O pequeno livro Bowen
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O pequeno livro Bowen
O pequeno livro Bowen Para Pierre Saine, o meu primeiro leitor e precioso colaborador, a todos os meus estudantes graças aos quais todos os dias eu aprendo e a Gaston Germain, que semeou a ideia deste livro no meu espírito. O pequeno livro Bowen para uma grande terapia manual Louise Tremblay traduzido do francês por Isabel Batista Catalogação antes da publicação da Biblioteca e arquivos nacionais do Quebec e Biblioteca e arquivos do Canada Tremblay, Louise, 29 de abril de1960 El manual Bowen : para una gran terapia manual Incluye ref. bibliogr. ISBN 978-2-9810114-0-4 1. Manipulación (Terapéutica). 2. Mesoterapia. 3. Dolor – Medicinas alternativas. I. Título RM724.T73 2007 615.8’2 C2007-941704-3 É altamente recomendável consultar sempre um médico antes de praticar as técnicas ou de seguir os conselhos descritos neste livro, principalmente se tiver problemas de saúde ou se sofrer de algumas afeções. O autor não aceita qualquer responsabilidade no caso de lesões ou outros problemas que podem resultar da prática dos métodos terapeúticos mencionados neste llivro. Louise Tremblay, 2011. Todos os direitos reservados. Não é permitida a reprodução deste livro, no todo ou em parte, sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrónico, mecânico, fotocopiado ou gravado sem prévia autorização escrita do autor. Conceção gráfica : Bárbara Claus Tradução: Isabel Batista ISBN 978-2-9810114-0-4 Dépôt légal æ Bibliothèque et Archives nationales du Québec, 2007 Dépôt légal æ Bibliothèque et Archives Canada, 2007 Índice Introdução 6 Como utilizar este livro 8 Capítulo 1 Origem e filosofía 10 • Resenha histórica 12. O ambiente de trabalho ideal 14 • Uma sessão Bowen 18. Os benefícios da técnica Bowen 22 • As contra-indicações 26 Capítulo 2 Duas teorias para compreender 28 • O movimento Bowen 30 A teoria energética 32 • A teoria neuromuscular 38 • A pausa 44 • Reações possíveiss 48 • Após o tratamento 49 Capítulo 3 Os movimentos de base 50 • A abordagem do terapeuta 52 • Relaxamento da parte inferior das costas 54 • Relaxamento das costas superior 56 • Relaxamento do pescoço 58 Capítulo 4 As várias técnicas diferentes 60 • Técnicas usuais 62 • Técnicas específicas 68 • Os exercícios 72 Conclusão 76 I n t ro d u ç ã o No nosso mundo extremamente agitado de hoje, raros são os momentos de verdadeira descontração. Recebemos a toda a hora milhões de informações sensoriais. Várias formas de agressões exteriores como o ruído, os espaços restritos, a multidão, a poluição e a omnipresença dos meios eletrónicos assim como todos os tipos de stress que vivemos na nossa vida pessoal e profissional mantendo o nosso sistema nervoso simpático em atividade quase constante : não conseguimos descontrair Com a técnica Bowen, aproximamo-nos muito perto da limguagem do corpo. Este método permite ao organismo tomar consciência do seu estado de stress e inverter o processo estimulando a atividade parasimpática. O organismo pode então gradualmente reconhecer e restaurar as suas funções de «autoregu- 6 introducción lação», que em consequência irão regular o seu metabolismo e as suas funções neuromusculares. A técnica Bowen é um método manual holístico que propõe pôr em tensão muito suavemente os músculos e os tecidos moles; dá resultados surpeendentes em relação à intensidade do trabalho efetuado pelo profissional. O seu slogan «Less is more*» define-a na perfeição. Apresentaremos a origem da técnica bowen e tentaremos explicar o seu funcionamento.Também iremos descrever ao leitor os procedimentos de base afim de se familiarizar com o trabalho do terapeuta Bowen. Espero que este livro sensibilize o maior número possível de pessoas relativamente a esta técnica maravilhosa e que dê uma melhor compreensão aos profissionais de todos os países. *. «Less is more» : significa que quanto menos se faz, maior é a sua eficácia. 7 Como u t i l i z a r e s t e l i v ro A técnica Bowen é um método terapéutico manual proposto aos terapeutas de diferentes disciplinas : kinesioterapeutas, osteopatas, fisioterapeutas e quiriopráticos, mas também massoterapeutas, enfermeiros, psicólogos, homeopatas e naturopatas, enfim, a todos os terapeutas de saúde com abordagem tradicional ou alternativa. O organismo acreditado (ver formação) exige a todos os seus profissionais uma formação de base em anatomia e fisiologia. Embora este livro não tenha sido concebido como material de «auto-aprendisagem», mas antes como um complemento num curso de formação, ele será uma ajuda preciosa para se familiarizar com esta arte do bem estar e compreender o desenvolvimento Bowen com o seu profissional. 8 como utilizar este libro Ao longo deste livro, nas minhas explicações relativas às fáscias e ao sistema nervoso, uso termos que podem parecer repulsivos quando não se está dentro desta terminologia. Se é o seu caso, dedique ainda assim, algum tempo a ler essas passagens lentamente e assim aprenderá mais do que aquilo que está a espera. O conhecimento é acessível a todos, basta parar um pouco e deixar-se envolver pelo sentido. Não se preocupe, fique aberto e explore, não existe nenhum exame no fim do livro! Aos terapeutas manuais, praticando ou não Bowen, eu proponho algumas pistas de reflexão. As teorias enunciadas ainda são teorias e não pretendo ter encontrado todas as explicações. No entanto devemos tentar compreender, procurar, colocar hipóteses e testar. Eu proponho o meu ponto de vista atual, estou ansiosa para saber o seu. 9 Capítulo 1 Origem e filosofia Tom Bowen inspirou-se no princípio de que o corpo tem de conseguir «autoregular-se». Para ele, a técnica terapeutica de eleição será aquela que estimularia o organismo a resolver ele mesmo as disfunções resultantes de pertubações ao nível do tecido.O princípio subjacente quer que a estrutura governe a função. Assim sendo uma pertubação da estrutura de qualquer tecido pertubaria o funcionamento desta e por isso o funcionamento do organismo inteiro. 