Doma: Uma nova abordagem - Escola de Equitação do Exército

Transcrição

Doma: Uma nova abordagem - Escola de Equitação do Exército
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
DOMA – UMA NOVA ABORDAGEM
Bernardo Lacerda Ramos - 1o Ten Cav
Rio de Janeiro
2005
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
DOMA – UMA NOVA ABORDAGEM
Bernardo Lacerda Ramos - 1o Ten Cav
Monografia apresentada à Escola de
Equitação do Exército como requisito
parcial à obtenção do título de Pósgraduação (latu sensu) em Equitação.
ORIENTADOR: Wilson Gimba Junior
(Mestre).
Rio de Janeiro
2005
Ramos, Bernardo Lacerda.
Doma – Uma Nova Abordagem. / Bernardo Lacerda Ramos – Rio de
Janeiro, 2005.
62 f.; 29,7 cm.
Monografia (Especialização em Equitação) – Escola de Equitação do
Exército, 2005.
Bibliografia: f. 55.
1.Doma Racional. 2.Horsemanship. 3.Tempo. 4.Dedicação I. Autor.
II. Título.
Bernardo Lacerda Ramos - 1º Ten Cav
DOMA – UMA NOVA ABORDAGEM
Monografia apresentada à Escola de
Equitação do Exército como requisito
parcial à obtenção do título de Pósgraduação (latu sensu) em Equitação.
Aprovada em ____de outubro de 2005.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Fernando José Sant’ana Soares e Silva – Ten Cel Cav
Regimento Escola de Cavalaria
____________________________________
Ataíde Barcelos Pereira – Maj Cav
Escola de Equitação do Exército
_____________________________________________
Fernando Queiroz de Almeida – Professor Doutor
Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro
Em lembrança dos meus avós maternos
e paternos (a saudade nunca morre).
A meus pais, minha futura esposa e a
todos, assim como eu, amantes desse
animal que veio ao mundo para nos
ensinar o que é verdadeiramente
humildade, amizade e fidelidade.
AGRADECIMENTOS
O meu primeiro agradecimento é a Deus, pela proteção, pela oportunidade de viver com
saúde, reunindo forças em busca do conhecimento, enfrentando todos os obstáculos nesta
caminhada.
Ao Capitão de Cavalaria Wilson Gimba Junior, orientador dessa monografia, pela amizade,
confiança, paciência e enorme colaboração para o sucesso desse trabalho.
Aos Instrutores da Academia Militar das Agulhas Negras, em especial aos da Seção de
Equitação, que transformaram o então Cadete em mais um amante da arte eqüestre.
Aos Oficiais e Praças do Regimento Escola de Cavalaria – Regimento Andrade Neves, que
me apoiaram em todas atividades desde o momento em que lá cheguei até o momento de
minha partida em busca de um sonho.
Aos Instrutores da minha querida Escola de Equitação do Exército, pela amizade, paciência
e pelos ensinamentos transmitidos, de essencial importância na formação do Instrutor de
Equitação.
A minha família, céu de ternura, aconchego e amor, que sempre estiveram presentes nos
momentos de vitória e principalmente nos de derrota, pelas orações e por me
acompanharem durante todos estes anos.
A minha futura esposa, companheira ideal, paciência sem limites e amor verdadeiro, nunca
esquecerei de todo o sacrifício que aceitou sem precisar, bem como aos amigos, pela
compreensão das horas de ausência no convívio, dedicadas ao estudo e a pesquisa.
Ao cavalo Nóbrega, uma das mais belas criaturas que Deus já criou, sendo a melhor das
minhas ocupações, tratá-lo e o maior dos meus prazeres, montá-lo.
Enfim, agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a concretização
deste trabalho, pois o mérito também é desse conjunto de pessoas.
Para muitos a Equitação é arte de montar e
conduzir bem o cavalo, porque a submissão das
forças e dos movimentos desse nobre animal aos
desígnios do homem exige deste extrema
sensibilidade e perfeito entendimento com um
ser vivente e dotado de vontade própria. Outros
acham que o domínio do equilíbrio e da
movimentação do cavalo implica na avaliação e
o estudo de fatores e regras da natureza
científica ligados à anatomia, à fisiologia e a
cinesiologia e, ainda, à influência da gravidade
na harmonia do conjunto cavalo-cavaleiro. São
essas as justificativas de que a equitação se trata
de uma ciência. Mas, seja arte ou ciência, o
importante é praticá-la racionalmente.
RESUMO
O cavalo, a partir de sua domesticação, passou a ter participação fundamental e
decisiva no destino da humanidade. As guerras e as conquistas tiveram as marcas das patas do
cavalo, a posse dos eqüinos passou a significar nobreza e poder. Nos dias atuais, o cavalo
representa uma atividade na economia, trabalho, lazer e terapêutica.
A proposta apresentada pela doma racional é o primeiro passo para diminuir a
brutalidade da doma tradicional, e proporcionar animais mais bem domados e treinados,
procurando fazê-los gostar do trabalho que desempenham.
Na doma tradicional o cavalo é submetido ao homem pela força e pelo medo, é
estabelecida como que uma luta, na qual o homem sempre será o vencedor. O principio é o
uso da violência. O cavalo é tratado como um animal selvagem, submisso pelo medo, dor ou
cansaço.
Já a doma racional exclui qualquer forma de brutalidade contra o animal, partindo do
princípio de que o cavalo vê, sente, e ouve, sendo capaz de absorver todas as sensações que
lhe são passadas pelo domador. Desta forma, considera-se um cavalo bem domado aquele que
pode ser montado por um ginete ou por uma criança. A técnica baseia-se no fato de que os
eqüinos apresentam excelente memória, motivo pelo qual se deve cuidar para que desde o seu
primeiro contato com o homem haja um relacionamento positivo e agradável, sem traumas que
possam marcá-lo para o resto da vida.
O projeto DOMA, com seu estudo do horsemanship e Monty Roberts, com seu método
de domar cavalos – Conjunção, dentre outros amantes da arte eqüestre e seres humano que
respeitam o nobre amigo, vem reforçar que o mais importante não é saber o que é, mas sim
como passar tais ensinamentos para o animal para que este por sua vez possa entender e apartir
de então, gostar do trabalho a que se destina.
Será que não estamos exagerando nas cobranças a nossos cavalos muito cedo, ou sem
o devido preparo? Devemos sempre tomar muito cuidado com a pressa pelo resultado, ou a
ansiedade pelo cavalo pronto. Somente o tempo, o trabalho e a dedicação poderão responder
tais questionamentos.
Palavras chaves: Doma Racional. Horsemanship. Tempo. Dedicação.
ABSTRACT
The horse, from it domestication, it started to have basic and decisive participation
in the destination of humanity. The war and the conquest had the marks of the legs of the
horse, the ownership of the equines started to mean nobility and power. In the current days,
the horse represents an activity in the economy, work, therapeutical and leisure.
The proposal presented by doma rational is the first step to dimish the brutality of
the traditional doma, to provide most trained animals and made them most interesting in the
work that they do.
In traditional doma the horse is submitted to the man for the force and the fear, it is
established as that one fights, in which the man always will be the winner. The beginning is
the use of the violence. The horse is treated as a wild beast submissive for the fear, pain or
fatigue.
Already rational doma excludes any form of brutality aganinst the animal, starting
the prtinciple that the horse sees, feels, hears, listens and being capable to absorb all the
feeling that are passed to it by tamer. Of this form, a horse considers itself well tamed the
one that can be mounted by a rider or a child. The technique is based on the fact that the
equines present excellent memory, reason for what we need to made the first contact with
the man it has a positive and pleasant relationship, without traumas that can mark it for the
remaining portion of the life.
Project doma, with its study of horsemanship and Monty Roberts, with theirs
methods of tame horses – Conjunction, amongst others loving of the equestre art human
being that respect the nobel friend, it comes to strengthen that most important it is not to
know what is, but pass such teachings for the animal so this on can understand and
beginning, to like the work.
It will be that we are not exaggerating in the collections of ours horses very early, or
without the right preparation? We must always take very well-taken care of with the haste
for the result, or the anxiety for the ready horse. Only the time, the work and the devotion
will be able to answer such questionings.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
01
2
DOMA TRADICIONAL
04
2.1
DOMA TRADICIONAL - AMBIENTAÇÃO
05
2.2
A IMPORTÂNCIA DA DOMA E COMO PODE SER EXECUTADA
06
2.3
ERRO – PUNIR OU NÃO PUNIR?
08
2.4
ENCANTADORES – REAIS OU ILUSÓRIOS?
09
2.5
RESPEITO PELO NOBRE AMIGO
10
2.6
ADVENTO DA DOMA RACIONAL – APERFEIÇOAMENTO
OU SUBSTITUIÇÃO DAS RAÍZES TRADICIONAIS?
11
3
DOMA RACIONAL
13
3.1
AMBIENTAÇÃO
14
3.2
GENERALIDADES
15
3.3
ASPECTOS DIFERENCIAIS DA DOMA RACIONAL
15
3.4
AÇÕES BÁSICAS DA DOMA RACIONAL
16
3.5
IDADE PARA INICIAR OS TRABALHOS DE DOMA
16
3.5.1 INÍCIO DA DOMA
17
3.5.1.1 ACERTOS
17
3.5.1.2 ERROS
18
3.6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
19
4
O PROJETO DOMA – SUAS ORIGENS E SEUS IDEAIS
20
4.1
A FILOSOFIA DO PROJETO DOMA
21
4.2
OS OBJETIVOS DO PROJETO
22
4.3
A ESTRUTURA PEDAGÓGICA DAS ATIVIDADES
23
4.4
O PROCESSO DE ENSINO ADOTADO PELO PROJETO DOMA
23
4.5
A ARTE DO PROJETO
26
5
OS ENSINAMENTOS DE MONTY ROBERTS E O SISTEMA
DESENVOLVIDO PARA DOMAR CAVALOS - A CONJUNÇÃO
28
5.1
MONTY ROBERTS – SUA ORIGEM E SEUS ENSINAMENTOS
28
5.2
A CONJUNÇÃO DE MONTY ROBERTS – MAIS DO QUE UMA
FORMA DE DOMAR, UMA DEMONSTRAÇÃO DE AMIZADE AO
FIEL AMIGO
30
5.2.1 ALVOS A SEREM ATINGIDOS DURANTE O PROCESSO DE INICIAÇÃO 31
5.2.2
MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO
DAS ATIVIDADES DO SISTEMA
32
5.2.3
A CONJUNÇÃO PROPRIAMENTE DITA
32
6
PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES REALIZADAS PELAS
ORGANIZAÇÕES MILITARES DETENTORAS DE ANIMAIS
ORIUNDOS DA COUDELARIA DE RINCÃO
36
6.1
BREVE HISTÓRICO DA COUDELARIA DE RINCÃO
37
6.2
DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES
37
6.2.1 ADAPTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
38
6.2.2 MANEJO DAS REMONTAS
39
7
A MEDICINA VETERINÁRIA APLICADA NA INICIAÇÃO
40
7.1
AMBIENTAÇÃO
41
7.2
A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DOS
POTROS
7.3
41
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÁLCIO E O FÓSFORO NA
NUTRIÇÃO DE EQUINOS.
