O Poder da Mente
Transcrição
O Poder da Mente
O Poder da Mente Roger Baum Copyright © 2007 da edição: Editora DCL – Difusão Cultural do Livro DIRETOR EDITORIAL: Raul Maia EDITORA: Eliana Maia Lista ASSISTENTE EDITORIAL: Ana Claudia Vargas TRADUÇÃO: Luiz Roberto S. S. Malta REVISÃO TÉCNICA: Elisabeth Torii REVISÃO DE PROVAS: Ana Paula de Mello Castilho Cecília Madio GERENTE DE ARTE: Sandro Silva Pinto CAPA E PROJETO GRÁFICO: 13treze Design DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL: Entreletras Júlio Giusti Balisa José Marcos Rigamont ASSESSORIA DE IMPRENSA: Paula Thomaz SUPERVISÃO GRÁFICA: Roze Pedroso GERENTE DE VENDAS E DIVULGAÇÃO: Lina Arantes Freitas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Baum, Roger O poder da mente / Roger Baum. — São Paulo : DCL, 2007. ISBN 978-85-368-0229-9 1. Mente – Corpo 2. Parapsicologia I. Título. 06-9191 CDD – 133.8 Índices para catálogo sistemático: 1. Poder mental : Parapsicologia 133.8 1a edição • agosto • 2007 Editora DCL – Difusão Cultural do Livro Ltda. Rua Manuel Pinto de Carvalho, 80 – Bairro do Limão CEP 02712-120 – São Paulo/SP Tel.: (0xx11) 3932-5222 www.editoradcl.com.br [email protected] SUMÁRIO Introdução............................................... 9 PRIMEIRA PARTE O fenômeno PK ................................................... 11 Diversas teorias sobre o fenômeno PK .......... 12 As “proezas” de Home .................................. 12 As teorias de Maxwell .................................. 13 A partícula pósitron ...................................... 14 Uma teoria popular ...................................... 14 As propriedades físicas dos metais ................ 15 O fenômeno da ressonância ......................... 16 A telecinese ....................................................... 18 Controvérsias originadas pela telecinese ....... 20 Angelica Cottin ........................................... 21 Eusapia Palladino .............................................. 22 Novos fatos ................................................. 25 As fraudes de Eusapia Palladino ................... 26 Novas investigações ..................................... 27 Outros médiuns de telecinese ......................... 29 Daniel Douglas Home ................................. 29 Os irmãos Davenport .................................. 31 Os irmãos Schneider .................................... 32 O decalque .................................................. 34 Nina Kulagina ............................................. 37 A misteriosa mesa de Porreras ...................... 38 A mesa de Nulles ......................................... 38 As conclusões do professor D’Arbó .............. 41 Explicações sobre a telecinese ........................ 43 Clariaudiência ................................................... 45 O caso da Sorbonne ..................................... 45 O caso de Aleister Crowley .......................... 46 A parapsicologia como ciência que estuda os poderes da mente ........................................... 48 O medo da verdade ...................................... 49 O verdadeiro conhecimento ......................... 50 Fantasmas e aparições ........................................ 52 Os fantasmas na Inglaterra .......................... 52 O fato.......................................................... 54 Os fantasmas da Torre de Londres ............... 55 Sugestão, hipnotismo e magnetismo, três poderes mentais de grande importância..... 57 O que é o psiquismo transcendental ............. 57 Sugestão ...................................................... 57 Sugestão anormal ........................................ 58 Curandeirismo ............................................ 61 Fascinação ................................................... 64 Como as impressões externas atuam ............. 65 Hipnotismo ................................................. 68 Magnetismo ................................................ 69 Outros estados derivados do poder da mente..... 70 Letargia....................................................... 70 Catalepsia.................................................... 71 Sonambulismo ............................................ 72 Desdobramento da personalidade ................ 73 Perda dos cinco sentidos .............................. 74 Ação do magnetismo a distância e a prazo fixo..................................................... 75 SEGUNDA PARTE O desenvolvimento dos poderes psíquicos ......... 76 Os fenômenos espontâneos .......................... 77 As condições para o desenvolvimento ........... 78 As correntes cósmicas .................................. 79 Como conseguir êxito na vida....................... 80 As três leis do êxito ...................................... 81 Arrastados pela maré ................................... 82 Agindo em prol do bem-estar final ............... 82 Como estas leis se aplicam ao desenvolvimento psíquico ............................ 83 Regras a seguir............................................. 84 O cultivo dos dons espirituais e psíquicos ......... 85 O desenvolvimento dos poderes psíquicos .... 86 Controle dos fenômenos .............................. 87 Exercícios para o desenvolvimento do poder mental........................................... 87 O domínio do Eu......................................... 88 Como o espírito nos une .............................. 89 A meditação ................................................ 89 O poder do pensamento ............................... 90 O uso da vontade ......................................... 91 O autodesenvolvimento essencial ................. 92 O medo e como eliminá-lo ................................. 92 A fé salva aquele que naufraga ...................... 93 Os efeitos nocivos do temor sobre o corpo .... 94 Medo X Razão ............................................ 95 Emoções malignas ....................................... 96 Como uma enfermidade é provocada pelo medo .................................................... 97 O medo é contagioso ................................... 98 O medo de ser hipnotizado .......................... 99 O magnetismo pessoal ......................................100 As existências inesgotáveis ..........................101 O fator físico ..............................................102 O fator mental ............................................102 O fator espiritual ........................................103 Como influir sobre os outros .......................104 Como impedir a influência alheia ................107 Aplicação saudável ......................................107 A telepatia ........................................................108 Como a telepatia atua .................................108 Os diversos tipos de mensagens telepáticas ..109 A telepatia e suas experiências práticas ........110 Como garantir o êxito .................................111 Experiências mais complicadas....................112 Como impedir que as más influências afetem o nosso psiquismo..........................................113 A clarividência .................................................114 Clarividência subjetiva ................................115 Clarividência objetiva .................................115 Clarividência de raios X ..............................116 Clarividência cataléptica .............................116 Clarividência telepática e outras ..................117 Diagnóstico por clarividência ......................119 A explicação da clarividência .......................120 Teoria do sentido astral ...............................120 Teoria da influência espiritual .....................121 Teoria do tubo astral ...................................121 Teoria da criação da forma de pensamento...121 Teoria da percepção direta...........................121 Por que e como vemos na clarividência? .......122 Exercícios de desenvolvimento ....................123 A polarização e como usá-la ........................124 A fé e a crença .............................................125 Os fatores de desenvolvimento da clarividência ...........................................126 Como distinguir o verdadeiro do falso .........127 A solução do mistério..................................127 Os sonhos ...........................................................129 O que é dormir? ..........................................129 Os sete sonhos mais comuns .......................130 As causas dos sonhos ..................................131 A interpretação dos sonhos .........................131 Os casos de POLTERGEIST ......................................132 O estudo do poltergeist ................................133 Um caso de poltergeist ................................... 135 INTRODUÇÃO A tualmente, nem os pesquisadores mais retrógrados se atrevem a negar que o ser humano possui uma espécie de sexto sentido que é, definitivamente, o Poder Mental. Esse Poder Mental é uma faculdade inerente a todos os seres humanos, embora algumas pessoas tenham essa capacidade mais desenvolvida do que outras, da mesma forma como ocorre, por exemplo, com a inteligência ou o desenvolvimento muscular. Não existe ser humano que seja exatamente igual aos demais. Isto se dá não só no aspecto físico, como no cerebral, no moral e no psíquico. Cada ser humano é único, afirmação que vale também para o sexto (ou talvez sétimo?) sentido, que é o Poder da Mente. Este poder possibilita uma série de fenômenos, muitos dos quais ainda sem explicação óbvia, como a telepatia, o poltergeist, o movimento de objetos a distância, a clarividência etc. Atualmente, existem máquinas e até câmeras fotográficas criadas para detectar e registrar com exatidão a manifestação de tais fenômenos e o grau de poder de indivíduos mais dotados. Roger Baum Neste livro que ora se inicia, porém, pretendemos nos limitar aos diversos Poderes Mentais que, em maior ou menor grau, todos possuímos, sendo possível desenvolvê-los mediante certas técnicas aplicadas com a devida constância. Se o objetivo fosse apenas demonstrar o Poder Mental como força psíquica inerente aos homens, bastaria estudar individualmente os diversos fenômenos e as suas aplicações determinadas por seu possuidor. Entretanto, neste livro, o Poder Mental é abordado como ramo da Parapsicologia, ciência ainda não reconhecida pelos mais céticos, cujo campo de estudo são os fenômenos que se afastam do contexto normal humano e, podemos dizer, também do divino – no sentido do Universo desconhecido, cujas forças ainda permanecem ignoradas em sua maior parte. Sabemos que somente uma parte mínima do cérebro humano é utilizada. Pois bem: o Poder capaz de originar fenômenos paranormais tão assombrosos, como a telepatia ou a clarividência, resulta do uso de uma porção maior que o normal de regiões cerebrais. O Poder da Mente PRIMEIRA PARTE O FENÔMENO PK E m 1975, durante um programa da Televisão Espanhola, especificamente no programa “Directísimo”, os telespectadores presenciaram um espetáculo certamente insólito. Uri Geller foi capaz de dobrar uma colher de metal usando apenas “a força da sua vontade”. Os fenômenos não pararam aí. Um prato quebrou-se após ser delicadamente esfregado. Em seguida, o israelense pôs em funcionamento um relógio que estava parado havia muitos anos, deformou uma pequena chave e terminou a atuação reproduzindo com grande exatidão um desenho que horas antes o apresentador do programa tinha feito e colocado em um envelope fechado. Fez ainda mais: atendendo ao pedido de Uri Geller, centenas de telespectadores comprovaram que o poder da mente podia ser compartilhado: realizaram eles mesmos, proezas em seus lares, como dobrar garfos e colheres e pôr em funcionamento relógios imprestáveis. Roger Baum Antes e depois desse programa, Uri Geller apresentou a sua força mental perante numerosos auditórios do mundo inteiro, ensejando debates quase violentos, pró e contra sua capacidade mental. Alguns aceitavam os fenômenos como manifestação autêntica do poder da mente, enquanto para outro, o fato não passava de truque. Embora o fenômeno de dobrar objetos metálicos já fosse conhecido havia séculos, sendo muito comum na fenomenologia PK, coube a Uri Geller, mediante a popularização que obteve, torná-lo conhecido mundialmente. DIVERSAS TEORIAS SOBRE O FENÔMENO PK Diversas teorias foram desenvolvidas a respeito do fenômeno PK. Algumas admitem que o fenômeno pode ocorrer fora do âmbito dos sentidos conhecidos, enquanto outras procuram enquadrá-lo nas leis já conhecidas. Entre as diversas teorias, destacam-se as que procuram explicar os fenômenos físico-químicos ocorridos pela intervenção da pessoa por meio da ação intermolecular, apoiadas na “escala de magnitude molecular”. Cabe recordar algumas experiências históricas, realizadas por médiuns conhecidos, como Home e Eusapia Palladino. AS “PROEZAS” DE HOME Em diversas ocasiões, Home “fracionou” a essência do limão em seus vários componentes, destilou álcool O Poder da Mente contido em alguns licores e separou a essência das flores – tudo diante de testemunhas de reconhecida seriedade, como o químico William Crookes, a quem era muito difícil enganar neste conhecimento. Também pode ser considerado como feito semelhante a “transferência” de partículas corantes azuladas, quando a médium Eusapia Palladino fazia trejeitos como se estivesse usando uma lapiseira da referida cor. AS TEORIAS DE MAXWELL Para explicar esses fenômenos, alguns pesquisadores do começo do século XX recorreram às teorias do físico Clark Maxwell, para quem o conhecimento humano das coisas é meramente estatístico, sendo ignorado por completo o que ocorre em cada molécula isoladamente. Deste modo, se imaginarmos um ser inteligente, mas diminuto o bastante para atuar em escala molecular, essa entidade, denominada “demônio de Maxwell” , poderia repetir todas as proezas de Home, separando fisicamente o perfume de uma flor, extraindo o álcool da aguardente etc. Maxwell acrescentava que, se tais façanhas são impossíveis tão-somente em razão de a nossas dimensões, a faculdade PK poderia dar ao ser humano a possibilidade de realizá-las, uma vez que se trata de energia aplicada a porções de matéria extremamente diminutas, ou seja, às moléculas individuais. Roger Baum A PARTÍCULA PÓSITRON Outra teoria, ainda mais audaciosa, atribui os fenômenos PK a uma partícula chamada pósitron. Esta entidade, nascida de sugestões matemáticas puramente hipotéticas, carece de carga, e, em repouso, possui massa igual a zero. Com relação à sua origem, H. A. C. Dobbs supõe que ela seja formada a partir de partículas normais de matéria, ou seja, núcleos ou elétrons. Estas propriedades extraordinárias, que lhe permitem ser batizada de “partícula fantasma”, fazem pensar no pósitron como o fator de inter-relação entre a matéria, a vida e o pensamento. Concretamente, pode-se imaginar que os fenômenos de telecinese, de levitação e, principalmente, de psicocinese têm como base um efeito antigravitacional, de origem psíquica, provocado pelo pósitron. UMA TEORIA POPULAR A teoria mais popular é a que considera o efeito PK como uma transmissão de ondas eletromagnéticas. Bem aceita até o começo do século XX, esta hipótese resolvia o problema que atormentava os parapsicólogos da época: afinal, eles eram seres vivos ou fantasmas? Na época, a telepatia era explicada como um processo análogo à radiotransmissão, efetuado de mente a mente, e os fenômenos de tipo físico-psicocinético foram analisados de forma semelhante. A descoberta, em 1924, O Poder da Mente dos processos elétricos cerebrais constituiu um novo e sólido argumento a favor desta teoria. A possibilidade de correntes elétricas cerebrais já tinha sido levada em conta havia muito tempo, mas foi o psiquiatra alemão Hans Berger quem, em meados dos anos 1920, conseguiu o primeiro registro eletroencefalográfico (EEG) humano, caracterizado pelas chamadas ondas alfa, de freqüência 8-12 Hz. Apesar de tudo, a teoria eletromagnética foi abandonada gradualmente, já que não podia explicar várias manifestações parapsicológicas, como a pura clarividência e a precognição. Finalmente, a teoria das ondas eletromagnéticas perdeu completamente o crédito nos experimentos levados a cabo na “Fundação da Mesa-Redonda”, pelo telepata holandês Peter Hurkos. Os referidos experimentos consistiram em fechar Peter Hurkos numa câmara de Faraday, (um recinto fabricado com cobre e ligado a um gerador de 250 mil volts, o que o torna totalmente isolante) dando-se a circunstância de que a comunicação telepática foi celebrada em condições melhores estando o telepata dentro da câmara do que fora dela. AS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS METAIS A impossibilidade de outros fatores físicos darem origem a fenômenos PK, concretamente o ato de dobrar e de romper metais, levou alguns cientistas modernos, como o professor John Taylor, a pensar nos campos eletromag- Roger Baum néticos de força como explicação menos inconsistente que a ciência atual poderia oferecer para os poderes de Uri Geller e outros como ele. O metal é um corpo sólido, cujos elementos constitutivos, ou íons, estão dispostos de maneira ordenada, ocupando os nós de uma rede cristalina especial. Estes íons, ou átomos do metal que perderam um elétron, mantêm-se em equilíbrio mediante cargas negativas (gás eletrônico) que se deslocam livremente entre eles. A estrutura descrita explica muitas das propriedades físicas dos metais, como a excelente condutividade elétrica, por exemplo. Entretanto, a estrutura cristalina dos metais não é totalmente rígida. Na realidade, os íons efetuam oscilações de pequena amplitude em torno dos nós, que são menores quanto mais baixa a temperatura. Com a elevação da temperatura, cresce a amplitude das oscilações dos corpúsculos até que todo o edifício cristalino desmorona, dando origem a deformações como as que Geller produz. Porém, o exame das colheres de prata que Uri Geller dobrou não demonstrou elevação de temperatura nas peças, o que levou o professor Taylor a buscar outro possível fator deformador, como o fenômeno da ressonância. O FENÔMENO DA RESSONÂNCIA Na Física clássica, quando a freqüência de uma oscilação excitante como a da corrente elétrica cerebral coincide com a freqüência própria do corpo excitado (por O Poder da Mente exemplo, o metal de uma colher), a amplitude da oscilação deste alcança um valor máximo. Diz-se então que o excitante e o excitado encontram-se em ressonância. Os fenômenos de ressonância desempenham um papel muito importante na mecânica. O número de giros das máquinas não pode coincidir com a freqüência da oscilação das partes submetidas às trepidações, a fim de evitar amplitudes que possam representar um perigo de ruptura ou de avaria, conhecida como fadiga do metal. Um regimento que atravessa uma ponte marchando pode provocar na estrutura metálica da ponte amplitudes de oscilação que engendram tensões muito superiores às previstas, podendo chegar a derrubar a ponte. Existem casos bem conhecidos a respeito. Seja como for, mesmo reconhecendo a capacidade que a ressonância tem de dobrar e fraturar metais, é difícil imaginar que este processo seja devido à capacidade bioelétrica humana, entre outras razões, porque: 1. O campo eletromagnético originado pelos processos elétricos do cérebro é tão tênue que é incapaz de dar conta da intensidade do PK e da distância em que, por vezes, opera. O descobridor da eletroencefalografia, Hans Berger, demonstrou a impossibilidade de as ondas EEG originarem fenômenos psicocinéticos. 