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Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 1 Série E CRIPTOSPORIDIOSE O que é Criptosporidiose? A Criptosporidiose é uma infecção causada por um agente parasita chamado Cryptosporidium ssp. Os parasitas consomem os nutrientes do organismo em que se instalam (hospedeiro), afetando principalmente os intestinos, causando diarréia. O Cryptosporidium é transmitido facilmente através de alimentos ou água, contaminados; ou ainda, pelo contato direto com uma pessoa ou animal, infectados. Aproximadamente entre 15% a 20% das pessoas com aids se infectam com o Cryptosporidium ssp. Somente algumas destas pessoas desenvolvem a forma mais séria da doença. O Cryptosporidium causa diarréia, náuseas, vômitos e dores no estômago. Em pessoas com sistemas imunológicos normais (imunocompetentes) os problemas causados pelo Cryptosporidium costumam se resolver espontaneamente após 2 a 8 semanas. Para mais informações sobre diarréia, leia a folha informativa D6. No entanto, a Criptosporidiose pode ocorrer repetidas vezes se o sistema imunológico estiver afetado. Isso normalmente acontece quando a contagem de células T CD4 for menor do que 200 células/mm3. Se a Criptosporidiose durar mais que 4 semanas numa pessoa com diagnóstico da infecção pelo HIV, diz-se que ela tem aids, segundo os critérios de definição de casos de aids pelo CDC (sigla em Inglês para Centro de Controle de Doenças, dos EUA). A diarréia pode interferir na absorção de nutrientes. Caso a Criptosporidiose permaneça durante muito tempo, o paciente pode sofrer grande perda de peso. Para informações sobre síndrome consuntiva leia a folha informativa E17. Várias doenças causam problemas similares. Para confirmar o diagnóstico de criptosporidiose, os médicos investigarão através de exames de fezes a presença de parasitas e de seus ovos (exame denominado POP – pesquisa de ovos e parasitas). Como se Prevenir? Não há nenhum medicamento para prevenir o Cryptosporidium. A maneira melhor de se proteger é manter uma higiene pessoal adequada. Evite contato com dejetos de humanos ou de animais, e lave as mãos após utilizar o banheiro, e depois de cultivar o jardim , de tocar animais, ou ainda, ao trocar as fraldas de criança com diarréia por este germe. O Cryptosporidium pode ser transmitido pela prática sexual oro-anal (boca–ânus). Para prevenção pode ser usada barreira de proteção durante esta prática sexual. Nadar em água contaminada com excrementos, humano ou de animais, assim como se alimentar de ostras cruas contaminadas, são outras formas de infecção. Algumas cidades podem ter o abastecimento de água contaminada com Cryptosporidium. Se a sua contagem de células T CD4 estiver abaixo de 200 células/mm3 tome as seguintes precauções: Importante • Ferva durante um minuto a água que se bebe ou • Beba água filtrada com filtro específico que remova partículas de 1 micrômetro. • A água engarrafada não é segura, a menos que tenha sido fervida ou filtrada corretamente. A água pode ser tratada com iodo ou cloro, mas estes procedimentos não são tão eficazes quanto ferver a água por 1 minuto. Como tratar o CRYPTOSPORIDIUM? Não há nenhum medicamento que possa eliminar a infecção por Criptosporidiose. Tem-se experimentado uma série de medicamentos como a paromomicina, azitromicina (Zitromax, etc), e a atovaquona. O medicamento que mais promete para o combate do Cryptosporidium é a nitazoxanida. Em um estudo recente concluiu-se que este medicamento tem ajudado quase metade das pessoas que dele fizeram uso. Então, não é possível eliminar a infecção causada por Cryptosporidium. Porém, existem medidas para controlar a diarréia – os antidiarréicos, como a loperamida e elixir paregórico. A reidratação oral é de suma importância, principalmente nas formas mais severas. A terapia anti-retroviral potente é o único tratamento que controla a Criptosporidiose persistente (com a reconstituição imune). Resumindo O Cryptosporidium é um parasita bastante comum encontrado em animais, humanos, na terra e na água, e de fácil transmissão. Em pessoas com sistemas imunes normais, o Cryptosporidium causa diarréia, além de outros problemas de estômago por aproximadamente 15 dias. Em pessoas com contagem de células T CD4 abaixo de 200 células/mm3, a diarréia pode se estender por mais tempo. A melhor forma de prevenir a infecção por Cryptosporidium é lavar as mãos freqüentemente. Se você vive numa cidade onde o abastecimento de água está contaminado com Cryptosporidium, tome medidas para usar somente água Folhas Informativas fervida ou filtrada para cozinhar e beber. 1 Série E Vários medicamentos estão sendo estudados para combater o Cryptosporidium, mas nenhum deles foi aprovado. A diarréia crônica causada por Cryptosporidium deve ser controlada para evitar problemas mais sérios como a síndrome consuntiva (emagrecimento acima de 10% do peso corporal). Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 2 Série E Meningite criptocócica O que é Meningite Criptocócica? O criptococo (Cryptococcus neoformans) é um fungo encontrado normalmente na terra. A porta de entrada é geralmente a pulmonar. Não parece transmitir-se de pessoa a pessoa. A meningite é a doença mais comum causada pelo criptococo. A meningite é uma infecção que afeta o envoltório da medula espinhal e o cérebro. Pode causar até coma e a morte. O criptococo também pode infectar a pele, os pulmões, articulações, olhos e outras partes do corpo. O risco de infecção por criptococo é mais alto quando a contagem de células T CD4 estiver abaixo de 100 células/mm3. Os primeiros sinais de meningite incluem febre, fadiga, com ou sem rigidez da nuca, dor de cabeça, náuseas e vômitos, confusão mental e problemas de visão. Os sintomas podem aparecer de forma lenta. Existem exames laboratoriais que são usados para confirmar o diagnóstico de meningite criptocócica. Os exames utilizam o fluído da medula espinhal - líquor. Para se conseguir uma amostra do líquor, uma agulha é inserida no meio das costas, na altura da região lombar. A agulha retira uma amostra deste líquido. O exame é seguro e normalmente não muito doloroso. Porém, algumas pessoas, após o exame, apresentam dor de cabeça que pode se estender por alguns dias. O líquor é analisado de diferentes formas: exame direto com tinta da China e exame de látex para detecção do antígeno criptocócico – positivos em mais de 95% dos casos. Ainda são realizados os exames de cultura do líquor e do sangue (hemocultura). Como se trata a Meningite Criptocócica? A meningite criptocócica é tratada com os medicamentos antifúngicos. Alguns médicos utilizam fluconazol. Esse medicamento está disponível em forma oral (cápsulas) ou como medicamento intravenoso (infusão intravenosa). O fluconazol é bastante eficaz e geralmente bem tolerado. Outros médicos preferem utilizar uma combinação de anfotericina B e cápsulas de flucitosina. Anfotericina B é um medicamento muito potente que é administrado em forma de infusão intravenosa lenta. Pode ter efeitos colaterais sérios. A meningite criptocócica pode retornar após a primeira ocorrência. As recaídas se reduzirão na medida em que os pacientes continuarem tomando os medicamentos antifúngicos. Como é escolhido um tratamento para a Meningite? Se você tem meningite criptocócica, será tratado com medicamentos antifúngicos, como o anfotericina B, o fluconazol, itraconazol e flucitosina. O anfotericina B é o mais potente destes medicamentos, mas pode danificar os rins (nefrotóxico). Os outros medicamentos apresentam menos efeitos colaterais, mas também se apresentam menos eficazes na eliminação do criptococo. Se a meningite for diagnosticada rapidamente e apresentar-se de forma menos grave, pode ser tratada sem a utilização de anfotericina B, apenas usando fluconazol na dose diária de 400 mg por 6 a 10 semanas. O tratamento usual, porém, inclui um regime de duas semanas de anfotericina B intravenosa, seguido pelo uso do fluconazol oral por tempo indeterminado. Sem a utilização desse, existe o risco de recidiva do quadro. É possível prevenir a meningite? Tomar o medicamento fluconazol quando a contagem de células T CD4 estiver abaixo de 50 células/mm3 pode ajudar a prevenir a meningite criptocócica. Mas há várias razões pelas quais não se recomendam esta profilaxia para a maioria dos pacientes: • A maioria das infecções por fungos são facilmente tratadas. • O fluconazol é um medicamento muito caro. • Tomar o fluconazol por longo prazo pode levar a infecções de levedura (como candidíase vaginal ou infecção severa por cândida em orofaringe) resistentes ao fluconazol. Essas infecções resistentes terão de ser tratadas com Anfotericina B. Resumindo A meningite criptocócica ocorre freqüentemente em pessoas que apresentam contagem de células T CD4 abaixo de 100 células/mm3. Ainda que os medicamentos antifúngicos sejam eficazes para prevenir esse tipo de meningite, em geral, não são recomendados para a maioria dos pacientes devido ao seu alto custo e ao risco de desenvolvimento de infecções de levedura resistentes aos medicamentos. O rápido diagnóstico pode permitir o tratamento da doença com medicamentos menos tóxicos. Entre em contato com seu médico se você apresenta febre, dores de cabeça, rigidez do pescoço, problemas de visão, confusão, náuseas e vômitos. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 3 Série E Citomegalovírus (CMV) O que é Citomegalovírus? O citomegalovírus (CMV) é uma infecção oportunista. Aproximadamente 85% da população dos Estados Unidos, ao atingir a faixa dos 40 anos de idade tem anticorpo IgG positivo para o CMV. Em geral, um sistema imune sadio pode manter a infecção sob controle (latente). Mas quando surge um comprometimento do sistema imune, como a infecção pelo HIV, o CMV pode causar doença em alguns órgãos, como a retinite, a esofagite, entre outras. A retinite é a doença mais freqüente causada pelo CMV, que destrói todas as camadas da retina (parte posterior do olho). Se não for tratada a tempo, pode causar cegueira. O CMV pode se disseminar e atingir outros órgãos. O risco de doença por CMV aumenta quando a contagem de células T CD4 for menor que 50 células/mm3. Os primeiros sinais de retinite relacionada com o CMV são aparições de problemas na visão, como por exemplo, pontos escuros que se movimentam. Estes são chamados “manchas flutuantes” e indicam que há inflamação na retina. Alguns médicos recomendam exame oftalmológico para determinar se existe retinite. Se você tem algum problema de visão consulte seu médico imediatamente ou um oftalmologista . Como se administra o tratamento Anti-CMV? Os primeiros tratamentos contra o CMV eram realizados através de infusões intravenosas diárias. Utilizava-se ganciclovir ou foscarnet. Esses medicamentos podem controlar o CMV, mas não curam a infecção. As pessoas HIV positivas com citomegalovirose só podem suspender os medicamentos contra o CMV sob certas condições que devem ser verificadas pelo médico: contagem de células T CD4 maior que 100 ou 150 células/mm3 por pelo menos 6 meses e ausência de doença ativa. Porém vale ressaltar que existem relatos de retinite por CMV mesmo em pessoas em uso de terapia anti-retroviral potente e contagem de células T CD4 maior do que 200 células/mm3. O tratamento contra o CMV tem melhorado muito nos últimos anos. · · · · · · 1995: aprovou-se o ganciclovir em pílulas para prevenir a doença por CMV. 1995: os médicos usavam injeções de ganciclovir e foscarnet, aplicadas diretamente no olho, para controlar a retinite. 1996: desenvolveu-se um implante de ganciclovir que libera o medicamento diretamente no olho. 1996: aprovou-se o cidofovir para ser usado de forma intravenosa. 1998: aprovou-se o Fomivirsen, injetável no olho. 2001: aprovou-se o valganciclovir que é uma fórmula mais potente e administrada em doses menores que o ganciclovir. Importante Os medicamentos antiretrovirais podem melhorar a saúde do sistema imune. Os pacientes que apresentam contagem de células T CD4 em aumento progressivo atingindo a contagem de 100 ou 150 células/mm3, sendo esse nível mantido por mais de 6 meses, podem deixar de usar medicamentos anti-CMV. É possível prevenir a doença causada pelo CMV? O Ganciclovir via oral foi aprovado para a profilaxia da doença pelo CMV. Porém, a recomendação dessa profilaxia não é realizada de rotina. Algumas explicações para tal situação: alto custo, o inconveniente de usar 12 cápsulas por dia, efeitos tóxicos como anemia e neutropenia e risco de resistência ao medicamento. Também não está muito claro o benefício que este tipo de medicamento proporciona como profilaxia, visto que existem dois estudos com conclusões diferentes e contraditórias. Finalmente, os medicamentos antiretrovirais potentes conseguem manter a contagem de células T CD4 suficientemente alto, de maneira que uma doença por CMV não se desenvolva. Como escolher um tratamento para o CMV? Vários aspectos devem ser considerados antes da escolha de um tratamento para a doença ativa causada pelo CMV: A efetividade: o ganciclovir intravenoso parece ser o tratamento anti-CMV mais efetivo. Os implantes intra-oculares controlam a retinite, mas somente no olho tratado. Forma de administração: a tomada de pílulas é o método mais fácil. A injeção intravenosa requer agulhas ou um cateter, o que pode provocar infecções. A injeção ocular implica inserir uma agulha diretamente no olho (implante intra-ocular). O procedimento para a colocação dos implantes, que duram entre seis e oito meses, consome cerca de uma hora. O tratamento é local ou sistêmico? o tratamento local beneficia somente os olhos. A retinite causada pelo CMV pode levar à Folhas Informativas cegueira rapidamente, por isso deve ser tratada de forma agressiva. Nas novas formas injetáveis ou através de implantes, o medicamento é aplicado diretamente no olho, logo, representam a melhor forma de tratamento para a retinite. O CMV também pode atingir outros órgãos. Para controlá-lo, nesse caso, é necessário utilizar um tratamento sistêmico administrado através de medicamento intravenoso ou pílulas de valganciclovir. Quais são os efeitos colaterais? os medicamentos anti-CMV intravenosos e o valganciclovir podem danificar a medula óssea e os rins. Isso pode provocar a necessidade de se utilizar medicamentos adicionais. O ganciclovir e o foscarnet são administrados como infusões diárias. Para o Foscarnet as infusões são demoradas. As infusões de cidofovir são administradas somente uma vez a cada duas semanas (após serem aplicadas semanalmente durante certo tempo, no início do tratamento). Isso significa que não é necessária a introdução de um cateter para a aplicação do medicamento. Porém, o cidofovir pode causar efeitos colaterais sérios. Resumindo A melhor maneira de prevenir a doença causada pelo CMV é utilizar medicamentos anti-retrovirais potentes. Se a sua contagem de células T CD4 for menor que 50 células/mm3, consulte seu médico sobre o risco de desenvolver doença por CMV e faça exames de visão com freqüência. Se você tem QUALQUER problema com a visão, consulte seu médico imediatamente. O tratamento aplicado diretamente no olho (implante intra-ocular) é capaz de controlar a retinite causada pelo CMV. A maioria das pessoas que tomam medicamentos anti-retrovirais e possuem contagem de células T CD4 acima de 100 ou 150 células/mm3, sendo esse nível mantido por mais de 6 meses, pode deixar de usar medicamentos anti-CMV. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. 3 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 4 Série E Demência e outros problemas do sistema nervoso central Quais são os problemas do Sistema Nervoso? O sistema nervoso é formado por duas partes: central e periférico. O cérebro e a medula espinhal constituem o sistema nervoso central (SNC). Os nervos constituem o sistema nervoso periférico. As pessoas HIV positivas podem sofrer vários problemas no sistema nervoso. Entre os mais comuns podemos citar a neuropatia periférica que causa dor muscular e nos nervos (particularmente nos pés, pernas e mãos), formigamento e queimação. Para mais informações, leia a folha informativa D7. Os problemas do SNC incluem depressão, dificuldade para dormir e manter o equilíbrio, caminhar, pensar, além de distúrbios de memória. Inicialmente, todos esses problemas eram denominados “complexo de demência relacionado à aids”. No entanto, existe uma grande variedade de problemas do sistema nervoso relacionados à aids. A demência relacionada à aids significa a existência de sérios problemas crônicos que dificultam o controle motor das pernas e braços, entorpecem o pensamento, além de causar distúrbios de memória. Antes da terapia anti-retroviral estar disponível, aproximadamente 20% das pessoas com aids desenvolviam demência. Os medicamentos antiretrovirais potentes têm reduzido em quase dois terços o índice do desenvolvimento de demência associada ao HIV. No entanto, agora que as pessoas HIV positivas vivem mais tempo, os casos de demência leve estão aumentando. Como os problemas neurológicos são diagnosticados? Não é fácil saber qual é a causa dos problemas neurológicos. Podem estar relacionados à deficiência de vitaminas, infecções oportunistas ou ao uso de medicamentos antiretrovirais. Outros sintomas podem surgir quando o próprio HIV infecta o cérebro ou a medula espinhal. A maioria dos problemas mentais não aparece até que a doença pelo HIV alcance estágios avançados. Se uma pessoa apresenta contagem de células T CD4 elevada e desenvolve problemas neurológicos, seu médico pode suspeitar que a causa está relacionada a outros fatores. Esses problemas incluem depressão ou envelhecimento. Um estudo recente, no entanto, demonstrou que a infecção pelo HIV pode afetar a memória verbal ainda em pacientes que não possuam nenhum outro sintoma de doença causada pelo HIV. Assegure-se de informar a seu médico se você apresenta algum sintoma relacionado a problemas neurológicos. Esses incluem: Importante • Problemas de equilíbrio • Problemas de visão • Dificuldade para recordar palavras • Dificuldade para se concentrar ou completar tarefas • Perder-se em lugares conhecidos • Esquecer números de telefones que são utilizados com freqüência • Dificuldade para efetuar operações numéricas simples, como por exemplo, confundir-se na hora de dar o troco • Dificuldades de leitura É possível que seu médico lhe peça um exame em forma de uma prova escrita para averiguar o que poderia estar causando esse tipo de problema. Alguns problemas neurológicos precisam de atenção médica urgente. Se você tem dores de cabeça intensas (cefaléia), especialmente se estas são acompanhadas de febre, rigidez da nuca, vômitos ou problemas de visão, consulte seu médico imediatamente. Como se tratam os problemas neurológicos? Os problemas do SNC podem ser causados por medicamentos, infecções oportunistas ou pelo próprio HIV atingindo o cérebro ou a medula espinhal. Se os problemas são causados por medicamentos, eles geralmente desaparecem quando o uso é suspenso. Os problemas causados por infecções oportunistas, incluindo a toxoplasmose (veja a folha informativa E 15) podem ser tratados com medicamentos específicos, geralmente os antibióticos. A infecção do SNC pelo próprio HIV deve ser tratada com os antiretrovirais. Lamentavelmente, a barreira “sangue-cérebro” (hematoencefálica) não permite a passagem de muitos medicamentos para o sistema nervoso central. Essa barreira é uma rede de vasos sangüíneos que protege o cérebro e a medula contra a ação de gérmens e de substâncias nocivas que podem existir no sangue. Os seguintes medicamentos antiretrovirais apresentam a melhor penetração no SNC: Folhas Informativas · · · · · 4 Série E Zidovudina - AZT (folha C12) Estavudina - d4T (folha C15) Abacavir - ABC (folha C17) Nevirapina - NVP (folha C22) Indinavir - IDV (folha C 24) É importante realçar que as pessoas que apresentam problemas no SNC podem necessitar de ajuda para recordar quando e como devem tomar seus medicamentos. Proporcionar assistência a pessoas com demência é tarefa difícil. Aqueles que oferecem esse tipo de serviço devem estar preparados no intuito de evitar danos a si próprios, como depressão ou desgaste físico e mental, excessivos. Atualmente novos medicamentos estão sendo estudados para os problemas mentais. Os melhores resultados, até o momento, observam-se com o medicamento selegilina (Jumexil, Elepril). Alguns cientistas acreditam que os problemas neurológicos podem ser revertidos se tratados durante as primeiras etapas da doença. As pesquisas sobre esse tema continuam sendo realizadas. Resumindo A doença produzida pelo HIV pode causar uma série de problemas no sistema nervoso, desde simples esquecimentos, passando por dificuldade para manter o equilíbrio, até a ocorrência de demência severa. No entanto, os problemas de memória verbal podem aparecer mesmo em pessoas que não apresentem sintomas. As novas combinações de medicamentos contra o HIV podem proteger o sistema nervoso central do dano que o vírus causa. A terapia anti-retroviral potente reduziu a freqüência de demência associada ao HIV. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 5 Série E Hepatite O que é Hepatite? Hepatite significa inflamação do fígado. A hepatite pode ser causada por vírus (vírus hepatotrópicos). O álcool, as drogas (incluindo os medicamentos) ou substâncias venenosas também podem causar hepatite. As infecções oportunistas como o Complexo de Mycobacterium Avium (MAC, veja a folha informativa E 12), o Citomegalovírus (CMV, veja folha informativa E 3), também podem causar hepatite. A hepatite é uma doença muito comum. Pode afetar até mesmo pessoas com um sistema imune sadio. A hepatite pode ser fulminante e levar ao óbito. Muitos casos de hepatite não são tratados adequadamente porque as pessoas que sofrem deste tipo de doença acreditam que se trata somente de uma gripe. Os sintomas mais comuns da hepatite são: perda do apetite, fadiga, febre, dores no corpo, náuseas, vômitos e dor no estômago. Pode-se ainda verificar coloração escura da urina (colúria), coloração clara das fezes (hipocolia fecal), e cor amarela da pele e/ou dos olhos (icterícia). O médico deve solicitar exames de sangue para averiguar se seu fígado está funcionando normalmente. Esses exames de “função hepática” (hepatograma) medem a quantidade de certas substâncias químicas, entre outras: bilirrubina, AST e ALT (ditas transaminases). Para mais informações sobre os exames de função hepática, leia a folha informativa A5. Existem exames de sangue específicos que identificam o tipo de vírus causador da hepatite (marcadores virais da hepatite). Em determinadas ocasiões, uma amostra do tecido hepático (biópsia hepática) é retirada e pesquisada no intuito de verificar o estágio da lesão hepática. Hepatite Viral Os cientistas reconhecem sete tipos de vírus que podem causar hepatite. Eles são chamados vírus da hepatite A, B, C, D, E, F e G. Aproximadamente 90% dos casos de hepatite são causados pelos vírus do tipo A, B ou C. A OMS estima que exista cerca de 320 milhões de portadores crônicos da hepatite B e 170 milhões da hepatite C no mundo. No Brasil estima-se que exista cerca de dois milhões de casos de portadores crônicos da hepatite B e três milhões da hepatite C. A hepatite viral pode ser aguda ou crônica. Quando a lesão inflamatória do fígado persiste por mais de 6 meses, considera-se que a infecção está evoluindo para a forma crônica. Não existem casos de hepatite crônica pelo vírus A e E. Esses vírus são disseminados através do contato com as fezes, seja diretamente ou através de alimentos contaminados (transmissão fecal-oral). A prevenção da hepatite A pode ser realizada pelo uso da vacina específica contra o vírus A. A melhor estratégia de prevenção para a hepatite A e E é a melhoria das condições de vida com saneamento básico e orientações educacionais sobre higiene. A hepatite B é a mais comum de todas as hepatites virais. Pode ser transmitida por contato domiciliar (uso de utensílios domésticos), contato sexual, ou através de sangue infectado. De 5 a 10% das pessoas que adquirem o vírus da hepatite B desenvolvem doença crônica. A hepatite B pode causar mortes em pessoas HIV positivas – co-infecção HIV/HBV. A prevenção da hepatite B acontece com o controle de bancos de sangue, uso de preservativos, não compartilhamento de alicates de unha, lâminas de barbear, agulhas e seringas e a vacinação contra hepatite B. A hepatite C geralmente é disseminada através do contato com sangue ou agulhas contaminadas. A transmissão sexual é menos freqüente. A hepatite C pode raramente apresentar sintomas na fase aguda. A evolução para a forma crônica (portadores do vírus C) acontece em 80 a 85% dos casos. A hepatite D é causada pelo vírus delta e somente se manifesta em pessoas portadoras do vírus B. As pessoas que também adquirem o vírus D desenvolvem cirrose hepática mais freqüentemente do que aquelas portadoras apenas do vírus B. É endêmica na região amazônica. Para prevenir a infecção pelo vírus D a melhor maneira é garantir a prevenção contra a hepatite B. A hepatite F é extremamente rara e não se sabe muito sobre ela. O vírus da hepatite G se chama vírus GBV-C. Não causa nenhum tipo de doença conhecida até o presente momento. Importante Não existem tratamentos específicos para as hepatites A e E. O repouso é a medida mais adequada. A única restrição é a ingestão de álcool, que deve ser evitada por pelo menos 6 meses, preferencialmente por um ano. O alfa-interferon e o medicamento anti-retroviral lamivudina (3TC) são úteis contra as hepatites B e D. Em setembro de 2002 foi aprovado nos Estados Unidos, o medicamento Adefovir dipivoxil (Hepsera) contra a hepatite B. Veja a folha informativa E 6 que fala sobre HIV e hepatite C. Alguns medicamentos novos que são utilizados para tratamento da aids talvez possam auxiliar no combate das hepatites B, C e D. Folhas Informativas Outros tipos de hepatite A hepatite causada pelo uso de álcool, drogas ou substâncias venenosas pode provocar os mesmos sintomas das hepatites causadas por vírus. Nesses casos, a lesão hepática não acontece por uma infecção viral. O fígado tem a função de processar substâncias provenientes da corrente sangüínea, logo, o excesso destas pode provocar uma sobrecarga no funcionamento deste órgão. Alguns medicamentos que são utilizados para o tratamento da aids e de outras doenças relacionadas podem causar hepatite. O analgésico paracetamol (Tylenol®, Dôrico) também pode causar hepatite. 5 Série E O melhor tratamento para esses tipos de hepatite é interromper o uso de bebidas alcoólicas ou de drogas que causem danos ao fígado. Se a hepatite é causada por uma infecção oportunista (IO) relacionada a aids, deve-se controlar a IO para que o fígado se recupere. Problemas relacionados aos medicamentos O fígado deve funcionar adequadamente para que a maioria dos medicamentos seja devidamente processado. Os medicamentos que não causavam nenhum problema quando seu fígado estava sadio, podem causar diversos danos se você possui hepatite. Isso também ocorre nos casos de hepatite por álcool, aspirina, ervas ou drogas. Assegure-se de que seu médico esteja ciente dos medicamentos e/ ou suplementos que você esteja tomando para que haja vigilância sobre possíveis danos ao fígado. Alguns medicamentos utilizados no tratamento da hepatite interagem com os anti-retrovirais. Seu médico deve estar bastante atento para lhe receitar medicamentos que possam ser usados simultaneamente com os anti-retrovirais. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 6 Série E Hepatite C e HIV O que é Hepatite C? O HCV (vírus da hepatite C) é transmitido através de sangue infectado. Compartilhar instrumentos como agulhas ou seringas também representa um grave risco de transmissão da Hepatite C. A relação sexual não é um mecanismo muito freqüente de transmissão do vírus C, a não ser em condições especiais. A hepatite se dissemina mais facilmente que o HIV. Nos Estados Unidos, a quantidade de pessoas com hepatite C é quatro vezes maior que o número de pessoas portadoras do HIV. Você pode estar infectado com o HCV e não ter consciência disso. Aproximadamente 15% das pessoas eliminam o vírus sem tratamento, acontecendo a cura espontânea da infecção. Os outros 85% desenvolvem a forma crônica com a infecção persistente. A hepatite C crônica geralmente apresenta poucos ou nenhum sintomas. As manifestações clínicas costumam aparecer em fases adiantadas da lesão hepática. Como se diagnostica? Quando o vírus C acomete o fígado, os exames de função hepática apresentam valores anormais. Veja a folha A5 para maiores informações. A elevação das enzimas hepáticas significam lesão no tecido hepático. Ainda que seus exames da função hepática sejam normais, o vírus C pode ter começado a lesionar seu fígado. Se você é HIV positivo, é importante fazer o exame para hepatite C (anti-HCV), especialmente se você tiver compartilhado instrumentos para uso de drogas. Os exames de sangue, tanto para a hepatite C quanto para o HIV, são similares. Os dois buscam sinais de que seu sistema imunológico esteja atacando o vírus (produção de anticorpos) ou determinam a presença do vírus (PCR qualitativo do HCV). A folha C6 oferece mais informações sobre o exame da carga viral do HIV. Alguns médicos indicam a realização da biópsia hepática. O médico retira uma amostra das células do fígado, utilizando uma agulha fina e estas são observadas ao microscópio. A biópsia evidencia o grau de dano hepático causado pelo HCV. Como se administra o tratamento para a Hepatite C? A maioria dos casos de hepatite C tratados com interferon, imediatamente após a infecção, evoluim para a cura. Lamentavelmente, os sinais da hepatite C são semelhantes aos da gripe e, na maioria dos casos, o diagnóstico da hepatite C ocorre somente anos após a infecção inicial, já como portador crônico. O primeiro passo no tratamento da hepatite C é identificar a cepa com a qual se está infectado. Existem seis variedades conhecidas de HCV, chamadas genótipos. A maioria das pessoas tem o genótipo 1. O genótipo 1 é mais difícil de tratar que o genótipo 2 ou 3. O tratamento que tem sido utilizado normalmente no combate da hepatite C inclui uma combinação de interferon e ribavirina. O interferon deve ser injetado abaixo da pele (subcutâneo) três vezes por semana; e a ribavirina, disponível em comprimidos, deve ser tomada duas vezes por dia. Esses medicamentos possuem efeitos colaterais sérios, incluindo sintomas de gripe, irritabilidade, depressão, contagem baixa de glóbulos vermelhos (anemia) ou de glóbulos brancos (leucopenia). A Ribavirina pode causar sérios defeitos de malformação. As mulheres não devem usar ribavirina nos 6 meses anteriores ao início de uma gestação, nem durante a gravidez. Os homens não devem usar ribavirina, pelo menos durante os seis meses anteriores de suas esposas ficarem grávidas. Uma nova forma de interferon chamada “interferon peguilado” foi autorizada para o tratamento da hepatite C no ano de 2001. O interferon peguilado permanece no sangue por mais tempo e só exige a aplicação de uma injeção por semana. O interferon peguilado aparenta ser mais potente que sua fórmula original. Também pode ser combinado com a ribavirina. O tratamento da hepatite C geralmente tem duração de 6 a 12 meses, dependendo do genótipo. Depois do tratamento, aproximadamente 40% dos pacientes apresentam uma carga viral indetectável para o HCV. Isso significa que a quantidade de HCV no sangue é demasiadamente baixa para que o exame possa detectálo. As pessoas que ainda apresentam níveis detectáveis de HCV, mesmo após o tratamento, devem continuar com doses de interferon mais baixas. Isso é chamado de “terapia de manutenção”. Vários fatores contribuem para o êxito do tratamento da hepatite C: ter hepatite C dos tipos 2 ou 3, apresentar uma carga viral baixa para o HCV, iniciar o tratamento antes que ocorra dano hepático, ser mulher, ter menos de 40 anos de idade, e não consumir álcool. É possível prevenir a Hepatite C? Apesar da existência de vacinas contra as hepatites A e B, não existe uma vacina para a hepatite C. A melhor maneira de prevenir a infecção pelo HCV é evitar a exposição a sangue infectado. Se você não compartilha instrumentos para uso de drogas e evita o contato com sangue de pessoas infectadas com hepatite C, seu risco de se contaminar é menor. Folhas Informativas 6 Série E Hepatite C e HIV O fato do HIV e do HCV se transmitirem através do sangue infectado faz com que muitas pessoas se infectem com ambos os vírus. Isso é chamado de co-infecção. O vírus C não agrava a doença causada pelo HIV e não interfere na ação dos medicamentos anti-retrovirais. • Em pessoas com HIV, a hepatite C pode ser mais séria e causar dano hepático mais rápido. • As pessoas HIV positivas têm mais possibilidades de transmitir o vírus da hepatite C a outros, pois apresentam a carga viral de HCV mais alta. • Os medicamentos utilizados no tratamento do HIV podem causar dano ao fígado. No entanto, não sabemos se estes agravam a hepatite C. • A Ribavirina aumenta os níveis de ddI no sangue. Se você toma ambos os medicamentos, deve prestar atenção ao surgimento de qualquer sintoma de efeitos colaterais por ddl. • Se alguém cumpre com os requisitos do tratamento para o HIV de acordo com os guias de tratamento e tem um caso leve de hepatite C, deve ser priorizado o tratamento da infecção pelo HIV. • No entanto, se o HIV não requerer tratamento imediato (porque a contagem de células T CD4 está alta e a carga viral é baixa), então é melhor tratar primeiro a hepatite C. Dessa forma, o fígado estará em melhores condições para tolerar os medicamentos anti-retrovirais. O tratamento simultâneo da infecção pelo HIV e HCV é complexo. Assegure-se de que seu médico tenha experiência com as duas doenças. Resumindo O número de pessoas que apresenta hepatite C, mas desconhece sua existência, supera o de portadores do HIV. A hepatite C pode estar presente por anos e prejudicar o fígado, antes de causar problemas aparentes. Estima-se que até 40% dos pacientes infectados pelo HIV apresentem também infecção pelo vírus B e/ou C. A infecção pelo HIV pode agravar a hepatite C. A hepatite C prejudica o fígado, o que pode dificultar o metabolismo dos medicamentos antiretrovirais. As pessoas HIV positivas devem fazer exame para detectar a hepatite C, já que o tratamento precoce é mais efetivo. O tratamento em pessoas portadoras da Hepatite C e HIV é complexo. Essas pessoas devem consultar um médico que possua conhecimento sobre ambas as doenças. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 7 Série E Herpes Zoster O que é Herpes Zoster? É uma doença causada por um vírus. Apresenta dois quadros clínicos distintos: varicela e herpes zoster. A varicela acontece na infecção primária com o aparecimento de vesículas, bolhas e crostas. Seguese uma fase adormecida (latência) do vírus e que às vezes, sem prévio aviso, se ativa novamente. Essa reativação é mais comum naqueles que apresentam um sistema imune debilitado, ou seja, pessoas HIV positivas, com câncer e/ou com idade acima de 50 anos. A infecção recorrente aparece através do quadro de herpes zoster, que atinge diferentes dermátonos, principalmente os torácicos e lombares. Os primeiros sintomas são: adormecimento, sensação de formigamento ou dor severa no peito, nas costas, ao redor do nariz e dos olhos. Em raros casos, o herpes pode infectar os nervos da face ou dos olhos. Caso isso ocorra, erupções podem surgir ao redor da boca, na face, no pescoço, couro cabeludo, dentro ou ao redor das orelhas ou, ainda, na ponta do nariz. Os episódios de herpes zoster, em geral, ocorrem somente de um lado do corpo. Em poucos dias, uma erupção aparece na pele, na área relacionada ao nervo inflamado. Formam-se pequenas bolhas cheias de líquido. Posteriormente, estas se abrem e se formam crostas. Se você coçar, as bolhas podem se infeccionar e talvez seja necessário tratamento com antibióticos. Na maioria dos casos a erupção da pele desaparece em poucas semanas, mas, às vezes, a dor severa pode durar meses ou anos. Essa condição é chamada de “nevralgia pós-herpética”. Herpes Zoster e HIV O herpes zoster não é uma das infecções que determina o diagnóstico de aids pelo critério CDC. Já pelo critério OPAS/Caracas é uma das manifestações que definem caso de AIDS (somatório total de 10 pontos). O herpes zoster pode ocorrer em pessoas HIV positivas pouco tempo após estas iniciarem o tratamento anti-retroviral. Acredita-se que esses casos se devem à recuperação do sistema imune. Como se transmite o Herpes Zoster? O herpes zoster pode ocorrer somente em pessoas que tiveram varicela. Se alguém que já teve varicela entra em contato com uma pessoa com herpes zoster, não haverá contágio. Por outro lado, as pessoas que não tiveram varicela podem se infectar com o herpes zoster e desenvolver varicela. Deve-se evitar o contato com a erupção do herpes zoster ou com qualquer material que esteja em contato com essas lesões. Como se trata o Herpes Zoster? O tratamento padrão é o medicamento aciclovir, que pode ser administrado de forma oral (em comprimidos) ou por via intravenosa em casos graves. Recentemente foram aprovados dois novos medicamentos para o tratamento do herpes zoster: o famciclovir e o valaciclovir. Ambos devem ser tomados três vezes ao dia, ao invés de cinco vezes ao dia, como no caso do aciclovir. Todos esses medicamentos apresentam melhor ação se o tratamento tem início dentro dos três primeiros dias após o primeiro sintoma de dor causado pelo herpes zoster. Os médicos geralmente receitam medicamentos analgésicos, pois a dor causada pelo herpes zoster pode ser muito intensa. É possível prevenir o Herpes Zoster? Atualmente não existe maneira de prever um episódio de herpes zoster, além de não existir nenhum medicamento autorizado para preveni-lo. No entanto, alguns cientistas demonstraram que uma forma mais potente da vacina contra a varicela que se usa em crianças, pode estimular o tipo de resposta imune necessária para manter o vírus sob controle. Espera-se demonstrar que esse aumento na imunidade possa resultar num risco menor de se desenvolver herpes zoster posteriormente. Resumindo É causada pela reativação do vírus que provoca a varicela. Apesar de não estar relacionado com o HIV, parece que o herpes zoster ocorre com mais freqüência em pessoas com aids. O herpes zoster pode desaparecer em duas semanas, contudo, a dor severa pode se estender por vários meses. Não se conhece nenhum mecanismo para prevenir os episódios de herpes zoster. A doença é tratada com aciclovir oral cinco vezes ao dia ou, em casos severos, de forma intravenosa. Dois medicamentos novos, o famciclovir e o valaciclovir, parecem ser mais efetivos no combate a dor causada pelo herpes zoster e devem ser tomados somente três vezes ao dia. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 8 Série E Vírus Papiloma Humano (HPV) O QUE É HPV? Existem mais de 80 tipos de HPV vírus do papiloma humano. Um estudo encontrou HPV em 77% das mulheres HIV positivas. O HPV se transmite facilmente durante as atividades sexuais. Os preservativos não previnem a sua transmissão completamente. Podem ser transmitidos de pessoa a pessoa através do contato com zonas infectadas. Alguns tipos de HPV causam as verrugas comuns nas mãos e pés. As infecções das mãos e dos pés geralmente não se transmitem através das práticas sexuais. Não existe nenhuma forma fácil de saber se alguém está infectado com HPV. As pessoas que não apresentam sinais nem sintomas da infecção pelo HPV podem transmiti-lo. Vários tipos de HPV causam verrugas nas genitálias (pênis, vagina e reto). O HPV também pode causar problemas na boca, língua e lábios. Outros tipos de HPV podem causar um crescimento anormal de células conhecido como displasia. A displasia pode evoluir provocando câncer no pênis e no ânus, além de câncer cervical nas mulheres. Como se detecta o HPV? Para detectá-lo, os médicos buscam a presença de displasia ou de verrugas genitais. A displasia pode ser detectada com o papanicolau. Esse exame é utilizado para a análise do colo uterino nas mulheres e do ânus (tanto em homens quanto em mulheres). Raspam-se estas zonas no intuito de recolher células. Estas são dispostas sobre uma lâmina de vidro e examinadas através de um microscópio. Um novo exame de sangue para o HPV começou a ser utilizado para fazer um acompanhamento em casos de resultados de papanicolau duvidosos. Esses exames podem indicar quem necessita de um exame mais detalhado ou tratamento. Alguns pesquisadores acreditam que se deve realizar exame papanicolau de ânus e de colo uterino, uma vez por ano, em pessoas com risco elevado, a saber: • Pessoas que praticam penetração anal receptiva; • Mulheres que tiveram neoplasia intraepitelial cervical (NIC); • Qualquer pessoa que apresente contagem de células T CD4 inferior a 500 células/ mm3. A displasia na zona do ânus chamase neoplasia intraepitelial anal (NIA). O epitélio é a capa de células que cobre os órgãos e orifícios do corpo. Neoplasia significa desenvolvimento de células anormais. A neoplasia intraepitelial anal, então, significa o desenvolvimento de células anormais nas paredes internas do ânus. As verrugas genitais podem aparecer no prazo de duas semanas a alguns meses após a exposição ao HPV. As verrugas podem ter o aspecto de pequenas protuberâncias. Em algumas ocasiões são carnudas e se assemelham a uma couve-flor pequena. Com o passar do tempo podem crescer. A displasia na zona cervical é chamada neoplasia intraepitelial cervical (NIC). Um estudo encontrou NIA ou NIC em mais de 10% de homens e mulheres HIV positivos. Outro estudo demonstrou que as mulheres HIV positivas apresentam NIC em maior grau que as mulheres HIV negativas. Seu médico, geralmente, sabe se você tem verrugas genitais somente através de uma inspeção a olho nu. Em certas ocasiões, um instrumento chamado anoscópio é utilizado para examinar a região anal. Se for necessário, uma amostra da verruga suspeita é retirada e analisada com o auxílio de um microscópio - biópsia. As verrugas genitais não são causadas pelo mesmo HPV que provoca o câncer. No entanto, se você apresenta verrugas, talvez também tenha ficado exposto aos tipos de HPV oncogênicos. Como se tratam as infecções com HPV? Não existe um tratamento que elimine o HPV. No entanto, as displasias e verrugas podem ser eliminadas. Existem várias maneiras de fazê-lo: • Queimá-las com uma agulha elétrica (eletrocauterização) ou com raios laser; • Congelá-las com nitrogênio líquido; • Extirpá-las; • Tratá-las com substâncias químicas como o ácido tricloroacético, podofilina ou podofilox. NOTA: podofilina e podofilox não devem ser utilizados em mulheres grávidas. Outros tratamentos menos comuns para as verrugas incluem os medicamentos 5-FU (5-fluorouracil) e interferon alfa-2b. O 5-FU está disponível sob a forma de creme. O Interferon alfa 2b deve ser injetado diretamente nas verrugas. Um medicamento novo desenvolvido para as verrugas genitais, imiquimod (Aldara®), foi aprovado para a venda comercial. O Cidofovir (Vistide®), originalmente desenvolvido para combater o citomegalovírus (CMV), talvez seja útil para tratar o HPV. Um novo medicamento chamado HspE7 tem apresentado benefícios em estudos preliminares. A infecção pelo HPV pode durar muito tempo, especialmente em pessoas HIV positivas. A displasia e as verrugas podem tornar a aparecer, logo, devem ser tratadas rapidamente para diminuir as possibilidades de que se disseminem ou retornem. 