42
7.4
A RADIOLOGIA NA DETERMINAÇÃO DO MOMENTO FISIOLÓGICO
DE FECHAMENTO DAS PLACAS FISEAIS NOS POTROS ORIUNDOS
8.
DA COUDELARIA DE RINCÃO
43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
Há séculos o homem tem o cavalo como companheiro. Na Antigüidade, a sua
valorização, principalmente nas artes eqüestres, chegou a ser parâmetro para se medir o
grau de desenvolvimento de uma sociedade. O cavalo é um dos mais importantes animais
ligados à história da humanidade. Há milhares de anos, o homem percebeu que poderia
utilizar-se deste animal como meio de transporte ou como força bruta, para a execução de
muitos trabalhos na agricultura, principalmente. Com a expansão dos horizontes humanos e
a conquista de novas terras, os cavalos tiveram um papel insubstituível no desenvolvimento
e nas conquistas. De grande utilidade no trabalho, o cavalo servia ainda de transporte,
sendo aliado indispensável nas caçadas e nas grandes guerras. Foi no decorrer de inúmeras
batalhas, que o homem e animal juntaram força e inteligência, coragem e sensibilidade em
favor de vitórias e da própria sobrevivência.
2
Nos exercícios preparatórios para as guerras é que surgiram os exercícios de
adestramento e entre inúmeros tratados sobre este assunto, um dos mais antigos e famosos é
o livro do filósofo e equitador Xenofonte, escrito séculos antes de Cristo. No ardor da luta o
animal era capaz de recuar estrategicamente diante do inimigo executando piruetas,
mudando de direção com extrema rapidez e presteza ao menor sinal de seu cavaleiro.
Portanto, desde estes longínquos tempos, o homem tem a necessidade de domar este
belo e vigoroso animal que vivia livre, até então, em algumas regiões do mundo.
A doma, historicamente, sempre foi um processo de dominação e submissão do
animal às vontades do homem. Era um processo, muitas vezes, cruel para o animal, que
sofria muitas e dolorosas punições - doma tradicional. Atualmente, apesar de ainda se
utilizar esse processo de doma, o que mais se usa é um método que consiste em ganhar a
confiança do animal, ao invés de dominá-lo pelo terror. Este processo, adotado no mundo
inteiro é conhecido como doma moderna ou, principalmente, doma racional.
A doma racional, como já mencionada, consiste em um longo, mas proveitoso
processo de ensinar o cavalo, através da sua confiança, ou seja, desde pequeno, o cavalo
aprende que não precisa temer o ser humano e cria, apartir de então, um vínculo muito forte
com seu dono. Por muitos, o cavalo é considerado um animal muito inteligente e por esta
razão, o homem deve utilizar-se da sua própria para realizar a doma. Este animal é muito
corajoso e altivo, mas, em muitas situações, pode ser considerado muito assustado. Desta
forma, a doma deve ser feita de maneira que o cavalo não sofra grandes sustos, que ponham
em risco a sua confiança no homem.
São utilizados muitos exercícios de repetição, condicionando o animal, de maneira
suave e sem o uso de força, aos comandos desejados e à tolerância à monta. Não são
utilizados artifícios severos para dominá-lo, ao contrário do que acontece na doma
tradicional. É uma atividade que exige muita paciência, trazendo bons resultados, melhores
dos que os conseguidos através da doma tradicional, que pode causar muitos traumas.
Em algumas fazendas e haras, utiliza-se uma certa mistura das domas tradicional e
racional. Não é o mais indicado, porém eficiente. Nestes casos, apesar de serem utilizados
artifícios conhecidos como o laço e o palanque, o responsável pela doma cria um vínculo de
confiança com o cavalo, fazendo com que este sofra o mínimo possível.
3
É bom ressaltar que o objetivo da doma é fazer com que o cavalo aceite
normalmente o contato e os comandos do homem, além de se habituar às embocaduras, sela
e rédeas. Também é de vital importância que, através da doma, o cavalo aprenda a reagir
aos comandos de voz que o cavaleiro faz, como as ordens de partir e parar.
Sempre que estivermos fazendo a doma de um animal, devemos lembrar que este
processo é um "jogo" no qual o cavalo deve ser ensinado e, para isso, deve-se fazer um
esquema de recompensas, como carinhos ou gestos que mostrem ao cavalo que o homem
está satisfeito com seu comportamento. É um jogo de agradar o cavalo quando ele acerta e
não um jogo de puní-lo, quando erra ou se comporta mal.
CAPÍTULO II
DOMA TRADICIONAL
“Se o programa de treinamento é baseado no medo, na
intimidação e na dor, com certeza não vai existir nem confiança
nem aliança.”
Marins (2005).
Segundo Marins (2005) devemos fazer uma análise de nossos criatórios, nossos
treinadores, nossos potros e nossos cavalos em geral. Será que não estamos exagerando nas
cobranças a nossos cavalos muito cedo, ou sem o devido preparo? Ou estamos cobrando de
nossos treinadores resultados que somente são alcançados com o tempo, trabalho e
dedicação? Devemos sempre tomar muito cuidado com a pressa pelo resultado, ou a
ansiedade pelo cavalo pronto ou o vencedor das competições. Com cavalos, o devagar é a
maneira mais rápida de se conquistar algo em termos de resultados. As sessões de trabalho,
5
sejam elas quais forem devem ter qualidade e não necessariamente devem ser longas e
demoradas. Priorize a qualidade
do trabalho e não a quantidade. É
bom lembrar sempre de que os
cavalos aprendem mais quando
trabalham sessões com muita
qualidade nas informações que
lhes são passadas. Um passo de
cada vez, um exercício a cada
etapa, uma dificuldade a cada
momento certo.
2.1 DOMA TRADICIONAL – AMBIENTAÇÃO
Segundo Andrade (2004), infelizmente, a doma antiga, conhecida como doma
tradicional, ainda é praticada em muitas fazendas e haras, em diversas regiões. O principio
é o uso da violência. O cavalo é tratado como um animal selvagem, submisso pelo medo,
dor e cansaço. É laçado, às vezes até derrubado, suas orelhas são torcidas pelas mãos rudes
dos peões, seu lábio superior é torcido pelo cruel instrumento de contenção conhecido
como cachimbo. O cabo do cabresto, outro instrumento do gênero, é amarrado na cauda e a
cada tentativa de disparar, o potrinho recebe um violento tranco no queixo.
Amarrado com a cabeça rente ao esteio recebe a embocadura de forma ríspida e seus
olhos são tapados para receber a manta e a sela. É selado na primeira aproximação. Alguns
peões, pseudotreinadores, adotam o método de conduzir na guia antes de montar,
corcoveiam muito, até cansar. Outros peões, para demonstrarem coragem, montam para
uma platéia que aplaude quanto mais o cavalo corcovear.
Ao longo da cerca o cavalo é quebrado, para a direita e esquerda. Já no primeiro ou
segundo dia, sai para o campo ou estrada tendo como guia um cavalo madrinha. O uso de
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madrinha, por vezes, gera um cavalo indeciso, confuso e medroso quando comandado para
ir sozinho.
Na doma tradicional, chicotes e esporas são ajudas auxiliares indispensáveis,
sangrando o cavalo. A rudeza dos comandos de rédeas também sangra a boca, quase
sempre produzindo futuras calosidades nos pontos de controle da embocadura. É comum
encontrar cavalo assim domado com queixo duro, às vezes até com o pescoço flácido,
devido aos traumatismos no grande músculo braquiocéfalo. Cavalos assim domados,
raramente terão um posicionamento correto da cabeça, devido à flexão deficiente da nuca
ou, em casos extremos, lesão nesta delicada região.
A doma tradicional tende a gerar um cavalo medroso e acuado, extremamente
propenso a adquirir vícios dos mais variados. Ao contrario, a doma racional gera um cavalo
amigo do homem, leal e confiante.
2.2 A IMPORTÂNCIA DA DOMA E COMO PODE SER EXECUTADA
O cavalo é um dos mais importantes animais ligados à
história da humanidade. Há milhares de anos, o homem
percebeu que poderia utilizar-se deste animal como meio
de transporte ou como força bruta, para a execução de
muitos trabalhos na agricultura, principalmente. Com a
expansão dos horizontes humanos e a conquista de novas
terras, os cavalos tiveram um papel insubstituível no
desenvolvimento e nas conquistas da humanidade.
Portanto, desde estes longínquos tempos, o homem tem a
necessidade de domar este belo e vigoroso animal que vivia livre, até então, em algumas
regiões do mundo.
A doma, historicamente, sempre foi um processo de dominação e submissão do
animal às vontades do homem. Era um processo, muitas vezes, cruel para o animal, que
sofria muitas e dolorosas punições. Atualmente, apesar de ainda se utilizar esse processo de
7
doma tradicional, o que mais se usa é um método que consiste em ganhar a confiança do
animal, ao invés de dominá-lo pelo terror. Este processo, adotado no mundo inteiro é
conhecido como doma moderna ou, principalmente, doma racional.
A doma racional, como já mencionada, consiste em um longo mas proveitoso
processo de ensinar o cavalo, através da sua confiança, ou seja, desde pequeno, o cavalo
aprende que não precisa temer o ser humano e cria um vínculo muito forte com seu dono.
