Veja o PDF da edição - Plásticos em Revista

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53
ANOS
Outubro/2015
Nº 619
Se joga
nessa
Lavadoras e produtos para roupas são um
convite para o plástico mergulhar de cabeça
Braskem Idesa
A lição do México
que o Brasil não aprende
Inovação
Crise hídrica inspira
Aguawell e Waterbox
EDITORIAL
Deitados
em berço
esplêndido
C
Não falta competência para sair dessa. Falta é vontade.
arlos Alberto Lopes, sócio da consultoria ChemVision, anda
fazendo uma enquete informal entre as cabeças coroadas
do setor químico/petroquímico nacional. Ela consta de
uma pergunta: se o Brasil não tivesse polo algum, você
investiria hoje nessa indústria ? A resposta ouvida tem sido taxativa
e unânime: NÃO.
Luis Stuhlberger tem o histórico de melhor performance de longo
prazo no setor de fundos de investimentos. Seu fundo mais relevante,
o Verde, dá retorno médio de 29% ao ano desde 1997 e, por força da
regulamentação, tem de manter 80% dos ativos no Brasil. Stuhlberger
declarou ao “New York Times” achar o país inviável do ponto de vista
financeiro e sua crise deve piorar. Então, ele constituiu este ano o
fundo Horizonte, sem limite para investimento no exterior e foi viajar.
Todo dia o noticiário traz constatações como as de Lopes e
reações como a de Stuhlberger. Também sobram na mídia as recomendações para desatar o nó já vistas como clichês, de tão repetidas
por quem tem mais de um neurônio: abertura do mercado, redução
da máquina oficial e da intervenção estatal na economia, primazia à
meritocracia no poder público, melhora do ambiente de negócios e
por aí vai.
Qual é o problema de transpor à prática essas propostas? O
exemplo vem de cima, responde o México. Como o Brasil, ele penou
bom tempo com descalabros e pedaladas populistas, a ponto de suas
contas roçarem a quebra. Desde 2014, em particular, um governo
sem viseiras ideológicas e adepto da administração profissional
tem obtido, devido aos números com a corda no pescoço, luz verde
de todas as correntes partidárias para ativar a saída pelas reformas
em curso em setores chave como o tributário, educação, telecom e
energia. As mudanças, completadas pelo livre comércio e o fim do
fossilizado monopólio estatal do petróleo e hidrocarbonetos, sensibilizaram o capital global e daí a chuva de investimentos em indústrias
mexicanas de manufatura, entre elas a automotiva e TI e, a tiracolo, a
transformação de plástico ganha força.
Na petroquímica, o governo mexicano enaltece o complexo
de eteno/polietileno via gás controlado pela brasileira Braskem e a
mexicana Idesa como a prova dos nove de que as reformas estão
compensando. Vale notar que, no México, a Braskem depara com
uma conjuntura oposta até a medula à que vive no Brasil. Nossas
altas taxas de importação e o número recorde de direitos antidumpings
concedidos colidem contra a abertura mexicana, azeitada pelo livre
mercado no Nafta e por dezenas de tratados comerciais. No Brasil, os
custos trabalhistas são o que se sabe e, no México, o salário médio é
inferior ao chinês. No Brasil, a Braskem tem na sócia Petrobras, sua
fornecedora de nafta, um suplício constante para negociar matéria-prima aos soluços (aditivos pontuais ao contrato), enquanto o acordo
da Braskem Idesa com a estatal Pemex vale por 20 anos e a custos
inimagináveis por aqui.
A volta por cima do México demonstra ao Brasil que não lhe
falta competência para atacar suas fraquezas. O que falta é vontade.
Isso é efeito, basicamente, de duas forças. Uma delas é a aversão
do poder público a mudanças, a ponto de inspirar a frase de que
não existe alguém mais conservador que político brasileiro. O outro
elemento da inércia é a intromissão do governo na iniciativa privada.
Isso também acontece a pedido de empresários reverenciados como
os potentados do ramo, sequiosos por privilégios e afagos de quem
teve campanha eleitoral bancada por eles. Uma mão lava a outra e as
duas lavam o rosto.
Pois é, como diz o samba, a fonte secou. •
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plásticos em revista
Outubro / 2015
SUMÁRIO
06Visor
Stretch & Shrink
Momento delicado num dos
maiores campos de flexíveis
26Especial
14Conjuntura
Braskem Idesa
Os indicadores superlativos
do complexo de PE
em Veracruz
20 Fábrica Modelo
Braskem Idesa
Os indicadores superlativos do
complexo de PE em Veracruz
22Sensor
Maurício Harger
e Fabiana Castro
Mexichem Brasil e as
perspectivas para tubos
plásticos
38 3 Questões
Flávio Barbosa
A metamoforse da
Videolar-Innova
Correções - Na edição 618, a reportagem da seção
Conjuntura (O gelo que não derrete), informou errado
por três vezes o sobrenome de Marcelo Campos,
executivo da Esmaltec. Na materia da seção Sensor
(Não é por falta de aviso), o box sobre a embalagem
do sabão líquido Ariel não informou que a tampa do
frasco fornecida pela Logoplaste é produzida na China
por parceiro local da empresa.
REDAÇÃO
Diretor
Hélio Helman
[email protected]
Samuel Felix
[email protected]
ADMINISTRAÇÃO
Diretora
Se joga
nessa
Medicina
ColOff ® facilita exames
clínicos
FFS mexicana
O investimento internacional
de Alfredo Schmitt
Diretores
Beatriz de Mello Helman
Hélio Helman
Direção de Arte
10Oportunidades
12
Outubro/2015
Nº 619 - Ano 53
Beatriz de Mello Helman
[email protected]
Publicidade
Antônio Canela Barreto
Sergio Antonio da Silva
[email protected]
Assistente de Marketing
Aline Machado
Lavadoras e produtos para roupas
são um convite para o plástico
mergulhar de cabeça
39 Bate e Volta
Uma pergunta para Walter
Sanchez, da Chevron Phillips,
e Gustavo Hirsch, da Käsper
Brasil
40Inovação
As sacadas tiradas da crise
hídrica pela Waterbox e
Águawell
44 Sustentabilidade
Reciclagem
Paulo Francisco da Silva, da
Neuplast, aponta os flancos
vulneráveis do setor
International Sales
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por Plásticos em Revista.
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Type Brasil
Capa
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Foto da Capa
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46Imagem
Plástico
Por trás da crise hídrica e do
desastre em Mariana
Dispensada da emissão de documentação
fiscal, conforme Regime Especial Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90
Circulação: Dezembro / 2015
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Outubro / 2015
Membro da ANATEC
Associação das Editoras de Publicações Técnicas
Dirigidas e Especializadas
visor
Shrink/Stretch
Duro de escapar
Recessão engessa transformadores
de shrink e stretch
P
or suas virtudes e fragilidades,
filmes shrink e stretch andam pelo
fio da navalha com a economia no
vermelho. Ponto a favor para diluir
essa rebordosa é a diversidade de mercados das duas películas. Em contrapartida,
por se tratarem de flexíveis de baixo valor
agregado e com superlotação de fornecedores, a combinação de demanda em recesso,
inflação e resina precificada em dólar sob
câmbio volátil e em alta põem à prova a
solidez financeira dos transformadores
desses dois redutos, em particular a ala de
escalas menores. “Por enquanto, não vejo
luz no fim do túnel”, pondera Alberto Lopes
Moreira, diretor comercial da Goiaspack,
controlada do Grupo Embalo com foco em
shrink e stretch. “No momento, a maioria
das empresas está equilibrando receitas e
despesas, na torcida para a recessão passar
logo, mas o fôlego encurta a cada dia e
muitas podem sair do mercado se essa
situação continuar”.
Como era de se esperar, as indústrias
finais com saúde no balanço passaram a
ser o grande foco dos fornecedores de
Shrink, por sinal, é o filme de maior recuo
shrink e stretch, percebe Moreira. “A disem suas vendas este ano, atesta o diretor.
puta por esse tipo de cliente endureceu e
“É um filme de uso pouco versátil”, justifica
leva o pedido a empresa de melhor preço,
Moreira. “Desde que o preço seja mais adepois qualidade é obrigação para quem
quado, o cliente pode optar por alternativas
produz esses filmes”. Para engrossar o
como as caixas de papelão”. Além do mais,
caldo, o porta-voz da Goiaspack enxerga
insere, uma gama de indústrias usuárias de
os transformadores ofegantes sob os custos
shrink busca preços menores sem atentar
operacionais, a exemplo de água, energia e
para o quesito da qualidade. Para fechar o
tributos, e pelos reajustes nos preços das
tempo de vez, Moreira assinala que a crise
matérias-primas de frequência intensificada
também está ceifando a fundo o contingente
este ano em virtude dos coices do dólar.
de clientes de stretch e shrink. “A redução
Moreira ilustra o drama com seu negócio
no quadro decorre da entrada de empresas
de stretch. “Pretendíamos crescer 20%
em processo de recuperação judicial ou
nas vendas este ano, mas até a entrada
de inadimplentes que tentam honrar seus
de novembro aferimos queda de 10% em
compromissos para continuar no mercado”.
relação ao movimento de 2014”,
A demanda no estaleiro
ele compara. “A concorrência
não empaca os avanços no
piorou, praticando preços muito
processsamento dos dois filpróximos do custo de produmes, deixa patente Moreira. “Em
ção, e os clientes passaram
stretch, a tradução de evolução
a fazer pedidos de volumes
é o aumento do rendimento por
menores, pois suas vendas
metro linear e, nesse sentido, as
também baixaram”. A hipótese
petroquímicas têm comparecide os compradores buscarem
do com resinas de polietileno
barateamento no filme estirável Moreira: aumentaram os mais eficientes”. Na esfera de
pedidos menores.
à base de polietileno reciclado
shrink, ele destaca a procura,
é descartada no plano geral pelo transforincrementada nos últimos dois anos,
mador. “Mesmo com preço menor, o cliente
por mais velocidade e menos consumo
tem consciência de que, em regra, o custo/
energético nas tecnologias de túneis de
benefício não compensa”. Do seu observaencolhimento. “Na grande maioria dos
tório na Goiaspack, Moreira constata que
casos, foram substituídos os equipamentos
suas vendas nacionais de shrink e stretch
que antes operavam como envolvedoras
têm sentido mais o pisão da crise no mercapara seladoras, uma mudança de resultados
do do Norte/Nordeste. “As demais regiões
satisfatórios e permitindo ainda diminuir a
reagem de forma mais equilibrada”, nota.
gramatura do filme”.
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plásticos em revista
Outubro / 2015
Paul Reiter, diretor do Paempresa a liderança nacional
cking Group, faixa preta em
nesses dois segmentos. “Nos
shrink e stretch, percebe estes
últimos três anos, o grupo indois redutos da transformação
vestiu na faixa de R$ 40 milhões
em idílio com a automação do
em cinco coextrusoras e quatro
processo. “Incluso o final da
flexográficas”, conta. Além da
linha onde o stretch é aplicado e,
economia de escala, a empresa
por sinal, temos ótimas opções
saca da manga diferenciais
de envolvedoras automáticas, Reiter: clientes espremem como um stretch de composição
os preços dos filmes.
nacionais ou importadas”. Hoje
sigilosa, denominado Euronano,
em dia, comenta, as máquinas exigem
com o chamariz de reduzir custos para
muito do stretch, em termos de rendimento
fabricantes de bebidas. “Esse produto
e rapidez da linha. “75% das nossas vendas
proporciona 400% de estiramento e é dirisão para paletização automática e o restante
gido a um nicho fora do alcance do stretch
vai para aplicação manual do filme”. No
tradicional, ocupado por indústrias do peso
compertimento das resinas, Reiter chama
da Ambev, Coca-Cola e Kirin, possuidoras
de máquinas que podem exigir bastante do
a atenção para novos grades de polietileno
Euronano”, descreve o diretor. “A crise não
linear (PBDL) e de baixa densidade (PEBD)
abala a venda desse filme pois, no final das
capazes de ampliar a resistência e rendicontas, ele gera redução no consumo, tal
mento do shrink e, para stretch, tipos de
como o cliente quer”.
PE em linha com as exigências de redução
Mas o mar não está mesmo pra peixe
de gramatura e aumento na rapidez do
e, nessa batida, Reiter elege materiais de
desbobinamento.
Stretch: crise afeta
todos os flancos de
aplicação do filme.
Na selfie atual, o Packing Group
ostenta 120.000 t/a de capacidade total de
flexíveis. Reiter não abre a parcela correspondente a shrink e stretch, mas afiança
que fontes como a Braskem atribuem à sua
construção e bens de consumo de alto
giro como os redutos mais abalroados
pela secura da demanda. “No mercado
interno, os clientes têm espremido ainda
mais os fornecedores de shrink e stretch
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plásticos em revista
Outubro / 2015
visor
Shrink/Stretch
para baixar preço e passaram a comprar
apenas a quantidade necessária, utilizando
ao máximo possível o estoque”, ele expõe.
“Para não perder volume, aumentamos as
exportações com a ajuda do câmbio”.
Apesar da crise e superoferta, correm na praça notícias de investimentos
em filmes como shrink na Zona Franca
de Manaus, a exemplo da fábrica da
MM Indústria da Amazônia, controlada
pelos irmãos Marcos e Marcelo Prando,
donos da distribuidora paulistana Replas.
“Acompanhamos este movimento migratório de transformadoras mudando para
Manaus e, por sinal, constituímos uma
empresa para instalar uma fábrica ali em
questão de seis meses, caso as condições
de custo de matéria-prima se alterem ou
piorem”, revela Reiter. No momento, julga,
esse movimento não vale a pena. “Em
gteral, os transformadores iam para a Zona
Franca para faturar para outra empresa de
seus grupos e se creditarem do IPI, sem
destacá-lo na nota fiscal”, observa Reiter.
“Mas temos agora uma decisão do ministro
Gilmar Mendes contrária a esta prática e
transitada em julgado no Supremo Tribunal
Federal levando os transformadores que
assim agiam a rever seus conceitos, sob a
ameaça de multas pesadas”.
Pelo andar da carruagem, Reiter
pressente a continuidade do drama para
shrink e stretch no seriado do ano que
vem. Entre as consequências, ele aposta no
aumento de casos de fusões e aquisições de
competidores. “No passado, eram poucas
as empresas oferecidas e hoje são muitas,
embora o passivo fiscal seja um empecilho”, analisa. Outra pedra que ele canta
para 2016: “são altas as possibilidades
de grandes players do ramo entrarem em
recuperação judicial, tal como ocorreu nos
últimos dois anos. Alguns concorrentes
estão atrasando o pagamento das resinas.
Isso vira uma bola de neve”.
Marcos Aro, dirigente da GPack
Embalagens, endossa a visão de Paul
Reiter e Alberto Moreira a respeito da crise
pressionando indústrias consumidoras de
shrink e stretch a mergulharem em temporada de caça aos preços mais baixos.
