Educação a Distância do Século XIX a Formação de

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Educação a Distância do Século XIX a Formação de
Educação a Distância do Século XIX a Formação de
Administradores na Universidade do Estado de Mato Grosso Unemat
Autora: Hermenegilda Moraes Correia (UNEMAT)1
Autor: Valdecir de Carvalho (UNEMAT)2
Co-autor: Juliano Ciebre dos Santos (FCSGN) 3
Resumo: A educação brasileira no decorrer de cinco décadas passou por vários projetos e
muitas transformações em busca de resultados que atenda as necessidades da população. Nem
sempre ela, educação esteve ou está voltada para os interesses da massa, na maioria do
projetos, sempre atenderam aos interesses da classe política que visualiza na ignorância da
nação a forma fácil, estratégica e maleável do domínio bem como direcionar o resultados do
que é de interesse dos mesmos. Nessa abordagem de educação à distância, conta-se com a
presença do professor para elaborar os materiais instrucionais e planejar as estratégias de
ensino e com um tutor encarregado de ajudar o aluno em suas tarefas ou orientá-lo em suas
dúvidas. Quando o papel do professor não envolve as interações com os alunos, o que é muito
frequente cabe ao tutor fazê-lo. Porém, caso esse tutor não compreenda a concepção do curso
ou não tenha sido devidamente preparado para orientar o aluno, corre-se o risco de um
atendimento inadequado que pode levar o aluno a abandonar a única possibilidade de
interação com o tutor, passando a trabalhar sozinho sem ter com quem dialogar a respeito de
suas dificuldades ou elaborações.
Palavras-chave: Educação; EAD; Formação a distância.
1. INTRODUÇÃO
A educação jesuítica esteve voltada para o domínio da Igreja, como senhora absoluta de
determinar os poderes aos fiéis, a ponto de inserir a catequese como forma de educação
religiosa aos índios, que até então desconheciam totalmente a força e formação voltada para o
1
Hermenegilda Moraes Correia, Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso,
Especialista em: Formação de Professores para a EAD e Gestão Escolar também pela UFMT. E-mail:
[email protected]. Agosto de 2013.
2
Valdecir de Carvalho, Geógrafo pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). E-mail:
[email protected]. Agosto de 2013.
3
Juliano Ciebre dos Santos , Licenciado em Informática pela Fundação Santo André (FSA, Santo André-SP,
2004), Especialista em Informática aplicada à Educação e Mestre em Educação Desenvolvimento e Tecnologias
pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS, São Leopoldo-RS, 2008). Atualmente docente do
ensino superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte-MT, Rua Jequitiba, nº 40, Jardim
Aeroporto. Cep.: 78520-000. E-mail: [email protected]. Agosto de 2013.
1
céu ou inferno. A educação comandada pelos Jesuítas durou em torno de três séculos, mas
não eram acessíveis a todos, os escravos não era detentor do direito ao estudo.
O período imperial D. Pedro I não estava preocupado com o andamento da Educação, em
outros países como Espanha as Universidade vicejavam a todo vapor, no Brasil, somente em
1909, foi criada a primeira, que é a Universidade Federal da Amazônia. Ainda, em 15 de
outubro de 1827 foi aprovada a primeira lei sobre o Ensino Elementar e a mesma vigoraria até
1946. Essa lei determinou a criação de "escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas
e lugarejos" (artigo 1º) e "escolas de meninas nas cidades e vilas mais populosas" (artigo XI).
A lei fracassou por várias causas econômicas, técnicas e políticas1 . O relatório Liberato
Barroso apontou que, em 1867, apenas 10% da população em idade escolar se matriculara nas
escolas elementares
Na Primeira República foram cinco reformas no sistema educacional, porém eximia o
Governo das responsabilidade com a educação, surge a nomenclatura : Grupo Escolar. Entre
1920 e 1930, por iniciativa de grupos liberais, ocorre o movimento da escola nova ou
"Escolanovismo" é fundada a Associação Brasileira de Educação - ABE.
Na era Vargas a educação passa por vários movimentos e cria-se o Ministério dos Negócios
da Educação e Saúde Pública. O Ministro Gustavo Capanema criou várias Leis Orgânicas
como: Lei Orgânica do Ensino Industrial; Lei Orgânica do Ensino Secundário; Lei Orgânica
do Ensino Primário e Normal e a Lei Orgânica do Ensino Agrícola.
