^GDRH Percepção sobre planejamento fami

Transcrição

^GDRH Percepção sobre planejamento fami
A, 7-.
^GDRH
.biblioteca
BIBLIOTECA
Ana
Hartha
de
Almeida
Percepção sobre planejamento fami
liar pela clientela do Centro de Saúde Materno-Infantil do Jardim Hilda - Dourados/
Mato Grosso do Sul.
T
( i,
. í I.
Campo Grande / MS
»
1.989
ESCOLA NACIONAL DE SAÜDE PÚBLICA/FIOCRUZ
ESCOLA DE SAÜDE PÚBLICA/CDRH/SS/MS
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO MATO GROSSO DO SUL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
VI CURSO DESCENTRALIZADO DE SAÚDE PÚBLICA/MS
ANA
MARTHA
DE
ALMEIDA
PERCEPÇÃO SOBRE PLANEJAMENTO
FAMILIAR PELA CLIENTELA DO '
CENTRO DE SAÚDE
MATERNO-IN
FANTIL DO JARDIM HILDA - DOU
rados/mato grosso do sul.
Relatório de Pesquisa apresentado
no VI Curso Descentralizado de Sau
de Pública/MS, para a obtenção do
Título de SANITARISTA sob a orien
tação de DR. VALDIR S.
SIROMA
e
mariluce BITTAR.
CAMPO GRANDE / MS
1.989
DEDICATÓRIA
A todas as mulheres,
dedico este trabalho
biblioteca
A »
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que direto^ ou
indiretamente colabora
ram na execução desta pesquisa, em especial atenção^s:
. funcionários do Centro de Saúde Materno-Infantil
do
Jardim Hilda, pelo apoio e compreensão com que me re
ceberam no período da pesquisa;
. meus orientadores de conteúdo DR. VALDIR S.
SIROMA
e de metodologia MARILUCE BITTAR, que através de suas
experiências orientaram-me para a concretização des
ta monografia;
. à minha amiga NOÊMIA KEIKO IIYAMA, meu muito obriga
do pela ajuda prestada ao longo da realização
trabalho.
deste
SUMÁRIO
RESUMO
I - introdução
II - REVISAo DE LITERATURA
III - PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
IV - ANÁLISE DA PESQUISA
V - conclusão
VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VII - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
Qg
1q
47
49
Q2
64
55
gg
11
biblioteca ®
4*
RESUMO
Realizou-se a pesquisa com o objetivo de conhecer a per
cepçao sobre planejamento familiar pela clientela feminina do Cen
tiro de Saúde Materno—Infantil do Jardim Hilda — Dourados/MS.
A coleta de dados, foi feita por intermédio de entrevis
tas, aplicadas no período de 24 a 31 de outubro de 1989, abrangen
do um total de 100 (cem) entrevistas.
Os resultados mostram que 93% da clientela não^emconhe
cimento sobre o que é planejamento familiar. Verificou-se também
que 100% (cem por cento) das entrevistadas nunca receberam orien
tação sobre planejamento familiar.
Conclui-se que, a clientela feminina que freqüenta oCen
tro de Saúde Materno-Infantil do Jardim Hilda não tem conhecimen
to sobre o que é planejamento familiar, e ao mesmo tempo não teve
orientação sobre os métodos contraceptivos.
I - INTRODUÇÃO
Em todos os tempos e culturas, mulheres e homens sempre
usaram de alguma forma, métodos para controlar a fecundidade.
Por milhares de anos, as mulheres usavam combinações de
vários métodos anticoncepcionais a fim de evitar a gravidez indesejada.
Há séculos, foram criados os preservativos de intestinos
de animais para o uso masculino. Apesar disso, a fatalidade pre- ^
dominava no terreno da reprodução e o tema era um assunto indivi
dual.
O que se vê hoje, porém, é que a liberdade reprodutiva,
apesar de já ser uma realidade do ponto de vista técnico-científi
CO, tem sido limitada por uma série de fatores sõcio-econômicos ,
ideológicos e culturais.
Hoje, é inegável que mulheres de todas as classes
so
ciais sentem no próprio corpo e na própria vida, a necessidade de
planejar sua fecundidade.
No Brasil, o planejamento familiar, de assunto proibido
que era nas últimas décadas, evolui para uma reivindicação aberta
das mulheres.
Elas passam a exigir assistência integral
á
sua
saúde, inclusive com o planejamento familiar, como um dever do Es
tado e um direito do cidadão.
09
O setor público vem, implantando, o programa de saúde da
mulher, que visa dar assistência tanto às pessoas que desejam
en
gravidar, mas que apresentam alguma dificuldade para tal, quanto à
quelas que, por razões pessoais ou médicas, desejam evitar uma gra
videz.
Esse trabalho pretende contribuir para levar à população
feminina que freqüenta o Centro de Saúde Materno-Infantil do Jardim
Hilda - Dourados/MS, mais conhecimento sobre planejamento familiar
e para motivar a implantação de um programa que realmente
seja o-
rientador quanto aos métodos contraceptivos, e não se limite
nas a orientar, mas que dé cobertura assistencial às mulheres
buscam os serviços de saúde.
ape
que
II - REVISÃO DE LITERATURA
PLANEJAMENTO FAMILIAR
O Planejamento Familiar no Brasil tem passado por uma e
volução constante e progressiva, desde que em novembro de 1965
,
foram criados no país os primeiros programas por iniciativa priva
da.
O direito da mulher ou do casal de decidir o número
de
filhos que deseja ter é inalienável e universalmente reconhecido.
No Brasil, o mal entendido intencional alimentado pelos
oposito
res do planejamento familiar entre política de controle populacio
nal compulsório e o dever do Estado de prover as informações
e
meios a todos os cidadãos, para que eles possam decidir por si me^
mos sobre o tamanho de suas famílias, representa xim sério obstácu
Io ao reconhecimento desse direito. (4)
Para melhor compreensão da problemática
envolvida no te
ma anticoncepção, é importante distinguir claramente planejamento
familiar de controle da natalidade.
O planejamento familiar é en
tendido como o direito de cada pessoa à informação, à assistência
especializada e ao acesso aos recursos que lhe permitam optar li
vre e conscientemente por ter ou não ter filhos, o número e espa-
BIBLIOTECA
11
ça.in0nto entr© ©les © a ©scolha do método anticonc©pcional mais a
d©quado, s©mcoação por qu©m qu©r qu© s©ja.
control© da natalidad© ©nt©nd©—s© uma ação qov©rna
^®Tital cuja pr©ocupaçao ©xplicita é ©stipular m©tas para um cr©s
cimento ideal, definindo, a partir dessas metas, políticas
que
visam intervir diretamente na vida reprodutiva da população.
No Governo Castelo Branco (1964 — 1967), já eram preço—
nizadas medidas drásticas, afirmando—se que o controle demoqrãfi
CO deveria ser o principal ponto do plano governamental, e apon
tando—se como a causa da grave situação econômica do país o exces
sivo número de nascimentos.
Em 1968, o Presidente Costa e Silva considerava deseja
vel o aumento da população por razões de ordem muito prática: no
vos braços contribuiriam para o crescimento da economia e para a
ocupação dos espaços vazios do país. Essas preocupações combi
nam-se perfeitamente com as justificativas de caráter religioso,
por ser o Brasil um país católico.
O entusiasmo pelas posições expancionistas foi diminuin
do em virtude de fatores como o fracasso na tentativa de ocupar
as regiões despovoadas do Pars, a impossibilidade de se estabele
cer uma política migratória eficaz, o declínio do crescimento e-
conõmico e, posteriormente, a acentuação da crise. Assim, foi ne
cessário repensar a problemática populacional. (2)
O Governo Brasileiro deu o primeiro grande passo em di
reção ao planejamento familiar em agosto de 1974, durante a Con
ferência Mundial de População em Bucarest, quando definiu
ofi
cialmente uma política demográfica em que, deixando claro
o seu
nao envolvimento com controle de natalidade, assumia a responsa—
^6 proporcionar às famílias de baixo poder econômico in
12
formações e meios que lhes permitissem decidir o seu tamanho
i-
deal.
Nos anos que se seguiram, o Estado não tomou medidas ca
pazes de pôr em prática sua postura, assumida no sentido de pro
porcionar à população as informações e os meios para a regulação
da fecundidade.
Isto certamente não aconteceu por acaso, nem por
incapacidade da administração pública, mas, pelo contrário, obe
deceu a lógica das relações de poder existente.
O passo seguinte sõ foi dado
pelo Ministério da Saúde
em 1977 no Governo do Presidente Ernesto Geisel (1974-1979), com
a inclusão do planejamento familiar no Programa Materno-Infantil.
Foi criada então uma Comissão dePerinatologia que determinou crité
rios de utilização e posição de serviços nessa área.
Esse traba
lho sofreu pressões de diversas origens e, em conseqüência,
os
tipos de métodos anticoncepcionais alternativos que seriam ofere
cidos pelo programa foram restringidos a tal ponto que ficaria a-
fetada a eficácia do programa em alcançar o objetivo que se propu
nha: a prevenção da gravidez de alto risco.
