Doma: Uma nova abordagem - Escola de Equitação do Exército
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Doma: Uma nova abordagem - Escola de Equitação do Exército
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO DOMA – UMA NOVA ABORDAGEM Bernardo Lacerda Ramos - 1o Ten Cav Rio de Janeiro 2005 MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO DOMA – UMA NOVA ABORDAGEM Bernardo Lacerda Ramos - 1o Ten Cav Monografia apresentada à Escola de Equitação do Exército como requisito parcial à obtenção do título de Pósgraduação (latu sensu) em Equitação. ORIENTADOR: Wilson Gimba Junior (Mestre). Rio de Janeiro 2005 Ramos, Bernardo Lacerda. Doma – Uma Nova Abordagem. / Bernardo Lacerda Ramos – Rio de Janeiro, 2005. 62 f.; 29,7 cm. Monografia (Especialização em Equitação) – Escola de Equitação do Exército, 2005. Bibliografia: f. 55. 1.Doma Racional. 2.Horsemanship. 3.Tempo. 4.Dedicação I. Autor. II. Título. Bernardo Lacerda Ramos - 1º Ten Cav DOMA – UMA NOVA ABORDAGEM Monografia apresentada à Escola de Equitação do Exército como requisito parcial à obtenção do título de Pósgraduação (latu sensu) em Equitação. Aprovada em ____de outubro de 2005. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Fernando José Sant’ana Soares e Silva – Ten Cel Cav Regimento Escola de Cavalaria ____________________________________ Ataíde Barcelos Pereira – Maj Cav Escola de Equitação do Exército _____________________________________________ Fernando Queiroz de Almeida – Professor Doutor Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro Em lembrança dos meus avós maternos e paternos (a saudade nunca morre). A meus pais, minha futura esposa e a todos, assim como eu, amantes desse animal que veio ao mundo para nos ensinar o que é verdadeiramente humildade, amizade e fidelidade. AGRADECIMENTOS O meu primeiro agradecimento é a Deus, pela proteção, pela oportunidade de viver com saúde, reunindo forças em busca do conhecimento, enfrentando todos os obstáculos nesta caminhada. Ao Capitão de Cavalaria Wilson Gimba Junior, orientador dessa monografia, pela amizade, confiança, paciência e enorme colaboração para o sucesso desse trabalho. Aos Instrutores da Academia Militar das Agulhas Negras, em especial aos da Seção de Equitação, que transformaram o então Cadete em mais um amante da arte eqüestre. Aos Oficiais e Praças do Regimento Escola de Cavalaria – Regimento Andrade Neves, que me apoiaram em todas atividades desde o momento em que lá cheguei até o momento de minha partida em busca de um sonho. Aos Instrutores da minha querida Escola de Equitação do Exército, pela amizade, paciência e pelos ensinamentos transmitidos, de essencial importância na formação do Instrutor de Equitação. A minha família, céu de ternura, aconchego e amor, que sempre estiveram presentes nos momentos de vitória e principalmente nos de derrota, pelas orações e por me acompanharem durante todos estes anos. A minha futura esposa, companheira ideal, paciência sem limites e amor verdadeiro, nunca esquecerei de todo o sacrifício que aceitou sem precisar, bem como aos amigos, pela compreensão das horas de ausência no convívio, dedicadas ao estudo e a pesquisa. Ao cavalo Nóbrega, uma das mais belas criaturas que Deus já criou, sendo a melhor das minhas ocupações, tratá-lo e o maior dos meus prazeres, montá-lo. Enfim, agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a concretização deste trabalho, pois o mérito também é desse conjunto de pessoas. Para muitos a Equitação é arte de montar e conduzir bem o cavalo, porque a submissão das forças e dos movimentos desse nobre animal aos desígnios do homem exige deste extrema sensibilidade e perfeito entendimento com um ser vivente e dotado de vontade própria. Outros acham que o domínio do equilíbrio e da movimentação do cavalo implica na avaliação e o estudo de fatores e regras da natureza científica ligados à anatomia, à fisiologia e a cinesiologia e, ainda, à influência da gravidade na harmonia do conjunto cavalo-cavaleiro. São essas as justificativas de que a equitação se trata de uma ciência. Mas, seja arte ou ciência, o importante é praticá-la racionalmente. RESUMO O cavalo, a partir de sua domesticação, passou a ter participação fundamental e decisiva no destino da humanidade. As guerras e as conquistas tiveram as marcas das patas do cavalo, a posse dos eqüinos passou a significar nobreza e poder. Nos dias atuais, o cavalo representa uma atividade na economia, trabalho, lazer e terapêutica. A proposta apresentada pela doma racional é o primeiro passo para diminuir a brutalidade da doma tradicional, e proporcionar animais mais bem domados e treinados, procurando fazê-los gostar do trabalho que desempenham. Na doma tradicional o cavalo é submetido ao homem pela força e pelo medo, é estabelecida como que uma luta, na qual o homem sempre será o vencedor. O principio é o uso da violência. O cavalo é tratado como um animal selvagem, submisso pelo medo, dor ou cansaço. Já a doma racional exclui qualquer forma de brutalidade contra o animal, partindo do princípio de que o cavalo vê, sente, e ouve, sendo capaz de absorver todas as sensações que lhe são passadas pelo domador. Desta forma, considera-se um cavalo bem domado aquele que pode ser montado por um ginete ou por uma criança. A técnica baseia-se no fato de que os eqüinos apresentam excelente memória, motivo pelo qual se deve cuidar para que desde o seu primeiro contato com o homem haja um relacionamento positivo e agradável, sem traumas que possam marcá-lo para o resto da vida. O projeto DOMA, com seu estudo do horsemanship e Monty Roberts, com seu método de domar cavalos – Conjunção, dentre outros amantes da arte eqüestre e seres humano que respeitam o nobre amigo, vem reforçar que o mais importante não é saber o que é, mas sim como passar tais ensinamentos para o animal para que este por sua vez possa entender e apartir de então, gostar do trabalho a que se destina. Será que não estamos exagerando nas cobranças a nossos cavalos muito cedo, ou sem o devido preparo? Devemos sempre tomar muito cuidado com a pressa pelo resultado, ou a ansiedade pelo cavalo pronto. Somente o tempo, o trabalho e a dedicação poderão responder tais questionamentos. Palavras chaves: Doma Racional. Horsemanship. Tempo. Dedicação. ABSTRACT The horse, from it domestication, it started to have basic and decisive participation in the destination of humanity. The war and the conquest had the marks of the legs of the horse, the ownership of the equines started to mean nobility and power. In the current days, the horse represents an activity in the economy, work, therapeutical and leisure. The proposal presented by doma rational is the first step to dimish the brutality of the traditional doma, to provide most trained animals and made them most interesting in the work that they do. In traditional doma the horse is submitted to the man for the force and the fear, it is established as that one fights, in which the man always will be the winner. The beginning is the use of the violence. The horse is treated as a wild beast submissive for the fear, pain or fatigue. Already rational doma excludes any form of brutality aganinst the animal, starting the prtinciple that the horse sees, feels, hears, listens and being capable to absorb all the feeling that are passed to it by tamer. Of this form, a horse considers itself well tamed the one that can be mounted by a rider or a child. The technique is based on the fact that the equines present excellent memory, reason for what we need to made the first contact with the man it has a positive and pleasant relationship, without traumas that can mark it for the remaining portion of the life. Project doma, with its study of horsemanship and Monty Roberts, with theirs methods of tame horses – Conjunction, amongst others loving of the equestre art human being that respect the nobel friend, it comes to strengthen that most important it is not to know what is, but pass such teachings for the animal so this on can understand and beginning, to like the work. It will be that we are not exaggerating in the collections of ours horses very early, or without the right preparation? We must always take very well-taken care of with the haste for the result, or the anxiety for the ready horse. Only the time, the work and the devotion will be able to answer such questionings. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 01 2 DOMA TRADICIONAL 04 2.1 DOMA TRADICIONAL - AMBIENTAÇÃO 05 2.2 A IMPORTÂNCIA DA DOMA E COMO PODE SER EXECUTADA 06 2.3 ERRO – PUNIR OU NÃO PUNIR? 08 2.4 ENCANTADORES – REAIS OU ILUSÓRIOS? 09 2.5 RESPEITO PELO NOBRE AMIGO 10 2.6 ADVENTO DA DOMA RACIONAL – APERFEIÇOAMENTO OU SUBSTITUIÇÃO DAS RAÍZES TRADICIONAIS? 11 3 DOMA RACIONAL 13 3.1 AMBIENTAÇÃO 14 3.2 GENERALIDADES 15 3.3 ASPECTOS DIFERENCIAIS DA DOMA RACIONAL 15 3.4 AÇÕES BÁSICAS DA DOMA RACIONAL 16 3.5 IDADE PARA INICIAR OS TRABALHOS DE DOMA 16 3.5.1 INÍCIO DA DOMA 17 3.5.1.1 ACERTOS 17 3.5.1.2 ERROS 18 3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 19 4 O PROJETO DOMA – SUAS ORIGENS E SEUS IDEAIS 20 4.1 A FILOSOFIA DO PROJETO DOMA 21 4.2 OS OBJETIVOS DO PROJETO 22 4.3 A ESTRUTURA PEDAGÓGICA DAS ATIVIDADES 23 4.4 O PROCESSO DE ENSINO ADOTADO PELO PROJETO DOMA 23 4.5 A ARTE DO PROJETO 26 5 OS ENSINAMENTOS DE MONTY ROBERTS E O SISTEMA DESENVOLVIDO PARA DOMAR CAVALOS - A CONJUNÇÃO 28 5.1 MONTY ROBERTS – SUA ORIGEM E SEUS ENSINAMENTOS 28 5.2 A CONJUNÇÃO DE MONTY ROBERTS – MAIS DO QUE UMA FORMA DE DOMAR, UMA DEMONSTRAÇÃO DE AMIZADE AO FIEL AMIGO 30 5.2.1 ALVOS A SEREM ATINGIDOS DURANTE O PROCESSO DE INICIAÇÃO 31 5.2.2 MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DO SISTEMA 32 5.2.3 A CONJUNÇÃO PROPRIAMENTE DITA 32 6 PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES REALIZADAS PELAS ORGANIZAÇÕES MILITARES DETENTORAS DE ANIMAIS ORIUNDOS DA COUDELARIA DE RINCÃO 36 6.1 BREVE HISTÓRICO DA COUDELARIA DE RINCÃO 37 6.2 DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES 37 6.2.1 ADAPTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 38 6.2.2 MANEJO DAS REMONTAS 39 7 A MEDICINA VETERINÁRIA APLICADA NA INICIAÇÃO 40 7.1 AMBIENTAÇÃO 41 7.2 A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DOS POTROS 7.3 41 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÁLCIO E O FÓSFORO NA NUTRIÇÃO DE EQUINOS. 