2. As ondas eletromagnéticas são limitadas pelos obstáculos materiais e sua intensidade diminui na razão do quadrado da distância, o que não ocorre no fenômeno PK. Roger Baum 3. A freqüência das ondas cerebrais beta, ou seja, das ondas EEG geradas por uma pessoa acordada e com os olhos abertos, é quase análoga à corrente alternada (50 Hz), e não se sabe a capacidade desta última de produzir fenômenos de dobra nos condutores metálicos pelos quais passa. Além disso, não se deve esquecer que, nos últimos anos, a reputação de Uri Geller foi tornando-se cada vez mais duvidosa, uma vez que suas atuações em público começaram a ser rodeadas de circunstâncias que prejudicavam a investigação honesta. Com isso, aumentou a convicção de que o PK não pode ser explicado mediante teorias físico-químicas. A TELECINESE E ntre a série de manifestações de classificação PsiKappa (PK) atribuídas ao poder da mente humana, encontra-se a telecinese, uma das mais cativantes. Trata-se de um fenômeno muito singular entre os produzidos no âmbito da moderna parapsicologia. Telecinese é a faculdade, da qual determinadas pessoas são dotadas, de influir diretamente sobre objetos, movendo-os a distância sem tocá-los e sem utilizar nenhum meio auxiliar – apenas o poder mental. Essa faculdade já foi estudada pela Sociedade de Pesquisas Psíquicas desde sua fundação, em 1882, é O Poder da Mente considerada como uma manifestação extraordinária do que então se conhecia como “objetos enfeitiçados” ou movimentados por “duendes”. Entretanto, as manifestações desta classe de fenômenos são muito anteriores aos estudos na referida Sociedade. A influência da mente sobre os objetos é um fato que remonta à mais longínqua Antiguidade. Com efeito, os historiadores gregos e romanos narram com eloqüência os portentosos fenômenos produzidos por sacerdotes egípcios. Moisés, aprendiz da classe sacerdotal egípcia, foi capaz de provocar uma série de fenômenos que deixaram o faraó e os próprios sarcedotes tão assombrados e assustados, que a saída dos judeus do Egito foi permitida, segundo relata a Bíblia (Êxodo). As milenares narrações da Índia também se referem a fenômenos telecinéticos, embora com nomes diferentes. Na época atual, são freqüentes os relatos de quadros que caem subitamente ou portas e janelas que se abrem e se fecham violentamente, sem qualquer motivo aparente. A popularidade que alcançaram, durante algum tempo, as chamadas “casas mal-assombradas”, ou a crença tão difundida na existência de “duendes” em determinados lugares, são testemunho fiel da presença constante dos fenômenos telecinéticos nos sítios mais diversos e nos ambientes mais díspares. Apesar disso, até a fundação da Sociedade de Pesquisas Psíquicas em Londres, estes Roger Baum apaixonantes casos não eram analisados sistematicamente. Um dos fundadores da Sociedade, o filólogo Frederic William Henry Myers, perguntou-se em 1903: Poderia emanar do organismo humano uma força capaz de pôr objetos em movimento sem nenhum contato físico com eles? O próprio Myers propôs uma resposta, esclarecendo a questão: Se isto fosse possível, produzir-se-ia um fenômeno de telecinese. A força capaz de originar movimentos em objetos situados a distância foi denominada por Myers de telergia. CONTROVÉRSIAS ORIGINADAS PELA TELECINESE Embora a existência do efeito seja admitida, alguns cientistas rejeitam o nome telecinese como definição para o fenômeno. Para eles, o nome telecinese não corresponde à realidade, pois não se trata de um movimento (kinesis) levado a efeito de longe (tele), e sim de um movimento efetuado pelo contato da telergia. Não obstante, diz-se também que os autores que desejam negar a existência da telecinese, visto que ela se realiza mediante alguma forma de contato, desviam o tema para uma discussão estéril de simples nomenclatura. O Poder da Mente O certo é que, como em quase todos os fenômenos estudados pela paraciência, não existe uma explicação racional que responda a todas as interrogações. Ou seja, a causa ou as causas capazes de produzir tais efeitos continuam ignoradas e criam confusão a respeito dos fatos telecinéticos ou psicocinéticos. A possibilidade de uma força mental desconhecida ser projetada a distância com poder suficiente para mover objetos ou móveis constitui uma das hipóteses mais admitidas nos círculos científicos dedicados à pesquisa parapsicológica. De certo modo, talvez fosse mais correto falar em psicocinese do que em telecinese, uma vez que a ação resulta da telergia. Essa conclusão foi encontrada após numerosos estudos, pesquisas, experimentos e análises. Não há a menor dúvida de que ela se produz espontaneamente, de forma consciente ou inconsciente, e de que sua existência é um dos desafios mais apaixonantes que a parapsicologia propõe aos pesquisadores de todos os tempos. Como prova disso, existem inúmeras evidências que corroboram os resultados obtidos durante as pesquisas levadas a efeito pelos cientistas. Vejamos, como exemplo, o caso de uma garota de catorze anos. ANGELICA COTTIN Angelica Cottin compareceu perante os membros da Academia de Ciências de Paris em 9 de março de 1846, Roger Baum apresentada por vários médicos que se declaravam incapazes de achar uma explicação para o caso dela: Angelica tinha encantado a casa em que vivia. Na casa localizada na aldeia de Bourgvigny, na Normandia, as mesas moviam-se, os objetos mudavam de lugar e as portas e janelas se abriam e fechavam sozinhas, sem interferência de ninguém. Os familiares da garota pediram ao pároco da aldeia que a exorcizasse, mas o bom sacerdote preferiu, prudentemente, entregar Angelica aos médicos, que também não conseguiram identificar a origem de fatos tão insólitos. Por este motivo, Angelica Cottin foi conduzida à presença dos integrantes da Academia de Ciências, para que fosse devidamente examinada. Não obstante, ante a presença imponente dos pesquisadores não ocorreu nenhum dos fatos assombrosos registrados na aldeia, levando a douta assembléia à seguinte conclusão: As comunicações dirigidas a esta Academia referentes à senhorita Angelica Cottin devem ser consideradas como nulas ou inexistentes. EUSAPIA PALLADINO E m 1854, na pequena aldeia de Minervino, em Apulia, na Itália, nasceu aquela que foi talvez a mais famosa telecinesista de todas as épocas: Eusapia Palladino. O Poder da Mente Órfã desde pequena, viu-se obrigada a ocupar-se de trabalhos no campo, razão pela qual não pôde comparecer à escola senão durante poucos meses. Na verdade, era analfabeta. Entretanto, ela era excepcionalmente capaz de originar efeitos telecinéticos os mais deslumbrantes. Ao redor dela, os objetos se movimentavam, ouviam-se ruídos e produzia-se toda espécie de fenômenos inesperados. Após ser examinada por diversos médicos, Eusapia foi levada a Nápoles a fim de ser apresentada ao mais célebre psiquiatra da época, Cesare Lombroso. Este, que já tinha sido informado dos dotes da jovem Eusapia, convocou outros colegas a fim de procederem a uma escrupulosa investigação. Sumamente céticos, os doutores examinaram cuidadosamente o aposento onde o exame seria realizado. Não contentes, amarraram as mãos e os pés de Eusapia, tendo dois cientistas colocado os pés em cima dela, de forma que ficasse imobilizada. Várias velas foram acesas no recinto para que a jovem pudesse ser devidamente observada. O que ocorreu a seguir superou em muito a capacidade de assombro daqueles pesquisadores. Logo que Eusapia começou a concentra-se, uma campainha colocada sobre uma escrivaninha trasladou-se até a mesa ao redor da qual estavam reunidos os cientistas. Quase imediatamente, uma mesa da sala contígua penetrou lentamente na sala em que se realizava a sessão, sem que ninguém a tocasse. Como é fácil supor, Lombroso e os demais não puderam ocultar o assombro, sendo obrigados a render- Roger Baum se à evidência. Em seguida, publicaram um manifesto declarando que lamentavam (principalmente Lombroso) ter negado, de maneira tão repetida e obstinada, os fatos e a possibilidade de sua realização. A popularidade de Eusapia Palladino, a partir de 1891, ultrapassou todas as fronteiras. Depois daqueles experimentos, cientistas do mundo inteiro visitaram a jovem para submetê-la a observações. Em sua residência, em Milão, Eusapia recebeu a visita do escritor e pesquisador Alexander Nikolaievich Aksakov, procedente de Moscou; do futuro prêmio Nobel de Medicina, Charles Richet, de Paris; do barão Karl de Prel, da Alemanha; do grande astrônomo Giovanni Schiaparelli, entre muitos outros. Depois de uma longa série de sessões levadas a efeito durante aquele ano, os integrantes da comissão científica encarregada de comprovar os fenômenos originados por Eusapia declararam taxativamente que “nas condições em que tiveram lugar, nenhum dos fenômenos produzidos poderia ter sido provocado por meios artificiais”. Em todas as sessões, Eusapia provocou assombro genuíno nos pesquisadores, originando fenômenos telecinéticos de todos os tipos. Para registrar devidamente os fenômenos, os cientistas utilizaram câmeras fotográficas, placas luminosas e até telas fosforescentes. Os joelhos e os pés da jovem eram sempre controlados por pesquisadores que se postavam ao lado dela. O Poder da Mente NOVOS FATOS Entre 1893 e 1894, o professor Julius Ochrowicz convidou a jovem a ir até Varsóvia a fim de submetê-la a experimentos. Da Polônia, onde foi submetida a controles elétricos, Eusapia foi para a França, tendo ali participado de diversas sessões, controladas pelo professor francês Charles Richet, pelos ingleses Oliver Lodge e Frederic W. Myers, pelo parapsicólogo alemão Barão Alber von Schrenck-Notzing e pelo casal Sidgwick. Os experimentos tiveram lugar na ilha mediterrânea de Rouband, junto de Toulon, no castelo de Carqueiranne. Naquele local, enquanto os cientistas prendiam as mãos de Eusapia entre as deles, um piano próximo do local onde estava a jovem começou a tocar sem que ninguém premesse as teclas. Para obter uma verificação mais efetiva do fenômeno e também para evitar que Eusapia pudesse produzi-lo com algum objeto oculto na boca, Richet colocou a mão entre os dentes da examinada. Pois bem: em que pese ela estar com as mãos dominadas e com a boca sob controle direto, as teclas do piano voltaram a soar de maneira inconfundível. Tempos depois, Richard Hodgson pediu à Sociedade de Pesquisas Psíquicas da Inglaterra que convidasse Eusapia a fim de examiná-la. Após de mais de vinte sessões celebradas em Cambridge, a comissão investigadora, composta, além do Roger Baum próprio Hodgson, por Sidgwick, Myers e Lodge, declarou unanimemente a existência de fraudes nos fenômenos levados a efeito por Eusapia Palladino. AS FRAUDES DE EUSAPIA PALLADINO Segundo os membros da mencionada comissão, os pés e as mãos de Eusapia movimentavam-se a uma velocidade assombrosa, produzindo a falsa impressão de um fenômeno psíquico. Para Myers, “trata-se de um truque que deve ter sido praticado inúmeras vezes, pois de outro modo não seria possível atingir tal grau de perfeição”. Henry Sidgwick também declarou: “as manobras descobertas em Cambridge demonstraram que Eusapia Palladino é uma embusteira; por conseguinte, recomendo que suas representações sejam repelidas”. A despeito da gravidade das acusações, Eusapia continuou suas experiências diante de testemunhas da Europa inteira. Numa dessas apresentações, realizada no Instituto Psicológico Geral de Paris, o doutor Robert Amadou assegurou haver observado que Eusapia tinha conseguido movimentar as folhas de uma planta utilizando um fio de cabelo previamente arrancado por ela própria. “Vários membros do Instituto, advertidos por Amadou, também viram a fraude.” Mesmo assim, no fim de 45 sessões, os pesquisadores declararam: O Poder da Mente “Os deslocamentos (avanços ou retrocessos e elevações parciais ou completas) de certos objetos pesados, como cadeiras e mesas, estão provados por registros. Alguns movimentos parecem originarse pelo simples contato das mãos ou das roupas da pessoa investigada, embora às vezes tais movimentos tenham lugar sem o menor contato.” NOVAS INVESTIGAÇÕES Em 1908, a Sociedade de Pesquisas Psíquicas da Inglaterra propôs a Eusapia uma nova série de experimentos. Com este propósito, quando já tinham falecido Myers, Sidgwick e Hodgson, três novos pesquisadores vieram a Nápoles com a intenção de examinar Eusapia. Durante a sessão, ela conseguiu levantar uma mesa, movimentar uma cadeira e deslizar um cadeirão para a frente e para trás, com movimentos alternados. Enquanto produzia estes fenômenos, a jovem permaneceu com as mãos atadas aos braços da cadeira na qual estava sentada, e seu vestido foi bem recolhido (usavamse, então, roupas muito amplas), para que não pudesse entrar em contato com nenhum dos objetos da pesquisa, e Fielding, um dos pesquisadores, estava estendido no chão e segurava com suas mãos os pés de Eusapia. Ante a evidência, os pesquisadores realizaram onze sessões durante as quais observaram mais de quatrocentos fenômenos. Roger Baum Depois desse trabalho estafante, os três membros da Sociedade de Pesquisas Psíquicas redigiram um informe, no qual declaravam: “Eusapia Palladino não foi surpreendida em fraude nem uma só vez.” E o resumo do informe acrescentava: “Vemo-nos obrigados a reconhecer que os fenômenos produzidos por Eusapia só podem ser explicados por meio da intervenção de um fator totalmente alheio às capacidades físicas normais.” A despeito do grande valor desta declaração, dois anos mais tarde, enquanto efetuava uma série de experimentos nos Estados Unidos, Eusapia foi surpreendida várias vezes cometendo fraude. A controvérsia chegou ao limite máximo em torno de sua pessoa e de seus dotes excepcionais. Deviam classificá-la como embusteira vulgar? Será que o prestígio dela se devia a seu poder de sugestão? Charles Richet, na obra Trinta anos de pesquisa psíquica, após haver assistido a mais de duzentas sessões com Eusapia, afirmou: “Inclusive, ainda que não houvesse no mundo outras manifestações como as realizadas por Eusapia Palladino, suas atuações bastariam para demonstrar cientificamente a realidade da telecinese.” O Poder da Mente Os truques aos quais Eusapia Palladino indubitavelmente recorreu durante a sua dilatada carreira foram considerados apenas como “lamentáveis incidentes numa carreira extraordinária...” OUTROS MÉDIUNS DE TELECINESE DANIEL DOUGLAS HOME A quele que é considerado o mais importante realizador de fenômenos telecinéticos nasceu em Currie, perto de Edimburgo, na Grã-Bretanha, em 20 de março de 1833. Aos nove anos de idade, emigrou com os pais para os Estados Unidos, onde residiu algum tempo. Aos dezessete anos, após interessar-se pelos fenômenos parapsicológicos, descobriu em si mesmo faculdades paranormais poderosas. Em sua presença, objetos moviam-se e ouviam-se pancadas misteriosas, entre outros fenômenos não menos inexplicáveis e espetaculares produzidos por ele. Em 1855, Home regressou à Inglaterra, onde iniciou uma intensa relação com os meios metapsíquicos da época. Este momento marca o início da sua extraordinária carreira em diferentes áreas da parapsicologia. Com referência a suas assombrosas experiências telecinéticas, o visconde de Adare, escritor e pesquisador, Roger Baum em cuja mansão Daniel D. Home levou a cabo muitos de seus experimentos, cita em sua obra Experiences in Spiritualism with Daniel D. Home (Londres, 1869): “Em plena luz, repetidamente, e nas mais diversas circunstâncias, Douglas Home conseguiu movimentar objetos situados em diferentes lugares. Numa das sessões, ele levantou uma mesa no ar dezessete vezes, e em outra ocasião a mesa ficou suspensa a quase meio metro do chão durante vários minutos. Outra vez, a mesa ergueu-se a sessenta centímetros do chão, deteve-se e continuou elevando-se até um metro e meio...” Por sua vez, a Sociedade Dialética de Londres, após presenciar uma das extraordinárias atuações de Daniel Home, publicou um informe, no qual declarou: “Existe uma força capaz de movimentar objetos pesados sem contato pessoal; essa força depende da presença de seres humanos”. Apesar de seus extraordinários dotes, Home teve que enfrentar detratores. Porém, a despeito disso, suas atuações excepcionais acabaram por superar a maioria das dúvidas e um bom número de oponentes acabou por se converter em importantes testemunhas. A um deles, o pesquisador Phillip Davis, Home confessou pouco antes de morrer: O Poder da Mente “Servi-me dos conceitos espíritas para dar a minhas atuações uma aparência mística que é muito grata às massas, mas jamais acreditei na intervenção dos espíritos na execução dos fenômenos que produzi.” Desta maneira, Home determinou claramente um fato que podia resultar decisivo nas pesquisas posteriores: a segurança de que os fenômenos psicocinéticos e telecinéticos deviam ser atribuídos a forças procedentes do ser humano, desestimulando qualquer interpretação de índole espírita. OS IRMÃOS DAVENPORT Seguiram-se a Daniel Douglas Home, em ordem cronológica e de importância, os irmãos Davenport. Durante a década de 1860 a 1870, nos Estados Unidos, causou verdadeira sensação a aparição de um fenômeno extraordinário, aparentemente de caráter telecinético. Os causadores de tais fenômenos foram os irmãos Davenport, que deram diversas exibições públicas de seus supostos dotes paranormais. Nas exibições, os irmãos eram atados de braços e pernas em suas respectivas cadeiras, sendo o público convidado a comprovar a fortaleza e a segurança das ataduras, inclusive chegando a revistá-los em busca de algum artifício ou mecanismo oculto que pudesse ser utilizado como truque. Em ato contínuo, uma escuridão Roger Baum quase completa tomava o ambiente e vários instrumentos musicais começavam a surgir, flutuando no ar e interpretando melodias muito simples. Os instrumentos iam aparecendo um após outro. No fim, o estrondo de todos juntos tornava-se ensurdecedor. A exibição acabava de maneira repentina. As luzes eram acesas depois de os instrumentos se desvanecerem, e os irmãos Davenport novamente podiam ser vistos solidamente amarrados em suas cadeiras. Era um espetáculo magnífico e assaz surpreendente, sem que ninguém pudesse detectar a mínima sombra de fraude na atuação dos irmãos. Mas, certa ocasião, um espectador pediu para amarrar, ele próprio, os dois irmãos. Tendo o indivíduo amarrado muito bem a dupla, a sessão resultou em fracasso. Depois do descrédito, os Davenport tentaram refazer-se na Inglaterra, sem êxito, seguindo para o anonimato. OS IRMÃOS SCHNEIDER Willy e Rudy Schneider nasceram, respectivamente, em 1903 e 1908, na localidade de Braunau-Am-Inn, que significa “Braunau junto ao rio Inn” (a mesma cidade em que nasceu Adolf Hitler), na Áustria, no seio de uma família muito afeiçoada às práticas espíritas. Com a idade de dezesseis anos, Willy já demonstrava certos dotes parapsicológicos, movimentando objetos e móveis apenas com a sua presença, sem tocá-los. O Poder da Mente Quando se inteirou desta circunstância fenomenológica, o Barão von Schrenck-Notzing, grande pesquisador, visitou a família Schneider diversas vezes, para examinar o jovem Willy. Este, que à época estudava odontologia, acabou mudando-se em 1921 para Munique, capital da Baviera, onde residia o supracitado barão, protagonizando ali inúmeras sessões, nas quais submeteu-se a todo tipo de provas. Numa sessão, celebrada em 4 de maio de 1922, um professor de física da Universidade de Munique foi testemunha dos movimentos de uma mesa, da elevação de uma campainha que soava, do erguimento de um lenço do chão até uma mesa e de uma caixa de música que soou sem que fosse tocada. Noutra sessão, o ganhador do prêmio Nobel de Literatura, Thomas Mann, autor de A montanha mágica e de Morte em Veneza, observou como um lenço evoluía várias vezes ante seus olhos, sem que ninguém o tocasse. O célebre escritor ficou tão assombrado com o fato, que o descreveu com as seguintes palavras: “O lenço tinha erguido-se a partir do chão e flutuava no ar. À vista de todos, com movimento rápido, seguro, enérgico e quase sempre gracioso, o lenço elevou-se até a lâmpada. Raios me partam se minto. Aconteceu perante meus olhos atentos. E não aconteceu uma vez, mas nove vezes...” Roger Baum Tempos depois, nos meses de setembro e outubro, Willy foi submetido a observações no Instituto Psicológico de Munique, a pedido do professor Erich Becher, famoso filósofo, psicólogo e naturalista. Durante as referidas sessões, observou-se com a máxima clareza como uma papeleira (tipo de móvel com gavetas, alto) erguia-se do chão, como uma máquina de escrever datilografava sozinha e, de novo, como uma caixa de música tocava sozinha. As experiências continuaram com grande intensidade, enquanto o poder telecinético do jovem Willy causava maravilha e assombro entre os professores e pesquisadores. Por fim, em março de 1925, a saúde dele piorou, obrigando-o a abandonar os experimentos que à época realizava em Londres, tendo sido internado numa clínica suíça. O DECALQUE Entretanto, após a retirada do irmão mais velho, Rudi, o menor da família, iniciou também uma fulminante carreira semelhante à do irmão Willy, como se fosse um autêntico decalque daquele. Em 1929, Rudi foi convidado a visitar Londres a fim de ser submetido a estudos pelos membros do Laboratório Nacional de Pesquisas Psíquicas. Harry Price, um dos observadores mais assíduos destas sessões, escreveu: “A autenticidade das manifestações produzidas pelo jovem Schneider durante suas sessões im- O Poder da Mente pressionou centenas de pessoas, entre as quais se contam cientistas, médicos, comerciantes e jornalistas...” No mesmo livro, intitulado Rudi Schneider, publicado em 1930, Price relatou experiências pessoais dos seguintes fenômenos provocados por Rudi: “...fortes movimentos das cortinas, deslizamentos de uma papeleira e de uma mesinha de café, repicar de campainhas, música espontânea numa cítara de brinquedo, pancadas perceptíveis na mesa...” Em nome do Conselho do Laboratório Nacional de Pesquisas Psíquicas, Rudi recebeu um certificado que testemunhava favoravelmente sobre a autenticidade daqueles surpreendentes fenômenos. Um ano depois, em 1930, Rudi foi examinado em Paris pelo doutor Eugene Osty. Nas sessões celebradas no Instituto Metapsíquico, foram usados pela primeira vez raios infravermelhos para detectar qualquer anomalia ou truque na conduta do jovem. Entretanto, não foi detectada qualquer anomalia ou fraude. Tempos depois, em outras pesquisas