O cavalo é um animal muito inteligente e por esta razão, o homem deve utilizar a sua
própria para realizar a doma. Este animal é muito corajoso e altivo, mas, em muitas
situações, pode ser considerado muito assustado. Desta forma, a doma deve ser feita de
maneira que o cavalo não sofra grandes sustos, que ponham em risco a sua confiança no
homem.
São utilizados muitos exercícios de repetição, condicionando o animal, de maneira
suave e sem o uso de força, aos comandos desejados e à tolerância à monta. Não é
utilizado, o laço, o palanque ou a quebra de queixo, ao contrário do que acontece na doma
tradicional. É uma atividade que exige muita paciência, mas que traz resultados muito bons,
melhores dos que os conseguidos através da doma tradicional, que pode causar muitos
traumas.
Em muitas fazendas e haras, utiliza-se uma certa mistura das domas tradicional e
racional. Não é o mais indicado mas é bastante utilizado, mostrando-se, também, eficiente.
Nestes casos, apesar de serem utilizados itens como o laço e o palanque, o responsável pela
doma cria um vínculo de confiança com o cavalo, fazendo com que este sofra o mínimo
possível.
É bom lembrar que o objetivo da doma é fazer com que o cavalo aceite
normalmente o contato e os comandos do homem, além de se habituar às embocaduras, sela
e rédeas. Também é de vital importância que, através da doma, o cavalo aprenda a reagir
aos comandos de voz que o cavaleiro faz, como as ordens de partir, parar ou acelerar.
Sempre que estivermos fazendo a doma de um animal, devemos lembrar que este
processo é um "jogo" no qual o cavalo deve ser ensinado e, para isso, deve-se fazer um
esquema de recompensas, como carinhos ou gestos que mostrem ao cavalo que o homem
está satisfeito com seu comportamento.
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2.3 ERRO – PUNIR OU NÃO PUNIR?
O relacionamento entre os seres humanos e os cavalos vem sendo cada vez mais
discutido e abordado por pessoas do cavalo, profissionais, amadores e todos os que se
preocupam com resultados satisfatórios com seus animais. Dentro do assunto, algo que
sempre vem à tona é a punição de cavalos. Perguntas como quando punir, como punir ou se
deve ou não punir um cavalo sempre são argumentadas e discutidas.
Punir um cavalo com relação a algo que este tenha feito de errado é muito pouco
para ser considerada terminada esta discussão. É sabido que mais de 70 a 80% dos erros de
um cavalo são causados pelo erro na condução do cavaleiro que nele está. Ao mesmo
tempo, conhecemos cavalos que aprendem a sair do trabalho ou do esforço, mas ainda a
causa maior deste “aprender” é o cavaleiro que não se antecipou ao erro. Temos ainda
aspectos como os métodos de punição, que sempre devem ser medidos partindo do ponto
de vista do cavalo e não do cavaleiro, ou seja, de uma caça e não de um predador. Se
pensarmos como seres humanos, iremos levar tudo para o pessoal e descontaremos nossa
raiva, que nunca deve estar presente, no cavalo, custe o que custar.
Já vimos alguns shows de cavaleiros com cavalos em uma verdadeira briga
chegando a ponto de os dois caírem no chão; tudo isto por causa do lado predador do
cavaleiro, que ataca, contra o lado caça do cavalo, que tenta fugir. Parece um grande contra
senso e realmente é.
Portanto, o grande aspecto relacionado à punição não é somente o como e o quando,
mas talvez devamos pensar no porque punir e em quais reais situações e motivos. Pensemos
se não estamos punindo porque nos ofendemos pessoalmente com uma tentativa de fuga do
trabalho ou até mesmo o desespero pela preservação instintiva dos cavalos, ou porque
erramos ao solicitar algo ao cavalo, seguido de um não entendimento por parte dele e o erro
aconteceu. Pensemos se não nos faltam um pouco mais de conhecimento geral sobre
comportamento, atitudes, instintos e depois o treinamento específico. Pensemos no
conhecimento adquirido.
9
2.4 ENCANTADORES – REAIS OU ILUSÓRIOS?
Como é o relacionamento do ser humano com os cavalos? Esta á um pergunta que
para muitos pode ser simples de ser respondida se nos atentarmos para o lado prático e
técnico e não o conceitual. Estamos falando de relacionamento comportamental e de
atitudes do ser humano para com os cavalos. O tema parece profundo e filosófico demais,
mas os exemplos e métodos sem critérios estão todos soltos no ar. Na linha e na moda do
encantador de cavalos, devemos lembrar que estas pessoas não são mágicas ou com poderes
acima das outras. Usam o termo encantar para cativar pessoas que menos sabem sobre
cavalos, e muitas vezes dizem que o trabalho está terminado quando na verdade nem um
terço do mesmo foi feito. Encantar não é fazer o cavalo andar atrás ou ensiná-lo a ficar
parado do lado do “encantador”. Não existem encantadores. Os resultados de um encanto
nada mais são do que resultados de um trabalho baseado na experiência das pessoas com os
cavalos. Portanto, um primeiro passo é acabarmos com os encantamentos e seus
encantadores, e sim valorizarmos a experiência das pessoas.
Experiência em trabalho pode ser traduzida na honestidade que se deve ter para com
o cavalo e ele para cavaleiro. Somente assim, poderemos construir alguma confiança. Na
verdade quando falamos de confiança, falamos em fazer coisas isentas de medo e
intimidação, mas é também aliança, esperança, pode ser ainda acreditar em alguma coisa.
“Se o programa de treinamento é baseado no medo, na intimidação
e na dor, com certeza não vai existir nem confiança nem aliança. A
coisa mais fácil que existe em equitação, é destruir essa confiança e
essa aliança, esse vinculo que construímos com o nosso cavalo.”
Borba (2001).
Borba (2001) ainda nos diz que: "cavalos são criaturas que vão brigar toda vez que
não tolerarem alguma coisa, mas também vão tolerar tudo aquilo que não conseguirem
evitar."
10
Pensemos nisso tudo e pensemos diferente sobre os cavalos. Quantas pessoas se
dizem “Encantadores de Cavalos” quando na verdade nunca se preocuparam sequer em
entender e construir algo sólido com seus cavalos. Pensemos e estudemos sobre cavalos
cada vez mais. Mais do que isso – viva o cavalo.
2.5 RESPEITO PELO NOBRE AMIGO
O cavalo é um animal que atrai o desejo e o fascínio desde
crianças até homens formados, independentes de classe ou
cultura, ele está presente em todos os cantos do mundo.
Em várias versões, trabalho, corrida, lazer, miniaturas, etc.
Servindo a todos e sendo leal, com sua índole e coragem
que o individualizam de qualquer outro animal existente.
Ele é um amigo para toda hora, e de boa linhagem e bem
adestrado, não reclama das exigências que seu montador o
impõe, mas para isso ele precisa ser bem tratado, e trabalhado para que não pegue vícios
que causem desgosto a seu companheiro inseparável.
Porém, se o destino nos levar a receber um animal com tais desvios, a
reeducação é o processo que deveremos fazer prioritariamente. Iniciar ou reeducar um
cavalo leva tempo, trabalho e muito esforço por parte do cavaleiro e principalmente por
parte do cavalo. Por isto o processo é lento e demorado, mas com cavalos devemos
trabalhar assim. Um cavalo aprende as coisas de uma só maneira – entendendo o que lhe
está sendo solicitado. O entendimento entre as partes (cavalo e cavaleiro) faz com que
geremos o que podemos chamar de construção de algo. Um relacionamento, um
movimento, uma manobra, a quebra de uma barreira e até mesmo a descoberta de novos
fatores particulares deste ou de outro cavalo.
Podemos fazer um paralelo da iniciação / reeducação com a construção de uma casa.
De nada adianta o melhor arquiteto, o melhor mestre de obras, o melhor pedreiro, se não se
tem tijolos, se não se faz uma bela fundação, se não se tem atenção aos detalhes e
persistência em querer terminar a casa ao tempo certo. Com cavalos é a mesma coisa. Às
11
vezes (e quase sempre) o devagar é a maneira mais rápida de se chegar ao objetivo final. A
construção de um resultado se dá a partir da iniciação e do relacionamento entre as partes.
Portanto, não se iluda e não se deixe enganar. Profissionais muito rápidos não estão
construindo algo para sempre nos cavalos. Estão somente mostrando que são rápidos e
baratos. O cavalo não será sólido, não será sério, nunca estará confortável no trabalho. O
que vale em um cavalo é o que ele faz de certo e de sólido e não o que ele faz somente em
uma mostra ou uma sessão de trabalho.
2.6 ADVENTO DA DOMA RACIONAL – APERFEIÇOAMENTO OU SUBSTITUIÇÃO
DAS RAÍZES TRADICIONAIS?
O método da doma racional é suave para o cavalo, baseia-se no principio da não
violência. O cavalo é subjugado pela paciência, o carinho, a aproximação cautelosa, as
lições progressivas e repetitivas, sendo recompensando pelos acertos. Uma vantagem é que
os modernos métodos de criação favorecem o contato rotineiro entre cavalo e cavaleiro, na
alimentação, no controle sanitário, no manejo reprodutivo, no trato do pêlo. Quando o potro
atinge a idade da doma de sela, aceita a aproximação do treinador com muito mais
facilidade.
Originalmente, o método da doma racional foi introduzido no Brasil através dos
treinadores do cavalo quarto de milha. Disseminado para aplicação em outras raças, o
método foi sendo alterado, às vezes de maneira negativa. Na verdade, alguns métodos de
doma racional ainda utilizam alguma forma de violência, o que vem a aproximar-se da
doma tradicional como vejamos:
- O uso do laço. O giro do laço amedronta o cavalo, que pressente uma agressão. A laçada
entrando na cabeça é dolorosa. O aperto na garganta faz o cavalo sufocar.
- O uso do cachimbo – Com a orelha torcida por uma das mãos e o lábio superior torcido
pelo cachimbo, o cavalo sente um medo imensurável, afetando negativamente a assimilação
do aprendizado.
12
Portanto, cabe ao homem, cavaleiro ou domador, ambos amantes do cavalo,
escolher o tipo de trabalho a empregar e aperfeiçoá-lo, o quanto possível, para minimizar o
sofrimento do fiel amigo, para com isso maximizar o aprendizado e submissão do mesmo.