42 7.4 A RADIOLOGIA NA DETERMINAÇÃO DO MOMENTO FISIOLÓGICO DE FECHAMENTO DAS PLACAS FISEAIS NOS POTROS ORIUNDOS 8. DA COUDELARIA DE RINCÃO 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CAPÍTULO I INTRODUÇÃO Há séculos o homem tem o cavalo como companheiro. Na Antigüidade, a sua valorização, principalmente nas artes eqüestres, chegou a ser parâmetro para se medir o grau de desenvolvimento de uma sociedade. O cavalo é um dos mais importantes animais ligados à história da humanidade. Há milhares de anos, o homem percebeu que poderia utilizar-se deste animal como meio de transporte ou como força bruta, para a execução de muitos trabalhos na agricultura, principalmente. Com a expansão dos horizontes humanos e a conquista de novas terras, os cavalos tiveram um papel insubstituível no desenvolvimento e nas conquistas. De grande utilidade no trabalho, o cavalo servia ainda de transporte, sendo aliado indispensável nas caçadas e nas grandes guerras. Foi no decorrer de inúmeras batalhas, que o homem e animal juntaram força e inteligência, coragem e sensibilidade em favor de vitórias e da própria sobrevivência. 2 Nos exercícios preparatórios para as guerras é que surgiram os exercícios de adestramento e entre inúmeros tratados sobre este assunto, um dos mais antigos e famosos é o livro do filósofo e equitador Xenofonte, escrito séculos antes de Cristo. No ardor da luta o animal era capaz de recuar estrategicamente diante do inimigo executando piruetas, mudando de direção com extrema rapidez e presteza ao menor sinal de seu cavaleiro. Portanto, desde estes longínquos tempos, o homem tem a necessidade de domar este belo e vigoroso animal que vivia livre, até então, em algumas regiões do mundo. A doma, historicamente, sempre foi um processo de dominação e submissão do animal às vontades do homem. Era um processo, muitas vezes, cruel para o animal, que sofria muitas e dolorosas punições - doma tradicional. Atualmente, apesar de ainda se utilizar esse processo de doma, o que mais se usa é um método que consiste em ganhar a confiança do animal, ao invés de dominá-lo pelo terror. Este processo, adotado no mundo inteiro é conhecido como doma moderna ou, principalmente, doma racional. A doma racional, como já mencionada, consiste em um longo, mas proveitoso processo de ensinar o cavalo, através da sua confiança, ou seja, desde pequeno, o cavalo aprende que não precisa temer o ser humano e cria, apartir de então, um vínculo muito forte com seu dono. Por muitos, o cavalo é considerado um animal muito inteligente e por esta razão, o homem deve utilizar-se da sua própria para realizar a doma. Este animal é muito corajoso e altivo, mas, em muitas situações, pode ser considerado muito assustado. Desta forma, a doma deve ser feita de maneira que o cavalo não sofra grandes sustos, que ponham em risco a sua confiança no homem. São utilizados muitos exercícios de repetição, condicionando o animal, de maneira suave e sem o uso de força, aos comandos desejados e à tolerância à monta. Não são utilizados artifícios severos para dominá-lo, ao contrário do que acontece na doma tradicional. É uma atividade que exige muita paciência, trazendo bons resultados, melhores dos que os conseguidos através da doma tradicional, que pode causar muitos traumas. Em algumas fazendas e haras, utiliza-se uma certa mistura das domas tradicional e racional. Não é o mais indicado, porém eficiente. Nestes casos, apesar de serem utilizados artifícios conhecidos como o laço e o palanque, o responsável pela doma cria um vínculo de confiança com o cavalo, fazendo com que este sofra o mínimo possível. 3 É bom ressaltar que o objetivo da doma é fazer com que o cavalo aceite normalmente o contato e os comandos do homem, além de se habituar às embocaduras, sela e rédeas. Também é de vital importância que, através da doma, o cavalo aprenda a reagir aos comandos de voz que o cavaleiro faz, como as ordens de partir e parar. Sempre que estivermos fazendo a doma de um animal, devemos lembrar que este processo é um "jogo" no qual o cavalo deve ser ensinado e, para isso, deve-se fazer um esquema de recompensas, como carinhos ou gestos que mostrem ao cavalo que o homem está satisfeito com seu comportamento. É um jogo de agradar o cavalo quando ele acerta e não um jogo de puní-lo, quando erra ou se comporta mal. CAPÍTULO II DOMA TRADICIONAL “Se o programa de treinamento é baseado no medo, na intimidação e na dor, com certeza não vai existir nem confiança nem aliança.” Marins (2005). Segundo Marins (2005) devemos fazer uma análise de nossos criatórios, nossos treinadores, nossos potros e nossos cavalos em geral. Será que não estamos exagerando nas cobranças a nossos cavalos muito cedo, ou sem o devido preparo? Ou estamos cobrando de nossos treinadores resultados que somente são alcançados com o tempo, trabalho e dedicação? Devemos sempre tomar muito cuidado com a pressa pelo resultado, ou a ansiedade pelo cavalo pronto ou o vencedor das competições. Com cavalos, o devagar é a maneira mais rápida de se conquistar algo em termos de resultados. As sessões de trabalho, 5 sejam elas quais forem devem ter qualidade e não necessariamente devem ser longas e demoradas. Priorize a qualidade do trabalho e não a quantidade. É bom lembrar sempre de que os cavalos aprendem mais quando trabalham sessões com muita qualidade nas informações que lhes são passadas. Um passo de cada vez, um exercício a cada etapa, uma dificuldade a cada momento certo. 2.1 DOMA TRADICIONAL – AMBIENTAÇÃO Segundo Andrade (2004), infelizmente, a doma antiga, conhecida como doma tradicional, ainda é praticada em muitas fazendas e haras, em diversas regiões. O principio é o uso da violência. O cavalo é tratado como um animal selvagem, submisso pelo medo, dor e cansaço. É laçado, às vezes até derrubado, suas orelhas são torcidas pelas mãos rudes dos peões, seu lábio superior é torcido pelo cruel instrumento de contenção conhecido como cachimbo. O cabo do cabresto, outro instrumento do gênero, é amarrado na cauda e a cada tentativa de disparar, o potrinho recebe um violento tranco no queixo. Amarrado com a cabeça rente ao esteio recebe a embocadura de forma ríspida e seus olhos são tapados para receber a manta e a sela. É selado na primeira aproximação. Alguns peões, pseudotreinadores, adotam o método de conduzir na guia antes de montar, corcoveiam muito, até cansar. Outros peões, para demonstrarem coragem, montam para uma platéia que aplaude quanto mais o cavalo corcovear. Ao longo da cerca o cavalo é quebrado, para a direita e esquerda. Já no primeiro ou segundo dia, sai para o campo ou estrada tendo como guia um cavalo madrinha. O uso de 6 madrinha, por vezes, gera um cavalo indeciso, confuso e medroso quando comandado para ir sozinho. Na doma tradicional, chicotes e esporas são ajudas auxiliares indispensáveis, sangrando o cavalo. A rudeza dos comandos de rédeas também sangra a boca, quase sempre produzindo futuras calosidades nos pontos de controle da embocadura. É comum encontrar cavalo assim domado com queixo duro, às vezes até com o pescoço flácido, devido aos traumatismos no grande músculo braquiocéfalo. Cavalos assim domados, raramente terão um posicionamento correto da cabeça, devido à flexão deficiente da nuca ou, em casos extremos, lesão nesta delicada região. A doma tradicional tende a gerar um cavalo medroso e acuado, extremamente propenso a adquirir vícios dos mais variados. Ao contrario, a doma racional gera um cavalo amigo do homem, leal e confiante. 2.2 A IMPORTÂNCIA DA DOMA E COMO PODE SER EXECUTADA O cavalo é um dos mais importantes animais ligados à história da humanidade. Há milhares de anos, o homem percebeu que poderia utilizar-se deste animal como meio de transporte ou como força bruta, para a execução de muitos trabalhos na agricultura, principalmente. Com a expansão dos horizontes humanos e a conquista de novas terras, os cavalos tiveram um papel insubstituível no desenvolvimento e nas conquistas da humanidade. Portanto, desde estes longínquos tempos, o homem tem a necessidade de domar este belo e vigoroso animal que vivia livre, até então, em algumas regiões do mundo. A doma, historicamente, sempre foi um processo de dominação e submissão do animal às vontades do homem. Era um processo, muitas vezes, cruel para o animal, que sofria muitas e dolorosas punições. Atualmente, apesar de ainda se utilizar esse processo de 7 doma tradicional, o que mais se usa é um método que consiste em ganhar a confiança do animal, ao invés de dominá-lo pelo terror. Este processo, adotado no mundo inteiro é conhecido como doma moderna ou, principalmente, doma racional. A doma racional, como já mencionada, consiste em um longo mas proveitoso processo de ensinar o cavalo, através da sua confiança, ou seja, desde pequeno, o cavalo aprende que não precisa temer o ser humano e cria um vínculo muito forte com seu dono. O cavalo é um animal muito inteligente e por esta razão, o homem deve utilizar a sua própria para realizar a doma. Este animal é muito corajoso e altivo, mas, em muitas situações, pode ser