Ao ser aprovado pe
lo Conselho de Desenvolvimento Social, o programa consistia basi.
camente em modesta distribuição gratuita de pílulas
anticoncep
cionais por unidades de saúde do Governo.
É no final da década de 70 e início de 80 que
ocorrem
no Brasil as experiências de uso e principalmente de abuso
dos
contraceptivos orais, sem a devida assistência médica, necessária
em qualquer programa de planejamento familiar.
A
esterilização
feminina também tem sua prevalência bastante aumentada.
Nos primeiros anos de Governo Figueiredo, entre 1979 e
1982, esta situação se manteve a mesma.
Com a aproximação da Con
ferência Mundial de População, que seria realizada
em
1984
no
México, teve início em junho de 1982 a fase de preparação da po-
13
sição brasileira a ser levada aquele evento.
Começou com uma reu
nião ministerial para revisar o documento levado a Bucarest, àluz
das mudanças ocorridas na economia, que entrara em crise no
final
de 1980.
A responsabilidade do Estado é indiscutível quando se a
valia a importância do planejamento familiar como conquista médi-
co-social, o avanço científico alcançado nesse campo, e a sua ut_i
lizaçao na medicina moderna como um dos principais métodos de pre
venção em saúde Materno-Infantil.
O espaçamento e o controle da prole na medidas do dese
jo de cada casal, a prevenção da gravidez não desejada, e a redu
ção do aborto criminoso tem exercido um impacto considerável
na
redução das taxas de mortalidade materna e infantil.
A proporção de mulheres em idade fértil atualmente casa
das e que usam algum tipo de método anticoncepcional varia de 31%
para os Estados do Piauí e da Bahia a 64% para São Paulo.
Nos Es
tados de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, que possuem
servi
ços acessíveis a população em geral, ela está em torno de 45%.
A
proporção das usuárias é bem menor nas áreas rurais do que nas ur
banas, com exceção do Estado de São Paulo, onde elas se aproximam.
Em todos os Estados, a maior proporção de usuárias encontra-se nos
grupos que possuem gradativamente mais alto nível educacional
e
maior renda domiciliar.
No Estado de São Paulo, 59% das usuárias adquirem anti
concepcionais nas farmácias.
O Brasil é o 4Q País no mundo maior
consumidor de pílulas anticoncepcionais.
mo dos dados obtidos
Conclui-se daí, assim co
sobre demanda não atendida, que o regimento
da população que possui melhores recursos pode e obtém facilmente
serviços de planejamento familiar através do setor médico privado,
enquanto que a classe menos favorecida carece profundamente da in
14.
formação e do acesso a esses serviços.
Os dados oficiais atestam que a população brasileira te
ve seu crescimento desacelerado nas últimas décadas,
experimen
tando uma taxa de 2,5% ao ano entre 1970—80, o que
representa
uma redução na intensidade de seu crescimento da ordem de 14%.
Esta redução deveu-se exclusivamente a um declínio
na
taxa de fecundidade, uma vez que aumentou a esperança de vida ao
nascer, e o volume de imigração internacional recebido pelo País
não alterou seu ritmo de crescimento.
O nível de reprodução da mulher brasileira
praticamente estãvel por volta de 6,2
de 1940- 60.
manteve-se
filhos, durante o período
A partir de 1960, porém, começa um ligeiro
declí
nio, cujo início é localizado em torno de 1965 -67, que se acen
tua notavelmente na década de 70, atingindo, em 1980, o valor mé
dio de 3,4
filho por mulher.
Essa alteração significa nos
veis reprodutivos da população brasileira apresenta-se
ní
como
um
dos fenômenos mais importantes da dinâmica populacional das últ^
mas décadas.
De fato, estudos específicos atestam que foi
nas
classes de mais baixa renda onde a fecundidade mais declinou.
No Brasil, algumas organizações muito tem
contribuído
para a evolução do planejamento familiar no país, prestando serv^
ços a extenso
segmento de população carente.
A BEMFAM (Sociedade Civil do Bem-Estár Familiar), cria
do, y-vA
da em 1965, foi a pioneira dessas instituições.
Iniciou as suas\ r'i 4<X.V.« CA'C\.
atividades com a criação de clínicas de planejamento familiar.
Hoje é a organização que tem no país a maior experiência em pro
gramas comunitários.
Ela mantém convênios
com
Governoá
Esta
duais, Prefeituras Municipais e Associações Privadas, executa pro
gramas de âmbito estadual em mais de cinco Estados no Brasil.
15
O CPAIMC (Centro de Assistência Integrada à Mulher e à
Criança), no Rio de Janeiro, utiliza outro modelo programático.
Presta serviços em diferentes níveis de atenção de saúde, desde o
posto de saúde em comunidades carentes até o hospital.
Preocu-
pa-se com a integração, planejamento familiar e assistência
ma-
terno-infantil.
As escolas médicas brasileiras, através dos seus depar
tamentos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana, vem"pro
gressivamente reconhecendo a importância e a necessidade do ensi.
no do planejamento familiar para os seus estudantes.
A Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO), criou comissões técnicas para estudar
planejamento familiar.
o
Ao concluirem esses estudos, as comissões
recomendaram ao Conselho Federal de Medicina a aprovação dos dife
rentes métodos modernos de anticoncepção.
te em
A discussão permanen
congressos de ginecologia, obstetrícia e de reprodução hu
mana, possibilita as escolas, as asssociações médicas a ao profi£
sional o intercâmbio, a procura de métodos eficientes de
ensino
em planejamento familiar e a determinação de padrões para a prá
tica do mesmo.
O debate em torno da prática do planejamento
é grande.
familiar
O tema tem sido avaliado pelos ângulos mais variados.
Existe entretanto um consenso geral, onde os opositores não ousam
tocar: é o direito da
seus filhos.
sejam ter.
mulher ou do casal de decidir o número de
O direito de determinar quando e quantos filhos de
Esse direito sô existirá realmente quando existir pa
ra todos a opção, e o acesso a serviços que tornem possível esse
objetivo. (4)
16
ASSISTÊNCIA EM CONTRACEPÇAO
A assistência em contracepção pressupõe a oferta de to
das as alternativas possíveis em termos de métodos anticoncepcio
nais reversíveis, bem como o conhecimento de suas indicações, contra—indicações e implicações de uso, garantindo à mulher ou ao ca
sal os elementos necessários para a opção livre e consciente
do
método que a eles melhor se adapte. Pressupõe, ainda, o devido a
companhamento clínico-ginecológico à usuária, independente do mé
todo escolhido.
A escolha do método anticoncepcional deve ser feita
à
luz das seguintes considerações:
- características dos métodos;
fatores individuais e
situacionais
relacio
nados aos usuários do método.
Características dos Métodos Anticoncepcionais
- Eficácia
- Inocuidade
- Aceitabilidade
- Disponibilidade
- Facilidade de uso
- Reversibilidade
Eficácia
Todos os métodos anticoncepcionais apresentam uma eficá
cia teórica, determinada por estudos realizados em condições
i-
17
deais, com grupos pequenos, e uma eficácia prática ou de uso, que
é observada quando o método é utilizado em condições normais
vida onde, obviamente, pode sofrer a influência de fatores
de
como
custo, facilidade de uso, motivação, religião e nível sócio-cultu
ral, entre outros.
Inocuidade
A inocuidade significa a ausência de quaisquer
efeitos
secundários adversos, um aspecto ideal ainda não conseguido
nos
anticoncepcionais modernos.
O profissional de saúde deve estar capacitado para preve
nir e tratar tais efeitos, assim como avaliar os riscos que o uso
de determinados métodos pode acarretar à saúde.
Aceitabilidade
A aceitação do método, o grau de confiança que nele
se
tem e a motivação para seu uso são importantes fatores para o su
cesso do método escolhido.
Por outro lado, a inadaptação psicolõ
gica e cultural a determinados métodos pode ser a maior causa
de
seu fracasso ou de mudança para um outro método.
Disponibilidade
Considerando-se que a grande parte de população não tem
condições de pagar nem mesmo uma módica quantia por um método con
traceptivo, o ideal seria oferecer todos os métodos gratuitamente
ou a preços acessíveis ao baixo poder aquisitivo da população, pa
ra que haja uma plena liberdade de escolha.
18
Facilidade de Uso
De nada adiantará a indicação de um método que tenha to
das as qualidades anteriormente descritas mas cuja utilização se
ja difícil e complicada.
Reversibilidade
O ideal é que os métodos contraceptivos
sejam completo
e imediatamente reversíveis, e que uma vez interrompido
seu
uso
haja recuperação total da fertilidade correspondente à faixa etá
ria da usuária.
Fatores individuais e situacionais relacionados
aos u-
suários do método:
- Estado de Saúde
- Escolha pessoal
- Características da personalidade da mulher
e de
seu
parceiro
- Condições econômicas
- Fase da vida
- Estilo de vida
- Padrão de comportamento sexual
- Aspirações reprodutivas
- Fatores outros, como medo, dúvidas, vergonha, etc.(3)
19
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Métodos naturais ou de abstinência periódica.