CAPÍTULO III
DOMA RACIONAL
“Um bom treinador ouve o cavalo falando para ele. Um grande
treinador ouve o cavalo sussurrar.”
Roberts (1996).
14
3.1 AMBIENTAÇÃO
No princípio, o vento que vinha do Leste soprava com força, destruindo tudo à sua
frente e mostrando-se a mais forte dentre todas as ações da natureza. Então Deus chamou o
vento e disse:
Tomarás forma e consistência! Far-te-á
amigo do homem, e com ele, vencerás
batalhas
e
desbravarás
novas
terras,
carregando-o em teu lombo, estabelecendo
com ele a mais estreita relação de amizade
existente entre homem e animal. Terás
inteligência, para entender aos chamados de
teu amo! Serás o mais belo e garboso dentre
todos os animais! Chamar-te-á cavalo!
O cavalo, a partir de sua domesticação, passou a ter participação fundamental e
decisiva no destino da humanidade. As guerras e as conquistas tiveram as marcas das patas
do cavalo, a posse dos eqüinos passou a significar nobreza e poder. Nos dias atuais, o
cavalo representa uma atividade na economia.
A visão dos eqüinos, quando olham para frente é binocular, e, além de ser reduzida,
é focalizada com o movimento da cabeça, sendo monocular no que se refere à visão lateral,
que é muito ampla, mas sem nitidez. No que se refere à sua audição, são capazes de captar
os sons agudos não audíveis para o homem. Através do movimento das orelhas ampliam o
seu campo auditivo, o que lhes facilita a localização do ponto de onde o som partiu.
Os eqüinos são sensíveis às carícias e afagos tanto quanto aos castigos; no entanto
estes deverão ser aplicados, por seu dono, imediatamente após cometerem um erro. Por
exemplo, o cavalo que corcoveia, deverá apanhar enquanto estiver pulando, não adianta
depois que o cavaleiro cair, montar novamente e se pôr a surrá-lo.
15
3.2 GENERALIDADES
Decorrente da grande paixão por esses maravilhosos animais resolveram criar um
método, dentro dos princípios e ações da doma racional, onde houvesse maior proximidade
entre cavalo e cavaleiro, e onde os riscos e traumas para o animal reduzissem-se a quase
zero.
Após algum tempo trabalhando com doma racional com diversas raças, e após anos
de pesquisa, encontraram o que chamou de doma racional melhorada.
Tal método apresenta vantagens e desvantagens perante a doma comum. Uma das
principais vantagens observadas, levando em conta a necessidade de suprimento do
Exército Brasileiro, é o tempo que se leva para ter um animal domado, que será montado
por volta da terceira semana de trabalho. Tal método forma cavalos dóceis, capazes de
serem conduzidos por qualquer cavaleiro, seja ele experiente ou uma criança.
É o método preferido por quem respeita e admira este esplêndido animal.
3.3 ASPECTOS DIFERENCIAIS E PROIBIÇÕES DA DOMA RACIONAL
Na doma tradicional, o cavalo é submetido ao homem pela força e pelo medo. Já na
racional, a primeira tarefa é fazer com que o cavalo perca este medo do homem e, a partir
de então, passe a confiar no domador, por saber que ele estará protegendo-o e que não vai
lhe causar nenhum mal. Na doma tradicional, é estabelecida uma espécie de luta, na qual o
homem sempre será o vencedor1, na racional, o cavalo é conquistado.
Em suma, na doma racional é utilizada a inteligência e, na tradicional, a força. A
doma racional é um processo de domesticação, em que se busca desenvolver o
entendimento e a cooperação entre cavalo e domador, baseada sempre na confiança e no
respeito mútuo.
1
Terá a sua montada com medo de suas agressões, contudo não subordinado, obediente às suas ajudas o que é
fundamental para o cavaleiro.
16
Alguns procedimentos comuns na doma tradicional, e que mais se assemelham a
uma luta da qual deverá sair um vencedor, tais como laçar o cavalo para pegá-lo,
palanqueá-lo e quebrá-lo do queixo, são proibidos na doma racional.
3.4 AÇÕES BÁSICAS DA DOMA RACIONAL
Apresenta-se a seguir, as ações básicas que norteiam a doma racional:
1.
Dominar o cavalo conquistando-lhe a confiança, e não pelo medo;
2.
Transmitir os comandos com clareza e manter sempre o comando;
3.
Demonstrar ao cavalo, através do afago (carinho), quando ele responder
positivamente a um comando;
4.
Encarar cada animal com sua individualidade;
5.
Castigar o animal (quando necessário e sem excessos) de imediato;
6.
Ter paciência e repetir os comandos sempre que necessário.
3.5 IDADE PARA INICIAR OS TRABALHOS DE DOMA
O eqüino pode ser domado em qualquer idade. No entanto, alguns aspectos básicos
devem ser considerados.
O animal quanto mais novo, mais ligeiro se amansa e se submete. O adulto, muitas
vezes, reluta um pouco mais, possuindo maior força e vigor, o que dificulta o manejo.
A doma de baixo pode ser iniciada logo após o nascimento, sem o uso de cordas ou
buçal, simplesmente acercando-se do potrinho, mantendo-o seguro com as mãos e braços,
acariciando-o, fazendo-o perder o medo das pessoas.
17
3.5.1 INÍCIO DA DOMA
O início da doma é uma fase bastante delicada, e se fizermos os primeiros contatos
com o potro usando atenção, paciência e principalmente numa seqüência coerente,
evitaremos erros e dores de cabeça. Abaixo seguem alguns acertos e erros para que o
cavaleiro se oriente e tenha a chance de corrigir possíveis enganos.
3.5.1.1 ACERTOS
1- Aproximar de um potro em inicio da doma com tranqüilidade e segurança
mesmo com cavalos desconhecidos que você não tenha contato constantemente.
Pegá-los em um local onde seu espaço seja limitado, facilitando a aproximação;
2- Colocar o cabresto pelo focinho e passar por trás das orelhas conversando
principalmente com o potro e outros enquanto coloca lentamente sem assustá-lo.
3- Usar voz firme e sempre igual, isto é, no mesmo tom para que o animal entenda
o que você espera dele.
4- Recompensar o cavalo com carinhos no pescoço a cada etapa executada de
maneira correta, lembrando que se deve premiar no momento em que o animal
realiza corretamente a tarefa pedida.
5- Parar com a insistência ou aula assim que o animal realize por algumas vezes o
que lhe foi pedido. Ministrar os ensinamentos progressiva e repetidamente.
6- Encilhar o animal pelo lado esquerdo, entretanto o cavalo bem domado aceitará
o manejo pelos dois lados.
7- Para cada tipo de animal, melhor dizendo para cada tipo de modalidade que
você quer fazer com seu animal necessita de selas diferentes, selas tipo
australianas são usadas normalmente para cavalos de marcha, selas tipo Western
coloca-se em cavalos Árabes e Quarto de Milha, selas tipo seletas mais leves usase em cavalos de corrida e saltos.
18
3.5.1.2 ERROS
1- Não se aproximar brutalmente principalmente pela sua traseira. Os cavalos têm
medo dos homens e com susto poderão reagir repentinamente.
2- Não colocar o cabresto rápido e não amassar as orelhas, pois podem sentir dor
ou irritação, e o animal pode reagir e criar traumas, difíceis de tirarem.
3- Não rode o animal com o cabresto e evitar dar puxões fortes.
4- Não repetir as palavras de comando na hora que o animal está realizando os
ensinamentos. Se ele esta fazendo é porque já entendeu e a voz de comando nessa
hora só irá confundi-lo.
5- Não recompensar o animal após não ter feito o que foi pedido ou recusar. Nunca
bata em seu cavalo, pois só servirá para desorientá-lo.
6- Não pare com o trabalho ou a aula no momento que o cavalo errar o exercício.
Caso o cavalo não execute o exercício de forma correta, mesmo que depois de
algumas tentativas, mude o exercício para um mais fácil e termine a aula. A
repetição demasiada cansa fisicamente e mentalmente o cavalo. Ele ficará cansado
e perderá a disposição e o rendimento. Por isso procure variar as lições para
mantê-lo sempre atento e disposto.
7- Não jogar o material que irá no dorso, pois é um lugar sensível (perto do rim) e
esse impacto provocará dores e traumas.
19
3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada vez que se aumenta à experiência com cavalos temos que conhecer melhor seu
estilo de vida e descobrir as coisas úteis, certas e boas, portanto, muitas vezes se pergunta:
Qual é a melhor maneira de colocar a sela? Como por a cabeçada? Que tipo de embocadura
usar?
São
dúvidas
comuns
para
qualquer
cavaleiro. Até os mais experientes cometem
enganos e deixam o animal desorientado ainda
mais que cada cavalo é um tipo e cada um tem
uma forma de trabalhar e a reagir às coisas que
fazemos.
No manejo diário, as atitudes vão se
tornando tão mecânicas que as chances de se
cometer faltas só tendem a aumentar. Começando nos apetrechos que compõe os
equipamentos eqüestres, podem se tornar inimigos da sua montaria caso não sejam usados
de forma correta, e as coisas vão aumentado como uma embocadura mal escolhida e mal
ajustada ou uma sela grande para cavalos pequenos. São fatores que à primeira vista podem
parecer sem muita importância, mas que em longo prazo poderão trazer traumas e perigos,
afastando um pouco mais o cavalo da rotina tranqüila de trabalho.
CAPÍTULO IV
O PROJETO DOMA – SUA ORIGEM E SEUS IDEAIS
“Nasceu com o objetivo principal de levar consciência e luz a
todos aqueles que de alguma forma estão envolvidos com
cavalos.”
(Borba 2001)
21
4.1 A FILOSOFIA DO PROJETO DOMA
“Raramente sei o que vou fazer a priori, quando começo a pintar um quadro, não sei
bem para onde estou indo, só chego nele no final”. (Picasso)
Segundo Ometto (2000),fazer parte das atividades do Projeto, não é apenas uma
mera questão de aprender a lidar, domar ou treinar cavalos, antes de tudo o Projeto é uma
escola, uma filosofia, um estilo de vida. A maior ênfase é na continuidade do aprendizado.
Aprender a aprender é fundamental. Aprender a estar aberto ao aprendizado é o que há de
mais contemporâneo.