considerado muito assustado. Desta forma, a doma deve ser feita de maneira que o cavalo não sofra grandes sustos, que ponham em risco a sua confiança no homem. São utilizados muitos exercícios de repetição, condicionando o animal, de maneira suave e sem o uso de força, aos comandos desejados e à tolerância à monta. Não é utilizado, o laço, o palanque ou a quebra de queixo, ao contrário do que acontece na doma tradicional. É uma atividade que exige muita paciência, mas que traz resultados muito bons, melhores dos que os conseguidos através da doma tradicional, que pode causar muitos traumas. Em muitas fazendas e haras, utiliza-se uma certa mistura das domas tradicional e racional. Não é o mais indicado mas é bastante utilizado, mostrando-se, também, eficiente. Nestes casos, apesar de serem utilizados itens como o laço e o palanque, o responsável pela doma cria um vínculo de confiança com o cavalo, fazendo com que este sofra o mínimo possível. É bom lembrar que o objetivo da doma é fazer com que o cavalo aceite normalmente o contato e os comandos do homem, além de se habituar às embocaduras, sela e rédeas. Também é de vital importância que, através da doma, o cavalo aprenda a reagir aos comandos de voz que o cavaleiro faz, como as ordens de partir, parar ou acelerar. Sempre que estivermos fazendo a doma de um animal, devemos lembrar que este processo é um "jogo" no qual o cavalo deve ser ensinado e, para isso, deve-se fazer um esquema de recompensas, como carinhos ou gestos que mostrem ao cavalo que o homem está satisfeito com seu comportamento. 8 2.3 ERRO – PUNIR OU NÃO PUNIR? O relacionamento entre os seres humanos e os cavalos vem sendo cada vez mais discutido e abordado por pessoas do cavalo, profissionais, amadores e todos os que se preocupam com resultados satisfatórios com seus animais. Dentro do assunto, algo que sempre vem à tona é a punição de cavalos. Perguntas como quando punir, como punir ou se deve ou não punir um cavalo sempre são argumentadas e discutidas. Punir um cavalo com relação a algo que este tenha feito de errado é muito pouco para ser considerada terminada esta discussão. É sabido que mais de 70 a 80% dos erros de um cavalo são causados pelo erro na condução do cavaleiro que nele está. Ao mesmo tempo, conhecemos cavalos que aprendem a sair do trabalho ou do esforço, mas ainda a causa maior deste “aprender” é o cavaleiro que não se antecipou ao erro. Temos ainda aspectos como os métodos de punição, que sempre devem ser medidos partindo do ponto de vista do cavalo e não do cavaleiro, ou seja, de uma caça e não de um predador. Se pensarmos como seres humanos, iremos levar tudo para o pessoal e descontaremos nossa raiva, que nunca deve estar presente, no cavalo, custe o que custar. Já vimos alguns shows de cavaleiros com cavalos em uma verdadeira briga chegando a ponto de os dois caírem no chão; tudo isto por causa do lado predador do cavaleiro, que ataca, contra o lado caça do cavalo, que tenta fugir. Parece um grande contra senso e realmente é. Portanto, o grande aspecto relacionado à punição não é somente o como e o quando, mas talvez devamos pensar no porque punir e em quais reais situações e motivos. Pensemos se não estamos punindo porque nos ofendemos pessoalmente com uma tentativa de fuga do trabalho ou até mesmo o desespero pela preservação instintiva dos cavalos, ou porque erramos ao solicitar algo ao cavalo, seguido de um não entendimento por parte dele e o erro aconteceu. Pensemos se não nos faltam um pouco mais de conhecimento geral sobre comportamento, atitudes, instintos e depois o treinamento específico. Pensemos no conhecimento adquirido. 9 2.4 ENCANTADORES – REAIS OU ILUSÓRIOS? Como é o relacionamento do ser humano com os cavalos? Esta á um pergunta que para muitos pode ser simples de ser respondida se nos atentarmos para o lado prático e técnico e não o conceitual. Estamos falando de relacionamento comportamental e de atitudes do ser humano para com os cavalos. O tema parece profundo e filosófico demais, mas os exemplos e métodos sem critérios estão todos soltos no ar. Na linha e na moda do encantador de cavalos, devemos lembrar que estas pessoas não são mágicas ou com poderes acima das outras. Usam o termo encantar para cativar pessoas que menos sabem sobre cavalos, e muitas vezes dizem que o trabalho está terminado quando na verdade nem um terço do mesmo foi feito. Encantar não é fazer o cavalo andar atrás ou ensiná-lo a ficar parado do lado do “encantador”. Não existem encantadores. Os resultados de um encanto nada mais são do que resultados de um trabalho baseado na experiência das pessoas com os cavalos. Portanto, um primeiro passo é acabarmos com os encantamentos e seus encantadores, e sim valorizarmos a experiência das pessoas. Experiência em trabalho pode ser traduzida na honestidade que se deve ter para com o cavalo e ele para cavaleiro. Somente assim, poderemos construir alguma confiança. Na verdade quando falamos de confiança, falamos em fazer coisas isentas de medo e intimidação, mas é também aliança, esperança, pode ser ainda acreditar em alguma coisa. “Se o programa de treinamento é baseado no medo, na intimidação e na dor, com certeza não vai existir nem confiança nem aliança. A coisa mais fácil que existe em equitação, é destruir essa confiança e essa aliança, esse vinculo que construímos com o nosso cavalo.” Borba (2001). Borba (2001) ainda nos diz que: "cavalos são criaturas que vão brigar toda vez que não tolerarem alguma coisa, mas também vão tolerar tudo aquilo que não conseguirem evitar." 10 Pensemos nisso tudo e pensemos diferente sobre os cavalos. Quantas pessoas se dizem “Encantadores de Cavalos” quando na verdade nunca se preocuparam sequer em entender e construir algo sólido com seus cavalos. Pensemos e estudemos sobre cavalos cada vez mais. Mais do que isso – viva o cavalo. 2.5 RESPEITO PELO NOBRE AMIGO O cavalo é um animal que atrai o desejo e o fascínio desde crianças até homens formados, independentes de classe ou cultura, ele está presente em todos os cantos do mundo. Em várias versões, trabalho, corrida, lazer, miniaturas, etc. Servindo a todos e sendo leal, com sua índole e coragem que o individualizam de qualquer outro animal existente. Ele é um amigo para toda hora, e de boa linhagem e bem adestrado, não reclama das exigências que seu montador o impõe, mas para isso ele precisa ser bem tratado, e trabalhado para que não pegue vícios que causem desgosto a seu companheiro inseparável. Porém, se o destino nos levar a receber um animal com tais desvios, a reeducação é o processo que deveremos fazer prioritariamente. Iniciar ou reeducar um cavalo leva tempo, trabalho e muito esforço por parte do cavaleiro e principalmente por parte do cavalo. Por isto o processo é lento e demorado, mas com cavalos devemos trabalhar assim. Um cavalo aprende as coisas de uma só maneira – entendendo o que lhe está sendo solicitado. O entendimento entre as partes (cavalo e cavaleiro) faz com que geremos o que podemos chamar de construção de algo. Um relacionamento, um movimento, uma manobra, a quebra de uma barreira e até mesmo a descoberta de novos fatores particulares deste ou de outro cavalo. Podemos fazer um paralelo da iniciação / reeducação com a construção de uma casa. De nada adianta o melhor arquiteto, o melhor mestre de obras, o melhor pedreiro, se não se tem tijolos, se não se faz uma bela fundação, se não se tem atenção aos detalhes e persistência em querer terminar a casa ao tempo certo. Com cavalos é a mesma coisa. Às 11 vezes (e quase sempre) o devagar é a maneira mais rápida de se chegar ao objetivo final. A construção de um resultado se dá a partir da iniciação e do relacionamento entre as partes. Portanto, não se iluda e não se deixe enganar. Profissionais muito rápidos não estão construindo algo para sempre nos cavalos. Estão somente mostrando que são rápidos e baratos. O cavalo não será sólido, não será sério, nunca estará confortável no trabalho. O que vale em um cavalo é o que ele faz de certo e de sólido e não o que ele faz somente em uma mostra ou uma sessão de trabalho. 2.6 ADVENTO DA DOMA RACIONAL – APERFEIÇOAMENTO OU SUBSTITUIÇÃO DAS RAÍZES TRADICIONAIS? O método da doma racional é suave para o cavalo, baseia-se no principio da não violência. O cavalo é subjugado pela paciência, o carinho, a aproximação cautelosa, as lições progressivas e repetitivas, sendo recompensando pelos acertos. Uma vantagem é que os modernos métodos de criação favorecem o contato rotineiro entre cavalo e cavaleiro, na alimentação, no controle sanitário, no manejo reprodutivo, no trato do pêlo. Quando o potro atinge a idade da doma de sela, aceita a aproximação do treinador com muito mais facilidade. Originalmente, o método da doma racional foi introduzido no Brasil através dos treinadores do cavalo quarto de milha. Disseminado para aplicação em outras raças, o método foi sendo alterado, às vezes de maneira negativa. Na verdade, alguns métodos de doma racional ainda utilizam alguma forma de violência, o que vem a aproximar-se da doma tradicional como vejamos: - O uso do laço. O giro do laço amedronta o cavalo, que pressente uma agressão. A laçada entrando na cabeça é dolorosa. O aperto na garganta faz o cavalo sufocar. - O uso do cachimbo – Com a orelha torcida por uma das mãos e o lábio superior torcido pelo cachimbo, o cavalo sente um medo imensurável, afetando negativamente a assimilação do aprendizado. 12 Portanto, cabe ao homem, cavaleiro ou domador, ambos amantes do cavalo, escolher o tipo de trabalho a empregar e aperfeiçoá-lo, o quanto possível, para minimizar o sofrimento do fiel amigo, para com isso maximizar o aprendizado e submissão do mesmo. CAPÍTULO III DOMA RACIONAL “Um bom treinador ouve o cavalo falando para ele. Um grande treinador ouve o cavalo sussurrar.” Roberts (1996). 