Os métodos naturais de planejamento familiar referem-se
às técnicas para obter ou evitar a gravidez mediante a auto-obser
vação de sinais ou sintomas que ocorrem naturalmente no organismo
feminino
ao longo do ciclo menstrual. (3)
Conhecer a fertilidade significa estar inteirado dos pro
cessos fisiológicos básicos da fertilidade e reprodução e de suas
manifestações clínicas.
Esses processos podem ser resumidos
da
forma seguinte;
- Uma vez iniciada a produção normal de espermatozóides
na puberdade, o parceiro é potencialmente fértil pelo resto da sua
vida.
Acredita-se que a capacidade fecundante dos
espermatozói
des, é em geral de 03 a 05 dias no sistema reprodutor feminino
,
se houver muco cervical.
- Ao contrário da fertilidade masculina, a feminina
é
ciclíca, estando apenas presente pelo curto período durante o ci.
cio menstrual em que o óvulo maduro se encontra livre
de Falópio.
na trompa
A vida fecundável do óvulo é de 10 a 24 horas duran
te cada ciclo ovulatório. (1)
20
Atualmente, são conhecidos os seguintes métodos
natu-
rais:
- Método de Ogino-Knaus (calendário ou "tabelinha")
- Método da temperatura basal corporal
- Método da ovulação ou do muco cervical
- Método da ovulação ou do muco cervical (Billings)
- Método Sinto-térmico
- Abstinência
- Coito interrompido
- Amamentação
Método de Ogino-Knaus (Calendário ou "Tabelinha")
Este método baseia-se no fato de que a duração da segun
da fase do ciclo menstrual (p6s-ovulat6ria) é relativamente cons
tante, com a ovulação ocorrendo entre 12 a 16 dias antes
do iní
cio da próxima menstruação.
A mulher faz seus cálculos depois de estudar a
duração
de seus próprios ciclos durante 06 a 12 meses, tomando em conta o
ciclo mais longo e o ciclo mais curto que ela experimentou.
Cal
cular a diferença entre eles,
mais
Se a diferença entre o ciclo
longo e o mais curto for de 10 dias ou mais, a mulher
não
deve
usar este método, pois o seu ciclo será considerado irregular.
Determinar a duração do período fértil, da seguinte ma
neira;
subtraindo-se 18 do ciclo mais curto, obtém-se o
dia
do início do período fértil.
subtraindo-se 11 do ciclo mais longo, obtém-se o
do fim do perído fértil.
dia
21
biblioteca
Exemplo:
Início do período fértil
= 27-18 = 9Q dia
Fim do período fértil
= 33 - 11 = 22Q dia
Neste exemplo, o período fértil determinado foi
ao 22Q dia do ciclo (ambos os dias inclusive), com
uma
do 9Q
duração
de 14 dias.
Abster-se de relações sexuais com contato genital
du
rante o período fértil (no exemplo acima, do 9Q ao 22Q dia).
A eficácia deste método é de 99% quando os ciclos
são
regulares, com irregularidade pode baixar a 53%.
Este método não é suficientemente confiável para
tos casais que querem evitar uma gravidez.
Tem sido
mui
abandonado
em quase todos os programas de planejamento familiar natural co
mo método
para usar isoladamente, não obstante, é usado em com
binação com o registro de temperatura e de muco.
Método Temperatura Basal Corporal
Este método fundamenta-se nas alterações da temperatu
ra basal, que ocorrem na mulher ao longo do ciclo menstrual.
A temperatura basal corporal é a temperatura do
corpo
em repouso.
Antes da ovulação, a temperatura basal corporal perma
nece em nível baixo, após a ovulação, ela
se
eleva ligeiramen
te (alguns décimos de grau centígrado), permanecendo nesse
nível até a próxima menstruação.
novo
Este aumento de temperatura
é
resultado da elevação dos níveis de progesterona, que tem um efei
to hipertérmico.
O método permite, portantp, através da mensura
22
ção diária da temperatura basal, a determinação da fase infértil
pós-ovulatõria.
Técnica de uso do método
a) A partir do primeiro dia do ciclo menstrual, verifi
car diariamente a temperatura basal, pela manhã, antes de reali
zar qualquer atividade e após um período de repouso de 03 a 05 ho
ras, procedendo da seguinte forma:
- usar um termômetro comum para a medida da temperatu
ra.
O termômetro deve ser sempre o mesmo (no caso de quebra
ou
qualquer outro dano, anotar o dia de sua substituição);
- a temperatura pode ser verificada por via oral,
tal ou vaginal.
re-
A temperatura oral deve ser verificada colocan
do-se o termômetro embaixo da língua e mantendo a boca fechada ,
por 05 minutos.
A temperatura retal ou vaginal deve ser verifi
cada por 03 minutos.
Uma vez escolhida a via de verificação
da
temperatura, esta deve ser mantida durante todo o ciclo.
- a temperatura deve ser verificada sempre no mesmo ho
rário (ao acordar), jã que a verificação efetuada uma hora antes
ou depois da habitual certamente afetará o resultado do gráfico.
b) Registrar a temperatura observada a cada dia do ci
clo menstrual em papel quadriculado comum (0,5 cm = 0,1 C).
Li
gar os pontos referentes a cada dia, formando uma linha que
vai
do IQ ao 2Q, do 2Q ao 3Q, etc.
Cada ciclo menstrual terá seu grá
fico próprio de temperatura basal corporal.
c) Verificar a ocorrência de um aumento persistente da
temperatura basal por 03 dias no período esperado da ovulação.
d) Reconhecer que a diferença de no mínimo 0,2 C entre
a última temperatura baixa e as três temperaturas altas que
se
23
seguem indica a mudança da fase pri-ovulatória para a fase pós-o
vulatória do ciclo menstrual, durante a qual a temperatura se man
terá alta, até a época da próxima menstruação.
O período fértil
termina na manhã do 3Q dia em que foi observada a temperatura elevada.
e) Abster-se de relações sexuais com contato genital du
rante toda a primeira fase do ciclo (pré-ovulatória) e até a ma
nhã do dia em que se verificar a terceira temperatura alta acima
da linha base, principalmente durante os primeiros meses de
uso
do método.
f) Atentar para os seguintes fatores que podem alterar
a temperatura basal, registrando-os no gráfico quando ocorrerem:
- mudanças no horário de verificação da temperatura;
- ingestão de bebidas alcóolicas;
- recolher-se tarde da noite para dormir;
- pertubações do sono, sono interrompido (necessidade de
se levantar com freqüência, insônia);
- mudanças de ambiente (principalmente nos períodos
de
férias);
- pertubações emocionais, fadiga, stress,
entre
ou
tros. (3)
Método da Ovulação ou do Muco Cervical (Billings)
Este método baseia-se na identificação do período fér
til, através da auto-observação das características do muco cervi
cal e da sensação por ele provocado na vulva da mulher.
O fluxo do muco cervical é uma secreção produzida no co
24
Io do útero, que por ação hormonal apresenta transformações carac
terísticas ao longo do ciclo mesntrual, possibilitando dessa manei
ra a identificação do processo ovulatõrio.
O muco cervical tipo "G", sob ação da progesterona, for
ma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo que os esperma
tozóides penetrem pelo canal cervical.
Ê um muco pegajoso, bran
co ou amarelo, grumoso, que dã uma sensação de secura na vulva.
O muco cervical tipo "E", sob ação estrogenica, produz,
na vulva, uma sensação de umidade e lubrificação, indicando o tem
po de fertilidade, momento em que os espermatozõides tem maior fa
cilidade de penetração no colo uterino.
Este muco é transparente,
elástico, escorregadio, fluido, semelhante à clara de ovo.
Modificações do muco cervical ao longo do ciclo
mens-
trual
Fase pré-ovulatória
Ao término da menstruação, começara uma fase
seca
com secreção igual e contínua na aparência e um sintoma (muco
gajoso
opaco) que dura, em geral, 02, 03 ou mais dias.
O
ou
pe
casal
pode ter relações sexuais nos dias da fase seca.
Fase ovulatória
O muco que inicialmente é esbranquiçado, turvo e pegajo
so, vai se tornando a cada dia mais elástico e lubrificante, seme
lhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio. Quando
mantido
entre o polegar e o indicador, pode ser distendido vários centíme
tros antes que se rompa o fio.
Havendo fluxo mucoso, a mulher de
ve abster-se de relações sexuais, quando não deseja a gravidez.
Chama-se dia ápice
o último dia de muco lubrificante ,
escorregadio, com sensação de umidade lubrificante.
25
O dia ápice , no entanto, s6 pode ser reconhecido poste
riormente, pois somente quando o muco desaparece ou retorna à apa
rencia de muco pegajoso, com sensação de secura , é que se identi
fica que o dia anterior foi o dia ápice.
O dia ápice significa que dentro de mais ou menos 48 ho
ras a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer.