levadas a efeito em Londres por membros da Sociedade de Pesquisas Psíquicas, chegou-se à conclusão de que, no caso do jovem Rudi, qualquer forma de manipulação era impossível. Os cientistas presentes às sessões concluíram Roger Baum que os movimentos a distância conseguidos por Rudi Schneider eram causados por uma “força invisível à luz normal que, além disso, possui a qualidade de impedir a ação das câmeras fotográficas”. Porém, pouco depois, as faculdades de Rudi começaram a diminuir, progressiva e rapidamente. Tentativas posteriores foram totalmente infrutíferas. Rudi Schneider tinha perdido as faculdades telecinéticas. Durante um tempo bastante prolongado, os estudos telecinéticos foram abandonados. Muitas fraudes haviam sido descobertas em muitos países europeus e isso contribuiu em grande parte para o desinteresse dos pesquisadores. Entretanto, alguns parapsicólogos estranharam o silêncio. O próprio Keller perguntou: “Será que este silêncio se deve, quiçá, às circunstâncias de uma época prestes a se defrontar com novas descobertas científicas na física, na química, na biologia e na psicologia? Será que talvez o motivo se ocultava por detrás das agoniantes pressões a que foram submetidos homens e povos perto de sofrerem a sangrenta catástrofe da Segunda Guerra Mundial? Ou por causa, mais tarde, das conseqüências da mesma?” Só é possível responder por meio de conjecturas. Contudo, com o decorrer do tempo, algumas questões puderam ser esclarecidas. A telecinese, como expressão O Poder da Mente paranormal de uma série de fenômenos, não estava extinta. De certa forma, ela ressuscitaria das mãos da psicocinese. NINA KULAGINA A partir de 1965, começaram a surgir notícias dos possíveis dons telecinéticos de Nina Kulagina, mas até 1968 não foi possível levar a cabo, por parte dos peritos ocidentais, qualquer pesquisa para comprovação dos fenômenos. Uma testemunha dos fenômenos foi o doutor Ullman, diretor do Centro Médico Maimônides, do Brooklyn, Nova York, que observou como Kulagina conseguia movimentar pequenos objetos apenas passando a mão sobre eles, estando a certa distância dos mesmos. Segundo o doutor G. A. Sergeiev (do Laboratório Utkomsky) à época investigador soviético, que estudou o interessante caso, “a maioria das pessoas mantém uma tensão elétrica três ou quatro vezes mais elevada nas partes posteriores do cérebro do que nas anteriores. Já no cérebro de Nina Kulagina, a tensão mensurável na parte posterior é cinqüenta vezes mais alta do que na anterior”. A partir de 1970, Nina Kulagina foi mostrando dons cada vez mais extraordinários, fazendo flutuar no ar todo tipo de objetos pequenos e bolas. Roger Baum A MISTERIOSA MESA DE PORRERAS Este é um caso autêntico, como o caso de Belmez, dentro do território espanhol, e como o da mesa de Nulles, que descreveremos mais adiante. Na província de Tarragona, na Espanha, no povoado de Porreras, a partir de certo dia, uma velha mesa tornou-se um autêntico espetáculo, e as pessoas aproveitavam o tempo livre para se deslocarem até o referido povoado, perto de Reus, a fim de consultar a enigmática peça. Os curiosos aproximavam-se da mesa e lhe formulavam perguntas, que ela respondia segundo a inspiração do momento. Foram muitos os casos presenciados, e todos estão de acordo em que ali não havia nenhum truque, mesmo considerando-se a boa-fé de quase todos os assistentes, sendo tampouco possível acreditar cegamente em tais afirmações. Entretanto, não foi a mesa de Porreras que chamou a atenção científica, mas sim a de outro povoado da mesma província, Nulles. A MESA DE NULLES Segundo um relato feito pelo professor D’Arbó, os fatos ocorreram da seguinte maneira: Entre os que assistiam às demonstrações da mesa de Porreras, achava-se em certa ocasião a família Saumell, e os três irmãos ficaram tão assombrados e intrigados ao O Poder da Mente ver como aquela mesa movimentava-se, que ao regressarem ao seu povoado, Nulles, decidiram fazer uma prova por conta própria com uma velha mesa de nogueira que estava abandonada num canto da casa deles. Efetuaram as provas, e, ante seu genuíno assombro... a mesa ergueu-se do chão! Aquilo foi uma faísca que fez o povo arder de emoção. Naturalmente, a notícia propagou-se rapidamente por toda a comarca e por toda a província. Todos ansiavam ver a mesa mover-se, perguntando-lhe coisas, às quais a mesa respondia, ou então viam-na dançar, caminhar sobre dois pés e subir e descer uma escada. Nulles era um pequeno povoado de aproximadamente quinhentos habitantes, localizado na divisão administrativa de Valls. Se antes era praticamente desconhecido, a partir desse caso ocorreu um espetacular aumento de visitantes, especialmente nos dias festivos. O número de visitantes na casa dos Saumell tornou-se tão grande, que a mesa foi removida para a Câmara Municipal. Posteriormente, foi levada para o bar do povoado, onde todos podiam vê-la, admirá-la e perguntar-lhe o que quisessem. Para participar da experiência era necessário pagar cinqüenta pesetas, cuja arrecadação era destinada a um fundo comum para construir um complexo esportivo no povoado. Pois bem: a questão apresenta vários aspectos interessantes. Em primeiro lugar, para mover a mesa de Nulles era indispensável colocar as mãos sobre ela. Estabelecendo contato com a mesa por meio do dedo polegar Roger Baum e do dedo mínimo de cada mão unidos, conseguia-se que ela se movimentasse com maior intensidade. A mesa também se movimentava quando alguém tocava com os dedos separados, porém não tanto e nem tão bem. As pessoas que conseguiam movimentar a mesa com maior eficácia eram os irmãos Saumell: Mari Carmen, Rosa María e Juan. Dos três, Rosa María era quem se destacava. O professor D’Arbó levou a cabo uma série de experimentos e viu claramente que quando Rosa María retirava as mãos de cima da mesa, esta se movimentava muito mais fracamente ou cessava todo movimento, o que indicava claramente que a jovenzinha (na ocasião dos experimentos, Rosa María tinha só dez anos) era o elemento catalisador do fenômeno, possuindo maior sensibilidade psicofísica, própria da puberdade. Não obstante, acrescenta D’Arbó, não era apenas Rosa María que conseguia movimentar a mesa, posto que todas as pessoas que tentaram alcançaram êxito, com maior ou menor intensidade. Era possível formular perguntas à mesa sobre o passado e o futuro, embora com relação a este ela fracassasse completamente, diferentemente do que ocorria com relação ao passado. Em razão disso, concluiu-se que a mesa de Nulles não era precognitiva. A mesa caminhava sobre os pés se isto lhe fosse ordenado, com a imposição prévia das mãos sobre ela. Também, pelo mesmo sistema, levantava uma pessoa com até noventa quilos sentada sobre ela. O Poder da Mente Às vezes, segundo a vontade do manipulador, a mesa dançava: enquanto Rosa María com uma das mãos fazia gesticulações, como que dirigindo uma orquestra, com a outra apoiada sobre a superfície da mesa ia dirigindo-a para que acompanhasse o ritmo. Não obstante, o que mais deixava as pessoas estupefatas era o fato de a mesa subir e descer escadas. Diz o prof. D’Arbó: “Até chegarmos a Nulles com uma equipe completa da Televisão Espanhola, a mesa apenas passeava pela escada da Câmara Municipal de Nulles. Porém, para o programa Giravolt, a mesa foi levada para a rua e permitiuse um ‘passeio’ por uma antiga escadaria do povoado. “Com relação às possíveis levitações ou suspensões no ar, devo esclarecer que não são certas, posto que nunca, em nenhum momento nem em nenhuma ocasião, a mesa perdeu contato com o solo. Embora a mesa se erga, ela o faz só com três pés, e o quarto continua apoiado firmemente no chão. Se a mesa levitasse sozinha, seria um exemplo claro de telecinese, mas não é o caso.” AS CONCLUSÕES DO PROFESSOR D’ARBÓ Segundo a opinião do professor D’Arbó, com base na teoria de Chevreult apresentada oficialmente na França em 1854, posteriormente confirmada e aceita por cientistas da categoria de Faraday e Babinet, os movimentos da mesa de Nulles e também os da de Porreras têm as seguintes causas: Roger Baum “A mesa de Nulles move-se do mesmo modo que se movem as outras mesas com as mesmas características conhecidas no mundo todo, por uma série de movimentos neuromusculares produzidos pelo ser humano, de tipo inconsciente, originados pelo subconsciente, como uma reação nervosa que o ser humano exterioriza através dos dedos da mão, sem sequer saber disso conscientemente. É por esta mesma razão que a mesa responde corretamente às perguntas formuladas sobre tempos passados ou presentes, perguntas para as quais os próprios operadores que têm as mãos sobre a mesa conhecem consciente ou inconscientemente as respostas e as exteriorizam, facilitando o acerto. Por exemplo: pode-se perguntar à mesa quantas mãos há sobre ela, e a mesa sempre acerta. Por outro lado, perguntada sobre quantas chaves ou cigarros alguém leva no bolso, a mesa pode fracassar, uma vez que a resposta depende do que saiba – ou não – o subconsciente de quem pergunta. A mesa pode responder a todo tipo de perguntas, mas de fato são as próprias pessoas que se perguntam e respondem a si mesmas, manejando a mesa, razão pela qual ela fracassa estrondosamente quando se trata de perguntas relativas ao futuro, a menos que o interrogador tenha faculdades de clarividência. Se alguém com faculdades parapsicológicas interagir com a mesa, seja médium ou pessoa extraordinariamente sensível, certamente influirá O Poder da Mente diretamente sobre ela e conseguirá fazê-la responder corretamente a perguntas futurológicas.” Estas são as palavras do professor D’Arbó, que esteve em Nulles com a equipe de TV e realizou diversas provas. Entretanto, cabe-nos dizer agora: Se a mesa de Nulles, como a de Porreras e outras que existiram pelo mundo afora com idênticas faculdades, move-se somente devido ao que poderíamos chamar de “pressão do subconsciente”, através dos dedos da mão, como é que o próprio professor D’Arbó assinalou que a mesa movimentava-se mais e melhor sob o comando de Rosa María? É indiscutível, então, que os movimentos da mesa de Nulles eram dirigidos pelo poder mental da – então – pequena Rosa María e talvez de alguns curiosos que, eles próprios ignorando o fato, possuíam poder mental superior ao dos demais circunstantes. EXPLICAÇÕES SOBRE A TELECINESE A telecinese consiste, sem sombra de dúvida, em um poder da mente, talvez muito mais espetacular do que a telepatia, que, mesmo assim, é o mais interessante e primordial de todos. Não existe uma explicação definitiva e clara para a telecinesia. Os pesquisadores e cientistas que se dedicam a esta classe de fenômeno têm opiniões diversas sobre o assunto. Roger Baum O professor Hans Bender, por exemplo, diz: “Os fenômenos telecinéticos parecem ser motivados por descargas afetivas, e por isto não atingem só a física, mas também a medicina.” Por sua vez, H. C. Berendt garante, como característica fundamental do fenômeno, o fato de que os casos mais espetaculares costumam produzir-se na presença de jovens, sobretudo impúberes ou, no máximo, já na puberdade: “Ao que parece, nesta idade os problemas não resolvidos traduzem-se em profundas tensões psíquicas que se projetam telecineticamente para o exterior.” Oscar González Quevedo afirma: “O inconsciente tem uma inteligência admirável... ainda que encontre muita dificuldade para se manifestar, tornando-se essa dificuldade especialmente notável nos casos experimentais, inclusive tratando-se dos mais bem dotados. Não é possível obrigar o inconsciente a sair de sua espontaneidade para se submeter a moldes preestabelecidos.” Ultimamente, métodos mais sofisticados de comprovação têm ajudado na busca de uma resposta satisfatória. Como diz Hans Bender: “Somente a investigação científica e os métodos apropriados de observação e de experimentação são capazes de nos colocar frente uma resposta adequada.” O Poder da Mente CLARIAUDIÊNCIA E m parapsicologia dá-se o nome de clariaudiência à faculdade mental de ouvir vozes misteriosas, sempre de origem paranormal. Na maioria das vezes trata-se das vozes de pessoas falecidas que conheciam o indivíduo que as percebe, enquanto em outras ocasiões são de espíritos ou entidades desconhecidos. A clariaudiência é um fenômeno muito raro em pessoas sãs, embora muitos médiuns, em estado de transe, possam captar ruídos, vozes, sons e melodias. Às vezes, captam-se palavras soltas, ao estilo das psicofonias comuns, ou parágrafos que contêm uma mensagem, que quase sempre é de advertência e até premonição. O termo parapsicológico é usado como sinônimo de hiperacusia, considerado uma hiperestesia auditiva, embora existam casos incompreensíveis de audições paranormais que nada têm a ver com uma agudeza incomum aos ouvidos. O CASO DA SORBONNE Certo professor da Universidade de Paris, a Sorbonne, avistou o espectro de um de seus colegas jogando Roger Baum livros no chão, ao mesmo tempo que dizia: “Não preciso de mais nada...” Pois bem: o fenômeno ocorreu pouco depois de o referido colega ter falecido. Existe uma multidão de casos parecidos, os quais constituem, como assinala seu nome, clarividência auditiva, seja ou não acompanhada de visão. Se os parapsicólogos não demonstram muito interesse por tais fenômenos, isto se deve a que os mesmos são, em numerosas ocasiões, alucinações auditivas, razão pela qual entram no terreno da psicologia. Em geral, este tipo de alucinação tem relação estreita com determinada excitação patológica dos receptores sensoriais do cérebro ou com afecção difusa do sentido nervoso, originada por infecção ou intoxicação, como no delirium tremens. O CASO DE ALEISTER CROWLEY As alucinações, visuais ou auditivas, estão relacionadas, ao que parece, a uma dissolução da consciência e ao mecanismo psicológico da projeção. Ou seja, o enfermo projeta seus sentimentos sobre o mundo exterior na forma de percepção, atualizando algumas de suas idéias latentes. Deste modo, algumas pessoas crêem ser perseguidas por vozes que as insultam, outras obedecem cegamente à ordem de matar alguém porque uma voz desconhecida assim o ordena, ou efetuam algum ato incomum porque receberam ordens de outro mundo. O Poder da Mente Existe também a audição colorida, que consiste na associação de algumas aparências visuais com sensações auditivas. Nestes casos a percepção do som surge acompanhada da percepção de determinada cor. Estas sensações são arbitrárias e variam segundo as pessoas. Um caso extraordinário de clariaudiência é o de Aleister Crowley, o ocultista e mago inglês, que a si mesmo denominou “A Grande Besta 666”, como referência ao Anticristo anunciado no Apocalipse. Em 1904, enquanto estava no Cairo, uma voz estranha, que se identificou como sendo o seu anjo da guarda Aiwass, ditou-lhe, em várias sessões, o que se transformou no The Book of the Law ou Liber Legis (O Livro da Lei). Esse Livro da Lei contém, em forma de versos, rituais esotéricos, segredos mágicos, profecias e referências aos deuses do Egito. Obcecado pelo ocultismo, Crowley proclamou com sua obra, o início de uma nova era que devia durar pelo menos dois mil anos. Na obra, ele prediz a destruição da civilização atual e apresenta um guia para a construção da nova era, com uma nova civilização. Será que a misteriosa voz do anjo Aiwass era uma projeção do subconsciente de Crowley? Ou era um espírito superior? Até o momento, todos os parapsicólogos do mundo têm sido incapazes de responder estas perguntas. Roger Baum A PARAPSICOLOGIA COMO CIÊNCIA QUE ESTUDA OS PODERES DA MENTE E xiste, indiscutivelmente, um imenso domínio a explorar. A busca da natureza do ser humano, de suas possibilidades e de suas faculdades desconhecidas é uma das tarefas mais estimulantes que se pode propor aos homens do futuro. Não resta a menor dúvida de que é possível chegar ao conhecimento e à comunicação com “all and everything” (tudo e todas as coisas), como disse Gurdjieff. Os objetivos a levar em conta são transcendentais. Na atualidade, busca-se elevar todos os recordes esportivos. Por exemplo, gasta-se quantia imensa de dinheiro no aprimoramento da raça eqüina, enquanto ninguém se preocupa particularmente com o homem que, como escreveu o abade Breuil, mal saiu das cavernas do neolítico, possuidor das mesmas capacidades intelectuais e morais de seus antepassados distantes. Por sua vez, a parapsicologia caminha em busca de outras verdades, de outras possibilidades, que se en- O Poder da Mente contram ao nível de um pensamento planetário, o que lhe permite sair da rotina, dos nacionalismos, dos racismos e de todos os chauvinismos. Quem é que já compreendeu um fato patente: quando uma descoberta flutua no ar, sem comunicação material, homens situados em pontos antipodais do planeta muitas vezes descobrem a mesma coisa quase no mesmo instante? Os grandes descobrimentos sempre têm um nascimento espontâneo em diferentes pontos do globo, quase na mesma hora. Sem dúvida, somente a parapsicologia é capaz de explicar o mistério dos maias e o da ilha da Páscoa e do anão do Vale de Tiwaqa. O MEDO DA VERDADE A parapsicologia, para os que têm medo, é a oportunidade de auto-conhecimento e de libertação de seus tormentos. Mas quem é que tem medo? Primeiro, os que se acham bloqueados pela angústia metafísica da morte próxima, quer encerrando-se em obscura religiosidade, quer exprimindo um agnosticismo mal-alinhavado. Têm medo também aqueles cuja atitude interior é diferente da moral que expressam, e cujas noções de bem e mal são antropocêntricas: o bem para eles, o mal para os demais. Estes têm muito medo de que seja possível visitar seu “quartinho dos fundos mental” e por isso não se arriscam a assinar um cheque em branco contra o Roger Baum próprio inconsciente. Sentem medo os que, após superarem a idade na qual criaram ou inventaram, encerram-se em seu passado ou em suas paixões. Há também quem tem medo de perder o posto que ocupa, uma vez que as novas verdades poderão fazê-lo perder a falsa segurança alicerçada em conhecimento defasado. O VERDADEIRO CONHECIMENTO A parapsicologia permite conhecer o poder da mente humana, na condição de ciência das faculdades, dos grandes poderes, dos privilégios mal conhecidos pelo homem. Portanto, é uma ciência-farol de todas as outras ciências. Como disse Baudelaire: “É um farol que ilumina mil cidadelas”. Para que serve a parapsicologia, ciência dos poderes mentais? Ela serve, por exemplo, para crer no velho bonzo de Saigon que certo dia pôde ensinar o coração de um jovem bonzo que se suicidou ateando fogo em si mesmo, anunciando antecipadamente que achariam seu coração intacto, sem queimar. (Este fato foi divulgado pela imprensa de diversos países, entre eles a França, no Paris-Match.) Com toda certeza, o jovem bonzo concentrou todo o seu poder psíquico para que a previsão se concretizasse. Serve a parapsicologia, outrossim, para que o Dalai Lama possa afirmar que existem no Himalaia grandes iogues de levitação, capazes de desintegra-se. Ao morrer, eles são encerrados num local do Potala, que é aberto três dias depois, quando não restam mais que roupas e O Poder da Mente botões. O professor Caycedo, de Barcelona, testemunhou o caso. Também em Viena, no palácio de Schöenbrunn, conta-se que, no dia em que faleceu o Aguiazinha,1 sua única amiga, uma fêmea de estorninho, também morreu. A este respeito, Louisa Rhine, que em vida foi esposa do célebre dr. Rhine, o grande parapsicólogo norteamericano do século XX, colecionou também numerosos testemunhos relacionados a cães. Rezat Bayer, presidente da academia de parapsicologia turca, juntamente com o professor Stevenson, da Universidade de Colúmbia (EUA), apresentou um número impressionante de casos de reencarnação de homens e mulheres. Tratava-se de pessoas que recordavam sua vida anterior encerrada brutalmente, no corpo das quais era possível ver os sinais das brutalidades cometidas contra elas. Além disso, eram capazes de descrever a casa, a cidade ou o povoado onde tinham vivido em outra existência. São casos atuais, fáceis de serem comprovados. Finalmente, a parapsicologia serve para pensar no futuro e para desenvolver uma forma de pensar universalista, sem se desligar da realidade e das ações e da vida material. A parapsicologia serve para a descoberta e o desenvolvimento dos poderes mentais humanos, dos quais se deve fazer bom uso. 1 O “Aguiazinha” era o filho de Napoleão Bonaparte e Maria Luísa da Áustria, coroado como Rei de Roma quando nasceu e que jamais chegou a reinar, tendo, ao contrário, vivido até sua morte prematura como prisioneiro no castelo de Schöenbrunn, quase esquecido por sua própria mãe. Roger Baum FANTASMAS E APARIÇÕES O ser humano possui, no sonho, o poder mental de evocar pessoas e fatos, normalmente deturpados, embora às vezes sejam vistos com claridade diáfana, como se fossem reais. Na maioria dos casos, os sonhos evocam acontecimentos ou pessoas queridas, ou seja, são manifestações pretéritas. Entretanto, existem exemplos do que se denomina “sonhos premonitórios”, ou seja, proféticos. Deles, como