No entanto, é incrível observar como a maioria das modalidades eqüestres parece
olhar, para aqueles que querem dar continuidade ao seu aprendizado, como uma forma de
fraqueza no assunto.
“Do alto dos meus trinta anos de atividades junto ao cenário
eqüestre, posso dizer com toda segurança que a compreensão do
Horsemanship é acumulativa. Isto é, a cada novo curso que
fazemos, a cada nova fita, livro ou revista que chegam, muitas
sutilezas que ainda não haviam recebido luz, se iluminam nos
propiciando novas possibilidades de interpretação daquilo que de
alguma forma já sabíamos. “
(Ometto,2000)
Quando se aprende a fazer algo através das emoções e da experiência, é como
aquilo que aprendemos na infância. Permanece para toda vida. Aparece dentro da gente
uma enorme sensação de auto confiança e é muito importante mantê-la. Não parar, não
falar a respeito, só continuar fazendo. A maravilha do Horsemanship é que tudo vem da
experiência de cada um. Ele não pode ser praticado através de regras que podem ser
memorizadas, ele obedece a princípios, ajustes e principalmente ao bom senso. O
22
desenvolvimento da sensibilidade amplia o âmbito daquilo que pode ser percebido. É um
processo que nos desperta e nos possibilita obter controle.
4.2 OS OBJETIVOS DO PROJETO
A cultura das Américas cultiva resultados imediatos. As pessoas querem acreditar
que aquilo que os mestres precisaram de uma vida inteira para desenvolver, pode ser
aprendido em uma semana ou dez dias. Se quisermos ter êxito nessa empreitada o sucesso
tem que chegar devagar, com muito esforço, mas sem tensão e obsessão.
O cavaleiro comum quando começa a interagir com o cavalo quer receber respostas
imediatas. É preciso aprender a medir as nossas expectativas, a controlar nossas ansiedades.
Os animais, de uma maneira geral, são diferentes e separados dos seres humanos
pela gigantesca cadeia caça x predador. Observar e perceber essa diferença, medindo as
nossas expectativas, é a única maneira de compreender o tempo de espera necessário para
que os animais possam começar a responder.
A equitação básica e o horsemanship, não podem deixar de estar vinculados à arte
tradicional de disciplinar e montar cavalos. Conhecimentos práticos, técnicos e culturais
são fundamentais para a formação do horseman1. Sem esses elementos ele é como uma
árvore sem raiz, não tem sustentação.O comportamento de um horseman é algo que desafia
a imaginação do cavaleiro comum. Por que na verdade, é muito difícil para ele conseguir
ver o que e como, aquele homem está fazendo.
1
Cavaleiro ou instrutor de equitação que utiliza a arte de trabalhar, de treinar e de montar, de uma maneira
fácil e amável, mexendo com comportamento, instintos e personalidade do animal.
23
4.3 A ESTRUTURA PEDAGÓGICA DAS ATIVIDADES
A maioria das pessoas ainda acredita que é o que se faz com os cavalos é o que
conta. Para os integrantes do projeto é absolutamente claro que o problema não está nos
cavalos, mas sim nas pessoas. Uma pessoa pode aprender todas as técnicas e ainda assim,
não obter sucesso, por que na verdade, tudo que ela estiver fazendo pode até ser uma ótima
idéia, mas a maneira como ela está apresentando aquela idéia é horrível e é impossível
daquele animal compreendê-la.
O programa de aulas do Doma é planejado de forma tal que as pessoas possam
aprender se divertindo. Acreditam que o humor, através da consciência de si está
diretamente ligado a eficiência.
No cenário eqüestre convencional, é muito difícil encontrar alguém que fale e
explique o que é ter uma relação descente e leal com cavalo. Na maioria das vezes, as
pessoas ou abusam do chicote e da espora ou da cenoura e do açúcar. As duas formas são
ineficientes e trazem muito risco para a relação. É preciso compreender o que é ser justo do
ponto de vista do cavalo e dos animais em geral. Animais, como cavalos, não podem ser
tratados nem como escravos e nem como pets. Eles fundamentalmente trabalham para o ser
humano.
4.4 O PROCESSO DE ENSINO ADOTADO PELO PROJETO DOMA
Em se tratando de Horsemanship, quando alguém se propõem a ensinar alguém, é
preciso descer a detalhes tão sutis que nunca nem imaginou antes, mas que naquele
momento se faz necessário para que a outra pessoa possa compreender. Esse fato faz com
que aquele que ensina esteja aprendendo também.
Esta é a razão de estarem sempre atentos para que os participantes possam perceber
que os instrutores, apesar de estarem no papel de professores, também estão no processo,
24
aprendendo com cada cavalo novo e cada aluno novo que chega. Acreditam que essa troca
de experiências é a forma mais rica de aprendizado. É ela que possibilita o diferencial de
eficiência do processo.
É muito importante aprender fazendo, mas é preciso ter consciência que bom senso
é o principal. Sabemos que existem algumas coisas que ninguém consegue ensinar para
ninguém. É preciso aprender sozinho. Mas, existem algumas dicas, pequenos detalhes,
vindos dessa troca que podem nos ajudar muito. Sabedores disso, os instrutores do projeto
estão sempre criando e forjando situações, tentando imitar a vida real. Sua intenção é que
os seus alunos pratiquem e façam um contato com o real.
O planejamento das aulas é direcionado para poder atender a cada um dentro do seu
próprio nível de experiência, desde aqueles que sabem muito pouco e querem saber mais,
até aqueles que já tem um bom nível e querem se aperfeiçoar. Fazem questão de se
intercalarem intermitentemente com todos os participantes, tanto como grupo, como um a
um.
No inicio os principiantes precisam de mais assistência. Mas, é incrível o que uma
cabeça aberta ao conhecimento, é capaz de absorver. O fato de serem principiantes não
importa, o que faz a diferença é estarem com os objetivos definidos, é isso que faz com que
em pouco tempo, muitos principiantes, estejam trabalhando junto com os mais adiantados.
Todos trabalham juntos oferecendo as informações a respeito da influência da
postura e do uso do corpo do cavaleiro e suas partes no comportamento do cavalo, as
diversas maneiras de se usar as rédeas e a sua influência no que se refere à execução das
manobras básicas, a psicologia do cavalo, o significado da zona de fuga e da zona de
pressão. A parte física do cavalo e de como o seu peso está distribuído, os ritmos dos seus
andamentos de maneira clara e organizada A importância da posição e ângulo, quando
estão lidando com cavalos no pasto ou no redondel. A influência que podem exercer
quando conhecem o breaking point2 desses animais. Ao mesmo tempo, os professores
2
Expressão que indica a hora de parar, encerrar os trabalhos.
25
mostram o significado do trabalho de equipe organizado e a etiqueta e a cultura tradicional
do buckaroo3. Assim como o cuidado com a tralha e todos os equipamentos de trabalho.
Através das informações a respeito da vida e do trabalho dos velhos vaqueiros,
conseguem passar para os participantes que tradição é cultura, é referência e é só através
dela que vão poder criar novos caminhos.
A consciência de si próprio é a parte mais fundamental dos exercícios do dia a dia
dos cursos do Projeto. É ela que vai permitir administrar nossas mentes com muito mais
eficiência. Aprendendo a aprender a respeito das habilidades e das limitações de cada um.
Um dos exercícios principais é aprender a deixar o ego fora da arena. A experiência
individual tem mostrado que quando deixamos o nosso ego em casa, conseguimos nos
perceber começando a aprender alguma coisa. É impossível alguém aprender fazer alguma
coisa quando o ego estiver na garupa do seu cavalo. Ficamos muito apertados na sela. É
uma coisa como se a gente estivesse tentando treinar o nosso cavalo com o diabo nos
nossos ombros. É fundamental aprender a deixá-lo fora da arena. Só assim vamos conseguir
relaxar os ombros e abrir o coração.
Poder perceber que estar em contato com esses animais nos mostra que depois de
acreditarmos ter aprendido tudo que havia para aprender, ainda existe tudo para se
aprender, é um grande estímulo. O bom do exercício é que ele não funciona só quando
estamos iniciando um potro, exercitando o nosso Horsemanship, mas em todas as áreas da
vida.
3
O vaqueiro que em inglês virou buckarro é o que os puristas consideram o verdadeiro e original cowboy. Era
um tipo de gente que primava pelo exercício de uma disciplina tão séria na relação Homem-Cavalo e uma
dedicação tão fantástica no seu trabalho que a capacidade de cada um, nunca podia ser medida através do
relógio, mas sim pela habilidade e o esmero na execução de cada etapa do trabalho, visando o menor estresse
para suas montarias. O principal era eficiência, segurança e estilo.
26
4.5 A ARTE DO PROJETO
“Não sei bem para onde estou indo, mas sei que não estou perdido”.
(Ray Hunt)
Só o auto controle, a disciplina, e a consistência, podem nos proporcionar entrar em
contato com sensibilidades complexas e percepções refinadas. Todos aqueles que de
alguma forma entram nesse mundo, se vêem envolvidos por um vasto universo,
emaranhado e único. As informações são difíceis de serem encontradas; os estudantes desse
tipo de equitação, horsemanship, percebem que quanto mais fundo vão no assunto, mais
profundo o assunto parece ser.
Tem muita gente que gosta de chamar esse trabalho de ciência, outros preferem
chamá-lo de arte, por que assim como todas as outras formas de arte a equitação e o
horsemanship, não podem ser ensinados dentro
de um modelo, onde os participantes possam ir
eliminando etapas, nem ser provado em
laboratório. É um assunto que tem que vir de
dentro de cada um, através da consciência de
si. É essa a razão que nos faz acreditar que este
assunto não pode ser colocado em palavras,
por que ele faz parte do intrincado, subjetivo e
ilusório mundo da Arte.
A maioria daqueles que dedicou suas vidas
praticando essa disciplina, já não está mais
vivo e aqueles que ainda vivem, são muito
difíceis de serem encontrados. O mundo deles
nunca foi regido pelo relógio.