14 3.1 AMBIENTAÇÃO No princípio, o vento que vinha do Leste soprava com força, destruindo tudo à sua frente e mostrando-se a mais forte dentre todas as ações da natureza. Então Deus chamou o vento e disse: Tomarás forma e consistência! Far-te-á amigo do homem, e com ele, vencerás batalhas e desbravarás novas terras, carregando-o em teu lombo, estabelecendo com ele a mais estreita relação de amizade existente entre homem e animal. Terás inteligência, para entender aos chamados de teu amo! Serás o mais belo e garboso dentre todos os animais! Chamar-te-á cavalo! O cavalo, a partir de sua domesticação, passou a ter participação fundamental e decisiva no destino da humanidade. As guerras e as conquistas tiveram as marcas das patas do cavalo, a posse dos eqüinos passou a significar nobreza e poder. Nos dias atuais, o cavalo representa uma atividade na economia. A visão dos eqüinos, quando olham para frente é binocular, e, além de ser reduzida, é focalizada com o movimento da cabeça, sendo monocular no que se refere à visão lateral, que é muito ampla, mas sem nitidez. No que se refere à sua audição, são capazes de captar os sons agudos não audíveis para o homem. Através do movimento das orelhas ampliam o seu campo auditivo, o que lhes facilita a localização do ponto de onde o som partiu. Os eqüinos são sensíveis às carícias e afagos tanto quanto aos castigos; no entanto estes deverão ser aplicados, por seu dono, imediatamente após cometerem um erro. Por exemplo, o cavalo que corcoveia, deverá apanhar enquanto estiver pulando, não adianta depois que o cavaleiro cair, montar novamente e se pôr a surrá-lo. 15 3.2 GENERALIDADES Decorrente da grande paixão por esses maravilhosos animais resolveram criar um método, dentro dos princípios e ações da doma racional, onde houvesse maior proximidade entre cavalo e cavaleiro, e onde os riscos e traumas para o animal reduzissem-se a quase zero. Após algum tempo trabalhando com doma racional com diversas raças, e após anos de pesquisa, encontraram o que chamou de doma racional melhorada. Tal método apresenta vantagens e desvantagens perante a doma comum. Uma das principais vantagens observadas, levando em conta a necessidade de suprimento do Exército Brasileiro, é o tempo que se leva para ter um animal domado, que será montado por volta da terceira semana de trabalho. Tal método forma cavalos dóceis, capazes de serem conduzidos por qualquer cavaleiro, seja ele experiente ou uma criança. É o método preferido por quem respeita e admira este esplêndido animal. 3.3 ASPECTOS DIFERENCIAIS E PROIBIÇÕES DA DOMA RACIONAL Na doma tradicional, o cavalo é submetido ao homem pela força e pelo medo. Já na racional, a primeira tarefa é fazer com que o cavalo perca este medo do homem e, a partir de então, passe a confiar no domador, por saber que ele estará protegendo-o e que não vai lhe causar nenhum mal. Na doma tradicional, é estabelecida uma espécie de luta, na qual o homem sempre será o vencedor1, na racional, o cavalo é conquistado. Em suma, na doma racional é utilizada a inteligência e, na tradicional, a força. A doma racional é um processo de domesticação, em que se busca desenvolver o entendimento e a cooperação entre cavalo e domador, baseada sempre na confiança e no respeito mútuo. 1 Terá a sua montada com medo de suas agressões, contudo não subordinado, obediente às suas ajudas o que é fundamental para o cavaleiro. 16 Alguns procedimentos comuns na doma tradicional, e que mais se assemelham a uma luta da qual deverá sair um vencedor, tais como laçar o cavalo para pegá-lo, palanqueá-lo e quebrá-lo do queixo, são proibidos na doma racional. 3.4 AÇÕES BÁSICAS DA DOMA RACIONAL Apresenta-se a seguir, as ações básicas que norteiam a doma racional: 1. Dominar o cavalo conquistando-lhe a confiança, e não pelo medo; 2. Transmitir os comandos com clareza e manter sempre o comando; 3. Demonstrar ao cavalo, através do afago (carinho), quando ele responder positivamente a um comando; 4. Encarar cada animal com sua individualidade; 5. Castigar o animal (quando necessário e sem excessos) de imediato; 6. Ter paciência e repetir os comandos sempre que necessário. 3.5 IDADE PARA INICIAR OS TRABALHOS DE DOMA O eqüino pode ser domado em qualquer idade. No entanto, alguns aspectos básicos devem ser considerados. O animal quanto mais novo, mais ligeiro se amansa e se submete. O adulto, muitas vezes, reluta um pouco mais, possuindo maior força e vigor, o que dificulta o manejo. A doma de baixo pode ser iniciada logo após o nascimento, sem o uso de cordas ou buçal, simplesmente acercando-se do potrinho, mantendo-o seguro com as mãos e braços, acariciando-o, fazendo-o perder o medo das pessoas. 17 3.5.1 INÍCIO DA DOMA O início da doma é uma fase bastante delicada, e se fizermos os primeiros contatos com o potro usando atenção, paciência e principalmente numa seqüência coerente, evitaremos erros e dores de cabeça. Abaixo seguem alguns acertos e erros para que o cavaleiro se oriente e tenha a chance de corrigir possíveis enganos. 3.5.1.1 ACERTOS 1- Aproximar de um potro em inicio da doma com tranqüilidade e segurança mesmo com cavalos desconhecidos que você não tenha contato constantemente. Pegá-los em um local onde seu espaço seja limitado, facilitando a aproximação; 2- Colocar o cabresto pelo focinho e passar por trás das orelhas conversando principalmente com o potro e outros enquanto coloca lentamente sem assustá-lo. 3- Usar voz firme e sempre igual, isto é, no mesmo tom para que o animal entenda o que você espera dele. 4- Recompensar o cavalo com carinhos no pescoço a cada etapa executada de maneira correta, lembrando que se deve premiar no momento em que o animal realiza corretamente a tarefa pedida. 5- Parar com a insistência ou aula assim que o animal realize por algumas vezes o que lhe foi pedido. Ministrar os ensinamentos progressiva e repetidamente. 6- Encilhar o animal pelo lado esquerdo, entretanto o cavalo bem domado aceitará o manejo pelos dois lados. 7- Para cada tipo de animal, melhor dizendo para cada tipo de modalidade que você quer fazer com seu animal necessita de selas diferentes, selas tipo australianas são usadas normalmente para cavalos de marcha, selas tipo Western coloca-se em cavalos Árabes e Quarto de Milha, selas tipo seletas mais leves usase em cavalos de corrida e saltos. 18 3.5.1.2 ERROS 1- Não se aproximar brutalmente principalmente pela sua traseira. Os cavalos têm medo dos homens e com susto poderão reagir repentinamente. 2- Não colocar o cabresto rápido e não amassar as orelhas, pois podem sentir dor ou irritação, e o animal pode reagir e criar traumas, difíceis de tirarem. 3- Não rode o animal com o cabresto e evitar dar puxões fortes. 4- Não repetir as palavras de comando na hora que o animal está realizando os ensinamentos. Se ele esta fazendo é porque já entendeu e a voz de comando nessa hora só irá confundi-lo. 5- Não recompensar o animal após não ter feito o que foi pedido ou recusar. Nunca bata em seu cavalo, pois só servirá para desorientá-lo. 6- Não pare com o trabalho ou a aula no momento que o cavalo errar o exercício. Caso o cavalo não execute o exercício de forma correta, mesmo que depois de algumas tentativas, mude o exercício para um mais fácil e termine a aula. A repetição demasiada cansa fisicamente e mentalmente o cavalo. Ele ficará cansado e perderá a disposição e o rendimento. Por isso procure variar as lições para mantê-lo sempre atento e disposto. 7- Não jogar o material que irá no dorso, pois é um lugar sensível (perto do rim) e esse impacto provocará dores e traumas. 19 3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Cada vez que se aumenta à experiência com cavalos temos que conhecer melhor seu estilo de vida e descobrir as coisas úteis, certas e boas, portanto, muitas vezes se pergunta: Qual é a melhor maneira de colocar a sela? Como por a cabeçada? Que tipo de embocadura usar? São dúvidas comuns para qualquer cavaleiro. Até os mais experientes cometem enganos e deixam o animal desorientado ainda mais que cada cavalo é um tipo e cada um tem uma forma de trabalhar e a reagir às coisas que fazemos. No manejo diário, as atitudes vão se tornando tão mecânicas que as chances de se cometer faltas só tendem a aumentar. Começando nos apetrechos que compõe os equipamentos eqüestres, podem se tornar inimigos da sua montaria caso não sejam usados de forma correta, e as coisas vão aumentado como uma embocadura mal escolhida e mal ajustada ou uma sela grande para cavalos pequenos. São fatores que à primeira vista podem parecer sem muita importância, mas que em longo prazo poderão trazer traumas e perigos, afastando um pouco mais o cavalo da rotina tranqüila de trabalho. CAPÍTULO IV O PROJETO DOMA – SUA ORIGEM E SEUS IDEAIS “Nasceu com o objetivo principal de levar consciência e luz a todos aqueles que de alguma forma estão envolvidos com cavalos.” (Borba 2001) 21 4.1 A FILOSOFIA DO PROJETO DOMA “Raramente sei o que vou fazer a priori, quando começo a pintar um quadro, não sei bem para onde estou indo, só chego nele no final”. (Picasso) Segundo Ometto (2000),fazer parte das atividades do Projeto, não é apenas uma mera questão de aprender a lidar, domar ou treinar cavalos, antes de tudo o Projeto é uma escola, uma filosofia, um estilo de vida. A maior ênfase é na continuidade do aprendizado. Aprender a aprender é fundamental. Aprender a estar aberto ao aprendizado é o que há de mais contemporâneo. No entanto, é incrível observar como a maioria das modalidades eqüestres parece olhar, para aqueles que querem dar continuidade ao seu aprendizado, como uma forma de fraqueza no assunto. “Do alto dos meus trinta anos de atividades junto ao cenário eqüestre, posso dizer com toda segurança que a compreensão do Horsemanship é acumulativa. Isto é, a cada novo curso que fazemos, a cada nova fita, livro ou revista que chegam, muitas sutilezas que ainda não haviam recebido luz, se iluminam nos propiciando novas possibilidades de interpretação daquilo que de alguma forma já sabíamos. “ (Ometto,2000) Quando se aprende a fazer algo através das emoções e da experiência, é como aquilo que aprendemos na infância. Permanece para toda vida. Aparece dentro da gente uma enorme sensação de auto confiança e é muito importante mantê-la. Não parar, não falar a respeito, só continuar fazendo. A maravilha do Horsemanship é que tudo vem da experiência de cada um. Ele não pode ser praticado através de regras que podem ser memorizadas, ele obedece a princípios, ajustes e principalmente ao bom senso. O 22 desenvolvimento da sensibilidade amplia o âmbito daquilo que pode ser percebido. É um processo que nos desperta e nos possibilita obter controle. 