bem se sabe, a Bíblia e outros livros sagrados de diferentes religiões estão repletos. Isto indica que o poder da mente é capaz de reproduzir fatos, acontecimentos e pessoas do passado ou de tempo mais ou menos futuro. Entretanto, será que este poder mental não é capaz de evocar as mesmas visões em estado de vigília? Neste caso, essa poderia ser a explicação para a aparição de fantasmas e outras evocações sumamente surpreendentes. OS FANTASMAS NA INGLATERRA Este caso está relacionado com a fotografia, mas é possível que as fotos obtidas e que continham o mistério só tivessem gravado o que foi evocado pelo poder mental de algum(ns) dos participantes. O Poder da Mente O fato aconteceu como segue: Algum tempo atrás, cinco jovens espeleólogos (exploradores de cavernas) ingleses descobriram, por acaso, um fato sangrento ocorrido havia mais de duzentos anos. O descobrimento ocorreu devido a uma série de fotografias feitas na gruta de Guidebeok, na velha mina de Tor, situada em Winnats Pass, no condado de Derby. Para tirar as fotos, seguindo a norma, o fotógrafo prendeu a respiração para que o bafo produzido por ela em ambiente de baixa temperatura, como na caverna, não prejudicasse a nitidez da fotografia. Mais tarde, as fotos foram reveladas e a cópia do fotograma 5 chamou a atenção dos jovens exploradores, pois nela havia algo que não tinha sido visto no interior da caverna. O aspecto era de uma nebulosa figura feminina nua, com uma mão apoiada nos quadris, numa postura clássica, que aparecia na parte superior direita da foto. Quanto mais estudavam a imagem, mais crescia o assombro do grupo. Como não acharam nenhuma explicação para o fenômeno, enviaram a foto e o relato do ocorrido a uma revista internacional, especializada em espeleologia. As pessoas da revista assombraram-se ainda mais que os jovens, razão pela qual convocaram o fotógrafo mais experiente em grutas da Inglaterra. Após examinar a foto durante aproximadamente cinco minutos, o especialista garantiu que a impressão era Roger Baum autêntica. Cada vez mais surpresos, os jovens levaram a foto a diversos médiuns espíritas, sem lhes dar qualquer explicação prévia ou mesmo fazer algum comentário. A reação de todos foi unânime: tratava-se, sem dúvida, da imagem do espírito feminino de uma mocinha brutalmente assassinada. Então os jovens espeleólogos iniciaram uma exaustiva investigação nos livros e arquivos da região em busca de comprovação para a tese do assassinato. O FATO Em 1758, um jovem casal estava prestes a casar-se na localidade próxima de Peak Forest, que era um sítio onde casais cujas famílias não aprovavam seus amores podiam casar-se livremente. Cinco operários que trabalhavam perto de uma mina de Odin ficaram sabendo dos planos do jovem casal. Percebendo que os jovens levavam um saquinho de moedas, resolveram segui-los. O casal não conseguiu fugir de seus perseguidores e ambos acabaram brutalmente assassinados e jogados no poço de uma mina próxima. Os dados históricos conhecidos indicam tratar-se da velha mina de Tor. Também é histórico que os dois jovens vingaram-se depois de mortos. Um dos assassinos quebrou o pescoço no mesmo cenário do crime. Outro faleceu ali perto, esmagado por uma pedra. O terceiro foi encontrado enforcado e o quarto morreu após longos e O Poder da Mente duros sofrimentos. O quinto e último confessou o crime no leito de morte, o que permitiu que os cadáveres dos jovens amantes fossem encontrados mediante escavações efetuadas na mina. Pelo visto, houve outros casos de encantamento nessa mina, mas até a presente data, unicamente os cinco jovens espeleólogos conseguiram fotografar, com uma câmara “Instamatic”, e de maneira autêntica, sem nenhum engano, o fantasma da moça assassinada há duzentos anos. OS FANTASMAS DA TORRE DE LONDRES E. L. Swift, guardião das jóias da coroa inglesa, certa vez descreveu, com profusão de detalhes, a fantástica aparição de uma forma cilíndrica, semelhante a um tubo de vidro cheio de um fluido azul e branco, que se movimentava em torno de seus aposentos, na Torre Martin. A manifestação também foi vista e sentida por sua esposa, mas não por seu filho e nem por sua cunhada. Alguns dias depois, um integrante do serviço de guarda morreu de espanto, literalmente, ao ver aparecer diante de seus assombrados olhos um ser gigantesco, como um osso, que vinha da porta da câmara das jóias da coroa. Diz-se que a Torre Martin é visitada pelo espírito do lorde Northumberland, seguramente o oitavo conde deste título, o qual, ali estando preso por ter tomado parte num suposto complô a favor da rainha Maria Stuart (exe- Roger Baum cutada por ordem de Elisabete I), faleceu misteriosamente de três feridas a bala. Seu irmão, o sétimo conde, foi decapitado na mesma Torre, e seu filho, o nono conde, esteve encarcerado ali durante longos anos, embora seja ignorado o local exato. O fantasma de uma jovem princesa tem sido entrevisto ao redor da Torre Sangrenta, e Ana Bolena, a esposa de Henrique VIII, costuma aparecer na Torre Branca, na mansão real da Torre Verde e em São Pedro ad Vincula, onde ainda está enterrada e onde, às vezes, aparece sem cabeça, sendo reconhecida por seus trajes. Também têm sido vistos os fantasmas de Lady Salisbury, decapitada por ordem do mesmo Henrique VIII, e o de Sir Walter Raleigh. O último fantasma a aparecer na sinistra Torre de Londres é o de Lady Jane Grey, visto no 4030 aniversário de sua execução. Diz também a lenda, ou a tradição, que a desgraça perseguiu os que um dia executaram alguém nas masmorras da Torre de Londres, se bem que isto não seja rigorosamente exato a não ser em poucos casos isolados. A conclusão lógica que se pode extrair desses fatos, que em sua maioria parecem comprovados, é que talvez alguns dos guardiães da Torre, ou inclusive os próprios muros, as próprias pedras do recinto, possuam alguma força, uma espécie de poder mental, capaz de fazer aparecer os espíritos dos que morreram violentamente. Mas, será que isto é possível? O Poder da Mente SUGESTÃO, HIPNOTISMO E MAGNETISMO, TRÊS PODERES MENTAIS DE GRANDE IMPORTÂNCIA O QUE É O PSIQUISMO TRANSCENDENTAL O psiquismo transcendental abrange todas as manifestações do espírito, em estados que se afastam, do que se considera como normalidade, em que são oferecidas provas incontestáveis, embora inconclusivas, de seu poder de irradiação, de sua lucidez, de sua penetrabilidade, de sua perceptibilidade. A estes estados denomina-se sugestão, hipnotismo e magnetismo. SUGESTÃO A sugestão é um estado em que o espírito experimenta permanentemente as sensações ou idéias que lhe são sugeridas. A sugestão aqui referida é a anormal. Sugerir é inculcar uma idéia em outra pessoa, seja de que tipo for. Sugestão é o estado em que se tem como certa a idéia sugerida, que como tal é preconizada. Quando uma criança nasce, a primeira coisa que os pais fazem é sugerir-lhe a idéia de sua paternidade. Depois, Roger Baum de tudo quanto a rodeia e, mais tarde, de seus deveres infantis. A criança cresce, vai para a escola e o professor sugere-lhe a idéia das letras, dos números, da escrita e outras disciplinas. Cresce mais ainda e seus amigos, e também seu amado ou amada, constantemente lhe sugerem novas idéias que se arraigarão, ou não, em sua mente. A pessoa pode, ou não, acreditar nas sugestões que lhe são apresentadas, dependendo de que isto fique sugerido em maior ou menor grau. Assim funciona o mecanismo da sugestão e, em conseqüência, do espírito. Esta é a sugestão normal, que pode calcar-se no critério pessoal e no raciocínio, e que, baseando-se nas idéias sugeridas e admitidas como certas, pode remontar ao ideal indutivamente e descer aos detalhes dedutivamente. SUGESTÃO ANORMAL A sugestão anormal ou paranormal é a que viola toda idéia sugerida e admitida como boa e certa, criando um meio fictício e um estado extranormal no indivíduo sugestionável e sugestionado. O mecanismo desta sugestão paranormal é exatamente igual ao da normal, mas os resultados são muito diferentes. Para produzir a sugestão mental em condições paranormais, é preciso ter ascendência sobre a pessoa a sugestionar e, conseqüentemente, lograr que a referida pessoa renuncie à sua liberdade, voluntária e decididamente. O Poder da Mente Então, apresenta-se aquilo que se conhece como “estado de individualidade”, ou seja, a passividade no juízo, no raciocínio e na volição, e a concordância absoluta com as idéias que são sugeridas à pessoa. Depois desse estado vem o da sugestão total, que é a credulidade cega e absoluta com relação a quanto lhe indique o sugestionador. O agente sugestionador começa dizendo à pessoa, por exemplo, que está fazendo muito frio, um frio intensíssimo, e a pessoa, se tiver sido bem sugestionada, começará a tremer e a procurar algo com que se resguardar do frio que se apodera de seu corpo. Este estado apresenta uma particularidade que lhe dá uma importância muito grande, consistindo em tudo aquilo que, no estado de vigília ou sugestão normal, apreende-se com dificuldade, aqui se aceita com extrema facilidade. Por exemplo: dificilmente se fará com que um alcoólatra passe a detestar a bebida mediante uma sugestão normal, mas na paranormal ele entenderá perfeitamente os argumentos contra a bebida e renunciará a ela, o que dá a idéia do poder benéfico da sugestão paranormal bem aplicada. Uma idéia da razão de ser do fenômeno que descrevemos pode ser alcançada se nos fixarmos no que acontece com a sugestão normal. Os dois mecanismos são idênticos. Pois bem: que motivos uma criança tem para crer que seu pai é Ernesto e não Miguel? E que motivos tem para acreditar que o A não é o J e vice-versa? Que motivos tem para saber que o verbo não é o substantivo, Roger Baum nem este a preposição? Somente o fato de que foi colocada em sua mente a semente da sugestão. Uma vez bem sugestionado, por mais que se diga ao menino que seu pai é Miguel e não Ernesto, ele jamais acreditará.Toda informação contrária se desmoronará ante a convicção adquirida pela sugestão. Para tirá-lo de tal convicção será preciso sugestioná-lo de novo, colocando-o previamente em estado de credulidade, o mesmo no qual se achava no início da sugestão normal. O que acabou de ser dito sobre o sugestionador e o sugestionado é aplicável conjuntamente à pessoa do sugestionado, ou seja, alguém pode se auto-sugestionar, coisa que fazemos com muito mais freqüência do que percebemos. Por exemplo: pensamos na realização de um plano e damo-lo por realizado com tais características de certeza, que podemos dizer que o assistimos avançar de fase em fase, até chegar à conclusão, vendo-o, apalpando-o. Este é um fenômeno de sugestão própria, ou seja, de auto-sugestão. Em outras ocasiões, a auto-sugestão não é tão alentadora: quando pensamos, por exemplo, na morte de uma pessoa querida ou odiada, ou ainda em perseguições das quais podemos ser vítimas, estas auto-sugestões são tão funestas que podem conduzir à monomania e à esquizofrenia. Portanto, é necessário precaução contra as sugestões e as auto-sugestões, tanto mais porque é muito difícil determinar onde termina a sugestão normal e onde começa a paranormal. O Poder da Mente CURANDEIRISMO É na sugestão paranormal, mais do que na normal, que entra em ação o curandeirismo. Denominam-se “curandeiros” os que curam enfermos, ou tentam curálos, sem terem estudo de medicina ou outro título para tal. Na melhor das hipóteses, utilizam-se de beberagens à base de ervas e outros expedientes similares. Na maioria das vezes, as curas ocorrem pela simples imposição das mãos. Sem receio de exagero e sempre dentro da crença em sua existência real, Jesus Cristo, que viveu dois mil anos atrás, foi o maior curandeiro que já existiu. A ciência mística afirma que se trata de milagres, e efetivamente tal foi o caso por se tratar de situações de cura por meios paranormais, ou seja, que escapam à compreensão e à realidade do materialismo. Diz-nos o Evangelho de Mateus: Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando a boa nova do reino e curando toda enfermidade e toda doença no povo. E sua fama se estendeu por toda a Síria e lhe traziam todos os que padeciam de algum mal, os que se queixavam de diferentes enfermidades e dores, endemoniados, lunáticos e paralíticos, e os curava. (...) Roger Baum E então um leproso, aproximando-se, postouse diante dEle dizendo: “Senhor, se queres, podes limpar-me”. E Ele, estendendo sua mão, tocou-o dizendo: “Quero, fique limpo”. E imediatamente desapareceu a lepra. Tendo entrado em Cafarnaum, aproximou-se dEle um centurião, suplicando: “Senhor, meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo muito”. E Jesus lhe disse: “Eu irei e o curarei”. E respondendo, disse o centurião: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha humilde morada; dize só uma palavra e meu servo ficará são. Porque também eu sou um subordinado, mas tenho soldados à minha disposição, e digo a um: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e a meu escravo: Faze isto, e ele o faz”. Ao ouvir isto, Jesus se maravilhou e disse aos que o seguiam: “Em verdade, em verdade lhes digo, que em ninguém em Israel encontrei tanta fé. Digo-lhes que virão muitos do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no reino dos Céus; em troca, os filhos do reino serão lançados às trevas exteriores, e ali haverá pranto e ranger de dentes”. Então, disse Jesus ao centurião: “Vai e faça-se contigo segundo creste”. E naquele momento o servo ficou curado. O Poder da Mente Neste caso, achamo-nos ante uma cura a distância, ou seja, com projeção distante do poder mental. Vejamos o milagre da cura da hemorragia, segundo o Evangelho de Lucas: Uma mulher que padecia de fluxo de sangue fazia doze anos, e que gastara com médicos todos os seus haveres, sem conseguir ser por nenhum curada, aproximando-se por detrás, tocou a orla de seu manto (de Jesus), e instantaneamente cessou o fluxo de sangue. Jesus disse: “Quem me tocou?”. Como todos o negavam, disse Pedro e os que o acompanhavam: “Mestre, as multidões te rodeiam e te oprimem”. Mas Jesus disse: “Alguém me tocou, pois me dei conta de que uma força saiu de mim”. Uma força (ou virtude) era sem dúvida o poder emanado de seu cérebro, de sua mente. Deve ser levado em conta, além disso, que somente Lucas (embora os outros Evangelhos também relatem esta cura) se refere à perda de “força” (virtude) por parte de Jesus. Talvez pelo fato de Lucas ser médico? É bem possível. Mateus e Marcos, os outros evangelistas que falam desta cura, não eram médicos (embora os Evangelhos lhes sejam apenas atribuídos, o que indica não haver certeza sobre a verdadeira autoria dos relatos), enquanto Lucas o era, razão pela qual podia estar inteirado do poder mental e seus efeitos sobre o corpo humano e as doenças do mesmo. Roger Baum Curandeirismo existe e sempre existiu em todos os tempos. Em algumas ocasiões, muitos médicos utilizam a hipnose e a sugestão para curar seus pacientes, particularmente quando se trata de enfermidades de caráter nervoso, pois quase todas as pessoas nervosas são altamente sensíveis e, portanto, facilmente sugestionáveis. FASCINAÇÃO A fascinação é outro aspecto da sugestão, e os resultados são os mesmos. Para sugestionar é indispensável utilizar a linguagem oral ou escrita, sobretudo a primeira. Já para fascinar, é necessário impressionar com o olhar de uma maneira súbita, enfeitiçadora e, cintilante, sustentada ou fugaz, segundo os casos. Diz-se, judiciosamente, que o olhar exprime tudo, ou seja, que pelo olhar é possível exprimir as idéias nas quais se baseia a sugestão. Portanto, pelo olhar podemos sugestionar. Esta é uma dedução lógica que não tem réplica, levando-se em conta a primeira premissa. Todo amante compreende o que lhe diz o olhar de sua amada. Toda mãe entende o que seu filhinho quer lhe exprimir com o olhar. Todos nós entendemos no olhar do próximo o amor, o ódio, a incompreensão, o interesse. Existe aqui, todavia, um dilema: compreende-se que a sugestão repetida inculca uma idéia que acaba por O Poder da Mente formar um estado, mas não se compreende tão depressa que o olhar obtenha os mesmos efeitos. Qual será o processo que se dá? Observemos o efeito que um olhar produz em nós. Aparentemente, quem nos olha não nos envia nada de material, quer nos olhe com amor, com ódio, com interesse etc. Entretanto, sentimos terror, carinho, simpatia, bemestar, atração, submissão, respeito, indiferença e outros estados de ânimo, segundo os olhares recebidos, que iniciam em nós uma comoção involuntária. Dizemos que um olhar nos impressionou e isto é uma grande verdade. Mas por que é que nos impressionou, por que tocou tanto nossa sensibilidade? Simplesmente porque por meio do olhar nos é transmitida uma força vigorosamente ativa, capaz de fazer com que o sistema sensorial vibre mais rápido ou mais lentamente do que o normal. COMO AS IMPRESSÕES EXTERNAS ATUAM É do conhecimento geral que o ser humano é dotado de cinco sentidos, por meio dos quais percebe todas as sensações externas e exterioriza os próprios sentimentos. Com efeito: por meio dos olhos o ser humano vê os objetos, por meio dos ouvidos escuta os sons, por meio do nariz capta os odores, fala e degusta pela boca, e por meio das mãos, dos pés e de toda a pele percebe os objetos. Roger Baum Mas é necessário nos aprofundarmos mais na questão e compreender como se vê, se ouve, se fala, se degusta, se apalpa e se cheira. Referem-se aos olhos, à boca, ao nariz, às mãos etc., os fenômenos perceptivos mencionados, não porque tais órgãos vejam, ouçam ou falem, mas sim porque neles estão radicados nervos encarregados de conduzir ao aparelho sensorial comum, que é o cérebro, as respectivas impressões, de forma que se as sensações chegassem ao encéfalo por outros meios, os referidos órgãos ficariam sem utilidade. É preciso levar em conta também que sensações como o som ouvido e o sabor degustado não afetam os olhos, os ouvidos ou o paladar de uma maneira particular e privativa da respectiva sensação, mas sim de modo geral e comum a todas as sensações, que é a vibração, ainda que cada som e cada visão tenham em si um número distinto de vibrações. Dito com outras palavras: todas as impressões que chegam ao encéfalo ou centro sensório comum são como as do tato quando se toca um pedaço de gelo e um carvão em brasa, que podem variar com respeito ao ritmo ou sensação da impressão, mas não com respeito à sua natureza, posto que todas as sensações procedem do contato com o objeto. Conseqüentemente, ver, ouvir, falar, degustar, cheirar e apalpar resultam de sensações que são os efeitos de modos vibratórios, tal como se obtêm diferentes sons de uma guitarra segundo a corda que se toque, ainda que o impulso dado à corda seja o mesmo para todos os tons. O Poder da Mente Isto compreendido, já é possível entender os efeitos do olhar, pois este fica reduzido a um maior ou menor impulso dado a nosso sistema nervoso, como uma sacudidela produzida pela força impulsiva da vontade própria ou alheia, refletida por meio dos órgãos da visão, como outra sacudidela de igual origem é a que reflete nossa voz, nossa mão num golpe e nosso paladar num asco. Claro está que essa sacudidela nos afeta de maneira ativa, produzindo um estado de consciência em consonância: se nos afeta de modo passivo, passivo também será o estado que produzirá em nós, e assim sucessivamente com todos os demais. Conclui-se, então, que o estado psíquico em que nos revelamos estará sempre em consonância com o meio que nos circunda, provocado por sugestão ou causado pela auto-sugestão. Pois bem: se o olhar é um modo de manifestação como outro qualquer, e seus efeitos podem ser e são tão radicais como os da voz, tudo quanto foi dito antes é aplicável ao caso, visto que a sugestão e a fascinação, no fundo, são a mesma coisa. Além do olhar, qualquer objeto brilhante também pode servir como agente fascinador. A luz é a força vibratória que se comunica com o encéfalo pelo nervo óptico, e toda luz pode decompor-se em prismas ou feixes de maior ou menor vibração, segundo o objeto que lhes sirva de interferência. Logo, o resultado em todos os casos será o mesmo que o dos efeitos do olhar. Na realidade, também existe a autofascinação, da mesma forma como existe a auto-sugestão. Roger Baum HIPNOTISMO Se a fascinação é uma fase da sugestão, o hipnotismo transcende a ambas. Ao transpor os limites da credulidade e da sugestão, entra-se num período de sonolência que, em progressão crescente, chega ao sonambulismo lúcido. Os fenômenos que o sono em tal estado apresenta são tão variados e ricos, que sua descrição não será apresentada agora, bastando dizer, por enquanto, que o estado hipnótico confunde-se freqüentemente com o magnético. O hipnotismo transcendente da sugestão origina-se, como esta, da submersão do indivíduo em transe profundo, mediante um contínuo fluxo de idéias, como que emanadas do hipnotizador e refletidas pelo sujeito, sempre refletindo a vontade do primeiro – a não ser que o segundo tenha chegado ao sonambulismo