variação semântico-lexical no amapá - Revista Linguística

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variação semântico-lexical no amapá - Revista Linguística
SANCHES, Romário Duarte; SILVA, Maria Socorro Cardoso da. Variação semântico-lexical no Amapá. Revista LinguíStica / Revista
do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Volume 10, número 1, junho de 2014. ISSN
1808-835X 1. [http://www.letras.ufrj.br/poslinguistica/revistalinguistica]
VARIAÇÃO SEMÂNTICO-LEXICAL NO AMAPÁ
por Romário Duarte Sanches (UFPA)1 e Maria Socorro Cardoso da Silva (UEPA)2
RESUMO
Este artigo objetiva explicitar algumas variantes linguísticas semântico-lexicais encontradas no
Amapá. Como suporte teórico, seguimos Cardoso (2010), Labov (2008), Oliveira (2005), Ferreira
e Cardoso (1994), Crystal (1987), entre outros. Usamos metodologia geolinguística, selecionando
dez pontos de inquéritos para a aplicação de um questionário semântico-lexical em 40 informantes.
Assim, foram analisados sete itens lexicais de um campo temático. Notamos que no estado do Amapá
há uma grande variação semântico-lexical, e que tais itens possuem muitas outras lexias com o mesmo
sentido, e que tal variação pode depender do espaço geográfico e dos aspectos sociais.
PALAVRAS-CHAVE: variação linguística; variação semântico-lexical; Geolinguística.
LEXICAL-SEMANTIC VARIATION IN AMAPÁ
ABSTRACT
This article aims to clarify some semantic-lexical variants found in Amapá, a state in northern Brazil. As
for the theoretical foundations, we followed Cardoso (2010), Labov (2008), Oliveira (2005), Ferreira
e Cardoso (1994), Crystal (1987), among others. We used a geolinguistic methodology, researching
40 informants through ten semantic-lexical questions. Thus, seven lexical items of a thematic field
could be analyzed. We realized that there is a large semantic-lexical variation in the state of Amapá,
that such items have many other variants with the same meaning, and that such variation may depend
on the geographic space and social aspects.
KEYWORDS: linguistic variation; semantic-lexical variation; Geolinguistics.
1. Mestrando em Letras da Universidade Federal do Pará.
2. Professora Titular de Linguística da Universidade Estadual do Pará e Doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo.
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1. Considerações iniciais
A dialetologia trouxe grandes contribuições à sociolinguística, sendo quase impossível separar uma
da outra. Os estudos dialetais foram e ainda são contundentes para as pesquisas sociolinguísticas,
principalmente no aprimoramento de métodos para elaboração de Atlas Linguísticos. No que tange à
construção dos atlas é importante mencionar o Atlas Linguístico do Brasil - ALiB, uma vez que este
é um dos principais projetos que incentiva a construção de outros atlas de menor dimensão. Nesse
contexto, cabe ressaltar, também, a construção do Atlas Linguístico do Amapá – ALAP, projeto que
está em fase final. Diante disso, há a necessidade de nos aprofundarmos um pouco mais no que diz
respeito à variação linguística no aspecto semântico-lexical, mostrando algumas lexias encontradas
no estado do Amapá.
Logo, serão discutidos conceitos como sociolinguística, dialetologia, variação e mudança linguística
que servirão de base teórica para compreensão dos caminhos percorridos por pesquisadores que
tratam a língua como fator social. Após essa abordagem, será exposta a metodologia da pesquisa,
finalizando com a análise dos dados explicitada por meio de cartas linguísticas.
2. Sociolinguística e Dialetologia
A teoria da sociolinguística variacionista ou da variação linguística foi criada por William Labov.
Esse autor traz algumas considerações de sua teoria aplicada em seus estudos de variação nos Estados
Unidos. Ele observa, no livro intitulado Padrões sociolinguísticos, que a variação linguística pode
ocorrer por diferentes fatores sociais ou extralinguísticos, entre esses estão idade, sexo, local e
profissão dos sujeitos pesquisados.
Atualmente, ainda se observa fortes discussões em torno da definição do objeto de estudo da linguística
e da sociolinguística. No que concerne à relação entre a linguística e a sociolinguística, Calvet (2002)
trata como um princípio em que não é possível distinguir a linguística geral, que estudaria as línguas,
e a sociolinguística, que levaria em conta o aspecto social dessas línguas; assim, o autor diz que a
sociolinguística é a própria linguística.
No entanto, autores brasileiros, como Votre e Cezário (2010), definem a Sociolinguística como uma
área que estuda a língua em seu uso real, levando em consideração as relações entre a estrutura
linguística e os aspectos sociais e culturais da produção linguística. Em outras palavras, a língua é
uma instituição social e, portanto, não pode ser estudada como uma estrutura autônoma, independente
do contexto situacional, da cultura e da história das pessoas que a utilizam.
