003, quando o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu regras claras para a destinação de resíduos da construção civil, empresas desafiam autoridades e resoluções federais para esconder os entulhos no interior ou em bairros afastados. Estima-se que obras e reformas geram 450 toneladas diárias de detritos. Não há números do volume reaproveitado, mas boa parte para na natureza. O que prevalece é uma lógica insana pelo lucro. É mais barato para o empreendedor correr o risco de levar multa do que instalar o processo correto de descarte. O improviso resulta dos serviços mais baratos diante da concorrência. O procedimento correto e legal custaria três vezes mais. A preferência pelo descarte no interior se deve à pouca fiscalização e as raras denúncias. Longe da vigilância, vale cavoucar a terra, lançar resíduos contaminados e encobrir as evidências de substâncias noci- vas. Os resultados são impactantes: o material sufoca e mata vegetações, afeta rios e fontes de água, atrai bichos e insetos e coloca em risco edificações que podem vir a ser assentadas nesses terrenos. O Pioneiro encontrou exemplos em São Virgílio e nos bairros Cânyon e Cruzeiro. A ilegalidade tem agravante: das 10 coletoras de entulhos da cidade, apenas três têm autorização para transportar o material, realizar a triagem e a destinação final. As demais operam sem licença, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma). Especialistas relacionam o processo ilegal a uma questão cultural. Até ! Descarte irregular é feito no interior e em bairros afastados o final dos anos 1980, era comum alguém despejar materiais de obras em terrenos baldios. Havia inclusive gente disposta a receber poluentes sólidos tão somente para tapar buracos e aplainar terrenos. A partir de 1992, todo o lixo proveniente de demolições, construções e reformas passou a ser despejado em caçambas fornecidas por empresas, por força de uma lei municipal. Essa medida criou um mercado e estimulou o surgimento dos aterros paralelos que se multiplicaram a despeito das determinações do Conama. Desde então, os contêineres vêm sendo alugados para acumular restos de tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa, concreto, blocos, tubos, meios-fios, pa- pel, plástico, metal, vidro, madeira e gesso, entre outros. As mesmas caçambas também recebem resíduos perigosos como tintas, solventes, óleos ou material de demolições e reformas de clínicas radiológicas e instalações industriais. Esses itens não podem ser encaminhados para o aterro sanitário Rincão das Flores, na localidade de Apanhador, criado apenas para o lixo doméstico. Em média, o setor movimenta 100 contêineres todos os dias, o que rende em torno de R$ 500 mil mensais apenas com o aluguel dos equipamentos. A regra amplamente difundida pela Conama e especialistas determina a separação do material reciclável ou contaminado se possível ainda na obra, o que dificilmente ocorre. Somente o que não pode ser reaproveitado deve ir para um aterro autorizado pela Fepam. O problema é que Caxias jamais teve espaço adequado ou licenciado para receber as chamadas caliças, algo reivindicado pelo setor. É por essa brecha que escorrem as irregularidades. Para turbinar os rendimentos do aluguel das caçambas e reduzir custo de obras e reformas, algumas coletoras largam o conteúdo recolhido em áreas verdes ou em endereços de conhecidos ou familiares. Se tudo fosse separado e reaproveitado, o que é possível, a despesa seria maior para o coletor e para o contratante. Levantamento identificou 14 aterros clandestinos. Há avanço sobre pontos interditados e novos focos, indicação de que a abrangência da poluição sequer pode ser mensurada. Lixões viraram loteamentos ou foram encobertos pelo mato. Contudo, toneladas de restos continuam sob a terra como prova do descaso e da impunidade. O lucro de poucos será o prejuízo de várias gerações. [email protected] PIONEIRO.COM Veja vídeos com flagrantes de descarte irregular de resíduos da construção civil em Caxias do Sul. FLAGRANTE Em um aterro em área do município, entre os bairros Cânyon e Maestra, o Pioneiro flagrou uma prestadora de serviço à prefeitura largando dejetos retirados de tubulações. O tereno não tem permissão para receber material Fiscalização amenizada para evitar caos O descontrole sobre os aterros clandestinos chegou ao extremo de a prefeitura tolerar o descarte irregular para evitar um suposto colapso na construção civil. Parece um desatino da administração, mas o secretário municipal do Meio Ambiente, Adivandro Rech, entende ser a alternativa mais coerente antes de fechar o cerco contra os poluidores. De certa forma, a fiscalização faz vistas grossas para evitar a acúmulo de caliças nos canteiros de obras e coletoras. No ano passado, com a interdição de três aterros o cenário descambou: entulhos ficaram empilhados durante semanas em pátios e dentro de caçambas. Houve reclamação e buscou-se consenso entre município, Ministério Público, construtoras e prestadores de serviço. Um comitê mapeou os aterros e apontou soluções que estão sendo tratadas por etapas. Um dos maiores entraves era a fiscalização frágil da Fepam. O prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) determinou a Rech que buscasse a competência para o município como tentativa de ampliar o controle. A negociação demorou 10 meses para ser concluída, arrastando soluções. A próxima fase é exigir licenciamentos de transporte e triagem a partir do segundo semestre. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) também trabalha para implantar um sistema de controle informatizado até o final do ano, o que pode erradicar 90% dos aterros. – Só multar não adianta. Percebemos que eles (empresas) desejam sair da irregularidade, parar de fazer errado. Se eu disser que ninguém mais pode coletar ou descartar os entulhos haverá caos na cidade. Para onde isso será levado? Possivelmente o descarte ilegal seria multiplicado – pondera Rech. O secretário garante que os coletores já foram notificados para buscar o licenciamento de transporte e indicar o destino dos resíduos. Quem receber o material deverá apresentar licença para realizar o transbordo, a triagem e o encaminhamento final. Empresas irregulares serão acionadas judicialmente e terão equipamentos apreendidos. O prazo para adaptação é de 90 dias. – Sem caçamba consigo impedir o descarte irregular – garante Rech. MAIS Leia amanhã Especialistas apontam quais os danos da poluição da construção civil na cidade e como os construtores podem reduzir o problema. POR QUE É VANTAJOSO POLUIR ■ Em média, as coletoras sem licença cobram R$ 180 para alugar uma caçamba. O equipamento é recolhido após um período acordado com o cliente. Contudo, o gerador de resíduos não se responsabiliza pelo encaminhamento das caçambas, como exige a lei. ■ Para manter o preço do aluguel mais barato em relação a concorrentes licenciados, as coletoras irregulares realizam apenas triagem superficial ou simplesmente jogam o conteúdo das caçambas em aterros clandestinos. ■ Quando o entulho é altamente contaminado, a tática inclui a abertura de buracos em terrenos privados para jogar o resíduo e cobrir com terra e pedra. Essa operação requer o uso de retroescavadeiras, caminhões com terra e um segundo veículo com entulhos. Muitas vezes, os donos dessas áreas ignoram que estão contribuindo para um crime ambiental. ■ Se o serviço fosse realizado como exige a lei, o custo seria três vezes maior. Uma empresa licenciada cobra em média R$ 430 apenas para recolher, separar e encaminhar restos de tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa, concreto, entre outros. Nesse valor está incluído o reaproveitamento e transporte para aterro devidamente licenciado. O preço sobe se o descarte incluir material perigoso. Coletores questionam burocracia Os coletores de entulhos temem ser taxados injustamente como os únicos causadores da poluição de resíduos sólidos em Caxias. Eles têm razão, em parte. Pela lei, quem gera o lixo também deve providenciar o descarte correto. Os transportadores, por sua vez, são responsáveis solidários quando oferecem o serviço. Mas todos estão sujeitos à sanções. O secretário Adivandro Rech lembra que, desde o início de 2013, a fiscalização emitiu diversas multas tanto para donos das áreas onde estão os aterros quanto para coletores. As sanções balançaram o setor, mas o temor maior é com a possibilidade de fechamento de empresas a partir de mais rigor no segundo semestre. Enio José Scariot é dono da única empresa com autorização para triagem e processamento dos entulhos na cidade. Virou a salvação temporária de outros coletores que buscam os serviços como forma de escapar de multas. Scariot recebe de 20 a 25 caçambas de terceiros todos os dias. Os funcionários dele realizam a triagem, processam tijolos e pedra e encaminham o material para reciclagens e indústria. A capacidade chegou ao limite porque a empresa também tem as próprias caçambas para limpar. O empresário culpa a burocracia para se obter licenças junto ao Estado e município. – É uma área que precisa de muito investimento, muita ajuda do poder público. As leis são complicadas. Sugerimos à prefeitura licenciar área para colocar material inerte (terra pura, pedras, vigas, tijolos, grama e podas de árvores). Sem isso, não temos onde depositar – justifica Scariot. Três empresários se uniram para criar uma central de triagem, entre os bairros Bela Vista e São Victor. O ponto opera sem licença desde o final do ano, mas foi a única forma encontrada para evitar o fechamento das empresas. Os resíduos não aproveitados são aterrados em uma área particular na localidade de São Virgílio, no interior. O descarte foi flagrado pelo Pioneiro. Antes disso, o grupo descartava entulhos em um terreno em São Luiz da 6ª Légua, interditado no ano passado