lúcido. Neste caso, terá tornado-se independente de seu tutor, seu guia, para agir por conta própria, e de modo certamente bastante perigoso, pois a pessoa adquire faculdades muito extraordinárias, em geral inconcebíveis e não apreciadas. Quando a pessoa volta ao estado de vigília, pode recordar ou não o que se passou. Finalmente, toda pessoa hipnotizada, como a pessoa fascinada, demonstra vontade fraca e pode sofrer de um transtorno nervoso de suma gravidade se não for comedida e, sobretudo, rigorosa com o hipnotizador. O Poder da Mente MAGNETISMO Ainda que semelhante ao hipnotismo nos fenômenos menos transcendentais e idêntico nos transcendentais, o magnetismo diferencia-se daquele radicalmente, tanto em sua forma de atuar como na origem dos fatos que representa. Assim como a fascinação é conseguida pelo olhar e com o uso de um objeto brilhante, o magnetismo é provocado por passes ou sopros. Dá-se o nome de “passes magnéticos” à imposição de mãos sobre a cabeça da pessoa e às correntes fluídicas que se estendem da cabeça aos pés ou aos braços e mãos, tendo o magnetizador as mãos estendidas com as pontas dos dedos um pouco para baixo. Os passes transversais são os que o magnetizador aplica levando as mãos completamente estendidas e dando as correntes transversais como indica a palavra. Estes passes são utilizados para desvirtuar tudo que se fez mediante os passes longitudinais. A teoria dos passes baseia-se na certeza de que o homem irradia uma força, a força nêurica ou teúrgica, que atua sobre o caráter homogêneo da pessoa e produz a aceleração ou desaceleração no ritmo das vibrações. Aplicam-se as mãos porque se admite que os pontos pelos quais melhor flui esta força são as palmas das mãos e as pontas dos dedos. Usam-se também sopros cálidos ou frios, e suaves ou fortes, com igual finalidade e idêntico motivo. Roger Baum Quando o magnetizador atua sobre uma pessoa, sua intenção é somente a de magnetizá-la. Quando deseja acabar com este estado, sua vontade deve ser manifestada de igual maneira. Ou seja, não há interferência da vontade do magnetizador em toda a gama de fenômenos que a pessoa venha a produzir durante o seu período de magnetização; estes fenômenos têm de ser livres, espontâneos e comprobatórios da faculdade de quem os provoca, sendo, pois, os mais estimados entre todos os das diferentes séries que a parapsicologia estuda. OUTROS ESTADOS DERIVADOS DO PODER DA MENTE LETARGIA U m dos primeiros fenômenos que se apresenta no hipnotismo e no magnetismo é o da letargia, que consiste na insensibilidade que permite, por exemplo, furar a pele com uma agulha, ou cauterizá-la com ferro incandescente, sem que a pessoa sinta dor. No estado letárgico chega a ser possível atravessar a pessoa com uma espada sem que brote sangue pela ferida, ou que o paciente apresente qualquer queixa. O Poder da Mente Esta espécie de anestesia tem seu oposto na hiperestesia, que é outro dos fenômenos que estão subjacentes ao magnetismo e ao hipnotismo, e que consiste em causar feridas, hemorragias, tatuagens etc., sem tocar na pessoa, e só por efeito da vontade, ou seja, com o poder mental. O doutor Borjón relatou o seguinte caso: Outro dia, depois de adormecer a pessoa, um dos professores escreveu o nome dela com um estilete sobre os dois antebraços, dizendo-lhe: “Esta noite, às quatro horas, você dormirá e sangrará pelas linhas que acabo de traçar em seus braços”. Na hora mencionada, a pessoa adormeceu, os caracteres traçados na pele apareceram em relevo e em vermelho vivo, e apareceram gotas de sangue, assinalando o traçado. Com relação à forma de atuar, o mecanismo é o mesmo que os apresentados para a sugestão, a fascinação e o hipnotismo, ou seja, o poder mental. CATALEPSIA Como a letargia, a catalepsia pode ser parcial ou total. Nos dois casos, a parte afetada adquire a rigidez e a resistência do aço. É possível moldar o corpo às formas Roger Baum mais violentas e anormais, sem receio de que a pessoa mude-as. Ela permanecerá da forma como foi deixada até permanecer a vontade expressa do hipnotizador. Nesse estado, produz-se a insensibilidade. Outra curiosidade que este fenômeno oferece é a de permitir colocar a pessoa em estado de hemicatalepsia, condição em que um dos lados permanece insensível, letárgico, enquanto o outro não. Tanto para a catalepsia como para a letargia é necessário que a pessoa não tenha mergulhado nos graus mais profundos da hipnose, inclusive estando desperta e se dando conta do que acontece. Em contrapartida, o mesmo não ocorre quando o fenômeno é originado por magnetismo, já que neste todas as manifestações devem ser precedidas de um sono profundo. SONAMBULISMO Com o sonambulismo, inicia-se a série de fenômenos hipnóticos nos quais a pessoa não se dá conta do que faz. Na realidade, este estado não é peculiar a nenhum fenômeno mencionado anteriormente – é a todos. O que se pode verdadeiramente garantir é que em determinado grau apresenta-se a lucidez e o êxtase religioso, casos estes que não têm nada de absoluto, posto que o primeiro abarca numerosas fases e o segundo é tão intenso quanto o desejo do hipnotizador. O Poder da Mente DESDOBRAMENTO DA PERSONALIDADE Sem o desdobramento da personalidade não se explicaria a grande quantidade de fenômenos que justamente mantêm este campo de ação, ultrapassando os limites da pessoa. Nos desdobramentos, surge da pessoa uma forma fluídica, vaporosa, que é o que os ocultistas chamam de astral, e que constitui indiscutivelmente o agente da sensibilidade e da percepção muito além do sistema nervoso. Garantem os videntes que este duplo, que se exterioriza em forma de torvelinhos, normalmente ocupa uma distância mais ou menos afastada do organismo físico, aparentando radiações, enquanto outras vezes vai até onde deseja ir em graus mais profundos da hipnose, ou seja, no sonambulismo lúcido, e lá para onde se dirige o hipnotizador ao chegar a este estado. Na verdade, só assim se explicam as simpatias e antipatias insuperáveis, aparentemente injustificadas, visto que não se baseiam nem na beleza nem na sabedoria, nem no favor recebido ou em outra causa objetiva. Seja ou não assim, o certo é que sem prévio desdobramento da personalidade não dá para entender muitos fenômenos, entre os quais podem consignar-se os registrados na história, como a ubiqüidade de Jesus Cristo, Santo Antônio de Pádua, São Francisco de Assis e outros, sem falar nos casos de Apolônio de Tiana, Swedenborg, Franz Haller, e assim sucessivamente, preenchendo uma extensa lista. Roger Baum PERDA DOS CINCO SENTIDOS Um fato curioso observado em todas as pessoas é a percepção de que, da mesma forma como é possível dar aos sentidos maior agudeza perceptiva, também é possível anular, ao menos em parte, sua percepção. No momento em que uma pessoa está para ser desperta da hipnose, ordena-se: “Você vai esquecer completamente tudo que aconteceu”. Em seguida, desperta-se a pessoa. Ela não se recordará de nada, absolutamente nada do que um minuto antes estava fazendo, ou por que estava passando, ainda que incitemos sua memória apontando os fatos ou relatando-os detalhadamente. “Quando você despertar, terá esquecido o que acabo de lhe dizer, mas tal dia e tal hora você fará isto e aquilo...” Dizendo isso a outra pessoa, por exemplo, a despertamos. De volta ao estado normal, a pessoa não recordará senão que tal dia e tal hora terá de executar o ordenado. Pois assim como a memória, pode-se fazer desaparecer a visão. Se o hipnotizador ordena a uma pessoa que ao despertar não veja determinada letra, tal objeto, tal homem, ela ao despertar não os verá, por mais empenho que ponha nisso e mesmo que esteja constantemente vendo o que não deve ver. O mesmo acontece com os demais sentidos, e tudo isto pode acontecer igualmente no estado de vigília como no de sonambulismo, e imediatamente após a crise hipnótica ou só depois de alguns O Poder da Mente dias ou meses. O professor Ochorowitz realizou estes experimentos com grande êxito, inclusive fixando um prazo de três meses para a execução de suas ordens. AÇÃO DO MAGNETISMO A DISTÂNCIA E A PRAZO FIXO Quando um hipnotizador ou magnetizador domina a mesma pessoa várias vezes, estabelece com ela certa afinidade de domínio que lhe permite, estando a distância, exercer sobre a pessoa o mesmo poder, como se estivesse presente. Basta uma palavra, transmitida mentalmente, para que a pessoa sinta sua influência e obedeça-lhe cegamente. Assim, ao magnetismo une-se a telepatia. Um dos primeiros, na época moderna, a exercer este poder foi o professor Ochorowitz. Ocorreu da seguinte forma: Ochorowitz hipnotizava uma senhora para curá-la de sua doença, e certo dia não pôde chegar à hora costumeira para dar-lhe as oportunas sugestões. Indo visitar outro enfermo, ocorreu-lhe no caminho deixar adormecida a senhora em questão, ordenando-lhe que dormisse três horas, ao cabo das quais deveria acordar, vestir-se e ir vê-lo em seu consultório, levando consigo a receita feita no dia anterior. Ochorowitz anotou minuciosamente a hora em que tinha efetuado a sugestão, que era dez da manhã, continuou seu caminho e retornou para casa ao meio- Roger Baum dia e meia. Às duas, chegou a enferma com a receita nas mãos, e relatou-lhe que às dez horas tinha adormecido, enquanto lia um romance de Júlio Verne (autor que, entre parênteses, nada tem de soporífero), que despertara à uma hora, e que não sabia por que teve vontade de vestir-se e ir visitar o médico, levando a receita que ele tinha-lhe dado na véspera para ver se desejava modificá-la. Quer dizer, a sugestão tinha cumprido-se em todas as suas partes. Depois, Ochorowitz experimentou a sugestão a distância muitas vezes, sempre com grande êxito, assim como o fizeram Richet, Rochas, Iodka e outros. Tudo confirma a afirmação de que o poder da mente sugestiona e hipnotiza a distância. SEGUNDA PARTE O DESENVOLVIMENTO DOS PODERES PSÍQUICOS A o se falar dos poderes mentais, é muito natural desejar saber de que forma eles podem desenvolver-se, e ainda que não seja este o propósito da presente obra, será realmente conveniente discorrer um pouco acerca da melhor maneira de ficarmos predispostos a esse desenvolvimento. O Poder da Mente OS FENÔMENOS ESPONTÂNEOS Para começar, é oportuno dar algumas noções de caráter geral a pessoas que tenham experimentado fenômenos espontâneos em estado de vigília e àqueles que tenham tido sonhos especiais, que julgam ter um significado particular, embora sem compreender qual seja. Estes fenômenos espontâneos costumam pertencer ao tipo mais simples de mediunidade, embora, na realidade, sejam ao mesmo tempo um indício de poder psíquico, apesar de pouco terem a ver com as verdadeiras mensagens mediúnicas. São o resultado de certos poderes internos. Quem experimenta fenômenos desta natureza deve manter a saúde física na melhor condição possível, a fim de que suas energias não se esgotem e para que o corpo possa continuar são e a mente clara para seus juízos e critérios. É essencial não recorrer a nenhuma espécie de estimulante. Isto se aplica não só ao álcool, como ao chá e ao café, sem falar nas drogas de qualquer classe, visto que excitam os nervos e a imaginação, e amiúde originam manifestações que não são fenômenos psíquicos autênticos, mas somente resultado de transtorno nervoso. Por outro lado, é recomendável utilizar frutas em geral, sobretudo as ácidas, como a pêra, o pêssego, a maçã, a cereja e o limão ou a laranja, uma vez que o sumo dessas frutas atua sobre o fígado e limpa o sangue. Naturalmente, estas precauções só devem ser adotadas pelos que desejam Roger Baum participar seriamente destes estudos, estando decididos a experimentar os fenômenos mais importantes. É preciso exercitar a mente em todos os canais saudáveis. Não há por que ficar “matutando” excessivamente ou refletindo em demasia sobre as próprias condições mentais. É preciso aprender a viver fora da cabeça, digamos assim, ou seja, no cosmo. Não é preciso ficar se perguntando continuamente o que acontece no cérebro, pois, caso contrário, seguramente a pessoa tropeçará em dificuldades. Em resumo: é preciso levar uma vida sadia e ativa e, nos repousos necessários entre os fenômenos experimentados, pensar o menos possível. AS CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO Para conseguir determinadas manifestações, não é recomendável, por um lado, sentar-se e esperar por elas ou, por outro, tentar obtê-las durante mais de vinte minutos ou meia hora todos os dias. No início, bastam cinco minutos ou no máximo dez. Este período de tempo pode ir se ampliando em paralelo com os progressos alcançados. Isto é especialmente importante, e deixar de cumprir esta regra é uma das grandes razões dos perigos a que se vêem expostos os médiuns. Supondo que alguém lhe apareça e dê conselhos com relação ao caminho a seguir, certamente, não é prudente obedecer sem examinar se é justo ou sensato O Poder da Mente o conselho, sem usar o próprio critério quanto ao acerto desse conselho. Mesmo supondo que quem apareceu seja realmente um espírito (estamos agora falando do poder paranormal de evocar certas entidades espirituais), existe sempre a possibilidade de que se apresente um espírito malicioso ou embusteiro, fingindo dar um bom conselho, quando na realidade só quer enganar. Também cabe a possibilidade de a figura vista ser meramente produto da imaginação do subconsciente. Isto ocorre com freqüência, embora a figura pareça real e o conselho pareça justo. AS CORRENTES CÓSMICAS Existem no mundo algumas correntes cósmicas que vão em todas as direções, correntes de idéias contraditórias que podem penetrar em nossa mente inconsciente, inclusive contra a nossa vontade. Algumas correntes são benéficas, enquanto outras são prejudiciais. Certas pessoas são bastante fortes para alcançar êxito contra os maiores obstáculos, enquanto outras conseguem salvar-se parcialmente; mas algumas não se salvam de jeito nenhum. Por este motivo, ocorrem êxitos e fracassos na vida. Em parte, isto depende das influências externas, e em parte de nós próprios. Não somos capazes de controlar as influências externas, exceto de maneira indireta, por meio de nós mesmos. Roger Baum COMO CONSEGUIR ÊXITO NA VIDA Essa é a explicação para uma grande falha que muitas pessoas cometem, imaginando que sempre podem conseguir que as circunstâncias ajustem-se à sua vontade e conveniência. Mas isto só é verdade em parte. O certo é que jamais devemos querer exercer nosso poder mental sobre os demais, mas sim sobre nós mesmos, de maneira que isto nos faça mais fortes, mais positivos, mais capacitados e mais eficientes; e é assim, ao nos desenvolvermos neste sentido, que obteremos o triunfo. A melhor maneira de controlar as circunstâncias é controlar as nossas forças internas, a fim de chegarmos a ser melhores e mais competentes, com o que já gravitaremos para melhores circunstâncias. É preciso recordar que “o semelhante atrai o semelhante”. E como disse o doutor Larson: As pessoas que fracassam e continuam fracassando, fazem assim porque a força de sua mente se acha habitualmente em estado negativo, ou é mal orientada. Se o poder mental não atuar positivamente e de maneira construtiva, visando a um determinado objetivo, a pessoa não consegue triunfar. Se a mente não for positiva, é negativa. As mentes negativas flutuam ao sabor da corrente. Devemos nos lembrar de que estamos no centro de todo tipo de circunstâncias, algumas a nosso O Poder da Mente favor e outras contra nós. Temos que traçar nosso caminho ou vagar à deriva, conduzidos pela corrente. Quase todas as correntes da vida humana fluem para o mundo comum e inferior. Portanto, ao se deixar levar pela corrente, o indivíduo decai e o objetivo proposto fracassa. AS TRÊS LEIS DO ÊXITO Para conseguir êxito mental e espiritual (a mesma regra aplica-se ao êxito material) é necessário observar três regras fundamentais: (a) Ter idéia clara do que se deseja. Sem objetivo definido, não é possível alcançar grandes triunfos, posto que a pessoa desperdiça energias rodeando o problema, sem se dirigir ao ponto determinado. (b) Ter pensamentos positivos e não negativos, o que não significa cerrar os dentes, franzir o cenho e querer dominar o mundo. Significa, ao contrário, possuir calma e serenidade, segurança consigo mesmo e a convicção íntima e certa do triunfo. Fisicamente, este estado de coisas pode ser experimentado como uma sensação de todo o sistema nervoso. (c) Todas as idéias têm de ser construtivas, ou seja, edificantes e tendentes ao objetivo a ser alcançado. Se o indivíduo gastar uma pequena fração que seja de sua energia pensante em outra direção qualquer, ele não Roger Baum poderá pretender ir muito longe em seu objetivo. Pensar construtivamente significa que é preciso ter idéias coerentes e contínuas sobre aquilo que se deseja conseguir. Quanto mais cedo se aprender isto, mais cedo se alcançará o êxito. Os obstáculos da vida atual oferecem grandes dificuldades. Até certo ponto, no entanto, podem ser considerados como apoios para o caráter e o progresso, pois quanto mais obstáculos tiver que superar, mais forte será o caráter da pessoa. Ao mesmo tempo, pode-se cair no exagero, e sempre se paga caro por isto. ARRASTADOS PELA MARÉ Quando se faz o melhor visando a conseguir algo – e todo mundo sabe interiormente quando trabalha bem – e as dificuldades parecem multiplicar-se ante o progresso realizado, sob certas condições pode-se supor que não é este o momento apropriado para buscar aquele objetivo, razão pela qual é prudente considerar que as circunstâncias estão impedindo exatamente que marchemos para um desastre. É possível ver-se arrastado pelas correntes em vez de poder tirar proveito delas. AGINDO EM PROL DO BEM-ESTAR FINAL Existem certas correntes cósmicas que se entrecruzam em todas as direções através do universo psíquico. O Poder da Mente Quanto mais sensíveis ou receptivos formos a elas, mais perceberemos quanto a nossa vida é guiada e dirigida por um controle inteligente, maior que o nosso. Todos cremos saber exatamente o que queremos fazer, e o que é melhor para nós, mas nem sempre é assim. Para uma mente mais ampla e mais abrangente que a nossa, o contrário do que queremos poderá parecer melhor para nosso bem-estar final. Assim, é muito possível que nossas experiências dolorosas possam ser interpretadas como tendentes a nos conceder, posteriormente, o bem-estar. COMO ESTAS LEIS SE APLICAM AO DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO Pois bem: vamos agora aplicar o que acabamos de dizer ao desenvolvimento psíquico. Sabemos que existem forças magnéticas e espirituais que atuam sobre nós, provenientes de diferentes direções, no mundo todo. Algumas são positivas, outras não. Temos que aprender a ser sensíveis às correntes benéficas e a fechar a mente às maléficas. Como conseguir isto? Em primeiro lugar, é necessário que o estudante realmente interessado em obter esta orientação faça certos sacrifícios. Ele não pode estar no mundo e, ao mesmo tempo, alcançar a perfeição espiritual. O cultivo do Eu espiritual não é o mesmo que o cultivo do Eu psíquico. Roger Baum REGRAS A SEGUIR 1. Antes de tudo, é necessário cuidar da saúde. Caso contrário, a pessoa pode chegar a um esgotamento nervoso e à obsessão. 2. É necessário conservar o bom senso bem nítido, bem como o interesse pelas coisas do mundo. Caso contrário, o juízo fica desequilibrado. 3. É necessário cultivar a simpatia, a harmonia e o interesse em relação ao próximo. 4. É necessário cultivar a sensibilidade pessoal por meio das linhas psíquicas comuns, mediante alguns exercícios especiais. Depois de alcançar alguns fenômenos psíquicos, seremos muito mais receptivos do que antes. 