Assim, percebeu-se que, de acordo com o contexto social e momento da interação, o locutor usa a
língua em adequação às mudanças sociais, históricas, políticas e culturais. Isso permite afirmar que,
de modo contínuo, as línguas sofrem lentas, graduais e parciais mudanças, sem que sejam percebidas
pelos indivíduos, devido às acomodações advindas de fatores intra e extralinguísticos.
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Desta forma, é importante salientar que, em uma mesma comunidade linguística, convivem
variedades de fala. Logo, é normal que haja conflito entre as formas variantes objetivando atingir
a categoria da mudança que, via de regra, busca parte da variedade considerada culta, aquela
comumente usada pela “elite social” que lhe confere poder e prestígio. Mas, como todo signo é
social, por consequência ideológica, cabe ao locutor escolher que tipo de linguagem irá utilizar
assumindo uma posição na sociedade.
Diante do exposto acerca da sociolinguística, passemos ao conceito de dialetologia, que Cardoso
(2010) conceitua como um ramo dos estudos linguísticos que assume a tarefa de identificar, descrever
e situar os diferentes usos em que uma língua se diversifica, conforme a sua distribuição espacial,
sociocultural e cronológica. As pesquisas dialetais procuram observar as relações entre espaço
geográfico e fatos linguísticos na tentativa de compreender o fenômeno da variação linguística a
partir dos estudos feitos em campo de pesquisa (in loco). No que tange a sua relevância social,
Oliveira (2005) mostra que esse tipo de pesquisa está voltado para a diversidade linguística existente
no país, em virtude de sua extensão territorial e das influências linguísticas recebidas.
Na década de 80, esse campo de pesquisa era pouco vislumbrado e, conforme o referido autor, era
complicado falar em dialetologia, em algumas universidades brasileiras, principalmente naquelas
onde são fortes as áreas de estudos que consideram somente as correntes do gerativismo, da análise
do discurso, da sociolinguística, da aquisição da linguagem, entre outras.
Como mostram Ferreira e Cardoso (1994), a dialetologia é uma ciência que brotou nos fins do
século XIX, e que demonstrou e demonstra, até os dias de hoje, um maior interesse pelos dialetos
regionais, rurais e sua distribuição e intercomparação. Assim, por muito tempo, antes mesmo de a
sociolinguística ter se firmado como um ramo da ciência da linguagem, a dialetologia já se utilizava
de recursos interpretativos que passaram a ser posteriormente definidos como da sociolinguística.
Desta forma, quando se fala de dialetologia e sociolinguística, entende-se ambas como o estudo da
diversidade da língua dentro de uma perspectiva sincrônica e concretizada nos atos da fala.
Silva-Corvalán (1988) (apud Ferreira e Cardoso, 1994) ainda corrobora dizendo que a sociolinguística
e dialetologia são consideradas, até certo ponto, sinônimas, uma vez que ambas estudam a língua
falada. Contudo, é indiscutível que a dialetologia trouxe importantes contribuições à sociolinguística
e à linguística geral.
No contexto amapaense, esse tipo de estudo é quase inexistente, já que reduzida é a quantidade de
trabalhos que discutem as pesquisas nas áreas dialetológica e sociolinguística, reduzem-se a alguns
artigos e monografias que não ultrapassam os arquivos da biblioteca universitária pela falta de divulgação
dessas pesquisas. Apesar da carência, atualmente, já se tenta mudar esse quadro, e o projeto Atlas
Linguístico do Amapá veio justamente com esse propósito – o de tentar impulsionar novos estudos
nessa área – uma vez que usufruímos das contribuições de grandes pesquisadores, como os pioneiros
Serafim da Silva Neto, Antenor Nascentes, Cândido Jucá Filho, Sílvio Elia, Celso Cunha, Nelson Rossi,
entre outros. Esses autores de inúmeros trabalhos dialetais nos deixaram o registro de suas pesquisas que
muito têm contribuído para o desenvolvimento de novas pesquisas no Amapá.
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3. Geolinguística no Brasil
De acordo com Ferreira e Cardoso (1994), compreende-se a Geografia Linguística ou Geolinguística
como método utilizado pela dialetologia e não como uma ciência, método esse utilizado comumente
na elaboração de atlas linguísticos. Assim, para entendermos o processo de elaboração desses atlas,
precisamos entender como se firmou a Geolinguística no Brasil, perpassando pela construção dos
atlas linguísticos já existentes, incluindo a proposta do projeto Atlas Linguístico do Brasil – ALiB.
Cardoso (2009) nos mostra alguns estudos anteriores ao então projeto ALiB, e que, de alguma forma,
estão ligados aos ramos de pesquisa referentes aos estudos da dialetologia e da geografia linguística
ou geolinguística.
