Os Recursos Genéticos Vegetais na DRAPALG
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Os Recursos Genéticos Vegetais na DRAPALG
DRAPALG Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve Os Recursos Genéticos Vegetais na Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve – algumas considerações e o caso particular das Colecções de Fruticultura e de Viticultura António Marreiros DRAPALG 12 de Novembro/2008 ÍNDICE 1. Introdução, objectivos e algumas considerações sobre os Recursos Genéticos Vegetais ....................................................................................................................... 3 2. Importância da preservação e formas de conservação dos Recursos Genéticos Vegetais ....................................................................................................................... 6 3. Colecções existentes nos Centros de Experimentação da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG) e Síntese dos Principais Trabalhos em Curso ..................................................................................................................... 7 3.1. Colecções existentes no Centro de Experimentação Horto-Frutícola do Patacão - CEHFP ........................................................................................................ 9 3.1.1. Colecção de Citrinos e Banco de Germoplasma ................................................ 9 3.2. Colecções existentes no Centro de Experimentação Agrária de Tavira – CEAT.. 12 3.2.1. Colecção Ampelográfica de Castas de Videira - Uva de Vinho e Uva de Mesa (Vitis vinifera) ................................................................................................... 12 3.2.2. Colecção de Clones da Variedade de Limoeiro Lunário (Citrus limon) ............. 14 3.2.3. Colecção de Diferentes Espécies e Variedades de Citrinos ............................. 15 3.2.4. Colecção de Variedades de Alfarrobeira (Ceratonia siliqua) ............................ 17 3.2.5. Colecção de Variedades de Amendoeira (Amygdalus communis L.) ............... 19 3.2.6. Colecção de Variedades de Figueira (Ficus carica) – A ................................... 21 3.2.7. Colecção de Variedades de Figueira (Ficus carica) – B .................................. 23 3.2.8. Colecção de Variedades de Nespereira (Eriobotrya japonica) – A ................... 24 3.2.9. Colecção de Variedades de Nespereira (Eriobotrya japonica) – B ................... 26 4. Novas Colecções a instalar no CEAT .................................................................... 27 4.1. Colecção de Variedades de Romãzeira (Punica granatum) ................................ 27 4.2. Colecção de Variedades de Damasqueiro (Prunus armeniaca) .......................... 27 4.3. Colecção de clones das castas de uva Negra Mole e D. Maria ........................... 28 5. Actividades a desenvolver no futuro pela DRAPALG ............................................ 28 5.1. Instalação de novas Colecções ........................................................................... 28 5.1.1. Colecção de Variedades de Romãzeira (Punica granatum) ............................. 28 5.1.2. Colecção de Variedades de Damasqueiro ( Prunus armeniaca) ...................... 28 5.1.3. Colecção de clones das castas de uva Negra Mole e D. Maria, ..................... 28 5.2. Reinstalação das Colecções de Amendoeira e Nespereira –A ............................ 29 5.3. Manutenção das Colecções existentes ............................................................... 29 5.4. Trabalhos de caracterização .............................................................................. 29 5.5. Recolha de “novas” variedades tradicionais ........................................................ 29 i 6. Considerações finais .............................................................................................. 30 7. Bibliografia ............................................................................................................. 