Revista NOV/DEZ 2013
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Revista NOV/DEZ 2013
REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:33 Página 1 FAEMGISENAR Ano 1 - Número 1 - Novembro/Dezembro 2013 Daniel Mansur Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais ■ Serviço Nacional de Aprendizagem Rural AR-MG CÓDIGO FLORESTAL MINEIRO Produção e preservação FLOR DAS GERAIS | Empresa CONSÓRCIO | Criatividade alia tradição e qualidade marca reuniões mensais em Felixlândia do GQC REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:37 Página 2 BA 9 DF Cidades citadas nesta edição 42 23 MG 24 13 GO 3 18 20 16 30 41 26 21 12 40 19 6 28 15 34 25 27 32 29 1 SP 8 11 7 44 33 14 35 43 39 5 37 Alpinópolis Antônio Prado de Minas Aricanduva Barão do Monte Alto Barbacena Belo Horizonte Boa Esperança Botelhos Buritis Campanha Campo Belo REVISTA FAEMG|SENAR 12 Campos Altos 13 Capelinha 14 Carandaí 15 Conceição das Alagoas 16 Curvelo 17 Eugenópolis 18 Felixlândia 19 Frutal 20 Ipiaçu 21 Jequitibá 22 Juiz de Fora ES 22 10 36 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 38 17 2 31 4 23 Juramento 24 Machacalis 25 Manhuaçu 26 Nova Ponte 27 Ouro Preto 28 Pará de Minas 29 Passos 30 Patrocínio 31 Patrocínio do Muriaé 32 Piumhi 33 Santo Antônio do Amparo RJ 34 São Domingos do Prata 35 São João del Rei 36 São Lourenço 37 Tabuleiro 38 Tombos 39 Três Corações 40 Uberaba 41 Uberlândia 42 Unaí 43 Varginha 44 Viçosa Avenida Carandaí, 1.115 – 3º/7º andares – CEP: 30130-915 - Fones: (31) 3074-3015 e 3074-3094 – www.sistemafaemg.org.br – facebook.com/SistemaFaemg – Twitter: @sistemafaemg Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural AR-MG FAEMG PRESIDENTE Roberto Simões VICE-PRESIDENTES Afonso Luiz Bretas, Alberto Adhemar do Valle Júnior, Antônio Pitangui de Salvo, Délio Prado Lopes, Domingos Frederico Netto, Jerônimo Giacchetta, José Éder Leite, Lino da Costa e Silva, Luciano Ramos Lauar de Castro, Renato José Laguardia de Oliveira, Ricardo Quadros Laughton, Rivaldo Machado Borges Júnior, Salviano Junqueira Ferraz Júnior, Sebastião Tardioli, Thiago Soares Fonseca DIRETORES SECRETÁRIOS Marcos de Abreu e Silva, Rodrigo Sant’Anna Alvim DIRETORES TESOUREIROS João Roberto Puliti, Breno Pereira de Mesquita CONSELHO FISCAL Geraldo Ferreira Porto, Jadir Maurício Lanza Rabelo, João Vicente Diniz SENAR MINAS PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO Roberto Simões SUPERINTENDENTE Antônio do Carmo Neves REVISTA FAEMG|SENAR Editado pela Assessoria de Comunicação ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO Lauro Diniz JORNALISTAS Carla Medeiros, Ciara Albernaz, Flávio Amaral, Ludymila Marques, Silvana Matos PROJETO GRÁFICO E EDIÇÃO DE ARTE BravaDesign Os artigos assinados e declarações são de inteira responsabilidade dos autores. 2 www.sistemafaemg.org.br JB Mídia REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:41 Página 3 4 14 6 7 8 17 18 NEGÓCIOS JURÍDICO CAPA | Minas Gerais tem nova Lei Florestal e de Biodiversidade BALDE CHEIO | Receita de fazenda em Buritis fica 11 vezes maior em menos de 1 ano capacitação do SENAR, família investe nos negócios 4 Café | Os mineiros não querem apenas produzir. Pretendem transformar o estado em centro de comercialização e sede de feiras, exposições, concursos, fóruns técnicos sobre mercado, produção e qualidade. 24 SINDICATOS 27 AGENDA 28 INOVAÇÃO & TECNOLOGIA | Aproveitamento da gravidade em irrigação elimina gastos com energia 30 INVENTORES DO CAMPO | Produtor de Frutal inventa máquinas para plantar e colher abacaxi GQC | Em Machacalis, reuniões mensais motivam grupo 20 ACONTECE 22 CASO DE SUCESSO | Após SUMÁRIO 32 PERFIL INSTRUTOR | Luana de Paula 33 PERFIL MOBILIZADOR| Sebastião Oliveira Cortat 34 TURISMO RURAL | Os encantos de Uberaba 35 ARTESANATO | A valorização das tradições locais 36 VOCAÇÕES | Jovens empreendedores em São Domingos do Prata 37 CERIMONIAL & EVENTOS | Aprenda a cumprimentar em eventos sociais 38 COMIDA DE FAZENDA | No Sindicato de Boa Esperança o preparo do porco é à paraguaia Entrevista | Eliseu Alves O futuro do agronegócio brasileiro depende de estabilidade política e econômica e do desenvolvimento de inovações tecnológicas FAEMG | SENAR 3 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:41 Página 4 ENTREVISTA ELISEU ALVES O futuro do agronegócio Daniel Medeiros O Brasil está preparado para aproveitar as oportunidades do mercado global? Totalmente. Não só para responder à demanda dos próprios brasileiros quanto à do mercado externo. Temos numerosos produtores eficientes, capazes de enfrentar qualquer desafio. Temos instituições competentes e preparadas para apresentar soluções tecnológicas a fim de aproveitarmos o momento. O país é competitivo e tem uma pauta extremamente diversificada. Somos o primeiro em venda de muitos produtos. E lembrar que antes exportávamos apenas café... Não há sinal melhor da nossa competitividade do que conseguirmos atender à demanda de uma população de 200 milhões de pessoas e ainda crescermos nossas exportações. As coisas estão muito boas para o Brasil. E a situação de Minas Gerais? As próximas décadas serão muito favoráveis ao agronegócio. Com o aumento da população e do poder aquisitivo, haverá demanda crescente por alimentos, desafiando o campo a produzir cada vez mais, com maior qualidade e de forma sustentável. O engenheiro agrônomo Eliseu Alves analisa as perspectivas da agricultura brasileira. Sobre Minas Gerais, aconselha o estado a investir em produtos de valor agregado mais alto. 4 www.sistemafaemg.org.br Também. Temos agricultores, universidades e serviço de extensão rural competentes. A Emater está presente no estado todo e faz um ótimo trabalho. Minas tem infraestrutura e sistema financeiro, ou seja, tem tudo de que precisa para produzir e exportar. O estado reflete muito bem o padrão da agricultura nacional. Dispõe de excelentes universidades federais e competente sistema privado, além de ter a Epamig e contar com a presença da Embrapa. Está tudo pronto para aproveitar isso. A única ação que recomendo a Minas é investir mais na Epamig, pois é ela que cuida das questões específicas da agricultura mineira. Onde estão essas oportunidades: no mercado interno ou no externo? Temos no Brasil uma situação interessante. Já entramos em fase de de- REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:41 Página 5 créscimo populacional e passamos pelo processo de êxodo rural. É claro, temos demanda crescente por alimentos, impulsionada pelo aumento do poder aquisitivo dos brasileiros. Mas a população mundial continuará crescendo até 2050 e migrando do campo para as cidades. Do ponto de vista da agricultura brasileira, quanto mais o resto do mundo crescer, melhor. De qualquer forma, não precisamos esperar por esse futuro. Mesmo que o crescimento da população parasse hoje, ainda há muito espaço para a demanda de alimento crescer. Já temos estoque de gente com capacidade de comer, maior que a demanda atual, e, à medida que a renda dessas pessoas aumenta, sobe o consumo de alimentos e aumentam as oportunidades para o agronegócio brasileiro. A que atribui o sucesso do agronegócio nacional? Estudos sobre a agricultura brasileira apontam que mais de 65% do crescimento da nossa produção foi em razão da tecnologia, 25% do trabalho de alta qualidade e 10% é crescimento da terra. Neste último ponto, Minas Gerais tem situação diferente do resto do país. A fronteira agrícola externa está esgotada, mas dentro de cada propriedade, mesmo com a nova legislação ambiental, há espaço para ocupar mais áreas. Principalmente por meio do aproveitamento de pastagens degradadas. Como a Embrapa está se preparando para esse futuro promissor? Uma parte grande do portfólio está voltada para os problemas atuais. Doenças das mais variadas, mas já conhecidas. A outra tem foco na biologia avançada, que abrange a engenharia genética. As pesquisas nessa área já estão tendo grande impacto na produção de alimentos, na produtividade e na sustentabilidade da agricultura. Já desenvolvemos boa parte dos princípios fundamentais, a parte de ciências básicas. Mas ainda é cedo para mensurar os resultados que podem ser gerados, tamanho é o potencial. Quais são os desafios e obstáculos a serem superados pelo agronegócio? Se tivesse que nomear um problema como principal entrave da agricultura, seria a infraestrutura. Pelo Estudos sobre a agricultura brasileira apontam que mais de 65% do crescimento da nossa produção foi em razão da tecnologia, 25% do trabalho de alta qualidade e 10% é crescimento da terra. menos temos a firme disposição do governo em resolvê-lo. Também podemos melhorar o acesso ao crédito externo. O sistema financeiro para crédito agrícola está muito desenvolvido tanto interna quanto externamente. Estão suficientemente aparelhados para apoiar a agricultura. Mas o acesso a recursos externos é intermediado pelas multinacionais. Elas pegam o crédito e repassam aqui. Essa parte pode melhorar. Os produtores reclamam muito da mão de obra. Esse não seria um entrave também? O encarecimento da mão de obra não é entrave. Não participo dessa ideia. Ao contrário, acho que isso é um incentivo enorme para a modernização da agricultura brasileira. Muitas empresas do agronegócio estão migrando para o Centro-Oeste. Em Minas, até produtores estão sendo cooptados. Isso é sinal de que estados com tradição agrícola, e principalmente Minas Gerais, estão perdendo competitividade? Não. Isso é a lei de mercado e é ótimo que esteja acontecendo. É normal que, de tempos em tempos, um estado se destaque por uma vantagem competitiva. Agora é a vez de Tocantins e Goiás, que têm grandes extensões de terra e atraem com a possibilidade de mecanização. Os produtores têm que ir, afinal eles são empresários. É bom ter grande mobilidade de produtores, isso ajuda a economia como um todo. Minas Gerais já fez o mesmo quando ocupou o Cerrado. Agora é a vez do Centro-Oeste. Quais são as alternativas que Minas Gerais deveria explorar para expandir seu agronegócio? O estado deve investir na produção de alto valor agregado, como frutas e hortaliças. Já está tudo pronto, falta apenas concluir a implantação do projeto Jaíba. Minas já tem uma avenida para seguir, agora tem que explorá-la. O produtor brasileiro é receptivo às inovações e tecnologias? Ele não tem opção. Ou adota as novas tecnologias ou fica pobre. Como já disse, a tecnologia é a principal responsável pelo sucesso da nossa agricultura. Incluiu, por exemplo, os pequenos proprietários de terra no agronegócio. No Rio Grande do Sul há numerosos pequenos estabelecimentos que têm grande produção. No Nordeste irrigado ocorre a mesma coisa. Minas Gerais tem padrão de pequena propriedade na Zona da Mata, nas áreas de café no sul do estado, tem experiências de irrigação que fazem o sucesso do norte e do Cerrado. Inovar faz parte, não é escolha. Como o senhor vê o futuro da agropecuária brasileira? O futuro é promissor, mas pressupõe uma conjuntura favorável. A agricultura brasileira precisa de estabilidade macroeconômica. Nos últimos 20 anos, essa estabilidade tem vigorado bem, mas se forem eleitas pessoas com ideia diferente da que está predominando, ninguém pode prever o que acontecerá. Eliseu Alves Doutor em economia rural, o engenheiro agrônomo está há mais de 50 anos trabalhando pelo desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Mineiro, iniciou a carreira como pesquisador da Emater-MG. Integrou o grupo de trabalho que idealizou a Embrapa. Fez parte da primeira diretoria da empresa e a presidiu entre 1979 e 1985, quando a instituição foi consolidada e tornouse respeitada no Brasil e no exterior. Também foi presidente da Codevasf. Desde 1990, é pesquisador da Embrapa, na área de política agrícola, desenvolvimento institucional e economia de produção, e, atualmente, é assessor do presidente. FAEMG | SENAR 5 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 6 Elias Kfoury NEGÓCIOS Unidades avançadas Campos Altos, Patrocínio, Piumhi e Santo Antônio do Amparo são sedes de novas unidades avançadas da Cooxupé. Com o investimento, a cooperativa expande sua área de atuação e conquista novos associados, e os cafeicultores locais passam a ter acesso a assistência técnica gratuita e maior facilidade para comercializar a safra, adquirir insumos e financiamentos. Campo Florido Premiado O SENAR MINAS foi um dos vencedores do VII Prêmio Minas Gerais de Desenvolvimento Econômico ASSEMG – MercadoComum 2013. Ao completar 20 anos de fundação, a entidade foi premiada na categoria Relevância Empresarial/Institucional por sua “tradição, competência e perpetuidade”. As cores e o perfume das flores se espalham pelos campos. Não porque estamos na primavera, mas porque a floricultura está em expansão. Em Minas Gerais, quinto estado em cultivo, as flores já ocupam 397 hectares