No regime militar implantou-se a Lei Orgânica 5.692/71 voltada para escola tecnicista e que
vigorou até 1996.
Em momento algum encontramos referencia sobre a Educação à Distância, embora esta já
existisse e remonta ao século XIX. No Brasil o Instituto Universal Brasileiro foi pioneiro em
oferecer a modalidade de EAD.
2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A contrário do que muitos pensam a Educação a Distância não é nada recente. No Século XIX
já existia e temos noticias de seus avanços em países como Estados Unidos, Europa e países
da África e outros locais. Segundo a Wikipédia a história da EAD é anterior a esse período:
2
Com a Revolução Científica iniciada no século XVII, as cartas comunicando informações
científicas inauguraram uma nova era na arte de ensinar. Um primeiro marco da educação a
distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston, no dia 20 de março de 1728, pelo
professor de taquigrafia Cauleb Phillips.
No Brasil temos como referencia de Educação a Distância o Instituto Universal Brasileiro.
2.1 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: HISTÓRICO E PERSPECTIVA
Segundo Sérgio Paulo Gomes de Vasconcelos (UERJ): Ao contrário do que muitos pensam, a
Educação à Distância (EAD) não um instrumento recente a serviço do ensino. Seus
experimentos iniciais remontam ao início século XIX e vão ganhar impulso no fim daquele
século, sendo hoje um poderoso instrumento de ensino ainda mais quando os recursos da
Informática são utilizados em seu apoio.
Todos nós conhecemos, por exemplo o Telecurso Segundo Grau e o Telecurso 2000,
modalidades de EAD orientadas pela televisão. Também pela TV temos iniciativas do Canal
Futura e da TVE, o programa “Nossa Língua Portuguesa”, sucesso do professor Pasquale,
dentre outros.
Nossa infância é marcada por uma novela chamada “João da Silva”, parte do projeto Mobral,
que tinha como objetivo a alfabetização de adultos. Lembramo-nos bem de uma aula dessa
novela que foi premiada internacionalmente pela sua didática.
Também costumávamos ouvir programas de rádio por ondas curtas que ofereciam cursos de
idiomas, segundo sua nacionalidade: a Rádio Central de Moscou, por exemplo, oferecia um
curso de russo; a Deutsche Welle, curso de alemão; dentre outras que poderíamos citar.
Além dos cursos de idiomas, rádios nacionais em ondas médias ofereciam e ainda oferecem
diversos cursos. No passado havia programas dedicados exclusivamente ao ensino da Língua
Portuguesa, que atraíam milhares de ouvintes. Ainda hoje ouvimos histórias de nossos antigos
mestres sobre o tempo que devotavam a ficarem ao lado do rádio aguardando lições de Língua
Portuguesa.
E todos que um dia já folheamos revistas em quadrinhos, encontrávamos lá a propaganda dos
cursos do Instituto Universal Brasileiro.
3
Como já foi dito, a EAD não é recente, assim, listaremos a seguir datas mais importantes
relativas a ela, desde seu início até 1995, para que o leitor tenha uma idéia de sua abrangência.
1829 – Suécia – Instituto Líber Hermondes (150.000 usuários)
1840 – Reino Unido – Faculdade Sir Isaac Pitman – Primeira escola por correspondência na
Europa
1892 – EUA – Universidade de Chicago – Divisão de Ensino por Correspondência para
preparação de docentes no Departamento de Extensão
1922 – União Soviética – ensino por correspondência (350.000 usuários)
1948 – Noruega – primeira legislação para escolas por correspondência
1969 – Reino Unido – fundação da Universidade Aberta (200.000 alunos)
1977 – Venezuela – fundação da Universidade Nacional Aberta
1978 – Costa Rica – Universidade Estadual à Distância
1984 – Holanda – implantação da Universidade Aberta
1985 – Fundação da Associação Européia das Escolas por Correspondência (AEEC)
1985 – Índia – implantação da Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi (242.000 alunos)
1987 – Resolução do Parlamento Europeu sobre Universidades Abertas na Comunidade
Européia
1987 – Fundação da Associação Européia de Universidades de Ensino à Distância
1988 – Portugal – fundação da Universidade Aberta
1990 – Implantação da rede Européia de Educação à Distância, baseada na declaração de
Budapeste
1991 – Relatório da Comissão sobre Educação Aberta e à Distância na Comunidade Européia
[Corrêa, 2005: 17-19]
Podemos ver que a EAD não é nova e enquanto ela avança no mundo, no Brasil, ela caminha
a passos muitos lentos.