Carnevalli lapida extrusão de shrink e stretch
A coextrusora Polaris Plus 3-2100 é o carro-chefe da
Carnevalli para stretch.” Como esse filme tem largura padrão de
500 mm, o modelo com 2.100 mm dessa medida pode fornecer
quatro bobinas de 500 mm de largura”, justifica o diretor Wilson
Carnevalli Filho. A empresa é referência nacional na extrusão
tubular e, aos olhos do fabricante, transformador de stretch que
procura esse tipo de equipamento em geral carece de demanda
suficiente para rodar em maiores escalas, campo por excelência
das coextrusoras de matriz plana, até hoje não montadas no país.
“Devido ao alto custo de um modelo cast para stretch, a procura
por máquinas blown deve crescer em 2016”, acredita Carnevalli.
Além do preço menor, ele põe fé na receptividade a melhorias
presentes em breve em seu portfólio, caso de aumentos de
capacidade para linhas de cinco camadas dotadas de anel de ar
diferenciado pela produtividade e controle, trunfos para a resistência mecânica do stretch gerado por máquina blown. “Outra
novidade serão as coextrusoras de cinco camadas para stretch e,
em especial shrink”, ele acena. “O número de camadas também
enseja ganhos de produtividade e o uso de mesclas de materiais
recentes e eficazes para contração do filme termoencolhível”.
No terreno de shrink, a pole das vendas da Carnevalli é
partilhada por dois equipamentos da série Polaris Plus: a extrusora 100-2500 e a coextrusora 3-2500. O dirigente credita
Polaris Plus 3-2500: Carnevalli aposta em aumento de vendas em 2016.
essa dianteira de ambas ao tripé da produtividade, economia de
energia e o baixo custo operacional e de manutenção. Ambos
os modelos foram este ano contemplados com aprimoramentos
comuns a todo o mostruário da Carnevalli. “O principal avanço
foi a readequação dos conjuntos extrusores”, distingue o porta-voz. “Passamos assim a extrair o máximo aproveitamento da
relação de potência versus o diâmetro do conjunto, elevando
então o índice anterior de 90% de rendimento à faixa de 98%”.
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plásticos em revista
Outubro / 2015
PE: o guarda costas da produtividade
Três perguntas para Marcelo
Neves, engenheiro da área de aplicação de polietilenos em flexíveis da
Braskem.
PR – Quais as principais mudanças e melhorias recentes nas
propriedades de suas resinas de PE
para shrink e stretch?
Neves – Alinhada com inforNeves: mão-de-obra cara
mações de mercado, evoluções tecfavorece paletização
automática.
nológicas e ao crescente interesse
por shrink em substituição de outros materiais (papel cartão,
papelão, p.ex), a Braskem lançou este ano mais dois grades de
polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) metalocênicos:
Proxess1806S3 e Proxess 2606. As soluções desenvolvidas
com eles, além de viáveis economicamente, conferem aumento
de produtividade na extrusão, adequado encolhimento ao filme
e excelência na selagem, maquinabilidade, propriedades óticas
e resistência mecânica. Além do mais, a empresa oferece um
portfólio completo de PEBD e do tipo de alta densidade (família
HD7600s) que permite ao transformador explorar de formas
“Elas tornam-se alvos de orcamentos
mais baratos, atraentes e ilusórios, pois
afinal acabam prejudicadas numa série de
questões relativas à qualidade e volume
de filmes recebido”, explica. “A realidade
demonstra não existir custo baixo,mas
a manipulação de alguns competidores
para oferecem a ideia do preço menor”.
Na contramão dos demais entrevistados,
Aro vê o mercado aquecido e o consumo
dos dois filmes sem interrupções. “A
concorrência aumentou e incrementou a
oferta de shrink e stretch em condições
diferentes”, coloca. “Mas isso não significa condições que favoreçam quem
compra, mas condições aparentemente
vantajosas, criando no cliente a ilusão de
uma economia em seus gastos. É o que
enfrento hoje, quando contato um possível
cliente para meus filmes”. •
distintas a rigidez, transparência e brilho do shrink. Já para
stretch o destaque recente é o grade de PEBDL Flexus7200XP.
Ele sobressai pelas propriedades óticas, resistência à punctura
e força de retenção de carga, além de reduzir número de paradas
para limpeza da extrusora.
PR – Como vê o consumo de PE para shrink e stretch
este ano?
Neves – Em linha com a dinâmica do segmento de bebidas, principalmente refrigerantes, água e cerveja, o mercado de
PE para o filme termoencolhível deve fechar este ano próximo
à estabilidade ou com pequena retração perante 2014, o que
representa uma base de comparação elevada devido à Copa do
Mundo. Já o consumo de PE para stretch deve acompanhar o
desempenho da produção industrial.
PR – Como avalia as atuais participações dos sistemas
de paletização automática e manual no mercado brasileiro de
stretch?
Neves – O emprego de stretch manual no Brasil ainda é
muito elevado, mas com o aumento do custo da mão de obra e
da exigência de performance dos filmes, a adesão à paletização
automática crescerá de forma mais acentuada nos próximos anos.
Shrink: preço baliza assédio do mercado pela caixa de papelão.
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plásticos em revista
Outubro / 2015
Oportunidades
ColOff
Uma coleta
bem mais seletiva
ColOff ® torna obsoletos frascos e potes para exames clínicos
A
pós cinco anos de ascensão
no mercado médico hospitalar,
ColOff® revestimento de polietileno para assento sanitário
para coleta de fezes e urina, recebe nova
injeção de combustível em pleno voo.
Além de encorpar sua industrialização,
mediante apoio recebido pela plataforma
Braskem Labs, devido a seus méritos
como inovação em plástico, este saco de
resina de alta densidade (PEAD) produzido por extrusão blown ganha em breve
sua versão verde, devido à sua produção
com PEAD derivado de eteno gerado de
etanol da cana de açúcar.
“Em 2010, vendemos 200 kg ou
20.000 unidades e hoje o movimento
anual giram em torno de 1 tonelada
ou 125.000 produtos”, calcula Eliezer
Machado Dias, CEO da ColOff Industrial,
empresa cujo controle ele reparte em
partes iguais com Ana Carolina Yoshimatsu Fagundes. “Para os próximos seis
meses, prevemos vender 10 toneladas”,
ele adianta. Para tanto, o revestimento
conta com os préstimos de rede nacional
de representantes e distribuidores nos
canais de varejo de fármacos, hospitalar
e laboratorial. “Um kit completo de coleta,
cxontendo o revestimento, um coletor e
uma pipeta é vendido em farmácias e drogarias com preço máximo ao consumidor
(PMC) de R$ 4,99”, assinala o dirigente.
Ana Carolina Yoshimatsu Fagundes e Dias:
vendas crescentes nos canais de varejo,
hospitalar e laboratorial.
ColOff® provém da junção de
duas palavras em inglês, collection off,
cuja tradução seria coleta livre – de
contaminação, sujeira, desconforto etc.
O revestimento foi uma sacada de Ana
Carolina. Com câncer colorretal, sua mãe
precisava fazer exame de fezes e inexistia
na praça um dispositivo para auxiliar a
coleta. Ana então criou o revestimento
recortando uma das faces de sacos esterilizados comprados em lojas de artigos
cirúrgicos. “O produto criou um mercado
alternativo em seu setor, tornando irrelevantes concorrentes como frascos ou
potinhos de coleta”, sustenta Dias. “Na
realidade, o potinho não coleta; apenas
transporta a amostragem ao laboratório
de análises, enquanto ColOff® difere
por proporcionar ao paciente comodidade, higiene e segurança na coleta, ao
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plásticos em revista
Outubro / 2015
realizá-la em regra sentado no vaso, em
posição fisiológica. Além do mais, o
produto estéril confere ao exame maior
margem de precisão no diagnóstico”.
Integrante do Grupo Zaraplast e
um ás em sacolas de supermercado e
copos descartáveis, a transformadora
paulistana Altaplast foi selecionada
por Dias e Ana Carolina para produzir
os sacos monocamada desse revestimento de assento sanitário. “A ColOff
Industrial compra o produto em bobinas
do transformador e assume as demais
etapas, como separação e embalamento,
até a comercialização”, resume Dias.
“Nossa meta é ofertar ColOff® a todos os
organismos de saúde pública e privada
do país”. •
ColOff ®: conforto, higiene
e segurança para o paciente.
C
om partida programada para a
segunda metade de dezembro, a
Braskem Idesa também determina
os preparativos para a estreia da
vizinha FFS Mexicana. Sua unidade é a
fornecedora de sacaria lisa para o complexo
de polietileno (PE) erguido no estado de
Veracruz, na boca do Golfo. Além da exclusividade nesse suprimento, a indústria
sobressai por ser o primeiro investimento
da transformação brasileira atraído pelo
maior empreendimento em petroquímica
da história do México. Nessa batida, a FFS
Mexicana apressa o passo para dar início à
sua operação em janeiro próximo, exibindo
capacidade instalada de 600 t/mês de sacos
de PE de alta e baixa densidade (PEAD/
PEBD), informa Alfredo Schmitt, sócio da
nova transformadora. Com essa investida
no exterior, ele complementa, de certa forma,
a atividade da FFS no Brasil, cuja planta no
Rio Grande do Sul produz sacaria lisa para
a Braskem e diversas petroquímicas.
Há cerca de três anos, ao confirmar
a implantação do complexo em Veracruz,
Schmitt propôs à cúpula da Braskem México investir na construção de uma unidade
para atender à demanda por sacaria para
resina a ser produzida ali. “Ao mesmo tempo
queríamos estar mais perto do mercado
norte-americano”, sublinha o executivo,
acrescentando que, embora as petroquímicas e distribuidoras no Nafta operem quase
que absolutamente pelo modal ferroviário,
existem muitos operadores logísticos que
ensacam produto nos Estados Unidos. “São
potenciais clientes da FFS Mexicana”, enxerga Schmitt. Segundo ele, foram 18 meses
de negociações até ficar clara a maioria dos
aspectos que envolve uma operação dessa
magnitude para um transformador brasileiro.
Schmitt esclarece que a FFS México é resultado de uma associação entre ele próprio
e um investidor do México, da qual não
participam os demais sócios da companhia
brasileira e suas subsidiárias comerciais no
Chile e Estados Unidos.
Embora não abra nomes, Schmitt
sustenta que, sem a participação do sócio
local, o projeto da FFS Mexicana patinaria
por falta de conhecimento necessário para
a sua concretização. “Para atuar em outro
país, com outra cultura, um período longo
de aprendizado é requerido, tempo que cai
drasticamente com um aliado local”, frisa.
Também sem dar muitos detalhes, o empresário repassa que a planta entra em operação
inicialmente com três coextrusoras blown
importadas, com destaque para seu grau de
automação no trabalho com sacos de PEAD/
PEBD com três camadas. Sem precisar
a fatia que a demanda da Braskem Idesa
deverá mobilizar da produção da FFS Mexicana, Schmitt informa que a transformadora
acalenta forte participação nos mercados da
região. “A demanda mexicana de sacaria
lisa não é suprida por fornecedores norte-americanos. Existem mais concorrentes
locais, mas estamos levando conceitos
inovadores de produção e competitividade
que farão a diferença”, assinala .
Com relação aos custos de produção
no México, Schmitt alega que eles se legitimarão apenas quando sua planta entrar em
escala industrial regular. Estudos indicam
que os custos de mão de obra são inferiores e
os de energia mostram-se de leve superiores
aos do Brasil, repassa o dirigente. Por características próprias de mercado, completa
ele, os preços da resina no México são mais
em conta que os praticados no mercado
interno dos Estados Unidos. Sem desfrutar
de incentivos fiscais, informa o dirigente, a
FFS Mexicana mobilizou uma alavancagem
de porte não revelada. Em termos de carga
tributária total, inclusas despesas com mão
de obra, Schmitt estima custos cerca de 15%
menores que no Brasil. Ou seja, coloca, se
fosse investir em uma unidade similar, mas
brasileira, o aporte seria cerca de 15% maior.
“Os tempos de burocracia são menores no
México, mas existem e é um dos fatores
culturais que já citei em favor da joint venture.
Tudo seria, portanto, mais difícil não tendo
sócios por lá”, reitera Schmitt. •
Oportunidades
FFS Mexicana
Sombrero de PE
Alfredo Schmitt é o primeiro transformador brasileiro
atraído ao México pela Braskem Idesa
C
om partida programada para a
segunda metade de dezembro, a
Braskem Idesa também determina
os preparativos para a estreia da
vizinha FFS Mexicana. Sua unidade é a
fornecedora de sacaria lisa para o complexo
de polietileno (PE) erguido no estado de
Veracruz, na boca do Golfo. Além da exclusividade nesse suprimento, a indústria
sobressai por ser o primeiro investimento
da transformação brasileira atraído pelo
maior empreendimento em petroquímica
da história do México. Nessa batida, a FFS
Mexicana apressa o passo para dar início à
sua operação em janeiro próximo, exibindo
capacidade instalada de 600 t/mês de sacos
de PE de alta e baixa densidade (PEAD/
PEBD), informa Alfredo Schmitt, sócio da
nova transformadora. Com essa investida
no exterior, ele complementa, de certa forma,
a atividade da FFS no Brasil, cuja planta no
Rio Grande do Sul produz sacaria lisa para
a Braskem e diversas petroquímicas.
Há cerca de três anos, ao confirmar
a implantação do complexo em Veracruz,
Schmitt propôs à cúpula da Braskem México investir na construção de uma unidade
para atender à demanda por sacaria para
resina a ser produzida ali. “Ao mesmo tempo
queríamos estar mais perto do mercado
norte-americano”, sublinha o executivo,
acrescentando que, embora as petroquímicas e distribuidoras no Nafta operem quase
que absolutamente pelo modal ferroviário,
existem muitos operadores logísticos que
ensacam produto nos Estados Unidos. “São
Schmitt: sócio mexicano
para assimilar cultura local.
potenciais clientes da FFS Mexicana”, enxerga Schmitt. Segundo ele, foram 18 meses
de negociações até ficar clara a maioria dos
aspectos que envolve uma operação dessa
magnitude para um transformador brasileiro. Schmitt esclarece que a FFS México é
resultado de uma associação entre ele próprio e um investidor do México, da qual não
participam os demais sócios da companhia
brasileira e suas subsidiárias comerciais no
Chile e Estados Unidos.
Embora não abra nomes, Schmitt
sustenta que, sem a participação do sócio
local, o projeto da FFS Mexicana patinaria
por falta de conhecimento necessário para
a sua concretização. “Para atuar em outro
país, com outra cultura, um período longo
de aprendizado é requerido, tempo que
cai drasticamente com um aliado local”,
frisa. Também sem dar muitos detalhes, o
empresário repassa que a planta entra em
operação inicialmente com três coextrusoras
blown importadas, com destaque para seu
12
plásticos em revista
Outubro / 2015
grau de automação no trabalho com sacos
de PEAD/PEBD com três camadas. Sem
precisar a fatia que a demanda da Braskem
Idesa deverá mobilizar da produção da FFS
Mexicana, Schmitt informa que a transformadora acalenta forte participação nos mercados da região. “A demanda mexicana de
sacaria lisa não é suprida por fornecedores
norte-americanos. Existem mais concorrentes locais, mas estamos levando conceitos
inovadores de produção e competitividade
que farão a diferença”, assinala .