30 ii 1. Introdução, objectivos e algumas considerações sobre os Recursos Genéticos Vegetais O trabalho de localização/identificação, recolha, preservação e caracterização dos Recursos Genéticos Vegetais deve ser, sem qualquer dúvida, uma prioridade dos nossos tempos, complementado com o trabalho de estudo da adaptação desses recursos às diferentes condições edafo - climáticas locais, de modo a tornar essa informação útil aos utilizadores. Ainda que tal seja um trabalho por vezes bastante moroso e que nem sempre leva à obtenção de resultados de utilização imediata, tal não deverá ser abandonado, para se caminhar unicamente no sentido de soluções mais imediatas, ainda que muitas vezes de grande importância, como seja a importação de variedades melhoradas das principais espécies cultivadas. Toda esta situação que favoreceu o imediatismo, “em detrimento de um trabalho de fundo (estudo e melhoramento das variedades nacionais, com vista à melhoria da sua produtividade e da sua qualidade), levou ao progressivo abandono das variedades nacionais mais adaptadas às nossas condições, por vezes mais resistentes e por isso, normalmente, menos exigentes em adubos e pesticidas. Assim, começaram a desaparecer muitas variedades tradicionais devido à perda de interesse na sua multiplicação, cujas implicações serão certamente difíceis de calcular, uma vez que, para além do valor intrínseco da variedade, existe o valor que a mesma, através, nomeadamente do melhoramento, poderia vir a induzir em novas variedades. São realmente estas perdas irrecuperáveis, que poderão vir a pôr em perigo a perenidade do homem na Terra, já que a biodiversidade é a melhor garantia de um futuro equilibrado” (Marreiros, 1996). Passados mais de 10 anos sobre a publicação destas preocupações, elas mantêm-se actuais e é neste quadro que nos encontramos ainda hoje, e como foi escrito em 1996 (Marreiros), “numa altura em que parece termos chegado a um momento de viragem, devido a uma preocupação dos cidadãos e de muitos técnicos e agricultores, que começaram a ter uma maior sensibilidade pelas questões ambientais e onde começa também a predominar uma “filosofia” de procura das produções específicas, capazes de serem uma alternativa economicamente viável, à massificação das produções. Paralelamente, a preocupação com a preservação, aumenta a possibilidade de se tentar inverter a tendência para a destruição de muitas espécies, para além das cultivadas, muitas das quais desapareceram, sem se ter conhecido plenamente das suas potencialidades”. “Durante cerca de 40 anos, a política agrícola comum (PAC) de intensificação da produção agrícola conduziu o melhoramento de plantas no sentido da produtividade e 1 normalização dos produtos agrícolas. Este facto originou uma elevada erosão genética, sobretudo pela via do abandono do cultivo das variedades autóctones, menos produtivas em sistemas de produção mais intensivos” (Vieira, 2007). A União Europeia começa “agora” a “estimular a diversificação das produções e a procura de “especialidades” de cada região, muitas vezes assente nos seus produtos tradicionais, produzidos em “pequenas” quantidades e normalmente não geradores de excedentes, que, simultaneamente, serão uma das poucas hipóteses de sobrevivência de algumas economias agrícolas regionais, incapazes de competir (devido a desvantagens estruturais e naturais importantes), em quantidade, com outras regiões, dotadas, “à partida”, de melhores condições globais, para atingirem maiores produtividades” (Marreiros, 1996). Tal poderá, em parte, ser feito com as variedades tradicionais, normalmente portadoras de uma base genética mais alargada, com condições para introduzir uma mais valia económica, nas explorações agrícolas e nas suas regiões, apesar de por vezes não serem tão produtivas como os variedades provenientes do melhoramento, que no entanto são normalmente também mais exigentes em condições de solo, clima, fertilizantes e pesticidas. Os Recursos Genéticos Vegetais têm pois ultimamente começado a ser reconhecidos em todo o mundo, como algo muito importante a preservar (o que nem sempre aconteceu), pelo seu contributo imprescindível para a sobrevivência da humanidade e do equilíbrio ambiental, sendo considerados por muitos uma componente importante da soberania, intimamente ligados à segurança alimentar dos povos. Segundo José Vieira (2007), “a crescente preocupação dos consumidores europeus com a preservação do ambiente e com a qualidade dos produtos agrícolas pode vir a ser uma janela de oportunidade para a reintrodução de antigas variedades na produção hortícola. A actual direcção da PAC no sentido de fomentar uma orientação para o mercado poderá privilegiar produtos oriundos de sistemas de qualidade regulados a nível europeu e que incluem os produtos tradicionais (DOP, IGP ETG) e/ou modos de