pela Semma. O gestor da central, Paulo Cervelin, reconhece as irregularidades mas garante ter encaminhado pedido de licenciamento há meses, e não obteve resposta. – Tenho área de 5 mil metros quadrados para triar o lixo. Não enterro os resíduos como muita gente faz por aí. Vendemos tudo o que é separado. O industrial vai para um parceiro nosso em São Gotardo. Abrimos o aterro em São Virgilio com base na resolução da Conama para colocar o inerte – rebate Cervelin. |6| PIONEIRO CIDADES SEXTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2014 Editor: Cléver Moreira 3218.1338 [email protected] Danos podem ser irrecuperáveis ADRIANO DUARTE Caxias do Sul – O custo para recuperar áreas poluídas pelos aterros irregulares da construção civil é altíssimo. A dúvida é saber quem será responsabilizado pelos danos. Nos últimos dois anos, a promotora de Justiça Janaína de Carli ingressou com ações exigindo projeto de reparação de duas ou três áreas atingidas pelos descarte ilegal de entulhos. As denúncias apontam donos de terrenos e empresas coletoras dos resíduos, mas ainda não há decisão. As áreas de preservação que constam nos inquéritos são chamariz para o descarte da construção civil, do lixo industrial e doméstico. Um desses aterros clandestinos foi forjado em São Luiz da 6ª Légua, no interior de Caxias do Sul. Durante anos, centenas de caminhões lan- çaram material sem triagem em terreno particular, ao lado de uma área de preservação. É um indicativo de como a poluição altera vagarosamente paisagens emblemáticas: a montanha de lixo avança sobre a vegetação da colônia e altera o cartão-postal outrora adornado pelo verde e por plantações de uva. De tão compactado pelo peso de caçambas e retroescavadeiras, é difícil identificar onde termina o aterro e começa o solo original. A interdição ocorreu na metade de 2013, mas não há barreiras para impedir novos descartes ocasionais. O prejuízo deixado em São Luiz e em outras regiões é incalculável e certamente só será assimilado por outras gerações. No outro extremo da cidade os entulhos serpenteiam os limites de dois parques naturais no caminho para o Loteamento Mariani. Ali nada impede ações em pleno dia. Os dejetos despencam sobre um córrego mato adentro. A convite do Pioneiro, o biólogo Otávio Valente Ruivo visitou alguns desses aterros e encontrou resídu- os contaminantes com origem no petróleo, tais como tintas, plásticos, polímeros e combustíveis, além do cancerígeno amianto. Embora os coletores de entulhos afirmem que os depósitos são apenas para materiais inertes (tijolos, cimento ou terra) fica evidente a falta de processos de separação exigidas pela lei. Os poluentes acompanharão famílias ! Para cada três prédios construídos, cidade produz outro de resíduos do entorno por décadas porque a decomposição desses produtos leva centenas ou milhares de anos. É o que Ruivo classifica como o desmoronamento do futuro. – Esse processo consiste na quebra desses materiais em partes menores, o que não corta suas condições mui- to poluentes. Há a interação com o meio ambiente, com o ecossistema, sendo levados de um local para outro através da chuva para arroios e rios. Mas esses materiais nocivos à vida permanecem décadas ou mais no mesmo ponto ou região onde foram depositados – alerta Ruivo. Diretora do Instituto de Saneamento Ambiental (Isam) da Universidade de Caxias do Sul, Vania Schneider compartilha um dado pertinente: para cada três prédios erguidos, a cidade produz outro equivalente de resíduos sólidos. Vania é conhecedora do tema. Sob sua orientação, pesquisadores e parceiros desenvolveram diversos trabalhos com sugestões para solucionar o impasse no descarte nos últimos anos. Tudo ficou na intenção. Além da reciclagem na obra, uma alternativa apontada por Vania é a construção de pequenas centrais de transbordo e triagem, possivelmente entre Caxias do Sul e Farroupilha, para reduzir o custo com a logística. Algumas prefeituras da região preMAIS O PROBLEMA PIONEIRO Gestão de resíduos pode amenizar impactos CRIME AMBIENTAL Aterros irregulares poluem mananciais, sufocam vegetação e atraem vetores de doenças | 7 | CIDADES SEXTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2014 Leia amanhã Como a prefeitura de Caxias do Sul pretende ampliar o controle e reduzir o impacto ambiental dos resíduos da construção civil. PIONEIRO.COM Confira galeria de fotos de aterros em Caxias e vídeos sobre descarte irregulares. tendem criar esses espaços. Outra ideia debatida é a possibilidade do município recolher pequenos volumes de resíduos domésticos, uma vez que as reformas em moradias têm grande parcela na poluição. O secretário do Meio Ambiente, Adivandro Rech, e a promotora Janaína descartam esse tipo de serviço por entender que poderia beneficiar setores privados, o que não é permitido. – O responsável é quem produz. Se tem o bônus pelo serviço também é preciso arcar com o ônus – defende