Com relação aos custos de produção
no México, Schmitt alega que eles se legitimarão apenas quando sua planta entrar em
escala industrial regular. Estudos indicam
que os custos de mão de obra são inferiores e
os de energia mostram-se de leve superiores
aos do Brasil, repassa o dirigente. Por características próprias de mercado, completa
ele, os preços da resina no México são mais
em conta que os praticados no mercado
interno dos Estados Unidos. Sem desfrutar
de incentivos fiscais, informa o dirigente, a
FFS Mexicana mobilizou uma alavancagem
de porte não revelada. Em termos de carga
tributária total, inclusas despesas com mão
de obra, Schmitt estima custos cerca de 15%
menores que no Brasil. Ou seja, coloca, se
fosse investir em uma unidade similar, mas
brasileira, o aporte seria cerca de 15% maior.
“Os tempos de burocracia são menores no
México, mas existem e é um dos fatores
culturais que já citei em favor da joint venture.
Tudo seria, portanto, mais difícil não tendo
sócios por lá”, reitera Schmitt. •
A
pós cinco anos de ascensão
no mercado médico hospitalar,
ColOff® revestimento de polietileno para assento sanitário
para coleta de fezes e urina, recebe nova
injeção de combustível em pleno voo.
Além de encorpar sua industrialização,
mediante apoio recebido pela plataforma
Braskem Labs, devido a seus méritos
como inovação em plástico, este saco de
resina de alta densidade (PEAD) produzido por extrusão blown ganha em breve
sua versão verde, devido à sua produção
com PEAD derivado de eteno gerado de
etanol da cana de açúcar.
“Em 2010, vendemos 200 kg ou
20.000 unidades e hoje o movimento
anual giram em torno de 1 tonelada
ou 125.000 produtos”, calcula Eliezer
Machado Dias, CEO da ColOff Industrial,
empresa cujo controle ele reparte em
partes iguais com Ana Carolina Yoshimatsu Fagundes. “Para os próximos seis
meses, prevemos vender 10 toneladas”,
ele adianta. Para tanto, o revestimento
conta com os préstimos de rede nacional
de representantes e distribuidores nos
canais de varejo de fármacos, hospitalar
e laboratorial. “Um kit completo de coleta,
cxontendo o revestimento, um coletor e
uma pipeta é vendido em farmácias e drogarias com preço máximo ao consumidor
(PMC) de R$ 4,99”, assinala o dirigente.
ColOff® provém da junção de
duas palavras em inglês, collection off,
cuja tradução seria coleta livre – de
contaminação, sujeira, desconforto etc.
O revestimento foi uma sacada de Ana
Carolina. Com câncer colorretal, sua mãe
precisava fazer exame de fezes e inexistia
na praça um dispositivo para auxiliar a
coleta. Ana então criou o revestimento
recortando uma das faces de sacos esterilizados comprados em lojas de artigos
cirúrgicos. “O produto criou um mercado
alternativo em seu setor, tornando irrelevantes concorrentes como frascos ou
potinhos de coleta”, sustenta Dias. “Na
realidade, o potinho não coleta; apenas
transporta a amostragem ao laboratório
de análises, enquanto ColOff® difere
por proporcionar ao paciente comodidade, higiene e segurança na coleta, ao
realizá-la em regra sentado no vaso, em
posição fisiológica. Além do mais, o
produto estéril confere ao exame maior
margem de precisão no diagnóstico”.
Integrante do Grupo Zaraplast e
um ás em sacolas de supermercado e
copos descartáveis, a transformadora
paulistana Altaplast foi selecionada
por Dias e Ana Carolina para produzir
os sacos monocamada desse revestimento de assento sanitário. “A ColOff
Industrial compra o produto em bobinas
do transformador e assume as demais
etapas, como separação e embalamento,
até a comercialização”, resume Dias.
“Nossa meta é ofertar ColOff® a todos os
organismos de saúde pública e privada
do país”. •
conjuntura
Braskem Idesa
Complexo em Veracruz: maior investimento na história da petroquímica mexicana.
Uma carapuça para
o Brasil vestir
Braskem Idesa desfruta no México as condições
ideais para um investimento em petroquímica
L
inha do tempo: Lula lança em 2006
a pedra fundamental de uma obra
em Itaboraí estimada em US$ 6,5
bi, o Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Comperj). Em 2008, ele
inaugura ali a terraplenagem e, em 2010,
volta para a assinatura dos contratos da
construção. Desde então, todos os cronogramas furaram, o orçamento mais que
dobrou, as rotas petroquímicas mudaram
várias vezes, o projeto encolheu para duas
refinarias e seu controle, antes partilhado
com capital privado, virou 100% estatal e
ganha na Mega quem souber se e quando
o Comperj vai partir.
Corte para o México. Em 2008, o
governo abre leilão para investimento em
eteno/polietileno (PE), acenando com etano
contratado por 20 anos. Em 2009, Braskem
e a mexicana Idesa são apontadas ganhadoras. Em 2010, são escolhidos os licenciadores das tecnologias do cracker e da resina.
2011 é consumido na engenharia de detalhamento. 2012 é dedicado à terraplenagem
e acerto do financiamento total de US$ 5,2 bi
por sete bancos principais e 10 secundários.
Ao final de 2015, conforme previsto, estreia
em Nanchital, estado de Veracruz, na boca
do Golfo do México, o maior investimento
da história da petroquímica do país. Com
capacidade para gerar 1.05 milhão de t/a
de eteno, o complexo Braskem Idesa vai
produzir 350.000 t/a de polietileno de baixa
densidade (PEBD) e, em duas plantas,
respectivamente, de 400.000 e 300.000 t/a
do tipo de alta densidade (PEAD). Na retaguarda, desponta o suprimento de 66.000
barris diários de etano a cargo de crackers da
O jornalista Hélio Helman viajou ao México a convite da Braskem.
14
plásticos em revista
Outubro / 2015
petrolífera estatal Pemex nas proximidades.
O status do empreendimento transcende láureas tipo o maior investimento industrial greenfield (da estaca zero) já feito pela
Braskem ou por uma empresa brasileira no
exterior. Afinal, na alçada da petroquímica, a
Braskem Idesa pinta como a jóia da coroa da
reforma do setor energético mexicano (ver
à página 18), um divisor de águas ativado
em 2014.Também é o primeiro complexo
a entrar em funcionamento entre diversos
similares em construção no bloco Nafta e
cujo surgimento, entre 2016 e 2018, vai inchar muito a oferta de PE sob uma economia
mundial com testosterona em banho maria.
Carlos Fadigas, presidente da
Braskem, não perde o prumo com a pedra
cantada da disputa a ferro e fogo. Seu ás na
manga chama-se matéria-prima. Assegura-
Fadigas: suprimento prolongado de
matéria-prima a preço impensável no Brasil.
do por contrato de 20 anos de fornecimento
fechado com a Pemex, o gás abundante no
Golfo do México tem preço de referência no
combustível norte-americano, cuja cotação
resulta do cruzamento do preço do gás vindo
de plataformas marítimas com o egresso das
jazidas de xisto. “A Braskem Idesa dispõe de
etano precificado base Mount Belvieu a US$
136,38/t, incluso desconto do fornecedor,
praxe no setor em transações dessa envergadura”, expõe Fadigas, calcado no cenário
de novembro de 2015. Contraste: no Brasil,
ele escancara, a Braskem tem de pagar
bufando US$ 431,75/t pela nafta base Ara à
sua fornecedora e sócia Petrobras, em meio
ao desgaste de querelas e aditivos aplicados
em gotas aos contratos de venda da materia-prima, na contramão da praxe no ramo dos
contratos de suprimento a longo prazo.
Aliada ao desgoverno e da economia em
noite sem fim, essa insegurança nas regras
do jogo tem esvaziado, reconhece Fadigas,
a competitividade da petroquímica brasileira
e seu charme para seduzir investimentos.
“O México é outro mundo, não é para
15
plásticos em revista
Outubro / 2015
se trabalhar com a cabeça no modo Brasil”,
constata Cleantho Leite, diretor de relações
institucionais, novos negócios e comunicação externa da Braskem Idesa. Fadigas
assina embaixo dessa percepção ao descrever os energizantes ao dispor do complexo
em Nanchital. De cara, ele aponta, o México
presidido por Enrique Peña Nieto transpira
capitalismo e vende saúde – o PIB deste
ano deve saltar 2,5% e o do ano que vem,
turbinado por reformas como a energética
e trabalhista, tem previsão de pular 3,5%.
Além do mais, intercede Fadigas, trata-se de
uma economia de livre comércio com mais
de 40 países, membro de primeira hora da
encaminhada Parceria Transpacífico (TPP),
sócio do bloco Nafta e tão identificado com
a realidade regional a ponto de analistas
mexicanos enxergarem o país bem mais
como um mercado norte-americano do que
latino-americano.
conjuntura
Braskem Idesa
Fadigas põe a lupa sobre
é facilitado, seja pelo lado do
PE. “O consumo mexicano
Atlântico ou do Pacífico”, nota o
chega a 2,1 milhões de t/a,das
presidente da Braskem.
quais 67% importadas e subsOutra bala no tambor do
tituir parte delas é a proposta
negócio será transposta do
da Braskem Idesa”. Roberto
DNA da Braskem. “Deveremos
Bischoff, diretor geral do comdistinguir a Braskem Idesa pelo
plexo veracruzano, encaixa que,
atendimento”, confia Fadigas. A
com cracker de 1.2 milhão de Bischoff: corte fundo nas seu ver, as petroquímicas dos
importações mexicanas
t/a de eteno e duas veteranas de PE.
EUA em regra se voltam apenas
plantas somando 600.000 t/a
para grandes clientes mexicanos
do polímero, a Pemex embolsa
de PE num relacionamento algo
34% do mercado de PE no
distanciado. “Vamos introduzir
país. “Além de baixar o déficit
no México o estilo de um conno comércio exterior da resina,
vívio de perto e individualizado
vamos incrementar a arrecadacom os transformadores”. Fação de impostos e gerar riqueza
digas mantém a expectativa de
e emprego”. Fadigas fecha o
retorno entre oito e 10 anos do
cordão de anabolizantes para a
capital aportado e prevê que,
Braskem Idesa malhar com as Leite: 350 transformadores com a partida do complexo em
oportunidades surgidas com o na mira das vendas diretas. Nanchital, 51% da receita da
fim do monopólio da Pemex e
Braskem virão de fora do Brasil.
com as vantagens da localização. O comEsse percentual, ele dá a entrever, tende a
plexo possui uma mega plataforma logística,
aumentar se vingar o investimento hoje em
gerida pela operadora Katoen Natie, e fica
estudo da sexta planta de PP da Braskem
perto de duas refinarias da estatal – Pajaritos
nos EUA, à sombra da abundância em flor
e Cangrejera –, de uma balsa ferroviária para
de propeno e da insuficiente produção local
o vizinho mercado norte-americano e de um
do polímero.
porto de químicos e outro de carga, ambos
Em paralelo à largada da operação merentes ao Golfo. “O escoamento da produção
xicana, a Braskem erige em Laporte,Texas,
Plantas de PEAD: maior parcela da capacidade do complexo.
16
plásticos em revista
Outubro / 2015
sua fábrica de polietileno de ultra alto peso
molecular (PEADUAPM). Fadigas decepa a
lógica de produzir o material no complexo de
PE na boca do Golfo. “Não só 40% do mercado mundial de PEUAPM estão nos EUA
como contamos no site de PP em Laporte
com a infra necessária para receber eteno
dos crackers texanos”. O dirigente também
detona a possibilidade de a Braskem Idesa
efetuar venda casada de seus grades de
PEBD com a resina linear (PEBDL) de
terceiros, caso da própria Pemex.
A ausência de PEBDL do mix do novo
complexo é justificada por Cleantho Leite
com a esperada avalanche dessa resina
no Nafta, por obra das plantas com partida
agendada entre 2016 e 2018 nos EUA, na
garupa do acessível eteno gerado pela rota
do gás de xisto. Conforme ele adianta, a
intenção é rodar a Braskem Idesa com 90%
de sua capacidade em 2016, destinando
60% da produção ao mercado interno e 40%
a exportações. Nesse ponto, ele destaca
como trunfo, além do mercado aberto, o
fato de os clientes norte-americanos de PP
da Braskem também consumirem em torno
de quatro milhões de t/a de PE. O Brasil, ele
situa, fica como nota de rodapé no mapa
dessas exportações. “Mandaremos resinas
apenas em circunstâncias pontuais como
preencher a lacuna aberta com a parada de
plantas locais ou em caso de carência de
determinados grades”.
Na calculadora de Leite, o México
deve fechar dezembro com saldo acumulado de 1,6 milhão de toneladas importadas
de PE. A Braskem Idesa, insere o diretor, já
responde pelo grosso desse volume. “Em
três anos de pré-marketing da nossa produção, nos tornamos o maior importador
local da resina”. O material foi trazido de
plantas internacionais licenciadas com
as mesmas tecnologias em campo em
Nanchital: Ineos-Innovene S para PEAD e,
para PEBD, o processo tubular Lupotech T,
da LyondellBasell. Num rasante pela demanda, Leite arredonda em 500 indústrias
o universo de transformadores mexicanos
de PE e a Braskem venderá diretamente
para 350 deles. “O varejo deve mobilizar
perto de 15% do total das nossas vendas
internas”, ele demarca. Para marcar de
perto esse reduto de transformadores de
menor porte, abre o diretor, foi armada
uma rede com cinco distribuidores autorizados: Polymax, Don Ramis-Syrus,
Mafra-Osterman, Insumos Internacionales e Solquim-M.Holland. Leite conta ter
convidado distribuidores do Brasil para
atuar no México, mas não houve interesse.
Por ora, o único transformador brasileiro
atraído pela Braskem Idesa é Alfredo
Schmitt, que investiu em unidade vizinha
ao complexo para muní-lo de sacaria lisa
(ver à página 12).
Acionista minoritário (25%) do
complexo veracruzano, o grupo mexicano
Idesa, com nome feito no setor químico,
não teve sua distribuidora integrada ao time
de agentes da Braskem-Idesa. “Seu foco
está fora da comercialização de termoplásticos”, justifica Leite. A propósito, Carlos
Unidade de PEBD: tecnologia tubular da LyondellBasell.
Fadigas sublinha que a Idesa nada tem de
sócio ausente do negócio, pois participa
diretamente de sua gestão.
Fadigas, Bischoff e Leite sublinham
que a Braskem Idesa não compete com
os polietilenos produzidos por sua fonte
de etano, a Pemex. O objetivo é aumentar
a autonomia mexicana no polímero, demonstrando por extensão a serventia da
reforma do setor energético iniciada em
2014 pelo governo Peña Nieto, através
17
plásticos em revista
Outubro / 2015
da qual a Pemex tem agora sua via de
crescimento calcada numa administração
empresarial e em alianças com a iniciativa
privada. Nessa linha de raciocínio, a limitada capacidade da operação de eteno/PE
da estatal acende a ideia de uma junção
de forças, em prol dos ganhos em escala
e rentabilidade, com a sua cliente Braskem
Idesa. “É uma hipótese a considerar”, deixa
no ar Juan Marcelo Parizot Murillo, diretor
de comercialização da Pemex.
conjuntura
Braskem Idesa/México
No rumo certo
México floresce com governo
de gestão empresarial
“E
m 2014, o déficit na produção
de polietileno(PE) representou 67% da demanda
mexicana total e se espera
uma queda considerável desse índice com
a entrada da Braskem Idesa”, atesta Pedro
Joaquín Coldwell, Secretário de Energia
do México. Além da melhora na balança
comercial do polímero e da geração de
riqueza e emprego, o complexo de eteno/
PE em Veracruz tem um peso institucional
singular para o governo do presidente Enrique Peña Nieto. Ele condensa e irradia o
espírito e a prática da torrente de reformas
que estão mudando a cara do país mediante
seu embarque na economia de mercado.