e geraram o terceiro maior faturamento no ramo do país – R$ 458 milhões – em 2012. O estado tem o segundo maior número de pontos de venda: 2.409, e muito mercado para crescer. Catálogo de doenças Já está disponível o Manual de Identificação das Doenças da Soja. A publicação foi lançada durante o 46º Congresso de Fitoterapia, a 11ª Reunião de Controle Biológico e a Expofito (Feira Tecnológica), eventos promovidos pela Universidade Federal de Viçosa e a Sociedade Brasileira de Fitopatologia no final de outubro, em Ouro Preto. O download do manual pode ser feito pelo endereço www.fmcagricola.com.br/coletaneafmc.aspx. Mais cavalos de potência A comercialização de máquinas agrícolas de maior porte está em expansão. Em vendas de colheitadeiras, por exemplo, o Brasil já aparece como segundo maior mercado do mundo, atrás apenas dos EUA. A demanda por máquinas mais potentes aumenta principalmente em regiões onde é possível ter mais de uma safra por ano. Este mercado prospera há dois anos, o que significa que os produtores estão capitalizados e empenhados em reduzir custos e ampliar a produtividade. Também reflete o investimento das empresas na “nacionalização” das máquinas, como o realizado pela líder em vendas CNH, que em 2012 passou a produzir tratores New Holland de 200 até 340 cv, na fábrica de Curitiba. Ainda espelha as condições favoráveis dos financiamentos do BNDES. Em Minas Gerais, quarto maior comprador de maquinário agrícola do país, as vendas aumentaram 10% de 2011 para 2012. Para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) o maquinário pesado “veio 6 www.sistemafaemg.org.br pra ficar”. Milton Rego, vice-presidente da entidade, disse que a tendência é alimentada pela alta do preço das terras e as restrições ambientais que exigem um “capital mais intensivo”. Segundo ele, o mesmo movimento já ocorreu na Argentina há uma década. CRESCIMENTO DAS VENDAS 2013 % Tratores acima de 200 cv Colheitadeiras classes 7, 8 e 9 2014 (estimativas) Crescimento entre 50 38% 30% e 40% CNH/Divulgação 2012 Estado São Paulo Rio Grande do Sul Paraná Minas Gerais Mato Grosso Unidades 13.843 10.470 9.564 8.409 5.394 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 7 JURÍDICO Praga persistente A voracidade, resistência e velocidade de alastramento da Helicoverpa armigera está assustando os produtores brasileiros. A safra 2013/14 mal começou a brotar e as lagartas já atacaram. Informações para lidar com essa praga capaz de infestar mais de 180 tipos de plantas chegam a todo o momento. Empresas vendendo defensivos que prometem um combate eficaz e sementes resistentes também. Para esclarecer os produtores, o SENAR Nacional está divulgando um vídeo com dados sobre o inseto e formas eficientes de controle. O material está disponível no portal do SENAR http://www.senar.org.br/noticias/videos. Café do Rei Divulgação Notificações indevidas Adiamento da dívida O CREA-Minas (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais) voltou a notificar produtores rurais, exigindo profissional da agronomia nas atividades rurais. A exigência está na contramão de decisões judiciais, que entendem que tanto produtores quanto agrônomos têm competência para gerir os rumos do agronegócio. Diante desta situação, a FAEMG recomenda a todos que forem autuados a se defenderem. Fique atento ao prazo estabelecido na notificação ou no auto de infração. Para mais informações procure o seu sindicato. A prorrogação do vencimento de débitos decorrentes de operações de crédito rural com recursos vindos do Funcafé independe de autorização do Banco Central, quando o produtor comprova frustração de safra, dificuldade de comercialização ou qualquer evento que comprometa o desenvolvimento da lavoura. A regra está prevista no item 9.2.4 do MCR (Manual de Crédito Rural). Mas para se beneficiar dela o cafeicultor deve protocolar, antes do vencimento, pedido no banco onde fez o financiamento, juntamente com laudo comprovando uma das três hipóteses. Para os demais casos, exceto recursos especiais, o produtor deve recorrer ao disposto no item 2.6.9 do MCR e tomar as mesmas providências. Pagamento indevido Em 2011, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional a Taxa de Segurança Pública que era exigida pela presença de policiais e viaturas em eventos promovidos por entidades privadas, entre os quais feiras e exposições (REsp 269374). A decisão se aplica a todos. Desta forma, não é mais devida a taxa. Caso tenha sido recolhida, poderá ser pedida a restituição – art. 145 da Lei 6763/75. A íntegra da decisão pode ser acessada pelo www.stf.jus.br. Suspensão de dissídio O Café Aranãs, produzido na Fazenda Alvorada, em Aricanduva, recorreu ao futebol para aumentar as vendas. A campanha publicitária tem como garoto-propaganda o ex-jogador de futebol Reinaldo. Um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, ele dá seu aval à excelente qualidade do café. Os anúncios são veiculados nos vales do Aço, Jequitinhonha e Rio Doce pelas TVs Globo e Alterosa, em rádios e pontos de venda. Os Sindicatos de Boa Esperança, Varginha e Três Corações ajuizaram ação cautelar para suspender os efeitos da sentença proferida pelo TRTMG (Tribunal Regional do Trabalho) no dissídio coletivo. O principal argumento foi a ausência, na ata de negociação inicial, de acordo para instauração do dissídio entre os sindicatos patronais e a categoria profissional. O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), suspendeu a decisão do TRT-MG até que os recursos sejam julgados. A ação de Três Corações já foi julgada e o resultado, publicado em 18 de outubro, foi pela extinção do dissídio. O leão está de olho A retificação da declaração de ITR (Imposto sobre Propriedade Territorial Rural) pode evitar problemas e gastos inesperados. O contingente de proprietários rurais notificados pela Receita Federal cresce a cada dia. Junto crescem também os transtornos e as despesas. O principal motivo é a declaração do valor da terra nua em valor venal muito inferior ao real. Por isso, vale a pena avaliar os dados declarados e, sendo necessário, apresentar uma retificadora. Mas, uma vez notificado, a saída é defender-se. A autuação poderá ser confirmada, caso não seja respondida no prazo estabelecido. E a consequência é a alteração para mais do valor do ITR e aplicação de penalidades que, em geral, são pesadas. A elaboração do laudo de acordo com os parâmetros técnicos também é fundamental para que a defesa seja bem-sucedida. As dúvidas podem ser esclarecidas no seu sindicato. FAEMG | SENAR 7 José Israel Abrantes REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 8 Alisson J. Silva - Diário do Comércio Minas Gerais alinhou a legislação estadual à federal com a edição da Lei Florestal e de Biodiversidade. Uma ação esperada e necessária para dar segurança jurídica à produção agrícola. A conquista veio mais de um ano após a entrada em vigor do Código Florestal Brasileiro. As discussões na Assembleia Legislativa duraram meses, mas culminaram em um texto final aprovado em setembro e homologado pelo governador em outubro. Cada proposta foi moldada em debates democráticos. Representantes do poder público, parlamentares dos diversos partidos, ambientalistas e produtores rurais estiveram envolvidos do início ao fim. A FAEMG foi assídua nas reuniões, com técnicos e diretores em todas as etapas de elaboração. Os sindicatos também foram ativos. Lotaram audiências públicas, apresentaram argumentos técnicos e acompanharam todo o processo. O resultado foi uma lei dentro do possível, buscando equilíbrio entre preservação ambiental e produção agrícola. Um dos temores do setor agropecuário era que a legislação mineira insistisse em ser bem mais rigorosa que a federal. A regra que vigia em Minas, a Lei 14.309/02, em alguns aspectos, inviabilizava e penalizava com rigor desmedido a atividade. Problemas com o descompasso entre as leis federal e estadual foram frequentes em todas as regiões do estado. Agora, com a nova legislação, isso deve acabar. O Código estadual seguiu a essência do federal. Ele preserva a atividade rural e aborda as peculiaridades de Minas. Também corrigiu impropriedades da Lei 14.309, agora revogada. “Minas Gerais tem agora uma legislação moderna, que equilibra com sabedoria dois fatores essenciais para a sobrevivência das atuais e futuras gerações: a produção de alimentos e a preservação ambiental. Um marco de que precisávamos muito e que garantirá maior segurança aos produtores de todo o estado. O que conseguimos foi uma conquista histórica. A nova legislação é essencial para incrementar a produção rural em Minas. Mas ainda temos muito que avançar.” Roberto Simões, presidente do SISTEMA FAEMG Ignácio Costa Arquivo FAEMG Lightpress REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 9 “Houve avanços significativos. O trabalho foi árduo e longo. Muitos debates, reuniões e audiências públicas com representantes dos produtores rurais e dos ambientalistas apresentaram contribuições fundamentais. Depois de muitas discussões, chegamos ao consenso. Construímos um projeto com o objetivo de adequar a legislação mineira ao Código Florestal Brasileiro, que respeita a produção rural e valoriza a preservação ambiental.” “Lutamos muito pela aprovação do novo Código. Esperávamos mais, mas compreendemos não ser possível porque a pressão era muito grande. O importante é que alguns pontos que nos preocupavam, como a questão das reservas – principalmente em pequenas propriedades – ganharam uma redação positiva, que corresponde à realidade, sem prejudicar a preservação do meio ambiente. O novo Código vai atender bem a classe rural.” “A nova lei foi muito bem aceita pelos produtores, principalmente a questão de Área Rural Consolidada, que permite a continuação das atividades agrissilvipastoris em APPs. Nossa região é muito montanhosa e os cultivos já são consolidados. A legislação mineira era muito restritiva e agora temos uma lei que se adequou ao Código Florestal federal. Nós estávamos perdendo terreno para outros estados.” Deputado Antônio Carlos Arantes, presidente da Comissão de Política Agropecuária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais Leonardo dos Reis Medeiros, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Passos Domingos Frederico Netto, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora FAEMG | SENAR 9 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 16:31 Página 10 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 16:31 Página 11 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 12 Ciara Albernaz “A Lei Florestal e de Biodiversidade é um avanço em relação à lei estadual revogada. A nova legislação permitirá que 88% dos produtores rurais se regularizem ambientalmente. Não causa grandes transtornos à manutenção da atividade e não afronta o meio ambiente. Tal como a federal, considerou o uso consolidado, tratou com especial zelo a pequena propriedade rural e a agricultura familiar, respeitou aqueles que atenderam e cumpriram a lei vigente à época, ante as sucessivas alterações que os dispositivos legais sofreram.” Wenderson Araújo - CNA Ana Paula Mello, coordenadora da Assessoria de Meio Ambiente da FAEMG Arquivo FAEMG Arquivo Dep. Zé Maia “Foi um projeto construído democraticamente. Lastreia-se em princípios constitucionais e nas normas gerais do Código Florestal. Sua grande conquista é a conciliação entre preservação e produção agrícola. A nova lei garante a área rural consolidada, permite o cômputo das APPs no cálculo do percentual da Reserva Legal de toda propriedade rural, exige a recomposição das APPs proporcional ao tamanho do imóvel e permite a compensação de RL por meio de doação ao poder público de área localizada no interior de Unidade de Conservação pendente de regularização fundiária.” “Antes, o setor produtivo estava angustiado, sem poder registrar a cédula de financiamentos, escritura e sem licenciamento ambiental para trabalhar. A Lei Florestal e de Biodiversidade é um grande avanço para o nosso estado. Discutindo conosco a elaboração de um texto que beneficiasse a produção, sem prejuízo ao meio ambiente, a FAEMG deu uma grande contribuição. Podendo cumprir as regras que envolvem a produção agrícola, visando o desenvolvimento sustentável, os produtores terão a indispensável segurança jurídica.” Ennia Guedes Bueno, advogada da FAEMG MOMENTOS QUE MERECEM DESTAQUE Deputado Zé Maia, presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ❚ Participação, com a maior representação estadual, dos produtores rurais mineiros na manifestação realizada em Brasília, organizada pela CNA, para demonstrar o interesse da classe rural brasileira na solução da questão ambiental; ❚ Presença constante e contínua de dirigentes e técnicos da FAEMG em todas as reuniões da CNA sobre o tema, levando a posição dos