4.2 OS OBJETIVOS DO PROJETO A cultura das Américas cultiva resultados imediatos. As pessoas querem acreditar que aquilo que os mestres precisaram de uma vida inteira para desenvolver, pode ser aprendido em uma semana ou dez dias. Se quisermos ter êxito nessa empreitada o sucesso tem que chegar devagar, com muito esforço, mas sem tensão e obsessão. O cavaleiro comum quando começa a interagir com o cavalo quer receber respostas imediatas. É preciso aprender a medir as nossas expectativas, a controlar nossas ansiedades. Os animais, de uma maneira geral, são diferentes e separados dos seres humanos pela gigantesca cadeia caça x predador. Observar e perceber essa diferença, medindo as nossas expectativas, é a única maneira de compreender o tempo de espera necessário para que os animais possam começar a responder. A equitação básica e o horsemanship, não podem deixar de estar vinculados à arte tradicional de disciplinar e montar cavalos. Conhecimentos práticos, técnicos e culturais são fundamentais para a formação do horseman1. Sem esses elementos ele é como uma árvore sem raiz, não tem sustentação.O comportamento de um horseman é algo que desafia a imaginação do cavaleiro comum. Por que na verdade, é muito difícil para ele conseguir ver o que e como, aquele homem está fazendo. 1 Cavaleiro ou instrutor de equitação que utiliza a arte de trabalhar, de treinar e de montar, de uma maneira fácil e amável, mexendo com comportamento, instintos e personalidade do animal. 23 4.3 A ESTRUTURA PEDAGÓGICA DAS ATIVIDADES A maioria das pessoas ainda acredita que é o que se faz com os cavalos é o que conta. Para os integrantes do projeto é absolutamente claro que o problema não está nos cavalos, mas sim nas pessoas. Uma pessoa pode aprender todas as técnicas e ainda assim, não obter sucesso, por que na verdade, tudo que ela estiver fazendo pode até ser uma ótima idéia, mas a maneira como ela está apresentando aquela idéia é horrível e é impossível daquele animal compreendê-la. O programa de aulas do Doma é planejado de forma tal que as pessoas possam aprender se divertindo. Acreditam que o humor, através da consciência de si está diretamente ligado a eficiência. No cenário eqüestre convencional, é muito difícil encontrar alguém que fale e explique o que é ter uma relação descente e leal com cavalo. Na maioria das vezes, as pessoas ou abusam do chicote e da espora ou da cenoura e do açúcar. As duas formas são ineficientes e trazem muito risco para a relação. É preciso compreender o que é ser justo do ponto de vista do cavalo e dos animais em geral. Animais, como cavalos, não podem ser tratados nem como escravos e nem como pets. Eles fundamentalmente trabalham para o ser humano. 4.4 O PROCESSO DE ENSINO ADOTADO PELO PROJETO DOMA Em se tratando de Horsemanship, quando alguém se propõem a ensinar alguém, é preciso descer a detalhes tão sutis que nunca nem imaginou antes, mas que naquele momento se faz necessário para que a outra pessoa possa compreender. Esse fato faz com que aquele que ensina esteja aprendendo também. Esta é a razão de estarem sempre atentos para que os participantes possam perceber que os instrutores, apesar de estarem no papel de professores, também estão no processo, 24 aprendendo com cada cavalo novo e cada aluno novo que chega. Acreditam que essa troca de experiências é a forma mais rica de aprendizado. É ela que possibilita o diferencial de eficiência do processo. É muito importante aprender fazendo, mas é preciso ter consciência que bom senso é o principal. Sabemos que existem algumas coisas que ninguém consegue ensinar para ninguém. É preciso aprender sozinho. Mas, existem algumas dicas, pequenos detalhes, vindos dessa troca que podem nos ajudar muito. Sabedores disso, os instrutores do projeto estão sempre criando e forjando situações, tentando imitar a vida real. Sua intenção é que os seus alunos pratiquem e façam um contato com o real. O planejamento das aulas é direcionado para poder atender a cada um dentro do seu próprio nível de experiência, desde aqueles que sabem muito pouco e querem saber mais, até aqueles que já tem um bom nível e querem se aperfeiçoar. Fazem questão de se intercalarem intermitentemente com todos os participantes, tanto como grupo, como um a um. No inicio os principiantes precisam de mais assistência. Mas, é incrível o que uma cabeça aberta ao conhecimento, é capaz de absorver. O fato de serem principiantes não importa, o que faz a diferença é estarem com os objetivos definidos, é isso que faz com que em pouco tempo, muitos principiantes, estejam trabalhando junto com os mais adiantados. Todos trabalham juntos oferecendo as informações a respeito da influência da postura e do uso do corpo do cavaleiro e suas partes no comportamento do cavalo, as diversas maneiras de se usar as rédeas e a sua influência no que se refere à execução das manobras básicas, a psicologia do cavalo, o significado da zona de fuga e da zona de pressão. A parte física do cavalo e de como o seu peso está distribuído, os ritmos dos seus andamentos de maneira clara e organizada A importância da posição e ângulo, quando estão lidando com cavalos no pasto ou no redondel. A influência que podem exercer quando conhecem o breaking point2 desses animais. Ao mesmo tempo, os professores 2 Expressão que indica a hora de parar, encerrar os trabalhos. 25 mostram o significado do trabalho de equipe organizado e a etiqueta e a cultura tradicional do buckaroo3. Assim como o cuidado com a tralha e todos os equipamentos de trabalho. Através das informações a respeito da vida e do trabalho dos velhos vaqueiros, conseguem passar para os participantes que tradição é cultura, é referência e é só através dela que vão poder criar novos caminhos. A consciência de si próprio é a parte mais fundamental dos exercícios do dia a dia dos cursos do Projeto. É ela que vai permitir administrar nossas mentes com muito mais eficiência. Aprendendo a aprender a respeito das habilidades e das limitações de cada um. Um dos exercícios principais é aprender a deixar o ego fora da arena. A experiência individual tem mostrado que quando deixamos o nosso ego em casa, conseguimos nos perceber começando a aprender alguma coisa. É impossível alguém aprender fazer alguma coisa quando o ego estiver na garupa do seu cavalo. Ficamos muito apertados na sela. É uma coisa como se a gente estivesse tentando treinar o nosso cavalo com o diabo nos nossos ombros. É fundamental aprender a deixá-lo fora da arena. Só assim vamos conseguir relaxar os ombros e abrir o coração. Poder perceber que estar em contato com esses animais nos mostra que depois de acreditarmos ter aprendido tudo que havia para aprender, ainda existe tudo para se aprender, é um grande estímulo. O bom do exercício é que ele não funciona só quando estamos iniciando um potro, exercitando o nosso Horsemanship, mas em todas as áreas da vida. 3 O vaqueiro que em inglês virou buckarro é o que os puristas consideram o verdadeiro e original cowboy. Era um tipo de gente que primava pelo exercício de uma disciplina tão séria na relação Homem-Cavalo e uma dedicação tão fantástica no seu trabalho que a capacidade de cada um, nunca podia ser medida através do relógio, mas sim pela habilidade e o esmero na execução de cada etapa do trabalho, visando o menor estresse para suas montarias. O principal era eficiência, segurança e estilo. 26 4.5 A ARTE DO PROJETO “Não sei bem para onde estou indo, mas sei que não estou perdido”. (Ray Hunt) Só o auto controle, a disciplina, e a consistência, podem nos proporcionar entrar em contato com sensibilidades complexas e percepções refinadas. Todos aqueles que de alguma forma entram nesse mundo, se vêem envolvidos por um vasto universo, emaranhado e único. As informações são difíceis de serem encontradas; os estudantes desse tipo de equitação, horsemanship, percebem que quanto mais fundo vão no assunto, mais profundo o assunto parece ser. Tem muita gente que gosta de chamar esse trabalho de ciência, outros preferem chamá-lo de arte, por que assim como todas as outras formas de arte a equitação e o horsemanship, não podem ser ensinados dentro de um modelo, onde os participantes possam ir eliminando etapas, nem ser provado em laboratório. É um assunto que tem que vir de dentro de cada um, através da consciência de si. É essa a razão que nos faz acreditar que este assunto não pode ser colocado em palavras, por que ele faz parte do intrincado, subjetivo e ilusório mundo da Arte. A maioria daqueles que dedicou suas vidas praticando essa disciplina, já não está mais vivo e aqueles que ainda vivem, são muito difíceis de serem encontrados. O mundo deles nunca foi regido pelo relógio. Eles usam o tempo que é preciso para construir seus cavalos, de acordo com o tempo de cada cavalo.