O ponto de partida dessa metamorfose
aflorou em 2014, nas vestes da reforma do
setor de energia, uma pá de cal no septuagenário monopólio da estatal Pemex.” No
passado, ela tinha de dar conta de tudo e
sozinha”, explica Coldwell. “Se não conseguisse, ninguém mais poderia fazê-lo”. No
primeiro trimestre de 2013, por exemplo, o
preço médio da tarifa mexicana de eletricidade superava em 73% o praticado nos
EUA, compara o dirigente. “Se computado
o subsídio da nossa tarifa, ela ainda era 25%
mais cara que a norte-americana no mesmo
período”. Premido pela falta de competitividade e de recursos públicos, o governo
partiu para estruturar a reforma através de
ajustes constitucionais, dispositivos legais
e no aparato regulatório. No âmbito dos
hidrocarbonetos, palco da Braskem Idesa,
o Secretário explica ter sido decidido atrair
tecnologias de ponta, aumentar a produtransporte de gás natural trazido dos EUA.
ção nacional desses insumos e facilitar a
Para o período 2015-2019, segue Coldwell,
exploração em águas profundas e fontes
está programada a materialização do progranão convencionais. “A partir da reforma
ma de desenvolvimento do setor elétrico.
energética”, ele acentua, “qualquer empresa
Trata-se da expansão da rede por projetos de
poderá pleitear permissão do governo para
transmissão, um acréscimo de quase 25.000
as atividades de tratamento e refino do
km estimado em US$ 13,4 bi, ele calcula.
petróleo; processamento do gás natural e
Alejandro Martínez, diretor geral da
transporte, estocagem, distribuição e remesPemex-Transformação Industrial, sintetiza
sa de gasolina,
diesel e GLP”.
Na raia
da eletricidade,
foi acordada a
criação de um
mercado disputado em pé de
igualdade por
Martinez: mercado
Beatriz Leycegui:
empresas esta- Coldwell: aumento da
rede e barateamento da
aberto para produtos de reformas inflarão PIB em
tais e privadas, energia.
petróleo e gás.
três anos.
a concessão de
estímulos a energias limpas e apoio em favor
assim a metamorfose de sua empresa proda competência para se ofertar eletricidade
vocada pela reforma energética. “Trata-se
a preços competitivos. Por essas e outras,
da transição de um monopólio estatal para
intercede Coldwell, de novembro de 2014 a
uma empresa produtiva, passando de adnovembro de 2015 a tarifa de energia elétrica
ministradora de ativos a administradora de
industrial já caiu de 25% a 35%, enquanto
negócios”. O antigo foco nos volumes, oba comercial despencou de 9,6% a 22%.
serva, foi substituído pelo viés econômico.
Na categoria residencial, ele completa, a
Na mesma trilha, os preços administrados
tarifa para moradias de alto consumo recuou
(fixados pelo governo) para produtos de gás
9,6% e, nas de baixo dispêndio, a queda
natural e petróleo cedem lugar aos preços
aferida foi de 2%. De certa forma atrelada
determinados pelo mercado. A tiracolo
à eletricidade, outra guinada empreendida
dessa nova cultura corporativa, diversas
pela reforma energética é o plano de aporações de peso começam a aflorar. Por
tar US$ 14 bi para ampliar em 84% (mais
exemplo, aponta Martínez, a partir de 2016
10.000 km), até 2018, a rede mexicana de
serão abertas as importações de propano
18
plásticos em revista
Outubro / 2015
e butano e qualquer marca de gasolina
poderá ser vendida nos postos do país.
No período 2016/2017, assinala o diretor
geral, os preços de butano e propano serão
regulados pelo mercado, tal como os preços
da gasolina a partir de 2018. Em questão
de dois anos, serão franqueadas as importações mexicanas de gasolina e diesel e, de
2018 em diante, qualquer companhia poderá
processar óleo e gás no país.
esperamos um crescimento à média de 3%
anuais na demanda de produtos de petróleo
e gás natural”, projeta Martínez.
A reforma energética, enxerga o dirigente, estabelece pelo menos três frentes
para a Pemex içar as velas. “Queremos
capturar as oportunidades mais rentáveis
mediante associações com terceiros,
melhorar a liquidez da empresa com desinvestimentos (monetização) e contratar
Cracker da Braskem Idesa:
suprimento de etano em linha
com a reforma energética.
Martínez arredonda em US$ 49 bi o
mercado mexicano de produtos de óleo e
gás, a exemplo de gasolina, diesel, asfalto,
GLP e petroquímicos, cuja participação neste montante ele orça em US$ 1.76 bi. Na foto
do momento, expõe, o México acusa déficit
no consumo de vários derivados de alto
valor agregado. É o caso do índice de 48%
aferido este ano nas importações de gasolina; de 38% nas de petroquímicos e de 27%
nas de gás natural. Escorada nos trunfos de
sua infraestrutura em produção e logística
(seis refinarias, nove centros processadores
de gás e dois crackers petroquímicos), a
Pemex agora acena para o capital privado
como o caminho para sua competitividade e
crescimento a cavaleiro de um mercado com
viés de alta. “Para o próximo quinquênio,
serviços para as operações vistas como
secundárias”. Com esse balizamento, ele
amarra, a Pemex pretende se firmar como
parceiro confiável e atraente para a iniciativa
privada. “Buscamos sócios potenciais para
atividades fora do nosso negócio principal,
contemplando-as com qualidade e custo
melhor numa relação ganha ganha de longo
prazo”, delimita Martínez.
O PIB do México, estimado em US$
1,283 tri, deve crescer 2,3% este ano e 2,8%
no próximo, situa Beatriz Leycegui, dirigente
da consultoria SAI e ex Subsecretária de
Comércio Exterior. Uma vez completadas
as reformas energética, educacional, trabalhista, financeira e nas telecomunicações,
ela antevê salto de 4,92% no PIB mexicano
de 2018. Na retaguarda dessas expectativas,
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plásticos em revista
Outubro / 2015
Beatriz distingue o magnetismo exercido
sobre investidores por ímãs como a estabilidade econômica e os salários mexicanos.
“Este ano eles estão 9% abaixo da China”,
ela compara, assinalando o efetivo atual
de 52 milhões de pessoas no mercado
de trabalho. Além do bilhete sorteado em
logística que é a vizinhança com os EUA,
o poderio da sedução mexicana é alimentado pela extensa rede de tratados de livre
comércio, credenciais globais a exemplo
de oitavo produtor de veículos e, no âmbito
das exportações, o país é o nº1 em TVs de
tela plana e nº3 em embarques de produtos
de TI, cita a analista, arrematando com o
custo local de energia. “Entre 2004 e 2014,
os custos de gás natural caíram entre 25%
a 37% no bloco Nafta e subiram 98% no
resto do mundo”. •
fábrica modelo
Braskem Idesa
Esse complexo dá complexo
Braskem Idesa sobe no pedestal da Engenharia Industrial
O
s superlativos estão em casa
no complexo petroquímico da
Braskem Idesa. Erguido ao longo
de quatro anos em Nanchital, no
estado mexicano de Veracruz, o empreendimento brotou de um consórcio liderado
pela Odebrecht Engenharia & Construção
Internacional e completado pela mexicana
Ica Fluor e a italiana Tecnip. Sua implantação e operação demandaram contratos de
financiamento orçados em US$ 3,2 bi e uma
engenharia burilada com conhecimentos
colhidos no Brasil, EUA, Itália, França, Índia, Colômbia e México. Concluída sem os
atrasos tão corriqueiros nos cronogramas
da construção pesada brasileira, a obra é
enaltecida pelos porta-vozes da Braskem
Idesa como o estado da arte no gênero, seja
em termos de concepção ou de tecnologia.
E não há exagero ou parcialidade nisso. As referências da magnitude do complexo na boca do Golfo do México envol-
ridos. Cleantho
Leite, diretor da
Braskem Idesa, comenta, a
propósito, que
o fornecimento
ao setor transformador mexicano
Levita: 17.055 funcionários hoje é repartido
no pico da obra.
por igual entre
entregas de resina a granel e em sacaria,
em contraste com a preferência norte-americana pelo sistema de transporte por
trem. Como também planeja exportar 40%
da produção inicial, primordialmente para a
América do Norte, a Braskem Idesa adquiriu
1.300 vagões ferroviários.
Outros pontos altos do complexo
alinham a sala de controle operacional
centralizado, a infra de assistência laboratorial, a torre de resfriamento, com 83 km2/
h de capacidade de água circulante, o flare
a 120 m de altura e a planta de geração de
energia com potencial da ordem de 540 t/h
de vapor d’água. Além da área total de 190
hectares, a empresa comprou 30 para uma
reserva ecológica. •
vem, por exemplo, o emprego de 132.800
m³ de cimento, 4.900 km de cabos elétricos,
29.700 toneladas de estruturas metálicas,
40,3 km de tubulação subterrânea e 24.300
toneladas totalizam o peso da rede de dutos
da planta. No pico dos trabalhos, acentua
o diretor do projeto Paulo Levita, a obra
contratou 17.055 pessoas.
A área total do complexo ocupa
880.000 m2, destacando-se o cracker para
1,05 milhão de t/a de eteno e as plantas do
polímero de alta (PEAD) e
Plataforma logística: 1.300
baixa (PEBD) densidade
vagões ferroviários adquiridos.
totalizando esta mesma
capacidade. Em área de
20 hectares funciona a
plataforma logística apta
a armazenar 90 toneladas
e munida de 23 km de
ferrovias. Conta com espaço para estacionar 450
vagões ferroviários adqui-
20
plásticos em revista
Outubro / 2015
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Cartão vermelho
para a mesmice
Mídia: campanhas fortalecem a marca Amanco.
Mexichem Brasil reage com criatividade
à retração na construção civil
A
s concessões de infraestrutura
não engatam e a indústria e
comércio fecham a mão para
investir. Esta síntese justifica a
paralisia generalizada na economia, mas o
setor da construção marca por fragilidade
singular. Afinal, devido ao capital intensivo
e resultados a prazos maiores, ele é sempre
um dos primeiros derrubados pela crise e
dos últimos a sair dela. No flanco imobiliário, um sintoma da anemia é a queda
de 51,4% em lançamentos no primeiro
semestre, dimensiona o estudo “Monitor
da Construção Civil”, das consultorias
Criactive e Tendências. Pelo lado das
grandes obras, fala por si o vermelho das
contas públicas e a consequente seca de
verbas para programas tipo “Minha Casa,
Minha Vida” tentarem arrefecer o déficit
nacional da ordem de 5,8 milhões de domicílios. No meio dessa barafunda, lateja o
maior mercado mundial para PVC: tubos e
conexões. Nº1 do setor na América Latina
e agressivo vice-líder no país, a Mexichem
Brasil trata de revidar à demanda no acostamento disparando ações nas esferas do
ponto de venda (PDV), apoio ao crédito e,
Harger: políticas públicas para construção
ganhariam com PPP e privatização.
em especial, em desenvolvimentos sob a
marca Amanco transpostos para cá da tecnologia internacional do grupo mexicano,
revelam nesta entrevista Maurício Harger,
presidente da Mexichem Brasil e Fabiana
Castro, gerente de Produtos e Inovação.
PR – Quais as principais mudanças
notadas nos hábitos de compra do consumidor formiga de tubos e conexões de
PVC em decorrência do poder aquisitivo
enfraquecido, crédito restrito e piora do
custo de vida?
Harger – O que está acontecendo é
que a renda das famílias foi deteriorada
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plásticos em revista
Outubro / 2015
pela inflação, juros e desemprego. Isso
gera falta de confiança para assumir um
compromisso de prazo um pouco maior,
como uma obra ou reforma. Em decorrência, o mercado de construção está sentindo
neste segundo semestre uma forte retração.
PR – Amanco é marca de alcance
nacional, sinônimo de tecnologia e qualidade. Diante de um consumidor formiga
tornado pela recessão mais sensível ao
fator preço, quais as ações tomadas pela
Mexichem Brasil para não perder vendas
para marcas regionais, mais baratas e de
pior padrão?
Harger – São perfis totalmente diferentes, pois o consumidor da Amanco
Caixa d’água: sopro coex destoa da praxe
da rotomoldagem.
sensor
Mexichem
entra na loja em busca da segurança e da
confiabilidade assegurada por uma marca
reconhecida, que não trará problemas
em sua obra. Queremos manter a marca
Amanco em evidência na mídia e fazemos
isso por meio de ações de marketing bem-humoradas, que valorizam o profissional
de instalação hidráulica e os benefícios da
utilização de produtos inovadores.
PR – Pode dar exemplos?
Harger – Implementamos este ano um
novo conceito de embalagens e materiais
de PDV com o objetivo de facilitar o entendimento e a busca dos nossos produtos,
além de ressaltar seus principais benefícios
cerca de 74.000 participantes
e atributos. Também desenforam certificados em 234 civolvemos ferramentas de merdades. Também seguimos com
chandising, com informações
o CredConstrução Amanco,
técnicas de fácil compreensão,
cartão idealizado para aumentar
e disponibilizamos materiais
a aquisição de materiais de
que auxiliam na exposição
construção por famílias de baixa
dos produtos, aumentando o
renda. Lançado em 2008, ele já
seu destaque dentro da loja,
ajudou cerca de 3.376 lojistas
para que o consumidor final Fabiana Castro: crise
inspira inovações para
a vender mais e facilitou a vida
possa ser estimulado a tomar o mercado imobiliário
de um universo aproximado de
a decisão de compra correta. e de infraestrutura.
646.829 clientes.
Aliado a isso, há nove
PR – Na Mexichem Brasil, como a
anos a Amanco mantém parceria com o
Senai voltada à capacitação profissional
recessão inspira e influi no desenvolvimento este ano de melhorias e inovações
de instaladores hidráulicos. Neste período,
em tubos/conexões prediais e em tubos/
conexões de infraestrutura?