Eles usam o tempo que é preciso para construir seus cavalos, de acordo com o tempo de
cada cavalo.(Borba, 2001)
27
É uma estrada extremamente rica. Mas, para percorrê-la, é preciso estar com a
atenção acordada e ter vontade de conhecer e compreender cavalo de uma forma mais
profunda, isto é, de maneira que o processo de aprender seja encarado, de um ponto de vista
que ao mesmo tempo seja, prático, teórico, e cultural. O sentir e o perceber, vão tomando
lugar das explicações racionais que fazemos a nós mesmos. É isso que nos faz perceber que
a cultura do buckaroo nos proporciona um estilo de vida sadio, educado, divertido e
principalmente, contribui para que possamos nos tornar melhores pessoas.
Por essas razões é que o lucro principal do projeto é o contingente de pessoas que
encontram nesse caminho, compartilhando seus interesses, ajudando a difundir os
princípios fundamentais do horsemanship e da equitação.
CAPITULO V
OS ENSINAMENTOS DE MONTY ROBERTS E O SISTEMA
DESENVOLVIDO PARA DOMAR CAVALOS - A CONJUNÇÃO
“Nunca é o cavalo que erra.”
Roberts(2002)
5.1 MONTY ROBERTS – SUA ORIGEM E SEUS ENSINAMENTOS
Monty Roberts nasceu na pequena cidade de Salinas, Califórnia, no dia 14 de maio
de 1935. Seu pai era domador de cavalos e utilizava o tradicional método de “machucá-los
para não ser machucado”.
Desde cedo Monty discordava de seu pai no que tange a utilização de tal método.
Seu amor pelos animais, que considera seus irmãos e seu aguçado senso de observação, fez
29
dele um pioneiro na comunicação com os animais,
que batizou posteriormente esta linguagem de
“Equus”.
Observando-os, ouvindo-os e interpretando as
mensagens passadas, Roberts iniciou vários
cavalos para corridas e rodeios sem chicotes,
esporas e o que é fundamental, sem violência
alguma, conquistando com isso a amizade e a
confiança dos eqüinos. Sendo neto de índios,
cresceu ouvindo como os cherokees lidavam com
as mais diversas manadas de cavalos, búfalos e
cervos; e sendo portador de uma deficiência visual
que o permitia enxergar tudo em preto e branco
observava com clareza a movimentação, durante a
noite, das manadas selvagens pelas pradarias e florestas. Com isso descobriu que é a égua
mais velha que traça os itinerários e castiga os potros que se rebelam e que o papel dos
garanhões é apenas cuidar de seus haréns e vigiar contra predadores.
Monty Roberts chama-se a si mesmo de "o homem que ouve os cavalos". Talvez
tenha sido por isso que Hollywood decidiu chamar ao seu filme biográfico "The Horse
Whisperer", ou segundo a tradução portuguesa, "O Encantador de Cavalos". Este norte
americano cresceu numa família de fazendeiros e depressa se tornou num verdadeiro
cowboy. A violência da equitação normal depressa o aterrorizou e foi assim que Roberts, à
revelia do pai, decidiu tratar os cavalos de outra forma. Na altura, foi alvo de comentários
jocosos, mas hoje é dos mais respeitados treinadores de equitação. As suas aulas chegam a
ter mais de 200 espectadores, os pedidos de ajuda são tantos que foi obrigado a delegar a
obrigação a outros e ainda tem tempo para observar os cavalos no seu ambiente natural.
Observar os cavalos no seu ambiente natural, reconhecer os seus sinais e gestos de
agrado ou desagrado, massagens relaxantes, uso ou desuso de uma sela. Existem muitos
métodos, cada mentor tem o seu, mas todos têm um ponto em comum: não se usa violência
nem intimidação.
30
Em seu primeiro livro, O Homem que Ouve Cavalos, Monty Roberts nos mostra
quão profunda pode ser a comunicação entre homens e animais. Comovendo milhões de
leitores no mundo inteiro, os ensinamentos de Roberts descreveram a grande eficácia obtida
quando a violência e o terror das agressões são eliminados no trato com os animais.
Em Violência Não é a Resposta, seu mais recente livro, Monty Roberts dá seqüência
a seu trabalho, mostrando que o método gentil é o melhor caminho para se lidar não só com
cavalos, mas também com pessoas. Usando a técnica da conjunção, seu fantástico método
para convencer um cavalo selvagem a aceitar sela, bridão e cavaleiro em uma única sessão
não-violenta de 30 minutos, ele ensina como melhorar as relações humanas em casa e no
trabalho. Este livro repleto de encontros memoráveis entre seres humanos e cavalos;
contém em sua essência a crença no poder da gentileza, da ação positiva e da confiança.
Com demonstrações da técnica da Conjunção, lotando arenas em todo o mundo, o autor
continua a inspirar seus entusiastas seguidores a deixarem de uma vez só a violência.
5.2
A CONJUNÇÃO DE MONTY ROBERTS – MAIS DO QUE UMA FORMA DE
DOMAR, UMA DEMONSTRAÇÃO DE RESPEITO AO FIEL AMIGO.
Segundo Roberts (2002), todos podem aprender
o método da Conjunção desde que acredite que
pode aprendê-lo e desde que não tenha medo de
cavalo. Também nos diz que é sempre bom ter
em mente que o animal não erra. Todas as suas
ações, provavelmente, foram motivadas pelo
cavaleiro, principalmente em se tratando de
cavalos jovens e ainda não iniciados.
31
“... podemos fazer muito pouco no que diz respeito a ensinar o
cavalo. O que podemos fazer é criar um ambiente em que ele queira
aprender. Acredito que, mais ou menos, a mesma coisa acontece
com as pessoas. O jovem estudante que tem o conhecimento
empurrado para dentro do cérebro aprende pouco, mas pode
absorver muito se decidir aprender.”
Roberts(2002).
Em O Homem que Ouve Cavalos, Monty Roberts nos relata que embora o cavalo
não possua um cérebro tão complexo como o do homem, até certo ponto as reações são as
mesmas e que o objetivo de seu método é criar uma relação baseada na confiança, uma
relação que faça com que o cavalo queira a conjunção, queira ser parte integrante do
“time”.
Na opinião de Roberts, o cavalo iniciado no método convencional, cria uma relação
de inimizade com as pessoas para as quais trabalha. Com a conjunção, devemos sugerir que
gostaríamos que ele fizesse alguma coisa e não que ele deve.
5.2.1
ALVOS A SEREM ATINGIDOS DURANTE O PROCESSO DE INICIAÇÃO
1) Conjunção;
2) Acompanhamento;
3) Áreas vulneráveis;
4) Levantamento dos pés;
5) Manta;
6) Sela;
7) Cabeçada;
8) Rédeas longas;
32
9) Cavaleiro;
10) Círculo à direita;
11) Recuar um passo;
12) Círculo à esquerda;
13) Recuar um passo.
5.2.2 MATERIAIS
NECESSÁRIOS
PARA
O
DESENVOLVIMENTO
DAS
ATIVIDADES DO SISTEMA
1) 2 (duas) rédeas longas com 10 (dez) metros cada uma;
2) 1 (uma) cabeçada completa de bridão;
3) 1 (uma) sela;
4) 1 (uma) manta;
5) 1 (um) loro extra;
6) Cabresto no cavalo.
5.2.3
A CONJUNÇÃO PROPRIAMENTE DITA
No mundo natural, o eqüino é uma presa e o primeiro instinto do animal é ver o
domador como predador e, este ao se aproximar, faz com que o cavalo tenha a tendência de
fugir. É um ser de fuga.
De manejo, o potro só conhece o cabresto, de resto é xucro, nunca foi montado. É
um animal traumatizado. No campo, chamam-no de cavalo bravo e atentado. Na doma
tradicional, ele já estaria amarrado e “ensacado”. Monty Roberts, em seu método, o
mantém solto para fazer o que chama de iniciação, uma quebra de gelo, cuja palavra-chave
jamais poderia ser o medo ou a intimidação.
33
O primeiro passo da conjunção é colocar o potro dentro de um redondel, já com
cabresto e se apresentar ao cavalo afagando-o com a palma da mão. O próximo passo é se
deslocar para trás do animal, e se este não disparar, jogar uma corda em seus posteriores. A
essa altura, quase todos os animais começam uma fuga em círculos por alguns minutos.
Roberts nos relata que agindo desta forma o animal está recuando e que nós devemos
sempre avançar e manter uma atitude agressiva (olhos fixos nos olhos do potro e os ombros
enquadrados com a cabeça dele).
“Observem, agora, que ele vai começar a me dar sinais."
Roberts(2002)
O método que Monty Roberts desenvolveu é baseado em sinais corporais. Uma
linguagem na qual denominou de Equus.
“Reparem que ele está lambendo e mastigando e começa a
diminuir o círculo. Como correu, correu, e eu continuo aqui, não
ataquei, nem nada, vê que posso não representar perigo. Daqui a
pouquinho, ele deve abaixar a cabeça. Esse é um dos sinais mais
importantes: significa que está querendo se comunicar comigo."
Roberts(2002)
Neste momento, Roberts nos relata que devemos parar de encarar o cavalo. É o
predador retirando o foco da presa. O olhar é somente de canto, quase dando as costas.
Imediatamente, o animal sente o alívio da pressão e se aproxima do domador. Lamber os
lábios e mastigar significa que o animal quer dizer-nos que ele é voador e como está
comendo, não precisamos ficar com medo dele. Ao abaixar a cabeça o potro nos envia uma
mensagem de que podemos ser o chefe da situação e ao mesmo tempo é um pedido para
parar de pressioná-lo. Apartir de então o “predador” deve tomar uma postura submissa, não
olhando para seus olhos e sim para baixo, os ombros não mais deverão estar arqueados, isto
significa um convite. Aceito o convite por parte da “presa” e feita a aproximação entre caça
e caçador, está feita a Conjunção.
34
"Percebam que qualquer movimento meu ele acompanha."
Roberts(2002)
O cavalo envolto pela conjunção parece encantado e acaba aceitando com calma
todos os gestos que delicadamente o domador faz para lhe acariciar a cabeça e acompanhao para onde for. Trabalhando deste modo está também realizado o acompanhamento.
Feita a conjunção e o acompanhamento, Monty Roberts tenta avançar na intimidade
e iniciar a próxima etapa, que é a de entrar nas áreas vulneráveis do animal. Alisa bem pra
tirar cócegas das partes mais sensíveis e, com decisão e gentileza, vai levantando pata por
pata.