Janaína. Como as empresas coletoras ganharam 90 dias para adequações e licenciamentos, o descarte irregular deve continuar. Por esse motivo, o biólogo Otávio Ruivo defende uma fiscalização imediata. – Quais as notícias que as pessoas irão querer ler, ouvir ou ficar sabendo daqui a 50 ou 100 anos? Desmoronamento de casas e prédios? Afundamento do solo? Aumento da incidência de cânceres? – questiona. [email protected] Município também aterra Empresas particulares não são as únicas responsáveis pelo descarte irregular. Durante dois dias, o Pioneiro monitorou um aterro na região da bacia de captação da barragem Maestra. O espaço fica na Rua Adolfo Randazzo, quase em frente à Associação de Recicladores Interbairros, entre os bairros Cânyon e Maestra. Detalhe: a área é do município e recebe entulhos de obras públicas, contrariando as determinações do Conama. O ponto também serve para descarte irregular de empresas particulares. Não há critério para lançar restos de asfalto, piche, meios-fios de calçadas, paralelepípedos, tijolos, telhas, cimento. No início do mês, a reportagem flagrou uma caçamba da Codeca largando entulhos. O gerente comercial da empresa, Gilberto Meletti, diz que o procedimento não está incorreto pois o caminhão transportava apenas material de escavação para uma área autorizada pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos. Quatro dias depois, no mesmo endereço, um caminhão da desentupidora D’Luz despejou conteúdo coletado nas tubulações da rede pública. O titular da pasta, Adiló Didomenico, afirma que a D’Luz não tinha permissão para o descarte e foi advertida. Por outro lado, a secretaria buscar a liberação do terreno para aterrar mais material futuramente. – Notificamos a secretaria e o descarte cessou naquele ponto. O tratamento é o mesmo para todos os setores – garante Adivandro Rech. GABRIEL LAIN, ESPECIAL Corrigir o problema na fonte pode evitar aterros clandestinos e reduzir estragos provocados por esse tipo de poluição. O movimento será desencadeado nos canteiros de obras a partir da regulamentação das empresas de coleta – os empreendimentos na cidade têm 90 dias para obter licenciamento. A medida vem com atraso, mas é saudada por diversos segmentos. O assunto é tratado diretamente pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) em parceria com os integrantes do Comitê Gestor de Resíduos Sólidos da Construção Civil, formado pela entidade, Semma, empresas coletoras, MP, Codeca e um especialista em Direito Ambiental da UCS. Conforme o presidente do Conselho Superior do Sinduscon, Valdemor Trentin, a intenção é estimular os construtores a separar resíduos antes das coletas. – Ficará mais fácil a partir do licenciamento, pois saberemos para onde mandar. Houve muita demora para resolver esse assunto quando isso era com o Estado. Esperamos solucionar até o final do ano – diz Trentin. A professora e arquiteta da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), Daniela Fastofski, reforça que a construção civil é um dos setores de maior impacto ambiental. Quem se diferencia no mercado são os empreendimentos voltados para minimizar o descarte por meio de projetos de gerenciamento de resíduos. Daniela pesquisa o assunto para uma tese de qualificação de mestrado com foco na aplicação de certificações ambientais em obras habitacionais. – Algumas empresas se mostram interessadas em obter a certificação caso as adaptações se mostrem viáveis economicamente e possam ser enquadradas nos procedimentos usuais. Mas ainda restam dúvidas de como proceder em relação a alguns resíduos, mesmo porque o próprio poder público não fornece esclarecimentos – cita a professora. Vania Schneider, do Isam, vê os entulhos como oportunidade de negócios. Para ela, o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, em elaboração, deve incluir o gerenciamento dos materiais da construção civil. Mas o setor precisa repensar atitudes: – Colocar abaixo um edifício para erguer outro deve ser visto como uma desconstrução, e não como demolição. Não faz sentido jogar tudo a céu aberto quando dá para usar de forma gerenciada. Há nichos no mercado como os brechós da construção, por exemplo. DESPERDÍCIO NO SANVITTO No lixão às margens de área verde é possível identificar materiais reaproveitáveis como tijolos e paralelepípedos PELA SERRA Participe do Pela Serra! Envie sua sugestão para [email protected] FARROUPILHA CANELA DESFILE DE CARNAVAL uem gosta de Carnaval tem programação garantida no final de semana. O Canela Folia 2014, Carnaval fora de época da cidade, será amanhã, às 20h30min, no Parque do Lago. Três escolas da cidade participarão do desfile, além da porto-alegrense União da Vila do Iapi, vice-campeã deste ano com o enredo Nos Trilhos da História! Canela, a Suíça Brasileira!. A escola canelense Charanga da Boleia terá como temática O Museu da Moda. Já a Os Inesquecidos vai falar da Escola Neusa Mari Pacheco, e