produção (AB ou PI) com valorização crescente junto dos consumidores e onde as variedades autóctones se encontram melhor adaptadas”. Por outro lado, a preocupação com a preservação dos Recursos Genéticos Vegetais já é no entanto antiga, pois segundo Rena Farias (1996), “o ilustre botânico De Candole (1882) já na sua época constatou a existência de uma grande diversidade no interior das espécies e entre elas e verificou ao mesmo tempo que toda essa riqueza encontrada no reino vegetal estava a desaparecer”. Segundo a mesma autora, na década de vinte do século passado, “… Vavilov durante as suas exploratórias viagens através da antiga União Soviética, verificou que de ano para ano aumentava o desaparecimento das espécies, com a consequente perda de diversidade genética nas 2 espécies vegetais, … . Vavilov iniciou, em conjunto com os seus colegas de trabalho, várias missões de colheita em todo o mundo. Como resultado do trabalho multidisciplinar levado a cabo por Vavilov e pelos seus colaboradores, foram identificadas áreas onde as plantas cultivadas apresentavam uma grande diversidade e que foram designadas como centros de origem das espécies. …. Este gigantesco trabalho de resgate e conservação deste património da humanidade valeu-lhe o ser considerado o pai da Conservação dos Recursos Genéticos Vegetais”. Assim, e em síntese, não é de mais referir que como parte fundamental dos Recursos Genéticos Vegetais, encontram-se as variedades tradicionais, normalmente melhor adaptadas às condições edafo – climáticas locais, que ainda não estão, por vezes, convenientemente estudadas, e que têm um conjunto importante de características potencialmente interessantes, que poderão ser aproveitadas no futuro, directa ou indirectamente, por exemplo, no desenvolvimento de Modos de Produção mais amigos do ambiente ou de outros produtos de qualidade, como referimos anteriormente. Se não o fizermos perderemos todo esse material ou outros o farão e talvez, mais tarde, apareceremos a adquiri-lo no estrangeiro, para o plantar nos nossos campos. A procura de uma maior qualidade e da já atrás referida especificidade, começa a fazer com que se comece a dar mais atenção em todo o mundo, à preservação dos Recursos Genéticos, um campo onde, na região Algarvia, desde os meados dos anos oitenta, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG), por vezes com a colaboração com outras entidades, iniciou e desenvolveu algum trabalho na área da recolha, preservação, manutenção e caracterização de alguns dos Recursos Genéticos Vegetais (RGV) da nossa Região, que está a ter continuidade nos últimos anos, nomeadamente na área das fruteiras tradicionais da nossa Região e de algumas espécies hortícolas (principalmente da família das Cucurbitáceas, no âmbito do trabalho desenvolvido no projecto Agro nº 58 – Recursos Genéticos de Cucurbitáceas – abóboras e melancias, e no Projecto Agro nº282 – Hortofruticultura em Agricultura Biológica, onde trabalhámos com algumas variedades tradicionais na área das culturas hortícolas, nomeadamente provenientes do Banco Português de Germoplasma Vegetal - BPGV). Na área da floricultura temos também uma Colecção de 24 fenótipos de Sterlitzia reginae, instalada no CEHFP em Maio de 2001. Por todas as razões referidas, numa altura em que muito se fala da Biodiversidade, e face à erosão genética verificada, não é garantido que muito do material vegetal existente nas colecções instaladas na DRAPALG (Centro de Experimentação Horto Frutícola do Patacão – CEHFP e Centro de Experimentação Agrária de Tavira – CEAT), ainda exista nas explorações agrícolas da Região Algarvia. Assim, pensamos 3 que será uma obrigação do Estado, como principal garante do património, criar as condições para que o mesmo não se perca definitivamente, se mantenha e possa ser enriquecido, através de novas recolhas de material vegetal existente na Região, o que a não acontecer, rapidamente irá desaparecer, face ao tipo de desenvolvimento actualmente existente. Neste trabalho, para além de referirmos a importância da preservação dos Recursos Genéticos Vegetais, iremos apresentar as colecções existentes no caso particular da fruticultura e viticultura, referir o trabalho que temos realizado e que temos em curso, bem como dar algumas notas sobre o trabalho a desenvolver no futuro. 