10 O Sr. Bowen propôs como objetivo restaurar a integridade estrutural do corpo de maneira a permitir um funcionamento otimal do organismo. Também acreditava na energia vital (Chi). Segundo a medicina tradicional chinesa, esta energia deve circular livremente em todo o corpo afim de proporcionar uma boa saúde. A genialidade de Tom Bowen foi a de descobrir um sistema de mobilizações («moves») que reaviva o percurso natural desta energia. 11 origem e filosofia Resenha h i s t ó r ic a Thomas Ambrose Bowen nasceu na Austrália em 1916 e casou com Jessie McLean em 1941. No início dos anos 50, ele deu-se conta que as crises de asma de que sofria a sua esposa, a qual necessitava de vários internamentos hospitalares, variavam consideralvelmente consoante a sua alimentação. Após alguns anos com um bom regime alimentar e com as manipulações dos tecidos moles, que ele tinha desenvolvido para a aliviar, Jessie nunca mais sentiu necessidade de medicamentos nem de hospitalização. Nessa altura, o seu encontro com Ernie Sauders, reputado terapeuta manual, marcou um ponto desicivo na sua vida. Foi no seguimento de vários tratamentos com este homem que ele começou pôr à prova a técnica que iria ter o seu nome. Autodidata, Tom Bowen estudou anatomia e pouco a pouco, experimentando continuamente, ele 12 r e s e n h a h i s t ó r ic a desenvolveu um método único que lhe permitiu tratar eficazmente as dores de costas dos seus colegas de trabalho. Por volta do fim dos anos cinquenta, perante um aumento da procura aos seus tratamentos, Tom Bowen decidiu abrir uma clínica e também trabalhar à noite. Deixou de seguida o seu trabalho habitual para se dedicar a tempo inteiro à sua prática. Para começar usou o título de osteopata, visto que, na sua opinião, era o que ele fazia; mais tarde, quando o nome de osteopata se tornou reservado, ele nomeouse simplesmente de «terapeuta manual». À medida que a sua reputação foi crescendo, vários profissionais de saúde mostraram interesse por este novo método. Do número destes observadores, Tom Bowen distinguiu apenas seis de entre deles, pelas suas competências ao praticá-la. Entre estes profissionais encontrava-se um massoterapeuta (Oswald Rentsch), quatro quiropráticos (Keith Davis, Nigel Love, Kevin Neave and Romnery Smeeton) e um osteopata (Kevin Ryan). 13 origem e filosofia O ambiente de trabalho ideal Para otimizar os efeitos do tratamento Bowen, é essencial respeitar algumas regras de trabalho. Iremos descrever aqui o meio ideal de trabalho que encontrará nos profissionais deste método. As influências exteriores Em primeiro lugar, um ambiente tranquilo é o elemento chave a considerar. As influências exteriores como o ruído, a música (mesmo suave), sons ambientes, aromas de incensos ou de óleos essenciais, são todos elementos que reduzem os efeitos do tratamento. O sistema nervoso do cliente não deve ter que gerir estes estímulos parasitas. Durante o tratamento Bowen, o terapeuta fala o menos possível ao seu cliente. Todavia este último é convidado a exprimir o que ele vai ressentindo durante a sessão, visto 14 o ambiente de trabalho ideal as suas reações poderem ter uma influência determinante para mais tarde. Recomendamos ao terapeuta que saia da sala entre cada sequência de movimentos, afim de deixar a pessoa ressentir tranquilamente os efeitos profundos do tratamento durante as pausas. Isto nem sempre é possível e se o terapeuta permanecer na sala, deve afastar-se da marquesa. O ambiente de trabalho O ambiente da sala de trabalho deve ser agradável e caloroso, deve convidar ao relaxamento. A noção de calor é muito importante. É preferível cobrir a pessoa que recebe o tratamento, mesmo que esta esteja vestida. 15 origem e filosofia A marquesa A maior parte dos terapeutas preferem trabalhar com uma marquesa sobre a qual eles usam um lençol limpo para cada cliente. A marquesa deve ser confortável e larga o suficiente para poder colocar os braços ao longo do corpo. Uma marquesa elétrica com altura regulável pode ser útil para profissionais que recebem várias pessoas ao dia. O apoia cabeça nem sempre é aconselhável, a menos que a posição deitado de bruços com a cabeça virada seja demasiado desconfortável para que a pessoa consiga relaxar. Sugerimos aos terapeutas que utilizem tantas almofadas e travesseiros quantos os necessários para dar o máximo de conforto possível ao cliente durante a sessão. Se for impossível para o cliente deitar-se, também é eficaz praticar este método sentado ou até mesmo em pé. 16 o ambiente de trabalho ideal Roupa apropriada A técnica Bowen pratica-se melhor diretamente na pele, mas um terapeuta experiente pode facilmente trabalhar sobre roupa fina e larga. Se a pessoa ficar vestida é claramente preferível o uso de roupas confortáveis às calças de ganga ou «leggings». Otimizar resultados Não podemos esquecer que queremos incitar o organismo a passar dum modo simpatico (estado de stress) ao modo parasimpatico (estado de relaxamento profundo), e isto só é possível se a pessoa estiver envolvida de calma, calor, conforto e de serenidade. Se estiver confiante ela poderá relaxar e o terreno estará favorável para que os procedimentos do Bowen tenham máxima eficácia. Pertence assim ao terapeuta criar este clima calmante. 17 origem e filosofia Uma sessão Bowen A técnica Bowen estimula o organismo e permite-lhe normalizar-se por ele próprio. Anamenese Mesmo que o praticante do Bowen não esteja em algum caso autorizado a obter um diagnóstico, desde a sua primeira visita ele deve informar-se do seu estado de saúde em geral e ter o cuidado de anotar o historial clínico bem como, como a razão da sua consulta. Em caso de dúvida, os clientes são convidados a consultar o seu médico para uma avaliação do seu estado de saúde. A sessão propriamente dita Uma sessão Bowen consiste numa série de movimentos precisos (Os «moves» Bowen*) sobre zonas específicas do corpo. *. «Moves» : termo inglês utilizado, na generalidade e que descreve melhor o «movimento» que o terapeuta exerce na pele. 18 uma sessão Bowen As pausas adotadas entre cada série de mobilizações são frequentes e importantes, proporcionando assim ao corpo o tempo de responder na totalidade aos movimentos. Utilizadas isoladamente, as mobilizações podem levar a um efeito positivo, mas uma série complementar de mobilizações maximiza normalmente os resultados. O terapeuta começa o seu trabalho na região lombar do cliente (que está em decúbito ventral) e vai logo de seguida trabalhar a parte posterior das pernas. Continuará efetuando «moves» na região dorsal, a seguir na região das omoplatas. O cliente pode em seguida voltar-se para que o terapeuta efetue «moves» sobre os músculos do pescoço*. Mediante o motivo da consulta, este último poderá em seguida trabalhar numa zona mais específica do corpo respeitando sempre esta alternância de «moves» e de «pausas». *. Os profissionais Bowen nunca fazem manipulações vertebrais do tipo quiroprático, os músculos do pescoço são apenas suavemente solicitados. 