Tendo concluído estas etapas preliminares, estaremos pronto para apresentar o
equipamento que será utilizado no encilhamento. Instintivamente, o animal irá inspecionar
tudo o que há de novo dentro do redondel. O domador deverá caminhar entre material e
animal até o instante em que o cavalo preferir segui-lo.
No momento em que obtiver toda a atenção do eqüino, o domador começa a dar
início ao encilhamento. Primeiramente, colocar gentilmente a manta e depois a sela com a
barrigueira. Aperte-a, mas observe as reações do animal, de modo a não apertá-la muito.
Neste momento a calma é essencial, devendo o cavalo acreditar que ele é o único irritado e
tenso com a sela. Caso contrário, ele não confiará no domador e começará a corcovear.
Passado estes momentos de tensão, coloque-o a cabeçada, o bridão, e depois as
rédeas, que deverão ficar folgadas. Utilizando as rédeas longas, o domador tem como
mover o animal para frente balançando a rédea sobre a garupa, como se fosse charretear,
fazendo com que o cavalo ande em círculos para a direita e esquerda, ao galope e ao trote.
Segundo Roberts(2002) a essa altura o animal está pronto para ser montado.
Certificado que ao material está em ordem e utilizando um de seus cavaleiros, Roberts
inicia o trabalho montado realizando figuras como o círculo e por fim recuar um passo.
Desde que a sessão começou, passaram apenas 25 minutos, menos de meia hora. Um tempo
incomparavelmente menor que o da doma feita na forma bruta.
35
Monty Roberts desenvolveu esse novo sistema de adestramento na surdina,
escondido do pai, que era domador profissional, um homem sistemático e violento também.
Na primeira vez que revelou o que vinha fazendo, seu pai pegou uma corrente que estava
pendurada na cerca do curral e espancou-o, de mandar para o hospital.
É fantástica essa maneira de abordar o animal. Você não força o cavalo a nada. Ele
passa a fazer as coisas não por imposição, mas, por livre e espontânea vontade.
CAPÍTULO VI
PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES REALIZADAS PELAS
ORGANIZAÇÕES MILITARES DETENTORAS DE ANIMAIS
ORIUNDOS DA COUDELARIA DE RINCÃO.
“Cultiva o passo do teu cavalo, que é o galope de todos os dias.”
Abu-Bekr (1968)
37
6.1 BREVE HISTÓRICO DA COUDELARIA DE RINCÃO
A Coudelaria Nacional de Rincão, localizada em São Borja-RS, foi criada em 1922.
Foi extinta, em 1975, sendo seu acervo encaminhado à Coudelaria de Campinas e utilizada
pelo Exército Brasileiro apenas como Campo de Instrução de Rincão.
Com uma área de aproximadamente 15.000.000 há, a Coudelaria de Rincão e o
Campo de Instrução de Rincão se destinam ao desenvolvimento de eqüinocultura,
bovinocultura, piscicultura, formação de pastagem e produção de grãos.
A atividade fim deste estabelecimento é a produção de eqüinos para o Exército
Brasileiro. As remontas distribuídas são utilizadas nas mais diversas missões nos Pelotões
Hipomóveis dos Regimentos de Cavalaria de Guardas de Brasília e Porto Alegre, nos
Pelotões Hipomóveis do Regimento Escola de Cavalaria, na Escola de Equitação do
Exército, na Academia Militar das Agulhas Negras, na Escola de Sargento das Armas, no
Instituto de Biologia do Exército e nos Campos de Instrução de todo o Brasil.
6.2 DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES
As Organizações Militares (OM) que recebem potros oriundos da Coudelaria de
Rincão possuem uma elevada responsabilidade no contexto de dar-lhes as melhores
condições de saúde e de trabalho.
Não há uma seleção anterior dos animais que serão enviados às OM para as
finalidades a que irão executar. Devido a esta realidade, as Organizações Militares
enfrentam o problema de não adequar as capacidades dos animais com as tarefas realizadas
por estas Unidades, ocasionando, segundo monografia dos Capitães Guilherme e Marcelo,
problemas de adaptação e continuidade do trabalho com estes eqüinos.
38
Em busca do sucesso deste trabalho, o universo das Unidades Militares utilizadas
para a realização do mesmo é o seguinte: Regimento Escola de Cavalaria e Escola de
Equitação do Exército.
6.2.1
Adaptação e o desenvolvimento do trabalho
“A chegada dos potros nas Unidades Militares de destino é um dos
principais fatores que influenciam na colocação e manutenção da
saúde destes animais, pois o cavalo além de possuir uma apurada
memória, sendo capaz de associar acontecimentos e locais, encontrase em uma fase se adaptação orgânica e psicológica...”
Santos (2002)
Para que suportem as exigências a que serão submetidos, os potros oriundos da
Coudelaria de Rincão, devem ter uma excelente fase de adaptação, pois é nesta que os
cavalos novos são preparados física e moralmente.
O Regimento Escola de Cavalaria (ResC), dispõe de uma equipe que realiza o trato,
com a limpeza diária e o trabalho de doma. Trabalham o quanto possível no ambiente de
exterior. No final de cada seção de trabalho os potros são soltos em potreiros.
Na Escola de Equitação do Exército (EsEqEx) os sargentos alunos do Curso de
Monitor de Equitação recebem um potro no qual devem realizar diariamente o trato e o
amansamento, primeira fase do curso. Numa segunda fase é basicamente trabalhado a lição
de montar e o exterior. No ano seguinte, os oficiais alunos, do Curso de Instrutor de
Equitação, recebem os mesmos animais, que anteriormente foram trabalhados pelos
sargentos e desenvolvem um trabalho de iniciação ao adestramento, salto e concurso
completo de equitação (CCE).
39
6.2.2
Manejo das remontas
Como já vimos em capítulos anteriores, o período inicial de formação e de
desenvolvimento dos animais caracteriza-se pela aquisição da confiança do animal no
homem, pela confirmação do espírito dócil do potro e pela colocação e manutenção deste
em estado de serem trabalhados saudavelmente.
Neste contexto, o manejo das remontas oriundas da coudelaria ocupa um papel
importantíssimo no desenvolvimento dos potros, sendo de grande valia salientar alguns
aspectos como: a alimentação que deverá ser adequada para que os animais entrem em
estado e se mantenham com saúde. Devido a incompleta formação dos sistemas orgânicos
do potro, reduzindo com isto sua capacidade de metabolização, é necessário que estes
recebam uma alimentação inicial nutritiva e balanceada; e a estabulagem que deverá ser em
um local agradável para o potro, onde este encontre um espaço para descansar e saciar suas
necessidades orgânicas após um dia de trabalho.
Dentro do universo pesquisado, a Escola de Equitação do Exército se destaca por
possuir um aluno responsável pelo manejo do seu potro, bem como um exclusivo tratador,
para suprir as exigências do curso, primeiramente na disciplina amansamento e
posteriormente iniciação, respectivamente nos cursos de monitor e instrutor.
CAPÍTULO VII
A MEDICINA VETERINÁRIA APLICADA NA INICIAÇÃO
O desenvolvimento normal dos ossos longos ocorre através da
ossificação de uma matriz de cartilagem, por um processo
chamado de ossificação endocondral, que ocorre também nas
extremidades dos ossos longos, principalmente na placa fiseal. No
feto, os ossos têm um molde composto inteiramente por cartilagem.
Os fechamentos das placas fiseais variam de estágios. Geralmente
as distais fecham antes que as proximais.
MCILWRAITH & TROTTER (1996)
41
7.1 AMBIENTAÇÃO
O presente capítulo tem por objetivo determinar o momento fisiológico de
fechamento das placas fiseais dos ossos longos em potros oriundos da Coudelaria de
Rincão através da utilização da radiologia. Desta forma foram utilizados os animais das
remontas A, B, C, D, E, F, G e H da Escola de Equitação do Exército, que foram
radiografados os membros anteriores e posteriores.
Os exames radiológicos foram avaliados conforme a placa fiseal em: lisa ou
contínua, irregular ou fechada. A utilização do raio X, como instrumento de
acompanhamento e controle, auxiliou na definição da idade do fechamento das principais
fises.
Faz-se menção sobre a qualidade da nutrição, que será abordada a seguir, como
fator importante no processo de ossificação endocondral.
7.2 A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DOS POTROS
O acelerado desenvolvimento dos eqüinos durante o seu primeiro ano de vida exige
que os potros sejam submetidos a programas nutricionais adequados para que eles possam
se desenvolver de acordo com seu potencial genético.
De acordo com Lewis (1990) os requisitos nutricionais dos eqüinos, após dois a três
meses de idade, excedem os nutrientes providos pelo leite materno. Este mesmo autor
afirma que se uma quantidade adicional de alimento contendo os nutrientes necessários não
for oferecido neste período, o potro apresentará um crescimento deficiente do terceiro ao
sexto mês de vida, quando será desmamado.
A utilização do “Creep Feeding”, sistema que proporciona o livre acesso dos potros
a um concentrado suplementar, fornecido à vontade, em um comedouro localizado onde as
42
éguas não tenham acesso, tem por objetivo evitar que alguns eqüinos sofram deficiência
nutricional durante a fase de aleitamento.
O aumento da taxa de crescimento ocasionado pela ingestão de grandes quantidades
de proteínas e energia, não é acompanhado por uma deposição satisfatória de cálcio e
fósforo nos ossos, razão pela qual Lewis afirma ser a principal causa de epifisite.
7.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÁLCIO E O FÓSFORO NA NUTRIÇÃO DE
EQUINOS.
Os cavalos são suscetíveis a sofrer com dietas contendo níveis inadequados de
cálcio e/ou fósforo mais do que qualquer outro mineral. Segundos estudos realizados, a
quantidade de ração concentrada oferecida aos eqüinos, nunca deveria ultrapassar 50% do
total da dieta. A outra metade deve se constituir de volumoso, freqüentemente administrado
na forma de pasto. O Coast Cross é o mais popular, é resistente ao frio e permanece verde o
ano todo, mas é exigente quanto à fertilidade e responde bem a adubação. O Tifton, dentre
outras variantes, tem sido muito utilizado.