Nessa fase, o casal deve abster-se de relações
sexuais
e contatos genitais.
Fase p6s-ovulatória
No 4Q dia após o dia ápice a mulher entra no período de
infertilidade, que dura mais ou menos duas semanas.
Nesse perío
do, o casal pode ter relações sexuais pois os indicadores do
pe
ríodo fértil (muco e ovulação) já ocorreram.
Em resumo, pode-se identificar o período fértil
da ser
guinte maneira:
- a presença de muco e sua modificação, com sensação
de
molhado ou de umidade, sempre indica o começo do período fértil;
- o dia ápice significa que dentro de mais ou menos
48
horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer;
- no 4Q dia após o dia ápice começa o perído infértil.
(1)
Método Sinto-Térmico
Este método baseia-se na combinação de múltiplos indica
dores da ovulação, com a finalidade de determinar o período fértil
com maior precisão e confiabilidade.
Fundamentalmente, ele combina a observação dos sinais e
26
3rGls.dori3.dos s tGinpsirstuirs bsssl corpoirsl 0 so muco cgíc
vical, associada a parâmetros subjetivos (físicos e/ou psicològi
cos) indicadores de possível ovulação.
Os parâmetros subjetivos relacionados com a ovulação po
dem ser, entre outros:
- dor abdominal;
- sensação de peso nas mamas, mamas inchadas ou dolori
das;
- variações de humor e/ou do líbido;
- outros sinais e sintomas (enxaqueca, naúseas, acne ,
aumento de apetite, etc). (3)
Abstinência
É um método de controle completamente eficaz, entretan
to, não é fisiológico e quase sempre é inaceitável e impraticá
vel para a maioria dos casais.
Muitos optam pela abstinência por razões éticas,
giosas e morais.
reli
Em outras palavras, há períodos na vida de mui
tas pessoas em que manter relações sexuais é
considerado
"er
rado". Indivíduos que recebem orientação em clínicas de planeja
mento familiar, aprendem que as decisões referentes às
relações
sexuais devem ser tomadas de maneira consciente e de acordo
com
valores éticos e morais.
Coito Interrompido
Ê uma técnica contraceptiva que vem sendo utilizada
longo tempo.
O casal
há
tem relação até que a ejaculação seja ine
vitável, momento em que o homem retira o pénis. A ejaculação o-
27
corre fora da vagina e da
genitãlia
externa da mulher, evitan
do a possibilidade de concepção.
A interrupção do coito possui vantagens como: não neces
sita de dispositivos, não envolve o uso de produtos químicos, po
de ser utilizada a qualquer momento e não custa nada. Entretanto,
possui uma grande desvantagem: a taxa de falha é grande por vá
rios fatores. Mesmo quando bem executado, hã um erro inerente ao
método. Antes da retirada do pênis, pode ser liberado líquido pré
-ejaculatório. Outra razão para a falha do coito interrompido é
^ fs-lta de auto— controle exigida pelo método.
Apesar de não possuir efeitos colaterais, a interrupção
do ato sexual na fase alta do ciclo de resposta sexual pode dimi
nuir muito o prazer do casal.
Amamentação
Após o nascimento do nenê, quase todas as mulheres expe
rimentam um período natural de infertilidade, prolongado por me
ses ou até anos se a mãe amamenta seu nenê. Mas assim que aneces
sidade de seu leite diminui, seu corpo responde com a ovulação.
Comumente, a ovulação ocorre antes da primeira menstruação.
Vários fatores influenciam a anovulação durante a lacta
ção. O perído de rnfertibilidade é prolongado pela duração da a-
mamentação quando esta é o único recurso alimentar do lactente ou
quando o estado nutricional da mulher é precário.
A amenorréia pós-parto, em mulheres que não amamentam
dura em média de 02 a 03 meses. Com a lactação, o prazo aumenta
de 02 para 18 meses.
Os estrógenos estão num nível baixo enquanto você está
amamentando. Isto é devido ao efeito do hormônio prolactina, que
28
controla a produção do leite materno.
Efeitos dos métodos contraceptivos na lactação
Os espermaticidas e/ou métodos de barreira não tem efei
to sobre a lactação.
Os DIUS neutros também não a alteram, embo
ra as contrações uterinas que ocorrem em resposta à sucção do mamilo possam contribuir para a expulsão dos dispositivos.
vários pesquisadores estudaram os efeitos dos contrace^
tivos esteróides na lactação com resultados confusos.
Este
fato
pode ser explicado pela diferença entre os métodos empregados pa
ra a avaliação do aleitamento e pelas diferenças nas doses e
na
composição dos anticoncepcionais orais estudados.
Em doses altas, o estrôgenio pode inibir o início da lac
tação.
Muitos pesquisadores acreditam que a dose
de
estrogênio
contida nos contraceptivos orais também possa afetar, a quantida
de e a duração do fluxo de leite, especialmente quando o seu
uso
é iniciado logo após o parto. (5)
Métodos de Barreira
Estes métodos agem como uma barreira física, química ou
físico-química, impedindo a penetração dos espermatozõides no ca
nal cervical.
Seu uso está relacionado, portanto a cada
ato
se
xual.
O condon e o diafragma são métodos de barreira física.
Os espermaticidas são barreiras químicas, bem como sua associação
ao condom ou ao diafragma.
A anticoncepção de barreira parece oferecer muitas van
tagens.
Ela protege contra muitas doenças transmitidas sexualmen
29
te. (2)
Condom ou Preservativos (Camisa de Vênus)
O condom é provavelmente uma das formas mais antigas de
controle de natalidade.
uso de
Existem referências, já em 1350 a.C., do
envoltórios, quando os egípcios usavam capas
no seus pênis.
Pouco tempo depois, foram criados os
vos feitos de intestinos de animais.
XVIII que os
Mas foi apenas
decorativas
preservati
no
século
envoltórios colocados no pênis receberam o nome
de
"condom".
O Condom é um envoltório de látex idealizado para reco
brir o pênis durante o ato sexual, retendo o sêmen ejaculado e im
pedindo, assim,a migração dos espermatozóides através do canal cer
vical.
no.
Ê, portanto, um método anticoncepcional para uso masculi
Além disso, seu uso fornece proteção contra doenças
sexual
mente transmissíveis.
Técnica de Uso
a) Usar o condom em todas as relações sexuais.
b) Colocar o condom antes de qualquer contato do
pênis
com os genitais femininos.
c) Desenrolar o condom sobre o pênis ereto, deixando um
espaço de cerca de 02 cm na ponta, sem ar, no caso de
utilizar condons sem reservatório para o sêmen.
d) Se o condom não for lubrificado e a vagina se encon
trar pouco umedecida, usar alguma substância lubrifi
cante (exceto vaselina) para evitar que o condom
se
rompa devido à fricção.
e) Retirar o pênis ainda ereto da vagina, imediatamente
30
após a ejaculação.
Pressionar as bordas
do
condom
com dois dedos, durante a retirada do pênis, para e-
vitar que o sêmen extravase ou que o condom
se des
prenda e fique na vagina.
f) Jogar fora o condom após o uso, ele não deve
jamais
ser reutilizado.
g) No caso de haver outra relação, utilizar um novo con
dom.
Eficácia
Usado segundo indicações, um condom de
alta. qualidade
tem aproximadamente 97% de eficácia.
Contra-indicações
- Anomalias do pênis
Efeitos colaterais
A maior queixa dos usuários de condom é de que ele
duz a sensibilidade da glande.
re
Alguns homens são incapazes de ter
prazer ou até mesmo de manter a ereção, quando usam condons.
Mu_i
to
es
poucas pessoas são alérgicas ao condom de borracha.
Para
sas, deve ser indicado o condom de pele de animais.
Gelêia espermaticida
A geléia espermaticida é um método de barreira
físico-
química, que atua mecanicamente formando uma película que recobre
a vagina e o colo do útero, impedindo a penetração dos espermatozóides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou des
truindo os espermatozóides.
31
A geléia espermaticida destina-se, mais adequadamente ,
ao uso combinado com o diafragma ou, eventualmente, associada
ao
condom.
Excepcionalmente, a geléia pode ser utilizada sozinha ,
no caso de relações sexuais eventuais, como um método de uso a cur
to prazo, por mulheres dispostas a conviver com um alto indíce de
falhas, já que sua distribuição na vagina não se dá
uniformemen—
te, podendo muitas vezes localizar—se longe do canal cervical, per
dendo, assim, sua eficácia.
Técnica de uso
a) aplicar a geléia espermaticida até o limite máximo de
uma hora antes de cada relação sexual.
b) tirar a tampa do tubo e colocar o aplicador na aber
tura do mesmo, girando-o.
c) apertar o tubo desde o fundo, forçando seu
conteúdo
para o cilindro do aplicador, até que o embolo este
ja totalmente exposto e o cilindro completamente cheio.
d) separar o aplicador do tubo, fechar o tubo e enrolálo desde o fundo, após cada uso.
e) segurar o aplicador cheio
e inseri-lo suavemente na
vagina, o mais profundo possível, empurrar o
embolo
e, com o embolo ainda nessa posição, extrair o apli
cador, segurando-o pelo cilindro.
f) reaplicar a geléia a cada relação sexual.
g) evitar duchas vaginais até, pelo menos 08 horas após
o coito.
h) após cada uso, deve-se lavar o aplicador com água
e
sabão, enxaguando- o bem, entretanto, não se deve fer
32
vê-lo.