19 origem e filosofia Cada sessão dura em média entre 45 a 50 minutos e só necessita de um número limitado de procedimentos; até porque a técnica, sendo simples, é bem tolerada pelo paciente. Após a sessão Por motivos que mais tarde iremos explicar no livro, na sequência duma sessão Bowen o cliente é convidado a descansar, a caminhar, a beber mais água, a evitar aplicações de gelo ou de calor, evitar os exercícios intensos, os banhos quentes ou spas e adiar por uma semana outra forma de terapia corporal. Alguns exercícios de alongamentos podem ser sugeridos. Se o cliente respeitar este protocolo, o estado de relaxamento profundo, induzido pelos «moves» Bowen, pode ser sentido durante os quatro a cinco dias seguintes. 20 21 origem e filosofia Os b e n e f í ci o s da t é c n ic a Bowen A técnica Bowen beneficia a todos. Contribue para a manutenção da saúde e é preventiva. Parece permitir ao sistema nervoso central de «detetar» assim que ele está no estado parasimpático (em oposição do estado de stress), os deséquilíbrios frequentemente ainda assimtomáticos e de normalizar as suas funções antes que uma doença se instale. As funções mais frequentementes melhoradas são a respiração, a digestão, o sono, a circulação sanguínea assim como a tensão arterial e o pulso, a circulação linfática, o sistema endócrino e o sistema imunitário. Portanto, não precisa de estar doente para receber tratamentos Bowen. 22 os benefícios da técnica Bowen Nalgumas condições, a técnica Bowen revela-se uma arma eficaz. Não procura tratar condições específicas, mas pelo contrário estimular o organismo a repor no seu lugar os seus próprios mecanismo de cura. Como já foi referido, os terapeutas Bowen nunca são autorizados a fazer qualquer tipo de diagnóstico e o cliente deve consultar o seu médico para avaliar o seu estado de saúde. O terapeuta Bowen não deve intervir nos tratamentos prescritos pelo médico. Esta lista aqui apresentada foi constituida com base em testemunhos de clientes nos quais a técnica Bowen teve um efeito de alívio nos vários problemas diagnoticados pelo seu médico. 23 origem e filosofia •recuperação mais rápida de doenças, cirurgias ou lesões (quer tenham ocorrido recentemente ou há mais tempo); •dores osteomusculares sob forma aguda ou crónica, post-traumática, post-cirúrgica ou de origem artrítica, com perda de mobilidade ou espasmos musculares; •lesões desportivas : tornozelos, joelhos, entorses, tensões musculares, «tenis elbow»; •problemas da cintura pélvica : dores na anca, diferença de comprimento das pernas, tensão em certos músculos da região pélvica; •problemas nos ombros : dores dos ombros e dos membros superiores, inchaço dos braços, das mãos, restrições da mobilidade dos membros superiores, lesão proveniente de movimentos repetitivos; •problemas de pescoço : torcicolo, no seguimento de um acidente ou de uma má postura, restrições da mobilidade do pescoço; 24 os benefícios da técnica Bowen •dores no cóccix : no seguimento de uma queda ou de um parto; •dores de cabeça, enxaqueca : consequência de stress e de tensões, ou de origem postural ou digestiva; •maxilares : dores, tensões nos maxilares; •problemas de ciática : recente ou antiga; •demonstra ser eficaz na recuperação do síndrome da fadiga crónica e da fibromialgia; •dores menstruais : ciclos irregulares, síndrome pre-menstrual, menopausa e golpes de calor; •síndrome do túnel cárpico; •problemas digestivos : obstipação, diarreia, flatulência; •sintomas pseudo-asmáticos, febre dos fenos, constipações e gripe, congestões da sinusite; •retenção dos líquidos, cálculos renais. 25 origem e filosofia As c o n t r a - i n d ic a ç õ e s Com a experiência acumulada de alguns milhares de terapeutas, sem contar com Tom Bowen, que recebia anualmente na sua clínica uma quantidade impressionante de clientes, pode concluir-se que esta técnica é muito segura, tanto nos mais jovens como nos mais idosos ou inválidos e claro, nos atletas. Esta terapia não tem contra-indicações, salvo casos graves que não estão dentro do nosso âmbito de actuação e que enviaremos para o médico, como as infeções, febres fortes, fraturas e lesões, hemorragias, problemas cutâneos graves, doenças contagiosas, problemas respiratórios graves, dores torácicas, cervicais e abdominais não diagnosticadas, assim como outras situações urgentes. 26 27 Capitulo 2 Duas teorias para compreender Várias hipóteses tentam explicar os efeitos surpreendentes destes «moves» : poderíamos comparálos a ação de um músico que quando belisca a corda da guitarra na posição e com a força apropriada, produz uma vibração que amplifica e se propaga por todo o instrumento. Assim, o feixe de ondas produzido pela ação do terapeuta atingirá todas as partes do corpo, pelos meridianos segundo alguns, pelas fascias segundo outros. O terapeuta pára durante alguns minutos, para dar tempo a esta vibração de ir diminuindo por si própria. 28 Uma outra interpretação põe em causa o estímulo de certos propriocetores como o tempo neuromuscular, orgãos tendinosos de Golgi e os recetores cinestésicos das articulações. O estímulo destes elementos neurológicos, através da fibra muscular ou tendinosa, seria o ponto de partida duma informação sensitiva visando a reapropriação do esquema corporal pelo sistema nervoso central. Esta teoria não está provada cientificamente mas parece estar conforme a ação exercida pelo terapeuta Bowen. 