produtores mineiros; ❚ Reunião promovida pelo Sindicato Rural de Uberaba, com participação de mais de três mil pessoas, mostrando e convencendo as autoridades de que o Código Florestal antigo inviabilizava o desenvolvimento do agronegócio; Nestes três últimos anos, depois de ouvir sindicatos e produtores rurais das diversas regiões do estado, ficou claro que o mais premente dos problemas da classe era a questão ambiental. Uma lei antiga, o Código Florestal de 1965, não mais oferecia segurança jurídica para os produtores trabalharem na legalidade. Duas lutas foram, então, empreendidas. A primeira, pela reforma da lei federal e, a segunda, pela lei estadual. Todo o objetivo era uma lei que compatibilizasse razoavelmente a produção alimentar com a preservação ambiental. Editada a norma geral reguladora por meio do novo código federal – Lei 12.651/12, seguiu-se a luta para que os rigores da lei mineira não ultrapassassem a norma geral imposta para o país. 12 www.sistemafaemg.org.br ❚ Audiência pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada no Sindicato Rural de Pará de Minas, que alertou grande número de deputados estaduais sobre injustas exigências da política ambiental, mostrando o absurdo de que produtores tradicionais estavam sendo considerados criminosos ambientais; ❚ Acompanhamento constante e intenso de dirigentes e técnicos da FAEMG dos projetos da nova lei ambiental mineira, junto aos deputados estaduais e assessoria técnica da Assembleia Legislativa, até a formulação do texto final da nova lei aprovada, revogando a lei estadual até então vigente. REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 13 Ignácio Costa “Não tem tudo de que precisamos, mas a lei é boa. Abre espaço para corrigirmos penalidades e situações desconfortáveis impostas com base na lei revogada. Sua aplicação de agora em diante é que mostrará a sua adequação à nossa realidade.” Marcos de Abreu e Silva, diretor da FAEMG e advogado Arquivo Sindicato Arquivo Dep. Luiz Humberto Carneiro “Comandamos, junto com as cooperativas Cooagril, Canor, Capul e a Prefeitura Municipal de Unaí, uma verdadeira batalha buscando a aprovação pela Assembleia Legislativa de uma nova lei ambiental para Minas Gerais que, mantendo os princípios inerentes à sustentabilidade, fosse aprovada de maneira a não prejudicar a extraordinária produção que o noroeste de Minas Gerais vem alcançando.” "Todos os pontos do novo Código Florestal Mineiro foram discutidos incansavelmente. O resultado foi um texto que aperfeiçoa a legislação estadual, adequando-a ao Código Ambiental Federal, o que garantirá mais igualdade e competitividade com os demais estados. A nova legislação é essencial aos produtores mineiros. Procuramos dar condições para que a nossa produção continue tendo sucesso, sem penalizar a área ambiental." Altir de Souza Maia, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Unaí Deputado Luiz Humberto Carneiro OS VETOS, O DECRETO E AS IMPLICAÇÕES O projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa recebeu três vetos do governador Antonio Anastasia, que publicou decreto para normatizar a matéria. VETOS À LEI 20.922/13 DECRETO 46.336/13 COMENTÁRIO § 3º do art. 12 – Tratava da possibilidade de se autorizar a supressão de vegetação nativa em APP (Área de Preservação Permanente) protetora de veredas em casos de utilidade pública, interesse social, atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental. Art. 3º – Ficam vedadas quaisquer supressões de vegetação nativa em Áreas de Preservação Permanente protetora de veredas, salvo em casos de utilidade pública, dessedentação de animais ou consumo humano. ❚ O crescimento da atividade agrícola no noroeste mineiro implica barramento de veredas, para acumulação d’água e instalação dos equipamentos de irrigação. ❚ Impedir tais empreendimentos é engessar o progresso agrícola e social da região. ❚ Coloca Minas em desvantagem com os estados vizinhos, como Goiás. ❚ A continuação da atividade já implantada está assegurada. ❚ O decreto está em descompasso com o caput do § 3º do art. 12 e a hierarquia das leis, pois limitou a casos de utilidade pública. No caput, há permissão também para os casos de interesse social e atividades eventuais ou de baixo impacto. § 1º e 2º do art. 123 – Determinava que a autorização para a supressão de vegetação nativa nas áreas de importância biológica especial e extrema seria precedida de apresentação de estudos que comprovassem a ausência de alternativa técnica e locacional nos limites do imóvel rural. O Art. 1º trata da possibilidade de autorização para o corte ou a supressão de vegetação primária e secundária enquanto o COPAM não realiza a revisão das áreas prioritárias de importância biológica especial e extrema. O Art. 2º relaciona os tipos de vegetação que poderão ser suprimidos. ❚ Engessou o crescimento de cerca de 20% do estado, atingindo municípios integralmente. ❚ Inovou inserindo os campos de altitude. ❚ A continuação da atividade já implantada está assegurada. ❚ A alteração na distribuição do ICMS foi justificada como medida de maior justiça e melhor compensação para os municípios do norte de Minas, da Mata Seca, em razão da manutenção das áreas preservadas em detrimento da expansão das atividades produtivas, da circulação de riqueza e do crescimento social. ❚ O veto restabelece as condições originais de distribuição do ICMS ecológico. Art. 125 – Tratava da alteração da legislação referente às parcelas de repasse do ICMS ecológico aos municípios. O Art. 4º determina que para a mudança de categoria, desafetação e alteração dos limites de Unidade de Conservação deverão ser elaborados estudos técnicos resguardando o processo consultivo. ❚ Por via de decreto, criou-se uma obrigação para o trato legal de mudança de categoria, desafetação e redução dos limites de uma Unidade de Conservação. FAEMG | SENAR 13 JB Mídia REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 14 Flávio Amaral O governador Antonio Anastasia elogiou o estande do SISTEMA FAEMG, inspirado nos casarões coloniais das fazendas de café. Admirando o forro de palha e o fogão de lenha, disse: “Para nós, mineiros, é como estar em casa”. SEMANA INTERNACIONAL Minasdo café O estado é o grande produtor mundial de café. Das lavouras mineiras sai mais da metade de toda a produção brasileira, assim como uma em cada cinco xícaras consumidas no mundo. Ainda assim, as maiores feiras, rodadas de negócios e eventos do setor são realizadas fora do estado. Isso significa perda em turismo e negócios. Hotéis, restaurantes, lojas e outros segmentos deixam de receber clientes de alto poder aquisitivo. Mas a situação pode mudar. A Semana Internacional do Café foi um sucesso. Entre 9 e 13 de setembro, BH recebeu produtores, expositores e consumidores que gostaram 14 www.sistemafaemg.org.br tanto do evento e da cidade que manifestaram desejo em voltar. Em sua primeira edição fora de São Paulo, os corredores do 8º Espaço Café Brasil, maior feira do setor na América Latina, levaram o público a se aventurar entre novidades, curiosidades e bons negócios. A variedade de produtos e equipamentos nos estandes foi convite difícil de resistir. Em outra área do evento, de acesso restrito às delegações de diversos países, a Organização Internacional do Café (OIC) celebrou seu cinquentenário, discutindo medidas políticas para o momento e renovando suas metas para os próximos 50 anos. Para o estado do café, a Semana trouxe novas oportunidades. “Atingimos com êxito nosso objetivo de colocar Minas, o Brasil e nossos cafés sob o olhar do mundo inteiro. Aqui reunimos multinacionais, grandes compradores internacionais e os nossos produtores, mostrando a excelência de nossos cafés e a forma como produzimos”, diz o presidente da FAEMG, Roberto Simões. “A feira foi um sucesso tão grande de negócios e presença de produtores e interessados que os promotores e expositores já sinalizam para que continue sendo realizada, de forma permanente, em Minas Gerais; o que é também uma grande conquista para nós.” REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 15 JB Mídia “A feira em Minas proporcionou um grande diferencial: a presença do produtor dentro do mercado. Com acesso direto aos compradores, ele pôde perceber o que é preciso fazer na sua fazenda para satisfazer o mercado.” Priscila Lins, gerente de agronegócio do Sebrae-MG JB Mídia “A Conferência Internacional de Cafés Naturais mostrou uma tendência de reposicionamento dos naturais como cafés de muita qualidade, derrubando o estigma negativo do “não lavado”, como era conhecido até poucos anos.” Carlos Brando, diretor da P&A Marketing Internacional Lightpress “A realização deste evento aqui foi o batismo, de forma direta, do cafeicultor mineiro no comércio internacional. Deu ao produtor a oportunidade de conversar diretamente com os compradores internacionais e apresentar o nosso café, tão bom quanto os produzidos em qualquer parte do mundo. Vamos continuar trabalhando a fim de trazer para Minas Gerais mais eventos como este, fortalecendo a cafeicultura brasileira e a mineira em especial”. Breno Mesquita, diretor da FAEMG e presidente das Comissões de Café da entidade e da CNA 10 120 dezenas EVENTOS PALESTRAS PARALELOS 4 110 12mil DE SESSÕES DE PROVA E RODADAS DE NEGÓCIOS COMPETIÇÕES NACIONAIS: DUAS DE BARISTAS, PROVADORES E MELHOR CAFÉ DO ANO (leia mais na página 16) EXPOSITORES Ludymila Marques Flávio Amaral VISITANTES NACIONAIS E INTERNACIONAIS (MAIS QUE O DOBRO DA EDIÇÃO PASSADA) DELEGAÇÕES DE 70 países PRODUTORES E CONSUMIDORES DE CAFÉ R$ 20 milhões EM NEGÓCIOS CONCRETIZADOS “A realização no estado líder da cafeicultura brasileira chancelou a Semana como evento oficial do setor e potencializou os negócios para todos os expositores, compradores e visitantes.” “Encontrei cafés de altíssima qualidade. Conheci e provei dezenas de amostras. Algumas delas me deixaram bastante empolgado, principalmente um café de Carmo de Minas.” Caio Fontes, coordenador do 8º Espaço Café Brasil Nolan Hirte, proprietário da Proud Mary Coffee (Austrália) EXPECTATIVA DE CONCLUSÃO DE OUTROS R$ 30 milhões NO PÓS-FEIRA RODADAS DE NEGÓCIOS SEBRAE ❚ 26 ÂNCORAS (COMPRADORAS), SENDO 14 INTERNACIONAIS (ARGENTINA, SUÉCIA, EUA, HOLANDA, AUSTRÁLIA E MÉXICO) ❚ 1.027 SACAS NEGOCIADAS, COM VALORES ENTRE R$ 600 E R$ 900 A SACA. FAEMG | SENAR 15 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 16 JB Mídia O SEGREDO DOS CAMPEÕES FAZENDA SERTÃOZINHO, BOTELHOS (sul de Minas) ADMINISTRADOR: José Renato Gonçalves Dias CAFÉ VENCEDOR: arábica – variedade cereja amarelo descascado Bicampeã, a Sertãozinho já havia vencido a primeira edição do concurso, ano passado. Tem ainda muitos outros títulos nacionais e internacionais, conquistados ao longo de 13 anos de forte investimento em qualidade. Para começar, a fazenda foi totalmente mapeada em microlotes, com base em pesquisa e observação. Todo grão é colhido manualmente. Depois, há a separação por altitude, variedade e exposição solar. maior parte da produção é exportada in natura. Os grãos destinados ao mercado interno são processados na fazenda, que conta, desde 2005, com torrefação e marca própria, o Café Orfeu. Os melhores cafés do Brasil “Para conquistar boa pontuação, a bebida precisa ser limpa e de doçura elevada. Esse café que venceu o Coffee of the Year parecia garapa, de tão doce e saboroso.” Deu empate entre as fazendas Sertãozinho, de Botelhos (sul de Minas), e Santa Terezinha, de Pedregulho (Mogiana Paulista), na premiação Coffee of the Year 2013. A disputa foi durante a Semana Internacional do Café. Um público animado e curioso provou e escolheu seus favoritos, somando cerca de dois mil votos, participação quatro vezes maior que a de 2012. A competição recebeu 164 amostras de todas as regiões produtoras de café do país. Apareceram até algumas menos tradicionais, como Rondônia ADMINISTRADOR: Éder Carvalho Sandy CAFÉ VENCEDOR: arábica – variedade catuaí amarelo e Pernambuco. Dessas, 72 foram selecionadas e apresentadas a compradores nacionais e internacionais durante a Rodada de Negócios Sebrae. Um júri de especialistas escolheu as dez melhores, que foram preparadas por método filtrado e oferecidas aos visitantes do 8º Espaço Café Brasil para a degustação às cegas. Em garrafas com códigos, os finalistas – cinco de Minas Gerais, três das montanhas do Espírito Santo e dois de São Paulo – representaram a diversidade de origens dos cafés de alta qualidade no país. Classificação 1º Fazenda Sertãozinho, Botelhos (sul de Minas) Fazenda Santa Terezinha, Pedregulho (Alta Mogiana) 3º Sítio Alto Pombal, Vargem Alta (Montanhas do Espírito Santo) 4º Sítio Córrego Saudoso, Vargem Alta (Montanhas do Espírito Santo) 5º Sítio Nossa Senhora Aparecida, Divinolândia (Mogiana) 6º Fazenda Ninho da Águia, Alto do Caparaó (Matas de Minas) 7º Forquilha