5. É preciso cultivar constantemente o que poderíamos chamar de “uma atitude de escuta da alma”. Quando houver dúvida a respeito de alguma questão, a pessoa deve retirar-se para um local tranqüilo e perguntar a seu Eu mais elevado qual o caminho a seguir. De início, as respostas serão vagas e indefinidas, mas, à medida que se progride no desenvolvimento, elas irão tornar-se cada vez mais claras. Mediante o progresso nesse ponto, a pessoa sentirá como as correntes cósmicas circulam através dela e, isto alcançado, será apenas uma questão de desenvolvimento pessoal. O Poder da Mente O CULTIVO DOS DONS ESPIRITUAIS E PSÍQUICOS E xistem duas maneiras de considerar os fatos: observá-los de fora ou experimentá-los a partir de seu interior. Ao contemplar um limão, observamo-lo a partir do exterior. Jamais poderemos experimentá-lo a partir de seu interior, a menos que nos tornemos como o limão. Só a mente pode experimentar sensações semelhantes. Nossa mente pode experimentar interiormente e ver objetivamente as suas sensações. Pelo que sabemos, no mundo todo só ela é capaz de realizar tal coisa. Toda experiência psíquica é, conseqüentemente, interior ou sensitiva. Jamais alguma outra pessoa que não o próprio indivíduo pode senti-la, embora essa experiência permita que ele aprenda e compreenda o estado mental que outra pessoa vivencia. O mesmo sucede com os fenômenos psíquicos. Se alguém experimenta um fenômeno deste caráter, não pode compartilhar esse conhecimento com as outras pessoas, salvo de modo indireto. Para que os outros compreendam o fenômeno, terão de também experimentá-lo por si mesmos. Roger Baum Por este motivo é tão difícil para as pessoas dotadas de acentuado psiquismo expressar e explicar para os demais o caráter e as sensações dos fenômenos que vivenciam. Como tudo é sumamente simbólico, e nossa linguagem é muito pobre na expressão de tais símbolos, amiúde se torna muito difícil explicar exatamente o que significam ou representam. O DESENVOLVIMENTO DOS PODERES PSÍQUICOS Ainda ignoramos o que são, na realidade, os poderes psíquicos. Eles podem até ser hereditários, compreendendo três ou quatro gerações, como qualquer outro dom físico. Em algumas pessoas, este poder aparece já na infância, como integrante de sua constituição. Não obstante, a maioria das pessoas desenvolve posteriormente esse poder, como resultado dos experimentos, ainda que, em muitos caso manifeste-se primeiro o poder mental, dando lugar a manifestações de pouca importância, como a adivinhação de algum fato, ou a profecia de uma morte etc. Existem pessoas que conservam o poder durante toda a vida. Outras só o experimentam durante alguns anos ou alguns meses e, em alguns casos raros, durante apenas alguns minutos. Em certos casos, o poder mental termina repentinamente, em outro perde-se gradualmente, com o passar dos anos. É por isso que muitos médiuns espíritas ou sensitivos exibicionistas recorrem à fraude, quando vão perdendo o poder. O Poder da Mente CONTROLE DOS FENÔMENOS Quando se obtêm fenômenos psíquicos, seja qual for o caráter dos mesmos, ainda se está fazendo experiências com forças e leis desconhecidas, que ainda se ignora em que consistem, tal como os primeiros cientistas experimentaram a eletricidade. De todo modo, é possível atualmente controlar a eletricidade de maneira perfeita. Isso permite supor que, com o tempo, também será possível controlar os fenômenos psíquicos, embora ainda não seja conhecida a essência interna do poder psíquico. Se o conseguirmos, será com base no trabalho. EXERCÍCIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PODER MENTAL Todos os exercícios mentais contribuem para desenvolver o poder da mente até certo ponto, embora em diferentes direções. Apresentamos aqui alguns métodos que podem ser seguidos para o cultivo e o desenvolvimento do Eu psíquico e do centro espiritual do nosso ser, distintos dos fenômenos puramente físicos. Antes de tentar controlar as forças externas, é fundamental compreendermo-nos e aprendermos a exercer autocontrole. Pode-se aprender muito por meio da chamada “introspecção”, ou seja, a atenção para com o Eu interior. Roger Baum Se o fizermos fechando os olhos, experimentaremos uma sensação especial gerada pela descoberta da verdadeira natureza do Eu interior. É possível descobrir, por exemplo, que a referida sensação nos ilude constantemente, como a felicidade, e quando alguém crê ter atingido o Eu, na verdade tratase de um estado mental passado, que resta apenas como recordação. É conveniente praticar a introspecção alguns minutos todos os dias. Você surpreenderá-se com o amplo desenvolvimento nesta área, aumentando ainda mais a capacidade de entrar em contato consigo mesmo. O Eu interior fica como que iluminado. O DOMÍNIO DO EU Esta prática conduz ao hábito de escapar das percepções sensitivas, ou dos sentidos, às quais todos nós estamos mais ou menos escravizados. Quando alguém foge das referidas percepções e consegue retrair-se mais e mais em si mesmo, experimenta uma sensação de realidade e a capacidade de perceber a verdade das coisas de forma jamais sonhada. A verdade existe. Não a percebemos pelo simples motivo de existir, entre ela e nós, o véu dos sentidos. Se erguermos o véu, perceberemos a verdade com clareza meridiana, como vista à luz do dia. O Poder da Mente O domínio sobre o Eu põe o indivíduo em contato com as grandes correntes de força magnética do Universo, de modo que ele não se sente mais esgotado nem necessita de energia nervosa. O Universo é uma fonte ilimitada de energia. Só precisamos aprender a aproveitá-la, condição a ser alcançada mediante métodos de desenvolvimento psíquico utilizados, na quantidade conveniente. COMO O ESPÍRITO NOS UNE Com o aumento do desenvolvimento espiritual, percebemos que existe irmandade universal e que nada se acha separado do resto. Não estamos separados do nosso próximo. Estamos todos unidos na grande Inteligência universal e infinita que tudo combina. Com respeito a isso, cada um de nós é, aparentemente, um ser separado cujas folhas sussurram entre si e cujos ramos se roçam uns nos outros aos impulsos da brisa, amiúde entrelaçados uns com os outros. Da mesma maneira, estamos unidos no Universo espiritual, do qual fazemos parte. Psiquicamente, estamos todos unidos uns aos outros. A MEDITAÇÃO A meditação pode ser considerada como um método por meio do qual despertamos nosso Eu interior e, freqüentemente, também nossos sentidos espirituais ou astrais, a fim de que funcionem em outro plano. Roger Baum Se este processo de desenvolvimento for efetuado corretamente, ergueremos muros de poder ao nosso redor que os outros não poderão derrubar nem mediante influências mentais ou hipnóticas, embora desejem fazê-lo. Estaremos recobertos por uma esfera de energia através da qual nada passará contra a nossa vontade. O PODER DO PENSAMENTO Todos os pensamentos que enviamos ao Universo têm um propósito definido e exercem certo efeito, tanto sobre nós mesmos como sobre as outras pessoas. Os pensamentos são substância sólida. Podemos criar um pensamento da mesma forma que podemos construir um automóvel ou uma mesa. Uma vez criado, é impossível prever quanto tempo durará sua ação ou quando cessará. Se os pensamentos forem bons, generosos e úteis, certamente retornarão a nós como bumerangues, junto com a felicidade e as forças que acumularam de outros de caráter semelhante, em seu vôo pelo espaço. Da mesma forma, os pensamentos maus regressam a nós, e sempre com mais força para o mal. Portanto, é necessário cultivarmos pensamentos elevados, cheios de bondade. Ao se dar conta disso, algumas pessoas passam a ter medo de pensar em tudo, com receio dos efeitos posterio- O Poder da Mente res ou secundários. Isto é um grave erro. A expressão é a primeira lei da vida. Temos de aprender a nos expressar. A diferença fundamental entre um ser vivo e um cadáver é que o primeiro pode se expressar e o segundo, não. Não devemos temer nos expressar com clareza em qualquer sentido. Inclusive, a expressão de nossos sentimentos e de nossas emoções corporais é plenamente justificada. Numa convicção de paixão, nada há de que se envergonhar. O mal é precisamente o abuso de tais paixões ou emoções. O USO DA VONTADE O poder da vontade pode ser utilizado para o bem ou para o mal, pois ele possui uma força enorme em ambas as direções. Num caso, temos, como resultado do exercício de tal poder, vários fenômenos psíquicos, curas maravilhosas e todas as diversas realizações e sucessos deste mundo. No outro, temos os fenômenos de bruxaria, magia negra e atos prejudiciais, ou o próprio crime. Tudo depende do canal ao qual dirigimos a energia de nossa vontade. A alma precisa aprender a descobrir e experimentar por si mesma, antes de considerar-se uma entidade totalmente viva e desenvolvida. Isto compreendido, poderemos dirigir toda a nossa atenção para o cultivo e domínio das energias que possuímos. Roger Baum O AUTODESENVOLVIMENTO ESSENCIAL É necessário o cultivo do Eu e da alma antes de nos dedicarmos ao desenvolvimento dos fenômenos psíquicos. Precisamos aprender a nos conhecer, a conservar um equilíbrio justo e cuidadoso do critério pessoal, da simpatia, da intuição e da compreensão. Se não possuirmos estas qualidades, nunca desenvolveremos um poder mental verdadeiro. Ao contrário, por exemplo no mediunismo, podemos atrair inteligências nocivas ou mentirosas, graças à atração de nossa aura magnética. Portanto, é necessário aconselhar o estudante a praticar os exercícios de autodesenvolvimento antes de cultivar os poderes psíquicos externos. O MEDO E COMO ELIMINÁ-LO H á quem tenha medo do poder mental e por isso não o desenvolva. Neste caso, o indivíduo é seu próprio e pior inimigo. Na maioria das vezes, o homem cria as enfermidades de que padece. Na pesquisa psíquica, constata-se que a maioria das pessoas padece mais pelo medo do que por outra razão qualquer, sendo isto uma emoção depressiva; mas em nove casos de dez, tais temores são totalmente injustificados. Quase sempre a pessoa tem medo por nada. O Poder da Mente Destruiu as pontes antes de chegar a elas... Se tivesse refletido um instante, teria compreendido que as coisas terríveis que ela tanto teme jamais acontecerão, que a maioria das experiências que busca são de natureza tal que não deve temê-las. A FÉ SALVA AQUELE QUE NAUFRAGA O medo não é só inútil, mas também prejudicial, sob dois aspectos: em primeiro lugar, ele ajuda a induzir ou a provocar as condições temidas. Como disse Jó: O que eu tanto temia se abateu sobre mim. Jó pensava e temia tanto certas condições que acabou por criá-las, pois, do contrário, jamais teriam se abatido sobre ele. O professor e filósofo William James deu-nos um exemplo perfeito de como o medo acaba por se apresentar: Suponhamos que estou escalando os Alpes e tenho a infelicidade de me achar numa posição da qual só me pode salvar um grande salto. Como jamais passei por essa experiência, ignoro se possuo a destreza suficiente para dar o salto com êxito. Espero e confio não falhar, e ordeno a meus pés que executem o salto sem dar atenção às emoções subjetivas que talvez frustrariam ou impediriam o salto. Suponhamos que, ao Roger Baum contrário, predominem o temor e a desconfiança ou que me sinta incapaz de fazer algo que nunca fiz; que vacilo. Ao final, cansado pela posição e tremendo, num instante de desespero me lanço, perco o pé e caio no abismo. Em tal caso (e isto é um entre mil), o mais prudente consiste em acreditar no que se deseja, já que a fé é uma condição preliminar indispensável para a realização do objetivo. Existem casos em que a fé cria sua própria verificação e comprovação. “Crê e serás salvo”, “duvida e perecerás”. A única diferença baseia-se, pois, na grande vantagem que a fé oferece. A lição a ser aprendida é que não se deve temer o desconhecido ou o que não se vê, até que haja uma causa real para isto. Só assim a pessoa estará predisposta a experimentar todas as manifestações antes tão temidas. OS EFEITOS NOCIVOS DO TEMOR SOBRE O CORPO Em segundo lugar, o medo exerce efeito destrutivo e deprimente sobre o corpo. Esgota a vitalidade, diminui o ritmo respiratório e incapacita o indivíduo para qualquer tarefa séria, para qualquer trabalho racional. O medo limita todo pensamento de senso comum. O medo deve ser sempre evitado, pois de nada nos serve e prejudica todo mundo. O Poder da Mente Existem dois tipos de medo: o instintivo e irracional e o reflexo ou consciente. O primeiro é uma relíquia do nosso primitivismo ancestral, do qual compartilham todos os animais. Não podemos nos desprender dele, mas em geral, ele é momentâneo e podemos sobrepujá-lo, exceto em raros momentos durante os quais sentimos o impulso de fugir, o que exige expressão imediata. Não obstante, este medo instintivo pode ser dominado pela mente. Após rápida reflexão, a razão nos diz que não há motivo de temor e que devemos nos envergonhar de nós mesmos por termos medo. Também, geralmente, não é este o medo que devemos combater, visto que é mais físico do que mental, e de breve duração. MEDO X RAZÃO O medo consciente mental é o que mais nos atormenta e o que devemos aprender a curar. Em nossa civilização, estamos suficientemente adiantados para saber que tudo é natural, que não há nada sobrenatural, nem mesmo para os que crêem no espiritismo. Devemos forçar nossa mente a meditar e, mediante o exercício da razão e da vontade, não temer tais acontecimentos, mas sim, aceitá-los e agradecer por eles. Por “tais acontecimentos” nos referimos aos fenômenos derivados da telepatia, ou do poder de evocar espíritos durante sessões. Em nenhum desses casos existem motivos de receio. Roger Baum É certo que muitas pessoas ficam inquietas com a escuridão. Sentem medo, como o que muitas crianças e animais experimentam. Um cachorro que entra num quarto escuro latirá e procurará sair dali o mais rapidamente possível. Só o gato aprecia a escuridão e já sabemos que, proverbialmente, os gatos gostam de fantasmas, coisa que não acontece com os cães. É possível que nisso exista mais verdade do que parece. Sabe-se que o diabo ortodoxo é conhecido como “o príncipe das trevas e dos poderes tenebrosos” e que todas as más ações se acham associadas a ele. Por outro lado, Cristo disse: “Eu sou a Luz do mundo”. A luz sempre acompanhou as manifestações espíritas e outros fenômenos ocultistas. O que há a fazer, pois, para impedir o domínio de um pensamento malsão, de um poder maligno, é combatêlo, resistir a ele, fazer-lhe frente, forte e valorosamente, com decisão e calma. Com isso, o poder ou o pensamento se derreterão ante o ataque, como o orvalho se derrete com os raios do sol matutino. EMOÇÕES MALIGNAS Horace Fletcher, no livro A felicidade, diz coisas muito interessantes acerca do medo, que define como “a manifestação de um pensamento assustado”. E “pensamento assustado”, segundo o autor, é: a sugestão, autoimposta ou autopermitida, de inferioridade. É, ao mesmo O Poder da Mente tempo, uma causa e um efeito do egoísmo. É a torneira da maldade. O corpo é um espelho no qual se refletem todos os estados anímicos. Talvez o medo seja uma das condições mentais de caráter mórbido que se reflete com os mais catastróficos efeitos sobre o ser humano. O doutor Jack Tuke, em sua obra A influência da mente sobre o corpo humano, cita vários exemplo autênticos de enfermidades causadas pelo medo e pelo temor. A loucura, a idiotia, a paralisia de vários músculos e órgãos, o suor copioso, o encanecimento prematuro dos cabelos, a calvície, um choque seguido de uma anemia fatal, a má-formação do embrião e até as enfermidades da pele podem ser devidas, em muitos casos, ao medo e a outros transtornos mentais. COMO UMA ENFERMIDADE É PROVOCADA PELO MEDO O medo atua sobre o corpo principalmente paralisando os centros nervosos, de maneira especial os dos nervos vasomotores, produzindo não apenas o tensionamento muscular, como também congestões capilares de toda espécie. É interessante saber que o medo e todas as emoções depressivas de natureza similar servem para constranger ou contrair o corpo, enquanto a alegria, o amor, o altruísmo e todas as emoções de índole elevada Roger Baum provocam relaxamento físico e mental, abrindo todas as portas mentais e psicológicas do organismo. O termo “morrer de medo” não é uma mera expressão, mas sim, fundamenta-se em leis fisiológicas e psicológicas muito válidas. O MEDO É CONTAGIOSO O medo tem o poder peculiar de ser muito contagioso. Em condições adequadas, o medo manifestado por uma pessoa comunica-se instantaneamente a todos os presentes. Todos sentem calafrios ao longo da espinha, ficam com os pêlos eriçados e um suor frio escorre-lhes pelo corpo. Isto demonstra o profundo efeito que esta emoção exerce sobre as funções corporais e também com que facilidade se pode ter medo sem razão. O medo tem o poder de quase parar o coração e de paralisar todo o sistema nervoso. O medo também causa profunda fadiga, como se demonstrou por meio de experiências muito delicadas. Um modo natural e normal de superar o medo em tais condições é abrir a mente à fé e à confiança. Deixemos que as forças físicas combinem-se com a fé e a saúde. Deixemos que finalmente o medo seja apagado, desterrado da mente. Pode-se conseguir isso mediante o raciocínio, mesmo que seja necessário realizar um esforço de vontade. Uma determinada oposição, O Poder da Mente acompanhada de confiança, fé na devida proteção e fé em nossos poderes, serão de grande ajuda para vencer este monstro enorme que é o medo. O MEDO DE SER HIPNOTIZADO O que acabou de ser dito é aplicável à ação das influências hipnóticas, que muitas pessoas temem bastante. Elas temem ser hipnotizadas por algum operador distante e este temor, às vezes, passa a ser uma autêntica fobia. Ninguém pode ser hipnotizado contra a própria vontade por alguém que está longe. Sensações dessa natureza resultam de imaginação exagerada, jamais de influência externa. Um indivíduo sempre se hipnotiza a si próprio, enquanto o hipnotizador limita-se a dirigir seus poderes mentais para certos canais do presumível hipnotizado. Se este resiste à sugestão, como todas as pessoas, em princípio, podem fazer, é impossível que seja hipnotizado. A única condição em que alguém pode ser hipnotizado a distância ocorre quando um operador já hipnotizou a pessoa muitas vezes e repetidamente sugere a essa pessoa, no transe hipnótico, que se torne mais sugestionável, por exemplo, para conseguir dormir terá que pensar em seu hipnotizador. Com isso, pode-se conseguir que a pessoa torne-se tão sensível ao fim de determinado tempo, que esta condição acabe corporificando-se. Roger Baum Seja como for, são casos anormais e, na realidade, raras vezes acontecem o que qualquer hipnotizador experiente confirmará. Isso demonstra quão absurdo é o temor à sugestão telepática a distância, efetuada por algum hipnotizador a quem a pessoa medrosa talvez jamais tenha visto. É algo totalmente ilusório, razão pela qual não há motivo para medo. A vontade do ser humano, devidamente praticada e exercitada, é suprema. O MAGNETISMO PESSOAL S empre – e isto é bem conhecido – existem diferenças entre uma personalidade positiva e uma negativa, entre um indivíduo que naturalmente tem êxito e um que não o tem. O primeiro parece atrair a fortuna, a felicidade, a sorte. O segundo faz com que tudo isto fuja dele. Não é preciso que uma pessoa positiva diga algo ou execute algum ato para que seja possível intuir o poder que vibra em seu interior. Da pessoa positiva parece irradiar um tipo de força irresistível. Muitas vezes, sem dúvida, entramos numa sala ou num elevador e, imediatamente, sentimos a forte personalidade e a presença de um indivíduo dessa classe, um possuidor do magnetismo natural em quantidade. Talvez o afortunado ignore a sua condição. Talvez mal se dê conta da força que possui, embora, na maioria das vezes, saiba-o. O Poder da Mente Devidamente desenvolvido e utilizado, este poder tem ajudado a forjar os grandes homens da História. Todos nós podemos cultivar e desenvolver a referida força em grande extensão mediante prática adequada. O grau de desenvolvimento da mesma fará com que obtenhamos êxito, não só em realizações materiais, como também em aspectos elevados do espírito e da mente, até níveis que a pessoa normal jamais conseguirá alcançar. AS EXISTÊNCIAS INESGOTÁVEIS É necessário ter em mente que existe uma fonte ilimitada de energia cósmica e que a mesma pode desenvolver o magnetismo pessoal até o ponto desejado. Há que se ter muita confiança em si mesmo e nas próprias forças, uma vez que a confiança própria faz nascer a confiança nos demais. O medo debilita o cérebro que planeja e a mão que executa. Ao falar com outras pessoas, devemos usar adequadamente o poder da sugestão. Sem que a pessoa note, podemos constantemente dar sugestões que se fixem na sua mente. Finalmente, não é razoável desperdiçar o magnetismo que possuímos nutrindo hábitos nervosos, como ficar batendo o pé no chão ou os dedos sobre a mesa, andar para cima e para baixo em casa, repetindo gestos desnecessários. Poupar energia equivale a recebê-la em quantidade maior, o que é sempre altamente benéfico. Roger Baum O FATOR FÍSICO O magnetismo pessoal depende de vários fatores. Antes de tudo, é necessário gozar de perfeita saúde física. Sem ela, a virilidade é escassa. O êxito depende, em grande parte, da presença de nossa resistência. Os políticos, por exemplo, precisam demonstrar uma personalidade muito dominante. É necessário fortalecer a constituição vital. Para isso, os órgãos internos precisam estar em condição ótima. É necessário realizar exercícios adequados todos os dias, durante alguns minutos, para estimular o funcionamento do organismo. A este respeito, sugerimos que o estudante consulte obras sobre cultura física. Os movimentos em que se dobra o corpo de uma forma ou de outra são muito úteis. Os exercícios de respiração profunda, que servem para expandir os pulmões, o peito e o diafragma, são também muito úteis. Se for possível estimular o plexo solar e os órgãos internos, as correntes vitais do corpo serão beneficiadas. O FATOR MENTAL É necessário, também, adestrar a mente e cultivá-la, visando a certas orientações e canais. Se melhorarmos a memória, e isto pode ser alcançado por diversos métodos, a nossa personalidade psíquica será fortalecida, uma vez que a personalidade se apóia na memória. É preciso cultivar a atenção em todos os temas e não se deve, ja- O Poder da Mente mais, executar uma ação de forma automática, sem plena consciência do que se faz. Por exemplo: se a pessoa coloca um objeto numa prateleira de uma estante, é necessário anotar isso mentalmente a fim de podermos mais adiante lembrar onde guardamos o objeto. Nada deve ser feito sem a devida concentração. Muitas pessoas sofrem esquecimentos que denunciam um poder de atenção muito débil e uma mente dispersa. O grau de superação é indicado pela sua capacidade de concentração, ou seja, o seu poder. Nada há que outorgue tanto poder e força à mente como a repetição dos exercícios de concentração. O FATOR ESPIRITUAL O desenvolvimento espiritual também ajuda poderosamente o cultivo do magnetismo pessoal, atraindo a ajuda de determinadas energias espirituais que respaldam o corpo. Elas recarregam o corpo da mesma forma como os motores elétricos podem ser carregados, ou seja, com energia externa. É possível atrair este poder situando-se a pessoa em certa condição receptora que convide sua entrada. Todos os pensamentos negativos tendem a erigir um muro entre a pessoa e o seu guia externo. As atitudes afirmativas, por outro lado, têm o efeito de atrair poder adicional. As idéias e emoções também exercem o mesmo efeito. Se a pessoa analisar suas sensações internas enquanto elabora uma idéia ou experimenta certa emoção, Roger Baum constatará que os impulsos egoístas centrados em si tendem a contraí-la mental e fisicamente. A pessoa vai encolhendo-se, restringindo-se, em razão de uma ação interna que impede toda ajuda ou influência exterior. Em contrapartida, se os pensamentos ou idéias são de amor e amizade, o indivíduo tende a expandir-se, pois estes sentimentos abrem as comportas da alma, deixando penetrar uma força mais elevada. COMO INFLUIR SOBRE OS OUTROS O magnetismo pessoal tem função muito importante na condução dos negócios. Se alguém deseja alcançar certo objetivo, consegui-lo-á antes se possuir personalidade magnética. As regras seguintes, podem auxiliar no desenvolvimento do magnetismo pessoal. 