29 duas teorias para compreender O m ov i m e n to Bowen O movimento Bowen é em si próprio cheio de subtileza. Identificamos com o polegar ou com os dedos a estrutura a tratar (por exemplo uma manga muscular, tendinosa ou nervosa). A pele que a cobre é posta em tensão com uma tração suave na direção oposta a da mobilização solicitada. Em seguida, o músculo é solicitado aplicando-lhe uma pressão transversal suave na direção do movimento projetado. O movimento termina mobilizando a pele por cima da estrutura a tratar. Diferentes tipos de movimentos Bowen Certos movimentos Bowen terão um efeito semelhante à corda esticada de uma guitarra, que assim que se liberta, produz esta sensação de vibração. Outros movimentos serão mais suaves, apenas percetíveis, prin- 30 o movimento Bowen cipalmente aqueles efetuados nos locais onde a pele é mais fina e delicada. Manteremos o tensionamento mais tempo nos sítios dos tendões sólidos e volumosos. Por vezes simples toques de pressão serão suficiente para obter o resultado procurado. A técnica Bowen que parece simples à primeira vista requer muita destreza e precisão por parte do terapeuta. O que o cliente sente É frequente os clientes falarem da sensação de calor e de formigueiro. Praticamente todos descrevem um efeito de profundo relaxamento à medida que a sessão vai progredindo. Alguns chegam mesmo a adormecer, o que cria alguma vantagem para deixar o campo aberto ao sistema nervoso neurovegetativo. Quando o profissional trabalha segundo as regras d’arte, raras são as pessoas que não sentem nenhum efeito durante a sessão Bowen ou nas horas que se seguem. 31 duas teorias para compreender A t e o r i a e n e rg é t ic a Aqui vamo-nos debruçar sobre dois aspectos da teoria energética : primeiro o « CHI », em seguida a fáscia. O CHI Tom Bowen acreditava na energia universal chamada de Chi. Esta energia circula à superfície e no interior do corpo, ao longo duma série de canais identificados há vários séculos na medicina tradicional chinesa. Estes catorze canais, os meridianos, são compostos por pontos, pontos de acupuntura, cuja estimulação influencia os orgãos do corpo e suas funções. A maior parte dos movimentos da técnica Bowen encontram-se sobre um meridiano e certos movimentos sobre um ponto de acupuntura preciso. Fazendo um « move » Bowen, o terapeuta estimula de facto o 32 a teoria energética CHI contido nesse meridiano. Segundo a medicina tradicional chinesa, a livre circulação do CHI dentro do corpo humano é essencial para manter uma boa saúde. A história não nos diz se Tom Bowen tinha conhecimentos suficientes da medicina chinesa para basear o seu conceito de procedimentos sobre esta. Apesar disso, os acupuntores que exercem o método Bowen estão de acordo em afirmar que o CHI se modifica durante e após o tratamento. A fascia Anatomicamente, a palavra « fáscia » representa uma membrana de tecido conjuntivo. Preferimos referir à fáscia tal como é descrita pelos osteopatas : um conjunto membranoso muito extensivo no qual tudo está ligado, tudo está em continuidade. Esta noção tem como consequência principal que a mínima tensão ativa ou passiva se repercute sobre o conjunto da 33 duas teorias para compreender estrutura. Todas as peças anatómicas podem assim serem consideradas solidárias. A fáscia é um tecido conjuntivo em que ele próprio tem a mesma constituição de base que qualquer outro tecido conjuntivo : •células que transformam duas proteinas de constituição : as fibras de colagénio e de elastina; •A matriz celular : o espaço livre entre as células chamado de « substância fundamental ». Composta por líquido incompleto, proteinas (os proteiglicanos) e de grandes moléculas (as glicosaminoglicanos) que têm por função, entre outras, atrair e reter água. Ela ocupa o espaço entre as células e fixa as fibras. As mudanças de viscosidade da substância fundamental permite uma fixação de água no espaço tissulares, previne a disseminação das infeções e influencia a atividade metabólica da célula. 34 a teoria energética O líquido joga um papel vital. É o lugar de uma imensa atividade metabólica contém um grande número de células nutritivas e ainda um maior número de células macrófagas, o que lhe confere um lugar primordial na função de nutrição celular e na função de eliminação dos resíduos metabólicas. O líquido intersticial espalha-se nos tecidos e caminha entre os espaços intersticiais por « derramamento ». Não se fala mais de circulação canalizada : o líquido propaga-se como uma mancha de óleo graças ao deslizamento dos tecidos uns sobre outros. Poderia dizer-se que todos os tecidos conjuntivos são fáscia mais ou menos denso.No conjuntivo frouxo, as fibras têm espaço e há bastante líquido intersticial. É um tecido « laboratório » visto conter bastante células nutritivas e macrófagas. Dentro do tecido fibroso firme, tem muito menos : é um simples tecido mecânico. 35 duas teorias para compreender Assim as aponevroses, tendões, lâminas fibrosas, cápsulas e ligamentos fazem parte de um sistema mecânico chamado de FÁSCIA. Todo este tecido conjuntivo, ou fáscia, deve estar bem hidratado para assegurar as suas funções principais •de circulação dos líquidos •de proteção e amortecimento •de sustentação e de suporte (a fáscia engloba e compartimenta cada orgão) •de troca bioquímica, e •de defesa imunitária (primeira linha de defesa imunitária do organismo). É fundamental, para o bom funcionamento do organismo, que o gel coloídal do qual é formada a substância fundamental não esteja demasiada viscosa ou « espessa ». A tixotropia é uma característica da substância fundamental. Quer isto dizer que no seguimento de uma transferência de energia este 36 a teoria energética gel coloídal transforma-se em líquido coloídal para facilitar as trocas metabólicas e a condução elétrica. Todos os tipos de energia têm a capacidade de levar à liquidificação do gel coloídal, como energia calorífica, química, elétrica e eletromagnética. Mas parece que a energia mecânica tem esta propriedade num grau cinco vezes superior ao dos outros tipos de energia*. O terapeuta Bowen, graças às pressões exercidas transversalmente sobre as bolsas fasciais dos músculos e sobre os ligamentos e tendões, influencia a hidratação da fáscia num determinado ponto. Visto a fáscia estar por todo o lado continuamente, poderá presumir-se que esta energia mecânica, que fluidifica a substância fundamental, altamente condutora, poderá transferir-se para a globalidade de fascia. *. As fáscias - Papel dos tecidos na mecânica humana, Serge Paoletti, edições Sully. 