do Rio, Espera Feliz (Matas de Minas) 8º Sítio da Prata, Marechal Floriano (Montanhas do Espírito Santo) 9º São João Grande, Patos de Minas (Cerrado Mineiro) 10º Forquilha do Rio, Espera Feliz (Matas de Minas) 16 www.sistemafaemg.org.br João Renato Dias, agrônomo FAZENDA SANTA TEREZINHA, PEDREGULHO (Mogiana Paulista) As características da região favorecem muito: fertilidade do solo e altitude, além do clima propício, com invernos bem definidos e pouca chuva durante a época fria. O trabalho técnico de controle nutricional e sanidade é criterioso, e há ampla estrutura de terreiro, maquinário e lavadores. A plantação em linha reta favorece a mecanização. O investimento em tecnologia é constante, do pré-plantio à colheita e descascagem. O agrônomo Éder Sandy explica que para o concurso foi escolhido o catuí amarelo, considerado de boa característica de bebida. O grão passou por beneficiamento via úmida, estilo cereja descascada. Toda a secagem foi feita manualmente no terreiro. “O segredo é uma combinação das características naturais da região, trabalho dedicado e boa dose de sorte. Sorte porque o clima para esta safra foi ideal, não choveu durante a colheita ou a secagem.” Antônio Grisi Sandoval, produtor REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 17 BALDE CHEIO Arquivo Balde Cheio Resultado rápido uando 2013 começou, Geraldo de Faria e sua mulher Nair (foto) não tinham ideia que terminariam o ano com renda 11 vezes maior e que poderiam ampliá-la mais. A prosperidade é resultado do ingresso no Balde Cheio, em fevereiro. O programa chegou a Buritis – onde moram – em 2012, por meio de parceria entre a FAEMG, o Sindicato dos Produtores Rurais de Buritis, a Capul (Cooperativa Agropecuária Unaí Ltda.) e a Itambé. Após constatarem o progresso conquistado por outros produtores no primeiro ano de trabalho, Geraldo e Nair decidiram participar. Em 60 hectares, eles tiravam 140 litros de leite por dia, o que lhes rendia pouco mais de R$ 700 ao mês. Olhavam para a propriedade, a Fazenda Pé da Serra, e sentiam que podiam fazer mais. Queriam dobrar a produção, mas não sabiam como. Q Logo na primeira visita à propriedade do casal, o técnico agropecuário Wander Dias Franco e o veterinário Kleisler Leite Ribeiro perceberam que o obstáculo ao crescimento estava na nutrição do gado. Havia uma silagem de sorgo de péssima qualidade e o cultivo da cana-de-açúcar era insuficiente para alimentar o rebanho durante a estiagem. A primeira ação para transformar a fazenda foi melhorar a qualidade do volumoso. Começou pela implantação de 1,6 ha de pastagem intensiva irrigada, para garantir alimento no período de seca. O investimento também reduziu a necessidade de mão de obra e aumentou a qualidade do volumoso disponível às vacas em lactação, diminuindo os gastos com o concentrado. O retorno foi tão positivo, que animou os produtores a apostarem mais na atividade leiteira. Geraldo trocou alguns animais por outros com maior potencial de produção. Adquiriu 21 vacas. A partir INDICADOR ANTES DEPOIS Área da propriedade (ha) Produção diária (litros) Vacas em lactação (%) Despesas de custeio (R$/mês) Receita total (R$/mês) Produtividade (litros/ha/ano) Preço recebido (R$) Fluxo de caixa (R$/mês) 60 134 65 4.168,77 4.870,33 815 0,90 701,56 10 509 80 8.889,28 16.805,02 18.578 1,10 7.915,74 daí a produção e a receita começaram a crescer. Novos investimentos foram necessários. Um segundo módulo de pastagem irrigada foi implantado em 1,2 ha. Alcançaram a meta dos 300 litros/dia e agora desejam chegar aos 600 litros/dia. Na opinião dos técnicos, no ritmo em que vão, não levarão muito tempo para conquistar o novo objetivo. Hoje, eles tiram 509 litros de leite por dia e têm 31 vacas em lactação. Os animais ficam 100% do tempo nos piquetes rotacionados irrigados, que têm lotação média de 11 vacas por hectare. FAEMG | SENAR 17 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 18 Fotos: Arquivo SENAR MINAS Mesmo depois de finalizado o GQC, produtores de Machacalis continuam se reunindo. Para motivar o grupo, foi criado um consórcio e o ganhador tem que investir o dinheiro na propriedade. DIEGO SOUZA, DE GOVERNADOR VALADARES GQC A força da união D epois de participarem do Programa Gestão com Qualidade em Campo (GQC) em Machacalis, no Vale do Mucuri, um grupo de 19 produtores de dez propriedades continua se reunindo com o propósito de aperfeiçoar a gestão das propriedades. No último sábado de cada mês, eles se reúnem e trocam informações sobre os negócios. Para animar ainda mais os encontros, os produtores criaram um consórcio em que cada propriedade contribui com R$ 100,00. O dinheiro é sorteado e o ganhador de R$ 1 mil fica com o compromisso de receber a visita do grupo no mês seguinte e contar como investiu o dinheiro. “Nós recebemos o dinheiro, mas ainda não investimos. É um valor considerado baixo para a realização de algumas ações, mas serve de incentivo. 18 www.sistemafaemg.org.br Por exemplo, nós vamos comprar madeira para o curral e certamente precisaremos complementar esse valor. A regra é investir o dinheiro na propriedade, senão o dinheiro tem que ser devolvido”, explica Gerenaldo de Souza Porto, mobilizador do Sindicato dos Produtores Rurais de Machacalis e participante do grupo. “Já realizamos dois encontros e vamos passar pelas 10 propriedades que estiveram envolvidas no GQC. Ao final das visitas faremos uma avaliação para sabermos como e onde o valor repassado foi investido e se isso foi feito de maneira correta”, explica Vandelício Santos Dantas, que participou do GQC com a sua esposa Sivanilde Dantas Azevedo. A criação do consórcio é inédita na região. Vandelício Dantas, que é também presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Córrego de Água Branca, explica que a ideia surgiu “O GQC foi uma experiência fantástica que fez com que enxergássemos tudo de forma diferente, nos abriu a cabeça. E para que pudéssemos seguir enxergando bem e adiante resolvemos manter os encontros” Vandelício Dantas o REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 19 Fazenda de um dos participantes do GQC em Machacalis Celso Furtado (à esquerda) em visita a uma das propriedades participantes do GQC Divisor de águas Gerenaldo Porto para o grupo colocar em prática os ensinamentos do GQC. “O GQC foi uma experiência fantástica que fez com que enxergássemos tudo de forma diferente, nos abriu a cabeça. E para que pudéssemos seguir enxergando bem e adiante resolvemos manter os encontros mesmo com o fim do programa. Assim estaremos sempre praticando aquilo que aprendemos no curso.” A instrutora do grupo, Teí Gazzinelli, se surpreendeu com a iniciativa. “Senti o grupo muito interessado e dedicado desde o início. Aliás, a característica marcante do grupo foi o interesse.” Ela acredita que o curso e os encontros farão diferença no modo de vida desses produtores. “É muito clara a transformação por que passaram nos três meses de GQC. Espero que eles sigam trilhando esse caminho do conhecimento e aperfeiçoando as suas habilidades”. Cyntia Bonfim Dantas, esposa de Gerenaldo, também participou do GQC e diz ter ficado emocionada com tudo que aprendeu. “A gente percebe uma aproximação maior entre os produtores e especialmente dentro de cada família. Aqui em casa foi um divisor de águas. Hoje a gente se ajuda mutuamente, o que antes não ocorria. Tem sempre alguém do grupo para ajudar, sanar dúvidas. A nossa comunidade está mais unida. Sentimo-nos apoiados uns nos outros”. Celso Furtado Júnior, assessor de Planejamento do SENAR MINAS e coordenador do GQC, diz que considera a iniciativa uma proposta inteligente. “Mostra que é possível avançar no propósito de continuidade do GQC, mesmo quando se finalizam os blocos de teoria e consultoria. A força dos participantes, em conjunto com o Sindicato de Produtores Rurais e entidade aglutinadora, representa um exemplo de visão de futuro apoiada em soluções locais.” O GQC de Machacalis foi realizado pelo Sindicato dos Produtores Rurais da cidade, em parceria com o SENAR MINAS e o Sicoob Carlos Chagas. Trajetória do GQC Iniciado em 2005, com um projeto piloto no município de Santo Antônio do Amparo, no oeste de Minas, o GQC tem metodologia própria, desenvolvida pelo SENAR MINAS com especial atenção às características peculiares do meio rural. O Programa é desenvolvido em módulos, com aulas expositivas voltadas para exemplos práticos e consultorias especializadas, que são feitas nas propriedades rurais. Cada turma é composta por vinte pessoas, duas por propriedade. Um item importante na metodologia é o PGQ – Plano de Gestão com Qualidade, elaborado pelo participante nas etapas do programa. Nele são abordados temas como por exemplo: trajetória, inventário, razão da existência da empresa rural, objetivos, metas, custo de produção, 5 “S”, processos da atividade principal da empresa rural (etapas, indicadores de verificação e controle) etc. Desde a sua criação, foram realizados 147 programas, atendendo a 1.405 propriedades. FAEMG | SENAR 19 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 20 ACONTECE Gustavo Lazzarini Reunidos em Uberaba, membros da Comissão avaliaram as expectativas para a próxima safra Soja avança A desvalorização do milho e o bom momento da soja no mercado internacional devem influenciar a conversão de cerca de 10% das áreas plantadas em Minas Gerais. Um pesado investimento em tecnologia também é esperado para a safra verão de grãos 2013/14. Essa foi a avaliação da Comissão de Grãos da FAEMG, após reunião para discutir cenário e oportunidades de mercado. Apesar dos problemas com a Helicoverpa e a mosca-branca, o cultivo de soja deve ser estimulado pelo preço mais atrativo que o do milho, ameaçado pela safra recorde no CentroOeste. O algodão também deve ganhar um pouco mais de espaço. Sobre as pragas, a Comissão destacou a importância da assistência técnica, uma vez que o manejo adequado reduz a necessidade de defensivos agrícolas. A ferrugem, por exemplo, já não causa tanta apreensão aos produtores, que aprenderam a lidar com ela. A Helicoverpa, por outro lado, é considerada inimiga ainda desconhecida e preocupante. Missão cumprida “O produtor tem investido na agricultura de precisão, em maquinário, irrigação e pesquisa. Cresce a demanda por produtos agroquímicos menos nocivos, sementes modificadas com tecnologia para controle de lagartas, de ervas daninhas e para maior precocidade. O investimento em otimização tem elevado nossa produção ao topo dos padrões internacionais”. Claudionor Nunes de Morais, Presidente da Comissão de Grãos da FAEMG Arquivo FAEMG O Novas Lideranças formou a última turma do ano em São Lourenço, com 40 participantes. Ao longo de 2013, o programa preparou 180 líderes, em cinco municípios. Os cursos foram ministrados também em Governador Valadares, Juiz de Fora, Patos de Minas e Uberaba. 20 www.sistemafaemg.org.br REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 21 Arquivo SENAR Arquivo SENAR Semana do Fazendeiro Programa Leite Legal Foi dada a largada para a formação profissional de milhares de produtores de leite em Minas Gerais. Depois de receberem capacitação em Belo Horizonte, 13 instrutores participaram do primeiro treinamento em campo (foto), em São Sebas- tião da Vitória, distrito de São João Del Rei, para produtores vinculados ao Laticínio Vitória. Até o final de 2014, o SENAR MINAS pretende capacitar 15 mil propriedades. Para isso, estarão em campo trabalhando cerca de 60 instrutores. Lançamento em Jequitibá Subiu para 272 o número de municípios mineiros atendidos pelo Programa Balde Cheio da FAEMG. O lançamento do convênio em Jequitibá, realizado na Casa de Leilões Domingos Barbosa Mascarenhas, foi prestigiado por 80 produtores e lideranças da região. O evento contou ainda com palestras sobre cenário e perspectiva do mercado e sobre o funcionamento do Balde Cheio. A FAEMG foi representada pelos di- retores João Roberto Puliti e Rodrigo Alvim, presidente das Comissões de Pecuária de Leite da FAEMG e da CNA. Também estiveram presentes a presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Jequitibá, Mônica Mascarenhas; o prefeito, Humberto Reis; o presidente da Cooperativa Regional Agropecuária de Jequitibá, Auromar Jare dos Santos, e o gerente geral de Suprimentos de Leite da Itambé, Armindo Neto. Oportunidades na crise Em meio à crise provocada por cotações de mercado abaixo dos custos de produção, os cafeicultores da Chapada de Minas criaram uma oportunidade para discutir soluções. Prefeitura, SebraeMG, Associação Comercial, Emater-MG e Sindicato Rural se uniram para promover o Seminário do Café das Chapadas de Minas, em Capelinha. Palestras, rodada de negócios e momentos de interação atraíram 300 participantes. O evento foi prestigiado pela FAEMG. O diretor João Roberto Puliti esteve presente na abertura e