8 Folhas Informativas Série E Importante Os vírus papiloma humano (HPV) são bastante comuns. As verrugas e o crescimento anormal de células (displasia) ao redor do ânus ou do colo uterino são causados por diferentes tipos de HPV. O crescimento anormal de células pode resultar em câncer anal ou cervical. As infecções genitais com HPV são transmitidas através das práticas sexuais. As infecções por HPV podem durar muito tempo, especialmente em pessoas HIV positivas. O exame papanicolau pode detectar o crescimento anormal de células, tanto no colo uterino (em mulheres) quanto no ânus (em homens e mulheres). O exame papanicolau pode ser uma maneira adequada de detectar o câncer cervical precocemente, contudo, um exame físico detalhado feito pelo médico talvez seja a melhor forma de detectar o câncer anal. Os sinais de infecção pelo HPV (verrugas e displasia) devem ser tratados rapidamente. Caso contrário, a infecção pode se disseminar, aumentando as possibilidades de que ela reapareça após o tratamento. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 9 Série E Sarcoma de Kaposi O que é Sarcoma de Kaposi? O sarcoma de Kaposi (KS, sigla em Inglês) é uma doença similar ao câncer. Geralmente aparece na pele, no interior da boca, nos olhos ou no nariz. Também pode atingir os pulmões, fígado, estômago, intestinos e os gânglios linfáticos. Junto com o sarcoma de Kaposi se desenvolvem muitos vasos sangüíneos pequenos e novos. Esse processo se chama angiogênesis. O sarcoma de Kaposi é causado parcialmente pelo vírus herpes humano tipo 8 (HHV- 8). O sarcoma de Kaposi afeta 20% das pessoas HIV positivas que não tomam anti-retrovirais. Nos Estados Unidos, o percentual de sarcoma de Kaposi tem diminuído mais de 70%, após a introdução de anti-retrovirais potentes. O sarcoma de Kaposi é primordialmente uma doença masculina. Existem pelo menos 8 homens com sarcoma de Kaposi para cada mulher. É um dos sinais mais visíveis de aids, visto que se apresenta como manchas (lesões) de cor vermelha ou púrpura sobre a pele branca; e manchas azuladas, café ou negras sobre a pele escura. As lesões aparecem geralmente no rosto, nos braços e pernas. O sarcoma de Kaposi na pele não é fatal. As lesões nos pés e pernas podem dificultar o caminhar. Se o sarcoma atinge outras partes do corpo, pode ocasionar problemas sérios. Na boca, pode causar dificuldade para comer e engolir. No estômago ou intestinos, pode causar obstruções e hemorragias. Se o sarcoma bloquear gânglios linfáticos pode produzir inchaço dos braços, pernas, rosto ou escroto. A forma mais grave de sarcoma de Kaposi ocorre nos pulmões, onde pode provocar tosse excessiva, dificuldade para respirar ou acumulação de fluídos, chegando mesmo a ser fatal. O sarcoma de Kaposi pode ser diagnosticado a olho nu, devido à presença das lesões na pele. Geralmente são planas, não dolorosas, não coçam nem supuram. Assemelhase a um hematoma, mas os hematomas perdem a cor púrpura se forem pressionados, o que já não ocorre com as lesões de sarcoma de Kaposi. Estas podem crescer em conjunto e se transformarem em tumores elevados. Seu médico deverá realizar uma biópsia das lesões de pele para examiná-las ao microscópio e confirmar o diagnóstico. Como tratar o Sarcoma de Kaposi? A terapia anti-retroviral de alta potência (TARGA em espanhol ou HAART em inglês) é o melhor tratamento para o sarcoma de Kaposi. Em muitas pessoas, a TARV (terapia anti-retroviral) pode deter o sarcoma e, inclusive, fazer desaparecer as lesões de pele. Além da TARV, existem outros tratamentos para o sarcoma de pele ou de outras partes do corpo. As lesões na pele podem ser tratadas com algumas das opções abaixo: • Congeladas com nitrogênio líquido; • Tratadas com radiação; • Extirpadas cirurgicamente; • Tratadas através da introdução de medicamentos anticancerígenos ou alfa-interferon; • Tratadas com gel Panretin (ácido retinóico). Esses tratamentos são utilizados no combate às lesões de pele, e não para o sarcoma generalizado. As lesões de pele podem reaparecer após o tratamento. Se o sarcoma afetar órgãos internos ou for sistêmico (disseminando-se por todo o organismo) devem ser utilizados outros medicamentos. Se a TARV não for suficiente, pode-se utilizar doxorubicina (Doxil®), daunorubicina (DaunoXome®) ou paclitaxel (Taxol®). Doxil e DaunoXome são anticancerígenos em forma “lipossomal”. Lipossomal significa que pequenas quantidades de medicamentos estão rodeadas por pequenas bolhas de gordura (lipossomas). Esses medicamentos duram mais sob essa fórmula e parecem eficazes nas áreas específicas onde são necessários. Com as fórmulas lipossômicas são reduzidos alguns efeitos colaterais dos medicamentos. É possível prevenir o Sarcoma de Kaposi? Não se sabe como o HHV-8 se dissemina. Talvez seja através da atividade sexual ou com beijos prolongados. Da mesma forma que outras doenças oportunistas, um sistema imune forte pode controlar o HHV-8. A melhor maneira de prevenir o sarcoma de Kaposi é utilizar medicamentos antiretrovirais no intuito de manter o sistema imune forte. O que tem sido investigado para o combate do Sarcoma de Kaposi? Anti-citoquinas: existem muitas pesquisas sobre citoquinas (proteínas que utilizam o sistema imune para estimular o crescimento das células). Os pesquisadores acreditam que as substâncias que podem inibir esses fatores de crescimento poderiam também deter o crescimento do sarcoma de Kaposi. Medicamentos contra o HHV-8: foram realizados testes com aciclovir, mas não produziram resultados eficazes. No entanto, estão sendo estudados outros medicamentos como o ganciclovir e foscarnet. Outros medicamentos: vários medicamentos que impedem o desenvolvimento de novos vasos sangüíneos (angiogênesis) estão sendo estudados. Tem-se experimentado também o etoposide, que mostrou bons resultados num pequeno estudo. 9 Folhas Informativas Série E Resumindo O sarcoma de Kaposi afeta 20% das pessoas com AIDS que não tomam medicamentos anti-retrovirais. É parcialmente causado pelo vírus herpes humano tipo 8 (HHV-8). O melhor tratamento é uma terapia potente contra o HIV (TARV). O sarcoma de Kaposi na pele pode ser tratado de várias maneiras. O sarcoma nos outros órgãos pode ser fatal e geralmente é tratado com medicamentos anticancerígenos. Se você observar manchas escuras na sua pele, entre em contato com seu médico para que ele as examine e possa diagnosticar rapidamente se existe a presença de sarcoma de Kaposi. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 10 Série E Linfoma O que é Linfoma? O linfoma é um câncer dos glóbulos brancos (chamados linfócitos B) que se multiplicam rapidamente e formam tumores. O linfoma do cérebro, ou da medula espinhal, é chamado linfoma do sistema nervoso central (SNC). O linfoma relacionado com a aids se chama linfoma tipo Não-Hodgkin ou LNH. A doença de Hodgkin é rara em pessoas HIV positivas. Em 1985, os Centros para o Controle de Doenças dos EUA (CDC) agregaram o LNH à lista de doenças que definem um caso de aids. O risco de desenvolver LNH aumenta na medida em que se vive muito tempo com o sistema imunológico debilitado. O LNH pode ocorrer mesmo com uma contagem de células T CD4 elevada. Pode ser grave e até fatal, às vezes, no curto prazo de um ano. O tratamento combinado de antiretrovirais reduz em até 80% as possibilidades de ocorrência de infecções oportunistas. No princípio não se observavam estes mesmos resultados em relação ao LNH. Estudos mais recentes demonstraram uma diminuição de aproximadamente 40% nos casos de LNH, especialmente do linfoma do SNC. No entanto, o linfoma continua sendo a principal causa de morte em aproximadamente 20% das pessoas HIV positivas. Como se diagnostica o LNH? Os tumores tipo LNH podem ocorrer nos ossos, abdômen, fígado, cérebro ou em outras partes do corpo. Os primeiros sinais são: aumento dos gânglios linfáticos, febre, sudorese noturna e perda de mais de 10% do peso corporal. Esses sintomas ocorrem em várias doenças relacionadas à aids logo, se não for encontrada uma causa, é necessário fazer exames no diagnosticar o LNH. intuito de Geralmente, o LNH é diagnosticado com estudos de imagens ou com biópsias. Qual é a causa do LNH? A estimulação prolongada do sistema imune pode causar o LNH. Quando as células B se multiplicam de maneira rápida durante muitos anos, são produzidas mutações. Algumas dessas mutações causam câncer. A cada ano, aproximadamente 4% das pessoas com sintomas de doença causada pelo HIV desenvolvem linfoma. O índice de linfoma em pessoas HIV positivas é 80 vezes maior que na população geral. O risco de desenvolver linfoma aumenta com a infecção pelo vírus Epstein-Barr e por fatores genéticos. A incidência de linfoma é duas vezes maior em homens que em mulheres, e duas vezes maior em pessoas brancas que em pessoas de ascendência africana ou caribenha. Até o presente momento não se sabe como prevenir o desenvolvimento do LNH. Como se administra o tratamento? A maioria dos tipos de câncer é tratada com combinações de medicamentos (quimioterapia ou quimio). A quimio é muito tóxica, uma vez que debilita o sistema imune. Pode causar náuseas, vômitos, fadiga, diarréia, inflamação e aumento da sensibilidade nas gengivas, úlceras na boca, perda de cabelo e dormência ou sensação de formigamento nas mãos e nos pés. A químio também provoca dano à medula óssea, podendo causar anemia (diminuição dos glóbulos vermelhos) e neutropenia (diminuição de um tipo de glóbulo branco denominado neutrófilos). A neutropenia aumenta o risco de desenvolvimento de infecções bacterianas. Talvez seja necessária a inclusão de outros medicamentos para o tratamento desses efeitos colaterais. O linfoma do sistema nervoso central é muito difícil de ser tratado. Às vezes, a radioterapia é utilizada com ou sem a quimioterapia. O uso de tratamento anti-retroviral tem permitido que muitas pessoas HIV positivas tolerem melhor a quimioterapia no combate do linfoma. Como conseqüência, o percentual de mortes por linfoma tem diminuído em mais de 80%. Além disso, um estudo demonstrou que desde que tiveram início os tratamentos anti-retrovirais potentes, os linfomas que se observam em pessoas HIV positivas têm se transformado em tipos que são mais fáceis de tratar. Utilizam-se vários tipos de químio para o LNH. A químio elimina tumores em 50% dos pacientes. No entanto, os tumores tornam a aparecer em muitos pacientes no prazo de um ano. A maioria dos médicos utiliza a quimio mais potente que o paciente possa suportar. Alguns estudos demonstram que as doses baixas de químio são menos efetivas. As pessoas com linfoma correm mais risco de desenvolver pneumonia por pneumocystis carinii (PCP), logo, devem tomar medicamentos para preveni-la. Veja a folha informativa E 13 que oferece mais informações sobre a PCP. Os pesquisadores têm estudado os “anticorpos monoclonais”. Esses medicamentos, produzidos através da engenharia genética, atacam as células B que se multiplicam descontroladamente. 10 Folhas Informativas Série E Resumindo O LNH é um câncer das células B que afeta pessoas soropositivas em estágio avançado. É uma doença grave e freqüentemente fatal. O uso combinado de anti-retrovirais tem reduzido o número de novos casos, especialmente no que se refere ao linfoma do sistema nervoso central. O LNH se trata com quimioterapia. Nos casos de linfoma do sistema nervoso central também se utiliza o tratamento com radiação (radioterapia). A eliminação dos tumores tipo LNH, muitas vezes, não significa a extinção total da doença, visto que, em muitas pessoas, eles tornam a surgir. O tratamento do LNH é difícil, pois o sistema imunológico do indivíduo é muito afetado. O tratamento anti-retroviral potente fortalece o sistema imunológico e permite o uso de quimioterapias mais potentes, além de facilitar o tratamento dos tumores. Freqüentemente, é necessário utilizar outros medicamentos no controle dos efeitos colaterais da quimioterapia. Novos medicamentos têm sido estudados contra o LNH, como aqueles produzidos através de engenharia genética, chamados anticorpos monoclonais, além de outras combinações de quimioterapia. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 11 Série E Molusco Contagioso O que é Molusco Contagioso? É uma infecção de pele causada por um vírus. O molusco causa a aparição de pequenas protuberâncias ou lesões na pele. A maioria apresenta diâmetro inferior a meia polegada, centro duro e de coloração branca. Algumas lesões têm uma pequena depressão no centro. As lesões são da mesma cor que a pele, mas têm a aparência de estarem enceradas. Geralmente não causam dor nem coçam. O vírus molusco contagioso é muito comum e pode ser encontrado no corpo da maioria das pessoas. Um sistema imunológico sadio geralmente mantém este vírus sob controle e, no caso de aparecerem lesões, estas não duram por muito tempo. As pessoas com um sistema imunológico debilitado podem desenvolver lesões por molusco contagioso que se disseminam por todo o corpo, duram muito tempo e são difíceis de tratar. O molusco contagioso não representa um problema sério de saúde. No entanto, muitos consideram que as lesões provocadas por molusco possuem um aspecto desagradável. Este fato pode causar problemas emocionais ou psicológicos. Como se dissemina? Através do contato direto com a pele. Com freqüência se transmite através das práticas sexuais. O molusco contagioso pode infectar qualquer parte da pele, mas é especialmente comum no rosto ou na zona inguinal e púbica. Pode-se propagar para outras partes do corpo e ser transmitido a outras pessoas. Também pode se disseminar através de objetos (ou vestimenta) que estejam em contato com as lesões. Os homens HIV positivos geralmente desenvolvem lesões por molusco contagioso no rosto, logo, o vírus pode se disseminar através de aparelhos para fazer a barba. Como se diagnostica o Molusco Contagioso? O seu médico ou um especialista (dermatologista) podem facilmente identificar as lesões por molusco contagioso. São protuberâncias da cor da pele, que parecem enceradas, mas não causam dor nem coçam. Existem somente uma ou duas infecções de pele que podem causar lesões similares às do molusco contagioso. Como se trata? As lesões por molusco contagioso devem ser tratadas da mesma forma que as verrugas. Infelizmente, as lesões reaparecem com freqüência, logo, devem tornar a ser tratadas. • Podem ser congeladas com nitrogênio líquido. Esse é o método mais comum de tratamento. • Podem ser queimadas com uma agulha elétrica (eletrocauterização) ou com raios laser. Esse método de tratamento pode ser doloroso e deixar cicatrizes. • Podem ser tratadas com os mesmos agentes químicos que são usados para eliminar as verrugas, como o ácido tricloroacético, podofilina ou podofilox. Esses medicamentos não podem ser usados em casos de pele muito sensível, especialmente na região ao redor dos olhos. • Podem ser extirpadas cirurgicamente. Esse tratamento pode ser doloroso e também deixar cicatrizes. • Podem ser tratadas com medicamentos para a acne como tretinoína (Retin-A) ou isotretinoína (Accutane). Essa é uma nova técnica. Esses medicamentos reduzem a oleosidade da pele. Após a aplicação do medicamento na lesão, a capa superior da pele tornase ressecada e cai naturalmente. Esses medicamentos podem causar avermelhamento e dor. Retin-A está disponível sob a forma de um creme que deve ser aplicado sobre as lesões. Accutane é tomado em comprimidos. • Outra nova técnica refere-se à utilização de anti-virais, como o cidofovir ou imiquimod. Esses medicamentos são aplicados diretamente nas lesões. É possível prevenir a infecção por molusco? O fato do vírus do molusco contagioso ser tão comum, torna impossível não estarmos expostos a ele. No entanto, se você contraiu o molusco, não deixe que suas lesões entrem em contato com outras pessoas. Também se deve ter cuidado para não deixar que as lesões se propaguem para outras partes do corpo. Evite se coçar e, ao se barbear (no caso dos homens), tome cuidado para não cortar as lesões. Alguns médicos acreditam que usar aparelhos de barbear elétricos ajudam a prevenir a disseminação do vírus. Interação medicamentosa Os medicamentos contra a acne tretinoína (Retacnyl) e o isotretinoína (Roacutan) tendem a ressecar a pele. A pele seca é também um efeito colateral provocado pelo inibidor da protease indinavir (Crixivan) e por outros anti-retrovirais. Se você utiliza os medicamentos acima para o tratamento do molusco contagioso junto com outros anti-retrovirais que causam esse mesmo efeito, é possível que seus problemas de pele se agravem. 11 Folhas Informativas Série E Resumindo O molusco contagioso é uma infecção viral que produz lesões na pele. Apesar de não oferecerem sérios riscos para a saúde, as lesões podem causar problemas emocionais ou psicológicos graves. O molusco contagioso pode ser transmitido de uma pessoa para outra através do contato com a pele e de práticas sexuais. Se você possui molusco contagioso, fique atento, pois as lesões podem se alastrar para outras partes do corpo. As lesões por molusco contagioso podem ser removidas da mesma maneira que as verrugas. Infelizmente, reaparecem com freqüência e devem ser tratadas novamente. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. 12 Complexo Mycobacterium Avium (MAC) Folhas Informativas O que é MAC? É uma doença séria causada por uma bactéria comum. Também é conhecido como MAI (Mycobacterium Avium Intracelular). A infecção MAC pode ser localizada (quando ocorre numa parte limitada do corpo) ou disseminada (quando se dispersa pelo corpo). A infecção por MAC geralmente ocorre nos pulmões, intestinos, medula óssea, fígado e baço. As bactérias que causam MAC são muito comuns. Encontram-se na água, solo, pó e alimentos. A maioria das pessoas as tem no corpo. Um sistema imunológico sadio controla o MAC, mas as pessoas com um sistema imune debilitado podem desenvolver uma doença por MAC. Até 50% das pessoas com aids podem desenvolver o MAC, especialmente se a contagem de células T CD4 apresenta-se abaixo de 50 células/ mm3. São raros os casos em que o MAC provoca doença em pessoas com a contagem de células T CD4 superior a 100 células/mm3. Como se diagnostica o MAC? Os sintomas do MAC podem ser: febre alta, calafrios, diarréia, perda de peso, dor no estômago, fadiga e anemia (número baixo de glóbulos vermelhos). Quando o MAC se dissemina pelo corpo, pode causar infecções no sangue, hepatite, pneumonia e outros problemas sérios. Existem diferentes doenças oportunistas que podem causar esses sintomas. Por isso, seu médico deve solicitar que você faça exame de sangue, urina ou saliva para localizar a bactéria que causa o MAC. A amostra será analisada para ver que tipos de bactérias estão presentes. Esse processo se chama cultura e pode durar várias semanas. Porém, ainda que você esteja infectado com MAC, pode ser difícil localizar a bactéria. Se a sua contagem de células T CD4 estiver inferior a 50 células/mm3, é + InfoRed SIDA Nuevo México possível que seu médico lhe recomende o tratamento para MAC, mesmo sem o diagnóstico definitivo. Isso se deve ao fato da infecção por MAC ser muito comum e o diagnóstico ser muito difícil. Como se trata o MAC? A bactéria MAC pode sofrer mutação e desenvolver resistência a alguns dos medicamentos que são utilizados para tratá-la. Os médicos fazem uso de combinações de antibióticos para tratar o MAC. Utilizam-se pelo menos dois medicamentos: geralmente azitromicina ou claritromicina junto com outros três medicamentos. Antes, o tratamento do MAC continuava por tempo indeterminado, caso contrário, acreditavase que a doença reapareceria logo. Hoje, as recomendações do Ministério da Saúde do Brasil dizem que sua profilaxia pode ser suspensa sob certas condições. As pessoas podem reagir de diferentes maneiras aos medicamentos para o tratamento do MAC. O mais indicado é que o paciente experimente diferentes combinações até encontrar uma que funcione adequadamente e produza menos efeitos colaterais. Os medicamentos para o tratamento do MAC mais comuns e seus efeitos colaterais são: • Amicacina (Amikin®, Novamin): problemas nos rins e nos ouvidos. Disponível em forma injetável. • Azitromicina (Zitromax®): náuseas, dores de cabeça, vômitos, diarréia. Disponível em cápsulas ou em forma intravenosa. • Ciprofloxacina (Cipro® ou Quinoflox®): náuseas, vômitos, diarréia. Disponível em comprimidos ou em forma intravenosa. • Claritromicina ( Klaricid): náuseas, dores de cabeça, vômitos, diarréia. Disponível em cápsulas ou em forma Série E intravenosa. Nota: a dose máxima é de 500 miligramas duas vezes ao dia. • Clofazimina (Clofazimina): dor ou formigamento nas mãos e pés, náuseas, vômitos, podendo tornar a pele cor de laranja. Disponível em cápsulas. • Etambutol (Etambutol): náuseas, vômitos, problemas de visão. É possível prevenir o MAC? As bactérias que causam o MAC são muito comuns. Não é possível evitar a exposição a elas. A melhor maneira de prevenir o MAC é tomar medicamentos anti-retrovirais potentes. Se suas células TCD4 alcançarem níveis muito baixos, existem medicamentos que podem deter o desenvolvimento da doença num percentual médio em torno de 50%. Os antibióticos azitromicina e claritromicina são utilizados para prevenir o MAC. Esses medicamentos são geralmente receitados a pessoas que apresentam contagem de células T CD4 inferior a 50 células/mm3. O uso de uma combinação de antiretrovirais pode aumentar a contagem de células T CD4. Se sua contagem de células T aumentar, alcançando um nível igual ou superior a 100 células/ mm3, e assim permanecer durante pelo menos 3 meses, você pode interromper o uso de medicamentos para prevenir o MAC. Mas consulte seu médico antes de interromper o uso dos medicamentos. Interação entre medicamentos Alguns dos medicamentos que são utilizados para tratar o MAC interagem com outros, incluindo alguns anti-retrovirais. Informe a seu médico todos os medicamentos que você esteja tomando, de maneira que ele possa valorar qualquer possível interação. 12 Folhas Informativas Série E Resumindo O MAC é uma doença séria causada por uma bactéria comum. O MAC pode causar grave perda de peso, diarréia e outros sintomas. Se você desenvolve MAC, provavelmente deve receber tratamento com azitromicina ou claritromicina em combinação com até três antibióticos. Você deverá continuar tomando esses medicamentos por tempo indeterminado, no intuito de evitar a recorrência do MAC. As pessoas que apresentam contagem de células T CD4 igual ou inferior a 50 células/mm3 devem consultar seus médicos sobre o uso de medicamentos para prevenir o MAC. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. 13 A Pneumonia por Pneumocystis Carini (PCP) Folhas Informativas O que é PCP? A pneumonia por Pneumocystis Carinii (PCP, sigla em Inglês) é a doença oportunista mais comum em pessoas HIV positivas. Sem tratamento, mais de 85% das pessoas HIV positivas desenvolverão PCP em algum momento. Essa tem sido a principal causa de morte em pessoas HIV positivas. No entanto, é possível prevenir e tratar a PCP - pneumocistose. O agente infeccioso, pneumocystis carinii (renomeado pneumocystis jiroveci) é um fungo que se encontra no corpo da maioria das pessoas. Um sistema imunológico sadio pode controlá-lo, mas um sistema imune debilitado cria condições para que o fungo ali se instale e se desenvolva. O pneumocystis carinii geralmente afeta os pulmões, causando uma forma de pneumonia. As pessoas que apresentam contagem de células T CD4 inferior a 200 células/mm3 correm mais risco de desenvolver PCP. A maioria das pessoas que sofre de PCP se debilita, perde muito peso e possivelmente voltará a desenvolver PCP no futuro. Os primeiros sintomas de PCP são: dificuldade para respirar, febre e tosse seca. Qualquer pessoa que apresente esses sintomas deve consultar um médico imediatamente. As pessoas com contagem de células T CD4 inferior a 200 células/ mm3 devem consultar o médico sobre a prevenção da PCP, antes de que possam apresentar sintomas. Como se trata a PCP? Por muitos anos, foram utilizados antibióticos na prevenção da PCP em pacientes com câncer e sistema imunológico debilitado. Foi então que, em 1985, um pequeno estudo demonstrou que esses medicamentos também podem prevenir a PCP em pessoas com aids. + InfoRed SIDA Nuevo México A prevenção e o tratamento da PCP oferecem excelentes resultados: • A PCP foi a principal causa de diagnóstico de aids em 32% dos casos no ano de 1993, comparado com 63% em 1987. • A PCP foi a principal causa de morte em 14% das pessoas com aids no ano de 1993, comparado com 32% em 1987. • Entre 1991 e 1997 ocorreu uma redução de 36% em número de casos de PCP nos Estados Unidos. Desde que as pessoas começaram a tomar terapia antiretroviral combinada, o número tem diminuído ainda mais. Os medicamentos que são utilizados para prevenir a PCP incluem SMX/ TMP, dapsona, pentamidina e atovaquone. • SMX/TMP (Bactrim® ou Septra® , entre outros) é o medicamento para tratar PCP mais efetivo. • Dapsona é similar ao SMX/TMP. O Dapsona parece ser tão efetivo quanto a combinação de SMX/TMP no combate da PCP. • Pentamidina ( Pentacarinat®) é um medicamento em aerossol que se inala para prevenir a PCP. A Pentamidina também se utiliza sob forma intravenosa no tratamento da PCP ativa. • Atovaquone (Mepron®) é um medicamento usado em pessoas que apresentam um diagnóstico leve ou moderado de PCP e que não podem usar SMX/TMP ou pentamidina (em muitos casos, por alergia). É possível prevenir a PCP? A melhor maneira de prevenir a PCP é através da utilização de terapia anti-retroviral potente. As pessoas que apresentam contagem de células Série E T CD4 inferior a 200 células/mm3 podem prevenir a PCP com os mesmos medicamentos que são utilizados no seu tratamento. Uma combinação de anti-retrovirais pode aumentar a contagem de células T CD4. Se sua contagem de células T CD4 aumentar, alcançando um nível igual ou superior a 200 células/mm3, e assim permanecer durante pelo menos 3 meses, você poderá interromper o uso de medicamentos para prevenir a PCP sem correr nenhum tipo de risco. Consulte seu médico antes de interromper o uso de qualquer medicamento. Qual é o melhor medicamento? SMX/TMP é o medicamento mais efetivo contra a PCP, além de ser o mais barato. Está disponível em comprimidos e é administrado em dose diária ou três vezes na semana (reduz os problemas alérgicos do SMX/TMP, não comprometendo a eficácia destes medicamentos). No entanto, o componente “SMX” é um medicamento tipo sulfa e quase metade das pessoas que o ingerem sofre uma reação alérgica que se apresenta como uma erupção na pele, por vezes, acompanhada de febre. As reações alérgicas podem ser evitadas mediante uma estratégia chamada de dessensibilização, que consiste em iniciar o uso do medicamento em doses pequenas, aumentado progressivamente até alcançar a dose completa. A profilaxia com a pentamidina requer visitas mensais a uma clínica para ser administrada com nebulizador especial (Respirgard II). Também foi demonstrado que os pacientes que usam pentamidina em aerossol têm mais chance de desenvolverem PCP do que aqueles que utilizam profilaxia com medicamentos via oral. 13 Folhas Informativas Série E Resumindo A PCP, principal causa de morte em pessoas HIV positivas, é completamente tratável e passível de prevenção. A terapia anti-retroviral potente pode impedir a queda da contagem de células T CD4. Se você apresenta contagem de células T CD4 inferior a 200 células/mm3, consulte seu médico sobre o uso de medicamentos para prevenir a PCP. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED.Tiragem: 3 mil exemplares/agosto de 2003 Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 14 Série E Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) O que é LMP? A leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) é uma infecção viral grave que afeta o cérebro. Leucoencefalopatia é uma doença que afeta a substância branca do cérebro. Ela é progressiva porque vai se agravando com o passar do tempo e multifocal porque aparece em várias partes do cérebro ao mesmo tempo. Calcula-se que aproximadamente 6% das pessoas com aids desenvolvem LMP. A maioria dos casos ocorre em pessoas com contagem de células T CD4 inferior a 100 células/mm3. É difícil calcular o grau exato de infecção, visto que o diagnóstico da LMP também é difícil de se realizar. A LMP é fatal na maioria dos casos. As pessoas que apresentam LMP geralmente vivem aproximadamente 6 meses após o diagnóstico. A maioria morre em dois anos. No entanto, as pessoas com LMP que iniciam a terapia anti-retroviral para controlar o HIV, sobrevivem por mais tempo. O vírus que causa a LMP é chamado JC. A maioria dos adultos está exposta ao vírus JC e não desenvolve a doença. O vírus JC é ativado em pessoas com um sistema imunológico debilitado. Como se detecta a LMP? Os primeiros sintomas de LMP são: debilidade ou falta de coordenação motora em um braço ou perna. Podem surgir dificuldades para pensar ou falar. Também podem existir problemas de memória, convulsões e dores de cabeça, sem febre. Esses sintomas também podem surgir na presença de outras infecções oportunistas, como a toxoplasmose e meningite criptocócica (veja as folhas informativas E 15 e E 2), o linfoma (veja a folha informativa E 10), as infecções do ouvido interno. É muito importante determinar se alguma dessas doenças é a causa dos sintomas. A LMP pode ser diagnosticada através de uma imagem feita por ressonância. Outra forma de diagnóstico é fazer um estudo do líquido cérebro-espinhal (líquor) através de uma punção lombar. Como se trata a LMP? A maior dificuldade encontrada no tratamento de qualquer infecção cerebral é a barreira “hematoencefálica” (que separa o sangue do cérebro). Os vasos sangüíneos ao redor do cérebro são diferentes daqueles que se espalham pelo resto do corpo. Esses vasos formam um tecido denso para proteger o cérebro das substâncias tóxicas. As substâncias químicas que se dissolvem em gordura podem atravessar a barreira, mas aquelas que se dissolvem em água não podem fazê-lo. Infelizmente, muitos antibióticos e outros medicamentos só se dissolvem em água, o que dificulta o tratamento. Atualmente não existe nenhum tratamento efetivo para a LMP. Os resultados de alguns estudos são duvidosos. Alguns tratamentos possíveis não foram estudados minuciosamente. No entanto, observou-se que a LMP não avança tão rapidamente em pacientes que tomam medicamentos anti-retrovirais potentes. Foi experimentado o uso de Ara-C (citosina arabinosídeo ou citarabina) contra a LMP, através da aplicação sob forma intravenosa ou diretamente no cérebro. Sua efetividade foi comprovada num pequeno estudo, mas não se realizaram pesquisas posteriores. O Ara-C é muito tóxico e afeta a medula óssea. Também se experimentou o tratamento com altas doses de AZT, já que esse medicamento atravessa a barreira hematoencefálica. Outras substâncias que foram testadas com diferentes graus de êxito foram: o aciclovir, a heparina, o peptídeo-T, o interferon beta, a dexametasona, a n-acetilcisteína, o topotecan e o cidofovir. Como a LMP evolui rapidamente, é importante iniciar alguma terapia o mais rápido possível. Onde posso encontrar mais informação? O livro “Progressive Multifocal Leucoencephalopathy (PML): Case Studies and Potential Treatments” é uma excelente fonte de informação. A obra foi escrita por Peter e Lisa Brosnan no ano de 1993. Eles não são médicos especialistas; o irmão de Lisa foi diagnosticado com LMP e os autores começaram a investigar possíveis tratamentos. O irmão de Lisa morreu, mas ambos continuaram as investigações e publicaram o livro. Você pode obter uma cópia do livro escrevendo para Peter Brosnan, 1709 N. Fuller Avenue # 25, Los Angeles, CA 90046. Para cobrir os gastos, pede-se aos médicos e instituições que enviem a quantia de US$30 (trinta dólares); portadores do vírus HIV, US$20. Mas para aqueles que não puderem pagar o envio é grátis. 14 Folhas Informativas Série E Resumindo A LMP é uma infecção viral que afeta o cérebro, geralmente de forma fatal. Pode ser confundida com outras doenças. Não existe um tratamento efetivo para a LMP, no entanto, várias terapias podem ser úteis. Qualquer tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível. A utilização de terapia anti-retroviral combinada pode atrasar a evolução da LMP. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México toxoplasmose O que é toxoplasmose? A toxoplasmose é uma infecção causada pelo parasita toxoplasma gondii. Os protozoários são animais unicelulares. Um parasita vive dentro de outro organismo vivo (hospedeiro) e obtém todos seus nutrientes a partir dele. O toxoplasma gondii tem o gato como hospedeiro definitivo e alguns mamíferos como hospedeiro intermediário. O parasita da toxoplasmose é muito comum nos excrementos de gato, carnes cruas e no solo. Pode entrar no corpo quando, ao respirar, inalase poeira. Aproximadamente metade de uma população se infecta com o parasita da toxoplasmose. Um sistema imunológico sadio é capaz de controlar o toxoplasma. Não parece ser transmitido de uma pessoa para outra. A doença mais comum causada pelo toxoplasma é uma infecção do cérebro (encefalite). O toxoplasma também pode infectar outras partes do corpo, como os olhos. A toxoplasmose cerebral pode levar ao coma e até à morte. O risco de desenvolver toxoplasmose é maior quando a contagem de células T CD4 apresenta-se inferior a 100 células/mm3. Os primeiros sinais de toxoplasmose são: febre, confusão mental, dores de cabeça (cefaléia), desorientação, alterações na personalidade, tremor e convulsões. A toxoplasmose é diagnosticada ao se detectar anticorpos contra o toxoplasma gondii da classe IgG. O anticorpo contra o toxoplasma demonstra que a pessoa esteve em contato com o parasita. Um resultado positivo não significa que você tenha encefalite por toxoplasma. No entanto, um resultado negativo da análise de anticorpos, indica que você não está infectado com o toxoplasma. Para diagnosticar a toxoplasmose também se utilizam estudos como a tomografia computadorizada (TC ) ou a ressonância magnética por imagens (RMI). Uma tomografia computadorizada, em casos de toxoplasmose, pode ser uma técnica de exame similar àquela realizada no diagnóstico de outras doenças oportunistas. A ressonância magnética, no entanto, é mais sensível e pode facilitar o diagnóstico. Como se trata a Toxoplasmose? A toxoplasmose é tratada com uma combinação de pirimetamina (Daraprim) e sulfadiazina. Ambos os medicamentos podem transpor a barreira hematoencefálica (sanguecérebro). O toxoplasma necessita de vitamina B para se manter vivo. A Pirimetamina impede que o toxoplasma obtenha a vitamina B que lhe é necessária. A Sulfadiazina também impossibilita o uso de vitamina B por parte do toxoplasma. A dose normal desses medicamentos é de 50 a 75 mg de pirimetamina, e de 2 a 4 gramas de sulfadiazina ao dia. Esses medicamentos interagem com a vitamina B e podem causar anemia. As pessoas com toxoplasmose, geralmente, utilizam ácido folínico (Leucovorin) diariamente na prevenção da anemia. Essa combinação de medicamentos é muito efetiva contra a toxoplasmose. Mais de 80% das pessoas infectadas pelo toxoplasma apresentam melhora após duas ou três semanas de tratamento. A toxoplasmose geralmente reaparece depois do primeiro episódio. As pessoas que tiveram toxoplasmose devem continuar tomando doses mais baixas dos medicamentos por tempo indeterminado (profilaxia secundária). 15 Série E Como escolher um tratamento para a Toxoplasmose? A primeira opção para o tratamento de toxoplasmos é a associação de pirimetamina e sulfadiazina. Essa combinação pode causar uma diminuição de glóbulos brancos (leucopenia) e danos renais. A sulfadiazina também é um medicamento tipo sulfa. Aproximadamente metade das pessoas que tomam sulfas experimenta uma reação alérgica que se apresenta como uma erupção na pele, por vezes, acompanhada de febre. As pessoas que não toleram medicamentos do tipo sulfa podem substituir por clindamicina (Dalacin). É possível prevenir a Toxoplasmose? A melhor maneira de prevenir a toxoplasmose é usar medicamentos anti-retrovirais potentes. Você pode fazer um exame para determinar se já ficou exposto ao toxoplasma. Se ainda não houve exposição, podese diminuir o risco de infecção ao evitar comer carne bovina pouco cozida, além de utilizar luvas e máscara para limpar a caixa de excrementos do gato, lavando sempre bem as mãos logo após a limpeza. Se você apresenta contagem de células T CD4 inferior a 100 células/ mm3, deve utilizar medicamentos para prevenir a toxoplasmose. As pessoas com contagem de células T inferior a 200, geralmente, tomam SMX/TMP para prevenir a pneumonia por pneumocystis carinii (PCP). Esses medicamentos também previnem a toxoplasmose. Para mais informações sobre a PCP, leia a folha informativa E 13 . Se o seu organismo não tolerar SMX/TMP, seu médico lhe receitará outros medicamentos. 15 Folhas Informativas Série E Resumindo A toxoplasmose é uma doença oportunista grave. Se você ficou exposto ao parasita, pode reduzir o risco de infecção evitando comer carne bovina pouco cozida, e tomando precauções ao limpar a caixa de excrementos do gato. Você pode tomar medicamentos antiretrovirais potentes para manter a sua contagem de células T CD4 elevada. Se sua contagem de células T CD4 apresenta-se acima de 100 células/mm3, a toxoplasmose, normalmente, não representa risco à sua saúde. Se sua contagem de células T CD4 diminui, chegando a menos de 100 células/mm3, consulte seu médico sobre o uso de medi- camentos para prevenir a toxoplasmose. Se você sente dores de cabeça, desorientação, convulsões ou algum outro sintoma de toxoplasmose, consulte seu médico imediatamente. Quanto mais cedo for diagnosticada a toxoplasmose, mais efetivo será o tratamento. Se você desenvolver toxoplasmose, deve dar continuidade com a profilaxia para prevenir outro episódio (profilaxia secundária). A profilaxia para toxoplasmose pode ser suspensa desde que sua contagem de células T CD4 perma- neça maior que 200 células/mm3 por pelo menos 3 meses no caso da profilaxia primária, ou, permaneça maior que 200 células/mm3 por pelo menos 6 meses no caso da profilaxia secundária (na ausência de sintomas de toxoplasmose). As recomendações médicas sobre as profilaxias primária e secundária para a toxoplasmose podem mudar de acordo com novos estudos. Portanto, é sempre bom consultar um médico especialista e/ou consultar a versão atual do consenso brasileiro que se encontra na página da internet: www.aids.gov.br, sob o título de consensos de terapia. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México tuberculose (tb) O que é TB? A tuberculose (TB) é uma infecção causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis), que normalmente afeta os pulmões, podendo também afetar outros órgãos. Na evolução da infecção pelo HIV, a TB é uma das doenças mais comuns. Ainda que quase três quartos da população mundial esteja infectado pelo bacilo da tuberculose, um sistema imunológico sadio consegue evitar o desenvolvimento ativo da doença. O nome tuberculose deriva-se da palavra tubérculo, que são pequenos tumores duros que se formam quando o sistema imunológico constrói uma parede ao redor do bacilo da tuberculose. Existem dois tipos de TB ativa. A TB primária ocorre logo após a exposição à bactéria. A TB de reativação ocorre em pessoas que estiveram expostas previamente a TB. A maioria dos casos de TB em pessoas HIV positivas acontece pela reativação de uma infecção de TB que já existia previamente. A TB ativa pode causar os seguintes sintomas: tosse por mais de 3 semanas, perda de peso, fadiga constante, sudorese noturna e febre. Esses sintomas são muito similares aos causados pela pneumonia por pneumocystis (veja a folha informativa E 13). Vale ressaltar que a TB pode ocorrer mesmo com uma elevada contagem de células T CD4. Importante O bacilo da TB pode ser transmitido através do ar, ou seja, quando um indivíduo com TB tosse ou espirra. Se você tem aids e fica exposto ao bacilo da tuberculose, pode desenvolver TB. A infecção pelo bacilo da TB pode ocorrer em qualquer estágio da infecção pelo HIV. TB e HIV: uma associação perigosa Em nosso corpo existe uma grande variedade de vírus, bactérias e de outros gérmens. Se o sistema imunológico estiver forte, ele se encarrega de manter esses microorganismos sob controle, ou seja, em baixa população, o que não acarreta em doença. Mas quando o HIV debilita nossas defesas, podemos desenvolver infecções oportunistas. A incidência de tuberculose nos Estados Unidos é 40% maior em pessoas HIV positivas com relação àquelas que não são portadoras do vírus. A tuberculose está se disseminando com rapidez em todo o mundo. A TB pode acelerar a multiplicação do HIV, agravando assim a doença. Por isso, é muito importante para as pessoas infectadas pelo HIV, a prevenção e o tratamento precoce da TB. Como se diagnostica a TB? Através de um simples exame – PPD. Uma proteína purificada do bacilo da TB é inoculada na pele do braço (injeção subcutânea). Se aparece uma reação inflamatória isso indica uma provável infecção pelo bacilo da TB. As pessoas soropositivas devem realizar anualmente o teste PPD para averiguação de exposição ao bacilo. Se o sistema imunológico estiver bem comprometido, o teste PPD pode ser não-reator mesmo em casos de TB. Essa condição é chamada “anergia”. Se você é um indivíduo considerado anérgico, outros exames poderão ajudar no diagnóstico de TB. O PPD reator (fraco ou forte) nem sempre significa a existência de TB ativa. Seu médico solicitará radiografia de tórax e exames de escarro (pesquisa de BAAR) a fim de realizar o diagnóstico de TB. Em alguns casos é difícil diagnosticar a TB porque ela se confunde com 16 Série E pneumonias ou com outros problemas pulmonares. Como se trata a TB? Se você é portador do bacilo da TB, mas não desenvolveu a doença, deverá receber quimioprofilaxia com isoniazida (INH) por pelo menos 6 meses; ou combinar este medicamento com mais um ou dois, durante 2 meses. A TB ativa é tratada com antibióticos. O bacilo da TB pode desenvolver