4
Agora vejamos algumas informações acerca do seu histórico em nosso país. (É importante
que se diga que os primeiros experimentos em EAD no Brasil ficaram sem registro, por isso a
lista da autora se inicia apenas em 1923.)
1923/1925 – Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
1923 – Fundação Roquete Pinto – Radiodifusão
1939 – Marinha e Exército – cursos por correspondência
1941 – Instituto Universal Brasileiro – cursos por correspondência, formação profissional
básica
1970 – Projeto Minerva – cursos transmitidos por rádio em cadeia nacional
1974 – TVE do Ceará – cursos de quinta a oitava série, com material televisivo, impresso e
monitores
1976 – SENAC – Sistema Nacional de Teleducação, cursos através de material instrucional
(em 1995, já havia atendido 2 milhões de alunos)
1979 – Colégio Anglo-Americano (RJ) – atua em 28 países, com cursos de correspondência
para brasileiros residentes no exterior em nível de 1º e 2º graus
1979 – UnB – cursos veiculados por jornais e revistas; em 1989 transforma no Cead e lança o
BrasilEAD
1991 – Fundação Roquete Pinto – programa Um salto para o Futuro, para a formação
continuada de professores do ensino fundamental
1995 – Secretaria Municipal de Educação – MultiRio (RJ) – cursos de quinta a oitava série,
através de programas televisivos e material impresso
1995 – Programa TV Escola – SEED/MEC
2000 – UNIREDE – Rede de Educação Superior à Distância – consórcio que reúne 68
instituições públicas do Brasil [Corrêa;2005: 21 e 22]
Quando comparamos nosso histórico em Educação à Distância com o de outros países,
podemos ver quão atrasados estamos. Para que se tenha uma idéia de nosso atraso, Venezuela
5
e Costa Rica têm programas em EAD baseados na Open University de Londres, e são, como
esta última, referência em todo o mundo no que diz respeito à EAD.
Costa Rica, um pequeno e belo país da América Central, cuja economia é praticamente
centrada no turismo e nem exército tem (que maravilha!), é referência em EAD, enquanto o
Brasil, que está entre as maiores economias do mundo, país que domina tecnologia nuclear,
tem um programa espacial e almeja um cargo no Conselho de Segurança da ONU, não dá o
devido valor a essa modalidade de ensino.
Infelizmente, não há um consenso geral acerca de uma definição específica para o que seja a
EAD, mas todos podemos ter uma idéia de que se trata de mais uma forma de ensino. Em
alguns casos, ela é parcialmente presencial (quando os alunos têm de comparecer a algumas
aulas presenciais em pólos ou comparecerem para as avaliações) ou ela é totalmente à
distância, quando o aluno não tem contato algum com a instituição, realizando apenas seus
exames finais ou bancas de avaliação de modo presencial.
Neste último caso entra a questão da credibilidade da EAD. Por muito tempo, ela foi tida
como uma forma inferior de modalidade de educação, destinada a ensinos profissionalizantes
para indivíduos que não tinham condições de pagar por um curso regular, ou haviam sido
fracassado no sistema de educação regular (LITWIN, 2005,117).
Sua credibilidade também foi muito questionada no que tangia às avaliações, uma vez que o
aluno prestava seus exames em casa e depois os enviava pelo correio, fato que não impedia a
fraude. Acerca desta informação, lembro-me do tempo em que era jovem e fazia um curso de
Desenhista Auxiliar de Arquitetura e tinha um colega de sala que fazia um curso de Desenho
por correspondência. Certo dia ela nos mostrou seu material e papel no qual ele deveria
prestar uma avaliação, desenhando uma figura humana.
O papel era do tipo reciclado, tal qual o utilizado para o embrulho de pão, completamente
inadequado para o desenho. Além do desenho ficar tosco, conforme ele nos mostrara, era
impossível o uso da borracha, instrumento de qualquer desenhista em seu processo de criação.