o diretor e presidente das Comissões de Café da FAEMG e CNA, Breno Mesquita, proferiu palestra. Ele falou sobre os esforços que tem comandado para sanar a crise enfrentada pelo setor. O presidente do Sindicato Rural de Capelinha, Murilo Horta, disse que o balanço é muito positivo e que a principal contribuição foi a proposta de criar a Associação de Produtores de Café de Capelinha e Região. Durante a 84ª Semana do Fazendeiro, realizada no campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o SENAR MINAS capacitou 71 pessoas em nove cursos (foto). O SISTEMA FAEMG também esteve presente com estande institucional, apresentando ao público ações, cursos e programas das entidades. Aprimoramento constante Arquivo FAEMG O superintendente da FAEMG, Silas Canedo, e a coordenadora de Administração e Finanças do SENAR, Ana Lúcia Campos, participaram do 39º Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, em São Paulo. Realizado pela ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), o tema do evento foi “Reinventar a Gestão: Uma Construção Coletiva”. Os debates focaram a alta velocidade de transformação na interação entre organizações e pessoas. Mais de 3.500 congressistas participaram do evento. FAEMG | SENAR 21 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 22 CASO DE SUCESSO Negócio de família Os cursos do SENAR mudaram a vida de Maria Lúcia, que passou a produzir doces, geleias e carnes defumadas e hoje, com o marido, que se dedica à fabricação de cachaça, possui uma charmosa loja em Felixlândia. MÔNICA SALOMÃO, DE SETE LAGOAS Depois de lecionar por 33 anos, há cinco a professora de Português Maria Lúcia Duarte de Oliveira aposentou-se e, assim como o marido Adão Manoel de Oliveira, que em 1989 deixou o Direito para se dedicar à produção de cachaça, decidiu também investir na atividade rural. Como ponto de partida, ela se impôs uma meta: tirar o maior proveito possível de toda a matériaprima disponível na Fazenda Mourões da Porteira, localizada em Felixlândia, na região central do estado. “Quando me mudei para cá, as frutas perdiam nos pés e o leite muitas vezes era desperdiçado. Então conversei com meu marido e ele me orientou a pro- As cachaças são o carrochefe da empresa, mas a produção está bem diversificada, com geleias, licores, embutidos e derivados do leite 22 www.sistemafaemg.org.br curar no Sindicato algum curso oferecido pelo SENAR e foi aí que tudo começou”, relata. Sem tempo a perder, Maria Lúcia fez os cursos de Fabricação de Picles e Produtos Derivados do Tomate, Fabricação de Compotas, Frutas Cristalizadas, Geleias e Doce em Pasta, Produção de Derivados do Leite e mais recentemente o de Transformação de Produtos de Origem Animal em Embutidos e Defumados - Peixe e Carne Suína. A satisfação com o retorno das capacitações foi tanta que ela se tornou parceira do Sindicato, emprestando as dependências da fazenda para a realização de cursos. Para diminuir os constantes deslocamentos a Sete Lagoas e Belo Horizonte, principais cidades compradoras dos produtos Flor das Gerais, o casal decidiu que era chegada a hora de levar os clientes até a fazenda. E uma das formas encontradas foi a instalação de placas ao longo da estrada, cada uma anunciando um produto, indicando a quilometragem restante para se chegar à propriedade. “De um ano para cá, a demanda aumentou muito. Tudo o que fabricamos é vendido e para dar conta contratei uma funcionária que também fez cursos do SENAR”. Segundo a produtora, toda decisão é tomada com a participação dos filhos Daniel, engenheiro agrônomo, Danielle, arquiteta, e Grazielle, fonoaudióloga. “Nossos filhos são os nossos grandes parceiros e incentivadores. A profissionalização das embalagens e a criação da nossa página na internet, por exemplo, foram iniciativa deles”, aponta. Maria Lúcia Duarte com os filhos Daniel e Danielle “Estamos envolvidos desde o começo e, com certeza, temos a intenção de dar continuidade a este trabalho que começou com os nossos pais. Reformamos a casa a partir de um projeto totalmente sustentável para melhor receber a clientela e as perspectivas são as melhores possíveis” Danielle Oliveira Qualidade certificada A cachaça produzida pela família possui as certificações de produto orgânico, emitida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), e de qualidade, concedida pela Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq). “Estamos em vias de conseguir a certificação do Sisorg (Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica) e o próximo objetivo é a certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Queremos, até o fim do ano, essas quatro certificações para que a nossa cachaça se torne a mais certificada do país”, espera Daniel Oliveira. De acordo com o caçula da família, assim como a cachaça, a ideia é que os outros produtos também tenham futuramente a certificação do Sisorg. Solange do Rosário Souza Oliveira, assistente técnica na área de educação, é consumidora dos produtos Flor das Gerais há cerca de 10 anos. “O diferencial do produto certificado está no fato de passar por um rígido controle de fabricação que, por sua vez, assegura qualidade ao que vamos consumir.” Solange diz que sempre compra os produtos também para presentear os amigos e a família. “O sucesso é garantido.” Para ela, os sabores da Flor das Gerais são diferenciados. “Tudo o que a Maria Lúcia e o Adão fazem é com muito carinho, cuidado e dedicação. Acho que por isso é tudo tão saboroso.” “Os produtos orgânicos e certificados, além de contribuírem para a saúde, têm valor agregado: os clientes ficam mais confiantes ao adquiri-los e se tornam fiéis à marca. Trabalhar com esses produtos e obter a certificação é para nós uma vitória, uma vez que primam pelo sabor, pela tradição da produção artesanal e, principalmente, pela qualidade”, atesta Maria Lúcia. FAEMG | SENAR 23 Mônica Salamão REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 23 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 24 SINDICATOS Curvelo di ca to Nova sede n Si ivo u q Ar Sindicato dos Produtores Rurais de Curvelo Fundação: 21 de dezembro de 1966 Nº de associados: 581 Novo endereço: Rua Rio Negro, 180 – Centro Curvelo/MG – 35790-000 24 www.sistemafaemg.org.br O s produtores rurais de Curvelo tiveram duas grandes conquistas neste semestre. O Sindicato Rural inaugurou sua sede: um prédio moderno, com 318 m² (fotos). Antes, o Sindicato funcionava em casa alugada. Também lançou o Cartão do Associado, que permite desconto no comércio, clínicas médicas e laboratórios. As novidades fazem parte das ações para melhorar o atendimento aos associados e atrair novos produtores. O presidente do Sindicato, Dalton Canabrava Filho, disse que essas iniciativas são apenas o começo: “Nas novas instalações, os produtores serão atendidos com mais conforto e rapidez. Queremos que o Sindicato cuide de todas as demandas da porteira para fora”. Na inauguração, Dalton agradeceu às diretorias atual e anteriores a contribuição na construção da sede própria. Os associados aprovaram as novidades. Para o produtor de leite Marco Aurélio Machado, 69, a nova sede é moderna e de fácil acesso: “Agora, temos tudo de que precisamos em um único lugar”. REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 25 Campo Belo | Mulher de fibra Arquivo Sindicato A história de Denise Cássia Garcia no meio rural começou há 32 anos, quando assumiu a propriedade da família. Foi a primeira mulher eleita presidente de um Sindicato de Produtores Rurais em Minas Gerais, e a primeira na diretoria da FAEMG. Há 14 anos está à frente do Sindicato Rural de Campo Belo, gestão reconhecida com a Medalha do Mérito Rural 2011. Formada em administração e direito e com duas pós-graduações, exerce várias atividades classistas, entre elas a vice-presidência da Comissão Técnica de Café da FAEMG e a coordenação da Câmara Setorial de Café da Secretaria Estadual de Agricultura. Este ano, sua liderança recebeu reconhecimento da ACMinas (Associação Comercial e Empresarial de Minas). Ela foi agraciada com o prêmio “Mulheres Notáveis”, na categoria Mulher Notável que trabalha pela sociedade – Liderança Classista. A entrega foi durante o evento Salto em Negócios, em BH. Assistência técnica é um investimento com retorno garantido. A implantação do Balde Cheio em Carandaí, pelo Sindicato Rural e parceiros, é um bom exemplo. Após palestra com apresentação dos resultados do programa, a diretoria, produtores e apoiadores estão cada vez mais animados em oferecer a oportunidade para mais pecuaristas. O Sindicato Rural de Carandaí também está investindo em outras formas de capacitação, com a promoção constante de cursos do SENAR MINAS. Os últimos treinamentos promovidos foram de motosserra e desdobramento de toras. Campanha Pomares bem cuidados Frutal | Ação sustentável Arquivo SENAR MINAS A citricultura ganha cada vez mais destaque em Campanha. O desenvolvimento da atividade é incentivado pelo Sindicato, em parceria com o SENAR MINAS. Neste semestre, 33 produtores e trabalhadores rurais participaram do curso Fruticultura Básica – Manejo Integrado de Pragas e Doenças, inédito no município. O presidente do Sindicato, Romeu Mendes Filho, está entusiasmado com o crescimento da atividade e com o desenvolvimento dos pomares, depois dos treinamentos. Segundo ele, cerca de 100 produtores se dedicam à citricultura, principalmente ao cultivo de laranjas: “É um importante momento para os produtores. Sentem seus esforços valorizados e aproveitam as oportunidades para crescer”. Carandaí Capacitação em alta Quando se avalia o potencial agrícola de uma região, resultado da eficiência de produtores e da aplicação de técnicas precisas, o uso de defensivos e a destinação correta das embalagens vazias não pode ficar de fora. Minas tem se destacado neste campo. De janeiro a setembro deste ano, retirou do meio ambiente 2.597 toneladas de recipientes. Para aumentar a capacidade de recebimento dessas embalagens no estado, foi ampliada a unidade receptora de Frutal. Passou a captar 200 toneladas por ano. O posto é gerenciado pela Associação das Revendas de Agrotóxicos de Frutal e Região e tem o Sindicato dos Produtores Rurais como parceiro. Todo material é levado para Uberaba e encaminhado para reciclagem ou incineração, pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias). FAEMG | SENAR 25 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 26 SINDICATOS Si nd ica to Tabuleiro Estratégia para o crescimento o iv qu Ar Uberlândia Sucesso da Camaru Já é possível ao produtor rural comprar sacas de milho a preço menor do que o praticado no mercado graças a um projeto lançado há três meses, em Tabuleiro, parceria entre Sindicato Rural, Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e prefeitura. Segundo o presidente do Sindicato Rural, Paulo Henrique de Castro, as primeiras compras foram de duas mil sacas, agora chegam a 20 mil. O produtor economiza até 30% por saca de milho (50 kg), comercializada no mercado regional a R$ 23,65. O grão é importante para manter as principais atividades do município: pecuárias de corte e de leite. Para ter acesso à compra, o produtor deve se cadastrar no Sindica- to – responsável por enviar os documentos à Conab. A mercadoria é entregue pelo Sindicato e pela prefeitura e o produtor ainda fica livre do frete. Paulo Henrique conta que os produtores têm valorizado as ações do Sindicato, o que pode ser medido pelo aumento do número de associados. Em 2012, eram 85, hoje são 110. “Nosso objetivo é atender às necessidades do homem do campo. Vamos continuar com esses e outros projetos e estamos muito animados com os resultados. Como a maioria dos produtores do município é de mais velhos, estamos também trabalhando para incentivar a participação dos jovens”, disse. Arquivo Sindicato Em sua 50ª edição, a Camaru (Exposição Agropecuária de Uberlândia) é um ótimo exemplo da importância dos eventos agropecuários para as economias locais. Durante os dez dias de festa, recebeu 300 mil pessoas e gerou R$ 50 milhões em negócios. O resultado deste ano rendeu ao Sindicato Rural homenagem da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) pela promoção. De acordo com o presidente do Sindicato, Thiago Soares Fonseca, a exposição está entre as principais mostras do país. A próxima edição será de 29 de agosto a 7 de setembro de 2014. Ipiaçu | Novo cooperado O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ipiaçu, Otávio de Moraes Franco Neto, assinou Termo de Cooperação Técnica e Financeira para a realização de cursos do SENAR. “Ampliar a área de atendimento da Regional vem ao encontro do nosso objetivo de estar cada vez mais próximos dos produtores”, diz o gerente regional do SENAR MINAS em Uberaba, Flávio Silveira. Ipiaçu está localizada no Pontal do Triângulo, possui quatro mil habitantes e a agropecuária é a principal atividade econômica. 