resistência aos medicamentos, logo, a TB deve ser tratada com uma combinação de antibióticos. Os medicamentos devem ser tomados durante pelo menos 6 meses. Se você interrompe o tratamento, o bacilo da TB pode desenvolver resistência e os medicamentos deixarão de funcionar. Já existe um tipo de TB que é resistente a alguns antibióticos. É a TB resistente a vários medicamentos (MDR-TB, em Inglês, ou multi-resistente). Apesar desses problemas, mais de 90% dos casos de TB podem ser curados com o uso de antibióticos. Problemas com os medicamentos Da mesma forma que alguns medicamentos anti-retrovirais, alguns dos antibióticos utilizados no tratamento da TB (tuberculostáticos) podem afetar o fígado ou os rins. Tomar medicamentos contra a TB e o HIV simultaneamente pode ser difícil. Com efeito, muitos medicamentos anti-retrovirais interagem com os medicamentos contra a TB. A rifampicina ou rifabutina são utilizadas com freqüência contra a TB, podendo causar a diminuição dos níveis séricos de alguns medicamentos anti-retrovirais, fazendo com que estes não funcionem como deveriam. Também, os medicamentos antiretrovirais podem aumentar os níveis dos tuberculostáticos no sangue, causando sérios efeitos colaterais. Folhas Informativas 16 Série E Se você está tomando medicamentos anti-retrovirais, não deve usar a Rifampicina. A Rifabutina (ainda não é disponível no Brasil) pode ser utilizada neste caso, mas talvez a dosagem deva ser alterada Como se prevenir da Tuberculose É muito difícil a prevenção, pois qualquer pessoa, mesmo sem aids pode se infectar com o bacilo da TB. Como nas grandes cidades há sempre uma grande aglomeração de pessoas em ambientes fechados, entre outros fatores, a propagação da tuberculose torna-se fácil. Para sua prevenção, algumas medidas podem ser tomadas: • Evitar contato íntimo (proximidade) e prolongado nas primeiras duas semanas de tratamento, quando a pes- soa infectada ainda pode transmitir o bacilo, ou, até que os exames de escarro estejam negativados. • Manter o ambiente arejado (abrir portas e/ou janelas). • Orientar o paciente a tossir e eliminar secreção utilizando o auxílio do papel e desprezando-o num saco plástico que deve ser mantido próximo ao paciente. Resumindo A TB é uma doença que pode ser grave e matar mais pessoas soropositivas do que qualquer outra doença. A associação TB e infecção pelo HIV costuma ser duplamente deletéria. Existem tratamentos eficazes para tratar a infecção pelo bacilo da TB. Se você ficou exposto a TB, ou, apresenta algum dos sintomas descritos, deve buscar o tratamento adequado. Os tratamentos da TB têm longa duração, mas são a única alternativa para curar a doença. A administração concomitante de antiretrovirais e tuberculostáticos pode ser complicada, principalmente pelas interações medicamentosas. Se você é portador do HIV e tem diagnóstico de TB, deve planejar seu tratamento cuidadosamente. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México 17 Série E SÍNDROME CONSUNTIVA O que é a a Síndrome Consuntiva? A síndrome consuntiva era uma complicação relativamente freqüente antes do uso de terapia antiretroviral potente. Segundo os CDC, essa síndrome é definida como a perda involuntária de mais de 10% do peso corporal basal, acompanhada de diarréia crônica (com duração igual ou superior a 30 dias), debilidade e febre, sem outras causas que justifiquem o quadro. A síndrome consuntiva é considerada manifestação definidora de caso de aids. A instituição de terapia antiretroviral potente diminuiu a incidência de síndrome consuntiva. O que causa a Síndrome Consuntiva? Vários fatores contribuem para a ocorrência da síndrome de consuntiva: Baixo consumo de comida: a falta de apetite é comum em pessoas HIV positivas. Alia-se a isso a necessidade que alguns anti-retrovirais apresentam de serem tomados acompanhados ou não de comida. Esses requisitos podem dificultar a vida alimentar das pessoas com AIDS, pois muitos não podem se alimentar quando sentem fome. Os efeitos colaterais dos medicamentos, tais como: náuseas, mudanças no paladar, ou sensações tipo coceira ou formigamento ao redor da boca, também diminuem o apetite. A presença de infecções na boca ou na garganta pode dificultar a ingestão de alimentos. Infecções no intestino podem causar sensação de pressão ou de se estar saciado depois da ingestão de somente uma pequena quantidade de comida. Finalmente, a falta de recursos financeiros e de energia dificultam a compra ou o preparo dos alimentos. Absorção baixa de nutrientes: numa pessoa saudável o intestino delgado absorve os nutrientes contidos na comida. Em pessoas HIV positivas, várias infecções (incluindo os parasitas) interferem nesse processo. O HIV pode afetar os intestinos diretamente, reduzindo sua capacidade de absorver os nutrientes. A diarréia também causa a perda de calorias e nutrientes. Metabolismo alterado: o próprio HIV afeta o metabolismo. Antes do surgimento de qualquer sintoma, as necessidades de energia do corpo aumentam. Isso pode ocorrer devido a uma maior atividade do sistema imunológico. As pessoas com HIV necessitam de mais calorias para conseguirem manter seu peso corporal. Os níveis de vários hormônios podem afetar o metabolismo. O HIV parece provocar mudanças hormonais. Além disso, as citoquinas representam um papel significativo na síndrome de consuntiva. As citoquinas são proteínas que ajudam o corpo a combater as infecções. As pessoas HIV positivas apresentam níveis muito altos de citoquinas, fazendo com que o corpo produza mais gordura e açúcares, porém uma quantidade menor de proteínas. Infelizmente, a combinação desses fatores pode criar uma “espiral descendente”. Por exemplo, as infecções podem aumentar as necessidades de energia do corpo, interferindo, ao mesmo tempo, na absorção de nutrientes e causando, assim, fadiga e redução do apetite. Como se trata a Síndrome de Consuntiva? Não existe um tratamento específico para a síndorme consuntiva. As orientações direcionam-se aos seguintes fatores: Baixo consumo de comida: reduzir as náuseas e os vômitos permite o aumento do consumo de comida. Podem ser utilizados estimulantes de apetite. Absorção baixa de nutrientes: a absorção pode tornar-se melhor através do tratamento da diarréia e das infecções oportunistas que afetam o intestino. No entanto, duas infecções parasitárias - a criptosporidiose e a microsporidiose - ainda são bastante difíceis de se tratar. Outra medida importante refere-se à ingestão de suplementos nutritivos como Ensure ® ou Advera ®. Esses suplementos foram criados especificamente para proporcionar nutrientes de fácil absorção. Não existe ainda um estudo detalhado sobre esses suplementos. Metabolismo alterado: estuda-se tratamentos à base de hormônios. O hormônio do crescimento humano aumenta o peso e a massa muscular, além de provocar a redução da gordura. No entanto, o produto é extremamente caro, podendo custar uma quantia superior a US$40.000 (quarenta mil dólares) por ano. Importante A Testosterona e os esteróides anabólicos (aqueles que constróem os músculos), aplicados de maneira combinada, ou não, com alguma atividade física, também podem auxiliar no combate da síndrome consuntiva. ESSES MEDICAMENTOS NÃO DEVEM SER UTILIZADOS SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA. 17 Folhas Informativas Série E Resumindo As causas da síndrome consuntiva ainda não estão bem esclarecidas. No entanto, está claro que as pessoas com HIV devem evitar a perda de massa muscular. Atualmente alguns tratamentos para a síndrome consuntiva estão sendo estudados. É importante estar sempre atento ao seu peso e manter um alto consumo de alimentos nutritivos, mesmo que seu apetite seja baixo. Em caso de diarréia ou de qualquer infecção do sistema digestivo que possa causar problemas relacionados à absorção de nutrientes, procure tratamento imediatamente. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México AZITROMICINA O que é Azitromicina? A Azitromicina é um antibiótico da classe macrolídeo. Seu nome comercial é Zitromax, Azi, ou Azitrax ou Azitromin. Os antibióticos combatem infecções causadas por bactérias. A Azitromicina é utilizada no combate de infecções oportunistas em pessoas HIV positivas. Por que as pessoas HIV positivas tomam Azitromicina? A Azitromicina é utilizada no tratamento de infecções bacterianas leves ou moderadas. É utilizada contra bactérias, que podem causar infecções na pele, nariz, garganta e pulmões. Muitos micróbios vivem em nosso corpo e são normalmente encontrados no meio ambiente. Um sistema imunológico sadio pode eliminar os micróbios que entram em nosso corpo ou deixar a quantidade desses microorganismos numa quantidade populacional pequena o suficiente para não causar doença. No entanto, a infecção pelo HIV pode debilitar o sistema de defesa humano. As infecções que se aproveitam da presença de um sistema imunológico debilitado são chamadas “infecções oportunistas”, que podem acometer as pessoas infectadas pelo HIV. O MAC (complexo mycobacterium avium) é uma infecção oportunista detectada em pessoas HIV positivas. As pessoas que apresentam contagem de células T (CD4) inferior a 50 células/mm3 estão mais suscetíveis de desenvolver MAC. Para mais informações, leia a folha E 12. A azitromicina é geralmente utilizada em combinação com outro antibiótico para o tratamento do MAC; podendo também ser aplicada na prevenção da infecção por MAC. Se sua contagem de células T (CD4) é inferior a 50 células/mm3, consulte seu médico e conversem sobre a possibilidade do uso da azitromicina como prevenção contra o MAC. Algumas pessoas são alérgicas à azitromicina e a antibióticos similares. Informe seu médico se você é alérgico à eritromicina, o que representa uma contra-indicação para o uso de azitromicina. Como se desenvolve a resistência aos medicamentos? Sempre que você utilizar um medicamento, assegure-se de tomar a dosagem completa e nos horários prescritos. Muitas pessoas suspendem o tratamento quando se sentem melhor. Isso não é uma boa idéia. Se o medicamento não eliminar todos os gérmens, estes podem sofrer mutações e, dessa forma desenvolverem resistência a este medicamento. Se, por exemplo, você utiliza azitromicina para combater a infecção por MAC e deixa de tomar algumas doses, a bactéria presente no seu corpo pode desenvolver resistência à azitromicina, prejudicando o seu uso no futuro, caso necessário. Como tomar a Azitromicina? A Azitromicina está disponível em cápsulas ou comprimidos de 250 miligramas (mg), também podendo ser encontrada em comprimidos de 500 mg e 1g, ou ainda, em fórmula líquida e em pó. A dosagem ideal para prevenir o MAC é 1250 mg, uma vez por semana ou 500 mg três vezes na semana. Os comprimidos de azitromicina podem ser tomados com ou sem alimentos. As cápsulas ou a fórmula líquida devem ser tomadas em jejum, uma hora antes ou duas horas após uma refeição. Certifique-se de ler as instruções cuidadosamente. 18 Série E Não tome azitromicina em combinação com antiácidos que contenham alumínio ou magnésio. Eles reduzem a quantidade de azitromicina no sangue. Quais são os efeitos colaterais? Os efeitos colaterais da azitromicina geralmente estão relacionados ao aparelho digestivo, provocando diarréia, náuseas e dor abdominal. Algumas pessoas ficam sensíveis ao sol (fotossensibilidade). Outras sofrem dores de cabeça, vertigem, sonolência ou problemas de audição. Vale ressaltar que alguns antiretrovirais causam problemas digestivos e o uso concomitante da azitromicina pode agravá-los. Os antibióticos eliminam também as bactérias úteis ao organismo que normalmente vivem no aparelho digestivo. Para repovoar nossa flora intestinal com bactérias úteis podese tomar iogurte ou suplementos que contenham acidófilus. Como a Azitromicina interage com os outros medicamentos? A Azitromicina é metabolizada no fígado, podendo interagir com outros medicamentos que também são processados neste órgão. A Azitromicina interage com anticoagulantes, com alguns medicamentos para o coração como a digoxina, anticonvulsivantes, anti-ácidos, e outros antibióticos. Certifique-se de que seu médico esteja ciente de todos os medicamentos que você está utilizando quando for prescrita a azitromicina. Se você toma azitromicina em combinação com ritonavir (que é um inibidor da protease), seu médico deve acompanhá-lo cuidadosamente. Os antiácidos com alumínio ou magnésio diminuem os níveis de azitromicina no sangue. Não tome antiácido combinado com azitromicina. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México CLARITROMICINA O que é Claritromicina? É um antibiótico da classe macrolídeo, comercialmente denominado Biaxin® ou Klaricid® ou Clamicin. Os antibióticos combatem infecções causadas por bactérias. A Claritromicina é utilizada no combate de infecções oportunistas em pessoas HIV positivas. Por que as pessoas HIV positivas tomam Claritromicina? A Claritromicina é utilizada no tratamento de infecções bacterianas leves ou moderadas. É utilizada contra bactérias que podem causar infecções na pele, nariz, garganta, pulmões e ouvidos. Importante Muitos germens vivem em nosso corpo e são normalmente encontrados no meio ambiente. Um sistema imunológico sadio pode eliminar os micróbios que entram em nosso corpo ou deixar a quantidade desses microorganismos numa quantidade populacional pequena o suficiente para não causar doença. No entanto, a infecção pelo HIV pode debilitar o sistema de defesa humano. As infecções que se aproveitam de um sistema imunológico debilitado são chamadas “infecções oportunistas”, que podem acometer as pessoas infectadas pelo HIV. Para mais informações sobre doenças oportunistas, leia as folhas informativas E1 a E 17. O MAC (complexo mycobacterium avium) é uma infecção oportunista detectada em pessoas HIV positivas. As pessoas que apresentam contagem de células T (CD4) inferior a 50 células/mm3 estão mais suscetíveis de desenvolver MAC. Para mais informações, leia a folha E 12. A claritromicina é geralmente utilizada em combinação com outro antibiótico para o tratamento do MAC; podendo também ser aplicada na prevenção da infecção por MAC. Se sua contagem de células T (CD4) é inferior a 50 células/mm3, consulte seu médico e conversem sobre a possibilidade do uso da claritromicina como prevenção contra o MAC. Algumas pessoas são alérgicas à claritromicina e a antibióticos similares. Informe a seu médico se você é alérgico à claritromicina ou a outros antibióticos. Como se desenvolve a resistência aos medicamentos? Sempre que você utilizar um medicamento, assegure-se de tomar a dosagem completa e nos horários prescritos. Muitas pessoas suspendem o tratamento quando se sentem melhor. Isso não é uma boa idéia. Se o medicamento não eliminar todos os germens, estes podem sofrer mutações e, dessa forma desenvolverem resistência a este medicamento. Se, por exemplo, você utiliza claritromicina para combater a infecção por MAC e deixa de tomar algumas doses, a bactéria presente no seu corpo pode desenvolver resistência à claritromicina, prejudicando o seu uso no futuro, caso necessário. Como tomar a Claritromicina? A Claritromicina está disponível em comprimidos de 250 ou 500 miligramas 19 Série E (mg), podendo também ser encontrada sob a forma de um concentrado utilizado na preparação da fórmula líquida. A dosagem e duração do tratamento dependerão da infecção que você apresente. A dosagem utilizada na prevenção do MAC é de 500 mg a cada 12 horas. Os comprimidos de claritromicina podem ser tomados com ou sem alimentos. Existe ainda uma versão de liberação prolongada chamada “Biaxin XL” ou Klaricid UD, que deve ser tomada com alimento, o que contribui para a redução dos efeitos colaterais que afetam o estômago. Quais são os efeitos colaterais? Os efeitos colaterais da claritromicina geralmente afetam o aparelho digestivo, provocando diarréia, náuseas, acidez e dor abdominal. Algumas pessoas experimentam dores de cabeça ou rash cutâneo. Vale ressaltar que alguns anti-retrovirais causam problemas digestivos e o uso concomitante da claritromicina pode agravá-los. A Claritromicina pode causar danos ao fígado. Seu médico analisará os resultados de seus exames cuidadosamente para certificar-se de que você não tenha desenvolvido nenhum dano hepático. Informe a seu médico se a coloração da urina tornar-se escura ou se suas fezes tornarem-se claras ou surgir icterícia (coloração amarelada da pele e conjuntivas) após a utilização da Claritromicina. Os antibióticos eliminam também as bactérias úteis ao organismo que normalmente vivem no aparelho digestivo. Para repovoar nossa flora intestinal com bactérias úteis podese tomar iogurte ou suplementos que contenham acidófilus. Folhas Informativas Como a Claritromicina interage com outros medicamentos? A Claritromicina é metabolizada no fígado, podendo interagir com outros medicamentos que também são processados neste órgão. A Claritromicina provavelmente 19 Série E interage com os inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos (ITRNN), com alguns anticoagulantes, com alguns medicamentos para o coração como a digoxina, e outros antibióticos. Certifique-se de que seu médico esteja ciente de todos os medicamentos que você está utilizando ao lhe ser receitado a Claritromicina. Os inibidores da protease ritonavir (Norvir) ou lopinavir (Kaletra) podem aumentar os níveis de claritromicina no sangue. A Claritromicina pode interferir na absorção da zidovudina (AZT, Retrovir). Ao usar os dois medicamentos simultaneamente orienta-se que haja um intervalo de administração entre as doses de cada droga de pelo menos 4 horas. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. Folhas Informativas + InfoRed SIDA Nuevo México dapsona O que é Dapsona? A Dapsona é um antibiótico comercialmente denominado Dapsona ou Avlosulfon. Por que as pessoas HIV positivas tomam Dapsona? As pessoas HIV positivas também utilizam Dapsona para combater infecções oportunistas. Muitos germens vivem em nosso corpo e são normalmente encontrados no meio ambiente. Um sistema imunológico sadio pode eliminar os micróbios que entram em nosso corpo ou deixar a quantidade desses microorganismos numa quantidade populacional pequena o suficiente para não causar doença. No entanto, a infecção pelo HIV pode debilitar o sistema de defesa humano. As infecções que se aproveitam de um sistema imunológico debilitado são chamadas “infecções oportunistas”, que podem acometer as pessoas infectadas pelo HIV. Para mais informações sobre doenças oportunistas, leia as folhas E 1 a E 17. A sigla PCP significa pneumonia por pneumocystis carinii (renomeado pneumocystis jirovec), uma infecção oportunista que afeta os pulmões. As pessoas que apresentam nível de células T (CD4) inferior a 200 podem desenvolver PCP. Para mais informações, leia a folha E 13. Importante Em certas ocasiões, os médicos combinam o uso da trimetoprim (TMP) com dapsona no tratamento da pneumonia por PCP. A Dapsona pode ser usada para prevenir a pneumonia por PCP. Se sua contagem de células T (CD4) estiver inferior a 200 células/mm3, consulte seu médico a respeito da utilização do Dapsona ou de algum outro medicamento para prevenir a pneumonia. A toxoplasmose é outra doença oportunista e afeta o cérebro. As pessoas que apresentam nível de células T inferior a 100 células/mm3 podem desenvolver toxoplasmose. A combinação do Dapsona com pirimetamina pode ser utilizada tanto na prevenção quanto no tratamento desta doença. Para mais informações, leia a folha E 15. Algumas pessoas são alérgicas à dapsona. Informe a seu médico se você é alérgico a algum antibiótico. A Dapsona pode causar anemia, por isso as pessoas que apresentam essa disfunção devem questionar seu médico se a dapsona é realmente o medicamento mais indicado para elas. Algumas pessoas (especialmente homens negros ou de ascendência mediterrânea) podem apresentar níveis baixos de uma enzima chamada glucosa-6-dehidrogenase fosfato. Essas pessoas não devem tomar dapsona, visto que podem desenvolver anemia súbita e severa. As mulheres grávidas devem evitar tomar dapsona, pois o uso deste medicamento durante os primeiros três meses de gravidez pode aumentar os riscos de má formação do feto. Como se desenvolve a resistência aos medicamentos? Se, por exemplo, você utiliza dapsona para combater a pneumonia por pneumocystis carinii (PCP) e deixa de tomar algumas doses, o fungo presente no seu corpo pode desenvolver resistência à dapsona. Sempre que você utilizar um medicamento, assegure-se de tomar a dosagem correta e seguir os horários prescritos. Muitas pessoas suspendem o tratamento quando se sentem melhor, tão logo os sintomas desapareçam. Isso pode contribuir para o aparecimento de microorganismos resistentes ao antibiótico. 20 Série E Como tomar o Dapsona? A Dapsona está disponível em comprimidos de 25 ou 100 miligramas (mg) que são geralmente tomados uma vez ao dia. A dosagem que você irá tomar dependerá do tipo de infecção que você estiver combatendo ou tentando prevenir. A Dapsona pode ser tomada com ou sem alimentos. Se o uso do dapsona provocar queixas gástricas passe a tomá-lo junto das refeições. Quais são os efeitos colaterais? O efeito colateral principal do dapsona é a anemia (perda de glóbulos vermelhos). As queixas gástricas também são comuns. Um pequeno número de pessoas experimenta náuseas, vômitos, dores de cabeça, vertigem e neuropatia periférica. Para mais informações sobre neuropatia periférica, leia a folha D 7. A Dapsona pode causar sensibilidade à luz solar. Se isso acontecer, utilize um protetor solar e/ou use óculos escuros. Informe a seu médico se sua pele tornar-se pálida ou de cor amarela, se tiver dor de garganta, febre ou rash cutâneo, mesmo depois de algumas semanas de já ter iniciado o tratamento com o dapsona. Esses sintomas podem indicar uma severa reação ao medicamento. Como o Dapsona interage com outros medicamentos? A Dapsona é metabolizada no fígado, podendo interagir com outros medicamentos que também são processados neste órgão. A Dapsona interage com alguns anticoagulantes, antiácidos, omeprazol e outros inibidores da bomba de prótons. Certifique-se de que seu médico esteja ciente de todos os medicamentos que você está utilizando ao lhe ser receitado a dapsona. Folhas Informativas Seu médico deve acompanhá-lo cuidadosamente se você toma dapsona combinado com os inibidores da protease amprenavir (Ziagen) ou saquinavir (Fortovase® ou Invirase); ou ainda, o inibidor da transcriptase reversa delavirdina (Rescriptor®). 20 Série E Os níveis de dapsona no sangue podem sofrer redução se este for tomado junto com rifampicina, um medicamento utilizado no tratamento da tuberculose ou do MAC. O ddI pode diminuir a absorção de dapsona, logo, recomendase o uso do dapsona pelo menos 2 horas antes ou depois da tomada do ddI. O risco de desenvolver anemia aumenta se o dapsona for tomado junto com outros medicamentos que causem anemia, como o AZT. O risco de desenvolver neuropatia periférica é maior quando o dapsona é tomado junto com outros medicamentos que causam neuropatia, como o ddI e d4T. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005. 21 SULFAMETOXAZOL+TRIMETOPRIM (SMX/TMP) Folhas Informativas O que é SMX/TMP? O SMX/TMP é uma combinação de duas substâncias com ação bactericida: o sulfametoxazol e o trimetoprim. Também é chamado clotrimoxazol. Seus nomes comerciais são: Bactrim®, Assepium®, Espectrim®, Infectrim®, Trimexazol®, Dientrin, Teutrin. O SMX/TMP também é utilizado para combater protozoários e algumas infecções oportunistas em pessoas HIV positivas. Por que as pessoas HIV positivas tomam SMX/TMP? SMX/TMP é utilizado no combate de várias infecções bacterianas. É efetivo e barato. Lamentavelmente, cerca de um terço das pessoas que tomam SMX/TMP podem desenvolver uma reação alérgica. Muitos germens vivem em nosso corpo e são normalmente encontrados no meio ambiente. Um sistema imunológico sadio pode eliminar os micróbios que entram em nosso corpo ou deixar a quantidade desses microorganismos numa quantidade populacional pequena o suficiente para não causar doença. No entanto, a infecção pelo HIV pode debilitar o sistema de defesa humano. As infecções que se aproveitam de um sistema imunológico debilitado são chamadas “infecções oportunistas”, que podem acometer as pessoas infectadas pelo HIV. Para mais informações sobre doenças oportunistas, leia as folhas E1 a E 17. A sigla PCP significa pneumonia por pneumocystis carinii (renomeado pneumocystis jirovec), uma infecção oportunista que afeta os pulmões. As pessoas que apresentam nível de células T (CD4) inferior a 200 podem desenvolver PCP. Para mais informações, leia a folha E 13 . + InfoRed SIDA Nuevo México SMX/TMP é a primeira opção para o tratamento da PCP. Se sua contagem de células T estiver inferior a 200, questione seu médico a respeito da possibilidade do uso de SMX/TMP ou de algum outro medicamento para prevenção dessa pneumonia. A toxoplasmose é outra doença oportunista e afeta o sistema nervoso central. As pessoas que apresentam nível de células T inferior a 100 podem desenvolver toxoplasmose. Em determinadas ocasiões utiliza-se SMX/TMP para prevenir ou tratar esta doença. Para mais informações, leia a folha E 15. Algumas pessoas são alérgicas a SMX/ TMP. Informe ao seu médico se você é alérgico a algum antibiótico ou medicamento do tipo sulfa. As pessoas com anemia não devem tomar SMX/TMP. As mulheres grávidas só devem usar SMT/TMP se os possíveis riscos para o feto forem bem avaliados de acordo com os benefícios terapêuticos esperados. Deve-se evitar o uso de SMT/TMP no último estágio da gravidez tanto quanto o possível pelo risco de icterícia neonatal. Como se desenvolve a resistência aos medicamentos? Sempre que você utilizar um medicamento, assegure-se de tomar a dosagem correta e seguir os horários prescritos. Muitas pessoas suspendem o tratamento quando se sentem melhor, tão logo os sintomas desapareçam. Isso pode contribuir para o aparecimento de microrganismos resistentes ao antibiótico. Como se toma SMX/TMP? SMX/TMP está disponível em comprimidos de 400 mg de sulfametoxazol e 80 miligramas de trimetoprim. Também existe um comprimido com dose dupla com Série E 800 mg de sulfametoxazol e 160 mg de trimetoprim e. A dosagem que você irá tomar dependerá do tipo de infecção que você estiver combatendo ou tentando prevenir. O tratamento e a profilaxia não devem ser interrompidos, principalmente se o nível de suas células de defesa estiver abaixo do suficiente, de maneira a possibilitar o desenvolvimento de toxoplasmose ou pneumonia por pneumocystis carinii. SMX/TMP pode ser tomado com ou sem alimentos. Quais são os efeitos colaterais? A infecção pelo HIV agrava os efeitos colaterais do SMX/TMP. Os efeitos colaterais mais comuns são: náuseas, vômitos, perda do apetite e reações alérgicas na pele (rash cutâneo). Podem ainda acontecer fotossensibilidade e síndrome de Stevens Johnson. O uso de SMX/TMP também pode causar neutropenia, que se caracteriza pela diminuição dos níveis de neutrófilos (tipos de glóbulos brancos que combatem infecções bacterianas). A infecção pelo HIV também pode causar neutropenia. Alguns médicos utilizam o método de “dessensibilização” em pacientes que sofrem reações alérgicas. Este processo consiste em iniciar o uso do medicamento com uma dosagem baixa, de forma a não causar uma reação alérgica, e aumentá-la gradualmente até alcançar a dosagem completa. Outra opção é utilizar Dapsona (veja a folha E 20). Como SMX/TMP interage com outros medicamentos? SMX/TMP é metabolizado principalmente pelos rins, logo, não há pos- Folhas Informativas sibilidade de interação com medicamentos que são processados no fígado, inclusive com a maioria dos medicamentos anti-retrovirais. No entanto, SMX/TMP interage com outros medicamentos, como os anticoagulantes, hipoglicemiantes (medicamentos para diminuir os níveis de açúcar no sangue), 21 Série E anticonvulsivantes e Certifique-se de que esteja ciente de medicamentos que utilizando ao lhe ser SMX/TMP. diuréticos. seu médico todos os você está receitado o O risco de desenvolvimento de anemia é maior se você utiliza SMX/ TMP junto com outros medicamentos que também causam anemia, como o AZT. O risco de se desenvolver neutropenia é maior se você toma SMX/ TMP junto com outros medicamentos que provocam neutropenia, como o AZT e o ganciclovir. Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Maria Cristina Pimenta Coordenação das Folhas Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por EED. Edição para versão eletrônica, 2005.