Os estudos de natureza dialetal no Brasil são descritos por Ferreira e Cardoso (1994), em três grandes
fases. A primeira vai de 1826 a 1920, data de publicação de O dialeto caipira, de Amadeu Amaral.
Os trabalhos de Amaral são caracterizados como estudos voltados para o léxico, dos quais resultaram
numerosos dicionários. A segunda fase inicia-se com a publicação de O dialeto caipira (1920).
O conhecimento empírico da realidade linguística e ausência de trabalho de campo sistemático,
que marcaram a primeira fase, permanecem como traço da segunda fase; porém, já se tem uma
preocupação maior com a metodologia utilizada nos estudos dialetológicos. Destacam-se aqui dois
trabalhos, o referenciado na primeira fase, O dialeto caipira, e O linguajar carioca, em 1922, de
Antenor Nascentes.
O marco da terceira fase data de 1952 com o decreto 30.643, de 20 de março do mesmo ano, o qual
previa a elaboração do atlas linguístico do Brasil. Segundo Ferreira e Cardoso (1994), merecem
destaque especial, pelos trabalhos até então realizados e pelas contribuições dadas e principalmente
pela implantação dos estudos de geografia linguística, os autores Antenor Nascentes, Serafim da Silva
Neto, Celso Cunha e Nelson Rossi. A partir de então, novas propostas de pesquisa começaram a ser
idealizadas e atualmente estão sendo bem desenvolvidas por muitos professores pesquisadores de
diversas universidades brasileiras e estrangeiras.
3.1. Atlas Linguístico do Brasil e o Atlas Linguístico do Amapá
O Atlas Linguístico do Brasil – ALiB é um dos projetos macros de dialetologia e sociolinguística que
nasce em meio às discussões anteriores e das pesquisas já realizadas, como mencionado anteriormente.
O momento mais importante e que deu impulso para a construção do ALiB foi o Seminário “Caminhos
e Perspectivas para a Geolinguística no Brasil”, realizado na Universidade Federal da Bahia em 1996.
Segundo Cardoso (2009, p. 187), esse espaço foi favorável à construção do projeto Atlas Linguístico
do Brasil, pois “reuniu pesquisadores no campo da dialetologia, contando com a presença de todos os
autores de atlas linguísticos até àquela época já publicados”.
Assim, em 1996 no Seminário, constitui-se a equipe responsável pela concretização do Projeto
ALiB. Atualmente, esse Projeto é integrado nacionalmente e conta com a participação de diversas
Universidades Federais, cujos membros que formam o Comitê Nacional são: Suzana Alice Marcelino
da Silva Cardoso, Diretora Presidente - Universidade Federal da Bahia; Jacyra Andrade Mota, Diretora
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Executiva - Universidade Federal da Bahia; Abdelhak Razky, Diretor Científico - Universidade Federal
do Pará; Maria do Socorro Silva de Aragão, Diretora Científica - Universidade Federal do Ceará/
Universidade Federal da Paraíba; Mário Roberto Lobuglio Zágari (in memorian), Diretor Científico Universidade Federal de Juiz de Fora; Ana Paula Antunes Rocha, Diretora Científica - Universidade
Federal de Ouro Preto; Vanderci de Andrade Aguilera, Diretora Científica - Universidade Estadual
de Londrina; Aparecida Negri Isquerdo, Diretora Científica - Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul; Felício Wessling Margotti, Diretor Científico - Universidade Federal de Santa Catarina; Cléo
Vilson Altenhofen, Diretor Científico - Universidade federal do Rio Grande do Sul; e Walter Koch (in
memorian), Diretor Científico - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Esse Comitê instituiu os objetivos do projeto ALiB e considerou a documentação de 250 localidades
distribuídas por todo o território nacional e representativas das diversas regiões. Vale ressaltar que o
Projeto ALiB impulsionou significativamente a produção de atlas linguísticos no país nos dias atuais,
alguns já elaborados e outros em andamento, como o Atlas Linguístico do Amapá.
No que tange à existência de atlas linguísticos na região norte, ressaltamos a carência de estudos
dialetais e sociolinguísticos, apesar do Pará e Amazonas já terem publicado seus atlas. Ainda assim é
preciso fomentar a pesquisa linguística, visando à ampliação dos estudos geolinguísticos na região. É
dessa necessidade que surge a proposta de desenvolver o Atlas Linguístico do Amapá. Tal Proposta
nasceu durante o curso de Mestrado em Letras da atual coordenadora do Projeto Atlas Linguístico do
Amapá - ALAP, professora Celeste Ribeiro sob a orientação do Professor Abdelhak Razky, em 2007,
na Universidade Federal do Pará – UFPA. O referido Projeto veio somar com os estudos já realizados
na Região Norte e impulsionar novos estudos dialetais e sociolinguísticos.