Fabiana Castro – É na crise que
Tubos: battenfeld-cincinnatti tem
muitas oportunidades surgem. A partir do
passe livre na Mexichem
conceito de inovação voltada para facilitar o
“Não apenas no Brasil, mas em
dia a dia dos consumidores, promovemos
todas as fabricas do grupo na Améeste ano lançamentos nos segmentos
rica do Sul, a maioria das extrusoras
de infraestrutura e predial. Chegaram ao
de tubos da Mexichem são modelos
mercado as caixas d’água de boca aberta
da battenfeld-cincinatti como a linha
e fechada, produzidas por sopro através
twinEX e o equipamento de dupla rosde tecnologia inédita na América Latina.
ca cônica conEX, para tubos corrugaEntre seus diferenciais estão a tripla cados”, sustenta Cássio Luis Saltori,
mada: a externa tem alta resistência aos
solEX: sistema evita longas paradas para trocar
diretor geral do escritório brasileiro
raios solares e agentes antioxidantes; a
ferramental.
da grife austríaca de máquinas.
intermediária evita a passagem de luz,
Entre os avanços em alta na esfera dos tubos prediais, Saltori distingue recursos
minimizando a proliferação de bactérias;
passíveis de gerar ganhos de produtividade com economia de energia e sobrepeso
já a camada interna é branca, provendo
mínimos. Na alçada das tubulações para infraestrutura, o diretor se aferra às suas
assim visibilidade para limpeza e conextrusoras com capacidade para gerar tubos de até 2.500 mm de diâmetro, destacando
servação da água. Também introduzimos
a junção de forças do sistema de cabeçote VSI-T com a tecnologia de refrigeração
este ano os tubos de grande diâmetro
interna – do tubo e da massa fundida dentro do cabeçote. “O resultado é a diminuição
que complementaram a linha Novafort;
do número de banheiras para refrigeração, garantindo uniformidade da parede do
e o Amanco QuickStream, voltado para
tubo com lay out menor e mais produtividade com mínimo sobrepeso possível”, ele
captação de águas fluviais. No segmento
completa. Na mesma batida, Saltori chama a atenção para as credenciais da extrusora
de infraestrutura, a Amanco conta com a
solEX munida do novo sistema Fast Dimension Change (FDC) para produzir tubos
linha Biax. Os tubos em PVC-O (bioriende polietileno de até 800 mm de diâmetro. “A máquina viabiliza o fornecimento de
tados) são destinados à distribuição das
tubos de vários diâmetros mediante apenas um ajuste no painel eletrônico, evitando
redes públicas. Outro destaque recente é a
as longas paradas para troca de ferramental e, por extensão, o alto índice de refugo na
linha Amanco Flextemp, para instalação de
partida do equipamento. Com o FDC, a perda não passa de dois a três metros de tubo”.
sistemas de distribuição de água quente e
fria. Seus tubos são maleáveis e possuem
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QuickStream: foco na captação de águas
fluviais.
Biax: evolução em tubos para saneamento
básico.
engate rápido, tipo “click”, dispensando
ferramentas na instalação.
PR – Com o custo de capital altíssimo, as restrições ao financiamento imobiliário, a parada nas obras de infraestrutura
e o corte nos recursos para programas
como o Minha Casa, Minha Vida, as
previsões sobre a trajetória do setor de
tubos e conexões de plásticos estão sendo
refeitas para baixo. Qual a realidade para
o mercado predial daqui para a frente?
Harger – Os patamares de mercado
já mudaram e todos têm que se ajustar
a este novo cenário. No meu entender, o
mercado para 2016 será mais previsível e
isso permite que as empresas façam seus
planejamentos com maior assertividade.
PR – E qual a perspectiva para tubos
de infraestrutura?
Harger – O mercado irá buscar cada
vez mais produtividade e praticidade.
Temos desenvolvido produtos nesta linha,
inclusive mais sustentáveis. Temos alguns
exemplos a destacar, como a caixa d’água
soprada, que gera zero resíduo sólido e
não libera monóxido de carbono; os tubos
da linha Biax, substitutos do ferro fundido,
e as opções Novafort Grandes Diâmetros
para drenagem e esgoto. Estes dois últimos
produtos ainda têm as vantagens de agilizar o desenvolvimento da obra e reduzir
seu custo.
PR – Até segunda ordem, qual passa
a ser a sua estimativa da taxa média de
crescimento anual do setor brasileiro de
tubos e conexões de plásticos?
Harger – A Associação Brasileira
da Indústria de Materiais de Construção
(Abramat) é a fonte indicada para responder. Ela tem divulgado queda de 7%
para 2015.
PR – Quais suas sugestões de mudanças e aprimoramentos e retificações
no modelo de políticas públicas para o
setor de construção civil de modo a estruturar seu crescimento em bases mais
sólidas e estáveis?
Harger – A melhor prática seria a
privatização ou as
PPP’s (Parcerias
Público-Privadas).
Ambas geram um
modelo de ciclo virtuoso para economia, já que muitas
das oportunidades
são motivadas pela
própria falta de caixa
por parte do governo
de realizá-las. Um
exemplo é a infraestrutura de esgoto.
Hoje em dia, ela não
caminha por vários
motivos. Entre eles,
a falta de sanção para
a população que não
se conecta na rede e
gera ociosidade no
sistema. A falta da
ligação dessas mo-
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radias faz com que os investimentos em
esgotamento sanitário acabem não tendo
a eficácia planejada, pois as estações
de tratamento não recebem o volume de
esgotos para os quais foram construídas
e não há o completo retorno financeiro do
investimento feito. O incremento estimado
de receitas potenciais que voltariam ao
setor de saneamento, permitindo que
novas redes fossem construídas e mais
pessoas atendidas, está entre R$ 890,7
milhões (cenário conservador) e R$ 1,5
bilhões por ano (cenário se todas as novas
ligações pagassem a tarifa do esgoto). Se
criarmos um ciclo virtuoso para o fluxo
de caixa das obras, seja por meio da
aplicação de multas ou por PPPs, poderemos viabilizar muitas obras que trarão
desenvolvimento ao país.•
ESPECIAL
Linha Branca
A bola
está com ela
Mulher no mercado de trabalho
torna lavadora um bem essencial
P
assado o foguetório nas vendas,
atiçado pela redução do IPI em
2009 e entre 2011 e 2013, o faturamento de eletrodomésticos
da linha branca deve cair de R$ 14,4
bi em 2014 para R$ 12,9 bi este ano
e, nos primeiros oito meses de 2015,
a retração rondava a marca de 10%,
afere a empresa de pesquisas GFK.
Entre os produtos a caminhar por estas
brasas, lavadoras de roupas sobressaem
como o segundo item em participação
(precisão de 29% este ano) na receita
do setor de linha branca. A recessão
estupra mas não mata o horizonte para
as lavadoras no Brasil. Afinal, a última
edição da Pesquisa Nacional de Amostra
de Domicílios (Pnad 2014), compilada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), aponta a máquina de
lavar roupa à frente dos objetos da linha
branca desejados pelas famílias, pois
ainda longe (58,7%) do grau de penetração de fogões (98,8%) e geladeiras
(97,6%) nos lares nacionais.
Esse status das lavadoras é atribuído à atuação da mulher no mercado de
trabalho, com menos tempo e disposição
para os afazeres domésticos. “Como elas
buscam opções para facilitar sua dupla
jornada, uma lavadora torna-se essencial
Mercado: crise leva consumidor aos modelos
mais simples de lavadora.
no dia a dia da casa”, endossa Marcelo
Emrich Soares, diretor industrial da
mineira Suggar, ponto cardeal dos eletrodomésticos da linha branca no país. A
morosidade na penetração das lavadoras
nos lares pode estar associada ao com-
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plásticos em revista
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prometimento da renda da população com
alimentos e moradia, ele conjetura. “Mas
esse quadro tem se alterado de forma
lenta e gradual em prol das lavadoras,
melhorando a percepção sobre elas nas
necessidades diárias”.
ESPECIAL
Soares: 38 injetoras para produzir peças de
lavadoras.
A GFK rastreou, de janeiro a agosto
último, recuo de 11% em volume e 8%
em valor nas vendas do segmento de
máquinas de lavar e secar roupa. Entre
as mudanças nos hábitos de compras
trazidas pela crise a esse mercado, a
consultoria flagrou em seu levantamento
uma inclinação do público por modelos
mais simples. Na mesma batida, Soares
percebe um aumento nas vendas de lavadoras semi-automáticas (tanquinhos).
“O produto apresenta excelente custo/
benefício em relação às lavadoras automáticas”, considera o diretor. “Além do
preço ser fator determinante, os modelos
semi automáticos têm ótima durabilidade,
qualidade e eficiência aliadas à economia
de água e energia”. Para Soares, são
equipamentos menos vulneráveis à crise,
dado seu preço bem abaixo das lavadoras
automáticas. “De janeiro a agosto último,
as vendas da categoria semi automática
cresceram cerca de 3% em relação ao
mesmo período em 2014”.
As lavadoras semi automáticas, forte
da Suggar, são substituídas em média
a cada três anos, situa Soares. “Considera-se que, ao longo deste período, os
produtos agregam novas tecnologias e
facilidades”, ele assinala. A propósito,
uma comparação com suas lavadoras semi
automáticas de 10 anos atrás contempla
os modelos atuais da Suggar com os diferenciais da nota A no Inmetro e do selo
Procel, avais técnicos da economia de
água e eletricidade. No momento, o mostruário da marca mineira abriga máquinas
semi automáticas, não eletrônicas e com
capacidades para lavar de quatro a 12 kg.
“Dispõem de recursos como dispenser
de amaciante e sabão, filtro cata fiapos,
batedor gigante, sistema de drenagem e a
função de reaproveitar água”, encaixa o diretor industrial. Para reagir ao consumo de
freio puxado, a Suggar se mexe em várias
frentes. “Estamos exportando alguns modelos de lavadoras para mercados como
designamos a fabricação de determinadas
peças a alguns transformadores e, por
sinal, temos um parceiro que no assegura
flexibilidade, agilidade e qualidade na
injeção”, ele completa, sem abrir o nome
do aliado.
Soares calcula em 65% o quinhão
do plástico no peso médio de suas lavadoras semi automáticas. “Exceto o motor,
todas as peças de nossas lavadoras foram
substituídas por plásticos de engenharia
como poliacetal e polióxido de fenileno”,
exemplifica Soares. “A carcaça do motor é de alumínio, mas já corre estudo
para substituí-lo por resinas nobres”. A
propósito, ele grifa, entre as principais
Suggar: estudo para trocar metal por plástico na carcaça do motor.
os demais países do Mercosul”, ilustra
Soares, na garupa do câmbio amigável
às vendas externas. “Além disso, atuamos
com força no market place de parceiros,
promovemos campanhas de incentivo
para lojistas e investimos em anúncios
cooperados, entre outras ações”.
Na esfera dos componentes de
plástico, a Suggar se distingue no ramo
pela vocação para transformadora. “Contamos com um parque de 30 injetoras,
desde modelos de menor porte a linhas
de 1.300 toneladas”, expõe o diretor.
Peças grandes, a exemplo da cuba e do
gabinete da lavadora, têm a terceirização
de sua produção inviabilizada pelo custo
de transporte, argumenta Soares. “Neste
semestre, devido ao alto pico de vendas,
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modificações recentes no portfólio das lavadoras Suggar desponta o uso crescente
de materiais mais resistentes, capazes de
contribuir para o aumento de capacidade
de lavagem. “Seu emprego resultou nos
lançamentos de modelos de 10 e 12 kg”.
Na mesma batida, Soares afirma utilizar
nas peças estruturais “resinas que proporcionam dureza superior e alto brilho, sem
comprometer a resistência ao impacto”,
descreve. Por seu turno, distingue, a
transparência das tampas das lavadoras
é mérito de polipropileno (PP) acrescido
de pigmento clarificante, em sintonia com
um consumidor cada vez mais atento ao visual. Ainda na esfera dos componentes de
PP, ele ressalta as especificações de maior
resistência à tração e ao cisalhamento.
ESPECIAL
Linha Branca
“As lavadoras semi automáticas passaram
a ter alta capacidade, requerendo muito
mais resistência mecânica do polímero”,
justifica. Por fim, Soares coloca para as
peças de PP um quesito destacado por ele
como não cobrado ao setor no passado:
a resistência ao calor e à propagação da
chama. “Trata-se do cumprimento das
normas de segurança IEC 60335-1 e
60335-2-7”, identifica.
Focada 100% em lavadoras automáticas, a cearense Esmaltec, farol da linha
branca no Brasil, atribui ao plástico peso
médio de 23 kg em suas máquinas. “A
participação do material no equipamento
se aproxima de 72%”, situa o gerente de
marketing Marcelo Campos Alencar Pinto.
“Admitimos a possibilidade de, a longo
Campos: conciliação entre eletrônica
embarcada e resinas com antichama.
prazo, desenvolver um conjunto mecânico
totalmente de plástico para as lavadoras”,
ele deixa no ar. Tão cedo, pelo visto, o metal não se desvencilha do papel de material
coadjuvante nas máquinas da Esmaltec. “O
design de nossas lavadoras possui formas
orgânicas, um efeito estético sem a mesma
qualidade se transposto para a alternativa
metálica”, analisa Campos. Ainda no plano
do visual, conta, a Esmaltec tem recorrido
nos últimos anos aos préstimos de PP
“para melhorar o brilho de componentes
sem prejuízo da resistência mecânica”.
No embalo, o gerente encaixa ter lançado
este ano modelos de lavadoras nos quais
a empresa trabalhou detidamente as cores
dos plásticos, “acompanhando a nova
identidade da nossa marca”, explica. Em
paralelo, atenta o executivo, o emprego
do plástico joga a favor da eletrônica
Romi: injeção de azul nos custos da linha branca.
EN: redução do ciclo
de injeção.
No mapa das vendas da Romi,
nº1 em injetoras no país, o carro-chefe para peças da linha branca é a
série de máquinas EM, aponta William
dos Reis, diretor da unidade de negócios de máquinas para plásticos.
“São máquinas contempladas com a
classificação 9+ da norma Euromap
Reis: economia de resina
60.1 para eficiência energética e
destacam-se ainda pela velocidade
e simultaneidade de movimentos, mérito da tecnologia ‘Stop
and Go’”, atribui o executivo. Perante as injetoras hidráulicas
convencionais, coteja Reis, as linhas EN acenam com a pos-
sibilidade de aumento de até 20% na produtividade e até 65%
na poupança de eletricidade. “Em trabalho com um modelo EM,
chegamos a baixar em 2,5% o consumo de resina num case
realizado com uma peça de lavadora”, atesta Reis. Ao longo
deste ano, observa, o mix dessa série de máquinas passou a
abranger modelo de 80 a 1.100 toneladas. “As injetoras de
600, 900 e 1.100 toneladas operam com dois sistemas de
servo bombas, chave para o incremento da simultaneidade de
movimentos entre a plastificação e a unidade de fechamento,
reduzindo assim o ciclo em até 25% e aumentando o torque e
a velocidade nessa categoria de equipamentos mais pesados”,
complementa o diretor, encaixando a disponibilidade de versões multicor e multicomponente de injetoras EN.
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plásticos em revista
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ESPECIAL
embarcada nas lavadoras. “Podemos moldar diferentes formas e recorrer a aditivos
antichama para cumprir as normas de
segurança na parte elétrica”. A eletrônica,
aliás, sobressai entre os recursos de ponta
das lavadoras da Esmaltec, a exemplo de
sete programas automáticos de lavagem
e duplo enxágue. Outros chamarizes
acenados alinham dispensers automáticos
para alvejante, sabão em pó e amaciante,
centrifugação de alta rotação, lavagem por
turbilhonamento vertical em duas direções
e classificação A em economia energética.