(Borba, 2001) 27 É uma estrada extremamente rica. Mas, para percorrê-la, é preciso estar com a atenção acordada e ter vontade de conhecer e compreender cavalo de uma forma mais profunda, isto é, de maneira que o processo de aprender seja encarado, de um ponto de vista que ao mesmo tempo seja, prático, teórico, e cultural. O sentir e o perceber, vão tomando lugar das explicações racionais que fazemos a nós mesmos. É isso que nos faz perceber que a cultura do buckaroo nos proporciona um estilo de vida sadio, educado, divertido e principalmente, contribui para que possamos nos tornar melhores pessoas. Por essas razões é que o lucro principal do projeto é o contingente de pessoas que encontram nesse caminho, compartilhando seus interesses, ajudando a difundir os princípios fundamentais do horsemanship e da equitação. CAPITULO V OS ENSINAMENTOS DE MONTY ROBERTS E O SISTEMA DESENVOLVIDO PARA DOMAR CAVALOS - A CONJUNÇÃO “Nunca é o cavalo que erra.” Roberts(2002) 5.1 MONTY ROBERTS – SUA ORIGEM E SEUS ENSINAMENTOS Monty Roberts nasceu na pequena cidade de Salinas, Califórnia, no dia 14 de maio de 1935. Seu pai era domador de cavalos e utilizava o tradicional método de “machucá-los para não ser machucado”. Desde cedo Monty discordava de seu pai no que tange a utilização de tal método. Seu amor pelos animais, que considera seus irmãos e seu aguçado senso de observação, fez 29 dele um pioneiro na comunicação com os animais, que batizou posteriormente esta linguagem de “Equus”. Observando-os, ouvindo-os e interpretando as mensagens passadas, Roberts iniciou vários cavalos para corridas e rodeios sem chicotes, esporas e o que é fundamental, sem violência alguma, conquistando com isso a amizade e a confiança dos eqüinos. Sendo neto de índios, cresceu ouvindo como os cherokees lidavam com as mais diversas manadas de cavalos, búfalos e cervos; e sendo portador de uma deficiência visual que o permitia enxergar tudo em preto e branco observava com clareza a movimentação, durante a noite, das manadas selvagens pelas pradarias e florestas. Com isso descobriu que é a égua mais velha que traça os itinerários e castiga os potros que se rebelam e que o papel dos garanhões é apenas cuidar de seus haréns e vigiar contra predadores. Monty Roberts chama-se a si mesmo de "o homem que ouve os cavalos". Talvez tenha sido por isso que Hollywood decidiu chamar ao seu filme biográfico "The Horse Whisperer", ou segundo a tradução portuguesa, "O Encantador de Cavalos". Este norte americano cresceu numa família de fazendeiros e depressa se tornou num verdadeiro cowboy. A violência da equitação normal depressa o aterrorizou e foi assim que Roberts, à revelia do pai, decidiu tratar os cavalos de outra forma. Na altura, foi alvo de comentários jocosos, mas hoje é dos mais respeitados treinadores de equitação. As suas aulas chegam a ter mais de 200 espectadores, os pedidos de ajuda são tantos que foi obrigado a delegar a obrigação a outros e ainda tem tempo para observar os cavalos no seu ambiente natural. Observar os cavalos no seu ambiente natural, reconhecer os seus sinais e gestos de agrado ou desagrado, massagens relaxantes, uso ou desuso de uma sela. Existem muitos métodos, cada mentor tem o seu, mas todos têm um ponto em comum: não se usa violência nem intimidação. 30 Em seu primeiro livro, O Homem que Ouve Cavalos, Monty Roberts nos mostra quão profunda pode ser a comunicação entre homens e animais. Comovendo milhões de leitores no mundo inteiro, os ensinamentos de Roberts descreveram a grande eficácia obtida quando a violência e o terror das agressões são eliminados no trato com os animais. Em Violência Não é a Resposta, seu mais recente livro, Monty Roberts dá seqüência a seu trabalho, mostrando que o método gentil é o melhor caminho para se lidar não só com cavalos, mas também com pessoas. Usando a técnica da conjunção, seu fantástico método para convencer um cavalo selvagem a aceitar sela, bridão e cavaleiro em uma única sessão não-violenta de 30 minutos, ele ensina como melhorar as relações humanas em casa e no trabalho. Este livro repleto de encontros memoráveis entre seres humanos e cavalos; contém em sua essência a crença no poder da gentileza, da ação positiva e da confiança. Com demonstrações da técnica da Conjunção, lotando arenas em todo o mundo, o autor continua a inspirar seus entusiastas seguidores a deixarem de uma vez só a violência. 5.2 A CONJUNÇÃO DE MONTY ROBERTS – MAIS DO QUE UMA FORMA DE DOMAR, UMA DEMONSTRAÇÃO DE RESPEITO AO FIEL AMIGO. Segundo Roberts (2002), todos podem aprender o método da Conjunção desde que acredite que pode aprendê-lo e desde que não tenha medo de cavalo. Também nos diz que é sempre bom ter em mente que o animal não erra. Todas as suas ações, provavelmente, foram motivadas pelo cavaleiro, principalmente em se tratando de cavalos jovens e ainda não iniciados. 31 “... podemos fazer muito pouco no que diz respeito a ensinar o cavalo. O que podemos fazer é criar um ambiente em que ele queira aprender. Acredito que, mais ou menos, a mesma coisa acontece com as pessoas. O jovem estudante que tem o conhecimento empurrado para dentro do cérebro aprende pouco, mas pode absorver muito se decidir aprender.” Roberts(2002). Em O Homem que Ouve Cavalos, Monty Roberts nos relata que embora o cavalo não possua um cérebro tão complexo como o do homem, até certo ponto as reações são as mesmas e que o objetivo de seu método é criar uma relação baseada na confiança, uma relação que faça com que o cavalo queira a conjunção, queira ser parte integrante do “time”. Na opinião de Roberts, o cavalo iniciado no método convencional, cria uma relação de inimizade com as pessoas para as quais trabalha. Com a conjunção, devemos sugerir que gostaríamos que ele fizesse alguma coisa e não que ele deve. 5.2.1 ALVOS A SEREM ATINGIDOS DURANTE O PROCESSO DE INICIAÇÃO 1) Conjunção; 2) Acompanhamento; 3) Áreas vulneráveis; 4) Levantamento dos pés; 5) Manta; 6) Sela; 7) Cabeçada; 8) Rédeas longas; 32 9) Cavaleiro; 10) Círculo à direita; 11) Recuar um passo; 12) Círculo à esquerda; 13) Recuar um passo. 5.2.2 MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DO SISTEMA 1) 2 (duas) rédeas longas com 10 (dez) metros cada uma; 2) 1 (uma) cabeçada completa de bridão; 3) 1 (uma) sela; 4) 1 (uma) manta; 5) 1 (um) loro extra; 6) Cabresto no cavalo. 5.2.3 A CONJUNÇÃO PROPRIAMENTE DITA No mundo natural, o eqüino é uma presa e o primeiro instinto do animal é ver o domador como predador e, este ao se aproximar, faz com que o cavalo tenha a tendência de fugir. É um ser de fuga. De manejo, o potro só conhece o cabresto, de resto é xucro, nunca foi montado. É um animal traumatizado. No campo, chamam-no de cavalo bravo e atentado. Na doma tradicional, ele já estaria amarrado e “ensacado”. Monty Roberts, em seu método, o mantém solto para fazer o que chama de iniciação, uma quebra de gelo, cuja palavra-chave jamais poderia ser o medo ou a intimidação. 33 O primeiro passo da conjunção é colocar o potro dentro de um redondel, já com cabresto e se apresentar ao cavalo afagando-o com a palma da mão. O próximo passo é se deslocar para trás do animal, e se este não disparar, jogar uma corda em seus posteriores. A essa altura, quase todos os animais começam uma fuga em círculos por alguns minutos. Roberts nos relata que agindo desta forma o animal está recuando e que nós devemos sempre avançar e manter uma atitude agressiva (olhos fixos nos olhos do potro e os ombros enquadrados com a cabeça dele). “Observem, agora, que ele vai começar a me dar sinais." Roberts(2002) O método que Monty Roberts desenvolveu é baseado em sinais corporais. Uma linguagem na qual denominou de Equus. “Reparem que ele está lambendo e mastigando e começa a diminuir o círculo. Como correu, correu, e eu continuo aqui, não ataquei, nem nada, vê que posso não representar perigo. Daqui a pouquinho, ele deve abaixar a cabeça. Esse é um dos sinais mais importantes: significa que está querendo se comunicar comigo." Roberts(2002) Neste momento, Roberts nos relata que devemos parar de encarar o cavalo. É o predador retirando o foco da presa. O olhar é somente de canto, quase dando as costas. Imediatamente, o animal sente o alívio da pressão e se aproxima do domador. Lamber os lábios e mastigar significa que o animal quer dizer-nos que ele é voador e como está comendo, não precisamos ficar com medo dele. Ao abaixar a cabeça o potro nos envia uma mensagem de que podemos ser o chefe da situação e ao mesmo tempo é um pedido para parar de pressioná-lo. Apartir de então o “predador” deve tomar uma postura submissa, não olhando para seus olhos e sim para baixo, os ombros não mais deverão estar arqueados, isto significa um convite. Aceito o convite por parte da “presa” e feita a aproximação entre caça e caçador, está feita a Conjunção. 