Cavalo Lavradeiro

Transcrição

Cavalo Lavradeiro
INCT: Informação
Genético-Sanitária da
Pecuária Brasileira
SÉRIE TÉCNICA:
GENÉTICA
Publicado “on line’ em animal.unb.br em 21/09/2010
Cavalo Lavradeiro
Concepta McManus
1,2
, Herbert de Moura Goulart 3, Luiza Seixas 1,
Ramayana Braga
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CNPq / INCT / Informação Genético Sanitária da Pecuária Brasileira, Universidade de Brasília (UnB) /
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS.
3 Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF.
4 Embrapa Roraima, Boa Vista, RR.
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Espécie:
Eqüina
Nome científico:
Eqqus caballos
Foto: Ramayana Braga
Outros nomes:
Cavalo de Comportamento Selvagem de Roraima
Origem:
Vieram com os colonizadores, trazidos de Portugal, Espanha,
Norte da África e Cabo Verde, sendo pois, representantes puros
ou mestiços das raças Árabe, Barbo e Andaluz. Os cavalos
procedentes da Península Ibérica entraram no Brasil por muitas
vias,
desde
a
América
Central,
passando
pelo
Peru,
atravessando os Andes e atingindo o Brasil pelo norte Argentino;
outra foi diretamente da Argentina ou Paraguai, através das
missões jesuíticas e a última, diretamente da Península Ibérica,
pela importação de cavalos da Andaluzia. No estado de
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Roraima, a introdução dos equinos foram basicamente oriundas
de pequenos povoados ao longo do rios Negro e Amazonas,
portanto,
descendentes
de
animais
vindos
do
Nordeste
brasileiro. Ocorreu também a introdução de animais Puro
Sangue Inglês pela República Cooperativista da Guiana, antiga
Guiana Inglesa, os fazendeiros do lavrado trocavam cavalos
Puro Sangue Inglês por bovinos. Os cavalos eram usados para
cruzamento com os lavradeiros e destinados a eventos onde as
"corridas de cavalo" eram uma das atrações.
Desde a chegada das primeiras cabeças de bovinos para as
extensas áreas de savana de Roraima, trazidas por Manoel da
Gama Lobo d’Almada, em 1789 deu-se, paralelamente, a
introdução
de
eqüinos
para
a
lida
com
o gado bovino. Por volta de 1920 a população bovina nas
fazendas era da ordem de 300.000 cabeças e de 10.000
eqüinos.
A
pecuária
constituía-se,
portanto,
na
principal
atividade econômica da região como forma de manter e garantir
a permanência portuguesa. Os cavalos que foram trazidos
começaram
a
se
multiplicar
livremente
nas
savanas
e
milhares de animais eram encontrados sem nenhum controle
pelo homem (sem marca e sem dono). Nesta situação passaram
por várias gerações em processo de seleção natural. Desta
forma foram adquirindo características próprias a ponto de
serem reconhecidos pelo meio cientifico como uma das raças de
eqüinos nativa do Brasil. Os fazendeiros passaram a designar
“cavalos selvagens de Roraima” numa alusão ao fato de não
terem dono e nascerem, crescerem e se multiplicarem sem
nenhuma interferência do homem. Na realidade, por serem
animais domésticos, estariam “na condição de selvagem”. Por
viverem livres nos campos de savana, cerrado ou conhecido
localmente como lavrado passaram a ser conhecidos como
“lavradeiros” ou “cavalos lavradeiros”.
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Atualmente,
com
a
demarcação
de
áreas
indígenas
(reservas São Marcos e Raposa Serra do Sol) e retirada de não
índios
das
áreas, os
fazendeiros
deixaram em suas
ex-
propriedades alguns eqüinos. Esses animais voltaram, então, a
viver
novamente
com
pouco
contato
com
as
populações
indígenas que permaneceram na região de savana.
Habitat:
No Lavrado do Maruai, uma área aproximada de 300.000 ha,
que se estendem entre os rios Surumu e Parimé, confrontandose ao norte com o morro Flexal e baixo Surumu e a oeste pelos
rios Parimé e Uiraricoera, no Estado de Roraima. O cavalo é
relativamente pequeno e adaptado a uma pastagem que tem
período de seca muito longa. Mas ele tem adaptação também
para a época chuvosa, quando os campos alagam - seus cascos
são pequenos e resistentes. Entre os lavradeiros, o índice de
incidência da anemia infecciosa é de 50%, mas a maioria deles
não apresenta os sintomas típicos da doença.
Foto: Ramayana Braga
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População:
Entre 1.260 e 1.680
Ameaça a raça:
Cruzamentos com outras raças
Anemia infecciosa eqüina (AIE)
Classificação:
Em risco (endangered)
Características Morfológicas:
Pequenos, altura média de 1,40m. Todas as pelagens são
aceitas, exceto a despigmentação da pele (albino) e da íris
(albinóide), orelhas pequenas e médias, pescoço reto e largo,
peso médio de 280 Kg.
Temperamento ativo e dócil, andamento tipo trote.
Qualidades da raça:
Rusticidade e resistência
Importância econômica:
Utilizados na pecuária
Núcleos de conservação:
Embrapa Roraima
Características Fenotípicas do Cavalo Lavradeiro:
Altura média da cernelha: 140 cm;
Pelagens: castanha, tordilha, rosilha, alazã e baia, com
predominância das duas primeiras;
Orelhas: Pequenas e médias;
Pescoço: Reto e largo;
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Crinas: Grossas e abundantes;
Comprimento dorso-lombar: curto;
Garupa: inclinada;
Aprumos dos membros anteriores: regulares e bons;
Aprumos os membros posteriores: regulares;
Cores dos cascos: pretos e rajados;
Tamanho dos cascos: pequenos;
Peso médio: 280 Kg (a campo).
Endereços para contato:
Curador nacional Dr Arthur da Silva Mariante
E-mail: [email protected]
Curador localDr. Ramayana Menezes Braga
E-mail: [email protected]
Telefax: (095) 4009-7166
Um Núcleo de Conservação do cavalo lavradeiro funciona na Fazenda
Resolução, no município de Amajari, que fica a cerca de 170 km da capital
Boa Vista. Atualmente, o Núcleo de Conservação do Cavalo Lavradeiro é
composto por 36 fêmeas e 4 machos, que são criados de forma extensiva,
em pastagens nativas. Os animais recebem apenas sal mineral como
suplementação alimentar e reproduzem-se sob o regime de monta natural
livre.
Bibliografia:
BRAGA,
R.M.
Cavalo
Lavradeiro
em
Roraima;
Ecológicos e de Conservação. Embrapa 2000.
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Aspectos
Históricos,
Fotos:
Ramayana
Braga
em
http://www.globoamazonia.com/Amazonia/0,,MUL1111714-16052,00EMBRAPA+QUER+DESVENDAR+GENETICA+DE+CAVALO+TIPICO+DE+ROR
AIMA.html
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