2. Importância da preservação e formas de conservação dos Recursos Genéticos Vegetais Para além de tudo o que já foi dito no ponto anterior e se pretendermos de uma forma sintética e muito clara, falar sobre a importância da preservação dos Recursos Genéticos Vegetais, poderemos transcrever a frase de I. Martin (2001), quando diz que “Os Recursos Fitogenéticos constituem um património da humanidade de valor incalculável e a sua perda é um processo irreversível que implica uma grave ameaça para a estabilidade dos ecossistemas, para o desenvolvimento agrícola e para a segurança alimentar mundial”. Maria R. Barroso (2006), refere que “ a importância dos recursos genéticos como fonte de alimentos é enorme, constituindo a sua perda uma séria ameaça para a segurança alimentar no mundo. A conservação dos recursos genéticos significa algo mais que o impedimento de extinção das espécies. Significa antes, a conservação de espécies, populações e genótipos, potencialmente úteis hoje ou no futuro. Neste contexto, o objectivo deve ser conservar suficiente diversidade entre espécies, de forma a assegurar que o seu potencial genético esteja plenamente disponível para as próximas gerações”. A mesma autora refere ainda que “os recursos genéticos vegetais são de um valor incalculável e continuarão a sê-lo futuramente, independentemente da forma como são utilizados, no melhoramento de plantas convencional ou em técnicas de engenharia genética”. Assim poderemos dizer que “o objectivo da conservação dos recursos genéticos é preservar numa amostra tão ampla quanto científico e economicamente possível, a diversidade genética de espécies consideradas alvo”. Segundo a mesma autora, (e conforme é aceite de uma forma unânime por quem trabalha nesta área), “para a conservação dos recursos genéticos vegetais existem duas formas (estratégias): a conservação in-situ e a conservação ex-situ. A 4 conservação in-situ envolve a conservação do ecossistema e do habitat natural e, no caso das espécies domesticadas ou cultivadas, do local onde essas desenvolveram as suas características adaptativas envolvendo os sistemas tradicionais agrícolas. A conservação ex-situ refere-se à conservação dos recursos genéticos fora do seu habitat natural. A conservação ex-situ é, em geral, mais indicada para a conservação de espécies cultivadas e espécies afins e espécies selvagens. Para este tipo de conservação podem-se utilizar colecções de plantas que se conservam em colecções de campo, jardins botânicos ou arboretos, amostras de sementes, de partes vegetativas de plantas, pólen ou DNA”. Em Portugal, o Banco Português de Germoplasma Vegetal (inaugurado em 1992), juntamente com outras entidades, desenvolve trabalho de conservação ex-situ. As principais vantagens das Colecções de campo, como as Colecções de fruteiras existentes na DRAPALG, são a possibilidade de material existente na mesma poder ser estudado e avaliado enquanto é conservado, existindo simultaneamente um fácil acesso ao material, uma vez que ele está todo reunido num mesmo espaço físico, estando também todo ele nas mesmas condições edafo-climáticas. 3. Colecções Existentes nos Centros de Experimentação da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG) e Síntese dos Principais Trabalhos em Curso Com o objectivo de fazer uma breve caracterização das Colecções existentes actualmente na DRAPALG, elaborámos este documento, onde apresentamos uma listagem das colecções aí existentes. Cada colecção tem numa ficha, com uma estrutura que pretendemos simples e uniforme quanto ao tipo de informação apresentada, que tem o seguinte conteúdo: - Título - Localização - Área total - Material vegetal existente e porta - enxertos - Data de Plantação - Compasso Nestas fichas, é também dada alguma informação sobre os principais trabalhos em curso, nomeadamente os trabalhos de caracterização, bem como, por exemplo, a necessidade, por razões diversas, de instalar noutros locais as colecções de variedades de amendoeira e nespereira. 5 Em cada colecção são realizadas as necessárias operações culturais, nomeadamente podas, controlo de infestantes, tratamentos fitossanitários, fertilizações de cobertura, rega localizada, etc., (em função das necessidades específicas de cada espécie), bem como algumas observações e registos. Em conclusão, neste ponto, importa referir que nalgumas espécies há já algumas variedades caracterizadas ou em fase final de caracterização (como por exemplo na alfarrobeira, figueira e citrinos), estando outros trabalhos em curso, havendo no entanto ainda muito a fazer, nomeadamente nas 4 espécies do pomar tradicional algarvio, nos citrinos, na romãzeira e na nespereira, a que importará dar prioridade no futuro, como garante da perenidade dos nossos Recursos Genéticos Vegetais, recordando que a preservação dos recursos genéticos é uma tarefa de todos nós, onde cada um deverá ter um papel activo. 