34 "Percebam que qualquer movimento meu ele acompanha." Roberts(2002) O cavalo envolto pela conjunção parece encantado e acaba aceitando com calma todos os gestos que delicadamente o domador faz para lhe acariciar a cabeça e acompanhao para onde for. Trabalhando deste modo está também realizado o acompanhamento. Feita a conjunção e o acompanhamento, Monty Roberts tenta avançar na intimidade e iniciar a próxima etapa, que é a de entrar nas áreas vulneráveis do animal. Alisa bem pra tirar cócegas das partes mais sensíveis e, com decisão e gentileza, vai levantando pata por pata. Tendo concluído estas etapas preliminares, estaremos pronto para apresentar o equipamento que será utilizado no encilhamento. Instintivamente, o animal irá inspecionar tudo o que há de novo dentro do redondel. O domador deverá caminhar entre material e animal até o instante em que o cavalo preferir segui-lo. No momento em que obtiver toda a atenção do eqüino, o domador começa a dar início ao encilhamento. Primeiramente, colocar gentilmente a manta e depois a sela com a barrigueira. Aperte-a, mas observe as reações do animal, de modo a não apertá-la muito. Neste momento a calma é essencial, devendo o cavalo acreditar que ele é o único irritado e tenso com a sela. Caso contrário, ele não confiará no domador e começará a corcovear. Passado estes momentos de tensão, coloque-o a cabeçada, o bridão, e depois as rédeas, que deverão ficar folgadas. Utilizando as rédeas longas, o domador tem como mover o animal para frente balançando a rédea sobre a garupa, como se fosse charretear, fazendo com que o cavalo ande em círculos para a direita e esquerda, ao galope e ao trote. Segundo Roberts(2002) a essa altura o animal está pronto para ser montado. Certificado que ao material está em ordem e utilizando um de seus cavaleiros, Roberts inicia o trabalho montado realizando figuras como o círculo e por fim recuar um passo. Desde que a sessão começou, passaram apenas 25 minutos, menos de meia hora. Um tempo incomparavelmente menor que o da doma feita na forma bruta. 35 Monty Roberts desenvolveu esse novo sistema de adestramento na surdina, escondido do pai, que era domador profissional, um homem sistemático e violento também. Na primeira vez que revelou o que vinha fazendo, seu pai pegou uma corrente que estava pendurada na cerca do curral e espancou-o, de mandar para o hospital. É fantástica essa maneira de abordar o animal. Você não força o cavalo a nada. Ele passa a fazer as coisas não por imposição, mas, por livre e espontânea vontade. CAPÍTULO VI PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES REALIZADAS PELAS ORGANIZAÇÕES MILITARES DETENTORAS DE ANIMAIS ORIUNDOS DA COUDELARIA DE RINCÃO. “Cultiva o passo do teu cavalo, que é o galope de todos os dias.” Abu-Bekr (1968) 37 6.1 BREVE HISTÓRICO DA COUDELARIA DE RINCÃO A Coudelaria Nacional de Rincão, localizada em São Borja-RS, foi criada em 1922. Foi extinta, em 1975, sendo seu acervo encaminhado à Coudelaria de Campinas e utilizada pelo Exército Brasileiro apenas como Campo de Instrução de Rincão. Com uma área de aproximadamente 15.000.000 há, a Coudelaria de Rincão e o Campo de Instrução de Rincão se destinam ao desenvolvimento de eqüinocultura, bovinocultura, piscicultura, formação de pastagem e produção de grãos. A atividade fim deste estabelecimento é a produção de eqüinos para o Exército Brasileiro. As remontas distribuídas são utilizadas nas mais diversas missões nos Pelotões Hipomóveis dos Regimentos de Cavalaria de Guardas de Brasília e Porto Alegre, nos Pelotões Hipomóveis do Regimento Escola de Cavalaria, na Escola de Equitação do Exército, na Academia Militar das Agulhas Negras, na Escola de Sargento das Armas, no Instituto de Biologia do Exército e nos Campos de Instrução de todo o Brasil. 6.2 DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES As Organizações Militares (OM) que recebem potros oriundos da Coudelaria de Rincão possuem uma elevada responsabilidade no contexto de dar-lhes as melhores condições de saúde e de trabalho. Não há uma seleção anterior dos animais que serão enviados às OM para as finalidades a que irão executar. Devido a esta realidade, as Organizações Militares enfrentam o problema de não adequar as capacidades dos animais com as tarefas realizadas por estas Unidades, ocasionando, segundo monografia dos Capitães Guilherme e Marcelo, problemas de adaptação e continuidade do trabalho com estes eqüinos. 38 Em busca do sucesso deste trabalho, o universo das Unidades Militares utilizadas para a realização do mesmo é o seguinte: Regimento Escola de Cavalaria e Escola de Equitação do Exército. 6.2.1 Adaptação e o desenvolvimento do trabalho “A chegada dos potros nas Unidades Militares de destino é um dos principais fatores que influenciam na colocação e manutenção da saúde destes animais, pois o cavalo além de possuir uma apurada memória, sendo capaz de associar acontecimentos e locais, encontrase em uma fase se adaptação orgânica e psicológica...” Santos (2002) Para que suportem as exigências a que serão submetidos, os potros oriundos da Coudelaria de Rincão, devem ter uma excelente fase de adaptação, pois é nesta que os cavalos novos são preparados física e moralmente. O Regimento Escola de Cavalaria (ResC), dispõe de uma equipe que realiza o trato, com a limpeza diária e o trabalho de doma. Trabalham o quanto possível no ambiente de exterior. No final de cada seção de trabalho os potros são soltos em potreiros. Na Escola de Equitação do Exército (EsEqEx) os sargentos alunos do Curso de Monitor de Equitação recebem um potro no qual devem realizar diariamente o trato e o amansamento, primeira fase do curso. Numa segunda fase é basicamente trabalhado a lição de montar e o exterior. No ano seguinte, os oficiais alunos, do Curso de Instrutor de Equitação, recebem os mesmos animais, que anteriormente foram trabalhados pelos sargentos e desenvolvem um trabalho de iniciação ao adestramento, salto e concurso completo de equitação (CCE). 39 6.2.2 Manejo das remontas Como já vimos em capítulos anteriores, o período inicial de formação e de desenvolvimento dos animais caracteriza-se pela aquisição da confiança do animal no homem, pela confirmação do espírito dócil do potro e pela colocação e manutenção deste em estado de serem trabalhados saudavelmente. Neste contexto, o manejo das remontas oriundas da coudelaria ocupa um papel importantíssimo no desenvolvimento dos potros, sendo de grande valia salientar alguns aspectos como: a alimentação que deverá ser adequada para que os animais entrem em estado e se mantenham com saúde. Devido a incompleta formação dos sistemas orgânicos do potro, reduzindo com isto sua capacidade de metabolização, é necessário que estes recebam uma alimentação inicial nutritiva e balanceada; e a estabulagem que deverá ser em um local agradável para o potro, onde este encontre um espaço para descansar e saciar suas necessidades orgânicas após um dia de trabalho. Dentro do universo pesquisado, a Escola de Equitação do Exército se destaca por possuir um aluno responsável pelo manejo do seu potro, bem como um exclusivo tratador, para suprir as exigências do curso, primeiramente na disciplina amansamento e posteriormente iniciação, respectivamente nos cursos de monitor e instrutor. CAPÍTULO VII A MEDICINA VETERINÁRIA APLICADA NA INICIAÇÃO O desenvolvimento normal dos ossos longos ocorre através da ossificação de uma matriz de cartilagem, por um processo chamado de ossificação endocondral, que ocorre também nas extremidades dos ossos longos, principalmente na placa fiseal. No feto, os ossos têm um molde composto inteiramente por cartilagem. Os fechamentos das placas fiseais variam de estágios. Geralmente as distais fecham antes que as proximais. MCILWRAITH & TROTTER (1996) 41 7.1 AMBIENTAÇÃO O presente capítulo tem por objetivo determinar o momento fisiológico de fechamento das placas fiseais dos ossos longos em potros oriundos da Coudelaria de Rincão através da utilização da radiologia. Desta forma foram utilizados os animais das remontas A, B, C, D, E, F, G e H da Escola de Equitação do Exército, que foram radiografados os membros anteriores e posteriores. Os exames radiológicos foram avaliados conforme a placa fiseal em: lisa ou contínua, irregular ou fechada. A utilização do raio X, como instrumento de acompanhamento e controle, auxiliou na definição da idade do fechamento das principais fises. Faz-se menção sobre a qualidade da nutrição, que será abordada a seguir, como fator importante no processo de ossificação endocondral. 7.2 A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DOS POTROS O acelerado desenvolvimento dos eqüinos durante o seu primeiro ano de vida exige que os potros sejam submetidos a programas nutricionais adequados para que eles possam se desenvolver de acordo com seu potencial genético. De acordo com Lewis (1990) os requisitos nutricionais dos eqüinos, após dois a três meses de idade, excedem os nutrientes providos pelo leite materno. Este mesmo autor afirma que se uma quantidade adicional de alimento contendo os nutrientes necessários não for oferecido neste período, o potro apresentará um crescimento deficiente do terceiro ao sexto mês de vida, quando será desmamado. A utilização do “Creep Feeding”, sistema que proporciona o livre acesso dos potros a um concentrado suplementar, fornecido à vontade, em um comedouro localizado onde as 42 éguas não tenham acesso, tem por objetivo evitar que alguns eqüinos sofram deficiência nutricional durante a fase de aleitamento. O aumento da taxa de crescimento ocasionado pela ingestão de grandes quantidades de proteínas e energia, não é acompanhado por uma deposição satisfatória de cálcio e fósforo nos ossos, razão pela qual Lewis afirma ser a principal causa de epifisite. 7.