O ALAP é um Projeto que visa de forma geral elaborar o Atlas Linguístico do Amapá, buscando
identificar e mapear a variação linguística em 10 localidades do Estado, procurando evidenciar as
variedades linguísticas mais e menos recorrentes, assim como as variações fonéticas e semânticolexicais características de cada região. Ressalta-se aqui a definição de Atlas Linguístico, dada por
Brandão (1991), como um conjunto de mapas em que se registram os traços fonéticos, lexicais e/ou
morfossintáticos característicos de uma língua num determinado âmbito geográfico.
4. Variação e mudança linguísticas
Se refletirmos diante da perspectiva de que a sociedade e a língua mudam, logo, podemos nos perguntar
que mudanças são essas que ocorrem na língua e qual a sua relevância social. A respeito desse
assunto, Cristal (1987) mostra que o fenômeno da mudança linguística provavelmente atrai muito
mais a atenção e a crítica pública do que qualquer outra questão linguística. Afirmando que existe
uma crença amplamente sustentada de que a mudança tem de significar deterioração ou decadência
pelo fato das pessoas mais velhas observarem a fala casual dos jovens e concluírem que os padrões
decaíram notavelmente, e ainda atribuem a culpa disso a diversos fatores, como a escola, onde os
padrões da educação linguística têm mudado bastante nos últimos anos, mas também aos meios de
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comunicação estatais, em que qualquer desvio das normas tradicionais gera um foco imediato de
ataque por parte dos ouvintes conservadores, linguisticamente sensíveis.
Cristal (1987) afirma que a língua muda porque a sociedade muda e que deter ou controlar uma delas
exige que detenhamos ou controlemos a outra, sendo uma tarefa que só pode ter êxito muito limitado.
Essa mudança é inevitável e raramente previsível, e aqueles que tentam planejar o futuro de uma
língua perdem seu tempo em acreditar que podem fazê-lo.
Atualmente, existe de fato um crescente reconhecimento da necessidade de desenvolver uma
consciência linguística e uma maior tolerância com a mudança linguística, especialmente numa
sociedade multiétnica que exige que as escolas tenham o conhecimento e os recursos para ensinar
um padrão comum, reconhecendo, ao mesmo tempo, a existência e o valor da diversidade linguística.
Essa política oferece uma alternativa construtiva aos ataques emocionados que são desferidos tão
frequentemente contra o desenvolvimento de novas palavras, significados, pronúncias e construções
gramaticais. Mas antes que tal política possa ser implantada, é necessário desenvolver uma
compreensão adequada da inevitabilidade e das consequências da mudança linguística.
Além dos discursos sem fundamentos existem aqueles que acreditam ou veem a mudança linguística
como um progresso, porém Cristal (1987) afirma que as línguas não se desenvolvem, não progridem,
não decaem, não evoluem, nem agem de acordo com nenhuma das metáforas que implicam um ponto
final específico ou um nível de excelência. Elas simplesmente mudam como as sociedades mudam.
Contudo, a língua muda sem cessar e não pode continuar funcionando senão mudando. Por conta
disso, encontram-se termos que são considerados em desuso, mas com o avanço da tecnologia, muitas
outras lexias estão sendo incorporadas à língua.
A língua é um sistema para cumprir uma função que é a comunicação e as mudanças linguísticas não
são casuais nem desconexas, elas seguem uma diretriz ou uma corrente nas mudanças, o seu conceito
é neutro, pois a língua não melhora e nem piora, apenas constata-se que ela muda. As mudanças são
várias, mas a principal está na relação que se estabelece entre língua e cultura.
5. Variação semântico-lexical
Atualmente, os estudos acerca do léxico são inúmeros. Ainda se discute em diversos trabalhos a
definição de Léxico. Para Carvalho (2009), o léxico, palavra de origem grega léxicon, em sentido lato,
é sinônimo de vocabulário. É entendido como o inventário completo dos vocabulários que constam
sempre em dicionários de uma língua. Também considerado como sendo a menos sistemática das
estruturas linguísticas, pois o léxico depende, em alguns casos, da realidade exterior, não linguística.
Carvalho (2009) ainda define como um conjunto virtual, em que se pode identificar como unidade
básica o morfema, ou unidade significativa mínima.
Por meio dessas discussões acerca do que é o léxico da língua, Carvalho (2009) assevera que o acervo
lexical de uma língua é constituído por um conjunto de lexemas. E é nesse conjunto que se observam
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as mudanças na língua, as suas influências e modificações. Basílio (2007) corrobora dizendo que as
palavras, ou itens lexicais, são os elementos básicos que utilizamos para formar enunciados. Afirma
também que a palavra é uma unidade linguística básica, facilmente reconhecida por falantes em sua
língua nativa.