Contra-Indicações
- Alergia a espuma
- Mulheres de alto risco gestacional
Efeitos colaterais
- Reações alérgicas raras. (3)
Diafragma
O diafragma é um capuz de borracha côncavo com um borda
de metal flexível, ou de borracha mais espessa.
Peve ser
coloca
do na vagina antes de cada relação sexual, de modo que a borda po£
terior fique em contato com o fundo de saco de Douglas e a " borda
anterior fique acomodada atrás do púbis.
A parte côncava recobre
o colo uterino, mantendo a geléia espermaticida em contato com sua
superfície.
O efeito do diafragma depende, em parte, de sua ação co
mo barreira mecânica (impedindo a aproximação do sêmen
cervical) e, em parte, da ação do espermaticida.
ao
canal
Para uma eficá
cia satisfatória, é essencial o uso de um agente espermaticida as
sociado.
Existem diafragmas de diversos tamanhos,
sendo
neces
sário um procedimento para determinar a medida adequada a cada mu
lher.
A vida média útil do diafragma é de cerca de 02 anos, se
observadas as recomendações de conservação do produto.
33
O tamanho adequado do diafragma para cada mulher corres
ponde ao comprimento diagonal do canal vaginal, desde a face pos
terior da sínfise púbica até o fundo do saco vaginal posterior.
(2)
Atividade Educativa Específica
Antes que a mulher comece a utilizar o diafragma, é im
portante que ela aprenda a identificar o colo uterino através
do
auto toque vaginal, da seguinte forma:
- após lavar as mãos, introduzir o dedo médio na vagina,
dirigindo-o para dentro e para trás;
- movendo suavemente o dedo dentro da vagina, procurar o
colo uterino, cuja forma e consistência se assemelham
às da ponta do nariz .
- após colocar o diafragma, a mulher deve estar apta
a
sentir o colo uterino através da borracha, portanto de
ve estar bem familiarizada com tal identificação.
Técnica de Uso
a) usar' o diafragma com espermaticida todas as vezes em
que mantiver relações sexuais, independente do perío
do do mês.
b) urinar e lavar as mãos antes de colocar o diafragma.
c) antes de cada uso, examinar cuidadosamente o diafra^
ma contra a luz, para assegurar-se da inexistência de
defeitos e buracos.
d) aplicar a geléia espermaticida dentro da parte cônca
va do diafragma (usar mais ou menos
uma
colher
de
34
chá)f e espalhar com o dedo uma película em volta da
borda.
A geléia permanece ativa, por no máximo, 06
horas, de modo que o diafragma pode ser colocado até
06 horas antes da relação sexual.
e) colocar o diafragama com geléia na vagina, na posi
ção que achar mais confortável (deitada, de cócoras,
ou em pé, com uma das pernas levantada) da seguinte
forma;
- segurar o diafragma com uma das mãos, com a
parte
concava virada para baixo (com a geléia dentro), e
pressionar e unir as bordas com os dedos médio e po
legar;
- afastar os lábios da vulva com a outra mão e colo
car, dentro do canal vaginal, o diafragma dobrado,
empurrando-o para baixo e para dentro do fundo
da
vagina, até onde seja possível;
- com o dedo indicador, empurrar a borda anterior do
até que esta se apoie na face
posterior
do púbis.
f) verificar a correta colocação do diafragma através do
autotoque, certificando-se de que o colo uterino es
teja coberto pela membrana de borracha.
g) caso haja mais de uma relação sexual em um período de
06 horas, fazer uma nova aplicação de geléia esperma
ticida a cada relação, usando o aplicador plástico pa
ra colocar a geléia à frente do diafragma, sem reti
rá-lo do local.
h) após a relação sexual, o diafragma não deve ser reti
rado por 06 a 08 horas, deve-se evitar duchas
vagi-
35
nais durante esse período.
i) remover o diafragma após o tempo mínimo de 06 a
08
horas após a relação e até o máximo de 24 horas de
pois de sua inserção, colocando o dedo
indicador
por trás da borda anterior do diafragma e puxando-o
para baixo e para fora.
j) após o uso, lavar o diafragama com água fria e sabo
nete neutro, enxaguar bem, secar e guardar no esto-
jo próprio.
Eficácia
Taxa de eficácia de 98% para as usuárias de diafragma.
Contra-Indicações
- mulheres que nunca tiveram relação sexual
- configuração anormal da vagina
- cistocele ou retocele acentuada
- anteversão ou retroversão uterina pronunciada
- prolapso uterino
- cervicites e outras patologias de colo uterino
- leucorréias abundantes
- alterações psíquicas graves, que impeçam o uso correto
do método.
Efeitos Colaterais
- irritação da vagina ou pênis
- reação alérgica ã borracha ou ao espermaticida.
36
Contraceptivos Hormonais Orais
Os contraceptivos hormonais orais, também chamados de pi
lulas anticoncepcionais, são hormônios esteróides não naturais ,
funcionalmente similares àqueles produzidos pelos ovários
da mu
lher. Administrados por via oral, apresentam um efeito contrace^
tivo devido à modificação que produzem na regulação endócrina.
Pílulas Combinadas
Sao compostos que associam estrógenos
e
progestógenos
durante todo o ciclo, numa série de 21 comprimidos.
Atuam como contraceptivos basicamente através da inibi-
ção da ovulação, além disso, provocam alterações nas característi
cas fisico-quimicas do muco cervical, alterações funcionais do en
dométrio e alterações
na motilidade das trompas, interferindo com
o transporte do óvulo.
De acordo com a dosagem de estrógeno em sua composição,
as pílulas combinadas que poderão ser usadas são a de média dosa
gem, que contém 0,05 mg de estrógeno e as de baixa dosagem,
que
contém 0,03 mg de estrógeno.
A pílula é atualmente usada por 25 - 50 milhões de mulhe
res em todo o mundo.
A despeito da extensa publicidade contrária,
permanece sendo uma opção contraceptiva popular e segura para mui
tas mulheres.
Técnica de Uso
a) no primeiro mês de uso: tomar o primeiro
no 5Q dia do ciclo menstrual (ou em qualquer dia do IQ
do ciclo, mas nunca depois do 5Q dia).
comprimido
ao 5Q dia
37
b) posteriormente, tomar um comprimido por dia, até
o
final da carteia, de preferência à mesma hora, todos os dias.
c) ao final da carteia (21 dias), parar por 07 dias
e
reiniciar, então uma nova carteia, desde que tenha surgido o flu
xo menstrual.
d) no caso de não haver menstruação no período de inter
valo entre as cartelas, procurar o médico para descartar a hipóte
se de gravidez, fazendo uso de outro método durante esse período.
e) se houver esquecimento de tomar a pílula:
- esquecimento de uma pílula: tomar a pílula que foi
esquecida (a do dia anterior) logo que lembrar e a
pílula regular à mesma hora de sempre, ou então as
duas pílulas no horário habitual.
- esquecimento de duas pílulas ou mais: abandonar
a
carteia em uso e começar imediatamente a usar um ou
tro método contraceptivo.
Aguardar amenstruaçãoe
recomeçar uma nova carteia no 5Q dia do ciclo
guinte.
se
Se não houver menstruação, procurar o mé
dico.
f) no caso de vômitos ou diarréia por dois dias, procu
rar o médico, evitando as relações sexuais até rece
ber nova orientação, pois é possível que os hormônios
da pílula não tenham sido absorvidos, perdendo-se
,
assim, um efeito contraceptivo.
Eficácia
A variedade da eficácia de diferentes formas da
se deve à quantidade de estrôgeno presente.
pílula
Quando o conteúdo de
estrógeno é de 50 microgramas ou mais, calcula-se que a pílula te
38
nha uma eficácia de 99,5%.
Pílulas com 20 a 25 microgramas de es
trógeno tem uma eficácia de cerca de 97%.
Contra-Indicações Absolutas
- idade acima de 40 anos
- fumantes acima de 35 anos
- adolescentes com menos de 02 anos de ciclos regulares
- gravidez comprovada ou suspeita
- amamentação
- hipertensão arterial
- diabetes
- hepatopatias
- varizes
- hemorragias genital de causa indeterminada
- displasia acentuada de colo uterino
- câncer da mama ou do aparelho genital
- enxaqueca
- epilepsia
- acidente vascular cerebral, ocular e cardíaco
- cardiopatias
- arteriosclerose
- neàropatias
- coagulopatias
- psicoses e neurose graves
- durante as 4 - 6 semanas que precedem uma cirurgia ele
tiva de grande porte.