a Faz Q Bebe, sobre cultura e meio ambiente. O ingresso para arquibancada é um quilo de alimento não-perecível. Além do desfile, a cidade irá sediar o 1º Encontro de Carnaval em Canela – Seminário sobre a Cadeia Produtiva do Carnaval, às 9h, na Câmara de Vereadores. No sábado também será entregue o troféu Personalidade Carnavalesca para pessoas e entidades que se destacaram no segmento. Mais duas pré-romarias vão a Caravaggio PROGRAME-SE Confira outras festas populares do fim de semana: Antônio Prado Jantar da Comunidade Cristo Redentor ■ Sábado Arroio do Sal 24º Rodeio Crioulo Nacional ■ Até domingo no CTG Rincão de Estância Carlos Barbosa Rústica 10 anos da Associação Barbosense de Atletismo ■ Domingo Coronel Pilar Festa em Honra a Santa Terezinha ■ Domingo em Linha Noventa Cotiporã Jantar de Nossa Senhora do Pedancino ■ Sábado em Nossa Senhora do Pedancino Festa de São Valentin ■ Domingo em São Valentin Flores da Cunha Festa de São Marcos ■ Até domingo em Otávio Rocha As pré-romarias ao Santuário de Caravaggio seguem com força total neste fim de semana. Amanhã acontece a 2ª Motorhome, com saída às 9h do Pavilhões da Festa da Uva. Cerca de 50 romeiros estão confirmados, segundo Antônio Dosso, um dos organizadores. A missa será às 10h30min. Domingo é a vez da Ro- maria dos Carros Antigos, com saída do estacionamento da prefeitura de Caxias às 9h30min. Em frente à Tramontina, em Farroupilha, haverá o encontro com outros carros da região. A missa será às 11h. Na sexta edição, a expectativa é que seja superada a marca dos 320 carros reunidos no ano passado. Ipê Jantar na Capela Linha Amarílio ■ Sábado PRÉ-ROMARIAS Jantar Dançante Grupo Alvorecer ■ Sábado em Vila Segredo ■ Amanhã – 2ª Motorhome (missa às 10h30min) ■ Domingo – 6ª Romaria dos Carros Antigos (missa às 11h) ■ 4 de maio – 11ª Romaria dos Ciclistas (missa às 10h45min) ■ 10 de maio – 21ª Cavalgada da Fé (missa às 11h) ■ 11 de maio – 7ª Romaria dos Jipeiros (missa às 10h) ■ 17 de maio – 5ª Caminhada e Corrida da Fé (missa às 10h30min) ■ 18 de maio – 36ª Romaria dos Motociclistas (missa às 11h) Nova Pádua Jantar de Menarosto ■ Sábado no Travessão Cerro Largo Nova Petrópolis Encontro de Coros Piá ■ Sábado às 20h na Asespiá Ninho das Águias Open de Paraglider ■ Sábado e domingo no Ninho das Águias Vila Flores Festa de São Jorge ■ Domingo em São Jorge FARROUPILHA Prefeito anuncia duas escolas infantis O prefeito de Farroupilha, Claiton Gonçalves (PDT), anunciou a construção de duas escolas infantis por meio do Proinfância, programa do Ministério da Educação. A primeira escola será no bairro Belvedere e vai atender 120 crianças de zero a três anos, ou 60 em turno integral. A obra se inicia após a terraplenagem, prevista às próximas semanas. O bairro Monte Pasqual sediará a segunda escola, para 240 alunos ou 120 em turno integral. O investimento nas duas obras será de cerca de R$ 2,3 milhões. A entrega das escolinhas está prevista para 2015. CAXIAS DO SUL SÁBADO E DOMINGO 26 E 27/4/2014 ANO 66 NÚMERO 11.938 D I Á R I O D E Copa não prejudicará policiamento, diz coronel Fábio. P. 9 www.facebook.com/pioneiro I N T E G R A Ç Ã O D A pioneirocaxias foursquare.com/pioneiroonline Irma Overlock festeja a absolvição do ex-presidente Fernando Collor. P. 2 www.pioneiro.com Descarte de restos de obras será monitorado Com projeto de informatização, prefeitura promete controle do problema até o fim do ano Página 7 FOTOS JONAS RAMOS E DIOGO SALLABERRY Para Marcos Kirst, transformar-se em metrópole é uma vocação de Caxias. P. 3 COMOS SERÁ ADRIANO DUARTE Caxias do Sul – A informatização de dados é uma das apostas da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) para controlar o transporte e descarte dos resíduos da construção civil. O projeto é recente, depende de licitação e custará mensalmente entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês. O preço pode parecer elevado, mas é fundamental para acabar com as montanhas de entulhos cidade afora. O programa com software terceirizado mapeará os depósitos das caçambas, quem alugou e para onde são levados os resíduos (ver quadro). Será possível identificar se alguém está jogando material em área imprópria. Pode haver falhas, mas será um avanço notável visto o problema jamais ter sido combatido. Se der certo, o secretário da Semma, Adivandro Rech, espera ter controle total do ciclo até o final do ano. tamentos estruturados para execuA concepção da proposta surgiu tar o serviço e assumiu a função no de reuniões organizadas pela Sem- início deste ano. ma e pelo Ministério Público (MP). – Poucas cidades conseguiram Nos encontros ficou estabelecido controlar aterros e, normalmente, só que poucas empresas de coleta têm porque o município buscou a comestrutura para realizar o processo petência – diz Adivandro. completo previsto na resolução do Antes de implantar o sistema Conselho Nacional do Meio Ambien- informatizado, Adivandro