Assim, o próprio aluno tecia críticas aos instrumentos que determinavam o processo de
avaliação que sofria. Isso colocava em xeque o curso como um todo, pois o próprio usuário se
tornava um elemento de propaganda negativa contra o curso e seus métodos. E todos sabemos
que a propaganda mais poderosa é a boca-a-boca.
6
Mesmo assim, ele demonstrava honestidade, pois poderia ter pedido a um colega de mais
habilidade artística que fizesse o desenho por ele. Ninguém saberia.
O momento atual do conhecimento em que vivemos é bastante particular. Nunca antes a
sociedade humana havia presenciado tamanhas transformações no que diz respeito à
informação e ao conhecimento. Esses fatos criam uma demanda por um constante
aprendizado por parte de todo tipo de profissional, da mesma forma que determinam as ações
das empresas em busca da oferta de conhecimento e treinamento a seus funcionários. E esse é
o cenário em que a EAD ganha cada vez mais força.
Vivemos hoje o que é chamado de Sociedade da Informação e estamos acostumados a ouvir o
termo Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC). Em 1996, a maioria dos
países do mundo já estava conectada à Internet, mas alguns, por motivos políticos, dispunham
apenas de serviço de correio-eletrônico. Devidamente censurado pelo governo. (Na China, por
exemplo, há cerca de 50.000 censores oficiais, fiscalizando os sites visitados pelos milhões de
usuários daquele país).
Para muitos pesquisadores, as NTIC são a derradeira resposta para a democratização do
ensino e para que as classes menos privilegiadas tenham acesso ao conhecimento. Para outros,
ao contrário: as condições econômicas mundiais aumentam o abismo entre os que podem
adquirir conhecimento através dos meios mais avançados e os que não podem.
Segundo dados de 1995, quando o Brasil pertencia ao grupo das 10 maiores economias do
mundo, possuíamos 26, 3 computadores para 1.000 habitantes. Em comparação, os EUA,
maior economia do mundo, possuíam 406, 7. A média mundial era de 182, 0. (CORRÊA,
2005, 14)
Quando observamos tais números, podemos seriamente dizer que as NTIC contribuíam para a
democratização do ensino no Brasil há dez anos? Será que a situação é diferente agora?
Há alguns anos programas vêm sendo adotados no Brasil, com o objetivo de introduzir
computadores nas escolas. Em alguns casos, a realidade é a de um único PC para dezenas ou
centenas de alunos. E, em geral, ele fica trancado dentro de uma sala à qual apenas
professores têm acesso. Será que é dessa forma que os alunos poderão participar da Sociedade
da Informação? É desse modo que terão acesso a mais conhecimento e, conseqüentemente,
7
estarão mais preparados para as mudanças do mercado de trabalho, aumentando suas chances
de conseguir uma colocação profissional?
No fim de outubro deste ano, fomos visitados por um pesquisador americano que desenvolveu
um laptop, cujo valor é 100 dólares. Sua intenção inicial é disseminar 5 milhões de unidades
em países em desenvolvimento, sendo 1 milhão delas destinadas a estudantes brasileiros.
Todavia, a intenção de nosso governo é adquirir as unidades e utilizá-las inicialmente na
reciclagem de professores do ensino fundamental.
Ou seja, nossos próprios professores não estão capacitados a lidar com tecnologia de ponta no
que se refere à Informática e a Internet, as NTIC, pilares da educação no século que se inicia.
Ainda é necessário que os habilitemos para que esses possam se tornar instrutores dos alunos,
abrindo-lhes as portas para o mundo do conhecimento através da Rede Mundial de
Computadores e de outros instrumentos de aprendizado.
Todavia, acreditamos que esse é o caminho certo a ser seguido: primeiramente a formação dos
instrutores para, a seguir, a formação dos alunos. Mas não podemos deixar de considerar que
muitos tempo se passará até que esse projeto dê resultados consistentes.
E como se não bastasse, não se pode descartar que além da Sociedade da Informação, também
vivemos a “tirania da informação”, segundo Milton Santos. Segundo Corrêa (2005, p. 12) Há
informação demais e pouco tempo para absorvê-la, logo, alguém determinará o que as massas
e/ou os alunos devem aprender como sendo o mais relevante. Mas quem deterá esse poder?