37 duas teorias para compreender A t e o r i a n e u ro m u s c u l a r As sensações propriocetivas são consequência do grau de contração dos músculos, da tensão dos tendões, da posição das articulações e da orientação da cabeça em relação ao solo. Os recetores da propriocepção são chamados propriocetores. Encontramo-los nos músculos esqueléticos, nos tendões, articulações, ligamentos e tecido conjuntivo que cobre os ossos e os músculos. O cérebro recebe sem parar infuxos nervosos relativos à posição das diferentes partes do corpo e efetua os ajustes necessários à coordenação. Vamos apresentar três tipos de propriocetores : •Os feixes neuromusculares situados nos músculos esqueléticos; •Os orgãos tendinosos de Golgi situados nos tendões; •Os recetores cinestétsicos das articulações situa- 38 a teoria neuromuscular dos nas cápsulas articulares das articulações sinuviais. Não havendo ainda provas científicas sobre esta questão é razoável acreditar que os movimentos Bowen têm uma ação direta sobre o sistema nervoso através dos propriocetores, especialmente através de certos meconorecetores. Feixes neuromusculares Os feixes neuromusculares detetam as variações do comprimento dos músculos esqueléticos. A informação que eles emitem surge do cerebelo, onde ela promove a coordenação das contrações musculares, e no cortex cerebral, onde ela permite a perceção da posição dos membros. No movimento Bowen, o tensionamento perpendicular sobre o corpo do músculo, com lentidão e suavidade, permite aos feixes neuromusculares ativarem-se 39 duas teorias para compreender o suficiente para encaminhar impulsos nervosos ao cerebelo e ao cortex cerebral, mas não o suficiente para contrair o músculo. Quando um músculo é estimulado com força, uma oposição reflexo a este alongamento ocorre e provoca a contração do musculo estimulado e o relaxamento dos músculos antagónicos. No entanto, é possível que um tensionamento perpendicular do músculo suficientemente firme sem ser forte relaxe os músculos antagónicos sem os contrair. Isto poderia explicar o efeito de relaxamento do movimento Bowen assim que é efetuado sobre o corpo do músculo. Os orgãos tendinosos der Golgi Um orgão tendinoso de Golgi é um propriocetor integrado, perto do ponto de interceção do músculo esquelético. Assim que o tendão sofre uma tensão, os orgãos tendinosos de Golgi produzem impulsos 40 a teoria neuromuscular nervosos que se propaguem até ao sistema nervoso central para o informar sobre as variações da tensão muscular. Desencadeando os reflexos tendinosos, os orgãos tendinosos de Golgi protegem os tendões e os músculos contra uma tensão excessiva podendo causar lesões. Os reflexos tendinosos provocam um relaxamento dos músculos e uma diminuição da tensão muscular. Certos movimentos Bowen são efetuado sobre o próprio tendão. Estes movimentos tem a particularidade de se manterem vários segundos pelo terapeuta. Com efeito, a adaptação dos orgãos tendinosos de Golgi faz-se lentamente e para se chegar a ativar estas células, o terapeuta deve manter o tensionamento do tendão vários segundos. 41 duas teorias para compreender Os recetores cinestésicos das articulações Existem vários tipos de recetores cinestésicos das articulações no interior e à volta das cápsulas articulares das articulações sinoviais. Os corpúsculos de Rufini estão situados na derme e dentro das articulações, ancorados nos ligamentos. Estes recetores são recetores profundos sensíveis à pressão e ao estiramento da pele. Os corpúsculos de Pacini estão situados no tecido conjuntivo adjacente às cápsulas articulares assim como na derme e o tecido sub-cutâneo. Estes recetores profundos são particularmente sensíveis às vibrações. Eles reagem igualmente a uma pressão intensa e somente à primeira aplicação desta pressão assim como a aceleração e desaceleração dos movimentos articulares. 42 a teoria neuromuscular Os ligamentos articulares contém recetores que regulam a inibição reflexa dos músculos adjacentes assim que a articulação sofre uma contração excessiva. Muitos movimentos Bowen efetuam-se perto das articulações. Os recetores cinestésicos das articulações serão solicitados principalmente logo que os movimentos sejam aplicados sobre pequenas articulações, como o punho ou o tornozelo. A técnica Bowen não faz nenhuma manipulação forçada, mas fazemos por vezes mover um membro, um pé, um braço ou uma mão, com o objetivo de ativar estes recetores cinestésicos. 43 duas teorias para compreender A pau s a Tal como o tensionamento do músculo, a sua duração e sua intensidade, mostra-se primordial para obter resultados, tal como é essencial a pausa entre as séries de movimentos. É esse o segredo, a chave da técnica Bowen. Nenhuma outra terapia manual integra tais momentos de silêncio, os quais permitem ao organismo de reagir aos nossos estímulos por um processo de feed-back. Este processo não deve ser interrompido por outros estímulos. Queremos apenas que o impulso dado seja percebido pelo sistema nervoso central e que ele reaja apenas a este impulso, durante um certo lapso de tempo. No cérebro, é pelo sistema ativador reticular ascendente que passa uma corrente continua de fluxo nervoso em direção ao cortex cerebral afim de o manter no estado de vigilância. 