pretente (Conama): recolher, transportar, de concluir os licenciamentos das separar e dar o destino final. Parte coletoras e centrais de triagem – o dos empreendedores manifestaram prazo de adequações vence em juinteresse apenas pelo transporte lho. Quem não buscar autorizações das caliças, outros para operar em Caquerem realizar a xias corre o risco de Projetos de separação e o reater equipamentos empresas proveitamento. apreendidos por Para o sistema meio de ações do terceirizadas funcionar de acorMP. Como as licenestão sendo do com a lei, a preças são apenas doavaliados pela feitura trabalhará cumentos, a SemSemma em duas frentes, o ma negocia ampliar que inclui monia fiscalização com torar o gerador de auxílio de funcioresíduos e o transportador. Até en- nários da Companhia de Desenvoltão, essa tarefa era de competência vimento de Caxias do Sul (Codeca). da Fundação Estadual de Proteção O próximo passo é exigir o plano de Ambiental (Fepam), que não tem gerenciamento de resíduos de todas capacidade para atender mais de as obras de construção civil. Ativida400 municípios. A Semma, por sua des sem triagem no local não terão vez, tem equipe, orçamento e depar- licença liberada. ! Licenciamentos – Alguém gerou esse resíduo. É muito fácil reclamar quando a caçamba sai da visão. Retiro da minha responsabilidade e jogo para outro. Vamos sim buscar a responsabilidade do gerador a partir do momento em que ele contratar o serviço de coleta – garante o secretário. Para gerenciar o monitoramento, a prefeitura avalia sugestões de empresas terceirizadas. Cinco projetos já foram apresentados. Na contramão das intenções do Executivo, proprietários das coletoras de caliças veem a criação de uma área pública como saída para o problema. O entendimento é de que o município tem condições de manter um espaço para aterrar os restos da construção e cobrar pelo serviço. Adivandro Rech descarta: – Não podemos ter serviço público para interesses privados. Em Caxias não há empresa para receber o material por falta de mercado e esse mercado não existe porque ninguém está fazendo o que é correto. A partir da regulação, haverá potencial para empresas de triagem, moagem, reaproveitamento e de aterros. [email protected] Campeonato Brasileiro da Série C. Técnicos Beto Campos (E) e Roger Machado disputam o segundo clássico do ano, outra vez No Gauchão, o Caxias de Beto fez 2 a 1. no Estádio Centenário, mas agora valendo pelo Neste sábado, às 16h, Roger quer dar o troco. SERVIÇO PÚBLICO GRIPE SUPERMERCADO ONLINE Faltam servidores Onde se vacinar em vários setores neste sábado Páginas 10 e 11 A denominação Ca-Ju tem 39 anos, e o primeiro duelo ainda está na memória de dois ex-jornalistas. Páginas 18 a 21 e 33 Página 27 Faça o rancho sem sair de casa Página 13 O destino de resíduos sólidos em Caxias do Sul depende de ajustes e esclarecimentos. Em junho, a população poderá opinar sobre o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos. A partir da aprovação do plano, haverá parâmetros, regras e responsabilidades sobre a geração de entulhos da construção, lâmpadas, detritos químicos, óleos e outros objetos que não podem ser dispensados em aterros sanitários. ■ A partir de julho, todas as empresas de coleta de resíduos da construção civil devem apresentar licença para fazer o transporte em Caxias do Sul. Os empreendimentos que fazem a triagem do material e o reaproveitamento também devem obter autorização para trabalhar na cidade. As licenças antes concedidas pela Fepam serão liberadas pela Semma. Sem licença, não será permitido exercer a atividade. ■ Em data a ser definida ainda neste ano, a Secretaria do Meio Ambiente exigirá o plano de gerenciamento de resíduos nas obras da construção civil. Cada empreendimento deve criar um sistema de separação de material poluente e não poluente. Caso contrário, o licenciamento ambiental não será liberado. Monitoramento ■ A partir da legalização das empresas, todas as informações serão cadastradas em um programa. Cada vez que o transportador locar uma caçamba para obra ou reforma, ele deverá inserir dados em um sistema pela internet: quem alugou, qual material e volume aproximado que será recolhido e o prazo para retirada da caçamba. Uma ideia é instalar chips nas caçambas para facilitar a localização e identificação. RONI RIGON Dúvidas CA-JU 274: CAXIENSE E BRASILEIRO Ganhe nesta edição o primeiro pôster da série Os Favoritos P. 29 e 30 Descarte dos entulhos da construção civil será monitorado pela prefeitura até o final deste ano MAIS Ciro Fabres trata da divisão do tempo em décadas e lembra os Anos 80. P. 35 COLECIONE Editor: Cléver Moreira 3218.1338 [email protected] Controle será total R$ 3,00 Em São Paulo, R$ 3,50 @jornalpioneiro SÁBADO E DOMINGO, 26 E 27 DE ABRIL DE 2014 ATERROS CLANDESTINOS FISCALIZAÇÃO COLUNISTAS CIDADES S E R R A Um jornal do Grupo RBS @pioneiroonline |7| PIONEIRO ■ Ao retirar