Essa é uma questão crucial para o desenvolvimento de nossa sociedade.
Quando comparada à educação presencial, a EAD traz diversas vantagens, especialmente
agora, durante o período da Sociedade da Informação e com o auxílio das NTIC. Vejamos:
§ massividade espacial;
§ menor custo por estudante;
§ diversificação da população escolar;
§ individualização da aprendizagem;
§ quantidade sem perda da qualidade;
§ autodisciplina de estudo. (CORRÊA, 2005, p. 16)
8
Analisemos, todavia, as informações fornecidas com um olhar crítico.
Quando se fala em menor custo por estudante, não significa que um curso em EAD será
necessariamente barato. Para que se ofereça um curso de qualidade, são necessários materiais
de qualidade e profissionais qualificados. E nada disso é barato. De fato, o material didático
destinado à EAD tem de ser melhor do que o presencial, uma vez que o aluno não dispõe da
figura do professor diante de si para resolver suas dúvidas imediatas. Em geral, os cursos em
EAD oferecem respostas pelos tutores em um prazo de 24 horas.
O barateamento dos custos pode ocorrer uma vez que despesas como aluguel, luz, água,
equipamentos didáticos, transporte, etc, inexistem.
A quantidade sem perda da qualidade também é um outro fator questionável. Um curso em
EAD que dispõe de um único tutor para atender cinqüenta alunos talvez não obtenha
resultados muito diferentes de um presencial.
Aos nossos olhos, a massividade espacial, a diversificação da população escolar e a
autodisciplina de estudo são fatores eminentemente positivos. Especialmente esse último,
pois os cursos em EAD não são destinados a qualquer pessoa. Apenas pessoas que já tenham
disciplina ou que venham a desenvolvê-la serão capazes de levar um curso longo a termo. E
nós sabemos que a disciplina é um fator fundamental para qualquer profissional qualificado.
Em tempo: quando se fala em disciplina, remete-se automaticamente aos índices de evasão e
aprovação. Por exemplo, a TVE do Maranhão e Ceará desenvolveu projetos de EAD. Em
1980/1985 a evasão foi de 8% e 12%, respectivamente; e o índice de aprovação atingiu 85%
em ambos os casos (Corrêa, 2005, p. 19). Números excelentes quando comparados ao ensino
tradicional.
Há uma explicação muito simples para tais números: as pessoas que buscam um curso em
EAD são, em sua maioria, adultos. Assim, eles têm consciência do que querem e do que
precisam.
Os cursos à distância ganham impulso no fim do século XIX e em 1930, 39 universidades
americanas os ofereciam (LITWIN, 2005, p. 118).
Nos EUA a Universidade de Winsconsin foi fundada especialmente para EAD e no fim dos
anos 60, a Open University, de Londres, estabeleceu modelos que foram copiados, gerando a
Universidade Nacional de Educação à Distância, da Espanha; a Universidade Nacional
9
Aberta, da Venezuela; e a Universidade Estatal à Distância, da Costa Rica (CORRÊA, 2005,
19).
Quando se fala em Universidade Aberta, não significa que seu acesso é irrestrito. Ao
contrário, ela possui um sistema de seleção bastante criterioso. Ela é aberta “de modo a tornar
possível a ampliação do ensino superior não só para um maior número de estudantes, mas,
também, para aqueles que não possuíam os requisitos necessários para o acesso ao ensino
superior.” (CORRÊA, 2005, p. 19)
Posteriormente, com sua evolução, a Universidade Aberta tornou-se um instrumento de maior
amplitude de escolhas e conteúdos.
No Brasil, a EAD se iniciou documentadamente, conforme demonstrado na página XX, na
década de 20. Nessa época, o rádio era um avançado instrumento de comunicação e logo
tornava-se instrumento a serviço do ensino e até hoje é utilizado. Como exemplo podemos
citar a Rádio Senac e o programa Rádio-Escola. Segundo nos informa o site do MEC, “O
Rádio-Escola desenvolve ações, nas escolas públicas ou comunidades, que visem à utilização
dessa mídia na difusão e desenvolvimento de práticas pedagógicas, além de fornecer insumos
para o exercício docente.” [http: //www.mec.gov.br/seed/website_radioescola/index.shtm]
No entanto, qualquer aluno de curso de EAD por rádio conta com o compromisso de estar
diante do aparelho no dia e hora definidos, diferentemente dos cursos oferecidos pela Internet,
através dos quais os alunos podem acessar suas plataformas de ensino a qualquer momento.