Basílio (2007) destaca alguns pontos importantes acerca dos estudos lexicais, pois observa que
durante muito tempo a análise gramatical considerou a palavra como unidade mínima de análise
linguística. E que no passado a gramática clássica considerava a palavra como elemento indivisível,
embora pudesse apresentar variações de forma, tais como as flexões nominais e verbais.
Afirma Basílio (2007) que as palavras não são formadas apenas por uma sequência de elementos
constitutivos e sim que podem ser estruturadas e atingir diferentes níveis. Trata-se das formações
regulares e formações cristalizadas no léxico. Ou seja, “há uma enorme variação de situações de não
previsibilidade de forma e significado nas construções lexicais, desde pequenas sub-regularidades,
desvios e extensões de sentido até a irregularidade total” (BASÍLIO, 2007, p. 22). Essa diversidade de
situações de regularidade das formações derivadas sempre criou problemas para o desenvolvimento
de estudos lexicais nas diferentes abordagens teóricas.
Os problemas criados com esses diferentes níveis e tipos de regularidade, para Basílio (2007), é
uma situação característica do léxico. Os elementos que constituem os itens lexicais evoluem
semanticamente como um todo, porém suas partes continuam morfologicamente inalteradas. E como
consequência disso têm-se formas cuja significação pouco tem a ver com o que se poderia esperar
pelas características morfológicas da palavra.
A respeito da variação lexical, pode-se dizer que as mudanças políticas e culturais não causaram, nem
causam, transformações imediatas no sistema lexical, pois todas as mudanças no léxico resultam da
fala, ou seja, do uso da língua – através da fala se produzem as mudanças no sistema lexical, mudando
as normas e, consequentemente, criando novas normas (BASÍLIO, 2007).
Assim, caberá aos estudos de variação lexical explicar o uso alternante de certas formas léxicas em
determinadas condições linguísticas e extralinguísticas, bem como as diferentes unidades de origem
geolinguística presentes em uma dada comunidade. Além de tentar identificar o léxico característico
dos diferentes grupos sociais: léxico de faixa etária, de profissão, escolaridade, entre outros fatores. De
acordo com Aragão (1999), as variações lexicais podem também ser e geralmente são consideradas,
ora como puramente geográficas, dialetais ou diatópicas, como sociais ou diastráticas, ou ainda
dependentes do estilo, estilísticas ou diafásicas.
6. Metodologia
Os dados utilizados aqui fazem parte do corpus do projeto Atlas Linguístico do Amapá, logo a
metodologia que se discorrerá é a mesma utilizada pelo grupo de pesquisa que coordena o projeto e
que consequentemente segue os pressupostos teórico-metodológicos do projeto ALiB.
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Para abordagem metodológica, procuramos seguir os fundamentos da Geolinguística, método da
Dialetologia contemporânea, no qual nos centramos no estudo da variação diatópica e social, ou seja,
é um trabalho de dimensão pluridimensional, já que, além da variável espacial (estabelecimentos de
uma rede de pontos), considera as seguintes variáveis sociais: faixa etária, sexo e escolaridade. A
pesquisa é do tipo qualitativo e quantitativo.
Para coleta de dados, utilizou-se o questionário semântico-lexical proposto pelo comitê do Projeto
Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Tal questionário possui 202 perguntas, com 14 campos
temáticos. No entanto, foi utilizado neste estudo apenas 1 campo temático, aquele que versa sobre
comportamento e convívio social. Nesse campo, encontram-se 14 perguntas, sendo que apenas sete
serão aqui analisadas: 136. Pessoa que fala demais; 137. Pessoa pouco inteligente; 138. Pessoa
sovina; 139. Mau pagador; 140. Assassino Pago; 141. Marido enganado; 142. Prostituta. Para os
pontos de inquérito foram selecionados 10 municípios, como mostra a Figura 1 que segue.
Figura 1: Pontos de inquéritos
Para cada ponto de inquérito, foram selecionados quatro informantes: um homem e uma mulher
de 18-30 anos com ensino fundamental incompleto; um homem e uma mulher de 50-75 anos com
ensino fundamental incompleto. No total, o corpus de dados apresenta 40 informantes. Desta forma,
a análise se constituirá da seguinte forma: a) será apresentada a descrição dos dados, como sugerido
pela pesquisa quantitativa, seguida da análise espacial e social das variantes encontradas; b) e da
apresentação das cartas linguísticas, expondo todos os itens semântico-lexicais investigados, sendo
possível visualizar todas as variantes encontradas em cada ponto de inquérito. Ressalta-se que tal
análise não abrangerá todas as variantes encontradas, e sim as de maior frequência no corpus.