Campos atribui a penetração moderada da lavadora junto à população ao fato
de não ser vista como bem essencial,caso
de fogão e geladeira. “Com o passar do
tempo, devido à nova configuração dos
lares, a mulher acumula o trabalho fora
com as funções de dona de casa, a lavadora
ganhou importância, por facilitar tarefas
domésticas”, ele interpreta. Não lhe passa
em branco o contraste entre a penetração
em câmara lenta das lavadoras e o crescimento a galope das vendas de sabão para
roupas, fato capitalizado pelo marketing da
Esmaltec em ações conjuntas. “Realizamos
o cross merchandising com resultados
muito positivos na divulgação das marcas da lavadora e do sabão líquido e em
Esmaltec: chamariz das cores em peças plásticas.
pó”,nota Campos. Em média, prossegue,
é de 10 anos a vida útil das lavadoras de
roupa no país. “Os fatores para ensejar a
troca do produto têm sido sua capacidade,
economia de água e energia e novos recursos apresentados”, estabelece.
Não tem cabimento, ele assinala,
enfiar no mesmo saco das análises as
lavadoras semi e 100% automáticas.
“Os modelos semi são outra categoria de
produto, cuja principal característica é
não centrifugar a roupa e seu público-alvo
deseja pagar mais barato por um equipamento, sem se importar em torcer as
roupas”, descreve Campos. Num relance
pelos estragos da recessão no balanço do
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plásticos em revista
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primeiro semestre, ele reconhece queda
nas vendas de lavadoras automáticas
perante o mesmo período em 2014,
“mas em escala inferior ao declínio visto
em outras categorias da linha branca,
em razão da menor penetração desse
eletrodoméstico nos lares”, argumenta.
Em revide à crise, conta, a Esmaltec tem
disparado uma metralhadora giratória de
iniciativas. “Investimos na demonstração,
exposição e divulgação das características
da lavadora no ponto de venda, além da
formação de equipes de promotoras,
treinamento dos vendedores das lojas e
oferta de brindes ao consumidor final”.
Tomara que dê certo.
ESPECIAL
Linha Branca/Audax
O pulo do gato
Como os produtos que passam a
roupa a limpo absorvem a crise
A
Por quais motivos essa penetraté o fechamento desta
ção transcorre com morosidade?
edição, a Associação
Brasileira de produtos
Viriato – Devido ao poder
aquisitivo e renda dos consude Limpeza e Afins (Abipla) não havia liberado seus
midores de classes mais baixas.
PR – Em contraste com
dados sobre o mercado no ano
passado e recusou entrevista Viriato: queda no ticket a penetração comedida das
sobre a conjuntura atual. Apesar médio e preferência por lavadoras nos lares brasileiros,
produtos de lavanderia como
dessas lacunas, os indicadores frascos menores.
amaciantes e lava roupas compõem uma
antes divulgados pela entidade deixam
das categorias de artigos de limpeza de
claro,em boa parte, o impacto da recessão
maior intensidade de crescimento. Como
na categoria dos produtos de lavanderia.
isso se explica?
Exemplo: estímulos como a finada reduViriato – Quando lançados, os lavação do IPI para a linha branca, em vigor
-roupas líquidos tiveram um boom em
em 2009 e de 2011 a 2013, calibraram o
virtude do alto investimento em mídia para
crescimento de 7,4% em volume e 16%
a introdução desse segmento de artigos
na receita de detergentes em pó e líquidos
de limpeza. E por ser um produto prático
de dois anos atrás. E o consumo per capita
e eficaz entrou na lista de compra dos
desses produtos, então fixado em apenas 5
consumidores, como estão os amaciantes
kg, permanece visto como sinal da opulência
há mais tempo.
ainda por ser desvirginada nesse mercado.
PR – Por quais motivos os sabões
Em contraste, a troca do umbigo no tanque
em pó dominam com folga o mercado
pela comodidade da lavadora pesou no
brasileiro de lava roupas? E porque os
recuo presenciado nas vendas de sabões
tipos líquidos não acusam crescimento de
em barra em 2012 (-8,8%) e 2013 (-9,3%).
consumo mais forte?
Já os amaciantes fecharam no balanço da
Viriato – Em virtude de uma questão
Abipla de dois anos atrás na vice-liderança
cultural, pois o sabão em pó está há muito
dos produtos de limpeza em faturamento.
tempo no dia a dia dos consumidores.
Indicadores para onde o vento sopra hoje
Porém, acredito que a substituição pelo
para os chamados artigos de lavanderia são
lava roupas líiquido continuará sendo feita
vislumbrados nesta entrevista de Diego Vide forma gradativa e frequente.
riato, gerente de marketing da Audax, motor
PR – Quais as principais mudanças
turbo dos produtos de limpeza do Brasil.
PR- Levantamentos do setor de linha
notadas nos hábitos de compra dos amaciantes e limpa roupas em decorrência da
branca constatam que a presença de lavadoras de roupa nos lares brasileiros não
crise e da perda do poder aquisitivo?
passa da faixa de 55% (em 2002, era 43%).
Viriato – O ticket médio vem caindo
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plásticos em revista
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devido à busca de novas marcas pelos consumidores, o que gera uma concorrência
ainda mais forte nas gôndolas. Em relação
às embalagens, a tendência é a busca por
frascos menores e mais práticos.
PR – No ano passado, qual era , em
média, a participação da embalagem nos
custos dos seus produtos de lavanderia? E
qual é a estimativa para este ano?
Viriato – Em 2014 significava cerca
de 32%. Atualmente, gira em torno de 40%.
PR – Quais os diferenciais e novidades introduzidos este ano em suas
embalagens de produtos de lavanderia?
Viriato – Nossa linha de lavanderia
possui embalagens modernas e maior apelo
no rótulo de atributos dos produtos. O cuidado com a qualidade sempre foi parte integrante de nossos itens, cujas embalagens
são desenvolvidas com plástico virgem.
PR – Quais as principais ações tomadas este ano pela Audax para manter
ou ampliar a participação de mercado dos
seus produtos de lavanderia numa conjuntura de consumo final retraído?
Viriato – Foram desenvolvidas ações
de trade como tablóide, exposição diferenciada e abordagem, além de ações
comerciais tipo “leve 3 pague 2” em redes
parceiras.
Lava roupas e amaciantes Audax: ofensiva de
ações para reagir à crise.
ESPECIAL
linha branca/Sopradoras
Com elas não
pinta sujeira
As sopradoras que arrasam nas embalagens
para produtos de lavanderia
“O
setor de embalagens para
produtos de limpeza, em
especial artigos básicos
como amaciantes, é um
dos menos atingidos pela crise”, constata Newton Zanetti, diretor da Pavan
Zanetti, pêndulo nacional em sopradoras
de pré-formas e por extrusão contínua.
Ainda assim, nota, muitos transformadores da área queixam-se da ociosidade
em suas linhas.
Para assediar este reduto, o diretor
reparte seus chamarizes em duas frentes.
Na ala das sopradoras por extrusão contínua, ele destaca dois modelos da série
Bimatic: BMT 10.0D/H e BMT 5.6D/H.
Este último, ele distingue, dispõe a partir
deste ano de uma versão híbrida munida
de elementos elétricos para acionar
movimentos dos carros porta moldes
sobre guias lineares, reduzindo o atrito
e a potência consumida nessa etapa do
processo. “Substituem os tradicionais
acionamentos hidráulicos e influem na
melhoria da produtividade, repetitibilidade e economia energética, além de
reduzirem problemas de vazamento de
óleo. Newton Zanetti também comparece
em frascos de produtos de lavanderia
com suas automatizadas e acessíveis
sopradoras de pré-formas Petmatic
3c/2l em três versões: a dos sistemas
crescente”. Enquanto isso não
4.000, 5.000 e 7.000. “A
se define, a Multipack Plas
série Petmatic caminha aos
corteja transformadores do
poucos para tornar-se 100%
ramo para suas sopradoras
elétrica, deslocando assim os
hidráulicas Autoblow 600 D
acionamentos pneumáticos
e 1000 D e as linhas elétricas
de movimentos e obtendo
Ecoblow 600 D e 1000D. “São
assim maior redução do ciclo,
as mais indicadas para proprecisão e economia de ar
Zanetti:
soluções
para
dutos de lavanderia devido à
comprimido de baixa pressão,
economizar energia.
maior quantidade possível de
proporcionado por tabela
cavidades no gênero”, justifica Morais.
diminuição da energia dispendida nos
Na mesma batida, ele repisa as convesistemas periféricos de apoio, caso dos
niências da economia energética e do
compressores de ar”.
grau de automação de suas máquinas
Fernando Morais,diretor da Multipack Plast, fecha com Newton Zanetti
elétricas, também ilustrado pela possiem sua visão da resistência à recessão
bilidade de agregar testador de furos no
demonstrada pela indústria de frascos
manipulador da sopradora.
para produtos de limpeza. “Foi afetaWilliam dos Reis, diretor da unidade
da, mas menos que
outros setores da
economia”, julga.
“Com o aumento da
renda no passado recente, alguns artigos
antes ausentes nos
lares brasileiros entraram nas listas de
compras. O desafio
agora é saber se esse
hábito de consumo
será mantido em
face do desemprego BMT 5.6D/H: movimentos acionados com elementos elétricos.
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plásticos em revista
Outubro / 2015
ESPECIAL
Ecoblow: destaque para a quantidade de cavidades.
de negócios de máquinas para plásticos
da Romi, atribui os efeitos da crise
menos danosos sobre itens básicos de
consumo, como os produtos de lavanderia, a seu valor agregado inferior ao de
Romi C 5TS: perfil de parison de até 512 pontos
bens duráveis. É um sinal de alento, ele
deixa claro, para a oferta da sopradora
por extrusão contínua Romi C5TS. “Com
perfil de parison de até 512 pontos e
capacidade de sopro de até 10 litros, ela
33
plásticos em revista
Outubro / 2015
viabiliza a produção, com economia de
energia, de frascos duplos de até cinco
litros com alça, mérito da alta força de
fechamento e da área de molde maior”,
ele atribui.
ESPECIAL
Linha Branca/Braskem
Avanços em
turbilhão
As resinas que dão uma lavada
P
olietilenos (PE) mandam no
pedaço das embalagens rígidas
e flexíveis para os chamados
produtos de lavanderia, um reduto no qual prevalecem frascos opacos e
onde a alternativa transparente de PET até
o momento não conseguiu desvencilhar-se do plano secundário. Na entrevista
a seguir, o poderio da poliolefina para
embalar formulações como as de amaciantes, detergentes líquidos e sabões em
pó e em barra é dissecado por Marcelo
Neves, gerente de engenharia de aplicação para PE em flexíveis da Braskem.
PR – Quais as resinas de PE integrantes da estrutura de embalagem
flexível mais utilizada no Brasil para
acondicionar sabões em pó de lavar
roupa?
Neves – No Brasil, polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) é o principal
componente dos flexíveis laminados, a
estrutura mais utilizada para acondicionar
sabões em pó. Esses filmes podem ser
unicamente de PEBDL ou agregar ainda
os tipos de baixa (PEBD) e alta densidade
(PEAD) para agregar propriedades como
barreira, acabamento, maquinabilidade e
rigidez. Como tratam-se de filmes para os
quais se requer alta performance de soldabilidade, os grades metalocênicos de
PEBDL são os
mais indicados
para a embalagem de sabão
em pó.
PR –
Como reparte
as participações
Neves: ascensão do sabão do saco extrulíquido.
dado e da caixa
de papelão no mercado de sabão em pó?
Neves – Segundo dados da consultoria Datamark, em 2010 o mercado de
sabão em pó para roupas respondia por
97% do mercado total, cabendo apenas
3% ao sabão líquido. O mesmo estudo
mostra que as embalagens flexíveis, com
tamanhos de 0,5 a 5 kg, representavam
34% do mercado, enquanto embalagens
de cartão de 0,5 e 1 kg detinham participação de 66%. Nossa projeção para
esse mercado é de crescimento da fatia
do sabão líquido, reduto onde as embalagens rígidas predominam. Até 2017
essa parcela deverá estar entre 6 e 8%.
No caso do sabão em pó, as embalagens
cartonadas perderão espaço com o crescimento das flexíveis e nossa expectativa
é de, em dois anos, essa participação
alcançar entre 37 e 39%.
PR – Quais os avanços nos seus
34
plásticos em revista
Outubro / 2015
grades de PE para sacos de sabão em pó
de lavar roupa?
Neves – A Braskem lançou recentemente os grades lineares metalocênicos
da família Proxess. Entre eles, o tipo
Proxess 1806S3 prima por excelente
soldabilidade e balanço de propriedades
mecânicas e ópticas. Seu diferencial está
relacionado à facilidade de processamento com a real possibilidade de redução
de consumo de energia, mérito da baixa
viscosidade em estado fundido.
Sabão em pó: pista livre para PEBDL base
metaloceno.
PR – Apesar do contínuo declínio
no consumo (-10,3% apenas entre 2008
e 2012), sabões em barra ainda estão
presentes no segmento de lavagem de
roupa. Qual a resina utilizada em sua
embalagem ?
Neves – Sabão em barra é embalado
ESPECIAL
Linha Branca/Braskem
PEAD: produção facilitada de frasco com alça.
em filmes termoencolhíveis (shrink),
usuários em regra de blends de PE em extrusão monocamada. Mas há quem lance
mão de estrutura coextrusada, mantendo
PE como solução. Em geral, esses filmes
são ricos em PEBD e blendados com PE-
PP sai bem na foto
Única produtora de polipropileno (PP) no país, a Braskem não tem um
número sobre o consumo preciso do polímero na linha branca. Mas, a título de
referência, trabalha com a estimativa de vendas este ano da ordem de 100.000
toneladas da resina para peças injetadas de eletrodomésticos em geral, reduto
onde as lavadoras de roupa despontam como maior campo para PP. “Esse volume
total deve representar retração acima de 10% perante o movimento de 2014”,
projetam Rodrigo Belloli e Tassiana Custódio, respectivamente gerente comercial
e responsável técnica pelo segmento de eletrodomésticos da empresa.
Entre os avanços sob medida para lavadoras no mostruário da Braskem,
Tassiana distingue dois grades. Um deles, acenado para peças grandes e complexas, é o tipo CP 2012 XP, diferenciado pela especialista devido à resistência
ao impacto e altos índices de fluidez e módulo de flexão. Integrante da série
Maxio, cujos chamarizes assentam-se na economia de energia, redução de peso
e ganhos de produtividade, a outra resina em foco é o homopolímero H202HC.
“Além do acabamento estético, sobressai por reduzir o ciclo de injeção mediante
a conjugação de processamento com produtividade”, sintetiza Tassiana. No plano
geral, ela ainda acentua um predicado que distingue a vocação de PP para a linha
branca: sua densidade cerca de 15% inferior à de polímeros rivais nesse reduto.
“Corresponde assim às exigências de menor consumo de material sem perdas
no desempenho do produto”.
36
plásticos em revista
Outubro / 2015
BDL em proporções adequadas para suas
características atenderem os requisitos
da aplicação. Esse tipo de embalagem
requer, em especial, excelentes propriedades ópticas, para destacar o sabão. O
filme transparente e brilhante contribui
para apresentação e apelo mercadológico
do produto. São atributos preenchidos
pela Braskem com as resinas Proxess
2606S3 e TX7003.