a caçamba com os resíduos, o transportador deverá informar qual central de triagem receberá o volume. A central também deve confirmar que recebeu o conteúdo. Técnicos da prefeitura acompanharão a movimentação por meio de um mapa virtual. ■ A central de triagem deverá informar a quantidade e a variedade recebida. Após, indicará o volume repassado para reciclagem e o destino dos resíduos. O aterro licenciado confirmará se recebeu a quantidade fornecida pela central. ■ Para garantir o funcionamento do sistema, a Semma fiscalizará as empresas para confirmar se os dados informados estão corretos. Vantagens Setor privado percebe oportunidade Soluções para os entulhos da construção civil brotam da iniciativa privada, mas ainda restam dúvidas sobre como oferecer determinados serviços. O caxiense Lademir Vidal Brizola criou um protótipo para triturar restos de tijolos, telhas, concreto, cerâmica e madeira. Os resíduos processados podem ser usados como reboco, na base de pavimentação de estradas ou ruas, em pisos e na confecção de blocos. O equipamento teria custo reduzido se comparado a máquinas comercializadas pelas grandes empresas e atenderia os pequenos empreendedores. Por ter dimensões reduzidas, a máquina de Brizola não exige alterações na estrutura das coletoras, o que facilitaria a implantação de um sistema de triagem e a reaproveitamento. A tecnologia impediria o envio dos entulhos para aterros clandestinos. – Fui procurado por recicladores e também por um empresário do setor de caliças. Antes de tudo precisamos saber em que ponto a lei pode trancar o uso da máquina nesses locais. Tem que ver lá adiante – diz Brizola. Carlos Nery abriu uma coletora de entulhos há um ano e ainda aguarda a liberação das licença ambiental. Diz ter investido R$ 600 mil em equipamentos de trituração, esteiras e triagem maiores do que o protótipo de Brizola. Ele apoia a criação de uma lei que obrigaria as construtoras a comprar de volta 30% do resíduos gerados em uma obra. A exigência estimularia a reciclagem. – Estou guardando o material inerte no terreno da minha empresa, não estou aterrando, é uma questão de consciência. O resto vai para reciclagem. Percebemos que muita gente quer investir nessa área, mas estamos com as mãos amarradas, à espera de licenças. ■ O coletor poderá verificar se o material na caçamba é realmente o que foi contratado pelo cliente. Caso contrário, poderá estabelecer preços diferenciados para transportar determinados resíduos. ■ O sistema regulará o preço da triagem no mercado. Hoje, a concorrência é desleal: coletores cobram mais barato para recolher qualquer tipo de resíduo mas não garantem a separação adequada e o destino final. ■ A organização pode estimular a criação de serviços pouco ofertados em Caxias: triagem, moagem, reaproveitado e aterro licenciado. |4| PIONEIRO CIDADES SEGUNDA-FEIRA, 14 DE JULHO DE 2014 Editor: Cléver Moreira 3218.1338 [email protected] ATERROS CLANDESTINOS Fiscalização volta a ser rigorosa Prefeitura promete punir coletores de entulhos que não encaminharem licenciamento até quarta ADRIANO DUARTE Caxias do Sul – Termina quarta-feira o prazo para os coletores de entulhos da construção civil buscarem licenciamento ambiental. A Secretaria Municipal do Ambiente (Semma) promete a partir de quinta-feira ir atrás das empresas irregulares para multá-las e pedir a apreensão de equipamentos. Estima-se que mais da metade das 450 toneladas de resíduos retiradas diariamente dos canteiros de obras é largada em aterros clandestinos, como o Pioneiro mostrou em reportagens em abril. O descontrole sobre os resíduos é considerado o maior problema ambiental de Caxias, ao lado da poluição industrial. GABRIEL LAIN, ESPECIAL Desde o final de 2013, o município aliviou a fiscalização dos empreendimentos irregulares para impedir um suposto colapso na construção civil. Na época, o temor era o acúmulo de sobras nas calçadas e terrenos. Em abril, a Semma notificou os donos das caçambas locadas para as construtoras e concedeu 90 dias para todos apresentarem a documentação necessária para o licenciamento. Até sexta-feira apenas seis das 11 empresas em operação na cidade protocolaram a papelada. O secretário da Semma, Adivandro Rech, e equipe avaliarão os pedidos em 60 dias. Irregulares ficarão impedidos de ofertar o aluguel das caçambas ou transportar entulhos. – Vamos analisar rapidamente as solicitações já encaminhadas, mas quem não protocolou o pedido de licenciamento não poderá disponibilizar o serviço já a partir do dia 17 (quinta-feira). O município e o Ministério Público buscarão meios Empresa questiona mudanças O secretário Adivandro Rech cogita a possibilidade de liberar o funcionamento de duas usinas de triagem e processamento de resíduos na zona rural, o que desagrada parte do setor. Quem está descontente são empresas que investiram em estruturas na zona urbana. Para se adequar à lei, a Central Sul