26 www.sistemafaemg.org.br Motorista Joel de Sousa Reis; o presidente do Sindicato Rural de Tabuleiro, Paulo Henrique Netto de Castro; o produtor José Eugênio Ramos Lino e o vice-prefeito de Tabuleiro, Francisco Guilherme Ferraz Conceição das Alagoas Incentivo aos estudos Produtores e familiares, associados às entidades pertencentes ao Núcleo de Sindicatos Rurais, terão descontos especiais para estudar nas Fazus (Faculdades Associadas de Uberaba). A parceria foi firmada na última reunião, em Conceição das Alagoas. A iniciativa do Núcleo vai incentivar a qualificação do homem do campo. Os produtores também terão descontos nos serviços prestados pelos laboratórios das faculdades. REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 27 AGENDA |NOVEMBRO - DEZEMBRO Flávio Amaral 5 a 7|11 8º SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL | Em Minas, no Centro Universitário, a consolidação da cadeia produtiva da macaúba será discutida em evento promovido pelo Ministério da Agricultura, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Embrapa Agroenergia, Embrapa Cerrados, Secretaria de Estado de Agricultura e Centro Universitário de Patos de Minas. Salvador, no Fiesta Bahia Hotel, mais de 300 trabalhos científicos serão apresentados em evento promovido pelo Consórcio Pesquisa Café e coordenado pela Embrapa Café. O evento também terá palestras, oficinas, minicursos, mesasredondas e visitas técnicas. Para pesquisadores, estudantes, professores, extensionistas, produtores, lideranças, empresários e imprensa. 6 e 7|11 II CONGRESSO BRASILEIRO DE EUCALIPTO | Para Wilson Moura, coordenador da Assessoria Sindical da FAEMG Executivos Sindicais Para qualificar e valorizar os recursos humanos do sistema sindical rural, a FAEMG vai promover o curso de atualização para funcionários (secretários executivos) de sindicatos, no San Francisco Flat, em Belo Horizonte (Av. Alvares Cabral, 967, no bairro de Lourdes). A primeira edição será de 5 a 7 de novembro; a segunda, de 12 a 14; e a terceira, de 19 a 21. As palestras abordarão assuntos jurídicos, ambientais, contábeis e tributários e contribuição sindical. Anualmente, a FAEMG capacita cerca de 300 secretários executivos, segundo o coordenador da Assessoria Sindical, Wilson Moura: “Esses cursos já são tradicionais no nosso Sistema e os resultados têm sido muito positivos. A qualidade dos serviços, a imagem do Sindicato Rural e o envolvimento dos funcionários crescem e melhoram a cada edição”. professores, pesquisadores, extensionistas, empresários e estudantes: realidade e perspectivas do setor. Promoção do Centro de Desenvolvimento do Agronegócio, Remade e Revista da Madeira. Em São Paulo, no Centro de Exposição Imigrantes. www.congressoeucalipto2013.com.br 15 a 17|11 I SIMPÓSIO AGROMINAS | Com o tema “O agronegócio regional em evidência”, o evento reunirá líderes, produtores, técnicos, pesquisadores e estudantes, em Governador Valadares, no Parque de Exposições, das 8:00 às 18:00. O objetivo é fornecer subsídios técnicos para avaliação dos sistemas de manejo de rebanhos e também de lavouras. Participantes e empresas poderão apresentar os resultados de pesquisas para aumentar trocas de experiências e informações. Promoção da Editora e Revista Agrominas, com apoio do Sindicato Rural de Governador Valadares. (33) 3271-9738 [email protected] Balde Cheio Em dezembro, a FAEMG promoverá treinamento de técnicos do Programa Balde Cheio: dias 2 e 3, para veteranos e 5 e 6, para iniciantes. Palestras: Manejo do rebanho leiteiro, Cenário e Perspectivas do Mercado Lácteo e Regularização Ambiental. No dia 4, veteranos e iniciantes assistirão às palestras Programa Leite Legal, Sistema Sindical e Capital Humano – Estímulo à reflexão, à ética e à cooperação. 25 a 28|11 1º CONGRESSO BRASILEIRO DE MACAÚBA | Em Patos de 19|11 - 3|12 - 17|12 LEILÃO MISTO DE BOVINOS Gados de corte e de leite serão leiloados em eventos promovidos pelo Sindicato Rural de Passos, no Parque de Exposições, às 19:00. (35) 3529-2650 www.simposiocafe.sapc.embrapa.br 30|11 - 20|12 LEILÃO MISTO DE BOVINOS | Promoção do Sindicato Rural de Januária para melhorar o rebanho da região, no Parque de Exposições Astério Itabayana, às 19:00. (38) 3621-1964 1º|12 LEILÃO DE GADO LEITEIRO| Promoção do Sindicato Rural de Passos, no Parque de Exposições, às 19:00. (35) 3529-2650 6|12 51º LEILÃO DE CORTE| Animais de alta qualidade serão leiloados em evento promovido pelo Sindicato Rural de Curvelo, no Parque de Exposições, às 19:00. (38) 3721-1770 3 a 8|12 24ª FEIRA NACIONAL DE ARTESANATO |Neste ano, a Feira de Artesanato, no Expominas, em BH, com o tema “A Cultura e a Arte Entram em Campo”, faz homenagem à Copa do Mundo 2014. O SISTEMA FAEMG terá estande com a exposição de produtos dos cursos do SENAR MINAS nas áreas de alimentação e artesanato. A feira terá expositores, cursos, oficinas, palestras e shows. www.feiranacionaldeartesanato. com.br FAEMG | SENAR 27 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:42 Página 28 Fotos: Ciara Albernaz INOVAÇÃO & TECNOLOGIA Irrigação criativa U m projeto feito por profissionais competentes e bem executado pode ser o pulo do gato para o produtor. Fausto Pereira Batista, 48, sabe bem disso. No início de 2012, ele investiu em um projeto inovador: um sistema de irrigação que utiliza a força da gravidade em vez de energia elétrica. O projeto foi implantado em 26 hectares da Fazenda Paraíso, em Nova Ponte, onde cria gado de leite. Fausto conta que antes do investimento a propriedade não gerava renda suficiente para o custeio. Hoje a fazenda não só se sustenta como gera lucro. A irrigação permitiu que a lotação do pasto passasse de um para oito animais por hectare ao mês. A receita com a produção de leite subiu vertiginosos 1.150%, passando de R$ 2.400,00 para R$ 27.600,00 por hectare ao ano. O melhor é que os R$ 290 mil aplicados foram recuperados em 18 meses. Os resultados são visíveis a distância. Este inverno foi o primeiro com a irrigação funcionando plenamente. 28 www.sistemafaemg.org.br O tempo de utilizar pastagens de acordo com a quantidade de chuvas passou. A irrigação deixou de ser vista como custo e virou investimento. É cada vez mais utilizada como recurso para aumentar a produtividade daqueles que, é claro, têm água à disposição. Hoje em dia custa, em média, um quinto do valor da terra. Situação bem diferente de 15 anos atrás, quando a relação de valor era inversa. Quem passava pela estrada identificava de longe as terras da família Pereira. Eram como um oásis de verde intenso na paisagem amarelada. O crédito desta transformação Fausto dá à filha Suzana, 24. Gestora de agronegócio, ela estava, na época, terminando a pós-graduação em Gestão Financeira e Comércio Exterior em Agronegócios. Queria que o trabalho de conclusão de curso fosse sobre algo útil para os negócios da família. Estimulada pelas possibilidades e inovações que conheceu durante as aulas, ela desenvolveu o “Projeto de Irrigação com Fertirrigação por Gravidade Automatizado Hidraulica- mente para Pastejo Rotacionado”. A inspiração partiu de duas características da Fazenda Paraíso: o curso d'água no topo da serra e o desnível médio de 100 metros. Antes mesmo das medições técnicas ela sabia que esses dois recursos há muito esquecidos tinham potencial. Antigamente, a força da água morro abaixo movimentava o engenho e o moinho da fazenda. Com o projeto em mente, Suzana levou o pai para assistir a aulas sobre os benefícios da irrigação e as inovações tecnológicas disponíveis. Certo de que seria um ótimo investimento, Fausto e a família iniciaram os estudos. REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 29 Execução Facilidade: a central de comando do sistema de irrigação foi instalada na garagem de Fausto Suzana saiu à procura de profissionais para executar o projeto. As empresas mineiras que consultou disseram não ser possível colocá-lo em prática. Só em São Paulo encontrou uma que propôs a adaptação de técnicas israelenses para aproveitar a gravidade. A proposta reduziu o consumo de energia elétrica ao nível semelhante ao de um rádio-relógio comum, mesmo utilizando-se um sistema completamente automatizado. Os 26 hectares foram divididos em 15 setores, com 64 piquetes, que atualmente comportam três baterias de gado, que rodam a cada 25 dias. A programação da irrigação é controlada por um dispositivo que fica na garagem da casa. A pressão da água é regulada de acordo com o desnível de cada piquete, por meio de cavaletes, e individualmente em cada aspersor. O volume de água irrigado e a periodicidade também têm regulagem automatizada, com controle estabelecido por sensores de chuva. PRODUÇÃO IRRIGADA X CONVENCIONAL ÁREA SEM IRRIGAÇÃO Antes de chegar ao pasto, fertilizantes são misturados à água para irrigação Unidade animal Produtividade de leite Produção de leite por lactação ao ano Valor do litro de leite em função do volume produzido Valor total do leite produzido / ano Produção de bezerros (ano) Valor da produção de bezerros ao ano Custo com adubação (ha/ano) Depreciação do projeto de irrigação (ao ano) Custo do animal Despesas (ha/ano) Despesas (litro de leite/ano) Receita bruta (ha/ano) Renda líquida (ha/ano) Diferenca de lucratividade em 26 ha/ano 1 8 2400 R$ 0,75 R$ 1.800,00 1 R$ 600,00 R$ 300,00 R$ 1.903,35 R$ 0,79 R$ 2.400,00 R$ 496,65 ÁREA IRRIGADA 8 10 24000 R$ 0,95 R$ 22.800,00 8 R$ 4.800,00 R$ 4.050,00 R$ 904,30 R$ 2.400,00 R$ 19.802,30 R$ 0,95 R$ 27.600,00 R$ 7.797,70 R$ 189.827,30 Vantagens agregadas A melhora na qualidade do pasto propiciou mudanças no trato do rebanho. A ordenha é feita apenas uma vez ao dia. As vacas criam o bezerro ao pé, dando um considerável incremento de lucratividade ao projeto. A reciclagem de nutrientes proporcionada pela fertirrigação, combinada à matéria orgânica que os animais deixam no pasto, também promove melhoras constantes na qualidade do capim e, consequentemente, na nutrição do rebanho. Os resultados e o retorno do capital aplicado foram tão bons e rápidos que Fausto já expandiu o investimento em irrigação para outra de suas propriedades, onde produz grãos e tem parceria com vizinhos para o cultivo de batata, cebola, feijão e milho para semente. O casal Lucineide e Fausto Pereira Batista, com as filhas Suzana e Poliana A família Fausto Pereira Batista e sua mulher Lucineide são de famílias com tradição na produção rural. A Fazenda Paraíso, onde o projeto de irrigação foi implantado, pertence à família de Lucineide há mais de dois séculos e é uma das propriedades que o casal tem no Triângulo. Produtores de cana-deaçúcar, milho, soja e criadores de ga- dos de corte e de leite, eles têm o agronegócio no sangue, passado de geração em geração. Sempre incentivaram as filhas Suzana e Poliana a se interessarem pela fazenda, mas nunca as obrigaram a nada. O gosto que as moças adquiriram pelo negócio foi espontâneo, mas muito bem-vindo, e agora tem gerado lucros e tranquilidade. FAEMG | SENAR 29 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 30 INVENTORES DO CAMPO Máquinas para abacaxis Fotos: Divulgação Motoagro Em tempos de mão de obra escassa e cada vez mais cara no campo, muitos produtores rurais procuram formas inovadoras de garantir produção e renda. Para quem cultiva abacaxi, o produtor Wagner Guidi criou soluções engenhosas. P recisando aumentar a produção e sem gente para contratar, ele pensou durante um bom tempo em alternativas para superar o impasse. A mais óbvia seria mecanizar a produção. Pesquisou e não encontrou máquinas que pudessem atendê-lo. Então, decidiu inventar. Entrou no barracão de sua fazenda em Frutal e, não demorou muito tempo, as máquinas começaram a sair. Seu primeiro invento, a “motoagro”, já faz sucesso no mercado há alguns anos, com mais de 60 kits vendidos em oito estados. Equipamento acoplado em motocicletas do tipo cross (Honda Bros 125 e 150 e Yamaha xtz 125), foi criado para aplicação de herbicidas, 30 www.sistemafaemg.org.br hormônios para indução floral, inseticidas e fungicidas, percorrendo um hectare por hora. A máquina é capaz de pulverizar 100 litros a cada 4 ou 5 minutos. Uma produtividade excelente se comparada a um trabalhador que, por uma diária de R$ 60, pulveriza 200 litros, o que implica recarregar a bomba costal 10 vezes durante o dia. A motoagro também pode ser utilizada para adubação granulada, com rendimento de 10 sacos de adubo por hora, e como podadeira, facilitando o trabalho na hora da tampa do fruto. O equipamento custa em torno de R$ 15 mil. É unido à motocicleta por meio de cinco parafusos e ainda pode ser utilizado em canaviais. Novidade No mês passado, durante a feira de agronegócios de Aparecida de Minas, ele lançou mais um invento. Desta vez um equipamento que aduba a terra enquanto planta as mudas. Acoplada a