1. Antes de chegar à presença da pessoa com a qual deseje conversar, procure invocar mentalmente a imagem dela e assuma uma atitude mental positiva. Não conseguindo isso, procure manter a atitude positiva no decorrer da entrevista. Se alguém, desde o início, assume de 60% a 75% do domínio mental ou da iniciativa, restam para a outra pessoa apenas de 25% a 40% do terreno existente entre ambas. Assumindo a porcentagem maior da iniciativa, o outro será forçado a assumir a quantidade que restar, bem menor. O Poder da Mente 2. Na presença da pessoa com a qual irá conversar, procure olhá-la fixamente nos olhos, mantendo o olhar e a atenção até ganhar o primeiro ponto. Se for possível, não permita que a atenção dela nem seus olhos vagueiem, até capturar todo o seu interesse e simpatia. Tenha em mente a importância de captar o olhar da pessoa ao tocar num ponto de interesse, a fim de obrigá-la a escutar o que vovê diz. Por outro lado, não é possível olhar uma pessoa nos olhos continuamente, razão pela qual é necessário afastar o olhar quando forem abordados temas de importância menor. Muitos representantes comerciais utilizam esta técnica durante as vendas. Atraem a atenção do provável comprador para a ilustração de um livro, solicitando que esta seja vista ou analisada, e falam dela por um momento. Depois, fecham o livro e fazem uma observação concisa e rápida, atraindo a atenção espontânea do suposto comprador para seu rosto e olhos. Neste momento, ao dedicar plena atenção ao vendedor, o interlocutor se acha aberto à sugestão e à argumentação daquele, que talvez peça a assinatura do ouvinte em algum documento. Sob a influência da personalidade do vendedor, o comprador não terá mais remédio senão assinar. Portanto, os olhos desempenham um papel importante no cultivo do magnetismo pessoal. É necessário cuidar deles e fortalecê-los mediante vários exercícios capazes de ajudar a desenvolver o poder visual. Roger Baum Por exemplo: olhar fixamente um objeto durante vários segundos sem deixar o olhar se desviar e sem pestanejar. No início, é quase certo conseguir isso por apenas alguns instantes. Entretanto, o poder crescerá gradualmente. Na etapa seguinte do treinamento, procure olhar um objeto muito brilhante durante vários minutos de cada vez, sem que isto afete os olhos. Ao olhar outra pessoa nos olhos, não se deve fazê-lo displicentemente. Ao contrário, deve-se pôr no olhar toda a força da personalidade, influenciando quem ouve. Naturalmente, estas práticas podem ser utilizadas tanto para bons como para maus propósitos. As pessoas que se empenham em cultivar os traços mais elevados do caráter compreenderão prontamente a necessidade de usar qualquer poder que as ajude a conseguir somente bons propósitos. 3. Os passes para baixo são para adormecer. Alguns acrescentam ênfase ao discurso, impressionando o interlocutor. Mesmo assim, não é necessário gesticular demasiadamente, pois isto prejudica o que se expõe, em vez de ajudar. Alguns passes, executados nos momentos mais propícios, serão de grande valor. 4. Não fale apressadamente e nem de modo atrapalhado. Se você der a impressão de estar com pressa, o interlocutor se mostrará impaciente. Procure apresentar suas idéias pronunciando as palavras corretamente, com naturalidade e clareza. Quanto mais descansado alguém se apresentar, mais receptivo o ouvinte será. Ao mesmo tempo, é preciso aparentar decisão e praticidade. O Poder da Mente COMO IMPEDIR A INFLUÊNCIA ALHEIA Se for necessário afugentar uma influência alheia, para não ser influenciado por ela, procure impedir que a pessoa capture o seu olhar no momento psicológico do diálogo; afaste-se cuidadosamente, medite e analise as palavras do seu interlocutor, sem se deixar seduzir por elas nem por seus modos. Olhe o interlocutor a intervalos, entre frases interessantes, quando provavelmente ele não estará olhando fixamente para você. Mantenha a mente numa atitude positiva e não se apresse em nada. A capacidade de dizer “não” quando a ocasião exigir e agarrar-se a ela é uma das premissas mais essenciais do êxito, como atestam muitos homens que chegaram ao alto do pódio. APLICAÇÃO SAUDÁVEL Estes exercícios para o desenvolvimento do magnetismo pessoal trarão resultados benéficos especialmente para pessoas dotadas de poderes psíquicos mais acentuados, porque tendem a impedir e a se contrapor, em larga escala, às práticas subjetivas do mediunismo, por exemplo, equilibrando a personalidade e acentuando o aspecto positivo e subjetivo do Eu interior. Quem desenvolve os poderes mentais, inclusive no dia-a-dia, deve dar atenção aos princípios que enunciamos e desenvolver o caráter seguindo tais diretrizes. Tais pessoas constatarão que isto as ajuda grandemente a conservar o justo equilíbrio, numa condição que chamamos de “saúde”, que abrange tanto o aspecto físico quanto o mental. Roger Baum A TELEPATIA T elepatia, leitura do pensamento, leitura da mente, transferência de idéias. Estes termos têm o mesmo significado, ou seja, a capacidade de impressionar a mente de outra pessoa com um pensamento ou com algumas idéias definidas, sem utilizar os caminhos normais dos sentidos. O termo telepatia foi cunhado por F. W. H. Myers em 1882, e deriva de duas palavras gregas: tele = distância, e pathos = sentimento. Por esta razão, significa, literalmente, “sentir a distância”, embora o significado generalizado seja leitura do pensamento. COMO A TELEPATIA ATUA Na realidade, ainda se desconhece como a telepatia atua. Alguns cientistas, como Sir William Crookes, sentiam-se propensos a crer que as vibrações do éter viajam de um cérebro a outro, como as mensagens pelo telégrafo sem fios. Outros, pelo contrário, objetam que esta explicação é insuficiente e que não há provas de que existam ondas cerebrais. Myers disse: “A vida tem o poder de manifestar-se à vida”, e, de momento, temos de nos contentar com esta simples declaração. O Poder da Mente É quase certo que a telepatia funciona, não entre as mentes conscientes de duas pessoas, mas sim por meio do subconsciente, este vasto campo da mente. A mensagem enviada de uma mente a outra faz o seguinte trajeto: Da mente consciente ao inconsciente de A, daí até o inconsciente de B e daí até o consciente do próprio B. O processo do inconsciente ao consciente em B é de exteriorização, que tão freqüentemente vemos nos sonhos, na leitura da bola de cristal e em outros fenômenos. Isto explica, satisfatoriamente, por que recebemos mensagens telepáticas freqüentemente quando estamos a ponto de adormecer. É possível que as mensagens tenham sido recebidas uma ou duas horas antes, mas sua exteriorização era impossível até que a consciência cessasse sua atividade com os assuntos do cotidiano. O momento que precede o adormecer é quando o inconsciente tem oportunidade para entregar a mensagem recebida momentos antes. OS DIVERSOS TIPOS DE MENSAGENS TELEPÁTICAS As mensagens telepáticas podem ser visuais, caso em que assumem a forma de retratos, desenhos, figuras, palavras escritas ou impressas etc. Podem ser auditivas, quando assumem a forma de palavras faladas. Também podem ser emocionais, quando a pessoa experimenta certa depressão ou, ao contrário, excitação. Nas mensagens volitivas, a pessoa sente o imperioso desejo de fazer determinada coisa. Roger Baum As mensagens telepáticas podem ser originadas por pessoas vivas ou por pessoas mortas. Como elas são transmitidas a partir do inconsciente (quiçá sob a orientação e supervisão do consciente), freqüentemente chegam com mais eficácia durante o sono, no estado de transe, sob a influência de alguma droga, no delírio, no momento da morte etc. A TELEPATIA E SUAS EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS Os seguintes exercícios práticos permitem demonstrar satisfatoriamente que a telepatia existe e que, praticada continuamente, ela pode ser reduzida a um processo simples. A pessoa deve escolher um amigo por quem tenha simpatia física, mental e moral. Um dos dois será o transmissor e o outro o receptor. Este permanecerá sentado numa poltrona confortável, na extremidade de um aposento bem amplo, bem ventilado. É melhor que, ao menos nas primeiras tentativas, esteja vendado ou com os olhos bem fechados, e que se posicione de costas para o emissor, com uma caneta e um bloco de papel nas mãos. O aposento deve estar mergulhado em certa penumbra. O emissor deve estar sentado a uma mesa, olhando as costas do amigo, com outro bloco de papel e caneta nas mãos. Uma luz forte iluminará o bloco, deixando o resto do aposento em semi-escuridão. O Poder da Mente Então, o emissor traçará no bloco um símbolo, que pode ser uma figura geométrica, como um círculo, um triângulo, um quadrado... Em seguida, deve olhar fixamente a figura desenhada, tentando impressionar o receptor. Cada tentativa não deve superar um minuto. COMO GARANTIR O ÊXITO A atitude mental durante as experiências é muito importante. É preciso empenhar-se para que o receptor “veja” o desenho, mas o emissor não deve se cansar, pois franzir as sobrancelhas ou tensionar os músculos não ajudará na transmissão da figura. Ao contrário, pode atrapalhar. Por outro lado, é necessário que haja plena confiança em que o receptor captará a mensagem enviada. Não se pode perder a confiança nisto nem por um instante. É preciso, com efeito, afirmar-se que o outro já captou o símbolo. Tampouco se deve ficar ansioso ou preocupado. É preferível imaginar que os pensamentos próprios voam até o outro de maneira definida, seja em forma da figura, seja com palavras definidoras da mesma, como círculo, quadrado, ou o que for. O receptor, por sua vez, deixará sua mente o mais “em branco” possível e traçará no bloco qualquer figura ou impressão que lhe venha à mente, por mais estranha que seja. Acima de tudo, é necessário jamais desanimar com os erros. Roger Baum EXPERIÊNCIAS MAIS COMPLICADAS Uma vez conseguido o que se pretende com a experiência dos desenhos, podem ser tentadas outras provas mais complicadas, como adivinhar cartas do baralho, muito boas para este propósito. O maço deve ser misturado a cada vez, e é fácil calcular a porcentagem de adivinhações, visto que ha probabilidade média de erro. Após essas experiências, pode-se tentar transferência de dor. O remetente se beliscará ligeiramente em várias partes do corpo com os dedos e se picará com uma agulha, e comprovará se o outro consegue localizar corretamente as diferentes partes. Se o receptor for bom, a localização será constante, mais ou menos como se ele próprio fosse beliscado ou picado. Depois, podem ser realizadas provas de olfato e paladar. Isto é feito, por exemplo, com alho, noz-moscada, pimenta, açúcar e substâncias similares, cheiradas e degustadas separadamente, com o cuidado de posicionar o emissor bem longe do receptor, para que a experiência seja válida. Muitas pessoas capazes conseguirão dizer prontamente qual a substância cheirada ou degustada pelo emissor. Uma vez conseguida esta demonstração, aumentar-se-á a distância entre as duas pessoas, até ser possível efetuar as mesmas provas com muitos metros de distância separando ambas. O Poder da Mente COMO IMPEDIR QUE AS MÁS INFLUÊNCIAS AFETEM O NOSSO PSIQUISMO Estas simples experiências demonstram, até aos mais céticos, a existência da telepatia, fazendo com que as pessoas se tornem mais sensíveis à recepção de mensagens de outros seres, vivos ou mortos. Desta maneira, cultiva-se a sensibilidade às mensagens telepáticas, o que é muito positivo desde que as provas não sejam levadas a exageros, conduzindo a habilidade para direções equívocas. Em condições normais e saudáveis, a mente não se deixará afetar por impressões enviadas sem sua permissão, visto que será mais difícil recebê-las, por muito que o emissor tente. A mente sempre se protege contra o fácil acesso de outras mentes. É muito raro que uma pessoa fique impressionada contra a própria vontade. Algumas pessoas acreditam que outras podem influir em sua mente a distância, obrigando-as a executar certos atos. Muitos acreditam que deste modo podem ser hipnotizados, porém, na quase totalidade dos casos estas crenças são ilusórias e sem nenhuma base válida. Se examinarmos friamente tais fatos, comprovaremos que eles se apóiam somente na imaginação e que, freqüentemente, indicam desequilíbrio mental. Não se trata, necessariamente, de loucura, embora a pessoa possa chegar a este estado se permitir que sua imaginação passe dos limites, continuando a acreditar em tais absurdos Roger Baum mesmo depois de lhe ter sido demonstrado repetidas vezes quão infundadas são suas crenças e temores. Uma das causas da loucura é justamente crer de maneira persistente em algo que não é verdade. O estudante que pratica a telepatia dentro de limites razoáveis e que segue cuidadosamente os métodos para o desenvolvimento do poder mental, não deve ter medo de impressionar ou influenciar outras pessoas contra a própria vontade. Em quase todos os casos, estas influências são imaginárias e, quando existem, a pessoa que tem domínio sobre si mesma e que fortaleceu seu espírito é capaz de repeli-las, impedindo a influência telepática, quer procedente de vivos, quer de mortos. A CLARIVIDÊNCIA C omo o nome indica, clarividência significa “ver com clareza”. Na linguagem psíquica, porém, significa muito mais. Atualmente a palavra é utilizada para agrupar e classificar, mais do que para explicar, um grande número de fenômenos mentais que provavelmente algum dia poderão ser explicados de outra maneira. Existem diversos tipos de clarividência. Diferentes autoridades na matéria sustentam definições diferentes das diversas subdivisões. Vejamos quais são: O Poder da Mente CLARIVIDÊNCIA SUBJETIVA A clarividência subjetiva é a condição psíquica do ser humano (um médium) que capacita as inteligências do mundo dos espíritos a manipular seus centros nervosos da visão, de modo a impressionar e fotografar retratos ou imagens sobre seu cérebro, vistos então por ele como visões sem a ajuda do olho físico. Estas imagens podem ser espirituais ou materiais, passadas ou presentes, remotas ou próximas, ocultas ou descobertas, ou, simplesmente, podem existir na imaginação do médium comunicante. CLARIVIDÊNCIA OBJETIVA A clarividência objetiva é o poder psíquico ou a função psíquica ou mental de ver seres, objetos ou coisas espirituais objetivamente, por meio da sensação espiritual que satura o mecanismo físico da visão, sem o qual a clarividência seria impossível. Poucas pessoas nascem com este poder. Se ele é desenvolvido em algumas e não em outras, é totalmente casual. Sua extensão é regida pelo ritmo de vibração sob o qual atua, de maneira que um clarividente pode ver objetivamente coisas espirituais que outro não vê devido ao grau de diferença na intensidade do poder. Roger Baum CLARIVIDÊNCIA DE RAIOS X A clarividência de raios X é uma forma de clarividência que compartilha as características dos raios X e parece objetiva. O clarividente que a possui pode ver os objetos físicos sem que a matéria intervenha; pode perceber as partes internas do corpo humano, diagnosticar as enfermidades e observar as operações de cicatrização e de decadência corporal. CLARIVIDÊNCIA CATALÉPTICA A clarividência cataléptica acontece quando o corpo está em estado de transe, como se estivesse adormecido, induzido pela força hipnótica exercida por um espírito encarnado ou desencarnado, embora também possa ser auto-induzida por alguém de grande poder mental. Em semelhante estado, o espírito abandona o corpo e pode, por sua própria vontade ou mediante a sugestão do hipnotizador, viajar a lugares distantes, observando com clareza o que ocorre em tais paragens, tanto espiritual como materialmente. Acontece às vezes, neste estado, de os pensamentos do espírito serem expressos durante a viagem pelos lábios do corpo físico e as imagens entrevistas serem enviadas através do referido corpo físico. Isto se deve ao fato de existir um cordão espiritual que conecta o corpo físico ao espírito, capaz de transmitir vibrações entre ambos. Enquanto esse cordão não se romper, o espírito pode regressar O Poder da Mente ao corpo. Quando se rompe, ocorre o que denominamos de “morte”. Nesta forma de clarividência, produz-se uma mescla de visão espiritual objetiva e subjetiva. CLARIVIDÊNCIA TELEPÁTICA E OUTRAS A clarividência telepática é a percepção subjetiva de uma imagem em forma de pensamento, transmitida a distância. O tipo de clarividência cataléptica é com freqüência chamado de clarividência viajante, porque o espírito parece viajar, após abandonar o corpo, visitando diferentes lugares. Quando a mente da pessoa dotada de poderes psíquicos parece retroceder no tempo e recorda acontecimentos que normalmente não poderiam ser lembrados, ocorre a chamada retrocognição. Se, por outro lado, a mente da pessoa excepcionalmente dotada parece viajar para o futuro e ver cenas ou lugares impossíveis de serem vistos de outra maneira, ocorre previsão, profecia ou precognição. Existem também a clarividência direta e a indireta. No primeiro caso, apenas a mente do sensitivo trabalha ou funciona. O segundo ocorre quando o sensitivo atua por meio de um canal intermediário e trabalha junto com outra mente. Em oposição à clarividência telepática, temos a clarividência independente, havendo casos de clarivi- Roger Baum dência recíproca, na qual duas pessoas se vêem ao mesmo tempo e permutam suas visões. Chama-se êxtase a clarividência caracterizada pelo abandono do corpo e pela visita a esferas espirituais. Leadbeater dividiu a clarividência em três subdivisões: – Clarividência no tempo; – Clarividência no espaço; – Clarividência direta. Nestas três espécies de clarividência, os sentidos astrais ou espirituais estão tão alertas que percebem planos de atividade desconhecidos para nós. A clarividência também pode ocorrer nos sonhos, nas visões com a bola de cristal etc., assim como a clariaudiência, que corresponde à clarividência, mas na qual se obtêm as informações por meio dos ouvidos, e não pelos olhos. Neste caso, as mensagens são ouvidas ao invés de vistas. A clarividência, que também recebe o nome de telestesia, pode, pois, manifestar-se de formas muito variadas. A mais comum é a clarividência espontânea, na qual o sensitivo vê imagens de pessoas ausentes ou cenas distantes. Os sonhos clarividentes são muito comuns. O Poder da Mente DIAGNÓSTICO POR CLARIVIDÊNCIA Existe um tipo de clarividência mental que permite à pessoa ver o interior do corpo de outra e diagnosticar enfermidades com a mesma clareza como se o exame tivesse sido feito na mesa cirúrgica. Esta é a forma de visão psíquica que Andrew Jackson Davis possuía em alto grau, embora outras pessoas também a possuam. Outra forma de clarividência é a que permite descobrir metais no subsolo, ou fontes e lençóis de água. Nestes casos, normalmente o sensitivo anda sobre o terreno com