E é para esta direção que o Brasil caminha.
Analisemos agora a situação dos cursos superiores à distância no Brasil.
A revista veja de 27 de julho de 2005, página 46, trazia a seguinte informação:
Os cursos superiores à distância multiplicam-se a cinco anos. Desde 2001, quando foram
autorizados pelo governo, seu número já aumentou 700%. Com o auxílo da Internet, 382
faculdades oferecem disciplinas de graduação e pós-graduação.
Alunos matriculados em 2001 = 5.000; em 2004 = 160.000
Criação de novos cursos em 2001 = 11; em 2004 = 77
Outra matéria, publicada no site do MEC diz respeito à criação e início das atividades da
Universidade Aberta do Brasil (UAB).
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A criação da UAB (Universidade Aberta do Brasil) foi o principal foco de discussão do
Fórum das Estatais para a Educação, que ocorreu na segunda-feira, 4 de julho de 2005, em
Brasília. A UAB será lançada em setembro e as aulas devem começar já no início do próximo
ano letivo.
O titular as Secretaria de Educação a Distância do MEC (Ministério da Educação), Ronaldo
Mota, adiantou que o processo seletivo deverá ocorrer no princípio de 2006. O início das
aulas está previsto para o mês de março, com a realização dos cursos-piloto de Administração
em seis estados que já possuem estrutura para atender os cursos à distância.
Na reunião, foi apresentado o modelo do projeto da criação da UAB, bem como da associação
que irá promover a formação dos consórcios públicos que serão firmados com as instituições
municipais e estaduais, juntamente com as instituições públicas federais.
Segundo Ronaldo Mota (2006) algumas ações já estarão em curso. “A oferta de cursos de
educação a distância em seis estados, enquanto projeto-piloto de curso de Administração já
está consolidada.”
Os cursos serão realizados no Rio Grande do sul, Rio de Janeiro, Paraná, Ceará, Mato Grosso
e Santa Catarina, sendo que em cada um dos estados existem cerca de 16 pólos que permitirão
o acesso à educação superior.
O secretário-geral do Fórum, Alex Fiúza, chamou a atenção para três pontos importantes na
criação da Universidade Aberta do Brasil – dar oportunidade para todos os funcionários de
estatais, formar todos os funcionário de estatais, formar todos os professores que não possuem
graduação e dar acesso à universidade para todos os municípios do Brasil.
A UAB irá oferecer cursos e programas a distância, em parceria com as universidades
brasileiras, voltados para a expansão da educação superior. No Brasil, apenas 11% dos jovens
entre 18 e 24 anos têm acesso a esta modalidade de ensino [ensino superior]. 05/07/2005
[http: //portal.mec.gov.br]
Ainda segundo o site do MEC, “a ideia é oferecer, inicialmente, três mil vagas no país, 600
por região. O processo seletivo, previsto para janeiro, deve ter provas de português,
matemática e conhecimentos gerais, além da análise de títulos.” 27/10/2005 [http:
//portal.mec.gov.br]
11
Diferentemente do que a notícia informou, a UAB foi fundada apenas no dia 27 de outubro.