PR – Amaciantes e sabões líquidos
são palco quase absoluto dos recipientes de PEAD. Quais os aprimoramentos
recentes nos seus grades para essa
aplicação?
Neves – Destaco a resina HS5502XP
pois, entre outras vantagens, assegura
melhor ergonomia admitindo o emprego
de alças e formas (design) arrojadas,
aumentando a praticidade da embalagem.
3 questões
Flávio Barbosa
Metamorfose
ambulante
O perfil da Videolar-Innova
está em mutação acelerada
N
da Videolar-Innova caminha
º1 em poliestireno
para fugir dessa praxe?
(PS) no Brasil e maior
Barbosa – A Innova initransformador de
ciou em 2008 a revenda de
plástico de Manaus,
ABS no Brasil, como estratéà frente de unidades de tampas,
gia de pré-marketing visando
chapas para termoformagem,
uma produção futura em seu
estojos de mídia e filmes de
complexo em Triunfo (RS). A
polipropileno, a Videolar-Innova
entra em 2016 como uma me- Barbosa: produção de
ideia não era, e assim continua,
EPS compatível com a
tamorfose ambulante. Além demanda nacional.
ativar uma operação de escala
de concentrar em São Paulo a
global e elevado investimento.
administração e vendas da produção de
Até porque o tamanho do mercado brasiseus complexos em Triunfo (RS) e na Zona
leiro não a comporta. Com investimento
Franca, a empresa estreia na industrialimarginal na adequada modificação das
zação de poliestireno expandido (EPS),
plantas de PS ali existentes, podemos paspretende completar o funcionamento de
sar a dispor de uma produção interessante
sua atividade de poliproprileno biorientapara tomar parte das importações, inclusive
do (BOPP) e incrementa o pré-marketing
aquelas em que a própria Videolar-Innova
e trabalhos como o beneficiamento em
atua comercializando ABS e copolímero de
Manaus do material importado, visando
estireno acrilonitrila (SAN) da taiwanesa
Formosa Plastics. A partir da produção
a produção de copolímero de acrilonitrila
própria, aliás, esse papel de agente perderá
butadieno estireno (ABS) em seu complexo
relevância, restringindo-se a alguns grades
gaúcho, preenchendo assim a lacuna deinão inclusos no mix local.
xada pelo arquivamento este ano do projeto
PR – A Videolar-Innova entra em
acalentado por Styrolution e Braskem. Na
entrevista a seguir, Flávio Barbosa, viceEPS num momento de crise econômica
-presidente financeiro e de operações da
e política engessando a construção civil,
Videolar-Innova, explica os novos rumos
o mercado ambicionado para o material
da companhia.
firmar-se como isolante térmico no país.
PR – Desde os anos 90, todos os
Além do mais, câmbio e recessão reduziram bastante as importações de EPS, cujo
investimentos na produção nacional de
espaço a empresa pretendia ocupar com
copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) frustraram. Por que o projeto
sua produção local. Diante disso, ela não
38
plásticos em revista
Outubro / 2015
tende agora a tirar mercado de seus clientes de estireno que formulam o expandido?
Barbosa – O processo de produção
de EPS que a Videolar-Innova está implementando é inédito na região (a partir do
polímero e não pela rota tradicional do
estireno). Permite a obtenção de alguns
tipos do expandido sem similares de EPS
locais. Além disso, pesa em prol dessa
investida a expectativa de que, mesmo
com a contração atual da construção
civil, esta aplicação do material deverá
deslanchar devido à nossa baixíssima
demanda de EPS per capita face a qualquer país comparável com o Brasil. O
estireno que fornecemos aos clientes
produtores de EPS seguirá destinado a
eles, sem prejuízo de oferta, até porque
vamos priorizar aplicações que eles não
atendem hoje. O foco dessa oferta adicional do produto permanece a substituição
de importações.
PR – Qual o impacto da recessão
atual no cronograma de partida da sua
linha Andritz de BOPP ainda não acionada
em Manaus?
Barbosa – O negócio de BOPP possui
hoje duas linhas ativadas, cujo nível operacional depende da demanda do mercado.
A terceira linha, em função também da
demanda abaixo das expectativas, teve sua
entrada em funcionamento postergada para
início de 2016. •
BATE E VOLTA
O Brasil está na mira
Uma pergunta para Walter Sanchez,
gerente de vendas para exportações e distribuição de polietilenos (PE) da indústria
norte-americana Chevron Phillips Chemical Company.
PR – Como sua empresa avalia a
América Latina e o Brasil, em particular,
Sanchez
como potencial destino externo de parte
da produção de seus dois complexos de
PE hoje em construção nos EUA?
Sanchez – A implantação desse projeto está em andamento,
como demonstra a recente implantação dos equipamentos para PE
na localidade de Old Ocean, defronte ao Golfo do Texas. O empreendimento no Texas engloba um cracker de etano nas instalações
em Baytown e duas unidades da resina (polietilenos linear e de alta
densidade) em Old Ocean, no nosso complexo de Sweeney. A relação
comercial da Chevron Phillips Chemical com o Brasil remonta aos
anos 1960, período em que a Phillips Petroleum Company participou
da construção de unidades em Santos e Candeias. Hoje em dia, não
operamos plantas no Brasil e a Chevron Phllips Chemical, joint venture
entre e a Chevron Coroporation e a Phillips 66, forma entre os maiores
produtores mundiais de olefinas e poliolefinas, além de integrar a
liderança no suprimento de aromáticos, alfa olefinas, estirênicos,
especialidades químicas e dutos de pressão de PE. Como membro da
rede global de afiliados de marketing da companhia, a Nova Petrene,
sediada em São Paulo, atua como agente de nossos produtos há mais
de 30 anos e assim tende a continuar. Com base em nossa presença
há bom tempo na América Latina, compreendemos as necessidades
dos clientes, alguns deles supridos há décadas, e seguimos comprometidos com a região. Com a partida prevista para 2017 desse
investimento orçado em US$ 1.6 bi, compreendendo o cracker de 1,5
milhão de t/a de etano e dois novos complexos somando 1 milhão de
t/a de PE, prevemos que um percentual das resinas será exportado ao
mercado latino-americano. Além da oferta de produtos de qualidade
e atendimento de classe mundial, os clientes na região contarão com
o suporte do time de assistência técnica e P&D para PE.
Plástico faz uma limpa no metal
Uma pergunta para Gustavo Hirsch, diretor industrial da Kärcher Brasil,
subsidiária da alemã Kärcher e fabricante de eletrodomésticos para limpeza de
casa & jardim e profissional em sua unidade em Vinhedo (SP).
PR – A Kärcher produz há 40 anos no Brasil. Como avalia esta crise e,na
esfera dos plásticos, qual a relevância do material na manufatura em Vinhedo?
Hirsch – O momento é bastante delicado; a crise econômica e hídrica
afeta direto toda a indústria, no plano geral.Para manter a participação de
Hirsch
mercado nessa conjuntura, promovemos recentemente a ação de marketing
‘Meu dinheiro de volta’, pela qual quem adquirisse determinado produto
teria uma parcela do valor restituído em sua conta bancária. O sucesso nos animou a repetir a ação
no período do Natal. A propósito, nosso carro-chefe na linha casa & jardim é a lavadora de alta
pressão K 2500 Black. Em produtos como este, polipropileno (PP) é o plástico dominante, mas
também usamos polietileno e copolímero de acrilonitrila butadieno
estireno. Aliás, compramos resina reciclada e reciclamos refugo
plástico em Vinhedo para reuso em linha. Os materiais plástivos
K.2500
nos proporcionam bom visual e redução de peso, além de evitarem
Black
a hipótese de corrosão e tudo isso com custo competitivo perante a
alternativa metálica. Devido às exigências de maior leveza e preços
competitivos, o emprego de plástico em nossos produtos tem aumentado nos últimos anos.
39
plásticos em revista
Outubro / 2015
Organograma
Evandro Cazzaro, gerente geral para a América do Sul da unidade
de negócios Beverage
Packaging da Husky,
fabricante canadense
de injetoras e periféricos, passa a responder
por todo o mercado
latino-americano.
Inovação
Waterbox & Lakefarm
Água muito viva
Duas sacadas com PE na garupa da infraestrutura capenga
A
crise hídrica em campo desde
o ano passado no Sudeste tem
continuidade garantida em 2016
e o cronograma das obras para
debelar o problema em São Paulo, de
término estipulado para 2017, já foi formalmetne reconhecido como furado. Nas
pegadas do preceito de que a necessidade
é a mãe da invenção, pelo menos duas empresas, Waterbox e Lakefarm, afloram com
patenteadas sacadas para reúso de água
nas quais o plástico é a alma do negócio.
O ponto de partida da Waterbox,
conta sua diretora comercial Tamy Cenamo, foi a concepção de uma mini cisterna
de múltiplos usos, apta a armazenar água
limpa, de reúso ou da chuva. “Assim era
fundamental que fosse um produto de
qualidade garantida com especificações
bem definidas dos plásticos virgens,
pois materiais reciclados poderiam conter
contaminantes”, observa Tamy. Segundo
assinala, diversos usuários têm adquirido
os tanques Waterbox para estocar água
limpa para cozinhar. “Essas pessoas chegam à noite em casa e são surpreendidas
pela falta de água na torneira”.
Tamy e sua equipe começaram o
projeto em janeiro último tendo em mente
o chamariz do design e o conceito multifuncional. “Estamos vivendo rigorosa crise
hídrica impondo uma série de restrições ao
armazenamento de água e isso nos abriu
os olhos para a falta de boas soluções inteligentes, práticas e bonitas para estocar”.
Dos brainstroms saiu a ideia dos tanques
rotomoldados verticais, tipo slim, talhados
em especial para áreas onde o abasteci-
Tamy Cenamo: PE rotomoldado para captar água.
mento tem perdido regularidade. Tamy
retoma o fio especificando como matéria-prima polietileno de média densidade
linear base hexeno aditivado com agente
anti UV. As cores selecionadas, distingue,
são isentas de metais pesados, permitindo
o uso na captação de água limpa e mesmo
o contato com alimentos. As quatro opções
da palheta (bege, vermelho, laranja e verde)
são opacas. “Para inibir a passagem de
luz, minimizando a formação de algas no
interior das cisternas”, justifica a diretora.
Adequados para uso interno e externo, os tanques Waterbox podem ser
utilizados em ambientes interiores para
estocar água potável (como uma caixa
d'água comum) ou para armazenar água de
reúso (da máquina de lavar, por exemplo).
Em ambientes externos, pode ser uma
ferramenta para captação de águas pluviais.
Numa fase posterior, adianta Tamy, a Waterbox estuda ampliar a linha de modelos e
produzir um tanque específico para captar
e armazenar chuva. “Nesse caso, a opção
por um material reciclado é coerente,
adequada e sustentável”, argumenta. Cada
cisterna possui 1,77 m de altura, 0,55 m de
40
plásticos em revista
Outubro / 2015
largura e 0,12 m de profundidade, comportando até 100 litros de água. Com design
modular, os tanques Waterbox permitem
conexão entre as unidades, dependendo da
necessidade e disponibilidade de espaço.
“Não consultamos empresas de
plástico mpara pensar no produto; focamos
no que percebemos para melhorar a gestão
da água e seu uso consciente, estimulando
novos comportamentos”, afirma Tamy.
“Criado o projeto, recebemos apoio e dicas
em termos de moldes, materiais, cores e
componentes complementares”. Responsável pelo conceito da peça e projeto de
design, a Waterbox optou por terceirizar a
produção com não revelada transformadora
na ativa em Indaiatuba (SP). Os moldes,
patentes e desenhos industriais registra-
Waterbox: sistema modular com capacidade de
armazenamento para 100 litros.
dos, explica Tamy, são de propriedade da
Waterbox e os tanques são produzidos com
exclusividade para ela. Nessa fase inicial,
encaixa a diretora, era importante participar
do processo produtivo e poder integrar as
empresas foi um fator decisivo para a parceria. “Em nosso modelo de negócios nada
impede que, no futuro, firmemos acordos
com fabricantes em outros Estados para
diminuir os gastos com logística que, num
produto como o nosso, são impactantes”,
acena a diretora comercial.
Aguawell: economia expressiva de água por ano.
Flavia Jensen: em busca de distribuidores para
ampliar as vendas.
A Waterbox depositou patente nacional para sua minicisterna, esclarece Tamy,
e tem prazo de um ano para depositar os
PCTs (tratado multilateral que permite
requerer a proteção patentária de uma
invenção, simultaneamente, num grande
número de países, por intermédio do depósito de um único pedido internacional
de patente). Além disso, a empresa providenciou registro da marca, do desenho
industrial e de possíveis variações na
forma. “Acreditamos em nosso conceito e
potencial. É importante que todas as formas
de assegurar direito de propriedade sejam
mantidas”, assinala Tamy.
A produção dos tanques Waterbox
teve início em junho último e as primeiras
vendas, a partir de julho. Em 3,5 meses de
atuação, a empresa abriu 40 revendas em
15 cidades. “Estamos negociando a entrada
em algumas redes varejistas e firmando
parcerias com representantes em outros
estados”, informa a diretora. Entre os chamarizes para a divulgação dos tanques , ela
frisa propriedades como as contaminações
zeradas. “A água fica estocada em reservatório fechado, longe de poeira, mosquitos,
vermes e ratos”, ela conclui.
Pensando em soluções práticas para
enfrentar a crise hídrica, a Lakefarm bolou
o Aguawell, um coletor plástico compacto
para reaproveitamento da água do chuveiro
durante o banho. Com capacidade para
seis litros, ele permite que a água limpa
coletada possa ser reutilizada na descarga
do vaso sanitário, na lavagem de louças
e pisos ou mesmo para regar plantas,
orienta Flavia Arantes Jensen, diretora
executiva da empresa dedicada à criação,
desenvolvimento e vendas de utilidades
domésticas. Segundo ela, a ideia brotou
no início de 2015 através de um coletor
de água utilizado na Colômbia. “Com o
modelo totalmente modificado e patenteado, lançamos em junho passado o produto
41
plásticos em revista
Outubro / 2015
via financiamento coletivo (crowdfunding),
através da plataforma on line Kickante”,
conta ela.
O produto, detalha a executiva, tem
três partes: um container soprado com
polietileno de alta densidade (PEAD), uma
tampa de rosca injetada e uma segunda
tampa antidengue, também moldada por
injeção. Mesmo que a água coletada não
seja para consumo e a Lakefarm seja
isenta de responsabilidade jurídica, na
eventualidade de ingestão dessa água,
Flavia entende que a empresa tem dever
moral de reduzir o risco no caso de uso
indevido. “Por isso escolhemos o plástico
virgem para o Aguawell”, sustenta.
Após acertar a finalidade do coletor,
sua forma e preço, a Lakefarm encomendou a ferramenta para moldagem da peça
e deu inicio à produção. O fabricante parceiro selecionado para o Aguawell opera
embalagens para diversas aplicações e,
por conta disso, a direção da empresa
considerou desaconselhável misturar
resina virgem com reciclada, evitando
Inovação
Waterbox & Lakefarm
assim a contaminação das máquinas.