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7. Análise dos dados
A respeito da variação semântico-lexical, no que tange ao aspecto espacial, a análise se fará mediante
a identificação da ocorrência de variação linguística pela dimensão geográfica, ou seja, verificando
se há variações predominantes em localidades específicas do estado do Amapá. Já em relação à
variação semântico-lexical, no que tange ao aspecto social, serão analisadas as variantes de cada item
lexical, verificando o sexo e a faixa etária dos informantes como fatores extralinguísticos plausíveis
de interferência. Vale lembrar que o fator escolaridade não será considerado nesta análise, uma vez
que todos os informantes possuem o ensino fundamental incompleto.
Vale lembrar que cada lexia se encontra identificada por símbolos, neste caso, marcadas por cores.
No que tange ao perfil do informante, o símbolo sinalizado pela cruz (+) indica a posição de cada
um, em que, do lado esquerdo superior se encontram: informantes mulheres, 18-30 anos; do lado
esquerdo inferior: informantes homens, 18-30 anos, com; do lado direito superior: informantes
mulheres, 50-75 anos; e do lado direito inferior: informantes homens, 50-75 anos. Antes de iniciar a
análise, é importante ressaltar que os símbolos FA, FB, MA, e MB indicam o perfil dos informantes
pesquisados (FA = mulher de 18-30 anos, FB = mulher de 50-75 anos, MA = homem de 18-30 anos,
MB = homem de 50-75 anos).
7. 1. Variantes para Pessoa que fala demais
A primeira carta linguística (Figura 2) corresponde ao item 136 do questionário semântico-lexical
do ALiB. Esse item indaga o seguinte: como é que se diz aqui para aquela pessoa que fala demais?
Obtiveram-se as seguintes respostas: faladeira, barulhento, tagarela, enjoado, papagaio, falador,
linguaruda, falante, fala muito, bocudo, burro falante, matraca, juadento, fala demais, chato, carretel,
Aderbal, falão e língua solta. No total foram identificadas 19 lexias em todo o estado do Amapá.
Assim, registraram-se as seguintes variantes: tagarela, com 14%; faladeira, 12%; barulhento, 12%;
e enjoado, também com 12% de frequência. Observou-se que as variantes de maior ocorrência estão
bem distribuídas, não havendo ocorrência em uma única região específica, pois encontramos lexias
como faladeira, ocorrendo em Macapá, em Oiapoque, Laranjal do Jarí, Mazagão e em Porto Grande.
Já a variante enjoado ocorre no município de Amapá e em Pedra Branca do Amaparí. No entanto,
é importante salientar que no Amapá a variante enjoado é predominante em todos os informantes.
No caso da variante barulhento, essa está distribuída nos seguintes pontos: Oiapoque, Amapá, Porto
Grande, Santana e Macapá. Por último, a variante tagarela se apresenta nos municípios de Oiapoque,
Tartarugalzinho, Porto Grande e Macapá, sendo que neste último ponto a variante ocorre na maioria
dos informantes.
Em relação ao aspecto social, percebe-se que às vezes há interferência nas lexias de maior frequência,
pois se constata que a variante faladeira ocorre mais na fala das mulheres, independente da faixa
etária (FA = 34%, FB = 33%), enquanto nos homens o termo é predominante na fala das pessoas de
segunda faixa etária, sendo que não há registros na fala de homens de primeira faixa etária (MA =
0%, MB = 33%). O termo ‘barulhento’ ocorre de forma alternada, pois em FA ocorre com 17%, FB
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com 50%, MB com 33% e MA 0% não há ocorrência. Já em ‘tagarela’ contatou-se que aparece em
todos os informantes, no entanto, com predominância em MA com 43% de ocorrência. Por último,
‘enjoado’ aparece em todos os informantes com predominância de 40% de ocorrência em MA e 20%
em FA, FB e MB.
Figura 2: carta linguística 1
7. 2. Variantes para Pessoa pouco inteligente
Concernente à carta 02 (Figura 3), referente ao item 137, constatou-se o total de 13 variantes para
seguinte pergunta: como é que vocês chamam aqui para aquela pessoa que tem dificuldade de aprender
as coisas? As respostas registradas foram: burra, arô, rude, analfabeta, besta, cabeça dura, falta de
orientação na cabeça, despercebida, deficiente da memória, pouco inteligente, lento, burrinha e
abestado. Assim, as variantes de maior frequência são: rude, com 36% de ocorrência e burra com
31%. Constatou-se que as distribuições geográficas dessas duas variantes ocorrem em quase todos
os pontos de inquéritos, salvo a variante burra, que só não ocorreu no município de Calçoene; já a
variante rude é frequente em todos os pontos.