um galhinho em forma de forquilha na mão, em geral de aveleira. De repente, o ramo ergue-se ou abaixa-se, indicando a existência de água ou minério no terreno. Esta clarividência é conhecida cientificamente como radiestesia. Não faz muito tempo, Vincent N. Turvey, de Londres, desenvolveu um tipo novo e especial de clarividência. Chamou-a de fonovidência pelo simples motivo de receber as impressões ou intuições ao falar por telefone com algum amigo distante, e só assim. Trata-se de uma forma de sensibilidade que pode ser conseguida se o sensitivo a desenvolve adequadamente. Roger Baum A EXPLICAÇÃO DA CLARIVIDÊNCIA A clarividência tem sido explicada de várias maneiras, com teorias que apresentaremos sucintamente. TEORIA DO SENTIDO ASTRAL Existe um órgão astral ou espiritual que corresponde a cada órgão sensorial físico. Vemos os objetos através do olho físico e ouvimos com o ouvido do corpo físico. Quando vemos por meio da clarividência, ao contrário, utilizamos o olho espiritual ou astral. Os órgãos sensoriais do espírito funcionam num plano espiritual e servem ao corpo espiritual após a morte, da mesma forma como os sentidos físicos servem no plano terrestre, atuando no plano físico de atividade. Se a clarividência não for cultivada na devida direção, podem aparecer dificuldades, já que tanto a visão material como a espiritual podem ser usadas ao mesmo tempo, permitindo ao sensitivo ver dois mundos em vez de apenas um, razão pela qual ele não estará seguro ao sair de casa, por exemplo, sobre se pisará na calçada ou se cairá num buraco enorme, que são as duas coisas que eventualmente vê diante de si. Muitas pessoas caíram nesta condição, bastante difícil de ser revertida. O Poder da Mente TEORIA DA INFLUÊNCIA ESPIRITUAL Segundo esta teoria, a clarividência ocorre não apenas pelo poder da pessoa, mas também por meio da instrumentação de um espírito que vê cenas distantes e com elas impressiona telepaticamente a mente do sensitivo. TEORIA DO TUBO ASTRAL De acordo com esta teoria, o clarividente constrói uma espécie de telescópio formado por matéria astral e vê através dele. Neste caso, as figuras aparecem pequenas e muito distantes. TEORIA DA CRIAÇÃO DA FORMA DE PENSAMENTO De acordo com esta teoria, criamos uma formapensamento, (forma mental), na localidade que desejamos visitar e essa forma utilizamos pensamento como ponto de observação. Vemos e ouvimos, então, com os olhos e os ouvidos dessa forma. TEORIA DA PERCEPÇÃO DIRETA Esta teoria afirma que as influências exteriores não desempenham qualquer papel nos fenômenos, e sim, que somos nós mesmos que percebemos as cenas distantes mediante o processo de autoprojeção. Roger Baum Entretanto, se o sensitivo está ausente, vendo a cena distante, como pode também estar presente animando seu corpo e falando tal como sucede em muitos casos? No começo de seu desenvolvimento, a maioria dos sensitivos vê formas e figuras preferencialmente a outro tipo de fenômenos, e pergunta-se a que se devem as visões. Existem sensitivos que ouvem com mais facilidade do que vêem, mas esta é a exceção, não a regra. POR QUE E COMO VEMOS NA CLARIVIDÊNCIA? A explicação possível é a seguinte: o ser humano utiliza os olhos mais do que qualquer outro órgão dos sentidos. Nossa consciência ativa está mais ligada à visão do que aos outros sentidos. Os centros visuais do cérebro são empregados mais do que os outros, fato que fica demonstrado pelos sonhos, nos quais vemos figuras e raramente ouvimos palavras. Nossa memória, com efeito, também se compõe de símbolos visuais. Se pensamos numa pessoa, nós reproduzimo-na visualmente diante de nós, razão pela qual ela se converte numa imagem memorizada. Como essas regiões da mente e do cérebro são muito ativas, basta um desenvolvimento especial desta faculdade para conseguirmos ver objetos e figuras na clarividência. É necessário apenas cuidar dessa faculdade mental um pouco além do habitual, para que ela ultrapasse os O Poder da Mente limites dos sentidos físicos e desenvolva os correspondentes órgãos sensoriais do espírito. A clarividência e outras faculdades psíquicas dependem, em muitos casos, da liberação parcial do espírito e dos condicionamentos do corpo, e oferecem aos correspondentes órgãos sensoriais psíquicos os estímulos de um maior grau de sutileza e elevação. Os exercícios a seguir ajudarão o leitor a desenvolver a faculdade da clarividência, se já a possui de modo latente. EXERCÍCIOS DE DESENVOLVIMENTO 1. Sente-se numa cadeira cômoda, num local em penumbra. Imagine-se diante de um tubo aberto em ambas as extremidades. Uma das extremidades encaixa-se nos seus olhos e a outra está voltada para o espaço infinito. Imagine que o tubo é oco e que lhe permite ver perfeitamente através dele. Direcione o tubo para a casa de algum amigo e, mentalmente, entre em algum dos aposentos da casa e procure descobrir se há alguém presente. Em caso afirmativo, tente averiguar quem é a pessoa e qual o seu aspecto. Anote cuidadosamente o que enxergar. No dia seguinte, ou mais tarde, você poderá comprovar até que ponto a visão foi correta. 2. Inicie da mesma forma que antes. Na outra extremidade do tubo, supondo que ela se ache a uma distância de cem metros, tente ver nitidamente o rosto de um amigo. Procure divisar os traços do rosto, cada vez Roger Baum mais nitidamente. Isto feito, atraia-o gradualmente até você mediante a força da vontade, até que ele se encontre a apenas um metro de distância. Então você conseguirá distinguir perfeitamente todas as suas feições. O êxito neste exercício indica um progresso significativo na clarividência. Você poderá começar a influir sobre outras pessoas, a distância, ao mesmo tempo em que verá o rosto delas diante de si. Então é preciso desejar que a pessoa vista faça algo. Se isto for praticado com insistência, sempre se obtém êxito ao final, sendo possível influir, sem a menor dúvida, nos demais. A POLARIZAÇÃO E COMO USÁ-LA A capacidade de influenciar determinada pessoa ou objeto distante chama-se “polarização”. O sensitivo polariza uma passagem ou canal através da atmosfera até o ponto desejado, canal este que facilita a comunicação psíquica em ambas as direções. Durante os experimentos, é muito importante manter o objeto ou a pessoa na mente com toda a clareza e concentrar-se nela. Caso contrário, todo o esforço malogrará. O sensitivo compreenderá que existe uma multidão de correntes astrais em diversas direções, que tendem a desintegrar as correntes formadas por ele. A menos que as suas correntes sejam muito potentes, não conseguirão superar as correntes astrais. O Poder da Mente Durante as experiências, é necessário sempre ter certeza – principalmente no início – de que a consciência esteja concentrada no próprio corpo, não permitindo que voe ao espaço juntamente com o pensamento. Somente a vontade deve viajar, enquanto a consciência deve ser mantida dentro do corpo físico. Caso contrário, podem ocorrer alguns transtornos. É preciso sempre conservar o ponto de partida ou centro focal. A FÉ E A CRENÇA No desenvolvimento da clarividência, é preciso lembrar que a fé e a crença tendem a potencializar as faculdades latentes, enquanto a incredulidade exerce efeito contrário, impedindo qualquer tipo de desenvolvimento. Este fenômeno ocorre em todas as atividades psíquicas. A clarividência é uma faculdade que todos os seres da espécie humana possuem, em diversos graus. Existem indícios de que, a cada geração, o poder de clarividência aumenta. Com o tempo, indiscutivelmente, todos seremos clarividentes com a mesma facilidade com que atualmente vemos com os olhos físicos. Na verdade, a posse de fortes intuições e sentimentos, ou a sensação de compreender as emoções alheias, por exemplo, são apenas cintilações efêmeras de clarividência sem desenvolvimento, que permitem pesquisar a mente da pessoa com a qual se está conversando. Roger Baum OS FATORES DE DESENVOLVIMENTO DA CLARIVIDÊNCIA A concentração é um fator importante para o cultivo da clarividência. É preciso adestrar a mente para pensar em determinado objeto durante vários minutos sem descanso e sem permitir que outro pensamento penetre na consciência. É necessário praticar a contemplação de um objeto até que seja possível fazê-lo durante dois ou três minutos, sem pestanejar nem se cansar. É preciso cultivar os exercícios de respiração profunda e, na inspiração, conscientizar-se de que se está inalando a energia vital do Universo. Da mesma forma, cada vez que expiramos, eliminamos as influências negativas que podem ter penetrado no nosso corpo. Outro fator importante para o desenvolvimento da clarividência é a visualização. É preciso adotar o costume de invocar mentalmente um rosto ou uma cena vistos pela primeira vez, tentando recordar cada detalhe, com nitidez cada vez maior, até poder divisar tudo mentalmente. Então, é preciso tentar a projeção do rosto ou da cena no espaço, como se os víssemos fora do corpo, como entidades reais e não imaginadas. Para obter a clarividência muito, ajudam as experiências com bola de cristal e outros métodos adivinhatórios. O Poder da Mente COMO DISTINGUIR O VERDADEIRO DO FALSO O estudante sempre formula esta pergunta: “Como posso distinguir o real do irreal, o verdadeiro do falso, as visões das alucinações?”. Especialmente para o estudante, é extremamente difícil, pois só com a prática se adquire habilidade suficiente para discernir. Por isso, no início da autêntica clarividência só se podem aceitar visões e figuras aparecidas mediante experiências, e ver se conduzem a um grau definido de progresso. Para concluir, algumas palavras a respeito das teorias sobre clarividência: Todas as teorias já enunciadas sobre a clarividência possuem um fundo de verdade. Em casos particulares, todas são exatas, embora nenhuma seja capaz de explicar todos os tipos de clarividência. A teoria da influência espiritual é válida em alguns casos, em outros, é a da clarividência direta teoria, e assim sucessivamente. A SOLUÇÃO DO MISTÉRIO Com relação à dificuldade de um clarividente animar seu corpo e falar por meio dele, achando-se psiquicamente em outro lugar, onde também se mostra ativo psiquicamente, isto pode ser explicado pela suposição de que só uma parte de seu Eu psíquico fica com o Roger Baum corpo, enquanto a parte mais ativa de seu espírito realiza a viagem ou a excursão, permanecendo ligada ao corpo físico por meio de um cordão. Às vezes esta conexão é chamada de “fio de prata;” ela constitui o canal de comunicação entre o espírito e o corpo, já que o espírito não pode regressar ao corpo se o referido fio se romper, condição em que ocorre a “morte” do corpo. Estes acidentes são muito raros, mas já aconteceram. Na clarividência, a conexão continua intacta e a comunicação entre o corpo e o espírito se produz através do referido cordão, permanecendo a consciência ativa animando o corpo, enquanto a visão clarividente tem lugar através do telescópio mencionado anteriormente. Nestes casos não existe a menor dificuldade para entender o que se vê, embora este tipo de clarividência não seja tão sofisticado como o anterior, em que o Eu psíquico abandona o corpo e empreende uma viagem ou excursão por si mesmo, conhecida como “viagem ou projeção astral”. O Poder da Mente OS SONHOS G eralmente, os sonhos acontecem durante o sono. Não obstante, existe uma forma especial de imaginar cenas, que pode ocorrer na vigília. A isto se chama de “sonhar de olhos abertos”, ou “sonhar acordado”. Falando, porém, dos sonhos comuns, é necessário esclarecer algo a respeito da sua natureza e dos seus fenômenos. Passamos quase um terço da vida dormindo, razão pela qual se trata de um conhecimento extremamente importante. O QUE É DORMIR? Diversas teorias foram formuladas para explicar a necessidade de dormir, embora nenhuma tenha sido plena e satisfatoriamente aceita. Existe a teoria química, que supõe que o ato de dormir sirva para eliminar do corpo as substâncias tóxicas que se formaram no cérebro durante o dia. Outros sugerem que o sono seja devido a certas condições especiais da circulação sangüínea do cérebro. Há ainda os que crêem que o sono deve ser explicado pela ação de certas glândulas, enquanto para outros ele se deve ao relaxamento muscular. Alguns poucos defendem que Roger Baum a falta de estímulos externos é condição suficiente para o sono profundo. Entretanto, essas teorias não servem para explicar os fatos. Com isso, chegamos à conclusão de que é quase impossível achar uma teoria realmente verdadeira sobre o ato de dormir, a menos que se admita a presença de uma força vital e a existência de um espírito humano individual, que se retira mais ou menos completamente do corpo durante as horas em que este dorme e obtém revigoramento e nutrição espiritual ou astral durante o repouso físico. OS SETE SONHOS MAIS COMUNS Existem sete tipos de sonhos que todas as pessoas experimentam alguma vez na vida. São eles: – – – – Estar caindo. Voar. Estar trajado inadequadamente. Não poder fugir de algum animal ou pessoa ruim, que o persegue. – Sentir-se arrastado irresistivelmente para um local perigoso. – Ter um desejo realizado. – Ter de viajar e não conseguir encher a mala ou algo semelhante. Alguns desses sonhos podem ser explicados de um modo, e outros de outro, mas, generalizando, pode-se afir- O Poder da Mente mar que todos os sonhos comuns, como os que acabamos de mencionar, têm as seguintes causas: – Estímulos físicos; – Associação mental inconsciente; – Imaginação inconsciente. Deixando de lado o terreno subconsciente, existe outro, o “supraconsciente”, embora os psicólogos modernos ortodoxos ainda não tenham reconhecido isto. AS CAUSAS DOS SONHOS Assim, os estímulos físicos dão origem aos sonhos. A associação produz muitos sonhos do seguinte modo: uma idéia ou objetivo da mente traz consigo outro relacionado com o anterior, e todo o armazém mental une-se em diversas associações, motivo pelo qual os sonhos são muito mais variados que nossas associações conscientes. Fora isso, o chamado fator “imaginação” amplia-se muito porque a mente lógica e consciente permanece adormecida em grande parte, o que origina os vôos da imaginação, aceitos durante o sonho como algo possível e lógico. A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS Em função disso, nada nos parece absurdo quando sonhamos, por mais ridícula que seja a situação, pois jamais a consideramos como tal até estarmos despertos e refletirmos sobre o que sonhamos. Roger Baum A miscelânea curiosa de idéias que compõe a maioria dos sonhos apresenta uma assombrosa semelhança com os arroubos do delírio e da loucura. Muitos cientistas escreveram obras em que assinalam a grande semelhança entre os sonhos e as extravagâncias da loucura. A característica principal de quase todos os sonhos é seu simbolismo. De todas as experiências humanas, os sonhos são as mais simbólicas. Representam os desejos, os anseios, as emoções, os pensamentos, que enchem o subconsciente e que se associam formando o que conhecemos como “complexos”. Também existem os “sonhos recorrentes”, isto é, os que se repetem sistematicamente. Estes, na maioria das vezes, devem-se a causas mais complicadas e obscuras que as dos sonhos comuns. OS CASOS DE POLTERGEIST O poder mental manifesta-se realmente nos casos de poltergeist (termo alemão que significa “espírito brincalhão”). Trata-se de certos fenômenos nos quais se vê uma clara ação de PK ou psicocinese, cujo agente costuma ser uma criança ou, no máximo, um adolescente, sempre presente no local dos fenômenos. Nos casos de poltergeist é freqüente ver objetos e móveis não muito pesados serem deslocados, vidros serem O Poder da Mente quebrados, oscilações da corrente elétrica e outros fatos aparentemente inexplicáveis. Em quase todos os casos, a ação é totalmente inconsciente, já que o sujeito somente presencia os fenômenos, sem se dar conta de que são provocados por ele. Quando a pessoa muda de lugar, os fenômenos cessam. Em algumas ocasiões, os fenômenos acompanham-na, ou seja, passam a ocorrer no lugar para onde a pessoa se deslocou. Na realidade, pode-se falar em crises, produzidas de forma irregular e descontrolada, com períodos em que “a intensidade do fenômeno chega a um ponto culminante, para decair gradualmente e não aparecer até a próxima crise, tempos depois”. Esta fenomenologia consta de diversos elementos: – Inconsciência dos atos; – Ação sobre diferentes tipos de materiais; – Recepção de energia de diferente magnitude; – Ação inteligente. O ESTUDO DO POLTERGEIST Atualmente, não há dúvidas que o poltergeist se deve ao poder da mente exercido pelo sujeito sobre os objetos que se movem, muitas vezes violentamente (também portas e janelas podem abrir e fechar estrepitosamente, sem que haja nenhuma corrente de ar para justificar o movimento). Roger Baum Dedicaram-se ao estudo do poltergeist muitos parapsicólogos, entre os quais se destacam os norte-americanos Pratt e Roll, o inglês George Owen e alguns outros. Seja como for, o estudo desses fenômenos é complexo e muito difícil, já que são muito raros os casos estudados completamente, desde o começo até o fim. As causas normais acabam por ser eliminadas, atribuindo-se sua origem a causas desconhecidas. Não obstante, observou-se que os fatos giram sempre em torno de uma pessoa de caráter instável. Infelizmente, em muitas ocasiões, os cientistas que estudam estes casos são obrigados a contentar-se em ser apenas testemunhas dos efeitos ou escutar outras testemunhas dos fatos. Conseqüentemente, é quase impossível que haja observação direta dos fenômenos desde o princípio. Às vezes, nem durante a ocorrência, propriamente. Algumas pessoas atribuem a produção dos fenômenos poltergeist não ao poder mental de um sujeito físico, mas a espíritos brincalhões e maliciosos que nos rodeiam, a fim de chamar nossa atenção ou nos assustar. Entretanto, atualmente esta teoria caiu em descrédito. Seja como for, os fatos são autênticos e ninguém pode negá-los, mesmo desconhecendo as suas verdadeiras causas. O poltergeist, em suma, pode ser definido como manifestação externa e extrema da capacidade mental, causada por um agente que sofre de grande desequilíbrio emocional, manifestando o seu problema desta forma. O Poder da Mente Uma criança que pense que seus pais não lhe dão a devida atenção pode recorrer, inconscientemente, à produção de fatos poltergeist só para exprimir seu desgosto e para atrair o interesse sobre si. UM CASO DE POLTERGEIST É famoso, entre os muitos casos de poltergeist estudados por cientistas e parapsicólogos, o ocorrido em 1972, na cidadezinha alemã de Scherfede. O já citado Hans Bender foi incumbido de estudar o fenômeno. O fato começou na casa de um magistrado do distrito. O referido magistrado informou que um dia apareceram, de forma inexplicável, várias poças de água em diversas partes da casa. Avisados, os encanadores não acharam nenhuma avaria ou infiltração nos encanamentos. Semanas mais tarde, apareceram manchas de umidade no teto e nas paredes, motivo pelo qual os encanadores voltaram a examinar cuidadosamente a casa toda. Informaram que a causa devia ser externa, pois não havia nenhum encanamento furado. Outro dia, estando a família reunida, ouviram água cair no chão no quarto contíguo. Correram para lá e viram várias poças de água. Depois, estando os encanadores mais uma vez na casa, ouviram gritos de socorro na casa ao lado, onde um grande jorro de água caía do pavimento superior, escada abaixo, até a sala. Alguns vizinhos acudiram, conseguindo tirar a água com baldes Roger Baum e secando tudo com toalhas e panos. A origem da água permanecia totalmente desconhecida. Os fatos ocorreram também em outras casas, durante três dias. Os encanadores cortaram a água, mas as poças continuaram aparecendo. Finalmente, pegaram uma amostra da água e submeteram-na a análise, que revelou tratar-se de água corrente da cidadezinha, talvez procedente diretamente dos encanamentos ou da calefação (a Alemanha é um país frio, motivo pelo qual os encanamentos para aquecimento são parte habitual das construções). Naqueles dias, a filha menor do magistrado tinha sido repreendida pelos pais de algumas de suas amigas. Eles alegavam que a menina, ao sair, do banheiro de suas casas sempre deixava o chão todo molhado e com manchas nas paredes. Não obstante, durante os três dias dos acontecimentos, ela não esteve nas casas. Tentou-se realizar uma bateria de testes para estudar a personalidade da menina e saber se ela sofria de problemas emocionais, condição presente em quase todos os casos de poltergeist, mas a menina não consentiu em ser examinada. Neste caso, quando os parapsicólogos chegaram, os fatos já tinham terminado, razão pela qual Bender teve de se conformar com as narrações das testemunhas e com as observações diretas de fotografias das poças de água e das manchas de umidade deixadas pela água. Será que a filha do magistrado era o agente? Jamais se saberá a resposta, mas os fatos e as fotos estão aí, dando um testemunho incontestável. O Poder da Mente