44 a pausa Os fluxos provenientes dos grandes vasos sensitivos ascendentes chegam aos neuronios desse sistema, guardando-os em atividade e aumentando os seus efeitos excitores sobre o cortex cerebral. Diminuindo as estimulações do ambiente exterior (como o ruído, as falas, a luz, os cheiros, as sensações tácteis, a música), diminuimos este efeito excitante. O sistema ativador reticular ascendente parece servir de filtro a este afluxo de informações sensoriais. Ele diminui os sinais repetitivos, familiares ou fracos e deixa chegar até à consciencia os sinais inusitados, importantes ou intensos. O SRAA e o cortex cerebral negligenciam sem dúvida 99% dos estimulos sensoriais gravadas pelos nossos recetores. Por exemplo, se caminhar na rua, é muito provável que o seu cérebro percepcione prioritáriamente o barulho dos carros vindos atras de si e não a cor da camisola da pessoa que está no outro passeio. Este fil- 45 duas teorias para compreender tro serve para dar prioridade às informações. Os movimentos Bowen são na maior parte muito suaves. Perder-se-iam provavelmente num emaramhado de informações se não se tiver o cuidado de os isolar. Assim, se houver apenas os movimentos Bowen a percepcionar, eles podem passar o filtro do SRAA e ser registados pelo cortex cerebral. A pausa tem uma duração de pelo menos dois minutos e por vezes, é ao cabo de 30 a 60 segundos que o cliente começa a sentir calor ou os formigueiros frequentemente descritos. Esta pausa prolongar-seá tanto quanto o necessário para que a pessoa sinta alguma coisa, sinal que o sistema nervoso é ativado. 46 47 duas teorias para compreender Reações possíveis É frequente haver reações de desentoxicação no seguimento de uma primeira sessão Bowen. Estes sintomas vão desde de uma ligeira dor de cabeça a fadiga súbita. Podem-se observar estas reações após uma massagem ou tratamentos de osteopatia. O corpo descarrega as suas toxinas e os efeitos podem fazer sentir-se durante 24 a 48 horas. Nesse momento recomenda-se beber mais água e caminhar para ajudar à eliminação dos resíduos metabólicos. É muito raro esta reação produzir-se ainda após uma segunda sessão ou nas sessões subsequentes. Os efeitos positivos do tratamento Bowen podem-se manifestar logo após a primeira sessão, ou demorar quatro a cinco dias a surgir. Por vezes, é ao cabo de duas a três semanas que a pessoa sente uma mudança. 48 após o tratamento Após o t r ata m e n to •Não ficar sentado (em casa, no trabalho ou no carro) mais de meia hora de uma só vez, caminhe um pouco e volta sentar-se. O movimento contribui para a autoregulação do corpo. Isto é particularmente importante para pacientes que sofram de dores lombares. •Caminhar ajuda também à estimulação da circulação sanguínea e linfática. •Beber mais água durante os dias que se seguem. •Esperar pelo menos cinco dias antes de receber uma outra forma de terapia manual. O tratamento Bowen pode chegar aos dez dias para completar a sua ação. •Evitar aplicação de gelo ou de calor nos dias que se seguem ao tratamento. 49 Capítulo 3 Os movimentos de base Antes de descrever os movimentos de base da técnica Bowen, é importante rever os benefícios deste método. Para além de um relaxamento excecional, aqueles que recebem este tratamento sentem efeitos profundos e benéfícos que se manifestam tanto na qualidade do sono como na regularização dos sistemas osteomusculares, digestivos, respiratório e hormonal. Uma só sessão pode trazer um bem estar geral, mas geralmente é necessária uma série de sessões para obter resultados completos e duradouros. 50 As afeções crónicas instaladas de longa data serão melhoradas por sessões regulares e escalonadas por um periodo mais longo. A cada sessão ou quase, o terapeuta recairá sobre o que é essencial para estimular o sistema nervoso parasimpático e assim permitir ao organismo de se relaxar completamente. Os outros procedimentos terão como alvo uma zona em particular. As qualidades aptidões do terapeuta são determinantes para para o sucesso do tratamento. 51 os movimentos de base A a b o r da g e m d o t e r a p e u ta À conta da singularidade do método Bowen, para além das qualidades de empatia e de « motivação » necessárias a todos os terapeutas, aquele que pratica a técnica Bowen deve possuir aquelas qualidades específicas que fazem dele um bom profissional do método Bowen. • A precisão: Cada movimento Bowen precisa de um grau de precisão tal que o resultado depende muitas vezes desta. Durante os estágios, a atenção do professor é fulcral no aspeto da prática. Cada «move» é localizado segundo pontos de referência anatomicas precisas. • Uma sensibilidade tatil acentuada: Esta adquire-se com o tempo. É importante para os terapeutas, conseguirem sentir a tensão dos músculos e das fáscias. Podem assim ajustar o tensionamento do 52 a abordagem do terapeuta músculo segundo o grau de tensão sentido ao nível dos tecidos moles. • A paciência: Os terapeutas que aprendem este método devem imperiosamente respeitar à risca as pausas indicadas. No início, esta técnica pode parecer surpreendente, ou até mesmo bizarra, tanto para quem a pratica como para aquele que a recebe. O paciente passará a ser um grande aliado do terapeuta Bowen, visto que sem as pausas, não obteremos os resultados pretendidos. • A humildade: O terapeuta Bowen deve ter em atenção que o seu trabalho só consiste em estimular certas zonas do corpo. O verdadeiro trabalho é feito por aquele que recebe o tratamento. Os resultados não pertencem ao terapeuta, mas sim à aplicação da técnica e da reação do organismo a estes estimulos. 53 os movimentos de base R e l a x a m e n to da pa rt e i n f e r i o r da s c o s ta s Utiliza-se este procedimento como preparação para todos os outros procedimentos que serão realizados na parte inferior do corpo, como o procedimento da bacia (pélvico), do joelho ou dos tornozelos. Contribui para a auto regularização geral do organismo e será útil para todas as afeções lombares. A pessoa que recebe o tratamento está deitado de barriga para baixo. O terapeuta começa por colocar os dedos sobre os músculos paravertebrais, ao nível da lombar, e efetua um «move» de cada lado da coluna vertebral. Prossegue com um «move» sobre os músculos dos glúteos médios de cada lado, habitualmente uma zona de tensão importante. Ele liga com uma pausa de pelo menos dois minutos. 54 relaxamento da parte inferior das costas Os seus dedos apoiam-se sobre o tendão comum dos isquiotibiais, O terapeuta faz em seguida um «move» rápido sobre o cabeça longa do bíceps femoral, seguido de um «move» sobre a faixa iliotibial. Após uma pausa de dois minutos, termina o procedimento repetindo o «move» sobre o glúteo médio. Este procedimento aparentemente simples é essencial para o relaxamento de todo o organismo. 