Em relação ao aspecto social, percebeu-se que não há uma diferenciação entre sexos para variante
burra, pois tal lexia é mencionada tanto por homens quanto por mulheres, independente da faixa
etária, porém há uma predominância na fala de FA (43%) e MA (36%), o que nos leva a afirmar que
tal variante ocorre mais na fala de homens e mulheres da primeira faixa etária. Concernente à variante
rude constatou-se que é uma variante que predomina na fala de pessoas de segunda faixa etária (FB =
37%, MB = 50%), pois em FA o termo não aparece (0%), e em MA aparece com 13% de ocorrência.
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Figura 3: carta linguística 2
7. 3. Variantes para Pessoa sovina
No que diz respeito à carta 3 (Figura 4), item 138, foram registradas 17 variantes para a seguinte
pergunta: como vocês dizem aqui para aquela pessoa que não gosta de gastar seu dinheiro e, às vezes,
até passa dificuldades para não gastar? Obtiveram-se as seguintes variantes: jarãna, mão de vaca,
mão fechada, miserável, mão apertada, unha de fome, econômico, mão de nenê, rocha, travoso,
economista, trancado, mão na ronda, sovina, muquirana, pão duro e escasso. As variantes de maior
frequência são: jarãna, com 36%, e mão de vaca, com 31%. A variante jarãna ocorre em Oiapoque,
Pedra Branca do Amaparí, Laranjal do Jarí, Mazagão, Porto Grande, Santana e Macapá. Já a variante
mão de vaca ocorre em quase todos os pontos de inquéritos, só não em Porto Grande.
No aspecto social, afirma-se que tanto a lexia jarãna quanto mão de vaca ocorrem de forma
alternada, não tendo tanta implicação o fator social, pois se observam na fala de homens e mulheres
independentemente da faixa etária. O termo jarãna aparece na fala das mulheres mais jovens com
29% de ocorrência, e nas mulheres mais velhas com 24%, já na fala dos homens, tal lexia se mostra
com 12% de ocorrência em homens da primeira faixa etária e 35% nos da segunda faixa etária. A
respeito da lexia ‘mão de vaca’, esta tem 35% de frequência na fala de mulheres da primeira faixa
etária e 25% nas da segunda. Nos homens observa-se a ocorrência de 25% nos mais novos e 15% nos
mais velhos.
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Figura 4: carta linguística 3
7. 4. Variantes para Mau pagador
Na carta 4 (Figura 5), item 139, objetivou-se saber como se chama a pessoa que deixam as suas
contas penduradas? Daí detecta-se a presença de oito variantes, que são: caloteiro, enrolão, mau
pagador, velhaco, devedor, ruim de negócio, safado e sem vergonha. No entanto, as variantes de
maior ocorrência são: caloteiro, com 37%; mau pagador, 27%; e velhaco, com 22%. A primeira
ocorre em todos os pontos de inquéritos. A segunda só não ocorre nos municípios de Oiapoque,
Pedra Branca do Amaparí e Mazagão. Já a terceira não ocorre em Porto Grande, Santana e Macapá.
Observamos que nos municípios de Santana e Macapá a variante caloteiro ocorre na maioria dos
informantes, enquanto em Porto Grande a variante que predomina é mau pagador. E no município de
Amapá a predominância é da variante velhaco.
No que diz respeito à análise social, a variante caloteiro é predominante na fala de homens e mulheres
de primeira faixa etária, em que FA aparece com 34% e MA com 33% de ocorrência. Já as variantes
mau pagador e velhaco são predominantes na fala de homens e mulheres de segunda faixa etária,
sendo que a primeira aparece em FB com 38% e MB com 31% de frequência, já na segunda constatouse a ocorrência em FB de 27% e MB 55%, chegando a concluir que nesta segunda variante, além de
ser predominante em pessoas de segunda faixa etária, é mais recorrente na fala de pessoas do sexo
masculino.
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Figura 5: Carta linguística 4
7. 5. Variantes para Assassino pago
Na carta 5 (Figura 6), item 140, buscou-se saber como se chama a pessoa que é paga para matar alguém?
Sendo registradas 8 variantes: assassino, pistoleiro, bandido, matador, assassino de aluguel, matador
de aluguel, cúmplice e jagunço. As lexias de maior frequência são: assassino, com 47%; pistoleiro,
13%; bandido, 17%; e matador, com 15%. A variante assassino está distribuída em todos os pontos
de inquéritos, enquanto pistoleiro é registrada em Pedra Branca do Amaparí, Laranjal do Jarí, Porto
Grande e Amapá. A variante bandido é possível encontrar em Calçoene, Amapá, Tartarugalzinho,
Santana e Laranjal do Jarí. Já matador em Oiapoque, Pedra Branca do Amaparí, Tartarugalzinho,
Mazagão e Laranjal do Jarí.