6 3.1. Colecções existentes no Centro de Experimentação Horto-Frutícola do Patacão - CEHFP 3.1.1. Colecção de Citrinos e Banco de Germoplasma 1 - Localização: CEHFP (campo e abrigo nº 1) - Folha VII 2- Área total: 10800 m2 3 - Material vegetal existente e porta-enxertos: -Espécie/variedade: Clementina comum Laranjeira azeda Laranjeira Valenciana Laranjeira Pêra Laranjeira de Espinho Laranjeira Baía Laranjeira Baía vulgar Laranjeira doce de Espanha Laranjeira Romã Limoeiro Vila Franca Limoeiro variegado Poncirus trifoliata Tângera Tangerina Wilking Tangelo …….. Porta – enxertos: laranjeira azeda e citranjeira Troyer 4 - Data de plantação: de 1997 a 2004 5 - Compasso: 5,0 x 3,0 m 7 -Síntese do material vegetal existente na Colecção de Citrinos e Banco de Germoplasma Género/Espécies Grupo Número de “accessions” Citrus sinensis (L.) Osb. Laranjeiras 86 Citrus reticulata Blanco Tanjerineiras 13 Citrus limon (L.) Burm. Limoeiros 58 Citrus medica L. Cidreiras 1 Citrus paradisi Macf. Toranjeiras 4 (Burm.) Pomeleiros 4 Citrus maxima Merr. Citrus aurantium (L.) Laranjeiras 4 azedas Citrus jambhiri Lush. Limoeiros 2 rugosos Poncirus trifoliata (L.) Raf. Laranjaeiras 2 trifoliadas “Kumkuats” 2 Citrus reticulata Blanco x Tangereiras 6 Fortunella Citrus sinensis (L.) Osb. Citrus reticulata Blanco x Tangeleiras 3 Citrus paradisi Macf.. Citrus sinensis (L.) Osb. x Citrangeiras 3 Poncirus trifoliata (L.) Raf. Citrus unshiu “Satsumas” 3 Outras 21 espécies de citrinos Total - 212 8 Fotografia 1 - Aspecto geral da colecção de citrinos Fotografia 2 - Colecção de citrinos com árvores em frutificação 9 3.2. Colecções existentes no Centro de Experimentação Agrária de Tavira - CEAT 3.2.1. Colecção Ampelográfica de Castas de Videira - Uva de Vinho e Uva de Mesa (Vitis vinifera) 1 - Localização: CEAT – Folha II – Talhão C 2 - Área total: 4520 m2 3 - Material vegetal existente e porta-enxerto: - Colecção Ampelográfica de Castas – Uva de Vinho (Vitis vinifera) -129 castas Arinto Boal preto Crato preto Negra mole Piriquita Riesling Trincadeira Tinta caiada ……….. - Colecção Ampelográfica de Castas – Uva de Mesa (Vitis vinifera) - 73 castas de uva de mesa Cardinal Coração de galo D. Maria Moscatel alcobaça ……….. (8 a 10 plantas por casta) Porta - enxerto: 420-A (enxertia em 1994/95) 4 - Data de plantação: 1993 5 - Compasso: 2,7 x 1,1 m Nota: A curto prazo será efectuada a reposição das falhas de algumas plantas existentes nestas colecções. 10 Fotografia 3 - Aspecto geral da colecção ampelográfica de castas de videira Fotografia 4 - Pormenor da colecção ampelográfica de castas de videira 11 3.2.2. Colecção de Clones da Variedade de Limoeiro Lunário (Citrus limon) 1 - Localização: CEAT - Folha III - Talhão E 2 - Área total: 2500 m2 3 - Material vegetal existente e porta - enxerto: clones da variedade de limoeiro Lunário, enxertados sobre laranjeira azeda 4 - Data de plantação: 1976 5 - Compasso: 5,0 x 3,0 m Fotografia 5 - Pormenor da colecção de clones da variedade de limoeiro Lunário 12 3.2.3. Colecção de Diferentes Espécies e Variedades de Citrinos 1 - Localização: CEAT - Folha II 2 - Área total: 5000 m2 3 - Material vegetal existente (variedades e porta-enxertos): Variedades (23): - Laranjeira Navelina - Satsuma Clauselina - Tangerineira Nova - Tangereira Murcott - Laranjeira Valencia Late - Toranjeira Star Ruby - Clementina Nules - Tangeleiro Orlando - Laranjeira Navelate - Tangerineira Fortuna - Clementina Nules - Laranjeira Pinaeple - Clementina Hernandina - Clementina Marisol - Clementina Arrufantina - Laranjeira Lane Late. …… … .. Porta-enxertos (8): - Cidrão Etrog - Citranjeira Carrizo - Citranjeira Troyer - Citrus macrophyla - Tangerineira Cleópatra - Limoeiro Rugoso - Citranjeira C35 - Laranjeira Azeda. 