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÁLCIO E O FÓSFORO NA NUTRIÇÃO DE EQUINOS. Os cavalos são suscetíveis a sofrer com dietas contendo níveis inadequados de cálcio e/ou fósforo mais do que qualquer outro mineral. Segundos estudos realizados, a quantidade de ração concentrada oferecida aos eqüinos, nunca deveria ultrapassar 50% do total da dieta. A outra metade deve se constituir de volumoso, freqüentemente administrado na forma de pasto. O Coast Cross é o mais popular, é resistente ao frio e permanece verde o ano todo, mas é exigente quanto à fertilidade e responde bem a adubação. O Tifton, dentre outras variantes, tem sido muito utilizado. Os concentrados, em sua maioria, são ricos em energia e fósforo, porém pobres em cálcio, o que propicia um maior aparecimento de lesões ósseas. Desta forma, as necessidades diárias dos cavalos com relação ao fósforo são satisfeitas ou estão em excesso, enquanto que as de cálcio estão bem aquém do necessário, devendo ser corrigidas através de uma suplementação mineral e/ou fornecendo forragem a base de leguminosas (alfafa) que possuem de 3 a 6 vezes mais cálcio do que em gramíneas. Os animais, com tais distúrbios nutricionais se desenvolvem com peso e tamanho normais, mas podendo apresentar fragilidades e lesões ósseas, onde destacamos a Epifisite, sendo traduzida pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo como: lesão caracterizada quando a cartilagem de crescimento não é substituída por osso e os vasos sangüíneos não conseguem penetrar na zona de crescimento, o osso não se organiza, há necrose nesta área e podemos observar clinicamente o alargamento no local da placa de 43 crescimento distal do osso rádio. Estima-se, segundo os dados do mesmo Instituto, que 73% a 83% dos problemas de crescimento em potros são devidos a deformidades de angulação ou epifisite. 7.4 A RADIOLOGIA NA DETERMINAÇÃO DO MOMENTO FISIOLÓGICO DE FECHAMENTO DAS PLACAS FISEAIS NOS POTROS ORIUNDOS DA COUDELARIA DE RINCÃO Segundo Auer e Stick (1999), a ossificação é um processo de formação de osso acima da cartilagem, sendo responsável pelo crescimento dos ossos longos, cartilagem fiseal e epifiseal. Cita Freeman (2002), que a restrição genética limita a taxa de crescimento a qual influencia o exercício ou nutrição. Cada cavalo tem um potencial genético específico para a taxa de crescimento e avaliação de maturidade. Diferentes raças de cavalos têm um tipo de crescimento rápido ou lento, mas são generalidades difíceis de serem mensuradas, porque tem grande variação conforme a raça. Sugere-se que com esta seleção (busca da precocidade) seja a principal razão das desordens no esqueleto dos membros dos eqüinos. Apartir desta visão surge o questionamento chave do presente trabalho: Será que com todos os atuais métodos e programas de doma, apresentados em capítulos anteriores, que diminuem o tempo de amansamento e doma, passando logo para os trabalhos montados, não iremos deturpar o desenvolvimento dos potros deixando-lhes seqüelas? A utilização da radiologia como instrumento de acompanhamento e controle, pôde auxiliar na resposta do questionamento acima e também na determinação da idade de fechamento das placas fiseais. A identificação de tal fechamento permitiu determinar o grau de desenvolvimento do eqüino e se este se encontra apto a iniciar os trabalhos montados. Na busca da resolução de tal questionamento, foram feitos exames radiológicos nos potros das remontas A, B, C, D, E, F e H da Escola de Equitação do Exército, conforme relação abaixo: 44 MATRÍCULA NOME DO ANIMAL IDADE RAÇA 2225 BALADA DO RINCÃO 9 ANOS SRD 2255 BANDA DO RINCÃO 9 ANOS SRD 2222 BRISA DO RINCÃO 9 ANOS SRD 2361 CINDERELA DO RINCÃO 8 ANOS SRD 2360 CLARA DO RINCÃO 8 ANOS BH 2389 COMBATE DO RINCÃO 8 ANOS SRD 2567 DELIS DO RINCÃO 7 ANOS SRD 2472 DILEMA DO RINCÃO 7 ANOS PSH 2491 DOMÍNIO DO RINCÃO 7 ANOS SRD 2826 ELECTRON DO RINCÃO 6 ANOS SRD 2804 EQUAÇÃO DO RINCÃO 6 ANOS SRD 2762 ERÓTICA DO RINCÃO 6 ANOS SRD 2790 ESPLANADA DO RINCÃO 6 ANOS SRD 2788 EXPLOSIVO DO RINCÃO 6 ANOS SRD 0253 FACA DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0129 FAUSTO DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0201 FEITOR DO RINCÃO 5 ANOS BH 0054 FENIX DO RINCÃO 5 ANOS BH 0267 FEROZ DO RINCÃO 5 ANOS BH 0343 FERTIL DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0073 FESTIM DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0478 FILÓ DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0237 FLORESTA DO RINCÃO 5 ANOS SRD 45 0236 FLUIDO DO RINCÃO 5 ANOS BH 0280 FOICE DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0036 FORMOSURA DO RINCÃO 5 ANOS BH 0105 FRAQUE DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0592 FREGUÊS DO RINCÃO 5 ANOS SRD 0132 GAITEIRO DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0330 GANHADOR DO RINCÃO 4 ANOS BH 0171 GARIMPEIRO DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0328 GARTOK DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0214 GATILHO DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0199 GAVIÃO DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0227 GOLAÇO DO RINCÃO 4 ANOS BH 0127 GRAMADO DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0173 GALHARDETE DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0348 GUEIXA DO RINCÃO 4 ANOS SRD 0134 GUILHOTINA DO RINCÃO 4 ANOS BH 0272 GALDÊNCIO DO RINCÃO 4 ANOS BRETÃO 0770 HAITI DO RINCÃO 3 ANOS SRD 0784 HERMES DO RINCÃO 3 ANOS SRD 0787 HÍBRIDO DO RINCÃO 3 ANOS SRD 0881 HIPNÓTICA DO RINCÃO 3 ANOS SRD 0800 HOMENAGEM DO RINCÃO 3 ANOS SRD 46 Com base na pesquisa de campo realizada, observou-se que os potros em destaque abaixo apresentaram as seguintes enfermidades: CAVALO IDADE CINDERELA DO RINCÃO 8 ANOS FAUSTO DO RINCÃO 5 ANOS FATO OBSERVADO ABSCESSO NO GARROTE GAVIÃO DO RINCÃO 4 ANOS DELIS DO RINCÃO 7 ANOS EXPLOSIVO DO RINCÃO 6 ANOS SOBREOSSO NA CANELA Do estudo dos dados da tabela acima, seria de grande valia saber as causas de tais enfermidades ocorridas com os animais, contudo, não foi possível obtê-las por falta de registros. Cabe ressaltar que não foram encontrados entorses, epifisites, ostescondroses e osteodistrofia fibrosa no universo de eqüinos sob análise. CAPÍTULO VIII CONSIDERAÇÕES FINIAIS Visando obter, com o presente trabalho, um resultado a altura da nobreza do fiel amigo e foco principal desta monografia, foram feitos levantamentos sobre: os processos de doma tradicional e racional; o projeto doma e sua mentalidade baseada no Horsemanship; os ensinamentos de Monty Roberts e a medicina veterinária voltada para a equitação. O objetivo desta pesquisa em toda sua extensão foi especificamente de que, através da análise dos processos e ensinamentos de doma, calçados na medicina veterinária, tenhamos cada vez melhores produtos da Coudelaria de Rincão realizando as mais diversas missões no âmbito da Força. O estudo aprofundado dos processos e programas de doma abordados no presente projeto direcionou ao levantamento de dados que resultou na presente conclusão. 48 Pesquisando a respeito de Doma Tradicional e Racional, como visto nos capítulos dois e três, foi verificado que o artifício utilizado no primeiro processo é o uso da violência. O potro iniciado é laçado, derrubado e por alguns até ensacado. O animal é submisso às vontades do homem pelo medo, dor e cansaço, tendendo a gerar, com isso, um cavalo acuado e sem vínculo de amizade e respeito com seu tratador e cavaleiro. O objetivo da pesquisa aprofundada destes assuntos era a de que pudéssemos efetuar uma comparação entre esses dois processos empregados, para o levantamento de uma posição sobre tal. Verificando os benefícios e desvantagens de cada programa, vemos que através do processo da doma racional, que prioriza o respeito, a amizade e a confiança do cavalo, somos capazes de obter um maior rendimento das remontas, chegadas na OM, nas operações hipomóveis e nas mais diversas missões a que o cavalo é submetido. Sobre o projeto DOMA e a conjunção de Monty Roberts, assuntos abordados nos capítulos quatro e cinco, foi observado que em ambos os programas o primeiro passo para o início da doma é a diminuição do hiato cavalo-cavaleiro. Isto é, a conquista da confiança do animal no domador e o seu natural interesse pelo trabalho. Aprofundando a pesquisa sobre tais assuntos, foi possível observar que no Doma a consciência de si é o mais importante, para que o horseman desenvolva por si só a arte e diminua o medo do eqüino pelo trabalho. Já Roberts, desenvolve um método particular de domar, fazendo com que o cavalo acredite em seu cavaleiro e em poucos minutos já esteja sendo trabalhado montado. Levando tais ensinamentos para o lado do Exército, surge o principal questionamento do presente trabalho: Será que conseguiremos nos servir de tais aprendizados e diminuir o tempo de doma propriamente dita, passando rapidamente para a montaria, sem atrapalhar o desenvolvimento das partes ósseas dos eqüinos? Com o desenvolvimento dos capítulos seis e sete, onde são abordados alguns aspectos veterinários auxiliados pela radiologia, verificamos que no universo pesquisado, poucos, porém alguns animais apresentaram problemas. Todos os fatores apresentados nestes capítulos vêm responder ao questionamento anterior e permitir alcançar o objetivo principal do presente projeto. Por fim, as vantagens apresentadas na doma racional, unidas aos ensinamentos colhidos de Monty Roberts e a consciência de si do projeto Doma, tudo isso calçado nos 49 estudos da medicina veterinária, nos permite chegar a um ponto convergente. Isto é, a metodologia de Monty Roberts empregada na busca de uma maior docilidade e confiança do animal e diminuição do medo do mesmo durante a lida diária, numa primeira fase da doma a pé e o emprego dos ensinamentos da doma racional com a consciência de si do projeto Doma, numa segunda fase montado, com os potros num estágio mais maduros e aptos a realizarem os trabalhos a que se destinam no âmbito da Força, produziriam melhores resultados com menores índices de lesões e baixas dos eqüinos. “A progressividade de um trabalho metódico e bem feito constitui o primeiro passo para galgar longínquos horizontes.” REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Lúcio Sérgio de. Doma Tradicional x Doma Racional. Manejo. [s.l.p.], 2005. 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