No aspecto social, verificou-se que a variante assassino se encontra presente na fala de todos os
informantes, porém é mais recorrente na fala de homens e mulheres da primeira faixa etária (FA =
32%, MA = 27%). Já as variantes pistoleiro (50%) e matador (57%) aparecem com maior frequência
na fala de homens da segunda faixa etária, enquanto a variante bandido (37%) é predominante na fala
de mulheres da segunda faixa etária.
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Figura 6: Carta linguística 5
7. 6. Variantes para Marido enganado
Na carta 6 (Figura 7), item 141, objetivou-se verificar como se chama o marido que a mulher passa para
trás com outro homem. Registraram-se onze variantes: chifrudo, corno, corno manso, boi, abestado,
marido traído, bestalhão, bobo, tufão, traído e marido enganado. As de maior frequência são: chifrudo,
com 36%, e corno, 43%. Ambas estavam distribuídas por todos os pontos de inquéritos, e chifrudo foi
mencionada por todos informantes em Santana e em Laranjal do Jarí, enquanto corno encontramos em
Oiapoque, Tartarugalzinho e Pedra Branca do Amaparí.
Investigando o aspecto social, notou-se que a variante chifrudo está distribuída alternadamente, ocorrendo
em FA com 24%; FB, 28%; MA, 24%; e MB, com 24%; assim, é visível uma pequena margem de maior
frequência o uso de chifrudo na fala de mulheres da segunda faixa etária. A outra variante também de
maior frequência, corno, é predominante na fala de mulheres de primeira faixa etária (31%). O fato de
as duas variantes, uma sendo predominante em FA e outra em FB, não nos leva a crer que são variantes
inexistentes na fala dos homens, pois, como bem mostra a carta 06, há ocorrências também na fala dos
homens, porém com menor frequência.
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Figura 7: Carta linguística 6
7. 7. Variantes para Prostituta
Quanto à carta 7 (Figura 8), item 142, perguntou-se: Como as pessoas chamam a mulher que se vende
para qualquer homem? Este item foi o que teve maior registro de variantes, sendo 20 no total: puta,
prostituta, mulher da vida, quenga, garota de programa, periguete, cachorra, depravada, mulher
solteira, vagabunda, rapariga, ploque, sem vergonha, mulher da rua, mulher de programa, safada,
oferecida, piranha, melitriz e babilônia. Mas as variantes mais recorrentes foram: prostituta, com
38%; puta, 16%; e mulher da vida, com 12%. O termo puta ocorre em quase todos os municípios,
menos no Macapá. Já o termo prostituta está presente em todos os pontos de inquéritos, aparecendo
na fala de todos os informantes nos municípios de Oiapoque, Tartarugalzinho, Laranjal do Jarí e
Santana. Por fim, constatou-se que o termo mulher da vida ocorre só em alguns municípios, menos
em Calçoene, Mazagão e Porto Grande.
No aspecto social, as variantes puta, prostituta e mulher da vida são conhecidas pelos informantes.
A primeira (puta) e a terceira (mulher da vida) se apresentam sobretudo em FA e MB, mas também
em FB e MA, porém com menor frequência. A segunda variante (prostituta) é predominante em FA
(27%) e MA (28%), enquanto em FB ocorre com 24% e MB com 21%.
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Figura 8: carta linguística 7
8. Algumas considerações
Diante do que foi explicitado aqui, percebe-se que no estado do Amapá há uma grande variação
semântico-lexical, em que, dos 7 itens lexicais analisados, identificou-se que cada um possui muitas
lexias com o mesmo sentido e que tal variação pode, em parte, depender do espaço geográfico e dos
aspectos sociais. É claro que esses nem sempre serão fatores determinantes, como se pode constatar.
Os fatores sexo e faixa etária, por exemplo, determinam a predominância de algumas variantes, mas
isso não quer dizer que sujeitos com sexo e faixa etária diferentes não utilizem as mesmas. Também se
pode afirmar que, de modo geral, as variantes de maior frequência encontradas no Amapá coincidem
com as variantes propostas pelo Questionário Semântico-lexical do projeto Atlas Linguístico do
Brasil – ALiB e em outros atlas já elaborados.
Destaca-se também que pesquisas dialetais e sociolinguísticas no Amapá ainda precisam ganhar força
cientificamente, pois elas oferecem subsídios a inúmeras áreas do conhecimento, além da própria
linguística. Este artigo é uma forma de mostrar um pouco o perfil linguístico falado no estado, e que
tal perfil está sendo estudado minuciosamente à luz de teorias linguísticas e de outras ciências, na
tentativa de explicar as variações que ocorrem na língua em termos intralinguísticas e extralinguísticos,
além de salientar a importância sociocultural que toda língua tem.
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