4 - Data de plantação: 1992 5 - Compasso: 5,0 x 3,0m 13 Fotografia 6 - Aspecto geral da colecção de diferentes espécies e variedades de citrinos 14 3.2.4. Colecção de Variedades de Alfarrobeira (Ceratonia siliqua) 1 - Localização: CEAT - Folha III - Talhão D 2 - Área total: 10717 m2 3 - Material vegetal existente e porta – enxertos: Variedades Regionais: - Galhosa - Mulata do Espargal (ou Brava do Espargal ou Spargale) - Galhó - Brava de Lagoa - Preta de Lagos (Lagoinha) - Canela - Aida - Gasparinha - Costela de Vaca ou Costela Canela - Brava (nº147) - Clone de Mulata (nº86) - Mulata Variedades Espanholas: - Rojal - Negrete Porta - enxerto: Franco, a partir de semente Data de enxertia: Maio de 1990 (Variedades Regionais) e Outubro de 1987 (Variedades Espanholas). Neste momento encontram-se caracterizadas as variedades Aida, Spargale, Canela, Galhosa, Mulata e Lagoinha. Entidades responsáveis pela caracterização - DRAALG/AIDA/DGPC 4 - Data de plantação: Abril de 1988 5 – Compassos: - Na colecção: 6,0 x 3,6 m - No campo da Variedade Regional Mulata: 6,0 x7,2 m Nota: Espera-se num futuro próximo realizar o desadensamento na Colecção, com eliminação de uma árvore na entre - linha para se obter o compasso de 6,0 x 7,2 m, mais adequado à idade das plantas existentes na colecção. 15 Fotografias 7 - Aspecto geral da colecção de variedades de alfarrobeira Fotografias 8 - Pormenor da colecção de variedades de alfarrobeira 16 3.2.5. Colecção de Variedades de Amendoeira (Amygdalus communis L.) 1 - Localização: CEAT - Folha V - Talhão B 2 - Área total: 10000m2 3 - Material vegetal existente ( 52 variedades )e porta-enxerto: - Boa Casta 1 - Bonita - Bonita de S. Brás - Coco - Duro Amarelo - Duro da Estrada - Galamba 1 - Lourencinha 1 - Molar da Fuseta - Zé Sales …… … Porta - enxerto: Franco Observações: a) - Na colecção existem também alguns exemplares do porta - enxerto GF 677. b) Nesta colecção existem variedades com idênticas designações, mas de diferente proveniência 4 - Data de plantação: 1997 5 - Compasso: 6,0 x 5,0 m (6 árvores por variedade na sua fase inicial) Nota: Tendo em conta o número de falhas existentes na colecção, considera-se justificável efectuar a reinstalação desta Colecção noutra parcela. Entretanto deverá ser mantida a colecção existente. A sua reinstalação ocupará uma área de 1 ha, com um compasso 6,0 x 4,0 m e com 6 plantas por variedade, enxertadas em amêndoa amarga (com as variedades existentes na colecção e com material recolhido na região). 17 Fotografia 9 - Pormenor da colecção de variedades de amendoeira 18 3.2.6. Colecção de Variedades de Figueira (Ficus carica) - A 1 - Localização: CEAT – Folha V – Talhão B 2. - Área total: 5040 m2 3 - Material vegetal existente (60 variedades) e porta – enxerto: - Bêbera Branca - Bêbera Preta - Côtea - Da Ponte de Quarteira - Lampa Branca - Moscatel - Pingo de Mel - Princesa - S. João - Toque Branco …………………. Porta – enxerto: Franco 4 - Data de plantação: - Abril de 1994 - Retancha em Março de 1995 e em Março de 1996 - Posteriormente tem sido plantado novo material vegetal recolhido na Região. 5 - Compasso: 6,0 x 4,0 m Nota: - Encontra-se em fase final de elaboração as fichas de caracterização referentes às variedades Princesa, Lampa Branca, Bêbera Branca, Lampa Preta e Euchária Preta. - Neste momento estamos a caracterizar as variedades Belamandil, Burjassote Branco, Castelhana Branca, Côtea, Da Ponte de Quarteira, Euchária Branca, Moscatel, Moscatel de Odeáxere, Pingo de Mel e Verdeal, tendo já sido efectuado o primeiro ano de trabalho, dos três previstos para a realização deste trabalho. 19 Fotografia 10 - Aspecto geral da colecção de variedades de figueira - A, em repouso vegetativo Fotografia 11 - Pormenor da colecção de variedades de figueira - A 20 3.2.7. Colecção de Variedades de Figueira (Ficus carica) - B 1 - Localização: CEAT – Folha IV – Talhão C 2. - Área total: 1650 m2 3 - Material vegetal existente e porta – enxerto: - Princesa - Lampa Branca - Dois à Folha - Moscatel - Burjassote Branco - Bêbera Branca - Burjassote Preto - Pingo de Mel - Lampa Preta - Euchária Preta - Euchária Branca - Toque Branco - Toque Preto. Porta-enxerto: Franco 4 - Data de plantação: Abril de 1994 5 - Compasso: 5,0 x 3,0 m 21 3.2.8. Colecção de Variedades de Nespereira (Eriobotrya japonica) - A 1 - Localização: CEAT – Folha I 2 - Área total: 1920 m2 3 - Material vegetal existente e porta – enxertos: - Odeáxere - Norinha - Rolhão I - Rolhão II - Poço Barreto - Mata-Mouros Japónica - Mata-Mouros Regional - Loulé - Argelina* - Gold Nugget* - Palhinha - Faísca comprida - Faísca redonda - Eng. Nascimento - Tanaka* - Almargem *Variedades não tradicionais Porta - enxerto: Franco 4 - Data plantação do porta - enxerto: 1983 5 - Data enxertia: 1984 6 - Compasso: 6,0 x 5,0m Nota: Perspectivando-se a alienação da parcela onde se encontra instalada a colecção, importa providenciar a sua instalação noutro espaço do CEAT, assim que possível. Nesse sentido estão a ser desenvolvidos os necessários trabalhos, para a reinstalação desta colecção, estando já definido o novo espaço. A área prevista para a nova colecção, para um total de 20 variedades (6 plantas por variedade, com um compasso de 6,0 x 5,0 m) será de 3600m2. 