39
Contra-Indicações Relativas
- idade acima de 35 anos
- fumantes acima de 30 anos (se tabagismo moderado)
- fumantes em qualquer idade,se mais de15 cigarros
dia
- antecedentes de hipertensão arterial na gravidez
- antecedente
de icterícia na gravidez
- antecedente'familiar de câncer ginecolõgico
- obesidade
- cefaléias freqüentes
- crises de depressão
- asma grave
- tumor benigno da mama
- displasia leve ou moderada de colo uterino
- esquitossomose, malária, hanseníase.
Efeitos Colaterais Graves
- acidentes flébíticos
/ trombõticos
- hipertensão arterial
- hepatopatias
Efeitos Colaterais Menores
- mal-estar gástrico, naúseas, vômitos
- cefaléias
- tonturas
- irritabilidade
- diminuição do fluxo menstrual
- perda ou aumento de peso
- acne e/ou seborréia
por
40
- sangramento intermenstrual (manchas)
Minipílulas
Consiste numa minidose de progestógeno puro, de uso con
tínuo, numa
série de 35 comprimidos.
Ainda não foi demonstrado se as minipílulas são mais se
guras em comparação com as pílulas combinadas.
É muito
provável
que a retirada do estrógeno as tenha tornado bem mais seguras.
Técnica de Uso
a) tomar o IQ comprimido da carteia no IQ dia
da - mens
truação.
b) seguir tomando um comprimido por dia, sempre à mesma
hora.
c) quando acabar a carteia, começar outra no dia seguin
te.
Não deve haver interrupção entre uma carteia
e
outra e nem durante a menstruação.
d) se houver esquecimento de tomar a pílula:
- esquecimento de uma pílula: tomar a pílula que foi
esquecida (a do dia anterior) logo que lembrar e a
pílula regular à mesma hora de sempre, ou então as
duas pílulas no horário habitual.
- esquecimento de duas pílulas ou mais: abandonar
carteia em uso e começar imediatamente a usar
outro método contraceptivo.
Aguardar a
um
menstrua
ção e recomeçar uma nova carteia no IQ dia do
clo seguinte.
a
ci
Se não houver menstruação, procurar
o serviço de saúde.
41
É provável que aconteçam mudanças no intervalo e na dura
ção da menstruação, e talvez sangramento intermenstruais
(spot-
ting), com o uso da minipílula.
Eficácia
A eficácia teórica da minipílula é de 98,5 - 99%. (3)
Anticoncepcionais Injetáveis - DEPO-PROVERA
Estas injeções são atualmente vendidas em 70 países, São
usadas por quase um milhão de mulheres em todo o mundo e estiveram
perto de receber a aprovação da FDA nos Estados Unidos por
anos.
vários
As restrições da FDA estão relacionadas à questão dos tumo
res de mama em cadelas, cobaias, à possível teratogenicidade e aos
problemas potenciais dos progestágenos injetáveis que podem neces
sitar de suplementação estrogênica para aliviar sangramento irregu
lares.
As pacientes que preferem usar Depo-Provera são, em
ge
ral mulheres que acham mais cômodo tomar uma injeção a cada três me
ses do que tomar uma pílula diariamente
ou usar um método relacio
nado com o coito, ou que tiveram dificuldades com o DIU.
Técnica de Uso
a) Use um segundo método associado nas primeiras duas se
manas, após a primeira injeção.
b) volte ã clínica a cada trés meses para outra injeção.
c) mulheres em uso de Depo-Provera podem ter
ções mais longas, irregulares ou ausentes.
gramento a incomoda, volte à clínica.
menstruaSe o san
42
d) algumas mulheres referiram diminuição do libido, ga
nho de peso, dor de cabeça ou tonteiras.
Procure
o
médico, caso estes sintomas apareçam.
e) se quiser engravidar após o uso do DMPA, espere
até
que sua menstruação esteja bem regular. (2)
Dispositivos Intra-Uterinos - DIUs
Difundido em todo o mundo na década de 60, o DIU
sou a ser utilizado no Brasil, mesmo ilegalmente,
a
pas
partir
de
1968.
Até meados de 1984, a fabricação e a venda do DIU
eram
proibidas no Brasil, por influência de uma corrente que o conside
rava abortivo.
A liberação da fabricação e a comercialização deste an
ticoncepcional no Brasil foram regulamentadas pela portaria nQ 06,
de 06 de julho de 1984. (1).
Os dispositivos intra-uterinos são artefatos de polieti
leno, com ou sem adição de substâncias metálicas ou hormonais
,
que exercem efeito contraceptivo quando colocados dentro da cavi
dade uterina.
Atualmente, os DIUs podem ser classificados basicamente
em duas categorias:
- DIUs não medicados (ou inertes), não contém ou
libe
ram substâncias ativas, são unicamente constituídos de polietileno.
- DIUs medicados (ou ativos), além da matriz de polieti
leno, contém substâncias metais ou hormônios, que exercem ação bio
43
química local, aumentando a tolerância e a eficácia
va.
contracepti-
Dos DIUS medicados, os mais utilizados sao os que contém co
bre.
Mecanismo de Ação
O exato mecanismo de ação dos DIUs ainda não está
feitamente determinado.
Sabe—se, porém, que
estes
per
dispositivos
provocam uma série de efeitos em diferentes níveis do aparelho ge
nital feminino, que, em conjunto, são responsáveis pela ação anti
concepcional.
Estes mecanismos são os seguintes:
- ação mecânica sobre o endométrio (atribuível tanto aos
DIUs inertes quanto aos ativos), a presença do DIU na
cavidade uterina leva a uma reação inflamatória crôni
ca do endométrio.
- ação bioquímica do cobre (para os DIUs com cobre), nos
experimentos in vitro observa-se a ação tóxica
deste
íon sobre os espermatozóides, o que sugere a possibi
lidade de que o cobre atue como espermicida ao
nível
do muco cervical, do endométrio e do epitélio tubário.
Eficácia
A eficácia teórica do DIU é de 95 - 99%.
Contra-Indicações
- gravidez ou suspeita de gravidez
- infecção pélvica
44
- nuliparidade
- neoplasias ginecológicas
- vaginites ou cervicites
- história de gravidez ectópica
- cardiopatias valvulares
Instruções às pacientes
01. Usando o Copper-T , deverá trocá-lo a cada 3-5
nos, já que o cobre perde a sua eficácia gradualmente.
a-
Usando
o
Progestarest-T, a troca será anual.
02. Antes de deixar o consultório, aprenda a sentir
os
cordoes que ficam mais ou menos 05 cm para fora da vagina.
03. É possível expulsar o DIU sem sentir.
Verifique os
cordões durante os primeiros meses de uso.
04. Após a colocação do DIU, se apresentar febre,
dor
pélvica, eólica forte ou sangramento vaginal, procure o médico.
Estes podem ser sinais de infecção.
05. Caso não fique menstruada, procure o seu médico.
06. Caso engravide, apesar do DIU, este deverá ser remo
vido por causa do risco de infecção.
07. Não remova o DIU por conta própria.
08. Faça um exame anual. (3)
Métodos Permanentes
Com a queda de muitas barreiras culturais e legais,
a
contracepção permanente assumiu papel de destaque no planejamento
45
familiar.
No Brasil, tem-se observado um crescimento significati
vo da esterelização feminina nos anos mais recentes.
É fundamental que a opção pela esterelização seja volun
tária e que os indivíduos que pretendem submeter-se a esta
inter
venção estejam bem informados a respeito do procedimento e de seus
efeitos.
Laqueadura
Esterelização feminina que consiste na retirada de um pe
daço de cada trompa de Falópio, e ambos os terminais de cada trom
pa são dobrados nos tecidos adjacentes.
Vantagens
- efetiva
- não interfere no prazer sexual
Desvantagens
- irreversível ou de reversibilidade difícil
- requer cirurgia
- depressão quando a mulher associa capacidade de repro
dução com capacidade para o prazer sexual.
Vasectomia
A operação de esterelização do homem se chama
mia.
vasecto
Esta envolve uma anestesia local seguida por incisões no es
croto.
O médico localiza os dois vasos dèferentes (canais ou tu
bos através dos quais passam os espermatozóides saindo do testícu
46
Io), um pedaço de cada é retirado e as pontas são ligadas. (5)
III - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
No período de 24 a 31 de outubro de 1989, foi realizada
a primeira pesquisa de campo, no Centro de Saúde Materno-Infantil
do Jardim Hilda - Dourados/MS,
Caracterizamos como população a ser pesquisada toda
a
clientela feminina que se encontrava nos corredores do Centro
de
Saúde â espera de uma consulta, de iima vacina para seu filho ou pa
ra fazer o exame preventivo do câncer ginecológico, independente
da raça ou nível sócio-econômico, tendo como único critério de in
clusão, que já tivessem tido relação sexual.
Para a realização das entrevistas, foi utilizado um ques
tionário (anexo 01) com perguntas relacionadas sobre planejamento
familiar.
O intuito das questões foi perceber nas respostas os co
nhecimentos que as mulheres possuem sobre planejamento familiar.