Em sua cerimônia de fundação, o presidente do Fórum das Estatais pela Educação
“classificou a iniciativa de importantíssima e disse que a educação é a única forma de superar
a exclusão social e promover a inclusão educacional.” 27/10/2005 [http: //portal.mec.gov.br]
No estado do Rio de Janeiro há 16 pólos, conforme nos informa a Fundação Centro de
Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CECIERJ). Segundo
os Estatutos da Fundação do CECIERJ, são seus objetivos:
I – oferecer educação superior gratuita e de qualidade, na modalidade a distância, para o
conjunto da sociedade fluminense;
II – a divulgação científica para o conjunto da sociedade fluminense;
III – a formação continuada de professores do ensino fundamental, médio e superior; e
IV – promover a expansão e interiorização do ensino gratuito e de qualidade no Estado,
através de cursos de extensão, graduação e pós-graduação, atividades curriculares e extracurriculares, presenciais ou à distância. [http: //www.cederj.edu.br/cecierj/estatuto.htm]
O pólo regional de Petrópolis, por exemplo, tem uma home page que fornece algumas
informações importantes. Nesse pólo são oferecidos cursos de licenciatura em Matemática
(com coordenação da UFF) e Biologia (com coordenação da UFRJ e UENF), além de “cursos
de extensão semi-presenciais para aperfeiçoamento acadêmico em áreas diversas, tais como
Matemática, Geografia e História.” www.cederj.edu.br/cederj/petropolis/cursos.htm
Gostaríamos de retornar ao comentário do secretário-geral do Fórum, que diz ser a educação
“a única forma de superar a exclusão social e promover a inclusão educacional.”
Como pode isso acontecer se o nível de informatização no Brasil é tão baixo? Se o início das
atividades da UAB se direciona a funcionários das estatais, acreditamos que eles possam se
valer de computadores das empresas para estudar.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todavia, à medida que houver a expansão da UAB, outros alunos serão beneficiados por ela e
precisarão de computadores. Mas sabemos que as condições econômicas do Brasil não
12
favorecem a compra de máquinas, especialmente quando consideramos os proventos dos
profissionais do ensino fundamental. Nossa expectativa recai sobre o programa do laptop de
100 dólares e outras iniciativas do governo para facilitar a aquisição de computadores por
parte dos alunos da UAB e outras instituições de EAD.
Nesse artigo procurou-se apresentar uma visão da EAD no mundo e no Brasil, especialmente
para aqueles que não a conhecem ou, caso a conhecessem, talvez não conhecessem sua
história força no mundo.
Com as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação e a velocidade de transformação de
tudo ao nosso redor, há uma constante necessidade de aprendizado e atualização desse
aprendizado. A EAD surge não como uma proposta para a solução desses problemas, mas
como uma “tábua de salvação”, uma vez que já nos dias atuais vivenciamos uma total falta de
tempo para os estudos: as grandes cidades têm suas avenidas e ruas cada vez mais cheias de
veículos, provocando engarrafamentos que levam horas, dificultando o deslocamento dos
estudantes; os transportes públicos, alternativa aos congestionamentos, estão constantemente
lotados, além de não serem confortáveis ou não cumprirem seus horários; as famílias passam
pouco tempo reunidas e muitos não desejam abrir mão do pouco tempo que dispõem para
estar com os seus em troca do comparecimento a salas de aula, assim caso sua presença seja
obrigatória, irão sem disposição de aprendizado. Além desses há diversos outros fatores, mas
não é necessário descrevê-los: o próprio leitor é capaz de discernir quais são.
Acredita-se que a EAD é um instrumento que deve ter todo apoio das instituições
governamentais, especialmente no que tange a lhe dar credibilidade perante a sociedade.
Esperamos que esse artigo seja um estímulo ao leitor para conhecer um pouco mais acerca
dessa modalidade de ensino e, quem sabe, vir a se tornar um profissional nesta área de
crescimento tão promissor no Brasil e no mundo.
REFERÊNCIAS
CEDERJ. Estatuto. <www.cederj.edu.br/cecierj/estatuto.htm>. Acessado em 30 de outubro
2005.
CORRÊA, Juliane. O cenário atual da educação a distância. In: SENAC. Curso de
especialização a distância. E-Book. Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 2005. CDROM.
13
––––––. Sociedade de informação, globalização e educação a distância. In: SENAC.
Curso de especialização a distância. E-Book. Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 2005.
CD-ROM.
LITWIN, Edith. Das tradições à virtualidade. In: SENAC. Curso de especialização a
distância. E-Book. Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 2005. CD-ROM.
MEC. Portal. 27 outubro 2005. <http: //portal.mec.gov.br>. Acessado em 30 outubro 2005.
MEC. Rádio-Escola. <www.mec.gov.br/seed/website_radioescola/index.shtm>. Acessado
em 30 outubro 2005.
RAMAL, Andrea Cecília. Entre mitos e desafios. In: SENAC. Curso de especialização a
distância. E-Book. Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 2005. CD-ROM.
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