22 Fotografia 12 - Aspecto geral da colecção de variedades de nespereira - A Fotografia 13 - Pormenor da colecção de variedades de nespereira - A 23 3.2.9. Colecção de Variedades de Nespereira (Eriobotrya japonica) - B 1 - Localização: CEAT – Folha I 2 - Área total: 1050 m2 3 - Material vegetal existente e porta – enxerto: - Mata-Mouros Japónica - Tavira - Rolhão II - Faísca redonda Porta - enxerto: Franco 4 - Data plantação - Março de 1999 5 - Compasso: 5,0 x 4,0m Fotografia 14 - Aspecto geral colecção de variedades de nespereira - B 24 4 - Novas Colecções a instalar no CEAT 4.1 - Colecção de Variedades de Romãzeira (Punica granatum) No Algarve, existem, normalmente árvores dispersas, de várias variedades de romãzeiras do tipo Assaria, que encontram na nossa região condições óptimas para o seu desenvolvimento e que importa preservar. Assim, no âmbito dos trabalhos a desenvolver na área da preservação dos Recursos Genéticos Vegetais Regionais, deverá ser desenvolvido trabalho, no sentido de estabelecer no CEAT, uma Colecção de Variedades de Romãzeiras. 1 – Localização: CEAT 2 - Área total prevista: 2400m2 3 - Material vegetal As 20 variedades previstas, serão instaladas com 6 plantas por variedade (em 2 repetições, em blocos casualizados) e serão obtidas da seguinte forma: - Multiplicação no CEHFP das 8 variedades existentes (onde se inclui uma testemunha), na sebe do Campo de Agricultura Biológica do CEHFP, anteriormente recolhidas na região do Algarve, com o apoio de uma docente da UAlg. - Recolha de 12 variedades, na Região Algarvia (com o apoio de outras entidades) e sua multiplicação no CEHFP 4 - Compasso: 5,0 x 4,0 m 4.2. Colecção de Variedades de Damasqueiro ( Prunus armeniaca) No âmbito dos trabalhos a desenvolver nesta área da preservação, deverá ser salvaguardado o material vegetal existente no CEAT (na ex-Unidade de Demonstração de Produção Biológica de Damasqueiros), bem como efectuada a recolha de algum material existente na Região, no sentido de estabelecer no CEAT, uma Colecção de Variedades de Damasqueiros. 1 - Localização: CEAT, 2 - Área total prevista: 2400 m2 3 - Material vegetal e porta-enxerto As 20 variedades previstas serão instaladas em 6 plantas por variedade (em 2 repetições, em blocos casualizados) e terão a seguinte proveniência: 25 -Ex- Unidade de Demonstração de Produção Biológica de Damasqueiros (CEAT) - Recolha de material existente na região (com o apoio de outras entidades) Porta - enxerto: GF 305 4 - Compasso: 5,0 x 4,0 m 4.3. Colecção de clones das castas de uva Negra Mole e D. Maria Instalação no CEAT das colecções de clones das castas de uva Negra Mole e D. Maria, instaladas em produtores da Região, 5. Actividades a desenvolver no futuro pela DRAPALG 5.1. Instalação de novas Colecções De acordo com o que já foi referido anteriormente, deverão ser instaladas as colecções abaixo indicadas: 5.1.1. Colecção de Variedades de Romãzeira (Punica granatum) Instalação da Colecção, propondo-se que a sua condução seja efectuada de acordo com as regras do Modo de Produção Biológico, sendo as observações e registos, posteriormente definidas em Protocolo específico. A caracterização das variedades será iniciada dois anos depois do início da frutificação (cerca de 5 a 6 anos depois da plantação), segundo os Descritores da UPOV e/ou IPGRI, durante um período de 3 anos. 5.1.2. Colecção de Variedades de Damasqueiro ( Prunus armeniaca) Instalação da Colecção, sendo as observações e registos, posteriormente definidas em Protocolo específico. A caracterização das variedades será iniciada dois anos depois do início da frutificação (cerca de 5 a 6 anos depois da plantação), segundo os Descritores da UPOV e/ou IPGRI, durante um período de 3 anos. 5.1.3. Colecção de clones das castas de uva Negra Mole e D. Maria, Neste âmbito, deveremos também desenvolver trabalho no sentido de instalarmos no CEAT as colecções dos clones das castas de uva Negra Mole e D. Maria, existentes em produtores da Região, de modo a garantir a sua manutenção, devendo o posterior acompanhamento das mesmas ser efectuado de acordo com o definido em Protocolo específico. 