Para o cálculo da amostra de mulheres a serem distribuí
das, foram utilizados o número de atendimento trimestral do
Cen
tro de Saúde, referente aos meses de julho, agosto e setembro
de
^989, sendo que a média foi de 225,3 atendimentos, tomando-se pa ^
ra amostra 30^dess^ méd^ de atendimentos, ficou-se estabelecido
o número de mulheres que deveriam ser entrevistadas - 67,6. Para
melhor realização do trabalho, resolveu-se entrevistar 100 mulhe
res.
48
As sntrsvistas foram rsalizadas diratamGntG GntrG GntrG
vistadora g GntrGvistada, g os GsclarGcimGntos das cjuGstÕGS, cjug
SG fizGram iiGCGSsárias Gm algumas ocasioGS/ foram prontamGntG prGs
tados.
AntGS dG iniciar a GntrGvista fazia—sg uma brGVG Gxpli—
caçao dos motivos das pGrguntas g da uGCGSsidadG g importância dG
quG as GntrGvistadas fornGCGSSGm rGspostas quG rGVGlassGm os conhG
cimGntos quG tinham sobro o toma abordado nas quGstÕGS. Em algu
mas ocasioGS/ quando sg doixou do dar GxplicaçÕGS prévias, as ontrGvistadas mostraram curiosidado om sabor qual ora a
finalidado
da ontrovista.
Os dados
foram rogistrados no docorror
das
ontrovis-
tas, a fim do obtor a total colaboração das entrevistadas.
As respostas obtidas foram variadas, embora semelhantes
G riquíssimas para o que se queria demonstrar. Seguem-se em tabe
Ias as análises das entrevistas.
IV - ANÁLISE DA PESQUISA
O Bairro denominado Jardim Hilda faz divisa com os seguin
tes bairros: Jardim Itália, Jardim Independência, Vila Amaral, Vi
la Erondina, Vila Almeida, Jardim Mato Grosso, Jardim Cuiabazinho,
Jardim Maringá, Jardim Londrina, Mutirão da Morada e Jardim Guachi
ni, o^e todos estes bairros utilizam os serviços do Centro de Saú
de Materno-lnfantil do Jardim Hilda, o qual desenvolve as
seguin
tes atividades em atenção ã saúde da mulher segundo o Programa
de
Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM):
- coleta de exame preventivo do câncer
- atendimento ã gestante
- consulta ginecológica
- prevenção ao câncer de mama e cérvico uterino
- encaminhamento hospitalar a gestante
- programa de suplementação alimentar
- imunização
- distribuição de medicamentos
- serviços odontológicos
Através dos resultados obtidos na pesquisa, passou-se a
analisá-los e interpretá-los.
Os dados encontrados na Tabela 01 mostram que 27% das mu
lheres entrevistadas se encontra entre 20 e 24 anos de idade e 30%
estão entre 25 e 29 anos.
Isso revela que é significativo o núme
50
rc de mulheres jovens que freqüentam o Centro de Saúde.
TABELA
Faixa
I D A D E
etária
01
e número de mulheres
entrevistadas
NÚMERO
(%)
15
a
19
06
6,0
20
a
24
27
27,0
25
a
29
30
30,0
30
a
34
17
17,0
35
a
39
11
11,0
40
a
44
05
5,0
45
e
mais
04
4,0
100
100,0
T 0 T A L
No que se refere ao estado civil das 100 entrevistadas,
Dtl dados contidos na Tabela 02, mostram que 62% das mulheres
casadas.
suem
são
Este dado nos faz supor que a maioria das mulheres pos
apenas um parceiro sexual.
51
TABELA
02
Estado civil e número de mulheres entrevistadas
ESTADO
nOmero
CIVIL
(%)
Casada
62
62,0
Com companheiro
19
19,0
Solteira
12
12,0
Viúva
04
4,0
Desquitada
03
3,0
100
100,0
TOTAL
Na Tabela 03 encontram-se os dados sobre o número de fj.
lhos das mulheres entrevistadas e mostram que 34% tem dois filhos,
26% tem três filhos, sendo que cinco ou mais filhos a porcentagem
é de 11%.
Da análise desses dados deduz-se que o número de filhos
ê razoavelmente pequeno, porque a maioria dessas mulheres era de^
cendente de uma família com a prole numerosa, e em
conseqüência
disso, começaram a planejarem suas famílias inconscientemente.
TABELA
03
Número de filhos vivos das mulheres entrevistadas.
NtJMERO
(%)
Nenhum
03
3,0
01
16
16,0
02
34
34,0
03
26
26,0
04
10
10,0
11
11,0
100
100,0
NQ
DE
05
FILHOS
e mais
TOTAL
52
No que se refere â escolaridade, os dados contidos
na
Tabela 04 mostram que 80% possuem o IQ grau incompleto e 15% das
entrevistadas não freqüentaram a escola. Esses dados indicam que
a maioria das mulheres iniciaram a sua alfabetização, mas devido
a constante migração das famílias e casamento precoce,
acabavam
por interromper os seus estudos. Estes dados nos faz supor tam7
bem que as suas respostas sao merecedoras de crédito.»porque
a
maioria tem algxama instrução.
TABELA
04
Grau de instrução das mulheres entrevistadas
GRAU
DE
INSTRUÇÃO
NÚMERO
(%)
Nenhum
15
15,0
12 Grau completo
04
4,0
12 Grau incompleto
80
80,0
Universidade incompleta
01
1,0
100
100,0
TOTAL
Em relação a distribuição de renda da clientela envolvi
da na pesquisa, os dados da Tabela
famílias de baixa renda.
05 revelaram que trata-se
Famílias com menos de um salário 42%
na faixa de dois salários 32%. A baixa renda de
grande
de
e
parcela
da população é ainda o maior motivador da redução do número de fi
lhos, o que coloca a prática de contracepção muito distante de uma
opção livre para a maioria das pessoas.
53
TABELA
05
Renda familiar das mulheres entrevistadas
RENDA
FAMILIAR
NÜMERO
(%)
Menos que 01 Salário
20
20,0
01 Salário Mínimo
42
42,0
02 Salários Mínimos
32
32,0
02
06
6,0
100
100,0
a 04 Salários mínimos
TOTAL
Os dados encontrados na Tabela 06 revelaram que 87% das
entrevistadas não estavam grávidas e apenas 8% estavam grávidas ,
sendo que 4% tinham gravidez planejada.
Da análise desses
conclui-se que as mulheres obtim informações de como evitar
gravidez, através de amigas, comadres, vizinhas e
06
Condições das clientes entrevistadas
CONDIÇÃO DA CLIENTE
nOmero
(%)
Não grávida
87
87,0
Suspeita de gravidez
05
5,0
Gravidez não planejada
04
4,0
Gravidez planejada
04
4,0
100
100,0
TOTAL
uma
principalmente
de balcões de farmácia.
TABELA
dados
54
Nas Tabelas 07, 08 e 09, encontram-se
respectivamente
os seguintes dados: 48,6% das mulheres entrevistadas desejam en
gravidar, onde 35,7% desejam ter filhos mais tarde.
A porcenta
gem das mulheres que não desejam engravidar é de 51,4%, sendo que
47,2% por problemas financeiros, 19,4% devido a problemas de saú
de e 25% porque já tem o número de filhos que quer.
Esses resul
tados vem orientar que a porcentagem das mulheres que desejam en
gravidar e as que não desejam ter mais filhos não é significati
va.
Agora das mulheres que não desejam ter mais filhos, a maior
porcentagem é devido a problemas financeiros, isto
nos leva
a
©QÍn^âen4er a diminuição de filhos das famílias brasileiras, de
vido a baixa renda familiar e da alta conscientização das mulhe
res a terem o número de filhos reduzidos.
TABELA
07
Respostas ã questão: "Deseja engravidar ?".
RESPOSTAS
nOmero
(%)
- Sim
34
48,6
- Não
36
51,4
TOTAL
70
100,0
55
TABELA
08
Respostas à questão: "Quando deseja ter mais
filhos ?".
NÚMERO
RESPOSTAS
(%)
- Nunca
36
51,4
- Mais tarde
25
35,7
- Agora
03
4,3
- Não sabe
06
8,6
TOTAL
70
100,0
TABELA
09
Respostas à questão: "Se nunca, qual a razão ?"
RESPOSTAS
NÚMERO
(%)
- Problema financeiro
17
47,2
- Problema de saúde
07
19,4
- Problemas conjugais
02
5,6
quer
09
25,0
- Outros
01
2,8
TOTAL
36
100,0
- Tem o n2 de filhos que
56
Na
Tabela 10 observa-se, os seguintes dados: 93,% das
mulheres entrevistadas não sabia o que era planejamento familiar
e somente 7% conseguiram demonstrar algum conhecimento sobre pia
nejamento familiar.
Estes dados nos mostra ser expressivo o nú
mero de mulheres que desconhecem o que é planejamento familiar.
TABELA
10
Respostas â questão: "Você sabe o que é Planeja
mento Familiar ?".