um trator médio, de 90 cv (cavalos de potência), a plantadeira cobre um hectare por dia. Ou seja, finca no solo aproximadamente 35 mil mudas. Uma produtividade igualada à de oito trabalhadores aplicados. O invento fica bem mais interessante quando nos lembramos de que o plantio mecanizado de abacaxis sempre foi dificultado pelo formato das mudas. Elas não entram na terra com facilidade quando lançadas por máquinas. A raridade de equipamentos eficientes no plantio do fruto é tanta, que, antes mesmo de chegar à feira, Guidi vendeu um dos protótipos. REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 31 O comprador foi um produtor do Tocantins, cansado de correr atrás de mão de obra e que necessitava plantar dois milhões de mudas. Durante o evento, Guidi vendeu outra unidade para uma fazenda no Pará. A receptividade surpreendeu o inventor, que já recebeu convite para expor seus equipamentos em Palmas (TO), por indicação do cliente satisfeito. Agora, com máquinas para o plantio e trato da lavoura, ele se dedica à criação de um meio de transporte que leve os abacaxis do campo até o caminhão. A invenção já tem nome: “tratorito” – um veículo pequeno o suficiente para trafegar pela lavoura sem causar danos. Capaz de executar as mesmas tarefas da motoagro, e ao mesmo tempo forte o bastante para carregar 18 caixas, com 10 a 14 frutos em cada, substituindo a carriola na colheita. Um protótipo do tratorito também foi apresentado na feira de Aparecida de Minas, provocando expectativas no público quanto ao lançamento. Talento criativo A inspiração para criar máquinas surgiu da necessidade. Há sete anos, Guidi resolveu ampliar sua plantação de abacaxi, que na época era de cerca de 70 mil pés. Mas, como só tinha um funcionário, teve que colocar a mão na terra. Além do grande esforço debaixo de sol, ele percebeu que a expansão seria lenta com apenas dois trabalhando. Com os lavradores locais dando preferência às usinas de cana-de-açúcar, teve que se virar. Uniu a habilidade em reparar máquinas à paixão por motos e, depois de algumas tentativas, HEURECA! O equipamento foi, primeiro, intensivamente testado em sua propriedade, onde hoje são cultivados 700 mil pés de abacaxi – 10 vezes mais do que antes de o invento existir. O sucesso da motoagro incentivou a continuação das experiências na oficina para criar mecanismos que cobrissem as outras etapas da produção. Também gerou um novo negócio: a venda de implementos agrícolas. No início, a motoagro era procurada por vizinhos. Mas os bons resultados, divulgados de boca em boca, impulsionaram a expansão dos negócios. Hoje os equipamentos são comercializados por meio do www.motoagro.com.br O inventor MOTOAGRO Equipamento acoplado em motocicletas do tipo cross (Honda Bros 125 e 150 e Yamaha xtz 125) para aplicação de herbicidas, hormônios para indução floral, inseticidas e fungicidas Produtividade: Um hectare por hora. Capaz de pulverizar 100 litros a cada 4 ou 5 minutos Preço: R$ 15 mil PLANTADEIRA Mecanismo acoplado em trator de médio porte, que aduba a terra enquanto planta mudas de abacaxi Produtividade: Um hectare (cerca de 35 mil mudas) por dia, o equivalente ao trabalho de oito pessoas Preço: sob consulta TRATORITO Carrega 18 caixas de abacaxis, com 10 a 14 frutos em cada, e é capaz de executar as mesmas tarefas da motoagro Produtividade: substitui a carriola na colheita e tem a mesma eficiência da motoagro Preço: ainda não está disponível no mercado Wagner Guidi, 51 anos, nasceu em Pontal (SP), na fazenda onde a família cultivava canade-açúcar e amendoim. Desde menino observava o pai na lida. Com ele aprendeu a “dar um jeito” nos equipamentos que pifavam, especialmente no motor do moinho de pinga, desenvolvendo ali a habilidade com ferramentas e o talento para inventar máquinas. Aos 15 anos veio para Minas Gerais acompanhando a família. Fixaram-se no Triângulo, onde recomeçaram a vida plantando milho, soja e feijão. A lavoura de grãos foi substituída no final dos anos 80 pela cana-de-açúcar, quando uma usina se instalou perto da propriedade, e pelo cultivo de abacaxi. Em 1989, Guidi assumiu o comando das propriedades juntamente com a irmã caçula e o cunhado. Ele tem orgulho de dizer que sempre viveu na fazenda, mas hoje, casado com uma médica e pai de duas meninas, tem também uma casa na cidade. FAEMG | SENAR 31 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 32 Fotos: Arquivo pessoal “Apesar de não terem conhecimento da técnica, os alunos me deixam surpresa com suas experiências. Além disso, são muito observadores.” PERFIL INSTRUTOR Luana Dias de Paula Os ‘pacotinhos’ da Luana Os alunos passaram a ter mais interesse no curso depois que Luana de Paula mudou a maneira de transmitir os conteúdos. KEULY VIANNEY, DE PASSOS Para ajudar o aluno a se interessar pelo conteúdo e a processar as informações, os instrutores utilizam diversas técnicas. Sem, obviamente, desconsiderar a metodologia do SENAR, cada um busca uma maneira de facilitar o aprendizado. A nutricionista Luana Dias de Paula, instrutora do SENAR há três anos, percebeu já há algum tempo que ensinar de forma gradual – método consolidado na Pedagogia – foi fundamental para o desenvolvimento da técnica do “pacotinho”. “Trabalho os conteúdos dos cursos em "pacotinhos" (blocos), separando bem cada assunto. Depois, junto todos os temas abordados, mostrando a relação entre eles e a importância de cada um para o resultado final. Isto ajuda na compreensão do aluno, especialmente quando o assunto é novo”, explica. Natural de Alpinópolis, município do sudoeste mineiro, ela ministra cursos de Planejamento de Cardápios, Deriva- 32 www.sistemafaemg.org.br dos do Café e Produção Artesanal de Alimentos. Graduada em Nutrição pela Fesp (Fundação de Ensino Superior de Passos), seu diferencial, na avaliação do gerente regional do SENAR em Passos, Rodrigo Diniz, é a metodologia de ensino que utiliza para repassar o conteúdo. Quando Luana se credenciou no SENAR, em 2010, ajudou o gerente a reestruturar a forma como o conteúdo é trasmitido aos alunos e as práticas trabalhadas no curso de Planejamento de Cardápios e de Produção Artesanal de Alimentos, auxiliando na aplicação mais adequada da metodologia do SENAR nos treinamentos. Com criatividade e dedicação, busca constantemente por novos conteúdos, gerando maior interesse e demanda por estes cursos. Na Regional de Passos, por exemplo, entre 2003 e 2009, eram realizados, em média, 17 cursos por ano. Com as mudanças, o número saltou para 43 no período de 2010 a 2013. Surpresas Luana confessa que a cada novo treinamento surpreende-se com os alunos do meio rural, pois também tem sempre algo a aprender com eles. “Apesar de não terem conhecimento da técnica, eles me deixam surpresa com suas experiências. Além disso, são muito observadores.” Ela não vê grandes dificuldades no trabalho de instrutora, mas, às vezes, tem que improvisar nos lugares onde ministra os cursos, principalmente nas cozinhas. “Muitas vezes, a mesa, a pia, o fogão e o forno não são ideais para a parte prática, mas improvisamos de forma a não prejudicar o aprendizado dos participantes.” Devido às constates viagens, Luana sente saudades da família, mas faz dos cursos do SENAR uma extensão de sua casa. De vez em quando, fatos inusitados acontecem. “Num curso, precisei regular a temperatura do forno com pedras. Pedi às participantes que me arrumassem pedras pequenas e uma delas me trouxe uma muito grande, do tamanho de um tijolo. Mesmo assim, usei a pedra no forno e o fato causou muita risada entre as outras alunas. O ambiente ficou descontraído e nos sentimos mais próximas.” Arquivo pessoal REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 33 “É muito bom saber que estou levando educação e aprendizado para as famílias que não tiveram oportunidade de fazer um curso técnico ou mesmo uma faculdade” Sebastião Oliveira Envolvimento PERFIL MOBILIZADOR O mobilizador de cinco sindicatos Uma vida dedicada a proporcionar educação e aprendizado para a população rural . NATHALIE GUIMARÃES, DE VIÇOSA Natural de Tombos e filho de mãe professora e pai produtor rural, o educador Sebastião Oliveira Cortat se tornou mobilizador “não por acaso”, como ele mesmo diz. “Tive o privilégio de minha mãe ter sido minha professora na zona rural, depois cursei o Ginasial e o segundo grau em Tombos na Escola Estadual Ilka Campos Vargas e posteriormente me formei como educador na Escola de Educação Física de Volta Redonda, na Fundação Osvaldo Aranha”, conta. A partir daí, veio o convite do amigo e então presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Tombos, Darci Pereira Bastos, que percebeu ter Sebastião perfil para desenvolver o trabalho e assumir a função de mobilizador. O tempo que se passou até agora, ele sabe na ponta da língua: precisamente 20 anos e 6 meses, desde a criação do SENAR MINAS. De lá para cá, ele aprendeu e aper- feiçoou o trabalho e agora atua em cinco sindicatos de produtores rurais dentro da área de abrangência da Regional do SENAR MINAS em Viçosa. São os sindicatos de Antônio Prado de Minas, Barão do Monte Alto, Eugenópolis, Patrocínio do Muriaé e Tombos. Para dar conta de tantas obrigações, Sebastião revela o segredo: “tenho muita fé em Deus e todo respaldo de minha família que reside em Juiz de Fora”. Morando em Tombos, longe da família, Sebastião encontra no trabalho a grande fonte de motivação. O convívio no meio rural, estando cada dia em um lugar diferente, é o que ele mais gosta. Entre as alegrias que o trabalho proporciona, está a missão de oferecer conhecimento ao homem do campo. “É muito bom saber que estou levando educação e aprendizado para as famílias que não tiveram oportunidade de fazer um curso técnico ou mesmo uma faculdade”, enfatiza. No relacionamento diário com alunos e instrutores, e também em visita às famílias rurais, associações, secretarias e escolas, Sebastião destaca que a cooperação e a parceria são muito importantes. “É o melhor possível, um ajudando o outro, pois o envolvimento é muito grande”, explica. O trabalho de mobilizador também tem seu lado engraçado. Segundo Sebastião, em uma ocasião, a gerente Silvana Novais queria fazer supervisão em um evento e ligou para ele para saber como chegariam ao local. “Eu falei para ela não vir porque havia chovido muito e a estrada não estava boa. Ela veio e teve que empurrar minha Belina morro acima!”, lembra. A gerente ri da lembrança e conta que Sebastião é um mobilizador muito organizado para trabalhar com cinco entidades cooperadas e que ele montou uma empresa como microempreendedor individual a fim de profissionalizar o trabalho. “Ele busca muitas parcerias e tem uma demanda ampla porque divulga o trabalho desempenhado pelo SENAR, atendendo sempre aquilo que realmente é relevante para as localidades”, destaca Silvana Novais. Mesmo com mais de 20 anos junto ao SENAR, ele ainda se surpreende com o interesse, a participação e a dedicação dos alunos e também com a falta de responsabilidade de alguns. “Há muita preocupação para que tudo dê certo: a turma ter comparecido, o instrutor ter feito um bom trabalho, todas as normas terem sido cumpridas, enfim, tudo o que foi planejado tem que ser executado com sucesso”, ensina. FAEMG | SENAR 33 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 34 TURISMO RURAL O potencial de Uberaba Belas paisagens e Peirópolis são atrativos ainda pouco conhecidos dos turistas. ANA CRISTINA MARQUEZ, DE UBERABA Arquivo SENAR M ais conhecida como a capital do zebu e o local escolhido pelo médium Chico Xavier para viver, Uberaba possui outros atrativos ainda pouco difundidos entre os turistas. O município integra o Circuito dos Lagos, com belas paisagens e cachoeiras. Abriga também o distrito de Peirópolis, pequena vila situada a 21 Km do centro da cidade, que possui um sítio paleontológico com fósseis de 80 milhões de anos, um museu e o Centro de Pesquisas Paleontológicas. Para difundir estes atrativos e alavancar o turismo na região, o SENAR MINAS iniciou o Programa de Qualificação para Agente do Turismo Rural, com o apoio do Citur (Centro de Informações Turísticas, Qualificação e Comercialização de Produtos Rurais) e do Sindicato Rural de Uberaba. Até o momento foram identificadas Participantes do programa visitam a Casa do Turista, em Peirópolis 18 propriedades rurais com potencial turístico, e inscritas duas turmas formadas por produtores rurais, associações e agentes de turismo que participaram do primeiro módulo do curso. Em abril de 2014, data prevista para o encerramento do programa, o grupo organizará um evento turístico (feira e roteiro) para apresentar à comunidade de Uberaba as potencialidades turísticas da região. “Nossa meta é fazer com que o grupo crie roteiros turísticos, cardápios típicos e apresente para a população”, explica a instrutora Cláudia Ferolla. “A expectativa do grupo é grande. Os participantes sabem que o município é carente na área de turismo, embora tenha grande potencial. É uma nova oportunidade de negócios que irá fomentar o turismo rural na nossa região”, complementa Flávio Silveira, gerente do SENAR em Uberaba. A próxima cidade a receber o programa é Viçosa. Ascom PMU Peirópolis possui fósseis de 80 milhões de anos MÓDULOS O programa tem carga horária de 256 horas e sete módulos: ❚ Potencialidade e Oportunidade de Negócios Turístico no Meio Rural; ❚ Sustentabilidade, Oportunidade e Desenvolvimento de Produtos e Negócios Turísticos no Meio Rural; ❚ Segurança nas Atividades Turísticas Rurais; ❚ Condução de Turismo no Meio Rural; ❚ Hospedagem em Áreas Rurais e Atendimento ao Cliente; ❚ Meios de Alimentação na Área Rural; ❚ Comercialização de Produtos e Negócios Turísticos no Meio Rural. 