26 5.2. Reinstalação das Colecções de Amendoeira e Nespereira - A Por razões diversas e conforme já referido anteriormente, deverão ser reinstaladas, com urgência, as Colecções de Amendoeira e de Nespereira - A, de modo a preservar o material existente. 5.3. Manutenção das Colecções existentes Continuar a manter as Colecções existentes no CEHFP e no CEAT, realizando nas mesmas, em tempo útil, todas as operações culturais inerentes à sua manutenção nas melhores condições possíveis, nomeadamente podas, controlo de infestantes, tratamentos fitossanitários, fertilizações de cobertura, rega localizada, etc., (em função das necessidades específicas de cada espécie), bem como algumas observações e registos. 5.4. Trabalhos de caracterização Continuar os trabalhos de caracterização em curso (em 10 variedades de figueira), e iniciar o mesmo trabalho noutras colecções (como por exemplo em amendoeira, nespereira e citrinos), assim que se encontrem reunidas as condições consideradas necessárias para a sua realização. 5.5. Recolha de “novas” variedades tradicionais Continuar, com a colaboração de outras entidades e assim que estejam reunidas as condições para tal, a identificação, recolha e preservação de variedades tradicionais, das espécies já existentes no CEAT (amendoeira, alfarrobeira, figueira e nespereira) e de espécies que pretendemos instalar e das quais já temos algum material (romãzeira e damasqueiro), bem como de marmeleiros. Algum deste material está certamente em risco de erosão genética. Para além das espécies atrás indicadas, importará referenciar também material vegetal de outras espécies, com interesse em recolher e preservar, como sejam variedades tradicionais de citrinos, oliveira, etc., bem como de culturas hortícolas, leguminosas, cereais, etc. Para a execução deste trabalho, poderá ser seguida a seguinte metodologia: 1. Divulgar esta iniciativa junto de agricultores e técnicos; 2. Referenciar o material vegetal das variedades tradicionais das espécies referidas, que pelas suas características (organolépticas e produtivas), seja reconhecidamente material vegetal que interesse preservar; 27 3. Registar, as principais características (da planta, do fruto, etc.), em ficha própria, (que incluirá também um esquema da localização – no caso das árvores – da planta em causa); 4. Realizar a recolha do material vegetal que vier a ser escolhido para multiplicação/preservação, em data a definir e efectuar o preenchimento da respectiva ficha de colheita. 6. Considerações finais A importância de todo este trabalho, que permitirá manter e aumentar as Colecções de Variedades de Nespereira, Amendoeira, Figueira, Alfarrobeira, Citrinos, etc., existentes nos Centros de Experimentação da DRAPALG, bem como instalar novas Colecções, é evidente, uma vez que permitirá preservar todo este material vegetal da erosão genética a que está submetido, podendo-se assim, no futuro, tirar partido do mesmo, após “completa” caracterização morfológica, organoléptica e agronómica. Por fim importa recordar que a preservação e valorização dos nossos recursos genéticos vegetais é uma tarefa de todos e que preservar e valorizar as populações locais das diferentes espécies vegetais, é defender uma herança e acautelar o futuro. 7. Bibliografia Barroso, M. 2006. Importância dos recursos genéticos vegetais e sua conservação. Livro de comunicações do Seminário Recursos genéticos vegetais: sua utilização no desenvolvimento sustentável. DRATM. Mirandela. 7-11. Farias, R. 1996. Banco Português de Germoplasma Vegetal - Testemunho Vivo da Biodiversidade em Portugal. I Conferência Técnica Sobre Recursos Genéticos Vegetais. DRAEDM. Braga. 23-29. Marreiros, A. 1996. Preservação de Recursos Genéticos Vegetais – Uma prioridade para todos os técnicos agrícolas. Revista “ O Algarve e o Campo”. Nº4. DRAALG. 66-67. Vieira, J. 2007. Prefácio de “Cucurbitáceas de Trás-os-Montes”. DRAPN. Mirandela.7 Trabalho elaborado no âmbito das actividades do Grupo de Trabalho dos Recursos Genéticos Vegetais da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, que é constituído pelos seguintes técnicos: António Marreiros, Armindo Rosa, Isabel Monteiro, João Costa, José Tomás, José Fernando, Manuel Luís, Margarida Costa e Maria Mendes. 28