55 os movimentos de base R e l a x a m e n to da s c o s ta s superiores Além de contribuir a auto-regularização geral de todo o organismo, o procedimento do relaxamento das costas superiores é essencial para problemas osteomusculares da região cervical à região lombar e para problemas de ombros. Será utilizado como preparação para outros procedimentos das costas superiores. O terapeuta coloca os dedos sobre os erectores da espinha ao nível da ponta da omoplata. Ele efetua quatro «moves» que estimula sobre estes músculos antes de fazer uma pausa de dois minutos. A seguir, perto de cada omoplata, ele faz um « move » que estimula os trapézios médios, os romboídes e os músculos angulares da omoplata, seguido de uma pausa de dois minutos. 56 relaxamento das costas superiores Enfim após um « move » sobre os grandes dorsais, executará uma séries de «moves» sobre os músculos paraespinhais, partindo da região lombar até à região torácica. Com isto completa o procedimento das costas superiores. 57 os movimentos de base R e l a x a m e n to do pescoço Tal como os dois procedimento anteriores, o procedimento do pescoço contribui à auto-regularização do organismo. E mais, ele é particularmente indicado para os problemas osteomuscular da região cervical e da cintura escapular. É também uma preparação para o procedimento utilizado para a cabeça e articulação temporo-mandibular. A pessoa que recebe o tratamento está deitada de costas. Delicadamente, o terapeuta aplica um «move» sobre os escalenos posteriores e médios seguidos, sem pausa, de um «move» sobre o semispinalis da cabeça, ao nível occipital. Após dois minutos de pausa, o procedimento do pescoço termina com um «move» de cada lado sobre os trapézios superiores. 58 59 Capítulo 4 As diferentes técnicas A técnica Bowen conta com uns quarenta procedimentos atuais diferentes, cada um destinado a uma articulação ou zona particular. Contamos também com mais de quarenta procedimentos especializados. Na sua primeira sessão com um cliente, o profissional irá frequentemente, executar a sequência dos três procedimentos de relaxamento de base. Segundo a sensibilidade de cada um, poderá, nas sessões seguintes, acrescentar um ou outro procedimento. Contudo, é fundamental não esquecer que quanto 60 menos intervimos, mais somos eficazes. Com efeito, se o cérebro recebe menos comandos, aplicar-se-à melhor na tarefa. É muito importante, tanto para quem recebe como para o terapeuta de compreender esta noção e de não sobrecarregar o organismo de estimulações que poderão por em causa a informação essencial. Exercícios que podem ser recomendados pelo terapeuta. 61 as diferentes técnicas T é c n ic a s at ua i s Tom Bowen desenvolveu um procedimento para cada articulação. Assim, depois de efetuar os procedientos de base, o terapeuta pode escolher acrescentar um procedimento como a da região pélvica. Este é particularmente eficaz para dores lombares e para melhorar a circulação dos membros inferiores. Por exemplo, tornar mais flexível o ligamento inguinal e a fáscia ilíaca, pelo último movimento deste procedimento, melhorar a circulação venosa e arterial assim como a condução nervosa sobre as fibras que inervam os membros inferiores. O procedimento da sacro ilíaca tem por objetivo, entre outros, relaxar a tensão excessiva do ligamento sacro-tuberosa e os ligamentos ílio-sacral posteriores permitindo assim ao sacro de se repor no lugar e de «flutuar» entre as asas ilíacas. 62 63 as diferentes técnicas O procedimento da articulação temporo-mandibular tem repercussões em todo o organismo, a partir dos movimentos que o terapeuta aplica sobre o nervo facial, o nervo vago e os nódulos linfáticos cervicais. É um procedimento linfático poderoso que se utiliza em caso de constipações, sinusite, alergia e também enxaqueca e vertigem. Será obviamente útil para tudo o que toca ao maxilar e problemas de maloclusão dentária. O procedimento do ombro é conhecido para desvincular os ombros bloqueados em poucas sessões. O tensionamento dos músculos deltoídes posteriores e tricep longo e o relaxamento destes têm um efeito direto sobre o nervo e a artéria circundante que caminha de trás para a frente sob o deltoíde. O relaxamento do tricep longo tem por efeito libertar o nervo radial onde a compressão pode causar parastesias. 64 65 as diferentes técnicas Cada procedimento pode comportar de 2 a 15 movimentos, muitas vezes intercalados de pausas. O trabalho pode-se efetuar sobre os dedos dos pés, os tornozelos, os joelhos, a bacia, os isquio-tibiais, o sacro, a parede antero-lateral do abdómen, os ombros, os cotovelos e os punhos, a coluna vertebral por inteira, articulação temporo-mandibular e a cabeça. Com efeito, os procedimentos tocam todos os membros, o tronco e a cabeça. Outra ação direta sobre a zona em questão, os movimentos Bowen terão um efeito global sobre o organismo colocando em movimento o sistema nervoso parasimpático que permite ao organismo de se regenerar. Certos procedimentos têm também um efeito drenante importante. Nenhum procedimente se faz pela via interna. Todos são efetuados sobre a pele, através de roupa fina. 66 67 as diferentes técnicas As t é c n ic a s e s p e c í f ic a s Estes procedimentos serão utilizados para sintomas inusitados, persistentes ou que não responderam aos procedimentos correntes. As combinações de procedimentos correntes devem ser exploradas antes de utilizar as técnicas especializadas. Os profissionais que aprenderam as técnicas especializadas são aqueles que adquiriram uma certa experiência variando de vários meses a alguns anos de prática quotidiana e que compreendem perfeitamente os benefícios das técnicas correntes. Estes procedimentos são muito fortes e provocam uma resposta de todo o corpo. A reação e a ressonância destes movimentos requerem longas pausas de integração, pelo menos 20 minutos, e frequentemente o cliente terá necessidade de ficar mais tempo deitado. 