34 www.sistemafaemg.org.br REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 35 ARTESANATO Fotos: Arquivo SENAR Memória Para que tal mudança ocorra, é fundamental que instrutores vejam a necessidade de resgatar a memória das comunidades. “Mesmo que eu tenha muito conhecimento, é fundamental saber ouvir os códigos de cada lugar, a sua história. Afinal, de que adianta trabalhar valores que nada têm a ver com as pessoas que moram ali?”, destaca Mazarelo. Durante o treinamento, as instrutoras elencaram os códigos, ou seja, os valores que poderão ser explorados: relevo; bioma; expressões culturais; religiosidade, entre outros. “O turista vai se interessar por um trabalho que identifique o local que visitou”, reforça Mazarelo. Transformação Cerâmica de Santa Barbara O SENAR MINAS está capacitando instrutoras de Artesanato para que explorem a cultura local e traduzam estes valores nas peças produzidas. ALINE FURTADO, DE JUIZ DE FORA Resgate cultural “Cada lugar é único”. A frase da instrutora do curso de Artesanato em Argila e Congêneres, Marciana Félix, sintetiza a tônica do treinamento Criatividade e Resgate Cultural, realizado pelo SENAR MINAS durante dois dias em Barbacena, a 27 instrutoras da área de Artesanato. “Nossa intenção é provocar uma mudança na forma de trabalhar. É preciso, ao chegar às comunidades onde ministrarão os cursos, que as instrutoras incentivem a valorização das riquezas culturais e naturais destes locais. Minas Gerais é um estado muito rico e é necessário explorar essa rique- za com o que está sendo produzido”, destaca o coordenador de Promoção Social do SENAR MINAS, José Belas. Uma das responsáveis pelo treinamento, Mazarelo Carneiro Miranda, que presta consultoria nas áreas de designer e artesanato, conta que a proposta pode ser sintetizada como “quebra de paradigmas”. “Estamos fazendo o convite para que elas quebrem modelos, que são verdadeiras barreiras. Isso só pode ocorrer se incentivarmos o desafio, a criatividade, o novo. Só assim conseguirão, verdadeiramente, estimular os talentos com os quais se deparam nessas andanças pelo estado.” Ana Maria Baldoni, também responsável pelo treinamento, aponta a necessidade de mudança pessoal. “É um processo de transformação pessoal. Afinal, como modificar os alunos se a mudança não começa em você?”, pergunta às instrutoras. Para Maria de Fátima Ferreira Louzada, a mudança pessoal pode ser traduzida no estímulopara sair da zona de conforto. “O conhecimento adquirido nos dá embasamento técnico e mais segurança para aplicar o conceito de resgate cultural.” Ela relata que em Manhuaçu, por exemplo, este trabalho fez com que fossem criadas peças que retratavam o café, a principal atividade daquela região. Quem também acredita no processo de transformação pessoal é a instrutora Fabrícia Ferreira de Figueiredo. “Pude perceber que posso fazer melhor do que vinha fazendo. Será um desafio. Foram dois dias de aprendizado que nos ajudaram aver as coisas por outros ângulos.” Em Manhuaçu, a referência é o café FAEMG | SENAR 35 Solange Regina Pinto REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 36 Programa Jovem no Campo em São Domingos do Prata forma profissionais para atuarem na equideocultura, atividade tradicional na região. NATHALIE GUIMARÃES, DE VIÇOSA VOCAÇÕES Jovens empreendedores Dois jovens irão montar o seu próprio negócio após participarem do Programa Jovem no Campo, com foco no ramo da equideocultura, oferecido pelo SENAR MINAS em São Domingos do Prata, em parceria com a Associação dos Apicultores do município. Finalizado no último mês, o programa cumpriu sua proposta de contribuir com a inserção do jovem no mercado de trabalho, oferecendo a ele uma visão empreendedora do negócio, com base principalmente nas oportunidades locais e regionais. Segundo a instrutora Solange Regina Pinto, que abordou o tema “empreendedorismo”, o curso foi um sucesso. “Os alunos saíram motivados e 36 www.sistemafaemg.org.br os resultados foram surpreendentes”, comemora. Dois participantes de 17 anos pretendem registrar uma empresa de doma e outros cuidados na área de equideocultura, prestando serviços para os fazendeiros da região. Um deles é o estudante Kaio Feliz Barros, que já trabalha com doma, ferrageamento e preparação de equinos para apresentação em pista e pretende abrir o negócio já no próximo ano. "Quero abrir um centro de treinamento para trabalhar com equinos. Tenho um colega que quer estabelecer comigo, mas isso só será possível no ano que vem", explicou. O mobilizador da Associação dos Apicultores de São Domingos do Pra- ta, João Batista Lima, conta que há uma grande demanda pelo curso na região. Cerca de 50 jovens se candidataram ao programa, mas devido ao número limitado de vagas das duas turmas, apenas 27 puderam participar. Eles são na maioria filhos de produtores rurais e lidam com equideocultura no dia a dia. De acordo com a assessora Pedagógica, Mírian Rocha Silveira, o Programa Jovem no Campo é desenvolvido desde 2010, qualificando jovens em diversas ocupações: Apicultura, Floricultura, Jardinagem, Bovinocultura de Leite e Equideocultura. Em 2014, será realizada uma avaliação dos egressos do Programa. REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:48 Página 37 CERIMONIAL E EVENTOS ROSI GUIMARÃES Apresentações e cumprimentos residentes de sindicatos, funcionários e produtores rurais são constantemente convidados a participar de eventos sociais. Como muitos nos enviaram consultas sobre como proceder no momento das apresentações, vamos ao assunto. Nas apresentações e cumprimentos, o jeitinho brasileiro se manifesta em efusivos abraços e beijos. Quase todos gostam dessa forma de afeto. Para evitar excessos e constrangimentos, não custa levar a etiqueta em consideração. P A “regrinha” básica diz o seguinte: “Você apresenta o mais jovem ao mais velho, o homem à mulher, o funcionário ao chefe e as pessoas menos conhecidas ao mais conhecido. No caso de pessoas que ocupam algum cargo de destaque, diz-se primeiro o cargo e depois o nome”. Nos cumprimentos, o mais indicado é o homem, caso esteja sentado, se levantar. A mulher só se levanta se a pessoa apresentada for a anfitriã ou o anfitrião ou ainda uma senhora de idade. APERTO DE MÃO No ambiente profissional, o aperto de mão é o mais indicado. Mas precisa passar confiança. O aperto de mão deve ser firme, mas sem exagero, mantendo-se o contato no olhar e, acima de tudo, deve transmitir personalidade. O aperto de mão se dá com a mão direita, mas se alguém oferecer a mão esquerda, siga o que os outros fazem, ofereça sua mão esquerda também. As pessoas devem se lembrar de você, por isso transmita confiança com seu agradável aperto de mão. Quem já recebeu um fraco e desajeitado aperto de mão entende como é decepcionante. Não vale perder pontos por algo tão simples. ABRAÇO Definido como forma de apertar entre os braços, demonstração de carinho; é mais usado em situações sociais, e, claro, pode ser praticado no ambiente profissional, mas com moderação, evitando os abraços apertados; deixe-os para parentes e amigos. Usamos o abraço impessoal que é aquele apenas falado e não dado de fato. É comum cumprimentar ou se despedir dizendo "um abraço", sinal de pouca intimidade, e pode ser usado mesmo entre pessoas desconhecidas. BEIJOS Um, dois ou três? Depende do costume de cada região do Brasil: em São Paulo dá-se apenas um, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, um ou dois, e no Nordeste, três. Mas o melhor mesmo é se sentir à vontade para corresponder ao cumprimento recebido. No caso de duas pessoas da mesma idade e em ambiente corporativo, é a mulher que mostra se está a fim de cumprimentar com beijinhos ou se prefere ficar só no aperto de mãos. Muitas pessoas se sentem desconfortáveis quando são cumprimentadas muito de perto, então, o melhor é agir com naturalidade. Cuidado ao cumprimentar estrangeiros, muitos não estão acostumados ao jeitinho brasileiro e estranham o contato físico. Para não errar, em situações formais, é preferível restringir-se ao aperto de mãos. DEVEMOS EVITAR E se estiver resfriado? Desista dos beijos e abraços! Evite até mesmo chegar muito perto dos outros, pois ninguém quer correr o risco de se contaminar. Nunca deixe de cumprimentar quando uma mão lhe é estendida, isso é considerado falta de educação. Espremer a mão, puxar o braço ou balançar a mão por muito tempo, tudo isso transmite uma imagem de pessoa pouco agradável. FICA A DICA Se quiser causar realmente boa impressão, ao despedir-se cite o nome da pessoa à qual você foi apresentada. Isso demonstra interesse e, para fechar o encontro com chave de ouro, sorria! Um sorriso sincero consolida a primeira impressão, transmitindo uma mensagem positiva e confiante. Para a consultora de moda Glorinha Kalil, não se usa mais beijar a mão das mulheres como cumprimento, só no caso de demonstração de muito afeto e carinho para com uma mulher que você conhece o bastante. FAEMG | SENAR 37 REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 38 copo de suco de limão coado TEMPERO: 00 11 kg de sal 0 8 cebolas grandes 0 60 dentes de alho grandes 0 1 litro de vinho branco seco 0 1 litro de molho shoyu BATA TUDO NO LIQUIDIFICADOR, acrescente água até completar 4 litros e injete na carne. Não economize no tempero. O ideal é usar uns quatro litros de tempero. Injete-o por igual, sem esquecer nenhum pedaço. Deixe a carne descansar no molho por 12 horas (de um dia para o outro). COMIDA DE FAZENDA Porco à paraguaia ma saborosa carne de porco assada, coberta por uma pururuca bem crocante tem o seu lugar. Em Boa Esperança, no sul do estado, o pessoal sabe disso e inova no jeito de preparar essa delícia. Nos dias de festa, o Sindicato dos Produtores Rurais proporciona a seus convidados o porco à paraguaia – uma iguaria ideal para alimentar e satisfazer muitos de uma vez. Servido com uma farta salada, os tradicionais feijão tropeiro e pão de queijo e chope estupidamente gelado, a receita agrada a todos os paladares. Preparado por Marcos Afrânio Borges, funcionário da entidade há 28 anos, a carne tenra contrasta com os estalos da pele e tem um cheiro de enlouquecer... A receita foi aprendida com o suinocultor Romeu Waner Messoura há mais de 3 anos, mas o talento é de família. “Tenho um primo que é cozinheiro profissional”, diz Afrânio orgulhoso. Ele conta que sempre gostou de preparar carnes, o que deixa sua mulher bastante contente. A lista de especialidades tem todos os tipos: boi e porco no rolete, frango desossado e recheado, dourado assado e recheado, falso lombo e por aí vai. U 1 Utilize uma estrutura que tenha um metro de altura e pelo menos 70 cm de largura. Arrume as brasas apenas nos cantos. 2 Coloque o porco aberto e de bruços em cima da grade e cubra as costas com papelalumínio. 38 www.sistemafaemg.org.br “O segredo está na arrumação da churrasqueira e, claro, no tempero. Outra dica é usar um suíno de, no máximo, 50 kg, para que não fiquem partes mal assadas ou muito tostadas.” Marcos Afrânio Borges Sindicato dos Produtores Rurais de Boa Esperança 3 Deixe assar por 8 horas. Quando a pele de cima ficar amarelada é sinal de que está bom. Retire o papel-alumínio e vire a peça. 4 Logo em seguida, esparrame as brasas até o centro da churrasqueira (as brasas devem ser distribuídas por igual, cobrindo toda a extensão da churrasqueira) e acenda bem. 5 Em minutos, a pururuca surgirá. Bom apetite! REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 39 CHEGOU CNA CARD, O CARTÃO DO PRODUTOR. ECONOMIA NO BOLSO, FARTURA NO CAMPO E BENEFÍCIOS PARA MELHORAR A PRODUÇÃO. SOLICITE SEU CARTÃO! ACESSE: WWW.CNACARD.COM.BR LIGUE: 0800 7230299 MAIS INFORMAÇÕES: ENTRE EM CONTATO COM A FEDERAÇÃO DE REVISTA FAEMG|SENAR 39 AGRICULTURA E PECUÁRIA DO SEU ESTADO, SINDICATOS RURAIS DO SEU MUNICÍPIO OU [email protected] REVISTA FAEMG_SENAR Edição 93 PARA GRÁFICA Back_ATIVAIDADE 19/11/2013 15:43 Página 40
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