diz ter gastado R$ 800 mil para alugar terreno, erguer tapumes, comprar caminhões e maquinário, entre outros. O empreendimento pertence a três coletores de entulhos e os sócios já protocolaram o pedido de legalização da área entre os bairros Bela Vista e São Victor Cohab. Diariamente, a empresa encami- nha três caminhões com restos de construção para uma empresa licenciada de Carlos Barbosa, onde é feita triagem, trituração e reciclagem. Restos de tijolos e terra são levados para um aterro em São Virgílio, em processo de licenciamento. A madeira de obras vai para uma recicladora de Bento Gonçalves. – Nos avisaram que só poderíamos operar dentro da zona urbana porque haveria risco de poluição no interior. Gastamos muito dinheiro para adaptar dentro da cidade e agora liberam para os demais que já possuem terrenos – questiona uma das integrantes da Central Sul, Cláudia Gheno. ADEQUAÇÃO Central Sul é uma das empresas que estão se enquadrando às exigências para apreender esses equipamentos – garante Adivandro. Uma das maiores reclamações dos coletores de caliça é a inexistência de áreas legalizadas para o descarte de resíduos como cimento, aparas, restos de tijolos, telhas e terra. A Semma não disponibilizará espaço público para receber esse material, pois entende que isso é competência da iniciativa privada. Como não há aterro legalizado, boa parte é jogada no interior ou enterrada em áreas particulares. Seriam mais de 20 pontos de descarte ilegal espalhados pela cidade. A partir do licenciamento das empresas, a Semma ampliará o controle por meio de um programa virtual. A ideia é monitorar o aluguel de caçambas, o transporte dos resíduos, a triagem e o destino final. O serviço será prestado por uma empresa terceirizada e deverá custar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês. Até o momento, quatro projetos foram avaliados e uma quinta proposta será estudada. – Uma delas inclui o uso de celular com acesso a internet, é bem prático. Os transportadores fotografam a caçamba com os entulhos e lançam os dados no sistema para saber onde o material será levado. Teremos um controle visual – projeta Adivandro. [email protected] MAIS MONITORAMENTO Explicação ■ A partir da legalização das empresas, todas as informações serão cadastradas em um programa de gerenciamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma). Cada vez que o transportador alugar uma caçamba para obra ou reforma, ele deverá inserir os dados em um sistema pela internet: quem alugou, qual material e volume aproximado que será recolhido e o prazo para retirada da caçamba. ■ Ao retirar a caçamba com os resíduos, o transportador deverá informar qual central de triagem recebeu o volume aproximado. A central também deve confirmar que recebeu o conteúdo. Técnicos da prefeitura acompanharão a movimentação por meio de um mapa virtual. ■ A central de triagem deverá informar a quantidade e a variedade recebida. Após, a central precisa indicar o volume repassado para reciclagem e o destino dos rejeitos (material contaminado ou sem possibilidade de reaproveitamento). O aterro licenciado também deve confirmar se recebeu a quantidade informada pela central. ■ Para garantir o funcionamento do sistema, a Semma fará fiscalização eventual nas empresas para confirmar se os dados repassados no sistema estão corretos. Adivandro Rech afirma que é possível processar material de caliça na zona rural: – O que não pode ter em área rural é a triagem de material industrial, que é diferente da proposta de produzir britas com os restos de construção. CENTRO PARA IDOSOS É INAUGURADO NO SÃO CAETANO RONI RIGON Os 60 idosos atendidos há cerca de dois meses pelo Centro de Convivência Capuchinhos foram homenageados sábado na inauguração oficial do espaço, no bairro São Caetano, em Caxias do Sul. A casa presta assistência social a idosos em vulnerabilidade social ou situação de abandono. O Centro de Convivência, que é financiado pela Legião Franciscana de Assistência aos Necessitados (Lefan) em parceria com a prefeitura, tem capacidade para abrigar até 110 idosos. Ele foi construído em um terreno doado pela prefeitura na Rua Eugênio Nicoletti e viabilizado por meio de doações da comunidade. De acordo com a coordenadora da instituição, Lourdes de Fáti- ma Bierende, os frequentadores podem usufruir do Centro diariamente em tempo integral ou durante dois turnos. São oferecidos, gratuitamente, serviços de orientação psicológica e social, terapia ocupacional, fisioterapia, oficinas educativas, alfabetização, atividades esportivas, passeios, encaminhamentos a benefícios socioassistenciais e orientações quanto aos direitos sociais, civis e políticos dos idosos. – A gente percebe diferença na autoestima deles. Eles entram de uma forma e saem de outra, por ter alguém que os escute, por ter amigos. Aqui, o trabalho que fazemos é esse, de acolher, escutar, compreender e ajudar – explica Lourdes.