RESPOSTAS
NÜMERO
(%)
- Sim
07
7,0
- Não
93
93,0
100
100,0
TOTAL
Nas Tabelas 11 e 12 encontram-se respectivamente os
guintes dados: 51,4% das mulheres entrevistadas fazem uso de
se
al
gum método contraceptivo, sendo que 89,5% dessas mulheres usa co
mo método os anticoncepcionais orais.
Isto demonstra que os
tros métodos são praticamente desconhecidos.
ou
57
TABELA
11
Respostas â questão: "Você faz uso de algum
método contraceptivo ?".
NÜMERO
RESPOSTAS
(%)
-
Sim
36
51,4
-
NÍo
34
48,6
TOTAL
70
100,0
TABELA
12
Respostas â questão: "Se faz uso de algum
método
contraceptivo, qual ?".
NÜMERO
(%)
01
2,6
- DIU
-
-
- Diafragma
-
-
- Amamentação
01
2,6
- pílulas
34
89,5
RESPOSTAS
- Tabela
- Anticoncepcionais inje
táveis
-
- Outros
02
5,3
TOTAL
38
100,0
58
Os dados encontrados nas Tabelas 13 e 14 revelaram
77,8% das entrevistadas escolheram o seu método contraceptivo
que
e
66,7% foi com a participação do parceiro, o qual foi uma surpresa
muito grande o interesse do sexo masculino.
TABELA
13
Respostas à questão: "O método que usa foi por
escolha da cliente ?".
RESPOSTAS
NÚMERO
(%)
-
Sim
28
77,8
-
Não
08
22,2
TOTAL
36
100,0
TABELA
14
Respostas à questão: "Há participação do parce^
ro na escolha do método ?".
RESPOSTAS
NÚMERO
(%)
-
Sim
24
66,7
-
Não
12
33,3
TOTAL
36
100,0
59
Analisando-se as respostas das Tabelas 15 e 16, 100% das
\
mulheres nunca receberam orientação sobre planejamento familiar e
100% gostaria que este programa fosse implantado no Centro de Saú
de Materno-Infantil do Jardim Hilda.
Isso revela que as ativida
des educativas não vêm sido desenvolvidas pelos profissionais
de
saúde e a importância da implantação de um programa de planejamen
to familiar, no referido Centro de Saúde.
TABELA
15
Respostas â questão: "Jâ recebeu orientação sobre
planejamento familiar ?".
RESPOSTAS
NÜMERO
(%)
-
Sim
-
Não
100
100,0
TOTAL
100
100,0
TABELA
16
Respostas à questão: "Gostaria que fosse implan
tadoo programa de planejamento familiar
neste
Centro de Saúde
RESPOSTAS
-
Sim
-
Não
T 0 T A L
NÜMERO
100
(%)
100,0
—
-
100
100,0
60
A análise dos dados das Tabelas 17 e 18 revelou que das
100 mulheres entrevistadas, 30% já fez laqueadura, e dessas 30 mu
lheres 26,7% fez devido á instabilidade financeira, 30% por falta ^
de segurança para a educação dos filhos e somentej^"^^ das mulheres
fizeram por vontade própria.
Esses dados revelam que as condições
econômicas e a política de saúde levam ã falta de orientação e a—
cesso a outros métodos.
TABELA
17
Respostas â questão: "Você já fez laqueadura ?"
7
RESPOSTAS
NÜMERO
(%)
-
Sim
30
30,0
-
Não
70
70,0
100
100,0
TOTAL
TABELA
18
Respostas à questão:
RESPOSTAS
- Medo da gravidez
"Se fez, qual o motivo ?".
NÜMERO
(%)
05
16,7
01
3,3
01
- Parceiro não quer mais fi
lhos
- Doenças genéticas na fa
mília
- Instabilidade financeira
08
3,3
26,7
- Vontade própria
04
V 13,3
- Problemas de Saúde
09
02
30,0
6,7
TOTAL
30
100,0
- falta de segurança para
educação dos filhos
^
61
No que se refere ao esclarecimento das mulheres
quanto
à laqueadura os dados contidos na Tabela 19 mostram que 63,3% das
mulheres for devidamente esclarecida quanto a intervenção cirúrqi
ca.
Isto nos faz pensar que naquele momento essas mulheres
não
pensaram em viuvez, perda de filhos, separaçao, etc e optaram por
um método definitivo.
TABELA
19
Respostas a questão: "Quando feito a laqueadura
por intervenção cirúrgica, foi devidamente
es
clarecida quanto ao procedimento ?".
RESPOSTAS
NÚMERO
(%)
-
Sim
19
63,3
-
Não
11
36,7
TOTAL
30
100,0
V - CONCLUSÃO
Pelo estudo realizado conclui-se:
- Que um número elevado de mulheres (93%) não tem conhe
cimento algum sobre planejamento familiar.
- Que das 100 mulheres entrevistadas, 100% nunca
rece
beu orientação a respeito de planejamento familiar pelos profissio
nais de saúde.
- Que o método contraceptivo mais utilizado pelas mulhe
res são os anticoncepcionais orais (89,5%), isto não representaria
um problema, se resultasse de uma escolha consciente e de uma indi
cação precisa.
- Que o número de mulheres que não desejam ter mais fi
lhos (51,4%) não é por vontade própria e sim devido
a
problemas
financeiros (47,2%).
- Que não existe no município de Dourados, nenhuma Uni
dade de Saúde com atendimento específico de planejamento familiar,
que atenda as necessidades da clientela.
Sugerimos;
- Realizar treinamentos e cursos de atualização para os
profissionais
da área de saúde.
- Desenvolver atividades educativas com o objetivo de o-
ferecer à clientela os conhecimentos necessários para a escolha
e
utilização do método anticoncepcional mais adequado, assim como pro
63
piciar o questionamento e reflexão sobre contracepção e sexualida
de.
- Oferecer a todas as mulheres alternativas em
termos
de métodos anticoncepcionais reversíveis, bem como o conhecimento
de sua indicações, contra—indicações e implicações de uso, garan
tindo à mulher ou ao casal a opção livre e consciente
do
método
que a eles melhor se adapte.
- Implantação do programa de planejamento familiar
Centro de Saúde Materno-Infantil do Jardim Hilda, com
no
profissio
nais capacitados para avaliar os riscos que o uso de determinados
métodos pode acarretar à saúde.
64
VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
01. BILLINGS, Evelyn e WESTMORE; Ann. O Método Billinqs.
le da fertilidade sem drogas e sem dispositivos
ciais.
Contro
artifi
Edições Paulinas. São Paulo, 3§ Edição, 1986.
02. BRASIL. Comissão de Saúde Conselho Estadual da Condição Femi
nina.
O direito de ter ou não ter filhos no Brasil.
São
Paulo, 1986.
03. BRASIL. Ministério da Saúde. SNPES/DNSMI/PAISM/INAMPS. Assis
tência ao Planejamento Familiar (Normas e Manuais
Técni
cos). Brasília, 1987.
04. HATCHER, Robert A. et alii. Planejamento Familiar.
Rio
de
Janeiro, 1983.
05. NEWTON, John R. e cols.
Clínicas Obstétricas Ginecológicas.
Atualização em anticoncepcão.
ca Ltda, São Paulo, 1984.
Editora Médica e Científi
65
VII - BIBLIOGRAFIA
01. BRASIL, Bolstim da BEMFAM.
CONSULTADA
Rio d© Janeiro, nQ 119, novembro/
dezembro, 1982.
02. GARCIA, R. Giselle.
não sabemos.
lher.
Contraceptivos: o que sabemos
e
o
que
Conferência Nacional Saúde e Direitos da Mu
Outubro, 1986.
03. NETTO, José Maria de Magalhães.
Controle da Mortalidade, Pia
nejamento Familiar e Ética Médica.
Boletim da BENFAM. Rio
de Janeiro, nQ 100, julho/setembro, 1979.
04. RODRIGUES, Walter. Planejamento Familiar no Brasil.
Contracepgão.
Capítulo 03.
Temas de
66
ANEXO
01
O
r
QUESTIONÁRIO
01. Prenome
02. Idade
03. Estado Civil
04. Número de filhos vivos
05. Grau de instrução
06. Renda familiar
07. Condição da cliente
08. A cliente deseja engravidar ?
09. Quando deseja ter mais filhos ?
f
10. Se nunca, qual a razão ?
11. A cliente sabe o que é planejamento familiar ?
12. A cliente faz uso de algum método contraceptivo ?
13. Se faz uso de algum método contraceptivo, qual ?
14. O método que usa, foi por escolha da cliente ?
15. Há participação do parceiro na escolha do método ?
16. Já recebeu orientação sobre planejamento familiar ?
17. Gostaria que fosse implantado o programa de planejamento fami
liar neste Centro de Saúde ?
18. Você já fez laqueadura ?
19. Se fez, qual o motivo ?
20. Quando feito laqueadura por intervenção cirúrgica, foi devida
f
$
mente esclarecida quanto ao procedimento ?

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