Os concentrados, em sua maioria, são ricos em energia e fósforo, porém pobres em
cálcio, o que propicia um maior aparecimento de lesões ósseas. Desta forma, as
necessidades diárias dos cavalos com relação ao fósforo são satisfeitas ou estão em excesso,
enquanto que as de cálcio estão bem aquém do necessário, devendo ser corrigidas através
de uma suplementação mineral e/ou fornecendo forragem a base de leguminosas (alfafa)
que possuem de 3 a 6 vezes mais cálcio do que em gramíneas.
Os animais, com tais distúrbios nutricionais se desenvolvem com peso e tamanho
normais, mas podendo apresentar fragilidades e lesões ósseas, onde destacamos a Epifisite,
sendo traduzida pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo como:
lesão caracterizada quando a cartilagem de crescimento não é substituída por osso e os
vasos sangüíneos não conseguem penetrar na zona de crescimento, o osso não se organiza,
há necrose nesta área e podemos observar clinicamente o alargamento no local da placa de
43
crescimento distal do osso rádio. Estima-se, segundo os dados do mesmo Instituto, que
73% a 83% dos problemas de crescimento em potros são devidos a deformidades de
angulação ou epifisite.
7.4 A RADIOLOGIA NA DETERMINAÇÃO DO MOMENTO FISIOLÓGICO DE
FECHAMENTO
DAS
PLACAS
FISEAIS
NOS
POTROS
ORIUNDOS
DA
COUDELARIA DE RINCÃO
Segundo Auer e Stick (1999), a ossificação é um processo de formação de osso
acima da cartilagem, sendo responsável pelo crescimento dos ossos longos, cartilagem
fiseal e epifiseal.
Cita Freeman (2002), que a restrição genética limita a taxa de crescimento a qual
influencia o exercício ou nutrição. Cada cavalo tem um potencial genético específico para a
taxa de crescimento e avaliação de maturidade. Diferentes raças de cavalos têm um tipo de
crescimento rápido ou lento, mas são generalidades difíceis de serem mensuradas, porque
tem grande variação conforme a raça. Sugere-se que com esta seleção (busca da
precocidade) seja a principal razão das desordens no esqueleto dos membros dos eqüinos.
Apartir desta visão surge o questionamento chave do presente trabalho: Será que
com todos os atuais métodos e programas de doma, apresentados em capítulos anteriores,
que diminuem o tempo de amansamento e doma, passando logo para os trabalhos
montados, não iremos deturpar o desenvolvimento dos potros deixando-lhes seqüelas?
A utilização da radiologia como instrumento de acompanhamento e controle, pôde
auxiliar na resposta do questionamento acima e também na determinação da idade de
fechamento das placas fiseais. A identificação de tal fechamento permitiu determinar o grau
de desenvolvimento do eqüino e se este se encontra apto a iniciar os trabalhos montados.
Na busca da resolução de tal questionamento, foram feitos exames radiológicos nos
potros das remontas A, B, C, D, E, F e H da Escola de Equitação do Exército, conforme
relação abaixo:
44
MATRÍCULA
NOME DO ANIMAL
IDADE
RAÇA
2225
BALADA DO RINCÃO
9 ANOS
SRD
2255
BANDA DO RINCÃO
9 ANOS
SRD
2222
BRISA DO RINCÃO
9 ANOS
SRD
2361
CINDERELA DO RINCÃO
8 ANOS
SRD
2360
CLARA DO RINCÃO
8 ANOS
BH
2389
COMBATE DO RINCÃO
8 ANOS
SRD
2567
DELIS DO RINCÃO
7 ANOS
SRD
2472
DILEMA DO RINCÃO
7 ANOS
PSH
2491
DOMÍNIO DO RINCÃO
7 ANOS
SRD
2826
ELECTRON DO RINCÃO
6 ANOS
SRD
2804
EQUAÇÃO DO RINCÃO
6 ANOS
SRD
2762
ERÓTICA DO RINCÃO
6 ANOS
SRD
2790
ESPLANADA DO RINCÃO
6 ANOS
SRD
2788
EXPLOSIVO DO RINCÃO
6 ANOS
SRD
0253
FACA DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0129
FAUSTO DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0201
FEITOR DO RINCÃO
5 ANOS
BH
0054
FENIX DO RINCÃO
5 ANOS
BH
0267
FEROZ DO RINCÃO
5 ANOS
BH
0343
FERTIL DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0073
FESTIM DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0478
FILÓ DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0237
FLORESTA DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
45
0236
FLUIDO DO RINCÃO
5 ANOS
BH
0280
FOICE DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0036
FORMOSURA DO RINCÃO
5 ANOS
BH
0105
FRAQUE DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0592
FREGUÊS DO RINCÃO
5 ANOS
SRD
0132
GAITEIRO DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0330
GANHADOR DO RINCÃO
4 ANOS
BH
0171
GARIMPEIRO DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0328
GARTOK DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0214
GATILHO DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0199
GAVIÃO DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0227
GOLAÇO DO RINCÃO
4 ANOS
BH
0127
GRAMADO DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0173
GALHARDETE DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0348
GUEIXA DO RINCÃO
4 ANOS
SRD
0134
GUILHOTINA DO RINCÃO
4 ANOS
BH
0272
GALDÊNCIO DO RINCÃO
4 ANOS
BRETÃO
0770
HAITI DO RINCÃO
3 ANOS
SRD
0784
HERMES DO RINCÃO
3 ANOS
SRD
0787
HÍBRIDO DO RINCÃO
3 ANOS
SRD
0881
HIPNÓTICA DO RINCÃO
3 ANOS
SRD
0800
HOMENAGEM DO RINCÃO
3 ANOS
SRD
46
Com base na pesquisa de campo realizada, observou-se que os potros em destaque
abaixo apresentaram as seguintes enfermidades:
CAVALO
IDADE
CINDERELA DO RINCÃO
8 ANOS
FAUSTO DO RINCÃO
5 ANOS
FATO OBSERVADO
ABSCESSO NO
GARROTE
GAVIÃO DO RINCÃO
4 ANOS
DELIS DO RINCÃO
7 ANOS
EXPLOSIVO DO RINCÃO
6 ANOS
SOBREOSSO NA
CANELA
Do estudo dos dados da tabela acima, seria de grande valia saber as causas de tais
enfermidades ocorridas com os animais, contudo, não foi possível obtê-las por falta de
registros. Cabe ressaltar que não foram encontrados entorses, epifisites, ostescondroses e
osteodistrofia fibrosa no universo de eqüinos sob análise.
CAPÍTULO VIII
CONSIDERAÇÕES FINIAIS
Visando obter, com o presente trabalho, um resultado a altura da nobreza do fiel amigo
e foco principal desta monografia, foram feitos levantamentos sobre: os processos de doma
tradicional e racional; o projeto doma e sua mentalidade baseada no Horsemanship; os
ensinamentos de Monty Roberts e a medicina veterinária voltada para a equitação.
O objetivo desta pesquisa em toda sua extensão foi especificamente de que, através da
análise dos processos e ensinamentos de doma, calçados na medicina veterinária, tenhamos
cada vez melhores produtos da Coudelaria de Rincão realizando as mais diversas missões no
âmbito da Força.
O estudo aprofundado dos processos e programas de doma abordados no presente
projeto direcionou ao levantamento de dados que resultou na presente conclusão.
48
Pesquisando a respeito de Doma Tradicional e Racional, como visto nos capítulos dois
e três, foi verificado que o artifício utilizado no primeiro processo é o uso da violência. O
potro iniciado é laçado, derrubado e por alguns até ensacado. O animal é submisso às vontades
do homem pelo medo, dor e cansaço, tendendo a gerar, com isso, um cavalo acuado e sem
vínculo de amizade e respeito com seu tratador e cavaleiro. O objetivo da pesquisa
aprofundada destes assuntos era a de que pudéssemos efetuar uma comparação entre esses
dois processos empregados, para o levantamento de uma posição sobre tal. Verificando os
benefícios e desvantagens de cada programa, vemos que através do processo da doma
racional, que prioriza o respeito, a amizade e a confiança do cavalo, somos capazes de obter
um maior rendimento das remontas, chegadas na OM, nas operações hipomóveis e nas mais
diversas missões a que o cavalo é submetido.
Sobre o projeto DOMA e a conjunção de Monty Roberts, assuntos abordados nos
capítulos quatro e cinco, foi observado que em ambos os programas o primeiro passo para o
início da doma é a diminuição do hiato cavalo-cavaleiro. Isto é, a conquista da confiança do
animal no domador e o seu natural interesse pelo trabalho. Aprofundando a pesquisa sobre tais
assuntos, foi possível observar que no Doma a consciência de si é o mais importante, para que
o horseman desenvolva por si só a arte e diminua o medo do eqüino pelo trabalho. Já Roberts,
desenvolve um método particular de domar, fazendo com que o cavalo acredite em seu
cavaleiro e em poucos minutos já esteja sendo trabalhado montado. Levando tais
ensinamentos para o lado do Exército, surge o principal questionamento do presente trabalho:
Será que conseguiremos nos servir de tais aprendizados e diminuir o tempo de doma
propriamente dita, passando rapidamente para a montaria, sem atrapalhar o desenvolvimento
das partes ósseas dos eqüinos?
Com o desenvolvimento dos capítulos seis e sete, onde são abordados alguns aspectos
veterinários auxiliados pela radiologia, verificamos que no universo pesquisado, poucos,
porém alguns animais apresentaram problemas. Todos os fatores apresentados nestes capítulos
vêm responder ao questionamento anterior e permitir alcançar o objetivo principal do presente
projeto.
Por fim, as vantagens apresentadas na doma racional, unidas aos ensinamentos
colhidos de Monty Roberts e a consciência de si do projeto Doma, tudo isso calçado nos
49
estudos da medicina veterinária, nos permite chegar a um ponto convergente. Isto é, a
metodologia de Monty Roberts empregada na busca de uma maior docilidade e confiança do
animal e diminuição do medo do mesmo durante a lida diária, numa primeira fase da doma a
pé e o emprego dos ensinamentos da doma racional com a consciência de si do projeto Doma,
numa segunda fase montado, com os potros num estágio mais maduros e aptos a realizarem os
trabalhos a que se destinam no âmbito da Força, produziriam melhores resultados com
menores índices de lesões e baixas dos eqüinos.
“A progressividade de um trabalho metódico e bem feito constitui o primeiro passo
para galgar longínquos horizontes.”
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