“Não precisamos da ajuda de terceiros
nesse desenvolvimentos,pois nossa
empresa está familiarizada com a concepção de artefatos de plástico (veja box)”,
observa Flávia. O Aguawell, ela sustenta,
economiza uma quantidade significativa
de água por ano. “Mas continuamos a
investigar a necessidade do mercado em
outros produtos para poupar água”.
Como o componente principal do
Aguawell é o container, a diretora informa que a Lakefarm buscou parceiro em
sopro. Depois de avaliar de quatro a cinco
empresas, a Newsul Embalagens e Componentes foi a escolhida para a conversão
da peça. “Foi a que mais nos agradou pelo
profissionalismo, sistema de qualidade,
flexibilidade, diferentes localizações de
fabricação, com altos padrões que pudessem também nos atender em demandas
e exigências para exportação”, observa
Flávia. A Newsul, por sua vez, conta com
equipe de desenvolvimento que demonstrou uma “boa química”, diz Flávia, com
o time da Lakefarm, passo essencial para
o processo de amadurecimento da produção em alta escala, relata a dirigente,
completando que a parceria incluiu um
ferramenteiro apto a atender o projeto na
confecção dos moldes de sopro e injeção.
Também a escolha da Dow Brasil como
fornecedora da resina foi fundamental,
dado o interesse demonstrado por produtos sustentáveis”, comenta Flávia.
Com relação à patente, a diretora informa que o modelo de utilidade nacional
será deferido em breve. A Lakefarm cogita
ampliar a comercialização do Aguawell a
outros países mas, nesse caso, a empresa
depende de pesquisa de patentes para não
violar as já existentes. “Para a Lakefarm,
a patente não é essencial, mas pode ser
uma barreira para outras empresas nos
copiarem. O importante é fazermos um
produto com custo competitivo e prestar
serviço de alto nível para o cliente”,
sublinha Flavia. Até o fechamento desta
edição, Aguawell estava disponível para
compra apenas pelo site da Lakefarm, mas
a empresa negocia com distribuidores em
potencial para expandir a partir de dezembro a venda do produto a outros canais. •
Verdadeira barbada
Segundo maior consumidor de lâminas de
barbear do mundo, o Brasil
mobiliza mais de 1 bilhão
de unidades por ano, constata a Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial
(ABDI). Além de onerosa
para os usuários, essa demanda acumula lixo não
Leg-Blade Hugger: barbeador de TPE
degradável. A ideia de intercom vida útil cinco vezes maior.
ferir na cadeia, estendendo
a vida útil de barbeadores
convencionais, levou a Lakefarm a criar e patentear o Blade Hugger, suporte
e limpador à base de elastômero termoplástico (TPE), que prolonga a vida do
barbeador em até cinco vezes, garante Flavia Arantes Jensen, diretora executiva
da empresa especializada em utilidades domésticas. Segundo ela, um barbeador
masculino dura em média de duas a quatro semanas. “Blade Hugger propicia uma
economia fantástica. Por exemplo, se um barbeador custa R$ 10 e dura quatro
semanas, em um ano a economia totalizará R$ 104”, orça a executiva.
Segundo Flávia, lâminas de barbear não perdem o fio facilmente. Elas apenas ficam sujas. Blade Hugger remove o material orgânico que se acumula na
extremidade das lâminas e, dessa forma, prolonga a vida do barbeador, explica.
“Funciona como nos velhos tempos, quando se afiava navalhas em tiras de couro”,
ela compara. Além de promover a limpeza do barbeador, o Blade Hugger serve
também para pendurar o aparelho, podendo ser fixado na parede do banheiro ou
box ou ainda apenas usado solto na bancada da pia.
Da mesma forma que o coletor Aguawell (ver à pág. 40), o Blade Hugger
é uma criação da Lakefarm, com projeto viabilizado pela plataforma Kickante de
financiamento coletivo (crowdfunding). O parceiro para a produção da peça é a
tranformadora Valplas e, conforme Flavia, o TPE foi escolhido pela facilidade de
se injetar. “É uma combinação de alta durabilidade, com resistência de fricção
suficiente e podemos ajustar a dureza como desejarmos”, observa ela. O nome
“blade hugger”, ela admite, é inteligível ao grande público daqui. “mas brasileiro
adora nome estrangeiro e chamar o produto de ‘abraçador de lâmina’ não soa
muito sexy”, ela argumenta. “Além do mais, queremos exportar!”
42
plásticos em revista
Outubro / 2015
top do mês
ANUNCIE EM
PLÁSTICOS EM
REVISTA
(11) 3666-8301
[email protected]
43
plásticos em revista
Outubro / 2015
sustentabilidade
Paulo Francisco da Silva
Só o discurso é lindo
Na vida real, a indústria da reciclagem
é tratada com indiferença
E
mbora endeusada nos palanques
verdes, o setor de reciclagem
de plásticos trafega com cores
bem menos charmosas em seu
dia a dia, seja por razões inerentes à
própria indústria, caso da presença de
paraquedistas despreocupados com a
excelência na produção, e por motivos
notados fora dela, como a carga tributária
e a instabilidade no fluxo de suprimento
da matéria-prima a ser recuperada. Sem
papas na língua, bem ao seu estilo, Paulo
Francisco da Silva, diretor comercial
da recicladora Neuplast e sumidade no
ramo, descasca o abacaxi da realidade
do setor nesta entrevista.
PR – Como o poder público enxerga
a indústria recicladora?
Silva – A reciclagem vem sofrendo
ataque do governo em todas as esferasfederal, estadual ou municipal –, na
forma de negativas de desoneração de
folha, a não concessão de ICMS subsidiado pelo governo de São Paulo, pela
não implantação das coletas seletivas
previstas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e não cumpridas
pelas prefeituras e, pior ainda, com a
anuência do governo federal que prorroga ao máximo essa situação e já lá se
vão mais de quatro anos da promulgação
da lei. Fala-se muito de atitudes e posicionamento ambientalmente corretos, a
chamada onda verde, com lindos eventos
em Brasília, na frente parlamentar e por
Silva: recicladores vistos como lixeiros.
aí vai. Na prática, os chamados agentes
ambientais que somos nós, os recicladores, temos de suportar o tratamento
dispensado a “lixeiros”, do tipo assim:
“precisamos de vocês para retirarem
nossos descartes mal cheirosos, mas
não os queremos ver”. Até mesmo
uma identidade tributária própria nos
é negada e, com isso, não temos uma
classificação fiscal de Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM) específica
para a atividade de reciclagem. Continuamos atrelados ao código NCM da
petroquímica
PR – Quais os principais entraves
relativos aos custos de produção do
reciclador?
44
plásticos em revista
Outubro / 2015
Silva – As sucatas ainda estão pesando muito na planilha de custos dos
materiais reciclados. A atual redução da
atividade industrial diminui muito a oferta de refugo pós industrial ao mercado
de reciclagem.
Outra dor de cabeça nos custos: a
mistura de materiais de diversas partes
do mundo, com catalisadores metálicos
diferentes entre si e que nos chegam
como sucata pós-consumo (lixo doméstico). Isto porque, além de muito úmida
devido ao clima tropical, a sucata plástica brasileira vem em geral mesclada com
restos de lixo orgânico, sem falar na mistura de materiais diferentes e por vezes
incompatíveis na reciclagem mecânica,
a exemplo de PET com polipropileno
(PP). Em média, temos de 30% a 35%
de quebra de produção na utilização
dessa matéria-prima para podermos dar
garantia aos reciclados que fornecemos.
Claro que isso encarece muito os custos
e o preço final para o cliente.
PR – E qual o peso da energia
elétrica?
Silva – É outro fator que nos mata
lentamente. Analisando as contas de
energia elétrica, de novembro de 2014 a
outubro de 2015, constamos aumento de
59%. Porém, as operadoras passaram,
de forma unilateral todos os grandes
consumidores da bandeira verde para a
vermelha e, assim, os reajustes foram a
absurdos 136%, incluindo os citados
59%. Some-se a isso a queda no nosso
consumo e teremos então um incremento
que beira os 210% no KW/h.
PR – O dólar tem afetado muito o setor?
Silva – Minha empresa trabalha
com sucata pós consumo para produzir
materiais com elevadas exigências
técnicas.Nesse sentido, o emprego de
aditivos é fundamental em todas as
formulações. Dada a falta de similares
locais desses auxiliares, o jeito é importar ou comprar dos representantes
exclusivos. Chegamos a fechar compras
de aditivos com o dólar a R$ 4,17, sob
o risco de não poder manter a produção
de alguns itens. No quadro atual, não há
como repassar preços; a pressão é para
mantê-los. Mas, ainda assim, a Neuplast
entrou em novos campos de aplicação,
mercados antes muito reticentes ao uso
de reciclados devido à sua fama e falta
de repetibilidade de lote a lote. O câmbio
volátil nos ajuda na medida em que os
materiais virgens sofrem majoração
nos preços, devido à cadeia petroquímica dolarizada e atrelada ao mercado
internacional. Alie-se a isso a pressão
do mercado consumidor por redução de
preços e abre-se a oportunidade para o
reciclado de boa qualidade.
PR – A cultura do desenvolvimento
sustentável nas empresas tem gerado
retorno concreto para o reciclador?
Silva – É outro fator a ajudar o
negócio. Regulamentações de companhias que contemplam o uso de
polímeros reciclados em componentes
são repassadas a suas subsidiárias
no mundo inteiro. Já sentimos esse
reflexo no Brasil em ramos como de
embalagens multicamada de óleo automotivo e produtos de limpeza contendo
reciclado na camada central. Tubulações
para telecomunicações são outro nicho
em crescimento e passa longe dos
aventureiros descompromissados com
a qualidade no setor de reciclagem. As
rígidas exigências técnicas para esses
dutos nos forçaram até a ir ao exterior
em busca de aditivos específicos para
recuperar as características e propriedades demandadas para os materiais
recuperados ali empregados.
PR – Essa busca de qualidade também não converge para a necessidade de
automatizar o processo?
Silva – Nossos fornecedores estão
sendo pressionados para atender as
normas trabalhistas e de segurança tipo
trabalho de inclusão social com dignidade. Além do mais, o emprego desses
avanços tecnológicos são justificados
pela conjuntura atual de resinas virgens
cada vez mais caras e da pressão dos
custos sobre as empresas. Elas usam
e reusam o material virgem até não ter
mesmo como aproveitá-lo, oferecendo-o então como sucata, por vezes sem a
menor condição de ser utilizada pelo
reciclador.
PR – Combinado com a crise, esse
quadro imobiliza de vez o reciclador?
Silva – Não posso falar por todos.
Produtos de limpeza, óleo vegetal e automotivo: reciclado premium no sopro.
NR12. Com isso, eles diminuíram muito
o número de pessoas utilizadas na produção e, desse modo, a qualidade das
sucatas pós consumo está bem pior. O
que aumenta o trabalho de pente fino do
refugo a ser processado pelo reciclador.
É nesse momento que sentimos a falta
dos equipamentos da separação por
infravermelho, em uso global crescente
enquanto o Brasil ainda engatinha na
adoção dessa tecnologia. Ela aumenta
muito a produtividade, a renda e a segurança do trabalho de seus usuários.
Proporciona um aumento significativo
na quantidade e qualidade da sucata a
ser recuperada. Uma pena que o poder
público não demonstre enxergar esses
méritos, pois têm a ver com um belo
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plásticos em revista
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Mas decidimos na Neuplast que só nos
resta antecipar projetos com novos
clientes – temos 39 em andamento. Toda
a equipe técnica está na rua, oferecendo
serviços e expertise. Os resultados já se
refletem em aumento do faturamento.
Não há uma fórmula mágica. É como
se descolássemos da crise política e
olhássemos apenas o mercado como
algo independente. As soluções então
se apresentam, as necessidades surgem
e os resultados se concretizam. Aqui na
empresa temos um preceito: em qualquer
situação sempre há alguém ganhando
recursos. O que nos impede de ser quem
vai faturar? Nada. É uma questão de postura! Temos que pensar “fora da caixinha”
para driblar este momento político.•
IMAGEM
PLÁSTICO
T
A única solução
ão estridentes para baixar a lenha
quando bem entendem, os xiitas
verdes fazem cara de paisagem
quando o plástico se mostra uma
solução única, sem regra 3. Esse mutismo
transparece, em particular, em situações
de calamidade pública. Está aí, por exemplo, o rompimento de barragem de Mariana, tragédia na qual a lama assassinou o
rio Doce, pôs em estado de emergência
uma fieira de municípios mineiros, ceifou
vidas, a flora e a fauna por mais de 500
km, até poluir o litoral capixaba.
Enlutada e privada de água limpa
para consumir, a população ribeirinha,
tal como ocorre na crise hídrica sem fim
à vista no Sudeste, tem sido socorrida por
duas aplicações plásticas: os garrafões
retornáveis e, em especial, os tanques
rotomoldados. Não fosse a serventia desses produtos transformados, o desastre da
barragem da Samarco teria sua gravidade
amplificada pela necessidade de uma
desocupação às pressas do território
esganado pela lama dos rejeitos de ferro.
O Grupo Fortlev, nº1 no país em
caixas d’água e grandes reservatórios de
polietileno rotomoldado, tem participado
do atendimento à população vitimada pela
tragédia. A propósito, Evandro Sant’Anna,
diretor comercial e de marketing da empresa, conta que, nos 10 dias seguintes ao
desastre em Minas, as vendas de tanques
de maior litragem em geral, inclusas todas
as marcas, aumentaram 35% e depois
retomaram a normalidade. Antes do rompimento da barragem, ele nota ter passado
pela mesma situação no Estado que sedia
a Fortlev, o Espírito Santo. “Observamos
um aumento de 30% na demanda desses
Desastre na região do rio Doce: água limpa assegurada por tanques rotomoldados.
reservatórios nas cidades submetidas à
crise hídrica”, rememora.
Esses tempos de racionamento de
água, “em especial em regiões metropolitanas”, frisa Sant’Anna, tem intensificado
a vocação da Fortlev para soluções de
estocagem de grandes litragens – seu
portfólio vai até 20.000 litros. “Ainda este
ano, lançaremos para o Espírito Santo
uma caixa d’água rotomoldada para estocar 10.000 litros”, adianta. A Fortlev, ele
sustenta, é pioneira mundial nesse tipo de
reservatório. “Ele se diferencia por aliar as
características de uma caixa convencional
de PE com uma grande capacidade de
armazenagem”, ele explica.
Para situações como a do desastre
na região do rio Doce, a Fortlev oferta
o tanque Fortplus para água potável,
disponível em versões de 310 a 20.000
litros, com proteção anti UV e tampa com
¼ de volta. “Permite a vedação perfeita do
reservatório”.
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Sant’Anna: demanda em alta para
grandes litragens.
Sant’Anna não enxerga o mercado
de reservatórios intocado pela recessão,
embora a procura por tanques da Fortlev
tenda a captar em 2016 respingos da
crise hídrica à solta no Sudeste. “Mais
do que aumento de vendas”, coloca o
diretor, “essa crise está aumentando a
conscientização a respeito do consumo de
água e é essa evolução na mentalidade da
população que aplaudimos”. •

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