68 as técnicas específicas Uma vez estas técnicas aplicadas, é recomendado de não fazer outros movimentos durante a sessão. Alguns destes procedimentos devem ser efetuados, isolados, sem nenhum outro « move ». Estes movimentos diferem ligeiramente dos movimentos correntes na sua execução. Alguns necessitam de um tensionamento mais firme e mais longo e não de uma passagem transversal sobre o músculo. É o caso do procedimento do psoas por exemplo. Para ajudar ao restabelecimento das dores lombares, o profissional pode executar o procedimento do psoas, músculo frequentemente responsável pela lombalgia. Este procedimento poderá ser útil também nos problemas respiratórios, tendo em conta a ligação fascial entre o ilio-psoas e o diafragma aproximadamente ao nível da segunda vértebra lombar. 69 as diferentes técnicas Uma outra técnica especializada consiste em estimular, simultâneamente, a extremidade proximal e distal dum segmento de membro afim de provocar o reencontro das duas ondas de choque no meio desse segmento. É o caso, entre outros, o do procedimento do grácil. O procedimento dos romboídes será utilizado assim que haja desconforto ou dor na elevação e na adução da omoplata assim como para aliviar os pontos dolorosos na região sub-escapular. O procedimento do músculo solear será útil nos problemas crónicos dos tornozelos (por exemplo; edema próximo do maléolo interno com dificuldade de flectir o tornozelo), de dores com sensação de calor intenso no calcanhar ou de dores no tendão de Aquiles. 70 71 as diferentes técnicas Os e x e rc í ci o s Tom Bowen tinha por hábito de sugerir exercícios aos seus pacientes e insistia para que eles os fizessem. De facto, recusava continuar a tratar alguém que não seguisse os seus conselhos. Estes exercícios são simples alongamentos, feitos uma a duas vezes por dia, sem forçar, respeitando o limite de conforto de cada um. Um exercício que provoca dor pode significar que os nocicetores (os recetores neurológicos da dor) foram excitados e que o organismo já não esteja em modo parasimpático; os processos de autoregulação não podem funcionar assim que o corpo entra em defesa, em modo simpático 72 os exercícios Trata-se então de fazer os exercícios o melhor que se pode, tentando ir sempre um pouco mais longe assim que seja possível e de parar logo que se ressinta um mal estar. Pode-se repetir estes movimentos mais que um vez ao dia; quanto mais se mobilizar uma articulação, de maneira aceitável e agradável para o corpo, mais serão as hipóteses de recuperação. Os membros são feitos para mexer e os músculos para deslizarem uns sobre outros, para «massajar» os orgãos internos, para estimular a circulação da linfa de maneira a eliminar eficazmente os resíduos orgânicos acumulados nos tecidos e para bombear o sangue venoso das extremidades em direção ao coração, entre outras funções. Tem de se mobilizar as articulações para fazer circular o líquido sinovial lubrificante e para que o líquido se renove. 73 as diferentes técnicas Desaconselha-se o excercício prolongado na sequência de sessões Bowen, visto comprometer os efeitos. Da mesma forma os banhos quentes, massagens, tratamentos Spa, tratamento de acupuntura ou outros tratamentos corporais e outras formas de estimulação exteriores intensas, mesmo de ordem emotiva, constituem um risco de fazer cessar a ação subtil procurada pelos movimentos Bowen. É importante ficar calmo e relaxado nos dias seguintes. Os exercícios propostos solicitam os ombros, os isqui-tibiais, os joelhos e a bacia. Não hesite em pedir aconselhamento ao terapeuta. 74 75 C o n c lu s ã o Ainda muita coisa não foi dita sobre este método pouco comum. Ainda muita coisa não foi descoberta. Ainda estamos a dar os primeiros passos que nos levarão a uma nova forma de compreender e de agir no organismo. Estão a ser feitas pesquisas para tentar compreender melhor as reações fisiológicas induzidas pelos movimentos Bowen. Milhares de terapeutas em todo o mundo estão a investir na descoberta das aplicações deste método. E a lista das aplicações vai-se estendendo. Após ter praticado durante vários anos a técnica Bowen, ainda me surpreende os resultados obtidos a na sequência de alguns « moves ». 76 conclusão É uma técnica muito gratificante para um terapeuta manual, ela ultrapassa a nossa compreensão e força a nossa admiração. Os últimos anos de Tom Bowen foram difíceis. Ele perdeu as pernas com poucos anos de diferença, na sequência da diabetes o qual nunca se recompôs. Apesar de tudo, ele deixou-nos um testemunho extraordinário e propós-nos uma maneira de a aplicar dentro da sua frase preferida* : « Só vou passar por esta vida uma vez, Se eu posso amar e ajudar os meus irmãos, É agora Sem nenhum atraso ou esquecimento; Porque não passarei mais por aqui » *. Etienne de Grellet du Mabillier, 1773-1855 77 Bibliografia • Barral J. P., Croibier A.. Manipulación de los nervios periféricos, Paris: Elsevier; 2004 • Bear M. F., Connors BW, Paradiso MA. Neurociencias. Hacia el descubrimiento del cerebro. Traducción Nieoullon A. RueilMalmaison: Groupe Liaison S.A.; 2002 • Bienfait M. Fascias y bombeos. Paris: Spek; 1995 • Bouchet A., Cuilleret J. Anatomía topográfica descriptiva y funcional, 3a el miembro superior. Paris:Simep/Masson 1995 • Bowtech. (1) Manual de aprendizaje de la técnica Bowen. Traducción Tremblay L. Montréal: Louise Tremblay; 2005 (2) Site Internet: www.bowtech.com; La historia de Tom Bowen • Crane B., La reflexoterapia Köln: Tashen; 2005 • Edmonds H., Trigg P. the Tom Bowen Story. 2004 • Guyton A. C., Neurociencia : neuroanatomía y neurofisiología. Padoue, Italie: Piccin; 1996 • Jarmey C. El Shiatsu. 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Poco importa donde estemos, son las personas que nos rodean que hacen la diferencia. Juntos, hemos conseguido hacer un maravilloso libro lleno de inspiración del que podemos sentirnos orgullosos. Louise Tremblay instructora senior Bowen Therapy instructora Internacional do método Niromathe estudiô seis años en osteopatía en la Academia Sutherland de Osteopatía de Quebec www.techniquebowen.com www.louisetremblay.com www.aimtc.ca www.ibowen.ca [email protected] 80
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